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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADE CEARENSE
CURSO DE BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO
ISABEL GARDÊNIA OLIVEIRA DE SOUZA
A GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS HOSPITALARES EM UMA UNIDADE DE SAÚDE PRIVADA EM MARACANAÚ – CEARÁ
FORTALEZA 2013
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ISABEL GARDÊNIA OLIVEIRA DE SOUZA
A GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS HOSPITALARES EM UMA UNIDADE DE SAÚDE PRIVADA EM MARACANAÚ – CEARÁ
Monografia submetida à aprovação do Curso de Bacharelado em Administração de Empresa do Centro de Ensino Superior do Ceará, para obtenção do grau de Bacharela em Administração. Professor - Orientador: Dr. Paulo Henrique Lima de Oliveira. Professor - Co-Orientador: Ms. Ricardo César de Oliveira Borges.
FORTALEZA 2013
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ISABEL GARDÊNIA OLIVEIRA DE SOUZA
A GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS HOSPITALARES EM UMA UNIDADE DE SAÚDE PRIVADA EM MARACANAÚ – CEARÁ
Monografia apresentada como pré-requisito para obtenção do título de Bacharelado em Administração de Empresas pela Faculdade Cearense – FAC, tendo sido aprovada pela banca examinadora composta pelos professores. Data de aprovação: ____/___/____
BANCA EXAMINADORA
Professor Dr. Paulo Henrique Lima de Oliveira
Professor Ms. Ricardo César de Oliveira Borges
Professora Ms. Maria Elia dos Santos Vieira
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A Deus, que me ajuda nessa luta e permite que todos que me amam entendam meu esforço para finalização desse ciclo com sucesso.
5
AGRADECIMENTOS
A Deus que me dá forças em todos os desafios que enfrento, encorajando-me
diariamente a seguir os desejos dele na minha vida.
Aos meus pais, Simone e Carlos, que me apoiaram desde o início desse ciclo e me
fizeram entender que tudo que conseguimos é com luta, de forma que eu não
desistisse jamais.
Ao meu esposo, Alexandre Lima, que compreende todas as minhas ausências e me
apoia plenamente em minha vida e em meus estudos, ajudando-me na educação de
nosso maior bem, nossa filha.
À minha filha, Luanna Kelly, que tantas vezes precisou da minha atenção, mas
entendeu a minha falta em momentos importantes de sua vida.
À Tia Lêda, que é como mãe para minha família e, em especial, para minha filha,
pois governa meu lar nas minhas ausências.
Aos meus irmãos, Gustavo e Gabriela, que se orgulham dos meus passos e me
escutam quando preciso.
Às amigas que tanto sorriram, sofreram e juntas alcançamos muitas vitórias nessa
árdua batalha: Ana Célia, Adriana Santos, Ana Cristina, Gleiciane Lima, Mariane
Severo, Anália Braga e Sylmara Délio.
Aos professores do Curso de Administração, que com toda competência e
habilidade me proporcionaram o conhecimento necessário para minha vida
acadêmica e profissional.
Ao meu orientador, Professor Paulo Henrique e co-orientador Professor Ricardo
César, que me ajudaram nesse caminho.
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Eu aprendi que todos querem viver no topo da montanha, mas toda felicidade e crescimento ocorrem quando você está escalando-a.
William Shakespeare
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RESUMO
Esta monografia faz um estudo acerca do gerenciamento de resíduos sólidos de saúde em uma unidade de saúde privada em Maracanaú – CE, verificando os impactos ambientais gerados por estes tipos de resíduos e as formas de tratamento para a redução destes. Levantou-se como problematização o seguinte questionamento: quais os procedimentos na gestão dos resíduos sólidos feitos em uma unidade de saúde privada em Maracanaú - Ceará? O objetivo geral consiste em analisar como é feita a gestão dos resíduos sólidos de saúde em uma unidade de saúde privada em Maracanaú – CE. Utilizou-se como metodologia um estudo de caso, em que foi empregada, como procedimento, uma entrevista à gestora, apresentando questionamentos inerentes ao gerenciamento dos resíduos sólidos de saúde na unidade em questão. No encerramento do estudo, pode-se identificar que a unidade de saúde e estudo possui a gestão para o tratamento do Resíduo Sólido de Saúde – RSS, no entanto, nota-se que ainda existem falhas no processo como um todo devido à falta de compromentimento da alta gerência e das dificuldades em treinar os funcionários envolvidos diretamente no procedimento ou não, ficando difícil a análise para saber se a instituição faz a gestão somente por obrigação legal ou como redução ao impacto no meio ambiente.
Palavras – Chaves: Gestão Ambiental, Reciclagem, Sustentabilidade, Resíduos Hospitalares.
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ABSTRACT
This monograph makes a study about the solid waste management health in a health unit private in Maracanaú - CE, verifying the environmental impacts generated by this type of waste and the forms of treatment for the reduction these. Rose as problematization the following questioning: what procedures in waste management solids done in a health unit private in Maracanaú - Ceará? The general objective consists in analyzing how is made the management solid residues of health in a health unit private in Maracanaú - CE. It was used as a methodology a case study, in which we used the procedure of an interview with his manager, presenting questions inherent in the management of solid waste health in the unit concerned. In study closure can-if indentificar that the unit of health and study possesses the management for the treatment of Residue Solid Health - RSS, however note-if that still exist flaws in the process like everybody due to lack of Commitment, of upper management and of the difficulties in train employees involved directly in procedure or not, getting difficult the analysis to know if the institution makes the management only by legal obligation, or as reduction to the impact in the middle environment.
Key – Words: Environmental Management, Recycling, Sustainability, Hospital Waste.
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LISTA DE ILUSTRAÇÕES
LISTA DE FIGURAS
Figura 01 Recursos Naturais – tipos e exemplos.............................................. 17
Figura 02 Elementos de um Sistema de Gestão............................................... 22
Figura 03 Motivação para a Proteção Ambiental na Empresa.......................... 24
Figura 04 Acondicionamento do RSS................................................................ 32
Figura 05 Acondicionamento do Grupo D – Lixo Reciclável.............................. 32
Figura 06 Exemplo de Transporte Interno do RSS............................................ 33
LISTA DE TABELAS
Tabela 01 Classificação dos Resíduos Sólidos.................................................. 26
Tabela 02 Simbologia dos Resíduos de Serviço de Saúde................................ 29
Tabela 03 Crescimento Populacional................................................................. 35
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LISTA DE SIGLAS
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária
CDB Convênio sobre a Diversidade Biológica
CMMAD Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento
CNEM Comissão Nacional de Energia Nuclear
CNUMAD Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e
Desenvolvimento
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
DDT Dicloro - Difenil – Tricloretano
FAO Food and Agirculture e Organization - Organização para Alimentação e
Agricultura
FNUAP Fundo de População das Nações Unidas
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICC International Chamber of Commerce - Câmara de Comércio
Internacional
IPECE Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará
MaB Man and the Biosphere - Homem e a Biosfera
MDIC Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
MMA Ministério do Meio Ambiente
NBr Norma Brasileira
OMS Organização Mundial da Saúde
ONU Organização das Nações Unidas
PGRS Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos
PGRSS Programa de Gerenciamento de Resíduos do Serviço de Saúde
PIB Produto Interno Bruto
PNRS Política Nacional de Resíduos Sólidos
PNUMA Programa das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente
RDC Resolução da Diretoria Colegiada
RSS Resíduo do Serviço de Saúde
SGA Sistema de Gestão Ambiental
SISNAMA Sistema Nacional do Meio Ambiente
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SNVS Sistema Nacional de Vigilância Sanitária
SUS Sistema Único de Saúde
UICN União Internacional para Conservação da Natureza e Recursos Naturais
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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO............................................................................................. 13
2 SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL (SGA)............................................... 16
2.1 A Evolução histórica do SGA....................................................................... 16
2.2 Conceituando o sistema de gestão ambiental............................................ 20
2.3 O Sistema de gestão ambiental nas organizações........................................ 23
3 A GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS..................................................... 25
3.1 Contextualizando resíduos sólidos............................................................... 25
3.2 Os resíduos sólidos do serviço de saúde (RSS).......................................... 27
3.3 Procedimentos e legislação dos RSS.......................................................... 30
4 METODOLOGIA E OBJETO DE ESTUDO.................................................. 35
4.1 Metodologia.................................................................................................... 35
4.2 Maracanaú – Histórico e números................................................................. 36
4.3 A Instituição.................................................................................................... 38
5 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS...................................................... 40
CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................... 43
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................... 45
APÊNDICE.............................................................................................................. 48
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1 INTRODUÇÃO
Mesmo com um ritmo desacelerado do crescimento populacional, o número
de habitantes da Terra vem aumentando. De acordo com o Fundo de População das
Nações Unidas (FNUAP), em 2010, a população mundial ultrapassou o número de
sete bilhões de habitantes e chegará, em 2050, a mais de nove bilhões1. Esse
aumento deve-se às boas condições de vida, como saneamento ambiental e
avanços da medicina, entre outros. Com isso, é crescente o consumo no planeta,
dos recursos naturais e produtos industrializados1.
Com a relevância que o tema meio ambiente vem sendo abordado nas
mídias, através de reportagens na televisão, no jornal ou na internet e nos meios
acadêmicos, tratando esse assunto em disciplinas como exemplo das formas de se
gerir, reutilizar, reciclar e ainda como forma de se lucrar, nasce, na sociedade
moderna, o interesse e a necessidade de conhecer e entender como se dá o
processo de gestão ambiental, mais especificamente, do descarte e reutilização dos
resíduos; o que é feito com o lixo gerado pela espécie humana.
No embalo dessa ação crescente, gestores e empresários estão passando a
utilizar o Sistema de Gestão Ambiental (SGA) como forma de controle empresarial e
preservação ambiental como ainda não haviam feito, quer seja somente como forma
de cumprimento de leis impostas pela sociedade através de seus representantes ou
por real interesse e preocupação com as questões ambientais.
O envolvimento das empresas com os problemas ambientais adquire importância estratégica à medida que aumenta o interesse da opinião pública sobre as questões ambientais, bem como dos grupos interessados nesses problemas: trabalhadores, consumidores, investidores e ambientalistas (BARBIERI, 2007, p.125).
Nos dias atuais, temas como reciclagem e reaproveitamento de materiais
são abordados como forma de preservação da natureza e até mesmo
sustentabilidade, no entanto, esse foco, algumas vezes, fica voltado para alguns
materiais como plástico, aço, papelão, vidro e até mesmo material orgânico, e
poucas ações são tomadas com os produtos mais complexos que possuem os
1 Fonte: Revista Eletrônica Brasil Escola. Disponível em: <
http://www.brasilescola.com/geografia/populacao-mundial.htm>. Acesso em: 20 ago 2012.
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mesmos componentes e outros que, em alguns casos, podem ser mais prejudiciais à
saúde e ao meio ambiente.
Entre os diversos tipos de resíduos, encontra-se o Resíduo do Serviço de
Saúde (RSS), também conhecido como lixo hospitalar que, diferentemente de outros
materiais, precisa de um cuidado específico no manejo do descarte devido à
periculosidade dos produtos que entraram em contato com esse lixo, que podem
gerar contaminação no caso de erro nesse manejo.
O estudo tem como cenário uma unidade de saúde privada em Maracanaú,
que trabalha com o tipo de resíduo em estudo e, ainda, está em crescimento na área
de saúde do município.
Serão analisados a maneira como é feita a gestão dos RSS e os benefícios
estratégicos para aqueles que se importam em manter as condições para o
desenvolvimento sustentável ambiental e empresarial.
Para melhor fundamentação dos dados, serão abordadas algumas
referências sobre o SGA e as leis e regras que normatizam a regulamentação desse
tipo de resíduo nas instituições de saúde.
A partir desse estudo, encontrou-se o seguinte problema: quais os
procedimentos na gestão dos resíduos sólidos feitos em uma unidade de
saúde privada em Maracanaú - Ceará?
Para responder à problemática acima, tem-se como objetivo geral analisar a
gestão dos resíduos sólidos de saúde. Os objetivos específicos são:
Identificar o procedimento de descarte dos resíduos do serviço de saúde da
instituição;
Averiguar o conhecimento dos gestores e colaboradores na prática da gestão
dos resíduos sólidos de saúde;
Contou-se com o método de uma pesquisa bibliográfica e de natureza
qualitativa para a realização deste trabalho. Utilizou-se como metodologia o estudo
de caso, realizado em uma unidade de saúde privada no município de Maracanaú
(CE), tendo como foco os resíduos sólidos gerados na mesma. O instrumento de
coleta de dados utilizado foi o roteiro de entrevista, este tratado por meio de análise.
A estrutura da monografia está organizada da seguinte forma: o primeiro
capítulo é a introdução. O segundo capítulo aborda o sistema de gestão ambiental,
história, conceitos e seu funcionamento nas organizações como forma de
esclarecimento dessa gestão na atualidade.
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O terceiro capítulo trata da gestão dos RSS nas organizações de saúde,
quando a gestão é necessária, quais os procedimentos e leis que regulam o
descarte do RSS.
O quarto capítulo apresenta a metodologia utilizada no trabalho e um pouco
da história, economia e dados sociais do município de Maracanaú, onde está
localizada a unidade de saúde, nosso objeto de estudo, e ainda faz uma
apresentação sobre a empresa pesquisada.
O quinto capítulo traz a apresentação e a análise dos resultados através da
entrevista.
As Considerações Finais mostram a ligação ou relação da teoria com os
resultados obtidos na pesquisa de campo.
Finalmente, as Referências Bibliográficas serão apresentadas de forma a
identificar os autores e publicações que proporcionaram embasamento para a
concretização desta pesquisa.
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2 O SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL (SGA)
2.1 A evolução histórica do SGA
Quando se observa a passagem do tempo desde a pré-história, nota-se que
o ser humano sofreu mudanças em seu corpo e junto com ele o ambiente natural no
qual habita. Nesse mesmo período, todas as ciências tiveram avanços e junto a isso
uma grande capacidade de produção e, até mesmo, um controle dos meios naturais
começa a se desenvolver. Para Dias (2011), “esse período histórico de tantas
evoluções também pode ser o que levará o homem à extinção, devido aos excessos
de contaminação ambiental”. Com isso, percebe-se a necessidade da
conscientização da humanidade para a gravidade e solução desse problema que é a
degradação do meio ambiente.
Das várias espécies de animais existentes na Terra, o homem é o que
possui maior capacidade de adaptação ao meio em que vive; ele modifica tudo ao
seu redor para que se mantenha de forma estável.
O fato que difere o ser humano dos demais seres vivos é que o homem faz sua própria história, modificando constantemente as condições naturais de vida e propiciando situações mais favoráveis à sua reprodução (THEODORO et al, 2004, p.1).
O homem conseguiu ainda criar ferramentas que multiplicam suas
capacidades e que facilitam na superaração das dificuldades somadas à formação
de grupos em torno de um objetivo comum. Assim, o homem começa a exercer
atividades que utilizam recursos do meio ambiente e, com o passar dos anos,
começa a perceber a necessidade de proteção desse mesmo meio, de onde se
abastece.
Segundo Barbieri (2007), as atividades têm por objetivo proteger o meio
ambiente devido às consequências das próprias ações humanas, iniciando nos
tempos mais remotos, como as medidas tomadas na Inglaterra no século XIV e na
França no século XVII para a proteção de florestas devido à grande quantidade de
madeira que era utilizada, tanto na fabricação de móveis como na produção de ferro.
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Para se produzir bens ou serviços, o homem entendeu que é necessária a
utilização de recursos naturais ou não, que podem ser trabalhados, convertidos e
transformados em produtos que visem a atender as necessidades humanas. Pode-
se ter como exemplos dos meios naturais a água, as plantas, os animais, os
minerais e tudo que possa ser acessível e benéfico para a nossa existência. Barbieri
(2007) observa que, sendo o meio ambiente a condição da existência de vida, todos
os seus elementos devem ser considerados como recursos naturais.
Como forma de esclarecer ainda mais os meios e os recursos naturais que
nos são disponibilizados, o mesmo autor demonstra através da figura abaixo a
classificação deles:
Figura 1: Recursos Naturais – tipos e exemplos.
Fonte: Barbieri (2007).
Dessa forma, com o passar dos anos, foi aumentando a necessidade de
controlar o uso dos recursos naturais. No entanto, somente na segunda metade do
século XX com o crescimento econômico em todo o mundo, os problemas
ambientais foram agravando-se e tendo maior visibilidade em diversos setores e
países, sendo que os mais afetados eram aqueles que tiveram maior crescimento
após a Revolução Industrial.
Somente na década de 1960, os primeiros “problemas ambientais”
começaram a ter repercussão de forma mais abrangente. Com isso, em 1962, foi
lançado o livro Primavera Silenciosa, de Rachel Carson, que abordava os riscos do
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inseticida Dicloro – Difenil – Tricloretano (DDT), que ficou conhecido como o “elixir
da morte”, utilizado no combate a insetos. No entanto, seu uso contamina
organismos de seres humanos e animais, devido à sua alta estabilidade, que leva
em torno de 30 anos para se degradar. Assim, a opinião pública começa a se
preocupar com a inspeção de rios, mares, terra e ar em diversos países (DIAS,
2007).
Até que, em 1968, foram feitos três encontros para organizar uma estratégia
de combate aos problemas ambientais que iniciariam na década de 1970 e
continuariam nas seguintes. Meadows et al (1973) apud Dias (2011) relatando os
três eventos:
No mês de abril de 1968, estiveram reunidas em Roma, Itália, pessoas
de dez países, entre cientistas, educadores, industriais e funcionários públicos com
o objetivo de discutir os dilemas atuais e futuros do homem. Deste encontro, nasceu
o clube de Roma. Suas finalidades eram promover o entendimento dos
componentes variados, mas interdependentes – econômicos, políticos, naturais e
sociais –, que formam o sistema global;
A Assembleia das Nações Unidas, nesse ano de 1968, decide pela
realização, em 1972, na cidade de Estolcomo, na Suécia, uma conferência Mundial
sobre o Meio Ambiente Humano;
A UNESCO promove em Paris, no mês de setembro de 1968, uma
Conferência sobre a conservação e o uso racional dos recursos da biosfera que
estabelece as bases para o lançamento, em 1971, do Programa Homem e a
Biosfera.
Os encontros serviram como demonstração do crescimento das discussões
na sociedade em torno do tema meio ambiente, lembrando que 1968 foi um ano
diferenciado devido às mobilizações, principalmente, no nível estudantil, em que os
questionamentos davam-se em torno do capitalismo e das formas de convivência
alternativa.
Do ponto de vista ambiental, questionava-se cada vez mais o mito da abundância do capital natural, e contatava-se que o modelo de crescimento econômico até então adotado provocou agravamento da deterioração ambiental, com o aumento da contaminação e a possibilidade do esgotamento dos recursos naturais (DIAS, 2011, p.14).
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Com a realização da conferência The Man and the Biosphere (MaB), em
1971, outras organizações como a Organização das Nações Unidas para a
Agricultura e Alimentação (FAO), a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a União
Internacional para Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (UICN), entre
outras, reconheceram a importância de estabelecer uma estratégia de cooperação
internacional de preservação dos recursos naturais da biosfera.
Desde então e nos anos seguintes, vários eventos, com foco no mesmo
tema da preservação ambiental e com reflexos da Conferência das Nações Unidas
sobre o Meio Ambiente Humano, aconteceram. Dentre várias conferências e atitudes
tomadas, Dias (2011) relata que no mesmo evento da ONU em Estolcomo, em 1972,
foi criado o Programa das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente (PNUMA), com
sede em Nairóbi, cujo objetivo era monitorar o avanço dos problemas ambientais
mundiais.
O autor ainda cita outros eventos realizados sobre o reflexo de 1972, como
a Convenção Internacional de Espécies Ameaçadas da Fauna e da Flora Silvestres
(1973), Conferência Alimentar Mundial (1974), Convenção Sobre a Proteção da
Natureza do Pacífico Sul (1976), Conferência das Nações Unidas sobre a Água
(1977), entre vários documentos que normatizaram procedimentos que deveriam ser
adotados pelas pessoas e organizações em relação ao meio ambiente.
As décadas de 1980 e 1990 foram de evolução dos procedimentos tomados
em relação ao meio ambiente, com a criação da Comissão Mundial sobre o Meio
Ambiente e o Desenvolvimento (CMMAD) em 1983, que teve como objetivo criar
uma agenda global de mudanças que, entre outras, citava:
Propor estratégias ambientais que viabilizem o desenvolvimento sustentável por volta do ano 2000 em diante; Recomendar formas de cooperação da área ambiental entre os países em desenvolvimento e entre os países em estágios diferentes de desenvolvimento econômico e social que os levem a atingir objetivos comuns, consideradas as inter-relações de pessoas, recursos e meio ambiente e desenvolvimento; Encontrar meios e maneiras para que a comunidade internacional possa lidar mais eficientemente com as preocupações ambientais; Contribuir com a definição de noções comuns relativas a questões ambientais de longo prazo e os esforços necessários para tratar com êxito os problemas da proteção e da melhoria do meio ambiente, uma agenda de longo prazo a ser posta em prática nos próximos decênios (DIAS, 2011, p.18).
Em 1992, foi a vez da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio
Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD) no Rio de Janeiro, vinte anos após a
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conferência de Estolcomo, em que foi possível identificar as políticas que geram
efeitos ambientais negativos. Como resultado dessa conferência, Dias (2011) cita os
cinco documentos assinados, que foram:
Agenda 21;
Convênio sobre a Diversidade Biológica (CDB);
Convênio sobre as mudanças climáticas;
Princípios para a gestão Sustentável das Florestas;
Declaração do Rio de Janeiro sobre meio ambiente e desenvolvimento.
Depois do evento de 1992, já aconteceram mais dois encontros, a Rio+10
em 2002 e, recentemente, a Rio+20 em 2012, em busca de solucionar tantos
questionamentos que ainda se encontram pendentes devido aos interesses
individuais de cada país que participa do encontro. O documento, que teve como
título: “O Futuro que Queremos”, não apresentou nada que até agora não tivesse
sido discutido em eventos do mesmo gênero. Contudo, para a embaixadora do
Brasil nas Organizações das Nações Unidas (ONU), o evento foi “rico em
potencialidades” (VEJA, 2012).
Mesmo assim, nos dias atuais, a relação das organizações e das pessoas
com o meio ambiente é crescente e gradativamente passa a ser parte do cotidiano,
o homem busca cada vez mais formas de cuidar da natureza através do
reaproveitamento de materiais ou fazendo o descarte correto.
No mundo contemporâneo, já não é mais possível conquistar novos
territórios em busca de explorar mais recursos para consumo ou mesmo fabricação
de novos produtos. Como forma de garantir a sustentação econômica, os países
tentam alinhar a demanda a uma condição mais próxima da capacidade da
natureza, tendo como parâmetro a finitude dos recursos naturais. Portanto, surge a
necessidade de se criar uma gestão como forma de controlar esses recursos
(THEODORO et al, 2004).
2.2 Conceituando o Sistema de Gestão Ambiental
Entende-se por Sistema de Gestão Ambiental (SGA) “o conjunto de
atividades administrativas e operacionais inter-relacionadas para abordar os
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problemas ambientais atuais ou para evitar o seu surgimento” (BARBIERI, 2007,
p.153). Um SGA não pode considerar ações pontuais que tenham como foco o meio
ambiente, pois para isso é necessária a formulação de diretrizes, objetivos,
coordenação de atividades e avaliação de resultados.
Dias (2011) aborda o conceito de SGA citando que, para a visão da
empresa, a gestão ambiental é a forma utilizada para evitar problemas para o meio
ambiente, de forma que a organização não ultrapasse a capacidade do meio em que
se encontra, podendo assim tornar-se sustentável.
Para qualquer um dos conceitos, é indispensável o comprometimento da
organização independente do seu tamanho, estrutura e segmento no mercado.
Dessa forma, quando aplicada na organização, deverá haver a integração das áreas
da empresa, tornando assim mais fácil a disseminação entre funcionários,
fornecedores, terceirizados e clientes.
A International Chamber of Commerce (ICC) propõe um modelo de SGA e
de auditoria como solução para as preocupações com os efeitos de questão
ambiental devido à competitividade das empresas no mercado internacional. Com
isso, cita os quatro objetivos do SGA:
1. Assegurar a conformidade das leis locais, regionais, nacionais e internacionais;
2. Estabelecer políticas internas e procedimentos para que a organização alcance os objetivos ambientais propostos;
3. Identificar e administrar os riscos empresariais resultantes dos riscos ambientais;
4. Identificar o nível de recursos e de pessoal, apropriado aos riscos e aos objetivos ambientais, garantindo sua disponibilidade quando e onde forem necessários (BARBIERI, 2007. p.154).
O ICC elencou ainda elementos para um SGA genérico, que trata de
processos administrativos que podem ser aplicados em qualquer organização que
deseje implantar um sistema de gestão ambiental, seja este formulado ou não pela
própria empresa, desde que tenha sentido com a política interna e global da
organização. A Figura 2 apresenta claramente esses elementos.
Mesmo tendo em mãos os objetivos e elementos para se ter um SGA, é
necessária a identificação da correta aplicação desse sistema dentro da
organização. Para isso, Dias (2011) apresenta dois tipos de políticas, que são:
Corretiva, que visa a reduzir ou eliminar os impactos ambientais, tem
caráter reativo e é utilizada pela maioria das empresas;
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Preventiva, que estuda as possibilidades de eliminação dos impactos
ambientais em sua origem, ou seja, busca as causas não somente para os efeitos
diretos, mas também para todo e qualquer produto. Possui caráter proativo.
Figura 2: Elementos de um Sistema de Gestão Ambiental.
Fonte: Barbieri (2007).
Godard (1997) apud Theodoro et al (2004) defende que a gestão ambiental
deve estar impregnada de uma visão estratégica a longo prazo, conferindo assim um
sentido para o uso desse controle associado ao desenvolvimento voltado para
conservação e preservação da qualidade ambiental.
Com a aplicação da política preventiva, a organização estará mais próxima
da sustentabilidade que, para Wackeernage (2001) apud Coelho (2005), a essência
da sustentabilidade está em evitar que os recursos naturais sejam transformados em
resíduos, antes que a natureza possa transformá-los em novos recursos.
Para se tornar uma organização com sustentabilidade, é preciso saber
desenvolver-se sustentavelmente e, de acordo com o Relatório de Brundtlad,
conhecido como “Nosso Futuro Comum”, o conceito de desenvolvimento sustentável
é:
Aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades, ou ainda, desenvolvimento sustentável não é um estado fixo de harmonia, mas um processo de mudança na qual a exploração de recursos, a direção dos investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e as mudanças institucionais serão feitas consistentemente ao atendimento às necessidades do presente sem comprometer a
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possibilidades de as gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades (CMSMD, 1991, p.10).
Saber identificar a necessidade de possuir uma gestão ambiental na
organização é fundamental, ainda mais quando o material que é descartado pode
contaminar recursos naturais e pessoas que dependem do meio em que o material
será descartado, como é o caso dos resíduos sólidos de saúde.
2.3 A gestão ambiental nas organizações
Até meados dos anos 1970, as organizações abrangiam em sua gestão
questões tradicionais que faziam parte somente do ambiente interno da empresa,
como qualidade de produtos e produção, recursos humanos, financeiros e
patrimoniais, voltados apenas para a maximização de lucros e redução de custos,
(RODRIGUES et al, 2005).
No entanto, no mundo contemporâneo, é cada vez mais explícita a
necessidade da implantação da gestão ambiental nas organizações, exigindo de
empresários e administradores atitudes que devem ser tomadas, levando-se em
consideração causas ambientais de forma que mantenham a capacidade de
renovação dos recursos naturais do planeta. “Em outras palavras, espera-se que as
empresas deixem de ser problemas e façam parte das soluções” (BARBIERI, 2007,
p.113).
Apesar das influências do governo, da sociedade e do mercado que as
organizações sofrem para aderir à causa ambiental, muitas ainda não o fizeram por
acreditarem que tal gestão causará grande aumento de despesas. Donaire (1999, p.
51) cita que “a ideia que prevalece é de que qualquer providência que venha a ser
tomada em relação à variável ambiental traz consigo um aumento de despesas e o
consequente acréscimo dos custos do processo produtivo”.
Mesmo depois de tantos anos, o resultado de um estudo feito nos anos
1980, na Alemanha, demonstra a realidade de muitas empresas quando resolvem
implantar em sua rotina organizacional a gestão ambiental, visto que tal gestão irá
tratar não somente dos assuntos internos da empresa, mas também fará parte de
uma responsabilidade maior que é a responsabilidade social (DONAIRE, 1999).
Esses motivos estão citados na Figura 3:
24
Figura 3: Motivação para a proteção ambiental na empresa.
Fonte: Callenbach et al (1993, p. 26).
Algumas instituições optam por tratar das questões ambientais como forma
de proporcionar benefícios estratégicos para a empresa. Nesse sentido, North
(1997) apud Barbieri (2007) cita alguns benefícios estrategicamente adquiridos:
a) Melhoria da imagem institucional; b) Renovação do portfólio de produtos; c) Produtividade aumentada; d) Maior comprometimento dos funcionários e melhores relações de trabalho; e) Criatividade e abertura para novos desafios; f) Melhores relações com autoridades públicas, comunidades, grupos ambientalistas ativistas; g) Acesso assegurado aos mercados externos e h) Maior facilidade para cumprir os padrões ambientais (BARBIERI, 2007, p. 125).
Para as organizações de saúde, trabalhar com a gestão ambiental é
fundamental para o funcionamento da empresa, sendo que, nesse ramo, a
organização leva em consideração as normas e regras aplicadas pela Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) que, juntamente com o Conselho
Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), regula as atividades da gestão dos resíduos
sólidos com o objetivo de preservar a saúde e o meio ambiente, garantindo a sua
sustentabilidade (BRASIL, 2006).
25
3 A GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS
3.1 Contextualizando Resíduos Sólidos
Com o crescente aumento da urbanização e industrialização, a quantidade
de resíduos produzidos, com origem nas mais diversas atividades, torna-se um
problema ambiental mais visível na sociedade contemporânea, devido aos impactos
negativos ocasionados pela disposição inadequada, contaminando águas, solos,
bem como ás áreas destinadas ao descarte final dos resíduos (TEIXEIRA et al,
2011).
De acordo com Ferreira (2006), resíduo é o que resta de qualquer
substância e sólido, é o que tem fundamento real e não se altera ou afeta facilmente.
Desse modo, entende-se por Resíduo Sólido tudo que sobra de algo e que possui
alguma dificuldade em se decompor.
A resolução nº 5, de 05 de agosto de 1993, do Conselho Nacional do Meio
Ambiente (CONAMA), artigo 1º, define Resíduo Sólido, conforme a NBR nº 10.004,
da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT):
Resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades da comunidade de origem: industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos d'água, ou exijam para isso soluções técnica e economicamente inviáveis, em face à melhor tecnologia disponível (BRASIL,1993, p.01).
A lei 12.305, de 02 de Agosto de 2010, artigo 3º, § XVI, define resíduos
sólidos como:
material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível (BRASIL, 2010, p.02).
26
Dessa forma, fica esclarecido que qualquer resíduo que se encaixe nas
definições, haja vista a semelhança das duas, deve ter tratamento especifico a fim
de não contaminar o meio ambiente.
O gerenciamento dos resíduos sólidos também está previsto na Política
Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que envolve todas as ações exercidas direta
ou indiretamente desde a coleta até a disposição final dos resíduos, tendo como
orientação um plano de gestão integrado ou o Plano de Gerenciamento de Resíduos
Sólidos (PGRS) (BRASIL, 2010).
Para um melhor entendimento e correto manejo, é indispensável uma
classificação dos resíduos sólidos que, para Ferreira (1995), ainda se trata de uma
atividade complexa, chegando a ficar indefinida em muitos casos, pois, quanto mais
perigoso o resíduo, maior o cuidado e, consequentemente, o custo envolvido no
procedimento.
De acordo com a NBR 10004, de 2004, da ABNT, para se classificar os
resíduos é necessário identificar a origem do processo ou atividade juntamente com
seus constituintes, para que assim seja possível a comparação e o conhecimento do
impacto à saúde e ao meio ambiente. A norma classifica da seguinte forma:
Tabela 1: Classificação dos Resíduos Sólidos.
CLASSE IDENTIFICAÇÃO CARACTERÍSTICA
I PERIGOSO
INFLAMABILIDADE
CORROSIVIDADE
REATIVIDADE
TOXICIDADE
PATOGENICIDADE
II NÃO
PERIGOSOS
A - NÃO INERTES
B - INERTES
Fonte: ABNT, NBR 10004, Elaboração: SOUZA, I.G.O.
Para a resolução nº 05, do CONAMA, em seu Anexo I, a classificação dos
resíduos sólidos foi feita de acordo com as características de perigo ao meio
ambiente e à sociedade, conforme abaixo:
27
GRUPO A: resíduos que apresentam risco potencial à saúde pública e ao meio ambiente devido à presença de agentes biológicos. Enquadram-se neste grupo, dentre outros: sangue e hemoderivados; animais usados em experimentação, bem como os materiais que tenham entrado em contato com os mesmos; excreções, secreções e líquidos orgânicos; meios de cultura; tecidos, órgãos, fetos e peças anatômicas; filtros de gases aspirados de área contaminada; resíduos advindos de área de isolamento; restos alimentares de unidade de isolamento; resíduos de laboratórios de análises clínicas; resíduos de unidades de atendimento ambulatorial; resíduos de sanitários de unidade de internação e de enfermaria e animais mortos a bordo dos meios de transporte, objeto desta Resolução. Neste grupo incluem-se, dentre outros, os objetos perfurantes ou cortantes, capazes de causar punctura ou corte, tais como lâminas de barbear, bisturi, agulhas, escalpes, vidros quebrados, etc, provenientes de estabelecimentos prestadores de serviços de saúde. GRUPO B: resíduos que apresentam risco potencial à saúde pública e ao meio ambiente devido às suas características químicas. Enquadram-se neste grupo, dentre outros: a) drogas quimioterápicas e produtos por elas contaminados; b) resíduos farmacêuticos (medicamentos vencidos, contaminados, interditados ou não-utilizados; e, c) demais produtos considerados perigosos, conforme classificação da NBR 10004 da ABNT (tóxicos, corrosivos, inflamáveis e reativos). GRUPO C - rejeitos radioativos: enquadram-se neste grupo os materiais radioativos ou contaminados com radionuclídeos, provenientes de laboratórios de análises clínicas, serviços de medicina nuclear e radioterapia, segundo Resolução CNEN 6.05. GRUPO D: resíduos comuns são todos os demais que não se enquadram nos grupos descritos anteriormente (BRASIL, 1993, p.498).
Diante de várias especificações, existem os resíduos próprios da área de
saúde que, mesmo sendo resíduos considerados perigosos, ainda não são
abordados com o cuidado que se deveria.
3.2 Os Resíduos do Serviço de Saúde (RSS)
Habitualmente, pode-se pensar que apenas o lixo descartado em um
hospital ou unidade de saúde deve ser considerado Resíduo do Serviço de Saúde,
visto que esse tipo de resíduo é muito conhecido como “lixo hospitalar”. No entanto,
[...]resíduos de natureza semelhante são produzidos por geradores bastante variados, incluindo farmácias, clínicas odontológicas e veterinárias, assistência domiciliar, necrotérios,instituições de cuidado para idosos, hemocentros,laboratórios clínicos e de pesquisa, instituições de ensino na área da saúde, entre outros(GARCIA; RAMOS, 2004, p.02) .
De acordo com a Lei 12.305, são considerados resíduos de serviços de
saúde: “os gerados nos serviços de saúde, conforme definido em regulamento ou
28
em normas estabelecidas pelos órgãos do Sistema Nacional do Meio Ambiente
(SISNAMA) e do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS)”.
Conforme a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC), da Agência Nacional
de Vigilância Sanitária (ANVISA), nº 306/2004, e a Resolução CONAMA, nº
358/2005, são definidos como geradores de RSS todos os serviços relacionados
com o atendimento à saúde humana ou animal, sejam domiciliares ou em trabalhos
de campo, laboratórios, necrotérios e ainda aquelas que realizam algum serviço de
medicina legal como drogarias e farmácias, incluindo manipulação. Consideram-se
também centros de pesquisas, de zoonoses e de estética (acupuntura, tatuagem,
entre outros) (BRASIL, 2006).
Por causa da variedade de unidades geradoras e tipos de resíduos
produzidos por elas, o processo de classificação dos RSS vêm sofrendo mudanças
contínuas devido à introdução de novos dejetos no meio ambiente e, com isso,
outros formatos para manejo com base nas avaliações e nos riscos e custos
envolvidos na manipulação.
De acordo com a RDC, ANVISA, nº 306/2004 e Resolução CONAMA, nº
358/2005, os RSS são classificados em cinco grupos: A, B, C, D e E, com as
características que seguem:
Grupo A - engloba os componentes com possível presença de agentes
biológicos que, por suas características de maior virulência ou concentração, podem
apresentar risco de infecção. Exemplos: placas e lâminas de laboratório, carcaças,
peças anatômicas (membros), tecidos, bolsas transfusionais contendo sangue,
dentre outras.
Grupo B - contêm substâncias químicas que podem apresentar risco à
Saúde pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas características de
inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade. Exemplos: medicamentos
apreendidos, reagentes de laboratório, resíduos contendo metais pesados, dentre
outros.
Grupo C - quaisquer materiais resultantes de atividades humanas que
contenham radionuclídeos em quantidades superiores aos limites de eliminação
especificados nas normas da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), como,
por exemplo, serviços de medicina nuclear e radioterapia.
Grupo D - não apresentam risco biológico, químico ou radiológico à
saúde ou ao meio ambiente, podendo ser equiparados aos resíduos domiciliares.
29
Exemplos: sobras de alimentos e do preparo de alimentos, resíduos das áreas
administrativas etc.
Grupo E - materiais perfuro-cortantes ou escarificantes, tais como
lâminas de barbear, agulhas, ampolas de vidro, pontas diamantadas, lâminas de
bisturi, lancetas, espátulas e outros similares.
Para facilitar o descarte de cada grupo, foi criada, na mesma norma, uma
simbologia que permite o reconhecimento do material mesmo depois de embalado,
conforme tabela abaixo:
Tabela 2: Simbologia dos Resíduos de Serviço de Saúde (RSS).
SÍMBOLOS DE IDENTIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS
Os resíduos do grupo A são identificados pelo símbolo de substância infectante, com rótulos de fundo branco, desenho e contornos pretos.
Os resíduos do grupo B são identificados através do símbolo de risco associado e com discriminação de substância química e frases de risco.
Os rejeitos do grupo C são representados pelo símbolo internacional de presença de radiação ionizante (trifólio de cor magenta) em rótulos de fundo amarelo e contornos pretos, acrescido da expressão material radioativo.
Os resíduos do grupo D podem ser destinados à reciclagem ou à reutilização. Quando adotada a reciclagem, sua identificação deve ser feita nos recipientes e nos abrigos de guarda de recipientes, usando código de cores e suas correspondentes nomeações, baseadas na Resolução CONAMA, nº 275/01, e símbolos de tipo de material reciclável. Para os demais resíduos do grupo D, deve ser utilizada a cor cinza ou preta nos recipientes. Pode ser seguida de cor determinada pela Prefeitura. Caso não exista processo de segregação para reciclagem, não há exigência para a padronização de cor desses recipientes.
VIDRO
PLÁSTICO
PAPEL
METAL
ORGÂNICO
30
Os produtos do grupo E são identificados pelo símbolo e substância infectante, com rótulos de fundo branco, desenho e contornos pretos, acrescido da inscrição de resíduo perfurocortante, indicando o risco que apresenta o resíduo.
Fonte: ANVISA (2006, p. 43).
Outras formas de segregação e identificação podem ser feitas para a
reciclagem, desde que sejam citadas no Programa de Gerenciamento de Resíduos
de Serviços de Saúde (PGRSS), abordado no próximo item.
3.3 Procedimentos e Legislação dos RSS
Quando se aborda o assunto de RSS, vem à memória seringas, luvas,
sangue, algodão, gases, entre outros. No entanto, deve-se saber que os RSS não se
tratam somente desses elementos, mas também de outros materiais, como
descartáveis ou orgânicos que não devem ser jogados de forma incorreta, pois
podem ou não estar contaminados, por causa do ambiente no qual foram gerados.
Para o tratamento correto no manejo de descarte desses resíduos, vários
órgãos envolvidos com o tema criaram normas, leis, procedimentos que
protegessem o meio ambiente e as pessoas de qualquer contaminação que esse
lixo possa causar, caso não seja descartado de forma correta.
No caso das prestadoras de serviços de saúde, faz-se necessária a
elaboração do PGRSS, conforme o artigo 20, inciso I, da Lei nº 12305, de 02 de
Agosto de 2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), altera
a Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, e dá outras providências e deve ter como
conteúdo mínimo os itens descritos no artigo 21 da mesma lei:
I - descrição do empreendimento ou atividade; II - diagnóstico dos resíduos sólidos gerados ou administrados, contendo a origem, o volume e a caracterização dos resíduos, incluindo os passivos ambientais a eles relacionados; III - observadas as normas estabelecidas pelos órgãos do Sisnama, do SNVS e do Suasa e, se houver, o plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos: a) explicitação dos responsáveis por cada etapa do gerenciamento de resíduos sólidos; b) definição dos procedimentos operacionais relativos às etapas do gerenciamento de resíduos sólidos sob responsabilidade do gerador;
31
IV - identificação das soluções consorciadas ou compartilhadas com outros geradores; V - ações preventivas e corretivas a serem executadas em situações de gerenciamento incorreto ou acidentes; VI - metas e procedimentos relacionados à minimização da geração de resíduos sólidos e, observadas as normas estabelecidas pelos órgãos do Sisnama, do SNVS e do Suasa, à reutilização e reciclagem; VII - se couber, ações relativas à responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, na forma do art. 31; VIII - medidas saneadoras dos passivos ambientais relacionados aos resíduos sólidos; IX - periodicidade de sua revisão, observado, se couber, o prazo de vigência da respectiva licença de operação a cargo dos órgãos do Sisnama (BRASIL 2010, p.12).
Outro documento que aborda a elaboração do PGRSS é a resolução do
CONAMA nº 358, de 29 de abril de 2005, que cita o artigo 4º:
Os geradores de resíduos de serviços de saúde constantes no art. 1º desta Resolução, em operação ou a serem implantados, devem elaborar e implantar o Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde-PGRSS, de acordo com a legislação vigente, especialmente as normas da vigilância sanitária.
O Manual de Gerenciamento dos Resíduos de Serviço de Saúde, elaborado
pela ANVISA, sob a orientação do Ministério do Meio Ambiente (MMA), utiliza a RDC
nº 306/2004 da própria agência e resoluções do CONAMA nº 283/2001 e 358/2005,
em que menciona tópicos que passam pela elaboração do PGRSS, segregação,
acondicionamento e descarte dos RSS.
A segregação deve ser feita pela fonte geradora, conforme mostra a
resolução do CONAMA nº 358/2005, em seu artigo 14:
É obrigatória a segregação dos resíduos na fonte e no momento da geração, de acordo com suas características, para fins de redução do volume dos resíduos a serem tratados e dispostos, garantindo a proteção da saúde e do meio ambiente (BRASIL, 2005).
Essa atividade de segregação do material leva em consideração outra de
grande importância que é o acondicionamento do RSS, que deve ser feito em
recipientes ou sacos de material resistente a rupturas e vazamentos, impermeável e
ainda que respeitem o limite de peso, em que é proibido o reuso (BRASIL, 2006).
Para isso, cada grupo de resíduo deve ser acondicionado em um tipo de
recipiente diferente, de acordo com o risco que transmite para a saúde e o meio
ambiente. O manual da ANVISA cita ainda que:
Um acondicionamento inadequado compromete a segurança do processo e o encarece. Recipientes inadequados ou improvisados (pouco resistentes, mal fechados ou muito pesados), construídos com materiais sem a devida proteção, aumentam o risco de acidentes de trabalho. Os resíduos não devem ultrapassar 2/3 do volume dos recipientes (BRASIL, 2006, p. 44).
32
Para o melhor acondicionamento, segue abaixo alguns exemplos de
vasilhames que podem ser utilizados para o correto manejo do RSS, como forma de
reduzir o impacto desde a geração até o destino final desses resíduos, como na
figura 4 abaixo:
Figura 4: Acondicionamento do RSS.
Fonte: http://www.logisticareversa.net.br/residuos-saude.html. Acesso em: 30 out. 2012.
O grupo D é destinado à reciclagem ou reutilização, dessa forma são
acondicionados em recipientes que identifiquem o tipo do material descartado. Como
o exemplo da Figura 5.
Figura 5: Acondicionamento do Grupo D – Lixo Reciclável.
33
Fonte: http://www.contemar.com.br/coleta_seletiva.php. Acesso em: 30 out. 2012.
Após o acondicionamento e a segregação, vem a etapa de destinação que,
para a unidade de serviço, vai ainda até o transporte e coleta do RSS.
A RDC nº 306/2004, da ANVISA, determina como transporte interno o
“translado dos resíduos dos pontos de geração até local destinado ao
armazenamento temporário ou armazenamento externo com a finalidade de
apresentação para a coleta”, conforme a Figura 6. A mesma RDC explica como deve
ser o recipiente para o transporte interno:
Os recipientes para transporte interno devem ser constituídos de material rígido, lavável, impermeável, provido de tampa articulada ao próprio corpo do equipamento, cantos e bordas arredondados, e serem identificados com o símbolo correspondente ao risco do resíduo neles contidos, de acordo com este Regulamento Técnico. Devem ser providos de rodas revestidas de material que reduza o ruído. Os recipientes com mais de 400 l de capacidade devem possuir válvula de dreno no fundo. O uso de recipientes desprovidos de rodas deve observar os limites de carga permitidos para o transporte pelos trabalhadores, conforme normas reguladoras do Ministério do Trabalho e Emprego (BRASIL, 2005).
Figura 6: Exemplo de Transporte Interno do RSS.
Fonte: http://catalogohospitalar.com.br/carro-de-transporte-com-tampa-coleta-de-lixo-hospitalar-mol60-015.html. Acesso em: 30 out. 2012.
34
Na unidade de saúde pesquisada, a coleta é feita por uma empresa
contratada. Nesse caso, o Manual de Gerenciamento dos Resíduos dos Serviços de
Saúde, da ANVISA, determina que a coleta externa seja:
A remoção dos RSS do abrigo de resíduos (armazenamento externo) até a unidade de tratamento ou disposição final, pela utilização de técnicas que garantam a preservação das condições de acondicionamento e a integridade dos trabalhadores, da população e do meio ambiente. Deve estar de acordo com as regulamentações do órgão de limpeza urbana (BRASIL, 2006).
A disposição final dos resíduos é feita em um local previamente preparado
para receber os dejetos, que obedece os critérios técnicos de construção e operação
e licenciamento ambiental, de acordo com a resolução do CONAMA nº 237/1997
(BRASIL, 2004).
No Ceará, ainda não existe nenhum município com PGRS elaborado,
mesmo tendo optado pela criação regional do documento e dividindo o estado em 14
regiões e contratando consórcios para a construção dos aterros sanitários até 2014,
local onde deve ser feito a disposição final dos resíduos sólidos (DIÁRIO DO
NORDESTE, 2012).
O tópico a seguir apresentará a metodologia utilizada na pesquisa que se
deu com a intenção de responder à problemática levantada no início deste trabalho.
35
4 METODOLOGIA
4.1 Metodologia
A pesquisa sobre a gestão dos resíduos sólidos está respaldada por um
procedimento baseado em uma pesquisa bibliográfica, como forma de conceituar e
identificar o tipo de gestão utilizada na unidade de saúde em estudo. Para isso, foi
feito um estudo de caso em uma unidade de saúde privada em Maracanaú-Ceará.
Yin (2001) apud Gil (2002) afirma que:
Nas ciências, durante muito tempo, o estudo de caso foi encarado como procedimento pouco rigoroso, que serviria apenas para estudos de natureza exploratória. Hoje, porém, é encarado como o delineamento mais adequado para a investigação de um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto real, onde os limites entre o fenômeno e o contexto não são claramente percebidos (GIL, 2002, p.54).
O instrumento de coleta dos dados primários utilizados na pesquisa foi um
formulário de entrevista, esta feita com a administradora da Unidade de Saúde
pesquisada, na busca pelo entendimento dos procedimentos de gestão do resíduo
sólido do serviço de saúde. Para Gil (2002),
Nos levantamentos que se valem da entrevista como técnica de coleta de dados, esta assume forma mais ou menos estruturada. Mesmo que as respostas possíveis não sejam fixadas anteriormente, o entrevistador guia-se por algum tipo de roteiro, que pode ser memorizado ou registrado em folhas próprias (GIL, 2002, p.117).
4.2 Maracanaú – Histórico e Curiosidades
O município de Maracanaú nasceu da emancipação com o município de
Maranguape no ano de 1983, através da Lei Estadual nº 10.811, após a quarta
tentativa que obteve sucesso através do “Movimento de Integração e
Desenvolvimento de Maracanaú”2, que passou a adotar o gentílico de
maracanauense.
2 Fonte: http://www.maracanau.ce.gov.br/nossa-historia.
36
Seu primeiro prefeito, Almir Dutra, conhecido após a eleição de 1984, ficou
apenas dois meses e foi assassinado. O vice-prefeito, José Raimundo, assumiu o
cargo, mas logo depois foi afastado e quem passou a administrar a prefeitura foi o
interventor Alfredo Marques, que permaneceu no comando da prefeitura até outubro
de 1988. Desde então, Maracanaú teve mais 05 prefeitos e, atualmente, o prefeito é
Firmo Camurça, que se encontra à frente do município desde a última eleição em
2012.
Desde a emancipação, o município vem tendo um crescimento populacional
motivado pela construção de vários conjuntos habitacionais que facilitou a vinda da
classe de trabalhadores de Fortaleza para a periferia nas décadas de 1980 e 1990.
De acordo com a projeção feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) no censo de 2010, o município obteve o crescimento populacional de 16,70%
nos últimos 10 anos, conforme Tabela 3:
Tabela 3: Crescimento Populacional.
Ano POPULAÇÃO
TOTAL HOMENS MULHERES URBANA RURAL
2000 174.720 85.343 89.377 179.170 562
2010 209.748 102.453 107.295 208.848 900
Fonte: http://www.maracanau.ce.gov.br/estatisticas. Acesso em: 28 ago. 2012. Elaboração: SOUZA , I.G.O.
Também, nos anos 1980, várias organizações industriais se instalaram no
município formando o Distrito Industrial, juntamente com empresas do setor
comercial, todas devido aos incentivos fiscais e tributários que são oferecidos pela
legislação local, trazendo um aumento econômico e financeiro aliado ao crescimento
de renda familiar e emprego em razão da facilidade de mão de obra local, que as
empresas tanto utilizam.
Maracanaú, segundo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará
(IPECE) 2009, representa a segunda economia do Ceará, conforme Tabela 3, sendo
que seu Produto Interno Bruto (PIB), em 2006, ficou em torno de R$ 2,38 bilhões,
estando fundamentado nas indústrias com 58,02%, nos serviços com 41,85% e na
37
agropecuária com 0,13%, mesmo que nos últimos anos os setores de
serviços/comercias tenham crescido bastante.
Tabela 4: Economias Municipais em 2006.
Classificação das 10 maiores economias municipais em 2006
Class. Município 2005 2006 Part. no PIB do CE
em 2006
1 - Fortaleza R$ 19,675 bilhões R$ 22,537 bilhões 48,67%
2 - Maracanaú R$ 2,158 bilhões R$ 2,381 bilhões 5,14%
3 - Sobral R$ 1,522 bilhões R$ 1,527 bilhões 3,30%
4 - Caucaia R$ 0,988 bilhões R$ 1,358 bilhões 2,93%
5 - Juazeiro do Norte R$ 0,982 bilhões R$ 1,098 bilhões 2,37%
6 - Eusébio R$ 0,568 bilhões R$ 0,660 bilhões 1,43%
7 - Maranguape R$ 0,466 bilhões R$ 0,534 bilhões 1,15%
8 - Horizonte R$ 0,503 bilhões R$ 0,529 bilhões 1,14%
9 - Crato R$ 0,441 bilhões R$ 0,500 bilhões 1,08%
10 - Iguatu R$ 0,427 bilhões R$ 0,431 bilhões 0,93%
Fonte: IBGE/Ipece.
De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior (MDIC), Maracanaú, em 2008, ficou na segunda colocação como município
exportador, perdendo apenas para a capital do estado, conforme Tabela 5.
Tabela 5: Municípios Cearenses exportadores em 2008.
Classificação dos10 maiores municípios exportadores em 2008
Class. Município 2007 (em US$) 2008 (em US$)
1 - Fortaleza 271.022.516 244.942.280
2 - Maracanaú 229.173.077 231.997.623
3 - Cascavel 135.798.863 159.199.904
4 - Sobral 91.959.751 138.414.293
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5 - Itapajé 63.040.804 72.364.658
6 - Icapuí 13.922.741 51.966.138
7 - Horizonte 51.616.990 47.963.655
8 - Quixeramobim 43.043.593 42.228.327
9 - Caucaia 31.168.958 34.418.403
10 - Quixeré 28.743.182 30.109.963
Fonte: MDIC.
Face ao crescimento industrial e populacional, foi criada em 2005, através
da Lei nº 986/2005, a Secretária do Meio Ambiente, que mesmo com um curto
tempo de vida tem desenvolvido ações que levaram o município a receber o Selo de
Município Verde com o melhor índice de sustentabilidade do Ceará. Junto à
secretária trabalham:
Conselho de Defesa do Meio Ambiente – Condema, criado em Janeiro
de 2006, que atua para proteger e melhorar a qualidade do meio ambiente do
Município.
Fundo de Defesa do Meio Ambiente – Fundema, criado em dezembro
2006, tem como finalidade o desenvolvimento de Programas de Educação
Ambiental, recuperação do meio ambiente degradado e a preservação das áreas de
interesse ecológico.
A secretaria do Meio Ambiente do município utiliza para a execução dos
procedimentos o Manual Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos, elaborado
pela Secretaria de Desenvolvimento Urbano da presidência da República – SEDU.
Atualmente, o município conta com o Aterro Metropolitano Sul, que está
localizado no bairro Furna da Onça, ao sul do município, cuja empresa responsável
pela coleta dos RSS é, atualmente, a WF Ambiental.
4.3 A instituição de estudo
A Clínica Campos Elísios Ltda foi fundada em 2000, em um espaço de
200m2, localizada na Avenida IX, n° 315, Jereissati II, Maracanaú-CE, com apenas
quatro especialidades compostas pelo proprietário-Ortopedista e Traumatologista e
mais três amigos e 3 funcionários-Gerentes, auxiliar de serviços gerais e
recepcionista.
39
JURÍDICO
CORPO CLÍNICO
CONTABILIDADE
DIRETOR
GERENTE ADM/FINANCEIRO
CONTAS MÉDICAS DEPARTAMENTO TÉCNICO
AUXILIAR DE SERVIÇOS GERAIS
TELEMARKETING RECEPÇÃO
AUX. DE FATURAMENTO
TÉCNICO EM RADIOLOGIA
TÉCNICO EM GESSO
AUXILIAR ADMINISTRATIVO
Em 2006, a clínica amplia a sua estrutura para 500m², realiza parceria com a
prefeitura municipal e passa a oferecer à comunidade um serviço especializado em
Ortopedia e Traumatologia, com espaço exclusivo de 150m² destinado para esse
fim. Dessa forma, amplia-se o quadro de funcionários para o total de 05 pessoas,
com um auxiliar de faturamento e mais uma recepcionista.
Em agosto de 2010, inicia-se uma nova reforma, expandindo sua estrutura
para 3.000m², com novas instalações proporcionando mais conforto e comodidade
para o paciente, novas parcerias e aquisição de novos equipamentos de última
geração, exclusivos na realização de determinados exames de alta complexidade
como Tomógrafo, Mamógrafo, Densiômetro e outros.
Essa estrutura conta com 4 recepções climatizadas, amplas, espaço para
crianças, 10 consultórios, 15 salas para exames complementares laboratoriais e de
imagem.
Em 2011, é finalizada parte de suas instalações, inicia-se novas parcerias,
agora oferecendo serviços em Cardiologia, Oftalmologia (implantação) e Diagnóstico
por Imagem. Também amplia parceria com o SUS, oferecendo à comunidade os
serviços de Mamografia, Densitometria Óssea e Tomografia Computadorizada.
Atualmente, a Clínica possui 19 colaboradores diretos e 5 estagiários.
40
5 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
Para a análise dos resultados, foi realizada uma entrevista com a
administradora da unidade de saúde privada em estudo, tendo como foco o
gerenciamento dos resíduos sólidos gerados pela instituição.
No início da entrevista, foi indagado à gestora qual seria o total de resíduos
sólidos gerados pela unidade de saúde. A administradora da unidade respondeu
que, em média, são gerados 30 kg de lixo hospitalar e 69 kg de lixo comum. No
entanto, para a Lei nº 12.305, todos os resíduos gerados nos serviços de saúde são
considerados RSS, conforme definido em regulamento ou em normas estabelecidas
pelos órgãos do SISNAMA e do SNVS.
Em seguida, foi perguntado à gestora se a instituição fazia uso de algum
indicador de resíduos sólidos, em caso positivo, informasse quais os indicadores
trabalhados. A administradora disse apenas um NÃO, acredita-se que a ausência do
uso de indicadores para gerenciamento dos resíduos sólidos hospitalares ainda não
seja um ponto negativo devido ao volume gerado.
Dando continuidade à entrevista, perguntou-se à gestora quais métodos
eram utilizados para o controle dos resíduos sólidos. Segundo esta, a unidade
possui o PGRSS, elaborado em maio de 2010, com base na resolução nº 358 do
CONAMA e RDC nº 306, da ANVISA, tratando dos grupos A, B, C, D e E, entretanto,
os grupos B e C não são gerados pela instituição.
Pode-se ressaltar, nesse momento, que o plano de gerenciamento dos
resíduos sólidos é exigido por lei por uso da Resolução nº 5 do CONAMA e deve
abranger a geração, segregação, acondicionamento, coleta, tratamento, transporte e
disposição final.
Prosseguindo, foi questionado à gestora qual o procedimento com relação à
avaliação da gestão dos resíduos hospitalares. Segundo a gestora, não é feita
nenhuma análise do lixo, seja ele comum ou hospitalar, como são tratados nessa
unidade de saúde.
Dessa forma, pode-se dizer que não existe uma preocupação por parte da
unidade em avaliar o andamento do gerenciamento dos resíduos. O controle do
peso dos resíduos, bem como a segregação e descarte corretos também são de
41
suma importância, considerando-se que representam um controle da geração dos
mesmos.
Na quinta questão, questionou-se qual a quantidade de funcionários da
unidade que estão envolvidos diretamente com a gestão dos resíduos. A gestora
informou a quantidade exata de funcionários envolvidos na função, que são apenas
02 auxiliares de serviços gerais que, ao assumirem a função, são treinados
conforme o PGRSS e o Procedimento Operacional Padrão – POP, documento
regular interno da instituição, já respondendo à sexta questão que trata da existência
de treinamentos para os funcionários envolvidos no gerenciamento do RSS.
Considerando ainda o treinamento dos funcionários, foi perguntado à
gestora se havia algum tipo de treinamento para os não envolvidos na gestão do
RSS. A gestora afirmou que são repassadas orientações específicas para cada
setor, principalmente, os envolvidos com material contaminado, para não misturar os
resíduos. Para evitar esse tipo de problema, as lixeiras são identificadas com
símbolo e a cor do saco plástico também é diferenciada. Lixo comum: saco preto ou
azul; lixo hospitalar: saco branco leitoso. Além disso, informou que os médicos não
participam de treinamento, porém, são orientados quanto ao descarte dos materiais
utilizado nos atendimentos.
A oitava pergunta aborda a participação da alta gerência no assunto aqui
tratado, indagando se havia a participação desta em algo relacionado ao
gerenciamento de resíduos sólidos de serviços de saúde e meio ambiente. A
resposta da gestora apenas afirmou que não existe essa participação. Dessa forma,
não foi possível a análise da gestão.
Na nona pergunta, aborda-se novamente o posicionamento da gerência no
que se refere à gestão dos resíduos sólidos hospitalares, interrogando se havia
preocupação com o meio ambiente e se havia alguma sugestão, por parte da
gerência, para a redução do impacto ambiental. A gestora apenas afirmou que existe
essa preocupação por parte da alta gerência, contudo, ela não apresenta novas
formas ou programas para a redução dos resíduos e não especificou em detalhes
essa participação e, mais uma vez, não foi possível analisar o tema.
Na última questão, encerrando a entrevista realizada com a gestora da
instituição, foi pedido que a mesma listasse, em relação à gestão de resíduos de
saúde, as deficiências e os problemas e fizesse um questionamento voltado para o
gerenciamento de resíduos sólidos.
42
A Administradora citou, como problema e deficiência, a dificuldade de
conscientização dos funcionários para separar o lixo de forma correta, pois, mesmo
tratando todo lixo como “hospitalar”, é necessária ainda a divisão segundo consta no
PGRSS da própria unidade. Sobre o questionamento, nada foi dito.
Analisando de forma geral a gestão de resíduos sólidos realizado na unidade
de saúde em estudo e com base no que foi informado pela administradora, pode-se
dizer que a unidade mantém um programa de gerenciamento que atende a demanda
de lixo gerado ali. No entanto, encontra-se falho em alguns pontos que ainda não
possuem a atenção merecida devido à falta de comprometimento dos envolvidos na
operação e de comprometimento por parte dos órgãos competentes no que diz
respeito aos prazos.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A sociedade contemporânea começa a conhecer as diversas formas de
preservação do meio ambiente, passando a entender que muito do nosso cotidiano
está ligado à conservação desse “meio” para que seja mantida a qualidade de vida
para esta e para as próximas gerações.
O debate em torno desse tema cresceu tanto, que a criação de uma gestão
foi ponto fundamental para que o controle e o conhecimento fossem repassados de
forma sistemática para todas as áreas, cada uma com as normas e leis que
fornecem condições para a execução e manejo corretos, tentando minimizar o
máximo possível o impacto ao meio ambiente.
Levando em consideração o crescimento da busca pela gestão para o meio
ambiente, chegamos à problemática do estudo que é: quais os procedimentos na
gestão dos resíduos sólidos feitos em uma unidade de saúde privada em Maracanaú
- Ceará? Esse estudo é totalmente direcionado para a gestão do RSS, cujas normas
e leis já existem, regidas por órgãos municipais, estaduais e federais, sendo
seguidas pela unidade em estudo para que possa exercer as atividades oferecidas
aos seus clientes.
Dessa forma, durante o desenvolvimento do trabalho foi possível entender
quais os procedimentos obrigatórios que devem ser seguidos por uma instituição de
saúde, seja ela pública ou privada, através das normas e leis que são
fundamentadas pelo Ministério do Meio Ambiente e dos órgãos competentes, como
CONAMA e ANVISA, que são os órgãos que regem os Resíduos de Serviço de
Saúde que é o tema da pesquisa. Sendo assim, observou-se que a Unidade, mesmo
possuindo um volume ainda pequeno de resíduo, atua dentro do exigido, em que
todas as ações ligadas ao manejo, segregação e descarte do resíduo são baseadas
no PGRSS, documento obrigatório que deve ser elaborado mediante o artigo 20,
inciso I, da Lei nº 12305, de 02 de agosto de 2010, da resolução nº 358 do CONAMA
e do RDC nº 306/2004, do Manual de Gerenciamento de Resíduos de Serviço de
Saúde da ANVISA.
A instituição também tem consciência de que a falta de conclusão de
algumas atividades deve-se ao descomprometimento dos funcionários direta ou
indiretamente ligados à gestão do RSS, sendo que os que estão diretamente ligados
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recebem o treinamento de acordo com o PGRSS e os demais, apenas orientação
quanto ao correto descarte do resíduo.
Assim, fica entendido que o resultado do trabalho apresentou a forma de
gestão do RSSS e respondeu ao problema e cumpriu os objetivos, deixando claro
que ainda são necessárias mudanças, envolvimento, comprometimento e
aperfeiçoamento de alguns procedimentos, para que fique adequado ao crescimento
do fluxo no atendimento da unidade e, consequentemente, do volume de lixo
gerado, devido à importância que vem tomando dentro do segmento de saúde no
município de Maracanaú-CE.
45
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FORMULÁRIO DE ENTREVISTA
01. Qual o total de resíduos sólidos gerados pela unidade saúde?
02. A unidade possui indicadores de resíduos sólidos? Em caso positivo, quais?
03. Quais os métodos utilizados para o controle dos resíduos sólidos?
04. Qual o procedimento na avaliação da gestão dos resíduos sólidos?
05. Quantos funcionários estão envolvidos diretamente na gestão dos resíduos
sólidos?
06. Existe algum treinamento para os funcionários envolvidos na gestão dos
resíduos sólidos?
07. Há algum tipo de treinamento para os funcionários que não estão envolvidos
na gestão do RSS?
08. A alta gerência participa de eventos relacionados a RSS e meio ambiente?
09. Mostra-se preocupada com o meio ambiente; partindo dela, há alguma
sugestão para a redução do impacto ambiental?
10. Cite, em relação ao gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde da
unidade:
Deficiências:
Problemas:
Questionamentos: