céu são paulo
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Catálogo da CIdade de São PauloTRANSCRIPT
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CéuSãoPaulo
Por Moises Mota via iPhone
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Céu Sáo Paulo
Catálogo fotográfico da cidade de São Paulo por
M o i s e s M o t ade 4 a 11 de abril de 2012
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O céu e os céus... de Moisés e São PauloPaulo Roberto Antunes
Ms em Letras (Linguagem, cultura e discurso)Professor universitário
...Não pensar o céu nem a imensidão dele sobre nossas cabeças implica passar pelo mundo apenas olhando vazios, coisas e gentes supostamente ocas por meio de um olho que somente olha para si. E quando olhos só veem a si mesmos, a cegueira resta implantada, cer-ceando os pensamentos alados. Mais que nunca, num mundo de cegos que se olham inin-terruptamente num jogo nubladamente narcisístico, a vida clama por olhares outros que se descolam da face e saem à procura do inusitado, do inaudível, do maravilhamento eston-teante descortinado à frente de todos, mas oculto por ausência plena d e percepção maior.
Mas em recente viagem pela voraz e embriagantemente bela São Paulo, o olhar dife-renciado de um amigo percebeu algo mais que o azul desse infinito alto e o branco das nuvens que criam formas comunicativas. Saiu à caça com aparato fotográfico às mãos e clicou prédios e
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céu... céu... céus. Os céus de São Paulo, céus que remetem a outros abstratos celestiais dentro da retina dos que terão o prazer de ver essa arte: a fotografia falando da Terra e do céu, do cimento e do concreto armado e das nuvens brancas que mandam mensagens a nós, pobres humanos, de olhos embotados, perdidos numa carência grande de visão maior. E é essa visão maior do céu que Moisés captou e trouxe à tona para glorificar o estado de graça dos que têm o poder da visão... trouxe à tona para provar que a arte de olhar requer aprofundamento, meditação e mediação entre inteligência e alto senso estético: olhar os céus paulistanos apreen didos na fugacidade do momento pelo olhar de quem não se limitou a tão somente enxergar, ver... mas fez-se Ícaro e elevou seu espírito acima dos arranha-céus - é prazer indizível, misterioso e único.
Numa época em que cada vez mais máquinas substituem homens, tocar com os olhos os céus de São Paulo, captados por Moisés, é um ato de fé na visão maior, inteligente, aprofun-dada... Trata-se de um trabalho quase bíblico porque remete aos belos salmos que alagam de leveza a alma. Moisés soube compreender e apreender a leveza dos céus de São Paulo. E viajar em suas fotografias é redescobrir uma cidade que não para nunca e se descobre, a cada manhã, mais cheia de vida e almas carentes de iluminação maior. Que seja este trabalho um fulgor para olhares outros que ainda não conseguiram capturar com tanta força o azul e o branco do que se faz teto sobre suas cabeças, teto tão cheio de beleza que se torna impossível não enxergá-lo sem que os olhos se encham de água salgada, gostosas lágrimas gestadas pelo gosto do bom-gosto.
Eis aqui Moisés, nos abrindo o mar vermelho, para nos deslocarmos à ter-ra da visão fértil e diferenciada: promessa de singulares olhares, distintas práticas de vi-são e perturbação, pois sempre quando se cresce por dentro, se percebe perplexo num abalar produtivo de novos conceitos, preconceitos, defeitos... para novos efeitos.
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