citação ou plágio?
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Excerto de Elvira Callapez para refletir sobre direitos de autor e plágioTRANSCRIPT
Citação ou plágio?
“Quando se rouba de um autor é plágio; quando se rouba de muitos é
investigação”. Será mesmo assim?
“De acordo com as leis vigentes, toda a gente sabe que roubar é considerado um
crime. E quando ouvimos falar de roubo, normalmente, e de imediato,
associamos esse gesto a dinheiro, a bens materiais, a coisas palpáveis. Talvez
não ocorra à grande maioria das pessoas que alguns também roubam
pensamentos, ideias, opiniões, palavras, frases, factos, dados, resultados,
números, tabelas e trabalho dos outros, sem dar o devido crédito aos autores.
Quando isto acontece, estamos a cometer um roubo chamado plágio. Então, se
plagiar é roubar, logo é um crime. E que tipo de crime, para além do roubo, é o
plágio?
Antes de mais é visto como uma fraude, uma atitude moral e eticamente
condenável, da parte de quem o pratica. (...) Hoje um plagiador é um kidnapper,
um raptor, que comete roubo intelectual, que escreve algo que de facto é
pertença de outra pessoa, que, em suma, viola a ética profissional.
Mas, (...) já na enciclopédia de Diderot, do século XVIII, existe uma definição
de plagiador semelhante às que maioritariamente vigoram nos dias de hoje. “Um
plagiador é um homem que a todo o custo quer ser um autor e, não tendo nem
génio nem talento, copia não só frases, mas também páginas e passagens inteiras
de outros autores e tem a má-fé de não os citar; ou aquele que, com pequenas
mudanças e adição de pequenas frases, apresenta a produção dos outros como
algo que fosse imaginado ou inventado por ele próprio; ou ainda aquele que
reclama para ele a honra da descoberta feita por outro”.
(...) Entre os académicos, o plágio é tido como o pior dos comportamentos, um
delito, uma decepção. (...) Sabendo-se que o plágio constitui um problema, que
simboliza um comportamento impróprio, não ético, por que razão ocorre o
plágio?”
(CALLAPEZ, Elvira - Citação ou Plágio?)