cerrado em rede -...
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ACONTECEU NO JOEL ...
Há dez anos atrás, o baru, um fruto típico do cerrado, ganhou não só as mesas das famílias brasileiras, mas tornou-se símbolo da luta para a i n c l u s ã o d e p r o d u t o s d a sociobiodiversidade do Cerrado na al imentação escolar. Essa c a s t a n h a n o b r e , b a s t a n t e conhecida pelas populações tradicionais, foi o elo e a riqueza do C e r ra d o t ra n s fo r m a d a e m produtos que regionalizou o cardápio da alimentação escolar de Goiânia em 2001 e fortaleceu a o r g a n i z a ç ã o d a R e d e d e Comercialização Solidária de A g r i c u l t o r e s f a m i l i a r e s e Extrativistas do Cerrado (RCS).C o m a n o v a U n i d a d e d e Beneficiamento de Baru com 780m², inaugurada em novembro de 2009 em Goiânia(GO), com apoio de diversos parceiros (a Fundação Banco do Brasil, BNDES, Prefeitura de Goiânia, CONAB e MDA) espera-se aumentar a
capacidade de produção anual para 25 toneladas de castanha, 390 toneladas de cookies , 100 toneladas de granola e 13 toneladas de barra de cereais. O presidente da Fundação Banco do Brasil, Jacques Pena, esteve presente na solenidade de inauguração. Pena afirmou que o modelo de produção da RCS corresponde aos interesses de investimento da Fundação: "Aqui, existe geração de renda vinculada à preservação ambiental. No mundo afora, existem hoje dois lemas importantes: outro mundo é possível e pensar global e agir local. A RCS tem tudo a ver com isso. Vocês estão pensando no planeta e cuidando do pé de baru", disse. Segundo o presidente, o projeto conduzido pela cooperativa corresponde a um dos principais grupos de trabalho da Fundação. "Há cinco anos, a Fundação conduz cerca de mil projetos anuais. Eu
diria que esse está entre os 10 principais projetos da Fundação", afirmou.
Baru: A Riqueza Alimentar Valorizada Na Organização Comunitária Em Rede
Inauguração da primeira Unidade do Complexo de Empreendimentos Agroextrativista do Cerrado.
3 Editorial
3. Sindicato de Trabalhadores Rurais
consagra parceria com Rede
4. Mudança na alimentação
escolar beneficia agricultura
familiar
5. Extrativismo no Cerrado além da
Sobrevivência
6. Agroextrativista
7. Fundo Solidário abre demanda
de apoio a agroextrativistas
8. Caiu na Rede
LEIA NESTA EDIÇÃO
CERRADO EM REDEOUTUBRO 2010 www.emporiodocerrado.org.brEDIÇÃO Nº 2
Expediente:
Cerrado em Rede. Boletim Informativo. Uma publicação da Rede de Comercialização Solidária de Agricultores Familiares e Extrativistas do Cerrado em parceria com o CEDAC- Centro de Desenvolvimento Agroecológico do Cerrado.
Endereço: Rodovia BR 153, Km 4, área GMA, casa 05, Chácara Retiro, Goiânia-Go. CEP 74675-090. Tel. 62 3202 7515.
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Conselho Editorial:Orélio Araújo da Silva. Goiás-GOFlávio Cardoso. Goiás-GOTerezinha de Paiva. Goiás-GOAntônio Francisco da Mata. Jandaia-GOOsmar Alves. São Domingos-GOGualdino Pereira. São Domingos-GOCláudia de Jesus Nonato. São João D’Aliança-GOAdalberto Gomes dos Santos. Lassance-MGIdelfonso Rodrigues Duarte. Ibiaí-MG
Editora: Alessandra Karla da SilvaProdução Executiva: Marcelo do Egito
Jornalista Responsável: Maurício de Freitas Rodrigues ValleFotos: Marcelo do Egito, Adalberto Gomes dos Santos e Ronicléber Miranda.
Projeto Gráfico e Diagramação: Planetta Design e Comunicação LTDA
Apoio:
O diretor de florestas do
Ministério do Meio Ambiente,
João de Deus Medeiros, lembrou
que, atualmente, muito se fala
de sustentabilidade, mas pouco
se tem feito a respeito. A
experiência da RCS representava,
assim, o oposto dessa postura.
"Essa ação prova que existe sim
uma alternativa ao modelo
e c o n ô m i c o i n s u s t e n t áv e l
existente nos últimos anos, onde
uma minoria da sociedade se
apropriava dos recursos naturais
e impunha, à maioria, uma
condição de subsistência. Aqui,
vemos um exemplo de como se
consegue sociabilizar de maneira
justa os recursos retirados da
natureza", colocou.
Já o Diretor de Logística e Gestão
Empresarial da Conab, Silvio
Por to, a f i rmou que esse
empreendimento do Cerrado irá
inserir as famílias locais em outro
patamar de articulação. "Nesse
momento, a Conab tem o papel
de articular ainda mais com o
mercado governamental", disse.
O diretor enfatizou ainda o valor
"imaterial" da ação realizada
pela RCS. "Essa experiência tem a
característica não só de resgatar
a transformação do baru em
produtos para consumo, como
t a m b é m d e r e s g a t a r a
manutenção da cultura popular,
de conservação da natureza. O
extrativismo representa uma das
simbologias e uma das lutas mais
importantes do nosso País.
Especialmente no Cerrado, que
se tornou uma enorme fronteira
agrícola", afirmou.
A Secretária de Desenvolvimento
Econômico Municipal, Neide
Aparecida, reafirmou a parceria
da Prefeitura de Goiânia junto ao
empreendimento. "Esse projeto
tem uma filosofia de que o
desenvolvimento não está
vinculado à derrubada de
árvores, e sim ao plantio de mais
árvores", adicionou.
A Unidade de Baru é a primeira
das oito agroindústrias a serem
implantadas no complexo de
e m p r e e n d i m e n t o s
agroextrativistas da RCS em
Goiânia. A Usina de Óleos
Vegetais e o Entreposto Apícola
serão as próximas a serem
construídas com apoio do
SDT/MDA e Prefeitura de
Goiânia, com previsão de
funcionamento em março de
2011.
CERRADO EM REDE
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SINDICATO DE TRABALHADORES RURAIS CONSAGRA PARCERIA COM A REDE
Em 2001, uma experiência inovadora mostrou um novo caminho para a sustentabilidade baseado na inter-relação entre o campo e a cidade, aproximando quem produz e maneja de quem consume. Agroextrativistas organizados em rede deram início a valorização das riquezas do cerrado levando hábitos a l imentares regionais para jovens e crianças da cidade que não conheciam o sabor e a importância do manejo sustentável d o C e r r a d o . P r a t i c a m e n t e desconhecido, a farinha da castanha de baru foi o primeiro produto agroextrativista a fazer parte do cardápio alimentar de escolas da região metropolitana de Goiânia, atingindo 114 mil alunos por ano até 2005, possibilitando a estruturação de uma densa rede comunitária no Cerrado, a Rede de Comercialização Solidária de Agricultores Familiares e Extrativistas do Cerrado. Com a estruturação do PAA - Programa de Aquisição de Alimentos do governo federal instituído em 2003, a
A parceria da Rede de Comercialização Sol idár ia com o S indicato de Trabalhadores Rurais de Lassance (MG) trouxe avanços para os agricultores familiares da região. Em 2002 foi firmada uma parceria com Sindicado Trabalhadores Rurais do município de Lassance em Minas Gerais (MG). De lá para cá o número de filiados mineiros cresceu. Hoje já são 65 famílias que comercializam seus produtos com um preço mais justo através da Cooperativa Mista de Agricultores Familiares, Extrativistas, Pescadores, Vazanteiros e Guias Turísticos do Cerrado (Coopcerrado). O conselheiro da Rede do município de Lassance, Adalberto Gomes dos Santos, disse que a parceria beneficiou as duas partes. Segundo ele, o Sindicato propiciou uma estrutura melhor para atender os extrativistas e os agricultores da região. Isso ampliou e fortaleceu a atuação da Rede e facilitou o diálogo com a prefeitura da
cidade sobre aquisição dos produtos da agricultura familiar dentro dos 30% previsto na nova lei da alimentação escolar. Por outro lado, o sindicado ganhou novos integrantes e fortaleceu sua atuação rural no município. O trabalho da Rede fortalece os agricultores e ajuda na comprovação da condição de segurado especial, através das notas fiscais. “Fica mais fácil para o trabalhador cooperado comprovar sua condição, facilitando o trabalho do Sindicato e permitindo que essas pessoas tenham acesso, a aposentadoria e outros benefícios”, complementa Adalberto. Neste caminho outros sindicatos começam a compreender a importância da atuação conjunta, a exemplo do STR do município de Jandaia, (GO). O vínculo foi formado em 2009 e esta aliança proporcionou uma estrutura melhor para os integrantes da Rede através de uma sala para reuniões dentro do sindicato. O fortalecimento na região
fez com que Jandaia entrasse para o Pólo Sindical da região Rio dos Bois. A reunião aglomera 14 sindicatos de trabalhadores rurais do estado. O Secretário Geral do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Jandaia e membro da Rede Antônio Francisco da Mata, fala que a grande vantagem do pólo, é a possibilidade de passar para mais pessoas o que já é sucesso na Rede. “O trabalho é correto e esse é um bom motivo para atra ir mais sindicatos” comenta o cooperado. Para ele o trabalho em conjunto facilita para as duas partes e atrai ajuda da prefeitura local. “O Sindicato é nossa ferramenta para garantir nossos direitos e a Rede fortalece a organização comunitária, a renda das famílias e a produção agroecológica. Um sindicato mesmo que forte não consegue sozinho melhorar a vida dos trabalhadores rurais, por isso a Rede é fundamental” conclui Antônio.
Mercado institucional, um caminho responsável para segurança alimentar e nutricional no campo e na cidade.
Coopcerrado amplia o acesso ao c o n s u m o d e a l i m e n t o s agroextrativistas do Cerrado doando alimentos a escolas, creches e asilos em parceria com a CONAB Goiás. A nova lei de alimentação escolar (nº 11.947/2009 ) representou um grande avanço em relação à interface entre as políticas públicas de educação e de fortalecimento da agricultura familiar, principalmente porque promove a segurança alimentar e nutricional, a produção de alimentos da agricultura familiar, que respeita as tradições alimentares l o c a i s , o d e s e n v o l v i m e n t o sustentável, a articulação das políticas públicas e o controle social.No universo da agricultura familiar b r a s i l e i r a t e m o s 4 . 1 3 0 . 7 8 8 agricultores familiares, de acordo com Censo Agropecuário 95/96, dos quais a p e n a s 2 . 4 6 2 . 2 0 6 p o s s u e m Declaração de Aptidão, o DAP junto ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Ou seja, 59,6% dos agricultores familiares
estão aptos a participar da nova lei. Com base no último censo escolar de 2 0 0 8 , o F u n d o N a c i o n a l d e Desenvolvimento Escolar (FNDE) repassou cerca de dois bilhões e cinqüenta e dois milhões de reais para alimentação escolar no Brasil. Considerando 30% deste valor a partir da nova lei apenas 2,8% dos agr icu l tores com DAP ser iam atendidos. Mesmo não sendo uma saída para abranger todos os pequenos agricultores no Brasil, o programa tem grande potencial para estimular a organização da agricultura familiar. Esta edição concentra-se na reflexão desta política que envolve a agricultura familiar com alimentação escolar e consolida novas perspectivas para os agroextrativistas que constroem a Rede, além de mostrar experiências que criam alternativas que escapam a lógica mercantil e valorizam o fortalecimento da organização comunitária.
Alessandra Karla da Silva
EDITORIAL
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Cerca de 47 milhões de jovens e
adultos são atendidos pelo
Programa Nacional de Alimentação
Escolar, desde 1955, através de
c o m p r a s g o v e r n a m e n t a i s
realizadas por municípios e
estados. Imaginem este universo de
p e s s o a s co m p re e n d e n d o a
importância da origem e qualidade
destes alimentos, que ocasionam
na verdade serviços ambientais
responsáveis pela manutenção da
disponibilidade, da qualidade da
água, do clima regional e global ou
da biodiversidade. Será que
continuaríamos deixando as
decisões serem tomadas sem a
part ic ipação da soc iedade,
utilizando como referência apenas
o preço do produto e seus
atestados sanitários? O que
estamos deixando para os nossos
filhos, quando consumimos sem a
responsabilidade de educar? Os
nossos filhos desconhecem o modo
de vida de grupos diversos como
agricultores familiares, assentados,
e x t r a t i v i s t a s , p e s c a d o r e s ,
vazanteiros, quilombolas entre
o u t r o s r e s p o n s á v e i s p e l a
diversidade e qualidade dos
produtos que atendem nossas
necessidades, também diversas
desde alimentos, fibras e remédios.
Se compreendermos que estas
famílias são responsáveis pela
manutenção da vida, ou seja, pelo
alimento que chega a nossa mesa
s e m c a u s a r
dest ru ição/envenenamento,
gerando mais saúde e vida,
p o d e r e m o s c o n t i n u a r
usufruindo/convivendo/habitando
este planeta.
A partir desse ano, 30% dos recursos repassados à alimentação nas escolas da rede pública deverão ser destinados à compra de produtos da agricultura familiar. A medida segue determinação da nova lei de alimentação escolar (nº 11.947/2009 ), aprovada no segundo semestre de 2009. Com a novidade os agricultores familiares terão garantias de comercialização e uma oportunidade de se estruturar de forma mais completa, além de inserir no mercado abrindo a possibilidade de incorporação de produtos orgânicos/agroecológicos n a a l i m e n t a ç ã o e s c o l a r d i s s e m i n a n d o s i s t e m a s d e produção de menor impacto ambiental. A agricultora assentada, Terezinha Paiva, conselheira da Rede de Comercialização Solidária comemora ”para nós a lei é resultado de uma luta, com a nossa experiência de organização em rede temos demonstrado que é viável adquirir nossos produtos. Desde 2001 trabalhamos com a farinha de baru na alimentação escolar de Goiânia e em 2005 ampliamos a comercialização para outros municípios com o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) através da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab)”. Com o PAA a Coopcerrado de 2005 a 2010 realizou a doação simultânea de cookies, granolas, barras de cereais a base da castanha de baru, mel, gergelim e farinha de jatobá a 931 instituições entre elas escolas, creches e asilos em 24 municípios no estado de Goiás e 5 municípios no estado de Minas Gerais beneficiando 541.555 pessoas em situação de vulnerabilidade e insegurança nutricional. Para o extrativista Gualdino de Morais, da Resex Recanto das Araras de São Domingos/GO, “já temos o que
PARE E PENSE... MUDANÇA NA ALIMENTAÇÃO ESCOLAR BENEFICIA AGRICULTURA FAMILIAR
comemorar, pois os parceiros que receberam nossos produtos pelo PAA, hoje nos procuram para adquirir, devido a confiança e qualidade de nosso trabalho“. E os primeiros a colocarem em prática a nova lei são as secretarias de educação dos municípios de Senador Canedo e Anapólis, no estado de Goiás, adquirindo barras de cereais, mel, cookies e castanhas de baru atingindo em conjunto 52.490 alunos. O assessor técnico do Centro de Desenvolvimento do Cerrado(Cedac), Marcelo do Egito, explica que a experiência com o PAA/CONAB foi fundamental para garantir a estruturação dos empreendimentos das famílias cooperadas, pois proporcionou um grande aprendizado e contribuiu para vencer preconceitos sobre a incapacidade da agricultura f a m i l i a r e m a b a s t e c e r a alimentação escolar. “Isto ocorre em especial por ser um mercado que possui dono, ou seja, os atravessadores que já têm feito a ponte entre o agricultor familiar e a compra da alimentação escolar há muitos anos” disse o assessor M a r c e l o . A R e d e d e Comercial ização Sol idár ia é formada por duas cooperativas, a citar Coopcerrado e a Rede Cred que atua em Goiás, Minas e Bahia, reunindo cooperados de 34 municípios, possibilitando que um crescente número de escolas seja participante do projeto.
Escola em São Domingos(GO) recebe doação de barra de cereais
4
A descoberta do efeito estufa já
completou 151 anos, mas nunca se
falou tanto em preservação
ambiental e sustentabilidade como
agora. É certo que os danos
causados ao meio ambiente
começaram a despertar olhares e
atenção da mídia. Levantamento de
satélites demonstra que entre 2002
a 2008, cerca de 20 mil
Em contrapartida, a sociedade civil
está se movimentado para impedir
que o patrimônio ecológico não
seja destruído. Já o Governo
Federal prometeu direcionar até
2011 cerca de R$ 400 milhões para
barrar o desmatamento no
Cerrado. Na outra ponta dessa luta
estão às pessoas que dependem da
natureza para sobreviver. Elas se
j u nta ra m a e nt i d a d e s n ã o
governamentais para aprimorar a
técnica de agroecologia mantendo
a cadeia sócio-produtiva do bioma
que ocupam. Nessa caminhada, os
extrativistas estiveram atrás por
muito tempo. Sem uma terra para
plantar, eles se deslocam para as
extensas áreas não ocupadas e
fazem a extração tanto do que
serve para a alimentação diária
como para a comercialização.
Após um longo processo de luta em
rede, em 2006, os extrativistas
obtiveram reconhecimento através
da criação de duas reservas
extrativistas (Resex) no estado de
Goiás pelo Governo Federal. Entre
os municípios de São Domingos e
Guarani de Goiás está a Resex’s
Recanto das Araras da Terra Ronca.
Já em Aruanã, a Reserva Extrativista
Lago do Cedro. Esses dois
Km² de
C errad o fo ram d egrad ad o s
anualmente. O número é o dobro
do que foi registrado na Amazônia.
territórios reúnem cerca de 100
famílias vinculadas a Rede de
Comercialização Solidária. A
organização dos grupos facilita a
luta pelo bem comum e promove o
trabalho de sustentabilidade e
conservação do bioma Cerrado.
Após 4 anos da criação dessas
U n i d a d e s d e C o n s e r v a ç ã o
Sustentável no Cerrado, ainda não
houve a regularização fundiária,
que permitisse o acesso as áreas
que são de posse privada,
dificultando a sobrevivência e
estamos nessa luta. Quando
conseguimos a Resex pensamos
que fosse melhorar, mas piorou.
Até o número de queimadas
aumentou na região. Os
fazendeiros pensam que assim o
governo fica pressionado, mas
quem sofre somos nós”, desabafa
Osmar.
O Superintendente do Instituto
Brasileiro de Meio Ambiente de
Goiás (Ibama-GO), disse em reunião
com os representantes da Rede, e
do Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade
(ICMBio), que “esse é um momento
de se posicionar e cobrar do
presidente”. Para a representante
do ICMbio, Juliana Alves é preciso
maior “celeridade dos órgãos para
indenizar os proprietários das
terras” dentro das Resex. Segundo
ela, às vezes é uma questão simples
e que não se concretiza.
EXTRATIVISMO NO CERRADO: ALÉM DA SOBREVIVÊNCIA
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EntrevistaDepois de seis anos o boletim mensal Cerrado em Rede volta a ser produzido. Muitas coisas são esperadas nessa nova fase pelos co l a b o ra d o re s d a Re d e d e Comercialização Solidária. O C e r ra d o e m Re d e o u v i u a a s s e n t a d a , e x t r a t i v i s t a e conselheira da Cooperativa Claudia Nonato de 37 anos e quatro filhos. Ela já está na Rede há seis anos e lembra quando saiu a primeira edição do boletim em dezembro de 2004. Em uma breve entrevista Cláudia contou suas expectativas e revelou o que gostaria de ver na nova fase do informativo.Cerrado em Rede: Por que é importante ter um jornal que fale das ações da Rede e do Centro de Desenvolvimento Agroecológico do Cerrado (Cedac) como todo?Claudia Nonato: Através do jornal mais pessoas vão se conscientizar de que é possível usar o cerrado sem desmatar. Além disso, elas poderão ajudar esse trabalho tão digno, feito pela Rede.
AGROEXTRATIVISTA FALA
Você tem alguma pergunta para
qual precise de uma resposta? Você
tem alguma informação que ache
que seria útil para outras pessoas?
Se a sua resposta para qualquer uma
destas perguntas for ”sim”, entre em
contato conosco!
Por favor, escreva para:
O Editor,
Rodovia BR 153, km 4, Qd GMA.
Chácara Retiro.Goiânia-GO.
CEP.74.675-090
Ou envie um e-mail para
I Cavalgada Ecológica
Perguntas e RespostasJovens e velhos motivados pelo
resgate da tradição se encontram
todos os sábados na comunidade
Santa Maria, Lassance(MG) para
aulas de violão ministradas pelo
professor Marcinho.
Troca de saberes
Seguindo uma tradição, passada de
pai para filho, a comunidade de
Sa nta M a r ia , mu n ic íp io d e
Lassance(MG), se reúne todos os
anos rea l i zando uma longa
Cavalgada, entre a comunidade e a
Serra do Cabral revisitando locais de
uso comum de várias gerações que
criavam o gado a solta nos gerais e
praticavam o extrativismo das flores
sempre vivas. Neste ano, esta
tradição ganha um novo significado,
de chamar atenção da sociedade
para o que vem ocorrendo com a
natureza nessa região de grande
importância para biodiversidade e a
água. Assim foi realizada a primeira
C a v a l g a d a E c o l ó g i c a d a
Comunidade Santa Maria, no
período de 15 a 17 de outubro, com
a presença de mais de 20 cavaleiros
da comunidade. Pedro Santana e
João de Duca disseram: “há muitos
anos atrás havia uma Vereda na
cabeceira do córrego Palmeiras, que
ninguém atravessava. Com o
plantio do pinho na serra do Cabral
ela secou. Depois de cinco anos do
corte do reflorestamento, a
natureza se recuperou e vereda
voltou à vida.”
CR: A Rede te ajudou enquanto mulher trabalhadora?CN: Claro! Antes eu era explorada por que entregava tudo para o atravessador (uma pessoa que pega toda coleta dos agricultores e extrativistas por um preço muito baixo), posso dizer que com a Rede a minha renda subiu mais de 600%. Antes o atravessador me pagar 20 centavos por um quilo de favela. Hoje a comercialização é feita por 1,26 centavos o quilo. Além disso, tenho a nota fiscal emitida em meu nome, o que me garante uma renda separada do meu marido e uma maior facilidade na hora de aposentar.CR: O que não pode faltar no Cerrado em Rede?CN: Fotos! Fotos de mulheres, várias mulheres! Para que o serviço dela seja reconhecido no Brasil. É importante valorizar a auto-estima da mulher, garantir o futuro dela. Temos um papel fundamental na sociedade. O boletim pode passar essa mensagem.
Pais e filhos, aprendendo e ensinando
NOTÍCIAS. OPINIÕES. INFORMAÇÕESNOTÍCIAS. OPINIÕES. INFORMAÇÕES
CARTASCARTAS
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Em 2007, Centro de Desenvolvimento Agroecológico do Cerrado (Cedac) foi
o vencedor da 5° edição do Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia
Social da região centro-oeste com o projeto “Agroextrativismo Sustentável
da Favela”. Com o prêmio conquistado de R$ 50 mil reais o CEDAC e a Rede
constituíram um Fundo Solidário dos Agroextrativistas do Cerrado para
financiamento de meios de transporte para as famílias. O agricultor e
extrativista do assentamento Areal em Ibiaí (MG) Idelfonso Duarte, explicou
que foram adquiridas 30 carroças com arreata e financiadas as famílias que
trabalham com manejo sustentável da favela. Essas famílias ganharam um
prazo de cinco anos para pagar o investimento. A escolha dos 30
participantes da primeira etapa foi realizada em reuniões nos territórios que
a Rede atua junto com os monitores e conselheiros. Como a demanda era
superior a quantidade de carroças a serem adquiridas, foram estabelecidos
alguns critérios de participação, a citar: interesse em participar do fundo; ser
coletor de favela; ter um monitor com as atividades em dia; o tempo de
cooperado que cada um tem na Rede. O conselheiro destaca que o prêmio foi
fundamental para a continuidade do manejo da favela, pois o valor anual
arrecadado no pagamento das carroças possibilitará a compra de seis
equipamentos completos a cada ano, garantindo a continuidade do fundo.
“Já a boa aplicação do dinheiro possibilitará, que mais famílias com
dificuldade de locomoção sejam beneficiadas”, observou o conselheiro. Este
ano o Fundo abre para outras famílias serem beneficiadas. As famílias
interessados devem entrar em contato com o seu monitor para a inscrição.
É fruto típico do Cerrado, explorado
a cerca de 60 anos pelas indústrias
farmacêuticas. Deste fruto ainda
v e r d e é e x t ra í d o d i v e r s a s
substâncias com propriedades
medicinais, entre elas a rutina ou a
vitamina P, a quercetina e a
ramnose. Os efeitos produzidos
podem ser resumidos em atividade
antioxidante, cardiovascular,
efeitos na oxidação de lipídios,
a n t i i n f l a m a t ó r i a ,
anticarcinogênica, radioproteção, e
outros efeitos. As substâncias são
FUNDO SOLIDÁRIO ABRE DEMANDA DE APOIO A AGROEXTRATIVISTAS
Saiba mais
Conheça a Favela, Faveira ou fava d’anta
u s a d a s n o t r a t a m e n t o d e
hipertensão, arteriosclerose,
diabetes melitus e em diversas
hemorragias. Segundo dados do
Cedac 2007, nos últimos 12 anos a
exportação de rutina movimentou
cerca de onze milhões de dólares
p o r a n o , c u j o s p r i n c i p a i s
compradores são: a França, Itália,
Alemanha e Bélgica.
Núcleo do monitor Adélio de Mambaí/GO recebe carroça
7
CAIU NA REDECAIU NA REDECOMERCIALIZAÇÃO. DEMANDAS. BANCO DE SEMENTESCOMERCIALIZAÇÃO. DEMANDAS. BANCO DE SEMENTES
Veja as últimas informações sobre
comercialização de produtos,
aquisição e oferta de sementes,
elaboração de projetos para os
cooperados, fundo rotat ivo
solidário, festas e eventos, PAA -
município entre outros.
D i s c u t a c o m s e u n ú c l e o
comunitário e encaminhe suas
respostas pelo monitor a Rede.
Fortaleça a sua renda familiar
participando comunitariamente.
Caso você tenha alguns dos produtos abaixo citados, informe ao monitor para comercialização imediata junto a Rede.Pimenta malagueta em conservafrutos de barufruto buchinha paulistasemente de sucupirasemente de urucumsemente de imburanafolha de chapéu de courofolha de douradinhafolha de congonha de bugrepequi em conservacasca de tingui casca de capitão do campo casca de catuabacasca de imburanacasca mulungucasca de mangabacasca de jatobácasca de aroeiracasca de barbatimãocasca de ipê roxocasca de sucupiracasca de murici vermellhocasca de mussambéraiz de calungaraiz de batata de purgaraiz de pára-tudo
Faça parte desta iniciativa junto a
seu núcleo comunitário organize a
produção voltada para as escolas e
creches do seu município. A Rede
em parceria com CONAB está
r e a l i z a n d o p r o j e t o s d e
comercialização para escolas e
creches a partir de produtos
diversificados como hortaliças,
frutas e cereais fornecidos pelos
núcleos comunitários. Para isso é
necessário que as famílias do
núcleo levantem a capacidade de
produção atual e a freqüência de
entrega para elaboração de
projetos para PAA/CONAB.
Garanta a comercialização para
alimentação escolar no seu
município no valor de R$4.500,00
por ano em produtos. Entre em
contato com a rede.
Fundo Rotativo Solidário
PAA - MUNICÍPIO
Área necessária: 360m²Número de plantas: 407Investimento: R$485,00Receita bruta mensal: R$136,34Carência: 4 mesesPrazo: 10 parcelas de R$52,00Como funciona: a rede implanta a UPP junto a famílias que se comprometem em pagar o fundo solidário e comercializar a produção em rede, através de contrato. Caso tenha interesse apresente sua demanda ao monitor.
A Rede renovou e ampliou o convênio de Assistência Técnica com o Banco do Brasil para todos os municípios de abrangência de atuação da Rede em Goiás e Minas Gerais. Assim podemos elaborar de forma mais ágil e com menos custo para os cooperados projetos de custeio e investimento de forma gratuita (somente quando a produção for comercializada na Rede, caso não seja, será cobrado 1,5% do valor do projeto). Procure seu monitor e informe suas demandas, o mais rápido possível. Não esqueçam, os cooperados devem ter conta governamental no Banco do Brasil, DAP- Declaração de Aptidão ao Pronaf válida e estar adimplente com o s istema financeiro. Neste período a prioridade é para o custeio agrícola.
Nesta Seção Especial, saiba das novidades da Rede. Em 2009 foi iniciado um banco de
sementes e mudas pela Rede, com o compromisso de fornecer aos cooperados sementes crioulas adaptadas a realidade local. Dentre elas, foram fornecidos açafrão, pimenta, gergelim, adubos verdes e milho. Para que outras famílias sejam beneficiadas o banco de sementes é alimentado pela devolução em dobro pe los participantes. A cada 1kg fornecido pelo banco de sementes após a produção o cooperado devolve 2kg. I n f o r m a m o s a t o d o s o s participantes de 2009 que estamos abertos a devolução das sementes.ALERTA: no caso do AÇAFRÂO.Neste ano 2010 as famílias devem colher à metade da área e plantar novamente. Para que a partir de 2011 todos possam colher açafrão de 2 anos, que apresenta uma maior produtividade.Caso tenha sementes antigas de algodão, milho, fei jão e de hortaliças informe a Rede.
Conheça a UPP - Unidade de Produção de Pimenta da Rede
Produtos com venda certa na Rede.
INFORME AO MONITOR SUA DEMANDA, PARTICIPE!
Faça seu Projeto de PRONAF com a Rede
Banco de Sementes
Área de Açafrão fomentada pela Rede do assentado Juarez do PA Rancho Grande, município de Goiás.
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