carl rogers, marian kinget.psicoterapia e relações humanas.vol 2
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t.
ESTANTE Dl PSICOLOGIA
Teorias da Adolescncia Rolf E. Muuss Infncle e Adolescncia - Stone e Church Liberdade para Aprender Carl R. Rogers Ludotereple- Virginia Mae AxllneNossos Filho e seus Problemas Heloise de Resende Pires Miranda Pslcotarapla da Grupo com Crianas - Halm G. Glnott Psicoterapla e Relaes Humana - Carl R. Rogers e G. Marian Klnget Terapia Comporta mental na Clnica Arnold A. LazarusRelaxamento Progressivo * Manual da Treinamento * Douglas A. Bernstein e Thomas D. BorkovecPsicologia da Criana da Fase Pr-Natai aoe 12 anos - Maria Tereza Coutinho Quem de Pedra?... Um Novo Caminho para a Psiquiatria Jan Foudraine Psiquiatria a Poder - Giovenni BerllnguerInvestlgefo Clnica da Personalidade O Desenho Livre como Estmulo de Aper oapio Temtica Walter TrincaEducalo: Uma Abordagem Racional e Emotiva Manual para Professores do Prl* melro Grau - William J. Knaus. Ed. D.Questionamos 2 Psicanlise Institucional e Psicanlise sem Instituifo - Compila* fo de Maria Langer
ENSINO SUPERIOR
Como Fezar Uma Monografia Dlcio Vieira SalomonO Homem e a Cincia do Homem Wllllem R. Coulson e Cerl R. RogersModernizao e Mudana Social S. N. ElsenstadtContribuio Metodologia do Servio Social Borls A. LimaA Estrutura do Comportamento Meurice Merleau-PontyPoesia a Protesto em Gregrio de Matos Fritz Teixeira de SellesPoesia e Prosa no Brasil Fbio LucasSignos, Smbolos e Mitos Luc Benoist
P R X IM O S LANAM ENTOS
Psicoterapla Personellste Uma Vlsfo Alm dos Princpios de Condicionamento Arnold A. LazarusPsicodrama Tridico - Pierre Veill e Anno-Ancelln Schtzenberger
PEDIDOS
IN TERLIVR08 DE MINAS GERAIS LTD A.
Caixa Restai, 1843 Tel.: 222-2668 Belo Horizonte Mines Gerais Atendemos pelo Servio de Reembolso Postal
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Teoria a Pr&tica
da Tarapla N&o-Dlretiva
\
PSICOTERAPIAE ' . . . . . . .R E LA TE S HUMANAS
Cari R. RogersProfessor da Universidade do Wisconsin
G. Marian KlngetProfessora da Universidade do Michigan
T R A D U O .M a ria Luisa Blxxotto
SUPERVISO TCNICAi
Rachel Kopit
V.II
PRATICA POR 0 . M ARIAN KINQET
1* tdie
N I hterUvrosBelo Horizonte M . 0 . - 1977
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PSYCH O TH R APIE E T R E L A TIO N S H UM AINES Thorie et Practique de la Thrapie Non-Directive Carl R. Rogers et G. Marian Kinget
C O O R D E N A O E D IT O R IA L : Rachel Kofcit CAPA: Cludio Martins
Copyright by Studia Psychologica, Universidade de Leuven, Louvain BelgiumFicha Catalogrfica
(Preparada pelo Centro de Catalogao-na-fonte do Sindicato Nacional dos Editores de Livros R. J.)
Rogers, Cari R.
R631p Psicoterapia e relaes humanas: teoria e prtica da
terapia no-diretiva [por] Cari R.=.Rtogers [e] G. Marian
Kinget; traduo de Maria Lusa Bizzotto, superviso
tcnica de Rachel Kopit, prlogo edio francesa [porj
J. Nuttin. 2.ed. Belo Horizonte, Interlivros, 1977.
2v.Do original: em francs: Psychothrapie et relations
umaines
Bibliografia1. 3 Psicoterapia 2. Relaes interpessoais I. Kingst.
G . Marian II. Ttulo III. Ttulo: Teoria prtica da
terapia no-diretivaCDD 016.914
301.11
77-0046 CDU 615.851:301.16
Direitos de traduo em lngua portuguesa:IN TER LIV R O S DE MINAS GERAIS LTD A.Caixa Postal, 1843 Tel. 222- 2568Belo Horizonte - Minas Gerais
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NDICECAPtTUIiO I: Alm das Tcnicas .............. ................................. 9
CAPITULO II: A Prtica das Atitude ............................................ xg
1 Exerccio A ...................................................... 20
2 Exerccio B ...................................................... 27
3 Exerccio C ...................................................... 36
CAPITOU H l: A ttesposta-Reiexo ............................................................Modalidades do reflexo ............................................. 63
1 A reiterao ................................................ 64
2 0 reflexo do sentimento ................................... 67
3 A elucidao ................................................ 83
CAPTULO IV: Gamo Conduzir a Entrevista ..................................... 89
1 A entrevista preliminar ................................... 90
2 Estruturar a relao......................................... 93
3 Estruturao explicita ...................................... 95
4 Estruturao implcita, operacional ................. 106
CAPITULO V: Aolise da Interao e do Processo (o caso da Se
nhorita Vifo) ........................................................ . . 121
1 Descrio .......................................................... 128
2 Anlise ...................................................................... 1323 Avaliao .......................................................... ^
4 Ueorganiaao ...................................................... 175
CAPITIX) VI: A Transferncia e o Diagnstico ................................ 188
I A transferncia ................................................ 190
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1 Atitude de transferncia: sim relao
de transflerncia: no ................................ 192
2 a relao de transferncia enquanto rea
o ao comportamento do terapeuta . 194
3 Desaparecimento das atitudes de trans
ferncia ..................................................... 202
4 U!m caso extremo .................................... 203
II O diagnstico ......................................... 207
1 O problema ...................................... 207
3 Lgica da posio rogeriana com relao
ao diagnstico .......................................... 210
3 Riscos do uso do diagnstico psicolgico 212
CONCLUSO ..................................... : '4 . ;......................................... 214
INDICE REM ISSIVO ............................................................................ 215
0
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Capitulo I
ALM DAS TCNICASA afirmao de que no existem tcnicas rogerianas, por paradoxal
que seja, no deixa de exprimir uma caracterstica primordial desta pr
tica teraputica tal como Rogers a concebe. Para ele o terapeuta deve
se esforar, to plenamente quanto possvel, em se conduzir como pessoa
no como especialista. Seu papel consiste em pr em prtica atitudes
e concepes fundamentais relativas ao ser humano no na aplicao
de conhecimentos e de habilidades especiais, reservados exclusivamente
a seus contatos teraputicos.
Mas no basta possuir as atitudes requeridas. fi necessrio ainda
saber express-las de maneira eficiente. As condies da terapia, tais co
mo so enunciadas no capitulo IX (A 6) do pnmelro volume estipulam
expressamente que, para que sejam eficientes, essas atitudes devem ser
comunicadas, numa certa medida, ao interessado. Certamente, a atitude
verdadeira nunca deixa de se expressar. Mas as melhores atitudes po
dem se manifestar de modo inadequado, ambguo e mesmo desajeitado;
da permanecerem, com freqncia, aqum das exigncias da situao.
O risco de manifestaes ineficazes ainda forte, uma vez que se
tratam aqui de atitudes pouco comuns: a empatia, a considerao positi
va incondicional e a autenticidade. A empatia ou, em linguagem usual, a
capacidade de se tomar o ponto de vista de outro, no apangio de
todo o mundo. A_prtc&_.desta atitude particularmente difcil quando
se trata de pontQS.de vista s vezes totalmente estranhos ap seu prprio
ou diretamente opostos lgica e realidade elementares,, como ocorre
freqentemente, no contexto teraputico. O homem e, em particular, o pro-
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fUsional, no est naturalmente inclinado a adotar uma tal espcie de atitude.
Multas vezes s depois de se convencer, pela experincia, da ineficin*'
cia de atitudes contrrias, que ele se dispe a tentar uma abordagem em
ptica.
Ocorre o mesmo com a considerao positiva incondicional. As ma*
nlfestaes, mesmo limitadas, desta atitude de tolerncia, de aceitao
e de respeito pelo outro, so raras. Quanto sua forma incondicional,
aquela que corresponde conservao desta atitude qualquer que seja o
comportamento do indivduo (desde que este comportamento no viole
a estrutura da situao, seja ela teraputica ou no, na qual ele se pro
duz) - praticamente desconhecida fora dos crculos rogerlanos. E mes
mo ai, sua prtica se revela difcil, e s vezes deficiente. Tambm, a In
terao baseada na prtica que se apia na empatia e na considerao
positiva incondicional, to nova que, na ausncia de exemplos concre
tos, quase no se sabe sob que forma imagin-la. Esta interao to
diferente do comrcio humano comum que o nefito muitas vezes no
a reconhece mesmo quando lhe dado observ-la. Por exemplo, verifica-
se freqentemente que a primeira reao do futuro terapeuta em rela
o ao dilogo centrado-no-cliente, se no negativa, pelo menos con
fusa. As respostas do terapeuta lhe parecem destitudas de substncia,
de significado. Mesmo depois de lhe ter sido demonstrado em que con
siste o valor de suas respostas tanto em funo do que elas contm
quanto em funo do que elas no contm no raro que lhe seja
necessrio tempo para assimilar o quanto este estilo de interao tem
fundamento. E as atitudes que sustentam este estilo lhe so to estra
nhas, que ele poder se revelar incapaz de adot-lo mesmo a ttulo ex
perimental e durante o perodo limitado de tuna entrevista.
interessante observar que esta incapacidade pode se manifestai
at em pessoas profundamente apaixonadas pelo' pensamento de Rogers.
Estes casos nos propiciam ocasio de constatar a distncia que pode exis
tir entre o entusiasmo e a afinidade por certos valores, isto , a diferen
a que pode existir entre as concepes que o indivduo professa sem
dvida, de boa f e as que ele capaz de pr em prtica.
Quanto autenticidade, parece que esta caracteristica do compor
tamento, e mesmo d experincia, esteja em vias de se "perder. Com efei
to, quanto mais complexa e organizada se torna a vida em sociedade, mais
a interdependncia humana aumenta e mis a autenticidade tende a ser
substituda pelos compromissos, pela diplomacia, pelas abordagens in
diretas". Observando o panorama contemporneo ns nos damos conta,
amplamente, de que a autoridade vai sendo substituda pela manipula
o, a agresso pela propaganda, e a fora pela habilidade. H um lado
bom em tudo isto. Somos levados a acreditar que se trata de um pro
gresso real. Mas, todo progresso tem seu preo. E no estgio atual da evolu
o dos problemas humanos, parece-nos que s custas da. autentici
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dade que se estabelece e*te refinamento das relaes.
Esta mudana de tticas se observa no somente no plano da vida
pblica, nacional, internacional, econmica (>>. Afeta, igualmente, o com
portamento particular. O homem encontra-se diante da necessidade de
realizar equilbrio psicolgicos extremamente difceis, como, por exem
plo, a prtica simultnea da afirmao de si e da adaptao ao outro
que Rlesman chama a cooperao antagonista" (2). obrigado a exer
cer este equllibrismo bem antes de atingir a idade adulta, na realidade,
desde a escola primria. Estas exigncias contraditrias devem, inevita
velmente, dificultar no somente a expresso, mas tambm a tomada de
conscincia de numerosos impulsos, tanto positivos quanto negativos. As
sim se alarga esta brecha entre o que o indivduo sente e o que repre
senta para si mesmo, denominada alienao de si e reconhecida como o
mal tpico do homem da organizao
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sidade resulta que no se poderia fornecer a demonstraao nica e |
ortodoxa" desta terapia. Mas, possvel apresentar um a amostragem v-8
lida da maneira pela qual praticada pelos terapeutas cuja personalida^fl
de e comportamento so altamente representativos dos princpios que pensB
em prtica.
Por outro lado, se quase impossvel ensinar autenticidade, a em9
patia ou qualquer outra atitude que seja, pode-se pelo menos evocar e |
apontar seu sentido. Pois atitude no quer dizer qualidade inata . Co-S
m o todo fenmeno psicolgico evoludo, representa o resultado de um a*
aprendizagem; isto , o resultado de um a interao entre o indivduo e |
o meio. A forma mais efetiva de realizar esta aprendizagem , sem d-1
vida, pelo contgio social, seja por meio de um a psicoterapi didtica!
com um terapeuta rogeriano, seja pela estada mais ou menos prolonga-1
da num ambiente como o Counseling Center de Rogers. Mas, como estesl
recursos no esto ao alcance da grande maioria, convm criar suced-i
neos capazes de conduzir a efeitos que se aproximem dos que resultam!
do contato direto. com esta finalidade que procuramos apresentar aqull
um a seleo de material e de exerccio tomados ao que nos progra-1
mas de formao teraputica .se chama prepracticum. Parece-nos que 1
este material, assim como os comentrios e as sugestes que o acompa-1
nham, so de natureza a despertar a necessria ateno para uma tortia-1
da de conscincia diferenciada do que constitui um comportamento cen-l
trado em outra pessoa e do qiie no o constitui. Esta tomada de cons-j
cincia, por sua vez, alimentada pelas concepes apresentadas no pri-l
melro volume suscetvel de impulsionar o esforo necessrio a estai
transformao interna que o desenvolvimento de uma atitude.
Antecipando um pouco um artigo sobre a formao prtica do te- I
rapeuta rogeriano, vejamos rapidamente em que consiste o prepracticum.
Trata-se de um seminrio que se situa entre os cursos tericos de psi- I
coterapia e a prtica supervisionada, ou practicum. Este seminrio abran- ]
ge um a variedade . de exerccios que visam a preparar o futuro. terapeu- j
ta para as suas funes de ressonador, respeitoso e caloroso, da ex- >
perincia do outro ou, em linguagem rogeriana, para suas funes de
alter ego do cliente. Estes exerccios compreendem, entre outros, a lei
tura, acompanhada ou no da audio de gravaes, de entrevistas con
duzidas por terapeutas competentes, representativos desta orientao.
Compreendem, tambm, a anlise e o comentrio do dilogo, do ponto de
vista dos diversos princpios que o terapeuta visa a colocar em prtica,
e de um a variedade de exerccios que consistem, por exemplo, em ler a
entrevista, adotando o papel do terapeuta; isto , apanhando cada co
municao do cliente e procurando lhe dar uma resposta. Estas respos
tas so comparadas em seguida s que so realmente dadas pelo tera
peuta e so discutidas do ponto de vista de seus respectivos mritos e
demritos. (No raro serem certas respostas do estudante, superiores
12
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s do terapeuta, j que, ao contrrio deste, o estudante tem todo o tem
po necessrio para formular sua resposta, para examin-la, para formular alternativas, etc.).
Aps a prtica deste tipo de interao, o estudante passa a um
gnero de exerccios mais..prximo da entrevista real, denominado "role-
play, (literalmente: representao de papis). Neste tipo de exerccios
os estudantes adotam alternativamente os papis de terapeuta e de clien
te, interpretando diversos tipos de personalidades e de problemas. A con
versa gravada e logo analisada ora pelos prprios interessados ora com
a assistncia do professor. De acordo com os que passaram por este tipo
de exerccios e segundo nossa experincia e nossas prprias observaes,
o role-play e a anlise que se segue so geralmente experincias eminen
temente reveladoras muitas vezes surpreendentes, s vezes embaraosas,
s vezes divertidas, mas, sempre cheias de interesse dos traos e ten
dncias da personalidade dos indivduos em interao.
E m quei exatamente, sero estes exerccios suscetveis de evocar o
sentido da autenticidade, da compreenso emptica e da considerao po
sitiva incondicional?
J que, como acabamos de afirmar, o futuro terapeuta deve servir,
de certo modo, como ressonador e amplificador da experincia do clien-
te, importante que sua capacidade de ressonncia seja to pura quanto
possvel; isto , to despojada quanto possvel, de perturbaes causadas
pela presena indevida de elementos provenientes de seu prprio ponto
de referncia. Estes exerccios visam, pois, antes de tudo, desenvolver uma
capacidad de recepo pura e completa daauilo aiifi__o cliente ^ exprime.
no - simplesmente flo que diz. Ao mesmo tempo visam desenvolver
uma C apacidade de reflet.ir a comunicao do cliente de uma forma tera
putica, isto , de uma forma que esteja de acordo com os pnncipios
teraputicos tais como so aqui compreendidos. Por isto, a anlise e a
discusso do material, original ou role-play, so constantemente guiadas
las seguintes consideraes:
O que exprime, realmente, o cliente atravs de suas palavras?
O que exprime a resposta do terapeuta realmente? ***
Ser esta resposta emptica?
Demonstra considerao positiva incondicional? ^
(ou parece ser, o terapeuta uma terceira pessoa) autntica?
Vejamos, rapidamente, cada um destes pontos.
1. O que exprime, realmente, o cliente atravs de suas palavras?
O que o cliente diz e o que ele exprime difere com freqncia
sem que ale, em geral, se d plenamente conta disto. De fato, pode existir entre os dois uma distncia que se aproxima da oposio. E est^ dis
tncia que aludimos no aquela a que s? refere a psicanlise, otp & * dis
tncia totalmente alheia conscincia do indivduo Trata-se #*rai*s
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cia totalmente alheia conscincia do tadividuo. Trata-se aqui de expres-
ses do eu, d sentimentos, de atitudc, de que o indivduo potencial
mente consciente; isto , de que pode facilmente tornar-se consciente
por-eus prprios meios ou que recenhec, fcm geral, Imediatamente, como
fazendo parte de sua experincia se lhe oferecida a ocasio de perceber isso
O fenmeno de que aqui se trata comparvel ao que se observa
na percepo das figuras ambguas encontradas nos manuais de psicolo
gia d a forma, e das quais reproduzimos um exemplo no captulo III.
Quando se apresentam estas figuras a grupos de indivduos (ou a um
IndivddB determinado) verifica-se que reconhecem imediatamente uma
Imagem determipada de preferncia a uma outra; isto , organizam os
riados deurna maneira determinada, privilegiada. Segundo certas carac
tersticas, do material apresentado, pode-se predizer as respostas com um
grau de cetjeza miiito elevado. No entanto, uma ligeira modificao de
um elemento qualquer do material dado suscetvel de produzir uma mo
dificao da primeira imagem. O que, antes, era percebido como forman
do o "fundo, torna-se a figura e o que era a figura" passa a fazer a
funo de fundo . E m outras palavras, produz-se uma reorganizao do
campo, da ^ percepo. Os mesmos dados" passam a ser organizados de
acordo com um ' princpio novo, gerador de relaes novas. Esta reorga
nizao do campo da percepo conduzindo ao estabelecimento de re
laes novas entre dados antigos a essncia mesma da psicoterapia
rogeriana. O que fzia parte do fundo da experincia passa a fazer
parte da "figura ou se toma. a prpria figura, isto , o tema central
da percepo
Este. exemplo terico pode ser convertido em um exenplo corrente
demasiado corrente tomado experincia prtica do torapeuta esta
girio. Quando uma relao favorvel custa a se estabelecer e a atlvida-_
de do cliente se assemelha mais a uma tentativa de se esquivar a qual
quer comunicao tio que a um esforo para estabelec-la, pode aconte
cer que o cliente revele seu sentimento por palavras no intencional
mente crticas como: "Voc doutor? ou: Este o primeiro ano
que voc faz... h u m ... este tipo de coisa?
NaS condies que acabamos de indicar, seria ingnuo tomar estas
palavras literalmente. O cliente que experimenta a relao como profun
damente satisfatria e til no pensa, neste estgio do processo, em inda
gar o nmero de anos de prtica de seu terapeuta. Estas palavras no
representam tambm expresso de interesse para com o terapeuta. A
relao entre partes r.io e bastante positiva para justificar esta interpre
tao. Se a relao osse favorvel, estas mesmas palavras poderiam ter
urnsentldo muito diferente prenunciando eventualmente uma atitude
de transferncia. Neste caso, quase certo que no representem sequer
um a questo. Tudo leva a crer que exprimam um julgamento, uma ten-
14
A
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tativa de avaliao provisria, talvez, mas de carter negativo.
Se o terapeuta responde ao contedo, ao elemento puramente ma
terial do que lhe dito indicando que este seu 'primeiro, quinto ou
ensimo ano de prtica demonstra, assim, que no capta o verdadeiro
significado do que lhe diz o cliente, ou que incapaz de enfrentar dire
ta e eficazmente uma comunicao negativa, mais ou menos ameaadora.
Ora, o cliente percebe vagamente esta incapacidade, e seu respeito pela
competncia profissional do terapeuta conseqentemente diminui.
i . O que responde, realmente, o terapeuta? Vista a partir das concepes
rogerianas, a resposta do terapeuta mostra-se determinada a) pela_ca-
pacidade emptica deste; b) pela medida na qual sua ejqperinia ^em
particular os dados imediatos de sua experincia, so disponveis sua
conscincia, e pela medida na qual seu comportamento guiado por estes
dados; isto , pela autenticidade do terapeuta ou, em linguagem terica,
pelo estado de acordo (em ingls: ^ongruence ) entre sua exper ncia.
sua percepo de seu comportamento; c) pela considerao positiva in
condicional que experimenta para com o cliente; d) por sua capacidade
de harmonizar a, b, e c e de exprimir esta unidade de percepo e de
sentimento por meio verbal e no-verbal.
3. Ser a resposta do terapeuta emptica? Toma claro o sentimento impli
cado na comunicao ou se detm no contedo simplesmente verbal? Se vai
alm do nvel puramente verbal, evita incidir no erro da projeo atri
buindo ao cliente a insegurana, o temor ou o mal-estar ' sentidos pelo
terapeuta? Evita erros de interpretao revelando dados de experin
cia que o cliente no assimilou e que, por conseguinte, no lhe so
acessveis? Observemos que quando falamos de erro de interpretao
no nos referimos a interpretaes errneas. A interpretao de um de
terminado comportamento, por um profissional competente, freqente
mente ousamos afirmar, geralmente mais correta que a explicao
(pelo menos a explicao imediata) que o prprio indivduo capaz de
fornecer. Contudo, no se trata aqui de diagnstico, mas de terapia. Ora,
de acordo com o terapeuta rogeriano a interpretao diretamente oposta
aos objetivos visados pela terapia. Suponhamos, por exemplo, que as
observaes em questo sejam feitas por uma cliente, que ss sub
mete terapia devido a problemas mtrimonais, e se dirijam a um te
rapeuta do sexo masculino. Suponhamos que este lhe responda dizendo:
Terapeuta: "Esta questo interessante e eu gostaria de aprqvei-
t-la para destacar um aspecto significativo de seu carter. Aparente
mente suas palavras visam obter algumas informaes simples
se sou doutor, se este o primeiro ano que fao este gnero de
coisas", etc. Na realidade, voc est tocando no mago de seu proble
ma. Com efeito, o que acaba de dizer trai o antagonismo e o desprezo
que sente para com os homens. No caso presente voc tenta insinuar
-
que no tenho a competncia necessria e desta forma, voc procura
pessoalmente se afinnar e ao mesmo tempo me diminuir, e at a m e
intimidar. Acontece o mesmo no seu comportamento com seu marido.
A amostra de comportamento que acaba de dar reflete o esquema de
suas relaes com ele. Sem jamais se entregar agresso direta, voc
procura constantemente tom-lo submisso e afirmar sua superioridade
assim como se observa claramente pelo que voc me disse at ago
ra. Note que no estou absolutamente aborrecido com voc por isto.
Voc est simplesmente transferindo, para esta situao, as atitudes que
manifesta na situao familiar. Estas atitudes se originam, provavelmen
te, nas relaes com as figuras masculinas que tiveram um papel impor
tante na sua infncia, seu pai ou alguma outra figura como iremos
r e r "
Notemos que, o que o terapeuta diz pode estar absolutamente cor
reto. De acordo com o rogeriano, no entanto, exatamente o oposto do
que consiste a terapia. Este gnero de resposta constitui no somente
uma ameaa implicando no fato de que a cliente no capaz de se
conhecer e de se julgar mas ope-se diretamente aprendizagem da
tomada de conscincia de si e da autodeterminao que, segundo este
terapeuta, formam a prpria essncia da terapia.
4. esta resposta autntica? Se o terapeuta se apega s palavras do
cliente em vez de valorizar a comunicao, esta falta de capacidade em
ptica se explica por uma incapacidade de perceber os elementos crticos
relativos ao eu, por exemplo, aluses a uma falta de experincia pro
fissional ou qualidades pessoais, ou se explica pela incapacidade de con
frontar de maneira explicita e eficaz situaes ameaadoras qre ele com
preende perfeitamente? Esta uma questo que o prprio terapeuta deve
responder. , eventualmente, um problema que ele tem que jesolver, seja
por seus prprios esforos, seno dispe de assistncia psicolgica, seja
com a ajuda do supervisor do qual uma das funes , precisamente,
auxiliar o estagirio a tomar conscincia desta distncia entre a expe
rincia e a percepo e as razes que explicam e que o impedem de com
preender ou de reagir eficazmente a certas comunicaes.
5. A resposta demonstra considerao positiva incondicional? Se o te
rapeuta se mostra capaz de compreender a nota crtica contida numa co
municao qualquer, ser capaz de receber esta comunicao sem expe
rimentar ressentimento, antagonismo ou hostilidade? Se se demonstrar inca
paz, dizemos que lhe falta considerao positiva incondici*
ta se traduz, alis, geralmente, pelo carter ambguo, pur
sivo de sua resposta ainda que isto no se possa .
das palavras. O tom de voz e a expresso do rosto traem muita* /ezes
o significado real das palavras. Por exemplo, o tipo de resposta seguinte
pode ter uma significao muito diferente segundo o contexto fision
mico e psicolgico no qual se inscreva:
16
-
Terapeuta: No estou certo de ter compreendido plenamente sua
questo. Se estas palavras so acompanhadas ct um endurecimento da
expresso b de um tom de voz mais ou menos tenso, podem significar:
Voc no tem a ousadia, espero, de insinuar que no tenho competn
cia?" ou ainda: Permita-me lembrar-lhe que no cabe a voc Jul
gar-me.
Ao contrrio, se a resposta formulada com a voz acolhedora, expri
mindo um desejo sincero de compreender, uma ausncia total de sus
peita ou de contrariedade, pode significar:
Temo que no tenha compreendido bem o que quer dizer com
esta pergunta. Ser que voc poderia esclarec-la? No hesite em dizer
francamente o que pensa.
Evidentemente, o terapeuta pode conseguir responder de um modo com
preensivo e respeitoso sem, no entanto, experimentar os sentimentos cor
respondentes. Neste caso, sua resposta no'est de acordo com os prin
cpios em questo, j que lhe falta autenticidade.
Enfim, qual , concretamente, o tipo de resposta que satisfaria s
diversas exigncias que acabamos de estipular?
A apresentao e o comentrio deste tipo de resposta precisa
mente um dos fins a que nos propusemos nesta obra. Para isto, utili
zamos passagens extraidas de diversas entrevistas conduzidas por tera
peutas experientes e em particular pelo prprio Rogers, assim como alguns
elementos de role-play. Observemos, ainda, que o leitor interessado po
der completar os conhecimentos que, esperamos, estas pginas tenham
conseguido comunicar, pelo estudo de um conjunto de material terapu
tico autntico. Este material se compe de casos completos transcritos,
de entrevistas gravadas, e (estes sobreftudo, destinados aos centros de for
mao) de filmes
Para concluir este primeiro capitulo, lembremos que a finalidade
desta apresentao de amostras de uma interao centrada-no-cliente",
contidas nestas pginas, no propor formas para serem copiadas . A
exigncia de autenticidade desta terapia, ope-se diretamente ao emprs
timo e Imitao. Se o leitor experimenta afinidade pelas formas par
ticulares apresentadas, lhe ser certamente permitido utiliz-las. Neste
caso, seu comportamento estar fundamentalmente em harmonia com suas
necessidades e valores e sua atividade ser suscetvel de ser fecunda. Ou
tros leitores, ainda que se inspirando nos exemplos apresentados, tentaro
desenvolver um estilo de interao que lhes seja pessoal.
Deve-se, no entanto, prever que a maior parte dos leitores achar
estranha e difcil a prtica de um modo de interao que emana do pen
samento do cliente e que se desenvolve totalmente no ponto de ree-
17
-
rncia deste pensamento muioo vzs bastante diferente mnfuso e]
complicado. Assim, seus primeiros esforos na prtica desta terapia lhe
parecero artificiais e do ponto de vista da forma, realmente o sero A
Com efeito, no tendo ainda tido ocasio de desenvolver um estilo pes-S
soai essas pessoas se vem obrigadas a recorrer ao ^ emprstimo de res-j
postas do tipo contido nestas pginas. Isto significa que seus esforosi
carecero de eficcia? No necessariamente. Os exemplos de interao!
dados nesta obra foram escolhidos devido estreita correspondncia c^inJ
os princpios citados. Formas menos puras, menos parcimoniosas, podem
igualmente produzir efeitos benficos. De fato, como condio desta te
rapia, no citamos a perfeio da forma mas a autenticidade das ati
tudes . Se esta condio se realiza, no deixar de transparecer atravs
da inabilidade da forma. O terapeuta descobrir alm disto qu, o
que no incio tinha um sabor es: .nho ou de emprstimo^ vai com o
uso, adquirindo, pouco a pouco, um tilo pessoal.
Se a noo desta terapia tivesse que depender da "perfeio ime
diata e constante de sua aplicao prtica, no haveria terapia "centrada-
no-cliente . Se o comportamento humano, ao contrrio do funcionamen
to do rdio, no pode mudar de "onda por um simples virar de boto,
possui foras de compensao insuspeitadas, alimentadas pela percepo
e a atrao de valores, capazes de efetuar esta mudana em graus imper
ceptveis.
18
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Captulo II
A PRTICA DE ATITUDES
Suponhamos que o terapeuta possua as atitudes desejadas. Como
proceder para comunic-las ao cliente?
Eliminemos, de Incio, a forma direta, explcita, que consiste em
dizer ao cliente que pode se sentir absolutamente livre: que ningum
pensa em julg-lo, que respeitado incondicjon^lmp.^e. etc. Este gne-
rcTde declaraao no produz, geralmente, efeito algum pelo menos
nenhum efeito teraputico. O cliente tende a desconfiar de frases por
demais tranqilizadoras ou suavizantes. Considerando-se que experimen
ta para consigo mesmo atitudes muito diferentes das que animam o te
rapeuta de orientao rogeriana, tais palavras lhe parecem desprovidas
de sentido ou mesmo suspeitas. necessrio, pois, que^o terapeuta sai-
ba comunicar suas atitudes de forma indireta, incorporada ao que ex-
pnm e em resposta s palavras do cliente. E m outras palavras, pre
ciso que sas atitudes impregnem a estrutura e o contedo de todas as
suas respostas sem que estejam, contudo, formuladas em qualquer delas.
A forma concreta de como isto se realiza objeto deste captulo
e do captulo seguinte. Este captulo tratar das caractersticas gerais
e constantes do comportamento do terapeuta. O seguinte se concentra
r na forma que suas respostas tendem naturalmente a tomar quan
do esto inspiradas pelas atitudes em questo. Nestes captulos como
no restante desta obra devemos, evidentemente, limitar-nos ao aspec
to puramente verbal do comportamento. No porque o aspecto verbal
represente necessariamente o aspecto mais importante da situao tera
-
putica enquanto relao interpessoal, mas porque os aspectos fision
micos expresso do rosto, tom, ritmo e intensidade da voz no se
prestam demonstrao por via abstrata, verbal. No entanto, na medi
da do possvel, nos absteremos das descries e procuraremos fazer falar
os fatos: isto , as passagens de entrevistas, os exemplos fictcios e ou
tros materiais utilizados nesta apresentao.
A fim de permitir ao leitor ver at que ponto ele compreende esta
linguagem dos fatos, procederemos de maneira indutiva. Apresentaremos
primeiramente os dados, e reservaremos nossos comentrios para quan
do o leitor tiver tido ocasio de examinar e avaliar estes dados, seja a
partir de seu prprio ponto de vista, ou a partir do ponto de vista ro-
geriano, tal como ele o compreende
Exwddo AComecemos por um exerccio de classificao de respostas relati
vas a um mesmo enunciado. Para isto, tomemos alguns exemplos da
obra de E .H . Porter O ) , Consistem de seis passagens de entrevistas nas
quais seis clientes diferentes descrevem um aspecto de seu problema
Cada passagem acompanhada de cinco respostas. Recomendamos ao
leitor examinar estas respostas e numer-las de um a cinco em ordem
de sua preferncia pessoal. Se esta classificao lhe parecer muito tra
balhosa, poder se limitar a anotar a resposta que, em cada um dos
seis casos, lhe parecer a melhor e a que lhe parecer a pior.
A fim de no influenciar indevidamente o julgamento do leitor nos
absteremos provisoriamente de dar explicaes quanto nat ireza do exer
ccio. Digamos simplesmente que ser seguido de uma definio das ca
tegorias nas quais as trinta respostas se repartem. Por sua vez estas
definies sero seguidas de um quadro que permite a identificao do
carter diversas respostas tal como Porter o concebe. Atravs
deste quadro o leitor poder determinar o carter de suas respostas
preferidas.
Observemos, ainda, que no se trata de classificar estas respostas
segundo algum critrio objetivo ou terico, mas, simplesmente, segundo
a afinidade, completamente subjetiva, que se experimenta com relao
a elas. Acrescentemos, afinal, que se trata de uma preferncia pelo tipo
de resposta pelo ponto de vista a partir do qual a resposta dada,
no necessariamente pelo modo como formulada e que dificilmente po
deria estar de acordo com o estilo pessoal de cada leitor.
(1) PO R TER , E.H. introduction to therapeutic counseling. Boston, Houghton Mifflin, 1950.
20
-
CASO N . 2 M U LHER , 19 AN OS U)
Confesso qe detesto meu pai. Eu o odeio! Odeio! Odeio! E
sem razo alguma. Meu pai pastor. um homem justo e
bom. Jamais levantou a mo contra mim e apesar disto
experimento um sentimento de violncia para com ele por
causa disto tenho um remorso horrvel e no tenho razo
alguma para detest-lo. Sei que muito ruim odiar o pai
principalmente quando no se tem motivo algum. Isto me
perturba muito.
RESPOSTAS
1. Certamente compreendo que voc se censure principalmente se vo
c nada v que possa justificar os sentimentos que experimenta com
relao a seu pai. Mas, por outro lado', voc descobrir que sob este
dio se esconde um certo amor por ele. E este amor tem um certo
papel no seu sentimento de culpabilidade.
2. Tenho a impresso de que todos ns passamos por um certo perodo
em que detestamos um ou outro de nossos pais. um fenmeno
muito comum. Mas, aparentemente, a maior parte das pessoas acaba
por encontrar algum meio de superar este perodo.
3. Este , certamente, um problema que se precisa resolver. As boas
relaes entre pais e filhos so uma coisa to preciosa no so
mente na sua idade, mas tambm para o futuro e i".portante
dar ateno a elas.
4. Voc se atormenta por experimentar tais sentimentos ~*rr. relao a
seu pai e sem razo alguma.
5. O importante descobrir a causa deste sentimento. Fale-me de seu
pai. Diga-me o que vier mente com relao a ele Por exemplo,
voc diz que ele nunca lhe bateu, mas poderia no entanto ter impedido
que voc fizesse certas coisas que tenha desejado fazer Voc no se
recorda de nada sobre isto?
CASO N. 3 HOME*?, 30 ANOS
No consigo realmente me compreender; por exemplo, quan
do me saio bem numa coisa ou noutra, ou quando tenho al
guma sorte sou incapaz de acreditar no que vejo. E ajo como
se aquilo no me tivesre acontecido, como se no fosse real
Isto '.omea a me atormentar. Por exemplo, eu sonhava com
um encontro com Myrtle. Precisei de semanas antes de tei-
(1 ) Os nmero* drm exerccios so os mesmos da obra de Porter.
21
-
coragem de m e aproximar dela. E quando m e decidi, afinal 1
a lhe perguntar se queria sair comigo um a noite ela acei- jtou! No pude acreditar que fosse verdade. Isto m e parecia 1
to inverossmil que, no fim das contas, chegado o dia, no
compareci ao encontro. Simplesmente no m e parecia real.
R ESPO STA S
1. Ora, j tempo de voc aprender a se comportar como um homem
e a ter um a idia um pouco mais realista das mulheres. Elas desejam a
nossa companhia tanto quanto ns desejamos a delas.
Parece extremamente difcil para voc acreditar que algo de bom pos
sa lhe acontecer.
3. No seria o caso de que voc se tenha imposto um a vida to auste
ra que a perspectiva de um a coisa boa, de um certo prazer, lhe pa
rea irreal?
4. E u m e pergunto se estes sentimentos de irrealidade se relacionam com
o campo particular de sua experincia. Por exemplo, o que voc quer I
dizer por quando tenho alguma sorte?
5. Tenho dvida que exista ai algo que deva inquiet-lo. No se trata,
no fundo, de nada muito grave. Penso que conseguiremos resolver isto.
C A S O N . 5 H O M E M , 35 A N O S
Estou decidido a progredir na vida. No tenho medo de tra- !
balhar e nem de receber alguns golpes duros. Desde que eu j
veja claramente aonde quero chegar. E no hesitarei em sa
crificar quem quer que se encontre em m eu caminho. Recu-
so-me a contentar com um a vida medocre. Quero tornar-me
algum .
R E S P O S T A S
1. Voc se considera, pois, um a pessoa muito ambiciosa.
2. Voc experimenta a necessidade de se afirmar, mesmo que venha a ^
prejudicar outra pessoa.
3. N o seu ponto de vista, o que se esconde atrs dessa necessidade pro
funda de se tom ar algum?
4. Se voc desejar, poderemos lhe aplicar um a srie de testes suscet
veis de revelar as reas nas quais voc tem mais possibilidades de
xito. Isto poderia ser til, ainda que, independentemente disto, com
uma, determinao to forte quanto a sua, ser possvel obter xito
em muitas reas.
-
5. A determinao de ser bem sucedido constitui, certamente, um trun
fo poderoso. Mas, voc est realmente convencido de querer sacri
ficar quem quer que se ncontte no seu .caminho? Esta atitude no
lhe poderia fazer mais mal do que bem?
CASO N . 12 H O M E M , 33 A N O S
Ah! No sei o quT fazerUFiquei apaixonado pela moa mais
maravilhosa do mundo e ela tambm me ama. JCstoii certo
disto. Mas eu no sou digno dela. No poderia pedir que ela
se casasse comigo. Tenho ficha criminal. Ela no sabe de na
da mas sei muito bem. que isto ser descoberto um dia.
No. No posso me casar e ter filhos. Tenho uma ficha que
prova que sou um tratante de primeira ordem.
RESPOSTAS
D
Evidentemente, no seria muito elegante para com ela deix-la des
cobrir seu passado aps o casamento. Voc no acha que deveria
inform-la agora?
Voc hesita em lhe revelar o seu passado porque tem medo de que
ela o rejeite e isto voc no poderia suportar.
Poderamos discutir um pouco as razes pelas quais voc est to
seguro de que ela o recusaria se estivesse a par de seu passado?
f 4 Se voc pudfesse conseguir que ela viesse me ver, eu poderia falar
lhe e fazer com que ela compreendesse que seu passado seu passa
do e que no h razo para que vocs no possam ter um futuro fe
liz juntos. 9
5. Voc est absolutamente certo/de ser indigno dela.
CA SO N . 13 H O M E M , 27 A N O S
Cheguei concluso de que, j que m eu trabalho no me
satisfaz, devo procurar um a outra situao. E u me resignei
at agora, porque levei quatro anos na Universidade para con
seguir o diploma. Mas, atualmente tenho a impresso de que
melhor aba^ ^nar tudo e comear por outro caminho
imo c" ciso comear de baixo.
R E SPO ST ;
1. Voc tm . Cu* seria mais feliz se pudesse libertar-se
de seu trabaim, e tentar alguma coisa que lhe conviesse mais
2. Ningum poderia d*/.or se este novo campo o ideal para voc, mas,
qualquer que seja ele, o que me parece prometedor que voc este
ja mais decidido e mais coiifiante em voc mesmo.
23
-
3. Voc j pensou na possibilidade de realizar alguma espcie de liga
o entre estes dois campos? l& uma pena renunciar s vantagens
j adquiridas no seu campo atual.
4. Voc decidiu que melhor mudar de carreira.
5. Voc se lnormou a fundo sobre essa nova carreira?
CASO N . 24 H O M E M , 39 A N O S
A nica soluo destrui-los completamente. Lembre-se de
que este indivduo se meu melhor amigo e ele me
roubou a mulher e aps o divrcio, casou-se com ela. E
depois causou minha falncia. Mas, tenho documentos que,
por sua vez, podem destru-lo. Poderia aniquil-lo e lev-
lo priso, para o resto de sua vida (riso amargo). Seria
bonito. Minha ex-mulher, casada com um criminoso! E sem
um centavo!
RESPOSTAS
1. Tenho a impresso de que seu desejo de aniquil-los essencialmen
te um desejo de vingana. Voc no adtaa que esta necessidade tem
origem nos sentimentos de derrota e de Inferioridade provocados pela
conduta deles?
2. Compreendo, certamente, que voc seja tentado a se vingar. Voc
no acha, no entanto, que talvez esteja indo um pouco longe demais?
No seria melhor evitar atos de que poderia se lamentar depois?
3. O que voc quer realmente, prejudic-los. ^
4. Aps o que voc acaba de dizer, compreendo certamente que voc sin
ta a necessidade de faz-los sofrer. Mas voc no imagina que possa!
haver um meio de satisfazer essa necessidade de uma maneira um]
pouco menos draconiana?
5. a primeira vez que lhe acontece de ser trado desta forma - ou
nos seus negcios, ou nas suas relaes pessoais ou, talvez, j lhe
tenha acontecido isto na infncia?
Antes de abordar a discusso deste exerccio, o leitor poder achar
til anotar os nmeros das respostas que procedem do ponto de refe
rncia do cliente. (As respostas restantes sero includas, naturalmente,
na categoria oposta).
DiscussoNesta obra de Porter este exerccio constitui uma espcie de self-j
test (teste que a prpria pessoa aplica a si mesma) visando a determi-
24
-
Dar a tendncia pessoal a responder de uma certa maneira de prefern
cia a uma outra. Visa, portanto, a descobrir a atitude (ou, pelo menos,
a dar uma certa indicao sobre esta atitude, pois o teste" no 'afe
rido) que o indivduo tende a adotar no comrcio interpessoal. N a
-
5^ C O M P R E EferV A : Resposta que vis compreender do itterior,' a ij
apreender o tom afetivo, pessoal, da comunicao: que revela a preo- i
cupao do terapeuta em compreender corretamente a significao vi-/j
vida, o que o cliente lhe diz e a natureza do sentimento que verda- J deirmente experimenta. (Esta categoria corresponde, pois, em patiahn
Evidencia-se, imediatamente, destas definies que as respostas per- j
tencentes s categorias, de 1 a 4 procedem do ponto de referncia do te- ]
rapeuta; que representam julgamentos emitidos pelo terapeuta (cfr. as par- J
tes sublinhadas).
Com a finalidade de tomar mais flexvel e d e . aguar sua capacida- ]
de de reconhecer o carter (explorador, estimativo, interpretativo, etc.) |
de determinadas respostas e, deste modo, adquirir um a certa habilidade ]
em evitar umas e em procurar outras, o leitor poder achar til classi- ]
ficar as 30 respostas do exerccio, u; .azando-se desta vez das definies |
acima indicadas. O quadro seguinte lhe permitir comparar as duas cias- j
sificaes que ter assim efetuado um a por ordem de preferncia, a
outra atravs de identificao com as categorias estabelecidas por Porter.
Q U A D R O 1 Classificao, segundo Porter, das respostas relativas aos seis .
exemplos acima apresentados.
V
N. do Estimati- Interpre- Tranqiiili- Explora Compreen
Caso tivas tativas zadoras doras sivas
2 3 1 2 5 4 j
8 1 3 5 4 2 V.5 5 2 4 3 w .
12 1 2 4 3 5 'J13 3 1 2 5 4 ,24 2 1 4 5 3
A finalidade principal do Exerccio A , ilustrar, por meio de con
traste, um a caracterstica simples mas fundamental da abordagem ro-
geriana: que a atividade do terapeuta deve permanecer sempre no cam-
P9.. da aplhfdar/riaoTIno da nicitiva^ls po papel do terapeuia acom
panhar, no guir.
E m qualquer outra terapia o profissional se serve, num a medida va
rivel, da iniciativa. Os protagonistas destas terapias desmentem geral
mente este fato e, sem dvida alguma, seu desmentido sincero. Comi
efeito, tal como a entendem, a noo de iniciativa como a noo dei
direo refere-se a um a interveno direta e concreta na existncia
do cliente. Para. ns, ao contrrio, tratam-se, na realidade, de iniciati-|
26
-
Ivas mais sutis. Aquelas que se praticam sob a forma de questes, su
gestes, observaes levemente estimativas e outras proposies so ema-
nentes do ponto de referncia do terapeuta. evidente que estes tipos de
respostas tendem a influenciar o itinerrio mental do indivduo. Por
[exemplo, se o terapeuta convida o cliente a falar de sua infncia, de suas
relaes com seu pai ou com sua me, de sua vida sexual ou de seus
konhos, est indicando deste modo que estes so campos particularmen
te significativos e por isto dirige a ateno e a explorao do cliente
para um ou outro destes campos.
Exercicio B
Em cada uma das categorias \1 a * 4, acima descritas, o terapeuta
jtoma uma certa iniciativa de forma stll ou manifesta. Sem conter
jnecessarlamente ordens ou instrues, estas respostas imprimem, contu-
do, uma direo conversa. Somente as respostas pertencentes ca
tegoria 5 representam uma atitude de acolhida. O pensamento do tera
peuta se articula diretamente com o pensamento do Indivduo sem modi
ficar a natureza ou a orientao do mesmo, mas visando unicamente a
[precisar o elemento vivido, afetivo ou representativo desse pensamento.
Dizer que a atividade do terapeuta deve exprimir a receptividade,
[o a iniciativa, no , evidentemente, mais que outra forma menos
^bstrata de dizer que suas respostas devem se inserir no ponto de
referncia do cliente. Se estas procedem do ponto de referncia do te
rapeuta, representaro necessariamente uma Iniciativa. Com relao a
sto, ser til recordar as razes pelas quais tais respostas so incom-
atveis com as concepes rogerianas. No exatamente porque elas
[ejam intrinsecamente defeituosas ou deficientes. Do ponto de vista de
teu contedo, as 24 respostas classificadas nas categorias 1 a 4 do exer-
picio em questo, so perfeitamente naturais, Inteligentes, pertinentes e
enotam intenes louvveis. Mas, no so teraputicas pelo menos se
[oncebermos a terapia como uma aprendizagem da autonomia. O uso
lestes tipos de respostas potencialmente pernicioso porque se ope ao es-
,jbeleqmento dos sentimentos de liberdade, de segurana e de confian-
a cm sl, necessrioU atuEisQ.-das- capac-idades, marile^as_ou laten-
les, d sfelf-help; isto. ._da-tomada de conscincia edja^dlreo, autno-
pas de si. Examinando estas respostas constatamos que todas tendem
lu a modificar a ptica 4o cliente ou a substitu-la por uma ptica mais
iu menos aldeia. Por isso elas impedem o interessado de se dar plena
mente conta do problema tal como ele o experimenta, ele mesmo, naquele
nstante em questo. A iniciativa do terapeuta impede igualmente o clien-
e de chegar s suas prprias concluses ainda que estas concluses
ossam, afinal, mostrar-se Idnticas s que foram prpdstas pelo tera-
27
-
peuta: ou que no h realmente um problema; ou que este no assim
to srio quanto lhe parece de Inicio; ou que requer um exame mala
aprofundado; etc.
Examinemos cada uma destas categorias de respostas mais dei
perto. Como a estima a expresso direta de um julgamento de outraj
pessoa com relao ao eu ou de um aspecto intimamente ligado aoi
eu ela sempre suscetvel de ser ameaadora. Quando a estima
desfavorvel, a ameaa manifesta. E tambm a liberdade de expres-l
so, o calor e a segurana da situao sero afetados de uma maneira
adversa. Mas no somente quando desfavorvel que a avaliao cons-1
titui um obstculo. Quando favorvel, a ameaa potencial e mais]
insidiosa. Primeiramente, o indivduo pode se sentir obrigado a se mos-j
trar e mesmo a se perceber de acordo com a imagem favorvel]
que o terapeuta faz dele. U m a vez mais, a liberdade de expresso e os]
resultados da terapia sofrero. Mas isto no tudo. Ainda que os efei
tos Imediatos do uso d avaliaes favorveis sejam geralmente sentidos,;
pelo indivduo, como estimulantes, as conseqncias indiretas mais ou
menos longnquas deste uso no podem deixar de se revelar ameaado-I
ras. Considerando-se que o terapeuta dificilmente teria uma atitude in-j
condicionalmente favorvel d) para com quaisquer sentimentos, aes e
atitudes de outra pessoa (nem, alis, para com seus prprios), disto sei
conclui que a ausncia de julgamento favorvel da parte do terapeuta
inclinado a tomar uma atitude estimativa equivale a um julgamento des-l
favorvel. Pelo menos, significa dvida ou hesitao e esta suspenso
do julgamento constitui, por sl s, um a ameaa para aquele que se sente!
o objeto dela.
Quanto (^nterpretao^ ainda mais ameaadora. Se se relacion
com a dinmica do ifldlvfilTIp com necessidades, tendncias, desejos e(
impulsos de que le no tem ,)ou no tem completamente, conhecimen
no ser preciso- dizer" que representa um atentado direto s su
tendncias de independncia e de responsabilidade pessoal. Ocorre o mesi
mo quando a interpretao entendida no sentido mais ou menos didl
tico que Porter lhe atribui acima. Como a informao provm de font^
autorizada, isto , de um especialista, o cliente praticamente obrigad;
a lev-la em considerao.
A explorao, por sua vez, constitui um obstculo, atual ou poten:
ciai, ao desenvolvimento das foras de crescimento. Se as questes oil
outras expresses investigadoras que emanam do terapeuta tocam ei*
aspectos vulnerveis da experincia do cliente, disto resultar, natural-
mente, um aumento de angstia, suscetvel de provocar uma atitude dr
defesa. Mas, mesmo na aus!ncia de qualquer questo ameaadora poj
(1) A este respeito, lembremos o que foi explicado no volume I, ou seja, que a aceitao inco' dicional elemento constitutivo da considerao positiva Incondicional nffo quer dize] aprovao.
28
-
^arte do terapeuta, o uso de tcnicas exploradoras impede o estabeleci
mento de um sentimento de segrii perfeito, n sentido de que o
cliente se sente exposto ao imprevisto.
Quanto resposta tranqilizadora, seu efeito funesto com relao
ao desenvolvimento da autonomia particularmente insidioso porque esta
resposta no suscetvel de despertai a menor defesa. Se verdade
que a defesa representa apenas uma manobra falsa ou desajeitadamente
autnoma, pelo menos ela revela uma certa preocupao de independn
cia. No. tratamento do tipo tranqilizador, a dependncia se substitui
autonomia sem que o indivduo o perceba e, deste modo, sem que pense
em lhe opor resistncia.
Exemplo 1 Moa, segundo ano universitrio, revoltada contra ,a
atitude de sua famlia com relao a algumas de suas necessidades de In
dependncia:
Meus pais e principalmente minha irm mais velha, voc
sabe, a que divorciada e que mora conosco me tratam real
mente como uma criana. No me permitem nem mesmo fu
mar. Evidentemente, isto no me impede de fumar quando
tenho realmente vontade, mesmo se isto os contraria. Chega
ao ponto de, quando algum vem me ver algum que no
conhece minha situao em casa e tira seu mao de cigar
ros e me oferece um, inocentemente, e eu aceito minha me
capaz de se levantar e de abandonar ostensivamente a sala
batendo praticamente a porta atrs de si. E Susan (sua irm)
no perder um, oportunidade de tsteer observaes sobre
meus amigos que lumam rapazes ou moas e na pre
sena deles pelo menos quando se trata de meus amigos.
Nem ela, nem minha me ousam, protestar quando se trata
dos amigos delas ou de outras pessoas... oh, como os amigos
d|e meu pai. Pois o& amgos deles no abo da espcie que fuma.
E o que se precisava ver a cara que fazem quando me
atrevo a comprar um mao de cigarros na presena deles!
V-se que eles ficam furiosos tanto que eu quase nunca
fao isto na presena deles, exceto quando estou de algum
modo protegida pela presena de outras pessoas. Enfim, o que
ou queria lhe contar 6 teto. Anteontem , noite, Robert
L. tinha vindo me ajudar a preparar o artigo que deveria
apresentar para a srie Menores e Maiores e que eu tinha
de enviar esta manh. Tnhamos trabalhado sem parar at
tarde da noite. Evidentemente, ele havia fumado muitos ci
garros, e eu, tinha fum ado... talvez dois ou trs, e quando
voltei havia sido preciso lev-lo pois seu carro estava na ga
ragem encontrei minhas notas e papis voando at ao p
da escada! E voc se lembra do vento de quarta feira noi
29
-
te? Algum tinha, portanto, aberto a porta de meu quarto!.]
E olhe que eu tinha aberto a janela antes de sair paraj
arejar o quarto. les poderiam voar para foral E ento, oi
que fazer? Era quase um a hora da manh quando consegvij
colocar tudo em ordem. E tinha um a aula s oito horas na]
manh seguinte alis, no no dia seguinte, no mesmo dia,3
ora! E , veja bem que eles estavam todos deitados quando sa.j
Meus pais deveriam se levantar cedo meu pai vai P . todasa
as quintas-feiras. Minha me iria acompanh-lo esta semana f
Somente Jaques (seu irmo) estava de p quando sa e sei
muito bem que no m e faria um a coisa destas. Isto me fezl
ficar realmente furiosa. Bem que tenho vontade de fazer com]
que eles compreendam que eu ou ela um a de ns, devef
sair de casa. Estou farta destes vexames constantes.
Vejamos agora duas sries de respostas que poderiam ser dirigidas |
a este relato. De u m ponto de vista rogeriano, algumas destas respostasj
so aceitveis. Nenhum a , contudo, ideal. Pecam todas em, pelo menos,
um aspecto eventualmente em muitos. O leitor ter a oportunidade de ]
examinar esta srie de respostas e de procurar descobrir seus respectivosJ
defeitos em particular, o defeito sistemtico que contamina cada umaj
das duas sries. (A noo de "defeito deve ser entendida, no no sentido]
absoluto, mas no sentido rogeriano.)
R E S P O S T A S
B 1. Voc acredita que algum se
levantou expressamente para abrir
a porta de seu quarto.
B 2. Parece-lhe que deve ser sua
irm que lhe pregou esta pea.
B 3. Voc quer dizer qus prin
cipalmente o fato de comprar ci
garros que incomoda tanto sua
me e sua irm.
B 4. Robert L . um de seus co
legas de classe, suponho.
B 5. Seus pais permitem que jo
vens venham trabalhar com voc
e que voc os leve tarde da noite,
mas no admitem que voc fume.
B 1'. Voc no acredita que a por-j
ta se tivesse aberto por acidente,]
no perodo em que voc saiu dej
casa ou quando voltou.
B 2'. Voc acredita que a atitudel
de sua irm se explica pelo des-l
peito que ela sente por causa de]
seu fracasso de seu divrcio?
B 3'. No seria a despesa com ci-1
garros que as faz ficar to furio-J
sas?
B 4\ Quenr Robert L .? Creio quj
voc no m e falou dele.
B 5\ Seus pais parecem rgidos 1
em algumas coisas e liberais eml
outras se lhe permitem ficarJ
at alta hora da noite sozinha comi
um rapaz.
30
-
B 6*. Ela pretende se instalar de
finitivamente em sua casa soa ir
m?
B 7\ Parece que voc tem dificul
dades com o elemento feminino da
famlia no com o elemento
masculinoV*
B 8 . Elas reprovam principal
mente as mulheres que fumam,
jio os homens.
B 9'. Seu irmo tem permisso de
fumar se bem compreendo.
B 10'. Estes artigos 4e que voc
fala so para o jornal ^ universi
trio?
Exemplo 2 Jovem casado, descrevendo certos traos de carter
e sua mulher com a qual mantm relaes tensas:
Por exemplo, uma coisa a que ela se ope obstinadamen
te a leitura. Quando jornal e quando paro constantemente
para fazer observaes sobre o que leio nele, tudo vai bem.
Mas, desde que eu procure me absorver num livro, tudo muda.
Ela far tudo que estiver a seu alcance para m e desviar da
leitura. M e lembrar um a coisa e outra que lhe tenha prome
tido de fazer, pedir para ajud-la, acompanh-la ou conduzi-
la a algum lugar. O u vir me acariciar e quando me mos
tro pouco interessado ela comea a m e censurar. Ela ento
acha uma torneira que pinga, um a tomada que no est fun
cionando ou uma porta que range. E quando no h .estes pe
quenos trabalhos aborrecidos, visitas ou compras a fazer, ela
inventa projetos que tomam fins de semanas inteiros, como pin
tar o poro e coisas semelhantes. Pode-se dizer realmente que
ela tem uma lista de coisas supostamente urgentes para me
roubar meus momentos de lazer ou melhor, de tranqili
dade. Pois ela no se ope ao lazer desde que eu o parti
lhe com ela. E se me mostro firme e continuo a ler, apesar de
todas as suas tticas pois, afinal preciso ler, e no posso
deixar de faz-lo sei antecipadamente que antes que o dia
termine, ela encontrar meios de me contrariar em uma ou
outra de minhas necessidades pessoais.
p 6. As relaes entre voe* e sua
im so muito tensas.
7. De acordo com o que voc
Edz, so principalmente sua me e tia irm que se opem a que vo- i fume.
B 8. Quer se trate de moas ou de
kpazes, seus amigos fumantes no
Io bem-vindos.
5 9. Seu irmo esta do seu lado
I- se bem compreendo.
5 10. Voc colabora para uma s
rie de artigos.
31
-
RESPOSTAS
B l. Foi depois de ter casado que
vOc percebeu este trao do car
ter de sua mulher.
B 2. Sua mulher no gosta da
tranqilidade e do silncio.
B 3. Todo livro, qualquer que se
ja o seu gnero, lhe desagrada.
B 4. O que ela quer que voc
lhe fale, que se ocupe dela ou que
voc faa. qualquer coisa mes
mo que no converse com ela
desde.que no seja. a leitura.
B 5. Sua mulher sente pouca ne
cessidade de ler ou no procura ou
tras distraes intelectuais.
B 6. Ela sabe como agir para pu
nir-lhe .
B X. Depois de quanto .tempo vo
c percebeu este trao de seu ca
rter? '
B 2 . Sua mulher aparentemente
extrovertida.
B 3: Ela se ope at leitura de
livros tcnicos, relativos a seu tra
balho .
B 4. Ela acha, talvez, que ler pu
ra; perda dertempo, enquanto que os
trabalhos ou divertimentos tm sua
utilidade.
B 5. Qual o nvel de instruo
de sua mulher?
B 6. Voc quer dizer que ela lhe
recusa satisfaes sexuais.
Exemplo 3 Trabalhador que se lamenta das condies do trabalho,
criadas por seu patro que ao mesmo tempo seu sogro:
Ele se imiscui em tudo e no pra de nos observar.
Mesmo quando se acha naquela espcie de gaiola de vidro
que lhe serve de escritrio ele nos segue com um olhar des
confiado e, se surpreende um de ns (trabalhadores) trocan
do algumas palavras com um ou outro camarada, ele se le
vanta e vem perguntar se h algo errado, ou outras questes
deste gnero, voc sabe. Um a conversa mnima representa pa
ra ele um verdadeiro delito e se um ou outro conta alguma pia
da e ns comeamos a rir mesmo ao chegar ou sair do
servio ele o olha enraivecido. Seria preciso v-lo revirar
os olhos! Felizmente, que ns temos necessidade um do ou
tro, pois, nenhum de ns ficaria com ele. Alis, se houvesse
outros mecnicos especializados em ptica na cidade, ele nos
franquearia a porta todos sabem disto. O que nos prende
aqui o lago. Somos todos apaixonados por esportes aquti
cos. Minha mulher tambm. Eu lhe disse, creio, que ela aca
ba de ganhar a Taa do Hipocampo. E , voc compreende, ele,
32
-
meu sogro, no capaz de perceber, de modo algum, que se
pode sentir uma necessidade... praticamente fisiolgica de pa
rar por alguns momentos. Principalmente num trabalho de
preciso como o meu. Sabe o que ele acaba de fazer? Ele
acaba de arrumar a dependncia que serve de depsito a to
da espcie de mereadorias e que d para o meu escritrio em
uma espcie de pequeno quarto e me disse para me instalar
ai. Ora, essa pea no tem sequer janela; pelo menos no ja
nela que d para o exterior. E o que pior, que preciso
passar por seu escritrio para entrar e sair desse lugar. Be
modo que eu me acho completamente separado dos outros.
E veja bem que no h nenhuma razo para me isolar; quero
dizer, nenhuma razo objetiva. Meu trabalho no o exige. Pa
rei exatamente o que fazia na oficina. E ele no se d nem
mesmo ao trabalho de inventar algum pretexto para justifi
car esta mudana. Ele fica aborrecido de que eu faa amigos
entre os colegas. Voc compreende, ele o tipo de pessoa que
precisou de lutar muito para chegar ao que . Mas, entretan
to, me enerva esta superviso e estas artimanhas.
RESPOSTAS
B 1. Ele arrumou um modo de
controlar suas idas e vindas duran
te as horas de trabalho.
B 1. Aparentemente, voc que
que ele v como a causa de... da
distrao, e ele quer afast-lo do
grupo.
B 2. Ele no percebe, em absolu
to, que um mnimo de distrao
pode ter um efeito benfico sobre
o rendimento.
B 3. A vida no foi fcil para ele
e ele no pensa faz-la fcil para
os outros.
B 4. Ele procura impedir toda co
municao entre voc e os outros
empregados.
B 5. Ele no gosta de que voc se
misture coxr os outros.
B 6. Sua compensao o lago.
B 2*. Voc quer dizer que ele no
lhes concede nem as pausas legais
ou, pelo menos, habituais.
B 3. Voc acredita que sen sogro
quer de algum modo vingar-se da
vida dura que teve durante sua ju
ventude.
B 4. Voc diz que de descon
fiado. Ser que se sente ameaado
pelos seus empregados?
B 5'. Voc acredita que porque
voc seu genro qiie ele quer iso-
l-lo dos outros trabalhadores.
B 6. O que este Prmio do Hi
pocampo?
-
O sentimento - no os fatos
Enquanto que o exerccio A tinha por objeto o ponto de refern
cia externo ou interno ao indivduo o exerccio B trata da distino
entre o sentimento e os dados materiais da comunicao. Para ser tera
putica, isto , para favorecer seja a relao, seja a tomada de conscin
cia necessrio que a resposta seja dirigida ao sentimento que sus
tenta os fatos e acontecimentos que formam a trama do relato.
A noo de sentimento tal como aqui empregada, engloba no
somente experincias de natureza emocional ou afetiva angstia, ver
gonha, inveja, dio, amor, desejo, inquietao, arrependimento, prazer, etc.
Abrange tudo o que tende a revelar o ngulo perceptual pessoal, sub
jetivo da experincia, bem particularmente da experincia relativa
imagem do eu. As intenes, impresses, crenas, atitudes, classificam-se,
todas, portanto, na noo de sentimento. Por outro lado, a noo de fatos
se refere aos elementos mais ou menos secundrios, materiais ou sociais,
que servem de veculo ou de contexto ao sentimento.
N a sua interao com o cliente, o terapeuta rogeriano no se detm
nas contingncias materiais, mas se interessa unicamente,, em deduzir o
sentimento que impregna a comunicao. Quando esta consiste aparen
temente apenas em fatos e detalhes, ele procura destacar a carter (ine
vitavelmente) perceptual inerente a tudo o que o indivduo -relata. O meio
mais simples de realizar isto aceitando as palavras do indivduo rei-
terando-as ou parafraseando-as isto , abstendo-se de discutir o con
tedo ou a realidade objetiva .
O exerccio B procura ilustrar a diferena entre o sentimento e o
dado material fatos, acontecimentos, circunstncias no qual ele se
insere. Nos trs exemplos citados a mesma espcie de sentimentos se
insere em um contexto fsico e social completamente diferente. E m cada
caso o indivduo se percebe como lesado em seus direitos pessoais; sente-
se irritado e se percebe como objeto de represlias injustificadas por
parte de uma ou muitas pessoas significativas na economia de sua vida.
A fim de evidenciar os defeitos das respostas que fazem parte deste exer
ccio, vejamos primeiramente, se algumas respostas convm igualmente bem
a cada um dos trs casos. Notemos que estas respostas no represen
tam necessariamente a melhor reao possvel a cada caso particular;
servem para ilustrar a independncia do sentimento com relao aos da
dos materiais aos quais ele se incorpora.
B 4a. Se bem compreendo, voc julga que, as relaes
entre voc e seus parentes (mulher, sogro) deixam a desejar,
por causa das exignoras despropositadas deles.
-
B 4b. Voc acha que eles (ela. ele) procuram lhe impor*
condies arbitrrias e isto o (a) irrita, e mesmo o (a) revolta.
B 4c. Voc acha que eles (ela, ele) esto realmente em
penhados em contrari-lo (a) na busca de certas satisfaes per
feitamente legtimas.
B 4d. Eles (ela, ele) mostram-se intolerantes com rela
o a pequenas coisas que lhe parecem perfeitamente leg
timas e no hesitam em utilizar represlias se voc afirma
esta necessidade. (Esta resposta e a seguinte no sendo pre
cedidas das expresses: voc acha ou "parece-lhe mostram-
se como uma afirmao, como uma expresso de acordo. Nes
te caso deve-se imaginar estas expresses como subentendidas,
como fazendo parte do contexto no qual a resposta dada
ou no tom de voz.)
B 4e. As dificuldades que existem entre vocs no so
de natureza muito grave, mas so alfinetadas contnuas que
voc acha cada vez mais difceis de suportar.
O mrito destas respostas se encontra no somente no fato de
que so dirigidas ao sentimento mas ao sentimento dominante; aquele
que, de certo modo, resume a situao. E m cada um dos exemplos dados
o sentimento dominante : "Se temos problemas por culpa deles.
Sua maneira de agir provoca meu mau hum or." Esta resposta, colocada
na segunda pessoa, ou mesmo assim como est, poderia, alis, se juntar
srie das respostas comuns, citadas em B4.
Quando se compara esta srie de respostas com as sries preceden
tes: Bl, B2, e B3 acima citados, observa-se que as respostas da coluna
da esquerda apesar de se inscreverem no ponto de referncia do indi
vduo e apresentarem em sua maioria um elemento subjetivo, perceptual,
diretamente relacionado com o sentimento pecam todas por se dirigirem
a algum elemento secundrio ou contingente da comunicao. Quanto s
respostas das colunas da direita pecam por sua vez por se dirigem a
dados materiais e por procederem de um ponto de referncia externo
ao do cliente. Estas respostas foram construdas de modo a acentuar o
defeito que afeta as respostas correspondentes das colunas da esquerda.
Os elementos sublinhados destas respostas servem para destacar o objeto
desta falha.
Outro mrito das respostas B4 o de no serem seletivas. Por
isto, so pouso suscetveis de dirigir o pensamento do indivduo num sen
tido estranho sua dinmica interna. Ao contrrio, tendem a favorecer
o desenvolvimento dos temas principais deste pensamento.
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Exercido C
T iInLiLi
N
EXEMrtXJ 2 0 terapeuta que informa ao novo cliente da importncra
-
de i*w tudo sobre sl raei.no e sobre seu caso principalmente o que
Muni dizer comunica ao mesmo tempo:
s. que o resultado da terapia 6 funSo da expresso total da ex
perincia;b. que este resultado se encontra essencialmente nas mos do cliente;c. que, se no Insistisse, o terapeuta obteria somente uma expres
so parcial da e erlncla do cliente;d que as coisas dilcels de dizer sfio as mala Importantes;e. que o processo exigir um esforo considervel talvez penoso.
EXEMTLO S O comportamento do terapeuta no-diretlvo, que se limita estritamente a refletir o pensamento do cliente, revela, no entanto, v .-los elementos de seu pensamento relativos a seu trabalho (elementos que deseja, alis, comunicar);
a. que considera o cliente capaz de dirigir o proc-jsso;b. que a comunicao do cliente por mala trivial que possa pa
recer merece ser escutada com ateno;e. que considera til responder de vez em quando mesmo se o
que diz niutu acrescenta aos dados;d. que no necessrio guiar o cliente por melo de questes ou
outras formas de Interveno;e. que o que importa so os pontos de vista do cliente, no os-
do terapeuta;f. que o que conta, no 6 tanto o problema, mas, a pessoa; em ou
tras palavras, a maneira pela qual o cliente v e experimentao problema, no momento presente.
Vejamos alguns exemplos de comportamento verbal. Comecemos por ! um caso em que a comunicao e as palavras correspondem estreitamento (pressupomos que o comportamento fisionmico confirme as palavras)::
B x a m o 4 0 . 1. Fffn completamente no posso mais. j
Neste exemplo, a comunicao to unvoca Intensa, to despo- ] Jada de nuances e de elementos contingentes que, primeira vista, a. nica resposta (emptica) a que parece se prestar reiterao 11- 3 tarai, ou estritamente .sinnima:
T. la. Voc esU esgotado (A maneira peta xqM esta respo4.'_* ^ formulada pressupe que u estrutura emptica da Interao compreen- j dlda pelo cliente. Quando no o caso, convm que 0 terapeuta reapon- j da de modo a indicar ou a lembrar esta estrutura; "Voc se sente esgo-- ] tado' sem que sua resposta corra o risco de parecer uma conflrrbaf 1
o ou uma avaliao.)
Se o terapeuta estiver plenamente aberto comunicao, descobrir 1
-
ri que os enunciados, mesmo tio simples e coerentes como o exemplo presentemente discutido, podem se prestar a uma colaborao ou a diferenciao a partir do interior. Com efeito, o indivduo que diz: Perdi toda a coragem, no posso matt, refere-se implicitamente a alguma for* a que o animava antes e o incitava a taxar certos esforos. Sc suas palavras representam adequadamente sua experincia, ele diz ao mesmo tempo:
a. fia todo 0 esforo de que era capas;b, at agora eu esperei;
1 o. at agora ti* coragem de lutar;d. alguma coisa velo me tirar toda a coragem;e. renuncio a prosseguir nos meus esforos;f. eu me esgotei em v*o.
Todos estes aspectos so mais ou menos Inerentes s palavras em
questo. Pode ocorrer, no entanto, que no pertenam experincia do cliente. Ao refleti-las, O terapeuta oferece ao cliente a ocasio de verificar se sua comunicao reproduz exatamente seu sentimento. Por exemplo, se o elemento a) acima citado nto faa parte dease sentimento, o cliente pode tomar conhecimento deste fato e retific-lo. Esta constatao leva, quase necessariamente; a uma explicao. O cliente pode, en- to, se dar conta de que seu sentimento no resulta como suas palavras pareoam sugerir de uma acumulao de fracassos, mas do fato de no ter feito tentativas. For sua ves, esta discrepncia entre os fatos e a representao conduz a uma explicao. Assim, pouco a pouco, e em conseqncia de uma lgica intema, o cliente pode chegar concluso de que o que experimenta no desnimo (geralmente consecutivo experincia de racas60),'mas uma total falta de confiana e de respeito com relao a st mesmo sentimento que no resulta de qualquer acontad* menfo -articular, nuT.^ue tem sua origem na Imagem do eu.
Esta operao de verificao, pelo* cliente, representa um dos fatores mais importantes do processo teraputico Com afeito, os problemas psicolgicos so devidos, em larga escala, a uma simbolizao ou representao defeituosa do que realmente experimentado. A pessoa que, como a Srta. VTb, cujo caso analisamos no Ctapitulo V, sente-se frustrada ao ponto de Julgar que "no h outra sada aMm do suicdio' n que os fatos parsam justificar este sentimento, como ela prpria o admite , geralmente, a ; vitima de uma representao defeituosa da situao. Com efeito, para que se possa dissr que no h outra salda, necessrio ter idia de uma determinada salda s saber, com certeza, que ela esttf fechada. Ora, ocorre freqentemente, s o caso da Srta. Vlb o confirma, que longe ide saber que um determinado fim toraou-ss irres.Usvtol, o indivduo no tem Idia alpuna de qual | seu lm. t ssts, |||
-
iko sempre, i! problema. Explicar-lhe tudo lito nlo tem, geralmente, nenhuma utllidiido. No momento em que sofre, o Indivduo quer ter uma Justlflcaflo do stu sofrimento. Convm, portanto, que o terapeuta, em vi'2 do provar b clloiito quo seu problema no existe ou de lhe Impor outra verso desse problema, passe a acelt-lo tal como o cliente o formula e crie as condies para que o cliente se torne capaz de perceber mais claramente o . pontes de vista sobre o problema e, eventualmente, de orrlgl-los U tuilexq du 1 municafio manifesta ou de qyalquer uma de suas implicaes - lhe proporciona esta ocasio.
Vejar^ os outra resposta emptica, que convm & mesma situao:
T lb. Voc realmente nc pode agentar mais pelo menos, 6 Isto o que voc experimenta no momento.
Esta resposta poder Introduzir na conscincia um elemento de experincia muito real, mas, provavelmente obliterado pela intensidade da experincia imediata; isto , que todo sentimento passageiro. Por isto, suscetvel de atuar o sentimento na sua perspectiva prpria e, em consequn- cla. de atenu-lo. Enquanto que o cliente provavelmente repeliria as palavras de consolo como uma subestima o de seu problema e de sua dor
P ou refutaria tais palavras, com o fim de provocar mais 'mais outras semelhantes uma resposta como a que acabamos deC^ -Allcar, e que*' evidencia um aspecto inegvel da experincia, de natureza a modificar
' a ptica do Indivduo sem fazer Intervir fatores pouco teraputicos como a consolao ou a exortao.
Admitamos, no entanto, que 6 possvel que o cliente, dominado pelo abatimento, responda no sem impacincia:
C. 2. NSo ama questo de de um sentimento passageiro.
momento presente. NSo se trata
Conforme for o caso, o terapeuta poder Julgar til responder a estas palavras acentuando o sentimento a que se referem: ; j
T. ta. realmente algo multo profundo. ji y *",7( I jjj
Este tipo de resposta de natureza a provocar uma expresso maU completa do desespero que motiva tais palavras e, deste modo, a conduzir ao estado de saturao emocional em que se opera uma mudana na direo oposta. Por outro lado, se o terapeuta gostaria de no dar a Impresso de que quer se entregar a uma espcie de disputa verbal, a
resposta seguinte poder ser mais frutfera:
T. Zbl. Parece-lhe que permanecer sempre com este! sentimento. Que no recobrar o nimo.
O cliente no poderia responder afirmativamente. Se o faz, logo-
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perceber, tem dvida, que, sob certM condlci, o Julgamento n&o 6 v- lido. (Se se trat de um caso de depresso psictica que requer a aplicao de outros agentes teraputicos que n&o o tratamento por melo de entrevistas, evidentemente n&o chegar a perceber. Contudo, tendo em ^vista a resistncia mais ou menos agressiva manifestada em C2, a existncia de tal depresso 6 improvvel.)
J que o cliente nao poderia refutar T2b, a percepo de seu sentimento suscetvel de se tornar mais clara; isto , ele se torna capes d perceber que a qualidade de permanncia est ligada ao fracasso (supomos, neste momento, que se trata de um fracasso), no ao sentimento j diferenga considervel. Poder-se-la dizer que esta especificao estava subentendida -r que n&o 6 um elemento novo. Isto exato. Mas.o faio de que este elemento perifrico seja levado para o centro da conscincia de natureza a modificar consideravelmente o quadro afetivo.
As dimenses tcitas do exemplo 4 s&o mais claramente evidenciadas quando as modificamos ligeiramente:
EXEMPLO 5 Nio tenho Animo paca Isto.
No etemplo 4, a impllca&o do enunciado girava em torno da Idia de lesforos realizados, passados; neste, est relacionada com esforos po- tenciais, futuros: |.
a. n&o acredito ser bem sucedido;b. seria preciso mais ftnlmo do que tenho neste momento;
; c. no me sinto capaz do esforo necessrio;d. no vale a pena;e. desisto de tentai1;
I fi temo fracassar; 1g. pelo menos neste' momento no tenho coragem; etc.
I Todos estes aspectos, lmplldtos ou explcitos, vm naturalmente ao espirito daquele que se esfora por escutar em funo do interlocutor, n&o em funo de suas prprias hipteses, necessidades ou Indlnaes.
I so apenais-fci comunicaes que expressam sentimentos que se prestam a esta elaborado a partir do Interior. O enunciado puramente descritivo dos fatos materiais, como o seguinte, contm igualmente uma comunicao que vai alm das palavras:
EXEMPM) 9 C. 1. Mea marido trabalha na usina. Tem uma boa posio. En cuido da casa e das crianas.
' Qual ser a comunicao implcita neste caso? A menos que o *oc-
texto o desminta, estas palavras significam:
-
a. tesit nor.lo de vista (das funes e dos rendimentos) n&o h problema;
b cada um contribui, a seu modo, para a manuteno da famlia;
c. voc percebe a situao criada por isto?
Ainda uma vez a diferena entre a comunicao e os dados verbais
se torna irais evH'ente. quando modificamos ligeiramente este exemplo
C i Eu tnbilac na usina. Tenho uma boa posio. Meu marido
cai d da casa e das crianas.
Neste caso, a comunicao sugere qualquer coisa como:
a. isto coloca, evidentemente, um problema; . 1
b h a!po de fundamentalmente anormal na iTuao familiar;
c. voc percebe a situao criada por isto,
EXEMPLO 7 C.l. As pessoas acreditam que Hltler estava errado. Ma b m atava.
a. ele tinha razo;
b as pessoas esto enganadas;
c so as pessoas que esto erradas;
d. eu pessoalmente sei que ele no estava errado;e. mesmo se praticamente todo o mundo ainda diz que ele estava
errado, isto no altera as minhas convices;f poucos indivduos, entre os quais me encontro, so capazes de
reconhecer que ele tinha razzo.
Estes exemplos tero conseguido, assim o esperamos, dar uma pri
meira idia da natureza da resposta-reflexo.
Completemos este esboo com uma exposio um pouco mais terica. Para isto, faremos um rpido paralelo entre este tipo da resposta um
fenmeno descoberto pela psicologia da forma.
Entre os desenhos que ilustram a maior parte dos manuais de psicologia da forma, encontram-se os que so utilizados para demonstrar a ifrttn&n entre o que se chama a 'figura" e o 'fundo* do campa da per
cepo, assim como as leis que regem ss relaes entra estas duas partes
'/institui:rai de todo o campo. Quem quer que tenha seguido um eurso
de psicologia gerai reconhecer o traado apresentado na ftf. I. p. 63)O campo tnchddo neste quadrado pode ser organizado pelo menos de
dots modos. Isto i. presta-se percepo de duas Imagens ou figuras:
Para alguns indivduos, a parte central que forma a figura e e*?a 6 vista como um vaso. Para outros, as partes latera^ jrganizam-se para
formar dois perfis frente a frente. A "preferncia perceptual por uma
ou outra destas figuras funo de diversos fatores, uns subjetivos >
lntere:j^s, necessidades, e tendncias' os outros objetivos. Entre estes 'ltfrros. citem o* o contraste entre as duas partes do campo.
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As leis da organizao do campo peroeptual que regem a formao, a modificao ou a obliterao da figura, e cujo jogo pode aer facilmente demonstrado no campo da percepo visual so Igualmente vlidos no campo da percepo no-sensorial, isto , no campo do pensamento e do sentimento. quando dois lndlriduos ransldfiratn unMsituao mais ou menos complexa ou ambgua, os elementof, (DWJMuoc* ganzam como figura variam de acoido com tatoJSa *"*** flll menos constantes (atitudes, valores, tendncias pessoais) fatores nflrela fcon- tdo mental Imediato) que formam o fupdosobre o q}ial a sltua&o aparece pra cada indivduo. Mais concretamente: suponhamos que dois Indivduos, X e T, leiam no jorflkl que um outro indivduo, Z. tez uma ge- nerosa' doao a obra filantrpica. Suponhamos que X veja naturalmente nisto um gesto de generosidade, e experimente um sentimento de admirao para com Z. Por outro lade, suponhamos que T saiba que Z se , ;para para t. ar na poltica e que sua doaio 6 flnandada por um grupo pouco recomendvel. Estabelecendo um paralelo com a Plg I, pode-se dizer que X organiza os dados de modo a ver neles dois perfis, enquanto que Y, tendo conhecimento de um elemento suplementar, adota uma qtltude diferente e v neles o vaso. Se T Informa X dos pianos de Z e da origem de sua doao, este novo elemento suscetvel de mudar radicalmente a organizao do campo de X. O que previamente era percebido como um ato de generosidade pode tomar-se uma ttica vil, com as mudanas que esta nova perspectiva provoca nos sentimentos de X.
Um fenmeno anlogo ocorre constantemente na terapia rogerlana. Como pudemos ver no primeiro volume desta obra, a mudana tarmfai- Uca podo set e t e n noa processo de modificado coatiaaULM ca*npCL da- percepo, em particular do setor central, que corresponde i strutura do eu. A medida que a interao tem prosseguimento, certos
-
T . *
HIL S u 1N I Pi IPi I T 9 R 1 D 1
Pi R Q 9 Pi (ri 1 Ct ;(iE. fl m kq a r
i ?
E l
CeOMiCeAP cPoSi*
PI
P i
elementos de experincia que faziam parte do fundo" vm se integrar "figura e produzem ai modificaes geradoras de novas modificaes,
Estas, por sua vez, exigem que outros elementos se destaquem do fundoe venham tomar seu lugar na figura que est se reorganizando.
| ' 1Um dos fatores mais Importantes deste processo a resposta-reflexo.
Esta reSppsta t^em por efeito ou acentuar a figura tal como percebida pelo cliente (ex. T.la), ou classific-la por meio de contraste._(ex. ff), ou modific-la no sentido da ampliao (ex. i T.lb), ou mesmo a in-vert-la (ex. 9). Ora, o que importa observar com relao a este proces^i so que a modificao da figura se faz a partir do Interior, no sob 1 a influncia de foras exteriores. O terapeuta coibe os dados de sua res- I posta na comunicao. nisto, precisamente, que consiste a fora deste ] tipo de resposta. Seu contedo pertence comunicao do lndlviduo, como um determinado fundo pertence a uma determinada figura.
Vejamos alguns exemplos deste fenmeno de modificao da figura, fl Comecemos por um caso de inverso completa da figura:
EXEMPLO 8 C.l. A ddade X (onde moro) o,a*v hi de ptor. Fj^ tre'oa 1 quase 100.000 habitantes, no existe nem um grupTcom o qual se possa ] manter uma conversa sliApleanente Inteligente. Observe que no estou 1 talando de uma conversa Interessante, mas simplesmente inteligente.
7. Em alguns aspectos, como... o da inteligncia. J. voc se atlia praticamente sozinho em X .
o?te exemplo, o " :ampo" o mesmo para o terapeuta e para o I c'iente. Ele se compe dc dois elementos: X e o cliente. Contudo, a organizao deste campo diferente. Nas palavras do cliente X que formal a figura e esta figura pintada em cores extremamente sombrias. Nas ; palavras dc terapeuta, o cliente que constitui a "figura e esta se desta retf T.ariaraante com intensidade, sobre a parte do campo que, para o client*, forma a 'figura*. Esta transposio permite que o cliente se d conta do inverso da imagem por ele descrita, pois, lhe oferecida! a ocasio de conscincia de que: 1) ao falar de outro, fala de sl
mesmo; 3) se apresenta como um indivduo excepcional praticamenteo nico, dotado de intellfncia, entre 100.000 outros. {
Vejamos um outro exemplo semelhante. Este exemplo oferece ,,umaj
amostra da prova a que podem estar submetidas a empatla e a auten-j tlcldade do te/apeuta. Q lanto atitude que pode ser adotada pelo tera-j peu ta Incapaz de pe*irian er emptico em situaes como estas, sep dis-j
cutida miai art Io >-in preparao.
E X E M F l/) 9 A r f f v estudante, nSo-amerton a, dirigindo.s a um te-.
-
Realmente, u mulhticj wwilcinu slo talvez as mais bonitas do mundo -4 ainda que isto se}a dlffcll de se estabelecer. de certa forma uma questo de gosto. Elas tSo multo cuidadas, isto i preciso admitir. Mas nSo tm nenhuma personalidade, nenhuma individualidade. So umas
I cabaas ocas; uns autmato. NSo hi possibilidade de se fazer amigas I entre elas. Nada tm a oferecer como companheiras. H nelas um va- [ lio unia pobreza I