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CRISTINA LOPES RODRIGUES CARACTERIZAÇÃO DO TIPO DE RESPIRAÇÃO, DA FUNÇÃO VENTILATÓRIA E DA POSTURA DE ESCOLARES DE JUIZ DE FORA, MG JUIZ DE FORA 2009

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CRISTINA LOPES RODRIGUES

CARACTERIZAÇÃO DO TIPO DE RESPIRAÇÃO, DA FUNÇÃO VENTILATÓRIA E DA POSTURA DE ESCOLARES DE JUIZ DE FORA, MG

JUIZ DE FORA 2009

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CRISTINA LOPES RODRIGUES

CARACTERIZAÇÃO DO TIPO DE RESPIRAÇÃO, DA FUNÇÃO VENTILATÓRIA E DA POSTURA DE ESCOLARES DE JUIZ DE FORA, MG

Orientador: Profª Rosa Maria de Carvalho Co-orientador: Prof. João Vitor D. P. Duarte

JUIZ DE FORA

2009

Projeto de pesquisa apresentado ao Departamento de Fisioterapia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora, como requisito da disciplina Trabalho de Conclusão de Curso II

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CRISTINA LOPES RODRIGUES

CARACTERIZAÇÃO DO TIPO DE RESPIRAÇÃO, DA FUNÇÃO VENTILATÓRIA E DA POSTURA DE ESCOLARES DE JUIZ DE FORA, MG

Projeto de pesquisa apresentado ao Departamento de Fisioterapia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora, como requisito da disciplina Trabalho de Conclusão de Curso II

Aprovado em: ____/____/______

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________________

Profesora Rosa Maria de Carvalho

Universidade Federal de Juiz de Fora

_____________________________________________________

Professora Beatriz Helena Brandão

Hospital dos Servidores do Estado - Rio de Janeiro

_____________________________________________________

Professora Vanusa Caiafa Caetano

Universidade Federal de Juiz de Fora

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DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho aos meus pais, que

sempre me apoiaram e investiram em

minha educação.

À minha família, em especial aos meus

sobrinhos, que compartilharam comigo as

ansiedades na busca da realização

profissional.

Ao meu amor, razão pela qual sigo em

frente.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, por me iluminar nesta árdua caminhada.

À minha orientadora, professora Rosa, pelo apoio, incentivo, sabedoria e confiança

depositada na elaboração desse trabalho.

Ao meu co-orientador, professor João Vítor, pela ajuda, dedicação e auxílio em todos

os momentos necessários.

À professora Ludmila, fiel colaboradora, pela dedicação e incentivo para que esse

trabalho se tornasse real.

Às fonoaudiólogas Natália e Jaqueline, pela colaboração e dedicação nas avaliações

realizadas.

Ao Colégio de Aplicação João XXIII, em especial aos coordenadores Cleuza e

Anderson, pela compreensão e ajuda mútua na realização desse trabalho.

Aos pais e às crianças que fizeram parte desse estudo, pela confiança e

colaboração.

Ao Neimar, pela realização do estudo estatístico.

À banca formada pelas ilustres fisioterapeutas, Beatriz Brandão e Vanusa Caiafa,

pela dedicação e carinho com que analisaram o trabalho.

Aos amigos, Luciana, Cíntia, Julia, Rodrigo e Vinícius, amizade verdadeira que não

se finda juntamente com o término da faculdade.

A todos que sempre torceram pela minha vitória.

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RESUMO

Introdução: A respiração oral é a situação em que a criança substitui o padrão

correto de respiração, nasal, por um padrão oral ou misto. Esta alternância

desenvolve mecanismos adaptativos do sistema estomatognático, promovendo

alterações estruturais, que são acompanhadas de desequilíbrios miofuncionais e

conseqüentes alterações posturais como anteriorização da cabeça, para facilitar o

fluxo aéreo e protrusão de ombros. A função pulmonar também pode estar

comprometida, caracterizando distúrbios ventilatórios restritivos e obstrutivos.

Objetivos: Caracterizar o padrão respiratório, a postura e a função ventilatória de

alunos de uma escola pública de Juiz de Fora, Minas Gerais e relacionar o padrão

respiratório com a postura e a função pulmonar. Metodologia: Foram avaliadas 40

crianças de ambos os gêneros (31 meninas e 9 meninos), com idade entre 9 e 12

anos, que através de uma avaliação fonoaudiológica (triagem miofuncional e espelho

de Glatzel) foram caracterizados em respiradores orais (RO) ou respiradores nasais

(RN). A análise postural foi realizada através do Software Para Avaliação Postural

(SAPO) e a função ventilatória por meio do espirômetro Datalink. Análise Estatística: Foram realizados Teste t de Student para as variáveis antropométricas e

demais variáveis estudadas, prova exata de Fisher para o sexo e a correlação de

Pearson entre a postura e função ventilatória com e sem separação dos grupos. Resultados: 22 crianças foram caracterizadas como RN (55%) e 18 como RO

(45%). Não foram encontradas diferenças significativas em relação à idade, peso e

altura nos dois grupos. Crianças RO apresentaram valores de Pico de Fluxo

Expiratório (PFE) significativamente menores e valores da espirometria

discretamente diminuídos quando comparadas aos RN. Na avaliação postural, RO

apresentaram valores angulares maiores, tanto para protrusão de cabeça quanto

para protrusão de ombros, porém sem significância estatística. No grupo RO,

observou-se forte correlação entre protrusão de cabeça e de ombros, ao contrário do

que foi observado nos RN e no grupo como um todo. A função pulmonar não

apresentou correlação com a postura de cabeça e de ombros. Conclusão: A

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respiração oral compromete a capacidade de gerar fluxo expiratório e o

desenvolvimento de compensações posturais parece sofrer forte influencia do

padrão respiratório e de conseqüentes desequilíbrios miofuncionais.

Palavras chaves: Respirador Oral. Avaliação Postural. Espirometria.

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ABSTRACT Introduction: Mouth breathing is a situation in which the child replaces the correct

breathing pattern, nasal, by an oral or mixed pattern. This alternation develops

adaptive mechanisms of the stomatognathic system, promoting structural

modifications, which are followed by myofunctional imbalances and consequent

postural changes such as forward head posture, to help the air flow easier, and

protruding shoulders. Pulmonary function may also be compromised, designating

restrictive and obstructive ventilatory disorders. Objectives: To characterize the

breathing pattern, posture and ventilatory function of students from a public school in

Juiz de Fora, Minas Gerais and relate the breathing pattern to posture and lung

function. Methods: 40 children of both genders were analyzed (31 girls and 9 boys),

aged between 9 and 12 years old. Through speech-language evaluations

(myofunctional triage and the Glatzel mirror), they were defined as mouth breathers

(RO) or nasal breathers (RN). The postural analysis was made with the help of

Software para Avaliação Postural (SAPO), while a Datalink spirometer was used to

analyze ventilatory function. Statistical analysis: We performed Student's t test for

the anthropometric variables and the others studied, the Fisher exact test for sex and

the Pearson correlation between the posture and ventilatory function with and without

separation of groups. Results: 22 children were characterized as RN (55%) and 18

as RO (45%). There were no significant differences regarding age, weight and height

in both groups. RO children had values of Peak Expiratory Flow (PFE) significantly

lower and values for spyrometry slightly reduced when compared to the RN. In

posture assessing, RO showed greater angular values for both head and shoulders

protrusion, however with no statistical relevance. In the RO group, there was strong

correlation between protrusion of the head and shoulders, contrary to what was

observed in RN and in the group as a whole. Pulmonary function showed no

correlation with position of the head and shoulders. Conclusion: Mouth breathing

compromises the ability to generate expiratory flow and the development of posture

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compensations seems to be strongly related to respiratory patterns and its

consequent myofunctional imbalances.

Key Words: Mouth Breathing. Postural Assessment. Spirometry.

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LISTA DE ABREVIATURAS

C7 - Sétima vértebra cervical

CEP - Comitê de Ética e Pesquisa

CNS - Conselho Nacional de Saúde

CV - Capacidade Vital

CVF - Capacidade Vital Forçada

FEF - Fluxo Expiratório Forçado

FEF Max - Fluxo Expiratório Forçado Máximo (pico)

IMC - Índice de Massa Corporal

L - Litros

L/m - Litros por minuto

L1- Primeira vértebra lombar

MG - Minas Gerais

PaO2 - Pressão Arterial de Oxigênio

PFE – Pico de Fluxo Expiratório

RB - Respirador Bucal

RN - Respirador Nasal

SAPO - Software Para Avaliação Postural

SRB - Síndrome do Respirador Bucal

SRO - Síndrome do Respirador Oral

T7- Sétima vértebra torácica

TCLE - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TIF - Tifenou

UFJF - Universidade Federal de Juiz de Fora

VEF1- Volume Expiratório Forçado no Primeiro Segundo

VVM - Ventilação Voluntária Máxima

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...................................................................................................11 1.1 Postura...........................................................................................................13 1.2 Função Ventilatória.......................................................................................14

1.3 Justificativa....................................................................................................15 2 OBJETIVOS.......................................................................................................16 2.1 Objetivos Gerais............................................................................................16

2.2 Objetivos Específicos....................................................................................16

3 METODOLOGIA................................................................................................17 3.1 Sujeitos da pesquisa.....................................................................................17 3.2 Desenho de estudo.......................................................................................18 3.3 Procedimentos de avaliação........................................................................18

3.3.1 Tipo respiratório...........................................................................................18

3.3.2 Postura.........................................................................................................19

3.3.3 Função ventilatória.......................................................................................21

4 ANÁLISE ESTATÍSTICA...................................................................................23

5 RESULTADOS...................................................................................................24 6 DISCUSSÃO......................................................................................................28 7 CONCLUSÃO....................................................................................................34 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................35

APÊNDICE A........................................................................................................41 ANEXO A..............................................................................................................44 ANEXO B..............................................................................................................45

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1 INTRODUÇÃO

A respiração em recém-nascidos e lactentes, nos primeiros cinco meses

de vida, é obrigatoriamente nasal. Isto ocorre devido ao preenchimento da cavidade

oral pela língua, à posição elevada da laringe e aos padrões fisiológicos de

respiração e deglutição (BECKER et al., 2005).

No final do primeiro ano de vida, a respiração normal por via nasal deve

ser acompanhada de selamento labial, condição fundamental para o

desenvolvimento e a formação adequada das funções faciais, do sistema

estomatognático e do organismo como um todo. De acordo com a teoria da Matriz

Funcional de Moss, a respiração nasal permite além das funções de sucção,

mastigação e deglutição, o crescimento e desenvolvimento adequado do complexo

craniofacial (LESSA et al., 2005; FERREIRA et al., 2007).

A situação em que a criança substitui o padrão correto de respiração, que

é nasal, por um padrão oral ou misto, produzirá anormalidades nos tecidos ósseos e

musculares, por quebras do equilíbrio fisiológico. As deformações serão tão maiores

quanto mais prematuramente se instale esta anomalia respiratória, conhecida como

Síndrome do Respirador Oral (SRO), ou Bucal (SRB) (RIBEIRO, 1998). Porém, é

raro um padrão ser exclusivamente oral, sendo mais comum a criança estabelecer

uma respiração mista, parte oral, parte nasal (oronasal) (MENEZES et al., 2006;

RIBEIRO, 2006; ABREU et al., 2007).

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Na literatura há poucos relatos quanto à prevalência da respiração oral,

com percentuais que variam em torno de 5% a 75%, com discreta preferência pelo

sexo feminino e parecendo haver uma correlação da síndrome com fatores

socioeconômicos e demográficos (MENEZES et al., 2006). Abreu et al. (2007),

observou a prevalência de respiradores orais (RO), em crianças com idade de 3 a 9

anos, na região urbana de Abaeté - MG – e encontrou um alto índice de crianças

com a SRO, o que corresponde a 55% da população estudada.

Foram descritas várias causas para a respiração oral, dentre elas a

predisposição anatômica dos longilíneos, inflamação da mucosa nasal, hipertrofia

das amígdalas, desvio de septo nasal, rinite alérgica, desequilíbrio muscular e o

simples hábito de permanecer com a boca aberta (GODOY et al., 2000).

Existem vários tipos de RO: os orgânicos, que apresentam obstáculos

mecânicos que impedem ou dificultam a respiração; os funcionais, que são RO

habituais, que mantêm a boca aberta mesmo quando os obstáculos que impedem a

respiração normal são removidos; e os impotentes funcionais, que apresentam uma

disfunção neurológica (BECKER et al., 2005).

A SRO tem como características principais a obstrução nasal, tosse seca

persistente, dor de garganta, ardência ou prurido na faringe, sonolência diurna,

cansaço freqüente, sono dessincronizado, agressividade, cefaléias matinais, baixo

apetite, fraqueza muscular, aumento de cáries dentárias, enurese noturna e até

déficit de aprendizado e atenção (CARVALHO et al., 2007; FERREIRA et al., 2007).

A manifestação moderada da SRO cursa com obstrução nasal e roncos, associado a

episódios de infecção respiratória alta. Por outro lado, nos acometimentos mais

graves, as crianças apresentam acentuada hipertrofia tonsilar, apnéia obstrutiva do

sono, hipoxemia noturna e cor pulmonale, necessitando de intervenção médica e

cirúrgica (BECKER et al., 2005). Nos RO identificam-se ainda características

peculiares: nariz pequeno e afilado, não desenvolvimento das conchas nasais,

tendência a estreitamento da maxila, mento retraído, má oclusões dentárias,

abdômen saliente, cifose e hipotonia generalizada (RIBEIRO, 1998).

A alternância para a respiração oral desenvolve mecanismos adaptativos

do sistema estomatognático, promovendo alterações estruturais. As alterações do

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RO são acompanhadas de desequilíbrios miofuncionais, que podem causar

mudanças nas funções estomatognáticas e no eixo corporal (KRAKAUER, 1997).

Um dos fatores responsáveis por este distúrbio é o desmame precoce do

aleitamento materno. A transição do aleitamento natural para o artificial desencadeia

importantes modificações morfo-funcionais nos órgãos estomatognáticos, as quais,

quando antecipadas podem desenvolver má oclusão oral, alteração motor-oral e

respiração oral, prejudicando a mastigação, a deglutição, a fala e a respiração

(CUNHA et al., 2004). Crianças amamentadas no peito têm menos chance de se

tornar respiradores orais, pois o leite materno favorece o adequado estabelecimento

naso-respiratório, ajustando o sincronismo entre respiração e deglutição, bem como

fornecendo benefícios nutricionais, imunológicos e emocionais.

1.1 Postura:

Na SRO, o aspecto postural é afetado secundariamente. A postura

extendida da cabeça, com a finalidade de facilitar a passagem do ar, leva a uma

adaptação do sistema musculoesquelético. Há, ainda, um maior esforço dos

músculos acessórios da inspiração na tentativa de compensar os volumes

pulmonares, o que reforça a postura anteriorizada da cabeça e repercute na

configuração do tórax e do abdome (CORRÊA, 2005).

Devido à complexidade biomecânica da postura, que possibilita a

integração funcional de vários segmentos, torna-se possível entender que, frente às

alterações da postura da cabeça e pescoço em função da SRO, o comportamento

estático do tronco e outros segmentos sofram repercussões dessas adaptações (SÁ

FILHO, 1994; BECKER et al., 2005; LIU et al., 2006). Aragão (1991 apud Krakauer,

1997), descreve a postura corporal de crianças que apresentam a SRO. Ele relata

que o pescoço está projetado anteriormente e que a musculatura do pescoço e da

escápula estão afetados, provocando uma postura anormal. Os ombros ficam

encurvados e o peito afundado. Esse mau funcionamento muscular faz com que a

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respiração seja superficial e rápida. O movimento do músculo diafragma fica

alterado, os abdominais ficam flácidos e os membros assumem uma nova posição

em relação à gravidade.

1.2 Função ventilatória:

A SRO, além de gerar alterações típicas do padrão postural como foram

descritas acima, pode ser acompanhada de alterações da função ventilatória. As

alterações posturais podem gerar tensões musculares que, por sua vez, se

acompanham de encurtamentos. Estes, quando presentes na musculatura

respiratória, diminuem a extensibilidade e a capacidade contrátil da mesma,

alterando volumes e capacidades pulmonares (VENTURELLI, 2006). Barbiero et al.

(2007), ao realizarem avaliação espirométrica de RO, encontraram valores de função

pulmonar abaixo dos valores estimados, concluindo que se tratavam de crianças

portadoras de distúrbio respiratório restritivo.

Pesquisas apontam para o fato de que a SRO pode também gerar:

aumento da resistência pulmonar, diminuição da complacência pulmonar, diminuição

da pressão arterial de oxigênio (PaO2), diminuição do volume expiratório forçado no

primeiro segundo (VEF1) e conseqüente alteração na curva fluxo-volume. Todas

essas alterações decorrentes da respiração oral podem levar a menor ventilação e

oxigenação dos alvéolos mais periféricos (BOLETIM CBES, 2007).

Como já foi descrito, a SRO leva ao desequilíbrio do sistema mio-articular,

envolvendo músculos com funções de manutenção postural e respiratórias, que

através de uma reação em cadeia, alteram a estrutura corporal e a função

ventilatória, na busca da economia de energia. Dessa forma há uma grande

preocupação com as alterações fisiológicas e mecânicas da SRO e de suas

repercussões funcionais motoras e ventilatórias gerarem impacto no estado de

saúde. Este impacto depende da forma da caixa torácica, da posição do corpo, da

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elasticidade do parênquima pulmonar e da força dos músculos respiratórios

(VENTURELLI, 2006).

1.3 Justificativa:

Levando-se em consideração a diversidade de informações relacionadas

à SRO, assim como suas complicações relatadas na literatura, especialmente no que

diz respeito à postura e função pulmonar, percebe-se a necessidade de realização

desse estudo que, além de contribuir para a caracterização desta síndrome no

município de Juiz de Fora, Minas Gerais, irá avaliar e comparar as disfunções

resultantes, visando encontrar subsídios que justifiquem uma abordagem precoce e

multidisciplinar, prevenindo ou minimizando possíveis complicações.

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2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral:

Caracterizar o tipo de respiração (nasal ou oral) com o padrão postural e a

função ventilatória em alunos de uma escola pública de Juiz de Fora, Minas Gerais.

2.2 Objetivos Específicos:

1) Relacionar o tipo respiratório (nasal ou oral) com a postura dos

escolares;

2) Relacionar o tipo respiratório (nasal ou oral) com a função pulmonar

dos escolares.

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3 METODOLOGIA

3.1 Sujeitos da Pesquisa

Fizeram parte da pesquisa crianças de ambos os gêneros, com idade

entre nove e doze anos, alunos do Colégio de Aplicação João XXIII da Universidade

Federal de Juiz de Fora, cujo os pais ou responsáveis concordaram com a

participação através da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

(APÊNDICE A).

Os critérios de exclusão foram: presença de alterações visuais,

neurológicas ou cognitivas que impedissem a realização da espirometria, além de

uso de aparelhos ortopédicos (coletes, botas corretivas, etc) (KRAKAUER, 2000).

O presente estudo foi aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa –

CEP/UFJF, através do Parecer nº 268/2008, de acordo com as atribuições definidas

na Resolução CNS 196/96 (ANEXO A).

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3.2 Desenho do estudo

Trata-se de um estudo transversal, duplo cego.

3.3 Procedimentos de Avaliação

As crianças foram avaliadas nas dependências do colégio de Aplicação

João XXIII, em horário escolar (vespertino) e em dois dias diferentes para cada

aluno. Em um dos dias, foram avaliados por uma fonoaudióloga, o tipo de respiração

– se oral ou nasal - e, em outro, por uma acadêmica do curso de Fisioterapia da

UFJF, as características antropométricas, a postura e a função pulmonar, mantendo-

se os resultados dos dois dias de avaliação desconhecidos para ambos os

pesquisadores, até a análise dos dados.

3.3.1 Tipo Respiratório

O tipo de respiração foi avaliado, através da técnica do Espelho de Glatzel

e Triagem Miofuncional Orofacial (ANEXO B). A técnica do Espelho de Glatzel

analisa, antes e após a criança assoar o nariz, a presença e a quantidade de escape

aéreo (TESSITORE et al., 2004). Os dados foram comparados e assim detectadas

as principais alterações miofuncionais orofaciais, caracterizando-se a respiração em

oral ou oronasal.

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3.3.2 Postura

Para a realização da avaliação postural, as crianças foram fotografadas

em norma lateral esquerda, usando traje de banho (meninas de biquíni ou maiô e

meninos de sunga) e descalças. Os cabelos foram presos, quando necessário, para

garantir a visualização da região cervical. Pontos anatômicos foram demarcados

utilizando-se marcadores passivos feitos com bolas de isopor e fixados à pele com

fita adesiva dupla-face (YI, 2008) (Figura 1).

Figura 1: Marcador passivo fixado nos pontos anatômicos estabelecidos

Os locais escolhidos para a fixação dos marcadores foram: acrômio,

sétima vértebra cervical (C7), trágus da orelha, sétima vértebra torácica (T7) (Figura

2).

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Figura 2: Medidas angulares de cabeça e ombro: ângulo da protrusão de

ombro (A), ângulo da protrusão de cabeça (B).

Após a fixação dos marcadores, cada criança foi posicionada de pé em

um tapete de borracha preto, sendo instruída pelo comando verbal: “você vai ficar

em pé neste tapete preto numa posição que seja familiar e confortável”. Os

voluntários foram orientados a olhar para o horizonte sem que houvesse alguma

interferência verbal para correção da postura adotada.

A câmera, da marca Casio Exilim 8.1 megapixel, foi posicionada em um

tripé a uma altura de 1,5 metros e 4 metros de distância da criança (YI, 2008). Um fio

de prumo preso no teto com duas marcações (bolas de isopor), a uma distância de 1

metro, foi utilizado para a calibração da imagem. A criança se posicionou sempre ao

lado direito do fio de tal modo que ambos ficassem num mesmo plano perpendicular

ao da câmera.

O processamento dos dados obtidos pela avaliação postural foi realizado

através do Software Para Avaliação Postural, SAPO, disponibilizado gratuitamente

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pela FAPESP (http://sapo.incubadora.fapesp.br/portal). A análise das fotos obedeceu

a seguinte seqüência: abertura da imagem, calibração da foto através do fio de

prumo e marcação dos pontos anatômicos.

Para determinar a protrusão de cabeça, foi analisado o ângulo formado

por uma linha horizontal passando por T7 e outra que, partindo deste ponto, se

dirigia ao trágus da orelha. Caracterizou-se que quanto maior a medida angular, mais

anteriorizada estaria a cabeça e, consequentemente, mais protrusa.

Para determinar a protrusão de ombro, foi analisado o ângulo formado por

uma linha horizontal passando por T7 e outra que, partindo deste ponto se dirigia ao

acrômio. Caracterizou-se que, quanto maior a medida angular, maior seria a

protrusão de ombro.

Logo após a avaliação postural, foi realizada a mensuração do peso e da

altura da criança utilizando uma balança antropométrica (Takaoka®), dados

necessários para realização da espirometria.

3.3.3 Função Ventilatória

A prova de função pulmonar foi realizada conforme descrito por Pereira e

Neder (2002), com a utilização do Software Espirometria Datalink®, conectado a um

circuito que termina em um bocal, através do qual as crianças foram instruídas a

realizarem esforços máximos inspiratórios e expiratórios. A criança realizou a prova

em pé, com a cabeça em posição neutra e com clipe nasal. Os resultados

abrangeram os seguintes parâmetros:

Capacidade Vital (CV): medida em litros (l), na fase inspiratória da prova,

foi obtida solicitando-se à criança que respirasse normalmente por alguns segundos;

a seguir, pediu-se que ela soprasse todo o ar e, em seguida, realizasse uma

inspiração máxima.

Capacidade Vital Forçada (CVF): medida em litros (l), foi o volume

máximo de ar exalado com máximo esforço, após uma inspiração máxima. Solicitou-

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se à criança para inspirar profundamente até o máximo possível e, a seguir, exalar

com o máximo esforço.

Volume Expiratório Forçado no Primeiro Segundo (VEF1): foi o

volume de ar expirado e medido no primeiro segundo da manobra da CVF.

Fluxo Expiratório Forçado entre os 25-75% da CVF (FEF 25-75%):

medido em litros por minuto (l/min), foi a média dos fluxos correspondentes aos

volumes situados entre 25% e 75%, ou porção média, da CVF.

Pico de Fluxo Expiratório Forçado Máximo (PEF max): foi o valor

máximo de fluxo detectado na prova de CVF.

Ventilação Voluntária Máxima (VVM): medida em litros (l) foi o volume

total de ar expirado, através de movimentos respiratórios rápidos e forçados num

intervalo fixo de 12 segundos e extrapolado para 1 minuto.

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4 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Para análise das características antropométricas e das demais variáveis

investigadas, foi utilizado o Teste t de Student, visando testar a diferença entre as

médias das variáveis métricas e contínuas entre os grupos Respirador Nasal e

Respirador Oral, considerando um nível de significância α<0,05. Para análise da

variável categórica sexo, foi utilizada a prova exata de Fisher. Foi calculado o

coeficiente de correlação de Pearson entre as variáveis posturais e ventilatórias sem

e com separação dos grupos. As análises foram realizadas no software Statistical

Package for the Social Sciences, SPSS, versão 13.0.

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5 RESULTADOS

Foram avaliadas 40 crianças, sendo 9 (22,5%) do sexo masculino e 31

(77,5%) do sexo feminino, com idades variando entre 9 e 12 anos e IMC entre 14,39

e 27,97. Apenas 2 crianças (5%) apresentaram sobrepeso, sendo que, as duas

foram diagnosticadas como RO.

Através da triagem fonoaudiológica, 22 crianças (55%) foram

caracterizadas como RN e 18 (45%) como respiradores oronasais, que no presente

trabalho também foram denominados RO. No grupo de RN, 17 eram do sexo

feminino e 5 do sexo masculino, enquanto que no grupo RO, 14 eram do sexo

feminino e 4 do sexo masculino.

Não foram encontradas diferenças significativas em relação à idade, peso

e altura nos dois grupos (Tabela 1).

Tabela 1. Média das idades e IMC ± Desvio-padrão dos RN e RO. Total Grupo RN Grupo RO p*

Idade 10,2 ± 0,72 10,09 ± 0,61 10,33 ± 0,84 0,298 IMC 21,29 ± 2,84 21,15 ± 2,38 21,46 ± 3,38 0,736

*Grupo RN vs. Grupo RO

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Em relação à avaliação postural, observou-se que embora as crianças do

grupo RO apresentassem valores angulares um pouco maiores, tanto para protrusão

de cabeça quanto para protrusão de ombro, comparados com as do grupo RN, não

foi encontrada significância estatística para esta diferença (Tabela 2).

Na análise da função ventilatória, foram observados valores de PFE

significativamente menores (p = 0,037) no grupo RO (93,05 ± 23,07) quando

comparados aos RN (109,36 ± 24,35), enquanto os valores de CV, CVF, VEF1,

FEF25-75%, TIF e VVM apresentaram-se discretamente diminuídos nos RO, porém

sem significância estatística (Tabela 3).

Não foram observadas correlações significativas entre a postura e a

função ventilatória no grupo como um todo. No entanto, na análise isolada de cada

grupo – RN e RO – algumas correlações se evidenciaram e merecem ser

destacadas.

Tabela 2. Média das variáveis angulares ± Desvio-padrão dos RN e RO Grupo RN Grupo RO p*

Cabeça protrusa (º) 112,98 ± 2,63 115,10 ± 5,10 0,099 Ombro protruso (º) 123,90 ± 5,15 126,27 ± 7,15 0,233

*Grupo RN vs. Grupo RO

Tabela 3. Médias das variáveis percentuais ± Desvio-padrão dos RN e RO Grupo RN Grupo RO p

CV% 110,54 ± 14,28 106,22 ± 12,32 0,318 CVF% 124,81 ± 13,05 122,55 ± 13,17 0,590 VEF1% 127,68 ± 17,66 125,05 ± 17,50 0,641 FEF25-75% 100,77 ± 27,37 93,05 ± 23,07 0,657 TIF% 114,86 ± 8,94 117,88 ± 12,55 0,380 VVM 74,71 ± 17,83 73,95 ± 20,14 0,913 PFE% 109,36 ± 24,35 93,05 ± 23,07 0,037*

* (p<0,05)

No grupo RO, observou-se que a protrusão de cabeça e a protrusão de

ombro apresentaram forte correlação entre si (r = 0,823), assim como, cada uma,

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com peso (r = 0,731; r = 0,560), altura (r = 0,637; r = 0,487) e IMC (r = 0,616; r =

0,481). Já a função pulmonar não apresentou correlação com a postura de cabeça e

de ombros (Tabela 4).

Por outro lado, no grupo RN, não foram observadas correlações

significativas entre as variáveis estudadas, exceto as já esperadas nos valores

espirométricos relacionados à altura (Tabela 5).

Tabela 4. Correlações do Grupo RO Idade Peso Altura IMC Cabeça

protrusa Ombro

protruso Cabeça protrusa 0,084 0,731(**) 0,637(**) 0,616(**) 1 0,823(**)

Ombro protruso 0,123 0,560(*) 0,487(*) 0,481(*) 0,823(**) 1

CV% 0,254 0,172 0,002 0,248 0,189 0,407

CVF% 0,089 0,271 0,320 0,169 0,234 0,397

VEF1% -0,057 0,024 -0,090 0,124 0,020 0,194

TIF% -0,409 -0,001 -0,059 0,069 0,061 -0,035

PFE% -0,232 0,091 0,060 0,111 0,023 0,037

FEF 25-75% -0,168 0,065 -0,124 0,217 0,043 0,104

VVM 0,063 0,545(*) 0,624(**) 0,334 0,341 0,342

Correlação de Pearson: *Alta Correlação **Altíssima Correlação

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Tabela 5. Correlações do Grupo RN Idade Peso Altura IMC Cabeça

protrusa Ombro

protruso Cabeça protrusa 0,066 -0,189 0,182 -0,480 1 0,240

Ombro protruso -0,374 -0,169 -0,086 -0,159 0,240 1

CV% 0,202 0,051 -0,270 0,355 -0,157 0,019

CVF% 0,062 0,181 -0,058 0,349 -0,217 -0,008

VEF1% 0,264 0,102 -0,254 0,421 -0,054 -0,172

TIF% 0,125 -0,048 -0,169 0,089 0,192 -0,247

PFE% 0,116 -0,098 -0,361 0,233 0,011 0,044

FEF 25-75% 0,304 0,223 -0,059 0,393 -0,034 -0,312

VVM 0,190 0,410 0,439(*) 0,184 0,142 -0,126

Correlação de Pearson: *Alta Correlação **Altíssima Correlação

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6 DISCUSSÃO

A respiração nasal é a respiração fisiológica do ser humano e para que ela

ocorra é necessária a integridade anatômica e funcional das vias aéreas, não

havendo impedimento à passagem do ar. Quando há qualquer tipo de obstrução,

criam-se condições para que surja a respiração oral de suplência.

A RO pode ser uma condição transitória, como nas infecções

respiratórias, mas pode também, em alguns casos, se tornar permanente mesmo

quando o processo obstrutivo é removido, continuando a criança a respirar por via

oral. Esses são chamados RO habituais.

Em recém nascidos, as principais causas de obstrução das vias aéreas

superiores são as alterações anatômicas de origem congênita, destacando-se a

atresia de coanas e estenose da abertura piriforme. Nos lactentes e pré-escolares,

as condições adquiridas, como a hiperplasia adenoamigdaliana e processos

inflamatórios crônicos, são as causas obstrutivas observadas com maior freqüência

(BECKER, 2005).

Segundo a Academia Brasileira de Rinologia (ABR), cerca de 30% da

população brasileira pode apresentar respiração oral em função de rinites e este

número pode chegar a 50% se forem computadas as infecções respiratórias e o alto

índice de indivíduos que não procuram orientação médica (BOLETIM CBES, 2009).

No presente estudo 45% de uma amostra de 40 indivíduos, com idade variando entre

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9 a 12 anos, foram caracterizados como RO. De acordo com a literatura, a

prevalência da respiração oral é difícil de ser determinada, variando entre 9 e 59,5%

em crianças com idades de 6 a 12 anos, dependendo do método de análise

(SANTOS et al., 2004; BECKER et al., 2005; MENEZES et al., 2006; ABREU et al.,

2007). Em estudo semelhante, Leite et al. (2006), estudaram a prevalência de

portadores da síndrome da respiração oral na rede escolar do município de Juiz de

Fora e observou em uma amostra de 649 crianças, com idades de 6 a 12 anos, uma

prevalência de 59,5% de RO.

No presente estudo, observou-se alta prevalência de meninas no grupo

RO (83%), no entanto, esta avaliação ficou prejudicada, uma vez que 77,5% do total

de crianças eram do sexo feminino. Fato esse, somente observado por Menezes et

al. (2006), que encontraram uma discreta prevalência de RO no sexo feminino

(57,7%) em uma amostra de 143 crianças com distribuição de sexos mais

equilibrada. Já, Francesco et al (2004), Ribeiro (2006) e Leite et al. (2006),

descrevem maior prevalência de RO entre os meninos com índices que variam de

57,3% a 64,8%.

Secundariamente à obstrução que leva a adoção de uma respiração oral,

surgem as alterações posturais. De acordo com a lei das compensações, para que

nosso corpo fique em equilíbrio, qualquer desequilíbrio deverá ser compensado por

um desequilíbrio inverso, de mesmo valor e de mesmo plano (BIENFAIT, 1995). As

alterações na posição da cabeça e dos ombros se dão no sentido de buscar um

melhor alinhamento para as vias aéreas na tentativa de reduzir a obstrução e

economizar energia. Nesse caso, supõe-se que a respiração oral causaria uma

anteriorização da cabeça na busca de facilitar o fluxo aéreo e essa posição alterada

da cabeça irá desencadear outras alterações secundárias, como a protrusão de

ombros, acentuação das curvaturas vertebrais, dentre outras. De acordo com

Mancini et al. (2007), quando há uma obstrução nasal, pode haver uma

anteriorização da posição da cabeça e perda da lordose cervical na tentativa de

ampliar o espaço aéreo e, assim, facilitar a entrada de ar para vias aéreas inferiores.

Além disso, ocorre maior esforço dos músculos acessórios da inspiração e do

diafragma, na tentativa de suprimir a demanda ventilatória.

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A avaliação postural do presente estudo foi realizada através do software

de avaliação postural, SAPO, que até o presente momento é uma ferramenta pouco

utilizada na literatura e que não apresenta valores de normalidades angulares para

protrusão de cabeça e de ombros, na faixa etária estudada. Sendo assim, em função

da dificuldade de se estabelecer parâmetros para definição de alterações posturais,

foi proposta a simples medida de angulação, sendo feita a comparação da mesma

entre os grupos RO e RN. Tal alternativa também foi utilizada por Mancini et. al.

(2007), Yi et al. (2008). Corrêa (2005), mesmo utilizando o software ALCimage, usou

dessa mesma estratégia para caracterizar a postura.

Ao avaliar os ângulos de protrusão de cabeça e ombros, o presente

estudo buscou avaliar a correlação possível entre a postura e o tipo respiratório das

crianças. Apesar de ter encontrado aumento dos ângulos correspondentes no grupo

RO, esta diferença não apresentou significância estatística. Mancini et al. (2007) e

Corrêa (2005), mostram resultados semelhantes de alterações posturais no plano

sagital. Um viés na avaliação postural do estudo de Mancini et al. (2007) foi o uso de

pontos semelhantes tanto para a protrusão de cabeça quanto para a cifose torácica

(o acrômio da escápula), podendo a posição deste interferir nas medidas angulares.

Sabe-se que à medida que o indivíduo cresce, sua postura vai sofrendo

modificações. A característica transversal de nosso estudo não permite traçar

informações sobre o comportamento postural desses indivíduos durante o

crescimento. Entretanto, Krakauer et al. (2000), em estudo que avaliou a postura de

crianças de 5 a 10 anos, verificaram que crianças RN, maiores de 8 anos, melhoram

a postura com o crescimento, enquanto as crianças RO mantêm um padrão postural

desorganizado semelhante ao de crianças menores.

Outros fatores não contemplados em nosso estudo foram a seqüência

descendente de alterações da postura, a avaliação do comportamento dinâmico dos

segmentos corporais e a interferência do tratamento nesses comportamentos.

Níveis inferiores da coluna vertebral, a pelve, os músculos abdominais e

diafragma são afetados pelo desequilíbrio postural inicial na cabeça e coluna

cervical. Yi et al. (2008) avaliaram a relação da excursão do músculo diafragma e as

curvaturas da coluna vertebral em crianças RO e concluíram que o grupo RO

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apresentou diminuição da lordose cervical, aumento da cifose torácica, aumento da

lordose lombar e anteversão da posição da pelve. A distância excursionada pelo

músculo diafragma em crianças respiradoras bucais é menor que em crianças

respiradoras nasais, porém não houve significância estatística ao relacionar o

comportamento das curvaturas da coluna vertebral com a excursão do músculo

diafragma.

Com relação ao comportamento dinâmico dos segmentos corporais, Neiva

et al. (2007) avaliaram a amplitude de movimento cervical, através do instrumento

Cervical Range of Motion (CROM), em crianças RO e compararam com RN, nos

movimentos de extensão, flexão e protrusão de cabeça. As crianças RO

apresentaram menor ADM em extensão cervical comparadas com as RN, porém em

relação à ADM de flexão e protrusão de cabeça não houve diferença significativa

entre os grupos. Reiteram que a limitação da ADM em extensão pode ser atribuída

ao desequilíbrio entre a atividade muscular dos flexores e extensores do pescoço.

Avaliando a postura e a atividade elétrica da musculatura cervical de RB,

Corrêa (2005) encontrou diferenças significativas pré e pós intervenção

fisioterapêutica. As medidas angulares de anteriorização de cabeça e abdução

escapular diminuíram após um tratamento fisioterapêutico realizado com Bola Suíça

e exercícios respiratórios. Houve também diminuição nos valores de ativação

eletromiográfica dos músculos ECOM e trapézio superior, concluindo que houve uma

melhora do padrão ventilatório, com menor participação da musculatura acessória.

Com a redução da atividade eletromiográfica nos músculos cervicais, pode-se supor

que houve o restabelecimento da função diafragmática com a reeducação e a

melhora da postura.

A função ventilatória e a troca gasosa também são afetadas pela SRO

(VENTURELLI, 2006; BOLETIM CBES, 2007; BARBIERO et al. 2007).

Em relação à função pulmonar, o presente estudo encontrou diferença

significativa na medida do Pico de Fluxo Expiratório (PFE), p = 0,037, fato ainda não

encontrado na literatura pesquisada. Os fatores comumente associados à

capacidade dos indivíduos de gerarem altos picos de fluxo durante a expiração são a

força muscular expiratória, a patência das vias aéreas e a integridade

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neuromuscular. Baseado no histórico colhido de todos os participantes do estudo e

nos resultados de suas espirometrias, podemos descartar as duas últimas causas. A

força muscular respiratória não foi avaliada neste estudo, mas, mesmo assim,

acreditamos que o desempenho não ideal desses grupos musculares nos portadores

de SRO justificam o baixo PFE. Além disso, como já foi dito, a musculatura

abdominal pode estar sujeita à flacidez devido às alterações posturais que

aproximam as estruturas ósseas em que se ancoram. Held et al. (2008), mostraram

valores de Pi max e Pe max reduzidos em crianças com SRO quando comparadas

aos valores preditos para crianças saudáveis de mesma faixa etária. Os fatores que

podem explicar a relação da redução do PFE podem ser objeto de estudos futuros.

Com relação ao padrão ventilatório avaliado pela espirometria, os

indivíduos de ambos os grupos foram classificados como normais. O único achado

observado no estudo atual foram volumes pulmonares menores aferidos pela

espirometria para as crianças RO em relação aos RN, porém sem relevância

estatística. O mesmo achado é demonstrado por Venturelli em 2006. Barbiero et al.

(2007) constataram que os valores de CVF e VEF1 estavam abaixo dos valores de

normalidade, o que permitiu classificar esses indivíduos de sua amostra como

portadores de uma síndrome ventilatória restritiva. Este autor reitera também que o

distúrbio restritivo apresentado por esses indivíduos parece estar relacionado ao fato

de apresentarem alterações posturais e deformidades torácicas, tais como pectus

scavatus e cifose torácica.

Correlacionando as alterações posturais no grupo de indivíduos RO foi

possível observar a forte relação entre elas. Como era esperado a alteração da

posição de cabeça foi acompanhada pela alteração da posição dos ombros (r =

0,823). A mudança no posicionamento da cabeça buscando o melhor alinhamento

das vias aéreas produz um desequilíbrio biomecânico gerando uma resposta

descendente na tentativa do rearranjo postural, fazendo os ombros adotarem a

postura protrusa.

As variáveis antropométricas mostraram boa correlação com as alterações

posturais. Destaque para a correlação do IMC com a presença de alterações

posturais de cabeça e de ombros (r = 0,616; r = 0,481, respectivamente). O intenso

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processo de crescimento vivenciado nessa faixa etária por todos os indivíduos e os

problemas de sobrepeso demonstrados por alguns indivíduos da amostra podem

corroborar para essa correlação positiva. Valendo ainda destacar que, todas as

crianças que apresentaram sobrepeso (IMC > 25) eram do grupo RO. A relação

entre o IMC e presença da síndrome e suas alterações não foi objeto de estudo, mas

trabalhos futuros podem elucidar melhor essas comparações.

Em oposição a Venturelli (2006), que mostrou haver correlação entre

projeção da cabeça em crianças RO e baixos valores CVF, VEF1 e VEF1/CVF, no

presente estudo, a combinação entre as variáveis posturais e ventilatórias das

crianças RO, não apresentou correlação significativa. Isso, possivelmente, se deu

por conta de, praticamente, todas as crianças apresentarem valores espirométricos

bem próximos, ou até superiores, ao predito para idade, sexo e altura.

Por fim, o presente estudo buscou realizar uma caracterização dessa

população, na busca de um melhor entendimento dos parâmetros biomecânicos

estáticos e ventilatórios envolvidos na SRO. A intervenção e o acompanhamento

longitudinal desses indivíduos serão objetos de estudos futuros.

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7 CONCLUSÃO

A respiração oral compromete a capacidade de gerar fluxo expiratório e

desenvolve uma tendência a compensações posturais na posição da cabeça e dos

ombros. Não foi possível determinar a influência dos padrões posturais nos

distúrbios ventilatórios, nem determinar os fatores responsáveis pela limitação ao

fluxo expiratório.

O presente estudo pode auxiliar os profissionais envolvidos no tratamento

dessas crianças, tanto a detectar as alterações decorrentes da SRO, bem como a

tratá-las. O baixo pico de fluxo expiratório e a tendência a redução de volumes

pulmonares e alterações posturais podem ser objetivos terapêuticos.

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APÊNDICE A – Termo de consentimento livre e esclarecido

Eu, ____________________________________________________________,

identidade:___________________, residente à Rua _____________________

____________________ nº _____, Bairro _____________________________

e telefone_______________________, autorizo meu filho

(a)___________________________________________________________ a

participar do projeto de pesquisa “Caracterização do tipo de respiração, da função

ventilatória e da postura de escolares de Juiz de Fora, MG” coordenado pela Profª

Rosa Maria de Carvalho, professora do Depto. de Fisioterapia da Faculdade de

Medicina da UFJF. Declaro ter sido esclarecido (a) a respeito de todos os

procedimentos de avaliação funcional listados abaixo:

1) Avaliação das características antropométricas - peso, altura e índice de

massa corporal - através de balança antropométrica adulto.

2) Avaliação da respiração: através da técnica do espelho de Glatzel, que

verifica os padrões respiratórios, nasal ou oral, antes e depois de assoar o

nariz, através da presença de escape de ar durante atividades de sopro,

pronúncia de fonemas, vocábulos e frases;

3) Análise postural: serão realizadas quatro fotografias de corpo inteiro de

cada criança (vestidas com roupa de banho) - visões anterior, posterior,

lateral direita e lateral esquerda - visando à análise da postura, através do

Software para Avaliação Postural - SAPO, que é um programa de

computador para avaliação postural;

4) Função pulmonar: através da realização de inspirações e expirações

máximas e forçadas num bocal conectado a um micro-computador, para

avaliar:

4.1) Capacidade Vital: representa o maior volume de ar que pode

ser mobilizado.

4.2) Capacidade Vital Forçada: representa o volume máximo de

ar exalado com máximo esforço.

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4.3) Volume expiratório forçado no primeiro segundo: representa

o volume de ar exalado no primeiro segundo durante a

manobra de capacidade vital forçada.

4.4) Pico de fluxo expiratório: representa a maior velocidade com

que se consegue fazer uma expiração forçada, após

inspiração máxima.

4.5) Fluxo expirado forçado entre os 25-75% da CVF: representa

a média das velocidades correspondentes aos volumes

situados entre 25-75% da capacidade vital

4.6) Ventilação Voluntária Máxima: representa o volume total de

ar exalado num intervalo de tempo de 12 segundos, através

de movimentos respiratórios rápidos e forçados.

Estou ciente de que a pesquisa busca avaliar o tipo de respiração de meu filho

(se oral ou bucal), assim como a presença ou não de alterações posturais e da

função ventilatória. Sei também que os procedimentos de avaliação descritos

oferecem riscos mínimos ao meu filho (a) (risco este compatível ao que pode ocorrer

todos os dias quando, por exemplo, saímos de casa), que os dados obtidos nesta

pesquisa poderão ser divulgados em publicações, ficando a identidade das crianças

preservada e que, a qualquer momento, poderei retirar meu consentimento sem

qualquer penalização ou prejuízo à minha pessoa. Qualquer dano que tenha sido

causado pela metodologia a que meu filho for submetido será ressarcido por quem

de direito. Quanto às fotos, servirão para a análise postural e, em momento nenhum,

o rosto de meu filho será exposto em qualquer tipo de divulgação.

Estou esclarecido (a) de que, se tiver alguma consideração ou dúvida sobre a

ética da pesquisa, posso entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa da

Universidade Federal de Juiz de Fora (CEP-UFJF), situado na Pró Reitoria de

Pesquisa – Campus Universitário s/n – Bairro Martelos – Juiz de fora – MG, CEP

36036-900, fone/fax: (32) 3229-3788, e-mail: [email protected].

Assinatura

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Profª Rosa Maria de Carvalho - Coordenadora da pesquisa

Departamento de Fisioterapia / FacMed / UFJF – Tel: 3229-3843 – 8824-2352

[email protected]

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ANEXO A - Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa

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ANEXO B – Triagem Miofuncional Orofacial