catálogo canção do ver

20

Upload: xistolouco

Post on 24-Jul-2016

223 views

Category:

Documents


5 download

DESCRIPTION

Canção do Ver é uma obra do artista plástico Antônio Torres, realizada em 2013 em comemoração do Dia do Meio Ambiente. A exposição foi inaugurada na Pinacoteca da Universidade Federal de Viçosa.

TRANSCRIPT

  • 1

  • 2Manoel de BarrosCano do ver I

    Choca-de-crista-pretaSakesphorus canadensis

    Participao especial deHeitor Castro Torres, 3 anos

  • 3Por viver muitos anos dentro do matomoda aveO menino pegou um olhar de pssaro Contraiu viso fontana.Por forma que ele enxergava as coisas por igualcomo os pssaros enxergam.As coisas todas inominadas.gua no era ainda a palavra gua.Pedra no era ainda a palavra pedra.E tal.As palavras eram livres de gramticas epodiam ficar em qualquer posio.Por forma que o menino podia inaugurar.Podia dar s pedras costumes de flor.Podia dar ao canto formato de sol.E, se quisesse caber em uma abelha, eras abrir a palavra abelha e entrar dentrodela.Como se fosse a infncia da lngua.

    Manoel de BarrosCano do ver I

  • 4PrncipePyrocephalus rubinus

  • 5Pssaros, j em sua diversidade, nos remetem a mltiplos sentidos e representaes. De Hitchcock no cinema s cores e aos sons contados em prosa, msica e poesia, esses seres alados fazem parte da realidade e do imaginrio coletivos. Da observao da natureza e do ponto de encontro entre a arte e a cincia surge a Ornitologia, a ilustrao cientfica de plantas e animais, que com seu rigor tcnico tem uma grande importncia para pesquisadores.

    Nas artes visuais o desenho, com uma variedade de tcnicas ilimitadas, estabelece uma relao interessante com o real. O artista Antnio Torres busca aproximar o espectador de uma natureza exuberante e de difcil percepo. H uma infinidade de aves

    Tener pjaros en la cabezaMariana Lopes Bretas

    Jornalista, professora e pesquisadoraem Arte Contempornea

    impressionantes e apenas no estado de Minas so centenas de passarinhos j catalogados, vivos ou extintos.

    Torres j possui uma coleo de ilustraes de passros de nossa regio que representa, mais que espcies singulares, o respeito pela liberdade e o entorno natural materializados no papel. O artista chama a ateno do olhar para o detalhe, para esse pssaro imvel, sendo quase possvel toc-lo. Recupera a essncia da cor, o sentido da preservao, a importncia do movimento livre e a riqueza do meio ambiente.

    Ecltico, ele nos mostra mais uma face de seu trabalho, sempre com a preocupao de resguardar uma memria da arte, da histria, da paisagem e da vida mesma.

  • 6Por que o interesse em representar pssaros em suas obras?

    No penso arte como produo de peas destinadas a uma classe. Compreendo que ser artista um ofcio como qualquer outro que deva cuidar da manuteno e promoo da vida. Sendo assim, pensei trazer os pssaros que, juntamente com as borboletas, as flores e os peixes, alm de ser um mimo da natureza para o deleite do homem, so tambm os guardies das cores na mais pura e intensa vibrao primitiva. Pelas cores e formas e, se no bastasse, tambm pelo canto, pssaros so aquarelas e msica que voam. Pela ganncia humana, pssaros so cores e msica em extino.

    Entrevista com Antonio TorresMarcos Vincius Meigre e SilvaEstudante de Jornalismo naUniversidade Federal de Viosa

    Quando surgiu esse interesse?O interesse do artista surge das mais

    diversas formas. Nesse caso, surgiu da minha responsabilidade ambiental e, ao mostrar o colorido de alguns exemplares, no desejo somente a observao e o elogio contemplativo, mas, acima de tudo isso, quero te deixar sabendo que alguns pssaros retratados, esto agonizando sobre as eroses, sobre os lixes e nas margens devastadas das guas turvas dos rios.

    O processo de criao costuma levar quanto tempo? Quais as etapas do processo?

    Na verdade a coleo da exposio no criao, uma vez que os desenhos no

  • 7sofreram interferncia pessoal num processo de estilizao. No desenhei como imagino, mas como realmente os vejo. Tambm no se podem considerar cpias fiis, pois cada pssaro, ao ser retratado no habitat natural, suas cores sofrem alteraes pelo ngulo da luz e pelo reflexo do seu entorno. O mximo que posso dizer que os desenhos dos pssaros so uma interpretao minuciosa que consome 8 horas de trabalho para cada exemplar. O trabalho tem uma forma simples que comea com um desenho feito com ponta seca (incolor), e logo comeo o colorido de cima para baixo, fazendo fundo e detalhes de uma s vez, por conta da sensibilidade das minas dos lpis que mancham facilmente.

    Sara-de-chpeu-pretoNemosia pileata

  • 8Benedito-de-testa-amarela

    Melanerpes flavifrons

  • 9Gralha-do-campoCianocorax cristatellus

  • 10

    Formigueiro-preto-e-brancoMyrmochanes humileucus

    SoldadinhoAntelosphia galeata

  • 11

    Fim-fimEuphonia chlorotica

  • 12

    Soldadinho-do-araripeAntilophia bokermanni

    Trovoada-de-bertoniDrymophila rubricollis

  • 13

    Ariramba de cauda RuivaGalbula rufucauda

  • 14

    Choca-de-crista-pretaSakesphorus canadensis

  • 15

    Pipira-da-taocaLanio penicillatus

  • 16

    Pica- pau-do-parnabaCeleus obrieni

  • 17

    TietingaCissopis leverianus

  • 18

    Antnio Torres nasceu em 1962 na cidade de Mutum, interior de Minas Gerais. Seu interesse pela arte surgiu ainda na infncia por influncia da

    professora, Dona Salvina. Aps uma visita do pintor mineiro Inim de Paula Mutum comea o aprendizado de Antnio, que se define como um verdadeiro artista a luz dos ensinamentos do experiente pintor. Depois

    de deixar o ateli de Inim, Antnio comea uma jornada procurando o prprio estilo e encontra na colagem uma forma nova de se expressar.

    Porm isso no o impede de se dedicar a outros trabalhos e tcnicas de arte.

    Paralelamente ao trabalho de colagem, Antnio tem se dedicado aos de-senhos de pssaros feitos a lpis. Possivelmente o interesse inicial pela arte seja o que permanece no esprito do artista, j que passou a infn-cia na zona rural rodeado pela exuberncia das cores da natureza.

    Seu trabalho com os pssaros nos leva a pensar na permanncia do instinto da criana de imitar tudo a sua volta. Talvez o artista tenha

    mantido em si o desejo da infncia de retratar o que bonito. Longe de uma tendncia naturalista pensada e elaborada como

    um estudo sistemtico dos pssaros, Antnio aprimora um desejo nascido na infncia, desenvolvendo uma habilidade desejada pelo

    universo infantil: desenhar um passarinho que seja to parecido com o que se v, para que ele possa saltar do papel e brincar bem

    de perto com a criana que ainda vive na conscincia do artista.

    Isabella TorresMestranda em Estudos Literrios na

    Universidade Federal de Viosa

    Joo-pintoIcterus croconotus

  • 19

    Universidade Federal de Viosa

    Nilda de Ftima Ferreira SoaresReitora

    Demetrius David da SilvaVice-reitor

    Gumercindo Souza LimaPr-reitor de Extenso e Cultura

    Geraldo Leandro da Silva FilhoChefe da Diviso de Assuntos Culturais

    Michele Micheleti de MelloCoordenadora da Pinacoteca da UniversidadeFederal de Viosa

    Mariana BretasProfessora do curso de ComunicaoSocial/Jornalismo da UFV

    Magaly ResendeFotografia

    Rodrigo CastroProjeto grfico

    realizao

    apoio

  • 20