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Rokugan

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  • 1

    Introduo Rokugan uma terra de honra, tradio, conhecimento e bravura. Mas tambm uma terra com milnios

    de conhecimento e erudies que podem ser difceis de adquirir assim que se conhece o cenrio. De fato,

    conhecer intimamente todas as propriedades e complicaes de cada Cl e Famlia seria um esforo digno de

    uma ps-graduao, e isto nem sempre agrada a todos os jogadores. Pensando nisto, ns, da Hayashi no Ie,

    reunimos neste volume trechos de livros que inspiram o raciocnio bsico de cada um dos Cls Maiores do

    Imprio de Rokugan. Neste volume voc encontrar textos considerados clssicos por samurais de Rokugan

    que podem ajuda-lo a compreender melhor o pensamento que orienta seus cls, bem como ampliar a inter-

    pretao de seus personagens, isso sem contar em fomentar provveis ganchos para aventuras tambm.

    De maneira alguma este volume tenta ser uma obra cabal ou mxima neste assunto, podendo obviamente

    ser revisado ou expandido no futuro. At o momento, reunimos nestas pginas os seguintes livros internos do

    cenrio:

    Caranguejo: Derradeira Noite, por Hiruma Nabuko p. 2

    Gara: A Espada, por Kakita p. 4

    Drago: Nitten, por Mirumoto p. 6

    Leo: Liderana, por Akodo p. 9

    Fnix: Tao de Shinsei, por Shiba p. 14

    Escorpio: Mentiras e Pequenas Verdades, ambos por Bayushi Tangen p. 17

    Unicrnio: Poesias de Viagem do Unicrnio p. 21

    Louva-a-deus: O Cdigo Vespa, por Tsuruchi p. 23

  • 2

    Derradeira Noite Trecho da pea de Hiruma Nabuko Ato V, Cena VII

    (Isoko, Nichiko e sua me Tomono so as nicas

    restantes no palco. H uma violenta BATIDA na

    porta externa, esquerda do palco. Elas congelam.)

    VOZ: Isoko? Nichiko?

    NICHIKO: Pai! (Ela corre em direo porta.

    Isoko a agarra.)

    ISOKO: Idiota! Fique parada! (para sua me)

    Consegue andar?

    TOMONO: Eu no sei. (Isoko gentilmente exa-

    mina o rasgo no kimono.) Aaaaahhh!

    VOZ: Nichiko Abra a porta.

    (Um momento.)

    ISOKO: o bushi, me?

    (Outro momento: um terrvel.)

    TOMONO: No.

    (Mais BATIDAS violentas na porta. Nichiko se

    esconde atrs de sua me.)

    ISOKO: So eles No so? VOZ: Isoko? Vocs esto a? Est tudo bem, mi-

    nha flor de cerejeira, ns vencemos. Os Hida vieram

    e os Hida no falham.

    NICHIKO: o Papai!

    TOMONO: Esta coisa que est l fora no seu

    pai.

    NICHIKO: (histrica) Mas eles disseram que

    venceram.

    TOMONO: Os bushis teriam apagado a fumaa

    das torres primeiro. (pausa) Isoko D-me. (Isoko pega a naginata e entrega a ela, e Tomono a usa

    para se apoiar numa perna.) Nichiko-chan Voc sabe o que deve ser feito. (Nichiko olha em descren-

    a para sua me e irm, ento)

    NICHIKO: Eu no posso! No sou uma bushi!

    No posso lutar, eu vou morrer!

    TOMONO: Voc uma Hiruma?

    NICHIKO: Voc disse que no posso ter meu

    gempukku at os treze anos!

    TOMONO: Esta a torre interna, Nichiko. So-

    mos as ltimas.

    NICHIKO: Pare de olhar para mim! PARE! No

    posso! (Ela est chorando.) Sensei disse que sou a

    pior. Mal posso levant-la. Ele disse que se tiver

    dvida na mente, voc falha, e E eu s vou me machucar de novo. Eu no posso.

    ISOKO: (calmamente) Nichiko Ela no est falando disso.

    (Pensamos de incio que ela no ouviu Ento ela olha para cima. Sua irm assente. Ela olha para

    sua me. Outro assentir. Mais BATIDAS na porta

    chocam Nichiko, mas as outras duas so frias como

    porcelana. Sons de rachaduras. As mos de Tomono

    deslizam na naginata.)

    TOMONO: Tudo que tem que fazer se curvar.

    (sem reao) Por favor Olhe para o retrato.

    (Outra longa pausa antes de Nichiko tomar sua

    deciso.)

    NICHIKO: Papaaaaaaai! (Ela corre para a por-

    ta.)

    TOMONO: IYE! (No funciona, e a criana de

    oito anos corre para a porta interna e bate nela,

    enquanto Isoko a agarra. Nichiko morde seus dedos

    e sua irm recua, ela fecha a porta e a barra, dei-

    tando-se contra a parede.)

    NICHIKO: Papai VOZ: Eu as ouvi, querida. Elas querem matar

    voc. Elas tm a Mcula.

    ISOKO: Mentiroso! Sua criatura de sangue ne-

    gro! Espero que coma jade e ela queime at seus

    intestinos!

    VOZ: Abra a porta, Nichiko-chan. No vou dei-

    xar elas te ferirem.

    ISOKO: No ouse! Nichiko, ele s est usando a

    pele dele!

    TOMONO: (Fraca, mas nunca demonstrando)

    Isoko Olhe para o retrato Se voc puder ISOKO: Eu no posso, me. Se voc tirar a mi-

    nha, quem tirar a sua?

    TOMONO: Minha outra filha se perdeu. Ele

    nunca ter vocs duas.

    ISOKO: Juntas, me. Sem Sem dvida em nossas mentes, podemos fazer isto juntas.

    VOZ: Nichiko-chan Abra a porta. ISOKO: (meiga) como cortar bambu. (Ela pe-

    ga a outra naginata.)

    TOMONO: Voc uma Hiruma.

    (Elas erguem as naginatas. Tomono tenta contro-

    lar sua respirao. Ela anda para frente, testando o

  • 3

    alcance. Elas tocam os pescoos uma da outra com

    as lminas. Isoko fecha os olhos, uma vez, uma lon-

    ga piscada. Elas recuam. As BATIDAS e o choro de

    Nichiko so constantes agora.)

    IMONO: S um momento. (recomposta) Em

    san.

    TOMONO: No san.

    (Isoko respira algumas vezes.)

    ISOKO: (praticamente um kiai) Ichi!

    TOMONO: (tentando, mas sem respirao) Ni!

    (As BATIDAS so intermitentes, parando antes

    de golpearem. Os contrarregras apagam as lanter-

    nas. As duas caem no cho com fora. Uma pausa

    de pelo menos doze batidas antes de uma vela ser

    acesa. Sangue est por todo o palco, e Isoko est

    sem cabea. Tomono grunhe e rola, segurando sua

    tmpora ensanguentada.)

    TOMONO: Voc Duvidou. (Ela sente seu prprio pescoo. Ainda est l) Vou procurar um

    Hida.

    VOZ: Nichiiiiiko-chan Por favor. TOMONO: (lcida) No abra esta porta.

    (Os olhos dela relaxam, largos e observadores.

    Nichiko fica parada e quieta.)

    VOZ: Nichiko Est tudo bem. Estou aqui. Os Hida no falham.

    NICHIKO: Elas esto mortas.

    VOZ: Voc no tem que morrer. Elas estavam

    muito doentes.

    NICHIKO: Elas esto mortas.

    VOZ: Eu posso levar voc embora, Nichiko. H

    um lugar secreto que eu conheo.

    NICHIKO: Caranguejos no tm segredos.

    VOZ: um lugar maravilhoso onde ningum

    comete seppuku. Um dos kamis me mostrou. Voc

    no quer honrar os kamis?

    NICHIKO: No! Eu odeio os kamis, odeio este

    castelo estpido, e odeio voc!

    VOZ: Me perdoe, minha flor. Porque eu a amo.

    Por favor Nichiko-chan. Abra a porta. Por seu pai. Voc sabe que pais devem amar suas pequenas.

    Sempre.

    (Contrarregra apaga a ltima vela. H silncio

    por trs batidas, e ento na escurido, ouvimos o

    cair de uma das barras da porta. Ela recua com um

    raspado. H um rugido e o grito de uma criana que

    dura por dez segundos. Ele interrompido pelo som

    de um corpo sendo jogado contra o palco. O grito

    continua numa segunda respirao, at que se torna

    um engasgo. Mais batidas: quatro delas. Contrarre-

    gras rasgam carne.)

    (CORTINAS)

  • 4

    Carta Annima de um Bushi do Caranguejo

    Algo usando a face de meu pai e chorando as l-

    grimas de minha me vem rastejando pelas profun-

    dezas, gritando para que eu me junte a eles. Sinto

    suas presas contra minha armadura, rasgando cou-

    ro e metal como se fossem origami. Agarro meu

    tetsubo enquanto ouo sua risada horrenda, e sei

    que um golpe tudo o que terei antes que ele arran-

    que minhas entranhas dos meus ossos.

    E voc se senta em seu palcio e leciona sobre

    coragem.

    A muralha se estende milhares de milhas, cheias

    de samurais preparando-se para o cerco. Um mar

    de goblins est diante de mim, sibilando xingamen-

    tos inominveis ao ar. Quando comeo a cruzar o

    rio, ouo que a Gara lanou outra invaso contra

    nossas fronteiras no norte. E ainda assim, no posso

    fazer nada alm de ficar onde estou e garantir que

    nenhum goblin fuja para aterrorizar os mesmos

    Garas que roubam nossa terra.

    E voc em seu jardinzinho me fala de dever.

    O fedor podre das Terras Sombrias nos cerca.

    Um Oni imenso agarra um par de bushis e os cha-

    coalha como bonecas, esmagando seus ossos em p.

    Ouo seus pedidos de ajuda e os ignoro, sabendo

    que estou condenando-os a um destino pior que a

    morte. Meu daimyo est dependendo de mim para

    fugir desse horror, ou centenas mais morrero como

    meus companheiros.

    E voc se enfia em suas roupas de seda e me ex-

    plica o que a honra.

    Vocs so crianas jogando jogos para encher

    suas vidas vazias. Vocs so moleques brigando por

    seus brinquedos, fingindo que nada mais importa

    neste mundo. Vocs so velhas encolhidas em volta

    da fogueira, dizendo a si mesmas que as sombras

    atrs de vocs no podem feri-las.

    Eu sou o Caranguejo. Testemunhei horrores que

    voc mal pode conceber e vi a morte de samurais o

    suficiente para encher cem campos de batalha. Vi o

    que est alm dos confins fofos deste reino de faz de

    conta, e fui encarregado de garantir que seus so-

    nhos no se dissolvam em pesadelos. Eu sou o nico

    protetor da sua existncia pattica.

    Ento ria de mim se voc quiser. Zombe-me por

    meu comportamento inculto, comece por minha

    linguagem rude. Mas no me fale de coragem, ho-

    menzinho. No me fale de dever ou honra. Voc no

    faz a menor ideia do que eles significam.

  • 5

    A Espada, por Kakita

    Um tratado sobre a disciplina do ao e a filosofia

    de seu uso por Kakita, Campeo da Gara.

    (A seguir est uma srie de trechos do tratado

    original de iaijutsu escrito pelo primeiro Kakita. Foi

    o primeiro documento sobre esgrima na histria de

    Rokugan, e inclui as famosas filosofia, teoria e tc-

    nica de Kakita. Os pargrafos abaixo tentam captu-

    rar a essncia do tratado inteiro e relatam os prin-

    cpios da obra.)

    Alguns homens lhe diro sobre seus duelos como

    se contassem pedras na praia. No posso faz-lo.

    No sei quantos duelos lutei, e no posso dizer quan-

    tas vezes respirei. Enumer-los desonraria os bravos

    homens que caram perante minha espada, e trans-

    forma o instintivo em algo forado. Duelar uma

    arte natural, que deve ser praticada antes de todas as

    coisas, e cuja recompensa pela perfeio nada alm

    da prpria vida. Empunhar uma espada deve ser

    natural quanto viver. A espada deve viver dentro de

    voc. As posturas so como seu andar, e o ritmo do

    golpear como a fala de um guerreiro. Honra o co-

    rao do duelo a respirao e o sangue da espada.

    Espada de um Guerreiro Entender o caminho da espada implcito ao en-

    tendimento do seu prprio corpo. Para realizar isto,

    deve haver um tempo para meditao e contempla-

    o do si. O usurio deve ser forjado, como a espada

    forjada. O corpo deve ser preparado. Nunca houve

    uma espada que no tenha sido forjada at que seu

    ao fosse autntico, e nunca deve haver um guerreiro

    que empunhe uma espada a menos que eles tambm

    tenham passado pelo fogo da forja. Disciplina e pr-

    tica so as brasas que enrijecem o estudioso da espa-

    da, e humildade a neve na qual ele deve ser afiado.

    A postura, as mos e os olhos devem ser treinados,

    permitindo a rpida e correta resposta a qualquer

    situao. Sempre que atacar um oponente, a espada e

    o corpo devem ser como um. Fortalecer o esprito

    bem como o corpo, e as profundezas da alma se

    tornaro o ao da lmina. Para se tornar um com a

    espada, o praticante deve aprender pacincia, perse-

    verana e humildade. Para atingir isto, deve haver

    cem dias de mo, mil dias de lana e dez mil dias de

    espada

    Atitude Mental Observar sem mover os olhos, afiar a mente bem

    como o corpo a ampliao do sexto sentido deve ser praticado e refinado para se obter controle total

    da atitude mental. Em tempos pacficos e de guerra,

    a atitude mental deve ser a mesma refinada, no-bre e disciplinada. Inferir a verdade de fora para

    dentro adentrar um vasto escopo, e refinar a men-te at encontrar a verdade dentro de todas as coisas.

    Mesmo que o corpo esteja em repouso, a mente deve

    ser controlada a um estado de concentrao. Cami-

    nhar a trilha de vrias artes e percias, ampliar o

    conhecimento do mundo e no ser iludido. Se sua

    mente forte ento seu esprito jamais ser prejudi-

    cado pela sua condio fsica, mesmo que esteja

    exausto e em dor. Quando se fala de cruzar o traje-to, pode ser no contexto de um pequeno lago ou um grande mar pode ser um distncia longa ou curta. Ao longo de uma vida, deve-se cruzar muitas guas

    mente e corpo devem ser preparadas para a jor-nada. Para se passar pela vida, deve-se ter uma men-

    te aguada e um esprito decisivo, para que as fra-

    quezas do corpo sejam superadas. O corpo pouco

    mais do que o barco para a jornada. Ele deve ser

    forjado, mas a mente deve ser o guia, ou a viagem

    falhou antes de comear.

    Sobre o Ataque Corporal O corpo tambm uma arma. Os que insistem

    em empunhar duas espadas contra um oponente se

    esqueceram que a maior arma voc mesmo. O

    Kenshinzo, ou Mestre da Espada, deve ter dominado

    seu prprio corpo antes de sequer tocar a espada e o corpo a maior arma que h. Ignorar isto em

    favor de uma segunda espada tolice. O desonra to

    certamente quanto se dois homens atacassem o

    mesmo oponente, e no permite o uso do corpo todo

    apenas os braos. certo que as maiores das tcnicas sejam chamadas de espada secreta a espada o corpo. Posio, fora e o poder gerado do

    chi a fora fundamental contra a qual nenhum

    oponente pode resistir. Ao atacar uma grande fora,

    deve-se ser sbio para usar estratgia e atacar onde o

    oponente mais fraco. Se o oponente empunha duas

    espadas, eles parecem fortes, mas se esqueceram do

    significado da real fora. Eles escondem sua covar-

    dia por trs do ao, e no so mais do que papel de

    arroz por trs de uma parede de pedra. A mais forte

    arma de um guerreiro no o ao da lmina; a

    autntica fora da coragem, a espada do bushid.

    Entre outras escolas, h algumas que so parciais ao

    usarem duas espadas. Em minha escola, isto um

    sinal de covardia. Tentativas de atingir a vitria por

  • 6

    alguns centmetros a mais de ao sinal de fraqueza

    de esprito. Embora os que estudem tal escola te-

    nham racionalizaes para tal caminho, tais raciona-

    lizaes no tm espao quando so vistas do real

    caminho do bushid. No tenho desdm pela tcnica

    das duas espadas; apenas pelo esprito que leva

    preferncia de duas espadas. uma real fraqueza,

    uma fraqueza da alma. impossvel que um homem

    vena de dois oponentes? H vrios exemplos onde

    um homem derrotou dois ou mais. Em minha escola de iaijutsu h desdm por tal esprito raso.

    Isto deve ser estudado cautelosamente

    Os Trs Ataques Iniciais Os trs ataques iniciais devem confundir um ini-

    migo, afetar a mente; combater com o ao da espada,

    atacar o corpo; e intimidar um inimigo com seu chi,

    atingir o esprito. Realizar qualquer um desses trs

    derrotar seu oponente. A fonte do poder da esgrima

    est na derrota rpida, no no ataque prolongado e

    na tcnica de bloqueio. Aplicando o poder da mente

    bem como o poder do msculo, a espada se tornar

    efetivamente parte do corpo. Esta a espada secre-ta do guerreiro. Dominar a espada requer aprender a projetar o poder na arma. A espada deve ser respei-

    tada. Qualidades espirituais e morais so necessrias

    para se aperfeioar os trs ataques iniciais. requer

    estratgia de calma no pensar, pacincia na ao e

    esprito meditativo. Se domina-se o corpo, mente e

    esprito, os trs ataques iniciais vm naturalmente

    espada do guerreiro. Uma vez que tenha superado o

    esprito do oponente, suas fraquezas vm tona e se

    est numa posio de poder. Assim a vitria pode

    ser atingida mesmo antes do primeiro golpe ser feito.

    O Golpe nico Isto significa golpear um oponente com um ata-

    que de um s impulso; realizar cada ao para que

    uma segunda no seja necessria, atingir a perfeio

    em cada kata, cada duelo e cada momento. Esta a

    mais afiada arma do guerreiro. Objetividade comple-

    ta, o olho fora do corpo, que nos permite escolher nosso momento. O corpo inteiro deve ser unificado

    com a espada. Um s homem, uma s arma. Eles so

    um. Mas no simples dizer que o duelista empunha

    uma espada ao invs disso, o duelista uma es-pada. Assim, perfeio do ataque atingida to natu-

    ralmente quanto o expirar. O ataque do corpo, espri-

    to e espada este o golpe que o aluno deve do-minar para se tornar um verdadeiro Kenshinzo, um

    Mestre da Espada. Se isto for dominado, nenhum

    outro golpe necessrio. Um s golpe, o Golpe ni-

    co da arma equilibrada, apenas isto derrotar seu

    oponente. H os que lhe diro que seu oponente se

    derrotar com o impulso do golpe. Isto no verda-

    de. A derrota vem da simples imperfeio que seu

    oponente carregar em sua alma. O esprito perfeito,

    a alma que no possui mancha e a espada cuja tm-

    pera verdadeira esta a essncia do Golpe ni-co. Medite nisto at entender o olho fora do corpo,

    at atingir um ponto de unio com a Espada.

    Emparelhar a Espada Emparelhar a espada designa lutar contra um

    grande nmero de oponentes, mesmo quando arcos

    ou outras armas so usadas. Ataque responsivo a

    chave. Se voc est preparando sua arma, ento no

    ser capaz de aproveitar a oportunidade de atacar

    quando ela surgir. importante atacar enquanto

    outros esto disparando suas armas, e antes de pre-

    pararem o prximo voleio. Um Kenshinzo pode usar

    este mtodo contra um oponente tambm. O ataque

    responsivo emparelhar a espada deles com a sua, e

    golpear quando estiverem novamente preparando

    seu ataque. Deve-se ter inteno de emparelhar cor-

    po, esprito e espada para deixar o oponente incapaz

    de uma segunda rodada. Para destruir seu inimigo,

    esteja ele perto ou longe, deve-se derrotar seu espri-

    to. Quando o esprito est quebrado, o corpo pode

    no ter poder, e um Espadachim pode repelir o ata-

    que de seu oponente. Aproveitar a oportunidade

    tambm derrotar o esprito. Quando o inimigo no

    mais puder ataca-lo, quando suas armas estiverem

    inteis ou despreparadas, ento voc emparelhar a

    espada do esprito de seu oponente. Ento sua derro-

    ta ser certa.

    Entender o Vazio O mundo nossa volta est num constante estado

    de mudana. Tudo s real em comparao com a

    realidade, s em comparao com outras coisas. No

    tenha iluses no seu corao, afie seu esprito como

    afia sua espada, e quando tiver liberado suas nuvens

    de enganao voc sempre emergir vitorioso. Ho-

    mens mentiro para voc. Seus olhos o enganaro.

    Seus prprios pensamentos e emoes tentaro nu-

    blar seu caminho. Ao nunca mente, nem engana,

    nem esconde o caminho diante de voc.

    Na espada, voc pode encontrar a verdade.

  • 7

    Nitten Um ensaio sobre o caminho das duas espadas por Mirumoto Hojatsu

    (O que est a seguir um trecho do famoso tra-

    tado de kenjutsu do filho do Mirumoto original,

    Hojatsu. um dos dois textos que se distinguem

    sobre todos os outros, o segundo sendo o famoso

    livro de Kakita, A Espada, escrito contemporanea-

    mente a este texto. Enquanto Hojatsu chama sua

    tcnica de nitten [que significa duas espadas, dois cus, ou duas espadas que caem dos cus], ela mais comumente chamada de tcnica daisho pelos de fora do Cl Drago. Os trechos citados contm mais filosofia e teoria do que tcni-

    ca, mas inclumos o famoso captulo Cinco Posi-es para mostrar o profundo impacto de Shinsei em Rokugan, apenas poucos anos depois de sua

    chegada.

    Voc encontrar comentrios a respeito da cada

    seo do aluno de Hojatsu, Kijome. Kijome tambm

    foi responsvel pelos ttulos de cada seo. O docu-

    mento original de Hojatsu foi escrito sem sees ou ttulos, mas como um simples e contnuo par-

    grafo. Alguns estudiosos disseram que a edio de

    Kijome diluiu o texto, enquanto outros o louvam por

    esclarecer um documento to espesso. Como o pr-

    prio Mirumoto teria dito, seu prprio julgamento

    mais valioso que o dos outros.)

    Porque Esta Escola Chamada de Escola de Duas Espadas

    Passei muitos anos na estrada, e lutei quarenta e

    sete duelos, e nunca perdi. Isto porque emprego a

    tcnica que no se prende a tradio. Emprego uma

    tcnica que ensina movimento ao invs de memori-

    zao. Minha escolha se chama nitten, pois uso mi-

    nhas duas espadas, no apenas a katana. Os que me

    perguntam o porqu no entendem meu pensamento.

    Eles tentaro construir uma casa com pregos mas

    sem martelo.

    Postura Sua postura nunca deve mudar, nem em paz nem

    em tempos de guerra. Natural, natural, natural! O

    modo com que voc segura uma espada em sua mo

    o mesmo com que voc segura uma xcara de ch

    em sua mo. Se voc luta como se levanta, sua pos-

    tura to natural e voc no precisa mudar sua men-

    te.

    Comentrio de Kijome: A palavra que Mirumoto

    usa para postura kamae. Significa postura e posio, mas tambm veio a significar escola. Por

    vezes um samurai dir a outro: Mostre-me seu kamae, e o outro ficar em sua postura. Desta postura, um samurai perceptivo pode determinar de

    que escola seu oponente vem.

    Mudar sua mente. Muitas escolas ensinam que h uma mente marcial e uma mente no marci-al. A escola de Hojatsu no ensina tal besteira. Se voc treina sua mente para estar sempre afiada,

    sempre pronta, enquanto outros esto mudando suas mentes, voc est pronto e eles esto mortos.

    O Que Voc Mostra H dois conceitos ensinados por Shinsei: O que

    voc mostra e O que voc no mostra. Estratgia nada mais do que saber como enganar. A verdade

    est no matar.

    Pratique mostrar algo diferente de suas intenes.

    Pratique o mximo que puder. Ento, quando a ne-

    cessidade surgir, voc o far sem esforo ou concen-

    trao. Quando for hora de sacar sua espada, sua

    mente no deve estar em nada mais. Mantenha as

    espadas fora da posio, para mostrar ignorncia ou

    vanglria, e antecipe seu ataque desanimado.

    Ataque do Esprito Quando golpear, golpeie do esprito. Pensamento

    lento. Esprito no tem tempo, nem hesitao. Na-

    da pode distrair o esprito. Deixe a mente para trs.

    Comentrio de Kijome: Mirumoto usa a palavra

    ku, que significa muitas, muitas coisas. Pode signifi-

    car esprito, ou vazio ou nada (h uma pro-funda diferena entre vazio e nada). Shinsei explicou que o esprito existe onde no h nada, onde [ao] irrestrita pela emoo ou pensamen-to. Ele explicou que percepo (o corpo) um vu pelo qual vemos o universo. O corpo imperfeito,

    logo nossa perfeio imperfeita. Mas o esprito,

    que est em contato com o Vcuo, puro, e desim-

    pedido pela emoo e pensamento. Atacar do esp-rito, ento, significaria atacar quando percepo e emoo so postas de lado.

    Deixe-o Passar Quando o inimigo investir com urgncia e fora,

    deixe-o passar.

  • 8

    Um passo para o lado mais rpido que uma in-

    vestida, e o coloca numa posio onde negociao

    nada significa.

    Conhecer Quando o esprito est puro, em sintonia com os

    elementos, em perfeito acordo. Ento, sua real per-

    cepo, voc estar com mushin, e seu esprito ser

    um com o universo, e voc conhecer cada desejo de

    seu oponente.

    Comentrio de Kijome: Mushin significa no-pensamento, ou no-mente. Quando se est sem mente, o esprito livre para agir sem pensamento.

    Deixe a mente para trs, pois a mente e o corpo so

    lentos. Quando um samurai est mushin, ele est em

    contato com todos os elementos, em sintonia com a

    ordem csmica, e conhece seu inimigo melhor que

    ele prprio, pois seu inimigo ainda est atado pelas

    suas prprias percepes. Alguns chama isto de

    kime ou kiho: focar o ki, ou fora vital.

    A Espada do Rio Seja como a gua, sempre fluindo sem comeo

    ou fim. Um movimento leva a outro. O rio pode fluir

    em todas as direes de uma vez. Faa seus movi-

    mentos como o rio, e voc entender meu significa-

    do.

    Comentrio de Kijome: Seja como gua. H aqueles que acreditaro que um s golpe resolve o

    duelo. No . O que resolve o duelo vem antes do

    golpe. Observe seu oponente e estude-o. se est cer-

    to de cada golpe, voc nunca cometer um erro,

    nunca ser pego desequilibrado e sempre sair vito-

    rioso.

    A Virtude do Caminhar Muitas escolas ensinam uma tcnica secreta de

    andar. No tenho tal tcnica secreta. como eu disse, em minha escola, todo movimento natural.

    As Cinco Posies H cinco posies, uma para cada elemento. To-

    das as posies so uma oportunidade de cortar. Ao

    tomar uma posio, permita que sua espada encontre

    a de seu oponente, e use embalo dele como o seu.

    Em cada impulso h uma oportunidade de atacar.

    A Primeira Posio

    A espada cai facilmente sua barriga com sua

    ponta apontada para a garganta de seu oponente. As

    pernas se abrem confortvel e firmemente. Os dois

    ps ficam retos, para que voc possa se mover para

    onde quiser. Nunca se mova quando precisar, apenas

    quando quiser. A espada curta est ao seu lado, re-

    pousando facilmente. A confiana de seu inimigo se

    exaltar pela sua confiana casual.

    A Segunda Posio

    A espada erguida e cai sobre seu oponente.

    Muitos pensam que a fora do brao que corta.

    Eles esto errados. A espada corta. O pulso corta.

    Nunca os braos. A segunda espada est ao lado do

    peito para interceptar o corte do inimigo, e ento

    golpeia, usando a velocidade de seu corte.

    Comentrio de Kijome: Usar a velocidade de seu corte. Emparelhe a espada com a de seu ad-versrio enquanto ele corta, e ento voc sentir

    isto. A velocidade dele pode ser a sua.

    A Terceira Posio

    A espada est baixa, contra a perna esquerda.

    Quando o oponente golpeia, erguemos nossa espada

    e deixamos seus braos carem em seu fio enquanto

    caminhamos para o lado. O oponente corta. Ns

    esquivamos.

    A Quarta Posio

    A espada est baixa e contra a perna direita.

    Quando o oponente corta, nos movimentos como se

    nos dedicssemos Terceira Posio. Ele se defen-

    der como apropriado, e se o fizer, nossos pulsos se

    dobraro como gua e sua cabea sair de seu pes-

    coo enquanto nossa espada curta sai de sua prpria

    espada em prol da certeza. Mostre uma coisa, inten-

    cione outra. Este o Caminho.

    A Quinta Posio

    A espada mantida atrs de ns e a espada curta

    nossa frente, repousando levemente em nossa cin-

    tura e aguardamos seu movimento. Se voc realiza

    isto corretamente, voc nunca precisar se mover. O

    oponente ver sua postura e saber que conhece o

    Caminho. Por vezes, a vitria ganha sem uma gota

    de sangue ser derramada.

    Os Cinco Inimigos Voc conhecer seu inimigo por suas fraquezas.

    O Inimigo Vo pode ser enganado com humilda-

    de. O Inimigo Negligente pode ser derrotado com

    detalhe. O Inimigo Bravo pode ser derrotado com

    desequilbrio. O Inimigo Exaurvel se cansa facil-

    mente. Aprenda isto, e nunca ser derrotado.

    Tempo e Ritmo H uma profunda diferena entre tempo e ritmo.

    Muitas escolas ensinam ritmo. Suas tcnicas so

    medidas como msica em batidas e compassos.

  • 9

    Minha escola ensina tempo. Eu ataco entre os

    impulsos quando meu inimigo est contando o tem-

    po.

    Observe seu oponente cuidadosamente. Se voc

    observar, ele revelar seu tempo a voc. Golpeie

    quando seu tempo no o permitir agir. Mostre-o

    fraqueza e ele investir. Quando ele investir, quan-

    do o ter. Voc tambm deve aprender a contar.

    Voc deve entender seu ritmo.

    Se ele respira em um, prepara em dois e ataca no

    trs, atacarei entre um e dois.

    Comentrio de Kijome: Este o real segredo da tcnica de Mirumoto, e se aplica em todas as

    coisas, no apenas esgrima. Estude o tempo de seu

    oponente. Se voc o conhecer, voc sempre vencer.

    Trs Alternativas Quando combater o inimigo, h trs alternativas.

    Se ele atacar primeiro, mate-o.

    Se voc atacar primeiro, mate-o.

    Se vocs atacarem ao mesmo tempo, mate-o.

    Saber Eu no acredito que eu possa vencer, eu sei que

    vencerei.

    Comentrio de Kijome: Quando meu pai derro-

    tou Ujimona, ele me disse em seguida: Ele era melhor espadachim. Sua percia e tcnica eram me-

    lhores que as minhas. Perguntei, ento, como voc venceu? Ele me disse: Porque eu sabia que vence-ria, e ele no. Tcnica e percia s podem leva-lo longe. Chegar um tempo em que elas no o leva-

    ro, e tudo que ter para contar seu conhecimento

    de que no pode ser derrotado. Se h uma s som-

    bra de dvida em sua mente, ento voc falhar, e

    ento morrer.

  • 10

    Liderana Um ensaio por Akodo, o Caolho

    Akodo, o Caolho foi o fundador do Cl Leo e

    Campeo de suas legies. Ele tambm foi o criador

    do que hoje chamado de guerra civilizada. em-bora alguns possam considerar o termo uma contra-

    dio, ele se diferencia de conflito aleatrio e des-

    medido entre bandos furioso de tropas pelas batalhas

    organizadas e regimentadas que se seguiram. O tra-

    tado de Akodo sobre liderana foi escrito perto do

    fim da vida do grande guerreiro, pois ele estava

    compilando uma lista de memrias e lies para

    passar a seu herdeiro. Porm, ele deixou metade do

    texto em branco, entendendo que medida que o

    tempo passava, novas verdades seriam reveladas. Ao

    longo do perodo de milhares de anos, outros

    daimyos deixaram seus prprios pensamentos nas

    pginas vazias, tornando o livro uma obra menos

    autoritria, e mais uma coleo de pensamentos so-

    bre os aspectos mais importantes da vida do Leo:

    Bushid, Batalha e Liderana.

    Por alguns documentos conterem segredos de ba-

    talha do Leo e outras pores do texto serem consi-

    deradas herticas, o manuscrito no permaneceu em

    sua forma original ao longo dos sculos. Verses

    antigas podem ocasionalmente ser encontradas nas

    bibliotecas Ikoma, ou nas bibliotecas dos monges de

    Shinsei verses essas que, por vezes, causaram revolta pblica. Os textos que so considerados ca-nnicos concordam em certas premissas de lideran-a e honra; outras verses que detalham subterfgio

    e ardil so por vezes consideradas traies do Escor-

    pio.

    Na verdade, Liderana de Akodo discute vrios

    meios desonrados de guerra: ardil, por exemplo, e roubo. Porm, um astuto general citar as palavras

    finais de Akodo em seu prprio texto: Estamos aqui para servir ao Imperador. Guerra prolongada desper-

    dia vidas, gasta recursos e destri as terras do Im-

    perador. Para poup-lo disto, devemos estar dispos-

    tos a servi-lo com nossas vidas e com nossa honra.

    Se falharmos nisto, ento fomos causa de destruio,

    no fonte de vitria.

    A Importncia da Guerra Guerra inevitvel, como nvoa da primavera,

    ela sai do mar e lentamente cobre o continente numa

    fria e branca mortalha. Ela se dissipa com o tempo,

    mas assim que se vai, a terra nunca mais a mesma.

    Com o tempo, seu daimyo o chamar e a seus

    homens. Voc servir e comandar. Mas antes deste

    tempo vir, voc deve se preparar e estudar. Assim

    como uma criana deve aprender a andar antes de

    correr, voc deve estudar a guerra antes de fazer a

    guerra.

    Voc aprender que vitria no tirar as vidas de

    seu inimigo, mas salvar as vidas dos seus. Voc

    aprender que fraqueja primeiro o primeiro a cair.

    Voc aprender que o preo da derrota maior que

    honra ou orgulho. Aprender a vencer no o bastan-

    te. Voc deve aprender a no perder.

    H os que dizem que a guerra egosta, e que os

    que a estudam buscam apenas aumentar sua glria e

    posio. Eles so tolos e levam Rokugan runa.

    Digo-lhe agora, que nada mais importante do

    que o estudo da guerra. Ela deve ter primazia na

    mente de um samurai todo o tempo. A guerra mais

    sublime dos estudos, pois protege todos os outros.

    Se um lder no comanda seus generais ao estudo

    da guerra, eles sero incertos no campo de batalha, e

    hesitaro quando decises importantes devem ser

    feitas. Isto far um exrcito falhar, e quando um

    lder de um exrcito falha, seu nico momento de

    incerteza causa as mortes de muitos milhares.

    E quando o exrcito derrotado e destrudo, o

    exrcito de nosso inimigo marchar sobre o que

    pensaram que o estudo da guerra era egosta, e corta-

    r suas cabeas de seus corpos e os deixar apodre-

    cendo no p.

    Este o caminho do mundo, e os que creem no

    contrrio esto se iludindo.

    Dever Dever a alma do samurai, sua razo de viver.

    Negligencie seu dever e ferir sua alma.

    Dever a gema perfeita com cem mil facetas.

    Cada faceta o caminho de viver, um meio de agir e

    um meio de servir.

    Cumprir o Dever tudo ou nada. Preto ou bran-

    co, sem cinzas. Viva cada faceta, pois se ignorar

    uma, sua gema perde todo o valor.

    Isto o que ser samurai.

    Propsito de um Samurai Voc samurai. Treine como samurai, viva como

    samurai. Acima de tudo, do momento em que se

    levanta de manh at se deitar ao crepsculo, tenha

    em mente e corao o entendimento de que voc

    deve morrer.

    Quando se render aos seus pensamentos de ambi-

    o, luxria, cobia ou qualquer outra coisa, no

    importa quo bsico ou nobre, voc hesitar por este

  • 11

    momento crucial quando for hora de sacrificar sua

    vida por seu senhor.

    Samurais vivem. Samurais treinam para lutar.

    Samurais lutam para viver. Apenas vivo um samurai

    pode cumprir seu Dever e proteger seu senhor. A

    fina linha para aprender, que enquanto se est vivo,

    voc deve estar disposto a morrer. Dever acima de

    todas as coisas a alma do verdadeiro samurai.

    Viver para cumprir Dever o motivo de um sa-

    murai abdicar ambio, abster-se da luxria e sacri-

    ficar sua moral pessoal. Acima de tudo, por isto

    que voc samurai.

    Ignorncia e Estupidez H dois tipos de tolos: o ignorante e o estpido.

    Um homem ignorante pe sua mo no fogo por-

    que ele no sabe que se queimar. Uma vez que se

    queima, ele no o far de novo.

    Um homem estpido continua colocando sua

    mo no fogo, porque no aprendeu.

    Quando liderar homens, lembre-se desta lio.

    Ensine-os o que devem saber. Um aluno inocente

    de sua ignorncia. Ele s faz o que seu professor o

    manda fazer.

    Bem e Mal Shinsei disse: Natureza no reconhece bem e

    mal. Mas eu lhe digo que homens reconhecem a dife-

    rena, e ignorar o fato de que o fazem ignorar o

    caminho do mundo e esperar que ele seja um lugar

    melhor do que j .

    Lealdade Lealdade no aprendida, nem herdada. Dife-

    rente das posies Imperiais ocupadas por direito de

    sangue, lealdade deve ser conquistada. Lembre-se

    disto como se lembra de seu nome a cada manh,

    pois uma vez esquecido, voc fez o trabalho de seu

    inimigo por ele.

    Seu homens entraro em seu servio como bebs

    entram neste mundo nos braos de suas mes. Eles

    estaro sem lealdade, sem obedincia, sem percia.

    Lealdade, diferentemente das outras, deve receber

    constante ateno. Como uma rosa solitria num

    jardim de pragas, sem seu cuidado, ela murcha e

    morre.

    Construa lealdade em seus homens. Construa-a

    mais alta que a maior das rvores, para que seus

    inimigos no possam ver o seu fim. Construa-a mais

    forte que as muralhas do sul, para que suporte qual-

    quer tempestade. Construa-a mais ntima do que o

    bater de seu corao, para que nunca se perca. cons-

    trua-a sempre.

    O General Lidere com percepo e inteligncia.

    Com essas duas virtudes, voc no precisa ser um

    mestre de tticas ou estratgia.

    Nem deve ser um mestre de comando ou ordena-

    o.

    Nem precisa entender de suprimento ou terreno.

    Com percepo, voc encontrar os que enten-

    dem de tais coisas, e os direcionar a seus deveres

    corretos.

    Com inteligncia, voc saber a no interferir em

    seus caminhos.

    As Cinco Medidas Avalie um exrcito de acordo com as Cinco Me-

    didas. Como disse o Pequeno Mestre, todo o mundo

    foi feito de cinco elementos, seu exrcito feito de

    Cinco Medidas.

    A Medida do Vento: Um exrcito comea com

    voc, seu general. Se voc verdadeiro e virtuoso,

    voc liderar pela luz. Assim com Lady Sol brilha

    sobre um falco em voo, voando sem sombra, voc

    liderar seus homens rapidamente, porque voc no

    precisa olhar para trs.

    A Medida da Terra: Quando voc entende o

    cho sobre o qual voa, a vantagem sua. Um exrci-

    to em solo estrangeiro, ignorante s suas armadilhas

    e inconsciente de suas ddivas vulnervel e fcil de

    atacar.

    A Medida do Fogo: Voc deve liderar seu exr-

    cito sob as Leis do Imperador. Ao faz-lo, voc d

    uma alma de fogo, pois ele sabe que suas aes so

    justas. Quando no, voc sufoca o fogo e furta o

    combustvel da chama. Seu co no mais confiar

    em voc se voc rouba sua comida, assim tambm

    seu exrcito ficar sem fogo.

    A Medida da gua: Voc deve fazer suas aes

    flurem como um rio, passivo e sem forma, ento

    atacar como uma onda, poderosa e avassaladora.

    Rigidez traz estagnao, e no campo de batalha,

    estagnao morte. Mantenha seus exrcitos fluidos

    e preparados para mudana; entender o acaso a

    chave para a vitria.

    A Medida do Vazio: Por fim, h o Cu. Enten-

    der a passagem das estrelas o entendimento final.

    No h explicao para a Medida do Vazio, apenas

    reconhecendo sua virtude quando ela se manifesta.

    No nada, h tudo.

  • 12

    O Caminho do Ardil Investir seu exrcito batalha sem prescincia

    das capacidades e fraquezas de seu oponente no

    traz glria e o marca como covarde. Sua preocupa-

    o com a segurana do Imperador e a de seu Cl.

    Morte cega morte rpida.

    Ao invs disso, ao enfrentar o inimigo, deixe-o

    ver o que voc quer que ele veja. Mostre-o sua mo

    direita, ataque-o com a esquerda. Esconda tudo que

    ele no precisa ver, pois o ferro de seu tapa aplaca-

    r a dor de lmina rpida em seu lado.

    Prenda-o Com Falsidades Quando seu inimigo est entrincheirado e seguro,

    atraia-o de seu ninho. Ataque o que precioso para

    ele para atra-lo ao seu terreno. Tire-o de seu santu-

    rio e leve-o para seu tempo.

    Ataque Forte e Rpido Quando seu inimigo for mais poderoso que voc,

    ataque rpida e duramente, e retire-se. Flua como a

    gua, mova-se sem forma ou matria ou substncia.

    Comandantes sem coragem ou confiana no sabem

    como retaliar a voc. Os que entendem seus cami-

    nhos sabero o que est fazendo, e sabem que suas

    foras se tornaram fraquezas. Eles sabero que voc

    um general sagaz, e os que conhecem os caminhos

    do Cu e da Terra se retiraro e iro para casa.

    Martelo e Bigorna Quando um homem tem tempo para pensar, ele

    pode fazer planos.

    Quando um homem no tem tempo para pensar,

    ele deve reagir imediatamente, ele s pode cometer

    enganos.

    Use cavalaria e corredores para assol-lo. No

    lhe d descanso. Alterne suas legies para que pos-

    sam descansar enquanto outra marcha.

    Seja o martelo e faa ele ser a bigorna.

    Quebre o Corao Assim como uma mulher implacvel ao romper

    com um homem, assim voc deve ser com seu ini-

    migo. Quebre seu corao. Faa-o duvidar do moti-

    vo de lutar, e voc j ter vencido. Tire pelo que ele

    luta, e ele logo se render.

    Mate todas as coisas pelas quais ele luta, ele ser

    consumido pela raiva E pelo erro.

    Chances Quando estiver de frente a chance desesperadas,

    nunca confie numa chance, mas em mil.

    Se a probabilidade de vitria est contra voc, ga-

    ranta que ter o mximo de oportunidades possvel.

    Se voc deposita toda a sua fora num s golpe, um

    s erro destruir todas as suas chances. Creia em seu

    corao e alma que cada plano ter sucesso, mas

    prepare-se para a falha, e sers vitorioso.

    Ambio e Virtude Um homem de virtude nunca se preocupa com

    sua posio; ele se preocupa apenas com a virtude.

    Houve homens de posio que se preocuparam em

    ganhar mais, mas ao invs de buscarem se aproxima-

    rem do cu, quiseram estar mais prximos do Trono.

    O segundo um caminho falso, e o primeiro o

    nico caminho digno de se seguir.

    Nutra o Forte Quando seu inimigo for mais forte que voc, nu-

    tra-o. bem sabido que na natureza qualquer coisa

    forte demais certamente quebra. Ento, quando ele

    falhar, voc atacar com facilidade.

    Formaes Fixas Os que se escolhem enviar seus exrcitos em

    formaes fixas se veem esmagados por um melhor

    general. Formaes fixas no permitem que seu

    exrcito se adapte e mude, e esses dois so a chave

    para a vitria.

    Castigue Os Que O Seguem Nunca puna seus seguidores na frente de outros

    seguidores.

    Crie companheirismo.

    Quando os homens comearem a falar mal de vo-

    c, voc plantou a semente da dvida, da qual ape-

    nas derrota pode germinar.

    Os Erros de Seu inimigo Faa exemplo dos erros de seu inimigo, mas no

    faa exemplo dos erros de seus oficiais. Um homem

    conhece seus prprios enganos muito bem.

    Mostrar-lhes os erros dos outros ensina a confia-

    rem em si. Mostrar seus prprios erros mostra-lhes

    dvida.

  • 13

    O Inimigo Assim se derrota nosso inimigo.

    Quando ele forte, evite-o. Lute com ele quando

    no est pronto e quando est desorganizado, no

    quando est pronto. Despiste nosso inimigo, e logo

    ele far enganos. Quando ele estiver em solo vanta-

    joso, incite-o a atacar. Distancie-se apenas o sufici-

    ente para ele atacar. Irrite-o, apele sua fria. quan-

    do ele tem virtude, espalhe dissenso entre os que o

    seguem. Se duvidam de sua virtude, eles no arrisca-

    ro suas vidas por ele.

    Rpido Como o Vento Uma guerra prolongada no serve a ningum,

    muito menos ao Imperador. Enquanto estamos enga-

    jados numa guerra que dura semanas ou meses, ou-

    tros inimigos podem tirar vantagem de nossa fraque-

    za esmagando-nos antes de termos chance de nos

    recuperar. Rpido como o vento como devemos

    atacar. No dando a nosso inimigo tempo para pen-

    sar, ele far erros, tornando mais fcil esmaga-lo.

    Uma guerra prolonga priva nossos recursos, es-

    fomeia nossos fazendeiros e pesa nas almas dos que

    nos servem. Um general que entre numa guerra pro-

    longada o faz por vcio, e no por virtude.

    A Comida de Meu Inimigo Nunca requisite mais comida do que o necess-

    rio. Quando derrotamos o exrcito de nosso inimigo,

    alimentaremos nossos homens com suas raes. Ao

    faz-lo, realizamos vrias coisas.

    Primeiro, h menos comida para nossos homens

    carregarem nas costas.

    Segundo, quanto mais comida tiramos de nossos

    inimigos, menos comida eles tm para seus solda-

    dos, semeando discrdia entre seus exrcitos.

    Terceiro, ao recompensar nossos homens por sa-

    quear as linhas de suprimento de nosso inimigo,

    mostramos-lhes o quanto so astutos e nosso opo-

    nente estpido.

    Vitria Sem Conflito Se verdade que manter algo inteiro melhor do

    que dividi-lo, ento tambm verdade para nosso

    inimigo. Espalhar um inimigo sempre melhor que

    destru-lo, pois mostrar-lhe misericrdia apenas au-

    menta sua opinio sobre voc aos olhos dele.

    Portanto, derrotar um inimigo sem destru-lo a

    mais nobre dentre todas as vitrias. Ao derrotar um

    inimigo sem conflito, voc poupa vidas dos dois

    exrcitos, voc poupa as costas dos fazendeiros que

    pagam o preo de sua campanha, e salva o nome de

    seu senhor e mestre mostrando sua prpria sabedoria

    em empregar um general to sagaz.

    Se no pode derrotar um inimigo por meios no

    violentos, derrote-o com aliados. Se seus inimigo

    est em menor nmero e cercado por um exrcito de

    aliados, ele discutir, e novamente servimos a nosso

    senhor: mostramos a seus aliados que trabalhando

    juntos sob sua direo, preservamos a paz do Impe-

    rador.

    Dois Exrcitos Se sou maior que meu inimigo, eu o cerco.

    Se sou duas vezes maior que meu inimigo, divido

    minhas foras e o flanqueio.

    Se sou igual a meu inimigo, encontro sua fraque-

    za e a exploro.

    Se sou menor que meu inimigo, o despisto e o

    ataco como abelhas atacam samurais.

    Deste modo, um exrcito maior obriga o menor a

    se render. Um exrcito com o dobro do tamanho

    amedronta o corao de seu inimigo, forando-o a se

    render. Ao explorar suas fraquezas, mostro-lhe o

    perigo de lutar e foro-o a se render. E finalmente, o

    exrcito menor se torna uma perturbao ardilosa,

    assim forando o inimigo a se retirar a uma posio

    de onde esteja mais confortvel para nos atacar dire-

    tamente.

    As Dez Ordens 1. Sempre carregue um texto com voc. Quando

    no tiver mais nada para fazer, leia. A mente deve

    ser exercitada assim como o corpo.

    2. Quando seu senhor o chamar, corra at ele,

    prostre-se a seus ps e fale seu nome em voz alta e

    orgulhosa. Proclame sua lealdade a ele com um grito

    que doa a sua garganta. Convena-se de sua lealda-

    de, pois se no estiver, ento seu senhor tambm no

    se convencer.

    3. Mantenha sua espada prxima, pronta e limpa.

    Falhar com sua espada falhar com seu senhor.

    4. Mantenha servos se precisar, mas apenas se

    precisar. Se h reparos a serem feitos em sua casa,

    faa. Se h quartos a serem limpos, limpe-os. cio

    um inimigo, e sempre melhor para um samurai

    entender uma coisa antes que seja necessrio que ele

    faa outra.

    5. Lady Sol e Lorde Lua nos fizeram com uma

    mo esquerda e uma direita. Na esquerda vai o texto,

    e na direita, a espada. Lembre-se disso.

    6. Quando estiver perante um superior, baixe as

    mos aos seus lados, e curve-se mais baixo que eles.

    Deixar suas mos longe de sua espada mostra sua

  • 14

    confiana. Curvar sua cabea tambm. Essas duas

    aes dizem: Minha vida sua para tirar quando quiser.

    7. Levante-se de manh antes de seus servos e fa-

    a metade de seus deveres antes de eles terem se

    banhado. Homens seguem exemplos daqueles que

    admiram.

    8. Assassinos rastejam nas altas horas. Logo,

    quando rastejarem na meia noite, voc estar fresco,

    descansado e pronto.

    9. Lave-se. Um homem sujo se coa e arranha.

    Um homem que se coa e arranha lento.

    10. Esteja pronto para morrer.

  • 15

    O Tao de Shinsei, por Shiba

    O Tao de Shinsei foi escrito pelo Kami Shiba, a

    pedido do Imperador Hantei I, visando conter toda a

    sabedoria do Pequeno Mestre. Considerado o mais

    sagrado texto de Rokugan, o texto inteiro contm o

    dilogo de toda uma noite do primeiro Imperador

    com Shinsei, e do monge com outros Kamis.

    Abaixo, encontram-se trechos dos provrbios

    anotados por Shiba. Alguns foram acrscimos poste-

    riores ao texto original, provavelmente oriundos da

    reedio do Tao como o Novo Tao.

    Ns narramos contos de heris para nos lembrar que tambm podemos ser grandes.

    Toda jornada comea com um simples passo. Ca-minhe bem, e sua jornada ser cheia de fortuna. Ca-

    minhe mal, e ela ser repleta de desastre.

    No se pode viver fugindo da vida.

    Um punhado de riqueza vale um punhado de p se comparado s riquezas que a famlia de um samurai

    lhe d.

    Um homem corajoso no tem necessidade de ser cruel.

    Enquanto voc descansa, seu inimigo treina.

    A verdade do mundo pode ser encontrada sentado na margem de um rio. O rio nunca comea, o rio

    nunca termina. Tudo como o rio, lies nunca co-

    meam, e lies nunca terminam.

    Hesitao a semente da derrota.

    Todo dia de sua vida, um homem s tem um juiz, e este juiz ele prprio.

    Um homem deve encontrar seu lugar na vida, ou vagar sem contento, nunca em paz, levando discr-

    dia consigo aonde for.

    A estrada da vingana leva direto ao sol, pendendo no horizonte. No h pousadas para dar-lhe descan-

    so, no h desvios. um longo e sangrento trajeto

    que s pode acabar numa cova.

    Tenha numa mo sua confiana, ela sua aliada. Tenha numa mo sua desconfiana, ela sua inimi-

    ga. Aprenda o caminho do fogo e aprender o cami-

    nho do mundo.

    O vento se move com tal sutileza que voc nem nota sua prpria respirao. Mas saiba. Apenas um

    tolo pensa que o vento vazio.

    No se pode comandar os elementos mais do que se comanda as estrelas no cu. Voc deve aprender a

    ouvir a msica do coro celestial. Assim que o fizer,

    voc deve aprender a danar.

    Os Elementos no so meios para um fim Eles so o comeo e o fim.

    A Terra silenciosa e inerte, um gigante dormente que no deseja ser perturbado.

    Domine o Caminho da Terra, e descobrir a virtude da montanha eterna.

    Tire a fundao de seu inimigo e perceber que ele no ameaador quanto costuma ser.

    Onde quer que haja luz, deve haver sombra.

    Espritos malignos so resultado de uma vida impu-ra. Viva sua vida com certeza e justia e voc ser

    livre da maldio das fortunas.

    Assim como a gua lava as impurezas da terra, assim tambm a alma limpa as impurezas do medo.

    No h segredos. No h entendimento. O Vcuo tudo e nada. Ele a dana dos elementos.

    Apenas em sua cova voc descobrir que no h nada para ser aprendido.

    O pior inimigo a ausncia de esperana.

    A estrada do templo o caminho dourado da sabe-doria.

    honrvel ser acusado por aqueles que merecem ser acusados.

    Uma pessoa massacrada ainda vive, uma pessoa desonrada morreu muito antes de corao parar de

    bater.

    A verdade sempre simples. Mentirosos a tornam complicada.

    Todas as coisas so conhecidas para o homem que sbio.

    Quando o trabalho est feito, espere, atente, apos-te.

    Servir ao Tao servir ao Imprio. No se pode separar um do outro, no mais do que o mar pode ser

    separado da terra.

    No h tal coisa como coincidncia. H apenas ocasies auspiciosas.

  • 16

    O que voc chama de eu meramente uma porta que se move quando voc inspira e expira.

    No julgue um homem pelo senhor que ele serve. Julgue-o pela escolha de inimigos.

    As palavras do Tao so simples. Seguir o Tao complexo. Assim o simples mostra coisas extraordi-

    nrias. O complexo revela a alma.

    O zumbido da liblula no diferente do rugido do leo. Toda criatura tem uma vez pela qual expressam

    o Caminho. Assim tambm conosco.

    s vezes o derrubar de casas depende do torcer de um pulso.

    No tema homens que arriscam ttulo e terras. Te-ma homens que no tm nada a perder.

    Para dominar o futuro, deve-se estudar o passado.

    Sua alma sua energia vital no est presa carne. Ela pode chegar aonde dedos no podem.

    Seguir uma falsa luz s leva a escurides ainda mais profundas.

    Aquele que no quer ser tolo no teme longas fa-cas, mas as que s atacam de perto.

    O caminho da escurido sempre traz grande poder. O caminho da escurido tambm traz grande preo.

    Deve-se aprender a ver que deve ser visto e ver atravs do que os outros querem que voc veja.

    Coragem pode alimentar a alma de um homem, mas arroz que nutre seu ventre, e um exrcito no

    se move apenas com coragem.

    Requer um homem sbio para ver um obstculo como ele realmente e no como ele parece ser.

    Sabedoria pode ser encontrada em vrios lugares, mas sempre deve-se comear a procurar em casa.

    Voc sempre est cego ao seu mais feroz inimigo. Pois ele est atrs de seus olhos.

    Quando tenho uma voz no ouvido do Imperador, no preciso de general no campo de batalha.

    O que voc no entende pode mata-lo.

    Perca seu medo, e ganhar o mundo.

    No se pode conquistar os elementos. Voc deve aprender a danar com sua harmonia.

    A arte da guerra por seu inimigo numa posio da qual ele no possa lutar.

    Conhecer suas vantagens no lhe traz bem se seu inimigo capaz de impedi-lo de us-las.

    No pode haver dois sois nos cus ou dois Impera-dores na terra.

    O Tao de Shinsei mais do que dizeres astutos e sabedoria banal; a sabedoria de Shinsei contm os

    segredos do Universo.

    Deve-se curvar-se para oferecer ajuda a um ho-mem cado.

    s vezes, a voz da paz deve soar como um Tro-vo.

    Um corao negro esconde muitos segredos. O corao mais negro esconde o segredo mais mortal

    de todos.

    Apreciao da beleza o princpio da sabedoria.

    Estude o que o pinheiro e a cerejeira podem ensi-nar. O homem no o nico guardio da ilumina-

    o.

    Dois homens podem superar o que um s no po-de.

    Voc pode roubar a arma e a armadura de um sa-murai, mas nunca pode roubar sua honra.

    Aqueles com puro propsito tm a fora para nunca cair.

    Na mente do iniciante, h vrias possibilidades. Na do experiente, poucas.

    Sabedoria vem por encontrar as oportunidades que os dilemas fornecem.

    Mesmo em tempos de problemas, lembre-se disto: no h mal na natureza. O que h agora j foi antes e

    ser novamente. ignorncia e tolice acreditar que a

    vida no tem padres, nem propsitos. Tudo que h

    agora parte do que j foi e do que vir a ser.

    No se distraia com as pinas quando o ferro que pode mata-lo.

    O nico teste real de coragem o ltimo.

    Homens desesperados empregam medidas desespe-radas.

    Amizade verdadeiramente testada quando hora de dividir o fardo.

    Tratar escorpies com mo compassiva s rende ferroadas.

    Quando a escurido cai, um homem deve encontrar aliados nas sombras.

    No se pode equilibrar os elementos quando voc est em desequilbrio.

  • 17

    O centro tudo. Encontre o centro. Todo o resto segue naturalmente dali.

    Este o som da mais pura harmonia, o som do uni-verso. Faa sua alma cantar esta cano, e voc per-

    ceber que no h nada que no possa realizar.

    Uma mente astuta pode superar mesmo a mais forte vontade.

    Bravos homens podem ser esquecidos; feitos bra-vos, nunca.

    O vento sopra, naes mudam, fortunas se erguem e caem, mas o povo simples sempre suportar o pe-

    so.

    Apenas a face de tudo que e no pode revelar a verdade.

    Para escolher o caminho correto, voc deve saber quais armadilhas o esperam.

    H estratgias mais sutis e campos de batalha mais mortais do que eu sempre conheo.

    Se um general sbio, ele sabe que um s homem pode derrotar todo um exrcito.

    Quanto mais longe se vai da modstia, mais fcil se torna tropear nos prprios passos.

    Quanto mais corrupta a alma, mais doloroso se torna olhar para o que puro. Assim o cristal e a

    jade e as criaturas das terras negras. Lembre-se dis-

    to, Hantei, pois um dia salvar sua vida.

    Quando se est fazendo uma coisa, preocupe-se com ela e nada mais. Distrao gera desastre.

    Quando dez mil homens colidirem com armas e fogo, sempre sero as aes de um s homem que

    faro a diferena.

    Voc no precisa de armadura, voc no precisa de espada. Voc s precisa saber que no pode ser der-

    rotado.

    Um general sagaz, armado com o conhecimento de seu inimigo, ser capaz de agir como se soubesse

    cada pensamento de seu inimigo.

    Quando seu inimigo est certo que voc no pode agir, a vitria est em seu alcance.

    Destino no acredita em segredos. Quando algo deve ocorrer, bvio para todos, menos os tolos.

    Quando outros se lamentam sobre o que deveria ter sido feito, o sbio se prepara para o que deve fazer a

    seguir.

    Guarde suas palavras cuidadosamente, pois voc pertence a cada palavra que diz.

    Como um oceano para um pequeno riacho, o lder para seu povo, assim o Tao para o mundo.

    Verdadeira Nobreza vem no de ser superior a ou-tro homem, mas de ser superior ao seu passado.

    Todas as coisas so necessrias guerra, paz, o gume da espada e o som do poema. Com compreen-

    so, todas as coisas so uma.

    Pessoas discutem. Atos naturais.

    Nunca prometa o que no pode realizar.

    Busque iluminao, no seja tolo o bastante para esperar iluminao.

    Um homem sbio no busca sabedoria no mundo. Ele a encontra dentro de si.

    Esperar surpresa o nico meio de evita-la.

    Humildade a maior professora.

    Morte no pode ser evitada. S abraada.

    Nos lugares mais estranhos, busque a si mesmo.

    O caminho dos malditos est cheio de pessoas com boas intenes.

    Os que temem agir j falharam.

    Um co de ruas s v o que ele persegue.

    Ao buscar um professor, primeiro encontre aqueles que sabem o que voc sabe, e ento os que sabem o

    que voc no sabe.

    Quando seus nmeros so superiores, voc deve atacar sem pausa, mas quando em menor nmero,

    voc deve escolher suas oportunidades cuidadosa-

    mente para encontrar vantagem.

    Shinsei disse: Quem o cega?. O Imperador disse: Ningum me cega eu sou o Imperador.. Uma contradio por si s., disse o monge com um sorri-so.

    O Imperador disse: Eu tenho uma pergunta. Shin-sei disse: Eu tenho uma resposta. Disse o Impera-dor: Mas voc no sabe minha pergunta. Disse Shinsei: Voc no sabe minha resposta.

    O Imperador perguntou: Como eu encontro a ilu-minao?, Shinsei disse: Eu no sei.. O Imperador disse: Mas voc a encontrou.. Shinsei disse: Isso significa que sei como encontra-la?.

    Qual a mais profunda verdade?, o Imperador perguntou a Shinsei. Shinsei sorriu e disse: Tudo que lhe ensinei est errado..

  • 18

    As Conversas de Shinsei e os Kamis

    Shinsei e Hida

    Quando os filhos e filhas dos Cus caram na

    Terra, eles fizeram uma srie de disputas para de-

    terminar quem entre eles servia para reinar. Hida, de

    longe o maior e mais forte dos oito, facilmente ven-

    cia todos os testes de poder e resistncia. Nas dispu-

    tas que requeriam raciocnio e perspiccia, porm,

    ele era facilmente superado por seus irmos e irms

    mais espertos. Durante o teste final, ele foi o primei-

    ro dos oito a cair. Contando com sua tremenda fora

    para compensar suas tticas simples, ele no foi

    preo para Lady Shinjo, cuja velocidade e astcia

    rapidamente o deixaram indefeso. A humilhao de

    tal perda e to cedo no teste foi mais do que

    ele podia suportar, e ele deixou seus irmos e irms

    para praguejar em solido. Ele se irritou por horas,

    xingando sua burrice e sua incapacidade de usar sua

    fora eficazmente.

    Sua raiva foi interrompida pela apario de um

    pequeno velho de cabea raspada, vestido em man-

    tos simples. Um corvo se sentava no ombro do ve-

    lho. Ele se sentou oposto ao imenso Hida, que no

    protestou sua aproximao.

    Por que est bravo, meu filho? O velho pergun-

    tou. Hida no olhou para cima.

    Estou bravo porque sou fraco, e porque minha

    fora no conseguiu me salvar de minha fraqueza.

    O velho sorriu tristemente, pareceu e falou

    de novo.

    Conhecer sua fraqueza uma forma de fora,

    Primeiro Caranguejo. Procure a verdade nisso, e

    voc nunca mais ser vencido de novo.

    Hida levantou a cabea de suas mos e olhou pa-

    ra o velho.

    Mas minha fraqueza me fez cair primeiro, ele

    respondeu.

    No. Sua incapacidade de aceitar sua fraqueza

    fez com que casse primeiro. Mas agora voc a co-

    nhece, e conhecendo-a, voc a transforma em fora.

    Mentiras so contadas por aqueles que negam suas

    fraquezas. A verdade s pode viver naqueles que

    veem o que so.

    Hida olhou em maravilha enquanto as palavras

    do velho penetravam.

    Por que est me dizendo estas coisas?

    Porque voc quis ouvi-las.

    Com isso, o velho se curvou e seguiu seu cami-

    nho.

    Shinsei e Togashi

    Enquanto Shinsei falava, os Kamis faziam per-

    guntas. O nico que ficava em silncio foi Togashi,

    que ouvia sem mostrar sinal de entender ou se inte-

    ressar. De repente, Togashi se levantou, olhou para

    Shinsei, e caminhou para a floresta. Mirumoto e

    Agasha o seguiram e o encontraram sozinho. Ele

    disse, No vou me mover at que eu entenda.

    Eles o trouxeram comida e sak, mas ele se recu-

    sava a se mover, ou comer ou beber. Nove dias se

    passaram assim, com o sol nascendo e se pondo e

    Togashi imvel no centro de um crculo de comida e

    bebida. Ento eles imploraram que Shinsei falasse

    com ele, mas ele mexeu sua cabea e disse, Quando

    o aluno est pronto, o professor est l.

    Na manh do dcimo dia, Togashi mal podia fa-

    lar. Sua viso estava nublada, e ele viu Shinsei na

    beira do crculo e se ajoelhou. Togashi disse a ele:

    No me moverei at que eu entenda.

    Shinsei sorriu e assentiu. Eu tambm no, ele

    disse enquanto se sentava no crculo prximo a To-

    gashi.

    Os olhos de Togashi se encheram de espanto e

    ento ele sorriu. Ele assentiu e um rouxinol voou

    para dentro do crculo carregando um ramo da pes-

    segueira. Togashi comeu o doce fruto do galho, e

    juntos, ele e Shinsei comeram a comida que os cir-

    cundava.

    Shinsei e Bayushi

    Esta uma antiga histria; uma das mais velhas,

    de fato. a primeira histria que aprendi, e lhe con-

    tarei agora.

    Dizem que quando os Filhos do Sol e da Lua rea-

    lizaram seu grande torneio para ver quem ganharia,

    Bayushi esperou e observou seus irmos e irms

    lutarem, e viu que Shinsei se aproximava dele.

    Bayushi disse: Pequeno Mestre, tenho uma per-

    gunta para voc.

  • 19

    Shinsei nada disse, focado apenas no torneio.

    Bayushi continuou. Espero vencer o torneio,

    mas no sei se minha estratgia me far passar.

    H mais de um meio de vencer o torneio. Disse

    Shinsei.

    Bayushi se sentou perto de Shinsei e disse: Di-

    ga-me.

    Shinsei assentiu e comeou.

    Era uma vez um pequeno sapo que morava perto

    do rio. Um dia, um escorpio passou por ali e per-

    guntou ao sapinho se ele o levaria pelo rio.

    Bayushi sorriu. Conheo esta histria, pequeno

    mestre.

    Shinsei estranhou. Voc tem certeza? Ele espe-

    rou por um momento, ainda olhando para o torneio.

    Bayushi ficou em silncio e esperou que ele conti-

    nuasse.

    O escorpio disse ao sapinho: Carregue-me pe-

    lo rio. O sapo disse: No irei. Pois se o fizer, voc

    me ferroar. O escorpio disse: No o farei. Pois se

    eu o fizer, ns dois nos afogaremos.

    Bayushi assentiu impaciente. Sim, sim. J ouvi

    esta histria.

    Shinsei franziu-se de novo. Voc tem certeza?

    Ele esperou por um momento, ainda observando o

    torneio. Bayushi ficou em silncio e esperou que ele

    continuasse.

    O sapo viu sabedoria nas palavras do escorpio,

    e ento deixou que subisse em suas costas e come-

    ou a nadar pelo rio. Na metade do caminho, ele

    sentiu um doloroso ferro em suas costas

    Sim, sim! Eu conheo esta histria! Exclamou

    Bayushi.

    Finalmente, Shinsei se virou do torneio e olhou

    nos olhos de Bayushi.

    Bayushi ficou em silncio. Me desculpe, peque-

    no mestre. Por favor, continue.

    Shinsei voltou seus olhos ao torneio. O sapo

    sentiu o veneno do escorpio fluir em seu corao, e

    medida que a morte se aproximava dele, os dois

    comearam a afundar na gua fria. Shinsei pausou

    por um momento, mas Bayushi continuou em siln-

    cio. Assim que seu nariz sumiu sob as guas, o

    sapo disse, Escorpio, agora ns dois nos afogare-

    mos! Mas o escorpio sorriu Shinsei pausou de

    novo e se virou para olhar para Bayushi E disse:

    mas, sapinho, eu posso nadar.

    Bayushi estava prximo a Shinsei, sua face exi-

    bindo sua inerte surpresa. Ento, lentamente, ele

    comeou a sorrir. Entendo, pequeno mestre.

    Shinsei de repente desferiu um golpe rpido de

    seu bordo contra a boca de Bayushi. Seus lbios

    partiram e o sangue jorrou. Bayushi saltou de p e

    levou a mo face.

    Por que voc fez isso? Ele disse por entre l-

    bios rachados.

    Dor a nica recompensa do mentiroso. Sua fa-

    ce me dizia uma coisa e seus olhos me contavam

    outra. Tive que recompensar um dos dois, logo esco-

    lhi recompensar sua face mentirosa.

    Bayushi ficou em silncio enquanto o sangue

    pingava pela terra.

    E, lentamente e dolorosamente ele sorriu.

    Ele rasgou um pedao de pano do seu manto, amar-

    rou-o em sua face, e foi at o torneio E perdeu de

    propsito.

    Ento, ele retornou a Shinsei e se curvou ao pe-

    queno mestre.

    Shinsei assentiu. Agora voc sabe como nadar.

    Shinsei e Shiba

    Shinsei perguntou: Voc sabe o que isso, Shi-

    ba?

    um registro de sua conversa, Shinsei. Ele

    respondeu.

    No. A palavra carregou mais importncia para

    Shiba do que qualquer uma das vrias ltimas horas.

    Ela o envergonhava com o peso da ignorncia. Para

    voc, isto apenas o presente, o labor de um simples

    dia, a ser repassado para transcrio. Mas para os

    que viro depois, isto histria. Enganos feitos,

    glrias louvadas, batalhas vencidas e perdidas

    Lies aprendidas.

    Os olhos de Shinsei se focaram nos de Shiba,

    ocultando uma mensagem: Voc no pode apreciar a

    histria, porque viver para sempre.

    Shinsei e Doji

    Dos oito Kamis, apenas dois permaneciam na co-

    lina onde o primeiro torneio foi realizando quando

    veio a neve. Esses dois foram Hantei e sua irm,

    Lady Doji. A primeira cidade havia sido erguida

    sobre esta colina, e um grande palcio estava sendo

    construdo um palcio que um dia seria conheci-

    do como Otosan Uchi, a cidade do Imperador. O

  • 20

    inverno soprava gelo sobre a terra, cobrindo-a de

    branca nevasca e grossa neve. Um dia, Lady Doji foi

    sua janela nas altas torres de Otosan Uchi e olhou

    para a cidade abaixo.

    Na estrada fora do palcio ela viu um magro

    mendigo, sentado fora das casas aquecidas da cida-

    de. Seu manto estava em farrapos, e seu velho caja-

    do pendia ao seu lado com sua tigela de esmolas.

    No havia viajantes naquela estrada, s a companhia

    do duro vento e neve congelante.

    Lady Doji chamou seus guardas samurais, instru-

    indo-os a trazer o mendigo para o palcio, que um

    pequeno quarto fosse arrumado para ele. Mas quan-

    do os guardas retornaram, eles disseram que o men-

    digo recusou o pedido, e no ouvia o que eles dizi-

    am.

    Ento, Lady Doji chamou suas damas, e deu a

    elas uma tigela de arroz fervilhante e peixe, e disse a

    elas irem ao mendigo. Elas saram no frio vento

    invernal, mas embora o mendigo tenha aceitado a

    comida, ele novamente recusou o abrigo que elas

    ofereceram. Intrigada por seu estranho comporta-

    mento, Doji foi janela de novo, mas o pequeno

    homem nem se movera. Ele simplesmente se sentava

    na estrada, calmamente aceitando o frio dia de in-

    verno ao seu redor.

    Por fim, apesar dos pedidos de suas damas, a

    prpria Lady Doji deixou o palcio e desceu a estra-

    da de Otosan Uchi. Carregando apenas um grosso

    cobertor de l tecida, ela ficou na grossa neve perto

    do pequeno homem. Eles me dizem, ela disse

    calmamente, que voc no entrar. Aceitar ao

    menos este quente cobertor?

    Por que eu iria querer isto? A voz do mendigo

    era grossa, inculta, mas no desrespeitosa.

    Para que possa viver. O dia escurece, e a noite

    trar fortes tempestades, e neve. Voc quer congelar

    e morrer?

    O velho mendigo olhou para a dama, sua face

    clara como a neve que levemente rachava o solo.

    Morrer? ele riu. Voc diz esta palavra com hor-

    ror, minha dama. Seus finos olhos se apertaram

    quando ele calmamente tomou uma mordida do pei-

    xe da tigela aquecida.

    Voc no tem medo da morte?

    Pelo contrrio, minha Lady, tenho medo de vi-

    ver. Doji observou o homem, um olhar levemente

    intrigado em seu rosto perfeito. Olhe ao seu redor,

    Lady. O que voc v?

    Doji olhou para a terra ao seu redor, dos muros

    palacianos da nova construo de Otosan Uchi, at o

    revolto oceano nas rochas abaixo. Eu vejo O

    mundo.

    Isto tudo que voc v? Voc no enxerga bem

    na frente de sua face. O pequeno homem riu, e Doji

    corou de raiva. Gentil Lady Doji, no quero insult-

    la. Diga-me Ele se abaixou e pegou um punhado

    de neve aos ps dela. Voc no v a neve?

    A neve? ela disse. Claro que vejo a neve. H

    neve em todo lugar.

    Ah, mas voc v a neve? Enquanto Doji olhava

    para ele perplexa, ele apontou para um grande floco

    que caa prximo sua face. Este aqui. O que voc

    v?

    Ela olhou para o minsculo floco de neve quando

    ele lentamente passou por sua face, por seus dedos, e

    caiu no cho aos seus ps. Depois de um momento,

    ela disse, Ele tem sete traves, de um s ponto.

    E naquele?

    Trs traves parece uma pomba voando. Ela

    pausou. Eu nunca notei

    Em todos os milhares de flocos de neve, de to-

    dos os milhares de geadas, no h dois iguais. O

    pequeno homem riu com felicidade. Nem dois em

    toda a eternidade. Se eu entrasse com voc agora,

    nunca veria este floco de neve. Seu padro nunca

    ocorreria de novo. Ele apontou um dedo envelheci-

    do num pedao de gelo que caa lentamente.

    s um pedao de gua. Doji olhava fascinada

    enquanto o mendigo observava outro floco de neve.

    E a vida um s dia, um sobre o outro, at que

    anos se passem e voc tenha envelhecido, e ento

    voc diga: Aonde foram todos os dias? Ele riu de

    novo. Ah! Seis traves como a roda de uma car-

    roa. Ele pausou, e a neve caiu silenciosamente

    entre eles. Depois de um momento, o mendigo con-

    tinuou, Como voc passou esta manh, Lady?

    Esta manh? A pergunta curiosa a surpreendeu,

    e ela murmurou, Eu estava tecendo um novo

    kimono para meu irmo, Hantei.

    Quatro blocos e uma s trave! O mendigo

    gargalhou, afundando seus ps no cho enquanto

    apontava a outro floco de neve. Depois de um mo-

    mento, ele continuou, Voc se lembra de cada fio

  • 21

    de seda que teceu no padro do kimono de seu ir-

    mo?

    Porque, no, claro que no!

    Por que no?

    H centenas de fibras no padro milhares de

    fios ao todo. Como posso me lembrar de cada um?

    Ainda assim, suponho que se lembre de cada

    engano que cada engano que cometeu, e as horas

    que demorou para corrigi-los.

    Doji corou. Claro.

    Talvez se voc tivesse perdido um momento pa-

    ra ver cada fio, entender cada fibra, voc nunca teria

    cometido esses enganos, n? Assim como no viu o

    floco de neve, voc ignora o que est sua volta

    voc ignora os dias da vida, para ver apenas os

    anos. Ele fungou. Voc no pode mudar o passar

    dos anos. Mas pode mudar o passar das horas e o

    que voc escolhe fazer quando este tempo passa.

    Ser algo que voc se lembrar, ou passar seus dias

    como se no fossem nada alm uma nvoa de neve?

    A dama olhou para o pequeno homem, sua viso

    se borrava quando a neve comeou a cair mais rpi-

    do, o vento passando por seu cabelo. Voc mais

    do que um mendigo, homenzinho, uma lgrima

    desceu por sua plida face e desapareceu na neve

    outro pedao perdido de gelo, entre os milhes.

    Mas voc mais do que uma vida entre tantas?

    Sua voz era suave, mas cortou pelo vento como uma

    foice. E quando voc morrer, voc ser lembrada,

    ou ser outro fio na tapearia sem ser contado e

    irrelevante? A neve derreter, Lady Doji, e em pou-

    cos dias desaparecer e ser esquecida para sempre.

    Quem se lembrar dela? Ele pausou, e virou sua

    face para olhar neve que caa rapidamente. Quem

    se lembrar de voc?

    Depois de um momento, Lady Doji se ajoelhou

    ao lado do magro monge, e juntos eles se sentaram

    ao lado da estrada enquanto a silenciosa neve caa,

    pea a pea, nas plancies em torno deles.

    Shinsei e Akodo

    Por muitos anos, os homens dos exrcitos de

    Akodo seguiram o Bushid, mas quando Shinsei

    chegou nas montanhas e apresentou um caminho

    bem diferente ao Imperador, o inquietante burburi-

    nho nos campos do Leo podia ser ouvido nas torres

    montanhosas do Drago.

    Quando Shinsei falou com o Imperador e este

    ouviu as palavras do Pequeno Mestre, Akodo ficou

    atrs de Hantei, zangado. Finalmente, enquanto Han-

    tei estava no meio de uma frase, Akodo cuspiu no

    cho, se virou e foi embora.

    Hantei se levantou, furioso por seu irmo ter in-

    sultado o Pequeno Mestre. Por que voc fez isso?

    Ele exigiu.

    Pois este no o meu caminho, ele disse.

    Shinsei disse: Este no o meu caminho, este

    o caminho do mundo.

    Akodo se virou, fogo refletindo em seus olhos.

    O caminho da introspeco e retrica para ho-

    mens, no para soldados.

    Shinsei simplesmente disse: O caminho no po-

    de ser uma coisa, pois se for uma coisa, no pode ser

    outra.

    Akodo sacou sua espada de sua saya por comple-

    to e bradou. Seu caminho no o meu caminho.

    Ele ergueu sua espada que reluzia luz da fogueira.

    Este o meu caminho. Ento, ele saiu. Quando

    retornou s suas terras, ele ordenou que nenhuma

    cpia do Tao de Shinsei fosse permitido dentro das

    paredes de qualquer doj do Leo. O Imperador

    convocou Akodo e o mandou reverter a ordem. De

    fato, uma cpia do Tao teve que ser includa em todo

    doj do Leo.

    Akodo imediatamente concordou. Quando retor-

    nou as cpias do Tao foram colocadas prximas s

    cpias de Bushid, mas mesmo hoje, todas as cpias

    permanecem sem serem abertas.

  • 22

    Mentiras, por Bayushi

    Tangen Os trechos a seguir so do famoso tratado de

    Bayushi Tangen, Mentiras, escrito pouco aps a

    publicao do famoso livro de Akodo Horu, Lide-

    rana. No apenas a introduo de Tangen ataca

    abertamente o livro de Horu, mas tambm fornece

    um exemplo da sinceridade do Escorpio.

    A meu senhor e mestre, o honrado Hantei Goshi-

    no.

    Um ano atrs, vossa eminncia me comandou a

    escrever um tratado sobre traio, duplicidade e

    espionagem. No dia em que o comando foi dado,

    minha pena foi ao papel, e meus pensamentos fluam

    livremente pela tinta. Porm, quando passei o ano

    preparando minha obra, vi outro tratado publicado

    que gravemente me preocupou, pois esta obra conti-

    nha mais traio, duplicidade e espionagem que eu

    jamais poderia compilar.

    Como mais humilde servo de meu senhor, meu

    dever alert-lo contra os que o iludem com belas

    mentiras e ardis. Digo-lhe agora que h muitos, in-

    clusive os que o aconselham.

    S recentemente vi um documento que diz dar ao

    leitor um senso do que significa ser um lder. Digo-

    lhe que este documento est cheio apenas de falsida-

    des, fabricaes, meias verdades e mentiras. inten-

    to deste documento arruinar tais prevaricadores e

    lana-los luz, onde podem ser vistos como real-

    mente so.

    Se algum achar ofensa em minhas palavras,

    permita-me dizer que o intento deste documento

    levar sabedoria ao Imperador, mostra-lo os erros da

    sabedoria dos outros, alm de educa-lo sobre a natureza dos homens traioeiros, para que ele possa

    arruinar a duplicidade e mata-la antes que seu amar-

    go fruto tenha chance de espalhar suas sementes.

    Culpe-me ento, e no minhas palavras.

    Mentiras e Verdade Akodo fala eloquentemente da virtude da hones-

    tidade. Nenhum mal pode vir da verdade, ele diz, e uma mentira mata algum no mundo.

    Se a mentira servir para salvar o Imperador, e a

    verdade destru-lo, pergunto ao Leo o que ele esco-

    lheria.

    Uma mentira de fato mata uma pessoa no mundo,

    mas e se ela salvar o Imperador? Quem no daria a

    sua vida pelo Filho dos Cus?

    Se Lorde Akodo no est disposto a faz-lo, eu

    certamente tomarei o seu lugar.

    Sobre a Natureza da Liderana. H alguns que querem que meu senhor acredite

    que um lder deve ser virtuoso. Generosidade gera

    contentamento. Se um homem tem tudo menos o

    trono, o que ele deseja? Ele deseja o que todos os

    homens desejam: obter o que ele no tem.

    D aos Tolos o que Eles Querem Deixe o ambicioso cavar sua prpria cova.

    Deixe o general seduzir o povo, ento veja como

    sua prpria tolice o arruna. Voc parece ser um

    governante beneficente, e se torna um mrtir cuja

    memria voc pode invocar por simpatia.

    Cruel Mas Justo Medo mais poderoso que o amor, e a mais dese-

    jada emoo.

    Senhores que so amados podem falhar, e como

    um amante, um senhor que desaponta seu povo no

    receber nada alm de dio.

    Um senhor que temido por sua crueldade direta,

    porm, nunca criticado. Alm disso, um senhor

    que cruel mas justo sempre admirado.

    O Campesinato Voc sempre pode confiar num campons mais

    do que num nobre.

    O nome ambicioso.

    O campons s quer comer.

    Em outras palavras, o nobre tem traio em seu

    sangue, enquanto o campons s deseja no ser tra-

    do.

    O Que Voc Faz e No D Um homem se sentir em dvida por tudo que o

    der.

    Ele tambm se sentir grato por tudo que no ti-

    rou dele.

    Esta a natureza humana.

    Se um homem se sente grato com voc por algo

    que voc no tirou dele, isto ainda no um presen-

    te?

  • 23

    E se isto um presente, ele no lhe deve algo em

    troca?

    Fora e Fraude Akodo lhe diz: Pura fora no pode prosperar

    sozinha. Precisa-se de estratgia tambm.. Eu lhe digo: Se voc sbio, a fraude por si s

    necessria.

    Como o nobre Akodo disse: de direito e pro-priedade usar fraude no campo de batalha, pois salva

    as vidas daqueles que nos seguem.. Eu lhe digo: Se um homem usa fraude contra

    mim, o considero um patife e um canalha, e no

    seguirei as regras que ele ignora. No me colocarei

    em desvantagem seguindo as morais enquanto ele tira proveito da ao livre.

    O mundo est repleto de homens maus, meu se-

    nhor.

    Recusar-se a tirar vantagem porque desleal no apenas desrespeitoso para com aqueles que

    voc protege e lidera, mas tambm o ato mais ego-

    sta em que posso pensar.

    Promessas Nunca vergonhoso quebrar uma promessa feita

    sob a dureza da fora. Se a fonte da dureza for mor-

    ta, a promessa no precisa ser mantida. Se a promes-

    sa for quebrada publicamente e voc revelar a fonte

    da coero, voc se tornar um heri por sua de-

    monstrao de honestidade e coragem, e ele um

    vilo por sua covardia.

    O Inimigo de Meu Inimigo Voc no precisa ser mais forte que seu inimigo;

    voc precisa ser mais forte que o inimigo dele. Se

    meu inimigo o Leo e seu inimigo a Gara, devo

    destruir a Gara. Portanto, meu inimigo me deve um

    favor.

    Ameaas Um homem fraco usa ameaas. Um homem po-

    deroso no tem necessidade para ameaas. Se voc

    confronta um homem ameaa de fora e ele aceita,

    porque ele o teme. A ameaa foi desnecessria.

    Nunca ameace um inimigo. Isto o enfurecer. Um

    homem que foi ameaado sente necessidade de fazer

    algo para limpar sua honra.

    Se voc tem a fora para destruir um inimigo,

    destrua-o.

    Um inimigo vivo perigoso.

    Um inimigo morto est morto.

    Melhor ter um cemitrio cheio de inimigos mor-

    tos do que um s furioso.

    Pena Pena no uma virtude

    Pausar quando causo dor a meu inimigo fraque-

    za.

    Ele no faria isto por mim, e se o fizer, eu o es-

    magaria por sua estupidez.

    Ambio O senhor generoso distribui presentes e deve

    aumentar impostos para que possa pagar por eles.

    O lorde ambicioso, porm, adquire terras e tesou-

    ros quando pode assim removendo a necessidade de abusar de seu povo.

    O dio de Meu Inimigo No temo um homem que me odeia abertamente,

    pois isto tudo que ele capaz de fazer. Se fosse

    capaz de causar-me mal de qualquer outro modo, ele

    o faria. No, um homem que hostil a mim na corte

    no me preocupa. Ele fraco suas palavras so fa-

    cilmente ignoradas.

    Nunca Pause Para Explicar Sempre melhor se concentrar no que est para

    ser feito do que no que foi dito. Faa suas aes

    rpidas e certas. Explicao pode vir a seguir, e pode

    at levar dias. Se sua mente est incerta sobre o que

    deve ser feito, voc falhar. Mas uma vez que tenha

    sido feito, voc perceber que as Fortunas sempre

    do explicao.

    Mate a Esposa de um Homem Mate a esposa de um homem ambicioso, e sua

    vida se virar para a vingana E para longe da ambio. Todo o seu foco estar em voc No naqueles sua volta.

    assim que se mata um homem ambicioso.

    assim que se mata qualquer homem.

    Impetuosidade Sempre Triunfa Quando se pede um favor a outro, no lhe permi-

    ta tempo para considerar, especialmente se voc

    garante que ele entende que a recusa o deixa em

    desfavor.

    Me Sol uma mulher, afinal, e o que impressio-

    na mais uma mulher do que um audaz e impetuoso

    homem?

  • 24

    Dois Homens no Rio Dois homens, no corao do inverno, um de cada

    lado de um rio.

    Um tem pederneiras, o outro ao. E nenhum de-

    les quer cruzar a gua fria.

    Assim somos todos ns.

    Real Traio Nunca presuma que um homem incapaz de trai-

    o. Se um homem capaz disso, todos os homens

    so. Mas voc no precisa temer todos os homens.

    S se preocupe com homens de astcia, corao

    forte e determinao. Esses homens so capazes de

    real traio. Outros so capazes apenas de baixa

    traio.

    Homens fracos no so capazes de real traio;

    nem homens de baixos meios. Apenas o que so

    bravos so capazes disto. Os covardes no tm es-

    tmago para isto. Homens de fraqueza sempre espe-

    raro outros correrem riscos. Este o caminho do

    mundo.

    Grandes homens empregam homens fracos para

    cuspir sangue por eles, porm. Ainda assim, no

    confunda a mo com a lmina; ainda do homem os

    meios e vontade. Requer poder para convencer outro

    homem a correr riscos.

    Alm disto, voc deve temer aqueles a quem vo-

    c concedeu grande favor, aqueles que voc mantm

    prximos e homens capazes de coragem e vontade.

    No tema homens que esto distantes, ou que o jul-

    gam mal. O desejo para governar sempre foi maior

    que o desejo por vingana.

    Uma Calamidade Chama Outra Se ao observar seu inimigo ele faz um erro

    catastrfico e gritante, presuma que ele est o atrain-

    do. Nenhum homem comete erros pblicos.

    Nunca se aproveite do infortnio alheio. No

    avance sobre o que no pode ser escondido; isto no

    tem valor para voc. S avance sobre erros que po-

    deriam ter sido escondidos.

    Eliminando a Traio

    Se voc teme que um homem seja culpado de

    traio, coloque-o entre seus tenentes e trate-o como

    um co. Logo, ele comear a buscar outros para

    conspirar contra voc.

    assim que se mata um rato.

    Contingncias Muitos generais e daimyos passam dias criando

    planos, calculando cada chance, preparando o curso

    dos eventos. Mas muito pouco tempo preparando

    planos de contingncia.

    Contingncias so parte do plano.

    Uma mosca estraga o unguento.

    Passe pouco tempo num plano, pois a nica coisa

    certa que ele dar errado.

    Passe muito de seu tempo em contingncias.

    Homens Agem Quando Acham que Tm Tempo

    H dois meios de permitir que um homem tome

    uma deciso. O primeiro deixa-lo pensar a respei-

    to. O segundo no lhe dar tempo para sequer respi-

    rar.

    Nosso o segundo caminho.

    Quando homens so forados a tomar decises no

    momento, eles cometem erros. Quando tm tempo

    para pensar, eles tm tempo para distinguir detalhes

    e acalmar qualquer exaltao que venham a carregar.

    Portanto, digo para forar um homem a tomar

    uma deciso de imediato.

    E fora-lo a fazer em pblico.

    Camponeses e Soldados Camponeses no entendem o que significa ser um

    soldado. Eles no entendem o bushid. Para eles,

    nossos caminhos so estranhos. Eles so pessoas

    simples e nunca nos entendero.

    Alienao causa medo.

    Homens atacam o que temem.

    assim que revoltas se formam. No entre tenen-

    tes, mas entre fazendeiros. Para cada vinte samurais

    h duzentos fazendeiros.

    Duzentos homens furiosos sejam fazendeiros ou samurais so um exrcito.

    Shinriko: Pequenas Verdades

    Embora Tangen planejasse Mentiras para o co-nhecimento pblico, h outro livro do Escorpio que

    nunca foi intencionado para ser lido pelo Imperador;

    voc encontrar trechos dele aqui.

  • 25

    Quando Tangen morreu, seu dirio foi descoberto

    por sua esposa, e entregue a seu filho. Na frente do

    dirio, Tangen escreveu as palavras Pequenas Ver-dades. Obviamente uma obra complementar a Mentiras, esta coleo de trusmos passou por dzias de daimyos do Escorpio, cada um adicio-

    nando sua prpria sabedoria coleo.

    Inimigos que voc faz so inimigos que voc guar-da.

    Inimigos que voc ameaa fazem exrcitos. Inimi-gos que voc destri fazem covas.

    Quo facilmente homens so corrompidos, e quo difcil torna-los justos.

    Tenha mais medo de um exrcito de ovelhas lide-radas por um lobo do que um exrcito de lobos lide-

    rados por uma ovelha.

    Todos mentem. At eu.

    Um comandante deve ser dois homens: Para os comandados, ele deve ser um santo. Para seus inimi-

    gos, um demnio. O inverso tambm verdade.

    Homens se agarram em nada como o que eles acham que sabem.

    A vida no justa. Isto no significa que voc no pode vencer.

    Saiba onde sua espada est. Sempre.

    A nica caixa qu