caracterização funcional e mecânica de um pavimento
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UNIVERSIDADE DA BEIRA INTERIOR Engenharia
Caracterização funcional e mecânica de um pavimento betuminoso permeável em troço
experimental
(Versão final após defesa)
Tiago da Silva Santos
Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em
Engenharia Civil (Ciclo de Estudos Integrado)
Orientadora: Prof. Doutora Marisa Sofia Fernandes Dinis de Almeida
Covilhã, novembro de 2018
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Aos meus pais e irmão, a quem devo tudo o que sou hoje.
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v
Agradecimentos
A presente dissertação representa o culminar de uma etapa fundamental da minha vida, etapa
esta que me trouxe ensinamentos fulcrais do ponto de vista pessoal e profissional. Chegado a
esta fase quero deixar alguns agradecimentos a algumas pessoas e entidades que me
proporcionaram um grande apoio e, sem as quais, este trabalho não seria alcançado com êxito.
Começo por agradecer à minha orientadora, Professora Doutora Marisa Sofia Fernandes Dinis
de Almeida, por todo o apoio incondicional, por toda a disponibilidade, incentivo, dedicação e
extraordinária capacidade de orientação. Quero também agradecer a sua amizade e os
momentos de boa disposição durante a realização desta dissertação. Todas as palavras que lhe
possa dedicar serão sempre poucas para lhe agradecer tudo o que fez por mim.
À Professora Doutora Cristina Maria Sena Fael por toda a ajuda prestada durante uma parte da
realização desta dissertação, pelo seu incentivo, disponibilidade, amizade e por todos os
ensinamentos durante os anos que frequentei o curso de Engenharia Civil.
A todos os docentes que marcaram o meu percurso académico, pelo seu enorme contributo na
minha formação.
À Universidade da Beira Interior por ter sido a minha segunda casa e por todas as condições que
me disponibilizou para a minha formação académica.
À Universidade do Minho pela ajuda na realização dos ensaios que serviram de base na presente
dissertação.
Aos Srs. Albino, Félix e Luciano, técnicos do Departamento de Engenharia Civil e Arquitetura,
pela ajuda e boa disposição demonstrada na realização dos ensaios, mas também, pelos bons
momentos partilhados ao longo destes anos.
Aos meus amigos, Rúben Marques, Diogo Coelho e Luís Moreira, por toda a amizade, lealdade e
partilha de bons momentos durante o percurso académico.
Aos meus amigos, Tiago Duarte, Raquel Mouro e Jorge Vicente, por todos os momentos
fantásticos que me proporcionaram durante estes anos.
Aos meus amigos, Diogo Macedo e Andreia Macedo, por toda a ajuda e amizade demonstrada
durante o percurso académico.
À minha colega e amiga, Márcia Afonso, pela grande ajuda, amizade e apoio incondicional
durante o desenvolvimento desta dissertação, sem ela nada seria possível.
vi
À minha prima, Ana Silva, pelo seu companheirismo, amizade e grandes momentos de felicidade
partilhados ao longo da vida.
À minha cunhada e aos meus sobrinhos, por todos os bons momentos, grande amizade e carinho
demonstrados ao longo dos anos.
Ao meu irmão, o melhor amigo e companheiro que se pode desejar. Um grande obrigado por
todos os ensinamentos e encorajamento ao longo da minha vida. Será sempre um exemplo de
determinação que seguirei.
Aos meus pais, que são a razão de eu ter conseguido terminar esta etapa da minha vida com
sucesso. Eles são a principal fonte de inspiração e carinho que me leva a atingir todos os meus
objetivos. Um muito obrigado por todo o esforço e dedicação que me prestam todos os dias da
minha vida.
A toda a minha família por todo o apoio e carinho.
À minha namorada, por todo o apoio, motivação, carinho, compreensão e ajuda. Agradeço-lhe
toda a paciência que teve comigo durante a realização desta dissertação e todo o carinho que
ofereceu ao longo destes anos.
A todos um muito obrigado.
vii
Resumo
O crescimento da população em meio urbano leva a um aumento do número de habitações e,
consequentemente, a uma ocupação excessiva dos solos. Esta ocupação faz com que aumentem
as áreas impermeáveis levando ao aumento do escoamento superficial e respetiva diminuição
da taxa de infiltração deste. Neste sentido, é necessário que o Homem crie soluções eficazes
para resolver esta problemática podendo estas passar pela introdução de novas infraestruturas,
os pavimentos permeáveis.
Esta dissertação pretende viabilizar a utilização dos pavimentos permeáveis através de um
estudo experimental realizado do ponto de vista funcional e mecânico e assim, caracterizar o
comportamento dos pavimentos permeáveis com uma dupla camada de mistura betuminosa
drenante.
Nesta dissertação apresentam-se alguns trabalhos de outros autores sobre a capacidade de
infiltração em pavimentos permeáveis, bem como sobre o tratamento de dados do ensaio do
Defletómetro de Impacto em pavimentos convencionais.
Neste estudo mostram-se ainda os resultados obtidos pelos três ensaios realizados num troço
experimental desenvolvido no concelho da Covilhã. Os ensaios realizados permitem avaliar a
macrotextura, o atrito e a capacidade de carga do pavimento e denominam-se, respetivamente,
de ensaio da Mancha de Areia, Pêndulo Britânico e Defletómetro de Impacto.
No que concerne aos ensaios de caracterização funcional, o ensaio da Mancha de Areia e do
Pêndulo Britânico, os resultados obtidos são cumpridores dos valores mínimos exigidos pelo
Caderno de Encargos Tipo Obra das Infraestruturas de Portugal, ex-Estradas de Portugal.
Relativamente ao ensaio de caracterização mecânica realizado, o ensaio do Defletómetro de
Impacto, concluiu-se após a retro-análise que os módulos de deformabilidade são inferiores aos
dos pavimentos tradicionais.
Palavras-chave
FWD; Mancha de Areia; Pavimentos Permeáveis; Pêndulo Britânico
viii
ix
Abstract
Population growth in urban áreas leads to an increase in the number of habitations and,
consequently, to an excessive land occupation. This occupation increases the impermeable
areas, leading to an increase in surface runoff and a decrease in infiltration rate. Thus, it is
necessary that humans creates effective solutions to solve this problem, which may involve the
introduction of new infrastructures like permeable pavements.
This master thesis has the objective to make feasible the use of permeable pavements through
an experimental study carried out from the functional and mechanical point of view and thus,
characterize the behaviour of the permeable pavements with a double layer porous asphalt.
In this master thesis some researches of other authors about infiltration rate in permeable
pavements are shown, as well as some works about the Falling Weight Deflectometer data
treatment in conventional pavements.
This study also shows the results obtained by the tree tests performed in an experimental
pavement developed in Covilhã. The tests allows the evaluation of the macrotexture, the
friction and the load capacity of the pavement through of Mean Texture Depth, British
Pendulum and Faliing Weight Deflectometer, respectively.
Concerning to the functional characterization tests, the Mean Texture Depth and British
Pendulum, the results obtained are in compliance with the minimum values required by
Caderno de Encargos Tipo Obra das Infraestruturas de Portugal, Ex Estradas de Portugal. In
relation to the mechanical characterization test carried out, the Faliing Weight Defloctometer
test, we can see that after retro-analysis procedure, the deformability modules are smaller
than those for tradicional pavements.
Keywords:
FWD; Mean Texture Depth; Permeable pavements; British Pendulum;
x
xi
Índice
Capítulo 1 ...................................................................................................................................... 1
1.1 Enquadramento temático ............................................................................................. 1
1.2. Objetivos do estudo ........................................................................................................... 1
1.3 Organização do trabalho ..................................................................................................... 2
Capítulo 2 – Estado de Arte sobre Pavimentos Permeáveis ......................................................... 3
2.1. Contextualização da utilização dos pavimentos permeáveis ............................................ 3
2.2. Limitações e Benefícios ...................................................................................................... 4
2.3. Estrutura dos pavimentos permeáveis .............................................................................. 5
2.3.1. Camada de desgaste ................................................................................................... 5
2.3.2. Camada de base e sub-base ........................................................................................ 6
2.4. Sistemas de infiltração de pavimentos permeáveis........................................................... 6
2.4.1. Sistema de infiltração total ......................................................................................... 8
2.4.2. Sistema de infiltração parcial ...................................................................................... 8
2.4.3. Sistema sem infiltração ............................................................................................... 9
2.5. Estudos de outros autores sobre os pavimentos permeáveis ......................................... 10
2.5.1. Kumar et al., (2016) ................................................................................................... 10
2.5.2. Drake et al., (2014) .................................................................................................... 11
2.5.3. Trandem (2016) ......................................................................................................... 13
Capítulo 3 - Desempenho Funcional e Mecânico dos Pavimentos ............................................. 15
3.1. Introdução ........................................................................................................................ 15
3.2 Textura .............................................................................................................................. 16
3.2.1 Mancha de areia ......................................................................................................... 18
3.2.2 Ensaios tecnológicos com equipamento a laser ........................................................ 22
3.2.2.1 Circular Texture Meter ............................................................................................ 22
3.2.2.2 Rugo ........................................................................................................................ 23
3.3 Atrito ................................................................................................................................. 23
3.3.1 Pêndulo Britânico ....................................................................................................... 26
3.3.2 Grip-Tester ................................................................................................................. 27
3.3.3 SCRIM ......................................................................................................................... 28
3.4 Regularidade ..................................................................................................................... 30
3.4.1 Regularidade Transversal ........................................................................................... 30
3.4.1.1 Régua ....................................................................................................................... 31
xii
3.4.2 Regularidade Longitudinal .......................................................................................... 32
3.4.2.1 Perfilómetro a laser ................................................................................................. 34
3.5 Desempenho mecânico dos pavimentos .......................................................................... 35
3.5.1 Equipamentos de ensaio ............................................................................................ 36
3.5.1.1 Viga Benkelman ....................................................................................................... 37
3.5.1.2 Defletógrafo de Lacroix ........................................................................................... 38
3.5.1.3 Defletómetro de impacto ( Falling Weight Deflectometer – FWD) ........................ 39
3.5.2 Processo de retro-análise ........................................................................................... 40
3.5.2.1 Módulos semente .................................................................................................... 41
3.5.2.2 Espessura das camadas ........................................................................................... 41
3.5.2.3 Camadas rígidas ....................................................................................................... 42
3.5.2.4 Relação entre as camadas ....................................................................................... 42
3.5.2.5. Temperatura ........................................................................................................... 43
3.5.3. Metodologias existentes ........................................................................................... 44
3.5.4. Estudos realizados com recurso ao defletómetro de impacto ................................. 47
Capítulo 4 - Trabalho Experimental ............................................................................................. 51
4.1. Descrição do local do trabalho experimental................................................................... 51
4.2. Ensaio da Mancha de Areia .............................................................................................. 52
4.3. Pêndulo Britânico ............................................................................................................. 54
4.4. Ensaio do Defletómetro de impacto - FWD ..................................................................... 56
4.4.1. Deflexões obtidas e normalização ............................................................................. 56
4.4.2. Tratamento dos resultados do ensaio FWD .............................................................. 58
Capítulo 5 - Considerações finais ................................................................................................ 69
5.1 Conclusões ......................................................................................................................... 69
5.2 Trabalhos futuros .............................................................................................................. 70
Referências Bibliográficas ........................................................................................................... 71
Acervo Normativo ....................................................................................................................... 75
xiii
Índice de figuras
Figura 2.1-Modelo da estrutura de um pavimento permeável (adaptado Trandem,2016) ........ 5
Figura 2.2 - Camadas do pavimento (adaptado de Tenreiro, 2016) .................................. 6
Figura 2.3 - Sistema de infiltração total (adaptado de Tenreiro, 2016) ............................. 8
Figura 2.4 - Sistema de infiltração parcial (Adaptado de Tenreiro, 2016) .......................... 9
Figura 2.5 - Sistema sem infiltração (Adaptado de Tenreiro, 2016) .................................. 9
Figura 2.6 - Percentagem da taxa de infiltração inicial para os três pavimentos durante os 4
anos de estudo (Kumar et al., 2016) ..................................................................... 11
Figura 2.7 - Percentagem da taxa de infiltração inicial para os três pavimentos durante os 3
anos de estudo (Drake et al. 2016) ....................................................................... 12
Figura 2.8 - Diminuição da percentagem de água infiltrada ao longo do tempo (Adaptado de
Trandem (2016) .............................................................................................. 14
Figura 3.1 - Gama de valores da textura (Menezes, 2008) .......................................... 16
Figura 3.2 - Profundidade média da textura de uma superfície de um pavimento (Duarte,
2011) ........................................................................................................... 18
Figura 3.3 - Material necessário para o ensaio da mancha de areia (Relhas, 2012) ............ 19
Figura 3.4 - Realização do ensaio Mancha de areia no troço experimental ...................... 21
Figura 3.5 - Ctmeter (à esquerda) e zona de contacto do Ctmeter com o pavimento (à
direita) ......................................................................................................... 22
Figura 3.6 - Rugo (À esquerda) e emissora de raios laser (À direita) (LCPC, 2004) ............. 23
Figura 3.7 - Evolução do CAT num curto período de tempo (Pereira e Miranda, 1999) ........ 24
Figura 3.8 - Evolução do CAT com o tráfego total acumulado, TTA (106) (Pereira e Miranda,
1999) ........................................................................................................... 25
Figura 3.9 - Pêndulo Britânico nos ensaios realizados no troço experimental .................... 26
Figura 3.10 - Grip-Tester num ensaio (à esquerda) (EASA, 2010) e mecanismo do Grip-Tester
(à direita) (Menezes, 2008) ................................................................................ 27
Figura 3.11 - Equipamento SCRIM (à esquerda) e esquema do SCRIM (à direita) (Coutinho,2011;
Alves, 2007) ................................................................................................... 29
Figura 3.12 - Ensaio da régua para avaliação da irregularidade transversal (Maia, 2012) ..... 31
xiv
Figura 3.13 - Perfilómetro a laser das Estradas de Portugal (Luz, 2011) ......................... 34
Figura 3.14 - Evolução das deflexões de pavimentos ao longo do tempo (Pereira & Miranda,
1999) ........................................................................................................... 35
Figura 3.15 - Equipamentos utilizados para ensaios não destrutivos em pavimentos
(Franscisco, 2012) ........................................................................................... 36
Figura 3.16 - Desenho esquemático da viga Benkelman (Francisco, 2012) ........................ 37
Figura 3.17 - Camião de transporte do defletógrafo de Lacroix (à esquerda) e viga metálica (à
direita) (Francisco, 2012) .................................................................................. 38
Figura 3.18 - Ensaio do defletómetro de impacto (FWD) realizado no troço experimental ... 39
Figura 3.19 - Defletómetro de impacto e zonas de tensão em cada camada (Correia, 2014) 42
Figura 3.20 - Exemplo de iterações realizadas para ajustar os defletogramas calculados e
medidos (Branco et al., 2011) ............................................................................. 46
Figura 4.1 - Pavimento em estudo ....................................................................... 51
Figura 4.2 - Representação em planta dos pontos do ensaio da Mancha de Areia .............. 52
Figura 4.3 - Ensaio do Pêndulo Britânico realizado no pavimento ................................. 54
Figura 4.4 - Representação em planta dos pontos do ensaio FWD ................................. 56
Figura 4.5 - Dados da aplicação da carga no programa BISAR ...................................... 58
Figura 4.6 - Exemplo de introdução de valores para o ponto de ensaio 1 ........................ 59
Figura 4.7 - Exemplo de introdução de valores para o ponto de ensaio 2 ........................ 59
Figura 4.8 - Distância dos geofones ao ponto de aplicação da carga no ponto 1 ................. 60
Figura 4.9 - Distância dos geofones ao ponto de aplicação da carga no ponto 2 ................ 60
Figura 4.10 - Relação entre as deflexões medidas e calculadas para o ponto 1 (iteração 2) . 62
Figura 4.11 - Relação entre as deflexões medidas e calculadas para o ponto 2 (iteração 2) . 62
Figura 4.12 - Relação entre as deflexões medidas e calculadas para o ponto 3 (iteração 1) . 63
Figura 4.13 - Relação entre as deflexões medidas e calculadas para o ponto 4 (iteração 2) . 63
Figura 4.14 - Mapa de temperaturas médias do ar do mês de Novembro 2017 (IPMA),
consultado em https://www.ipma.pt (10/09/2018) .................................................. 65
Figura 4.15 - Ábaco de Shell (Lopes,2009) ............................................................. 65
xv
Índice de Quadros
Quadro 2.1 - Sistemas de pavimentos permeáveis (adaptado de Azzout et al., 1994) ............ 7
Quadro 3.1 - Tipologia de superfícies (adaptado de INAC, 2012) ................................... 17
Quadro 3.2 - Valores mínimos de macrotextura superficial a obter em fases de obra com o
método volumétrico da mancha em camadas de desgaste (Adaptado de CEEP, 2014) ......... 20
Quadro 3.3 - Classificação da macrotextura com os resultados da Mancha de Areia (Adaptado
de INAC,2012) ................................................................................................ 21
Quadro 3.4 - Valores mínimos de profundidade média de textura superficial a obter por lote
em camadas de desgaste por medição em contínuo (CEEP, 2014) .................................. 23
Quadro 3.5 - Valores do coeficiente de atrito pontual (Pendulum Test Value) (adaptado de
CEEP,2014) .................................................................................................... 27
Quadro 3.6 - Valores para o coeficiente de atrito em contínuo (CEEP, 2014) .................... 29
Quadro 3.7 - Critérios de regularidade para camadas em misturas betuminosas quando não se
proceda à determinação de IRI ............................................................................ 32
Quadro 3.8 - Valores admissíveis de IRI (m/km), calculados por troços de 100 metros
(Adaptado CEEP,2014) ...................................................................................... 33
Quadro 3.9 - Valores admissíveis de IRI (m/km) calculados por troços de 100 metros em
pavimentos reabilitados com espessura de misturas betuminosas igual ou inferior a 0,10 m
(Adaptado CEEP,2014) ...................................................................................... 33
Quadro 3.10 - Classificação dos valores de IRI (Adaptado CEEP,2014) ............................. 33
Quadro 3.11 - Módulos de deformabilidade para camadas do pavimento (Adaptado de EP,1995)
.................................................................................................................. 45
Quadro 3.12 - Resultados obtidos para os módulos de deformabilidade após a retro-análise
(Adaptado de Machado et. al.,(2013) .................................................................... 48
Quadro 3.13 - Dados comparativos da retro-análise para a A17 com recurso a vários programas
de cálculo (adaptado de Correia e Picado-Santos, 2014) ............................................. 49
Quadro 3.14 - Dados comparativos da retro-análise para a A7 com recurso a vários programas
de cálculo (adaptado de Correia e Picado-Santos, 2014) ............................................. 49
Quadro 4.1 - Resultados do ensaio da mancha de areia com equipamento da UM ............... 53
xvi
Quadro 4.2 - Resultados do ensaio da mancha de areia com o equipamento da UBI ............ 53
Quadro 4.3 - Resultados do ensaio do Pêndulo Britânico ............................................. 55
Quadro 4.4 - Correção dos valores de temperatura de ensaio (Adaptado de EN 13036-4:2011)
.................................................................................................................. 55
Quadro 4.5 - Deflexões registadas durante o ensaio FWD ............................................ 57
Quadro 4.6 - Normalização das deflexões ............................................................... 57
Quadro 4.7 - Valores das deformações calculadas pelo BISAR para todos os pontos ............ 61
Quadro 4.8 - Cálculo do erro para cada iteração e ponto e respetivo RMSE Erro! Marcador não
definido.
Quadro 4.9 - Módulos de deformabilidade utilizados para o processo iterativo no programa
BISAR ........................................................................................................... 64
Quadro 4.10 - Módulos de deformabilidade para as várias camadas de todos os pontos
ensaiados após o ajuste da temperatura ................................................................ 66
xvii
Lista de Acrónimos
ANAC (Ex-INAC) Agência Nacional de Aviação Civil
EASA European Aviation Safety Agency
EUA Estados Unidos da América
FWD Falling Weight Deflectometer
IFI International Friction Index
LCPC Laboratoire Central des Ponts et Chaussées
LID Low Impact Development
LNEC Laboratório Nacional de Engenharia Civil
PIARC Permanent International Association of Road Congress
UBI Universidade da Beira Interior
UM Universidade do Minho
WSUD Water Sensisitive Urban Design
BBd Betão betuminoso drenante
dci Deflexão calculada para o ponto de ensaio i
xviii
dmi Deflexão medida para o ponto de ensaio i
Dn Deflexão normalizada
E20 Módulo de deformabilidade para a temperatura de referência de 20ºC
Eg Módulo da camada granular
Es Módulo da camada do solo de fundação
ET Módulo de deformabilidade para a temperatura T
F60 Valor do coeficiente de atrito a uma velocidade de 60 km/h
GN Grip Number
hg Espessura da camada
n Deflexão para um ponto de ensaio
PA Porous Asphalt
S Velocidade de ensaio
1
Capítulo 1
1.1 Enquadramento temático
Nos tempos que decorrem enfrentamos uma problemática que assola principalmente as áreas
urbanas, as cheias. É cada vez mais comum, durante as estações chuvosas, assistirmos a
fenómenos de cheia em zonas habitacionais devido, essencialmente, à impermeabilização dos
solos. Dado este problema, os pavimentos permeáveis surgem como uma medida de mitigação
das cheias através da redução do escoamento superficial devido à sua capacidade de infiltração
e armazenamento.
Para além das qualidades, dos pavimentos permeáveis, relacionadas com a capacidade de
infiltração e consequente redução do volume de escoamento superficial, é também importante
conhecer a sua eficácia relativamente ao seu comportamento funcional e mecânico e perceber
se estes pavimentos se destacam como uma solução viável em detrimento dos pavimentos
convencionais.
Os pavimentos permeáveis podem ter vários materiais à sua superfície, como é o caso de blocos
de betão, betão poroso, blocos vazados ou mesmo misturas betuminosas drenantes, sendo a
última solução objeto de estudo desta dissertação.
No sentido de incentivar o desenvolvimento acerca dos pavimentos permeáveis, realiza-se nesta
dissertação um estudo acerca do comportamento funcional e mecânico destes. Nesta
dissertação apresentar-se-ão os resultados dos ensaios da Mancha de Areia, do Pêndulo
Britânico e do defletómetro de impacto, realizados num parque de estacionamento executado
no concelho da Covilhã, e através destes, chegar a resultados que melhor classifiquem o
comportamento dos pavimento permeáveis, e neste caso, dos pavimentos com uma dupla
camada drenante à superfície.
1.2. Objetivos do estudo
O objetivo da realização desta dissertação é avaliar o comportamento funcional e mecânica de
um pavimento permeável construído na Boidobra, no concelho da Covilhã, e perceber se este
apresenta características vantajosas para a sua utilização.
A falta de informação referente a esta temática foi também um incentivo para a realização
deste estudo, visto que há ainda muitas lacunas na regulamentação disponível bem como,
poucos estudos sobre o comportamento funcional e mecânico sobre os pavimentos permeáveis.
Nesta dissertação são descritos também resultados de trabalhos de outros autores acerca da
avaliação hidrológica dos pavimentos permeáveis. No que concerne à avaliação mecânica,
2
encontram-se apenas descritos resultados de autores sobre o ensaio do defletómetro de
impacto, ainda que, em pavimentos convencionais.
Com este estudo pretende-se mostrar os resultados dos ensaios da Mancha de Areia, do Pêndulo
Britânico e do defletómetro de impacto para avaliar o desempenho funcional e mecânico do
pavimento permeável. Analisando a macrotextura (Mancha de Areia), o atrito (Pêndulo
Britânico) e a capacidade de carga (Defletómetro de Impacto) é possível conhecer-se melhor
como se comporta a camada superficial e as restantes camadas do pavimento em relação a
estes parâmetros.
1.3 Organização do trabalho
O trabalho desenvolvido é constituído por cinco capítulos, que se descrevem nesta secção.
No presente capítulo, o capítulo 1, começa por se fazer um enquadramento temático desta
dissertação e de seguida, apresentam-se os objetivos deste trabalho e a respetiva organização.
No capítulo 2, apresenta-se uma breve contextualização acerca dos pavimentos permeáveis
onde são explicadas algumas das funcionalidades destes e a sua utilização em outros países.
Nesse capítulo são também exemplificadas algumas limitações e benefícios dos pavimentos
permeáveis, bem como a explicação da estrutura destes, desde a sua camada de desgaste à
camada de base e sub-base. Apresentam-se também os tipos de sistemas de infiltração deste
tipo de pavimentos e estudos de outros autores relacionados com o comportamento hidrológico
dos mesmos.
O capítulo 3 traduz-se como um estado de arte acerca do comportamento funcional e mecânico
dos pavimentos permeáveis. Inicialmente faz-se uma introdução acerca dos parâmetros que se
pretendem avaliar, como a textura, o atrito e a capacidade de carga. De seguida são descritos
estes parâmetros, onde se apresentam os ensaios da Mancha de Areia, do Pêndulo Britânico, do
Defletómetro de Impacto e ainda outros ensaios que têm a mesma função mas que não foram
utilizados neste estudo. Nesse capítulo são também apresentados quadros que contêm valores
padrão segundo diferentes especificações e normas. No que concerne à explicação do ensaio
do defletómetro de impacto, apresenta-se detalhadamente todo o processo de análise dos
dados obtidos no pavimento, processo esse chamado de retro-análise. No fim desse capítulo
apresentam-se trabalhos de outros autores relacionados com o tratamento de dados do
defletómetro de impacto em pavimentos tradicionais.
No capítulo 4 apresentam-se os resultados do trabalho prático realizado em campo, onde
também se encontram descritas as metodologias utilizadas nos ensaios da Mancha de Areia, do
Pêndulo Britânico e do Defletómetro de Impacto.
No capítulo 5 são apresentadas as principais conclusões deste trabalho, mas também sugestões
para eventuais trabalhos futuros.
3
Capítulo 2 – Estado de Arte sobre
Pavimentos Permeáveis
2.1. Contextualização da utilização dos pavimentos permeáveis
No presente capítulo aborda-se o tema sobre os pavimentos permeáveis que tem como objetivo
clarificar a utilidade dos mesmos, bem como as melhorias que apresentam em relação aos
pavimentos convencionais.
A população mundial tem aumentado progressivamente, sendo este um dos problemas
causadores do acréscimo da quantidade de áreas impermeáveis nas cidades e consequente
aumento do escoamento superficial (Kamali et al., 2017; Kumar et al., 2016; Rodriguez-Rojas
et al., 2018).
A problemática do crescimento populacional e respetiva ocupação excessiva do solo, interligada
com as alterações climáticas, levam a um aumento da ocorrência de cheias por períodos mais
longos (Afonso et al.,2017).
Para combater a ineficácia dos pavimentos impermeáveis em infiltrar as águas pluviais,
adotaram-se nos últimos anos medidas de mitigação que permitem escoar maiores quantidades
da água. Desta forma, os pavimentos permeáveis contribuem de forma positiva na redução do
escoamento superficial (Brattebo and Booth, 2003; Valeo and Kupta, 2018).
A utilização dos pavimentos permeáveis contribui para a minimização dos poluentes existentes
no escoamento superficial e para um abastecimento dos lençóis freáticos através da sua eficaz
capacidade de infiltração (Al-Rubaei et al.,2015).
No que diz respeito ao desempenho hidrológico dos pavimentos permeáveis salientam-se três
funções base. A primeira função está relacionada com a infiltração total das águas pluviais para
eventos chuvosos com precipitações menores que 20 mm. A segunda função é fazer com que
seja retardada a acumulação de águas provenientes de eventos chuvosos com precipitações
entre 20 e 40 mm, e por fim, a terceira função, com o objetivo de diminuir as inundações à
superfície para precipitações superiores a 40 mm. Note-se que, a terceira função é apenas
válida caso o solo de fundação seja capaz de infiltrar água e encaminhar a mesma para um
eventual lençol de água subterrâneo, caso contrário a água acumular-se-á na estrutura do
pavimento e não haverá vazão suficiente, o que levará a um aumento do escoamento
superficial. Caso se verifique esta situação pode-se recorrer à utilização de um sistema auxiliar
que encaminhe parte da água para um local de armazenamento extra (Trandem, 2016 adaptado
de Magnussen et al., 2015).
4
Os pavimentos permeáveis têm vindo a ser utilizados nas últimas décadas como estratégias de
tratamento das águas, conhecidas na Europa como SUDS (do inglês Sustainable Urban Drainage
Systems), na Austrália como WSUD (do inglês Water Sensitive Urban Design) e nos EUA como LID
(do inglês Low Impact Development) (Lucke et al., 2014 ; Nichols et al., 2014).
2.2. Limitações e Benefícios
Segundo Smith (2006) e Trandem (2016) existem vários benefícios e limitações associadas à
utilização de pavimentos permeáveis. A listagem que se segue mostra vários benefícios e
limitações:
Benefícios:
• Redução de 100% do escoamento superficial para eventos chuvosos com precipitações
abaixo dos 20 mm;
• Abastecimento de lençóis freáticos e aquíferos quando o solo permite a infiltração da
água;
• Redução dos poluentes na água infiltrada;
• Redução de custos associados ao sistema de recolha e tratamento de águas;
• Redução do risco de aquaplanagem;
• Diminuição do risco de formação de gelo à superfície do pavimento;
• Possibilidade de armazenamento e utilização da água infiltrada para diversos fins.
Limitações:
• Manutenção e limpeza com regularidade de modo a evitar a colmatação dos vazios do
pavimento;
• Utilização do pavimento permeável em zonas de baixo tráfego dada a sua menor
capacidade de carga;
• Avaliação do desempenho do pavimento permeável a médio/longo prazo através da
monitorização de troços experimentais de forma a melhorar o processo construtivo de
futuras aplicações.
5
2.3. Estrutura dos pavimentos permeáveis
No que concerne à constituição dos pavimentos permeáveis pode-se considerar que estes são
formados por várias camadas que apresentam diferentes funcionalidades, da mesma forma
como acontece com outro tipo de pavimentos. Relativamente aos permeáveis, como se percebe
pela sua designação, estes devem ter níveis de porosidade mais elevados que os pavimentos
tradicionais, como tal, as camadas de base e sub-base devem ter características semelhantes
à camada de desgaste (Cahill et al.,2003).
Na figura 2.1 apresenta-se o modelo da estrutura de um pavimento permeável.
Figura 2.1-Modelo da estrutura de um pavimento permeável (adaptado Trandem,2016)
2.3.1. Camada de desgaste
Atualmente, os pavimentos permeáveis têm sido cada vez mais uma opção válida para combater
inúmeras falhas relacionadas com a utilização de pavimentos convencionais. Trandem (2016)
considera dois princípios básicos que caracterizam a camada de desgaste de um pavimento
permeável. Em materiais como o asfalto poroso, betão poroso, relva ou cascalho a água infiltra-
se diretamente, enquanto que em superfícies revestidas com os blocos de betão intertravados
a água infiltra-se através dos espaços que existem na camada superficial.
Tenreiro (2016) considera que para definir o material a ser utilizado na camada de desgaste se
deve ter em conta a sua capacidade de infiltração e o seu desempenho mecânico consoante a
circulação de veículos a que o pavimento está sujeito.
6
2.3.2. Camada de base e sub-base
As camadas de base e sub-base são as camadas colocadas imediatamente abaixo da de desgaste.
Estas têm como função, conferir maior espessura ao pavimento bem como encaminhar as cargas
que são aplicadas à superfície até ao solo de fundação (Virgiliis, A., 2009). Estas camadas
apresentam ainda uma outra funcionalidade, a de reservatório, nos casos dos pavimentos
permeáveis.
Segundo Tenreiro (2016), a função de reservatório é assumida, de forma a que as águas pluviais
drenadas à superfície sejam encaminhadas para um sistema de drenagem ou sejam infiltradas
no solo.
Na figura 2.2 é apresentado um modelo que representa as camadas de um pavimento.
Figura 2.2 - Camadas do pavimento (adaptado de Tenreiro, 2016)
2.4. Sistemas de infiltração de pavimentos permeáveis
Os pavimentos permeáveis, tendo em conta a sua utilidade ao nível estrutural, podem
considerar-se como estrutura reservatório. De acordo com Acioli (2005) estes pavimentos têm
essa denominação devido às funções desempenhadas pela sua condição porosa pela qual são
constituídos:
• Função mecânica, associada à estrutura do pavimento que permite suportar os
carregamentos impostos pelo tráfego de veículos;
7
• Função hidráulica, que pela porosidade dos materiais, assegura a retenção temporária
das águas, seja através de drenagem ou através da capacidade de infiltração do solo
de fundação.
Segundo Azzout et al. (1994), os pavimentos encontram-se divididos em quatro tipos, os
pavimentos com revestimento impermeável com ou sem infiltração no solo e os pavimentos
com revestimento drenante com ou sem infiltração no solo. O quadro 2.1 mostra os diferentes
tipos de pavimentos considerados:
Quadro 2.1 - Sistemas de pavimentos permeáveis (adaptado de Azzout et al., 1994)
Para os pavimentos com saída de água por encaminhamento, a água armazenada pode ser
reutilizada para fins que recorram a água não potável (Acioli, 2005) como é o caso dos sistemas
de regadio.
O funcionamento hidráulico dos pavimentos permeáveis baseia-se em três aspetos
fundamentais (Pratt,1999 citado por Tenreiro 2016):
• Entrada da água da chuva na estrutura do pavimento;
• Acumulação temporária da água no interior do pavimento;
• Escoamento lento da água por infiltração no solo, por drenagem ou através de uma
combinação de ambas as formas.
Drenagem Distribuída Drenagem Localizada
Pavimento com
dispositivos de
infiltração de água
Pavimento com
dispositivos de
retenção de água
8
No que concerne à infiltração da água no solo através do pavimento, esta pode subdividir-se
ainda em três sistemas referidos por Schueler (1987) como os sistemas de infiltração total,
parcial ou sem infiltração.
Lin et al. (2014) classificam estes sistemas através das suas taxas de infiltração. Estes autores
consideram que para os sistemas de infiltração total os valores estão compreendidos entre 0,1×
10 -1 e 1× 10-3 mm/s e para os de sistemas de infiltração parcial os valores variam entre 1,0 ×
10-3 e 1,0 × 10-5 mm/s.
2.4.1. Sistema de infiltração total
Neste sistema de infiltração a única saída possível da água é através da sua infiltração no solo.
Desta forma a estrutura do pavimento deve possuir uma camada reservatório suficientemente
grande para que, em casos de chuvas intensas, essas águas pluviais possam ser armazenadas
enquanto o solo infiltra outra parte da água (Acioli, 2005).
A figura 2.3 apresenta o exemplo do sistema de infiltração total.
Figura 2.3 - Sistema de infiltração total (adaptado de Tenreiro, 2016)
2.4.2. Sistema de infiltração parcial
Quando a taxa de infiltração do solo não dá resposta à quantidade de água acumulada, é
necessária a utilização de sistemas de drenagem auxiliares que encaminhem esta através de
tubos perfurados drenantes. Estes tubos drenantes encontram-se instalados na camada
imediatamente acima do solo de fundação e funcionam como uma saída da água armazenada
evitando uma grande acumulação de água na camada de reservatório, possibilitando a
renovação continuada desse espaço (Acioli, 2005). Na figura 2.4 apresenta-se um exemplo para
o sistema de infiltração parcial.
9
Figura 2.4 - Sistema de infiltração parcial (Adaptado de Tenreiro, 2016)
2.4.3. Sistema sem infiltração
Este sistema não possui qualquer tipo de infiltração, sendo que a água pode ser totalmente
recolhida utilizando uma membrana impermeável e flexível. Este sistema é utilizado em
situações em que o solo de fundação possui reduzida permeabilidade e uma inadequada
capacidade de carga (Interpave, 2010 citado por Tenreiro, 2016). Em zonas contaminadas em
que existe a possibilidade de infiltração de agentes poluentes para os aquíferos e lençóis de
água subterrâneos estes sistemas também podem ser utilizados. Noutra perspetiva, a água
captada pelo tubo de drenagem pode ser utilizada para outros fins, tais como em mecanismos
de irrigação, águas sanitárias ou lavagem (Acioli, 2005). A figura 2.5 apresenta o exemplo de
um sistema sem infiltração.
Figura 2.5 - Sistema sem infiltração (Adaptado de Tenreiro, 2016)
10
2.5. Estudos de outros autores sobre os pavimentos permeáveis
Durante alguns anos têm sido levados a cabo vários estudos sobre os pavimentos permeáveis e
a sua respetiva capacidade de infiltração, uma das características mais importantes que
pretende melhorar a resposta dos pavimentos ao flagelo criado pelo aumento da precipitação
e consequente aumento do nível do escoamento superficial.
Tendo em conta esta necessidade de criar soluções sustentáveis para a sociedade atual,
apresentam-se, neste subcapítulo, alguns estudos realizados por diversos autores sobre o
desempenho hidrológico dos pavimentos permeáveis.
2.5.1. Kumar et al., (2016)
Neste estudo, desenvolvido nos EUA, os autores analisaram o comportamento hidrológico de
três tipos de pavimentos permeáveis, durante um período de quatro anos, construídos num
parque de estacionamento com dimensões de 245,8 m × 82,1 m. Os pavimentos estudados
tinham como camadas de desgaste, mistura betuminosa drenante, betão poroso e blocos de
betão.
A constituição dos três pavimentos é semelhante, no entanto, apresenta algumas diferenças no
que diz respeito à dimensão. O pavimento da mistura betuminosa drenante tem 10 cm na
camada de desgaste, 30 cm na camada de base composta por agregados britados, onde se inclui
um tubo perfurado drenante com 10 cm de diâmetro. Na separação entre esta camada e o solo
de fundação existe uma manta de geotêxtil.
Relativamente ao pavimento de betão poroso, este apresenta uma camada de desgaste com 15
cm, 30 cm na camada de base composta por agregados britados, tubo perfurado drenante com
10 cm de diâmetro e uma manta geotêxtil.
Por fim, o pavimento com os blocos de betão, possui uma camada de desgaste com 20 cm, uma
camada de preenchimento e regularização com 20 cm e 30 cm na camada de base composta
por agregados britados, onde se inclui um tubo perfurado drenante com 10 cm de diâmetro e
uma manta geotêxtil.
As conclusões obtidas por estes autores baseiam-se, essencialmente, na capacidade de
infiltração dos pavimentos permeáveis executados no parque de estacionamento. Concluiu-se
que, passados quatro anos da construção, a taxa de infiltração havia diminuído
consideravelmente devido à colmatação dos vazios dos materiais. Na figura 2.6 apresentam-se
os resultados obtidos para os diferentes pavimentos durante os quatro anos em análise.
11
Figura 2.6 - Percentagem da taxa de infiltração inicial para os três pavimentos durante os 4 anos de
estudo (Kumar et al., 2016)
No sentido de apresentarem uma solução para o decréscimo da taxa de infiltração, os autores
propõem a manutenção regular dos pavimentos através da utilização de máquinas com recurso
a mecanismos de sucção ou jatos de água de alta pressão.
2.5.2. Drake et al., (2014)
Drake et al., (2014) realizaram uma investigação sobre o desempenho hidrológico em três
pavimentos permeáveis com um sistema de infiltração parcial. Esta investigação decorreu em
Ontário, Canadá durante 3 anos.
O local do estudo é composto por quatro células que contêm três pavimentos permeáveis e um
pavimento impermeável com cerca de 230 m2 cada e com capacidade para 8-10 lugares de
estacionamento. Duas células foram construídas com blocos de betão intertravados, uma com
betão permeável e outra com uma mistura betuminosa impermeável. Entre os pavimentos
permeáveis construíram-se divisórias de betão que evitam a passagem do escoamento
superficial de um pavimento para outro. As camadas que servem de reservatório são compostas
por agregados de 19 mm e 60 mm e formam uma dupla camada com 40 cm de espessura.
Todos os pavimentos, e por se tratar de um sistema de infiltração parcial, possuem um tubo de
drenagem que encaminha a água armazenada para uma caixa de recolha de águas.
Nos resultados apresentados pelos autores constatou-se que durante os meses de inverno o
pavimento impermeável apresentou escoamento superficial, sendo este infiltrado pelos
pavimentos permeáveis adjacentes, mesmo quando este escoamento aumentava devido ao
derretimento da neve.
Segundo Drake et al. (2016) a diminuição do escoamento superficial tem implicações
importantes no que diz respeito à qualidade da água. Uma vez que as águas pluviais se infiltram
no pavimento, este funciona como um filtro para os agentes poluentes que possam estar
0
20
40
60
80
100
2009 2010 2011 2012
% t
axa d
e infi
ltra
ção
Blocos permeáveis
2009 2010 2011 2012Anos
Betão permeável
Parque deEstacionamento
2009 2010 2011 2012
Asfalto permeável
12
presentes na água infiltrada, impedindo eventuais contaminações dos lençóis freáticos e
aquíferos.
Neste estudo comprovou-se que mesmo em solos de baixa permeabilidade, com um sistema de
infiltração parcial, se consegue reduzir significativamente o volume de escoamento. Drake et
al., (2016) conseguiram com esta investigação uma redução do volume de escoamento em 43%.
Na figura 2.7 estão representados os gráficos com as variações da percentagem da taxa de
infiltração ao longo dos três anos de estudo.
Figura 2.7 - Percentagem da taxa de infiltração inicial para os três pavimentos durante os 3 anos de
estudo (Drake et al. 2016)
Nos gráficos apresentados pode constatar-se dois nomes semelhantes, os dos blocos de betão
intertravados. Isto acontece porque, de facto, os autores possuem dois pavimentos com a
mesma camada de desgaste no entanto fabricados por diferentes empresas, daí a diferença nos
nomes atribuídos nesta dissertação e na perda da taxa infiltração inicial.
Como se pode constatar pelos gráficos apresentados na figura 2.7 a percentagem da taxa de
infiltração inicial vai diminuindo com o passar dos anos, no entanto e segundo Drake et al.
(2016), a capacidade destes pavimentos em infiltrar a água que escoa à superfície é notável e
constitui assim uma solução viável para combater o excesso do escoamento superficial, mais
ainda sendo estes auxiliados por sistemas de drenagem subterrânea da água infiltrada.
0
20
40
60
80
100
2010 2011 2012
% d
a t
axa d
e infi
ltra
ção
Blocos de betão intertravados I
2010 2011 2012
Anos
Blocos de betão intertravados II
2010 2011 2012
Betão permeável
13
2.5.3. Trandem (2016)
A investigação desenvolvida por Trandem (2016) na Noruega pretende mostrar a eficácia dos
pavimentos permeáveis com blocos de betão no tratamento do escoamento superficial. As
medições realizadas pelo autor tiveram início em Maio de 2015 e terminaram em Maio 2016.
Nesta investigação foram construídas quatro zonas a serem testadas. Duas destas, denominadas
por zona 1 e zona 2, têm 120 m2 cada e são separadas por um canal drenante que coleta a água
que não é infiltrada pelos pavimentos e a encaminha para um reservatório. Neste local foi
medida a quantidade de água recolhida através do canal drenante.
As áreas abrangidas pelos pavimentos foram desenvolvidas para resistir a cargas elevadas
provocadas pela circulação de pesados nessa zona. A espessura admitida no projeto para a
secção da estrada foi de 75 cm. Estes 75 cm contemplam uma camada de desgaste de 10 cm
com blocos de betão, uma camada de base de 15 cm com agregados britados, uma sub-base
com 50 cm de agregados britados. Foi colocada uma geogrelha com o propósito de conferir
maior resistência mecânica no pavimento.
O pavimento da zona 3 apresentado por Trandem tem uma área de 104 m2 e infiltra a água
proveniente de um pavimento impermeável com 1250 m2. Numa das extremidades da zona 3
existe uma grelha pela qual escoa a água e onde é medida através de sondas. O pavimento tem
menos 20 cm que os pavimentos das zonas 1 e 2 dada a menor afluência de tráfego neste local.
Desta forma, o pavimento possui uma camada de desgaste de 10 cm de blocos de betão normal,
uma camada de base de 15 cm com agregados britados, uma camada de sub-base de 30 cm com
agregados britados e uma manta geotêxtil que separa esta camada do solo de fundação.
A zona 4 serve de monitorização artificial da capacidade de infiltração com o auxílio de um
sistema de chuveiros que debitam o equivalente a 1000 l/s/ha. A composição deste pavimento
não é descrita.
As medições feitas para as zonas 1 e 2 foram desenvolvidas entre Outubro de 2015 e Maio de
2016, e registaram-se valores do caudal, do nível do escoamento e da precipitação. O
escoamento foi medido através de sensores instalados nas tubagens por onde a água não
infiltrada se escoava.
As medições realizadas para a zona 3 foram feitas com recurso a outro canal onde também
foram medidos os caudais, o nível do escoamento e da precipitação. Os dados recolhidos pelo
autor acerca da precipitação e da água infiltrada pelo pavimento encontram-se representados
na figura 2.8.
14
Figura 2.8 - Diminuição da percentagem de água infiltrada ao longo do tempo (Adaptado de Trandem
(2016)
Como se pode constatar pela figura 2.8 referente aos dados obtidos por Trandem (2016), a
percentagem de água infiltrada diminui com o tempo decorrido. Em Novembro de 2015 a
percentagem de água infiltrada foi cerca de 82 % e cerca de 6 meses depois a percentagem de
água infiltrada pelo pavimento na zona 3 foi de cerca de 72 %. Estes dados sugerem uma
diminuição da capacidade de infiltração da água, no entanto, segundo o autor, esta é função
do tempo de precipitação, da percentagem de espaços vazios entre os blocos de betão em
relação à área total do pavimento e também da área. Com isto podemos constatar que a
diminuição da percentagem de água infiltrada pode estar relacionada com a colmatação dos
espaços vazios.
70
72
74
76
78
80
82
84
nov/15 dez/15 jan/16 jan/16 fev/16 mar/16 mar/16 abr/16 mai/16
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da
Meses
15
Capítulo 3 - Desempenho Funcional e
Mecânico dos Pavimentos
3.1. Introdução
Um pavimento tem diversas funcionalidades e apresenta-se como sendo uma infraestrutura
bastante importante no dia-a-dia da sociedade. O pavimento rodoviário tem como principais
funções conferir segurança e conforto para o utilizador que circula nas estradas. De forma a
garantir as condições necessárias para uma boa circulação devem ser tidas em conta
características funcionais como a capacidade de drenagem de águas à superfície, a aderência
e a regularidade geométrica do pavimento (Menezes, 2008).
Para além da preocupação com a avaliação funcional de um determinado pavimento, deve
também ter-se em conta a avaliação mecânica do mesmo que se relaciona, essencialmente,
com as iniciativas de conservação e reabilitação do pavimento (Couchinho, 2011). Segundo
Pereira e Miranda (1999) a avaliação mecânica, relacionada com o desempenho mecânico, tem
em conta as condições climatéricas e o tipo de tráfego.
Importa salientar que apesar de todas as preocupações do ponto de vista da idealização de um
pavimento com boas condições para os utilizadores, seja do ponto de vista funcional e/ou
estrutural, os condutores têm, também eles, uma função importante no que concerne à
segurança na circulação nas estradas com a velocidade que praticam nas mesmas. Esse e outros
fatores, como as características dos veículos, a sinalização e o traçado da estrada, fazem com
que seja cada vez mais importante a escolha adequada e a correta execução dos pavimentos
(Pinto, 2003).
Os pavimentos permeáveis posicionam-se como uma solução inovadora relativamente à
absorção da água superficial, ainda que nos dias que decorrem não existam muitos estudos
relacionados com a eficácia destes pavimentos do ponto de vista mecânico e a sua utilização
em estradas com muito tráfego.
Alguns pavimentos possuem uma camada superficial porosa e outros, como o caso do pavimento
apresentado neste estudo, possuem duas camadas porosas. Neste caso, a camada superficial
de asfalto poroso por ser composta por agregados finos, reduz a entrada de sedimentos
impedindo assim a obstrução da camada de agregados grossos, facilitando a infiltração da água.
Para uma melhor caracterização dos pavimentos relativamente ao estado funcional devem ser
considerados alguns parâmetros de estado (Gonçalves, 2015). De acordo com Menezes (2008)
estes parâmetros são a textura, o atrito e a regularidade transversal e longitudinal. Por outro
lado, é ainda muito comum a visão do pavimento como uma plataforma estrutural, mesmo no
16
que diz respeito ao seu dimensionamento numa fase inicial, devendo ser considerada a
avaliação da capacidade de carga do mesmo.
A textura e o atrito são duas características muito relevantes na abordagem aos pavimentos.
Na execução de um determinado pavimento é fundamental conseguir que este tenha uma boa
aderência, que permita um contacto eficaz entre o veículo e a estrada levando, desta forma,
a uma redução da distância de travagem (Sardão, 2012).
3.2 Textura
A textura é uma das principais características do desempenho funcional dos pavimentos, sendo
fundamental para a segurança e comodidade dos utilizadores. Esta característica é
preponderante na conservação das vias pois está diretamente relacionada com a drenagem da
água entre os pneumáticos e o pavimento e influencia também, indiretamente, a aderência
entre os mesmos (Couchinho, 2011).
A avaliação da textura pode ser feita de acordo com diversas amplitudes e respetivos
comprimentos de onda. A textura pode ser dividida em microtextura, macrotextura e
megatextura. Na figura 3.1 podem ser visualizados os domínios das subdivisões da textura bem
como as amplitudes e comprimentos de onda correspondentes às irregularidades do pavimento
retratadas na norma ISSO 13473-2.
Figura 3.1 - Gama de valores da textura (Menezes, 2008)
Como se pode constatar pela figura 3.1, e no que diz respeito à gama de valores para a textura,
estes estão compreendidos entre 1 µm (início da microtextura) e 500 mm (fim da megatextura).
17
A microtextura encontra-se compreendida, para valores do comprimento de onda, entre 1 µm
e 0,5 mm e para amplitudes verticais entre 1 µm e 0,2 mm (Pinto, 2003). Esta escala de textura
pode analisar uma superfície que seja mais ou menos rugosa, pode ser identificada a olho nu
por ser suficientemente lisa. A microtextura é fundamentalmente significativa para baixas
velocidades ainda que, alguns autores considerem que também tem importância para todas as
velocidades. Esta gama mais baixa da textura é função das propriedades das partículas dos
agregados (Menezes, 2008).
A microtextura pode ser avaliada através do ensaio do pêndulo britânico mas apenas para
simulações a velocidades elevadas (95 km/h) (INAC, 2012), algo que não foi determinado pelos
ensaios nesta dissertação.
Relativamente à macrotextura, esta enquadra-se entre valores, de comprimento de onda, que
variam de 0,5 mm e 50 mm e amplitudes verticais de 0,2 mm e 10 mm (Pinto, 2003; Menezes,
2008). A macrotextura relaciona-se com a rugosidade da superfície do pavimento, que afeta a
capacidade do mesmo em drenar a água que escoa à superfície, evitando desta forma
fenómenos de aquaplanagem, deformações e desgaste dos pneumáticos, o ruído proveniente
do contato entre pneu e pavimento, o consumo de combustíveis, bem como as características
antiderrapantes. Segundo Fontes (2009) existem ainda outras melhorias relacionadas com a
macrotextura dos pavimentos, exemplo disso é a melhoria da visibilidade e das propriedades
óticas dos mesmos, com a diminuição do efeito de spray causado pelo contato do pneu com o
pavimento em alturas de precipitação em que aparece algum escoamento superficial. A
macrotextura pode ser classificada como grosseira e fina e consegue-se avaliar a olho nu
(Couchinho, 2011).
No quadro 3.1 pode ver-se como é feita a classificação do tipo de textura da superfície de um
pavimento com recurso às características da micro e da macrotextura.
Quadro 3.1 - Tipologia de superfícies (adaptado de INAC, 2012)
18
Pela análise do quadro 3.1 pode assim considerar-se a superfície de um pavimento como uma
resultante da combinação da micro e macrotextura. Desta forma, podem classificar-se as
camadas de desgaste em relação ao tipo de textura como rugosa e aberta, rugosa e fechada,
polida e aberta, polida e fechada (Relhas, 2012).
A megatextura enquadra-se entre valores que variam de 50 mm a 500 mm de comprimento de
onda e amplitudes verticais que vão de 1 mm a 50 mm (Menezes, 2008; Pinto, 2003). Esta
característica não é por norma avaliada e pode influenciar a estabilidade de condução, a
comodidade, o desgaste dos veículos, o ruído provocado pelo contacto entre os pneumáticos e
o pavimento e o aumento da distância de travagem (Relhas, 2012). A megatextura é por isso
considerada como o resultado de degradações e deformações da camada de desgaste e está
compreendida entre os comprimentos de onda da macrotextura e os defeitos de regularidades
(Menezes, 2008).
Para avaliar a textura podem ser utilizados vários métodos, que abordam dois parâmetros,
avaliar a profundidade média da textura (PMT ou MTD – do inglês Mean Texture Depth), ou
utilizando métodos de ensaios tecnológicos que permitem avaliar a profundidade média do
perfil (PMP ou MPD – do inglês Mean profile depth) (Freitas, 2008).
Vários ensaios podem ser realizados com o objetivo de avaliar a textura superficial de um
pavimento. Destes ensaios destacam-se a mancha de areia e os ensaios tecnológicos com
recurso a tecnologia a laser.
3.2.1 Mancha de areia
O ensaio da mancha de areia, ensaio de medida pontual, utiliza-se para determinar a
profundidade média da textura (PMT ou MTD) da superfície da camada de desgaste e pode ser
utilizado em qualquer pavimento a ser executado (Alves, 2007). Segundo Menezes (2008), a
macrotextura é determinada entre uma superfície plana de referência e a superfície de um
pavimento. Na figura 3.2 pode ver-se uma representação da MTD num pavimento.
Figura 3.2 - Profundidade média da textura de uma superfície de um pavimento (Duarte, 2011)
19
Para garantir uma correta execução do ensaio da mancha de areia, é descrita uma metodologia
na norma europeia EN 13036-1:2010 (Road and airfield surfasse characteristics – Test methods
– Part 1: Measurement of pavement surfasse macrotexture depth using a volumetric patch
technique) que regulamenta todo o processo do ensaio. Segundo esta, podem ser utilizados dois
materiais distintos, esferas de vidro ou areia. Neste último caso, deverá proceder-se à
normalização da areia através do estudo da sua granulometria pela percentagem de material
passado nos peneiros normalizados.
Os materiais a serem utilizados são um disco circular com uma superfície de espalhamento em
borracha dura, um recipiente com um volume de 25 cm3, material de limpeza e uma régua com
um comprimento mínimo de 300 mm, como se pode observar na figura 3.3.
Figura 3.3 - Material necessário para o ensaio da mancha de areia (Relhas, 2012)
A metodologia do ensaio consiste em espalhar um volume de areia conhecido com granulometria
padronizada (90% de passados no peneiro 0,25 mm e retido no peneiro 0,18 mm) no ponto que
se pretende ensaiar. A superfície do pavimento deve estar limpa e seca e posteriormente deve
ser utilizado um disco e espalhar a areia de forma a obter uma superfície circular. Este processo
termina assim que as irregularidades do pavimento estejam preenchidas e não seja possível
aumentar mais a área de espalhamento. Posteriormente, deve medir-se o diâmetro do círculo
com o material espalhado em 2 a 4 locais com o mesmo espaçamento entre si.
O ensaio deve ser repetido, pelo menos, quatro vezes e posteriormente deve proceder-se à
realização de uma média dos diâmetros obtidos aquando do espalhamento da areia.
Conhecendo os valores das médias dos pontos ensaiados pode calcular-se a profundidade média
da textura de acordo com a equação 3.1.
20
MTD = 4 𝑉
ᴨ 𝐷² (3.1)
Sendo:
V – Volume de material espalhado (mm3);
D – Diâmetro médio do círculo obtido depois do espalhamento do material (mm);
MTD – Mean texture depth, profundidade média da textura (mm).
A norma europeia EN 13036-1:2010 refere que o ensaio que avalia a MTD tem limites de
aplicabilidade de 0,25 mm a 5 mm e que a superfície da camada de desgaste à base de uma
mistura betuminosa a quente deve apresentar uma macrotextura homogénea, uniforme e isenta
de segregações. Os resultados obtidos devem estar em conformidade com os valores mínimos
indicados pelo Caderno de Encargos Tipo Obra das Estradas de Portugal (CEEP).
O quadro 3.2 mostra os valores mínimos da profundidade média da textura imposta pelo
caderno de encargos.
Quadro 3.2 - Valores mínimos de macrotextura superficial a obter em fases de obra com o método volumétrico da mancha em camadas de desgaste (Adaptado de CEEP, 2014)
Requisitos/Propriedades Unidade Utilização
PA12,5
Especificações de utilização Determinação da profundidade de textura
pelo método volumétrico (MTD)
MTD - profundidade média da textura
mm ≥ 1,2
Para o caso de estudo da presente dissertação e pela análise do quadro 3.2 pode-se constatar
que para camadas de desgaste à base de misturas betuminosas porosas a profundidade média
da textura deve ser maior ou igual a 1,2 mm.
O ensaio da mancha de areia não estabelece uma relação perfeita entre a ligação (atrito) pneu-
pavimento, no entanto serve como um bom indicador do seu potencial valor principalmente
para estradas com velocidades elevadas, tendo em conta que este ensaio constitui uma medida
direta da macrotextura da superfície da camada de desgaste do pavimento (Gonçalves, 2015).
Na figura 3.4 pode ver-se um exemplo da realização do ensaio da Mancha de Areia no troço
experimental em estudo nesta dissertação.
21
Figura 3.4 - Realização do ensaio Mancha de areia no troço experimental
A macrotextura pode ser classificada de diferentes formas dependendo dos valores obtidos
através do ensaio da Mancha de Areia como se pode ver através do quadro 3.3.
Quadro 3.3 - Classificação da macrotextura com os resultados da Mancha de Areia (Adaptado de INAC,2012)
Profundidade da macrotextura Classificação da Macrotextura
MTD ˂ 0,25 mm Muito fechada
0,25 mm ˂ MTD < 0,40 mm Fechada
0,40 mm < MTD < 0,76 mm Medianamente fechada
0,76 mm < MTD < 1,14 mm Medianamente aberta
1,14 mm < MTD < 1,20 mm Aberta
MTD > 1,20 mm Muito aberta
22
3.2.2 Ensaios tecnológicos com equipamento a laser
Os sensores laser utilizados para a observação superficial do pavimento constituem um método
tridimensional. Com um plano de referência estipulado são medidos pontos da superfície e
obtém-se, dessa forma uma precisão de observação previamente definida (Branco et al., 2006
citado por Alves, 2007). O feixe que é emitido pelo laser atinge a superfície do pavimento e é
refletido. Se houver uma divergência em relação à distância de referência é detetada uma
descontinuidade que pode ser entendida como uma degradação. Os sensores de laser são
limitados no que diz respeito à abrangência da largura do pavimento, o que necessariamente
pode conduzir a uma omissão de diversas degradações. Dada esta limitação, por norma, são
efetuados ensaios nas zonas das rodeiras externas de cada via (Alves, 2007). A avaliação da
textura do pavimento pode ser efetuada recorrendo a vários equipamentos laser como o
Circular Texture Meter e o Rugo.
3.2.2.1 Circular Texture Meter
Este equipamento utiliza a tecnologia laser para determinar características de macrotextura
de um pavimento num determinado ponto e pode ser usado em ensaios laboratoriais ou in situ.
O Circular Texture Meter utiliza um laser que analisa um círculo de 284 mm de diâmetro ou
uma circunferência com um perímetro de 892 mm, sendo estas figuras geométricas divididas
em oito segmentos de 112 mm e a partir dessa divisão obtém-se uma aproximação do valor da
profundidade média do perfil (MPD) com a média das oito profundidades obtidas (Alves, 2007).
Quando se inicia a medição, o braço roda sendo registado o valor da altura da textura num
software (Pinto, 2003). Na figura 3.5 pode ver-se o equipamento do Circular Texture Meter.
Figura 3.5 - Ctmeter (à esquerda) e zona de contacto do Ctmeter com o pavimento (à direita)
A profundidade média do perfil (MPD) deve cumprir os valores mínimos contemplados no CEEP
(2014) e reger-se segundo a norma NP EN ISO 13473-1:2011 (Caracterização da textura do
pavimento a partir de perfis da superfície Parte 1: Determinação da profundidade média do
perfil).
23
Quadro 3.4 - Valores mínimos de profundidade média de textura superficial a obter por lote em camadas de desgaste por medição em contínuo (CEEP, 2014)
Requisitos/Propriedades Unidade
Utilização
PA12,5 (BBd)
Especificidades de utilização Valores de MPD por trechos de
100 metros
MPD - profundidade média do perfil mm ≥ 1,25
3.2.2.2 Rugo
O Rugo avalia a macrotextura superficial em contínuo de um pavimento com velocidade limite
de 57 km/h e de acordo com o fluxo normal de tráfego (LCPC, 2004). Este equipamento é fixado
a um veículo e regista, em tempo real e continuamente, a distância entre o emissor laser e o
pavimento ao mesmo tempo regista os resultados obtidos (Pinto, 2003). Neste ensaio o
pavimento deve estar seco e limpo para que a informação recolhida não seja afetada (Alves,
2007). Na figura 3.6 mostra-se o equipamento do Rugo.
3.3 Atrito
Um dos parâmetros mais importantes para a segurança dos utilizadores é o atrito que existe na
ligação entre os pneumáticos de um veículo e a superfície de um pavimento. Este fator torna-
se ainda mais preponderante quando a superfície do pavimento se encontra molhada (Alves,
2007).
A falta de aderência do veículo em relação ao pavimento é uma das principais causas de
acidentes rodoviários e está também associado à velocidade de circulação. Se o pavimento
Figura 3.6 - Rugo (À esquerda) e emissora de raios laser (À direita) (LCPC, 2004)
24
possuir boa aderência, a distância de paragem diminui e torna-se mais simples manter a
trajetória e a velocidade em qualquer circunstância (Pinto, 2003).
Segundo Pinto (2003) o atrito é um parâmetro que, ao longo do tempo, pode perder as suas
condições de funcionamento, por efeito das características do pavimento (tipo e estado), por
ação dos utilizadores pela velocidade de circulação e estado dos pneus, mas também devido às
condições atmosféricas adversas como a chuva, a neve ou o vento.
O atrito de um pavimento pode ser caracterizado através da análise de dois parâmetros,
conhecidos por coeficiente de atrito longitudinal (CAL) e coeficiente de atrito transversal
(CAT). O CAL está relacionado com a distância de paragem e o CAT com a segurança de
circulação numa curva (Sardão et al., 2013). É evidente a clara importância destes parâmetros
na segurança rodoviária, no entanto, é o coeficiente de atrito transversal que mais influência
tem sobre a velocidade de circulação e respetiva ocorrência de acidentes rodoviários (Pereira
e Miranda, 1999).
Para Alves (2007) o coeficiente de atrito é uma característica que evolui a curto e a longo
prazo. Este autor, citando Branco et al.,(2006), refere que o coeficiente de atrito diminui a
curto prazo por influência da chuva, uma vez que, quando começa a chover, a água se mistura
com as poeiras acumuladas à superfície do pavimento, formando uma pasta fluida e fina que
leva à diminuição repentina do coeficiente de atrito. Passados alguns minutos, dependendo do
estado em que se encontra o pavimento e da intensidade da chuva, a pasta que se formou
anteriormente vai sendo removida pela própria chuva e pela passagem de veículos, o que leva
a um ligeiro aumento do coeficiente de atrito. Assim que cessa o período de precipitação, a
água começa a ser evaporada e escoada pelo pavimento e o coeficiente de atrito retorna ao
seu valor normal. Na figura 3.7 está representada a variação do atrito a curto prazo.
Figura 3.7 - Evolução do CAT num curto período de tempo (Pereira e Miranda, 1999)
25
Do ponto de vista da modificação do coeficiente de atrito a longo prazo, o autor refere que
esta acontece devido à degradação do pavimento, e quando este estado é muito avançado, há
um aumento da macrotextura que, inevitavelmente, faz com que aumente o coeficiente de
atrito. Na figura 3.8 está representada a variação do atrito a longo prazo.
Figura 3.8 - Evolução do CAT com o tráfego total acumulado, TTA (106) (Pereira e Miranda, 1999)
Para avaliar o atrito nos pavimentos é comum a utilização de equipamentos específicos com
condições padronizadas, e por norma, os ensaios são realizados sobre o piso molhado (Duarte,
2011). O objetivo de se realizarem os ensaios com piso molhado é simular o que acontece entre
a passagem de um veículo e o seu contacto com a superfície do pavimento em eventos chuvosos.
Em situações como estas, o atrito decresce rapidamente trazendo assim maiores dificuldades
aos condutores, prejudicando a boa circulação dos veículos.
Segundo Pereira & Miranda (1999) existem três métodos para medir o atrito numa superfície de
desgaste. Os autores referem que para medir o atrito pontual não é necessária a utilização de
pneu, para o atrito longitudinal em contínuo utiliza-se o pneu bloqueado e para medir o atrito
transversal em contínuo deve-se utilizar o pneu livre.
Basicamente, os ensaios realizados para determinar o atrito consistem na passagem de uma
roda ou deslizador sobre o pavimento, com velocidade constante ou variável (Pinto, 2003).
De seguida apresentam-se os ensaios para a medição pontual, longitudinal e transversal, o
pêndulo britânico, o Grip-Tester e o SCRIM, respetivamente.
26
3.3.1 Pêndulo Britânico
O Pêndulo Britânico é um equipamento que permite medir o atrito pontual num determinado
local de forma a conseguir avaliar a energia que é absorvida pelo equipamento em contacto
com o pavimento (Pereira & Miranda, 1999).
O Pêndulo Britânico trata-se de um equipamento portátil que segue a norma EN 13036-4:2011
(Road and airfield characteristics. Test methods. Method for measurement of slip/skid
resistance of a surface: The pendulum test). O ensaio consiste no deslizamento de um pêndulo
sobre o pavimento humedecido e durante o movimento realizado por este, existe perda de
energia que serve como medida de atrito e é registada numa escala graduada (Couchinho,
2011). Na figura 3.9 está representado o equipamento do Pêndulo Britânico utilizado no troço
experimental.
Figura 3.9 - Pêndulo Britânico nos ensaios realizados no troço experimental
O equipamento permite ao utilizador simular a travagem do pneu de um veículo a 50 Km/h
sobre um pavimento molhado (Duarte, 2011). Com este ensaio obtêm-se valores de PTV
(Pendulum test value) que indiretamente representam os valores do atrito longitudinal entre
o pavimento e os pneumáticos. Assim, quanto maiores forem os valores de PTV, maior será a
resistência que o pavimento oferece à passagem da borracha do equipamento e maior será a
energia perdida por este (Alves, 2007). Segundo o CEEP (2014), os valores admissíveis para o
coeficiente de atrito, registado pelo Pêndulo Britânico, devem ser superiores a 60.
27
No quadro 3.5 apresentam-se os requisitos a ser cumpridos no ensaio do Pêndulo Britânico de
acordo com o CEEP (2014).
Quadro 3.5 - Valores do coeficiente de atrito pontual (Pendulum Test Value) (adaptado de CEEP,2014)
Requisitos/Propriedades Unidade Utilização
Especificidades de utilização Ensaio com o pêndulo britânico; Deslizador grande com
borracha CEN; Escala C
Coeficiente de atrito pontual (Pendulum Test Value)
PTV ≥60
3.3.2 Grip-Tester
O Grip-Tester é um equipamento que mede o valor do coeficiente de atrito longitudinal, de
forma contínua, entre o pneu normalizado e o pavimento (Menezes, 2008). Este ensaio faz uma
medição do coeficiente de atrito com recurso a um pneu normalizado instalado num reboque
(Duarte, 2011). A roda central que mede o coeficiente de atrito apresenta uma rotação
retardada e atua com uma taxa de deslizamento de 15%, sendo que este equipamento pode
atingir velocidades até 100 km/h (Couchinho, 2011). O ensaio do Grip-Tester realiza uma
medição das forças de arrastamento verticais e horizontais (Pinto, 2003). Na figura 3.10 pode
ver-se o aspeto do reboque do ensaio.
O reboque do Grip-Tester é acoplado a um veículo onde são recolhidos os dados do coeficiente
de atrito (carga/resistência à rotação) através de um sistema informático denominado de Grip
Number (Menezes, 2008).
Figura 3.10 - Grip-Tester num ensaio (à esquerda) (EASA, 2010) e mecanismo do Grip-Tester (à
direita) (Menezes, 2008)
28
O veículo que reboca o Grip-Tester possui um depósito de água com capacidade para 500 litros,
que cria uma lâmina de água com uma temperatura entre 5ºC e 25ºC e 0,50 mm (Alves, 2007).
Para uma correta interpretação dos resultados, o ensaio é habitualmente realizado a uma
velocidade de 50 km/h, apesar de o equipamento permitir a medição a velocidades mais
elevadas (Duarte, 2011).
A PIARC (Permanent International Association of Road Congress) definiu um Índice
Internacional de Atrito conhecido como IFI (International Friction Index) que engloba o
coeficiente de atrito medido a 60 km/h (F60) e o parâmetro Sp que se relaciona com a textura,
por existirem vários métodos de medição de atrito num pavimento que dependem da
macrotextura e da velocidade de ensaio, sendo desta forma possível homogeneizar os
parâmetros que caracterizam o pavimento (Couchinho, 2011).
Com as medições, o coeficiente de atrito é calculado e registado automaticamente, onde o
Grip Number representa a média do número de leituras instantâneas num determinado
comprimento de teste (Menezes, 2008). Segundo a norma BS 7941-2:2000 (Methods for
measuring the skid resistance of pavement surfaces. Test method for measurement of surface
skid resistance using the Grip-Tester braked wheel fixed slip device) os valores de Grip Number
(GN) variam de 0 a 1,2 GN.
A equação 3.2 mostra como determinar o IFI.
IFI= F60 = 0,0821 + 0,9104 × 𝐺𝑁 × 𝑒(0,15𝑆−60)
𝑆𝑝 (3.2)
Onde:
GN – Grip Number – resulta do quociente entre a força vertical (Fv) e a força horizontal (Fh);
S – Velocidade de ensaio;
F60 – Valor do coeficiente de atrito a uma velocidade de 60 km/h;
Sp – Constante de velocidade de referência.
3.3.3 SCRIM
O SCRIM (Sideway Force Coefficient Routine Inspection Machine) é um equipamento utilizado
para medir o coeficiente de atrito em contínuo, neste caso o coeficiente de atrito transversal
(Pereira & Miranda, 1999). Este equipamento permite realizar o ensaio com velocidades que
vão desde os 20 km/h aos 100 km/h (Alves, 2007).
O SCRIM está inserido na estrutura de um camião que possui um condutor e um controlador,
sendo que, ao condutor é permitido controlar a medição e inserir dados durante o percurso de
ensaio (Couchinho, 2011).
29
Da mesma forma que no Grip-Tester, o SCRIM possui um reservatório de grandes dimensões e
tem o objetivo de criar uma lâmina de água com 0,50 mm à frente da roda de teste (Alves,
2007). O SCRIM tem ainda um pneu de borracha liso que se movimenta verticalmente e é
independente do movimento do camião (EASA, 2010).
A roda utilizada para o ensaio localiza-se a meio do veículo do lado da faixa a medir e encontra-
se inclinada 20º em relação ao eixo longitudinal do camião, sendo esta aplicada no pavimento
com uma determinada carga previamente conhecida e podendo ser levantada quando não está
a ser utilizada. Durante a medição surge uma força de atrito R, gerada na zona de contacto
entre o pneu e pavimento, perpendicular ao plano de rotação da roda. O CAT pode determinar-
se sabendo que atua uma carga de 200 kg sobre a roda de medição. O parâmetro CAT é
calculado através do quociente entre a força N (ação transversal) e a força R (reação vertical)
(Pereira & Miranda, 1999).
Segundo o CEEP (2014) existem valores que devem ser cumpridos para os equipamentos de
medição em contínuo, estes são apresentados no quadro 3.6.
Quadro 3.6 - Valores para o coeficiente de atrito em contínuo (CEEP, 2014)
Requisitos/Propriedades Unidade
Utilização
Equipamento tipo SCRIM (BS 7941-1)
Equipamento tipo GRIP TESTER (BS 7941-2)
Especificidades de utilização Valor médio por lote. Medição em contínuo a 50
km/h e com uma película de água com 0,5 mm de espessura
Coeficiente de atrito à velocidade de 50 km/h
- ≥ 0,50 ≥ 0,60
Figura 3.11 - Equipamento SCRIM (à esquerda) e esquema do SCRIM (à direita) (Coutinho,2011; Alves,
2007)
30
3.4 Regularidade
Três importantes aspetos como a economia, a segurança e o conforto para os utilizadores de
um pavimento rodoviário estão relacionados com o perfil longitudinal e transversal do mesmo
(Sayers & Karamilhas, 1998). A regularidade superficial trata-se de uma propriedade funcional
que influencia o condutor diretamente, devido a estar associada a fatores económicos, de
comodidade e de segurança. A esta regularidade superficial estão associadas as irregularidades
que são originadas pela aplicação e compactação descuidadas dos materiais, pela circulação de
veículos e pela reduzida capacidade de suporte da camada de fundação e respetivas
deformações.
As irregularidades do pavimento têm diversas consequências para o veículo e para o utilizador.
Do ponto de vista económico salientam-se as consequências como o aumento do consumo de
combustível e a deterioração dos pneus dada a diminuição das características estruturais do
pavimento. Relativamente à comodidade, esta varia consoante o comportamento do condutor
durante a sua condução. Depende ainda dos hábitos de condução, da distância do percurso, do
tempo de paragem, bem como das velocidades praticadas pelos condutores (Couchinho, 2011).
No que concerne à segurança de circulação, as irregularidades do pavimento podem provocar
falta de aderência quando o piso se encontra molhado e levar ao fenómeno de hidroplanagem
e perda do controlo da trajetória do veículo. As irregularidades podem provocar perda de
atenção e perceção da estrada por parte do condutor (Pinto, 2003).
3.4.1 Regularidade Transversal
O perfil transversal do pavimento é muito importante para a avaliação da qualidade do
pavimento. As irregularidades nesta situação influenciam a segurança na condução e o conforto,
de modo grave quando o piso se encontra molhado, e de modo muito grave com a formação de
geada e gelo (Menezes, 2008).
A deformação transversal é medida através da profundidade máxima das rodeiras que fornece
informação da qualidade estrutural (Menezes, 2008). Estas rodeiras surgem devido aos
assentamentos no pavimento causados pelas falhas de projeto, pela passagem dos veículos ou
pelos materiais utilizados e respetiva construção surgindo, consequentemente, zonas onde se
pode eventualmente acumular água (Pereira & Miranda, 1999).
Para avaliar as irregularidades podem ser utilizados equipamentos como a régua, do tipo
geométrico, ou recorrer a equipamentos com tecnologia laser ou ultrassons como o PALAS. A
utilização da régua é a única metodologia de avaliação que está prevista no CEEP (2014).
31
3.4.1.1 Régua
O principal objetivo deste ensaio é determinar as deformações transversais causadas pela
passagem dos rodados dos veículos, analisando a profundidade máxima do cavado das rodeiras
(Maia, 2012). Este ensaio é regulamentado pela norma BS EN 13036-7:2003 (Road and airfield
surfasse characteristics. Test methods. Irregularity measurement of pavement courses. The
straightedge test). Na figura 3.12 encontra-se representado o ensaio da Régua para avaliar a
irregularidade transversal.
Figura 3.12 - Ensaio da régua para avaliação da irregularidade transversal (Maia, 2012)
A régua a ser utilizada deve ser de metal, desempenada e com um comprimento 3 m. A
superfície a ser analisada deve estar limpa para uma correta avaliação. O cavado da rodeira
relaciona-se com a medida da maior flecha quando se coloca a régua transversalmente, a meio
do local que se pretende ensaiar (Alves, 2007).
Se for necessário obter resultados com maior rigor poderá ser utilizado um
transversoperfilógrafo, uma vertente da régua de 3 m que possui um sistema de aquisição
informático que gera a medição (Pereira & Miranda, 1999).
Segundo o CEEP (2014) a regularidade da camada deve ser avaliada em diversos pontos
distanciados por 25 m e utilizando uma régua fixa, no caso de se avaliar a regularidade
transversal, ou uma régua móvel, no caso de se avaliar a regularidade longitudinal. Os valores
regulamentados pelo CEEP (2014) encontram-se no quadro 3.7.
32
Quadro 3.7 - Critérios de regularidade para camadas em misturas betuminosas quando não se proceda à determinação de IRI
Requisitos/Propriedades Unidade
Utilização
Camada de desgaste 1ª camada e seguintes
subjacentes à camada de desgaste
Especificidades de utilização
Avaliação da irregularidade por meio de régua de 3
metros com um espaçamento de 25 m
Irregularidades máximas mm ≤ 4 ≤ 8
3.4.2 Regularidade Longitudinal
No panorama da regularidade existe sempre uma discrepância entre o perfil executado e o de
projeto (Luz, 2011). Estas discrepâncias são consideradas como uma irregularidade geométrica
do pavimento que condicionam a drenagem, a qualidade de circulação e a dinâmica do veículo.
A irregularidade longitudinal afeta negativamente a vida do pavimento, causando desconforto
aos condutores. Pereira & Miranda (1999) consideram que se pode analisar a irregularidade
longitudinal sob dois aspetos: o aspeto físico e o aspeto geométrico. Relativamente ao primeiro
aspeto, todos os defeitos da superfície podem provocar vibrações nos veículos. No que diz
respeito ao aspeto geométrico, considera-se que a irregularidade longitudinal é o conjunto dos
desnivelamentos da superfície do pavimento em relação ao perfil longitudinal teórico.
Por forma a caracterizar as condições de irregularidade do pavimento foi criado um Índice de
Irregularidade Internacional (IRI – do inglês International Roughness Índex). Este exprime com
clareza a irregularidade da superfície de um pavimento ao longo de um troço a ser avaliado e
representa o impacto na resposta do veículo (Luz, 2011). O IRI foi desenvolvido com o objetivo
de recriar, através de um modelo matemático, a maneira como reage um pneu na suspensão
de um veículo às irregularidades que surgem na superfície de um pavimento com uma
velocidade de 80 km/h (Alves, 2007). As irregularidades detetadas são registadas em sistema
informático, com utilização do perfil longitudinal para calcular o IRI, baseado nos
deslocamentos acumulados da simulação da suspensão, a dividir pela distância percorrida. Os
resultados exprimem-se em m/km (Pereira & Miranda, 1999). Apesar da utilização deste
sistema, nos últimos anos adotaram-se novos métodos e equipamentos para uma melhor
abordagem das irregularidades dos pavimentos, como é o caso dos perfilómetros a laser.
O CEEP apresenta algumas normas que devem ser tidas como referência na abordagem ao IRI.
A medição da irregularidade longitudinal deverá ser efetuada ao longo da rodeira externa, ou
ao longo das duas rodeiras de cada lote ensaiado. Os valores de IRI são calculados em troços de
33
100 m, sendo que, o valor médio obtido para esses 100 m será o que representará esse troço.
É aconselhável que os resultados apresentem o perfil longitudinal da superfície e os valores do
IRI em troços de 100 m para que, com maior facilidade, se possam identificar as deficiências
no pavimento e conhecer melhor a sua localização para futuras intervenções.
Nos quadros 3.8, 3. 9 e 3.10 apresentam-se as várias classificações do IRI impostas pelo CEEP
(2014).
Quadro 3.8 - Valores admissíveis de IRI (m/km), calculados por troços de 100 metros (Adaptado CEEP,2014)
Requisito/Propriedade Unidade Utilização
Especificidades de utilização
Percentagem da extensão do lote
50% 80% 100%
Valores admissíveis de IRI
Camada de desgaste
m/km
≤ 1,5 ≤ 2,5 ≤ 3,0
1ª camada sob a camada de desgaste
≤ 2,5 ≤ 3,5 ≤ 4,5
2ª camada e seguintes sob a camada de desgaste
≤ 3,5 ≤ 5,0 ≤ 6,5
Quadro 3.9 - Valores admissíveis de IRI (m/km) calculados por troços de 100 metros em pavimentos reabilitados com espessura de misturas betuminosas igual ou inferior a 0,10 m (Adaptado CEEP,2014)
Requisito/Propriedade Unidade Utilização
Especificidades de utilização
Percentagem da extensão do lote
50% 80% 100%
Valores admissíveis de IRI Camada de desgaste m/km ≤ 2,0 ≤ 3,0 ≤ 3,5
Quadro 3.10 - Classificação dos valores de IRI (Adaptado CEEP,2014)
Muito Bom Excede largamente os parâmetros exigidos
Bom Cumpre os parâmetros exigidos excepção feita à percentagem da extensão do traçado com valores inferiores a 3,0 e 3,5, que deverá ser superior ou
igual a 95%
Razoável Cumpre os parâmetros exigidos, excepção feita às percentagens de
extensão do traçado com valores inferiores a 1,5 e 2,0, e 3,0 e 3,5, onde se admitem respetivamente as percentagens de 40 e 90
Medíocre
34
Não cumpre as exigências anterios (razoável), mas apresenta valores de IRI de 1,5; 2,5 e 3,0 e 2,0, 3,0 e 3,5 em percentagens do traçado superiores a
15, 60 e 85, respetivamente
Mau Não cumpre os parâmetros exigidos nas classificações anteriores
3.4.2.1 Perfilómetro a laser
Este equipamento mede os desvios altimétricos da superfície do pavimento em relação a um
perfil ideal (Menezes, 2008). Através do perfil longitudinal podem calcular-se vários índices de
regularidade superficial do pavimento como é o caso do índice de irregularidade longitudinal
(LNEC, 2005).
O perfilómetro a laser permite um levantamento automático da irregularidade longitudinal e
transversal ao longo de um perfil longitudinal, e por essas razões a utilização deste
equipamento traz vantagens.
Figura 3.13 - Perfilómetro a laser das Estradas de Portugal (Luz, 2011)
Como se pode constatar pela figura 3.13, o equipamento possui uma barra na dianteira do
veículo, em alumínio, com lasers que fazem o levantamento do perfil da superfície do
pavimento em alinhamentos paralelos ao sentido do deslocamento do veículo. O laser possui
uma frequência de 65 kHz e tem capacidade para medir a profundidade média do perfil (MPD)
bem como a profundidade média da textura (MTD) (LNEC, 2005).
O sistema que mede o deslocamento do veículo contém um transdutor acoplado a uma das
rodas do veículo que acompanha de forma precisa a velocidade e a distância percorrida
(Menezes, 2008). Os acelerómetros medem a aceleração vertical do veículo e os movimentos
verticais do mesmo, para que os resultados obtidos sejam calibrados tendo em conta estes
fatores (Luz, 2011).
35
3.5 Desempenho mecânico dos pavimentos
Para caracterizar a capacidade mecânica de um pavimento geralmente é observada a
deformação vertical da superfície do pavimento que se considera como uma resposta do mesmo
a uma determinada carga aplicada (Pereira & Miranda, 1999).
O dimensionamento de um pavimento novo ou a avaliação mecânica de um que está em
utilização, tendo como objetivo o reforço da sua capacidade de carga, é realizado através da
criação de um modelo de comportamento estrutural que tem em conta as propriedades dos
materiais que constituem o pavimento, bem como as características das solicitações deste e as
condições climáticas do local em estudo (Machado, 2012).
As deformações que se podem observar na superfície dos pavimentos, conhecidas como
deflexões, permitem um melhor conhecimento da qualidade mecânica do pavimento, seja das
camadas granulares, seja do solo de fundação (Pereira & Miranda, 1999).
Com o decorrer dos anos, o pavimento vai sofrendo desgaste superficial devido às condições
climatéricas e à passagem de veículos. Para além deste desgaste à superfície, as deflexões
tendem a aumentar, no entanto, com o passar dos anos, estas tendem a estabilizar durante o
tempo em que o pavimento se encontra em serviço. No final de vida do pavimento as deflexões
sofrem de novo um acréscimo, como se pode observar na figura 3.14 (Francisco, 2012).
Figura 3.14 - Evolução das deflexões de pavimentos ao longo do tempo (Pereira & Miranda, 1999)
36
Para avaliar as deformações do pavimento e respetiva capacidade estrutural existem diversos
equipamentos, designados por defletómetros ou defletógrafos, como o defletómetro de
impacto (FWD – do inglês Falling Weight Deflectometer), a viga Benkelman e o defletógrafo de
Lacroix (Pereira & Miranda, 1999).
3.5.1 Equipamentos de ensaio
Para avaliar a qualidade mecânica do pavimento e caracterizar o seu respetivo comportamento
a esse nível o tipo de ensaio a utilizar pode dividir-se em ensaios destrutivos e não destrutivos.
Nos primeiros são retiradas amostras (carotes) para se caracterizar as mesmas em laboratório,
com o objetivo de avaliar a resistência estrutural das camadas do pavimento, conhecer a sua
espessura e proceder a uma identificação dos materiais constituintes. No segundo caso, nos
ensaios não destrutivos, são utilizados equipamentos que avaliam a capacidade de carga do
pavimento e medem as deflexões do pavimento. Estes equipamentos permitem obter uma bacia
de deflexões de cada ponto ensaiado através da aplicação de uma carga pontual ou rolante
(Francisco, 2012).
Os equipamentos que usam cargas pontuais são denominados como defletómetros e medem a
deflexão num ponto devido ao impacto criado por uma massa que cai sobre o pavimento. Os
equipamentos que usam cargas rolantes, aplicadas por um eixo característico de um veículo
pesado que induz forças sobre o pavimento, simulam ações semelhantes à passagem do tráfego
(Francisco, 2012).
A figura 3.15 ilustra os diferentes tipos de ensaios não destrutivos utilizados em pavimentos.
Figura 3.15 - Equipamentos utilizados para ensaios não destrutivos em pavimentos (Franscisco, 2012)
37
3.5.1.1 Viga Benkelman
A viga Benkelman permite medir a deflexão de um pavimento pela aplicação de uma carga
quase estática com o auxílio do pneu de um veículo pesado. Este equipamento, apresentado na
figura 3.16, é constituído por uma base com um estrutura metálica rígida que se apoia sobre o
pavimento durante o ensaio, mantendo-se fixa durante o mesmo e possui uma viga que gira em
torno de um eixo solidário com a base e apoia-se sobre o pavimento numa das extremidades
(ponta apalpadora) (Pereira & Miranda, 1999).
A medição da deflexão é feita por um transdutor de deslocamentos que se encontra sobre a
viga. A distância relativa do percurso é medida por um instrumento semelhante ligado ao
rodado do camião, sendo que a resposta do comportamento do pavimento é medida na descarga
(Machado, 2012).
Figura 3.16 - Desenho esquemático da viga Benkelman (Francisco, 2012)
Segundo Pereira & Miranda (1999) os ensaios podem ser realizados em dois ciclos, o “ensaio de
carga e descarga” e o “ensaio de descarga”.
A viga Benkelman tem três métodos distintos de operar, o método do retrocesso, o da linha de
influência e o da recuperação. Os pontos em comum destes três procedimentos baseiam-se na
posição da ponta apalpadora e a velocidade a que são executados os ensaios, de 2 a 3 km/h.
Assim, o rodado duplo deve estar posicionado de tal forma que o deslocamento efetuado pelo
camião, ao executar o ensaio àquela velocidade, chegue à ponta apalpadora e se realize um
movimento perpendicular em que a ponta se posicione entre o rodado (Francisco, 2012).
No que concerne ao método do retrocesso, as medições das deflexões realizam-se para os
pontos que distam da viga de Benkelman de -1,00, 0,00 e 8,00 metros. O camião é colocado
inicialmente a 8 m da ponta apalpadora e regista a deflexão nesse ponto, posteriormente,
desloca-se até chegar ao ponto de leitura 0,00 m e regista a deflexão máxima nesse ponto.
Depois de registar os valores para esses dois pontos desloca-se até chegar ao ponto dos -1,00
m e nesse momento inverte o sentido de marcha e continua o seu movimento, no sentido oposto
38
ao desenvolvimento da viga até chegar novamente ao ponto de leitura inicial de 8,00 m
(Francisco, 2012).
O método da linha de influência, conhecido como sendo um ensaio de descarga, utiliza como
pontos de leitura -1,00, 0,00, 0,25, 0,50, 1,00, 2,50, 3,70 e 5,00 metros. O ensaio inicia-se no
ponto -1,00 m e o movimento desenrola-se no sentido ao desenvolvimento da viga até chegar
aos 5,00 m. Durante o tempo que decorre o ensaio, o veículo pesado nunca interrompe a sua
ação e, durante esta, vão sendo recolhidas todas as deflexões dos pontos ensaiados. (Francisco,
2012).
No que diz respeito ao método da recuperação, os pontos de leitura são -1,00, 0,00, 0,25, 2,50,
3,70 e 5,00 metros. Este método é realizado da mesma forma que o da linha de influência sendo
que a única diferença entre eles são as deflexões medidas (Francisco, 2012).
3.5.1.2 Defletógrafo de Lacroix
Dadas as limitações da viga Benkelman e com o objetivo de se obterem melhores resultados
para a capacidade estrutural do pavimento, foi criado em França um equipamento no LCPC (do
francês – Laboratoire Central des Ponts et Chaussées) que realiza medições resultantes da
aplicação de uma carga quase estática dos rodados do eixo traseiro de um veículo pesado. O
Defletógrafo de Lacroix é constituído por um camião com um chassis normal ou longo, de dois
eixos com uma carga de 130 kN como se encontra representado na figura 3.17. Possui ainda um
quadro metálico situado na parte de baixo do camião que apoia sobre o pavimento em quatro
pontos, com dois braços captores que contêm duas vigas de medição que transformam o
deslocamento de rotação destes braços em sinal eletrónico. O equipamento inclui ainda dois
inclinómetros que medem o raio de curvatura da linha de influência, um termómetro que mede
a temperatura superficial do pavimento e um sistema que faz aquisição e tratamento de dados
(Pereira & Miranda, 1999).
Figura 3.17 - Camião de transporte do defletógrafo de Lacroix (à esquerda) e viga metálica (à direita)
(Francisco, 2012)
39
3.5.1.3 Defletómetro de impacto ( Falling Weight Deflectometer – FWD)
O defletómetro de impacto (FWD) é um equipamento integrado num atrelado e que mede
deflexões do pavimento em resposta à aplicação de cargas.
No interior do veículo que reboca o atrelado encontram-se instalados equipamentos eletrónicos
nos quais é permitido ao utilizador controlar o ensaio e o registo dos resultados. Este
equipamento, através de sensores instalados, consegue também fazer a medição das
temperaturas (Machado, 2012).
Para além do sistema eletrónico que compõe o interior do veículo, existe um sistema mecânico
que constitui o reboque do FWD. Neste está incluída uma massa que atua sobre um eixo vertical
numa estrutura metálica e um conjunto de amortecedores, que transmitem a carga aplicada
através de uma placa rígida de 300 mm ou 400 mm de diâmetro. O equipamento possui ainda
vários geofones, no máximo nove, que medem a resposta do pavimento à aplicação da carga
vertical. No que diz respeito à carga aplicada, esta varia de 30 e 240 kN e a sua velocidade de
aplicação simula a passagem de um veículo a 60-80 km/h (Pereira & Miranda, 1999).
O ensaio é realizado com o veículo parado e são realizados pelo menos dois impactos em cada
ponto que se pretende ensaiar, sendo que o primeiro drop serve para se ajustar a placa de
carga ao pavimento.
O FWD permite ao utilizador saber qual o comportamento das camadas constituintes do
pavimento em relação a uma determinada carga aplicada. Deste ensaio resultam as deflexões
medidas em cada geofone sendo que, depois de obtidas, cabe ao utilizador realizar uma retro-
análise para chegar a uma relação entre deflexões calculadas e medidas que lhe permita chegar
aos módulos de deformabilidade das camadas do pavimento.
Na figura 3.18 pode-se visualizar o equipamento do ensaio FWD utilizado para o estudo desta
dissertação.
Figura 3.18 - Ensaio do defletómetro de impacto (FWD) realizado no troço experimental
40
3.5.2 Processo de retro-análise
A retro-análise trata-se de um procedimento que permite a estimativa in situ dos módulos de
deformabilidade do pavimento. Para se iniciar a retro-análise é feito o levantamento das
deflexões do pavimento usualmente através do FWD que traduz a resposta do pavimento quando
este é solicitado por uma carga. Posteriormente ao levantamento das deflexões, é necessário
o conhecimento da constituição do pavimento em análise, nomeadamente da espessura das
suas camadas e respetivos coeficientes de Poisson, de forma a obter com maior rigor os módulos
de deformabilidade (Correia, 2014).
Depois de se obterem as bacias de deflexões da superfície do pavimento, a retro-análise é
realizada com vista à determinação dos módulos de deformabilidade de cada camada
constituinte do pavimento, onde se poderá efetuar o ajuste entre as bacias das deflexões reais
obtidas durante o ensaio do FWD e as bacias de deflexões calculadas através dos programas de
cálculo. O ajuste dos valores das deflexões medidas e calculadas é feito através de um processo
iterativo que termina assim que o utilizador considere que a diferença entre os valores dessas
deflexões seja suficientemente reduzido.
Para verificar se o ajuste foi bem realizado pelos programas pode recorrer-se ao Root Mean
Square Error (RMSE), que se apresenta na equação 3.3:
RMSE (%) = (√1
𝑛× ∑ (
𝑑𝑐𝑖−𝑑𝑚𝑖
𝑑𝑚𝑖)𝑛
𝑖=1
2
) × 100 (3.3)
Onde:
n – deflexão para um ponto de ensaio i;
dci – deflexão calculada para o ponto de ensaio i (m/m);
dmi – deflexão medida no ponto de ensaio i.
No que concerne à aplicação da retro-análise devem ser levados em conta vários fatores que
por vezes podem condicionar a análise das deflexões. O utilizador deverá ter em atenção os
dados introduzidos nos programas de cálculo denominados por “módulos semente”, as
espessuras das camadas, a interdependência entre elas, bem como o efeito da temperatura
para o cálculo dos módulos de deformabilidade das camadas do pavimento.
41
3.5.2.1 Módulos semente
Os módulos semente surgem no início do processo da retro-análise e incluem a espessura das
camadas, o número de iterações realizadas, os módulos para cada camada, bem como os
critérios de convergência adotados pelo programa computacional utilizado (Guido-Simm, 2007).
Efetuar duas análises das mesmas deflexões de um pavimento com valores “semente” de
módulos de deformabilidade distintos pode levar também a soluções distintas no ajuste das
bacias de deflexão no processo iterativo realizado com o auxílio dos programas computacionais.
O utilizador poderá evitar esta discrepância entre várias abordagens das deflexões tendo um
conhecimento apropriado das camadas do pavimento e introduzir valores “semente”
adequados, estipulando limites para os módulos calculados ao longo das várias iterações. Tendo
estes aspetos em conta, o utilizador consegue evitar os valores obtidos com uma boa
aproximação matemática e percentagens de erro reduzidas mas pouco realistas fisicamente,
no que diz respeito aos materiais que constituem o pavimento (Correia, 2014).
Quanto mais próximos forem os valores “semente” introduzidos dos módulos de
deformabilidade reais mais facilmente será realizado o processo de convergência para a solução
final, logo, menos iterações terão de ser realizadas para se obterem resultados adequados
através dos programas de cálculo.
3.5.2.2 Espessura das camadas
O conhecimento da espessura das camadas que constituem o pavimento é essencial para se
efetuar a retro-análise. Quando se pretendem analisar os módulos de deformabilidade das
camadas de um pavimento novo torna-se simples atribuir espessuras às diversas camadas nos
programas computacionais. Esta situação não acontece quando se pretende analisar um
pavimento com alguns anos de utilização onde, inevitavelmente, existirá algum desgaste e
consequentemente uma alteração da espessura das camadas.
Quando não se conhecem verdadeiramente as espessuras das diversas camadas pode-se recorrer
a ensaios destrutivos, como a sondagem à rotação, através da qual se extraem tarolos que
permitem a identificação da espessura das camadas betuminosas, ou poços para uma
identificação minuciosa das camadas granulares e do solo de fundação. Habitualmente é
também utilizado o Ground Penetrating Radar (GPR), método não destrutivo, que permite uma
análise do pavimento em profundidade, estimando as espessuras das camadas e a variação em
toda a sua extensão (Correia, 2014).
Através destes ensaios é possível identificar as interfaces entre as várias camadas de materiais
diferentes como as de betão betuminoso e camada granular ou da camada granular com o solo
de fundação.
42
3.5.2.3 Camadas rígidas
Considerar a existência de camadas rígidas em detrimento do solo de fundação como uma
camada infinita tem influência nos cálculos realizados pelos programas de retro-análise.
Quando se considera uma camada rígida admite-se que abaixo desta não existe quase nenhuma
contribuição para as deflexões medidas durante o ensaio à superfície do pavimento (Correia,
2014).
Com o ensaio FWD são impostas tensões ao pavimento provocadas pelo peso do próprio
equipamento que faz com que surjam deformações dos vários materiais do pavimento e através
destas são calculadas as deflexões. Como tal, as deflexões superficiais medidas a uma certa
distância da aplicação da carga são o resultado das deformações dos materiais do pavimento
na zona de tensões (Rohde & Scullion, 1990).
Em suma, considerando a existência de solo de fundação, os geofones do FWD medem o valor
do assentamento da superfície do pavimento nessa zona, ou seja, o primeiro geofone mede a
deformação total do conjunto das camadas incluindo a camada superficial, a camada granular
e o solo de fundação, enquanto que, o último geofone regista apenas a deformação que diz
respeito ao solo de fundação. A figura 3.19 representa esquematicamente esta situação.
Figura 3.19 - Defletómetro de impacto e zonas de tensão em cada camada (Correia, 2014)
3.5.2.4 Relação entre as camadas
O objetivo dos programas de retro-análise é calcular deflexões que se aproximem das deflexões
medidas pelo FWD. Para se conseguir chegar a uma relação aproximada entre estas deflexões
é muito importante reconhecer que os materiais que constituem as camadas do pavimento
apresentam algumas divergências, no entanto, é fundamental entender que apesar destas, os
43
módulos de deformabilidade das camadas apresentam uma relação de interdependência
traduzida pela expressão 3.4.
Eg/Es = 0,2 × hg0,45 (3.4)
Onde:
Eg - módulo da camada granular (MPa);
hg - espessura da camada (mm);
Es - módulo da camada do solo de fundação (MPa).
Claessen et al., (1977) citado por Correia (2014) referem que o valor da parcela 0,2 × hg0,45
deve estar entre 1,5 e 4. Não deve ser inferior a 1,5 porque isso significaria que a camada
superior não seria mais resistente que a inferior, e por outro lado, não deve ser superior a 4
pois a resistência seria demasiado elevada, algo que só seria possível em condições muito
controladas no processo de execução.
É de salientar a importância da interdependência entre as camadas e adotar valores coerentes
para os módulos de deformabilidade já que os programas de cálculo têm uma preocupação
essencialmente matemática no que concerne aos ajustes dos dados medidos e calculados. Cabe
assim ao utilizador ter um conhecimento aprofundado sobre o pavimento e respetivas camadas
para aliar este conhecimento ao entendimento matemático dos programas computacionais para
garantir ajustes realistas do ponto de vista físico.
3.5.2.5. Temperatura
A temperatura tem influência sobre o pavimento, principalmente nas camadas superficiais
betuminosas, o que leva a uma variação dos módulos de deformabilidade das mesmas. No
Inverno, devido às baixas temperaturas, os módulos de deformabilidade são mais baixos que no
Verão, verificando-se que com o aumento das temperaturas a rigidez das camadas betuminosas
vai diminuindo, levando desta forma a módulos mais baixos.
Por norma, durante o ensaio FWD a temperatura das camadas do pavimento é medida e pode
ser tida em conta pelos programas de retro-análise. Visto que os módulos de deformabilidade
nesses programas se baseiam nas deflexões medidas durante o ensaio com o efeito da
temperatura, estes devem ser corrigidos após a retro-análise para a temperatura de serviço
através da equação 3.5 desenvolvida pelo LNEC em 2005 (Amorim 2013).
ET =(1,635 – 0,0317 × T) × E20 (3.5)
Onde:
T - temperatura nas camadas betuminosas durante o ensaio (ºC);
ET - módulo de deformabilidade para a temperatura T (MPa);
E20 - módulo de deformabilidade para a temperatura de referência de 20º C (MPa).
44
Para obter a temperatura é necessário recorrer aos dados de institutos de meteorologia e
estimar a temperatura média do ar num determinado período. Sabendo essa temperatura é
possível, através do ábaco de Shell, chegar à temperatura de serviço a utilizar na equação 3.5.
3.5.3. Metodologias existentes
Existem várias metodologias que são utilizadas para estimar os módulos de deformabilidade dos
pavimentos através do processo de retro-análise. Existe uma abordagem tradicional, onde se
estimam os trechos uniformes, no que à capacidade de carga diz respeito, seguidamente da
identificação física do pavimento na zona mais representativa. No desenvolvimento deste
trabalho esta não será uma etapa a ser cumprida pois o caso de estudo trata-se de um
estacionamento, logo os trechos são pequenos comparativamente a trechos de estrada e não
requerem esta análise. Nesta abordagem, adota-se ainda a utilização do programa BISAR da
Shell para se chegar aos valores dos módulos de deformabilidade das camadas do pavimento
através de um processo iterativo. Uma outra abordagem seria utilizar programas de retro-
análise, ELMOD e o Modulus, que utilizam diretamente os dados do FWD, no entanto, estes não
serão descritos neste trabalho uma vez que não foram utilizados no seu desenvolvimento.
3.5.3.1. Abordagem tradicional
Depois de obtidos os dados do ensaio do defletómetro de impacto (FWD) pode dar-se início ao
processo de retro-análise propriamente dito. Como se havia explicado em 3.5.3, neste processo
não se efetuará divisão de trechos dada a dimensão reduzida do caso de estudo abordado neste
trabalho.
Inicialmente, deverá proceder-se à normalização das deflexões, uma vez que durante os ensaios
é normal haver pequenas variações na força aplicada, que podem dever-se às características
do pavimento ensaiado ou mesmo do próprio equipamento de ensaio. Como tal, após a
normalização das deflexões, chegar-se-á a uma força comum a todos os ensaios realizados, o
que permite uma melhor comparação de resultados (Correia, 2014).
A normalização das deflexões é dada pela equação 3.6:
Dn = Dm × 𝐹𝑝
𝐹𝑚 (3.6)
Onde:
Dn - deflexão normalizada (µm);
Dm - deflexão medida (µm);
Fp – força padrão (kN);
Fm - força medida (kN)
45
Posteriormente à normalização das deflexões, o utilizador deverá introduzir todos os dados
necessários no programa BISAR (Bitumen Stress Analysis in Roads) tais como, a espessura das
camadas, as deflexões normalizadas e realizar todas as iterações necessárias para encontrar
uma solução conveniente para o ajuste das deflexões calculadas pelo programa e as deflexões
medidas pelo FWD.
O programa computacional BISAR calcula deslocamentos, tensões e extensões num pavimento
em que atua uma carga vertical distribuída de forma uniforme numa área circular de raio r,
permitindo desta forma simular as condições do ensaio FWD (Correia, 2014).
Para o programa fazer uma correta análise deverão ser introduzidos os dados de ensaio como o
raio da placa de carga, a amplitude da carga aplicada e a posição dos geofones durante o
ensaio. Posto isto, o utilizador deve introduzir as espessuras das camadas, os coeficientes de
Poisson e os módulos de deformabilidade estimados. Posteriormente a esta introdução de dados
pelo utilizador, o BISAR calcula as deformações “teóricas” obtidas, permitindo desta forma a
comparação com os valores medidos no ensaio.
O quadro 3.11 apresenta alguns valores normalmente utilizados para os módulos de
deformabilidade das camadas de um pavimento, no entanto será previsível que para o caso de
estudo desta dissertação os módulos de deformabilidade sejam ligeiramente diferentes dos
apresentados no quadro.
Quadro 3.11 - Módulos de deformabilidade para camadas do pavimento (Adaptado de EP,1995)
Camada Módulo de deformabilidade (Mpa)
Betão betuminoso
7000 a 9000 (T=15ºC)
5000 a 6000 (T=20 ºC)
3000 a 4000 (T=25ºC)
Betão betuminoso fendilhado 500 a 1000
Agregado tratado com cimento 10000 a 20000
Solo-cimento 1000 a 5000
Base granular britada 150 a 300
Sub-base granular britada 100 a 200
Solos selecionados 60 a 100
46
No que concerne a outros parâmetros a ter em conta na abordagem tradicional deve-se também
considerar o coeficiente de Poisson. Quaresma (1985) propõe utilizar 0,35 para camadas
betuminosas e 0,30 para camadas granulares. Já para a fundação, MACOPAV considera valores
do coeficiente de Poisson de 0,4 como ideais.
Depois de serem inseridos todos os parâmetros necessários é permitido ao utilizador realizar
todas as iterações até o programa chegar a uma convergência dos valores calculados com os
medidos no ensaio do defletómetro de impacto.
Na figura 3.20 pode verificar-se o resultado da abordagem realizada para a determinação dos
módulos de deformabilidade das camadas do pavimento, onde se relacionam as distâncias dos
geofones ao centro da placa com as deflexões.
Figura 3.20 - Exemplo de iterações realizadas para ajustar os defletogramas calculados e medidos
(Branco et al., 2011)
47
3.5.4. Estudos realizados com recurso ao defletómetro de impacto
3.5.4.1 Machado et al., 2013
Neste estudo construíram-se quatro estruturas de pavimento à escala real, três delas de
misturas betuminosas e uma de material granular. O objetivo desta investigação foi relacionar
a força aplicada em cada ensaio com os impactos criados nos diferentes pavimentos. Estes
possuem diferentes materiais e espessuras.
Os ensaios não destrutivos foram desenvolvidos por dois equipamentos disponibilizados pelo
LNEC, o defletómetro de impacto (FWD) e o defletómetro de impacto portátil (DIP). Depois de
obtidas as deflexões medidas realizou-se a retro-análise com recurso ao programa de cálculo
linear elástico (BISAR) de forma a obter as deflexões calculadas e chegar a uma conclusão sobre
o módulo de elasticidade de cada camada.
As autoras denominaram as estruturas de células e estas são compostas da seguinte forma. A
célula 1 é composta por 0,3 m de material granular granítico na primeira camada, na segunda
camada contém 0,3 m de material granular calcário e 2,20 m de solo de fundação. A célula 2
tem 0,11 m de mistura betuminosa, 0,3 m de material calcário e 2,40 m de solo de fundação.
A célula 3 possui 0,05 m de mistura betuminosa, 0,2 m de material calcário, 0,3 m de material
calcário e 2,05 m de solo de fundação. Por fim, a célula 4 é constituída por 0,14 m de mistura
betuminosa, 0,20 m de agregado calcário e 2,25 m de solo de fundação. Cada célula tem 2,0 m
× 5,0 m e os ensaios foram realizados em dois alinhamentos que distavam entre si de 50 cm e
em cada um desses alinhamentos realizaram-se, em 5 pontos distintos, os ensaios que se
localizavam a 0,90 m, 1,75 m, 2,65 m, 3,55 m e 4,30 m da margem de cada célula.
Durante os ensaios realizados foram aplicadas cargas de 25, 50, 75, 90, 120 kN para o ensaio
do FWD.
Machado et al., (2014) apresentam os resultados dos módulos de deformabilidade obtidos
apenas para a célula 2 uma vez que estes foram semelhantes aos que obtiveram para as outras
células. No quadro 3.12 resume-se a informação disponibilizada pelos autores.
Depois de obtidos estes resultados, as autoras constataram que nas camadas à base de material
granular (célula 1) houve um aumento do módulo de deformabilidade da primeira camada
condizente com o aumento da força de ensaio, ao contrário do que aconteceu relativamente
às camadas com misturas betuminosas (células 2,3,4), em que o módulo diminuiu com o
aumento da força aplicada nos ensaios.
Em suma, os pavimentos com uma camada de desgaste à base de material granular apresentam
respostas diretamente proporcionais ao acréscimo de carga relativamente ao módulo de
48
deformabilidade da primeira camada, desta forma, e nestes casos, dado o comportamento não
linear destas camadas, o aumento da força aplicada em ensaios deverá ser um aspeto a ter em
conta na avaliação mecânica.
Quadro 3.12 - Resultados obtidos para os módulos de deformabilidade após a retro-análise (Adaptado de Machado et. al.,(2013)
Distância (m)
Força aplicada (kN) Módulos (Mpa) 0,9 1,75 2,65 3,55 4,3
25
E1 5000 5000 5000 3000 5000
E2 3000 6000 6000 3000 2000
E3 500 500 500 800 1000
E4 1500 1500 1500 1500 1500
50
E1 8000 5000 6000 4000 8000
E2 2000 5000 5000 2000 2000
E3 500 500 500 800 1000
E4 1500 1500 1500 1500 1500
75
E1 6000 7000 7000 4000 6000
E2 4000 5000 5000 5000 3000
E3 400 400 500 500 800
E4 1500 1500 1500 1500 1500
90
E1 5000 6000 6000 3000 5000
E2 3000 4000 4000 4000 3000
E3 500 500 500 600 800
E4 1000 1000 1600 1500 1500
120
E1 3000 4000 5000 2000 4000
E2 4000 4000 4000 4000 3000
E3 500 500 500 600 700
E4 1000 1000 1600 1500 1500
3.5.4.2 Correia & Picado-Santos, 2014
O trabalho desenvolvido por estes autores teve como objetivo comparar as soluções obtidas por
programas de cálculo como o ELMOD e o MODULUS, utilizados internacionalmente nos processos
de retro-análise, com as soluções tradicionais obtidas em Portugal com recurso ao programa
BISAR e verificar quais os parâmetros a ter em conta aquando da sua aplicação.
O estudo desenvolvido por Correia e Santos (2014) foi realizado em duas estradas com
pavimentos flexíveis, a A17 e a A7. Para analisar o comportamento mecânico dos pavimentos
destas estradas foi utilizado o ensaio do defletómetro de impacto. Os ensaios realizados com
este equipamento foram efetuados com uma carga de 65 kN e uma placa com diâmetro de 300
49
mm, sendo que os geofones se encontravam distanciados de 0.0, 0.3, 0.45, 0.6, 0.9, 1.2, 1.5,
1.8 e 2.1 metros em relação ao centro de aplicação da carga. Os dados do defletómetro de
impacto foram recolhidos ao longo de 25 Km para a A17 e ao longo de 8 Km para a A7.
O pavimento da A17 é constituído estruturalmente por 4 cm de betão betuminoso drenante, 5
cm de betão betuminoso de regularização, uma camada de 15 cm de macadame betuminoso e
uma camada de agregado britado com 30 cm.
Em relação à A7, a estrutura do pavimento é constituída por 3 cm de microbetão betuminoso
rugoso, 5 cm de betão betuminoso de regularização, uma camada com 9,5 cm de macadame
betuminoso e uma camada com 20 cm de agregado britado de granulometria extensa (ABGE).
Depois de realizada a retro-análise, onde se realizaram várias iterações para obter uma
aproximação entre os valores das deflexões medidas no campo pelo defletómetro de impacto
e os calculados pelos programas, os autores chegaram aos módulos de deformabilidade para as
várias camadas constituintes dos pavimentos em análise e compararam os resultados obtidos.
Os resultados comparativos dos módulos de deformabilidade obtidos pelos vários programas
apresentam-se nos quadros 3.13 e 3.14.
Quadro 3.13 - Dados comparativos da retro-análise para a A17 com recurso a vários programas de cálculo (adaptado de Correia e Picado-Santos, 2014)
Módulo de deformabilidade (MPa)
Camada do pavimento MODULUS ELMOD BISAR
Betão betuminoso 9352 10709 10000
Macadame betuminoso 10371 13383 13000
ABGE 379 220 260
Fundação 103 100 100
Camada rígida 5000 5463 2000
Quadro 3.14 - Dados comparativos da retro-análise para a A7 com recurso a vários programas de cálculo (adaptado de Correia e Picado-Santos, 2014)
Módulo de deformabilidade (MPa)
Camada do pavimento MODULUS ELMOD BISAR
Betão betuminoso 1034 1578 1500
Macadame betuminoso 1526 1578 1500
ABGE 186 141 150
Fundação 77 81 80
Camada rígida 770 849 3000
50
Depois de obterem os resultados os autores constataram que os módulos de deformabilidade
registados com a utilização do ELMOD e do MODULUS foram superiores aos obtidos através da
abordagem tradicional usada em Portugal usando o BISAR, devido ao facto daqueles dois
programas calcularem uma média para todas as estações e apresentarem esses valores como
um resultado final ao utilizador. Com o BISAR, é apenas utilizada a estação mais representativa
baseada na abordagem do percentil 85 do trecho mais condicionante e, desta forma, a
estimativa dos módulos de deformabilidade apresenta mais conservadorismo do que através da
média realizada pelos outros programas.
Independentemente dos programas utilizados Correia e Santos (2014) salientam a importância
de não se utilizar camadas muitos finas, impor limites aos módulos calculados, considerar o
efeito da temperatura e simular no programa a existência de uma camada rígida abaixo da
fundação. Estes, segundo os autores, são fatores a ter em conta na abordagem a esta temática
de modo a obter as melhores soluções.
Em suma, com este trabalho, concluiu-se que, tanto a abordagem tradicional utilizada em
Portugal como a abordagem com os programas de cálculo automático podem ser uma maneira
viável de chegar a resultados fiáveis, apesar de a abordagem tradicional conferir um maior
controlo relativamente às relações entre as camadas e uma maior precisão nos resultados
obtidos.
51
Capítulo 4 - Trabalho Experimental
4.1. Descrição do local do trabalho experimental
A investigação desenvolvida nesta dissertação foi realizada num parque de estacionamento
situado no concelho da Covilhã (Portugal). Na Figura 4.1 apresenta-se o local do trabalho
experimental no parque de estacionamento que é constituído por 3 lugares que ocupam uma
área de 37,5 m2 com 2,5 × 5 m cada. O pavimento permeável foi executado no mês de Agosto
de 2017 e a sua caracterização foi realizada cinco meses após essa data sem ser efetuada
qualquer atividade de limpeza do mesmo. Sendo que o pavimento se insere numa área de lazer,
acredita-se que este seja utilizado essencialmente por veículos ligeiros o que leva à diminuição
da desagregação da camada superficial.
Figura 4.1 - Pavimento em estudo
O pavimento utilizado possui uma característica distinta em relação aos pavimentos permeáveis
mais usuais. Este pavimento apresenta na sua camada mais superficial uma dupla camada
drenante (DCD) de uma mistura betuminosa com agregados finos à superfície com 3 cm de
espessura e com agregados grossos imediatamente depois desta com 4 cm de espessura,
permitindo desta forma ao pavimento ter uma função equivalente à de um filtro que dificulta
a passagem de sedimentos para as camadas subjacentes, reduzindo assim a colmatação dos
espaços vazios do pavimento. Para além da DCD com um total de 7 cm, o pavimento é
constituído por uma camada de regularização de agregados graníticos 5/15 com 9 cm de
espessura e uma camada reservatório de 25 cm de espessura com agregados graníticos 15/25.
No desenvolvimento desta investigação foram realizados alguns ensaios para caracterizar o
pavimento do ponto de vista funcional e mecânico. Neste capítulo apresentam-se os resultados
52
do ensaio da mancha de areia para avaliar a textura do pavimento, do pêndulo britânico para
avaliar o atrito e do defletómetro de impacto para avaliar a capacidade de carga.
4.2. Ensaio da Mancha de Areia
Na realização deste trabalho, no que concerne à Mancha de Areia, foram realizados dois ensaios
distintos. Um dos ensaios foi realizado com o equipamento da Universidade do Minho (UM) com
recurso a esferas de vidro e outro com equipamento da Universidade da Beira Interior (UBI)
com recurso a areia devidamente normalizada. Os ensaios foram desenvolvidos de acordo com
a norma EN 13036-1: 2010 (Road and airfield surface characteristics – Test methods – Part 1:
Measurement of pavement surface macrotexture depth using a volumetric patch technique)
com o objetivo de avaliar a macrotextura do pavimento como referido em 3.2.
Para o ensaio da mancha de areia foram divididos os estacionamentos em 3 secções e para cada
uma delas foram realizados ensaios em dois pontos distintos. Na figura 4.2 mostra-se a posição
dos locais de ensaio no pavimento. Na secção 3 que abrange os pontos de ensaio 3.1 e 3.2
encontrava-se um veículo estacionado, no entanto, foi possível a realização dos ensaios da
Mancha de areia.
Figura 4.2 - Representação em planta dos pontos do ensaio da Mancha de Areia
No quadro 4.1 apresentam-se os resultados do ensaio da mancha de areia realizado com o
equipamento da UM. Para cada ponto ensaiado foram medidos 4 diâmetros calculando-se a sua
média para posteriormente se calcular o MTD através da equação 3.1.
Segundo o CEEP (2014) todos os valores resultantes do ensaio da mancha de areia para camadas
de desgaste de misturas betuminosas porosas (PA 12,5) devem ser superiores a 1,2 mm como
se apresentou no quadro 3.2. Como se pode constatar pelo quadro 4.1 todos os valores obtidos
para os diversos pontos ensaiados são superiores a 1,2 mm, logo a média resultante desses
53
valores é também superior a 1,2 mm. Desta forma, os resultados conseguidos para avaliar a
macrotextura são cumpridores dos valores que se encontram preconizados no CEEP (2014).
Quadro 4.1 - Resultados do ensaio da mancha de areia com equipamento da UM
Nº da Secção Nº do Ponto V (mm³) Diâmetro da mancha (mm) Média MTD (mm)
1 1.1
58032
218,0 210,0 215,0 224,0 216,8 1,6
1.2 195,0 197,0 200,0 210,0 200,5 1,8
2 2.1 210,0 216,0 216,0 216,0 214,5 1,6
2.2 193,0 198,0 199,0 194,0 196,0 1,9
3 3.1 189,0 209,0 202,0 204,0 201,0 1,8
3.2 189,0 215,0 197,0 206,0 201,8 1,8
Média (MTD) 1,8
Na EN 13036-1: 2010 é referido que a MTD possui limites de aplicabilidade entre 0,25 mm e 5
mm. Neste caso, como se pode verificar, os resultados obtidos através do ensaio encontram-se
também abrangidos pelos valores admissíveis, segundo a norma europeia, para misturas
betuminosas a quente.
No que concerne aos resultados obtidos através da utilização do equipamento da UBI, estes
apresentam ligeiras diferenças em relação aos resultados apresentados anteriormente, que se
devem, essencialmente, ao facto de se ter utilizado areia normalizada em substituição das
esferas de vidro.
Seguidamente apresentam-se, no quadro 4.2, os valores obtidos para o ensaio da mancha de
areia com equipamento da UBI.
Quadro 4.2 - Resultados do ensaio da mancha de areia com o equipamento da UBI
Nºda Secção Nºponto V (mm³) Diâmetro da mancha (mm) Média MTD (mm)
1
1.1
60000
190 205 193 194 195,5 2,0
1.2 200 180 192 190 190,5 2,1
2
2.1 193 178 190 182 185,8 2,2
2.2 205 195 201 202 200,8 1,9
3
3.1 200 180 190 182 188 2,2
3.2 190 180 190 185 186,3 2,2
Média (MTD) 2,1
Analisando os resultados apresentados no quadro 4.2 pode concluir-se que estes, tal como os
apresentados anteriormente, cumprem com os requisitos impostos pelo CEEP (2014) pois todos
os valores são superiores a 1,2 mm e consequentemente uma média também superior a esse
valor. Relativamente ao intervalo de valores estipulado pela EN 13036-1: 2010, todos os pontos
54
apresentam uma profundidade média da textura compreendida entre 0,5 mm e 5 mm tal como
é exigido pela norma.
Através dos resultados obtidos, seja com o equipamento da UM ou da UBI, pode-se classificar a
macrotextura do pavimento em estudo como muito aberta como referido pela tabela 3.1
apresentada no Capítulo 3. Tendo em conta estes resultados, considera-se que a capacidade do
pavimento em infiltrar água é bastante eficiente, o que por si só, revela grande eficácia no
combate ao fenómeno da hidroplanagem.
4.3. Pêndulo Britânico
O ensaio do Pêndulo Britânico foi realizado segundo a norma EN 13036-4: 2011 (Road and
airfield surface characteristics – Test methods – Part 4: Method for measurement of slip/skid
resistance of a surface – The Pendulum Test). Os locais de ensaio foram subdivididos em três,
que correspondem ao número de estacionamentos do pavimento. Nessas três secções foram
realizados ensaios em dois pontos distintos em cada uma delas para averiguar a resistência ao
atrito do pavimento. O esquema do ensaio é o mesmo que o representado na figura 4.2. Na
figura 4.3 apresenta-se um exemplo das medições realizadas com o Pêndulo Britânico e no
quadro 4.3 apresentam-se os resultados obtidos nas várias secções.
Figura 4.3 - Ensaio do Pêndulo Britânico realizado no pavimento
55
Quadro 4.3 - Resultados do ensaio do Pêndulo Britânico
Nº da secção
Nº do Ponto
υ1 υ 2 υ 3 υ 4 υ 5
Temp. da
água (ºC)
PTV PTVCORR PTVCORR
MÉDIO
1 1.1 68 68 67 67 67 12,0 67 65
67 1.2 72 71 70 70 70 13,5 71 68
2 2.1 68 68 66 66 65 15,3 67 64
64 2.2 67 67 67 66 66 13,4 67 64
3 3.1 68 67 68 68 68 14,5 68 66
67 3.2 72 71 70 69 69 15,6 70 69
Como se pode verificar no quadro 4.3 foram realizados cinco ensaios em cada ponto e para cada
um deles foi feita a média dos valores obtidos, resultando os valores de PTV. Posteriormente e
segundo a EN 13036-4:2011 as médias obtidas em cada ponto devem ser corrigidas para a
temperatura de 20ºC. No quadro 4.4 apresentam-se os valores de correção para diversos valores
de temperatura medidos no ensaio.
Quadro 4.4 - Correção dos valores de temperatura de ensaio (Adaptado de EN 13036-4:2011)
Temperatura Medida [º C] Correção para o valor medido
40 +3
30 +2
20 0
15 -2
10 -3
5 -5
Os valores resultantes do ensaio do Pêndulo Britânico são bastante semelhantes entre si como
se pode constatar pela análise do quadro 4.3.
Segundo o CEEP (2014), tal como apresentado no quadro 3.4 no capítulo 3, os valores
admissíveis para o coeficiente de atrito pontual devem ser superiores a 60. Os resultados
obtidos são cumpridores deste parâmetro estabelecido pelo Caderno de Encargos pois todos os
valores apresentados no quadro 4.3 são superiores a 60. À luz dos resultados pode-se concluir
que em relação ao atrito do pavimento em condições adversas, com o piso molhado, este
apresenta condições de segurança adequadas.
56
4.4. Ensaio do Defletómetro de impacto - FWD
Para avaliar a capacidade de carga do pavimento realizou-se o ensaio do defletómetro de
impacto (FWD). Depois de executado o ensaio e recolhidas as deformações do pavimento
procedeu-se à retro-análise com o auxílio do programa BISAR com vista à obtenção dos valores
dos módulos de deformabilidade das várias camadas que constituem o pavimento. O ensaio foi
realizado em quatro pontos distintos, sendo que um dos lugares de estacionamento não pode
ser analisado dada a presença de um veículo que se encontrava estacionado no local.
A figura 4.4 mostra os pontos em que foram realizados os ensaios. Os pontos 1, 2, 3 e 4
representam os ensaios desenvolvidos sobre a superfície do pavimento.
Figura 4.4 - Representação em planta dos pontos do ensaio FWD
De seguida apresentam-se detalhadamente todos os processos desenvolvidos na análise dos
resultados obtidos no ensaio do FWD.
4.4.1. Deflexões obtidas e normalização
Após a realização do ensaio FWD em todos os pontos apresentados na figura 4.4 obtiveram-se,
através do sistema computacional do equipamento, os valores das deflexões registadas em
todos os geofones que se encontram numerados de D1 a D9. No quadro 4.5 apresentam-se os
dados fornecidos durante o ensaio.
57
Quadro 4.5 - Deflexões registadas durante o ensaio FWD
ID Estação ID Ensaio Força [kN] D1 D2 D3 D4 D5 D6 D7 D8 D9
1 1 25,82 537,90 262,40 132,60 73,00 20,80 11,60 13,00 10,20 5,20
1 2 39,89 858,30 427,50 225,30 116,20 40,80 26,50 20,30 17,50 15,20
1 3 57,43 1261,00 617,90 325,50 169,20 52,40 31,90 29,30 24,80 13,50
2 4 25,57 403,50 230,50 141,00 82,40 26,90 15,10 14,10 11,80 9,30
2 5 39,36 630,30 362,70 221,50 131,30 50,10 27,70 19,80 18,30 15,50
2 6 57,18 929,50 524,20 321,60 191,50 72,50 40,90 31,40 27,80 22,20
3 7 26,05 497,80 279,20 165,90 96,40 33,50 14,90 16,80 128,80 148,60
3 8 39,83 779,80 438,60 262,90 152,30 52,00 23,30 24,60 168,90 191,50
3 9 57,59 1168,30 650,90 388,40 226,20 74,40 31,90 46,40 244,20 292,90
4 10 25,50 541,70 264,30 150,50 85,50 27,60 17,60 12,60 12,50 9,30
4 11 39,32 840,50 418,80 243,70 138,90 48,30 27,60 21,30 19,00 15,80
4 12 56,83 1210,40 605,80 354,00 204,00 68,80 41,10 31,50 28,40 23,60
As deflexões registadas durante o ensaio do FWD não foram todas contabilizadas uma vez que
o primeiro ensaio em cada ponto analisado serve como uma calibração do equipamento. Como
tal, optou-se por analisar as deflexões do segundo ensaio de cada ponto como se pode observar
no quadro 4.5, onde esses pontos se encontram assinalados com uma cor cinza.
No quadro 4.5 é também visível que para as estações 1 e 3 não foram analisadas todas as
deflexões registadas pelos geofones visto que o afastamento destes em relação ao centro de
aplicação da carga era de 1,50 m para o geofone D7, 1,80 m para o geofone D8 e 2,10 m para
o geofone D9, como tal estes estavam apoiados fora do pavimento e os seus resultados foram
desprezados. Para as estações 2 e 4 foram analisadas todas as deflexões registadas no
equipamento.
Após a escolha das deflexões a serem estudadas procedeu-se à normalização das mesmas para
a força padrão de 40 kN que se apresentam no quadro 4.6.
Quadro 4.6 - Normalização das deflexões
ID Estação ID Ensaio Força [kN] D1 D2 D3 D4 D5 D6 D7 D8 D9
1 1 25,82 833,31 406,51 205,42 113,09 32,22 17,97 20,14 15,80 8,06
1 2 39,89 860,67 428,68 225,92 116,52 40,91 26,57 20,36 17,55 15,24
1 3 57,43 878,29 430,37 226,71 117,85 36,50 22,22 20,41 17,27 9,40
2 4 25,57 631,21 360,58 220,57 128,90 42,08 23,62 22,06 18,46 14,55
2 5 39,36 640,55 368,60 225,10 133,43 50,91 28,15 20,12 18,60 15,75
2 6 57,18 650,23 366,70 224,97 133,96 50,72 28,61 21,97 19,45 15,53
3 7 26,05 764,38 428,71 254,74 148,02 51,44 22,88 25,80 197,77 228,18
3 8 39,83 783,13 440,47 264,02 152,95 52,22 23,40 24,70 169,62 192,32
3 9 57,59 811,46 452,09 269,77 157,11 51,68 22,16 32,23 169,61 203,44
4 10 25,50 849,73 414,59 236,08 134,12 43,29 27,61 19,76 19,61 14,59
4 11 39,32 855,04 426,04 247,91 141,30 49,14 28,08 21,67 19,33 16,07
4 12 56,83 851,94 426,39 249,16 143,59 48,43 28,93 22,17 19,99 16,61
58
Através da equação 3.6 apresentada no Capítulo 3 efetuaram-se os cálculos da normalização
das deflexões demonstrando-se de seguida o restante processo de retro-análise desenvolvido
com o auxílio do programa BISAR.
4.4.2. Tratamento dos resultados do ensaio FWD
Depois da normalização das deflexões introduziram-se os dados necessários no programa BISAR
para realizar a retro-análise. Na figura 4.5 mostram-se os dados inseridos inicialmente que
dizem respeito à aplicação da carga.
Figura 4.5 - Dados da aplicação da carga no programa BISAR
Na figura 4.5 pode-se visualizar a força da carga aplicada de 40 kN, mas também o raio da placa
com 0,15 m. Depois de introduzidos os dados iniciais procedeu-se à inserção da espessura das
camadas, dos coeficientes de Poisson e dos módulos de deformabilidade introduzidos através
de um processo iterativo. Nas figuras 4.6 e 4.7 podem ver-se os exemplos adotados para os
pontos de ensaio 1 e 2, respetivamente. No ponto 5 da coluna Layer Number, pode constatar-
se uma diferença na espessura dessa camada que diz respeito à fundação do pavimento. A
espessura dessa camada é passível de alterações por não se conhecer o seu valor real. Através
da modificação dos módulos de elasticidade pretende-se chegar a uma melhor aproximação
entre as deflexões medidas e calculadas. Os valores dos coeficientes de Poisson foram
explicados anteriormente no capítulo 3.
59
Figura 4.6 - Exemplo de introdução de valores para o ponto de ensaio 1
Figura 4.7 - Exemplo de introdução de valores para o ponto de ensaio 2
Foram também introduzidas as posições dos geofones em relação ao centro de aplicação da
carga do equipamento como se pode ver pelas figuras 4.8 e 4.9, que retratam os exemplos para
os pontos 1 e 2. As coordenadas inseridas segundo o eixo X são diferentes devido à localização
dos pontos de ensaio, ou seja, os geofones do ponto 1 apenas se encontram sobre o pavimento
até à distância de 1,20 m, os restantes saíam fora dos limites do pavimento, como tal não foram
considerados. Em relação ao ponto 2, foram considerados todos os geofones pois a posição deste
ponto de ensaio estava localizada de tal forma que todos eles apoiavam sobre a superfície do
pavimento. O esquema da posição dos pontos de ensaio pode ser analisado na figura 4.4.
60
Figura 4.8 - Distância dos geofones ao ponto de aplicação da carga no ponto 1
Figura 4.9 - Distância dos geofones ao ponto de aplicação da carga no ponto 2
Após a demonstração da introdução dos dados iniciais no BISAR mostram-se de seguida exemplos
de resultados obtidos pelo programa de cálculo para cada ponto ensaiado. Estes resultados
foram obtidos através do processo iterativo realizado, que consistia na inserção de módulos de
deformabilidade para cada camada e na análise dos valores obtidos, comparando estes com os
fornecidos pelo equipamento durante o ensaio, ou seja, criando uma aproximação entre os
valores medidos e os valores calculados.
Os valores apresentados no quadro 4.7 foram calculados pelo programa BISAR através da
introdução dos módulos de deformabilidade para cada camada. Para cada ponto são
apresentadas apenas três iterações apesar de terem sido realizadas inúmeras iterações para se
chegar a resultados admissíveis. Na coluna identificada com “distância” estão representadas as
posições dos geofones e nas colunas representadas por “It.1, It.2 e It.3” estão apresentados os
valores das deflexões teóricas calculadas. Através das deflexões calculadas com o auxílio do
61
BISAR foi possível, em comparação com as deflexões medidas após a normalização, calcular o
erro tal como se apresentou na equação 3.3 do capítulo 3. Os espaços em branco que se podem
visualizar no quadro 4.7 estão relacionados com o facto de apenas terem sido contabilizadas
seis deformações registadas pelos primeiros seis geofones para esses pontos, tendo em conta
que os restantes saíam do pavimento e os seus resultados terem sido desprezados tal como foi
explicado anteriormente. Os valores calculados do erro em cada ponto e do RMSE (do inglês
Root mean square error) apresentam-se no quadro 4.8.
Quadro 4.7 - Valores das deformações calculadas pelo BISAR para todos os pontos
Deflexões calculadas (µm)
Distância (m)
Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 Ponto 4
It.1 It.2 It.3 It.1 It.2 It.3 It.1 It.2 It.3 It.1 It.2 It.3
0 861,8 854,2 876,6 661 632,8 667,8 802,2 795,8 864,9 879 874,2 867,9
0,3 406,5 407,4 409,7 344 337,8 379,3 406,5 419,7 450,8 398,4 424 419,6
0,45 229,1 231,8 229,4 211 211,1 244,9 244 261 275,7 221,3 244,8 241
0,6 122,8 125,9 122,4 125,9 128,1 151,4 140,6 157,5 161,7 119,6 135,2 131,6
0,9 39,4 42 39,5 49 50,5 56,9 48 60,2 56,8 42,3 44,9 41,4
1,2 24,4 26,4 25 28,3 28,5 27,9 23,7 31,3 27,8 27,1 25,9 23,6
1,5
22,6 22,4 20,8
23 22,1 22,5
1,8 19,4 19,2 18,4 19,7 19,5 19
2,1 16,7 16,7 16,4 16,8 16,8 16,7
Distância Erro Ponto 1 Erro Ponto 2 Erro Ponto 3 Erro Ponto 4
it.1 it.2 it.3 it.1 it.2 it.3 it.1 it.2 it.3 it.1 it.2 it.3
0 0,13 0,76 1,85 3,19 1,22 4,25 2,44 1,62 10,44 2,80 2,24 1,50
0,3 5,46 5,22 4,63 7,15 9,12 2,90 8,36 4,95 2,35 6,94 0,48 1,53
0,45 1,41 2,60 1,54 6,68 6,63 8,80 8,20 1,16 4,42 12,02 1,27 2,87
0,6 5,39 8,05 5,05 5,98 4,16 13,47 8,78 2,97 5,72 18,14 4,51 7,37
0,9 3,83 2,66 3,57 3,90 0,81 11,77 8,79 15,28 8,77 16,17 9,44 18,70
1,2 8,89 0,64 6,28 0,53 1,24 0,90 1,28 33,76 18,80 3,62 8,42 18,98
1,5
12,33 11,33 3,38
6,14 1,98 3,83
1,8 4,30 3,23 1,09 1,91 0,88 1,74
2,1 6,03 6,03 4,13 4,54 4,54 3,92
RMSE (%) 4,80 4,00 4,03 6,21 5,81 7,10 6,52 15,32 9,98 8,62 4,54 8,13
Como se pode constatar, pelos valores apresentados no quadro 4.8, o RMS obtido para os pontos
de ensaio é bastante satisfatório uma vez que ronda os 5% o que significa que foram conseguidas
boas aproximações entre as deflexões calculadas e medidas. Nas figuras 4.10, 4.11, 4.12, 4.13
e 4.14 apresentam-se os exemplos de aproximação entre as deflexões calculadas e medidas
para as iterações com melhores valores de RMS, assinaladas a verde no quadro 4.8.
62
Figura 4.10 - Relação entre as deflexões medidas e calculadas para o ponto 1 (iteração 2)
Figura 4.11 - Relação entre as deflexões medidas e calculadas para o ponto 2 (iteração 2)
0,00
100,00
200,00
300,00
400,00
500,00
600,00
700,00
800,00
900,00
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1 1,1 1,2
Defl
exões
(µm
)Distância dos geofones (m)
Ponto 1
Deflexões medidas
Deflexões calculadas
0,00
100,00
200,00
300,00
400,00
500,00
600,00
700,00
0 0,10,20,30,40,50,60,70,80,9 1 1,11,21,31,41,51,61,71,81,9 2 2,1
Defl
exões
(µm
)
Distância dos geofones (m)
Ponto 2
Deflexões medidas
Deflexões calculadas
63
Figura 4.12 - Relação entre as deflexões medidas e calculadas para o ponto 3 (iteração 1)
Figura 4.13 - Relação entre as deflexões medidas e calculadas para o ponto 4 (iteração 2)
Nas figuras que representam os gráficos, apresentados anteriormente, é possível obter uma
melhor perceção da relação entre as deflexões medidas durante o ensaio FWD e as calculadas
através do programa BISAR. No quadro 4.9 apresentam-se todos os módulos de deformabilidade
introduzidos no BISAR, através dos quais foi possível obter as deflexões teóricas apresentadas
no quadro 4.7.
0,00
100,00
200,00
300,00
400,00
500,00
600,00
700,00
800,00
900,00
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1 1,1 1,2D
efl
exões
(µm
)
Distância dos geofones (m)
Ponto 3
Deflexões medidas
Deflexões calculadas
0,00
100,00
200,00
300,00
400,00
500,00
600,00
700,00
800,00
900,00
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1 1,1 1,2 1,3 1,4 1,5 1,6 1,7 1,8 1,9 2 2,1
Defl
exões
(µm
)
Distância dos geofones (m)
Ponto 4
Deflexões medidas
Deflexões calculadas
64
Quadro 4.8 - Módulos de deformabilidade utilizados para o processo iterativo no programa BISAR
Os módulos de deformabilidade selecionados a verde representam aqueles em que o RMS foi
menor e, consequentemente, proporcionam uma melhor relação entre as deflexões calculadas
e medidas, como se pode constatar nas figuras 4.10 a 4.14. Depois de obtidos os valores dos
módulos de deformabilidade realizou-se o ajuste dos mesmos para a temperatura de serviço de
acordo com a equação 3.5 do capítulo 3. As temperaturas da superfície do pavimento medidas
durante o ensaio foram de 18,9 ºC para o ponto 1, 27,5ºC para o ponto 2, 20,0ºC para o ponto
3 e 14,8ºC para o ponto 4. O ajuste da temperatura foi realizado de acordo com os dados do
Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), onde se retiraram os dados da temperatura
média do ar do ano 2017 para cada mês e se realizou a média dos mesmos. Na Figura 4.14
apresenta-se um exemplo do esquema de temperaturas médias do ar, retirado do IPMA, para o
mapa de Portugal em Novembro de 2017.
Pela análise da figura 4.14 na zona da Covilhã, assinalada com uma circunferência vermelha,
podemos estimar o valor da temperatura média do ar para o ano de 2017, sendo que a figura
4.14 representa apenas o caso do mês de Novembro. A temperatura média do ar obtida para a
região da Covilhã no ano de 2017 foi cerca de 16ºC. Depois de estimado o valor da temperatura
média do ar para o ano de 2017, ano de construção do pavimento, chegou-se ao valor da
temperatura de serviço através do ábaco de Shell. Na figura 4.15 pode-se visualizar este ábaco.
Módulos de deformabilidade (MPa)
Camadas
Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 Ponto 4
It.1 It.2 It.3 It.1 It.2 It.3 It.1 It.2 It.3 It.1 It.2 It.3
PA1 (0,03m)
850 910 890 1210 1500 1700 1050 1150 980 955 910 900
PA2 (0,04m)
850 910 890 1220 1500 1700 1050 1150 980 955 910 900
Brita 5/15 (0,09 m)
600 600 550 950 980 1100 700 750 720 455 600 610
Brita 15/25 (0,25 m)
30 30 30 40 40 30 35 35 30 35 30 300
Solo 250 (2m)
250 (2 m)
250 (2m)
200 (1,5m)
200 (1.5m)
200 (1,5m)
140 (1m)
135 (1m)
140 (1,5m)
200 (1,5m)
200 (1,5m)
200 (1,5m)
Camada rígida
300 270 290 300 300 300 340 325 350 300 300 350
65
Figura 4.14 - Mapa de temperaturas médias do ar do mês de Novembro 2017 (IPMA), consultado em https://www.ipma.pt (10/09/2018)
Figura 4.15 - Ábaco de Shell (Lopes,2009)
66
Pela figura 4.15, com uma temperatura média mensal a rondar os 16ºC e com uma espessura
das camadas betuminosas de 7 cm, chegou-se a uma temperatura das camadas de cerca de
26ºC.
No quadro 4.10 podem observar-se os resultados finais para os módulos de deformabilidade
após o ajuste da temperatura.
Quadro 4.9 - Módulos de deformabilidade para as várias camadas de todos os pontos ensaiados após o ajuste da temperatura
Módulos de deformabilidade (MPa)
Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 Ponto 4
PA1 (0,03 m) 712 1593 850 633
PA2 (0,04 m) 712 1593 850 633
Brita 5/15 (0,09 m) 600 980 700 600
Brita 15/25 (0,25 m) 30 40 35 30
Solo de fundação 250 200 140 200
Camada rígida 270 300 340 300
Como explicado no capítulo 3, se a temperatura aumenta os materiais dilatam o que leva a
menor capacidade de absorção das cargas impostas externamente, consequentemente, levam
a deformações mais elevadas e um módulo de deformabilidade menor, sendo que, quando a
temperatura diminui, os materiais contraem e o processo é inverso. Como a temperatura de
serviço obtida é superior à da superfície das camadas registada durante o ensaio, pelo menos
para os pontos 1,3 e 4, os módulos destes pontos baixam, o que não acontece no ponto 2, onde
a temperatura de serviço foi inferior à temperatura das camadas durante o ensaio.
No quadro 4.10 é também possível constatar que para os vários pontos se obtiveram módulos
de deformabilidade distintos. A forma de execução do pavimento pode ter influenciado os
resultados pois as deformações diferem de ponto para ponto o que se traduz, necessariamente,
em módulos de deformabilidade distintos.
Os resultados dos módulos de deformabilidade podem ser sujeitos a comparações com valores
padrão existentes para pavimentos convencionais, como apresentado no capítulo 3 no quadro
3.11. Neste sentido, como seria esperado, os valores dos módulos obtidos para o pavimento
drenante são mais reduzidos que os apresentados nesse quadro alusivos aos pavimentos
tradicionais. Esta discrepância deve-se à diferente composição das camadas do pavimento,
principalmente das camadas superficiais, em comparação com as dos pavimentos tradicionais,
pois nas camadas drenantes existem mais espaços vazios o que leva a uma menor capacidade
de resistência a cargas aplicadas à superfície.
67
No que concerne aos valores esperados, estes deviam rondar os 100 MPa para o solo de fundação
por se tratar de um solo arenoso e entre 100 e 300 MPa para as camadas britadas de acordo
com o quadro 3.11. Relativamente às camadas betuminosas, seria de esperar que os resultados
chegassem perto dos 2000 MPa como provado em ensaios laboratoriais em Afonso et al., (2017).
Do ponto de vista matemático as aproximações entre as deflexões medidas e calculadas foram
bem conseguidas, no entanto, os módulos obtidos não são realistas. Sempre que se tentou
chegar a uma aproximação com os módulos de deformabilidade mais realistas o erro obtido era
muito elevado, rondando os 30 e 40 %.
68
69
Capítulo 5 - Considerações finais
5.1 Conclusões
O aumento populacional e a construção de edifícios levam a um acréscimo das áreas
impermeáveis e, estes fatores, quando combinados com períodos de chuva intensa, levam a
episódios de inundações em zonas urbanas. Os pavimentos permeáveis apresentam-se como
uma medida de mitigação das inundações em solos urbanos ainda que existam poucas normas
que regulamentem a utilização destes pavimentos, como tal é importante o desenvolvimento
de trabalhos que conduzam a explicações e demonstrações da eficácia destes.
Nesta dissertação foram levados a cabo três ensaios distintos que permitiram avaliar o
comportamento mecânico e funcional do troço experimental idealizado no concelho da Covilhã.
Os ensaios realizados foram o ensaio da Mancha de Areia para caracterizar a macrotextura, o
ensaio do Pêndulo Britânico para avaliar o atrito e o ensaio do defletómetro de impacto (FWD)
para avaliar a capacidade de carga do pavimento.
No ensaio da Mancha de Areia foram comparados dois ensaios, um com recurso a areia
devidamente normalizada e outro com a utilização de esferas de vidro. Ambos satisfazem os
requisitos impostos pelo CEEP (2014) com valores acima de 1,2 mm e balizados entre 0,5 mm e
5 mm como se encontra regulamentado na EN 13036-1: 2010. Neste sentido, a macrotextura da
camada superficial do pavimento classificou-se como muito aberta o que promove uma
eficiente capacidade de infiltração.
No que concerne ao ensaio do Pêndulo Britânico, os resultados foram também satisfatórios
quando comparados com o valor de atrito pontual que se encontra preconizado no CEEP (2014).
O ensaio desenvolvido permitiu concluir que o valor de PTV em várias zonas do pavimento foi
superior a 60 como requerido pelo Caderno de Encargos. Com estes resultados pode-se admitir
que em situações de piso molhado, o pavimento apresenta condições de segurança adequadas
no que ao atrito diz respeito.
Depois da avaliação realizada do ponto de vista funcional do pavimento, desenvolveu-se uma
análise que permitisse caracterizar o pavimento mecanicamente, ou seja, avaliando a sua
capacidade de carga utilizando o ensaio FWD. O objetivo deste ensaio passa por chegar a valores
dos módulos de deformabilidade de cada camada constituinte do pavimento através das
deflexões medidas durante o ensaio e calculadas através de um processo iterativo. No
tratamento de dados efetuado optou-se pela adoção de um critério que privilegiasse a obtenção
de um menor erro entre as deflexões medidas e as calculadas.
Os resultados obtidos através do FWD permitem concluir que, apesar dos valores mais baixos
de módulos de deformabilidade obtidos, quando comparados com valores dos pavimentos
70
convencionais, os pavimentos permeáveis apresentam-se como uma solução eficaz. Nos vários
pontos analisados no ensaio chegou-se a valores distintos dos módulos de deformabilidade e,
este facto, pode estar relacionado com a execução do pavimento ou com o material constituinte
do solo de fundação, daí haver pontos em que a rigidez é superior a outros, apesar de serem
pontos próximos. As deflexões registadas pelos ensaios são também exemplificativas das
diferenças nos resultados finais, e quando comparadas com as deflexões dos pavimentos
tradicionais são bastante superiores.
Após o ajuste de temperatura os resultados foram muito inferiores ao esperado, ou seja, apesar
de se ter chegado a uma aproximação matemática entre as deflexões medidas e calculadas no
processo de retro-análise, os valores dos módulos de deformabilidade foram reduzidos o que
induz alguma fragilidade das camadas do pavimento em estudo. De salientar que, sempre que
se tentaram utilizar módulos de deformabilidade das camadas mais coerentes e uma
interdependência entre camadas mais congruente, tornava-se impossível a aproximação às
deflexões medidas durante o ensaio.
Com os resultados obtidos neste ensaio e com a falta de estudos referentes à capacidade de
carga em pavimentos permeáveis, este trabalho constitui uma importante apreciação e avanço
no tratamento dos dados do ensaio FWD para caracterizar o pavimento do ponto de vista
mecânico. Os resultados finais são conclusivos e pode-se afirmar que a utilização de pavimentos
permeáveis pode ser vista no futuro como uma inovação.
5.2 Trabalhos futuros
Como forma de aprofundar o estudo sobre os pavimentos permeáveis sugerem-se de seguida
alguns temas que podem culminar numa melhoria no desenvolvimento destas infraestruturas:
- Estudo aprofundado acerca do desempenho hidrológico do pavimento permeável à escala real
e possível utilização da água infiltrada para outros fins;
- Desenvolvimento de misturas betuminosas drenantes que apresentem menores deformações
quando sujeitas a aplicações de carga;
- Criação de um software ou metodologia que permita o dimensionamento de pavimentos
permeáveis, desde a sua camada superficial até ao solo de fundação;
71
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