ciência e método científico

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Ciência, Conhecimento e Método Científico

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A Cincia

PAGE 7

Cincia, Conhecimento e Mtodo CientficoCincia

A palavra cincia origina-se do latim, scientia, era definida como uma forma do conhecimento, fruto do raciocnio e da observao. Significava ter conscincia de alguma coisa, conhecimento profundo e elaborado sobre algo.

Nos modernos dicionrios ainda definida como:

corpo de conhecimento sistematizado que adquiridos via observao, identificao, pesquisa e explicao de determinadas categorias de fenmenos e fatos. Conhecimento amplo adquirido via reflexo e experincia; processo racional usado pelo homem para se relacionar com a natureza e assim ter resultados que lhes sejam teis (HOAIS, 2001, p. 715).

Portanto uma Investigao racional ou estudo da natureza, direccionado descoberta da verdade. Tal investigao normalmente metdica, ou de acordo com o mtodo cientfico um processo de avaliar o conhecimento emprico;

A Cincia o conhecimento ou um sistema de conhecimentos que abarca verdades gerais ou a operao de leis gerais especialmente obtidas e testadas atravs do mtodo cientfico. O conhecimento cientfico depende muito da lgica.

As reas da cincia podem ser classificadas em duas grandes dimenses:

Pura (o desenvolvimento de teorias) versus Aplicada (a aplicao de teorias s necessidades humanas); ou

Natural (o estudo do mundo natural) versus Social (o estudo do comportamento humano e da sociedade).

Menos formalmente, a palavra cincia geralmente abrange qualquer campo sistemtico de estudo ou o conhecimento obtido desse. Esse artigo concentra-se na definio mais especfica.

Do medo Cincia

A evoluo humana corresponde ao desenvolvimento de sua inteligncia. Sendo assim podemos definir trs nveis de desenvolvimento da inteligncia dos seres humanos desde o surgimento dos primeiros homindeos: o medo, o misticismo, e a cincia.

a) O medo:

Os seres humanos pr-histricos no conseguiam entender os fenmenos da natureza. Por este motivo, suas reaes eram sempre de medo: tinham medo das tempestades e do desconhecido. Como no conseguiam compreender o que se passava diante deles, no lhes restava outra alternativa seno o medo e o espanto daquilo que presenciavam.

b) O misticismo:

Num segundo momento, a inteligncia humana evoluiu do medo para a tentativa de explicao dos fenmenos atravs do pensamento mgico, das crenas e das supersties. Era, sem dvida, uma evoluo j que tentavam explicar o que viam. Assim, as tempestades podiam ser fruto de uma ira divina, a boa colheita da benevolncia dos mitos, as desgraas ou as fortunas do casamento do humano com o mgico.

c) A cincia:

Como as explicaes mgicas no bastavam para compreender os fenmenos os seres humanos finalmente evoluram para a busca de respostas atravs de caminhos que pudessem ser comprovados. Desta forma, nasceu a cincia metdica, que procura sempre uma aproximao com a lgica. O ser humano o nico animal na natureza com capacidade de pensar. Esta caracterstica permite que os seres humanos sejam capazes de refletir sobre o significado de suas prprias experincias. Assim sendo, capaz de novas descobertas e de transmiti-las a seus descendentes. O desenvolvimento do conhecimento humano est intrinsecamente ligado sua caracterstica de viver em grupo, ou seja, o saber de um indivduo transmitido a outro, que, por sua vez, aproveita-se deste saber para somar outro. Assim evolui a cincia.

A evoluo da Cincia

Os egpcios j tinham desenvolvido um saber tcnico evoludo, principalmente nas reas de matemtica, geometria e na medicina, mas os gregos foram provavelmente os primeiros a buscar o saber que no tivesse, necessariamente, uma relao com atividade de utilizao prtica. Para os gregos a verdadeira cincia era a filosofia (filo = amigo + sofia (sphos) = saber e quer dizer amigo do saber), que buscava conhecer o porque e o para que de tudo o que se pudesse pensar. O conhecimento histrico dos seres humanos sempre teve uma forte influncia de crenas e dogmas religiosos. Mas, na Idade Mdia, a Igreja Catlica serviu de marco referencial para praticamente todas as idias discutidas na poca . A populao no participava do saber, j que os documentos para consulta estavam presos nos mosteiros das ordens religiosas. No perodo do Renascimento, aproximadamente entre o sculos XV e XVI (anos 1400 e 1500) que, segundo alguns historiadores, os seres humanos retomaram o prazer de pensar e produzir o conhecimento atravs das idias. Neste perodo as artes, de uma forma geral, tomaram um impulso significativo. Neste perodo Michelangelo Buonarrote esculpiu a esttua de David e pintou o teto da Capela Sistina, na Itlia; Thomas Morus escreveu A Utopia (utopia um termo que deriva do grego onde u = no + topos = lugar e quer dizer em nenhum lugar); Tomaso Campanella escreveu A Cidade do Sol; Francis Bacon, A Nova Atlntica; Voltaire, Micrmegas, caracterizando um pensamento no descritivo da realidade, mas criador de uma realidade ideal, do dever ser. No sculo XVII e XVIII (anos 1600 e 1700) a burguesia assumiu uma caracterstica prpria de pensamento, tendendo para um processo que tivesse imediata utilizao prtica. Com isso surgiu o Iluminismo, corrente filosfica que props "a luz da razo sobre as trevas dos dogmas religiosos". O pensador Ren Descartes mostrou ser a razo a essncia dos seres humanos, surgindo a frase "penso, logo existo". No aspecto poltico o movimento Iluminista expressou-se pela necessidade do povo escolher seus governantes atravs de livre escolha da vontade popular. Lembremo-nos de que foi neste perodo que ocorreu a Revoluo Francesa em 1789.

O Mtodo Cientfico surgiu como uma tentativa de organizar o pensamento para se chegar ao meio mais adequado de conhecer e controlar a natureza. J no fim do perodo do Renascimento, Francis Bacon pregava o mtodo indutivo como meio de se produzir o conhecimento. Este mtodo entendia o conhecimento como resultado de experimentaes contnuas e do aprofundamento do conhecimento emprico. Por outro lado, atravs de seu Discurso sobre o mtodo, Ren Descartes defendeu o mtodo dedutivo como aquele que possibilitaria a aquisio do conhecimento atravs da elaborao lgica de hipteses e a busca de sua confirmao ou negao. A Igreja e o pensamento mgico cederam lugar a um processo denominado, por alguns historiadores, de "laicizao da sociedade". Se a Igreja trazia at o fim da Idade Mdia a hegemonia dos estudos e da explicao dos fenmenos relacionados vida, a cincia tomou a frente deste processo, fazendo da Igreja e do pensamento religioso razo de ser dos estudos cientficos.

No sculo XIX (anos 1800) a cincia passou a ter uma importncia fundamental. Parecia que tudo s tinha explicao atravs da cincia. Como se o que no fosse cientfico no correspondesse a verdade. Se Nicolau Coprnico, Galileu Galilei, Giordano Bruno, entre outros, foram perseguidos pela Igreja, em funo de suas idias sobre as coisas do mundo, o sculo XIX serviu como referncia de desenvolvimento do conhecimento cientfico em todas as reas. Na sociologia Augusto Comte desenvolveu sua explicao de sociedade, criando o Positivismo, vindo logo aps outros pensadores; na Economia, Karl Marx procurou explicar a relaes sociais atravs das questes econmicas, resultando no Materialismo-Dialtico; Charles Darwin revolucionou a Antropologia, ferindo os dogmas sacralizados pela religio, com a Teoria da Hereditariedade das Espcies ou Teoria da Evoluo. A cincia passou a assumir uma posio quase que religiosa diante das explicaes dos fenmenos sociais, biolgicos, antropolgicos, fsicos e naturais.

3.3 - A neutralidade cientfica

sabido que, para se fazer uma anlise desapaixonada de qualquer tema, necessrio que o pesquisador mantenha uma certa distncia emocional do assunto abordado. Mas ser isso possvel? Seria possvel um padre, ao analisar a evoluo histrica da Igreja, manter-se afastado de sua prpria histria de vida? Ou ao contrrio, um pesquisador ateu abordar um tema religioso sem um conseqente envolvimento ideolgico nos caminhos de sua pesquisa? Provavelmente a resposta seria no. Mas, ao mesmo tempo, a conscincia desta realidade pode nos preparar para trabalhar esta varivel de forma que os resultados da pesquisa no sofram interferncias alm das esperadas. preciso que o pesquisador tenha conscincia da possibilidade de interferncia de sua formao moral, religiosa, cultural e de sua carga de valores para que os resultados da pesquisa no sejam influenciados por eles alm do aceitvel.

Conhecimento Cientfico

Ao se falar em conhecimento cientfico, o primeiro passo consiste em diferenci-lo de outros tipos de conhecimentos existentes. Para tal, analisemos uma situao muito presente no nosso cotidiano.

O parto no mbito popular e o parto no mbito da cincia da medicina.

Tipos de conhecimentos que encontram-se mesclados neste exemplo:

Emprico, popular, vulgar, transmitido de gerao em gerao por meio da educao informal e baseado na imitao e na experincia pessoal.

Cientfico, conhecimento obtido de modo racional, conduzido por meio de procedimentos cientficos. Visa explicar "por que" e "como" os fenmenos ocorrem.

Correlao entre Conhecimento Popular e Conhecimento CientficoO conhecimento vulgar ou popular, tambm chamado de senso comum, no se distingue do conhecimento nem pela veracidade, nem pela natureza do objeto conhecido. O que diferencia a FORMA, O MODO OU O MTODO E OS INSTRUMENTOS DO CONHECER.

Aspectos a considerar:

A cincia no o nico caminho de acesso ao conhecimento e veracidade; Um objeto ou um fenmeno podem ser matria de observao tanto para o cientista quanto para o homem comum. O que leva um ao conhecimento cientfico e outro ao vulgar ou popular a forma de observao.

Tanto o "bom senso", quanto a "cincia" almejam ser racionais e objetivos.

Caractersticas do Conhecimento PopularSe o "bom senso", apesar de sua aspirao racionalidade e objetivo, s consegue atingir essa condio de forma muito limitada, pode-se dizer que o conhecimento vulgar, popular, latu sensu, o modo comum , corrente e espontneo de conhecer, que se adquire no trato direto com as coisas e os seres humanos.

Verificamos que o conhecimento cientfico diferencia-se do popular muito mais no que se refere ao seu contexto metodolgico do que propriamente ao seu contedo. Essa diferena ocorre tambm em relao aos conhecimentos filosficos e religioso (teolgico).

Apresentamos abaixo, em linhas gerais, as caractersticas principais dos quatro tipos de conhecimento: popular, filosfico, teolgico e cinetfico.

CONHECIMENTO POPULAR Superficial - conforma-se com a aparncia, com aquilo que se pode comprovar simplesmente estando junto das coisas.

Sensitivo - referente a vivncias, estados de nimo e emoes da vida diria.

Subjetivo - o prprio sujeito que organiza suas experincias e conhecimentos.

Assistemtico - a organizao da experincia no visa a uma sistematizao das idais, nem da forma de adquir-las nem na tentativa de valid-las.

Acrtico - verdadeiros ou no, a pretenso de que esses conhecimentos o sejam no se manifesta sempre de uma forma crtica.

CONHECIMENTO FILOSFICO

Valorativo - seu ponto de partida consiste em hipteses, que no podero ser submetidas observao. As hipteses filosficas baseiam-se na experincia e no na experimentao.

No verificvel - os enunciados das hipteses filosficas no podem ser confirmados nem refutados.

Racional - consiste num conjunto de enunciados logicamente correlacionados.

Sistemtico - suas hipteses e enunciados visam a uma representao coerente da realidade estudada, numa tentativa de apreend-la em sua totalidade.

Infalvel e exato - suas hipteses e postulados no so submetidos ao decisivo teste da observao, experimentao.

A filosofia encontra-se sempre procura do que mais geral, interessando-se pela formulao de uma concepo unificada e unificante do universo. Para tanto, procura responder s grandes indagaes do esprito humano, buscando at leis mais universais que englobem e harmonizem as concluses da cincia.

CONHECIMENTO RELIGIOSO OU TEOLGICOApoia-se em doutrinas que contm proposies sagradas, valorativas, por terem sido reveladas pelo sobrenatural, inspiracional e, por esse motivo, tais verdades so consideradas infalveis, indiscutveis e exatas. um conhecimento sistemtico do mundo (origem, significado, finalidade e destino) como obra de um criador divino. Suas evidncias no so verificadas. Est sempre implcita uma atidude de f perante um conhecimento revelado.

O conhecimento religioso ou teolgico parte do pricpio de que as verdades tratadas so infalveis e indiscutveis, por consistirem em revelaes da divindade, do sobrenatural.

CONHECIMENTO CIENTFICO Real, factual - lida com ocorrncias, fatos, isto , toda forma de existncia que se manifesta de algum modo.

Contingente - suas proposies ou hipteses tm a sua veracidade ou falsidade conhecida atravs da experimentao e no pela razo, como ocorre no conhecimento filosfico.

Sistemtico - saber ordenado logicamente, formando um sistema de idias (teoria) e no conhecimentos dispersos e desconexos.

Verificvel - as hipteses que no podem ser comprovadas no pertencem ao mbito da cincia.

Falvel - em virtude de no ser definitivo, absoluto ou final.

Aproximadamente exato - novas proposies e o desenvolvimento de novas tcnicas podem reformular o acervo de teoria existente.

Mtodo Cientfico

Toda cincia possui um mtodo investigativo que ao ser desenvolvido oportuniza o pesquisador a explorar com profundidade determinado tema ou problema, levando a uma reflexo e anlise de maior amplitude.

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