“caracterização do perfil de hidrocarbonetos cuticulares

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FFCLRP - DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENTOMOLOGIA “Caracterização do perfil de hidrocarbonetos cuticulares de operárias, rainhas virgens e rainhas fisogástricas de Melipona marginata Lepeletier, 1836.” (Hymenoptera, Apinae, Meliponini) Maria Juliana Ferreira Caliman Dissertação apresentada à Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto-USP, como parte das exigências para obtenção do título de Mestre em Ciências - Área: Entomologia. RIBEIRÃO PRETO / SP 2008

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Page 1: “Caracterização do perfil de hidrocarbonetos cuticulares

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FFCLRP - DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENTOMOLOGIA

“Caracterização do perfil de hidrocarbonetos cuticulares de operárias, rainhas

virgens e rainhas fisogástricas de Melipona marginata Lepeletier, 1836.”

(Hymenoptera, Apinae, Meliponini)

Maria Juliana Ferreira Caliman

Dissertação apresentada à Faculdade de Filosofia,

Ciências e Letras de Ribeirão Preto-USP, como

parte das exigências para obtenção do título de

Mestre em Ciências - Área: Entomologia.

RIBEIRÃO PRETO / SP

2008

Page 2: “Caracterização do perfil de hidrocarbonetos cuticulares

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FFCLRP - DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENTOMOLOGIA

“Caracterização do perfil de hidrocarbonetos cuticulares de operárias, rainhas

virgens e rainhas fisogástricas de Melipona marginata Lepeletier, 1836.”

(Hymenoptera, Apinae, Meliponini)

Maria Juliana Ferreira Caliman

Orientador: Prof. Dr. Ronaldo Zucchi

Dissertação apresentada à Faculdade de Filosofia,

Ciências e Letras de Ribeirão Preto-USP, como

parte das exigências para obtenção do título de

Mestre em Ciências - Área: Entomologia.

RIBEIRÃO PRETO / SP

2008

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FICHA CATALOGRÁFICA

 

 

 

 

Ferreira-Caliman, Maria Juliana Caracterização do perfil de hidrocarbonetos cuticulares de operárias, rainhas virgens e rainhas fisogástricas de Melipona marginata Lepeletier, 1836. (Hymenoptera, Apinae, Meliponini) Ribeirão Preto, 2008. Dissertação de Mestrado, apresentada à Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto – USP, Área de concentração: Entomologia. Orientador: Zucchi, Ronaldo 1. Insetos sociais. 2. Hidrocarbonetos cuticulares. 3. Meliponíneos. 4. Cromatografia gasosa-espectrometria de massa.

Page 4: “Caracterização do perfil de hidrocarbonetos cuticulares

  Agradeço, 

  Ao Prof Dr Ronaldo Zucchi pela oportunidade, paciência, orientação e amizade.   

  Ao Sr. Sidnei Mateus, mestre e doutor em entomologia, especialista em laboratório 

de  insetos,  informalmente meu  co‐orientador  e  principalmente meu  grande  amigo,  pela 

ajuda incondicional durante a realização deste trabalho.  

  À  amiga  Izabel  Cristina  Casanova  Turatti,  técnica  do  laboratório  de  química 

orgânica da  Faculdade  de Ciências  Farmacêuticas de Ribeirão  Preto,  pela  realização  das 

amostras químicas.  

  Ao  amigo  Prof.  Dr.  Fabio  dos  Santos  Nascimento  pela  orientação  durante  a 

montagem do projeto e pelo incentivo durante a realização do mesmo. 

  À CNPq pelo auxilio financeiro. 

  Aos meus filhos, Letícia e Pedro, e ao meu esposo, Wellington, pelo carinho e pela 

paciência incondicionais durante a realização deste trabalho. 

  Aos meus pais, Sônia e Assis, e à minha irmã, Silvia, que sempre estiveram comigo 

apesar da distância física que nos separa.  

  À senhora Neuza Caliman por me ajudar sempre que necessário.  

  À Gisele, amiga de  todas as horas e ouvinte paciente, que sempre me confortou e 

me deu ânimo para continuar mesmo nas horas mais difíceis. 

  À  Patrícia,  amiga  que  conquistei  durante  esse  último  ano  e  que  desejo manter 

eternamente.  

  Ao grande amigo Leo, sempre presente e dedicado. 

  Ao  colega de  trabalho Túlio pelo auxílio durante a  realização dessa dissertação  e 

pela ajuda na correção da mesma.  

  À amiga Cidinha pela amizade e por cuidar sempre com carinho de nosso ambiente 

de trabalho.  

  A todos os colegas de laboratório: Cristiano, Michael Hncir, Denise, Plésio, Victor, 

Rafael,  Ayrton,  Elinton,  Carolina,  Janaina,  Elynor, Marco,  Cyro,  Yara  e  em  especial  às 

amigas Giovanna e Juliana Alonso. 

 

 

 

 

Page 5: “Caracterização do perfil de hidrocarbonetos cuticulares

Thatʹs What It Takes (George Harrison) 

 And now it begins to shine And you found the eyes to see Each little drop at dawn of every day  Your smile, it comes back to me And whatever you may say Donʹt let it stop, never fade away  As we got to get out in this world together,  doesnʹt matter if we start to make some changes.  If thatʹs what it takes  Then Iʹve got to be strong  Donʹt want to be wrong If thatʹs what it takes  The closer I get  Into that open door  Iʹve got to be sure If thatʹs what it takes  And now that itʹs shining through And you can see all this world Donʹt let it stop, never fade away  If we got to be in this life forever,  Then weʹd better be taking all the chances,   If thatʹs what it takes  … 

 

 

 

 

 

 

 

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Ao senhor Cícero Caliman, exemplo de bondade e alegria, 

dedico.

Page 7: “Caracterização do perfil de hidrocarbonetos cuticulares

  Índice 

Resumo.................................................................................................................................................1 

Abstract................................................................................................................................................2 

Introdução............................................................................................................................................3 

Objetivos..............................................................................................................................................7 

Material e Métodos............................................................................................................................8 

Espécie e Colônias...............................................................................................................................8 

Extração de hidrocarbonetos cuticulares de operárias..................................................................8 

Extração de hidrocarbonetos cuticulares de rainhas virgens.......................................................9 

Extração de hidrocarbonetos cuticulares de rainhas fisogástricas..............................................9 

Análise das amostras........................................................................................................................10 

Análises do desenvolvimento ovariano de rainhas virgens.......................................................11 

Análise dos resultados.....................................................................................................................11  

Resultados.........................................................................................................................................13 

Caracterização do perfil de hidrocarbonetos cuticulares de operárias.....................................13 

Influência da origem da população sobre o perfil de 

          hidrocarbonetos cuticulares de operárias. .........................................................................22 

Composição cuticular de rainhas virgens.....................................................................................23 

Composição cuticular de rainhas fisogástricas.............................................................................29  

Discussão e Conclusões..................................................................................................................37 

Bibliografia.......................................................................................................................................42 

Apêndice............................................................................................................................................48 

 

 

 

 

 

Page 8: “Caracterização do perfil de hidrocarbonetos cuticulares

1

  Resumo 

  Os  feromônios  desempenham  um  papel  chave  em muitos  aspectos  da  vida  dos 

insetos  e  os  membros  de  uma  colônia  utilizam  uma  grande  variedade  de  compostos 

químicos durante a sua existência. Os hidrocarbonetos cuticulares são importantes para os 

insetos  sociais  porque  possibilitam  o  reconhecimento  de  coespecificos,  companheiras  de 

ninho, ou mesmo  indivíduos de diferentes castas.   O presente estudo  teve como objetivos 

principais  a  caracterização das  variações do  perfil  químico de  operárias  e de  rainhas da 

abelha  sem  ferrão Melipona marginata,  relacionando‐as  com  a  idade  e  o  comportamento 

apresentados pelos  indivíduos. Para a  identificação dos  compostos  cuticulares utilizou‐se 

cromatografia  gasosa  associada  à  espectrometria  de  massa.  A  composição  de 

hidrocarbonetos  da  cutícula  dos  indivíduos  da  espécie  consistiu  em  alcanos,  alcenos, 

alcadienos e alcanos ramificados, e variou de 21 até 33 átomos de carbono. Esses compostos 

variaram quantitativamente e qualitativamente entre e dentro das castas, de acordo com a 

idade  dos  indivíduos  (exceto  rainha  fisogástrica).    Os  perfis  cuticulares  de  operárias  e 

rainhas virgens  foram caracterizados principalmente por alcanos e alcenos, enquanto o de 

rainhas  fisogástricas  foi  caracterizado por alcanos, alcenos, alcadienos e metil alcanos.   O 

fator  que mais  influenciou  o  perfil  cuticular  das  rainhas  fisogástricas  foi  a  ausência  de 

postura. Além disso, observou‐se a existência de variações da composição química cuticular 

de acordo com a origem da população, ou seja, colônias provenientes de uma mesma região 

tiveram indivíduos com perfil de hidrocarbonetos semelhantes.  

   

 

           

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Abstract 

Pheromones play a key role in many aspects of the life of insects. Members of social 

insect colonies employ a  large variety of chemical  signals during  their  life. Among  these, 

cuticular  hydrocarbons  are  of primary  importance  for  social  insects  since  they  allow  the 

recognition of conspecifics, nestmates, or even members of different castes. The aims of the 

present work were (1) to characterize the variation of the chemical profile among workers, 

virgin queens, and physogastric queens of  the stingless bee Melipona marginata, and  (2)  to 

investigate  the dependence of  the  chemical profiles on  the  age  and  the behaviour of  the 

studied  individuals. The  cuticular  compounds were  identified using gas  chromatography 

coupled to mass spectrometry (GC‐MS). The cuticular hydrocarbon profile of M. marginata 

was composed of alkanes, alkenes, alkadienes and branched alkanes, varying from 21 to 33 

carbons  atoms.  These  compounds  varied  quantitatively  and  qualitatively  within  the 

investigated  castes  according  to  age  of  the  respective  individuals  (except  for  the 

physogastric  queens).  The  cuticular  profiles  of  workers  and  virgin  queens  were 

characterized  mainly  by  alkanes  and  alkenes,  whereas  the  profiles  of  the  physogastric 

queens were characterized by alkanes, alkenes, alkadienes and methil alkanes. The  factor 

that  predominantly  influenced  the  cuticular  profile  of  the  physogastric  queens was  the 

absence/presence of oviposition. In addition to observed the variations within a colony, the 

cuticular  chemical profile of M. marginata differed between different populations,  that  is, 

colonies originating  from  same  region had  individuals with similar hydrocarbon profiles, 

whereas those from different regions had not. 

 

 

 

 

Page 10: “Caracterização do perfil de hidrocarbonetos cuticulares

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  1‐INTRODUÇÃO 

  Aspectos Gerais do grupo Melipona. 

  Os Meliponini  correspondem  ao  grupo  de  abelhas  sociais  que  não  apresentam 

ferrão  e  encontram‐se  amplamente  distribuídos  pelos  trópicos  e  subtrópicos  (Sakagami 

1982).  Entre  esses  insetos,  a  organização  social  avançada  é  evidenciada  por  uma 

complexidade  de  comportamentos  que  proporcionam  às  colônias  uma  unidade  social 

coerente (e.g. processo de aprovisionamento e oviposição – POP; revisado em Zucchi et al. 

1999). 

  As eussociedades de  insetos são constituídas  tipicamente por duas castas, sendo a 

rainha especializada em realizar a postura de ovos, e as operárias responsáveis pelas tarefas 

de manutenção do ninho  (Michener 1974). Na maioria das espécies de abelha  sem  ferrão 

ocorre desenvolvimento dos ovários de operárias mesmo na presença da rainha (Sakagami 

et al. 1963), e esses ovos frequentemente são utilizados na alimentação da rainha fisogástrica 

(Sakagami & Zucchi 1963). Além disso, em algumas espécies de Melipona, ocorre a produção 

de machos pelas operárias durante  certas  fases de desenvolvimento da  colônia  (revisado 

por Velthuis et al 2005).  

  As diferentes  tarefas  entre  as  operárias  não  estão  rigidamente  estabelecidas, mas 

freqüentemente ocorre uma tendência para a execução de atividades em certas idades (Wille 

1983).    Simões  &  Bego  (1979)  e  Mateus  et  al.  (2007)  verificaram  que  as  atividades 

desempenhadas  por  operárias  de  Scaptotrigona  postica  e  Melipona  marginata, 

respectivamente,  modificam‐se  de  acordo  com  a  idade  dos  indivíduos,  havendo  uma 

sequência de atividades desempenhadas pelas operárias. 

  Dentre os Meliponini, as Melipona são caracterizadas pela ausência de células reais, 

ou  seja,  rainhas  e  operárias  emergem de  células de mesmo  tamanho  e  forma  (Sakagami 

1982). Assim,  a determinação de  castas  é  realizada  através de  uma  somatória de  fatores 

genéticos e alimentares  (Kerr 1950, Kerr & Nielsen 1966) e a produção de rainhas virgens 

pode  chegar  a  25% das  fêmeas produzidas  em  colônias  com boas  condições de  alimento 

(Kerr 1948).   Embora essa proporção varie de acordo com a condição colonial, ocorre uma 

constante produção de rainhas virgens, fato que assegura a substituição da rainha em casos 

de orfandade (Michener 1974, Sakagami 1982, Engels & Imperatriz‐Fonseca 1990). 

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  Entretanto, a produção excessiva de rainhas virgens pelas Melipona é o método mais 

dispendioso entre as abelhas eussociais  (Michener 1974). Segundo Wenseleers & Ratnieks 

(2004)  a  expectativa de vida desses  indivíduos  é muito  baixa,  sendo quase  todas mortas 

pelas  operárias,  com  exceção  dos  casos  de  substituição  da  rainha  fisogástrica  ou  de 

produção  de  enxame  (Sakagami  1982).  Certos  comportamentos  podem  propiciar  a 

sobrevida de rainhas virgens de algumas espécies, como andar rapidamente pela colônia e 

esconder‐se  entre  os  potes  e  frestas  da  caixa,  ambos  observados  em M.  marginata  por 

Kleinert & Imperatriz‐Fonseca (1994).  

  Aspectos  Ecológicos  e  Comportamentais  dos  Hidrocarbonetos  cuticulares  em Insetos Sociais. 

  A  comunicação  recíproca  de  natureza  cooperativa  é  um  critério  essencial  para  a 

manutenção  da  integridade  das  sociedades  de  insetos  (Wilson  1971).  Para  tanto,  são 

utilizados  mecanismos  que  envolvem  compostos  químicos  denominados  feromônios  e 

receptores  olfativos  amplamente distribuídos pelos  apêndices,  especialmente nas  antenas 

(Atkins 1980). 

  Estudos mostram que as respostas comportamentais dos insetos estão intimamente 

relacionadas às variações quantitativas e qualitativas dos feromônios no meio em que vivem 

(revisado por Howard & Blomquist  2005). No  caso dos  insetos  sociais, grande parte dos 

estímulos químicos e conseqüentes respostas comportamentais ocorrem dentro da própria 

colônia, entre companheiras de ninho.  

  Comportamentos que requerem dispersão rápida dos sinais químicos, como os de 

alarme,  podem  envolver  feromônios  constituídos  por  moléculas  pequenas  e  que  são 

altamente voláteis. Entretanto, os insetos sociais desenvolveram vários outros mecanismos 

de  comunicação  nos  quais  estão  envolvidos  compostos  não  voláteis  como  muitos 

hidrocarbonetos (revisado por Howard & Blomquist 2005). 

  A cutícula dos  insetos é revestida por hidrocarbonetos que oferecem uma barreira 

de  proteção  contra  a  desidratação  (Lockey  1988).  Durante  o  processo  evolutivo,  esses 

compostos  foram  sendo  cada vez mais  empregados para  a  comunicação, principalmente, 

entre os insetos sociais (Le Conte & Hefetz 2008). Howard & Blomquist (2005) consideram 

essa atuação secundaria dos hidrocarbonetos uma das razões da diversidade de compostos 

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cuticulares  encontrados  entre  os  grupos  e  as  conseqüentes  combinações  altamente 

específicas.   

  Os  hidrocarbonetos  cuticulares  atuam  como  feromônios  moduladores  e 

desencadeadores de comportamentos. Segundo Wilson (1963), feromônios desencadeadores 

são aqueles que provocam mudanças  imediatas e  reversíveis no comportamento de outro 

organismo e moduladores são aqueles envolvidos em processos comportamentais a  longo 

prazo. A ocorrência desses  compostos mostra‐se  característica  entre os grupos de  insetos 

(espécie ou colônia), podendo variar dentro deste de acordo com a idade, casta ou sexo dos 

indivíduos (Blonquist et al. 1998, Monnin & Peters 1999, Sledge et al. 2001) 

  Estudos recentes mostram que os hidrocarbonetos presentes na cutícula de formigas 

Ponerine atuam em processos comportamentais como sinais de fertilidade e dominância (Le 

Conte  &  Hefetz  2008).  Esses  compostos  agiriam  como  feromônios  moduladores  do 

comportamento, ou seja, sua produção durante a atividade ovariana de rainhas ou operárias 

férteis provocaria a inibição do desenvolvimento ovariano de outras operárias (revisado por 

Monnin  2006).  Testes  sobre  a  influência  da  presença  da  rainha  no  desenvolvimento 

ovariano de  formigas mostram que a  inibição  só ocorre quando as operárias estão muito 

próximas da  rainha,  ou  seja, por meio de  feromônios de  contato  como, por  exemplo,  os 

hidrocarbonetos cuticulares (Liebig et al. 2000). 

  Esse  efeito  modulador  também  foi  observado  em  Bombus  terrestris  por  Lopez‐

Vaamonde et al. (2007). Os autores demonstraram que feromônios não voláteis inibem tanto 

o comportamento de postura de operárias quanto o desenvolvimento de outras rainhas em 

colônias  da  espécie.  Entretanto,  em muitas  espécies  de  insetos  sociais  as  operárias  são 

capazes de modificar a razão sexual produzindo sua própria prole de machos (Velthuis et al. 

2002, Tóth et al. 2002, Koedam et al. 2005, Ratnieks et al. 2006). 

  Os  hidrocarbonetos  agem  como  feromônios  desencadeadores  em  processos  de 

reconhecimento de  companheiras de  ninho  e de distinção de  indivíduos  intrusos  (Breed 

1983,  Singer  et  al.  1998,  Blomquist  et  al.  1998,  Nunes  2008).  Além  disso,  também  são 

atribuídas a eles funções relacionadas à identificação dos indivíduos dentro da colônia, ou 

seja, a qual casta pertence, quais são os indivíduos geneticamente relacionados, qual a sua 

função na colônia e outras respostas comportamentais (Breed & Bennett 1987, Jungnickel et 

al. 2004).  

Page 13: “Caracterização do perfil de hidrocarbonetos cuticulares

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  Segundo  Breed  et  al.  (1995,  2004),  os  recém  emergidos  apresentam  um  perfil 

químico cuticular que será influenciado ao longo do tempo pelo contato destes com material 

do  ninho  onde  se  encontram.  Abdalla  et  al.  (2003)  e  Nunes  et  al.  (2008)  mostram  que 

operárias  de  Melipona  bicolor  e  Schwarziana  quadripuntacta,  respectivamente,  apresentam 

variações na composição de hidrocarbonetos de acordo com a idade dos indivíduos. 

  Gamboa  et  al.  (1986)  classificam  os  odores  de  reconhecimento  presentes  na 

superfície  corporal  de  insetos  sociais,  de  acordo  com  a  sua  origem,  em  “ambientais”  e 

“hereditários”.  Os  ambientais  seriam  aqueles  adquiridos  pelos  indivíduos  a  partir  das 

condições  ambientais  como  alimento  e material  levado  para  o  ninho,  e  os  hereditários 

estariam  relacionados  a  fatores  genéticos  e  fatores  maternais  não  genéticos 

(extracromossomais). Deste modo, o perfil químico cuticular dos indivíduos de colônias sob 

condições  idênticas  pode  convergir  sob  influência  do  meio  ambiente  comum,  ou 

permanecerem  diferenciados  quando  os  odores  endógenos  (hereditários)  prevalecerem 

sobre  os  primeiros.  Sabe‐se  que  os  perfis  de  hidrocarbonetos  cuticulares  das  abelhas 

melíferas são, em grande parte, geneticamente determinados, atuando assim como pistas de 

reconhecimento entre subfamílias (Arnold et al. 2000).  

  Os hidrocarbonetos cuticulares  também  fornecem pistas do status reprodutivo das 

rainhas em insetos sociais. Operárias de formigas são capazes de distinguir a produtividade 

e  a  idade  das  rainhas  através  de  seus  perfis  de  hidrocarbonetos  (Hannonen  et  al.  2002). 

Dietemann  et  al.  (2003) mostram  que  os  hidrocarbonetos  cuticulares  também  atuam  no 

reconhecimento de operárias de  formigas  com atividade de postura. Sugere‐se ainda que 

haja uma correlação entre atividade ovariana e perfil de hidrocarbonetos cuticulares e que 

esse  perfil  seria utilizado por  operárias  para discriminarem  fêmeas  férteis de  não  férteis 

(Monnin et al. 1998, Peeters et al. 1999, Liebig et al. 2000, Cuvillier‐Hot et al. 2001, Sledge et al. 

2001).  

  Um  dos  fatores  que  influenciam  a  aceitação  da  rainha  por  uma  colônia  são  os 

compostos que ela emite para comunicar sua presença  (Breed 1981, Breed & Stiller 1992). 

Rainhas produzem e emitem numerosos compostos de glândulas e regiões de seus corpos 

que as operárias utilizam apara identificá‐la como rainha (Velthuis 1970). Acredita‐se que o 

grau de fertilidade possa variar entre as rainhas virgens de Melipona e que isso influenciaria 

no processo de escolha daquela acompanhará o enxame (Koedam et al. 1995a). Durante os 

ataques de operárias às rainhas virgens dessas abelhas o abdômen parece ser a parte mais 

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7

suscetível aos ataques (Silva 1972, Bego 1989). Cruz‐Landim (1967) e Mota (1988) mostraram 

que o abdômen dessas abelhas concentra um grande número de glândulas tegumentares.  

  Os  conhecimentos  sobre  as  características  dos  hidrocarbonetos  cuticulares  em 

meliponíneos vêm crescendo nos últimos anos graças às descobertas de novas  técnicas de 

extração e análise químicas. A cromatografia gasosa associada à espectrometria de massa 

(CG‐MS)  tem  sido amplamente utilizada e,  juntamente  com o estudo do  comportamento, 

vem fornecendo subsídios para o entendimento dos aspectos sociobiológicos desses insetos. 

    

  OBJETIVOS  

O trabalho realizado teve por finalidade:  

A)  Caracterizar  os  perfis  de  hidrocarbonetos  cuticulares  de  operárias  de 

Melipona  marginata  em  três  diferentes  idades  e  verificar  como  o  perfil 

químico cuticular varia entre populações de diferentes localidades; 

B)   Caracterizar os perfis químicos cuticulares de rainhas virgens de diferentes 

idades, além de caracterizar o perfil quando estas estão envolvidas em dois 

diferentes  comportamentos:  sofrendo  agressão  por  parte  das  operárias  e 

agrupando‐se em um refúgio comum; 

C)   Avaliar  como  o  perfil  químico  de  rainhas  fisogástricas  dessa  espécie  se 

apresenta em relação à idade e à atividade de postura.  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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8

  2‐MATERIAL E MÉTODOS 

  2.1 Espécie e colônias.  

  A  espécie  Melipona  marginata  encontra‐se  distribuída  por  todos  os  estados  das 

regiões sudeste e sul, além do estado da Bahia (Silveira et al 2002). Possui nome popular de 

manduri, manduri menor, minduri, gurupu do miúdo ou taipeira (Nogueira‐Neto 1970).  

  Para  a  caracterização  do  perfil  químico  cuticular  de  operárias  e  rainhas  foram 

utilizadas quatro colônias provenientes de Cunha‐SP  (colônias 1, 2, 4 e 5) e duas colônias 

provenientes  de  Itanhaém‐SP  (colônias  3  e  6),  mantidas  no  Laboratório  de  Ecologia  e 

Evolução da FFCLRP‐USP em caixas de madeira com  tampa de vidro e um  tubo plástico 

transparente  que  possibilitou  a  conexão  da  colônia  com  o  exterior  do  laboratório.  As 

colônias  foram  alimentadas  quando  necessário  com  solução  açucarada  a  50%  e,  nos 

períodos de baixa temperatura, foram aquecidas em estufa à 28ºC.  

 

  2.2 Extração de hidrocarbonetos cuticulares de operárias.    

  Foi  caracterizado  o  perfil  de  hidrocarbonetos  de  operárias  de  duas  colônias 

provenientes de Cunha (Colônias 1 e 2) e uma colônia proveniente de Itanhaém (Colônia 3). 

A coleta dos indivíduos ocorreu sob as mesmas condições, durante o mesmo período, para 

que não houvesse  influência no perfil relacionada às variações ambientais. Além disso, as 

colônias  utilizadas  já  se  encontravam  instaladas  no  laboratório  há mais  de  três meses, 

minimizando a possibilidade de influência de materiais coletados no local de origem.  

  Para a amostragem de indivíduos com idade intermediária e idade avançada foram 

coletadas  operárias  com  postura  de  ovo  trófico  e  atividade  no  campo,  respectivamente. 

Estima‐se, para a espécie, que a idade de operárias ovipositando (ovo trófico) seja de 9 a 10 

dias  de  vida  (Mateus  et  al.  2007).  Para  a  coleta  de  operárias  recém‐emergidas,  foram 

separados favos de cada colônia e mantidos em incubadora BOD modelo MA 415 à 28ºC.  

  Durante o estudo, algumas colônias passaram por orfandade, tendo sido observada 

neste período a postura por operárias. Na colônia 1 esse comportamento  iniciou‐se 7 dias 

após a morte da rainha, sendo coletadas 10 operárias no momento seguinte à postura.  

  A extração dos compostos ocorreu por meio de banhos em solvente apolar hexano 

(500μl) por um minuto. 

Page 16: “Caracterização do perfil de hidrocarbonetos cuticulares

9

  A caracterização dos grupos amostrais fará referência à atividade que os indivíduos 

desempenhavam  no  momento  da  coleta,  exceto  para  operárias  recém  emergidas.  As 

operárias  com  postura  de  ovos  tróficos  (idade  intermediária)  serão  caracterizadas  como 

operárias com atividade no favo de cria e aquelas com postura na ausência da rainha como 

operárias poedeiras. As operárias mais velhas serão chamadas de campeiras.    

  2.3 Extração de hidrocarbonetos cuticulares de rainhas virgens.  

  Para  a  caracterização do perfil  cuticular de  rainhas  virgens  foram  utilizadas  três 

colônias  de M. marginata.  Foram  coletadas  rainhas  virgens  recém  emergidas  (N=10  para 

uma colônia) e com 2 dias de idade (N=20 para a colônia 1 e N=15 para as colônias 2 e 3). Os 

favos de cria foram previamente retirados e mantidos em incubadora BOD modelo MA 415 

à 28ºC e à medida que operárias e machos emergiam eram devolvidos para as colônias de 

origem.  As  rainhas  virgens  receberam  marcação  com  tinta  plástica  (cuidadosamente 

retirada no momento da extração dos compostos) e mantidas  juntamente com o favo até o 

terceiro  dia  de  vida  quando  foram  coletadas  e  congeladas  para  análise  dos  compostos 

cuticulares. 

  Além da caracterização do perfil de acordo com a idade caracterizou‐se o perfil de 

rainhas virgens envolvidas em dois diferentes comportamentos. Foram coletadas 7 rainhas 

virgens agrupadas em um refúgio comum  (entre o cerúmen depositado no vidro da caixa 

de observação) e outras 10 no momento em que eram agredidas pelas operárias. As rainhas 

desse último grupo apresentavam abdômen inflado, característica de rainhas virgens desta 

e de outras espécies de Melipona durante a execução (Imperatriz‐Fonseca e Zucchi 1995, van 

Veen et al. 1999). 

  Os compostos cuticulares  foram extraídos por meio de banhos em solvente apolar 

hexano (500 μl) por 1 minuto.   

 

  2.4 Extração de hidrocarbonetos cuticulares de rainhas fisogástricas.  

  Todas as amostras do perfil químico de rainhas fisogástricas foram obtidas através 

da  técnica  não‐destrutiva  de micro‐extração  em  fase  sólida  (SPME),  de modo  que  elas 

permanecem  ativas no ninho  após  a  coleta das  amostras. A  extração de hidrocarbonetos 

Page 17: “Caracterização do perfil de hidrocarbonetos cuticulares

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ocorreu por meio do contato e leve fricção de fibra de polidimetilsiloxano SUPELCO (30 μm 

bounded) por cerca de 10 segundos no abdômen dessas rainhas.  

  Foram  coletadas  amostras  de  rainhas  com  produtividade  considerada  com 

freqüência  normal  para  essas  colônias,  além  daquelas  que,  em  alguns  períodos  do  ano 

permaneceram sem ovipositar. Em determinada fase de desenvolvimento das colônias 5 e 6, 

as rainhas não eram vistas sob o favo de cria, sugerindo inclusive que as colônias estivessem 

órfãs.  Entretanto,  eventualmente  passou‐se  a  observá‐las  caminhando  sob  os  potes  de 

alimento e invólucro do favo de cria. Nesse período não houve construção de células pelas 

operárias. Foram coletadas amostras da composição de hidrocarbonetos cuticulares dessas 

rainhas durante esse período. A rainha da colônia 5 também foi analisada após a retomada 

da  atividade de postura  (54 dias),  sendo que  a  rainha da  colônia  6 morreu  35 dias  após 

reiniciar  essa  atividade.  Uma  vez  que  as  2  rainhas  já  haviam  sido  analisadas  quando 

ovipositavam normalmente, puderam‐se comparar as mudanças no perfil químico durante 

as diferentes situações de postura.   

  Para  análise  da  variação  do  perfil  de  hidrocarbonetos  cuticulares  das  rainhas 

fisogástricas em relação à idade realizou‐se a amostragem dos compostos cuticulares no 6º, 

32º e 65º dia após o início da atividade de postura de uma rainha. 

  As rainhas das 6 colônias foram analisadas, sendo que para três colônias obtiveram‐

se amostras de rainhas sucessoras (Colônia 1, Colônia 2 e Colônia 5).  

  As análises  realizadas com o método SPME possibilitam, além da manutenção do 

indivíduo na colônia, a coleta gradual de amostras. Entretanto, apenas uma pequena fração 

da  cutícula  desse  indivíduo  é  amostrada,  diferente  do  que  obtem‐se  com  técnicas  que 

utilizam  solventes. Deste modo,  duas  rainhas  foram  analisadas  por meio  de  banhos  em 

hexano  (500  μl)  por  1 minuto  a  fim  de  se  comparar  os  resultados  obtidos  pelas  duas 

diferentes  técnicas,  além  de  utilizar  esse  perfil  para  comparar  a  composição  de 

hidrocarbonetos cuticulares de rainhas virgens e rainhas fisogástricas.  

   

  2.5 Análise das amostras. 

  As amostras diluídas em hexano e as  fibras de polidimetilsiloxano  foram  levadas 

para análise no Laboratório de Produtos Naturais da Faculdade de Ciências Farmacêuticas 

de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, local onde se encontra instalado um sistema 

Page 18: “Caracterização do perfil de hidrocarbonetos cuticulares

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de  Cromatografia  Gasosa  acoplado  à  Espectrometria  de  Massas  SHIMADZU,  modelo 

GCMS‐QP2010, equipado com coluna DB‐5MS 30m e hélio como gás carreador à 1 ml/min, 

utilizando o método ionização eletrônica (EI).  

  O  protocolo  de  temperatura  usado  foi:  150oC‐  280oC  a  uma  taxa  de  3oC/min 

(mantido 15 minutos). Análises são feitas em modo splitless.  

 

  2.6 Análises do desenvolvimento ovariano de rainhas virgens. 

  Após  a  obtenção dos  compostos  cuticulares,  as  rainhas  virgens  foram dissecadas 

para a caracterização do desenvolvimento ovariano. Foi utilizada Lupa LEICA modelo DFC 

500 acoplada a um microcomputador contendo um programa de captura de imagem IM50 

Versão 4.0  (Leica Microsystens  Imaging Solutions Ltd). Não  foram avaliados os diferentes 

graus de desenvolvimento dos ovários, sendo classificado como presente a partir do estágio 

inicial de desenvolvimento. 

 

2.7 Análise dos resultados.   

Os dados obtidos foram analisados com o auxílio do programa GCMSsolutions for 

Windows  (Shimadzu  Corporation).  Os  cromatogramas  apresentaram  vários  picos 

cromatográficos em diferentes posições devido aos diferentes  tempos de retenção  (TR) de 

cada soluto na coluna cromatográfica. Cada pico cromatográfico, por sua vez, contém todas 

as informações obtidas pelo espectrômetro de massa. A quantificação foi realizada com base 

nas áreas de pico obtidas pelos cromatogramas (Singer & Espelie 1992).  

Após  detectar  possíveis  contaminantes  da  amostra,  como  ftalato  (composto 

proveniente do plástico) as concentrações relativas  foram ajustadas. Substâncias presentes 

em  menos  de  quatro  indivíduos  foram  representadas  como  traços  nas  tabelas  de 

concentrações relativas.  

Utilizou‐se análise estatística multivariada para comparar os grupos experimentais. 

Análise dos principais componentes (PCA) foi usada para definição dos principais picos de 

compostos a serem comparados. Posteriormente, análise discriminante stepwise foi utilizada 

para se contrastar o perfil químico dos grupos experimentais. Substâncias ausentes na maior 

parte dos indivíduos de um grupo foram excluídas das analises estatísticas. Os compostos 

Page 19: “Caracterização do perfil de hidrocarbonetos cuticulares

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apontados pela análise dos componentes principais como responsáveis por menos de 5% de 

contribuição para os dois primeiros  fatores dessa  análise não  foram utilizados na análise 

discriminante, sendo as porcentagens dos compostos utilizados reajustadas para 100%. Para 

se  evitar  erros na  composição dos dados  amostrais  (Aitchison  1986),  a  área de  cada pico 

apontado pelo cromatograma foi transformado de acordo com a seguinte fórmula: 

Z = ln [ Ap / g (Ap) ] 

onde,   Ap é a área do pico, g (Ap) é a média geométrica do pico em cada grupo de 

operárias e Z é a área transformada do pico. 

  Todas as os testes estatísticos dessa dissertação foram feitos com auxílio do pacote 

Statistica for Windows 7.0 (Statsoft, inc). 

   

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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  3‐RESULTADOS  

  3.1  Caracterização  do  perfil  de  hidrocarbonetos  cuticulares  de  operárias  em 

relação à idade.  

  Os  resultados  mostram  que  as  operárias  das  três  colônias  analisadas  possuem 

composição  cuticular  semelhante  quanto  à  diversidade  de  hidrocarbonetos.  Os 

hidrocarbonetos variaram entre o C22 e o C31, sendo os mais  representativos os alcanos, 

seguidos de alcenos e, em menor freqüência, alcadienos.    

  Observa‐se que alguns compostos estão presentes somente em uma ou duas faixas 

etárias  das  operárias.  As  recém  emergidas  foram  caracterizadas  pela  presença  do 

heneicosano  e  ausência  dos  alcadienos  (ZZ‐nonacosadieno  e  ZZ‐hentriacontadieno).  As 

operárias  do  favo,  de modo  geral,  apresentaram  a maior  variedade  de  compostos.  As 

operárias campeiras caracterizam‐se principalmente pela ausência do octacosano.  

  Tricosano  e  pentacosano  foram  os  compostos  que  aumentaram  a  concentração 

relativa durante a idade das operárias nas três colônias analisadas. 

   Colônia 1 

  As operárias da  colônia 1 apresentaram um  total de 23 hidrocarbonetos,  sendo a 

maioria alcenos e alcanos (tabela 1). Aqueles com maior representatividade durante toda a 

fase  de  vida  das  operárias  foram:  tricosano,  pentacosano,  Z‐heptacoseno  (Tempo  de 

Retenção 33,295), heptacosano e Z‐nonacoseno (TR 38,016). 

  Foram analisados 4 grupos de operárias desta colônia, entretanto, as operárias com 

postura de  ovo  na  ausência da  rainha  (operárias  poedeiras)  não  foram  coletadas  sob  as 

mesmas condições que os outros 3 grupos. Assim, estas não foram utilizadas para efeito de 

análise da ocorrência dos compostos na cutícula das operárias ao longo do tempo. O perfil 

de hidrocarbonetos dessas operárias apresentou‐se bem diferenciado daquele caracterizado 

para  operárias  ovipositando  na  presença  da  rainha,  com  variação  em  quase  todos  os 

compostos.   

  Entre  os  3  grupos  restantes  o  Z‐pentacoseno  (TR  28,453)  aumentou  sua 

concentração  relativa  enquanto outros  compostos  foram perdidos gradativamente  com  a 

idade da operária, como o Z‐heptacoseno (TR 33,295) e Z‐hentriaconteno (TR 42,350). 

  O  Fator  1  da  Análise  dos  Componentes  Principais  (PCA)  descreveu  52,60%  da 

variação  encontrada. A  soma  dos  dois  primeiros  fatores  (Fator  1  +  Fator  2)  descreveu 

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14

83,33% e dos três primeiros (Fator 1 + Fator 2 + Fator 3) descreveu 96,13% dessa variação. A 

análise  discriminante  stepwise  dos  compostos  analisados  separou  significativamente  os 

grupos de operárias dessa colônia (Modelo Global: Wilk’s Lambda= 0,00016; F21,66= 63,933; 

p  <  0,001). Os  compostos  responsáveis pela  separação  entre os grupos  foram:  tricosano, 

tetracosano,  Z‐pentacoseno  (TR  28,253),  Z‐pentacoseno  (TR  28,453),  pentacosano,  Z‐

heptacoseno (TR 33,295), heptacosano e Z‐nonacoseno (TR 38,016).  

Tabela 1: Valores médios e desvio padrão da concentração relativa dos hidrocarbonetos cuticulares de operárias recém emergidas (ORE), com atividade no favo de cria (OF), operária ovipositando na ausência da rainha (OP) e com atividades no campo (OC) de Melipona marginata COLÔNIA 1 (Cunha-SP). Tempo de Retenção 

Hidrocarboneto  ORE (n=10) 

OF (n=10) 

OP (n=10) 

OC (n=10) 

18,200  Heneicosano  1,05 ± 0,333  ‐  ‐  ‐ 

23,708  Tricosano  17,40 ± 4,41  14,13 ± 6,48  8,46 ± 12,449  23,40 ± 2,56 

26,385  Tetracosano  0,40 ± 0,10  0,54 ± 0,16  ‐  0,88 ± 0,083 

28,253  Z‐Pentacoseno  ‐  1,22 ± 0,73  1,14 ± 1,573  1,03 ± 0,23 

28,453  Z‐Pentacoseno  1,56 ± 0,59  2,90 ± 0,68  ‐  5,01 ± 1,04 

28,975  Pentacosano  14,09 ± 1,11  25,46 ± 3,86  22,33 ± 8,947  26,73 ± 3,28 

31,497  Hexacosano  0,45 ± 0,14  0,47 ± 0,10  2,16 ± 1,376  ‐ 

33,163  Z‐Heptacoseno  0,71 ± 0,10  ‐  3,77 ± 1,530  ‐ 

33,295  Z‐Heptacoseno  29,29 ± 5,28  7,28 ± 2,09  1,82 ± 0,619  6,53 ± 1,33 

33,477  Z‐Heptacoseno  0,56 ± 0,55  2,17 ± 1,01  0,46 ± 0,400  2,37 ± 0,47 

33,935  Heptacosano  9,16 ± 1,59  11,43 ± 3,08  17,1 ± 7,086  7,90 ± 0,85 

36,423  Octacosano  0,55 ± 0,18  0,74 ± 0,54  6,41 ± 3,727  ‐ 

37,838  ZZ‐Nonacosadieno  ‐  4,75 ± 2,04  6,06 ± 3,510  ‐ 

37,909  ZZ‐Nonacosadieno  ‐  5,70 ± 1,76  4,79 ± 1,889  4,28 ± 0,96 

38,016  Z‐Nonacoseno  17,06 ± 1,36  0,72 ± 0,26  8,06 ± 4,276  4,23 ± 0,81 

38,192  Z‐Nonacoseno  ‐  0,95 ± 0,38  1,70 ± 1,021  0,66 ± 0,16 

38,589  Nonacosano  1,09 ± 0,31  5,00 ± 1,41  5,41 ± 2,522  3,68 ± 1,04 

41,977  ZZ‐Hentriacontadieno  ‐  0,55 ± 0,14  0,61 ± 0,530  0,68 ± 0,19 

42,122  ZZ‐Hentriacontadieno  ‐  8,53 ± 2,57  8,58 ± 3,135  6,57 ± 1,40 

42,350  Z‐Hentriaconteno  4,56 ± 0,63  1,14 ± 0,34  3,71 ± 2,022  ‐ 

42,442  Z‐Hentriaconteno  ‐  0,80 ± 0,18  ‐  ‐ 

42,962  Z‐Hentriaconteno  ‐  2,40 ± 0,69  2,16 ± 1,138  ‐ 

43,177  Hentriacontano  ‐  ‐  3,40 ± 0,750  1,43 ± 0,34 

   

  A  classificação  da matriz  apontou  um  total  de  100%  de  correta  alocação  das 

operárias  dentro  do  grupo  previsto. A  tabela  2  e  a  figura  1  ilustram  os  resultados  da 

análise  discriminante  e  canônica,  respectivamente,  para  todas  as  combinações  entre 

diferentes idades.  

Page 22: “Caracterização do perfil de hidrocarbonetos cuticulares

15

Tabela 2: Resultado da análise discriminante aplicada para os compostos químicos cuticulares de operárias da colônia 1. ORe-operária recém emergida, OF-operária do favo, OC-operária campeira, OP-operária poedeira (na ausência da rainha)

 Combinações  Distância de Mahalanobis 

F 7,23  P 

ORe x OF  788,82  378,52  < 0,001 ORe x OC  855,14  430,61  < 0,001 ORe x OP  582,85  226,31  < 0,001 OF x OC  13,92  7,47  < 0,001 OF x OP  178,05  72,62  < 0,001 OC x OP  278,35  118,26  < 0,001 

  

Raiz 1 vs. Raiz 2

-15 -10 -5 0 5 10 15 20 25

Raiz 1

-14

-12

-10

-8

-6

-4

-2

0

2

4

6

8

Rai

z 2

ORe OF OC OP

  Figura 1: Gráfico do resultado da análise canônica realizada com os compostos químicos cuticulares de operárias de M. marginata, Colônia 1. ORe- Operária Recém-emergida, OF- Operária do Favo (com postura de ovo trófico), OC- Operária Campeira, OP- Operária poedeira (produzindo machos na ausência da rainha).  

  Colônia 2 

  As operárias da colônia 2 apresentaram um total de 25 hidrocarbonetos (tabela 3). 

Aqueles  com maior  representatividade durante  toda  a  fase de vida das  operárias  foram: 

tricosano, pentacosano, heptacosano e Z‐hentriaconteno (TR 42,350).  

   

Page 23: “Caracterização do perfil de hidrocarbonetos cuticulares

16

Tabela 3: Valores médios e desvio padrão da concentração relativa dos hidrocarbonetos cuticulares de operárias recém emergidas (ORE), com atividade no favo de cria (OF) e com atividades de campo (OC) de Melipona marginata COLÔNIA 2 (Cunha-SP). Tempo de Retenção 

Hidrocarboneto  ORE (n=10) 

OF (n=10) 

OC (n=10) 

18,200  Heneicosano  0,97 ± 0,28  ‐  ‐ 

23,142  Z‐Tricosene  ‐  1,64 ± 0,99  2,88 ± 0,45 

23,708  Tricosano  13,33 ± 2,47  13,31 ± 8,99  18,94 ± 1,52 

26,385  Tetracosano  0,37 ± 0,06  ‐  0,95 ± 0,07 

28,253  Z‐Pentacoseno  1,31 ± 0,33  0,81 ± 0,28  1,70 ± 0,33 

28,453  Z‐Pentacoseno  1,19 ± 0,26  4,52 ± 2,07  7,04 ± 0,51 

28,975  Pentacosano  14,40 ± 1,49  20,51 ± 6,70  25,87 ± 1,72 

31,497  Hexacosano  0,37 ± 0,06  0,39 ± 0,08  0,34 ± 0,06 

33,163  Z‐Heptacoseno  0,68 ± 0,09  0,89 ± 0,80  1,02 ± 0,54 

33,295  Z‐Heptacoseno  29,17 ± 2,13  0,75 ± 0,55  0,79 ± 0,18 

33,477  Z‐Heptacoseno  0,69 ± 0,09  3,28 ± 0,71  3,83 ± 0,44 

33,935  Heptacosano  8,38 ± 1,55  7,65 ± 3,52  5,47 ± 0,67 

36,423  Octacosano  0,63 ± 0,17  0,61 ± 0,44  ‐ 

37,838  ZZ‐Nonacosadieno  ‐  0,85 ± 0,64  0,75 ± 0,47 

37,909  ZZ‐Nonacosadieno  ‐  0,88 ± 0,56  0,96 ± 0,31 

38,016  Z‐Nonacoseno  16,93 ± 1,28  0,70 ± 0,71  0,61 ± 0,56 

38,192  Z‐Nonacoseno  0,64 ± 0,08  9,40 ± 3,07  13,30 ± 1,99 

38,589  Nonacosano  1,61 ± 0,35  2,62 ± 1,48  1,93 ± 0,60 

41,977  ZZ‐Hentriacontadieno  ‐  1,08 ± 0,46  1,00 ± 0,19 

42,122  ZZ‐Hentriacontadieno  ‐  0,79 ± 0,36  0,70 ± 0,15 

42,350  Z‐Hentriaconteno  8,16 ± 0,93  3,12 ± 2,00  2,59 ± 0,70 

42,442  Z‐Hentriaconteno  ‐  1,61 ± 1,21  ‐ 

42,647  Z‐Hentriaconteno  ‐  0,88 ± 0,46  0,62 ± 0,28 

42,962  Z‐Hentriaconteno  ‐  3,17 ± 1,39  4,37 ± 0,41 

43,177  Hentriacontano  0,57 ± 0,15  2,26 ± 0,89  1,64 ± 0,37 

   

  Assim  como  entre  as  operárias  da  colônia  1,  os  compostos  Z‐pentacoseno  (TR 

33,477) e Z‐nonacoseno (TR 38,192) aumentaram as concentrações relativas enquanto outros 

compostos foram sendo perdidos gradativamente com a idade: Z‐heptacoseno (TR 33,295), 

heptacosano,  Z‐nonacoseno  (TR  38,016)  e  Z‐hentriaconteno  (TR  42,350).  O  grupo  das 

operárias recém emergidas foi aquele que apresentou menor variedade de hidrocarbonetos 

em relação àquelas com idade mais avançada.  

O  Fator  1  da  Análise  dos  Componentes  Principais  (PCA)  descreveu  65,74%  da 

variação encontrada. A soma dos dois primeiros fatores (Fator 1 + Fator 2) descreveu 86,80% 

Page 24: “Caracterização do perfil de hidrocarbonetos cuticulares

17

e dos três primeiros (Fator 1 + Fator 2 + Fator 3) descreveu 97,90% dessa variação. A análise 

discriminante  stepwise dos compostos analisados separou  significativamente os grupos de 

operárias dessa colônia  (Modelo Global: Wilk’s Lambda= 0,00052; F10,42= 180,56; p < 0,001). 

Os compostos  responsáveis pela  separação entre os grupos  foram:  tricosano, pentacoseno 

(TR 28,453), pentacosano, Z‐heptacoseno (TR 33,295), heptacosano, Z‐nonacoseno (TR 38,016 

e TR 38,192), nonacosano e Z‐hentriaconteno (TR 42,962). 

  A  figura  2  ilustra  os  resultados  da  análise  canônica  entre  os  grupos. A  tabela  4 

mostra o resultado da análise discriminante para  todas as combinações possíveis entre os 

grupos analisados. A classificação da matriz apontou um total de 100% de correta alocação 

dos indivíduos.  

 

 

 

Raiz 1 vs. Raiz 2

-15 -10 -5 0 5 10 15 20

Raiz 1

-6

-4

-2

0

2

4

6

8

10

Rai

z 2

ORe OFOC

 Figura 2: Gráfico do resultado da análise canônica realizada com os compostos químicos cuticulares de operárias de M. marginata, Colônia 2. ORe- Operária Recém-emergida, OF- Operária com atividade no favo de cria, OC- Operária Campeira.

 

 

Page 25: “Caracterização do perfil de hidrocarbonetos cuticulares

18

Tabela 4: Resultado da análise discriminante aplicada para os compostos químicos cuticulares de operárias da colônia 2. ORe-operária recém emergida, OF-operária com atividade no favo de cria OC-operária campeira  

 Combinações  Distância de Mahalanobis 

F 5,21  P 

ORe x OF  544,68  406,69  < 0,001 ORe x OC  601,84  505,55  < 0,001 OF x OC  71,49  53,37  < 0,001 

   

  Colônia 3 

  As operárias dessa colônia apresentaram menor variedade de hidrocarbonetos em 

relação  às  colônias  1  e  2,  totalizando  19  compostos  (tabela  5).  Aqueles  com  maior 

representatividade durante toda a fase de vida das operarias foram: tricosano, pentacosano, 

Z‐heptacoseno (TR 33,295), heptacosano e Z‐nonacoseno (TR 38,192).  

  Os compostos que foram sendo perdidos gradativamente com a idade da operária 

foram: Z‐heptacoseno (TR 33,295), octacosano, Z‐nonacoseno (TR 38,192) e Z‐hentriaconteno 

(TR 42,442). 

  O  Fator  1  da  Análise  dos  Componentes  Principais  (PCA)  descreveu  51,90%  da 

variação encontrada. A soma dos dois primeiros fatores (Fator 1 + Fator 2) descreveu 73,85% 

e dos três primeiros (Fator 1 + Fator 2 + Fator 3) descreveu 89,51% dessa variação. A análise 

discriminante  stepwise dos compostos analisados separou  significativamente os grupos de 

operárias dessa colônia  (Modelo Global: Wilk’s Lambda= 0,00149; F10,42= 104,46; p < 0,001). 

  Os  compostos  responsáveis  pela  separação  entre  os  grupos  foram:  tricosano, 

pentacoseno, pentacosano, Z‐heptacoseno (TR 33,500), Z‐nonacoseno (TR 38,069). 

A  classificação  da  matriz  apontou  que  todos  os  grupos  são  significativamente 

separados entre si, sendo 100% de correta alocação dos indivíduos.  

  A tabela 6 mostra o resultado da análise discriminante para todas as combinações 

entre  os  grupos  analisados. A  Figura  3 mostra  o  resultado da  analise  canônica  entre  as 

operárias da colônia 3. 

  

Page 26: “Caracterização do perfil de hidrocarbonetos cuticulares

19

Tabela 5: Valores médios e desvio padrão da concentração relativa dos hidrocarbonetos cuticulares de operárias recém emergidas (ORE), com atividade no favo de cria (OF) e com atividades de campo (OC) de Melipona marginata COLÔNIA 3 (Itanhaém-SP). Tempo de 

Retenção 

Hidrocarboneto  ORE 

(n=10) 

OF 

(n=10) 

OC 

(n=10) 

18,200  Heneicosano  0,83 ± 0,41  ‐  ‐ 

23,708  Tricosano  12,20 ± 2,20  7,26 ± 1,89  13,45 ± 2,33 

26,385  Tetracosano  0,34 ± 0,05  0,48 ± 0,11  0,87 ± 0,06 

28,253  Z‐Pentacoseno  1,09 ± 0,42  2,10 ± 0,62  1,94 ± 0,29 

28,975  Pentacosano  12,22 ± 1,46  17,38 ± 2,53  27,88 ± 1,26 

31,497  Hexacosano  0,47 ± 0,12  0,55 ± 0,10  0,85 ± 0,12 

33,163  Z‐Heptacoseno  0,33 ± 0,11  1,89 ± 0,28  1,17 ± 0,27 

33,295  Z‐Heptacoseno  32,56 ± 3,74  12,06 ± 1,78  10,37 ± 1,30 

33,477  Z‐Heptacoseno  ‐  ‐  0,23 ± 0,03 

33,935  Heptacosano  11,74 ± 4,26  10,41 ± 1,38  15,46 ± 2,21 

36,423  Octacosano  0,78 ± 0,46  0,44 ± 0,09  ‐ 

38,016  Z‐Nonacoseno  0,52 ± 0,12  9,08 ± 2,25  4,59 ± 0,91 

38,192  Z‐Nonacoseno  19,53 ± 2,13  8,44 ± 2,18  5,50 ± 0,57 

38,589  Nonacosano  1,73 ± 1,01  1,73 ± 0,34  2,56 ± 0,60 

41,977  ZZ‐Hentriacontadieno  ‐  3,83 ± 0,63  1,86 ± 0,23 

42,122  ZZ‐Hentriacontadieno  ‐  2,69 ± 0,50  1,76 ± 0,29 

42,350  Z‐Hentriaconteno  0,32 ± 0,34  1,36 ± 0,75  0,97 ± 0,29 

42,442  Z‐Hentriaconteno  5,95 ± 0,94  1,45 ± 0,94  0,67 ± 0,28 

43,177  Hentriacontano  0,42 ± 0,215  0,82 ± 0,326  0,39 ± 0,124 

 

 

 

Tabela 6: Resultado da análise discriminante aplicada para os compostos químicos cuticulares de operárias da colônia 3. ORe-operária recém emergida OF-operária com atividade no favo de cria OC-operária campeira

 Combinações  Distância de Mahalanobis 

F 5,21  P 

ORe x OF  517,95  391,57  < 0,001 ORe x OC  592,58  471,56  < 0,001 OF x OC  23,34  18,57  < 0,001 

 

 

Page 27: “Caracterização do perfil de hidrocarbonetos cuticulares

20

Raiz 1 vs. Raiz 2

-15 -10 -5 0 5 10 15 20

Raiz 1

-5

-4

-3

-2

-1

0

1

2

3

4

5

Rai

z 2

ORe OF OC

 

Figura 3: Gráfico do resultado da análise canônica realizada com os compostos químicos cuticulares de operárias de M. marginata, Colônia 3. ORe- Operária Recém-emergida, OF- Operária com atividade no favo de cria, OC- Operária Campeira.      Caracterização  geral  das  operárias  em  relação  à  atividade  desempenhada  no 

momento da coleta. 

  A partir dos dados obtidos para cada colônia individualmente realizou‐se a análise 

estatística para verificar a semelhança entre os indivíduos, independente de sua colônia de 

origem. Os  resultados mostram  que  as  operárias  estão  separadas  significativamente  em 

grupos  de  acordo  com  a  idade  (e  conseqüente  atividade).  A  análise  dos  componentes 

principais (PCA) descreveu 48,09% (Fator 1), 71,30% (Fator 1 + Fator 2) e 83,20% (Fator 1 + 

Fator 2 + Fator 3). 

  A  análise  discriminante  stepwise  dos  compostos  separou  os  grupos  de  operárias 

recém  emergidas,  com  atividade  no  favo  de  cria  e  coma  atividade  no  campo  (Modelo 

Global: Wilk’s Lambda= 0,00361; F14,154= 171,95; p < 0,001), sendo os compostos responsáveis 

pela  separação:  tricosano,    pentacoseno  (TR  28,253),  pentacosano,  Z‐heptacoseno  (TR 

33,477), Z‐nonacoseno (TR 38,016) e o hentriaconteno (TR 42,350). 

Page 28: “Caracterização do perfil de hidrocarbonetos cuticulares

21

  As análises estatísticas mostram que, mesmo pertencendo a três diferentes colônias, 

as operárias apresentam‐se caracterizadas pela atividade que desempenham, sendo 100%; 

95,60% e 90% de correta alocação para recém emergidas, operárias com atividade no favo e 

campeiras, respectivamente.  O valor esperado para uma distribuição ao acaso é de 33,33%. 

  A tabela 7 e a figura 4 ilustram os resultados das análises discriminante e canônica 

obtidos, respectivamente.  

 

 

Raiz 1 vs. Raiz 2

-12 -10 -8 -6 -4 -2 0 2 4 6 8

Raiz 1

-5

-4

-3

-2

-1

0

1

2

3

4

5

6

Rai

z 2

ORe OF OC

 Figura 4: Resultado da análise canônica realizada com os compostos químicos cuticulares de operárias de três colônias de M. marginata. ORe- Operária Recém-emergida, OF- Operária com atividade no favo de cria, OC- Operária Campeira.

   

 

 

Page 29: “Caracterização do perfil de hidrocarbonetos cuticulares

22

Tabela 7: Resultado da análise discriminante aplicada para os compostos químicos cuticulares das operárias de três colônias de M. marginata. ORe-operária recém emergida OF- operaria com atividade no favo de cria OC- operária do campo

 Combinações  Distância de Mahalanobis 

F 7,77  P 

ORe x OF  90,41  167,54  < 0,001 ORe x OC  260,07  508,25  < 0,001 OF x OC  83,28  156,84  < 0,001 

 

   

  3.2  Influência  da  origem  da  população  sobre  o  perfil  de  hidrocarbonetos 

cuticulares de operárias.  

  Todos  os  grupos  amostrais  de  operárias  foram  comparados  entre  si  para  a 

verificação  da  influência  da  origem  da  população  sobre  o  perfil  de  hidrocarbonetos 

cuticulares.  Os  resultados  mostram  que  os  perfis  das  operárias  das  colônias  1  e  2 

provenientes  de  Cunha‐SP  são mais  próximos  entre  si  do  que  em  relação  à  colônia  3, 

originaria  de  Itanhaém‐SP  (tabela  8),  sendo  bem  evidente  entre  as  operárias  recém 

emergidas  e do  campo. A  tabela 9 mostra  a  classificação da matriz  e a  figura  5  ilustra o 

resultado  da  análise  canônica.  A  análise  dos  componentes  principais  (PCA)  descreveu 

53,44% (Fator 1), 72,82% (Fator 1 + Fator 2) e 84,98% (Fator 1 + Fator 2 + Fator 3).  

 

Tabela 8 :Distâncias de Mahalanobis entre as colônias 1, 2 e 3. ORe-operária recém emergida, OF-operaria com atividadede no favo de cria, OC-operária campeira

Grupos  Distâncias de Mahalanobis 

 

F 8,70  p 

ORe1 x ORe 2  16,814  9,55  < 0,001 ORe 1 x ORe 3  101,135  54,43  < 0,001 ORe 2 x ORe 3  130,164  70,06  < 0,001 OF 1 x OF 2  187,863  96,06  < 0,001 OF 1 x OF 3  194,080  99,24  < 0,001 OF 2 x OF 3  177,638  90,83  < 0,001 OC 1 x OC 2  20,516  11,65  < 0,001 OC 1 x OC 3  210,622  119,67  < 0,001 OC 2 x OC 3  191,575  108,85  < 0,001 

Tabela 9: Classificação da matriz das operárias de acordo com atividade e colônia de origem. Valor esperado para distribuição ao acaso=11,12%. Grupo Amostral  ORe 

col 1 ORe col 2 

ORe col 3 

OF col 1 

OF col 2 

OF col 3 

OC col 1 

OC col 2 

OC col 3 

Porcentagem de correta alocação 

100%  100%  100%  88,9%  100%  87,50  100%  100%  100% 

Page 30: “Caracterização do perfil de hidrocarbonetos cuticulares

23

Scatterplot (Spreadsheet10 10v*86c)

Var2

Var3

ORe col 1OF col 1OC col 1ORe col 2OF col 2OC col 2ORe col 3OF col 3OC col 3-14 -12 -10 -8 -6 -4 -2 0 2 4 6 8 10 12 14 16

-8

-6

-4

-2

0

2

4

6

8

10

Figura 5: Gráfico do resultado da análise canônica entre operárias das 3 colônias de M.marginata.

ORe-recém emergida, OF-operária do favo, OC-operária campeira, Col- colônia.

 

  3.2. Composição cuticular de rainhas virgens 

  A análise dos compostos cuticulares de  rainhas virgens mostrou que, assim como 

ocorre  em  operárias,  existe  uma modificação  no  perfil  de  hidrocarbonetos  em  relação  à 

idade dos indivíduos.  Os hidrocarbonetos encontrados apresentaram de 23 a 33 átomos de 

carbonos e cada grupo de rainha foi caracterizado por apresentar formas diferentes destes 

compostos (tabela 10).  

  As  recém  emergidas  foram  caracterizadas  pela  baixa  presença  de  alcadienos 

(somente  traços)  e  pela  pouca  diversidade  dos  alcenos,  sendo  os  alcanos:  tricosano, 

pentacosano, heptacosano, nonacosano e hentriacontano, e três alcenos Z‐heptacoseno (TR 

32.962), Z‐nonacoseno (TR 37.532) e Z‐hentriaconteno (TR 41.840) os compostos com maior 

concentração relativa.  

Page 31: “Caracterização do perfil de hidrocarbonetos cuticulares

24

  As  rainhas  virgens  com  2  dias  de  idade  apresentaram  maior  diversidade  de 

compostos em relação àquela encontrada em recém emergidas. Estão presentes na cutícula 

desses  indivíduos  principalmente  alcanos  seguidos  por  alcenos,  sendo  que  não  foram 

encontrados  hidrocarbonetos  metilados  e  somente  um  alcadieno,  este  último  em 

concentrações  muito  baixas  em  duas  das  três  colônias.  Os  hidrocarbonetos  com  maior 

representatividade  nesses  grupos  foram:  Tricosano,  Pentacosano,  Heptacosano, 

Nonacosano,  Z‐Heptacoseno  (TR  32.962),  Z‐Nonacoseno  (TR  37.532)  e  Z‐Hentriaconteno 

(TR 41.840). 

  A composição de hidrocarbonetos cuticulares de rainhas virgens coletadas em um 

refúgio  comum mostra  que  estas  apresentam  perfis  semelhantes  aquele  encontrado  em 

rainhas com dois dias de vida, exceto pela alta concentração de Z‐nonacoseno (TR 32.761) e 

Z‐heptacoseno (TR 33.159).  

  As  rainhas  coletadas  no  momento  em  que  eram  agredidas  pelas  operárias 

apresentaram maior diversidade de hidrocarbonetos em relação àquelas recém emergidas e 

com  2 dias de vida. Além dos  alcanos  e  alcenos,  foram  encontrados  alcanos metilados  e 

alcadienos, além de uma maior variedade de alcenos. Os compostos mais  representativos 

foram  os  mesmos  encontrados  nas  recém  emergidas  e  com  dois  dias,  além  do  Z‐

heptacoseno  (TR  32.827),  Z‐nonacoseno  (TR  37.437  e  TR  37.470),  Z‐hentriaconteno  (TR 

42.010) e Z‐hentriaconteno (TR 42.020). Esse grupo foi bem caracterizado pela presença de 

alcenos e alcadienos de cadeia longa (C29, C31 e C33) e por alcanos metilados (C27 e C29). 

  As análises estatísticas revelaram que os grupos de rainhas virgens com 2 dias estão 

significativamente separados por colônias, sendo 95%, 61,54% e 100% de correta alocação 

dos indivíduos nas colônias 1, 2 e 3, respectivamente. O esperado em uma distribuição ao 

acaso para  três grupos é de 33,3%. Os compostos  responsáveis por essa separação  foram: 

tricosano,  pentacosano,  Z‐heptacoseno  (TR  32.962),  heptacosano,  nonacosano  e  Z‐ 

hentriacontene (TR 41.840).   

  O  Fator  1  da  Análise  dos  Componentes  Principais  (PCA)  descreveu  46,39%  da 

variação encontrada. A soma dos dois primeiros fatores (Fator 1 + Fator 2) descreveu 67,80% 

e dos três primeiros (Fator 1 + Fator 2 + Fator 3) descreveu 80,97% dessa variação. A análise 

discriminante  stepwise dos compostos analisados separou  significativamente os grupos de 

operárias dessa colônia (Modelo Global: Wilk’s Lambda= 0,05635; F10,58= 18,634; p < 0,001).  

 

Page 32: “Caracterização do perfil de hidrocarbonetos cuticulares

25

Tabela 10: Valores médios e desvio padrão da concentração relativa dos hidrocarbonetos cuticulares de rainhas virgens de Melipona marginata. Re-recém emergida.

TR  Hidrocarboneto Re Col 1 (N=10) 

2 dias  Col 1 (N=20) 

2 dias Col 2 (N=15) 

2 dias Col 3 (N=15) 

Refugiadas Col 2 (N=7) 

Agredidas Col 1 (N=14) 

18.237  Heneicosano  0,63 ± 0,294  0,72 ± 0,368  1,37 ± 0,228  0,56 ± 0,191  0,61 ± 0,466  ‐ 

22.633  Z‐Tricoseno  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  0,18 ± 0,099 

22.834  Z‐Tricoseno  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  0,17 ± 0,183 

23.426  Tricosano  8,93 ± 2,774  6,96 ± 3,40  12,53 ± 8,44  11,1 ± 2,506  6,37 ± 3,713  3,96 ± 2,267 

26.100  Tetracosano  ‐  0,36 ± 0,223  0,10 ± 0,193  0,31 ± 0,078  ‐  0,17 ± 0,067 

27.811  Z‐Pentacoseno  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  0,27 ± 0,182 

27.943  Z‐Pentacoseno  0,87 ± 0,402  0,47 ± 0,226  1,60 ± 2,358  1,00 ± 0,425  0,72 ± 0,53  0,61 ± 0,323 

28.150  Z‐Pentacoseno  1,47 ± 0,426  1,06 ± 0,391  ‐  0,83 ± 0,486  1,17 ± 0,578  0,78 ± 0,926 

28.693  Pentacosano  10,9 ± 2,247  8,94 ± 2,246  12,5 ± 2,20  13,36 ± 2,17  9,74 ± 2,74  10,7 ± 4,504 

29.266  ?  ‐  ‐  ‐  0,31 ± 0,195  ‐  0,10 ± 0,031 

30.812  Hexacosano  0,56 ± 0,277  0,42 ± 0,166  0,35 ± 0,101  0,27 ± 0,086  1,39 ± 0,81  ‐ 

31.174  ?  ‐  ‐  0,43 ± 0,107  0,38 ± 0,212  ‐  0,36 ± 0,198 

32.417   ZZ‐Heptacosadieno  ‐  ‐  ‐  ‐  0,46 ± 0,08  0,48 ± 0,115 

32.587   ZZ‐Heptacosadieno  ‐  traços  ‐  ‐  ‐  0,24 ± 0,2 

32.827  Z‐Heptacoseno  ‐  1,13 ± 2,365  0,58 ± 0,258  0,49 ± 0,141  ‐  5,02 ± 3,691 

32.900  Z‐Heptacoseno  ‐  ‐  ‐  0,66 ± 0,318  ‐  ‐ 

32.962  Z‐Heptacoseno  29,25 ± 0,22  23,4 ± 8,184  33,04 ± 9,22  35,61± 6,01  18,86 ± 16,1  11,1 ± 7,379 

33.159  Z‐Heptacoseno  1,10 ± 0,824  1,11 ± 0,432  0,59 ± 0,244  0,47 ± 0,200  10,58 ± 12,5  0,92 ± 1,079 

33.636  Heptacosano  10,76 ± 3,44  13,11 ± 5,84  11,26 ± 7,02  10,53 ± 4,28  13,4 ± 5,75  16,47 ± 3,96 

34.364  Metil Heptacosano  ‐  1,37 ± 1,105  ‐  ‐  ‐  0,24 ± 0,199 

34.756  Metil Heptacosano  ‐  traços  ‐  ‐  ‐  0,19 ± 0,129 

35.674  Octacosano  0,63 ± 0,149  1,03 ± 0,792  0,53 ± 0,192  0,50 ± 0,215  1,51 ± 0,826  0,25 ± 0,141 

36.875  ZZ‐Nonacosadieno  ‐  0,61 ± 0,366  ‐  ‐  ‐  0,77 ± 0,53 

37.035  ZZ‐Nonacosadieno  ‐  0,57 ± 0,301  ‐  ‐  traços  0,55 ± 0,215 

37.184  ZZ‐Nonacosadieno  ‐  traços  0,34 ± 0,091  ‐  traços  0,51 ± 0,342 

37.437  Z‐Nonacoseno  0,93 ± 0,409  traços  traços  0,77 ± 0,114  traços  3,49 ± 2,22 

37.470  Z‐Nonacoseno  ‐  traços  0,48 ± 0,125  0,78 ± 0,205  traços  5,81 ± 3,694 

37.532  Z‐Nonacoseno  19,2 ± 2,27  16,63 ± 4,24  15,6 ± 3,491  16,45 ± 2,61  15,5 ± 7,525  10,32 ± 7,67 

37.761  Z‐Nonacoseno  1,06 ± 0,423  1,59 ± 0,952  0,95 ± 0,795  ‐  9,22 ± 7,56  2,34 ± 2,38 

37.859  Z‐Nonacoseno  ‐  traços  1,06 ± 0,459  ‐  1,43 ± 0,08  2,04 ± 2,23 

38.251  Nonacosano  4,93 ± 3,613  6,25 ± 3,824  4,81 ± 4,503  1,66 ± 1,307  6,94 ± 4,67  7,89 ± 9,027 

38.901  Metil Nonacosano  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  0,30 ± 0,197 

41.275   ZZ‐Hentriacontadieno  ‐  4,395 ± 5,36  ‐  ‐  traços  0,69 ± 0,437 

41.499   ZZ‐Hentriacontadieno  ‐  traços  ‐  ‐  ‐  1,10 ± 0,609 

41.508   ZZ‐Hentriacontadieno  traços  traços  traços  ‐  ‐  0,61 ± 0,396 

      41.570   ZZ‐Hentriacontadieno  traços  traços  1,09 ± 0,306  0,91 ± 1,316  ‐  0,41 ± 0,493 

41.840  Z‐Hentriaconteno  8,25 ± 1,355  8,47 ± 3,064  5,88±1,815  4,42 ± 1,318  traços  6,94 ± 3,913 

 

Page 33: “Caracterização do perfil de hidrocarbonetos cuticulares

26

TR  Hidrocarboneto Re Col 1 (N=10) 

2 dias Col 1 (N=20) 

2 dias Col 2 (N=15) 

2 dias Col 3 (N=15) 

Refugiadas Col 2 (N=7) 

Agredidas Col 1 (N=14) 

42.010  Z‐Hentriaconteno  traços  2,15 ± 2,048  0,19 ± 0,272  ‐  traços  3,44 ± 2,05 

42.020  Z‐Hentriaconteno  ‐  ‐  ‐  ‐  3,61 ± 5,15  4,49 ± 2,047 

42.166  Z‐Hentriaconteno  ‐  ‐  ‐  ‐  7,51 ± 1,89  1,07 ± 0,445 

42.256  Z‐Hentriaconteno  ‐  ‐  ‐  ‐  traços  1,11 ± 0,974 

42.592  Hentriacontano  4,61 ± 1,875  2,95 ± 2,586  3,62±1,539  0,72 ± 0,720  4,17 ± 1,97  1,76 ± 1,813 

43.568  ?  ‐  1,36 ± 1,275  ‐  ‐  ‐  1,43 ± 4,082 

43.935  ?  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  0,26 ± 0,295 

45.714  ZZ‐Tritriacontadieno  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  0,4 ± 0,312 

45.858  ZZ‐Tritriacontadieno  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  0,26 ± 0,183 

46.342  Z‐Tritriaconteno  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  1,47 ± 1,47 

46.601  ?  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  0,43 ± 0,317 

47.317  ?  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  0,31 ± 0,18 

  

  A  figura  5  e  a  tabela  11  ilustram  os  resultados  das  análises  discriminante  e 

canônica realizada entre rainhas virgens com 2 dias de idade. 

   

Raiz 1 vs. Raiz 2

-10 -5 0 5 10 15

Raiz 1

-10

-8

-6

-4

-2

0

2

4

Rai

z 2

col 1 col 2 col 3

Figura 5: Resultado da análise canônica entre rainhas virgens com dois dias de idade, de 3 colônias diferentes, a partir dos hidrocarbonetos presentes na cutícula. Colônia 1 (N=20) e 2 (N=15), proveniente de Cunha-SP; Colônia 3 (N=15), proveniente de Itanhaém- SP.

Page 34: “Caracterização do perfil de hidrocarbonetos cuticulares

27

Tabela 11: Resultado da análise discriminante aplicada para os compostos químicos cuticulares de rainhas virgens com dois dias de idade de 3 colônias.

 Combinações  Distância de Mahalanobis 

F 5,29  P 

Col 1 x Col 2  3,69754  4,780  < 0,001 Col 1 x Col 3  67,07308  46,663  < 0,001 Col 2 x Col 3  68,99964  42,802  < 0,001 

 

   

  Ainda,  a  análise  discriminante  stepwise  dos  compostos  analisados  separou 

significativamente as rainhas virgens de uma mesma colônia de acordo com os 3 grupos 

amostrais formados (Modelo Global: Wilk’s Lambda= 0,07779; F14,50= 9,2339; p < 0,001). Os 

testes apontam valores de 100%, 92,31% e 88,89% de correta alocação dos indivíduos nos 

grupos de rainhas virgens recém emergidas, com dois dias e agredidas, respectivamente. 

Os  compostos  responsáveis  por  essa  separação  foram:  tricosano,  Z‐heptacoseno  (TR 

32.962), heptacoseno (TR 33.159), hentriacontano. 

  O Fator  1 da Análise dos Componentes Principais  (PCA) descreveu  29,84% da 

variação  encontrada. A  soma  dos  dois  primeiros  fatores  (Fator  1  +  Fator  2)  descreveu 

54,51% e dos três primeiros (Fator 1 + Fator 2 + Fator 3) descreveu 70,52% dessa variação. A 

tabela 12 e a figura 6 ilustram os resultados da análise canônica para todas as combinações 

entre diferentes idades das rainhas. 

Tabela 12: Resultado da análise discriminante aplicada para os compostos químicos cuticulares de rainhas de diferentes idades.

 Combinações  Distância de Mahalanobis 

F 7,25  P 

RV re x RV 2 dias  60,86749  21,03715  < 0,001 RV re x RV agred  22,07219  8,32215  < 0,001 

RV 2 dias x RV agred  14,53920  12,06017  < 0,001 

    Apesar das semelhanças entre a presença de compostos e das altas  freqüências de 

correta alocação encontradas para os grupos de  rainhas virgens  foram encontrados perfis 

cuticulares com concentrações relativas muito diversas.  Deste modo, o perfil individual das 

rainhas virgens foi descrito nas tabelas 18, 19 e 20 (Apêndice).   

Page 35: “Caracterização do perfil de hidrocarbonetos cuticulares

28

Raiz 1 vs. Raiz 2

-6 -4 -2 0 2 4

Raiz 1

-2,5

-2,0

-1,5

-1,0

-0,5

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

4,0

Rai

z 2

RV recém emergidas RV agredidas RV com 2 dias

Figura 6: Resultado da análise canônica de 3 grupos de rainhas virgens de uma colônia de M. marginata (recém emergidas N=10, com dois dias de idade N=20 e agredidas N=14), a partir dos hidrocarbonetos presentes na cutícula.  

  Caracterização  do  padrão  de  desenvolvimento  ovariano  das  rainhas  virgens 

quimicamente analisadas. 

  O  resultado da  caracterização do desenvolvimento  ovariano das  rainhas  virgens 

mostra não haver correlação entre a atratividade que resulta em comportamento agressivo 

por parte das operárias.   No grupo onde se observou essa atratividade a porcentagem de 

indivíduos  com  desenvolvimento  ovariano  presente  foi  menor  que  aquele  encontrado 

naquelas  com  2  dias  (colônia  2),  entretanto,  não  foi  observado  nenhum  comportamento 

agressivo por parte das operárias no último grupo. A  tabela  13 mostra porcentagens de 

rainhas virgens com ovário desenvolvido. 

 

 

 

Page 36: “Caracterização do perfil de hidrocarbonetos cuticulares

29

Tabela 13: Resultado da caracterização do padrão de desenvolvimento ovariano das rainhas virgens. Desenvolvimento 

do ovário Recém 

Emergidas  2 dias Col 1 

 2 dias Col 2 

 2 dias Col 3  

Agrupadas em refugio 

Agredidas 

Ausente  10  20  2  14  7  11 Presente  ‐  ‐  13  ‐  ‐  3 Total  10  20  15  14  7  14 

3.3 Composição cuticular de rainhas fisogástricas.  

  Amostras em fibra de polidimetilsiloxano. 

  O resultado das análises da cutícula de rainhas fisogástricas revelou a presença de 

uma  grande  variedade  de  hidrocarbonetos  em  relação  ao  que  foi  observado  em  rainhas 

virgens  (exceto  rainhas  virgens  agredidas)  e  operárias  da  espécie.  Estão  presentes  nesse 

grupo  compostos  contendo  de  25  até  33  carbonos,  sob  a  forma  de  alcanos,  alcenos, 

alcadienos e alcanos ramificados (metil e dimetil alcanos).    

  Uma rainha  fisogástrica  foi analisada em  três diferentes  idades, sendo produzidos 

três  cromatogramas  apresentados na  figura  7  (Apêndice). Os picos  foram  identificados  e 

estão relacionados na  tabela 13.   Os perfis obtidos  foram semelhantes entre as  três  idades 

analisadas, exceto pela presença de alguns compostos na primeira análise, realizada no 6º 

dia após o inicio da atividade de postura: tricosano, pentacoseno, octacoseno, octacosano, o 

composto não  identificado com  tempo de  retenção  igual a 37,017 e o 9‐metil nonacoseno. 

Todos  esses  compostos  não  foram  encontrados  nas  rainhas  fisogástricas  com  idades 

desconhecidas analisadas e, quando presentes apresentaram baixas concentrações relativas 

(tabela  14).  O  tricosano  e  o  pentacoseno  puderam  ser  observados  no  grupo  de  rainhas 

virgens e em todos os grupos de operárias, e sua perda provavelmente não está relacionada 

com a idade, mas com a fisogastria.   

  As  nove  rainhas  com  postura  analisadas  apresentaram  concentrações  relativas 

variáveis  para  a  grande maioria  dos  compostos,  principalmente  aqueles  com  as maiores 

concentrações.  As diferenças existentes entre as colônias referentes à origem da população, 

como  pôde  ser  observado  para  operárias  e  rainhas  virgens,  não  favoreceram  a  análise 

estatística das  rainhas  fisogástricas. Deste modo, os dados obtidos  individualmente  estão 

expostos na tabela 15. Os resultados mostram que existe grande semelhança entre as rainhas 

Page 37: “Caracterização do perfil de hidrocarbonetos cuticulares

30

sucessoras de uma mesma colônia (colônias 1, 2 e 5), principalmente, quanto à ausência de 

compostos. 

 

Tabela 14: Concentrações dos hidrocarbonetos encontrados no abdômen de uma rainha fisogástrica após 6, 32 e 65 do início da postura. Dp-Desvio padrão   Tempo de Retenção  Hidrocarboneto  6 dias  32 dias  65 dias 

1  23,665  Tricosano  2,80  ‐  -

2  28,212  Z‐Pentacoseno  0,62  0,20  -

3  29,013  Pentacosano   4,60  4,25  7,04 4  29,842  11,13‐Dimetil pentacosano  1,03  1,18  1,25 5  30,242  5‐Metil pentacosano  1,26  1,58  1,55 6  31,123  ?  1,27  1,37  1,05 7  33,309  Z‐Heptacoseno  1,06  1,36  1,66 8  33,961  Heptacosano  4,53  4,34  8,68 9  34,716  11‐Metil heptacosano 

13‐Metil heptacosano 2,30  3,16  3,22 

10  34,792  9‐Metil heptacosano  1,12  1,29  1,41 11  35,110  5‐Metil‐heptacosano  0,56  0,72  0,56 12  35,855  3,13‐Dimetil heptacosano 

3,11‐Dimetil heptacosano 3,9‐ Dimetil heptacosano 3,7‐Dimetil heptacosano  5,13‐Dimetil heptacosano  

4,33  4,82  4,33 

13  36,041  Z‐Octacoseno  0,13  0,16  -

14  36,418  Octacosano  0,39  0,22  -

15  37,017  ?  0,15  0,23  -

16  37,243  ZZ‐Nonacosadieno  0,33  0,42  0,35 17  37,363  ZZ‐Nonacosadieno  1,89  2,32  2,29 18  37,529  ZZ‐Nonacosadieno  5,80  7,14  7,61 19  37,808  Z‐Nonacoseno  1,15  1,42  1,48 20  38,033  Z‐Nonacoseno  11,25  12,35  11,74 21  38,593  Nonacosano  0,59  0,46  0,94 22  39,263  11‐Metil nonacosano 

13‐Metil nonacosano 15‐Metil nonacosano 

6,34  6,78  6,62 

23  39,477  9‐Metil nonacosano  0,18  0,17  ‐ 24  39,811  9,13‐Dimetil nonacosano 

11,15‐Dimetil nonacosano 13,17‐Dimetil nonacosano 

1,08  0,85  0,54 

25  40,269  ?  0,32  0,36  ‐ 26  41,430  3‐Metil nonacosano  0,67  0,56  0,33 27  41,744  ZZ‐Hentriacontadieno  5,22  5,60  5,17 28  41,863  ZZ‐Hentriacontadieno  8,33  8,48  8,26 29  42,012  ZZ‐Hentriacontadieno  2,65  2,68  2,20 30  42,215  Z‐Hentriaconteno  5,89  5,66  5,00 31  42,457  Z‐Hentriaconteno  11,61  9,90  9,19 32  43,542  13‐Metil‐hentriacontano 

15‐Metil‐hentriacontano  9,25  8,78  7,54 

33  44,068  13,17‐Dimetil hentriacontano  1,01  0,93  ‐ 

   

Page 38: “Caracterização do perfil de hidrocarbonetos cuticulares

31

  Os  compostos  com  concentrações  relativas mais  representativas  encontrados  em 

rainhas  com  postura  foram:  pentacosano,  heptacosano,  ZZ‐nonacosadieno  ‐  TR  37,603 

(exceto Rainha 4), Z‐nonacoseno ‐ TR 38,089 (exceto Rainha 1), as três diferentes formas do 

ZZ‐hentriacontadieno,  as  três  formas  do Z‐hentriaconteno,  e  a  somatória  dos  compostos 

dimetil‐heptacosano,  metil‐nonacosano  e  metil‐hentriacontano,  cujas  concentrações 

encontradas apresentaram um pico cromatográfico único.  

   Duas das  rainhas puderam  ser  analisadas  em  condições de  ausência de postura, 

fato observado simultaneamente em quase todas as colônias de M. marginata do laboratório. 

As rainhas diminuíram gradativamente a freqüência de oviposição, e células construídas e 

aprovisionadas eram desfeitas pelas operárias até o momento de ausência total de postura. 

As rainhas eram alimentadas normalmente, entretanto deixaram de permanecer próximas à 

região do favo e passaram a caminhar por toda a colônia, inclusive sob potes de alimento. 

Todas as rainhas retomaram a atividade de postura após períodos que variaram de 26 a 59 

dias. O perfil químico da rainha da colônia 5 pôde ser refeito após o reinício da postura. A 

colônia 6 ficou órfã após 68 dias do reinício, não sendo possível a análise dessa rainha. 

  As concentrações apresentadas por essas rainhas antes e durante esse período foram 

significativas,  segundo  teste  de  análise  de  variância  entre  os  compostos,  sendo  p<0,05  e 

p<0,001 para as rainhas das colônias 5 e 6, respectivamente. Os cromatogramas da rainha da 

colônia 5 foram reproduzidos na figura 8 (Apêndice). 

  Os compostos que aumentaram suas concentrações relativas na ausência da postura 

foram: nonacosadieno (TR 37,603) e Z‐hentriaconteno (TR 42,525). Aqueles que diminuíram 

foram: heptacosano, os dimetil‐heptacosano (tempo de retenção único), ZZ‐nonacosadieno 

(TR  37,411),  ZZ‐hentriacontadieno  (TR  41,838)  e  Z‐hentriaconteno  (tempo  de  retenção 

42,291). A maioria dos compostos manteve a concentração  relativa e alguns compostos se 

comportaram  de maneira  diferenciada  em  cada  rainha  de  acordo  com  sua  condição  de 

postura.  

 

 

 

 

 

Page 39: “Caracterização do perfil de hidrocarbonetos cuticulares

32

Tabela 15: Concentração relativa individual (%) dos hidrocarbonetos cuticulares encontrados no abdômen de rainhas fisogástricas de 6 colônias de Melipona marginata com atividade normal de postura. Col- colônia, RF- rainha fisogástrica RF* referem-se às rainhas sucessoras das colônias 1, 2 e 5. Dp- desvio padrão TR  Hidrocarboneto  RF 

 Col 1 RF* Col 1 

RF Col 2 

RF* Col 2 

RF Col 3 

RF Col 4 

RF  Col 5 

RF* Col 5 

RF Col 6 

Média e d.p. 

29,066  Pentacosano   3,71  6,45  9,31  5,18  3,95  7,51  6,89  7,04  4,66  5,96 ± 1,931 29,875  11,13 Dimetil pentacosano  ‐  0,95  1,78  1,10  1,00  0,46  1,55  1,25  1,30  1,16 ± 0,431 30,273  5 Metil pentacosano  1,13  1,35  2,32  1,09  1,08  1,25  1,32  1,55  1,68  1,40 ± 0,418 31,157  ?  ‐  0,51  0,46  1,15  1,63  ‐  0,98  1,05  2,02  1,12 ± 0,614 33,200  Z‐Heptacoseno  0,86  0,18  ‐  0,14  0,73  0,24  ‐  ‐  0,54  0,45 ± 0,306 33,346  Z‐Heptacoseno  0,85  1,77  1,17  1,03  1,06  2,34  1,65  1,66  1,26  1,39± 0,495 34,017  Heptacosano  6,25  10,88  8,77  6,38  2,57  10,68  5,37  8,68  5,71  7,08 ± 2,843 34,761  11‐Metil heptacosano 

13‐Metil heptacosano 2,06  1,25  ‐  3,06  ‐  ‐  2,94  3,22  3,15  2,49 ± 0,820 

34,842  9‐Metil heptacosano  0,47  0,50  3,29  1,14  ‐  3,01  1,29  1,41  1,55  1,61 ± 1,127 34,940  7‐Metil heptacosano  ‐  ‐  1,86  ‐  ‐  0,13  ‐  ‐  ‐  0,99 ± 1,225 35,145  5‐Metil heptacosano  1,51  1,16  1,26  0,94  0,70  1,64  0,87  0,56  0,81  1,11 ± 0,340 35,918  3,13‐Dimetil lheptacosano 

3,11‐Dimetil heptacosano 3,9‐Dimetil heptacosano 3,7‐Dimetil heptacosano 5,13‐Dimetil heptacosano 

4,33  4,56  2,89  6,03  4,41  4,44  6,78  4,33  5,23  4,83 ± 1,182 

36,460  ?  ‐  ‐  ‐  0,86  0,40  ‐  ‐  ‐  0,78  0,68 ± 0,246 37,275  ZZ‐Nonacosadieno  ‐  ‐  ‐  0,60  ‐  ‐  0,61  0,35  0,72  0,64 ± 0,066 37,411  ZZ‐Nonacosadieno  0,49  0,30  2,10  2,10  0,31  0,29  2,24  2,29  6,15  1,75 ± 1,991 37,603  ZZ‐Nonacosadieno  2,99  2,77  6,49  4,91  2,67  0,78  6,09  7,61  1,85  3,57 ± 2,043 37,842  Z‐Nonacoseno  1,07  1,48  1,73  1,52  1,28  1,29  3,22  1,48  1,58  1,64 ± 0,669 38,089  Z‐Nonacoseno  1,37  6,11  7,66  5,10  4,12  5,41  4,19  11,74  7,81  5,22 ± 2,092 38,175  Z‐Nonacoseno  10,73  10,78  0,94  0,47  0,65  ‐  0,36  ‐  ‐  3,99 ± 5,245 38,300  Z‐Nonacoseno  6,14  2,95  0,55  ‐  8,28  0,41  ‐  ‐  ‐  3,67 ± 3,473 38,650  Nonacosano  1,27  ‐  0,79  0,51  0,61  1,29  ‐  0,94  0,85  0,89 ± 0,328 

Page 40: “Caracterização do perfil de hidrocarbonetos cuticulares

33

TR  Hidrocarboneto  RF Col 1 

RF* Col 1 

RF Col 2 

RF* Col 2 

RF Col 3 

RF Col 4 

RF Col 5 

RF* Col 5 

RF Col 6 

Média e d.p. 

  39,316  11‐Metil nonacosano 13‐Metil nonacosano 15‐Metil nonacosano 

9,15  4,34  6,39  5,07  3,94  4,18  4,54  6,62  7,79  5,67 ± 1,918 

39,400  9 Metil‐nonacosano  0,20  0,16  ‐  0,20  0,13  0,49  ‐  ‐  2,00  0,53 ± 0,734 39,858  9,13 Dimetil‐nonacosano 

11,15 Dimetil‐nonacosano   13,17 Dimetil‐nonacosano 

‐    ‐  1,25  0,34  0,29  0,27  0,54  0,71  0,57 ± 0,42 

40,142  ?  ‐  ‐  ‐  ‐  0,20  0,37  ‐  ‐  0,72  0,43 ± 0,262 40,367  3 Metil‐nonacosano  1,37  1,96  ‐  0,15  0,65  2,25  ‐  0,33  0,59  1,16 ± 0,83 41,838  ZZ‐Hentriacontadieno  1,93  1,12  6,85  12,38  3,07  3,97  12,85  5,17  6,73  6,11 ± 4,5 41,983  ZZ‐Hentriacontadieno  8,98  5,76  7,75  11,71  12,25  12,40  12,59  8,26  7,03  9,81 ± 2,755 42,096  ZZ‐Hentriacontadieno  4,97  3,96  2,00  2,65  7,25  6,21  2,82  2,20  2,20  4,01 ± 1,96 42,291  Z‐Hentriaconteno  1,86  3,43  7,36  8,96  5,27  4,06  8,47  5,00  6,65  5,76 ± 2,527 42,525  Z Hentriaconteno  16,73  13,49  7,20  5,03  15,05  15,68  5,28  9,19  6,88  10,7 ± 5,018 42,667  Z Hentriaconteno  1,47  2,54  ‐  ‐  2,27  ‐  ‐  ‐  ‐  2,09 ± 0,556 43,615  13 Metil‐hentriacontano 

15 Metil‐hentriacontano 7,65  8,80  9,09  7,69  12,14  8,03  6,82  7,54  9,38  8,70 ± 1,63 

44,108  13, 17 Dimetil‐hentriacontano  0,46  0,50  ‐  1,61  1,98  0,92  ‐  ‐  1,67  1,19 ± 0,65 

 

Page 41: “Caracterização do perfil de hidrocarbonetos cuticulares

34

Tabela 16: Concentrações dos hidrocarbonetos encontrados no abdômen de duas rainhas fisogástricas (colônias 5 e 6) durante a presença e ausência de atividade de postura. RCP- rainha com postura, RSP- rainha sem postura, RCP- rainha após a retomada da postura   TR  Hidrocarboneto  RCP 

Colônia 5 RSP 

Colônia 5 RCP* 

Colônia 5  RCP 

Colônia 6 RSP 

Colônia 6 1  29,066  Pentacosano   6,89  4,89  5,04  4,66  4,30 

2  29,875  11,13 Dimetil pentacosano  1,55  1,10  1,09  1,30  1,20 

3  30,273  5 Metil pentacosano  1,32  1,34  1,68  1,68  1,60 

4  31,157  ?  0,98  1,35  0,28  2,02  1,39 

5  33,200  Z‐Heptacoseno  ‐  0,23  0,77  0,54  0,14 

6  33,346  Z‐Heptacoseno  1,65  1,13  1,47  1,26  1,38 

7  33,400  Z‐Heptacoseno  ‐  ‐  1,05  ‐  ‐ 

8  34,017  Heptacosano  5,37  4,82  4,36  5,71  4,40 

9  34,761  11‐Metil heptacosano 13‐Metil heptacosano 

2,94  2,44  1,31  3,15  3,20 

10  34,842  9‐Metil heptacosano  1,29  1,19  0,90  1,55  1,31 

11  35,145  5‐Metil heptacosano  0,87  0,59  1,20  0,81  0,73 

12  35,918  3,13‐Dimetil lheptacosano 3,11‐Dimetil heptacosano 3,9‐Dimetil heptacosano 3,7‐Dimetil heptacosano 5,13‐Dimetil heptacosano 

6,78  4,60  3,19  5,23  4,88 

13  36,460  ?  ‐  0,42  0,17  0,78  0,22 

14  37,275  ZZ‐Nonacosadieno  0,61  ‐  0,44  0,72  0,42 

15  37,411  ZZ‐Nonacosadieno  2,24  0,35  2,37  6,15  2,35 

16  37,603  ZZ‐Nonacosadieno  6,09  6,17  1,64  1,85  7,23 

17  37,842  Z‐Nonacoseno  3,22  1,23  2,83  1,58  1,43 

18  38,089  Z‐Nonacoseno  4,19  11,96  0,69  7,81  12,51 

19  38,175  Z‐Nonacoseno  0,36  ‐  1,02  ‐  ‐ 

20  38,300  Z‐Nonacoseno  ‐  ‐  8,72  ‐  ‐ 

21  38,420  Z‐Nonacoseno  ‐  ‐  0,67     

22  38,650  Nonacosano  ‐  0,63  0,72  0,85  0,47 

23  39,316  11‐Metil nonacosano 13‐Metil nonacosano 15‐Metil nonacosano 

4,54  6,74  4,89  7,79  6,87 

24  39,400  9 Metil‐nonacosano  ‐  0,29  0,22  2,00  0,17 

25  39,858  9,13 Dimetil‐nonacosano 11,15 Dimetil‐nonacosano   13,17 Dimetil‐nonacosano 

0,27  1,15  0,41  0,71  0,86 

26  40,142  ?  ‐  0,34  1,05  0,72  ‐ 

27  40,367  3 Metil‐nonacosano  ‐  0,28  1,48  0,59  0,36 

28  41,838  ZZ‐Hentriacontadieno  12,85  5,55  9,93  6,73  5,67 

29  41,983  ZZ‐Hentriacontadieno  12,59  8,85  6,02  7,03  8,59 

30  42,096  ZZ‐Hentriacontadieno  2,82  2,82  5,83  2,20  2,72 

31  42,291  Z‐Hentriaconteno  8,47  6,28  11,84  6,65  5,73 

32  42,525  Z Hentriaconteno  5,28  12,34  2,21  6,88  10,02 

33  42,667  Z Hentriaconteno  ‐  ‐  1,09  ‐  ‐ 

34  43,000  ?  traços  traços  0,28  ‐  ‐ 

35  43,215  ?  traços  traços  traços  ‐  ‐ 

36  43,615  13 Metil‐hentriacontano 15 Metil‐hentriacontano 

6,82  9,84  12,96  9,38  8,89 

37  44,108  13, 17 Dimetil‐hentriacontano  ‐  1,07  1,20  1,67  0,95 

      

 

 

Page 42: “Caracterização do perfil de hidrocarbonetos cuticulares

35

  Amostras em hexano 

  Os compostos cuticulares encontrados em  rainhas  fisogástricas  foram os mesmos 

tanto  com  o uso de  fibra de  fibra de polidimetilsiloxano,  quanto  com  o  solvente  apolar 

hexano. Os resultados mostram, entretanto, que as concentrações variam de acordo com a 

técnica  utilizada,  sendo  o  alcano  e  os  alcenos  do  C23  (tricosano  e  tricoseno)  somente 

encontrados  na  amostra  em  hexano.  Alguns  compostos  apresentaram  concentrações 

relativas maiores na amostra em hexano como o pentacosano e o heptacosano (Rainha 2). 

Outros  apresentaram  concentrações  menores  quando  extraídas  com  solvente  como  os 

alcanos  ramificados  (mono  e metil  alcanos). Os  alcenos  e  alcadienos  comportaram‐se de 

maneira variada de acordo com a técnica utilizada (tabela 17).    

 

 

 

Tabela 17: Concentrações relativas de hidrocarbonetos cuticulares de 2 rainhas (R1 e R2) analisadas com fibra de polidimetilsiloxano e posteriormente com solvente hexano. TR  Hidrocarboneto  R1 fibra  R1 hexano  R2 fibra  R2 hexano 

23,048  Tricoseno  ‐  1,44  ‐  ‐ 23,275  Tricoseno  ‐  1,35  ‐  ‐ 23,665  Tricosano  ‐  0,18  ‐  0,29 29,066  Pentacosano   5,04  27,04  6,45  15,33 29,875  11,13 Dimetil pentacosano  1,09  0,82  0,95  0,08 30,273  5 Metil pentacosano  1,68  1,41  1,35  0,90 31,157  ?  0,28  0,63  0,51  ‐ 33,200  Z‐Heptacoseno  0,77  0,38  0,18  ‐ 33,346  Z‐Heptacoseno  1,47  1,12  1,77  ‐ 34,017  Heptacosano  1,05  0,91  10,88  25,46 34,761  11‐Metil heptacosano 

13‐Metil heptacosano 4,36  0,61  1,25  1,35 

34,842  9‐Metil heptacosano  1,31  1,08  0,50  0,87 

34,94  7‐Metil heptacosano  0,90  0,46  ‐  ‐ 

35,145  5‐Metil heptacosano  1,2  1,62  1,16  0,61 35,918  3,13‐Dimetil lheptacosano 

3,11‐Dimetil heptacosano 3,9‐Dimetil heptacosano 3,7‐Dimetil heptacosano 5,13‐Dimetil heptacosano 

3,19  1,94  4,56  1,45 

36,460  ?  0,17  0,56  ‐  0,34 37,275  ZZ‐Nonacosadieno  0,44  1,10  ‐  ‐ 

37,411  ZZ‐Nonacosadieno  2,37  1,22  0,30  0,50 

37,603  ZZ‐Nonacosadieno  1,64  0,98  2,77  1,71 

37,842  Z‐Nonacoseno  2,83  1,32  1,48  4,19 

38,089  Z‐Nonacoseno  0,69  0,83  6,11  2,10 

           

38,175  Z‐Nonacoseno  1,02  ‐  10,78  4,01 

38,300  Z‐Nonacoseno  8,72  7,43  2,95  0,78 

38,420  Z‐Nonacoseno  0,67  ‐  ‐  ‐ 

38,650  Nonacosano  0,72  7,71  ‐  3,62 

Page 43: “Caracterização do perfil de hidrocarbonetos cuticulares

36

TR  Hidrocarboneto  R1 fibra  R1 hexano  R2 fibra  R2 hexano 

39,316  11‐Metil nonacosano 13‐Metil nonacosano 15‐Metil nonacosano 

4,89  3,12  4,34  3,25 

39,400  9 Metil‐nonacosano  0,22  0,17  0,16  0,16 

39,858  9,13 Dimetil‐nonacosano 11,15 Dimetil‐nonacosano   13,17 Dimetil‐nonacosano 

0,41  ‐  ‐  ‐ 

40,142  ?  1,05  0,45  ‐  0,25 

40,367  3 Metil‐nonacosano  1,48  0,64  1,96  0,74 

41,838  ZZ‐Hentriacontadieno  9,93  4,40  1,12  6,18 

41,983  ZZ‐Hentriacontadieno  6,02  3,17  5,76  6,03 

42,096  ZZ‐Hentriacontadieno  5,83  3,90  3,96  1,63 

42,291  Z‐Hentriaconteno  11,84  7,34  3,43  6,04 

42,525  Z Hentriaconteno  2,21  1,71  13,49  5,09 

42,667  Z Hentriaconteno  1,09  6,09  2,54  1,71 

43,000  ?  0,28  ‐  ‐  ‐ 

43,215  ?  traços  ‐  ‐  ‐ 

43,615  13 Metil‐hentriacontano 15 Metil‐hentriacontano 

12,21  6,91  8,80  4,98 

44,108  13,17 Dimetil‐hentriacontano  1,20  ‐  0,50  0,34 

   

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Page 44: “Caracterização do perfil de hidrocarbonetos cuticulares

37

  4‐DISCUSSÃO E CONCLUSÕES 

  Os  resultados  obtidos  mostram  que  a  cutícula  de  operárias,  rainhas  virgens  e 

rainhas da espécie Melipona marginata é constituída por hidrocarbonetos de cadeia variando 

entre C21  e C33,  geralmente  apresentando  número  ímpar de  átomos de  carbono.  Foram 

caracterizados  alcanos,  alcenos,  alcadienos, metil  e  dimetil  alcanos,  sendo  os  compostos 

mais  freqüentes aqueles com número  ímpar de carbonos. As análises químicas não  foram 

restritivas  aos  hidrocarbonetos,  entretanto  outros  compostos  como  ésteres  e  álcoois 

encontrados  em  operárias  de  outras  espécies  de  meliponíneos  (Frieseomelitta  varia  e 

Lestrimelitta limao ‐Nunes et al 2008) não foram observados.  

  Entre as três colônias analisadas houve semelhanças quanto à composição cuticular 

de operárias. Foram encontrados hidrocarbonetos variando entre 21 e 31 carbonos. O perfil 

químico  foi caracterizado principalmente por alcanos, alcenos e alcadienos, sendo que em 

nenhuma  das  idades  analisadas  observou‐se  a  presença  de  alcanos  ramificados,  como 

observado por Abdalla et al. (2003) em operárias da espécie Melipona bicolor. 

  As análises discriminantes mostram que as operárias recém emergidas são, quanto à 

composição  cuticular, aquelas que mais  se distanciam dos outros grupos, havendo muito 

mais  semelhanças  entre  operárias  com  atividade  no  favo  de  cria  e  operárias  campeiras 

(tabelas 2, 4 e 6). Esses  resultados estão de acordo com o proposto por Breed  et al.  (1995, 

2004)  da  existência  de  um  perfil  cuticular  que  é  fortemente  influenciado  pelo  meio, 

principalmente  pela  cera.  Entretanto,  o  perfil  cuticular  das  operárias  recém  emergidas 

apresentou uma diversidade de hidrocarbonetos tão rica quanto o das operárias do favo e 

campeiras, e a maioria das modificações nesse perfil ocorreram, portanto, nas concentrações 

relativas  desses  compostos. Operárias da  espécie  Frieseomelitta  varia  apresentam  somente 

quatro alcanos em concentrações significantes na ocasião da emergência enquanto as mais 

velhas  possuem  cerca  de  40  compostos  entre  hidrocarbonetos  (alcanos  saturados  e 

insaturados, alcenos, um alcino e alcadienos), e alguns álcoois e ácidos Nunes (2008).   

   Todos  os  resultados  observados  mostram  que  o  perfil  de  hidrocarbonetos  de 

operárias varia de acordo com a atividade que elas desempenham na colônia  (figura 4) e, 

como em abelhas sociais as atividades no ninho estão fortemente relacionadas com a idade 

podemos  relacionar  cada  atividade  desempenhada  a  uma  faixa  etária.  Observa‐se  que 

alguns  compostos  estão  presentes  somente  em  um  ou  dois  grupos  de  operárias,  o  que 

Page 45: “Caracterização do perfil de hidrocarbonetos cuticulares

38

sugere que o contato com compostos como cera,  feromônios de rainha e alimento possam 

estar atuando diferentemente de acordo com a proximidade dos indivíduos com estes.  

  As operárias apresentaram variação em relação à origem das colônias. As colônias 1 

e 2 apresentaram‐se, segundo o perfil de hidrocarbonetos cuticulares, mais próximas entre 

si do que em relação à colônia 3, exceto para o grupo de operárias do favo. Um dos motivos 

que pode  ter promovido a divergência entre os perfis de hidrocarbonetos de operárias do 

favo pode ser a maior exposição desses indivíduos aos compostos da colônia. Os indivíduos 

se  desenvolvem  dentro  de  células  fechadas,  sem  contato  com  o  meio  externo  até  a 

emergência. Já as campeiras são mais susceptíveis a perdas de compostos por volatilização 

quando forrageiam, além de estarem em contato com os mesmos recursos.   

   O  fato de operárias das colônias 1 e 2  (Cunha‐SP) serem muito próximas e ambas 

divergirem da colônia 3 (Itanhaém‐SP) quanto a composição de hidrocarbonetos cuticulares 

pode  ser  explicado pela  influência de  ‘odores hereditários’. Apesar dos  indivíduos  terem 

sido  coletados  tempos depois da  chegada das  colônias no  laboratório, ou  seja, os  fatores 

ambientais  atuantes  eram  idênticos,  não  houve  convergência  do  perfil  químico  dos 

indivíduos. 

  As operárias coletadas durante a postura de ovos que originaram machos (colônia 

1) apresentaram um perfil de hidrocarbonetos muito diferenciado em relação aquelas com 

postura  de  ovo  trófico  da mesma  colônia.  A  ausência  da  rainha  pode  ter  sido  o  fator 

causador dessa diferença,  sendo  que  os  compostos desta  são  constantemente  espalhados 

pela  colônia  pela  movimentação  ativa  das  operárias  (Seeley,  1979).  Outro  fator  ser  a 

ocorrência  de  uma  diferenciação  na  fisiologia  dessas  operárias,  uma  vez  que  compostos 

encontrados  em  suas  cutículas  não  foram  encontrados  em  rainhas  fisogástricas,  como  o 

hexacosano, o octacosano e o hentriacontano. Além disso, compostos como os encontrados 

na  cutícula  de  rainhas  como  Z‐heptacoseno,  heptacosano,  ZZ‐nonacosadieno  e  Z‐

nonacoseno tiveram suas concentrações aumentadas consideravelmente, indicando que não 

foram adquiridos por contato com a rainha (tabela 1). 

  Entre  os  insetos  sociais,  os  compostos  de  rainha  são  considerados,  direta  ou 

indiretamente,  os  responsáveis  pela dominância  reprodutiva desses  indivíduos  (revisado 

por Keller e Nonacs, 1993) e promoverem a inibição da reprodução de operárias. A ausência 

desses compostos poderia iniciar um comportamento de ‘disputa’ pela reprodução, fato que 

foi  observado  durante  a  coleta  dessas  operárias.  As  possíveis  modificações  fisiológicas 

Page 46: “Caracterização do perfil de hidrocarbonetos cuticulares

39

decorrentes desse comportamento associadas à ausência de compostos da rainha agregados 

à cutícula podem explicar o perfil químico encontrado nessas operárias.  

  Os  resultados  obtidos  entre  as  rainhas  virgens  mostram  que,  assim  como  em 

operárias, as recém emergidas têm seus perfis cuticulares modificados ao longo dos dias. As 

rainhas  com  dois  dias  de  vida  apresentaram  perfis  muito  semelhantes  aos  das  recém 

emergidas provavelmente porque a produção de compostos atrativos deva  iniciar‐se após 

esse período. Durante esse estudo verificou‐se que, em colônias órfãs de Melipona marginata, 

rainhas virgens permaneciam no ninho até 7 dias após a emergência  (foram marcadas 10 

rainhas recém emergidas e 3 delas foram vistas até o 8º dia). 

  Os resultados também comprovam que as rainhas virgens das colônias 1 e 2, assim 

como  as  operárias  recém  emergidas  e  campeiras  dessas  colônias,  possuem  perfil  de 

hidrocarbonetos  cuticulares  muito  semelhantes  entre  si,  e  ambas  consideravelmente 

distantes entre as rainhas virgens da colônia 3 (figura 5). 

  As  rainhas  virgens  agredidas  foram  aquelas  que  apresentaram  mais  picos 

cromatográficos em relação aos outros grupos de rainhas, inclusive às rainhas fisogástricas.  

Segundo Koedam et al. (1995b) os feromônios produzidos nas glândulas abdominais seriam 

liberados durante no momento em que essas rainhas inflam seus abdomens, sendo que este 

comportamento desempenharia um importante papel na aceitação pelas operárias.    

  O  perfil  químico  das  rainhas  virgens  agredidas  parece  corresponder  ao  pico  de 

atratividade desses  indivíduos,  embora não  se  tenha verificado quais  fatores dão  início a 

esse comportamento  (a  idade ou mesmo a agressão de operárias). As rainhas virgens que 

foram coletadas no refúgio não apresentaram perfil semelhante ao das agredidas, sugerindo 

que essa possa ser somente uma forma de evitar o contato com operárias.  Não se sabe ainda 

como  as  operárias  se  comportam  diante  da  variedade  de  perfis  cuticulares  encontrados 

entre as rainhas virgens (tabelas 18, 19, 20, 21, 22 e 23 – Apêndice), entretanto, fica evidente 

a presença de certos compostos (principalmente alcenos e alcadienos com 29, 31 e 33 átomos 

de carbono) somente nas rainhas que foram coletadas no momento em eram agredidas pelas 

operárias (tabela 10). 

  A  caracterização  do  desenvolvimento  ovariano  das  rainhas  virgens mostrou  não 

haver relação deste com a atratividade das rainhas agredidas. É provável que a retirada do 

favo da colônia tenha influenciado nesse desenvolvimento por conseqüente diminuição dos 

Page 47: “Caracterização do perfil de hidrocarbonetos cuticulares

40

compostos  da  rainha,  mas  esse  fato  foi  observado  somente  em  uma  das  três  colônias 

analisadas. 

  Embora as operárias estejam susceptíveis a aquisição de compostos provenientes do 

meio, a rainha fisogástrica analisada não apresentou modificação do perfil, ao menos até o 

segundo mês após o início da postura. A ausência de variação do perfil de hidrocarboneto 

em  relação  à  idade  da  rainha  fisogástrica  observada  pode  ser  em  decorrência  da 

metodologia empregada para essa análise. Somente amostras dos compostos abdominais da 

rainha foram coletadas, e por ser o abdômen local de grande secreção glandular em rainhas 

fisogástricas (Mota 1988) certamente outros compostos não foram adsorvidos pela fibra, ou 

foram  em  pequenas  concentrações.  Alguns  compostos  (tricosano,  Z‐pentacoseno, 

octacosano) presentes em rainhas virgens  foram encontrados na rainha com 6 dias após o 

início da postura, indicando a transição do perfil para rainha fisogástrica (tabela 14). Esses 

compostos não foram encontrados em nenhuma outra rainha fisogástrica.  

  Os  compostos mais  representativos quanto  à variedade de  suas  formas  foram os 

alcenos  e  alcadienos,  compostos  também  encontrados  em  outras  rainhas de  abelhas  sem 

ferrão como Melipona bicolor (Abdala et al 2003) e Frieseomelitta varia (Nunes 2008). Também 

estão  presentes  alcanos  como  pentacosano  e  heptacosano,  mas  a  ocorrência  alcanos 

ramificados (metil e dimetil alcanos) foi característica do grupo. 

  Entre as rainhas observaram‐se diferenças no perfil de acordo com as condições de 

postura das mesmas (tabela 16). Os fatores que promoveram essa ausência de postura não 

foram  identificados  claramente  (as  colônias  não  apresentaram  déficit  de  alimento  e 

populacional) e as operárias não excluíram nenhuma dessas rainhas mesmo no período de 

ausência total de postura, apesar da emergência de várias rainhas virgens.    

  A  fertilidade da  rainha é um  fator de extrema  importância para a manutenção do 

equilíbrio dinâmico da colônia em vespas e formigas (revisado por Howard 2004). Estudos 

relativos  à  produtividade  da  rainha  e  mudanças  no  perfil  em  vespas  e  formigas 

demonstram  que  rainhas  indicam  a  queda  da  produtividade  através  dos  compostos 

cuticulares e são substituídas por novas rainhas (Peeters et al 1999, Cuvillier‐Hot et al 2004).  

Entretanto, os resultados obtidos demonstram que as operárias da espécie M. marginata são 

influenciadas pelo status da rainha bem mais do que sua produtividade.  

Page 48: “Caracterização do perfil de hidrocarbonetos cuticulares

41

  Os perfis de rainhas obtidos com as duas diferentes  técnicas de extração  (SPME e 

solvente) foram muito semelhantes quanto à presença dos compostos, mas as concentrações 

encontradas variaram de acordo com a técnica.  

  Através  dos  resultados  apresentados  podemos  concluir  a  importância  dos 

hidrocarbonetos cuticulares nos processos de reconhecimento entre castas e atividades nos 

insetos sociais.  As várias hipóteses apresentadas nessa discussão sugerem a necessidade de 

mais estudos a respeito da atuação dos hidrocarbonetos como mediadores ou  indicadores 

de comportamento entre o grupo.   

   

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Page 49: “Caracterização do perfil de hidrocarbonetos cuticulares

42

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48

 

 

 

 

 

 

APÊNDICE 

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49

Figura 7: Cromatogramas sobrepostos de uma rainha fisogástrica de M. marginata em diferentes idades. Linha preta-6 dias após o início da postura, linha rosa-32 dias após o início da postura e linha azul-65 dias após o início da postura. Os números correspondem aos hidrocarbonetos identificados na tabela 14.

Figura 8: Três cromatogramas sobrepostos de uma rainha fisogástrica (Colônia 5) de M. marginata em diferentes condições de postura. Linha preta-com postura; linha rosa-sem postura; linha azul- após a retomada da postura. Os números correspondem aos hidrocarbonetos identificados na tabela 16.

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50

Tabela 18: Perfil de hidrocarbonetos de rainhas virgens recém emergidas, colônia 1. TR  Hidrocarbonetos  RV 1  RV 2  RV 3  RV 4  RV 5  RV 6  RV 7  RV 8  RV 9  RV 10 

18,237  Heneicosano  0,77  ‐  0,60  ‐  ‐  0,33  0,16  0,93  0,71  0,94 

23,426  Tricosano  11,04  4,21  5,68  11,60  9,19  10,66  7,01  11,51  6,83  11,59 

27,943  Z‐Pentacoseno  0,69  ‐  1,15  1,35  0,40  1,32  0,79  0,43  1,25  0,43 

28,150  Z‐Pentacoseno  1,64  0,98  1,02  2,13  ‐  ‐  ‐  1,51  ‐  1,52 

28,693  Pentacosano  11,85  7,74  8,18  11,47  12,70  13,44  8,91  12,92  8,73  13,00 

30,812  Hexacosano  ‐  ‐  0,41  ‐  0,63  0,43  1,09  0,41  0,38  ‐ 

32,962  Z‐Heptacoseno  36,27  21,49  27,85  39,45  19,37  30,13  30,53  31,37  24,47  31,58 

33,159  Z‐Heptacoseno  ‐  0,80  0,58  ‐  ‐  2,82  0,25  1,13  0,99  1,14 

33,634  Heptacosano  7,54  13,52  9,54  9,96  18,64  10,57  11,79  7,37  11,28  7,42 

35,674  Octacosano  ‐  0,38  0,63  ‐  0,51  0,49  0,78  0,75  0,72  0,75 

37,437  Z‐Nonacoseno  ‐  0,66  1,59  0,89  1,41  0,73  ‐  0,60  ‐  0,60 

37,532  Z‐Nonacoseno  21,27  19,26  20,58  14,54  19,09  16,18  21,81  20,03  18,63  20,26 

37,761  Z‐Nonacoseno  ‐  1,50  0,77  ‐  0,40  ‐    1,35  1,00  1,36 

38,251  Nonacosano  1,16  11,12  7,19  2,73  5,90  2,71  5,57  1,49  9,81  1,50 

41,508  ZZ‐Hentriacontadieno  ‐  0,1  ‐  ‐  0,1  ‐  0,08  ‐  ‐  ‐ 

41,570  ZZ‐Hentriacontadieno  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  0,12  0,1  ‐ 

41,840  Z‐Hentriaconteno  7,75  10,81  9,40  5,89  7,81  7,11  8,84  7,86  9,10  7,91 

42,010  Z‐Hentriaconteno  ‐  ‐  0,10  ‐  ‐  ‐  ‐  0,09  ‐  ‐ 

42,592  Hentriacontano  ‐  7,49  4,71  ‐  3,92  3,11  2,46  ‐  6,00  ‐ 

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51

Tabela 19: Perfil de hidrocarbonetos cuticulares de rainhas virgens de M. marginata com 2 dias de vida (colônia 1). TR  Hidrocarboneto  RV 1  RV 2  RV 3  RV 4  RV 5  RV 6  RV 7  RV 8  RV 9  RV 10  RV 11  RV 12  RV 13  RV 14  RV 15  RV 16  RV 17  RV 18  RV 19  RV 20 

18,208  Heneicosano  0,71  ‐  1,07  ‐  0,67  0,15  0,11  0,72  0,93  0,33  0,62  ‐  0,71  1,52  0,64  ‐  0,61  0,59  0,9  1,26 

23,696  Tricosano  6,83  3,09  10,87  2,89  8,92  3,14  1,88  11,68  11,51  5,8  5,13  2,79  7,61  7,28  7,73  3,58  8,65  6,19  11,93  11,73 

26,350  Tetracosano  ‐  0,24  ‐  ‐  0,16  ‐  ‐  0,25  0,23  0,27  0,38  0,2  0,35  1,04  0,28  0,38  0,43  0,27  0,57  ‐ 

28,096  Z‐Pentacoseno  ‐  0,45  0,86  0,29  0,59  0,34  0,19  0,76  0,43  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  0,3 

28,430  Z‐Pentacoseno  1,25  0,65  2,02  ‐  1,36  0,64  0,45  1,5  1,51  0,87  1,15  0,79  1,21  1,18  1,08  0,73  0,67  0,86  1,33  0,82 

28,947  Pentacosano  8,73  10,84  11,78  8,27  11,51  6,69  3,65  10,53  12,92  9,35  6,93  7,67  7,87  8,02  9,29  6,69  7,64  8,68  9,63  12,17 

31,452  Hexacosano  ‐  0,61  ‐  0,65  0,31  0,53  0,47  0,68  ‐  0,36  0,26  0,66  ‐  0,25  0,26  0,31  0,33  0,27  0,22  0,5 

32,539  ZZ‐Heptacosadieno  ‐  0,21  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐ 

33,117  Z‐Heptacoseno  0,38  9,64  0,29  3,93  0,33  0,36  0,24  0,75  ‐  0,34  0,25  0,9  0,24  0,31  ‐  0,54  0,15  0,18  0,33  ‐ 

33,250  Z‐Heptacoseno  24,47  13,85  32,5  15,25  31,55  15,42  7,57  32,45  31,37  24,36  25,98  13,56  31,98  20,87  25,07  15,72  25,29  24,64  38,23  17,61 

33,442  Z‐Heptacoseno  0,99  0,65  1,56  0,66  1,54  0,57  0,48  1,64  1,13  0,92  1,43  1,79  1,48  1,09  1,76  1,01  0,64  1,04  1,27  0,53 

33,895  Heptacosano  11,28  19,79  8,24  26,58  8,97  16,82  25,95  9,98  7,37  11,92  8,67  16,94  7,24  11,93  9,46  16,86  11,75  11,41  6,11  14,93 

34,630  Me C27  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  2,71  0,18  ‐  ‐  0,67  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  1,66  0,43  ‐  2,57 

34,837  Me C27  ‐  0,22  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐ 

35,633  Octacosano  ‐  0,39  0,52  0,56  0,79  2,65  0,27  0,78  0,75  1,07  0,72  0,45  0,85  1,48  0,83  0,41  2,82  0,88  0,72  2,64 

36,372  ZZ‐Nonacosadieno  0,72  0,15  ‐  0,34  ‐  0,95  0,77  0,86  0,6  0,16  ‐  ‐  ‐  1,26  ‐  0,12  0,75  0,32  ‐  0,98 

36,360  ZZ‐Nonacosadieno  ‐  0,17  0,59  0,39  0,45  0,76  0,25  ‐  ‐  0,45  0,42  0,39  0,38  1,45  0,76  0,42  0,67  0,6  0,52  0,96 

37,157  ZZ‐Nonacosadieno  ‐  0,91  ‐  0,56  ‐  0,64  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐ 

37,299  Z‐Nonacoseno  ‐  1,65  ‐  0,66  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐ 

37,451  Z‐Nonacoseno  ‐  0,87  ‐  0,80  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐ 

37,734  Z‐Nonacoseno  18,73  12,81  16,19  20,71  17,89  10,61  7,59  15,00  20,13  19,86  19,96  14,75  22,59  15,19  22,53  16,93  12,65  21,08  16,89  10,53 

37,953  Z‐Nonacoseno  1,00    0,98  ‐  0,9  0,93  0,78  1,01  1,58  1,11  1,81  3,9  1,85  3,87  1,65  1,95  0,67  1,55  1,56  ‐ 

38,134  Z‐Nonacoseno  ‐  4,95  ‐  3,02  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐ 

38,529  Nonacosano  9,81  3,63  3,63  8,2  3,24  10,98  16,98  3,22  1,68  6,96  6,65  8,52  2,84  8,14  4,78  10,41  4,25  4,67  1,56  4,82 

41,560  ZZ‐Hentriacontadieno  ‐  0,81  ‐  0,57  ‐  10,10  14,90  0,50    2,02  0,62        0,78  0,42  11,64  1,41  ‐  8,96 

41,691  ZZ‐Hentriacontadieno  ‐  0,83  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐ 

41,792  ZZ‐Hentriacontadieno  ‐  0,15  ‐  ‐  ‐  ‐  0,35  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐ 

42,128  Z‐Hentriaconteno  9,10  4,42  7,13  3,54  8,75  6,54  5,7  6,44  7,86  9,24  11,83  14,84  10,67  7,92  10,25  13,88  5,56  12,21  7,65  5,96 

42,367  Z‐Hentriaconteno  ‐  6,97  ‐  1,39  ‐  0,76  0,8  ‐  ‐  ‐  0,93  2,55  ‐  1,79  ‐  1,99  ‐  ‐  ‐  ‐ 

42,873  Hentriacontano  6,00  0,76  1,77  0,27  1,69  5,34  5,61  0,61  ‐  2,92  5,38  8,95  1,6  2,43  1,96  6,9  0,42  2,03  0,58  0,85 

43,455  ?  ‐  0,29  ‐  0,47  0,38  2,37  4,83  0,64  ‐  1,02  0,89  0,35  0,53  2,98  0,89  0,75  2,74  0,69  ‐  1,89 

 

Page 59: “Caracterização do perfil de hidrocarbonetos cuticulares

52

Tabela 20: Perfil de hidrocarbonetos cuticulares de rainhas virgens de M. marginata com 2 dias de vida (colônia 2). TR  Hidrocarboneto  RV 1  RV 2  RV 3  RV 4  RV 5  RV 6  RV 7  RV 8  RV 9  RV 10  RV 11  RV 12  RV 13  RV 14  RV 15 

18.237  Heneicosano  1,14  ‐  ‐  1,19  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  1,50  1,17  1,52  1,68 

23.633  Tricosano  14,20  3,54  4,91  17,83  6,16  15,13  6,37  9,37  8,10  5,60  5,48  23,04  13,45  33,04  21,66 

24.834  Tetracosano  0,39  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐ 

27.943  Z‐Pentacoseno  1,71  0,47  0,28  2,18  9,19  ‐  0,49  0,51  ‐  0,50  0,48  1,59  0,71  1,49  1,20 

28.693  Pentacosano  10,38  11,40  9,59  12,08  ‐  14,56  9,14  12,12  11,00  11,40  12,71  14,53  14,59  15,85  15,62 

30.812  Hexacosano  0,38  ‐  ‐  0,44  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  0,24  ‐  ‐  ‐ 

31.174  ?  ‐  0,56  0,40  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  0,50  ‐  ‐  ‐  ‐  0,30 

32.827  Z‐Heptacoseno  0,68  0,90  0,83  0,69  ‐  ‐  0,41  ‐  ‐  0,30  0,27  ‐  ‐  ‐  ‐ 

32.962  Z‐Heptacoseno  46,42  15,54  20,89  41,76  37,53  40,08  33,04  36,91  33,81  22,20  21,75  37,77  41,93  27,94  38,00 

33.159  Z‐Heptacoseno  0,55  1,02  0,49  0,47  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  0,40  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐ 

33.636  Heptacosano  4,11  22,64  21,07  4,20  10,35  6,11  11,69  9,24  14,28  21,90  20,51  5,13  6,14  5,89  5,68 

35.674  Octacosano  0,75  0,25  ‐  0,62  0,71  ‐  ‐  0,69  0,32  0,40  ‐  ‐  0,50  ‐  ‐ 

37.184  ZZ‐Nonacosadieno  0,24  0,40  0,44  0,36  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  0,20  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐ 

37.437  Z‐Nonacoseno  ‐  0,57  0,39  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐ 

37.470  Z‐Nonacoseno  ‐  0,42  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐ 

37.532  Z‐Nonacoseno  14,17  13,24  14,61  12,81  22,33  18,04  19,38  21,33  17,84  14,40  14,3  11,89  16,39  10,84  12,34 

37.761  Z‐Nonacoseno  ‐  1,49  1,33  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  0,04  ‐  ‐  ‐  ‐ 

37.859  Z‐Nonacoseno  ‐  1,67  1,07  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  1,00  0,56  ‐  ‐  ‐  ‐ 

38.251  Nonacosano  0,53  10,69  10,92  0,53  4,25    9,01  2,68  6,16  8,80  11,42  0,46  0,66  0,66  0,60 

41.508   ZZ‐Hentriacontadieno  ‐  0,57  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐ 

41.657  Z‐Hentriaconteno  ‐  1,38  1,14  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  0,80  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐ 

41.840  Z‐Hentriaconteno  4,36  7,82  7,36  4,85  7,52  6,09  7,54  7,14  7,03  7,40  7,00  3,85  4,45  2,76  2,92 

42.010  Z‐Hentriaconteno  ‐  0,38  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐ 

42.592  Hentriacontano  ‐  5,07  4,27  ‐  1,96  ‐  2,93  ‐  1,46  4,20  5,49  ‐  ‐  ‐  ‐ 

Page 60: “Caracterização do perfil de hidrocarbonetos cuticulares

53

Tabela 21: Perfil de hidrocarbonetos cuticulares de rainhas virgens de M. marginata com 2 dias de vida (colônia 3). TR  Hidrocarboneto  RV 1  RV 2  RV 3  RV 4  RV 5  RV 6  RV 7  RV 8  RV 9  RV 10  RV 11  RV 12  RV 13  RV 14  RV 15 

18.237 Heneicosano 

0,56  0,59  0,12  0,59  0,74  0,27  0,78  0,51  0,57  0,34  0,83  0,62  0,59  0,71  0,58 

23.426 Tricosano 

11,09  14,78  8,00  10,38  11,39  6,81  10,52  9,10  13,84  8,27  11,18  9,73  12,37  14,90  13,94 

26.100 Tetracosano 

0,24  0,44  0,24  ‐  ‐  ‐  ‐  0,28  0,28  0,19  0,36  0,26  0,32  0,43  0,28 

27.943 Z‐Pentacoseno 

1,00  1,85  0,69  1,08  1,75  0,42  0,38  0,77  0,88  0,77  1,00  1,28  1,44  0,91  0,89 

28.150 Z‐Pentacoseno 

0,38  0,31  0,12  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  0,96  1,07  1,42  1,08  ‐ 

28.693 Pentacosano 

13,36  15,74  12,05  13,27  15,72  15,02  17,05  14,80  12,40  9,24  13,00  10,27  11,32  14,75  12,49 

29.266 ? 

0,24  0,25  ‐  0,30  0,14  0,11  0,24  0,44  0,29  0,20  0,85  0,36  0,21  ‐  ‐ 

30.812 Hexacosano 

0,12  0,24  ‐  0,40  ‐  ‐  ‐  0,23  ‐  ‐  ‐  0,20  0,22  ‐  0,29 

31.174 ? 

0,32  0,71  0,23  ‐  0,83  0,27  0,14  0,32  0,18  ‐  0,30  0,58  0,43  0,33  0,18 

32.827 Z‐Heptacoseno 

0,49  0,59  0,63  0,57  0,54  0,64  0,66  0,70  0,43  0,45  0,40  0,23  0,29  0,33  0,43 

32.900 Z‐Heptacoseno 

0,66  0,86  0,80  0,88  0,64  1,63  0,56  0,57  0,33  0,46  0,50  0,50  0,70  0,47  0,33 

32.962 Z‐Heptacoseno 

35,61  39,77  31,03  38,66  45,29  30,91  28,58  38,48  31,03  26,52  34,09  47,51  39,85  35,59  31,26 

33.159 Z‐Heptacoseno 

0,47  0,51  0,33  0,59  0,40  0,36  0,30  0,37  0,28  0,20  0,70  0,80  0,81  0,70  0,28 

33.636 Heptacosano 

10,53  7,10  16,54  9,56  5,88  14,11  16,13  11,25  12,88  16,79  8,50  4,50  4,90  6,25  12,97 

35.674 Octacosano 

0,43  0,37  0,30  0,82  0,39  0,55  0,21  0,32  0,60  0,72  0,72  0,76  0,20  ‐  ‐ 

37.437 Z‐Nonacoseno 

0,60  0,65  0,79  ‐  0,70  0,93  0,78  0,89  0,85  0,87  ‐  ‐  0,73  0,66  0,61 

37.470 Z‐Nonacoseno 

0,78  0,89  0,60  1,01  0,52  0,46  0,69  0,64  0,49  0,82  1,00  0,99  0,95  1,07  0,86 

37.532 Z‐Nonacoseno 

16,44  11,42  19,34  17,57  11,84  20,65  17,53  16,26  15,99  20,49  16,66  14,90  16,31  15,25  16,11 

38.251 Nonacosano 

1,42  0,64  0,21  ‐  ‐  1,15  1,50  1,03  2,98  4,84  2,32  0,60  0,69  0,97  3,00 

41. 657 Z‐Hentriaconteno 

0,45  ‐  4,03  1,06  0,45  0,36  0,12  0,17  0,18  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐ 

41.840 Z‐Hentriaconteno 

4,42  2,28  3,91  3,28  2,50  5,21  3,85  2,86  4,45  6,56  5,93  4,84  6,06  5,61  4,49 

42.592 Hentriacontano 

0,41  ‐  ‐  ‐  ‐  0,13  0,19  0,16  1,01  2,36  0,71  ‐  0,19  ‐  1,01 

Page 61: “Caracterização do perfil de hidrocarbonetos cuticulares

54

Tabela 22: Perfil de hidrocarbonetos de rainhas virgens coletadas em um refúgio, colônia 2. TR  Hidrocarboneto  RV 1  RV 2  RV 3  RV 4  RV 5  RV 6  RV 7 

18.240  Heneicosano  ‐  0,58  ‐  1,09  ‐  0,16  ‐ 

23.759  Tricosano  11,6  5,49  4,2  11,01  1,92  6,86  3,49 

28.167  Z‐Pentacoseno  1,35  1,11  ‐  0,77  0,26  0,12  ‐ 

28.297  Z‐Pentacoseno  2,13  0,99  1,26  1,68  0,42  0,98  0,74 

29.035  Pentacosano  11,47  7,91  7,65  11,75  14,12  8,72  6,58 

29.594  Hexacosano  ‐  1,51  ‐  ‐  0,96  0,62  2,46 

31.533  ZZ‐Heptacosadieno  ‐  0,4  ‐  ‐  0,48  0,39  0,56 

33.198  Z‐Heptacoseno  39,45  26,93  21,55  35,35  6,86  1,07  0,79 

33.331  Z‐Heptacoseno  ‐  0,56  0,78  ‐  5,45  29,87  16,23 

33.991  Heptacosano  9,96  9,33  13,55  7,78  17,26  11,53  24,36 

36.407  Octacosano  0,89  1,54  0,95  ‐  2,67  ‐  ‐ 

37.241  ZZ‐Nonacosadieno  ‐  ‐  ‐  ‐  0,82  ‐  ‐ 

37.401  ZZ‐Nonacosadieno  ‐  ‐  ‐  ‐  1,2  ‐  ‐ 

37.536  Z‐Nonacoseno  ‐  ‐  ‐  ‐  0,53  ‐  0,47 

37.817  Z‐Nonacoseno  ‐  ‐  ‐  ‐  2,27  ‐  0,45 

37.914  Z‐Nonacoseno  14,54  21,03  18,87  21,55  9,11  21,51  1,96 

38.047  Z‐Nonacoseno  ‐  ‐  ‐  ‐  3,87  ‐  14,56 

38.131  Z‐Nonacoseno  ‐  1,34  1,47  ‐  1,48  ‐  ‐ 

38.615  Nonacosano  2,73  7,25  11,01  1,32  5,6  5,85  14,79 

41.643  ZZ‐Hentriacontadieno  ‐  ‐  ‐  ‐  0,99  ‐  ‐ 

41.787  Z‐Hentriaconteno  ‐  ‐  ‐  ‐  1,72  ‐  ‐ 

41.883  Z‐Hentriaconteno  ‐  ‐  ‐  ‐  0,7  ‐  ‐ 

42.235  Z‐Hentriaconteno  ‐  ‐  0,78  ‐  11,32  0,97  1,35 

42.396  Z‐Hentriaconteno  5,89  9.09  10,59  7,69  5,68  8,65  6,56 

42.546  Z‐Hentriaconteno  ‐  9,39  ‐  ‐  1,8  ‐  0,97 

42.963  Hentriacontano  ‐  4,65  7,34  ‐  2,51  2,69  3,68 

Page 62: “Caracterização do perfil de hidrocarbonetos cuticulares

55

Tabela 23: Perfil de hidrocarbonetos de rainhas virgens coletadas durante o ataque de operárias, colônia 1. TR  Hidrocarboneto  RV 1  RV 2  RV 3  RV 4  RV 5  RV 6  RV 7  RV 8  RV 9  RV 10  RV 11  RV 12  RV 13  RV 14 

22.633  Z‐Tricoseno  ‐  0,11  ‐  ‐  ‐  0,06  0,20  ‐  ‐  ‐  0,31  0,21  ‐  ‐ 

22.834  Z‐Tricoseno  0,15  0,65  0,04  0,09  ‐  0,07  0,11  ‐  0,05  ‐  0,19  0,29  ‐  0,07 

23.426  Tricosano  1,60  5,38  3,86  4,92  4,38  3,50  5,55  2,93  2,57  2,19  10,21  4,78  1,56  2,02 

26.100  Tetracosano  ‐  0,27  0,21  0,17  0,28  0,15  0,12  0,14  0,13  0,11  0,29  0,16  0,08  0,10 

27.811  Z‐Pentacoseno  ‐  0,42  0,49  0,07  0,51  0,12  0,10  ‐  0,41  0,47  0,00  0,15  0,21  0,25 

27.943  Z‐Pentacoseno  ‐  1,27  0,98  0,43  0,96  0,36  0,46  0,27  0,60  0,57  0,91  0,52  0,29  0,26 

28.150  Z‐Pentacoseno  0,19  3,57  0,06  0,57  0,09  0,43  0,69  0,84  ‐  0,09  1,26  1,18  0,48  0,63 

28.693  Pentacosano  2,64  14,99  15,24  7,56  20,00  8,14  7,35  10,22  15,32  10,83  12,87  9,04  7,45  8,30 

29.266  ?  ‐  0,12  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  0,11  0,08  0,14  ‐  ‐  0,06  ‐ 

31.174  ?  0,30  0,38  0,52  0,50  0,49  0,60  0,52  0,49  0,06  0,08  0,22  ‐  0,08  ‐ 

32.417  ZZ‐Heptacosadieno  ‐  0,27  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  0,48  0,52  0,41  0,46  0,55  0,64 

32.587  ZZ‐Heptacosadieno  ‐  0,59  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  0,13  0,22  ‐  ‐  0,09  0,19 

32.827  Z‐Heptacoseno  ‐  2,79  8,02  1,98  8,01  3,69  1,67  1,64  8,73  11,56  0,15  1,59  7,19  8,22 

32.962  Z‐Heptacoseno  6,18  2,41  6,37  18,48  4,06  12,17  15,46  8,31  6,44  7,54  28,85  20,81  10,35  8,01 

33.159  Z‐Heptacoseno  0,22  3,47  0,04  0,57  0,03  0,39  0,54  2,13  0,14  0,07  2,70  0,97  0,68  0,86 

33.636  Heptacosano  14,53  12,56  16,42  16,77  12,96  21,56  19,80  19,77  14,35  17,42  10,12  13,75  19,17  21,47 

34.364  Metil Heptacosano  0,06  ‐  0,10  ‐  0,07  0,25  0,38  ‐  0,14  0,09  ‐  0,71  0,33  0,24 

34.756  Metil Heptacosano  0,17  ‐  0,06  ‐  ‐  0,18  0,24  ‐  0,10  0,06  0,45  0,35  0,17  0,07 

35.674  Octacosano  0,36  0,15  ‐  0,62  0,13  0,33  0,32  0,18  0,12  0,15  ‐  0,18  0,23  0,24 

36.875  ZZ‐Nonacosadieno  ‐  0,11  1,01  0,50  ‐  0,86  0,48  0,18  0,77  0,79  ‐  ‐  0,97  1,99 

37.035  ZZ‐Nonacosadieno  ‐  0,57  0,52  0,49  0,67  0,63  0,43  0,66  0,18  0,42  ‐  0,27  0,86  0,91 

37.184  ZZ‐Nonacosadieno  ‐  1,02  0,31  0,41  0,14  ‐  ‐  0,67  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐ 

37.437  Z‐Nonacoseno  ‐  ‐  5,41  1,29  4,84  1,49  1,69  0,67  6,94  5,01  ‐  1,18  5,01  4,87 

37.470  Z‐Nonacoseno  4,30  1,22  8,63  ‐  7,35  3,06  ‐  1,73  10,81  9,76  0,70  ‐  8,72  7,63 

37.532  Z‐Nonacoseno  0,19  2,40  5,57  23,18  3,26  12,61  21,69  7,96  4,85  5,45  15,49  22,03  11,26  8,59 

37.761  Z‐Nonacoseno  9,02  1,12  1,63  ‐‐  1,01  2,35  ‐  1,37  1,57  1,91  ‐  ‐  1,84  1,60 

37.859  Z‐Nonacoseno  0,21  6,24  ‐  0,12  ‐  ‐  0,17  5,21  ‐  ‐  1,07  2,00  1,35  1,95 

38.251  Nonacosano  38,26  6,56  5,59  8,48  2,59  8,82  9,39  7,17  3,47  3,64  2,59  4,72  4,78  4,36 

38.901  Metil Nonacosano  ‐  ‐  0,11  0,49  0,10  0,32  0,43  0,21  0,12  0,10  0,57  0,66  0,22  0,22 

41.275  ZZ‐Hentriacontadieno  0,10  0,23  0,78  0,60  0,79  0,92  0,52  0,17  0,76  1,04  ‐  0,22  1,17  1,58 

Page 63: “Caracterização do perfil de hidrocarbonetos cuticulares

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TR  Hidrocarboneto  RV 1  RV 2  RV 3  RV 4  RV 5  RV 6  RV 7  RV 8  RV 9  RV 10  RV 11  RV 12  RV 13  RV 14 

41.499  ZZ‐Hentriacontadieno  ‐  2,62  1,27  0,67  1,39  0,75  ‐  0,48  1,00  1,49  ‐  0,46  0,96  0,99 

41.508  ZZ‐Hentriacontadieno  ‐  ‐  ‐  ‐  0,21  0,74  0,83  1,26  0,07  ‐  ‐  ‐  0,54  0,62 

41.570  ZZ‐Hentriacontadieno  ‐  1,55  0,01  ‐  ‐  0,19  0,13  0,87  ‐  0,08  ‐  0,27  0,26  0,31 

41.840  Z‐Hentriaconteno  ‐  6,92  9,94  2,71  13,06  5,51  2,35  5,67  13,24  10,01  ‐  1,61  6,63  5,68 

42.010  Z‐Hentriaconteno  ‐  4,65  ‐  ‐  1,29  2,27  6,67  3,99  ‐  1,76  ‐  ‐  ‐  ‐ 

42.020  Z‐Hentriaconteno  ‐  ‐  2,78  6,66  1,71  4,78  ‐  5,06  2,63  2,03  6,80  7,83  4,76  4,35 

42.166  Z‐Hentriaconteno  ‐  1,21  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  1,43  ‐  0,57  ‐  ‐  ‐  ‐ 

42.256  Z‐Hentriaconteno  2,09  2,86  ‐  0,05  ‐  ‐  0,31  1,40  ‐  ‐  ‐  0,79  0,30  1,09 

42.592  Hentriacontano  1,34  6,44  1,35  0,73  1,75  1,46  0,59  4,87  1,01  0,81  2,97  0,38  0,54  0,39 

43.568  ?  14,99  0,07  0,07  0,57  0,18  0,35  0,49  0,25  0,15  0,15  ‐  0,85  0,19  0,28 

43.935  ?  0,98  0,13  0,12  ‐  0,30  ‐  ‐  ‐  0,13  0,10  ‐  0,14  ‐  0,19 

45.714  ZZ‐Tritriacontadieno  ‐  0,31  0,25  ‐  0,99  0,14  ‐  ‐  0,21  0,47  ‐  ‐  ‐  ‐ 

45.858  ZZ‐Tritriacontadieno  ‐  0,33  0,31  ‐  0,61  0,03  ‐  0,14  0,20  0,19  ‐  ‐  ‐  ‐ 

46.342  Z‐Tritriaconteno  0,89  3,11  1,69  0,07  5,24  0,62  ‐  1,31  1,80  1,79  ‐  0,25  0,438  0,46 

46.601  ?  1,23  0,54  0,23  0,24  0,41  0,09  0,32  ‐  0,18  0,29  0,84  0,67  0,240  0,37 

47.317  ?  ‐  0,39  ‐  ‐  0,11  ‐  ‐  0,23  ‐  ‐  ‐  0,52  ‐  ‐