cientistas detectam maior buraco negro descoberto ate hoje

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Cientistas detectam maior buraco negro descoberto até hoje 2010-01-29 Este buraco negro encontra-se numa galáxia espiral chamada NGC 300, situada a seis milhões anos- luz de distância. “Este é o buraco negro estelar mais distante descoberto até hoje para o qual foi possível calcular a massa. É também o primeiro que observamos fora da nossa vizinhança galáctica, o Grupo Local", diz Paul Crowther, professor de Astrofísica na Universidade de Sheffield e primeiro autor do artigo. O buraco negro tem uma “companheira”, uma estrela Wolf-Rayet, também com uma massa 20 vezes superior à do Sol. As estrelas Wolf-Rayet encontram- se no final das suas vidas e expelem a maior parte das suas camadas exteriores para o meio interestelar antes de explodirem sob a forma de supernovas, altura em que os seus núcleos implodem dando origem a buracos negros. As novas observações obtidas pelo instrumento FORS2, montado no Very Large Telescope do ESO, mostram que o buraco negro e a estrela Wolf-Rayet dançam em volta um do outro com uma periocidade de 32 horas. Os astrónomos descobriram igualmente que o buraco negro se encontra a arrancar matéria da estrela à medida que os dois objectos orbitam em torno um do outro. “São realmente um 'casal muito íntimo'”, refere o colaborador Robin Barnard, acrescentando que ainda não se sabe como surgiu esta ligação. Relação entre massa do buraco negro e a química galáctica· Apenas um outro sistema deste tipo foi previamente observado. No entanto, sistemas que comportem um buraco negro e uma estrela companheira não são desconhecidos dos astrónomos. Baseados nestes sistemas, os astrónomos deduziram uma ligação entre a massa do buraco negro e a química galáctica. “Observámos que a maioria dos buracos negros tende a ser descoberta em galáxias pequenas que contêm menos elementos químicos „pesados‟ [elementos mais pesados que o hélio] , observa Crowther , acrescentando que “galáxias maiores e mais ricas nestes elementos pesados, tais como a Via Láctea, apenas conseguem produzir buracos negros de menor massa.”Os astrónomos acreditam que uma maior concentração de elementos químicos pesados influencia a evolução das estrelas, aumentando a quantidade de matéria expelida, o que resulta num buraco negro mais pequeno quando o resto finalmente colapsa. Daqui a menos de um milhão de anos será a estrela Wolf-Rayet que explodirá como uma supernova, dando origem a um buraco negro. “Se o sistema sobreviver a esta segunda explosão, dar- se-á a fusão dos dois buracos negros, processo que libertará enormes quantidades de energia sob a forma de ondas gravitacionais”, explica. No entanto, demorará ainda alguns milhares de milhões de anos até que a fusão esteja completa. “O nosso estudo mostra que tais sistemas poderão existir e que os que já evoluíram para um buraco negro binário poderão ser detectados por sondas de ondas gravitacionais, tais como as LIGO ou Virgo”, conclui Crowther. Este trabalho foi apresentado num artigo que será publicado na revista da especialidade Monthly Notices of the Royal Astronomical Society. Helena Gomes nº13 8ºC http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=39178&op=all

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Page 1: Cientistas Detectam Maior Buraco Negro Descoberto Ate Hoje

Cientistas detectam maior buraco negro descoberto até hoje

2010-01-29

Este buraco negro encontra-se numa galáxia

espiral chamada NGC 300, situada a seis milhões anos-

luz de distância. “Este é o buraco negro estelar mais

distante descoberto até hoje para o qual foi possível

calcular a massa. É também o primeiro que observamos

fora da nossa vizinhança galáctica, o Grupo Local", diz

Paul Crowther, professor de Astrofísica na

Universidade de Sheffield e primeiro autor do artigo.

O buraco negro tem uma “companheira”, uma

estrela Wolf-Rayet, também com uma massa 20 vezes

superior à do Sol. As estrelas Wolf-Rayet encontram-

se no final das suas vidas e expelem a maior parte das suas camadas exteriores para o meio

interestelar antes de explodirem sob a forma de supernovas, altura em que os seus núcleos implodem

dando origem a buracos negros.

As novas observações obtidas pelo instrumento FORS2, montado no Very Large Telescope do

ESO, mostram que o buraco negro e a estrela Wolf-Rayet dançam em volta um do outro com uma

periocidade de 32 horas. Os astrónomos descobriram igualmente que o buraco negro se encontra a

arrancar matéria da estrela à medida que os dois objectos orbitam em torno um do outro. “São

realmente um 'casal muito íntimo'”, refere o colaborador Robin Barnard, acrescentando que ainda não

se sabe como surgiu esta ligação.

Relação entre massa do buraco negro e a química galáctica· Apenas um outro sistema deste tipo foi

previamente observado. No entanto, sistemas que comportem um buraco negro e uma estrela

companheira não são desconhecidos dos astrónomos. Baseados nestes sistemas, os astrónomos

deduziram uma ligação entre a massa do buraco negro e a química galáctica.

“Observámos que a maioria dos buracos negros tende a ser descoberta em galáxias pequenas

que contêm menos elementos químicos „pesados‟ [elementos mais pesados que o hélio] ”, observa

Crowther , acrescentando que “galáxias maiores e mais ricas nestes elementos pesados, tais como a

Via Láctea, apenas conseguem produzir buracos negros de menor massa.”Os astrónomos acreditam que

uma maior concentração de elementos químicos pesados influencia a evolução das estrelas,

aumentando a quantidade de matéria expelida, o que resulta num buraco negro mais pequeno quando o

resto finalmente colapsa.

Daqui a menos de um milhão de anos será a estrela Wolf-Rayet que explodirá como uma

supernova, dando origem a um buraco negro. “Se o sistema sobreviver a esta segunda explosão, dar-

se-á a fusão dos dois buracos negros, processo que libertará enormes quantidades de energia sob a

forma de ondas gravitacionais”, explica.

No entanto, demorará ainda alguns milhares de milhões de anos até que a fusão esteja completa.

“O nosso estudo mostra que tais sistemas poderão existir e que os que já evoluíram para um buraco

negro binário poderão ser detectados por sondas de ondas gravitacionais, tais como as LIGO ou

Virgo”, conclui Crowther.

Este trabalho foi apresentado num artigo que será publicado na revista da especialidade

Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.

Helena Gomes nº13 8ºC

http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=39178&op=all