centro de ciÊncias biolÓgicas e da saÚde curso … · resumo compósitos à base de silorano...
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Londrina 2011
RENATA KIRITA DOI SAMPAIO
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE MESTRADO EM ODONTOLOGIA
Área de Concentração Dentística Preventiva e Restauradora
ADESÃO DE MATERIAIS RESINOSOS COM E SEM SILORANO À
DENTINA
Londrina 2011
ADESÃO DE MATERIAIS RESINOSOS COM E SEM SILORANO À
DENTINA
Dissertação de Mestrado apresentada à UniversidadeNorte do Paraná (UNOPAR), como requisito parcial paraa obtenção do título de Mestre em Odontologia, Área deConcentração Dentística Preventiva e Restauradora. Orientadora: Prof. Drª Sandra Kiss Moura
RENATA KIRITA DOI SAMPAIO
Londrina 2011
Profª. Drª Sandra Kiss Moura Universidade Norte do Paraná
Profª. Drª Linda Wang Universidade de São Paulo
Prof. Dr Alcides Gonini Júnior Universidade Norte do Paraná
RENATA KIRITA DOI SAMPAIO
ADESÃO DE MATERIAIS RESINOSOS COM E SEM SILORANO À
DENTINA
Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade Norte do Paraná (UNOPAR),
Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, como requisito parcial para a obtenção
do título de Mestre em Odontologia, Área de Concentração Dentística Preventiva e
Restauradora, com nota final igual a ______________, conferida pela Banca
Examinadora formada pelos professores:
AUTORIZO A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.
Dados Internacionais de catalogação-na-publicação
Universidade Norte do Paraná Biblioteca Central
Setor de Tratamento da Informação
Sampaio, Renata Kirita Doi. S186r Adesão de materiais resinosos com e sem silorano à dentina /
Renata Kirita Doi Sampaio . Londrina : [s.n], 2011. x; 59p. Dissertação (Mestrado). Odontologia. Dentística preventiva e
restauradora. Universidade Norte do Paraná. Orientadora: Profª Drª. Sandra Kiss Moura 1- Odontologia - dissertação de mestrado - UNOPAR 2-
Dentística restauradora e preventiva 3- Resinas compostas 4- Dentina 5- Resistência de união 6- Durabilidade I- Moura, Sandra Kiss, orient. II- Universidade Norte do Paraná.
CDU 616.314-089.27/.28
AGRADECIMENTOS
À Deus, por me amparar nos momentos difíceis, me dar força interior
para superar as dificuldades, mostrar o caminho nas horas incertas e me
suprir em todas as minhas necessidades.
Ao meu PAI (Nelson Toshiyuki Doi) e à minha MÃE (Leonor Yoshiko
Kirita Doi) pela sólida formação dada, que me proporcionou a
continuidade nos estudos até a chegada à este mestrado, os meus
eternos agradecimentos.
Ao meu marido Paulo Roberto Ferreira Sampaio, agradeço todo o seu
amor, carinho, admiração, e pela presença incansável com que me
apoiou ao longo do período de elaboração desta tese.
À minha orientadora e amiga Profª Drª Sandra Kiss Moura, pela
orientação segura, pela paciência com meus erros e pelo entusiasmo
com os meus acertos. Muito obrigada por acreditar em mim, mostrar o
caminho da ciência, por ser exemplo de profissional. Você sempre fará
parte da minha vida!
À Universidade Norte do Paraná (UNOPAR), na pessoa da chanceler
Elisabeth Bueno Laffranchi, da reitora Wilma Jandre Melo, do pró-
reitor de pesquisa e pós-graduação: Profº Drº Hélio Hiroshi Suguimoto
e a todos os funcionários da instituição.
Ao coordenador de Pós-Graduação Stricto Sensu em Odontologia da
UNOPAR, Profº Drº Alcides Gonini Júnior, minha eterna e sincera
gratidão.
Aos meus professores do Curso de Mestrado em Odontologia, pelos
conhecimentos passados e dedicação na sua tarefa de formar mestres.
Ao Prof° Dr° Luiz Reynaldo Figueiredo Walter, apesar da pouca
convivência, pelos conhecimentos passados.
Aos meus colegas de Mestrado pela oportunidade de tê-los conhecido
e convivido em momentos tão diversos.
Às bibliotecárias Fernanda Serrano e Ana Gasparini pelas buscas e
revisões das bibliografias utilizadas.
Há muito mais a quem agradecer... A todos aqueles que, embora não
nomeados, me brindaram com seus inestimáveis apoios em distintos
momentos, o meu reconhecido e carinhoso muito obrigado!
Obrigada por permitirem que esta tese seja uma realidade!
Todos vocês são co-autores deste trabalho!
“O bravo não é quem não sente medo,
mas quem vence esse medo.”
Nelson Mandela
SAMPAIO, RKD. Adesão de materiais resinosos com e sem silorano à dentina. 2011. 59 p. Dissertação (Mestrado em Odontologia – Área de concentração Dentística Preventiva e restauradora) – Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Universidade Norte do Paraná, Londrina, 2011.
RESUMO
Compósitos à base de silorano apresentam baixa contração de polimerização.
Contudo, existem controvérsias sobre a adesão em dentina. Foi objetivo avaliar a
adesão de materiais resinosos com e sem silorano à dentina, após 24 horas e 6
meses. Adper Single Bond 2 (ASB), Clearfil SE Bond (CF) e Adper SE Plus (ASEP)
+ Filtek Z350 e Sistema adesivo P90 + Filtek P90 (P90) foram aplicados em
superfícies planas de dentina. Após o armazenamento em água destilada (24 horas),
os dentes foram seccionados em direções "x" e "y" para obtenção de palitos
(0,8mm2). Metade dos palitos de cada dente foi tracionada em máquina de ensaio
universal (0,5 mm/min). A outra metade foi testada após 6 meses de
armazenamento em água destilada. Os dados foram tratados por ANOVA de dois
fatores e teste de Bonferroni (α = 0,05). Adicionalmente, dois corpos-de-prova de
cada grupo foram preparados para observação da nanoinfiltração nas interfaces
adesivas com a dentina. Não houve diferença entre os materiais (p = 0,2601), tempo
(p = 0,623) e nem para a interação material x tempo (p=0,2749). As médias
(desvios-padrões), em MPa, em 24 horas e 6 meses, foram: ASB + Filtek Z350
31,38 (4,53) e 30,06 (1,95); CF + Filtek Z350 34,26 (3,47) e 32,75 (4,18); ASEP +
Filtek Z350 29,54 (4,14) e 33,47 (2,47); P90 + FiltekP90 30,27 (2,03) e 31,34 (2,19).
Diferentes padrões de nanoinfiltração foram observados, mas sem relação com os
resultados da resistência de união. Concluiu-se que a adesão em dentina não foi
influenciada pelos fatores estudados.
Palavras-chave: Resinas compostas, dentina, resistência à tração, longevidade,
infiltração dentária
SAMPAIO, RKD. Adhesion of resin materials with and without silorane to dentin. 2011. 59 p. Dissertação (Mestrado em Odontologia – Área de concentração Dentística Preventiva e Restauradora) – Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Universidade Norte do Paraná, Londrina, 2011.
ABSTRACT
Silorane based composite have low polymerization shrinkage but there is still a
concern about the adhesion to dentin. This study evaluated the bond strength of
resin materials with and without silorane to dentin after 24-hour and 6-month water
storage. Adper Single Bond 2 (ASB), Clearfil SE Bond (CF) and Adper SE Plus
(ASEP) + Filtek Z350, and P90 Adhesive System + Filtek P90 (P90) were applied on
flat dentin surfaces. After 24-h water storage, the specimens were serially sectioned
in “x” and “y” directions to obtain bonded sticks of about 0.8 mm2 to be tested
immediately (24-hour) and after 6 months of water storage in a universal testing
machine at 0.5mm/min. The data were analyzed using two-way Analysis of Variance
and Bonferroni post hoc tests (α=0.05). Additionally two samples of each
experimental group were prepared to analyse the nanoleakage pattern of the
adhesive interfaces to dentin.There was no difference for resin material (p=0.2601),
time (p=0.623) and neither the interaction resin material x time (p=0.2749). Mean
(standard-deviation) in MPa observed at 24-hour and 6-month respectively were:
ASB + Filtek Z350 31.38 (4.53) and 30.06 (1.95), CF + Filtek Z350 34.26 (3.47) and
32.75 (4.18), ASEP + Filtek Z350 29.54 (4.14) and 33.47 (2.47), P90 + FiltekP90
30.27 (2.03) and 31.34 (2.19). Different nanoleakage patterns were observed but it
was not observed a relashionship with the bond strength to dentin. It was concluded
that the adhesion to dentin was not influenced by the studied conditions.
Keywords: Composite resins, dentin, tensile strength, longevity, dental leakage
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 4.1.1 - Terceiro molar hígido e recém-
extraído......................................................................................................................24
Figura 4.1.2 – Superfície oclusal sendo removidas com lixa de carbeto de silício 150
sob
refrigeração................................................................................................................25
Figura 4.1.3 – Área plana de dentina
expostas.....................................................................................................................25
Figura 4.1.4 – Dente restaurado e fotoativado
individualmente..........................................................................................................27
Figura 4.1.5 – Secções no sentido mésio-
distal...........................................................................................................................28
Figura 4.1.6 – Secções no sentido vestíbulo-
lingual.........................................................................................................................28
Figura 4.1.7 - Dimensão do cp sendo aferida em paquímetro digital com precisão de
0,1mm........................................................................................................................29
Figura 4.1.8 – Cola à base de cianoacrilato +
acelerador...................................................................................................................30
Figura 4.1.9 - Cp sendo fixado em dispositivo para ensaio de
microtração.................................................................................................................30
Figura 4.1.10 – Máquina de ensaio
universal.....................................................................................................................31
Figura 4.1.11 - Cp
fraturado.....................................................................................................................32
Figura 5.1.1 – Padrão de fratura misto de Clearfil SE Bond + Filtek Z350 (A,B em 24
horas) e coesivo em resina (C,D em 6 meses)..........................................................37
Figura 5.1.2– Padrão de fratura misto de Adper SE Plus + Filtek Z350 (A, B – em 24
horas) e coesivo em resina (C,D em 6 meses)..........................................................38
Figura 5.1.3 – Padrão de fratura misto de Sistema P90 + Filtek P90 (A,B em 24
horas) e coesivo em resina (C,D em 6
meses)........................................................................................................................39
Figura 5.1.4 – Padrão de fratura misto de Adper Single Bond 2 + Filtek Z350 (A,B
em 24 horas e C,D em 6
meses)........................................................................................................................40
Fig. 5.2.1 – Adper Single Bond 2 impregnação de nitrato de prata em 24h (A) e 6
meses (B)...................................................................................................................41
Fig. 5.2.2 – Clearfil SE Bond – impregnação de nitrato de prata em
24h..............................................................................................................................41
Fig. 5.2.3 – Adper SE Plus – impregnação de nitrato de prata em 24h (A) e 6 meses
(B)...............................................................................................................................42
Fig. 5.2.4 – Sistema P90 - impregnação de nitrato de prata em 24h (A) e 6 meses(B)
...................................................................................................................................42
Tabela 1– Sistemas adesivos, composição e modo de
aplicação....................................................................................................................26
Tabela 2 – Médias (desvios-padrões) da resistência de união à dentina dos grupos
experimentais ao longo do tempo..............................................................................34
Tabela 3 – Porcentagens (%) dos corpos-de-prova perdidos e modos de fratura....35
Gráfico 5.1 – Resistência de união dos materiais resinosos ao longo do tempo......35
Gráfico 5.2 - Número de corpos-de-prova perdidos prematuramente, os modos de
fratura e as respectivas porcentagens para os grupos experimentais, ao longo do
tempo..........................................................................................................................36
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO................................................................................................13
2. REVISÃO DE LITERATURA...........................................................................15
2.1. HISTÓRICO...............................................................................................15
2.2. CONTRAÇÃO DE POLIMERIZAÇÃO........................................................16
2.3. TENSÃO DE POLIMERIZAÇÃO................................................................18
2.4. SISTEMAS ADESIVOS..............................................................................19
2.4.1. SISTEMA ADESIVO ESPECÍFICO (SILORANE SYSTEM ADHESIVE)....20
2.4.2. DURABILIDADE DA ADESÃO....................................................................22
3. PROPOSIÇÃO..................................................................................................23
4. MATERIAL E MÉTODO...................................................................................24
4.1. ESTUDO 1 – ANÁLISE DA RESISTÊNCIA DE UNIÃO PELO TESTE DE
MICROTRAÇÃO....................................................................................................24
4.2. ESTUDO 2 – ANÁLISE DAS INTERFACES ADESIVAS PELA
IMPREGNAÇÃO POR NITRATO DE PRATA........................................................33
5. RESULTADOS.................................................................................................34
5.1. RESISTÊNCIA DE UNIÃO PELO TESTE DE MICROTRAÇÃO...................34
5.2. NANOINFILTRAÇÃO.....................................................................................40
6. DISCUSSÃO.....................................................................................................43
7. CONCLUSÃO...................................................................................................49
8. REFERÊNCIAS................................................................................................50
APÊNDICE A – TABELA DA ANÁLISE DE VARIÂNCIA DE DOIS FATORES.....58
ANEXO A – APROVAÇÃO DO PROJETO PELO COMITÊ DE ÉTICA EM
PESQUISA DA UNOPAR......................................................................................59
13
1. INTRODUÇÃO
O uso das resinas compostas na clínica diária tem sido amplamente aceito e
contínuas modificações na sua composição foram feitas com o propósito de
melhorar as propriedades gerais do material e minimizar a contração de
polimerização e seus efeitos indesejáveis.
Assim, três estratégias foram estudadas para reduzir a contração de
polimerização: 1. aumentar o volume de partículas inorgânicas; 2. aumentar o
tamanho da molécula (peso molecular do monômero); 3. usar diferentes tipos de
monômeros1,2. Baseados na terceira estratégia, estudos foram feitos na tentativa de
desenvolver uma resina com estrutura polimérica diferente, substituindo as
moléculas à base de metacrilato.
A maioria das resinas compostas utilizadas atualmente é formada pela
combinação de diferentes monômeros à base de metacrilatos, contém uma
combinação de diferentes tipos de monômeros como Bis-GMA, TEGMA e UDMA. Ao
se polimerizarem, constituem polímeros lineares, onde a abertura das duplas
ligações de carbono, estimulada pela amina fotossensível, leva ao encurtamento da
cadeia polimérica e à contração de polimerização de aproximadamente 3% ou mais
dependendo do volume da massa3,4.
Monômeros alternativos aos metacrilatos foram incorporados às resinas
conhecidas como silorano, onde a reação de polimerização acontece pela abertura
dos anéis catiônicos, evitando o encurtamento da cadeia e diminuindo a contração
de polimerização. A principal característica desse novo compósito é a contração de
polimerização menor que 1% e a capacidade de poder ser inserido em toda
extensão da cavidade em incrementos de até 2 milímetros de espessura, sugerindo
melhor qualidade na integridade marginal, determinado pela menor geração de
tensão (2/3 menor do que a resina à base de metacrilato), com conseqüente
redução de cáries recorrentes e sensibilidade pós-operatória5-9.
A tecnologia silorano foi desenvolvida com o intuito de minimizar a contração
de polimerização e diminuir a tensão desenvolvida. No entanto, estudos recentes
demonstraram que as resinas à base de silorano não apresentaram diminuição na
tensão desenvolvida na interface dente/restauração10,11, sugerindo que outros
fatores podem influenciar no aparecimento de tensões de contração.
Outro questionamento se refere à durabilidade da adesão produzida em
14
dentina por estas resinas de baixa contração, que são utilizadas com sistema
adesivo autocondicionante. Alguns adesivos autocondicionantes são bastante
hidrofílicos, sendo suscetíveis à degradação hidrolítica ao longo do tempo12.
Apesar de resultados promissores terem sido observados em alguns
estudos13,14, ainda existem questionamentos sobre a adesão das resinas de baixa
contração à dentina, o que justifica a realização de mais pesquisas sobre este tema.
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. HISTÓRICO
A rica história associada ao desenvolvimento de resinas compostas teve o
seu início durante a primeira metade do século XX. O primeiro material que tinha a
cor do dente e podia ser utilizado como material para restauração estética eram os
silicatos. No entanto, apresentavam como desvantagens o desgaste sofrido pouco
depois de ter sido colocado15.
Em meados da década de 40, surgiram as resinas acrílicas ativadas
quimicamente, onde os monômeros (metilmetacrilato) e polímeros eram combinados
e o produto era introduzido na cavidade bucal. Estas resinas tinham uma coloração
semelhante a dos dentes, eram insolúveis em fluidos orais, fáceis de manusear e
tinham baixo custo. Infelizmente, a baixa resistência ao desgaste, a alta contração
de polimerização e a baixa estabilidade de cor prejudicaram seu desempenho15,16.
A alta contração de polimerização era proveniente da aproximação dos
monômeros de metilmetacrilato para a formação do polímero final. A primeira
tentativa para reduzir esse fenômeno foi através da inserção de partículas de carga,
uma vez que a inclusão dessas partículas geraria uma redução relativa no volume
ocupado pelos monômeros. Apesar da contração de polimerização ter sido
minimizada, a falta de união química entre as partículas de carga e o polímero de
metilmetacrilato determinou o insucesso desse material15.
No início dos anos 50, propriedades muito boas como a baixa contração de
polimerização, a baixa solubilidade do polímero e a alta resistência mecânica das
resinas epóxicas fizeram com que estas passassem a ser vistas como candidatas ao
uso em Odontologia Restauradora. Porém, essas resinas tinham o inconveniente de
apresentar um longo período de polimerização, limitando a sua aplicabilidade
clínica17.
A técnica do condicionamento ácido proposta por Buonocore18 (1955)
favoreceu o desenvolvimento de materiais e técnicas restauradoras mais
conservadoras e posteriormente impulsionou a introdução no mercado das resinas
compostas apresentadas pelo Dr. Ray L. Bowen19.
A era moderna das resinas começou em 1962 quando Bowen procurou unir
as características da resina acrílica e da resina epóxica. A principal inovação foi o
desenvolvimento de um novo monômero, Bis-GMA e um agente de união entre a
matriz orgânica e as partículas de carga. Essa molécula contém a “espinha dorsal”
das resinas epóxicas, porém suas terminações foram substituídas por grupamentos
metacrilatos16.
Desde então, a base das formulações das resinas passou a ser composta por
monômeros de Bis-GMA unidos quimicamente a cargas inorgânicas, vigorando até
os dias atuais como formulação básica das resinas compostas utilizadas na clínica
diária.
2. 2. CONTRAÇÃO DE POLIMERIZAÇÃO
A perda da integridade marginal é uma das principais causas de fracasso de
restaurações utilizando compósitos resinosos. O rompimento de união entre o
material restaurador e a estrutura dentária pode ocorrer devido a um procedimento
adesivo deficiente ou por tensões/contrações desenvolvidas na interface
dente/restauração.
Apesar dos inúmeros estudos na tentativa de desenvolver um material
resinoso que apresentasse uma menor contração de polimerização, esta ainda é
uma característica inerente a esses materiais16,17 e tem sido apontada como uma
das principais causas de descolamento interfacial20.
Quando as tensões transmitidas para a camada adesiva superam a
resistência de união obtida com o sistema adesivo, podem gerar a formação de
fissuras na interface dente/restauração e provocar a microinfiltração, com
conseqüente sensibilidade pós-operatória, cáries secundárias, fraturas de esmalte e
deflexão de cúspide, além de falhas na adesão em dentina 3,5,21.
As resinas compostas utilizadas atualmente, ao se polimerizarem, constituem
polímeros lineares que são decorrentes da formação de ligações covalentes entre as
moléculas de monômero. A distância determinada por forças de Van der Waals entre
as moléculas de monômero é maior do que a distância entre as ligações covalentes
estabelecidas durante a reação. Como conseqüência, ocorre a aproximação dessas
moléculas, resultando na redução do volume do material3,4.
Na tentativa de minimizar a contração de polimerização e seus efeitos,
inúmeros sistemas têm sido avaliados no desenvolvimento de monômeros resinosos
com baixa contração de polimerização. Novos materiais resinosos baseados na
abertura dos anéis catiônicos e que não contém metacrilatos, tem sido estudados
como forma de minimizar a contração de polimerização22.
Essas novas resinas são compostas por grupos siloxanos e oxiranos e são
conhecidas como Silorano. O siloxano concede hidrofobicidade e o oxirano tem alta
reatividade e menos contração de polimerização que os metacrilatos5-9.
A polimerização da resina à base de silorano depende da reação de doador
de elétrons, que pelo processo de oxi-redução, decompõe o sal de iodônio em um
cátion ácido e produz a abertura do anel catiônico para então iniciar a reação13,23,24.
A abertura dos anéis evita o encurtamento da cadeia polimérica e
consequentemente resulta em menor contração de polimerização4,7,9,10,23,24,25.
Estudos preliminares mostraram que as resinas à base de silorano
apresentam menor contração de polimerização quando comparadas com resinas à
base de metacrilato4,7,21,23,24,25,26. Este resultado também foi observado pelos autores
Weinman, Thalacker e Guggenberger6 (2005) quando compararam a resina à base
de silorano com outras quatro resinas à base de metacrilato (Filtek Z250, Filtek P60,
Tetric Ceram e Spectrum TPH).
Nesse mesmo ano, Palin, Fleming, Nathwani et al.5 (2005) avaliaram se as
resinas experimentais à base de silorano (H1) e oxirano (EXL596) apresentavam
baixa contração de polimerização quando comparadas às resinas de metacrilato
(Z100 e Filtek Z250) e verificaram que após 24 horas, as resinas de oxirano e de
silorano apresentaram baixa deflexão de cúspide, sugerindo uma diminuição na
contração de polimerização na interface dente/restauração. Da mesma maneira,
Papadogiannis, Kakaboura e Palaghias et al.25 (2009) avaliaram a contração de
polimerização e a adaptação marginal das resinas a base de metacrilato Ceram X
Mono/CM, Premise/PR, Clearfil Majesty/CM, ELS/EL e a de baixa contração Filtek
Silorane e verificaram que a resina Filtek Silorane apresentou melhores
características quanto à contração de polimerização e mostrou melhor adaptação
cavitária. Assim, segundo os autores, a contração de polimerização estaria
altamente relacionada às tensões geradas na interface dente/restauração
contribuindo eventualmente para a perda da adesão.
2.3. TENSÃO DE POLIMERIZAÇÃO
Muitos fatores contribuem para a produção de tensão nas resinas compostas
durante a polimerização. A tensão é um produto do módulo de elasticidade e da
contração de polimerização, materiais com a combinação: alta contração de
polimerização e alto módulo de elasticidade deverão gerar os mais altos valores de
tensão durante a polimerização11,20.
A tecnologia silorano foi desenvolvida para minimizar a contração e diminuir a
tensão desenvolvida. Os materiais que apresentam o oxirano na sua composição
têm velocidades da reação de polimerização mais lentas, o que contribui com
desenvolvimento de mais baixa tensão, segundo alguns autores20.
Sugere-se que a cinética de iniciação e polimerização da resina silorano
foram modificadas para oferecer uma menor tensão de polimerização27. Este
aspecto parece ser reforçado no estudo de Palin, Fleming e Nathwani et al.5 (2005)
em que as resinas à base de oxirano e de silorano, após teste de microtração,
apresentaram baixa deflexão de cúspide quando comparadas com as resinas à base
de metacrilato (Z100 e Filtek Z250), sugerindo uma diminuição da tensão de
contração de polimerização na interface dente/restauração.
Porém, no estudo realizado por Marchesi, Breschi e Antoniolli et al.10 (2010),
quando compararam a contração de polimerização da resina Filtek Silorane, Venus
Diamond, Tetric Evo Ceram, Quixfil e Filtek Z250 utilizando diferentes métodos de
ensaio, verificaram que apenas a redução da contração de polimerização do
compósito não era garantia de desenvolvimento de menos tensão, pois outros
fatores poderiam influenciar seu aparecimento, como a geometria da cavidade (fator
C) e propriedades do material restaurador. Segundo Ferracane20 (2005), estes
fatores podem ser separados em fatores relacionados à formulação do material
(conteúdo de carga, estrutura do monômero, interação carga/matriz, aditivos, etc.) e
fatores relacionados à polimerização do material (concentração do catalisador e
inibidor, condições de restrição externa, geometria da cavidade, método de cura,
técnica de inserção).
Concordaram com o estudo anterior Boaro, Gonçalves e Guimarães et al.11
(2010), que compararam a tensão de polimerização de sete compósitos à base de
Bis-GMA (Durafill/DU, Filtek Z250/FZ, Heliomolar/HM, Aelite LS Posterior/AP, Point
4/P4, Filtek Supreme/SU, ELS/EL), um à base de silorano (Filtek LS, LS), um à base
de uretano (Venus Diamond, VS) e outro à base de dimetacrilato derivado do dímero
ácido (N’Durance, ND) e observaram que todos os compósitos, inclusive os de baixa
contração de polimerização, desenvolveram tensão de polimerização.
Conforme já foi dito anteriormente, a capacidade adesiva não é somente
influenciada pelas características inerentes ao compósito. Um aspecto considerado
relevante seria o sistema adesivo empregado para promover a união.
2.4. SISTEMAS ADESIVOS
A união das resinas compostas aos substratos dentários acontece pela
aplicação dos sistemas adesivos, que deveria possuir resistência de união suficiente
para suportar ou dissipar as tensões transmitidas para a interface dente/restauração.
Atualmente, os sistemas adesivos podem ser classificados em pelo menos uma das
duas categorias: convencionais, que preconizam o condicionamento ácido do
esmalte e da dentina com ácido fosfórico, removendo completamente a smear layer
previamente à aplicação do primer e adesivo; e autocondicionantes, que podem ser
classificados em três categorias, dependendo do tratamento dado à smear layer:
sistemas adesivos que modificam a smear layer e a incorporam durante o processo
de adesão, estes utilizam único passo (adesivo resinoso); sistemas adesivos que
removem a smear layer através da utilização de condicionamento ácido são
encontrados em dois passos (condicionamento ácido, primer e adesivo em frasco
único) e em três passos de aplicação (condicionamento ácido, primer e adesivo em
frascos separados) 28,29.
Alguns adesivos autocondicionantes são bastante hidrofílicos, ou seja, a
presença de água na composição dos sistemas autocondicionantes é necessária
para ativar o processo de desmineralização. No entanto, a natureza hidrofílica do
material favorece a sorção de água, a plastificação do polímero e reduz suas
propriedades mecânicas de resistência30. O excesso de água durante a
polimerização pode ser uma das razões da baixa capacidade adesiva29.
Koshiro, Inoue e Sano et al.31 (2005) avaliaram a adesão de dois adesivos
(adesivo autocondicionante de 2 passos Unifil Bond e convencional de 2 passos
Single Bond pelo teste de microtração em combinação com a resina Z250. Após 1
ano, o adesivo Single Bond exibiu sinais de degradação interfacial, ao passo que o
Unifil Bond não exibiu nenhuma alteração. Assim, a interface adesiva produzida pelo
adesivo convencional foi menos resistente à degradação quando comparado ao
sistema autocondicionante, uma vez que os mecanismos de degradação dos
sistemas adesivos utilizados são diferentes.
Em contrapartida, quando Erickson, Barckmeier e Latta32 (2009) compararam
a adesão dos sistemas autocondicionantes com convencionais, a adesão dos
sistemas autocondicionantes não conseguiu superar a dos sistemas convencionais
utilizando o ácido fosfórico como agente condicionante.
Albaladejo, Osorio e Toledano et al.28 (2010) avaliaram a adesão de cinco
sistemas adesivos, sendo dois adesivos convencionais (Single Bond e Prime & Bond
NT), dois autocondicionantes de 2 passos (Clearfil SE Bond e Protect Bond) e um
autocondicionante de 1 passo (Etch &Prime 3.0) e verfificaram que tanto os
adesivos convencionais como os autocondicionantes de 2 passos resultaram em
camadas híbridas contínuas e com espessura uniforme.
Assim, pelo fato de existirem controvérsias a respeito da adesão à dentina
dos diferentes sistemas adesivos, mais estudos sobre o assunto necessitam ser
realizados.
2.4.1. SISTEMA ADESIVO ESPECÍFICO (SILORANE SYSTEM ADHESIVE)
Da mesma forma que algumas resinas à base de metacrilato, a resina à base
de silorano se une aos tecidos dentais por meio de um adesivo autocondicionante de
dois frascos e dois passos.
Entretanto, neste caso, o fabricante recomenda o uso de um adesivo
específico que se una tanto aos tecidos dentais que possui natureza hidrófila, como
à resina composta à base de Silorano com propriedade hidrófoba. Assim, o adesivo
especificado é um Self-etching primer à base de metacrilato que contém monômeros
hidrófilos, além da água e do etanol para prover o processo de ionização e formar a
base para a união com os tecidos dentais. O Self-etching bond também é à base de
metacrilato, mas por sua vez, contém monômeros hidrófobos, cuja função é
complementar a união com o primer e se unir com o monômero hidrófobo da resina
composta à base de silorano. Assim, a resistência da união entre os tecidos dentais
e o sistema restaurador à base de silorano é assegurada pela interação das
moléculas à base de metacrilato e silorano24.
A necessidade da utilização de um adesivo específico foi verificada no estudo
proposto por Duarte, Phark e Varjão et al.21 (2009). Os autores avaliaram a
resistência adesiva pelo teste de microtração e a nanoinfiltração da resina de baixa
contração e verificaram que não houve adesão desta resina com a dentina quando
foi utilizado o adesivo Adper Single Bond Plus. A maioria das restaurações soltaram
após 24 horas e todas as restaurações soltaram após armazenamento em água
durante 6 meses ou durante a termociclagem. A resina de baixa contração só
produziu suficiente resistência adesiva quando foi associada ao seu adesivo
autocondicionante específico LS Bond, mas com significante nanoinfiltração,
especialmente após o envelhecimento, pois apesar da adesão, o sistema adesivo
utilizado permitiu infiltração de nitrato de prata, o que talvez possa ter comprometido
a durabilidade da adesão ao longo do tempo.
Garcia, Schaible e Lohbauer19 et al. (2008) avaliaram a resistência de união
ao microcisalhamento de sistemas adesivos autocondicionantes em dentina
profunda (1- adesivo convencional Syntac (controle), 2- adesivo autocondicionante
One-Up Bond F Plus (um passo), 3- Hybrid Bond (um passo), 4- AdheSE (dois
passos) – unidos ao compósito Tetric Ceram e 5- Silorane System Adhesive (dois
passos), unido ao compósito de baixa contração Filtek Silorane e concluíram que o
adesivo Silorane e o compósito Filtek Silorane tiveram resistência de união similar à
dos demais materiais.
Entretanto, num estudo realizado por Van Ende, De Munck e Lambrechts et
al.4 (2009), os autores avaliaram a resistência de união da resina de baixa contração
Filtek Silorane e a resina convencional Filtek Z100 associadas ao adesivo
autocondicionante de 2 passos Silorane System Adhesive. Concluíram que
utilizando o adesivo Silorane System Adhesive, tanto a resina Filtek Z100 e a de
baixa contração Filtek Silorane apresentaram uma capacidade de adesão à dentina
semelhante, contrariando estudos anteriores onde o adesivo Silorane System
Adhesive só teria produzido boa adesão quando utilizado com a resina silorane.
Logo, ainda existem questionamentos a respeito dos sistemas restaurados
com o adesivo específico da resina à base de silorano, justificando a necessidade de
mais estudos.
2.4.2. DURABILIDADE DA ADESÃO
Segundo Cabral e Ignacio33 (2008), o Silorane Adhesive System penetrou nos
tecidos dentários e produziu união dente/resina sem a formação de fendas após 72
horas. Para tanto, foram utilizados 20 terceiros molares, seccionados
horizontalmente e restaurados com a resina Filtek P90 e Silorane Adhesive System.
Mine, De Munck e Van Ende et al.34 (2010) avaliaram a interface adesiva
esmalte/dentina em microscopia eletrônica (TEM), formada 24 horas após
restauração com Filtek Silorane e seu sistema adesivo, e observaram a formação de
uma camada híbrida entre 10 a 20 micrômetros de espessura.
A durabilidade pode ser afetada pelos meios de armazenamento, que podem
levar à degradação da interface adesiva. Ilie e Hickel35 (2008) compararam o
comportamento mecânico da resina à base de silorano com seis resinas à base de
metacrilato, após envelhecimento e armazenamento (24 horas e 4 semanas) em
diferentes soluções (água, saliva e álcool). Concluíram que a resina à base de
silorano apresentou boas propriedades mecânicas em todos os solventes utilizados,
inclusive quando armazenado em álcool quando comparado as resinas a base de
metacrilato.
Hannel, Henrich e Bürgers et al.36 (2010) investigaram o comportamento dos
compósitos de baixa contração frente a 4 diferentes tipos de armazenamento (água
destilada, etanol/saliva artificial por 7, 90 e 365 dias e termociclagem). Os resultados
mostraram que os diferentes compósitos não foram igualmente afetados pelo
envelhecimento artificial, embora nenhum dos materiais testados apresentou
comportamento satisfatório nos três meios testados.
Após a revisão de literatura, percebe-se que dúvidas a respeito da adesão
das resinas à base de silorano à dentina ainda existem. Pelo fato de poucos
estudos terem sido encontrados de durabilidade de adesão em dentina utilizando
este material, seria interessante complementá-los.
3. PROPOSIÇÃO
A finalidade deste trabalho foi avaliar a adesão de resinas compostas com e
sem silorano à dentina, testando as hipóteses de que:
1) Não existem diferenças nos valores de resistência de união à dentina
entre os sistemas à base de silorano e à base de metacrilato;
2) Não existem diferenças nos valores de resistência de união à dentina
ao longo do tempo.
4. MATERIAL E MÉTODO
4.1. Estudo 1 – Análise da resistência de união pelo teste de microtração
O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
UNOPAR (Anexo A). Foram utilizados vinte terceiros molares hígidos e recém-
extraídos (Figura 4.1.1), desinfetados em solução de cloramina 0,5% a 4°C por 7
dias37 e armazenados em água destilada sob refrigeração (4ºC) até o início dos
experimentos.
Figura 4.1.1 - Terceiro molar hígido e recém-extraído
Os dentes foram divididos aleatoriamente em quatro grupos (n=5), para a
restauração com materiais resinosos contendo silorano ou não, e testados em 24
horas e 6 meses. As superfícies oclusais foram removidas com lixa de carbeto de
silício 150 sob refrigeração (Figura 4.1.2), para expor áreas planas de dentina
(Figura 4.1.3), que foram abrasionadas em lixa de carbeto de silício 600 sob
refrigeração, por 60 segundos, para padronizar a camada de esfregaço.
Figura 4.1.2 – Superfície oclusal sendo removida com lixa de carbeto de silício 150 sob
refrigeração
Figura 4.1.3 – Área plana de dentina exposta
Em seguida, os dentes de cada grupo foram restaurados com Adper Single
Bond 2 + Filtek Z350 (3M ESPE, Sumaré, SP/Brasil), Clearfil SE Bond (Kuraray
Medical Inc, Tokyo, Japão) + Filtek Z350, Adper SE Plus + Filtek Z350 (3M ESPE,
Sumaré, SP/Brasil) e P90 LS System Adhesive (Self Etch Primer e Bond) + Filtek
P90 (3M ESPE, Sumaré, SP/Brasil), conforme descrito na Tabela 1.
Tabela 1– Sistemas adesivos, composição e modo de aplicação
Material (LOTE) Composição Aplicação
ADPER SINGLE
BOND 2 (8RL)
+ Filtek Z350
(N12715 cor A2)
Sistema adesivo: Bis-GMA, HEMA, diuretano dimetacrilato, copolímero do ácido polialcenóico, canforoquinona, água, etanol e glicerol 1.3dimetacrilato, 10% em peso de nanopartículas de sílica (5nanometros). Filtek Z350: Bis-GMA, Bis-EMA (6), UDMA e pequenas quantidades de TEGDMA, nanopartículas não-aglomeradas de sílica e nanoaglomerados formados por partículas de zircônia/sílica.
1-Aplicar ácido fosfórico 35% (15s); 2-Lavar por 15s; 3-Jato de ar (10s a 10 cm); 4-Friccionar o adesivo (2 camadas); 5- Jato de ar (10s a 10 cm); 6-Fotoativar por 10s (550mW/cm²); 7-Inserir o compósito em incrementos 8- Fotoativar o compósito
CLEARFIL SE BOND
Primer (00788A) Bond (01146A)
+ Filtek Z350
(N12715 cor A2)
Primer: MDP, HEMA, canforoquinona, dimetacrilatos hidrofílicos, N,N-dietanol p-toluidina, etanol, água. Bond: MDP, bis-GMA, HEMA, dimetacrilatos alifáticos hidrofóbicos, canforoquinona, N,N-dietanol p-toluidina, sílica coloidal silanizada silica. Filtek Z350: Bis-GMA, Bis-EMA (6), UDMA e pequenas quantidades de TEGDMA, nanopartículas não-aglomeradas de sílica e nanoaglomerados formados por partículas de zircônia/sílica.
1-Friccionar o primer (20s); 2-Jato de ar (10s a 10cm) 3-Aplicar Adesivo; 4-Jato de ar (10s a 10cm) 5-Fotoativar por 10s (550mW/cm2). 6- Inserir o compósito em incrementos 7- Fotoativar o compósito
ADPER SE PLUS
Primer (8BE) Adesivo (8BB)
+ Filtek Z350
(N12715 cor A2)
Primer: água (80%), HEMA (20%), corante cor de rosa, surfactante. Adesivo: resinas de metacrilato (UDMA, TEGDMA, TMPTMA, HEMA fosfato e MHP (componentes acídicos), nanopartículas de zircônia, fotoiniciadores. Filtek Z350: Bis-GMA, Bis-EMA (6), UDMA e pequenas quantidades de TEGDMA, nanopartículas não-aglomeradas de sílica e nanoaglomerados formados por partículas de zircônia/sílica.
1-Aplicar o Primer; 2-Friccionar o Adesivo (20s); 3-Jato de ar (10s a 10cm); 4-Aplicar 2ª camada do Adesivo 5-Jato de ar (10s a 10cm); 6-Fotoativação 10s (550mW/cm²). 7-Inserir o compósito em incrementos 8- Fotoativar o compósito
P90 System
Adhesive Primer (4763P) Bond (4763P)
+ Filtek P90
(4762 cor A2)
Primer: metacrilatos fosfatados, mopolímero do Vitrebond, Bis-GMA, HEMA, álcool, partículas de sílica tratadas com silano, estabilizadores, canforoquinona. Bond: dimetacrilato hidrófobo, metacrilatos fosfatados, TEGDMA, partículas de sílica tratadas por silano, canforoquinona, estabilizadores. Filtek P90: resina silorano, sistema iniciador: canforoquinona, sal iodônio, doador de elétron, partícula de quartzo, fluoreto de ítreo, estabilizadores, pigmentos.
1-Friccionar o Primer (15s); 2-Jato de ar (10s a 10 cm); 3-Fotoativar por 10s (550mW/cm²); 4-Aplicar o Bond; 5-Jato de ar (10s a 10 cm); 6-Fotoativar por 10s (550mW/cm²); 7-Inserir o compósito em incrementos 8- Fotoativar o compósito
Legenda: HEMA (2-hidroxietilmetacrilato); UDMA (Uretano dimetacrilato); TEGDMA (Trietilenoglicol dimetacrilato); TMPTMA (Trimetilopropano trimetacrilato); MHP (Fosfatos metacrilatizados); Bis-GMA (bisfenol glicidil metacrilato); MDP (10-methacriloiloxidecil dihidrogeno fosfato).
Os sistemas adesivos e as resinas compostas foram fotoativados com
aparelho de lâmpada halógena a 550mW/cm² (VIP, Bisco, Schaumburg, IL, USA) e
blocos dos compósitos foram confeccionados com 3 incrementos de 2mm de
espessura, fotoativados individualmente (Figura 4.1.4).
Figura 4.1.4 – Dente restaurado e fotoativado individualmente
Os dentes restaurados permaneceram armazenados em água destilada a
37°C por 24 horas. Em seguida, cada dente foi fixado com cera pegajosa em
dispositivo da máquina de corte (Isomet 1000, Buehler Ltd, Lake Bluff, IL, USA) e
secionado com disco diamantado (Extec 12205, Extec Corp. Enfield, USA) nas
direções mésio-distal (Figura 4.1.5) e vestíbulo-lingual (Figura 4.1.6),
sucessivamente e perpendiculares à interface de união, para obter corpos-de-prova
(cp) no formato de palitos, com área de seção transversal de aproximadamente
0,8mm². As dimensões dos cp foram aferidas em paquímetro digital com precisão de
0,1mm (Absolute Digimatic, Mytotoyo, Japão) (Figura 4.1.7).
Figura 4.1.5 – Secções no sentido mésio-distal
Figura 4.1.6– Secções no sentido vestíbulo-lingual
Figura 4.1.7 - Dimensão do cp sendo aferida em paquímetro digital
com precisão de 0,1mm
Metade dos cp de cada dente foi fixada com cola à base de cianoacrilato (Slo-
Zap CA alta viscosidade, Illinois, USA) + acelerador (Zip Kicker, Illinois, USA) (Figura
4.1.8) em dispositivo para ensaio de microtração (Odeme Biotechnology, Joaçaba,
SC/Brasil) (Figura 4.1.9) e testada sob tração neste momento, em máquina de
ensaio universal (EMIC, São José dos Pinhais, PR/Brasil), com velocidade de
0,5mm/min (Figura 4.1.10). A outra metade dos palitos permaneceu armazenada em
água destilada a 37ºC durante 6 meses, após o que foram testados por tração.
Figura 4.1.8 – Cola à base de cianoacrilato + acelerador
Figura 4.1.9 – Corpo de prova sendo fixado em dispositivo para ensaio de microtração
Figura 4.1.10 – Máquina de ensaio universal
Os valores de tensão obtidos (em Newtons) foram divididos pela área de
seção transversal de cada corpo de prova para o cálculo dos valores de resistência
de união em MPa. Os dados de resistência de união de cada dente foram tratados
por Análise de Variância de dois fatores (material X tempo de armazenagem) e teste
de Bonferroni. O dente foi considerado a unidade experimental. Foi adotado o nível
global de significância de 5% nos dois testes.
Adicionalmente, os corpos de prova fraturados (Figura 4.1.11) foram
posicionados em suportes de alumínio (Stubs), cobertos com liga de ouro-paládio e
observados para a classificação dos modos de fratura em adesivo/misto, coesivo em
resina e coesivo em dentina, em um microscópio eletrônico de varredura (JSM
T220A, JEOL USA, Inc., Peabody, MA, USA) com diferentes aumentos. A
porcentagem de cada modo de fratura foi calculada nos grupos.
Figura 4.1.11 - Cp fraturado
4.2. Estudo 2 - Análise das interfaces adesivas pela impregnação por nitrato de
prata
Dois palitos de cada dente foram impermeabilizados com duas camadas de
esmalte cosmético até 1mm aquém das interfaces. Um total de 12 palitos por
condição experimental (dois por dente) foram preparados para observação das
interfaces adesivas quanto à impregnação pelo nitrato de prata. Os espécimes foram
reidratados em água destilada durante 10 minutos previamente à imersão na
solução traçadora.
Foi preparado nitrato de prata amoniacal como descrito por Tay, King e Chan
et al38. Os palitos foram imersos em solução de nitrato de prata amoniacal durante
24h, protegidos da claridade (totalmente no escuro). Em seguida, foram lavados em
água destilada para remover o nitrato de prata e foram imersos em solução
reveladora KODAK durante 8 horas, sob luz fluorescente, para que ocorresse a
redução dos íons prata em grãos de prata metálica, que mostrarão os
defeitos/bolhas ao longo da interface.
Em seguida, todos os palitos foram lixados manualmente e sob refrigeração
em lixa de carbeto de silício 600 para remover o esmalte cosmético. Os espécimes
foram polidos com lixas de carbeto de silício na sequência 800, 1000, 1200, 1500,
2000, 2500 e pastas diamantadas 1 e 0,25 μm (Buehler Ltd, Lake Bluff, IL, USA), em
discos de feltro e sob refrigeração. Foram limpas em água destilada e aparelho de
ultrassom durante 5 minutos entre cada etapa, secas com jato de ar, posicionadas
em suportes de alumínio e cobertas com carbono. As interfaces adesivo/dentina
foram observadas em microscópio eletrônico (Jeol 5800, Tokyo, Japan) utilizando
elétrons retro espalhados. A distância de trabalho foi mantida em 8 mm com 12Kv de
voltagem.
5. RESULTADOS
5.1. Resistência de união pelo teste de microtração
Inicialmente verificou-se a homogeneidade das medidas relativas às áreas
de seção transversal (mm²) dos espécimes (palitos), por meio de Análise de
Variância. Os valores variaram entre 0,86 e 0,88mm², não tendo sido detectada
diferença significativa entre os grupos experimentais (p>0,05). A ausência de
discrepâncias nos valores médios das áreas sugere que não houve interferência
deste aspecto na resistência de união à dentina.
Foram previstas cinco repetições (n=5) para cada grupo experimental. Após
6 meses de armazenamento na forma de palitos em água destilada, foi observada
perda prematura (durante a apreensão dos palitos para posterior posicionamento na
garra e ensaio de tração) de um dente dos grupos Clearfil SE Bond + Filtek Z350,
Adper SE Plus + Filtek Z350 e Sistema P90 + Filtek P90. Assim, para a análise
estatística, os grupos experimentais apresentaram número de repetições diferentes.
Na Tabela 2 estão resumidas as médias (desvios-padrões), em MPa, da
resistência de união à dentina dos grupos experimentais, ao longo do tempo.
Tabela 2 – Médias (desvios-padrões) da resistência de união à dentina dos grupos
experimentais ao longo do tempo. O símbolo * indica semelhança estatística.
GRUPO EXPERIMENTAL 24 HORAS 6 MESES
ASB 31,38 (4,53) * 30,06 (1,95) *
CF 34,26 (3,47) * 32,75 (4,18) *
ASEP 29,54 (4,14) * 33,47 (3,47) *
P90 30,27 (2,03) * 31,34 (2,19) *
Legenda Grupos: ASB – Adper Single Bond 2 + Filtek Z350; CF - Clearfil SE Bond + Filtek
Z350; ASEP – Adper SE Plus + Filtek Z350; P90 – Sistema P90 + Filtek P90
Os resultados não indicaram diferença significativa entre os materiais
resinosos (p=0,2601), nem entre os tempos de armazenamento (p=0,623) ou
interação material versus tempo (p=0,2746). Assim, é possível afirmar que,
independente do compósito ser considerado de baixa contração, não houve
diferença significativa entre as respostas médias obtidas.
O gráfico 5.1 ilustra os resultados da resistência de união dos grupos
experimentais ao longo do tempo.
Gráfico 5.1 – Resistência de união dos materiais resinosos ao longo do tempo (ASB – Adper
Single Bond 2 + Filtek Z350; CF - Clearfil SE Bond + Filtek Z350; ASEP – Adper SE Plus +
Filtek Z350; P90 – Sistema P90 + Filtek P90)
Na Tabela 3 são apresentados o número de corpos-de-prova perdidos
prematuramente, os modos de fratura e as respectivas porcentagens para os grupos
experimentais, ao longo do tempo.
Tabela 3 – Porcentagens (%) dos corpos-de-prova perdidos e modos de fratura
Grupo Perdidos
24h
6m
Adesiva/Mista
24h
6m
Co Resina
24h
6m
Co Dentina
24h
6m
Total
24h
6m
ASB
7 – 16,3%
11 – 11,9%
33 – 76,7%
47 – 51,1%
0
32 – 34,8%
3 – 7%
2 – 2,2%
43
92
CF 4 - 7,1%
11 - 16,2%
44 - 78,6%
31 - 45,6%
8 – 14,3%
25 – 36,8%
0
1 – 1,4%
56
68
ASEP 4 – 8,7%
16 – 20,8%
41 – 89,1%
40 – 61,5%
1 – 2,2%
14 – 21,5%
0
0
46
77
P90 0
11 – 17%
41 – 100%
40 – 61,5%
0
14 – 21,5%
0
0
41
65
Legenda Grupos: ASB - Adper Single Bond 2 + Filtek Z350; CF - Clearfil SE Bond + Filtek
Z350; ASEP –Adper SE Plus + Filtek Z350; P90 – Sistema P90 + Filtek P90
Resistencia adesiva
24h 6m0
10
20
30
40
CFASB
ASEPP90
Material
Res
iste
nci
a ad
esiv
a (M
Pa)
O gráfico 5.2 ilustra o número de corpos-de-prova perdidos prematuramente,
os modos de fratura e as respectivas porcentagens para os grupos experimentais,
ao longo do tempo.
0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%
100%
ASB-24 h ASB-6m CF-24h CF-6m ASEP-24h ASEP-6m P90-24h P90-6m
Grupos experimentais
Porcentagem dos corpos-de-prova perdidos e modos de fratura
Perdidos Adesiva/Mista Co Resina Co Dentina
Gráfico 5.2 - Número de corpos-de-prova perdidos prematuramente, os modos de fratura e
as respectivas porcentagens para os grupos experimentais, ao longo do tempo.
Legenda Grupos: ASB – Adper Single Bond 2 + Filtek Z350; CF - Clearfil SE Bond + Filtek
Z350; ASEP – Adper SE Plus + Filtek Z350; P90 – Sistema P90 + Filtek P90
Ao analisar a porcentagem dos modos de fratura, observou-se o predomínio
de fraturas adesivas/mistas em todos os grupos experimentais e nos dois períodos
de armazenamento. Porém, após 6 meses, houve o aumento de fraturas coesivas
em resina e também o aumento da perda prematura de palitos, o que diminuiu a
porcentagem de fraturas mistas neste tempo.
Os modos de fratura observados nos grupos experimentais, ao longo do
tempo, são apresentados nas Figuras 5.1.1, 5.1.2, 5.1.3 e 5.1.4.
Figura 5.1.1 – Padrão de fratura misto de Clearfil SE Bond + Filtek Z350 (A,B em 24 horas) e
coesivo em resina (C,D em 6 meses). Barra = 100µm.
A B
C D
dentina
dentina
resina
resina
Figura 5.1.2– Padrão de fratura misto de Adper SE Plus + Filtek Z350 (A, B – em 24 horas) e
coesivo em resina (C,D em 6 meses). Barra = 100µm
A B
C D
dentina
dentina
resina
resina adesivo
adesivo
Figura 5.1.3 – Padrão de fratura misto de Sistema P90 + Filtek P90 (A,B em 24 horas) e
coesivo em resina (C,D em 6 meses). Barra = 100µm
A
C D
B
dentina
dentina resina
resina
Figura 5.1.4 – Padrão de fratura misto de Adper Single Bond 2 + Filtek Z350 (A,B em 24
horas e C,D em 6 meses). Barra = 100 µm
5.2. Nanoinfiltração
Baseado nas micrografias eletrônicas de nanoinfiltração, verificou-se
presença de nitrato de prata em todos os grupos experimentais, tanto 24 horas como
após 6 meses, sendo que a quantidade de nitrato de prata variou em função do
sistema adesivo empregado:
Para o grupo experimental ASB, foi possível observar que após 24 horas (Fig.
5.2.1A), nitrato de prata estava presente tanto na camada híbrida como
dentro da camada de adesivo, sendo que um aumento da quantidade de
nitrato de prata foi verificado, tanto na camada híbrida como na camada de
dentina
dentina
resina
resina
adesivo
adesivo
adesivo, após 6 meses (Fig. 5.2.1B);
Fig. 5.2.1 – Adper Single Bond 2 - impregnação de nitrato de prata em 24h (A) e 6 meses(B)
Barra = 25 micrometros
Tanto para o grupo experimental CF como para o P90, verificou-se uma
camada bastante espessa de adesivo;
Para o grupo experimental CF, observou-se pequena quantidade de nitrato de
prata na camada híbrida e maior quantidade na camada de adesivo após 24
horas (Fig. 5.2.2);
Fig. 5.2.2 – Clearfil SE Bond - impregnação de nitrato de prata em 24h
Barra = 25 micrometros
A B
No caso do grupo experimental ASEP, após 24 horas ocorreu infiltração de
nitrato de prata somente na camada híbrida (Fig. 5.2.3A). Após 6 meses,
notou-se aumento de nitrato de prata na camada híbrida e pouca infiltração
na camada de adesivo (Fig. 5.2.3B);
Fig. 5.2.3 – Adper SE Plus - impregnação de nitrato de prata em 24h (A) e 6 meses(B)
Barra = 25 micrometros
A micrografia eletrônica da nanoinfiltração do grupo experimental P90, após
24 horas, demonstrou presença de nitrato de prata tanto na camada híbrida
como na espessa camada de adesivo (Fig. 5.2.4A). Após 6 meses, observou-
se ligeiro aumento na quantidade de nitrato de prata, tanto em ambas as
regiões (Fig. 5.2.4B).
Fig. 5.2.3 – Sistema P90 - impregnação de nitrato de prata em 24h (A) e 6 meses(B)
Barra = 25 micrometros
B A
A B
6. DISCUSSÃO
A resistência de união e a nanoinfiltração de materiais resinosos com e sem
silorano foi avaliada em dentina, em 24 horas e 6 meses. O estudo da durabilidade
de união com materiais resinosos contendo silorano é importante, por se tratar de
um material recente.
A principal característica das resinas à base de silorano é apresentarem uma
contração de polimerização menor que 1% (2/3 menor do que a resina à base de
metacrilato). Por este motivo, alguns estudos afirmaram que menor tensão de
polimerização seria produzida na interface dente/restauração, levando à maior
durabilidade da adesão4,24. Mas existem controvérsias a este respeito10.
No presente estudo, independente do compósito ser considerado de baixa
contração, a resistência de união em dentina não variou entre os materiais resinosos
estudados e nem ao longo do tempo, sendo, portanto, estas hipóteses do estudo
rejeitadas.
Apesar de trabalhos afirmarem que a contração de polimerização das resinas
à base de silorano ser menor, no presente trabalho verificou-se que a resistência de
união não foi diferente considerando-se outros materiais testados à base de
metacrilato, corroborando com outros estudos que afirmam que outros fatores
podem interferir na resistência adesiva10.
A tensão gerada na interface adesiva é resultante da combinação de uma
série de fatores como propriedades do material e do dente, geometria da cavidade,
fator C, técnica restauradora, protocolos de fotoativação, propriedades do sistema
adesivo10,39,40 e módulo de elasticidade11,41.
O fator C das superfícies de dentina utilizadas nesse estudo foi baixo, pois a
superfície era plana e a adesão foi realizada então em uma superfície livre, para
todos os materiais estudados. A tensão de polimerização produzida provavelmente
foi pequena e não suficiente para romper as interfaces adesivas com a dentina para
todos os materiais. Por outro lado, quando materiais resinosos são inseridos em
cavidades, como Classe I, sabidamente onde o Fator C é elevado, o material contrai
em uma situação de restrição, aderido às paredes da cavidade, o que pode produzir
maior tensão na interface dente/restauração comprometendo a capacidade
adesiva42.
Apesar da maioria dos estudos de resistência de união descrevem baixos
valores para os sistemas autocondicionantes43-48, resultados diferentes foram
encontrados no nosso estudo, pois os materiais resinosos apresentaram
similaridade nos valores de adesão à dentina, corroborando com os resultados
encontrados por De Munck, Van Landuyt e Peumans et al.46 (2005), onde os
adesivos autocondicionantes de 2 passos demonstraram valores de resistência de
união muito próximos ao dos adesivos convencionais. Garcia, Schaible e Lohbauer
et al.19 (2008) também constataram que o sistema adesivo Silorano e a resina
composta à base de Silorano demonstraram resistência de união similar ao sistema
adesivo convencional e autocondicionante de 2 passos, quando associados à resina
à base de metacrilato.
Quando adesivos autocondicionantes de 2 passos são usados, o risco de
ocorrer insuficiente penetração da resina está substancialmente diminuída, uma vez
que os monômeros ácidos são aplicados e, teoricamente a desmineralização da
dentina aconteceria simultaneamente à infiltração dos monômeros resinosos. No
entanto, quando se fala de adesivos autocondicionantes, deve-se fazer a distinção
entre os classificados de forte e média acidez, pois o pH pode influenciar a
capacidade de desmineralização.
O primer do sistema P90 tem um ph de 2,7 e ele é considerado um adesivo
autocondicionante médio21.Este adesivo se caracteriza pela técnica de aplicação do
primer e bond ser realizada em duas etapas, uma vez que precisam ser
polimerizados separadamente49. Apesar de ser considerado um adesivo
autocondicionante de 2 passos, seu mecanismo de adesão se assemelha mais aos
adesivos de passo único porque a adesão à dentina é resultante somente da ação
do primer. Assim como os adesivos autocondicionantes de passo único, apenas
interagem superficialmente com a camada de dentina coberta com esfregaço,
portanto, são muito mais dependentes das propriedades do esfregaço, justificando
os valores semelhantes de resistência de união ao dos demais adesivos utilizados
nesse estudo50.
Apesar de não ter sido observada diferença significativa entre os materiais
resinosos, a acidez do ASEP (pH<1) poderia ter influenciado a adesão, pois quanto
mais ácido o primer, maior a probabilidade de acontecer interferência na
polimerização do adesivo53.
Pelo fato do CF apresentar um ph=2, ser considerado um sistema
autocondicionante leve, seria esperado maior adesão. Além do pH, a sua
composição é o fator que justifica seu excelente desempenho, demonstrado por
vários estudos pois apresenta na sua composição partículas de resina hidrofóbicas,
as quais apresentam alto grau de conversão e são conhecidas pelas suas
excelentes propriedades mecânicas, além do 10-MDP, o qual tem uma capacidade
de interagir intimamente com a hidroxiapatita residual que permaneceu na fina
camada híbrida42,51-54.
Todos os adesivos utilizados nesse estudo apresentavam água na sua
composição. Se água permanece entre a rede de colágeno exposta, no caso dos
adesivos convencionais, a polimerização da resina no interior da camada híbrida
pode ser afetada, uma vez que a água passa a ocupar o espaço existente na
dentina desmineralizada, não podendo ser preenchida pela resina, resultando em
uma camada híbrida mecanicamente fraca31. O mesmo mecanismo também
acontece com o P90, a água presente no primer reage com os metacrilatos
fosforilados, gerando íons hidrogênio necessários para demineralizar a dentina. Se
áreas de polimerização incompleta são formadas, a água permanece entre a rede de
colágeno ou na camada adesiva comprometendo a capacidade adesiva21. Estes
aspectos foram reforçados pela observação da nanoinfiltração em todos os grupos
experimentais, mas não se relacionaram com os valores de resistência adesiva.
Para eliminar essa água remanescente, foi recomendada a aplicação de jato
de ar, mas o tempo dispensado para esta etapa geralmente é de poucos segundos,
insuficiente para remover a água e os solventes residuais. Alternativas foram
propostas para otimizar a evaporação de solventes, como o aumento do tempo de
aplicação do jato de ar56.Quando o jato de ar foi aplicado por mais tempo (10
segundos), a resistência de união foi significativamente mais alta, pois a maior parte
da água conseguiu ser eliminada. Assim, o tempo de aplicação do jato de ar pode
ter exercido algum efeito nos valores de resistência de união. No presente estudo,
para todos os adesivos foi aplicado leve jato de ar durante 10 s à uma distância de
10 cm, assim como Ikeda, De Munck e Shirai et al.56 (2008), e mesmo assim os
valores de resistência de união foram semelhantes. Talvez pelo fato dos autores não
terem aplicado os adesivos de maneira vigorosa. Outro estudo mostrou que quando
foi utilizado jato de ar quente, também otimizou a evaporação de solventes para
adesivos convencionais, em 24 horas e 6 meses57.
Para avaliar a durabilidade dos sistemas adesivos ao longo do tempo,
diferentes soluções e técnicas de armazenagem dos corpos-de-prova podem ser
utilizadas, dentre elas a água destilada58,59, óleo mineral60,61, etanol, saliva artificial 60,61, NaOCl62,63, clorexidina61 e a água, sendo a mais comumente utilizada42,63.
Optou-se pelo armazenamento dos corpos de prova em água a 37° C pelo período
de seis meses, sem realizar troca da solução64. Mas existem estudos que sugerem a
necessidade de trocar o meio de armazenagem para que seja possível detectar
diferenças na durabilidade58.
Nos sistemas adesivos convencionais, fibras colágenas desprotegidas são
mais suscetíveis à degradação em meio bucal61, sendo a união dentina/resina
propensa à degradação pela água65, o que não foi observado nesse trabalho pois o
sistema convencional (ASB) não apresentou diferença significativa entre os períodos
de 24 horas e 6 meses de armazenagem.
Os sistemas adesivos autocondicionantes geralmente são hidrofílicos devido
a alta concentração de monômeros ácidos66 e conseqüentemente suscetíveis à
sorção de água, podendo influenciar na estabilidade ao longo do tempo45. No
entanto, no presente estudo os autocondicionantes também não mostraram
diferenças estatisticamente significantes, apesar de estudos anteriores terem
demonstrado uma diminuição significante na resistência de união dos adesivos
autocondicionantes quando armazenados em água46,65,67. Sugere-se que a ausência
de diferença nos valores de resistência de união tanto para o adesivo convencional
quanto para os autocondicionantes, possa ser explicada pelo modo como foi
realizado o armazenamento dos palitos neste estudo, pois não houve a troca do
meio de armazenagem durante os 6 meses. Sobre este aspecto, Skovron, Kogeo e
Gordillo et al.68 (2010) observaram num estudo de durabilidade de adesão com
adesivos convencionais em dentina, por até 6 meses, que a troca diária, semanal,
mensal mostrou ser uma maneira possível de acelerar a degradação da interface
adesiva. Pode ser que o mesmo aconteça com os autocondicionantes, mas estudos
precisam ser conduzidos para avaliar este aspecto.
Apesar do nosso estudo ter demonstrado ausência de degradação da
interface adesiva devido aos valores de resistência de união terem se mantido
semelhantes ao longo dos 6 meses, a análise das micrografias eletrônicas por
nanoinfiltração sugere que alguma degradação possa ter ocorrido, pois maior
quantidade de nitrato de prata foi observada após 6 meses. Contudo, estes achados
não mostraram relação com os resultados de resistência de união. Outra observação
que sugere ter acontecido degradação foi a elevada quantidade de perdas
prematuras de palitos após 6 meses de armazenagem, em todos os grupos
experimentais, mas que não foram detectadas pelo teste de microtração.
Para todos os materiais resinosos, apesar de jatos de ar ter sido aplicados
para remoção do excesso de água e evaporação dos solventes, a deposição de
prata tanto na camada híbrida como na camada do adesivo após 24 horas pode ter
ocorrido devido à presença de água e solventes residuais que acabaram por
interferir na sua polimerização, permitindo a ocorrência de porosidades. No caso dos
grupos experimentais (CF, ASEP e P90), a deposição de nitrato de prata na camada
adesiva pode ter ocorrido devido à presença de monômeros ácidos na suas
composições, que por sua vez, são mais susceptíveis à absorção de água29.
Após seis meses, fica sugerido o aumento de infiltração de nitrato de prata
para todos os grupos, sendo que maior aumento foi verificado no grupo experimental
ASEP, uma vez que possui alta concentração de água no seu primer
autocondicionante (80%) em concordância com estudos realizados por Koshiro,
Inoue e Sano et al. (2005)31.
No entanto, a nanoinfiltração não acontece somente devido microporosidades
existentes no interior da resina polimerizada, mas também devido áreas de
incompleta infiltração de resina na dentina desmineralizada69. Esta é uma das
razões pela qual pudemos verificar a penetração de nitrato de prata no grupo
experimental ASB.
Uma explicação para a ocorrência de degradação das interfaces adesivas
observadas após análise das micrografias eletrônicas por nanoinfiltração, tendo
implicação significante sobre a durabilidade de união, é a degradação das fibrilas
colágenas desprotegidas pela ação de enzimas presentes no próprio substrato
dentinário61. São capazes de degradar a matriz orgânica da dentina após a
desmineralização, mesmo na ausência de enzimas bacterianas61. Essas enzimas
são conhecidas como metaloproteinases.
As metaloproteinases constituem uma família de endopeptidases zinco-
dependentes que mediam a degradação dos componentes da matriz extracelular69.
Na dentina humana foram encontradas MMP-2 e MMP-9 cuja subseqüente ativação
durante os procedimentos adesivos parece ser responsável pela manifestação in
vitro do desaparecimento das fibrilas de colágeno das camadas híbridas
incompletamente infiltradas da dentina70,71.
O processo de ativação das MMPs (2, 8 e 9) é pH-dependente podendo ser
ativado tanto extra como intra-celularmente72,73. O processo de alteração de pH e
presença de íons metálicos como o Cálcio, leva as condições necessárias para que
as fibras colágenas presentes na dentina desmineralizada e não protegidas pela
adequada infiltração da resina adesiva, sejam degradadas pelas MMPs ativadas
pela alteração abrupta do ph70,74, fato este comprovado no estudo de Mazzoni,
Mannello e Tay et al.75 (2006) em que a atividade proteolítica derivada da dentina foi
quantificada antes e depois do condicionamento ácido de adesivos convencionais
simplificados. Verificaram que após a aplicação desses adesivos, as enzimas
endógenas presentes na dentina foram ativadas.
Estudos recentes mostram que a atividade colagenolítica das MMPs aumenta
lentamente com o passar do tempo71,76. Questiona-se que essas enzimas sejam
capazes de ser autoativadas, no entanto, seu mecanismo de ação ainda necessita
ser mais detalhado.
A utilização da clorexidina, quando aplicada à dentina condicionada, tem
revelado uma atividade inibidora das MMPs devido sua composição e mecanismo de
ação75. Entretanto, neste estudo, nenhuma substância foi utilizada antes da
aplicação dos sistemas adesivos.
Devido à escassez de estudos a respeito da durabilidade de adesão em
dentina da resina de baixa contração, pesquisas adicionais são necessárias. Apesar
dos nossos resultados (perda prematura de palitos, mudança de padrão de fratura,
nanoinfiltração) terem mostrado indícios de que alguma degradação teria
acontecido, o teste de microtração não detectou estas diferenças. Mais
esclarecimentos a respeito do mecanismo de união da resina à base de silorano,
além de outros aspectos que não só a contração de polimerização, precisam ser
investigados.
7. CONCLUSÃO
As hipóteses do estudo foram rejeitadas, pois a resistência de união não
variou entre os materiais resinosos com e sem silorano, ao longo do tempo.
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APÊNDICES
Fonte de Variação
Graus de Liberdade
Soma dos quadrados
Quadrados médios
Valor de F Valor de p
Material 3 46,08 15,36 1,409 0,2601*
Tempo 1 2,691 2,691 0,2469 0,623*
Interação 3 44,42 14,81 1,359 0,2749*
Resíduo 29 316,1 10,9
APÊNDICE A – Tabela da Análise de Variância de dois fatores
ANEXOS
ANEXO A – Aprovação do projeto pelo Comitê de ética em Pesquisa da UNOPAR