carta dos prefeitos à população e a sociedade
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Associação Municipalista de Pernambuco
CARTA DOS PREFEITOS À POPULAÇÃO E ÀS AUTORIDADES
A ASSOCIAÇÃO MUNICIPALISTA DE PERNABUCO – AMUPE, entidade que
congrega 184 municípios pernambucanos, vem de público, informar a população a
situação de precariedade vivenciada pelos municípios, ao tempo em que alerta as
autoridades federais e estaduais, conclamando-as a buscar soluções urgentes e
eficazes, que possibilitem aos municípios desenvolverem ações e políticas públicas de
qualidade em beneficio da população. Afinal, é no município, ente mais próximo, que
os cidadãos expõem suas reivindicações, angústias e esperanças de dias melhores.
Faz tempo, os municípios, por intermédio de suas entidades representativas vem
anunciando o estado de falência em que se encontram.
A SITUAÇÃO
a) A Saúde Pública: A constituição Federal determina que os municípios devam
aplicar 15% de suas receitas vinculadas em saúde. Desde 2002 os municípios
vêm arcando com caca vez mais recursos, aplicando em média 23% de suas
receitas. Já a defasagem hoje chega a 58%, pois o Programas da Saúde custam
3 vezes mais o valor repassado pela União.
b) A Educação Pública: Ainda é precária e muito distante da qualidade que a
população exige e precisa. Na merenda escolar, a União repassa apenas R$
0,30 (trinta centavos) dia/aluno. Já o repasse para transporte escolar é de R$
12,00 por mês/aluno, enquanto os municípios arcam com um custo superior a R$
100,00.
c) Mediante Convênios com a União e Estados, os gestores municipais buscam
recursos para as obras públicas, que beneficiam e melhoram a vida dos
cidadãos. Entretanto, a União acumula, somente em Pernambuco, mais de R$
809 milhões que se encontra em “RESTOS A PAGAR”, sem perspectiva de
recebimento, causando descontinuidade nas obras, prejudicando a população e
gerando desgaste para os gestores municipais.
d) Por outro lado é preciso que o Congresso Nacional agilize as votações das
matérias pendentes de interesse dos municípios, buscando superar o impasse
político de forma a não continuar prejudicando a população.
O cenário acima é tão somente alguns exemplos de precariedade pelos municípios.
Essa situação não é de hoje e não foi provocada tão somente pela crise econômica
atual. A crise apenas agravou a situação. A base de toda essa penúria vivenciada
pelos municípios brasileiros não é outra senão a repartição injusta e desequilibrada
dos recursos entre os entes federativos, no qual a União fica com 60%, os Estados
com 25%, enquanto os municípios ficam apenas com 15% e toda a responsabilidade e
ônus de execução.
Diante dessa realidade agravada ainda mais pelos 05 anos de seca, a AMUPE e os
prefeitos e prefeitas de Pernambuco, reunidos no dia 9 de novembro por ocasião do
ATO EM DEFESA DOS MUNICÍPIOS pedem apoio das autoridades e dos nossos
parlamentares para o engajamento na defesa das seguintes PROPOSTAS:
Promover a repactuação federativa, visando a redistribuição equilibrada de
atribuições e partilhas de recursos entre União, Estados e Municípios;
Reajustar os programas federais, em especial os das áreas de saúde,
educação e assistência social;
Liberar urgente os recursos dos “restos a pagar”, totalizando 35 bilhões de
reais, assegurando aos municípios brasileiros a conclusão das obras
paralisadas;
No caso de aprovação da CPMF, que os recursos sejam distribuídos da
seguinte maneira: 0,20% para a União e o restante, 0,18% dividido igualmente
entre Estados e Municípios, sendo 0,09% para os estados e 0,09% para os
municípios;
Complementar os recursos referentes a 0,5% da taxa extra de FPM prometida
pelo Governo Federal por ocasião da Marcha dos Prefeitos a Brasília, em maio
deste ano;
Revisar a legislação dos ISS possibilitando aos municípios arrecadar o ISS em
função do local da compra;
Assegurar a continuidade da política de distribuição do ICMS entre os
municípios, implantada pelo ex-governador Eduardo Campos.
Agilizar a análise e liberação dos recursos do Fundo Estadual de
Desenvolvimento dos Municípios (FEM);
Implantar uma política permanente de convivência com a seca envolvendo os
municípios em sua execução, além de continuar com os projetos em
andamento, sem qualquer tipo de contingenciamento dos recursos;
Agilidade no Congresso Nacional na aprovação de legislação proibindo a União
e os Estados de criarem programas e políticas com novas atribuições para os
municípios sem o devido provimento dos recursos.
Recife, 09 de novembro de 2015.
AMUPE – Associação Municipalista de Pernambuco
José Coimbra Patriota Filho
Presidente