capÍtulo iii a natureza cibernÉtico-dialÉtica dos...

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201 CAPÍTULO III A NATUREZA CIBERNÉTICO-DIALÉTICA DOS SISTEMAS SOCIOCULTURAIS (planobra- 45) SUMÁRIO INTRODUÇÃO............................................................................................ 202 1. SISTEMA................................................................................................. 202 2. ANTINOMIAS ENTRE SISTEMAS ABERTOS E FECHADOS OU ISOLADOS........................................................................................ 205 3. CIBERNÉTICA........................................................................................ 208 4. PARÂMETROS DOS SISTEMAS SOCIOCULTURAIS.......................... 210 4.1.Os básicos................................................................... 210 4.2. A restrição................................................................... 214 4.3. A filtragem.................................................................. 217 4.4. O "feedback" ou retroinformação................................ 218 4.5. A reflexão................................................................... 223 5. O MOVIMENTO EVOLUTIVO............................................................... 231 6. O CIRCUITO CIBERNÉTICO DA INFORMAÇÃO................................ 233 7. UM EXEMPLO DE MOVIMENTO EVOLUTIVO.................................. 236 8. A GESTÃO............................................................................................... 239 8.1. Os dois sentidos da retroinformação............................ 241 8.2. Planejamento e controle............................................... 243 8.3. Hipótese.......................................................................243. 8.4. A subdivisão do pressuposto........................................ 244 8.5. Adjetivação da gestão geral......................................... 248 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................249

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201

CAPÍTULO III

A NATUREZA CIBERNÉTICO-DIALÉTICA

DOS SISTEMAS SOCIOCULTURAIS (planobra-

45)

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO............................................................................................ 202

1. SISTEMA................................................................................................. 202

2. ANTINOMIAS ENTRE SISTEMAS ABERTOS E FECHADOS

OU ISOLADOS........................................................................................ 205

3. CIBERNÉTICA........................................................................................ 208

4. PARÂMETROS DOS SISTEMAS SOCIOCULTURAIS.......................... 210

4.1.Os básicos................................................................... 210

4.2. A restrição................................................................... 214

4.3. A filtragem.................................................................. 217

4.4. O "feedback" ou retroinformação................................ 218

4.5. A reflexão................................................................... 223

5. O MOVIMENTO EVOLUTIVO............................................................... 231

6. O CIRCUITO CIBERNÉTICO DA INFORMAÇÃO................................ 233

7. UM EXEMPLO DE MOVIMENTO EVOLUTIVO.................................. 236

8. A GESTÃO............................................................................................... 239

8.1. Os dois sentidos da retroinformação............................ 241

8.2. Planejamento e controle............................................... 243

8.3. Hipótese.......................................................................243.

8.4. A subdivisão do pressuposto........................................ 244

8.5. Adjetivação da gestão geral......................................... 248

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................249

202

INTRODUÇÃO

O capítulo principia com a conceituação de Sistema e

Cibernética para, na seqüência, apresentar os parâmetros que organizam os

sistemas. A apresentação destes é espiralada, partindo dos básicos até a

localização da Reflexão. Segue com a descrição do movimento de um sistema

como decorrência das informações conduzidas pelos "feedbacks" e da Dialética

para chegar ao circuito da informação e sua importância para o exercício de

autogoverno ou autocontrole por qualquer sistema sociocultural democrático.Dá

um exemplo de movimento evolutivo e encerra com uma proposta de gestão

aplicando os princípios desenvolvidos anteriormente.

É essencialmente descritivo, procurando mostrar a organização

de um sistema sociocultural cibernético-dialético e a possibilidade de sua gestão.

Na fundamentação, o autor busca reforço para suas concepções em alguns

estudiosos da mesma linha teórica e metodológica, à exceção de quando adentra

pela filosofia.

1. SISTEMADefinindo genericamente sistema como "conjunto de elementos

em interação", von Bertalanffy (1975, p,64) esclarece as possíveis abordagens

pelas teorias da Informação, da Cibernética, da Decisão etc. e limita a Física

convencional ao estudo dos sistemas fechados, isto é, sem interação com seu

ambiente, cujas formulações estão em contraste com os sistemas abertos que

interagem com o ambiente. Elaborando seus enunciados a partir da Biologia, tem

como o principal deles: todo organismo vivo é sistema aberto e não se pode levar

em conta um organismo vivo sem considerar a teleologia e a adaptação que são

evidenciadas pela eqüifinalidade e pela retroinformação ou "feedback". A

eqüifinalidade é identificada nas regulações primárias do sistema, i.é, regulações

que não podem basear-se em estruturas ou mecanismos predeterminados. São

autônomas pois surgem de inter-relações dinâmicas do processo. A

retroinformação é uma exigência do sistema para as suas regulações tanto

203

primárias, autônomas, como secundárias, heterônomas, tendo em vista,

basicamente, os princípios da segmentação e mecanização progressivas e a sua

tendência para um estado superior. Pela segmentação o estado unitário inicial,

indiferenciado quanto aos seus componentes, gradualmente, se divide em partes

com cadeias causais independentes do todo; pela mecanização essas partes se

especializam em funções e o sistema perde o controle de regulabilidade sobre elas

e estas tornam-se dependentes delas próprias, por conseguinte, autônomas em

relação ao sistema, vindo a se constituírem, caso sobrevivam, em outros sistemas.

Estes princípios nunca se completam nos sistemas biológicos e não é verificável

nas comunidades primitivas. Nas comunidades altamente diferenciadas, como nas

industrializadas, contudo, cada membro é determinado para um certo desempenho

ou complexo de desempenhos e essa especialização torna-o insubstituível no

mecanismo do qual é parte.

Bertalanffy acrescenta ainda que, o organismo vivo "mantém-se

em um contínuo fluxo de entrada e saída, conserva-se mediante a construção e a

decomposição de componentes, nunca estando, enquanto vivo, em um estado de

equilíbrio químico e termodinâmico, mas mantendo-se no chamado estado

estacionário, que é distinto do último. Isto constitui a própria essência do

fenômeno fundamental da vida: o metabolismo, os processos químicos que se

passam no interior das células." O estado estacionário caracteriza-se por um

equilíbrio instável ou dinâmico.

Walter Buckley (1976. p.66-7) que busca o conceito geral de

sistema aberto sob o ângulo da Sociologia, define-o como sociocultural. Classifica

o modelo de Bertalanffy como orgânico e o seu próprio como adaptativo ou de

processo. Não se preocupa com a definição do gênero dos sistemas, referindo-se à

espécie de sistema que estuda "como um complexo de elementos ou componentes

direta ou indiretamente relacionados numa rede causal, de sorte que cada

componente se relaciona pelo menos com alguns outros, de modo mais ou menos

estável, dentro de determinado período de tempo. Os componentes podem ser

relativamente simples e estáveis, ou complexos e mutáveis; podem variar em

204

apenas uma ou duas propriedades ou assumir muitos estados diferentes. As inter-

relações entre eles podem ser mútuas ou unidirecionais, lineares ou intermitentes,

e variam em graus de eficácia ou prioridade causal. As espécies particulares de

inter-relações mais ou menos estáveis de componentes, que se estabelecem em

qualquer tempo, constituem a estrutura particular do sistema nesse tempo,

atingindo assim uma espécie de 'todo' com algum grau de continuidade e limites.

Interessam-nos, outrossim, primordialmente, os sistemas em cujo interior se

registra sem cessar algum processo, inclusive um intercâmbio com o meio, através

dos limites. Concorda-se geralmente em que, ao lidarmos com o sistema mais

aberto, dotado de uma estrutura altamente flexível, a distinção entre os limites e o

meio se torna uma questão cada vez mais arbitrária, que depende do propósito do

observador". O propósito identifica-se com o critério de pertinência da teoria dos

conjuntos da Matemática e amplamente utilizado por Piaget na Psicogenética:

define-se um critério para formação de um dado conjunto (sistema) e, em seguida,

encaixam-se em tal conjunto todos os elementos pertinentes, i.é, que apresentam

as características colocadas pelo critério.

Para Katz e Kahn (1976), com a visão da Psicologia Social,

como o organismo tem vinculação física, na tentativa de dominar o ambiente, o

seu comportamento pode ser afetado, mas não a sua arquitetura biológica, cuja

essência permanece a mesma, enquanto não sofrer um choque de mutação. Já para

os sistemas socioculturais, que não têm vinculação física, é irrelevante que tenham

sede em um prédio (no caso dos burocráticos). Incorporam, ou tentam incorporar,

os recursos essenciais à sobrevivência, expandindo o seu formato original pela

multiplicação do mesmo tipo de ciclos ou subsistemas, sofrendo modificações

quantitativas e, em decorrência, qualitativas, segundo a primeira lei da Dialética

de Hegel. Daí que, ao contrário dos sistemas orgânicos, a transformação de sua

essência é provável. O exemplo esclarecedor é o de uma escola. A incorporação

de número de alunos cada vez maior para a sua sobrevivência ou para atender as

exigências do meio, a partir de um certo patamar, tem suas estruturas interacionais

afetadas, mesmo entre professor e alunos. Não serão poucos os que dirão:"já não é

205

mais aquela" ou "no meu tempo era diferente". Sofreu modificações, mas não

perdeu a sua essência. Perde sua essência quando se dá a mudança de finalidade

na escola, passando da escolarização (o seu processo essencial) para o campo de

manobra político-eleitoral de um lado com a prática exacerbada do corporativismo

por parte dos sindicatos das categorias e do assistencialismo do lado do poder

constituído.

Considere-se, ainda com Buckley, que o sistema, de fato, esteja

em constante movimento à procura de novos estados, por sua própria decisão,

criando para tanto novas estruturas e ver-se-á como é frágil a sua estabilidade, o

seu equilíbrio interno para manter os atributos de seu estado característico.

Ademais, atingindo o limiar de saturação do estágio para o qual está organizado, o

sistema passa para outro nível de complexidade e demanda novas formas.

2. ANTINOMIAS ENTRE SISTEMAS ABERTO E

FECHADO OU ISOLADOBusca-se, neste item, uma relação de características antinômicas

entre sistema aberto e fechado, denunciadas por vários autores. O espectro que

cobre todo o "continuum" vai desde os sistemas mecânicos (fechados - não

interagem com o meio), passando pelos orgânicos (abertos mas com vinculação

física) para chegar aos socioculturais (abertos - interagem com o ambiente).

Sistema fechado não se confunde com sistema isolado. O isolamento de um

sistema, no entretanto, pode se constituir em fase antecedente ao seu fechamento.

Os sistemas socioculturais, como a escola por exemplo, são abertos por natureza.

Contudo, podem isolar-se da sociedade em seu todo ou em alguns setores, em

alguns locais ou em diferentes tempos e, assim, fecharem-se, tornando-se um

quisto, um corpo estranho na sociedade. Isto ocorre quando os canais de

comunicação estão obstruídos.

206

Quadro 2- Antinomias entre sistema aberto e fechado ou isolado

SISTEMA ABERTO SISTEMA FECHADO OU ISOLADO

1. A ciência contemporânea expan-

diu-se até os sistema aberto que:

- interage com seu ambiente,

criados por ele próprio e que passa

a ser condicionantes para ele

mesmo.

- apresenta:

a) independência de composição da

quantidade absoluta dos componentes

e varia os seus parâmetros;

b) capacidade de regulação após

perturbações freqüentes e arbitrá-

rias (restabelece o equilíbrio

dinâmico ou falso equilíbrio);

c) ordem dinâmica dos processos de

tal modo que permite-lhe perdurar,

crescer, desenvolver-se, reprodu-

zir-se etc.

1. A ciência clássica trata de

sistema fechado ou isolado que:

- não interage com o ambiente.

- apresenta:

a) uma certa proporção quantitati-

va constante na distribuição de

componentes e não varia os seus

parâmetros;

b) as perturbações destróe-no;

c) ordem estática (fixa) dos

processos.

2. O processo chega a um estado

estável ou estacionário que se

caracteriza por:

- apresentar um quase-equilíbrio ou

pseudo-equilíbrio (um equilíbrio

dinâmico que se mantém à distância

do verdadeiro equilíbrio), em que o

sistema tem movimentos inconstantes

e imprevisíveis;

- ser eqüifinal, pois atinge a

mesma meta a partir de condições

iniciais diferentes, por meios

diferentes ou mesmo quando sofre

perturbações em seu processo e

pode, ainda, atingir metas dife-

rentes a partir de condições

iniciais semelhantes;

- ser multifinal, dada a comple-

2. O processo chega a um estado de

equilíbrio que se caracteriza por:

- apresentar o verdadeiro equilí-

brio, em que o sistema permanece

em repouso ou com o movimentos em

velocidade uniforme, seguindo uma

linha constante e previsível;

- ser linear e mudanças nas

condições iniciais ou durante o

processo levam a metas diferentes

das postas para seu funcionamento

e jamais chega a metas diferentes

a partir de condições iniciais

semelhantes;

- ter finalidade única, dada a

207

xidade de suas conexões;.

- evoluir sob gestão para o estado

mais improvável;

- ser irreversível;.

- atingir (supostas certas condi-

ções) um estado estável, no qual

permanece constante em totalidade e

em suas partes, com mínima entropia

e máxima energia necessária.

simplicidade de suas conexões;

- evoluir e permanecer no estado

mais provável;

- basear-se em reações reversí-

veis;

- definir-se, em um dado estado de

equilíbrio, independente do tempo,

pela máxima entropia e mínima

energia.

3. O sistema aberto está troca

constante de matéria com seu

ambiente, apresentando importação e

exportação, construção e demolição

dos materiais que o compõe:

- é metabólico;

- é morfogênico = cria novas

formas;

- é organísmico com tendências de

auto-restauração.

3. O sistema fechado porta-se como

se o ambiente não existisse,

embora desenvolva ações de

interdependência com outros

sistemas, mas nenhum material

entra ou sai dele,

espontâneamente;

- é morfostático = impede o

surgimento de novas formas;.

- é mecânico e não se restaura por

si mesmo.

4. Suas evoluções

- são impreditíveis;

- dirigidas ou controladas por um

estado característico, estacioná-

rio, de quase equilíbrio com máxima

neguentropia;

- as temporais são probabilísticos

e têm relação com o acaso;

- a entropia não permanece

constante.

4. Suas evoluções

- são predítíveis;

- espontâneas em direção a um

estado atrativo, estável,de

equilíbrio com máxima entropia;

- as temporais são determinísticas

e não têm relação com o acaso;

- a entropia permanece constante

ou aumentando para um estado de

complexidade, com o máximo de

variedade ou complexões.

208

3. CIBERNÉTICA.Ao final da década de 1940, Wiener(1970, p.36-7) e o grupo de

cientistas ao qual pertencia perceberam que o campo de investigação pelo qual

adentravam tinha uma unidade essencial, mas que a terminologia existente

apresentava "uma propensão demasiado grande para um ou outro lado e não

poderia servir tão bem quanto deveria ao futuro desenvolvimento do campo". Em

razão disso decidiram designar o campo inteiro da teoria de comunicação e

controle, seja na máquina seja no animal, com o nome de Cibernética, do grego

timoneiro (piloto de navio). Assim procederam, segundo Wiener, em

reconhecimento ao primeiro trabalho relevante sobre mecanismos de

realimentação publicado por Clark Maxwell em 1868 e pelo fato de "governor"

(regulador) ser derivado latino de cibernética. "Desejávamos também referir ao

fato de que os engenhos de pilotagem de um navio são na verdade uma das

primeiras e mais bem desenvolvidas formas de mecanismos de realimentação".

Ashby (1970, p.6-7) ao se referir a essa definição denomina a

Cibernética como a arte do comando. É também uma "teoria das máquinas", que

não aborda coisas, mas o comportamento dessas coisas. Não se importa com a sua

estrutura específica ou organização intrínseca, mas com a extensão com que o

sistema está sujeito a fatores de determinação e controle. À vista disso apresenta

duas peculiaridades. "Uma delas é que ela oferece um vocabulário singular e um

conjunto singular de conceitos adequados à representação dos mais diversos tipos

de sistemas". O seu conjunto de conceitos apresenta correspondência exata com

cada ramo da ciência com real proveito para cada um deles, com a revelação "de

um grande número de paralelismos interessantes e sugestivos entre a máquina, o

cérebro e a sociedade". A segunda peculiaridade é que ela oferece um método para

o tratamento científico do sistema em que a complexidade é saliente e demasiado

importante para ser ignorada. "Neste sentido, oferece a esperança de prover os

métodos essenciais para combater os males - psicológicos, sociais, econômicos -

que ora nos vencem por sua intrínseca complexidade".

209

Moles (1975, p.84), por sua vez, vê a Cibernética "como ciência

da totalidade, sintética e não analítica, à busca das propriedades globais de um

sistema ou, mais precisamente, das propriedades resultantes do fato de tratar-se de

um sistema, um conjunto estruturado que ultrapassa a simples soma de suas

partes". Afirma que é possível um paralelismo rigoroso entre as leis da Gestalt, da

forma, e as leis dos sistemas ou organismos, independentemente da sua natureza

física e dos órgão seus constituintes, o que faz da Cibernética uma ciência de

caráter geral.

Para Pékelis (1977, p.86) essa ciência estuda as propriedades

comuns inerentes aos diferentes sistemas de direção seja na Burocracia, na

Neurologia, na Engenharia, na Sociologia, na Psicologia etc. salientando que "para

isso é necessário estudar profunda e multifacetadamente os objetos da direção,

encontrar as leis gerais às quais se subordinam os processos de direção, revelar os

princípios de organização e as estruturas dos sistemas de direção. Naturalmente,

que o objetivo do estudo mais importante e detalhado é o organismo vivo: o

próprio homem como sistema de direção de tipo superior..." Assinala, ainda, o

cientista russo, que "uma propriedade característica de todos os sistemas

qualitativamente distintos, é a existência neles de vínculos retroativos, portadores

de informação sobre a eficácia do ato de direção" e finaliza afirmando que "os

próprios dispositivos de direção - vivos e artificiais" - incluem elementos que

realizam funções parecidas: recepção da informação, sua seleção e memorização

etc."

Como se percebe a Cibernética está intimamente relacionada

com um tratamento multidisciplinar da ciência e sua preocupação é centrada na

retroinformação ou "feedback" de um sistema, através do que se realiza o controle,

o governo do sistema, entendido este como uma totalidade, seja ele mecânico,

orgânico ou sociocultural, mas de qualquer forma intencional, teleológico. Este

capítulo, como o próprio título indica, assim tratará a Cibernética nos sistemas

socioculturais e, mais especificamente, no escolar, em termos de introdução. Não

a descreverá como automação e tampouco como sinônimo de informática com que

210

ela é confundida pelos menos versados em seu campo. Seu enfoque principal será,

sim, a conservação e a transformação pelas quais passam os sistemas adaptativos e

evolucionários, aproximando-se da Neurolingüística - um de seus ramos,

aplicada, atualmente, a grupos de pessoas que pretendem assumir a forma de

equipes com alto coeficiente de constitutividade.

O controle, aqui referido, tem a ver com a informação que a

parte dirigente e demais participantes de um sistema devem se apossar para tomar

decisões eficazes à consecução de suas finalidades e, com isso, interromper a

entropia dos processos naturais. É um controle voltado para as finalidades que

pode ser democrático ou não. Será democrático quando partilha com todos a

informação de que se utiliza e sejam coletivas as decisões tomadas em função de

tal informação.

A Cibernética como é entendida neste ensaio "é a ciência sobre a

direção" como a classificou Ampère em sua obra "Ensaios sobre a filosofia das

ciências" acrescentando-lhe o lema latino "...et secura cives ut pace fruantur" (...e

assegura aos cidadãos a possibilidade de paz) (1977, p.85).

4. PARÂMETROS DE SISTEMAS SOCIOCUL-

TURAIS ABERTOS4.1. Os básicos.

Parâmetros são componentes com características próprias e

funções definidas que dão organização a um sistema. Serão vistos os que

compõem o módulo de sistemas socioculturais abertos.

São três os parâmetros básicos nos sistemas abertos: a Entrada, o

Processo e a Saída. A Entrada (input) pela qual os insumos adentram pelo sistema,

o Processo (troughput) que promove a decomposição dos insumos para a

composição de produtos e a Saída (output) pela qual o sistema coloca os produtos

no ambiente. Sob o paradigma da ciência tradicional o insumo é a causa eficiente

do produto, o seu efeito. No entretanto, para a ciência contemporânea essa relação

211

é invertida: a causa é o produto, pois, sendo ele a finalidade, é ele que determina o

insumo.

Figura 9 - Os parâmetros básicos _ _ _ _ _ _

| |

ENTRADA - > - > PROCESSO - > - > SAÍDA

|_ _ _ _ _ _ |

O módulo acima é um diagrama que não chega a ser um modelo

de sistema. Tampouco é uma redução ou simplificação do mesmo. É apenas uma

ilustração para possibilitar o entendimento das posições e das funções dos

parâmetros.

Não há uma entrada num sistema sociocultural, mas muitas

delas distribuindo-se por todas as interfaces de sua organização com o meio

externo. Tanto maior será seu número e tanto mais abertas serão as entradas

quanto mais permeável for o sistema, i.é, quanto mais ele interagir com o

ambiente. Todavia, não deverão ser tantas e nem tão abertas a ponto de impedir o

delineamento, com alguma nitidez, dos limites do sistema e, em conseqüência,

diluir o seu estado característico. A sua adaptação ao meio é uma necessidade,

sim, mas se chegar à acomodação, não manifestando suas propriedades de

transformador, nivela-se a ele e desaparece pela inexorabilidade da entropia. O

fato de ser aberto, porém, "significa não apenas que ele se empenha em

intercâmbios com o meio, mas também que esse intercâmbio é um fator essencial

que lhe sustenta a viabilidade, a capacidade reprodutiva e a capacidade de mudar"

(Buckley, 1976, p.66-7).

A Entrada recebe os fluxos energéticos, os ingredientes

químicos ou a informação e a Saída coloca no meio o produto do sistema, nisso se

constituindo o intercâmbio que mantém a vida do sistema. Por outro lado, pelos

mesmos motivos que a abertura acima de certo nível leva o sistema ao

desaparecimento, em sentido contrário, o seu isolamento também o faz.

212

O produto da Saída é a consubstanciação das finalidades do

sistema com seus objetivos e confinantes, em função da qual foi organizado, sob

certas condições e coerções. Em razão disso na análise de um dado sistema

inverte-se a direção das flechinhas do diagrama: inicia-se pelo produto que é,

como já se disse, a causa eficiente.

O Processo transforma o insumo em produto. É a disposição das

peças no sistema mecânico, o metabolismo no orgânico e as estruturas

interacionais no sociocultural. Na realidade, confunde-se com a organização do

sistema, pois é nele que são montados os algoritmos, ou seja, o conjunto total de

instruções, com suas normas e fórmulas, para que a finalidade seja alcançada.

Nos sistemas socioculturais a Cibernética não se preocupa com o seu

funcionamento, com as inter-relações de suas partes, mas com o comportamento

de sua totalidade. Dada a complexidade das conexões possíveis entre seus

componentes, a impossibilidade de mapeá-las e a sua preocupação com o todo e

não com as partes considera-o como "caixa preta" ("black box"), i.é, um sistema

sobre cuja organização nada se sabe, em razão do que se controla a relação entre a

sua entrada e a sua saída. Embora apresente unidade, continuidade, coerência

interna etc., o seu processo, no geral, se subdivide e, como se confunde com a

organização do próprio sistema, podem seus subprocessos se constituir em

subsistemas pela segmentação e, em estágios mais avançados de complexidade,

em sistemas característicos pela fragmentação. Uns e outros são efeitos da

saturação pela proliferação de formas.

Em uma situação de planejamento, por exemplo, em que já estão

postos os dados do insumo, o seu processo poderá ser desdobrado em cinco

subprocessos: 1) separar os dados por categorias; 2) diagnosticar cada categoria;

3) escolher os objetivos para cada categoria; 4) definir as metas dos objetivos de

cada categoria; e 5) elaborar o plano com seus programas e projetos. (Percebe-se

que neste quinto subprocesso houve uma simplificação, pois na realidade a

elaboração de um plano compreende muitos outros subprocessos.) O produto final

desse desdobramento será o plano elaborado. Wiener (1970) chamaria a atenção

213

para um aspecto: o produto conseguido, na saída, dificilmente corresponderá ao

produto previsto na entrada em seu inteiro teor. Há uma discrepância entre o

previsto e o conseguido, o que, aliás, se dá no cotidiano das pessoas. Qualquer que

seja o empreendimento a que alguém se dispuser a realizar, por mais simples,

jamais será como o desejado antes de iniciá-lo. Marx já havia confirmado isso ao

se referir à práxis criadora, com uma outra construção lingüística. Um

planejamento, enquanto elaborado e controlado por pessoas é um sistema aberto,

um sistema vivo, sujeito a essa defasagem, mesmo durante a sua realização.

No desdobramento, o produto de um subprocesso é sempre o

insumo do subprocesso seguinte, numa corrente ininterrupta, até a elaboração do

plano. O plano elaborado, por fim, será o ponto de referência das condições e das

coerções sob as quais o processo do sistema o concebeu, a base da filtragem dos

insumos e conterá os componentes da restrição determinada pela finalidade que,

concretamente, é o produto.

Figura 10 - desdobramento do processo

ENTRADA _ SUBPROCESSAMENTO SAÍDA

| |

DADOS SOBRE O PLANO | SEPARAR OS DADOS | DADOS SEPARADOS

EDUCACIONAL DESEJADO-> POR CATEGORIAS -> - >POR CATEGORIAS

|_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ | |

_____________________________________________V

V _ _ _ _ _ _ _ _ _ _

DADOS SEPARADOS | | CATEGORIAS

POR CATEGORIAS - > -> DIAGNOSTICAR CADA -> - >DIAGNOSTICADAS

| UMA DAS CATEGORIAS |

| _ _ _ _ _ _ _ _ _ _| |

______________________________________________V

V _ _ _ _ _ _ _ _ _ _

| |

... -> -> -> -> -> . . . -> -> -> ...

|_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ | |

_____________________________________________V

V _ _ _ _ _ _ _ _ _ _

| |

214

METAS DEFINIDAS - > ELABORAR O PLANO -> - >PLANO

|_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ | ELABORADO

4.2. A restrição.

De início faz-se necessária uma distinção entre três termos:

condição, coerção e restrição. Condição significa os fatores limitantes impostos

pelos meios interno e externo do sistema; refere-se aos recursos disponíveis, à

matéria-prima em processamento, às diferentes estruturas coatoras que atuam

sobre um dado sistema, aos canais de comunicação de informações entre um dado

sistema e o seu contexto, à ética dos valores, à localização etc.. Coerção deriva da

própria organização, pois toda e qualquer organização é regida por regras, normas,

leis, regulamentos etc. a que o sistema tem que se submeter, alterar ou substituir;

enfim, o sistema, ao adquirir uma forma, uma "gestalten", submete o

comportamento dos seus componentes materiais ou humanos às suas

redundâncias, minimizando, inibindo ou eliminando, dentro de sua conformação,

a diversidade. Restrição é função da finalidade, contendo seus objetivos e

confinantes, consequentemente restringe os atributos do produto. Se é este que

determina o processo, a Restrição também aí está. Em termos práticos, é o

parâmetro que compõe o gradiente para a avaliação do produto conseguido em

comparação com o planejado, a partir da qual se origina os "Feedbacks" de Micro

e Macrocontrole e se define a Filtragem da entrada para manutenção do estado

característico do sistema, como se verá em seguida.

A Restrição se localiza na Saída de cada subprocesso e na Saída

final, como mostra a figura.

Figura 11 - A restrição RESTRIÇÃO

_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ |

| | | | V

ENTRADA - > - > SUBPROCESSO - > -> SUBPROCESSO - > - > SAÍDA

|_ _ _ _ _ _ _| ^ |_ _ _ _ _ _ _| ^

| |

RESTRIÇÃO RESTRIÇÃO

215

Observação: na Figura 10 o desdobramento dos subprocessos

foi vertical. A partir desta será horizontal, sem que isso represente algum prejuízo

à lógica de sua representação gráfica.

Como cada sistema tem suas finalidades que lhe definem a

natureza e a organização e existe sob certas condições que são suas variáveis

intervenientes, diz-se que opera sob restrição, que é o resultado: a) da definição

dos objetivos com suas metas e respectivas confinantes que os limitam ao mesmo

tempo em que ampliam sua significância e b) da circunscrição, dentro dos limites

possíveis, das condições em que tais objetivos devem ser alcançados. Quanto mais

confinantes e condições sob controle, maior a restrição. Um exemplo da vida

cotidiana esclarecerá melhor a conceituação. Uma mãe e um filho, enquanto

interagem com objetivos determinados sob certas condições, constituem um

sistema sociocultural. Assim, a mãe pede ao filho para ir buscar um pão. Diz,

simplesmente, para o menino ir buscar um pão. É um objetivo bastante amplo e

com pequena significância. Se, porém, especifica que quer um pão de sal e bem

assado, aparecem, então, duas confinantes. Já não é um pão, simplesmente. Mas

um pão de "sal" e " bem assado". Se acrescentar, ainda, que o filho não deve

demorar e que o pão deve ser comprado na panificadora tal, há a definição de

condições sob controle que se juntam àquelas imprevisíveis que o próprio meio

oferece. Como se vê, a compra do pão teve sua significância ampliada e a ação

não se deu com plena autonomia do executor, uma vez que, como já se esclareceu,

a organização é coercitiva.

"Todos os problemas que serão analisados como sistemas

precisam funcionar sob uma restrição", afirma Stanford L.Optner (1972, p.28) "A

restrição a um subsistema ou sistema determina, interna ou externamente, a

imposição de orientações que circunscrevem o problema".

Na Restrição do macrosistema escolar, tendo em vista fatores de

ordem técnico-pedagógica e sócio-econômica, política e cultural, o aluno não

precisa preencher todas as confinantes. Atingindo certo limite mínimo,

arbitrariamente determinado, é considerado apto ou ser-lhe-á dada uma nova

216

oportunidade através de estudos de recuperação para prosseguir na série seguinte.

Como o que importa na informação de discrepância é o resultado e não os meios

pelo qual foi alcançado, é na Restrição que a avaliação de um sistema escolar

alcança relevância para futuras mudanças, pois o "feedback" vai transportá-lo à

Reflexão, não apenas para focalizar as estruturas física, curricular e normativa e as

funções decisória, fins e meios, mas visando, sobretudo, influir nos índices de

alunos promovidos e na qualidade de formação dos mesmos. É a partir destes que

se dará a reflexão sobre aqueles componentes.

Mas há, aí, uma observação: as reais confinantes, que fluem

permanentemente pelo "Feedback" de Microcontrole, são as que se dão nas salas

de aula, pois, se quem avalia o aluno é o próprio professor e não uma pessoa

colocada numa posição hierarquicamente superior, é o professor que promove o

desdobramento dos objetivos e sabe quais são as confinantes a serem avaliadas. A

cúpula do sistema, quando faz valer a sua posição, é no sentido de alterar ou

substituir o esquema e a escala de avaliação com o fim de dar-lhes maior ou

menor abrangência de conteúdo e diminuir ou aumentar o rigor e até eliminá-lo.

Parece haver um paradoxo, mas não há. O que há é um acoplamento do quadro de

confinantes

A escala-padrão, como componente da Restrição, oferece

informação pelo "Feedback" de Macrocontrole para a parte dirigente do sistema

escolar, mas de forma simplificada, o que a impede de refletir com maior clareza

sobre a eficácia da referida escala. Embora essa convenção possa assumir as mais

variadas formas, com maior ou menor amplitude de intervalos de freqüência, o seu

princípio é um só: comparação do desempenho de um aluno particular e real com

um aluno geral e estatístico, de um aluno real com um aluno médio, o mais

provável. Assim sendo, a descentralização do "Feedback" de Macrocontrole

impõe-se para que ofereça detalhes mais ricos para informar a Reflexão, com o

que as pessoas, neste parâmetro, passam a ter melhores recursos para

replanejamento e possam ter uma organização interna no sentido da evolução

dirigida.

217

4.3. A filtragem.

Para preservar o seu estado característico, na constante situação

de conflito com forças externas e entre seus próprios componentes, o sistema

seleciona os insumos de que necessita em conformidade com a sua natureza, sua

organização, seus objetivos e confinantes sob as condições de dado tempo e local.

O organismo de um ser humano necessita de certos tipos de alimentos para manter

a sua natureza e atingir sua plenitude. Mas se, por exemplo, estiver, em dado

momento, pretendendo classificar-se em um vestibular para o ensino superior ou

ser campeão de futebol, haverá alimentos específicos, diferenciados, a serem

ingeridos para ser atingido cada um desses objetivos. Um sistema escolar, por sua

vez, que atende a uma elite social tem um conteúdo curricular com uma ideologia

antagônica àquela que serve às camadas populares da sociedade, o que torna

seletiva a escola às crianças destas últimas.

Para manter a organização de seu estado característico, em todo

sistema ou totalidade sociocultural há uma seletividade que não atinge tão

somente a interação com o ambiente, os seus recursos e matéria-prima. Ele

seleciona até mesmo as correntes de "feedback", classificando-as conforme as suas

necessidades e permitindo o trânsito somente daquelas que lhe são úteis.

Realmente, é tão grande o fluxo de informações que o sistema pode receber dos

resultados parciais ou finais do seu processo que, se não selecionar e classificar

tais informações, não poderá se valer delas e gastará energia e consumirá tempo,

seus próprios recursos, inócua ou prejudicialmente, o que poderá facilitar o

advento de uma tendência entrópica ou, até mesmo, a sua implosão. Com essa

seletividade e classificação chega-se ao parâmetro Filtragem. A Filtragem,

segundo Stanford L.Optner(1972, p28) é criada "pelo homem ou pelo ambiente

que, conscientemente ou por seu modo de ser, atua para admitir certos elementos

do sistema no processo, ao mesmo tempo em que mantém outros fora". Optner vai

mais longe, quando afirma que o meio ambiente agindo como filtro pode alterar

parcialmente a natureza do sistema. Cita como exemplo as diferenças de mão-de-

218

obra de uma região para outra a ser incorporada como insumo pelo sistema

produtivo, assim como a disponibilidade de espaço em certas cidades que,

possuindo-o para instalação de indústrias, procuram-nas, enquanto outras cidades,

já saturadas a níveis altos de poluição, colocam dificuldades à proliferação de tais

subsistemas. Extrapolando para o sistema escolar: a escola fundamental permite,

de início, apenas o ingresso de crianças com a idade mínima de 7 anos, mas, por

um ou outro fator, são aceitas crianças com menos de 7 anos. Assim, são

admitidas crianças pelo filtro em função da natureza do sistema e são impedidos

os gatos. Com menos de 7 anos por condição do meio. Se se prolongar um pouco

mais o raciocínio, ter-se-á que dar como certa a alteração da tecnologia didática

nas escolas que aceitam crianças aquém do mínimo, uma vez que a tecnologia

didática adotada é embasada em crianças com 7 anos de idade. Agrava-se a

situação quando a variedade de idades, em uma mesma série, é grande. Esses

exemplos dão uma ligeira idéia do que sejam os condicionantes do meio e

coerções da organização que atuam em cima da Restrição que controla a

Filtragem.

A Filtragem, assim se localiza no módulo:

Figura 12. A filtragem RESTRIÇÃO

| _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ |

| | | | | v

ENTRADA - >|- > SUBPROCESSO -> - > SUBPROCESSO -> - >SAÍDA

| |_ _ _ ___ _ _ | ^ |_ _ __ _ _ _| ^

| | |

| RESTRIÇÃO RESTRIÇÃO

FILTRAGEM

4.4. O "feedback" ou retroinformação.

Um sistema aberto é teleológico porque organizado à vista de

finalidade(s). É básico para ele a existência de "feedback" (retroinformação e

reinformação) na busca incessante de adaptação e transformações ou de

219

preservação de seu caráter próprio (sua organização) para viabilizar os planos e

esquemas de controle.

Pretendendo chegar a um estado final, em conformidade com

sua teleologia, os componentes com as condições iniciais da entrada não precisam

ser, necessariamente, similares, qualitativa e quantitativamente, em sistemas

semelhantes. Em outras palavras: o mesmo estado final pode ser alcançado a partir

de diferentes estados iniciais ou diferentes estados finais podem resultar de um

mesmo estado inicial. Ademais, sendo os dados da entrada similares o mesmo

estado final pode ser concretizado por diferentes caminhos, levando-se em conta

as coerções do meio interno e as condições do externo que têm uma poderosa

força de intervenção. Essa característica do sistema aberto é a eqüifinalidade.

Ademais, o estado final, obrigatoriamente, não é único. São muitos os objetivos

provenientes de suas finalidades e a ênfase pode estar centrada em um ou em outro

de sua totalidade, caso em que sua configuração terminal será diferenciada pela

ênfase dada. É a multifinalidade, pela qual se diz que não há finalidade singular

nos sistemas, mas finalidades múltiplas e que, a partir de condições iniciais

similares estes podem chegar a finalidades dissimilares e com muito mais

probabilidade se dará nas confinantes dos objetivos.

Enquanto em movimento, o sistema deve estar permanentemente

informado do desenvolvimento das ações que se realizam em seu interior para que

sejam mantidos os rumos em direção ao estado final planejado e, quando

necessário, se proceda às correções ou se reforce aos desvios detectados. Isto é

feito pelo "Feedback" Negativo ou Positivo, respectivamente, atendendo a

morfostase ou homeostase (conservação homeostática do negativo) ou a

morfogênese ou heterostase (transformação progressiva do positivo). O

"feedback" ou retroinformação (por alguns também denominada de

retroalimentação) ocorre a cada resultado alcançado, durante e ao término do

processo, cuja informação é enviada, retroativamente, à entrada para conservação,

eliminação, alteração ou substituição dos insumos, em quantidade e qualidade, ou

das estruturas interacionais do processo. Se tudo caminha bem, nada há para

220

mudar. Se há desvio com perda substancial do estado característico haverá

necessidade de se decidir se essa anomalia deverá ser corrigida ("feedback"

negativo) ou se, ao contrário, deve ser reforçada (feedback" positivo) para

ocorrência de mudanças no próprio estado característico. As correções ou

reforços, no entretanto, nem sempre são de ordem quantitativa, a mais aparente. A

sua grande parte está nas características qualitativas. Um grupo de pessoas, por

exemplo, que esteja planejando, quando não o faz bem, o que lhe falta é

informação sobre os procedimentos corretos. Não resistirá aos estímulos de fazer

um bom plano, se tiver informação de como fazer um bom plano, e isso lhe for

permitido e necessário. Um grupo social, em verdade, define os seus objetivos,

limitado pela sua teleologia, em correspondência com o seu nível intelectual e

cultural e de constitutividade, se não houver interferências externas.

Na realidade, o "feedback" é o mecanismo auto-regulador de um

sistema aberto quando autônomo e heteroregulador quando tem as decisões

centralizadas. Enquanto auto-regulador é um servomecanismo que dispara a

reflexão estabilizadora a partir de um estado em que o sistema tem ciência de uma

perturbação e consciência de si mesmo, ou seja, reage positiva ou negativamente à

quebra do seu movimento inercial. Na palavra de S.Beer (1979, p.169) é um

mecanismo auto-regulador que não se fia no conhecimento das causas da

perturbação, mas lida com seus efeitos e que não deve ser confundido com uma

situação de estímulo/resposta behaviorista que é reflexomecânica. Uma outra

confusão que é estabelecida em relação ao conceito de "feedback" é com a

causação circular (círculo vicioso). Para Buckley (1976, p.78) a causação circular

é um pseudo "feedback", por se tratar de "uma cega reação da variável original às

forças que ela ajudou a criar e que voltaram agora a reagir a ela". Tais forças não

passam pelo estabilizador do sistema. Estão fora de controle.

O "feedback", como já se disse, se dá durante e ao término do

processo como instrumento de controle do sistema. O controle exercido durante as

atividades de realização é denominado de Microcontrole, que é o direcionamento

das atividades em conexão com o plano elaborado, coletivamente ou não.

221

Manifesta-se no instante em que há necessidade de uma opção entre o "sim" e o

"não" diante de alternativas de ação possíveis. Para uma decisão eficiente e eficaz,

o "Feedback" de Microcontrole conduz, a partir da Restrição de cada subprocesso,

informações importantes para a parte dirigente que toma as decisões. Tais

informações, que dizem respeito às ações desencadeadas por decisões anteriores,

pelas tendências manifestadas e as correlações explicitadas, podem prever ações

futuras dentro de um grau razoável de probabilidade de ocorrência. No caso de

sistemas pequenos e de reduzida complexidade, registre-se, a parte dirigente pode

ser integrada pela totalidade de seus membros, o que encurta os canais de

"feedback".

O "Feedback" que se dá ao término do processo é denominado

de Macrocontrole. É aquele que se concretiza após a operacionalização dos

objetivos planejados e a medição das metas previstas e respectivas confinantes e

condições. Inicia-se, como o de Microcontrole, no parâmetro Restrição da saída

final, em que são comparados o planejado e o realizado, detectando, com isso, a

discrepância, que poderá ou não ser conduzida ao parâmetro Reflexão. Caso não

chegue a esse parâmetro, indo diretamente para a Entrada, a definição da

discrepância torna-se inócua e o sistema passa a operar em círculo, portanto, sem

movimento para o tempo seguinte, consequentemente, sem transformação ou

alguma forma de adaptação.

Com isso, o módulo assim se desenha:

222

Figura 13-"Feedbacks" de micro e macrocontrole com reflexão

REFLEXÃO________________________________________________> tn

^ | | |

<__|<_|_______"FEEDBACK" DE MACRO-CONTROLE ____ < |

| | | RESTRIÇÃO |

| | _ _ _ _ _ _ | _ _ _ _ _ _ | |

v | | | | | | V |

ENTRADA- > |- > SUBPROCESSO-> S E-|->SUBPROCESSO->SAIDA E->->tn

| ^ |_ _ _ _ _ _| ^ ^ |^|_ _ _ _ _ _| ^ ^ |

| | | | || | | |

| | | | || | | |

| |<__<___________Rs | ||<_<___________Rs | |

| | | | | | |

| v________________> | v___________________> |

| Rf | Rf |

"FEEDBACK" DE MICRO-CONTROLE |

| | |

| | |

FILTRAGEM FILTRAGEM FILTRAGEM

tn= Novo tempo; S=Saída; E=Entrada; Rs=Restrição; Rf=Reflexão.

No módulo acima o "Feedback" de Macrocontrole partindo da

Restrição da saída final, em um dado ponto encontra-se diante de uma bifurcação

(no lado esquerdo superior): ou retorna à Entrada ou sobe para a Reflexão. Se

tomar a direção desta, o produto aí conseguido comporá a Entrada do sistema em

um novo tempo, configurando adaptação e transformação. O "Feedback" de

Microcontrole (na parte inferior da figura) obedece a mesma orientação, reduzido,

porém, a cada subprocesso, de modo que o produto da Reflexão de um

subprocesso será a Entrada do subprocesso imediatamente posterior.

É o circuito cibernético se completando nos sistemas

socioculturais, adaptativos e transformadores, pelo que deve conter informações

que, analisadas pelos sujeitos da Reflexão, possibilitem:

a) correção ou reforço de desvios em relação ao planejado,

conforme predominância, em dado momento, de sua tendência morfostática ou

morfogênica;

b) conservação, eliminação, alteração ou substituição de:

223

- estruturas interacionais e físicas, tendo em vista a eficiência e a

eficácia da realização; e

- objetivos e metas, com respectivas confinantes; e

c) adaptação ao meio ou transformação desse meio, em

consonância com a adoção de uma política conservadora ou interventora.

Há uma semântica que recai sobre o controle que,

terminantemente, não corresponde à realidade, pelo menos como é tratado aqui.

Não pode por si só ser classificado como autoritário um sistema com controle,

pois este é inerente às ações planejadas, à organização. O sistema é autoritário ou

não na maneira centralizada ou descentralizada como é exercido o poder nele

existente. Para Stafford Beer "o controle é o que facilita a existência e a operação

de sistemas".

4.5. A reflexão

Sem a pretensão de passar uma conceituação mais profunda

sobre esse importante parâmetro que é a Reflexão, uma vez que isso transcende o

objetivo desta obra, não se pode deixar de realçar, todavia, alguns de seus

aspectos.

O parâmetro Reflexão oportuniza a participação de todos os

sujeitos envolvidos no processo. Tanto maior será essa participação, quanto mais

democrática for a normatização interna do sistema, guardadas as dificuldades que

surgem com os sistemas mais extensos, em que a participação é através de

representação de segmentos funcionais. É nele que são replanejadas as atividades

em função das informações colocadas em disponibilidade pelos "feedbacks", onde

se manifesta, terminalmente, a "capacidade de poder ajustar a conduta futura em

razão do desempenho pretérito", segundo Wiener (1970, p.130) e são desenhados

os traços de adaptação e transformação exigidos para a preservação ou mudança

da organização do sistema limitado pela genealogia e pela teleologia. É, portanto,

o ponto de convergência das concepções particular e total da ideologia

explicitadas por Mannheim (1986) e, sob o ponto de vista cibernético, é o

estabilizador do sistema. Como se percebe, sua função precípua é propiciar a um

224

sistema sociocultural o seu autogoverno ou autocontrole, por outros autores

também denominado de autodireção, autodeterminação ou auto-regulação.

Portanto, é nele que se tomam as decisões que dirigem o todo, protegendo-o,

quando necessário, das regulações automáticas - mecânicas por excelência e

inconscientes por contingência.

Refletir é planejar. Planejar é definir uma política de ação para

se alcançar os objetivos priorizados, é o pensamento total antes do fato, é a

conjunção em uma totalidade de o pensar e o fazer. Deve, assim, estar presente,

em plano escrito ou não, em todas as ações que se concretizam em um sistema

sociocultural e não apenas centralizado em um grupo de pessoas ( ou pessoa) que

o dirige.

O produto da Reflexão, por outro ângulo, entendido como o

desejável para um sistema em um dado tempo e local, não pode ser compreendido

como definitivo, mas como um conjunto mutável de metas para acionar o

movimento evolutivo do sistema. Pela dinâmica do sistema, ele é levado à Entrada

do tempo seguinte e tanto mais freqüentemente quanto mais descentralizado for o

processo decisório. Na realidade, em termos epistemológicos, é pela reflexão que

o coletivo de pessoas toma conhecimento das coisas e dos fatos, portanto, sem ela

não é superada a prática pura, instintiva, cega.

No módulo, sua localização está na Figura 13 como pontos de

chegada dos "feedbacks" e na Figura 14 como pontos de partida do movimento do

sistema, descrevendo uma conexão entre o passado e o futuro.

Com a detecção da informação de discrepância entre o que se

pretendia e o que se alcançou nos parâmetros da Restrição, pelas correntes de

"Feedback" de Macro e de Microcontrole, e sua posterior entrada nos parâmetros

da Reflexão, na seqüência do circuito cibernético, estarão criadas as condições

para a ação reflexiva do replanejamento. Não foi colocada como alternativa a

ação sem reflexão, a partir do pressuposto de que o ser humano, em situação de

planejamento, não age sem refletir, o que oportuniza uma prática ordenada. No

caso do planejamento, em verdade, tendo em vista a sua natureza que exige prévia

225

identificação do problema a que se propõe oferecer uma previsão de alternativas

de solução e que esse problema está na realidade educacional e esta em estado de

caos, de desordenamento total, no ponto em que existe o problema, perde validade

a ação sem reflexão, i.é., a ação espontânea é incompatível com o planejamento.

Essa referência, está claro, é endereçada a um planejamento reputado como do

coletivo dos membros envolvidos na realização, o que dá significação às suas

ações; não a um instrumento de outro que se copia ou reproduz, recebido pronto

que foi, como produto da competência desse outro para investigar a realidade

através de sua subjetividade, no caso, aprioristicamente, descontextualizada.

Com esse sentido, a reflexão é filosofia, pois é identificação de

problema e busca para a sua solução. Filosofia que precede, preside e sucede a

ação planejada. Precede a partir do instante em que se toma consciência de um

problema, cuja solução se impõe para a conservação do equilíbrio estrutural e

dinâmico do sistema. Preside no acompanhamento e sucede na medida em que,

colocada em prática a solução pela qual houve opção, seus resultados de saída são

dimensionados para a indicação da conservação, eliminação, alteração ou

substituição das estruturas interacionais e/ou físicas que dificultam, facilitam ou

impedem a eficiência e eficácia da operacionalização. A filosofia aqui referida não

é repleta de devaneios sobre o nada, ou de proposição idealista e nem prescritiva

que se aproxima do paradigma das ciências, mas a filosofia dialética porquanto

embasada na totalidade do social, totalidade essa ideologizada ou real, se é que,

neste segundo caso, é possível a libertação da ideologia na mediação entre o

mundo real e o mundo mental dos sujeitos, como seres socioculturais. Admitida a

reflexão como filosofia, a reflexão filosófica, pode-se buscar subsídios, para

solução do problema que se pretende eliminar, nas ciências especializadas. Daí

que, também para efeito de fundamentação de planejamento, a reflexão não deve

ser de uma só pessoa ou grupo delas com o mesmo saber, mas por um coletivo de

especialistas para garantir-lhe um caráter transdisciplinar, dando-lhe a amplitude

exigida pelas totalidades complexas.

226

Sendo dialética, por outro lado, traz em seu bojo as

convergências e as contradições próprias da totalidade, pelo que, no pensamento, a

reflexão afirma e nega a ação, ao mesmo tempo em que é afirmada e negada pela

ação. Nessa simultaneidade se dá a síntese do processo de planejamento que

resulta na identificação do problema e na previsão de ações para solucioná-lo a

serem formalizadas em plano com seu desdobramento em projetos, se for o caso.

Do exposto pode-se construir os pares que seguem:

Primeiro par:

1-A reflexão se dá sem a ação = negação da ação (reflexão

aleatória).

2-A reflexão se dá com a ação = afirmação da ação (reflexão

ativa).

Segundo par:

1-A ação se dá sem a reflexão = negação da reflexão (ação

irrefletida)

2-A ação se dá com a reflexão = afirmação da reflexão (ação

refletida)

Se no componente de número 1 do primeiro par a reflexão não

sai da instância das idéias, portanto, sem determinação para a solução de

problemas e, sendo contemplativa e aleatória, não se apropria da realidade

objetiva do momento histórico em curso, no segundo par, a ação é irrefletida com

uma práxis iterativa e imitadora, pouco se afastando da prática pura dos animais

irracionais. Nos componentes de número 2, está a síntese, o ato consciente, a ação

e a reflexão dando-se simultaneamente. É a convergência dos dois componentes,

concretizando a práxis criadora, como síntese da reflexão-ação, do refletir e do

agir que antecipam o vir a ser, a gênesis do projeto pensado. Por isso é uma

reflexão ativa ou ação refletida, transformadora por natureza.

O que procura essa filosofia, não para prescrição de modelos

ideais, mas para fundamentação de projetos de solução com ação planejada?

227

A resposta precisa ser buscada em Pierre Furter, depois chegar a

Demerval Saviani e resumir o que este educador interpretou daquele insígne

filósofo, de notável influência no pensamento universitário brasileiro, desde

quando por aqui esteve para, só então, finalizar com Paulo Freire.

Furter (1970, p.26-8), citando a oposição entre a pedagogia da

essência (que antepõe o ideal à ação pedagógica) e a pedagogia da existência (que

se recusa a antepor o ideal à ação pedagógica) estabelecida por B.Suchodolsky,

tira a conclusão de que, se ambas colocam a filosofia com jurisdição sobre a

pedagogia, com o que não concorda, por outro lado demonstram que a filosofia da

educação:

1- "tem o papel de definir uma unidade e de impor uma

unificação à ação", portanto tem uma relação dialética (porque parte da totalidade)

e crítica (porque não aleatória) para com a prática real e concreta da pedagogia.

Seu papel específico é pensar a partir da educação e não impor-lhe problemas e

soluções antecipadas.

Com esse papel, a reflexão filosófica (busca de solução para um

problema que existe para nós e é de nosso interesse a sua eliminação) torna a ação

pedagógica:

2- "mais coerente, pelo esforço de reflexão rigorosa", coerência

que deverá se manifestar internamente entre seus elementos e externamente para

colocá-la numa totalidade que está em movimento constante. Para tanto, a reflexão

precisa expressar a ação pedagógica de maneira:

3- "mais lúcida e, portanto, mais justa", em que assume

importância a análise lingüística aplicada às teorias e ao vocabulário pedagógico

para que seja desvelada a verdade com a significação real.

Por fim, a reflexão deverá empenhar-se:

4- "no estudo e nas ponderadas possibilidades de realização

duma ação prevista" e conclui que, por este dever ser, chega-se

5- "a uma reflexão ética sobre a ação pedagógica".

228

Com estas colocações, pode-se inferir que o pedagogo (docente

ou especialista, conforme o determina a nomenclatura oficial) em situação de

planejamento de suas ações, deve interrogar-se a si mesmo, numa postura de

reflexão filosófica, como fazer para que: l- se concretize a relação dialética e

crítica da pedagogia; 2- a coerência interna seja real e coloque a sua prática na

totalidade contextual; 3- seja desvelada e expressa a verdade pedagógica; 4- a ação

prevista seja realizada; e 5- a ação pedagógica não se desvie da reflexão ética.

É nítida a percepção de que para Furter, o pedagogo é,

sobretudo, um filósofo que se completa no parâmetro Reflexão após o arco

cibernético da informação, dada a natureza transdisciplinar ou multidisciplinar

deste, na medida em que assume uma postura crítica dos resultados de sua ação e

entregue ao processo educativo que ele próprio orienta, para opção, as alternativas

de solução de problemas às quais chegou, de modo que sejam escolhidas, pelo

coletivo, aquelas que provocarão as perturbações necessárias no sistema, para que

este saia de seu estado de inércia ou até mesmo de entropia e passe para um outro

estado de operacionalização, no seu movimento através do tempo, não se

repetindo, mas interferindo na realidade, procurando transformá-la ou adaptar-se a

ela em sua evolução. Será em sua prática, em última instância, que poderão ser

encontradas as sinalizações se ele, pedagogo, está, realmente, respondendo ou não,

e até em que ponto, às interrogações que faz como filósofo da educação. Para

tanto deverá utilizar-se do parâmetro Restrição, onde pode encontrar a avaliação

de seu trabalho e posteriormente do parâmetro Reflexão, onde replanejará suas

ações imediatas e mediatas.

Não é muito díspare a interpretação dada por Demerval Saviani

(1973, p.15-69). Para este educador, filosofia não é qualquer tipo de reflexão. A

reflexão filosófica deve ser:

Radical: é preciso que se vá até as raízes da questão, até seus

fundamentos, isto quer dizer que há exigência que se opere uma reflexão em

profundidade.

229

Rigorosa: e como que para garantir a primeira exigência, deve-se

proceder criticamente, segundo métodos determinados, questionando-se as

conclusões da sabedoria popular e as generalizações que a ciência enseja.

De conjunto: o problema deve ser examinado numa perspectiva

de conjunto, relacionando-o com os demais aspectos do contexto. É neste ponto

que a filosofia se distingue da ciência, pois não tem objeto determinado. Ela se

dirige a qualquer aspecto da realidade, desde que seja problemático; seu campo de

ação é o problema, esteja ele onde estiver. Na busca do problema abre caminho

para a ciência, pois localizando-o, torna possível a sua delimitação na área dessa

ou daquela ciência que pode analisá-lo e, quiçá, solucioná-lo.

“Pode-se então, conceituar a filosofia como uma reflexão

(radical, rigorosa e de conjunto) sobre os problemas que a realidade apresenta",

conclui.

É preciso abordar, ainda que em pequena porção e com o

cuidado de não resvalar para o plano ideológico particular, o pensamento de Paulo

Freire (1979, p.26-7) o primeiro pensador a concretizar uma ação pedagógica de

alfabetização considerando a "práxis humana, a unidade indissolúvel entre minha

ação e minha reflexão sobre o mundo", pela competência que tem o homem em

agir conscientemente sobre a realidade objetiva. O ilustre antropólogo reporta-se à

aproximação espontânea que o homem faz do mundo que não é crítica, mas

ingênua. Não é ainda a conscientização, pelo que implica a ultrapassagem da

"esfera espontânea de apreensão da realidade, para chegarmos a uma esfera crítica

na qual a realidade se dá como objeto cognoscível e na qual o homem assume uma

posição epistemológica", em que a realidade se "des-vela" quanto mais a sua

essência fenomênica for penetrada. Por isso mesmo, a conscientização, que o

autor toma como reflexão crítica e que se identifica com a filosofia reflexiva que

até agora vem sendo tratada, não existe fora da unidade dialética ação-reflexão. É

esta unidade que caracteriza o modo de ser ou de transformar dos homens.

230

Para ele, a conscientização é um processo contínuo e a cada

nova realidade que ela chegar, esta deve ser tomada como objeto de uma nova

reflexão crítica e, assim, sucessivamente,

A conscientização remete a uma posição utópica, entendida esta,

não como uma idealização, mas "a dialetização dos atos de denunciar e anunciar, o

ato de denunciar a estrutura desumanizante e de anunciar a estrutura

humanizante". Isto posto, a conscientização implica em utopia e o trabalho

humanizante que dela deriva não pode ser outro, senão o trabalho da

desmitificação, o olhar mais crítico possível para conhecer os mitos que enganam

e que ajudam a manter a realidade da estrutura dominante.

Em suma: os três educadores além de mostrarem unanimidade

quanto à concepção moderna de filosofia como reflexão ou conscientização, o que

permite relevar a importância do parâmetro que a acolhe, mostraram que a

proliferação do conhecimento é um processo contínuo em que o produto é sempre

provisório, na verdade, é o insumo de novo processo que se iniciará em

subseqüência e que o seu enunciado não é definitivo, bem como não pode ser

considerado verdadeiro ou falso, absolutamente, pois há que se considerar o tempo

e o local. Deixam evidenciado, ainda, que a aquisição do conhecimento somente

assume a condição de problema quando o ser humano tem necessidade de

soluções que somente ocorrerão quando houver bastante clareza e profundidade na

identificação do mesmo, o que exige um afastamento do sujeito para que ele seja

objetivado, apreendido em seus reais atributos e não pelos atributos com que a

ideologia o mitifica. É desse procedimento dialético, o único compatível com a

investigação de totalidades, complementarmente, de que se vale a Cibernética. As

técnicas cibernéticas, que alguns abominam por desconhecê-las, não são contrárias

às técnicas dialéticas e tampouco ambas se confundem com o tecnicismo, pois se

se tratar como sinônimas as expressões "conhecimento da realidade" e

"informação da realidade" vê-se que a Dialética é a Cibernética para controle da

realidade pela informação são complementares uma a outra. Em outras palavras:

se é pelo método dialético que se penetra conscientemente e em profundidade na

231

verdade, maior será o controle sobre essa verdade, quando nela se aplica a

investigação cibernética. Com esse maior controle pela informação, maior

competência ter-se-á para transformar a realidade desumanizante. Para melhor

apreensão desse esboço de paralelismo entre Dialética e Cibernética, é de bom

alvitre deixar claro o que se entende por informação, utilizando-se de uma

conceituação de N.Wiener: "Informação é o termo que designa o conteúdo daquilo

que permutamos com o mundo exterior ao ajustar-nos a ele, e que faz com que

nosso ajustamento seja nele percebido". Assim," o processo de receber e utilizar

informação é o processo de nosso ajuste às contingências do meio ambiente e de

nosso efetivo viver nesse meio ambiente".

Infere-se, assim, que a estratégia cibernético-dialética está

contida nesse parâmetro, o que lhe dá a primazia de ser o gerador do processo

decisório, a origem do movimento de um sistema sociocultural e o seu centro

estabilizador em direção à evolução.

5. O MOVIMENTO EVOLUTIVOUm sistema sociocultural nunca se repete no tempo, a não ser

quando se isola em repouso inercial e no estado mais provável levado pela

entropia. Nunca é o mesmo em conseqüência das transformações de seu meio

externo e repercussões dessas em suas estruturas e nos elementos humanos de seu

meio interno. Nele também não se pode conceber uma interdependência interativa,

única e permanente, em que pese o esforço da estrutura física em sentido

contrário. As estruturas interdependentes interativas são dinâmicas e, por serem

muitos sensíveis, se alteram em razão das alterações do próprio meio interno do

sistema e das perturbações provocadas pelo meio externo. A sua energia mais

forte, todavia, decorre do poder de reflexão que, devidamente informada pelos

"feedbacks", toma as decisões que orientarão e dirigirão as ações subseqüentes,

fugindo, assim, do determinismo da evolução natural, da tendência para a

degradação do orgânico e destruição do significativo na constatação de Wiener.

Tem livre arbítrio até o ponto que lhe é permitido pelas coerções originadas de sua

232

própria organização e pelas condições que lhe são dadas pelo seu ambiente.

Consequentemente, pode-se afirmar que, em razão de adaptações assimiladas e de

transformações deflagradas, ele tem movimento evolutivo que se esquematiza

como segue.

Figura 14- O movimento evolutivo

Reflexão|_ _ _ _ _ _ _ _ _ > Reflexão|_ _ _ _ _ _ _ _ _>

^ | | ^ | |

|<_|_______________Rs | |<_|____________ Rs |

| _ _ _ _ _ ¦ | | _ _ _ _ _ | ¦

| |Subpro- | v v | |Subpro- | v v

E- > -> sso 1 - >S ->E -> -> -> cesso 2 ->S _>E->

| |_ _ _ _ _| | |_ _ _ _ _|

| |

F F

t1 - -> - -> - -> t2 - -> - - > - ->tn

(Para diminuir a complexidade foi omitido o "Feedback" de

Microcontrole, ficando claro, no entretanto, que também nele se dá o movimento

com a mesma seqüência e parâmetros acima.)

Na figura, t1 é o tempo inicial, t2 o segundo tempo (inicial+1) e

tn são os tempos futuros. Há nessa seqüência duas observações. Considerou-se t1

como inicial, arbitrariamente, porque, na realidade, é difícil, e muitas vezes

impossível, a sinalização de um tempo inicial que marque a origem de um

sistema, dada a evolução inerente a qualquer organização que antecede o tempo t1.

Por outro lado, em tn admite-se um tempo terminal, porque o sistema não tem

uma duração infinita, pois se desfaz quando perde finalidade, com o

desaparecimento da retroinformação.Como um sistema em movimento não se

repete, o produto da reflexão em t1 não retorna para a entrada do sistema

correspondente, mas é insumo da Entrada do sistema em t2, daí porque as

flechinhas indicam um avanço para este, descrevendo a corrente de "feedback" de

reinformação sucedendo ao de retroinformação. Assim, para melhor compreensão

233

do movimento, surge uma nova categorização de "feedbacks": o de

retroinformação que vai da Restrição para a Entrada ou Reflexão e o de

reinformação da Reflexão para a Entrada do sistema em um novo tempo, nisso se

constituindo a sua bidirecionalidade que o torna democrático.

Esse movimento não se dá num vazio. Afinal trata-se de um

sistema aberto que cria o seu próprio meio externo que impõe conjuntamente com

o seu meio interno uma variedade imensa de fatores condicionantes e coercitivos

ao Processo. Os fatores coercitivos, como já se disse, derivam da organização de

seu meio interno, tanto mais graves se há em si a permanência de repercussões de

condicionantes externos quando o próprio meio externo já se transformou. Os

condicionantes têm duas fontes: a) o ambiente e, dentro deste, b) o metassistema a

que o sistema pertence. O metassistema sempre oferecerá resistência a qualquer

alteração que desvie a direção do sistema do previsível e a qualquer mudança nas

estruturas. Desta forma, circundando todo o módulo há que se acrescentar uma

linha que represente os fatores condicionantes repressivos. Se eles prevalecerem, o

sistema perderá o seu movimento, o que indicará o seu isolamento, antecedendo

ao seu desaparecimento, o que poderá ser evitado com a observância do circuito

cibernético da informação.

6. O CIRCUITO CIBERNÉTICO DA INFORMAÇÃOAs confinantes dos objetivos, suas metas e condições em que se

realizam, compondo o parâmetro Restrição, estabelecem o critério para controle

da entrada, do processo e da saída do sistema. Quando se planeja alguma coisa,

refletindo-se sobre ela portanto, circunscreve-se as condições e define-se os

objetivos a serem alcançados com suas metas que serão tanto mais significantes e

específicos quanto mais confinantes forem determinadas. Os objetivos e metas

com suas confinantes são os resultados esperados ou previstos, que configuram a

Informação de Critério, ou a Primeira Informação. Terminado o processamento,

surgirá o resultado efetivo, o resultado conseguido ou alcançado que compõe a

Informação de Saída ou a Segunda Informação. O circuito, a esta altura, já conta

234

com duas informações que, no exemplo da mãe e do filho do item 4.2, têm a

seguinte correspondência: 1a.Informação - o pão que a mãe queria (o previsto);

2a.Informação - o pão que o filho trouxe (o conseguido). A partir do instante em

que for confrontado o previsto (1a.Inf.) com o conseguido (2a.Inf.), consegue-se a

Terceira Informação, a Informação de Discrepância, isto é, as confinantes que

foram e as que não foram atendidas e em que condições. Será esta, a Informação

de Discrepância, que será entregue à Reflexão tanto do "feedback" de micro como

de macrocontrole, completando-se, assim, o Circuito Cibernético da Informação

de Weyner, de fundamental importância para o autogoverno de quaisquer tipos de

sistemas socioculturais. Relembre-se que a reflexão é indispensável para combater

a tendência para o mecanicismo e discriminar o verdadeiro "feedback" do pseudo

feedback" que é a causação circular e da relação mecânica do estímulo/exposta.

Os resultados da Reflexão, ao darem entrada no sistema, empurrando-o para o seu

tempo seguinte, constituem-se na Quarta informação, a informação das propostas

de solução, já no campo dialético.

Como se vê, o circuito cibernético da informação e a reflexão

são os acionadores e mantenedores do movimento do sistema. São eles que dão

contextura à seqüência de sua dinâmica. Sem conhecimento e análise-crítica dos

resultados do processo não haverá entrada para o estado seguinte do sistema. A

seqüência estará interrompida e um novo processo não se iniciará; repetir-se-á o

anterior, pois o sistema estará em inércia, isolado. Ao contrário, acionando-se a

retroinformação e a reflexão o circuito torna-se evolutivo como a figura a seguir.

235

Figura 15. O circuito cibernético da evolução democrática

ENTRADA PROCESSO SAÍDA

| | |

v v v

PRIMEIRA SEGUNDA

INFORMAÇÃO: =====> SUBPROCESSOS ====> INFORMAÇÃO:

O PLANEJADO DAS AÇÕES O CONSEGUIDO

OU PRETENDIDO OU REALIZADO

||

v

REFLEXÃO CONJUNTA AVALIAÇÃO

| |

v v

QUARTA TERCEIRA

INFORMAÇÃO: <=================== INFORMAÇÃO:

O REPLANEJAMENTO A DISCREPÂNCIA

DAS AÇÕES ENTRE

|| O PLANEJADO E

|| O REALIZADO

v

TEMPO SEGUINTE

A retroinformação (das linhas duplas) contém duas funções:

uma estimuladora (positiva) e outra inibidora (negativa) conforme devam os

desvios serem mantidos ou impedidos e os reajustes promovidos ou não.

As assessorias estão ligadas aos níveis central e intermediário

porque incumbe a elas apenas sugerirem ou subsidiarem sem decidirem sobre a

manutenção do plano ou de seus reajustes, o que é feito no nível local pelos

próprios componentes..

236

7. UM EXEMPLO DE MOVIMENTO EVOLUTIVOO exemplo de movimento considera os parâmetros da

organização e o circuito cibernético de um sistema sociocultural, no caso Entrada:

Objetivo e confinantes. O desenvolvimento da criatividade é objetivo que se

compõe no insumo de qualquer sistema que se diz escolar. Sua amplitude, porém,

mais parece uma metalinguagem. Deve ser, portanto, decodificado em confinantes

para ter significância perante os docentes e os discentes - responsáveis pelo

processo de seu desenvolvimento. Essa decodificação, além de necessária é

bastante útil para viabilizar uma comunicação com mais informação sobre seu

conceito entre as pessoas do sistema e do meio onde este se insere.

Kneller(1968) afirma que o criativo é inovador, exploratório e

aventuroso, enquanto outros acrescentam que o pensamento deve ser crítico,

divergente, de crescimento e de abertura. Diria o autor desta tese (1971), em

acréscimo, que o criativo prefere o risco, a incerteza em substituição à

conformidade. Então, confinando o objetivo diz-se que desenvolver a criatividade

será:

a) estimular a inovação, a exploração e a aventura;

b) despertar para o pensamento crítico, divergente, de

crescimento e de abertura; e

c) proporcionar situações de incerteza, onde a vitória ou a

derrota têm o mesmo valor.

Condições. A formação para a criatividade deverá despertar o

gosto pelas idéias originais ao invés de proclamar a fidelidade à autoridade do tipo

"magister dixit" ou dar crédito a uma pessoa somente porque procede de capitais

ou cidades maiores. É preciso, sim, dar mais valor às observações originais,

organizar torneios de idéias, evitar a ridicularização. No ensino das artes há

necessidade de se exigir mais originalidade, ao passo que no ensino das demais

áreas não esquecer da clareza da lógica, da observação fiel, do cálculo exato e da

verdade fatual. Não se deve, todavia, por causa dos últimos fatores citados,

237

eliminar a originalidade mesmo na matemática, nos estudos sociais, nas ciências

físicas e biológicas, na linguagem escrita ou falada, na educação física etc.

Educando para a criatividade faz-se necessário levar à

apreciação do novo, despertando para as falhas do conhecimento humano. A

inventividade é uma outra habilidade a ser cultivada, encorajando as pessoas para

as expressões espontâneas como fazer desenhos incomuns, com ampla variedade

de combinações de cores e formas, inventar estórias fantásticas, modelar animais

impossíveis de serem vistos na natureza.

Além dessas condições, imanentes ao objetivo e confinantes, há

as que têm origem nos meios interno e externo que se convencionou chamar de

condicionantes. São coações fixas, como por exemplo, o potencial humano no

meio interno e o nível cultural no meio externo.

Organização. Segundo Michael J.Apter(1973) a organização

pode seguir duas técnicas: a) a algorítmica que é "um conjunto de regras que,

sendo seguidas literalmente, chegarão a uma solução desejada", identificado como

o "comportamento eficaz", próprio dos sistemas mecânicos; e b) a heurística,

"conjunto de regras que, sendo seguidas, podem chegar a uma solução, mas não

garantir que isso aconteça" identificado como o comportamento próprio do ser

humano. Como os seres humanos, em princípio, não pensam mecanicamente, é

plausível afirmar que a organização observada nesse exemplo á a heurística.

Kneller discrimina as seguintes fases (que neste estudo são identificadas como

subprocessos) para se chegar a um produto criativo:

Subprocesso 1- Primeira apreensão. É a apreensão de uma idéia

a ser realizada ou de um problema a ser resolvido. Ainda não há inspiração, mas

apenas a noção de algo a fazer. Uma boa técnica para não se perder essa primeira

apreensão é anotá-la imediatamente após a sua ocorrência.

Subprocesso 2- Preparação. Nesta fase, o criador começa a

explorar a idéia e a informar-se a respeito da mesma. É a inserção da cultura

individual na cultura correlata já existente. Durante a pesquisa é possível que a

idéia apreendida sofra alterações.

238

Subprocesso 3- Incubação. Depois do consciente realizar sua

tarefa, o inconsciente entra em ação. Nesta fase, cuja duração é indeterminada, as

idéias são esquecidas, aparentemente. O inconsciente, sem limites, desimpedido

pelo intelecto literal, faz as inesperadas conexões que constituem a essência da

criação. Há uma sobrepujação do ego e, como não há consciência específica do

que se quer fazer, o convencionalismo não impede o surgimento da inspiração.

Subprocesso 4- Iluminação. É o clímax. A idéia vem ao

consciente. De repente o criador percebe a solução de seu problema, o conceito

que enfoca os fatos, o pensamento que completa a cadeia de idéias em que ele

trabalha.

Subprocesso 5- Verificação. É a última fase, também chamada

de revisão. Se a inspiração depende do inconsciente, cabe ao consciente dar forma

a essa matéria-prima, entrando também em jogo o julgamento. Por isso pode

acontecer a apreensão de outra idéia e todo o processo de criatividade deve ser

reiniciado.

Esta é uma sucessão de subprocessos determinada pelas

coerções da organização. A cada avanço há possibilidades de outras, numa

progressão geométrica. Daí que a definição de confinantes, para restringir o

sistema, como feito acima, tem que ser, obrigatoriamente, um corte, apresentando

por isso um caráter arbitrário.

"Feedback" de microcontrole. Em cada subprocesso há o

parâmetro Restrição que deflagra correntes de "feedbacks" limitadas ao seu

âmbito em direção à Reflexão; em cada um deles se dão as regulações primárias,

autônomas, aquelas promovidas pelas próprias pessoas que participam das ações.

Daí que há que se considerar a eqüifinalidade.

Restrição. Esse quadro de confinantes e condições esboçado em

linhas gerais, constitui a informação de critério que irá fundamentar o parâmetro

Restrição sob o qual o sistema escolar irá operar com essa finalidade particular.

São os resultados esperados, os que dão entrada como insumo.

239

Saída. Os docentes e discentes serão os processadores que

oferecerão, ao fim de trimestres, semestres ou anos, os resultados obtidos,

configurando a informação de saída. Essa segunda informação é comparada à

primeira no gradiente do parâmetro Restrição. De um lado estará o que se

esperava, o planejado. Do outro lado, o que se conseguiu, o resultado.

"Feedback" de macrocontrole. Nesta comparação surge a

informação de discrepância, a terceira informação denunciando a defasagem entre

o que se almejou e o que se realizou, que será canalizada pelo "feedback" para que

sejam processadas as regulações secundárias, heterônomas, em sintonia com a

estabilização do sistema.

Reflexão é condição "sine qua non" para o replanejamento das

ações para o tempo seguinte. Se o replanejamento se concretizar e for entregue à

entrada do sistema para o tempo seguinte, então se diz que, neste particular, o

sistema apresentou movimento. Se assim não ocorrer, o sistema se repete e,

repetindo-se, torna-se mecânico, perdendo as suas características de sociocultural.

Sua causação ao invés de evolutiva torna-se circular. Os seres humanos que o

constituem assumem os atributos de uma roda dentada de uma máquina qualquer -

um robô, um monitor, a retransmitir, iterativamente, as mesmas mensagens.

Como se percebe, a Cibernética, embora incluindo a automação

como um dos seus componentes, a ela não se restringe. Seu campo é muito mais

vasto. A bem da verdade, estende-se por todos os campos das ciências, nisto se

constituindo em uma transciência.

8. A GESTÃOCom alguns anos de experiência de direção de macrossistemas,

ocupando cargos oficiais, o autor convenceu-se de que a gestão retroinformativa

centralizada ou não existia ou era pouco confiável, quando saía dos limites do

autoritarismo. Os órgãos centrais, enfim, não tinham nem ciência e nem

consciência da evolução e das adaptações dos negócios que pretendiam gerir,

tampouco das conseqüências dos atos de seus dirigentes com os quais queriam

240

marcar suas passagens. Não havia, ademais, informação fidedigna sobre

transformações do meio em que o sistema atuava, porque não havia perguntas..

Ao ingressar na UNESP o autor propôs-se a montar um modelo

de gestão retroinformativa, que fosse evolucionária e democrática, em razão do

que deveria ter uma natureza cibernético- dialética para o sistema que havia

montado.

Entendendo que a subdivisão Administração e Supervisão não se

justifica, uma vez que ambas exibem as mesmas funções de controle, apenas com

manifestações diferenciadas. A primeira como realização e a segunda como

informação, o que as torna indissociáveis, o autor fez essa junção e daí para frente

ambas foram tratadas como Gestão Retroinformativa, dando maior significância à

Reflexão e ao binômio Planejamento/Controle, estendendo-a desde o docente a

todo e qualquer nível de gestão.

Na composição desta teoria, como o aconselhou Leibniz, não foi

atendida a divisão específica das ciências. Onde houvesse descoberta que

trouxesse explicação ao que se colocava na proposta, por isomorfia, o autor ia

buscar e justificar por analogias ou homologias nas aplicações aos sistemas

socioculturais. Deixou a ciência clássica compartimentizada e abraçou a ciência

contemporânea, transclássica, que considera que os sistemas apresentam

princípios comuns que podem ser aproveitados em diferentes campos. Daí que a

abordagem feita é multidisciplinar e sua bibliografia não mostra uma coerência

epistemológica linear tão a gosto dos cientistas que ainda permanecem no

paradigma tradicional, levantando os mesmos problemas e apontando as mesmas

soluções, iterativamente..

Procurou-se definir bem os conceitos da teoria para evitar

dubiedases em sua interpretação, ainda mais quando há referência a controle que

para as teorias com base na Burocracia sugere autoritarismo e não informação.

241

8.1. Os dois sentidos da retroinformação

I- Retroinformação como controle

O controle, pensado em termos de retroinformação, busca

refletir para os órgãos executivos, em cada patamar hierárquico, o estado

característico do sistema e sua direção rumo às metas dos planos traçados ou

reformulados, em um dado momento e local. Efetiva-se durante o processo para

informar sua eficiência e após o mesmo para informar sobre a eficácia. Daí que, o

tipo de controle que exerce se subdivide em acompanhamento e avaliação. Esta

concepção estática, contudo, não esgota as atribuições e competências de seus

agentes. Em contacto direto com o ambiente, que exerce coação fixa sobre o

sistema, deverá ser capaz de sugerir formas de adaptação para o que o sistema não

se isole do mesmo ou para que adaptando-se, o ambiente não o assimile a ponto de

minimizar a sua função social: a escolarização e não sofra as ações

transformadoras. O controle retroinformativo busca um esquema que possibilite o

estudo e o livre trânsito de informações por canais próprios, com hierarquia

também própria e que transporte as seguintes informações na velocidade adequada

para que o sistema escolar:

a) tenha consciência e ciência de si mesmo;

b) possa ser descentralizado sem perda de unidade;

c) elabore planos realísticos; e

d) seja adaptativo em seus diferentes níveis, atendendo as

necessidades de mudança exigida por seus meios interno e externo.

II-Retroinformação como adaptação e transformação

Para os conceitos deterministas, os organismos evoluem a partir

do acaso, das mutações e da seleção natural, o que se mostrou insuficiente para as

noções de teleologia, finalidade ou intencionalidade e menos ainda para a

adaptação e transformação que são atributos dos sistemas socioculturais. Não

consegue, o determinismo, descrever as forças organizacionais, a transição para

uma ordem mais alta e a capacidade que têm tais sistemas de, frente a

perturbações, restaurar o seu equilíbrio interno, compondo-se com elas.

242

Nos sistemas socioculturais, a intencionalidade ou teleologia que

é manifestada nas ações de planejamento e controle, formalizados ou não, dirige e

orienta os fatos como causa eficiente, isto é, causa que atua no presente, embora as

metas estejam localizadas no futuro. A teleologia pode ser detectada em três

momentos: na eqüifinalidade das regulações primárias, na retroinformação das

regulações secundárias e na adaptação e transformação por ensaio-e-erro até o

limite de um campo em que o sistema não entre em conflito com valores críticos

do seu ambiente e que esteja ao alcance do seu controle . Se a eqüifinalidade se

manifesta nos estados primevos dos sistemas ou grupos sociais primários nos

quais o controle é exercido pela totalidade dos indivíduos com as metas podendo

ser alcançadas a partir de condições iniciais diferentes e/ou por meios também

diferentes, com o seu crescimento e sua conseqüente complexificação, surge a

necessidade da retroinformação como controle pela qual os desvios são corrigidos

ou estimulados. Na adaptação ao seu ambiente, o sistema altera-o por ensaio-e-

erro ou sofre alteração. Quando presidido pela reflexão coletiva, o ensaio-e-erro

poderá ser, senão evitado, pelo menos minimizado. De qualquer forma os seus

resultados alimentarão o processo decisório para elaboração dos planos futuros ou

da reformulação dos existentes, com mais consciência.

Com esse quadro, à evolução concebida como processo seletivo

natural acrescenta-se a decisão, em prejuízo do acaso e do princípio de

sobrevivência natural dos mais aptos. Sobreviver e avançar para uma ordem

superior, até onde os limites do seu ambiente o permitirem, então, é uma questão

de tomada de decisão com base na necessidade de adaptação e transformação. A

decisão, todavia, precisa ser tomada com antecedência suficiente para que o futuro

atue como causa eficiente e seja evitada a curva sigmóide da evolução que denota

queda e retomada. Ademais, os estudiosos contemporâneos acrescentam à

causalidade unidirecional, do passado para o presente, a teleologia, do futuro para

o presente e, desta forma, compreendem que as ações do presente emergem de um

complexo passado-futuro. Com isso, a retroinformação da cibernética concebida

apenas como dotada de órgãos receptores e emissores de ordens que aprisionam os

243

sistemas mecanicamente, passa a ser adaptativa e transformadora, libertando os

seus componentes para a criação de novas formas de ação pela reflexão, numa

práxis criadora que une, dialeticamente, o plano direcional e o plano operacional.

8.2. Planejamento e controle.

Fica claro que, nos sistemas menores com algum ou nenhum

grau de organização burocrática, o binômio planejamento/controle é assumido

pelas mesmas pessoas que ora planejam, ora controlam a realização do planejado,

mudando as suas competências e atribuições conforme as exigências das

condições e características pessoais. Nestes casos, as regulações são ditas

primárias ou auto-regulações ou, ainda, autônomas e o processo atende, em

liberdade ampla, ao princípio da eqüifinalidade. Nos sistemas jurídicos maiores é

muito difícil ou até impossível a participação de todos na função dirigente, daí que

surge a especialização de pessoas para os subconjuntos de competências e

atribuições e é implantada a representatividade que só é legítima quando escolhida

pela maioria através de um processo seletivo também elaborado e/ou aceito pela

mesma maioria. Nestes as regulações são secundárias ou heterônomas, i.é, têm

origem no círculo externo à realização. É nelas que se manifesta a GESTÃO

EVOLUCIONÁRIA configurada.

Por outro lado, o binômio para ser democrático precisa ser

bidirecional, conforme a Figura 3, do capítulo anterior. Utiliza de técnicas, cujo

conceito está desenvolvido no capítulo anterior.

8.3. Hipótese

Entendendo hipótese como enunciado geral que será empírica

e/ou estatisticamente tratado para reconhecimento de sua validade ou falsidade e

da extensão de sua generalidade, a hipótese da teoria que está sendo proposta

assim se expressa:

244

“A gestão evoluciconária retroinformativa de natureza

cibernético-dialética é a função que possibilita, democraticamente, o governo

do todo pelo próprio todo.”

Em qual parâmetro a Gestão Evoluionária Retroinformativa, de

Natureza Cibernético-Dialética - GERNCR- terá assegurada a sua especificidade

para ter formulada a sua teoria? Na retroinformação que dá origem aos seus

pressupostos básicos. E a efetividade de sua participação ou configuração de sua

ação no todo? Na reflexão com as decisões, em conjunto, subsidiadas pela

retroinformação.

E qual o pressuposto básico de sua hipótese?

A função gestora se manifesta no exercício da retroinformação

dos sistemas socioculturais, com natureza cibernético-dialética, abertos e em

movimento, na reflexão coletiva das decisões no sentido da adequação dos meios

para que os fins sejam alcançados ou reformulados, com um mínimo de

discrepância entre o planejado e o realizado em situações de preservação ou

evolução de seu estado característico, na adaptação e transformação do meio

externo.

O controle, objeto da , entendido como retroinformação, não tem

sua concepção atrelada ao autoritarismo centralizador, caso em que adquire um

sentido policial e judicativo, seja de um casal ou grupo de pessoas, de uma escola

ou nação. O controle, na gestão contemporânea, tem o sentido de assegurar ao

todo as condições necessárias e suficientes explicitadas no item Planejamento e

Controle.

Para tanto é preciso que seja hierarquizado e, por decorrência, o

pressuposto básico da teoria da GERNCR seja subdividido.

8.4. A subdivisão do pressuposto básico

Para o exercício eficiente e eficaz do controle retroinformativo, a

teoria da GERNCR tem seu pressuposto básico subdividido, não pelo critério de

especialização de competências e atribuições, tão a gosto da Burocracia em

245

obediência ao princípio da proliferação das Organizações, mas por exigência das

estruturas do todo, da interdependência e interação de seu meio interno e desse

com os demais todos que, na sua expressão metassistêmica máxima, chega ao

Universo. Ademais, o controle se manifesta onde e quando houver uma ação

planejada com participação das pessoas envolvidas no processo ou por

representação, portanto refletida, que deflagre ações subsequentes na realização do

pretendido, diferentemente da ação instintiva, natural e determinada. Neste caso, o

comportamento gestor se faz necessário para a orientação e direção do processo e

seus subprocessos no sentido das finalidades com suas condições e objetivos. É

certo que, formando o planejamento e o controle um binômio indissociável, é

indispensável para a GERNCR a existência de planos, codificados em linguagem

escrita ou oral ou, no mínimo, representados mentalmente.

Nas estruturas de um todo sociocultural, decisões são tomadas

no momento do planejamento, pois o ser humano pensa por projetos e ordena

esses projetos em planos escritos ou não. "No pensamento científico, a meditação

do objeto por parte do sujeito assume sempre a forma de projeto", afirma

Bachelard (1986,p.15) autor em quem se pode buscar reforço para estender os

"esquemas antecipadores" de Jean Piaget (1956) a todas as situações de reflexão.

São os planos, resultado desse comportamento refletido, que orientarão o processo

de realização. A função de realização, com maior ou menor autonomia, mas

sempre com alguma, e bastante heteronomia, também planeja, portanto aí também

se dá o controle. Com a aceitação dessas assertivas e no da indissociabilidade do

par planejamento/controle podem ser delineados três níveis de controle de ações

planejadas:

a) o microcontrole que ocorre durante a continuidade dos

subprocessos da realização ou operacionalização;

b) o macrocontrole ao final do processo total de realização.

Se o primeiro colhe subsídios para a função dirigente da

operacionalização ou realização, o segundo o faz para a reflexão coletiva ou não

246

que orienta as diretrizes dos novos planos, com seus programas e projetos na

função dirigente superior.

Consultar para efeito de visualização a Figura 13. Feedbacks de

micro e macrocontrole com reflexão, do item 4.4.deste capítulo.

c) o metacontrole decorre da aceitação de que cada sistema

articula-se com outros formando um metassistema, o qual limita as suas ações

autônomas (primárias) e orienta as heterônomas (secundárias).

Na Teoria Geral dos Sistemas os três tipos são identificados

também como feedback e retroalimentação e com a mesma hierarquia, enquanto

observados sob a ótica do circuito cibernético de N.Wiener (1970, p.130 e ss) cujo

modelo é a base da evolução mostrada na Figura 15- O circuito cibernético da

evolução democrática

Assim, à vista das três categorias de controle, e frisando que em

cada uma delas se concretiza o binômio planejamento/controle, é necessária, para

fins de análise em correspondência com a realidade, a subdivisão do Pressuposto

Básico em:

I- Gestão como microcontrole retroinformativo que se manifesta

durante a continuidade dos subprocessos de realização do produto para subsidiar

decisões da função gestora, no que concerne à eficiência (menos esforços para

igual produção ou iguais esforços para mais produção): é uma questão de

produtividade.

II- Gestão como macrocontrole retroinformativo que se

manifesta ao final do processo de realização total do produto para subsidiar

decisões da função planejadora, no que concerne à eficácia (avaliação da

correspondência entre a produção e a previsão das finalidades pretendidas): é

uma questão de comportamento.

III- Gestão como metacontrole retroinformativo que se

manifesta sobre as trajetórias do complexo que forma o metassistema para

subsidiar decisões das funções planificadoras gerais (estratégicas) e de cada um

dos sistemas-componentes para o estado de pareamento/despareamento

247

recíproco em direção ao produto comum: é uma questão de integração à

comunidade.

Com o exposto chega-se a definição da GERNCR:

A teoria da gestão evolucionária retroinformativa, de natureza

cibernético-dialética, por métodos indutivo e dedutivo, utilizando-se de

isomorfias, tem por objeto de estudo a gestão no campo dos todos socioculturais

, abertos e em movimento, especificando-se na retroinformação e efetivando-se

na reflexão com tomadas de decisões subsidiadas para as ações de

planejamento/controle, presentes e futuras.

Ao se definir como democrática a GERNCR precisa admitir

que: a) a reflexão conjunta é o parâmetro estabilizador do sistema evolucionário;

b) é nele que se manifesta a "capacidade de poder ajustar a conduta futura em

razão do desemprenho pretérito" (Wiener,1973), respeitada a teleologia. pois "o

comportamento atual é determinado pela previsão do fim" (Bertalanffy, 1975), i.é,

das finalidades; c) é sua função precípua oportunizar o autogoverno ou

autocontrole ou autodireção,

Infere-se que:

é na reflexão conjunta que se tomam as decisões que orientam

a gestão do todo ou sistema ou totalidade, evolucionária e democraticamente.

O que valida a hipótese.

Em atendimento ao confinamento dos significados, em função

da especialização, resultado da proliferação da tipologia de sistemas, sob a

angulação de uma progressão exponencial, as teorias e as ciências, na prática, são

adjetivadas em conformidade com as totalidades onde são engendradas o que, com

algum grau, imobiliza-as pela diminuição de seus objetos e campos de

investigação. Simultaneamente, porém, lhes dá mais significância ou, como

querem outros, mais especificidade.

248

8.5. Adjetivação da gestão geral

Na gestão geral, comum a todas as organizações estão o

planejamento e o controle, bem assim o processo decisório especificando a sua

generalidade e neutralidade, por isso que se repetem em todas os níveis

polimericamente. Caracterizam a gestão propriamente dita, seja em qualquer

subdivisão que se encontre: na educacional, na religiosa ou na privada. Seus

princípios são isomórficos.

Num primeiro conjunto de bits é subdividida em gestão pública,

confessional e privada. É a semi-especialização. No avanço para o

aprofundamento da especialização, ela se subdivide pelos objetivos

preponderantes das três áreas acima. Se pública é para a prestação de serviços, se

confessional para a pregação de crença religiosa e se privada para a obtenção de

lucro. São esses objetivos que, numa concepção mais elevada de seu conjunto,

determinam as finalidades da Gestão, portanto influem, na sua essência e em sua

manifestação.

Num segundo conjunto de bits dá-se a especialização em cada

uma dessas áreas.

I- Gestão pública: prestação de serviços ao Estado (Secretarias

da Fazenda, do Planejamento, da Administração, ...), à população (Secretarias da

Educação, da Saúde, da Promoção Social, ...), aos setores privados (Secretarias da

Agricultura, da Indústria e Comércio, ...).

II- Gestão confessional: pregação de crenças religiosas - a

católica, as evangélicas, outras.

III- Gestão privada: obtenção de lucro nos setores produtivos - a

agrícola, a industrial, o comércio e serviços

E, assim, a especialização ou proliferação se dá "ad-infinitum",

passando, inclusive pela gestão escolar ou educacional.

Simultaneamente à especialização, há a diversificação, no nível

horizontal, como por exemplo, os serviços de difusão de informações: rádio,

televisão, jornal, revista,

249

Em cada entidade jurídica, ademais, há a gestão setorizada,

conseqüência da burocratização, ou seja, da tramitação de papéis, subdividida em

secções: de pessoal, de finanças, de material, de matéria-prima, de produção e de

vendas ou prestação de serviços. Em cada uma dessas secções há uma gestão

subordinada à parte dirigente, que se repete em todas as áreas da especialização.

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