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PROTEÇÃO EM BAIXA TENSÃO CAPÍTULO 02

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PROTEÇÃO EM BAIXA TENSÃO CAPÍTULO 02

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Capítulo 02

PROTEÇÃO EM BAIXA TENSÃO 2.1 Introdução

Os dois dispositivos de proteção mais utilizados em baixa tensão são o fusível e o disjuntor. 2.2 Os fusíveis Inicialmente, é importante observar que os fusíveis são elementos mais fracos (de seção reduzida), que são propositalmente inseridos no circuito, para interrompê-lo sob condições anormais. Uma corrente elevada que aumenta a temperatura dos componentes da instalação, poderá levá-los à queima, caso não haja um desligamento rápido e seguro. Assim, cabe ao fusível uma missão importante, sobretudo levando-se em conta o elevado capital aplicado nos equipamentos elétricos e o uso generalizado que se faz da energia elétrica. 2.2.1 Componentes de um fusível

Compõe-se o fusível, nas suas formas mais aperfeiçoadas, de um corpo de material isolante de suficiente resistência mecânica, dentro do qual se encontra o elemento de fusão (ou elo de fusão), que interromperá o circuito sob condições anormais. O fusível em si é montado sobre uma base, fixo por meio de um soquete padronizado ou um sistema de contato por pressão. É comum o emprego do primeiro sistema até corrente de no máximo 200A, passando-se para correntes mais elevadas o uso de contatos de pressão. Acima de 1000A, recomenda-se a subdivisão do circuito em número suficiente de circuitos paralelos, conseqüentemente de menores correntes individuais.

Recomenda-se, sempre que possível, o uso de fusíveis no qual a inspeção do seu estado (queimado ou perfeito) possa ser feita externamente, sem necessidade de tirá-lo da base ou fazer uso de um instrumento de teste para verificação. Considerando-se, por outro lado, que todo circuito elétrico, com sua fiação, elementos de proteção e de manobra, foram dimensionados para uma determinada corrente nominal e carga que se pretende ligar, é imediata a conclusão de que os fusíveis dimensionados para o circuito nunca devem ser substituídos por outros de maior corrente nominal. Portanto, é de interesse a instalação de fusíveis com encaixes padronizados a prova de trocas indevidas e um elemento de fusão inviolável. Durante a fase de desligamento, em que se dá a destruição do elo de fusão, ocorre um arco voltaico entre os pontos do circuito que se separam, ocasionado pela ionização do meio. Este arco voltaico representa um perigo para a instalação, podendo inflamar partes adjacentes se não envolto e extinto imediatamente. Esta circunstância faz com que sejam considerados seguros apenas os fusíveis dotados de um elo de fusão envolto totalmente e, além disso, possuidores de um elemento de extinção que elimina o arco com a máxima rapidez. As partes de contato do fusível devem ser de elevada resistência à oxidação, para garantir assim sempre uma boa transferência de corrente, com mínima resistência de contato, evitando perdas desnecessárias que se apresentam sob forma de calor. Neste particular, sobressaem-se os contatos de cobre prateado, pois os de cobre,

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devido à elevada resistência elétrica do seu óxido, dificultam a circulação da corrente elétrica.

Após a interrupção do circuito, há que se assegurar que a diferença de potencial existente nas extremidades do fusível não venha a restabelecer condições de circulação de corrente elétrica, seja através do invólucro que envolve o elo de fusão, seja devido a uma interrupção precária do elo. Por esse motivo, o invólucro deve ser de material isolante de alta qualidade que, além de possuir suficiente rigidez dielétrica no estado seco, não absorve umidade ou outros componentes do ambiente, nem propicie sua deposição externa. Por essas razões, condenam-se certos invólucros de papelão, dando-se sempre preferência àqueles com envoltório de cerâmica (porcelana ou esteatite) vitrificada. 2.2.2 Características elétricas

Das grandezas elétricas, são as seguintes as mais importantes no dimensionamento:

• a corrente nominal deve ser aquela corrente em que o fusível suporta

continuamente, sem se aquecer acima de limites especificados, por norma e em função do qual se escolhe o material;

• a corrente de curto-circuito é a corrente máxima que pode circular no circuito, e que deve ser desligada instantaneamente. Correlata à corrente de curto-circuito, tem-se a capacidade de ruptura, que é o valor de potência que o fusível é capaz de desligar com segurança;

• a tensão nominal, cujo valor dimensiona a isolação do fusível; • a resistência de contato, que depende do material e da pressão exercida. A

resistência de contato entre a base e o fusível é a responsável por eventuais aquecimentos, devido à resistência oferecida na passagem da corrente;

Além da corrente nominal, os fusíveis têm como classificação a faixa de

interrupção ou classe de funções representadas pelas letras minúsculas g e a (categorias de utilização representadas por letras maiúsculas). As classes de função são descritas a seguir:

g – fusíveis que suportam a corrente nominal por tempo indeterminado e são capazes de operar a partir do menor valor de sobre corrente até a corrente nominal de desligamento. Eles atuam na menor intensidade de sobre corrente, sendo considerados fusíveis de faixa completa.

a – fusíveis que suportam a corrente nominal por tempo indeterminado e são capazes de desligar a partir de um múltiplo d valor da corrente nominal até a corrente nominal de desligamento. Esse tipo de fusível reage a partir de um valor elevado de sobrecorrente, sendo considerados fusíveis de faixa parcial.

As classes de objetos protegidos são:

L-G – cabos e linhas/proteção geral M – equipamentos eletromecânicos R – semicondutores B – instalações em condições pesadas (minas)

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Os fusíveis devem ser especificados por classes de serviço, que são compostas de classe de função e classe de objeto protegidos e são representados por duas letras:

gL – proteção total de cabos e linhas aM – proteção parcial de equipamentos eletromecânicos aR – proteção parcial de equipamentos eletrônicos gR – proteção total de equipamentos eletrônicos gB – proteção total de equipamentos em minas Geralmente se empregam fusíveis da classe de serviço aM, pois a

caracterísitca dessa proteção é ter um efeito atrasado já que a corrente de partida de um motor é diversas vezes a corrente nominal.

Em funcionamento, deve o fusível obedecer a uma característica tempo de desligamento - corrente circulante, perfeitamente conhecida e inversamente proporcional, como mostra a Fig.2.1.

Figura 2.1 – Curva de desligamento de fusível diazed.

Observa-se que as duas grandezas em questão são inversamente

proporcionais, o que aliás, é uma condição necessária porque, quanto maior a corrente que circula, menor deve ser o tempo de atuação do fusível.

Os elos de fusão mais utilizados estão representados na Fig.2.2.

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Rolha Cartucho Faca Diazed Figura 2.2 – Tipos de elos de fusão e seus envoltórios.

A fusão pode dar-se em dois meios: no ar ambiente ou com elemento de

extinção. Sendo ao ar, existe o perigo do arco se propagar, não se recomendando por isto tais fusíveis para instalações. No segundo caso, o elo de fusão está envolto por um extintor, normalmente de granulometria adequada, que se mistura com o metal fundido vaporizado do elo, geralmente cobre, criando um material de alta resistência.

O elemento extintor, cuja função foi definida acima, deve ser rigorosamente

escolhido. Tratando-se de areia, o grão mais eficiente do mesmo deve ser escolhido, porque:

um grão muito grande permite vazios inadmissíveis entre os mesmos,

deixando livre caminhos através dos quais se possam dar descargas indesejáveis.

um grão muito pequeno, não permitirá a expansão de gases que se formam no instante da fusão, criando elevadas sobre pressões - cuja grandeza depende das condições de curto-circuito - que poderão romper a parede do invólucro.

Na instalação do fusível, deve-se levar em consideração o comportamento

seletivo entre os mesmos. A característica seletiva é a responsável pelo desligamento do fusível certo, num sistema protegido por mais de um fusível. Tal caso é o mais comum, pois, geralmente, tem-se os fusíveis principais, de entrada, e os de proteção de cada circuito secundário. Um sistema cuja característica seletiva é exata faz com que apenas os fusíveis mais próximos da fonte de defeito atuem (queimem). 2.2.5 Tipos de fusíveis

Os fusíveis podem ser classificados de acordo com critérios diversos, desses critérios, os mais usados são:

segundo a tensão de alimentação: alta tensão ou baixa tensão; segundo a característica de desligamento: efeito rápido ou efeito

retardado. Fusíveis rápidos e retardados

Destinam-se os fusíveis sem retardo a circuitos em que não ocorre variação considerável de corrente entre a fase de partida e a regime normal de

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funcionamento. É o caso das cargas resistivas em geral, tais como lâmpadas incandescentes. Entretanto, cargas motoras necessitam, na fase de partida, uma corrente de partida diversas vezes superior à corrente nominal. Por esse motivo, foram incluídos na linha de fusíveis aqueles com características retardadas, que suportam as sobre correntes devidas a corrente de partida, assim protegendo todas as cargas motoras e semelhantes. Note-se que em grandeza de curto-circuito KiloAmperes, a corrente de desligamento instantâneo é bem semelhante aos fusíveis rápidos.

O retardamento é obtido por um acréscimo de massa na parte central do elo, onde este apresenta a menor condutância e onde, consequentemente, se dará a fusão. Este acréscimo de massa absorve durante certo tempo parte do calor que se desenvolve na seção reduzida do elo, retardando a elevação de temperatura, cujo valor limite superior é a temperatura de fusão do metal usado no elo. Este acréscimo de massa, entretanto, não atua praticamente perante uma corrente de curto-circuito, pois não há tempo para uma troca de calor entre os setores de menor seção e o acréscimo de massa. Por essa razão, sob corrente de curto-circuito, ambas as curvas, do fusível rápido e do retardado, se aproximam muito, quase coincidindo.

2.2.6 Fusíveis de baixa tensão

Os fusíveis de baixa tensão do mercado nacional pertencem a um dos tipos

seguintes:

Fusível rolha Compõe-se de um corpo de porcelana com rosca de latão ou bronze na sua

parte inferior, envolvendo a porcelana um disco do mesmo metal em baixo, isolado da rosca e, às vezes, um anel metálico na parte superior.

Neste último caso, é freqüente haver uma vedação superior de mica que se destina a proteger o elo de fusão. O elo não é envolto por elemento extintor, além de não ser calibrado rigorosamente. Não possui redução de seção. O elo de fusão, de seção circular, é a base de chumbo e, em alguns casos, pode ser facilmente substituído quando queima. Ou ainda é ligado diretamente na parte exterior do fusível, fazendo com que, ao fundir, o material permaneça no soquete de fixação, danificando-o pelo efeito do arco e dificultando o contato elétrico posterior. Este tipo de fusível tem pequena capacidade de ruptura, além de não garantir plena segurança de desligamento, e com resistência de contato por vezes acentuada. São fabricados, normalmente, para correntes de até 30A e 220V.

Fusível cartucho

Os fusíveis tipo cartucho são fabricados desde poucos amperes (ou mesmo fração de amperes), até diversas dezenas. As partes metálicas de ligação ao circuito são de latão, cobre ou bronze, freqüentemente com acentuada oxidação e conseqüente resistência de contato elevada. O elemento de fusão, de cobre ou chumbo e suas ligas, normalmente são de seção uniforme, não fixando assim o ponto de interrupção. O invólucro de papelão destina-se à isolação do elo, sendo impregnado com verniz nos tipos de melhor qualidade. Para correntes superiores a 100A, são dotados, frequentemente, de cristais de sílica, que atuam como elemento extintor. Sua capacidade de ruptura é da ordem de 20000A a 30000A, valor

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satisfatório em uma série de aplicações, mesmo industriais, dependendo, porém das condições particulares da rede de alimentação. As bases de montagem não são calibradas para cada valor nominal, permitindo assim, dentro de uma faixa de certa maneira ampla, uma substituição de um fusível de uma corrente nominal por de valor mais elevado, com o que ficam prejudicadas as condições de segurança da instalação.

Fusível de encaixe calibrado (sistema Diazed)

Fusíveis desse tipo compõem-se de um corpo de porcelana cilíndrico, fechado nas suas extremidades por duas tampas metálicas, nas quais é soldado o elo de fusão ou preso por meio de anel de fixação próprio. O elo de fusão é, basicamente, de cobre, podendo vir revestido com outro metal, zinco, por exemplo, quando as características de desligamento o exigem, de acordo com os motivos já expostos anteriormente. Entre o elo e o corpo de porcelana ou esteatite, em alguns casos, é colocado o elemento extintor, que é areia. Esta preenche totalmente o espaço livre entre o elo e o corpo externo. Os fusíveis Diazed são invioláveis, pois o fechamento do corpo de porcelana não mais permite uma reposição do fusível. Além do mais, são calibrados em uma das suas extremidades de acordo com o seu valor da corrente nominal, mediante a variação adequada de uma das tampas metálicas de fechamento. Dessa forma, evitam-se a troca indevida de um fusível menor por outro maior, mantendo-se, em conseqüência, as condições de segurança da instalação prevista no projeto da instalação. Este tipo de fusível é fabricado desde décimos de ampéres até 200A, para tensões até 500V, nos tipos rápidos e retardados. Possuem sinalizador que indica seu estado (queimado ou perfeito), não necessitando tirá-lo da base para teste.

(a) (b) (c) (d) (e)

Figura 2.3 – (a) Base com engate rápido para triho DIN. (b) Parafuso de ajuste. (c)Anéis de proteção. (d) Fusível Diazed. (e) Tampa.

Fusíveis de elevada capacidade de ruptura (Sistema NH) O termo NH é de origem alemã, e as letras representam: N: Niederspannung – baixa tensão;

H: Hochleistung – alta capacidade.

Segue tabela com seus respectivos códigos e capacidades de interrupção de corrente:

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Código do fusível Capacidade de interrupção

(A) NH00 4 a 160A NH1 50 a 250A NH2 125 a 400A NH3 315 a 630A

Tabela 2.1 – Tipos de fusíveis NH

Estes fusíveis que se destinam sobre tudo à proteção de sistemas industriais, em que estão presentes correntes nominais elevadas e em que os sistemas apresentam uma corrente de curto-circuito elevada, são construtivamente semelhantes aos Diazed. Um elo de fusão de cobre em forma de lâmina, vazada em determinados pontos para reduzir a seção condutora em locais predeterminados, com recobrimento de outro metal ou não, é envolto por um elemento extintor, de areia e um invólucro de porcelana ou esteatite. Sua forma externa é retangular. As extremidades do invólucro são fechadas com peças metálicas, de cobre prateado, dotadas de facas, que se destinam ao encaixe na base da instalação. Esta base, com dois contatos do tipo lira, também de cobre prateado, é feita em geral de esteatita, pois este produto cerâmico apresenta características mecânicas mais favoráveis do que a porcelana.

Fusíveis de acordo com o sistema NH Fig.2.4 são geralmente retardados, pois são usados como fusíveis gerais ou como proteção de cargas motoras, para correntes desde alguns amperes até 1000A.

Sua capacidade de ruptura é sempre superior a 70 kA, e na maior parte dos tipos, acima de 100 kA, com uma tensão máxima de 500 V. Também são dotados de sinalização, que indica o seu estado.

(a) (b)

Figura 2.4 - Fusível NH e base. Dimensionamento dos fusíveis No dimensionamento dos fusíveis retardados, deve-se levar em consideração os seguintes aspectos. 1 – Tempo de fusão virtual (exemplo para um motor com corrente de partida): os fusíveis devem suportar sem fundir o pico de corrente de partida (Ip) durante o tempo da partida (Tp). Com os valores de Ip e Tp entramos na curva para dimensiona o fusível. 2 – Ifusível = 1,2 . Inominal: deve-se dimensionar para uma corrente no mínimo 20% superior à corrente nominal (In) do motor que protege, evitando que um envelhecimento prematuro ocorra, aumentando a sua vida útil.

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3 – Quanto ao critério dos contatores e relés: Ifusível <= IFmáx: os fusíveis de um circuito de alimentação devem também proteger os contatores e relés de sobrecarga. Essa verificação é feita em tabelas de contatores de relés de sobrecarga. 2.3 DISJUNTORES

Os disjuntores são dispositivos que garantem simultaneamente a manobra e a proteção contra correntes de sobrecargas e contra correntes de curto-circuito.

Em uma instalação elétrica residencial, comercial ou industrial é importante garantir o bom funcionamento do sistema sob quaisquer condições de operação, protegendo as pessoas, os equipamentos e a parte elétrica de acidentes provocados por alteração de corrente elétrica.

Finalidade

As funções básicas dos disjuntores são as seguintes: Operação manual de chaveamento para abertura e fechamento do circuito

através da alavanca. Abertura automática de circuitos sob condições de sobrecarga mantida e

curto-circuito. Quando o disjuntor abre para interromper uma falta no circuito por

sobrecorrente, a alavanca se desloca para a posição "trip". Se a alavanca estiver na posição OFF, indica que ele abriu em função de curto-circuito, ou foi desligado de propósito.

Vantagens dos disjuntores sobre os fusíveis: • Permite o religamento sem a necessidade de troca de componentes. • Na utilização de disjuntores bi e tripolares, ocorrendo falta em uma das

fases, todos os outros pólos abrirão automaticamente. Isso se deve a uma barra interna de trip comum que atua ao mesmo tempo nos pólos do disjuntor. O mesmo não ocorre com os fusíveis.

• Características ajustáveis do disjuntor proporcionam melhor proteção de condutores e cargas.

2.3.1 Dicas

• Caso o defeito na instalação permanecer no momento do religamento, o disjuntor desligará novamente, não devendo ser manobrado até que se elimine o defeito.

• Uma das funções do disjuntor é proteger os condutores. Portanto, a seção dos mesmos deverá ser igual ou maior que as especificadas pelas normas para as capacidades e características das cargas correspondentes.

• Os elementos bi metálicos possuem uma resistência intrínseca que gera calor proporcional ao quadrado da corrente que circula pelos mesmos. O condutor atua como dissipador de calor, controlando o aquecimento do elemento bimetálico. Ao reduzir a seção do condutor, a temperatura aumenta e o disjuntor atua a uma corrente inferior à especificada. A

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capacidade de condução de corrente do disjuntor e a seção do condutor são, então, valores relacionados, independente do tipo de isolamento.

• Quando a causa da falta, sobrecorrente ou curto-circuito foi solucionada, o disjuntor poderá ser ligado novamente.

2.3.2 Tipos de disjuntores Padrão americano – disjuntor com encaixe. Padrão europeu – disjuntor para trilho DIN. 2.3.3 Componentes dos Disjuntores

As partes componentes de um disjuntor são:

Figura 2.6 - Vista interna do disjuntor termomagnético

2.3.4 Dimensionamento dos disjuntores

Para o dimensionamento do disjuntor em instalações elétricas residenciais, dois fatores devem ser levados em consideração:

- a corrente nominal do circuito. - a corrente de operação ou de ajuste do disjuntor consideramos como sendo

circuitos resistivos e, para esses casos, o Fator de Potência (FP) é igual a 1. O cálculo para a corrente nominal será através da seguinte fórmula:

In = P/E (A)

Onde: In = Intensidade da corrente nominal, em amperes. P = Potência, em watt. E = Tensão, em volt.

A corrente de operação ou de ajuste dos disjuntores deve ter um valor 25,4%

maior que a corrente do nominal do circuito. Mas não deve exceder o limite da

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capacidade de condução de corrente do condutor a ser protegido. Portanto, a fórmula para o cálculo do disjuntor será:

Id = In.1,25

Onde: Id = Corrente de operação ou de ajuste, em amperes. In = Intensidade da corrente nominal, em amperes. 1,25 = Fator de multiplicação. (acréscimo de 25% no valor da corrente

nominal). Observação: A corrente de operação do disjuntor deverá ser compatível com a capacidade de corrente máxima admissível pelos condutores. Exemplo 01) Cálculo de disjuntor termomagnético - Calcular o valor do disjuntor para um circuito, cuja potência nominal é 2200 W sendo alimentado por uma tensão de 220 V. Dados: P=2200W; E=220V; Solução: In = P/E In = 2200 /220 = 10A Id=In.1,25 Id=10.1,25=12,5A

Consultando a tabela de correntes nominais dos disjuntores, observamos que o disjuntor a ser utilizado é o de 16A monopolar.

Figura 2.7 – Aplicações de disjuntores

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2.3.5 Proteção diferencial residencial (DR) NBR 5410 - Uso obrigatório em todo o território nacional conforme lei 8078/90, art. 39 - VIII, art. 12, art. 14. DR Disjuntor Diferencial Residual Mono e Bipolar (Valores Comerciais)

Tabela 2.2 – DR

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IR Interruptor Diferencial Residual Bipolar e Tetra (Valores Comerciais) Na coluna mais da direita são os disjuntores termomagnéticos que deverão

ser utilizados em conjunto.

Tabela 2.3 - IR

Os disjuntores diferenciais exercem múltiplas funções, pois além de

realizarem proteção dos condutores contra sobre correntes e curto-circuito, garantem a proteção das pessoas contra choques elétricos e a proteção dos locais contra incêndios, nas condições descritas pela Norma Brasileira de Instalações Elétricas, a NBR 5410. Além disso, esses disjuntores são ideais para controlar o isolamento da instalação, impedindo o desperdício de energia por fuga excessiva de corrente e assegurando a qualidade da instalação.

Em caso de defeito na isolação, por ocasião de um contato direto, as correntes de fuga passam à fonte de tensão. Os disjuntores diferenciais percebem ou captam a corrente de fuga e se desligam, quando ultrapassam a corrente nominal de fuga. Porém, em caso de defeito nas isolações, não somente pode aparecer uma tensão de contato excessivamente elevada, como pode provocar um incêndio através de um arco voltaico, originado pela corrente do circuito a terra.

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Aplicações Os interruptores ou disjuntores diferenciais devem ser utilizados para

proteção: • das partes metálicas conectadas a terra se tornem vivas; • de pessoas ou animais contra contatos acidentais com partes energizadas

das instalações elétricas; • contra perigos de incêndio devidos a faltas a terra; • contra a presença de faltas a terra provocada por aparelhos

eletrodomésticos e industriais ou instalações elétricas em más condições de conservação.

Principio de funcionamento

O DR funciona com um sensor que mede as correntes que entram e saem no circuito. As duas são de mesmo valor, porém de direções contrárias em relação à carga. Se chamarmos a corrente que entra na carga de I+ e a que sai de I-, logo a soma das correntes é igual a zero. A soma só não será igual a zero se houver corrente fluindo para a terra, como no caso de um choque elétrico. A sensibilidade dos DRs varia de 10 a 500 mA, deve ser dimensionada com cuidado, pois existem perdas para a terra inerentes à própria qualidade da instalação.

Figura 2.8 – Disjuntor Diferencial Residual

Instalação O Interruptor DR deve estar instalado em associação com os disjuntores do quadro de distribuição, de forma a proporcionar uma proteção completa contra sobrecarga, curto-circuito e falta para a terra. A instalação dos interruptores Diferenciais Residuais deve der realizada por técnico especializado e a fixação se

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faz por trilho DIN (35 mm). Todos os condutores (fases + neutro) que constituem a alimentação a proteger devem ser ligados através do DR. Sendo que o neutro, após sua conexão ao interruptor, não poderá mais ser aterrado.

Em locais de grande concentração de umidade, como por exemplo: banheiros, área de serviço, cozinhas e piscinas. O perigo de eletrocussão é gravíssimo, de fato, a imersão na água reduz a resistência que usualmente limita a corrente que atravessa o corpo humano. Portanto, todo cuidado deve ser tomado com a proteção nesses ambientes. Todas as tomadas de corrente devem ser instaladas distantes d'água e devem ser protegidas com um DR de alta sensibilidade.

NOTA IMPORTANTE:

Torneiras elétricas e chuveiros com carcaça metálica e resistência nua apresentam geralmente fugas de corrente muito elevadas, que não permitem que o DR fique ligado. Isso significa que esses equipamentos representam um risco a sua segurança e devem ser substituídos por outro com carcaça plástica ou com resistência blindada que possibilite a instalação de um DR.

2.4 – Proteção de Motores de Indução Proteção dos Circuitos Alimentadores contra Curtos-circuitos A capacidade nominal dos dispositivos de proteção dos circuitos alimentadores de motores não deverá ser maior do que a adequada ao ramal, que exige proteção de maior capacidade, mais a soma das correntes nominais dos motores restantes. I (proteção do alimentador) ≤ I (proteção do ramal de maior capacidade) + ∑I (motores restantes) Proteção dos Ramais contra Curto-Circuito Dimensionamento pela capacidade de corrente: I (ramal)≥1,25.In (motor) Dimensionamento pela queda de tensão: admissível 1%. A capacidade de proteção dos dispositivos de proteção dos ramais de motores deverá ficar compreendida entre 150 e 300% da corrente nominal do motor, conforme o tipo de motor. Essa capacidade poderá se aumentada até 400% em condições de partida muito severas. Proteção contra a Sobrecarga e Curto-circuito dos Motores Dispositivos usados: a) Fusíveis de ação retardada em todos os condutores do ramal não ligados à terra. Observação: Podem-se usar fusíveis comuns, desde que o motor parta com tensão reduzida e o porta-fusível fiquem fora do circuito na partida.

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b) Chaves magnéticas com relés térmicos (disjuntores), usadas na partida e proteção dos motores. Os relés são instalados nos condutores fase dos circuitos monofásicos, ou apenas e duas fases de um ramal trifásico. c) Relés térmicos não-ajustáveis, fazendo parte integrante do motor. Para motores cuja elevação de temperatura admissível seja 40˚C, ou com fator de serviço igual ou superior a 1,15, a capacidade nominal dos dispositivos de proteção deverá ser de 125% da corrente nominal do motor e de 115% nos demais casos. Simbolicamente:

IPM=,15 a 1,25 In Usamos para proteção de motores os fusíveis comuns ou disjuntores

térmicos. Os fusíveis, para atender bem ao fim a que se destinam, devem ter um certo retardo para não atuarem com a corrente de partida, que pode atingir 10vezes a corrente nominal. Os relés térmicos são dispositivos, em geral, ligados em série com os circuitos de controle de chaves magnéticas, desligando-as quando a corrente atinge um certo valor. Exemplo: Qual deverá ser a regulagem da chave magnética de proteção de um motor trifásico de 5CV (3,72KW), 220V, 60Hz, sem indicação de temperatura? In=15A. Regulagem do relé = 15x1,15=17,25A. Se fosse permitida a elevação de 40˚C na temperatura, a regulagem seria = 15x1,25 = 18,75A.