caso marcelo e leonardo

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PÁGINA 4 Fortaleza FORTALEZA - CE, QUARTA-FEIRA - 30 DE NOVEMBRO DE 2011 E agora ENTENDA A NOTÍCIA Depois do adiamento, o julgamento do ex-capitão Daniel Gomes Bezerra deve ser realizado na próxima quarta-feira, 7. Ele é acusado de homicídio qualificado por motivo fútil dos irmãos Marcelo e Leonardo Teixeira. Iguatu] Júri de ex-capitão é adiado e familiares se revoltam Uma das testemunhas de defesa não compareceu. Familiares e amigos criticaram a decisão e pediram justiça. O ex-capitão é acusado de matar os irmãos Marcelo e Leonardo Teixeira Gabriela Meneses [email protected] Landry Pedrosa [email protected] Os pais dos jovens não aguentaram a emoção. Nelson e Célia Teixeira deixaram o Fórum, chorando muito, amparados por familiares e amigos FOTOS JESSICA WELMA/ESPECIAL PARA O POVO Para entender 17/3/2007 Segundo testemunhas, os irmãos Marcelo, 26, e Leonardo Teixeira, 24, estudantes de Medicina, estavam na churrascaria Vilson Grill, em Iguatu. Por volta de três horas da manhã, Marcelo teria saído para urinar próximo ao carro do capitão Daniel Bezerra. Quando chegou a seu carro, Daniel teria passado a chutar e esmurrar Marcelo, que caiu. O capitão teria sacado uma arma e atirado em Marcelo. O irmão do rapaz foi tentar conter Daniel e também acabou levando um tiro. Os dois morreram a caminho do hospital. Daniel fugiu. Pela manhã, o oficial da PM se apresentou à delegacia de Jaguaribe. Disse que foi agredido pelos irmãos e que a arma utilizada pertenceria a um deles. O PM estava, no dia do crime, de posse de uma arma ponto 38, pertencente à PM, e por isso acabou detido no quartel do Batalhão de Choque, em Fortaleza. Abril de 2007 Daniel foi interrogado pelo juiz Wottton Ricardo Pinheiro da Silva, da Comarca de Iguatu. Ele alegou legítima defesa, e chegou a chorar no fim da audiência. Fevereiro de 2008 Daniel perdeu a patente de capitão. Expulsão foi assinada pelo governador Cid Gomes. Março de 2009 O juiz de Iguatu determinou que o acusado aguardasse na prisão em que se encontrava, o julgamento pelo Tribunal Popular do Júri de Iguatu. Abril de 2011 TJ determinou que Daniel seja levado a júri popular em Fortaleza. O pedido pela transferência foi feito sob a justificativa de que o pai das vítimas teria influência na região – podendo exercer algum ânimo no estado dos jurados. 29/11/2011 Já estava tudo pronto para o julgamento que deveria começar, mas foi adiado para o dia 7 de dezembro pela ausência de uma das testemunhas de defesa, o tenente-coronel Geovane Alcoforado. Julgamento em imagens MAURI MELO Filas, choro e revolta 1) Durante toda a manhã, a presença de policiais do Batalhão de Choque, onde o ex-capitão Daniel Gomes está preso desde 2007, foi constante. Quem foi assistir ao julgamento, teve de enfrentar fila. 2) Membros da APAVV colocaram uma faixa em frente ao Fórum, pedindo justiça. 3) Familiares e amigos se emocionaram ao saber que o julgamento seria adiado. 1 2 3 ADIAMENTO meus dois anjinhos”, deses- perava-se, aos gritos, a mãe. Ela chegou a desmaiar na saída. Lá fora, Célia agarrou a faixa colocada em protesto por membros da Associação dos Parentes e Amigos de Ví- timas da Violência (APAVV), com a foto dos dois jovens, e a beijou. “As cartas já estavam marcadas”, era o que conse- guia falar o pai, emocionado. Surpresa Para o advogado Delano Cruz, responsável por apre- sentar a tese de defesa de Da- niel, o atestado da testemunha foi “uma surpresa”. E acres- centou que o depoimento do tenente-coronel era conside- rado “imprescindível” desde 2009. Por outro lado, o promo- tor de Justiça Francisco Mar- ques Lima afirmou que o fato não causou nenhuma surpre- sa. “O adiamento do julgamen- to foi uma estratégia da defe- sa. Vamos aguardar o dia 7. A decisão foi legítima”, resumiu o advogado Paulo Quezado, as- sistente do Ministério Público no julgamento. Por volta das 10h45min, logo após a saída da família, O POVO esteve presente no 1º Salão do Júri do Fórum, no momento em que ex-ca- pitão Daniel Gomes foi con- vocado pela escrevente Ro- berta Holanda para assinar a ata do adiamento do jul- gamento. Ele também foi in- formado sobre a nova data. O ex-capitão se apresentou escoltado por PMs do Bata- lhão de Choque, onde está preso desde 2007, por ser ex- policial e por ter nível supe- rior completo. Tenso, Daniel preferiu ficar em silêncio. Mesmo antes das 9 horas, horário marcado para o início do julgamento, muitas pessoas já se aglomeravam em filas na entrada do Fórum Clóvis Beviláqua. Foram distribuídas cerca de 300 senhas pelo Tribunal de Justiça na semana passada. Ontem, muita gente ainda tentava entrar no 1º Salão do Júri, mesmo sem senha. Ou no 2º Salão, onde os presentes poderiam acompanhar o julgamento pelo telão. Às 9h50min, O POVO soube com exclusividade que o julgamento seria adiado. Minutos depois, a informação foi confirmada pela assessoria de imprensa do fórum. Na saída dos familiares, muitas pessoas que estavam por perto não conseguiram segurar as lágrimas. Também aproveitaram a oportunidade para pedir justiça. Bastidores REVOLTA Familiares e amigos deixam o fórum emocionados Depois da decisão do adiamento, familiares e amigos dos irmãos Marcelo e Leonardo Teixeira, além de representantes da Associação dos Parentes e Amigos de Vítimas da Violência (APAVV), deixaram o Fórum Clóvis Beviláqua emocionados. Sílvia Moreno, uma das tias dos médicos, saiu do local chorando muito. “É uma vergonha. Estamos nesse calvário há quatro anos e oito meses. O coração da nossa família está dilacerado”, lamentava. Outro tio dizia que “foi uma manobra. E ainda tivemos que ver o réu. Isso acaba com nossa família”, afirmou. Oneide Braga, fundadora da APAVV, em lágrimas, também protestava contra o adiamento do julgamento. “Isso é revoltante. Eu não sei como eles estão resistindo. A APAVV tem mais de mil casos e só em cinco foram feitos justiça”. A defesa do ex-capitão Daniel Gomes afirmou, logo após o adiamento, que, durante o julgamento, vai pedir atenuantes, caso Daniel Gomes seja condenado pela morte dos irmãos, em Iguatu. Segundo Delano Cruz, advogado de defesa, serão três pontos principais. Um é a legítima defesa. O outro é o homicídio privilegiado (quando se age sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima). E o último é a desqualificação do homicídio qualificado para simples. (GM/LP) “A creditamos na justiça de Deus. Clamamos pela justiça dos homens”. O cla- mor, estampado nas camisas cor de luto de familiares e amigos dos irmãos Marcelo e Leonardo Teixeira, preci- sou aguardar. O encontro do ex-capitão da Polícia Militar Daniel Gomes Bezerra com o Tribunal do Júri Popular, marcado para a manhã de ontem, no Fórum Clóvis Be- viláqua, foi adiado para a pró- xima quarta-feira, 7. Daniel é acusado de matar os dois ir- mãos em de março de 2007, numa churrascaria em Iguatu, a 384 quilômetros da Capital. O adiamento deveu-se à ausência de uma das cinco testemunhas de defesa: o te- nente-coronel Geovane Alco- forado. O oficial, na época, era comandante da 2ª Companhia do 2º Batalhão da PM, sedia- da em Iguatu. Alcoforado, por meio de um atestado médico, justificou a ausência. O atesta- do foi enviado por fax de Rus- sas para a diretoria do fórum. O tenente-coronel atualmente é comandante do 1º Batalhão da Polícia Militar de Russas. Além das cinco testemunhas de defesa, mais quatro de acu- sação deveriam ser ouvidas. Tudo estava pronto para o início do julgamento. Pa- rentes, amigos, pessoas so- lidárias à dor da família e estudantes de Direito já esta- vam acomodados no 1º Salão do Júri do fórum. A decisão foi anunciada aos presentes, pouco depois das 10 horas, pela juíza Danielle Pontes de Arruda Pinheiro, titular da 1ª Vara do Júri, que presidiria o julgamento. Os pais dos jo- vens não aguentaram a emo- ção. Nelson e Célia Teixeira deixaram o fórum, chorando muito, amparados familiares e amigos. Em meio às lágrimas de tristeza e revolta, pediam jus- tiça. “Cadê a Justiça do meu Brasil? Como se adia por nada o julgamento de um assassino, réu confesso, que matou co- vardemente meus dois filhos,

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Notícias históricas sobre o caso no O POVO

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PÁGINA 4 Fortaleza FORTALEZA - CE, QUARTA-FEIRA - 30 DE NOVEMBRO DE 2011

E agora ENTENDA A NOTÍCIA Depois do adiamento, o julgamento do ex-capitão Daniel Gomes Bezerra deve ser realizado na próxima quarta-feira, 7. Ele é acusado de homicídio qualificado por motivo fútil dos irmãos Marcelo e Leonardo Teixeira.

Iguatu] Júri de ex-capitão é adiado e familiares se revoltam Uma das testemunhas de defesa não compareceu. Familiares e amigos criticaram a decisão e pediram justiça. O ex-capitão é acusado de matar os irmãos Marcelo e Leonardo Teixeira

Gabriela Meneses [email protected] Landry Pedrosa [email protected]

Os pais dos jovens não aguentaram a emoção. Nelson e Célia Teixeira deixaram o Fórum, chorando muito, amparados por familiares e amigos

FOTOS JESSICA WELMA/ESPECIAL PARA O POVO

Para entender 17/3/2007 Segundo testemunhas, os irmãos Marcelo, 26, e Leonardo Teixeira, 24, estudantes de Medicina, estavam na churrascaria Vilson Grill, em Iguatu. Por volta de três horas da manhã, Marcelo teria saído para urinar próximo ao carro do capitão Daniel Bezerra. Quando chegou a seu carro, Daniel teria passado a chutar e esmurrar Marcelo, que caiu. O capitão teria sacado uma arma e atirado em Marcelo. O irmão do rapaz foi tentar conter Daniel e também acabou levando um tiro. Os dois morreram a caminho do hospital. Daniel fugiu. Pela manhã, o oficial da PM se apresentou à delegacia de Jaguaribe. Disse que foi agredido pelos irmãos e que a arma utilizada pertenceria a um deles. O PM estava, no dia do crime, de posse de uma arma ponto 38, pertencente à PM, e por isso acabou detido no quartel do Batalhão de Choque, em Fortaleza. Abril de 2007 Daniel foi interrogado pelo juiz Wottton Ricardo Pinheiro da Silva, da Comarca de Iguatu. Ele alegou legítima defesa, e chegou a chorar no fim da audiência. Fevereiro de 2008 Daniel perdeu a patente de capitão. Expulsão foi assinada pelo governador Cid Gomes. Março de 2009 O juiz de Iguatu determinou que o acusado aguardasse na prisão em que se encontrava, o julgamento pelo Tribunal Popular do Júri de Iguatu. Abril de 2011 TJ determinou que Daniel seja levado a júri popular em Fortaleza. O pedido pela transferência foi feito sob a justificativa de que o pai das vítimas teria influência na região – podendo exercer algum ânimo no estado dos jurados. 29/11/2011 Já estava tudo pronto para o julgamento que deveria começar, mas foi adiado para o dia 7 de dezembro pela ausência de uma das testemunhas de defesa, o tenente-coronel Geovane Alcoforado.

Julgamento em imagens

MAURI MELO

Filas, choro e revolta 1) Durante toda a manhã, a presença de policiais do Batalhão de Choque, onde o ex-capitão Daniel Gomes está preso desde 2007, foi constante. Quem foi assistir ao julgamento, teve de enfrentar fila. 2) Membros da APAVV colocaram uma faixa em frente ao Fórum, pedindo justiça. 3) Familiares e amigos se emocionaram ao saber que o julgamento seria adiado.

1

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ADIAMENTO

meus dois anjinhos”, deses-perava-se, aos gritos, a mãe. Ela chegou a desmaiar na saída. Lá fora, Célia agarrou a faixa colocada em protesto por membros da Associação dos Parentes e Amigos de Ví-timas da Violência (APAVV), com a foto dos dois jovens, e a beijou. “As cartas já estavam marcadas”, era o que conse-guia falar o pai, emocionado.

Surpresa

Para o advogado Delano Cruz, responsável por apre-sentar a tese de defesa de Da-niel, o atestado da testemunha foi “uma surpresa”. E acres-centou que o depoimento do tenente-coronel era conside-rado “imprescindível” desde 2009. Por outro lado, o promo-tor de Justiça Francisco Mar-ques Lima afirmou que o fato não causou nenhuma surpre-sa. “O adiamento do julgamen-to foi uma estratégia da defe-sa. Vamos aguardar o dia 7. A decisão foi legítima”, resumiu o advogado Paulo Quezado, as-sistente do Ministério Público no julgamento.

Por volta das 10h45min, logo após a saída da família, O POVO esteve presente no 1º Salão do Júri do Fórum, no momento em que ex-ca-pitão Daniel Gomes foi con-vocado pela escrevente Ro-berta Holanda para assinar a ata do adiamento do jul-gamento. Ele também foi in-formado sobre a nova data. O ex-capitão se apresentou escoltado por PMs do Bata-lhão de Choque, onde está preso desde 2007, por ser ex-policial e por ter nível supe-rior completo. Tenso, Daniel preferiu ficar em silêncio.

Mesmo antes das 9 horas, horário marcado para o início do julgamento, muitas pessoas já se aglomeravam em filas na entrada do Fórum Clóvis Beviláqua. Foram distribuídas cerca de 300 senhas pelo Tribunal de Justiça na semana passada. Ontem, muita gente ainda tentava entrar no 1º Salão do Júri, mesmo sem senha. Ou no 2º Salão, onde os presentes poderiam acompanhar o julgamento pelo telão. Às 9h50min, O POVO soube com exclusividade que o julgamento seria adiado. Minutos depois, a informação foi confirmada pela assessoria de imprensa do fórum. Na saída dos familiares, muitas pessoas que estavam por perto não conseguiram segurar as lágrimas. Também aproveitaram a oportunidade para pedir justiça.

Bastidores

REVOLTA

Familiares e amigos deixam o fórum emocionados

Depois da decisão do adiamento, familiares e amigos dos irmãos Marcelo e Leonardo Teixeira, além de representantes da Associação dos Parentes e Amigos de Vítimas da Violência (APAVV), deixaram o Fórum Clóvis Beviláqua emocionados. Sílvia Moreno, uma das tias dos médicos, saiu do local chorando muito.

“É uma vergonha. Estamos nesse calvário há quatro anos e oito meses. O coração da nossa família está dilacerado”, lamentava. Outro tio dizia que “foi uma manobra. E ainda tivemos que ver o réu. Isso acaba com nossa família”, afirmou.

Oneide Braga, fundadora da APAVV, em lágrimas, também protestava contra o adiamento do julgamento. “Isso é revoltante. Eu não sei como eles estão resistindo. A APAVV tem mais de mil casos e só em cinco foram feitos justiça”.

A defesa do ex-capitão Daniel Gomes afirmou, logo após o adiamento, que, durante o julgamento, vai pedir atenuantes, caso Daniel Gomes seja condenado pela morte dos irmãos, em Iguatu. Segundo Delano Cruz, advogado de defesa, serão três pontos principais.

Um é a legítima defesa. O outro é o homicídio privilegiado (quando se age sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima). E o último é a desqualificação do homicídio qualificado para simples. (GM/LP)

“A creditamos na justiça de Deus. Clamamos pela

justiça dos homens”. O cla-mor, estampado nas camisas cor de luto de familiares e amigos dos irmãos Marcelo e Leonardo Teixeira, preci-sou aguardar. O encontro do ex-capitão da Polícia Militar Daniel Gomes Bezerra com o Tribunal do Júri Popular, marcado para a manhã de ontem, no Fórum Clóvis Be-viláqua, foi adiado para a pró-xima quarta-feira, 7. Daniel é acusado de matar os dois ir-mãos em de março de 2007, numa churrascaria em Iguatu, a 384 quilômetros da Capital.

O adiamento deveu-se à ausência de uma das cinco testemunhas de defesa: o te-nente-coronel Geovane Alco-forado. O oficial, na época, era comandante da 2ª Companhia do 2º Batalhão da PM, sedia-da em Iguatu. Alcoforado, por meio de um atestado médico, justificou a ausência. O atesta-do foi enviado por fax de Rus-sas para a diretoria do fórum. O tenente-coronel atualmente é comandante do 1º Batalhão da Polícia Militar de Russas. Além das cinco testemunhas de defesa, mais quatro de acu-sação deveriam ser ouvidas.

Tudo estava pronto para o início do julgamento. Pa-rentes, amigos, pessoas so-lidárias à dor da família e estudantes de Direito já esta-vam acomodados no 1º Salão do Júri do fórum. A decisão foi anunciada aos presentes, pouco depois das 10 horas, pela juíza Danielle Pontes de Arruda Pinheiro, titular da 1ª Vara do Júri, que presidiria o julgamento. Os pais dos jo-vens não aguentaram a emo-ção. Nelson e Célia Teixeira deixaram o fórum, chorando muito, amparados familiares e amigos.

Em meio às lágrimas de tristeza e revolta, pediam jus-tiça. “Cadê a Justiça do meu Brasil? Como se adia por nada o julgamento de um assassino, réu confesso, que matou co-vardemente meus dois filhos,

7FORTALEZA-CE, dOmingO, 18 de março de 2007

FORTALEZA

c a p i ta l

Capitão mata dois irmãos médicosEM iGUatU ] O capitão da Polícia Militar Daniel Gomes Bezerra é apontado como autor do duplo assassinato dos irmãos Marcelo Moreno, 27, e Leonardo Teixeira, 25, recém-formados em Medicina. Segundo informações da Polícia, o crime ocorreu por motivos banais

Marcos Cavalcanteda Redação

U ma discussão banal acabou com a morte de dois irmãos, ambos médicos, em Iguatu,

a 395 quilômetros de Fortaleza. O autor do duplo assassinato foi o capitão da Polícia Militar Da-niel Gomes Bezerra. Segundo

informações do coronel Sérgio Magalhães, do Comando de Po-liciamento do Interior (CPI), o crime aconteceu por volta das três da manhã de ontem, em uma churrascaria de Iguatu. Os ir-mãos Marcelo Moreno Teixeira, 27, e Leonardo Moreno Teixeira, 25, estavam bebendo no estabele-cimento quando um deles foi uri-nar próximo ao carro do capitão,

estacionado no local. De acordo com o coronel, a

filha da esposa do capitão Daniel estava dormindo dentro do veícu-lo. A mãe da garota foi ver como estava a filha e viu o ocorrido. “Em seguida, ela foi avisar ao ca-pitão o que estava acontecendo, e ele e foi lá tomar satisfações. No meio da discussão, o capitão aca-bou atirando nos dois rapazes”,

explica o coronel. Marcelo e Leo-nardo levaram um tiro cada, mor-rendo no local. O capitão, que é comandante do destacamento de Mombaça, a 310 quilômetros da Capital, fugiu após o crime.

Segundo o coronel Geovan-ne Guedes, comandante da 2ª Companhia de Iguatu, a prisão do oficial é uma questão de ho-

ras. “Nós temos uma pista forte de onde ele possa estar e esta-mos com vários homens atrás dele. Todo o comando da Polícia Militar do Estado já foi aciona-do sobre o caso” , completa. De acordo com o coronel Geovanne, os irmãos Marcelo e Leonardo, recém-formados em Medicina, também residiam em Mombaça. “Talvez eles se conhecessem”, ressalta. O coronel explica que o capitão estava bebendo somente com civis. “Das testemunhas que conversamos, nenhuma delas fa-lou que haviam outros policiais militares com ele”, diz.

O coronel Geovanne explica

que o capitão, que é lotado em Mombaça mas reside em Iguatu, não estava de serviço no momento do ocorrido. “Por isso ele será julgado pela Justiça civil. Além disso, ele também passará pelo Conselho de Justificação, que decidirá ou não pela expulsão do capitão da Polícia Militar”, completa Geovanne. Ele explica que a conduta do capitão na Polícia Militar é boa, sem repreensões. “A delegacia de Polícia de Iguatu, onde foi feito o Boletim de Ocorrência, ainda vai ouvir as testemunhas e apurar melhor o que aconteceu”, explica Geovanne.

Os taxistas têm até o dia 15 de janeiro de 2008 para adaptarem seus carros, que agora terão de ser brancos. A medida, estabele-cida por decreto pela Prefeitura, tem o objetivo de padronizar a cor dos veículos da categoria. O diretor técnico da Empresa de Transportes Urbanos de Fortale-za (Etufor), Daniel Lustosa, acre-dita que assim se evitará a circu-lação de veículos irregulares e ajudará a manter a segurança dos taxistas e de seus clientes.

Daniel diz que 59% dos veí-culos já estão circulando na cor branca. Até o fim do prazo todos devem funcionar com o mesmo padrão ou serão apreendidos e só liberados com pagamento de mul-ta. Segundo Daniel, existem 4.072 profissionais da categoria fixos em Fortaleza, dos quais 68 são táxis Especiais Aeroporto, atuando por zonas. “Tanto os usuários quanto a fiscalização poderão identificar fa-cilmente um veículo que não é ca-dastrado, aumentando a segurança e qualidade do serviço”.

Daniel explica ainda que, além das vistorias anuais, sempre que um taxista realiza qualquer modi-ficação em seu veículo, ou o tro-ca, ele tem que levá-lo até a Etufor para uma vistoria especial. Dessa forma é possível ter um controle de como está a situação dos táxis na cidade.

O presidente do Sindicato dos Taxistas, Vicente de Paula Oli-veira, acredita que a padroniza-ção será benéfica para a catego-ria porque vai proibir a invasão de táxis particulares (piratas). Francisco José de Souza, taxista há 12 anos e coordena a frota de táxi credenciada ao North Sho-pping, também é favorável a pa-dronização. “A medida ajudará a organizar a categoria e trazer melhorias”. No entanto, Raimun-do Bastos, taxista há 20 anos, diz que a padronização é prejudicial. “O carro dos taxistas para a ven-da é desvalorizado e o fato de ser branco vai desvalorizar ainda mais”, explica.

Táxis serão padronizados

sErviçoO usuário que quiser sabe se um determinado veículo é cadastrado ou não, basta acessar o site da Etufor (www.etufor.ce.gov.br) na sessão central de serviços, em vistorias. Digitar o número da placa do veículo e logo receberá um informativo sobre o cadastro do carro

BREVESLIMPEZAO canal do bairro Jacarecanga começa a ser limpo na próxima terça-feira, 20. A informação é da Secretaria Executiva Regional I (SER I), revelando que o trabalho vai envolver a capinação das margens e retirada de vegetação, lixo e entulho que impedem o fluxo natural das águas. Encerrada essa etapa, as equipes envolvidas no trabalho farão o plantio de 100 mudas de nin indiano na área. O objetivo é repelir mosquitos e muriçocas com esse inseticida e fungicida ecológico.

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#Data: 070318 #Clichê: Primeiro #Editoria: Fortaleza
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#Autor: Marcos Cavalcante <ASSASSINATO> <MÉDICO> <IGUATU /CE/>
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<TÁXI> <SEGURANÇA> <FORTALEZA /CE/>
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Erramos
ERRAMOS O POVO errou na cobertura no duplo assassinato dos irmãos Marcelo e Leonardo Moreno Teixeira ao dizer que os dois eram médicos. O correto é que eles são estudantesde Medicina.

FALE COM A GENTE [ COTIDIANO ■ EdiTOREs: tânIA Alves e lIsIAne MossMAnn ■ FOnE: 85 3255 6147 - 3255 6024 ■ FAX: 85 3255 6139 ■ E-mAiL: [email protected] ] www.opovo.com.br

TEMPERATURA04h49min 3,1

10h53min 0,0

17h00min 3,2

23h15min 0,0

FAIXA LITORânEA Nebulosidade variável com chuvas isoladas.

REGIãO JAGUARIBAnA Nebulosidade variável com chuvas isoladas.

Fonte: Funceme - www.funceme.brFonte:Diretoria de Hidrografia e Navegação - DHN

SERRA DA IBIAPABA Nebulosidade variável com chuvas isoladas.

REGIãO DO CARIRI Nebulosidade variávelcom chuvas isoladas.

máXimA

30,0º C

mínimA

24,0º CCrescente 25/3

Cheia2/4

Minguante 10/4

nova 19/3

SERTãO CEnTRAL E InhAMUnS Nebulosidade variável com chuvas isoladas.

LUA DO MÊS

FORTALEZA-CE, sEgundA-FEiRA, 19 de março de 2007

FOrTaLeZaTEMPO NO CEARÁ HOJE MARÉS DO DIA

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Médicos foram mortos com arma de uso da PolíciaCHOQUE DE VERSÕES ] Exame cadavérico aponta que os dois médicos foram mortos com tiros de pistola .40, de uso da Polícia. A perícia encontrou marcas de agressão no corpo de uma das vítimas. À Polícia, o capitão disse que um dos rapazes estaria armado e que atirou para se defender

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Marcos Cavalcante eRicardo Moura da Redação

Os tiros que mataram os médicos recém-formados Marcelo Moreno Teixeira, 26,

e Leonardo Moreno Teixeira, 24, partiram de uma pistola .40, de uso restrito da Polícia. O POVO obteve a informação de duas pes-soas que estiveram presentes ao exame cadavérico das vítimas, realizado no Instituto Médico Legal (IML) de Quixeramobim. Na madrugada de sábado, os dois jovens foram mortos, com um tiro no abdome de cada um, pelo capitão PM Daniel Gomes Bezer-ra, no município de Iguatu, a 395 quilômetros de Fortaleza.

além da identificação dos projéteis, o exame feito no IML revela a existência de hematomas na testa, na boca e nas pernas de Marcelo Teixeira, que teriam sido resultado da agressão do policial. De acordo com uma das fontes ouvidas por O POVO, o médico

não teria chegado a travar luta corporal com o militar. Segundo a fonte, pelas marcas, ele deve ter levado uns dois murros e uns oitos chutes do capitão. “Foi uma execução pura e simplesmente. Um policial recebe instrução para lidar em situações muito mais graves como esta”, comen-tou um amigo da família, que não quis se identificar. Um exame de parafina, usado para detectar a presença de pólvora nas mãos, também foi feito, mas o resultado ainda não foi revelado.

O exame cadavérico dos mé-dicos foi feito na noite do último sábado, depois do velório e do cortejo até o cemitério de Mom-baça. Um empresário amigo da família disse que teve de esperar a multidão sair do local, por volta das 17h50min de sábado, para que os corpos pudessem ser levados ao IML de Quixeramobim. De lá, eles retornaram a Mombaça, já de madrugada. Só às 3 da manhã de domingo os dois irmãos foram definitivamente enterrados.

Os dados levantados pelo IML

trazem novos elementos ao cri-me. No depoimento que prestou na Delegacia regional de Jagua-ribe, o capitão, que é comandan-te do destacamento de Mombaça, disse que agiu em legítima defe-sa. ele apresentou-se à Polícia na tarde de sábado acompanhado de um advogado. O superior do ofi-cial, coronel Sérgio Magalhães, do comando de Policiamento do Interior (cPI), fala sobre a ver-são do capitão: “ele disse que foi tomar satisfação com um dos ir-mãos, que sacou uma arma. O ca-pitão disse que reagiu, conseguiu tomar a arma e atirou, mas rece-beu uma gravata do outro irmão, por isso teve de atirar também”, explica.

O comandante do cPI escol-tou o capitão Daniel ao quartel do Batalhão de choque (BPchoque), no centro de Fortaleza, onde de-verá permanecer detido por, pelo menos, cinco dias. O oficial so-mente está detido porque estava de posse de uma pistola .40, per-tencente à Polícia Militar. como ele estava de folga, não tinha au-

torização para andar com a arma da corporação. Segundo a Polícia, ele poderia usar uma arma parti-cular, desde que registrada. “Na versão do capitão, a arma es-tava dentro do carro e não teria sido disparada. Quanto à arma do crime, ele diz não saber onde ela se encontra. Fique claro que o depoimento do capitão não é a visão da PM”, explicou o coman-dante do cPI. Uma das fontes ouvidas por O POVO, contudo, afirma que o capitão estaria com duas pistolas no momento do cri-me: uma no cinto e outra no tor-nozelo, sendo que a última teria usada contra os médicos.

O delegado titular da Delega-cia regional de Iguatu, Marcos andré rodrigues, está à frente da investigação sobre a morte dos médicos. No fim de semana, a Polícia começou a tomar depoi-mentos das testemunhas. O dire-tor do Departamento de Polícia do Interior (DPI), delegado Na-poleão Timbó, esteve na região acompanhando o caso.

LEIA MAIS NA 5

1. Por volta das 3 horas da manhã de sábado, o estudante de Medicina Marcelo Teixeira sai da churrascaria onde estava bebendo com o irmão e dirige-se a um terreno baldio para urinar atrás de um Celta, de propriedade do capitão PM Daniel Gomes Bezerra. A mulher do capitão, que estava no carro, vê o estudante e avisa o marido.

2. De acordo com o relato de testemunhas, o capitão chega ao local e derruba Marcelo com um murro no rosto. O militar teria chutado a cabeça da vítima várias vezes e, em seguida, atirado contra o seu abdome. O irmão de Marcelo, o também estudante de Medicina Leonardo Teixeira, deixa a churrascaria e vai ao encontro do irmão.

3. O capitão PM teria, segundo testemunhas, abraçado Leonardo e disparado contra o abdome dele à queima-roupa. O militar disse à Polícia que teria disparado contra os jovens apenas para se defender. A arma, segundo ele, pertenceria aos estudantes. O projétil retirado do corpo das vítimas é de uma pistola .40, de uso exclusivo da Polícia.

COMO OCORREU O CRIME

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#Data: 070319 #Clichê: Primeiro #Editoria: Fortaleza
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#Autor: Marcos Cavalcante #Autor: Ricardo Moura <INVESTIGAÇÃO> <ASSASSINATO> <MÉDICO> <POLICIAL> <POLÍCIA MILITAR> <IGUATU /CE/>

7FORTALEZA-CE, TERçA-FEiRA, 20 de março de 2007

FORTALEZA

O capitão Daniel Gomes está preso no BPChoque, no bairro José Bonifácio. A “cela” do oficial não possui grades e possui certo conforto. “É como uma sala. Possui cama, tevê e um banheiro. Se não fosse pela gravidade da acusação, ele estaria circulando tranqüilamente pelas dependências do quartel”, revelou um policial militar, ao O POVO.

De acordo com o policial, o capitão poderia ficar no alojamento dos oficiais, mas houve um certo “desconforto” dos colegas. Se condenado pela morte dos irmãos, o capitão será encaminhado ao Instituto Penal Paulo Sarasate (IPPO), em Itaitinga. “Mas ele não ficaria junto aos presos comuns. Ficaria em uma ala conhecida como Vila Rica, destinada somente a policiais que cumprem penas”, informou o policial.

O capitão foi preso por duas medidas, uma judicial, e outra de caráter normativo da PM. Na tarde do último domingo, o juiz de Direito de Acopiara, Zanilton Medeiros, que estava de plantão no fim de semana, solicitou a prisão preventiva do capitão, que já confessou o duplo assassinato. O pedido de preventiva foi solicitado pelo delegado regional de Iguatu, Marcos André da Silva, que está investigando o caso. No parecer do magistrado, a afirmativa no pedido de prisão preventiva do oficial foi para assegurar a garantia da ordem pública.

Antes da solicitação da Justiça, o capitão já havia sido transferido para Fortaleza no sábado, depois que se apresentou em Jaguaribe, onde prestou depoimento na delegacia. Segundo o coronel Sérgio Magalhães, do Comando de Policiamento do Interior, o capitão, que é comandante do destacamento de Mombaça, confessou estar de posse de uma pistola ponto 40 (.40), que pertence à PM. Como estava de folga, ele não poderia estar portando uma arma da corporação, apesar de ter o direito de transitar com uma arma particular. No depoimento, o capitão disse que a pistola estaria dentro de seu carro, e não chegou a dispará-la. (NA/MC)

Há quase quatro anos, o motorista de ônibus Paulo Sérgio Barros de Freitas também foi morto por um policial militar, por um motivo banal. Após uma discussão de trânsito, o na época subtenente Wily de Oliveira Monteiro, que era lotado na Casa Militar, teria atirado na cabeça do motorista. O crime, ocorrido no dia 16 de agosto de 2003, aconteceu em frente à garagem da empresa Via Urbana, no bairro Lagoa Redonda, e foi presenciado por dois seguranças da empresa.

Na época, o policial militar afirmou que o tiro teria sido acidental. Apesar disso, em abril de 2004, ele foi considerado culpado pelo Conselho de Sentença do 3° Tribunal do Júri e condenado a 12 anos e seis meses de reclusão.

No mesmo ano, o então soldado da PM Francisco Ferreira Menezes foi condenado pelo Tribunal do Júri de Mulungu a 19 anos e seis meses de prisão pela morte do comerciante Aluísio Lopes de Queiroz. O crime ocorreu em outubro de 2000 e teria sido motivado por uma discussão de bar. Vítima e acusado bebiam juntos e, após uma discussão, o policial, que estava de folga, teria sacado a arma e atingido o comerciante com três disparos. (Carlos Henrique Camelo)

Delegado de Iguatu diz que médicos foram executadosDEPOIMENTOS ] Delegado conclui que irmãos, recém-formados em Medicina, foram executados pelo capitão da Polícia Militar Daniel Gomes Bezerra.

Testemunhas detalham assassinatos e dizem que arma seria do militar, provavelmente um revólver 38, cano curto. Capitão deve depor em Iguatu até a próxima sexta-feira

Nicolau Araújoda Redação

O delegado regional de Iguatu, Marcos An-dré, disse ontem ao O POVO que os irmãos

Marcelo Moreno Teixeira, 26, e Leonardo Moreno Teixeira, 24, foram executados pelo capitão da Polícia Militar Daniel Gomes Bezerra. O crime aconteceu na madrugada do último sábado, em frente a uma churrascaria, em Iguatu, a 377 quilômetros de Fortaleza. O oficial se encontra detido no quartel do BPChoque, no bairro José Bonifácio, em Fortaleza.

A conclusão do delegado tem como base os depoimentos de sete testemunhas que presen-ciaram quando o capitão teria atirado contra os irmãos. “Dois depoimentos contam com deta-lhes como tudo aconteceu e até a arma que foi usada pelo capitão. Investigamos a possibilidade de ser um revólver de cano curto e preto, provavelmente um 38”, disse o delegado ao O POVO, ontem à tarde.

Segundo o delegado, duas testemunhas contaram que Da-niel teria dado uma rasteira em Marcelo Moreno e passou a es-pancá-lo. Inicialmente, o capitão teria procurado uma arma em sua cintura, mas ela estaria no carro. “Então ele teria puxado o revólver, que chegou a cair no chão. Foi nesse momento que as testemunhas visualizaram a arma. Ele (capitão) então colheu a arma, empurrou uma das tes-temunhas e efetuou o disparo. O rapaz (Marcelo Moreno) caiu aos pés da testemunha, que cor-reu. O irmão da vítima chegou por trás do capitão, o agarrou e, ao contrário da versão da agres-são, ficou pedindo para que o capitão não matasse Marcelo. Mas Daniel conseguiu encostar a arma em seu (Leonardo Moreno)

abdome e efetuou outro disparo na arma”, disse o delegado.

Para o delegado Marcos An-dré, o depoimento do capitão Daniel na delegacia de Jaguari-be, quatro horas após os crimes, apresenta muitos pontos falhos. “O capitão tentou dar uma ver-são de legítima defesa e chegou a dizer que a arma seria de um dos rapazes. Mas ele entrou várias vezes em contradição. Se a arma pertencia às vítimas, por que o capitão não se lembra onde a colocou?”, observo u o titular da regional do Iguatu, que deverá tomar o depoimento do capitão até a próxima sexta-feira. Ainda segundo o depoimento do oficial, Leonardo teria dado uma gravata em seu pescoço, por isso ele teria atirado no rapaz.

Os irmãos Marcelo e Leonar-do Moreno foram mortos quando já estariam se preparando para deixar a churrascaria onde es-tavam em companhia de um tio, Weimar Moreno, por volta das duas horas da madrugada. Se-gundo testemunhas, como o es-tabelecimento estava fechando, Marcelo Moreno decidiu urinar atrás do veículo que pertencia ao capitão. A filha da namorada do oficial estaria dormindo no interior do carro. A mãe da ga-rota viu a cena e teria chamado o capitão, que teria começado a espancar Marcelo, dando início ao crime (em depoimento, o capitão teria dito que a menina estava chorando, o que foi des-mentido pelas testemunhas). CAPITÃO DA PM Daniel Gomes Bezerra está preso no BPChoque, no bairro José Bonifácio

FCO FONTENELE

Oficial está preso no BPChoque

Motorista assassinado em 2003

Segundo o delegado, duas testemunhas contaram que Daniel Gomes teria dado uma rasteira em Marcelo Moreno e passou a espancá-lo

Médicos passaram o dia trabalhando

Sonhos desfeitos. Assim definiu Weimar Moreno sobre a morte dos sobrinhos Marcelo, 26, e Leonardo Teixeira Moreno, 24, médicos recém-formados, assassinados na madrugada do último sábado pelo capitão da Polícia Militar Daniel Gomes Bezerra. “Fazia tempo que não os via, desde o Natal. No dia do crime, eles me disseram que haviam trabalhado 48 horas direto nos hospitais. Queriam juntar dinheiro para comprar um notebook moderno”, recorda- se Weimar, que estava com os rapazes na churrascaria Vilson Grill, estrada perimetral, em Iguatu.

De acordo com Weimar, os três já estavam se preparando para deixar o estabelecimento. Ele e Leonardo dirigiram-se ao caixa para pagar a conta, enquanto Marcelo teria ficado na mesa. “Eu quis pagar em dinheiro, mas o Leozinho disse que fazia questão de deixar a conta com ele, pois tinha sido um prazer me rever. Mas deu um problema na máquina de cartão e fomos tentar resolver”, recorda-se.

Ele diz não precisar quando o capitão começou a agredir Marcelo, pois estava com Leonardo no caixa. “Só ouvimos a confusão e fomos para lá. Quando chegamos, encontramos os garçons e o seresteiro tentando afastar o capitão, que estava chutando meu sobrinho, caído no chão”, ressalta. Weimar intercedeu pelo rapaz, pedindo para que o oficial se acalmasse, que ele não precisava ter feito

aquilo com o garoto. O tio disse que não saiu da

distância de um metro e meio do policial. Ele estaria tentando acalmá-lo, mas o oficial se abaixou e pegou a arma da perna. “Foi rápido. Vi a arma na mão dele, era pequenina e não tinha tambor, como os revólveres. Então ele atira no Marcelinho, que cai. O Leozinho se segura ao capitão e pede para ele não matar o irmão. Mas o oficial agarra o Leozinho e atira na barriga dele. Depois, sai correndo”, lamenta-se. Weimar disse que o capitão ainda teria ameaçado atirar nele também. “Fiquei de costas para ele, perto do Marcelinho”, completa.

Além de trabalhar no sábado, o fim de semana dos irmãos seria do lado da família, em Mombaça, onde moram seus pais. Leonardo era noivo de Clarissa Cavalcante, estudante de Medicina. Os dois iriam se casar em 2008. “O Leozinho era muito metódico. Os dois sempre foram bons meninos e eram exemplo para muitos jovens em Mombaça. Sempre estudiosos, não eram muito de sair. Eles estudaram no exterior, na Bolívia, e depois foram transferidos para Tocantins. Agora essa cara, que eu nunca tinha visto antes, acaba com a vida deles e toda a família”, diz Weimar, sem esconder a indignação. A missa de sétimo dia está prevista para acontecer na próxima sexta-feira, na igreja matriz de Mombaça, em horário a confirmar. (Marcos Cavalcante)

Psicóloga afirma que é preciso acompanhamento

Falta de equilíbrio emocional e de acompanhamento psicológico intenso foram os motivos apontados pela psicoterapeuta Virgínia Moreira para a atitude do capitão Daniel Gomes Bezerra. “Ele foi contra à expectativa. Em vez de oferecer segurança, provocou a violência”. Segundo ela, o policial não tinha capacidade emocional para ocupar o cargo que recebeu. “O acompanhamento psicológico é fundamental. Não só pela saúde dos policiais, como pelo bem estar da população”.

Outra questão levantada pela psicóloga é que haja uma maior exigência na seleção dos profissionais de segurança. Virgínia ressalta que o porte de arma é uma responsabilidade grande e só deve ser dada a quem tem equilíbrio sob suas reações. “Às vezes o profissional não vive bem, trabalha demais e acaba usando o pouco poder que tem para ter o mínimo de felicidade. No caso do capitão, ele não conseguiu lidar com a raiva do momento e se aproveitou do poder que tinha”.

Participante de uma pesquisa sobre depressão que envolveu as cidades de Fortaleza, Boston (EUA) e Santiago (Chile), ela relata que apenas os fortalezenses

apontaram como causa de doenças psicológicas a violência urbana. “As pessoas acabam convivendo com isso como se fosse uma coisa natural, mas a violência repercute a níveis emocionais enormes. A gente não se dá conta do desgaste de ter medo de ações básicas como parar no sinal”. Conforme Virgínia, isso indica que situações de violência banal, como a que ocorreu com os irmãos médicos, estão vinculadas diretamente com o aumento das doenças mentais.

Segundo o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Adail Bessa Queiroz, existem hoje duas maneiras de se chegar ao posto de capitão. A primeira é por meio de concurso e somente para

policiais com pelo menos 16 anos de carreira. Depois de passar por uma série de provas, um curso de seis meses e estágio de um mês, os oficiais podem compor o quadro administrativo da polícia. “Mas só podem ocupar funções administrativas”, destaca o coronel.

A outra forma de um policial chegar ao cargo de capitão é por meio de um concurso público realizado pela Universidade Estadual do Ceará (Uece), como ocorreu com o capitão Daniel. “É um vestibular como qualquer outro”, explica Bessa. Depois disso, os policiais são submetidos aos exames psicotécnico, físico e médico para ingressar na Academia de Polícia Militar. “Eles se tornam bacharéis em segurança pública, mas antes passam por uma série de exames e entrevistas realizados pela Junta Militar de Saúde”.

Bessa destaca que o Centro Psíquico-Social da PM, que foi criado em 1999, está em processo de institucionalização. Foi lançado um edital para a contratação de 30 profissionais de saúde. “O sistema está defasado, a quantidade de médicos já não atende à demanda. Mas estamos tentando reverter esta situação”. (Yanna Guimarães)

Outra questão levantada pela psicóloga é que haja uma maior exigência na seleção dos profissionaisde segurança. Virgínia ressalta que o porte de arma é uma responsabilidade grande

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#Data: 070320 #Clichê: Primeiro #Editoria: Fortaleza
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#Autor: Nicolau Araújo #Crédito: Fco Fontenele <DEPOIMENTO> <ASSASSINATO> <MÉDICO> <POLICIAL> <POLÍCIA MILITAR> <IGUATU /CE/>
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Erramos
ERRAMOS Na matéria, a sigla correta do Instituto Penal Paulo Sarasate é IPPS e não IPPO como foi publicado. Na mesma matéria, o correto é dizer que o juiz de Direito de Acopiara, Zanilton Medeiros, determinou a prisão preventiva do capitão. Ainda na matéria, a frase correta é "Antes da solicitação do delegado "e não Antes da solicitação da Justiça.

n Segundo o relato de testemunhas, os irmãos Marcelo, 26, e Leonardo Moreno Teixeira, 24, médicos residentes, estavam na churrascaria Vilson Grill, em Iguatu. Os dois estavam em companhia de um tio, Weimar Monteiro. Por volta de três horas da manhã de sábado, Marcelo teria saído para urinar próximo ao carro do capitão Daniel Bezerra.

n Quando chegou a seu carro, Daniel Gomes teria passado a chutar e esmurrar Marcelo Teixeira, que caiu. Leonardo, Weimar e funcionários da churrascaria foram ver o que estava acontecendo. O capitão da PM teria sacado de uma arma e atirado no abdome de Marcelo, que tombou. O irmão do rapaz foi tentar conter o capitão e também acabou levando um tiro no abdome. Os dois morreram a caminho do hospital, enquanto Daniel Gomes fugiu.

n Na manhã de sábado, o oficial da PM se apresenta à delegacia de Jaguaribe. Em seu depoimento, diz que foi agredido pelos irmãos e que a arma utilizada pertenceria a um dos rapazes. O capitão explica que perdeu a arma durante a fuga. O PM estava, no dia do crime, de posse de uma arma ponto 40, pertencente à PM, e por isso acabou detido.

n O velório dos rapazes ocorreu na manhã de sábado, mas os corpos somente puderam ser enterrados na manhã do domingo, depois de passarem por um exame no Instituto Médico Legal de Quixeramobim. n Na noite de sábado, o capitão é transferido para o BPCHoque, em Fortaleza, onde permanece preso até o momento. Além de responder por portar uma arma da corporação sem estar de serviço, o capitão teve a prisão preventiva decretada pela Justiça. Ontem, o oficial prestou depoimento.

Landry Pedrosae Ricardo Mourada Redação

Quarenta e três minutos. Esse foi o tempo que durou o depoimento do capitão PM Daniel

Gomes Bezerra, 32 anos (segun-do o inquérito policial), acusado da morte dos médicos residentes Leonardo, 24, e Marcelo More-no Teixeira, 26, no município de Iguatu, a 395 quilômetros de Fortaleza. Acompanhado de dois advogados, o militar recusou-se a apresentar sua versão sobre o caso ao presidente do inquérito policial, o delegado regional de Iguatu, Marcos André Rodrigues, e disse que só se manifestará em juízo, ou seja, quando o processo judicial tiver começado.

Um dos advogados do ca-pitão, Delano Cruz, levantou suspeitas sobre a isenção da ne-cropsia realizada pelo Instituto Médico Legal (IML) de Quixe-ramobim e disse que irá pedir a exumação dos corpos e um novo exame, desta vez no IML de Fortaleza. “A perícia deve ser uma coisa extremamente técnica e isenta. Quixeramobim é uma cidade próxima da região. É um direito dele de querer questionar. Até porque ele diz que efetuou um único disparo em cada uma das vítimas. Se a perícia está dizendo que foram dois tiros, temos de apurar”.

A versão de legítima defesa, sustentada por Daniel Gomes Bezerra ao apresentar-se à Polí-cia, foi mantida pelo advogado. Delano Cruz disse ainda que o seu cliente foi vítima de uma “agressão violenta” e que teria sido lesionado em oito partes do corpo (braço, costelas e olhos). De acordo com o advogado, a agressão pode ser comprovada por um exame de corpo de delito feito no IML.

“Vamos começar a fazer uma investigação do que real-mente aconteceu. Ele (o capi-tão) está muito lesionado, prin-cipalmente nos olhos. O laudo do IML deu uma convulsão nos dois olhos. Vamos aguardar o momento oportuno. Vamos conhecer mais profundamente o inquérito. A Justiça não pode estar de olho na lágrima das pessoas e muito menos decidir ouvindo o choro de quem quer que seja”, argumentou.

O advogado voltou a afirmar que a arma usada no crime não pertenceria ao capitão e infor-mou que entrará com um pedido de reconstituição à Polícia ainda esta semana. “Ele continua a sus-

tentar e vai provar em juízo que a arma não era dele e pertencia a populares. Nós estamos, inclu-sive, analisando a possibilidade de pedir a exumação dos corpos e pedir também a reconstituição do crime, na versão tanto da Polí-cia quanto a versão do capitão”.

Para o advogado Paulo

Quezado, assistente de acusação do caso, o capitão PM Daniel Go-mes Bezerra não tinha o que dizer em seu depoimento. “As provas contra ele nos autos do inquérito já caracterizam um crime dupla-mente qualificado por motivo fútil e surpresa. Trata-se portanto de um crime hediondo”, afirmou. Quezado revelou que o inquéri-to sobre o caso já está em fase de conclusão, faltando apenas serem anexadas algumas peças, como os laudos periciais.

O promotor de Justiça Antô-nio Monteiro Maia, da Comarca de Iguatu, disse que irá aguardar a conclusão do inquérito para po-der definir os próximos passos da acusação. Ele não quis fazer co-mentários sobre a afirmação de que o capitão teria sido lesiona-do pelos médicos. “Quando você tem uma lesão, quem pode avaliar a natureza dela é o médico perito, eu não posso. Vamos esperar o laudo médico para poder tecer alguma consideração jurídica so-bre esse laudo”, disse.

7FORTALEZA-CE, SEXTA-FEiRA, 23 de março de 2007

FORTALEZA

Defesa pede novo laudo sobre mortes crime em iguatu ] O capitão PM Daniel Bezerra se recusou a falar no inquérito que apura a morte dos médicos Leonardo e Marcelo Teixeira. O

advogado do militar disse que ele foi vítima de “agressão violenta”. Ele afirma que vai pedir um novo exame cadavérico e a reconstituição do crime

O capitão PM Daniel Gomes Bezerra chegou à Superintendência da Polícia Civil, no Centro, com forte escolta policial. Policiais do Batalhão da Polícia de Choque (BPChoque) e do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) guardavam a entrada do prédio. À paisana, o oficial vestia calça verde-escura e camisa cinza de mangas compridas. Já no prédio, ele foi conduzido às pressas para o Departamento de Polícia do Interior(DPI), onde seria ouvido.

Além do delegado e dos representantes da defesa e da acusação, estiveram presentes ao depoimento o comandante do BPChoque, coronel José Maria Soares, representando o comando da Polícia Militar, e o promotor de Justiça Marcos Renan Palácio, que acompanha o caso pela Procuradoria-Geral de Justiça (PGJ).

As atividades da Superintendência pararam com o depoimento do capitão. Vários servidores deram uma pequena pausa no trabalho para espiar a movimentação na entrada do DPI, já repleta

de repórteres. A curiosidade era uma só: conhecer o homem que matou dois jovens médicos em Iguatu.

Do lado de fora, a multidão foi se formando aos poucos. No início da manhã, muita gente foi apanhada de surpresa, quando o capitão Daniel Gomes Bezerra chegou escoltado. Quem passava pela praça e tinha tempo disponível

parou para ver a saída do oficial. A integridade física do acusado foi resguardada, mas ele não conseguiu escapar das vaias e dos gritos de “assassino” por parte das dezenas de pessoas que o aguardavam.

A dona de casa Francisca Marlene Martins foi uma delas. Marlene tinha ido ao Centro da cidade comprar remédios na Farmácia Popular e decidiu parar para ver o que estava ocorrendo. “É inacreditável que um oficial da Policia Militar, pessoa devidamente instruída para proteger a sociedade, tenha feito um besteira daquela”, disse.

O operário aposentado Francisco Batista Sampaio, um dos que também se encontrava em frente ao prédio da superintendência, disse que o capitão, além de ter acabado com a vida dos dois irmãos médicos, acabou também com a dele próprio. A professora municipal Maria Amélia Gonçalves também se manifestou: “O capitão agiu com bastante truculência. Foi uma tragédia, que a população de Iguatu jamais esquecerá”.

O POVO errou ao informar tipo de arma

O laudo pericial das balas retiradas dos corpos dos irmãos Marcelo e Leonardo Moreno, revelou que o capitão Daniel Gomes Bezerra usou um revólver calibre 38. O documento foi divulgado na tarde de ontem pelo delegado regional de Iguatu, Marcos André, que preside o inquérito policial. A arma, de cano curto e cabo preto, seria a mesma que testemunhas viram cair da mão do militar, de acordo com seus depoimentos, dois dias após o duplo homicídio. Até a noite de ontem, o revólver ainda não havia sido apresentado à Polícia. Na última segunda-feira, 20 de março, O POVO errou ao informar que a arma usada era uma pistola .40 (ponto 40), informação apurada com fontes ligadas ao IML.

A maior surpresa do laudo do Instituto de Criminalística (IC), no entanto, foi com relação às balas. De acordo com a perícia, as balas que assassinaram os irmãos (um tiro, cada) possuem um impacto mais forte do que as munições normalmente usadas nos revólveres da PM. “É uma bala especial, revertida, sem ponta. Quando ela atinge a pessoa é para derrubar. A munição comum, que é a que tem a ponta arredondada, pode transfixar o corpo”, revelou o delegado.

De acordo com um especialista em armas, que pediu para ter a identidade preservada, a diferença entre as duas munições pode ser um fator determinante entre a vida e a morte. “Os irmãos morreram de hemorragia interna, pois a bala reforçada não permite que ela saia do corpo. É uma característica própria deste tipo de munição. Talvez a bala comum tivesse atravessado os corpos e permitido o sangramento. Isso poderia ter salvo pelo menos um dos irmãos”, observou. O exame residuográfico apontou a presença de chumbo na mão direita do capitão, por uso recente de arma de fogo. (Nicolau Araújo)

eNteNDa O caSO

FOTOS FCO FONTENELE

DANIEL Bezerra: silêncio

PM escoltado é vaiado

O depoimento do capitão PM Daniel Gomes Bezerra estava previsto para

ocorrer na tarde do dia 22, na Superintendência da Polícia Civil, no Centro.

21 de março

Atendendo a um pedido da defesa do militar, o depoimento é antecipado para a

manhã do dia 22, por questão de segurança.

22 de março

O oficial deixa o quartel do Batalhão da Polícia de Choque (BPChoque) e chega à Superintendência, sob escolta de policiais do BPChoque e do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate). No Departamento de Polícia do Interior (DPI), ele aguarda o início do depoimento ao lado dos advogados Delano Cruz e Dalvaliane Gonzaga. Do lado de fora, dezenas de pessoas aguardavam a saída do capitão.

O capitão não se pronuncia sobre o caso e o depoimento chega ao fim. O advogado fala à imprensa. O esquema de segurança garante uma saída rápida até a frente da Superintendência, onde uma viatura do Bchoque aguardava o policial. A aparição do acusado causa revolta na população, que o chama de “assassino”.

Chega o presidente do inquérito policial que apura a morte dos médicos, o delegado regional de Iguatu, Marcos André Rodrigues. Tudo pronto para o início do depoimento.

O depoimento de Daniel Gomes Bezerra tem início. Nos bastidores, surge a informação de que o militar não irá se pronunciar sobre o caso, devendo falar apenas em juízo.

O advogado Paulo Quezado, assistente da acusação, chega ao DPI.

DepOimeNtO DO capitãO

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#Data: 070323 #Clichê: Primeiro #Editoria: Fortaleza
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#Autor: Landry Pedrosa #Autor: Ricardo Moura #Crédito: Fco Fontenele <DEPOIMENTO> <ASSASSINATO> <MÉDICO> <POLICIAL> <POLÍCIA MILITAR> <IGUATU /CE/>
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TÚMULOS dos irmãos é visitado diariamente pelos amigos e pacientes

REVOLTA“Os meninos (Marcelo e Leonardo Teixeira) eram tão queridos pelos pacientes que tinha até quem dissesse que só com o atendimento de um deles, mesmo antes de tomar o remédio receitado, já ficava curado. Os dois tratavam os pacientes com carinho. Agora só restou a saudade”. O desabafo é do agricultor José Barreto Braga que diz ter colocado no colo os médicos assassinados no último sábado. José diz ser muito ligado à família e sempre acompanhou a vida dos dois jovens e de seu pai. “O doutor Nelson, pai de Leo e Marcelo, chegou em Mombaça em 1979 e começou a trabalhar como médico. Também trabalhou em Iguatu, Quixeramobim e até em Fortaleza. Nos últimos anos, a sua vida profissional e pessoal era ao lado dos filhos.

FORTALEZA-CE, SEXTA-FEiRA, 23 de março de 2007

FORTALEZA8

Cirurgias canceladas no hospital onde médicos trabalhavamEM MOMBAÇA ] Comoção e revolta da população de Mombaça pelo assassinato dos médicos Marcelo e Leonardo Moreno Teixeira. No Hospital onde atendiam, as cirurgias

estão suspensas por falta de médicos. Hoje à noite, haverá uma celebração ecumênica lembrando uma semana das mortes, na igreja matriz da cidade

As visitas não param ao túmulo dos irmãos Leonardo e Marcelo Moreno Teixeira, no Cemitério Santa Rita, o mais antigo da cidade. As pessoas se emocionam ao ver a foto dos dois jovens num pequeno altar e, por trás, imagens de Nossa Senhora Aparecida, Santa Teresinha do Menino Jesus e de Jesus Cristo crucificado.

Flores rodeiam o túmulo da família Teixeira Moreno e muitas mensagens de pesar pela trágica morte dos médicos. “Eles eram pessoas muito queridas. Fui amigo do Marcelo desde a infância. Estudamos juntos no colégio. Era um rapaz competente e bondoso”, diz o comerciante Francisco Antônio Teixeira, 27. Ele afirma que “de forma alguma ele andava armado. Só fazia o bem para as pessoas”.

Como Antônio, os amigos e conhecidos de Leonardo e Marcelo param, mesmo no horário das refeições para assistir aos noticiários da TV ou emissoras de rádio e acompanhar o trabalho da Polícia com relação ao duplo assassinato cometido pelo capitão da Polícia Militar, Daniel Gomes Bezerra na manhã do último sábado, 17.

“Para manifestar mais um vez sua revolta a população de Mombaça está programando uma caminhada para amanhã (hoje) saindo às 17 horas da Igreja de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro até a igreja matriz onde haverá a missa de sétimo dia”, informa Antônio Teixeira. Em Iguatu, amanhã, 24, à tarde, também haverá manifesto da população, pedindo paz e justiça.

CANETA E BISTURI“As armas dos meus irmãos eram a caneta e o bisturi, os seus instrumentos de trabalho”, declara Régis Moreno Teixeira, 25, referindo-se a Marcelo e Leonardo. Faltando um ano para concluir o curso de Medicina, Régis diz que agora terá de dar apoio aos pais que estão sofrendo muito, bem como suas irmãs Mabele, 27, e Larissa, 14. “Meus irmãos viviam do trabalho aqui (em Mombaça) e em Iguatu. Davam plantões e participavam das cirurgias com meu pai. Faziam uma medicina aberta, atendiam em casa, na rua, nos hospitais”. Régis diz que foi pela graça de Deus ele não está presente no dia do assassinato. “Temos muitos amigos em Iguatu porque minha mãe é de lá. Meu pai é de Mombaça, por isso vivemos de lá pra cá. Nas duas cidades, a revolta é grande pelo que aconteceu”, diz.

Rita Célia FaheinaEnviada a Iguatu e Mombaça

Com a média de 100 pa-cientes no ambulatório por dia e dezenas de cirurgias eletivas mar-

cadas, o Hospital Maternidade Antonina Aderaldo Castelo, em Mombaça, na Região Centro-Sul do Estado, está sofrendo as conseqüências do assassinato dos médicos Marcelo Moreno Teixeira, 26, e Leonardo Moreno Teixeira, 24. O afastamento do médico-cirurgião e pai das ví-timas, Nelson Teixeira, e do tio Nilton Castelo Benevides obri-gou o cancelamento das cirur-gias já marcadas e as consultas estão a cargo do médico Ricardo Vieira Soares.

“Além da revolta pelo cri-me, a população está sofrendo com a perda dos profissionais. O doutor Nelson não tem con-

dições psicológicas de retor-nar ao trabalho nem tão cedo. Os consultórios e o centro ci-rúrgico lembram muito o tra-balho que ele desenvolvia com os filhos, pessoas maravilhosas que todos sentem muita falta”, declara o enfermeiro-chefe do Hospital, Lúcio Macedo. Ele diz que está há cinco meses no cargo, mas, desde o início, via a forma como o pai e os filhos trabalhavam em benefício da população.

Lúcio considera uma injusti-ça o assassinato dos dois jovens médicos pelo capitão da Polícia Militar Daniel Gomes Bezerra, 32, quando estavam numa chur-rascaria nas primeiras horas do último sábado, no município de Iguatu, a 395 quilômetros de Fortaleza. Eles também davam plantões no Hospital Regional da cidade que fica na Região Centro-Sul do Estado.

No dia em que foram mortos tinham acabado um plantão e estavam saindo da churrascaria quando Marcelo foi urinar por trás de um carro. Era justamente o veículo pertencente ao capitão Daniel Gomes Bezerra, que era comandante do destacamento de Mombaça.

Segundo testemunhas e os familiares dos médicos, o ca-pitão teria agredido Marcelo e atirado nele. Leonardo, que veio em defesa do irmão, também foi baleado. “Perdemos duas pesso-as muito queridas, extraordiná-rias, dois amigos. Vai demorar para as pessoas esquecerem o que aconteceu”, diz o enfermei-ro Lúcio Macedo.

A diretora do Hospital, Débo-ra Jussara Alencar, está tentando arranjar profissionais médicos na região para suprir a carência do único hospital da cidade. “As

cirurgias eletivas (programadas) como esterectomia, cisto de ovário, vesícula, laqueadura de trompas, estão suspensas, mas as de urgência como cesarianas, apendicite e outras, estamos encaminhando para o Hospital Regional de Iguatu”, informa o enfermeiro-chefe.

Nas ruas de Mombaça, o as-sassinato dos dois médicos tam-bém ainda é o comentário do dia. “A população está chocada. Como é que pode uma autori-dade policial cometer um crime destes?” indaga o comerciante Raimundo Oliveira Souza, 65. Ele diz que mora na cidade há mais de 20 anos e “nunca tinha visto um caso como esse”.

O mesmo diz Simone Gomes de Souza, 24, que tem uma irmã funcionária do hospital onde os médicos atendiam. Marleide, mi-nha irmã, só falava bem deles. É só no que as pessoas falam aqui.

Amanhã (hoje), na missa de séti-mo dia, a igreja vai ficar lotada”.

Na verdade, será um ato ecu-mênico que marcará o sétimo dia da morte de Marcelo e Leo-nardo Moreno Teixeira. Sacer-dotes e pastores vão presidir a celebração na Paróquia de Nos-sa Senhora da Glória, às 19 horas. Estão sendo esperados o gover-nador Cid Gomes, o deputado federal Ciro Gomes, o senador Tasso Jereissati e prefeitos da re-gião Centro-Sul, além de outras autoridades.

Não é difícil localizar a casa do médico-cirurgião e ex-prefeito de Mombaça, Nelson Teixeira. Uma faixa e uma bandeira, as duas de cor preta, na frente da residência, na rua Doutor José Carneiro, no centro, indicam o luto da família. Mas nem por isso os familiares de Marcelo e Leonardo Moreno Teixeira, fecharam suas portas. Ao contrário, a casa está sempre aberta para os que querem demonstrar sua solidariedade.

“Desde o dia que ocorreu essa tragédia que as pessoas vêm demonstrar o seu carinho. Isso mostra o quanto eram queridos por todos”, declara Nelson Teixeira ainda muito

abalado com o assassinato dos filhos. Ele diz ter certeza de que “será feita justiça. Foi um crime de repercussão nacional e acredito que de forma alguma, ficará impune”.

A mulher do médico-cirurgião, Célia Moema Limaverde Moreno Teixeira, não se refez do choque e sempre chorando lembra dos filhos, dois profissionais médicos em início de carreira. “As pessoas chegavam aqui em casa e perguntavam: o doutor Nelson está aí? Quando não estava, perguntavam logo: e seus filhos?”.

Nelson Teixeira diz ser difícil superar a perda e

principalmente retornar ao hospital onde trabalhavam juntos. “Mas, para o bem deles, vou retornar e continuar o que fazíamos juntos que era salvar vidas”. Ele lembra que, mesmo ainda quando estavam fora (Marcelo e Leonardo se formaram na Bolívia e depois clinicaram em Tocantins), nas férias, passavam com ele, em Mombaça, trabalhando no hospital. “Fui seu formador e também colega de trabalho”. Familiares dizem que pai e filhos estavam sempre juntos, clinicavam, faziam cirurgias e viajavam. “Até na hora das refeições, eram todos na mesma mesa”, completa o amigo José Barreto.

Casa da solidariedade

Visitas e mensagens

FAMÍLIA ainda está muito abalada com a perda de Marcelo (foto à esquerda) e Leonardo

FOTOS TALITA ROCHA

POPULAÇÃO CHOCADA: nas ruas de Mombaça, o assassinato dos dois médicos ainda é o comentário do dia. Moradores prestam solidariedade à família em faixas e cartazes espalhados pela cidade

O CIDADÃO

sErvIÇOCelebração ecumênica lembrando o sétimo dia da morte dos médicos Marcelo e Leonardo Moreno Teixei-ra, hoje, às 19 horas, na Paróquia de Nossa Senhora da Glória, no centro de Mombaça.

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#Data: 070323 #Clichê: Primeiro #Editoria: Fortaleza
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#Autor: Rita Célia Faheina #Crédito: Talita Rocha <ASSASSINATO> <MÉDICO> <POLICIAL> <POLÍCIA MILITAR> <MOMBAÇA /CE/>
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FORTALEZA-CE, SÁBADO, 24 de março de 2007

FORTALEZA8

O delegado regional de Iguatu, Marcos André Rodrigues, confirmou que o capitão PM Daniel Gomes Bezerra deverá ser indiciado por homicídio qualificado. “São várias coisas que temos ainda de confrontar, verificar, analisar e encaminhar à Justiça. O mais importante de tudo é que o fato está devidamente esclarecido”, disse ele, na saída do depoimento da mulher do capitão, Weruska Gomes, na manhã de ontem.

O inquérito que apura a morte dos médicos Leonardo, 24, e Marcelo Moreno Teixeira, 26, assassinados com um tiro no abdome no último sábado, deverá ser concluído na próxima terça-feira, dia 27. Até o momento, 13 pessoas já foram ouvidas pela Polícia. Na próxima segunda, mais três pessoas deverão prestar depoimento, no município de Iguatu. “Somente para cumprir todas as formalidades do procedimento”, ressalta.

Para Marcos André, a posse da arma é um dos

pontos de contradição entre a declaração das testemunhas e a da mulher. “As declarações dela estão muito de acordo com as declarações do esposo, o que já era de se esperar. Entretanto, o confronto não está com as declarações do esposo, mas sim, com as declarações das testemunhas. As contradições que existem são justamente acerca da arma. Ela, logicamente, alegou que não viu nada. Entretanto, estava bem próxima ao fato e presenciou a confusão”, analisa.

Segundo o delegado, depois de ouvir as testemunhas e a mulher do capitão, duas coisas ficaram bem claras: o revólver .38 usada no crime não pertencia às vítimas, e sim, ao capitão; e que ele, depois de cometer o delito, saiu do local com a arma. O paradeiro do 38, contudo, é desconhecido, pois o militar afirma que perdeu o revólver pouco tempo depois do ocorrido.(Ricardo Moura)

LEIA MAIS NA 9

Capitão deve ser indiciado por homicídio

Casa fechada desde o assassinato

Clara e Clarissa. Jovens que compartilham a dor de uma história de amor interrompida violentamente. Clara, 19, namorava Marcelo e Clarissa, 23, já estava de casamento marcado com Leonardo para o fim do próximo ano. As duas, juntas, não podiam calar o pranto e nem a vontade de falar dos dois irmãos assassinados.

“Ficamos três anos juntos e ele já tinha até escolhido a música que iria cantar pra mim na cerimônia do nosso casamento. Estava esperando a minha formatura em dezembro de 2008”, diz Clarissa Cavalcante Batista que, desde a morte de Leonardo, na madrugada do último sábado, não desgruda da camisa que ele usou pela última vez. “Ainda tem o cheirinho dele”. O pranto, às vezes é incontrolável para a jovem alagoana que recorda: “Estudamos juntos. Há um

semestre estávamos distantes, mas nos falávamos todos os dias. Não dormíamos sem nos dar boa noite, nem acordávamos sem nos dar um bom dia”.

Clara Jucá cumprimenta os amigos do namorado e chora baixinho. Estudante de Ciências Contábeis, ela mora em Fortaleza, mas a família é de Mombaça. “Marcelo estava trabalhando muito, mas sempre estávamos unidos”. As duas se abraçam e, não contêm novamente o choro. “Vivemos um tempo na Bolívia e por isso, a música de nosso casamento é em castelhano: “Para tu, amor, lo tengo todo/Desde mi sangre hasta la esencia de mi ser/Y para tu, amor, que es mi tesouro/Tengo mi vida toda entera a tus pies/Y tengo también um corazón que se muere por dar amor/ Y que no conoce el fin.....Era essa a música”, diz Clarissa.

“Tecnicamente é prudente. Para a família sei que é muito doloroso, mas se a exumação dos corpos para novo

exame for importante para o processo, acho que deve ser feito”.

JOAB SOARES, diretor do Hospital Regional

de Iguatu

“Esse rapaz (Delano Cruz) é muito despreparado. Não respeita a dor da família das vítimas. Acho que devia ser punido pela

OAB (Ordem dos Advogados do Brasil - Ceará). É sem sentido ele pedir isso (exumação dos corpos)”.

DOUTOR NELSON BENEVIDES TEIxEIRA - pai de Marcelo e Leonardo

Moreno Teixeira

“Imagino que a defesa deva estar arranjando motivos para proteger o acusado. Mas espero que, dentro da

legislação e com celeridade, ele (o capitão Daniel) possa ser punido para que sirva de exemplo para outros militares. A gente lamenta muito a perda da família que é imensurável”.

MARCOS CALS, secretário

estadual de Justiça

OPINIÃOAcha que deve ser feita e exumação dos corpos para um novo exame no IML de

Fortaleza como sugeriu o advogado do acusado, Delano Cruz?

Rua Humberto G. Soares, 178, Cohab, na periferia de Iguatu. A casa de muro alto com portões largos está fechada desde domingo passado, segundo os vizinhos. É ali a residência do capitão Daniel Gomes Bezerra que comandava o destacamento da Polícia Militar em Mombaça. Ontem, ninguém quis dar informações ao O POVO sobre familiares do capitão. Quem se arriscou a falar pediu para não ser identificado temendo represálias.

“Ele é um homem fechado, que não cumprimenta as pessoas da rua e só falta espancar as crianças que gostam de tocar a campainha de sua casa. Até batia na mulher. Eu mesma vi isso no meio da rua”, disse uma vizinha. Segundo informou, um dia após o assassinato de Marcelo e Leonardo Moreno Teixeira, “veio um caminhão para levar móveis e objetos da casa. Os vizinhos quase agrediram as pessoas que estavam levando as coisas”.

Ela disse que depois vieram buscar duas malas, mas nem a mulher do capitão Daniel, Veruska, com quem disse que ele se casou em dezembro do ano passado, apareceu na casa. “Quando eu cheguei aqui, há quatro anos, ele já morava nesse local e já tinha fama de valente. Todo mundo ficou revoltado porque o doutor Nelson não merecia passar

por isso e nem os meninos (Marcelo e Leonardo) que eram pessoas boas como o pai”, diz a dona de casa.

Outro morador do Conjunto Habitacional (Cohab) se disse também revoltado com a atitude do capitão. “Ele é um homem da lei e não se justifica o que fez. Em vez de defender as pessoas, fez foi tirar a vida de dois jovens. Ele nem é besta de dar bobeira na rua porque o pessoal daqui rasga ele”, disse o senhor que mora no bairro desde 1958.

O POVO tentou falar com a tia do capitão Daniel, conhecida como Marli e a irmã dele Elizabete, conhecida como Betinha. Mas, não foram encontradas nos endereços informados pelos vizinhos. A residência de dona Marli, na rua Sete de Setembro, 345, ontem estava fechada. “Domingo passado, pessoas revoltadas vieram aqui tentando invadir a casa e ameaçando dona Marli que foi quem criou o capitão Daniel. Ele é órfão de pai e mãe”, informou a vizinha que também preferiu não se identificar. Segundo ela, foi preciso chamar policiais para ficar de plantão e garantir a segurança de dona Marli. Ela não soube informar onde se encontravam a tia e a irmão do capitão Daniel. Nem as demais pessoas da rua Sete de Setembro, também na periferia de Iguatu.

“Cada um dos rapazes levou um tiro milimetricamente perfeito. Foi dado por uma pessoa que sabia o que estava fazendo. Atingiu um ponto vital que é cinco centímetros a partir da cicatriz umbilical. A pessoa planejou e atirou exatamente nesse ponto que é mortal.. Não foi um tiro ocasional”. A declaração é do médico-cirurgião e cancerologista Airton Araújo Júnior que atendeu Marcelo e Leonardo Moreno Teixeira, quando foram levados ao Hospital Regional de Iguatu, baleados pelo capitão da Polícia Militar Daniel Gomes Bezerra, comandante do

destacamento do município de Mombaça, a 310 quilômetros de Fortaleza.

Airton Júnior faz parte da equipe de 86 médicos que atende no Hospital Regional de Iguatu onde também trabalhava o pai de Marcelo e Leonardo, Nelson Benevides Teixeira. O cancerologista Airton Junior reforça que os dois rapazes acompanhavam as cirurgias e também o irmão deles, Régis Moreno Teixeira, 25, que vai se formar em Medicina daqui a um ano. “Doutor Nelson já foi diretor desse hospital”, completa.

O diretor Joab Soares diz que a equipe e, principalmente

os pacientes, sentem a falta deles. “Estamos à procura de um cirurgião que substitua o doutor Nelson, um profissional que atendia nas cirurgias de emergência. No momento, ele não tem condições de retornar ao trabalho. Está muito abalado, assim como todos que conheciam Marcelo e Leonardo. O pai os estavam profissionalizando e eles seguiam todos os ensinamentos de doutor Nelson”. O Hospital Regional de Iguatu atende uma média de 500 pacientes por dia de mais de 20 municípios cearenses. É um hospital de referência e a demanda é muito grande.

"Um tiro perfeito"

Rita Célia Faheinaenviada a Iguatu e Mombaça

“O toque de Cristo nas mãos de dou-tor Leonardo e doutor Marcelo

trouxeram a muitos enfermos a vitalidade e a cura”. A faixa, com essa frase, levada por funcioná-rios do Hospital de Mombaça, ia à frente da caminhada de crianças, jovens e adultos, rumo à Paróquia de Nossa Senhora da Glória, onde ontem à noite, houve a concele-bração eucarística lembrando o sétimo dia da morte dos médicos residentes Marcelo e Leonardo Moreno Teixeira. Os dois assas-sinados pelo capitão da Polícia Militar Daniel Gomes Bezerra, na madrugada do último sábado, 17.

A multidão encheu o pátio da igreja matriz cercada de faixas e cartazes. Antes do início da missa, o grito da população por justiça. “Eles (Marcelo e Leonardo) eram jovens, sonhavam e já estavam bri-lhando em suas carreiras. Por isso nós, também jovens, nos unimos pedindo justiça e paz”, disse o co-ordenador paroquial da Pastoral da Juventude e do Meio Popular, Messias Pinheiro.

As crianças da Escola de Ensi-no Fundamental José Jaime levan-tavam a bandeira: Punição para que o mal seja cortado. E o vigá-rio-geral da Diocese de Iguatu, pa-dre Afonso Queiroga, não mediu o desabafo, no sermão: A morte que aconteceu de uma maneira tão trágica tem como acusado uma pessoa que traz no corpo uma tatuagem da besta fera. Mas não estamos aqui para julgar ninguém, precisamos olhar além da morte, em nome de nossa fé.

O padre Queiroga, que é o pá-roco da cidade de Catarina, disse estar sendo muito difícil celebrar a missa de sétimo dia do falecimen-to de dois jovens. “A dor é muito grande e é de todos nós, de toda essa multidão, de todo o Ceará”. Ele disse já ter chorado algumas vezes durante a semana por causa da trágica morte dos irmãos.

O senador Tasso Jereissati (PSDB) também se emocionou ao abraçar os pais de Marcelo e Le-onardo, o médico Nelson Benevi-des Teixeira e a mulher Célia Mo-ema Limaverde Moreno Teixeira. “Deus te ajude a superar isso tudo. Levanta a cabeça por eles”, disse o senador ao doutor Nelson. Jereis-sati disse que a violência no País já passou de todos limites. Ele pediu que a sociedade se levante contra os casos de violência e que o acu-sado seja punido exemplarmente.

O governador Cid Gomes também esteve na concelebração eucarística ficando ao lado dos familiares de Marcelo e Leonar-do. Prefeitos de várias regiões do Ceará também foram prestar solidariedade aos familiares dos formandos em Medicina baleados pelo capitão Daniel Bezerra numa churrascaria da cidade de Iguatu, a 92 quilômetros de Mombaça

ASSASSINATO EM IGUATU ] Feriado municipal em Mombaça. A população, na maioria, compareceu à concelebração eucarística que lembrou o sétimo dia do assassinato de Marcelo e Leonardo Moreno Teixeira

Multidão lota pátio da igreja matriz

CONCELEBRAÇÃO eucarística lembrando o sétimo dia da morte de Leonardo e Marcelo reuniu familiares, amigos, pacientes e vários políticos

CAMINHADA mobilizou a população rumo à Paroquia de Nossa Senhora da Glória

Dor compartilhadaentre Clara e Clarissa

FOTOS TALITA ROCHA

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#Data: 070324 #Clichê: Primeiro #Editoria: Fortaleza
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#Autor: Rita Célia Faheina #Crédito: Talita Rocha <MISSA> <MÉDICO> <ASSASSINATO> <POLICIAL> <POLÍCIA MILITAR> <IGUATU /CE/>
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5FORTALEZA-CE, SEGUNDA-FEiRA, 26 de março de 2007

FORTALEZA

Daniela Nogueirada Redação

A beleza do Ceará já tem outro nome. Raphaella Benevides, 18 anos, foi eleita, em festa no Iate

Clube, no último sábado, a Miss Ceará 2007. Durante o evento, um grupo animado de Mombaça, a 296 quilômetros de Fortaleza, fa-zia a festa com gritos e aplausos, como num quase prenúncio da vi-tória da conterrânea. No concurso do ano passado, Raphaella foi a terceira colocada e também levou o título de Miss Turismo, eleito pelos coordenadores e destinado à candidata cujo município mais se empenha na participação e di-vulgação do prêmio. Ela disputará no dia 14 de abril o título de Miss Brasil, no Rio de Janeiro.

Momentos antes do anúncio oficial da escolha, os amigos e parentes da nova Miss Ceará não paravam quietos, de tanta ex-

pectativa. Anúncio feito e vitória declarada, foi a vez de os pais de Raphaella liberarem o grito de feli-cidade preso desde o ano passado. “Minha filha ganhou porque ela é linda e representa bem a beleza de todo o Estado”, orgulhava-se o pai, o empresário José Mendes.

Edione Benevides, a mãe da miss, disse que realizou um sonho junto com a filha. E então, a ex-pectativa é de mais alegria. A mãe afirma que viu no título a chance de mostrar que Mombaça pode também ser fruto de boas notí-cias: “Mombaça agora vai sair das páginas de terror e minha filha vai lutar em prol da Justiça”.

O pai de Raphaella é primo dos irmãos médicos-residentes Leo-nardo e Marcelo Moreno Teixeira, que foram assassinados, no último dia 17, na cidade de Iguatu. Duran-te o desfile, a miss usou uma pul-seira preta no pulso esquerdo em sinal de luto. “Valeu a pena todo o esforço e ainda faria mais se fosse

preciso”, disse ela, chorando.Durante a cerimônia, outros

títulos foram ofertados. O Miss Simpatia, eleito pelas candidatas, ficou com Raquel Ximenes, Miss Groaíras. Manohelem Melo, de Sobral, foi eleita a Miss Turismo.

Mas nem o clima de glamour e sofisticação que permeia o con-curso da escolha da Miss Ceará evitou o cansaço entre os convi-dados. Previsto para começar às 21 horas, o evento só mostrou as candidatas por volta da meia-noi-te de sábado. E somente às 3 ho-ras da manhã de domingo é que se soube o nome da nova miss. Durante os intervalos, um som mecânico tentava, em vão, dimi-nuir o tédio da espera. No palco, a coordenação do evento solicitava, constantemente, os aplausos dos presentes - e eram poucos os que respondiam. Só os familiares e amigos das misses que desfilavam é que conseguiam manter o ritmo animado até o fim da festa.

Dentre as autoridades pre-sentes ao evento estavam o vice-prefeito de Fortaleza, Carlos Veneranda (PSB), e o prefeito de Mombaça, Willame Alencar (PSDB). Também compareceram a Miss Brasil 2006, a gaúcha Rafa-ela Zanella, e a modelo internacio-nal Suyanne Moreira, de Juazeiro do Norte, que fizeram parte do júri que selecionou a nova miss. A representante da beleza cearense do ano passado foi a professora e dançarina Carla Rocha, que pas-sou a faixa à Raphaella Benevides.

A nova miss, no entanto, terá menos tempo para desfilar com a faixa. A escolha da Miss Ceará ocorrerá em dezembro e não mais em março. A justificativa, segun-do a coordenação do concurso, é que haja mais tempo para a esco-lhida se preparar ao concurso de Miss Brasil, que é realizado em abril. Assim, a Miss Ceará 2008 será conhecida ainda no mês de dezembro deste ano.

JARBAS OLIVEIRA/DIVULGAÇÃO

RAPHAELLA BENEVIDES desfilou com uma pulseira preta no braço, em sinal de luto pela mortes dos dois médicos-residentes

Miss Mombaça é eleita Miss CearáDESFILE E SINAL DE LUTO ] A Miss Ceará deste ano foi conhecida nesse fim de semana. Ela veio do município de Mombaça e é estudante. Raphaella Benevides, 18 anos, participou pela segunda vez da seleção, e usou uma pulseira preta no pulso. O símbolo foi em sinal de luto pelos primos mortos no último dia 17, os médicos-residentes Leonardo e Marcelo Moreno Teixeira

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#Data: 070326 #Clichê: Primeiro #Editoria: Fortaleza
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#Autor: Daniela Nogueira #Crédito: Jarbas Oliveira <CONCURSO> <MISS> <CEARÁ> <MOMBAÇA /CE/>
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FORTALEZA-CE, TERÇA-FEIRA, 10 de abril de 2007

CEARÁ12

Secretaria nacional dá apoio a famílias de vítimas de violênciaJUSTIÇA ] Familiares dos estudantes de medicina mortos, em Iguatu, e de um comerciante assassinado, em 2002, no município de Horizonte, se reuniram, ontem, em Fortaleza,

com o assessor da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República. Na reunião na Assembléia, eles exigiram justiça e o fi m da impunidade aos agressores

F oi o desejo de justiça e a luta pelo fim da impu-nidade que uniram on-tem as famílias dos dois

irmãos estudantes de medicina mortos em Iguatu, no mês passa-do, e de um comerciante vítima de pistoleiros, em Horizonte, em 2002. Em reunião com o assessor da Secretaria Especial dos Direi-tos Humanos (SEDH) da Pre-sidência da República, Regino Pinho, e representantes de Co-missões dos Direitos Humanos da Assembléia Legislativa (AL) e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), os familiares rece-beram o apoio das instituições.

“A secretaria especial veio à Fortaleza, por determinação do ministro Paulo Vannuchi (SEDH), para elaborar um rela-tório sobre o caso do comercian-te Zildécio e escutar a família dos dois estudantes assassinados, e disponibilizar sua instancias para que a família encaminhe as denúncias para que a comis-são da SEDH possa investigar e tomar as devidas providências”, explicou Regino Pinho.

Nelson Benevides Teixeira, pai dos estudantes de medicina Leonardo, 24, e Marcelo Moreno

Teixeira, 26, assassinados no dia 17 de março deste ano, em Iguatu, por um capitão da Polícia Militar, fez coro por justiça com Zuleida Fernandes, irmã do comerciante Zildécio Lopes da Silva, assassi-nado em 17 de junho de 2002, em Horizonte. Em comum, os casos têm o envolvimento de policiais militares. Os irmãos foram mor-tos por um capitão da PM e um dos supostos mandantes do as-sassinato do comediante é uma policial militar.

“Vivemos em um país com tanta violência por conta da im-punidade. Por isso estamos aqui, para clamar por justiça. Vou lutar até o último dia da minha vida em busca de justiça”, defendeu Bene-vides. “Minha luta por justiça vem de longe, sempre buscando apoio do Judiciário, das autoridades. Es-pero que as coisas agora tomem rumos diferentes, que o caso seja resolvido, que justiça seja final-mente feita”, disse a professora aposentada Zuleida Fernandes.

As famílias relataram seus dra-mas, os encaminhamentos que estão sendo dados pelo Judiciá-rio local e afirmaram temer que os casos caiam no esquecimento

e os assassinos saiam impunes. “Eu fui participar de uma reu-nião de uma dessas associações de familiares de parentes vítimas da violência e fiquei com medo, pois só se fala em impunidade. Quantos casos estão aí, sem re-solução. Mas vou lutar até o fim, não tenho medo. Aquele homem

matou dois colegas de trabalho, dois alunos, dois amigos, isso é muito duro para um pai”, desa-bafou Benevides.

Na ocasião, o advogado da fa-mília dos estudantes, Mário Ba-rata, afirmou que irá pedir a in-serção de algumas testemunhas do duplo homicídio no Programa

Estadual de Proteção a Testemu-nhas (Provita), pois estas estão com medo de prestar depoimen-to contra o major.

À noite, os familiares das víti-mas e o assessor da SEDH parti-ciparam da Reunião Ordinária da Comissão de Direitos Humanos da OAB. “A OAB está acompa-nhando o caso do assassinato dos jovens desde o início. A OAB par-ticipa, em conjunto com a SEDH, dando apoio institucional para a resolução não só desse caso como de outros casos de violência”, de-clarou o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem, João Ricardo Vieira.

Hoje, representantes da Co-missão dos Direitos Humanos se reunirão, às 9h30min, na Corre-gedoria de Polícia do Estado do Ceará. À tarde, eles se encontra-rão com a juíza e a promotora da Comarca de Horizonte e com o superintendente da Polícia Civil. Amanhã, a reunião será com o presidente do Tribunal de Justi-ça do Ceará, desembargador Fer-nando Ximenes, e com o procu-rador-geral do Estado, Fernando Oliveira, e, à tarde, participarão de uma audiência na Comissão de Direitos Humanos da AL.

A defensoria pública da comar-ca de Iguatu (395 quilômetros de Fortaleza) ajuizou uma ação civil pública (ACP) para que o abrigo domiciliar do município tenha ali-mentação para as oito crianças e adolescentes que moram no local. Segundo o documento, faltam itens como feijão, leite, de higiene bucal, como creme dental, além de talhe-res e colheres. O autor da ação foi o defensor público em exercício da comarca de Iguatu, Raimundo Fábio Ivo Gomes. Segundo denún-cias do Conselho Tutelar local, al-gumas crianças chegaram a fugir.

O documento foi remetido à Justiça de Iguatu, que concedeu liminar, no último dia 4 de abri, determinando que o município forneça a alimentação e material adequados ao abrigo, sob pena de multa de R$ 10 mil por dia ao município, e de R$ 2 mil ao admi-nistrador. No entendimento do juiz da comarca de Iguatu, Wotton Ricardo Pinheiro da Silva, “é impe-rativo legal o cuidado e a atenção que as autoridades devem dispen-sar às crianças e aos idosos”.

De acordo com a secretaria da ação social de Iguatu, Jacirene Gonçalves Lima, a prefeitura ainda não recebeu nenhum comunicado oficial da Justiça. “É justamente por serem crianças que não deixa-mos faltar alimentação, e o abrigo foi reformado ainda em 2005”, as-segura. Segundo ela, as crianças e adolescentes do abrigo tiveram de ser excluídas do convívio familiar por maus-tratos e outros motivos.

Prefeitura é obrigada a dar comida a abrigo

RELEMBRE OS CASOS

O duplo homicídio dos estudantes de medicina ocorreu no dia 17 de março passado, em frente a uma churrascaria, no município de Iguatu. Segundo o depoimento de testemunhas, Marcelo Teixeira teria urinado próximo ao veículo do capitão PM Daniel Gomes Bezerra, que foi tomar satisfações, pois dentro do carro se encontravam a namorada do militar e uma criança. O capitão teria passado a agredir Marcelo, quando o irmão, Leonardo Teixeira, foi em seu socorro. Segundo ainda o depoimento das testemunhas, o militar sacou um revólver, que estaria escondido no tornozelo, e teria efetuado os disparos. Um tiro em cada irmão.

No dia 17 de junho de 2002, o comerciante Zildécio Lopes da Silva saiu do município de Quixadá, onde residia, para negociar a venda de um caminhão em Horizonte. Ao chegar na cidade, ele foi morto por dois pistoleiros. Um deles estava no mesmo veículo que o comerciante, fi ngindo ser um comprador do carro. Na época do crime, sete pessoas foram indiciadas, mas apenas os dois pistoleiros foram denunciados pelo Ministério Público e estão presos. Este ano, a 6ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília, concedeu um habeas corpus ao comerciante William Moreira Bento e à policial civil Amílria Cardoso de Menezes, apontados como os mandantes do assassinato.

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#Data: 070410 #Clichê: Primeiro #Editoria: Ceará
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Erramos
ERRAMOS O correto na matéria, é: os irmãos foram mortos por um capitão da PM e um dos supostos mandantes do assassinato do “comerciante”. A mulher apontada como mandante do crime é policial civil.

FORTALEZA-CE, quARTA-FEiRA, 11 de abril de 2007

FORTALEZA10

Corregedoria vai investigar denúncias de abuso de poderCONTRA CAPITÃO ] Uma comissão deverá ir, na próxima semana, aos municípios de Mombaça e Iguatu

investigar denúncias de abuso de poder contra o capital PM Daniel Gomes Bezerra e outros policiais na região

Rocélia Santosda Redação

A Corregedoria da Se-cretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) vai investigar

denúncias de abuso de poder con-tra o capitão PM Daniel Gomes Bezerra, durante o período em que ele trabalhou nos municípios de Mombaça e Iguatu. O órgão que saber também quem ajudou o mi-litar a fugir após o assassinato dos estudantes de medicina Leonardo e Marcelo Moreno Teixeira, ocor-rido no dia 17 de março deste ano. Conforme relatos dos familiares das vítimas que, acompanhados do assessor da Secretaria Especial dos Direitos Humanos (SEDH) da Presidência da República, Regino Pinho, se reuniram, ontem, com os corregedores da Secretaria, após matar os jovens, o capitão teve o apoio de uma viatura da Polícia Militar para sair do local do crime.

O corregedor do Gabinete Disciplinar do Interior, tenente-coronel Hélcio Queiroz, afirmou que uma comissão, na próxima se-mana, deverá se deslocar à região para apurar as denúncias. Ele afir-mou também que a Corregedoria nunca foi informada de qualquer ato ilícito cometido pelo capitão, no período em que ele foi coman-dante em Mombaça. “Agora, va-mos investigar e identificar quem estaria acobertando e até mesmo participando dessas atitudes ilíci-

tas que não foram apuradas nem notificadas pelos órgãos compe-tentes”, declarou Queiroz.

O assessor da SEDH, Regino Pinho, relatou que testemunhas do duplo homicídio estão sofren-do ameaças e intimidações por parte de policiais e aliados do ca-pitão. “A família das vítimas nos trouxe informações que não eram do conhecimento dos delegados da corregedoria que apuram o caso, como casos de ameaças e agressões contra as pessoas que presenciaram o crime. Isso mostra que o abuso de autoridade policial continua depois do crime”, obser-vou Pinho, acrescentando que a SEDH está tentando incluir essas pessoas no Programa Estadual de Proteção à Testemunha (Provita).

Nelson Benevides, pai dos

estudantes mortos, afirmou estar otimista quanto ao andamento do processo contra o capitão. “Ficou claro o corporativismo nesse caso. Como é possível um capitão co-meter um crime e fugir na viatura da polícia? Um dia após o crime, o comandante do Policiamento da Capital (Cel. Sérgio Magalhães) deu uma declaração de que o ca-pitão era um homem íntegro, de passado limpo, que a arma utili-zada no crime era dos meus filhos que ele usou para se defender. O que dá medo é por que ele decla-rou isso. Mas estou esperançoso de que tudo será apurado”.

O coronel Hélcio Queiroz in-

formou que o Conselho de Justi-ficação da PM está analisando o caso de Daniel Gomes e deverá, no prazo de 60 dias, julgar se o capitão tem capacidade de perma-necer na corporação. Ele explica que um relatório será elaborado e encaminhado à Corregedoria, que fará a revisão processual e encami-nhará ao Tribunal de Justiça (TJ). “Caso o TJ confirme a expulsão, o relatório será enviado ao governa-dor que fará a demissão”. Durante esse processo, Daniel continuará preso no quartel do Batalhão de Choque da Polícia Militar.

Para o advogado do capitão Daniel Gomes Bezerra, Delano Cruz, é compreensível a angústia da família do médico Nelson Be-nevides, mas de acordo com ele, nenhuma das denúncias apresen-tadas tiveram como base qualquer documento que as comprovasse. “Não existem documentos em re-lação a essas questões, nunca foi instaurado nenhum procedimen-to ou processo contra ele”, disse, referindo-se a seu cliente.

Além disso, Cruz destacou que o capitão tem uma “ficha funcio-nal impecável”, tendo em 2004 recebido o título de “Policial Pa-drão” de toda a Polícia Militar do Estado, e em 2005, o de “Policial Padrão” da região de Mombaça. “Documentos que comprovam isso já estão anexados a sua defe-sa”. O advogado ressaltou também que “a Polícia tem sido totalmente imparcial e profissional”.

O assessor da SEDH, familiares dos estudantes de medicina assassinados, em Iguatu, e do comerciante Zildécio Lopes da Si lva, morto em 2002 em Horizonte, e delegados da Corregedoria da SSPDS foram recebidos, no fim da manhã de ontem, pelo secretário de segurança, Roberto Monteiro. No encontro, Nelson Benevides, pai dos estudantes assassinados, expôs os casos de abuso de poder por parte do capitão Daniel Gomes nos períodos em que ele foi comandante do Pelotão de Mombaça e trabalhava em Iguatu. “Queremos saber que providências serão tomadas pela Secretaria em relação a esses casos”, afirmou Regino Pinho.

Roberto Monteiro lamentou que o assassinato dos jovens tenha sido causado por um policial, “uma pessoa treinada para defender a vida e não para tirar”, e que vai mandar apurar, com rigor, todas as denúncias que envolvam policiais. Ele pediu aos familiares de Leonardo e Marcelo e de Zildécio que propagem, em suas cidades, a necessidade de se denunciar os casos de violência. O próprio secretário afirmou que já havia sido informado de outros casos de abuso de poder cometidos pelo capitão Daniel em que foram abertas sindicâncias mas não houve aprofundamento na investigação.

Além de acompanhar o caso, Monteiro afirmou que a Secretaria adotará medidas para diminuir os casos de violência envolvendo policiais, entre elas a aplicação de testes psicológicos. Outra medida é a criação de conselhos municipais que fiscalizem as ações de segurança.

Sindicâncias não foram aprofundadas

FCO FONTENELE

CAPITÃO PM, Daniel Gomes Bezerra, quando prestou depoimento da Superintendência da Polícia Civil em Fortaleza

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#Data: 070411 #Clichê: Primeiro #Editoria: Fortaleza
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#Autor: Rocélia Santos #Crédito: Fco Fontenele <INVESTIGAÇÃO> <ASSASSINATO> <MÉDICO> <POLICIAL> <POLÍCIA MILITAR> <IGUATU /CE/>
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Erramos
ERRAMOS O correto na matéria é: contra o “capitão” PM Daniel Gomes Bezerra e outros policiais.

FORTALEZA-CE, QUARTA-FEIRA, 18 de abril de 2007

FORTALEZA6

P R O T E S T O

Servidores paralisam por 24 horas no Ceará

Com faixas de protesto e nariz de palhaço, servidores públicos federais do Ministério da Saúde e do INSS se reuniram ontem pela manhã em um ato público em frente à sede da Fundação de Seguridade Social. O ato, em Fortaleza, foi o ponto central da paralisação de 24 horas que aconteceu em todo o País. Os servidores protestaram, princi-palmente, contra a decisão do Governo Federal de suspender a assistência de saúde comple-mentar aos quase 90 mil pais de servidores em todo o Brasil até o fim do ano.

“A paralisação é um sinal de alerta para o Governo. Caso não aconteçam negociações, os servi-dores do Ceará estão mobilizados para uma greve”, afirma Luciano Simplício, diretor do Sindicato dos Trabalhadores Federais em Saúde e Previdência Social do Estado do Ceará (Sinprece). On-tem, o Hospital Geral de Fortale-za, o Hospital de Messejana do Coração e o Hospital de Maraca-naú diminuíram o atendimento. Na gerência central do INSS em Fortaleza foi respeitado o núme-ro mínimo de 30% de servidores na repartição, nos outros postos não houve atendimento.

No ato público ainda foi apresentado os eixos da Campa-nha Salarial 2007 dos Servidores Públicos Federais (SPFs) e pro-testado o Projeto de Lei Comple-mentar (PLP 01-07), que integra o Plano de Aceleração do Cresci-mento (PAC) e congela o salário dos servidores por 10 anos. Ou-tra reivindicação da categoria é sobre as condições de trabalho. Segundo os servidores, agências

do INSS estão sucateadas e falta estrutura nos postos de saúde e hospitais da Capital e do Interior. No ano passado, um dossiê foi entregue ao Ministério da Saúde e até agora nada foi feito. “Como vamos atingir o Plano de Me-tas sem condições de trabalho”, questiona a servidora Carmem Marques.

Durante o resto do dia, os servidores continuaram as dis-cussões nas sedes dos órgãos. À tarde, a partir das 14 horas, no prédio do INSS, representantes do sindicato e da categoria re-alizaram uma assembléia para avaliar o ato público e definir a posição do Ceará na Plenária Nacional, no dia 21, em Brasí-lia, em que deve decidir ou não pela greve. Carmem informou que o encontro deliberou pela greve por tempo indetermina-do. Segundo ela, o dia de mo-bilização foi muito satisfatório, pois boa parte dos serviços am-bulatoriais e burocráticos per-maneceram fechados. A última greve da categoria aconteceu em 2005 para ser cumprido o que foi acordado pelo Governo na greve de 2004.

SAIBA MAISn Ministério da Saúde possui 3.082 servidores ativos em todo o Ceará;n INSS possui 2.152 servidores ativos em todo Ceará 2.152;n Serão cerca de 30 mil pais de servidores do INSS prejudicados com a medida do Plano de Saúde dos Servidores Públicos Federais e cerca 60 mil pais de servidores do Ministério da Saúde.

Fonte: Sinprece

DIA NACIONAL DOLIVRO INFANTILHoje é Dia Nacional do Livro Infantil e o Instituto Meta de Educação (Imeph), na rua Carlos Vasconcelos, 1.926, preparou atividades para hoje, dia em que se comemora também o aniversário do escritor Monteiro Lobato. A partir das 8h30min, haverá a presença de Ângela Escudeiro e do Teatro com o boneco Pirrulica. Terá uma Oficina de Origami, coordenada por Gilson Costa, além de animações, teatro de bonecos, gincanas e o Cordel de Arievaldo Viana em homenagem a Monteiro Lobato. O livro de Audifax Rios, intitulado Cada flor com sua cor, que ensina como combinar e usar as cores, será lançado às 16 horas. Informações 3261-1002.

SETE HOMICÍDIOSNO INTERIORA Polícia registrou sete homicídios no Estado entre a noite da última segunda-feira e a manhã de ontem. Os casos ocorreram nos municípios de Senador Pompeu, Acopiara, Juazeiro do Norte, Guaramiranga, Farias Brito, Russas e Jijoca de Jericoacoara. Em um deles se envolveram dois irmãos. Foi na localidade de Belo Ho rizonte, em Farias Brito.

ADOLESCENTE TERIATENTADO MATARDONO DE POUSADAEm uma semana, um mesmo adolescente, de 16 anos, cometeu três crimes no bairro Caça e Pesca. A última ocorrência foi na segunda-feira, 16, quando o jovem teria tentado assassinar um homem de 59 anos, proprietário de uma pousada no bairro e que pediu para não ser identificado. Na noite do dia 9, segundo a Polícia e testemunhas, o adolescente teria invadido a pousada do homem baleado, com outros seis homens, espancando quem estava no local. Na semana passada, o jovem foi apreendido pela Polícia com um revólver, roubado de um vigilante que faz a segurança de uma escola da área e conduzido à Delegacia da Criança e do Adolescente. No último sábado, entretanto, ele foi solto pelo crime.

CAPITÃO DEPÕEHOJE EM IGUATUO capitão PM Daniel Gomes Bezerra, acusado de matar os irmãos Leonardo e Marcelo Moreno Teixeira, fato ocorrido em Iguatu, no dia 17 de março último, será interrogado hoje à tarde na Justiça daquele município. O oficial já se encontra em Iguatu desde a manhã de ontem. O interrogatório do capitão Daniel está sendo aguardado com expectativa. Nada menos de 60 PMs irão garantir a presença do capitão no Fórum de Iguatu durante o seu interrogatório.

APOSENTADO É ASSASSINADOUm homem foi morto a tiros de revólver na noite da última segunda-feira, no cruzamento da avenida Francisco Sá com a rua Cruzeiro do Sul, no bairro Carlito Pamplona. A vítima foi identificada como sendo o aposentado Arigolino Conceição da Silva, 60 anos, natural do Pará. Dois homens, segundo a Polícia, foram os autores do crime. Eles, conforme ainda apurou a Polícia, agiram para roubar a motoneta, na qual a vitima viajava. A motoneta foi encontrada abandonada, mais tarde, no bairro Álvaro Weyne.

APREENDIDOS 100 QUILOS DE MACONHAPoliciais da Delegacia de Narcóticos apreenderam no início da noite da última segunda-feira no Conjunto Esperança 100 quilos de maconha prensada que estavam acondicionados em 68 pacotes dentro de um táxi. Duas pessoas foram presas: o taxista José Ranilson Lázaro da Silva, 20 anos, residente no Parque São José e Fernando Wigor Herculano Rodrigues, 28, morador do Mondubim. Ranilson e Fernando Wigor acabaram sendo autuados em flagrante na Denarc pelo delegado Bruno de Figueiredo.

BREVES

Sargento da PM é ouvidoTESTEMUNHA EXECUTADA ] Um sargento reformado da PM foi ouvido ontem pelos delegados que investigam a morte da estudante Ana Bruna de Queiroz, do ex-PM Ademir Mendes e do comerciante Valter Portela. O policial aposentado seria o dono da arma apreendida com o homem que matou a estudante, mas ele nega envolvimento no caso

ROBERTO CÉSAR

Cláudio Ribeiroda Redação

O nome de mais um po-licial militar entra na lista de investigados sobre a morte da es-

tudante Ana Bruna de Queiroz, 17 anos, testemunha-chave na morte do ex-PM Ademir Mendes, seu namorado, e do comerciante Valter Portela, morto em março deste ano. O POVO apurou que, ontem pela manhã, os delegados Jairo Pequeno, Andrade Júnior e Franco Júnior, que apuram o caso, tomaram o depoimento de um sargento reformado da PM que seria o dono da arma encon-trada em poder de José Veridiano Fernandes Nogueira. Veridiano é o homem que matou Ana Bruna com três tiros (dois na cabeça e um no pescoço), na última sex-ta-feira, e que, ao ser persegui-do logo após cometer o crime, acabou baleado por soldados do motopatrulhamento do bairro Aerolândia. Ainda não é possí-vel confirmar, oficialmente, se a arma seria a mesma usada para matar a estudante. O outro acu-sado fugiu.

A arma, um revólver calibre 38, estaria em nome do sargento. O POVO opta por não divulgar a identidade para não atrapalhar as investigações. Teria sido compra-da, segundo ele informou aos dele-gados, num financiamento incen-tivado dentro da própria PM, mas ele depois a teria vendido. A aber-tura de crédito aos policiais para aquisição de armamento é comum dentro da corporação. O policial aposentado tem cerca de 70 anos e teria se mostrado surpreso ao ver seu nome envolvido no inqué-rito. Ele teria garantido não saber

como o revólver chegou às mãos de Veridiano, que também alegou não conhecer. Segundo o coman-dante da PM, coronel Adail Bessa, a investigação foi feita pelo major Eduardo, gerente de operações do Centro Integrado de Operações de Segurança (Ciops), e o capitão Be-lini, do Comando de Policiamento da Capital.

No depoimento prestado na última segunda-feira, num leito de enfermaria do Instituto José Frota (IJF-Centro), onde se recupera de cirurgia, Veridia-no teria reivindicado o direito constitucional de só falar diante de um juiz. Pelo menos é o que consta oficialmente no seu auto de prisão em flagrante. Por en-quanto, foi a única documenta-ção já reunida ao inquérito (nº

134-0177) enviada ao promotor José Wilson Furtado, da 5ª Vara do Júri. Ele também passa a tra-balhar no caso pela figura jurídi-ca da “competência por preven-ção” (por ser o representante do Ministério Público na Vara Judi-cial onde o processo deverá tra-mitar). Há mais três promotores atuando na investigação.

Como testemunha na morte de seu namorado Ademir Men-des, ocorrida no último dia 8, e do comerciante Francisco Val-ter Portela, assassinado dia 1º de março passado, Ana Bruna de-nunciou um esquema envolven-do policiais civis e militares da ativa que atuariam num suposto grupo de extermínio. De policiais identificados como envolvidos, além de Ademir, haveria um sol-dado preso no 5º Batalhão da PM

- preso por porte ilegal de arma e por adulterar um revólver cali-bre 38 para que a arma pudesse receber munição de calibre 357, de uso restrito.

Ana Bruna teria revelado detalhes dos crimes desse gru-po poucas horas antes de ser morta. Antes, já havia dado ou-tro depoimento contando que o namorado recebera R$ 10 mil para matar Valter Portela - que denunciara um esquema de ex-torsão envolvendo um delegado, dois inspetores da Polícia Civil, um PM e um advogado, em 2005. O inquérito conduzido pela for-ça-tarefa corre em segredo de justiça. Ontem à noite, O POVO não conseguiu falar por telefone com o delegado Jairo Pequeno, que coordena o grupo de dele-gados do caso.

ARMA USADA por José Veridiano Fernandes Nogueira seria de um sargento reformado da PM

Ana Bruna poderia ter outros tipos de proteção

Além do Programa de Proteção a Testemunhas (Provita), Ana Bruna de Queiroz Braga, 17, poderia ter tido outras formas de proteção para não ter sido assassinada, o que acabou acontecendo na noite da última sexta-feira,13. Ela era uma peça importante no esclarecimento de um grupo acusado de execuções no Estado. Nos depoimentos que prestou à Polícia, estão informações sobre a morte do comerciante Valter Portela, morto em 1º de março, e de seu companheiro, o ex-PM Ademir Mendes, assassinado no dia 8 de abril.

O Serviço de Proteção ao Depoente Especial (SDPE), ligado à Secretaria de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos, poderia ter sido uma das alternativas enquanto a jovem ainda estava prestando depoimentos à Polícia. Regulamentado pelo Decreto 3.518/2000, o SDPE tem a atribuição de conceder pouso provisório. A medida é necessária quando é preciso o emprego de uma proteção policial extra para a pessoa, que pode ser deslocada para uma casa ou hotel. A testemunha passa a ficar sob a escolta da Polícia Federal (PF). De

acordo com a assessoria de imprensa da PF, o serviço é coordenado de Brasília e pode ser solicitado pelos ministérios público Estadual ou Federal, judicialmente ou, em alguns casos, pelas polícias estaduais.

Segundo informações do Ministério Público Estadual, o Provita chegou a ser oferecido para a jovem, mas ela havia ficado de dar uma resposta posteriormente, pois a entrada na proteção é voluntária. Instituído através da Lei 9.807/99, o programa prevê medidas para que

testemunhas ou vítimas de organizações criminosas, por exemplo, possam acompanhar processos de investigação contra os criminosos que denunciaram ou são perseguidas com segurança. Entre as medidas adotadas pelo programa, estão a troca de residência, se necessário a transferência da pessoa e sua família para outro estado ou, em casos mais extremos, a mudança de identidade.

Mas Maria Cristine de Oliveira, que faz parte da Coordenação Colegiada do Fórum Cearense de Enfrentamento da Violência do Ceará, denuncia que Provita do Estado está com sérios problemas para inserir pessoas. Ela lembra de um caso, ocorrido no ano passado, em que uma adolescente vítima de violência precisou ser inserida no programa, mas foi negado por falta de vaga. “Infelizmente não temos a efetivação dessa política de proteção a testemunhas. No caso de Ana Bruna, o que também poderia ter sido feito era uma maior proteção policial à jovem. A gente sabe que é um caso grave e precisava desse apoio”, diz Cristine.

O Serviço de Proteção ao Depoente Especial (SDPE), ligado à Secretaria de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos, poderia ter sido uma das alternativas enquanto a jovem ainda estava prestando depoimentos à Polícia

ENTENDA O CASO10/2005 - O comerciante Francisco Valter Portela, 42, denuncia um esquema de extorsão envolvendo um delegado, dois inspetores da Polícia Civil, um PM e um advogado. Para se livrar de uma ameaça, ele teria pago R$ 12,3 mil ao grupo.

1º/3/2007 - Valter Portela é executado dentro de seu carro, no bairro Siqueira, com seis tiros de pistola.

8/4 - O ex-soldado da Polícia Militar, Ademir Mendes de Paula, 35, é morto com oito tiros na avenida 1, no Loteamento Arvoredo.

9/4 - Ana Bruna de Queiroz Braga, 17, presta depoimento à Polícia. A jovem revela que o companheiro, o ex-PM Ademir Mendes, teria recebido R$ 10 mil para matar o comerciante Valter Portela.

12/4 - A testemunha revela a uma prima que está sendo seguida. Temendo alguma represália, ela passa a morar em outro bairro.

13/4 - Ana Bruna presta novo depoimento na SSPDS. À noite, no mesmo dia, ela retorna à Aerolândia para rever amigos. Por volta das 20h30min, é morta com três tiros (dois na cabeça e um no pescoço). O acusado, José Veridiano Fernandes Nogueira, foi baleado por um PM e encaminhado ao IJF-Centro.

14/4 - Os dois delegados que acompanhavam o caso, Francisco Alves e Deodato Fernandes, são afastados sob determinação da SSPDS. O diretor do Departamento de Polícia Especializada (DPE), Jairo Pequeno, assume a condução das investigações.

16/4 - A força-tarefa composta de três delegados e chefiada por Jairo Pequeno, ouve José Veridiano na enfermaria-xadrez do IJF. No depoimento, ele confirmou que uma segunda pessoa participou do assassinato de Ana Bruna.

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#Data: 070418 #Clichê: Primeiro #Editoria: Fortaleza
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#Autor: Cláudio Ribeiro #Crédito: Roberto César <INVESTIGAÇÃO> <ASSASSINATO> <TESTEMUNHA> <POLICIAL> <GRUPO DE EXTERMÍNIO> <ANA BRUNA DE QUEIROZ BRAGA> <VALTER PORTELA> <CEARÁ>
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