cap. 5 aterros de vias de comunicaÇÃo … · obras de aterro a resistência ao corte aumenta com...
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Obras de Aterro
No dimensionamento de aterros tem que se considerar
1. DIMENSIONAMENTO
a) Capacidade resistente do aterro para as acções de dimensionamento
b) Estabilidade dos taludes
c) Capacidade resistente da fundação
Obras de Aterro
Garante-se a capacidade resistente do solo compactando-o o mais possível.
A ideia é reduzir o índice de vazios / aumentar a densidade seca do solo.
Deste modo prescreve-se uma energia elevada de compactação (equivalente ao proctor pesado)
a) Capacidade resistente da estrutura às acções rodoviárias ou ferroviárias:
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Obras de Aterro
Compacta-se do lado seco pois o mais natural é que o solo do aterro, em fase de exploração, mantenha teor em água semelhante ao teor em água de compactação.
Esta abordagem implica o dimensionamento de sistemas de drenagem que impeçam a entrada de água no interior do aterro.
Obras de Aterro
A capacidade resistente da estrutura às sobrecargas rodoviárias e ferroviárias depende muito da solução adoptada para o pavimento:
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Obras de Aterro
Camada de desgaste
Camada de regularização
Aterros rodoviários
Obras de Aterro
Aterros ferroviários
Ferreira ( 2007)
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Obras de Aterro
O cálculo de estabilidade do talude efectua-se como se fosse um talude em terreno natural.
b) Estabilidade de taludes:
Nos cálculos de estabilidade é fundamental considerar também a acção sísmica
A dificuldade está na obtenção das características resistentes do solo.
Obras de Aterro
Como o solo a usar na construção do aterro tem normalmente boa qualidade pois é um solo seleccionado, costuma-se adoptar inclinações típicas que correspondem a materiais com alguma resistência ao corte: 2V:3H(α=34º), 1V:2H (α=26º).
VH
α
Se o solo a usar na construção fosse puramente friccional, α=φ’, mas normalmente usam-se solos com alguma percentagem de argila
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Obras de Aterro
Em rigor devia-se retirar amostras de solo compactado para fazer ensaios laboratoriais para confirmar a sua resistência ao corte.
Geralmente isto só se faz quando a importância da obra o justifica, ou quando se trata de aterros de grandes dimensões ou quando se usam materiais que não são os mais indicados (margas compactadas, solos tratados, etc).
Obras de Aterro
Tem que se garantir que a fundação tem capacidade para suportar o peso do aterro e das sobrecargas.
Caso não se verifique essa capacidade tem que se proceder ao tratamento da fundação....
c) Capacidade resistente da fundação:
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Obras de Aterro
2. SISTEMA DE DRENAGEM
O objectivo destes sistemas é recolher a água e conduzi-la a uma rede de esgotos de modo a impedir a entrada de água no corpo do aterro.
Existem sistemas de drenagem longitudinais e transversais. Estes sistemas estão instalados à superficie (no pavimento e no talude) e na fundação.
Obras de Aterro
Drenagem superficial
Inclinação para facilitar a escorrência superficial
Sistema de recolha e transporte das águasPormenor de uma banqueta
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Obras de Aterro
Sistema colector
Obras de Aterro
A necessidade de prever sistemas de drenagem adequados tem a ver com o comportamento do material em serviço.
Por um lado, prende-se evitar percolação do solo no corpo, ou pelo menos que esta ocorra com gradientes hidráulicos significativos.
Por outro, evitar variações volumétricas do solo devido a variações do seu teor em água. Estas variações de volume podem ser responsáveis por deformações significativas do aterro comprometendo o seu funcionamento em serviço.
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Obras de Aterro
No caso da percolação de água no interior do aterro,
-poderá haver erosão interna devido a arraste de finos
-poderá haver o aparecimento de forças de percolação que,nalguns casos, podem diminuir significativamente as tensões efectivas e, com isso, a resistência ao corte.
Neste caso o solo terá que estar praticamente saturado
Obras de Aterro
No caso de haver variações do teor em água no interior do aterro,
- poderá haver variação significativa de volume devido a expansibilidade ou colapso na molhagem, ou retracção na secagem
-estas variações de volume têm geralmente um carácter cíclio pois dependem das acções atmosféricas. Poderá haver problemas de fadiga com implicações na performance da infrestrutura de transporte. Requerem maiores cuidados de manutenção.
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Obras de Aterro
Consideram-se aterros especiais todos aqueles cujo dimensionamento requer mais alguns cuidados.
3. ATERROS ESPECIAIS
a) Aterros em encosta
b) Aterros de grande altura
c) Aterros construídos com materiais não tradicionais
Obras de Aterro
Para além de se ter que verificar a capacidade resistente do solo de fundação, também tem que se garantir que não há deslizamento do aterro ao longo do seu contacto com a fundação.
a) Aterros em encosta
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Obras de Aterro
Maranha das Neves e Cardoso ( 2008)
Tensões horizontais (σxx)
Tensões verticais (σyy)
Tensões tangenciais (σxy)
Obras de Aterro
Uma solução possível é preparar o solo de fundação de modo a ter alguns patamares intermédios (degraus), que travem o deslizamento.
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Obras de Aterro
Basicamente, trata-se de um problema de estabilidade dos taludes e de garantir que o nível de tensões devido ao peso próprio tanto na fundação como nas camadas inferiores está dentro de valores considerados aceitáveis.
b) Aterros de grande altura
Obras de Aterro
c) Aterros construídos com materiais não tradicionais
Alguns exemplos de aterros construídos com materiais não tradicionais:
•Solos tratados com ligantes hidráulicos (cal, cimento, etc)
•Solos residuais e solos evolutivos
•Aterros de resíduos sólidos urbanos
•...
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Obras de Aterro
Solo tratado com cal
Resíduos sólidos urbanos
Troços de pneus
E outros exemplos...
Obras de Aterro
Para estes aterros, os maiores problemas prendem-se essencialmente com:
• definição das condicões de compactação que consigam tirar o maior partido dos materiais não tradicionais
• determinação das suas características resistentes, necessárias para os cálculos de análise de estabilidade
• durabilidade destes materiais e manutenção das suas características hidro-mecânicas no tempo
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Obras de Aterro
Cap. 6
COMPORTAMENTO DE SOLOS COMPACTADOS
Obras de Aterro
Para este tipo de solos, o seu comportamento e resistência depende do teor em água /sucção
Um solo compactado é um solo não saturado.
Os solos tradicionalmente utilizados na construção de aterros de vias de comunicação são solos finos com alguma percentagem de argila.
1. COMPACTAÇÃO, ESTRUTURA E SUCÇÃO
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(Alonso, 2004)
Argila siltosa de Barcelona
Obras de Aterro
Relação entre a sucção e o ponto da curva de compactação
16.0
17.0
18.0
19.0
20.0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26
teor em água, w (%)pe
so v
olúm
ico
seco
apa
rent
e (k
N/m
3 )
Compact Leve
Compact Pesada
Curva Saturação
pontos analisados
Intervalo decompactação de obra
s=56MPa
s=10MPa s=5MPa
s=2MPa
s=1MPa
s=0,8MPa
s=0,5MPa
Sr=20%Sr=40%
Sr=60% Sr=80% Sr=90%
Sr=100%
Margas da Abadia compactadas
(Maranha das Neves e Cardoso, 2006)
Obras de Aterro
Uma alteração do peso volúmico seco altera as características do solo:
Por isso a energia de compactação éimportante. Solos mais densos são mais resistentes e menos permeáveis.
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Obras de Aterro
O processo de compactação introduz uma dada estrutura nos solos:
Compactação do lado seco
(estrutura floculada)
Compactação do lado húmido
(estrutura dispersa)
Argila siltosa de Barcelona
Obras de Aterro
0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
1.E+00 1.E+02 1.E+04 1.E+06
Void size (nm)
∆e
/∆lo
g D
WW
DD
0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
1.E+00 1.E+02 1.E+04 1.E+06
Void size (nm)
∆e
/∆lo
g D
DW
WW
0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
1.E+00 1.E+02 1.E+04 1.E+06
Void size (nm)
∆e
/∆lo
g D
DD
WD
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Obras de Aterro
Mas a variação do volume na saturação é diferente para cada ponto da curva de compactação.
Depende da sucção antes da saturação e da tensão vertical na molhagem
Areia siltosa compactada (Suriol et al. 1996)
Obras de Aterro
Variação de volume depende da tensão vertical na molhagem:
600kPa300kPa
100kPa
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Obras de Aterro
Em conclusão, a variação de volume depende da sucção inicial e da tensão vertical na molhagem
0
2
4
6
8
10
12
14
16
0 50 100 150 200
Suction (MPa)
swe
lling
str
ain
(%
)290kPa
158kPa
52kPa
Log.
vertical stress:
0
2
4
6
8
10
12
14
16
0 50 100 150 200 250 300
Vertical stress (kPa)
swe
lling
str
ain
(%
) s=4.8MPa
s=11.0MPa
s=135.9MPa
initial suction:
Margas da Abadia (Cardoso 2009)
Obras de Aterro
2. COMPORTAMENTO VOLUMÉTRICO
Constata-se que a rigidez dos solos e a sua tensão de cedência aumentam com a sucção.
[ ]rsrs +−−= )exp()1()0()( βλλÍndice de compressibilidade elastoplástica para a sucção s:
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Obras de Aterro
Na molhagem (saturação completa, a sucção final =0) constata-se que tanto pode haver empolamento (aumento de volume) como colapso (diminuição de volume)
Na secagem (a sucção final é maior do que a inicial) constata-se só pode haver retracção (diminuição de volume)
Se o princípio das tensões efectivas fosse válido, só poderia haver empolamento pois a tensão efectiva diminui com a molhagem
Obras de Aterro
É necessário um modelo constitutivo que consiga reproduzir este comportamento.
• Já não se pode usar a definição de tensões efectivas definida para solos saturados.• Tem que se incluir uma nova variável de estado no modelo para simular as variações de sucção• Tem que simular colapso (deformação plástica, irreversível). Uma forma simples é através de um modelo elastoplástico
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Obras de Aterro
BBM - Barcelona Basic Model (Alonso et al., 1990)
(Pg=patm=0,10MPa)
• Índices de recompressibilidade:varição isotrópica de tensão κ (saturada)variação de sucção κs
• tensão média de compressão: p’= p- máx{Pg; Pl}
• sucção: s= Pg- Pl
• índice de vazios da compactação: e0
+∆
+−−∆
+−=
+
∆=
atm
atms
o
vp
ps
ep
ee
ed ln
1)'ln(
11 00
κκε
Deformações elásticas
Obras de Aterro
BBM
Deformações elastoplásticas
+++
+−=−=
1.01'
'
1 s
ds
ep
dp
edddd se
v
p
v
κκεεεε
Lei de Endurecimento
O parâmetro de endurecimento é p*o, a tensão de cedência do solo saturado preparado com o mesmo índice de vazios inicial
p
vdpe
dp εκλ
*
0
*
0)0(
1
−
+=
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Obras de Aterro
( ) ( ) lnc
pv N s s
pλ= −= −
dpdv
pκ
= −+
s
atm
dsdv
s pκ
(0) ( ) ln+
− = atms
atm
s pN N s
pκ
(0)
( )0 0
−∗ −
=
s
c c
p p
p p
λ κ
λ κ
Aumento de tensão:
Diminuição da sucção:
Superfície de cedência LC
LC
BBM- comportamento elástico
Obras de Aterro
(0)
( )0 0
−∗ −
=
s
c c
p p
p p
λ κ
λ κ
A LC desloca-se porque há endurecimento p*o aumenta e obedece à lei de endurecimento
Superfície de cedência LC
BBM- comportamento elastoplástico
p
vdpe
dp εκλ
*
0
*
0)0(
1
−
+=
*
0
*
0
01
)0(
p
dp
edv
p
+
−−=
κλ
variações de volume devido ao movimento da LC:
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Obras de Aterro
A resistência ao corte aumenta com a sucção
Ho e Fredlund ( 1982)
Neste caso vê-se um aumento da coesão
2. RESISTÊNCIA AO CORTE
Obras de Aterro
Em alguns materiais, o aumento de resistência com a sucção verifica-se também no aumento do ângulo de resistência ao corte
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Obras de Aterro
O BBM considera, simplificadamente, que sóhá aumento da coesão logo M é constante. Este aumento traduz-se pelo aumento da resistência à tracção, ps, com a sucção.
É dado pela relação ps=-Ks
p
s
K
pso p*op
q
pso p*o
s1
s2>s1
Mc
( ) ( )− + − =2 2s oq p p p pM 0
( )( )
( ) ( ) ( ) ( )
λ −κ
λ −κ
=
=
λ = λ − −β +
s
0* s
0 0c c
p k s
p pp p
s 0 1 r exp s r
3. BBM: Modelo Elastoplástico
Obras de Aterro
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LC yield curve
κλ
κλ
−
−
=
)(
)0(
*
00s
cc p
p
p
p
[ ]rsrs +−−= )exp()1()0()( βλλ
p
vdpe
dp εκλ
*
0
*
0)0(
1
−
+=
+++
+−=−=
1.01'
'
1 s
ds
ep
dp
edddd se
v
p
v
κκεεεε
Plastic volumetric strain and hardening law
ln(p’)
v
p0* p0
κ
κ
λ (0)
λ (s)
p0*
si
k
SI yield curves0
p0
v
ln(s)
κs
λs
s0
s=Pg-Pl
);max(' gl PPpp +=
p-Pg
q
CSL(0)
M
M
CSL(s)
-ks p0* p0
p
v
p
s dpkspM
qd ε
αε
)'2(
2
0
2 −+=
Plastic deviatoric strain
Obras de Aterro
• condições iniciais
• parametros do modelo
Obter umarelação
⇔
(λ(s), κ, M, k)
(p0*,s) (γd,w)
⇔ Tipo de solo
(p0*,s)
(λ(s), κ, M, k)
A ideia é, considerando
Esta tarefa está ainda em fase de investigação
Obras de Aterro
4. SOLOS COMPACTADOS E BBM
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DadosHigh plasticity Boom Clay (Romero, 1999)Medium plasticity soil (Honda et al, 2003)Medium-low plasticity soil (Honda et al, 2003)Morainic soil (Cuisinier & Laloui, 2004)Low plasticity silty clay from Barcelona (Barrera, 2002)Non plastic silty sand (Balmaceda,1991) Measured value of San Salvador silty clay
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
1.2
1.4
1.6
1.8
2
2.2
1 1.2 1.4 1.6 1.8 2
Dry density (g/cm3)
Yie
ld s
tre
ss
(p
0*)
(M
Pa)
wL=56%, IP=27%
wL=33.5% IP=13.2%
wL=43%IP=13.4%
wL=30.5% IP=11.8%
wL=28% IP=8%
NPwL=30%IP=12%
(Alonso and Pinyol, 2008)
Há evidências experimentais que mostram que o peso volúmico e a
tensão de cedência estãorelacionados:
*
0 dp ⇔ γ
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Obras de Aterro
5. UTILIDADE DE MODELOS PARA SOLOS NÃO SATURADOS NA PRÁTICA
Basicamente, têm que se realizar ensaios laboratoriais com aplicação de sucções de modo a obter as constantes do modelo.
Nos casos correntes, a consideração das características saturadas é uma abordagem conservativa.
Só fará sentido considerar um modelo para solos não saturados na análise de deformações devidas às acções atmosféricas. De qualquer forma seráuma análise em condições de serviço.
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Obras de Aterro
De qualquer modo, o conhecimento sobre como é que a estrutura e a sucção impostas pelo processo de compactação afectam o comportamento dos solos permite uma abordagem muito mais racional do problema.
Pode ser uma ferramenta útil para a tomada de decisões sobre o processo de compactação para casos especiais.