cartografia da danca itau 2006

123
São Paulo Rio de Janeiro Belém Curitiba Florianópolis Teresina Vitória Boa Vista Rio Branco Porto Velho Palmas São Luís Macapá Recife Maceió Natal CARTOGRAFIA rumos itaú cultural DANÇA 2006/2007 CARTOGRAFIA rumos itaú cultural DANÇA 2006/2007 Aracaju Belo Horizonte Campo Grande Cuiabá Fortaleza Goiânia João Pessoa Manaus Porto Alegre Salvador

Upload: strange-love

Post on 29-Sep-2015

25 views

Category:

Documents


4 download

DESCRIPTION

dança

TRANSCRIPT

  • PRODUZID

    ONOP

    LOINDUSTR

    IALDEMANAUSPO

    RSONOPRESS

    RIMO

    DAAM

    AZNIA IND. E COM. FONOGRFICA LTDA. INDSTRIA BRASILEIR

    A, CNPJ

    84.494

    .129/0

    001-9

    3.SOB

    ENCOMENDADEINSTITUTO

    ITACULTURAL,CNPJ

    57.119.000/0001-22.

    VIDEODANA

    DVD IC 021F

    C A R T O G R A F I Arumos ita cultural D A N A 2 0 0 6 / 2 0 0 7

    So Paulo

    Rio de Janeiro

    Belm

    Curitiba

    Florianpolis

    Teresina

    Vitria

    Boa Vista

    Rio

    Bran

    co

    Porto Velho

    Palmas

    So Lus

    Macap

    Recife

    Macei

    Natal

    CA

    RT

    OG

    RA

    FIA

    rum

    os it

    a c

    ultu

    ral

    DA

    N

    A 2

    00

    6/2

    00

    7C

    AR

    TO

    GR

    AF

    IAru

    mos

    ita

    cul

    tura

    lD

    AN

    A

    20

    06

    /20

    07

    Aracaju

    Belo

    Hor

    izont

    e

    Campo Grande

    Cuiab

    Fortaleza

    Goinia

    Joo Pessoa

    Manaus

    Porto Alegre

    Salvador

    CA

    RT

    OG

    RA

    FIA

    rumos ita cultural

    DA

    N

    A 2

    00

    6/2

    00

    7

    ENTREVISTAS ARTISTAS / CONVIDADOS

    C A R T O G R A F I Arumos ita cultural D A N A 2 0 0 6 / 2 0 0 7

  • So Paulo 007

    CA

    RT

    OG

    RA

    FIA

    rum

    os it

    a c

    ultu

    ral

    DA

    N

    A 2

    00

    6/2

    00

    7

    Cartografia : Rumos Ita Cultural Dana 006/007 / organizao Ncleo de Artes Cnicas. So Paulo : Ita Cultural, 007.

    40 p. : il. color.

    Acompanham 7 DVDs

    1. Dana . Artes cnicas 3. Arte 4. Rumos Ita Cultural Dana 5. Artistas brasileiros 6. Brasil I. Ttulo

    CDD 79.80981

  • SumRIO TABle of CoNTeNTS

    d

    ana

    s co

    ntem

    por

    neas

    rum

    os c

    omo

    proc

    esso

    c

    arto

    grafi

    a ru

    mos

    ita

    cul

    tura

    l dan

    a

    006/

    007

    oBR

    AS C

    oRe

    oG

    RfI

    CAS

    e

    nsai

    o fo

    togr

    fic

    o

    re

    gist

    rand

    o a

    dan

    a (re

    nata

    xav

    ier)

    s

    inop

    ses

    dir

    io c

    om m

    uita

    s fro

    ntei

    ras:

    o ru

    mos

    ita

    cul

    tura

    l dan

    a

    006/

    007

    (adr

    iana

    de

    faria

    geh

    res)

    um

    exe

    rcc

    io d

    e tr

    adu

    o (p

    aulo

    pai

    xo)

    VID

    eoD

    ANA

    sin

    opse

    s

    o c

    orpo

    no

    olho

    d

    ana

    s par

    a o

    corp

    o do

    vd

    eo (t

    amar

    a cu

    bas)

    Co

    NTe

    XTo

    S

    co

    ntem

    pora

    neid

    ade

    no e

    xtre

    mo

    sul d

    o br

    asil:

    um

    per

    curs

    o (a

    irton

    tom

    azzo

    ni)

    ficha

    tcn

    ica/

    ae

    s que

    se e

    spra

    iam

    no

    tem

    po (g

    ianc

    arlo

    mar

    tins)

    da

    na

    cont

    empo

    rne

    a em

    sant

    a ca

    tarin

    a: u

    m c

    enr

    io d

    e de

    sbra

    vado

    res (

    juss

    ara

    xavi

    er)

    ficha

    tcn

    ica/

    r

    umos

    da

    dan

    a em

    so

    paul

    o (m

    aria

    cla

    udia

    alv

    es g

    uim

    are

    s)

    nem

    l d

    e ci

    ma

    nem

    l d

    e ba

    ixo.

    .. a e

    mer

    gnc

    ia d

    os a

    rredo

    res (

    lilia

    n vi

    lela

    )

    ficha

    c

    ria

    o d

    ifus

    o... l

    ingu

    ajar

    a d

    ana

    ... vi

    tria

    (the

    mbi

    rosa

    )

    cor

    po a

    mbi

    ente

    ... lin

    guaj

    ar a

    dan

    a...

    min

    as g

    erai

    s (th

    embi

    rosa

    )

    ficha

    tcn

    ica/

    pol

    ari

    de fl

    umin

    ense

    (pao

    la se

    cchi

    n br

    aga)

    que

    m d

    ana

    que

    dan

    a (s

    usi m

    artin

    elli)

    fic

    asp

    ecto

    s dia

    crn

    icos

    inve

    stig

    ativ

    os n

    a da

    na

    cont

    empo

    rne

    a em

    terr

    itrio

    nor

    dest

    ino

    (ant

    onio

    lope

    s net

    o)

    a

    prod

    uo

    regi

    onal

    con

    tem

    por

    nea:

    din

    mic

    as e

    stru

    tura

    is e

    conj

    untu

    rais

    (arn

    aldo

    siqu

    eira

    )

    ficha

    tcn

    ica/

    a da

    na

    na b

    ahia

    , mov

    imen

    tos d

    e re

    nova

    o

    (flor

    vio

    leta

    libe

    rato

    bar

    tilot

    ti)

    refl

    exos

    da

    imag

    em d

    a da

    na

    cont

    empo

    rne

    a no

    cea

    r, n

    o pi

    au

    e no

    mar

    anh

    o (j

    lia c

    ndi

    da so

    ares

    men

    ezes

    )

    ficha

    tcn

    ica/

    si

    ngul

    arid

    ades

    urb

    anas

    : tic

    as e

    est

    tic

    as e

    m tr

    ansi

    o (

    tala

    cla

    y)

    um d

    esas

    soss

    ego

    no a

    r (ch

    ristin

    e gr

    eine

    r)

    SUMRIO

    7 10

    1

    15

    16

    111

    113

    16

    13

    13

    7

    138

    143

    149

    150

    154

    159

    164

    168

    173

    178

    183

    188

    194

    05

    11

    16

    3

    8

  • 7Histrico

    em 1997 foi criado o programa Rumos Ita Cultural1, iniciando o que viria a ser o principal vetor da poltica cultural do Instituto. Paralelamente, o segundo vetor, chamado eixo curatorial, elegia a linha temtica para a trajetria anual das aes do Ita Cultural. Para o ano de 000, seria escolhido como tema o artista-cientista, tendo como emblema leonardo da Vinci. foi nesse contexto que, no fim de 1999, se iniciou a estruturao do Rumos Dana, que deveria orientar sua implantao com base na mesma proposio o artista-investigador contemporneo , na interseo entre cincia e arte.

    Como consultora, foi convidada a professora doutora fabiana Dultra Britto, especialista em dana, comunicao e histria, para conceber o programa com a colaborao da equipe do Ita Cultural. Seu trabalho de quase dois anos foi determinante para gerar e orientar os princpios do programa e sua implementao.

    Tratava-se de mapear a produo terica e prtica em dana, revelando artistas e dinmicas culturais dos locais onde a produo foi criada. Como o tema era o artista-investigador, decidiu-se por recortar o criador-intrprete em obras nos formatos de solo ou duo que evidenciassem uma sistemtica investigativa de criao.

    Para construir as estruturas operacional e humana do programa, foi feito um levantamento, em todo o pas, de instituies que trabalhavam com dana e de ps-graduandos que se dedicavam teoria da dana. foi montada uma equipe de 18 mapeadores, 11 pesquisadores

    danas contemporneas

    e sete curadores-assistentes. os primeiros coletaram em estados informaes sobre instituies e cursos, peridicos e livros, festivais e mostras, produo intelectual e artstica e iniciativas dos setores pblico e privado para a dana. essas informaes compuseram a Base de Dados Rumos Dana2. os curadores-assistentes, munidos das anlises regionais, partiram em viagens e assistiram a 61 trabalhos pr-selecionados entre 398 inscries. A rede de instituies constituda apoiou logisticamente as apresentaes e os seminrios sobre dana contempornea e produo em dana, previamente ministrados, em 1 cidades brasileiras, para divulgao do programa.

    o grande nmero de viagens de pesquisadores, curadores e profissionais que ministraram seminrios s foi possvel graas a um investimento compatvel com a implantao de um programa nacional. era preciso conhecer os diversos campos artsticos e culturais para criar uma plataforma de aproximao entre eles e divulgar a criao do programa.

    Diante da escassez de informao organizada sobre dana, a articulao do setor foi a primeira grande contribuio desse programa. Nas edies posteriores a atualizao dos dados e a criao e/ou manuteno de redes continuou a ser incentivada.

    em fevereiro de 001, tornaram-se pblicos os resultados dessa implantao. Durante a Mostra Rumos Ita Cultural Dana, foram lanados 45 vdeos dos trabalhos selecionados, assegurando uma representatividade nacional do mapeamento. entre eles, oito trabalhos foram apresentados

    1A arte e a produo intelectual brasileira so a matria-prima do programa Rumos Ita Cultural. o princpio do programa a identificao de iniciativas, mapeamentos, tanto no terreno das artes (cnicas, visuais, musicais, interativas, audiovisuais, literrias) quanto no do pensamento (pesquisa acadmica, educao, jornalismo). Projetos inditos, em fase de produo ou que, j existentes, ainda no chegaram ao conhecimento do grande pblico, recebem do Rumos o aporte financeiro e de infra-estrutura para se concretizar. o passo seguinte a difuso, srie de aes, como a circulao de trabalhos, que ampliam para todo o Brasil o contedo dessas iniciativas. o Instituto contribui, assim, para a reflexo sobre a realidade cultural e social do pas.

    Para acessar a Base de Dados Rumos Dana, entre no site www.itaucultural.org.br e clique em rumos > base de dados.

  • 8 9

    foram recebidas 534 inscries para apoio ao desenvolvimento de pesquisa coreogrfica e 18 para a realizao de videodanas um aumento de 71% no nmero de inscries nessa carteira. Artistas de cidades como Boa Vista, Macap e Cuiab, que ainda no tinham apresentado projetos ao programa Rumos Dana, fizeram esse conjunto ainda maior.

    Uma comisso de seleo independente, formada por Adriana de faria Gehres (Pe), Alejandro Ahmed (SC), eduardo Bonito (RJ) e Paulo Paixo (PA), pr-selecionou 41 projetos, provenientes de 17 cidades, marcados pela busca de novas prticas e narrativas e que, para tanto, necessitavam de condies seguras para ser testados. Destes, 16 foram selecionados para participar de laboratrios cuja finalidade foi incentivar a prtica, o mtodo e a reflexo sobre suas investigaes, e 5 foram contemplados com aporte financeiro para o desenvolvimento da pesquisa.

    Como apoio formao de videodana, a comisso de seleo formada por Tamara Cubas (Uruguai) e leonel Brum (RJ) selecionou 15 projetos de duplas de coregrafo e videomaker para participar de uma oficina intensiva sobre conceito, dramaturgia e produo. Trinta artistas oriundos de seis estados tiveram suas passagens para So Paulo e estadas subsidiadas pelo programa Rumos Dana. Aps a oficina, os participantes apresentaram os roteiros e, com base neles, foram selecionadas cinco videodanas que receberam apoio para a realizao.

    entre e 11 de maro de 007 reuniram-se em So Paulo 115 artistas e pesquisadores de todo o Brasil, alm de programadores e curadores. A mostra da terceira edio foi aberta com um seminrio da professora doutora Helena Katz e do professor doutor Amalio Pinheiro, ambos da PUC/SP, sobre identidade e mestiagem. Um seminrio sobre corpo e metrpole foi ministrado pelo professor Massimo Canevacci, da faculdade de Cincias da Comunicao da Universidade la Sapienza, Roma.

    Durante as manhs aconteceram os laboratrios; as tardes foram dedicadas a uma programao de encontros guiada

    pelos pesquisadores na qual se apresentou a situao atual dos contextos brasileiros, criando a oportunidade de se notar suas particularidades e sinergias. foi especialmente criado o espao Rumos Dana, onde ficaram expostos todos os livros e DVDs de dana do Centro de Documentao e Referncia (CDR) do Ita Cultural.

    A exposio fotogrfica das edies anteriores, assinada por Gil Grossi, e o lanamento do livro Hmus, uma coletnea de 17 autores organizada por Sigrid Nora, completaram a programao.

    As 5 apresentaes e o lanamento das cinco videodanas ocorreram em diferentes locais, na Sala Ita Cultural, no Teatro Gazeta e na Sala Crisamtempo, com grande presena de pblico.

    Todos os trabalhos foram registrados em vdeo e foto a fim de compor, juntamente com este livro, uma caixa que ser distribuda para todo o pas. Traos que remetem ao que no est mais presente, coleo de resduos que nos ajuda a pensar o que possvel registrar de uma dana ou de um encontro e, sobretudo, de que forma distribuir informaes de circunstncias fluidas.

    Instituto Ita Cultural

    na Sala Ita Cultural, alm do seminrio "os Mapas da Dana", ministrado pelos pesquisadores e curadores-assistentes, e uma oficina intensiva de dana contempornea com David Zambrano voltada aos 60 selecionados no mapeamento artstico. Ainda em 001 foi publicado o livro Cartografia da Dana: Criadores-Intrpretes Brasileiros, com informaes dos contextos regionais e ensaios crticos sobre as obras vistas.

    A criao de redes de instituies parceiras, de programadores, pesquisadores e artistas de dana revelou-se uma das aes mais duradouras de um programa que lida com momentos e circunstncias.

    os dois anos de implantao do projeto serviram, sobretudo, para o conhecimento, reconhecimento e dimensionamento das diferenas, objetivando convergi-las para um plano apoiado justamente nas singularidades e, inclusive, nas irregularidades.

    A edio 003-004 atualizou e complementou o mapeamento iniciado em 000. A equipe de pesquisadores foi ampliada, assim como o nmero de cidades analisadas. No foi possvel, contudo, custear as viagens para pesquisas de campo, o que tornou o trabalho dos pesquisadores ainda mais colaborativo.

    Das 415 inscries de solos, duos e grupos, 36 foram indicadas pela comisso de seleo formada por Dulce Aquino (BA), fabiana Britto (SP), Helena Katz (SP), Alejandro Ahmed (SC) e Henrique Rodovalho (Go). Destes, 14 foram contemplados com apoio financeiro para o desenvolvimento de obra coreogrfica e foram convidados a apresentar seus trabalhos em vdeo, sinalizando uma produo vinculada a um percurso de pesquisa. Alm disso, essa edio inaugurou uma nova carteira, a de desenvolvimento de videodana, oferecendo a 1 selecionados uma master class de especializao na linguagem; entre estes, dois obtiveram verba para viabilizar seus vdeos.

    Para investir na troca de experincias, no fortalecimento das redes e na qualificao profissional, o programa levou a So Paulo os 56 autores dos projetos indicados pela comisso. Participaram de oficinas de dana contempornea

    e estabeleceram contato com outros bailarinos, coregrafos, curadores e pesquisadores.

    A mostra dos espetculos e das videodanas aconteceu entre 1 e 7 de maro de 004 e incluiu seminrios, lanamento de livros, exposio e debates sobre projetos e movimentos de dana como o frum Nacional de Dana, a Red Sudamericana de Danza, o Recordana, entre outros. Mais uma vez a aposta nos encontros resultou muito frutfera. Na ocasio foram escritas e enviadas para a Comisso de educao e Cultura cartas sobre a polmica interferncia do Conselho de educao fsica na rea da dana; para o MinC reivindicando projetos e incentivos para a rea; para o frum Mundial Cultural com uma proposta de rede de universidades. Um cadastro de profissionais de diversos estados l reunidos foi elaborado e entregue ao frum Nacional de Dana.

    Catorze registros de espetculos em DVD e um CD-RoM com 0 textos e dois ensaios fotogrficos foram distribudos gratuitamente a todas as faculdades de dana e bibliotecas de artes do pas. Todas as atividades tiveram lotao completa e houve bastante circulao dos espetculos dentro e fora do Brasil, a maioria com o apoio financeiro do programa Rumos.

    Nos quase cinco anos que se passaram desde a implantao do programa at a abertura do terceiro edital, houve um grande crescimento tanto da produo terica quanto da artstica, assim como de aes pblicas e privadas para a rea. era preciso, portanto, dar prosseguimento ao processo de conhecimento e anlise da dana. Manteve-se o formato da edio anterior, respondendo melhor ao volume da produo com um aporte financeiro maior, consolidando os objetivos iniciais do programa, e ao mesmo tempo os reavaliando.

    em 006 foram realizados seminrios em 16 cidades para esclarecimento sobre os conceitos de investigao em dana contempornea e dana para cmera. os pesquisadores voltaram a viajar por todo o pas, levantando informaes em 65 cidades brasileiras. Participaram dos seminrios sublinhando a viso inseparvel entre teoria e prtica e entre as obras e seus contextos.

  • 10 11

    Se criarmos uma analogia entre os rumos da criao e os rumos da sistematizao de um programa de ao cultural, estaremos falando de um processo e de muitas etapas.

    o maior desafio e o maior privilgio do programa Rumos sua extenso nacional. A conscincia da complexidade deste pas refletida mesmo atravs de um pequeno recorte dana contempornea brasileira obriga-nos a olhar para dentro e para fora e a negociar com inmeras coordenadas.

    o objetivo, desde o princpio, foi delimitar um campo para o mapeamento das dimenses contextual e artstica da dana contempornea brasileira. Compor um diagnstico que permitisse aos profissionais desse campo cultural e artstico basear suas reflexes. Trata-se, portanto, de um conjunto de informaes que abre espao para discusses e aes.

    Se mapas so indicadores de uma dada localizao sujeita ao do tempo, como ver e analisar um fenmeno em movimento, circunstancial e mvel? Reconhecendo a coisa mapeada como exemplo de possibilidades viveis ao seu contexto e no como amostra do que existe. (...) Portanto, nem as obras representam as tendncias artsticas da dana no pas, nem os dados coletados configuram a realidade de cada regio. (Britto, 001) [grifo meu]

    o mapa contextual representado pela Base de Dados e pelo livro. A base, alm de contribuir para a visibilidade e a existncia poltica de muitos contextos de dana que eram desconhecidos, presta um servio para a rea listando o conjunto de instituies de ensino, de produo artstica, de teatros para a dana, bolsas, leis etc. os objetivos dessa Base vo desde uma razo particular, a de que uma pessoa em Manaus possa saber o que est acontecendo em Caxias do Sul, por exemplo, at uma razo geral, a de tornar pblico o levantamento de dados de um programa de carter nacional.

    Uma base de dados fornece informaes frias. Indicadores no bastam para a formulao de um pensamento, a menos que colocados em relao, s assim se tornam dinmicos. Dados s ganham sentido em funcionamento. Qualificam-se na medida em que so discutidos, legitimados ou criticados pelo pblico. Dependem, portanto, de cada consulente que, no papel de mediador, tem a possibilidade de transform-lo em conhecimento. A base acessada com uma pergunta preliminar que o indicador afere. Por exemplo: h faculdade de dana em Santa Catarina? ou: o aumento do nmero de companhias e grupos no Brasil proporcional ao aumento de faculdades de dana? ou simplesmente ter acesso a mostras, festivais e fruns do pas, e assim por diante. Partir de uma quantificao no bom ou ruim em si. Mas a anlise desses dados, que expressam condies, qualidades, diferenciaes, conexes, representa a construo de um sentido crtico sobre a questo e depende de formao terica e metodolgica daquele que analisa.

    o livro se apresenta, justamente, como espao para a construo crtica dos dados encontrados pelos pesquisadores. Representa a oportunidade de coloc-los em relao dinmica a ponto de conseguir refletir o movimento dos fatores e circunstncias encontrados. Contudo, uma demonstrao esttica dos dados ou uma demonstrao em forma de problema, uma leitura poltica ou apoltica est nas mos de cada autor e reflete sua formao e viso.

    o mapa artstico realizado segundo um formato que pressupe um processo seletivo daquelas propostas que mais correspondam ao recorte conceitual do programa, resumidamente: propostas de investigao que representam uma tendncia relevante na dana contempornea brasileira atual, sendo aceitos projetos resultantes de um processo j em andamento, mas desde que corresponda a um novo estgio da pesquisa. importante dizer que, de acordo com o regulamento, aos autores das 14 obras contempladas na segunda edio no foi facultada a possibilidade de inscrio nesta ltima.

    A coleo de 5 trabalhos destacada entre os inscritos d visibilidade parte das questes que movia os artistas de dana contempornea no Brasil em 006. A comisso de seleo, apoiada nos seus conhecimentos (um coregrafo, um curador e dois professores-pesquisadores) procurou, de forma bastante criteriosa, perscrutar as possibilidades que os projetos continham de elaborao de novas narrativas e formas expressivas. Priorizaram-se aqueles projetos que j apontavam uma soluo sua proposio inicial, independentemente do estgio da pesquisa.

    Quando se aposta em investigao, a principal pergunta : que resultados so esses? os mapeamentos das dinmicas culturais e da produo artstica oferecem camadas diferenciadas de leitura, dependentes do tempo. Novas leituras e significados so gerados desde o momento em que se recebe a informao, seguido por conversas e discusses in loco, que so ecoadas em outros lugares e devolvidas posteriormente, at a organizao deste livro e sua distribuio, que fornecer outras camadas de leitura.

    H coisas que podem ser previstas e outras que precisam acontecer para que sua experincia formule questes. Algumas s apareceram como questo com esse grupo de artistas e por causa deles, dessa srie de propostas, dos profissionais que l estavam.

    Com base na Mostra Rumos Dana, evidenciou-se a necessidade de mudar a forma de apresentao dos trabalhos de maneira que sejam mostrados como pesquisas em andamento, criando condies para a discusso, nas quais a apresentao pblica deve ser entendida como mais uma etapa do processo de seu desenvolvimento. outra importante questo surgida foi sobre o entendimento do que pesquisa em dana. longe de chegar-se a um consenso, a questo ganhou espao e est sendo debatida em vrias esferas. Para uma prxima edio certamente ter lugar a reflexo com professores, artistas e tericos sobre como um programa bienal pode contribuir para a

    formao e qualificao (formal ou no-formal) desse artista-investigador.

    os laboratrios terico-prticos ministrados pelas duplas Marcelo evelin (PI) / Vera Sala (SP) e Paulo Paixo (PA) / Adriana de faria (Pe), oferecidos a 16 artistas, incentivaram a prtica, o mtodo e a reflexo sobre suas pesquisas. A ao, dentro da programao, foi muito bem-sucedida, o que prova que o investimento em aulas e em discusso das propostas de pesquisa dos artistas mesmo uma necessidade e dever ser ampliado numa prxima edio.

    No mapa contextual, os pesquisadores propuseram atualizaes nas ferramentas e na forma de disponibilizar o contedo coletado. J neste ano se comea a reestruturar a Base de Dados ampliando tanto seus contedos quanto suas ferramentas. A reestruturao o incio do desenvolvimento de uma enciclopdia, prevista para a prxima edio do Rumos Dana.

    Uma mudana maior no programa Rumos Dana depende tambm de uma mudana na estrutura desse modelo na poltica do Instituto, assim como de sua capacidade de ao. o programa Rumos Ita Cultural tem histrico e vai se repensar com base na anlise de seus resultados.

    Apesar das diferentes elaboraes, h um ponto de convergncia que produz um reconhecimento mtuo. os vasos comunicantes que se explicitaram, as redes criadas ou sedimentadas so uma das maiores riquezas do programa. Apoiar novas questes e formulaes, prospectar a diversidade proveniente de diferentes ambientes, refletir sobre os interesses e caminhos dos criadores traa um rumo para o entendimento da dana contempornea objetivo maior do programa, cuja fora reside na sua continuidade.

    Sonia SobralGerente do Ncleo de Artes Cnicas

    rumos como processo

  • 1 13

    Todo fenmeno ou experincia irreconstituvel. Para efeito de preservao, o que fica de um espetculo ou encontro so discursos a respeito deles. Isso no diminui sua importncia como fonte de informao, visto que a nica forma de nos relacionarmos com o passado por meio dos ecos que ele emitiu.

    o mesmo acontece com as condies encontradas nas vrias pesquisas de campo. Alguns dados refletem aspectos cujas permanncias so mais duradouras e outros que se alteram mais rapidamente. importante ter claro que todo repertrio de registros parcial e condicionado pelas trajetrias culturais, estticas e ideolgicas daqueles que o criaram em um determinado momento histrico.

    A organizao do livro

    A primeira parte apresenta um ensaio do fotgrafo paulista Gil Grossi, que h 0 anos pesquisa a interao entre a linguagem fotogrfica e a dana e se dedica ao registro e memria desta ltima. A dana, assim como tudo, um fenmeno em movimento, e assim nossos olhos a apreendem. A fotografia congela e amplia um instante, na maioria das vezes imperceptvel a olho nu. Por outro lado possvel reter e documentar uma seqncia de movimentos que pode ter se perdido no espao ou na memria.

    o ensaio fotogrfico e o texto da pesquisadora Renata Xavier constituem uma possibilidade de reflexo sobre como possvel estudar dana por meio das suas fontes iconogrficas. o livro ainda ilustrado com fotos de Paulo Csar lima. Uma comparao entre as imagens de um e de outro nos mostra como a fotografia pode tanto ter uma funo de preservao quanto pode nos apresentar uma perspectiva que parte de outra linguagem, nesse caso especfico, das artes visuais, objeto do trabalho de Paulo lima. Todas as imagens para o livro foram selecionadas por Cristina do esprito Santo.

    em seguida encontram-se os programas dos espetculos e as fichas tcnicas. Um texto de Adriana de faria e um de Paulo Paixo do parmetros para a leitura dos espetculos. o primeiro traa analogias entre cincia e arte e problematiza a pesquisa em dana, contribuindo para a discusso sobre mtodos de investigao para criao em dana, enquanto o segundo localiza procedncias regionais, interesses comuns e especficos e aspectos relacionados s questes artsticas desse conjunto de trabalhos.

    A segunda parte do livro dedica-se videodana. Da mesma maneira, inclui sinopses, fichas tcnicas e fotografias. Um ensaio de Tamara Cubas delimita conceitos e definies dessa linguagem e comenta as cinco videodanas contempladas nesta edio.

    A terceira e ltima parte estrutura-se com 14 exerccios crticos sobre a situao encontrada nas pesquisas de campo realizadas em 006, assinados pelos respectivos pesquisadores. os textos evidenciam questes relativas s dinmicas culturais das cidades, produo intelectual e artstica, difuso, ao ensino, s iniciativas pblicas e s organizaes de classe, alm de aspectos histricos. Seu conjunto provoca diversos exames sobre as circunstncias encontradas em 000, 003 e 006, as transformaes desses campos, a comparao entre regies, entre muitas outras reflexes possveis. Pontualmente pode-se focar, por exemplo, nas influncias e caractersticas das danas contemporneas realizadas no pas, ou nos modelos de gesto pblica e na contraposio de estratgias particulares e coletivas, para citar apenas duas entre muitas possibilidades de foco. A leitura instiga a pensar sobre o papel das instituies, dos professores, dos curadores, dos artistas, dos crticos, a funo, enfim, de cada um e a conjuntura de todos.

    Como encerramento, contamos com a avaliao da professora doutora Christine Greiner que, aps leitura cuidadosa dos textos dos pesquisadores, prope um caminho para a anlise desse contedo. Sua crtica no esconde

    as fragilidades encontradas e por isso mesmo oferece sadas. Christine convoca a uma reflexo conjunta, no propriamente sobre os dados levantados no mapeamento, mas sobre a importncia de lermos criticamente esse e qualquer resultado de pesquisa.

    Ajuda-nos tanto a desenvolver um sentido crtico sobre os textos quanto sobre o entendimento de pesquisa que as instituies de ensino praticam no pas. encerrar o livro com sua avaliao iniciar o que propomos com ele: refletir coletivamente.

    A organizao dos DVDs

    No encarte do livro segue um DVD com uma srie de entrevistas de profissionais que participaram da Mostra Rumos Dana. Professores que ministraram seminrios, como Amalio Pinheiro, Massimo Canevacci e Helena Katz; professores que ministraram os laboratrios terico-prticos, como Marcelo evelin, Paulo Paixo e Vera Sala; alm do coregrafo Alejandro Ahmed e do produtor eduardo Bonito, que compuseram a comisso de seleo. H tambm entrevistas com os criadores que so uma excelente fonte de informao sobre as escolhas conceituais e estticas que fizeram. A srie de 7 entrevistas o que mais parametriza a leitura e a compreenso das questes e formulaes que esta cartografia artstica apresenta. As entrevistas foram dirigidas por Renata Druek.

    Um estojo de seis DVDs acompanha o livro. Trazem os 5 registros de espetculos dirigidos por Nelson enohata e Ric ostrower. o registro videogrfico a mdia que mais d conta de preservar a coreografia. Numa filmagem de carter documental a cmera deve assumir o papel do espectador sentado na platia. ou seja, nada da coreografia, da iluminao ou da msica alterado por causa da presena da cmera. Deve transmitir ao espectador do vdeo os limites espaciais de onde a dana foi apresentada, a edio deve respeitar o ritmo do espetculo etc.

    Mesmo com todos os cuidados, vale lembrar que o registro em vdeo transforma a apresentao ao vivo. o vdeo influencia a dana, da mesma forma que a dana influencia o vdeo, pois as relaes impulsionam e reformulam a ao. esse tipo de registro facilita a distribuio e o intercmbio, mas no chega a ser suficiente sobretudo para os trabalhos de carter processual. Deve ser acompanhado, portanto, de um aparato textual. esse o sentido dos textos que apresentam os contextos regionais, assim como os de Adriana de faria e Paulo Paixo e a srie de entrevistas.

    possvel verificar que esses artistas se encontram em diferentes estgios de maturidade como criadores. o que os assemelha, contudo, a legitimidade de uma busca que necessita de apoio para ser percorrida. importante ainda destacar que os registros so da primeira apresentao pblica do trabalho, em maro de 007. Alguns processos seguiram se desenvolvendo e j se encontram em outro estgio. Devem ser apreciados, portanto, com essa perspectiva.

    Por fim, um DVD apresenta as cinco videodanas e entrevistas com seus realizadores. Como nesse caso a dana foi criada para o vdeo, a obra no sofre alterao e sua prpria documentao e memria.

    na distribuio dessa coleo para todo o Brasil que o programa atinge seu maior objetivo, o da circulao, justamente o que faz com que um repertrio de informaes possa ser mobilizado na produo de conhecimento. esse contedo informacional s ativado quando acessado, examinado, discutido, criticado e qualificado. Assim, convidamos todos os interessados a compartilhar esta publicao.

    Sonia SobralGerente do Ncleo de Artes Cnicas

    C A R T O G R A F I Arumos ita cultural D A N A 2 0 0 6 / 2 0 0 7

  • 14 15

    OBRAS COREOGRFICAS

    D

    OCU

    MEN

    TAR

    FOTO

    GRA

    FICA

    MEN

    TE U

    M

    ESP

    ET

    CULO

    N

    O S

    IGN

    IFIC

    A

    COPI

    -L

    O, M

    AS,

    SIM

    , REP

    ROD

    UZI

    -LO

    CO

    M

    A

    CO

    NSC

    IN

    CIA

    DE

    SUA

    FU

    GA

    CID

    AD

    E, S

    ABE

    ND

    O

    Q

    UE

    C

    OM

    BA

    SE N

    OS

    RES

    DU

    OS

    QU

    E SE

    C

    ON

    STIT

    UI U

    M A

    CERV

    O.

    R

    ENAT

    A X

    AVIE

    R

  • 16 17

  • 18 19

  • 0 1

  • 3

  • 4 5

  • 6 7

  • 8 9

  • 30 31

  • 3 33

  • 34 35

  • 36 37

  • 38 39

  • 40 41

  • 4 43

  • 44 45

  • 46 47

  • 48 49

  • 50 51

  • 5 53

  • 54 55

  • 56 57

  • 58 59

  • 60 61

  • 6 63

  • 64 65

  • 66 67

  • 68 69

  • 70 71

  • 7 73

  • 74 75

  • 76 77

  • 78 79

  • 80 81

  • 8 83

  • 84 85

  • 86 87

  • 88 89

  • 90 91

  • 9 93

  • 94 95

  • 96 97

  • 98 99

  • 100 101

  • 10 103

  • 104 105

  • 106 107

  • 108 109

  • 110 111

    Gil Grossi fotgrafo especializado em dana, professor e danarino. Documenta os grupos independentes paulistanos desde 1986. fez a cobertura do Rumos Ita Cultural Dana 001 e o registro em imagens digitais do Rumos Ita Cultural Dana 003. Ministra cursos livres e workshops de fotografia de dana em centros culturais em So Paulo e no interior. Integra o ...Avoa! ncleo artstico, que faz fuso entre artes cnicas e visuais.

    Renata Xavier

    Na dana, a possibilidade de transmitir e receber informaes e ainda de armazen-las calcada na fugacidade de seu objeto, ou seja, na noo de que seu objeto efmero: ele dura enquanto durar a sua existncia in loco. Apesar disso, a informao pode perdurar. A dana pode e pede o registro de resduos das obras (Greiner, 00)1. A tarefa documental coletar restos (lima, 00).

    o filsofo francs Michel Bernard (001) aponta que o desejo de memorizar a dana se realiza de cinco maneiras distintas: pela notao coreogrfica, pela fotografia, pelo vdeo, pelo filme cinematogrfico e pelas testemunhas que criaram, danaram ou assistiram ao espetculo3.

    As diferentes formas de registro da dana contempornea nos do a sensao de acessibilidade, pois registra-se o que nos prximo, existe uma simultaneidade no tempo, ou seja, documenta-se a arte enquanto ela produzida4. A fotografia (registro visual) um dos suportes (Norman, 1999) escolhidos para documentar a dana.

    Segundo a pesquisadora francesa laurence louppe (007), a documentao iconogrfica da dana no sculo XX, a partir da reproduo tecnolgica/mecnica, tem duas formas: a imagem fixa5 fotografia e a imagem animada filmes, vdeos. Desse modo, foi possvel construir, a partir do sculo passado, um imaginrio de dana em que o foco da fotografia se ampara na dana e no seu fluxo. No incio do sculo XX, as limitaes tcnicas da fotografia exigiam que a maioria das fotos de dana fossem posadas em estdio; conseqentemente, uma menor quantidade era feita durante a performance (Huxley, 1994).

    A documentao fotogrfica de um espetculo de dana, fonte iconogrfica de imagem fixa, oferece caminhos/pistas a ser explorados na recuperao de informaes para a constituio de uma memria da dana. Tambm disponibiliza informaes sobre a coreografia, a cenografia,

    registrando a dana

    o figurino e a iluminao, alm de ser uma das principais mdias da dana. Independentemente de o registro ser feito em pelcula ou por uma cmera digital de ltima gerao, a fotografia vale como fonte para documentao e divulgao, como trao que remete memria visual de uma manifestao cnica. Danarinos e professores podem contar com esse material visual no processo de reflexo sobre sua prpria prtica artstica e tambm como espectadores 6.

    Documentar fotograficamente um espetculo no significa copi-lo, mas, sim, reproduzi-lo com a conscincia de sua fugacidade, sabendo que com base nos resduos que se constitui um acervo. o registro fotogrfico, ao permitir capturar o movimento, se soma s outras fontes escritas, sonoras no estudo da dana. June layson (1994) enumera algumas fontes visuais alm da prpria dana arquitetura, figurinos, cenrio, filmes, fotografia, pintura, vdeos etc.

    As imagens de um espetculo so traos que testemunham e remetem obra7. o padro internacional de documentao fotogrfica de espetculos varia entre 30 a 00 fotogramas, que, ao ser ordenados cronolgica e seqencialmente, podem ajudar numa possvel reconstituio da coreografia e remeter a obra ao contexto em que foi produzida. em geral, a identificao dos registros fotogrficos de um espetculo de dana deve ser feita com a colaborao das pessoas que participaram e/ou conhecem o processo coregrafos, danarinos, ensaiadores etc. Caber a eles organizar a seqncia do espetculo e ainda, se possvel, identificar todo o elenco de cada uma das imagens (fotogramas)8.

    As imagens captadas pelos fotgrafos do Rumos Dana produzem uma vasta documentao iconogrfica dos espetculos apresentados recentemente que poder auxiliar no conhecimento dos trabalhos coreogrficos dos artistas selecionados e tambm na avaliao das diferenas entre as obras. Toda a documentao fotogrfica produzida pela

    Toda

    s as f

    otos

    da

    prim

    eira

    par

    te d

    o liv

    ro,

    obr

    as C

    oreo

    grfi

    cas,

    so

    de G

    il G

    ross

    i.

  • 11 113

    mostra contribuir para a pesquisa como fonte iconogrfica da dana contempornea.

    os outros documentos programas, entrevistas, livros e vdeos produzidos pela mostra, somados ao registro fotogrfico, formaro uma coleo que nos permitir, alm da contextualizao, relacion-los entre si.

    Referncias bibliogrficas

    BeRNARD, Michel. De la cration chorgraphique. Paris: CND, 001.BURT, Ramsay. Genealogy and dance history. In: Of the presence of the body. Middletown, Connecticut: Wesleyan University Press, 004. p. 9-44.CoHeN, Selma Jeanne. Next week, swan lake: reflections on dance and dancers. Middletown, Connecticut: Wesleyan University Press, 198.GReINeR, Christine. o registro de dana como pensamento que dana. In: Revista dart. So Paulo: Secretaria Municipal da Cultura, 00.HUXleY, Michael. european early modern dance. In: Dance history: an introduction. london: Routledge, 1994. p.151-168. KATZ, Helena. O Brasil descobre a dana, a dana descobre o Brasil. So Paulo: DBA, 1994._________. Grupo Corpo. So Paulo: Salamandra, 1995._________. Um, dois, trs: a dana o pensamento do corpo. Belo Horizonte: fid, 005.lAYSoN, June. Dance history source materials. In: Dance history: an introduction. london: Routledge, 1994. p. 18-31.lIMA, Maringela Alves de. Documentando a fugacidade da arte cnica. In: Revista dart. So Paulo: Secretaria Municipal da Cultura, 00.loUPPe, laurence. Potique de la danse contemporaine. Bruxelles: Contredanse, 1997._________. le corps visible. In: Lhistoire de la danse. Paris: CND, 007. p. 46-54.NoRMAN, Sally Jane. Les nouvelles technologies de limage et les arts de la scne. Bruxelles: Nouvelles de Danse/ Contredanse, 1999.RoUSIeR, Claire & SeBIlloTTe, laurent. Pour une recherche en danse. In: Rue Descartes (44). Paris, 004. p. 96-105.

    HELENA BASTOS / RAuL RACHOu

    VAPORA pesquisa coreogrfica de Vapor desenvolveu-se pela interao construda entre a cabea de um dos intrpretes e as mos do outro. Manipulao que transforma os corpos em estruturas porosas, como argilas, remodeladas a cada instante. Desse contato, toda uma dramaturgia vai-se configurando, instigando processos corporais que promovem a discusso sobre o controle.

    Ficha tcnicaConcepo: Helena BastosCoreografia, dramaturgia e intrpretes: Helena Bastos e Raul RachouDireo: Vera Salamsica: faixa Gute Nacht, do CD Winterreise D911, de franz SchubertLuz e operao de luz: Melissa Guimares

    Produo: Gabriela GonalvesFotos: Mara SpangheroApoio cultural: espao de Dana Ruth RachouDurao: 50 minutos

    AgradecimentoCentro de estudos do Corpo (CeC).

    Realizadoreso musicanoar (SP) foi fundado em 1993, produzindo, entre outros, os espetculos Gordolinda, Sopa de Serpentes, Navegana e Ces, premiado pela APCA; nesse percurso, Helena Bastos e Raul Rachou vm verticalizando sua parceria na construo de novos padres corporais de movimento. o Musicanoar defende que o processo de criao est diretamente comprometido com a produo de conhecimento.

    Renata XavierMestre em antropologia pela Unicamp; doutoranda em comunicao e semitica na PUC/SP; e pesquisadora de dana da Diviso de Pesquisas (Idart) do Centro Cultural So Paulo (CCSP) desde 1994.

    Notas

    1. H anos discute-se o que possvel registrar de uma dana, uma vez que ela uma arte efmera, que deixa de existir no momento em que a sua apresentao finaliza; e que ela se faz apenas no momento em que feita. Normalmente, a proposta de arquivar a dana significa documentar os resduos da obra: fotografias, vdeos, notaes, programas, entrevistas com os criadores, e assim por diante (Greiner, 00: 38).. o fato de que queremos registrar alguma coisa que, por sua natureza, no sobrevive em outro suporte, , acredito, um dos dilemas que os documentalistas, historiadores e, de um modo geral, tericos da arte cnica experimentam de modo mais agudo que os artistas. A tarefa documental coletar restos (lima, 00: 34).3. Ce dsir de mmoire de la danse se ralise cinq niveaux distincts et par cinq artfices diffrents: le premier est celui bien connu de la notation chorgraphique (...) un second niveau, la photographie, en tant quimage concrte, dynamique et circonstancie, peut sembler davantage stimuler et ranimer le souvenir de lexprience vcue, elle perd nanmoins simultanment ce droit par labstraction arbitraire de son regard instantan et donc la neutralisation de la temporalit du movement rel. Bien loin de la mmoriser, la volont de photographier la danse ne sera jamais que le reflet du fantasme de loeil qui a essay de la sur-prendre et de la fixer (Bernard, 001: 19-0). [este desejo de memorizar a dana se realiza em cinco nveis distintos e por cinco artifcios diferentes: o primeiro aquele bem conhecido da notao coreogrfica (...) num segundo nvel, a fotografia, como imagem concreta, dinmica e circunstanciada, pode parecer querer mais estimular e reavivar a lembrana da experincia vivida, entretanto ela perde simultaneamente esse direito pela abstrao arbitrria de seu olhar instantneo e, portanto, a neutralizao da temporalidade do movimento real. longe de memoriz-la, a vontade de fotografar a dana s ser o reflexo da fantasia do olho que tentou surpreend-la e fix-la.]4. Les objets que la mmoire proche rassemble touchent lexprience du prsent et concernent encore le sujet sur le plan de son actualit (louppe, 007: 46). [os objetos que a memria prxima concentra remetem experincia do presente e referem-se ainda ao sujeito no plano de sua realidade.]5. Que montre limage fixe du movement? (Rousier & Sebillotte, 004: 99). [o que mostra a imagem fixa do movimento?]6. Laccs du public la vision du mouvement dans est pass... beaucoup plus par limage que par le spectacle lui-mme (louppe, 007: 49). [o acesso do pblico viso do movimento danado efetua-se muito mais pela imagem que se tem do espetculo do que pelo espetculo propriamente.]7. Cest cette rencontre entre une prsence de corps et la prsence du photographe tmoin (louppe, 007: 53). [ este encontro entre a presena de um corpo e a presena do fotgrafo como testemunha.]8. Pelo padro internacional de identificao iconogrfica, relaciona-se o elenco sempre da esquerda para a direita.

    sinopses

  • 114 115

    CLARA F. TRIGO

    DESLImITES o aprofundamento de interesses antigos, que motivam desde sempre as criaes de Clara: inverso de sentidos, rejeio a parmetros habituais, aproveitamento total das formas, espaos e tempo. o movimento contnuo, rasteiro e lento, em dilogo com a msica de Arnaldo Antunes, abole expectativas de corpo feminino, inventa uma lgica que lhe sirva e recria poticas de cena que modifiquem as dimenses da representao de mulher soteropolitana na dana. esse um trabalho da SUA Cia de Dana.

    Ficha tcnicaDireo e ao: Clara f. TrigoAssistncia de direo: SUA Cia de DanaProjeto de luz: eduardo PinheiroTrilha sonora original: Arnaldo AntunesProduo da trilha sonora: Arnaldo Antunes, Mrcio Nigro e Paulo TatitDurao: 0 minutos

    AgradecimentosAgustn Trigo, Benjamim Taubkin, Casa Via Magia, rica fortaleza, equipe tcnica do Teatro Jorge Amado, fbio esprito Santo, fernanda Tourinho, Isa Trigo, Isbela Trigo, Joo Ramos, lucas Tanajura, Paulo Tatit, Rodrigo luna, Ruy Csar, Valria Vicente.

    RealizadorClara F. Trigo licenciada e bacharel em dana pela escola de Dana da UfBA, instrutora de pilates desde 1999, formada pela Pole Star/Physiopilates educao e especialista em baile flamenco pela fundacin C. Heeren de Arte flamenco, Sevilha, onde viveu. fundou, em 00, com outros artistas, o ncleo permanente de pesquisa e criao SUA Cia de Dana, que passou a ser o grupo residente da Casa Via Magia em 006.

    DANIELA DINI

    ALCNTARAA palavra, de origem rabe, o nome de uma cidade do Maranho. evocada no espetculo pelo seu significado: a ponte. A obra foi criada com base no contato com a cultura maranhense e na pesquisa de algumas manifestaes populares como os carimbs e os bambas de caixa, tocados e danados por mulheres. A composio eletroacstica mistura sonoridades e ritmos gravados na regio com recursos da msica contempornea. A dana popular e contempornea passa por um processo de investigao em que as referncias servem para contrapor e reinventar. uma metfora que liga dois universos distintos, um caminho para a alteridade e para os rearranjos que podem surgir do encontro entre culturas. o corpo busca reformular-se ante a identificao com o outro e o vislumbre da diferena.

    Ficha tcnicaConcepo, criao e interpretao: Daniela DiniComposio eletroacstica: Jos luiz Martinez

    Direo: Maria Momensonh Cenrio: Wilson Aguiar

    AgradecimentosCelso leal, Darana Pregnolatto, Tio Carvalho e s mestras e caixeiras Domingas, Dona elza, Dona Mocinha, Dona Zuca, Maria e Julia, Maria Barros, Maria Grande, Maria da Paz.

    RealizadoraDaniela Dini (SP) pesquisadora, danarina e intrprete-criadora formada em comunicao das artes do corpo na PUC/SP; dedica-se dana popular desde 1997, participando de grupos no estado de So Paulo e em Braslia, de 003 a 005, realizou a pesquisa A Msica e a Dana nas Brincadeiras de Caixa do Maranho apoiada pela fapesp, da qual surgiram os primeiros esboos de Alcntara, em parceria com Jos luiz Martinez, e participou do grupo Aglomerado Circunstancial, em que criou Fleuma orientado por Vera Sala.

    ELISABETE FINGER

    AmARELOplstico, massa, goiabada, cacto, danaboca, quadro, galinhaUm brevirio.

    Meu fetiche colorido,para estancar essa "energia delirante que chamamos imaginrio"*

    (* Roland Barthes, Fragmentos de um Discurso Amoroso)

    Ficha tcnicaCriao e interpretao: elisabete fingerColaborao artstica e olhar exterior: Joana von Mayer TrindadeAcompanhamento: Ricardo MarinelliDesenho original de luz: Harrys PicotAssistncia, adaptao e operao de luz: fbia ReginaProjeto grfico e ilustrao: Gustavo Bitencourt

    msica: Elisa (Serge Gainsbourg)Realizao: Couve-flor Minicomunidade Artstica MundialDurao: aproximadamente 30 minutosApoio: Ministrio da Cultura Programa de Difuso Cultural

    AgradecimentosBucca di Baco (Positano, Itlia), Casa Hoffmann e Vila Arte (Curitiba), Centre National de Danse Contemporaine d'Angers (frana), Couve-flor Minicomunidade Artstica Mundial, frum Dana e NuIsIs ZoBoP (Portugal).

    RealizadoraElisabete Finger (PR) dedica-se pesquisa e criao no campo da dana contempornea. em 004 foi bolsista da Casa Hoffmann, em Curitiba, sob a curadoria de Rosane Chamecki e Andra lerner, e em 005 recebeu bolsa do Ministrio da Cultura francs para a formao essais no CNDC de Angers (direo artstica de emmanuelle Huynh). Participou de festivais e mostras no Brasil e no exterior, trabalhou com diferentes coregrafos na frana e em Portugal, e integra o Coletivo Couve-flor Minicomunidade Artstica Mundial.

    DANIEL FAGuNDES

    Pele pelo osso correr o risco arriscar o trao traar a linhades alinhar o espao espassar o tempo temperar o gesto gestar a cor

    Ficha tcnicaConcepo: Daniel fagundes (Andr Pereira e Bia Nogueira)Dana-desenho: Daniel fagundesPensamento cnico: Daniel fagundesDurao: 90 minutos

    AgradecimentosAndr Pereira, Bia Nogueira, Christine Greiner, elisa ohtake, f?, fleuma, Hideki Matsuka, Jlia Rocha, Key Sawao, luciana Arcuri, Mara fagundes, Marialice fagundes, Math, Vera Sala, Veridiana Zuritta, Zlia Monteiro e Zetta.

    RealizadorDaniel Fagundes (SP) bacharel em dana e performance no curso comunicao das artes do corpo, da PUC/SP; atua nas reas de dana, palhao, msica e desenho como criador; comps a trilha sonora da instalao Impermanncias, de Vera Sala; e atualmente integra a Key Zetta e Cia. e o Ncleo de Improvisao, dirigido pela bailarina Zlia Monteiro.

  • 116 117

    DImENTI

    O POSTE, A muLHER E O BAmBuo trabalho parte da idia de confisso como elemento dramatrgico insistentemente retomado na obra de Nelson Rodrigues como exerccio-clmax de purgao. Aqui, no entanto, a culpa que motiva essa ao em Nelson se desmonta na banalidade de uma Bahia folclorizada que se organiza coreograficamente sob a noo de um "corpo borrado", princpio que problematiza noes tradicionalmente polarizadas como dentro e fora, originalidade e citao, estado de cena e estado de coxia, coerncia e nonsense, muito referenciado na corporeidade do desenho animado. essa uma dana com dente sujo de batom.

    Ficha tcnicaDireo coreogrfica: Jorge AlencarIntrpretes-criadores: Daniella de Aguiar, Daniel Moura, fbio osrio Monteiro, lia lordelo, Mrcio Nonato, Paula lice e Vanessa Mello

    Projeto de luz: Mrcio NonatoDireo de produo e operao de luz: ellen MelloDireo musical: Tiago RochaDurao: 3 minutos

    Realizadoro Dimenti (BA) formou-se em 1998 e desenvolve projetos em dana e em teatro que desdobram sua produo cnica ao realizar circuitos de repertrio, oficinas, debates, intercmbios com grupos artsticos, publicaes, produo de audiovisuais (CDs, DVDs, videoclipes, videodanas); em sua pesquisa esttica, dois focos: o cartoon e sua corporeidade, e o clich em esteretipos e produtos culturais (literatura, dana, teatro, cultura pop etc.), no que tange a gnero, consumo e ideal de corpo.

    LuIS FERRON

    DESmuND0S DILOGOS 01DeSmuNd0s utiliza-se de obras dos pintores otto Dix (Alemanha) e egon Sheller (ustria), ambos pertencentes ao movimento expressionista europeu, como fonte inspiradora para refletir e admirar a decadncia corporal proposta pelos artistas numa dualidade potica que se por um lado apresenta corpos estigmatizados com suas caractersticas fora dos padres estabelecidos pela pseudonormalidade, por outro leva a uma necessidade de se adentrar nesse universo de estranhezas e vivenciar um novo olhar, aquele que revela a alma quando diz que ser humano discorrer pelos caminhos dualistas do desenvolvimento e da decadncia.

    Ficha tcnicaDireo e concepo: luis ferronTreinamento corporal: luis ferronIntrpretes criadores: Hlio feitosa, Ivan Bernardelli, luis ferron e Mufid HauacheTrilha sonora: Rebello Alvarenga

    Voz em off: elaine coIluminao: Andr BollVdeo: Carlos MagnoFigurino: Rosemeire Pintor SabreFotos: luis ferronDurao: 50 minutos

    RealizadorLuis Ferron (SP) artista da Dana Cnica paulistana; integrou o elenco da Cia. Terceira Dana, com direo de Gisela Rocha, como tambm o do Ncleo Nova Dana de Improvisao, atual Cia. 4, com direo de Cristiane Paoli Quito e Tica lemos, e o do Ncleo Nova Dana de Composio, com direo de Adriana Grech; com o diretor fernando lee fundou o Ncleo omstrab, com o qual participou da 7 Bienal de la Dana de Lyon, frana; atualmente, alm de dirigir projetos destinados formao e difuso da dana cnica, continua investigando treinamentos destinados a corporeidades singulares e desenvolvendo obras para, e com, diversos artistas do cenrio da dana paulistana.

    VERNICA DE mORAES

    BOm DE QuEBRARfunciona como uma metfora que d nome a uma caixa de brinquedos, cujo manuseio provoca situaes ambivalentes entre sua funo ldica e a provocao de estados de risco e violncia. os objetos em cena, o espao e o corpo ganham a condio de brinquedo e so manipulados com cuidado e curiosidade como no incio de um jogo que, progressivamente, pode se transformar em uma ao perigosa ou ser bruscamente interrompido.

    Ficha tcnicaCriao e interpretao: Vernica de MoraesOrientao de projeto: elosa DomeniciDireo tcnica e iluminao: Alexandre MolinaAcompanhamento de projeto e operao de som: Alessandro luppiAcompanhamento final: Wagner SchwartzConcepo do objeto-capacete: Nildes Sena e Silvana luciaCo-criao na Dana do Patinho: Alexandre Molina

    Fotografia: Joo Milet Meirellesmsica: BNegoApoio: escola de Dana da Universidade federal da Bahia (UfBA) e Programa Institucional de Bolsas para Iniciao Cientfica (Pibic) da fundao de Amparo Pesquisa do estado da Bahia (fapesb).

    RealizadoraVernica de moraes (BA) graduanda em dana pela Universidade federal da Bahia, integra o Grupo de Pesquisa Corpo Brincante estudos Contemporneos das Danas Populares e bolsista do Projeto Pensamento Mestio no Corpo que Dana (Pibic/fapesb), sob a orientao de eloisa Domenici. Na mesma instituio foi integrante do Grupo de Dana Contempornea (GDC), criou, em parceria, as performances: 21+1 e Entre(s) e trabalhou como criadora e intrprete no grupo Maria do Silncio, sob a direo de Wagner Schwartz, e na Cia. Vrtice do Tringulo Mineiro.

    GRACO ALVES

    mAGNO_PIROLTem como referncia literria A Histria da Loucura, de Michel foucault, que aborda a excluso como soluo em determinados casos e como agravo em outros. o corpo da loucura, um ponto de vista no mnimo curioso. Como se comporta fisicamente um corpo diagnosticado como insano? essa condio o quesito ideal para uma explorao da realidade, o dia-a-dia dos manicmios e de seus pacientes. Na pesquisa, a construo da cena parte da condio fsica dos pacientes, o que nos leva a uma dramaturgia no aristotlica. Mas o que mais se levantou na pesquisa foram as perguntas: at que ponto o que fazemos normal? e quando expomos nossas mais ntimas vontades somos loucos ou verdadeiros? espetculo baseado na tcnica de dana o Corpo que Cai, que remete a convulses, a eletrochoques e natureza agressiva.

    Ficha tcnicaDireo e concepo coreogrfica: Graco AlvesTrilha sonora original: Aldrey Rocha e elton Mesquita

    Texto em off: Julio Csar MedalhaOperao de luz e som: Sol MouferrVoz em off: Michel KaiConsultoria e pesquisa psicanaltica: lus Achilles Rodrigues furtado e Camilla Arajo lopes VieiraFigurino e adereos: Virginia Pinho, Janete Pinho e Graco Alves

    RealizadorGraco Alves (Ce) iniciou seus estudos em teatro no curso iniciatrio do Theatro Jos de Alencar, em fortaleza; depois ingressou no colgio de direo teatral do Instituto Drago do Mar de Arte e Cultura. Na dana foi aluno de flvio Sampaio e do Colgio de Dana do Cear, e aluno do curso de arte dramtica da Universidade federal do Cear. Atualmente aluno do curso superior de artes cnicas do Centro federal Tecnolgico do Cear. Apresentou espetculos e exerccios de dana e de teatro no circuito profissional da cidade; criou Brinquedos da Memria, espetculo de dana contempornea para crianas; e atualmente dirige e coreografa a Cia. Argumento de Dana Teatro, que estreou em 003 com o espetculo de dana, teatro e clown Aula de Clownssico.

  • 118 119

    HELDER VASCONCELOS

    POR SI STodo indivduo feito de escolhas e todas as decises, em sua ltima instncia, so aes individuais. Mudanas que podem trazer novas formas de se relacionar com o mundo e com as pessoas s so possveis se acontecerem por si ss. e, uma vez acontecendo, por si ss trazem mudanas, at que uma nova deciso seja necessria. Com essa percepo, Helder Vasconcelos usa sua memria corporal para revelar necessidades de mudana e de transformao. Construindo sua identidade, afirmando sua herana.

    Ficha tcnicaCriao, atuao e concepo e arranjos da trilha sonora: Helder VasconcelosDireo, foto e vdeo: Armando MenicacciProduo e arranjos da trilha sonora: Quincas MoreiraLuz: Marisa BentivegnaFigurino: Marina Reis

    Produo: Terreiro Produes

    RealizadoresHelder Vasconcelos (Pe) msico, ator e danarino, formado nas tradies do cavalo-marinho (teatro de rua da Zona da Mata Norte de Pernambuco) e do maracatu rural (cortejo ligado ao carnaval pernambucano). um dos criadores do grupo musical Mestre Ambrsio, participou de festivais de msica e teatro no Brasil, na europa, nos estados Unidos e no Japo; seu primeiro espetculo, o solo Espiral Brinquedo Meu, contou com a parceria do lume Teatro, com quem estuda a arte do ator.Armando menicacci (Itlia) formado em piano, composio e dana e autor de diversos livros sobre msica, dana e novas tecnologias; graduou-se em musicologia em Roma, fez doutorado em danas e novas tecnologias na Universidade Paris 8, onde ensina e tambm diretor do laboratrio Media Dance, com atividades voltadas para a interao entre pesquisa, criao e pedagogia.

    JOO FERNANDO CABRAL

    mANIA DE SER PROFuNDO Ou POR QuE Eu PAREI DE JOGAR FuTEBOL?Hoje, na dana, busco o espao do gosto e do prazer. A busca de uma possvel postura do descanso. Uma pausa. o que me interessa nesse trabalho so os encontros: os que fiz durante o processo de criao tambm as histrias que a apareceram ou que foram inventadas e o encontro com o pblico. Desejo estar na escuta necessria dos possveis dilogos entre esses dois encontros. o que eu posso me tornar durante esse tempo de troca? ou, ainda, qual a identidade que se cria na presena desse olhar? A ocupao e a descoberta do espao cnico s podem ser feitas de desejos e hesitaes.

    Ficha tcnicaConcepo, criao, dana e texto: Joo fernando CabralDramaturgia: Benot lachambreCoreografia e figurino: lorena DozioConcepo: elida TesslerLuz e dispositivo cnico: Ano NogueiraFotografias: Akram MohamedVdeos: Cassiano GriesangCo-produo: Collectif dos Bagaceras

    Apoio e residncias: Centre National de la Danse (CND/Paris), CNDC (Angers), Cia da Artes (Porto Alegre), espao Aum (So Paulo), lelabo, Menagrie de Verre, Point ephmre.

    AgradecimentoAndr Mubarac, Astrid Toledo, Daniel Perrier, Diane Brousse, eric Didri, Nathalie Collants, Pierre Reis e Thas Petzold.

    RealizaoJoo Fernando Cabral (RS) foi intrprete por vrios anos nas companhias de Jussara Miranda e eva Schul em Porto Alegre, criou a pea Ausncia, com a qual comeou a desenvolver uma dana-solo autoral sobre a questo da identidade; em 003, a fim de ampliar seu campo de pesquisa, foi para a Alemanha estudar dana-teatro e, em 005, mudou-se para a Holanda, onde estudou na escola Artez (eDDC) e aprofundou seus estudos em Release Technique; com a bolsa do Ministrio da Cultura francs; fez em 005-006 a formao essais no Centre National de Danse Contemporaine em Angers, frana, e desde ento mora e trabalha ora no Brasil, ora na europa; colabora, entre outros, com artistas como lorena Dozio, Benoit lachambre, leandro Kees, Daniel Perrier e Thas Petzold.

    HELENA VIEIRA

    mARIA JOSfruto de um questionamento sobre gnero e sua representao cnica. o aprofundamento na questo, antes circunscrita dicotomia feminino/masculino, traz hoje a pergunta: afinal, quantos gneros possvel representar em nossa performance cotidiana? o corpo em cena faz uma mediao entre o pblico e as narrativas presentes no corpo da intrprete: a pessoal e aquela do mundo no qual est inserida.

    Ficha tcnicaCriao e interpretao: Helena VieiraAssistncia: laura SmyFotos: Raquel DiasTrilha sonora: SauloDurao: 30 minutosApoio: Centro Cultural Jos Bonifcio (CCJB), TeX Studio de Dana e Studio Verstil

    AgradecimentosArtistas residentes no CCJB, grupo MobiCatena, laura erber, luiz de Abreu e Ricky Seabra.

    RealizadoraHelena Vieira (RJ) carioca, formada em dana contempornea pela escola Angel Vianna, mestre e bacharel em artes cnicas pela Universidade federal do estado do Rio de Janeiro (Unirio) e co-fundadora do projeto universitrio Teatro nas Prises (Unirio), tendo dedicado os ltimos anos do projeto ao trabalho com mulheres encarceradas; participou da fundao das companhias de dana lia Rodrigues, M. Groisman e Humas e desde 003 tem se dedicado a trabalhos-solo, seguindo as temticas: narrativa pessoal, gnero e revolta. em 003, criou El Segundo Sexo e, em 005, Simone da Bela Viso.

    JuLIANA mORAES / ANDERSON GOuVA

    um CORPO DO QuAL SE DESCONFIAA avalanche de imagens a que somos diariamente submetidos cria no indivduo o desejo de assemelhar-se ao que apresentado como socialmente positivo e d origem a uma nova relao do corpo com o espao. Pretendemos investigar o processo de "bidimensionalizao" do corpo com base na imagem e refletir sobre as possibilidades de aceitao e resistncia do sujeito a esse processo. Um Corpo do Qual Se Desconfia um mergulho nas entranhas dessas mudanas, como se os msculos, nervos e ossos pensassem, eles mesmos, sobre essa nova condio corporal.

    Ficha tcnicaPerformers e criadores: Juliana Moraes e Anderson GouvaAcompanhamento sonoro: larcio ResendeAssistncia de artes visuais: Adriana Affortunati, Rafaela Jemene e fernanda Bercovici

    Assistncia de produo: laura ColucciFotos: Juliana Moraes e Anderson GouvaDurao: horas (o pblico pode entrar e sair a qualquer momento)

    RealizadoresJuliana moraes (SP) formada em dana pela Unicamp, com especializao e mestrado pelo laban Centre de londres, professora do Unicentro Belas Artes de So Paulo e doutoranda em artes pela Unicamp.Anderson Gouva (SP) formado em dana pela Universidade Anhembi Morumbi e atua na Companhia oito Nova Dana e na Balangandana Cia.; desenvolveu projetos com Carlos Martins, Gabriela Rabello, Mariana Muniz, Thelma Bonavita e Marco Paulo Rolla.

  • 10 11

    CIA PHILA 7

    OP1Idealizado por Mirella Brandi, explora os limites entre o real e o imaginrio por meio dos princpios da optical art e da interao entre quatro artistas: lali Krotoszynski na coreografia-solo, Raimo Benedetti no vdeo, fbio Villas-Boas na msica e Mirella Brandi no desenho de luz e na direo artstica. Por meio de uma pesquisa coreogrfica feita com o corpo real e virtual em contraponto a propostas grficas criadas com base em luzes e vdeos, Op1 pretende interagir com hbitos mentais e a estabilidade da viso do espectador. a relao entre o real e o imaginrio por meio da interao entre dana, vdeo, luz e msica. Uma proposta que experimenta os limites do espao e da tecnologia no dilogo com o corpo; uma viso mgica que brinca com ambigidades dos sentidos, com paradoxos, com sonhos, construindo realidades alternativas.

    Ficha tcnicaConcepo, direo-geral e desenho de luz: Mirella BrandiCoreografia-solo: lali KrotoszynskiVdeo: Raimo Benedettimsica original: fbio Villas-BoasDramaturgia: Beto MatosDireo de produo: Marisa Riccitelli SantanaConsultoria: Rubens Velloso e Marcos Azevedo

    Assistncia de iluminao: Ari NagFotografia: Ricardo ferreiraRealizao: Cia Phila 7Durao: 35 minutos

    AgradecimentoAndrea Tedesco, Antonio Brandi, Anie Welter, Herana Cultural, luiz Cmara, Mara Spanghero, Natividad Brunet, Raul Teixeira, Santos Iluminao, Silvana Marcondes, Silvestre Jr. e Teatro Santa Cruz.

    RealizadorA Cia Phila 7 (SP) surgiu com a proposta de agregar as novas tecnologias miditicas sua pesquisa de linguagem. Com Play on Earth (006) tornou-se pioneira no uso da internet para a criao e apresentao de uma pea teatral que uniu trs elencos em trs continentes simultaneamente: Phila 7 em So Paulo, Station House opera em Newcastle (Inglaterra) e Cia Theatreworks em Cingapura. em 006, A Verdade Relativa da Coisa em Si, de Beto Matos e Marcos Azevedo (Prmio funarte de Dramaturgia), estria dentro da mostra Emoo Art.ficial 3.0, no Ita Cultural. No fim de 006, a designer de luz Mirella Brandi convida a coregrafa lali Krotozynski, Raimo Benedetti (vdeos) e fbio Villas-Boas (msica original) para a realizao do projeto de dana Op1.

    mARCELA LEVI

    IN-ORGANICestamos s voltas... arrodeando... empanzinados... empanturrados... dceis... magros... esbeltos... finos... fnebres. estamos s voltas... afiando os cascos... estourando estmagos... engolindo bois... deglutindo... deglutindo... deglutindo. estamos s voltas... a subjetividade reduzida ao corpo... do corpo espetculo ao corpo automodulvel.

    Ficha tcnicaConcepo, direo e interpretao: Marcela leviCriao: Marcela levi e Ana Carolina RodriguesColaborao dramatrgica e assistncia de direo: flavia MeirelesConcepo de espao, objetos de cena e figurino: Marcela leviDesenho de luz: Jos Geraldo furtadoFotografia: Claudia Garciamsica: Bruno RezendeProduo: Marlia Albornoz e Vernica PratesDurao: entre 5 e 30 minutos

    este espetculo foi contemplado com o Prmio Klauss Vianna (funarte/Petrobras).

    AgradecimentoBia Radunsky (Sesc Copacabana), Christophe Wavelet, Dani lima, Denise Stutz, fabrcia Martins, Ginetta levi Mortera, Paula guas, Srgio Rezende e Silvia Soter.

    Realizadoramarcela Levi (RJ) diplomou-se pela escola de Dana Angel Vianna (1996); foi membro da lia Rodrigues Companhia de Danas durante oito anos; em 00, comeou a desenvolver seus prprios projetos, que se situam entre a dana contempornea e as artes visuais; seus trabalhos foram apresentados em diversos festivais no Brasil, na frana, na Blgica, na ustria, no Reino Unido e em Portugal; paralelamente ao seu trabalho coreogrfico, colabora com os coregrafos Vera Mantero, Dani lima, Cristina Moura, Gustavo Ciraco, com os artistas visuais Tunga e Niura Bellavinha e com os fotgrafos Claudia Garcia e Manuel Vason.

    LETCIA SEKITO

    E Eu DISSE:"eu sou o que voc v e mais um pouco e menos um pouco. Talvez o contrrio, talvez o parecido, o avesso ou o inverso. Depende... Depende do qu? De onde estamos? De como voc me v e se v? Do que eu quero que voc veja? De como estou e como vou ficando? Talvez dependa do que voc deseja?" No solo E eu disse:, letcia Sekito continua a pesquisa sobre a relao entre corpo e cultura iniciada no solo Disseram que Eu Era Japonesa (004) e adentra no terreno controverso sobre as possibilidades de reconstruir e reinventar identidades transitrias no corpo. Prope "seqestrar" o rosto, seja camuflando-o, seja dando-lhe outras "caras". Como vai se organizar e sobreviver esse corpo sem cara? e como se organizar o olhar de quem v esse corpo? Um corpo-quase-corpo? Quais sero as possibilidades desse vir a ser um corpo? em quais catlogos identificadores poderia transitar esse corpo?

    Ficha tcnicaDireo e dana: letcia SekitoIluminao: Andr Bollmsica original e operao de som: Natlia Mallo, participao especial Jorge Peamsica: Olhos Castanhos (francisco Jos)Vdeo: Kika NicolelaCenrio, figurino e adereos: letcia SekitoFoto: Gil GrossiPreparao corporal: Ivan okuyama (respirao e aikid) e Mara Guerrero (pilates)

    Preparao vocal: Sandra XimenezVozes em off: Ching C. Wang, Jorge Pea, laurence leclercq, libia Harumi S. de freitas, Neca Zarvos e Simona MariottoApoio: Dilema Studio, espao A1, espao odissia, lado B Digital filmsDurao: 45 minutos

    AgradecimentoArnaldo lorenato, artistas do Rumos Dana 006-007, Cristina Salmistraro, Dora leo, estdio Nova Dana, fbio Novo, famlia e amigos, Jo Takahashi, leandro feigenblatt, luca Naser, luciana Bortolletto, Michiko okano, Pepita Prata, Plnio Higuti e R Teixeira (in memorian).

    RealizadoraLetcia Sekito (SP) coregrafa e danarina; trabalha com improvisao, criao coreogrfica e performance; formada pelo Centro em Movimento (CeM), lisboa; integra o Nada Dana; coordena a jam session do estdio Move, So Paulo; pesquisa os princpios do aiki na dana, com o sensei Ivan okuyama (Associao Pesquisa Aikido APA); ganhou a Bolsa Rede Stagium 97 e o Prmio estmulo Dana 003 e recebe apoio cultural da fundao Japo desde 004; trabalha regularmente com a videoartista Kika Nicolela videoarte Atravs, 003, e videoinstalao Flux, 004, de Kika e Suzy okamoto. Trabalhou de 1998 a 006 no estdio Nova Dana, dirigiu os solos de dana A Perseguida, 004, de Ricardo Neves, e Toca, 005, de luciana Bortoletto, e foi assistente de direo de Lugar Comum, 003, de Mara Guerrero.

    mAuRCIO DE OLIVEIRA

    DEGELO a busca de uma condio pura do ser onde nem os medos da decadncia fsica ou da perda da beleza interferem no reconhecimento e no coroamento da fora que conquistada com o passar do tempo. Degelo histria escorrendo pelos poros em direo a um "para sempre". o resgate da fora que nasce do silncio propondo uma cura no esprito.

    Ficha tcnicaIntrpretes: Mauricio de oliveira e Marina SalgadoIntrprete convidada: lilia ShawDireo e coreografia: Maurcio de oliveiraCenografia: Z Silveira e Maria DudaIluminao: Domingos QuintilianoFigurino: Cssio BrasilTrilha: Gilberto Assismaquiagem: Westerley DornellasFotografia: Silvia Machado

    Produo: Wooz Arte & Cultura

    AgradecimentoBal da Cidade de So Paulo (BCSP).

    Realizadoresmaurcio de Oliveira (Go) diretor e coregrafo da Siameses; retornou ao Brasil em 004, depois de morar alguns anos na Alemanha, onde realizou trabalhos importantes como coregrafo e bailarino.Siameses condensa todas as informaes oriundas do estudo da dana e qualquer outra tcnica corporal que favorea a apreenso dos mecanismos de funcionamento da estrutura fsico-mental do indivduo; desenvolve o hbito do pensar filosfico, fazendo com que a reflexo seja parte integrante do processo criativo da companhia; cria uma unidade consistente do corpo e da mente em que o bailarino saiba expor e definir com clareza a funo e a razo de seu agir artstico.

  • 1 13

    mOVASSE

    ImAGENS DESLOCADAS o espetculo criado com base em uma pesquisa sobre a comunicao fsica entre bailarinos por meio da imagem. Chamamos de "videocarta" o registro do improviso do bailarino em um ambiente, obrigatoriamente no-convencional. esse registro se tornou o fio condutor para comunicao e contaminao do movimento. o bailarino deveria responder aos estmulos da "videocarta" antecedente, escolhendo o novo espao e sua ao nesse espao. em um segundo momento, encontra-se a composio do espetculo, que consiste na reelaborao e na reestruturao da matria coreogrfica proveniente dos vdeos, por meio da sensao do movimento. essa transposio provoca o deslocamento das imagens.

    Ficha tcnicaBailarinos: Andra Anhaia, Carlos Aro, ester frana e fbio DornasInterlocuo: Gabriela Cristfaro

    Produo: Jacqueline CastroTrilha sonora: Kiko KlausIluminao: Mrcio AlvesFigurino: Silma DornasCenrio: fabio ArajoDurao: 40 minutos

    RealizadorMovasse (ncleo de pesquisa em dana), sediado em Belo Horizonte, visa manter o trnsito livre de pessoas, informaes e idias. espao aberto para diversas formas de pensar a dana, alm de ser um lugar de discusso, debate, pesquisas terica e corporal. formado por Carlos Aro (PB), Andra Anhaia (Pe), ester frana e fbio Dornas (ambos de MG). Danarinos com diferentes formaes e informaes trabalharam juntos durante vrios anos e desenvolveram afinidades artsticas que os levaram a criar o Movasse.

    NCLEO ARTRIAS

    RuDOem Rudo, o Ncleo Artrias se depara com questes conectadas expanso da cultura consumista. Como os ideais de consumo se inscrevem em nossos corpos? De que maneira afetam nossos relacionamentos? em Rudo, o Ncleo criou repertrios de estados corporais transitrios, seguindo ideais de perfeio de diferentes cones produzidos por essa cultura. o espetculo integra, em tempo real, imagens videogrficas, trilha sonora e repertrios de movimentos que possibilitam outros significados e maneiras de olhar para a cultura consumista.

    Ficha tcnicaConcepo e direo: Adriana GrechiCriao e performance: eros Valrio, Tarina Quelho, Tatiana Melitello e Ricardo RodriguesTrilha sonora e performance: Dudu TsudaVideocriao e performance: Rodrigo GontijoIluminao: Dcio filhomontagem de luz: Manuel de oliveira

    Cenografia: Ncleo ArtriasFigurino: Tarina QuelhoFoto: Rodrigo GontijoProduo executiva: fractal Comunicao e Produo CulturalDurao: 47 minutosApoio: Ministrio da Cultura, funarte, MinC e Petrobras

    AgradecimentoNilta Cabeleireiros & Perucas.

    Realizadoro Ncleo Artrias (SP) formado por profissionais de dana, vdeo e msica e investiga a criao de estados corporais e de repertrios pessoais de movimento, discutindo, em procedimentos colaborativos, questes relacionadas ao mundo contemporneo; em 004, recebeu dois prmios APCA, pelo espetculo Porque Nunca Me Tornei um/a Danarino/a e pelo projeto Teorema. o Ncleo Artrias dirigido por Adriana Grechi, coregrafa, graduada pela S.N.D.o. (Amsterd), uma das fundadoras da Cia. e estdio Nova Dana, e atualmente coordenadora do estdio Move (SP).

    NETO mACHADO / STPHANY mATTAN

    SOLuO PARA TODOS OS PROBLEmAS DO muNDOVoc essencial para o equilbrio do mundo e no est lendo este release por acaso. Voc foi chamado! Seu destino o enviou aqui porque voc precisa experienciar isso. Mas o qu? Problemas precisam de solues. e ns temos uma esperando por voc! Venha e confira! No perca a chance de garantir sua satisfao*.

    * Trocas, reclamaes e sugestes pelo site www.solucaoparatodososproblemasdomundo.com.

    Ficha tcnicaConcepo: Stphany MattanPesquisadores: Cndida Monte, Neto Machado e Stphany MattanIntrpretes: Neto Machado e Stphany Mattanmsica: Heal the World (Michael Jackson), Sing a Song (The Carpenters) e Hora Arabeasca (Gili Gabardi)Produo: Cndida MonteIluminao: fbia GuimaresTcnico udio e vdeo: lo fressatoDurao: 40 minutosRealizao: Couve-flor Minicomunidade Artstica Mundial

    AgradecimentosAna luiza Pires, Andrea lerner, Angelo Cruz, Anita Gallardo, Beto Batata, Cndida Monte e famlia, Cleydson Nascimento, Couve-flor Minicomunidade Artstica Mundial, Dbora Vecchi, equipe da Casa Hoffmann Centro de estudos do Movimento, fernanda Grecco Sass, fernanda Zamoner, fundao Cultural de Curitiba, Giancarlo Martins, Henrique faria, Juliano Monteiro, leo fressato, luciana Navarro, luiz Bertazzo, Mrcio Mattana, Michael Jackson, Pablo Colbert, Paulo Biscaia filho, Rosane Chamecki, Tempo Arte, Viva Academia, Well Gutti e s nossas famlias.

    RealizadoresNeto machado e Stphany mattan (PR) so graduados no curso de artes cnicas da faculdade de Artes do Paran, foram bolsistas da Casa Hoffmann Centro de estudos do Movimento, onde iniciaram uma pesquisa conjunta que se desenvolve at hoje; fazem parte dessa pesquisa os trabalhos Quero Saber do Q. Estou Falando!, Metforas (Ttulo Provisrio) e Soluo para Todos os Problemas do Mundo, do coletivo de artistas Couve-flor Minicomunidade Artstica Mundial, que em 006 desenvolveu o projeto Couve-Flor Tronco e Membros, contemplado com o Prmio Klauss Vianna (funarte-Petrobras).

    ROBERTO RAmOS / GuSTAVO RAmOS

    SPIRO um estudo dinmico que condensa som, forma e movimento em uma linguagem hbrida que no se define propriamente como msica ou dana. os objetos utilizados funcionam como instrumentos inerciais, e suas diferentes configuraes constroem o estado abstrato da pea com base em uma composio geomtrica e minimalista. A materializao no espao de um corpo sonoro se faz presente em contraste com o silncio.

    Ficha tcnicaDireo: Roberto RamosConcepo e desenvolvimento: Roberto Ramos e Gustavo RamosPesquisa sonora: Gustavo RamosProjeto cnico, estrutura metlica e objetos: Roberto RamosOperao de luz: Guilherme PiazzoOperao de som: franklin WeissPerformance: Catalina Cappeletti, Gustavo Ramos e Roberto Ramos

    Produo: ZiziDurao: 55 minutos

    RealizadoresRoberto Ramos e Gustavo Ramos (SP) desenvolvem trabalhos com base na observao de situaes cinticas especficas, tendo como foco principal a construo e a percepo sensorial do movimento; fundaram o projeto D.A.M., que objetiva a elaborao de uma linguagem artstica hbrida, de aspectos dinmicos e estticos particulares; e seus trabalhos tm sido apresentados nos mais diversos eventos e locais relacionados dana e s artes visuais, como o Museu de Arte Moderna de So Paulo e The Place Theatre, em londres.D.A.m. Desenvolvimento Anmico do movimento: projeto de desenvolvimento de um pensamento artstico e filosfico que se concentra na integrao de vrias linguagens dinmicas, visando atingir um estado de criao, percepo e atuao, traduzido e transcrito para o espao material por meio de elementos fsicos e sensoriais.

  • 14 15

    SHEILA RIBEIRO / JOSH S.

    ORGANIZADOR DE CARNEGonna kill and destroy, I am not an animal boy.Com base numa aventura no Departamento estadual de Investigaes Criminais (Deic), a coreografia especula o que ser gente no trnsito e na construo da tica contempornea. Tabu, racismo, o politicamente correto, etologia, design interno e publicidade projetam matria bruta desejante. o poder se deslocando no chamado momento ps-colonial. Por exemplo, o edgar Morin um filsofo francs bem aqui no meu cu. Gente? Animal? Ps-humano? Quem e o que organiza a sua carne?

    Ficha tcnicaConceito e direo-geral: Sheila RibeiroElenco: Sheila Ribeiro e Josh S.Som: Josh S.Assistncia de direo: Carolina laranjeiraProduo executiva: olvia Pontes e Maria Isabel Ribeiro (dona orpheline)Produo tcnica: Rafael ortegaPesquisa digital: Daniel CorsiDurao: 1 hora

    AgradecimentosBruno Simes, Dimitre lima, Guga Carvalho, Mrio Ramiro e Massimo Canevacci.

    RealizadoresSheila Ribeiro (dona orpheline) (SP) interessa-se pelas dinmicas de poder; trata a iluso e o desejo no mbito da comunicao contempornea em projetos coreogrficos para instalao, palco e videodana, entre So Paulo, Montreal, Roma e o mundo rabe; colabora com Benot lachambre, Massimo Canevacci, Sophie Deraspe, Joe Hiscott, Maurcio Pereira, edgard Scandurra e Joe Nachef, entre outros. J se apresentou no Montpellier Danse, no Kunsten Festival des Arts (Bruxelas), no Festival Thtre des Amriques e no Festival des Films sur lArt (Montreal), no Kunstnernes Hus (oslo) e no Panorama de Dana (Rio de Janeiro).Josh S. (PI) msico, trabalha no eixo BrasilAmsterd e colabora com Marcelo evelin, Malgorzata Haduch, Gilberto Gawronski, loes van der Pligt, Samba Bloody Samba, Sambaque Torto & outros Ritmos; participou do Tim Festival, do VI Mercado Cultural, do Centro em Cena, do Eletrobatucada, do Rio Cena Contempornea, do Moving Arts Festival, do Fenart, do Mad Sunday e do lado2estereo.com.

    VALRIA VICENTE

    PEQuENA SuBVERSOPor meio do estudo do frevo me interessei pela relao entre risco, desequilbrio e alegria. essa experincia de vida, de pesquisa corporal, de vontade de sobreviver desconfia das oposies binrias, das oposies que apagam os componentes do que est entre as extremidades. Desconfia do que escolhemos para colocar nas extremidades. em vez de criar um sistema lgico, no contraditrio, optei por "convergir para um territrio de existncia" (Nahman Armony). entrar no mundo das micropercepes e viver o "agora como um tempo inchado at o limite", esse espao entre. A proposta articular informaes da dana frevo procurando distender o sentido da palavra alegria: alegria entendida como uma capacidade de traduzir informaes adversas em vontade de continuar vivendo; viver compreendido como um estado de risco que coloca em questo os limites entre dor e prazer, cair e suspender, esticar e encolher, num desejo de borrar dicotomias. A proposta , examinando a memria do corpo e as lgicas articulares criadas, investigar nuances do sentir, tonalidades de um prazer que viver em risco e em riso.

    Ficha tcnicaConcepo, direo e performance: Valria VicenteCoreografia: Valria Vicente e lda SantosProduo-geral: Afonso oliveiraProduo artstica: Marcelo Sena

    Cenografia: Jeanine ToledoIluminao: Saulo UchaFigurino: lda SantosVdeo: Vdeo TeipeDireo: Jeanine Toledo Coordenao das filmagens: Mrio RiosEdio: Rafael MaiaDireo de fotografia: Joo Paulo MageroTrilha musical: Silvrio Pessoa e Yuri Queiroga (coletivo Derruba Jazz)Coordenao: Silvrio PessoaBases eletrnicas: Yuri QueirogaConvidados: Rivotrill e TrombonadaFotografia: Brbara WagnerDurao do espetculo: 5 minutos

    RealizadoraValria Vicente (Pe) coordenadora do Acervo RecorDana, desenvolvido pela fundaj e pela Associao Reviva; mestranda em artes cnicas pela UfBA, onde desenvolve estudo sobre a dana do frevo. Atua como pesquisadora, danarina e coregrafa; integra a escambo Cia. de Criao (Pe), que atua com dana e teatro; desenvolve trabalhos individuais desde 005 e colabora com a SUA Cia (BA).

    ALEX CASSAL / mICHELLE mOuRA

    GmEOSos gmeos John e Michael, diagnosticados como autistas, psicticos e retardados, mostravam uma capacidade mnemnica aparentemente ilimitada para dgitos, datas e fatos. Incapazes para a vida comum, esses gnios idiotas construram um mundo habitado apenas por eles dois. Um mundo feito de paisagens imaginrias, rotinas de movimento, nmeros primos, sistemas fechados, estranhamento, distanciamento, isolamento.

    Ficha tcnicaCriao: Alex Cassal, Clarice Silva e Michelle MouraConcepo e direo: Alex CassalAssistncia de direo e preparao corporal: Clarice SilvaIntrpretes: Alex Cassal e Michelle MouraTrilha sonora: lis lancasterDesenho de luz: Jos Geraldo furtado

    RealizadoresAlex Cassal (RS/RJ) historiador e atua no campo das artes performticas. em sua trajetria, iniciada em Porto Alegre, passou pelo teatro de rua, pelo circo, pela performance e pela dana. Integra o Centro de estudos e Aes Solidrias da Mar (Ceasm), no Rio de Janeiro, e colabora com os artistas Dani lima, Denise Stutz, flavia Meireles, Gustavo Ciraco e lilyen Vass.Clarice Silva (RJ) bailarina e professora de dana graduada pela UniverCidade, em 005. Integrou o ex.e.r.ce, formao em dana contempornea do Centre Chorgraphique National de Montpellier, na frana, e trabalha atualmente com os coregrafos Joo Saldanha e Alex Neoral.michelle moura (PR/RJ) intrprete e criadora de dana contempornea; integra a Cia. Dani lima (RJ) e o Coletivo Couve-flor Minicomunidade Artstica Mundial (PR); foi bolsista na Casa Hoffmann Centro de estudos do Movimento, em 003, onde desenvolveu as pesquisas das peas Selecta 1 e 2. Tambm criou Linhas (de Pensamento), ou a Tarefa de Dizer Coisas Importantes para Pessoas Romnticas (005).

    VANILTON LAKKA

    OuTRAS PARTESOutras Partes a continuidade do projeto O Corpo a Mdia da Dana?, desenvolvido entre 005 e 006. Proposio que investiga a criao de movimentos e instrues coreogrficas em suportes de informao alm do corpo humano e sua presena cnica, tais como o computador, o telefone, a web, o vdeo, a animao, o cinema de dedo e a instalao. Autnomos, esses suportes implementam novos pontos de conexo para a dana, ampliam o alcance de pblico e deixam claro o papel de interator que deveria ser ocupado por cada um de ns.

    Ficha tcnicaConcepo-geral: Vanilton lakkaIntrpretes: Vanilton lakka, Cloifson luis e fbio CostaFormatos coreogrficos, criao e execuo: Vanilton lakka e Mauricio leonardFormato site, fotografia, manual de instruo e instalao:

    Mauricio leonardDesenhos flip book: Rafael VenturaVdeo: Nara Sbreebowmsica: Maria Elena (Xavier Cugat), Al Son de Los Cueros (la Sonora Carruseles), Se Ela Dana Eu Dano (MC Marcinho)Consultoria e texto: Mara SpangheroDurao: aproximadamente 30 minutos

    RealizadorVanilton Lakka criador-intrprete premiado pela Associao Paulista de Crticos de Artes (005). Integra a Cia. Mrio Nascimento e faz direo artstica do projeto Circuladana (MG). Participou do programa Territrio Minas, dentro do Frum Internacional de Dana, em 003 e 005. Graduado em cincias sociais, tem desenvolvido propostas que discutem o formato de obras de dana, examinando o lugar da dana no corpo e o lugar do corpo na dana, seja por meio da utilizao de outros suportes fsicos, seja pela reflexo acerca da tcnica corporal empregada.

  • 16 17

    em que divulga a abertura do edital. Assim, em 006 foram realizados 16 seminrios, sempre com o pesquisador daquela cidade e um profissional convidado para falar sobre dana contempornea, videodana, processo de investigao etc. As 16 cidades escolhidas para receber o seminrio foram Vitria, Porto Alegre, florianpolis, Braslia, Campo Grande, Manaus, Belm, Teresina, So lus, Goinia, Aracaju, Macei, Natal, Joo Pessoa, Recife e Campinas.

    Sua particularidade, ao focalizar a produo em dana contempornea, reside em privilegiar no o produto para consumo imediato na vida lquida moderna1, mas, sim, o que o move, a pesquisa artstica.

    e o que , pode ser, ser ou seria pesquisar em dana contempornea?

    Pesquisar implica buscar, procurar, perguntar e... duvidar. De forma organizada e sistemtica; em outras palavras, com mtodo.

    possvel investigar de forma sistemtica nas artes? Quais so os mtodos para a criao em dana contempornea? existem mtodos para a criao artstica? Seria to bom se tivssemos mtodos como as cincias!

    As cincias produziram mtodos, metodologias e procedimentos ao longo de sua histria, verdade. e as artes, no? Sim. Contudo, talvez no tenhamos tantos epistemlogos nas artes como os temos nas cincias, ou talvez no os conheamos nem os queiramos ouvir. Quando se trata de pensar em sistematizao e/ou identificao de formas e processos de criar, os artistas assumem diferentes posturas. entretanto...

    Adriana de Faria Gehres

    1. Em primeiro lugar...escrever um texto sobre o programa Rumos Ita Cultural Dana 006-007 talvez tenha sido uma das tarefas mais difceis que nos impingimos nestes ltimos anos. Primeiro porque contvamos com total liberdade para faz-lo; depois porque o texto seria divulgado em um livro acompanhado por reflexes sobre as dinmicas da dana contempornea nas diversas regies, estados e cidades do Brasil; tambm porque seria escrito aps a apresentao e anlise de 5 trabalhos de dana, resultado dos projetos de pesquisa selecionados entre 534 propostas por uma comisso da qual fizemos parte; e, por fim, porque h tempos no refletimos de forma escrita sobre cultura e arte.

    Como cincia e arte fazem parte do nosso percurso desde sempre, optamos por tentar estabelecer tnues analogias entre essas duas invenes humanas com o sentido de criar uma teia nada radical, como vocs podero observar de reflexes sobre o Rumos Dana 006, mais especificamente sobre as pesquisas para desenvolvimento de obra coreogrfica.

    2. Era uma vez...o Rumos Dana composto de: um mapeamento da dana contempornea no Brasil, o qual constitui um banco de dados disponvel no site do Instituto Ita Cultural; a publicao de livros que procuram sistematizar e refletir sobre essa informao; a seleo de propostas no mbito da dana contempornea e da videodana, as quais apresentam resultados em eventos trianuais. o programa dura de dois anos a dois anos e meio (abertura das inscries, seminrios, seleo, divulgao dos resultados, tempo para os artistas trabalharem, mostra, difuso pelo Brasil e fora do Brasil). o incio de cada edio realiza seminrios ao mesmo tempo

    dirio com muitas fronteiras: o rumos ita cultural dana 006/007

    aplica-se, na deduo, a interpretar esses casos particulares, com base no ponto de vista geral (Besnier, 000, p. 37).

    em dana, por exemplo, identificamos mtodos de criao coreogrfica que pressupem tcnicas de movimento e de composio j determinadas (premissas presumidas indiscutveis). Decompomo-nas, recompomo-nas e criamos um novo espetculo para apresentar outra explicao possvel para o nosso objeto, o qual existe a priori: uma histria, uma emoo, um sentimento. ou no temos explicaes a priori porque no temos um corpo de movimentos e/ou formas de composio preestabelecidos. Identificamos as formas possveis de fazer, organizar, desorganizar as informaes que vamos recolhendo nos nossos e em outros corpos, nos nossos e em outros lugares. Por fim, apresentamos nossas interpretaes do observado. As leis procuradas?

    os mtodos, mais e menos, combinados, ancorados em teorias do conhecimento, mais e menos, racionalistas, empiristas, positivistas, fenomenolgicas, sistmicas, caticas, apontaram para o desenvolvimento de metodologias, procedimentos, aes, experimentaes, experincias, dentro e fora dos laboratrios. e na dana contempornea? encontramo-nos ou no diante de metodologias, processos, pesquisas que aprofundam o duvidar em dana? e isso que nos move, ou no?

    Grosso modo, costumamos identificar algumas fases para a configurao de uma pesquisa. entretanto, antes mesmo de apresent-las, ressaltamos que no so fases que se desenvolvem consecutivamente, mas, sim, concomitantemente, recorrentemente, retroativamente, caoticamente.

    Cientistas e artistas, no seu processo de inveno do mundo, fazem escolhas para acessar e apresentar as suas questes e proposies. estas esto diretamente relacionadas aos indivduos, seu tempo e seu lugar. A repetio da forma como essas escolhas se estabelecem os mtodos aponta para procedimentos gerais as metodologias que indicam as melhores formas para conduzir as investigaes.

    entretanto, pesquisar um proc