capa ed 22.pdf 1 04/10/12 12:19 pet food brasil · ano 4 / edição 22 / set-out de 2012 /...
TRANSCRIPT
Pet Food BrasilPet Food BrasilRevista
Ano 4 / Edição 22 / Set-Out de 2012 / www.editorastilo.com.br
Palatabilizantes
C
M
Y
CM
MY
CY
CMY
K
CAPA ed 22.pdf 1 04/10/12 12:19
2 3Editorial
Edição 22Setembro/Outubro 2012
Prezado Leitor
Um setor dinâmico, vinculado às tendências do segmento de alimentação
para os animais de companhia, que visa agregar atratividade ao pet food e
está empenhado em apresentar constantes inovações. Estas são algumas das
características que definem o mercado de palatabilizantes, um dos assuntos
abordados neste mês na Revista Pet Food Brasil.
O Brasil está totalmente alinhado com o mais alto nível mundial em
termos de palatabilidade. O que já era esperado para quem ocupa atualmente
o segundo maior mercado de pet food do mundo, sendo responsável por 9% da
produção global.
A indústria voltada para este segmento trabalha para superar limites da
performance e neste sentido, alguns aspectos mostram-se mais evidentes
como, por exemplo, a humanização, que promove a aproximação do pet food
aos conceitos da alimentação humana e assim permite levar funcionalidades
ao palatabilizante. Também contamos com soluções que possibilitam alcançar
melhores resultados na aparência f inal de snacks e ossinhos, propiciando uma
boa aceitação do produto.
O uso de corantes na alimentação animal é outro destaque nesta
edição. Considerados aditivos sensoriais, assim como os aromatizantes,
palatabilizantes, f lavorizantes e pigmentantes, eles são usados na alimentação
para melhorar ou modificar as características visuais dos alimentos ou as
propriedades organolépticas (como a cor, o brilho, o paladar, o odor etc).
Embora tenha um custo mais elevado, os corantes naturais vêm ganhando
destaque, como observaram os executivos das empresas pesquisadas, Vogler e
Doce Aroma.
Médica veterinária e atual consultora nas áreas comercial e de marketing
para empresas do setor pet, Mariana Galvão que contabiliza passagens em
importantes companhias como Kemin, Basf, Merial e Granfood é a nossa
entrevistada do mês. A especialista expõe a sua opinião sobre o segmento de
nutrição animal, aponta as tendências, enumera os gargalhos deste setor e
destaca as particularidades do nosso mercado.
Boa Leitura!
Daniel Geraldes
Pet Food BrasilPet Food BrasilRevista
Ano 4 / Edição 22 / Set-Out de 2012 / www.editorastilo.com.br
Palatabilizantes
C
M
Y
CM
MY
CY
CMY
K
CAPA ed 22.pdf 1 04/10/12 12:19
4 5
DiretorDaniel Geraldes
Editor Chefe
Daniel Geraldes – MTB [email protected]
Jornalista Colaboradora
Lia Freire - MTB 30222
Direção de Arte e ProduçãoLeonardo Piva
Denise [email protected]
Conselho Editorial
Aulus CarciofiClaudio MathiasDaniel GeraldesEverton Krabbe
Flavia SaadJosé Roberto Sartori
Vildes M. Scussel
Fontes Seção “Notícias” Anfal Pet, Pet Food Industry, Sindirações, Valor Econômico, Gazeta Mercantil, Agência Estadão,
Cepea/Esalq, Engormix, CBNA
Impressão Intergraf Ind.Gráfica Ltda
DistribuiçãoACF Alfonso Bovero
Editora StiloRua Sampaio Viana, 167 - Conj. 61 São Paulo (SP) - Cep: 04004-000
Fone: (11) 2384-0047
A Revista Pet Food Brasil é uma publicação bimestral da Editora Stilo que tem como público-alvo empresas
dos seguintes mercados: Indústrias de Pet Food, Fábricas de Ração Animal, Fornecedores de Máquinas e Equipamentos, Fornecedores de Insumos e Matérias
Primas, Frigoríficos, Graxarias, Palatabilizantes, Aditivos, Anti-Oxidante, Embalagens, Vitaminas, Minerais,
Corantes, Veterinários e Zootecnistas, Farmacologia, Pet Shops, Distribuidores, Informática/Automação
Industrial, Prestadores de Serviços, Equipamentos de Segurança, Entidades da cadeia produtiva, Câmaras de
Comércio, Centros de Pesquisas e Universidades, Escolas Técnicas, com tiragem de 10.400 exemplares.Distribuída entre as empresas nos setores de
engenharia, projetos, manutenção, compras, diretoria, gerentes. É enviada aos executivos e especificadores
destes segmentos.Os artigos assinados são de responsabilidade de seus
autores e não necessariamente refletem as opiniões da revista. Não é permitida a reprodução total ou parcial
das matérias sem expressa autorização da Editora.
Sumário
Notícias
Caderno Científico
Capa
Entrevista
Informe Técnico
Em Foco 1
Em Foco 2
Em Foco 3
Segurança Alimentar
Pet Food Online
Pet Market
Caderno Técnico1
Caderno Técnico2
Caderno Técnico3
32
30
28
22
26
14
16
06
36
46
44
42
54
60
6 7Notícias
Formula Foods inicia produção com secador Manzoni msc-4000
A empresa Formula Foods, indústria de ração para cães e gatos e fabricante da marca registrada Premiatta,
sediada em Campinas-SP, colocou em operação o secador Manzoni de 4 ton/h da linha MSC-4000.
Visando atender as exigências de um processo rigoroso, a fim de manter um constante controle de qualidade
na performance e rendimento dos produtos e sempre levando em conta a BPF (Boas Práticas de Fabricação),
optaram pela Manzoni devido à confiabilidade, qualidade dos equipamentos, à estabilidade dada ao processo e
um suporte técnico presente e disponível.
“O secador permitiu um aproveitamento melhor da área produtiva, pois se trata de um equipamento vertical.
A ração passou a ter uma maior uniformidade com a estabilidade da umidade, gerando um produto com uma
qualidade superior. Além da facilidade de operação do secador através do monitor touch screen, o software de
controle do equipamento facilitou o treinamento e operação por parte dos funcionários”, afirma Marcos Roberto
Nicoletti, diretor da Premiatta.
A Premiatta é uma empresa formada por ideias inovadoras que proporcionam aos clientes e parceiros
vantagens visíveis.
Compartilhando da mesma filosofia, de respeito ao cliente, a Manzoni Industrial consolida mais uma parceria
e se fortalece como uma das principais fabricantes de máquinas para a indústria de ração do mercado brasileiro.
Para contatar a Premiatta, acesse o site www.premiatta.com.br
Biorigin apresenta resultados positivos sobre a inclusão de beta‐glucanos nas dietas de cães
A Biorigin divulga novos estudos que comprovam os benefícios do MacroGard® - beta 1,3/1,6 glucanos purificados, na saúde de cães
quando incluído na dieta.
Felipe Horta, Especialista Técnico da Biorigin comenta: “Após comprovar eficácia do MacroGard® em minimizar sinais clínicos e a melhorar
a qualidade de vida de cães acometidos por afecções crônicas como osteoartrite e atopia, também obtivemos excelentes resultados em gatos
com doença periodontal, onde observou‐se redução de perda óssea e um melhor equilíbrio de citocinas em animais alimentados com o
produto”. Buscando explicar as bases desses efeitos, em um primeiro estudo, notou-se uma maior atividade de neutrófilos em cães tratados
com beta‐glucanos e, em um segundo estudo, um aumento da fagocitose de leucócitos e da produção de anticorpos em cães alimentados
com MacroGard® ‐ mecanismos fundamentais para o suporte de cães acometidos mas também de susceptíveis a afecções semelhantes e para
manutenção da resistência, saúde e bem estar a animais saudáveis em suas atividades diárias.
A Biorigin, reforçando ainda mais os investimentos na geração de informações que possam beneficiar todo o mercado pet, está fortalecendo
parcerias com importantes centros de referência em pesquisa clínica, nutrição pet e fisiologia, como a UNESP – Jaboticabal, a Universidade Livre
de Berlim (Alemanha) e Universidade de Louisville (EUA). O principal foco dos investimentos é ampliar ainda mais os conhecimentos a respeito
dos benefícios do uso de beta‐glucanos purificados – MacroGard® em cães.
Segundo Lineu Padovese, Gerente de Produtos, “em breve traremos novidades sobre os benefícios do consumo de MacroGard® durante
períodos pré e pós vacinal e na composição de dietas especiais e terapêuticas, entre outras situações, constituindo um novo e promissor
horizonte para a saúde e bem estar dos animais de companhia”.
MacroGard é composto por beta 1,3/1,6 glucanos purificados, produzidos a partir de uma cepa especialmente selecionada de Saccharomyces
cerevisiae, sendo a fonte de beta‐glucanos mais estudada do mundo.
Sobre a Biorigin
Comprometida com o aumento do valor agregado dos produtos de seus clientes, a Biorigin desenvolve e produz, através de processos
biotecnológicos, ingredientes 100% naturais para saúde e nutrição dos animais. Com Centro de Pesquisa e Desenvolvimento próprio e controle
total da cadeia produtiva, a Biorigin garante a segurança e qualidade de seus produtos, através das certificações ISO 9001:2008, ISO 22000:2005,
PDV, Kosher e Halal.
8 9
DSM vai adquirir a Tortuga para fortalecer o negócio de nutrição animal A Royal DSM, empresa global de Ciências da Vida e Ciências dos Materiais, anunciou hoje que celebrou um acordo definitivo para adquirir a Tortuga
Companhia Zootécnica Agrária (Tortuga). Sujeita às condições usuais, a transação deverá ser concluída no 1º trimestre de 2013. A Tortuga, uma empresa
privada brasileira, é líder em suplementos nutricionais com foco em ruminantes. A empresa tem sede em São Paulo, Brasil e cerca de 1.200 funcionários.
A Tortuga tem três fábricas no Brasil.
Fundamentação estratégica
O gado de corte e de leite criado em pastagens passa uma parte significativa da vida se alimentando de vegetação natural, o que significa que,
com frequência, carecem de minerais para compor uma boa dieta. Portanto, são necessários suplementos nutricionais para melhorar o desempenho
zootécnico e a saúde do animal. O tamanho do mercado global de suplementos nutricionais para ruminantes está estimado em aproximadamente €
4 bilhões, crescendo cerca de 3% ao ano e com crescimento significativamente mais forte (7-10%) em minerais orgânicos (quelatos). A Tortuga é uma
das líderes globais em minerais orgânicos (quelatos), apesar de até agora só operar ativamente na América Latina.
A aquisição da Tortuga permite que a DSM agregue valor com a sua grande presença na cadeia de valor com um portfólio abrangente de
ingredientes nutricionais para nutrição animal, aproveitando sua forte posição internacional. Mais especificamente, o valor será criado através das
sinergias de receita, introduzindo os ingredientes da DSM nos produtos e premixes da Tortuga e em seus canais de distribuição para ruminantes, como
também levando os produtos exclusivos da Tortuga, especialmente o portfólio completo de produtos com minerais orgânicos (quelatos), para clientes
de nutrição animal da DSM do mundo inteiro. A aquisição também fortalecerá a capacidade da DSM para oferecer soluções nutricionais integradas,
capturando valores crescentes a partir do conhecimento técnico e serviços de consultoria em nutrição animal.
A aquisição da Tortuga ampliará o portfólio de ingredientes da DSM por incluir os minerais orgânicos (quelatos) e permitirá que a DSM se torne
um completo provedor de soluções em nutrição animal. A Tortuga vai fortalecer a presença da DSM em suplementos nutricionais e aditivos para
ruminantes e é esperada a aceleração do crescimento da receita, através da alavancagem do know-how e da forte posição da Tortuga na suplementação
de ruminantes, em outros mercados na América Latina e no mundo.
A DSM poderá também utilizar a forte posição da Tortuga em minerais orgânicos (quelatos) em outros segmentos do mercado global como solução
nutricional para produtores de suínos e aves.
A operação também fortalecerá a presença da DSM no Brasil, maior produtor e exportador global de carne bovina com um atrativo crescimento
esperado, e disponibilizará à DSM canais de vendas adicionais no mercado brasileiro. A aquisição também é consistente com o foco global da DSM em
economias de alto crescimento, um dos quatro pilares da estratégia de crescimento da DSM.
A DSM espera que a transação gere imediato aumento do lucro por ação. Eficiências operacionais usuais também serão obtidas no processo de integração.
A aquisição da Tortuga é a sétima aquisição na divisão de Nutrição desde que a DSM divulgou sua estratégia corporativa DSM in motion: driving
focused growth (DSM em movimento: impulsionando o crescimento focado) em setembro de 2010. Essas aquisições são parte integrante da estratégia
da DSM para sua divisão de Nutrição e contribuirão para o crescimento atual e futuro do atrativo portfólio da DSM em Saúde, Nutrição e Materiais.
Feike Sijbesma, CEO e Presidente do Conselho de Administração da DSM, disse: “Com a aquisição da Tortuga, anunciamos € 2,2 bilhões em
aquisições para reforço do nosso crescimento, dos quais € 1,8 bilhão na nossa divisão de Nutrição desde que iniciamos com o nosso atual plano
estratégico, há menos de dois anos. Após a conclusão das aquisições anunciadas, a divisão de Nutrição da DSM deverá, em termos pro forma, superar
€ 4 bilhões em vendas líquidas anualmente, resultando em crescimento mais forte e estável, e maior lucratividade para a DSM como um todo. Esta
aquisição se ajusta integralmente à estratégia da DSM à medida que continuamos a gerar valor para todas as partes interessadas, fornecendo soluções
inovadoras e sustentáveis para os maiores desafios mundiais da atualidade e futuros.”
Leendert Staal, Presidente e CEO da DSM Nutritional Products, comentou: “A aquisição da Tortuga é um marco muito importante para a DSM.
Ela fortalecerá a nossa posição em suplementos e aditivos nutricionais para ruminantes e a nossa presença no Brasil, um dos maiores mercados para
ruminantes no mundo. A Tortuga também amplia o nosso portfólio de ingredientes de nutrição animal com os minerais orgânicos e oferece muitas
sinergias para geração de valor. Será um prazer receber na DSM a altamente qualificada equipe de funcionários da Tortuga.”
Creuza Fabiani, presidente da Tortuga, comentou: “Após quase 60 anos de atividades, a Tortuga ainda apresenta um enorme potencial de
crescimento e tem muito a oferecer para o setor de produção de proteínas animais. A DSM fará esse papel e dará continuidade ao que construímos
até aqui. A DSM foi cuidadosamente escolhida por mim por ter uma operação que não conflita com a da Tortuga no mercado brasileiro e pelo grande
sinergismo das duas empresas, que oferecerá oportunidade de crescimento a toda equipe da Tortuga”.
Fonte: Assessoria de Imprensa DSM
Notícias
10 11
Gatos patrocinados pela Royal Canin são favoritos na disputa pelo título mundial da FIFe World Cat Show 2012 A Royal Canin do Brasil, empresa especialista na alimentação de cães e gatos,
levará 4 felinos para a disputa da próxima edição do FIFe World Cat Show, a maior
competição de gatos de raça do mundo. O evento, que acontecerá nos dias 27 e 28
de outubro de 2012 na Croácia, reúne criadores de 32 países e é o mais conceituado
do gênero, levando cerca de 1500 gatos anualmente.
Nesta edição, gatis patrocinados pela Royal Canin representam o Brasil no mundial como a filhote persa Tequila, que busca seu primeiro título, e o gato persa
Bon Jovi, vencedor do último mundial na categoria Melhor Macho Persa Adulto, do gatil Garfiel Cat Home. Além disso, a empresa está patrocinando a presença dos
felinos Tigerlilly e Excalibur. Ambos são do Gatil Triunfo, criadores da Maine Coon Diana Ross, vencedora em 2011 na categoria Melhor Maine Coon Fêmea Neutra.
Mariana Rocha, Gerente de Produtos para Criadores da Royal Canin do Brasil, afirma que a presença dos felinos no mundial representa o compromisso
da empresa com os criadores de gatos no País. “A Royal Canin acredita no potencial dos criadores parceiros. Este público sempre colaborou com o
desenvolvimento de alimentos para felinos e, para nós, é motivo de orgulho patrocinar gatos que são exemplos de beleza e, ainda mais importante, de
saúde, mostrando a relevância de oferecer alimentos com alta precisão nutricional às suas criações”.
Para os criadores, a parceria com a Royal Canin é de extrema importância para o crescimento da participação brasileira em campeonatos
internacionais. “A vitória do Bon Jovi, como Melhor Macho Persa Adulto no mundial do ano passado, consagrou a primeira conquista de um
título mundial por um país latino e, nesta edição, ele é um dos favoritos, o que lhe daria o bicampeonato. Isso mostra que criadores brasileiros
de felinos são tão qualificados quanto os europeus e americanos, que têm mais tradição. Isso se deve, em grande parte, aos cuidados diários de
alimentação e saúde que temos”, conta Dayan Pereira, do Gatil Garfiel Cat Home.
Hugo Cavalheiro, do Gatil Triunfo, destaca a visibilidade trazida pelo evento para um número maior de raças. “A raça Maine Coon vem
progredindo desde 2005, quando tínhamos apenas quatro gatos dessa espécie no Brasil. Hoje, já são mais de 60. Por causa da competição, os
criadores estão mais antenados e buscam mais qualidade. Exemplo disso é que, ano passado, fomos vencedores na categoria Melhor Maine
Coon Fêmea Neutra com a Diana Ross. Este ano, levaremos dois gatos da raça Maine Coon para o Mundial”, explica.
O FIFe World Cat Show é realizado pela Federação Internacional de Felinos (Fédération Internationale Féline – FIFe). Neste ano, a Royal Canin estará
presente nos dois dias de evento com um estande exclusivo, trazendo diversas informações sobre nutrição felina. Saiba mais sobre a competição pelo
site www.worldcatshow2012.com.
Fonte: Royal Canin | LVBA Comunicação
Ferraz monta fábrica Evialis em Goiás
A Ferraz Máquinas (www.ferrazmaquinas.com.br) foi responsável pela linha de montagem da fábrica da Evialis em Inhumas,
Goiás. Segundo Angelo Vezzozo, do Departamento de Projetos da Ferraz, a nova linha de produção de rações extrusadas da Evialis
tem capacidade de 10t/h, e será utilizada para produção de rações para peixes. O grupo Evialis, de origem francesa, é um dos
maiores fabricantes de ração animal do mundo, com 9 fábricas no Brasil. A fábrica de Inhumas atenderá principalmente os estados
da Região Centro Oeste e Nor deste.
12 13NotíciasGuabi marca presença na maior feira russa voltada para o segmento pet O Grupo Guabi – um dos maiores produtores de rações e suplementos do país
estará presente em St. Petersburg (Rússia), entre os dias 11 e 13 de outubro, na
Zoosphere - maior feira do segmento pet do país. A Empresa levará ao cenário
internacional seu portfólio de produtos voltados para cães e gatos: linhas Guabi
Natural e Sabor & Vida. “É a quarta vez que a Guabi estará presente na Zoosphere
para buscar novas oportunidades de negócios e consolidar a imagem da Empresa no
ramo de nutrição animal. A Rússia é um importante mercado para as exportações
do Grupo e há uma demanda crescente por produtos premium e super premium”,
ressalta Robson Fonseca, gerente de comércio exterior da Guabi.
A alimentação saudável é uma tendência mundial que tem sido transferida para os animais de estimação. Os produtos Guabi Natural
possuem em sua composição ingredientes nobres (carne e fígado fresco de frango), conservantes naturais (extrato de alecrim, vitamina E
e ácido cítrico), fontes de proteína e carboidratos integrais como o arroz. A esta formulação foram adicionados ingredientes funcionais
para oferecer mais benefícios aos pets. Para combater os radicais livres foram incluídos antioxidantes - beta caroteno, vitamina C e E e
taurina, já para a redução de odores foi adicionado o extrato de yucca. Para facilitar a eliminação das bolas de pelos dos gatos foram
acrescentados fibras especiais como polpa de beterraba e psyllium. A condroitina e glucosamina garantem articulações mais saudáveis,
enquanto o óleo de peixe, linhaça e canola, fontes de ômega 3 e 6 essenciais, proporcionam pelagem mais saudável e bonita.
A linha Guabi Natural foi desenvolvida em parceria com a Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp) de
Jaboticabal, onde a Empresa mantém parceria desde 1999 para analisar a influência da nutrição como método coadjuvante no tratamento
de doenças. Através destes estudos foi possível chegar também a linhas que auxiliam no tratamento de diabetes e de obesidade em cães
e gatos.
A linha Sabor & Vida possui também ingredientes selecionados, ricos em proteína e fibras. Para garantir que o animal continue ativo e
jovial as rações contêm vitamina C e E, zinco e selênio, que atuam como antioxidantes do organismo amenizando os efeitos dos radicais
livres. Para os gatos, a fórmula balanceada dos nutrientes e minerais ajuda a formação de uma urina com o pH adequado para auxiliar na
saúde do trato urinário. A versão Sabor & Vida Cães Sênior é indicada para animais a partir dos sete anos, com ingredientes equilibrados
que mantêm a composição corporal e ajudam a aumentar a longevidade e a qualidade de vida.
Com 38 anos no mercado, o Grupo Guabi é hoje um dos maiores produtores de rações e suplementos do país e conta com oito
unidades fabris localizadas em Campinas (SP), Bastos (SP), Sales Oliveira (SP), Pará de Minas (MG), Anápolis (GO), Além Paraíba (MG),
Goiana (PE) e São Gonçalo do Amarante (CE).
Fonte: LN Comunicação
Governo anunciará Plano Safra do Peixe Foi lançado pelo governo o plano safra para a área do pescado, que deverá destinar R$ 6 bilhões para estímulo à produção,
capacitação e comercialização de peixes. O anúncio foi feito nesta segunda, dia 3, pelo ministro da Pesca e Aquicultura, Marcelo
Crivella. O objetivo é que o Brasil deixe de ser importador de pescados para se tornar exportador. Segundo Crivella, nos países
desenvolvidos o peixe é a carne mais consumida, enquanto que no Brasil está em último lugar. Acompanhado pelo governador
Agnelo Queiroz, o ministro participou do lançamento da Semana do Peixe em Brasília, que, em sua nona edição, divulga o slogan
“Pescado: dá água na boca e faz bem para a saúde”. O Distrito Federal é uma das unidades da federação onde mais se consome
pescado no país, chegando a 12kg por pessoa ao ano, enquanto que a média nacional é de nove quilos no período. A Semana do
Peixe é uma temporada de promoções para despertar o interesse da população pelo alimento. O ministro Marcelo Crivella destaca
que a carne de peixe pode ser feita de diversas maneiras e tem a vantagem de apresentar baixo teor de gordura e contém ômega
3, que é muito bom para a saúde.
Fonte: Agência Brasil
Centro de pesquisas em saúde animal WALTHAM® lança novo site O Centro de Pesquisas WALTHAM®, iniciativa da Mars, Incorporated que, há quase 50 anos, fornece suporte científico a marcas como PEDIGREE®
e ROYAL CANIN®, lançou em 05 de setembro o seu novo site www.waltham.com, totalmente reformulado para atender ainda melhor à comunidade
científica e veterinária. Entre os destaques, estão um tour virtual pelas instalações de WALTHAM® Centre for Pet Nutrition, que fica em Londres
(Inglaterra), uma seção de recursos em que é possível fazer download de publicações e pesquisas desenvolvidas por WALTHAM® e uma área dedicada
às notícias e eventos mais recentes relacionados ao tema.
Compatível com dispositivos móveis, como smartphones, o novo site de WALTHAM® oferece as informações mais atuais sobre pesquisas, conferências
e eventos, além de dados sobre a abordagem de ciência compassiva, subsídios e o financiamento à instituição, afirmando a liderança de WALTHAM®
no campo de cuidados e nutrição de animais de estimação.
Para obter mais informações sobre o novo site de WALTHAM® acesse www.waltham.com
Sobre o Centro de Pesquisas WALTHAM®
O Centro de Pesquisas WALTHAM® é a Maior Autoridade Mundial no Cuidado e Nutrição dos Animais de Estimação e vem avançando as fronteiras da
pesquisa científica sobre nutrição e saúde de animais de estimação há quase 50 anos. Localizado em Leicestershire, na Inglaterra, o renomado instituto
científico de última geração concentra seu foco nas necessidades nutricionais e comportamentais dos animais de estimação e em seus benefícios para
os humanos, o que permite o desenvolvimento de produtos inovadores que atendem de maneira prática a tais necessidades. WALTHAM® foi pioneiro
de muitos importantes progressos revolucionários em termos de nutrição de animais de estimação e, em colaboração com os institutos científicos mais
proeminentes do mundo, oferece embasamento científico às principais marcas da Mars, como PEDIGREE®, WHISKAS® e ROYAL CANIN entre outras.
14 15Caderno Científico
s valores de necessidade energética de
manutenção para gatos descritos na literatura variam
de 20-100 kcal de energia metabolizável por kilograma
de peso corporal por dia (kcal/kg/dia). Esta ampla
variação depende de fatores como castração, idade, sexo,
condição corporal, atividade física, entre outros, além de
fatores individuais. De acordo com as recomendações
do National Research Council (2006), atualmente
são empregadas duas equações para necessidades
energéticas de manutenção (NEM) para gatos adultos,
sendo 100*peso0,67 kcal/dia para gatos com peso ideal
ou abaixo do peso e 130*peso0,4 kcal/dia para gatos
acima do peso. Apesar da recomendação destas equações,
considerando apenas a condição corporal, independente
dos fatores inerentes ao sexo e condição sexual, pode-
se verificar no próprio NRC (2006) que parece haver
Necessidades energéticas em gatos adultos
OPor: Ricardo Souza Vasconcellos
uma diferença de acordo com o status sexual, em gatos
castrados (machos – 50,1 kcal/kg, n=4 e fêmeas – 49,6
kcal/kg, n=3 estudos) e inteiros (machos – 56,2 kcal/kg,
n=5 e fêmeas – 57,2 kcal/kg, n=4 estudos). Com relação
ao sexo e outros fatores, estas diferenças ainda são pouco
estudadas, embora alguns estudos tenham sugeridos
diferenças entre machos e fêmeas. No entanto, à
semelhança de seres humanos, em gatos e cães, os fatores
sexuais, raciais, etários, entre outros, embora ainda
pouco pesquisados, possivelmente serão considerado na
elaboração de futuras equações de predição para estas
espécies, tornando-as cada vez mais exatas.
Considerando a necessidade de pesquisas nesta
área, devido à literatura escassa sobre o assunto e a
atualidade do tema, nesta edição foram selecionados
dois artigos sobre NEM em gatos.
EnErgy rEquirEmEnt and food intakE bEhaviour in young adult intact malE cats with and without
prEdisposition to ovErwEight.
Resumo: Obesidade é um problema comum em gatos. No Instituto de Nutrição Animal,
a família de gatos epxperimentais apresenta um fenótipo magro e outro fenótipo de
gatos com predisposição ao ganho de peso. O objetivo deste estudo foi investigar as
necessidades energéticas e padrão de ingestão alimentar de gatos machos intactos de
diferentes fenótipos, seis gatos normais (GL) e seis gatos com sobrepeso (GO). No início
do estudo todos os gatos tiveram o escore de condição corporal 5, considerado ideal.
A necessidade energética dos gatos foi determinada usando a câmara respiratória,
na qual a quantidade e frequência da alimentação foi medida usando um sistema
automático. A necessidade energética para manter o peso, baseando-se na massa
magra, foi significativamente menor (p=0,02) nos gatos com sobrepeso (162,6 kJ/kg
de massa magra/ dia) do que nos gatos magros (246 kJ/kg de massa magra/dia). Os
gatos GO também apresentaram maior ingestão de alimentos (34,5 gramas de matéria
seca/kg0,67) quando comparados aos gatos magros (24,0 gramas de matéria seca/
kg0,67). Como conclusão, foram encontradas diferenças quantificáveis na ingestão de
alimentos e comportamento de gatos predispostos à obesidade quando comparados aos
gatos magros.
The scientific World Journal, 2012, p.2-8, 2012.
Autores: Brigitta Wickert, Julia Trossen, Daniel Uebelhart, Marcel Wanner, Sonja Hartnack.
nEcEssidadE EnErgética Em gatos adultos.
Resumo: Uma meta-análise foi conduzida com o propósito de se estabelecer as
necessidades energéticas de gatos adultos. Publicações nas quais foi identificado o peso
corporal de gatos foram usadas para gerar relações alométricas entre necessidades
energéticas e peso corporal em gatos adultos, usando regressão log-log linear. As
necessidades energéticas foram expressas em kcal/kg de peso corporal para serem
compatíveis com aquelas reportadas pelo NRC. A necessidade energética média de
manutenção foi 55,1±1,2 kcal/kg (115 grupos de animais). Três equações alométricas
foram identificadas para predizer as exigências energéticas para a manutenção do
peso corporal em gatos: magros (53,7*peso1,061 kcal/dia); peso ideal (46,8*peso1,115
kcal/kg) e acima do peso (131,8*peso0,366). Quando expressa pela massa magra, a
equação alométrica revelou uma necessidade de manutenção de 58,4*massa magra1,14
(36 estudos, R2= 0,697). A presente revisão sugere que equações de necessidade
energética de manutenção somente baseadas no peso corporal podem não ser exatas
na predição e informações mais detalhadas sobre sexo, idade, condição sexual, peso e
composição corporal podem melhorar a habilidade destas equações em interpretar as
necessidades energéticas de manutenção para gatos.
British Journal of Nutrition, 103(8): 1083-1093,2010.Autores: Emma N. Bermingham, David G. Thomas, Penelope J. Morris, Amanda J. Hawthorne.
16 17
PalatabilizantesAgregando valor ao pet food
Capa
PalatabilizantesAgregando valor ao pet food
Um setor dinâmico, vinculado às tendências do mercado de alimentação pet e empenhado em
apresentar constantes inovações
conceito do palatabilizante é agregar atratividade ao pet
food através da solução que melhor se adequa à sua matriz, expectativa
de performance, limitações de custo e recursos disponíveis para sua
aplicação industrial. O Brasil está totalmente alinhado com o mais alto
nível mundial em termos de palatabilidade. O que já era esperado para
quem ocupa atualmente o segundo maior mercado de pet food do mundo,
sendo responsável por 9% da produção global.
A indústria voltada para este segmento trabalha para superar limites
de performance e acompanhar as tendências que são apontadas pelo setor
de alimentação animal. Neste sentido, algumas características mostram-
se mais evidentes, como por exemplo, a humanização, que promove a
aproximação do pet food aos conceitos da alimentação humana e assim
permite levar funcionalidades ao palatabilizante. Também contamos com
soluções que permitem alcançar melhores resultados na aparência final
de snacks e ossinhos, propiciando uma boa aceitação do produto, não só
por parte do animal de estimação, como também de seu proprietário.
Com a crescente demanda por produtos que beneficiem a saúde de
cães e gatos, a funcionalidade do pet food se tornou um importante fator
de sucesso na conquista do market share. Desta forma, apelos de claims
voltados para a saúde e o bem-estar se tornaram valores importantes
e defendidos pelos fabricantes de pet food. Marcas que são capazes de
oferecer benefícios precisos, eficientes e compreensíveis para o pet e seu
dono, acabam se sobressaindo neste mercado.
O Brasil tem sido o principal foco de crescimento para a Kemin,
que continua a aumentar as suas vendas e presença no mercado de
palatabilizantes. “Desde que os animais domésticos se tornaram parte
integrante das vidas das pessoas, o relacionamento entre animais e
seus donos agora cruza todas as fronteiras culturais e regionais. Como
tal, o prazer que um animal tem com seu alimento é uma preocupação
primária para seus donos, fazendo com que a palatabilidade seja uma
parte essencial do alimento”, observa Barb Howe, Ph.D.,P.A.S., gerente
comercial senior – América do Sul da Kemin.
As pesquisas conduzidas pela equipe da Kemin Research &
Development são lideradas pelo Dr. Gordon Hering, que passou a
integrar o time da companhia em maio de 2012.
Sob o seu comando e guiado pelo seu próprio know how em técnicas
de sabores, a Kemin está preparada para maximizar os sabores em
qualidade e desempenho, com novos produtos que conduzirão a indústria
a novos conceitos em palatabilizantes. “Estes novos produtos trarão
soluções que resultarão não apenas em questão de palatabilidade, como
também em funcionalidade”, destaca Barb.
A executiva lembra que neste ano, a crise global de proteínas
desafiou os produtores de alimentos para animais e os fornecedores
de ingredientes a atingirem altos quesitos de qualidade. “Este
desafio não atemorizou a Kemin, como tem demonstrado a
competência de nossos cientistas e pesquisadores, entregando aos
nossos clientes produtos da mais alta qualidade. As expectativas
para 2013 são as melhores. Estamos preparados para expandir
parcerias na indústria de alimentos para animais domésticos, tanto
no Brasil como em todo o mundo.”
tEcnologia E alta pErformancE
No Brasil, a AFB International, companhia que está presente no
país desde 2003, segue as diretrizes do seu posicionamento global,
ou seja, investir forte em alta tecnologia e performance de seus
palatabilizantes. Aliado a isso, atender as necessidades específicas de
cada cliente, desenvolvendo soluções personalizadas são prioridades
para a empresa, que contabiliza o ano de 2012 como muito bom para
os seus negócios. “Embora tivéssemos que enfrentar as dificuldades
do mercado, como por exemplo, o aumento dos preços das matérias-
primas, usamos a nosso favor todo o know how e tecnologia que
dispomos para desenvolver novas matérias-primas, reações químicas
e processos, resultando em novos palatabilizantes, competitivos
comercialmente. A partir desta nossa expertise as expectativas
de negócios que projetamos para 2013 são bastante otimistas,
continuaremos investindo em tecnologia e conhecimento”, afirma
Marcelo Beraldo da Costa, gerente da operação no Brasil.
O executivo da AFB afirma que ao longo dos anos o
conceito dos palatabilizantes não se alterou, mas a visão sobre a
palatabilidade sim. “Tenho notado que na busca por uma melhor
palatabilidade ou para manter uma determinada palatabilidade, as
empresas de rações estão sendo muito mais rigorosas na escolha
das matérias-primas, nos processos produtivos e ao adquirirem
equipamentos de melhor desempenho, resultando em produtos
finais melhores. A palatabilidade de um alimento não diz respeito
apenas ao palatabilizante, mas é um conjunto de fatores e os nossos
clientes perceberam isso e têm trabalhado muito forte os aspectos
relacionados aos processos e aplicações”, opina Beraldo.
Beraldo também comenta que o aumento das matérias-primas
e a alta competitividade estão forçando as empresas do segmento
pet a discutirem sobre planejamento estratégico. “As companhias
estão percebendo que aqueles que têm planejamento, compram
mercadorias de alta qualidade por um preço mais baixo ao longo
do ano e com menos trabalho operacional e financeiro para atingir
o objetivo definido. Tão importante quanto o planejamento é a
execução, pois implementar o que foi planejado é crucial para o
sucesso financeiro. Particularmente, sou um grande crítico do
excesso, seja de planejamento ou execução, porém na dose certa
é uma ferramenta altamente lucrativa. Considero ainda não ser
difícil verificar se uma reunião de planejamento foi excessiva ou
não: os participantes têm que sair com tarefas bem definidas e
não com a sensação de que “graças a Deus” terminou. Correções
de curso no planejamento central durante a execução são
necessárias, porém sem perder o foco no objetivo definido e de
maneira ordenada, todos devem correr com a mesma magnitude
e direção. Também não enxergo como algo negativo quando um
planejamento efetuado não atingiu plenamente seus objetivos,
embora a execução tenha sido impecável. Muitas vezes, temos
que fazer “mais com menos” para atingir o mesmo resultado e,
acreditem; sem planejamento, trabalharíamos ainda mais ou o
resultado não seria satisfatório.”
O
Por: Lia Freire
18 19
ingrEdiEntE nobrE E Estratégico
De acordo com Charles Boisson, diretor da SPF do Brasil,
empresa do Grupo francês Diana, uma das principais companhias a
produzir palatabilizantes, a função deste ingrediente é aumentar a
atratividade do alimento e o desejo nos animais em ingeri-lo. Assim,
o ingrediente objetiva garantir a aceitação do pet food pelo animal
e, consequentemente, propiciar ao proprietário a satisfação perante
o produto adquirido. “Este vínculo entre a aceitação do alimento
pelo pet e a satisfação do proprietário faz do palatabilizante um
ingrediente nobre e estratégico. Podemos concluir desta forma que
este ingrediente constitui-se um item de diferenciação para o mercado
pet food, permitindo ao fabricante utilizá-lo de forma estratégica na
busca por uma maior participação em determinado segmento, ou
mesmo, de forma defensiva, buscando manter sua atual posição através
deste diferencial. Trata-se, portanto, de um ingrediente de alto valor
agregado uma vez que a palatabilidade está diretamente relacionada
com a percepção de valor do consumidor com relação ao produto e marca.”
O gerente de marketing do Grupo Diana, George Ben Josef,
acrescenta que a palatabilidade não é alcançada exclusivamente com
a utilização de um intensificador de palatabilidade (ou palatabilizante).
Pesquisas desenvolvidas pelos centros de P&D da SPF demonstram
que a melhor palatabilidade é alcançada através da sinergia de um
conjunto de fatores, que inclui o resultado de interações entre as
matérias-primas, variáveis no processo de fabricação, a estrutura do
kibble (extrusado), o palatabilizante propriamente dito e, finalmente,
a sua correta utilização no processo produtivo. Além disso, outros
aspectos como diferentes inclusões de palatabilizantes ou mesmo
a combinação correta entre as várias opções de produto podem
melhorar significativamente a performance do pet food. “Dessa forma,
concluímos que uma abordagem sistêmica nos permite entender
“Investimos forte em alta tecnologia e performance dos palatabilizantes, oferecendo soluções customizadas”, Marcelo Beraldo da Costa, da AFB International.
“Desenvolvemos projetos inovadores que objetivam agregar valor e diferenciação ao fabricante de pet food”, George Ben Josef, do Grupo Diana.
melhor a complexidade dessas interações. É por isso, que há mais
de dez anos a SPF criou uma atividade de investigação e serviço
dedicado exclusivamente à orientação da aplicação do palatabilizante, o
Aplicalis, que propõe às indústrias de pet food algumas ações dirigidas
que têm se mostrado bastante eficientes ao longo dos anos, através de
uma oferta de múltiplos serviços: conferências e treinamentos técnicos,
auditorias, apoio operacional e ensaios feitos sob medida em parceria
com os clientes, com o objetivo de aperfeiçoar o desempenho do produto
adquirido, maximizar seu resultado, eliminar perdas e desperdícios e
reduzir o impacto do palatabilizante no custo final do produto.”
a “tropicalização” nas formulaçõEs
A SPF do Brasil conta com um centro de P&D em sua planta de
Descalvado (SP). Essa “tropicalização” nas formulações permite à SPF
do Brasil atender as necessidades e expectativas do mercado brasileiro
com soluções específicas. “Um entrosamento que só é conseguido pela
proximidade com o cliente, um dos pilares da empresa, juntamente com
o suporte da estrutura da matriz francesa, trabalhando para aumentar
os conhecimentos da percepção olfativa e paladar de cães e gatos.
Essa proximidade com o cliente nos permite ter um conhecimento
profundo do mercado e suas necessidades. Partindo desse conhecimento,
desenvolvemos projetos inovadores que objetivam agregar valor e
diferenciação para o fabricante de pet food”, reforça o gerente, Josef.
Atualmente, a gama de produtos da SPF é dividida nas seguintes
linhas: D’Tech - destinada aos cães, atendendo as premissas de
competitividade e desempenho; C’sens - desenvolvida para as necessidades
de diferenciação do mercado de alimentos para gatos e a Delice criada
para assegurar a melhor palatabilidade para os treats e medicamentos.
Indicadas para biscoitos, snacks semiúmidos e extrusados, bebidas e
molhos, além de produtos específicos para inclusão em comprimidos.
A unidade de negócios do Grupo Diana, Vit2Be, através de uma profunda
análise e compreensão dos aspectos e funções fisiológicas de cães e
gatos, desenvolve uma abordagem específica, por meio de ingredientes
funcionais, para trazer aos fabricantes de pet food novos meios de
diferenciar os seus produtos e deixá-los alinhados a tendência global.
Boisson, diretor da SPF do Brasil, destaca alguns dos aspectos
responsáveis por tornar a empresa uma das principais a atuar neste ramo
de negócios. “Primeiramente, graças a nossa presença mundial temos a
possibilidade de compreender a competitividade global do segmento, que
varia em função das particularidades de cada mercado; segundo o nosso
know how adquirido através de anos de pesquisa avançada e tecnologia
restrita a um seleto grupo de empresas nos permite disponibilizar aos
fabricantes de pet food produtos inovadores em termos tecnológicos e
mercadológicos. Terceiro, o nosso profundo conhecimento dos clientes,
que chamamos de know how mercadológico, conquistado através da
proximidade, constitui-se em outra força competitiva. Somos a única
empresa do mercado brasileiro que dispõe de um centro de provas
de palatabilidade local, permitindo a consolidação do processo de
desenvolvimento de nossos produtos, sem o qual seria praticamente
impossível desenvolvermos soluções locais de alto padrão.”
panElis E a sua atuação no brasil
O Centro de Pesquisas em Mensuração da Palatabilidade e Estudo do
Comportamento Animal – Panelis, pertencente ao Grupo Diana, iniciou
em Descalvado (SP) no ano de 2003 as suas atividades para disponibilizar
aos clientes do mercado de pet food, de toda a América Latina, múltiplos
serviços relacionados à mensuração da palatabilidade, além de consultoria
em sua área de atuação. É estudado o comportamento alimentar de cães e
gatos, desde a atratividade do produto até sua taxa de consumo, passando
por outras muitas variáveis que fazem parte da complexa metodologia
empregada no centro. Os canis e gatis do complexo são amplamente
utilizados por empresas do mercado de pet food, realizando testes
cegos com o propósito de manter-se isento da indústria e conservar sua
credibilidade. Com esta ferramenta, os fabricantes de alimentos para
animais de companhia podem atestar como os pets reagem às mudanças
de formulação, bem como, mensurar a atratividade dos palatabilizantes
utilizados, garantindo uma boa aceitação dos produtos no mercado”,
destaca Juliana Werneck, responsável pelo Panelis América Latina.
O Panelis fornece o suporte necessário na mensuração da
palatabilidade de produtos em desenvolvimento ou mesmo para
o controle de diferentes variáveis de produtos em linha, como a
repetibilidade da performance ou o contínuo monitoramento do
desempenho dos seus produtos, por exemplo. “Não poderíamos deixar
de avaliar o comportamento alimentar de cães e gatos, buscando
evidências que nos levem a entender e decifrar sinais subjetivos
emitidos pelos animais, demonstrando, por exemplo, sua satisfação
ao se alimentar. A interpretação dos resultados pode apresentar-
se de forma bastante complexa, sendo muitas vezes necessário um
Capa
20 21
conhecimento estatístico para uma perfeita análise. Dessa forma,
o Panelis contribui na interpretação dos resultados junto ao cliente,
para que seu perfeito entendimento possa conduzi-lo à decisão mais
adequada. Por fim, entendemos que a disponibilização de informações
sobre palatabilidade e comportamento alimentar é uma de nossas
atribuições. Dessa forma, buscamos sempre que possível, interagir
com o mercado através de publicações e artigos técnicos nos meios de
comunicação, além de palestras proferidas sobre o tema em reuniões,
congressos e simpósios”, explica Juliana.
infraEstrutura
O Panelis América Latina está instalado em uma área de 37
hectares, possui 10 parques arborizados com bebedouros automáticos
e brinquedos, onde os cães permanecem em grupos definidos de acordo
com a melhor afinidade e porte dos animais. “Vale ressaltar que os
cães passam em média 6 horas por dia em passeios nos diferentes
locais do Panelis, como a trilha arborizada para passeios, uma pista
ao ar livre ou na pista de agility. Na hora de dormir, permanecem em
casais da mesma raça em suas confortáveis baias. Animais mantidos em
condições de estresse apresentam comportamento alimentar alterado
e os resultados dos testes não demonstram a repetibilidade necessária
que o tornam confiáveis, um dos motivos pelo qual esta grande
estrutura foi criada”, afirma Juliana.
Com relação aos gatos, o Panelis conta com quatro parques,
onde os animais encontram fontes com pontos de água fresca,
redes e sombra em abundância. Também são mantidos em grupos
separados por afinidade. Em ambiente interno permanecem em locais
adequados ao seu descanso e distração, na companhia de funcionários
dedicados à socialização destes animais, como por exemplo, sua
escovação diária. O centro ainda conta com consultório veterinário,
sala de banho e tosa com capacidade para três pessoas trabalharem
ao mesmo tempo, além do prédio administrativo e operacional.
os tEstEs
Os testes realizados diariamente no Panelis são com alimentos
secos, placebos e petiscos dos mais variados tipos. Com os alimentos
secos acontecem durante as refeições nas quais os cães ou gatos
sempre terão duas opções de alimento para escolha. Os animais
são assistidos um a um durante as refeições para que um protocolo
pré-definido seja rigorosamente seguido. Observações como o
comportamento do animal durante os testes são relatados, assim
como um conjunto de outras informações pertinentes são analisadas
e consideradas nas interpretações de dados daquele animal. Para
os petiscos, são oferecidos dois tipos de testes, com a metodologia
Monadic, na qual se avalia a aceitação do produto e o teste versus,
no qual ocorre a mensuração da palatabilidade de petisco. “O
tratamento estatístico aplicado aos resultados necessita contar com
um número mínimo de animais e, caso haja alguma demonstração de
inquietude ou incômodo por parte dos cães ou gatos, seus dados não
são contabilizados para a interpretação dos resultados. As análises
estatísticas bem feitas podem surpreender, apontando para direções
imperceptíveis a uma análise realizada de forma amadora. O software
responsável por este tratamento estatístico, desenvolvido com
exclusividade pelo Panelis para atender às necessidades específicas
deste centro de palatabilidade nos garante uma análise detalhada e
precisa dos dados obtidos”, afirma Juliana.
O Panelis está respaldado por uma experiência de mais de 50 mil
provas de palatabilidade realizadas ao longo de sua história. Para
que se tenha uma ideia do volume de informações tratadas, para um
estudo conduzido com felinos, mais de 450.000 dados individuais
de 2007 a 2011 foram coletados e organizados por critérios, tais
como, o tipo de revestimento de gordura ou a natureza e processo
de fabricação de aditivos palatabilizantes. Com essas características
foram traçadas a experiência alimentar exata de cada gato. O grau
de exposição foi processado estatisticamente utilizando duas formas
de análises multivariadas de dados: ACP (análise de componentes
principais) e AHCP (agrupamento hierárquico em componentes
principais). “Ao realizar os testes no Panelis, o cliente terá condições
de avaliar o resultado final do trabalho”, conclui Josef, gerente de
marketing do Grupo Diana.
O Centro de Pesquisas Panelis, que pertence ao Grupo Diana, já realizou mais de 50 mil provas de palatabilidade.
“Os testes realizados diariamente no Panelis são com alimentos
secos, placebos e petiscos dos mais variados tipos”, Juliana
Werneck, responsável pela Panelis América Latina.
Capa
22 23Entrevista
Médica veterinária formada pela Universidade Paulista, com pós-graduação em marketing na ESPM e especialização em negócios pela FGV, Marina Galvão atua no ramo de Agronegócio há 16 anos, tendo passagens nos setores farmacêutico, alimentício e ingredientes para Pet food. Atualmente, por meio da sua empresa Mgalvão, presta serviços como consultora nas áreas comercial e marketing para empresas do setor PET. Seu foco está no desenvolvimento de produtos, negócios e de marketing. Marina contabiliza passagens em importantes companhias como Kemin, onde atuou como diretora comercial para a América Latina, além de Basf, Merial e Granfood, nestes como gerente de produtos e responsável comercial pelos negócios PET. Nossa entrevistada deste mês expõe a sua opinião sobre o setor de nutrição animal, aponta as tendências, enumera os gargalhos deste setor e destaca as particularidades do nosso mercado.
Revista Pet Food Brasil - Qual é a análise atual
sobre o mercado brasileiro de nutrição para
animais de estimação?
Marina Galvão - O mercado pet cresce de maneira
constante aumentando a diversificação de produtos
e serviços. O setor de nutrição para pequenos animais
representa 64% do mercado PET e esse índice por si
só já mostra a importância do segmento, que fatura
em torno de 11 bilhões de reais por ano no Brasil.
Outra informação relevante é que apesar do
crescimento do mercado brasileiro, ainda temos mais
de 50% dos animais de estimação não consumindo
alimentos industrializados, o que demonstra o
potencial deste setor.
Revista Pet Food Brasil - Qual é a tendência de
mercado quando focamos no setor de nutrição
animal? Ou seja, o que o mercado está consumindo?
Marina Galvão - Apesar de ainda 60% do mercado
consumir alimentos standard, com o aumento
da renda média do brasileiro, a tendência para a
humanização dos animais e a posse responsável
contribuem para que haja, ainda que lentamente,
Marina GalvãoPor: Lia Freire
uma migração para mercados premium e
superpremium, assim como mercados especializados,
como por exemplo, alimentos específicos para
raças, obesidade, snacks, hipoalergênicos, alimentos
funcionais etc. Automaticamente isso gera uma
“Destaco como as principais tendências do mercado, os ingredientes funcionais, naturais e antioxidantes.”
““Meus últimos trabalhos têm sido no segmento de
aditivos e posso afirmar que vem aí uma nova geração
de antioxidantes com efeitos inovadores que irão revolucionar o mercado.”
24 25Entrevista
“Existem no Brasil excelentes faculdades
de agronomia, veterinária e zootecnia
e boa parte destas universidades têm enfatizado o estudo
e pesquisas em nutrição animal.”
procura e um desenvolvimento no segmentos de
aditivos, embalagens e ingredientes.
Revista Pet Food Brasil - Em termos de qualidade,
variedade e inovação, qual é a sua opinião sobre o
mercado brasileiro?
Marina Galvão - No passado, o mercado brasileiro
estava distante dos mercados americano, europeu
e asiático. Hoje o cenário é outro. Gradativamente
evoluímos e sempre pautados na qualidade e
variedade. Prova disso é a taxa de crescimento de
nossas exportações, assim como, o crescimento do
mercado de snacks, enlatados e saches. Ainda não
temos uma linha completa de produtos como, por
exemplo, alimentos veganos, 100% orgânicos e
etc, mas ano a ano há um esforço da indústria no
lançamento de novos produtos e é grande a aposta
na diversificação.
Revista Pet Food Brasil - O que tem a dizer a
respeito das pesquisas, desenvolvimento de novas
soluções e formulações?
Marina Galvão - É difícil quantificar esses resultados,
pois por questões estratégicas várias empresas
mantêm os resultados de seus centros de pesquisa
em confidencialidade, porém é correto afirmar que
esse é um foco da indústria, pois os centros de
pesquisa em universidades possuem filas de espera
para realizar testes e experimentos. Isso prova que as
empresas PET têm trabalhado muito em Pesquisa e
Desenvolvimento.
Revista Pet Food Brasil - Sobre o nível técnico-
científico dos profissionais brasileiros, qual é hoje
a situação?
Marina Galvão - Existem no Brasil excelentes
faculdades de agronomia, veterinária e zootecnia
e boa parte destas universidades têm enfatizado
o estudo e pesquisas em nutrição animal, sendo
excelentes “fornecedores” de profissionais para o
mercado de trabalho. O crescimento e o destaque do
mercado PET por sua vez também atraem o interesse
e talentos para a área.
Revista Pet Food Brasil - Você destacaria qual
segmento como sendo a “bola da vez” dentro da
nutrição animal? Quais as razões para este cenário?
Marina Galvão - Sem sombra de dúvidas o de
ingredientes funcionais, naturais e antioxidantes.
Meus últimos trabalhos têm sido nesse segmento
de aditivos e posso afirmar que vem aí uma nova
geração de antioxidantes com efeitos inovadores
que irão revolucionar o mercado. Outro ponto de
destaque são alguns novos ingredientes funcionais
que vêm para atender o novo perfil de consumo do
mercado brasileiro e mundial de nutrição animal
com foco na prevenção da saúde animal.
Revista Pet Food Brasil - Quais as particularidades
da indústria brasileira de nutrição animal para
animais de estimação?
Marina Galvão - O mercado brasileiro conta há
muitos anos com a presença de marcas e fábricas
globais que representam 50% do volume vendido de
alimento PET. O restante da produção é atendido
por empresas nacionais com alta capacidade de
adaptação e flexibilidade no lançamento de produtos.
Há uma concorrência forte em todos os segmentos,
o que torna o mercado extremamente dinâmico e
diversificado. Isso se reflete nas gôndolas onde é
possível encontrar produtos e marcas conhecidos
mundialmente até itens regionais, com variações de
preço, apresentação e formulação.
Revista Pet Food Brasil - Sob quais aspectos
obtivemos importantes evoluções neste segmento
de negócios?
Marina Galvão - O principal motivador para o
crescimento do mercado é o potencial existente
entre a população que ainda não consome
alimento industrializado. Outro ponto importante
é a conscientização dos proprietários com relação
a uma boa nutrição e a praticidade dos alimentos
industrializados, isso sem contar com a boa
orientação vinda dos médicos veterinários.
Revista Pet Food Brasil - Quais pontos você
apontaria como os mais problemáticos no mercado
brasileiro?
Marina Galvão - Sobre o alimento PET produzido
no Brasil incide uma carga tributária em torno de
49%, enquanto na Europa essa carga é de 18% e
nos EUA de 7%. Outro desafio da indústria é no
desenvolvimento de fornecedores de ingredientes,
pois não é raro encontrar barreiras ao buscar
empresas que atendam as especificações técnicas de
alguns produtos.
Revista Pet Food Brasil - Como está o trabalho
de marketing das indústrias brasileiras que atuam
neste setor? O que poderia ser melhorado?
Marina Galvão - Há um trabalho bem desenvolvido
e estruturado pela indústria, porém nem sempre
essa mensagem é percebida pelo consumidor, pois
há uma lacuna no ponto de venda. Isso ocorre em
virtude do posicionamento de alguns distribuidores
que não estão preparados para repassar a mensagem
ao público-alvo, estando mais focados na venda
imediata, ao invés de estabelecer a marca e o produto
no ponto de venda. Não podemos generalizar esta
situação, afinal há ótimos trabalhos desenvolvidos
pelos distribuidores, mas nesta relação comercial
ainda encontramos muitos gargalhos.
Revista Pet Food Brasil - Como analisa o futuro
deste mercado?
Marina Galvão - O mercado brasileiro ainda está em
crescimento e acompanha as tendências mundiais. O
futuro, sem dúvida, é a prevenção da saúde animal
e o desenvolvimento de produtos segmentados,
sustentáveis e naturais, assim como, a migração para
produtos premium.
26 27Informe Técnico
A fibra dietética pode ser definida como a soma dos
polissacárides não amídicos, constituintes da parede celular vegetal
mais a lignina, compostos indigeríveis pelas enzimas do trato
digestório dos animais monogástricos. O conceito antigo de que
fibras são desnecessárias para carnívoros e onívoros como o cão e
o gato está ultrapassado, pois hoje é de domínio público que fibras
são necessárias à sua saúde e digestão.
Por sua fermentabilidade desprezível, as fibras insolúveis
podem ser usadas em concentrações elevadas sem ocasionar efeitos
digestivos adversos. Fibras insolúveis apresentam uma série
de benefícios na nutrição de cães e gatos, podendo ser inclusive
consideradas como ingredientes funcionais, uma vez que podem
colaborar na prevenção e/ou auxilio da obesidade, na manutenção
do escore fecal e na eliminação das bolas de pelos dos felinos. Além
disso, são ingredientes que podem e devem ser contemplados no
tratamento de várias doenças gastrintestinais e metabólicas.
Atualmente, uma das principais utilizações das fibras insolúveis
é na luta contra a obesidade. A prevalência desta enfermidade em
cães e gatos tem aumentado em proporções epidêmicas e a taxas
alarmantes. A fibra insolúvel é uma grande aliada para o controle
de peso, agindo na redução da densidade energética do alimento e
ao mesmo tempo mantendo níveis ótimos de escore fecal, bem como
ajudando a manter sob controle os níveis de glicemia e da lipidemia.
Outra questão de grande importância na nutrição de cães e
gatos é a formação dos tricobenzoares, popularmente conhecidos
como bolas de pelos em felinos. A eficiência de determinadas fontes
de fibras como, por exemplo, o Vit2Be Fiber na dissolução e/ou na
prevenção da formação dos tricobenzoares é comprovada.
Atualmente o mercado de produtos funcionais apresenta uma
rápida expansão, amparada pela forte tendência de consumo de
produtos funcionais e fortificados. Segundo dados do GNPD, na
América Latina aproximadamente 75% dos produtos lançados para
cães e 90% para gatos possuem algum tipo de claim funcional ou
são fortificados com vitaminas e minerais.
Os números demonstram oportunidades neste mercado,
corroborando com a forte tendência de humanização do segmento
pet. A busca por produtos diferenciados reforça o crescimento de
fatias de mercado como o terapêutico, por exemplo, que apresentou
crescimento de aproximadamente 60% em seu faturamento nos
últimos três anos no mercado nacional (Euromonitor).
Outro ponto importante a ser considerado é o incremento
da renda da população brasileira, impactando positivamente nos
números dos mercados de bens de consumo, como o alimento pet.
A busca por produtos de maior valor agregado pode ser observada
nos quase 300 lançamentos de produtos com claims funcionais
apontados pela Mintel entre 2009 e 2011.
Sendo assim, e ciente de sua obrigação de implementar e oferecer
soluções tecnicamente confiáveis aos seus clientes, o grupo Diana
apresentou ao mercado o Vit2Be Fiber que atualmente apresenta-
se como a melhor opção para o uso de fibras insolúveis na dieta de
cães e gatos. Produzido nos padrões de segurança do alimento e
qualidade assegurada do grupo Diana, o Vit2Be Fiber possui alta
concentração de fibras insolúveis. Clinicamente testado, possui boa
aceitação pelos cães e gatos, sendo a sua utilização respaldada por
trabalhos científicos que garantem sua eficiência e segurança.
Autor: André Buck, DVM, M.Sc – [email protected] - Fone +55 (19) 3583-9404
F i bra s i n s o l ú ve i s em a l ime n t o s p ara c ãe s e ga t o s
28 29Em Foco 1
Por : Saul Jorge ZeucknerBacharel em agronegócios
e Diretor Comercial-Algomix
Eleições urante esses últimos dias, tivemos algumas lições
de vendas e atendimento relacionadas às eleições, aproveitei
para observar como os seres humanos são capazes de
mudar, conforme sua necessidade e isso me fez lembrar as
nossas profissões de vendas.
Os políticos ou candidatos a políticos, seriam , na sua
grande maioria, bons vendedores, não que a profissão de
vendas seja de pessoas falsas, não é isso que quero dizer, na
verdade, estou tentando analisar a capacidade de se adaptar
às condições adversas e fazer um excelente atendimento,
porque na verdade os políticos são em essência, vendedores,
pois necessitam “vender suas ideias”, fazer as pessoas
acreditarem que aquele “produto” que estão oferecendo,
é a melhor opção que o “cliente” tem. Como os políticos
conseguem tamanha melhoria na qualidade de seus
atendimentos, conseguem ser gentis, cativos, dedicados,
atendem a todos, cumprimentam todos que encontram,
dão tapinhas nas costas, procuram se preocupar com
os eleitores(clientes)! Isso facilmente podemos observar
durante as campanhas políticas, Porque após as eleições
esse atendimento ao cliente( eleitor), acaba?
Isso ocorre conosco em nossa profissão de vendas,
quando precisamos de nosso cliente, damos atenção,
tapinha nas costas, somos atenciosos, nos preocupamos
com eles, mas depois que vendemos, na grande maioria
dos casos, abandonamos nosso eleitor (nosso cliente).
Vejam que nossa analogia, faz sentido: somos movidos por
necessidades, conseguimos nos adaptar conforme o que
queremos, mas porque quando estamos vendendo bem,
mudamos nossa característica?
Acredito que podemos manter esse mesmo nível
de atendimento o tempo todo. Isso seria o ideal, mas e
os políticos teriam capacidade e condições de fazer esse
atendimento o tempo todo? Já imaginaram como seria?
Todos temos condições de nos adaptar, cabe a nós,
nos motivarmos, nos esforçarmos acima da média,
para que nosso atendimento seja melhorado a cada dia,
como se estivéssemos em busca da reeleição, ou que o
período de eleições estivesse sempre próximo, para que
fôssemos essa pessoa de atendimento especial em todos
os momentos em que estivermos com nossos clientes,
independente se já vendemos ou se vamos realizar
uma venda. Sempre teríamos que tratar nosso cliente
como um eleitor único, especial e decisivo para o nosso
sucesso, seja em vendas , ou em eleições.
Pensem nisso e boas vendas( boas eleições).
D
30 31
m setembro passado, em São Paulo, aconteceu a
apresentação do ranking das 250 Pequenas e Médias Empresas
que mais crescem no país e a IMEVE S.A., indústria de
medicamentos veterinários, f icou com a 106ª posição.
Segundo os organizadores, o ranking é baseado na expansão
da receita líquida entre 2009 e 2011. Se inscreveram as
companhias com faturamento entre R$ 3 e 300 milhões, com
sede no Brasil e que operaram ao longo dos últimos cinco anos.
Para participar, as empresas responderam a um questionário com
dados atuais e planejamentos futuros, elaborado pela consultoria
Deloitte e por Exame PME.
Apenas duas empresas do segmento de produtos veterinários
figuraram no ranking. Destas, a IMEVE foi a que teve melhor
colocação, reforçando seu espírito empreendedor e mostrando
um novo posicionamento mercadológico.
E
Investimento, crescimento e
reconhecimento. IMEVE S.A. está entre as 250 pequenas e médias
empresas que mais crescem no país
Em Foco 2
“É um imenso orgulho ver nossa empresa crescendo e se
destacando no cenário nacional. Tivemos que preencher vários
requisitos, em meses de avaliação. Trabalhamos muito, nos
esforçamos e conseguimos atingir este objetivo”, explica Daniel
Nacata Garcia, diretor executivo da empresa.
Com um crescimento de mais de 90% nos últimos dois anos, a
IMEVE S.A. tem um faturamento aproximado de R$ 6 milhões/
ano e tem investido pesado em pesquisa, desenvolvimento de
novos produtos, contratação de profissionais e ampliação da
estrutura física.
“Com a entrada do fundo investidor, a empresa cresceu. Tivemos
injeção de recursos e com isso planejamos um crescimento agressivo,
porém, consciente. Temos por meta crescer significativamente em,
no máximo, três anos. Em 2013, com certeza, estaremos melhor
ranqueados na pesquisa”, conclui Nacata.
32 33
C
32
antibióticos, anticoccidianos, oligoelementos, emulsificantes,
aromatizantes, palatabilizantes e etc.”
Visando garantir a cadeia produtiva e as autoridades de
fiscalização o efetivo controle sobre seu uso, os aditivos são
classificados no Brasil (IN n° 13 de 30/11/2004, do MAPA,
seguindo as orientações do Codex Alimentarius) da seguinte forma:
Aditivos nutricionais - vitaminas, provitaminas e substâncias
quimicamente definidas de efeitos similares; oligoelementos
ou compostos de oligoelementos (microminerais); aminoácidos,
seus sais e análogos; ureia pecuária e seus derivados. Aditivos
tecnológicos - adsorventes; glomerantes; antiaglomerantes;
antioxidantes; antiumectantes; conservantes; emulsificantes;
estabilizantes; espessantes; gelificantes; regulador da acidez e
umectantes; e Aditivos sensoriais - corantes e pigmentantes;
aromatizantes e palatabilizantes.
Os corantes são substâncias que conferem ou intensificam
a cor dos produtos destinados à alimentação, podendo ser:
naturais, corante caramelo e artificiais. Segundo o artigo 10 do
Decreto n°55 871, de 26 de março de 1967 (BRASIL, 2002b),
considera-se corante natural o pigmento ou corante inócuo
extraído de substância vegetal ou animal. Corante caramelo é o
produto obtido a partir da reação de Maillard de açúcares. Já o
corante artificial é a substância obtida por processo de síntese
(com composição química definida). Muito utilizados pelos seres
humanos, os corantes têm cada vez mais significativa presença
na alimentação animal devido à forte tendência de humanização
na relação entre os pets e os seus donos.
Atenta à evolução e às tendências do segmento de nutrição
animal, que busca melhorar a aparência e qualidade dos produtos,
a Doce Aroma Ind. E Com. Ltda atua misturando as cores
primárias, buscando novas tonalidades e nuances que aproximam
ao máximo o alimento industrializado do alimento in natura.
“Para atingirmos este objetivo, disponibilizamos ao mercado
os corantes naturais que agregam maior valor nutricional e os
corantes sintéticos ou artificiais, que auferem uma coloração
mais intensa e “viva” aos alimentos industrializados. Cada
corante apresenta vantagens e desvantagens, portanto, um breve
estudo do processo de fabricação, bem como das características
do item a ser fabricado, deve ser feito para verificar qual o melhor
tipo de corante a ser adicionado na formulação do alimento
industrializado a fim de obter o melhor resultado final. Observo
que no caso dos corantes naturais, houve um considerável
aprimoramento em termos de sua resistência e estabilidade
durante o processo de industrialização do alimento. Dentro
do contexto dos corantes naturais, o carmim de cochonilha é
um dos mais consumidos no mundo por sua versatilidade e boa
estabilidade ao calor, luz e oxidação”, esclarece Helo Blanco,
executiva da Doce Aroma.
Para a produção dos corantes naturais, a empresa tem
realizado significativos investimentos, especialmente no
que se refere à formulação de novas tonalidades para atender
às novas tendências de mercado. A Doce Aroma possui três
laboratórios sendo um deles voltado exclusivamente para
aplicação e desenvolvimento dos corantes naturais e artificiais;
onde realiza todos os testes de aplicação antes dos lançamentos.
“Para meados de 2013 ampliaremos nossas instalações, com uma
nova planta, que já está em fase adiantada de construção. Esta
unidade triplicará nossa capacidade produtiva e nos possibilitará
maior área de armazenagem, além de contarmos com novos
laboratórios de pesquisa e desenvolvimento”, afirma Helo.
a dEmanda pElos corantEs naturais A Vogler dentro da divisão Vogler Systems desenvolve
misturas de corantes de acordo com as necessidades do mercado e
das exigências de seus clientes. “Trabalhamos com os Innocolors
de tonalidades marrom e verde. Também oferecemos opções
como os corantes amarelos (crepúsculo e tartrazina), vermelhos
(amaranto, ponceau e alura), azul (indigotina e brilhante),
dióxido de titâneo, corantes lipossolúveis, corante caramelo,
clorofila, antocianina, betacaroteno, luteína, cantaxantina etc.
Observamos uma procura crescente por corantes naturais.
Esta demanda deve-se, sobretudo, à tendência da população
por uma alimentação mais saudável o que ref lete de maneira
direta no alimento dos animais de estimação, visto que estes são
Neste complexo processo de humanização observado na relação entre os animais de estimação e os seus donos, os corantes ganham destaque na alimentação para pets
onsiderado um aditivo sensorial, assim como os
aromatizantes, palatabilizantes, f lavorizantes e pigmentantes, os
corantes são usados na alimentação para melhorar ou modificar
as características visuais dos alimentos ou as propriedades
organolépticas (como a cor, o brilho, o paladar, o odor etc).
Os aditivos podem ser classificados de diversas formas, de
acordo com os critérios estabelecidos por órgão reguladores de
cada país. Por exemplo, o MAPA – Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento – diz que “aditivos são substâncias
ou micro-organismos adicionados intencionalmente, que
normalmente não se consomem como alimento, tenham ou
não valor nutritivo, que afetem ou melhorem as características
do alimento ou dos produtos animais”. Já o Food and Drug
Administration (FDA), órgão regulatório dos EUA, define
“aditivo é a substância adicionada ao alimento dos animais com a
finalidade de melhorar seu desempenho, passível de ser utilizada
sob determinadas normas e desde que não deixem resíduo no
produto de consumo humano”. Enquanto isso, a European Food
Safety Autorithy (EFSA), órgão de regulação de alimentos
da Comissão Europeia, descreve “aditivos são substâncias ou
preparados dessas substâncias que, incorporados nos alimentos
dos animais, são suscetíveis de inf luenciar as características
desses alimentos ou a produção animal”. Finalmente, a
Organização Mundial do Comércio (OMC), em texto aceito pela
Receita Federal do Brasil, diz “aditivos são elementos nutritivos
funcionais, que incluem vitaminas ou provitaminas, aminoácidos,
Em Foco 3
CorantesAs cores na nutrição animal
Por: Lia Freire
CorantesAs cores na nutrição animal
a docE aroma produz E comErcializa corantEs artificiais E naturais. são ElEs:
corantEs naturais
Urucum: possibilita uma variedade que vai do tom alaranjado ao
avermelhado
Cúrcuma: tonalidade amarelada
Clorofila: tom esverdeado
Carmim de cochonilha: tonalidade que vai do vermelho ao rosa
Caramelo: variação do marrom escuro ao caramelo claro
corantEs sintéticos ou artificiais
Amarelo crepúsculo
Amarelo tartrazina
Azul brilhante
Azul indigotina
Vermelho bordeaux ou amaranto
Vermelho eritrosina
Vermelho ponceau 4R
Vermelho 40
Verde folha
Marrom M
Roxo açaí e roxo uva
34 35
segmento da Vogler.
A gerente da Vogler acrescenta que há duas vertentes quando
se analisa a aplicação dos corantes na nutrição animal: primeiro
que nas linhas Premium e Super Premium, já não se utilizam
mais corantes; segundo, nos alimentos econômicos e standard
têm tido um crescimento do uso de corantes, em busca de
tonalidades mais fortes em relação ao que se utilizava no passado
e, com isso, a inclusão de corantes por tonelada de alimento
produzido aumentou consideravelmente.
Os cuidados com a qualidade dos corantes oferecidos levou
a Vogler à Índia para conferir pessoalmente os produtos da
Roha, marca que representa atualmente. “Para homologar este
fornecedor fomos conhecer a sua planta e ficamos atentos para
verificar a concentração dos corantes e se havia a presença
de impurezas. A Vogler exige teores de chumbo, arsênio e
metais pesados inferiores aos da legislação brasileira vigente,
sempre nos baseando nas leis mundiais mais restritas. Além
disso, esporadicamente enviamos os corantes para análise em
laboratórios, a fim de garantirmos e assegurarmos a qualidade
dos produtos que fornecemos”, acrescenta Tatiane.
Para o seu futuro neste segmento de corantes, a Vogler
deseja crescer com responsabilidade, fornecendo ao mercado um
produto que agregue qualidade e, sobretudo, que proporcione ao
animal de estimação segurança ao consumi-lo. “Este é o grande
diferencial da nossa empresa”, reforça Tatiane.
“A Doce Aroma tem realizado significativo investimento na produção dos corantes naturais, especialmente no que se refere à formulação de novas tonalidades”, Helo Blanco.
“Observamos uma procura crescente por corantes naturais. Esta demanda deve-se, sobretudo, a tendência por uma alimentação mais saudável”, Tatiane Graciano Domingues, da Vogler.
a voglEr comErcializa as sEguintEs opçõEs Em corantEs:
Innocolors de tonalidades marrom e verde
Amarelo crepúsculo
Amarelo tartrazina
Vermelho amaranto
Vermelho ponceau
Vermelho alura
Azul indigotina
Azul brilhante
Dióxido de titâneo
Corantes lipossolúveis
Corante caramelo
Clorofila
Antocianina
Betacaroteno
Luteína
Cantaxantina, entre outros.
considerados membro da família. É importante salientar apenas
o alto custo para aplicação dos corantes naturais nos alimentos
para animais de estimação. Estes corantes são extremamente
sensíveis e o processo de extrusão é bastante agressivo, além de
terem o custo bem mais elevado quando comparado aos corantes
artificiais”, analisa Tatiane Graciano Domingues, gerente de
36 37Segurança Alimentar
Contaminação por metais pesadosChumbo
1. mEtais pEsados
Metais pesados são elementos químicos com pesos atômicos entre
63.6 a 207.9 e densidade >5.0 g/cm3 (Tabela 1). Entre os principais
metais pesados que podem contaminar os alimentos, a água e o meio
ambiente (inclusive alimentos para pets, produzidos com ingredientes
contaminados) e causar sérios danos à saúde, estão o chumbo (Pb),
arsênico (As), cádmio (Cd), mercúrio (Hg), cromo (Cr), cobre (Cu) e
manganês (Mn). As principais fontes de exposição de animais e humanos
a esses metais são os alimentos. Através deles os metais são absorvidos
pelo organismo sendo difícil eliminá-los. Ao contrário dos contaminantes
orgânicos, os metais pesados não são biodegradáveis e tendem a se
acumular nos organismos vivos, sendo tóxicos e carcinogênicos quando
em diferentes concentrações (Srivastava; Majumder, 2008).
Os metais são considerados os agentes tóxicos mais antigos
conhecidos pelo homem. Há aproximadamente 2000 a.C., grandes
quantidades de Pb eram obtidas de minérios, como subproduto da fusão
da prata e isso provavelmente tenha sido o início da utilização e causa
de intoxicação por esse metal. Os metais pesados ocorrem naturalmente
no ecossistema com grandes variações na concentração e diferem de
outros agentes tóxicos porque não são sintetizados nem destruídos. Sua
presença pode estar associada à localização geográfica, nestes casos, a
contaminação pode ser controlada, limitando o uso de produtos agrícolas
e proibindo a produção de alimentos em solos contaminados (Salgado,
1996; Salazar et. al., 2012).
Portanto todas as formas de vida são afetadas pela presença de metais,
dependendo da dose e da forma química. Alguns metais são essenciais para
o crescimento dos seres vivos (cobalto-Co, Cu, Mg, molibdênio, vanádio,
estrôncio e zinco-Zn) para a realização de suas funções vitais. Porém
níveis excessivos desses elementos podem ser extremamente tóxicos.
Por outro lado, outros metais, denominados pesados (tais como: Hg, Pb
e Cd) não possuem nenhuma função no organismo e a seu acúmulo pode
provocar graves doenças, sobretudo nos mamíferos (pets, animais de
produção, humanos). Além disso, níveis elevados de metais pesados em
resíduos do descarte de alimentos e outros dejetos eliminados no ambiente
(pilhas, lâmpadas, baterias, ligas metálicas) são pontos importantes na
poluição ambiental (Cayir; Coskun, 2010). Quando lançados através de
resíduos industriais, na água, no solo ou no ar, esses elementos podem ser
absorvidos pelos vegetais e animais das proximidades, provocando graves
intoxicações ao longo da cadeia alimentar (Tabela 2).
2. mEtais EssEnciais E micro-contaminantEs dE alimEntos Os metais são classificados em: (1) elementos essenciais (sódio,
potássio, cálcio, ferro-Fe, Zn, Cu, níquel-Ni e Mg; (2) micro-
contaminantes ambientais (As, Pb, Cd, Hg, alumínio, titânio, estanho
e tungstênio) e (3) elementos essenciais e simultaneamente micro-
contaminantes (Cr, Zn, Fe, Co, Mg e Ni). Os metais contaminantes não
são necessários para as atividades metabólicas normais e são tóxicos para
célula, mesmo em baixas concentrações. Esses metais são reconhecidos
como os mais agressivos e são geralmente chamados de metais pesados.
Os distúrbios causados por metais pesados (Hg) na intoxicação
aguda são anúria e diarreia sanguinolenta, decorrentes da ingestão.
Atualmente, ocorrências de intoxicação a médio e longo prazo com níveis
menores do metal (intoxicação sub-aguda e crônica, respectivamente)
têm sido as mais observadas e as relações causa-efeito podem ser pouco
evidentes e quase sempre sub-clínicas. Os efeitos são difíceis de serem
distinguidos, pois podem ser provocados por outras substâncias tóxicas
ou por interações entre agentes químicos. A manifestação dos efeitos
tóxicos está associada à dose e pode distribuir-se por todo o organismo,
afetando vários órgãos, alterando os processos bioquímicos, organelas
e membranas celulares (Fu; Wang, 2011). A Tabela 2 apresenta fontes
de contaminação e toxicidade de alguns metais pesados que podem ser
Tabela 1 – Exigência de vitaminas para cães por 1000 kcal de energia metabolizável
IUPAC, (2005) * ponto de fusão: 327°C
Metais
CHUMBO (Pb)
CÁDMIO (Cd)
MERCÚRIO (Hg)
COBRE (Cu)
CROMO (Cr)
Fontes de contaMinação
Alimentos enlatados, vegetais tratados com agrotóxicos, fígado
bovino, poluição do ar, utilização de agrotóxicos com residuos
na pastagem, fertilizantes, tintas, combustíveis, gás contendo Pb,
papel de jornal e anúncios coloridos.
Alimentos, efluentes gasosos industriais, fertilizantes, agrotóxicos,
frutos do mar, farinha de ossos, materiais cerâmicos, solda.
Açúcar, tomate e pescado contaminados, Termômetros,
agrotóxicos, água, polidores, ceras, tintas, lâmpadas fluorescentes
de Hg, derivados de petróleo.
Indústria de refratários e química, efluentes gasosos industriais,
pilhas de rejeito.
Efluentes gasosos industriais, curtume, indústria de refratários
e química, soldagens, produção de ligas ferro-cromo, cromatos,
dicromatos, pigmentos e vernizes.
PrinciPais sinais de intoxicação
Danos ao sistema nervoso central, rins, fígado e sistema reprodutivo.
Alterações dos processos celulares básicos e funções cerebrais. Podem
provocar anemia, insônia, dor de cabeça, tontura, irritabilidade,
fraqueza muscular, alucinação e danos renais (SALGADO, 1996).
Provoca elevação da pressão sanguínea e aumento de órgãos (coração
e próstata). Redução da imunidade. Carcinogênico. Enfraquecimento
ósseo, dores nas articulações, anemia, enfisema pulmonar,
osteoporose e perda de olfato. Danos renais e em altos níveis é letal
(NASEEM; TAHIR, 2001).
Causa danos no SNC, disfunção pulmonar e renal, dor torácica e
dispneia (NAMASIVAYAM; KADIRVELU, 1999).
Provoca vômitos, cólicas, convulsões e até a morte (PAULINO et al.,
2006).
Causa acumulo na cadeia alimentar, provoca graves irritações na pele
a carcinoma de pulmão (KHEZAMI; CAPART, 2005).
tabela 2. Fontes de contaMinação e toxicidade de alguns Metais Pesados eM aliMentos Pets
IUPAC, (2005) * ponto de fusão: 327°C
encontrados em alimentos para pets.
Considerando que os metais pesados possuem características
diferenciadas, bem como efeitos tóxicos variados (Tabela 2), serão
abordados separadamente na Coluna da presente Revista. O primeiro a
ser abordado nessa edição será o Pb, seguido pelo Hg, Cd, Cu e Cr, nos
próximos números.
38 39Segurança Alimentar
Figura 1. Rota de contaminação pelo Pb na exposição animal e humana (IPCS, 1995).
Figura 2. Contaminação de rio por chumbo e cádmio próximo afábrica de baterias com vazamento na província de Zhejiang, China.
3. chumbo O Pb tem largo uso industrial devido as suas características físico-
químicas (ponto de fusão elevado, maleabilidade, altamente dielétrico,
resistência a radiações ionizantes e formação de ligas com outros metais).
Portanto muito utilizado na fabricação de pilhas, baterias, ligas metálicas,
fertilizantes, alguns agrotoxicos, combustíveis, pigmentos cerâmicos,
inclusive em papel de jornal e anúncios coloridos. Pode, portanto, chegar
ao alimento animal e humano através da contaminação do ambiente em
que (a) esse alimento (vegetal) é produzido e (b) animais de produção se
alimentam de pastagens da região (Iupac, 2005; Reilly, 1991).
É extremamente tóxico, acumula-se no organismo principalmente
nos ossos e os compostos de Pb são igualmente nocivos aos animais.
Desde 400 a.C., Hipócrates descreveu uma doença a qual chamou de
saturnismo, com sintomas de cólica à paralisia, contraído por homens que
trabalhavam com Pb (Reilly, 1991). O Pb é encontrado no meio ambiente
como resultado da sua ocorrência natural e da sua utilização industrial,
apesar de não ser um elemento comum nas águas naturais é facilmente
introduzido no meio ambiente por uma série de processos e produtos
humanos como: plásticos, tintas, pigmentos, indústrias metalúrgicas,
incineradores e aditivos da gasolina. As Figuras 1 e 2 apresentam as
vias de contaminação e caso especifico de rio contaminado por Pb e Cd
devido a vazamento de fábricas de baterias na China, respectivamente.
Mesmo em baixas concentrações pode comprometer o sistema
nervoso, o sangue e os rins. Durante os últimos anos fontes de
contaminação ambiental por Pb têm diminuído tanto pela abolição do
seu uso na gasolina, como também pelo fato de serem banidas as soldas
em embalagens de alimentos e bebidas (Nascimento et al., 2006).
Alimentos tais como frutas, vegetais, carnes, visceras (figado), grãos,
frutos do mar, bebidas leves e vinhos podem conter Pb, originado da
água de preparo ou plantas e animais criados em locais contaminados. A
alimentação com estes contaminantes pode provocar o acúmulo na cadeia
alimentar por ingestão pelos animais e pelo homem. Muitos vegetais,
grãos e carnes presentes nas rações para pets podem estar contaminados
por este elemento químico e ocasionar graves problemas de saúde.
3.1 mEcanismo dE ação do chumbo
A intoxicação por Pb, tanto por exposições a longo prazo quanto
em episódios isolados, acarreta em uma diversidade de prejuízos ao
organismo do animal. Devido a sua habilidade de inibir ou imitar minerais
como o cálcio e o Zn (ambos importantes para a funcionalidade das
células), altera os níveis desses elementos no organismo. Causa, portanto,
distúrbios relacionados ao metabolismo celular afetando diversos órgãos
e sistemas do organismo. A toxicidade do Pb resulta, principalmente, de
sua interferência no funcionamento das membranas celulares e enzimas,
formando complexos estáveis com ligantes contendo enxofre, fósforo,
nitrogênio ou oxigênio (grupamentos -SH, -H2, PO3, -NH2 e -OH) que
funcionam como doadores de elétrons (Saryan; Zenz, 1994).
Após absorvido, o Pb não é distribuído de forma homogênea no
organismo. No sangue, esse contaminante está quase sempre associado aos
eritrócitos, sendo em seguida distribuído aos tecidos moles (fígado e rins)
e aos minerais (ossos e dentes). As maiores concentrações são encontradas
nos ossos, onde o metal fica estocado na forma de trifosfato, porém os
efeitos de sua exposição têm maior impacto no sistema nervoso, medula
óssea e rins. A principal manifestação clínica do efeito da intoxicação no
sistema hematopoiético é a anemia, acarretada pela inibição da síntese da
Animais/Humanos
Grupo BCOrganizações Empresariais Baltazar de Castro
Grupo BCOrganizações Empresariais Baltazar de Castro
BC Participações e EmpreendimentosGoiânia (GO) - Administração Geral
Fone: (62) 3243-5100
Sebo IndustrialÓleo de Frango e Óleo de Peixe
BC Participações e EmpreendimentosBC Participações e EmpreendimentosGoiânia (GO) - Administração Geral
BC Participações e Empreendimentos
Farinha de Carne EsterilizadaFarinha de Sangue
Farinha de Ossos CalcinadoFarinha de Penas
Farinha de VíscerasFarinha de Peixe
Produtos de Higiene e LimpezaSabão e Derivados
Nutrição AnimalNutrição Animal
Gordura AnimalGordura Animal
Higiene e LimpezaHigiene e Limpeza
Farinha de Carne Esterilizada
Farinha de Ossos Calcinado
Nutrição AnimalNutrição AnimalNutrição AnimalNutrição AnimalNutrição Animal
Reciclagem - Amiga da [email protected] [email protected]
ReBras - Reciclagem Brasileira de Resíduos [email protected]@rebras.ind.br
Nordeste Industrial [email protected]
AR Nutrição [email protected]
[email protected]@argroup.com.br
Sabao [email protected]
Óleo de Frango e Óleo de Peixe
Gordura Animal
Transportadora Sta Edwiges
C
M
Y
CM
MY
CY
CMY
K
Grupo BC.pdf 1 08/10/12 14:16
40 41Segurança Alimentarhemoglobina e diminuição do tempo de vida dos eritrócitos circulantes,
resultando na estimulação da eritropoiese. Contudo é observada somente
quando o nível de Pb no sangue é significantemente elevado por períodos
prolongados (Mavropoulos, 1999).
3.2. sinais clínicos da intoxicação por chumbo Em pEts
Sendo o Pb um elemento tóxico que acumula-se no organismo,
dependendo do nível e duração da exposição pode afetar vários sistemas
orgânicos. Os sinais clínicos de envenenamento por Pb em pets, em sua
maioria, estão relacionados com o sistema gastrointestinal e nervoso
central e vai depender da intensidade e tempo de exposição ao metal: na (a)
intoxicação crônica: alguns sinais gastrointestinais são perceptíveis devido
a constante exposição dos tecidos com baixas concentrações de Pb e na
(b) intoxicação aguda: os sinais nervosos se sobressaem e, portanto mais
perceptíveis, principalmente em animais jovens. Os sinais clínicos mais
comuns durante contaminação aguda são vômitos, diarreia, letargia, falta de
apetite, dor abdominal, regurgitação, fraqueza, convulsões e cegueira. Deve
suspeitar-se de intoxicação por Pb em todos os casos nos quais se observam
sinais nervosos incluindo cegueira. Nestes casos é necessário procurar
as fontes de intoxicação por Pb em que o animal se expos. Além do citado
acima, estudos demonstram que em animais o Pb produz tumores.
3.3 rEsíduos dE chumbo Em alimEntos para pEts
Os níveis de Pb em alimentos, seja nos ingredientes e/ou no produto
final, destinados a pets, além de serem muito variáveis, podem ser
parcialmente removidos por processos físicos antes de serem processados
quando de origem vegetal (lavagem ou descasque). Embora organizações
internacionais propõem limite de tolerância para humanos (ingestão
semanal) de 3 mg de Pb para adultos (400 a 450 m g/dia), para animais,
incluindo pets, ainda não há limite estabelecido. Os alimentos, tanto de
origem vegetal quanto animal (Figura 3), além da água, são as maiores
fontes de exposição animal e humana ao Pb. Importante salientar que
animais e crianças podem ter exposição adicional vindas de solo e poeiras,
já que entram em contato direto com essas fontes de contaminação. Pela
via digestiva temos a maioria das intoxicações domésticas.
Os resíduos desse metal pesado podem estar presentes na dieta, além
da ingestão de alimentos contaminados, através da adição de auxiliares
de tecnologia e/ou minerais. Pesquisadores afirmam que os minerais
essenciais e outros aditivos podem conter concentrações significativas de
metais pesados devido à presença dos mesmos, como impurezas, vindo
assim a contaminar as rações ao se fortificar as mesmas. Outras fontes de
contaminação já detectadas são grãos, vegetais devido a combinação de
fatores incluindo as condições do solo onde são cultivadas, utilização de
agrotóxicos e fertilizantes, além de poluição ambiental. Alguns alimentos
destinados a gatos que contém ingredientes derivados de produtos do
mar, que são capazes de bioacumulação de metais pesados presentes em
sistemas aquáticos, podem apresentar também contaminação.
Fonte: o solo é considerado um dos depósitos principais de Pb, pois ao
alcançá-lo, este contaminante pode permanecer indefinidamente, sendo
uma das fontes importantes de contaminação de pastagem e cultivares. O Pb
no solo pode estar sob diversas formas: (a) relativamente insolúvel (sulfato,
carbonato ou óxido); (b) solúvel; (c) adsorvido; (d) adsorvido & precipitado
como sesquióxido; (e) adsorvido em matérias orgânicas coloidais ou ainda
(f) complexado no solo (IPCS, 1995). O pH do solo influencia a mobilidade
do metal, que pode sofrer modificações, formar compostos menos solúveis
e tornar-se menos disponível. Em solos cultivados, os níveis de Pb podem
variar de 20 a 80 mg/g (AAS, 1985). O regulamento da União Européia para
controle de Pb estabelece o limite máximo de 5 mg/kg de Pb em alimentos
com teor de umidade de cerca 12%, sendo a mesma uma legislação bastante
atualizada - de agosto de 2012 (EU, 2012).
3.4 diagnóstico E tratamEnto dE intoxicação por chumbo
Diagnóstico: o diagnóstico da intoxicação por Pb é baseado
inicialmente, na anamnese (questionário) e exame físico realizado pelo
clínico veterinário, onde o histórico de contato ou ingestão de produtos/
materiais/alimentos contendo Pb será averiguado, assim como início
do quadro sintomatológico e sinais observados. Testes laboratoriais
como hemograma completo, perfil bioquímico, e exame de urina
podem auxiliar no diagnóstico inicial. Exame de sangue pode revelar
células vermelhas de tamanho desigual (anisocitose), forma anormal
(poiquilocitose), variações na coloração (policromasia, hipocromasia) e
aumento do número de neutrófilos (Fig. 4). Parte do Pb ingerido pode
ser excretado pelas fezes, quando transformado em sulfetos insolúveis no
trato gastrintestinal e parte pela urina. Apesar do nível de Pb na urina
ter sido um indicador de exposição ao metal, é importante ressaltar que
esta concentração não representa com fidelidade o grau de absorção,
já que os rins excretam quantidades elevadas de Pb somente quando a
concentração do metal no sangue for alta. Para pequenas concentrações
do metal, a determinação da concentração na urina será útil quando
acompanhada de outros parâmetros. Também como alternativa no
diagnóstico rápido de intoxicação por Pb, estão disponíveis no mercado
Figura 3. Ingredientes de origem vegetal e animal utilizados, na íntegra ou seus resíduos na produção de ração para pets e que podem estar/ser contaminados por chumbo.
Figura 4. (a) Glóbulos vermelhos do sangue susceptíveis a alterações por intoxicação devido a ingestão de alimentos contaminados com (b) chumbo.
(a) (b)
Profa. Vildes M Scussel, Med.Vet. Karina K de Souza, MSc Geovana D Savi, Menithen Bieber, Laura P Garcia, Vinícius Vitorino, Sheron Bitencourt, Kin A da CostaLaboratório de Micotoxicologia e Contaminantes Alimentares - LABMICO, www.labmico.ufsc.brDepto de Ciência e Tecnologia de Alimentos, Centro de Ciências Agrárias, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC – Brasil.
No próximo exemplar será abordado outro elemento do grupo dos metais pesados que pode contaminar pet
food – o mercúrio.
testes rápidos e específicos (kits) baseados em métodos colorimétricos,
que irão ajudar o seu veterinário para determinar os níveis de Pb no
sangue e tecidos do corpo do animal. O diagnóstico definitivo deve
ser confirmado através da determinação dos níveis deste elemento no
sangue ou vísceras do animal afetado.
Tratamento: com relação ao tratamento, a contaminação por Pb
deve ser considerada uma emergência que requer cuidados imediatos.
O tratamento para esse tipo de contaminação é pouco eficiente, mas
recomenda-se a administração intravenosa de agentes quelantes como
o versenato de cálcio e edetato dissódico de cálcio. Outros tratamentos
incluem a penicilamina ou tiamina. Também pode ser realizada uma
lavagem gástrica para remover e limpar o conteúdo do estômago se o
Pb foi ingerido dentro de pouco tempo (até 2 horas). Existem também
alguns medicamentos disponíveis que podem ajudar na redução da
carga corporal de Pb, especialmente nos casos em que as concentrações
de Pb no sangue são muito elevadas. Após o tratamento, novos testes
laboratoriais sanguíneos devem ser realizados para verificar o nível de
contaminação pelo agente em questão.
3.5 como Evitar E rEduzir a contaminação dE alimEntos para pEts com chumbo
Uma vez que o Pb pode ser introduzido nos tecidos vivos pela (a)
ingestão de água/alimentos, inalação do ar/fumaça e absorção pela pele
[provenientes de descartes de resíduos industriais lançados na água/ar)
e (b) produção de alimentos para pets que utilizem ingredientes (origem
animal e vegetal) provenientes de áreas poluídas, há necessidade de
estabelecer medidas de controle especificas e níveis máximos de resíduos
para assegurar a saúde do consumidor (pets).
Medidas de controle de Pb em rações incluem a avaliação dos
ingredientes (animal/vegetal), bem como das matérias-primas/aditivos
minerais utilizadas na produção de suplementos minerais inclusos nesses
produtos. Existem certos órgãos que realizam fiscalização do uso somente
de matérias-primas minerais registradas, aplicação de Boas Práticas de
Fabricação e que apresentem garantia de rastreabilidade (Sindirações,
2010). Contudo é necessário que essa fiscalização seja periódica e efetiva.
Visando à proteção da saúde animal e humana, órgãos
ambientais e de saúde vêm realizando proposições de medidas
direcionadas à redução e prevenção da exposição ao Pb, buscando
a diminuição do uso do metal e de seus compostos, além da
redução das emissões de substâncias que o contenham. Por outro
lado, é importante a implantação de programas que promovam o
entendimento e conscientização das indústrias quanto aos efeitos
do Pb, extensivo aos outros metais pesados, na saúde de animais,
os quais dependem/consomem raçoes diariamente. Inclusive,
conscientização sobre os perigos da sua exposição e as formas de
minimizar os efeitos do metal no organismo. Mais estudos são
necessários para obter informações de intoxicações características
em pets e principalmente especificando suas diferentes raças e
idades, os quais poderão servir como subsídios para estabelecimento
de níveis tolerados.
4. rEfErências (rEcomEndação para lEitura)Cayir, A; Coskun, M. The heavy metal content of wild edible mushroom samples collected in Canakkale Province, Turkey. Biological Trace Elemental Research, 134, 212-219, 2010.Fu, E; Wang, Q. Removal of heavy metal ions from wastewaters: A review. J. Environ. Management, 92, 407-418, 2011.Khezami, L; Capart, R. Removal of Cr(VI) from aqueous solution by activated carbons: kinetic and equilibrium studies. J. Hazardous Materials, 123, 223-231, 2005.Iupac Standard Atomic Weights Revised. 2005. Disponível em:<http://www.iupac.org/news/archives/2005/atomic-weights_revised05.html>. Acesso em 25 set.12.Namasivayam, C; Kadirvelu, K. Uptake of mercury (II) from wastewater by activated carbon from unwanted agricultural solid product: coirpith. Carbon. 37, 79-84, 1999.Nascimento, LFC; Filho,HJI; Baltazar, E. O. Níveis de chumbo em colostro humano: um estudo no Vale do Paraíba. Rev. Brasileira de Saúde Maternidade Infantil, Recife, 6, 69-74, 2006.Naseem, R, Tahir, SS. Removal of Pb(II) from aqueous solution by using bentonite as an adsorbent. Water Research, 35, 3982-3986, 2001.PAULINO, A.T.; MINASSE, F.A.S.; GUILHERME, M.R.; REIS, A.V.; MUNIZ, E.C.; NOZAKI, J. Novel adsorbent based on silkworm chrysalides for removal of heavy metals from wastewaters. Journal Colloid Interface Science, v. 301, p. 479-487, 2006.REILLY, C. Metal Contamination of Food. London: Elsevier. 1991. 284 p.SALAZAR, M. J.; RODRIGUEZ, J.H.; NIETO, G.L.; PIGNATA, M.L. Effects of heavy metal concentrations (Cd, Zn and Pb) in agricultural soils near different emission sources on quality, accumulation and food safety in soybean [Glycine max (L.) Merrill]. Journal of Hazardous Materials, v. 233-234, p. 244– 253, 2012.SALGADO, P. E. T. Metais em alimentos. In: OGA, S. Fundamentos de toxicologia. São Paulo, 1996. cap. 5.2, p. 443-460.SRIVASTAVA, N.K.; MAJUMDER, C.B. Novel biofiltration methods for the treatment of heavy metals from industrial wastewater. Journal Hazardous Materials, v. 151, p. 1-8, 2008.AGNESE, T. M. F. D. Avaliação da concentração de metais pesados em dejetos líquido de suínos, no município de capitão, RS, Brasil. Dissertação de Mestrado em Tecnologia Ambiental, Universidade de Santa Cruz do Sul, 2008.MORARA, E. P; ROSA, R. A.;MANVAILER, G. V.; JUNIOR, C. F. B.;ROSA, D. A.Prevenção de contaminantes na alimentação animal. IV Mostra Cientícica FAMEZ, Campo Grande, 2011.SCHIFER, T.S.; JUNIOR, S. B.; MONTANO, M. A. E. Aspectos toxicológicos do chumbo. Infarma, v.17, 2005.SINDIRAÇÕES.Impacto dos contaminantes (pesticidas,metais pesados) em produtos destinados à alimentação animal (rações einsumos) Disponível em: http://api.ning.com/files/k2rX*3wb2aihSV*dHtVsXQKmzl3G5AtVf FwGKOS33p-tYlB3DOWK-cu5WM0mO5ydbiMmOrze34*m3yTt*twjsCs3*H46V1y/ImpactodoscontaminantesnaalimentaoanimalBH28.05.10Salvoautomaticamente.pdf. Acesso em: 24/09/2012.Saryan L.A., Zenz C. Lead and its compounds. Em: Zenz OC, Dickerson B, Horvath EP, eds. Occupational medicine. 3ª ed. St. Louis: Mosby-Year Book; 1994. Pp. 506–541.US Department of Health and Human Services, Public Health Service, ATSDR (Agencyfor Toxic Substances and Disease Registry). Toxicological profile for lead. Atlanta, Georgia: U.S. Department of Health and Human Services; 1999.Mavropoulos, Elena. A hidroxiapatita como absorvedor de metais. [Mestrado] Fundação Oswaldo Cruz, Escola Nacional de Saúde Pública; 1999. 105 p.Regulamento (UE) n.° 744/2012 da Comissão, de 16 de agosto de 2012. Disponível em: http://eur-lex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri=OJ:L:2012:219:0005:01:PT:HTML. Acesso em: 24/09/2012.ATKINS, P.; ERNYEI, L.; DRISCOLL, W.; OBENAUF, R.; THOMAS R. Analysis of Toxic Trace Metals in Pet Foods Using Cryogenic Grinding and Quantitation by ICP-MS, Part I. Spectroscopy. 2011.
42 43
CLAUDIO MATHIASANDRITZ FEED & BIOFUEL
EXTRUSION DIVISION [email protected]
Pet Food Online
Condicionamento de alimentos para animais de estimação e aquáticos
e modo a calcular o tempo de permanência
médio dos condicionadores, há necessidade de obter
conhecimento em duas variáveis: a massa ou o peso do
material no interior do condicionador e a taxa de fluxo
total através do condicionador ou seja qual a alimentação
de matéria prima estava sendo processada. Assumindo que
o condicionador não está montado sobre células de carga,
o seguinte procedimento pode ser usado para calcular o
tempo de retenção médio de um dado sistema. Primeiro,
deve-se operar o sistema em estado de equilíbrio e deve
medir ou calcular a taxa de fluxo total de alimentação.
Deve se parar o sistema cheio e fazer a retirada de todo
produto, inclusive raspando as paredes do condicionador e
assim obter o peso exato de todo produto. Assim tomamos
o valor retido no condicionador dividido pelo fluxo total
de alimentação do sistema, o qual é igual ao tempo médio
de retenção no sistema.
Tempo de permanência médio ou o tempo de
Dresidencia é principalmente uma função do rendimento
geral, logicamente que há outros fatores envolvidos, tais
como, forma e qualidade de fabricação do equipamento
e etc, mas normalmente o grau de enchimento em um
condicionador atmosférico operam normalmente com
40 a 50% do seu volume livre sendo preenchido pelo
material a ser condicionado. Conforme discutido por anos,
com o avanço da tecnologia, este grau de preenchimento
pode ser elevado para 80% do volume livre de alguns
condicionadores. Sabemos que o tempo médio de retenção
é afetado pela alteração do grau de preenchimento e vazão
em um condicionador. O tempo médio de retenção diminui
com o aumento da taxa de transferência.
Normalmente, o grau de enchimento dentro de um
condicionador é controlado pela configuração do batedor ou
pás. Por exemplo, um maior grau de enchimento pode ser
realizado no interior do condicionador através do aumento do
número de batedores ou pás configuradas na posição inversa.
Por outro lado, para diminuir o nível de um enchimento é
necessário configurar o condicionador com os batedores
ajustados para a posição positiva ou para frente. Para aumentar
o nível de mistura, os batedores precisam estar na posição zero
ou ponto morto. Para melhor qualidade no tempo de retenção
de um condicionador é necessário seguir orientação do
fabricante mas como orientação basica é ideial trabalhar com
os condicionadores com o maior tempo de retenção possivel,
pois quanto melhor for o processo do condicionamento melhor
e mais vantagens haverá na extrusão.
Como discutido, o tempo de retenção é um parâmetro
crítico para o processo de extrusão. Isso impacta diretamente
nas características do produto final, como a palatabilidade,
densidade e textura. Ele também pode variar de produto para
produto. No passado, a fim de alterar o tempo de retenção
de um produto diferente, seria preciso desligar e alterar a
configuração do batedor para optimizar o sistema. Como isso
leva tempo e torna-se caro por causa do tempo de parada da
linha de extrusão nos ultimos anos foi adotado padrãoes fixos
de tempo de retenção e não se altera as configurações mas
diante de tantas variedades de matéria prima e da necessidade
de novos produtos e juntando a isso os avanços tecnológicos
atualmente é possivel alterar o tempo de retenção e grau de
preenchimento com a linha em operação, sem ter que desligar
e alterar as configurações dos batedores. Além disso, com os
atuais controles de tempo de retenção um condicionador pode
utilizar de 20 a 80% do volume livre, enquanto que um típico
condicionador opera de 40 a 50% de enchimento.
Continuação sobre condicionadores na proxima edição....
44 45
Limma JúniorDiretor da Nutridani Alimentos
Pet Market
Meu cão sabe surfar á alguns domingos, parei em frente a
televisão da minha sala para assistir ao jogo do
meu time de futebol. Como ainda faltavam alguns
minutos para iniciar a partida, comecei a procurar
em outros canais algum programa para me entreter.
Demorei bastante e quando quase estava desistindo
achei uma atração inusitada: surfe para cães. Sim,
é isso mesmo. Cães de coletes e sobre pranchas de
H isopor. Estranho? Pode até ser, mas essa atividade
esportiva existe e faz sucesso nos Estados Unidos.
Um grupo de americanos californianos (creio
que sem muita coisa para fazer em um dia de sol na
praia) resolveu colocar seus cães em pranchas de
surfe e mandá-los para a água. O passatempo deu
certo. Mais donos de cachorros resolveram testar as
habilidades de seus animais nas ondas do mar e dessa
forma criaram um campeonato.
Um dos últimos realizados nas areias de
Califórnia reuniu 80 competidores de todas as raças
e tamanhos e cerca de quatro mil espectadores. O
evento arrecadou cerca de 100 mil dólares. Dinheiro
que foi revertido para cuidados aos cães abandonados.
As cenas dos cães pegando ondas são hilárias.
Os seus donos os levam sobre a prancha até o local
determinado no mar e os empurram no momento
certo para surfar as ondas. Os tombos são comuns,
mas uma equipe de salva-vidas monitora todo o
andamento das provas para evitar acidentes com os
animais.
Depois de ver bulldog , schnauzer e até um
pinscher pegando onda como seus donos, esqueci
do jogo do meu time (foi até bom porque o meu
time perdeu). Além da prancha, todos usam coletes
para f lutuarem, caso caiam na água e os socorristas
demorem a chegar.
Alguns animais levam jeito para o esporte.
Ficam concentrados sobre a prancha e chegam até o
f inal da onda, como se fossem surfistas profissionais.
Existem juízes que julgam a coragem diante do mar,
tempo sobre a prancha e o estilo de pegar a onda.
No Brasil, não há notícias de eventos parecidos
como os realizados nos Estados Unidos. Existem
algumas pessoas que levam seus cães para surfarem,
mas fazem isso de forma isolada. Além da prática de
surfe, já vi cães jogarem futebol, andarem de skate e
acompanharem seus donos em corridas em parques.
Comentei sobre a prática de esportes (mesmo as
exóticas) porque essas atividades são importantes
para o desenvolvimento dos animais. Esses
exercícios, além de unirem os donos e seus animais,
ajudam os cães a praticarem exercício e saírem do
sedentarismo.
Esse mal (preguiça) que af lige grande parte da
população também chega até os cães domésticos.
Cada vez mais acostumados a compartilharem
nossos hábitos e manias, eles sofrem com a falta de
atividades físicas.
Apenas correr pelo quintal de casa não serve
para manter o cão em forma. Existem pesquisas que
mostram que aproximadamente 30% da população
canina sofrem com o sobrepeso. Por conta disso,
além das atividades, deve-se, principalmente, cuidar
da dieta, com alimentação saudável e indicada por
um médico veterinário.
46 47Caderno Técnico 1
introdução
As vitaminas são moléculas orgânicas, necessárias em
pequenas quantidades na dieta e desempenham diferentes funções
metabólicas. Ainda que sejam classificadas como moléculas
orgânicas, as vitaminas, não são utilizadas como fonte energética
ou estrutural, porém são essenciais ao desenvolvimento normal
dos tecidos, ao crescimento, a manutenção e saúde dos cães e gatos
(Lehninger, 2011).
Para o melhor entendimento das suas funções nutricionais e
fisiológicas é interessante considerar as vitaminas como um grupo,
apesar de não estarem relacionadas quimicamente. As vitaminas
são classificadas em dois grandes subgrupos de acordo com a sua
solubilidade em lipossolúveis e hidrossolúveis. Entre as vitaminas
lipossolúveis incluem-se as vitaminas A, D, E e K e entre as
hidrossolúveis as vitaminas do complexo B e vitamina C.
Poucas destas substâncias podem ser sintetizadas pelo
organismo animal ou a sua síntese ocorre em níveis subótimos.
Desta forma, as vitaminas na sua forma ativa ou em alguns casos,
seus precursores devem ser fornecidos na dieta.
Quando ausentes na dieta, ou presentes em quantidades
inferiores a exigência, produzem sinais de deficiência específicos
(hipovitaminoses). Estas carências podem ser corrigidas pela
ingestão de alimentos ricos em vitaminas ou suplementos
vitamínicos (NRC, 2006).
Assim, nesta edição serão abordadas as exigências, funções,
metabolismo e sinais de deficiências das vitaminas, bem como aspectos
práticos para a sua suplementação em dietas para cães e gatos.
Exigências dE vitaminas A exigência de vitaminas para cães e gatos encontram-se nas
tabelas 1 e 2 respectivamente.
vitaminas lipossolúvEis
As vitaminas lipossolúveis são absorvidas no intestino delgado,
juntamente com as micelas formadas pelos ácidos biliares e produtos da
digestão lipídica e transportadas até o fígado, onde são armazenadas.
Diferentemente das vitaminas hidrossolúveis, as vitaminas lipossolúveis
podem ser armazenadas em quantidades satisfatórias pelo organismo,
deste modo os sinais de deficiência desenvolvem-se tardiamente.
As vitaminas lipossolúveis não assimiladas pelo organismo animal
ou os metabólitos destes componentes são excretadas nas fezes
via bile. Ocorrendo falhas neste mecanismo, o acúmulo excessivo
(hipervitaminose) leva a sintomas de toxidez, principalmente para as
vitaminas A e D (Combs, 1998).
vitamina a A vitamina A é o termo que denomina os compostos retinol, retinal e
ácido retinóico; sendo que o retinol é a sua forma ativa. Est es compostos
são essenciais para várias funções no organismo como: diferenciação
celular, resposta imune, crescimento e visão.
A deficiência desta vitamina pode resultar em dermatose, podendo
Vitaminas
A
D
E
Tiamina
Riboflavina
Ácido Pantotênico
Piridoxina
B12
Niacina
Ácido Fólico
Colina
Unidade
UI
UI
UI
mg
mg
mg
mg
µg
mg
mg
mg
Ingrediente AtivoTabela 1 – Exigência de vitaminas para cães por 1000 kcal de energia metabolizável
Máximo
100.000
800
Adulto
1250
125
9,00
0,56
1,50
2,50
0,38
5,50
2,75
45,0
300
Crescimento¹
1250
125
12,50
0,35
1,31
3,75
0,38
8,75
4,25
67,5
425
Mínimo Recomendado
ocorrer por baixo aporte dietético desta vitamina ou por problemas na
mobilização das reservas no fígado. Para a mobilização da vitamina A
é necessária a proteína ligadora de retinol que apresenta o Zn como
cofator, portanto a deficiência de Zn pode acarretar em deficiência de
vitamina A concomitante e seu acúmulo no fígado.
Casos de deficiência da vitamina A são raros em cães, uma vez
Nutrientes essenciais para cães e gatosParte III – Vitaminas
¹ Animais com idade igual ou superior a 14 semanas Adaptado de FEDIAF (2011)
Bruna Ponciano Neto e Cláudio Scapinello
48 49Caderno Técnico 1que esta vitamina é adicionada no alimento via premix, em sua forma
termoestável, garantindo a oferta mínima desta vitamina ao animal.
A deficiência de vitamina A afeta principalmente a reprodução, visão
e o funcionamento do epitélio digestório, respiratório especialmente,
levando a um quadro conhecido por metaplasia escamosa.
A toxidade de vitamina A não é frequente, pois o precursor da
vitamina é atóxico e a mucosa intestinal regula a hidrólise do betacaroteno
e a subsequente absorção como retinol. Como os gatos apresentam baixa
atividade da enzima dioxigenase, essenciais para o desdobramento dos
betacarotenos necessitam de vitamina A pré-formada (retinil palmitato
ou retinol livre) na dieta. A mucosa intestinal não é capaz de regular
a absorção destes componentes que, uma vez em excesso, na dieta
podem resultar em sinais de toxidez, que leva a alterações ósseas como a
espondilose cervical deformante.
vitamina d A vitamina D é essencial ao metabolismo do cálcio e fósforo. A
principal atuação da vitamina D é na correta calcificação e formação
óssea. Sem essa vitamina, o organismo é incapaz de utilizar corretamente
o cálcio e o fósforo. A vitamina modula a concentração de cálcio e fósforo
no organismo, atuando no intestino, rins e esqueleto.
Pode ser produzida pelo organismo desde que haja incidência de luz
solar na pele, partindo-se de provitamina D encontrada no alimento. Sua
carência leva a deformações ósseas e problemas reprodutivos. Gemas de
ovos, óleos de fígado de peixes (em especial de bacalhau) são algumas
fontes dessa vitamina. A adição de vitamina D em excesso nas dietas para
cães e gatos pode ser tóxica. O principal sinal de toxidez é a calcificação
excessiva dos tecidos moles, anomalias esqueléticas, deformações nos
dentes e mandíbula, além de prejudicar o crescimento de animais jovens.
vitamina E A vitamina E é composta por um grupo de substâncias similares
como os tocoferóis e tocotrienóis, sendo o alfatocoferol a forma
mais ativa, capazes de participar de reações que envolvem trocas
de elétrons. Assim, estes compostos são potentes antioxidantes
celulares e combatem os radicais livres, produtos intermediários do
metabolismo animal, transformando-os em compostos menos tóxicos
ao organismo. Isto confere a vitamina E propriedades nutraceuticas
e possibilidade de prevenção de doenças degenerativas, causadas pela
ação dos radicais livres.
Os compostos mais susceptíveis a ação dos radicais livres são os
ácidos graxos poliinsaturados (AGP), como os da série ômega três e seis.
Estes ácidos graxos, quando oferecidos em grandes quantidades na dieta
podem aumentar a necessidade nutricional de vitamina E pelo animal.
A gordura dietética influencia na gordura corporal do animal.
A camada basal da epiderme é constituída basicamente de lipídeos.
Em dietas contendo altos teores de AGPs e carentes em vitamina
E ocorre o acúmulo de ceróide no tecido da hipoderme. O ceróide é
um produto formado durante a peroxidação lipídica e o seu acúmulo
leva a processos de necrose e inflamação tecidual resultando em
panesteatites, principal sintoma de deficiência severa da vitamina E.
Estudos têm demonstrado que a suplementação com doses supra
fisiológicas de vitamina E aumentam o poder de fagocitose e a resposta
imune humoral e celular dos animais. Este efeito é mais acentuado em
populações de idosos.
As principais fontes de vitamina E são o gérmen de trigo, óleo de
bacalhau, soja, algodão e girassol. As matérias-primas de origem animal
fornecem quantidades limitadas de tocoferóis. As fontes sintéticas de
vitamina E são rotineiramente utilizadas em rações para cães e gatos,
Adaptado de FEDIAF (2011)
principalmente as protegidas que garantem maior estabilidade após o processo de extrusão.
vitamina k A vitamina K é constituída por um grupo de compostos químicos denominados quinonas. As
principais quinonas são a K1 (filoquinona) e a K2 (metaquinona). A vitamina K atua como cofator
para a enzima carboxilase, que atua sobre o ácido glutâmico para a formação de protrombina,
essencial para a coagulação sanguínea. As principais fontes de vitamina K são de origem vegetal
como espinafre, porém, ingredientes utilizados em pet food como fígado, ovos e peixes são boas
fontes desta vitamina. A microbiota intestinal de cães e gatos é capaz de sintetizar parte ou a
totalidade da exigência vitamina K. A principal fonte sintética é a K3 (menadiona) que apresenta
alta biodisponibilidade.
Os sinais de deficiência desta vitamina são, basicamente, transtornos ligados à coagulação
sanguínea e são raros em cães e gatos consumindo alimentos comerciais convencionais.
vitaminas hidrossolúvEis
As vitaminas do complexo B e vitamina C são absorvidas no intestino delgado, na
maioria dos casos, por transporte dependente de sódio ou difusão facilitada. Como são
hidrossolúveis, sua capacidade de retenção no organismo é baixa e pode levar a sinais de
deficiência mais rapidamente, em comparação as vitaminas lipossolúveis. Os excessos de
vitaminas hidrossolúveis são excretados facilmente via urina, desde modo estas, em sua
maioria, não são tóxicas aos animais (Lehninger, 2011).
tiamina (b1) A tiamina é um componente da coenzima pirofosfato de tiamina, que é necessária
para as reações de descarboxilação e acetilação, principalmente no metabolismo dos
carboidratos para sua conversão em energia ou lipídeos. Também é importante no
metabolismo dos ácidos graxos, esteroides, ácidos nucleicos e certos aminoácidos. Devido
à importância da tiamina no metabolismo dos carboidratos, sua exigência aumenta de
acordo com o nível de carboidratos na dieta.
As principais fontes de tiamina são fígado, gérmen de trigo e cereais integrais. Apesar da
sua abundância em alimentos comumente utilizados em alimentos para cães e gatos, a tiamina é
muito sensível ao aquecimento, e sofre perdas durante o processo de extrusão. Por este motivo é
indicado a suplementação de tiamina na dieta, para assegurar que o produto final apresente uma
concentração de tiamina suficiente para atender as exigências do animal. A deficiência de tiamina
afeta principalmente o sistema nervoso e esta relacionada com o consumo de peixes crus. Estes
alimentos apresentam a enzima tiaminase que degrada a tiamina, porém é um composto termo
lábil e facilmente desnaturado em temperaturas normais de cozimento.
riboflafina (b2) A riboflavina exerce papel importante nas reações de redução e oxidação do
metabolismo intermediário. Faz parte de diversos sistemas enzimáticos que atuam
principalmente na cadeia respiratória nas formas FMN (f lavina-mono-nucleotídeo) e
FAD (f lavina-adenina-dinucleotídeo), na transferência de átomos de hidrogênio.
A riboflavina é distribuída uniformemente por todos os tecidos, armazenada em pequena
quantidade e fixada principalmente sob a forma de flavoproteínas. No globo ocular são encontrados
altos teores de riboflavina, principalmente na córnea.
Nos alimentos, muitas flavinas estabelecem ligações não covalentes com proteínas
e são libertadas durante a digestão; no entanto, há casos em que as ligações são mais
fortes e não se verifica a sua ruptura completa como no caso de cereais que apresentam
baixa biodisponibilidade desta vitamina. A farinha de vísceras apresenta-se como uma
Vitaminas
A
D
E
Tiamina
Riboflavina
Ácido Pantotênico
Piridoxina
B12
Niacina
Ácido Fólico
Biotina
Colina
K
Unidade
UI
UI
UI
mg
mg
mg
mg
µg
mg
µg
µg
mg
µg
Ingrediente AtivoTabela 2 - Exigência de vitaminas para gatos por 1000 kcal de energia metabolizável
Máximo
100.000
7500
Adulto
833
62,5
9,50
1,40
1,00
1,44
0,63
5,63
10,0
200
18,8
600
25,0
Crescimento¹
2250
188
9,50
1,38
1,00
1,43
1,00
5,00
10,0
200
17,5
600
25,0
Mínimo Recomendado
50 51Caderno Técnico 1boa fonte de riboflavina para cães e gatos e a síntese microbiana
também contribui com a demanda de riboflavina. A riboflavina é
relativamente estável ao processamento térmico, porém é muito
susceptível à luz e radiação. Sua deficiência resulta em crescimento
retardado, problemas reprodutivos, distúrbios no trato digestivo,
dermatite seca e escamosa e visão danificada como cataratas e
opacidade do cristalino.
Ácido pantotênico (b5) Seu nome vem do grego “phantos” que significa “de todos os lugares”,
isso porque o ácido pantotênico está amplamente distribuído na natureza.
Após sua absorção, o ácido pantotênico é fosforilado e convertido em
coenzima A, enzima essencial no processo de acetilação, principalmente
no ciclo do ácido cítrico. Assim, apresentam importante função no
metabolismo energético, participando diretamente da conversão de
carboidratos, proteínas e lipídeos em energia. É essencial também para a
formação de anticorpos e produção dos hormônios suprarrenais.
Como o ácido pantotênico está amplamente distribuído nas
matérias-primas utilizadas para a produção de alimentos para cães
e gatos, sinais da sua deficiência são raros. Segundo Combs (1998),
o ácido pantotênico, presente nos derivados de trigo e soja, são
altamente disponíveis, em contrapartida o milho e o sorgo apresentam
baixa biodisponibilidade. Isso porque somente o isômero D do ácido
pantotênico é biologicamente ativo. O isômero D do pantotenato de
cálcio apresenta 92% de atividade enquanto no DL-pantotenato de
cálcio somente 46% de ácido pantotênico está disponível para o animal.
piridoxina (b6) Esta vitamina é formada por três compostos quimicamente similares:
piridoxina, piridoxamina e piridoxal. O piridoxal é cofator enzimático da
enzima piridoxal-5-fosfato, que participa de reações de transaminação
e deaminação no metabolismo dos aminoácidos e também participa em
menor grau no metabolismo da glicose e ácidos graxos (Case, 1998).
A exigência de B6 pelo animal está relacionada com a ingestão
de proteínas. Como gatos exigem mais proteína na dieta e utilizam
grande parte desta para a produção de energia, sua exigência de
piridoxina é superior a dos cães. Sintomas de deficiência de piridoxina
são raros em cães e gatos, devido a utilização de fontes sintéticas
desta vitamina nas formulações.
cobalamina (b12) A cobalamina apresenta um mecanismo de absorção complexo.
Na grande maioria dos alimentos a vitamina B12 está conjugada as
proteínas. Após sua ingestão, o pH ácido do estômago promove a
liberação da vitamina, que por sua vez se ligam com as proteínas
R, derivadas da saliva. O quimo, no intestino é hidrolisado pelas
proteases pancreáticas e a cobalamina, na forma livre se liga ao
fator intrínseco (FI) produzido pelas células parietais. O complexo
B12-FI é então reconhecido pelos transportadores da membrana
epitelial e absorvido no íleo.
Cães e gatos apresentam uma baixa exigência de cobalamina,
apresentam capacidade para armazenar uma pequena taxa desta
vitamina no fígado, além de eficaz absorção através da circulação
entero-hepática. Desta forma, a deficiência de B12 não é comum em
cães e gatos, assim como outros animais domésticos. Entretanto,
estudos indicam que cães Schnauzer gigantes apresentam um
transtorno hereditário caracterizado por fraca absorção de B12
relacionados ao receptor do complexo B12-FI nos enterócitos (NRC,
2006). A deficiência acarreta em letargia, déficit de crescimento,
anemia, queda da imunidade, principalmente em animais jovens. O
tratamento consiste em administração intramuscular de cobalamina.
niacina (b3) A niacina também é conhecida como vitamina B3, vitamina PP
ou ácido nicotínico. Após a sua absorção no intestino, é transformada
em nicotinamida, sua forma metabolicamente ativa. A nicotinamida
é um dos constituintes da molécula do NAD (nicotinamida-adenina-
dinucleotídeo) e NADP (nicotinamida-adenina-dinucleotídeo-fosfato).
Estas duas coenzimas são os mais importantes redutores biológicos
que atuam nas mais diversas reações metabólicas, principalmente
no metabolismo energético. O NAD e o NADP atuam transferindo
hidrogênio em várias vias enzimáticas que intervêm na utilização dos
lipídeos, carboidratos e proteínas para a produção de energia no ciclo do
ácido cítrico.
As necessidades de niacina podem ser supridas pelo consumo de
nicotinamida dietética e também mediante o precursor triptofano.
Diferentes espécies animais, incluindo o cão, podem sintetizar niacina a
partir do triptofano. A relação de transformação é de 50mg de triptofano
para 1mg de niacina (McDowell, 1989). Porém, os gatos apresentam a
atividade da enzima picolinato descarboxilase 30 a 50 vezes superior
aos outros animais domésticos convertendo a rota do triptofano para a
produção de energia e não niacina.
De acordo com Case (1998), a incapacidade de conversão de
triptofano em niacina pelos gatos tem pouca importância prática. Isto
porque a nicotinamida está amplamente distribuída entre os ingredientes
utilizados para a formulação de dietas para gatos.
Entretanto, Bertechini (2006), salienta que nicotinamida é a forma
mais encontrada no organismo dos animais, enquanto o ácido nicotínico
prevalece nos alimentos de origem vegetal. Leveduras e fontes proteicas
de origem vegetal e animal são ricas nesta vitamina, em contrapartida
o milho é pobre em niacina. Cereais de forma geral apresentam baixos
teores de niacina e com pequena biodisponibilidade. Deste modo, a
suplementação de niacina, deve ser indicada principalmente para dietas
de cães e gatos que apresentam elevada inclusão de cereais.
Ácido fólico (b9) O ácido fólico (folacina) é absorvido pela célula intestinal e
reduzida a tetrahidrofolato (TFH). Este é liberado na corrente
sanguínea e está envolvido nas reações de transferência do
grupo metil em numerosas reações metabólicas. Uma destas
unidades simples de carbono é gerada, principalmente, durante
o metabolismo de aminoácidos e são utilizadas na biossíntese
da purina e pirimidina, componentes de ácidos nucléicos que
são necessários para divisão celular. O ácido fólico também é
essencial para a síntese protética e participa da interconversão de
aminoácidos como a serina e glicina. A vitamina B12 é intimamente
associada com a folacina. A vitamina B12 é necessária para a
retenção do TFH no tecido.
A deficiência de folacina é rara, uma vez que, o ácido fólico
é sintetizado pelas bactérias presentes no intestino grosso e,
segundo Case (1998), uma grande parte, ou senão a totalidade
das exigências para cães e gatos pode ser supridas desta
forma. Os sinais de def iciência incluem anemia, diminuição do
crescimento e leucopenia.
biotina (b7) A biotina, também conhecida como vitamina H, é importante para as
reações de carboxilação, participando da síntese de aminoácidos, purinas
e ácido graxos. Na síntese de ácidos graxos a biotina atua como cofator
enzimático para a elongação da cadeia de ácidos graxos na mitocôndria.
Os alimentos geralmente utilizados como ingredientes em rações
para cães como cereais, carne e derivados são pobres em biotina ou
apresentam baixa disponibilidade. Entretanto, as bactérias intestinais
são capazes de sintetizar biotina e a vitamina é absorvida no cólon. Esta
fonte de biotina atende aos requerimentos dos cães e gatos não sendo
essencial sua suplementação rotineiramente.
Em casos específicos, como a administração de antibióticos,
pode induzir a carência de biotina por redução da sua produção
intestinal. Outro fator é o consumo de ovo “in natura”, como
em sucedâneos caseiros fornecidos a filhotes. O ovo apresenta
a avidina, substância que inibe a ação da biotina. Nestes casos a
suplementação oral de biotina é recomendada.
Dentre os sinais de deficiência de biotina em cães e gatos
estão a alopecia, pelagem áspera, lesões nos coxins plantares,
face e hiperceratose. Estes sintomas podem estar relacionados
com a síntese insuficiente de ácidos graxos para a manutenção
da sanidade da pele e pelagem, uma vez que, a biotina atua
diretamente na síntese de ácidos graxos.
colina
A colina atua no organismo transportando grupamentos metil em
diversas rotas metabólicas; é precursor do neurotransmissor acetilcolina;
e é necessária para o transporte de ácidos graxos para o lúmen celular
(Bertechini, 2006).
A colina é biossintetizada normalmente no organismo dos animais a
partir do aminoácido serina, com a presença do ácido fólico. A deficiência
52 53Caderno Técnico 1de ácido fólico pode ocasionar em uma deficiência de colina, que acarreta
em distúrbios hepáticos (McDowell, 1989). De acordo com Case
(1998), não é assegurado que os cães e gatos produzam colina em níveis
suficientes para atender suas exigências.
Como a colina e a metionina apresentam funções semelhantes
como doadores de grupamentos metil no organismo, a metionina pode
substituir parte da demanda de colina. As principais fontes são vísceras,
derivados do leite, cereais e gema de ovos. Os sinais de carência desta
vitamina não são comuns e por este fato pouco descritos na literatura.
vitamina c A vitamina C (ácido ascórbico) possui um grande potencial de
hidroxilação. Este fato confere a vitamina C um papel importante
como antioxidante natural e também no metabolismo do tecido
conjuntivo ligado, principalmente, à síntese de colágeno. O colágeno
é o principal constituinte dos osteóides e da dentina e é produzido
em grande quantidade durante o crescimento. O colágeno também
confere elasticidade à pele.
A carência de vitamina C leva a alterações no processo de
cicatrização, hemorragias, anemia e formação óssea anormal. Os cães
bem como os gatos podem sintetizar vitamina C no fígado a partir
da glicose em quantidades suficientes para atender sua exigência. A
suplementação de vitamina C não é feita rotineiramente em alimentos
destinados para cães e gatos. O processo de produção das rações, em
sua maioria extrusadas, dificulta a inclusão do ácido ascórbico, uma
vez que, o composto é termo lábil e durante a extrusão o produto
passa por diversas fases de exposição ao colar e umidade.
A literatura relacionada à suplementação de vitamina C em cães é
escassa, porém, alguns nutrólogos recomendam a suplementação de
vitamina C para cães em fase de crescimento. Acredita-se que animais
neonatos e jovens não são capazes de produzir ácido ascórbico suficiente
para atender suas exigências. A suplementação é indicada para cães de
raças grandes e gigantes, que apresentam rápido crescimento.
considEraçõEs finais
Devido à participação quantitativa bastante reduzida numa
ração, as vitaminas tem que ser muito bem diluídas para haver
distribuição uniforme em toda a mistura. Para que ocorra essa
distribuição uniforme na ração, diluentes ou veículos das vitaminas
sintéticas devem ser utilizados e exemplos de veículos são: a casca
de arroz, calcário, óleos, cascas de soja entre outros. Geralmente
nas formulações ignoram-se os teores vitamínicos dos ingredientes
e considera-se apenas as quantidades adicionadas nas rações pelo
premix vitamínico, adicionadas em sua forma protegida (beadlet,
cross-linked, entre outros).
O teor de energia na ração é um fator determinante para o
consumo de alimentos. Em dietas com altos teores energéticos
o consumo de alimento tende a reduzir e, consequentemente, o
consumo de vitaminas. Assim em dietas com maior densidade
calórica recomenda-se aumentar a concentração das vitaminas
(AAFCO, 2004). Semelhantemente, em dietas para perda de peso, na
qual os animais serão submetidos à restrição energética, geralmente
de 40% em relação a manutenção é recomendado que sejam elevadas
as concentrações de vitaminas proporcionalmente, visando corrigir a
ingestão das vitaminas em função da restrição calórica.
Como compostos biologicamente ativos, as vitaminas são
bastante sensíveis e instáveis às alterações físico-químicas quando
submetidas às condições impróprias durante seu armazenamento e
inclusão nas rações. A estabilidade de uma determinada vitamina
presente em premixes vitamínicos pode ser comprometida devido
a fatores desencadeados pela umidade, alta temperatura, reações de
oxidação e redução, luminosidade, pH, tempo de armazenamento,
além de antagonismos recíprocos físico-químicos. O processamento
de extrusão é fator adicional que compete para a perda da estabilidade
das vitaminas. Alta pressão, fricção, calor e umidade, colaboram
para a maior exposição das vitaminas à destruição química e perda
de sua qualidade nutritiva.
Normalmente é adicionada às rações uma quantidade de
vitaminas superior à exigência, considerando as eventuais perdas
durante o processamento e armazenamento das rações. Isto ocorre
porque há necessidade de se garantir uma ingestão adequada em
vitaminas considerando as variações esperadas no consumo em
consequência do ambiente, energia da dieta, presença de alguma
enfermidade subclínica, stress ou qualquer outro fator que venha
comprometer a obtenção dos níveis mínimos exigidos pelos
animais. Apesar disto, ainda são escassas as pesquisas acerca
destes nutrientes para cães e gatos e pouco se conhece sobre as
concentrações ótimas vitamínicas nas dietas comerciais.
rEfErências
AAFCO. Association of American Feed Control Officials. Dog and cat food
substantiation methods. Canada, 2004. 444 p.
BERTECHINI, A.G. Nutrição de Monogástricos. Lavras: Editora UFLA.
2006. 301p.
CASE, L. P.; CAREY, E. P.; HIRAKAWA, D.A. Nutrição canina e felina:
manual para profissionais. Madrid: Harcourt Brece, 1998. 424p.
COMBS, G.F. The vitamins – Fundamental aspects in nutrition and health.
2nd ed. New York/USA: Academic Press, 1998. 618p.
FEDIAF. European Pet Food Industry Federation. Nutritional guidelines for
complete and complementary pet food for cats and dogs. Belgica, 2011. 75p.
LENINGHER, A.L. Princípios de Bioquímica. 5.ed. São Paulo (SP):
Savier; 2011
McDOWELL, L.R. Vitamins in animal nutrition – comparative aspects to
human nutrition.London:Academic Press, INC,1989.486p.
NRC - Nutrient Requirements of Dogs and Cats. National Research Council.
The National Academy Press: Washington, D.C. 2006. 398p
Bruna Ponciano Neto – doutoranda do Programa de pós-graduação em zootecnia da Universidade Estadual de Maringá (PPZ/UEM)
Ricardo Souza Vasconcellos – professor adjunto do Departamento de Zootecnia da Universidade Estadual de Maringá (DZO/UEM)
54 55Caderno Técnico 2
1. introdução A nutrição animal é uma ciência que vem sendo amplamente estudada por ser fator decisivo no bom desempenho de um animal nos diversos aspectos como o produtivo, de bem estar e reprodutivo. A reprodução assistida é a via utilizada para seleção de indivíduos geneticamente valiosos de populações específicas, como no caso de animais de conformação ou produção, animais com genética específica para trabalhos de pesquisa ou mesmo animais ameaçados de extinção. No caso de felídeos, essa última função tem grande importância, uma vez que, com o avanço da biotecnologia, tem-se enfatizado a preservação genética de espécies como o gato do mato, gato maracujá, suçuarana, jaguatirica, tigres, onças, linces e cheetas, espécimes classificadas como ameaçadas.Como a realização de estudos em animais selvagens é uma prática pouco viável, os felinos domésticos podem ser utilizados como modelos experimentais (LUVONI, 2003). No caso de raças domésticas de genética pura e de alto valor, algumas raças são mais predispostas aos problemas reprodutivos, dentre estas encontram-se os Persas e Himalaias (POVEY, 1978) A nutrição pode ser considerada uma maneira de assistência á reprodução uma vez que sua modulação pode alterar o desempenho reprodutivo.
Nutrição e reprodução de gatos2. caractErísticas rEprodutivas dE fElinos machos
Os felinos domésticos atingem sua maturidade sexual dos seis aos oito meses de idade, quando inicia a espermatogênese, desenvolvimento testicular e a produção de testosterona. Não se tem informações exatas sobre a sazonalidade desses animais, mas sugere-se maior porcentagem de espermatozoide em épocas de reprodução (AXNÉR AND LINDE FORSBERG, 2007). Assim como demonstrado por Blottner and Jewgenow (2007) que encontraram diferença na produção de testosterona e qualidade seminal entre as estações de primavera e outono. A taxa indicativa para teratozoospermia é a presença de <40% de espermatozoides normais (HOWARD et al. 1990). Além da porcentagem de espermatozoides normais, a proporção de defeitos é importante na fertilidade sendo que, normalmente, os defeitos de cabeça são subestimados em preparações úmidas, já em avaliação feitas com coloração ocorre subestimação na avaliação de gotas citoplasmáticas. A quantidade de defeitos de cauda e presença de gota pode variar muito entre coletas do mesmo animal no mesmo dia; já patologias de cabeça e defeitos de acrossoma e de peça intermediária não variam muito do sêmen encontrado nos testículos. Porém, devido a essa grande variação, é muito difícil ter um padrão para o controle e manejo da fertilidade de felinos
(AXNÉR AND LINDE FORSBERG, 2007).
infErtilidadE do gato adulto
Diversos agentes podem ser causadores de baixa fertilidade, entre os quais traumas físicos e químicos ou genéticos. Para casos não congênitos existem estudos avaliando alguns nutrientes como preservadores da função reprodutiva do macho, atuando principalmente na manutenção da espermiogênese e na qualidade seminal nos diversos parâmetros demonstrados na Tabela 1. Um gato pode ser considerado infértil por diversos motivos como problemas de desenvolvimento, baixa libido, degeneração testicular, hipoplasia testicular ou patologias associadas, outras características encontradas são a baixa concentração espermática, defeitos espermáticos dos mais variados (Figura 1) ou até azoospermia, que é a ausência de espermatozóides.Tanto a hipoplasia testicular quanto a sua degeneração são causas comuns de baixa qualidade seminal (AXNÉR AND LINDE FORSBERG, 2007).
avaliação EspErmÁtica
Para determinar se um sêmen é de qualidade ou não existem alguns parâmetros que devem ser observados (Tabela 1), o conhecimento da qualidade do sêmen é fundamental nos casos de reprodução assistida, pois pode auxiliar na escolha do procedimento a ser realizado. O tipo da coleta ou de inseminação pode interferir muito no sucesso do trabalho e obtenção de maior número de crias ou maior qualidade de material para bancos de gametas.
3. influência da nutrição sobrE parâmEtros rEprodutivos dE fElinos
Um dos principais focos da nutrição assistindo a reprodução é o combate a radicais livres que reduz drasticamente a produção de testosterona pelas células de Leydig. Alguns nutrientes utilizados como função antioxidante e promotoras da qualidade seminal não possuem um mecanismo de ação estabelecido e daí a necessidade de mais estudos na área.
Adaptado (AXNÉR, 2007)
tabela 1 – ParâMetros seMinais de Felinos obtidos Por eletroejaculação.
Volume ( µl)
Motilidade (%)
Cabeça espermática anormal (%)
Gota proximal (%)
Gota distal (%)
Cabeças soltas (%)
Defeito de acrossoma (%)
Acrossoma anormal (%)
Defeito em peça intermediária (%)
Defeito de cauda (%)
Normal (%)
Média (90% faixa central)
60 (20-150)
60 (20-150)
14,2 ((5,6-27,6)
5,0 (1,0-31,5)
8,8 (0,5-57,5)
1,5 (0-17,5)
0,5 (0-8,5)
1,0 (0-4,5)
2,5 (0-18,0)
14,8 (3,5-48,0)
44,0 (7,0-81,0)
Variação
<10-160
0-95
5,2-41,6
0,5-59,0
0-74,5
0-75,5
0-18,0
0-6,0
0-27,5
2,5-64,5
1,0-91,0
Fernanda Sayuri Ebina, Rosana Cláudio Silva Ogoshi e Flávia M. O. Borges Saad
56 57Caderno Técnico 2
Figura 1 – Morfologia espermática de sêmen obtido por eletroejaculação de felinos .
Omega 3, Omega 6 e Omega 9 Na nutrição pet óleos de peixe e de linhaça são fontes comuns de ômega 3, nutriente muito utilizado como suplemento alimentares no combate a inflamação, uma vez que inibe a ação enzimática do ácido araquidônico produzido naturalmente pelo metabolismo de ácidos graxos. A membrana espermática é composta por altas concentrações de ácidos graxos poliinsaturados (PUFA) dentre os quais o ácido docosahexanóico (DHA, 22:6 n-3), docosapentanóico (DPA, 22:5 n-6) e ácido araquidônico(C20:4n 6), a proporção dos AG é espécie específica sendo que não se sabe a proporção presente na membrana seminal de cães e gatos. Estes lipídeos de membrana são importante para a integridade e fluidez da mesma e os torna extremamente susceptível a peroxidação lipídica por espécies reativas ao oxigênio (ROS). Sua utilização sem apropriada associação com antioxidantes podem causar danos sérios a membrana e alterar a taxa antioxidante/pro-oxidante (GEE, 2010). O ácido araquidônico e seus metabólitos estão envolvidos na formação do AMPc que regula a liberação e produção do hormônio luteinizante (LH) que é responsável pelo funcionamento das células de Leydig. Sabe-se
que o bom funcionamento destas células, está diretamente correlacionado com a espermatogênese (MARINERO ET al. 1996) e com a produção de testosterona induzida pela elevação de concentrações plasmáticas de GnRH (DIX et al. 1984). A suplementação com os diversos ácidos graxos deve ser feita de maneira criteriosa já que , devido a diferença de composição da membrana espermática das diversas espécies a maior proporção de ômega 3 ou ômega 6 incorre em efeitos diferenciados. Em aves, as quais possuem maior proporção de Omega 6 na composição normal do espermatozoide, a suplementação com óleo de peixe fez com que aumentasse a concentração espermática de ácido docosahexanóico o que, no geral, produziu efeitos negativos na qualidade seminal apesar de melhorar sua motilidade (CERULINI, 2006). A suplementação com ácidos graxos da série 3 aumenta a produção de hormônios relacionados com a função testicular e melhora a qualidade seminal, aumentando a capacidade de produção de sêmen, a concentração de espermatozoides e reduzindo a taxa de defeitos morfológicos em cães (ROCHA, 2009). A linhaça é uma boa fonte desses ácidos graxos; ao utilizar uma dieta com 5% de linhaça extrusada com 56% de ácido alfa-linolênico, pode-se observar um aumento na concentração de DHA e ácido oleico na estrutura espermática de coelhos, tendo um bom efeito sobre a viabilidade e integridade de membrana (MOURVAKI, 2010). Em estudo com cães suplementados durante 60 dias com Omega 6 e Omega 3 na relação de 3,5:1, ácido oléico (10,1,g/kg) e vitamina E (1UI/kg), com apenas 15 dias, observou-se melhora na qualidade do sêmem, com maior termoresistência e aumento no vigor e concentração espermática já no primeiro mês de suplementação (ROCHA, 2009)
vitamina E Por ser lipossolúvel, a vitamina E, após sua absorção, é incorporada a quilomicrons, armazenada e carreada por lipoproteínas de baixa densidade. Assim, é na bicamada lipídica da membrana espermática que a vitamina está presente na proporção de 1 mol de vit. E/1000mol de fosfolipídeos, sendo que a suplementação via oral é mais efetiva que a adição do alfa-tocoferol á diluentes de sêmen devido a maior incorporação da molécula adquirida via dieta na membrana espermática. (SURAI, 1992 in CASTELLINI 2000). A vitamina E é um dos mais importantes antioxidantes de membrana que previne danos oxidativos causados por espécies reativas ao oxigênio (ROS). Esse micronutriente atua complexando-se a ácidos graxos poliinsaturados, mimetizando o efeito físico do colesterol na dupla camada lipídica e inibindo a fosfolipase A2 (CEROLINI, 2006). Ela é normalmente é suplementada junto com ácidos graxos e é uma vitamina com função antioxidante por inibir a peroxidação lipídica e, consequentemente, diminuir danos celulares. Com isso é capaz de manter viável as espermátides e permitir uma adequada diferenciação de células epiteliais do epidídimo (BENSOUSSAN et al., 1998), assim como a sua deficiência pode levar a danos degenerativos irreparáveis sendo que, mesmo com o retorno da sua suplementação, não é possível o reestabelecimento da normalidade morfológica dos espermatozoides (MARIN-GUZMAN et al., 2000). A deficiência também é capaz de inibir a conversão de ácido araquidônico á docosapentanóico modulando a composição da membrana espermática (BIERI, 1964).
Tipos de espermatozoides: (a)normal; (b)macrocéfalo; (c)microcefalia com
aplasia de bainha mitocondrial; (d)bicefálico; (e)tricefálico; (f)cauda enrolada;
(g)peça intermediária dobrada com gota citoplasmática; (h) peça intermediária
dobrada sem gota citoplasmática; (i)cauda dobrada com gota citoplasmática; (j)
cauda dobrada sem gota citoplasmática; (k)gota citolasmática proximal; (l)gota
citoplasmática distal. (HOWARD ET AL. 1990).
Em bovinos, aA suplementação com altas doses de vitamina foi capaz de reduzir a concentração de prostaglandina F2, prostática e da vesícula seminal (MARIN-GUZMAN et al, 2000). Estudos foram realizados provando a eficácia da suplementação dessa vitamina em parâmetros reprodutivos (300mg vE/kg) em aves (CERULINI, 2006), em coelhos (YOUSEF, 2003; CASTELLINI, 2000) e bovinos (MARIN-GUZMAN, 2000), contudo sempre associado á ácidos graxos poliinsaturados ou, no caso de Castellini (2000), com a vitamina C.
vitamina c Essa vitamina é associada á fertilidade há muitos anos (MILLAR, 1992) o que pode ser confirmado por Dawson et al. (1992) que encontrou maior viabiliadade e motilidade espermática, menor quantidade de anormalidades morfológicas, redução na aglutinação e maior quantidade de espermatozóides normais, em humanos. Em animais sadios a suplementação com vitamina C apresentou um efeito de redução da peroxidação lipídica seminal linear com a crescente dose de ácido ascórbico fornecida (SÖNMEZ et. al, 2005) e foi capaz de inibir a produção de ROS induzida pela intoxicação por cadmium (GUPTA, 2004), o que demonstra um efeito protetor sobre as células germinativas testiculares garantindo, assim, a espermatogênese normal. Além disso, pode-se obter melhores parâmetros seminais, enzimas antioxidantes, como a catalase e a superóxido dismutase dos testículos, que apresentaram melhores níveis com a administração oral de 4mg de ácido ascórbico/kg por 8 semanas em ratos com queimaduras de terceiro grau (JEWO, 2012). Porém a suplementação isolada pode decorrer em menor taxa de
espermatozoides vivos quando comparado a suplementação conjunta de ácido ascórbico e vitamina E. Aliás, essa combinação é muito favorável, não apenas pela maior porcentagem de espermatozóides vivos, mas também por diversas outras vantagem sobre a suplementação isolada de vitamina C e E. O sinergismo dessas vitaminas melhorou a ação antioxidante e a motilidade espermática (CASTELLINNI, 2000).
zinco
O zinco é um mineral que tem grande importância para diversas funções no organismo não sendo diferente para o sistema reprodutivo. Ele é essencial para síntese e secreção do hormônio luteinizante (LH) e folículo estimulante (FSH), para a diferenciação gonadal, crescimento testicular, formação e maturação espermática, estereidogênese testicular e fertilização. Além disso, os hormônios reprodutivos são zinco dependentes para atuação (SALGUEIRO, 2000). São encontradas altas concentrações de zinco na próstata e no sêmen (APGAR, 1985). Esse microelemento atua como cofator de mais de 80 metaloenzimas envolvidas na transcrição de DNA, expressão de receptores de esteroides e síntese proteica (HANDI, 1997 in WONG 2002). Homens subférteis suplementados com sulfato de zinco apresentaram melhor concentração espermática sendo que, associado ao ácido fólico, levou a um aumento de 74% de espermatozoides normais (WONG, 2002). Omu (1998) também encontrou resultados positivos em humanos com suplementação do zinco observando maior capacidade reprodutiva, melhor motilidade, redução do fator de necrose tumoral alfa (TNF-α) no sêmen e aumento de interleucina 4 (IL-4). O mineral efeito na estabilidade de membrana e em imunidade celular e humoral, já que também é capaz de inibir anticorpos antiespermatozoides, além de atuar como antibacteriano
58 59Caderno Técnico 2do plasma seminal. Envolvido com a produção de hormônios, a falta do zinco leva a baixa produção das gonadotrofinas e andrógenos (AGTE, 1994). Segundo Apgar (1985) a deficiência de zinco leva ao hipogonadismo.
Ácido fólico
Folatos são compostos que estão presentes em folhas verdes e por essa via podem ser suplementados. Eles fazem parte da síntese de proteínas, DNA e transferência de RNA, podendo ser importante para a espermatogênese. Quando utilizado em coelhos (8,5µg/kg) promoveu o aumento de peso testicular e epididimário, aumentou a concentração de enzimas antioxidantes (YOUSEF, 2006) e, quando associado ao zinco, o ácido fólico proporcionou aumento na concentração espermática, de espermatozoides normais e reduziu a porcentagem de anormais (WONG, 2002). O ácido fólico tem ação sinérgica com o zinco, porém sua atuação no trato reprodutivo ainda não é bem esclarecida; supõe-se que pode alterar parâmetros endócrinos ao estimular as células de Sertoli que irão proporcionar um desenvolvimento adequado das espermatogônias, porém essa hipótese ainda é questionável uma vez que, em um mesmo estudo, foi observado o aumento da concentração espermática em homens subférteis que recebiam a suplementação desse composto mas não apresentaram alterações de alguns hormônios envolvidos com a reprodução (EBISCH, 2005) .
taurina É um ácido beta aminosulfônico presente em maiores concentrações nos tecidos animais e apresenta várias funções biológicas tais como o controle da frequência cardíaca, excitabilidade neuronal, participação no metabolismo energético e osmorregulação (HUXTABLE, 1992) e também tem sido relatado comprometimento da reprodução na sua deficiência (NRC, 2006). Níveis significativos de taurina e hipotaurina foram encontrados no trato reprodutivo masculino como, por exemplo, em homens, hamster, rato, touro, javali (MARTINS-BESSA et al. 2007), gatos (BUFF et al., 2001) e cães (VAN DER HORST, 1966). Em gatos foi encontrada no plasma seminal e líquido de lavagem do epidídimo, no entanto não foi encontrada hipotaurina em amostras de soro, indicando que esta pode ser sintetizada em testículos ou epidídimos de gatos (BUFF et al., 2001). A função da taurina no trato reprodutivo de machos, embora não esteja clara, deve-se, provavelmente, as propriedades protetoras desta junto a hipotaurina que agem contra a peroxidação lipídica. A hipotaurina se liga avidamente ao íon hidroxil (HO-) e assim pode desempenhar papel de proteção já que a membrana lipídica dos espermatozóides possui alto teor de ácido graxo insaturados suscetível a peroxidação lipídica (HUXTABLE, 1992). Além disso, há uma provável ação da taurina no aumento da motilidade espermática. A suplementação de taurina tem demonstrado importante ação na regulação hormonal. Yang et al. (2010) observaram a inclusão de 1% de taurina em água para ratos machos de diferentes idades comparados ao tratamento controle, constituído de água com 1% de taurina + 1% de β- alanina (inibidor de transportadores de taurina). Encontraram aumento nos níveis de testosterona e hormônio luteinizante (LH) nos animais que receberam a taurina. No entanto, os animais que ingeriram β- alanina
tiveram redução desses mesmos hormônios. Xiao et al. (1997) encontraram um efeito promotor no desenvolvimento de testículos de frangos, uma vez que esses órgãos apresentaram maior peso relativo, e também níveis de testosterona e LH. Há uma escassez de trabalhos que concerne nos efeitos da suplementação dietética de taurina na reprodução, entretanto, a partir dos indícios de sua importância, torna-se necessária a sua avaliação.
sElênio É um mineral essencial na formação do espermatozoide uma vez que este é dependente do bom desenvolvimento das células de Sertoli, as quais são responsáveis pela produção de andrógenos ligados a proteínas, hormônios e carreamento de nutrientes para as espermatogônias, que irão determinar o número de células germinativas. Outras funções, de igual importância, é que estruturalmente participa na formação da peça intermediária do espermatozóide e da formação da enzima glutationa peroxidase (GSH-Px). Devido a estas funções, a deficiência deste nutriente, em bovinos, resultou em baixa maturidade de espermátides e da reserva espermática testicular, além da diminuição de espermatozoides normais e aumento de motilidade anormal, efeitos esses que podem ser revertidos com a suplementação do selênio (MARIN-GUZMAN 2000). A levedura rica em selênio é uma opção que pode ser explorada como fonte desse mineral antioxidante, pois tanto fontes inorgânicas (como o selenito) como orgânicas demonstraram-se eficientes na preservação de sêmen. Contudo fontes orgânicas são mais vantajosas, pois são mais absorvidas e retidas pelo organismo (ORTEMAN AND PEHRSON, 1997 in SHI, 2010) e se mostraram mais eficazes para essa função no sêmen a fresco, diluído em extensores comerciais ou mesmo amostras coletadas e processadas para fertilização in vitro (SPEIGHT, 2011), além de melhorar a espermatogênese produzindo um sêmen de melhor qualidade (BARBER, 2005) O selênio é outro elemento muito utilizado no combate aos radicais livres devido a sua atuação como cofator da GSH-Px que é responsável pela degradação de peróxidos. A glutationa é ativa em sêmen de diversas espécies promovendo maior estabilidade contra oxidação e melhorando as características seminais. Além disso, este é um mineral que compões a membrana mitocondrial afetando diretamente a estrutura do espermatozoide e suas funções (CASTELLINI, 2002) A utilização de fontes orgânicas tem se ampliado nas mais diversas espécies, principalmente devido ao uso pela ação antioxidante, entretanto, em felinos, não encontrou-se dados sobre a influência desse mineral em parâmetros reprodutivos. A deficiência desse mineral altera a absorção e metabolismo da vitamina B dietética (QUINN, 1990).
vitamina a A vitamina A também exerce importante papel na produção espermática, pois é fundamental para a proliferação e crescimento de epitélios (MEDEIROS & PAULINO,1999), sendo assim, a sua deficiência pode levar á inibição da espermatogênese e a presença de somente alguns tipos celulares no túbulo seminífero, como células de Sertoli, espermatogônia e alguns espermatócitos (UNNI et al., 1983 in MARTINS, 2009).
l-carnitina
A L-carnitina é importante na homeostase do organismo por estar envolvida no mecanismo de beta-oxidação. Os ácidos graxos, após ultrapassarem a membrana externa da mitocôndria, devem ser ativados e, para isso, devem se complexar com o grupamento acil, formando a acil-CoA. Contudo, nesse formato, os ácidos graxos não podem ultrapassar a membrana interna da mitocôndria sendo que para isso necessita de um transportador enzimático. O grupamento acil é carreado para o interior da organela na forma de acil-carnitina, sendo subsequentemente dissociados, ficando a carnitina livre para realizar novo transporte (FRENKEL AND GARRY, 1984). A carnitina pode ser armazenada na forma livre ou complexada (FRENKEL AND GARRY, 1984; PELUSO ET AL, 2000), atuando no DNA celular e membranas como antioxidante, prevenindo a oxidação proteica e lesões causadas pelo piruvato e lactato. A concentração de carnitina no sêmen é bastante alta, podendo ser explicado devido ao grande gasto de energia pelos espermatozoides durante o processo reprodutivo (LENZI, 2003). Como se sabe, a L-carnitina atua no metabolismo energético ao realizar o transporte transmembrana de ácidos graxos (GRANDJEAN, 2006), além disso possui ação antioxidante (RUIZ-PESINI, 2001). Na reprodução existe a suposição de que a suplementação dietética aumenta os níveis de carnitina intracelular não afetando a concentração dessa substância no sêmen (LENZI, 2003). Em humanos, Lenzi (2003), encontrou maior motilidade de espermatozoides de pacientes que recebiam a carnitina, obtendo um resultado bastante interessante já que a suplementação pareceu ser mais eficaz em pacientes que inicialmente apresentavam as mais baixas taxas de motilidade.
coEnzima q10 A coenzima Q10 é encontrada em altas concentrações nas mitocôndrias da peça intermediária dos espermatozoides, logo sua principal atividade é promover o fornecimento de energia para uma atuação espermática normal. Além disso, também é responsável pela reciclagem da vitamina E melhorando a ação antioxidante (THOMAS, 1996). Sua forma reduzida, o ubiquinol, também atua combatendo espécies reativas ao oxigênio como o peróxido de hidrogênio prevenindo a peroxidação lipídica (ALLEVA, 1997) . Com o uso de 400mg/dia via oral da coenzima por seis meses foi possível observar a melhora da motilidade espermática em homens inférteis (BALERCIA, 2004). Utilizando uma dose mais baixa (300mg/dia) por 26 semanas foi capaz de levar a melhora nos parâmetros de qualidade seminal, alterar a produção de hormônios, mas de maneira muito sutil, não apresentando diferença significativa. Contudo, os parâmetros de motilidade e densidade foram relevantes, acreditando-se que isso possa ter sido devido a uma possível ação antioxidante dessa coenzima (MOHAMMAD, 2009).
4.outros Atualmente tem-se avaliado a utilização de novos compostos com função antioxidante. Em estudo com ratos onde foi induzida uma toxidade reprodutiva por cloreto de alumínio (AlCl¬3) e um o grupo tratado com própolis (50mg/kg de PV/ dia), conseguiu combater parte dos efeitos deletério causados pelo AlCl3, melhorando ação de enzimas antioxidantes e lesões do tecido testicular, produção de testosterona e qualidade de sêmen. Esses efeitos também puderam ser observados nos animais que não foram intoxicados e apenas receberam a suplementação de própolis (YOUSEF, 2009). Em contra partida, alguns componentes alimentares podem ser utilizados com a função inversa, a de contracepção. Atualmente são estudados meios menos invasivos de reduzir a taxa de fertilidade de cães buscando evitar ninhadas indesejáveis. O extrato de sementes de papaya é um exemplo, sua suplementação promoveu redução na motilidade e concentração espermática, porém não de forma permanente (ORTEGA-PACHECO, 2011).
considEraçõEs finais
O manejo nutricional na reprodução é um tema que ainda requer muitos estudos, já que não existem níveis nutricionais estabelecidos para a ótima eficiência reprodutiva de várias espécies e muito menos de felinos.
Fernanda Sayuri Ebina é Médica Veterinária e Mestranda em Nutrição de Não ruminantes pela Universidade Federal de Lavras(UFLA)
Rosana Cláudio Silva Ogoshi é Zootecnista e Doutoranda em Nutrição de Não ruminantes pela Universidade Federal de Lavras(UFLA)
Flávia M. O. Borges Saad é Professora Adjunta da Universidade Federal de Lavras (UFLA).
60 61Caderno Técnico 3
1. introdução Arginina é um aminoácido essencial para cães e gatos, assim
como triptofano, lisina e histidina, de um total de 12 aminoácidos
essenciais para o cão e 13 aminoácidos essenciais para o gatos. São
considerados essenciais por não apresentarem síntese endógena
que atenda as necessidades de manutenção da saúde do animal. Já o
conceito “funcional” pode ser aplicado àquele nutriente que age além
da sua essencialidade, gerando efeitos metabólicos e/ou fisiológicos
e/ou benéficos à saúde quando suplementados acima das exigências
do animal.
Para a maioria dos mamíferos, a conversão de aminoácido ornitina
Arginina para cães e gatos: um aminoácido funcional
André Pires de Lima Miranda, Rosana Claudio Silva Ogoshi, Flávia Maria de Oliveira Borges Saad
em citrulina (aminoácido precursor de arginina) ocorre pela ação da
enzima ornitina – cabomoiltransferase(OCT). Em gatos, essa enzima
não está presente o que impossibilita a manutenção plasmática pela
falha na retroalimentação da arginina. Por outro lado, para cães, a
OCT se faz presente e, em condições normais, o organismo é capaz
de prover suas necessidades de arginina. Entretanto, em casos de
trauma e septicemia, faz-se necessária a suplementação em doses
elevadas desse aminoácido, pois atua como substrato para a correção
das injurias. Assim, sem que haja suplementação na dieta ocorre um
decréscimo de metade nos níveis séricos da arginina circulante.
A função da arginina é variada por atuar em rotas metabólicas
e possuir papel imunomodulador e farmacológico. Ela está presente
no metabolismo do oxido nítrico, de poliaminas, da ornitina, da
creatina, do glutamato, glutamina, prolina, além de ser componente
fundamental do ciclo da uréia, realizar transaminação de proteínas e
participar como substrato no balanço energético. Por isso, atribui-
se a ela grande importância sobre o paciente hospitalizado em
estado crítico, que passa por perda de massa corpórea e caquexia. O
aminoácido ainda tem papel na liberação de hormônio do crescimento,
indução na liberação de insulina e IGF (Fator de Crescimento Insulina
Símile), que tem importância na liberação de colágeno e fibroblasto
(BARBUL, 1990; FAINTUCH, 1995; COHEN K, 1999 citado por
PENAFORTE, 2002).
Atualmente, torna-se mais evidente as funções e papéis endógenos
desse nutriente no organismo de mamíferos, no entanto, para cães e
gatos carecem ainda de mais estudos para que se tenha uma melhor
visualização dos efeitos sobre a suplementação ou algum erro no
metabolismo desse aminoácido. Diversos trabalhos estão elucidados
nesse artigo para mostrar a importância da arginina na manutenção
da homeostase, principalmente em quadros de estresse. Na Figura 1
está ilustrada a estrutura química da arginina.
2. mEtabolismo da arginina A síntese de arginina ocorre em muitos mamíferos em
quantidades suficientes para atender todas as necessidades desse
aminoácido; uma variedade de espécies incluindo humanos,
ruminantes, ratos adultos e suínos (ROGERS, 1994 citado por
NRC, 2006). Entretanto tem mostrado ser essencial para cães e
gatos em todas as fases da vida (CASE et al., 2011). O metabolismo
Figura 1 – Estrutura química da arginina Fonte: TAPIERO et al., 2002 citado por VIANA, 2010.
completo da arginina está ilustrado na Figura 2.
A arginina é um aminoácido de absorção íleo-jejunal e pequena
absorção no cólon. Durante a absorção, as células da microvilosidades
intestinais utilizam-na, em nível de 40% da dieta, como fonte energética
para os enterócitos, sendo o restante carreado pós-absorção para a
circulação porta. Outra via de manutenção de arginina circulante é
por meio da citrulina, sua precursora. A citrulina é formada nas células
intestinais a partir de aminoácidos dietéticos (prolina, glutamato e
glutamina) e de glutamina circulante e é levada aos rins onde atuarão
as enzimas arginosuccinato sintetase e argininosuccinato liase (Figura
Figura 2 – Metabolismo da arginina:* indica inibição; indica estimulação. Abreviaturas: ADC, arginina descarboxilase; A:GAT, arginina:glicina aminotransferase; DAO, diamino oxidase; Glu-sintetase, GMT, guanidinoacetato-N-metiltransferase; NOS-1, óxido nítrico sintetase-1; NOS-2, óxido nítrico sintetase 2; NOS-3, óxido nítrico sintetase 3; OAT, ornitina aminotransferase; ODC, ornitina descarboxilase; P-5-C desidrogenase, pirrolina-5-carboxilase desidrogenase; P-5-C redutase, pirrolina-5-carboxilase redutase e TP, transportador de poliaminas.Fonte: NIEVES JR & LANGKAMP-HENKEN (2002) citado por QUIRINO (2006)
62 63
2). Sendo esta via a mais importante para a manutenção dos níveis
plasmáticos da arginina.
Arginina pode originar creatina que é um composto de três
aminoácidos presente nos músculos, o qual é responsável pelo carreamento
de fosfato e regeneração da adenina trifosfato nos músculos. A creatina é
formada pela ação da enzima arginina-glicina aminotransferase.
Outro composto resultante do metabolismo da arginina são as
poliaminas, como purrescina, espermidina e esperminas. Elas atuam no
transporte, crescimento, proliferação e diferenciação celular, no entanto,
altos níveis dessas substâncias resultam em efeitos tóxicos. Por isso,
outro metabólito da arginina, proveniente da ação da enzima arginina
descarboxilase, a agmatina, regula a concentração intracelular de
poliaminas. (YEH, 2004 citado por QUIRINO, 2006).
Além dos já citados metabólitos, pode-se mencionar também o oxido
nítrico, que é um importante agente anti-microbiano, efetivo contra
antígenos intracelulares, parasitas e bactérias extracelulares, originado
pelo catabolismo da arginina pela ação da enzima oxido nítrico sintetase,
que é ativada pela ação de citocinas presente em quadro de septicemia,
como INF-γ (interferon-γ) e TNF-α (fator de necrose tumoral-α).
(ZALOGA et. al., 2004 citado em QUIRINO, 2006). O óxido nítrico
atua também como vasodilatador e neurotransmissor (NIEVES JR
& LANGKAMP-HENKEN, 2002 citado por QUIRINO, 2006). As
funções do óxido nítrico encontram-se detalhadas no tópico 4 desta
revisão enquanto que as vias e produtos do metabolismo da arginina
estão sintetizados na Figura 3.
No citosol dos hepatócitos ocorre a retirada do grupo guanidino
gerando amônia, tóxica para mamíferos. Ela é produzida pela ação
da enzima arginase I na detoxicação da amônia. Na mitocôndria
de enterócitos e células renais a enzima arginase II está envolvida
na síntese de ornitina, prolina e glutamato. Além disso, ela serve
de substrato para a síntese de proteínas, pela transaminação e ação
de uma cascata de enzimas para sintetizar prolina, glutamato e
glutamina, como mostra a Figura 4.
2.1. arginina E o ciclo da uréia Quando a via catabólica ou de degradação está instalada no
organismo, por uma situação qualquer que o organismo esteja
passando, várias reações de lise estão ocorrendo, inclusive as que
Na primeira etapa do ciclo, na mitocôndria dos hepatócitos á síntese
de cabamoil-fosfato, pela utilização de bicarbonato e NH4+, que irá
reagir com a ornitina, formando citrulina.
Na segunda etapa do ciclo ocorre a saída da citrulina da mitocôndria
para o citosol, recebendo aspartato e formando arginossuccinato.
A terceira etapa do ciclo é uma reação de quebra (liase) da
argininosuccinato, liberando fumarato e formando arginina.
Na quarta etapa ocorre a ação da arginase I, formando uréia pela
adição de água e renovando a ornitina para que o ciclo ocorra novamente.
Em gatos a capacidade de síntese de ornitina é limitada e existe
Caderno Técnico 3
Figura 3 – Vias e produtos da degradação da argininaFonte: SUCHNER et al., 2002 citado por VIANA, 2010)
envolvem as proteínas. Nessa situação, o cortisol (hormônio do
estresse) e glucagon (hormônio do jejum) elevam sua concentração
plasmática, levando a um aumento na concentração de aminoácidos
no citosol celular. Estes serão destinados a produção de energia,
para a manutenção da homeostasia, por meio da gliconeogênese, ou
seja, produção de glicose a partir de substrato não carboidrato.
A desaminação retira nitrogênio do aminoácido e fornece α-cetoácido
ao metabolismo energético. Esse metabólito nitrogenado é tóxico
para as células de mamíferos, pois está na forma de amônia e deve
ser excretado. Para que isso ocorra, haverá a eventual transferência
do grupo amino (NH3) para a uréia. Como gatos têm uma intensa
desaminação, o ciclo da uréia é extremamente ativo nestes animais
(CASE et al., 2011; NRC, 2006; SAAD & FERREIRA, 2004).
No fígado haverá a maior formação da uréia por meio da detoxicação
da amônia, através do denominado ciclo da uréia.
As etapas do ciclo da uréia estão resumidas na Tabela 1, bem como
as enzimas envolvidas.
Figura 4 – Síntese de arginina. (1) Arginase, (2) ornitina – cabomoiltrnsferase, (3) argininosuccinato sintetase, (4) argininosuccicinase liase, (5) óxido nítrico sintetase, (6) ornitina descarboxilase, (7) ornitina transaminase, (8) glutamina sintetase e (9) glutaminase.Fonte: CYNOBER et al., 1995 citado em QUIRINO, 2006)
Adaptado (AXNÉR, 2007)
tabela 1 – ParâMetros seMinais de Felinos obtidos Por eletroejaculação.
ENZIMAS
Ornitina-carbamoil tranferase
Argininosuccinato sintetase
Argininosuccinato liase
arginase I
ETAPAS
PRIMEIRA
SEGUNDA
TERCEIRA
QUARTA
PRODUTOS
Citrulina
argininosuccinato
Arginina + fumarato
uréia + ornitina
uma baixa conversão de citrulina em arginina nos rins (Tabela 2).
Este mecanismo pode ser devido ao processo evolutivo de adaptação
a um regime estritamente carnívoro, onde a arginina está presente
em quantidades muito superiores às necessidades. Estas adaptações
encontram-se também em outras espécies carnívoras, como em Visons e
Ferrets (BELL, 1999).
Desta maneira, gatos são extremamente sensíveis à deficiência de
arginina; uma única refeição sem arginina pode causar o aparecimento
de sinais clínicos ligados a uma intoxicação amoniacal: salivação,
vômitos, ataxia e, às vezes, coma e morte. Os primeiros sinais aparecem
na primeira hora seguinte à ingestão do alimento e culminam 2 a 5 horas
depois. A ingestão de arginina diminui rapidamente a intensidade dos
sintomas (SAAD & FERREIRA, 2004).
3. Exigências dE arginina para cãEs E gatos As exigências de arginina preconizadas pelo NRC (2006) foram feitas
pela capacidade da inclusão de arginina prevenir a acidúria orótica, sendo
para o crescimento em cães é de cerca de 4 – 5,6g/Kg de dieta para uma
dieta contendo cerca de 4,2 Kcal EM/g. As exigências mínimas de 6,3g/
Kg de dieta para filhotes de 4 a 12 semanas de idade e 5,3 para filhotes
acima de 14 semanas são sugeridas. E devido a trabalhos mostrarem
agravamento de sintomas quando ingerida uma dieta com baixa ou livre
de arginina foi oferecida, é recomendado que 10mg de arginina sejam
adicionadas para cada g de proteína bruta acima da exigência. Não há
limite máximo estabelecido.
Já para gatos em crescimento é de cerca de 8-8,3 g/kg de dieta
quando a dieta contém 4,7 kcal EM/g. Para adultos exigência mínima
em uma dieta que contém 4,0 kcal/g e concentração de PB de 200 g/kg
é de 7,7 g/kg com aumento de 20 mg de arginina para cada kg de PB
acima de 200 (NRC, 2006). Também não há limite máximo estabelecido.
4. arginina, óxido nítrico E rEsposta inflamatória
A arginina também é precursora do óxido nítrico (NO), um
neurotransmissor envolvido em muitos sistemas, desde regulação da
pressão sanguínea via relaxamento dos vasos sanguíneos até participação
na atividade dos macrófagos na destruição dos antígenos (por exemplo,
bactérias e vírus) (NRC, 2006).
AL-arginina é oxidada aL-citrulina+ •NOpela óxidonítrico
sintetase (NOS) (CAVE, 2008) (Figura 2). A forma de NOS induzível
dentro de leucócitos (iNOS) produz quantidades muito superiores de
Adaptado (AXNÉR, 2007)
tabela 2 - síntese de arginina coM atenção Para os gatos.
Maioria dos aniMais
Normal
Normal
Ocorre
Ocorre
reação
Glutamato+ prolina ornitina (intestino)
Ornitina citrulina (intestino)
Ida da citrulina ao rim
Citrulina Arginina (rim)
gatos
Citrulina
argininosuccinato
Arginina + fumarato
uréia + ornitina
• NO do que as formas construtivas endotelial (eNOS) ou neuronal
(nNOS).Aproduçãode•NOapósainduçãodaiNOSemumfagócito
ativo é limitada principalmente pela disponibilidade de arginina livre.
Portanto,qualqueraumentodaargininadisponíveliráaumentaro•NO
produzido por qualquer estímulo inflamatório (EISERICH et al., 1998).
Existem 3 formas de NOS:
•NOSendotelial:eNOSérequeridaparamanutençãodotônusmuscularecomo um mensageiro fisiológico•NOSneuronal(nNOS):eNOSenNOSsãoformasconstrutivasesempreproduzidos em baixos níveis.•NOSinduzível(iNOS);iNOSéinduzidaporumavariedadedemediadoresinflamatórios incluindo a cistoquinina, fator necrose tumoral (TNF), e interleucina 1 (IL-1), e radicais livres.
O óxido nítrico é um radical livre, no entanto, em comparação com outros tipos de radicais livres, em condições fisiológicas a molécula é relativamente estável, reagindo apenas com o oxigênio e seus derivados radical, metais de transição, e outros radicais. Esta baixa reatividade, combinada com a sua lipofilicidade, permite que a molécula possa se difundir atingindo grande distância de seu lugar de síntese, e funcione como uma molécula sinalizadora ao nível intracelular, intercelular e, talvez, sistêmico. O óxido nítrico é necessário para a maturação normal do epitélio intestinal. Pode ser o principio neurotransmissor inibitório da motilidade intestinal, e é essencial para a manutenção do fluxo sangüíneo normal da mucosa (CAVE, 2008). Alémdisso,•NOinibeaexpressãocelulardemoléculasdeadesãolimitando a entrada de leucócitos desnecessários, principalmente para os tecidos da mucosa. O óxido nítrico inibe a proliferação excessiva de células T, diminui a ativação de NF-kB, e induz as vias de respostas locais Th-2. Noentanto,emcontrastecomoparadigmadequeo•NOinibeachavede transcrição pró-inflamatória de fator NF-kB, alguns estudos têm sugerido que a inibição da iNOS pode aumentar produção de citocinas pró-inflamatórias (CAVE, 2008). O•NOpodetambémreagircomsuperóxido(O2•-)paraformar
Figura 6 - Origem do oxido nítrico (NO): reação catalisada pela enzima óxido nítrico sintetase (NOS). Fonte: CAVE (2008)
64 65Caderno Técnico 3peroxinitrito (ONOO-) que não é um radical livre, mas é um oxidante poderoso e foi mostrado provocar uma ampla gama de efeitos tóxicos que vão desde a peroxidação lipídica, oxidação de proteínas levando à inativação de enzimas e canais iônicos, danos ao DNA e inibição da respiração mitocondrial (VIRAG et al., 2003). O efeito celular de oxidação por ONOO- é dependente da sua concentração, por exemplo, quando em concentrações muito baixas os efeitos serão reparados pelo turnover de proteínas e lipídeos e da capacidade de reparação do DNA, porém as concentrações mais elevadas podem induzir a apoptose, enquanto que concentrações muito elevadas induzemànecrose.Umavezqueambos•NOeO2•sãoproduzidosnoslocais de inflamação, é razoável propor que ONOO- pode-se envolver na patogênese de muitos casos (CAVE, 2008). A iNOS é capaz de gerar O2 • - quando L-arginina não estádisponível. Isto tem sido demonstrado em macrófagos, onde limitando a disponibilidade de L-arginina resultou na produção simultânea de quantidades significativas deO2 • - eNO, e a formação imediataintracelular de ONOO- (XIA & ZWEIER, 1997). Assim, atualmente há umgrandenúmerodeestudosconflitantesavaliandoopapeldo•NOnadoença inflamatória, aonde há em uma polarização de pontos de vista entre aquelesqueargumentam•NOéprotetor,eaquelesqueargumentamquecontribui para a patogênese. Em casos de sepse grave (resposta inflamatória sistêmica), o aumento daproduçãodeNO•podeserprejudicialdevidoaseuefeitonegativonoinotropismo (força de contração) e cronotropismo (freqüência) cardíaca, sua capacidade de inibir a coagulação e seu potente efeito dilatador venoso e arterial (SUCHNER et al., 2002). Desta maneira, pode haver casos em que a suplementação com arginina, além da fornecida por uma fonte de proteína convencional pode ser benéfica, enquanto em outros casos pode ser prejudicial. Em geral parece que a suplementação de arginina, seja administrada por via oral ou parenteral, aumenta a resposta do sistema imunológico dos indivíduos que sofrem de trauma, cirurgia, desnutrição ou infecção. Esta ação é presumivelmente através da sua capacidade para aumentar os neutrófilos e macrófagos (CAVE, 2008). A maioria das dietas enterais consideradas adequadas para alimentação de gatos internados contêm 1,5 a 2 vezes o requerimento mínimo de arginina para o crescimento (CAVE, 2008). A suplementação em dietas tem sido freqüentemente recomendada e amplamente utilizada na medicina humana e também veterinária para o aprimoramento do sistema imunológico em cuidados críticos. Assim os tópicos descritos a seguir serão baseados apenas nos efeitos benéficos encontrados para esse aminoácido.
5. arginina E outros nutriEntEs para animais EnfErmos
Animais hospitalizados precisam ter um adequado suporte nutricional com intuito de evitar supressão do sistema imune, disfunção orgânica, fraqueza, promover redução de infecções e reduzir a mortalidade. Nutrientes específicos afetam a imunocompetência e alguns deles agem diretamente no sistema linfóide e nas funções imunes das células, alterando a resposta do hospedeiro à patogenos. Como exemplo, além da arginina, se encontram ácidos graxos n-3, glutamina e nucleotídeos dietéticos (SILVA JR et al., 2005).
Remillard et al. (2000) citam que a arginina é essencial a animais hospitalizados uma vez tem apresentado efeito imunopreservador frente a imunossupressão induzida por má nutrição protéica e câncer. Em pacientes recém operados, a suplementação com arginina têm aumentado a resposta dos linfócitos T e aumenta o numero de células de ajuda T quando comparado com um grupo controle. Ainda segundo Remillard et al. (2000), enriquecimento arginina estimula o sistema imunológico, melhora a cicatrização e diminui a morbidade e mortalidade em pacientes com queimaduras. Como exemplo, esses autores alegam que regime alimentar com arginina como 9% da fonte de proteína tem sido proposto e testado em pacientes com queimaduras, sendo que aqueles que receberam a dieta enriquecida com arginina tiveram uma redução significativa na incidência de infecção da ferida e menor tempo de internação. Bower et al. (1995) avaliaram os efeitos de uma dieta enteral para humanos enriquecida com arginina, ácido graxo n-3 e nucleotídeos sobre parâmetros imunológicos de pacientes submetidos a cirurgia abdominal de grande porte e encontrou que aqueles que receberam alimento enriquecido tinha imunocompetência maior e menos complicações infecciosas do que os pacientes de outros grupos. Outros estudos se centralizam no efeito imunoestimulador e antiinfeccioso da glutamina combinada com a arginina. A glutamina tem ação nutritiva no enterócito e é utilizado pelas células de rápida velocidade de troca, demonstrando um efeito específico estimulador sobre sínteses de DNA (PUPA, 2004 citados por SILVA JR et al., 2005). Assim, a glutamina exerce efeito benéfico ao sistema imunológico de diversos tipos de pacientes. O aumento dietético da ingestão de arginina, combinados com a ingestão dietética de acido graxo n-3, melhora os sinais clínicos, qualidade de vida e tempo de sobrevivência em cães com câncer. Por exemplo, um grupo de cães, recebendo quimioterapia devido a um linfoma, suplementados dieteticamente com arginina e acido graxo n-3, resultou em elevações nos níveis plasmáticos de arginina, acido eicosapentanóico (EPA) e acido docosahexaenóico (DHA), sendo este fato correlacionado positivamente ao tempo de sobrevivência desses animais. (OGILVIE & MARKS, 2000). A sobrevivência de pacientes com câncer pode ser atribuído ao fato da arginina inibir o crescimento tumoral e metastases (TACHIBANA et al., 1985). Pupa et al. (2004) citados por Silva Junior et al. (2005) relatam que um aumento no consumo de arginina e nucleotídeos aumentam a resposta imune, em particular, nos períodos de estresse. Na Figura 3 está um esquema de como a arginina, glutamina, nucleotídeos e ácidos graxos n-3 podem interferir no sistema imune. Para animais hepatopatas é recomendado o aumento nos níveis de arginina dietética de 1,2-2% de arginina (em base na matéria seca) para cães e 1,5-2% (em base na matéria seca) para gatos (ROUDEBUSH et al., 2000). É possível ainda que a arginina desempenhe importante função da redução de peso, se tornando um aliado para saúde de animais obesos. Com objetivo de avaliar essa hipótese, Fu et al. (2005) avaliaram ratos genéticamente selecionados para obesidade e diabetes mellitus do tipo II. Os tratamentos foram água potável com arginina-HCl (1,51%) ou o controle com alanina (2,55%) durante 10 semanas. Foram mensuradas as concentrações de arginina e NOx (oxidação de produtos de NO) e estes foram 261 e 70% maior, respectivamente, em ratos suplementados
com arginina comparados aos animais do controle. O consumo de água, comida e energia não diferiu durante esse período, no entanto os pesos dos animais suplementados com arginina foram 6, 10 e 16% inferior na 4ª, 7ª e 10ª semanas. Foi encontrada também nesses animais uma redução serica também na glicose e triglicerídeos. Esses efeitos foram atribuídos ao fato do NO estimular um aumento global na oxidação de glicose e ácidos graxos, desta maneira diminuindo a deposição de gordura.
5.1 arginina na insuficiência rEnal O óxido nítrico produzido a partir da L-arginina pela ação da eNOS é responsável pelo tom de vasodilatador que é essencial para a regulação da pressão arterial. A eNOS é uma enzima é dependente
Figura 7 - Participação dos aminoácidos na resposta imune, GSH (glutationa), n-3 PUFAs (ácidos graxos poliinsaturados da série 3).Fonte: Adaptado de GRIMBLE, 2001.
cálcio-calmodulina que libera pequenas quantidades de óxido nítrico em resposta à estimulação de receptores (ALLEN et al., 2000). Ativação de células endoteliais por estímulos (fluxo, por exemplo, pulsátil e tensão de cisalhamento) parece manter o tônus vasodilatador dependente de óxido nítrico. A administração de arginina impede o desenvolvimento de hipertensão em animais de laboratório suscetíveis a essa patologia. A arginina também produz uma rápida diminuição da pressão arterial quando infundida em pessoas normais e pacientes com hipertensão essencial (CHEN & SANDERS, 1991). Alguns dos efeitos da enzima conversora de angiotensina (ECA) podem ser devido ao prolongamento da duração efetiva da bradicinina, o que estimula a liberação de óxido nítrico. Derivados de arginina que inibem a enzima óxido nítrico sintase se acumulam no plasma de pacientes com insuficiência renal e a inibição da enzima óxido nítrico sintase pode contribuir para a hipertensão em pacientes acometidos por essa enfermidade (ALLEN et al., 2000).
6. considEraçõEs finais Muitos efeitos benéficos da arginina já são conhecidos, entretanto o mecanismo exato desses efeitos ainda precisa ser avaliado e também são necessários mais estudos para determinação dos níveis mínimos eficazes para a resposta desejada em cães e gatos.
André Pires de Lima Miranda é Graduando em Medicina Veterinária UFLARosana Claudio Silva Ogoshi é Doutoranda em Zootecnia UFLAFlávia Maria de Oliveira Borges Saad Professora Associada DZO/UFLA
66
Aboissa(11) [email protected] Algomix(45) 3251-1239www.algomix.com.br Andritz Sprout do Brasilwww.andritzsprout.com [email protected] BCQ(11) 3586-8918www.bcq.com.br Biorigin(14) 3269-9200www.biorigin.net Doce Aroma(11) [email protected] Eurotec Nutrition(48) 3279-4000 [email protected] Fada(51) [email protected] Ferraz Máquinas(16) [email protected] Geelen [email protected] Grande Rio Reciclagem(21) [email protected] www.grgrupo.com.br
Imbrastek(43) 3338-7288www.imbrastek.com.br Imeve Biotecnologia(16) 3202-1997Site: www.imeve.com.br Inflex Embalagens(67) 2108-5900www.inflex.ind.br
Informe Agro Business(11) [email protected] www.agroinforme.com.br Manzoni Industrial(19) 3225-5558www.manzoni.com.br Marfuros(44) 3029-7037www.marfuros.com.br Metachem(11) 4496-2888www.metachem.com.br Nord Kemin(49) 3312-8650www.kemin.com Nutridani(43) 3436-1566www.nutridani.com.br Nutrivil(85) [email protected] Nutron(19) 2101-5000www.nutron.com.br Rhotoplás Embalagens(11) [email protected] SPF do Brasil(19) 3583-6003www.spfbrasil.com.br Tectron(45) 3379-6000www.tectron.ind.br Uniamérica (11) 2142-8100www.uniamericabrasil.com.br Vogler Ingredientes(11) [email protected] Wenger do Brasil(19) [email protected] Widy / Muyang(11) 5042-4144www.wid-eng.com
Serviços
3ª Capa
4ª Capa
2ª Capa
Nome:
Empresa:
Endereço:
Nº: Complemento:
Cidade:
Cep: UF:
Fone: ( )
Fax: ( )
Cargo:
Tipo de Empresa:( ) Fábrica de Ração ( ) Palatabilizantes( ) Vitaminas e Minerais( ) Aditivos e Anti-Oxidantes( ) Veterinários( ) Zootecnista( ) Pet Shop( ) Farmacologia( ) Corantes( ) Embalagens ( ) Graxaria Independente ( ) Graxaria / Frigorífico( ) Fornecedor de Máquinas / Equipamentos( ) Fornecedor de Insumos e Matérias-Primas( ) Prestadores de Serviços( ) Consultoria / Assessoria( ) Universidades / Escolas( ) Outros
Você pode solicitar o recebimento da Pet Food Brasil.
Após preenchimento do formulário a seguir, envie-o para:
Rua Sampaio Viana, 167, Conj. 61 São Paulo (SP) - Cep: 04004-000
Fone: (11) 2384-0047ou por [email protected]
ASSINATURA DA REVISTAPet Food Brasil
5
59
29
5557
61
1321
19
59
27
47
9
53
117
4935
45 43
2351
31 25
37
15