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Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 1
Módulo I
I Semestre 2013
Ensino Médio
A agroecologia é uma proposta de agricultura que não se limita a produção de sem uso de
agrotóxicos. A ideia central é o respeito às diversidades locais e a convivência com os
ecossistemas, as relações justas de comercialização e trabalho também fazem parte do
modelo agroecológico. A diversificação da produção associada a utilização de técnicas e dos
recursos hídricos e a baixa dependência de insumos garantem a produção de alimentos
saudáveis e nutritivos,(a agroecologia procura nesse sentido,estabelecer um equilíbrio natural
que vai além do (nome) manejo ecológico integrando objetivos ambientais,sociais e
econômicos,propondo estratégias para o desenvolvimento rural sustentável.
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Aluno (a): ..........................................................................................
ANOTAÇÕES:
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SUMÁRIO GERAL
1-FILOSOFIA ................................................................................................................................ 04
2-GEOGRAFIA ............................................................................................................................. 58
3-HISTÓRIA ................................................................................................................................ 143
4-LINGUA PORTUGUESA E REDAÇÃO ................................................................................ 202
5-BIOLOGIA ......................................................................................................................... ......299
6-INFORMATICA-INCLUSÃO DIGITAL .......................................................................... ......343
7-NOÇOES DE AGRICULTURA ORGANICA ................................................................... ......437
8-FUNDAMENTOS DE AGROECOLOGIA ....................................................................... .....456
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Profª. RITA FREITAS
LICENCIADA EM HISTÓRIA
PÓS GRADUADA –ESPECIALISTA EM PLANEJAMENTO EDUCACIONAL E POLÍTICAS PÚBLICAS
PÓS GRADUADA –ESPECIALISTA EM EDUCAÇÃO INCLUSIVA
PÓS GRADUADA –ESPECIALISTA EM CULTURA AFRO BRASILEIRAS
PÓS GRADUANDA –ESPECIALISTA EM DOCENCIA DO ENSINO SUPERIOR
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SUMÁRIO
1. Aprendendo Filosofia ................................................................................................................. 06
1.1. Conhecimento das causas primeiras ............................................................................................ 07
1.2. A Explicação mitológica do Mundo ............................................................................................ 11
1.3. Os primeiros filósofos ............................................................................................................... 13
1.4. O Mito da Caverna .................................................................................................................... 15
2. As Religiões e o Sagrado ............................................................................................................ 18
2.1. O espaço sagrado ...................................................................................................................... 19
2.2. Os ritos ...................................................................................................................................... 20
2.3. Os Objetos ................................................................................................................................ 21
3. O que é uma ação moral?............................................................................................................ 23
3.1. Kant: o filosofo da Moral .......................................................................................................... 25
3.2. Moral, Intenção e Religião ........................................................................................................ 27
3.3. Moral e Felicidade ..................................................................................................................... 28
4. Política se discute ....................................................................................................................... 28
4.1. O que a filosofia tem a dizer sobre a política? ............................................................................ 32
4.2. Aristóteles: o homem um animal político ................................................................................... 32
4.3. A política e a moral: Maquiavel ................................................................................................. 34
4.4. A religião tem alguma coisa a ver com a política ....................................................................... 35
5. A democracia em questão .......................................................................................................... 37
5.1. Dilemas da democracia: a tecnocracia ........................................................................................ 39
5.2. Dilemas da democracia: a desigualdade entre os iguais ............................................................... 40
6. Dualismo corpo e alma ............................................................................................................... 41
6.1. Platão e o dualismo corpo e alma ................................................................................................ 41
6.2. René Descartes: o corpo é uma maquina ..................................................................................... 42
6.3. O que tem na alma? .................................................................................................................... 44
7. Você é livre ................................................................................................................................. 44
7.1. Os diferentes tipos de determinismo ........................................................................................... 47
7.2. Teoria da liberdade incondicional ou indeterminismo ................................................................. 48
7.3. Liberdade e Determinismo? ........................................................................................................ 50
7.4. Materialismo histórico: as determinações materiais da vida humana ........................................... 51
8. O Trabalho ................................................................................................................................. 54
8.1. Trabalho e alienação .................................................................................................................. 55
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I UNIDADE 1. APRENDENDO FILOSOFIA
Provavelmente muitos de vocês nunca estudaram filosofia ou leram o livro de algum filósofo.
Desse modo, ao ficarem sabendo que estudariam filosofia no ensino médio devem ter se
perguntado: O que é filosofia? O que nós vamos estudar em filosofia? Alguns podem estar
curiosos e outros preocupados.
Antes de respondermos essas perguntas é importante fazermos algumas uma observações:
para estudar filosofia é preciso uma dedicação a leitura, pois na nossa disciplina nosso
principal material de trabalho serão os TEXTOS. Utilizaremos tanto os textos clássicos
escritos pelos filósofos como textos de revistas e jornais que nos auxiliem a estudar
determinados problemas filosóficos.
Para começarmos a entender o que é a filosofia e o que os filósofos estudam vamos observar o
afresco do pintor renascentista Rafael:
Essa pintura de Rafael tem o nome de Filosofia. Vemos
primeiramente no afresco uma mulher que representa a
filosofia segurando dois livros. Na mão esquerda ela tem
um livro sobre “Moral” já na mão direita um livro
sobre a “Natureza”. Esses dois livros segurados pela
mulher da pintura nos ajudam a compreender ―o quê‖ a
filosofia estuda. A filosofia surgiu primeiramente como
uma investigação da Natureza, ou seja, tudo aquilo que
não é produzido pelo ser humano, tal como o movimento
dos astros, a cheia dos rios, a mudança das estações.
Posteriormente a filosofia passou a se interessar pelo estudo do
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próprio ser humano e pelas coisas que só existem porque foram produzidas pelos seres
humanos. O livro sobre “Moral” que a mulher da pintura segura representa o conhecimento
dessas ―coisas‖ que são produzidas pelo homem. Se pensarmos, por exemplo, nas noções de
bem e mal, veremos que elas só existem onde existe o ser humano, elas não se encontram na
natureza entre os animais ditos irracionais, os vegetais ou os minerais. É importante levarmos
em consideração que a moral não é a única coisa produzida pelos seres humanos que a
filosofia estuda. Os filósofos também se dedicam ao estudo das ciências e das tecnologias, da
política, da arte, das religiões. Tudo isso foi produzido pela humanidade, de modo que ao
conhecermos essas coisas conhecemos melhor o próprio ser humano. Sócrates, o mais famoso
filósofo da Grécia Antiga, ao se consultar no oráculo da cidade de Delfos ouviu o seguinte:
“Conhece-te a ti mesmo!” Sócrates não foi para casa e ficou sozinho tentando conhecer quem
era ele, muito pelo contrário, o filósofo passou a perambular pelas ruas de Atenas debatendo
com as pessoas sobre política, ciência, arte, religião e moral. O que Sócrates nos ensina é que
investigar aquilo que foi produzido pela humanidade é a melhor forma dos seres humanos
conhecerem o que eles são.
Já sabemos então o que os filósofos estudam: 1) a natureza, ou seja, as coisas que não foram
produzidas pelos seres humanos; 2) o ser humano e tudo que é produzido por ele, isto é, a
moral, a política, as religiões, as leis, a arte, a ciência, a tecnologia. Vemos que os filósofos
estudam muitas coisas e muitas coisas que eles estudam também são estudadas por outros
profissionais como o biólogo, o físico, o químico, o sociólogo, o economista, o psicólogo ou o
historiador. Mas o que o filósofo faz de diferente? O que distingue a filosofia de outras formas
de conhecimento? Para entendermos isso voltemos a observar a pintura de Rafael.
Na pintura de Rafael ao lado da mulher que simboliza a filosofia há dois querubins. Eles
carregam duas placas com a inscrição em latim Causarum Cognitio, que significa ―Conheça
através da causas‖. Rafael pretende com essa imagem fazer uma alusão ao filósofo grego
Aristóteles. Foi Aristóteles que afirmou que a filosofia é o conhecimento das causas
primeiras. Sendo assim, a filosofia aborda aqueles temas que descrevemos acima buscando
compreender suas causas. A filosofia aborda esses temas fazendo as seguintes perguntas: "Por
quê?", "Como?", "Para quê?" e "De que é feito?". Isso é que distingue a filosofia de outras
formas de conhecimento, uma busca incessante das causas primeiras.
Calma, calma, calma! Talvez essa história de causas primeiras ainda não esteja clara para
vocês. Vamos entender isso melhor já, já.
1.1. O CONHECIMENTO DAS CAUSAS PRIMEIRAS
Segundo Aristóteles a filosofia é o conhecimento das causas primeiras. Mas o quê esse
filósofo grego queria dizer com isso? Quais são essas causas primeiras? Antes de começarmos
a entender isso é importante sabermos que Aristóteles enumera quatro causas diferentes:
causa material, causa formal, causa eficiente e causa final. As histórias em quadrinhos abaixo
vão nos ajudar a compreender quais são essas causas que a filosofia busca conhecer. Vejamos
o primeiro quadrinho:
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Acima temos o quadrinho da Mafalda desenhado pelo cartunista argentino Quino. No
quadrinho temos a personagem Mafalda com seu amigo Miguelito. Nesse quadrinho temos
um bom exemplo disso que Aristóteles chama de causa material. Para Aristóteles a causa
material diz respeito às menores partes ou os materiais de que algo é feito. O filósofo que
busca conhecer a causa material de algo faz a seguinte pergunta: de quê é feito isto? No
quadrinho o personagem Miguelito, graças a sua imaginação infantil, supõe que o mar é feito
de sopa, ou seja, ele acredita que a causa material do oceano é a sopa, a sopa é o material de
que é feito o mar. Mafalda por não gostar muito de sopa não se sente muito bem com a
especulação de seu amiguinho.
O próximo quadrinho da Mafalda vai nos ajudar a entender o que Aristóteles chama de causa
formal.
No quadrinho acima Mafalda olhando o dicionário descobre a definição, o conceito de
democracia que é: um governo em o poder político é exercido pelo povo. Aristóteles chama
de causa formal uma definição, um conceito que serve de modelo para alguma coisa. Por
exemplo, um carpinteiro ao construir uma cadeira terá em mente o conceito de cadeira, isto é,
a ideia de uma peça mobiliária utilizada para se sentar com quatro pernas e um encosto para
as costas. Essa noção é a causa formal e ela servirá de modelo para o carpinteiro. Podemos
pensar outro exemplo a partir do quadrinho da Mafalda. A ideia de ―um governo em que o
povo exerce o poder‖ é o modelo, a causa formal de um país que queira ser democrático.
Mafalda parece não achar possível que esse tipo de modelo possa ser realizado, tanto é que ela
passa o dia inteiro rindo depois de conhecer o conceito de democracia. Ao investigar a causa
formal os filósofos perguntam: como é? o quê define isto?
O conceito de causa eficiente será explicado com a ajuda do próximo quadrinho:
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Nesse quadrinho vemos Mafalda, seu amigo Filipe e seu irmão Guile. O irmão de Mafalda
pergunta se o calor é culpa do governo. Guile acha que foi o governo que deu início, que
provocou o aparecimento do calor. O garotinho pergunta isso provavelmente porque ele
sempre escutou os adultos falando que uma coisa ruim é sempre culpa do governo. O que
Aristóteles chama de causa eficiente é aquilo que dá início, aquilo que faz algo surgir. O
personagem Guile acha que o governo é causa eficiente do calor, já que ele acha que foi o
governo que começou o calor. Ao investigar a causa eficiente os filósofos perguntam: o que
fez começar algo? o quê deu início a uma ação? Vejamos outro exemplo. O filósofo francês
Jean-Jaques Rousseau buscou compreender como surge a desigualdade entre os homens. Por
que uns tem poder e outros não? Por que uns são ricos e outros pobres? Por que uns mandam
e outros obedecem? Para Rousseau a desigualdade surge com o aparecimento da propriedade
privada. Para ele antes os homens tinham tudo em comum, todas as coisas pertenciam a todos.
A partir do momento que algum homem cerca a terra e fala isso é meu e não seu, surge a
propriedade privada, e com isso a desigualdade. Ou seja, podemos dizer que para Rousseau a
propriedade privada é a causa eficiente da desigualdade entre os homens, pois é ela que faz
surgir a desigualdade.
Por último temos agora a causa final. Vejamos o último quadrinho da Mafalda.
Neste quadrinho a personagem Mafalda se surpreende com os operários furando, martelando e
batendo em uma rua. Com sua inocência infantil Mafalda quer saber qual o objetivo dos
operários, qual é a finalidade dessas atividades praticadas por ele. Por isso ela pergunta se os
operários estão querendo que a rua confesse algo. No entendimento da garotinha os operários
parecem estar torturando a rua. Aristóteles chama de causa final aquilo que é o objetivo
aquilo que é a finalidade de alguma coisa ou alguma ação. Para Mafalda a causa final dos
operários é fazer com que a rua confesse algo. Quando os filósofos investigam a causa final
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eles perguntam: Para quê é isso? Para quê se faz isso? Assim, um filósofo que estuda a
política pode querer investigar ―para quê os homens criam leis?‖
Se as quatro causas que os filósofos buscam explicar ainda não estão claras para vocês, vejam
os quadrinhos abaixo em que Aristóteles as explicam junto com seu aluno Alexandre Magno,
que posteriormente se tornou Alexandre ―o grande‖.
ATIVIDADES
1. Construa uma tabela explicando as quatro causas que a filosofia estuda. Na tabela
deve conter o nome das causas, a definição de cada uma delas, um exemplo de cada e a
pergunta feita quando se busca compreendê-las.
2. Encontrando as quatro causas nos textos: Leia os textos abaixo buscando identificar
uma das quatro causas descritas por Aristóteles. Depois de ler você deve indicar: qual é
o tipo da causa (material, formal, eficiente e final)? o quê é a causa? A causa é causa de
quê? Vejam os dois exemplos abaixo.
A) ―A alma é corpórea, composta de partículas sutis, difusa por toda a estrutura corporal [...]‖.
(Antologia de textos. Epicuro)
B) ―[...] a união entre o homem e a mulher tem por fim não somente a procriação, mas a
perpetuação da espécie [...]‖. (Segundo tratado sobre o governo civil. John Locke)
C) ―O governo do estado moderno não é se não um comitê para gerir os negócios comuns de
toda a classe burguesa‖. (Manifesto do partido comunista. Karl Marx)
EXEMPLOS:
“[...] a origem de todas as sociedades, grandes e duradouras, não é a boa vontade mútua
que os homens têm entre si, mas sim o medo mútuo que nutriam uns pelos outros”. (Do
Cidadão. Thomas Hobbes)
Tipo de causa: causa eficiente
O que é a causa? O medo mútuo entre os homens
A causa é causa de quê? Todas as sociedades grandes e duradouras
Esse texto trata da causa eficiente. Ele mostra que a causa eficiente de todas as
grandes sociedades é o medo mútuo entre os homens, ou seja, o que faz surgir as
grandes sociedades é o medo mútuo entre os homens.
“A Cidade é uma sociedade estabelecida, com casas e famílias, para viver bem, isto é,
para se levar uma vida perfeita e que se baste a si mesma”. (Política. Aristóteles)
Tipo de causa: causa final
O que é a causa? Viver bem, levar uma vida perfeita
A causa é causa de quê? A Cidade
Esse texto trata da causa final. Ele mostra que o bem viver é a causa final da Cidade,
ou seja, a finalidade da Cidade é proporcionar um bem viver para as pessoas.
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D) ―O único objetivo do Estado é proteger os indivíduos uns dos outros e todos juntos de
inimigos externos‖. (A arte de insultar. Arthur Schopenhauer)
E) ―A verdadeira e legítima meta das ciências é a de dotar a vida humana de novos inventos e
recursos‖. (Novum Organum. Francis Bacon)
F) ―Disfunções do cérebro explicam atitudes violentas‖ (Notícia. Site Terra)
3. Os quadrinhos abaixo são da tira “Calvin e Hobbes” (traduzido como Calvin e
Haroldo) do cartunista Bill Watterson. Calvin, o garotinho dos quadrinhos, é uma
criança bem curiosa, ele está o tempo todo fazendo perguntas que envolvem as quatro
causas descritas por Aristóteles. Procure identificar nas histórias abaixo quais causas
Calvin investiga, justifique suas respostas.
A)
B)
1.2. A EXPLICAÇÃO MITOLÓGICA DO MUNDO
A filosofia surge por volta do século VII a.C na Grécia Antiga. Havia outra forma de
explicação do mundo antes do surgimento da filosofia, a explicação por meio da mitologia. A
mitologia é o conjunto de mitos de um determinado povo. Mas afinal, o quê é um mito? Um
mito é uma narrativa sobre a origem de alguma coisa (origem dos astros, da Terra, dos
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homens, das plantas, dos animais, do fogo, da água, dos ventos, do bem e do mal, da saúde e
da doença, da morte, dos instrumentos de trabalho, das raças, das guerras, do poder, etc.).
O Mito (Mythos) é narrado pelo poeta-rapsodo, que escolhido pelos deuses transmitia o
testemunho incontestável sobre a origem de todas as coisas, oriundas da relação sexual entre
os deuses, gerando assim, tudo que existe e que existiu. Os mitos também narram o duelo
entre as forças divinas que interferiam diretamente na vida dos homens, em suas guerras e no
seu dia-a-dia, bem como explicava a origem dos castigos e dos males do mundo. Ou seja, a
narrativa mítica é uma genealogia da origem das coisas a partir de lutas e alianças entre as
forças que regem o universo. Por exemplo, o poeta Homero, na Ilíada, obra que narra a guerra
de Tróia, explica por que, em certas batalhas, os troianos eram vitoriosos e, em outras, a
vitória cabia aos gregos. Os deuses estavam divididos, alguns a favor de um lado e outros a
favor do outro. A cada vez, o rei dos deuses, Zeus, ficava com um dos partidos, aliava-se com
um grupo e fazia um dos lados - ou os troianos ou os gregos - vencer uma batalha. A causa da
guerra, aliás, foi uma rivalidade entre as deusas. Elas apareceram em sonho para o príncipe
troiano Paris, oferecendo a ele seus dons e ele escolheu a deusa do amor, Afrodite. As outras
deusas, enciumadas, o fizeram raptar a grega Helena, mulher do general grego Menelau, e
isso deu início à guerra entre os humanos.
ESTUDO DIRIGIDO
- O texto abaixo do filósofo Mircea Eliade trata dos mitos. Leia, interprete e responda
as questões.
O mito conta uma história sagrada, quer dizer, um acontecimento primordial que teve lugar
no começo do Tempo, desde o início. Mas contar uma história sagrada equivale a revelar
um mistério, pois as personagens do mito não são seres humanos: são deuses ou Heróis
civilizadores. Por esta razão seus feitos constituem mistérios: o homem não poderia
conhecê-los se não lhe fossem revelados. O mito é pois a história do que se passou em
tempos idos, a narração daquilo que os deuses ou os Seres divinos fizeram no começo do
Tempo. ―Dizer‖ um mito é proclamar o que se passou desde o princípio. Uma vez ―dito‖,
quer dizer, revelado, o mito torna-se verdade apodítica1: funda a verdade absoluta. ―É
assim porque foi dito que é assim‖, declaram os esquimós netsilik a fim de justificar a
validade de sua história sagrada e suas tradições religiosas. O mito proclama a aparição de
uma nova ―situação‖ cósmica ou de um acontecimento primordial.
[...] Cada mito mostra como uma realidade veio à existência, seja ela a realidade total, o
Cosmos, ou apenas um fragmento: uma ilha, uma espécie vegetal, uma instituição humana.
Narrando como vieram à existência as coisas, o homens explica as e responde
indiretamente a uma outra questão: por que elas vieram à existência? O ―por que‖ insere se
sempre no ―como‖. E isto pela simples razão de que, ao se contar Como uma coisa nasceu,
revela se a irrupção do sagrado no mundo, causa última de toda existência real.
[...] A função mais importante do mito é, pois, ―fixar‖ os modelos exemplares de todos os
ritos e de todas as atividades humanas significativas: alimentação, sexualidade, trabalho,
educação etc. Comportando se como ser humano plenamente responsável, o homem imita
os gestos exemplares dos deuses, repete as ações deles, quer se trate de uma simples função
fisiológica, como a alimentação, quer de uma atividade social, econômica, cultural, militar
etc.
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1.3. OS PRIMEIROS FILÓSOFOS
A filosofia surgiu quando alguns gregos, admirados e espantados com a realidade,
insatisfeitos com as explicações que a tradição lhes dera (através dos mitos), começaram a
fazer perguntas e buscar respostas para elas, demonstrando que o mundo e os seres humanos,
os acontecimentos naturais, os acontecimentos humanos e as ações dos seres humanos podem
ser conhecidos pela razão humana. Em suma, a Filosofia surgiu quando alguns pensadores
gregos se deram conta de que a verdade do mundo e dos homens não era algo secreto e
misterioso, que precisasse ser revelado por divindades a alguns escolhidos, mas que, ao
contrário, podia ser conhecida por todos por meio das operações mentais de raciocínio, que
são as mesmas em todos os seres humanos.
De acordo com a tradição histórica, a fase inaugural da filosofia grega é conhecida como
período pré-socrático. Esse período abrange o conjunto das reflexões filosóficas
desenvolvidas desde Tales de Mileto (640-548 a. C.) até Sócrates (469-399 a.C.). Os
primeiros filósofos buscam o princípio absoluto (primeiro e último) de tudo o que existe. O
princípio é o que vem e está antes de tudo, no começo e no fim de tudo, o fundamento, o
fundo imortal e imutável, incorruptível de todas as coisas, que as faz surgir e as governa. É a
origem, mas não como algo que ficou no passado e sim como aquilo que, aqui e agora, dá
origem a tudo, perene e permanentemente. No vasto mundo Grego, a filosofia teve como
berço a cidade de Mileto, situada na Jônia, litoral ocidental da Ásia Menor. Caracterizada por
múltiplas influências culturais e por um rico comércio, a cidade de Mileto abrigou os três
primeiros pensadores da história ocidental a quem atribuímos a denominação de filósofos. São
eles: Tales, Anaximandro e Anaxímenes.
[...] Na Nova Guiné, numerosos mitos falam de longas viagens pelo mar, fornecendo assim
―modelos aos navegadores atuais‖, bem como modelos para todas as outras atividades, ―quer
se trate de amor, de guerra, de pesca, de produção de chuva, ou do que for... A narração
fornece precedentes para os diferentes momentos da construção de um barco, para os tabus
sexuais que ela implica etc.‖ Um capitão, quando sai para o mar, personifica o herói mítico2
Aori. ―Veste os trajes que Aori usava, segundo o mito; tem como ele o rosto enegrecido e,
nos cabelos, um love semelhante àquele que Aori retirou da cabeça de Iviri. Dança sobre a
plataforma e abre os braços como Aori abria suas asas‖.
[...] A repetição fiel dos modelos divinos tem um resultado duplo: (1) por um lado, ao imitar
os deuses, o homem mantém-se no sagrado e, conseqüentemente, na realidade; (2) por outro
lado, graças à reatualização ininterrupta dos gestos divinos exemplares, o mundo é
santificado. O comportamento religioso dos homens contribui para manter a santidade do
mundo (Mircea Eliade. O sagrado e o profano).
1 Apodítica: indiscutível; que não pode ser contestado. 2 Mítico: relativo ao mito.
1. O que é o mito? O que é narrado no mito?
2. De acordo com o texto, qual a função mais importante do mito?
3. O mito precisa ser comprovado cientificamente para ser aceito? Justifique sua
resposta.
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Em outras palavras, os primeiros filósofos queriam descobrir, com base na razão e não na
mitologia, o princípio substancial existente em todos os seres materiais. Os pré-socráticos
ocuparam-se em explicar o universo e examinavam a procedência e o retorno das coisas. Os
primeiros filósofos gregos tentaram responder à pergunta: Como é possível que todas as
coisas mudem e desapareçam e a Natureza? Para tanto, procuraram um princípio a partir do
qual se pudesse extrair explicações para os fenômenos da natureza. Um princípio único e
fundamental que permanecesse estável junto ao sucessivo vir-a-ser. Esse princípio absoluto
que os primeiros filósofos buscavam seria a chave de explicação da existência, morte e
mudança nos seres. As atividades a seguir mostram como Tales pensava esse princípio.
4. SÓCRATES: “CONHECE-TE A TI MESMO”!
ESTUDO DIRIGIDO
- Os textos abaixo tratam das principais idéias de Tales. Depois de lê-los respondam as
questões.
A maior parte dos primeiros filósofos considerava como os únicos princípios de todas as
coisas os que são de natureza da matéria. Aquilo de que todos os seres são constituídos, e de
que primeiro são gerados e em que por fim se dissolvem, [...] tal é, para eles, o elemento, tal é
o princípio dos seres; e por isso julgam que nada se gera nem se destrói, como se tal natureza
subsistisse sempre… Pois deve haver uma natureza qualquer, ou mais do que uma, donde as
outras coisas se engendram, mas continuando ela mesma. Quanto ao número e à natureza
destes princípios, nem todos dizem o mesmo. Tales, o fundador da filosofia, diz ser água [o
princípio] (é por este motivo também que ele declarou que a terra está sobre água), levando
sem dúvida a esta concepção por ver que o alimento de todas as coisas é o úmido, e que o
próprio quente dele procede e dele vive [...]. Por tal observar adotou esta concepção, e pelo
fato de as sementes de todas as coisas terem a natureza úmida; e a água é o princípio da
natureza para as coisas úmidas (…). (ARISTÓTELES. Metafísica, I, 3.983 b6) .
1. O que investigavam os primeiros filósofos?
2. O que Tales considerava o princípio de todas as coisas?
3. Como Tales chegou às suas conclusões?
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O filósofo ateniense Sócrates (470 a.C.-399 a.C.) é considerado um divisor de águas na
filosofia. Antes os filósofos estavam mais preocupados em explicar o funcionamento da
natureza. Diferentemente dos antigos filósofos, Sócrates cada um deveria, primeiro e antes de
tudo, conhecer-se a si mesmo.
Dizem que Sócrates era um homem feio, mas, quando falava, era dono de estranho fascínio.
Procurado pelos jovens, passava horas discutindo na praça pública. Interpelava os transeuntes,
dizendo-se ignorante, e fazia perguntas aos que julgavam entender determinado assunto.
Colocava o interlocutor em tal situação que não havia saída senão reconhecer a própria
ignorância. Com isso Sócrates conseguiu rancorosos inimigos. Mas também alguns
discípulos. O interessante e que na segunda parte do seu método, que se seguia à destruição da
ilusão do conhecimento, nem sempre se chegava de fato a uma conclusão efetiva. Sabemos
disso não pelo próprio Sócrates, que nunca escreveu, mas por seus discípulos, sobretudo
Platão e Xenofonte.
Sócrates se indispôs com os poderosos do seu tempo, sendo acusado de não crer nos deuses
da cidade e corromper a mocidade. Por isso foi condenado e morto. Costumava conversar
com todos, fossem velhos ou moços, nobres ou escravos, preocupado com o método do
conhecimento. Sócrates parte do pressuposto "só sei que nada sei", que consiste justamente na
sabedoria de reconhecer a própria ignorância, ponto de partida para a procura do saber.
Por isso seu método começa pela parte considerada "destrutiva", chamada ironia (em grego,
―perguntar fingindo ignorância"). Nas discussões afirma inicialmente nada saber, diante do
oponente que se diz conhecedor de determinado assunto. Com hábeis perguntas, desmonta as
certezas até o outro reconhecer a ignorância. Parte então para a segunda etapa do método, a
maiêutica (em grego, "parto"). Dá esse nome em homenagem a sua mãe, que era parteira,
acrescentando que, se ela fazia parto de corpos, ele "dava à luz" ideias novas.
Sócrates, por meio de perguntas, destrói o saber constituído para reconstruí-lo na procura da
definição do conceito. Esse processo aparece bem ilustrado nos diálogos relatados por Platão,
e é bom lembrar que, no final, nem sempre Sócrates tem a resposta: ele também se põe em
busca do conceito e às vezes as discussões não chegam a conclusões definitivas. As questões
que Sócrates privilegia são as referentes à moral, daí perguntar em que consiste a coragem, a
covardia, a piedade, a justiça e assim por diante. Diante de diversas manifestações de
coragem, quer saber o que é a "coragem em si", o universal que a representa. Ora, enquanto a
filosofia ainda é nascente, precisa inventar palavras novas, ou usar as antigas dando-lhes
sentido diferente. Por isso Sócrates utiliza o termo logos, que na linguagem comum
significava "palavra", "conversa", e que no sentido filosófico passa a significar "a razão que
se dá de algo", ou mais propriamente, conceito. Quando Sócrates pede o logos, quando pede
que indiquem qual é o logos da justiça, o quê é a justiça, o que pede é o conceito da justiça, a
definição da justiça.
1.4. O MITO DA CAVERNA
Sócrates começou a fazer suas perguntas buscando conhecer o conceito de justiça, de bem, de
belo. Perguntava ele: o quê faz uma ação ser justa? Um político ao aumentar o seu salário de
17 mil reais para 24 mil, dirá que o aumento foi justo. Mas o quê é a justiça para ele dizer que
sua ação é justa? Alguém poderá dizer: a justiça não é nada, não existe justiça. No entanto, se
admitirmos que não existe justiça, jamais poderemos reclamar que alguém agiu de maneira
injusta conosco.
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Esse exemplo acima mostra uma coisa que Sócrates começou a reparar entre seus
conterrâneos gregos. A maioria das pessoas tem opiniões sobre vários temas, mas não tem
conhecimento sobre eles. Falam da justiça, mas não sabem dizer o quê é a justiça, falam da
bondade, mas não sabem dizer o quê é a bondade. Vejamos outro exemplo. Joana conseguiu
um emprego público por meio de um parente seu que se tornou político, então ela afirma: ―Ele
é uma boa pessoa!‖. Quatro anos depois o parente de Joana perde a eleição, outro político
entra no lugar. Joana é demitida e o novo político coloca um parente dele no lugar dela.
Então, Joana afirma: ―Esse cara é um mau-caráter, corrupto e safado!‖. Duas ações parecidas
são julgadas de maneiras diferentes, uma é vista como exemplo de bondade, outra como uma
ação reprovável. Isto mostra que no exemplo acima a personagem Joana não tem muita noção
do conceito de bondade, isto é, ela não tem muita noção do que define uma ação boa.
Para Sócrates há uma distinção entre opinião e conceito. A opinião é algo que a pessoa tem
mais nunca parou para pensar por que ela pensa daquele jeito. A opinião varia o tempo todo
de acordo com as circunstâncias, além de variar de pessoa para pessoa. Já o conceito é algo
justificado, fundamentado. O conceito é resultado do pensamento, da reflexão, chegamos ao
conceito não por acaso, mas por meio de uma investigação rigorosa.
Mas como são formadas em nós as opiniões? Como acabamos acreditando em ideias que
nunca sequer paramos para pensar por que as possuímos? Sócrates busca explicar isso no
famoso Mito da caverna. Essa história se encontra no livro de Platão chamado A república.
Na história o personagem Sócrates conta a seguinte história: ―Imagina uma caverna onde
estão acorrentados os homens desde a infância, de tal forma que, não podendo se voltar para a
entrada, apenas enxergam o fundo da caverna. Aí são projetadas as sombras das coisas que
passam às suas costas, onde há uma fogueira. Se um desses homens conseguisse se soltar das
correntes para contemplar à luz do dia os verdadeiros objetos, quando regressasse, relatando o
que viu aos seus antigos companheiros, esses o tomariam por louco, não acreditando em suas
palavras‖.
Nessa história as sombras representam as
opiniões equivocadas que adquirimos da
realidade, isto porque a sombra é sempre
algo inconstante que muda o tempo todo
de acordo com a variação dos reflexos, de
modo que podemos ser levados a enganos
por causa delas, tal como na caricatura ao
lado. Deste modo, o fato de nossos
sentidos nos enganarem faz com que
estejamos sempre sujeitos a tomar o
verdadeiro pelo falso, a aceitar as sombras
como a verdadeira realidade. Na
Antiguidade e na Idade Média, por
exemplo, as pessoas acreditavam que a
Terra ficava sempre parada, e o sol girava
em torno dela. Esta opinião era
fundamentada muito mais em uma
percepção dos nossos sentidos do que em
estudos astronômicos. Expliquemos. Todos
os dias nós vemos o sol nascer de um lado e desaparecer do outro lado. Parece que estamos
parados e o sol girando em torno de nós. Sem contar que não conseguimos perceber o
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movimento de translação da Terra, isto é, não conseguimos perceber que ela está se
movimentando, girando em torno do sol.
Vemos então que, para Sócrates muitas das opiniões falsas surgem porque nossos sentidos nos
enganam. No entanto, há outra forma como adquirimos opiniões em vez de conceitos é
quando nos deixamos influenciar somente pelo senso-comum. O senso-comum é o conjunto
de ideias e concepções ensinadas pela tradição e que a maioria das pessoas aceitam sem fazer
a pergunta: por que tenho que aceitar isso? Até pouco tempo atrás, julgava-se que mulher
decente não saía de casa para trabalhar, ficava em casa cuidando da casa e das crianças para o
marido. As primeiras mulheres que questionaram essa opinião eram vistas com maus olhos.
No Mito da caverna vemos que quando o prisioneiro libertado conta que o mundo está do
lado de fora, sendo as sombras meras ilusões, ele também é visto com maus olhos. O
prisioneiro liberto questiona o senso-comum dos outros prisioneiros. Outro exemplo de como
o senso-comum forma opiniões equivocada em nós, e não conceitos, basta pensarmos no caso
do racismo. Uma pessoa criada em um ambiente racista, no meio de uma família racista,
cresce acreditando que brancos são superiores aos negros. Embora na família dessa pessoa se
aceite de maneira inquestionável a superioridade dos brancos, não existe nenhum estudo que
comprove tal superioridade, sendo que a única diferença entre negros e brancos está no fato
de os primeiros terem um pouco mais de melanina na pele. O senso-comum pode ser
reproduzido pela família, pela televisão, pelas escolas, pelo cinema, pela música, etc. Sócrates
acreditava que aceitar as opiniões do senso-comum é se eximir da atividade de pensar,
deixando então que outro pense por você.
ATIVIDADES
1. Leia e interprete a letra da música e o quadrinho abaixo para depois responder as
questões.
Televisão
Titãs
A televisão me deixou burro, muito burro demais
Agora todas coisas que eu penso me parecem iguais
O sorvete me deixou gripado pelo resto da vida
E agora toda noite quando deito é boa noite, querida.
Ô cride, fala pra mãe
Que eu nunca li num livro que um espirro fosse um vírus sem cura
Vê se me entende pelo menos uma vez, criatura!
Ô cride, fala pra mãe!
A mãe diz pra eu fazer alguma coisa mas eu não faço nada
A luz do sol me incomoda, então deixo a cortina fechada
É que a televisão me deixou burro, muito burro demais
E agora eu vivo dentro dessa jaula junto dos animais.
Ô cride, fala pra mãe
Que tudo que a antena captar meu coração captura
Vê se me entende pelo menos uma vez, criatura!
Ô cride, fala pra mãe!
TITÃS. Televisão, 1985.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 18
a. Tanto a música quanto o quadrinho, tratam do mesmo tema? Explique.
b. É possível dizer que tanto o quadrinho quanto a música mostram que a televisão
nos ensina a buscar conhecer aquilo que Sócrates chama de “conceito”? Sim ou
não? Justifique.
c. Indique passagens da música e do quadrinho que mostram a televisão como uma
forma de reproduzir ideias e concepções do senso-comum.
2. AS RELIGIÕES E O SAGRADO
A missa no domingo, a pregação do pastor, os batuques do candomblé, a peregrinação a
Meca, o sacrifício de animais ou as orações no muro das lamentações. Todos esses eventos
são considerados manifestações religiosas, todos eles estão ligados a alguma religião. Mais
afinal o que é uma religião? Como que atividades tão diferentes podem ser reunidas sob um
único nome, isto é, religião. O que tem em comum o islamismo, o cristianismo, o judaísmo e
o candomblé para serem chamados de religião? Alguns poderão dizer: é religião porque
acredita em Deus! Errado! Existem as religiões politeístas que acreditam em diversos deuses.
Ou seja, acreditar em Deus não é critério para definir se algo é uma religião ou não. O filósofo
e historiador romeno Mircea Eliade buscou entender o que é uma religião. Ele investigou
quais características em comum tem atvidades tão diferentes.
A palavra religião vem do latim: religio, formada pelo prefixo re (outra vez, de novo) e o
verbo ligare (ligar, unir, vincular). A religião é um vínculo, re-liga o homem ao sagrado. Toda
religião tem essa função, estabelecer um vínculo entre os homens e algo sagrado. Mas o é o
sagrado? Sagrado é, pois, a qualidade excepcional – boa ou má, benéfica ou maléfica,
protetora ou ameaçadora – que um ser possui e que o separa e distingue de todos os outros. O
sagrado pode suscitar devoção e amor, repulsa e ódio. Esses sentimentos suscitam um outro: o
respeito feito de temor. Nasce, aqui, o sentimento religioso e a experiência da religião.
A manifestação de algo sagrado é chamado por Mircea Eliade de hierofania. A manifestação
do sagrado pode se dar por meio de uma pedra, uma árvore, uma montanha, uma pessoa. Na
religião cristã, por exemplo, a manifestação do sagrado se dá por meio da encarnação de Deus
em Jesus Cristo. Em todos esses fenômenos existe a compreensão de que algo que pertence a
―uma ordem diferente‖ ou ―a um outro mundo‖ se manifesta no nosso mundo profano. O
profano é justamente aquilo que não é sagrado.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 19
Na imagem ao lado vemos a foto da mesquita de
Meca, este é um lugar considerado sagrado pelos
Mulçumanos. Embaixo da foto da mesquita vemos
a foto de um templo hindu. Logo abaixo vemos um
barracão de candomblé. O que a mesquita, o
templo e o barracão têm em comum? Todos eles
são lugares considerados sagrados para as suas
respectivas religiões.
Toda religião é constituída por espaços sagrados,
ou seja, lugares privilegiados onde o homem
religioso pode entrar em contato com o sagrado. O
espaço sagrado pode ser uma igreja, uma mesquita
ESTUDO DIRIGIDO
-O texto abaixo é do livro “O sagrado e o profano” do filósofo e historiador Mircea Eliade.
Leia atenciosamente o texto para em seguida responder as questões.
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Para o homem religioso, o espaço não ê homogêneo1: o espaço apresenta roturas
2, quebras;
há porções de espaço qualitativamente diferentes das outras. ―Não te aproximes daqui, disse
o Senhor a Moisés; tira as sandálias de teus pés, porque o lugar onde te encontras é uma terra
santa.‖ (Êxodo, 3: 5) Há, portanto, um espaço sagrado, e por conseqüência ―forte‖,
significativo, e há outros espaços não sagrados, e por conseqüência sem estrutura nem
consistência, em suma, amorfos3.
2.1. O espaço sagrado
uma
sinagoga, um barracão de candomblé. No entanto, os espaços sagrados não são somente
construções humanas. Existem montanhas, florestas, campos que podem ser considerados
espaços sagrados.
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[...] A fim de pôr em evidência a não homogeneidade do espaço, tal qual ela é vivida pelo
homem religioso, pode-se fazer apelo a qualquer religião. Escolhamos um exemplo ao
alcance de todos: uma igreja, numa cidade moderna. Para um crente, essa igreja faz parte
de um espaço diferente da rua onde ela se encontra. [...] Assim acontece em numerosas
religiões: o templo constitui, por assim dizer, uma ―abertura‖ para o alto e assegura a
comunicação com o mundo dos deuses.
[...] Todo espaço sagrado implica uma hierofania4, uma irrupção do sagrado que tem
como resultado destacar um território do meio cósmico que o envolve e o torna
qualitativamente diferente. Quando, em Haran, Jacó viu em sonhos a escada que tocava
os céus e pela qual os anjos subiam e desciam, e ouviu o Senhor, que dizia, no cimo: ―Eu
sou o Eterno, o Deus de Abraão!‖, acordou tomado de temor e gritou: ―Quão terrível é
este lugar! Em verdade é aqui a casa de Deus: é aqui a Porta dos Céus!‖ Agarrou a pedra
de que fizera cabeceira, erigiu a em monumento e verteu azeite sobre ela. A este lugar
chamou Betel, que quer dizer ―Casa de Deus‖ (Gênesis, 28: 1219).
[...] Quando não se manifesta sinal algum nas imediações, o homem provoca o, pratica,
por exemplo, uma espécie de evocação com a ajuda de animais: são eles que mostram que
lugar é suscetível de acolher o santuário ou a aldeia. Trata-se, em resumo, de uma
evocação das formas ou figuras sagradas, tendo como objetivo imediato a orientação na
homogeneidade do espaço. Pede se um sinal para pôr fim à tensão provocada pela
relatividade e à ansiedade alimentada pela desorientação, em suma, para encontrar um
ponto de apoio absoluto. Um exemplo: persegue se um animal feroz e, no lugar onde o
matam, eleva se o santuário; ou então põe se em liberdade um animal doméstico – um
touro, por exemplo –, procuram-no alguns dias depois e sacrificam no ali mesmo onde o
encontraram. Em seguida levanta se o altar e ao redor dele constrói se a aldeia (Mircea
Eliade. “O sagrado e o profano”).
1Homogêneo: aquilo que não possui partes ou elementos diferntes. 2Rotura: ruptura; rachadura. 3Amorfo: aquilo que não tem forma; desorganizado 4Hierofania: manifestação ou aparição de algo sagrado.
1. Explique como o homem religioso compreende o espaço.
2. Qual é a função do espaço sagrado?
3. O texto mostra dois modos diferentes de se escolher um espaço que será
considerado sagrado. Explique cada um deles.
2.2. Os ritos
Porque a religião liga humanos e divindade, porque organiza o espaço e o tempo, os seres
humanos precisam garantir que a ligação e a organização se mantenham e sejam sempre
propícias. Para isso são criados os ritos. Vemos então que o rito é outra característica comum
a todas as religiões.
O rito é uma cerimônia em que gestos determinados, palavras determinadas, objetos
determinados, pessoas determinadas e emoções determinadas adquirem o poder misterioso de
presentificar o laço entre os humanos e a divindade. Para agradecer dons e benefícios, para
suplicar novos dons e benefícios, para lembrar a bondade dos deuses ou para exorcizar sua
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 21
cólera, caso os humanos tenham transgredido as leis sagradas, as cerimônias ritualísticas são
de grande variedade. No entanto, uma vez fixada os procedimentos de um ritual, sua eficácia
dependerá da repetição minuciosa e perfeita do rito, tal como foi praticado na primeira vez,
porque nela os próprios deuses orientaram gestos e palavras dos humanos. Um rito religioso é
repetitivo em dois sentidos principais: a cerimônia deve repetir um acontecimento essencial
da história sagrada (por exemplo, no cristianismo, a eucaristia ou a comunhão, que repete a
Santa Ceia); e, em segundo lugar, atos, gestos, palavras, objetos devem ser sempre os
mesmos, porque foram, na primeira vez, consagrados pelo próprio deus. O rito é a
rememoração perene do que aconteceu numa primeira vez e que volta a acontecer, graças ao
ritual que abole a distância entre o passado e o presente.
2.3. Os objetos simbólicos
A religião não sacraliza apenas o espaço e o tempo, mas também seres e objetos do mundo,
que se tornam símbolos de algum fato religioso. Os seres e objetos simbólicos são retirados de
seu lugar costumeiro, assumindo um sentido novo para toda a comunidade – protetor,
perseguidor, benfeitor, ameaçador. É assim, por exemplo, que certos animais se tornam
sagrados, como a vaca na Índia, o cordeiro perfeito consagrado para o sacrifício da páscoa
judaica. É assim, por exemplo, que certos objetos se tornam sagrados, como o pão e o vinho
consagrados pelo padre cristão, durante o ritual da missa. Também objetos se tornam
símbolos sagrados intocáveis, como os pergaminhos judaicos contendo os textos sagrados
antigos, certas pedras usadas pelos chefes religiosos africanos, etc.
A religião tende a ampliar o campo simbólico. Ela o faz, vinculando seres e qualidades à
personalidade de um deus. Assim, por exemplo, em muitas religiões, como as africanas, cada
divindade é protetora de um astro, uma cor, um animal, uma pedra e um metal preciosos, um
objeto santo.
A figuração do sagrado se faz por símbolos: assim, por exemplo, o emblema da deusa
Fortuna era uma roda, uma vela enfunada e uma cornucópia; o da deusa Atena, o capacete e a
espada; o de Hermes, a serpente e as botas aladas; o de Oxossi, as sete flechas espalhadas pelo
corpo; o de Iemanjá, o vestido branco, as águas do mar e os cabelos ao vento; o de Jesus, a
cruz, a coroa de espinhos, o corpo glorioso em ascensão.
1Aborígenes: nativo; indígena. 2Circuncisão: retirada cirúrgica do prepúcio, praticada por razões higiênicas e/ou religiosas. 3Sabatino: relativo ao sábado. 4 Hierogamia: casamento das divindades. 5Paleo-oriental: do velho Oriente. 6Sumérios: relativo ou pertencente à Suméria, antigo país da Mesopotâmia (Ásia) , ou o que é seu natural ou
habitante 7Fecundidade: fertilidade. 8Regenerado: renovado; restaurado.
1. O que os rituais religiosos tomam como modelo?
2. Nos rituais de casamento qual acontecimento os homens pretendem imitar?
3. Que resultados espera-se atingir por meio dos rituais de casamento?
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ESTUDO DIRIGIDO
-O texto abaixo do filósofo e historiador Mircea Eliade foi retirado do livro “O sagrado e
o profano”. Leia atenciosamente o texto para em seguida responder as questões.
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..........................
Antes de falarmos da Terra, precisamos apresentar as valorizações religiosas das Águas, e
isso por duas razões: (1) as Águas existiam antes da Terra (conforme se exprime o Gênesis,
―as trevas cobriam a superfície do abismo, e o Espírito de Deus planava sobre as águas‖);
(2) analisando os valores religiosos das Águas, percebe-se melhor a estrutura e a função do
símbolo. Ora, o simbolismo desempenha um papel considerável na vida religiosa da
humanidade [...].
[...] O simbolismo das Águas implica tanto a morte como o renascimento. O contato com a
água comporta sempre uma regeneração1: por um lado, porque a dissolução é seguida de
um ―novo nascimento‖[...]. Ao dilúvio ou à submersão periódica dos continentes (mitos do
tipo ―Atlântica‖) corresponde, ao nível humano, a ―segunda morte‖ do homem [...]. A
imersão nas Águas equivale não a uma extinção definitiva, e sim a uma reintegração
passageira no indistinto, seguida de uma criação, de uma nova vida ou de um ―homem
novo‖.
[...] Em qualquer conjunto religioso em que as encontremos, as águas conservam
invariavelmente sua função: desintegram, abolem as formas, ―lavam os pecados‖, purificam
e, ao mesmo tempo, regeneram. [...]O ―homem velho‖ morre por imersão na água e dá
nascimento a um novo ser regenerado. Este simbolismo é admiravelmente expresso por
João Crisóstomo (Homil. in Joh., XXV, 2), que, falando da multivalência2 simbólica do
batismo, escreve: ―Ele representa a morte e a sepultura, a vida e a ressurreição... Quando
mergulhamos a cabeça na água como num sepulcro, o homem velho fica imerso, enterrado
inteiramente; quando saímos da água, aparece imediatamente o homem novo‖ (Mircea
Eliade. “O sagrado e o profano”).
1Regeneração: renovação; restauração. 2Multivalência: qualidade de multivalente. (multivalente: que possui várias utilidades, vários significados.
1. A água é um símbolo que aparece em diversas religiões com. Quais funções são
atribuídas a ela?
2. Explique o simbolismo do batismo na religião cristã.
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Jeitinho brasileiro!
Estavam na china um brasileiro, um americano e um argentino.
Estavam bebendo na praça.
Só que na China isso é proibido e eles foram pegos em flagrante.
Presos, foram mandados ao Juiz pra receberem sua sentença.
O Juiz deu uma bronca enorme e disse que cada um ia receber
20 chicotadas como punição.
Só que estavam em transição entre o ano do cão e o do rato,
então cada prisioneiro tinha direito à um pedido:
- Você americano! Seu país é racista, capitalista e eu odeio
vocês, mas promessa é promessa!
Qual o seu desejo, desde que seja não escapar da punição?
- Quero que amarrem 1 travesseiro nas minhas costas!
- Que assim seja! E tome as chicotadas com o travesseiro nas costas...
Lá pela décima chicotada o travesseiro cedeu e o americano levou 10 chicotadas.
- Sua vez argentino! Seu povo é muito arrogante e trapaceiro.
Odeio vocês, mas promessa é promessa!! Qual o seu desejo?
- Que amarrem 2 travesseiros nas minhas costas!
E assim foi. Lá pela décima quinta chicotada os travesseiros
cederam e o argentino tomou 5 das 20 chicotadas. Mas ficou
feliz por que passou a perna no americano!Foi a vez do brasileiro.
- Ora, ora, você é brasileiro... povo simpático, bom de
futebol, humilde... como eu gosto do seu povo você terá 2
pedidos!!
- Bem, eu queria levar 100 chicotadas...
- Espantoso!! Ainda por cima é corajoso!! Seu pedido será
realizado!! Qual é o próximo?
- Amarra o argentino nas minhas costas!!!...
Fonte: http://www.piadasonline.com.br!
II UNIDADE
3. O QUÊ É UMA AÇÃO MORAL?
A piada ao lado é o ponto de partida para o tema que começaremos a estudar: a ação Moral.
No texto vemos como determinadas características de uma pessoa se devem ao fato de ela
pertencer a algum povo. Vemos na piada, por exemplo, que o juiz chinês considera o
americano racista, o argentino trapaceiro e o brasileiro simpático. De certa forma cada povo
tem os seus costumes e características bem particulares, e o fato de eu pertencer a este povo
pode fazer com que minhas ações sejam fruto dos costumes e tradições locais. A piada, por
exemplo se chama “jeitinho Brasileiro”. Comumente chamamos de ―jeitinho brasileiro‖
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 24
PENSANDO NOSSO TEMPO
-Leia a notícia abaixo para depois responder as questões.
Estudantes protestam contra aumento de salário deputados em frente à assembléia
Estudantes e sindicalistas realizaram um protesto em frente à Assembleia Legislativa do
Espírito Santo (Ales) na tarde desta segunda-feira (27) contra o reajuste de 61,8% nos
vencimentos dos deputados estaduais. A manifestação ocorreu simultaneamente em diversas
capitais brasileiras, contra ao aumento dos salários de deputados federais e senadores no
Congresso Nacional. Segundo os manifestantes, a ideia é mostrar que a população não se
conforma com o aumento que elevou de R$ 12.384,00 para R$ 20.042,34 o salário dos
parlamentares, aprovado na última terça-feira (21).
Universitários como Thiago Moreira de Carvalho, 21 anos, estiveram com narizes de
palhaço, cartazes e distribuíram um manifesto de repúdio em relação ao aumento dos
parlamentares. "O capixaba precisa ficar atento a essas coisas. Precisa protestar mesmo. De
uma forma civilizada e trazendo os esclarecimentos para toda a população. É preciso fazer
um barulho para o povo ficar ciente da situação", afirmou.
aquela esperteza que o brasileiro tem para resolver problemas em situações difíceis. Nem
sempre essa esperteza é acompanhada de soluções muito honestas.
Já sabemos então que nossas ações podem ser motivadas por determinados costumes e
tradições do lugar onde nascemos. No entanto, o fato de agirmos de acordo com costumes e
tradições quer dizer que nossa ação seja moral? Várias vezes vemos pessoas que usam do
―jeitinho brasileiro‖ e depois são acusadas de imorais. Os políticos são o melhor exemplo
disso. Eles sempre dão aquele ―jeitinho‖ de conseguir um emprego público para um parente
mesmo existindo leis que proíbem o nepotismo. Um dos meios para eles conseguirem isso é o
nepotismo cruzado. Ou seja, um político coloca o parente de algum amigo político em um
cargo público, em seguida o amigo emprega algum parente dele.
Vemos então que agir de acordo com os costumes e tradições não é suficiente para fazer de
uma ação uma ação moral. Mas o que faz uma ação ser moral? Qual é o critério que distingue
uma ação moralmente boa de uma ação moralmente má? Esses são problemas que a filosofia
sempre buscou responder e que agora vocês poderão estudar.
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Em frente a um carro de som que chamou a atenção dos cidadãos que passaram em frente à
escadaria da Assembleia, o presidente do Sindicato dos Servidores Públicos do Espírito Santo
(Sindipúblicos-ES), Gerson Correia de Jesus, afirmou que o aumento foi legal do ponto de
vista da lei, mas imoral do ponto de vista da ética de um representante público. "O aumento
em si está previsto em lei. O que não podemos aceitar é essa imoralidade do momento. Um
aumento desses concedido em fim de mandato, com a chegada de novos deputados e com os
atuais fazendo isso com a sociedade. Não podemos aceitar isso. Deveria ser respeitado pelo
menos o que é dado à sociedade. O reajuste do salário mínimo, por exemplo, foi de 6%",
explicou. (A GAZETA)
1. Por que os políticos são pessoas geralmente acusadas de cometer atos imorais?
2. O que você entende quando os manifestantes dizem que o aumento foi “legal mas
imoral”?
3. Para você o que define uma ação moral e uma ação imoral?
4. Você também considera que o aumento dos salários dos deputados é imoral? Justifique
sua resposta.
3.1. KANT: O FILÓSOFO DA MORAL
Durante a Idade Média, a visão teocêntrica do mundo fez com que os valores religiosos
impregnassem as concepções éticas, de modo que os critérios do bem e do mal se achavam
vinculados à fé e dependiam da esperança de vida após a morte.
No entanto, a partir da Idade Moderna, culminando no movimento da Ilustração no século
XVIII, a moral se torna laica, secularizada. Ou seja, ser moral e Ser religioso não são pólos
inseparáveis, sendo perfeitamente possível que um homem ateu seja moral. O movimento
intelectual do século XVIII conhecido como Iluminismo, Ilustração ou Aufklãrung e que
caracteriza o chamado Século das Luzes exalta a capacidade humana de conhecer e agir pela
"luz da razão".
A máxima expressão do pensamento iluminista se encontra em Kant (1724 -1804). Para Kant
a razão não é só a capacidade de humana de conhecer o mundo. Ou seja, a razão não é
somente um instrumento que nós temos e os animais não e que nos permite aprender,
matemática, física, filosofia, biologia, etc. A razão é também a capacidade humana de
discernir uma ação moralmente boa de uma ação moralmente má. É por ser racional que o
homem cria distinções entre o certo e o errado, o bom e o mau. Para os animais essas
distinções não existem.
Para Kant, todo ser humano possui dentro de si um critério para distinguir o certo do errado,
ou seja temos a capacidade racional de saber se uma ação é moral ou não. Essa capacidade
nós não aprendemos com ninguém, mas ela pertence à própria natureza humana. Segundo
Kant a razão nos ensina que para uma ação ser moral ela tem que estar de acordo com a
seguinte lei: “Age de tal modo que possa querer que a máxima de sua ação se torne valor
universal”. Por exemplo, pensemos no exemplo do político que rouba o dinheiro público. Ao
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observar essa lei da razão ele pode fazer as perguntas: e se todos agirem como eu? E se todos
tiverem o direito de roubar? O político chegará a conclusão de que se todos roubarem ele não
conseguirá nem manter a posse daquilo que roubou. Logo, ele não vai querer que todos ajam
de maneira semelhante. A razão o diz que o seu modo de agir não pode se tornar universal,
isto é, ele não quer que ―todos roubem‖ porque sabe que roubar é imoral. Se sua ação fosse
moral ele não veria problemas nenhum em todos agirem da mesma forma.
Vemos que para Kant todos sabem e todos podem distinguir uma ação moral de uma ação
imoral. No entanto, nem todos agem de acordo a razão, de acordo com a moral. Por que isso
acontece? Vejamos o quadrinho abaixo do cartunista Bill Watterson.
No quadrinho temos os personagens Calvin e Hobbes (Calvin e Haroldo na versão traduzida
para o português). Calvin é o garotinho, Hobbes o tigre. Na tirinha Hobbes diz duvidar que o
ser humano precise de alguma coisa além dele mesmo para cometer atos imorais. Kant tem
uma visão parecida com a do personagem do quadrinho. Pertence à própria natureza humana a
possibilidade de agir de maneira imoral. Isto porque o ser humano não é somente um ser
racional. Também somos seres naturais, submetidos à causalidade necessária da Natureza.
Nosso corpo e nossa psique são feitos de apetites, impulsos, desejos e paixões. A Natureza
nos impele a agir por interesse. Este é a forma natural do egoísmo que nos leva a usar coisas
e pessoas como meios e instrumentos para o que desejamos.
Por ser um ser racional e ao mesmo tempo um ser natural movido por interesses pessoais o
homem acaba muitas vezes vivendo um conflito. A pessoas podem ter desejos que contrariam
a razão, que contrariam a moral. A natureza nos impele a agir como animais buscando
somente a satisfação imediata, mais a razão diz que a ação é contra a moral. A razão acaba
funcionando como uma voz interior que diz para agirmos de outra forma e luta contra os
instintos. Vemos isso no quadrinho da Mafalda, personagem do cartunista argentino Quino:
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3.2. MORAL, INTENÇÃO E RELIGIÃO
Neste quadrinho vemos o personagem Calvin querendo saber se ele terá alguma recompensa
em uma outra vida para o seu bom comportamento. Calvin parece demonstrar que não faz
muito sentido agir corretamente se não somos recompensados. Para Kant praticar uma boa
ação não é necessariamente agir moralmente. Uma celebridade pode ajudar necessitados com
doações só para ganhar um destaque na mídia. Embora essas doações ajudem muitas pessoas,
a celebridade foi movida por interesses pessoais. A ação moral tem um fim em si mesmo, ela
não é um meio para se atingir algum fim. O indivíduo age de determinada maneira pois
considera ser o seu dever agir daquela forma. A sua intenção é agir moralmente. Como nunca
vemos as intenções, mas só as ações, é difícil determinar se uma pessoa está agindo por
interesse ou não.
Outra coisa importante no quadrinho acima é que Calvin quer orientar as suas ações por uma
ideia religiosa: a vida após a morte. Para ele se houver uma vida depois da morte vale a pena
agir corretamente, se não houver não vale. Esta situação lembra a famosa frase de Dostoievski
presente no seu romance Os irmãos Kamarazov: ―Se Deus não existe, tudo é permitido‖. No
entanto, para Kant ideias e princípios religiosos não são necessários para o homem agir
moralmente. Na razão o homem já encontra um critério para a ação moral, o imperativo
categórico: “Age de tal modo que possa querer que a máxima de sua ação se torne valor
universal”. Deste modo, um descrente que não possui religião não agirá de modo imoral só
por causa disso.
Embora não seja necessário ser religioso para agir moralmente, Kant entende que a religião
pode fornecer exemplos que sirvam de estímulo. Na fé cristã, por exemplo, Kant diz que
cristo é apresentado como aquele que resiste as tentações, sacrifica seus interesses particulares
age pelo dever e o difundi ao seu redor. Para o filósofo alemão o que menos importa é se o
Cristo realizava milagres ou se era o messias. A maior contribuição dele foi servir de modelo
moral, de modo a estimular as pessoas a tentarem agir de modo semelhante. A religião cristã
ao incitar (através dos seus credos) os fiéis a tomarem Cristo como um arquétipo para sua
conduta, nada mais faz do que incitá-los a agir de acordo com o dever moral que a razão dá a
si mesma. É nesse sentido que se deve entender o seguinte dito de Kant: ―[...] pode dizer-se
que, entre a razão e a Escritura, existe não só compatibilidade, mas também harmonia de
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modo que quem segue uma (sob a direção dos conceitos morais) não deixará de coincidir com
a outra‖.
3.3. MORAL E FELICIDADE
O fato de o homem poder se guiar pela razão agindo moralmente não garante a ele uma vida
feliz. A ação moral pode despertar a ira dos outros, além do isolamento. Imagine um político
que atormentado por sua consciência decida denunciar um esquema de corrupção presente no
congresso. Apesar de ele tomar essa atitude com satisfação, pois sabe que é a coisa certa a
fazer, as conseqüências que cairão sobre ele podem ser terríveis: perseguição, ameaças a
familiares, isolamento, expulsão do partido. Tais consequências com certeza não
proporcionarão a ele uma vida tranquila e feliz. Apesar da ação moral não garantir a
felicidade e não ser motivada por uma busca da felicidade, Kant julga que o indivíduo que age
moralmente é digno de ser feliz, isto é, ele mer
4. POLÍTICA SE DISCUTE
No quadrinho acima, há no diálogo entre Calvin e Hobbes uma sátira a um fenômeno muito
comum nas sociedades modernas: a apatia política. O desinteresse das pessoas pela política
surge por vários motivos: decepção com escândalos de corrupção, a falsa crença de que a
política não interfere nas nossas vidas, o comodismo, e também por se ter uma visão não
muito clara do que é ―política‖ e o que é ―discutir política‖.
Falar de política não é só conversar sobre quem você vai votar. Para entendermos o que é
política, cabe observarmos o significado dessa palavra. Política etimologicamente deriva da
palavra grega polis, que significa cidade-Estado. A expressão grega ta politika (política)
significa ―os assuntos da polis (cidade-Estado‖. Para os gregos os ―assuntos da polis‖ dizem
respeito a todos os cidadãos, não só aqueles que ocupam cargos no governo. Mas quais são os
assuntos da polis? As leis, os costumes, a criação de estradas, a cobrança de impostos, a
administração dos bens públicos, a organização da defesa e da guerra, etc.
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ESTUDO DIRIGIDO
TEXTO 1
- O texto abaixo do italiano Noberto Bobbio trata da falta de interesse pela política nas
democracias modernas. Leia e interprete o texto para responder as questões abaixo.
O cidadão não educado
A educação para a cidadania foi um dos temas preferidos da ciência política americana nos
anos cinquenta, um tema tratado sob o rótulo da ―cultura política‖ e sobre o qual foram
gastos rios de tinta que rapidamente perdeu a cor: das tantas distinções, recordo aquela
estabelecida entre cultura para súditos, isto é, orientada para os output1 do sistema (para os
benefícios que o eleitor espera extrair do sistema político), e cultura participante, isto é,
orientada para os input2, própria dos eleitores que se consideram potencialmente
empenhados na articulação das demandas3 e na formação das decisões.
Olhemos ao nosso redor. Nas democracias mais consolidadas assistimos impotentes ao
fenômeno da apatia4 política, que frequentemente chega a envolver cerca da metade dos que
têm direito ao voto. Do ponto de vista da cultura política, estas são pessoas que não estão
orientadas nem para os output nem para os input.
No nosso contexto os assuntos da polis se ampliaram. São temas políticos que dizem respeito
a todos: a geração de emprego, a redução da miséria, o saneamento básico, a melhoria da
saúde, dos transporte público, da educação e da segurança pública, dentre outros. Mesmo
quem não quer nem ouvir nem falar sobre tais temas não consegue escapar de ter sua vida
influenciada por eles.
O ANALFABETO POLÍTICO
O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos
acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da
farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a
política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor
abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e
lacaio das empresas nacionais e multinacionais
(Bertolt Brecht)
.
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Estão simplesmente desinteressadas daquilo que, como se diz na Itália com uma feliz
expressão, acontece no ―palácio‖. Sei bem que também podem ser dadas interpretações
benévolas da apatia política. Mas até mesmo as interpretações mais benévolas não
conseguem me tirar da cabeça que os grandes escritores democráticos se recusariam a
reconhecer na renúncia ao uso do próprio direito um benéfico fruto da educação para
cidadania. Nos regimes democráticos, como é o italiano, onde a porcentagem dos votantes é
ainda muito alta (embora diminua a cada eleição), existem boas razões para se acreditar que
esteja em diminuição o voto de opinião e em aumento o voto de permuta5, o voto, para usar
a terminologia asséptica6 dos cientistas políticos, orientado para os output, ou, para usar
uma terminologia mais crua mas talvez menos mistificadora, o voto clientelar, fundado
(frequentemente de maneira ilusória) sobre o apoio político em troca de favores pessoais.
(BOBBIO, Norberto. O futuro da democracia)
1Output: saída resultado 2Input: entreda. 3Demandas: necessidades. 4Apatia: falta de ânimo; desinteresse. 5Permuta: troca. 5Asséptica: extremamente limpo
1. Explique o que significa se orientar pelo output do sistema político e o que significa
se orientar pelo input.
2. Explique o fenômeno da apatia política.
3. Você acha que no Brasil os cidadãos estão mais interessados pelo output ou pelo
input do sistema político? Justifique.
4. No texto acima Norberto Bobbio faz algumas observações sobre a política no seu
país, a Itália. Nestas observações o quê há de semelhante entre a Itália e o Brasil?
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TEXTO 2
- O texto abaixo discute o comportamento político dos cidadãos brasileiros. Leia e
interprete para responder as questões a seguir.
O brasileiro condena o brasileiro
Nossa tradição cultural, por diversas razões, criou um ideal de cidadania política sem
vínculos com a efetiva vida social dos brasileiros. Na teoria aprendemos que devemos
ser cidadãos; na prática, que não é possível, nem desejável comportarmo-nos como
cidadãos. A face política do modelo de identidade nacional é permanentemente corroída
pelo desrespeito aos ideais de conduta. Idealmente, ser brasileiro significa herdar a
tradição democrática na qual todos somos iguais perante a lei e onde o direito à vida, à
liberdade e à busca da felicidade é uma propriedade inalienável de cada um de nós; na
realidade, ser brasileiro significa viver em um sistema socioeconômico injusto, onde a
lei só existe para os pobres e para os inimigos e onde os direitos individuais são
monopólio dos poucos que têm muito.
Preso nesse impasse, o brasileiro vem sendo coagido a reagir de duas maneiras. Na
primeira, com apatia e desesperança. É o caso dos que continuam acreditando nos
valores ideais da cultura e não querem converter-se ao cinismo das classes dominantes e
de seus seguidores. Essas pessoas experimentam uma notável diminuição da auto-estima
na identidade de cidadão, pois não aceitam conviver com o baixo padrão de moralidade
vigente, mas tampouco sabem como agir honradamente sem se tornarem vítimas de
abusos e humilhações de toda ordem. Deixam-se assim contagiar pela inércia ou sonham
em renunciar à identidade, abandonando o país. Na segunda maneira, a mais nociva, o
indivíduo adere a ética da sobrevivência ou à lei do vale-tudo: pensa escapar a
delinquência, tornando-se delinquente.
Nos dois casos, obviamente, perde-se a confiança na ideia de justiça, legalidade e
interesse comum. É o primeiro passo para o império do banditismo – o modo de
convívio social em que a lei se confunde com o interesse de um indivíduo ou de um
grupo e a força substitui o diálogo. No banditismo, as leis dão lugar ao mercado da
violência, que tende à expansão ilimitada. Numa sociedade regida pela moral da
delinqüência, a cada dia se inventam novas formas de transgressão e de desmoralização
das leis e novas formas de submissão dos mais fracos aos mais fortes.
(COSTA, Jurandir F. O brasileiro condena o brasileiro. Superinteressante, São Paulo, 5 (11): 35, Nov.
1991.)
1. Vocês concordam com a análise do psicanalista Jurandir F. Costa? Por quê?
2. Identifiquem os dois tipos de cidadãos citados no texto. Como eles agem no dia-a-
dia?
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4.1. O QUÊ A FILOSOFIA TEM A DIZER SOBRE A POLÍTICA?
Participamos da política ao votar, ao participar de uma greve ou manifestação, boicotando um
produto importado, conversando sobre a situação de insegurança do bairro, ou da situação de
abandono da saúde pública. Estamos o tempo todo discutindo política de maneira informal,
mesmo sem saber que estamos fazendo isso.
Contudo, existe outra maneira de se falar de política. A filosofia busca, por exemplo, falar
sobre política formulando explicações científicas. Nesse caso, os filósofos levantam questões
como: Por que uma forma de governo é melhor que outra? O quê faz uma lei ser considerada
justa? O quê é o direito? A religião deve se envolver com a política? A política deve ser
guiada pela moral? Por que há desigualdade entre os homens?Por que o homem é um animal
político?
4.2. ARISTÓTELES: O HOMEM É UM ANIMAL POLÍTICO
Aristóteles (384-322 a.C.) nasceu em Estagira, na Calcídica
(região dependente da Macedônia). Seu pai era médico de Filipe,
rei da Macedônia. Mais tarde. Alexandre, filho de Felipe, foi
discípulo de Aristóteles até o momento em que precisou assumir
precocemente o poder e continuar a expansão do império.
Frequentou a Academia de Platão e a fidelidade ao mestre foi
intercalada por críticas que mais tarde justificaria dizendo: "Sou
amigo de Platão, mas mais amigo da verdade".
As principais ideias da filosofia política de Aristóteles foram
escritas no livro A política. Desde as primeiras páginas de seu
livro A política, Aristóteles explica a origem do Estado enquanto
valendo-se de uma reconstrução histórica das etapas através das
quais a humanidade teria passado das formas primitivas às formas
mais evoluídas de sociedade, até chegar à sociedade perfeita que é
o Estado. Aristóteles vê a evolução da sociedade humana como
uma passagem gradual de uma sociedade menor para uma mais ampla. Os homens seriam
para Aristóteles por natureza ―animais políticos‖. Sendo o Estado o resultado do
desenvolvimento dessa natureza humana. A política define a própria essência do homem,
e o Estado é considerado uma instituição natural.
O raciocínio de Aristóteles é o seguinte: os homens buscam sempre um bem, algo que
os tornem felizes. Mas sozinho o homem não consegue prover tudo que precisa para
ser feliz, por isso os homens se associam em grupos para poder alcançarem a
felicidade. O primeiro grupo que os homens formaram foi a família, estas foram
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unificadas por laços sanguíneos. A sociedade que em seguida se formou de várias famílias
chama-se aldeia. Da união de várias aldeias surgiu o Estado.
Mas afinal, o que é o Estado? Nas aulas de geografia vocês aprenderam que Estados são
divisões territoriais de determinados países. Por exemplo, no Brasil são Estados o Espírito
Santo, São Paulo, Rio de Janeiro, etc. Contudo, essa mesma palavra é usada com outro
sentido no campo da filosofia política. Estado aqui significa uma nação com território próprio,
politicamente organizado por meio de leis e que possui instrumentos de repressão para fazer
valer o direito (a polícia, por exemplo), além disso possui um exército para proteger os seus
espaços. Nesse caso o Brasil é um Estado, a Argentina, a França, a Alemanha, etc. Na Grécia
do tempo de Aristóteles as cidades eram chamadas de cidades-Estado, isto porque elas eram
independentes umas das outras, não se encontravam submetidas ao mesmo governo. As
cidades gregas eram como os países hoje.
Os Estados podem ser organizados em diversas formas de governo. Hoje no Brasil, por
exemplo, o governo é organizado na forma de uma democracia. Aristóteles foi um dos
primeiros filósofos a elaborar um estudo sobre as diversas formas de governo. Abaixo
leremos um texto do filósofo grego onde ela traça essa distinção das formas de governo.
ESTUDO DIRIGIDO
- O texto a seguir é um trecho do livro A política de Aristóteles. A partir da leitura do
texto construa uma tabela explicativa com as formas de governo descritas por
Aristóteles. A tabela deve conter tanto as formas que contribuem para a felicidade
geral quanto as formas degeneradas.
Formas de governo
O governo é o exercício do poder supremo do Estado. Este poder só poderia estar ou nas
mãos de um só, ou da minoria, ou da maioria das pessoas. Quando o monarca, a minoria ou
a maioria não buscam, uns ou outros, senão a felicidade geral, o governo é necessariamente
justo. Mas, se ele visa ao interesse particular do príncipe ou dos outros chefes, há um
desvio. O interesse deve ser comum a todos ou, se não o for, não são mais cidadãos.
Chamamos monarquia o Estado em que o governo que visa a este interesse comum
pertence a um só; aristocracia, aquele em que ele é confiado a mais de um, denominação
tomada ou do fato de que as poucas pessoas a que o governo é confiado são escolhidas
entre as mais honestas, ou de que elas só têm em vista o maior bem do Estado e de seus
membros; república, aquele em que a multidão governa para a utilidade pública [...]
[...] Estas três formas podem degenerar: a monarquia em tirania; a aristocracia em
oligarquia; a república em democracia. A tirania não é, de fato, senão a monarquia voltada
para a utilidade do monarca; a oligarquia, para a utilidade dos ricos; a democracia, para a
utilidade dos pobres. Nenhuma das três se ocupa do interesse público. Podemos dizer ainda,
de um modo um pouco diferente, que a tirania é o governo despótico exercido por um
homem sobre o Estado, que a oligarquia representa o governo dos ricos e a democracia o
dos pobres ou das pessoas pouco favorecidas.
(Aristóteles. A política)
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No livro “O príncipe”, Maquiavel ensina o
que os governantes devem fazer para se
manter no poder
4.3. A POLÍTICA E A MORAL: MAQUIAVEL
A filosofia política moderna começa com a obra de Maquiavel (1469-1527). Nascido em
Florença, Itália, Maquiavel foi um dos grandes responsáveis pela noção moderna de poder.
Em Maquiavel também encontramos uma renovação do sentido e da relação entre ética e
política. Desta forma, muito folclore se construiu em torno de seu nome e de sua pessoa,
principalmente pela interpretação precipitada que se fez muitas vezes de seu pensamento.
Maquiavel foi compreendido como alguém
imoral e desprovido de quaisquer valores. Por
isso a perspectiva do termo ―maquiavélico‖ é
sempre pejorativa. Mas, seria Maquiavel digno
desta fama? O que ele pretendia? Vamos por
partes.
Maquiavel choca por fazer uma análise do
homem considerando-o a partir de uma de suas
facetas, a do egoísmo. Se para Aristóteles e para
o pensamento greco-cristão no geral o homem
buscava a vida em sociedade, o bem viver como
algo natural, para Maquiavel ―os homens tendem à divisão e à desunião‖.
Seu livro mais conhecido, O Príncipe, é um conjunto de recomendações para que os
governantes ascendam ao poder e mantenha-se
como líder. Suas recomendações podem ser
resumidas na máxima “os fins justificam os
meios”, que significa que todos os recursos
honráveis ou não devem ser utilizados para a conquista e a manutenção do poder. Para chegar
a este objetivo, tudo era válido, inclusive mentir, enganar, trair e matar. Maquiavel argumenta
que o governante deve ser dissimulado quando é necessário, porém nunca deixando
transparecer sua dissimulação. Não é necessário, a um príncipe, possuir todas as qualidades,
mas é preciso parecer ser piedoso, fiel, humano, íntegro e religioso já que às vezes é
necessário agir em contrário a essas virtudes.
Vemos que para Maquiavel a moral não é uma questão política. Não existe certo e errado na
política. O que existe é o que serve para se manter no poder e o que não serve. Maquiavel
―comenta que aquele que trocar o que se faz por aquilo que se deveria fazer aprende antes sua
ruína do que sua preservação; pois um homem que queira fazer em todas as coisas profissão
de bondade deve arruinar-se entre tantos que não são bons‖.
Outra ideia bem famosa defendida por Maquiavel no livro O Príncipe é a de que os
governantes para se manterem no poder devem ser temidos. Segundo Maquiavel, é melhor
para um governante ser temido do que amado, o temor de uma punição faz os homens
pensarem duas vezes antes de trair seus líderes. O temor surge das punições. O líder deve ser
cruel quanto às penas com as pessoas, mas nunca no caráter material, Maquiavel diz que "as
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pessoas esquecem mais facilmente a morte do pai, do que a perda da herança". Punir as
pessoas materialmente as torna revoltadas, em vez de provocar o temor do governante.
A obra de Maquiavel, criticada em toda a parte, atacada por católicos e protestantes,
considerada ateia e satânica, tornou-se, porém, a referência obrigatória do pensamento
político moderno. A ideia de que a finalidade da política é a tomada e conservação do poder e
que este não provém de Deus, nem de uma ordem natural feita de hierarquias fixas exigiu que
os governantes justificassem a ocupação do poder. Em alguns casos, como na França e na
Prússia, surgirá a teoria do direito divino dos reis. Na maioria dos países, porém, a concepção
teocrática não foi mantida e, partindo de Maquiavel, os teóricos tiveram que elaborar novas
teorias políticas.
Essas novas teorias não pretendiam mais mostrar porque o Estado é uma obra de Deus, ou
fruto do desenvolvimento natural do homem. Elas queriam responder questões como: por que
indivíduos isolados formam uma sociedade? Por que indivíduos independentes aceitam
submeter-se ao poder político e às leis?
4.4. A RELIGIÃO TEM ALGUMA COISA A VER COM A POLÍTICA?
John Locke (1632 - 1704), filósofo inglês, era médico e descendia de uma família de
burgueses comerciantes. Com a obra Dois tratados sobre o governo civil, tornou-se o grande
teórico do liberalismo, cujas ideias iriam repercutir em todo o século XVIII, dando
fundamento filosófico às revoluções ocorridas na Europa e nas Américas.
Para Locke, a separação entre a Religião e o Estado é algo que reside na natureza e finalidade
de ambos. Apesar disso, aquelas que advogam a falsa religião têm sustentado a sua unidade
para melhor prosseguirem os seus interesses particulares. O resultado é a intolerância
religiosa. Locke entende que a única forma de acabar com a mesma é separar aquilo que por
natureza é distinto. Locke estudou as relações entre Igreja e Estado na sua obra Carta sobre a
tolerância.
a) Estado. O domínio do Estado é o da ordem pública, garantindo, defendendo e promovendo
o desenvolvimento dos interesses particulares. O Estado foi constituído por mútuo acordo
entre homens livres para resolverem os seus conflitos e protegerem os seus direitos. Está ao
serviço dos cidadãos e sob forma alguma pode atentar contra os seus direitos naturais
(liberdade, vida e bens).
b) Igreja. O domínio da Igreja é o culto público a Deus e o encorajamento dos homens para
que levem uma vida virtuosa e piedosa a fim de salvarem as suas almas. As Igrejas são
assembleias livremente constituídas e qualquer um as pode criar. Nenhuma tem mais
autoridade ou se pode arrogar ser mais verdadeira que outra. Apenas Deus sabe qual é a
verdadeira, e só a Ele compete julgar a conduta dos seus membros. A organização e a
hierarquia nas Igrejas resultam da vontade dos homens e não de Deus.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 36
Vemos que com Locke o Estado não deve ser confessional, ou seja, o Estado não deve
declarar possuir uma religião oficial. Para o filósofo inglês o Estado deve ser laico, secular.
Um Estado laico é aquele que não sofre interferência das religiões e dos religiosos, não se
encontra submisso a Igreja e não fundamenta suas leis se baseando em recomendações dos
livros sagrados.
PENSANDO NOSSO TEMPO
- Leia e interprete as notícias abaixo para responder as questões.
Ministério Público pede retirada de símbolos religiosos de órgãos públicos em SP
O Ministério Público Federal em São Paulo pediu que a Justiça obrigue a União a retirar
todos os símbolos religiosos fixados em locais de grande visibilidade e atendimento ao
público em órgãos públicos federais no Estado. No pedido, a Procuradoria Regional dos
Direitos do Cidadão pede também a aplicação de multa diária simbólica de R$ 1 em caso de
descumprimento. A multa deverá servir como um contador do desrespeito à determinação
judicial. O prazo proposto pelo Ministério Público para a retirada dos símbolos é de até 120
dias após a decisão.
Segundo o Ministério Público, a ostentação de símbolos religiosos seria uma ofensa à
liberdade de crença dos cidadãos. Além disso, o órgão argumenta que a Constituição Federal
determina que o Brasil é um Estado laico, ou seja, onde não há vinculação entre o poder
público e a religião. Para o procurador regional dos Direitos do Cidadão e autor da ação,
Jefferson Aparecido Dias, cabe ao Estado proteger todas as manifestações religiosas sem
tomar partido de alguma. "Quando o Estado ostenta um símbolo religioso de uma
determinada religião em uma repartição pública está discriminado todas as demais ou
mesmo quem não tem religião afrontando o que diz a Constituição", defendeu. (Folha
Online)
1. O texto faz referência ao conflito entre duas instituições. John Locke escreveu sobre
esse conflito. Quais instituições são essas?
2. Quais argumentos o Ministério Público utiliza para pedir a proibição da ostentação
de símbolos religiosos em órgãos públicos?
Aumentam denúncias contra intolerância religiosa no Rio
As denúncias de ofensa à religião vêm crescendo no estado do Rio de Janeiro, onde, até
novembro de 2008, a Lei Caó, que considera crime a intolerância religiosa, não estava
incluída no sistema das delegacias legais. Com a mudança recente, ainda não há números ou
estatísticas para mensurar esse movimento, mas, segundo o delegado Henrique Pessoa,
coordenador do setor de inteligência da Polícia Civil, hoje há praticamente um registro por
dia nas delegacias do estado. Nessa ―guerra‖ da fé, os seguidores de religiões afro-brasileiras
são as vítimas mais frequentes.
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5. A DEMOCRACIA EM QUESTÃO
Muitas vezes podemos rir como a personagem Mafalda ao imaginarmos que a democracia era
para ser uma forma de governo em que o povo é soberano, isto é, que o povo exerce o poder.
Vivemos num país cuja democracia é a forma de governo adotada, mas nem sempre a voz do
povo é escutada.
A palavra democracia vem do grego demos ("povo") e kratia, de krátos ("governo", "poder",
"autoridade"). Os atenienses são o primeiro povo a elaborar teoricamente o ideal democrático,
dando ao cidadão a capacidade de decidir os destinos da pólis (cidade-estado grega).
Habituado ao discurso, o povo grego encontra na ágora (praça pública) o espaço social para o
debate e o exercício da persuasão.
Na Grécia a democracia era direta, ou seja, os cidadãos participavam diretamente da vida
pública, não havia escolha de representantes políticos. No mundo moderno surgiu a
democracia representativa. Países como o Brasil possuem esse tipo de regime político. Na
democracia representativa os cidadãos através de eleições concedem mandatos a
representantes que passarão a exercer autoridade em seu nome.
Segundo o delegado, os devotos da umbanda e do candomblé estão entre as maiores vítimas.
Já evangélicos e judeus ainda não apareceram entre os registros. [...] ―Os adeptos da
umbanda e do candomblé não estão mais dispostos a apanhar calados. Já os judeus sofrem
preconceito, mas é um preconceito velado. E aumentou muito o respeito pela comunidade
judaica também‖. De acordo com a Lei Caó (número 7.716), a pena para intolerância
religiosa pode variar de um a três anos. Mas, no caso de uso da mídia para difundir a
intolerância, pode chegar de três a cinco anos. Segundo Pessoa, no entanto, ninguém até hoje
foi condenado pela lei no estado do Rio. (Notícia do site G1)
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 38
A democracia moderna pretende garantir direitos individuais que preservem a privacidade e
liberdade, vida e bens dos cidadãos. Além de direitos que garantam a participação dele na
vida política seja através do direito de voto, greve, ou de fazer parte de alguma organização
(sindicato, associação de moradores, partido).
Geralmente em democracias como a brasileira o governo é organizado em três poderes
democráticos. Tal forma de organização das democracias modernas em três poderes diferentes
foi inspirada pelas ideias do filósofo francês Montesquieu (1689-1755). Montesquieu
escreveu sobre essa organização do governo em três poderes no seu livro o Espírito das Leis.
A partir da leitura do texto de Montesquieu logo abaixo entenderemos quais são esses três
poderes e porque o filósofo sugeriu que os governos deviam ser organizados dessa forma.
ESTUDO DIRIGIDO
- Leia e interprete o trecho do livro Do espírito das leis de Montesquieu. A seguir responda as
questões.
Os três poderes
Para que não se possa abusar do poder, é preciso que, pela disposição das coisas, o poder limite o
poder. [...] Existem em cada Estado três tipos de poder: o poder legislativo, o poder executivo [...] e o poder judiciário [...]. Com o primeiro, o príncipe ou o magistrado cria leis por um tempo ou para
sempre e corrige ou anula aquelas que foram feitas. Com o segundo, ele faz a paz ou a guerra, envia
ou recebe embaixadas, instaura a segurança, previne invasões. Com o terceiro, ele castiga os crimes, ou julga as querelas
1 entre os particulares.
A liberdade política, em um cidadão, é esta tranqüilidade de espírito que provém da opinião que
cada um tem sobre a sua segurança; e para que se tenha esta liberdade é preciso que o governo seja tal que um cidadão não possa temer outro cidadão. Quando na mesma pessoa ou no mesmo corpo de
magistratura o poder legislativo está reunido ao poder executivo, não existe liberdade, pois pode-se
temer que o mesmo monarca ou o mesmo senado apenas estabeleçam leis tirânicas para executá-las tiranicamente. Não haverá também liberdade se o poder de julgar não estiver separado do poder
legislativo e do executivo. Se estivesse ligado ao poder legislativo, o poder sobre a vida e a
liberdade dos cidadãos seria arbitrário, pois o juiz seria legislador. Se estivesse ligado ao poder executivo, o juiz poderia ter a força de um opressor.
Tudo estaria perdido se o mesmo homem ou o mesmo corpo dos principais, ou dos nobres, ou do
povo, exercesse esses três poderes: o de fazer leis, o de executar as resoluções públicas e o de julgar os crimes ou as divergências dos indivíduos. (Montesquieu. Do espírito das leis)
1Querelas: disputas.
1. Construa uma tabela explicativa com os três poderes descritos por Montesquieu. A tabela
deve conter o nome do cargo dos principais representantes de cada poder no Brasil. Por
exemplo, presidente, governador, juiz, etc.
2. Para Montesquieu, por que é necessário essa organização da democracia em três
poderes?
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 39
5.1. DILEMAS DA DEMOCRACIA: A TECNOCRACIA
A palavra tecnocracia é formada por duas palavras de origem grega. A palavra tékhné que
significa técnica e krátos que significa 'governo, poder, domínio'. Tecnocracia seria o
governo exercido por aqueles que dominam as técnicas, que detém o saber tecnológico. A
palavra tecnocracia parece ter sido criada pelo inglês, radicado nos EUA, William Henry
Smyth (1855-1940), para designar 'um novo sistema e filosofia de governo, no qual os
recursos industriais de uma nação seriam organizados e manipulados por pessoas
tecnicamente competentes, para o bem-comum, em vez de serem deixados sob controle de
interesses privados, para benefício próprio'; a partir de 1932 essa palavra passou a fazer parte
do vocabulário da filosofia política.
O termo tecnocracia passou a ser utilizado para designar um fenômeno que toma proporções
cada vez maiores nos países democráticos: a importância das pessoas tecnicamente
competentes para a administração do governo. Compreenderemos porque esse fenômeno
(tecnocracia) é um dilema da democracia estudando o texto abaixo.
- O texto abaixo é do livro O futuro da democracia, do italiano Norberto Bobbio. Leia e
interprete para responder as questões.
[...] Na medida em que as sociedades passaram de uma economia familiar para uma economia de
mercado, de uma economia de mercado para uma economia protegida, regulada, planificada
aumentaram os problemas políticos que requerem competências técnicas. Os problemas técnicos
exigem por sua vez experts, especialistas, uma multidão cada vez mais ampla de pessoal
especializado. Há mais de um século Saint-Simon havia percebido isto e defendido a substituição
do governo dos legisladores pelo governo dos cientistas. Com o progresso dos instrumentos de
cálculo, que Saint-Simon não podia nem mesmo de longe imaginar, a exigência do assim chamado
governo dos técnicos aumentou de maneira desmesurada
Tecnocracia e democracia são antitéticas1: se o protagonista
2 da sociedade industrial é o
especialista, impossível que venha a ser o cidadão qualquer. A democracia sustenta-se sobre a
hipótese de que todos podem decidir a respeito de tudo. A tecnocracia, ao contrário, pretende que
sejam convocados para decidir. Na época dos Estados absolutos, como já afirmei, o vulgo devia ser
mantido longe dos arcana imperii3 porque era considerado ignorante demais. Hoje o vulgo é
certamente menos ignorante. Mas os problemas a resolver – tais como a luta contra a inflação, o
pleno emprego, uma mais justa distribuição da renda – não se tornaram por acaso crescentemente
mais complicados? Não são eles de tal envergadura4 que requerem conhecimentos científicos e
técnicos em hipótese alguma menos misteriosos para o homem médio de hoje (que apesar de tudo
é mais instruído)?
1Antitéticas: contrários; estão em oposição.
2Protagonista: que ocupa papel de destaque.
3Arcana imperii: autoridades ocultas, misteriosas.
4Envergadura: importância; peso.
1. Por que a democracia e a tecnocracia são antitéticas?
2. O quê propôs Saint-Simon?
3. Quais são os complexos problemas que acabam tornando necessário a participação dos
especialistas no governo?
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 40
5.2. DILEMAS DA DEMOCRACIA: A DESIGUALDADE ENTRE OS IGUAIS
O quadrinho acima mostra uma situação muito comum nos países com regime democrático
“a desigualdade entre os iguais”. Apesar de a democracia buscar garantir a participação
política e o direito de todos, nem sempre isso acontece. Uma boa parte da população acaba
sendo excluída da participação na vida política não tendo seus direitos garantidos. A
desigualdade econômica e a miséria são os principais motivos para essa exclusão. Se uma
pessoa não tem como comer, estudar e não tem nem mesmo onde morar, dificilmente ela vai
conseguir participar do ―governo de todos‖ que as democracias visam garantir.
Os Estados democráticos modernos ao não conseguirem resolver esse problemas da
desigualdade acabou gerando diversos críticos. Um de seus principais críticos foi o filósofo
alemão Karl Marx (1818-1883). Para Marx a história sempre foi uma luta de classes
incessante entre classes dominantes e classes dominadas. As democracias dos Estados
modernos apesar de buscarem garantir o bem comum a todos não teriam realizado tal
promessa. Os Estados democráticos modernos estão a serviço da classe dominante, a
burguesia. A burguesia é classe detentora da maior parte da riqueza de um pai, além de
possuir o controle sobre dos meios de produção, isto é, as fábricas, os latifúndios, a mão de
obra do trabalhador, enfim, tudo que é necessário para produção dos bens materiais. Segundo
Marx ―o Estado moderno é somente um comitê para gerenciar os negócios da burguesia‖. A
classe dominada é formada pelo proletariado, isto é, os trabalhadores que vendem sua mão-
de-obra e não conseguem ter seus direitos garantidos no regime democrático burguês.
O Estado de direito burguês, na medida em que representa apenas os interesses de uma
parcela da população, exercendo uma ação policial de controle sobre as demais classes da
sociedade, é contra o bem comum, é uma ameaça às liberdades democráticas. O jovem Marx,
dos primeiros escritos, entende que a verdadeira democracia só poderia nascer sobre os
escombros desse Estado que não está a serviço do bem comum.
Para Marx o Estado é um mal que deve ser extirpado. Ao lutar contra o poder da burguesia, o
proletariado deve destruir o poder estatal, o que não será feito por meios pacíficos, mas pela
revolução. No entanto, diferentemente dos anarquistas, Marx não considera viável a passagem
brusca da sociedade dominada pelo Estado burguês para a sociedade sem Estado, havendo a
necessidade de um período de transição. A classe operária, organizando-se num partido
revolucionário, deve destruir o Estado burguês e criar um novo Estado capaz de suprimir a
propriedade privada dos meios de produção. A esse novo Estado dá-se o nome de ditadura do
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proletariado, uma vez que, segundo Marx, o fortalecimento contínuo da classe operária é
indispensável enquanto a burguesia não tiver sido liquidada como classe no mundo inteiro.
A primeira fase, de vigência da ditadura do proletariado, corresponde ao socialismo, que
supõe a existência do aparelho estatal, da burocracia, do aparelho repressivo e do aparelho
jurídico. Nessa fase persiste a luta contra a antiga classe dominante, a fim de evitar a contra -
revolução. O princípio do socialismo é: "De cada um, segundo sua capacidade, a cada um,
segundo seu trabalho". A segunda fase, chamada comunismo, tem como princípio: "De cada
um, segundo sua capacidade, a cada um, segundo suas necessidades". O comunismo se define
pela supressão da luta de classes e, consequentemente, pelo desaparecimento do Estado. Na
"anarquia feliz" o desenvolvimento prodigioso das forças produtivas levaria à "era da
abundância", à supressão da divisão do trabalho em tarefas subordinadas (materiais) e tarefas
superiores (intelectuais), à ausência de contraste entre cidade e campo e entre indústria e
agricultura.
6. DUALISMO CORPO-ALMA
O quadrinho acima da personagem Mafalda é obra do cartunista argentino Quino. Nessa
tirinha Quino brinca com a ideia de que o ser humano é uma criatura formada por duas partes,
o corpo e a alma. A visão de que o ser humano é uma unidade formada por duas partes, corpo
e alma, está presente em muitas religiões e nas teorias de muitos filósofos. Essa ideia tão
antiga que pode ser observada em diversas culturas, também serviu de motivo para alguns
conflitos. Vejamos o relato do filósofo Francês Claude Lévi-Strauss:
Na história narrada por Lévi-Strauss vemos uma situação curiosa. Enquanto os colonizadores
queriam saber se os indígenas possuíam alma, para então descobrir se eles eram seres
humanos ou não, por outro lado os primeiros habitantes do nosso continente queriam saber se
os corpos dos espanhóis apodreciam, descobrindo então se eles eram seres humanos ou não.
―Nas Grandes Antilhas, alguns anos após a descoberta da América, enquanto os espanhóis
enviavam comissões de investigação para indagar se os indígenas possuíam ou não alma,
estes últimos dedicavam-se a afogar os brancos feitos prisioneiros para verificarem, através
de uma vigilância prolongada, se o cadáver daqueles estava ou não sujeito à putrefação‖.
(Raça e história. Lévi-Strauss)
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6.1. PLATÃO E O DUALISMO CORPO-ALMA
Dentre os primeiros filósofos que tentaram explicar o ser humano como uma unidade formada
por corpo e alma está Platão. Esse filósofo parte do pressuposto de que a alma, antes de se
encarnar, teria vivido a contemplação do mundo das ideias, onde tudo conheceu por simples
intuição, ou seja, por conhecimento intelectual direto e imediato, sem precisar usar os
sentidos. Quando - por necessidade natural ou expiação de culpa - a alma se une ao corpo, ela
se degrada, pois se torna prisioneira dele.
Todo drama humano consiste, para Platão, na tentativa de domínio da alma sobre o corpo.
Este (corpo) perturba o conhecimento verdadeiro, pois, escravizada pelo sensível, leva à
opinião e, consequentemente, ao erro. O corpo é também ocasião de corrupção e decadência
moral, e se a alma não souber controlar as paixões e os desejos, o homem será incapaz de
comportamento moral adequado.
No entanto, pode parecer contraditória a constatação de que os gregos sempre se preocuparam
com o seu corpo, estimulando os exercícios físicos, a ginástica, os esportes. Não é à toa que a
Grécia aparece como o berço das Olimpíadas. Ora, Platão também valoriza a ginástica, e isso
apenas confirma a ideia da superioridade do espírito sobre o corpo. "Corpo são em mente sã"
significa que a educação física rigorosa põe o corpo na posse de saúde perfeita, permitindo
que a alma se desprenda do mundo do corpo e dos sentidos para melhor se concentrar na
contemplação das ideias. Caso contrário, a fraqueza física torna-se empecilho maior à vida
superior do espírito.
6.2. RENÉ DESCARTES: O CORPO É UMA MÁQUINA
Na modernidade o filósofo francês René Descartes (1596-1650),
manteve essa distinção platônica entre o corpo e alma. Entretanto,
diferentemente de Platão, para Descartes o corpo é associado à ideia
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mecanicista do homem-máquina. Descartes que afirma: "Deus fabricou nosso corpo como
máquina e quis que ele funcionasse como instrumento universal, operando sempre da mesma
maneira, segundo suas próprias leis". Com isso Descartes torna o corpo autônomo, alheio a
alma. Alma em Descartes é pensamento, não força vital que move o corpo. Os corpos têm
movimento porque Deus injetou movimento neles quando os criou. Descartes afirma que
Deus é como um grande relojoeiro e nossos corpos são relógios que ele colocou para
funcionar automaticamente.
Tal como Platão, para Descartes a alma seria superior ao corpo. É por meio da alma que eu
conheço a leis físicas e matemáticas que fazem que meu corpo funcione. A filosofia de
Descartes tem uma visão mecanicista do corpo humano, ou seja, qualquer explicação de
fenômenos que acontecem nele (corpo humano) é feito através de cálculos matemáticos.
Descartes dá um exemplo interessante para indicar como que as funções do corpo são regidas
por leis físicas e matemáticas independentemente da alma. Ele fala o seguinte ―as cabeças,
pouco depois de decepadas, ainda se movem e mordem a terra, apesar de não serem mais
animadas‖. Ou seja, mesmo depois da morte de um indivíduo, e isto significa mesmo depois
que não haja mais nenhum pensamento no seu corpo, ainda é possível observar que o corpo
ainda exerce algumas atividades.
PENSANDO O NOSSO TEMPO
-Leia notícia abaixo, interprete e responda a partir dos conhecimentos filosóficos adquirimos.
Começam testes com chip implantado no cérebro
A FDA, órgão de saúde norte-americano, liberou os primeiros testes clínicos com uma nova
tecnologia, que permite que uma pessoa controle um computador por meio de um chip implantado
em seu cérebro. Chamada BrainGate ("portal do cérebro"), a nova interface neural foi projetada
para permitir que os deficientes com imobilidade motora possam se comunicar, ou mesmo acionar
equipamentos por meio de um computador, como telefones, TV, as luzes da casa ou qualquer
outro dispositivo que possa ser acoplado ao PC. O chip implantado no cérebro é um sensor do
tamanho de um comprimido, que contém centenas de finíssimos eletrodos de ouro. No caso do
BrainGate, ele é implantado na área do cérebro responsável pelos movimentos. Mas, em outras
aplicações, ele poderá também ser implantado em outras áreas do cérebro, responsáveis por outros
processos corporais. Embora em um futuro ainda mais distante, a empresa afirma também que,
potencialmente, seu sistema poderá ser utilizado para restabelecer o movimento de braços e pernas
em alguns tipos de deficiência motora. (Site inovação tecnológica)
1. Lendo essa notícia é possível dizer que os cientistas de hoje compreendem o corpo
humano como uma máquina da mesma forma que Descartes compreendia? Justifique sua
resposta.
2. De acordo com essa notícia é possível afirmar que os cientistas consideram o conceito de
“alma” importante para as suas pesquisas? Sim ou não? Explique.
3. Na antiguidade e na Idade Média os filósofos afirmaram que o corpo humano era
animado pela psique (alma). Ou seja, era a parte espiritual do indivíduo a responsável pela
movimentação da parte corporal. Na notícia acima é possível identificar que os cientistas
hoje procuram comprovar essa teoria? Sim ou não? Por quê?
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6.3. O QUÊ TEM NA ALMA?
Descartes descreve a alma como a parte imaterial do ser humano. É graças a ela que o ser-
humano pensa, imagina, tem memória. Contudo, existe alguma ideia na alma que não foi
ensinada? Existe alguma ideia inata (isto é, que possuímos desde o nascimento)? Ou tudo que
possuímos na nossa alma, no nosso intelecto, foi nos ensinado desde cedo?
Pensemos em alguns exemplos: Imaginem uma pessoa que desde criança recebeu
ensinamentos nos quais a morte é retratada como uma situação agradável. Essa pessoa terá um
medo natural da morte ou o medo da morte é algo ensinado? Agora imaginem uma pessoa que
foi criada sem nunca ouvir falar em Deus. Ela chegará a noção de Deus por conta própria ou a
ideia de Deus é algo transmitido pela educação?
Descartes diz que há na alma ideias inatas, ou seja, ideias que já trazemos desde o nosso
nascimento. Ideias inatas são aquelas que não poderiam vir de nossa experiência sensorial
porque não há objetos sensoriais ou sensíveis para elas, nem poderiam vir de nossa fantasia,
pois não tivemos experiência sensorial para compô-las a partir de nossa memória. As ideias
inatas são inteiramente racionais e só podem existir porque já nascemos com elas. Por
exemplo, a ideia do infinito (pois não temos qualquer experiência do infinito), as ideias
matemáticas (a matemática pode trabalhar com a ideia de uma figura de mil lados, o
quilógono, e, no entanto, jamais tivemos e jamais teremos a percepção de uma figura de mil
lados), a ideia de Deus.
Essas ideias, diz Descartes, são ―a assinatura do Criador‖ no espírito das criaturas racionais, e
a razão é a luz natural inata que nos permite conhecer a verdade. Como as ideias inatas são
colocadas em nosso espírito por Deus, serão sempre verdadeiras, isto é, sempre
corresponderão integralmente às coisas a que se referem, e, graças a elas, podemos julgar
quando um conhecimento que adquirido pelos órgãos dos sentidos é verdadeiro ou falso e
saber que as ideias fictícias (fantasias) são sempre falsas (não correspondem a nada fora de
nós).
O filósofo inglês John Locke (1632-1704) critica as ideias inatas de Descartes, afirmando que
a alma é como uma tábula rasa (uma tábua onde não há inscrições), como uma cera onde não
houvesse qualquer impressão, e o conhecimento só começa após a experiência sensível. Se
houvesse ideias inatas, as crianças já as teriam: além disso, a ideia de Deus não se encontra
em toda parte, pois há povos sem nenhuma representação de Deus ou, pelo menos, sem a
representação de um ser perfeito.
Locke explica que nossos conhecimentos começam com a experiência dos sentidos, isto é,
com as sensações. Os objetos exteriores excitam nossos órgãos dos sentidos e vemos cores,
sentimos sabores e odores, ouvimos sons, sentimos a diferença entre o áspero e o liso, o
quente e o frio, etc.
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As sensações se reúnem e formam uma percepção; ou seja, percebemos uma única coisa ou
um único objeto que nos chegou por meio de várias e diferentes sensações. Assim, vejo uma
cor vermelha e uma forma arredondada, aspiro um perfume adocicado, sinto a maciez e digo:
―Percebo uma rosa‖. A ―rosa‖ é o resultado da reunião de várias sensações diferentes num
único objeto de percepção. As ideias, trazidas pela experiência, isto é, pela sensação, pela
percepção e pelo hábito, são levadas à memória e, de lá, à alma as apanha para formar os
pensamentos
PENSANDO NOSSO TEMPO
- Leia a notícia abaixo para responder as questões relacionadas ao tema que estamos
estudando.
A ALMA CABE EM UM CHIP?
Universidade árabe cria um robô com aparência humana e outro pronto para ser seu
amigo. E agora vem o melhor: juntar os dois androides
por Denise Dalla Colleta
De um lado, um amontoado disforme de lata, chips, molas e lentes capazes de proezas sobre-
humanas. De outro, feições e corpos parecidos com os nossos, mas que fazem pouco além de
balbuciar algumas palavras e mexer sobrancelhas, boca e olhos. Assim caminhou a robótica.
Até que centros como o Laboratório de Mídia e Robôs Interativos (IRML), da Universidade
dos Emirados Árabes Unidos, resolveram criar robôs com corpo e, vá lá, alma. O caminho
que o laboratório está trilhando reproduz a divisão do mundo robótico. A pesquisa é feita em
partes separadas, mas que serão unidas no final, o que dará à luz um androide à nossa imagem
e semelhança. Para começar, foi desenvolvido o primeiro robô humanoide que fala árabe, o
IbnSina. Essa parte ―corpo‖ da pesquisa é capaz de compreender palavras na língua da
maioria dos pesquisadores envolvidos no projeto — árabe, inglês, grego e até português —,
piscar e produzir expressões faciais. ―Nós temos capacidades cognitivas absurdas para ler
emoções e intenções em qualquer criatura com a nossa aparência. É óbvio que, para se
comunicar com naturalidade, os robôs devem herdar isso dos homens‖, diz Nikolaos
Mavridis, diretor do laboratório.
A parte ―alma‖ do projeto tem jeito de primo pobre do Wall-E, o robozinho da Pixar. Sarah é
o primeiro robô a ter conta no site de relacionamentos Facebook. A meta aqui foi criar um
androide capaz de reconhecer e ter relacionamento íntimo com humanos. E com algumas
vantagens inatingíveis para nós: eles conseguirão gerenciar círculos sociais enormes e ter
memórias perfeitas do passado. Para os cientistas, isso não significa que uma forma de
relacionamento mais completa esteja surgindo. ―Não dá para prever as interações que irão
aparecer‖, afirma o diretor. Por enquanto, só uma certeza: quando Sarah e IbnSina formarem
um ser só, de corpo e alma, você terá a chance de iniciar um relacionamento com um amigo
que será mais assíduo do que 85% das pessoas que estão hoje no seu Facebook ou Orkut.
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Fonte: http://revistagalileu.globo.com
1. Isto que os cientistas estão chamando de alma se assemelha ao que Platão chamava de
alma? Sim ou não? Por quê?
2. É possível ver semelhanças entre o quê John Locke chamava de alma e o quê os
cientistas estão chamando de alma no robô. Explique qual é essa semelhança.
7.. VOCÊ É LIVRE?
Para começarmos a discutir o assunto dessa unidade vamos ler a notícia abaixo:
Na notícia acima vemos que cientistas tentam explicar a pedofilia por meio de uma anomalia
do cérebro. Ou seja, os pedófilos têm uma modificação no cérebro diferente dos não-
pedófilos. No entanto, se aceitarmos a ideia de que as ações do pedófilo são em decorrência
IbnSina, o “corpo”... • Aparência humana
• Fala árabe e está ―aprendendo‖ outras
línguas
• Imita expressões humanas
• Contém 26 motores localizados em
pontos estratégicos, sempre com o intuito
de expressar sentimentos
...e Sarah, a “alma”
• Não tem a menor preocupação com
aparência
• Anda pelo ambiente à procura de faces
humanas para conversar
• Lembra-se das pessoas que conheceu
• Tem perfil no Facebook e bate papo
com pessoas por lá também
Origem da pedofilia pode estar no cérebro, diz estudo
Notícia folha UOL. 28/11/2007 - 15h45
A origem dos abusos sexuais contra as crianças poderia estar no cérebro, de acordo com um estudo do Centro
de Dependência e Saúde Mental dos Estados Unidos divulgado nesta quarta-feira pela revista "Psychiatric
Research". Na pesquisa foi utilizado um avançado método de análise que comparou a atividade cerebral de um
grupo de pedófilos com a de autores de delitos não sexuais.
Segundo os cientistas, os pedófilos revelaram ter uma quantidade consideravelmente menor de "massa branca",
que é responsável por conectar as diferentes partes do cérebro. Os pesquisadores indicaram que os resultados do
estudo põem em xeque a crença generalizada de que a pedofilia é resultado de um trauma ou de abusos sofridos
durante a infância. Por outro lado, esta descoberta é a prova mais concreta que as origens do
problema estão no cérebro, acrescentaram.
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dessa anomalia, como podemos dizer que ele é responsável por suas ações? O pedófilo age
livremente? Ele escolhe agir de determinada forma e não de outra?
Definir se o homem é livre, isto é, se é responsável ou não por suas escolhas e ações é uma
questão filosófica fundamental. Toda sociedade não tem como se esquivar dessa questão
também. O cérebro comanda uma série de funções do corpo humano, não temos o poder de
desligá-lo e fazê-lo funcionar novamente. Seria ele também responsável por todas as nossas
escolhas? No entanto, em um julgamento, como seria possível acusar um criminoso de
assassinato, sendo que ele possui uma anomalia no cérebro? Ele não tem culpa de ter aquela
anomalia, como pode ser então responsabilizado por suas ações? A partir do momento que
todas as ações humanas começam a ser explicadas por relações de causa e efeito, o espaço da
liberdade diminui cada vez mais, ou seja, o ser humano se torna menos responsável pelos seus
atos.
No entanto, é possível também afirmarmos que o ser humano é um animal tão superior aos
outros que todas as suas ações não são influenciadas por nada? Uma criança que cresce em
uma família extremamente violenta e cheia de miséria não sofre nenhuma influência desse
ambiente? Uma pessoa que nasceu em uma grande metrópole como São Paulo, seria a mesma
pessoa, fazendo as mesmas escolhas e tendo as mesmas ações, se tivesse nascido em uma
tribo indígena na floresta amazônica? Uma criança que sofreu abuso sexual cresceria da
mesma forma se não tivesse sofrido esses abusos?
Todas essas questões foram levantadas para chamar a atenção para duas propostas distintas de
explicação das escolhas e ações humanas. A primeira proposta é chamada de determinismo.
Como veremos mais adiante existem diferentes formas de determinismo, no entanto, o que
caracteriza as teorias deterministas é que todo comportamento humano é explicado por
relações de causa e feito. Isto significa, toda ação, toda escolha humana nada mais é do que o
efeito de uma determinada causa. Deste modo, conhecendo as causas podemos entender o
comportamento das pessoas, e até exercer um controle sobre suas ações, escolhas, pensamento
e sentimentos. A segunda proposta de explicação do comportamento humano é chamada de
teoria da liberdade incondicional ou indeterminismo. Segundo esse modelo de explicação,
o homem age livremente não se deixando influenciar por nada. Seu comportamento não é
determinado por causas precedentes, ele é o único responsável por suas escolhas e ações, não
se deixando influenciar nem pelo ambiente em que vive, nem por possíveis anomalias
genéticas.
7.1. OS DIFERENTES TIPOS DE DETERMINISMO
As Moiras, divindades da mitologia grega, são três irmãs que dirigem o movimento das
esferas celestes, a harmonia do mundo e a sorte dos mortais. Elas presidem o destino (moira,
em grego) e dividem entre si as diversas funções: Cloto, que significa "fiar", tece os fios dos
destinos humanos; Láquesis, que significa "sorte", põe o fio no fuso; Átropos, ou seja,
"inflexível", corta impiedosamente o fio que mede a vida de cada mortal. Está implícita nesse
mito a ideia de que a ação humana se acha ligada aos desígnios divinos. Os relatos de Homero
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e Hesíodo revelam como os heróis até se orgulham de ser escolhidos por certos deuses, que os
fazem seus protegidos, defendendo-os da ação malévola de outros deuses.
Vamos ler agora a citação do psicólogo americano Watson: "Dêem-me doze crianças sadias,
de boa constituição, e a permissão de poder criá-las à minha maneira. Tenho a certeza de que,
se escolher uma delas ao acaso, e puder educá-la, convenientemente, poderei transformá-la
em qualquer tipo de especialista que eu queira - médico, advogado, artista, grande
comerciante, e até mesmo em mendigo e ladrão -, Independente de seus talentos, propensões,
tendências, aptidões, vocações e da raça de seus ascendentes".
Prosseguindo nesse ideal de controle do comportamento, Skinner, outro psicólogo
experimental, imagina uma utopia no romance Walden II, onde todos os atos humanos seriam
cientificamente planejados e controlados. Aí as pessoas são felizes, pois os técnicos e
cientistas cuidam para que elas queiram fazer precisamente as coisas que são melhores para
elas e para a comunidade. Nesse mundo, as questões sobre determinismo e liberdade são
reduzidas a pseudo-questões de origem linguística.
O mito relatado no primeiro parágrafo perde-se no tempo da história da Grécia Antiga.
Homero talvez tenha vivido no século IX a.C. e sabe-se que ele apenas recolheu as histórias
transmitidas desde longo tempo pela tradição oral. Já os americanos Watson e Skinner,
psicólogos da corrente comportamentalista, são nossos contemporâneos. O que distingue
essas duas posições tão distantes no tempo é que a primeira é mítica e a segunda, científica, O
que as aproxima é que, em ambos os casos, inexiste a liberdade humana, porque no mito o
homem se acha submetido ao destino inexorável, e no discurso científico daqueles psicólogos
o homem está sujeito ao determinismo.
Segundo o determinismo científico, tudo que existe tem uma causa. O mundo explicado pelo
princípio do determinismo é o mundo da necessidade, e não o da liberdade. Necessário
significa tudo aquilo que tem de ser e não pode deixar de ser. Nesse sentido, a necessidade é o
oposto de contingência, que significa o que pode ser de um jeito ou de outro. Exemplificando:
se aqueço uma barra de ferro, ela se dilata; a dilatação é necessária, no sentido de que é um
efeito inevitável, que não pode deixar de ocorrer. No entanto, é contingente que neste
momento eu esteja usando roupa vermelha ou amarela. Ora, se a ciência não partisse do
pressuposto do determinismo, seria impossível estabelecer qualquer lei. A física, a química, a
biologia se constituíram em ciências ao longo dos três últimos séculos procurando descobrir
as relações constantes e necessárias entre os fenômenos. Não haveria conhecimento científico
se tudo fosse contingente, isto é, pudesse acontecer ora de uma forma, ora de outra. Já no
século XVIII, os materialistas franceses D'Holbach e La Mettrie explicam os atos humanos
como simples elos de uma cadeia causal universal, o físico Laplace resumiu assim esse
determinismo: "Um calculador divino, que conhecesse a velocidade e a posição de cada
partícula do universo num dado momento, poderia predizer todo o curso futuro dos
acontecimentos na infinidade do tempo".
No século XIX, o positivismo, na ânsia de aplicar o mesmo método das ciências da natureza
às ciências humanas, estende a estas o determinismo, considerando a escolha livre uma mera
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ilusão. Hippolyte Taine (1828 -1893) tornou-se conhecido, sobretudo pelas leis da sociologia,
segundo as quais toda vida humana social se explicaria por três fatores:
- a raça, que é a grande força biológica dos caracteres hereditários determinantes do
comportamento do indivíduo;
- o meio, pelo qual o indivíduo se acha submetido aos fatores geográficos (como o clima, por
exemplo), bem como ao ambiente sócio-cultural e às ocupações cotidianas da vida;
- o momento, pelo qual o indivíduo é fruto da época em que vive, estando subordinado a uma
determinada maneira de pensar característica do seu tempo.
O pressuposto do pensamento de Taine é o determinismo, pois o ato humano não é livre, já
que é causado por esses fatores e deles não pode escapar.
7.2. TEORIA DA LIBERDADE INCONDICIONAL OU INDETERMINISMO
Contrapondo-se ao determinismo, há teorias que enfatizam a possibilidade da liberdade
humana absoluta, do livre-arbítrio, segundo o qual o homem tem o poder de escolher um ato
ou não, independentemente das forças que o constrangem. Segundo essa perspectiva, ser livre
é decidir e agir como se quer, sem qualquer determinação causal, quer seja exterior (ambiente
em que se vive), quer seja interior (desejos, caráter).
Mesmo admitindo que tais forças existam, o ato livre pertence a uma esfera independente em
que se perfaz a liberdade humana. Ser livre é, portanto, ser incausado. Bossuet (séc. XVII), no
Tratado sobre o livre -arbítrio, diz o seguinte: "Por mais que eu procure em mim a razão que
me determina, mais sinto que eu não tenho nenhuma outra senão apenas a minha vontade:
sinto aí claramente minha liberdade, que consiste unicamente em tal escolha. É isto que me
faz compreender que sou feito à imagem de Deus".
ATIVIDADES
1. Nos quadrinhos abaixo é possível identificar tanto ideias das teorias que defendem o
“determinismo” quanto das teorias que defendem a “liberdade incondicional”. Analise
os quadrinhos abaixo identificando em qual deles é defendido o “determinismo” e em
qual é defendido a “liberdade incondicional”. Justifique suas análises.
A)
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B)
2. Analisando a charge abaixo é possível dizer que a publicidade seja capaz de
determinar as ações e escolhas das pessoas? Justifique tomando por base a situação
mostrada na charge.
7.3. LIBERDADE OU DETERMINISMO?
Mas afinal de contas, o homem é totalmente determinado ou totalmente indeterminado? Quais
teorias estão certas as que explicam o comportamento humano por relações causa-efeito ou as
que dizem que o homem é completamente livre? Parece que ambas as teorias tem um pouco
de razão, mas as duas também parecem exagerar. Parece que conciliar o determinismo com o
indeterminismo é a atitude mais acertada. Pensemos na seguinte situação. O homem nas
sociedades primitivas ao se encontrar ameaçado pela natureza viu que havia necessidades de
abrigo para ele se proteger. Ou seja, utilizar abrigos para se proteger foi uma determinação da
natureza, a natureza é a causa que leva o homem a construir uma moradia. No entanto, a
forma como o homem vai criar esse abrigo varia de região para região, de tribo para tribo.
Alguns podem utilizar cavernas para moradia, outros podem construir elas com palha, outros
com bambu.
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Se construir um abrigo é algo determinado pela natureza, a forma como irei construí-lo e
depois organizar a aldeia é um ato livre. Podemos dizer que tal ato é livre, pois não está
programada na natureza humana a forma como os homens devem construir seus abrigos. O
mesmo não acontece com os animais, seu comportamento é todo programado pela natureza.
Vejamos o caso de uma famosa ave brasileira o ―joão-de-barro‖. Este pássaro é famoso por
construir seus ninhos de barro no formato de um forno. O joão-de-barro independente do local
que ele esteja ele vai sempre construir seus ninhos da mesma forma, utilizando o mesmo
material. Além disso, o joão-de-barro não precisa ser ensinado como construir o seu ninho, ele
já é determinado pela natureza a construí-lo, ele age instintivamente e não há espaço para agir
de outra forma.
Vemos na história da filosofia uma variedade de autores que tentaram conciliar a liberdade
com o determinismo, vejamos um deles, o francês Jean-Jacques Rousseau (1772-1778). O
filósofo francês observa que várias das atividades do nosso corpo ocorrem independentes de
nossa vontade. Pensemos no caso do espirro, é uma atividade totalmente involuntária, uma
determinação da natureza, onde nosso organismo pretende expulsar um corpo estranho. No
entanto, mesmo a natureza nos determinando buscamos agir contra ela várias vezes. Pense
numa pessoa que sempre quando come determinada comida tem uma irritação no estômago.
A natureza dá uma determinação a essa pessoa, não coma determinada comida, pois não fará
bem a você. No entanto, essa pessoa mesmo sabendo desse problema insiste em contrariar os
sinais que o seu corpo lhe dá e continua comendo tal comida. A liberdade humana se
manifesta então nessa atitude de poder agir contrariando aquilo que a natureza determina. Mas
é claro, essa liberdade tem sempre um limite. Ninguém é livre para parar o coração e depois
ligá-lo de novo, no entanto somos livres para comer uma comida não saudável mesmo a
natureza determinando que não a comamos.
7.4. MATERIALISMO HISTÓRICO: AS DETERMINAÇÕES MATERIAIS DA VIDA
HUMANA
O problema liberdade-determinismo também foi
estudado pelo filósofo alemão Karl Marx (1818-1883).
Marx buscou explicar que a base econômica da
sociedade é o elemento que determina a vida humana.
Ele fez isso por meio de sua teoria chamada de
―materialismo histórico‖.
O materialismo histórico é a explicação da história por
fatores materiais, ou seja, econômicos e técnicos. Marx
inverte o processo do senso comum que pretende
explicar a história pela ação dos "grandes homens", ou,
às vezes, até pela intervenção divina. Para o marxismo,
no lugar das ideias, estão os fatos materiais; no lugar
dos heróis, a luta de classes. Em outras palavras, o que Marx explicitou foi que, embora
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possamos tentar compreender e definir o homem pela consciência, pela linguagem, pela
religião, o que fundamentalmente o caracteriza é a forma pela qual reproduz suas condições
de existência. Para Marx , a sociedade se estrutura em níveis.
O primeiro nível, chamado de infra-estrutura, constitui a base econômica (que é
determinante, segundo a concepção materialista). Engloba as relações do homem com a
natureza, no esforço de produzir a própria existência, e as relações dos homens entre si. Ou
seja, as relações entre os proprietários e não-proprietários, e entre os não-proprietários e os
meios e objetos do trabalho.
O segundo nível, político-ideológico, é chamado de superestrutura. É constituído:
a) pelo aparato jurídico-político representada pelo Estado e pelo direito: segundo Marx, a
relação de exploração de classe no nível econômico repercute na relação de dominação
política, estando o Estado a serviço da classe dominante.
b) pelo aparto ideológico referente às formas da consciência social, tais como a religião, as
leis, a educação, a literatura, a ciência, a arte etc. Também nesse caso ocorre a sujeição
ideológica da classe dominada, cuja cultura e modo de vida reflete as idéias e os valores da
classe dominante.
Vamos exemplificar como a infra-estrutura determina a superestrutura, comparando valores
de dois diferentes períodos da história.
A moral medieval valoriza a coragem e a ociosidade da nobreza ocupada com a guerra, bem
como a fidelidade, que é a base do sistema de suserania e vassalagem; do ponto de vista do
direito, num mundo cuja riqueza é a posse de terras, considera-se ilegal (e imoral) o
empréstimo a juros. Já na Idade Moderna, com o advento da burguesia, o trabalho é
valorizado e, consequentemente, critica-se a ociosidade; também ocorre a legalização do
sistema bancário, o que exige a revisão das restrições morais aos empréstimos. A religião
protestante confirma os novos valores por meio da doutrina da predestinação, considerando o
enriquecimento um sinal da escolha divina.
Conforme os exemplos, as manifestações da superestrutura (no caso, moral e direito) são
determinadas pelas alterações da infra-estrutura decorrentes da passagem econômica do
sistema feudal para o capitalista. Portanto, para estudar a sociedade não se deve, segundo
Marx, partir do que os homens dizem, imaginam ou pensam, e sim da forma como produzem
os bens materiais necessários à sua vida. Analisando o contrato que os homens estabelecem
com a natureza para transformá-la por meio do trabalho e as relações entre si é que se
descobre como eles produzem sua vida e suas ideias.
No entanto, essas determinações não são eternas: ao tomar conhecimento das contradições, o
homem pode agir ativamente sobre aquilo que o determina. Ou seja, é porque o homem é livre
que ele pode revolucionar a infra-estrutura que determina o seu modo de vida.
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ESTUDO DIRIGIDO
- Leia e interprete o texto abaixo de Karl Marx para poder responder as questões.
Prefácio à Contribuição à crítica da economia política
Nas minhas pesquisas cheguei à conclusão de que as relações jurídicas - assim como as formas
de Estado- não podem ser compreendidas por si mesmas, nem pela dita evolução geral do
espírito humano, inserindo-se pelo contrário nas condições materiais de existência [..]; por seu
lado, a anatomia1 da sociedade civil deve ser procurada na economia política. (.)
A conclusão geral a que cheguei e que, uma vez adquirida, serviu de fio condutor dos meus
estudos, pode formular-se resumidamente assim: na produção social da sua existência, os
homens estabelecem relações determinadas, necessárias, independentes da sua vontade, relações
de produção que correspondem a um determinado grau de desenvolvimento das forças
produtivas materiais. O conjunto destas relações de produção constitui a estrutura econômica
da sociedade, a base concreta sobre a qual se eleva uma superestrutura jurídica e política e à
qual correspondem determinadas formas de consciência social. O modo de produção da vida
material condiciona o desenvolvimento da vida social, política e intelectual em geral. Não é a
consciência dos homens que determina o seu ser; é o seu ser social que, inversamente,
determina a sua consciência.
Em certo estágio de desenvolvimento, as forças produtivas materiais da sociedade entram em
contradição com as relações de produção existentes ou, o que é a sua expressão jurídica, com as
relações de propriedade no seio das quais se tinham movido até então. De formas de
desenvolvimento das forças produtivas, estas relações transformam-se no seu entrave2. Surge
então uma época de revolução social. A transformação da base econômica altera, mais ou
menos rapidamente, toda a imensa superestrutura. (Karl Marx)
1Anatomia: exame detalhado. 2Entrave: barreira.
1. Explique o papel da produção da existência material nas sociedades humanas?
2. O quê determina a consciência dos homens?
3. Explique o quê é a estrutura econômica da sociedade.
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8. O TRABALHO
A concepção de trabalho sempre esteve predominantemente ligada a uma visão negativa. Na
Bíblia, Adão e Eva vivem felizes até que o pecado provoca sua expulsão do Paraíso e a
condenação ao trabalho com o "suor do seu rosto". A Eva coube também o "trabalho" do
parto. A etimologia da palavra trabalho vem do vocábulo latino tripaliare, do substantivo
tripalium, aparelho de tortura formado por três paus, ao qual eram atados os condenados, e
que também servia para manter presos os animais difíceis de ferrar. Daí a associação do
trabalho com tortura, sofrimento, pena, labuta.
Na Antiguidade grega, todo trabalho manual é desvalorizado por ser feito por escravos,
enquanto a atividade teórica, considerada a mais digna do homem, representa a essência
fundamental de todo ser racional. Para Platão, por exemplo, a finalidade dos homens livres é
justamente a "contemplação das idéias". Também na Roma escravagista o trabalho era
desvalorizado. É significativo o fato de a palavra negocium indicar a negação do ócio: ao
enfatizar o trabalho como "ausência de lazer", distingue-se o ócio como prerrogativa dos
homens livres.
Na Idade Média, Santo Tomás de Aquino procura reabilitar o trabalho manual, dizendo que
todos os trabalhos se equivalem, mas, na verdade, a própria construção teórica de seu
pensamento, calcada na visão grega, tende a valorizar a atividade contemplativa. Muitos
textos medievais consideram a ars mechanica (arte mecânica) uma ars inferior.
Na Idade Moderna, a situação começa a se alterar: o crescente interesse pelas artes mecânicas
e pelo trabalho em geral justifica-se pela ascensão dos burgueses, vindos de segmentos dos
antigos servos que compravam sua liberdade e dedicavam-se ao comércio, e que portanto
tinham outra concepção a respeito do trabalho.
Vemos essa nova concepção de trabalho na filosofia do inglês John Locke (1632-1704). O
trabalho não é mais visto como uma atividade de escravos, e sim como uma atividade de
homens livres. Por meio do trabalho o homem modifica a natureza e estabelece a propriedade
privada, delimitando aquilo que é seu do que é dos outros.
O texto a seguir de John Locke vai nos permitir compreender melhor essa nova concepção de
trabalho que surge na modernidade.
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ESTUDO DIRIGIDO
- O texto abaixo é um trecho do livro Dois tratados sobre o governo civil, de John Locke. Leia e
interprete para responder as questões.
Ainda que a terra e todas as criaturas inferiores pertençam em comum a todos os homens, cada um
guarda a propriedade de sua própria pessoa; sobre esta ninguém tem qualquer direito, exceto ela.
Podemos dizer que o trabalho de seu corpo e a obra produzida por suas mãos são propriedade sua.
Sempre que ele tira um objeto do estado em que a natureza o colocou e deixou, mistura nisso o seu
trabalho e a isso acrescenta algo que lhe pertence, por isso o tornando sua propriedade. Ao remover
este objeto do estado comum em que a natureza o colocou, através do seu trabalho adiciona-lhe algo
que excluiu o direito comum dos outros homens. Sendo este trabalho uma propriedade
inquestionável do trabalhador, nenhum homem, exceto ele, pode ter o direito ao que o trabalho lhe
acrescentou, pelo menos quando o que resta é suficiente aos outros, em quantidade e em qualidade.
Aquele que se alimentou com frutos que colheu sob um carvalho, ou das maçãs que retirou das
árvores na floresta, certamente se apropriou deles para si. Ninguém pode negar que a alimentação é
sua. Pergunto então: Quando começaram a lhe pertencer? Quando os digeriu? Quando os comeu?
Quando os cozinhou? Quando os levou para casa? Ou Quando os apanhou? E é evidente que se o
primeiro ato de apanhar não os tornasse sua propriedade, nada mais poderia fazê-lo. Aquele trabalho
estabeleceu uma distinção entre eles e o bem comum; ele lhes acrescentou algo além do que a
natureza, a mãe de tudo, havia feito, e assim eles se tornaram seu direito privado. Será que alguém
pode dizer que ele não tem direito àqueles frutos do carvalho ou àquelas maçãs de que se apropriou
porque não tinha o consentimento de toda a humanidade para agir dessa forma? Poderia ser
chamado de roubo a apropriação de algo que pertencia a todos em comum? Se tal consentimento
fosse necessário, o homem teria morrido de fome, apesar da abundância que Deus lhe proporcionou.
Sobre as terras comuns que assim permanecem por convenção, vemos que o fato gerador do direito
de propriedade, sem o qual essas terras não servem para nada, é o ato de tomar uma parte qualquer
dos bens e retirá-la do estado em que a natureza a deixou. E este ato de tomar esta ou aquela parte
não depende do consentimento expresso de todos. Assim, a grama que meu cavalo pastou, a relva
que meu criado cortou, e o ouro que eu extraí em qualquer lugar onde eu tinha direito a eles em
comum com outros, tornaram-se minha propriedade sem a cessão ou o consentimento de ninguém.
O trabalho de removê-los daquele estado comum em que estavam fixou meu direito de propriedade
sobre eles.
[...] Quando Deus deu o mundo em comum a toda a humanidade, também ordenou que o homem
trabalhasse, e a penúria de sua condição exigia isso dele. Deus e sua razão ordenaram- lhe que
submetesse a terra, isto é, que a melhorasse para beneficiar sua vida, e, assim fazendo, ele estava
investindo uma coisa que lhe pertencia: seu trabalho. Aquele que, em obediência a este comando
divino, se tornava senhor de uma parcela de terra, a cultivava e a semeava, acrescentava-lhe algo
que era sua propriedade, que ninguém podia reivindicar nem tomar dele sem injustiça.
(Locke, John. Dois tratados sobre o governo civil)
1. Como Locke explica o surgimento da propriedade privada?
2. Para Locke, o surgimento da propriedade privada depende de um contrato entre
todos os homens? Sim ou não? Justifique.
3. De acordo com o texto, qual foi o comando divino dado ao homem? Quais vantagens
teriam as pessoas obedientes a tal comando?
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8.1. TRABALHO E ALIENAÇÃO
Nas sociedades modernas onde foi implantando o sistema capitalista o trabalho não se
configurou como uma atividade de homens livres. Embora seja propagandeado que o contrato
de trabalho seja um contrato livremente firmado entre as partes, isto é patrão e empregado, o
operário não escolhe o horário nem o ritmo de trabalho e passa a ser comandado de fora, por
forças estranhas a ele. Por ser muitas vezes a única opção que o operário tem para não passar
fome, ele se submete a tais condições. Além disso, o trabalho não se mostrou um meio para a
produção da propriedade privada para o trabalhador. Quanto mais o trabalhador trabalha,
maior se torna a propriedade privada de seus patrões. É nesse contexto que Karl Marx (1818-
1883) desenvolve sua teoria sobre a alienação do trabalho.
Etimologicamente a palavra alienação vem do latim alienare, alienas, que significa "que
pertence a um outro". E outro é alienus. Sob determinado aspecto, alienar é tornar alheio,
transferir para outrem o que é seu. Para Marx a alienação por meio do trabalho ocorre de dois
modos diferentes.
Em primeiro lugar, os trabalhadores, como classe social, vendem sua força de trabalho aos
proprietários do capital (donos das terras, das indústrias, do comércio, dos bancos, das
escolas, dos hospitais, das frotas de automóveis, de ônibus ou de aviões, etc.). Vendendo sua
força de trabalho no mercado da compra e venda de trabalho, os trabalhadores são
mercadorias e, como toda mercadoria, recebem um preço, isto é, o salário. Entretanto, os
trabalhadores não percebem que foram reduzidos à condição de coisas que produzem coisas;
não percebem que foram desumanizados e coisificados.
Em segundo lugar, os trabalhos produzem alimentos (pelo cultivo da terra e dos animais),
objetos de consumo (pela indústria), instrumentos para a produção de outros trabalhos
(máquinas), condições para a realização de outros trabalhos (transporte de matérias-primas, de
produtos e de trabalhadores). A mercadoria trabalhador produz mercadorias. Estas, ao
deixarem as fazendas, as usinas, as fábricas, os escritórios e entrarem nas lojas, nas feiras, nos
supermercados, nos shoppings centers parecem ali estar porque lá foram colocadas (não
pensamos no trabalho humano que nelas está cristalizado e não pensamos no trabalho humano
realizado para que chegassem até nós) e, como o trabalhador, elas também recebem um preço.
O trabalhador olha os preços e sabe que não poderá adquirir quase nada do que está exposto
no comércio, mas não lhe passa pela cabeça que foi ele, não enquanto indivíduo e sim como
classe social, quem produziu tudo aquilo com seu trabalho e que não pode ter os produtos
porque o preço deles é muito mais alto do que o preço dele, trabalhador, isto é, o seu salário.
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Apesar disso, o trabalhador pode, cheio de orgulho, mostrar aos outros as coisas que ele
fabrica, ou, se comerciário, que ele vende, aceitando não possuí-las, como se isso fosse muito
justo e natural. As mercadorias deixam de ser percebidas como produtos do trabalho e passam
a ser vistas como bens em si e
por si mesmas (como a propaganda as mostra e oferece).
Na primeira forma de alienação econômica, o trabalhador está separado de seu trabalho – este
é alguma coisa que tem um preço; é um outro (alienus), que não o trabalhador. Na segunda
forma da alienação econômica, as mercadorias não permitem que o trabalhador se reconheça
nelas. Estão separadas dele, são exteriores a ele e podem mais do que ele. As mercadorias são
igualmente um outro, que não o trabalhador.
8.2. O CULTO AO TRABALHO
Apesar de teorias como as de Marx mostrarem como ocorre o processo de alienação do
trabalho nas sociedades capitalistas vivemos uma época em que o ―culto ao trabalho‖
prevalece. A quantidade de empregos ofertados no ano é visto como um critério para se
avaliar o progresso das sociedades, as pessoas bem sucedidas são as que trabalham. Ter tempo
disponível para não trabalhar é um luxo destinado a poucos. Se submeter a condições
degradantes ainda é visto como algo melhor do que não ter um trabalho.
De um lado temos o aumento de doenças causadas por stress no trabalho, por outro lado
temos a repetição de bordões como o ―trabalho dignifica o homem‖. Quem faz perguntas
demais sobre a forma como é realizado esse culto ao trabalho, é visto com maus olhos, ou é
um preguiçoso ou um baderneiro.
Apesar de a cada ano serem produzidas novas tecnologias que dispensam o homem de
trabalhar, ainda é mantido o discurso: ―Trabalhar é preciso!‖, ou como diziam as placas nos
campos de concentração nazistas, ―O trabalho liberta!‖.
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Profº. EVERTON LIMA
TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA
LICENCIADO EM PEDAGOGIA
PÓS GRADUADO –ESPECIALISTA EM PEDAGOGIA EMPRESARIAL
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SUMÁRIO
1. Conceitos Basilares da Geografia .............................................................................................. 60
1.1. Espaço Geografico .................................................................................................................... 60
1.2. Ações Humanas ......................................................................................................................... 60
2. Paisagem .................................................................................................................................... 62
3. Território .................................................................................................................................... 63
3.1. Etimologia ................................................................................................................................ 63
3.2. Territorio na geografia humana................................................................................................... 63
3.3. Geopolitico ............................................................................................................................... 64
4. Regiões do Brasil ........................................................................................................................ 66
4.1. Norte ......................................................................................................................................... 68
4.2. Nordeste .................................................................................................................................... 69
4.3. Centro-Oeste ............................................................................................................................. 69
4.4. Sudeste ...................................................................................................................................... 69
4.5. Sul ............................................................................................................................................. 70
5. Escala Goegrafica ....................................................................................................................... 70
6. Orientação e Localização no espaço geográfico ....................................................................... 71
7. Fusos Horarios ........................................................................................................................... 74
7.1. Fusos horários no Brasil ............................................................................................................ 74
7.2. Horario de Verão ....................................................................................................................... 75
8. Projeção Cartografica ................................................................................................................ 77
8.1. Tipos de projeções cartográficas ................................................................................................ 77
9. Leitura e Intepretação de mapas ............................................................................................... 78
10. Dinamica da Paisagem Natural ................................................................................................ 90
11. Relevo Brasileiro ...................................................................................................................... 95
12. Os solos brasileiros ................................................................................................................. 103
13. Hidrografia do Brasil ............................................................................................................. 104
14. Clima ...................................................................................................................................... 112
15. Vegetação ................................................................................................................................ 117
16. Dominios Morfoclimaticos do Brasil ..................................................................................... 125
17. Fontes Energeticas: convencionais e alternativas .................................................................. 131
18. Problemas Ambientais Globais .............................................................................................. 133
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1.CONCEITOS BASILARES DA GEOGRAFIA
1.1.Espaço geográfico
O Espaço geográfico é o palco das realizações humanas, no entanto, abriga todas as partes do
planeta possíveis de serem analisadas, catalogadas e classificadas pelas inúmeras
especialidades da ciência geográfica.
Em geral, o espaço geográfico é o espaço ocupado e organizado pelas sociedades humanas.
Ele é poligênico - sendo que para seu entendimento é necessário o estudo de todo o processo
histórico de sua formação.
O espaço geográfico do Brasil é considerado excepcionalmente privilegiado, já que é quase
inteiramente aproveitável, não apresentando desertos, geleiras ou cordilheiras - as chamadas
áreas anecúmenas, que impossibilitam a plena ocupação do território, como ocorre com a
maior parte dos países muito extensos da Terra. No Canadá, por exemplo, aparecem algumas
áreas desse tipo, como a Ilha de Baffin e a Ilha Ellesmere, ocupadas por geleiras. Na China,
aparecem os desertos da Mongólia e Turquestão; nos Estados Unidos, os desertos do Arizona
e do Colorado.
A combinação da litosfera com a hidrosfera e a atmosfera constitui um subespaço geográfico
denominado biosfera. Este subespaço recebe tal denominação por corresponder à porção do
planeta que é capaz de comportar vida.
Para a geografia física o espaço geográfico é o espaço concreto ou físico inserido na interface
"litosfera-hidrosfera-atmosfera". É o espaço de todos os seres vivos, não só o espaço do
homem. O espaço geográfico foi formado a 4,5 bilhões de anos quando a Terra foi formada.
De lá para cá houve mudanças profundas na sua estrutura, composição química e na paisagem
geográfica. Oceanos apareceram, oxigênio ficou abundante, devido o papel das algas e plantas
superiores. Quando o homem surgiu na Terra ele já estava formado. Com o tempo a
humanidade começou a modifica-lo através da tecnologia. Hoje as paisagens geográficas
estão bastante modificadas, mas a natureza continua determinando tudo ou quase tudo.
1.2.Ações humanas
Na corrente conhecida como geografia tradicional, o conceito de espaço não era uma
categoria central de pesquisa, pois os geógrafos trabalhavam principalmente com os conceitos
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 61
de superfície terrestre, região, paisagem e território. Já a partir da década de 1950, com a
chegada da geografia quantitativa, o conceito de espaço tornou-se central nas pesquisas em
geografia humana. De fato, essa corrente do pensamento geográfico definia a geografia como
a ciência que estuda a organização espacial, ou seja, a lógica que estabelece os padrões de
distribuição espacial dos fenômenos e as relações que conectam pontos diferentes do espaço.
Nesse sentido, a geografia precisava entender a lógica do comportamento dos agentes sociais
para poder explicar a localização das atividades humanas e os fluxos de pessoas, mercadorias
e informações que conectam os lugares. Mas, de meados dos anos 1970 em diante, o conceito
de espaço foi totalmente redefinido pela geografia crítica. Essa corrente afirma que, assim
como a cultura, a política e a economia são instâncias da sociedade, o mesmo ocorre com o
espaço, que, como produto social, reflete os processos e conflitos sociais, ao mesmo tempo
em que influi neles. Para a maior parte dos geógrafos críticos, como Milton Santos, Ruy
Moreira, David Harvey, entre outros, o objeto de estudo da geografia é o espaço, concebido
de forma humanizada e politizada como uma instância social.
Segundo essa última concepção, que é a predominante na atualidade, a sociedade se expressa
inteira no espaço geográfico, num feixe de relações sociais, políticas e econômicas que as
pessoas estabelecem entre si e delas com o espaço. As relações entre as pessoas são
construídas na família, no trabalho, na escola, na universidade, no lazer, na igreja, etc. As
relações de trabalho nos últimos anos passam por uma enorme transformação provocada pela
rapidez do avanço tecnológico e sua aplicação nos processos produtivos.
As paisagens geográficas mudam, mas porque elas mudam? As paisagens mudam porque
precisam incorporar novos objetos que a ciência descobriu e novos elementos que a técnica
cria por meio do trabalho do ser humano. É partindo da ciência e da tecnologia que objetos
são fabricados pelos homens. Alguns desses objetos são incorporados á nossa rotina sem
maiores implicações, como o telefone celular, por exemplo. Outros objetos exigem
implantação de novos arranjos espaciais que facilitem o seu uso pelas pessoas, no dia a dia,
sabe:derruba isso constrói aquilo...E assim a paisagem muda. Isso sem considerar os
fenômenos naturais: os terremotos,as inundações, os deslizamentos de terra e outros.
Mas as paisagem nem sempre mudam você sabia? Nem sempre, porém, há mudança. Em
certas paisagens geográficas, existem elementos culturais que pertencem a épocas diferentes
da atual.Esses elementos foram preservados como memória de outro tempo, de outro modo
com o as pessoas organizavam a vida em sociedade.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 62
1.3.Problematização
Como suprir nossas necessidades materiais? O espaço geográfico é construído num processo
que não termina. A natureza do lugar não acabou. Foi transformada, humanizada. Passa a
fazer parte da cultura humana. As necessidades vitais permanecem: as plantas continuam a
processar a fotossíntese para fornecer oxigênio à respiração; chuvas para reabastecer nossos
mananciais; água limpa para o nosso consumo doméstico; irradiação solar; preservação das
matérias primas; beleza dos patrimônios naturais dos ambientes protegidos etc.
2.Paisagem
Considera-se paisagem a imagem
resultante da síntese de todos os elementos
presentes em determinado local. Uma outra
definição, tradicional, de paisagem é a de
um espaço territorial abrangido pelo olhar.
Pode ser definida como o domínio do
visível, aquilo que a vista abarca. É
formada não apenas por volumes mas
também por cores, movimento, odores,
sons etc. A paisagem não é espaço, pois se tirarmos a paisagem de um determinado lugar, o
espaço não deixará de existir.
O termo é normalmente usado para se referir às perspectivas visuais existentes em cada
ambiente, sendo inclusive uma categoria da pintura.
2.1.Tipos de paisagem
A paisagem é um resultado material de todos os processos, naturais e humanizados, de
determinado local. Temos dois tipos de paisagem: natural e humanizada.
A paisagem natural é aquilo que vem de origem da natureza, sem interferência da mão
humana, como a vegetação e formações geológicas.
A paisagem humanizada é aquela que sofreu transformações em resultado da
intervenção humana. São exemplos de ambiente construído as obras de arquitetura e
de paisagismo.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 63
Para alguns autores, a paisagem é a apreensão do mundo de uma forma individual. Um olhar
individual que pode retransmitir para o conceito de paisagem na arte. É o fenômeno espacial
no tempo do indivíduo.
3.Território
A palavra território refere-se a uma área delimitada sob a posse de um animal, de uma pessoa
(ou grupo de pessoas), de uma organização ou de uma instituição. O termo é empregado na
política (referente ao Estado Nação, por exemplo), na biologia (área de vivência de uma
espécie animal) e na psicologia (ações de animais ou indivíduos para a defesa de um espaço,
por exemplo). Há vários sentidos figurados para a palavra território, mas todos compartilham
da ideia de apropriação de uma parcela geográfica por um indivíduo ou uma coletividade e
etc.
3.1.Etimologia
Patriarcado é uma palavra derivada do grego pater, e se refere a um território ou jurisdição
governado por um patriarca; de onde a palavra pátria. Pátria relaciona-se ao conceito de país,
do italiano paese, por sua vez originário do latim pagus, aldeia, donde também vem pagão.
País, pátria, patriarcado e pagão tem a mesma raiz.
3.2.Território na geografia humana
Na geografia humana, o conceito de território surge inserido na proposta de geografia política
de Friedrich Ratzel, sendo assim definido como o espaço sobre o qual se exerce a soberania
do Estado. De fato, Ratzel sustenta que o Estado surge quando uma sociedade se organiza
para defender seu território, sendo essa sua função primordial . Nesse sentido, ele pode ser
tanto o Estado nacional contemporâneo (cuja origem se dá no século XVIII) quanto formas de
organização política próprias de povos tradicionais, como aborígenes, africanos ou
americanos. Na geografia tradicional, portanto, o conceito de território é usado para estudar
as relações entre espaço e poder desenvolvidas pelos Estados, especialmente os Estados
nacionais.
A geografia quantitativa não trabalhava muito com o conceito de território, pois o estudo da
organização espacial enfatizava principalmente fenômenos econômicos e sociais sem uma
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 64
relação direta com questões de poder. Uma possível exceção eram estudos sobre as formas de
organização política do Estado, como a delimitação de distritos eleitorais, por exemplo .
A geografia humanista também não usa muito esse conceito, pois, tendo como objeto de
estudo os valores e atitudes relacionados ao espaço e à natureza, não trabalha diretamente com
relações de poder. Essa corrente da geografia trabalha principalmente com os conceitos de
espaço vivido e de lugar.
A geografia crítica, por sua vez, dá uma grande importância ao conceito de território, já que
tem nas relações de poder um dos seus temas privilegiados de estudo. A maioria dos autores
atuais utiliza esse conceito para tratar das relações entre espaço e poder, mas, à diferença dos
geógrafos tradicionais, enfatiza que o Estado não é o único agente que exerce poder. Nesse
sentido, os geógrafos críticos afirmam que a geografia não pode ficar restrita ao estudo da
geopolítica dos Estados nacionais, pois deve pesquisar qualquer grupo social que, ao manter
relações de poder com outros grupos, produza e/ou reivindique territórios. Disputas entre
quadrilhas de traficantes, as reivindicações de ―sem-terra‖ e ―sem teto‖, políticas de
imigração, a divisão informal feita por prostitutas e travestis dos ―pontos‖ em que ofertam
seus serviços, as interdições aos deslocamentos de pessoas criadas pelo preconceito racial ou
religioso, etc. Segundo o geógrafo Rogério Haesbaert, os estudos atuais utilizam vários
conceitos de território, os quais se diferenciam por enfatizar mais uma dimensão ou outra das
relações entre espaço e poder. Alguns enfatizam principalmente a dimensão material dessas
relações (conformação de infraestruturas, planejamento urbano, etc.), enquanto outros podem
enfatizar mais a dimensão simbólica (os locais sagrados de Jerusalém, por exemplo). Por fim,
vale ressaltar que, segundo esse autor, não há e nem deve haver uma distinção rígida entre os
conceitos de espaço geográfico e de território.
3.3.Geopolítico
No contexto político, o termo território refere-se a superfície terrestre de um Estado, seja ele
soberano ou não. É definido como o espaço físico sobre o qual o Estado exerce seu poder
soberano, ou em outras palavras é o âmbito de validade da ordem jurídica estatal. De acordo
com as teorias gerais de Estado, diplomacia, relações internacionais e nacionalidade, o
território é uma das condições para a existência e o reconhecimento de um país (sendo os
outros dois a nação e o Estado). Por isso, existem determinados casos de entidades soberanas
que não são consideradas países, como Estados sem território (Autoridade Nacional Palestina
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e a Ordem Soberana dos Cavaleiros de Malta) ou nações sem território (os ciganos).
Compreende o território: as terras emersas, o espaço aéreo, os rios, os lagos e as águas
territoriais.
A delimitação territorial dos Estados modernos foi uma decorrência dos conflitos territoriais
ocorridos ao longo da Idade Média.
Em geopolítica, também se usa o termo "território" para identificar estados não-independentes
e subordinados, até certo grau, a um poder externo. Existem diferentes categorias de território,
de acordo com as relações de dependência.
Os países do mundo são classificados em diferentes grupos conforme a extensão da superfície
terrestre de seus territórios, desde os países continentais até os chamados micropaíses ou
micro-estados, como várias ilhas do Pacífico. Assim, pode ser verificado as seguintes classes:
países continentais, que por definição, são países cujo território é maior ou pelo menos igual
à área de um continente. Como o menor continente do planeta Terra é a Oceania, cuja
esmagadora maioria da massa terrestre corresponde à Austrália, então os países continentais
são todos os com território maior que o australiano, a saber: Rússia, Canadá, Estados Unidos,
China e Brasil (todos com mais de 7 milhões de km²).
países de grande território, que às vezes chamados de "subcontinentais", entre 3,2 milhões e
1,5 milhões de km², correspondendo do 7º ao 18º da lista de países por área terrestre.
países de território extenso, que corresponde a maior parte dos países do Terceiro Mundo,
entre 1,5 milhões e 600 mil km², compreendendo do 19º ao 45º da listagem - incluindo apenas
um país europeu: a Ucrânia. Costumam apresentar grande variedade cultural e também de
relevo, vegetação e clima.
países de território médio, que estão entre 600 mil e 325 mil km², compreendendo do 46º ao
66º da listagem, com territórios ainda de considerável diversidade geográfica e, às vezes,
climática.
países de pequeno território, em que é a maior parte dos países do mundo, com maior
homogeneidade territorial em termos de clima, vegetação e relevo. Têm de 325 mil km² a 10
mil km², abrangendo do 67º ao 159º da listagem.
países de território diminuto, que possuem áreas menores que 10 mil km², são, na maioria,
países insulares ou enclaves, abrigando pouco mais que uma cidade de grande porte. Há cerca
de 40 países independentes no mundo com este tamanho, às vezes chamados de "micropaíses"
ou "micro-estados" (não confundir com micronações).
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Consulte também a Lista de países por área, com 194 estados agrupados em ordem crescente
de tamanho.
4.Regiões do Brasil
Mapa político do Brasil, mostrando a divisão por estados e regiões.
As regiões do Brasil são agrupamentos das unidades da federação em regiões com o
propósito de ajudar as interpretações estatísticas, implantar sistemas de gestão de funções
públicas de interesse comum ou orientar a aplicação de políticas públicas dos governos
federal e estadual. Atualmente, existem cinco regiões oficiais: Centro-Oeste, Nordeste, Norte,
Sudeste e Sul.
As regiões, mesmo quando definidas por lei, não possuem personalidade jurídica própria, nem
os cidadãos elegem representantes da região. Não há, portanto, qualquer tipo de autonomia
política das regiões brasileiras como há em outros países.
História
A primeira proposta de divisão do Brasil em grandes regiões data de 1913, para ser usada no
ensino de geografia. Nesta primeira versão, o Brasil foi dividido nas regiões Setentrional
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(AM, PA e Território do Acre), Norte Oriental (MA, PI, CE, RN, PB, PE, AL), Central (MT
e GO), Oriental (SE, BA, MG, ES, RJ e o DF) e Meridional (SP, PR, SC e RS).
Mais tarde, em 1940, o IBGE elaborou um novo estudo de divisão regional, levando em conta
também os aspectos socioeconômicos, além dos aspectos físicos. Nesta divisão, Maranhão e
Piauí foram acrescentados à região Norte (antiga região Setentrional), o Rio de Janeiro
contava como parte da região Sul (antiga região Meridional), e Minas Gerais, junto a Goiás e
Mato Grosso, formava a região Centro. Além disso, as regiões Norte Oriental e Oriental
mudavam de nome para, respectivamente, Nordeste e Leste. Cinco anos depois, já no fim da
Era Vargas, uma nova divisão foi feita, levando em conta os novos territórios federais então
criados. Nesta divisão de 1945, a região Norte passava a incluir os territórios do Rio Branco,
Amapá e Guaporé; a região Nordeste se dividiria em Nordeste Ocidental (MA e PI) e
Nordeste Oriental (que ganhava o território de Fernando de Noronha); a região Leste se
dividia em Leste Setentrional (BA e SE) e Leste Meridional (MG, ES, RJ e DF); a região
Centro mudava de nome para Centro-Oeste e ganhava o território de Ponta-Porã; a região Sul
ganhava o território do Iguaçu.
Em 1950, os territórios de Ponta-Porã e do Iguaçu foram extintos e as regiões Nordeste e
Leste foram reagrupadas. Em 60, foi criada Brasília e, com isso, o distrito federal passou a ser
parte do Centro-Oeste. Em 62, o Acre passou a ser estado e o território do Rio Branco foi
batizado como Roraima.
Em 1969, as regiões finalmente ganham os contornos que possuem hoje: Bahia e Sergipe
passaram a ser parte do Nordeste, enquanto RJ, ES e MG foram unidos a SP na região
Sudeste. Poucos anos depois, o sul de Mato Grosso se torna independente, com o nome de
Mato Grosso do Sul, permanecendo parte do Centro-Oeste. Depois disso, apenas algumas
mudanças pequenas foram adicionadas, com a Constituição de 88: o norte de Goiás foi
separado com o nome de Tocantins e anexado à região Norte; RR, RO e AP passaram de
território a estado; Fernando de Noronha passou de território federal a território do estado de
Pernambuco.
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4.1.Regiões
4.2.Norte
A Região Norte é a região que possui a maior área (3 869 637,9 km², ou 45% do território
nacional) e com população de 16,3 milhões de habitantes. É a região com a menor densidade
demográfica (3,77 hab./km², segundo o censo IBGE 2010). A cidade mais populosa da região,
Manaus, com 1,8 milhão de habitantes, é a sétima mais populosa do Brasil.
Em termos físicos, a região encontra-se inserida na maior bacia hidrográfica e na maior
floresta do mundo, a bacia amazônica e a floresta amazônica, respectivamente. Isso faz com
que a maior parte da região possua clima equatorial, quente e úmido.
A economia na região se concentra no extrativismo vegetal e mineral, bem como nas
indústrias (com destaque para a Zona Franca de Manaus). O transporte na região se dá
principalmente por via fluvial. A região possui sete estados:
Acre
Amapá
Amazonas
Pará
Rondônia
Roraima
Tocantins
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4.3.Nordeste
A Região Nordeste possui um território de 1 556 001 km² (18,2% do território nacional),
dentro dos quais está localizado o Polígono das secas. Sua população é pouco superior a 50
milhões de habitantes.
A região possui nove estados:
Alagoas
Bahia
Ceará
Maranhão
Paraíba
Pernambuco
Piauí
Rio Grande do Norte
Sergipe
4.4.Centro-Oeste
Ocupa 18,86% do território brasileiro, com uma área de 2.612.077,2 km2. Sua população é de
cerca de 12 milhões de habitantes.
A região possui três estados mais um distrito federal:
Distrito Federal
Goiás
Mato Grosso
Mato Grosso do Sul
4.5.Sudeste
Possui um território de 927 286 km² (10,6% do território nacional). Sua população é de cerca
de 77 milhões de habitantes. Possui o maior PIB bem como as duas cidades mais populosas
do Brasil: São Paulo, com pouco mais de 11 milhões de habitantes e Rio de Janeiro com cerca
de 6 milhões .
A região possui quatro estados:
Espírito Santo
Minas Gerais
Rio de Janeiro
São Paulo
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4.6.Sul
A Região Sul é a que possui a menor área (575 316 km², ou 6,8% do território nacional) e sua
população é de mais de 26 milhões de habitantes, é a segunda região mais rica do país, depois
da Região Sudeste, e a que possui o maior IDH, a maior taxa de alfabetização e os melhores
níveis de educação, saúde e bem estar social do país.
A região possui três estados:
Paraná
Rio Grande do Sul
Santa Catarina
5.Escala Geográfica
IBGE lança nova base cartográfica em escala 1:250.000. A Base Cartográfica para o território
nacional em escala 1:250.000 (BC250), que faz parte do projeto SIGBRASIL, é um projeto
pioneiro no Brasil, desenvolvido pelo IBGE. Referência cartográfica para as ações de
planejamento, monitoramento e atualização das informações dos recursos naturais do país, a
nova escala (em que 1 cm no mapa significa 2,5 km no terreno) possibilita uma visualização
muito mais detalhada do que a escala anterior de 1:1.000.000. A BC250 está disponível em
formato shape, que permite utilização em programas de sistema de informações geográficas
(SIG) no link
ftp://geoftp.ibge.gov.br/mapeamento_sistematico/base_vetorial_continua_escala_250mil. Na
construção da Base Cartográfica, foram utilizados como referência os procedimentos descritos
no Manual Técnico de Geociências (nº 12 da série de manuais da Geociências)
que pode ser acessado em ftp://geoftp.ibge.gov.br/documentos/cartografia/manual_procedime
nto_tecnico.pdf. O Manual de Procedimentos Técnicos para Fiscalização, Controle de
Qualidade e Validação da Base Cartográfica na escala 1:250.000, produzido pela
Coordenação de Cartografia da Diretoria de Geociências do IBGE, visa a orientar a atividade
de fiscalização de serviços de mapeamento, padronizando procedimentos, como o preparo de
imagens e construção de mapas, garantindo a qualidade do material produzido.
Com os dados das diversas categorias de informação presentes na Base, de forma integrada e
totalmente digital, a nova Base Cartográfica 1:250:000 está preparada para integrar a
Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais (INDE) em futuro próximo.
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O mapa do Brasil mostra a divisão em blocos da Base Cartográfica em escala 1:250.000,
disponibilizada para 81% do território nacional (os blocos identificados nas três tonalidades
da cor azul estarão disponíveis ao final do ano de 2012).
Comunicação Social
6. Orientação e localização no espaço geográfico
6.1.Coordenadas geográficas
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Mapa da Terra mostrando as linhas de latitude (horizontalmente) e longitude (verticalmente), Eckert
VI projection;
O sistema de mapeamento da Terra através de coordenadas geográficas expressa qualquer
posição horizontal no planeta através de duas das três coordenadas existentes num sistema
esférico de coordenadas, alinhadas com o eixo de rotação da Terra. Herdeiro das teorias dos
antigos babilônios, expandido pelo famoso pensador e geógrafo grego Ptolomeu, um círculo
completo é dividido em 360 graus (360°).
6.2.Localização absoluta
Para localizar qualquer lugar na superfície terrestre de forma exata é necessário usar duas
indicações, uma letra e um número. Temos que utilizar elementos de referência que nos
permitam localizar com exatidão qualquer lugar da Terra. A rede cartográfica ou geográfica
dá-nos a indicação do mapa
Os pontos cardeais dão um rumo, isto é, uma direção, mas não permitem localizar com
exatidão um ponto na superfície terrestre porque é um instrumento e mira gabaritado para
trabalhar em pequenas distâncias num plano de duas dimensões. O sistema de mapeamento da
Terra através de coordenadas geográficas expressa qualquer posição horizontal no planeta
através de duas das três coordenadas existentes num sistema esférico de coordenadas,
alinhadas com o eixo de rotação da Terra. Herdeiro das teorias dos antigos babilônios,
expandido pelo famoso pensador e geógrafo grego Ptolomeu, um círculo completo é dividido
em trezentos e sessenta graus (360º).
Atualmente para o homem se localizar na superfície terrestre é muito simples basta ter um
GPS (Sistema Global de Posicionamento). Mas nem sempre foi assim. A
melhor opção é saber utilizar um mapa e junto com ele
a Rosas do Vento.
Com as Rosas do Vento temos: os pontos Cardeais
(NORTE, SUL, LESTE, OESTE); os pontos
Colaterais (NORDESTE, NOROESTE, SUDESTE,
SUDOESTE); e os pontos Sub – Colaterais (NORTE-
NORDESTE, LESTE-NORDESTE, LESTE-
SUDESTE, SUL-SUDESTE, SUL-SUDOESTE,
OESTE-SUDOESTE, OESTE-NOROESTE E NORTE-
NOROESTE).
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Assim, quando dizemos que a área X está a leste de Y, não estamos dando a localização
precisa dessa área, mas apenas indicando uma direção. Para saber com exatidão onde se
localiza qualquer ponto da superfície terrestre — uma cidade, um porto, uma ilha, etc. —
usamos as coordenadas geográficas. As coordenadas geográficas baseiam-se em linhas
imaginárias traçadas sobre o globo terrestre:
os paralelos são linhas paralelas ao equador — a própria linha imaginária do equador é um
paralelo;
os meridianos são linhas semicirculares, isto é, linhas de 180° — eles vão do Pólo Norte ao
Pólo Sul e cruzam com os paralelos.
Cada meridiano possui o seu antimeridiano, isto é, um meridiano oposto que, junto com ele,
forma uma circunferência. Todos os meridianos têm o mesmo tamanho. Convencionou-se que
o meridiano de Greenwich, que passa pelos arredores da cidade de Londres, na Inglaterra, é o
meridiano principal.
A partir dos paralelos e meridianos, estabeleceram-se as coordenadas geográficas, que são
medidas em graus, para localizar qualquer ponto da superfície terrestre.
Sistemas de Coordenadas Geográficas
Existem pelo menos quatro modos de designar uma localização exata para qualquer ponto na
superfície do globo terrestre.
Nos três primeiros sistemas, o globo é dividido em latitudes, que vão de 0 a 90 graus (Norte
ou Sul) e longitudes, que vão de 0 a 180 graus (Leste ou Oeste). Para efeitos práticos, usam-se
as siglas internacionais para os pontos cardeais: N=Norte, S=Sul, E=Leste/Este, W=Oeste.
Para as longitudes, o valor de cada unidade é bem definido, pois a metade do grande círculo
tem 20.003,93km, dividindo este último por 180, conclui-se que um grau (°) equivale a
111,133km. Dividindo um grau por 60, toma-se que um minuto (') equivale a 1.852,22m
(valor praticamente idêntico ao da milha náutica). Dividindo um minuto por 60, tem-se que
um segundo (") equivale a 30,87m,
Para as latitudes, há um valor específico para cada posição, que aumenta de 0 na Linha do
Equador até aos Pólos , onde está o seu valor máximo (90º de amplitude do ângulo).
Graus, minutos, segundos
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Neste sistema, cada grau é dividido em 60 minutos, que por sua vez se subdividem, cada um,
em 60 segundos. A partir daí, os segundos podem ser divididos decimalmente em frações
cada vez menores.
Minutos decimais
Neste sistema, cada grau é dividido em 60 minutos, que por sua vez são divididos
decimalmente.
Graus Decimais
Neste sistema, cada grau é dividido em frações decimais. A forma de nomeação difere um
pouco dos dois primeiros sistemas: a latitude recebe a abreviatura lat e a longitude, long. Há
valores positivos e negativos. Os valores positivos são para o Norte (latitude) e o Leste
(longitude) e não recebem um símbolo específico. Os valores negativos são para o Sul
(latitude) e o Oeste (longitude), sendo acrescidos do símbolo -.
Os meridianos além de proporcionar a posição, ele também é responsável pela formação das
horas.
O planeta apresenta uma circunferência de 360° e 24h a cada dia, portanto dividindo 360 por
24 temos exatamente 15, ou seja, 15° para cada meridiano que representa 1h por meridiano de
15°. Exemplo.
Temos 12 meridianos a leste e 12 a oeste. Sendo que a cada 15° a leste aumenta 1h, e a cada
15° a oeste diminui 1h.
Universal Transversa de Mercator
Para efeitos de comparação, este sistema usa três dados em vez de dois. O primeiro é o setor
do globo terrestre, o segundo é a distância relativa ao centro do meridiano - sempre
500000.00m - e o terceiro é a distância do Pólo Sul (para lugares no Hemisfério Sul) ou da
Linha do Equador (para lugares no Hemisfério Norte).
7.Fusos horários no Brasil
O Brasil tem três fusos horários. O horário de verão somente é observado nas regiões Sudeste,
Centro-Oeste e Sul, e também no estado do Tocantins, na região norte. Uma proposta para
mudar todo o país para uma única diferença com a UTC está sob consideração. OBS.: UTC:
Tempo Universal Coordenado (em inglês Coordinated Universal Time).
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Fusos horários brasileiros atualmente observados
(de 17 de fevereiro de 2013, a 20 de outubro de 2013).
UTC −4
UTC −3
UTC −2
7.1.Fusos horários brasileiros
O território brasileiro, incluindo as ilhas oceânicas, possui três fusos horários, todos a oeste do
meridiano de Greenwich (longitude 0°). Em cada faixa de 15° entre pares de meridianos
ocorre a variação de uma hora. Isso significa que o horário oficial no Brasil varia de duas a
quatro horas a menos em relação à hora de Greenwich (GMT Tempo Médio de Greenwich ou
Greenwich Mean Time). O primeiro fuso (longitude 30° O) tem duas horas a menos que a
GMT. O segundo (45° O) tem três horas a menos e é a hora oficial do Brasil. O terceiro fuso
(longitude 60° O) tem quatro horas a menos. O fuso que tinha cinco horas a menos em relação
à GMT deixou de existir em 24 de abril de 2008, quando a Lei Federal nº 11.662 reduziu a
quantidade de fusos horários do Brasil para três. São eles:
UTC −2: Atol das Rocas, Fernando de Noronha, São Pedro e São Paulo, Trindade e
Martim Vaz.
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UTC −3 (horário de Brasília): Distrito Federal, regiões Sul, Sudeste e Nordeste;
estados de Goiás, Tocantins, Pará e Amapá.
UTC −4: estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Amazonas, Rondônia, Acre e
Roraima.
Anterior à mencionada lei, um quarto fuso horário existia no território nacional brasileiro:
UTC −5: estado do Acre e porção oeste do estado do Amazonas.
Em relação ao estado do Acre, o Decreto Legislativo n.° 900/2009 convocou referendo, a ser
realizado juntamente com as eleições de 2010, para verificar a alteração do horário legal
promovida no estado. O TRE-AC definiu que o pleito fosse realizado no dia 31 de outubro de
2010, juntamente com o segundo turno das eleições.
Além disso, também anterior à dita lei, o estado do Pará possuía dois fusos horários
diferentes, cabendo à parte oriental do estado o atual fuso de todo o estado (UTC −3),
enquanto à parte ocidental cabia o fuso UTC −4.
7.5.Horário de verão
Desde 1985 o Brasil adota o horário de verão, no qual os relógios de parte dos estados são
adiantados em uma hora num determinado período do ano. No período compreendido entre o
terceiro domingo de outubro ao terceiro domingo de fevereiro é estabelecido o horário de
verão nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Em 2011, o estado nordestino da Bahia aderiu
à medida, mas em 2012 a abandonou. Porém, nesse mesmo ano está entrando na medida o
estado do Tocantins.
Nesses lugares (principalmente nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste), durante o verão, a
duração do dia é significativamente maior do que a duração da noite, pois a mudança de
horário retarda a entrada elétrica, quanto ao pico de consumo de energia elétrica, quando as
luzes das casas são acesas. Com isso o governo espera diminuir em 1% o consumo nacional
de energia. Nos outros estados a pequena diferença de duração entre o dia e noite em todas as
estações do ano não favorece a adoção do novo horário.
Para o período 2011-2012, o horário de verão iniciou em 16 de outubro de 2011, e
terminou em 26 de fevereiro de 2012.
Para o período 2012-2013, o horário de verão iniciou em 21 de outubro de 2012, e
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terminou em 17 de fevereiro de 2013.
Para o período 2013-2014, o horário de verão iniciará em 20 de outubro de 2013, e terminará
em 16 de fevereiro de 2014.
8.Projeção cartográfica
A escolha de uma projeção e a conversão de uma a outra são problemas abordados pelos cartógrafos.
A projeção cartográfica é definida como um tipo de traçado sistemático de linhas numa
superfície plana, destinado à representação de paralelos de latitude e meridianos de longitude
da Terra ou de parte dela, sendo a base para a construção dos mapas. A representação da
superfície terrestre em mapas, nunca será isenta de distorções. Nesse sentido, as projeções
cartográficas são desenvolvidas para minimizarem as imperfeições dos mapas e
proporcionarem maior rigor científico à cartografia.
8.1.Tipos de Projeções Cartográficas
As projeções cartográficas podem ser classificadas de diversas maneiras.
Método
Projeção Geométrica: Baseia-se em princípios da Geometria. Pode ser obtida pela
intersecção sobre a superfície de projeção, do feixe de retas que passa por pontos da
superfície de referência partindo sempre de um ponto (centro perspectivo).
Projeção Analítica: Baseia-se em formulação matemática obtidas com o objetivo de se
atender condições previamente estabelecidas.
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Superfície de Projeção
Projeção Azimutal: Também chamada de Projeção Plana, é um tipo de projeção usada
comumente para representação das áreas polares pois parte sempre de um ponto para a
representação da(s) área(s), por isso é usado para pequenas áreas. Pode ser de três
tipos: Polar, Equatorial e Oblíqua (chamada também de horizontal).
Projeção cônica: A superfície terrestre é representada num cone envolvendo a globo
terrestre. Os paralelos formam círculos concêntricos e os meridianos são linhas retas
que convergem para os polos. As deformações ocorrem conforme se afastamos do
paralelo padrão (paralelo de contato com o cone). A projeção é utilizada para
representar áreas continentais (como regiões e continentes).
Projeção cilíndrica: A superfície terrestre é representada num cilindro envolvendo o
globo terrestre. Os paralelos e os meridianos são linhas retas que convergem entre si.
As deformações ocorrem conforme se aumentam as latitudes, tendo a chegar ao
infinito. É comumente utilizada para representações do globo, como mapas-mundí.
Projeção Polissuperficial: Quando apresenta mais de um tipo de projeção para
aumentar o contato da superfície de referência e, portanto, diminuir as
deformações (exemplos: cone- policônica, plano-poliédrica, cilindro-olicilindro)
Propriedades
Projeção conforme: Os ângulos se preservam, as áreas são deformadas.
Projeção equivalente: As áreas são preservadas e os ângulos são mudados.
Projeção Afilática: Tanto os ângulos quanto a área é deformada.
Tipo de Contato entre a Superfície de Projeção e Referência
Projeção Secante: a superfície de projeção secciona a superfície de referência. (plano-
uma linha; cone- duas linhas desiguais; cilindro- duas linhas iguais).
Projeção Tangente: a superfície de projeção tangencia à referência.(plano- um ponto;
cone e cilindro- uma linha).
9. Leitura e Interpretação de Mapas
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O mapa hoje é algo essencial, pois representa informações históricas, políticas, econômicas,
físicas e biológicas de diferentes lugares do mundo. A soma disso nos ajuda a compreender as
transformações e os problemas do mundo atual.
Todo bom mapa deve possuir algumas características para assegurarem a leitura e a
interpretação corretas das informações nele contidas. Os principais elementos são: área
geográfica, coordenadas, escala, legenda, título, indicação do norte e a fonte de onde foi
extraído o mapa. Ver e ler, estes são os principais objetivos nos mapas. Dessa forma, antes de
aprender a como ler um é essencial que se saiba com propriedade os principais elementos
presentes em um mapa.
Principais Elementos dos Mapas
Título
Descreve a informação principal que o mapa contém.
Um mapa com o título ―Brasil físico‖ deve trazer o nome e a localização dos principais
acidentes do relevo, assim como os principais rios que cortam o país. Já um mapa com o título
―Brasil político‖ necessariamente terá a localização e o nome das unidades federativas, assim
como as suas respectivas capitais e, eventualmente, outras cidades principais.
Outras informações que esses mapas porventura contiverem, como as principais cidades num
mapa físico ou os rios mais importantes num mapa político, são consideradas secundárias e,
portanto, não devem ser sugeridas no título.
Escala
Indica a proporção entre o objeto real (o mundo ou uma parte dele) e sua representação
cartográfica, ou seja, quantas vezes o tamanho real teve de ser reduzido para poder ser
representado.
Consideremos o seguinte exemplo: um mapa na escala 1:10.000.000 indica que o espaço
representado foi reduzido de forma que 1 centímetro no mapa corresponde a 10 milhões de
centímetros ou 100 quilômetros do tamanho real.
Deve-se estabelecer a escala de um mapa antes de sua elaboração, levando-se em conta os
objetivos de sua utilização. Quanto maior for o espaço representado, mais genéricas serão as
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informações. Em contrapartida, quanto mais reduzido o espaço representado, mais
particularizadas serão as informações.
Mapas em diferentes escalas servem para diferentes tipos de necessidades:
• mapas em pequena escala (como 1:25.000.000) proporcionam uma visão geral de um grande
espaço, como um país ou um continente;
• mapas em grande escala (como 1:10.000) fornecem detalhes de um espaço geográfico de
dimensões regionais ou locais.
Por exemplo, em um mapa do Brasil na escala 1:25.000.000, qualquer capital de estado será
representada apenas por um ponto, ao passo que num mapa 1:10.000 aparecerão detalhes do
sítio urbano de qualquer cidade.
A representação das escalas cartográficas que usamos até agora é a numérica. Porém, existe
uma outra forma de representar a escala: a forma gráfica.
Escala Gráfica
A escala gráfica aparece sob a forma de uma reta dividida em várias partes, cada uma delas
com uma graduação de distâncias. A sua utilidade é a mesma da escala numérica.
Essa escala gráfica indica que 1 centímetro no papel corresponde a 20 quilômetros na
superfície representada.
Coordenadas Geográficas
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São linhas imaginárias traçadas sobre os mapas, essenciais para a localização de um ponto na
superfície terrestre.
Essa localização é o resultado do encontro de um paralelo e sua respectiva latitude (o
afastamento, medido em graus, do paralelo em relação ao Equador) e de um meridiano e sua
respectiva longitude (o afastamento, medido em graus, do meridiano em relação ao meridiano
principal ou de Greenwich).
Legendas
Permitem interpretar as informações contidas no mapa, desde a constatação da existência de
um determinado fenômeno até os diferentes graus de intensidade em que ele se apresenta.
As legendas podem vir representadas por cores, hachuras, símbolos ou ícones de diversos
tipos, ou utilizar combinações dessas várias representações.
No uso de legenda com cores, é necessário seguir algumas regras determinadas pelas
convenções cartográficas. O azul, por exemplo, presta-se para a representação de fenômenos
ligados à água, como oceanos, mares, lagos, rios.
Na representação de um fenômeno com várias intensidades, a graduação da cor utilizada deve
manter relação direta com a intensidade do fenômeno. Assim, num mapa de densidades
demográficas, as maiores densidades são representadas por uma cor ou tonalidade mais forte
do que as menores densidades.
Ao produzir representações cartográficas de fenômenos da natureza, as cores também podem
sugerir as características do fenômeno. Em geral, os mapas climáticos utilizam as cores
―quentes‖ (alaranjado, vermelho) para representar climas ―quentes‖ (tropical, equatorial,
desértico), ficando as cores ―frias‖ reservadas aos climas mais frios.
Similarmente, os mapas de vegetação representam as florestas tropicais por meio de várias
tonalidades de verde. Já nos mapas de relevo, a cor verde deve ser reservada para as planícies,
bacias ou depressões, enquanto o amarelo é utilizado para os planaltos e o marrom, para as
áreas mais elevadas, como as cadeias montanhosas.
Como Ler Um Mapa?
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Ler mapas significa dominar a linguagem cartográfica. Esse é um processo que envolve
algumas etapas, estas que envolvem uma metodologia básica.
A leitura começa pela observação do título. Qual o espaço representado, seus limites e demais
informações. Identificado o tema, é preciso interpretar a legenda, relacionar os significados. A
última e não menos importante etapa, é em relação à escala indicada, esta observação serve
para futuros cálculos das distâncias ou dos fenômenos representados no mapa.
Exemplos de Mapas Temáticos e Suas Interpretações
Métodos de Mapeamento
O nível de organização dos dados, qualitativos, ordenados ou quantitativos, de um mapa está
diretamente relacionado ao método de mapeamento e a utilização de variáveis visuais
adequadas à sua representação. A combinação dessas variáveis, segundo os métodos
padronizados, dará origem aos diferentes tipos de mapas temáticos, entre os quais os mapas
de símbolos pontuais, mapas de isolinhas e mapas de fluxos; mapas zonais, ou coropléticos,
mapas de símbolos proporcionais ou círculos proporcionais, mapas de pontos ou de nuvem de
pontos.
Fenomenos Qualitativos
Os métodos de mapeamento para os fenômenos qualitativos utilizam as variáveis visuais
seletivas forma, orientação e cor, nos três modos de implantação: pontual, linear e zonal. A
partir desses fenômenos derivam-se os três tipos de mapas a seguir.
Mapas de Simbolos Pontuais
A construção de mapa de
símbolos pontuais nominais leva
em conta os dados absolutos que
são localizados como pontos e
utiliza como variável visual a
forma, a orientação ou a cor.
Também é possível utilizar
símbolo geométrico associado ou
não as cores. A disposição dos
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pontos nesse mapa cria uma regionalização do espaço formada especificamente pela presença/
ausência da informação.
Mapas de Simbolos Lineares
Os mapas de símbolos lineares nominais são indicados para representar feições que se
desenvolvem linearmente no espaço como a rede viária, hidrografia e, por isso, podem ser
reduzidos a forma de uma linha. As variáveis visuais utilizadas são a forma e a cor. Esses
mapas também servem para mostrar deslocamentos no espaço indicando direção ou rota (rotas
de transporte aéreo, correntes oceânicas, fluxo de migrações, direções dos ventos e correntes
de ar) sem envolver quantidades. Nesses mapas qualitativos a espessura da linha permanece a
mesma, variando somente sua direção.
Mapas Corocromáticos
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Os mapas corocromáticos apresentam dados geográficos e utilizam diferenças de cor na
implantação zonal. Este método deve ser empregado sempre que for preciso mostrar
diferenças nominais em dados qualitativos, sem que haja ordem ou hierarquia. Também é
possível o uso das variáveis visuais granulação e orientação, neste caso, as diferenças são
representadas por padrões preto e branco. Quando do uso de cores, estas devem separar
grupos de informações e os padrões diferentes e serem aplicados, para fazer a subdivisão
dentro dos grupos. Para os usuários, a visualização de fenômenos qualitativos em mapas
corocromáticos, apenas aponta para a existência ou ausência do fenômeno e não a ordem ou a
proporção do fenômeno representado.
Fenômenos Ordenados
Os fenômenos ordenados são representados em classes visualmente ordenadas e utilizam a
variável valor na implantação zonal. Os mapas mais significativos para representar fenômenos
ordenados são os mapas coropléticos.
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Mapas Coropléticos
Os mapas coropléticos são elaborados com dados quantitativos e apresentam sua legenda
ordenada em classes conforme as regras próprias de utilização da variável visual valor por
meio de tonalidades de cores, ou ainda, por uma sequência ordenada de cores que aumentam
de intensidade conforme a sequência de valores apresentados nas classes estabelecidas. Os
mapas no modo de implantação zonal, são os mais adequados para representar distribuições
espaciais de dados que se refiram as áreas. São indicados para expor a distribuição das
densidades (habitantes por quilômetro quadrado), rendimentos (toneladas por hectare), ou
índices expressos em percentagens os quais refletem a variação da densidade de um fenômeno
(médicos por habitante, taxa de natalidade, consumo de energia) ou ainda, outros valores que
sejam relacionados a mais de um elemento.
Fenômenos Quantitativos
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Os fenômenos quantitativos são representados pela variável visual tamanho e podem ser
implantados em localizações pontuais do mapa ou na implantação zonal, por meio de pontos
agregados, como também, na implantação linear com variação da espessura da linha.
Mapas de Símbolos Proporcionais
Os mapas de símbolos proporcionais representam melhor os fenômenos quantitativos e
constituem-se num dos métodos mais empregados na construção de mapas com implantação
pontual. Esses mapas são utilizados para representar dados absolutos tais como população em
número de habitantes, produção, renda, em pontos selecionados do mapa. Geralmente utiliza-
se o círculo proporcional aos valores que cada unidade apresenta em relação a uma
determinada variável, porém, podem-se utilizar quadrados ou triângulos. A variação do
tamanho do signo depende diretamente da proporção das quantidades que se pretende
representar. Geralmente o número de classes com utilização do tamanho, deve atingir no
máximo cinco classes.
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Mapas de Círculos Concêntricos
O mapa de círculos concêntricos consiste na representação de dois valores ao mesmo tempo
por meio de dois círculos sobrepostos com cores diferentes. Este tipo de representação é
recomendado para a apresentação de uma mesma informação em períodos distintos, ou para
duas informações diferentes com dados não muito discrepantes.
Mapas de Pontos
Os mapas de pontos ou de nuvem de pontos expõem dados absolutos (número de tratores de
um município, numero de habitantes, totais de produção, etc.) e o número de pontos deve
refletir exatamente o número de ocorrências. Sua construção depende de duas decisões: qual
valor será atribuído a cada ponto e como esses pontos serão distribuídos dentro da área a ser
mapeada.
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Mapas Isopléticos
Os mapas isopléticos ou de isolinhas são construídos com a união de pontos de mesmo valor e
são aplicáveis a fenômenos geográficos que apresentam continuidade no espaço geográfico.
Podem ser construídos a partir de dados absolutos de altitude do relevo (medida em
determinados pontos da superfície da Terra); temperatura, precipitação, umidade, pressão
atmosférica (medidas nas estações meteorológicas); distância-tempo, ou distância-custo
(medidas em certos pontos ao longo de vias de comunicação) e outros, como volume de água
(medida em pontos de captação); também podem ser construídos a partir de dados relativos
como densidades, percentagens ou índices.
Mapas de Fluxos
Os mapas de fluxo são representações lineares que tentam simular movimentos entre dois
pontos ou duas áreas (figura 10). Esses movimentos podem ser medidos em certos pontos ao
longo das vias de comunicação ou entre duas áreas, na origem e no destino sem
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necessariamente especificar a via de comunicação. Esse tipo de mapa mostra claramente em
que direção os valores ou intensidades de um fenômeno crescem ou decrescem.
Anamorfose
Em Geografia usamos essa técnica para representar cartograficamente temas e visualizá-los de
forma diferente da habitual. A superfície de cada espaço cartografado vai mudar
proporcionalmente segundo uma determinada variável. Os dados estatísticos, normalmente
aplicados nessa transformação, são os de população, PIB, exportação de produtos
manufaturados, mortalidade, etc.
A cartografia por anamorfose é um instrumento interessante para as análises comparativas e é
também ―um documento de comunicação e não uma representação do mundo real‖.
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10. Dinâmica da Paisagem Natural
Geologia
Províncias geológicas mundiais
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Crosta oceânica
0-20 Ma
20-65 Ma
>65 Ma
Província geológica
Escudo
Plataforma
Orógeno
Bacia
Província ígnea de grandes dimensões
Crosta
Geologia, do grego γη- (ge-, "a terra") e λογος (logos, "palavra", "razão"), é a ciência que
estuda a Terra, sua composição, estrutura, propriedades físicas, história e os processos que lhe
dão forma. É uma das ciências da Terra. A geologia foi essencial para determinar a idade da
Terra, que se calculou ter cerca de 4,6 bilhões de anos e a desenvolver a teoria denominada
tectônica de placas segundo a qual a litosfera terrestre, que é rígida e formada pela crosta e o
manto superior dispõe-se fragmentada em várias placas tectônicas as quais se deslocam sobre
a astenosfera que tem comportamento plástico. O geólogo ajuda a localizar e a gerir os
recursos naturais, como o petróleo e o carvão, assim como metais como o ouro, ferro, cobre e
urânio, por exemplo. Muitos outros materiais possuem interesse económico: as gemas, bem
como muitos minerais com aplicação industrial, como asbesto, pedra pomes, perlita, mica,
zeólitos, argilas, quartzo ou elementos como o enxofre e cloro.
A Astrogeologia é o termo usado para designar estudos similares de outros corpos do sistema
celeste.
A palavra "geologia" foi usada pela primeira vez por Jean-André Deluc em 1778, sendo
introduzida de forma definitiva por Horace-Bénédict de Saussure em 1779.
A geologia relaciona-se directamente com muitas outras ciências, em especial com a
geografia, e astronomia. Por outro lado a geologia serve-se de ferramentas fornecidas pela
química, física e matemática, entre outras, enquanto que a biologia e a antropologia servem-se
da Geologia para dar suporte a muitos dos seus estudos.
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No Brasil, a profissão da geologia é regulamentada pelo Confea - Conselho Federal de
Engenharia, Arquitetura e Agronomia e fiscalizada pelos Conselhos Regionais, instalados em
todos os estados brasileiros.
História
Na China, Shen Kua (1031 - 1095) formulou uma hipótese de explicação da formação de
novas terras, baseando-se na observação de conchas fósseis de um estrato numa montanha
localizada a centenas de quilómetros do oceano. O sábio chinês defendia que a terra formava-
se a partir da erosão das montanhas e pela deposição de silte.
A obra, Peri lithon, de Teofrasto (372-287), estudante de Aristóteles permaneceu por milénios
como obra de referência na ciência. A sua interpretação dos fósseis apenas foi revogada após
a Revolução científica. A sua obra foi traduzida para latim, bem como para outras línguas
europeias.
O médico Georg Agricola (1494-1555) escreveu o primeiro tratado sobre mineração e
metalurgia, De re metallica libri XII 1556 no qual se podia encontrar um anexo sobre as
criaturas que habitavam o interior da Terra (Buch von den Lebewesen unter Tage). A sua obra
cobria temas como a energia eólica, hidrodinâmica, transporte e extracção de minerais, como
o alumínio e enxofre.
Nicolaus Steno (1638-1686) foi o autor de vários princípios da geologia como o princípio da
sobreposição das camadas, o princípio da horizontalidade original e o princípio da
continuidade lateral, três princípios definidores da Estratigrafia.
O Geólogo, Pintura do século XIX por Carl Spitzweg.
James Hutton é visto frequentemente como o primeiro
geólogo moderno. Em 1785 apresentou uma teoria
intitulada Teoria da Terra (Theory of the Earth) à
Sociedade Real de Edimburgo. Na sua teoria, explicou que
a Terra seria muito mais antiga do que tinha sido suposto
previamente, a fim de permitir "que houvesse tempo para
ocorrer erosão das montanhas de forma a que os
sedimentos originassem novas rochas no fundo do mar,
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 93
que ulteriormente foram levantadas e constituíram os continentes." Hutton publicou uma obra
com dois volumes acerca desta teorias em 1795.
Em 1811 George Cuvier e Alenxandre Brongniart publicaram a sua teoria sobre a idade da
Terra, baseada na descoberta, por Cuvier, de ossos de elefante em Paris. Para suportar a sua
teoria os autores formularam o princípio da sucessão estratigráfica.
Em 1830 Sir Charles Lyell publicou pela primeira vez a sua famosa obra Princípios da
Geologia, publicando contínuas revisões até à sua morte em 1875. Lyell promoveu com
sucesso durante a sua vida a doutrina do uniformitarismo, que defende que os processos
geológicos são lentos e ainda ocorrem nos dias hoje. No sentido oposto, a teoria do
catastrofismo defendia que as estruturas da Terra formavam-se em eventos catastróficos
únicos, permanecendo inalteráveis após esses acontecimentos.
Durante o século XIX a geologia debateu-se com a questão da idade da Terra. As estimativas
variavam entre alguns milhões e os 100.000 mil milhões de anos. No século XX o maior
avanço da geologia foi o desenvolvimento da teoria da tectónica de placas nos anos 60. A
teoria da deriva dos continentes foi inicialmente proposta por Alfred Wegener e Arthur
Holmes em 1912, mas não foi totalmente aceite até a teoria da tectónica de placas ser
desenvolvida.
Campos da geologia e disciplinas relacionadas
Uma descrição ilustrada de um sinclinal e anticlinal frequentemente estudados na Geologia
estrutural e Geomorfologia.
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Existem muitos campos diferentes dentro da disciplina geologia, e seria difícil listá-los a
todos. De qualquer forma entre eles incluem-se:
Cartografia geológica
Geologia de engenharia
Estratigrafia
Geodesia
Geofísica
Geologia ambiental
Geologia económica
Geologia estrutural
Geologia do petróleo
Geologia médica
Gemologia
Geomorfologia
Geoquímica
Geotectónica
Geotecnia
Hidrogeologia
Mineralogia
Paleontologia
Pedologia
Petrologia
Sedimentologia
Sismologia
Vulcanologia
Importantes princípios da geologia
A geologia rege-se por princípios que permitem, por exemplo, ao observar a disposição actual
de formações estabelecer a sua idade relativa e a forma como foram criadas.
Princípio da Sobreposição das Camadas
Segundo este princípio, em qualquer sequência a camada mais jovem é aquela que se encontra
no topo da sequência. As camadas inferiores são progressivamente mais antigas. Este
princípio pode ser aplicado em depósitos sedimentares formados por acresção vertical, mas
não naqueles em que a acresção é lateral (por exemplo em terraços fluviais). O princípio da
sobreposição das camadas é válido para as rochas sedimentares e vulcânicas que se formam
por acumulação vertical de material, mas não pode ser aplicado a rochas intrusivas e deve ser
aplicado com cautela às rochas metamórficas.
Princípio da Horizontalidade Original
O princípio da horizontalidade original afirma que a deposição de sedimentos ocorre em leitos
horizontais. A observação de sedimentos marinhos e não marinhos numa grande variedade de
ambientes suporta a generalização do princípio.
Princípio das Relações de Corte
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Este princípio, introduzido por James Hutton, afirma que uma rocha ígnea intrusiva ou falha
que corte uma sequência de rochas, é mais jovem que as rochas por ela cortadas. Esse
princípio permite a datação relativa de eventos em rochas metamórficas, ígneas e
sedimentares, sendo fundamental para o trabalho em terrenos orogênicos jovens e antigos.
Este princípio é válido para qualquer tipo de rocha cortada por umas das estruturas acima
relacionadas.
Princípio dos Fragmentos Inclusos
Este princípio de datação relativa diz que os fragmentos de rochas inclusas em corpos ígneos
(intrusivos ou não) são mais antigos que as rochas ígneas nas quais estão inclusos. Este
princípio, juntamente com o princípio das relações de corte, é fundamental em áreas formadas
por grandes corpos intrusivos permitindo a datação relativa não só de rochas estratificadas,
mas também de rochas ígneas e metamórficas.
Princípio da Sucessão Faunística
O Princípio da Sucessão Faunística ou Princípio da Identidade Paleontológica, diz que os
grupos de fósseis (animal ou vegetal) ocorrem no registro geológico segundo uma ordem
determinada e invariável, de modo que, se esta ordem é conhecida, é possível determinar a
idade relativa entre camadas a partir de seu conteúdo fossilífero. Esse princípio, inicialmente
utilizado como um instrumento prático, foi posteriormente explicado pela Teoria da Evolução
de Charles Darwin. Diversos períodos marcados por extinção de grande parte da vida,
evidenciados nas rochas devido a escassez do conteúdo fossilífero, são conhecidos na história
da Terra e levaram ao desenvolvimento da Teoria do Catastrofismo.
11. Relevo Brasileiro
Classificações de relevo
*O território brasileiro pode ser dividido em grandes unidades e classificado a partir de
diversos critérios.
a) Uma das primeiras classificações do relevo brasileiro, identificou oito unidades e foi
elaborada na década de 1940 pelo geógrafo Aroldo de Azevedo.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 96
b) No ano de 1958, essa classificação tradicional foi substituída pela tipologia do geógrafo
Aziz Ab´Sáber (falecido em 2012), que acrescentou duas novas unidades de relevo.
c) Uma das classificações mais atuais é do ano de 1995, de autoria do geógrafo e pesquisador
Jurandyr Ross. Seu estudo fundamenta-se no grande projeto Radambrasil, um levantamento
feito entre os anos de 1970 e 1985. O Radambrasil tirou diversas fotos da superfície do
território brasileiro, através de um sofisticado radar acoplado em um avião. Jurandyr Ross
estabelece 28 unidades de relevo, que podem ser divididas em planaltos, planícies e
depressões.
11.1. Características do Relevo Brasileiro
O relevo do Brasil é muito antigo e erodido. É Formado por 64% de bacias sedimentares
(TSA, TSR e DLB) e 36% de rochas cristalinas antigas. É rico em minerais metálicos.
ATENÇÃO: Não têm no território brasileiro, dobramentos modernos e depressões absolutas
O relevo brasileiro apresenta-se 2º Aroldode Azevedo em :Aroldo baseou seu trabalho nas
informações produzidas sobre o território até então e em trabalhos de campo onde partiu para
a observação direta do relevo. Ele dividiu o Brasil em quatro planaltos e quatro planícies
(divisão antiga).
Os planaltos são:
Planalto das Guianas
Planalto Atlântico
Planalto Central
Planalto Meridional
As planícies são:
Planície Amazônica
Planície do Pantanal
Planície Costeira
Planície do Pampa ou Gaúcha (Divisão antiga)
Os Planaltos Brasileiros
a) Planalto das Guianas
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O planalto das Guianas ou escudo das Guianas como também e chamado localiza-se ao Norte
da Planície Amazônica e prolonga-se do Brasil até à Venezuela e às Guianas, onde, na área de
fronteira entre esses países e o Brasil.É formado basicamente por terrenos cristalinos sendo
rico em minerais metálicos.
Pico da Neblina
Pico da Neblina - Brasil - É o ponto mais alto do Brasil com 3.014 m, localizado no norte do
Amazonas, na Serra do Imeri, município de São Gabriel da Cachoeira, fronteira do Brasil com
a Colômbia e a Venezuela.
b)Planalto Brasileiro divide-se em:
1. Planalto Central:
Chapada dos Veadeiros no Planalto Central
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 98
Como o próprio nome já diz, está localizada bem no centro do país, região que faz fronteira
com todas as regiões brasileiras
A maior parte do Planalto Central é formada por terras planas, com altitudes que variam de
300 a 500 metros acima do nível do mar, intercaladas por chapadas e alguns vales e sua
vegetação e formada pelo cerrado.
2. Planalto Atlântico:
Vista por satélite Planalto Atlântico
Planalto Atlântico ocupa o litoral, relevo acidentado, principal serras: Mantiqueira e do Mar.
Na região Sudeste tem suas maiores altitudes médias e aparecem os ―mares de morros‖, com
formações características de ―meias-laranjas‖ e ―pães-de-açúcar‖ Exemplo: Pão-de-açúcar.
Formado de rochas cristalinas é rico em minerais metálicos.
3. Planalto Meridional:
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Este planalto recobre a maior parte do território da Região Sul, alternando extensões de
arenito com outras extensões de basalto o que deixa o solo desta região bastante fértil (solo de
terra roxa). Na Região Sul, excluindo-se o norte e oeste do Paraná, são poucas as áreas que
possuem tais solos, pois muitas vezes as rochas basálticas são recobertas por arenitos.A
elevação de maior destaque no Planalto Meridional é a Serra Geral, que no Paraná e em Santa
Catarina. As cuestas são as escarpas ou serras deste planalto.
Planícies Brasileiras
1. Planície Amazônica:
Planície Amazônica
A mais extensa área de terras baixas está situada no Norte do Brasil. A planície, propriamente
dita, ocupa apenas uma pequena parte dessa região, estendendo-se pelas margens do Rio
Amazonas e seus afluentes. Ao redor dela aparecem vastas extensões de baixos-platôs, ou
baixos-planaltos sedimentares.
Observando-se a disposição das terras da planície no sentido norte-sul, identificam-se três
níveis altimétricos no relevo:
TESOS:
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Constantemente inundada
Junto à margem dos rios, apresentando-se terrenos de formação recente, que sofrem
inundações freqüentes, as quais sempre renovam a lâmina do solo;
VÁRZEA: cujas altitudes não ultrapassam os 30 m e que são periodicamente inundados;
Periodicamente inundada, ex: Seringueira
TERRA-FIRME OU BAIXOS PLATÔS: Salvos das inundações comuns, OCUPA 80% da
floresta Amazônica.
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Nunca inundada pelo Rio Amazonas
2. Planície Litorânea ou Costeira:
Formam uma longa e estreita faixa litorânea, que vai desde o Amapá até o Rio Grande do Sul.
Em alguns pontos dessa extensão, o planalto avança em direção ao mar e interrompe a faixa
de planície no sudeste. Aparecem, nesses pontos, falésias, que são barreiras à beira-mar
resultantes da erosão marinha.
Nesta planície aparecem, basicamente, às praias, mas ocorrem também dunas, restingas,
manguezais e outras formações.
3. Planície do Pantanal:
Planície do Pantanal
A mais típica das planícies brasileiras é esta planície, situada na porção oeste de Mato Grosso
do Sul e pequena extensão do sudoeste de Mato Grosso, entre os planaltos Central e
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 102
Meridional. Como é banhada pelo RIO PARAGUAI e seus afluentes, é inundada anualmente
por ocasião das enchentes, quando vasto lençol aquático recobre quase toda a região.
As partes mais elevadas são conhecidas pelo nome indevido de cordilheiras e as partes mais
deprimidas constituem as baías ou largos. Essas baías, durante as cheias (chuvas de verão),
abrigam lagoas que se interligam através de canais conhecidos como corixos.
Pontos Culminantes do Brasil
Pico Serra Altitude (m)
Da Neblina Imeri (Amazonas) 3.014
31 de Março Imeri (Amazonas) 2.992
Da Bandeira do Caparaó (Espírito Santo/Minas Gerais) 2.890
Roraima Pacaraima (Roraima) 2.875
Cruzeiro do Caparaó (Espírito Santo) 2.861
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12. Os Solos Brasileiros
Característica visual do solo tipo ―terra roxa‖.
O solo brasileiro é formado a partir de três estruturas geológicas, são elas: escudos
cristalinos, bacias sedimentares e terrenos vulcânicos. Cada uma permite a formação de
determinados minerais e solos. A partir dessas estruturas geológicas são identificados quatro
tipos de solos: terra roxa, massapé, salmorão e aluviais.
• Terra roxa: solo extremamente fértil, possui uma coloração avermelhada. É encontrado,
especialmente, na região Sul, oeste do Estado de São Paulo, Mato Grosso do Sul, sul de
Minas Gerais e Goiás. A terra roxa é resultado da decomposição de rochas compostas de
basalto, que tem origem vulcânica. Isso prova que em um passado remoto já houve
derramamento de lavas nas áreas citadas.
• Massapé: é um tipo de solo caracterizado pela elevada fertilidade, possui cor escura em
razão de sua formação ser proveniente da decomposição de rochas, como gnaisses escuros,
calcários e filitos.
• Salmorão: é um tipo de solo constituído a partir da decomposição de rochas graníticas e
gnaisses claros. É encontrado, principalmente, no Centro-Sul do Brasil.
• Aluviais: é um tipo de solo identificado em todos os pontos do Brasil, é formado a partir do
acúmulo de sedimentos em várzeas, vales e etc.
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13.Hidrografia do Brasil
Bacias Hidrográficas.
A hidrografia do Brasil envolve o conjunto de recursos hídricos do território brasileiro, as
bacias hidrográficas, Oceano Atlântico, os rios, lagos, lagoas, arquipélagos, golfos, baías,
cataratas, usinas hidrelétricas, barragens, etc. De acordo com os órgãos governamentais,
existem no Brasil doze grandes bacias hidrográficas, sendo que sete têm o nome de seus rios
principais. Amazonas, Paraná, Tocantins, São Francisco, Parnaíba, Paraguai e Uruguai; as
outras são agrupamentos de vários rios, não tendo um rio principal como eixo, por isso são
chamadas de bacias agrupadas. Veja abaixo as doze macro bacias hidrográficas brasileiras:
Região hidrográfica do Amazonas
Região hidrográfica do Atlântico Nordeste Ocidental
Região hidrográfica do Tocantins
Região hidrográfica do Paraguai
Região hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental
Região hidrográfica do Parnaíba
Região hidrográfica do São Francisco
Região hidrográfica do Atlântico Leste
Região hidrográfica do Paraná
Região hidrográfica do Atlântico Sudeste
Região hidrográfica do Uruguai
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Região hidrográfica do Atlântico Sul
O Brasil possui uma das mais amplas, diversificadas e extensas redes fluviais de todo o
mundo. O maior país da América Latina conta com a maior reserva mundial de água doce e
tem o maior potencial hídrico da Terra; cerca de 13% de toda água doce do planeta encontra-
se em seu território.
A maior parte dos rios brasileiros é de planalto, apresentando-se encachoeirados e permitindo,
assim, o aproveitamento hidrelétrico. As bacias Amazônica e do Paraguai ocupam extensões
de planícies, mas as bacias hidrográficas do Paraná e do São Francisco são tipicamente de
planalto. Merecem destaque as quedas-d'água de Urubupungá (no rio Paraná), Iguaçu (no rio
Iguaçu), Pirapora, Sobradinho, Itaparica e Paulo Afonso (no rio São Francisco), onde estão
localizadas usinas hidrelétricas.
Os rios brasileiros apresentam regime de alimentação pluvial, ou seja, são alimentados pelas
águas das chuvas. Em decorrência de o clima tropical predominar na maior parte do território,
as cheias ocorrem durante o verão, constituindo exceção alguns rios nordestinos, cujas cheias
ocorrem entre o outono e o inverno. Os rios do sul não tem vazante acentuada, devido à boa
distribuição das chuvas na região, assim como os da bacia Amazônica, também favorecidos
pela uniformidade pluviométrica da região.
No Brasil, predomina a drenagem exorréica, ou seja, os rios correm em direção ao mar, como
o Amazonas, o São Francisco, o Tocantins, o Parnaíba, etc. Pouquíssimos são os casos de
drenagem endorréica, em que os rios se dirigem para o interior do país, desaguando em outros
rios, como o Negro, o Purus, o Paraná, o Iguaçu, o Tietê, entre outros.
Em sua maior parte, os rios brasileiros são perenes, isto é, nunca secam. Mas na região semi-
árida do Nordeste há rios que podem desaparecer durante uma parte do ano, na estação seca:
são os chamados rios temporários ou intermitentes.
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Lagoa dos Patos, no Rio Grande do Sul, Brasil. À direita, o Oceano Atlântico.
O Brasil possui poucos lagos, classificados em:
Lagos de barragem, que são resultantes da acumulação de materiais e subdividem-se
em lagunas ou lagoas costeiras, formadas a partir de restingas, tais como as lagoas
dos Patos e Mirim, no Rio Grande do Sul, e lagoas de várzea, formadas quando as
águas das cheias ficam alojadas entre barreiras de sedimentos deixados pelos rios ao
voltarem ao seu leito normal. São comuns na Amazônia e no Pantanal Mato-
Grossense;
Lagos de erosão, formados por processos erosivos, ocorrendo no Planalto Brasileiro.
Os centros dispersores — ou seja, as porções mais altas do relevo que separam as bacias
fluviais — que merecem destaque no Brasil são três: a cordilheira dos Andes, onde nascem
alguns rios que formam o Amazonas; o planalto das Guianas, de onde partem os afluentes da
margem esquerda do rio Amazonas; e o Planalto Brasileiro, subdividido em centros
dispersores menores.
Os rios, ao desembocarem em outro rio ou no oceano, podem apresentar-se com uma foz do
tipo estuário, com um único canal, ou do tipo delta, com vários canais entremeados de ilhas;
ocorre, excepcionalmente, o tipo misto. No Brasil, predominam rios com foz do tipo estuário,
com exceção do rio Amazonas, que possui foz do tipo misto, e dos rios Paranaíba, Acaraú,
Piranhas e Paraíba do Sul, que possuem foz do tipo delta.
País úmido, com muitos rios, o Brasil, possuía quatro bacias principais e três secundárias,
divisão que vigorou até a promulgação da Resolução nº 32, de 15 de outubro de 2003,
aprovada pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos:
Bacias principais
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o Amazônica
o Tocantins-Araguaia
o Platina
o São Francisco
Bacias secundárias
o Nordeste
o Leste
o Sudeste-Sul
Bacia Amazônica
A imagem mostra o complexo da Região Hidrográfica do Amazonas, a maior bacia
hidrográfica do mundo (clique para ampliar e ver detalhes).
Com uma área, em terras brasileiras, de 3.984.467 km², a bacia Amazônica — a maior bacia
hidrográfica do mundo — ocupa mais da metade do território brasileiro e estende ainda pela
Bolívia, Peru, Colômbia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa. A Venezuela não faz parte
dessa bacia. Além do rio principal — o Amazonas —, compreende os seus afluentes: na
margem esquerda, os rios Içá, Japurá, Negro e Trombetas; na margem direita, os rios Juruá,
Purus, Madeira, Tapajós e Xingu.
Atravessada pela linha do Equador na sua porção norte, a bacia Amazônica possui rios nos
dois hemisférios e, devido à sua posição geográfica, apresenta três regimes de cheias: nos rios
do norte, tropical boreal, com volume máximo em julho; nos rios do sul, tropical austral, com
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volume máximo em março; e no tronco central, volume máximo em abril, maio e junho.
Dessa forma, o rio Amazonas tem sempre um grande volume de água, já que seus afluentes
sofrem cheias em épocas diferentes.
O rio Amazonas, o mais extenso do mundo, possui 6.992,06 km dos quais 3.165 km situam
em território brasileiro. Nasce na Cordilheira dos Andes, tem sua origem na nascente do rio
Apurímac (alto da parte ocidental da cordilheira dos Andes) (Peru), onde recebe os nomes de
Apacheta, Lloqueta, Tunguragua, Marañón, Apurímac, Ene, Tambo, Ucayali e Amazonas
(Peru), e quando entra no Brasil passa a se chamar Solimões, nome que mantém até a foz do
seu afluente rio Negro, próximo a Manaus. A maior parte do rio está inserida na planície
sedimentar Amazônica, embora a nascente em sua totalidade é acidentada e de grande
altitude.
Dentre os diversos rios do mundo, o Amazonas é o que possui maior débito, ou seja, é o que
descarrega o maior volume de água em sua foz: em épocas normais, lança no oceano 80.000
m³/s, mas chega a jogar até 120.000 m³/s. Um fenômeno interessante que se observa na foz do
rio Amazonas é a pororoca, encontro das águas do rio, durante as enchentes, com as águas do
mar, quando ocorre maré alta.
A largura média do rio Amazonas é de 4 a 5 km, mas chega, em alguns trechos, a mais de 50
km. Devido ao pequeno declive que apresenta, a velocidade de suas águas é lenta, oscilando
entre 2 e 7 km por hora.
Além do rio Amazonas e seus grandes afluentes, inúmeros cursos de água desenham uma
verdadeira teia na planície Amazônica. São os furos, córregos ou pequenos rios que unem rios
maiores entre si; os igarapés, pequenos e estreitos canais naturais espalhados pelo baixo-
planalto e planície; e os paranás-mirins, braços de rios que contornam ilhas fluviais.
Bacia Platina
Formada pelas bacias dos rios Paraná, Paraguai e Uruguai, estende-se pelo Brasil, Uruguai,
Bolívia, Paraguai e Argentina.
Bacia do Paraná
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O mapa mostra a Bacia do Rio Paraná, com destaque para o rio Tietê, um dos seus principais
afluentes(clique para ampliar e ver mais detalhes).
É a mais extensa das três, abrangendo mais de 10% do território nacional. Possui o maior
potencial hidrelétrico instalado no Brasil, merecendo destaque grandes usinas, como a de
Itaipu, Jupiá e Ilha Solteira, no rio Paraná; Ibitinga, Barra Bonita e Bariri no rio Tietê;
Cachoeira Dourada, Itumbiara e São Simão, no rio Paranaíba; Furnas, Jaguara, Marimbondo e
Itutinga, no rio Grande; e ainda Jurumirim, Xavantes e Capivara, no rio Paranapanema.
Seus rios são tipicamente de planalto, o que dificulta muito a navegação, que se tornará mais
fácil com a utilização das eclusas construídas com a instalação das usinas hidrelétricas.
Bacia do Paraguai
Rio Paraguai.
Compreende um único grande rio, o Paraguai, que possui mais de 2.000 km de extensão, dos
quais 1.400 km ficam em território nacional. É tipicamente um rio de planície, bastante
navegável. Os principais portos nela localizados são Corumbá e Porto Murtinho.
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Além do Paraguai, destacam-se rios menores, como o Miranda, o Taquari, o rio Apa e o São
Lourenço. O regime desses rios é também o tropical austral, com grandes cheias nos meses de
verão.
Bacia do Uruguai
O rio Uruguai e sua bacia ocupam apenas 2% do território brasileiro, estendendo-se pelos
estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Formado pelos rios Canoas e Pelotas, possui
cerca de 1.500 km de extensão e serve de limite entre Brasil, Argentina e Uruguai. Situa-se na
porção subtropical do País e apresenta duas cheias e duas vazantes anuais. Seus afluentes de
maior destaque são: na margem direita, Peixe, Chapecó e Peperiguaçu; na margem esquerda,
Ibicuí, Turvo, Ijuí e Piratini. Com o potencial hidrelétrico limitado, o rio Uruguai é usado para
a navegação em alguns trechos. Suas principais hidrelétricas são: Barracão, Machadinho,
Pinheiro, Estreito do Sul e Iraí.
Bacia do Tocantins-Araguaia
Ocupando uma área de 803.250 Km2, é a maior bacia hidrográfica inteiramente brasileira.
Além de apresentar-se navegável em muitos trechos, é a terceira do País em potencial
hidrelétrico, encontrando-se nela a Usina Hidrelétrica de Tucuruí.
O Tocantins, principal rio dessa bacia, nasce no norte de Goiás e deságua no Oceano
Atlântico. Em seu percurso, recebe o rio Araguaia, que se divide em dois braços, formando a
Ilha do Bananal; situada no estado de Tocantins, é considerada a maior ilha fluvial interior do
mundo.
Nessa região ocorrem rios de regime austral, ao sul, e equatorial, ao norte.
Bacia do São Francisco
Mapa da Bacia do São Francisco.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 111
Formada pelo rio São Francisco e seus afluentes, essa bacia está inteiramente localizada em
terras brasileiras. Estende-se por uma área de 631.133 km², o que equivale a 7,5% do
território nacional.
Apelidado pela população ribeirinha de Velho Chico, o São Francisco é um rio de planalto,
que nasce na Serra da Canastra, em Minas Gerais, e atravessa os estados da Bahia,
Pernambuco, Alagoas e Sergipe. Além de ser navegável em cerca de 2.000 km, possui
também grande potencial hidrelétrico, merecendo destaque as usinas de Três Marias, Paulo
Afonso e Sobradinho. Seus principais afluentes são os rios Paracatu, Carinhanha e Grande, na
margem esquerda; e os rios Salitre, das Velhas e Verde Grande, na margem direita.
O rio São Francisco desempenhou importante papel na conquista e povoamento do sertão
nordestino, sendo o grande responsável pelo transporte e abastecimento de couro na região.
Ainda hoje, sua participação é fundamental na economia nordestina, pois, devido ao fato de
atravessar trechos semi-áridos, permite a prática da agricultura em suas margens, além de
oferecer condições para irrigação artificial de áreas mais distantes. Possuindo um regime
tropical austral, com cheias de verão, tem um débito que oscila de 1.000 m³/s nas secas, a
10.000 m³/s nas cheias.
Bacias secundárias
Bacia do Nordeste
É constituída por rios do sertão nordestino, na sua grande maioria temporários, pois secam em
determinadas épocas do ano. Os rios dessa bacia são o Acaraú e o Jaguaribe, no Ceará; o
Piranhas e o Potenji, no Rio Grande do Norte; o Paraíba, na Paraíba; o Capibaribe, o Una e o
Pajeú, em Pernambuco. Além desses, fazem parte dessa bacia os rios maranhenses Turiaçu,
Pindaré, Grajaú, Itapecuru e Mearim, além do rio Parnaíba, que separa o Maranhão do Piauí.
Bacia do Leste
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 112
Mapa da Bacia do Atlântico Leste.
Constituída por rios que descem do Planalto Atlântico em direção ao oceano, merecem
destaque os rios Pardo, Jequitinhonha e Mucuri, em Minas Gerais e Bahia; Paraíba do Sul, em
São Paulo e Rio de Janeiro; e Vaza-Barris, Itapicuru, das Contas e Paraguaçu, na Bahia.
Bacia do Sudeste e Sul
É constituída também por rios que correm na direção oeste-leste, ou seja, que vão das serras e
planaltos em direção ao oceano. Destacam-se os rios Ribeira do Iguape, em São Paulo; Itajaí,
em Santa Catarina; Jacuí e Camacuã, no Rio Grande do Sul.
Com exceção dos rios temporários do sertão nordestino, os demais rios das bacias secundárias
apresentam regime tropical austral, com cheias no verão. São rios de planalto, pouco
aproveitáveis para a navegação fluvial.
14.Clima
Mapa climático do Brasil de acordo com a classificação climática de Köppen-Geiger.
O clima do Brasil é diversificado em consequência de fatores variados, como a fisionomia
geográfica, a extensão territorial, o relevo e a dinâmica das massas de ar. Este último fator é
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 113
de suma importância porque atua diretamente tanto na temperatura quanto na pluviosidade,
provocando as diferenciações climáticas regionais. As massas de ar que interferem mais
diretamente são a equatorial (continental e atlântica), a tropical (continental e atlântica) e a
polar atlântica.
O Brasil apresenta o clima superúmido com características diversas, tais como o super-úmido
quente (equatorial), em trechos da região Norte; super-úmido mesotérmico (subtropical), na
Região Sul do Brasil, no sul e planalto paulista do estado de São Paulo, e super-úmido quente
(tropical), numa estreita faixa litorânea de São Paulo ao Rio de Janeiro, Vitória, sul da Bahia
até Salvador, sul de Sergipe e norte de Alagoas.
O clima úmido, também com várias características: clima úmido quente (equatorial), no Acre,
Rondônia, Roraima, norte de Mato Grosso, leste do Amazonas, Pará, Amapá e pequeno
trecho a oeste do Maranhão; clima úmido subquente (tropical), em São Paulo e sul do Mato
Grosso do Sul, e o clima úmido quente (tropical), no Mato Grosso do Sul, sul de Goiás,
sudoeste e uma estreita faixa do oeste de Minas Gerais, e uma faixa de Sergipe e do litoral de
Alagoas à Paraíba.
O clima semi-úmido quente (tropical), corresponde à área sul do Mato Grosso do Sul, Goiás,
sul do Maranhão, sudoeste do Piauí, Minas Gerais, uma faixa bem estreita a leste da Bahia, a
oeste do Rio Grande do Norte e um trecho da Bahia meridional.
O clima semi-árido, com diversificação quanto à umidade, correspondendo a uma ampla área
do clima tropical quente. Assim, tem-se o clima semi-árido brando, no nordeste do Maranhão,
Piauí e parte sul da Bahia; o semi-árido mediano, no Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba,
Pernambuco e interior da Bahia; o semi-árido forte, ao norte da Bahia e interior da Paraíba, e
o semi-árido muito forte, em pequenas porções do interior da Paraíba, de Pernambuco e norte
da Bahia.
A maior temperatura registrada oficialmente no Brasil foi 44,7 °C em Bom Jesus, Piauí, em
21 de novembro de 2005, superando o recorde também oficial de Orleans, Santa Catarina, de
44,6 °C, de 6 de janeiro de 1963. Já a menor temperatura registrada foi de -17,8 °C no Morro
da Igreja, em Urubici, Santa Catarina, em 29 de junho de 1996 (registro extra-oficial).3 A
menor temperatura registrada oficialmente no país foi de -14,0 °C, no município de Caçador,
no mesmo estado, em 11 de junho de 1952. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia
(INMET), o maior acumulado de chuva em 24 horas já observado no país foi de 404,8 mm,
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 114
em Florianópolis, Santa Catarina, no dia 15 de novembro de 1991. Entretanto fontes não-
oficiais indicam a ocorrência de 622,5 mm na localidade de Itapanhaú, município de Biritiba
Mirim, São Paulo, no dia 20 de junho de 1947.
Equatorial
Pequeno afluente do rio Amazonas no Brasil.
Ocorre na região Amazônica, ao norte de Mato Grosso e a oeste do Maranhão e está sob ação
da massa de ar equatorial continental – de ar quente e geralmente úmido. Suas principais
características são temperaturas médias elevadas (25 °C a 27 °C); chuvas abundantes, com
índices próximos de 2,000 mm/ano, e bem distribuídas ao longo do ano; e reduzida amplitude
térmica, não ultrapassando 3 °C. No inverno, essa região pode sofrer influência da massa
polar atlântica, que atinge a Amazônia ocidental ocasionando um fenômeno denominado
"friagem", ou seja, súbito rebaixamento da temperatura em uma região normalmente muito
quente.
Tropical
Abrange toda a região central do país, a porção oriental do Maranhão, grande parte do Piauí e
a porção ocidental da Bahia e de Minas Gerais. Também é encontrado no extremo norte do
Brasil, em Roraima. Caracteriza-se por temperaturas elevadas (entre 18 °C e 28 °C), com
significativa amplitude térmica de (5 °C e 7 °C), e estações bem definidas – um verão quente
e chuvoso e inverno ameno e seco. Apresenta alto índice pluviométrico, em torno de 1 500
mm/ano. A estação chuvosa é o verão, quando a massa equatorial continental está sobre a
região. No inverno, com o deslocamento dessa massa diminui a umidade e então ocorre a
estação seca.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 115
Tropical de altitude
Campos do Jordão é a cidade mais alta do Brasil.
É encontrado nas partes mais elevadas, entre 800 m e 1 000 m, do planalto Atlântico do
Sudeste. Abrange trechos dos estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito
Santo, norte do Paraná e o extremo sul de Mato Grosso do Sul. Sofre a influência da massa de
ar tropical atlântica, que provoca chuvas no período do verão. Apresenta temperatura amena,
entre 18 °C e 26 °C, e amplitude térmica anual entre 7 °C e 9 °C. No inverno, as geadas
acontecem com certa frequência em virtude da ação das frentes frias originadas da massa
polar atlântica.
Tropical atlântico ou tropical úmido
Rio de Janeiro.
Estende-se pela faixa litorânea do Rio Grande do Norte ao extremo leste de São Paulo. Sofre a
ação direta da massa tropical atlântica, que, por ser quente e úmida, provoca chuvas intensas.
O clima é quente com variação de temperatura entre 18 °C e 26 °C e amplitude térmica maior
à medida que se avança em direção ao Sul -, úmido e chuvoso durante todo o ano.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 116
Subtropical
É o clima das latitudes abaixo do trópico de Capricórnio: abrange o sul do estado de São
Paulo e a região metropolitana de São Paulo, a maior parte do Paraná (com exceção do norte),
Santa Catarina, Rio Grande do Sul e o extremo sul de Mato Grosso do Sul. Está localizado na
faixa de luminosidade temperada, contudo, não apresenta várias características do clima
temperado. É influenciado pela massa polar atlântica, que determina temperatura média de
18°C e amplitude térmica anual elevada para padrões brasileiros, de cerca de 10 °C. As
chuvas variam dos 1 000 mm/ano aos 2 000 mm/ano e bem distribuídas anualmente. Há
geadas com frequência e eventuais nevadas.
Em termos de temperatura, apresenta as quatro estações do ano relativamente bem marcadas.
Os verões são um pouco quentes, na maior parte da Região Sul (Cfa, segundo a Classificação
climática de Köppen-Geiger), enquanto os verões são amenos nas Serras Gaúcha e
Catarinense, além do extremo sul do país, nas partes mais elevadas das Serras de Sudeste
(caracterizado por Köppen como Cfb), com média anual de temperatura inferior aos 17 °C. Os
invernos são frescos (frios para os padrões brasileiros), com a ocorrência de geadas em toda a
sua área de abrangência, havendo a ocorrência de neve nas partes mais elevadas da região. A
neve ocorre com regularidade anual apenas acima dos 1.000 metros de altitude (constituindo
uma pequena área entre os estados de Rio Grande do Sul e Santa Catarina), sendo, nas áreas
mais baixas, de ocorrência mais esporádica, não ocorrendo todos os anos.
Nos pontos mais altos do planalto, onde pode ocorrer a neve durante os dias de inverno, estão
situadas as cidades mais frias do país: São Joaquim e Urupema, em Santa Catarina, e São José
dos Ausentes, no Rio Grande do Sul, as três com temperatura média anual de 13 °C. O local
mais frio do país é creditado ao cume do Morro da Igreja, no município de Urubici, próximo a
São Joaquim, o ponto habitado mais alto da Região Sul do país.
Paisagem de caatinga predominante no semiárido brasileiro.
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Semiárido
Típico do interior do Nordeste, região conhecida como o Polígono das Secas, que corresponde
a quase todo o sertão nordestino e aos vales médios e inferiores do rio São Francisco. Sofre a
influência da massa tropical atlântica que, ao chegar à região, já se apresenta com pouca
umidade. Caracteriza-se por elevadas temperaturas (média de 27 °C) e chuvas escassas (em
torno de 200 mm/ano), irregulares e mal distribuídas durante o ano. Há períodos em que a
massa equatorial atlântica (superúmida) chega no litoral norte de Região Nordeste e atinge o
sertão, causando chuva intensa.
O país tem 11% de seu território dentro do polígono das secas, segundo dados da Organização
das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).
Tropical Litorâneo
É encontrado na parte oriental do país e abrange as áreas próximas ao litoral. Esse tipo de
clima é fortemente influenciado pela massa de ar Tropical Atlântica e pelos ventos úmidos
vindos do oceano.
15.Vegetação
A Vegetação do Brasil envolve o conjunto de formações vegetais distribuídas por todo o
território brasileiro.
O Brasil possui diferentes tipos
de vegetação. Os principais são:
a Floresta Amazônica no norte, a
Mata dos Cocais no meio-norte,
a Mata Atlântica desde o
nordeste até o sul, a Mata das
Araucárias no sul, a Caatinga no
nordeste, o Cerrado no centro, o
Complexo do Pantanal no
sudoeste, os campos no extremo
sul com manchas esparsas em
alguns estados do país e a vegetação litorânea desde o Amapá até Rio Grande do Sul.
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Mapa de vegetação do Brasil.
Formações Florestais
Floresta Amazônica
Rio Amazonas no Brasil.
Também conhecida como Hiléia ou floresta latifoliada equatorial, recobre cerca de 49,29% do
território nacional, estendendo-se pela Amazônia e parte das regiões Centro-Oeste e Nordeste.
Constitui uma das mais extensas áreas florestais do mundo.
Muito densa e fechada, com grande variedade de espécies, a Floresta Amazônica caracteriza-
se por grande umidade, altos índices de chuva, elevadas temperaturas e pequena amplitude
térmica. O nome latifoliada deriva do latim (lati = "largo") e indica a predominância de
espécies vegetais de folhas largas.
Acompanhando essa floresta há uma emaranhada rede de rios, que correm num relevo onde
predominam terras baixas (planícies e baixos-planaltos). Os solos são, em geral, pouco férteis.
Apesar de sua aparente uniformidade, a Floresta Amazônica abriga três tipos de associações,
assim divididas:
mata de igapó: constantemente inundada, é formada principalmente por palmeiras e árvores
não muito altas, emaranhadas por cipós e lianas. É bastante rica em espécies vegetais;
mata de várzea: mais compacta, sofre inundações periódicas (cheias). Apresenta árvores
maiores, sobressaindo as seringueiras, por seu valor econômico;
mata de terra firme: pouco inundada, é a que apresenta árvores mais altas. Nela são comuns
o castanheiro, o guaraná e o caucho.
As queimadas para a abertura de pastos, instalação de fazendas para criação de gado e
plantações de diversos produtos agrícolas, os desmatamentos para retirada de madeira e a
mineração são os principais impactos provocados pela ocupação humana na Amazônia.
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A Floresta Amazônica é uma verdadeira farmácia natural ao ar livre, cujas árvores, cipós e
outras espécies fornecem remédios para todos os males do corpo humano, desde doenças do
coração até diabetes. Por isso tem sido cobiçada pelos maiores laboratórios do mundo, que
têm extraído dela uma infinidade de medicamentos.
Mata dos Cocais
Mata dos Cocais.
Abrange predominantemente os estados do Maranhão e Piauí (Meio-Norte), mas distribui-se
também pelo Ceará, Rio Grande do Norte e Tocantins. Está numa zona de transição entre os
ecossistemas da Floresta Amazônica e da caatinga. É classificada como uma formação
florestal, mas, na realidade, constitui uma formação vegetal secundária, por seu acentuado
desmatamento. Nesse ecossistema predominam dois tipos de palmeira muito importantes para
a economia local:
Babaçu, de cuja amêndoa se extrai o óleo; as folhas são usadas para a cobertura de casas e o
palmito como alimento para o gado. Um rico artesanato emprega suas fibras para confeccionar
esteiras, cestos e bolsas. Da casca do côco, podem ser retirados o alcatrão e o acetato.
Carnaúba, cujo produto mais conhecido é a cera. Como tudo dessa palmeira pode ser
aproveitado (folhas, caule, fibras), o nordestino denominou-a "árvore da providência".
Na Mata dos Cocais, as altas temperaturas são constantes. As pastagens representam o
principal impacto ambiental nesse ecossistema.
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Mata Atlântica
Mata Atlântica.
Estende-se desde o Rio Grande do Norte até o Rio Grande do Sul, junto ao litoral, quase sem
interrupções. Predominando em regiões de clima quente e úmido, com verões brandos, surge
nas encostas das serras litorâneas. Topograficamente, surge em serras elevadas (escarpas do
Planalto Atlântico) em formas arredondadas, chamadas "mares de morros". Esta formação
vegetal apresenta-se muito densa, emaranhada e com grande variedade de vegetais hidrófilos
(adaptados a ambientes úmidos) e perenes.3
Devido à sua localização geográfica é a formação vegetal brasileira que mais devastações
sofreu, principalmente em trechos menos elevados do relevo. Esse impacto ambiental é uma
das consequências da intensa urbanização e industrialização que ocorreram no Brasil.
Mata Intermediaria
É a mesma floresta úmida da encosta, mas se desenvolve nas vertentes das serras, à retaguarda
do mar, não influenciadas diretamente pela umidade marítima. Muito densa, apresenta
espécies bastante altas e de troncos grossos. No entanto, quando se desenvolve em solos
areníticos, ou de calcário, o aspecto da floresta modifica-se completamente: ela se torna
menos densa, com árvores mais baixas e de troncos finos. Quase inteiramente devastada, por
possuir solos férteis para a agricultura, restam, de sua formação original, apenas, alguns
trechos esparsos.
O nome latifoliada deriva do latim (lati = "largo") e indica a predominância de espécies
vegetais de folhas largas.
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Mata de Araucária
Mata de Araucárias.
Predominando em regiões de clima subtropical e tropical de altitude, que apresentam regular
distribuição das chuvas por todos meses do ano, estende-se desde o sul de São Paulo até o
norte do Rio Grande do Sul, em trechos mais íngremes do relevo (Campos do Jordão, por
exemplo). É muito comum no planalto Meridional, nos estados do Paraná e Santa Catarina.
O nome aciculifoliada vem do latim (aciculi = "pequena agulha") e indica o predomínio de
espécies que apresentam folhas pontiagudas. Destaca-se a Araucaria angustifolia, mais
conhecida como pinheiro-do-paraná, mas aparecem ainda outras espécies, como a imbuia, o
cedro, o ipê e a erva-mate.
Os solos em que se desenvolve, em geral de origem vulcânica, são mais férteis que os das
áreas tropicais o que explica a grande devastação sofrida por essa vegetação para o
aproveitamento agrícola.
Além dessas formações florestais aparecem ainda no Brasil alguns outros subtipos,
merecendo destaque a mata dos Cocais e as matas galerias ou ciliares.
A mata dos Cocais é uma formação de transição entre a Floresta Amazônica e a Caatinga,
abrangendo áreas do Maranhão, Piauí e Tocantins. O babaçu é a espécie predominante.
As matas galerias ou ciliares são florestas que se desenvolvem ao longo dos cursos de água,
cuja umidade as mantém. Praticamente devastadas pela ocupação humana, restringem-se a
trechos do cerrado ou dos campos do Rio Grande do Sul.
Calcula-se que 5% da área original dos pinheirais esteja preservada. A retirada da madeira,
para a produção de móveis e papel de jornal, e a agropecuária são os principais fatores de sua
devastação acentuada e complexa .
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Formações complexas
Cerrado
Cerrado.
Depois da Floresta Amazônica, é a formação vegetal brasileira que mais se espalhou,
predominando no planalto Central, mas aparecendo também como manchas esparsas em
outros pontos do país (Amazônia, região da caatinga do Nordeste, São Paulo e Paraná),
recobrindo mais de 20% do território nacional. Predomina em áreas de clima tropical, com
duas estações: verão chuvoso e inverno seco.
Não é uma formação uniforme, o que permite identificar duas áreas: o cerradão e o cerrado
propriamente dito. No cerradão existem mais árvores que arbustos. No cerrado, bastante ralo,
aparecem poucos arbustos e árvores baixas, de troncos sinousos e casca espessa, que
apresentam galhos retorcidos, com folhas muito duras; entre as árvores e os arbustos, espalha-
se uma formação contínua de gramíneas altas.
Imagem de satélite com o cerrado em destaque.
O cerrado espalha-se pelos chapadões e por algumas escarpas acentuadas.
Dentre os fatores que explicam a fisionomia do cerrado, além da escassez de água, destacam-
se a profundidade do lençol freático e a natureza dos solos, ácidos e com deficiências
minerais.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 123
A expansão agropecuária, os garimpos, a construção de rodovias e cidades como Brasília e
Goiânia, são os principais aspectos provocados pela ação humana, que reduziram esse
ecossistema a pequenas manchas distribuídas por alguns estados brasileiros.
O cerrado foi declarado "Sítio do Patrimônio Mundial" pela Unesco em 13 de dezembro de
2001 e
Caatinga
Caatinga: formação vegetal xerófila que aparece no Polígono das Secas.
Predominando na região de clima semi-árido do Nordeste é uma formação vegetal
tipicamente xerófita, ou seja, adaptada à escassez de água. É uma vegetação esparsa, que se
espalha pelos maciços e tabuleiros, por onde correm rios, em geral intermitentes.6
Desenvolvendo-se em solos quase rasos e salinos, apresenta-se muito heterogênea: em alguns
trechos, predominam árvores esparsamente distribuídas; em outros, arbustos isolados; e em
outros, ainda, apenas capões de gramíneas altas.
A falta de água impõe múltiplas adaptações aos vegetais na caatinga, que vão desde a perda
das folhas na estação mais seca até o aparecimento de longas raízes, em busca de lençois
subterrâneos de água. Entre as principais espécies de árvores, estão o juazeiro, o angico, a
barriguda, e, entre os arbustos, as cactáceas, como o xiquexique e o mandacaru.
Atualmente, a Caatinga vem sendo agredida ao sofrer o impacto da irrigação, drenagem,
criação de pastos, latifúndios e da desertificação.
Pantanal
Ocupando a planície do Pantanal Sul Mato-Grossense, é uma formação mista que apresenta
espécies vegetais próprias das florestas, dos campos, dos cerrados e até da caatinga.
Podem-se identificar nessa formação três áreas diferenciadas: as sempre alagadas, nas quais
predominam as gramíneas; as periodicamente alagadas, nas quais se destacam diversos tipos
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 124
de palmeiras (buritis, paratudos e carandás); e as que não sofrem inundações e são mais
densas, aparecendo nelas o quebracho e o angico.
Formações campestres
Campos meridionais
Formações de campo limpo, ou seja, constituídos predominantemente por gramíneas,
aparecem em manchas esparsas, a partir da latitude de 20ºS. Em São Paulo, no Paraná e em
Santa Catarina recebem a denominação de campos do planalto; no Rio Grande do Sul, são
conhecidos como campos da Campanha ou Campanha Gaúcha; e em Mato Grosso do Sul,
onde aparecem em trechos esparsos, são chamados de campos de vacaria. No sudoeste do Rio
Grande do Sul, os campos meridionais surgem num relevo dominado por colinas suaves e de
vertentes pouco acentuadas conhecidas como coxilhas.
Campos sujos
Apresentam uma emaranhada mistura de gramíneas e arbustos, geralmente decorrente da
degradação dos cerrados. Seus limites são bastante indefinidos.
Campos da Hiléia
Conhecidos como campos da várzea, caracterizam-se por serem inundados na época das
cheias. Aparecem no baixo Amazonas e em trechos do estado do Pará, principalmente na
parte oeste da ilha de Marajó.
Campos serranos
Surgem em porções mais elevadas do território nacional, em pontos onde o relevo ultrapassa
1.500 m, como nas serras da Bocaina e do Itatiaia. Menos densos que as outras formações
campestres, apresentam algumas espécies vegetais adaptadas à altitude.
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Formações litorâneas
Manguezais
Mangue.
Ocupam porções mais restritas do litoral, em reentrâncias da costa, onde as águas são pouco
movimentadas, como os pântanos litorâneos, os alagadiços e as regiões inundadas pela maré
alta. Neles predominam vegetações halófitas (que se adaptam a ambientes salinos), com raízes
aéreas e respiratórias, dotadas de pneumatóforos que lhes permitem absorver o oxigênio
mesmo em áreas alagadas. Conforme a topografia e a umidade do solo, é possível distinguir o
mangue-vermelho, nas partes mais baixas, o mangue-siriúba, onde as inundações são menos
freqüentes; e o mangue-branco, em solos firmes.
Formações dos litorais arenosos
As praias e as dunas aparecem em vastas extensões de nosso litoral e nelas surgem formações
herbáceas e arbustivas. Nas praias, essas formações são pouco densas, mas, nas dunas, são
relativamente compactas. Geralmente, entre o litoral arenoso e a serra aparece também o
jundu, formação de transição da floresta ao solo salino, ao alcançar o litoral.
17. Domínios Morfoclimáticos do Brasil
Os domínios morfoclimáticos são divisões que se baseiam nos diferentes tipos de relevos,
resultantes das condições climáticas atuais e do passado bem como na cobertura vegetal e nos
tipos de solo.
O Brasil é um país tropical de grande extensão territorial. Sua geografia é marcada por grande
diversidade. A interação e a interdependência entre os diversos elementos de sua paisagem
(relevo, clima, vegetação, hidrografia, solo, fauna etc.) explicam a existência dos chamados
domínios geoecológicos.
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Os domínios geoecológicos podem ser compreendidos como a combinação ou síntese dos
diversos elementos da natureza, em uma determinada porção do território. Assim sendo,
reconhecemos, no Brasil, a existência de seis grandes paisagens naturais:
Domínio Amazônico
Domínio das Caatingas
Domínio dos Cerrados
Domínio dos Mares e Morros
Domínio das Araucárias
Domínio das Pradarias
Domínio Amazônico:
Localização: É a maior região morfoclimática do Brasil, com uma área de aproximadamente 5
milhões km² – equivalente a 60% do território nacional –abrangendo os Estados: Amazonas,
Amapá, Acre, Pará, Maranhão, Rondônia, Roraima, Tocantins e Mato Grosso.
Clima: Equatorial, a qual é o mais quente e o mais úmido da Terra. (Quente/Úmido)
Rios: Apresenta a maior bacia fluvial da Terra ocupando ¼ das terras da América do Sul
(Amazonas).
Vegetação: Predomina a floresta equatorial Amazônica.
O domínio amazônico é formado por terras baixas: depressões, planícies aluviais e planaltos,
cobertos pela extensa floresta latifoliada equatorial Amazônica. É banhado pela Bacia
Amazônica, que se destaca pelo grande potencial hidrelétrico.
A degradação ambiental, representada pelas queimadas e pelos desmatamentos, é um grava
problema desse domínio. O governo brasileiro, por meio do Programa Piloto para a Proteção das
Florestas Tropicais do Brasil, pretende adotar atividades como o ecoturismo e a biotecnologia,
para promover o desenvolvimento da Amazônia, preservando-a.
Domínio do Cerrado:
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Localização: Região central do Brasil, o domínio morfoclimático do Cerrado detém uma área de
45 milhões de hectares, sendo o segundo maior domínio por extensão territorial. Incluindo neste
espaço os Estados: do Mato Grosso, do Mato Grosso do Sul, do Tocantins (parte sul), de Goiás,
da Bahia (parte oeste), do Maranhão (parte sudoeste) e de Minas Gerais (parte noroeste).
Relevo: Chapadas e Chapadões.
Clima: Tropical com uma estação seca bem definida.
Solos: Ácidos.
Rios: Diminuem muito na época das secas e transbordam na época das chuvas.
Vegetação: Campos que apresentam árvores retorcidas com cascas grossas.
O domínio do cerrado corresponde à área do Brasil Central e tem essa denominação devido à
ocorrência de vegetação o mesmo nome. Apresenta extensos chapadões e chapadas, e o clima é
tropical semi-úmido.
A vegetação do cerrado é formada por arbustos com troncos e galhos retorcidos, recobertos por
casca grossa. Os solos são pobres e ácidos, mas colocando-se calcário no solo (método da
calagem), estão sendo aproveitados pelo setor agrícola. Já é considerada a nova fronteira da
agricultura, pois representa a expansão do cultivo da soja, feijão, arroz e outros produtos.
Nesse domínio estão às áreas dispersoras da Bacia do Paraná, do Paraguai, do Tocantins e do
Madeira, entre outros rios destacáveis.
Domínio da Caatinga:
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Localização: Situado no nordeste brasileiro, o domínio morfoclimático das caatingas abrange
em seu território a região dos polígonos das secas. Com uma extensão de aproximadamente
850.000 km², este domínio inclui o Estado do Ceará e partes dos Estados da Bahia, de Sergipe,
de Alagoas, de Pernambuco, da Paraíba, do Rio Grande do Norte e do Piauí.
Relevo:Chapadas e serras.
Clima:Semi-Árido quente, com chuvasescassas e mal distribuídas.
Solos:ricos em minerais e pobres em matérias orgânicas.
Rios:temporários – predominantes.
Vegetação: Arbustos espinhentos e cactos além de árvores que perdem suas folhas nas secas.
O domínio da caatinga corresponde à região da depressão sertaneja nordestina, com clima quente
e semi-árido. A caatinga, formada por cactáceas, bromeliáceas e árvores, é a vegetação típica.
O extrativismo vegetal de fibras, como o caroá, o sisal e a piaçava, destaca-se nesse domínio.
É atravessado pela bacia do São Francisco e tem destaque pelo aproveitamento hidrelétrico. Os
projetos de irrigação no seu vale propiciam a produção de frutas (melão, manga, goiaba, uva, por
exemplo).
A tradicional ocupação da caatinga é a pecuária extensiva de corte, porém com baixo
aproveitamento.
No domínio da caatinga, aparecem os inselbergs, ou morros residuais, resultantes do processo de
pediplanação em clima semiárido.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 129
Domínio dos Mares de Morros:
Localização: Acompanha a faixa litorânea do Brasil, do nordeste até o sul do País,
obtendo uma área total de aproximadamente 1.000.000 km².
Relevo: Morros arredondados que resultam da alternância de períodos de secas e de chuvas .
Clima: Tropical quente, com uma estação seca e outra chuvosa.
Solos: Férteis.
Rios: Muito importantes pelo grande potencial hidrelétrico.
Vegetação: Predomina a Mata Atlântica que está muito devastada. Também apresenta
campos e cerrados.
O domínio dos mares de morros acompanha a faixa litorânea do Brasil desde o Nordeste até o
Sul do país. Caracteriza-se pelo relevo com topografia em "meia-laranja" (mamelonares ou
mares de morros), formados por intensa ação erosiva na estrutura cristalina das Serras do Mar,
da Mantiqueira e do Espinhaço.
Nele, predomina o clima tropical quente e úmido, caracterizado pela floresta latifoliada
tropical. Na encosta da Serra do Mar essa floresta é conhecida como Mata Atlântica.
Em conseqüência da forte ocupação humana, essa paisagem sofreu grande degradação. Além
do desmatamento, esse domínio sofre intenso processo erosivo (relevo acidentado e clima
úmido), com deslizamentos freqüentes e formação de voçorocas.
Domínio das Araucárias:
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 130
Localização: Encontrado desde o sul paulista até o norte gaúcho, o domínio das
araucárias ocupa uma área de 400.000 km².
Relevo: Predomina o planalto.
Clima: Subtropical.
Solos: fértil
Rios: Importantes para a navegação e para a geração de eletricidade.
Vegetação: Floresta dos Pinhais ou de Araucária a qual está muito devastada.
O domínio da araucária ocupa o planalto da Bacia do Rio Paraná, onde o clima subtropical
está associado às médias altitudes, entre 800 e 1300 metros. Nesse domínio aparecem áreas
com manchas de terra roxa, como no Paraná. É homogênea, aciculifoliada e tem grande
aproveitamento de madeira e erva-mate.
A floresta de araucária também é conhecida como Mata dos Pinhais.
Nesse domínio, a devastação a floresta é causada pela intensa ocupação agrária,
especialmente a agricultura de café e soja.
Domínio das Pradarias:
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 131
Localização: Situado ao extremo sul brasileiro, mais exatamente a sudeste gaúcho, o domínio
morfoclimático das pradarias compreende uma extensão de 45.000 km² a 80.000 km².
Relevo: Planícies.
Clima: Subtropical.
Solos: Férteis.
Rios: de planície.
Vegetação: Gramais que formam imensos campos muito utilizados para a pecuária.
O domínio das pradarias é representado pelo Pampa, ou Campanha Gaúcha, onde o relevo é
baixo, com suaves ondulações (coxilhas) e coberto pela vegetação herbácea das pradarias
(campos).
A ocupação econômica desse domínio tem-se efetuado pela pecuária extensiva de corte, com
gado tipo europeu, obtendo altos rendimentos. Destaca-se, também, a rizicultura irrigada.
Representação dos Domínios Morfoclimáticos Brasileiros:
17. Fontes Energéticas: convencionais e alternativas
O que são, tipos, hidráulica, fóssil, solar, nuclear, eólica, biomassa, geotérmica, gravitacional
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 132
Usina hidrelétrica de Itaipú: geração de energia através da água
Introdução
Em nosso planeta encontramos diversos tipos de fontes de energia. Elas podem ser renováveis
ou esgotáveis. Por exemplo, a energia solar e a eólica (obtida através dos ventos) fazem parte
das fontes de energia inesgotáveis. Por outro lado, os combustíveis fósseis (derivados do
petróleo e do carvão mineral) possuem uma quantidade limitada em nosso planeta, podendo
acabar caso não haja um consumo racional.
Principais fontes de energia
Energia hidráulica – é a mais utilizada no Brasil em função da grande quantidade de
rios em nosso país. A água possui um potencial energético e quando represada ele
aumenta. Numa usina hidrelétrica existem turbinas que, na queda d`água, fazem
funcionar um gerador elétrico, produzindo energia. Embora a implantação de uma usina
provoque impactos ambientais, na fase de construção da represa, esta é uma
fonte considerada limpa.
Energia fóssil – formada a milhões de anos a partir do acúmulo de materiais orgânicos
no subsolo. A geração de energia a partir destas fontes costuma provocar poluição, e esta,
contribui com o aumento do efeito estufa e aquecimento global. Isto ocorre
principalmente nos casos dos derivados de petróleo (diesel e gasolina) e do carvão
mineral. Já no caso do gás natural, o nível de poluentes é bem menor.
Energia solar – ainda pouco explorada no mundo, em função do custo elevado de
implantação, é uma fonte limpa, ou seja, não gera poluição nem impactos ambientais. A
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 133
radiação solar é captada e transformada para gerar calor ou eletricidade.
Energia de biomassa – é a energia gerada a partir da decomposição, em curto prazo, de
materiais orgânicos (esterco, restos de alimentos, resíduos agrícolas). O
gás metano produzido é usado para gerar energia.
Energia eólica – gerada a partir do vento. Grandes hélices são instaladas em áreas
abertas, sendo que, os movimentos delas geram energia elétrica. È uma fonte limpa
e inesgotável, porém, ainda pouco utilizada.
Energia nuclear – o urânio é um elemento químico que possui muita energia. Quando o
núcleo é desintegrado, uma enorme quantidade de energia é liberada. As usinas nucleares
aproveitam esta energia para gerar eletricidade. Embora não produza poluentes, a
quantidade de lixo nuclear é um ponto negativo.Os acidentes
em usinas nucleares, embora raros, representam um grande perigo.
Energia geotérmica – nas camadas profundas da crosta terrestre existe um alto nível de
calor. Em algumas regiões, a temperatura pode superar 5.000°C. As usinas podem utilizar
este calor para acionar turbinas elétricas e gerar energia. Ainda é pouco utilizada.
Energia gravitacional – gerada a partir do movimento das águas oceânicas nas marés.
Possui um custo elevado de implantação e, por isso, é pouco utilizada. Especialistas em
energia afirmam que, no futuro, esta, será uma das principais fontes de energia do
planeta.
Alguns dados importantes sobre fontes de energia:
Cerca de 40% de CO2 (dióxido de carbono) produzido no mundo é resultante da geração
de energia e calor. Isto ocorre, pois o carvão mineral ainda é a principal fonte utilizada.
Atualmente, a China é o país que mais lança CO2 na atmosfera. Isto ocorre, pois o carvão
mineral é muito utilizado na geração de energia. Porém, o governo chinês vem
desenvolvendo, nos últimos anos, uma política de geração de energia limpa. Este fato faz da
China o país que mais produz eletricidade a partir de fontes de energia limpa.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 134
Um dado positivo é que, desde 2006, os investimentos globais em energias renováveis
aumentaram mais de 500%.
Você sabia?
A ONU (Organização das Nações Unidas) declarou 2012 o Ano Internacional da Energia
Sustentável para todos.
18. Problemas Ambientais Globais e no Brasil
Principais problemas ambientais no mundo e no Brasil
É possível dividir os problemas ambientais do mundo em três níveis:
a) Alterações climáticas
Os efeitos de El Niño e La Niña
São fenômenos que se manifestam nas águas oceânicas do Pacífico ocasionando alterações no
clima do planeta Terra e interferências nas variações de temperatura e na regularidade das
chuvas.
Geralmente seguido do El Niño ocorre a La Niña, porém com efeitos contrários. O aumento
dos ventos alísios carrega as águas quentes superficiais para a Ásia, e as águas frias seguem a
direção inversa, chegando à superfície aos arredores do litoral peruano.
Degelo no Mundo
O degelo é um dos efeitos do aquecimento global que vem ocorrendo em diversas partes
do planeta.
As grandes cordilheiras mundiais estão tendo suas massas de gelo e neve reduzidas.
De acordo com os especialistas no assunto, até o ano de 1997 a região Ártica já tinha 14% de
sua área reduzida, e a Antártica possuía 3000 Km2 de degelo.
b) formas distintas de poluição
Poluição do ar
É causada principalmente pela queima de combustíveis fósseis (como o carvão e o petróleo)
que aumenta a concentração de CO2 (dióxido de carbono) na atmosfera terrestre.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 135
Poluição da água
As águas são contaminadas pelo lançamento de materiais poluentes nos mares, rios, lagos e
represas. Lixo, produtos químicos e esgoto sem tratamento são os principais poluentes das
águas e a despoluição das águas é um processo bastante trabalhoso.
Poluição do solo
É causada pelos lixos que são jogados em locais impróprios e que demoram se decompor, e
por componentes químicos.
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Principais poluentes do solo
Poluição sonora
Ocorre principalmente nos grandes centros urbanos devido às buzinas, ruídos de motores e
escapamentos, máquinas, e pessoas falando ao mesmo tempo, prejudicando o sistema
auditivo.
Poluição visual
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 137
É provocada por placas, propagandas, outdoors, pichações dispostos em ambientes urbanos,
que além de poluir o visual das cidades, tiram a atenção dos motoristas contribuindo para os
acidentes de trânsito.
c) extinção de espécies e desmatamento
Muitas florestas estão sendo derrubadas para o comércio de madeira, ou sendo queimadas
para a formação de pastos e para o crescimento urbanização. Animais estão sujeitos à caça e
pesca predatória para a comercialização de sua pele e carne.
Com isso, muitas espécies de plantas e animais correm sérios riscos de entrar em extinção.
Importância das florestas
As florestas são muito úteis para a vida na terra, é o habitat mais diversificado do planeta.
A importância das florestas está relacionada a alguns fatores:
. Conservam o equilíbrio entre os gases presentes na atmosfera.
. Mantêm o equilíbrio da temperatura.
. Protegem os rios, diminuindo as chances de assoreamento.
. Protegem os solos da água da chuva, evitando que ela passe pelo tronco e infiltre no subsolo.
. Favorece a existência de animais de várias espécies, fornecendo alimento à eles.
Portanto, a destruição das florestas representa um grande risco ambiental.
O selo verde
O Conselho de Manejo Florestal (FSC), uma ONG ambientalista internacional, representa o
selo verde que apóia os produtos de origem florestal de maneira sustentável.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 138
O lixo
Com o crescimento populacional, a quantidade de lixo produzido também tem aumentado. A
decomposição é uma forma de controlar o lixo urbano, porém grande parte desse lixo não é
biodegradável, portanto, não se decompõe causando a poluição.
O lixo das cidades pode ser levado para os lixões, aterros sanitários ou passam pelos
processos de incineração ou compostagem.
Lixão
Os Lixões são extensos terrenos a céu aberto para onde os lixos urbanos são levados.
Neste local o lixo não recebe tratamento adequado, causando grandes problemas ambientais
como a reprodução de moscas e a produção do chorume através da decomposição do lixo,
substância altamente tóxica que contamina os lençóis freáticos e o solo.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 139
Aterros Sanitários
O aterro sanitário é um local onde o lixo é enterrado em camadas alternadas de lixo e terra,
evitando-se assim o mau cheiro e a proliferação de insetos. Na execução de um aterro
sanitário, é importante impermeabilizar sua base para evitar a contaminação do subsolo e
construir canais de drenagem para os gases e líquidos (chorume) que se formarão.
O lixo que vai para o aterro sanitário são os não-recicláveis, no entanto, é comum encontrar
materiais recicláveis nos aterros, pois a coleta seletiva ainda não é realizada adequadamente.
Incineração
Incineração é um processo que consiste em queimar o lixo em câmaras de incineração,
reduzindo o número de resíduos e destruindo os microorganismos causadores de doenças.
Compostagem
Compostagem é um processo na qual o lixo passa por uma triagem e é divido em três partes:
material orgânico, materiais não-aproveitáveis e materiais recicláveis.
O material orgânico passa por um tratamento biológico, onde é produzido um composto que é
usado como adubo para a fertilização do solo.
Os materiais não-aproveitáveis são levados para os aterros sanitários.
Os materiais recicláveis são direcionados para determinados locais onde ele será
reaproveitado para fazer novos produtos.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 140
Reciclagem
É um processo que reaproveita certos materiais com o intuito de reduzir a produção de lixos.
É preciso nos conscientizar de que reciclar é importante para a vida do planeta, pois esta
prática traz muitos benefícios, como a economia de energia, redução de poluição, limpeza e
higiene das cidades, geração de empregos, entre outras.
Para reciclar é necessário adotar uma série de atitudes como a coleta seletiva, ou seja, não
misturar materiais recicláveis com o restante do lixo; reutilizar vasilhames, latas e sacolas,
etc.
Importância e vantangens da reciclagem
A partir da década de 1980, a produção de embalagens e produtos descartáveis aumentou
significativamente, assim como a produção de lixo, principalmente nos países desenvolvidos.
Muitos governos e ONGs estão cobrando de empresas posturas responsáveis: o crescimento
econômico deve estar aliado à preservação do meio ambiente. Atividades como campanhas de
coleta seletiva de lixo e reciclagem de alumínio e papel, já são comuns em várias partes do
mundo.
No processo de reciclagem, que além de preservar o meio ambiente também gera riquezas, os
materiais mais reciclados são o vidro, o alumínio, o papel e o plástico. Esta reciclagem
contribui para a diminuição significativa da poluição do solo, da água e do ar. Muitas
indústrias estão reciclando materiais como uma forma de reduzir os custos de produção.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 141
Um outro benefício da reciclagem é a quantidade de empregos que ela tem gerado nas grandes
cidades. Muitos desempregados estão buscando trabalho neste setor e conseguindo renda para
manterem suas famílias. Cooperativas de catadores de papel e alumínio já são uma boa
realidade nos centros urbanos do Brasil.
Sacolas feitas com papel reciclável
Muitos materiais como, por exemplo, o alumínio pode ser reciclado com um nível de
reaproveitamento de quase 100%. Derretido, ele retorna para as linhas de produção das
indústrias de embalagens, reduzindo os custos para as empresas.
Muitas campanhas educativas têm despertado a atenção para o problema do lixo nas grandes
cidades. Cada vez mais, os centros urbanos, com grande crescimento populacional, tem
encontrado dificuldades em conseguir locais para instalarem depósitos de lixo. Portanto, a
reciclagem apresenta-se como uma solução viável economicamente, além de ser
ambientalmente correta. Nas escolas, muitos alunos são orientados pelos professores a
separarem o lixo em suas residências. Outro dado interessante é que já é comum nos grandes
condomínios a reciclagem do lixo.
Símbolos da reciclagem por material
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Assim como nas cidades, na zona rural a reciclagem também acontece. O lixo orgânico é
utilizado na fabricação de adubo orgânico para ser utilizado na agricultura.
Como podemos observar, se o homem souber utilizar os recursos da natureza, poderemos ter ,
muito em breve, um mundo mais limpo e mais desenvolvido. Desta forma, poderemos
conquistar o tão sonhado desenvolvimento sustentável do planeta.
Exemplos de Produtos Recicláveis
- Vidro: potes de alimentos (azeitonas, milho, requijão, etc), garrafas, frascos de
medicamentos, cacos de vidro.
- Papel: jornais, revistas, folhetos, caixas de papelão, embalagens de papel.
- Metal: latas de alumínio, latas de aço, pregos, tampas, tubos de pasta, cobre, alumínio.
- Plástico: potes de plástico, garrafas PET, sacos pláticos, embalagens e sacolas de
supermercado.
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Profª RITA FREITAS
LICENCIADA EM HISTÓRIA
PÓS GRADUADA –ESPECIALISTA EM PLANEJAMENTO EDUCACIONAL E POLÍTICAS PÚBLICAS
PÓS GRADUADA –ESPECIALISTA EM EDUCAÇÃO INCLUSIVA
PÓS GRADUADA –ESPECIALISTA EM CULTURA AFRO BRASILEIRAS
PÓS GRADUANDA –ESPECIALISTA EM DOCENCIA DO ENSINO SUPERIOR
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 144
SUMÁRIO
1. Introdução a História .................................................................................................. 145
1.1. Quem fez e quem faz a História? ............................................................................... 145
1.2. Mas todos nos fazemos a História do Brasil! ............................................................... 146
1.3. Como sabemos o que acontece no passado ............................................................. 146
1.4. Como contar o Tempo ............................................................................................... 147
1.5. Divisão do tempo da Hsitória ..................................................................................... 148
1.6. Onde tudo começou ................................................................................................... 151
1.7. A origem do homem e da mulher .............................................................................. 152
2. A Pré-História: origem da Cultura............................................................................... 155
2.1. A origem do homem americano ................................................................................. 155
3. O Feudalismo e as transformações nas relações sociais......................................... 166
4. O Renascimento Comercial e o Urbano .................................................................... 174
4.1. Crise no Feudalismo .................................................................................................. 175
5. Expansão Maritima Mercantil ..................................................................................... 176
5.1. Expansao Maritima .................................................................................................... 179
6. Formação do Brasil Colonial ...................................................................................... 185
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 145
I UNIDADE
1. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE HISTÓRIA
A palavra “história” nasceu na Grécia Antiga e significava “investigação”. Foi o grego Heródoto, considerado o “pai da História”, que pela primeira vez, empregou esta palavra com o sentido de investigação do passado.
Se você pensou em responder, que História é simplesmente o estudo do passado, com
muitos fatos, nomes e datas, valorizando os heróis, os poderosos... Pode parar! Tá na hora
de você rever seus conceitos!
A História é uma ciência viva, ela busca entender como os homens se organizaram e se
desenvolveram desde o passado até os nossos dias. É a ciência do passado e do presente,
um e outroinseparáveis.
A História serve para interpretar o passado, tendo em vista a compreensão do presente.
O objetivo é adquirir consciência do que FOMOS para transformar o que SOMOS.
Transformar para melhor. Assim, num país como o Brasil, marcado por tantas injustiças
sociais, o estudo da história pode servir para ampliar nossa consciência sobre a imensa e
urgente tarefa de construir uma sociedade mais justa, mais digna e mais fraterna.
1.1. QUEM FEZ E QUEM FAZ A HISTÓRIA?
Há cerca de 3 milhões de anos o homem habita o planeta
Terra. Nele, encontra todos os recursos de que precisa para
sobreviver. Porém, para retirar esses recursos da natureza e
transformá-los em alimentos, ferramentas, habitações,
vestuários, etc., ele precisa trabalhar.
Ao transformar a natureza, o homem modifica a Terra.
Assim, no decorrer de milhares e milhares de anos, florestas
deram lugar a campos de cultivo ou a cidades; montanhas foram perfuradas, com o objetivo
de encurtar caminhos; e rios foram desviados de seu curso, para que suas águas pudessem
alcançar regiões áridas. Esse gigantesco trabalho de transformação da natureza nunca foi
uma tarefa individual, pois os homens sempre viveram em grupos, atuando juntos para
sobreviver. E, nesse longo percurso, a humanidade foi onstruindo a sua história. Será que
só os reis, imperadores, presidentes, ministros e generais fazem a História?
Poucos jornais se preocupam em noticiar que os moradores de um bairro pobre se reuniram
no fim de semana para limpar a rua e plantar árvores na pracinha. Mas, se o presidente da
República se encontrou com o dirigente de outro país, essa notícia estará em todos os
jornais.
Os jornais noticiam os fatos que acham mais importantes para os leitores e para a
população. E quem decide se os fatos são importantes ou não geralmente são os donos e
diretores dos jornais, que com freqüência estão de acordo com quem manda no país.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 146
Também os livros de História trazem mais fatos referentes à vida dos governantes do que
notícias sobre os governados (o povo, em geral).
1.2. MAS TODOS NÓS FAZEMOS A HISTÓRIA DO BRASIL!
Você, seus professores, seus amigos, seus parentes constituem uma parte da sociedade
brasileira. Esta parcela da população estuda, trabalha, vota para eleger seus dirigentes,
reúne-se em entidades como sindicatos de trabalhadores, associação de moradores, grupos
da igreja, etc. Numa nação democrática, esses grupos de cidadãos devem atuar
politicamente, e com isso ter uma participação maior na História do país.
Todos fazem a história: produzindo, governando, estudando, combatendo, realizando
trabalhos científicos, manuais ou artísticos. Neste trabalho coletivo, de milhares de anos e
de milhões de pessoas, o homem venceu inúmeros desafios, mas, ao mesmo tempo, criou
problemas de difícil solução. Herdamos de nossos antepassados um mundo com guerras,
conflitos e ameaças. Diante disso, muitas vezes nos sentimos pequenos e frágeis. Como
encontrar soluções para os problemas que enfrentamos nos dias atuais? Para isso vamos
estudar a História, e tentar fazer a nossa parte na construção de uma sociedade mais justa
e solidária.
1.3. COMO SABEMOS O QUE ACONTECEU NO PASSADO?
Para conhecermos a vida de nossos antepassados, recorremos a velhos álbuns de
fotografias e às pessoas mais velhas. São eles que podem nos relatar algo sobre nossos
parentes mais antigos.
Podemos saber como se vestiam, onde moravam, que atividades tinham, qual era o seu
lazer, como se relacionavam uns com os outros e quais eram seus costumes. Enfim,
dependendo da qualidade das informações e do nosso interesse, podemos reconstituir parte
desse passado.
Na História a investigação é parecida com isso, pois através dos tempos, os homens vão
deixando sinais de sua vida: restos de esqueletos e de casas, objetos de uso doméstico,
vestimentas, calçados, obras de arte, desenhos,
inscrições, cartas, textos impressos em livros,
revistas e jornais, etc.
Esses são os chamados documentos históricos ou
fontes históricas, utilizados pelos historiadores
(guardiões da memória da humanidade, seu trabalho
é descobrir o máximo possível a respeito dos fatos
que já aconteceram, para registrá-los e, assim,
impedir que sejam esquecidos) para conhecer o passado.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 147
Os documentos históricos podem ser escritos (jornais, livros, inscrições em monumentos
etc.) e não-escritos (monumentos, objetos, restos humanos, ruínas de construções etc.).
Essas imensas construções, as
pirâmides do Egito, são exemplos
de vestígios. Através do estudo
daspirâmides, construídas há mais
de 4000 anos, pôde-se conhecer
muitos hábitos, crenças e modos
de vida desse antigo povo. Sabe-
se, por exemplo, que eles
acreditavam que após a morte a
alma voltava ao corpo. É por isso
que se embalsamavam os mortos.
Os corpos embalsamados recebem o nome de múmias. Os faraós construíram templos
imensos, como as pirâmides, onde seus corpos embalsamados eram colocados.
1.4. COMO CONTAR O TEMPO?
Por isso, ao longo da História, o homem sempre procurou pôr em ordem cronológica os acontecimentos históricos. Muitos calendários foram organizados para isso. Mas a forma mais aceita de contar o tempo foi estabelecida a partir do nascimento de Cristo.
O nascimento de Cristo, que marcou o início do calendário cristão, é o ponto de referência para a contagem dos anos e das datas dos grandes acontecimentos históricos.
A sucessão de dias e de noites nos dá a primeira idéia da passagem do tempo. Assim, o homem sempre se preocupou em saber quanto tempo o separa de um acontecimento ocorrido no passado ou quanto tempo falta para se dar um acontecimento previsto para o futuro.
Os anos anteriores ao nascimento de Cristo, contam-se de forma decrescente, adicionando-se as letras a.C. (antes de Cristo). Exemplo: Roma, segundo a lenda, foi fundada em 753 a.C., isto é, 753 anos antes do nascimento de Cristo.
Os anos posteriores contam-se de forma crescente e são representados pelas letras d.C. (depois de Cristo), mas, tornou-se comum usar apenas o ano sem nenhuma sigla. Exemplo: Brasília foi fundada em 1960, isto é, 1960 anos depois do nascimento de Cristo.
Então, para os países que seguem o cristianismo, o nascimento de Cristo é o marco principal para a contagem do tempo.
Outros povos, não cristãos, consideram outros fatos mais importantes; portanto, têm outros calendários. É o que acontece com os chineses, os judeus e os árabes, por exemplo.
Para os árabes, que seguem o Islamismo, religião fundada por Maomé, o fato central é a ida deste profeta da cidade de Meca para a de Medina (na atual Arábia Saudita).
Segundo o nosso calendário, isso ocorreu no ano de 622. Portanto, o ano 1 do calendário árabe corresponde ao ano 622 do nosso calendário. Nosso ano de 2004 corresponde ao ano 1382 do calendário árabe.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 148
1.5. A DIVISÃO DO TEMPO DA HISTÓRIA
Se você recordar um pouco sobre as fontes históricas, vai lembrar que as fontes escritas são muito eficientes e nos fornecem informações e registros muito precisos. Por isso, o surgimento da escrita marca o início da História, pois só nos é possível afirmar que um fato aconteceu realmente se houver algum registro escrito sobre ele.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 149
O documento escrito mais antigo já encontrado até hoje data de 4000 a.C., aproximadamente. O período da história posterior a esta data é chamado de histórico, porque tudo o que aconteceu pode ser entendido a partir de fontes mais seguras. O período histórico anterior a essa data é chamado de período pré – histórico, nada do que apresenta pode ser afirmado com total segurança.
A DIVISÃO DO PERÍODO HISTÓRIA
� IDADE ANTIGA: Desde o surgimento da escrita até a queda do Império Romano do Ocidente (em 476).
� IDADE MÉDIA ou MEDIEVAL: Desde a queda do Império Romano do Ocidente até a tomada da cidade de Constantinopla pelos turcos (1453).
� IDADE MODERNA: Desde a tomada de Constantinopla pelos turcos até a Revolução Francesa, em 1789.
� IDADE CONTEMPORÂNEA: Desde a Revolução Francesa até os nossos dias atuais.
Nessa etapa de nossos trabalhos gostaríamos de ajudá-lo a se descobrir como agente social em sua escola, em seu bairro, sua cidade e seu país. Mas esta descoberta vai acontecendo aos poucos. Em primeiro lugar, você deverá compreender o seu papel como agente da História.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 150
Ao perceber que você é o responsável pela construção de sua história, entenderá também
que é agente da História em sua escola, seu bairro, etc. Após a leitura do texto abaixo, você
irá nos contar um pouco de sua história.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 151
O mercado de trabalho está muito concorrido atualmente. Todos nós sabemos como está
difícil conseguir um emprego. Por isso, estudos e cursos são importantes, para fazer um
candidato se sobressair em relação aos outros.
Mas, para isso, é preciso mostrar com clareza à firma ou empresa onde o candidato busca
uma vaga, o que ele já fez na vida.
Para isso é que serve o Curriculum Vitae, o currículo de sua vida, onde você registra todas
as informações importantes para se conseguir um emprego.
Um bom currículo deve ser direto e objetivo. Não adianta colocar um monte de informações
só para impressionar. O ideal é colocar o que você já fez, onde estudou, onde trabalhou,
que emprego pretende, sempre sem inventar nada.
Aqui você vai encontrar algumas dicas de como fazer um currículo. Na próxima página você
encontra um currículo-modelo que você pode seguir ao fazer o seu, substituindo as
informações do exemplo pelas suas.
As dicas... As dicas... As dicas... As dicas...
Tamanho: Não adianta fazer um currículo gigantesco, esperando impressionar: o destino de
seu currículo pode ser o fundo de uma gaveta ou mesmo o lixo. Então, não é bom colocar
todos os cursos que você fez ou todos os empregos que teve, por exemplo, mas os mais
importantes e que talvez tenham relação com o emprego que você está tentando. O
tamanho ideal do currículo é no máximo 2 páginas.
Dados Pessoais: Nome, endereço, telefone e e-mail (se tiver) são informações essenciais.
Um dos problemas que os empregadores reclamam muito é ser impossível contatar um
candidato, porque muitos deixam de pôr endereço ou mesmo um telefone para contato.
Escolaridade: Registre o seu nível mais alto de escolaridade somente. Por exemplo, se
você já terminou ou ainda está cursando o ensino médio, registre onde estuda e quando
terminou (se ainda não terminou, registre que está cursando).
Cursos Complementares: Registre cursos que você fez e que você acha importante.
Experiência Profissional: Aqui você irá registrar os empregos que você já teve - nome da
empresa, quando entrou e quando saiu, o cargo e que funções desempenhou.
IMPORTANTE: você deve registrar no início o último emprego que você teve, até registrar o
primeiro emprego, que será o último.
1.6. ONDE TUDO COMEÇOU...
Desde tempos muito antigos, o homem e a mulher se interessam em conhecer sua origem. As explicações até então aceitas, eram as histórias da criação do mundo, do homem e da mulher que existem em todas as religiões. Mas, somente no século XIX, surgiram as primeiras teorias afirmando que o homem atual descende de uma ESPÉCIE ANIMAL – é a chamada TEORIA DA EVOLUÇÃO.
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1.7. A ORIGEM DO HOMEM E DA MULHER
Durante o século XIX (por volta de 1859) os estudos e pesquisas apresentaram notáveis progressos, explicando a origem e evolução da vida. Pesquisadores como Alfred Russel Wallace e Charles Darwin, chegaram a quase exatamente as mesmas conclusões sobre a origem das espécies: que a vida progrediu em nosso planeta através de um processo de adaptação, luta e sobrevivência dos mais aptos – é a chamada TEORIA DA EVOLUÇÃO.
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Então, as várias formas de vida, desde o PRINCÍPIO, foram desafiadas pelo Meio Ambiente a se ADAPTAR ou a DESAPARECER e, ao se adaptarem, as formas de vida tornaram-se cada vez mais EVOLUÍDAS.
• A evolução do reino animal chegou a um ponto culminante com o aparecimento dos mamíferos.
• O início da evolução humana encontra-se nos PRIMATAS (grupo que inclui homens e macacos) e foi no interior da ordem dos primatas que desenvolveu-se uma linha evolutiva separando os homens dos macacos.
A partir daí, surgiram os HOMINÍDEOS, espécie intermediária dessa evolução. Essa linhagem evoluiu e desenvolveu aspectos fundamentais para que acontecesse essa separação entre os homens e macacos, que foi o CRESCIMENTO DO CÉREBRO, a progressiva conquista da POSTURA ERETA e por último, a LINGUAGEM, características distintas dos seres humanos.
Com os HOMINÍDEOS, as espécies que se tornariam humanas foram aos poucos, assumindo características físicas e mentais mais próximas às do homem atual. Surge então, os HOMO SAPIENS, isto é, a espécie humana tal como a conhecemos hoje.
Bom, explicando de uma forma bem simples, o que se acredita é que em algum momento do passado, a linhagem dos humanos e dos macacos devem ter compartilhado um ancestral comum – os primatas, e que desses, outra linhagem se desenvolveu e evoluiu, separando o homem do macaco.
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2. A PRÉ-HISTÓRIA: ORIGEM DA CULTURA
Bem, já se passaram milhões de anos desde que o ser humano começou a sua evolução biológica e cultural. Ele começou, então, a pensar e a usar o cérebro e as mãos para extrair da natureza os recursos necessários à sua sobrevivência. No processo de sua evolução biológica e cultural, o ser humano foi passando por fases no período que chamamos de Pré-História, isto é, antes da descoberta da escrita. Essas fases receberam os nomes de Paleolítico, Neolítico e Idade dos Metais.
A pré-história vai do aparecimento do homem até a invenção da escrita, ocorridas por
volta de 4000 anos antes do nascimento de Cristo. Saiba que as mudanças não ocorrem da
noite para o dia ou apenas em alguns anos, mas foi um processo lento de transformação.
Como era a vida no Paleolítico?
A primeira fase, conhecida como
Paleolítico, corresponde ao período mais
longo da história da humanidade. Durante o
Paleolítico, o ser humano não era produtor
de alimento. Eracaçador e coletor. Vivia da
caça, da pesca e da coleta de frutos, raízes
e ovos. Praticava, portanto, uma economia
de coleta.
A organização social e econômica entre os caçadores e coletores do Paleolítico era
extremamente simples.
Inicialmente viviam em bandos e se ajudavam para a obtenção de alimentos.
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Com o tempo passaram a morar em cavernas e a dividir o trabalho de acordo com a idade e
o sexo. Os homens caçavam; as mulheres geralmente faziam a coleta. Passaram a se
organizar num regime de comunidade primitiva, caracterizada pela propriedade coletiva dos
meios de produção, isto é, tudo o que era coIetado, pescado e caçado ficava para o grupo.
Não havia donos, todos trabalhavam e o produto do trabalho era dividido entre os membros
do grupo de acordo com as necessidades de cada um. Nessa fase, aprenderam a fazer e a
controlar o fogo, utilizando-o para se aquecer do frio, para cozinhar alimentos, para se
defender dos animais ferozes, para iluminar as cavernas onde habitavam.
No Paleolítico os homens praticavam uma economia nômade, isto é, eles mudavam de uma
região para outra em busca de mais peixes, frutas e caça, quando esses alimentos
escasseavam. Nômades e caçadores, os seres humanos do Paleolítico caminharam
milhares e milhares de quilômetros ao longo dos séculos, povoando diversos territórios,
acumulando conhecimentos e com isso construindo as bases da civilização atual.
Você acha que existem pessoas que vivem atualmente como eles viviam? Onde?
Atualmente alguns grupos indígenas no interior do Brasil e de regiões da África, Austrália e
Polinésia conservam características do período paleolítico.
E como era a vida no período Neolítico?
Nesse período o ser humano já possuía características físicas semelhantes às do homem
atual. Como técnica usava o polimento de pedras e ossos. Além de machados comuns,
passa a utilizar o osso para a fabricação de arcos, flechas, arpões e lanças.
Nesse período ocorreu a Revolução Neolítica, ou seja, ocorreram transformações na forma
de vida do ser humano. Mudanças climáticas alteraram a vida sobre a Terra tornando
escassos a água e os alimentos que se encontravam na natureza. A partir daí, homens e
animais passaram a procurar regiões próximas às margens dos rios.
Além dos problemas climáticos, o crescimento da população, tornou difícil a obtenção de
alimentos, o que levou o ser humano a se fixar e iniciar o cultivo da terra - a praticar a
agricultura. Assim, o ser humano tornou-se sedentário, isto é, passou a ter habitação fixa. O
ser humano passou de simples coletor da natureza para produtor.
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Ao lado da agricultura, o ser humano passou a domesticar alguns animais, desenvolvendo
assim o pastoreio. É dessa época também o desenvolvimento do artesanato, das técnicas
de fiação, de tecelagem e da fabricação de cerâmica.
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2.1. A ORIGEM DO HOMEM AMERICANO
Existem várias hipóteses sobre a origem dos antigos seres humanos que habitavam o continente americano, inclusive o Brasil.
Entre as hipóteses existentes, a mais aceita sustenta que os antigos seres humanos americanos são originários da Ásia e chegaram ao continente americano passando pelo Estreito de Bering, que liga a Ásia à América do Norte.
Observe no mapa abaixo, os possíveis caminhos percorridos pelos primeiros habitantes da América.
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Portanto, a América do Norte, América Central e América do Sul, já eram habitadas muitos anos antes de Cristovão Colombo tomar posse dessas terras em 1492, em nome da Espanha. Dessa forma, o Brasil também foi sendo povoado, junto com os outros países das Américas. Quando os portugueses chegaram ao Brasil, há cerca de 500 anos, essa terra era povoada por aproximadamente 5 milhões de pessoas, os indígenas. Esses povos não deixaram documentos escritos.
Portanto, para sabermos da sua História, devemos usar dos vestígios deixados por eles. Os primeiros habitantes do Brasil deixaram vestígios arqueológicos que nos dão algumas idéias a respeito de como eles viviam.
Onde são encontrados esses vestígios?
Também em muitas cavernas do interior do Brasil e mesmo em lajes de pedras ao ar livre, encontram-se pinturas ou outros sinais gravados na pedra. Escavações iniciadas em 1978 em São Raimundo Nonato, no Piauí, encontraram vestígios arqueológicos que possibilitaram aos estudiosos do assunto concluir que seres humanos viveram na região há 45 mil anos. As descobertas recentes fazem do Piauí o mais importante sítio arqueológico do Brasil.
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Algumas comunidades indígenas brasileiras ainda possuem características das maneiras de
viver dos homens do Paleolítico e do Neolítico.
A produção coletiva do trabalho, a pequena divisão de tarefas e a inexistência de classes
sociais são algumas dessas características.
Vivendo da caça e da coleta, algumas tribos adquiriram práticas agrícolas, enquanto outras
permaneceram nômades.
Atualmente, existem no Brasil uns 210 mil índios; eles representam 0,11% da população
brasileira total. Quando os portugueses chegaram, a situação era outra; calcula-se que
havia 5 milhões de índios em nossa terra.
O que teria provocado a violenta redução da população indígena? Foi a ação do
conquistador europeu, no processo de colonização do Brasil.
O conquistador europeu utilizou três tipos de violência contra o índio: militar (guerra),
econômica (a escravidão) e cultural (destruição de seu modo de vida).
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O direito à sobrevivência do índio brasileiro é uma das grandes questões colocadas para a
sociedade brasileira. Desde a chegada dos primeiros portugueses ao Brasil, os indígenas vêm
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sofrendo com a perda de suas terras, com doenças transmitidas pelo homem branco, com o
desmatamento, que destrói a flora e a fauna e com a perda de sua cultura. Apesar de terem
sido criadas reservas indígenas, estas têm sido freqüentemente invadidas por garimpeiros e
fazendeiros à procura de ouro e de terras.
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Então como os indígenas estão procurando resolver suas questões?
Eles estão se organizando politicamente, com o
objetivo de se impor como cidadãos brasileiros.
Assim, em 1980 foi fundada a UNI (União das
Nações Indígenas), com o objetivo de articular todas
as nações indígenas brasileiras e o CIMI Conselho
Indigenista Missionário).
Após a leitura dos textos 3 e 4, você deve ter
percebido que a questão indígena é muito mais
séria do que se imagina. Nossos índios estão sendo
mortos, e a sociedade brasileira parece não estar muito preocupada com isso.
Muitas pessoas continuam afirmando que o índio é preguiçoso e que prefere ficar na mata
ou deitado na rede a trabalhar em uma fábrica ou nas fazendas dos homens brancos. Ao
afirmarem isto, estas pessoas apenas confirmam que desconhecem totalmente a maneira
de viver e pensar dos índios.
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Será que nós, homens brancos, que vivemos nas grandes cidades e corremos atrás
do dinheiro todos os dias, temos o direito de condenar os índios à morte através da
invasão de suas terras e da destruição de suas florestas? Acreditamos que não.
Existem pesquisadores na Universidade de São Paulo fazendo um trabalho para
recuperar a língua e os costumes dos pankararus, o que mostra que no meio branco
existem pessoas empenhadas em ajudar o índio a se preservar e não perder sua
identidade cultural.
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II UNIDADE
3. O FEUDALISMO E AS TRANSFORMAÇÕES NAS RELAÇÕES SOCIAIS
Isso tudo diz respeito a um período da história da Europa chamado Medieval, ou Idade Média. Os castelos existem até hoje em muitos países europeus, mas o modo de vida das pessoas mudou completamente.
O Brasil não teve as características da época medieval, porque a América passou por uma evolução sócio-econômico-cultural diferenciada da Europa. Ao compreender a história medieval, você entenderá melhor o processo histórico desenvolvido entre o período do século V ao XV, na Europa. Você aprendeu que no século XVI, o mundo conhecido dos europeus se limitava à Europa, Oriente Médio e África. Nessa época, a América ainda não era conhecida dos europeus, e a Europa era por eles considerada o centro do mundo.
Durante séculos, o Império Romano dominou grande parte da Europa. Uma poderosa estrutura administrativa, com exércitos e estradas que interligavam todo o território, possibilitou aos romanos impor às populações dessa parte do continente seu domínio, seu modo de vida e seus costumes.
A partir do século III, esse cenário começaria a se alterar, quando diversos povos de origem germânica, eslava e, posteriormente, árabe, invadiram a parte ocidental da Europa iniciando um novo modo de vida com características e particularidades próprias.
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No início, essas invasões foram realizadas pacificamente, mas com o tempo tomaram-se violentas, o que gerou destruição e insegurança em várias áreas da Europa.
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� A política no feudalismo
A Europa ficou dividida em reinos, mas os reis não tinham muito poder, pois esses reinos eram divididos em grandes extensões de terras, chamados feudos. O domínio no feudo era exercido pelo senhor feudal, que possuía poder absoluto dentro dele.
O feudo era o domínio do senhor feudal e era a unidade básica de produção. Nele havia:
� o castelo: onde morava o senhor feudal.
� a vila ou aldeia: onde moravam os servos.
� as terras: onde os servos trabalhavam.
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No feudalismo, a sociedade era dividida em estamentos, ou seja, as pessoas permaneciam
desde o nascimento até à morte, numa mesma posição dentro da sociedade.
A sociedade era dividida em: clero, nobres e servos e não permitia a mobilidade social, isto
é, não havia possibilidade da pessoa mudar sua situação social; quem nascia servo, jamais
poderia deixar de sê-lo.
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Os servos trabalhavam devendo obrigações aos seus senhores (nobres). Viviam em
condições precárias de subsistência. Embora pudessem usar um pedaço de terra, bem
pouco daquilo que produziam ficava para o sustento da família, pois grande parte da
produção era entregue a seus senhores e à Igreja sob forma de tributos (impostos). (A Igreja
também aumentou seus domínios graças ao dízimo, taxa de 10% sobre a produção dos
fiéis).
Então o servo era como o escravo?
Como o servo necessitava da proteção oferecida pelo senhor feudal, ele tinha a obrigação
de permanecer e trabalhar na terra desse senhor, mas apesar do servo estar ligado à terra,
não podia ser vendido; o servo não era propriedade do seu senhor, diferente do escravo que
era vendido porque era propriedade do dono. ]
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No feudalismo, com a fuga da população da cidade para o campo, a principal fonte de
subsistência passou a ser a agricultura. Praticamente, não havia comércio e sim troca de
produtos dentro de cada feudo. Assim, os feudos eram auto-suficientes, quer dizer,
produzia-se e trocava-se dentro de cada um deles tudo o que sua população precisava.
Nesse período, por conseqüência, o dinheiro praticamente desapareceu.
Durante a Idade Média, produzia-se na terra quase todas as mercadorias de que se
necessitava e, por isso, somente a terra era o indicativo de poder de quem a possuía.
As características econômicas do feudalismo influenciaram fortemente a política. A quase
inexistência do comércio e o fato de as moedas não circularem impediram que o rei, ou
qualquer outro tipo de governante, arrecadasse impostos. E se não há arrecadação de
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impostos, é impossível construir um exército; se não existe exército, não há poder coercitivo
(que impõem limites; repressivo) que faça alguém se sentir obrigado a obedecer ao rei.
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Atendendo aos apelos do papa, os cristãos organizaram expedições militares que
receberam o nome de Cruzadas. Além da motivação religiosa, a organização das cruzadas
teve outras causas, como o espírito guerreiro dos nobres feudais e a necessidade
econômica de retomar importantes cidades comerciais que estavam em poder dos
muçulmanos.
De 1096 a 1270, os cristãos europeus organizaram oito cruzadas. Cada uma teve suas
próprias características, deixando conseqüências marcantes na política e na economia da
Idade Média.
Entre as principais conseqüências do movimento das cruzadas, podemos destacar:
⇒ Empobrecimento dos senhores feudais, que tiveram suas economias arrasadas pelos
elevados custos da guerra santa.
⇒ Fortalecimento do poder real, que cresceu à medida que os senhores feudais perdiam
sua tradicional força.
⇒ Reabertura do Mediterrâneo, que se encontrava sobre o poder dos muçulmanos,
possibilitando a retomada do intercâmbio comercial entre Europa e Oriente. Com isso,
houve crescente rompimento na economia fechada do feudalismo.
⇒ Desenvolvimento intelectual e cultural promovido pelo contato com os povos do Oriente.
4. O RENASCIMENTO COMERCIAL E URBANO
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Os mercadores europeus, principalmente os italianos, passaram a ir mais vezes ao Oriente
e a levar maior quantidade de mercadorias da Ásia para a Europa. Essas mercadorias eram
vendidas em feiras realizadas no interior da Europa, onde o comércio foi reativado.
À medida que o comércio foi se expandindo, foram surgindo cidades exatamente nos locais
das feiras. Por razões de segurança, os mercadores procuravam realizar as feiras em
lugares próximos a uma zona fortificada, cercada de muralhas, chamada burgo, onde se
erguia a catedral, o palácio do bispo e, por vezes, o castelo do senhor das terras. Os burgos
garantiam a defesa do lugar.
Com o tempo, prósperos mercadores passaram a se estabelecer nesses povoados. Ali
também se instalaram diversas oficinas de artesãos: sapateiros, ourives, ferreiros, oleiros,
carpinteiros, etc. Assim, em volta da primeira zona fortificada surgiu um novo núcleo,
também cercado de muralhas, que foi se tornando mais importante que o primeiro. Os
moradores desta segunda zona fortificada (artesãos e comerciantes) chamavam-se
burgueses e passaram a constituir uma nova classe social: a burguesia. Os burgueses eram
homens livres, desvinculados do sistema feudal.
As cidades enfim, tornaram-se locais onde havia segurança e liberdade para aqueles que
desejavam romper com a rigidez da sociedade feudal.
Quanto mais o comércio crescia, mais as cidades se desenvolviam
e maiores passavam a ser as necessidades de mercadorias para
abastecer os consumidores europeus.
Diante disso, os comerciantes europeus perceberam que
necessitavam controlar não somente a venda final dos produtos,
mas também as rotas comerciais pelas quais os produtos
chegavam à Europa. Mais ainda, precisavam de novas fontes
produtoras e novos produtos que pudessem proporcionar lucros no
processo de compra e venda.
Em uma situação assim, o que você faria? Ficaria sentado esperando um milagre ou
buscaria encontrar meios para obter mais mercadorias?
Os comerciantes europeus incentivaram a segunda possibilidade. Abriam-se as portas para
a expansão marítima européia. Mas este é assunto para a nossa próxima apostila.
4.1. CRISE DO FEUDALISMO
Com a diminuição das invasões, a partir do século XI, um
novo modo de vida estabilizou-se. A produção de alimentos
aumentou desde então, graças à ampliação das terras
cultivadas e à melhoria dos instrumentos de trabalho.
Milhares de hectares de florestas foram derrubados para
aumentar a área de terras aráveis e de pastagens, e para
extrair a madeira, principal combustível de uso doméstico
ematéria-prima para construção de pontes, casas, armazéns
e fortalezas.
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Como já vimos, essa estabilidade trouxe um certo progresso: crescimento das vilas e
cidades, aumento da população e fortalecimento das atividades comerciais graças à
produção de alguns excedentes. Entretanto, as riquezas produzidas por este progresso
continuaram sendo apropriadas pelos senhores.
Como todo modo de vida baseado na exploração do homem pelo homem, o sistema feudal
não foi capaz de melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores. A expansão demográfica
(crescimento da população) foi maior que a expansão da agricultura. As técnicas agrícolas
precárias levaram ao esgotamento das terras, e a falta de terras férteis provocou o fim da
expansão das áreas plantadas.
Com isso, a partir dos séculos XIV e XV, guerras, fome e epidemias, como a peste negra,
espalharam-se com rapidez, atingindo, principalmente, a população trabalhadora.
Para manter seu nível de vida durante essa crise, os senhores feudais aumentaram as
exigências sobre os camponeses, cobrando cada vez mais tributos e aumentando sua
jornada de trabalho. Por isso, em vários locais da Europa, os camponeses se revoltaram
contra a exploração a que estavam sendo submetidos. A estabilidade feudal foi destruída
por guerras, fomes, doenças e revoltas camponesas.
O poder dos senhores feudais foi profundamente abalado, facilitando a centralização do
poder político nas mãos de reis absolutistas e a ocorrência das crises que provocaram o fim
do feudalismo.
5. EXPANSÃO MARÍTIMA MERCANTIL
A Globalização é um Processo Atual?
Atualmente muito se fala em globalização. Os diversos países
e regiões do mundo estão integrados pelo comércio, pelas
transações financeiras, pelos modernos meios de
comunicação e de transportes.
Empresas gigantes, com diversas filiais espalhadas pelo
mundo, produzem e distribuem os mesmos produtos para os
mais diferentes povos. Bens culturais, como livros, filmes,
discos e vídeos, são lançados ao mesmo tempo em vários
países. Pela Internet e por telefone, é possível entrar em contato com qualquer parte do
mundo. Aviões cada vez mais velozes podem nos levar aos
lugares mais distantes em poucas horas.
As atividades no mundo, hoje, são desenvolvidas de modo a
tornar o tempo cada vez menor entre elas. Isso afeta
sobremaneira o desenvolvimento econômico, político e
social, fazendo com que as fronteiras entre os países
praticamente deixem de existir.
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Conseqüentemente, isso faz com que existam maiores facilidades para as relações
comerciais entre diversos países. Além disso, muitas diferenças entre as nacionalidades
tendem a deixar de existir e o mundo parece caminhar para ser um só.
Em termos gerais, a globalização traz vantagens como:
� comunicação instantânea com o mundo;
� maior acesso aos conhecimentos;
� maior acesso aos progressos científicos;
� a formação de mercados comuns, possibilitando o consumo de diversos produtos de
diferentes procedências.
Entretanto, essas vantagens são aparentes do ponto de vista social, pois as diferenças
entre povos ricos e pobres, assim como as diferenças gritantes entre as classes sociais
permanecem e se acentuam. As vantagens são usufruídas por uma pequena parcela da
população mundial, que consegue adquirir produtos originais, de boa qualidade, cujos
preços os tornam inacessíveis à maioria da população.
O processo de globalização não é um fenômeno recente. Embora de maneiras diferentes,
processos de globalização ocorreram desde a Antigüidade, através das conquistas de
alguns povos por outros mais poderosos.
O processo de conquistas promovido desde os povos antigos, demonstra a preocupação de
um povo vencedor em impor sua dominação sócio-econômica e cultural sobre os povos
dominados.
Entretanto, o que se constatou foi uma influência dos vencedores que, mesmo sendo
grande, não chegou a formar uma cultura única, globalizada.
Podemos dizer que a globalização, como a conhecemos hoje, é resultado do processo
denominado pelos historiadores de expansão marítima européia. As marcas dessa
expansão estão presentes no mundo atual. Línguas européias são faladas em regiões muito
distantes da Europa. Democracia, república, eleições, partidos políticos, capitalismo,
industrialização, socialismo, liberalismo, Igreja Católica, protestantismo, são fenômenos
políticos, culturais e econômicos de origem européia que atualmente são mundiais.
Esse processo de europeização do mundo não teve mão única, pois os europeus também
assimilaram conhecimentos e costumes dos diversos povos com os quais entraram em
contato no processo de expansão. Por exemplo, o fumo, a batata, o milho, o tomate, o chá,
que se tornaram hábito de milhões de pessoas na Europa, foram assimilados de outros
continentes.
Embora não seja possível determinar com exatidão quando começou a expansão européia,
podemos afirmar que ela está ligada ao que se convencionou chamar de Grandes
Descobrimentos ou Grandes Navegações. Os nomes ligados a eles são muito conhecidos:
Vasco da Gama, Cristóvão Colombo, Pedro Álvares Cabral, Américo Vespúcio e muitos
outros.
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E atualmente? Hoje em dia, os métodos de dominação são mais sutis, isto é, mais brandos
aparentemente. Porém, uma observação mais atenta tem revelado que o processo de
globalização não deixa de ser um procedimento violento, pois implica em uma certa
descaracterização de cada uma das culturas atingidas. Atualmente, a globalização pode
começar na sala de sua casa, quando a TV estimula o consumismo exagerado, quando por
meio de filmes e novelas impõe moda, costumes, linguagem, formas padronizadas de
pensar e agir que passam a fazer parte do seu cotidiano, modificando a sua maneira própria
de ser.
Todos nós estamos sujeitos a pensar e agir conforme o que outras pessoas determinam
como verdadeiro, através dos meios de comunicação. Portanto, fique atento: não se deixe
levar pelas aparências.
Prossiga a leitura...
Como você pode perceber, estamos vivendo o processo de globalização. Fazemos parte
desse momento histórico. Os povos nativos do continente americano, também viveram um
processo de dominação quando os europeus aqui chegaram nos séc. XV e XVI, iniciando a
conquista e a colonização, com a imposição de sua cultura.
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5.1. EXPANSÃO MARÍTIMA
Como já comentamos, vivemos num mundo globalizado. Atualmente, existem linhas aéreas
ligando os mais longínquos lugares do nosso planeta. Se, com a velocidade aérea, o
percurso entre o Brasil e a Europa é feito em menos de dez horas, no século XV, uma
viagem de Portugal até o nosso país durava quase cinqüenta dias.
No início do século XV, exploradores europeus começaram a aventurar-se pelo “mar
desconhecido”, isto é, pelo Oceano Atlântico. Iniciavam-se as Grandes Navegações, ou
seja, a expansão marítima rumo a lugares ainda não conhecidos pelos europeus.
Questões econômicas foram importantes no processo de expansão marítima. Os burgueses
ao começarem a se destacar na sociedade como comerciantes ricos, se aliaram aos reis
para ajudá-los a fortalecer o seu poder.
A partir dessa aliança os reis passaram a incentivar a formação de expedições com
objetivos comerciais.
Numa época em que o comércio tornava-se a atividade econômica mais lucrativa, os
produtos mais valorizados eram as especiarias do Oriente.
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Essas especiarias orientais, como os temperos, pimenta, gengibre, canela, cravo, noz-
moscada, etc., usados para disfarçar o cheiro e o gosto que ficavam nos alimentos, devido
aos precários métodos de conservação daquela época (não se esqueça, que a geladeira
ainda não existia!) tinham grande aceitação e valor no mercado europeu.
Trazidas do Oriente, as especiarias eram vendidas em sua maioria pelos comerciantes da
Península Itálica (atual Itália), sobretudo Gênova e Veneza.
Os comerciantes das regiões excluídas desse rentável comércio desejavam participar dele.
Mas como fazer isso se os venezianos e genoveses controlavam, além do Mar
Mediterrâneo, as rotas do Oriente?
A solução encontrada foi procurar novos caminhos e lugares para ter acesso aos produtos
desejados, evitando a região do Mediterrâneo. Os comerciantes começaram, então, a
explorar o Oceano Atlântico e o Continente Africano.
� “POR MARES NUNCA DANTES NAVEGADOS”
As viagens marítimas do início do século XV eram empreendimentos arriscados, tanto do
ponto de vista econômico, quanto em relação às possibilidades de sobrevivência dos
navegadores.
Eram viagens longas, que exigiam grandes recursos; as embarcações eram bastante
precárias, movidas a remo ou vela; a embarcação mais rápida era a caravela, aperfeiçoada
pelos portugueses.
O Oceano Atlântico era praticamente desconhecido pelos europeus na Idade Média. Muitos
acreditavam tratar-se de um mar povoado por monstros e plantas diabólicas, com águas que
ferviam em determinados pontos e se precipitavam num abismo, como uma grande
cachoeira. Por isso era chamado de Mar Tenebroso.
Era necessário enfrentar os desafios reais e os imaginários. Os portugueses foram os
pioneiros (primeiros) das navegações marítimas.
Além do apoio do rei e dos interesses da burguesia pelas navegações, Portugal foi
favorecido pela ausência de guerras em seu território e por sua posição geográfica – o país
está voltado para o Oceano Atlântico. A esses fatores soma-se outro: o povo português
estava acostumado com as atividades marítimas.
A América só pôde ser conquistada pelos europeus, devido ao grande avanço nas técnicas
de navegação ao lado de invenções cada vez mais aperfeiçoadas.
Exemplos:
Na arte de navegação: a vela latina, aperfeiçoamento da bússola, do astrolábio, mapas mais
precisos, desenvolvimento da caravela, leme, etc.
O emprego da bússola: A bússola é um instrumento de orientação, cuja invenção é atribuída
aos chineses. Foram, porém, os árabes que a levaram para a Europa, onde o seu emprego
foi estudado pelos navegadores. A bússola tornou-se a grande companheira „dos
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navegantes‟ em todas as longas as longas viagens. Com sua utilização, o navegador não
mais corria o perigo de perder o rumo de sua viagem.
O uso do astrolábio: o astrolábio também é um instrumento de orientação, que permite ao
navegador situar a sua posição geográfica através da posição dos astros.
Outras invenções e aperfeiçoamento: a utilização da pólvora no desenvolvimento de armas
de fogo, o aperfeiçoamento do canhão, a invenção do papel de trapo, o aperfeiçoamento da
imprensa.
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� PORTUGUESES E ESPANHÓIS NO OCEANO
A primeira grande conquista portuguesa aconteceu em 1415, quando o centro comercial de
Ceuta, no norte da África foi tomado. Daí para a frente, os portugueses continuaram
contornando o continente africano, pois o objetivo final era chegar ao Oriente.
A chegada às Índias aconteceu em 1498, numa
expedição (excursão, viagem) comandada
pelo navegante Vasco da Gama. Todo o esforço
português foi recompensado, pois os lucros dessa viagem
ultrapassaram 6000%. Portugal tentou transformar aquele
caminho marítimo (contorno da África) em exclusividade
portuguesa, mas eles não eram os únicos que
trabalhavam para conquistar as Índias.
Os espanhóis também queriam chegar ao Oriente. Eles
iniciaram suas navegações com um certo atraso em
relação aos portugueses, mas ainda mais adiantados do
que outros países europeus. O motivo da demora espanhola foi a chamada Guerra da
Reconquista, quando os árabes foram expulsos da península Ibérica (região onde hoje se
encontra a Espanha) ocupada por eles havia séculos. Essa guerra só foi concluída em 1492,
com a conquista de Granada (sul da Espanha).
� O TRATADO DE TORDESILHAS
A disputa entre portugueses e espanhóis pela conquista de novas terrase mercados, nem
sempre foi pacífica. Como você já estudou, os espanhóis chegaram à América em 1492; os
portugueses, nessa época procuravam contornar a África, rumo ao Oriente.
Logo que Colombo chegou à América, o governo da Espanha procurouestabelecer seus
direitos sobre a terra que encontrara e sobre outras que poderia ainda encontrar. Portugal,
não concordando, apelou então para o papa Alexandre VI, mesmo ele sendo espanhol. O
papa decidiu em 1493 que deveriaser traçada uma linha imaginária, passando 100 léguas
(cerca de 660 Km) a oeste das ilhas de Cabo Verde (Bula Inter Coetera). As novas terras
ficaram divididas em duas partes. A parte que estava a oeste da linha, à esquerda domapa,
pertenceria à Espanha. A parte que ficava a leste, à direita do mapa, pertenceria a Portugal.
O rei de Portugal não concordou com a divisão feita pelo papa. Então, representantes de
Portugal e da Espanha reuniram-se na cidadeespanhola de Tordesilhas e assinaram um
tratado que determinava o seguinte:a linha imaginária passaria a 370 léguas a oeste das
ilhas de Cabo Verde.
Observe o mapa.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 184
Assim, o Atlântico sul se tornava uma área de domínio português. Reis de outros países
europeus não aceitaram esse tratado. O rei da França, Francisco I, declarou: “Gostaria de
ver o testamento de Adão para saber como ele dividiu o mundo”.
Na América, a linha do Tratado de Tordesilhas passava pelos locais onde atualmente se
situam as cidades de Belém (Pará) e Laguna (Santa Catarina).
Como você percebeu, Portugal e Espanha sentiam-se os donos do mundo.
Para assegurar o domínio sobre suas terras na América, em 1500, o comandante Pedro
Álvares Cabral tomou posse do Brasil, que a partir daí passou a ser uma colônia de
Portugal. Em seguida rumou para as Índias onde o comércio de especiarias já garantia
desde 1498, com a viagem de Vasco da Gama, grandes lucros à burguesia portuguesa e ao
rei.
Mas, se as novas terras foram divididas entre Portugal e Espanha, como existem países na
América que foram colonizados por ingleses e franceses? Tanto a França como a Inglaterra
realizaram tardiamente sua expansão marítimo-comercial. Iniciaram essa expansão
somente no início do século XVI.
A França, Inglaterra e Holanda não aceitaram a divisão entre Portugal e Espanha.
Desrespeitando a linha do Tratado de Tordesilhas, impuseram sua presença através de atos
de pirataria e ocupação de terras. Dessa forma, as terras que antes pertenciam somente a
Portugal e Espanha, passaram também a serem colonizadas por franceses, ingleses e
holandeses.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 185
6. A FORMAÇÃO DO BRASIL COLONIAL
Bem, você mora no Brasil, e provavelmente nasceu aqui. Sabe que o Brasil é um país que
tem aproximadamente 180 milhões de habitantes e mais de 08 milhões e 500 mil Km2.
A língua que você fala é a portuguesa – herança cultural do colonizador português. Os usos
e costumes que você pratica são resultados da mistura de várias culturas, principalmente
indígena, africana, européia e asiática.
Bem, oficialmente, os portugueses chegaram ao Brasil durante a expansão marítima, nos
fins do século XV, sob o comando de Pedro Álvares Cabral, no dia 22 de abril de 1500.
Nos primeiros anos, após a chegada de Cabral, a preocupação dos portugueses foi a de
extrair pau-brasil, com o auxílio dos índios para mandar à Europa, onde a madeira era
negociada. Mas, a prioridade dos portugueses era continuar explorando e vendendo as
especiarias (cravo, pimenta, canela...) da Índia, na Europa.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 186
Assim, somente a partir de 1530, quando as especiarias deram sinal de esgotamento, é que
a Coroa Portuguesa iniciou de fato a colonização do Brasil.
Ciente disso, o rei de Portugal, D. João III, encontra uma saída para não arcar com as
despesas da colonização. Sabendo que os nobres portugueses sonhavam em possuir
grandes extensões de terra, decidiu em 1534, dividir o Brasil em 15 grandes faixas de terras
(mapa ao lado) e entregá-las à senhores de razoáveis condições financeiras.
Surgiram as capitanias hereditárias.
O nobre donatário recebia apenas o direito de posse, mas não se tornava proprietário da
capitania – o proprietário era o rei. Se a administração da capitania fosse boa, seria
transferida hereditariamente aos herdeiros do donatário. Se fosse ruim, o rei dava a posse
para outro nobre.
Bem, os nobres gastariam muito dinheiro para montar a produção açucareira, construir
engenhos e portos, transferir os colonizadores para o continente americano, lutar contra
índios e piratas, enquanto o rei ficava na confortável posição de cobrador de impostos sobre
as atividades econômicas implantadas na Colônia.
A maioria das capitanias fracassou por vários motivos: poucos investimentos (por falta de
recursos ou de interesse dos donatários), freqüentes ataques dos indígenas, grande
distância entre as povoações e entre o Brasil e Portugal.
Dessa forma, somente as capitanias de Pernambuco e São Vicente deram lucros, porque
seus donatários souberam resistir aos ataques indígenas e investiram muito dinheiro para
dotar as capitanias de engenho, bois, instrumentos agrícolas, soldados etc. O rei de
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 187
Portugal não desistiu das capitanias, mas resolveu melhorar o sistema. Para controlar os
donatários e ajudá-los na colonização, D. João III nomeou, em 1548, um governador-geral
para o Brasil, que era um representante do rei na colônia, a quem os donatários e todos os
colonos deviam obedecer. A instalação do governo-geral significou a centralização
administrativa da colônia. O primeiro governador-geral Tomé de Sousa, fundou Salvador, a
primeira cidade e capital do Brasil. Trouxe gado e instalou vários engenhos de cana-de-
açúcar.
A colonização do Brasil compreendia a fixação de colonos na terra e uma produção que
atendesse ao mercado europeu, com fins lucrativos.
Assim, a colonização no Brasil teve a cultura da cana-de-açúcar como o seu primeiro
produto agrícola, e para produzir açúcar, foram trazidos negros da África como mão-de-
obra. A produção deveria ser em grande escala, pois este produto era raro na Europa e,
portanto, caro.
• ESCRAVISMO ESCRAVISMO ESCRAVISMO ESCRAVISMO
O sistema econômico montado na América foi o escravista. O escravismo é um sistema
social e econômico no qual o agente de produção é
predominantemente o escravo, que é comercializado,
sendo vendido, comprado ou trocado como uma
mercadoria ou objeto.
Os motivos da utilização da mão-de-obra escrava na
América foram:
• escravismo proporcionou a montagem do tráfico
internacional de escravos gerando lucros fabulosos aos
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 188
traficantes;
• os escravos supriam a mão-de-obra no trabalho dentro das colônias em lugar dos
colonizadores europeus.
O escravismo, na época moderna, não era uma novidade, pois já havia escravidão entre
povos da Antigüidade, como por exemplo, entre os gregos e romanos.
A igreja impedia que o índio fosse
escravizado, pois estava interessada em sua
catequese e como mão-de-obra nas aldeias
jesuítas, mas, ao mesmo tempo, continuava
justificando escravidão do negro.
Assim, os colonizadores, utilizavam o negro
como escravo, aumentando o volume do
tráfico africano e conseqüentemente as
vantagens e lucros obtidos por quem
promovia esse comércio.
A proteção ao índio era relativa, pois ao mesmo tempo em que se proibia legalmente a sua
escravização, o governo permitia que a mesma ocorresse através das “guerras justas”.
Os padres jesuítas eram grandes defensores da não escravização do índio pelos colonos,
no entanto, os jesuítas faziam uso da mão-de-obra indígena para os diversos trabalhos nas
missões, além de desestruturarem a sua cultura quando lhes impunham os costumes e a
religião do colonizador português, através das catequeses.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 189
Reação Negra e Indígena ao Escravismo
Tanto o índio como o negro foi dominado e
escravizado pelos brancos europeus. Os negros
foram trazidos do Continente Africano, pela força,
para servir de mão-de-obra escrava no trabalho
braçal na lavoura, minas e serviços domésticos.
Desde a captura na África, já eram separados de
suas famílias e nações para que chegassem na
América desunidos e sem disposição de reagir ao
cativeiro. Eram transportados para o Brasil nos porões dos navios negreiros também
chamados “navios tumbeiros”, nas piores condições possíveis, o que provocava a morte de
mais de 50% dos negros durante as viagens, entretanto, nem negros e nem índios
aceitaram passivamente essa dominação.
O desmonte da cultura indígena e da cultura negra africana, além de outros motivos,
ocorreu porque o colonizador português não permitiu a manifestação religiosa desses
povos.
� Índios: o colonizador português foi introduzindo ao cotidiano novos conceitos religiosos
que foram impostos como parte da salvação de suas almas.
� Negros: apesar da proibição de culto religioso, feita pelo colonizador branco português,
criaram uma mistura da religião africana com a religião católica como forma de burlar essa
proibição.
Com a colonização, os portugueses impuseram tanto aos índios, quanto aos negros, sua
forma de organização social, econômica e política. O índio, mesmo reagindo, foi sendo
exterminado ou se misturando à cultura branca. O negro fugia para os quilombos;
entretanto, se recapturado, era levado de volta aos engenhos e forçado a se adaptar
culturalmente, ou morria, devido aos castigos físicos.
• BANDEIRAS
A capitania de São Vicente foi o primeiro núcleo povoador de
nosso país. Mas, apesar de ter sido bem administrada, num
segundo momento, começou a ter problemas econômicos e
os investidores não mais se interessavam pela capitania.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 190
Desde a captura na África, já eram separados de suas famílias e nações para que
chegassem na América desunidos e sem disposição de reagir ao cativeiro. Eram
transportados para o Brasil nos porões dos navios negreiros também chamados “navios
tumbeiros”, nas piores condições possíveis, o que provocava a morte de mais de 50% dos
negros durante as viagens, entretanto, nem negros e nem índios aceitaram passivamente
essa dominação.
O desmonte da cultura indígena e da cultura negra africana, além de outros motivos,
ocorreu porque o colonizador português não permitiu a manifestação religiosa desses
povos.
� Índios: o colonizador português foi introduzindo ao cotidiano novos conceitos religiosos
que foram impostos como parte da salvação de suas almas.
� Negros: apesar da proibição de culto religioso, feita pelo colonizador branco português,
criaram uma mistura da religião africana com a religião católica como forma de burlar essa
proibição.
Com a colonização, os portugueses impuseram tanto aos índios, quanto aos negros, sua
forma de organização social, econômica e política. O índio, mesmo reagindo, foi sendo
exterminado ou se misturando à cultura branca. O negro fugia para os quilombos;
entretanto, se recapturado, era levado de volta aos engenhos e forçado a se adaptar
culturalmente, ou morria, devido aos castigos físicos.
São Vicente, Santos, Santo André, São Paulo – cidades dessa capitania, tornaram-se tão
pobres, que deixaram de ter atrativos para manter os seus habitantes, assim, qualquer
esperança de melhoria de vida bastava para que alguns decidissem sair de seus lares -
eram os bandeirantes. A pobreza da capitania de São Vicente explica a expansão
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 191
bandeirante paulista pelo sertão. Quando os holandeses invadiram Pernambuco, decidiram
também invadir as regiões africanas que “exportavam” escravos para o Brasil.
Isso prejudicou terrivelmente os donos de engenho da Bahia, que, sem ter como comprar
escravos negros, a saída encontrada por esses proprietários foi bem simples: utilizar
escravos indígenas, que seriam capturados no sertão e vendidos pelos bandeirantes.
Os bandeirantes, que eram pobres, mas não eram ingênuos, sabiam que era muito difícil
capturar índios no meio da mata. Por isso invadiram as reduções jesuíticas, onde os índios
já estavam catequizados, habituados às atividades agrícolas, agrupados e, o que é melhor,
desarmados pelos padres jesuítas.
O aprisionamento de indígenas se manteve enquanto os holandeses mantiveram seu
domínio sobre Pernambuco.
Com a volta da utilização do escravo negro, após a expulsão dos holandeses, os
bandeirantes passam a procurar ouro e pedras preciosas no interior do território brasileiro.
Os resultados econômicos foram muito pequenos, mas, devido a isso, o território brasileiro
foi muito além daquele estabelecido pelo Tratado de Tordesilhas.
Alguns anos após a expulsão dos holandeses, os portugueses constataram um fato
preocupante: os negros, em grande quantidade, haviam fugido de seus engenhos! O pior é
que se organizaram em quilombos, fortaleceram-se economicamente, conquistaram uma
invejável unidade social.
Dessa forma os quilombos passaram a atrair os escravos, que agora tinham grandes
esperanças de sobreviver à fuga. Qual a única maneira de evitar o crescimento das fugas de
escravos? Destruindo os quilombos.
Quem seria capaz de destruir os quilombos? Os bandeirantes! E eles fizeram o serviço com
terrível competência. Mesmo o maior dos quilombos, Palmares, foi totalmente destruído.
Os bandeirantes recebiam por escravo quilombola morto.
Para provar que realmente o negro havia sido morto, era
necessário apresentar à autoridade pagadora um par de
orelhas de negro.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 195
Observe o gráfico e veja que existia uma relação de dependência entre a Colônia e a
Metrópole. Essa relação denominou-se “Exclusivo Colonial”, ou seja, monopólio da
metrópole sobre a colônia.
Pelo exclusivo colonial, a colônia deveria:
• Fornecer metais preciosos e vender produtos agrícolas a preços baixos para a metrópole.
• Comprar escravos e produtos manufaturados a preços altos, da metrópole.
Desta forma, toda a economia foi organizada com o objetivo de atender aos interesses do
Estado e da burguesia de Portugal e das elites coloniais, transferindo para a metrópole a
maior parte dos lucros.
Um pequeno grupo detinha a posse da terra e das riquezas, explorando a mão-de-obra livre
de brancos, escravos, índios e negros. Assim, os negros, índios, mestiços e brancos pobres
ficaram completamente marginalizados.
Essa situação de dependência fez com que a economia do Brasil, até recentemente, se
baseasse em períodos de predomínio de um determinado produto, como por exemplo: o
açúcar, o ouro, o algodão, para citar os principais, e como davam apenas lucros para as
camadas dominantes de Portugal, eram incentivados na colônia.
Somente a partir de 1950 nossa economia passou a ser mais diversificada através da
industrialização.
Nos fins do século XVIII, começaram a surgir conflitos nas colônias americanas contra as
metrópoles.
No Brasil colônia, século XVI a XIX, houve muitos conflitos internos quem conjunto com
outros fatores externos (conflitos políticos) pesaram para desencadear a crise do sistema
colonial implantado pelos europeus em toda
América, em vigor desde o século XVI, período em que a Coroa Portuguesacomeçou a ter
um rigor maior na cobrança de impostos.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 196
Essa situação promoveu uma forte reação da população que não podiarcar como peso dos
impostos cobrados por Portugal e os altos preços manipulados pelas Companhias de
Comércio.
Assim, desde fins do século XVII, e por todo o século XVIII, ocorrem emvárias partes do
Brasil, movimentos que assumem a forma de lutas armadas, que mostram a insatisfação
generalizada da população.
Essa insatisfação foi manifestada principalmente pela camadaprivilegiada constituída por
senhores de engenho, comerciantes e grandes mineradores da sociedade colonial, as quais
se uniram momentaneamente àcamadas inferiores (trabalhadores de engenhos e vilas,
pequenos proprietários escravos).
• Guerra dos Emboabas: em 1708, na região das Minas (atual Minas Gerais).
Finalidade: Os mineiros pobres pretendiam ter o mesmo tratamento e direitos dos
mineradores ricos, que eram privilegiados na região das minas, por ficarem com as maiores
e mais rendosas minas.
Resultado: esse conflito terminou desfavorável aos mineradores pobres que foram
massacrados traiçoeiramente no episódio chamado “Capão da Traição”.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 197
• Guerra dos Mascates: em 1710, entre Olinda e Recife.
Finalidade: os senhores de engenho de Olinda, liderados por Bernardo Vieira de Mello se
revoltaram contra a elevação de Recife à categoria de vila, o que deixaria os olindenses sem
receber os impostos pagos pelos comerciantes portugueses sediados em Recife.
Resultado: as autoridades confirmaram a elevação de Recife à categoria de vila, o que
desgostou profundamente os senhores de engenho.
• Inconfidência Mineira: em 1789 - Vila Rica.
Finalidade: separar as regiões das minas, do domínio português. Foi um movimento de
elite da região (comandantes militares, intelectuais, padres), contra a cobrança dos impostos
atrasados (derrama). O movimento foi influenciado pelos ideais iluministas e pela
independência das colônias inglesas da América do Norte.
Resultado: os conspiradores, na grande maioria pertencentes a elite social, foram
denunciados e condenados à morte, mas no final apenas Joaquim José da Silva Xavier, o
Tiradentes, que era o mais pobre, foi enforcado. Os outros inconfidentes tiveram sua pena
mudada para degredo perpétuo na África.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 198
• Conjuração dos Alfaiates ou Conjuração Baiana: 1798 - Salvador.
Finalidade: separação do Brasil de Portugal, implantação de uma república, fim da
escravidão, liberdade de comércio. Esse movimento teve uma base constituída por idéias
revolucionárias tomadas da revolução Francesa, e teve participação de pessoas
pertencentes às camada populares (alfaiates, soldados, negros libertos) e da elite
(advogados, médicos e padres). Houve influência da maçonaria. Foi o primeiro movimento
em que se falou mais claramente em separar o Brasil de Portugal.
Resultado: seus líderes foram descobertos, presos e condenados à forca, mas só foram
executadas pessoas das camadas populares como João de Deus Nascimento Luís
Gonzaga das Virgens, Manoel Faustino dos Anjos. Os membros da elite, ou seja, da classe
privilegiada foram perdoados.
Você já estudou que essa política era baseada no absolutismo que concentrava todo poder
nas mãos dos reis permitindo que os mesmos tivessem também o controle total da
economia (mercantilismo).
Assim todas as regras políticas e econômicas para as colônias eram determinadas e
fiscalizadas pelas metrópoles. Entretanto, a partir do século XVIII, esses mecanismos já
não eram mais do interesse da burguesia que se via envolvida em seus negócios.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 199
O período em que a Corte Portuguesa
ficou no Brasil (1808-1821), foi decisório
para a separação do Brasil de Portugal.
Uma das características das relações de
Portugal com o Brasil era o monopólio
comercial. Imagine se o seu país fosse
obrigado a fazer comércio somente com
um país mais poderoso. Será fácil
concluir que o seu país se veria obrigado
a comprar e a vender produtos pelos
preços que lhe fossem impostos.
Outra proibição de Portugal sobre o
Brasil era de que aqui não podiam
funcionar indústrias, para que a
população consumisse produtos industrializados, na maioria ingleses, que Portugal
mandava para cá.
Mas, em 1811, D. João inaugurou a Fábrica de Ferro do lpanema. As proibições de Portugal
se faziam sentir também na vida cultural, pois obras literárias só circulavam na colônia
quando permitidas pela Coroa portuguesa e a imprensa era proibida de existir.
Na época colonial, não interessava ao governo português que o povo brasileiro se tornasse
crítico. Por esse motivo foram proibidas as manifestações literárias.
Na época em que a Corte esteve no Brasil, o rei convidou uma missão francesa para
retratar o Brasil através da pintura.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 200
Essas pinturas deveriam mostrar o Brasil sob o ponto de vista europeu, destacando
somente com a beleza, sem estimular a racionalidade, para que não promovesse qualquer
compreensão crítica da realidade brasileira.
Durante os séculos XIV e XVII, na Europa surgiu um movimento cultural denominado
Humanismo que tinha como objetivo a valorização do homem. Esse movimento foi
característico das artes, da literatura, da música e procurava dar ênfase à razão e não a fé
para explicar os problemas terrenos.
Os movimentos Humanismo e Renascimento, não tiveram tanta influência no Brasil-colônia
devido às proibições e censura da Metrópole Portuguesa que objetivava a alienação da
população colonial, a fim de evitar possíveis tentativas de independência.
Essas medidas foram muito importantes para que o Brasil pudesse se libertar de Portugal
em 1822. Entretanto, as medidas tomadas pela Corte, eram favoráveis à uma pequena
parcela da população.
A maioria do povo continuava na situação de pobreza, desnutrição, analfabetismo.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 201
Os portugueses residentes no Brasil continuavam controlando a exportação e importação.
Por isso as manifestações contrárias ao governo português continuavam a ocorrer na
colônia.
Dessa forma, o Brasil estava cada vez mais consciente da necessidade da separação de
Portugal, bem como já possuía condições sócio-econômicas e culturais para formalizar essa
separação.
Pressionada, a Corte Real voltou para Portugal em 1821. Governando o Brasil, D. João
deixou o seu filho D. Pedro como regente.
A partir daí começaram a se precipitar os acontecimentos que acabaram levando à
separação definitiva do Brasil de Portugal, no dia 07 de setembro de 1822.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 203
SUMÁRIO
1. Aspectos linguisticos ............................................................................................... 205
1.1. Noções de fonologia: relação entre som e letra, ortografia, emprego de iniciais maiúsculas, acentuação gráfica, ortoepia, prosódia, divisão silábica......................... 207
Fonema ............................................................................................................................. 207
Fonema e Letra ................................................................................................................. 208
Classificação dos Fonemas ............................................................................................... 208
Encontros Vocálicos .......................................................................................................... 210
Encontros Consonantais .................................................................................................... 211
Dígrafos ............................................................................................................................. 211
Síliba ................................................................................................................................. 212
Acentuação Gráfica .......................................................................................................... 215
Ortoépia ou Ortoepia ......................................................................................................... 220
Prosódia ............................................................................................................................ 221
Ortografia ........................................................................................................................... 222
Emprego das Iniciais Maiúsculas e Minúsculas ................................................................. 231
1.2. Noções de morfologia: elementos composicionais dos vocábulos, processos de formação vocabular, categorias gramaticais variáveis, flexão das palavras (gênero, número, pessoa, tempo, modo e voz) ............................................................................ 235
Morfologia .......................................................................................................................... 235
Estrutura das palavras ....................................................................................................... 235
Raiz- ................................................................................................................................. 236
Radical- ............................................................................................................................. 236
Afixos ................................................................................................................................. 237
Desinências ....................................................................................................................... 237
Vogal Temática .................................................................................................................. 238
Tema- ................................................................................................................................ 238
Vogais e Consoantes de Ligação....................................................................................... 238
Formação das Palavras ..................................................................................................... 238
Derivação .......................................................................................................................... 239
Prefixos.............................................................................................................................. 243
Sufixos ............................................................................................................................... 248
Radicais Gregos ................................................................................................................ 251
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 204
Radicais que atuam como segundo elemento.................................................................... 253
Radicais Latinos ................................................................................................................ 253
Substantivo ........................................................................................................................ 254
Formação dos Substantivos ............................................................................................... 266
Flexão dos substantivos .................................................................................................... 267
Formação do Feminino dos Substantivos Biformes ........................................................... 268
Formação do Feminino dos Substantivos Uniformes ......................................................... 270
Flexão de Número do Substantivo ..................................................................................... 273
Plural dos Substantivos Compostos ................................................................................... 275
Plural das Palavras Substantivadas ................................................................................... 276
Plural dos Nomes Próprios Personativos ........................................................................... 276
Plural dos Substantivos Estrangeiros ................................................................................. 277
Flexão de Grau do Substantivo .......................................................................................... 278
Artigo ................................................................................................................................. 279
Adjetivo .............................................................................................................................. 280
Flexão dos adjetivos .......................................................................................................... 284
Numeral ............................................................................................................................. 288
Classificação dos Numerais ............................................................................................... 289
Flexão dos numerais .......................................................................................................... 289
Pronome ............................................................................................................................ 291
Pronomes Pessoais ........................................................................................................... 292
Pronome Reto .................................................................................................................... 292
Pronome Oblíquo ............................................................................................................... 293
Pronome Oblíquo ............................................................................................................... 293
Pronome Reflexivo............................................................................................................. 293
Pronome Reflexivo............................................................................................................. 293
2. Proposta de Redação ................................................................................................. 294
Ler, escrever e pensar ....................................................................................................... 294
A Redação no Vestibular ................................................................................................... 295
Dissertação – Estrutura ..................................................................................................... 295
Planejando a Dissertação I ................................................................................................ 296
Planejando a Dissertação II ............................................................................................... 297
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 205
1. ASPECTOS LINGUISTICOS
Variantes lingüísticas (variação lingüística)
A língua não é usada de modo homogêneo por todos os seus falantes. O uso de uma língua
varia de época para época, de região para região, de classe social para classe social, e
assim por diante. Nem individualmente podemos afirmar que o uso seja uniforme.
Dependendo da situação, uma mesma pessoa pode usar diferentes variedades de uma só
forma da língua.
Níveis de variação lingüística
É importante observar que o processo de variação ocorre em todos os níveis de
funcionamento da linguagem, sendo mais perceptível na pronúncia e no vocabulário. Esse
fenômeno da variação se torna mais complexo porque os níveis não se apresentam de
maneira estanque, eles se superpõem.
Nível fonológico - por exemplo, o l final de sílaba é pronunciado como consoante pelos
gaúchos, enquanto em quase todo o restante do Brasil é vocalizado, ou seja, pronunciado
como um u; o r caipira; o s chiado do carioca.
Nível morfo-sintático - muitas vezes, por analogia, por exemplo, algumas pessoas
conjugam verbos irregulares como se fossem regulares: "manteu" em vez de "manteve",
"ansio" em vez de "anseio"; certos segmentos sociais não realizam a concordância entre
sujeito e verbo, e isto ocorre com mais freqüência se o sujeito está posposto ao verbo. Há
ainda variedade em termos de regência: "eu lhe vi" ao invés de "eu o vi".
Nível vocabular - algumas palavras são empregadas em um sentido específico de acordo
com a localidade. Exemplos: em Portugal diz-se "miúdo", ao passo que no Brasil usa-se "
moleque", "garoto", "menino", "guri"; as gírias são, tipicamente, um processo de variação
vocabular. Existem dois tipos de variedades lingüísticas: os dialetos (variedades que
ocorrem em função das pessoas que utilizam a língua, ou seja, os emissores); os registros (
variedades que ocorrem em função do uso que se faz da língua, as quais dependem do
receptor, da mensagem e da situação).
Variação Dialetal/Variação Regional
Exemplos: aipim, mandioca, macaxeira (para designar a mesma raiz); tu e você (alternância
do pronome de tratamento e da forma verbal que o acompanha); vogais pretônicas abertas
em algumas regiões do Nordeste; o s chiado carioca e o s sibilado mineiro;
Variação Social
Exemplos: o meio social em que foi criada e/ou em que vive; o nível de escolaridade (no
caso brasileiro, essas variações estão normalmente inter-relacionadas (variação social) :
substituição do l por r (crube, pranta, prástico); eliminação do d no gerúndio
(correndo/correno); troca do a pelo o (saltar do ônibus/soltar do ônibus);
Variação Etária
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 206
Exemplo: A faixa etária (variação etária): irado, sinistro (termos usados pelos jovens para
elogiar, com conotação positiva, e pelos mais velhos, com conotação negativa).
Variação Profissional
Exemplo: a profissão que exerce (variação profissional): linguagem médica (ter um infarto /
fazer um infarto); jargão policial ( elemento / pessoa; viatura / camburão);
Variação de Registro
Grau de Formalismo
· no vocabulário:
"Quero te pedir um grande favor." (mais informal)
"Venho solicitar a V.S. a concessão de auxílio-doença." (mais formal)
· na sintaxe:
Pronominais
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro.
(Oswald de Andrade - Poesias Reunidas)
Modalidade de Uso
A expressão lingüística pode se realizar em diferentes modalidades: a escrita e a falada.
Vale a pena lembrar algumas diferenças: na língua falada, há entre falante e ouvinte um
intercâmbio direto, o que não ocorre com a língua escrita, na qual a comunicação se faz
geralmente na ausência de um dos participantes; na fala, as marcas de planejamento do
texto não aparecem, porque a produção e a execução se dão de forma simultânea, por isto
o texto oral é pontilhado de pausas, interrupções, retomadas, correções, etc.; isto não se
observa na escrita, porque o texto se apresenta acabado, houve um tempo para a sua
elaboração. É bom lembrar ainda que não se deve associar língua falada a informalidade,
nem língua escrita a formalidade, porque tanto em uma quanto em outra modalidade se
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verificam diferentes graus de formalidade. Podem existir textos muito formais na língua
falada e textos completamente informais na língua escrita.
Sintonia
Deve ser entendida como o ajustamento que o falante realiza na estruturação de seus
textos, a partir de informações que tem sobre o seu interlocutor. Por exemplo:
· ao falar com o filho ou deixar um bilhete para ele, a mãe usará um registro diferente
daquele que usaria com o seu chefe; isso se dá em função do diferente grau de intimidade
que mantém com cada um desses interlocutores;
· outro tipo de variação pode ser originada em função dos conhecimentos que o falante
supõe que o seu ouvinte tem a respeito de um determinado assunto que será o objeto da
comunicação. Desta forma, um especialista em um tema falará de formas diferentes em
conversa com outro especialista ou em uma conferência, para pessoas que se interessam
por aquele assunto, mas ainda não o dominam;
· diferenças serão observadas em função do grau de dignidade que o falante julga
apropriado ao seu interlocutor ou à ocasião, existindo aí uma ampla escala de registros, que
vai da blasfêmia ao eufemismo;
· os registros usados por um jovem poderão ser diferentes se ele for falar com sua
namorada, com uma pessoa a quem for solicitar um emprego, com uma pessoa idosa; da
mesma forma, escreverá textos distintos em um bilhete para sua mãe ou em um
requerimento dirigido a alguém para solicitar alguma coisa.
1.1. NOÇÕES DE FONOLOGIA: RELAÇÃO ENTRE SOM E LETRA, ORTOGRAFIA, EMPREGO DE INICIAIS MAIÚSCULAS, ACENTUAÇÃO GRÁFICA, ORTOEPIA, PROSÓDIA, DIVISÃO SILÁBICA
Fonologia é o ramo da Linguística que estuda o sistema sonoro de um idioma. Ao estudar a maneira como os fones (sons) se organizam dentro de uma língua, classifica-os em unidades capazes de distinguir significados, chamadas fonemas.
FONEMA
A palavra fonologia é formada pelos elementos gregos fono ( "som, voz") e log, logia (
"estudo", "conhecimento") . Significa literalmente " estudo dos sons" ou "estudo dos sons da
voz". O homem, ao falar, emite sons. Cada indivíduo tem uma maneira própria de realizar
esses sons no ato da fala. Essas particularidades na pronúncia de cada falante são
estudadas pela Fonética.
Dá-se o nome de fonema ao menor elemento sonoro capaz de estabelecer uma distinção de
significado entre as palavras. Observe, nos exemplos a seguir, os fonemas que marcam a
distinção entre os pares de palavras:
amor - ator
morro - corro
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vento - cento
Cada segmento sonoro se refere a um dado da língua portuguesa que está em sua
memória: a imagem acústica que você, como falante de português, guarda de cada um
deles. É essa imagem acústica, esse referencial de padrão sonoro, que constitui o fonema.
Os fonemas formam os significantes dos signos linguísticos. Geralmente, aparecem
representados entre barras. Assim: /m/, /b/, /a/, /v/, etc.
Fonema e Letra
1) O fonema não deve ser confundido com a letra. Na língua escrita, representamos os
fonemas por meio de sinais chamados letras. Portanto, letra é a representação gráfica do
fonema. Na palavra sapo, por exemplo, a letra s representa o fonema /s/ (lê-se sê); já na
palavra brasa, a letra s representa o fonema /z/ (lê-se zê).
2) Às vezes, o mesmo fonema pode ser representado por mais de uma letra do alfabeto. É o
caso do fonema /z/, que pode ser representado pelas letras z, s, x:
Exemplos:zebra; casamento; exílio.
3) Em alguns casos, a mesma letra pode representar mais de um fonema. A letra x, por
exemplo, pode representar:
- o fonema sê: texto
- o fonema zê: exibir
- o fonema chê: enxame
- o grupo de sons ks: táxi
4) O número de letras nem sempre coincide com o número de fonemas.
Exemplos:tóxico fonemas: /t/ó/k/s/i/c/o/ letras: t ó x i c o
1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6
galho fonemas: /g/a/lh/o/ letras: g a l h o
1 2 3 4 1 2 3 4 5
5) As letras m e n, em determinadas palavras, não representam fonemas. Observe os
exemplos:compra,conta.
Nessas palavras, m e n indicam a nasalização das vogais que as antecedem.
Veja ainda: nave: o /n/ é um fonema;
dança: o n não é um fonema; o fonema é /ã/, representado na escrita pelas letras a e n.
6) A letra h, ao iniciar uma palavra, não representa fonema.
Exemplos: hoje fonemas: ho / j / e / letras: h o j e
1 2 3 1 2 3 4
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Classificação dos Fonemas
Os fonemas da língua portuguesa são classificados em:
1) Vogais
As vogais são os fonemas sonoros produzidos por uma corrente de ar que passa livremente
pela boca. Em nossa língua, desempenham o papel de núcleo das sílabas. Assim, isso
significa que em toda sílaba há necessariamente uma única vogal.
Na produção de vogais, a boca fica aberta ou entreaberta. As vogais podem ser:
a) Orais: quando o ar sai apenas pela boca.
Por Exemplo:/a/, /e/, /i/, /o/, /u/.
b) Nasais: quando o ar sai pela boca e pelas fossas nasais.
Por Exemplo:
/ã/: fã, canto, tampa
//: dente, tempero
//: lindo, mim
/õ/ bonde, tombo
// nunca, algum
c) Átonas: pronunciadas com menor intensidade.
Por Exemplo:até, bola
d)Tônicas: pronunciadas com maior intensidade.
Por Exemplo:até, bola
Quanto ao timbre, as vogais podem ser:
Abertas
Exemplos:pé, lata, pó
Fechadas
Exemplos:mês, luta, amor
Reduzidas - Aparecem quase sempre no final das palavras.
Exemplos:dedo, ave, gente
Quanto à zona de articulação:
Anteriores ou Palatais - A língua eleva-se em direção ao palato duro (céu da boca).
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Exemplos:é, ê, i
Posteriores ou Velares - A língua eleva-se em direção ao palato mole (véu palatino).
Exemplos:ó, ô, u
Médias - A língua fica baixa, quase em repouso.
Por Exemplo:a
2) Semivogais
Os fonemas /i/ e /u/, algumas vezes, não são vogais. Aparecem apoiados em uma vogal,
formando com ela uma só emissão de voz (uma sílaba). Nesse caso, esses fonemas são
chamados de semivogais. A diferença fundamental entre vogais e semivogais está no fato
de que estas últimas não desempenham o papel de núcleo silábico.
Observe a palavra papai. Ela é formada de duas sílabas: pa-pai. Na última sílaba, o fonema
vocálico que se destaca é o a. Ele é a vogal. O outro fonema vocálico i não é tão forte
quanto ele. É a semivogal.
Outros exemplos:saudade, história, série.
Obs.: os fonemas /i/ e /u/ podem aparecer representados na escrita por" e", "o" ou "m".
Veja:pães / pãis mão / mãu/ cem /ci/
3) Consoantes
Para a produção das consoantes, a corrente de ar expirada pelos pulmões encontra
obstáculos ao passar pela cavidade bucal. Isso faz com que as consoantes sejam
verdadeiros "ruídos", incapazes de atuar como núcleos silábicos. Seu nome provém
justamente desse fato, pois, em português, sempre consoam ("soam com") as vogais.
Exemplos:/b/, /t/, /d/, /v/, /l/, /m/, etc.
Encontros Vocálicos
Os encontros vocálicos são agrupamentos de vogais e semivogais, sem consoantes intermediárias. É importante reconhecê-los para dividir corretamente os vocábulos em sílabas. Existem três tipos de encontros: oditongo, o tritongo e o hiato.
1) Ditongo
É o encontro de uma vogal e uma semivogal (ou vice-versa) numa mesma sílaba. Pode ser:
a) Crescente: quando a semivogal vem antes da vogal.
Por Exemplo:sé-rie (i = semivogal, e = vogal)
b) Decrescente: quando a vogal vem antes da semivogal.
Por Exemplo:pai (a = vogal, i = semivogal)
c) Oral: quando o ar sai apenas pela boca. Exemplos:pai, série
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d) Nasal: quando o ar sai pela boca e pelas fossas nasais.
Por Exemplo:mãe
2) Tritongo
É a sequência formada por uma semivogal, uma vogal e uma semivogal, sempre nessa ordem, numa só sílaba. Pode ser oral ou nasal. Exemplos: Paraguai - Tritongo oral
quão - Tritongo nasal
3) Hiato
É a sequência de duas vogais numa mesma palavra que pertencem a sílabas diferentes,
uma vez que nunca há mais de uma vogal numa sílaba. Por Exemplo: saída (sa-í-da) poesia (po-e-si-a)
Encontros Consonantais
O agrupamento de duas ou mais consoantes, sem vogal intermediária, recebe o nome de encontro consonantal. Existem basicamente dois tipos:
- os que resultam do contato consoante + l ou r e ocorrem numa mesma sílaba,
como em: pe-dra, pla-no, a-tle-ta, cri-se...
- os que resultam do contato de duas consoantes pertencentes a sílabas diferentes: por-ta, rit-mo, lis-ta...
Há ainda grupos consonantais que surgem no início dos vocábulos; são, por isso, inseparáveis: pneu, gno-mo,psi-có-lo-go...
Dígrafos
De maneira geral, cada fonema é representado, na escrita, por apenas uma letra. Por Exemplo:lixo - Possui quatro fonemas e quatro letras.
Há, no entanto, fonemas que são representados, na escrita, por duas letras.
Por Exemplo:bicho - Possui quatro fonemas e cinco letras.
Na palavra acima, para representar o fonema | xe| foram utilizadas duas letras: o c e o h.
Assim, o dígrafo ocorre quando duas letras são usadas para representar um único fonema (di = dois + grafo = letra). Em nossa língua, há um número razoável de dígrafos que convém
conhecer. Podemos agrupá-los em dois tipos: consonantais e vocálicos.
Dígrafos Consonantais
Letras Fonemas Exemplos
lh lhe telhado
nh nhe marinheiro
ch xe chave
rr Re (no interior da carro
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palavra)
ss se (no interior da
palavra) passo
qu que (seguido de e e i) queijo, quiabo
gu gue (seguido de e e i) guerra, guia
sc se crescer
sç se desço
xc se exceção
Dígrafos Vocálicos: registram-se na representação das vogais nasais.
Fonemas Letras Exemplos
ã am tampa
an canto
em templo
en lenda
im limpo
in lindo
õ om tombo
on tonto
um chumbo
un corcunda
Observação:
"Gu" e "qu" são dígrafos somente quando, seguidos de "e" ou "i", representam os fonemas /g/ e /k/:guitarra, aquilo. Nesses casos, a letra "u" não corresponde a nenhum fonema. Em algumas palavras, no entanto, o "u" representa um fonema semivogal ou vogal (aguentar, linguiça, aquífero...) Nesse caso, "gu" e"qu" não são dígrafos. Também não há dígrafos quando são seguidos de "a" ou "o" (quase, averiguo).
SÍLABA
Observe:
A - MOR
A palavra amor está dividida em grupos de fonemas pronunciados separadamente: a - mor. A cada um desses grupos pronunciados numa só emissão de voz dá-se o nome de sílaba. Em nossa língua, o núcleo da sílaba é sempre uma vogal: não existe sílaba sem vogal e nunca há mais do que uma vogal em cada sílaba. Dessa forma, para sabermos o número de sílabas de uma palavra, devemos perceber quantas vogais tem essa palavra. Atenção: as letras i e u (mais raramente com as letras e e o) podem
representar semivogais.
Classificação das Palavras quanto ao Número de Sílabas
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1) Monossílabas: possuem apenas uma sílaba.
Exemplos:mãe, flor, lá, meu
2) Dissílabas: possuem duas sílabas.
Exemplos:ca-fé, i-ra, a-í, trans-por
3) Trissílabas: possuem três sílabas. Exemplos:ci-ne-ma, pró-xi-mo, pers-pi-caz, O-da-ir
4) Polissílabas: possuem quatro ou mais sílabas.
Exemplos: a-ve-ni-da, li-te-ra-tu-ra, a-mi-ga-vel-men-te, o-tor-ri-no-la-rin-go-lo-gis-ta
Divisão Silábica
Na divisão silábica das palavras, cumpre observar as seguintes normas:
a) Não se separam os ditongos e tritongos.
Exemplos:foi-ce, a-ve-ri-guou
b) Não se separam os dígrafos ch, lh, nh, gu, qu.
Exemplos:cha-ve, ba-ra-lho, ba-nha, fre-guês, quei-xa
c) Não se separam os encontros consonantais que iniciam sílaba.
Exemplos:psi-có-lo-go, re-fres-co
d) Separam-se as vogais dos hiatos. Exemplos:ca-a-tin-ga, fi-el, sa-ú-de
e) Separam-se as letras dos dígrafos rr, ss, sc, sç xc.
Exemplos:car-ro, pas-sa-re-la, des-cer, nas-ço, ex-ce-len-te
f) Separam-se os encontros consonantais das sílabas internas, excetuando-se aqueles em que a segunda consoante é l ou r.
Exemplos:ap-to, bis-ne-to, con-vic-ção, a-brir, a-pli-car
Acento Tônico
Na emissão de uma palavra de duas ou mais sílabas, percebe-se que há uma sílaba de maior intensidade sonora do que as demais.
calor - a sílaba lor é a de maior intensidade.
faceiro - a sílaba cei é a de maior intensidade.
sólido - a sílaba só é a de maior intensidade.
Obs.: a presença da sílaba de maior intensidade nas palavras, em meio a sílabas de menor intensidade, é um dos elementos que dão melodia à frase.
Classificação da Sílaba quanto à Intensidade
Tônica: é a sílaba pronunciada com maior intensidade.
Átona: é a sílaba pronunciada com menor intensidade.
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Subtônica: é a sílaba de intensidade intermediária. Ocorre, principalmente, nas palavras derivadas, correspondendo à tônica da palavra primitiva. Veja o exemplo
abaixo:
Palavra primitiva: be - bê
átona tônica
Palavra derivada: be - be - zi - nho
átona subtônica tônica átona
Classificação das Palavras quanto à Posição da Sílaba Tônica
De acordo com a posição da sílaba tônica, os vocábulos da língua portuguesa que contêm duas ou mais sílabas são classificados em:
Oxítonos: são aqueles cuja sílaba tônica é a última. Exemplos:avó, urubu, parabéns
Paroxítonos: são aqueles cuja sílaba tônica é a penúltima.
Exemplos:dócil, suavemente, banana
Proparoxítonos: são aqueles cuja sílaba tônica é a antepenúltima.
Exemplos:máximo, parábola, íntimo
Saiba que:
São palavras oxítonas, entre outras: cateter, mister, Nobel, novel, ruim, sutil, transistor, ureter.
São palavras paroxítonas, entre outras: avaro, aziago, boêmia, caracteres, cartomancia, celtibero, circuito, decano, filantropo, fluido, fortuito, gratuito, Hungria, ibero, impudico, inaudito, intuito, maquinaria, meteorito, misantropo, necropsia (alguns dicionários admitem também necrópsia), Normandia, pegada, policromo, pudico, quiromancia, rubrica, subido(a).
São palavras proparoxítonas, entre outras: aerólito, bávaro, bímano, crisântemo, ímprobo, ínterim, lêvedo, ômega, pântano, trânsfuga.
As seguintes palavras, entre outras, admitem dupla tonicidade: acróbata/acrobata, hieróglifo/hieroglifo, Oceânia/Oceania, ortoépia/ortoepia, projétil/projetil, réptil/reptil, zângão/zangão.
Monossílabos
Leia em voz alta a frase abaixo:
O sol já se pôs.
Essa frase é formada apenas por monossílabos. É possível verificar que os monossílabos sol, já e pôs são pronunciados com maior intensidade que os outros. São tônicos. Possuem acento
próprio e, por isso, não precisam apoiar-se nas palavras que os antecedem ou que os seguem. Já os monossílabos o e se sãoátonos, pois são pronunciados fracamente. Por não terem acento próprio, apoiam-se nas palavras que os
antecedem ou que os seguem.
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Critérios de Distinção
Muitas vezes, fazer a distinção entre um monossílabo átono e um tônico pode ser
complicado. Por isso, observe os critérios a seguir.
1- Modificação da pronúncia da vogal final.
Nos monossílabos átonos a vogal final se modifica ou pode modificar-se na pronúncia. Com
os tônicos, não ocorre tal possibilidade.
Exemplos: Vou de carro para o meu trabalho. (de = monossílabo átono - é possível a
pronúncia di ônibus.)
Dê um auxílio às pessoas que necessitam. (dê = monossílabo tônico - é impossível a pronúncia di um auxílio.)
2- Significado isolado do monossílabo
O monossílabo átono não tem sentido quando isolado na frase. Veja: Meus amigos já compraram os convites, mas eu não. O monossílabo tônico, mesmo
isolado, possui significado. Observe: Existem pessoas muito más.
Nessa frase, o monossílabo possui sentido: más = ruins.
São monossílabos átonos:
artigos: o, a, os, as, um, uns
pronomes pessoais oblíquos: me, te, se, o, a, os, as, lhe, nos, vos
preposições: a, com, de, em, por, sem, sob
pronome relativo: que
conjunções: e, ou, que, se
São monossílabos tônicos: todos aqueles que possuem autonomia na frase. Exemplos: mim, há, seu, lar, etc. Obs.: pode ocorrer que, de acordo com a autonomia fonética, um mesmo
monossílabo seja átono numa frase, porém tônico em outra.
Exemplos:
Que foi? (átono) Você fez isso por quê? (tônico)
Acentuação Gráfica
Acento Prosódico e Acento Gráfico
Todas as palavras de duas ou mais sílabas possuem uma sílaba tônica, sobre a qual recai o acento prosódico, isto é, o acento da fala. Veja:
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 216
es - per - te - za
ca - pí - tu - lo
tra - zer
e - xis - ti - rá
Dessas quatro palavras, note que apenas duas receberam o acento gráfico. Logo, conclui-
se que:
Acento Prosódico é aquele que aparece em todas as palavras que possuem duas ou mais sílabas. Já oacento gráfico se caracteriza por marcar a sílaba tônica de algumas palavras.
É o acento da escrita. Na língua portuguesa, os acentos gráficos empregados são:
Acento Agudo (´ ): utiliza-se sobre as letras a, i, u e sobre o e da sequência -em, indicando que essas letras representam as vogais das sílabas tônicas. Exemplos:Pará, ambíguo, saúde, vintém
Sobre as letras e e o, indica que representam as vogais tônicas com timbre aberto.
Exemplos:pé, herói
Acento Grave (`): indica as diversas possibilidades de crase da preposição "a" com
artigos e pronomes. Exemplos:à, às, àquele
Acento Circunflexo (^): indica que as letras e e o representam vogais tônicas, com timbre fechado. Pode surgir sobre a letra a, que representa a vogal tônica, normalmente diante de m, n ou nh.
Exemplos:mês, bêbado, vovô, tâmara, sândalo, cânhamo
Til (~): indica que as letras a e o representam vogais nasais.
Exemplos: balão, põe
Regras de Acentuação Gráfica
Baseiam-se na constatação de que, em nossa língua, as palavras mais numerosas são as paroxítonas, seguidas pelas oxítonas. A maioria das paroxítonas termina em -a, -e, -o, -em, podendo ou não ser seguidas de "s". Essas paroxítonas, por serem maioria, não são acentuadas graficamente. Já as proparoxítonas, por serem pouco numerosas, são sempre
acentuadas.
Proparoxítonas
Sílaba tônica: antepenúltima
As proparoxítonas são todas acentuadas graficamente. Exemplos:
trágico, patético, árvore
Paroxítonas
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Sílaba tônica: penúltima
Acentuam-se as paroxítonas terminadas em:
l fácil
n pólen
r cadáver
ps bíceps
x tórax
us vírus
i, is júri, lápis
om, ons iândom, íons
um, uns álbum, álbuns
ã(s), ão(s) órfã, órfãs, órfão, órfãos
ditongo oral (seguido ou não de s)
jóquei, túneis
Observações:
1) As paroxítonas terminadas em "n" são acentuadas (hífen), mas as que terminam em "ens", não. (hifens, jovens)
2) Não são acentuados os prefixos terminados em "i "e "r". (semi, super)
3) Acentuam-se as paroxítonas terminadas em ditongos crescentes: ea(s), oa(s),
eo(s), ua(s), ia(s), ue(s), ie(s), uo(s),io(s).
Exemplos:
várzea, mágoa, óleo, régua, férias, tênue, cárie, ingênuo, início
Oxítonas
Sílaba tônica: última
Acentuam-se as oxítonas terminadas em:
a(s): sofá, sofás
e(s): jacaré, vocês
o(s): paletó, avós
em, ens: ninguém, armazéns
Monossílabos
Os monossílabos, conforme a intensidade com que se proferem, podem ser tônicos ou átonos.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 218
Monossílabos Tônicos
Possuem autonomia fonética, sendo proferidos fortemente na frase onde aparecem.
Acentuam-se os monossílabos tônicos terminados em:
a(s): lá, cá e(s): pé, mês o(s): só, pó, nós, pôs
Monossílabos Átonos
Não possuem autonomia fonética, sendo proferidos fracamente, como se fossem sílabas
átonas do vocábulo a que se apoiam.
Exemplos:
o(s), a(s), um, uns, me, te, se, lhe nos, de, em, e, que, etc.
Observações:
1) Os monossílabos átonos são palavras vazias de sentido, vindo representados por
artigos, pronomes oblíquos, elementos de ligação (preposições, conjunções).
2) Há monossílabos que são tônicos numa frase e átonos em outras.
Exemplos:
Você trouxe sua mochila para quê? (tônico) / Que tem dentro da sua mochila? (átono)
Há sempre um mas para questionar. (tônico) / Eu sei seu nome, mas não me recordo
agora. (átono)
Saiba que:
Muitos verbos, ao se combinarem com pronomes oblíquos, produzem formas oxítonas ou monossilábicas que devem ser acentuadas por acabarem assumindo alguma das terminações
contidas nas regras. Exemplos:
beijar + a = beijá-la fez + o = fê-lo
dar + as = dá-las fazer + o = fazê-lo
Acento de Insistência
Sentimentos fortes (emoção, alegria, raiva, medo) ou a simples necessidade de enfatizar uma ideia podem levar o falante a emitir a sílaba tônica ou a primeira sílaba de certas
palavras com uma intensidade e duração além do normal.
Exemplos:
Está muuuuito frio hoje!
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Deve haver equilíbrio entre exportação e importação.
Regras Especiais
Além das regras fundamentais, há um conjunto de regras destinadas a pôr em evidência
alguns detalhes sonoros das palavras. Observe:
Ditongos Abertos
Os ditongos éi, éu e ói, sempre que tiverem pronúncia aberta em palavras oxítonas (éi e
não êi), são acentuados. Veja:
éi (s):anéis, fiéis, papéis éu (s):troféu, céus ói (s): herói, constrói, caubóis
Obs.: os ditongos abertos ocorridos em palavras paroxítonas NÃO são acentuados.
Exemplos: assembleia, boia, colmeia, Coreia, estreia, heroico, ideia, jiboia, joia,
paranoia, plateia, etc.
Atenção: a palavra destróier é acentuada por ser uma paroxítona terminada em "r" (e
não por possuir ditongo aberto "ói").
Hiatos
Acentuam-se o "i" e "u" tônicos quando formam hiato com a vogal anterior, estando eles sozinhos na sílaba ou acompanhados apenas de "s", desde que não sejam seguidos por "-
nh".
Exemplos:
sa - í - da e - go - ís -mo sa - ú - de
Não se acentuam, portanto, hiatos como os das palavras:
ju - iz ra - iz ru - im ca - ir
Razão: -i ou -u não estão sozinhos nem acompanhados de -s na sílaba.
Observação: cabe esclarecer que existem hiatos acentuados não por serem hiatos,
mas por outras razões. Veja os exemplos abaixo:
po-é-ti-co: proparoxítona bo-ê-mio: paroxítona terminada em ditongo crescente. ja-ó: oxítona terminada em "o".
Verbos Ter e Vir
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Acentua-se com circunflexo a 3ª pessoa do plural do presente do indicativo dos verbos ter e vir, bem como nos seus compostos (deter, conter, reter, advir, convir, intervir,
etc.). Veja:
Ele tem Eles têm
Ela vem Elas vêm
Ele retém Eles retêm
Ele intervém Eles intervêm
Obs.: nos verbos compostos de ter e vir, o acento ocorre obrigatoriamente, mesmo no singular. Distingue-se o plural do singular mudando o acento de agudo para
circunflexo:
ele detém -eles detêm ele advém -eles advêm.
Ortoépia ou Ortoepia
A palavra ortoépia se origina da união dos termos gregos orthos, que significa "correto" e hépos, que significa "palavra". Assim, a ortoépia se ocupa da correta produção oral das
palavras.
Preceitos:
1) A perfeita emissão de vogais e grupos vocálicos, enunciando-os com nitidez, sem acrescentar nem omitir ou alterar fonemas, respeitando o timbre (aberto ou fechado) das vogais tônicas, tudo de acordo com as normas da fala culta.
2) A articulação correta e nítida dos fonemas consonantais.
3) A correta e adequada ligação das palavras na frase.
Veja a seguir alguns casos frequentes de pronúncias corretas e errôneas, de acordo com o padrão culto da língua portuguesa no Brasil.
CORRETAS ERRÔNEAS
adivinhar advinhar
advogado adevogado
apropriado apropiado
aterrissar aterrisar
bandeja bandeija
bochecha buchecha
boteco buteco
braguilha barguilha
bueiro boeiro
cabeleireiro cabelereiro
caranguejo carangueijo
eletricista eletrecista
empecilho impecilho
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 221
estupro, estuprador estrupo, estrupador
fragrância fragância
frustrado frustado
lagartixa largatixa
lagarto largato
mendigo mendingo
meteorologia metereologia
mortadela mortandela
murchar muchar
paralelepípedos paralepípedos
pneu peneu
prazerosamente prazeirosamente
privilégio previlégio
problemas poblemas ou pobremas
próprio própio
proprietário propietário
psicologia, psicólogo pissicologia, pissicólogo
salsicha salchicha
sobrancelha sombrancelha
superstição supertição
Em muitas palavras há incerteza, divergência quanto ao timbre de vogais tônicas /e/ e /o/. Recomenda-se proferir:
Com timbre aberto: acerbo, badejo, coeso, grelha, groselha, ileso, obeso, obsoleto,
dolo, inodoro, molho (feixe, conjunto), suor. Com timbre fechado: acervo, cerda, interesse (substantivo), reses, algoz, algozes,
crosta, bodas, molho (caldo), poça, torpe.
Prosódia
A prosódia ocupa-se da correta emissão de palavras quanto à posição da sílaba tônica, segundo as normas da língua culta. Existe uma série de vocábulos que, ao serem proferidos, acabam tendo o acento prosódico deslocado. Ao erro prosódico dá-se o nome de silabada. Observe os exemplos.
1) São oxítonas:
condor novel ureter
mister Nobel ruim
2) São paroxítonas:
austero ciclope Madagáscar recorde
caracteres filantropo pudico(dí) rubrica
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 222
3) São proparoxítonas:
aerólito lêvedo quadrúmano
alcíone munícipe trânsfuga
Existem palavras cujo acento prosódico é incerto, mesmo na língua culta. Observe os exemplos a seguir, sabendo que a primeira pronúncia dada é a mais utilizada na língua
atual.
acrobata - acróbata réptil - reptil
Bálcãs - Balcãs xerox - xérox
projétil - projetil zangão - zângão
Ortografia
A ortografia se caracteriza por estabelecer padrões para a forma escrita das palavras. Essa escrita está relacionada tanto a critérios etimológicos (ligados à origem das palavras) quanto fonológicos (ligados aos fonemas representados). É importante compreender que a ortografia é fruto de uma convenção. A forma de grafar as palavras é produto de acordos ortográficos que envolvem os diversos países em que a língua portuguesa é oficial. A melhor maneira de treinar a ortografia é ler, escrever e consultar o dicionário sempre que houver dúvida.
O Alfabeto
O alfabeto da língua portuguesa é formado por 26 letras. Cada letra apresenta uma forma
minúscula e outra maiúscula. Veja:
a A (á)
b B (bê)
c C (cê)
d D (dê)
e E (é)
f F (efe)
g G (gê ou guê)
h H (agá)
i I (i)
j J (jota)
k K (cá)
l L (ele)
m M (eme)
n N (ene)
o O (ó)
p P (pê)
q Q (quê)
r R (erre)
s S (esse)
t T (tê)
u U (u)
v V (vê)
w W (dáblio)
x X (xis)
y Y (ípsilon)
z Z (zê)
Observação: emprega-se também o ç, que representa o fonema /s/ diante das letras: a, o, e u em determinadas palavras.
Emprego das letras K, W e Y
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 223
Utilizam-se nos seguintes casos:
a) Em antropônimos originários de outras línguas e seus derivados.
Exemplos: Kant, kantismo; Darwin, darwinismo; Taylor, taylorista.
b) Em topônimos originários de outras línguas e seus derivados.
Exemplos: Kuwait, kuwaitiano.
c) Em siglas, símbolos, e mesmo em palavras adotadas como unidades de medida de curso
internacional.
Exemplos: K (Potássio), W (West), kg (quilograma), km (quilômetro), Watt.
Emprego de X e Ch
Emprega-se o X:
1) Após um ditongo.
Exemplos: caixa, frouxo, peixe
Exceção: recauchutar e seus derivados
2) Após a sílaba inicial "en".
Exemplos: enxame, enxada, enxaqueca
Exceção: palavras iniciadas por "ch" que recebem o prefixo "en-"
Exemplos: encharcar (de charco), enchiqueirar (de chiqueiro), encher e seus derivados (enchente, enchimento, preencher...)
3) Após a sílaba inicial "me-".
Exemplos: mexer, mexerica, mexicano, mexilhão
Exceção: mecha
4) Em vocábulos de origem indígena ou africana e nas palavras inglesas
aportuguesadas.
Exemplos: abacaxi, xavante, orixá, xará, xerife, xampu
5) Nas seguintes palavras:
bexiga, bruxa, coaxar, faxina, graxa, lagartixa, lixa, lixo, puxar, rixa, oxalá, praxe,
roxo, vexame, xadrez,xarope, xaxim, xícara, xale, xingar, etc.
Emprega-se o dígrafo Ch:
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 224
1) Nos seguintes vocábulos:
bochecha, bucha, cachimbo, chalé, charque, chimarrão, chuchu, chute, cochilo, debochar, fachada, fantoche, ficha, flecha, mochila, pechincha, salsicha, tchau,
etc.
Para representar o fonema /j/ na forma escrita, a grafia considerada correta é aquela que ocorre de acordo com a origem da palavra. Veja os exemplos:
gesso: Origina-se do grego gypsos jipe: Origina-se do inglês jeep.
Emprega-se o G:
1) Nos substantivos terminados em -agem, -igem, -ugem
Exemplos: barragem, miragem, viagem, origem, ferrugem
Exceção: pajem
2) Nas palavras terminadas em -ágio, -égio, -ígio, -ógio, -úgio
Exemplos: estágio, privilégio, prestígio, relógio, refúgio
3) Nas palavras derivadas de outras que se grafam com g
Exemplos: engessar (de gesso), massagista (de massagem), vertiginoso (de vertigem)
4) Nos seguintes vocábulos:
algema, auge, bege, estrangeiro, geada, gengiva, gibi, gilete, hegemonia, herege, megera, monge, rabugento, vagem.
Emprega-se o J:
1) Nas formas dos verbos terminados em -jar ou -jear
Exemplos
arranjar: arranjo, arranje, arranjem despejar:despejo, despeje, despejem gorjear: gorjeie, gorjeiam, gorjeando enferrujar: enferruje, enferrujem viajar: viajo, viaje, viajem
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 225
2) Nas palavras de origem tupi, africana, árabe ou exótica
Exemplos: biju, jiboia, canjica, pajé, jerico, manjericão, Moji
3) Nas palavras derivadas de outras que já apresentam j
Exemplos:
laranja- laranjeira loja- lojista lisonja - lisonjeador nojo- nojeira
cereja- cerejeira varejo- varejista rijo- enrijecer jeito- ajeitar
4) Nos seguintes vocábulos:
berinjela, cafajeste, jeca, jegue, majestade, jeito, jejum, laje, traje, pegajento
Emprego das Letras S e Z
Emprega-se o S:
1) Nas palavras derivadas de outras que já apresentam s no radical
Exemplos:
análise- analisar catálise- catalisador
casa- casinha, casebre liso- alisar
2) Nos sufixos -ês e -esa, ao indicarem nacionalidade, título ou origem
Exemplos:
burguês- burguesa inglês- inglesa
chinês- chinesa milanês- milanesa
3) Nos sufixos formadores de adjetivos -ense, -oso e -osa
Exemplos:
catarinense gostoso- gostosa amoroso- amorosa
palmeirense gasoso- gasosa teimoso- teimosa
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 226
4) Nos sufixos gregos -ese, -isa, -osa
Exemplos:
catequese, diocese, poetisa, profetisa, sacerdotisa, glicose, metamorfose, virose
5) Após ditongos
Exemplos:
coisa, pouso, lousa, náusea
6) Nas formas dos verbos pôr e querer, bem como em seus derivados
Exemplos:
pus, pôs, pusemos, puseram, pusera, pusesse, puséssemos quis, quisemos, quiseram, quiser, quisera, quiséssemos
repus, repusera, repusesse, repuséssemos
7) Nos seguintes nomes próprios personativos:
Baltasar, Heloísa, Inês, Isabel, Luís, Luísa, Resende, Sousa, Teresa, Teresinha, Tomás
8) Nos seguintes vocábulos:
abuso, asilo, através, aviso, besouro, brasa, cortesia, decisão,despesa, empresa, freguesia, fusível, maisena, mesada, paisagem, paraíso, pêsames, presépio, presídio, querosene, raposa, surpresa, tesoura, usura, vaso, vigésimo, visita, etc.
Emprega-se o Z:
1) Nas palavras derivadas de outras que já apresentam z no radical
Exemplos:
deslize- deslizar razão- razoável vazio- esvaziar
raiz- enraizar cruz-cruzeiro
2) Nos sufixos -ez, -eza, ao formarem substantivos abstratos a partir de adjetivos
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 227
Exemplos:
inválido- invalidez limpo-limpeza macio- maciez rígido- rigidez
frio- frieza nobre- nobreza pobre-pobreza surdo- surdez
3) Nos sufixos -izar, ao formar verbos e -ização, ao formar substantivos
Exemplos:
civilizar- civilização hospitalizar- hospitalização
colonizar- colonização realizar- realização
4) Nos derivados em -zal, -zeiro, -zinho, -zinha, -zito, -zita
Exemplos:
cafezal, cafezeiro, cafezinho, arvorezinha, cãozito, avezita
5) Nos seguintes vocábulos:
azar, azeite, azedo, amizade, buzina, bazar, catequizar, chafariz, cicatriz, coalizão, cuscuz, proeza, vizinho, xadrez, verniz, etc.
6) Nos vocábulos homófonos, estabelecendo distinção no contraste entre o S e o Z
Exemplos:
cozer (cozinhar) e coser (costurar) prezar( ter em consideração) e presar (prender) traz (forma do verbo trazer) e trás (parte posterior)
Observação: em muitas palavras, a letra X soa como Z. Veja os exemplos:
exame exato exausto exemplo existir exótico inexorável
Emprego de S, Ç, X e dos Dígrafos Sc, Sç, Ss, Xc, Xs
Existem diversas formas para a representação do fonema /S/. Observe:
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 228
Emprega-se o S:
Nos substantivos derivados de verbos terminados em "andir","ender", "verter" e
"pelir"
Exemplos:
expandir- expansão pretender- pretensão verter- versão expelir- expulsão
estender- extensão suspender- suspensão converter - conversão repelir- repulsão
Emprega-se Ç:
Nos substantivos derivados dos verbos "ter" e "torcer"
Exemplos:
ater- atenção torcer- torção
deter- detenção distorcer-distorção
manter- manutenção contorcer- contorção
Emprega-se o X:
Em alguns casos, a letra X soa como Ss
Exemplos:
auxílio, expectativa, experto, extroversão, sexta, sintaxe, texto, trouxe
Emprega-se Sc:
Nos termos eruditos
Exemplos:
acréscimo, ascensorista, consciência, descender, discente, fascículo, fascínio, imprescindível, miscigenação, miscível, plebiscito, rescisão, seiscentos, transcender, etc.
Emprega-se Sç:
Na conjugação de alguns verbos
Exemplos:
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 229
nascer- nasço, nasça crescer- cresço, cresça descer- desço, desça
Emprega-se Ss:
Nos substantivos derivados de verbos terminados em "gredir", "mitir", "ceder" e
"cutir"
Exemplos:
agredir- agressão demitir- demissão ceder- cessão discutir- discussão
progredir- progressão transmitir-
transmissão exceder- excesso
repercutir-
repercussão
Emprega-se o Xc e o Xs:
Em dígrafos que soam como Ss
Exemplos:exceção, excêntrico, excedente, excepcional, exsudar
Observações sobre o uso da letra X
1) O X pode representar os seguintes fonemas:
/ch/ - xarope, vexame
/cs/ - axila, nexo
/z/ - exame, exílio
/ss/ - máximo, próximo
/s/ - texto, extenso
2) Não soa nos grupos internos -xce- e -xci-
Exemplos: excelente, excitar
Emprego das letras E e I
Na língua falada, a distinção entre as vogais átonas /e/ e /i / pode não ser nítida. Observe:
Emprega-se o E:
1) Em sílabas finais dos verbos terminados em -oar, -uar
Exemplos:
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 230
magoar - magoe, magoes
continuar- continue, continues
2) Em palavras formadas com o prefixo ante- (antes, anterior)
Exemplos: antebraço, antecipar
3) Nos seguintes vocábulos:
cadeado, confete, disenteria, empecilho, irrequieto, mexerico, orquídea, etc.
Emprega-se o I :
1) Em sílabas finais dos verbos terminados em -air, -oer, -uir
Exemplos:
cair- cai
doer- dói
influir- influi
2) Em palavras formadas com o prefixo anti- (contra)
Exemplos:Anticristo, antitetânico
3) Nos seguintes vocábulos:
aborígine, artimanha, chefiar, digladiar, penicilina, privilégio, etc.
Emprego das letras O e U
Emprega-se o O/U:
A oposição o/u é responsável pela diferença de significado de algumas palavras. Veja os
exemplos:
comprimento (extensão) e cumprimento (saudação, realização)
soar (emitir som) e suar (transpirar)
Grafam-se com a letra O: bolacha, bússola, costume, moleque.
Grafam-se com a letra U: camundongo, jabuti, Manuel, tábua
Emprego da letra H
Esta letra, em início ou fim de palavras, não tem valor fonético. Conservou-se apenas como símbolo, por força da etimologia e da tradição escrita. A palavra hoje, por exemplo, grafa-se
desta forma devido a sua origem na forma latina hodie.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 231
Emprega-se o H:
1) Inicial, quando etimológico
Exemplos: hábito, hesitar, homologar, Horácio
2) Medial, como integrante dos dígrafos ch, lh, nh
Exemplos: flecha, telha, companhia
3) Final e inicial, em certas interjeições
Exemplos: ah!, ih!, eh!, oh!, hem?, hum!, etc.
4) Em compostos unidos por hífen, no início do segundo elemento, se etimológico
Exemplos: anti-higiênico, pré-histórico, super-homem, etc.
Observações:
1) No substantivo Bahia, o "h" sobrevive por tradição. Note que nos substantivos derivados comobaiano, baianada ou baianinha ele não é utilizado.
2) Os vocábulos erva, Espanha e inverno não possuem a letra "h" na sua composição. No entanto, seus derivados eruditos sempre são grafados com h. Veja:
herbívoro, hispânico, hibernal.
Emprego das Iniciais Maiúsculas e Minúsculas
1) Utiliza-se inicial maiúscula:
a) No começo de um período, verso ou citação direta.
Exemplos:
Disse o Padre Antonio Vieira: "Estar com Cristo em qualquer lugar, ainda que seja no
inferno, é estar no Paraíso."
"Auriverde pendão de minha terra, Que a brisa do Brasil beija e balança, Estandarte que à luz do sol encerra As promessas divinas da Esperança…"
(Castro Alves)
Observações:
- No início dos versos que não abrem período, é facultativo o uso da letra maiúscula.
Por Exemplo:
"Aqui, sim, no meu cantinho, vendo rir-me o candeeiro,
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gozo o bem de estar sozinho
e esquecer o mundo inteiro."
- Depois de dois pontos, não se tratando de citação direta, usa-se
letra minúscula.
Por Exemplo:
"Chegam os magos do Oriente, com suas dádivas: ouro, incenso, mirra." (Manuel Bandeira)
b) Nos antropônimos, reais ou fictícios.
Exemplos:Pedro Silva, Cinderela, D. Quixote.
c) Nos topônimos, reais ou fictícios.
Exemplos: Rio de Janeiro, Rússia, Macondo.
d) Nos nomes mitológicos.
Exemplos: Dionísio, Netuno.
e) Nos nomes de festas e festividades.
Exemplos:Natal, Páscoa, Ramadã.
f) Em siglas, símbolos ou abreviaturas internacionais.
Exemplos: ONU, Sr., V. Ex.ª.
g) Nos nomes que designam altos conceitos religiosos, políticos ou nacionalistas.
Exemplos:Igreja (Católica, Apostólica, Romana), Estado, Nação, Pátria, União, etc.
Observação: esses nomes escrevem-se com inicial minúscula quando são
empregados em sentido geral ou indeterminado.
Exemplo: Todos amam sua pátria.
Emprego FACULTATIVO de letra maiúscula:
a) Nos nomes de logradouros públicos, templos e edifícios.
Exemplos: Rua da Liberdade ou rua da Liberdade Igreja do Rosário ou igreja do Rosário Edifício Azevedo ou edifício Azevedo
2) Utiliza-se inicial minúscula:
a) Em todos os vocábulos da língua, nos usos correntes.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 233
Exemplos: carro, flor, boneca, menino, porta, etc.
b) Nos nomes de meses, estações do ano e dias da semana.
Exemplos: janeiro, julho, dezembro, etc. segunda, sexta, domingo, etc.
primavera, verão, outono, inverno
c) Nos pontos cardeais.
Exemplos: Percorri o país de norte a sul e de leste a oeste. Estes são os pontos colaterais: nordeste, noroeste, sudeste, sudoeste.
Observação: quando empregados em sua forma absoluta, os pontos cardeais são
grafados com letra maiúscula.
Exemplos: Nordeste (região do Brasil) Ocidente (europeu)
Oriente (asiático)
Lembre-se:
Depois de dois-pontos, não se tratando de
citação direta, usa-se letra minúscula.
Exemplo:
"Chegam os magos do Oriente, com suas dádivas:ouro, incenso, mirra." (Manuel Bandeira)
Emprego FACULTATIVO de letra minúscula:
a) Nos vocábulos que compõem uma citação bibliográfica.
Exemplos: Crime e Castigo ou Crime e castigo Grande Sertão: Veredas ou Grande sertão: veredas
Em Busca do Tempo Perdido ou Em busca do tempo perdido
b) Nas formas de tratamento e reverência, bem como em nomes sagrados e que
designam crenças religiosas.
Exemplos: Governador Mário Covas ou governador Mário Covas Papa João Paulo II ou papa João Paulo II Excelentíssimo Senhor Reitor ou excelentíssimo senhor reitor
Santa Maria ou santa Maria.
c) Nos nomes que designam domínios de saber, cursos e disciplinas.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 234
Exemplos: Português ou português Línguas e Literaturas Modernas ou línguas e literaturas modernas História do Brasil ou história do Brasil Arquitetura ou arquitetura
Notações Léxicas
Para representar os fonemas, muitas vezes há necessidade de recorrer a sinais gráficos denominados notações léxicas.
Emprego do Til
Til ( ~ )
O til sobrepõe-se sobre as letras a e o para indicar vogal nasal.
Pode aparecer em sílaba:
Tônica: balão, corações, maçã
Pretônica: balõezinhos, grã-fino
Átona: órgão, bênçãos
Outros Exemplos:Capitães, limão, mamão, bobão, chorão, devoções, põem, etc.
Observação:Se a sílaba onde figura o til for átona, acentua-se graficamente a sílaba predominante.
Por Exemplo: Órfãos, acórdão
Emprego do Apóstrofo
Apóstrofo ( ´ )
O uso deste sinal gráfico pode:
a) Indicar a supressão de uma vogal nos versos, por exigências métricas. Ocorre
principalmente entre poetas portugueses
Exemplos:
esp´rança (esperança) minh'alma (minha alma) 'stamos (estamos)
b) Reproduzir certas pronúncias populares
Exemplos:
Olh'ele aí...(Guimarães Rosa) Não s'enxerga, enxerido! (Peregrino Jr.)
c) Indicar a supressão da vogal da preposição de em certas palavras compostas
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 235
Exemplos:copo d´água, estrela d'alva, caixa d'água
1.2. NOÇÕES DE MORFOLOGIA: ELEMENTOS COMPOSICIONAIS DOS VOCÁBULOS,
PROCESSOS DE FORMAÇÃO VOCABULAR, CATEGORIAS GRAMATICAIS VARIÁVEIS,
FLEXÃO DAS PALAVRAS (GÊNERO, NÚMERO, PESSOA, TEMPO, MODO E VOZ)
MORFOLOGIA
Em linguística, Morfologia é o estudo da estrutura, da formação e da classificação das palavras. A peculiaridade da morfologia é estudar as palavras olhando para elas isoladamente e não dentro da sua participação na frase ou período. A morfologia está agrupada em dez classes, denominadas classes de palavras ou classes gramaticais. São elas: Substantivo,
Artigo, Adjetivo, Numeral, Pronome, Verbo, Advérbio, Preposição, Conjunção e Interjeição.
ESTRUTURA DAS PALAVRAS
Estudar a estrutura é conhecer os elementos formadores das palavras. Assim,
compreendemos melhor o significado de cada uma delas. Observe os exemplos abaixo:
art-ista brinc-a-mos cha-l-eira cachorr-inh-a-s
A análise destes exemplos mostra-nos que as palavras podem ser divididas em unidades menores, a que damos o nome de elementos mórficos ou morfemas.
Vamos analisar a palavra "cachorrinhas":
Nessa palavra observamos facilmente a existência de quatro elementos. São eles:
cachorr - este é o elemento base da palavra, ou seja, aquele que contém o significado.
inh - indica que a palavra é um diminutivo
a - indica que a palavra é feminina
s - indica que a palavra se encontra no plural
Morfemas: unidades mínimas de caráter significativo.
Obs.: existem palavras que não comportam divisão em unidades menores, tais como:
mar, sol, lua, etc.
São elementos mórficos:
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 236
1) Raiz, radical, tema: elementos básicos e significativos
2) Afixos (prefixos, sufixos), desinência, vogal temática: elementos modificadores da
significação dos primeiros
3) Vogal de ligação, consoante de ligação: elementos de ligação ou eufônicos.
Raiz
É o elemento originário e irredutível em que se concentra a significação das palavras, consideradas do ângulohistórico. É a raiz que encerra o sentido geral, comum às palavras da
mesma família etimológica. Observe o exemplo:
Raiz noc [Latim nocere = prejudicar] tem a significação geral de causar dano, e a ela se
prendem, pela origem comum, as palavras nocivo, nocividade, inocente, inocentar, inócuo, etc.
Obs.: uma raiz pode sofrer alterações. Veja o exemplo:
at-o
at-or
at-ivo
aç-ão
ac-ionar
Radical
Observe o seguinte grupo de palavras:
livr- o
livr- inho
livr- eiro
livr- eco
Você reparou que há um elemento comum nesse grupo?
Você reparou que o elemento livr serve de base para o significado? Esse elemento é
chamado de radical (ou semantema).
Radical: elemento básico e significativo das palavras, consideradas sob o aspecto gramatical e prático. É encontrado através do despojo dos elementos secundários (quando houver) da
palavra.
Por Exemplo:
cert-o cert-eza in-cert-eza
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Afixos
Afixos são elementos secundários (geralmente sem vida autônoma) que se agregam a um
radical ou tema para formar palavras derivadas. Sabemos que o acréscimo do morfema "-mente", por exemplo, cria uma nova palavra a partir de "certo": certamente, advérbio de modo. De maneira semelhante, o acréscimo dos morfemas "a-" e "-ar" à forma "cert-" cria o verbo acertar. Observe que a- e -ar são morfemas capazes de operar mudança de classe
gramatical na palavra a que são anexados. Quando são colocados antes do radical, como acontece com "a-", os afixos recebem o nome de prefixos. Quando, como "-ar", surgem depois do radical, os afixos são chamados
de sufixos. Veja os exemplos:
Prefixo Radical Sufixo
in at ivo
em pobr ecer
inter nacion al
Desinências
Desinências são os elementos terminais indicativos das flexões das palavras. Existem dois
tipos:
Desinências Nominais: indicam as flexões de gênero (masculino e feminino) e
de número (singular e plural) dos nomes.
Exemplos:
alun-o aluno-s
alun-a aluna-s
Observação: só podemos falar em desinências nominais de gêneros e de números em palavras que admitem tais flexões, como nos exemplos acima. Em palavras como mesa, tribo, telefonema, por exemplo, não temos desinência nominal de gênero.
Já em pires, lápis, ônibus não temos desinência nominal de número.
Desinências Verbais: indicam as flexões de número e pessoa e de modo e tempo dos
verbos.
Exemplos:
compr-o compra-s compra-mos compra-is compra-m
compra-va compra-va-s
A desinência "-o", presente em "am-o", é uma desinência número-pessoal, pois indica que o verbo está na primeira pessoa do singular; "-va", de "ama-va", é desinência modo-temporal:
caracteriza uma forma verbal do pretérito imperfeito do indicativo, na 1ª conjugação.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 238
Vogal Temática
Vogal Temática é a vogal que se junta ao radical, preparando-o para receber as desinências.
Nos verbos, distinguem-se três vogais temáticas:
A
Caracteriza os verbos da 1ª conjugação.
Exemplos:
buscar, buscavas, etc.
E
Caracteriza os verbos da 2ª conjugação.
Exemplos:
romper, rompemos, etc.
I
Caracteriza os verbos da 3ª conjugação.
Exemplos:
proibir, proibirá, etc.
Tema
Tema é o grupo formado pelo radical mais vogal temática. Nos verbos citados acima, os
temas são:
busca-, rompe-, proibi-
Vogais e Consoantes de Ligação
As vogais e consoantes de ligação são morfemas que surgem por motivos eufônicos, ou seja, para facilitar ou mesmo possibilitar a pronúncia de uma determinada palavra.
Exemplo:
parisiense (paris= radical, ense=sufixo, vogal de ligação=i)
Outros exemplos:
gas-ô-metro, alv-i-negro, tecn-o-cracia, pau-l-ada, cafe-t-eira, cha-l-eira, inset-i-cida, pe-z-inho, pobr-e-tão, etc.
Formação das Palavras
Existem dois processos básicos pelos quais se formam as palavras: a derivação e a composição. A diferença entre ambos consiste basicamente em que, no processo de derivação, partimos sempre de um único radical, enquanto no processo de composição
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 239
sempre haverá mais de um radical.
Derivação
Derivação é o processo pelo qual se obtém uma palavra nova, chamada derivada, a partir de outra já existente, chamada primitiva. Observe o quadro abaixo:
Primitiva Derivada
mar marítimo, marinheiro,
marujo
terra enterrar, terreiro, aterrar
Observamos que "mar" e "terra" não se formam de nenhuma outra palavra, mas, ao contrário, possibilitam a formação de outras, por meio do acréscimo de um sufixo ou prefixo. Logo, mar
e terra são palavras primitivas, e as demais, derivadas.
Tipos de Derivação
Derivação Prefixal ou Prefixação
Resulta do acréscimo de prefixo à palavra primitiva, que tem o seu significado alterado. Veja
os exemplos:
crer- descrer ler- reler capaz- incapaz
Derivação Sufixal ou Sufixação
Resulta de acréscimo de sufixo à palavra primitiva, que pode sofrer alteração de significado
ou mudança de classe gramatical.
Por Exemplo:alfabetização
No exemplo acima, o sufixo -ção transforma em substantivo o verbo alfabetizar. Este, por
sua vez, já é derivado do substantivo alfabeto pelo acréscimo do sufixo -izar.
A derivação sufixal pode ser:
a) Nominal, formando substantivos e adjetivos.
Por Exemplo:
papel - papelaria riso - risonho
b) Verbal, formando verbos.
Por Exemplo:
atual - atualizar
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c) Adverbial, formando advérbios de modo.
Por Exemplo:
feliz - felizmente
Derivação Parassintética ou Parassíntese
Ocorre quando a palavra derivada resulta do acréscimo simultâneo de prefixo e sufixo à
palavra primitiva. Por meio da parassíntese formam-se nomes (substantivos e adjetivos) e
verbos.
Considere o adjetivo " triste". Do radical "trist-" formamos o verbo entristecer através da junção simultânea do prefixo "en-" e do sufixo "-ecer". A presença de apenas um desses afixos não é suficiente para formar uma nova palavra, pois em nossa língua não existem as
palavras "entriste", nem "tristecer".
Exemplos:
Palavra Inicial
Prefixo Radical Sufixo Palavra
Formada
mudo e mud ecer emudecer
alma des alm ado desalmado
Atenção!
Não devemos confundir derivação parassintética, em que o acréscimo de sufixo e de prefixo é obrigatoriamente simultâneo, com casos como os das palavras desvalorização e desigualdade. Nessas palavras, os afixos são acoplados em sequência: desvalorização provém de desvalorizar, que provém devalorizar, que por
sua vez provém de valor.
É impossível fazer o mesmo com palavras formadas por parassíntese: não se pode dizer que expropriarprovém de "propriar" ou de "expróprio", pois tais palavras não existem. Logo, expropriar provém diretamente de próprio, pelo acréscimo concomitante de prefixo e sufixo.
erivação Regressiva
Ocorre derivação regressiva quando uma palavra é formada não por acréscimo, mas por redução.
Exemplos:
comprar (verbo) beijar (verbo)
compra (substantivo) beijo (substantivo)
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Saiba que:
Para descobrirmos se um substantivo deriva de um verbo ou se ocorre o contrário, podemos seguir a seguinte orientação:
- Se o substantivo denota ação, será palavra derivada, e
o verbo palavra primitiva.
- Se o nome denota algum objeto ou
substância, verifica-se o contrário.
Vamos observar os exemplos acima: compra e beijo indicam ações, logo,
são palavras derivadas. O mesmo não ocorre, porém, com a palavra âncora, que é
um objeto. Neste caso, um substantivo primitivo que dá origem ao
verbo ancorar.
Por derivação regressiva, formam-se basicamente substantivos a partir de verbos. Por isso, recebem o nome de substantivos deverbais. Note que na linguagem popular, são
frequentes os exemplos de palavras formadas por derivação regressiva. Veja:
o portuga (de português) o boteco (de botequim)
o comuna (de comunista)
Ou ainda:
agito (de agitar) amasso (de amassar)
chego (de chegar)
Obs.: o processo normal é criar um verbo a partir de um substantivo. Na derivação regressiva, a língua procede em sentido inverso: forma o substantivo a partir do verbo.
Derivação Imprópria
A derivação imprópria ocorre quando determinada palavra, sem sofrer qualquer acréscimo ou supressão em sua forma, muda de classe gramatical. Neste processo:
1) Os adjetivos passam a substantivos
Por Exemplo:
Os bons serão contemplados.
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2) Os particípios passam a substantivos ou adjetivos
Por Exemplo:
Aquele garoto alcançou um feito passando no concurso.
3) Os infinitivos passam a substantivos
Por Exemplo:
O andar de Roberta era fascinante. O badalar dos sinos soou na cidadezinha.
4) Os substantivos passam a adjetivos
Por Exemplo:
O funcionário fantasma foi despedido. O menino prodígio resolveu o problema.
5) Os adjetivos passam a advérbios
Por Exemplo:
Falei baixo para que ninguém escutasse.
6) Palavras invariáveis passam a substantivos
Por Exemplo:
Não entendo o porquê disso tudo.
7) Substantivos próprios tornam-se comuns.
Por Exemplo:
Aquele coordenador é um caxias! (chefe severo e exigente)
Observação: os processos de derivação vistos anteriormente fazem parte da Morfologia porque implicam alterações na forma das palavras. No entanto, a derivação imprópria lida basicamente com seu significado, o que acaba caracterizando um processo semântico. Por essa razão, entendemos o motivo pelo qual é denominada
"imprópria".
Composição
Composição é o processo que forma palavras compostas, a partir da junção de dois ou mais
radicais. Existem dois tipos:
Composição por Justaposição
Ao juntarmos duas ou mais palavras ou radicais, não ocorre alteração fonética.
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Exemplos:
passatempo, quinta-feira, girassol, couve-flor
Obs.: em "girassol" houve uma alteração na grafia (acréscimo de um "s") justamente para manter inalterada a sonoridade da palavra.
Composição por Aglutinação
Ao unirmos dois ou mais vocábulos ou radicais, ocorre supressão de um ou mais de seus
elementos fonéticos.
Exemplos:
embora (em boa hora) fidalgo (filho de algo - referindo-se à família nobre) hidrelétrico (hidro + elétrico) planalto (plano alto)
Obs.: ao aglutinarem-se, os componentes subordinam-se a um só acento tônico, o do último componente.
Redução
Algumas palavras apresentam, ao lado de sua forma plena, uma forma reduzida. Observe:
auto - por automóvel cine - por cinema micro - por microcomputador Zé - por José
Como exemplo de redução ou simplificação de palavras, podem ser citadas também as siglas, muito frequentes na comunicação atual. (Se desejar, veja mais sobre siglas na
seção "Extras" -> Abreviaturas e Siglas)
Hibridismo
Ocorre hibridismo na palavra em cuja formação entram elementos de línguas diferentes.
Por Exemplo:auto (grego) + móvel (latim)
Onomatopeia
Numerosas palavras devem sua origem a uma tendência constante da fala humana para imitar as vozes e os ruídos da natureza. As onomatopeias são vocábulos que reproduzem
aproximadamente os sons e as vozes dos seres.
Exemplos:miau, zum-zum, piar, tinir, urrar, chocalhar, cocoricar, etc.
Prefixos
Os prefixos são morfemas que se colocam antes dos radicais basicamente a fim de modificar-lhes o sentido; raramente esses morfemas produzem mudança de classe gramatical.
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Os prefixos ocorrentes em palavras portuguesas se originam do latim e do grego, línguas em que funcionavam como preposições ou advérbios, logo, como vocábulos autônomos. Alguns prefixos foram pouco ou nada produtivos em português. Outros, por sua vez, tiveram grande utilidade na formação de novas palavras. Veja os exemplos:
a- , contra- , des- , em- (ou en-) , es- , entre- re- , sub- , super- , anti-
Prefixos de Origem Grega
a-, an-: Afastamento, privação, negação, insuficiência, carência. Exemplos:
anônimo, amoral, ateu, afônico
ana- : Inversão, mudança, repetição. Exemplos:
analogia, análise, anagrama, anacrônico
anfi- : Em redor, em torno, de um e outro lado, duplicidade. Exemplos:
anfiteatro, anfíbio, anfibologia
anti- : Oposição, ação contrária. Exemplos:
antídoto, antipatia, antagonista, antítese
apo- : Afastamento, separação. Exemplos:
apoteose, apóstolo, apocalipse, apologia
arqui-, arce- : Superioridade hierárquica, primazia, excesso. Exemplos:
arquiduque,arquétipo, arcebispo, arquimilionário
cata- : Movimento de cima para baixo. Exemplos:
cataplasma, catálogo, catarata
di-: Duplicidade. Exemplos:
dissílabo, ditongo, dilema
dia- : Movimento através de, afastamento. Exemplos:
diálogo, diagonal, diafragma, diagrama
dis- : Dificuldade, privação. Exemplos :
dispneia, disenteria, dispepsia, disfasia
ec-, ex-, exo-, ecto- : Movimento para fora. Exemplos:
eclipse, êxodo, ectoderma, exorcismo
en-, em-, e-: Posição interior, movimento para dentro. Exemplos:
encéfalo, embrião, elipse, entusiasmo
endo- : Movimento para dentro. Exemplos:
endovenoso, endocarpo, endosmose
epi- : Posição superior, movimento para. Exemplos:
epiderme, epílogo, epidemia, epitáfio
eu- : Excelência, perfeição, bondade. Exemplos:
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eufemismo, euforia, eucaristia, eufonia
hemi- : Metade, meio. Exemplos:
hemisfério, hemistíquio, hemiplégico
hiper- : Posição superior, excesso. Exemplos:
hipertensão, hipérbole, hipertrofia
hipo- : Posição inferior, escassez. Exemplos:
hipocrisia, hipótese, hipodérmico
meta- : Mudança, sucessão. Exemplos:
metamorfose, metáfora, metacarpo
para- : Proximidade, semelhança, intensidade. Exemplos:
paralelo, parasita, paradoxo, paradigma
peri- : Movimento ou posição em torno de. Exemplos:
periferia, peripécia, período, periscópio
pro- : Posição em frente, anterioridade. Exemplos:
prólogo, prognóstico, profeta, programa
pros- : Adjunção, em adição a. Exemplos:
prosélito, prosódia
proto- : Início, começo, anterioridade. Exemplos:
proto-história, protótipo, protomártir
poli- : Multiplicidade. Exemplos:
polissílabo, polissíndeto, politeísmo
sin-, sim- : Simultaneidade, companhia. Exemplos:
síntese, sinfonia, simpatia, sinopse
tele- : Distância, afastamento. Exemplos:
televisão, telepatia, telégrafo
Prefixos de Origem Latina
a-, ab-, abs- : Afastamento, separação. Exemplos:
aversão, abuso, abstinência, abstração
a-, ad- : Aproximação, movimento para junto. Exemplos:
adjunto,advogado, advir, aposto
ante- : Anterioridade, procedência. Exemplos:
antebraço, antessala, anteontem, antever
ambi- : Duplicidade. Exemplos:
ambidestro, ambiente, ambiguidade, ambivalente
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ben(e)-, bem- : Bem, excelência de fato ou ação. Exemplos:
benefício, bendito
bis-, bi-: Repetição, duas vezes. Exemplos:
bisneto, bimestral, bisavô, biscoito
circu(m) - : Movimento em torno. Exemplos:
circunferência, circunscrito, circulação
cis- : Posição aquém. Exemplos:
cisalpino, cisplatino, cisandino
co-, con-, com- : Companhia, concomitância. Exemplos:
colégio, cooperativa, condutor
contra- : Oposição. Exemplos:
contrapeso, contrapor, contradizer
de- : Movimento de cima para baixo, separação, negação. Exemplos:
decapitar, decair, depor
de(s)-, di(s)- : Negação, ação contrária, separação. Exemplos:
desventura, discórdia, discussão
e-, es-, ex- : Movimento para fora. Exemplos:
excêntrico, evasão, exportação, expelir
en-, em-, in- : Movimento para dentro, passagem para um estado ou forma, revestimento. Exemplos:
imergir, enterrar, embeber, injetar, importar
extra- : Posição exterior, excesso. Exemplos:
extradição, extraordinário, extraviar
i-, in-, im- : Sentido contrário, privação, negação. Exemplos:
ilegal, impossível, improdutivo
inter-, entre- : Posição intermediária. Exemplos:
internacional, interplanetário
intra- : Posição interior. Exemplos:
- intramuscular, intravenoso, intraverbal
intro- : Movimento para dentro. Exemplos:
introduzir, introvertido, introspectivo
justa- : Posição ao lado. Exemplos:
justapor, justalinear
ob-, o- : Posição em frente, oposição. Exemplos:
obstruir, ofuscar, ocupar, obstáculo
per- : Movimento através. Exemplos:
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percorrer, perplexo, perfurar, perverter
pos- : Posterioridade. Exemplos:
pospor, posterior, pós-graduado
pre- : Anterioridade . Exemplos:
prefácio, prever, prefixo, preliminar
pro- : Movimento para frente. Exemplos:
progresso, promover, prosseguir, projeção
re- : Repetição, reciprocidade. Exemplos:
rever, reduzir, rebater, reatar
retro- : Movimento para trás. Exemplos:
retrospectiva, retrocesso, retroagir, retrógrado
so-, sob-, sub-, su- : Movimento de baixo para cima, inferioridade. Exemplos:
soterrar, sobpor, subestimar
super-, supra-, sobre- : Posição superior, excesso. Exemplos:
supercílio, supérfluo
soto-, sota- : Posição inferior. Exemplos:
soto-mestre, sota-voga, soto-pôr
trans-, tras-, tres-, tra- : Movimento para além, movimento através. Exemplos:
transatlântico, tresnoitar, tradição
ultra- : Posição além do limite, excesso. Exemplos:
ultrapassar, ultrarromantismo, ultrassom, ultraleve, ultravioleta
vice-, vis- : Em lugar de. Exemplos:
vice-presidente, visconde, vice-almirante
Quadro de Correspondência entre Prefixos Gregos e Latinos
PREFIXOSGREGOS PREFIXOS
LATINOS SIGNIFICADO EXEMPLOS
a, an des, in privação, negação anarquia, desigual, inativo
anti contra oposição, ação contrária antibiótico, contraditório
anfi ambi duplicidade, de um e outro lado,
em torno
anfiteatro, ambivalente
apo ab afastamento, separação apogeu, abstrair
di bi(s) duplicidade dissílabo, bicampeão
dia, meta trans movimento através diálogo, transmitir
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e(n)(m) i(n)(m)(r) movimento para dentro encéfalo, ingerir, irromper
endo intra movimento para dentro, posição
interior
endovenoso, intramuscular
e(c)(x) e(s)(x) movimento para fora, mudança de
estado
êxodo, excêntrico, estender
epi, super, hiper supra posição superior, excesso epílogo, supervisão, hipérbole,
supradito
eu bene excelência, perfeição, bondade eufemismo, benéfico
hemi semi divisão em duas partes hemisfério, semicírculo
hipo sub posição inferior hipodérmico, submarino
para ad proximidade, adjunção paralelo, adjacência
peri circum em torno de periferia, circunferência
cata de movimento para baixo catavento, derrubar
si(n)(m) cum simultaneidade, companhia sinfonia, silogeu, cúmplice
Sufixos
Sufixos são elementos (isoladamente insignificativos) que, acrescentados a um radical,
formam nova palavra. Sua principal característica é a mudança de classe gramatical que geralmente opera. Dessa forma, podemos utilizar o significado de um verbo num contexto em
que se deve usar um substantivo, por exemplo.
Como o sufixo é colocado depois do radical, a ele são incorporadas as desinências que indicam as flexões das palavras variáveis. Existem dois grupos de sufixos formadores de substantivos extremamente importantes para o funcionamento da língua. São os que formam nomes de ação e os que formam nomes de agente.
Sufixos que formam nomes de ação
-ada - caminhada -ez(a) - sensatez, beleza
-ança - mudança -ismo - civismo
-ância - abundância -mento - casamento
-ção - emoção -são - compreensão
-dão - solidão -tude - amplitude
-ença - presença -ura - formatura
Sufixos que formam nomes de agente
-ário(a) -secretário -or - lutador
-eiro(a) - ferreiro -nte - feirante
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-ista - manobrista
Além dos sufixos acima, tem-se:
Sufixos que formam nomes de lugar, depositório
-aria - churrascaria -or - corredor
-ário - herbanário -tério - cemitério
-eiro - açucareiro -tório - dormitório
-il - covil
Sufixos que formam nomes indicadores de abundância, aglomeração, coleção
>-aço - ricaço -ario(a) - casario, infantaria
-ada - papelada -edo - arvoredo
-agem - folhagem -eria - correria
-al - capinzal -io - mulherio
-ame - gentame -ume - negrume
Sufixos que formam nomes técnicos usados na ciência
-ite bronquite, hepatite (inflamação)
-oma mioma, epitelioma, carcinoma (tumores)
-ato, eto, ito sulfato, cloreto, sulfito (sais)
-ina cafeína, codeína (alcaloides, álcalis artificiais)
-ol fenol, naftol (derivado de hidrocarboneto)
-ite amotite (fósseis)
-ito granito (pedra)
-ema morfema, fonema, semema,
semantema (ciência linguística)
-io - sódio, potássio, selênio (corpos simples)
Sufixo que forma nomes de religião, doutrinas filosóficas, sistemas políticos
-ismo
budismo
kantismo
comunismo
SUFIXOS FORMADORES DE ADJETIVOS
a) de substantivos
-aco - maníaco -ento - cruento
-ado - barbado -eo - róseo
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-áceo(a) - herbáceo, liláceas -esco - pitoresco
-aico - prosaico -este - agreste
-al - anual -estre - terrestre
-ar - escolar -ício - alimentício
-ário - diário, ordinário -ico - geométrico
-ático - problemático -il - febril
-az - mordaz -ino - cristalino
-engo - mulherengo -ivo - lucrativo
-enho - ferrenho -onho - tristonho
-eno - terreno -oso - bondoso
-udo - barrigudo
b) de verbos
SUFIXO SENTIDO EXEMPLIFICAÇÃO
-(a)(e)(i)nte ação, qualidade, estado semelhante, doente, seguinte
-(á)(í)vel possibilidade de praticar ou sofrer uma ação louvável, perecível, punível
-io, -(t)ivo ação referência, modo de ser tardio, afirmativo, pensativo
-(d)iço, -(t)ício possibilidade de praticar ou sofrer uma ação, referência movediço, quebradiço, factício
-(d)ouro,-(t)ório ação, pertinência casadouro, preparatório
SUFIXOS ADVERBIAIS
Na Língua Portuguesa, existe apenas um único sufixo adverbial: É o sufixo "-mente", derivado do substantivo feminino latino mens, mentis que pode significar "a mente, o
espírito, o intento".Este sufixo juntou-se a adjetivos, na forma feminina, para indicar circunstâncias, especialmente a de modo.
Exemplos: altiva-mente, brava-mente, bondosa-mente, nervosa-mente, fraca-mente, pia-mente
Já os advérbios que se derivam de adjetivos terminados em –ês (burgues-mente, portugues-mente, etc.) não seguem esta regra, pois esses adjetivos eram outrora uniformes.
Exemplos:cabrito montês / cabrita montês.
SUFIXOS VERBAIS
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Os sufixos verbais agregam-se, via de regra, ao radical de substantivos e adjetivos para formar novos verbos.
Em geral, os verbos novos da língua formam-se pelo acréscimo da terminação-ar.
Exemplos:esqui-ar; radiograf-ar; (a)doç-ar; nivel-ar; (a)fin-ar; telefon-ar; (a)portugues-ar.
Os verbos exprimem, entre outras ideias, a prática de ação. Veja:
-ar: cruzar, analisar, limpar
-ear: guerrear, golear
-entar: afugentar, amamentar
-ficar: dignificar, liquidificar
-izar: finalizar, organizar
Observe este quadro de sufixos verbais:
SUFIXOS SENTIDO EXEMPLOS
-ear frequentativo, durativo cabecear, folhear
-ejar frequentativo, durativo gotejar, velejar
-entar factitivo aformosentar, amolentar
-(i)ficar factitivo clarificar, dignificar
-icar frequentativo-diminutivo bebericar, depenicar
-ilhar frequentativo-diminutivo dedilhar, fervilhar
-inhar frequentativo-diminutivo-pejorativo escrevinhar, cuspinhar
-iscar frequentativo-diminutivo chuviscar, lambiscar
-itar frequentativo-diminutivo dormitar, saltitar
-izar factitivo civilizar, utilizar
Observações:
Verbo Frequentativo: é aquele que traduz ação repetida.
Verbo Factitivo: é aquele que envolve ideia de fazer ou causar.
Verbo Diminutivo: é aquele que exprime ação pouco intensa.
Radicais Gregos
O conhecimento dos radicais gregos é de indiscutível importância para a exata compreensão e fácil memorização de inúmeras palavras. Apresentamos a seguir duas relações de radicais gregos. A primeira agrupa os elementos formadores que normalmente são colocados no início dos compostos, a segunda agrupa aqueles que costumam surgir na parte final.
Radicais que atuam como primeiro elemento
Forma Sentido Exemplos
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Aéros- ar Aeronave
Ánthropos- homem Antropófago
Autós- de si mesmo Autobiografia
Bíblion- livro Biblioteca
Bíos- vida Biologia
Chróma- cor Cromático
Chrónos- tempo Cronômetro
Dáktyilos- dedo Dactilografia
Déka- dez Decassílabo
Démos- povo Democracia
Eléktron- (âmbar) eletricidade Eletroímã
Ethnos- raça Etnia
Géo- terra Geografia
Héteros- outro Heterogêneo
Hexa- seis Hexágono
Híppos- cavalo Hipopótamo
Ichthýs- peixe Ictiografia
Ísos- igual Isósceles
Líthos- pedra Aerólito
Makrós- grande, longo Macróbio
Mégas- grande Megalomaníaco
Mikrós- pequeno Micróbio
Mónos- um só Monocultura
Nekrós- morto Necrotério
Néos- novo Neolatino
Odóntos- dente Odontologia
Ophthalmós- olho Oftalmologia
Ónoma- nome Onomatopeia
Orthós- reto, justo Ortografia
Pan- todos, tudo Pan-americano
Páthos- doença Patologia
Penta- cinco Pentágono
Polýs- muito Poliglota
Pótamos- rio Hipopótamo
Pséudos- falso Pseudônimo
Psiché- alma, espírito Psicologia
Riza- raiz Rizotônico
Techné- arte Tecnografia
Thermós- quente Térmico
Tetra- quatro Tetraedro
Týpos- figura, marca Tipografia
Tópos- lugar Topografia
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Zóon- Animal Zoologia
Radicais que atuam como segundo elemento:
Forma Sentido Exemplos
-agogós Que conduz Pedagogo
álgos Dor Analgésico
-arché Comando, governo Monarquia
-dóxa Que opina Ortodoxo
-drómos Lugar para correr Hipódromo
-gámos Casamento Poligamia
-glótta; -glóssa Língua Poliglota, glossário
-gonía Ângulo Pentágono
-grápho Escrita Ortografia
-grafo Que escreve Calígrafo
-grámma Escrito, peso Telegrama, quilograma
-krátos Poder Democracia
-lógos Palavra, estudo Diálogo
-mancia Adivinhação Cartomancia
-métron Que mede Quilômetro
-morphé Que tem a forma Morfologia
-nómos Que regula Autônomo
-pólis; Cidade Petrópolis
-pterón Asa Helicóptero
-skopéo Instrumento para ver Microscópio
-sophós Sabedoria Filosofia
-théke Lugar onde se guarda Biblioteca
Radicais Latinos
Radicais que atuam como primeiro elemento:
Forma Sentido Exemplo
Agri Campo Agricultura
Ambi Ambos Ambidestro
Arbori- Árvore Arborícola
Bis-, bi- Duas vezes Bípede, bisavô
Calori- Calor Calorífero
Cruci- cruz Crucifixo
Curvi- curvo Curvilíneo
Equi- igual Equilátero, equidistante
Ferri-, ferro- ferro Ferrífero, ferrovia
Loco- lugar Locomotiva
Morti- morte Mortífero
Multi- muito Multiforme
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Olei-, oleo- Azeite, óleo Oleígeno, oleoduto
Oni- todo Onipotente
Pedi- pé Pedilúvio
Pisci- peixe Piscicultor
Pluri- Muitos, vários Pluriforme
Quadri-, quadru- quatro Quadrúpede
Reti- reto Retilíneo
Semi- metade Semimorto
Tri- Três Tricolor
Radicais que atuam como segundo elemento:
Forma Sentido Exemplos
-cida Que mata Suicida, homicida
-cola Que cultiva, ou habita Arborícola, vinícola, silvícola
-cultura Ato de cultivar Piscicultura, apicultura
-fero Que contém, ou produz Aurífero, carbonífero
-fico Que faz, ou produz Benefício, frigorífico
-forme Que tem forma de Uniforme, cuneiforme
-fugo Que foge, ou faz fugir Centrífugo, febrífugo
-gero Que contém, ou produz Belígero, armígero
-paro Que produz Ovíparo, multíparo
-pede Pé Velocípede, palmípede
-sono Que soa Uníssono, horríssono
-vomo Que expele Ignívomo, fumívomo
-voro Que come Carnívoro, herbívoro
SUBSTANTIVO
Tudo o que existe é ser e cada ser tem um nome. Substantivo é a classe gramatical de
palavras variáveis, as quais denominam os seres. Além de objetos, pessoas e fenômenos, os substantivos também nomeiam:
-lugares: Alemanha, Porto Alegre...
-sentimentos: raiva, amor...
-estados: alegria, tristeza...
-qualidades: honestidade, sinceridade...
-ações: corrida, pescaria...
Morfossintaxe do substantivo
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Nas orações de língua portuguesa, o substantivo em geral exerce funções diretamente relacionadas com o verbo: atua como núcleo do sujeito, dos complementos verbais (objeto direto ou indireto) e do agente da passiva. Pode ainda funcionar como núcleo do complemento nominal ou do aposto, como núcleo do predicativo do sujeito ou do objeto ou como núcleo do vocativo. Também encontramos substantivos como núcleos de adjuntos adnominais e de adjuntos adverbiais - quando essas funções são desempenhadas por grupos de palavras.
Você sabia que a palavra substantivo também pode ser um adjetivo?
Reproduzimos a seguir o verbete substantivo, do Dicionário de usos do português do Brasil, de Francisco S. Borba. Observe que as quatro primeiras acepções se referem à palavra em
sua atuação como adjetivo.
Substantivo Adj [Qualificador de nome não animado]
1- que tem substância ou essência: destacava-se entre os homens hábeis daquele país o hábito de fazer uma conversa prosseguir horas a fio, sem que a proposta substantiva ganhasse clara configuração (REP); se olham as coisas não pelos resultados
substantivos(VEJ);
2- essencial; profundo: eu te amo por você mesma, de um modo substantivo e positivo(LC)
3- fundamental; essencial: o submarino foi um elemento adjetivo na I Guerra Mundial e
substantivo na II Guerra (VEJ)
4- que equivale a um substantivo, ou que o traz implícito: onde é que está a ideia substantiva no meio desses adjetivos?(CNT) . Nm
5- palavra que por si só designa a substância, ou seja, um ser real ou metafísico; palavra com que se nomeiam os seres, atos ou conceitos; nome: Há-kodesh é na origem um substantivo
feminino (VEJ); Planctus era um particípio passado e não um substantivo (ACM)
Classificação dos Substantivos
1- Substantivos Comuns e Próprios
Observe a definição:
s.f. 1: Povoação maior que vila, com muitas casas e edifícios, dispostos em ruas e avenidas (no Brasil, toda a sede de município é cidade). 2. O centro de uma cidade (em oposição aos bairros).
Qualquer "povoação maior que vila, com muitas casas e edifícios, dispostos em ruas e avenidas" será chamada cidade. Isso significa que a palavra cidade é um
substantivo comum.
Substantivo Comum: é aquele que designa os seres de uma mesma espécie de forma
genérica.
Por exemplo: cidade, menino, homem, mulher, país, cachorro.
Estamos voando para Barcelona.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 256
O substantivo Barcelona designa apenas um ser da espécie cidade. Esse substantivo é próprio.
Substantivo Próprio: é aquele que designa os seres de uma mesma espécie de forma
particular.
Por exemplo:Londres, Paulinho, Pedro, Tietê, Brasil.
2 - Substantivos Concretos e Abstratos
LÂMPADA
MALA
Os substantivos lâmpada e mala designam seres com existência própria, que são independentes de outros seres. São assim, substantivos concretos.
Substantivo Concreto: é aquele que designa o ser que existe, independentemente de outros
seres.
Obs.: os substantivos concretos designam seres do mundo real e do mundo imaginário.
Seres do mundo real: homem, mulher, cadeira, cobra, Brasília, etc.
Seres do mundo imaginário: saci, mãe-d'água, fantasma, etc.
Observe agora:
Beleza exposta
Jovens atrizes veteranas destacam-se pelo visual.
O substantivo beleza designa uma qualidade.
Substantivo Abstrato: é aquele que designa seres que dependem de outros para se
manifestar ou existir.
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Pense bem: a beleza não existe por si só, não pode ser observada. Só podemos observar a beleza numa pessoa ou coisa que seja bela. A beleza depende de outro ser para se manifestar. Portanto, a palavra beleza é um substantivo abstrato.
Os substantivos abstratos designam estados, qualidades, ações e sentimentos dos seres, dos
quais podem ser abstraídos, e sem os quais não podem existir.
Por exemplo: vida (estado), rapidez (qualidade), viagem (ação), saudade (sentimento).
3 - Substantivos Coletivos
Ele vinha pela estrada e foi picado por uma abelha, outra abelha, mais outra abelha.
Ele vinha pela estrada e foi picado por várias abelhas.
Ele vinha pela estrada e foi picado por um enxame.
Note que, no primeiro caso, para indicar plural, foi necessário repetir o substantivo: uma abelha, outra abelha, mais outra abelha...
No segundo caso, utilizaram-se duas palavras no plural.
No terceiro caso, empregou-se um substantivo no singular (enxame) para designar um conjunto de seres da mesma espécie (abelhas).
O substantivo enxame é um substantivo coletivo.
Substantivo Coletivo: é o substantivo comum que, mesmo estando no singular, designa um
conjunto de seres da mesma espécie.
Principais Substantivos e Suas Formas Coletivas:
abelha - enxame, cortiço, colmeia;
abutre - bando;
acompanhante - comitiva, cortejo, séquito;
alho - (quando entrelaçados) réstia, enfiada, cambada;
aluno - classe;
amigo - (quando em assembleia) tertúlia;
animal - (em geral) piara, pandilha, (todos de uma região) fauna, (manada de cavalgaduras) récua, récova, (de carga) tropa, (de carga, menos de 10) lote, (de raça, para reprodução) plantel, (ferozes ou selvagens) alcateia;
anjo - chusma, coro, falange, legião, teoria;
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 258
apetrecho - (quando de profissionais) ferramenta, instrumental;
aplaudidor - (quando pagos) claque;
arcabuzeiro - batalhão, manga, regimento;
argumento - carrada, monte, montão, multidão;
arma - (quando tomadas dos inimigos) troféu;
arroz - batelada;
artista - (quando trabalham juntos) companhia, elenco;
árvore - (quando em linha) alameda, carreira, rua, souto, (quando constituem maciço) arvoredo, bosque, (quando altas, de troncos retos a aparentar parque artificial) malhada;
asneira - acervo, chorrilho, enfiada, monte;
asno - manada, récova, récua;
assassino - choldra, choldraboldra;
assistente - assistência;
astro - (quando reunidos a outros do mesmo grupo) constelação;
ator - elenco;
autógrafo - (quando em lista especial de coleção) álbum;
ave - (quando em grande quantidade) bando, nuvem;
avião - esquadrão, esquadra, esquadrilha;
bala - saraiva, saraivada;
bandoleiro - caterva, corja, horda, malta, súcia, turba;
bêbado - corja, súcia, farândola;
boi - boiada, abesana, armento, cingel, jugada, jugo, junta, manada, rebanho, tropa;
bomba - bateria;
borboleta - boana, panapaná;
botão - (de qualquer peça de vestuário) abotoadura, (quando em fileira) carreira;
burro - (em geral) lote, manada, récua, tropa, (quando carregado) comboio;
busto - (quando em coleção) galeria;
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 259
cabelo - (em geral) chumaço, guedelha, madeixa, (conforme a separação) marrafa, trança;
cabo - cordame, cordoalha, enxárcia;
cabra - fato, malhada, rebanho;
cadeira - (quando dispostas em linha) carreira, fileira, linha, renque;
cálice - baixela;
cameleiro - caravana;
camelo - (quando em comboio) cáfila;
caminhão - frota;
canção - (quando reunidas em livro) cancioneiro, (quando populares de uma região) folclore;
canhão - bateria;
cantilena - salsada;
cão - adua, cainçalha, canzoada, chusma, matilha;
capim - feixe, braçada, paveia;
cardeal - (em geral) sacro colégio, (quando reunidos para a eleição do papa) conclave,
(quando reunidos sob a direção do papa) consistório;
carneiro - chafardel, grei, malhada, oviário, rebanho;
carro - (quando unidos para o mesmo destino) comboio, composição, (quando em desfile)
corso;
carta - (em geral) correspondência;
casa - (quando unidas em forma de quadrados) quarteirão, quadra;
castanha - (quando assadas em fogueira) magusto;
cavalariano - (de cavalaria militar) piquete;
cavaleiro - cavalgada, cavalhada, tropel;
cavalgadura - cáfila, manada, piara, récova, récua, tropa, tropilha;
cavalo - manada, tropa;
cebola - (quando entrelaçadas pelas hastes) cambada, enfiada, réstia;
cédula - bolada, bolaço;
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 260
chave - (quando num cordel ou argola) molho, penca;
célula - (quando diferenciadas igualmente) tecido;
cereal - (em geral) fartadela, fartão, fartura, (quando em feixes) meda, moreia;
cigano - bando, cabilda, pandilha;
cliente - clientela, freguesia;
coisa - (em geral) coisada, coisarada, ajuntamento, chusma, coleção, cópia, enfiada, (quando
antigas e em coleção ordenada) museu, (quando em lista de anotação) rol, relação, (em quantidade que se pode abranger com os braços) braçada, (quando em série) sequência,
série, sequela, coleção, (quando reunidas e sobrepostas) monte, montão, cúmulo;
coluna - colunata, renque;
cônego - cabido;
copo - baixela;
corda - (em geral) cordoalha, (quando no mesmo liame) maço, (de navio) enxárcia, cordame,
massame, cordagem;
correia - (em geral) correame, (de montaria) apeiragem;
credor - junta, assembleia;
crença - (quando populares) folclore;
crente - grei, rebanho;
depredador - horda;
deputado - (quando oficialmente reunidos) câmara, assembleia;
desordeiro - caterva, corja, malta, pandilha, súcia, troça, turba;
diabo - legião;
dinheiro - bolada, bolaço, disparate;
disco - discoteca;
doze - (coisas ou animais) dúzia;
ébrio - Ver bêbado;
égua - Ver cavalo;
elefante - manada;
erro - barda;
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 261
escravo - (quando da mesma morada) senzala, (quando para o mesmo destino) comboio,
(quando aglomerados) bando;
escrito - (quando em homenagem a homem ilustre) polianteia, (quando literários) analectos,
antologia, coletânea, crestomatia, espicilégio, florilégio, seleta;
espectador - (em geral) assistência, auditório, plateia, (quando contratados para aplaudir)
claque;
espiga - (quando atadas) amarrilho, arregaçada, atado, atilho, braçada, fascal, feixe, gavela,
lio, molho, paveia;
estaca - (quando fincadas em forma de cerca) paliçada;
estado - (quando unidos em nação) federação, confederação, república;
estampa - (quando selecionadas) iconoteca, (quando explicativas) atlas;
estátua - (quando selecionadas) galeria;
estrela - (quando cientificamente agrupadas) constelação, (quando em quantidade) acervo,
(quando em grande quantidade) miríade;
estudante - (quando da mesma escola) classe, turma, (quando em grupo cantam ou tocam)
estudantina, (quando em excursão dão concertos) tuna, (quando vivem na mesma casa)
república;
fazenda - (quando comerciáveis) sortimento;
feiticeiro - (quando em assembleia secreta) conciliábulo;
feno - braçada, braçado;
filme - filmoteca, cinemoteca;
fio - (quando dobrado) meada, mecha, (quando metálicos e reunidos em feixe) cabo;
flecha - (quando caem do ar, em porção) saraiva, saraivada;
flor - (quando atadas) antologia, arregaçada, braçada, fascículo, feixe, festão, capela,
grinalda, ramalhete, buquê, (quando no mesmo pedúnculo) cacho;
foguete - (quando agrupados em roda ou num travessão) girândola;
força naval - armada;
força terrestre - exército;
formiga - cordão, correição, formigueiro;
frade - (quanto ao local em que moram) comunidade, convento;
frase - (quando desconexas) apontoado;
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 262
freguês - clientela, freguesia;
fruta - (quando ligadas ao mesmo pedúnculo) cacho, (quanto à totalidade das colhidas num
ano) colheita, safra;
fumo - malhada;
gafanhoto - nuvem, praga;
garoto - cambada, bando, chusma;
gato - cambada, gatarrada, gataria;
gente - (em geral) chusma, grupo, multidão, (quando indivíduos reles) magote, patuleia,
poviléu;
grão - manípulo, manelo, manhuço, manojo, manolho, maunça, mão, punhado;
graveto - (quando amarrados) feixe;
gravura - (quando selecionadas) iconoteca;
habitante - (em geral) povo, população, (quando de aldeia, de lugarejo) povoação;
herói - falange;
hiena - alcateia;
hino - hinário;
ilha - arquipélago;
imigrante - (quando em trânsito) leva, (quando radicados) colônia;
índio - (quando formam bando) maloca, (quando em nação) tribo;
instrumento - (quando em coleção ou série) jogo, ( quando cirúrgicos) aparelho, (quando de
artes e ofícios) ferramenta, (quando de trabalho grosseiro, modesto) tralha;
inseto - (quando nocivos) praga, (quando em grande quantidade) miríade, nuvem, (quando
se deslocam em sucessão) correição;
javali - alcateia, malhada, vara;
jornal - hemeroteca;
jumento - récova, récua;
jurado - júri, conselho de sentença, corpo de jurados;
ladrão - bando, cáfila, malta, quadrilha, tropa, pandilha;
lâmpada - (quando em fileira) carreira, (quando dispostas numa espécie de lustre)
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lampadário;
leão - alcateia;
lei - (quando reunidas cientificamente) código, consolidação, corpo, (quando colhidas aqui e
ali) compilação;
leitão - (quando nascidos de um só parto) leitegada;
livro - (quando amontoados) chusma, pilha, ruma, (quando heterogêneos) choldraboldra,
salgalhada, (quando reunidos para consulta) biblioteca, (quando reunidos para venda) livraria,
(quando em lista metódica) catálogo;
lobo - alcateia, caterva;
macaco - bando, capela;
malfeitor - (em geral) bando, canalha, choldra, corja, hoste, joldra, malta, matilha, matula,
pandilha, (quando organizados) quadrilha, sequela, súcia, tropa;
maltrapilho - farândola, grupo;
mantimento - (em geral) sortimento, provisão, (quando em saco, em alforge) matula, farnel,
(quando em cômodo especial) despensa;
mapa - (quando ordenados num volume) atlas, (quando selecionados) mapoteca;
máquina - maquinaria, maquinismo;
marinheiro - marujada, marinhagem, companha, equipagem, tripulação;
médico - (quando em conferência sobre o estado de um enfermo) junta;
menino - (em geral) grupo, bando, (depreciativamente) chusma, cambada;
mentira - (quando em sequência) enfiada;
mercadoria - sortimento, provisão;
mercenário - mesnada;
metal - (quando entra na construção de uma obra ou artefato) ferragem;
ministro - (quando de um mesmo governo) ministério, (quando reunidos oficialmente)
conselho;
montanha - cordilheira, serra, serrania;
mosca - moscaria, mosquedo;
móvel - mobília, aparelho, trem;
música - (quanto a quem a conhece) repertório;
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 264
músico - (quando com instrumento) banda, charanga, filarmônica, orquestra;
nação - (quando unidas para o mesmo fim) aliança, coligação, confederação, federação, liga,
união;
navio - (em geral) frota, (quando de guerra) frota, flotilha, esquadra, armada, marinha,
(quando reunidos para o mesmo destino) comboio;
nome - lista, rol;
nota - (na acepção de dinheiro) bolada, bolaço, maço, pacote, (na acepção de produção
literária, científica) comentário;
objeto - Ver coisa;
onda - (quando grandes e encapeladas) marouço;
órgão - (quando concorrem para uma mesma função) aparelho, sistema;
orquídea - (quando em viveiro) orquidário;
osso - (em geral) ossada, ossaria, ossama, (quando de um cadáver) esqueleto;
ouvinte - auditório;
ovelha - (em geral) rebanho, grei, chafardel, malhada, oviário;
ovo - (os postos por uma ave durante certo tempo) postura, (quando no ninho) ninhada;
padre - clero, clerezia;
palavra - (em geral) vocabulário, (quando em ordem alfabética e seguida de significação)
dicionário, léxico, (quando proferidas sem nexo) palavrório;
pancada - pancadaria;
pantera - alcateia;
papel - (quando no mesmo liame) bloco, maço, (em sentido lato, de folhas ligadas e em
sentido estrito, de 5 folhas) caderno, (5 cadernos) mão, (20 mãos) resma, (10 resmas) bala;
parente - (em geral) família, parentela, parentalha, (em reunião) tertúlia;
partidário - facção, partido, torcida;
partido político - (quando unidos para um mesmo fim) coligação, aliança, coalizão, liga;
pássaro - passaredo, passarada;
passarinho - nuvem, bando;
pau - (quando amarrados) feixe, (quando amontoados) pilha, (quando fincados ou unidos em
cerca) bastida, paliçada;
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peça - (quando devem aparecer juntas na mesa) baixela, serviço, (quando artigos comerciáveis, em volume para transporte) fardo, (em grande quantidade) magote, (quando pertencentes à artilharia) bateria, (de roupas, quando enroladas) trouxa, (quando pequenas e cosidas umas às outras para não se extraviarem na lavagem) apontoado, (quando literárias) antologia, florilégio, seleta, silva, crestomatia, coletânea, miscelânea;
peixe - (em geral e quando na água) cardume, (quando miúdos) boana, (quando em viveiro)
aquário, (quando em fileira) cambada, espicha, enfiada, (quando à tona) banco, manta;
pena - (quando de ave) plumagem;
pessoa - (em geral) aglomeração, banda, bando, chusma, colmeia, gente, legião, leva, maré,
massa, mó, mole, multidão, pessoal, roda, rolo, troço, tropel, turba, turma, (quando reles) corja, caterva, choldra, farândola, récua, súcia, (quando em serviço, em navio ou avião) tripulação, (quando em acompanhamento solene) comitiva, cortejo, préstito, procissão, séquito, teoria, (quando ilustres) plêiade, pugilo, punhado, (quando em promiscuidade) cortiço, (quando em passeio) caravana, (quando em assembleia popular) comício, (quando reunidas para tratar de um assunto) comissão, conselho, congresso, conclave, convênio, corporação, seminário, (quando sujeitas ao mesmo estatuto) agremiação, associação, centro,
clube, grêmio, liga, sindicato, sociedade;
pilha - (quando elétricas) bateria;
planta - (quando frutíferas) pomar, (quando hortaliças, legumes) horta, (quando novas, para
replanta) viveiro, alfobre, tabuleiro, (quando de uma região) flora, (quando secas, para classificação) herbário;
ponto - (de costura) apontoado;
porco - (em geral) manada, persigal, piara, vara, (quando do pasto) vezeira;
povo - (nação) aliança, coligação, confederação, liga;
prato - baixela, serviço, prataria;
prelado - (quando em reunião oficial) sínodo;
prisioneiro - (quando em conjunto) leva, (quando a caminho para o mesmo destino) comboio;
professor - corpo docente, professorado, congregação;
quadro - (quando em exposição) pinacoteca, galeria;
querubim - coro, falange, legião;
recruta - leva, magote;
religioso - clero regular;
roupa - (quando de cama, mesa e uso pessoal) enxoval, (quando envoltas para lavagem)
trouxa;
salteador - caterva, corja, horda, quadrilha;
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selo - coleção;
serra - (acidente geográfico) cordilheira;
soldado - tropa, legião;
trabalhador - (quando reunidos para um trabalho braçal) rancho, (quando em trânsito) leva;
tripulante - equipagem, guarnição, tripulação;
utensílio - (quando de cozinha) bateria, trem, (quando de mesa) aparelho, baixela;
vadio - cambada, caterva, corja, mamparra, matula, súcia;
vara - (quando amarradas) feixe, ruma;
velhaco - súcia, velhacada.
Obs.: na maioria dos casos, a forma coletiva se constrói mediante a adaptação do sufixo conveniente: arvoredo (de árvores), cabeleira (de cabelos), freguesia (de fregueses), palavratório (de palavras), professorado (de professores), tapeçaria (de
tapetes), etc.
Formação dos Substantivos
4 - Substantivos Simples e Compostos
Chuva subst. Fem. 1 - água caindo em gotas sobre a terra.
O substantivo chuva é formado por um único elemento ou radical. É um substantivo simples.
Substantivo Simples: é aquele formado por um único elemento.
Outros substantivos simples: tempo, sol, sofá, etc.
Veja agora:O substantivo guarda-chuva é formado por dois elementos (guarda + chuva). Esse substantivo é composto.
Substantivo Composto: é aquele formado por dois ou mais elementos.
Outros exemplos: beija-flor, passatempo.
5-Substantivos Primitivos e Derivados
Veja:Meu limão meu limoeiro,
meu pé de jacarandá..
O substantivo limão é primitivo, pois não se originou de nenhum outro dentro de língua
portuguesa.
Substantivo Primitivo: é aquele que não deriva de nenhuma outra palavra da própria língua
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portuguesa.
O substantivo limoeiro é derivado, pois se originou a partir da palavra limão.
Substantivo Derivado: é aquele que se origina de outra palavra.
FLEXÃO DOS SUBSTANTIVOS
O substantivo é uma classe variável. A palavra é variável quando sofre flexão (variação). A palavra menino, por exemplo, pode sofrer variações para indicar:
Plural: meninos
Feminino: menina
Aumentativo: meninão
Diminutivo: menininho
Flexão de Gênero
Gênero é a propriedade que as palavras têm de indicar sexo real ou fictício dos seres. Na
língua portuguesa, há dois gêneros: masculino e feminino.
Pertencem ao gênero masculino os substantivos que podem vir precedidos dos artigos o, os,
um, uns. Veja estes títulos de filmes:
- O velho e o mar
- Um Natal inesquecível
- Os reis da praia
Pertencem ao gênero feminino os substantivos que podem vir precedidos dos artigos a, as,
uma, umas:
A história sem fim
Uma cidade sem passado
As tartarugas ninjas
Substantivos Biformes e Substantivos Uniformes
Substantivos Biformes (= duas formas): ao indicar nomes de seres vivos, geralmente o gênero da palavra está relacionado ao sexo do ser, havendo, portanto, duas formas, uma
para o masculino e outra para o feminino.
Observe:gato - gata
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homem - mulher
poeta - poetisa
prefeito - prefeita
Substantivos Uniformes: são aqueles que apresentam uma única forma, que serve tanto para
o masculino quanto para o feminino. Classificam-se em:
Epicenos: têm um só gênero e nomeiam bichos.
Por exemplo:a cobra macho e a cobra fêmea, o jacaré macho e o jacaré fêmea.
Sobrecomuns: têm um só gênero e nomeiam pessoas.
Por exemplo:a criança, a testemunha, a vítima, o cônjuge, o gênio, o ídolo, o indivíduo.
Comuns de Dois Gêneros: indicam o sexo das pessoas por meio do artigo.
Por exemplo:o colega e a colega, o doente e a doente, o artista e a artista.
Saiba que:- Substantivos de origem grega terminados em ema ou oma, são masculinos.
Por exemplo:o axioma, o fonema, o poema, o sistema, o sintoma, o teorema.
- Existem certos substantivos que, variando de gênero, variam em seu significado.
Por exemplo:
o rádio (aparelho receptor) e a rádio (estação emissora) o capital (dinheiro) e a capital (cidade)
Pó tem sexo?
O uso das palavras masculino e feminino costuma provocar confusão entre a categoria gramatical de gênero e a característica biológica dos sexos. Para evitar essa confusão, observe que definimos gênero como um fato relacionado com a concordância das palavras: pó, por exemplo, é um substantivo masculino pela concordância que estabelece com o artigo o, e não porque se possa pensar num possível comportamento sexual das partículas de poeira. Só faz sentido relacionar o gênero ao sexo quando se trata de palavras que designam pessoas e animais, como os pares professor/professora ou gato/gata.Ainda assim, essa relação não é obrigatória, pois há palavras que, mesmo pertencendo exclusivamente a um único gênero, podem indicar seres do sexo masculino ou feminino. É o caso de criança, do gênero feminino, que pode designar seres dos dois sexos.
Formação do Feminino dos Substantivos Biformes
a) Regra geral: troca-se a terminação -o por -a.
Por exemplo:aluno - aluna
b) Substantivos terminados em -ês: acrescenta-se -a ao masculino.
Por exemplo:freguês - freguesa
c) Substantivos terminados em -ão: fazem o feminino de três formas:
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 269
- troca-se -ão por -oa.
Por exemplo:
patrão - patroa
- troca-se -ão por -ã.
Por exemplo:
campeão - campeã
-troca-se -ão por ona.
Por exemplo:
solteirão - solteirona
Exceções:
barão - baronesa ladrão- ladra sultão - sultana
d) Substantivos terminados em -or:
- acrescenta-se -a ao masculino.
Por exemplo:
doutor - doutora
- troca-se -or por -triz:
imperador - imperatriz
e) Substantivos com feminino em -esa, -essa, -isa:
-esa - -essa- -isa-
cônsul - consulesa abade - abadessa poeta - poetisa
duque - duquesa conde - condessa profeta - profetisa
f) Substantivos que formam o feminino trocando o -e final por -a:
elefante - elefanta
g) Substantivos que têm radicais diferentes no masculino e no feminino:
bode - cabra boi - vaca
h) Substantivos que formam o feminino de maneira especial, isto é, não seguem nenhuma
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 270
das regras anteriores:
czar - czarina réu – ré
Formação do Feminino dos Substantivos Uniformes
Epicenos:
Observe:
Novo jacaré escapa de policiais no rio Pinheiros.
Não é possível saber o sexo do jacaré em questão. Isso ocorre porque o substantivo jacaré tem apenas uma forma para indicar o masculino e o feminino.
Alguns nomes de animais apresentam uma só forma para designar os dois sexos. Esses substantivos são chamados de epicenos. No caso dos epicenos, quando houver a
necessidade de especificar o sexo, utilizam-se palavras macho e fêmea.
Por exemplo: a cobra
A cobra macho picou o marinheiro.
A cobra fêmea escondeu-se na bananeira.
Sobrecomuns:
Entregue as crianças à natureza.
A palavra crianças refere-se tanto a seres do sexo masculino, quanto a seres do sexo
feminino.
Nesse caso, nem o artigo nem um possível adjetivo permitem identificar o sexo dos seres a
que se refere a palavra. Veja:
A criança chorona chamava-se João. A criança chorona chamava-se Maria.
Outros substantivos sobrecomuns:
a criatura João é uma boa criatura.
Maria é uma boa criatura.
o cônjuge O cônjuge de João faleceu.
O cônjuge de Marcela faleceu
Comuns de Dois Gêneros:
Observe a manchete:
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 271
Motorista tem acidente idêntico 23 anos depois.
Quem sofreu o acidente: um homem ou uma mulher?
É impossível saber apenas pelo título da notícia, uma vez que a palavra motorista é um
substantivo uniforme. O restante da notícia nos informa que se trata de um homem.
A distinção de gênero pode ser feita através da análise do artigo ou adjetivo, quando acompanharem o substantivo.
Exemplos:
o colega - a colega o imigrante - a imigrante um jovem - uma jovem artista famoso - artista famosa repórter francês - repórter francesa
Substantivos de Gênero Incerto
Existem numerosos substantivos de gênero incerto e flutuante, sendo usados com a mesma
significação, ora como masculinos, ora como femininos.
a abusão erro comum, superstição, crendice
a aluvião sedimentos deixados pelas águas, inundação, grande numero
a cólera ou cólera-morbo doença infecciosa
a personagem pessoa importante, pessoa que figura numa história
a trama intriga, conluio, maquinação, cilada
a xerox (ou xérox) cópia xerográfica, xerocópia
o ágape refeição que os cristãos faziam em comum, banquete de confraternização
o caudal torrente, rio
o diabetes ou diabete doença
o jângal floresta própria da Índia
o lhama mamífero ruminante da família dos camelídeos
o ordenança soldado às ordens de um oficial
o praça soldado raso
o preá pequeno roedor
Note que:
1. A palavra personagem é usada indistintamente nos dois gêneros. a) Entre os escritores modernos nota-se acentuada preferência pelo masculino: Por exemplo: O menino descobriu nas nuvens os personagens dos contos de carochinha.
b) Com referência a mulher, deve-se preferir o feminino:
O problema está nas mulheres de mais idade, que não aceitam a personagem.
Não cheguei assim, nem era minha intenção, a criar uma personagem.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 272
2. Ordenança, praça (soldado) e sentinela (soldado, atalaia) são sentidos e usados na língua
atual, como masculinos, por se referirem, ordinariamente, a homens.
3. Diz-se: o (ou a) manequim Marcela, o (ou a) modelo fotográfico Ana Belmonte.
Observe o gênero dos substantivos seguintes:
Masculinos
Femininos
o tapa o eclipse o lança-perfume o dó (pena) o sanduíche o clarinete o champanha o sósia o maracajá
o clã o hosana o herpes o pijama o suéter o soprano o proclama o pernoite o púbis
a dinamite a áspide a derme a hélice a alcíone a filoxera a clâmide a omoplata a cataplasma
a pane a mascote a gênese a entorse a libido a cal a faringe a cólera (doença) a ubá (canoa)
São geralmente masculinos os substantivos de origem grega terminados em -ma:
o grama (peso) o quilograma o plasma o apostema o diagrama
o epigrama o telefonema o estratagema o dilema o teorema
o apotegma o trema o eczema o edema o magma
o anátema o estigma o axioma o tracoma o hematoma
Exceções: a cataplama, a celeuma, a fleuma, etc.
Gênero dos Nomes de Cidades:
Salvo raras exceções, nomes de cidades são femininos.
Por exemplo: A histórica Ouro preto. A dinâmica São Paulo. A acolhedora Porto Alegre. Uma Londres imensa e triste.
Exceções: o Rio de Janeiro, o Cairo, o Porto, o Havre.
Gênero e Significação:
Muitos substantivos têm uma significação no masculino e outra no feminino. Observe:
o baliza (soldado que, que à frente da tropa, indica os movimentos que se deve realizar em conjunto; o que vai à frente de um bloco carnavalesco, manejando um bastão)
a baliza (marco, estaca; sinal que marca um limite ou proibição de trânsito)
o cabeça (chefe) a cabeça (parte do corpo)
o cisma (separação religiosa, dissidência) a cisma (ato de cismar, desconfiança)
o cinza (a cor cinzenta) a cinza (resíduos de combustão)
o capital (dinheiro) a capital (cidade)
o coma (perda dos sentidos) a coma (cabeleira)
o coral (pópilo, a cor vermelha, canto em coro) a coral (cobra venenosa)
o crisma (óleo sagrado, usado na administração da crisma e de outros sacramentos)
a crisma (sacramento da confirmação)
o cura (pároco) a cura (ato de curar)
o estepe (pneu sobressalente) a estepe (vasta planície de vegetação)
o guia (pessoa que guia outras) a guia (documento, pena grande das asas das aves)
o grama (unidade de peso) a grama (relva)
o caixa (funcionário da caixa) a caixa (recipiente, setor de pagamentos)
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o lente (professor) a lente (vidro de aumento)
o moral (ânimo) a moral (honestidade, bons costumes, ética)
o nascente (lado onde nasce o Sol) a nascente (a fonte)
o maria-fumaça (trem como locomotiva a vapor) a maria-fumaça (locomotiva movida a vapor)
o pala (poncho) a pala (parte anterior do boné ou quépe, anteparo)
o rádio (aparelho receptor) a rádio (estação emissora)
o voga (remador) a voga (moda, popularidade)
Flexão de Número do Substantivo
Em português, há dois números gramaticais:
O singular, que indica um ser ou um grupo de seres;
O plural, que indica mais de um ser ou grupo de seres.
A característica do plural é o s final.
Plural dos Substantivos Simples
a) Os substantivos terminados em vogal, ditongo oral e n fazem o plural pelo acréscimo
de s.
Por exemplo:
pai - pais ímã - ímãs hífen - hifens (sem acento, no plural).
Exceção: cânon - cânones.
b) Os substantivos terminados em m fazem o plural em ns.
Por exemplo:homem - homens.
c) Os substantivos terminados em r e z fazem o plural pelo acréscimo de es.
Por exemplo:
revólver - revólveres raiz - raízes
Atenção: O plural de caráter é caracteres.
d) Os substantivos terminados em al, el, ol, ul flexionam-se no plural, trocando o l por is.
Por exemplo:
quintal - quintais caracol - caracóis hotel - hotéis
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 274
Exceções: mal e males, cônsul e cônsules.
e) Os substantivos terminados em il fazem o plural de duas maneiras:
- Quando oxítonos, em is.
Por exemplo:
canil - canis
- Quando paroxítonos, em eis.
Por exemplo:
míssil - mísseis.
Obs.: a palavra réptil pode formar seu plural de duas maneiras:
répteis ou reptis (pouco usada).
f) Os substantivos terminados em s fazem o plural de duas maneiras:
- Quando monossilábicos ou oxítonos, mediante o acréscimo de es.
Por exemplo:
ás - ases retrós - retroses
- Quando paroxítonos ou proparoxítonos, ficam invariáveis.
Por exemplo:
o lápis - os lápis o ônibus - os ônibus.
g) Os substantivos terminados em ão fazem o plural de três maneiras.
- substituindo o -ão por -ões:
Por exemplo:
ação - ações
- substituindo o -ão por -ães:
Por exemplo:
cão - cães
- substituindo o -ão por -ãos:
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Por exemplo:
grão - grãos
h) Os substantivos terminados em x ficam invariáveis.
Por exemplo:
o látex - os látex.
Plural dos Substantivos Compostos
A formação do plural dos substantivos compostos depende da forma como são grafados, do tipo de palavras que formam o composto e da relação que estabelecem entre si. Aqueles que são grafados sem hífen comportam-se como os substantivos simples:
aguardente e aguardentes girassol e girassóis
pontapé e pontapés malmequer e malmequeres
O plural dos substantivos compostos cujos elementos são ligados por hífen costuma provocar
muitas dúvidas e discussões. Algumas orientações são dadas a seguir:
a) Flexionam-se os dois elementos, quando formados de:
substantivo + substantivo = couve-flor e couves-flores substantivo + adjetivo = amor-perfeito e amores-perfeitos adjetivo + substantivo = gentil-homem e gentis-homens numeral + substantivo = quinta-feira e quintas-feiras
b) Flexiona-se somente o segundo elemento, quando formados de:
verbo + substantivo = guarda-roupa e guarda-roupas palavra invariável + palavra variável = alto-falante e alto-falantes
palavras repetidas ou imitativas = reco-reco e reco-recos
c) Flexiona-se somente o primeiro elemento, quando formados de:
substantivo + preposição clara + substantivo = água-de-colônia e águas-de-colônia
substantivo + preposição oculta + substantivo = cavalo-vapor e cavalos-vapor
substantivo + substantivo que funciona como determinante do primeiro, ou seja, especifica a
função ou o tipo do termo anterior.
Exemplos:
palavra-chave - palavras-chave bomba-relógio - bombas-relógio notícia-bomba - notícias-bomba homem-rã - homens-rã peixe-espada - peixes-espada
d) Permanecem invariáveis, quando formados de:
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verbo + advérbio = o bota-fora e os bota-fora verbo + substantivo no plural = o saca-rolhas e os saca-rolhas
e) Casos Especiais
o louva-a-deus e os louva-a-deus
o bem-te-vi e os bem-te-vis
o bem-me-quer e os bem-me-queres
o joão-ninguém e os joões-ninguém.
Plural das Palavras Substantivadas
As palavras substantivadas, isto é, palavras de outras classes gramaticais usadas como substantivo, apresentam, no plural, as flexões próprias dos substantivos.
Por exemplo: Pese bem os prós e os contras. O aluno errou na prova dos noves. Ouça com a mesma serenidade os sins e os nãos.
Obs.: numerais substantivados terminados em -s ou -z não variam no plural. Por exemplo:
Nas provas mensais consegui muitos seis e alguns dez.
Plural dos Diminutivos
Flexiona-se o substantivo no plural, retira-se o s final e acrescenta-se o sufixo diminutivo.
pãe(s) + zinhos animai(s) + zinhos botõe(s) + zinhos chapéu(s) + zinhos farói(s) + zinhos tren(s) + zinhos colhere(s) + zinhas flore(s) + zinhas
pãezinhos animaizinhos botõezinhos chapeuzinhos faroizinhos trenzinhos colherezinhas florezinhas
mão(s) + zinhas papéi(s) + zinhos nuven(s) + zinhas funi(s) + zinhos túnei(s) + zinhos pai(s) + zinhos pé(s) + zinhos pé(s) + zitos
mãozinhas papeizinhos nuvenzinhas funizinhos tuneizinhos paizinhos pezinhos pezitos
Obs.: são anômalos os plurais pastorinhos(as), papelinhos, florzinhas, florinhas, colherzinhas e mulherzinhas, correntes na língua popular, e usados até por escritores de renome.
Plural dos Nomes Próprios Personativos
Devem-se pluralizar os nomes próprios de pessoas sempre que a terminação se preste à flexão.
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Por exemplo:
Os Napoleões também são derrotados. As Raquéis e Esteres.
Plural dos Substantivos Estrangeiros
Substantivos ainda não aportuguesados devem ser escritos como na língua original, acrecentando-se-lhes um s (exceto quando terminam em s ou z).
Por exemplo:
os shows os shorts os jazz
Substantivos já aportuguesados flexionam-se de acordo com as regras de
nossa língua:
Por exemplo: os clubes
os chopes
os jipes
os esportes
as toaletes
os bibelôs
os garçons
os réquiens
Observe o exemplo:
Este jogador faz gols toda vez que joga.
O plural correto seria gois (ô), mas não se usa.
Plural com Mudança de Timbre
Certos substantivos formam o plural com mudança de timbre da vogal tônica (o fechado / o aberto). É um fato fonético chamado metafonia.
Singular Plural Singular Plural
corpo (ô) esforço fogo forno fosso imposto olho
corpos (ó) esforços fogos fornos fossos impostos olhos
osso (ô) ovo poço porto posto rogo tijolo
ossos (ó) ovos poços portos postos rogos tijolos
Têm a vogal tônica fechada (ô): adornos, almoços, bolsos, esposos, estojos, globos, gostos, polvos, rolos, soros, etc.
Obs.: distinga-se molho (ô), caldo (molho de carne), de molho (ó), feixe (molho de lenha).
Particularidades sobre o Número dos Substantivos
a) Há substantivos que só se usam no singular:
Por exemplo:
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o sul, o norte, o leste, o oeste, a fé, etc.
b) Outros só no plural:
Por exemplo:
as núpcias, os víveres, os pêsames, as espadas/os paus (naipes de baralho), as fezes.
c) Outros, enfim, têm, no plural, sentido diferente do singular:
Por exemplo:
bem (virtude) e bens (riquezas)
honra (probidade, bom nome) e honras (homenagem, títulos)
d) Usamos às vezes, os substantivos no singular mas com sentido de plural:
Por exemplo:
Aqui morreu muito negro. Celebraram o sacrifício divino muitas vezes em capelas improvisadas. Juntou-se ali uma população de retirantes que, entre homem, mulher e menino, ia bem cinquenta mil."
Flexão de Grau do Substantivo
Grau é a propriedade que as palavras têm de exprimir as variações de tamanho dos seres.
Classifica-se em:
Grau Normal - Indica um ser de tamanho considerado normal. Por exemplo: casa
Grau Aumentativo - Indica o aumento do tamanho do ser. Classifica-se em: Analítico = o substantivo é acompanhado de um adjetivo que indica grandeza. Por exemplo: casa grande.
Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indicador de aumento. Por exemplo: casarão.
Grau Diminutivo - Indica a diminuição do tamanho do ser. Pode ser: Analítico = substantivo acompanhado de um adjetivo que indica pequenez. Por exemplo: casa pequena. Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indicador de diminuição.
Por exemplo: casinha.
Amigão é amigo grande ou grande amigo?
No uso efetivo da língua, as formas sintéticas de indicação de grau são normalmente empregadas para conferir valores afetivos ao seres nomeados pelos substantivos. Observe formas como amigão, partidão, bandidaço; mulheraço, livrinho, ladrãozinho, rapazola, futebolzinho - em todas elas, o que interessa é transmitir dados como carinho, admiração, ironia ou desprezo, e não noções ligadas ao tamanho físico dos seres nomeados.
Substantivos na leitura e produção de textos
Saber nomear com precisão os seres e conceitos de que pretendemos tratar quando falamos ou redigimos é, obviamente, um fator de eficiência em nosso trabalho. Nesse sentido, conhecer os substantivos e refletir sobre os sentidos e significados que exprimem em situações de interações entre substantivos abstratos, verbos e adjetivos cognatos nos oferecem a possibilidade de reelaborar frases e
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estruturas oracionais em busca das mais adequadas a determinada necessidade ou estratégia comunicativa.
Conhecer os mecanismos de flexão dos substantivos é fundamental para o estabelecimento da concordância nas frases e orações de nossos textos orais ou escritos. No que diz respeito à indicação de grau, insistimos no valor afetivo que o aumentativo e o diminutivo formados por sufixação costumam transmitir: esse valor afetivo não é explorado apenas na língua coloquial, mas também na língua literária. As formas diminutivas e aumentativas são exploradas expressivamente por poetas e prosadores.
Além disso, os substantivos desempenham um papel importantíssimo nos mecanismos de coesão e coerência textuais. É normalmente por meio de um substantivo que se apresenta pela primeira vez, num texto, o ser, ato ou conceito de que vamos tratar. Depois disso, utilizam-se substantivos que mantêm, com esse primeiro, relações variáveis de significado, num processo de retomada que é parte importante da progressão textual. Por meio desse processo, delimita-se ou expande-se a abrangência do sentido dos conceitos analisados. Ao mesmo tempo, com a seleção vocabular, evidencia-se o ponto de vista do produtor do texto sobre o tema tratado.
ARTIGO
Artigo é a palavra que, vindo antes de um substantivo, indica se ele está sendo empregado
de maneira definida ou indefinida. Além disso, o artigo indica, ao mesmo tempo, o gênero e o número dos substantivos.
Classificação dos Artigos
Artigos Definidos: determinam os substantivos de maneira precisa: o, a, os, as.
Por exemplo:Eu matei o animal.
Artigos Indefinidos: determinam os substantivos de maneira vaga: um, uma, uns, umas.
Por exemplo:Eu matei um animal.
Combinação dos Artigos
É muito presente a combinação dos artigos definidos e indefinidos com preposições. Este quadro apresenta a forma assumida por essas combinações:
Preposições Artigos
o, os a, as um, uns uma, umas
a ao, aos à, às - -
de do, dos da, das dum, duns duma, dumas
em no, nos na, nas num, nuns numa, numas
por (per) pelo, pelos pela, pelas - -
- As formas à e às indicam a fusão da preposição a com o artigo definido a. Essa fusão de vogais idênticas é conhecida por crase.
- As formas pelo(s)/pela(s) resultam da combinação dos artigos definidos com a forma per, equivalente a por.
Artigos, leitura e produção de textos
O uso apropriado dos artigos definidos e indefinidos permite não apenas evitar problemas com o gênero e o número de determinados substantivos, mas principalmente explorar detalhes de significação bastante expressivos. Em geral, informações novas, nos textos, são introduzidas por pronomes
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indefinidos e, posteriormente, retomadas pelos definidos. Assim, o referente determinado pelo artigo definido passa a fazer parte de um conjunto argumentativo que mantém a coesão dos textos. Além disso, a sutileza de muitas modificações de significados transmitidas pelos artigos faz com que sejam frequentemente usados pelos escritores em seus textos literários.
ADJETIVO
Adjetivo é a palavra que expressa uma qualidade ou característica do ser e se "encaixa"
diretamente ao lado de um substantivo.
Ao analisarmos a palavra bondoso, por exemplo, percebemos que além de expressar uma qualidade, ela pode ser "encaixada diretamente" ao lado de um substantivo: homem
bondoso, moça bondosa, pessoa bondosa.
Já com a palavra bondade, embora expresse uma qualidade, não acontece o mesmo; não
faz sentido dizer: homem bondade, moça bondade, pessoa bondade. Bondade, portanto, não é adjetivo, mas substantivo.
Morfossintaxe do Adjetivo:
O adjetivo exerce sempre funções sintáticas relativas aos substantivos, atuando como adjunto adnominalou como predicativo (do sujeito ou do objeto).
Classificação do Adjetivo Explicativo: exprime qualidade própria do ser. Por exemplo: neve fria. Restritivo: exprime qualidade que não é própria do ser. Por exemplo: fruta madura.
Formação do Adjetivo
Quanto à formação, o adjetivo pode ser:
ADJETIVO SIMPLES Formado por um só radical. Por exemplo: brasileiro, escuro, magro, cômico.
ADJETIVO COMPOSTO
Formado por mais de um radical. Por exemplo: luso-brasileiro, castanho-escuro, amarelo-canário.
ADJETIVO PRIMITIVO
É aquele que dá origem a outros adjetivos.
Por exemplo: belo, bom, feliz, puro.
ADJETIVO DERIVADO
É aquele que deriva de substantivos ou verbos.
Por exemplo: belíssimo, bondoso, magrelo.
Adjetivo Pátrio
Indica a nacionalidade ou o lugar de origem do ser. Observe alguns deles:
Estados e cidades brasileiros:
Acre acreano
Alagoas alagoano
Amapá amapaense
Aracaju aracajuano ou aracajuense
Amazonas amazonense ou baré
Belém (PA) belenense
Belo Horizonte belo-horizontino
Boa Vista boa-vistense
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Brasília brasiliense
Cabo Frio cabo-friense
Campinas campineiro ou campinense
Curitiba curitibano
Estados Unidos estadunidense, norte-americano ou ianque
El Salvador salvadorenho
Guatemala guatemalteco
Índia indiano ou hindu (os que professam o hinduísmo)
Irã iraniano
Israel israelense ou israelita
Moçambique moçambicano
Mongólia mongol ou mongólico
Panamá panamenho
Porto Rico porto-riquenho
Somália somali
Adjetivo Pátrio Composto
Na formação do adjetivo pátrio composto, o primeiro elemento aparece na forma reduzida e, normalmente, erudita. Observe alguns exemplos:
África afro- / Por exemplo: Cultura afro-americana
Alemanha germano- ou teuto- / Por exemplo: Competições teuto-inglesas
América américo- / Por exemplo: Companhia américo-africana
Ásia ásio- / Por exemplo: Encontros ásio-europeus
Áustria austro- / Por exemplo: Peças austro-búlgaras
Bélgica belgo- / Por exemplo: Acampamentos belgo-franceses
China sino- / Por exemplo: Acordos sino-japoneses
Espanha hispano- / Por exemplo: Mercado hispano-português
Europa euro- / Por exemplo: Negociações euro-americanas
França franco- ou galo- / Por exemplo: Reuniões franco-italianas
Grécia greco- / Por exemplo: Filmes greco-romanos
Índia indo- / Por exemplo: Guerras indo-paquistanesas
Inglaterra anglo- / Por exemplo: Letras anglo-portuguesas
Itália ítalo- / Por exemplo: Sociedade ítalo-portuguesa
Japão nipo- / Por exemplo: Associações nipo-brasileiras
Portugal luso- / Por exemplo: Acordos luso-brasileiros
LOCUÇÃO ADJETIVA
Locução = reunião de palavras. Sempre que são necessárias duas ou mais palavras para contar a mesma coisa, tem-se locução. Às vezes, uma preposição + substantivo tem o mesmo valor de um adjetivo: é a Locução Adjetiva (expressão que equivale a um adjetivo.)
Por exemplo:
aves da noite (aves noturnas), paixão sem freio (paixão desenfreada). Observe outros exemplos:
de águia aquilino
de aluno discente
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de anjo angelical
de ano anual
de aranha aracnídeo
de asno asinino
de baço esplênico
de bispo episcopal
de bode hircino
de boi bovino
de bronze brônzeo ou êneo
de cabelo capilar
de cabra caprino
de campo campestre ou rural
de cão canino
de carneiro arietino
de cavalo cavalar, equino, equídio ou hípico
de chumbo plúmbeo
de chuva pluvial
de cinza cinéreo
de coelho cunicular
de cobre cúprico
de couro coriáceo
de criança pueril
de dedo digital
de diamante diamantino ou adamantino
de elefante elefantino
de enxofre sulfúrico
de esmeralda esmeraldino
de estômago estomacal ou gástrico
de falcão falconídeo
de farinha farináceo
de fera ferino
de ferro férreo
de fígado figadal ou hepático
de fogo ígneo
de gafanhoto acrídeo
de garganta gutural
de gelo glacial
de gesso gípseo
de guerra bélico
de homem viril ou humano
de ilha insular
de intestino celíaco ou entérico
de inverno hibernal ou invernal
de lago lacustre
de laringe laríngeo
de leão leonino
de lebre leporino
de lobo lupino
de lua lunar ou selênico
de macaco simiesco, símio ou macacal
de madeira lígneo
de marfim ebúrneo ou ebóreo
de mestre magistral
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de monge monacal
de neve níveo ou nival
de nuca occipital
de orelha auricular
de ouro áureo
de ovelha ovino
de paixão passional
de pâncreas pancreático
de pato anserino
de peixe písceo ou ictíaco
de pombo columbino
de porco suíno ou porcino
de prata argênteo ou argírico
dos quadris ciático
de raposa vulpino
de rio fluvial
de serpente viperino
de sonho onírico
de terra telúrico, terrestre ou terreno
de trigo tritício
de urso ursino
de vaca vacum
de velho senil
de vento eólico
de verão estival
de vidro vítreo ou hialino
de virilha inguinal
de visão óptico ou ótico
Obs.: nem toda locução adjetiva possui um adjetivo correspondente, com o mesmo significado.
Por exemplo:
Vi as alunas da 5ª série. O muro de tijolos caiu.
É necessário critério!
Há muitos adjetivos que mantêm certa correspondência de significado com locuções adjetivas, e vice-versa. No entanto, isso não significa que a substituição da locução pelo adjetivo seja sempre possível. Tampouco o contrário é sempre admissível. Colar de marfim é uma expressão cotidiana; seria pouco recomendável passar a dizer colar ebúrneo ou ebóreo, pois esses adjetivos têm uso restrito à linguagem literária. Contrato leonino é uma expressão usada na linguagem jurídica; é muito pouco provável que os advogados passem a dizer contrato de leão. Em outros casos, a substituição é perfeitamente possível, transformando a equivalência entre adjetivos e locuções adjetivas em mais uma ferramenta para o aprimoramento dos textos, pois oferece possibilidades de variação vocabular.
Por exemplo: A população das cidades tem aumentado. A falta de planejamento urbano faz com que isso se torne um imenso problema.
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FLEXÃO DOS ADJETIVOS
O adjetivo varia em gênero, número e grau.
Gênero dos Adjetivos
Os adjetivos concordam com o substantivo a que se referem (masculino e femininino). De
forma semelhante aos substantivos, classificam-se em:
Biformes - têm duas formas, sendo uma para o masculino e outra para o feminino.
Por exemplo:
ativo e ativa, mau e má, judeu e judia.
Se o adjetivo é composto e biforme, ele flexiona no feminino somente o último elemento.
Por exemplo:
o moço norte-americano, a moça norte-americana. Exceção: surdo-mudo e surda-muda.
Uniformes - têm uma só forma tanto para o masculino como para o feminino.
Por exemplo:
homem feliz e mulher feliz.
Se o adjetivo é composto e uniforme, fica invariável no feminino.
Por exemplo:
conflito político-social e desavença político-social.
Número dos Adjetivos
Plural dos adjetivos simples
Os adjetivos simples flexionam-se no plural de acordo com as regras estabelecidas para a
flexão numérica dos substantivos simples.
Por exemplo:
mau e maus
feliz e felizes
ruim e ruins
boa e boas
Caso o adjetivo seja uma palavra que também exerça função de substantivo, ficará invariável, ou seja, se a palavra que estiver qualificando um elemento for, originalmente, um substantivo,
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ela manterá sua forma primitiva. Exemplo: a palavra cinza é originalmente um substantivo, porém, se estiver qualificando um elemento, funcionará como adjetivo. Ficará, então
invariável. Logo: camisas cinza, ternos cinza.
Por exemplo: camisas cinza, ternos cinza.
Veja outros exemplos:
Motos vinho (mas: motos verdes)
Paredes musgo (mas: paredes brancas).
Comícios monstro (mas: comícios grandiosos).
Adjetivo Composto
Adjetivo composto é aquele formado por dois ou mais elementos. Normalmente, esses elementos são ligados por hífen. Apenas o último elemento concorda com o substantivo a que se refere; os demais ficam na forma masculina, singular. Caso um dos elementos que formam o adjetivo composto seja um substantivo adjetivado, todo o adjetivo composto ficará
invariável.
Por exemplo: a palavra rosa é originalmente um substantivo, porém, se estiver qualificando
um elemento, funcionará como adjetivo. Caso se ligue a outra palavra por hífen, formará um adjetivo composto; como é um substantivo adjetivado, o adjetivo composto inteiro ficará
invariável.
Por exemplo:
Camisas rosa-claro.
Ternos rosa-claro.
Olhos verde-claros.
Calças azul-escuras e camisas verde-mar.
Telhados marrom-café e paredes verde-claras.
Obs.: - Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qualquer adjetivo composto iniciado por cor-de-... são sempre invariáveis. - Os adjetivos compostos surdo-mudo e pele-vermelha têm os dois elementos flexionados.
Grau do Adjetivo
Os adjetivos flexionam-se em grau para indicar a intensidade da qualidade do ser. São dois os graus do adjetivo: o comparativo e o superlativo.
Comparativo
Nesse grau, comparam-se a mesma característica atribuída a dois ou mais seres ou duas ou mais características atribuídas ao mesmo ser. O comparativo pode ser de igualdade, de superioridade ou deinferioridade. Observe os exemplos abaixo:
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1) Sou tão alto como você. Comparativo De Igualdade
No comparativo de igualdade, o segundo termo da comparação é introduzido pelas palavras como, quanto ouquão.
2) Sou mais alto (do) que você. Comparativo De Superioridade Analítico
No comparativo de superioridade analítico, entre os dois substantivos comparados, um tem qualidade superior. A forma é analítica porque pedimos auxílio a "mais...do
que" ou "mais...que".
3) O Sol é maior (do) que a Terra. Comparativo De Superioridade Sintético
Alguns adjetivos possuem, para o comparativo de superioridade, formas sintéticas, herdadas
do latim. São eles:
bom-melhor pequeno-menor
mau-pior alto-superior
grande-maior baixo-inferior
Observe que:
a) As formas menor e pior são comparativos de superioridade, pois equivalem a mais
pequeno e mais mau, respectivamente.
b) Bom, mau, grande e pequeno têm formas sintéticas (melhor, pior, maior e menor), porém, em comparações feitas entre duas qualidades de um mesmo elemento, deve-se usar as
formas analíticas mais bom, mais mau,mais grande e mais pequeno.
Por exemplo: Pedro é maior do que Paulo - Comparação de dois elementos.
Pedro é mais grande que pequeno - comparação de duas qualidades de um mesmo
elemento.
4) Sou menos alto (do) que você. Comparativo De Inferioridade
Sou menos passivo (do) que tolerante.
Superlativo O superlativo expressa qualidades num grau muito elevado ou em grau máximo. O grau superlativo pode serabsoluto ou relativo e apresenta as seguintes modalidades:
Superlativo Absoluto: ocorre quando a qualidade de um ser é intensificada, sem relação
com outros seres. Apresenta-se nas formas:
Analítica: a intensificação se faz com o auxílio de palavras que dão ideia de intensidade
(advérbios).
Por exemplo:
O secretário é muito inteligente.
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Sintética: a intensificação se faz por meio do acréscimo de sufixos.
Por exemplo:
O secretário é inteligentíssimo.
Observe alguns superlativos sintéticos:
benéfico beneficentíssimo
bom boníssimo ou ótimo
célebre celebérrimo
comum comuníssimo
cruel crudelíssimo
difícil dificílimo
doce dulcíssimo
fácil facílimo
fiel fidelíssimo
frágil fragílimo
frio friíssimo ou frigidíssimo
humilde humílimo
jovem juveníssimo
livre libérrimo
magnífico magnificentíssimo
magro macérrimo ou magríssimo
manso mansuetíssimo
mau péssimo
nobre nobilíssimo
pequeno mínimo
pobre paupérrimo ou pobríssimo
preguiçoso pigérrimo
próspero prospérrimo
sábio sapientíssimo
sagrado sacratíssimo
Superlativo Relativo: ocorre quando a qualidade de um ser é intensificada em relação a um
conjunto de seres. Essa relação pode ser:
De Superioridade: Clara é a mais bela da sala.
De Inferioridade: Clara é a menos bela da sala.
Note bem:
1) O superlativo absoluto analítico é expresso por meio dos advérbios muito, extremamente,
excepcionalmente, etc., antepostos ao adjetivo.
2) O superlativo absoluto sintético se apresenta sob duas formas : uma erudita, de origem
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latina, outra popular, de origem vernácula. A forma erudita é constituída pelo radical do adjetivo latino + um dos sufixos -íssimo, -imo ou érrimo. Por exemplo: fidelíssimo, facílimo,
paupérrimo.
A forma popular é constituída do radical do adjetivo português + o sufixo -íssimo: pobríssimo,
agilíssimo.
3) Em vez dos superlativos normais seriíssimo, precariíssimo, necessariíssimo, preferem-se,
na linguagem atual, as formas seríssimo, precaríssimo, necessaríssimo, sem o desagradável hiato i-í.
Adjetivos, leitura e produção de textos
A adjetivação é um dos elementos modalizadores de um texto, ou seja, imprime ao que se fala ou escreve. Quando é excessiva e voltada a obtenção de efeitos retóricos, prejudica a qualidade do texto e evidencia o despreparo ou a má-fé de quem escreve. Quando é feita com sobriedade e sensibilidade, contribui para a eficiência interlocutiva do texto.
Nos textos dissertativos, os adjetivos normalmente explicitam a posição de quem escreve em relação ao assunto tratado. É muitas vezes por meio de adjetivos que os juízos e avaliações do produtor do texto vêm a tona, transmitindo ao leitor atitudes como aprovação, reprovação, aversão, admiração, indiferença. Analisar a adjetivação de um texto dissertativo é, portanto, um bom caminho para captar com segurança a opinião de quem o produziu. Lembre-se de que é a sua adjetivação que deve cumprir esse papel quando você escreve.
Nos textos ou passagens descritivas, os adjetivos cumprem uma função mais plástica: é por meio deles que se costuma atribuir formas, cor, peso, sabor e outras dimensões aos seres que estão sendo descritos. É óbvio que, neste caso, o emprego de uma seleção sensível e eficiente de adjetivos conduz a um texto mais bem-sucedido, capaz de transmitir ao leitor uma impressão bastante nítida do ser ou objeto descrito. São nessas passagens descritivas que a adjetivação atua nos textos narrativos.
NUMERAL
Numeral é a palavra que indica os seres em termos numéricos, isto é, que atribui quantidade
aos seres ou os situa em determinada sequência.
Exemplos:
1. Os quatro últimos ingressos foram vendidos há pouco.
[quatro: numeral = atributo numérico de "ingresso"]
2. Eu quero café duplo, e você?
...[duplo: numeral = atributo numérico de "café"]
3. A primeira pessoa da fila pode entrar, por favor!
...[primeira: numeral = situa o ser "pessoa" na sequência de "fila"]
Note bem: os numerais traduzem, em palavras, o que os números indicam em relação aos seres. Assim, quando a expressão é colocada em números (1, 1°, 1/3, etc.) não se trata de
numerais, mas sim de algarismos.
Além dos numerais mais conhecidos, já que refletem a ideia expressa pelos números, existem mais algumas palavras consideradas numerais porque denotam quantidade, proporção ou
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ordenação. São alguns exemplos:década, dúzia, par, ambos(as), novena.
Classificação dos Numerais
Cardinais: indicam contagem, medida. É o número básico. Por exemplo: um, dois, cem mil, etc. Ordinais: indicam a ordem ou lugar do ser numa série dada. Por exemplo: primeiro, segundo,
centésimo, etc. Fracionários: indicam parte de um inteiro, ou seja, a divisão dos seres. Por exemplo: meio, terço, dois quintos, etc. Multiplicativos: expressam ideia de multiplicação dos seres, indicando quantas vezes a
quantidade foi aumentada. Por exemplo: dobro, triplo, quíntuplo, etc.
Leitura dos Numerais Separando os números em centenas, de trás para frente, obtêm-se conjuntos numéricos, em forma de centenas e, no início, também de dezenas ou unidades. Entre esses conjuntos usa-se vírgula; as unidades ligam-se pela conjunção e. Por exemplo: 1.203.726 = um milhão, duzentos e três mil, setecentos e vinte e seis.
45.520 = quarenta e cinco mil, quinhentos e vinte.
FLEXÃO DOS NUMERAIS
Os numerais cardinais que variam em gênero são um/uma, dois/duas e os que indicam centenas deduzentos/duzentas em diante: trezentos/trezentas; quatrocentos/quatrocentas, etc. Cardinais como milhão, bilhão, trilhão, etc. variam em número: milhões, bilhões, trilhões, etc. Os demais cardinais
são invariáveis.
Os numerais ordinais variam em gênero e número:
primeiro segundo milésimo
primeira segunda milésima
primeiros segundos milésimos
primeiras segundas milésimas
Os numerais multiplicativos são invariáveis quando atuam em funções substantivas:
Por exemplo:Fizeram o dobro do esforço e conseguiram o triplo de produção.
Quando atuam em funções adjetivas, esses numerais flexionam-se em gênero e
número:
Por exemplo:Teve de tomar doses triplas do medicamento.
Os numerais fracionários flexionam-se em gênero e número. Observe:um terço/dois terços
uma terça parte duas terças partes
Os numerais coletivos flexionam-se em número. Veja:
uma dúzia
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 290
um milheiro duas dúzias dois milheiros
É comum na linguagem coloquial a indicação de grau nos numerais, traduzindo afetividade ou especialização de sentido. É o que ocorre em frases como:
Me empresta duzentinho...
É artigo de primeiríssima qualidade!
O time está arriscado por ter caído na segundona. (= segunda divisão de futebol)
Emprego dos Numerais
Para designar papas, reis, imperadores, séculos e partes em que se divide uma obra, utilizam-se os ordinais até décimo e a partir daí os cardinais, desde que o numeral venha
depois do substantivo:
Ordinais Cardinais
João Paulo II (segundo) Tomo XV (quinze)
D. Pedro II (segundo) Luís XVI (dezesseis)
Ato II (segundo) Capítulo XX (vinte)
Século VIII (oitavo) Século XX (vinte)
Canto IX (nono) João XXIII ( vinte e três)
Para designar leis, decretos e portarias, utiliza-se o ordinal até nono e o cardinal de dez em
diante:
Artigo 1.° (primeiro) Artigo 10 (dez)
Artigo 9.° (nono) Artigo 21 (vinte e um)
Ambos/ambas são considerados numerais. Significam "um e outro", "os dois" (ou "uma e
outra", "as duas") e são largamente empregados para retomar pares de seres aos quais já se
fez referência.
Por exemplo:
Pedro e João parecem ter finalmente percebido a importância da solidariedade. Ambos agora participam das atividades comunitárias de seu bairro.
Obs.: a forma "ambos os dois" é considerada enfática. Atualmente, seu uso indica afetação, artificialismo.
Numerais, leitura e produção de textos
O conhecimento das formas da norma padrão dos numerais é obviamente importante para quem tem necessidade de produzir e interpretar textos em linguagem formal. Em particular nas exposições orais, o uso dessas formas é indispensável, por razões óbvias (não é possível substituir numerais por algarismos
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na língua falada!), e evita constrangimentos que podem comprometer a credibilidade do expositor.
Os numerais também podem ser empregados na produção e interpretação de textos dissertativos escritos. As palavras dessa classe gramatical compartilham com os pronomes a capacidade de retomar ou antecipar entes e dados e de inter-relacionar partes do texto. São, por isso, elementos importantes para a obtenção de coesão e coerência textuais.
PRONOME
Pronome é a palavra que se usa em lugar do nome, ou a ele se refere, ou ainda, que
acompanha o nome qualificando-o de alguma forma.
Exemplos:
1. A moça era mesmo bonita. Ela morava nos meus sonhos!
[substituição do nome]
2. A moça que morava nos meus sonhos era mesmo bonita!
[referência ao nome]
3. Essa moça morava nos meus sonhos!
[qualificação do nome]
Grande parte dos pronomes não possuem significados fixos, isto é, essas palavras só adquirem significação dentro de um contexto, o qual nos permite recuperar a referência
exata daquilo que está sendo colocado por meio dos pronomes no ato da comunicação. Com exceção dos pronomes interrogativos e indefinidos, os demais pronomes têm por função principal apontar para as pessoas do discurso ou a elas se relacionar, indicando-lhes sua situação no tempo ou no espaço. Em virtude dessa característica, os pronomes apresentam
uma forma específica para cada pessoa do discurso.
Exemplos:
1. Minha carteira estava vazia quando eu fui assaltada.
[minha/eu: pronomes de 1ª pessoa = aquele que fala]
2. Tua carteira estava vazia quando tu foste assaltada?
[tua/tu: pronomes de 2ª pessoa = aquele a quem se fala]
3. A carteira dela estava vazia quando ela foi assaltada.
[dela/ela: pronomes de 3ª pessoa = aquele de quem se fala]
Em termos morfológicos, os pronomes são palavras variáveis em gênero (masculino ou
feminino) e em número (singular ou plural). Assim, espera-se que a referência através do pronome seja coerente em termos de gênero e número (fenômeno da concordância) com o
seu objeto, mesmo quando este se apresenta ausente no enunciado.
Exemplos:
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1. [Fala-se de Roberta] 2. Ele quer participar do desfile da nossa escola neste ano.
[nossa: pronome que qualifica "escola" = concordância adequada]
[neste: pronome que determina "ano" = concordância adequada]
[ele: pronome que faz referência à "Roberta" = concordância inadequada]
Existem seis tipos de pronomes: pessoais, possessivos, demonstrativos, indefinidos,
relativos e interrogativos.
Pronomes Pessoais
São aqueles que substituem os substantivos, indicando diretamente as pessoas do discurso. Quem fala ou escreve assume os pronomes eu ou nós, usa os pronomes tu, vós, você ou vocês para designar a quem se dirige e ele, ela, eles ou elas para fazer referência à pessoa ou às pessoas de quem fala.
Os pronomes pessoais variam de acordo com as funções que exercem nas orações, podendo ser do caso reto ou do caso oblíquo.
Pronome Reto
Pronome pessoal do caso reto é aquele que, na sentença, exerce a função de sujeito ou predicativo do sujeito.
Por exemplo:
Nós lhe ofertamos flores.
Os pronomes retos apresentam flexão de número, gênero (apenas na 3ª pessoa) e pessoa, sendo essa última a principal flexão, uma vez que marca a pessoa do discurso. Dessa forma, o quadro dos pronomes retos é assim configurado:
- 1ª pessoa do singular: eu
- 2ª pessoa do singular: tu
- 3ª pessoa do singular: ele, ela
- 1ª pessoa do plural: nós
- 2ª pessoa do plural: vós
- 3ª pessoa do plural: eles, elas
Atenção: esses pronomes não costumam ser usados como complementos verbais na língua-padrão. Frases como "Vi ele na rua" , "Encontrei ela na praça", "Trouxeram eu até aqui", comuns na língua oral cotidiana, devem ser evitadas na língua formal escrita ou falada. Na língua formal, devem ser usados os pronomes oblíquos correspondentes:
"Vi-o na rua", "Encontrei-a na praça", "Trouxeram-me até aqui".
Obs.: frequentemente observamos a omissão do pronome reto em Língua Portuguesa. Isso se dá porque as próprias formas verbais marcam, através de suas desinências, as pessoas do verbo indicadas pelo pronome reto.
Por exemplo:
Fizemos boa viagem. (Nós)
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Pronome Oblíquo
Pronome pessoal do caso oblíquo é aquele que, na sentença, exerce a função de complemento verbal (objeto direto ou indireto) ou complemento nominal .
Por exemplo:
Ofertaram-nos flores. (objeto indireto)
Obs.: em verdade, o pronome oblíquo é uma forma variante do pronome pessoal do caso reto. Essa variação indica a função diversa que eles desempenham na oração: pronome reto marca o sujeito da oração; pronome oblíquo marca o complemento da oração.
Os pronomes oblíquos sofrem variação de acordo com a acentuação tônica que possuem, podendo serátonos ou tônicos.
Pronome Reflexivo
São pronomes pessoais oblíquos que, embora funcionem como objetos direto ou indireto, referem-se ao sujeito da oração. Indicam que o sujeito pratica e recebe a ação expressa pelo verbo.
O quadro dos pronomes reflexivos é assim configurado:
- 1ª pessoa do singular (eu): me, mim.
Por exemplo:
Eu não me vanglorio disso.
Olhei para mim no espelho e não gostei do que vi.
- 2ª pessoa do singular (tu): te, ti.
Por exemplo:
Assim tu te prejudicas.
Conhece a ti mesmo.
- 3ª pessoa do singular (ele, ela): se, si, consigo.
Por exemplo:
Guilherme já se preparou.
Ela deu a si um presente.
Antônio conversou consigo mesmo.
- 1ª pessoa do plural (nós): nos.
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Por exemplo:
Lavamo-nos no rio.
- 2ª pessoa do plural (vós): vos.
Por exemplo:
Vós vos beneficiastes com a esta conquista.
Por exemplo:
- 3ª pessoa do plural (eles, elas): se, si, consigo.
Por exemplo:
Eles se conheceram.
Elas deram a si um dia de folga.
2-PROPOSTA DE REDAÇÃO
Dominar a arte da escrita é um trabalho que exige prática e dedicação. Não existem fórmulas mágicas: o exercício contínuo, aliado à leitura de bons autores, e a reflexão são indispensáveis para a criação de bons textos. Nesta seção, serão apontadas algumas características que você deverá observar na produção de seus textos. Desejamos que as dicas
apresentadas sejam bastante úteis a você.
Ler, escrever e pensar
Saber escrever pressupõe, antes de mais nada, saber ler e pensar. O pensamento é expresso por palavras, que são registradas na escrita, que por sua vez é interpretada pela leitura. Como essas atividades estão intimamente relacionadas, podemos concluir que quem não pensa (ou pensa mal), não escreve (ou escreve mal); quem não lê
(ou lê mal) não escreve (ou escreve mal).
Ler, portanto, é fundamental para escrever. Mas não basta ler, é preciso entender o que se lê. Entender significa ir além do simples significado das palavras que aparecem no texto. É preciso, também, compreender o sentido das frases, para que se alcance uma das finalidades da leitura: a compreensão de ideias e, num segundo momento, os recursos utilizados pelo
autor na elaboração do texto.
Apesar do grande poder dos meios eletrônicos, a leitura é ainda uma das formas mais ricas de informação, pois grande parte do conhecimento nos é apresentado sob forma de linguagem escrita.
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Lembre-se: estar bem informado é uma das normas mais importantes para quem quer
escrever bem.
A Redação no Vestibular
Em vestibulares e concursos, a prova de Redação é um grande fator de eliminação. Através dela, as instituições têm um indicador mais concreto da formação do aluno, diferentemente das questões de múltipla escolha. Geralmente, exige-se que o candidato produza um texto dissertativo. Em menor proporção, podem ser solicitados ainda textos narrativos ou
descritivos. Conheça as características de cada um desses textos:
1 - DISSERTAÇÃO: dissertar significa “falar sobre”. É o texto em que se expõem ideias, seguidas de argumentos que as comprovem. Na dissertação, você deve revelar sua opinião a respeito do assunto.
2 - DESCRIÇÃO: texto em que se indicam as características de um determinado objeto, pessoa, ambiente ou paisagem. Na descrição, você deve responder à pergunta: Como a coisa (lugar / pessoa) é? É importante tentar usar os mais variados sentidos: fale do aroma,
dos cheiros, das cores, das sensações, de tudo que envolve a realidade a ser descrita.
3 - NARRAÇÃO: texto em que se contam fatos ocorridos em determinado tempo e lugar, envolvendo personagens. Lembre-se: você deve “narrar a ação”, respondendo à pergunta: O
que aconteceu?
Dissertação - Estrutura
1ª parte: Introdução
No primeiro parágrafo, o autor apresenta o tema que será abordado.
Dica: anuncie claramente o tema sobre o qual você escreverá e as delimitações propostas.
2ª parte: Desenvolvimento
Nos parágrafos subsequentes (geralmente dois), o autor apresenta uma série de argumentos
ordenados logicamente, a fim de convencer o leitor.
Dica: argumente, discuta, exponha suas ideias, prove o que você pensa.
3ª parte: Conclusão
No último parágrafo, o autor "amarra" as ideias e procura transmitir uma mensagem ao leitor.
Dica: conclua de maneira clara, simples, coerente, confirmando o que foi exposto no
desenvolvimento.
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Atenção:
A dissertação deve obedecer à extensão mínima indicada na proposta, a qual costuma ser de 25 a 30 linhas, considerando letra de tamanho regular. Inicialmente, utilize a folha de rascunho e, depois, passe a limpo na folha de redação, sem rasuras e com letra legível.
Utilize caneta; lápis, apenas no rascunho.
Planejando a Dissertação I
Quando você deseja ir a algum lugar ao qual nunca foi, você costuma, mesmo que mentalmente, elaborar um roteiro. Afinal de contas, você sabe que, caso não se planeje, correrá o risco de ficar rodando à toa e não chegar ao destino, e, se chegar, terá perdido mais tempo que o previsto.
Ao elaborarmos uma redação, não é diferente: se não tivermos um plano ou um roteiro previamente preparados, corremos o risco de ficar dando voltas em torno do tema, não chegando a lugar nenhum. Por isso, antes de escrever sua redação, é preciso planejá-la bem, procurando elaborar um esquema. Mas cuidado, não confunda esquema com rascunho! Esquema é um guia que estabelecemos para ser seguido, no qual colocamos em frases sucintas (ou mesmo palavras) o roteiro para a elaboração do texto. No rascunho, por
outro lado, damos forma à redação, pois nele as ideias colocadas no esquema passam a ser redigidas, tomando a forma de frases que aos poucos se transformam em um texto coerente.
O primeiro passo para a elaboração do esquema é ter entendido o tema, pois de nada adiantará um ótimo esquema se ele não estiver adequado ao tema proposto. Em seguida, você poderá dividir seu esquema nas três partes básicas - introdução, desenvolvimento e conclusão. Na Introdução, é necessário informar a tese que você irá defender. No Desenvolvimento, escreva palavras capazes de resumir os argumentos que você apresentará
para sustentar sua tese. Na Conclusão, escreva palavras que representem sua ideia final.
Atenção: quando você estiver fazendo o esquema do desenvolvimento, surgirão inúmeras
ideias. Registre-as todas, mesmo que mais tarde você não venha a utilizá-las. Essas ideias normalmente vêm sem ordem alguma; por isso, mais tarde, é preciso ordená-las, selecionando as melhores e colocando-as em ordem de importância. Esse processo é conhecido como hierarquização das ideias.
Veja a seguir, um exemplo de esquema com as ideias já hierarquizadas:
Tema: Pena de morte: você é contra ou a favor?
Introdução:
contra - não resolve
Desenvolvimento:
1º parágrafo: direito à vida - religião
2º parágrafo: outros países - Estados Unidos
Conclusão:
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ineficaz; solução: erradicação da miséria
Feito o esquema, é só segui-lo passo a passo, transformando as palavras em frases, dando forma à sua redação.
Planejando a Dissertação II
Veja a seguir outro tipo de roteiro. Siga os passos:
1) Interrogue o tema; 2) Responda-o de acordo com a sua opinião; 3) Apresente um argumento básico; 4) Apresente argumentos auxiliares; 5) Apresente um fato-exemplo;
6) Conclua.
Vamos supor que o tema de redação proposto seja: Nenhum homem vive sozinho. Tente
seguir o roteiro:
1. Transforme o tema em uma pergunta: Nenhum homem vive sozinho?
2. Procure responder essa pergunta, de um modo simples e claro, concordando ou discordando (ou concordando em parte e discordando em parte): essa resposta é o seu ponto
de vista.
3. Pergunte a você mesmo, o porquê de sua resposta, uma causa, um motivo, uma razão
para justificar sua posição: aí estará o seu argumento principal.
4. Agora, procure descobrir outros motivos que ajudem a defender o seu ponto de vista, a fundamentar sua posição. Estes serão os argumentos auxiliares.
5. Em seguida, procure algum fato que sirva de exemplo para reforçar a sua posição. Este fato-exemplo pode vir de sua memória visual, das coisas que você ouviu, do que você
leu. Pode ser um fato da vida política, econômica, social. Pode ser um fato histórico. Ele precisa ser bastante expressivo e coerente com o seu ponto de vista. O fato-exemplo geralmente dá força e clareza à argumentação. Além disso, pessoaliza o nosso texto,
diferenciando-o dos demais.
6. A partir desses elementos, você terá o rascunho de sua redação.
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PROFª EDIVÂNIA
LICENCIADA EM BIOLOGIA
PÓS GRADUADA-ESPECIALISTA EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
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Origem da vida: biogênese e abiogênese
O homem sempre teve muita curiosidade em conhecer suas origens, sua história. Há muito tempo
ele procura uma explicação para a criação do mundo. Antes de Aristóteles (384 – 322 a.C.) as
únicas proposições sobre a origem da vida eram baseadas em deuses, mitologias e na criação
divina. A partir de então, muitos cientistas passaram a estudar e formular hipóteses. A teoria mais
aceita sobre a origem do universo é a do Big Bang.
Abiogênese x Biogênese
A teoria da abiogênese ou geração espontânea foi a primeira idéia proposta pela origem da vida
e teve uma participação muito importante do filósofo grego Aristóteles. Naquela época, como
Aristóteles influenciava o pensamento de muitas pessoas, e até de grandes cientistas, essa teoria
foi muito aceita.
Nessa teoria, os seres vivos podiam brotar a partir da matéria orgânica. Sapos poderiam brotar dos
pântanos, vermes brotavam das frutas. Um médico chamado Jan Baptista van Helmont elaborou
uma receita de como fabricar ratos por geração espontânea, que consistia em colocar grãos de
trigo em camisas sujas e esperar alguns dias. Ele estava tão envolvido com essa idéia que não foi
capaz de imaginar que os ratos na verdade eram atraídos pela sujeira, e não brotavam nessa
―receita‖.
Queda da abiogênese
Francesco Redi (1626-1697), um médico Italiano, realizou alguns experimentos que comprovaram
que a teoria da geração espontânea estava errada. Na teoria, vermes brotavam de cadáveres e
alimentos podres. Ele observou que esses vermes não brotavam, mas sim se originavam de ovos
que eram depositados pelas moscas.
Em seu experimento utilizou frascos, cadáveres de animais e pedaços de carne. Cada frasco
continha carne e cadáver. Alguns frascos foram vedados com gaze e outros não. Nos frascos
vedados, não houve formação de larvas, mas nos frascos em que o conteúdo ficou exposto, muitas
larvas se desenvolveram, pois as moscas entravam e saíam com liberdade.
Experimento de Redi
A teoria da geração espontânea perdeu credibilidade com o experimento de Redi, mas voltou a ser
usada para explicar a origem dos seres microscópicos, descobertos em meados do século XVII
pelo holandês Antonie Van Leeuwenhoek (1632-1723). Usando um microscópio de sua própria
fabricação, Leeuwenhoek havia observado pela primeira vez os microorganismos, seres pequenos
demais para serem vistos a olho nu.
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Era difícil imaginar que seres tão simples e tão variados, presentes em praticamente em todos os
lugares, pudessem surgir por meio da reprodução. Até o século XVIII, a maioria das pessoas
achava que os microorganismos surgiam apenas por geração espontânea. Muitos estudiosos,
porém, estavam convencidos de que a geração espontânea não ocorria, nem para os seres
macroscópicos, nem para seres microscópicos.
Mesmo após isso, alguns cientistas insistiam na teoria da abiogênese. John Needan, em 1745
afirmou que os seres vivos surgiam por geração espontânea graças a uma força vital. Ele realizou
um experimento onde preparou um caldo nutritivo, colocou em alguns frascos, ferveu por 30
minutos e os vedou com rolha de cortiça. Mesmo assim, depois de alguns dias apareceram alguns
microorganismos no caldo. Needan acreditava que a fervura e a vedação da rolha eram suficientes
para impedir a entrada de microorganismos.
Mais tarde, Lazzaro Spallanzani repetiu os experimentos e concluiu que a vedação utilizada e o
tempo de fervura eram insuficientes para matar os microorganismos. Needam se defendeu
dizendo que o tempo prolongado de fervura destruía a força vital do caldo nutritivo.
O fim da abiogênese
Somente por volta de 1860, com os experimentos realizados por Louis Pasteur (1822 – 1895),
conseguiu-se comprovar definitivamente que os microorganismos surgem a partir de outros
preexistentes.
Louis Pasteur, realizou experimento que derrubou de vez a teoria da abiogênese. Realizou
experimentos utilizando frascos de vidro que possuíam o gargalho semelhante à pescoços de
cisne. Dentro havia um caldo nutritivo. Esses frascos com caldo foram fervidos e deixados em
repouso por alguns dias. Não houve formação de microorganismos, pois a água que evaporou do
caldo ficou retida nas paredes do gargalo e funcionou como um filtro de ar, e os microorganismos
ficavam retidos nele, não entrando em contato com o caldo. Pasteur quebrou os gargalos e deixou
o caldo em contato com o ar. Após alguns dias ele observou o desenvolvimento de
microorganismos no caldo, que antes estavam no ar.
Os experimentos de Pasteur estão descritos e esquematizados na figura abaixo:
Experimentos de Pasteur
A ausência de microrganismos nos frascos do tipo ―pescoço de cisne‖ mantidos intactos e a
presença deles nos frascos cujo ―pescoço‖ havia sido quebrado mostram que o ar contém
microorganismos e que estes, ao entrarem em contato com o líquido nutritivo e estéril do balão,
desenvolvem-se. No balão intacto, esses microorganismos não conseguem chegar até o líquido
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nutritivo e estéril, pois ficam retidos no ―filtro‖ formado pelas gotículas de água surgidas no
pescoço do balão durante o resfriamento. Já nos frascos em que o pescoço é quebrado, esse
―filtro‖ deixa de existir, e os micróbios presentes no ar podem entrar em contato com o líquido
nutritivo, onde encontram condições adequadas para seu desenvolvimento e proliferam.
A hipótese da biogênese passou, a partir de então, a ser aceita universalmente pelos
cientistas.
A origem dos primeiros seres vivos
A queda definitiva da hipótese da geração espontânea levantou uma nova questão: se os seres
vivos não surgem, em nenhum caso, a partir da matéria inanimada, como teriam surgido na Terra
pela primeira vez?
Em 1869 o biólogo inglês Thomas Huxley (1825-1895) foi o primeiro a defender a ideia de que os
primeiros seres vivos surgiam como resultado de um lento processo de evolução química em
nosso planeta. Essa ideia foi retomada e aprofundada na década de 1920, pelo biólogo inglês
J.B.S. Haldane (1892-1964) e pelo bioquímico russo A. I. Oparin (1894-1980). Esses cientistas
propuseram a hipótese de que a vida teria surgido a partir de moléculas formadas nas condições
então reinantes da Terra primitiva.
Condições da Terra primitiva
O planeta terra, no início de sua existência, ficou envolvido por uma atmosfera formada por
gás carbônico, nitrogênio, amônia, hidrogênio, metano e vapor de água. Embora a maioria dos
cientistas concordem com a composição da atmosfera primitiva, discordam sobre a origem
doa gases.
Os mais conservadores acham que a água e os gases atmosféricos tenham sua origem no
interior do próprio planeta. Outros sugerem que a Terra primitiva deveria ser muito árida e
que a maior parte da água e dos gases foi trazida por cometas e asteróides que se chocavam
continuamente com a Terra em formação.
Com a contínua perda de calor para o espaço cósmico, a superfície da Terra se resfriou,
havendo a formação de uma camada fina de material rochoso (a futura crosta terrestre).
Como a superfície ainda era muito quente para a existência de água na forma líquida, esta
evaporava, acumulando-se na atmosfera em forma de vapor.
Ao atingir as camadas superiores e mais frias da atmosfera, o vapor de água se condensava,
produzindo nuvens que se precipitavam em forma de chuva. Devido às altas temperaturas da
superfície, a água volta a evaporar. Acredita-se que tempestades ocorreram sem intervalos
durante dezenas de milhões de anos.
A partir de determinado momento, a superfície da Terra já havia esfriado o suficiente para que
a água em forma líquida se acumulasse nas regiões mais baixas da crosta terrestre, formando
grandes áreas alagadas, precursoras dos oceanos. Foi em um cenário como esse que devem ter
surgido os primeiro seres vivos, dos quais descendem todas as formas de vida passadas e
presentes.
Algumas pistas sobre o problema
Nos últimos 120 anos, várias ideias sobre a origem da Terra, sua idade, as condições primitivas da
atmosfera foram surgindo. Em particular, verificou-se que os mesmos elementos que predominam
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nos organismos vivos (carbono, hidrogênio, oxigênio e nitrogênio) também existem fora deles;
nos organismos vivos estes elementos estão combinados de maneira a formar moléculas
complexas, como proteínas, polissacarídeos, lipídios e ácidos nucleicos. A diferença básica, então,
entre matéria viva e matéria bruta estaria sobretudo ao nível da organização desses elementos. O
químico Wöhler, em 1828, já havia fornecido a seguinte pista: substâncias ―orgânicas‖ ou
complexas, como a ureia, podem ser formadas em condições de laboratório a partir de substâncias
simples, ―inorgânicas‖. Se as condições adequadas surgiram da Terra, no passado, então a vida
poderia ter aparecido do inorgânico.
Uma simples análise das características que os seres vivos exibem hoje mostra,
independentemente de sua forma ou tamanho, a presença dos mesmos ―tijolos‖ básicos em todos
eles: açúcares simples, os 20 tipos de aminoácidos, os 4 nucleotídeos de DNA e os 4 de RNA, e os
lipídios. Ora, depois da pista dada por Wöhler, a que nos referimos, os químicos descobriram que
esses compostos podem ser feitos em laboratório, se houver uma fonte de carbono, de nitrogênio,
e uma certa quantidade de energia disponível. Assim sendo, se as condições adequadas tivessem
estado presentes, no passado da Terra, essas substâncias poderiam ter se formado sem grandes
dificuldades.
Várias dessas ideias foram organizadas e apresentadas de forma clara e coerente pelo bioquímico
russo Aleksandr I. Oparin, em 1936, no seu livro ―A origem da vida‖. Repare que, na época, ainda
não se sabia que os ácidos nucleicos constituem o material genético dos seres vivos. Vamos
enumerar os pontos fundamentais das ideias que Oparin apresenta.
As ideias de Oparin
1. A idade aproximada da Terra é de 4,5 bilhões de anos, tendo a crosta se solidificado há uns
2,5 bilhões de anos.
2. A composição da atmosfera primitiva foi provavelmente diferente da atual; não havia nela O2
ou N2; existia amônia (NH3), metano (CH4), vapor de água (H2O) e hidrogênio (H2).
3. O vapor de água se condensou à medida que a temperatura da crosta diminuiu. Caíram
chuvas sobre as rochas quentes, o que provou nova evaporação, nova condensação e assim por
diante. Portanto, um ativo ciclo de chuvas.
4. Radiações ultravioleta e descargas elétricas das tempestades agiram sobre as moléculas da
atmosfera primitiva: algumas ligações químicas foram desfeitas, outras surgiram; apareceram
assim novos compostos na atmosfera, alguns dos quais orgânicos, como os aminoácidos, por
exemplo.
5. Aminoácidos e outros compostos foram arrastados pela água até a crosta ainda quente.
Compostos orgânicos combinaram-se entre si, formando moléculas maiores, como os
―proteinoides‖ (ou substâncias similares a proteínas).
6. Quando a temperatura das rochas tornou-se inferior a 100oC, já foi possível a existência de
água líquida na superfície do globo: os mares estavam se formando. As moléculas orgânicas
foram arrastadas para os mares. Na água, as probabilidades de encontro e choques entre moléculas
aumentaram muito; formaram-se agregados moleculares maiores, os coacervados.
7. Os coacervados ainda não são seres vivos; no entanto eles continuam se chocando e reagindo
durante um tempo extremamente longo; algum coacervado pôde casualmente atingir a
complexidade necessária (lembre-se de que a diferença entre vida e não vida é mera questão de
organização). Daí em diante, se tal coacervado teve a propriedade de duplicar-se, pode-se admitir
que surgiu a vida, mesmo que sob uma forma extremamente primitiva.
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A comprovação experimental
O bioquímico Miller tentou reproduzir em laboratório algumas das condições previstas por
Oparin. Construiu um aparelho, que era um sistema fechado, no qual fez circular durante 7 dias
uma mistura de gases: metano, hidrogênio, amônia e vapor de água estavam presentes. Um
reservatório de água aquecido à temperatura de ebulição permitia a formação de mais vapor de
água, que circulava arrastando os outros gases.
A comprovação experimental
Num certo lugar do aparelho, a mistura era submetida a descargas elétricas constantes, simulando
os ―raios‖ das tempestades que se acredita terem existido na época. Um pouco adiante, a mistura
era esfriada e, ocorrendo condensação, tornava-se novamente líquida. Ao fim da semana, a água
do reservatório, analisada pelo método da cromatografia, mostrou a presença de muitas moléculas
orgânicas, entre as quais alguns aminoácidos.
Miller, com esta experiência, não provava que aminoácidos realmente se formaram na atmosfera
primitiva; apenas demonstrava que, caso as condições de Oparin tivessem se verificado, a síntese
de aminoácidos teria sido perfeitamente possível.
Fox, em 1957, realiza a seguinte experiência: aquece uma mistura seca de aminoácidos e verifica
que entre muitos deles acontecem ligações peptídicas, formando-se moléculas semelhantes a
proteínas (lembre-se de que na ligação peptídica ocorre perda de água ou desidratação). Os
resultados de Fox reforçam a seguinte ideia: se, de fato, aminoácidos caíram sobre as rochas
quentes, trazidos pela água da chuva, eles poderiam ter sofrido combinações formando moléculas
maiores, os proteinoides, que acabariam sendo carregadas aos mares em formação. Percebe-se que
Fox tenta testar parte das ideias de Oparin, e seu ponto de partida foi, sem dúvida, a experiência
de Miller.
A química dos coloides explica e prevê a reunião de grandes moléculas em certas condições,
formando os agregados que chamamos coacervados.
É evidente, porém, que a última etapa da hipótese de Oparin nunca poderá ser testada em
laboratório; em outros termos, para conseguirmos que um entre trilhões de coacervados se
transformasse, por acaso, em um ser vivo muito simples, teríamos de dispor de um laboratório
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tão grande quanto os mares primitivos, que contivesse, portanto, um número infinitamente grande
de coacervados; além disso, teríamos de dispor de um tempo infinitamente grande, que
possibilitasse inúmeras colisões e reações químicas que foram necessárias para se obter pelo
menos um sucesso.
Coacervados ou microesferas?
Há mais de um modelo, além da ideia de coacervados, para explicar como moléculas grandes, tipo
proteinoides, teriam se agregado na água, formando estruturas maiores. O pesquisador Fox,
colocando proteinoides em água, obteve a formação de pequeninas esferas.
Bilhões de microesferas podem ser obtidas a partir da mistura de um grama de aminoácidos
aquecidos, algumas delas formando cadeias, de forma muito semelhante a algumas bactérias
atuais. Cada microesfera tem uma camada externa de moléculas de água e proteínas e um meio
interno aquoso, que mostra algum movimento, semelhante à ciclose. Essas microesferas podem
absorver e concentrar outras moléculas existentes na solução ao seu redor. Podem também se
fundir entre si, formando estruturas maiores; em algumas condições, aparecem na superfície
―brotos‖ minúsculos que podem se destacar e crescer.
Como apareceu o gene?
Uma coisa que é importante entender: na hipótese original de Oparin, não há referência aos ácidos
nucleicos; não se sabia na época que eles constituem os genes. Muita gente então acreditava que
os genes fossem de natureza proteica; afinal, havia sido demonstrada a enorme importância das
proteínas como enzimas, material construtor e anticorpos. Dá para entender, por isso, a ênfase que
Oparin dá ao aparecimento da proteína. No entanto a hipótese original foi readaptada quando
ficou patente a identidade entre genes e ácidos nucleicos.
Acredita-se hoje que a primeira molécula informacional tenha sido o RNA, e não o DNA. Foi
feita a interessantíssima descoberta de que certos ―pedaços‖ de RNA têm uma atividade
catalítica: eles permitem a produção, a partir de um molde de RNA e de nucleotídeos, de outras
fitas de RNA idênticas ao molde! A esses pedaços de RNA com atividade ―enzimática‖, os
biólogos chamam de ribozimas. Isso permite explicar o eventual surgimento e duplicação dos
ácidos nucleicos, mesmo na ausência das sofisticadas polimerases que atuam hoje.
O DNA deve ter sido um estágio mais avançado na confecção de um material genético estável;
evidentemente, os primeiros DNA teriam sido feitos a partir de um molde de RNA original. Isso
lembra bastante, você vai concordar, o modo de atuação do retrovírus, como o da AIDS!
De qualquer forma, esses ―genes nus‖, isto é, envolvidos por nada, mas livres na argila ou na
água, podem ter num período posterior ―fixado residência‖ numa estrutura maior, como um
coacervado ou uma microesfera…
Um dos problemas ainda mais perturbadores nessa história toda, relaciona-se ao surgimento do
CÓDIGO GENÉTICO. Em outras palavras, o aparecimento de proteínas ou de moléculas de
ácidos nucleicos com a capacidade de duplicação, nas condições postuladas, pode ser imaginado
sem muita dificuldade, mas permanece extremamente misterioso o método pelo qual as moléculas
de ácidos nucleicos teriam tomado conta do controle da produção de proteínas específicas, que
tivessem um valor biológico e de sobrevivência. Quem sabe o tempo se encarregará de nos
fornecer novas evidências…
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 305
Os primeiros organismos: autótrofos ou heterótrofos?
Para entender claramente esta discussão, é útil recordar as equações de três processos biológicos
básicos, fermentação, respiração e fotossíntese, que reproduzimos a seguir.
Fermentação (alcoólica): glicose álcool etílico + CO2 + energia
Respiração: glicose + oxigênio CO2 + H2O + energia
Fotossíntese: CO2 + H2O + luz (Clorofila) glicose e O2
Existem duas hipóteses sobre a origem da vida: a hipótese autotrófica, que propõe que o primeiro
ser vivo foi capaz de sintetizar seu próprio alimento orgânico, possivelmente por fotossíntese, e a
hipótese heterotrófica, que prevê que os primeiros organismos se nutriam de material orgânico já
pronto, que retiravam de seu meio. A maioria dos biólogos atuais acha a hipótese autotrófica
pouco aceitável devido a um fato simples: para a realização da fotossíntese, uma célula deve
dispor de um equipamento bioquímico mais sofisticado do que o equipamento de um heterótrofo.
Como admitir que o primeiro ser vivo, produzido através de reações químicas casuais, já
possuísse esse grau de sofisticação? É claro que o primeiro ser vivo poderia ter surgido complexo;
porém é muito menos provável que isso tenha acontecido.
Por outro lado, se o primeiro organismo era heterótrofo, o que ele comeria? Hoje os heterótrofos
dependem, para sua nutrição, direta ou indiretamente, dos autótrofos autossintetizantes. No
entanto não se esqueça de que, de acordo com a hipótese de Oparin, o primeiro organismo surgiu
num mar repleto de coacervados orgânicos, que não haviam chegado ao nível de complexidade
adequada. Esses coacervados representam então uma fonte abundante de alimento para nosso
primeiro organismo, que passaria a comer seus ―irmãos‖ menos bem sucedidos…
Admitamos um primeiro organismo heterótrofo, para o qual alimento não era problema. Pode-se
obter energia do alimento através de dois processos: a respiração que depende de O2 molecular,
inexistente na época, e a fermentação, processo mais simples, cuja realização dispensa a presença
de oxigênio.
Estabeleçamos, a título de hipótese mais provável, que o primeiro organismo deva ter sido um
heterótrofo fermentador. A abundância inicial de alimento permite que os primeiros organismos
se reproduzam com rapidez; não se esqueça também de que todos os mecanismos da evolução
biológica, como a mutação e seleção natural, estão atuando, adaptando os organismos e
permitindo o aparecimento de características divergentes.
Surge a fotossíntese
A velocidade de consumo do alimento, no entanto, cresce continuamente, já que o número de
organismos aumenta; a reposição desse alimento orgânico através das reações químicas que
descrevemos é obviamente muito mais lenta que o seu consumo. Perceba que, se não surgissem
por evolução os autótrofos, a vida poderia ter chegado num beco sem saída por falta de alimento.
Em algum momento anterior ao esgotamento total do alimento nos mares, devem ter aparecido os
primeiros organismos capazes de realizar fotossíntese; possivelmente usaram como matéria prima
o CO2 residual dos processos de fermentação. Sua capacidade de produzir alimento fechava o
ciclo produtor/consumidor e permitia o prosseguimento da vida.
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Surge a respiração
Um resíduo do processo fotossintético é o oxigênio molecular; por evolução devem ter surgido
mais tarde os organismos capazes de respirar aerobicamente, que utilizaram o O2 acumulado
durante milhões de anos pelos primeiros autótrofos.
A respiração, não se esqueça, permite extrair do alimento maior quantidade de energia do que a
fermentação. Seguramente o modo de vida ―respirador‖ representa, na maioria dos casos, uma
grande vantagem sobre o método ―fermentador‖; não devemos estranhar que a maioria dos
organismos atuais respire, apesar de ter conservado a capacidade de fermentar.
Lembre-se, ainda, de que a presença de oxigênio molecular na atmosfera acaba permitindo o
aparecimento na atmosfera da camada de ozônio, que permite a filtração de grande parte da
radiação ultravioleta emitida pelo sol. Essa radiação é fortemente mutagênica; porém os
organismos aquáticos estariam parcialmente protegidos, já que a água funciona como um filtro
para ela. De qualquer maneira, o aparecimento do ozônio prepara o terreno para uma futura
conquista do ambiente seco, caso alguns organismo um dia se aventurem a fazer experiência.
Aparece a membrana celular
É muito provável que os primeiros organismos tenham sido mais complexos do que os vírus
atuais, porém mais simples do que as células mais simples que se conhecem.
Um citologista chamado Robertson acredita que, por evolução, os organismos iniciais devam ter
―experimentado‖ vários tipos de membranas. A vantagem de uma membrana envolvente é clara:
ela fornece proteção contra choques mecânicos e, portanto, maior estabilidade à estrutura; porém
ela representa uma barreira entre o organismo e o alimento a seu redor, o que é uma
desvantagem.
Assim, a membrana ideal deveria ser resistente, com um certo grau de elasticidade, sem deixar de
ser suficientemente permeável. Num certo estágio da evolução dos seres vivos, apareceu a
membrana lipoproteica, que reúne todos esses atributos e certamente foi um sucesso total, já que
todos os seres vivos atuais de estrutura celular a possuem.
Nesse estágio, pode-se falar em organismos procariontes, muito semelhantes às mais simples
bactérias atuais.
Procariontes originam eucariontes
Uma membrana traz, entretanto, alguns problemas adicionais: ela se constitui, de certa forma,
num obstáculo para o crescimento da estrutura viva. Vamos explicar: à medida que a célula
cresce, seu volume aumenta, assim como a superfície de sua membrana; porém a superfície cresce
MENOS proporcionalmente, do que o volume. Desse modo, a célula MAIOR se alimenta PIOR.
A única forma de restabelecer a relação favorável entre superfície e volume é a divisão da célula,
que, assim, nunca pode passar de um certo tamanho.
Portanto o volume dos primeiros organismos é limitado, já que a partir de um certo tamanho tem
de acontecer divisão celular. Robertson propõe que, por evolução biológica, alguns organismos
devem ter adquirido a capacidade genética de dobrar sua membrana para fora (evaginação). Dessa
forma, sem mudanças apreciáveis de volume, aumentaria a superfície em contado como meio.
Perceba que na proposta de Robertson fica implícita a ideia de que todos os orgânulos celulares
membranosos tiveram a mesma origem; membranas nucleares, do retículo, do Golgi e plasmática
nada mais seriam do que dobramentos de uma primitiva membrana.
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Na célula atual, de fato, verificam-se dois fatos que apoiam fortemente as ideias de Robertson:
1. Há comunicação entre todas as membranas celulares, que se apresentam formando um sistema
membranoso único.
2. Todas as membranas celulares têm a mesma composição e são lipoproteicas.
Assim teriam aparecido, muito provavelmente, as primeiras células eucarióticas, que, em alguns
casos, levaram vantagem quando competiam com os procariontes. Apesar disso, os procariontes
continuaram existindo: são, como sabemos, as inúmeras espécies de bactérias e as cianofíceas
atuais.
A origem de algumas organelas celulares
Uma teoria muito em voga atualmente a respeito da origem das organelas celulares é a
endossimbiose. Trata-se da seguinte ideia: alguns organismos procariontes teriam sido
―engolidos‖ por células maiores de eucariontes, ficando no interior da célula, mas com capacidade
de reprodução independente e realizando determinadas funções. Acredita-se que mitocôndrias e
cloroplastos possam ter se originado dessa forma. As mitocôndrias podem ter sido um dia
BACTÉRIAS independentes; os cloroplastos, talvez CIANOFÍCEAS ou baterias
fotossintetizantes.
Os argumentos a favor dessa ideia são muito fortes: cloroplastos e mitocôndrias possuem material
genético próprio, semelhante ao DNA de bactéria. Esse DNA tem capacidade de duplicação, de
transcrição; ribossomos existentes no interior desses orgânulos produzem também proteínas
próprias. Por fim, ambos os orgânulos têm a capacidade de se reproduzir no interior da célula
―hospedeira‖.
Uma ―troca de favores‖ poderia ter se estabelecido entre a célula maior e a menor. No caso da
mitocôndria, que teria obtido proteção e alimento, sua presença teria permitido que a célula maior
aprendesse a RESPIRAR oxigênio, com todas as vantagens inerentes. A simbiose com um
procarionte fotossintetizante faria que os eucariontes hospedeiros tivessem síntese de alimento
―em domicílio‖, obviamente um processo muito vantajoso.
autor: Armênio Uzunian, Dan Edésio Pinseta, Sezar Sasson
fonte: Biologia; introdução à Biologia
pp. 97-105. (Livro 1). São Paulo: Gráfica e Editora Anglo, 1991
Exercícios
1. O que diz em linhas gerais, a hipótese da geração espontânea ou abiogênese?
2. (UEG GO/2009/Julho) Várias teorias ao longo dos anos tentam explicar as possíveis origens
para a vida no planeta Terra. Na figura a seguir, está representado um dos experimentos feitos
para explicar tal origem.
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LINHARES, Sérgio; GEWANDSZNAJDER, Fernando. Biologia série Brasil. São Paulo: Ática.
2005. p. 456. (Adaptado).
A partir do experimento realizado a que conclusão pode-se chegar sobre a origem da vida?
3. Em que os resultados da experiência de Spallanzani diferiam dos obtidos por Needham? A que
Spallanzani atribuiu a diferença? Qual foi a resposta de Needham?
4. Descreva resumidamente as experiências de Pasteur com os frascos com gargalo em forma de
pescoço de cisne.
5. Explique resumidamente as possíveis condições climáticas reinantes na Terra primitiva.
Testes
1. Sobre as teorias da origem da vida e seus estudiosos, assinale a alternativa CORRETA.
a) Segundo a abiogênese, a vida apenas se origina de outro ser vivo preexistente.
b) A panspermia explica a origem da vida a partir de substâncias essenciais do centro da terra.
c) A primeira teoria criteriosa sobre a origem da vida surgiu na Grécia Antiga, com Aristóteles,
que formulou a hipótese de geração espontânea.
d) Francesco Redi testou e confirmou, experimentalmente, a hipótese da geração espontânea.
e) Louis Pasteur realizou uma série de experiências, demonstrando que existe no ar ou nos
alimentos o "princípio ativo" capaz de gerar vida espontaneamente.
2. (PUCMG) Em uma experiência, Francesco Redi colocou em oito frascos de vidro um pedaço
de carne. Quatro vidros tiveram sua abertura recoberta por um pedaço de gaze. Após alguns dias,
apareceram larvas de moscas nos vidros que não continham a gaze recobrindo a abertura do
frasco. Nos frascos protegidos com gaze, elas não apareceram.
Essa experiência ilustra o princípio da:
a) Teoria Celular.
b) biogênese.
c) sucessão ecológica.
d) origem da célula.
e) higiene.
3. (Cftce) É INCORRETO em relação à teoria da biogênese:
a) trata-se de uma teoria contrária à da geração espontânea.
b) comprovou que os seres vivos se originam de matéria não-viva.
c) teve como principal defensor o cientista francês Louis Pasteur.
d) baseava-se no fato de que todo ser vivo se origina por reprodução de outro ser vivo da mesma
espécie.
e) o pesquisador italiano Lazzaro Spallanzani foi um grande aliado desta teoria.
4. (CESGRANRIO-RJ) Uma das hipóteses sobre a origem da vida na Terra presume que a forma
mais primitiva de vida se desenvolveu lentamente, a partir de substância inanimada, em um
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ambiente complexo, originando um ser extremamente simples, incapaz de fabricar seu alimento.
Esta hipótese é modernamente conhecida como:
a) Geração espontânea
b) heterotrófica
c) autotrófica
d) epigênese
e) pangênese
5. (UNIFOR CE/1998/Julho - Conh. Espec.) O experimento realizado por Louis Pasteur,
utilizando frascos com pescoço de cisne e caldos nutritivos, derrubou a hipótese:
a) autotrófica.
b) da biogênese.
c) da abiogênese.
d) heterotrófica.
e) da pré-formação.
6. (Univ. Potiguar RN/1999/Janeiro) A biogênese é uma teoria que:
a) admite mutações espontâneas
b) admite geração espontânea
c) admite que, para o aparecimento de um organismo, deve haver um indivíduo antecessor
d) foi concebida por Lamarck
7. (UFAM/2003) ‖Os seres vermiformes que surgem na carne em putrefação são larvas, um
estágio do ciclo de vida das moscas. As larvas devem surgir de ovos colocados por moscas, e não
por geração espontânea a partir da putrefação da carne‖. Esta hipótese foi formulada por um
médico e biólogo italiano conhecido por:
a) Aristóteles século IV a.C.
b) Wiliam Havey ( 1578-1657)
c) René Descartes ( 1596-1650)
d) Isaac Newton (1642-1727)
e) Francisco Redi (1626-1697)
8. (UESPI/2009) ―Ponha-se uma porção de linho velho num vaso que contenha alguns grãos de
trigo ou um pedaço de queijo durante cerca de três semanas, e, ao cabo desse período, os ratos
adultos, tanto machos como fêmeas, surgirão no vaso‖. Sobre as idéias para explicar a origem da
vida, o princípio expresso no trecho destacado ilustra a teoria da:
a) Geração Espontânea.
b) Clonagem.
c) Seleção Natural.
d) Biogênese.
e) Quimiossíntese.
9. (UFJF) Sobre a origem e a evolução dos primeiros seres vivos é CORRETO afirmar que:
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a) a atmosfera da Terra primitiva era composta principalmente de metano, oxigênio e vapor
d’água.
b) os primeiros organismos eram autotróficos.
c) os primeiros organismos a conquistar o ambiente terrestre foram os répteis. d) os primeiros invertebrados viviam exclusivamente no mar.
10. (PUCSP) Na figura abaixo, temos representado um aparelho projetado por Stanley Miller, no
início da década de 1950. Por esse aparelho circulavam metano, amônia, vapor de água e
hidrogênio e, através de energia fornecida por descarga elétrica, produtos de reações químicas
como aminoácidos, carboidratos e ácidos graxos eram coletados no alçapão.
Através desse experimento, Miller testou a hipótese de que, na atmosfera primitiva pela ação de
raios,
a) compostos orgânicos puderam se formar a partir de moléculas simples.
b) compostos inorgânicos puderam se formar a partir de moléculas orgânicas.
c) compostos inorgânicos e orgânicos puderam originar os primeiros seres vivos.
d) macromoléculas puderam se formar a partir de moléculas orgânicas simples.
e) coacervados puderam se formar a partir de moléculas inorgânicas.
Bioquímica celular: Compostos Orgânicos e Inorgânicos
Introdução
Uma das evidências da evolução biológica e da ancestralidade comum dos seres vivos é que todas
as formas de vida possuem composição química semelhante.
Na composição química das células dos seres vivos, estudamos dois grandes grupos de
substâncias: as substâncias inorgânicas e as substâncias orgânicas.
São classificadas como substâncias inorgânicas a água e os sais minerais. São substâncias
orgânicas os hidratos de carbono, lipídios, proteínas e ácidos nucléicos. As substâncias orgânicas
são formadas por cadeias carbônicas com diferentes funções orgânicas.
Dos elementos químicos encontrados na natureza, quatro são encontrados com maior frequência
na composição química dos seres vivos. Esses elementos são o carbono (C) o oxigênio (O), o
nitrogênio (N) e o hidrogênio (H). Além desses quatro elementos, outros são biologicamente
importantes como o sódio (Na), potássio (K), cálcio (Ca), fósforo (P), enxofre (S), entre outros.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 311
Elementos químicos biologicamente importantes e sua localização na Tabela Periódica.
2. As Substâncias Inorgânicas
2.1. A Água
A vida na Terra começou na água e, ainda hoje, a ela se associa. Só há vida onde há água. As
propriedades da água que a tornam fundamental para os seres vivos relacionam-se com sua
estrutura molecular que é constituída por dois átomos de hidrogênio ligados a um átomo de
oxigênio por ligações covalentes. Embora a molécula como um todo seja eletricamente neutra, a
distribuição do par eletrônico em cada ligação covalente é assimétrica, deslocada para perto do
átomo de oxigênio.
Assim, a molécula tem um lado com predomínio de cargas positivas e outro com predomínio de
cargas negativas. Moléculas assim são chamadas polares.
Quando os átomos de hidrogênio da molécula de água (com carga positiva) se colocam próximos
ao átomo de oxigênio de outra molécula de água (com carga negativa), estabelece-se uma ligação
entre eles, denominada ponte de hidrogênio.
A estrutura da molécula de água
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Essa ligação garante a coesão entre as moléculas, o que mantém a água fluida e estável nas
condições habituais de temperatura e pressão. Algumas das mais importantes propriedades da
água relacionam-se com as ligações de hidrogênio:
1) Tensão superficial: coesão entre as moléculas da superfície, formando uma "rede".
Insetos sobre a superfície da água
2) Capilaridade: capacidade de penetrar em espaços reduzidos, o que permite à água percorrer os
microporos do solo, tornando-se acessível às raízes das plantas.
3) Calor específico elevado: as moléculas de água podem absorver grande quantidade de calor
sem que sua temperatura fique elevada, pois parte desta energia é utilizada no enfraquecimento
das ligações de hidrogênio. Isso explica o papel termorregulador da água por meio da transpiração
que mantém a temperatura em valores compatíveis com a manutenção da vida das diferentes
espécies.
4) Capacidade solvente: a polaridade da molécula de água explica a eficácia em separar
partículas entre si, pois o caráter polar da água tende a diminuir as forças de atração dos íons
encontrados em sais e em outros compostos iônicos, favorecendo a dissociação dos mesmos. Os
dipolos da água envolvem os cátions e ânions (solvatação)impedindo a união entre essas
partículas carregadas eletricamente.
O fenômeno da solvatação iônica
Alguns dos principais papéis da água nos seres vivos são:
1) Solvente da maioria dos solutos, o que permite a ocorrência das reações químicas (é chamada
solvente universal).
2) As reações catalisadas por enzimas só ocorrem na água. Em algumas reações, a água participa
também como substrato (reações de hidrólise).
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3) As substâncias distribuem-se pelo interior da célula graças ao fluxo contínuo de água no seu
interior (ciclose).
4) Os sistemas de transporte dos animais (sistema circulatório) e dos vegetais (vasos condutores)
usam a água como meio de distribuição de substâncias.
5) Devido ao seu elevado calor específico, a abundante presença de água nos seres vivos impede
grandes variações de temperatura.
6) Age como lubrificante nas articulações, nos olhos e, misturada aos alimentos, como saliva,
facilita a deglutição.
A água é a substância mais abundante em todos os seres vivos. No homem, representa cerca de
65% de sua massa. A proporção varia de uma espécie para outra (mais de 95% da massa dos
celenterados), de acordo com a idade (diminui com o envelhecimento), com o sexo e de um tecido
para outro. No homem, perdas maiores que 15% da massa de água (desidratação) podem ter
consequências graves, pela diminuição do volume de líquido circulante.
A variação do teor de água em diferentes estruturas no ser humano.
2.2. Os Sais Minerais
Como a célula é um meio aquoso, não se encontram sais minerais, mas íons inorgânicos. Alguns
deles são encontrados em todos os seres vivos .
– Cátions: sódio, potássio, magnésio, cálcio, ferro, manganês, cobalto, cobre, zinco.
– Ânions: cloreto, bicarbonato, fosfato, sulfato, nitrato.
Algumas ações são exercidas especificamente por alguns íons:
• Cálcio: participa da estrutura das membranas, dos cromossomas, do esqueleto dos vertebrados,
da contração muscular e da coagulação do sangue.
• Ferro: faz parte das moléculas dos citocromos, componentes da respiração celular, e da
molécula da hemoglobina, pigmento transportador de O2 do sangue.
• Magnésio: encontrado na molécula da clorofila, pigmento fotossintetizante dos vegetais. O
zinco, o cobre e o cobalto atuam como co-enzimas em alguns processos. O sódio e o potássio são
os principais envolvidos na transmissão do impulso nervoso.
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• Fosfato: importante componente da estrutura do ATP e dos nucleotídeos do DNA e do RNA.
• Iodo: faz parte da estrutura dos hormônios (tiroxinas) segregadas pela tiróide dos vertebrados.
De um modo geral, os sais na forma iônica atuam no metabolismo e na forma molecular estão
presentes em estruturas esqueléticas como carapaças, conchas, ossos, chifres, cascos, onde são
comuns o carbonato de cálcio e o fosfato de cálcio.
Estruturas esqueléticas dos seres vivos
3. Hidratos de Carbono ou Glicídicos
3.1. Apresentação
Os glicídicos são moléculas orgânicas formadas por átomos de carbono (C), hidrogênio (H) e
oxigênio (O).
Os glicídicos também podem ser chamados de hidratos de carbono ou açúcares.
Nem sempre o açúcar (glicídicos) está relacionado com o paladar doce dos alimentos. Existem
açúcares, como o amido da maizena e da farinha de trigo, que não são doces. São doces a glicose
do mel e a frutose das frutas.
Os glicídicos apresentam muitas funções no metabolismo dos seres vivos; uma das mais
importantes é a função energética dessas moléculas relacionadas com o metabolismo energético
que envolve o funcionamento dos organelas mitocôndrias e cloroplastos.
Os autotróficos são os organismos capazes de produzir açúcares, a partir da utilização de dióxido
de carbono (CO2) e água (H2O), utilizando a luz como fonte de energia para o fenômeno da
fotossíntese.
Equação Geral da Fotossíntese.
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A glicose produzida na fotossíntese é usadas como fonte de energia no metabolismo celular dos
seres vivos. No corpo do vegetal, parte da glicose produzida na fotossíntese fica armazenada na
forma de amido nos tubérculos (raízes e caules) e parte fica na forma de celulose na parede
celular (membrana celulósica) das células vegetais.
3.2. Classificação
Os glicídios são classificados de acordo com o número de moléculas em sua constituição como
monossacarídeos, oligossacarídeos e polissacarídeos.
I. Monossacarídeos
Os monossacarídeos são moléculas orgânicas formadas por átomos de carbono (C), hidrogênio
(H) e oxigênio (O) na proporção 1: 2: 1, respectivamente, apresentando a fórmula geral (CH2O)
n, em que ―n‖ pode variar de 3 a 7.
O nome genérico do monossacarídeo está relacionado com o valor de n.
n = 3 trioses
n = 4 tetroses
n = 5 pentoses
n = 6 hexoses
n = 7 heptoses
Os monossacarídeos mais abundantes são as hexoses com fórmula geral (C6H12O6). Nessa classe,
se inclui a glicose, o mais importante combustível para a maioria dos seres vivos, componente dos
polissacarídeos mais importantes, como o amido e a celulose. Outras hexoses importantes são a
frutose e a galactose.
Uma outra classe importante dos monossacarídeos são as pentoses com fórmula geral (C5H10O5).
As pentoses desoxirribose e ribose são os componentes dos ácidos nucléicos DNA e RNA,
respectivamente.
As trioses e as heptoses são compostos que participam das reações dos processos metabólicos da
respiração e da fotossíntese.
Os monossacarídeos são sólidos brancos, cristalinos, solúveis em água, sendo a maioria de sabor
doce.
Algumas fórmulas estruturais de monossacarídeos:
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Glicídios do tipo hexoses – glicose e galactose – possuem a função orgânica aldeído (aldose) e a
frutose a função orgânica cetona (cetose).
Glicídios do tipo pentoses – componentes dos ácidos nucléicos.
II. Oligossacarídeos
Os oligossacarídeos são moléculas orgânicas formadas pela união de 2 a 10 moléculas de
monossacarídeos.
Os oligossacarídeos mais importantes biologicamente são os dissacarídeos.
Os dissacarídeos, como a sacarose, maltose e lactose são formados pela união de dois
monossacarídeos.
Reações de Síntese e Hidrólise de um Dissacarídeo
Os dissacarídeos presentes nos alimentos não são aproveitados diretamente pelo organismo. Estas
moléculas precisam ser digeridas (hidrolisadas) pela ação de enzimas específicas em suas
unidades formadoras (monossacarídeos) para serem absorvidas nas micro vilosidades intestinais e
aí então chegarem até as células, via corrente sanguínea.
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1. Reação de síntese
2. Reação de hidrólise (ação enzimática)
III. Polissacarídeos
São moléculas orgânicas formadas pela união de mais 10 moléculas de monossacarídeos.
Os polissacarídeos são abundantes na natureza, podendo ter função biológica de reserva
energética, como o amido e o glicogênio ou função estrutural, como a celulose e a quitina.
Polissacarídeos de Reserva Energética
O amido é o polissacarídeo de reserva energética dos vegetais, sendo armazenado nas células do
parênquima amiláceo de caules (batatinha) e raízes (mandioca).
O glicogênio é o polissacarídeo de reserva energética animal, sendo armazenado no fígado e
músculos.
Amido e glicogênio são formados por milhares de moléculas de glicose e para serem aproveitados
no metabolismo energético são transformados em moléculas de glicose, de acordo com os
esquemas a seguir.
Polissacarídeos Estruturais
A celulose é o polissacarídeo presente na membrana celulósica das células vegetais (imagine sua
abundância na natureza). Está relacionada com a estrutura e forma das células vegetais.
O aproveitamento da celulose na forma de moléculas de glicose só é possível na presença da
enzima celulase, que é produzida por microrganismos como bactérias e protozoários, que vivem
em simbiose no sistema digestivo de organismos como ruminantes, moluscos, etc.
No ser humano, a presença de celulose na dieta (alimentação) garante o bom funcionamento do
intestino, a retenção de água ao bolo fecal, facilitando sua eliminação.
Nos artrópodes, o polissacarídeo quitina é um material impermeabilizante do exoesqueleto,
garantindo boa adaptação à vida terrestre.
Nos tecidos animais, a compactação entre as células é facilitada pela presença do polissacarídeo
ácido hialurônico (cimento intercelular).
A heparina também é um importante polissacarídeo que atua na circulação como anticoagulante,
principalmente em regiões de grande irrigação como pulmões e fígado.
4. Os lipídios
4.1. Apresentação
Os lipídios são moléculas orgânicas formadas pela união de ácidos gordos e um tipo de álcool,
que normalmente é o glicerol.
Os lipídios apresentam em sua constituição átomos de carbono (C), hidrogênio (H) e oxigênio
(O), e diferem dos glicídios por apresentarem menos átomos de oxigênio, podendo ter na sua
estrutura, além do ácido gordos e glicerol, átomos de fósforo, colesterol, etc.
Os lipídios aparecem com muita frequência na composição química dos seres vivos em diferentes
partes do corpo, como no tecido adiposo, nas membranas celulares, na bainha de mielina dos
neurônios, como precursores de vitaminas e hormônios, ceras impermeabilizantes nas superfícies
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de folhas e frutos, etc.
De um modo geral, são substâncias pouco solúveis em água e solúveis em compostos orgânicos
apolares como éter, benzeno, clorofórmio e álcool.
4.2. O Papel Biológico dos Lipídios
Os lipídios desempenham várias funções importantes para os seres vivos, entre elas, a função de
reserva energética, realizada pelas gorduras nos animais e pelos óleos nos vegetais.
A função estrutural é realizada pela cera nas folhas e nos frutos dos vegetais, assim como os
fosfolipídios nas membranas celulares. As abelhas produzem cera utilizada na impermeabilização
das células da colméia, para proteger o mel, o pólen e as larvas.
Os animais homeotérmicos (aves e mamíferos) dependem das reservas de gordura para a
manutenção da temperatura corporal.
4.3. Classificação
I. Glicerídeos
São lipídios formados por ácidos gordos e glicerol.
Os glicerídeos mais comuns nos seres vivos são as gorduras e os óleos, que funcionam como
material de reserva energética nos animais e vegetais, respectivamente. Nos animais as gorduras
são encontradas no tecido adiposo e nos vegetais, os óleos são encontrados principalmente nas
sementes.
Formação de um glicerídio a partir de ácidos gordos e glicerol.
As gorduras e os óleos podem ser diferenciados pelo aspecto, localização, origem e pelo tipo de
ácido gordo que apresentam – saturado nas gorduras e insaturado no óleo.
As gorduras são depositadas no tecido adiposo dos animais, funcionando como material de
reserva energética. Um tipo de gordura nos animais que é bem conhecido de todos é o toucinho e
o bacon (que é o toucinho defumado) do porco, utilizado na alimentação.
Os óleos estão depositados mais frequentemente nas sementes dos vegetais, como, por exemplo,
no girassol, na soja, no amendoim, no arroz, no milho, etc.
A partir dos óleos vegetais são produzidas as gorduras vegetais, conhecidas como margarinas,
conseguidas por meio de reações de hidrogenação com aquecimento. Na constituição das
margarinas, além do óleo vegetal, estão presentes vitaminas, sais minerais e conservantes.
A seguir, esquematizamos a obtenção da margarina por hidrogenação de óleos vegetais
insaturados.
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Os esquemas a seguir mostram exemplos de ácidos gordos saturados e insaturados
Ácidos gordos saturados (ligação simples entre carbonos)
Ácidos graxos insaturados (duplas ligações entre carbonos)
II. Cerídios
São lipídios formados pela união de ácido gordo de cadeia longa (de 14 a 36 átomos de carbono)
com um álcool de cadeia longa (de 16 a 30 átomos de carbono).
As ceras possuem importância biológica no revestimento e proteção de superfícies dos corpos dos
seres vivos.
As ceras revestem as folhas e frutos dos vegetais, diminuindo a taxa de transpiração, pois
funcionam como material impermeabilizante.
As secreções oleosas das glândulas sebáceas protegem a superfície corporal dos mamíferos contra
a desidratação.
A secreção oleosa da glândula uropigiana das aves lubrifica as penas, evitando que as mesmas
fiquem encharcadas no ambiente aquático.
III. Fosfolipídios
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São lipídios formados por ácido gordo, glicerol e o grupo fosfato.
Os fosfolipídios estão presentes nas estruturas da membrana celular.
A estrutura da membrana celular
lV. Esteróides
São lipídios formados por ácidos gordos e alcoóis de cadeia cíclica como o colesterol.
Possuem importância metabólica na formação das hormônios esteróides e componentes da bílis.
A bílis é segredada pelo fígado, sendo constituída por sais que promovem a emulsificação das
gorduras, facilitando a ação das lipases no intestino.
As hormônios esteróides são testosterona, estrógeno e progesterona, relacionados com as
características sexuais e a produção de gametas.
A testosterona é hormônio masculino produzido nos testículos; o estrógeno e a progesterona são
hormônios femininos produzidos no ovário.
5. As proteínas
5.1. Apresentação
As proteínas são macromoléculas, isto é, moléculas grandes, constituídas por unidades chamadas
aminoácidos. Algumas propriedades importantes dos seres vivos estão associadas a elas: a
facilitação para a ocorrência de reações químicas (enzimas), o transporte de oxigênio
(hemoglobina), a transmissão de informações (hormônios), a composição estrutural das células
(membranas, túbulos, etc.), a defesa orgânica (anticorpos), etc.
Classificação das proteínas quanto à função biológica:
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 321
O que distingue uma proteína da outra é o número de aminoácidos, o tipo de aminoácidos e a
sequência na qual eles estão ligados.
Todos os aminoácidos possuem um átomo de carbono central, ao qual se ligam um grupo
carboxila (COOH), que confere caráter ácido, um grupo amina (NH2), que tem caráter básico,
um átomo de hidrogênio e um radical R, variável de um aminoácido para outro.
Fórmula geral de um aminoácido
O radical R pode ser um átomo de hidrogênio, um grupo ou grupos mais complexos, contendo
carbono, hidrogênio, oxigênio, nitrogênio e enxofre.
Os aminoácidos podem ser obtidos na dieta ou produzidos, a partir de açúcares. Todavia, as
moléculas possuem nitrogênio. O nitrogênio constitui cerca de 80% do ar atmosférico, mas sua
assimilação ocorre pela ação de microrganismos capazes de transformá-lo em compostos
utilizáveis pelos vegetais (nitritos ou nitratos). Os vegetais empregam esses compostos para
produzir aminoácidos, obtidos pelos animais através da alimentação.
Os animais podem sintetizar aminoácidos a partir de açúcar, graças à transferência do grupo NH2
das proteínas da dieta. Podem, ainda, transformar alguns aminoácidos em outros. Todavia,
existem alguns aminoácidos que não podem ser produzidos pelos animais, e precisam ser
conseguidos na alimentação. São os aminoácidos essenciais. Aqueles que podem ser sintetizados
nas células animais são chamados aminoácidos naturais.
São aminoácidos naturais a alanina, prolina, glicina, serina, tirosina, entre outros.
São aminoácidos essenciais a valina, leucina, triptófano, metionina, fenilalanina, entre outros.
Os alimentos ricos em proteínas, como o leite, a carne, os ovos, a gelatina, podem ser utilizados
como fonte de aminoácidos para o organismo.
No leite existe a proteína caseína, que é utilizada pelo organismo como fonte de aminoácidos
naturais.
5.2. As Reações de Síntese e Hidrólise das Proteínas
As proteínas, ou cadeias polipeptídicas, são formadas pela união entre aminoácidos. As ligações
entre os aminoácidos são denominadas ligações peptídicas e ocorrem entre o grupo carboxila de
um aminoácido e o grupo amina de outro aminoácido.
Para o organismo aproveitar as proteínas como fonte de aminoácidos, deve ocorrer ação
enzimática das proteases na digestão das proteínas, que ocorre no estômago e no intestino.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 322
Como cada ligação peptídica é formada entre dois aminoácidos, uma proteína com 100 (cem)
aminoácidos apresentará 99 ( noventa e nove ) ligações peptídicas.
As proteínas diferem entre si pelo número, tipo e sequência dos aminoácidos em suas estruturas.
1) Reação de síntese
2) Reação de hidrólise (digestão) com ação de uma protease
5.3. As Estruturas das Proteínas
A sequência linear de aminoácidos de uma proteína define sua estrutura primária.
Estrutura primária de um oligopeptidio
O número de aminoácidos é muito variável de uma proteína para outra:
• Insulina bovina 51 aminoácidos
• Hemoglobina humana 574 aminoácidos
• Desidrogenase glutâmica 8 300 aminoácidos
O filamento de aminoácidos enrola-se ao redor de um eixo, formando uma escada helicoidal
chamada alfa-hélice. É uma estrutura estável, cujas voltas são mantidas por pontes de hidrogênio.
Tal estrutura helicoidal é a estrutura secundária da proteína.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 323
As proteínas estabelecem outros tipos de ligações entre suas partes. Com isto, dobram sobre si
mesmas, adquirindo uma configuração espacial tridimensional chamada estrutura terciária. Essa
configuração pode ser filamentar como no colágeno, ou globular, como nas enzimas.
A estrutura secundária de uma proteína A estrutura terciária de uma
proteína
Tanto o estabelecimento de pontes de hidrogênio como o de outros tipos de ligações dependem da
sequência de aminoácidos que compõem a proteína. Uma alteração na sequência de aminoácidos
(estrutura primária) implica em alterações nas estruturas secundária e terciária da proteína. Como
a função de uma proteína se relaciona com sua forma espacial, também será alterada. Um
exemplo clássico é a anemia falciforme. Nessa doença hereditária, há uma troca na cadeia de
aminoácidos da hemoglobina (substituição de um ácido glutâmico por uma valina). Isto acaba por
determinar mudanças na hemácia, célula que contém a hemoglobina, que assume o formato de
foice quando submetida a baixas concentrações de oxigênio.
Muitas proteínas são formadas pela associação de dois ou mais polipeptídios (cadeias de
aminoácidos). A maneira como estas cadeias se associam constitui a estrutura quaternária
dessas proteínas. A hemoglobina, citada anteriormente, é formada pela união de duas cadeias
"alfa" e duas cadeias "beta".
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 324
A estrutura quaternária da hemoglobina
5.4. Desnaturação das Proteínas
Quando as proteínas são submetidas à elevação de temperatura, a variações de pH ou a certos
solutos como a uréia, sofrem alterações na sua configuração espacial, e sua atividade biológica é
perdida. Este processo se chama desnaturação.
Ao romper as ligações originais, a proteína sofre novas dobras ao acaso. Geralmente, as proteínas
tornam-se insolúveis quando se desnaturam. É o que ocorre com a albumina da clara do ovo que,
ao ser cozida, se torna sólida.
Na desnaturação, a sequência de aminoácidos não se altera e nenhuma ligação peptídica é
rompida. Isto demonstra que a atividade biológica de uma proteína não depende apenas da sua
estrutura primária, embora esta seja o determinante da sua configuração espacial.
Algumas proteínas desnaturadas, ao serem devolvidas ao seu meio original, podem recobrar sua
configuração espacial natural. Todavia, na maioria dos casos, nos processos de desnaturação por
altas temperaturas ou por variações extremas de pH, as modificações são irreversíveis. A clara do
ovo solidifica-se, ao ser cozida, mas não se liquefaz quando arrefece.
5.5. As Funções das Proteínas
As proteínas desempenham quatro funções importantes para os seres vivos. Entre estas funções
podemos citar a função estrutural ou plástica, hormonal, anticorpos (imunização) e enzimática.
As proteínas estruturais estão presentes em estruturas esqueléticas, como ossos, tendões e
cartilagens, unhas, cascos, etc., além da membrana celular.
As proteínas hormonais atuam no metabolismo como mensageiros químicos, como a insulina e o
glucagon que controlam a glicemia do sangue e o hormônio de crescimento denominado
somatotrofina, segregada pela hipófise.
As proteínas de defesa imunológica são as imunoglobulinas (anticorpos).
As proteínas de ação enzimática (enzimas) são importantes como catalisadores biológicos
favorecendo reações do metabolismo celular, como as proteases, a catalase, a desidrogenases,
entre outras
06. Ácidos Nucléicos
6.1. Nucleotídeos
Em 1870, Miescher isolou substâncias que tinham caráter ácido e eram formadas por carbono,
hidrogênio, oxigênio, azoto e fósforo, no núcleo de células do pus. Tais substâncias foram
chamadas de ácidos nucléicos e sabe-se que elas estão relacionadas com o controle da atividade
celular e com os mecanismos da hereditariedade.
Os ácidos nucléicos são formados pela união de nucleotídeos. Outras macromoléculas orgânicas
são constituídas por unidades mais simples: as proteínas, por aminoácidos e os polissacarídeos,
por açúcares simples, como a glicose. Cada nucleotídeo tem três subunidades: um grupo fosfato,
uma pentose e uma base nitrogenada.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 325
O grupo fosfato origina-se do ácido fosfórico (H3PO4).
Há duas pentoses que podem participar da estrutura dos nucleotídeos: a ribose (C5H10O5) e a
desoxirribose (C5H10O4).
As bases azotadas possuem estrutura em anel, com átomos de azoto na molécula. Classificam-se
em bases púricas (adenina e guanina) e bases pirimídicas (citosina, timina e uracila).
A quebra parcial dos nucleotídeos, com a retirada do grupamento fosfato, resulta em compostos
formados por uma pentose e por uma base nitrogenada. São os nucleotídeos.
Nos seres vivos, há 2 tipos de ácidos nucléicos: o ácido desoxirribonucleico (DNA ou ADN) e o
ácido ribonucléico (RNA ou ARN) com funções distintas.
O DNA é encontrado nos cromossomas, dirige a síntese das enzimas e, desta forma, controla as
atividades metabólicas da célula. O RNA transfere as informações do DNA para os ribossomos,
onde as enzimas e outras proteínas são produzidas.
6.2. O Ácido Desoxirribonucleico (DNA)
Para que uma molécula possa agir como portador das informações genéticas, deve satisfazer
algumas condições.
1) conter grande quantidade de informações, passando-as de geração a geração.
2) fazer cópias de si mesma, uma vez que as informações são passadas às células-filhas.
3) ter mecanismos para transformar as informações em ação, controlando a atividade celular.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 326
4) eventualmente, sofrer pequenos "enganos" e estes devem ser copiados fielmente e passados aos
descendentes, o que é a base das mutações e da evolução.
O DNA cumpre todas essas exigências. É bastante grande e complexo, podendo conter enorme
quantidade de informações. Pode-se auto duplicar, gerando cópias perfeitas de si mesmo.
Comandando a síntese das enzimas, controla o metabolismo celular. Sofre, algumas vezes,
alterações em sua sequência de nucleotídeos. Aceita-se, hoje, que o DNA é o material genético.
Os nucleotídeos de DNA possuem:
a) um grupo fosfato;
b) uma pentose: a desoxirribose;
c) uma base azotada: adenina, guanina, citosina ou timina.
Composição de bases do DNA de algumas espécies:
Estudos com difração de raio X, nos anos 50, mostravam que a molécula do DNA deveria ter a
estrutura de uma grande hélice. James D. Watson e Francis Crick propuseram um modelo para a
molécula do DNA, visando a explicar tanto suas características químicas quanto seus papéis
biológicos. Segundo o modelo de Watson e Crick, a molécula do DNA tem estrutura de uma
dupla hélice, como uma escada retorcida, com dois filamentos de nucleotídeos.
O modelo de Watson e Crick para a molécula do DNA
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 327
Os corrimãos da escada do modelo de Watson e Crick são formados pelas unidades açúcar-fosfato
dos nucleotídeos. Cada degrau é constituído por um par de bases azotadas(uma de cada
filamento), sempre uma base púrica pareada com uma base pirimídica.. Observe, no esquema
anterior (Fig. C), que os dois filamentos
complementares "correm" em sentido contrário.
A partir das relações descobertas por Chargaff, e
estudando os possíveis locais de estabelecimento de
pontes de hidrogênio entre duas bases azotadas,
Watson e Crick concluíram que as duas cadeias
paralelas de nucleotídeos permanecem unidas por
pontes de hidrogênio entre as bases, sempre da
mesma maneira: adenina com timina e citosina
com guanina. Independentemente de qual seja a
sequência de bases em um filamento, o outro tem
sequência exatamente complementar. Por exemplo, se em um filamento se encontra a sequência:
O filamento complementar terá, obrigatoriamente:
Os dois filamentos da molécula poderiam ser assim representados:
Uma propriedade importante do material genético é conter toda a informação genética.
A sequência de bases do DNA é um "alfabeto" com quatro letras (A, T, C e G), nas mais diversas
combinações. Um vírus tem filamentos de DNA com 10 000 nucleotídeos, enquanto o DNA
presente nos 46 cromossomas humanos possui 10 bilhões deles em um metro e meio de
comprimento. Isso equivale a uma biblioteca com cerca de 2 000 livros de 300 páginas cada!
Outra propriedade importante da molécula de DNA é a capacidade de se autoduplicar, gerando
cópias perfeitas de si mesma. A expressão autoduplicação não é totalmente correta, pois, sem as
enzimas e a matéria-prima necessárias ela não ocorre.
Durante a duplicação do DNA, os dois filamentos separam-se (por ruptura das pontes de
hidrogênio), e a enzima DNA-polimerase utiliza cada filamento como "molde" para a montagem
de um filamento novo. Os novos nucleotídeos são unidos entre si, obedecendo à sequência ditada
pelo filamento original. Em frente a uma adenina, posiciona-se uma timina (ou vice-versa) e, em
frente a uma citosina, coloca-se uma guanina (ou vice-versa).
Dessa forma, quando o processo se completa, cada filamento original serviu de molde para a
montagem de um filamento novo. Cada nova molécula de DNA tem, portanto, um filamento
recém-formado e um filamento remanescente da molécula inicial. A duplicação é
semiconservativa.
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6.3. O Ácido Ribonucléico (RNA)
O RNA é encontrado no núcleo das células (livre ou associado ao DNA) e no citoplasma (livre no
hialoplasma, associado aos ribossomos ou como constituinte deles).
A ação do DNA, como controlador celular, conta com o RNA, molécula capaz de transcrever e
de traduzir as informações genéticas, sintetizando, a partir delas, as enzimas que irão catalisar as
reações químicas da célula.
Os nucleotídeos de RNA possuem:
a) Grupo fosfato: PO43-
b) Pentose: ribose
c) Base nitrogenada: adenina, guanina, citosina e uracila.
A molécula de RNA é formada por um único filamento, que pode estar dobrado sobre si mesmo.
Existem três tipos de RNA.
1) RNA mensageiro (RNAm): é um único e longo filamento de RNA. Forma-se a partir de um
filamento de DNA que lhe serve de molde. Sua formação chama-se transcrição, e esse filamento
é catalisado pela enzima RNA-polimerase. Por ruptura de pontes de hidrogênio, os filamentos de
DNA se separam. Nucleotídeos de RNA emparelham-se aos seus complementares do DNA e
unem-se para formar o filamento de RNA. No final do processo, o filamento recém-formado de
RNA se desprende e os dois filamentos de DNA voltam a ligar-se.
As mensagens no RNAm são transmitidas em sequências de três nucleotídeos, os códons.
2) RNA de transferência ou transportador (RNAt): suas moléculas também são formadas a
partir de um molde de DNA, mas com 80 a 100 nucleotídeos apenas. Constitui-se de um único
filamento dobrado sobre si mesmo, com aspecto de "folha de trevo".
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 329
Todas as moléculas de RNAt são semelhantes. Existe pouco mais de vinte tipos de RNAt, um para
cada tipo de aminoácido encontrado nas proteínas. A função do RNAt é transportar aminoácidos
presentes no citoplasma da célula e fazer a ligação dos aminoácidos com o RNAm na síntese de
proteínas.
3) RNA ribossómico (RNAr): forma-se a partir do DNA da região organizadora do nucléolo,
presente em alguns cromossomas. Junto com as proteínas, são componentes estruturais dos
ribossomos. Embora não totalmente clara, a função do RNAr parece ser orientar o RNAm, os
RNAt e os aminoácidos durante o processo de síntese de proteínas.
6.4. O Código Genético
O mecanismo de síntese de proteínas é comandado pelas moléculas de DNA. Na verdade,
sequências específicas das moléculas de DNA, denominadas genes, é que comandarão a síntese
protéica nos seres vivos.
Os genes podem ser definidos como uma sequência de tripletos (trincas)de nucleotídeos.
Exercícios
1. Quais os principais elementos químicos presentes na matéria viva?
Quais são os quatro compostos orgânicos fundamentais encontrados nos seres vivos?
______________________________________________________________________________
2. Na composição química de uma célula existem componentes orgânicos e inorgânicos. Quais
são esses componentes?
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
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3. O que significa dizer que as moléculas de água são polares?
4. O que são substâncias hidrofílicas e hidrofóbicas?
5. Explique, em linhas gerais, as funções dos seguintes monossacarídeo:
a) amido
b) glicogênio
c) celulose
6. Qual é a importância dos lipídios na constituição das membranas celulares?
7. O que são aminoácidos essenciais e não- essenciais?
8. Quais são os dois tipos de ácidos nucléicos presentes nas células e como são constituídos?
Testes
1. São organismos procariontes:
a) vírus e bactérias;
b) vírus e cianofíceas;
c) bactérias e cianofíceas;
d) bactérias e fungos;
e) todos os unicelulares.
2. O material genético das células é:
a) a glicose
b) uma proteína
c) o colesterol
d) o ácido desoxirribonucléico.
e) um aminoácido
3. "A margarina finlandesa que reduz o COLESTEROL chega ao mercado americano ano que vem."
(JORNAL DO BRASIL, 23/07/98)
"O uso de ALBUMINA está sob suspeita" (O GLOBO, 27/07/98)
"LACTOSE não degradada gera dificuldades digestivas" (IMPRENSA BRASILEIRA, agosto/98)
As substâncias em destaque nos artigos são, respectivamente, de natureza:
a) lipídica, protéica e glicídica.
b) lipídica, glicídica e protéica.
c) glicídica, orgânica e lipídica.
d) glicerídica, inorgânica e protéica.
e) glicerídica, protéica e inorgânica.
4. (UFRJ) Recentemente, houve grande interesse por parte dos obesos quanto ao início da
comercialização do medicamento Xenical no Brasil. Esse medicamento impede a metabolização
de um terço da gordura consumida pela pessoa. Assim, pode-se concluir que o Xenical inibe a
ação da enzima:
a) maltase.
b) protease.
c) lipase.
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d) amilase.
e) sacarase.
5. (UFMG) Devem constar da dieta humana íons correspondentes aos seguintes elementos
químicos, exceto:
a) cálcio.
b) cloro.
c) ferro.
d) sódio.
e) mercúrio.
6. (FUVEST-SP) Reserva de carboidratos nos músculos ficam na fórmula de:
a) glicogênio.
b) lactose.
c) amido.
d) sacarose.
e) glicose.
7. (UNIFICADO RJ)
―Ceará joga fora opção alimentar‖
Segundo pesquisas da UFC, a cada ano 800 toneladas de carne de cabeça de lagosta não são
aproveitadas sendo lançadas ao mar. “O estudo sobre hidrólise enzimática de desperdício de
lagosta”, título do pesquizador Gustavo Vieira, objetiva o uso de material de baixo custo para
enriquecer a alimentação de populações carentes. O processo consiste na degradação de
moléculas orgânicas complexas em simples por meio de um catalisador e na posterior
liofilização. O pó resultante é de alto teor nutritivo, com baixa umidade e resiste, em bom estado
de conservação, por longos períodos. (Jornal do
Brasil - 27/08/94)
Com base nos processos descritos no artigo acima, assinale a opção correta.
a) As moléculas orgânicas simples obtidas são glicerídios que são utilizados pelo organismo com
função reguladora.
b) As moléculas orgânicas complexas empregadas são proteínas que, ao serem digeridas em
aminoácidos são utilizadas pelo organismo com a função estrutural.
c) O catalisador do processo é uma enzima capaz de degradar proteínas em monossacarídeos
essenciais às liberação de energia para as atividades orgânicas.
d) A hidrólise enzimática de moléculas orgânicas complexas é realizada por catalisador
inorgânico em presença de água.
e) O alto teor nutritivo do produto é devido ao fato de as moléculas orgânicas simples obtidas
serem sais minerais indispensáveis ao desenvolvimento orgânico.
8. Considere os compostos, apresentados na coluna da superior, e as características, apresentadas
na coluna inferior e, após, assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as proposições adiante.
(I) água
(II) sal mineral
(III) monossacarídeo
(IV) lipídeo
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(V) enzima
(A) biocatalizador de origem protéica
(B) molécula mais abundante na matéria viva
(C) composto orgânico
(D) composto inorgânico
(E) tipo de carboidrato
( ) III - E
( ) II - B
( ) III - C
( ) I - C
( ) IV - C
( ) V – D
9. As proteínas são compostos:
a) formados por carboidratos e lipídios unidos por pontes de hidrogênio.
b) de tamanho muito pequeno (micromoléculas) e que ocorrem em baixa concentração dentro da
célula.
c) que não fazem parte da constituição química dos cromossomos.
d) formados por aminoácidos unidos por ligações peptídicas.
e) responsáveis pela transmissão da informação genética.
10. Numere a 2ª. Coluna de acordo com a 1ª.
Coluna 1
1 – DNA
2 – RNA
Coluna 2
( ) Dupla hélice
( ) Ribose
( ) Fita única ou simples
( ) Desoxirribose
( ) Bases nitrogenadas: adenina, guanina, citosina, timina
( ) Bases nitrogenadas: adenina, guanina, citosina, uracila.
A seqüência correta é:
a) 1 – 2 – 1 – 2 – 2 – 1
b) 2 – 1 – 1 – 2 – 2 – 2
c) 1 – 2 – 2 – 1 – 1 – 2
d) 2 – 1 – 2 – 1 – 1 – 2
e) 1 – 1 – 2 – 2 – 2 – 1
Estrutura Celular
Células
Observe as imagens abaixo.
As fotos mostram algumas características dos seres vivos: a capacidade de se movimentar, de se
nutrir, de crescer e se reproduzir. Porém, há uma característica comum a todos os seres vivos que
não pode ser vista a olho nu, mas apenas com a ajuda de um aparelho especial, o microscópio:
todos os seres vivos são formados por pequenas unidades vivas, as células. E tudo o que os seres
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 333
vivos são capazes de fazer ocorre graças ao trabalho em equipe realizado pelas células.
fig 1.1
filhote de tartaruga (cerca de 6 cm de comprimento). plantinha crescendo (cerca de 4 cm de
comprimento).
Conhecendo a célula
Animais e plantas são seres pluricelulares, quer dizer, são formados por muitas células. Nosso
corpo, por exemplo, é formado por um número muito grande de células: cerca de 65 trilhões. Mas
existem também seres formados por uma única célula: são os chamados seres unicelulares. Veja a
figura 1.2. Esses seres só podem ser vistos com o auxílio do microscópio. Fig.1.2
A maioria das células mede pouco menos que a milésima parte do milímetro.
São raras as células maiores que isso.
Para medir elementos tão pequenos quanto a célula, os cientistas criaram unidades de medidas
menores que o milímetro. Uma das mais usadas é o micrômetro, que corresponde à milésima parte
do milímetro. A maioria das células mede de 10 a 100 micrômetros (ou de 0,001 a 0,1
milímetros).ameba (Com cerca de 0,25 mm de diâmetro).
Células Procariontes
Em alguns organismos mais simples a célula não apresenta um núcleo individualizado, bem
visível, em cujo interior se concentra o material genético. Falta-lhe a membrana nuclear, carioteca
ou cariomembrana; o conteúdo nuclear se apresenta espalhado por todo o interior celular, dando a
impressão de que a célula não possui núcleo. Ela o possui, apenas não está individualizado;
encontra-se disperso ou difuso no citoplasma. Esse tipo de célula é chamado de procariota e, os
organismos que são formados por células desse tipo são os procariontes. Bactérias e cianófitas
(algas cianofíceas) são procariontes e estão agrupadas no reino Monera.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 334
Células Eucariontes
Estas células possuem um núcleo delimitado por um sistema de membranas (a membrana nuclear
ou carioteca), nitidamente separado do citoplasma. Têm um rico sistema de membranas que
formam numerosos compartimentos, separando entre si os diversos processos metabólicos que
ocorrem na célula. A maioria dos animais e plantas a que estamos habituados são dotados deste
tipo de células.
Acredita-se que a membrana da célula "primitiva" tenha emitido internamente prolongamentos
ou invaginações da sua superfície, os quais se multiplicaram, adquiriram complexidade
crescente, conglomeraram-se ao redor do bloco inicial até o ponto de formarem a intrincada
malha do retículo endoplasmático. Dali ela teria sofrido outros processos de dobramentos e
originou outras estruturas intracelulares como o complexo de Golgi, vacúolos, lisossomos e
outras.
Quanto aos cloroplastos (e outros plastídeos) e mitocôndrias, atualmente há uma corrente de
cientistas que acreditam que a melhor teoria que explica a existência destes orgânulos é a
Teoria da Endossimbiose, segundo a qual um ser com uma célula maior possuía dentro de sí
uma célula menor mas com melhores características, fornecendo um refúgio à menor e esta a
capacidade de fotossintetizar ou de sintetizar proteínas com interesse para a outra.
Os níveis de organização das Células Eucariotas
Nesse grupo encontram-se:
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 335
Células Vegetais (com cloroplastos e com parede celular; normalmente, apenas, um grande
vacúolo central)
Células Animais (sem cloroplastos e sem parede celular; vários pequenos vacúolos)
A célula animal
Célula animal é uma célula que se pode encontrar nos animais e que se distingue da célula
vegetal pela ausência de parede celular e de plastos. Possui flagelo, o que não é comum nas
células vegetais.
Partes de uma célula animal:
Em praticamente todas as células podemos distinguir três partes: a membrana plasmática, o
citoplasma e o núcleo.
A membrana celular (membrana plasmática ou plasmalema) tem espessura de 7,5
nanômetros, o que a torna visível somente ao microscópio eletrônico, no qual aparece como
um sistema de três camadas: duas escuras, eletrodensas, e entre elas uma camada clara. Esta
estrutura trilaminar é chamada unidade de membrana.
Sua composição química é lipoproteica, sendo 75% de proteínas e 25% de gorduras. A
membrana controla a entrada e saída de substâncias da célula, mantendo quase constante a
composição do seu meio interno. Possui permeabilidade seletiva, permitindo a livre
passagem de algumas substâncias e não de outras. Engloba partículas (endocitose) por
fagocitose (partículas grandes) ou por pinocitose (partículas pequenas e gotículas).
O citoplasma é constituído por uma substância fundamental amorfa – o hialoplasma ou
citosol – que contém água, proteínas, íons, aminoácidos e outras substâncias. A parte proteica
pode sofrer modificações reversíveis em sua estrutura, aumentando ou diminuindo sua
viscosidade, alternando de gel (mais denso) para sol (mais fluido) ou vice-versa.
Mergulhados no hialoplasma estão os organóides e os grânulos de depósito de substâncias
diversas, como glicogênio ou gorduras. Os organóides possuem funções específicas, sendo
alguns revestidos por membranas e outros, não.
O núcleo, controlador da atividade celular, é bem individualizado e delimitado por uma dupla
membrana, a carioteca ou membrana nuclear. Seu interior é ocupado pela cariolinfa, na qual
está mergulhado o material genético formado por DNA associado a proteínas, a cromatina.
Observa-se, ainda, um corpúsculo denso, esférico, chamado nucléolo.
Estrutura de uma célula animal
Membrana Plasmática
Envoltório celular presente em todos os tipos de células. Segundo o modelo do mosaico fluido, a
membrana plasmática é formada por duas camadas de fosfolipídios com proteínas mergulhadas.
As proteínas servem como portões, controlando a entrada de partículas maiores dentro da célula,
como açucares, aminoácidos e proteínas. Então podemos considerar que a membrana plasmática
possui permeabilidade seletiva, ou seja, apenas algumas substâncias passam por ela.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 336
Envoltórios externos à membrana plasmática
Dos envoltórios externos à membrana plasmática temos o glicocálix, a parede celular e as
capsulas:
Glicocálix: Presentes em células animais e de muitos protistas. É uma camada frouxa de glicídios,
associados a lipídios e às proteínas da membrana. Possui várias funções:
*Da maior resistência para a membrana plasmática, contra agentes físicos e químicos.
*Confere as células a capacidade de se reconhecerem.
*Retém nutrientes e enzimas ao redor da célula.
Parede celular: Presentes na maioria das bactérias, nas cianobactérias, em alguns protistas, nos
fungos e nas plantas. É uma estrutura semi-rígida e não interfere na entrada e saída de nutrientes
da célula. A composição da parede celular vária com o grupo a que pertence:
*Bactérias e cianobactérias: é formada por uma substância comum dos procariontes, as
peptideoglicanas, essa substância é formada por açucares associados a aminoácidos.
*Protoctistas: é formada por sílica ou celulose.
*Fungos: formada basicamente por quitina ou celulose em alguns grupos.
*Plantas: formada por celulose e um pouco de suberina e lignina.
Capsula: presente em algumas bactérias, denominadas de capsuladas.
Citoplasma
Substancia com consistência gelatinosa, formada por 85% de água e proteínas (microfilamentos e
microtúbulos).
Organelas presentes no citoplasma ou hialoplasma:
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Complexo de Golgiense- Sistema de bolsas achatadas e empilhadas. Armazenam substâncias
produzidas pela célula, como as proteínas.
Ribossomos - Tem a função de síntese de proteínas, encontra-se associado ao reticulo
endoplasmático ou livre no citoplasma.
Mitocôndrias – tem a forma de bastonete. São responsáveis pela respiração celular, produzindo
energia para a célula, sob forma de ATP.
Lisossomos - São pequenas vesículas que contêm enzimas digestivas. Fazem a digestão
intracelular.
Centríolos ou Diplossomos- é formado por um conjunto de microtúbulos. Tem a função de
orientação do processo de divisão celular.
Retículo endoplasmático: conjunto de tubos, canais e sacos membranosos, por dentro dos quais
circulam substâncias fabricadas pela célula. Pode ser agranular ou granuloso (com adesão de
ribossomos).
Cílios e Flagelos - São expansões da superfície da célula; os cílios são curtos e geralmente
numerosos; os flagelos são longos e em pequeno número. Tem a função de movimentação da
célula ou do meio líquido.
Núcleo: é o centro de controle das atividades celulares e onde fica armazenado as característica de
uma pessoa (DNA), como cor de olhos e cabelos. Ele é revestido pela carioteca.
Peroxíssomos: bolsas membranosas (semelhantes aos lipossomos) que contêm alguns tipos de
enzimas digestivas que degradam as gorduras e os aminoácidos. Uma dessas enzimas, a catalase,
decompõe a água oxigenada (H2O2), prevenindo lesões oxidativas da célula. No fígado atuam na
degradação de substâncias tóxicas (álcool, drogas)
A Célula vegetal
A organização eucariótica da célula vegetal é muito parecida com a da célula animal,
apresentando muitas organelas comuns, como mitocôndrias, retículo endoplasmático, complexo
de Golgi, ribossomos, entre outras.
A célula vegetal apresenta estruturas típicas, como a membrana celulósica que reveste
externamente a célula vegetal, sendo constituída basicamente de celulose.
Uma outra estrutura que caracteriza a célula vegetal é o cloroplasto, organela na qual ocorre a
fotossíntese.
Fig 1.5
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 338
Na verdade, os cloroplastos são, entre outras, organelas que podem ser classificadas como
cromoplastos, pois são organelas que possuem pigmentos (substâncias coloridas) que absorvem
energia luminosa para a realização da fotossíntese.
Entre os cromoplastos, além do cloroplasto que contém clorofila (pigmento verde), existem os
xantoplastos, que contém xantofila (pigmento amarelo), os eritroplastos, que contém a licopeno
(pigmento vermelho), e assim por diante.
Quando os plastos não possuem pigmentos coloridos, são chamados de leucoplastos, como os
amiloplastos que armazenam amido.
Observe, no esquema da célula vegetal, que o vacúolo é uma organela com dimensões maiores
que na célula animal e ocupa grande parte do hialoplasma da célula.
Podemos diferenciar a célula vegetal da célula animal também pela ausência dos centríolos nos
vegetais superiores.
Fig 1.6
2. Principais diferenças entre célula animal e vegetal
Nos tecidos vegetais, as comunicações entre as
células são feitas por meio de estruturas
denominadas plasmodesmos.
Os plasmodesmos permitem trocas de materiais
entre células vegetais vizinhas por meio de pontes
citoplasmáticas.
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Exercício
1. Qual é a função associada com cada uma das seguintes estruturas celulares?
a) membrana
plasmática___________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
b)
ribossomos_____________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
c)
lisossomos______________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
d)
mitocôndrias____________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
2. No esquema abaixo, as setas 1, 2, 3, 4, 5 e 6 indicam as estruturas de uma célula eucarionte.
Escreva o nome delas:
3. Diferencie Pinocitose de fagocitose.
4. Cite as principais diferenças entre:
a) Célula procariótica e eucariótica.
b) Célula animal e vegetal.
Testes
1. (MOJI-SP) A membrana plasmática, apesar de invisível ao microscópio óptico, está presente:
a) em todas as células, seja ela procariótica ou eucariótica.
b) apenas nas células animais.
c) apenas nas células vegetais.
d) apenas nas células dos eucariontes.
e) apenas nas células dos procariontes.
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2. (UFF-94) A membrana plasmática é constituída de uma bicamada de fosfolipídeos, onde estão
mergulhadas moléculas de proteínas globulares. As proteínas aí encontradas:
a) estão dispostas externamente, formando uma capa que delimita o volume celular e mantém a
diferença de composição molecular entre os meios intra e extracelular.
b) apresentam disposição fixa, o que possibilita sua ação no transporte de íons e moléculas através
da membrana.
c) têm movimentação livre no plano da membrana, o que permite atuarem como receptores de
sinais.
d) dispõem-se na região mais interna, sendo responsáveis pela maior permeabilidade da
membrana a moléculas hidrofóbicas.
e) localizam-se entre as duas camadas de fosfolipídeos, funcionando como um citoesqueleto, que
determina a morfologia celular.
3. (VEST-RIO-92) Os seres vivos, exceto os vírus, apresentam estrutura celular. Entretanto, não
há nada que corresponda a uma célula típica, pois, tanto os organismos unicelulares como as
células dos vários tecidos dos pluricelulares são muito diferentes entre si. Apesar dessa enorme
variedade, todas as células vivas apresentam o seguinte componente:
a) retículo endoplasmático. b) membrana plasmática. c) aparelho de Golgi.
d) mitocôndria. e) cloroplasto.
4. (UGF-93) Na maioria das células vegetais, encontram-se pontes citoplasmáticas que
estabelecem continuidade entre células adjacentes. Estas pontes são denominadas:
a) microtúbulos.
b) polissomos.
c) desmossomos.
d) microvilosidades.
e) plasmodesmos.
5. (UFRJ) O reforço externo da membrana celular nos vegetais é:
a) rígido, celulósico e colado à membrana plasmática.
b) elástico, celulósico e colado à membrana plasmática.
c) rígido, celulósico e capaz de se descolar da membrana plasmática.
d) elástico, celulósico e capaz de se destacar da membrana plasmática.
e) rígido e de natureza exclusivamente proteica.
6. (PUC-RJ) As células animais diferem das células vegetais porque estas contêm várias
estruturas e organelas características. Na lista abaixo, marque a organela ou estrutura comum às
células animais e vegetais.
a) vacúolo
b) parede celular
c) cloroplastos
d) membrana celular
e) centríolo
7. (PUCC) Nas células, a função de secreção está reservada:
a) ao aparelho de Golgi
b) às mitocôndrias
c) ao retículo endoplasmático
d) aos ribossomos
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e) aos lisossomos
8. Numa célula especializada na produção de energia espera-se encontrar grande número de:
a) cílios
b) mitocôndrias
c) nucléolos
d) ribossomos
e) corpos de Golgi
9. (UF-CE) O aspecto comum do Complexo de Golgi, em células animais, deduzindo através de
observações ao microscópio eletrônico, é de:
a) vesículas formadas por dupla membrana, sendo a interna sem granulações e com dobras
voltadas para o interior;
b) membranas granulosas delimitando vesículas e sacos achatados, que dispõem paralelamente;
c) um complexo de membranas formando tubos anastomosados, com dilatações em forma de
disco;
d) sacos e vesículas achatadas, formadas por membrana dupla em que a interna, cheia de grânulos,
emite para o interior prolongamentos em forma de dobras;
e) membranas lisas delimitando vesículas e sacos achatados, que se dispõem paralelamente.
10. (Uel) Observe o esquema a seguir.
Ele representa a) uma bactéria. b) um protozoário. c) um fungo. d) uma célula animal. e) uma célula vegetal.
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Profº EVERTON LIMA
TÉCNICO EM AGRPECUÁRIA
LICENCIADO EM PEDAGOGIA
PÓS GRADUADO-ESPECIALISTA EM PEDAGOGIA EMPRESARIAL
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Inclusão digital
Crianças usando o computador
Inclusão digital é o nome dado ao processo de
democratização do acesso às tecnologias da
Informação, de forma a permitir a inserção de todos
na sociedade da informação. Inclusão digital é
também simplificar a sua rotina diária, maximizar o
tempo e as suas potencialidades. Um incluído
digitalmente não é aquele que apenas utiliza essa
nova linguagem, que é o mundo digital, para trocar
e-mails, mas aquele que usufrui desse suporte para melhorar as suas condições de vida.
A inclusão digital, para acontecer, precisa de três instrumentos básicos que são: computador,
acesso à rede e o domínio dessas ferramentas pois não basta apenas o cidadão possuir um
simples computador conectado à internet que iremos considerar ele, um incluído digitalmente.
Ele precisa saber o que fazer com essas ferramentas.
Entre as estratégias inclusivas estão projetos e ações que facilitam o acesso de pessoas de
baixa renda às Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC). A inclusão digital volta-se
também para o desenvolvimento de tecnologias que ampliem a acessibilidade para usuários
com deficiência.
Dessa forma, toda a sociedade pode ter acesso a informações disponíveis na Internet, e assim
produzir e disseminar conhecimento. A inclusão digital insere-se no movimento maior de
inclusão social, um dos grandes objetivos compartilhados por diversos governos ao redor do
mundo nas últimas décadas.
Dois novos conceitos são incorporados as políticas de inclusão digital: a acessibilidade de
todos às TIs (e-Accessibility), neste caso, não somente a população deficiente; e a
competência de uso das tecnologias na sociedade da informação (e-Competences).
A evolução dos computadores
Você sabia que computadores já chegaram a pesar 30 toneladas e custar 2 milhões de
dólares? Conheça mais sobre a história da informática.
Não é segredo que o seu computador atual é fruto de uma evolução que levou décadas para
chegar aonde está – e ainda está muito longe de chegar ao seu final. Se pensarmos que cerca
de dez anos atrás os processadores ainda nem conheciam os núcleos múltiplos, imaginar as
máquinas que inauguraram a informática é uma tarefa ainda mais complicada.
Você sabia que no início da década de 1950 já existiam computadores? Logicamente eles não
se apareciam nem um pouco com o que temos hoje, mas já realizavam alguns cálculos
complexos em pouquíssimo tempo. Nesses 60 anos, elementos desapareceram, componentes
foram criados e parece até que estamos falando de assuntos totalmente desconexos.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 344
Então prepare-se para conhecer um pouco mais sobre essa magnífica história. Para facilitar a
leitura, atendemos às divisões de alguns autores especializados no assunto e separamos a
história da informática em gerações. Agora aproveite para aprender mais ou para conhecer a
importante evolução dos computadores.
As gigantes válvulas da primeira geração
Imagine como seria sua vida se você precisasse de uma enorme sala para conseguir armazenar
um computador. Logicamente isso seria impossível, pois os primeiros computadores, como o
ENIAC e o UNIVAC eram destinados apenas a funções de cálculos, sendo utilizados para
resolução de problemas específicos.
Por que problemas específicos? Os
computadores da primeira geração não
contavam com uma linguagem padronizada de
programação. Ou seja, cada máquina possuía
seu próprio código e, para novas funções, era
necessário reprogramar completamente o
computador. Quer mudar o problema calculado?
Reprograme o ENIAC.
Esses computadores gigantescos ainda sofriam
com o superaquecimento constante. Isso porque em vez de microprocessadores, eles
utilizavam grandes válvulas elétricas, que permitiam amplificação e troca de sinais, por meio
de pulsos. Elas funcionavam de maneira correlata a uma placa de circuitos, sendo que cada
válvula acesa ou apagada representava uma instrução à máquina.
Com poucas horas de utilização, essas válvulas eram queimadas e demandavam substituição.
Por isso, a cada ano eram trocadas cerca de 19 mil delas em cada máquina. Sim, 19 mil
válvulas representavam mais do que o total de componentes utilizados por um computador
ENIAC. Como você pode perceber, esses computadores não saíam baratos para os
proprietários.
Transistores e a redução dos computadores
As gigantes máquinas não estavam sendo rentáveis,
pelos constantes gastos com manutenção. A principal
necessidade era substituir as válvulas elétricas por uma
nova tecnologia que permitisse um armazenamento mais
discreto e não fosse tão responsável pela geração de
calor excessivo, evitando superaquecimentos.
Fonte da imagem: Wikimedia Commons/Domínio Público
Fonte da imagem: Wikimedia
Commons/Hohum
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 345
Foi então que os transistores (criados em 1947 pela empresa Bell Laboratories) passaram a
integrar os painéis das máquinas de computar. Os componentes eram criados a partir de
materiais sólidos conhecidos como ―Silício‖. Exatamente, os materiais utilizados até hoje em
placas e outros componentes, extraídos da areia abundante.
Existia uma série de vantagens dos transistores em relação às válvulas. Para começar: as
dimensões desses componentes eram bastante reduzidas, tornando os computadores da
segunda geração cem vezes menores do que os da primeira. Além disso, os novos
computadores também surgiram mais econômicos, tanto em questões de consumo energético,
quanto em preços de peças.
Para os comandos desses computadores, as linguagens de máquina foram substituídas por
linguagem Assembly. Esse tipo de programação é utilizado até hoje, mas em vez de ser
utilizado para softwares ou sistemas operacionais, é mais frequente nas fábricas de
componentes de hardware, por trabalhar com instruções mais diretas.
Em vez das 30 toneladas do ENIAC, o IBM
7094 (versão de maior sucesso dessa segunda
geração de computadores) pesava apenas 890
Kg. E por mais que pareça pouco, essa mesma
máquina ultrapassou a marca de 10 mil
unidades vendidas.
Curiosidade: os computadores dessa segunda
geração foram inicialmente desenvolvidos para
serem utilizados como mecanismos de controle
em usinas nucleares. Um modelo similar pode
ser visto no desenho ―Os Simpsons‖, mais
especificamente no posto de trabalho de Homer,
técnico de segurança na Usina Nuclear.
Miniaturização e circuitos integrados
O emprego de materiais de silício, com
condutividade elétrica maior que a de um isolante,
mas menor que a de um condutor, foi chamado de
semicondutor. Esse novo componente garantiu
aumentos significativos na velocidade e eficiência
dos computadores, permitindo que mais tarefas
fossem desempenhadas em períodos de tempo
Fonte da imagem: Wikimedia Commons/David
Monniaux
Fonte da imagem: Wikimedia Commons/Domínio
Público
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 346
mais curtos.
Com a terceira geração dos computadores, surgiram também os teclados para digitação de
comandos. Monitores também permitiam a visualização de sistemas operacionais muito
primitivos, ainda completamente distantes dos sistemas gráficos que conhecemos e utilizamos
atualmente.
Apesar das facilidades trazidas pelos semicondutores, os computadores dessa geração não
foram reduzidos, sendo que um dos modelos de mais sucesso (o IBM 360, que vendeu mais
de 30 mil unidades) chegava a pesar mais do que os antecessores. Nessa época (final da
década de 1970 e início da década de 1980) os computadores passaram a ser mais acessíveis.
Outro grande avanço da terceira geração foi a adição da capacidade de upgrade nas máquinas.
As empresas poderiam comprar computadores com determinadas configurações e aumentar as
suas capacidades de acordo com a necessidade, pagando relativamente pouco por essas
facilidades.
Microprocessadores: o início dos computadores pessoais
Enfim chegamos aos computadores que grande parte dos usuários utiliza até hoje. Os
computadores da quarta geração foram os primeiros a serem chamados de
―microcomputadores‖ ou ―micros‖. Esse nome se deve ao fato de eles pesarem menos de 20
kg, o que torna o armazenamento deles muito facilitado.
Você consegue imaginar qual o componente que tornou possível essa redução das máquinas?
Acertou quem disse que foram os microprocessadores. O surgimento dos pequenos chips de
controle e processamento tornou a informática muito mais acessível, além de oferecer uma
enorme gama de novas possibilidades para os usuários.
Em 1971, já eram criados processadores com esse novo formato, mas apenas na metade da
década começaram a surgir comercialmente os primeiros computadores pessoais. Os Altair
880 podiam ser comprados como um kit de montar, vendidos por revistas especializadas nos
Estados Unidos. Foi com base nessa máquina que Bill Gates e Paul Allen criaram o ―Basic‖ e
inauguraram a dinastia Microsoft.
A importância da Apple
Na mesma época, os dois Steves da Apple (Jobs e Wozniac)
criaram a empresa da Maçã para se dedicarem a projetos de
computação pessoal facilitados para usuários leigos. Assim surgiu
o Apple I, projeto que foi primeiramente apresentado para a HP.
Ele foi sucedido pelo Apple II, após uma injeção de 250 mil
dólares pela Intel. Fonte da imagem: Musée Bolo
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 347
Essa segunda versão dos computadores possuía uma versão modificada do sistema BASIC,
criada também pela Microsoft. O grande avanço apresentado pelo sistema era a utilização de
interface gráfica para alguns softwares. Também era possível utilizar processadores de texto,
planilhas eletrônicas e bancos de dados.
Essa mesma Apple foi responsável pela inauguração dos mouses na computação pessoal,
juntamente com os sistemas operacionais gráficos, como o Macintosh. Pouco depois a
Microsoft lançou a primeira versão do Windows, bastante parecida com o sistema da rival.
E os ciclos tornam-se clocks
Até a terceira geração dos computadores, o tempo de resposta das máquinas era medido em
ciclos. Ou seja, media-se um número de ações em curtos períodos de tempo para que fosse
possível saber qual fração de segundo era utilizada para elas. Com os microprocessadores, já
não era viável medir as capacidades dessa forma.
Por isso surgiram as medidas por clocks. Esta definição calcula o número de ciclos de
processamento que podem ser realizados em apenas um segundo. Por exemplo: 1 MHz
significa que em apenas um segundo é possível que o chip realize 1 milhão de ciclos.
Grande parte dos computadores pessoais lançados nessa época eram alimentados por
processadores da empresa Intel. A mesma Intel que hoje possui alguns dos chips mais
potentes, como o Intel Core i7 (sobre o qual falaremos mais, em breve). Como você pode
saber, estas máquinas são muito leves e puderam ser levadas a um novo patamar.
Notebooks: a quarta geração portátil
Considerando o progresso da informática como sendo
inversamente proporcional ao tamanho ocupado pelos
componentes, não seria estranho que logo os
computadores transformassem-se em peças portáteis. Os
notebooks surgiram como objetos de luxo (assim como
foram os computadores até pouco mais de dez anos),
sendo caros e de pouca abrangência comercial.
Além dos notebooks, temos também os netbooks disponíveis no mercado. Estes funcionam de
maneira similar aos outros, mas geralmente possuem dimensões e configurações menos
atraentes. Ganham pontos pela extrema portabilidade e duração das baterias utilizadas, sendo
certamente um degrau a mais na evolução dos computadores.
Hoje, o preço para se poder levar os documentos, arquivos e programas para todos os lugares
não é muito superior ao cobrado por desktops. Mesmo assim, o mercado ainda está longe de
atingir o seu ápice. Quem sabe qual será o próximo passo da indústria?
Fonte da imagem:divulgação/Asus
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Múltiplos núcleos: a quinta geração?
Ainda estamos em transição de uma fase em que os processadores tentavam alcançar clocks
cada vez mais altos para uma fase em que o que importa mesmo é como podem ser melhor
aproveitados esses clocks. Deixou de ser necessário atingir velocidades de processamento
superiores aos 2 GHz, mas passou a ser obrigatório que cada chip possua mais de um núcleo
com essas frequências.
Chegaram ao mercado os processadores que simulavam a existência de dois núcleos de
processamento, depois os que realmente apresentavam dois deles. Hoje, há processadores que
apresentam quatro núcleos, e outros, utilizados por servidores, que já oferecem oito. Com
tanta potência executando tarefas simultâneas, surgiu uma nova necessidade.
Processamento verde
Sabe-se que, quanto mais tarefas sendo executadas por um computador, mais energia elétrica
seja consumida. Para combater essa máxima, as empresas fabricantes de chips passaram a
pesquisar formas de reduzir o consumo, sem diminuir as capacidades de seus componentes.
Foi então que nasceu o conceito de ―Processamento Verde‖.
Por exemplo: os processadores Intel Core Sandy
Bridge são fabricados com a microarquitetura
reduzida, fazendo com que os clocks sejam mais
curtos e menos energia elétrica seja gasta. Ao
mesmo tempo, esses processos são mais eficazes.
Logo, a realização de tarefas com esse tipo de
componente é boa para o usuário e também para o
meio ambiente.
Outro elemento envolvido nessas conceituações é o processo de montagem. As fabricantes
buscam, incessantemente, formas de reduzir o impacto ambiental de suas indústrias. Os
notebooks, por exemplo, estão sendo criados com telas de LED, muito menos nocivos à
natureza do que LCDs comuns.
Não sabemos ainda quando surgirá a sexta geração de computadores. Há quem considere a
inteligência artificial como sendo essa nova geração, mas também há quem diga que robôs
não fazem parte dessa denominação. Porém, o que importa realmente é perceber, que ao longo
do tempo, o homem vem trabalhando para melhorar cada vez mais suas máquinas.
Quem imaginava, 60 anos atrás, que um dia seria possível carregar um computador na
mochila? E quem, hoje, imaginaria que 60 anos atrás seria necessário um trem para carregar
um deles? Hoje, por exemplo, já existem computadores de bolso, como alguns smartphones
que são mais poderosos que netbooks.
Fonte da imagem: divulgação/Intel
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E para você, qual será o próximo passo nessa evolução das máquinas? Aproveite os
comentários para dizer o que você pensa sobre essas melhorias proporcionadas ao longo de
décadas.
Introdução e Noções de Informática
Introdução
Um sistema operacional é um conjunto de programas e instruções que agem como um
tradutor entre o usuário e o computador, facilitando a operação do equipamento. Permitenos
tirar o maior proveito de todos os recursos que estão a nossa disposição.
O Computador é dividido em 4 partes: mouse, teclado, monitor ou tela e gabinete conhecido
também como CPU.
1. O mouse
O mouse é um periférico fácil de manusear, proporcionando agilidade na operação do
computador.
Como uma extensão das nossas mãos, ele permite orientar-se na tela do computador, acionar
ícones e manusear objetos gráficos.
As operações com o mouse
Considerando que o mouse esteja com a configuração padrão apara destro.
Obs.: O mouse pode ser configurado para pessoas canhotas.
Clicar: Pressionar e soltar o botão esquerdo do mouse, correspondente a
tecla ENTER do teclado.
Clicar duas vezes: Pressionar duas vezes consecutivas o botão esquerdo
do mouse.
Arrastar: Manter pressionado o botão esquerdo do mouse enquanto se
movimenta o mesmo.
Apontar: Mover o mouse até que o seu ponteiro esteja sobre o item escolhido.
Clicar com o botão direito: Esta operação aciona o menu rápido, este
menu em qualquer circunstância apresenta as opções que estão habilitadas
a operar naquele momento, em relação ao objeto clicado.
Anotações:
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2. O teclado
2
1. TECLA BACKSPACE
Utilize a tecla BACKSPACE (retrocesso) para corrigir erros de digitação na linha atual onde
se encontra o cursor. Esta tecla exclui o caractere atrás do cursor
2. TECLA DELETE ou DEL Esta tecla serve para apagar, ou seja apagar o que está a direita
do cursor. Também permite apagar objetos em banco de dados, planilha ou editor de texto
3. TECLA BARRA DE ESPAÇOS Movimenta o cursor para a direita, inserindo um espaço
no texto
4. TECLAS SHIFT Permite a impressão de letras maiúsculas, e também acessa osímbolo
superior de uma tecla
5. TECLAS CAPS LOCK Ativa e desativa letras maiúsculas. Quando está ativada é acionado
um sinal luminoso no teclado, normalmente no canto superior direito ou na própria tecla.
6. TECLAS ALT: Tecla auxiliar, permite acessar os itens da barra de menu.
7. NUM LOCK: Ativa e desativa o teclado numérico reduzido. Também possui um luminoso
no canto superior direito do teclado ou na própria tecla.
8. TECLAS ENTER Após a digitação de um comando deve-se sempre pressionar a tecla
ENTER. Essa ação possibilita a entrada da informação para o computador e, em
conseqüência, a execução do comando. Corresponde ao clique com o botão esquerdo do
mouse.
9. TECLA TAB Executa a tabulação, ou seja um salto do cursor na tela, de 8 em 8 colunas
10.TECLA ESC Tem por finalidade permitir o cancelamento de algumas operações em
andamento
11.TECLAS CTRL A tecla CONTROL possui uma função especial. Ela permite a utilização
de comandos complexos através do preciosamente de apenas duas ou três teclas. Deve-se
manter a tecla CTRL pressionada simultaneamente com a outra tecla.
12.TECLAS DE DIREÇÃO: Para movimentar o cursor para a esquerda, direita, acima ou
abaixo sem excluir os caracteres. Estas teclas movimentam o cursor passando por cima dos
caracteres na tela.
13.TECLA HOME Desloca o cursor para o início da linha
14.TECLA END Desloca o cursor par ao final da linha
15.TECLA PAGE DOWN Desloca uma tela abaixo
16.TECLA PAGE UP Desloca uma tela acima
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3. A tela
Os ícones são elementos gráficos que dão acesso
aos programas ou arquivos.
Os principais são:
1. Meu Computador ou Windows Explorer no
Windows XP
2. Lixeira
Outros ícones podem estar na tela do Windows,
porém cabe ao usuário
determinar sua disposição de forma a manter a tela organizada.
Na parte inferior da tela encontramos a Barra de Tarefas do Windows 98.
Ela é o ponto de partida para que possamos trabalhar com o Windows. Entendemos então que
ela é o menu principal do sistema Windows.
A Barra de Tarefas pode ser colocada em um dos quatro lados da tela, para isto pressione o
botão esquerdo do mouse em uma posição que não tenha informação na Barra de tarefas e
arraste-a até um dos quatro lados da sua tela. Pronto, você posicionou a barra de tarefas em
um dos lados da sua tela.
O Botão Iniciar é o acesso principal para todas as operações.
Clicando no botão esquerdo do mouse sobre ele, surge um primeiro menu, no qual estão
presentes as seguintes opções:
Programas: Exibe uma listagem de programas
instalados.
Documentos: Exibe uma lista de documentos
abertos e utilizados há pouco
Configurações: Permite o acesso à configurações
básicas do sistema, que podem ser alteradas.
Localizar: Permite localizar pastas ou arquivos nos
discos.
Ajuda: (veja Tópicos da Ajuda na página 13)
Desligar: Desliga ou reinicia o computador.
Observando cada uma das opções, você pode notar que algumas são seguida por uma seta
para a direita, isto significa que dentro existe outras opções.
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Você pode navegar dentro destas opções. Posicione na opção desejada, será mostrado o menu
com as demais opções disponíveis.
Note também que algumas opções terminam com ―...‖ do lado direito, isto significa que
quando acionadas aparece uma caixa de dialogo para que possamos entrar com algumas
opções para o sistema.
Dê um clique para fixar a opção que você deseja ver.
Dicas de como executar um programa:
1. Clique com o botão direito do mouse sobre o programa desejado no menu.
2. Clique duas vezes sobre o ícone do programa na área de trabalho ou na pasta que esteja o
ícone.
3. Clique uma vez sobre o ícone para seleciona-lo e digite ENTER
O Relógio apresenta-se de forma simplificada na extremidade direita da barra de tarefas.
Porem ao posicionarmos o ponteiro do mouse sobre ele, será apresentado uma linha
informando o dia da semana, o dia do mês, o mês e o ano.
Anotações___________________________________________________________________
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Através deste pequeno relógio, também
podemos acessar um calendário.
Clique duas vezes neste relógio da barra
de tarefas, será apresentado o relógio com
o calendário, denominado Data/Hora.
Conforme exemplo abaixo:
Voltemos a barra de tarefas.
A barra de tarefas pode ser alterada no seu
contexto visual, além do seu
deslocamento.
Para isto basta clicar no botão Iniciar, em
seguida aponte para configurações
e clique em Barra de tarefas e menu
iniciar...
Sempre visível: em qualquer circunstância ela sempre estará na tela.
AutoOcultar: Sempre que o ponteiro do mouse não estiver sobre a barra de
tarefas, ela se recolhe.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 353
Mostrar ícones pequenos no menu “Iniciar”: altera o tamanho dos ícones
do menu iniciar
Mostrar relógio: Exibe o relógio no canto direito da barra de tarefas.
Iniciando uma aplicação
Os programas são acessáveis em forma de cascata, bastando posicionarmos a seta do mouse
sobre o nome do grupo ao qual pertence a aplicação. Vide o exemplo abaixo:
Para acessarmos um aplicativo, clicamos no botão iniciar, em seguida apontamos para
programas, apontamos para acessórios, em seguida escolhemos o item que representa o
programa a ser utilizado.
No exemplo acima, bloco de notas.
Este bloco de notas é o editor de texto mais simples que acompanha o Windows.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 354
Nele podemos anotar informações casuais pois além de não ocupar muita memória do
computador, ele é fácil de operar.
Praticamente em todos os programas que compramos é acompanhado por um arquivo para ser
lido com o bloco de notas.
Estes arquivos referem-se a dados de instalação e algumas informações adicionais Geralmente
estes arquivos recebem o nome de LEIAME ou README
Primeiro vamos usar este bloco de notas aberto na nossa tela, para exemplificar as
características básicas de qualquer janela de aplicativo, arquivo ou pasta.
A característica mais comum entre as janelas dos aplicativos está no canto direito
superior.
Observe o exemplo abaixo, você encontrará os botões de minimizar e fechar, e os
botões de maximizar e restaurar.
Botão de controle
Abre o menu de controle com operações básicas.
Esta barra contem o nome do programa e o nome do arquivo. Se clicarmos duas vezes na
barra de títulos podemos alternar a janela em maximizar e restaurar.
Barra de menus
Nesta barra estão os menus dos programas, observe os títulos dos menus do bloco de notas
Borda da janela
Esta é a extremidade da janela. Quando o ponteiro se alterar para uma seta de duas pontas,
arraste-o para redimensionar a janela.
Barra de rolagem
As barras sombreadas ao longo do lado direito e inferior de uma janela de documento.
Para deslocar-se para outra parte do documento, arraste a caixa ou clique nas setas na barra de
rolagem.
Observe que quando clicamos duas vezes na barra de títulos a janela será maximizada ou
restaurada, conforme a situação original.
E sempre que quisermos mover a janela, devemos clicar na barra de títulos e arrastar para o
local de destino. Cuidado para não levar a janela muito além dos limites visuais adequados
para que possamos trabalhar com ela.
Completando nossa idéia de dimensão da tela do computador, observe o desenho ao lado:
No exemplo nós temos duas janelas abertas. Note que elas estão dispostas uma sobre a outra.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 355
Mesmo quando você só está vendo uma delas, é assim que as janelas se dispõem no seu
computador.
A menos que você clique em minimizar, sempre elas estarão lá na tela.
A cor da barra de títulos indica qual é a janela ativa. No nosso exemplo a cor ―azul‖ da barra
de títulos do bloco de notas indica que ele esta ativo.
Note também, que na barra de tarefas há um botão do bloco de notas, e este esta em baixo
relevo. Isto significa que esta é a janela ativa.
Se o botão estiver em alto relevo significa que a janela do aplicativo está inativa ou ainda
minimizada.
Alguns aplicativos em especial os que não podem ser minimizados, não são indicados na
barra de tarefas quando em operação.
É o caso do calendário no exemplo acima.
4.1. Organizando as janelas
Quando você tiver mais de uma janela aberta aos mesmo
tempo, poderá organiza-las rapidamente com o menu
rápido da barra de tarefas.
Clique com o botão direito na área livre da barra de
tarefas.
Escolha a forma em que você quer que as janelas fiquem
organizadas. Ou clique em minimizar todas as janelas Se
clicarmos com o botão direito do mouse sobre o botão do aplicativo na barra de tarefas,
abriremos o menu de controle com as operações básicas.
Este menu é o mesmo que acessamos ao clicar no botão de controle
da barra de títulos.
Dica de tecla rápida para acessar o menu controle: tecle
ALT+BARRA DE ESPAÇO
5. O Meu Computador
O ícone Meu Computador nos remete à janela que possui os elementos básicos instalados no
microcomputador: os discos flexíveis, rígidos, óticos, impressoras, acesso a Internet.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 356
Através do acesso a essa janela, podemos examinar cada um desses elementos, bem como
alterar suas composições, criar novas pastas nos discos, instalar novas impressoras e outros
programas.
Para acessar o disquete, depois de inserir o disquete na gaveta de disquete.
Clique duas vezes no ícone do disquete de 3½ (A) ou (B)
5.1. Os elementos do cabeçalho de uma pasta de arquivos.
5.1.1. Barra de ferramentas botões padrão
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
1. Voltar para a tela anteriormente acessada nesta janela
2. Avançar para a tela anteriormente acessada nesta janela
3. Ir para um nível acima
4. Recortar o item selecionado
5. Copiar o item selecionado
6. Colar o último item armazenado
7. Desfazer a última operação executada com os ícones dentro desta janela
8. Excluir um ícone selecionado
9. Ver as propriedades do item selecionado (só funciona para os discos)
10. Modo de exibição dos ícones
5.1.2. Barra de ferramentas endereços
No campo endereço indica a pasta ou disco que esta janela mostra.
Aqui podemos entender de forma representativa um dos conceitos de
janela no Windows.
Note que como uma janela, ao olhar através dela estamos vendo uma
paisagem, porém com vantagens.
Podemos ver uma paisagem (pasta, área de trabalho ou qualquer disco),
o que este contem, e ainda, podemos manipular seus conteúdo.
Ao direcionarmos o ponteiro do mouse para um dos itens da relação
aberta no campo endereço, e clicarmos nele. Estamos mudando nosso
campo de visão.
Assim podemos “olhar” para qualquer “direção”, dentro deste
“mundo virtual”. E quando se conecta à Internet, este mundo virtual
se amplia.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 357
5.1.3. Barra de menu; arquivo
Marcando com um clique, ou selecionando um elemento (arquivo, disco ou pasta) dentro da
janela; podemos através da barra de menu manipular este arquivo.
Para isto basta clicar em arquivo e escolher a opção.
Também podemos usar o menu rápido para manipular um elemento dentro de uma janela.
No exemplo ao lado, note que há algumas opções escritas em baixo relevo. Isto significa que
estas opções estão inativas no momento. Quando selecionamos um arquivo ou pasta, o menu
ativa as opções relacionadas ao item selecionado
5.1.4. Barra de menu; editar
Para executar as opções de edição de um item dentro da pasta,
podemos acessar o menu editar.
A opção principal deste menu está no topo da lista:
Desfazer Excluir.
No entanto três outras se destacam, são elas:recortar, copiar e
colar.
Vamos entender um pouco mais sobre o processo de recortar, copiar e colar.
Quando recortamos ou copiamos um item, seja um ícone, texto ou objeto gráfico, este fica
armazenado na memória do computador exatamente como selecionamos e (recortamos) ou
(copiamos).
A operação (colar) depende diretamente de qualquer uma destas duas operações anteriores.
Da mesma forma que as duas operações (recortar) e (colar) tem sua operação concluída
quando clicamos em (colar).
Estas operações são universais dentro do Windows, em qualquer programa, em qualquer lugar
sempre haverá um meio de copiar ou recortar um arquivo, um texto ou um objeto gráfico
selecionado. Salvo quando houver prioridade de segurança.
Estas três operações podem ser acessadas de diversas formas, além do menu editar.
Usando o menu rápido, clique com o botão direito do mouse sobre o objeto, clique em uma
das opções recortar ou copiar.
No locar onde será colado, clique também com o botão direito do mouse e finalizamos
clicando em colar.
Podemos também operar com as teclas de atalho conforme mostra a figura do menu no início
do texto, são elas: e
1. CTRL+X para recortar
2. CTRL+C para copiar
3. CTRL+V para colar
5.1.5. Barra de menu; exibir
Utilizando o menu exibir, podemos trabalhar a exibição da janela da
forma mais rápida possível:
Os elementos (arquivos, discos ou pastas), são mostrados como ícones
grandes, pequenos, em lista, ou ainda com detalhes como o tamanho e
a data de criação ou ultima alteração.
Podemos organizar os ícones por letra da unidade, por tipo, por
tamanho, por espaço livre ou ―AutoOrganizar‖.
Esta última opção organiza os ícones sempre que deslocamos um deles
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 358
de seu local de origem, este se desloca para o fim da fila de ícones.
O item opções, determinar como as janelas serão apresentadas .
Dica para organizar ícones: podemos também clicar com o botão direito do mouse na área
dentro da janela meu computador, ou de qualquer outra pasta de arquivos.
5.1.6. Barra de menu; ajuda
O Windows tem uma vasta biblioteca para te ajudar a operar e entender os recursos dos mais
simples aos mais avançados.
Esta biblioteca pode ser acessada de qualquer pasta ou a partir do menu iniciar.
Seu título é Tópico da Ajuda: Ajuda do Windows.
Ao lado do botão fechar encontramos um botão com um ponto de interrogação. Ao clicar
neste botão o ponteiro do mouse é acompanhado por um ponto de interrogação.
Neste momento o ponteiro do mouse dialoga com o operador.
Para obter explicação sobre a janela Tópico Ajuda basta clicar no item da janela que
queremos averiguar. Será aberto sobre o item um pequeno quadro com informações,
conforme figura abaixo.
6. Criando e manipulando pastas
Antes vamos entender um pouco mais sobre organização de pastas.
Quando trabalhamos em uma empresa ou quando administramos nossa vida pessoal,
necessitamos organizar nossos documentos.
Para isto usamos armários, gavetas, caixas, até mesmo pastas.
No Windows, o local onde guardamos os documentos chamamos de pasta.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 359
A estas pastas damos um nome, este nome tem muita importância para o Windows pois não
podemos substituir pastas que contenham arquivos de programas.
De preferência devemos criar nossas pastas na área de trabalho ou apenas e tão somente
apenas uma pasta no diretório principal (também chamado de diretório raiz).
Neste caso convém sempre abrir uma pasta com nosso nome, para evitar erros.
Para criar uma pasta na área de trabalho, basta clicar com o botão direito do mouse sobre a
área de trabalho, será aberto o menu rápido, apontar para novo e clicar em pasta. Conforme
figura abaixo.
É muito importante neste momento de criação determinar o nome da pasta. Caso contrário ela
será nomeada pelo Windows como nova pasta, nova pasta (2) e assim por diante.
O que é inconveniente para nossa organização.
Podemos criar pastas dentro de outras pastas, através do menu arquivo, clicamos em novo e
depois em pasta.
É muito fácil criar pasta, mas também é muito fácil perder a pasta dentro do computador ou
dentro de outras pastas.
Vejamos a estrutura do arquivo de pastas.
1. Para iniciar, criaremos uma pasta mestre e a chamaremos de departamento.
2. Dentro dela criaremos uma pasta para cada pessoa do departamento, denominadas
funcionários (A), (B) e (C)
3. Dentro desta, criaremos uma pasta para arquivos de documentos recebidos e outra para
documentos enviados.
Com o tempo teremos a necessidade de apagar arquivos e reorganizar tudo. Então corremos o
risco de apagar arquivos importantes.
Isto com o tempo se torna uma bola de neve que nos faz perder o controle do nosso arquivo
dentro do computador.
Vejamos então, os métodos de manipulação de arquivos entre pastas.
O recurso recortar e colar.
1. Minimize todas as pastas abertas clicando com o botão direito do mouse na barra de tarefas.
2. Depois abrimos somente as duas pastas, a que contem o arquivo a ser recortado e a que será
colado o arquivo.
3. Para organizar estas pastas de forma a ficarem juntas lado a lado na tela, repita a operação
de clicar com o botão direito na barra de tarefas e clique em janela lado a lado vertical.
4. Neste instante podemos efetuar qualquer operação de recortar e colar. Porém há um recurso
rápido e preciso disponível no Windows, (simplesmente arrastamos o ícone de uma janela
para outra). FÁCIL?
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 360
Desta maneira podemos também arrastar uma pasta para dentro da outra, ou uma pasta para a
área de trabalho e assim por diante.
Veja o exemplo abaixo:
O recurso copiar e colar.
Para copiar, fazemos exatamente como na operação anterior, porém ao arrastar o ícone de
uma janela para outra, mantenha a tecla CTRL pressionada.
Selecionado vários arquivos em linha
Podemos também selecionar vários arquivos para recortar ou copiar.
Para selecionar vários arquivos clicamos perto do arquivo e arrastamos o mouse para envolver
os arquivos desejados com uma linha da área selecionada.
Ou clique sobre o primeiro arquivo da fila, segure a tecla SHIFT e tecle a seta
de direção. Ou ainda, clique no primeiro arquivo da fila, segure a tecla SHIFT e clique no
último arquivo da fila.
Selecionado vários arquivos separados
Clicamos no primeiro, seguramos a tecla CTRL clicamos nos outros arquivos um a um,
mesmo que estes estejam distantes entre si.
Podemos então recortar ou copiar o grupo selecionado para outra pasta.
7. Atalhos de arquivos
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 361
Suponhamos que existam arquivos que são utilizados com relativa freqüência no dia a dia.
Para localizá-los no disco dispomos de alguns recursos: abrimos o Meu Computador e
localizamos a pasta de origem. Em Localizar, ou utilizamos o Windows Explorer,
acessamos o aplicativo que o gerou e o abrimos.
São operações práticas mas que requerem algum trabalho e memória do usuário.
Principalmente se este não atender os conceitos de organização de arquivos e pastas citado
anteriormente. Sendo assim, podemos fazer uso do conceito de atalho.
O Atalho é um ícone que representa o arquivo. E sendo, como o nome diz, um atalho, tal
ícone é colocado à disposição na área de trabalho, junto aos elementos essenciais do
Windows.
7.1. Como criar um atalho?
1- Localizamos o arquivo no disco
2- Clicamos com o botão direito do mouse sobre ele e o arrastamos para a área de trabalho
3- No menu de opções que se abre, clicamos em “Criar atalho(s) aqui”.
Para eliminar um atalho, selecione o atalho e pressione a tecla DELETE, em seguida
confirme clicando em sim na caixa de diálogo ―confirmar exclusão de arquivos‖.
Ou simplesmente arraste o ícone para a lixeira.
Cabe lembrar que nenhum dano será causado ao arquivo, no que está no disco.
Um atalho é simplesmente uma representação gráfica do arquivo ou programa.
8. Localizar arquivos em um disco
Utilizando o Meu Computador, podemos visualizar pastas e arquivos. No entanto, quando um
disco rígido contém muitas pastas e arquivos. O que fazemos se por ventura necessitamos
localizar rapidamente determinado arquivo, sem saber ao certo em que pasta ele se encontra,
ou mesmo seu nome completo?
Existe uma forma prática para isso:
A partir do botão Iniciar apontamos para localizar..., arquivos ou pastas.
No espaço reservado para nome do arquivo, digitamos o nome completo ou mesmo parcial do
arquivo. Definimos que a busca ocorrerá também em subpastas a partir do disco rígido.
Clique em localizar agora.
Surgirá, na parte de baixo da caixa diálogo, uma lista dos arquivos que correspondem ao que
foi digitado.
9. Utilizando o Windows Explorer
O Windows Explorer é um programa de gerenciamento de arquivos, pastas e discos.
Através dele, dispomos de uma visualização completa dos elementos do sistema presente no
microcomputador e podemos atuar sobre os elementos.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 362
Como vemos na figura anterior, a janela do programa possui elementos já conhecidos.
Basicamente ele fornece vistas ao disco rígido, discos flexíveis, e disco óticos (se houver).
Essa visualização básica divide-se em duas telas:
A tela da esquerda apresenta os discos e suas respectivas pastas, é denominada ''Árvore''.
A tela da direita apresenta o conteúdo do disco ou da pasta indicado pelo apontador do mouse.
No exemplo citado, o disco apresentado é o C:\, a pasta focada é Windows, e, ao lado direito,
temos os arquivos localizados dentro da pasta.
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10. Painel de controle
Através do Painel de Controle
podemos configurar elementos
no ambiente Windows.
Clicando no botão iniciar,
optamos por configurações, e
clicamos em painel de
controle.
Ou clicamos em meu
computador e em painel de
controle.
Cada ícone representa um
programa que permite
modificar parte do ambiente de
trabalho.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 363
Advertência: Cabe salientar que tais recursos devem ser utilizados com cuidado posto
que o Windows, ao ser instalado, já reconhece as configurações de hardware presentes
na máquina, tal como o monitor, o teclado, o mouse, as portas de comunicação, etc.
Dentre os principais componentes do Painel de Controle, temos:
Programa que permite detectar novas placas ou componentes instalados no
equipamento, principalmente os periféricos com características Plug & Play
(auto detecção).
Programa que permite reconhecimento, via disco flexível ou ótico, de um novo
programa instalado no disco rígido. Congrega tudo que diz respeito à instalação
ou desinstalação de programas.
Permite o acesso aos comandos das impressoras cadastradas e o eventual
cadastramento de novas impressoras.
Pode ser acessado pelo botão iniciar, pelo ícone meu computador e pelo
Windows Explorer.
Facilita modificações no modo de atuação do mouse como velocidade, duplo
clique, posição dos botões, efeitos do ponteiro.
Permite a atualização de informações a respeito da nacionalidade tal como a
moeda vigente, a formatação numérica, medidas, etc.
Permite a atualização da data e hora do sistema.
Ajusta o teclado e/ou o mouse para o uso de pessoas com alguma deficiência
motora. Mesmo o contraste do monitor pode ser ajustado para eventuais
problemas visuais.
Permite a identificação de dispositivos do sistema Assim como o mouse
pode ser configurado, também o teclado.
Permite a definição da performance de teclas e também a instalação de
driver
do teclado vigente.
Permite modificações na apresentação do vídeo, no que diz respeito a cores,
padrão, proteção de tela, papel de parede, etc.
Controla os dispositivos de efeitos de som, áudio da leitora de disco ótico e
imagens.
Permite o cadastramento da placa de mondems instalados no equipamento e
configuração do seu programa.
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Anotações
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11. Acessórios
Entre os principais acessórios utilizados no Windows95, estão aqueles que simulam objetos
de uma mesa de trabalho em um escritório.
Apesar do calendário não estar vinculado aso acessórios, destacamos ele aqui pela sua
importância.
Além disto temos um editor de imagens que também nos permite desenhar, e que veremos no
final desta seção.
Entre os objetos de uma mesa de escritório geralmente encontramos:
1. Um calendário
2. Um bloco para anotações
3. Uma calculadora (Veja abaixo)
Para acessar os acessórios clicamos em iniciar, programas e acessórios. Em acessórios
encontramos a calculadora.
Em cada botão da calculadora tem uma legenda referente sua função e as teclas de operação.
Clique com o botão direito do mouse na calculadora e depois em O que é isto?
11.1. Editando imagens com o Paint.
Através do Paint podemos utilizar os recursos de desenho para criar figuras geométricas,
logotipos, pequenos organogramas, avisos, desenhos a mão livre, e outros desenho que
comportar nossa criatividade.
Um dos recursos muito utilizados é o que diz respeito ao recorte de imagens obtidas na tela do
Windows.
Sem ele o material ilustrativo presente neste manual inexistiria.
Basicamente o ambiente de trabalho do Paint compõe-se, além das tradicionais barras de
Títulos, Menus e Status, de um acervo de ferramentas de desenho e de uma paleta de cores
para dar vida aos objetos traçados e textos.
Para escolher a ferramenta, clique com botão esquerdo do mouse sobre o botão da ferramenta.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 365
Passamos então à folha de desenho propriamente dita. Nela vamos dispondo os traços
disposto por cada ferramenta com o arrastar do mouse (mantendo-se sempre o botão esquerdo
pressionado).
Quando soltamos o botão, a figura está pronta sobre a folha.
11.1.1. As Ferramentas do Paint
Permite o recorte irregular de parte do desenho. O objeto fica selecionado e podemos operar
cópias, recortes e mesmo a exclusão do detalhe.
Permite o recortar ou selecionar um objeto capturado pela diagonal de um retângulo.
Pressiona-se o botão esquerdo do mouse em um ponto próximo do objeto, quase sempre em
um dos cantos da figura, e arrasta-se o apontador, na diagonal, sobre o objeto.
A borracha permite que sejam apagados detalhes do traçado.
A lata de tinta permite que a cor selecionada na paleta de cores seja ''esparramada'' sobre a
superfície do desenho. Serão pintados todos os pontos de mesma cor do desenho. Quando o
escorrer da tina esbarrar em um traço contínuo de pontos de outra cor, a pintura cessará.
Essa ferramenta que lembra um conta gotas serve para copiar uma cor que conste em um
detalhe do desenho. Pressionamos sobre a cor desejada o apontador na forma de um conta
gotas. Em outro detalhe do desenho, esparramamos a tinta ''copiada''.
A lupa ou ampliador permite uma aproximação visual em zoom de um detalhe do desenho.
Haverá uma aproximação dos pontos. Abaixo da barra de ferramentas surgirá um quadro de
opções de escala de zoom (1x, 2x, 6x, 8x ). Escolhendo uma delas podemos aumentar e
diminuir a escala de visualização dos pontos.
Com o lápis podemos traçar à mão livre.Com um pouco de paciência, algumas formas
surgirão sobre a área de trabalho.
Com o pincel também traçamos à mãe livre, só que o traço é mais espesso. E podemos
dimensioná-lo.
Com o spray podemos jogar jatos de cor na área de trabalho. Possui três níveis de
intensidade.
Esta é a ferramenta de edição de textos no desenho. Após selecioná-los, clicamos no o botão
esquerdo do mouse uma vez no interior do desenho, na posição em que será inserido o texto.
Surgirá um cursos dentro de um quadro de inserção tracejado e também uma caixa de
ferramentas de formatação de fontes, para a eventual alteração do formato dos caracteres.
Permite o traço de linhas retas. Após selecionada a ferramenta, o cursor transforma-se numa
pequena cruz ''+'' . Pressionando o botão esquerdo do mouse, iniciamos o traçado da reta
sobre a área de trabalho. Ao soltarmos o botão, a reta estará desenhada. Se, ao traçarmos a
reta, pressionamos a tecla SHFIT, obteremos retas com inclinação perfeitas com intervalos de
45 graus.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 366
Permite o traçado de linhas curvas. Primeiro traçamos uma reta sobre a área de trabalho,
depois é necessário dois últimos cliques no mouse para que a curva seja desenhada
definitivamente.
Permite o traçado de quadrados e retângulos. Se pressionarmos a tecla SHIFT ao traçarmos o
quadro, obteremos um quadrado perfeito.
Ferramenta para desenhar figuras irregulares, composta de retas. O desenho só terminará
quando voltarmos com o apontador ao ponto de partida do polígono.
Permite o traçado de circunferências. Pressionando a tecla SHIFT, obtemos um circulo
perfeito (todos os raios iguais).
Semelhante ao quadrado ou retângulo, tal figura permite que as bordas da figura retangular
sejam arredondadas.
A paleta de cores permite a escolha da cor principal (do traçado) e da cor da secundária (do
fundo). No uso da borracha, Clique com o botão esquerdo para a cor do traço e, clique com o
botão direito para a cor do fundo ou da borracha.
O produto final pode ser salvo como qualquer arquivo, no disco. Pode, igualmente, ser
impresso. Parte ou todo o desenho pode ser selecionado e copiado para um outro aplicativo.
Se quisermos utilizar elementos da tela do Windows (toda a tela é gráfica, composta de
pontos), capturamos a tela inteira com a tecla Print Screen. Isso feito, existirá uma cópia de
toda a tela na Área de Transferência.
Na tela de trabalho do Paint, procedemos o ato da colagem e, desta forma, a tela capturada
fará parte de nosso desenho. Podemos, então, com ferramenta de seleção diagonal, marcar um
detalhe qualquer do desenho, copiando-o para outra aplicação qualquer.
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12. Trabalhando com pastas e arquivos
Resumo das principais operações
12.1. Pesquisar o sistema de arquivos com Meu Computador
Clicamos duplamente no ícone Meu Computador.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 367
Clicamos duplamente em qualquer unidade de disco e pasta na qual se queira pesquisar
arquivos.
12.2. Pesquisar o sistema de arquivos com Windows Explorer
Clicamos em Iniciar
Apontamos para Programas e após no Windows Explorer.
Na janela da esquerda (árvore) apontamos para os disco e pastas que queremos analisar.
Na janela da direita, visualizamos os arquivos das pastas apontadas.
12.3. Criar uma nova pasta
Abrimos a unidade de disco ou pasta na qual desejamos que a nova pasta seja armazenada.
No menu Arquivo, apontamos para Novo e depois clicamos em Pasta.
Digitamos o nome da nova pasta, seguindo de um ENTER.
12.4. Mover um arquivo para outra pasta
Clicamos no nome do arquivo a ser movimentado.
No menu Editar optamos por Recortar.
Abrimos a pasta na qual desejamos colocar o arquivo.
No menu Editar clicamos em Colar ou arrastamos o arquivo até a pasta para a qual
desejamos mover o arquivo.
12.5. Renomear um arquivo para outra pasta
Usamos o botão direito do mouse para dar um clique no arquivo a ser renomeado.
No menu que se abre, optamos por Renomear.
Digitamos o novo nome e encerramos com um ENTER.
12.6. Copiar um arquivo para outra pasta
Pressionando a tecla CTRL, arrastamos o arquivo para uma outra pasta.
12.7. Excluir um arquivo
Clicamos sobre o arquivo com o botão esquerdo do mouse.
Pressionamos DELETE.
Ou ainda, arrastamos o arquivo para a LIXEIRA.
Tal ação implica na confirmação.
12.8. Recuperar um arquivo excluído
Abrimos a LIXEIRA e arrastamos o arquivo para a pasta, unidade de disco ou mesmo a área
de trabalho
OU, na LIXIERA, selecionamos o arquivo.
Abrimos o menu Arquivo e optamos por Restaurar.
12.9. Esvaziar a Lixeira
Abrindo a LIXEIRA, optamos por Limpar Lixeira no menu Arquivo.
12.10. Formatar um disquete
Inserimos o disquete na unidade A ou B.
Através do Meu Computador ou do Windows Explorer, abrimos o menu Arquivo e
optamos por Formatar.
Especificamos a capacidade do disquete e logo após clicamos em Iniciar.
12.11. Copiar arquivos e pastas do disco rígido para um disquete
No Meu Computador ou no Windows Explorer selecionamos os arquivos ou
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 368
pastas.
No menu Arquivo, apontamos para Enviar Para e após clicamos no nome de
unidade ou disco.
12.12. Localizar um arquivo
Clicando em Iniciar, apontamos para Localizar.
Na seqüência, apontamos para Arquivos ou Pastas.
Digitamos o nome total ou parcial do arquivo.
Após clicamos em Localizar Agora.
12.13. Criar um atalho para um arquivo de trabalho
Abrindo Meu Computador, localizamos o arquivo nas pastas.
Clicando o botão direito sobre o nome do arquivo, arrastamos o ícone para a tela de trabalho
(Desktop).
No menu pop-up, escolhemos Criar Atalho Aqui.
12.14. Abrir a caixa de diálogo Propriedades da Barra de Tarefas
Utilizando o botão Direito do mouse, clicamos em qualquer área vazia da Barra de Tarefas e,
em seguida, sobre Propriedades.
12.15. Adicionar um comando (programa) aos menus Iniciar ou Programas
Abrimos a caixa de diálogo Propriedades da Barra de Tarefas.
Na guia Programas do Menu Iniciar, clicamos em Adicionar.
Digitamos o nome do programa na caixa de texto Linha de Comando e Programas e depois
em Avançar.
Digitamos o nome que se queira para o atalho, clicamos em Concluir e após, em Ok.
12.16. Remover um comando dos menus Iniciar ou Programas
Abrimos a caixa de diálogo Propriedades da Barra de Tarefas.
Na guia Programas do Menu Iniciar, clicamos em Remover.
Na janela seguinte, clicamos no item a ser removido.
Clicamos em Remover, depois em Fechar e após em OK.
12.17. Adicionar um ícone de atalho à Área de Trabalho
Localizamos o item que receberá o atalho, no disco.
Clicamos sobre o mesmo com o botão direito do mouse e o arrastamos para a área de
Trabalho.
No menu, optamos pôr Criar Atalho Aqui.
12.18. Remover um ícone de atalho da Área de Trabalho
Arrastamos o atalho para a Lixeira ou, abrindo o menu rápido, optamos pôr Excluir.
Confirmamos em seguida.
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Introdução ao sistema operacional Linux
Um Sistema Operacional (SO) é, basicamente, um conjunto de programas cuja função é
gerenciar todos os recursos disponibilizados por um ou mais computadores. Assim, os
programas (aplicativos) interagem com os usuários utilizando-se destes recursos.
Entre as tarefas realizadas por um SO podemos citar:
Controlar os vários dispositivos eletrônicos ligados ao computador, tais como discos,
impressoras, memória, etc.
Compartilhar o uso de tais dispositivos e demais serviços entre vários usuários ou
programas como por exemplo arquivos ou impressoras em uma rede.
Fornecer controle de acesso e segurança aos recursos do sistema.
Os primeiros computadores desenvolvidos eram máquinas muito simples e por isto não
possuíam um SO. Devido a esse fato, as tarefas que hoje são feitas pelos SO's eram deixadas a
cargo do programador, o que mostrava-se muito desconfortável. Atualmente, uma máquina
sem um SO é inconcebível. Entre os mais utilizados hoje em dia, podemos citar: MS-DOS,
Windows (95, 98, NT), Unix, Mac-OS e, claro, o Linux.
1.1 Linux
O que quer dizer Linux? Uma definição técnica seria: Linux é um kernel de sistema
operacional de livre distribuição, gratuito, semelhante ao Unix.
O kernel, ou núcleo, é a parte do SO responsável pelos serviços básicos e essenciais dos quais
as ferramentas de sistema e os aplicativos se utilizam. Entretanto, a maioria das pessoas usa o
termo Linux para se referir a um SO completo, baseado no kernel Linux. Assim chegamos a
uma outra definição:
Linux é um sistema operacional de livre distribuição, semelhante ao Unix, constituído por um
kernel, ferramentas de sistema, aplicativos e um completo ambiente de desenvolvimento.
Outro termo muito empregado é distribuição, que consiste em um kernel Linux e uma
coleção de aplicativos e ferramentas de sistema. Existem várias distribuições do Sistema
Operacional Linux e a diferença entre cada uma delas encontra-se no conjunto de aplicativos
e ferramentas de sistema, no programa de instalação, na documentação e, por fim, na versão
do kernel Linux. Dentre as principais distribuições Linux, podemos citar Red Hat, Debian,
Slackware, Caldera e Conectiva, sendo esta última uma distribuição brasileira que possui
todos os módulos de instalação e toda a documentação em português.
O Linux é o resultado do trabalho de milhares de colaboradores, universidades, empresas de
software e distribuidores ao redor do mundo. Aliado a isso, o fato de ser um sistema aberto,
de livre distribuição, vem proporcionando ao Linux um rápido desenvolvimento e uma ágil
atualização de softwares. A maior parte do seu desenvolvimento é feita sob o projeto GNU da
Free Software Foundation, o que torna obrigatório a distribuição de todo o seu código fonte.
Assim, qualquer pessoa pode fazer as modificações que lhe forem convenientes, além de
acrescentar melhorias aos softwares que seguem essa linha de desenvolvimento. A única
exigência é que o código alterado permaneça de domínio público.
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Antes de iniciarmos o nosso estudo sobre o Linux, é necessário conhecer um pouco mais
sobre sua origem.
1.2 A história do Linux
O kernel do Linux foi originalmente escrito por Linus Torvalds, do Departamento de Ciência
da Computação da Universidade de Helsinki, Finlândia, com a ajuda de vários programadores
voluntários através da Internet.
Linus Torvalds iniciou o kernel como um projeto particular, inspirado em seu interesse no
Minix, um pequeno sistema Unix desenvolvido por Andy Tannenbaum. Ele se limitou a criar,
em suas próprias palavras, ``a better Minix than Minix''. Após trabalhar sozinho por algum
tempo em seu projeto, ele enviou a seguinte mensagem para o newsgroup comp.os.minix:
Você está ansioso por melhores dias do Minix 1.1, quando homens serão homens e
escreverão seus próprios ``drivers'' de dispositivo? Você está sem um bom projeto e ansioso
para começar a trabalhar em um S.O. o qual você possa modificar de acordo com suas
necessidades? Você fica frustrado quando tudo funciona em Minix? Chega de atravessar
noites para obter programas que executam corretamente? Então esta mensagem pode ser
exatamente para você.
Como eu mencionei há um mês atrás, estou trabalhando em uma versão independente de um
S.O. similar ao Minix para computadores AT386. Ele está, finalmente, próximo do estágio em
que poderá ser utilizado (embora possa não ser o que você esteja esperando), e eu estou
disposto a colocar os fontes para ampla distribuição. Ele está na versão 0.02... contudo
obtive sucesso executando bash, gcc, gnu-make, gnu-sed, compressão, etc. nele.
No dia 5 de outubro de 1991 Linus Torvalds anunciou a primeira versão ``oficial'' do Linux,
que recebeu versão do kernel 0.02. Desde então muitos programadores têm respondido ao seu
chamado, e têm ajudado a fazer do Linux o sistema operacional que é hoje.
1.3 Características
O Linux é um sistema operacional livre, gratuito e possui todas as características presentes
nos sistemas operacionais modernos. Eis algumas destas:
Multiplataforma:
O Linux opera em computadores das famílias Intel (386, 486, Pentium, etc) e compatíveis
(Cyrix e AMD), Motorola M680xx (Atari, Amiga e Macintosh), Alpha (DEC), Sparc (Sun),
MIPS (Silicon Graphics) e Power PC. Novas arquiteturas estão sendo incorporadas com o seu
desenvolvimento.
Multiprocessado: Possui suporte a computadores com mais de um processador.
Multitarefa: Vários programas podem ser executados ao mesmo tempo.
Multiusuário: Vários usuários podem operar a máquina ao mesmo tempo.
Além destas, o Linux apresenta ainda memória virtual, bibliotecas compartilhadas (de ligação
dinâmica), carregamento de drivers (módulos) sob demanda, suporte nativo a redes TCP/IP,
fácil integração com outros sistemas operacionais e padrões de rede, nomes longos de
arquivos, proteção de acesso a recursos compartilhados, suporte a vários idiomas e
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conformidade com padrões internacionais. Existem ainda vários ambientes gráficos que se
utilizam do mouse, ícones e janelas (semelhantemente ao Windows) ao invés das famigeradas
linhas de comando.
O Linux é um sistema operacional bastante atrativo não apenas por ser gratuito mas por outros
motivos também. O fato de ser baseado nos sistemas operacionais Unix - sistemas
considerados maduros, com mais de duas décadas de desenvolvimento - contribuiu muito para
a sua estabilidade e confiabilidade. Isto é, um Linux configurado corretamente não ``trava''.
Chegamos então a outro fator muito importante em favor do sistema: o fato de poder ser
configurado e adaptado segundo a necessidade de cada um (apesar de, muitas vezes, isso não
ser uma tarefa simples). Muitos já devem ter ouvido alguém dizer: ``O meu Linux é melhor
que o seu!''
Além disso, pode-se instalar num computador o Linux juntamente com outro sistema
operacional. Por exemplo, pode-se instalar Linux em uma máquina que já contenha Windows
e utilizar os dois sistemas, sem que nenhum dado seja perdido. Ou seja, o Linux consegue
acessar todos os arquivos usados no Windows.
2. Como é o Linux
2.1 Ligando seu computador com o Linux
Quando você liga seu computador, este realiza alguns testes e então começa a executar o
sistema operacional. No Linux, a primeira parte do sistema a ser carregada na memória e
executada é o kernel. Este, então, detecta e configura os dispositivos eletrônicos conectados
ao computador. Após isso, alguns programas de sistema que prestam serviços básicos, como
acesso à rede, são também inicializados. Ao longo deste processo, o qual recebe o nome de
boot do sistema, ou simplesmente boot, várias mensagens são arquivadas e mostradas na tela
para informar ao administrador do sistema do sucesso ou falha nesta operação.
Após o boot, uma mensagem de saudação seguida da palavra login aparece no vídeo:
Bem-vindo ao sistema Linux 2.2.10
login:
Chegando a esse estágio, o sistema aguarda a conexão (login) de um usuário previamente
cadastrado.
2.2 Conta de usuário
Para realizar o seu login, é necessário que o usuário possua uma conta válida na máquina em
questão (para obter uma conta, procure o administrador do sistema). Uma conta nada mais é
que um cadastro eletrônico que indica quem são as pessoas aptas a utilizar o sistema. Esse
cadastro contém as seguintes informações:
Número de identificação: Número inteiro único para cada usuário do sistema, tal como um RG ou CPF. Também
denominado user id ou UID (user identification), serve para identificar cada um dos usuários;
Nome de usuário:
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Também único para cada usuário, é formado por apenas uma palavra, sem espaços em branco,
e possui a mesma utilidade que o UID. A diferença está no fato de que enquanto a máquina
trabalha melhor com números (UIDs), nós humanos - e também o administrador do sistema -
nos saímos melhor com nomes. Este campo também recebe a denominação de username ou
login;
Identificação de grupo: Um grupo agrega usuários que realizam tarefas semelhantes ou que possuem permissões de
acesso semelhantes. O group id (GID) é o número inteiro que identifica o grupo ao qual o
usuário pertence;
Senha: Constitui o mecanismo de segurança de acesso à conta do usuário;
Nome completo: Nome completo do usuário ou descrição da finalidade da conta;
Diretório pessoal: Também denominado diretório home, é o diretório pessoal do usuário e reservado para que
este armazene os seus arquivos;
A última informação contida neste cadastro é o nome do programa executado quando o
usuário se conecta ao sistema. Geralmente é o nome de um tipo interpretador de comandos.
Um programa interpretador de comandos (shell) fornece uma interface (meio de
comunicação) simples entre o usuário e o computador. Como um intérprete que fica entre
duas pessoas que falam línguas diferentes, o shell situa-se entre o usuário e o kernel. Ele
``diz'' ao kernel para fazer o trabalho que o usuário solicitou, eliminando a necessidade deste
último ter que falar diretamente com o kernel em uma linguagem que ele entenda.
O shell também é uma linguagem de programação completa. Possui variáveis, construções
condicionais e interativas, e ambiente adaptável ao usuário. Existem vários tipos de shells
sendo que os mais conhecidos são o Bourne Again Shell (bash) e o C Shell (csh). O shell
preferido varia de usuário para usuário. Alguns preferem a sintaxe com características mais
avançadas do bash enquanto que outros preferem a sintaxe mais estruturada do csh. No
capítulo 4 veremos mais detalhes do bash.
2.3 Conectando-se ao sistema
A partir do momento em que o usuário obtém uma conta, ele já pode se conectar (``logar'') no
sistema. O processo de ``login'' é simples. Na tela da mensagem de saudação, após a palavra
``login'', o usuário deve digitar o seu nome de usuário (username ou login), fornecido pelo
administrador, e pressionar a tecla ENTER (ou RETURN):
Bem-vindo ao sistema Linux 2.2.10
login: joao
Password:
O sistema aguardará, então, que o usuário digite a sua senha (password) e pressione ENTER.
Enquanto o usuário digita a senha, os caracteres que constituem-na não aparecem na tela por
motivo de segurança. Fornecida a senha, o sistema consultará o cadastro de usuários
procurando pelo nome de usuário fornecido para então conferir a validade da senha digitada.
Caso esta não seja a mesma do cadastro ou o nome de usuário fornecido não seja encontrado,
uma mensagem de login inválido será mostrada e o processo será reiniciado:
Bem-vindo ao sistema Linux 2.2.10
login: joao
Password:
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Login incorrect
login:
Se o nome de usuário (login) e senha forem válidos, o sistema inicilizará a execução de um
interpretador de comandos ou de um ambiente gráfico e o usuário poderá utilizar os
aplicativos e os recursos computacionais disponibilizados pela máquina. O processo de login
terá sido concluído com sucesso se o usuário estiver vendo na tela o prompt do shell, em geral
um ``$''.
Quando o usuário terminar o seu trabalho, é muito importante que este realize o processo de
desconexão. Por motivos de segurança, nunca se deve abandonar a máquina com uma conta
``aberta''. Para realizar o processo de desconexão basta digitar logout e pressionar ENTER.
$ logout
Bem-vindo ao sistema Linux 2.2.10
login:
Para realizar o processo de desconexão no modo gráfico, clique com o botão direito do mouse
sobre qualquer área e escolha a opção Window Manager e em seguida Exit.
A mensagem de saudação aparece novamente, deixando a sistema disponível para outro
usuário. No próximo capítulo, veremos o que podemos fazer uma vez ``logados'' no sistema.
2.4 Primeiros passos
Obtido sucesso no processo de login, o sistema executará o interpretador de comandos do
usuário ou um ambiente gráfico.
No modo gráfico os comandos serão digitados em um emulador de terminal. Cada ambiente
possui um processo para a abertura. No Window Maker basta apertar o botão direito do
mouse sobre qualquer área da tela e escolher no menu a opção XShells e em seguida XTerm.
No modo texto, na tela será mostrando o prompt, indicando que o usuário já pode digitar um
comando: $
O prompt pode ser constituído ainda de informações como nome de usuário, nome da
máquina, diretório que em o usuário está trabalhando, etc...Na seção tian van
Kaick«[email protected]>refvarprompt veremos como configurá-lo. Por hora,
adotaremos apenas o cifrão ($).
Ao se digitar um comando e teclar ENTER, o interpretador executará esse comando. A seguir
veremos como descobrir quais informações o sistema contém sobre a conta do usuário e sobre
a máquina.
2.4.1 Quem sou eu? Onde estou?
O comando whoami mostra o nome do usuário associado com a conta em uso. Por exemplo,
caso o usuário joao execute esse comando, ``joao'' será mostrado na tela seguido de um novo
prompt:
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 374
$ whoami
joao
$
O comando hostname informa o nome da máquina que o usuário está operando. No exemplo
abaixo, a máquina chama-se ``cerebro'':
$ hostname
cerebro
$
O comando groups é usado para mostrar os grupos de usuários aos quais este usuário
pertence. No exemplo abaixo, tais grupos são ``estudantes'' e ``projeto''.
$ groups
estudantes projeto
$
Para obter várias informações sobre a conta de um usuário qualquer - com exceção,
evidentemente, da senha - usa-se o comando finger. Este comando requer como parâmetro o
login de um usuário.
$ finger joao
Login: joao Name: João da Silva
Directory: /home/joao Shell: /bin/bash
Last login Wed Aug 25 17:05 on tty1
No mail.
No Plan.
$
3 Neste exemplo, as informações sobre o usuário joao são solicitadas. Como resposta,
recebemos o seu nome de usuário (login), nome completo, o seu diretório pessoal (onde estão
os seus arquivos) e o interpretador de comandos por ele utilizado. Além destas informações,
contidas no cadastro, também são mostrados outros dados, como a última vez em que ele se
conectou ao sistema, informação sobre a leitura de e-mail por parte deste usuário e, por
último, alguma mensagem que o usuário possa ter deixado em um arquivo chamado .plan de
seu diretório.
O comando who mostra todos os usuários que estão usando o sistema no momento. Por
exemplo:
$ who
root tty1 Aug 25 12:36
joao tty2 Aug 25 10:20
paulo tty3 Aug 25 11:15
juca tty4 Aug 25 9:37
$
A primeira coluna indica os nomes de login dos usuários. As outras indicam, respectivamente,
o terminal, a data e o horário no qual cada usuário se conectou. No exemplo acima, estão
usando o sistema, além de joao, os usuários root, paulo, juca. Em todos os sistemas Linux,
root é o nome de usuário dado ao administrador do sistema.
2.4.2 Mudança de Senha
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 375
Um dos primeiros passos para que o sistema se adapte ao usuário é a mudança da senha de
login. Para isto usa-se o comando yppasswd. É importante lembrar que a senha deve conter
tanto caracteres maiúsculos quanto minúsculos.
$ yppasswd
Please enter old password:
Please enter new password:
Please retype your new password:
The password had been changed.
$
Vale destacar também que, em Linux, os caracteres da senha não aparecem em forma de *
como normalmente, portanto deve-se redobrar a atenção ao digitar-se a senha.
2.5 Exercícios
1. Execute o comando who e utilize o finger com cada um do nomes de usuários que o
primeiro comando lhe mostrar.
2. Descubra para cada usuário, visto no exercício anterior, a quais grupos eles pertencem.
3. Experimente o comando ``w'' e descubra a sua utilidade.
3. Conceitos básicos
Antes de prosseguirmos com outros comandos, o conhecimento de alguns conceitos básicos,
tais como arquivos e diretórios, se faz necessário. Retorne a este capítulo sempre que tiver
dúvidas pois os conceitos aqui apresentados são de grande importância para o entendimento
do resto do conteúdo da apostila.
3.1 Arquivos
Um arquivo representa um conjunto de informações e é a unidade mínima de armazenamento
de dados, quer seja em disco ou fita magnética. Ou seja, qualquer tipo de informação (texto,
imagem, som, etc...) armazenada em um destes tipos de dispositivo eletrônico estará na forma
de um ou mais arquivos. Cada arquivo possui, entre outras propriedades, um nome que o
identifica e um tamanho que indica o número de caracteres (bytes) que ele contém. Abaixo
estão alguns exemplos de nomes de arquivos:
carta
Carta
arquivo1
videoclip.mpg
musica.mp3
copia_de_seguranca.tar.gz
linux-2.2.13-SPARC.tar.gz
O Linux distingue letras maiúsculas de minúsculas. Assim, os dois primeiros exemplos, carta
e Carta, constituem nomes de arquivos diferentes. O Linux também permite que nomes de
arquivos sejam longos, com até mais de uma centena de caracteres. Como se pode notar,
alguns dos nomes dos arquivos acima possuem um ou mais pontos (``.''). A seqüência de
caracteres, após o último ponto no nome do arquivo, é denomidada extensão do arquivo e
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 376
indica a natureza de seu conteúdo ou o aplicativo com o qual ele é utilizado. Arquivos não
precisam, obrigatoriamente, possuir uma extensão em seu nome. Isto é apenas uma convenção
feita por usuários e desenvolvedores de aplicativos para facilitar a identificação do conteúdo
contido em um arquivo. Imagine um usuário tentando abrir um arquivo de som em um
processador de texto. Certamente não conseguiria. É justamente para evitar esses enganos que
as extensões de arquivo são utilizadas. Porém, nada impede que o nome de um arquivo não
tenha nenhuma extensão. A seguir temos algumas extensões de arquivos muito comuns de
serem encontradas:
txt Indica que o arquivo contém apenas texto (ASCII);
bak Indica que se trata de um arquivo de cópia de segurança (backup);
old Arquivo cujo conteúdo fora atualizado e gravado em outro arquivo;
jpg Arquivo que contém uma imagem em formato jpeg;
mp3 Arquivo de som;
html
Arquivo contendo hipertexto, que é encontrado nas páginas da Internet.
Existe uma enorme variedade de extensões de arquivos. Deve-se lembrar que as extensões são
apenas uma convenção e não constituem uma regra. Assim, nada impede um usuário de dar
uma extensão txt (arquivo de texto) a um arquivo que contenha uma imagem. Apesar de isso
não ser muito aconselhável - pois ele mesmo pode se confundir - a imagem pode ser
visualizada normalmente, bastando-se utilizar o aplicativo correto, ou seja, aquele que
interprete o conteúdo do arquivo como sendo dados de uma imagem.
3.2 Diretórios
Um segundo conceito importante é o de diretório, muitas vezes também denominado pasta.
Realmente, um diretório é muito semelhante a uma pasta de escritório: é utilizado para se
agrupar vários arquivos. Cada diretório é identificado por um nome, da mesma forma que
arquivos. Extensões podem ser utilizadas, mas geralmente não o são. Um diretório pode
conter ainda, além de arquivos, outros diretórios, que por sua vez também podem conter
arquivos e diretórios. Assim, surgem as hierarquias de diretórios ou árvores de diretórios.
O diretório no topo de qualquer hierarquia de diretórios, e que contém todos os outros
diretórios, é denominado diretório raiz e, ao invéz de um nome, é identificado pelo símbolo
``/'' (barra). Assim, para identificar um diretório precisamos além do seu nome, os nomes de
todos os diretórios que o contêm, até chegarmos ao diretório raiz.
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A figura acima mostra uma árvore de diretórios. Na figura, o diretório /home contém os
subdiretórios ftp, rildo, e julius; /dev contém fd0 e cua0; /usr contém bin, lib, man e local.
Abaixo temos alguns exemplos do que é chamado de caminho absoluto de diretório, ou
seja, especificação do caminho desde o diretório raiz:
/
/etc
/home/ftp
/home/julius
/proc
/usr/local
/usr/bin
São esses caminhos que identificam um diretório em uma hierarquia de diretórios. Para
identificarmos um arquivo, informamos a identificação do diretório que o contém, seguido do
nome deste arquivo. Por exemplo:
/home/julius/relatorio.txt
/usr/local/musica.mp3
/etc/servidores.bak
/carta.txt
Dependendo do shell utilizado, podemos evitar ter que escrever o caminho absoluto dos
arquivos. O interpretador de comandos bash, por exemplo, nos permite as seguintes
substituições:
. O caracter ``ponto'' representa o diretório corrente, ou seja, aquele em que estamos
trabalhando;
..
A seqüência ``ponto ponto'', sem espaços em branco intermediários, identifica o diretório
``pai'' do diretório corrente, ou seja, aquele no qual o diretório corrente está contido;
~ O caracter ``til'' representa o diretório pessoal (home) do usuário; ~login representa o diretório
pessoal do usuário identificado por ``login''.
3.3 Sintaxes
Antes de abordarmos os primeiros comandos, vamos entender como a sintaxe destes é
apresentada nas documentações existentes. Uma sintaxe de comando explica a forma geral de
um comando - seu nome, os argumentos que recebe e opções. Vamos analisar então a sintaxe
abaixo:
<nome do comando> {a,b,c} [<opções>] [<argumentos>]
Os símbolos , , [, ], { e } são usados apenas para explicar a sintaxe dos comandos,
seguindo uma convenção. Não é necessário digitá-los. O texto entre os símbolos e
constitui uma descrição do que deve ser digitado. Assim, o exemplo acima informa que a
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 378
linha de comando começa com o nome do comando a ser executando, não sendo necessário
digitar os caracteres e . As chaves ({ e }) indicam os valores que podem ser usados em
determinado campo do comando. Os colchetes ([ e ]) servem para informar que todo o
conteúdo entre eles é opcional, isto é, pode ser omitido. Conforme os comandos forem sendo
apresentados essas regras ficarão mais claras.
Em muitos exemplos desta apostila, será empregado o símbolo ``#'' para acrescentar
comentários dos autores ao texto mostrado na tela do computador. Este símbolo e o texto à
sua direita indicam observações usadas para melhor explicar comandos e demais tópicos. Tais
observações não são mostrados na tela do computador.
3.4 Manipulando diretórios
Após o processo de login, o shell acessará automaticamente o diretório pessoal do usuário,
onde estão os seus arquivos. Como já vimos, o diretório pessoal é defindo pelo administrador
do sistema e aparece na saída do comando finger (seção 2.4.1). Para confirmar o nome do
diretório de trabalho, usa-se o comando pwd (Print name of Working Directory):
$ pwd
/home/joao
$
Note que pwd sempre informa o nome do diretório de trabalho. No exemplo acima, tal
diretório coincide com o diretório pessoal de João da Silva, pois este acaba de efetuar o login
no sistema.
Para listar o conteúdo de um diretório (mostrar os nomes dos arquivos e diretórios nele
contidos) usamos o comando ls (list):
$ ls
Mail Mailbox artigos cartas
$
Podemos ver aqui que João possui quatro itens em seu diretório pessoal. Cada um desses itens
- cujos nomes são Mail, Mailbox, artigos e cartas - representa um arquivo ou um diretório.
O comando ls -F pode ser usado para se identificar quais itens de um diretório são arquivos e
quais são diretórios (subdiretórios).
$ ls -F
Mail/ Mailbox artigos/ cartas/
$
Neste exemplo, a opção ``-F'' faz com que o comando ls adicione um caracter ao nome de
cada item de diretório, identificando o seu tipo. Diretórios são identificados por uma barra (/).
Arquivos comuns não têm nenhum caracter acrescentado ao seu nome. Logo, dentre os itens
de diretório acima, Mail, artigos e cartas são diretórios e Mailbox é um arquivo comum.
Caso você deseje obter mais informações sobre o ls, utilize o seguinte comando:
man ls
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 379
Para mudar de diretório, movendo-se na árvore de diretórios, utilizamos o comando cd
(Change Directory). cd recebe como argumento o nome de um novo diretório de trabalho, que
pode ser um caminho absoluto ou relativo. Sua forma geral é a seguinte:
cd <nome do novo diretório de trabalho>
Caso o usuário quisesse mover-se para o subdiretório artigos, seria necessário digitar:
$ cd artigos
$
Neste caso informamos um caminho relativo do diretório. Isso também poderia ser feito
usando-se o caminho absoluto, do seguinte modo:
$ cd /home/joao/artigos
$
Como vimos na seção 3.2, o shell pode nos facilitar essa tarefa. Poderíamos ter substituído
/home/joao pelo caracter ``~'' (til) ou ``.'' (ponto). Neste caso, ``~'' e ``.'' coincidem, pois o
diretório pessoal é o mesmo que o diretório de trabalho. Recapitulando, estando em
/home/joao, qualquer um dos seguintes comandos teria o mesmo efeito, isto é, mudariam o
diretório de trabalho para /home/joao/artigos.
cd artigos
cd /home/joao/artigos
cd ~/artigos
cd ./artigos
Para verificar o resultado de qualquer um deles:
$ pwd
/home/joao/artigos
$
O comando cd pode ser usado para mudarmos para qualquer outro diretório da árvore de
diretórios desde que tenhamos permissão de acesso (veja a seção 3.6).
Experimente a seguinte seqüência de comandos:
cd /
pwd
ls
cd /home
pwd
ls
cd /etc
pwd
ls
cd
pwd
ls
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cd ~
pwd
ls
Note que os dois últimos comandos cd retornam ao diretório pessoal do usuário. O comando
cd sem um nome de diretório também leva ao diretório pessoal.
Todo diretório possui uma entrada (item) com o nome ``..'' que faz referência ao diretório
anterior, isto é, o ``pai'' do diretório atual. Assim, o comando
cd ..
muda o diretório de trabalho para o diretório um nível acima na hierarquia de diretórios.
$ pwd
/home/joao
$ cd ..
$ ls
$ pwd
/home
$
Para retornar ao diretório de trabalho anterior, utilize o comando ``cd -'' (``cd menos''):
$ cd
$ pwd
/home/joao
$ cd /bin
$ pwd
/bin
$ cd -
$ pwd
/home/joao
$
3.4.1 Criando e removendo diretórios
Se quisermos criar um novo diretório chamado trabalhos no diretório pessoal do Joao,
devemos usar o comando mkdir (Make Directory):
$ pwd
/home/joao
$ ls
Mail Mailbox artigos cartas
$ mkdir trabalhos # cria o diretório
$ ls
Mail artigos cartas trabalhos
Mailbox
$ cd trabalhos
$ pwd
/home/joao/trabalhos
$
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 381
Poderíamos ter criado o novo diretório com qualquer um dos comandos abaixo, pois o
resultado seria o mesmo.
mkdir ./trabalhos
mkdir /home/joao/trabalhos
mkdir ~/trabalhos
A operação inversa à do comando mkdir é realizada pelo comando rmdir (Remove Directory)
que remove um diretório:
$ ls
Mail artigos cartas trabalhos
Mailbox
$ rmdir trabalhos # remove o diretório
$ ls
Mail Mailbox artigos cartas
$
Analogamente, poderíamos ter usado os comandos:
rmdir ./trabalhos
rmdir /home/joao/trabalhos
rmdir ~/trabalhos
Uma observação deve ser feita: se o diretório a ser removido não estiver vazio, este comando
não funcionará. O usuário terá que remover todo o conteúdo do diretório antes (veja seção
3.5.5).
3.4.2 A árvore de diretórios do Linux
A árvore de diretórios do Linux é controlada por um conjunto de regras estabelecidas pelo
Linux Filesystem Standard, ou FSSTND. Este tenta seguir a tradição Unix, tornando o Linux
semelhante à grande maioria dos sistemas Unix atuais.
Por que estudar primeiro a organização dos arquivos? A reposta é simples. Conhecendo a
distribuição dos arquivos (dados) na árvore de diretórios, fica mais fácil entender o que as
aplicações e ferramentas devem fazer. A seguir temos uma breve descrição dos principais
diretórios e seus conteúdos:
/ O diretório raiz, que é específico para cada máquina. Geralmente armazenado localmente,
contém os arquivos para a carga do sistema (boot), de forma a permitir a inclusão dos outros
sistemas de arquivos (outras hierarquias de diretórios) na árvore de diretórios.
/bin Contém programas (executáveis) que são necessários durante o boot do sistema mas que
também podem ser usados pelos usuários.
/dev
Os arquivos deste diretório são também conhecidos como ``device drives'' e são usados para
acessar dispositivos eletrônicos do sistema. Por exemplo, assim como podemos ler dados de
um arquivo, podemos ler dados de um disquete acessando /dev/fd0.
/etc
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 382
Este diretório é um dos mais importantes. Contém uma miscelânea de dados de configuração,
como por exemplo roteiros (scripts) de inicialização do sistema em seus vários níveis e outros
como a tabela de sistemas de arquivo, configuração da inicialização do sistema para cada
nível, configurações de login para todos os usuários, configuração da fila de impressão, e um
número considerável de arquivos para configuração de rede e outros aspectos do sistema,
incluindo a interface gráfica.
/home
Contém os diretórios pessoais dos usuários comuns. Quando este diretório se torna
excessivamente grande, ele pode ser subdividido para facilitar sua manutenção. Por exemplo:
/home/professores, /home/estudantes.
/lib
Este diretório contém bibliotecas do sistema. O nome lib vem de library, ou biblioteca.
/lost+found
Um diretório aonde são colocados os arquivos ``recuperados'' pelo utilitário fsck, isto é, dados
orfãos (perdidos) no disco ou que pertenciam a arquivos danificados.
/mnt é um diretório com pontos para montagem de dispositivos de bloco, como discos rígidos
adicionais, disquetes, CD-ROMs, etc. Simplificando, é o lugar reservado para a inclusão de
outras hierarquias de diretórios, que podem estar em outros dispositivos ou em outra máquina
da rede.
/proc
é um diretório cujos dados são armazenados na memória e não em disco. Nele encontramos
``arquivos'' com a configuração atual do sistema, dados estatísticos, dispositivos já montados,
interrupções, endereços e estados das portas físicas, dados sobre a rede, processador,
memória, etc. Além disso, contém subdiretórios com informações detalhadas sobre o estado
de cada programa em execução na máquina.
/sbin
Executáveis e ferramentas para a administração do sistema (para uso do superusuário).
/tmp
Local destinado aos arquivos temporários. Observe a duplicidade aparente deste diretório com
o /var/tmp. Na realidade o /tmp, em geral, tem os dados apagados entre uma sessão e outra,
enquanto que o /var normalmente fica com os dados salvos por mais tempo. Programas
executados após o boot do sistema devem preferencialmente usar o diretório /var/tmp, que
provavelmente terá mais espaço disponível.
/usr
Contém arquivos de comandos, programas, bibliotecas, manuais, e outros arquivos estáveis,
isto é, que não precisem ser modificados durante a operação normal do sistema. O Linux
possibilita ao administrador da rede instalar aplicativos no /usr de apenas uma máquina e
compartilhar esse diretório com outras máquinas da rede.
/var Contém em geral os arquivos que sofrem modificações durante a sessão, bem como arquivos
temporários. Cada máquina possui o seu próprio diretório /var (não é compartilhado em rede).
Alguns destes diretórios serão abordados mais detalhadamente a seguir.
3.4.2.1 O Diretório /etc
O diretório /etc , como já mencionamos anteriormente, possui arquivos relacionados com a
configuração dos vários aspectos do sistema. Muitos programas não-padronizados pelas
distribuições de Linux também se utilizam desse diretório para colocar seus arquivos de
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 383
configurações gerais. Configurações específicas para cada usuário residem freqüêntemente no
diretório pessoal (home) de cada um. Estes são alguns dos principais arquivos do /etc:
/etc/passwd Este arquivo constitui uma base de dados (contas) com informações dos usuários que podem
logar no sistema. Tem um formato de sete campos, separados pelo caracter ``:'' (dois pontos) e
sempre na mesma ordem: nome de login do usuário; senha criptografada (codificada); id do
usuário, grupo primário deste usuário; nome completo ou descrição da conta; diretório pessoal
do usuário; e shell inicial. Para mostrar melhor como são estes valores, abaixo temos um
exemplo de uma linha deste arquivo:
maria:gfTMTkLpLeupE:500:100:Maria da Silva:/home/maria:/bin/bash
Quando estamos utilizando shadow password, o segundo campo é substituido por um ``*'' e a
senha é armazenada em outro arquivo, normalmente acessível somente ao administrador do
sistema.
/etc/group
Define os grupos aos quais os usuários pertencem. Contém linhas da forma:
<nome do grupo>:<senha>:<ID do grupo>:<lista de usuários>
Um usuário pode pertencer a qualquer número de grupos e herdar todas as permissões de
acesso a arquivos desses grupos. Opcionalmente um grupo pode ter uma senha - codificada no
campo senha. O ID do grupo é um código como o ID do usuário no arquivo /etc/passwd. O
último campo é uma lista com os nomes (logins) separados por vírgulas, de todos os usuários
que pertencem a este grupo.
/etc/fstab Este arquivo contém uma tabela de parâmetros para a montagem (inclusão) de sistemas de
arquivos de discos (rígidos, CD-ROMs, disquetes, de rede) na árvore de diretórios. Também é
útil para determinar quais deles serão montados automaticamente durante o boot, e quais
deverão ser montados apenas quando os seus diretórios são visitados.
/etc/inittab
Tabela com configurações de inicialização de diversos programas.
/etc/issue
Contém a mensagem de saudação - ou outras informações - apresentadas aos usuários antes
do processo de login.
/etc/motd O conteúdo deste arquivo é exibido imediatamente após um processo de login bem-sucedido,
e antes do shell ser executado. motd significa ``Message of the Day'', ou ``Mensagem do Dia''.
/etc/mtab
Tabela dos dispositivos que se encontram montados. O seu formato é semelhante ao do
/etc/fstab. Note que este arquivo é modificado dinamicamente à medida que montamos ou
desmontamos sistemas de arquivos.
/etc/printcap
Banco de dados com as capacidades (habilidades) das impressoras.
/etc/termcap
Banco de dados com as capacidades dos terminais. Atualmente o banco de dados mais usado
para esse fim é o terminfo. Os dados contidos nestes bancos de dados referem-se a sequências
de controle para realizar operações com a tela (limpeza, movimentação do cursor, etc), bem
como quais sequências de eventos de teclas são enviados quando uma tecla especial - por
exemplo HOME, INSERT, F1 - é pressionada.
Além destes, existem outros arquivos presentes em /etc, como arquivos de configuração de
ambiente de rede, entre eles: hosts, hosts.deny, hosts.allow, host.conf, exports, networks, etc...
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 384
Como podemos ver, no Linux as configurações do sistema são visíveis (textos), o que nem
sempre ocorre em outros sistemas operacionais. Por esta razão diz-se que administrar um
sistema Linux é manipular corretamente arquivos texto.
3.4.2.2 O Diretório /usr
O diretório /usr é geralmente grande, uma vez que muitos programas são instalados nele.
Todos os arquivos deste diretório vêm da distribuição Linux e geralmente são compartilhados
na rede, enquanto que programas localmente instalados são armazenados em /usr/local. Isto
faz com que seja possível atualizar o sistema para uma nova versão de distribuição ou mesmo
uma nova distribuição sem que seja necessário instalar todos os programas novamente. Os
principais subdiretórios do /usr estão listados abaixo:
/usr/local
Softwares instalados localmente - que não são compartilhados de outra máquina da rede - e
outros arquivos e softwares que não vêm com a distribuição utilizada.
/usr/X11R6 Arquivos do X Window System, o sistema gráfico de janelas. Para simplificar o seu
desenvolvimento e instalação, os arquivos do X não são integrados com o resto do sistema.
/usr/bin
Comandos dos usuários. Alguns outros comandos estão em /bin ou /usr/local/bin (veja
/usr/local).
/usr/sbin Comandos para administração do sistema (utilizados apenas pelo administrador).
/usr/man, /usr/info, /usr/doc Páginas de manual, documentos GNU info e outros arquivos de documentação diversa,
respectivamente.
/usr/include
Arquivos de cabeçalho para programas em linguangem C.
/usr/lib
Arquivos de dados imutáveis, incluindo alguns arquivos de configuração.
3.4.2.3 O Diretório /var
O diretório /var contém dados que são alterados quando o sistema está operando
normalmente. É específico para cada sistema, ou seja, não deve ser compartilhado com outras
máquinas em uma rede.
/var/catman
Algumas páginas de manual são armazenadas em /usr/man e vêm numa versão pré-formatada.
Outras páginas de manual precisam ser formatadas quando são acessadas pela primeira vez. A
versão formatada é então armazenada em /var/man e o próximo usuário a acessar a essa
página não terá que esperar pela formatação. O arquivo /var/catman guarda informações sobre
as páginas que foram formatadas recentemente (cache).
/var/lib
Arquivos alterados enquanto o sistema está operando.
/var/local
Dados variáveis para programas instalados em /usr/local.
/var/log
Arquivos de log (registro) para vários programas especialmente login e syslog. Arquivos em
/var/log tendem a crescer indefinidamente e precisam ser apagados regularmente.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 385
/var/run
Arquivos que contêm informações sobre o sistema e são válidos até que haja um novo boot.
Por exemplo, /var/run/utmp contém informações sobre usuários atualmente logados.
/var/spool Diretório com dados da fila de trabalho de impressoras, correio eletrônico (e-mail), notícias
(news), etc...
/var/tmp
Arquivos temporários que devem existir por um período de tempo mais longo que aqueles
armazenados em /tmp.
3.4.2.4 O Diretório /proc
O diretório /proc contém um conjunto de arquivos ``virtuais''. Estes arquivos não existem em
disco efetivamente e são criados na memória pelo kernel. Alguns dos mais importantes
arquivos e diretórios são descritos abaixo:
/proc/n é um diretório com informações sobre o processo número n. Cada programa em execução
(processo) tem um subdiretório correspondente em /proc.
/proc/cpuinfo
Informações a respeito do processador como tipo, modelo e performance.
/proc/devices
Lista de controladores de dispositívo (device drivers) configurados no kernel em execução.
/proc/dma
Informa quais canais de acesso direto à memória (Direct Memory Access) estão sendo
utilizados atualmente.
/proc/filesystems Sistemas de arquivos configurados no kernel.
/proc/interrupts Informa quais interrupções de hardware estão em uso.
/proc/ioports Informa quais portas de entrada e saída estão em uso no momento.
/proc/meminfo Informa sobre o atual uso de memória, real e virtual.
/proc/net Informa o status dos protocolos de redes.
/proc/stat Várias informações estatísticas sobre o sistema.
/proc/version Informa a versão do kernel.
3.5 Manipulando arquivos
3.5.1 Criando arquivos
Para exemplificarmos a manipulação de arquivos usaremos o comando touch para criarmos
arquivos vazios, cuja sintaxe é:
touch <nome do arquivo>
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 386
Outro modo de criação de arquivos, mas desta vez com um conteúdo de texto, é usando o
comando cat cuja sintaxe é:
cat > <nome do arquivo>
É importante notar o sinal »" que em breve será melhor estudado, assim como as outras
funções do comando cat.
3.5.2 Arquivos ocultos
No Linux, arquivos cujos nomes comecem por um ``.'' (ponto) não são mostrados na tela
quando utilizamos o comando ls ou ``ls -l''. Isto é, colocar um ponto no início do nome de um
arquivo torna ele invisível ao comando ls, em sua forma simples. Geralmente arquivos
relacionados a configurações são ocultos (veja seção 4.4). Para vizualizar estes arquivos
utilize qualquer um dos seguintes comandos:
ls -a
ls -la
A opção ``a'' (all) mostra todos os arquivos do diretório, incluindo os arquivos que iniciam
com ponto, os chamados arquivos ocultos.
3.5.3 Copiando arquivos
A cópia de arquivos é feita usando o comando cp , cuja sintaxe é:
cp <arquivo original> <arquivo cópia>
O primeiro argumento indica o arquivo a ser copiado e pode ser composto pelo caminho
absoluto ou pelo caminho relativo do arquivo. O segundo argumento indica o arquivo a ser
criado, ou seja, a cópia.
cp /home/joao/cartas/texto1.txt /home/joao/artigos/texto1.txt
cp ~joao/cartas/texto1.txt ~joao/artigos/texto1.txt
Os comandos do exemplo acima copiam o arquivo texto1.txt do diretório cartas de joao para
o diretório artigos do mesmo usuário. Ainda, se o usuário que executar o comando for joao:
cp ~/cartas/texto1.txt ~/artigos/texto1.txt
A seqüência de comandos abaixo produz o mesmo resultado usando nomes relativos para os
arquivos:
$ cd /home/joao
$ cp cartas/texto1.txt artigos/texto1.txt
Se o segundo argumento for constituído apenas por um nome de diretório, a cópia será criada
nesse diretório com o mesmo nome do arquivo original. Assim, o comando abaixo também
produz o mesmo resultado que o anterior (se o diretório de trabalho for /home/joao) .
$ cp cartas/texto1.txt artigos
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 387
No exemplo abaixo temos um arquivo sendo copiado para o diretório atual,
/home/joao/artigos, representado pelo ``.'' (ponto) no final do comando.
$ pwd
/home/joao/artigos
$ cp ~paulo/documentos/projeto.txt .
Caso o diretório do arquivo original e da cópia sejam o mesmo, deve-se especificar um nome
diferente para esta.
$ cp artigos/texto1.txt artigos/texto1.old
3.5.4 Mudando o nome e o lugar de arquivos e diretórios
O comando mv possui a mesma sintaxe do comando cp mas ao invés de copiar arquivos é
utilizado para movê-los de um diretório para outro. Se os diretórios forem o mesmo,
especificamos um nome diferente para o arquivo e o efeito é a troca de nomes.
$ mv ~joao/cartas/texto1.txt ~joao/artigos/texto1.txt
Depois de executados os comandos acima, o diretório cartas não mais contém o arquivo
texto1.txt. O exemplo abaixo é equivalente ao acima.
$ cd /home/joao
$ mv cartas/texto1.txt artigos
Para renomear um arquivo basta movê-lo para o mesmo diretório em que se encontra,
especificando um nome diferente:
$ cd /home/joao/cartas
$ mv texto1.txt carta1.txt
Agora, o diretório cartas não mais possui um arquivo chamado texto1.txt, mas sim um
arquivo de nome carta1.txt.
Os procedimentos acima também se aplicam a diretórios.
3.5.5 Removendo arquivos
Para remover (apagar) um arquivo usamos o comando rm. A seguir temos a sua sintaxe e
alguns exemplos.
Sintaxe: rm <arquivo>
rm /home/joao/artigos/carta1.txt
rm ~/artigos/carta1.txt
rm carta1.txt
Para remover um diretório, deve-se antes remover todos os arquivos que ele contém e em
seguida utilizar o comando rmdir como já foi visto.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 388
3.5.6 Verificando o tipo de arquivos
Para verificar o tipo de um arquivo, usa-se o comando file. Este realiza uma série de testes
para cada nome de arquivo passado como argumento, tentando classificá-los.
Sintaxe: file <arquivo>
$ file carta.txt
carta: ASCII text
$ file pinguim.gif
pinguin.gif: GIF image data, version 89a, 258 x 303,
$ file musica.mp3
musica.mp3: MPEG audio stream data
$ file .
.: directory
$ file ..
..: directory
3.5.7 Vendo o conteúdo de arquivos texto
O comando cat imprime na tela todo o conteúdo de um arquivo do tipo texto. Sintaxe: cat <arquivo>
Diferentemente de cat, o comando more exibe o conteúdo de arquivos texto fazendo pausas a
cada vez em que a tela é completamente preenchida. O texto ``--More--'' é mostrado na parte
inferior da tela, seguido de um indicador para a porcentagem do conteúdo do arquivo que já
foi exibida.
Ao teclar-se ENTER, more exibirá uma linha a mais de texto. Pressionando-se a barra de
espaço outra tela será exibida. O caracter ``b'' faz com que more exiba a tela anterior e ``q''
provoca o término da execução do comando.
Para se procurar por uma palavra - ou uma cadeia de caracteres - em um arquivo pode-se
pressionar o caracter ``/'' (barra) quando ``--More--'' estiver sendo mostrado, digitar a palavra
e teclar ENTER.
Sintaxe: more <arquivo>
Existem ainda os comandos head e tail que mostram, respectivamente, as partes inicial e final
de um arquivo.
head [-n] <arquivo>
tail [-n] <arquivo>
Acima, o valor opcional n indica o numero de linhas a partir do inicio (head) ou a partir do
final (tail) do arquivo.
head -10 texto1.txt
tail -20 texto1.txt
Nos exemplos, são exibidas, respectivamente, as dez primeiras e as vinte últimas linhas do
arquivo texto1.txt.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 389
3.6 Permissões
Todo arquivo tem necessariamente um nome e um conjunto de dados. O Linux associa ainda
a cada arquivo algumas outras informações chamadas atributos de arquivo. Entre estes
atributos estão o tipo do arquivo e as permissões de acesso a ele. Tais permissões constituem
um mecanismo de segurança necessário devido a existência de vários usuários utiliando o
mesmo sistema.
3.6.1 Os tipos de permissões de acesso
O sistema de arquivos do Linux permite restringir a determinados usuários as formas de
acesso a arquivos e diretórios. Assim, a cada arquivo ou diretório é associado um conjunto de
permissões. Essas permissões determinam quais usuários podem ler, escrever (alterar), ou
executar um arquivo (no caso de arquivos executáveis como programas). Se um usuário tem
permissão de execução para determinado diretório, significa que ele pode realizar buscas
dentro dele, e não executá-lo como se fosse programa. As permissões de acesso aos arquivos
podem ser vistas através do comando ``ls -l'' . Ao executá-lo, podemos notar várias colunas
de informações. Por exemplo:
$ ls -l
drwxrwxr-x 3 joao estudantes 1024 Jul 14 17:59 Documentos
-rwxr-x--- 1 joao estudantes 259 Aug 26 9:44 impresso
-rw-r--r-- 1 joao estudantes 13500 Aug 25 15:05 projeto.txt
$
Vamos analisar como cada linha é formada. O primeiro campo da listagem, ``drwxrwxr-x''
por exemplo, indica o tipo do arquivo e suas permissões de acesso. O segundo indica o
número de ligações diretas (hard links) para esse arquivo (ver seção 3.7). O terceiro campo
mostra o nome do dono e o quarto o grupo ao qual o arquivo pertence. Depois, aparecem
ainda o tamanho, a data e hora da última gravação, e, por último, o nome do arquivo (ou
diretório).
Por enquanto, interessa-nos apenas o primeiro campo, composto de 10 caracteres. O primeiro
destes é uma indicação de tipo: se for um ``-'' indica um arquivo; se for um ``d'', um diretório;
se for um ``l'', uma ligação (link). Os nove caracteres em seguida representam as permissões
de acesso e são divididos em três grupos de três caracteres consecutivos. O primeiro, segundo
e terceiro grupos constituem, respectivamente, as permissões de acesso do usuário dono do
arquivo, dos usuários pertencentes ao mesmo grupo ao qual o arquivo pertence, e de todos os
outros usuários do sistema. O primeiro caractere de cada grupo, indica a presença (r) ou
ausência (-) de permissão de leitura. O segundo caractere de cada grupo, indica a presença
(w) ou ausência (-) de permissão de escrita (alteração). O terceiro caractere de cada grupo (x),
indica permissão de execução para o arquivo - nesse caso, um arquivo de programa - ou
indica permissão de busca em se tratando de um diretório (permissão de realizar um comando
cd para esse diretório).
Na primeira linha do exemplo acima, temos: ``drwxrwxr-x''. O ``d'' indica que Documentos é
um diretório. Em seguida (drwxrwxr-x), temos as permissões para o dono do arquivo,
indicando que ele tem permissão de leitura, escrita e busca nesse diretório. Para os usuários
pertencentes ao mesmo grupo do dono do arquivo, temos, nesse caso, as mesmas permissões
do dono (drwxrwxr-x). Finalmente, temos que para os demais usuários do sistema
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 390
(drwxrwxr-x) são permitidas a leitura e execução, mas não a escrita (alteração). Isso significa
que eles não podem criar nem remover arquivos e diretórios dentro do diretório Documentos.
A segunda linha indica que impresso é um arquivo (-) e pode ser lido, alterado e executado
pelo seu dono (-rwxr-x--). Os usuários do grupo estudantes podem lê-lo e executá-lo (-rwxr-
x--). Aos demais usuários não é permitido nenhum tipo de acesso (-rwxr-x--).
Na terceira linha da listagem, projeto.txt também é um arquivo, como indica o primeiro
caractere da linha (-). O dono do arquivo tem permissão de leitura e escrita (-rw-r-r-), os
usuários do mesmo grupo (-rw-r-r-), e os demais usuários (-rw-r-r-) têm apenas permissão de
leitura.
É importante notar que as permissões atribuídas aos arquivos dependem das permissões
atribuídas também ao diretório que os contém. Por exemplo, mesmo se um arquivo tem
permissões do tipo ``-rwxrwxrwx'', outros usuários não podem acessá-lo a menos que tenham
permissão de busca (x) neste diretório. Se um usuário quiser restrigir o acesso para todos os
seus arquivos, ele pode simplesmente configurar as permissões do seu diretório pessoal para
``-rwx---''. Assim, nenhum outro usuário poderá acessar seu diretório e os arquivos que nele
estão contidos. Portanto, o usuário não precisará se preocupar com as permissões individuais
dos arquivos.
Em outras palavras, para acessar um arquivo, o usuário precisa ter permissão de busca em
todos os diretórios que pertençam ao caminho absoluto do arquivo, além de permissão de
leitura ou execução no arquivo em si.
Geralmente, as permissões inicialmente dadas aos arquivos são ``-rw-r-r-'' e aos diretórios ``-
rwxr-xr-x''.
3.6.2 Alterando permissões
Somente o dono e o administrador do sistema podem alterar as permissões de arquivos e
diretórios. O comando chmod (Change Mode) é usado para isto e sua sintaxe é:
chmod {a,u,g,o}{+,-,=}{r,w,x} <nome do arquivo ou diretório>
ou
chmod XYZ <nome do arquivo ou diretório>
onde X, Y, e Z são digitos menores que 8 ({0,1,2,3,4,5,6,7}).
Em sua primeira forma, o primeiro campo após o nome do comando indica se devem ser
alteradas as permissões para todos os usuários (``a'', all), para o dono do arquivo (``u'', user),
para os usuários do grupo ao qual o arquivo pertence (``g'', group), ou para os demais usuários
(``o'' - others). O símbolo ``+'' indica acréscimo de permissão, ``-'' remoção de permissão e
``='' estabelece permissões apenas para os tipos indicados. O último parâmetro (r, w ou x)
indica o tipo da permissão a ser alterada - leitura, escrita ou gravação.
Vejamos alguns exemplos:
Atribuir permissão de leitura (r) ao arquivo carta para todos os usuários: chmod a+r carta
Quando ``a'', ``u'', ``g'' e ``o'' não são especificados, ``a'' é tomado como padrão. O comando a
seguir tem o mesmo efeito do anterior: chmod +r carta
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 391
Retirar a permissão de execução de todos os usuários exceto o dono: chmod go-x carta
Tornar a permissão de outros igual a ``r-x'': chmod o=rx carta
Permitir ao dono do arquivo, leitura, escrita e execução: chmod u+rwx carta
Note que o comando comando acima não altera as permissões de grupo e dos demais
usuários.
3.6.3 Usando valores octais
Uma outra forma de alterar as permissões de arquivos e diretórios é o chamado formato
absoluto. Este método é baseado em números octais (base 8) que fornecem um código de três
dígitos para especificar todas as permissões (dono, grupo e outros).
Seja o trio de permissões: ``r-x''. Se representarmos a ausência de uma permissão com um ``0''
(zero) e a presença desta com um ``1'', o mesmo trio pode ser representado da seguinte forma:
``101''. Analogamente, representamos ``rwx'' por ``111'' e ``r-'' por ``100''. Analisando ``101'',
``111'' e ``100'' como números binários (base 2), temos os valores octais 5, 7 e 4. A tabela
abaixo mostra todas as possibilidades:
Permissões Binário Octal
--- 000 0
--x 001 1
-w- 010 2
-wx 011 3
r-- 100 4
r-x 101 5
rw- 110 6
rwx 111 7
Suponhamos que vamos estabelecer as seguintes permissões para o arquivo cartas: ``rwx''
para o dono, ``rw-'' para o grupo e ``r-'' para os outros usuários. Consultando a tabela acima,
obtemos os valores 7, 6 e 4, respectivamente. Os comandos abaixo estabelecem essas
permissões.
chmod u=rwx,g=rw,o=r cartas
chmod 764 cartas
Observe que no primeiro comando não pode haver espaços em branco junto às vírgulas.
Podemos ver que a segunda forma é mais prática. Basta nos acostumarmos com o uso de
números octais.
Caso as permissões fossem ``r-x'' (5), ``-x'' (1) e ``--'' (0), o comando seria:
chmod u=rx,g=x,o= cartas
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 392
chmod 510 cartas
Outra forma de calcular valores octais para alterarmos as permissões é atribuir valores para
``r'', ``w'' e ``x'' e em seguida somar tais valores. Como ``r'' é sempre o primeiro do trio e
como ``r-'' pode ser visto como o binário 100, atribuímos o valor 4 para ``r''. Analogamente,
``w'' terá o valor 2, ``x'' o valor 1 e ``-'' o valor 0 (zero). Somando os valores das permissões
do dono, grupo e outros obtemos os dígitos que devemos usar no comando. Assim, para os
dois últimos exemplos temos:
rwx = 4 + 2 + 1 = 7
rw- = 4 + 2 + 0 = 6
r-- = 4 + 0 + 0 = 4
O comando é: chmod 764 cartas
r-x = 4 + 0 + 1 = 5
--x = 0 + 0 + 1 = 1
--- = 0 + 0 + 0 = 0
O comando é: chmod 510 cartas
3.6.4 Estabelecendo as permissões padrão
O comando umask é utilizado para configurar o padrão de permissões que novos arquivos e
diretórios possuirão quando forem criados. Isto pode ser configurado no arquivo de
inicialização .bashrc (veja seção 4.4). O argumento deste comando é parecido com o do
chmod (na forma octal). A diferença é que em vez de especificar as permissões que devem ser
atribuídas, ele especifíca permissões que devem ser removidas.
A regra é a seguinte: determinar o acesso para usuário, grupo e outros, e subtrair de 7 cada um
dos três dígitos.
Por exemplo, digamos que, para os novos arquivos que serão criados, você queira atribuir a si
prôprio todas as permissões (7), ao grupo ler e executar (5) e aos outros nenhuma permissão
(0). Subtraia cada dígito de 7 e o resultado será: 0 para você, 2 para seu grupo e 7 para outros.
Então o comando que você deve executar ou colocar em seu arquivo de inicialização é:
umask 027
Observação: Quando criamos novos arquivos, estes não recebem permissão de execução,
mesmo que tal permissão tenha sido configurada com o umask.
3.7 Links
Nesta seção abordaremos uma característica muito importante do sistema de arquivos do
Linux: as ligações, ou links. Um link é um tipo especial de arquivo que faz referência
(ligação) a um outro arquivo, ou diretório, do sistema de arquivos. Links podem ser utilizados
como qualquer outro arquivo ou diretório. Existem dois tipos de links: simbólicos (symlinks) e
diretos (hard links). Aqui abordaremos apenas os simbólicos.
Links simbólicos são arquivos (diretórios) cujo conteúdo é o nome de um outro arquivo
(diretório). Quando lemos ou gravamos dados em um link simbólico, estamos na verdade
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 393
lendo ou gravando dados no arquivo referenciado pelo link. Ligações simbólicas podem ser
identificadas com o comando ``ls -l''. Vejamos um exemplo:
~/arquivos$ ls -l
total 0
lrwxrwxrwx 1 joao estudantes 19 Jan 9 19:46 brc -> /home/joao/.bashrc
~/arquivos$
Um link simbólico é identificado pela letra ``l'' e a sua configuração de permissões de acesso
não é utilizada (aparecem sempre como ``rwxrwxrwx''. São as permissões do arquivo
referenciado pelo link que na verdade realizam o controle de acesso. No exemplo, o nome do
link é brc e está contido no diretório /home/joao/arquivos. A seta (->) indica que ele faz
referência ao arquivo /home/joao/.bashrc. Assim, se lermos ou gravarmos dados em brc
estaremos lendo ou gravando em /home/joao/.bashrc.
As ligações simbólicas funcionam da mesma forma para os diretórios. Podemos executar,
normalmente, um comando cd para um link que referencia um diretório. Podemos também
remover um link simbólico normalmente, utilizando o comando rm. Contudo, ao fazer isso,
estaremos apagando somente o link, man não arquivo (diretório) referenciado por ele.
Links simbólicos possibilitam ao usuário atribuir diferentes nomes para um mesmo arquivo,
sem precisar manter várias cópias de tal arquivo. Também possibilita que um mesmo arquivo
seja acessado a partir de diferentes locais da árvore de diretórios.
Para criar um link simbólico utilizamos o comando ln com a opção ``-s''. A seguir temos a
sintaxe deste comando:
ln -s <nome do arquivo a ser referenciado> <nome do link>
Para exemplificar o seu uso, vamos criar, no mesmo diretório do exemplo anterior, um link
chamado prof que referencia o arquivo /home/joao/.profile.
~/arquivos$ ln -s /home/joao/.profile prof
~/arquivos$ ls -l
total 0
lrwxrwxrwx 1 joao estudantes 19 Jan 9 19:46 brc -> /home/joao/.bashrc
lrwxrwxrwx 1 joao estudantes 20 Jan 9 20:20 prof -> /home/paulo/.profile
~/arquivos$
Devemos tomar cuidado com o uso dos links pois podemos, por exemplo, criar uma ligação
simbólica para um arquivo que não existe. Também pode ocorrer de apagarmos um arquivo e
esquecermos de apagar os links para esse arquivo, ficando com links órfãos.
Links são muito usados no Linux, especialmente os simbólicos. Conforme você for
adquirindo experiência com o Linux, encontrará situações propícias para o uso deles. Você
pode usá-los para evitar possuir várias cópias de um mesmo arquivo, em diretórios diferentes.
Isso pode não parecer muita vantagem, mas imagine um arquivo de vários megabytes, ou
mesmo todo um diretório. O espaço em disco economizado seria considerável.
3.8 Exercícios
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 394
1. Visite os seguintes diretórios, utilizando os comandos cd, pwd e ls.
1. /home
2. O pai do /home (use o ``..'')
3. /
4. /bin
5. /usr
6. /proc
7. /usr/bin
8. Seu diretório pessoal
2. Liste o conteúdo de cada um dos diretórios acima, de dois modos:
1. Sem sair do seu diretório pessoal
2. Movendo-se primeiramente para o diretório a ser listado
3. Crie em seu diretório pessoal um diretório com nome igual ao da máquina que você está
usando. Ex: patolino, catatau, etc. Mova-se para esse diretório.
4. Crie um diretório para cada um dos dias da semana.
5. No diretório destinado ao sábado, crie três subdiretórios chamados manha, tarde e
noite.
6. Crie um diretório chamado ``.todo_dia'' (todo_dia precedido por um ponto) no seu
diretório pessoal.
7. Liste o conteúdo de todos os diretórios criados nos exercícios anteriores.
8. Remova o diretório domingo criado no exercício 4.
9. Crie um diretório com o seu nome. Em seguida, altere as permissões desse diretório de
forma que somente você (dono do diretório) tenha permissão de leitura, escrita e execução. Os
outros usuários não devem ter nenhuma permissão (rwx------).
10. Copie para dentro do diretório criado no exercício 9 os arquivos termcap, profile, motd,
issue e HOSTNAME que estão no diretório /etc.
1. Qual o tipo desses arquivos ?
2. Quais são os comandos que se pode utilizar para mostrar o conteúdo desses arquivos?
3. Veja o conteúdo destes arquivos, usando more, head e tail caso ele não caiba totalmente
na tela.
4. Mova o arquivo hostname para o diretório ``pai'' do diretório atual (não utilize cp, nem
rm).
5. Altere o nome desses arquivos para, respectivamente, terminal, perfil,
mensagem_do_dia, edicao e nome_da_maquina.
11. Remova todos os arquivos e diretórios criados nos exercícios anteriores.
Introdução ao sistema operacional Microsoft Windows
Historial do Windows
O Windows é o sistema de exploração comercializado pela empresa Microsoft, cuja sede está
implantada em Seattle. A empresa Microsoft, inicialmente baptizada ―Traf-O-Data‖ em 1972,
foi rebaptizada ―Micro-Soft‖ em Novembro de 1975, e seguidamente ―Microsoft‖ a 26 de
Novembro de 1976.
A Microsoft começou a sua actividade com a comercialização, em Agosto de 1981, da versão
1.0 do sistema de exploração Microsoft DOS (MS-DOS), um sistema de exploração de 16 bits
em linha de comando.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 395
A primeira versão de Microsoft Windows (Microsoft Windows 1.0) apareceu em Novembro
de 1985. Tratava-se de um interface, inspirado no interface dos computadores Apple da
época. Windows 1.0 não teve sucesso junto do público, não mais do que o Microsoft
Windows 2.0, lançado a 9 de Dezembro de 1987.
É a 22 de Maio de 1990 que o sucesso de Microsoft Windows começou com o Windows 3.0,
seguidamente com o Windows 3.1 em 1992 e por último com o Microsoft Windows for
Workgroup, baptizado seguidamente Windows 3.11, compreendendo funcionalidades de
rede. O Windows 3.1 não pode ser considerado um sistema de exploração inteiramente,
porque se trata-se de um interface gráfico que funciona acima do sistema MS-dos.
A 24 de Agosto de 1995, a Microsoft lança o sistema de exploração Microsoft Windows 95.
Windows 95 marca a vontade da Microsoft de transferir funcionalidades de MS-DOS para
Windows, mas esta versão apoia-se ainda largamente no sistema DOS 16-bits e guarda
nomeadamente as limitações dos sistemas de ficheiros FAT16.
Após revisões menores de Microsoft Windows 95, baptizadas sucessivamente Windows 95A
OSR1, Windows 95B OSR2, Windows 95B OSR2.1 e Windows 95C OSR2.5, a Microsoft
comercializa a 25 de Junho de 1998 a versão seguinte de Windows: Windows 98. O
Windows 98 traz de origem outras funcionalidades de MS-dos mas apoia-se sempre neste
último. Por outro lado, o Windows 98 sofre de uma má gestão da divisão da memória entre
dossiers, podendo provocar um disfuncionamento do sistema. Uma segunda edição do
Windows 98 parece, a 17 de Fevereiro de 2000, cham-se Windows 98 SE (―Segunda
Edição‖).
A 14 de Setembro de 2000, a Microsoft comercializa o Windows Me (para Millenium
Edição), igualmente chamado Windows Millenium. OWindows Millenium apoia-se
largamente no Windows 98 (por conseguinte, em MS-DOS), mas traz funcionalidades
multimédia e rede suplementares. Por outro lado, o Windows Millenium integra um
mecanismo de restauração do sistema que permite voltar a um estado precedente em caso de
bloqueio.
Paralelamente, a Microsoft lançou, a partir de Outubro de 1992, um sistema de exploração de
32 bits (que não se baseia, por conseguinte, no MS-DOS) para um uso profissional, numa
época em que as empresas utilizavam essencialmente unidades centrais. Trata-se de Windows
NT (Windows ―New Technology‖). O Windows NT não é, por isso, uma versão ou uma
evolução do Windows 95, mas um sistema de exploração independente.
A 24 de Maio de 1993, a primeira versão de Windows NT é comercializada. Trata-se de
Windows NT 3.1, seguidamente oWindows NT 3.5 sai em Setembro de 1994 e o Windows
3.51 em Junho de 1995. É com o Windows NT 4.0, lançado no mercado a 24 de Agosto de
1996, que o Windows NT vai finalmente conhecer um real sucesso.
Em Julho de 1998, a Microsoft comercializa Windows NT 4.0 TSE (Terminal Server
Emulation), o primeiro sistema Windows a permitir a possibilidade de ligar terminais num
servidor, ou seja, utilizar clientes ligeiros para aceder a uma sessão aberta no servidor.
A 17 de Fevereiro de 2000, a versão seguinte de Windows NT 4.0 é baptizada Windows 2000
(em vez de Windows NT 5.0) para mostrar a convergência dos sistemas ―NT‖ com os
sistemas ―Windows 9x‖. O Windows 2000 é inteiramente um sistema 32-bits que possui as
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 396
características de Windows NT, bem como uma gestão melhorada dos dossier e uma
compatibilidade total com os periféricos U SBe Firewire.
Seguidamente, a 25 de Outubro de 2001, Windows XP aparece. Trata-se da convergência dos
sistemas precedentes.
Por último, a 24 de Abril de 2003, um sistema de exploração dedicado para os servidores é
comercializado pela Microsoft: Windows Server 2003.
Microsoft Windows
Microsoft Windows é uma popular família de sistemas operacionais criados pela
Microsoft, empresa fundada por Bill Gates e Paul Allen. Antes da versão NT, era uma
interface gráfica para o sistema operacional MS-DOS. O Windows é um produto comercial,
com preços diferenciados para cada uma de suas versões. É o sistema operacional mais
utilizado em computadores pessoais no mundo, embora uma grande quantidade de cópias
sejam ilegais. O impacto deste sistema no mundo atual é muito grande devido ao enorme
número de cópias instaladas. Conhecimentos mínimos desse sistema, do seu funcionamento,
da sua história e do seu contexto são, na visão de muitos, indispensáveis, mesmo para os
leigos em informática. A atual versão estável do Windows para desktops é o Windows 8,
lançado em 26 de outubro de 2012. Para servidores o Windows Server 2008 R2 é a versão
mais recente e estável.
Significado do nome
A palavra windows em português significa janelas. A sua interface gráfica é baseada no
padrão WIMP e utiliza o conceito WYSIWYG, previamente desenvolvido em Xerox PARC:
possui janelas que exibem informações e recebem respostas dos utilizadores através de um
teclado ou de cliques do mouse.
O registro da marca Windows foi legalmente complicado, pelo fato dessa palavra ser de uso
corrente em inglês ("windows" significa "janelas").
Origem e história
A Microsoft começou a desenvolver o Microsoft Windows em setembro de 1981. O Windows
só começa a ser tecnicamente considerado como um SO a partir da versão Windows NT,
lançada em Julho de 1993. O que havia antes eram sistemas gráficos sendo executados sobre
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 397
alguma versão dos sistemas compatíveis com DOS, como MS-DOS, PC-DOS ou DR-DOS.
Somente o MS-DOS era produzido pela própria Microsoft.
O MS-DOS é um sistema operativo que não dispõe de interface gráfica, funciona através de
comandos de texto introduzidos no teclado pelo utilizador. O Windows surgiu inicialmente
como uma interface gráfica para MS-DOS, que permitia correr programas em modo gráfico, o
que permitiu a utilização do mouse, que até à altura era considerado supérfluo em
computadores de tipo IBM-PC.
Versões do Microsoft Windows
Compatibilidade
Os primeiros Windows, como o 1.0, 2.0, são compatíveis apenas com partições formatadas
em sistema de ficheiros FAT, ou como é chamado, FAT 16. O 3.x poderia ser instalado em
FAT 32, porém necessita ser instalado o MS-DOS 7.10, que era incluido nos disquetes de
inicialização do Windows 95 OSR2 e Windows 98, necessitando modificar alguns arquivos
para permitir seu funcionamento. Ao mudar do 3.1 para o 95B (Windows 95 OSR 2/OSR
2.1), os HD's poderiam ser formatados em FAT 32. Inicialmente lançado com o Windows NT,
a tecnologia NTFS é agora o padrão de fato para esta classe. Com a convergência de ambos
sistemas, o Windows XP passou também a preferir este formato.
Características técnicas
A principal linguagem de programação usada para escrever o código-fonte das várias versões
do Windows é o Basic e algumas partes com C++ e Assembly.
Até a versão 3.11, o sistema rodava em 16 bits (apesar de poder instalar um update chamado
Win32s para adicionar suporte a programas 32 bits), daí em diante, em 32 bits. As versões a
partir do XP e Server 2003 estão preparadas para a tecnologia 64 bits.
Os sistemas de 64 bits não possuem mais suporte para rodar nativamente aplicativos de 16
bits, sendo necessário uso de emuladores/máquinas virtuais.
Os bits são relacionados ao volume de dados que um microprocessador é capaz de lidar. Se
um processador tem uma arquitetura de 64 bits, ele é capaz de lidar com dados na ordem de
264
, ou seja, 18446744073709552000. Só que para isso ser possível, é necessário que o
sistema operacional seja de 64 bits, caso contrário ele trabalhará com somente com instruções
de 32 bits (Se o sistema for de 32 bits). Sistemas operacionais de 64 bits também endereçam
uma quantidade maior de RAM, suportando até 192GB (Windows 7 Ultimate) ou 128GB
(Windows XP Professional), contra 3,2GB dos sistemas de 32 bits.
Windows 8
A última versão lançada do Windows, o Windows 8, é um sistema operacional mais estável
(principalmente do que a versão Vista), o seu visual é simples e tem uma boa performance em
uma grande gama de computadores, tablets e smartphones, de variadas configurações. O
layout também sofreu algumas modificações, para que seja mais fácil encontrar o que você
precisa, quando precisa, permitindo que o usuário ganhe tempo em tarefas rotineiras.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 398
Um dos pontos interessantes desta nova versão do Windows, é o novo menu Iniciar com o
estilo Metro. Ao mover o ponteiro do mouse no canto inferior esquerdo, você pode tanto
visualizar os seus arquivos e programas da maneira clássica, como os aplicativos da Windows
Store, além da busca mantida do Windows 7.
A área de trabalho foi mantida, para acesso aos arquivos como nas versões anteriores, por
pastas e menus de navegação intuitivos, permitindo fácil adequação dos usuários ao Windows
8 como um todo.
Dentro das melhorias do Windows 8, também é notavel que a Microsoft melhorou na
velocidade de inicio e das taréfas básicas como abrir e usar programas.
Navegadores de Internet:
Mozilla Firefox, Windowns Explorer
Mozilla Firefox
Mozilla Firefox é um navegador livre e multi-plataforma desenvolvido pela Mozilla
Foundation (em português: Fundação Mozilla) com ajuda de centenas de colaboradores. A
intenção da fundação é desenvolver um navegador leve, seguro, intuitivo e altamente
extensível. Baseado no componente de navegação da Mozilla Suite (continuada pela
comunidade como Seamonkey), o Firefox tornou-se o objetivo principal da Mozilla
Foundation. Anteriormente o navegador juntamente com o Mozilla Thunderbird, outro
produto da Mozilla Foundation eram os destaques da mesma. Cerca de 40% do código do
programa foi totalmente escrito por voluntários.
Antes do lançamento da versão primeira 1.0, em 9 de novembro de 2004, o Firefox havia sido
aclamado pelo site americano Forbes. Com mais de 25 milhões de transferências nos
primeiros 99 dias após o lançamento, o Firefox se tornou uma das aplicações em código-livre
mais usadas por usuários domésticos. A marca de 50 milhões de transferências foi atingida em
29 de abril de 2005, aproximadamente 6 meses após o lançamento da versão 1.0. Em 26 de
julho de 2005, o Firefox alcançou os 75 milhões de transferências, e a 19 de outubro de 2005
alcançou os 100 milhões de transferências, antes de completar o primeiro ano da versão 1.0.
Obtendo cerca de 17.000 complementos disponíveis em 26 de julho de 2012 os add-ons
haviam ultrapassado a marca de 3 bilhões de downloads.
O Firefox destaca-se como alternativa ao Microsoft Internet Explorer e reativou a chamada
Guerra dos Navegadores.
Atualmente a versão 12.0 do navegador é a mais utilizada em todo o mundo, de acordo com a
classificação do StatCounter, em comparação com as outras versões desse mesmo
navegador.Ainda segundo o site cerca de 21,34% de todos os usuários da internet do mundo
utilizam o Mozilla Firefox. O navegador tem tido sucesso particular na Indonésia, Alemanha e
Polónia, onde ele é o navegador mais popular com 62%, 46% e 44% do mercado de
participação, respectivamente.
História
Dave Hyatt, Joe Hewitt e Blake Ross, que deram início ao projeto Firefox, diziam acreditar
que a utilidade do navegador Mozilla estava comprometida com os interesses comerciais da
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 399
Netscape (que os patrocinava), bem como a inclusão de funções pouco usadas. Foi então que
criaram um navegador separado, o qual visava substituir a suíte Mozilla. Atualmente, Ben
Goodger (recentemente admitido pela Google) comanda o time que desenvolve o Firefox.
O Firefox mantém a natureza multi-plataforma do navegador Mozilla original, usando a
linguagem de programação XUL, a qual possibilita a instalação e personalização de temas e
extensões. Porém, acreditava-se que estes add-ons pudessem aumentar os riscos de segurança
do navegador. Com o lançamento da versão 0.9, a Mozilla Foundation lançou o Mozilla
Update, um site que contém temas e extensões "aprovados" como seguros. Deixa-se a cargo
do usuário a decisão de arriscar-se a baixar extensões de fontes não-confiáveis.
O MozillaZine, um site com notícias, fóruns e weblogs para a discussão de assuntos relativos
ao Mozilla (operado por entusiastas dos produtos Mozilla), foi fundado em 1 de setembro de
1998. No Brasil, existe o br.mozdev.org., sendo o site oficial brasileiro da Mozilla.
A intenção da Mozilla Foundation é aposentar a suíte Mozilla e substituí-la pelo Firefox. Em
10 de março de 2005, foi anunciado que os lançamentos oficiais da suíte se encerrariam com
as versões 1.7.x. Como existem usuários corporativos da mesma, a série 1.7.x ainda é
desenvolvida tendo apenas atualizações de segurança em seu roadmap. A versão 1.8.x, que já
se encontrava em estado maduro de beta, não foi liberada para não acumular trabalho com
atualizações de segurança para 1.7.x e 1.8.x. A versão 1.8.x foi substituída pelo novo
navegador SeaMonkey, que continua sendo desenvolvido pela comunidade colaboradora com
poucas diferenças iniciais da suíte Mozilla.
Nome
Phoenix 0.1, a primeira versão oficial.
O projeto, atualmente conhecido como Firefox,
começou como uma divisão experimental da suíte
Mozilla chamada m/b (ou mozilla/browser). Após o
estágio inicial de desenvolvimento, versões de teste
foram disponibilizadas ao público em setembro de 23
de setembro de 2002 sob o nome Phoenix.
O nome Phoenix vigorou até 14 de abril de 2003,
quando teve que ser mudado devido a problemas de
direito autoral com a fabricante de BIOS Phoenix Technologies (que produz um navegador
para BIOS). O novo nome, Firebird, foi recebido com opiniões diversas, pois tinha o mesmo
nome do software livre de base de dados Firebird. No final de abril, seguindo - em apenas
poucas horas - uma aparente mudança de nome do
navegador para Firebird browser, a Mozilla
Foundation determinou que o navegador fosse
chamado de Mozilla Firebird para evitar confusões
com o nome do servidor de dados Firebird.
Entretanto, uma contínua pressão da comunidade de
software livre forçou outra mudança de nome e, em 9
de fevereiro de 2004, Mozilla Firebird se tornou
Mozilla Firefox (ou somente Firefox). Firefox 1.0.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 400
O nome foi escolhido por ser parecido com "Firebird" e também por ser único na indústria da
computação. A fim de evitar uma futura mudança de nome, a Mozilla Foundation deu início
ao processo de registro do nome Firefox como marca registrada no Gabinete Americano de
marcas e patentes em dezembro de 2003. Como o mesmo nome já havia sido registrado no
Reino Unido, a Mozilla Foundation fez um acordo com a The Charlton Company.
O nome "Firefox", muitos julgam que se refere ao Panda-vermelho ou Panda-pequeno -
também conhecido como raposa-de-fogo ou gato-de-fogo (nome científico: Ailurus fulgens;
do grego ailurus, gato; e do latim fulgens, brilhante), é um pequeno mamífero arborícola e a
única espécie do gênero Ailurus. Pertence à família Ailuridae, mas já foi classificado nas
famílias Procyonidae (guaxinim) e Ursidae (ursos) - o próprio autor do logotipo, Jon Hicks, o
animal não passa o conceito apropriado, além de não ser conhecido: "Um firefox é na verdade
um atraente panda vermelho, porém ele realmente não traz à mente o imaginário correto. O
único conceito, dos que fiz, com o qual me senti feliz foi este, inspirado pela visão de uma
pintura japonesa de uma raposa".
Muitas derivações incorretas da escrita original do nome têm ocorrido, como por exemplo
Fire fox, Fire Fox ou ainda FireFox. Porém, o nome oficial do browser é escrito em apenas
uma palavra, e com o segundo F minúsculo: "Firefox".
Devido a problemas de marca registrada da Mozilla Foundation, os pacotes "Firefox" e
"Thunderbird" foram trocados de nomes para a distribuição Linux Debian. O Debian só aceita
softwares totalmente livres e, para solucionar esse problema, foram desenvolvidos os pacotes
Iceweasel e Icedove, que são idênticos ao Firefox e ao Thunderbird, respectivamente. Os
ícones oficiais do Iceweasel e do Icedove são, respectivamente, e .
Marca e identidade visual
O logotipo de globo genérico, usado quando o Firefox
é compilado sem marcas oficiais.
O progresso no desenvolvimento da identidade
visual, desde o início do projeto, é um dos aspectos
mais notáveis do Firefox. Frequentemente se diz que
falta ao software livre uma sólida identidade visual. As
primeiras versões do Firefox foram consideradas
razoáveis em relação ao design, mas não alcançavam os
mesmos padrões dos softwares utilizados em larga escala. O
lançamento do Firefox 0.8 em fevereiro de 2004 demonstrou o esforço em se
atingir um novo visual, inclusive com novos ícones. O ícone do Firefox é desenhado desde
então pelo britânico Jon Hicks. O animal mostrado no ícone é uma raposa estilizada, por mais
que "firefox" ("raposa de fogo") seja o nome utilizado para designar o Panda vermelho. Este
ícone foi escolhido por não ser extremamente chamativo.
O ícone do Firefox é uma marca registrada usada para designar o Mozilla Firefox distribuído
pela Mozilla. Apesar de ter o código fonte aberto, os ícones e suas imagens não são de uso
livre. Devido a isto, versões modificadas do Firefox não estão autorizadas a usar os ícones
oficiais. O mesmo ocorre nas versões beta do Firefox. Por serem modificações do original
lançado, elas não podem utilizar o mesmo ícone sendo usado geralmente o ícone e
modificações dele.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 401
Histórico de lançamentos
Imagem promocional do Firefox na versão lusofônica.
Desde o início do projeto, em 23 de setembro de 2002, o Firefox
tem sido atualizado com certa freqüência. Mudanças no
gerenciamento de extensões, de uma versão para outra, foram
comuns em seu estágio pré-1.0. Finalmente, o Firefox 1.0 foi
lançado em 9 de novembro de 2004, seguido pela versão 1.0.1
em 24 de fevereiro de 2005, que continha algumas correções de
segurança e estabilidade. A versão 1.0.2 foi lançada logo em
seguida, em 23 de março de 2005, a qual incluía mais atualizações de segurança. A versão
1.0.3 também foi lançada em menos de um mês, em 15 de abril de 2005, com mais
atualizações de segurança. A versão 1.0.4 foi lançada em em 11 de maio de 2005, incluindo
várias correções relativas à segurança, além de correção de um erro no DHTML. As versões
seguintes do Firefox, 1.0.5 e 1.0.6, foram sendo lançadas para correções de erros que
implicavam na segurança dos usuários, datadas de 12 e 20 de julho de 2005, respectivamente.
Em 30 de novembro de 2005 a versão 1.5 foi lançada com novos recursos como atualizações
automáticas, reordenação dos separadores utilizando o mouse, suporte a novos padrões web
como SVG, CSS 2, CSS 3, JavaScript 1.6 e outros. Após o lançamento da nova versão de seu
principal concorrente, o Internet Explorer 7 em 18 de outubro de 2006, a fundação Mozilla
lançou o Firefox 2, em 25 de outubro de 2006, com sistema anti-phishing, melhoria nas abas,
botão incluso no campo de busca e modificações no visual. Sua primeira atualização para
correção data em 20 de dezembro do mesmo ano. O Firefox também é muito utilizado na
versão para Android. O Mozilla Firefox já alcançou a marca de 10 milhões de downloads, e
anunciou a versão 14 aplicativo.
Durante seu desenvolvimento, o código fonte do Firefox teve vários nomes de uso interno da
equipe que o desenvolve. Todos estes nomes foram inspirados em lugares reais, como Three
Kings, Royal Oak, One Three Hill, Mission Bay e Greenlane, cujos nomes se referem à
subúrbios das cidades de Auckland, na Nova Zelândia e Whangamata, uma pequena cidade
litorânea na península de Coromandel, também na Nova Zelândia. Os nomes foram
escolhidos por Ben Goodger, que foi criado em Auckland. Outros nomes, incluindo os que
são usados no mapa de desenvolvimento (roadmap) do Firefox, são baseados no caminho de
uma viagem do estado norte-americano da Califórnia até Phoenix, no estado do Arizona.
De acordo com Ben Goodger, "Deer Park" não se refere a Deer Park, em Victoria (região
localizada ao sudoeste da Austrália), trata-se apenas de um nome simbólico. "Eu estava a
passear próximo da linha férrea em Long Island, há algumas semanas, quando vi o nome
escrito em algum lugar e ele me pareceu bonito", disse Goodger. Portanto, esta é
provavelmente uma referência à Deer Park, Nova York, uma área de recenseamento na região
de Long Island.
A última versão do Firefox a receber um codinome foi a versão 4.0 que foi batizada de
Tumucumaque, nome popular do Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque, localizado
na Amazônia, no estado do Pará, Brasil.
Recursos
Segundo seus desenvolvedores, o objetivo do Firefox é ser um navegador que inclua as
opções mais usadas pela maioria dos usuários, de modo que o torne o melhor possível. Outras
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 402
funções não incluídas originalmente encontram-se disponíveis através de extensões e plugins
nos quais qualquer pessoa possa criar um.
Acessibilidade
Segundo os desenvolvedores, existe um esforço no sentido de se buscar a simplicidade na
interface do Firefox. As opções menos usadas pela maioria dos usuários geralmente ficam
ocultas, oposto ao que acontece com a suíte Mozilla.
O Firefox tem suporte à navegação através de abas/separadores, o que possibilita a abertura de
várias páginas em uma única janela do navegador. Esta função foi herdada da suíte Mozilla,
que por sua vez, emprestou-a de uma extensão conhecida como MultiZilla, a qual foi
desenvolvida especialmente para a suíte. O Firefox também está entre os primeiros
navegadores a disponibilizar bloqueamento personalizado de janelas pop-up.
O navegador contém opções que facilitam a busca por informações. Existe uma função de
pesquisa conhecida como "localizar ao digitar". Caso esta função esteja habilitada, o usuário
poderá iniciar a digitação de uma palavra enquanto visualiza a página, e automaticamente o
Firefox destaca o primeiro resultado que encontra. Quanto mais se digita, mais a busca é
refinada.
Há também um campo de pesquisa embutido, com algumas opções de busca já incluídas (na
versão em inglês do Firefox), como os sites Google, Yahoo, Amazon.com, Creative
Commons, Dictionary.com e eBay. Existem muitas opções extras de plugins de busca que
podem ser instaladas, uma delas feita para se pesquisar na Wikipédia, que foi desenvolvida
através do projeto Mycroft.
A função de "palavra-chave" usada para que o usuário acesse o conteúdo de seus
favoritos/marcadores, através da barra de endereços, foi apresentada anteriormente na suíte
Mozilla. Opcionalmente, pode-se usar um parâmetro de busca na Internet. Para isto, basta que
se digite, por exemplo, "google pêssego" na barra de endereços, e o usuário será redirecionado
a uma página de resultados do Google contendo o item "pêssego". Se for digitada somente
uma palavra sem um parâmetro de busca, o Firefox automaticamente aciona o Google, que
levará o usuário ao primeiro site sugerido (semelhante à função "sinto-me com sorte", "Estou
com Sorte" no Brasil, da página inicial do Google).
Segurança
A arquitetura de programação do Firefox é baseada em extensões. Tal característica é
apontada por alguns como um dos aspectos que supostamente tornariam o navegador seguro.
Há quem diga que não se deve incorporar inúmeros recursos (os quais poderiam supostamente
ser usados mais facilmente por códigos maliciosos), mas sim deixar o usuário escolher o que
adicionar, através da seleção das extensões (como plugins), as quais no Firefox são
bloqueadas quando instaladas de sites desconhecidos (opção que pode ser modificada pelo
usuário com um simples clique, o qual autoriza a instalação de fonte não confiável e coloca
em risco toda a segurança). Existe a opção de se executar o Firefox em um Modo de
Segurança, no qual todas as extensões instaladas são desativadas. Deve-se notar que muitas
das extensões, especialmente as mais populares e recomendadas pela própria Mozilla, também
podem ser alvos de vulnerabilidades, colocando abaixo tais apontamentos e em consequência
a segurança e privacidade do usuário.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 403
O próprio navegador Firefox também possui falhas de segurança em seu código puro como o
é hoje, tal qual qualquer outro navegador, algumas das quais inclusive sem correção
conhecida no momento, para além de ser potencial alvo de explorações maliciosas dos
múltiplos bugs existentes em seu motor JavaScript e também de falhas em complementos de
terceiros como o Java SE da Sun e o Flash Player da Adobe (estas últimas mais raras).
Decorre ainda hoje, no meio informático, uma polêmica sobre uma falha na forma como o
Firefox renderiza protocolos da web. A falha já havia sido corrigida por duas vezes após uma
infame troca de acusações com a Microsoft que acabou na admissão da Mozilla de que o
problema era mesmo no Firefox. Contudo, ao que parece, a falha continua aberta à
explorações, mesmo depois das correções.
Personalização
Através de extensões, os usuários podem agregar novas funções, como gestos do mouse,
bloqueio de publicidade, ferramentas de verificação, ampliação de imagens e até mesmo a
edição de artigos na Wikipédia (ver abaixo). Muitas das funções oficialmente incluídas na
suíte, como um cliente de chat IRC e calendário, foram lançadas como extensões para o
Firefox.
O sistema de extensões por vezes é visto como uma plataforma de testes para novas
funcionalidades. Eventualmente, alguma extensão pode ser adicionada ao lançamento oficial,
assim como aconteceu com o sistema de navegação por abas/separadores na suíte, que
anteriormente era uma extensão chamada Multizilla.
Existe também o suporte a temas (skins, ou "peles") que mudam a aparência do navegador, as
quais nada mais são do que pacotes que incluem arquivos CSS e de imagem. Além da
possibilidade de se adicionar temas, os usuários podem personalizar o visual do Firefox,
mudando a disposição de elementos como botões, menus ou eliminar toda uma barra de
ferramentas.
Além das páginas próprias de cada autor, boa parte das extensões e temas disponíveis podem
ser descarregados da página oficial de add-ons (A.M.O. ou Mozilla Add-Ons), que verifica
periodicamente através do Firefox se há alguma atualização para os mesmos.
Muitas configurações avançadas do Firefox também podem ser acessadas digitando
about:config na barra de endereços.
Suporte aos padrões web
A Mozilla Foundation demonstra orgulho do fato de o Firefox ter alta-compatibilidade com os
atuais padrões web, em especial os especificados pelo W3C. O suporte a estes padrões é
extenso (embora não completo) e os mais conhecidos dentre eles são o HTML, XML,
XHTML, CSS, JavaScript, DOM, MathML, XSL e o XPath.
Há também o suporte à transparência variável em arquivos de imagem PNG.
O suporte aos padrões web é constantemente melhorado pelos colaboradores do projeto
Mozilla. O padrão CSS de Nível 2 já foi implementado e o padrão CSS de Nível 3, ainda em
desenvolvimento, foi parcialmente incluído. Alguns padrões, como o SVG, APNG, e o
XForms, estão sendo implantados com a evolução das versões.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 404
Embora sua versão 3.0 Alpha 2 não passou no teste Acid2 de renderização de padrões web,
passou na versão 3.0 Beta 1. A versão 3.0 Final ainda encontra-se em desenvolvimento. O
resultado já plenamente satisfatório pode ser conferido na última versão de testes lançada do
navegador, a 3.0 Beta 5. Na versão 3.5 o firefox tirou nota 94 de 100 no teste Acid3.
Suporte multi-plataforma
O Mozilla Firefox funciona em vários sistemas operacionais, dentre os quais:
Inúmeras versões do Microsoft Windows: 98 (apenas 2.0), 98SE (apenas 2.0), Me (apenas
2.0), NT 4.0 (apenas 2.0), 2000, XP, Server 2003, Vista e Windows 7.
Mac OS X. Programadores da Apple criaram uma versão do Firefox que funciona com
máquinas MacIntel, a qual parece ter funcionado de maneira satisfatória.
Sistemas baseados em Linux que utilizam X.Org Server ou XFree86. Geralmente incluso na
instalação como padrão.
Pelo fato de ser um software em código aberto, muitos programadores desenvolvem versões
para outros sistemas operacionais que não são oficialmente suportadas pela Mozilla
Foundation, a saber:
Solaris (x86 e SPARC)
FreeBSD
PC-BSD
NetBSD
OS/2
AIX
Versões para o Windows XP Professional x64 Edition também estão disponíveis, bem como
versões para RISC OS e BeOS (projetos que ainda estão em andamento).
O formato que é usado para armazenar o perfil dos usuários é o mesmo em todas as
plataformas, portanto um perfil pode ser compartilhado por diferentes sistemas (exemplo: um
perfil armazenado em uma partição FAT32 que pode ser acessado tanto pelo Windows quanto
pelo Linux). Entretanto, podem ocorrer problemas, principalmente no que se refere à
extensões.
Versão portátil
Existe também uma versão portátil do Mozilla Firefox otimizado para uso a partir de pen
drives. A última versão lançada é a 10.0; o software está em inglês, mas possui uma extensão
para traduzir a interface do usuário para o português.
Suporte à plataforma
O Mozilla fornece versões de desenvolvimento do Firefox pelos seguintes canais: "Beta",
"Aurora" e "Nightly". A partir de agosto de 2012, o Firefox 16 beta está no canal "Beta", o
Firefox 17 em versão alfa pelo canal "Aurora" e o Firefox 18 em versão pré-alfa no canal
"Nightly".
Recursos planejados para versões futuras incluem a atualização silenciosa para que
incrementos versão não vá incomodar o usuário, embora o usuário será capaz de desabilitar
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 405
essa função. Também está prevista uma interface de usuário diferente chamada "Australis" já
utilizada pelo Google Chrome que foi lançada como versão de teste do Firefox 16 por Wein,
um engenheiro da Mozilla Foundation.
Firefox Móvel
Firefox 10.0 para celulares com Android.
Firefox Móvel, codinome de Fennec, é um navegador web para pequenos
dispositivos não-PC, telefones celulares e PDAs. Foi lançado para o
sistema operacional Nokia Maemo (especificamente o Nokia N900) em
28 de janeiro de 2010. A versão 4 para Android e Maemo foi lançada em
29 de março de 2011. A versão do navegador pulou da versão 2 a 4 para
sincronizar com todas as versões de desktop futuras do navegador desde
que ambos os navegadores usam o mesmo motor de renderização. A
versão 7 foi o último lançamento para Maemo no N900. A interface do
usuário é completamente redesenhado e otimizado para telas pequenas, os controles estão
escondidos para que apenas o conteúdo da web seja mostrado na tela, e utiliza métodos de
interação touchscreen. Inclui Awesomebar, navegação por abas, suporte a Add-ons,
gerenciador de senha, navegação ciente de localização e a capacidade de sincronizar os dados
do usuário da versão do navegador desktop usando o Firefox Sync.
Firefox ESR
Firefox ESR (Extended Support Release) é uma versão do Firefox para organizações e outros
usuários que precisam de suporte estendido para implantações de massas. De modo diferente
os lançamentos regulares ("rápidos"), o ESR será atualizado com novos recursos e
aprimoramentos de desempenho anualmente, recebendo atualizações de segurança regulares
durante o ano.
Suporte 64 bits
Sistema operacional Suporte 64-bits
Windows
Mac OS X
Linux
O suporte de 64 bits para o Firefox é inconsistente entre sistemas operacionais. O 64-bits é
suportado pela Mozilla no Mac OS X e Linux, mas não há nenhuma versão oficial de 64 bits
para sistemas operacionais Windows.[167]
A Mozilla fornece uma versão de 64 bits para o seu
nightly, mas ele é considerados instável pela Mozilla.
As versões oficiais do Firefox para Mac OS X são compilações universais que incluem
versões 32-bits e 64-bits do navegador em um único pacote e tem sido assim desde o Firefox
4. Uma sessão de navegação típica usa uma combinação do processo navegador 64 bits e um
32 bits processo plugin, porque alguns plugins populares ainda são de 32 bits.
A Mozilla fez o Firefox para Linux 64 bits como uma prioridade com o lançamento do
Firefox 4, etiquetado como prioridade de nível 1. Desde que foi rotulado de nível 1, a Mozilla
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 406
tem vindo a fornecer versões oficiais de 64 bits para seu navegador para Linux. Fornecedor
anteriormente do suporte 64 bits já existentes para distribuições Linux, como a Novell-Suse
Linux, Red Hat Enterprise Linux e Ubuntu, antes do apoio da Mozilla de 64 bits, embora os
vendedores foram confrontados com o desafio de ter que desligar o 64 bits JIT compilador
devido à sua instabilidade antes do Firefox 4.
Utilização
Adoção dos navegadores de acordo com a StatCounter.
Desde o lançamento, em 2004, a adoção de mercado do
Mozilla Firefox aumentou rapidamente. Atualmente, o
Firefox é o terceiro navegador mais usado em todo o
mundo, com 25,23% dos usuários, perdendo para o Google
Chrome e Internet Explorer, primeiro e segundo lugar,
respectivamente. O Google Chrome passou o Firefox em
números de usuários pela primeira vez em novembro de
2011.
De acordo com uma pesquisa disponibilizada em 18 de julho de 2007 pela empresa francesa
XiTi, a Europa é o continente onde se encontra a segunda maior porcentagem de uso do
Firefox, com uma média de 27,8% contra 28,9% da Oceania. O país europeu onde a utilização
é maior é a Eslovênia com 47,9%, seguida pela Finlândia com 45,4% e pela Eslováquia com
40,4%.
Mozilla Firefox e a Wikipédia
Existe uma extensão para o Mozilla Firefox que, após instalada, disponibiliza um menu de
contexto orientado para a Wikipédia. A extensão chama-se "wikipédia" e pode ser obtida na
página de extensões do Firefox.
No menu superior direito, existe a caixa de texto para busca rápida. No Firefox em língua
portuguesa, existem busca no Google, no Yahoo e também as opções de busca na Wikipedia e
Wikcionário entre outros.
Existe, ainda, uma outra extensão. Ao acessar qualquer site da wikipédia após tê-la instalado,
aparece uma nova barra de ferramentas no Firefox, com diversas opções que facilitam os
editores da Wikipédia.
Download Day
A Spread Firefox, comunidade responsável pela publicidade do programa, planejava
estabelecer um novo recorde mundial do maior número de downloads de um software em 24
horas, com o lançamento da versão 3.0. O lançamento foi no dia 17 de junho de 2008, às
18h16min UTC. Ao final do período estabelecido, às 18h16min UTC de 18 de junho,
8.290.545 downloads foram registrados. Os resultados foram encaminhados aos avaliadores
do Livro Guinness dos Recordes para análise dos dados.
Em 2 de julho de 2008, já tinham sido registrados mais de 28 milhões de downloads.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 407
Internet Explorer
Windows Internet Explorer, também conhecido pelas abreviações IE, MSIE, WinIE ou
Internet Explorer é um navegador de internet de licença proprietária produzido inicialmente
pela Microsoft em 23 de agosto de 1995.
O Internet Explorer é um componente integrado desde o Microsoft Windows 98. Está
disponível como um produto gratuito separado para as versões mais antigas do sistema
operacional. Acompanha o Windows desde a versão 95 OSR2. A partir da versão 6 inclusa no
XP em 2002, uma grande atualização do navegador foi oferecida aos usuários do Windows
XP junto ao Service Pack 2 (embora sempre tenha havido um ciclo mensal de correções para
o navegador). A versão 7 do Internet Explorer, lançada em Outubro de 2006, chegou aos
usuários disponível para o Windows XP SP2 e Windows Server 2003 (com status de
atualização crítica), além de estar pré-instalada no Windows Vista e no Windows 7 (a versão
8 Beta) (onde possui algumas funções a mais). A versão 8, lançada em 19 de março de 2009, é
disponível para Windows XP, Windows Server 2003, Windows Vista e Windows Server
2008.
Por algum tempo, a Microsoft lançou versões do Internet Explorer para o Macintosh, Solaris e
HP-UX. Estas versões tiveram o desenvolvimento cancelado. O navegador ainda roda em
Linux, através da camada de compatibilidade Wine.
Desde o lançamento da versão 7 do navegador, o nome oficial foi então alterado de
"Microsoft Internet Explorer" para "Windows Internet Explorer", por causa da integração com
a linha Windows Live. No Windows Vista ele chama-se oficialmente "Windows Internet
Explorer in Windows Vista" e no Windows XP ele é chamado oficialmente de "Windows
Internet Explorer for Windows XP".
Um de seus principais concorrentes foi o Netscape, hoje descontinuado. Atualmente, seus
maiores concorrentes são o Mozilla Firefox, o Google Chrome, o Opera e o Safari.
Atualmente é o segundo navegador mais usado no mundo, com 29,82% dos usuários, contra
37,09% do Google Chrome e 21,34% do Mozilla Firefox segundo dados da StatCounter.
Versões
Microsoft Internet Explorer 1
Lançado em agosto de 1995.
Microsoft Internet Explorer 2
Lançado em novembro de 1995.
Microsoft Internet Explorer 3
Lançado em agosto de 1996, foi uns dos primeiros browsers, ou navegadores, a ter suporte ao
CSS. Foi introduzido o suporte ao ActiveX, linguagem JavaScript. As novidades são
consideráveis, tanto que o Internet Explorer 3 passou a ser concorrente do Netscape, o
browser mais usado na época. Teve também a primeira mudança significativa na interface.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 408
Microsoft Internet Explorer 4
Lançado em setembro de 1997, apresentou como novidades a integração completa com o
sistema operacional e a tecnologia push, tornando-se concorrente não só do Netscape mas
também de softwares como o PointCast, além de outras novidades.
Microsoft Internet Explorer 5
Lançado em março de 1999, foi introduzido o suporte à linguagem XML, XSL, o formato
MHTML e mais algumas coisas. O Internet Explorer 5 é encontrado no Windows 98 SE e no
Windows 2000. Em julho de 2000, é lançado o Internet Explorer 5.5, juntamente com o
Windows ME, contendo algumas melhorias.
Microsoft Internet Explorer 6
Lançado em agosto de 2001, juntamente com o Windows XP. Nessa versão há um melhor
suporte ao CSS level 1, DOM level 1 e SML 2.0 e algumas novidades. Em Setembro de 2002
é lançado o Service Pack 1 (SP1) e em agosto de 2004 é lançado o segundo Service Pack
(SP2), oferecendo maior segurança com recursos como "Bloqueador de PopUps", proteção
contra downloads potencialmente nocivos, entre outros.
Internet Explorer 7
O Windows Internet Explorer 7 é a sétima versão do navegador Internet Explorer criado
pela Microsoft. Lançado em 18 de outubro de 2006, foi lançado depois de cinco anos após o
Internet Explorer 6 e sucedido pelo Internet Explorer 8 lançado em 19 de março de 2009. Esta
versão contém mudanças drásticas, tanto na segurança, quanto na aparência: a retirada do logo
do Windows, a retirada da barra de menus (por padrão, podendo ser alterado), unificação e
retirada de botões da barra de ferramentas, além da inclusão do sistema de abas e um campo
de pesquisa (já presente em outros navegadores).
Essa versão também altera o nome, que de Microsoft Internet Explorer, passa a ser Windows
Internet Explorer. A mudança foi por causa da integração do navegador a linha de serviços
web da Microsoft, o Windows Live.
Internet Explorer 8
Windows Internet Explorer 8 (abreviado IE8) é a oitava versão do navegador Internet
Explorer criado e fabricado pela Microsoft. Ele é o sucessor do Internet Explorer 7.
O Internet Explorer 8 foi lançado em 19 de março de 2009 disponível para Windows XP,
Windows Server 2003, Windows Vista, Windows Server 2008, Windows 7 e Windows
Server 2008 R2. O programa é disponível em 25 idiomas.
Internet Explorer 9
O Windows Internet Explorer 9 (abreviado IE9) é a nona versão do navegador Internet
Explorer criado e fabricado pela Microsoft. Ele é o sucessor do Internet Explorer 8.
O Internet Explorer 9 foi lançado em fase final em 14 de Março de 2011, sendo
disponibilizado para Windows Vista (32/64-bit) e Windows 7 (32/64-bit) em 93 idiomas.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 409
Assim como ocorreu com o Internet Explorer 7, a nona versão do navegador também traz
drásticas mudanças em sua interface, optando por uma aparência minimalista, privilegiando o
espaço para exibição das páginas da web.
O Windows Internet Explorer 9 possui uma aparência simplificada e muitos recursos novos
que aceleram a sua experiência de navegação na Web.
Internet Explorer 10
O Windows Internet Explorer 10 é o sucessor do Internet Explorer 9. Seu lançamento para
testes ocorreu no dia 12 de Abril de 2011 e seu lançamento oficial se deu junto com o
lançamento do Windows 8. Atualmente está na versão 10.0.9200.16466. Ele vem pré
instalado no Sistema Operacional Windows 8, e tem compatibilidade com o Windows 7 (por
enquanto, apenas na versão de testes). Algumas inovações desta versão foram a interface
Metro e também o uso de recursos gráficos da placa de vídeo, tornando-o muito mais suave
do que as versões anteriores. Implementa os padrões que serão adotados para o HTML5 e
CSS3 além de uma série de outras novidades.
Vulnerabilidades
O Internet Explorer foi sendo ao longo dos anos apontado como um software com numerosas
falhas de segurança. Programas maliciosos ou oportunistas exploravam brechas para roubar
informações pessoais. Softwares maliciosos - vírus - worms - trojans -, exploravam falhas do
navegador para controlar e/ou direcionar os usuários a determinadas paginas. Alguns
especialistas apontam estes problemas como uma das causas para a perda de mercado
(número de usuários utilizando o navegador). A Microsoft argumenta que a quantidade de
vulnerabilidades encontradas está relacionada ao contigente de usuários. Sendo este fator
predominante para que pessoas mal-intencionadas explorassem erros com fins ilícitos.
Entretanto, problemas relacionados a vulnerabilidade de navegadores não restringem-se ao
Internet Explorer. Outros navegadores populares também já foram vitímas de pessoas mal-
intencionadas, como exemplo: Firefox - Google Chrome - Opera. Assim sendo, torna-se óbvio
que pessoas que projetam pragas digitais enfatizem software/navegadores/sistemas
operacionais populares. Depois que o Internet Explorer passou a perder mercado, falhas de
segurança em outros navegadores começaram a ser divulgadas. Talvez o fato que leve o
Internet Explorer a ser alvo de tantas critícas está relacionado com o fato de o mesmo ser de
código fechado. Desta forma, torna-se difícil identicar problemas antes que algum software
mal-intencionado seja descoberto.
Utilização
O Internet Explorer já foi o navegador mais utilizado chegando a 99% dos usuário, mas teve
uma grande queda nos últimos anos, chegando a ficar em segundo lugar. De acordo com a
Start Counter o Internet Explorer ficou com (32,07%) ficando atrás do Chrome (32,44%) no
mês de maio de 2012. Apesar disso outras pesquisas como a Marketshare aponta que a queda
não chegou a ser tão expressiva, apesar de ter chegado em 54% e tem se mostrado em queda
nos últimos anos.
Resumo da história de utilização por ano e versão
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 410
A tabela mostra o número de utilização ao longo do tempo. Foram utilizados como base
diferentes contadores. Alguns baseados no uso anual, outros mensais ou então na média de
utilização ao término do ano. Desta forma, a tabela está embasada nas fontes disponíveis.
Total
IE1
0
IE
9
IE8 IE7 IE6 IE5 IE4 IE3
IE
2
IE
1
201
0
60.04%[2
6] ▼
- - 29.43%
[2
6] ▲
11.61%[26]
▼
16.79%[2
6] ▼
0.0?%[26]
▼ 0% 0% 0% 0%
200
9
66.92%[2
5] ▼
- - 10.40%
[2
5] ▲
26.10%[25]
▼
27.40%[2
5] ▲
0.08%[25]
▼ 0%▼ 0% 0% 0%
200
8
72.65%[2
0] ▼
- - 0.34%
[20]
▲
46.06%[20]
▲
26.20%[2
0] ▼
0.15%[20]
▼
0.01%[20]
▼ 0% 0% 0%
200
7
78.60%[2
0] ▼
- - - 45.50%
[20]
▲
32.64%[2
0] ▼
0.45%[20]
▼
0.01%[20]
▼ 0% 0% 0%
200
6
83.30%[2
0] ▼
- - - 3.49%
[20]
▲
78.08%[2
0] ▼
1.42%[20]
▼
0.02%[20]
▼ 0% 0% 0%
200
5
87.12%[2
0] ▼
- - - - 82.71%
[2
0] ▼
4.35%[20]
▼
0.06%[20]
▼ 0% 0% 0%
200
4
91.27%[2
0] ▼
- - - - 83.39%
[2
0] ▲
7.77%[20]
▼
0.10%[20]
▼ 0% 0% 0%
200
3
94.43%[2
2] ▲
- - - - 59.00%
[2
2] ▲
34.00%[2
2] ▼
1.00%[22]
▼ 0% 0% 0%
200
2
93.94%[2
2] ▲
- - - - 50.00%
[2
2] ▲
41.00%[2
2] ▼
1.00%[22]
▼ 0% 0% 0%
200
1
90.83%[2
2] ▲
- - - - 19.00%
[2
2] ▲
68.00%[2
2] ▼
5.00%[22]
▼ 0% 0% 0%
200
0
83.95%[2
2] ▲
- - - - - 71.00%
[2
2] ▲
13.00%[2
2] ▼
0% ▼ 0% 0%
199
9
75.31%[2
4] ▲
- - - - - 41.00%
[2
2] ▲
36.00%[2
2] ▼
1.00%[2
2]
0% 0%
199
8
45.00%[2
3] ▲
- - - - - - ? ▲ ? ? ?
199
7
39.40%[2
1] ▲
- - - - - - ? ▲ ? ? ?
199
6
20.00%[2
1] ▲
- - - - - - - ? ? ?
199
5
2.90%[21]
▲ - - - - - - - - ? ?
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 411
Internet: acesso a sites e comunicação eletrônica
Visualização gráfica de várias rotas em uma porção da Internet
mostrando a escalabilidade da rede
A Internet é o maior conglomerado de redes de comunicações em
escala mundial e dispõe milhões de dispositivos interligados pelo
protocolo de comunicação TCP/IP que permite o acesso a
informações e todo tipo de transferência de dados. Ela carrega
uma ampla variedade de recursos e serviços, incluindo os
documentos interligados por meio de hiperligações da World
Wide Web (Rede de Alcance Mundial), e a infraestrutura para
suportar correio eletrônico e serviços como comunicação instantânea e compartilhamento de
arquivos.
De acordo com a Internet World Stats, 1,96 bilhão de pessoas tinham acesso à Internet em
junho de 2010, o que representa 28,7% da população mundial. Segundo a pesquisa, a Europa
detinha quase 420 milhões de usuários, mais da metade da população. Mais de 60% da
população da Oceania tem o acesso à Internet, mas esse percentual é reduzido para 6,8% na
África. Na América Latina e Caribe, um pouco mais de 200 milhões de pessoas têm acesso à
Internet (de acordo com dados de junho de 2010), sendo que quase 76 milhões são brasileiros.
Nomenclatura
Internet é tradicionalmente escrita com a primeira letra maiúscula, como um nome próprio.
Internet Society, Internet Engineering Task Force, ICANN, World Wide Web Consortium e
várias outras organizações relacionadas usam essa convenção em suas publicações. Da mesma
forma, vários jornais, revistas e periódicos usam o mesmo termo, incluindo The New York
Times, Associated Press e Time.
Outras organizações alegam que a primeira letra deve estar em minúsculo (internet), e que o
artigo "a internet" é suficiente para distinguir entre "uma internet", usada em outras
instâncias. Publicações que usam essa forma estão ausentes no meio acadêmico, mas
presentes em médias como The Economist e The Guardian.
Internet e internet possuem significados diferentes. Enquanto internet significa um conjunto
de redes de computadores interligadas, a Internet se refere à internet global e pública,
disponibilizada pelo Protocolo de Internet. Dessa forma, existem inúmeras internets
espalhadas por redes particulares, seja interligando empresas, universidades ou residências.
Entretanto, existe somente uma rede única e global, o conjunto de todas as redes, a Internet.
História
A origem da rede mundial de comunicações, como também é conhecida, ocorreu na área
militar. O lançamento soviético do Sputnik 1 causou como consequência a criação americana
da Defense Advanced Research Projects Agency (Agência de Projetos de Pesquisa Avançada),
conhecida como DARPA, em fevereiro de 1955, com o objetivo de obter novamente a
liderança tecnológica perdida para os soviéticos durante a Guerra Fria. A DARPA criou o
Information Processing Techniques Office (Escritório de Tecnologia de Processamento de
Informações - IPTO) para promover a pesquisa do programa Semi Automatic Ground
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 412
Environment, que tinha ligado vários sistemas de radares espalhados por todo o território
americano pela primeira vez. Joseph Carl Robnett Licklider foi escolhido para liderar o IPTO.
Licklider se transferiu do laboratório psico-acústico, na Universidade de Harvard, para o MIT
em 1950, após se interessar em tecnologia de informação. No MIT, fez parte de um comitê
que estabeleceu o Laboratório Lincoln e trabalhou no projeto SAGE. Em 1957, tornou-se o
vice-presidente do BBN, quando comprou a primeira produção do computador PDP-1 e
conduziu a primeira demonstração de tempo compartilhado.
No IPTO, Licklider se associou a Lawrence Roberts para começar um projeto com o objetivo
de fazer uma rede de computadores, e a tecnologia usada por Robert se baseou no trabalho de
Paul Baran, que havia escrito um estudo extenso para a Força Aérea dos Estados Unidos
recomendando a comutação de pacotes ao invés da comutação de circuitos para tornar as
redes mais robustas e estáveis. Após muito trabalho, os dois primeiros elos daquele que viria a
ser o ARPANET foram interconectados entre a Universidade da Califórnia em Los Angeles e
o SRI (que viria a ser o SRI International), em Menlo Park, Califórnia, em 29 de outubro de
1969. O ARPANET foi uma das primeiras redes da história da Internet atual.
Após a demonstração de que a ARPANET trabalhava com comutações de pacotes, o General
Post Office, a Telenet, a DATAPAC e a TRANSPAC, trabalharam em colaboração para a
criação da primeira rede de computador em serviço. No Reino Unido, a rede foi referida como
o Serviço Internacional de Comutação de Pacotes (IPSS).
Este sistema garantia a integridade da informação caso uma das conexões da rede sofresse um
ataque inimigo, pois o tráfego nela poderia ser automaticamente encaminhado para outras
conexões. O curioso é que raramente a rede sofreu algum ataque inimigo. Em 1991, durante a
Guerra do Golfo, certificou-se que esse sistema realmente funcionava, devido à dificuldade
dos Estados Unidos de derrubar a rede de comando do Iraque, que usava o mesmo sistema.
O X.25 era independente dos protocolos TCP/IP, que surgiram do trabalho experimental em
cooperação entre a DARPA, o ARPANET, o Packet Radio e o Packet Satellite Net Vinton
Cerf e Robert Kahn desenvolveram a primeira descrição de protocolos TCP em 1973 e
publicaram um artigo sobre o assunto em maio de 1974. O uso do termo "Internet" para
descrever uma única rede TCP/IP global se originou em dezembro de 1974, com a publicação
do RFC 685, a primeira especificação completa do TCP, que foi escrita por Vinton Cerf,
Yogen Dalal e Carl Sunshine, na Universidade de Stanford. Durante os nove anos seguintes, o
trabalho prosseguiu refinando os protocolos e os implementando numa grande variedade de
sistemas operacionais.
A primeira rede de grande extensão baseada em TCP/IP entrou em operação em 1 de janeiro
de 1983, quando todos os computadores que usavam o ARPANET trocaram os antigos
protocolos NCP. Em 1985, a Fundação Nacional da Ciência (NSF) dos Estados Unidos
patrocinou a construção do National Science Foundation Network, um conjunto de redes
universitárias interconectadas em 56 kilobits por segundo (kbps), usando computadores
denominados pelo seu inventor, David L. Mills, como "fuzzballs". No ano seguinte, a NSF
patrocinou a conversão dessa rede para uma maior velocidade, 1,5 megabits por segundo. A
decisão importantíssima de usar TCP/IP DARPA foi feita por Dennis Jennings, que estava no
momento com a responsabilidade de conduzir o programa "Supercomputador" na NSF.
A abertura da rede para interesses comerciais começou em 1988. O Conselho Federal de
Redes dos Estados Unidos aprovou a interconexão do NSFNER para o sistema comercial
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MCI Mail naquele ano, e a ligação foi feita em meados de 1989. Outros serviços comerciais
de correio eletrônico foram logo conectados, incluindo a OnTyme, a Telemail e a
Compuserve. Naquele mesmo ano, três provedores comerciais de serviços de Internet (ISP)
foram criados: a UUNET, a PSINet e a CERFNET. Várias outras redes comerciais e
educacionais foram interconectadas, tais como a Telenet, a Tymnet e a JANET, contribuindo
para o crescimento da Internet. A Telenet (renomeada mais tarde para Sprintnet) foi uma
grande rede privada de computadores com livre acesso dial-up de cidades dos Estados Unidos
que estava em operação desde a década de 1970. Esta rede foi finalmente interconectada com
outras redes durante a década de 1980 assim que o protocolo TCP/IP se tornou cada vez mais
popular. A habilidade dos protocolos TCP/IP de trabalhar virtualmente em quaisquer redes de
comunicação pré-existentes permitiu a grande facilidade do seu crescimento, embora o rápido
crescimento da Internet se deva primariamente à disponibilidade de rotas comerciais de
empresas, tais como a Cisco Systems, a Proteon e a Juniper, e à disponibilidade de
equipamentos comerciais Ethernet para redes de área local, além da grande implementação
dos protocolos TCP/IP no sistema operacional UNIX.
Desenvolvimento e ampliação
Posteriomente, universidades, colégios e empresas foram se unindo a esta iniciativa,
ampliando os horizontes e acabando a Internet a converter-se no fenômeno de hoje. A
popularização da rede veio somente no início da década de 90, isso nos Estados Unidos. No
Brasil tornou-se mais popular com o barateamento dos "modems" por volta de 1995. Durante
todo esse tempo, a rede tem experimentado um crescimento exponencial e espetacular, e hoje
em dia, é acessível na maioria dos lugares do planeta. Há quem afirme que a Internet é um
espaço de comunicação independente e com vida própria. Com ela temos a oportunidade de
nos comunicar com milhões de pessoas no mundo todo, acessar alguns milhões de
computadores, distribuídos em cerca de 100.000 redes em mais de 100 países. Ou seja, pela
ordem de grandeza dos dados anteriores, pode-se imaginar sua força como veículo de
comunicação.
O nascimento da World Wide Web
A Organização Europeia para a Investigação Nuclear (CERN) foi a responsável pela invenção
da World Wide Web, ou simplesmente a Web, como hoje a conhecemos. Corria o ano de
1990, e o que, numa primeira fase, permitia apenas aos cientistas trocar dados, acabou por se
tornar a complexa e essencial Web.
O responsável pela invenção chama-se Tim Berners-Lee, que construiu o seu primeiro
computador na Universidade de Oxford, onde se formou em 1976. Quatro anos depois,
tornava-se consultor de engenharia de software no CERN e escrevia o seu primeiro programa
para armazenamento de informação – chamava-se Enquire e, embora nunca tenha sido
publicada, foi a base para o desenvolvimento da Web.
Em 1989, propôs um projecto de hipertexto que permitia às pessoas trabalhar em conjunto,
combinando o seu conhecimento numa rede de documentos. Foi esse projecto que ficou
conhecido como a World Wide Web. A Web funcionou primeiro dentro do CERN, e no
Verão de 1991 foi disponibilizada mundialmente.
Em 1994 Berners-Lee criou o World Wide Web Consortium, onde actualmente assume a
função de director. Mais tarde, e em reconhecimento dos serviços prestados para o
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 414
desenvolvimento global da Web, Tim Berners-Lee, actual director do World Wide Web
Consortium, foi nomeado cavaleiro pela rainha da Inglaterra.
Como funciona
A Internet distribui, através dos seus servidores, uma grande variedade de documentos, entre
os quais formam a arquitetura World Wide Web. Trata-se de uma infinita quantidade de
documentos (texto e multimédia) que qualquer utilizador de rede pode aceder para consultar e
que, normalmente, tem ligação com outros serviços de Internet. Estes documentos têm
facilitado a utilização em larga escala da Internet em todo mundo, visto que por meio deles
qualquer utilizador com um mínimo de conhecimento de informática, pode aceder à rede.
Como navegar
Para poder navegar na Internet é necessário dispor de um navegador (browser). Existem
diversos programas deste tipo, sendo os mais conhecidos na atualidade, o Microsoft Internet
Explorer, Mozilla Firefox, Google Chrome, entre outros. Os navegadores permitem, portanto,
que os utilizadores da rede acedam às páginas WEB e que enviem ou recebam mensagens do
correio eletrônico de qualquer parte do mundo. Existem também na rede dispositivos
especiais de localização de informações indispensáveis atualmente, devido à magnitude que a
rede alcançou. Os mais conhecidos são o Google, Yahoo! e Ask.com. Há também outros
serviços disponíveis na rede, como transferência de arquivos entre usuários (download),
teleconferência múltipla em tempo real (videoconferência), etc.
No Brasil
Depois da fase militar, a Internet teve seu desenvolvimento administrado pela NSF (National
Science Foundation) na década de 70. Depois a NSF transferiu esta responsabilidade para a
iniciativa privada. Em 1992 surgiu a Internet Society para tentar arrumar a desordem reinante,
então. No Brasil existe o Comitê Gestor da Internet e um órgão para o registro de domínios
(FAPESP - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo). No Brasil há cerca de
20 mil domínios registrados. No final de 1997, o Comitê Gestor liberou novos domínios de
primeiro nível, ou seja:
.art - artes, música, pintura, folclore. etc.
.esp - esportes em geral;
.ind - provedores de informações;
.psi - provedores de serviços Internet;
.rec - atividades de entretenimento, diversão, jogos, etc;
.etc - atividades não enquadráveis nas demais categorias;
.tmp - eventos de duração limitada ou temporária.
Antes desses só tínhamos dois domínios:
.com - uso geral;
.org - para instituições não governamentais.
.gov - para instituições governamentais.
De forma resumida, uma pessoa que possui um micro computador com um aparelho chamado
"modem", utiliza a linha telefônica para conectar-se a um Provedor de Acesso (Oi, GVT, Net,
dentre outros), que possui um "link" de alta velocidade com as companhias telefônicas. Estas
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companhias se comunicam via satélite ou outro meio. Desta forma, se dá a conexão entre dois
usuários ou mais, que podem ser empresas, instituições ou particulares.
Provedor de Acesso
Se constitui numa empresa que possui uma linha de conexão de alta velocidade com a
companhia telefônica local. Estas empresas prestam serviço de conectar o usuário à internet.
Crescimento
Gráfico mostrando a proporção de usuários de
Internet a cada 100 pessoas, entre 1997 e 2007, feita
pela União Internacional de Telecomunicações.
Embora as aplicações básicas e as orientações que
fazem a Internet existir por quase duas décadas, a
rede não ganhou interesse público até a década de
1990. Em 6 de agosto de 1991, a CERN, uma
organização pan-europeia de pesquisa de partículas,
publicou o novo projeto "World Wide Web". A Web
foi inventada pelo cientista inglês Tim Berners-Lee,
em 1989.
Um dos primeiros navegadores web foi o ViolaWWW, após o programa "HyperCard", e
construído usando o X Window System. O navegador foi substituído pelo "Mosaic". Em
1993, o National Center for Supercomputing Applications (Centro Nacional de Aplicações de
Supercomputadores - NCSA) dos Estados Unidos, na Universidade de Illinois, liberou a
versão 1.0 do Mosaic, e no final de 1994, havia crescente interesse público na Internet, que
era considerada anteriormente muito técnica e acadêmica. Em 1996, o uso da palavra Internet
tinha se estabelecido na linguagem popular, e consequentemente, havia se tornado
erroneamente um sinônimo em referência a World Wide Web.
Enquanto isso, com o decorrer da década, a Internet conseguiu com sucesso acomodar a
grande maioria das redes públicas existentes (embora algumas redes, tais como a FidoNet,
continuaram separadas). Durante a década de 1990, estimou-se que o crescimento da Internet
era de mais de 100% ao ano, com um breve período de crescimento explosivo entre 1996 e
1997. Este crescimento é atribuído frequentemente à falta de uma administração central,
assim como à natureza aberta dos protocolos da Internet.
Tipos de conexão
Os meios de acesso direto à Internet são a conexão dial-up, a banda larga (em cabos coaxiais,
fibras ópticas ou cabos metálicos), Wi-Fi, satélites e telefones celulares com tecnologia 3G.
Há ainda aqueles locais onde o acesso é provido por uma instituição ou empresa e o usuário se
conecta à rede destas que provêm então acesso a Internet. Entre esses locais, encontram-se
aqueles públicos com computadores para acesso à Internet, como centros comunitários,
centros de inclusão digital, bibliotecas e cyber cafés, além de pontos de acesso à Internet,
como aeroportos e outros. Alguns desses locais limitam o uso por usuário a breves períodos
de tempo. Para nomear estes locais, vários termos são usados, como "terminal de acesso
público", "quiosques de acesso a Internet", "LAN houses" ou ainda "telefones públicos com
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acesso à Internet". Muitos hotéis também têm pontos públicos de conexão à Internet, embora
na maior parte dos casos, é necessário pagar pelos momentos de acesso. Existem, ainda, locais
de acesso à Internet sem fio (Wi-Fi), onde usuários precisam trazer seus próprios aparelhos
dotados de tecnologia Wi-Fi, como laptops ou PDAs. Estes serviços de acesso a redes sem fio
podem estar confinados a um edifício, uma loja ou restaurante, a um campus ou parque
inteiro, ou mesmo cobrir toda uma cidade. Eles podem ser gratuitos para todos, livres somente
para clientes, ou pagos. Iniciativas grassroots levaram à formação de redes de comunidades
sem fio. Serviços comerciais Wi-Fi já estão cobrindo grandes áreas de cidades, como
Londres, Viena, Toronto, San Francisco, Filadélfia, Chicago e Pittsburgh. A Internet pode ser
acessada nessas cidades em parques ou mesmo nas ruas.
À parte do Wi-Fi, há experimentos com redes móveis sem fio, como o Ricochet, além de
vários serviços de dados de alta velocidade em redes de telefones celulares.
Telefones celulares de última geração, como o smartphone, geralmente vêm com acesso à
Internet através da própria rede do telefone. Navegadores web, como o Opera, estão
disponíveis nestes aparelhos portáteis, que podem também rodar uma grande variedade de
outros softwares especialmente desenvolvidos para a Internet. Existem mais telefones
celulares com acesso à Internet do que computadores pessoais, embora a Internet nos
telefones não seja grandemente usada. Os provedores de acesso a Internet e a matriz de
protocolo, no caso dos telefones celulares, diferenciam-se dos métodos normais de acesso.
Arquitetura
Muitos cientistas de computação veem a Internet como o "maior exemplo de sistema de
grande escala altamente engenharizado, ainda muito complexo". A Internet é extremamente
heterogênea, por exemplo, as taxas de transferências de dados e as características físicas das
conexões variam grandemente. A Internet exibe "fenômenos emergentes" que dependem de
sua organização de grande escala. Por exemplo, as taxas de transferências de dados exibem
autossimilaridade temporal. Adicionando ainda mais à complexidade da Internet, está a
habilidade de mais de um computador de usar a Internet através de um elo de conexão, assim
criando a possibilidade de uma sub-rede profunda e hierárquica que pode teoricamente ser
estendida infinitivamente, desconsiderando as limitações programáticas do protocolo IPv4. Os
princípios desta arquitetura de dados se originam na década de 1960, que pode não ser a
melhor solução de adaptação para os tempos modernos. Assim, a possibilidade de
desenvolver estruturas alternativas está atualmente em planejamento.
De acordo com um artigo de junho de 2007, na revista Discover, o peso combinado de todos
os elétrons que se movem dentro da Internet num dia é de 2−6
gramas. Outras estimativas
dizem que o peso total dos elétrons que se movem na Internet diariamente chega a 2 gramas.
Protocolos
Para o funcionamento da Internet existem três camadas de protocolos. Na camada mais baixa
está o Protocolo de Internet (Internet Protocol), que define datagramas ou pacotes que
carregam blocos de dados de um nó da rede para outro. A maior parte da Internet atual utiliza
a IPv4, quarta versão do protocolo, apesar de o IPv6 já estar padronizado, sendo usado em
algumas redes específicas somente. Independentemente da arquitetura de computador usada,
dois computadores podem se comunicar entre si na Internet, desde que compreendam o
protocolo de Internet. Isso permite que diferentes tipos de máquinas e sistemas possam
conectar-se à grande rede, seja um PDA conectando-se a um servidor WWW ou um
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computador pessoal executando Microsoft Windows conectando-se a outro computador
pessoal executando Linux.
Na camada média está o TCP, UDP e ICMP. Esses são protocolos no qual os dados são
transmitidos. O TCP é capaz de realizar uma conexão virtual, fornecendo certo grau de
garantia na comunicação de dados.
Na camada mais alta estão os protocolos de aplicação, que definem mensagens específicas e
formatos digitais comunicados por aplicações. Alguns dos protocolos de aplicação mais
usados incluem DNS (informações sobre domínio), POP3 (recebimento de e-mail), IMAP
(acesso de e-mail), SMTP (envio de e-mail), HTTP (documentos da WWW) e FTP
(transferência de dados). Todos os serviços da Internet fazem uso dos protocolos de aplicação,
sendo o correio eletrônico e a World Wide Web os mais conhecidos. A partir desses
protocolos é possível criar aplicações como listas de discussão ou blogs.
Diferentemente de sistemas de comunicação mais antigos, os protocolos da Internet foram
desenvolvidos para serem independentes do meio físico de transmissão. Qualquer rede de
comunicação, seja através de cabos ou sem fio, que seja capaz de transportar dados digitais de
duas vias é capaz de transportar o tráfego da Internet. Por isso, os pacotes da Internet podem
ser transmitidos por uma variedade de meios de conexão tais como cabo coaxial, fibra ótica,
redes sem fio ou por satélite. Juntas, todas essas redes de comunicação formam a Internet.
Notar que, do ponto de vista da camada de aplicação, as tecnologias utilizadas nas camadas
inferiores é irrelevante, contanto que sua própria camada funcione. Ao nível de aplicação, a
Internet é uma grande "nuvem" de conexões e de nós terminais, terminais esses que, de
alguma forma, se comunicam.
A complexa infraestrutura de comunicações da Internet consiste de seus componentes de
hardware e por um sistema de camadas de softwares que controla vários aspectos da
arquitetura na rede. Enquanto que o hardware pode ser usado frequentemente para apoiar
outros sistemas de software, é o projeto e o rigoroso processo de padronização da arquitetura
dos softwares que caracteriza a Internet.
A responsabilidade do desenho arquitetônico dos softwares de Internet tem sido delegada a
Internet Engineering Task Force (Força-tarefa de Engenharia da Internet - IETF). Ela conduz
grupos de trabalho para estabelecimento de padrões, aberto para qualquer pessoa, sobre os
vários aspectos da Internet. As discussões resultantes e os padrões finais são publicados no
Request for Comments (Pedidos de comentários - RFC), disponível livremente no sítio web da
organização.
Os principais métodos de redes que habilitam a Internet estão contidos numa série de RFC
que constituem os padrões da Internet, que descrevem um sistema conhecido como o
Conjunto de Protocolos de Internet. Essa é uma arquitetura de modelo que divide os métodos
num sistema de camadas de protocolos (RFC 1122, RFC 1123). As camadas correspondem ao
ambiente ou ao escopo, nos quais seus serviços operam. No topo do espaço (camada de
aplicação) da aplicação dos softwares e logo abaixo, está a camada de transporte, que conecta
as aplicações em diferentes computadores através da rede (por exemplo, modelo cliente-
servidor). A rede subjacente consiste de duas camadas: a camada da Internet, que habilita os
computadores de se conectar um ao outro através de redes intermediárias (transitórias), e
portanto, é a camada que estabelece o funcionamento da Internet, e a própria Internet.
Finalmente, na base, é uma camada de software que provê a conectividade entre
computadores na mesma ligação local (chamada de camada de ligação), por exemplo, a área
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de rede local (LAN), ou uma conexão dial-up. Este modelo também é conhecido como
modelo TCP/IP de rede. Enquanto que outros modelos têm sido desenvolvidos, tais como o
modelo Open Systems Interconnection (Interconexão Aberta de Sistemas - OSI), esses não são
compatíveis nos detalhes da descrição, nem na implementação.
O componente mais proeminente da modelagem da Internet é o Protocolo de Internet (IP), que
provê sistemas de endereçamento na Internet e facilita o funcionamento da Internet nas redes.
O IP versão 4 (IPv4) é a versão inicial usada na primeira geração da Internet atual e ainda está
em uso dominante. Ele foi projetado para endereçar mais de 4,3 bilhões de computadores com
acesso à Internet. No entanto, o crescimento explosivo da Internet levou à exaustão de
endereços IPv4. Uma nova versão de protocolo foi desenvolvida, o IPv6, que provê
capacidades de endereçamento vastamente maior, e rotas mais eficientes de tráfego de dados.
Ele está atualmente na fase de desenvolvimento comercial em todo o mundo.
O IPv6 não é interoperável com o IPv4. Estabelece essencialmente uma versão "paralela" da
Internet não-acessível com softwares IPv4. Isto significa que são necessários atualizações de
softwares para cada aparelho ligado à rede que precisa se conectar com a Internet IPv6. A
maior parte dos sistemas operacionais já estão convertidos para operar em ambas as versões
de protocolos de Internet. As infraestruturas de rede, no entanto, ainda estão lentas neste
desenvolvimento.
Estrutura
Existem muitas análises da Internet e de sua estrutura. Por exemplo, foi determinado que tanto
a estrutura de rotas IP da Internet quanto as ligações de hipertexto da World Wide Web são
exemplos de redes de escala livre.
Semelhantemente aos provedores comerciais de Internet, que se conectam através de pontos
neutros, as redes de pesquisa tendem a se interconectar com subredes maiores, como as
listados abaixo:
GEANT
GLORIAD
A rede Internet2 (conhecido anteriormente como Rede Abilene)
JANET (A Rede Nacional de Pesquisa e Educação do Reino Unido)
Essas, então, são construídas em torno de redes relativamente menores. Diagramas de redes
de computador representam frequentemente a Internet usando um símbolo de nuvem, pelo
qual as comunicações de rede passam.
ICANN
O centro de operações da ICANN, em Marina del Rey, Califórnia,
Estados Unidos.
A Corporação da Internet de Nomes e Números Designados
(ICANN) é a autoridade que coordena a designação de
identificadores únicos na Internet, incluindo nomes de domínio,
endereços de protocolo de Internet (IP), a porta de protocolo e
números de parâmetro. Um espaço nominal globalmente unificado (por exemplo, um sistema
de nomes no qual há pelo menos um possuidor para cada nome possível) é essencial para a
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Internet funcionar. A ICANN está sediada em Marina del Rey, Califórnia, mas é
supervisionada por uma diretoria internacional extraída de comunidades de técnicos,
negociantes, acadêmicos e não-comerciais da internet. O governo dos Estados Unidos
continua a ter o papel primário de aprovar as mudanças nos arquivos da zona de raiz DNS,
que ficam no coração do sistema de nomes de domínio. Por causa da Internet ser uma rede
distribuída que compreende muitas redes voluntárias interconectadas, a Internet não tem um
corpo governante. O papel da ICANN em coordenar a designação de identificadores únicos
distingue-o como talvez o único corpo coordenador na Internet global, mas o escopo de sua
autoridade estende-se somente ao sistema da Internet de nomes de domínio, endereços IP,
portas de protocolo e números de parâmetro.
Em 16 de novembro de 2005, a Cúpula Mundial sobre a Sociedade da Informação, realizada
em Tunis, Tunísia, estabeleceu o Fórum de Governança da Internet (IGF) para discutir os
assuntos relacionados à Internet.
Uso da Internet no mundo
Sites de Internet por países:
+100.000.000
5.000.000 - 100.000.000
2.000.000 - 5.000.000
1.000.000 - 2.000.000
500.000 - 1.000.000
200.000 - 500.000
50.000 - 200.000
10.000 - 50.000
0 - 10.000
A língua dominante da
comunicação na Internet é o
inglês. Isto talvez seja o
resultado das origens da Internet, assim como o papel do inglês como língua franca. Além
disso, isso também talvez esteja relacionado às grandes limitações dos primeiros
computadores, que foram fabricados na maior parte nos Estados Unidos, que não
compreendem outros caracteres que não pertencem àqueles do alfabeto latino usados pelo
inglês.
Por comparação, as línguas mais usadas na World Wide Web são o inglês (28,6%), o chinês
(20,3%), espanhol (8,2%), japonês (5,9%), francês (4,6%), português (4,6%), alemão (4,1%),
árabe (2,6%), russo (2,4%) e coreano (2,3%).
Por região, 41% dos usuários de Internet do mundo estão na Ásia, 25% na Europa, 16% na
América do Norte, 11% na América Latina e Caribe, 3% na África, 3% no Oriente Médio e
1% na Austrália.
As tecnologias da Internet se desenvolveram suficientemente nos anos recentes,
especialmente no uso do Unicode. Com isso, a facilidade está disponível para o
desenvolvimento e a comunicação de softwares para as línguas mais usadas. No entanto,
ainda existem alguns erros de incompatibilidade de caracteres, conhecidos como mojibake (a
exibição incorreta de caracteres de línguas estrangeiras, conhecido também como
kryakozyabry).
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 420
Serviços
Correio eletrônico
Ícone de um cliente de correio eletrônico.
O conceito de enviar mensagens eletrônicas de texto entre partes de uma
maneira análoga ao envio de cartas ou de arquivos é anterior à criação da
Internet. Mesmo hoje em dia, pode ser importante distinguir a Internet de
sistemas internos de correios eletrônicos (e-mails). O e-mail de Internet pode viajar e ser
guardado descriptografado por muitas outras redes e computadores que estão fora do alcance
do enviador e do receptor. Durante este tempo, é completamente possível a leitura, ou mesmo
a alteração realizada por terceiras partes de conteúdo de e-mails. Sistemas legítimos de
sistemas de e-mail internos ou de Intranet, onde as informações nunca deixam a empresa ou a
rede da organização, são muito mais seguros, embora em qualquer organização haja IT e
outras pessoas que podem estar envolvidas na monitoração, e que podem ocasionalmente
acessar os e-mails que não são endereçados a eles. Hoje em dia, pode-se enviar imagens e
anexar arquivos no e-mail. A maior parte dos servidores de e-mail também destaca a
habilidade de enviar e-mails para múltiplos endereços eletrônicos.
Também existem sistemas para a utilização de correio eletrônico através da World Wide Web
(ver esse uso abaixo), os webmails. Sistemas de webmail utilizam páginas web para a
apresentação e utilização dos protocolos envolvidos no envio e recebimento de e-mail.
Diferente de um aplicativo de acesso ao e-mail instalado num computador, que só pode ser
acessado localmente pelo utilizador ou através de acesso remoto (ver esse uso abaixo), o
conteúdo pode ser acessado facilmente em qualquer lugar através de um sistema de
autenticação pela WWW.
World Wide Web
Um navegador apresentando uma página web.
Através de páginas web classificadas por motores de busca e
organizadas em sítios web, milhares de pessoas possuem acesso
instantâneo a uma vasta gama de informação on-line em
hipermídia. Comparado às enciclopédias e às bibliotecas
tradicionais, a WWW permitiu uma extrema descentralização da
informação e dos dados. Isso inclui a criação ou popularização
de tecnologias como páginas pessoais, weblogs e redes sociais, no qual qualquer um com
acesso a um navegador (um programa de computador para acessar a WWW) pode
disponibilizar conteúdo.
A www é talvez o serviço mais utilizado e popular na Internet. Frequentemente, um termo é
confundido com o outra. A Web vem se tornando uma plataforma comum, na qual outros
serviços da Internet são disponibilizados. Pode-se utilizá-la atualmente para usar o correio
eletrônico (através de webmail), realizar colaboração (como na Wikipédia) e compartilhar
arquivos (através de sítios web específicos para tal).
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Acesso remoto
Um ambiente de trabalho remoto em execução
A Internet permite a utilizadores de computadores a conexão com
outros computadores facilmente, mesmo estando em localidades
distantes no mundo. Esse acesso remoto pode ser feito de forma
segura, com autenticação e criptografia de dados, se necessário.
Uma VPN é um exemplo de rede destinada a esse propósito.
Isto está encorajando novos meios de se trabalhar de casa, a colaboração e o
compartilhamento de informações em muitas empresas. Um contador estando em casa pode
auditar os livros-caixa de uma empresa baseada em outro país por meio de um servidor
situado num terceiro país, que é mantido por especialistas IT num quarto país. Estas contas
poderiam ter sido criadas por guarda-livros que trabalham em casa em outras localidades mais
remotas, baseadas em informações coletadas por e-mail de todo o mundo. Alguns desses
recursos eram possíveis antes do uso disperso da Internet, mas o custo de linhas arrendadas
teria feito muitos deles impraticável.
Um executivo fora de seu local de trabalho, talvez no outro lado do mundo numa viagem a
negócios ou de férias, pode abrir a sua sessão de desktop remoto em seu computador pessoal,
usando uma conexão de Virtual Private Network (VPN) através da Internet. Isto dá ao usuário
um acesso completo a todos os seus dados e arquivos usuais, incluindo o e-mail e outras
aplicações. Isso mesmo enquanto está fora de seu local de trabalho.
O Virtual Network Computing (VNC) é um protocolo bastante usado por utilizadores
domésticos para a realização de acesso remoto de computadores. Com ele é possível utilizar
todas as funcionalidades de um computador a partir de outro, através de uma área de trabalho
virtual. Toda a interface homem-computador realizada em um computador, como o uso do
mouse e do teclado, é refletida no outro computador.
Colaboração
Um mensageiro instantâneo na tela de conversa.
O baixo custo e o compartilhamento quase instantâneo de ideias,
conhecimento e habilidades, tem feito do trabalho colaborativo
drasticamente mais fácil. Não somente um grupo pode de forma
barata comunicar-se e compartilhar ideias, mas o grande alcance da
Internet permite a tais grupos facilitar a sua própria formação em
primeiro lugar. Um exemplo disto é o movimento do software livre, que produziu o Linux, o
Mozilla Firefox, o OpenOffice.org, entre outros.
O chat, as redes sociais e os sistemas de mensagem instantâneas são tecnologias que também
utilizam a Internet como meio de troca de ideias e colaboração. Mesmo o correio eletrônico é
tido atualmente como uma ferramenta de trabalho colaborativo. Ainda bastante usado em
ambientes corporativo, vêm perdendo espaço entre utilizadores pessoais para serviços como
mensagem instantânea e redes sociais devido ao dinamismo e pluralidade de opções
fornecidas por esses dois.
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Outra aplicação de colaboração na Internet são os sistemas wiki, que utilizam a World Wide
Web para realizar colaboração, fornecendo ferramentas como sistema de controle de versão e
autenticação de utilizadores para a edição on-line de documentos.
Compartilhamento de arquivos
Um compartilhador de arquivos
Um arquivo de computador pode ser compartilhado por
diversas pessoas através da Internet. Pode ser carregado num
servidor Web ou disponibilizado num servidor FTP,
caracterizando um único local de fonte para o conteúdo.
Também pode ser compartilhado numa rede P2P. Nesse caso, o acesso é controlado por
autenticação, e uma vez disponibilizado, o arquivo é distribuído por várias máquinas,
constituindo várias fontes para um mesmo arquivo. Mesmo que o autor original do arquivo já
não o disponibilize, outras pessoas da rede que já obtiveram o arquivo podem disponibilizá-lo.
A partir do momento que a midia é publicada, perde-se o controle sobre ela. Os
compartilhadores de arquivo através de redes descentralizadas como o P2P são
constantemente alvo de críticas devido a sua utilização como meio de pirataria digital: com o
famoso caso Napster. Tais redes evoluiram com o tempo para uma maior descentralização, o
que acaba por significar uma maior obscuridade em relação ao conteúdo que está trafegando.
Estas simples características da Internet, sobre uma base mundial, estão mudando a produção,
venda e a distribuição de qualquer coisa que pode ser reduzida a um arquivo de computador
para a sua transmissão. Isto inclui todas as formas de publicações impressas, produtos de
software, notícias, música, vídeos, fotografias, gráficos e outras artes digitais. Tal processo,
vem causando mudanças dramáticas nas estratégias de mercado e distribuição de todas as
empresas que controlavam a produção e a distribuição desses produtos.
Transmissão de mídia
Transmissão de um vídeo
Muitas difusoras de rádio e televisão existentes proveem feeds
de Internet de suas transmissões de áudio e de vídeo ao vivo
(por exemplo, a BBC). Estes provedores têm sido conectados a
uma grande variedade de "difusores" que usam somente a
Internet, ou seja, que nunca obtiveram licenças de transmissão
por meios oficiais. Isto significa que um aparelho conectado à
Internet, como um computador, pode ser usado para acessar mídias online pelo mesmo jeito
do que era possível anteriormente somente com receptores de televisão ou de rádio. A
variedade de materiais transmitidos também é muito maior, desde a pornografia até webcasts
técnicos e altamente especializados. O podcasting é uma variação desse tema, em que o
material - normalmente áudio - é descarregado e tocado num computador, ou passado para um
tocador de mídia portátil. Estas técnicas que se utilizam de equipamentos simples permitem a
qualquer um, com pouco controle de censura ou de licença, difundir material áudio-visual
numa escala mundial.
As webcams podem ser vistas como uma extensão menor deste fenômeno. Enquanto que
algumas delas podem oferecer vídeos a taxa completa de quadros, a imagem é normalmente
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 423
menor ou as atualizações são mais lentas. Os usuários de Internet podem assistir animais
africanos em volta de uma poça de água, navios no Canal do Panamá, o tráfego de uma
autoestrada ou monitorar seus próprios entes queridos em tempo real. Salas de vídeo chat ou
de vídeoconferência também são populares, e muitos usos estão sendo encontrados para as
webcams pessoais, com ou sem sistemas de duas vias de transmissão de som.
Telefonia na Internet (Voz sobre IP)
VoIP significa "Voice-over-Internet Protocol" (Voz sobre Protocolo de Internet), referindo-se
ao protocolo que acompanha toda comunicação na Internet. As ideias começaram no início da
década de 1990, com as aplicações de voz tipo "walkie-talkie" para computadores pessoais.
Nos anos recentes, muitos sistemas VoIP se tornaram fáceis de se usar e tão convenientes
quanto o telefone normal. O benefício é que, já que a Internet permite o tráfego de voz, o
VoIP pode ser gratuito ou custar muito menos do que telefonemas normais, especialmente em
telefonemas de longa distância, e especialmente para aqueles que estão sempre com conexões
de Internet disponíveis, seja a cabo ou ADSL.
O VoIP está se constituindo como uma alternativa competitiva ao serviço tradicional de
telefonia. A interoperabilidade entre diferentes provedores melhorou com a capacidade de
realizar ou receber uma ligação de telefones tradicionais. Adaptadores de redes VoIP simples
e baratos estão disponíveis, eliminando a necessidade de um computador pessoal.
A qualidade de voz pode ainda variar de uma chamada para outra, mas é frequentemente igual
ou mesmo superior aos telefonemas tradicionais.
No entanto, os problemas remanescentes do serviço VoIP incluem a discagem e a confiança
em número de telefone de emergência. Atualmente, apenas alguns provedores de serviço
VoIP proveem um sistema de emergência. Telefones tradicionais são ligados a centrais
telefônicas e operam numa possível queda do fornecimento de eletricidade; o VoIP não
funciona se não houver uma fonte de alimentação ininterrupta para o equipamento usado
como telefone e para os equipamentos de acesso a Internet.
Para além de substituir o uso do telefone convencional, em diversas situações, o VoIP está se
popularizando cada vez mais para aplicações de jogos, como forma de comunicação entre
jogadores. Serviços populares para jogos incluem o Ventrilo, o Teamspeak, e outros. O
PlayStation 3 e o Xbox 360 também podem oferecer bate papo por meio dessa tecnologia.
Impacto social
A Internet tem possibilitado a formação de novas formas de interação, organização e
atividades sociais, graças as suas características básicas, como o uso e o acesso difundido.
Redes sociais, como Facebook, MySpace, Orkut, Twitter, entre outras, têm criado uma nova
forma de socialização e interação. Os usuários desses serviços são capazes de adicionar uma
grande variedade de itens as suas páginas pessoais, de indicar interesses comuns, e de entrar
em contato com outras pessoas. Também é possível encontrar um grande círculo de
conhecimentos existentes, especialmente se o site permite que usuários utilizem seus nomes
reais, e de permitir a comunicação entre os grandes grupos existentes de pessoas.
Internet, as organizações políticas e a censura
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Protestos eleitorais no Irã em 2009. Através do Twitter, do
Facebook e outras redes sociais a população iraniana pode
trocar informações com outros países, além de organizar
protestos, dado que os veículos da mídia tradicional
sofriam restrições por parte do governo do país.
Em sociedades democráticas, a Internet tem alcançado
uma nova relevância como uma ferramenta política. A
campanha presidencial de Barack Obama em 2008 nos Estados Unidos ficou famosa pela sua
habilidade de gerar doações por meio da Internet. Muitos grupos políticos usam a rede global
para alcançar um novo método de organização, com o objetivo de criar e manter o ativismo na
Internet.
Alguns governos, como os do Irã, Coreia do Norte, Mianmar, República Popular da China,
Arábia Saudita e Cuba, restringem o que as pessoas em seus países podem acessar na Internet,
especialmente conteúdos políticos e religiosos. Isto é conseguido por meio de softwares que
filtram determinados domínios e conteúdos. Assim, esses domínios e conteúdos não podem
ser acessados facilmente sem burlar de forma elaborada o sistema de bloqueio.
Na Noruega, Dinamarca, Finlândia e na Suécia, grandes provedores de serviços de Internet
arranjaram voluntariamente a restrição (possivelmente para evitar que tal arranjo se torne uma
lei) ao acesso a sites listados pela polícia. Enquanto essa lista de URL proibidos contêm
supostamente apenas endereços URL de sites de pornografia infantil, o conteúdo desta lista é
secreta.
Muitos países, incluindo os Estados Unidos, elaboraram leis que fazem da posse e da
distribuição de certos materiais, como pornografia infantil, ilegais, mas não bloqueiam estes
sites com a ajuda de softwares.
Há muitos programas de software livres ou disponíveis comercialmente, com os quais os
usuários podem escolher bloquear websites ofensivos num computador pessoal ou mesmo
numa rede. Esses softwares podem bloquear, por exemplo, o acesso de crianças à pornografia
ou à violência.
Educação
O uso das redes como uma nova forma de interação no processo educativo amplia a ação de
comunicação entre aluno e professor e o intercâmbio educacional e cultural. Desta forma, o
ato de educar com o auxílio da Internet proporciona a quebra de barreiras, de fronteiras e
remove o isolamento da sala de aula, acelerando a autonomia da aprendizagem dos alunos em
seus próprios ritmos. Assim, a educação pode assumir um caráter coletivo e tornar-se
acessível a todos, embora ainda exista a barreira do preço e o analfabetismo tecnológico.
Ao utilizar o computador no processo de ensino-aprendizagem, destaca-se a maneira como
esses computadores são utilizados, quanto à originalidade, à criatividade, à inovação, que
serão empregadas em cada sala de aula. Para o trabalho direto com essa geração, que anseia
muito ter um "contato" direto com as máquinas, é necessário também um novo tipo de
profissional de ensino. Que esse profissional não seja apenas reprodutor de conhecimento já
estabelecido, mas que esteja voltado ao uso dessas novas tecnologias. Não basta que as
escolas e o governo façam com a multimédia o que vem fazendo com os livros didáticos,
tornando-os a panacéia da atividade do professor.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 425
A utilização da Internet leva a acreditar numa nova dimensão qualitativa para o ensino,
através da qual se coloca o ato educativo voltado para a visão cooperativa. Além do que, o uso
das redes traz à prática pedagógica um ambiente atrativo, onde o aluno se torna capaz, através
da autoaprendizagem e de seus professores, de poder tirar proveito dessa tecnologia para sua
vida.
A preocupação de tornar cada vez mais dinâmico o processo de ensino e aprendizagem, com
projetos interativos que usem a rede eletrônica, mostra que todos os processos são realizados
por pessoas. Portanto, elas são o centro de tudo, e não as máquinas. Consequentemente, não
se pode perder isto de vista e tentarmos fazer mudanças no ensino sem passar pelos
professores, e sem proporcionar uma preparação para este novo mundo que esta surgindo.
Aliar as novas tecnologias aos processos e atividades educativos é algo que pode significar
dinamismo, promoção de novos e constantes conhecimentos, e mais que tudo, o prazer do
estudar, do aprender, criando e recriando, promovendo a verdadeira aprendizagem e
renascimento constante do indivíduo, ao proporcionar uma interatividade real e bem mais
verdadeira, burlando as distâncias territoriais e materiais. Significa impulsionar a criança,
enfim, o sujeito a se desfazer da pessoa da passividade.
Torna-se necessário que educadores se apropriem das novas tecnologias, vendo nestes
veículos de expressão de linguagens o espaço aberto de aprendizagens, crescimento
profissional, e mais que isso, a porta de inserção dos indivíduos na chamada sociedade da
informação. Para isso, deve a instituição escolar extinguir o "faz-de-conta" através da pura e
limitada aquisição de computadores, para abrir o verdadeiro espaço para inclusão através do
efetivo uso das máquinas e do ilimitado ambiente web, não como mero usuário, mas como
produtor de novos conhecimentos.
O computador se tornou um forte aliado para desenvolver projetos, trabalhar temas
discutíveis. É um instrumento pedagógico que ajuda na construção do conhecimento não
somente para os alunos, mas também aos professores. Entretanto, é importante ressaltar que,
por si só, o computador não faz nada. O potencial de tal será determinado pela teoria
escolhida e pela metodologia empregada nas aulas. No entanto, é importante lembrar que
colocar computadores nas escolas não significa informatizar a educação, mas sim introduzir a
informática como recurso e ferramenta de ensino, dentro e fora da sala de aula, isso sim se
torna sinônimo de informatização da educação.
Sabe-se que a mola mestra de uma verdadeira aprendizagem está na parceria aluno-professor
e na construção do conhecimento nesses dois sujeitos. Para que se possa haver um ensino
mais significativo, que abrange todos os alunos, as aulas precisam ser participativas,
interativas, envolventes, tornando os alunos sempre "agentes" na construção de seu próprio
conhecimento.
Também é essencial que os professores estejam bem preparados para lidar com esse novo
recurso. Isso implica num maior comprometimento, desde a sua formação, estando este apto a
utilizar, ter noções computacionais, compreender as noções de ensino que estão nos software
utilizados estando sempre bem atualizados.
Lazer
A Internet é uma grande fonte de lazer, mesmo antes da implementação da World Wide Web,
com experimentos sociais de entretenimento, como MUDs e MOOs sendo conduzidos em
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 426
servidores de universidades, e muitos grupos Usenet relacionados com humor recebendo boa
parte do tráfego principal. Muitos fóruns de Internet têm seções dedicadas a jogos e vídeos de
entretenimento; charges curtas na forma de vídeo flash também são populares. Mais de seis
milhões de pessoas usam blogs ou sistemas de mensagens instantâneas como meios de
comunicação e compartilhamento de ideias.
As indústrias de pornografia ou de jogos de azar tem tido vantagens completas no World
Wide Web, e proveem frequentemente uma significativa fonte de renda de publicidades para
outros websites. Embora muitos governos têm tentado impor restrições no uso da Internet em
ambas as indústrias, isto tem geralmente falhado em parar a sua grande popularidade.
Uma das principais áreas de lazer na Internet é o jogo de múltiplos jogadores. Esta forma de
lazer cria comunidades, traz pessoas de todas as idades e origens para desfrutarem do mundo
mais acelerado dos jogos on-line. Estes jogos variam desde os MMORPG até a jogos em role-
playing game (RPG). Isto revolucionou a maneira de muitas pessoas de se interagirem e de
passar o seu tempo livre na Internet.
Enquanto que jogos on-line estão presentes desde a década de 1970, as formas dos modernos
jogos on-line começaram com serviços como o GameSpy e Mplayer, nos quais jogadores
poderiam tipicamente apenas subscrever. Jogos não-subscrevidos eram limitados a apenas
certos tipos de jogos.
Muitos usam a Internet para acessar e descarregar músicas, filmes e outros trabalhos para o
seu divertimento. Como discutido acima, há fontes pagas e não pagas para todos os arquivos
de mídia na Internet, usando servidores centralizados ou usando tecnologias distribuídas em
P2P. Algumas destas fontes tem mais cuidados com os direitos dos artistas originais e sobre
as leis de direitos autorais do que outras.
Muitos usam a World Wide Web para acessar notícias, previsões do tempo, para planejar e
confirmar férias e para procurar mais informações sobre as suas ideias aleatórias e interesses
casuais.
As pessoas usam chats, mensagens instantâneas e e-mails para estabelecer e ficar em contato
com amigos em todo o mundo, algumas vezes da mesma maneira de que alguns tinham
anteriormente amigos por correspondência. Websites de redes sociais, como o MySpace, o
Facebook, e muitos outros, ajudam as pessoas entrarem em contato com outras pessoas para o
seu prazer.
O número de web desktops tem aumentado, onde os usuários podem acessar seus arquivos,
entre outras coisas, através da Internet.
O "cyberslacking" tem se tornado uma séria perda de recursos de empresas; um funcionário
que trabalha no Reino Unido perde, em média, 57 minutos navegando pela web durante o seu
expediente, de acordo como um estudo realizado pela Peninsula Business Services.
Marketing
A Internet também se tornou um grande mercado para as empresas; algumas das maiores
empresas hoje em dia cresceram tomando vantagem da natureza eficiente do comércio e da
publicidade a baixos custos na Internet. É o caminho mais rápido para difundir informações
para um vasto número de pessoas simultaneamente. A Internet também revolucionou
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 427
subsequentemente as compras. Por exemplo, uma pessoa pode pedir um CD on-line e recebê-
lo na sua caixa de correio dentro de alguns dias, ou descarregá-lo diretamente em seu
computador, em alguns casos. A Internet também facilitou grandemente o mercado
personalizado, que permite a uma empresa a oferecer seus produtos a uma pessoa ou a um
grupo específico mais do que qualquer outro meio de publicidade.
Exemplos de mercado personalizado incluem comunidades on-line, tais como o MySpace, o
Friendster, o Orkut, o Facebook, o Twitter, entre outros, onde milhares de internautas juntam-
se para fazerem publicidade de si mesmos e fazer amigos on-line. Muitos destes usuários são
adolescentes ou jovens, entre 13 a 25 anos. Então, quando fazem publicidade de si mesmos,
fazem publicidade de seus interesses e hobbies, e empresas podem usar tantas informações
quanto para qual aqueles usuários irão oferecer online, e assim oferecer seus próprios
produtos para aquele determinado tipo de usuário.
A publicidade na Internet é um fenômeno bastante recente, que transformou em pouco tempo
todo o mercado publicitário mundial. Hoje, estima-se que a sua participação em todo o
mercado publicitário é de 10%, com grande pontencial de crescimento nos próximos anos.
Todo esse fenômeno ocorreu em curtíssimo espaço de tempo: basta lembrar que foi apenas
em 1994 que ocorreu a primeira ação publicitária na Internet. O primeiro anúncio foi em
forma de banner, criado pela empresa Hotwired para a divulgação da empresa norte-
americana AT&T, que entrou no ar em 25 de outubro de 1994. O primeiro banner da história
Ética na Internet
O acesso a um grande número de informações disponível às pessoas, com ideias e culturas
diferentes, pode influenciar o desenvolvimento moral e social das pessoas. A criação dessa
rede beneficia em muito a globalização, mas também cria a interferência de informações entre
culturas distintas, mudando assim a forma de pensar das pessoas. Isso pode acarretar tanto
uma melhora quanto um declínio dos conceitos da sociedade, tudo dependendo das
informações existentes na Internet.
Essa praticidade em disseminar informações na Internet contribui para que as pessoas tenham
o acesso a elas, sobre diversos assuntos e diferentes pontos de vista. Mas nem todas as
informações encontradas na Internet podem ser verídicas. Existe uma grande força no termo
"liberdade de expressão" quando se fala de Internet, e isso possibilita a qualquer indivíduo
publicar informações ilusórias sobre algum assunto, prejudicando, assim, a consistência dos
dados disponíveis na rede.
Um outro facto relevante sobre a Internet é o plágio, já que é muito comum as pessoas
copiarem o material disponível. "O plagiador raramente melhora algo e, pior, não atualiza o
material que copiou. O plagiador é um ente daninho que não colabora para deixar a Internet
mais rica; ao contrário, gera cópias degradadas e desatualizadas de material que já existe,
tornando mais difícil encontrar a informação completa e atual" Ao fazer uma cópia de um
material da Internet, deve-se ter em vista um possível melhoramento do material, e, melhor,
fazer citações sobre o verdadeiro autor, tentando-se, assim, ao máximo, transformar a Internet
num meio seguro de informações.
Nesse consenso, o usuário da Internet deve ter um mínimo de ética, e tentar, sempre que
possível, colaborar para o desenvolvimento da mesma. O usuário pode colaborar, tanto
publicando informações úteis ou melhorando informações já existentes, quanto preservando a
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integridade desse conjunto. Ele deve ter em mente que algum dia precisará de informações e
será lesado se essas informações forem ilusórias.
Crime na Internet
Os crimes mais usuais na rede incluem o envio de e-mails com falsos pedidos de atualização
de dados bancários e senhas, conhecidos como phishing. Da mesma forma, e-mails
prometendo falsos prêmios também são práticas onde o internauta é induzido a enviar
dinheiro ou dados pessoais. Também há o envio de arquivos anexados contaminados com
vírus de computador. Em 2004, os prejuízos com perdas on-line causadas por fraudes virtuais
foram de 80% em relações às perdas por razões diversas.
Como meio de comunicação, a rede também pode ser usada na facilitação de atos ilícitos,
como difamação e a apologia ao crime, e no comércio de itens e serviços ilícitos ou derivados
de atos ilícitos, como o tráfico de entorpecentes e a divulgação de fotos pornográficas de
menores.
Países sem acesso à Internet livre
Em pleno século XXl informação e tecnologia estão evoluindo a cada segundo, mesmo com
toda a modernidade virtual, ainda existem países que não compartilham dessa realidade.
Países como: Arábia Saudita, Belarus, Burma, Cuba, Egito, Etiópia, Irã, Coreia do Norte,
Síria, Tunísia, Turcomenistão, Uzbequistão, Vietnã e Zimbábue. Segundo a ONG que divulga
os ―inimigos da internet‖ intitulada: Repórteres Sem Fronteiras, "esses países transformaram
a internet em uma intranet, para que os usuários não obtenham informações consideradas
indesejáveis‖. Além do mais, todas essas nações têm em comum governos autoritários, que se
mantêm no poder por meio de um controle ideológico". A Coréia do Norte por exemplo é o
país que possui apenas dois websites registrados: o órgão de controle de uso da rede(Centro
Oficial de Computação) e o portal oficial do governo. Para população, é completamente
vetado o uso de internet até porque não existem provedores no país. Existem cyber’s
autorizados pelo governo, com conteúdo controlado e ainda assim as idas e vindas dos
policiais são indispensáveis. Apenas os governantes tem acesso a conexão via-satélite. Já em
Cuba, existe apenas um Cyber e o preço para acessar sites estrangeiros (e controlado) é de
cerca de 6 dólares por hora, sendo que o salário médio da população é de 17 dólares por mês.
Com a velocidade da informação que a internet proporciona, os governantes desses países
omitem informações da população, pois elas não tem acesso a esse emaranhado de notícias
em tempo real.
Editores de textos: broffice writer e word
BrOffice
BrOffice era o nome adotado no Brasil da suíte para escritório gratuita e de código aberto
LibreOffice. O BrOffice incluía seis aplicativos: um processador de textos (o Writer), uma
planilha eletrônica de cálculos (o Calc), um editor de apresentações (o Impress), um editor de
desenhos vetoriais (o Draw), um gerenciador de banco de dados (o Base) e um editor de
fórmulas científicas e matemáticas (o Math).
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O BrOffice.org, antigo nome adotado, passou a ser conhecido apenas como BrOffice, sem o
sufixo, a partir de sua versão 3.3. A mudança no nome deveu-se a bifurcação do projeto
original, OpenOffice.org, que culminou na criação do LibreOffice, projeto ao qual o BrOffice
alinhou-se a partir de então. No intuito de obter um desenvolvimento mais avançado, grande
parte dos desenvolvedores do projeto original migraram exclusivamente para o LibreOffice,
uma vez que se mostravam descontentes com o rumo dado pela Oracle ao projeto desde que a
empresa adquiriu a Sun Microsystems, até então a principal patrocinadora. Após a decisão da
comunidade brasileira em extinguir a Associação BrOffice.org, uma ONG criada com o
intuito de apoiar juridicamente a comunidade do OpenOffice.org no Brasil, a comunidade
concordou em adotar o nome LibreOffice, já adotado mundialmente pelo projeto, também
para o projeto brasileiro. A versão 3.4, sucessora da versão 3.3.2, já apresentava o nome
internacional do projeto, oficializando a transição do nome do projeto. Além da tradução da
suíte, a comunidade brasileira focou-se em desenvolver diversos projetos ligados aos
programas, dando continuidade ao desenvolvimento após a extinção do nome BrOffice.
Writer
LibreOffice Writer
O LibreOffice Writer é o processador de textos da suíte,
semelhante ao Word, presente na suíte de escritório
Microsoft Office, ao WordPerfect, da Corel, e ao Pages,
disponível no iWork. Assim como os demais programas
semelhantes, utiliza o sistema WYSIWYG para a
elaboração de textos complexos, com imagens e diversas opções de formatação.
Um de seus atributos diferenciais é o reconhecimento nativo para leitura e escrita dos mais
diversos tipos de arquivos desde a versão 2.0, sendo compatível com os arquivos padrões do
Word, do StarWriter e do antigo formato do OpenOffice.org, embora utilize o formato ODF
como padrão (que é suportado nativamente pelo Microsoft Office 2010 e também pelo
WordPad do Windows 7, embora seja apenas um editor de textos). Também é possível com o
Writer salvar o arquivo em formato PDF, permitindo que o documento seja aberto por
qualquer leitor de PDF, como o Acrobat Reader e o Foxit Reader. Apesar de importar e
exportar arquivos nos formatos padrões do Word, nem sempre toda a formatação do
documento é mantida ao abrir o arquivo no Writer e vice-versa, deformando a característica
original do documento.
O Writer pode ser utilizado para escrever textos curtos, como cartas e memorandos, textos
longos, com imagens e gráficos, e até livros. O aplicativo também é um editor de HTML,
sendo possível criar hiperligações e inserir outras características presentes nesse tipo de
arquivo, embora essas características também possam ser mantidas ao salvar em outros
formatos.
Microsoft Word
O Microsoft Word é um processador de texto produzido pela Microsoft. Foi criado por
Richard Brodie para computadores IBM PC com o sistema operacional DOS em 1983. Mais
tarde foram criadas versões para o Apple Macintosh (1984), SCO UNIX e Microsoft
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Windows (1989). Faz parte do conjunto de aplicativos Microsoft Office. O Word também
roda no Linux, através da camada de compatibilidade Wine.
O início
O Microsoft Word deve muito ao Bravo, a GUI original de processador de texto criada na
Xerox PARC. O criador do Bravo, Charles Simonyi saiu do PARC para trabalhar na
Microsoft em 1981. Simonyi contratou Brodie, que tinha trabalhado com ele no Bravo, fora
do PARC naquele verão.
O primeiro lançamento do Word para o público em geral destinava-se a computadores com o
MS-DOS no início de 1983. Não foi bem recebido, e as vendas ficaram atrás de outros
programas similares como o WordPerfect.
Apesar do MS-DOS ser um sistema baseado em caracteres, o Word for DOS foi o primeiro
processador de texto para o IBM PC que mostrava texto em itálico ou negrito diretamente na
tela enquanto editava, apesar de não ser um sistema completamente WYSIWYG. Outros
processadores de texto para DOS, como o WordStar e WordPerfect, mostravam texto simples
na tela com códigos para definir outros tipos de letra, ou, às vezes, cores alternativas.
Com o lançamento do Microsoft Windows, o Word se tornou o líder absoluto do mercado.
Sua função básica é o processamento de textos , e para isso conta com inúmeros recursos
altamente profissionais.
Versões
Versões para o MS-DOS
As versões para o MS-DOS são:
1983 Word 1
1985 Word 2
1986 Word 3
1987 Word 4 vulgo Microsoft Word 4.0 para o PC
1989 Word 5
1991 Word 5.5
1993 Word 6 M-4
1994 word 7.36 ak-47
Versões para o Microsoft Windows
As versões para o Microsoft Windows são:
1989 Word para Windows
1991 Word 2 para Windows
1993 Word 6 para Windows (renumerada "6" para igualar à numeração do DOS, à versão
para Macintosh e também ao WordPerfect, principal concorrente na época)
1995 Word 95, também conhecido como Word 7
1997 Word 97, também conhecido como Word 8
1999 Word 2000, também conhecido como Word 9
2002 Word XP, também conhecido como Word 2002 ou Word 10
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2003 Word 2003, também conhecido como Word 11, mas que era também oficialmente
intitulado Microsoft Office Word 2003
2007 Word 2007, também conhecido como Word 12.
2010 Word 2010, também conhecido como Word 14. (O número da versão 13 foi
ignorado devido à triscaidecafobia, medo supersticioso do número treze)
Versões para o Apple Macintosh
As versões para o Apple Macintosh são:
1985 Word 1 para o Macintosh
1987 Word 3
1989 Word 4
1991 Word 5
1993 Word 6
1998 Word 98
2000 Word 2001, a última versão compatível com o Mac OS 9
2001 Word v.X, a primeira versão só para Mac OS X
2004 Word 2004
2008 Word 2008.
2011 Word 2011.
Versão para o SCO UNIX
Há uma versão para o SCO UNIX:
Microsoft Word para sistemas UNIX - Release 5.1
Planilha de Cálculos: broffice calc e excel
Microsoft Excel
O Microsoft Office Excel (nome popular Microsoft Excel) é um programa de planilha
eletrônica escrito e produzido pela Microsoft para computadores que utilizam o sistema
operacional Microsoft Windows e também computadores Macintosh da Apple Inc.. Seus
recursos incluem uma interface intuitiva e capacitadas ferramentas de cálculo e de construção
de gráficos que, juntamente com marketing agressivo, tornaram o Excel um dos mais
populares aplicativos de computador até hoje. É, com grande vantagem, o aplicativo de
planilha eletrônica dominante, disponível para essas plataformas e o tem sido desde a versão 5
em 1993 e sua inclusão como parte do Microsoft Office.
História
Programa de planilha eletrônica chamado Multiplan em 1982, o qual era muito popular em
sistemas CP/M, mas, em sistemas MS-DOS, perdia em popularidade para o Lotus 1-2-3. Isso
levou ao desenvolvimento de um novo programa chamado Excel, que começou com a
intenção de, nas palavras de Doug Klunder, "fazer tudo o que o 1-2-3 faz e fazer melhor". A
primeira versão do Excel foi lançada para o Mac em 1985 e a primeira versão para Windows
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 432
(numerada 2.0 para se alinhar com o Mac e distribuída com um run-time do ambiente
Windows) foi lançada em novembro de 1987. A Lotus foi lenta em trazer o 1-2-3 ao Windows
e, por volta de 1988, o Excel havia começado a passar o 1-2-3 em vendas e ajudou a
Microsoft a alcançar a posição de liderança no desenvolvimento de software para o PC. Essa
conquista, destronando o rei do mundo do software, solidificou a Microsoft como um
competidor válido e mostrou seu futuro de desenvolvimento de software gráfico. A Microsoft
aumentou sua vantagem com lançamento regular de novas versões, aproximadamente a cada
dois anos. A versão atual para a plataforma Windows é o Excel 14, também chamado de
Microsoft Excel 2010 . A versão atual para a plataforma Mac OS X é o Microsoft Excel 2011
No começo da sua vida, o Excel tornou-se alvo de um processo judicial de marca registrada
por outra empresa que já vendia um pacote de software chamado "Excel" na indústria
financeira. Como resultado da disputa, a Microsoft foi solicitada a se referir ao programa
como "Microsoft Excel" em todas as press releases formais e documentos legais. Contudo,
com o passar do tempo, essa prática foi sendo ignorada, e a Microsoft resolveu a questão
quando ela comprou a marca registrada reservada ao outro programa. Ela também encorajou o
uso das letras XL como abreviação para o programa; apesar dessa prática não ser mais
comum, o ícone do programa no Windows ainda é formado por uma combinação estilizada
das duas letras, e a extensão de arquivo do formato padrão do Excel até a versão 11 (Excel
2003) é .xls, sendo .xlsx a partir da versão 12, acompanhando a mudança nos formatos de
arquivo dos aplicativos do Microsoft Office.
O Excel oferece muitos ajustes na interface ao usuário, em relação às mais primitivas
planilhas eletrônicas; entretanto, a essência continua a mesma da planilha eletrônica original,
o VisiCalc: as células são organizadas em linhas e colunas, e contêm dados ou fórmulas com
referências relativas ou absolutas às outras células.
O Excel foi o primeiro programa de seu tipo a permitir ao usuário definir a aparência das
planilhas (fontes, atributos de caracteres e aparência das células). Também, introduziu
recomputação inteligente de células, na qual apenas células dependentes da célula a ser
modificada são atualizadas (programas anteriores recomputavam tudo o tempo todo ou
aguardavam um comando específico do usuário). O Excel tem capacidades avançadas de
construção de gráficos.
Quando integrados pela primeira vez ao Microsoft Office em 1993, o Microsoft Word e o
Microsoft PowerPoint tiveram suas GUIs redesenhadas para ficarem consistentes com o
Excel, o "programa matador" para o PC na época.
Desde 1993, o Excel tem incluído o Visual Basic for Applications (VBA), uma linguagem de
programação baseada no Visual Basic que adiciona a capacidade de automatizar tarefas no
Excel e prover funções definidas pelo usuário (UDF, user defined functions), para uso em
pastas de trabalho. O VBA é um complemento poderoso ao aplicativo que, em versões
posteriores, inclui um ambiente integrado de desenvolvimento (IDE, integrated development
environment). A gravação de macros pode produzir código VBA que replica ações do usuário,
desse modo permitindo automação simples de tarefas cotidianas. O VBA permite a criação de
formulários e controles dentro da pasta de trabalho para comunicação com o usuário. A
linguagem suporta o uso (mas não a criação) de DLLs ActiveX (COM); versões posteriores
adicionaram suporte a módulos de classe, permitindo o uso de técnicas básicas de
programação orientada a objetos (POO).
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A funcionalidade de automação provida pelo VBA fez com que o Excel se tornasse um alvo
para vírus de macro. Esse foi um problema sério no mundo corporativo, até os produtos
antivírus começarem a detectar tais ameaças. A Microsoft adotou tardiamente medidas para
prevenir o mau uso, com a adição da capacidade de desativar as macros completamente, de
ativar as macros apenas quando se abre uma pasta de trabalho ou confiar em todas as macros
assinadas com um certificado confiável.
As versões 6.0 a 9.0 do Excel contêm vários "ovos de páscoa", porém, desde a versão 10, a
Microsoft tomou medidas para eliminar tais recursos não documentados de seus produtos.
Excel 2010(Service Pack 1)
No total foram 52 melhorias e correções realizadas no SP1 para o Excel, entre elas:
Melhora a estabilidade geral, o desempenho e a compatibilidade com versões
anteriores do endereçamento erros que afetam muitos utilizadores;
Agora, os nomes de função mantém compatibilidade com versões anteriores do Excel
para os idiomas checo, holandês, dinamarquês, italiano, norueguês, português.
Versões
Microsoft Windows
1987: Excel 2.0 para Windows
1990: Excel 3.022
1992: Excel 4.0
1993: Excel 5.0 (Office 4.2 e 4.3, também uma versão de 32 bits para o Windows NT
somente)
1995: Excel 7.0 (Office 95)
1997: Excel 8.0 (Office 98)
1999: Excel 9.0 (Office 2000)
2001: Excel 10.0 (Office XP)
2003: Excel 11.0 (Office 2003)
2007: Excel 12.0 (Office 2007)
2010: Excel 14.0 (Office 2010)
Não há Excel 1.0 com versões para o Windows, e nem 6.0, porque ele foi lançado com o
Word 7. Todos os produtos do Office 95 têm capacidades de OLE 2 - para mover dados
automáticamente de vários programas - e o nome Excel 7 deveria mostrar que ele é
compatível com essa tecnologia.
Macintosh OS
1985: Excel 1.0
1988: Excel 1.5
1989: Excel 2.2
1990: Excel 3.0
1992: Excel 4.0
1993: Excel 5.0
1998: Excel 8.0 (Office 98)
2000: Excel 9.0 (Office 2001)
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2003: Excel 11.0 (Office 2004)
2008: Excel 12.0 (Office 2008)
2011: Excel 14.0 (Office 2011)
OS/2
1989: Excel 2.2
1991: Excel 3.0
Calc
LibreOffice Calc
O LibreOffice Calc é um programa de planilha eletrônica e
assemelha-se ao Lotus 1-2-3, da IBM, e ao Excel, da
Microsoft. O Calc é destinado à criação de planilhas e tabelas,
permitindo ao usuário a inserção de equações matemáticas e
auxiliando na elaboração de gráficos de acordo com os dados presentes na planilha.
O Calc utiliza o formato ODF como padrão, embora reconheça e exporte arquivos em
formatos de outras planilhas eletrônicas, além de exportar arquivos em PDF sem a
necessidade de instalação de uma extensão, assim como todos os aplicativos da suíte
LibreOffice. O Calc possui o recurso de fórmulas em linguagem natural, permitindo a criação
de uma fórmula sem a necessidade de aprendizagem de códigos específicos. Uma de suas
diferenciações dos demais programas do gênero é o sistema que define séries para
representações gráficas a partir dos dados dispostos pelo usuário.
A partir da versão 3.3, quando o projeto brasileiro passou a acompanhar o LibreOffice, o Calc
passou a suportar até um milhão de linhas, além de obter melhoramentos no gerenciamento de
folhas e células. Com a incorporação do trabalho realizado pela comunidade do Go-oo ao
LibreOffice, o Calc tornou-se capaz de suportar diversos macros utilizados pelo Excel (VBA).
Apresentações: broffice impress e power point
Broffice Impress
OpenOffice.org Impress
O OpenOffice.org Impress é um programa de apresentação de
slides ou transparências similar em capacidades ao Microsoft
PowerPoint. Além das capacidades comuns de preparo de
apresentações, ele é capaz de exportá-las no formato Adobe
Flash (SWF) — a partir da versão 2.0 —, permitindo que ela
seja visualizada em qualquer computador com o Flash Player instalado. O Impress, porém,
sofre da falta de modelos de apresentações prontos, sendo necessário o uso de modelos
criados por terceiros.
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Microsoft PowerPoint
Microsoft PowerPoint é um programa utilizado para criação/edição e exibição de
apresentações gráficas, originalmente escrito para o sistema operacional Windows e portado
para a plataforma Mac OS X. A versão para Windows também funciona no Linux através da
camada de compatibilidade Wine. Há ainda uma versão mobile para smartphones que rodam
o sistema operacional Windows Mobile.
O PowerPoint é usado em apresentações, cujo objetivo é informar sobre um determinado
tema, podendo usar: imagens, sons, textos e vídeos que podem ser animados de diferentes
maneiras. O PowerPoint tem suporte a objetos OLE e inclui uma ferramenta especial de
formatação de texto (WordArt), modelos de apresentação pré-definidos, galeria de objetos
gráficos (ClipArt) e uma gama de efeitos de animação e composição de slides.
O formato nativo do PowerPoint é o .PPT, para arquivos de apresentações, e o .PPS, para
apresentações diretas. A partir da versão 2007 do programa, a Microsoft introduziu o formato
.PPTX. Para executar o Powerpoint em máquinas que não o tenham instalado, é necessário
usar o software PowerPoint Viewer, uma vez que o PowerPoint não tem suporte nativo para
outros formatos como o SWF, o PDF e mesmo o OpenDocument Format. Os arquivos do
PowerPoint em geral são lidos sem problemas por outros softwares similares como o Impress
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 436
Profª. EVERTON LIMA
TÉCNICO EM AGRPECUÁRIA
LICENCIADO EM PEDAGOGIA
PÓS GRADUADO-ESPECIALISTA EM PEDAGOGIA EMPRESARIAL
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 437
NOÇÕES DE AGRICULTURA ORGÂNICA
Agricultura Orgânica: um pouco de história
Sem utilizar fertilizantes sintéticos, a agricultura orgânica busca manter a estrutura e
produtividade do solo, trabalhando em harmonia com a natureza
O principal ponto de partida para que a agricultura orgânica fosse uma das mais difundidas
vertentes alternativas de produção foi a obra do pesquisador inglês Sir. Albert Howard. Seu
sistema partia basicamente do reconhecimento de que o fator essencial para a eliminação das
doenças em plantas e animais era a fertilidade do solo.
A agricultura orgânica é o sistema de produção que exclui o uso de fertilizantes sintéticos de
alta solubilidade, agrotóxicos, reguladores de crescimento e aditivos para a alimentação
animal, compostos sinteticamente. Sempre que possível baseia-se no uso de estercos animais,
rotação de culturas, adubação verde, compostagem e controle biológico de pragas e doenças.
Busca manter a estrutura e produtividade do solo, trabalhando em harmonia com a natureza.
A obra do pesquisador inglês Sir. Albert Howard foi o principal ponto de partida para uma
das mais difundidas vertentes alternativas de produção, a agricultura orgânica. Entre 1925 e
1930, Horward dirigiu, em Indore, Índia, um instituto de pesquisas de plantas, onde realizou
vários estudos sobre compostagem e adubação orgânica,
publicando posteriormente obras relevantes do setor.
Processo “Indore”
Em 1905, Horward começou a trabalhar na estação experimental de Pusa, na Índia, e
observou que os camponeses hindus não utilizavam fertilizantes químicos, mas empregavam
diferentes métodos para reciclar os materiais orgânicos. Howard percebera, também, que os
animais utilizados para tração não apresentavam doenças, ao contrário dos animais da estação
experimental, onde eram empregados vários métodos de controle sanitário. Intrigado, Howard
decidiu montar um experimento de trinta hectares, sob orientação dos camponeses nativos e,
em 1919, declarou que já sabia como cultivar as lavouras sem utilizar insumos químicos.
Seu sistema partia do reconhecimento de que o fator essencial para a eliminação das doenças
em plantas e animais era a fertilidade do solo. Para atingir seu objetivo ele criou o processo
―Indore‖ de compostagem, desenvolvido entre 1924 e 1931, pelo qual os resíduos da fazenda
eram transformados em húmus, que, aplicado ao solo em época
conveniente, restaurava a fertilidade por um processo biológico natural.
Em suas obras, além de ressaltar a importância da utilização da matéria orgânica nos
processos produtivos, Howard mostra que o solo não deve ser entendido apenas como um
conjunto de substâncias, pois nele ocorre uma série de processos vivos e dinâmicos
essenciais à saúde das plantas.
Seguindo essa mesma linha, Lady E. Balfour fundou a Soil Association, que ajudou a difundir
as idéias de Howard na Inglaterra e em outros países de língua inglesa. Em 1943, Lady
Balfour publicou The Living Soil (O solo vivo), reforçando a importância
dos processos biológicos no solo.
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A recepção do trabalho de Howard junto a seus colegas ingleses foi péssima, tendo sido ele
inclusive hostilizado em uma palestra proferida na Universidade de Cambridge, em 1935,
quando regressava do Oriente, afinal suas propostas eram totalmente contrárias à visão
―quimista‖ que predominava no meio agronômico. A obra de Howard só foi aceita por um
grupo reduzido de dissidentes do padrão predominante, dentre os quais destaca-se o norte-
americano Jerome Irving Rodale, que passou a popularizar suas idéias nos Estados Unidos.
O que é agricultura orgânica
Agricultura orgânica ou agricultura biológica é o termo frequentemente usado para
designar a produção de alimentos e outros produtos vegetais que não faz uso de produtos
químicos sintéticos, tais como fertilizantes e pesticidas, nem de organismos geneticamente
modificados, e geralmente adere aos princípios de agricultura sustentável.
A sua base é holística e põe ênfase no solo. Os seus proponentes acreditam que num solo
saudável, mantido sem o uso de fertilizantes e pesticidas feitos pelo homem, os alimentos
tenham qualidade superior a de alimentos convencionais. Em diversos países, incluindo os
Estados Unidos (NOP - National Organic Program), o Japão (JAS - Japan Agricultural
Standard), a Suíça (BioSuisse) a União Europeia (CEE 2092/91), a Austrália (AOS -
Australian Organic Standard / ACO - Australia Certified Organic) e o Brasil (ProOrgânico -
Programa de Desenvolvimento da Agricultura), já adotaram programas e padrões para a
regulação e desenvolvimento desta atividade.
Este sistema de produção, que exclui o uso de fertilizantes, agrotóxicos e produtos
reguladores de crescimento, tem como base o uso de estercos animais, rotação de culturas,
adubação verde, compostagem e controle biológico de pragas e doenças. Pressupõe ainda a
manutenção da estrutura e da profundidade do solo, sem alterar suas propriedades por meio do
uso de produtos químicos e sintéticos.
A agricultura orgânica está diretamente relacionada ao desenvolvimento sustentável.
O mundo está cada vez mais rápido e o homem, por necessidade, acompanha a rapidez das
máquinas em sua vida. Nesse processo, o homem é desvirtuado do processo produtivo
particular de produção de comida, tornando-se um consumidor ou um produtor capitalista de
gêneros alimentares.
Nessa nova ordem econômica, não há mais espaço, ou justificativa econômica de mercado
para o pequeno produtor ou o produtor da própria comida. O movimento orgânico nasce para
se opor a esse sistema vigente.
Qualidade de vida - para os adeptos do movimento orgânico, um mundo cada vez mais
automatizado e dependente da tecnologia não exclui a viabilidade de uma produção
sustentável, que respeite o solo, o ar, as matrizes energéticas e principalmente o ser humano.
Mesmo com a viabilidade de uma produção ecológica, de fato, as pessoas que se alimentam
de sua produção agrícola são vistas na sociedade como radicais; já que um retrocesso na
produtivade, que alcançou um patamar muito elevado desde os primeiros fertilizantes (síntese
de Haber-Bosch pelo químico alemão Fritz Haber), é visto aos olhos de muitos como um
retrocesso da própria sociedade. Agir contra alienação do homem dos processos produtivos de
alimento. A produção orgânica age contra os efeitos perversos da contemporaneidade,
incluindo entre as ideias de seus defensores, conceitos religiosos, econômicos, ecológicos,
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 439
práticos e ideológicos; sendo o exemplo religioso o budismo, o de renda em famílias pobres e
a quebra do cartel do oligopólio da Bayer e Monsanto, e da proteção do solo contra erosão e
lixiviação, além da proteção das águas dos rios, da possibilidade de plantar em terrenos
particulares e se aproximar da terra e do ideológico, a crença em um mundo melhor
possibilitado por uma produção que favoreça uma melhor qualidade de vida e a
sustentabilidade do ambiente.
A actividade orgânica não surge contra o capitalismo, não tem a ingenuidade de um luddista
ou de Rousseau; antes de defender o primitivismo, surge como forma de corrigir as
imperfeições que a evolução do meio técnico-científico-informacional introduziu
na
sociedade.
O sistema de produção que tem por objetivo preservar a saúde do meio ambiente, a
biodiversidade, os ciclos e as atividades biológicas do solo.
Agricultura orgânica é o sistema de produção que não usa fertilizantes sintéticos, agrotóxicos,
reguladores de crescimento ou aditivos sintéticos para a alimentação animal. O manejo na
agricultura orgânica valoriza o uso eficiente dos recursos naturais não renováveis, bem como
o aproveitamento dos recursos naturais renováveis e dos processos biológicos alinhados à
biodiversidade, ao meio-ambiente, ao desenvolvimento econômico e à qualidade de vida
humana.
A agricultura orgânica enfatiza o uso e a prática de manejo sem o uso de fertilizantes
sintéticos de alta solubilidade e agrotóxicos, além de reguladores de crescimento e
aditivos sintéticos para a alimentação animal.
Esta prática agrícola preocupa-se com a saúde dos seres humanos, dos animais e das plantas,
entendendo que seres humanos saudáveis são frutos de solos equilibrados e biologicamente
ativos, adotando técnicas integradoras e apostando na diversidade de culturas.
Para tanto, apóia-se em quatro fundamentos básicos:
- Respeito à natureza: reconhecimento da dependência de recursos naturais não renováveis;
- A diversificação de culturas: leva ao desenvolvimento de inimigos naturais, sendo
item chave para a obtenção de sustentabilidade;
- O solo é um organismo vivo: o manejo do solo propicia oferta constante de matéria
orgânica (adubos verdes, cobertura morta e composto orgânico), resultando em
fertilidade do solo.
- Independência dos sistemas de produção: ao substituir insumos tecnológicos e
agroindustriais.
VIDA SAUDÁVEL
Saiba das vantagens em consumir esses produtos:
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 440
Mais Ecologia
Os alimentos orgânicos estão em harmonia com a natureza pois, diferente daqueles que são
cultivados de modo convencional, não levam o uso de agrotóxicos e fertilizantes. Desse
modo, não poluem os rios e lençóis freáticos com substâncias químicas, que seriam ingeridas
pelos animais e também pelos seres humanos que vivem na região. Além disso, os alimentos
orgânicos são livres de material geneticamente modificado (transgênicos), uma vez que novas
formas artificiais de vida não possuem desenvolvimento natural e ainda não se sabe quais os
impactos destes no meio ambiente.
Mais sustentabilidade
O cultivo de orgânicos mantém o solo vivo, fértil e preservado, pois utiliza os próprios
resíduos naturais (compostagem e esterco) como fonte de adubo para a terra. Com esse
mesmo intuito, faz-se uso da rotação de cultura, na qual ao fim do ciclo daquela espécie
(colheita) será plantada outra em seu lugar. Como as raízes possuem profundidades diferentes
e as espécies necessidades variadas de nutrientes, cada qual irá aproveitar o solo de maneira
diversificada, não desgastando-o e evitando a erosão. Além disso, mantém-se a possibilidade
das gerações futuras usufruírem da terra e de seus benefícios.
Mais confiável
A certificação (comprovada pelo selo de qualidade) garante que o produto é de procedência
orgânica e confirma que a propriedade e os meios pelo qual o alimento é produzido e
comercializado estão de acordo com as diretrizes estipuladas pelo órgão certificador e pelas
normas nacionais e internacionais.
Melhor uso do dinheiro
Eliminam-se custos ambientais com recuperação do meio ambiente degradado pelo cultivo e
consumo de alimentos convencionais; reduzem-se gastos médicos com tratamentos de saúde;
desse modo os produtos orgânicos têm melhor relação custo-benefício.
Mais sabor
O sabor e aroma dos alimentos orgânicos são mais intensos, uma vez que não há produtos
químicos para alterá-los, nem fertilizantes químicos que fazem com que os alimentos
―inchem‖ e fiquem com sabor e aroma mais ―diluídos‖. Nas frutas, por exemplo, a presença
de frutose é maior, deixando-as mais doces.
Mais saúde
Pesquisas demonstram que os agrotóxicos são prejudiciais aos organismos vivos e os resíduos
que permanecem nos alimentos podem provocar diversos problemas de saúde, tais como
reações alérgicas, problemas respiratórios, distúrbios hormonais, alterações neurológicas e até
câncer. Como os alimentos orgânicos são cultivados sem substâncias químicas o consumidor
não precisa ter essa preocupação.
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Mais nutrição
Os alimentos frescos orgânicos possuem em sua maioria menor quantidade de água em sua
composição (20 por cento menos). Desse modo os nutrientes ficam mais concentrados. Além
disso, o fato destes serem produzidos em solos mais ricos e nutridos com adubo natural faz
com que esses alimentos tenham maior presença de nutrientes, comparados com os cultivados
de modo convencional.
Mais consciência
O consumo de alimentos orgânicos aumenta a consciência sobre a natureza e seus ciclos. As
frutas, legumes e verduras tem sua época e na Antroposofia explica-se que é nesse momento
que é mais saudável consumi-los. Optar pelo consumo de orgânicos economiza energia, uma
vez que os agrotóxicos e fertilizantes químicos são preparados utilizando petróleo, além de
reduzir o aquecimento global.
Quadro comparativo
Convencional (Químico) Agricultura Orgânica
Tecnologia de produtos - aquisição de
insumos.
Tecnologia de processos (relação solo-
planta - ambiente) Visão holística
Uso de pesticidas e adubos químicos
solúveis, baixo ou ausente uso de matéria
orgânica, falta de manejo e cobertura do
solo; sistema baseado na monocultura.
Busca a resistência natural de plantas e
animais; aumento da matéria orgânica, usa
adubos orgânicos, pós de rochas; realiza
cobertura e proteção do solo, rotação e
promoção da biodiversidade.
Erosão do solo, desequilíbrio mineral,
empobrecimento dos solos; ausência de
inimigos naturais ( pelo uso de pesticidas).
Equilíbrio do solo e ambiente, aumento do
húmus e microorganismos no solo,
presença de insetos benéficos, equilíbrio
nutricional de plantas e animais.
Alimentos contaminados, contaminação e
deteriorização dos ecossistemas,
descapitalização, elevados custos de
reconstituição dos solos empobrecimento
dívidas. Consumidores inseguros sobre os
alimentos.
Alimentos sadios sem resíduos químicos,
ecossistemas equilibrados, sistema auto-
sustentáveis, bom nível de renda,
aproximação e satisfação de
consumidores.
PRODUÇÃO ECONOMICA
Normas e regulamentação de produtos da agricultura orgânica
Os produtos avaliados no âmbito do Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade.
Orgânica receberão o selo de garantia.
Com o objetivo de oferecer garantias ao consumidor final, está em vigor o Decreto
Presidencial nº. 6323, assinado no dia 28 de dezembro de 2007, que regulamenta a Lei nº.
10.831 e estabelece o Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica.
Com o objetivo de oferecer garantias ao consumidor final, está em vigor o Decreto
Presidencial nº. 6323, assinado no dia 28 de dezembro de 2007, que regulamenta a Lei nº.
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10.831 e estabelece o Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica.
A partir desse sistema, os produtos avaliados recebem o selo orgânico, que garante ao
consumidor que o produto atende a uma série de normas, que devem ser adotadas em todas as
fases de produção. Entre essas normas, está a produção sem uso de agrotóxicos e de
substâncias que possam causar mal à saúde, e que contribuam para a preservação do meio
ambiente. A certificação de produtos orgânicos é obrigatória, exceto para os
produtos vendidos diretamente pelos produtores em feiras.
Além disso, o Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica tornou obrigatório
o cadastramento dos produtores. Dessa forma, será possível identificar a
origem dos alimentos orgânicos em mercados e restaurantes.
O sistema é composto pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA),
órgãos de fiscalização dos Estados e pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e
Qualidade Industrial (Inmetro), responsável pela autorização das empresas interessadas em
atuar na certificação de orgânicos, chamadas de Organismos
de Avaliação da Conformidade (OAC).
No Brasil
O Brasil está se consolidando como um grande produtor e exportador de alimentos orgânicos,
com mais de 15 mil propriedades certificadas e em processo de transição -
75% pertencentes a agricultores familiares.
O apoio à produção orgânica está presente em diversas ações do governo brasileiro, que
oferece linhas de financiamento especiais para o setor e incentiva projetos de transição
de lavouras tradicionais para a produção orgânica.
Legislação
A importância que a produção orgânica vem assumindo no mercado de alimentos exige
regulamentação que assegure ao consumidor a garantia de que está adquirindo um item
que obedece às normas legais estabelecidas para o produto orgânico.
A legislação para produtos alimentícios, que dispõe sobre a agricultura orgânica, é a Lei
nº 10.831/2003 e o Decreto nº 6.326/2007.
Condições da economia e tendências do setor
Se considerarmos o cenário mundial, principalmente em países industrializados, de aumento
da demanda de alimentos, notadamente proteínas animais e insumos para a sua produção, as
perspectivas serão altamente favoráveis para o aumento da participação brasileira, sobretudo
nos mercados de frutas tropicais, carnes e outros produtos básicos.
Entre os atributos de qualidade, cada vez mais os produtos relacionados à preservação da
saúde ganham força. Emergem também atributos de qualidade ambiental dos processos
produtivos, em especial os relacionados à proteção dos mananciais e da biodiversidade. Como
decorrência crescem as demandas por processos de certificação de qualidade e sócio
ambiental para atender a rastreabilidade do produto e dos respectivos sistemas produtivos a
partir de movimentos induzidos pelos consumidores.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 443
MANEJO DE CULTURAS
O plantio de uma lavoura deve ser muito bem planejado, pois determina o inicio de um processo de cerca de 120 dias e que afetará todas as operações envolvidas, além de
determinar as possibilidades de sucesso ou insucesso da lavoura.
O planejamento do plantio começa com a compra da semente e demais insumos. O agricultor deverá planejar a melhor época de receber a semente, assim como reservar um local limpo e arejado para armazená-la até a data do plantio.
É por ocasião do plantio que se obtêm uma boa ou má população de plantas ou
densidade de plantio. Esta característica não é tão importante em outras culturas com
grande capacidade de perfilhamento, como arroz, trigo, aveia, sorgo e outras gramíneas,
ou de maior habilidade de produção de floradas, como o feijão ou a soja. Isto faz com que o agricultor tenha especial atenção na operação de plantio, de forma a assegurar a densidade desejada na ocasião da colheita.
CARACTERIZAÇÃO
O princípio da produção orgânica é o estabelecimento do equilíbrio da natureza utilizando
métodos naturais de adubação e de controle de pragas.
O conceito de alimentos orgânicos não se limita à produção agrícola, estendendo-se também à
pecuária (em que o gado deve ser criado sem remédios ou hormônios), bem como ao
processamento de todos os seus produtos: alimentos orgânicos industrializados também
devem ser produzidos sem produtos químicos artificiais, como os corantes e aromatizantes
artificiais.
Pode-se resumir a sua essência filosófica em desprezo absoluto por tudo que tenha origem na
indústria química. Todas as demais indústrias: mecânica, energética, logística, são admissíveis
desde não muito salientes.
A cultura de produtos orgânicos não se limita a alimentos. Há uma tendência de crescimento
no mercado de produtos orgânicos não-alimentares, como fibras orgânicas de algodão (para
serem usadas na produção de vestimentas). Os proponentes das fibras orgânicas dizem que a
utilização de pesticidas em níveis excepcionalmente altos, além de outras substâncias
químicas, na produção convencional de fibras, representa abuso ambiental por parte da
agricultura convencional.
A pedologia limitou-se durante décadas ao estudo da estrutura físico-química do solo. Hoje a
agronomia se ressente de seu desconhecimento da microfauna e microflora do solo e sua
ecologia. Estima-se que 95% dos microrganismos que vivem no solo sejam desconhecidos
pela ciência.
Muitos estados nos Estados Unidos agora oferecem certificação orgânica para seus
fazendeiros. Para um sistema de produção ser certificado como orgânico, a terra deve ter sido
usada somente com métodos de produção orgânica durante um certo período de anos antes da
certificação. Além disso, somente certas substâncias químicas derivadas de produtos naturais
(como inseticidas derivados de tabaco podem ser usadas na produção vegetal e/ou animal.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 444
No Reino Unido, a certificação orgânica é realizada por algumas organizações, das quais as
maiores são a Soil Association e a Organic Farmers & Growers. Todos os organismos
certificadores estão sujeitos aos regulamentos da Penitente King dom Registes of Organic
Food Standards, ligado à legislação da União Européia. Na Suécia, a certificação orgânica é
realizada pela Krav. - Na Suíça, o controle é feito pelo Instituto Biodinâmico.
Princípios
O solo é considerado um organismo vivo, e dele deve ser retirado o mínimo possível;
Uso de adubos orgânicos de baixa solubilidade;
Controle com medidas preventivas e produtos naturais;
O mato (ervas daninhas) faz parte do sistema. Pode ser usado como cobertura de solo
e abrigo de insetos;
Motivos para consumir produtos orgânicos
1. Proteger as futuras gerações;
2. Prevenir a erosão do solo;
3. Proteger a qualidade da água;
4. Rejeitar alimentos com agrotóxicos;
5. Melhorar a saúde dos agricultores;
6. Aumentar a renda dos pequenos agricultores (agricultura familiar, comércio justo);
7. Apoiar os pequenos agricultores;
8. Prevenir gastos futuros;
9. Promover a biodiversidade;
10. Descobrir sabores naturais.
11. Você contribuir para acabar com envenenamento por pesticidas de milhares de
agricultores;
12. Ajuda a preservar pequenas propriedades;
ajuda a saúde
SISTEMA ORGÂNICO
A base para o sucesso do sistema orgânico é um solo sadio, bem estruturado, fértil (macro e
micronutrientes disponíveis às plantas em quantidades equilibradas), com bom teor de húmus,
água e ar e boa atividade biológica, pois é o solo e não o adubo que deve nutrir a planta. O
solo deve estar sempre coberto para evitar erosão.
No sistema de produção orgânica utilizam-se o cultivo múltiplo e a rotação de culturas, pois
isso torna a cultura menos suscetível a pragas e patógenos e dificulta o aparecimento de
plantas invasoras, devido à diversidade dos organismos do agroecossistema.
É preferível para o agricultor, quando possível, utilizar variedades para o cultivo, pois assim
torna-se viável a produção de sementes na propriedade, e não há dependência de empresas
para sua compra, como ocorre com híbridos.
O controle de ervas invasoras, pragas e doenças é feito através de controle biológico, com
solarização, criação e soltura de inimigos naturais, armadilhas e agrotóxicos naturais.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 445
Deve-se utilizar de forma adequada máquinas e implementos agrícolas para não danificar a
estrutura e a vida do solo.
A integração da agricultura com a criação animal na propriedade é de extrema importância,
pois o esterco pode ser transformado em composto, muito importante para a agricultura
orgânica. Os animais devem preferencialmente receber ração produzida na própria fazenda,
ter instalações adequadas e pastejar livremente. Devem ser tratados com homeopatia,
aromaterapia, fitoterapia e imunização.
A agricultura orgânica visa também o bem estar do agricultor, a preservação da sociedade
rural e costumes e a auto-suficiência do pequeno agricultor.
O sistema orgânico requer mais mão de obra e mais cara, mas a não utilização de insumos
como fertilizantes nitrogenados (os mais caros), agrotóxicos, etc., o maior valor dos produtos
orgânicos no mercado e algumas vezes maior produção que no sistema convencional fazem
com que o lucro de um produtor orgânico seja igual ou maior que de um convencional.
SUSTENTABILIDADE SOCIOAMBIENTAL
Sustentabilidade é a habilidade de sustentar ou suportar uma ou mais condições, exibida por
algo ou alguém. É uma característica ou condição de um processo ou de um sistema que
permite a sua permanência, em certo nível, por um determinado prazo. Ultimamente este
conceito, tornou-se um princípio, segundo o qual o uso dos recursos naturais para a satisfação
de necessidades presentes não pode comprometer a satisfação das necessidades das gerações
futuras,e que precisou da vinculação da sustentabilidade no longo prazo, um "longo prazo" de
termo indefinido, em princípio.
Sustentabilidade também pode ser definida como a capacidade do ser humano interagir com o
mundo, preservando o meio ambiente para não comprometer os recursos naturais das gerações
futuras. É um conceito que gerou dois programas nacionais no Brasil. O Conceito de
Sustentabilidade é complexo, pois atende a um conjunto de variáveis interdependentes, mas
podemos dizer que deve ter a capacidade de integrar as Questões Sociais, Energéticas,
Econômicas e Ambientais.
Com a finalidade de preservar o meio ambiente para não comprometer os recursos naturais
das gerações futuras, foram criados dois programas nacionais: o Procel (eletricidade) e o
Conpet.
• Questão Social: Sem considerar a questão social, não há sustentabilidade. Em primeiro
lugar é preciso respeitar o ser humano, para que este possa respeitar a natureza. E do ponto de
vista do ser humano, ele próprio é a parte mais importante do meio ambiente.
• Questão Energética: Sem considerar a questão energética, não há sustentabilidade. Sem
energia a economia não se desenvolve. E se a economia não se desenvolve, as condições de
vida das populações se deterioram.
• Questão Ambiental: Sem considerar a questão ambiental, não há sustentabilidade. Com o
meio ambiente degradado, o ser humano abrevia o seu tempo de vida; a economia não se
desenvolve; o futuro fica insustentável.
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O princípio da sustentabilidade aplica-se a um único empreendimento, a uma pequena
comunidade (a exemplo das ecovilas), até o planeta inteiro. Para que um empreendimento
humano seja considerado sustentável, é preciso que
seja:
ecologicamente correto
economicamente viável
socialmente justo
culturalmente diverso
Área exterior do projeto sustentável Biosfera 2, no Arizona, Estados Unidos
Definição
O termo "sustentável" provém do latim sustentare (sustentar; defender; favorecer, apoiar;
conservar, cuidar). Segundo o Relatório de Brundtland (1987), o uso sustentável dos recursos
naturais deve "suprir as necessidades da geração presente sem afetar a possibilidade das
gerações futuras de suprir as suas".
O conceito de sustentabilidade começou a ser delineado na Conferência das Nações Unidas
sobre o Meio Ambiente Humano (United Nations Conference on the Human Environment -
UNCHE), realizada na suécia, na cidade de Estocolmo de 5 a 16 de junho de 1972, a primeira
conferência das Nações Unidas sobre o meio ambiente e a primeira grande reunião
internacional para discutir as atividades humanas em relação ao meio ambiente. A
Conferência de Estocolmo lançou as bases das ações ambientais em nível internacional,
chamando a atenção internacional especialmente para questões relacionadas com a
degradação ambiental e a poluição que não se limita às fronteiras políticas, mas afeta países,
regiões e povos, localizados muito além do seu ponto de origem. A Declaração de Estocolmo,
que se traduziu em um Plano de Ação, define princípios de preservação e melhoria do
ambiente natural, destacando a necessidade de apoio financeiro e assistência técnica a
comunidades e países mais pobres. Embora a expressão "desenvolvimento sustentável" ainda
não fosse usada, a declaração, no seu item 6, já abordava a necessidade imper "defender e
melhorar o ambiente humano para as atuais e futuras gerações" - um objetivo a ser alcançado
juntamente com a paz e o desenvolvimento econômico e social.
A ECO-92 - oficialmente, Conferência sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento -, realizada
em 1992, no Rio de Janeiro, consolidou o conceito de desenvolvimento sustentável. A mais
importante conquista da Conferência foi colocar esses dois termos, meio ambiente e
desenvolvimento, juntos - concretizando a possibilidade apenas esboçada na Conferência de
Estocolmo, em 1972, e consagrando o uso do conceito de desenvolvimento sustentável,
defendido, em 1987, pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento
(Comissão Brundtland). O conceito de desenvolvimento sustentável - entendido como o
desenvolvimento que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade
das futuras gerações de atenderem às suas próprias necessidades - foi concebido de modo a
conciliar as reivindicações dos defensores do desenvolvimento econômico como as
preocupações de setores interessados na conservação dos ecossistemas e da biodiversidade.
Outra importante conquista da Conferência foi a Agenda 21, um amplo e abrangente
programa de ação, visando a sustentabilidade global no século XXI.
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Em 2002, a Cimeira (ou Cúpula) da Terra sobre Desenvolvimento Sustentável de Joanesburgo
reafirmou os compromissos da Agenda 21, propondo a maior integração das três dimensões
do desenvolvimento sustentável (econômica, social e ambiental) através de programas e
políticas centrados nas questões sociais e, particularmente, nos sistemas de proteção social.
Conceitos correlatos
"Sustentável" significa apto ou passível de sustentação, já "sustentado" é aquilo que já tem
garantida a sustentação. É defendido que "sustentado" já carrega em si um prazo de validade,
no sentido de que não se imagina o que quer que seja, no domínio do universo físico, que
apresente sustentação perpétua (ad aeternu), de modo que, no rigor, "sustentado" deve ser
acompanhado sempre do prazo ao qual se refere, sob risco de imprecisão ou falsidade,
acidental ou intencional. Tal rigor é especialmente importante nos casos das políticas
ambientais ou sociais, sujeitos a vieses de interesses divergentes.
Crescimento sustentado refere-se a um ciclo de crescimento econômico constante e
duradouro, porque assentado em bases consideradas estáveis e seguras. Dito de outra maneira,
é uma situação em que a produção cresce, em termos reais, isto é, descontada a inflação, por
um período relativamente longo.
Gestão sustentável é a capacidade para dirigir o curso de uma empresa, comunidade ou país,
através de processos que valorizam e recuperam todas as formas de capital, humano, natural e
financeiro.
A sustentabilidade comunitária é uma aplicação do conceito de sustentabilidade no nível
comunitário. Diz respeito aos conhecimentos, técnicas e recursos que uma comunidade utiliza
para manter sua existência tanto no presente quanto no futuro. Este é um conceito chave para
as ecovilas ou comunidades intencionais. Diversas estratégias podem ser usadas pelas
comunidades para manter ou ampliar seu grau de sustentabilidade, o qual pode ser avaliado
através da ASC (Avaliação de Sustentabilidade Comunitária) .
Sustentabilidade como parte da estratégia das organizações. O conceito de
sustentabilidade está intimamente relacionado com o da responsabilidade social das
organizações. Além disso, a ideia de "sustentabilidade" adquire contornos de vantagem
competitiva. Isto permitiu a expansão de alguns mercados, nomeadamente o da energia, com
o surgimento das energias renováveis. Segundo Michael Porter, "normalmente as companhias
têm uma estratégia económica e um estratégia de responsabilidade social, e o que elas devem
ter é uma estratégia só". Uma consciência sustentável, por parte das organizações, pode
significar uma vantagem competitiva, se for encarada integrar uma estratégia única da
organização, tal como defende Porter, e não como algo que concorre, à parte, com "a"
estratégia da organização, apenas como parte da política de imagem ou de comunicação. A
ideia da sustentabilidade, como estratégia de aquisição de vantagem competitiva, por parte
das empresas, é refletida, de uma forma expressamente declarada, na elaboração do que as
empresas classificam como "Relatório de Sustentabilidade".
Investimento socialmente responsável. Investir de uma forma ética e sustentável é a base do
chamado ISR (ou SRI, do inglês Socially responsible investing). Em 2005, o Secretário Geral
das Nações Unidas, Kofi Annan, em articulação com a Iniciativa Financeira do PNUMA
(PNUMA-FI ou, em inglês, UNEP-FI) e o Pacto Global das Nações Unidas (UN Global
Compact), convidou um grupo de vinte grandes investidores institucionais de doze países para
elaborar os Princípios do Investimento Responsável. O trabalho contou também com o apoio
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de um grupo de 70 especialistas do setor financeiro, de organizações multilaterais e
governamentais, da sociedade civil e da academia. Os princípios da PNUMA-FI foram
lançados na Bolsa de Nova York, em abril de 2006. Atualmente a PNUMA-FI trabalha com
cerca de 200 instituições financeiras, signatárias desses princípios, e com um grande número
de organizações parceiras, visando desenvolver e promover as conexões entre sustentabilidade
e desempenho financeiro. Através de redes peer-to-peer, pesquisa e treinamento, a PNUMA-
FI procura identificar e promover a adoção das melhores práticas ambientais e de
sustentabilidade em todos os níveis, nas operações das instituições financeiras.
Responsabilidade socioambiental é a responsabilidade que a empresa tem com a sociedade e
com o meio ambiente além das obrigações legais e econômicas.
Conceito
Apesar de ser um termo bastante utilizado, é comum observarmos erros na conceituação de
responsabilidade socioambiental, ou seja, se uma empresa apenas segue as normas e leis de
seu setor no que tange ao meio ambiente e a sociedade esta ação não pode ser considerada
responsabilidade socioambiental, neste caso ela estaria apenas exercendo seu papel de pessoa
jurídica cumprindo as leis que lhe são impostas.
O movimento em prol da responsabilidade socioambiental ganhou forte impulso e
organização no início da década de 1990, em decorrência dos resultados da Primeira e
Segunda Conferências Mundiais da Indústria sobre gerenciamento ambiental, ocorridas em
1984 e 1991.
Parâmetros
Nos anos subsequentes às conferências surgiram movimentos cobrando por mudanças socias,
científicas e tecnológicas. Muitas empresas iniciaram uma nova postura em relação ao meio
ambiente refletidas em importantes decisões e estratégias práticas, segundo o autor Melo Neto
(2001) tal postura fundamentou-se nos seguintes parâmetros:
Bom relacionamento com a comunidade;
Bom relacionamento com os organismos ambientais;
Estabelecimento de uma política ambiental;
Eficiente sistema de gestão ambiental;
Garantia de segurança dos empregados e das comunidades vizinhas;
Uso de tecnologia limpa;
Elevados investimentos em proteção ambiental;
Definição de um compromisso ambiental;
Associação das ações ambientais com os princípios estabelecidos na carta para o
desenvolvimento sustentável;
A questão ambiental como valor do negócio;
Atuação ambiental com base na agenda 21 local;
Contribuição para o desenvolvimento sustentável dos municípios circunvizinhos.
Adesão
Atualmente, muitas empresas enxergam a responsabilidade socioambiental como um grande
negócio, são duas vertentes que se destacam neste meio:
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Primeiramente, as empresas que investem em responsabilidade sócio-ambiental com
intuito de motivar seus colaboradores e principalmente ao nicho de mercado que
preferem pagar mais por um produto que não viola o meio ambiente e investe em
ações sociais;
A segunda vertente corresponde a empresas que investem em responsabilidade sócio-
ambiental com o objetivo de ter materiais para poderem investir em marketing e passar
a imagem que a empresa é responsável sócio-ambientalmente. Esta atitude não é
considerada ética por muito autores que condenam empresas que tentam passar a
imagem de serem éticas, porém na realidade estão preocupadas apenas com sua
imagem perante aos consumidores.
Apesar de ser um tema relativamente novo, o número de empresas que estão aderindo a
responsabilidade sócio-ambiental é grande e a tendência é que este número aumente cada dia
mais.
FERTILIZANTES ORGÂNICOS
Fertilizantes (ou adubos) orgânicos são obtidos de matérias-primas de origem animal ou
vegetal, sejam elas provenientes do meio rural, de áreas urbanas ou ainda da agroindústria. Os
fertilizantes orgânicos podem ou não ser enriquecidos com nutrientes de origem mineral (não
orgânica).
Os fertilizantes orgânicos podem ser divididos em quatro tipos principais: fertilizantes
orgânicos simples, fertilizantes orgânicos mistos, fertilizantes orgânicos compostos e
fertilizantes organominerais.
Tipos de fertilizantes orgânicos
• Fertilizantes orgânicos simples: fertilizante de origem animal ou vegetal. Exemplos: estercos
animais, torta de mamona, borra de café.
• Fertilizantes orgânicos mistos: produto da mistura de dois ou mais fertilizantes orgânicos
simples. Exemplo: cinzas (fonte principalmente de K) + torta de mamona (fonte
principalmente de N).
• Fertilizantes orgânicos compostos: fertilizante não natural, ou seja, obtido por um processo
químico, físico, físico-químico ou bioquímico, sempre a partir de matéria-prima orgânica,
tanto vegetal como animal. Pode ser enriquecido com nutrientes de origem mineral.
Exemplos: composto orgânico, vermicomposto (húmus de minhoca)
• Fertilizantes organominerais: não passam por nenhum processo específico, são
simplesmente o produto da mistura de fertilizantes orgânicos (simples ou compostos) com
fertilizantes minerais. No caso específico da agricultura orgânica, estes fertilizantes minerais a
serem misturados devem ser naturais (não processados quimicamente) e de baixa
solubilidade, permitidos pela legislação para produção orgânica de alimentos.
Fertilizantes minerais de uso permitido na agricultura orgânica
Somente os fertilizantes minerais de origem natural e de baixa solubilidade são permitidos na
agricultura orgânica, como por exemplo, os fosfatos naturais, os calcários e os pós de rocha.
Em situações específicas, para uso restrito, uma vez constatada a necessidade de utilização do
adubo e com autorização da certificadora, poderão ser utilizados os termofosfatos, sulfato de
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potássio, sulfato duplo de potássio e magnésio de origem natural, sulfato de magnésio,
micronutrientes e guano (fosfatos de origem orgânica – provenientes de excrementos de aves
marinhas).
Se o solo for ácido, pode-se fazer calagem no sistema orgânico e a quantidade de calcário a
ser utilizada deve ser calculada com base na análise química do solo. Entretanto, a quantidade
é geralmente limitada a 2 toneladas por hectare, por ano.
Estercos frescos
Os estercos frescos podem conter microorganismos causadores de doenças no homem. Não
devem ser utilizados no cultivo de hortaliças, pois podem contaminar as partes comestíveis
das plantas. Este problema pode ser resolvido com o curtimento, que é o envelhecimento do
esterco sob condições naturais, não controladas. Deve-se deixar o monte de esterco
―envelhecer‖ em local coberto ou protegido com um plástico ou uma lona contra chuvas,
cujas águas lavam o esterco removendo os nutrientes. Para ficar pronto leva em torno de 90
dias, dependendo das condições ambientais. O esterco curtido é uma massa escura com
aspecto gorduroso, odor agradável de terra e sem nenhum mau cheiro.
Composto orgânico
O composto orgânico é o produto final da decomposição aeróbia (na presença de ar) de
resíduos vegetais e animais. A compostagem permite a reciclagem desses resíduos e sua
desinfecção contra pragas, doenças, plantas espontâneas e compostos indesejáveis. O
composto orgânico atua como condicionador e melhorador das propriedades físicas, físico-
químicas e biológicas do solo, fornece nutrientes, favorece um rápido enraizamento e aumenta
a resistência das plantas.
Para produção do composto utiliza-se como matéria prima resíduos vegetais, ricos em
carbono (galhos, folhas, capim e outros) e resíduos animais, ricos em nitrogênio (esterco
bovino, de aves e de outros animais, cama de aviário de matrizes dentre outros). Quando
só se dispõe de materiais pobres em N, como cascas de pinus, árvores velhas e capins, estas
devem ser alternadas com camadas de resíduos de leguminosas. A escolha da matéria prima é
importante para maior eficiência da compostagem. A relação Carbono/Nitrogênio (C/N)
inicial ótima (de 25-35:1) pode ser atingida por meio do uso de 75% de restos vegetais
variados e 25% de esterco. Esses resíduos, vegetais e animais, são dispostos em camadas
alternadas formando uma leira ou monte de dimensões e formatos variados. O formato mais
usual é o de seção triangular, sendo a largura comandada pela altura da leira, a qual deve
situar-se entre 1,5 a 1,8 m. À medida que a pilha vai sendo formada, cada camada de material
vai sendo umedecida com água tomando-se o cuidado para que não haja escorrimento. A pilha
deve ser revirada (parte de cima para baixo e parte de dentro para fora) aos 15, 30 e 45 dias.
No momento das reviradas, o material deve ser umedecido para ficar com umidade em torno
de 50 a 60% (na prática, esse teor de umidade ocorre quando ao pegar o material com as
mãos, sente-se que o mesmo está úmido e, ao ser comprimido, não escorre água entre os
dedos e forma um torrão que se desmancha com facilidade). Para manter a umidade ideal a
pilha deve ser coberta com palhas, folhas de bananeira ou lona plástica. O local deve ser
protegido do sol e da chuva (área coberta ou à sombra de uma árvore) (Figura 2). Como
exemplo, podemos citar o composto que é produzido na Unidade de Produção de Hortaliças
Orgânicas da Embrapa Hortaliças:
• 15 carrinhos de mão de capim braquiária roçado;
• 30 carrinhos de capim napier;
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• 20 carrinhos de cama de matriz de aviário;
• 13 kg de termofosfato.
Formar camadas alternadas na seguinte ordem: braquiária, napier, cama de matriz e
termofosfato, montando uma meda de 1m x 10m x 1,5m (largura x comprimento x altura)
para obtenção de 2.500 kg de composto orgânico após cerca de 90 dias.
O composto orgânico é um produto estabilizado e mais equilibrado, em que durante sua
formação foram dadas todas as condições necessárias à eficiente fermentação aeróbica,
portanto sua qualidade como condicionador ou melhorador do solo é superior à do esterco
curtido. Além disso, é mais rico em nutrientes por constituir-se de resíduos vegetais e animais
e por ser, muitas vezes, enriquecido com resíduos agroindustriais e adubos minerais.
O composto estará pronto para o uso quando apresentar as seguintes características:
temperaturas normalmente inferiores a 35o C; redução do volume para 1/3 do volume inicial;
constituintes degradados fisicamente, não sendo possível identificá-los; permite que seja
moldado facilmente com as mãos; cheiro de terra mofada, tolerável e até mesmo agradável
para alguns.
O enriquecimento do composto pode ser obtido com a adição, no momento de montagem da
pilha, de fosfatos de reação ácida como fosfatos naturais (6 kg m-3), calcário (25 a 50 kg t-1),
torta de cacau (40 kg m-3) ou de mamona (20 a 30 kg m-3), borra de café (50 kg m-3), cinzas,
entre outros. O enriquecimento do composto deve ser realizado de acordo com as exigências
da cultura e a necessidade do solo. Geralmente, o enriquecimento com fósforo só é
recomendado nos 2 ou 3 anos iniciais de produção, entretanto sua continuidade por maior
tempo vai depender da disponibilidade de P do solo.
Biofertilizantes
É o material líquido resultante da fermentação de estercos, adicionado ou não de outros
resíduos orgânicos e nutrientes, em água. O processo de fermentação pode ser aeróbio (na
presença de ar) ou anaeróbio (na ausência de ar). Podem ser aplicados via foliar, diluídos em
água na proporção de 2 a 5%, ou no solo via gotejamento. Somente podem ser aplicados via
foliar os biofertilizantes que não apresentem resíduos de origem animal em sua composição.
A forma como o biofertilizante atua nas plantas ainda não é completamente esclarecida e
merece ser melhor estudada. Apresenta efeitos nutricionais (fornecimento de micronutrientes)
e fitossanitários, atuando diretamente no controle de alguns fitoparasitas por meio de
substancias com ação fungicida, bactericida ou inseticida presentes em sua composição.
Parece atuar equilibrando e tonificando o metabolismo da planta, tornando-a mais resistente
ao ataque de pragas e doenças.
Preparo de biofertilizante na propriedade
Não há uma fórmula padrão para produção de biofertilizante. Por esta razão, apresentamos
uma receita básica de biofertilizante líquido, na qual podem ser feitas variações:
Em uma bombona plástica coloca-se volumes iguais de esterco fresco e água, deixando
um espaço vazio de 15 a 20 centímetros no seu interior (Figura 3). Essa bombona deve ser
fechada hermeticamente e na sua tampa deve ser adaptada uma mangueira plástica fina. Uma
extremidade da mangueira fica no espaço vazio da bombona e a outra deve ser imersa em um
recipiente com água para permitir a saída do gás metano e impedir a entrada de ar (oxigênio).
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O final do processo, que dura de 30 a 40 dias, coincide com a cessação do borbulhamento
observado no recipiente d’água, quando a solução deverá ter atingido pH próximo a 7,0. Para
separação da parte ainda sólida o material deve ser coado em peneira e filtrado em um pano
ou tela bem fina. Geralmente é utilizado diluído em água em concentrações variáveis de
acordo com os diferentes usos e aplicações. Ressalta-se que esse biofertlizante não pode ser
aplicado via foliar, apenas no solo.
Compostos de farelos ou „bokashis‟
São compostos orgânicos produzidos a partir da mistura de materiais como farelos de cereais
(arroz, trigo), torta de oleaginosas (soja, mamona), farinha de osso, farinha de peixe e outros
resíduos com terra de barranco (argilas) ou não. Essa mistura é inoculada com
microorganismos e submetida à fermentação aeróbica ou anaeróbica. O inoculante microbiano
pode ser terra de mata (bosque natural), soja fermentada, microorganismos capturados da
natureza por meio de arroz cozido ou inoculantes comerciais como o EM® (microorganismos
eficazes). Sua composição deve ser ajustada de acordo com os ingredientes disponíveis e as
necessidades nutricionais das culturas. Por utilizar matérias-primas nobres, de uso freqüente
na alimentação animal, o bokashi é um fertilizante relativamente caro e rico em nutrientes,
especialmente N, P e K. Existem diferentes formulações com duração variável de 3 a 21 dias
para obtenção do composto. Durante o processo fermentativo aeróbio, a umidade deve
permanecer em torno de 50% a 60% e a temperatura em torno de 50oC. Na maioria das
formulações, a movimentação da mistura é feita diariamente, uma vez que devido às boas
características físicas (partículas pequenas) e químicas (riqueza em nutrientes) da matéria
prima, a temperatura eleva-se com facilidade. O final do processo caracteriza-se pela queda
de temperatura. O composto de farelos mais conhecido é o ―Nutri Bokashi‖, produzido pela
Kórin, empresa criada em 1995 pela Fundação Mokiti Okada, que utiliza os microorganismos
eficazes (EM®) como inoculante.
Principais fontes de nutrientes permitidas na produção orgânica
• Nitrogênio: estercos puros de animais diversos, cama e urina de animais, espécies
leguminosas de adubos verdes (mucunas, crotalárias, guandu, feijão de porco, feijão bravo do
Ceará, etc.), resíduos agroindustriais como torta de oleaginosas (mamona, algodão, soja) e de
cacau, palhadas e resíduos de culturas leguminosas como soja e feijão, farinha de sangue,
farinha de peixe, composto orgânico, biofertilizantes, bokashis, entre outros.
• Potássio: cinzas, cascas de café, pós de rochas silicatadas com altos teores de potássio, talos
de banana, entre outros.
• Fósforo: fosfatos naturais e farinha de ossos.
• Micronutrientes: alguns pós de rocha, estercos, fontes minerais permitidas (ex.: óxido de
cobre e outros utilizados nos biofertilizantes).
De acordo com a Instrução Normativa no. 007 do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento, podem ser utilizados sulfato de potássio e sulfato duplo de potássio e
magnésio (o último de origem mineral natural), termofosfatos, sulfato de magnésio, ácido
bórico (quando não utilizado diretamente sobre as plantas e o solo) e carbonatos (como fonte
de micronutrientes). Entretanto, estes produtos podem ser empregados somente se constatada
a necessidade de utilização mediante análise e se esses fertilizantes estiverem livres de
substâncias tóxicas. Além disso, a permissão para utilização depende também das normas da
certificadora.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 453
CERTIFICAÇÃO
Atuação das certificadoras
Inicialmente, as agências certificadoras fornecem aos produtores informações sobre as
diretrizes gerais e normas técnicas de produção estabelecidas pelo seu departamento técnico,
em consonância com as legislações nacionais e internacionais sobre o assunto. De posse da
descrição das práticas culturais, tecnologias e/ou insumos permitidos, dos proibidos ou dos de
uso restrito, o produtor deve conduzir seu sistema de produção. Os padrões das certificadoras
são periodicamente revisados, permitindo a adaptação a eventuais atualizações técnicas.
Para auxiliar os produtores, a certificadora pode indicar consultores para fornecer assistência
técnica, que darão orientações quanto à produção e à comercialização dentro de seus padrões
técnicos para a certificação.
O processo de fiscalização é feito por meio de visitas periódicas de inspeção, realizadas na
unidade de produção agrícola, quando o produto é comercializado in natura, e, também, nas
unidades de processamento, quando o produto é processado, e nos entrepostos, quando é
comercializado.
As inspeções podem ser tanto programadas, avisando-se o produtor com antecedência, quanto
aleatórias (sem o conhecimento prévio). O produtor deve apresentar um plano de produção
para a certificadora e manter registros atualizados quanto à origem dos insumos adquiridos,
sua aplicação e o volume utilizado. As instalações devem estar sempre disponíveis para
vistoria e avaliação. Após a inspeção, é elaborado um relatório contendo possíveis
irregularidades quanto às normas de produção estabelecidas. Os relatórios são encaminhados
ao departamento técnico ou ao conselho de certificação da certificadora, que delibera sobre a
concessão do certificado que habilita o produtor, processador ou distribuidor a ser incluído no
Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos e a utilizar o selo do SisOrg.
A certificação pode ser solicitada para áreas específicas ou para toda a propriedade.
Uma vez credenciada e acreditada, a propriedade pode gerar vários produtos certificados, que
recebem o selo de qualidade, desde que observados os requisitos de qualidade, rastreabilidade,
sustentabilidade e padrão de vida dos trabalhadores (IBD, 2010).
O custo do processo de certificação varia de acordo com os critérios de análise estabelecidos
pela certificadora, levando-se em consideração os seguintes itens: taxa de filiação, tamanho da
área a ser certificada, despesa com inspeção, elaboração de relatórios, análises laboratoriais de
solo e da água, visitas de inspeção e o acompanhamento e a emissão do certificado.
Controle Social na Venda Direta
Por reconhecer a importância da relação de confiança estabelecida entre produtores e
consumidores, a legislação brasileira abriu uma exceção na obrigatoriedade de certificação
dos produtos orgânicos que são vendidos diretamente aos consumidores, como em feiras e
pequenos mercados locais. Para isso, os produtores têm que fazer parte de uma Organização
de Controle Social cadastrada em órgãos fiscalizadores, dentre os quais o MAPA, que pode
ser um grupo de agricultores familiares, associação, cooperativa ou consórcio, com ou sem
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personalidade jurídica (IBD, 2010). No entanto, deve ser assegurado aos consumidores e ao
órgão fiscalizador a rastreabilidade dos produtos e o livre acesso aos locais de produção ou de
processamento.
A Organização de Controle Social tem o papel de orientar os associados sobre a qualidade dos
produtos orgânicos e, para que tenha credibilidade e seja reconhecida pela sociedade, precisa
estabelecer uma relação de organização, comprometimento e confiança entre os participantes
(IBD, 2010).
Por meio da Organização de Controle Social reduz-se significativamente o custo do processo
de manutenção da confiabilidade dos produtos orgânicos, conferindo maior competitividade
aos agricultores familiares que fazem uso desse sistema.
Atribuições do MAPA
Além de credenciar as certificadoras, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(MAPA) é responsável pelo acompanhamento e pela fiscalização dos organismos de
certificação, devendo nos casos de adulteração, falsificação, fraude e descumprimento da
legislação tomar medidas de advertência, autuação, apreensão de produtos, retirada do
cadastro dos agricultores autorizados a trabalhar com a venda direta e suspensão do
credenciamento como organismo de avaliação. Também podem ser aplicadas multas, que
variam entre R$ 100,00 e R$ 1 milhão (BRASIL, 2010).
O MAPA também pode delegar algumas funções a outras instituições, principalmente no que
tange ao acompanhamento dos processos produtivos.
Certificadoras por Auditoria
A certificação de produtos orgânicos por auditoria pode ser feita por agências locais,
internacionais ou por parcerias entre elas. Dentre as diversas certificadoras atuantes no Brasil,
destacam-se, por motivos diversos, as nacionais Associação de Agricultura Orgânica de São
Paulo (AAO), Associação de Agricultura Natural de Campinas e Região (ANC), Associação
dos Produtores de Agricultura Natural (APAN), Associação de Agricultura Orgânica
(AAOCERT), Associação Orgânica de Santa Catarina, Associação de Agricultores Biológicos
do Estado do Rio de Janeiro (ABIO), Associação de Certificação de Produtos Orgânicos do
Espírito Santo (Chão Vivo), Certificadora Sapucaí, Certificadora Mokiti Okada (CMO),
Instituto Brasileiro de Certificação Ética (IBCERT), IBD Certificações (IBD), Instituto de
Tecnologia do Paraná (TECPAR CERT) e a Minas Orgânica (MINAS). Dentre as
internacionais, podem ser citadas a norte-americana Farmers Verified Organic (FVO), a
francesa ECOCERT BRASIL, a alemã BCS Öko-Garantie GmbH, a holandesa Associação
Skal Brasil Certificadora (SKAL), a suíça IMO Control do Brasil Ltda. e a argentina
Organizacion Internacional Agropecuaria Brazil (OIA).
As certificadoras de produtos orgânicos devem ser credenciadas pelo Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e acreditada pelo Instituto Nacional de
Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO). Internacionalmente, um dos
órgãos que credencia as certificadoras é a International Federation of Organic Agriculture
Movements (IFOAM), que é uma federação que congrega os diversos movimentos
relacionados à agricultura orgânica.
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 455
Profº. ELENILSON SANTOS
TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA
Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 456
Agroecossistema Conceito de agroecossistema
Alberto Feiden1 (parte II)
"( ... ) os homens têm que estar em condições de viver para
poderem 'fazer história'. Mas da vida fazem parte sobretudo comer e
beber, habitação, vestuário e ainda algumas outras coisas. O
primeiro ato histórico é, portanto, a produção dos meios para a
satisfação dessas necessidades, a produção da própria vida material,
e a verdade é que este é um ato histórico, uma condição
fundamental de toda a História, que ainda hoje, como há milhares de
anos, tem que ser realizado dia a dia, hora a hora, para ao menos
manter os homens vivos (MARX; ENGELS, 1984).
A modificação de um ecossistema natural pelo homem, para produção de bens
necessários à sua sobrevivência, forma o agroecossistema. Com a interferência humana, os
mecanismos e controles naturais são substituídos por controles artificiais, cuja lógica é
condicionada pelo tipo de sociedade na qual se insere o agricultor. Existem diversas
definições de agroecossistemas. Entre elas, salientamos as seguintes:
Agroecossistemas - São sistemas ecológicos alterados, manejados de forma a
aumentar a produtividade de um grupo seleto de produtores e de consumidores. Plantas e
animais nativos são retirados e substituídos por poucas espécies (PIMENTEL, 1973;
PIMENTEL; PIMENTEL, 1996).
Agroecossistemas - São compostos pelas interações físicas e biológicas de seus
componentes. O ambiente vai determinar a presença de cada componente, no tempo e no
espaço. Esse arranjo de componentes será capaz de processar inputs (insumos) ambientais
e produzir outputs (produtos) (HART, 1978, 1980).
Para fins práticos, o agroecossistema pode ser considerado equivalente a sistema
de produção, sistema agrícola ou unidade de produção. Nesse caso, é o conjunto de
explorações e de atividades realizadas por um agricultor, com um sistema de gestão próprio.
Diferenças entre ecossistema e agroecossistema
A ação humana modifica o ecossistema natural, procurando direcionar a produção
primária do ecossistema para obtenção de produtos que atendam as necessidades básicas
e culturais das diferentes sociedades humanas. Estas possuem diferentes concepções de
vida, o que implica em diferentes padrões de consumo e, como conseqüência, criam
relações diversas com a natureza, e diferentes graus de pressão sobre os recursos naturais.
No entanto, independentemente do grau de artificialização aplicado ao ecossistema
natural, sua conversão em agroecossistema implica em diferenças em relação aos
ecossistemas naturais. Os agroecossistemas ocidentais "modernos" representam o maior
grau de artificialização em relação aos ecossistemas naturais e, com base nestes, Odum
1 FEIDEN, Alberto. Agroecologia: introdução e conceitos. In: Agroecologia: princípios e técnicas para uma agricultura orgânica sustentável.
Brasília: Distrito Federal. Embrapa, Informação Tecnológica, 2005. p. 61-69.
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(1984), citado por Hecht (2002), e Glissmann e Méndez (2001), apresentam as seguintes
diferenças em relação aos ecossistemas naturais:
Fluxo de energia mais aberto - Enquanto nos ecossistemas naturais a principal
fonte é a energia direta do sol, os agroecossistemas possuem fontes auxiliares de energia,
como a força humana, a tração animal e os combustíveis fósseis cuja energia é aplicada
diretamente ao agroecossistema ou indiretamente, por meio da produção de insumos
industriais. Além disso, as perdas de energia são maiores, tanto de energia potencial
biológica armazenada nos tecidos colhidos ou na matéria orgânica, como pelas perdas
diretas de calor, por meio da aceleração dos processos biológicos e na decomposição
acelerada das reservas de matéria orgânica.
Ciclagem de nutrientes mais aberta - Nos agroemssistemas, ocorre a entrada de
nutrientes pela adição de fertilizantes orgânicos ou industriais, e maiores saídas devido à
intensificação dos processos de perda (erosão, lixiviação, volatilização, fixação aos minerais
do solo) e pela exportação de nutrientes por meio dos produtos colhidos.
Menor diversidade - A grande diversidade encontrada nos ecossistemas é
suprimida, dando lugar a poucas espécies cultivadas, a poucas plantas consideradas"
invasoras", e aos organismos associados a essas espécies.
Pressão de seleção artificial - Os organismos remanescentes no agroecossistema
deixam de estar submetidos à seleção natural para serem submetidos a pressões artificiais
de seleção, tanto a seleção conscientemente dirigida sobre os organismos cultivados, como
pela pressão de seleção inconsciente aplicada sobre os organismos espontâneos dos
agroecossistemas, causada pelas práticas culturais e pela aplicação de produtos para
controle das populações indesejadas. Muitas vezes, essa pressão de seleção inconsciente
pode ser muito mais intensa que a aplicada aos organismos cultivados.
Diminuição dos níveis tróficos - Devido à redução da biodiversidade, ocorre uma
redução dos níveis tráficos, que em geral se reduzem aos produtores e seus consumidores
diretos (no caso de culturas vegetais) ou de produtores (que não necessariamente estão
dentro dos agroecossistemas), consumidores primários e seus predadores ou parasitas (no
caso de produção animal). Como em geral há abundância do organismo cultivado, isso
significa fartura de alimento para o nível tráfico seguinte, permitindo rápido aumento da
população dos organismos que participam desse nível tráfico.
Diminuição na capacidade de auto-regulação - Os mecanismos de auto-
regulação são substituídos por controles artificiais de população e deixam de ser levados em
conta, perdendo sua capacidade de resposta aos estímulos ambientais.
Tipos de agroecossistemas
Agroecossistemas modernos ou tecnificados
Os agroecossistemas modernos ou tecnificados caracterizam-se por um alto grau
de artificialização das condições ambientais, sendo altamente dependentes de insumos
produzidos industrialmente e adquiridos no mercado. Esses insumos são baseados em
recursos não renováveis e importados de outras regiões, implicando em gasto de energia
com transporte.
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Há pouca preocupação com a conservação e a reciclagem de nutrientes dentro do
agroecossistema. Procuram adaptar as condições locais às necessidades das explorações,
por meio de práticas como correção da acidez do solo, fertilização, irrigação, drenagem, etc.
Assim, homogeneízam a diversidade de microambientes, aplicando um tratamento médio ao
conjunto de situações diversificadas. Por isso, impactam fortemente o ambiente dentro e
fora da propriedade. Além disso, reduzem a diversidade, e eliminam a continuidade espacial
e temporal. Reduzem a diversidade genética local, pela introdução de espécies e de
cultivares "melhoradas" e desestruturam os conhecimentos e a cultura local.
Geralmente, os rendimentos são proporcionais à aplicação de insumos e pouco
dependem do ecossistema original, sendo que o objetivo principal da produção é a obtenção
de lucro, e o tipo de produção é determinado pelas demandas do mercado global,
independentemente das necessidades das comunidades locais.
Problemas dos agroecossistemas modernos ou tecnificados
Em geral, os agroecossistemas ditos modernos ou tecnificados usam aração
intensiva como forma de preparo do solo, o que leva a problemas como degradação da
estrutura do solo, redução da matéria orgânica, compactação do solo, redução da infiltração
de água no solo, formação de impedimentos à penetração radicular, e em conseqüência,
menor capacidade de armazenamento de água no perfil do solo, maior suscetibilidade a
déficit hídrico, maior intensidade do escorrimento superficial e intensificação da erosão
hídrica e eólica.
Esses agroecossistemas são baseados em monocultivos que permitem ganhos de
escala de produção e maior eficiência na utilização dos equipamentos, mas isso resulta em
suscetibilidade a pragas e doenças, erosão genética e perda do conhecimento agrícola
tradicional, este muitas vezes fundamental para o entendimento das condições ambientais
locais.
Uso de fertilizantes sintéticos, provenientes de fontes não renováveis elevam os
custos de produção e ameaçam a continuidade do modelo em longo prazo. Além disso, se
perdem facilmente por lixiviação, volatilização e fixação permanente nas argilas do solo,
podendo contaminar os alimentos e os aqüíferos.
O uso da irrigação em larga escala promove um consumo excessivo de água, além
de provocar a salinização dos solos, a erosão hídrica e a contaminação dos aqüíferos.
A utilização do controle químico para o combate a pragas, doenças e plantas
espontâneas promove a resistência destes aos produtos aplicados, por meio da pressão de
seleção exercida por esses produtos; a eliminação de inimigos naturais; a contaminação dos
alimentos e do ambiente. Além disso, para sua produção, são utilizadas fontes não
renováveis de energia, colocando em xeque a possibilidade de sua utilização em longo
prazo.
Agroecossistemas tradicionais
Em diversas regiões do mundo, principalmente na América Latina, na África e na
Ásia, ainda subsiste grande número de sistemas de cultivo tradicionais, que representam um
ponto intermediário entre os ecossistemas naturais e a agricultura convencional. Esses
agroecossistemas têm vantagens e desvantagens como sistemas de produção na
atualidade. Devido às desvantagens, muitos estão em franco estado de degradação. Mesmo
assim, vale a pena conhecer suas características, que poderão ser muito úteis no desenho e
no manejo de agroecossistemas sustentáveis.
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Geralmente, os agroecossistemas tradicionais não dependem de insumos
comerciais. Usam recursos renováveis e disponíveis no local e dão grande importância à
reciclagem de nutrientes. Mantêm um alto grau de diversidade e sua continuidade espacial e
temporal. Como estão adaptados às condições locais, conseguem aproveitar, ao máximo,
os microambientes e beneficiam o ambiente dentro e fora da propriedade, ao invés de
impactá-Io.
Os rendimentos são proporcionais à capacidade produtiva do ecossistema original,
pois este não sofre alterações drásticas. Priorizam a produção para satisfazer as
necessidades locais. Dependem da diversidade genética, dos conhecimentos e da cultura
local e por isso a preservam.
Problemas dos agroecossistemas tradicionais
O fato de muitos dos sistemas tradicionais estarem em processo de degradação
evidencia que, apesar de suas vantagens ecológicas, esses agroecossistemas apresentam
uma série de problemas, como não responder a muitas das realidades socioeconômicas
atuais. A escassez da força de trabalho é um dos problemas sérios para esses sistemas,
que são altamente demandadores de força de trabalho. Esse problema é derivado das
migrações de populações pobres, que não conseguem sobreviver à escassez de terras,
conseqüência da concentração fundiária. Assim, esses agricultores não conseguem
competir com os agricultores capitalizados, que utilizam tecnologias da Revolução Verde.
A escassez de terras e o aumento da população pobre causam uma pressão muito
forte sobre os recursos naturais, ultrapassando os limites de sustentabilidade, reduzindo a
produtividade e levando as populações à extrema pobreza.
Como construir um novo sistema
Ao construir um novo sistema de produção, devemos nos basear num princípio
geral: quanto mais um agroecossistema se parecer com o ecossistema da região
biogeográfica em que se encontra, em relação à sua estrutura e função, maior será a
probabilidade desse agroecossistema ser sustentável.
Por isso, devemos construir sistemas de produção que se aproximem ao máximo
dos ecossistemas naturais. Isso não é fácil e exige um alto grau de conhecimento ecológico,
agronômico e socioeconômico, ainda não disponível. Como ciência em construção, a
agroecologia visa atender a essas demandas de conhecimento.
A construção de modelo de agricultura que respeite os princípios ecológicos não é
uma volta ao passado, como afirmam seus detratores. Embora a agroecologia estude e
valorize os agroecossistemas tradicionais, ela o faz de um ponto de vista crítico, para
conhecer a lógica e as interações que os mantêm. A partir daí, aplica-se essa lógica para se
desenhar novos sistemas que otimizem os processos e as interações ecológicas, com a
finalidade de melhorar a produção de bens úteis à sociedade.
Ao incorporar as questões sociais e respeitar a cultura e o conhecimento local,
busca preservar a identidade, os costumes e as tradições de cada povo, propiciando a
conquista de direitos sociais e a melhoria da qualidade de vida dessas populações, ao invés
de enfocar apenas a produção pela produção, esquecendo as aspirações dos homens
responsáveis por esta.
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Passos para a construção de sistemas de produção agroecológicos
Não há receitas prontas, nem é possível desenvolver pacotes tecnológicos
agroecológicos, para desenvolver o sistema. No seu princípio de imitar o ecossistema
original, será a busca de uma agricultura movida, basicamente, pelo sol, que passará a ser a
principal fonte de energia. Também se deve trabalhar pelo fechamento dos ciclos de
nutrientes e pela reativação dos mecanismos de autocontrole das populações. Dentro
desses princípios, os passos possíveis e não exclusivos para a construção do novo sistema
de produção agroecológico poderiam ser:
Reduzir a dependência de insumos comerciais - Substituir o uso de insumos por
práticas que permitam melhorar a qualidade do solo com o uso da fixação biológica de
nitrogênio, e de espécies que estimulem microrganismos, tais como micorrizas,
solubilizadores de fosfatos e promotores de crescimento.
Utilizar recursos renováveis e disponíveis no local - Aproveitar, ao máximo, os
recursos locais, que freqüentemente são perdidos e se tornam poluentes, como restos
culturais, estercos, cinzas, resíduos caseiros e agroindustriais "limpos".
Enfatizar a reciclagem de nutrientes - Evitar, ao máximo, as perdas de nutrientes,
com práticas eficientes de controle da erosão, e a utilização de espécies de plantas capazes
de recuperar os nutrientes lavados para as camadas mais profundas do perfil do solo.
Introduzir espécies que criem diversidade funcional no sistema – Cada
espécie introduzida no sistema atrai diversas outras à qual está associada. No entanto, não
nos interessa qualquer tipo de diversidade, mas uma diversidade que proporcione uma série
de serviços ecológicos, capazes de dispensar o uso de insumos. Essa diversidade deve
incluir espécies fixadoras de nitrogênio, recicladoras de nutrientes, estimuladoras de
predadores e parasitas de pragas, de polinizadores, estimuladoras de micorrizas,
sideróforos, solubilizadores de fosfato, etc.
Desenhar sistemas que sejam adaptados às condições locais e aproveitem,
ao máximo, os microambientes - Devemos adaptar nossas explorações aos diversos
microambientes da unidade de produção, o contrário dos sistemas convencionais, que
buscam homogeneizar os ambientes.
Manter a diversidade, a continuidade espacial e temporal da produção - Em
condições tropicais, os solos devem permanecer cobertos por todo o ano, para evitar erosão
e lixiviação e, conseqüentemente, a perda de parte do próprio solo e de nutrientes. Assim,
nos sistemas agroecológicos, o uso do solo acaba sendo mais intenso que nos sistemas
convencionais. Nos períodos em que não é possível cultivar espécies de utilidade
econômica direta, são cultivadas espécies melhoradoras do solo ou do ambiente.
Otimizar e elevar os rendimentos, sem ultrapassar a capacidade produtiva do
ecossistema original-: O objetivo não é atingir produtividade máxima de uma única cultura,
mas conseguir produtividade ótima do sistema como um todo, garantindo a sustentabilidade
dessa produtividade ao longo do tempo.
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Resgatar e conservar a diversidade genética local - As espécies e cultivares
desenvolvidas em cada local estão adaptadas às condições ambientais locais. Na maioria
das vezes, as cultivares locais, quando colocadas em competição com cultivares
melhoradas, em centros de pesquisa, apresentam produtividades inferiores às melhoradas,
mas essa situação pode se inverter, quando colocadas em competição no meio real dos
agricultores. De qualquer modo, mesmo as cultivares de baixo desempenho devem ser
preservadas, pois podem possuir características de extrema importância, que podem ser
úteis futuramente.
Resgatar e conservar os conhecimentos e a cultura locais - No seu contato dia
a dia, com o ambiente, os agricultores realizam observações de muitos fenômenos que
ocorrem em seus sistemas de produção, e apesar de não as descreverem em termos
científicos, possuem uma gama de informações codificadas que somente eles têm acesso.
Assim, a sua participação é fundamental no desenvolvimento de um novo modelo de
agricultura, pois enquanto os técnicos possuem uma visão extremamente analítica, com
poucas informações extremamente detalhadas, os agricultores possuem uma visão mais
global e integrada do conjunto de fenômenos, e de suas conseqüências, mesmo que não
tenham um conhecimento detalhado de cada fenômeno em si. Assim, o conhecimento do
agricultor pode fornecer, rapidamente, uma série de informações que técnicos e
pesquisadores gastariam anos de pesquisa para obter. Nem por isso deve-se cair no erro de
superestimar o conhecimento local, pois este também tem seus limites.
Perspectivas futuras
Como ciência em construção, com características transdisciplinares, a agroecologia
necessita da participação efetiva de diversas ciências e disciplinas, como a Agronomia, a
Biologia, a Economia, a Sociologia, a Antropologia, a Ciência do Solo, entre outras. Além
disso, incorpora e reelabora o conhecimento tradicional das populações. Ciência
integradora, a ecologia fornece a base metodológica para a integração desses
conhecimentos.
Apesar dos evidentes problemas causados pela agricultura tradicional, esta ainda é
dominante, devido a sua facilidade e respostas imediatas, além do intenso bombardeio
ideológico que sofrem os agricultores por parte dos agentes de mercado, que lucram com
esse modelo de agricultura.
Paulatinamente, a agroecologia vai ganhando respeitabilidade, tendo passado de
elemento da contracultura, na década de 1970, a disciplina acadêmica. Os inegáveis
resultados obtidos pelas diferentes linhas de pesquisa da área dão suporte a esse ganho de
respeitabilidade.
Inúmeras lacunas ainda estão em aberto e exigem um extraordinário esforço de
pesquisa, experimentação, teste em meio real para expandir o conhecimento na área e a
adoção de tecnologias agroecológicas por parte dos agricultores.
HISTÓRIA DA AGRICULTURA
No início das civilizações, os homens viviam em bandos, nômades de acordo com a
disponibilidade de alimentos que a natureza espontaneamente lhes oferecia. Dependiam da
coleta de alimentos silvestres, da caça e da pesca. Não havia cultivos, criações domésticas,
armazenagem e tampouco trocas de mercadorias entre bandos. Assim, passavam por
períodos de fartura ou de carestia. Em cada local em que um bando se instalava a coleta, a
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caça e a pesca, fáceis no início, ficavam cada vez mais difíceis e distantes, até um momento
em que as dificuldades para a obtenção de alimentos se tornavam tão grandes que os
obrigavam a mudar sempre de lugar, sem fixação de longo prazo.
Com o passar dos tempos, descobriram que as sementes das plantas, devidamente
lançadas ao solo, podiam germinar, crescer e frutificar e que animais podiam ser
domesticados e criados em cativeiro. O surgimento da agropecuária teve um impacto
evidente, pois pela primeira vez, era possível influir na disponibilidade dos alimentos. Com o
passar do tempo, o homem foi se tornando cada vez menos nômade e mais e mais
dependente da terra em que vivia, desenvolvendo a habilidade de produzir. Assim, o homem
fixou-se ao solo e apropriou-se da terra. Durante milhares de anos, as atividades
agropecuárias sobreviveram de forma muito extrativa, retirando o que a natureza
espontaneamente lhes oferecia. Os avanços tecnológicos eram muito lentos, até mesmo de
técnicas muito simples, como as adubações com materiais orgânicos (esterco e outros
compostos) e o preparo de solos.
Com a fixação do homem a terra, formando comunidades, surge organizações as mais
diferenciadas no que se refere ao modo de produção, tendendo à formação de propriedades
diversificadas quanto à agricultura e à pecuária. Os trabalhadores eram versáteis,
aprendendo empiricamente e executando múltiplas tarefas, de acordo com a época e a
necessidade.
Logo, desde o século XIX, quando se estabeleceram hipóteses de como teria sido o
desenvolvimento do homem, foram estabelecidas quatro fases:
- Primeira fase – o homem foi selvagem;
- Segunda fase – o homem foi nômade (sem habitação fixa) e domesticador;
- Terceira fase – o homem se tornou agricultor;
- Quarta fase – o homem se civilizou.
A atividade agrícola foi predominante para as economias por milhares de anos antes da
revolução industrial. Sua importância não diminuiu nem mesmo com o surgimento de
fábricas nem com a proclamada chegada de uma era digital, pois trata-se da produção de
alimentos e, sem alimentos, a vida não é possível.
HISTÓRICO
O crescimento populacional e a queda da fertilidade dos solos utilizados após anos de
sucessivos plantios causaram, entre outros problemas, a escassez de alimentos. Contudo,
alguns autores relatam que na antiguidade, a fome existia em virtude da escassez de
alimentos e da falta de estrutura no armazenamento, transporte e distribuição. O sistema de
produção até meados do século XVIII compreendia a produção de alimentos associados
com o cultivo de árvores e arbustos nativos, na forma agroflorestal. Era realizado o manejo
do solo, com rotação de cultivos, a biodiversidade de cultivos e a aplicação massiva de
matéria orgânica. Na escolha das espécies e variedades, predominava a utilização de
plantas adaptadas às condições locais, baseados na rusticidade e resistência às pragas,
doenças e aos fatores climáticos adversos.
O fim do século XVIII foi o período que iniciou a busca pela alta produtividade, objetivando
uma maior produção de alimentos a nível local e nacional. Os técnicos e especialistas
desenvolveram novas tecnologias de produção agrícola, que promoveram a Primeira
Revolução Agrícola. Nesse período intensifica-se a adoção de sistemas de rotação de
culturas com plantas forrageiras (capim e leguminosas) e as atividades de pecuária e
agricultura se integram, trazendo um grande aumento da produção de alimentos com o uso
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dos excrementos dos animais para a adubação das lavouras. A Primeira Revolução Agrícola
teve como características principais:
- baixa necessidade de capital;
- alta demanda de mão de obra;
- atendimento ao mercado local;
- autoconsumo;
- utilização de técnicas adequadas para o manejo da matéria orgânica;
- crescimento de produções extensivas de alimentos, como o café, a cana de açúcar e o
citros, para atendimento do mercado regional, nacional e internacional;
- controle de pragas e doenças através de extratos de plantas e emulsões de querosene,
tendo iniciado o emprego da Calda Bordalesa e outros.
observações: -______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________
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O século XIX foi de grandes descobertas para a agricultura mundial. Theodore de Saussure
demonstrou o princípio da respiração das plantas. Ocorreu também, por parte de diversos
pesquisadores, um grande progresso na compreensão da nutrição de plantas e da
adubação das culturas. Justus von Liebig estabeleceu, em 1862, a Lei do Mínimo, que
possui importância universal no manejo da fertilidade do solo ainda hoje. Neste século teve
início o desenvolvimento da maquinaria agrícola, fertilizantes e pesticidas para o emprego
na agricultura, o emprego agrícola do DDT, um inseticida clorado. Surgiram as grandes
extensões de cultivos, principalmente monoculturas, com elevada necessidade de irrigação.
Começou neste período haver a preocupação em aplicar produtos de controle de pragas e
doenças que fossem inócuos ao homem. No entanto, não havia preocupações quanto ao
meio ambiente e seus efeitos acumulativos no homem e na natureza.
A partir da segunda metade do século XX, os países desenvolvidos criaram uma estratégia
de elevação da produção agrícola mundial visando combater a fome e a miséria dos países
mais pobres. Para isso introduziram técnicas mais apropriadas de cultivo, mecanização, uso
de fertilizantes, defensivos agrícolas e a utilização de sementes de alto rendimento em
substituição às sementes tradicionais, menos resistentes aos defensivos agrícolas. Logo, as
principais características da tecnologia da Revolução Verde são:
- abandono da rotação de cultivos, controle biológico, cultivares resistentes;
- emprego do solo apenas como suporte das plantas, sem a preocupação da preservação
do ambiente, flora e fauna;
- produção agrícola altamente exigente em capital, maquinaria e tecnologia;
- utilização de “defensivos modernos” no controle de pragas e doenças.
Como conseqüências, a Revolução Verde trouxe um aumento expressivo na produção
agrícola, mas aos poucos também trouxe problemas: compactação dos solos, erosão, perda
da fertilidade dos solos, perda da biodiversidade, contaminação dos alimentos e dos seus
consumidores, intoxicações crônicas e agudas dos trabalhadores rurais, contaminação dos
solos e das águas por nitratos e agrotóxicos, aparecimento de pragas resistentes aos
agrotóxicos, aparecimento de novas pragas, entre outros. A Revolução Verde também
aumentou a dependência em relação aos países mais ricos que detinham a tecnologia
indispensável ao cultivo das novas sementes e forneciam insumos necessários para
viabilizar a produção.
A elevação da produtividade diminuiu o preço de diversos produtos para o consumidor, mas
o custo dos insumos aumentou numa escala muito maior, inviabilizando a produção em
pequena escala. Dessa forma, vários pequenos proprietários ligados à agricultura comercial
ficaram incapacitados de incorporar essas novas tecnologias, abandonaram suas atividades
e venderam as suas propriedades, com impacto desastroso na estrutura fundiária de
diversos países, entre eles o Brasil.
A partir de 1953, com a descoberta da estrutura das moléculas do DNA, a biotecnologia
provocou uma nova revolução na agricultura. Com isso o homem viu a possibilidade de
manipular, trocar de lugar as letras do código genético e já na década de 1970, descobriu-se
como unir fragmentos de diferentes espécies. Assim, através de técnicas utilizadas para
alteração de genes em diferentes organismos, com a fusão de genes de espécies diferentes
que jamais se cruzariam na natureza, foram criadas diversas variedades transgênicas ou
OGMs (Organismos Geneticamente Modificados). Portanto, os transgênicos são espécies
cuja
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constituição genética foi alterada artificialmente e convertida a uma forma que não existe na natureza. É um ser vivo que recebeu um gene de outra espécie animal ou vegetal. Pouco mais de dez anos depois, as primeiras plantas transgênicas passaram a ser produzidas comercialmente e com isso a biotecnologia ganhou cada vez mais destaque no cenário científico e tecnológico, com a promessa de uma agricultura mais produtiva e menos dependente do uso de agrotóxicos. E com essa promessa vieram também as dúvidas sobre os efeitos secundários dos transgênicos e as conseqüências que podem provocar na saúde e no ambiente. As principais variedades transgênicas da grande agricultura como soja, milho, algodão, canela, mandioca, tabaco, arroz, tomate e trigo são controladas atualmente por poucas empresas multinacionais. Teme-se que tais empresas assumam o controle da produção das sementes transgênicas e isso resulte no controle do mercado mundial de alimentos, apesar da vasta produção de produtos orgânicos.
FATORES SÓCIO-ECONÔMICOS
Alguns fatores socioeconômicos históricos condicionaram por muito tempo as propriedades rurais, ou mesmo pequenas comunidades, a sobreviver praticamente isoladas ou ser auto-suficientes. Esses fatores foram basicamente: -a distribuição espacial da população- a população era predominantemente rurícola, com
mais de 80% do total de habitantes vivendo no meio rural; -a carência de infra-estrutura- as estradas, quando existiam, eram muito precárias; -a pouca evolução da tecnologia de conservação de produtos- os meios de transporte eram
muito escassos e os armazéns insuficientes. Os produtos obtidos tinham sua perecibilidade acelerada por insuficiência de técnicas de conservação; -as dificuldades de comunicação- os meios de comunicação eram muito lentos.
As propriedades rurais eram muito diversificadas, com várias culturas e criações diferentes, necessárias à sobrevivência de todos que ali viviam. Eram comuns as propriedades que integravam suas atividades primárias com atividades industriais (agroindustriais). No Brasil, por exemplo, no Estado de Minas Gerais, cada propriedade rural podia produzir ao mesmo tempo: arroz, feijão, milho, algodão, café, cana-de-açúcar, fumo, mandioca, frutas, hortaliças e outras, além de criações de bovinos e ovinos, suínos, aves e eqüinos. E mais, nessas propriedades o algodão era tecido e transformado em confecções; o leite era beneficiado e transformado em queijos, requeijões e manteiga; da cana-de -açúcar faziam a rapadura, o melado, o açúcar mascavo e a cachaça; da mandioca fabricavam a farinha, o polvilho e biscoitos diversos; o milho era usado diretamente como ração e/ou destinado ao moinho para transformação em fubá, que era usado para fabricação de produtos diversos; e assim por diante. Na região sul do país, o modelo de colônias transformava cada uma delas em um complexo de atividades de produção e de consumo, com pouca geração de excedentes e pouca entrada de outros produtos. Assim extraíam a madeira, tinham suas próprias serrarias e marcenarias, produziam os produtos de subsistência alimentar (arroz, trigo, milho, feijão e outros), inclusive algumas transformações, e compravam poucos produtos. Nas fazendas de produção de açúcar, durante o período da escravatura, o sustento dos trabalhadores era obtido em pequenas áreas, concedido aos escravos para produção de alimentos. Esses acontecimentos não se referem a passados muito longínquos. Esse modelo geralmente continha uma atividade comercial (como fumo, trigo, açúcar ou outras), em escalas de produção diferenciadas, com objetivo de gerar receita para compra de alguns bens não produzidos no local, como sal, querosene para iluminação e outros produtos e, para gerar riquezas para poucos. As propriedades praticamente produziam e industrializavam tudo de que necessitavam. Assim, eram quase auto-suficientes. Por isso, qualquer referência à “agricultura” relacionava-se a todo o conjunto de atividades desenvolvidas no meio rural, das mais simples às mais complexas, quase todas dentro das próprias fazendas. A evolução sócio-econômica, sobretudo com os avanços tecnológicos, mudou totalmente a fisionomia das propriedades rurais. A população começou a sair do meio rural e dirigir-se para as cidades, passando, nesse período, de 20% para 70% a taxa de pessoas residentes
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no meio urbano (caso do Brasil). O avanço tecnológico foi intenso, provocando saltos nos índices de produtividade agropecuária (Revolução Verde). Com isso, menor número de pessoas cada dia é obrigado a sustentar mais gente. Assim, as propriedades rurais cada dia mais: -perdem sua auto-suficiência; -passam a depender sempre mais de insumos e serviços que não são seus; -especializam-se somente em determinadas atividades; -geram excedentes de consumo e abastecem mercados, às vezes, muito distantes; -recebem informações externas; -necessitam de estradas, armazéns, portos, aeroportos, softwares, bolsas de mercadorias, pesquisas, fertilizantes, novas técnicas, tudo de fora da propriedade rural; -conquistam mercado; -enfrentam a globalização e a internacionalização da economia. Então, a “agricultura” de antes passa a depender de muitos serviços, máquinas e insumos que vêm de fora. Depende também do que ocorre depois da produção, como armazéns, infra-estruturas diversas (portos, estradas, e outras), agroindústrias, mercados atacadistas e varejistas, exportação. Cada um desses segmentos assume funções próprias, cada dia mais especializadas, mas compondo um elo importante em todo o processo produtivo e comercial de cada produto agropecuário. Por isso, surgiu a necessidade de uma concepção diferente de “agricultura”. Já não se trata de propriedades auto-suficientes, mas de todo um complexo de bens, serviços e infra-estrutura que envolvem agentes diversos e interdependentes. DEFINIÇÕES IMPORTANTE: * Agricultura - Arte de cultivar os campos, com vistas à produção de vegetais úteis ao
homem. Atividade desenvolvida pelo homem que o relaciona com a terra de uma forma metódica e sistemática, tendo como objetivo a produção de alimentos. * Agricultura extensiva - É caracterizada geralmente pelo uso de técnicas rudimentares (simples) ou tradicionais na produção. Esse tipo de agricultura pode ser encontrado tanto nas pequenas quanto nas grandes propriedades com o predomínio da mão-de-obra humana e baixa mecanização. A falta de capital é um marco neste tipo de agricultura. * Agricultura intensiva - É um sistema de produção agrícola que faz uso intensivo dos meios
de produção e na qual produzem grandes quantidades de um único tipo de produto. Requer grande uso de combustível e insumos, e pode acarretar alto impacto ambiental, pois não é utilizada a rotação de terra. Grande produtividade e utilização de maquinário. * Agricultura de subsistência - É um sistema de produção agrícola que visa a sobrevivência
do agricultor e de sua família. É caracterizada pela utilização de recursos técnicos pouco desenvolvidos. Os instrumentos agrícolas mais usados são: enxada, foice e arado (tração animal). Raramente são utilizados tratores ou outro tipo de máquina. A produção é baixa em comparação às grandes propriedades rurais mecanizadas. * Monocultura - É a produção ou cultura de apenas uma especialidade agrícola. * Policultura - Cultivo de vários produtos agrícolas ao mesmo tempo.
observações: -______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________
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BIODIVERSIDADE
"Bio" significa "vida" e diversidade significa "variedade". Então, biodiversidade ou
diversidade biológica compreende a totalidade de variedade de formas de vida que
podemos encontrar na Terra (plantas, aves, mamíferos, insetos, microorganismos...).
A biodiversidade possui três grandes níveis:
1) Diversidade genética - os indivíduos de uma mesma espécie não são geneticamente
idênticos entre si. Cada indivíduo possui uma combinação única de genes que fazem com
que alguns sejam mais altos e outros mais baixos, alguns possuam os olhos azuis enquanto
outros os tenham castanhos, tenham o nariz chato ou pontiagudo. As diferenças genéticas
fazem com que a Terra possua uma grande variedade de vida.
2) Diversidade orgânica - os cientistas agrupam os indivíduos que possuem uma história
evolutiva comum em espécies. Possuir a mesma história evolutiva faz com que cada
espécie possua características únicas que não são compartilhadas com outros seres vivos.
Os cientistas já identificaram cerca de 1,75 milhões de espécies. Contudo, eles estão
somente no começo. Algumas estimativas apontam que podem existir entre 10 a 30 milhões
de espécies na Terra.
3) Diversidade ecológica - As populações da mesma espécie e de espécies diferentes
interagem entre si formando comunidades; essas comunidades interagem com o ambiente
formando ecossistemas, que interagem entre si formando paisagens, que formam os
biomas. Desertos, florestas, oceanos, são tipos de biomas. Cada um deles possui vários
tipos de ecossistemas, os quais possuem espécies únicas. Quando um ecossistema é
ameaçado todas as suas espécies também são ameaçadas.
Por que a biodiversidade é importante?
Qual é o valor de um metro cúbico de água liberado pela Floresta Amazônica, por
evaporação, que retorna em forma de chuva, mantendo o clima úmido da região? Qual é o
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valor dos nutrientes acumulados nos troncos e nas cascas de árvores centenárias? Quais
seriam os prejuízos provocados pelos incêndios na Amazônia se estes não se apagassem
nas margens das florestas? Quanto vale um quilo de carbono que deixa de ser liberado para
a atmosfera por estar estocado em suas florestas? Estas perguntas estão relacionadas ao
valor do que pode ser chamado "serviço ecológico" fornecido pela floresta Amazônica. A
importância desses serviços fica clara quando se projeta um cenário de "Amazônia
desmatada". Se a maior parte da vasta extensão de floresta existente hoje fosse removida,
além do desaparecimento de número enorme de espécies, a atmosfera da Terra passaria a
ter muito mais gás carbônico, agravando o efeito estufa e o conseqüente aquecimento
global. Portanto, a biodiversidade é uma das propriedades fundamentais da natureza por ser
responsável pelo equilíbrio e pela estabilidade dos ecossistemas. Além disso, a
biodiversidade é fonte de imenso potencial econômico por ser a base das atividades
agrícolas, pecuárias, pesqueiras, florestais e também a base da indústria da biotecnologia,
ou seja, da fabricação de remédios, cosméticos, enzimas industriais, hormônios, sementes
agrícolas. Portanto, a biodiversidade possui, além do seu valor intrínseco, valor ecológico,
genético, social, econômico, científico, educacional, cultural, recreativo... Com tamanha
importância, é preciso conhecer e evitar a perda da biodiversidade!
Fatores que ameaçam a conservação da biodiversidade
A perda da biodiversidade envolve aspectos sociais, econômicos, culturais e científicos. A
situação é particularmente grave na região tropical. Populações humanas crescentes e
pressões econômicas estão levando a uma ampla conversão das florestas tropicais em um
mosaico de hábitats alterados por ação humana. Como resultado da pressão de ocupação
humana, a Mata Atlântica ficou reduzida a menos de 10% da vegetação original. Os
principais processos responsáveis pela perda da biodiversidade são:
Perda e fragmentação dos hábitats;
Introdução de espécies e doenças exóticas;
Exploração excessiva de espécies de plantas e de animais;
Uso de híbridos e monoculturas na agroindústria e nos programas de reflorestamento;
Contaminação do solo, água e atmosfera por poluentes;
Mudanças climáticas.
O que é Agricultura Orgânica?
Agricultura Orgânica é um processo produtivo comprometido com a organicidade e sanidade da produção de alimentos vivos para garantir a saúde dos seres humanos, razão pela qual usa e desenvolve tecnologias apropriadas à realidade local de solo, topografia, clima, água, radiações e biodiversidade própria de cada contexto, mantendo a harmonia de todos esses elementos entre si e com os seres humanos. Esse modo de produção assegura o fornecimento de alimentos orgânicos saudáveis, mais saborosos e de maior durabilidade; não utilizando agrotóxicos preserva a qualidade da água usada na irrigação e não polui o solo nem o lençol freático com substâncias químicas tóxicas; por utilizar sistema de manejo mínimo do solo assegura a estrutura e fertilidade dos solos evitando erosões e degradação, contribuindo para promover e restaurar a rica biodiversidade local; por esse conjunto de fatores a agricultura orgânica viabiliza a sustentabilidade da agricultura familiar e amplia a capacidade dos ecossistemas locais em
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prestar serviços ambientais a toda a comunidade do entorno, contribuindo para reduzir o aquecimento global. As práticas da agricultura orgânica, assim como as demais sob a denominação de biológica, ecológica, biodinâmica, agroecológica e natural, comprometidas com a sustentabilidade local da espécie humana na terra, implicam em:
1. Uso da adubação verde com uso de leguminosas fixadoras de nitrogênio atmosférico;
2. Adubação orgânica com uso de compostagem da matéria orgânica, que pela fermentação elimina microorganismos como fungos e bactérias, eventualmente existentes em estercos de origem animal, desde que provenientes da própria região;
3. Minhocultura, geradora de húmus com diferentes graus de fertilidade; manejo mínimo e adequado do solo com plantio direto, curvas de níveis e outras para assegurar sua estrutura, fertilidade e porosidade;
4. Manejo da vegetação nativa, como cobertura morta, rotação de culturas e cultivos protegidos para controle da luminosidade, temperatura, umidade, pluviosidade e intempéries;
5. uso racional da água de irrigação seja por gotejamento ou demais técnicas econômicas de água contextualizadas na realidade local de topografia, clima, variação climática e hábitos culturais de sua população.
AGRICULTURA BIODINÂMICA GANHA FORÇA
A biodinâmica, começa a granhar espaço no Brasil, graças ao plantio livre de agrotóxicos e ao fato de ser feita em ambientes naturais equilibrados, que integram homem, animais e plantas, promete entregar produtos mais saborosos e resistentes ao consumidor. Melhores até do que os orgânicos. Em algumas culturas essa técnica é mais difundida do que em outras, quem produz por meio da agricultura biodinâmica afirma que ela é mais rentável. O grande mercado consumidor, ainda fica fora do país. A agricultura biodinâmica criada pelo filósofo e educador suíço Rudolf Steiner em 1924, determina que a fazenda que produz alimentos biodinâmicos deve respeitar o ciclo da lua, dos planetas e até dos astros para que as plantas sejam energizadas. Desde 1998 a empresa Fazenda Tamanduá planta, comercializa no Brasil e exporta para Holanda e Espanha manga, melão, goiaba e arroz vermelho produzidos no sertão da Paraíba, a 300 quilômetros de João Pessoa. O técnico agrícola e gerente da fazenda, Manoel Zacarias Lima Neto, afirma que o que se colhe na fazenda é resultado de um equilíbrio ecológico entre homem, plantas e animais. “Com o esterco do gado fazemos a compostagem para a plantação de manga. A manga que não é boa para o consumidor é utilizada para alimentar o gado. Em outra área, as abelhas polinizam a flor do melão. Em troca, produzimos mel”, exemplif ica. A Fazenda Tamanduá, ocupa uma área de aproximadamente três mil hectares, e não usa agrotóxicos. A urina do gado serve como repelente. O soro do leite é utilizado para prevenir
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as pragas. “Usamos muito os bacilos, que são organismos vivos, fungos que matam alguns tipos de lagarta. São inseticidas naturais”, diz Manoel. Um dos diferenciais da biodinâmica em comparação com as outras técnicas de agricultura é o uso de preparados, compostos naturais para dar vida à terra. Há sete tipos de preparados. Num deles, o preparado 500, esterco é colocado dentro de um chifre de vaca e enterrado por seis meses. Depois, o chifre é desenterrado e um grama deste esterco é misturado em 200 litros de água durante uma hora. Depois, é espalhado por um hectare de plantação. Cada um dos sete tipos de preparados tem uma característica. O 500, por exemplo, leva vida ao solo. O 501, feito com pó de sílica, ajuda a tornar os frutos mais resistentes. Os outros utilizam camomila, mil folhas, urtiga, casca de carvalho e dente de leão. Além dos preparados, o cultivo de plantas biodinâmicas segue datas estabelecidas por calendários criados pela alemã Maria Thun. Segundo o professor da Faculdade de Ciências Agrárias (FCA) da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e diretor do Instituto Biodinâmico e da Comissão da Produção Orgânica de São Paulo (Ceporg-SP), Francisco Luiz Araújo Câmara, esses calendários mostram qual é o dia ideal para trabalhar com cada cultura. O calendário é baseado no alinhamento dos astros com os planetas e o sol. Os calendários utilizados no hemisfério sul são adaptados, pois Maria Thun desenvolveu esta agenda de acordo com as condições do hemisfério norte. Segundo Câmara, o uso dos preparados, dos calendários e o estabelecimento do equilíbrio na plantação resultam, em teoria, em produtos mais saborosos e resistentes. Café e vinho biodinâmico, por exemplo, fazem sucesso entre seus apreciadores. “Os biodinâmicos podem apresentar mais qualidades de aroma e de sabor, que são valorizadas pelos consumidores do vinho e do café. São aspectos sutis”, afirma Câmara. Assim como a agricultura orgânica, ele explica que a biodinâmica não utiliza agrotóxicos e que ambas usam solo coberto [que recebe menos sol]. A orgânica, no entanto, não utiliza os preparados nem segue o calendário da biodinâmica.
Coordenador geral da Associação Biodinâmica, Pedro Jovchelevich diz que uma das características da agricultura biodinâmica é valorizar as
características organolépticas do produto, ou seja, que podem ser identificadas pelos sentidos humanos. “O vinho biodinâmico é famoso no exterior. Mas já há um produtor de vinho biodinâmico em Santa Catarina. O café biodinâmico também tem crescido no mercado nacional”, diz. Produtor de vinhos na França, Nicolas Joly é adepto da técnica biodinâmica e comanda a
associação Renaissance des Appelattion, que reúne mais de 170 produtores de 15 países. A maioria produz vinhos, mas os dois brasileiros do grupo produzem chocolate e café. Henrique Sloper é o dono da Fazenda Camorcim, que produz café biodinâmico no Espírito Santo. “Há cinco anos, a associação do Nicolas Joly tinha 70 pessoas. Hoje são 170. A
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biodinâmica ainda representa pouco no total de produtos agrícolas, cerca de 1%. Porém, cresce de 20% a 30% por ano”, diz. A fazenda de Sloper tem 300 hectares, 50 deles com seis variações de pés de arábica biodinâmico que rendem mil sacas por ano. Sloper exporta a produção do fruto para Nova Zelândia, Finlândia e França, entre outros. “Eu reajo à demanda que existe, mas quero ampliar [os clientes], claro”. Ele vende outras quatro mil sacas em associação com outros produtores de café biodinâmico. Uma saca de 60 quilos de café produzido na fazenda de Sloper varia entre US$ 800 e US$ 1.500. Uma saca de café arábica “normal” custa, em média, R$ 550. O motivo que o faz apostar nesta técnica não é apenas comercial. Está, também, relacionado à qualidade de vida. “Este conceito está presente no primeiro mundo, na Europa especialmente. Compreende uma mudança de estilo de vida. Não é apenas comercial. As pessoas só vão abandonar isso se não tiverem mais dinheiro. Biodinamismo é respeitar as energias. São frutas de melhor qualidade, mais resistentes. Se você abrir uma maçã normal, ela irá oxidar em 10 minutos. Se for uma maçã proveniente de agricultura biodinâmica, ela vai demorar uma hora e meia para oxidar”, diz. Segundo Jovchelevich, o Brasil tem cerca de 200 produtores adeptos da técnica biodinâmica. A maioria é de pequenos agricultores. No entanto, a tendência é que esse método ganhe mais adeptos no País nos próximos anos. “A agricultura biodinâmica é mais exigente, valoriza os ritmos da natureza, é como uma alquimia no campo. O mercado interno é semelhante ao mercado de orgânicos. Lá fora esse tipo de produto é mais valorizado do que aqui, especialmente na Alemanha, Suíça e Austrália. Mas temos um crescimento contínuo [nas vendas], pois os produtos biodinâmicos têm relação direta com a qualidade de vida”, diz.
PERMACULTURA A permacultura é um método holístico para planejar, atualizar e manter sistemas de escala humana (jardins, vilas, aldeias e comunidades)ambientalmente sustentáveis, socialmente justos e financeiramente viáveis. A permacultura foi criada pelos ecologistas australianos Bill Mollison e David Holmgren na década de 70, se baseando no modo de vida integrado à natureza das comunidades aborígenes tradicionais da Austrália. O termo, cunhado na Austrália, veio de permanent agriculture (agricultura permanente), e mais tarde se estendeu para significar permanent culture (cultura permanente). A sustentabilidade ecológica, ideia inicial,
estendeu-se à sustentabilidade dos assentamentos humanos locais. A permacultura é uma filosofia de trabalhar com, e não contra a natureza; de observação prolongada e pensativa em vez de trabalho prolongado e impensado, e de olhar para plantas e animais em todas as suas funções, em vez de tratar qualquer área como um sistema único produto.
Os princípios da Permacultura vem da posição de Mollison de que
(...)a única decisão verdadeiramente ética é cada um tomar para si a
responsabilidade de sua própria existência e da de seus filhos.
A ênfase está na aplicação criativa dos princípios básicos da natureza, integrando
plantas, animais, construções e pessoas em um ambiente produtivo e com estética
e harmonia.
A permacultura, além de ser um método para planejar sistemas de escala humana,
proporciona uma forma sistêmica de se visualizar o mundo e as correlações entre
todos os seus componentes. Serve, portanto, como meta-modelo para a prática da
visão sistêmica, podendo ser aplicada em todas as situações necessárias, desde
como estruturar o habitat humano até como resolver questões complexas do
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mundo empresarial.
Permacultura é a utilização de uma forma sistêmica de pensar e conceber
princípios ecológicos que podem ser usados para projetar, criar, gerir e melhorar
todos os esforços realizados por indivíduos, famílias e comunidades no sentido de
um futuro sustentável.
A Permacultura origina-se de uma cultura permanente do ambiente. Estabelecer
em nossa rotina diária, hábitos e costumes de vida simples e ecológicos - um estilo
de cultura e de vida em integração direta e equilibrada com o meio ambiente,
envolvendo-se cotidianamente em atividades de auto-produção dos aspectos
básicos de nossas vidas referentes a abrigo, alimento,transporte, saúde, bem-
estar, educação e energia renovável.
Permacultura tem na sua relação com a atividade agrícola uma síntese das
práticas tradicionais com ideias inovadoras, unindo o conhecimento secular às
descobertas da ciência moderna, proporcionando o desenvolvimento integrado
da propriedade rural de forma viável e segura para o agricultor familiar. E, neste
ponto, encontra paralelos com a Agricultura Natural que, sendo difundida
intencionalmente pelas pesquisas do japonês Masanobu Fukuoka por todo o
mundo, chegaram as mãos dos fundadores da permacultura e foram por eles
desenvolvidas.
Os três pilares da Permacultura ==
Pode-se dizer que os três pilares da Permacultura na sua versão contemporânea
são:
* '''Cuidado com a Terra''': Provisão para que todos os sistemas de vida para
continuem e se multipliquem. Este é o primeiro princípio, porque sem uma terra
saudável, os seres humanos não podem exercer suas qualidades.
* '''Cuidado com as Pessoas''': Provisão para que as pessoas acessem os recursos
necessários para sua existência.
* '''Repartir os excedentes''': Ecossistemas saudáveis utilizam a saída de cada
elemento para nutrir os outros. Nós, os seres humanos podemos fazer o mesmo.
Os príncipios da Permacultura ==
Os princípios da permacultura são:
# Observe e interaja.
# Capte e armazene energia.
# Obtenha rendimento
# Pratique auto-regulação e aceite retorno.
# Use e valorize os serviços e recursos renovaveis.
# Não produza desperdícios.
# Design partindo de padrões para chegar a detalhes.
# Integrar em vez de segregar.
# Use soluções pequenas e lentas.
# Use e valorize a diversidade.
# Use as bordas e valorize os elementos marginais.
# Use criativamente e responda às mudanças.