cartilha cultivo da bananeira

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Governo do Estado do Rio Grande do Norte

ISSN 1983-280 X Ano 2009

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TECNOLOGIA PARA O CULTIVO DA BANANEIRA

AMILTON GURGEL GUERRA ALDO ARNALDO DE MEDEIROS MARCOS ANTNIO BARBOSA MOREIRA JOS ARAJO DANTAS ALEXIS CALAFANGE MEDEIROS

GOVERNADORA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE WILMA MARIA DE FARIA SECRETRIO DA AGRICULTURA, DA PECURIA E DA PESCA FRANCISCO DAS CHAGAS AZEVEDO

EMPRESA DE PESQUISA AGROPECURIA DO RIO GRANDE NORTE

DIRETORIA EXECUTIVA DA EMPARN DIRETOR PRESIDENTE HENRIQUE EUFRSIO DE SANTANA JUNIOR DIRETOR DE PESQUISA & DESENVOLVIMENTO MARCONE CSAR MENDONA DAS CHAGAS DIRETOR DE OPERAES ADM. E FINANCEIRAS AMADEU VENNCIO DANTAS FILHO

INSTITUTO DE ASSISTNCIA TCNICA E EXTENSO RURAL DO RN

DIRETORIA EXECUTIVA DA EMATER-RN DIRETOR GERAL LUIZ CLUDIO SOUZA MACEDO DIRETOR TCNICO MRIO VARELA AMORIM DIRETOR DE ADM. RECURSOS HUMANOS E FINANCEIROS CCERO ALVES FERNANDES NETO

ISSN 1983-280 X Ano 2009

TECNOLOGIA PARA O CULTIVO DA BANANEIRA

AMILTON GURGEL GUERRA ALDO ARNALDO DE MEDEIROS MARCOS ANTNIO BARBOSA MOREIRA JOS ARAJO DANTAS ALEXIS CALAFANGE MEDEIROS

Natal, RN 2009

TECNOLOGIA PARA O CULTIVO DA BANANEIRA EXEMPLARES DESTA PUBLICAO PODEM SER ADQUIRIDOS EMPARN - Empresa de Pesquisa Agropecuria do RN UNIDADE DE DISPONIBILIZAO E APROPRIAO DE TECNOLOGIAS AV. JAGUARARI, 2192 - LAGOA NOVA - CAIXA POSTAL: 188 59062-500 - NATAL-RN Fone: (84) 3232-5858 - Fax: (84) 3232-5868 www.emparn.rn.gov.br - E-mail: [email protected] COMIT EDITORIAL Presidente: Maria de Ftima Pinto Barreto Secretria-Executiva: Vitria Rgia Moreira Lopes Membros Aldo Arnaldo de Medeiros Amilton Gurgel Guerra Leandson Roberto Fernandes de Lucena Marciane da Silva Maia Marcone Csar Mendona das Chagas Terezinha Lcia dos Santos Fernandes Revisor de texto: Maria de Ftima Pinto Barreto Normalizao bibliogrca: Biblioteca Central Zila Mamede UFRN Editorao eletrnica: Giovanni Cavalcanti Barros (www.giovannibarros.eti.br) 1 Edio 1 impresso (2009): tiragem - 2.500 TODOS OS DIREITOS RESERVADOS A reproduo no-autorizada desta publicao, no todo ou em parte, constitui violao dos direitos autorais (Lei no 9.610).

Ficha catalogrca elaborada por Claudia Simone Felipe CRB-15/ 281 G9372 Guerra, Amilton Gurgel. Tecnologias para o cultivo da bananeira/ Amilton Gurgel Guerra et al; Revisado por Maria de Ftima Pinto Barreto. Natal: EMPARN, 2009. 42p.; i.l. (Circuito de tecnologias adaptadas para a agricultura familiar; 9) 1. Bananeira. 2. Bananeira Tecnologia cultivo. 3. Bananeira - Variedade. 4. Cultivo de bananeira. 5. Pragas-bananeira. 6. Doenas-bananeira. 7. Irrigao-bananeira. 8. Micropropagao-bamaneira. I. Autor. II. Ttulo. RN/ EMATER/ BIBLIOTECA CDU 634.772:6

SUMRIO1. EXIGNCIAS CLIMTICAS DA CULTURA .................................................... 10 1.1. Precipitao ............................................................................................. 10 1.2. Luminosidade ......................................................................................... 10 1.3. Umidade relativa do ar .......................................................................... 11 2. ALTITUDE .................................................................................................... 11 3. SOLOS ........................................................................................................ 11 3.1. PREPARO DA REA ................................................................................. 12 3.2. Adubao .............................................................................................. 12 3.3. Adubao fosfatada .............................................................................. 12 3.4. Adubao nitrogenada ......................................................................... 13 3.5. Adubao potssica ............................................................................... 13 3.6. Adubao com micronutrientes ........................................................... 13 3.7. Parcelamento das adubaes ............................................................... 14 4. DEFICINCIAS NUTRICIONAIS .................................................................. 14 4.1. Sintomas de deficincias ....................................................................... 14 5. CULTIVARES ............................................................................................... 17 6. PLANTIO ..................................................................................................... 18 6.1. Planejamento do bananal ..................................................................... 18 6.2 poca de plantio .................................................................................... 18 6.3. Espaamento e densidade de plantio ................................................ 19 6.4. Coveamento .......................................................................................... 19 6.5. Plantio e replantio ................................................................................. 19 7. IRRIGAO ................................................................................................ 20 7.1. Mtodos .................................................................................................. 20 8. TRATOS CULTURAIS ................................................................................... 20 8.1. Capina ..................................................................................................... 20 8.2. Desbaste ................................................................................................. 20 8.3. Desfolha .................................................................................................. 21 8.4. Eliminao da rquis masculina ........................................................... 21 (corao ou mangar) ......................................................................... 21 8.5. Corte do pseudocaule aps a colheita ................................................ 22 8.6. Poda de pencas e frutos ....................................................................... 22 9. DOENAS E MTODOS DE CONTROLE ................................................... 22 9.1. Doenas fngicas .................................................................................. 22 9.1.1. Sigatoka-Amarela ................................................................................. 22 9.1.2. Mal-do-Panam ................................................................................... 23 9.2. Doenas de ps-colheita ....................................................................... 25 9.2.1. Podrido-da-coroa ............................................................................... 25 9.3. Doenas virticas ................................................................................... 26 9.3.1. Mosaico, clorose infecciosa ou heart rot ....................................... 26

Controle das viroses ..................................................................................... 27 9.4. NEMATIDES ......................................................................................... 27 10. PRAGAS ................................................................................................... 29 10.1 Broca-do-rizoma - Cosmopolites sordidus (Germ.) (Coleoptera: Curculionidae) ......................................................................... 29 10.2. Tripes ..................................................................................................... 30 10.2.1. Tripes da erupo dos frutos - Frankliniella spp. (Thysanoptera: Aelothripidae) ...................................................................... 30 10.2.2 Tripes da ferrugem dos frutos - Chaetanaphothrips spp., Caliothrips bicinctus Bagnall,Tryphactothrips lineatus Hood (Thysanoptera: Thripidae) ............................................................................. 30 11. COLHEITA E PS-COLHEITA ..................................................................... 31 11.1 Tratamento de induo da maturao ................................................. 32 12. MERCADO E COMERCIALIZAO .......................................................... 32 13. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ............................................................... 33 1. POR QUE USAR MUDAS MICROPROPAGADAS? ...................................... 35 2. COMO SO OBTIDAS MUDAS MICROPROPAGADAS? ............................ 35 4. QUE CARACTERSTICAS TEM A MICROPROPAGAO DA BANANEIRA CAIPIRA? .................................................................................... 40 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ..................................................................... 42

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APRESENTAOA gua um bem natural essencial a sobrevivncia dos seres vivos. Trata-se de um recurso renovvel em seu ciclo natural, mas um bem nito, pois suas reservas so limitadas. O uso irracional e irresponsvel da gua pode comprometer a vida no planeta. Por isso, imprescindvel a conscientizao da populao sobre a importncia do seu uso sustentvel. A agricultura o setor que mais consome gua entre todas as atividades humanas e imperativo sensibilizar produtores rurais, tcnicos, multiplicadores, estudantes, extensionistas e pesquisadores em relao ao respeito utilizao correta das reservas de gua. Isso se faz, entre outras aes, levando conhecimento e educao para a populao rural, para que desenvolvam uma nova conscincia no s da importncia da quantidade de gua disponvel, mas tambm da sua qualidade. So gestos simples que precisam se transformar em prticas usuais, como evitar o desperdcio, no usar venenos nas plantaes, armazenar gua da chuva corretamente e proteger as nascentes e as matas ciliares. O Governo do Estado do Rio Grande do Norte atravs da Empresa de Pesquisa Agropecuria do RN EMPARN e do Instituto de Assistncia Tcnica e Extenso Rural do RN EMATER, aliadas da Secretaria da Agricultura, da Pecuria e da Pesca SAPE, contando com o apoio de parceiros estratgicos como o Ministrio do Desenvolvimento Agrrio MDA, Ministrio da Cincia e Tecnologia - MCT / SECIS, Bancos do Nordeste e do Brasil, Embrapa, Sebrae e Idema, promovem em 2009 o VI Circuito de Tecnologias Adaptadas para a Agricultura Familiar. O tema desse ano : Conservar os Recursos Naturais do Semirido Gerando7

. . . . . . . . VI CIRCUITO.DE TECNOLOGIAS.ADAPTADAS PARA.A .AGRICULTURA.FAMILIAR ..... ....... ....... ..... ....Renda e Mais Alimentos. Este Circuito se prope, alm de aes diretamente relacionadas com a conservao da gua, disponibilizar tecnologias de prticas de manejo racional para os diversos sistemas de produo agropecurios utilizados no semirido com nfase na preservao do meio ambiente. Esse tema foi desenvolvido baseado na Declarao Universal dos Direitos da gua, documento de 1992 da ONU, que preconiza: A gua no deve ser desperdiada, nem poluda, nem envenenada. De maneira geral, sua utilidade deve ser feita com conscincia e discernimento para que no se chegue a uma situao de esgotamento ou de deteriorao da qualidade das reservas atualmente disponveis.

Henrique Eufrsio de Santana Jnior Diretor Presidente da EMPARN Luiz Cludio de Souza Macedo Diretor Geral da EMATER

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INTRODUOO Rio Grande do Norte atualmente destaca-se como maior exportador de banana do pas e a expanso da cultura em bases tecnolgicas tem proporcionado elevao de emprego e renda no sistema de cultivo, alm da consolidao de modelos de desenvolvimento regional baseados nos polos produtivos de alta competitividade existente no Estado. Esses polos apresentam considervel organizao e permitem a incorporao de tcnicas de irrigao no semirido e caracterizam-se tambm pelo uso de tecnologias modernas como a seleo de variedades resistentes a doenas, fertirrigao, logstica para comercializao e infraestrutura de transportes para os principais centros de consumo. A maioria dos produtores de banana do Vale do Au esto inseridos no Distrito de Irrigao do Baixo-Au (DIBA) e iniciaram o cultivo da banana aps a crise do melo na regio, constituindose uma alternativa na diversicao de culturas. Segundo Moreira (1999) as ricas terras aluviais, que podem ser irrigadas com as guas da barragem de cabeceira do rio Au (RN), onde o clima bem seco e que distam cerca de 40 km do porto martimo, representam as melhores reas agrcolas para a produo de bananas no Nordeste e no Brasil. Nelas, h um empreendimento banancola, j em produo, da mais alta importncia agrcola e comercial, devidamente projetado para ser uma empresa capaz de apresentar bananas de padro internacional, tanto em qualidade de produto como em embalagem, a qual feita em caixas de papelo. Sua comercializao realizada nos principais centros do pas e est servindo para demonstrar o potencial de consumo de bananas de primeiro mundo que temos e, ainda, de exemplo do que se deve fazer para apresentar um bom produto aos consumidores.9

. . . . . . . . VI CIRCUITO.DE TECNOLOGIAS.ADAPTADAS PARA.A .AGRICULTURA.FAMILIAR ..... ....... ....... ..... ....Neste documento sero apresentadas as tecnologias de plantio para o cultivo da banana, com o objetivo de informar e incrementar o estmulo produo de banana de qualidade, alm de elevar a rentabilidade do agronegcio da banana. 1. EXIGNCIAS CLIMTICAS DA CULTURA 1.1. Precipitao A bananeira uma planta que requer uma precipitao bem distribuda para se obter uma produo economicamente vivel. A precipitao em torno de 180 mm/ms favorece o crescimento, desenvolvimento, produo e produtividade. 1.2. Luminosidade Para o seu crescimento e desenvolvimento, a bananeira necessita de mais de 2.000 lux (horas de luz/ano queimada no heligrafo), como ocorre no Rio Grande do Norte. Menos de 1.000 lux so insuficientes para que a planta tenha desenvolvimento normal. Por outro lado, acima de 2.000 lux, pode ocorrer queima das folhas, principalmente na fase de cartucho ou folha recm-aberta, nessa fase, as folhas ficam intolerantes aos raios solares. A cultura da bananeira no sofre inuncia do fotoperodo, verica-se que o efeito da luminosidade e altitude mais inuente sobre o ciclo vegetativo. Pomares de banana do grupo Cavendish (Grand Naine, Nanica e Nanico) quando expostas a muita luminosidade podem ser colhidos com mais precocidade.

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1.3. Umidade relativa do ar A bananeira apesar de ser reconhecidamente uma planta tpica de regies tropicais midas, apresenta seu melhor crescimento e desenvolvimento em locais com mdias anuais de umidade relativa do ar superiores a 80%, condies essas encontradas no semirido. Essa condio favorece e acelera a emisso das folhas, prolonga a longevidade da planta, favorece a emisso da inorescncia e uniformiza a colorao dos frutos. 2. ALTITUDE A bananeira pode ser cultivada em diferentes altitudes desde 0 at 1.000 m acima do nvel do mar. A altitude influencia nos fatores climticos (temperatura, chuva, umidade relativa, luminosidade e outros) que, consequentemente, afetaro o crescimento e a produo da bananeira. Variaes na altitude induzem alteraes no ciclo da cultura. Comparaes de bananais conduzidos sob as mesmas condies de cultivo, solos, chuvas e umidade evidenciaram aumento de 30 a 45 dias no ciclo de produo para cada 100 m de acrscimo na altitude (Moreira, 2000). 3. SOLOS No Rio Grande do Norte predominam solos de origem sedimentar, com textura mdia e argilosa e teores elevados de frao silte. Possuem mdia a alta fertilidade natural e drenagem moderada a imperfeita, a qual pode dificultar a mecanizao da lavoura.

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. . . . . . . . VI CIRCUITO.DE TECNOLOGIAS.ADAPTADAS PARA.A .AGRICULTURA.FAMILIAR ..... ....... ....... ..... ....3.1. PREPARO DA REA O preparo da rea consiste inicialmente na derrubada e limpeza da vegetao. Os restos vegetais podem ser enleirados com auxlio de tratores no campo, servindo inclusive de proteo do solo contra a eroso. Aps a limpeza da rea feita a arao, a gradagem, a subsolagem e o sulcamento como forma de romper camadas compactadas do solo. Em caso de uso dessas prticas, recomenda-se que seja alternado o tipo de equipamento para o revolvimento mnimo do solo, sob condio de boa umidade, permanecendo os resduos de pseudocaules, engao, mangar e folhas sobre a superfcie do terreno. 3.2. Adubao O cultivo da bananeira demanda grandes quantidades de nutrientes para manter um bom desenvolvimento e obteno de altos rendimentos, pois produz bastante massa vegetativa, absorvendo e exportando elevadas quantidades de nutrientes. Potssio (K) e nitrognio (N) so os nutrientes mais absorvidos e necessrios para o crescimento e produo da bananeira. Em ordem decrescente a bananeira absorve os seguintes nutrientes: macronutrientes: K > N > Ca > Mg > S > P; micronutrientes: Cl > Mn > Fe > Zn > B > Cu. Em mdia, um bananal retira, por tonelada de cachos, 1,9 kg de N; 0,23 kg de P; 5,2 kg de K; 0,22 kg de Ca e 0,30 kg de Mg, respectivamente (Borges, 2003). 3.3. Adubao fosfatada A adubao fosfatada indispensvel na bananeira, pois se no aplicada, prejudica o desenvolvimento do sistema radicular da planta e, consequentemente, afeta a produo. A quantidade

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total recomendada aps anlise do solo (40 a 120 kg de P2O5/ ha) deve ser colocada na cova, no plantio. Conforme o pH e as concentraes de Ca2+ e Mg2+, onde o pH concentra-se acima de 7,0 ou teores elevados de Ca2+ deve-se optar pelo MAP ou DAP. 3.4. Adubao nitrogenada O nitrognio (N) um nutriente de elevada importncia para o crescimento vegetativo da planta. Recomenda-se colocar de 160 a 400 kg de N mineral/ha/ano, dependendo da produtividade esperada. A primeira aplicao deve ser feita em cobertura, em torno de 30 a 45 dias aps o plantio. 3.5. Adubao potssica O potssio (K) considerado o nutriente mais importante para a produo de frutos de qualidade superior. A quantidade recomendada varia de 100 a 750 kg de K2O/ha dependendo do teor no solo. A primeira aplicao deve ser feita em cobertura, no 3 ou 4 ms aps o plantio. Caso o teor de K no solo seja inferior a 59 mg/dm3 (0,15 cmolc/dm3), iniciar a aplicao aos 30 dias, juntamente com a primeira aplicao de N. Pode ser aplicado sob as formas de cloreto de potssio (60% K2O), sulfato de potssio (50% K2O) e nitrato de potssio (48% K2O), quando se utiliza a fertirrigao. 3.6. Adubao com micronutrientes Os produtores no costumam adubar com micronutrientes, apesar de saber que o boro (B) e o zinco (Zn) so os micronutrientes com maior frequncia de decincia nas bananeiras. Como fonte pode-se usar fritas, aplicando no plantio 50 g de FTE BR12 ou material similar por cova. Para teores de B no solo inferiores a

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. . . . . . . . VI CIRCUITO.DE TECNOLOGIAS.ADAPTADAS PARA.A .AGRICULTURA.FAMILIAR ..... ....... ....... ..... ....0,21 mg/dm3 (extrator de gua quente), deve-se aplicar 2,0 kg de B/ha e para teores de Zn no solo inferiores a 0,6 mg/dm3 (extrator de DTPA), recomenda-se 6,0 kg de Zn/ha. 3.7. Parcelamento das adubaes O parcelamento das adubaes depende da textura do solo e CTC (capacidade de troca catinica) do solo. Em trabalhos realizados por Guerra et al (2007) na regio do Vale do Au, constatou-se que o parcelamento da frequncia de irrigao em 11 dias tornou-se o mais adequado, mas recomenda-se sempre o monitoramento da fertirrigao de acordo com a anlise qumica do solo e anlise de folha. 4. DEFICINCIAS NUTRICIONAIS 4.1. Sintomas de deficincias Os principais sintomas de deficincia na regio atualmente so detectados pelos produtores visualmente e se manifestam, principalmente, por meio de alteraes nas folhas, como colorao, tamanho e deformaes, uma vez que este o rgo da planta em plena atividade fisiolgica e qumica. Pode-se avaliar o estado nutricional da bananeira por diagnose visual. De acordo com recomendaes de BORGES (2003), os sintomas visuais de deficincia esto descritas nas Tabelas 1 e 2. Essas tabelas indicam o resultado de diversos trabalhos de pesquisa e observaes de campo, devendo ser utilizadas pelos produtores e extensionistas

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para caracterizar uma possvel deficincia nutricional. No entanto, a diagnose visual apenas uma das ferramentas para estabelecer as deficincias nutricionais em bananeira, devendo ser complementada pelas anlises qumicas de solo e folhas, que confirmaro o nvel de deficincia nutricional.

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. . . . . . . . VI CIRCUITO.DE TECNOLOGIAS.ADAPTADAS PARA.A .AGRICULTURA.FAMILIAR ..... ....... ....... ..... ....

TABELA 1. Sintomas visuais de deficincias de nutrientes em folhas da bananeira. Nutrientes N Cu F S B Zn Idade da folhaTodas as idades Todas as idades Jovens Jovens Jovens Jovens Folhas amarelas, quase brancas. Folhas, inclusive nervuras, tornam-se verdeplidas a amarelas. Listras perpendiculares s nervuras secundrias. Faixas amareladas ao longo das nervuras secundrias.

Sintomas no limboVerde-claro uniforme.

Sintomas adicionaisPecolos rseos. Nervura principal se dobra. Engrossamento das nervuras secundrias. Folhas deformadas (limbos incompletos). Pigmentao avermelhada na face inferior das folhas jovens. Engrossamento das nervuras secundrias; clorose marginal descontnua e em forma de dentes de serra; diminuio do tamanho da folha. Ocorrncia do fungo Deightoniella torulosa, que pode contaminar os frutos. Pecolo se quebra; folhas jovens com colorao verde-escura tendendo a azulada. Descolamento das bainhas. Limbo se dobra na ponta da folha, com aspecto encarquilhado e seco.

Ca

Jovens

Clorose nos bordos.

Mn P

Medianas

Limbo com clorose em forma de pente nos bordos. Clorose marginal em forma de dentes de serra. Clorose da parte interna do limbo; nervura central e bordos permanecem verdes. Clorose amarelo-alaranjada e necroses nos bordos.

Velhas

Mg

Velhas

K

Velhas

Fonte: Borges (2003).

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TABELA 2. Sintomas de decincias de nutrientes nos cachos e frutos da bananeira. Nutrientes N P K Sintomas Cachos raquticos, menor nmero de pencas. Frutos com menor teor de acar. Cachos raquticos, frutos pequenos e nos, maturao irregular, polpa pouco saborosa. Maturao irregular, frutos verdes junto com maduros, podrido dos frutos, pouco aroma e pouco acar. A sua falta pode ser uma das causas do empedramento da banana Ma. Cacho raqutico e deformado, maturao irregular, polpa mole, viscosa e de sabor desagradvel, apodrecimento rpido do fruto. Cachos pequenos. Deformaes do cacho, poucos frutos e atroados. A sua falta pode levar ao empedramento da banana Ma. Pencas anormais, frutos curtos.

Ca

Mg S B Fe Zn

Frutos tortos e pequenos, com ponta em forma de mamilo (Cavendish) e de cor verde-plida. Fonte: Borges (2003).

5. CULTIVARES A escolha da variedade depende do mercado consumidor e do destino da produo, associada com a adaptabilidade s condies edafoclimticas. No mercado destacam-se a Pacovan, Pacovan Ken, Ma e Grand Naine. Dessas variedades, a Pacovan a mais cultivada pelos pequenos produtores (cerca de 90%) sendo resultante de uma mutao da Prata e pertence ao grupo AAB.

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. . . . . . . . VI CIRCUITO.DE TECNOLOGIAS.ADAPTADAS PARA.A .AGRICULTURA.FAMILIAR ..... ....... ....... ..... ....A Pacovan mais produtiva, vigorosa e tem como desvantagem o porte alto. O pseudocaule verde-claro, com poucas manchas escuras. O cacho pouco cnico, rabo limpo, corao mdio e frutos grandes, com quinas proeminentes mesmo quando maduros. pices em forma de gargalo e sabor azedo-doce, mais cido do que a Prata. Essa cultivar suscetvel s Sigatokas Amarela e Negra e ao Mal-do-Panam, todavia apresenta boa tolerncia broca-do-rizoma e aos nematides e tem boa aceitao pelos consumidores. 6. PLANTIO 6.1. Planejamento do bananal O produtor deve planejar e analisar aspectos relevantes sua atividade como: acesso propriedade, facilidade no escoamento da produo, topograa da rea, ecincia dos sistemas de irrigao e drenagem, qualidade da gua e escolha das variedades dando preferncia s cultivares resistentes Sigatoka Amarela. A construo de estradas ligando as reas de produo facilitam o trfego de veculos, mquinas e implementos agrcolas, possibilitando melhora nas operaes de escoamento da produo, distribuio de fertilizantes e colheita. 6.2 poca de plantio O plantio pode ser realizado em qualquer poca do ano, quando se usa a irrigao. Por outro lado, deve-se dar preferncia a plantar na poca chuvosa pela economia no consumo de gua e energia. O plantio deve ser escalonado para que no coincida com a colheita da produo nas regies concorrentes.

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6.3. Espaamento e densidade de plantio Os espaamentos utilizados para o cultivo da banana esto relacionados com o clima, o porte da variedade, as condies de luminosidade, a fertilidade do solo, a topograa do terreno e o nvel tecnolgico dos cultivos. Pacovan: Densidades de 1.111 a 1.333 plantas por hectare, sendo indicados os seguintes espaamentos: 4,0m x 2,0m x 3,0m e 4,0m x 2,0m x 2,5m. 6.4. Coveamento Em reas no mecanizveis, em substituio aos sulcos, podem ser abertas covas, na dimenso de 50 cm x 50 cm x 50 cm. muito importante a uniformidade das mudas em tamanho e peso. 6.5. Plantio e replantio As mudas micropropagadas e climatizadas por um perodo de 45 a 60 dias, podero ser levadas para o local de plantio. Devem ser retiradas cuidadosamente do recipiente que as contm, para no danicar as razes, e distribudas no centro da cova adubada, colocando-se em seguida a terra removida, pressionando-a bem para evitar que a gua de chuva ou a gua da irrigao acumulada possa, depois do plantio, ocasionar o seu apodrecimento.

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. . . . . . . . VI CIRCUITO.DE TECNOLOGIAS.ADAPTADAS PARA.A .AGRICULTURA.FAMILIAR ..... ....... ....... ..... ....7. IRRIGAO 7.1. Mtodos O mtodo por microasperso o mais usado, pois, alm da economia de gua, possibilita a utilizao da fertirrigao e a economia de energia, permitindo a irrigao nos horrios em que a energia mais barata. Deve-se usar um microaspersor de vazo superior a 45 L/h, para cada quatro plantas, na leira de 3,0 m. A irrigao da bananeira, em seu primeiro ciclo, inicia-se com 45% da evapotranspirao potencial nos primeiros 70 dias, elevando-se para 85% da evapotranspirao potencial aos 210 dias (fase de formao dos frutos) e atingindo um mximo de 110% da evapotranspirao potencial aos 300 dias. 8. TRATOS CULTURAIS A bananeira requer a realizao das prticas culturais de forma correta e na poca adequada, as quais contribuem para o crescimento, desenvolvimento e produo da cultura. 8.1. Capina O controle do mato no cultivo de bananeiras recm-estabelecido de grande importncia para minimizar o nvel de competio, assegurar o crescimento e a produo das plantas na primeira colheita. Os quatro primeiros meses de instalao do bananal o perodo mais sensvel competio das plantas em relao s bananeiras. 8.2. Desbaste Essa prtica consiste em eliminar o excesso de rebentos na

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touceira, que comeam a surgir a partir dos 45 a 60 dias aps o plantio. Em cada ciclo de produo do bananal estabelecido em espaamentos convencionais deve-se deixar apenas uma famlia (a planta me, 1 lho e 1 neto), selecionando-se, preferencialmente, brotos profundos, vigorosos e separados 15 a 20 cm da planta-me, eliminando-se os demais. Recomenda-se que este procedimento seja feito quando os rebentos atingirem a altura de 20 a 30 cm, tomando-se o cuidado de proceder a eliminao total da gema apical ou ponto de crescimento, para evitar a possibilidade de rebrota.O desbaste pode ser feito cortando-se a parte area do rebento rente ao solo e em seguida, extraindo-se a gema apical ou ponto de crescimento com um aparelho cortante. 8.3. Desfolha Essa uma prtica bastante benca para o cultivo da bananeira, pois consiste em eliminar as folhas secas que no mais exercem funo para a bananeira, bem como todas aquelas que embora ainda verdes possam interferir no desenvolvimento normal do fruto. O nmero de operaes depender da necessidade e incidncia da Sigatoka Amarela na rea. 8.4. Eliminao da rquis masculina (corao ou mangar) A eliminao do mangar ou corao da bananeira proporciona aumento do peso do cacho, melhora a sua qualidade e acelera a maturao dos frutos; reduz os danos por tombamento das bananeiras, alm de ser uma prtica tossanitria bastante benca no controle de doenas. Essa prtica deve ser realizada duas semanas aps a emisso da ltima penca, mediante a sua quebra (sem o uso de ferramentas), 10 a 15 cm abaixo dessa penca.

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. . . . . . . . VI CIRCUITO.DE TECNOLOGIAS.ADAPTADAS PARA.A .AGRICULTURA.FAMILIAR ..... ....... ....... ..... ....8.5. Corte do pseudocaule aps a colheita Recomenda-se o corte do pseudocaule imediatamente aps a colheita do cacho, picando e espalhando o material na rea, nunca amontoando os restos de pseudocaules junto s touceiras. Assim evita-se que o pseudocaule no cortado favorea a ocorrncia de doenas e acelera-se a decomposio, melhorando os frutos. 8.6. Poda de pencas e frutos Recomenda-se a retirada das pencas inferiores, frutos deformados e danicados, frutos laterais das pencas que causam danos aos demais, frutos atacados pela traa ou fora de especicaes, ou seja, os frutos no comerciais do cacho. As podas devem ser feitas preferencialmente sem o uso de ferramentas. 9. DOENAS E MTODOS DE CONTROLE As bananeiras podem ser afetadas durante todo o seu ciclo vegetativo e produtivo, por um grande nmero de doenas, as quais podem ser causadas por fungos, bactrias, vrus e ne-matides. No polo produtivo do Vale do Au a principal doena fngica a SigatokaAmarela. Em relao s doenas, danos siolgicos e viroses esse trabalho seguir orientaes relatadas por Cordeiro (2000). 9.1. Doenas fngicas 9.1.1. Sigatoka-Amarela Esta a doena mais importante da bananeira, sendo tambm conhecida como Cercosporiose ou Mal-de-Sigatoka (Moreira,1999). A Sigatoka-Amarela causada pelo fungo Mycosphaerella musicola , Leach (forma perfeita ou sexu-

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ada) / Pseudocercospora musae (Zimm) Deighton (forma imperfeita ou assexuada). Sintomas: A infeco ocorre nas folhas mais novas da vela at a folha trs. Os sintomas iniciais da doena aparecem como uma leve descolorao em forma de ponto entre as nervuras secundrias da segunda quarta folha, a partir da vela. A contagem das folhas feita de cima para baixo, onde a folha vela a zero e as subsequentes recebem os nmeros 1, 2, 3, 4 e 5, assim por diante. Essa descolorao aumenta, formando uma estria de tonalidade amarela. Com o tempo, as estrias amarelas passam para marrom e posteriormente para manchas pretas, necrticas, adquirindo uma forma elptica-alongada, apresentando de 12-15 mm de comprimento por 2-5 mm de largura, dispondo-se paralelamente s nervuras secundrias da folha. Em alta frequncia de leses, d-se a juno das mesmas e a consequente necrose do tecido foliar. As medidas que podem e devem ser tomadas com o objetivo de controlar a Sigatokas-Amarela so: variedades resistentes, controles culturais e qumicos 9.1.2. Mal-do-Panam O Mal-do-Panam outra doena endmica em reas produtivas, sendo o problema ainda mais grave em funo das variedades cultivadas, principalmente Ma, que na maioria dos casos so suscetveis. O Mal-do-Panam causado por Fusarium oxysporum f. sp. cubense (E.F. Smith) Sn e Hansen. As principais formas de disseminao da doena so: o contato dos sistemas radiculares de plantas sadias com esporos liberados por plantas doentes e, em muitas reas, o uso de material de plantio contaminado. O fungo tambm disseminado por gua de irrigao, de drenagem, de inundao, assim como pelo homem, por animais e equipamentos.

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. . . . . . . . VI CIRCUITO.DE TECNOLOGIAS.ADAPTADAS PARA.A .AGRICULTURA.FAMILIAR ..... ....... ....... ..... ....Sintomas: Plantas infectadas exibem um amarelecimento progressivo das folhas mais velhas para as mais novas, comeando pelos bordos do limbo foliar e evoluindo no sentido da nervura principal. Posteriormente, as folhas murcham, secam e se quebram junto ao pseudocaule cando com a aparncia de um guarda-chuva fechado (Figura 3). comum constatar-se que as folhas centrais das bananeiras permanecem eretas mesmo aps a morte das mais velhas. possvel notar, prximo ao solo, rachaduras do feixe de bainhas, cuja extenso varia com a rea afetada no rizoma. Internamente observa-se uma descolorao pardo-avermelhada na parte mais externa do pseudocaule provocada pela presena do patgenoo nos vasos.

Figura 3.Planta com Mal-do-Panam.

Figura 4. Escurecimento dos vasos.

Controle O melhor meio para o controle do Mal-do-Panam a utilizao de variedades resistentes, dentre as quais podem ser24

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citadas as cultivares do subgrupo Cavendish e do subgrupo Terra, a Caipira, Thap Meo e Pacovan Ken. As medidas preventivas recomendadas so: Evitar as reas com histrico de alta incidncia do Mal-do-Panam; Utilizar mudas comprovadamente sadias e livres de nematides; Corrigir o pH do solo, mantendo-o prximo neutralidade e com nveis timos de clcio e magnsio, que do condies menos favorveis ao patgeno; Dar preferncia a solos com teores mais elevados de matria orgnica, pois isto aumenta a concorrncia entre as espcies, dicultando a ao e a sobrevivncia de F. oxysporum cubense no solo; Manter as populaes de nematides sob controle, pois eles podem ser responsveis pela quebra da resistncia ou facilitar a penetrao do patgeno, atravs dos ferimentos; Manter as plantas bem nutridas, guardando sempre uma boa relao entre potssio, clcio e magnsio. 9.2. Doenas de ps-colheita 9.2.1. Podrido-da-coroa considerada o mais grave problema na ps-colheita da banana, sendo causada por Colletotrichum musae. Os fungos mais frequentemente associados ao problema so: Fusarium roseum (Link) Sny e Hans., Verticillium theobromae (Torc.) Hughes e Gloeosporium musarum Cooke e Massel (Colletotrichum musae Berk e Curt.). Controle: O controle deve comear no campo, com boas prticas culturais na pr-colheita. Na fase de colheita e ps-colheita todos os cuidados devem ser tomados no sentido de evitar ferimentos

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. . . . . . . . VI CIRCUITO.DE TECNOLOGIAS.ADAPTADAS PARA.A .AGRICULTURA.FAMILIAR ..... ....... ....... ..... ....nos frutos, pois so a principal via de penetrao dos patgenos. As prticas de despencamento, lavagem e embalagem devem ser executadas com manuseio extremamente cuidadoso dos frutos e medidas rigorosas de assepsia. Por ltimo, o controle qumico pode ser feito por imerso ou por atomizao dos frutos. 9.3. Doenas virticas 9.3.1. Mosaico, clorose infecciosa ou heart rot Esta virose causada pelo vrus do mosaico do pepino (Cucumber mosaic virus, CMV), que transmitido por vrias espcies de afdeos. A fonte de inculo para a infeco de novos plantios provm geralmente de outras culturas ou de plantas daninhas, especialmente trapoeraba ou maria-mole (Commelina diffusa). Os sintomas variam de estrias amareladas, mosaico, reduo de porte, folhas lanceoladas, necrose do topo, assim como pode haver distoro dos frutos, com o surgimento de estrias clorticas ou necrose interna (Figura 5). Pode haver necrose da folha apical e do pseudocaule, quando ocorrem temperaturas abaixo de 24C.

Folha de planta com aparecimento de mosaico.

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Esta virose est presente nas principais reas produtoras de bananeira, podendo provocar perdas elevadas em plantios novos, especialmente quando eles so estabelecidos em reas com elevada incidncia de trapoeraba e alta populao de pulges. Controle das viroses Utilizao de mudas livres de vrus; Evitar a instalao de bananais prximos a plantios de hortalias e cucurbitceas (hospedeiras de CMV); Controlar as plantas daninhas dentro e em volta do bananal; nos plantios j estabelecidos, erradicar as plantas com sintomas; Manter o bananal com suprimento adequado de gua, adubao e controle de plantas daninhas e pragas, para evitar estresse. 9.4. NEMATIDES Os nematides so microorganismos tipicamente vermiformes que, em sua maioria, completam o ciclo de vida no solo. Sua disseminao altamente dependente do homem, seja por meio de mudas contaminadas, deslocamento de equipamentos de reas contaminadas para reas sadias, ou por meio da irrigao e/ou gua das chuvas. A infeco por nematides provoca reduo no porte da planta, amarelecimento das folhas, seca prematura e m formao de cachos reetindo em baixa produo e reduzindo a longevidade dos plantios. Nas razes, podem ser observados o engrossamento e nodulaes, que correspondem s galhas e massa de ovos, devido infeco por Meloidogyne spp. (nematide-das-galhas) ou mesmo necrose profunda ou supercial provocada pela ao isolada ou combinada das espcies Ra-

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. . . . . . . . VI CIRCUITO.DE TECNOLOGIAS.ADAPTADAS PARA.A .AGRICULTURA.FAMILIAR ..... ....... ....... ..... ....dopholus similis (nematide caverncola), Helicotylenchus spp.

(nematide espiralado), Pratylenchus sp. (nematide das leses), ou Rotylenchulus reniformis (nematide reniforme), que so os mais frequentes na bananicultura. Esses nematides contribuem para a formao de reas necrticas extensas que podem tambm ser parasitadas por outros microrganismos. Os danos causados pelos tonematides podem ser confundidos ou agravados com outros problemas de ordem siolgica, como estresse hdrico, decincia nutricional, ou pela ocorrncia de pragas e doenas de origem virtica, bacteriana ou fngica, devido reduo da capacidade de absorver gua e nutrientes, pelo sistema radicular. A sustentao da planta tambm bastante comprometida. A diagnose correta deve ser realizada por meio de amostragem de solo e razes e do conhecimento da variedade utilizada. Controle: Aps o estabelecimento de tonematides no bananal, o seu controle muito difcil. Portanto, a medida mais ecaz a utilizao de mudas sadias, oriundas da biotecnologia e o plantio em reas livres de nematides. O descorticamento do rizoma combinado com o tratamento trmico ou qumico,pode reduzir sensivelmente a populao de nematides nas mudas infestadas. Neste caso, aps limpeza, os rizomas devem ser imersos em gua temperatura de 55C por 20 minutos. Em solos infestados, a utilizao de plantas antagnicas, como crotalria (Crotalaria spectabilis, C. paulinea), incorporadas ao solo antes do seu orescimento, pode reduzir a populao dos nematides e favorecer a longevidade da cultura. Em pomares j instalados, a ecincia desta estratgia est relacionada principalmente com o nvel populacional, tipo de solo e idade da planta, sendo recomendado o plantio dessas espcies ao redor

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das bananeiras. A utilizao de matria orgnica junto ao rizoma mais benca que a matria orgnica depositada entre as linhas de cultivo. Devem-se usar produtos registrados para a cultura da banana, seguindo recomendaes do Ministrio da Agricultura. 10. PRAGAS 10.1 Broca-do-rizoma - Cosmopolites sordidus (Germ.) (Coleoptera: Curculionidae) um besouro preto, que mede cerca de 11 mm de comprimento e 5 mm de largura. Durante o dia, os adultos so encontrados em ambientes midos e sombreados junto s touceiras, entre as bainhas foliares e nos restos culturais. Os danos so causados pelas larvas, as quais constroem galerias no rizoma, debilitando as plantas e tornando-as mais sensveis ao tombamento. Plantas infestadas normalmente apresentam desenvolvimento limitado, amarelecimento e posterior secamento das folhas, reduo no peso do cacho e morte da gema apical.

Adulto da broca-do-rizoma Danos provocados pela larva da bananeira. Foto: Nilton F. Sanches da broca-do-rizoma da bananeira.

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. . . . . . . . VI CIRCUITO.DE TECNOLOGIAS.ADAPTADAS PARA.A .AGRICULTURA.FAMILIAR ..... ....... ....... ..... ....A utilizao de mudas sadias (convencionais ou de biotecnologia) o primeiro cuidado a ser tomado para controle dessa praga. O controle por comportamento preconiza o emprego de armadilhas contendo Cosmolure (Feromonio). Recomenda-se o uso de trs armadilhas/ha para o monitoramento da broca, devendo-se renovar o sach contendo o feromnio a cada 30 dias. 10.2. Tripes 10.2.1. Tripes da erupo dos frutos - Frankliniella spp. (Thysanoptera: Aelothripidae) Os tripes apesar do pequeno tamanho, so facilmente vistos por causa da colorao branca ou marrom-escura. Os adultos so encontrados geralmente em ores jovens abertas. Tambm podem ocorrer nas ores ainda protegidas pelas brcteas. Os danos provocados por esses tripes manifestam-se nos frutos em desenvolvimento, na forma de pontuaes marrons e speras ao tato, o que reduz o seu valor comercial, mas no interfere na qualidade da fruta. A despistilagem e a eliminao do corao reduzem a populao desses insetos. Recomenda-se o ensacamento dos cachos no momento da emisso, para reduzir os prejuzos causados pelo tripes da erupo dos frutos. 10.2.2 Tripes da ferrugem dos frutos - Chaetanaphothrips spp., Caliothrips bicinctus Bagnall,Tryphactothrips lineatus Hood (Thysanoptera: Thripidae) So insetos pequenos, que vivem nas inflorescncias, entre as brcteas do corao e os frutos. Seu ataque provoca o aparecimento de manchas de colorao marrom. O dano causado pela oviposio e alimentao do inseto nos fru-

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tos jovens. Em casos de forte infestao, a epiderme pode apresentar pequenas rachaduras em funo da perda de elasticidade. Para o controle desses insetos, deve-se efetuar o ensacamento do cacho.

Figura 10. Danos provocados pelo tripes da erupo dos frutos.

Figura 11. Danos provocados pelo tripes da ferrugem dos frutos.

11. COLHEITA E PS-COLHEITA Na colheita, os critrios como desaparecimento das quinas ou angulosidades da superfcie dos frutos e a colorao ainda so utilizados. Porm, preferencialmente deve-se utilizar o critrio de idade do cacho a partir da emisso do corao que adaptado a todos os grupos de cultivares. Nesta ocasio, marca-se a planta com ta plstica, usando-se diferentes cores para cada data de emisso. Quando da colheita, a qual pode variar de 100 a 120 dias aps a emisso da inorescncia, um gerente orienta os operrios para a colheita do cacho das plantas marcadas com uma determinada cor da ta. O transporte dos cachos para o local de despencamento e embalagem deve ser feito por carreadores, de forma manual31

. . . . . . . . VI CIRCUITO.DE TECNOLOGIAS.ADAPTADAS PARA.A .AGRICULTURA.FAMILIAR ..... ....... ....... ..... ....ou mecnica em carrocerias de veculos automotivos ou carreta de trator, forradas com espuma sinttica. No se dispondo de galpo para beneciamento da fruta, deve-se improvisar um local para pendurar os cachos e proceder o despencamento. Deve-se realizar a seleo, despistilagem, despenca, lavagem, confeco de buqus, classicao e pesagem das frutas antes da embalagem. A embalagem mais aconselhvel a caixa de papelo, seguida da de madeira ou de plstico e fabricadas especicamente para frutos. Em todos os casos, as dimenses so de 52 x 39 x 24,5 cm (comprimento x largura x altura), com capacidade para aproximadamente 18 kg de frutos. 11.1 Tratamento de induo da maturao O tratamento para induo da maturao consiste em submergir as pencas de banana, na soluo de ethephon por dez minutos. Quando se utilizam caixas de papelo, as bananas devem ser embaladas aps evaporao da soluo. Podem-se utilizar tanques de cimento, alvenaria ou tonis. Como regra geral, enche-se o tanque em torno de 2/3 da sua capacidade. O tanque com capacidade para 1.000 litros comporta cerca de 250 pencas de banana e o tonel de 200 litros, 50 pencas. Assumindo-se que o tempo de tratamento pode durar 30 minutos, incluindo o despencamento e a lavagem prvia, num dia de trabalho possvel tratar 4.000 pencas no tanque e 800 no tonel (Moreira, 2000). 12. MERCADO E COMERCIALIZAO A falta de cuidados na fase de comercializao responsvel por aproximadamente 20% das perdas do total de bananas comparadas com as perdas ocorridas na lavoura (5%); no processo

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de embalagem (2%); no atacado (6 a 10%); no varejo (10 a 15%); e, no consumidor (5 a 8%). No processo de comercializao, a etapa do transporte de banana destaca-se como uma das mais importantes. Para evitar as perdas e o rebaixamento no padro de qualidade das frutas, recomenda-se que as mesmas estejam acondicionadas em caixas apropriadas. 13. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ALVES, E. J. (Org.). A cultura da banana: aspectos tcnicos, socioeconmicos e agroindustriais, 2.ed., Braslia: Embrapa-SPI; Cruz das Almas: Embrapa-CNPMF, 1999. 585p. BIOCONTROLE.www.biocontrole.com.br BORGES, A. L. (Org.) O cultivo da banana. Cruz das Almas: EmbrapaCNPMF, 1997. 109p. (Embrapa-CNPMF. Circular Tcnica, 27). BORGES, A. L. O cultivo da banana para o agroplo do JaguaribeApodi, Sistema de produo, Cear, 5, janeiro, 2003 (Verso eletrnica). BRASIL. Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento. Agrot 2002: Sistema de informao. Braslia, 2002. Disponvel em: