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Data de Criação: 10/03/2020 Criado por: Biblioteca Clipping SCA Este material não pode ser publicado, reescrito, redistribuído ou transmitido por broadcast sem autorização da Siqueira Castro - Advogados

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Data de Criação: 10/03/2020

Criado por: Biblioteca

Clipping SCA

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por broadcast sem autorização da Siqueira Castro - Advogados

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Sumário das

Matérias:

Choque externo intensifica discussão sobre estímulo fiscal

Valor ––10 de março.............................................01

Brasil tem pior taxação ao consumo do mundo, diz especialista portuguesa

Valor ––10 de março.............................................04

Extinção de municípios afeta receita per capita

Valor ––10 de março.............................................07

Reguladores dos EUA pedem alívio para dívidas

Valor ––10 de março.............................................09

AES questiona atuação do BTG na oferta da Eneva

Valor ––10 de março.............................................11

Movimento falimentar

Valor ––10 de março.............................................13

Auditores e procuradores lutam para manter adicionais com custo bilionário

Valor ––10 de março.............................................15

Personalização de ofertas e defesa do consumidor

Valor ––10 de março.............................................18

Com crise do petróleo, Rio pode perder R$ 2,3 bilhões em arrecadação de royalties

Globo ––10 de março.............................................21

Operação do MP de Minas mira 109 alvos em sonegação de R$ 1 bilhão do agronegócio

Globo ––10 de março.............................................23

Cosan cria companhia para atuar nos setores de gás natural e energia

OESP ––10 de março.............................................24

Saída de executivos e o efeito no mercado de capitais

OESP ––10 de março.............................................26

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Sem juizados especiais da Fazenda Pública, caso deve ir à justiça comum

Conjur ––10 de março.............................................29

Anulada sentença proferida antes de produção de provas deferidas

Conjur ––10 de março.............................................30

OIT recomenda que Brasil garanta amplo direito à negociação coletiva

Migalhas ––10 de março..........................................32

TJ/GO autoriza penhora on-line antes impedida por receio da lei de abuso de autoridade

Migalhas ––10 de março..........................................33

Contrariando reforma, TST concede justiça gratuita por mera declaração de pobreza

Migalhas ––10 de março..........................................37

Decisões judiciais afastam contribuições previdenciárias sobre stock options

Jota ––10 de março.................................................38

AGU defende MP que elimina pagamento por música em quarto de hotel e navios

Jota ––10 de março.................................................42

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Valor Econômico

Caderno: Brasil, terça-feira 10 de março de 2020.

Choque externo intensifica discussão sobre estímulo fiscal

Ganha força debate sobre

aumento do investimento público

e atuação mais forte do BNDES

Por Anaïs Fernandes — De São

Paulo

Manoel Pires: Se choque externo gerar restrição

de liquidez no Brasil, atuação de bancos públicos

será importante — Foto: Ana Paula Paiva/Valor

Com o impacto maior dos choques

externos sobre uma economia que já

cresce lentamente, esquenta o debate

sobre a necessidade de estimular a

01

atividade com medidas fiscais e o uso

dos bancos públicos. Num cenário de

disseminação da epidemia de

coronavírus e de queda forte do

petróleo, especialistas divergem sobre

as medidas de curto prazo, como uma

atuação mais forte do BNDES, mas há

maior convergência na avaliação de que

um impulso aos investimentos, públicos

ou privados (via concessões), levará

mais tempo, ainda que possa ser visto

como desejável.

Um dos possíveis efeitos dos choques

sobre o Brasil é a restrição de acesso a

recursos, sobretudo pelas empresas,

com paralisia do mercado de capitais ou

bancos mais restritivos na oferta de

crédito, diz Manoel Pires, ex-secretário

de Política Econômica do Ministério da

Fazenda e coordenador do Observatório

de Política Fiscal do Instituto Brasileiro

de Economia (Ibre/FGV).

“Se isso se confirmar, será importante

o BNDES participar, oferecendo linhas

emergenciais”, afirma, acrescentando

que medidas de suporte à liquidez

podem se estender a outros bancos

públicos, como Banco do Brasil e Caixa.

Presidentes do BB e da Caixa já

sinalizaram que poderão oferecer linhas

para ajudar companhias a atravessarem

o período de turbulências.

Em outra frente, diz Pires, cabe ao

Banco Central conter a “crise

expectacional”. “Estamos digerindo

ainda um choque muito grande,

ninguém sabe bem qual o tamanho e

até que ponto tem exagero do mercado.

É importante o BC mostrar que está

atento para enfrentar os

desdobramentos, no horizonte de juros

e cambial.”

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Renato Fragelli, professor da EPGE-

FGV, diz ver espaço para manejo de

política monetária, com novo corte na

Selic, mas é contra o aumento de gastos

por parte do governo, já que ainda há

déficit primário. Além disso, afirma, foi

a própria perspectiva no mercado de

que um ajuste fiscal seria possível que

ajudou a levar a Selic às mínimas

históricas.

“Embora os juros estejam menores,

precisamos de alguns superávits

primários para manter a dívida

constante. Esse superávit necessário

chegou a ser de 3,5% do PIB [Produto

Interno Bruto], hoje está em torno de

1%, mas, como o PIB também não

acelera, não vejo espaço para política

fiscal contracíclica”, afirma.

Para lidar com a baixa demanda no

curto prazo, Fragelli diz ver sentido em

medidas como a ampliação dos saques

do Fundo de Garantia do Tempo de

Serviço (FGTS). Ontem, “O Globo”

apontou que o governo estuda permitir

a antecipação dos saques-aniversário,

para operações de crédito. “Essa

liberação tem impacto rápido na

economia e não compromete a dívida

pública”, afirma.

No médio prazo, o governo deve

acelerar as licitações, para estimular o

investimento privado, diz Fragelli. “Isso

é fácil de falar, mas não de fazer. Jogar

para o setor privado é bonito no

discurso, mas tem que ser feito com

muito cuidado”, afirma. Apesar de

reconhecer os desafios, Fragelli diz que

“gostaria de ver a pauta andando mais

rápido”.

Para ele, além de não haver espaço nas

contas públicas, o Brasil não sabe fazer

política fiscal contracíclica eficiente,

porque surgem dificuldades sobre

02

quando começar e terminar e quais

instrumentos usar. “Tem que ser via

investimento, não pode ser com

despesa corrente, aumento de salário.

Investimento exige portfólio estudado,

orçado, para ser colocado [ao setor

privado] rapidamente, e o Brasil não

tem isso.”

Pires, do Ibre/FGV, tem uma visão

diferente sobre o uso de recursos do

FGTS. “O estímulo via FGTS é

extremamente pouco duradouro, dá um

trimestre e aquilo se esvai.”

Na sua avaliação, o juro baixo tem

aliviado a trajetória da dívida e

devolveu ao governo algum controle

sobre o resultado primário. “Para

frente, conseguimos ver a estabilização

da dívida mesmo com algum déficit. Há

espaço para investimentos”, afirma.

Mesmo via recursos públicos, porém,

Pires diz que o mecanismo exige prazos

maiores. “Essa discussão é mais

estrutural do que reação à crise. Fazer

investimento não é fácil, tem que fazer

projeto, colocar no Orçamento, muito

provavelmente teria que discutir antes a

emenda do teto [de gastos]. Fica difícil

usar esse vetor para expandir demanda

em espaço muito curto.”

Já a economista Mônica de Bolle,

diretora do programa de estudos latino-

americanos da Johns Hopkins

University, é categórica ao defender a

eliminação do teto de gastos, que limita

a expansão das despesas não financeira

da União à inflação do ano anterior. O

momento, segundo ela, é de

investimento público. “Se o governo é

tão confiável e prudente na área fiscal,

por que tanta paúra de derrubar o teto

de gastos para fazer medidas

contracíclicas em tempos de crise?

Quando muda o cenário, mudam as

medidas. O cenário mudou. Não é hora

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de PEC Emergencial”, escreveu no

Twitter, em referência à proposta do

governo para criar gatilhos para o

ajuste fiscal que ajudem a preservar o

teto.

Para o consultor legislativo Pedro

Fernando Nery, discussões sobre o teto

parecem “meio fora de lugar”. O

importante, afirma, é a qualidade do

gasto, “e nisso a PEC Emergencial

ajuda”. “Os gatilhos são nas despesas

correntes, principalmente

funcionalismo. Então, em tese, abre

espaço para investimento”, diz. Revogar

o teto via emenda constitucional é um

processo demorado e que pode gerar

crise de confiança, afirma. “Já a

possibilidade de descumprir o teto

poderia ser encarada pela oposição

como crime de responsabilidade.”

Para o economista Guilherme Tinoco,

especialista em contas públicas, a

agenda de reformas do governo deve ser

a prioridade, com destaque para a

administrativa e a tributária. Mas,

quanto mais elas demoram para serem

implementadas, “mais vai abrir espaço

para esse tipo de discussão,

principalmente considerando o fraco

desempenho da economia”, segundo

ele.

https://valor.globo.com/brasil/noticia/2020/03/10/c

hoque-externo-intensifica-discussao-sobre-estimulo-

fiscal.ghtml

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03

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Valor Econômico

Caderno: Brasil, terça-feira 10 de março de 2020.

Brasil tem pior taxação ao consumo do mundo, diz especialista portuguesa

Para Rita de la Feria, professora

da Universidade de Leeds,

reforma tem de ser radical, e não

“tapar sol com a peneira”

Por Marta Watanabe — De São

Paulo

A tributarista e professora portuguesa Rita

de la Feria: “O Brasil tem o pior modelo de

tributação sobre consumo que conheço no

mundo” — Foto: Ana Paula Paiva/Valor

O sistema de impostos do Brasil viola

todos os princípios consagrados para a

tributação no consumo. Por isso, o

sistema demanda uma reforma a fundo,

e não pequenas alterações para “tapar o

sol com a peneira”. A tributação sobre

consumo deve ter um único Imposto

04

sobre Valor Agregado (IVA), não

cumulativo, com alíquota uniforme e

cobrado no destino.

É o que defende a portuguesa Rita de la

Feria, professora de direito tributário

na Universidade de Leeds, no Reino

Unido, e pesquisadora associada ao

centro de estudos fiscais da

Universidade de Oxford. “O Brasil tem

o pior modelo de tributação sobre

consumo que conheço no mundo”, diz

Rita, que prestou consultoria sobre

política tributária ao governo português

de 2011 a 2012 e ao governo do Timor

Leste (2015-2016), além de ter

assessorado na implantação do IVA em

países como Turquia, Uzbequistão,

Moçambique e Angola.

Segundo Rita, a proposta da PEC 45

está nos moldes do que é recomendado

para um IVA. Com tramitação na

Câmara dos Deputados, a PEC 45

estabelece a criação de um novo tributo,

o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS),

criado em substituição aos federais IPI,

PIS e Cofins e ao ICMS estadual e ISS

municipal. No modelo do IVA, o IBS

proposto é não cumulativo, com

alíquota de 25%. “O imposto proposto

pela PEC 45 é o IVA que chamo de

‘slim’: simples, local, ou seja, bem

adaptado à realidade brasileira, e

moderno.”

Entre os piores problemas da tributação

brasileira sobre consumo, avalia Rita,

está a existência de cinco tributos

diferentes, de várias alíquotas e

isenções, além de a cobrança ser

cumulativa. Para ela, é crucial que a

tributação sobre consumo tenha um

imposto só e uma alíquota uniforme

para não se criar divergência de

tratamento tributário entre bens e

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serviços. Assim que se muda o

tratamento para um e não pra outro, diz

ela, cria-se margem para a manipulação

ou para a falta de transparência na

classificação de um bem ou serviço.

Ela destaca que no Brasil, assim como

em diversos locais, se discute um

tratamento diferenciado para educação

e saúde. Esse tratamento, diz ela, é para

o setor privado, cujos serviços são

consumidos pelos 10% da população de

maior renda. “Faz sentido isentar ou

tributar menos esses serviços?”,

questiona.

Segundo Rita, estudo do FMI mostra

que cerca de metade dos países que

implantaram o IVA possui alíquota

única para o imposto. Os IVAs mais

antigos, como o europeu, diz ela, têm

mais de uma alíquota. Mas os IVAs

implantados a partir da década de 80,

explica, têm em sua maioria alíquota

uniforme. É o caso do imposto da Nova

Zelândia, da Austrália, da grande

maioria dos países da África e de parte

da Ásia.

“Tenho lutado por uma alíquota

uniforme na Europa”, diz Rita. Para ela,

é difícil vencer as resistências contra

uma alíquota uniforme. E, por isso,

muitas vezes se fala em adotar algumas

poucas alíquotas para depois unificar, o

que, para ela, não é o caminho. “É mais

difícil vencer a resistência de unificar

três ou cinco alíquotas depois de já ter o

IVA do que vencer a resistência de já

implantar o IVA com alíquota

unificada.”

Rita também alerta que é preciso

cautela com uma reforma gradual na

tributação sobre consumo, como a ideia

de reunir primeiramente os tributos

federais para depois incorporar o ICMS

ou ISS, como têm defendido

05

representantes da equipe econômica do

governo federal.

“O argumento é de que a reforma

gradual tem a vantagem de diminuir a

resistência para aprovação de reformas.

Mas na minha experiência isso não

funciona, porque o capital político

costuma ser todo gasto na primeira fase

da reforma. O que acontece é que não se

faz a segunda fase e ficamos com um

sistema temporário para sempre”, diz

Rita.

Foi assim em 1991, quando a União

Europeia decidiu fazer mudanças no

sistema do IVA, lembra a professora.

Havia, segundo ela, uma resistência

muito grande dos Estados-membros e

na época foi adotado um sistema

temporário. Foi fixado em lei, diz ela,

que até 1996 a então Comissão

Europeia estabeleceria um novo

sistema. “Mas em 1996 não havia força

política para isso e por isso essa

previsão da lei foi alterada para

prorrogar o sistema temporário.

Resultado: estamos agora em 2020

ainda com um sistema temporário.”

Para Rita, o Brasil parece reunir hoje

mais condições políticas para aprovação

de uma reforma tributária profunda.

Há, nesse sentido, diz ela, percepção da

necessidade originada internamente

como também externamente. Ela

lembra que representantes da

Organização para a Cooperação e

Desenvolvimento Econômico (OCDE) já

se manifestaram favoravelmente a uma

reforma no Brasil com a adoção de um

novo tributo sobre consumo que siga as

diretrizes da organização, com um só

tributo de base alargada e cobrado no

destino. E o governo brasileiro tem

sinalizado interesse em integrar a

OCDE, salienta.

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Segundo ela, o único país que adotou o

IVA e voltou atrás foi a Malásia. Rita

conta que o governo do país asiático

tinha dificuldades para devolver aos

contribuintes os créditos do imposto, o

que acabava tornando o tributo

cumulativo. “É preciso que o sistema do

IVA mantenha recursos para fazer a

devolução de créditos.” Para ela, a

sugestão da PEC 45, de estabelecer uma

instância que vai arrecadar e

administrar o novo imposto, é muito

importante nesse sentido.

“Esse é um ponto crítico muito

importante porque as empresas

precisam ter confiança no novo sistema,

ter certeza de que vão receber os

créditos rapidamente e de que o tributo

será não cumulativo.”

Questionada sobre a tributação dos

bancos, Rita diz que é favorável à

cobrança do IVA sobre o spread

bancário. “Mas temos que ser honestos.

Isso nunca foi tentado.” Para ela,

tributar o spread não necessariamente

aumentaria o custo do crédito. Isso,

explica, depende do nível de crédito. Ela

conta que na Europa os bancos

reclamam por não pagar IVA. Porque

assim não podem tomar créditos e o

imposto pago na contratação de

serviços terceirizados vira custo. Isso,

diz Rita, reduz a competitividade na

concorrência com a oferta de linhas de

crédito americanas ou australianas.

Rita participou ontem de debate sobre

reforma tributária promovido em São

Paulo pelo núcleo de estudos fiscais da

Faculdade de Direito da FGV-SP.

https://valor.globo.com/brasil/noticia/2020/03/10/b

rasil-tem-pior-taxacao-ao-consumo-do-mundo-diz-

especialista-portuguesa.ghtml

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Valor Econômico

Caderno: Brasil, terça-feira 10 de março de 2020.

Extinção de municípios afeta receita per capita

Levantamento do Observatório de

Informações Municipais conclui

que cidades de menor renda vão

afetar situação das que as

absorverem

Por Rodrigo Carro — Do Rio

Parte de uma proposta de emenda

constitucional apresentada pelo

governo federal, a extinção de

municípios com menos de 5 mil

habitantes e arrecadação própria

inferior a 10% da sua receita total

acarretaria - se aprovada e

implementada - queda na receita per

capita das novas cidades a serem

constituídas. A conclusão é parte de um

estudo do Observatório de Informações

Municipais (OIM) sobre os possíveis

desdobramentos da PEC (Proposta de

Emenda à Constituição) nº 188/2019,

em tramitação no Senado.

Pelos critérios estabelecidos na PEC,

1.160 municípios brasileiros - pouco

mais de um quinto do total - poderiam

ser extintos, segundo estimativa do

OIM. O número é similar ao projetado

pela Confederação Nacional de

Municípios. A CNM calcula que 1.217

municípios deixariam de existir. “A

análise das finanças dos municípios

07

mostra que aqueles de menor porte

demográfico possuem uma receita per

capita mais elevada, o que representa

dizer que, ao serem promovidas as

incorporações, a receita [pública] per

capita dos novos municípios

constituídos tenderá a ser reduzida”,

explica François Bremaeker, gestor do

Observatório de Informações

Municipais (OIM), no estudo.

O levantamento indica ainda que

dificilmente a incorporação de

municípios por outros de maior porte

demográfico e economia mais robusta

traria uma economia de recursos

relevante. “A eliminação das cidades

não significa a redução de boa parte de

suas despesas. Afinal, continuarão

necessariamente os gastos com

educação, saúde, manutenção das vias

públicas, e outros de urbanismo. Eles

são maiores que os custos políticos -

estes sim que poderiam ser reduzidos

ou eliminados”, afirma o economista

José Roberto Afonso, professor do

Instituto Brasiliense de Direito Público

(IDP), referindo-se aos salários de

prefeitos e vereadores.

De acordo com as projeções da CNM,

perderão receita do Fundo de

Participação de Participação dos

Municípios não somente os 1.217

municípios a serem extintos, como

também as 702 cidades que os

incorporarão. A perda de arrecadação

se daria - argumenta a confederação -

porque o mecanismo de partilha do

FPM se baseia em coeficientes por faixa

populacional. Os coeficientes variam de

um mínimo de 0,6 a um máximo de 4.

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Municípios com até 10.188 habitantes,

por exemplo, possuem coeficiente de

0,6. Dentro dessa lógica, duas cidades

com menos de 5 mil habitantes que se

fundissem (conforme a regra

estabelecida na PEC nº 188)

continuariam a receber o mesmo valor

de FPM.

O entendimento da assessoria jurídica

da CNM é de que a proposta de extinção

de municípios é inconstitucional.

“Nossa expectativa é que o relator da

PEC [senador Marcio Bittar] retire a

proposta de seu relatório”, diz Glademir

Aroldi, presidente da confederação.

Caso isso não aconteça, Aroldi espera

“enterrar a proposta de vez” na

Comissão de Constituição, Justiça e

Cidadania (CCJ) do Senado. O relatório

de Bittar será apresentado

primeiramente à CCJ, para depois ser

apreciado no plenário da casa.

Abastecido com parte das receitas do

Imposto de Renda e do Imposto sobre

Produtos Industrializados (IPI), o FPM

é uma das principais fontes de receita

da maior parte das prefeituras

brasileiras. Juntos, o FPM e o ICMS

representam cerca de 60% do total de

receitas em aproximadamente 70% das

cidades brasileiras.

“O FPM é o maior alavancador da

receita per capita. Todos os municípios

com população até 10.188 habitantes

recebem, dentro do seu Estado, o

mesmo valor. Portanto, quanto menor a

população, maior a sua receita per

capita”, explica Bremaeker, do OIM.

Bremaeker explica que os recursos

referentes aos municípios que deixarão

de existir não serão repassados

automaticamente ao novo ente

federativo resultante da fusão. Serão

redistribuídos entre todas as prefeituras

08

de um mesmo Estado. Se não houver

mudança na faixa populacional, o

município terá mais habitantes

enquanto a receita proveniente do FPM

permanecerá a mesma.

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Valor Econômico

Caderno: Internacional, terça-feira 10 de março de 2020.

Reguladores dos EUA pedem alívio para dívidas

A medida é parte de um esforço

mais amplo das agências federais

dos EUA, e do Fed em particular,

para responder à ameaça

econômica sem precedentes do

coronavírus

Por Brendan Greeley — Financial

Times, de Washington

As agências federais de regulamentação

do setor bancário instaram ontem os

bancos americanos a trabalhar de forma

“construtiva” com os tomadores de

empréstimos afetados pela epidemia do

coronavírus, num comunicado conjunto

semelhante ao divulgado após os

ataques terroristas de 11 de setembro e

os estragos provocados pela passagem

do furacão Katrina.

As agências, que incluem o Federal

Reserve (Fed, o banco central

americano) e a Controladoria da

Moeda, disseram que trabalharão com

os bancos para garantir que as

tentativas de ajudar os tomadores de

crédito não resultem em alertas de

supervisão.

“Os reguladores salientam que as

instituições financeiras devem trabalhar

construtivamente com os tomadores de

empréstimos e outros clientes nas

comunidades afetadas”, diz o

09

comunicado. “Iniciativas prudentes que

sejam consistentes com práticas de

concessão de crédito sólidas e seguras

não devem estar sujeitas à

desaprovação dos examinadores.”

A medida é parte de um esforço mais

amplo das agências federais, e do Fed

em particular, para responder à ameaça

econômica sem precedentes do

coronavírus.

Na semana passada, o Fed cortou sua

principal taxa de juros de curto prazo

em 50 pontos-base, em uma iniciativa

para sustentar o crescimento. Além

disso, ontem o Fed elevou o volume de

dinheiro disponível para operações de

empréstimos nos mercados de curto

prazo.

Além do Fed e da controladoria,

assinam o comunicado a Corporação

Federal para Seguros de Depósitos, o

Escritório de Proteção ao Consumidor

de Produtos Financeiros, a

Administração Federal das

Cooperativas de Crédito e a Associação

dos Supervisores de Bancos Estaduais.

Para Nellie Liang, da Brookings

Institution, um comunicado como o de

ontem é uma orientação para os bancos

para “trabalharem com seus clientes”.

Ela trabalhou no Fed durante a crise

financeira e atuou como a primeira

diretora da Divisão de Estabilidade

Financeira do Fed.

“São empresas e famílias que são

afetadas diretamente pelo vírus, seja

porque não podem trabalhar ou porque

não há negócios”, disse ela. “Os bancos

devem ser capazes de tomar medidas

para prorrogar pagamentos, oferecer

novos créditos se forem necessários,

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evitar multas por atraso, trabalhar com

eles. Porque não faz sentido empurrar

alguém para o calote por causa de um

problema temporário.”

https://valor.globo.com/mundo/noticia/2020/03/10/

reguladores-dos-eua-pedem-alivio-para-dividas.ghtml

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Valor Econômico

Caderno: Empresas, terça-feira 10 de março de 2020.

AES questiona atuação do BTG na oferta da Eneva

Em carta, empresa questiona

suposto “conflito de interesse” na

atuação do banco diante do caso

Por Letícia Fucuchima, Rodrigo

Polito e Ivan Ryngelblum — De São

Paulo e do Rio

Alvo de uma oferta de combinação de

negócios feita pela Eneva, a AES Tietê

levantou dúvidas sobre um suposto

“conflito de interesse” na atuação do

BTG Pactual diante do caso.

Em carta enviada ao BTG Pactual, à

qual o Valor teve acesso, a AES Tietê

questiona o fato de o banco ter

coordenado uma oferta de ações sua no

ano passado - tendo tido acesso,

portanto, a informações estratégicas

confidenciais sobre a empresa -, ao

mesmo tempo em que detém

participação acionária relevante na

Eneva, empresa que já estaria

estudando, desde o ano passado, a

proposta de fusão com a AES Tietê. O

documento afirma ainda que a oferta de

combinação de negócios teria sido

aprovada internamente na Eneva com

votos de conselheiros da empresa que

são sócios do grupo BTG.

11

Procurado, o BTG Pactual confirmou o

recebimento da carta e declarou que

responderá aos questionamentos feitos

pela empresa. “O banco reforça que

segue políticas consistentes de

governança e compliance, e que existem

barreiras para a proteção de

informações sigilosas entre os

diferentes times e áreas de negócio”,

diz. Já a AES Tietê não quis comentar a

carta.

O Valor apurou que a Eneva prevê se

reunir nas próximas semanas com

representantes da AES Tietê, depois

que o conselho de administração da

companhia paulista definir os

assessores financeiros e legais, o que

está previsto para ocorrer na sexta-

feira. A geradora térmica, porém, não

comenta o assunto por estar em período

de silêncio, em relação a uma operação

de emissão de debêntures.

Para um analista que prefere não ser

identificado, as oportunidades de

geração de valor com o negócio ainda

não estão totalmente óbvias. Apesar da

complementaridade do portfólio das

duas geradoras, ele observa que a Eneva

não teria capacidade sobrando para

fazer operações de compra e venda de

energia dentro do próprio grupo,

servindo como “hedge” das hidrelétricas

da AES Tietê. Em sua visão, os ganhos

não são claros principalmente à AES

Corp, grupo americano que controla a

AES Tietê: além de ter intensificado

recentemente as metas de

descarbonização de seu parque gerador,

a companhia entrou em um momento

de expansão em geração renovável no

país após a venda da Eletropaulo, de

forma que pode não querer se tornar

minoritária na nova empresa.

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Outra fonte do mercado afirma, porém,

que a operação poderia ser aprovada

mesmo sem o aval do grupo

controlador. Isso porque a AES Tietê

está listada no Nível 2 de governança da

B3, segmento que confere aos

detentores de ações preferenciais o

direito de voto em algumas situações,

como a aprovação de fusões e

incorporações da empresa.

https://valor.globo.com/empresas/noticia/2020/03/1

0/aes-questiona-atuacao-do-btg-na-oferta-da-

eneva.ghtml

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Valor Econômico

Caderno: Empresas, terça-feira 10 de março de 2020.

Movimento falimentar

Falências Requeridas

Requerido: Confecções Quarter Dollar

Eireli - CNPJ: 22.262.772/0001-34 -

Endereço: Rua Dr. Manuel Vitorino,

219, Bairro do Brás - Requerente: Adar

Indústria, Comércio, Importação e

Exportação Ltda. - Vara/Comarca: 1a

Vara de Falências e Recuperações

Judiciais de São Paulo/SP -

Observação: Pedido redistribuído.

Falências Decretadas

Empresa: Evans do Brasil Engenharia

Estrutural Ltda. - CNPJ:

15.519.172/0001-43 - Endereço: Av.

Gameleira Branca, 727, Box 10, Bairro

de Jardim Brasilia - Administrador

Judicial: Camia, Del Ponte e Oshiro

Sociedade de Advogados, Representada

Pelo Dr. Alberto Camia Moreira -

Vara/Comarca: 1a Vara de Falências e

Recuperações Judiciais de São

Paulo/SP

Empresa: Tonon Bioenergia S/A -

CNPJ: 07.914.230/0003-77 - Endereço:

Rodovia Jaú / Araraquara, Km. 129,

Fazenda Santa Cândida, Distrito Rural

Ou Rua Braz Megale, 16, Bocaina/sp -

Administrador Judicial: O Próprio

Administrador Judicial da Recuperação

Judicial Rescindida, Dr. Orlando

Geraldo Pampado - Vara/Comarca: 3a

13

Vara de Jaú/SP - Observação:

Recuperação Judicial convolada em

Falência.

Empresa: Tonon Holding S/A - CNPJ:

10.565.900/0001-30 - Endereço: Rua

Braz Megale, 36, Centro, Bocaina/sp -

Administrador Judicial: O Próprio

Administrador Judicial da Recuperação

Judicial Rescindida, Dr. Orlando

Geraldo Pampado - Vara/Comarca: 3a

Vara de Jaú/SP - Observação:

Recuperação Judicial convolada em

Falência.

Empresa: Tonon Luxembourg S/A -

Endereço: Rua Guillaume Kroll, 5, L

1882, Luxemburgo - Administrador

Judicial: O Próprio Administrador

Judicial da Recuperação Judicial

Rescindida, Dr. Orlando Geraldo

Pampado - Vara/Comarca: 3a Vara de

Jaú/SP - Observação: Recuperação

Judicial convolada em Falência.

Empresa: Torre Segurança Patrimonial

Ltda. - CNPJ: 05.487.265/0001-80 -

Endereço: Praça Lopes Ribeiro, 10,

Bairro Bonsucesso - Administrador

Judicial: Liquidante Judicial -

Vara/Comarca: 2a Vara Empresarial do

Rio de Janeiro/RJ

Processos de Falência Extintos

Requerido: Esser Salvador

Empreendimentos Imobiliários Ltda. -

CNPJ: 18.432.761/0001-88 - Endereço:

Rua Haddock Lobo, 1307, 14º Andar,

Bairro Cerqueira César - Requerente:

Glasser Pisos e Pré Moldados Ltda. -

Vara/Comarca: 2a Vara de Falências e

Recuperações Judiciais de São

Paulo/SP - Observação: Desistência

homologada.

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Requerido: Keola Comércio de

Produtos Farmacêuticos Ltda. ME -

CNPJ: 55.922.629/0001-80 -

Endereço: Av. Ministro Rocha Azevedo,

1337, Bairro Cerqueira César -

Requerente: Klass Transporte de Cargas

Ltda. - Vara/Comarca: 2a Vara de

Falências e Recuperações Judiciais de

São Paulo/SP - Observação:

Homologado acordo celebrado entre as

partes.

Requerido: Race Montagens Industriais

Ltda. - CNPJ: 52.414.398/0001-06 -

Endereço: Rua Ministro Silva Maia,

370, Bairro Jardim Humaitá -

Requerente: Potenza Comércio e

Indústria Ltda. - Vara/Comarca: 2a

Vara de Falências e Recuperações

Judiciais de São Paulo/SP -

Observação: Desistência homologada.

Recuperação Extrajudicial

Requerida

Empresa: Silimed Indústria de

Implantes Ltda. - CNPJ:

29.503.802/0001-04 - Endereço: Rua

Figueiredo Rocha, 374, Bairro Vigário

Geral - Vara/Comarca: 2a Vara

Empresarial do Rio de Janeiro/RJ

https://valor.globo.com/empresas/noticia/2020/03/1

0/0e111df9-movimento-falimentar.ghtml

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Valor Econômico

Caderno: Legislação e Tributos, terça-feira 10 de março de 2020.

Auditores e procuradores lutam para manter adicionais com custo bilionário

Bônus de produtividade e

honorários são questionados nas

esferas administrativa e judicial

Por Raphael Di Cunto e Beatriz

Olivon — De Brasília

Deputado e advogado Fábio Trad: “Há

estudos que mostram que a cada R$ 1 de

honorário, o erário recupera R$ 80. É uma

forma de estimular a produtividade” —

Foto: Pablo Valadares/Câmara dos

Deputados

O ministro da Economia, Paulo Guedes,

tem defendido novas regras para o

funcionalismo público na reforma

administrativa e criado atrito com os

servidores, a quem chamou de

“parasitas”, mas mantém sob sua alçada

duas categorias com adicionais criados

para substituir aumentos de salários

que têm custado bilhões de reais à

União. Em alguns casos, esses valores

serviram para estourar o teto salarial

15

previsto na Constituição, de R$ 39,2

mil.

Esses penduricalhos visam reproduzir,

entre os servidores, verbas extras

típicas da iniciativa privada. Foram

criados em 2016, logo após o

afastamento da ex-presidente Dilma

Rousseff (PT) e posse provisória do ex-

presidente Michel Temer (MDB), como

uma forma de aumento salarial

disfarçado para duas categorias fortes

na administração pública.

Os funcionários da Receita Federal

passaram a receber um bônus por

produtividade - pago até aos

aposentados. No ano passado, foi

suspenso por decisão do Tribunal de

Contas da União (TCU). Porém, o

Ministério da Economia recorreu e

obteve efeito suspensivo, segundo o

Sindicato Nacional dos Auditores

Fiscais da Receita Federal do Brasil

(Sindifisco).

O TCU havia considerado ilegal o

pagamento por não haver

regulamentação e previsão

orçamentária. O bônus custa cerca de

R$ 1 bilhão por ano ao governo. É pago

em valor fixo há mais de três anos, o

que acabou afastando o objetivo

previsto em lei de vinculação a metas e

produtividade, segundo o sindicato.

Já os advogados públicos e

procuradores da Fazenda Nacional

ganham honorários de sucumbência

como recompensa por vitórias em ações

- o cálculo não é pela eficiência de cada

um, mas pelo conjunto. O adicional

existe para os servidores do Banco

Central, Advocacia-Geral da União

(AGU) e Procuradoria-Geral da

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Fazenda Nacional (PGFN), órgão ligado

ao Ministério da Economia.

Esses pagamentos são questionados em

quase 30 ações no Supremo Tribunal

Federal (STF). Em 2019, os advogados

públicos com mais de quatro anos de

carreira receberam cerca de R$ 90 mil

cada - em torno de R$ 7,5 mil por mês.

Quem tinha menos tempo de casa teve

um bônus menor, de R$ 2,9 mil. Isso

fez com que, só no ano passado,

deixassem de entrar nos cofres públicos

R$ 700 milhões, repassados para 12 mil

servidores. Os dados são do Conselho

Curador dos Honorários Advocatícios.

Desde janeiro, porém, parte desses

servidores passou a ter um corte no

benefício, por ultrapassar o teto de R$

39,2 mil - a Constituição proíbe salários

maiores que os dos ministros do STF.

Isso ocorreu porque, com base em

emenda do deputado Gilson Marques

(Novo-SC) à lei de diretrizes

orçamentárias (LDO), os honorários

passaram a ser somados aos

vencimentos.

O Ministério da Economia não tem um

controle exato desses pagamentos, mas

numa estimativa feita para

o Valor calculou que a nova regra

levará a economia de R$ 1,85 milhão

por mês (R$ 22,2 milhões por ano).

Segundo o Conselho Curador dos

Honorários de Sucumbência, apenas

150 dos 12 mil advogados públicos estão

no teto salarial do funcionalismo.

Mesmo assim, o governo resistiu a

sancionar a nova regra e, em um

primeiro momento, o presidente Jair

Bolsonaro vetou o corte nos salários. O

Congresso insistiu, aprovou emenda em

outro projeto e Bolsonaro acabou

acatando a medida, que passou a valer

em janeiro - mas como a LDO trata das

16

normas orçamentárias para um único

ano, ficará em vigor apenas até

dezembro de 2020.

Por isso, o partido de Marques tenta

acabar com o pagamento dos

honorários. O ex-líder do Novo na

Câmara, deputado Marcel van Hatten

(RS), apresentou em dezembro um

projeto para que o dinheiro volte ao

Tesouro Nacional e não seja mais

distribuído para os funcionários. Ele

argumenta que os advogados públicos

já têm salário e estabilidade no

emprego, enquanto seus pares da

iniciativa privada vivem dos honorários.

Os advogados públicos trabalham

contra o projeto e buscam convencer o

relator, o deputado e também advogado

Fábio Trad (PSD-MS), de apenas

enquadrar os honorários no teto do

funcionalismo, sem extinguir o

benefício. “Há estudos que mostram

que a cada R$ 1 de honorário, o erário

recupera R$ 80. É uma forma de

estimular a produtividade e

transformar a carreira em um ponto de

referência estabilizadora, e não um

trampolim para outro cargo”, diz Trad.

“Estou estudando essa alternativa, de

limitar os pagamentos.”

A Receita Federal afirma, em nota

ao Valor, que durante a última

negociação salarial, a categoria abriu

mão de remuneração por subsídio,

paridade entre ativos e aposentados e

reajustes periódicos e, em troca, aceitou

uma remuneração fixa, complementada

por uma parte bem menor, variável e

determinada pelo desempenho

institucional.

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O Sindifisco diz se tratar de uma

gratificação prevista em lei, como

outras que existem no serviço público.

Para a entidade, o cenário de crise fiscal

deveria ser mais uma razão para o

governo desejar maior produtividade e

eficiência da Receita. “Curioso que

muitos defendem a meritocracia, mas

quando chega na Receita Federal, não

serve o argumento”, diz Kleber Cabral,

presidente do Sindifisco.

A defesa do Conselho Curador de

Honorários é semelhante. A entidade

alega que os honorários são uma

ferramenta gerencial “magnífica”, que

aumentou a cobrança por resultados

entre os advogados, já que o trabalho de

um afeta o dos outros. Os valores

arrecadados vão para o conselho, que

reserva 25% para melhorias na

advocacia da União e distribui o

restante aos profissionais.

Para a AGU, há incompreensão com os

honorários. Segundo o órgão, em dois

anos, a recuperação de valores só em

causas fiscais foi de R$ 10 bilhões, o

equivalente ao lucro anual do Banco do

Brasil. O órgão destaca que a verba não

é paga pelo poder público, mas por

quem entrou na Justiça contra o Estado

e perdeu.

17

De acordo com Marcelino Rodrigues,

presidente da Associação Nacional dos

Advogados Públicos Federais (Anafe),

“é um ganha-ganha”. “Tanto recebemos

um percentual do êxito, que não é pago

pela União, quanto a União é

beneficiada”, afirma ele, acrescentando

que, desde a implementação dos

honorários, houve acréscimo na

recuperação de ativos para a União. “E

pelo que sabemos não há nenhum

movimento do governo contra essa

prerrogativa, pelo contrário.”

https://valor.globo.com/legislacao/noticia/2020/03/1

0/auditores-e-procuradores-lutam-para-manter-

adicionais-com-custo-bilionario.ghtml

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Valor Econômico

Caderno: Legislação e Tributos, terça-feira 10 de março de 2020.

Personalização de ofertas e defesa do consumidor

Não parece que a diferenciação de

preços com base na localização

geográfica de consumidores

(geopricing) seja abusiva

Por Victor D. X. da Silveira e

Alexandre P. da Silva

10/03/2020 05h01 Atualizado há 6

horas

A regulação da economia digital

enfrenta um desafio recorrente: como é

possível disciplinar juridicamente

novos modelos de negócio na internet,

protegendo usuários de eventuais

abusos e, ao mesmo tempo,

preservando a livre-iniciativa de

agentes econômicos e os incentivos de

mercado ao desenvolvimento

tecnológico? A questão, que não é

trivial, tem chamado a atenção de

especialistas interessados na proteção

do consumidor, compreensivelmente

preocupados com a capacidade dos

diplomas legais de lidar com o desafio.

Nesse contexto, ganha relevância o

debate sobre a personalização de preços

- prática comercial que consiste em

cobrar preços diferentes sobre os

mesmos produtos, a partir dos dados

18

pessoais de usuários de plataformas

digitais. O tratamento de grandes

volumes de dados (big data) por

algoritmos surge aqui como um

diferencial dos negócios digitais,

permitindo a eles aferir a disposição a

pagar de consumidores em nível quase

individualizado, cobrando de alguns

consumidores e menos de outros.

Não parece que a diferenciação de

preços com base na localização

geográfica de consumidores seja

abusiva

Na prática, isso traz ganhos de

eficiência e permite que produtos

cheguem a segmentos de consumidores

que, de outra forma, não teriam

condições de adquiri-los. No limite, isso

pode produzir um ganho de bem-estar

social do consumidor: em média, a

totalidade dos consumidores passa a

poder adquirir o produto a condições

mais favoráveis, ainda que alguns deles

passem a pagar preços maiores do que

pagariam se os preços fossem definidos

de modo uniforme. A legalidade da

prática, no entanto, foi posta em

questão no último mês, com a recente

decisão do Procon-SP em multar

empresa em R$ 1,2 milhão por

supostamente oferecer preços

diferentes a consumidores no Brasil e

na Argentina, a partir de dados de

geolocalização.

O ocorrido levanta um questionamento

pertinente: faz sentido, à luz do Código

de Defesa do Consumidor (CDC),

considerar ilegal que empresas façam

ofertas distintas a seus diferentes

consumidores, diferenciando-os a partir

de dados que refletem sua disposição

em pagar por um produto?

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Entendemos que não é o caso. Se esse

entendimento fosse adotado, seria

lógico concluir que também seria ilícito

oferecer meia-entrada em cinemas a

determinadas categorias (idosos ou

estudantes) ou a clientes de

determinados bancos ou operadoras de

telefonia - o que parece, é claro,

absurdo. Da mesma forma, o raciocínio

autorizaria considerar ilícito o

oferecimento de descontos a clientes

fidelizados (planos de milhagem de

companhias aéreas, por exemplo) ou a

clientes que adquirem volumes grandes

de um mesmo produto - o que parece

igualmente descabido. Em outras

palavras, a diferenciação de preços

entre consumidores é praticada

normalmente em uma série de

hipóteses plenamente conhecidas e

consideradas legítimas pelo público.

A aplicação mais adequada do

dispositivo, assim, exige uma

consideração sobre quais tipos de

discriminação são razoáveis à luz da

legislação, dos princípios e dos

costumes comerciais, e quais não são. A

diferenciação de preços feita com base

nas chamadas características

protegidas, como raça, etnia, gênero,

orientação sexual ou religião, por

exemplo, pode produzir situações de

discriminação indevida, o que poderia

justificar sua restrição ou proibição à

luz do CDC. Deduzir quais critérios de

discriminação seriam ilícitos é uma

tarefa complexa, que exige certo grau de

construção interpretativa.

No entanto, não parece que a

diferenciação de preços com base na

localização geográfica de consumidores

(geopricing) seja abusiva - ao menos,

não necessariamente. A localização de

consumidores pode ser um dado

relevante para se aferir a sua disposição

19

em pagar, permitindo, inclusive, a

concessão de descontos a consumidores

que de outra forma não poderiam (ou

não quereriam) adquirir o produto. É o

caso, por exemplo, de uma rede de

varejo que decide ofertar produtos

similares a condições diferentes em

duas praças, por perceber uma

diferença na disposição em pagar de

consumidores que compram

habitualmente nelas. A mesma lógica

parece se aplicar a plataformas digitais

que diferenciam usuários com base em

sua localização.

Além disso, a diferenciação geográfica

pode ser justificada do ponto de vista de

custo econômico: atender a

consumidores em localizações

diferentes pode implicar em custos

diferentes para um mesmo vendedor -

em especial quando este vendedor

mantém firmas distintas em duas

praças, cada qual com o seu próprio

regime tributário, tarifário, regulatório,

relações contratuais e, por vezes, com

sua própria moeda corrente.

O comércio eletrônico não é (e nem

deve ser) uma terra sem lei: mercados

digitais não podem discriminar seus

consumidores a partir de critérios

ilícitos ou injustos, e a diferenciação de

preços sempre deve vir acompanhada

de políticas efetivas de transparência e

da devida prestação de contas, de modo

que consumidores tenham condição de

compreender as razões da diferenciação

e, se dela discordarem, inclusive

procurar o serviço de plataformas

concorrentes. O CDC, bem como o

Marco Civil da Internet e a Lei Geral de

Proteção de Dados Pessoais (LGPD),

são bem-dotados de institutos e

mecanismos eficazes e necessários para

garantir os direitos de usuários nesse

contexto.

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No entanto, a proteção ao consumidor

não deve servir de justificativa a uma

interpretação do Direito que crie um

ambiente institucional inóspito a novos

modelos de negócio, em especial

quando apresentam o potencial de

produzir um mercado mais eficiente e

mais inclusivo.

Victor Doering Xavier da Silveira

e Alexandre Pacheco da Silva são,

respectivamente, pesquisador do

Centro de Ensino e Pesquisa em

Inovação da FGV Direito SP,

mestre e bacharel em Direito pela

Faculdade de Direito da

Universidade de São Paulo e

doutorando em Direito pela

mesma instituição; e coordenador

do Centro de Ensino e Pesquisa

em Inovação e professor da FGV

Direito SP, doutor em Política

Científica e Tecnológica pela

Unicamp, mestre em Direito e

Desenvolvimento pela FGV

Direito SP e bacharel em Direito

pela mesma instituição.

Este artigo reflete as opiniões do

autor, e não do jornal Valor

Econômico. O jornal não se

responsabiliza e nem pode ser

responsabilizado pelas

informações acima ou por

prejuízos de qualquer natureza

em decorrência do uso dessas

informações

https://valor.globo.com/legislacao/noticia/2020/03/1

0/personalizacao-de-ofertas-e-defesa-do-

consumidor.ghtml

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Caderno: Mercado, terça-feira 10 de março de 2020.

Com crise do petróleo, Rio pode perder R$ 2,3 bilhões em arrecadação de royalties

Queda dos preços reduz receita e

dificulta tarefa do governo de cumprir

regras do Regime de Recuperação

Fiscal

Pedro Capetti e Marcello Corrêa

10/03/2020 - 04:30 / Atualizado em

10/03/2020 - 09:26

Plataforma na Baía de Guanabara.

Estado do Rio pode ser duramente

afetado por queda nos preços do

petróleo Foto: Marcos Ramos / Agência

O Globo

RIO e BRASÍLIA — A queda na cotação

do petróleo no mercado internacional

pode causar um prejuízo de R$ 2,3

bilhões aos cofres do Estado do Rio por

causa da perda de arrecadação de

royalties e participações especiais neste

ano. A projeção foi feita pela Gerência

de Óleo e Gás da Firjan a pedido do

GLOBO.

Para especialistas, a mudança no

cenário indica que o governo

fluminense terá mais dificuldades para

21

cumprir os compromissos do Regime de

Recuperação Fiscal (RRF), programa de

socorro da União, que vence em

setembro. Serviços prestados ao

público, como saúde e segurança,

também podem ser afetados.

A estimativa da Firjan leva em

consideração o preço médio do barril do

tipo Brent em US$ 35 e o dólar a R$

4,75, mantida a projeção de produção

estimada pela Agência Nacional do

Petróleo (ANP). Trata-se de um cenário

bem diferente do planejado no

orçamento do estado para o ano,

quando o preço médio do óleo foi

calculado em US$ 60 e o dólar a R$

3,72.

O secretário estadual de Fazenda, Luiz

Claudio Rodrigues de Carvalho, ainda

faz contas para medir o impacto da

crise sobre as finanças do Rio. Apesar

de não ter uma estimativa, ele admite

que o prejuízo já está contratado.

— A queda não é corriqueira, e isso

dificulta qualquer estimativa — disse

Carvalho. — O Estado do Rio é muito

dependente de royalties. É uma

dependência crônica. (Reduzi-la) vai

demorar anos.

Receitas extraordinárias

Se confirmado o cenário traçado pela

Firjan, haverá frustração de 18% na

arrecadação. Antes, a Secretaria de

Fazenda do Estado do Rio estimava

uma arrecadação de R$ 14,5 bilhões em

royalties e participação especial dos

mais de R$ 63,7 previstos no

orçamento.

Segundo Jonathan Goulart, gerente de

Estudos Econômicos da Firjan, cerca de

20% do orçamento do estado são fruto

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de royalties e participações. Ele explica

que a receita hoje paga despesas fixas

em um orçamento engessado, como

folha de pagamento dos ativos e

inativos.

Em razão disso, o Rio enfrentará

dificuldades para equalizar a situação,

uma vez que até mesmo os

investimentos estão zerados no estado.

— O orçamento tem uma margem de

manobra muito pequena. Mesmo a

expectativa de crescimento do PIB de

1,9% não vai fazer a arrecadação de

ICMS subir a ponto de equalizar (o

prejuízo de receita) — explica Goulart.

O plano do estado é recorrer a receitas

extraordinárias. O governo já sabia que

precisaria de dinheiro extra para pagar

financiamento de R$ 4 bilhões que

vence em dezembro, cuja garantia é a

Cedae. Agora, a necessidade aumentou.

A securitização da dívida ativa, que

depende de aval do Congresso, é uma

das apostas. O governo buscará

aumentar o combate à sonegação.

— Essa necessidade de receita

extraordinária só aumentou. Agora

precisamos para vencer nossos

compromissos e para cobrir a redução

de receita por causa da queda do barril

— disse o secretário.

Em Brasília, técnicos do Conselho de

Supervisão Fiscal, que acompanha o

desempenho do Rio no RRF, já estão

em alerta. Em fevereiro, o grupo

divulgou relatório em que apontava

que, no ano passado, a arrecadação

estadual teria caído, não fossem as

receitas extras de petróleo.

O cenário, porém, não deve atrapalhar

as negociações sobre a repactuação do

programa, em estudo no Ministério da

22

Economia. Mas há expectativa que a

crise contenha ímpetos de gastos extras

e incentive cortes de benefícios.

‘Tempestade perfeita’

Para André Luiz Marques, coordenador

de programas de gestão e políticas

públicas do Insper, o estado caminha

para o que chama de “tempestade

perfeita”.

— Se isso se mantiver por mais tempo,

estaremos caminhando para uma

tempestade perfeita, de uma receita que

pelo lado do crescimento não está

vindo, e pelo outro lado que estava

vindo, dos royalties. Se essa frente ruir,

vai expor um impacto muito grande nas

contas do estado e na prestação de

serviços — afirma.

O prejuízo aos cofres públicos, no

entanto, pode ser mitigado com o

aumento da produção no pré-sal, que

reduziu o custo de extração nos últimos

anos. Segundo Karine Fragozo, gerente

de Óleo e Gás da Firjan, dólar alto e

aumento da produção podem mitigar os

efeitos do barril em baixa.

Para o município do Rio, a frustração

de receitas estimada é de R$ 800

milhões. Já o país pode perder mais de

R$ 12 bilhões de recursos vindos de

royalties e participação especial.

https://oglobo.globo.com/economia/com-crise-do-

petroleo-rio-pode-perder-23-bilhoes-em-arrecadacao-

de-royalties-1-24295726

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Caderno: Mercado, terça-feira 10 de fevereiro de 2020.

Operação do MP de Minas mira 109 alvos em sonegação de R$ 1 bilhão do agronegócio

São cumpridos bloqueios de bens e

mandados de busca e apreensão contra

os alvos da investigação

Aguirre Talento

Plantação de soja: há 73 mandados autorizados

pela Justiça Estadual de Minas Gerais que estão

sendo cumpridos no Estado Foto: Getty Images

BRASÍLIA - Uma operação comandada

pelo Ministério Público de Minas Gerais

cumpre nesta terça-feira 109 mandados

de busca e apreensão contra alvos do

agronegócio suspeitos de sonegação de

mais de R$ 1 bilhão.

Batizada de "Quem Viver Verá", a

investigação mira um esquema que

usava empresas de fachada e notas

fiscais frias para burlar o recolhimento

de tributos aos cofres públicos, por

empresas sediadas em todo o território

nacional.

Produtores de grãos de Minas Gerais

estão no centro do esquema, que tinha

ramificações por outros Estados. Há 73

mandados autorizados pela Justiça

Estadual de Minas Gerais que estão

23

sendo cumpridos no Estado, além de

outros alvos em São Paulo, Distrito

Federal, Rio de Janeiro, Paraná, Bahia,

Rio Grande do Sul e Tocantins. A

operação ocorre em conjunto com a

Polícia Civil, Receita Estadual de Minas

e Receita Federal.

Em junho do ano passado, O GLOBO

revelou detalhes do esquema bilionário

de sonegação. A ação desta terça-feira é

um desdobramento da investigação

batizada inicialmente como Operação

Ceres.

Dentre os alvos estão 55 corretores de

grãos (intermediários da venda do

produto, que geravam notas frias para

burlar o recolhimento de tributos), 22

empresas responsáveis pela emissão de

notas frias, produtores e compradores

de grãos.

Também foi determinado pela Justiça

as quebras de sigilos bancário, fiscal e

telemático dos alvos e o bloqueio de

bens no valor total de R$ 10 milhões na

conta de cada um dos investigados, que

permitirá o ressarcimento de valores

aos cofres públicos.

Coordenador da investigação, o

promotor Genney Randro Barros de

Moura afirma que o objetivo é

desmontar o funcionamento do

esquema de sonegação e cobrar os

valores sonegados para recuperá-los aos

cofres públicos.

https://oglobo.globo.com/economia/operacao-do-mp-

de-minas-mira-109-alvos-em-sonegacao-de-1-bilhao-

do-agronegocio-24295962

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Caderno: Mercado, terça-feira 10 de março de 2020.

Cosan cria companhia para atuar nos setores de gás natural e energia

Compass vai investir no Rota 4,

gasoduto que deverá escoar o gás

natural do pré-sal ao continente, em um

investimento estimado em cerca de US$

2 bilhões

Mônica Scaramuzzo, Luciana

Collet e Augusto Decker, O Estado

de S.Paulo

10 de março de 2020 | 04h00

O grupo Cosan, do empresário

Rubens Ometto Silveira Mello,

anunciou ontem a criação da empresa

Compass, que vai reunir os negócios de

gás e energia do conglomerado de

infraestrutura, dono da ferrovia Rumo,

e também sócio da distribuidora de

combustíveis Raízen com a Shell. A

nova empresa tem sob seu controle a

Comgás, a maior companhia de gás

canalizado do País, e a comercializadora

de energia elétrica Compass, adquirida

pela Cosan no fim do ano passado.

Com a criação da Compass Gás e

Energia, a Cosan quer concentrar seus

investimentos e expansão do setor

nessa empresa. Ela nasce com um

faturamento de quase R$ 12 bilhões.

Além da Comgás e da comercializadora

de energia elétrica, a Compass vai

controlar todos os projetos de expansão

em curso pelo grupo, como um terminal

de regaseificação de gás natural

liquefeito (GNL), na Baixada Santista

24

(SP), e um gasoduto idealizado pela

Cosan para o escoamento de gás no pré-

sal, o Rota 4, em um investimento

estimado em cerca de US$ 2 bilhões.

Resiliente. Para atual presidente da Cosan,

grupo não vê necessidade de fazer aportes Foto:

Miguel Ângelo/CNI

“A Compass pode ser uma Cosan inteira

embaixo dessa nova companhia”, disse

o presidente da Cosan, Marcos Lutz. O

anúncio da nova empresa foi feito

ontem durante o Cosan Day, evento da

companhia para apresentar os planos

de investimentos do grupo para

analistas de mercado e investidores. “A

nova empresa surgiu para reorganizar

os investimentos do setor de gás e

energia da Cosan”, afirmou Rubens

Ometto, dono e fundador do grupo.

Presidida pelo executivo Nelson Gomes,

que também comanda a Comgás, a nova

empresa avalia entrar em projetos

termoelétricos a gás, com parceiros

estratégicos, por meio de futuros leilões

de energia. “O primeiro passo é o

entendimento do modelo de negócio de

térmicas. Vamos nos juntar a parceiros

com projetos já licenciados para

entender como funciona a dinâmica”,

disse.

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A companhia também avalia participar

do processo de compra de parte da

Gaspetro, distribuidora de gás natural

colocada à venda pela Petrobrás.

“Recebemos as informações sobre a

venda dos 51% de participação da

estatal na companhia há poucas

semanas e vamos avaliar como

participaremos desse processo”, disse

Gomes. A companhia japonesa Mitsui é

dona dos 49% restantes da Gaspetro.

A empresa também está de olho em

eventuais distribuidoras de gás

canalizado que podem ser colocadas à

venda pelos governos estaduais.

Para Adriano Pires, sócio-fundador e

diretor do Centro Brasileiro de

Infraestrutura (CBIE), a nova estrutura

societária da Cosan dá mostras de que a

companhia está se preparando para

crescer nesse setor. “Vale lembrar que a

comercializadora de energia elétrica

comprada por eles no fim do ano tem

licença para comercializar gás.”

Refinarias

O presidente da Cosan, Marcos Lutz,

diz que a companhia não vê,

atualmente, a necessidade de o grupo

aportar capital em novos projetos que

vêm sendo planejados, como a compra

de refinarias da Petrobrás e a ampliação

das atividades no segmento de energia

elétrica e gás natural. “Temos sócios na

maioria desses projetos”, disse.

Segundo Lutz, o cenário de liquidez

reduzida em meio à crise provocada

pelo novo coronavírus não deve alterar

as perspectivas de investimentos e

crescimento da Cosan. O executivo

disse que, até o momento, os negócios

da companhia não sofreram impacto.

25

No entanto, Lutz admitiu que algumas

áreas da empresa poderiam ser afetadas

pela desaceleração da economia

brasileira, em especial os negócios de

combustíveis e lubrificantes. “Nosso

negócio é resiliente. Acho que vamos

navegar com tranquilidade, apesar da

volatilidade.”

https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,cosan

-cria-companhia-para-atuar-nos-setores-de-gas-

natural-e-energia,70003226665

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Caderno: Mercado terça-feira 10 de março de 2020.

Saída de executivos e o efeito no mercado de capitais

Leonardo Cotta Pereira*

09 de março de 2020 | 16h30

Leonardo Cotta Pereira. Foto: Divulgação

Nesse início de 2020, o Comitê de

Orientação para Divulgação de

Informações ao Mercado (“CODIN”),

composto pelas principais entidades de

autorregulação do mercado financeiro e

de capitais brasileiro, divulgou o

Pronunciamento de Orientação nº 26,

para alertar e orientar às companhias

abertas acerca da importância quanto à

cautela necessária nos procedimentos

internos de governança corporativa das

empresas, quando da comunicação da

divulgação da saída de “Executivo

Relevante”. Isso porque a ausência ou

precariedade destes procedimentos

pode causar graves distorções na

intepretação dos investidores acerca da

estratégia, valor e/ou real situação da

empresa no mercado.

26

Com efeito, é consabido que a sociedade

como um todo, por curso natural da

evolução das mídias sociais, vem sendo

afetada cada vez mais pela poluição de

informações, as quais muitas das vezes

servem mais para a desinformação, do

que para a real intenção de

comunicação de determinado. Ocorre

que no mercado de capitais o efeito é

ainda mais grave, tendo em vista o

potencial de dano que uma informação

equivocada, mal explicada ou, até

mesmo, compartilhada de alguma

forma incompleta, pode causar nas

decisões de investimento dos

investidores da bolsa de valores

brasileira.

Neste sentido, de forma acertada, o

CODIN ressalta no Pronunciamento de

Orientação nº 26 a importância da

adoção de procedimentos internos e

formais para comunicação ao mercado

acerca da saída destes executivos, que,

de fato, representam para a percepção

pública, a real face da empresa e de sua

estratégia em geral.

Portanto, o CODIN aponta a

necessidade de que tal comunicação

seja realizada ao mercado sempre de

forma “transparente, tempestiva,

justificada e comentando o perfil

necessário ao substituto”, para que

assim a Companhia realize uma

estratégia de comunicação alinhada

com suas políticas internas, à legislação

da CVM e às regras de autorregulação,

tudo com a participação de seu Comitê

de Divulgação de Informações e de sua

Área de Relação com Investidores.

Em relação à necessidade de comentar

o perfil do eventual executivo

substituto, entendo que isso representa

uma forma de resposta da companhia

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ao mercado acerca da manutenção e/ou

reestruturação de sua estratégia de

atuação, já que é natural que os

investidores tomem suas decisões de

investimento com base em tal premissa.

Além disso, no Pronunciamento de

Orientação nº 26 restaram também

estabelecidas orientações objetivas para

as companhias adotarem em cenários

tanto de sucessões não planejadas,

quanto das planejadas.

Neste último caso, a companhia deve:

“1) comunicar de forma clara, objetiva

e transparente para dentro e fora da

Companhia; 2) divulgar como o

assunto é tratado pela Administração;

3) divulgar os nomes de possíveis

sucessores com alguma antecedência, a

não ser que isso possa prejudicar o

processo; e 4) comentar os motivos da

mudança esclarecendo os principais

objetivos a serem buscados.”

Já nos casos de sucessão não planejada,

como, por exemplo, nos eventos

extraordinários de envolvimento de

executivos com casos de repercussão

nacional negativa, o CODIN orienta às

companhias abertas a realizarem a

comunicação da seguinte forma: “1)

anunciar a mudança, tomando

cuidado para que a comunicação seja

respeitosa, mesmo em caso de

demissão; 2) caso a companhia não

tenha ainda definido o sucessor,

explicar como ficará a gestão durante

a transição e, informar o perfil

desejado para o novo ocupante do

cargo; e 3) preparar mensagens para

serem utilizadas diante de

questionamentos internos e externos.”

Por fim, o CODIN orienta as

companhias a sempre informarem da

forma mais transparente possível – em

linha com a comunicação externa – o

27

fato aos seus colaboradores, buscando

uma comunicação ágil, clara, objetiva e

transparente no ambiente interno,

assim como definindo as alçadas,

papeis e responsabilidade dos

executivos em relação aos

procedimentos internos da

comunicação da companhia.

Não obstante toda essa sinalização

positiva do CODIN, apenas trago à

reflexão de que o documento poderia

ter esclarecido com mais clareza qual

seria a extensão da expressão

“Executivo Relevante”. Isso porque, na

atual conjuntura das estruturas de

governança das companhias abertas,

observo cada vez mais um cenário

pulverizado e desverticalizado de níveis

de gestão, em que há relevante

especialização em cada diferente

fundamento da empresa (como

estratégico, financeiro, comercial, etc)

independentemente de seu grau de

hierarquia.

Portanto, entendo que um conceito

mais definido da referida expressão

seria mais útil para os fins do

pronunciamento. Nesse sentido, a

minha sugestão seria a de vincular a

expressão à materialidade da atividade

e não isoladamente o seu cargo e

posição hierárquica, já que, a depender

de sua especialização e grau de

relevância de sua atuação na atividade

empresarial, sua eventual saída pode

potencialmente acarretar relevante

alteração da estrutura de gestão, de

capital e de valor da empresa.

Em conclusão, acredito que, de toda

forma, no momento atual de

crescimento da educação financeira e

valorização da percepção da economia

popular acerca das opções de

investimento em bolsa de valores no

Brasil, o Pronunciamento de Orientação

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nº 26 do CODIN é essencial à

manutenção do desenvolvimento e

segurança do mercado de capitais

brasileiro, evitando, assim, falhas de

mercado por assimetria informacional,

as quais devem ser cada vez mais

combatidas pelas entidades de

autorregulação e pela Comissão de

Valores Mobiliários.

*Leonardo Cotta Pereira é sócio

do setor de Corporate & Finance

do escritório SiqueiraCastro,

Mestre em Direito pela Université

Montpellier I e especialista em

regulação do mercado financeiro,

mercado de capitais, private

equity, reestruturações

societárias e operações

financeiras estruturadas

https://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-

macedo/saida-de-executivos-e-o-efeito-no-mercado-

de-capitais/

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28

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Terça-feira, 10 de março de 2020

PROCESSO CIVIL

Sem juizados especiais da Fazenda Pública, caso deve ir à justiça comum

Nos casos em que o município não

tem instalação de Juizados Especiais da

Fazenda Pública, compete à justiça

comum estadual julgar apelação e não a

Turma Recursal dos Juizados.

Não cabe ao Juizado Especial julgar causas de

natureza alimentar, falimentar, fiscal e de

interesse da Fazenda Pública

Com esse entendimento, o ministro

Napoleão Nunes Maia Filho, do

Superior Tribunal de Justiça, anulou

acórdão para reconhecer a competência

da 9ª Câmara de Direito Público do

Tribunal de Justiça de São Paulo para

julgar uma ação de indenização por

danos morais.

No caso, o agravo foi interposto pelo

município de Taboão da Serra (SP)

contra decisão que entendeu que a

matéria se enquadrava no Juizado

Especial da Fazenda Pública e

determinou a remessa dos autos à

29

Turma Recursal Cível ou Mista de

Taboão da Serra.

O município sustentou no recurso

violação a artigos da Lei 9.099/1995,

que trata dos Juizados Especiais Cíveis

e Criminais. Entre eles, o 8º, segundo o

qual "não poderão ser partes, no

processo instituído por esta Lei, o

incapaz, o preso, as pessoas jurídicas de

direito público, as empresas públicas da

União, a massa falida e o insolvente

civil".

Além disso, a decisão que havia

inadmitido o recurso considerou que

"não há na Comarca, Vara do Juizado

Especial da Fazenda Pública instalada",

de modo que a competência "para

apreciação dos recursos é das

denominadas Turmas Recursais

referidas pelo artigo 98, inciso I, da

Constituição Federal".

Na decisão, da última quinta-feira

(5/3), o ministro do STJ acolheu o

recurso e apontou que a lei estabelece

que são excluídas da competência do

Juizado Especial as causas de natureza

alimentar, falimentar, fiscal e de

interesse da Fazenda Pública. "Dessa

forma é do Juízo da Comarca a

competência para processar o presente

feito", afirmou, citando que o STJ tem

entendimento no mesmo sentido.

Atuaram no caso os

advogados Richard Bassan e Ana

Paula Vivas.

Clique aqui para ler a decisão

REsp 1.516.245

Revista Consultor Jurídico, 10 de

março de 2020, 8h30

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Terça-feira, 10 de março de 2020

DEFESA PREJUDICADA

Anulada sentença proferida antes de produção de provas deferidas

Por Tadeu Rover

Por entender que houve cerceamento de

defesa, o Tribunal de Justiça de São

Paulo anulou sentença que julgou o

mérito antecipadamente com base em

provas emprestadas, sem a produção de

provas que havia sido deferida na

decisão saneadora.

A 9ª Câmara de Direito Privado do

Tribunal de Justiça de São Paulo

considerou ainda que as provas foram

emprestadas de uma ação criminal, que

não faz coisa julgada na esfera cível

quando a absolvição se funda na

insuficiência de provas.

Na ação, uma jovem afirma que foi

abusada sexualmente por outros dois

alunos dentro da escola, durante

horário de atividade escolar. Por isso,

ela e sua família pedem que a escola

seja condenada a pagar indenização por

danos morais, além de custear o

tratamento psicológico.

Na fase saneadora foi deferida a

produção de provas pedida pelos

autores da ação. Porém, a sentença de

mérito foi proferida antecipadamente

com base em prova emprestada do

processo criminal que absolveu, por

falta de provas, um dos alunos acusados

de ter praticado o abuso. O segundo,

foragido, não foi julgado.

30

Inconformada com a sentença surpresa,

a defesa da aluna recorreu ao TJ-SP

pedindo a nulidade da sentença, para

que sejam produzidas as provas. A

defesa foi feita pelos

advogados Ricardo Nacle e Renato

Montans.

Seguindo o voto da desembargadora

Angela Lopes, a 9ª Câmara de Direito

Privado, por maioria, decidiu anular a

sentença por entender que houve

cerceamento de defesa, garantindo o

direito à produção das provas.

A desembargadora afirmou que a

apuração de responsabilidade civil

possui regras próprias quanto à

distribuição dinâmica do ônus da prova,

diversas daquelas aplicadas na

apuração de responsabilidade penal e

por ato infracional.

Além disso, afirmou que a

responsabilidade civil de instituição de

ensino quanto a eventuais omissões nos

seus deveres de vigilância e cuidado que

não pode ser confundida com a

responsabilidade, no campo dos atos

infracionais, de seus alunos.

O caso do processo, complementou a

desembargadora, trata da

responsabilidade da escola pela

omissão de seu dever de zelar pela

integridade física de uma aluna, que

tinha 13 anos na época do episódio

narrado.

"Como não se pode deixar notar, a

controvérsia nestes autos não se cinge

apenas à constatação de ocorrência de

relações sexuais consentidas ou não

(atos infracionais) entre os

adolescentes, mas ao fato de que essas

se deram no recinto de um

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estabelecimento de ensino (sala de

aula) e no horário de atividades

escolares", afirmou.

A desembargadora destacou ainda que

não faz coisa julgada na esfera cível a

absolvição por insuficiência de prova da

prática do ilícito penal. "Apesar da

possibilidade (e eventual utilidade) do

uso de prova emprestada oriunda de

processo em que terceiros figuram

como partes, que o decreto absolutório

na esfera do ato infracional não

reconheceu categoricamente a

inexistência material do fato, obstando

que o julgamento de improcedência da

representação seja tomado para afastar

a investigação do fato tido como ilícito

na esfera cível", concluiu.

O advogado Ricardo Nacle, um dos

responsáveis pela ação, elogiou a

decisão: "O julgamento antecipado, em

um caso tão complexo como o ora

apresentado, encerrou decisão surpresa

e comportamento contraditório, na

medida em que, com base em um único

elemento de prova, concluiu pela não

ocorrência dos fatos descritos na inicial.

Andou muito bem o tribunal ao anular a

sentença".

Clique aqui para ler a decisão

Tadeu Rover é repórter da

revista Consultor Jurídico.

Revista Consultor Jurídico, 10 de

março de 2020, 9h35

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Terça-feira, 10 de março de 2020

Recomendações

OIT recomenda que Brasil garanta amplo direito à negociação coletiva

Órgão pede que o governo adote

medidas que coíbam atos antissindicais

e que facilitem negociação coletiva dos

trabalhadores autônomos.

A Comissão de Peritos em Aplicação de

Normas Internacionais da OIT concluiu

que o governo brasileiro deve tomar

medidas efetivas para garantir o amplo

direito à negociação coletiva. Em

relatório do Órgão, a Comissão analisou

a aplicação de dispositivos da reforma

trabalhista e fez solicitações ao governo,

dentre elas: medidas que coíbam atos

antissindicais e medidas para facilitar a

negociação coletiva dos trabalhadores

autônomos.

• Veja a íntegra do relatório.

O primeiro ponto analisado, foi sobre a

discriminação antissindical. O Comitê

solicitou ao governo que tome as

medidas necessárias para garantir que a

legislação estabeleça expressamente

sanções específicas suficientemente

dissuasivas contra todos os atos de

discriminação antissindical.

32

O Comitê ainda pediu ao governo tome

as medidas necessárias para rever a

611-A e 611-B da CLT, que versam

acerca de convenção coletiva e o acordo

coletivo de trabalho, a fim de enquadrar

com mais precisão as situações

excepcionais à legislação. O Comitê

ainda requereu que o governo tome

medidas para facilitar a negociação

coletiva dos trabalhadores autônomos,

prevista no art. 442-B, CLT.

A Comissão aponta que o Governo não

respondeu a duas questões: quais

medidas foram tomadas para se

garantir que os compromissos firmados

pelas convenções coletivas sejam

garantidos nos acordos (art. 620, CLT);

e sobre a necessidade de se alterar a

CLT (art. 623) de forma que a política

econômico-financeira do Governo não

represente entrave à negociação de

convenções e acordos coletivos.

O Comitê também expressou

preocupação sobre o direito de

representação sindical dos

trabalhadores rurais. Ainda segundo a

OIT, restam pendentes de adequação à

referida norma internacional

dispositivos da CLT que afetam o

direito à liberdade sindical, entre eles o

que proíbe a constituição de mais de

uma organização sindical da mesma

categoria profissional ou econômica em

dada base territorial, a chamada

unicidade sindical.

https://www.migalhas.com.br/quentes/321403/oit-recomenda-que-

brasil-garanta-amplo-direito-a-negociacao-coletiva

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Terça-feira, 10 de março de 2020

TJ/GO autoriza penhora on-line antes impedida por receio da lei de abuso de autoridade

Para desembargador Diácono Delintro

Belo de Almeida Filho, embora o

BacenJud seja invasivo às partes, ele

traz resultados mais eficazes e céleres.

Em decisão monocrática, o

desembargador Diácono Delintro Belo

de Almeida Filho da 4ª câmara Cível do

TJ/GO reformou sentença para

autorizar penhora online de devedor de

uma instituição financeira.

A juíza de 1º grau indeferiu a execução

de penhora de ativos financeiros nas

contas bancárias dos executados, via

sistema BacenJud, com receio de ser

enquadrado na lei de abuso de

autoridade: “Infelizmente o advento da

lei de abuso de autoridade obsta a

atuação do magistrado no sentido de

garantir efetividade à satisfação do

crédito, indo de encontro com o

princípio da cooperação que garante a

tutela justa e efetiva em tempo

razoável.”

35

A instituição financeira interpôs

recurso, sob a alegação de que a

penhora de valores online teria

preferência na gradação legal prevista

no artigo 835 e 854 do CPC. A defesa

também alegou que o temor frente à lei

de abuso de autoridade é desnecessário,

uma vez que, uma eventual punição só

seria justificada se houvesse dolo da

juíza ou excessividade da medida,

situações não verificadas no caso.

Ao analisar o recurso, o desembargador

Diácono Delintro Belo de Almeida

Filho, em decisão monocrática,

esclareceu que o sistema BacenJud

diminuiu o tempo da tramitação da

execução:

“O sistema eletrônico BacenJud tornou

mais rápido, seguro e econômico

enviar ordens judiciais ao Sistema

Financeiro Nacional, pois o Juiz de

Direito, de posse de uma senha

previamente cadastrada, preenche um

formulário na Internet, solicitando as

informações necessárias ao processo,

ou a medida que entende cabível e o

sistema BacenJud repassa

automaticamente as ordens judiciais

para os bancos, diminuindo o tempo de

tramitação.”

Para o desembargador, embora o

sistema seja invasivo às partes, ele traz

resultados mais eficazes e céleres.

Quanto a alegação de impossibilidade

de realização da pesquisa em razão do

possível enquadramento da conduta em

crime de responsabilidade, o

magistrado entendeu que o juízo de

origem não possuía razão, uma vez

que “a decisão somente poderá ser

abusiva quando contrariar a lei ou

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quando foi proferida em manifesta

teratologia”.

O magistrado também esclareceu que o

sistema on-line já dispões de

mecanismo com contraordem para

desbloqueio do excesso, justamente

para evitar qualquer abuso ou

desnecessidade da medida.

Com este entendimento, o

desembargador determinou a reforma

da sentença para possibilitar o bloqueio

eletrônico via BacenJud.

A instituição financeira foi representada

pelos advogados Djeison Scheid e

Rafael Maciel.

• Processo: 5052615.55.2020.8.0

9.0000

Veja a decisão.

https://www.migalhas.com.br/quentes/321397/tj-go-autoriza-

penhora-on-line-antes-impedida-por-receio-da-lei-de-abuso-de-

autoridade

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Terça-feira, 10 de março de 2020

Contrariando reforma, TST concede justiça gratuita por mera declaração de pobreza

A ação foi ajuizada por bancário na

vigência da reforma trabalhista.

Bancário consegue benefício da

assistência judiciária gratuita em ação

ajuizada na vigência da reforma

trabalhista. A decisão foi confirmada

pela 2ª turma do TST. Para os

magistrados, a declaração do

empregado de que não teria condições

financeiras de arcar com as despesas do

processo é suficiente para comprovar

sua condição de hipossuficiente.

Em vigor desde novembro de 2017, a

reforma trabalhista inseriu o parágrafo

4º no artigo 790 da CLT para

estabelecer que o benefício da justiça

gratuita será concedido “à parte que

comprovar insuficiência de recursos

para o pagamento das custas do

processo”. O empregado, em audiência,

declarou pessoalmente sua condição de

hipossuficiência, aceita pelo juízo de 1°

grau para garantir o direito.

37

Ao recorrer ao TRT da 6ª região, o

banco onde o autor da ação trabalha

sustentou que a mera declaração de

pobreza não seria o bastante para

comprovar a situação econômica, pois o

bancário, ao juntar aos autos os

contracheques, teria demonstrado ter

condições de arcar com as custas do

processo.

O TRT, no entanto, negou provimento

ao recurso com base no artigo 99,

parágrafo 3°, do CPC, que presume

verdadeira a alegação de insuficiência

deduzida exclusivamente por pessoa

natural.

O relator do recurso, ministro José

Roberto Pimenta, observou que, de

acordo com a jurisprudência do TST

(súmula 463, com redação adaptada ao

novo CPC), a declaração de

insuficiência de recursos firmada pelo

declarante ou por seu advogado é

suficiente para configurar a situação

econômica. Segundo o ministro, a nova

redação da CLT sobre a matéria não é

incompatível com a do CPC.

“As duas normas podem e devem ser

aplicadas conjuntamente. Conclui-se,

portanto, que a comprovação a que se

refere o parágrafo 4º do artigo 790 da

CLT pode ser feita mediante

declaração de miserabilidade da

parte.”

Por unanimidade, a turma negou

provimento ao recurso.

• Processo: 340.21.2018.5.06.0001

Veja a decisão.

Informações: TRT

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Terça-feira, 10 de março de 2020

Decisões judiciais afastam contribuições previdenciárias sobre stock options

Decisões de TRFs definem que o

benefício não tem caráter

remuneratório. Jurisprudência do

Carf é oposta

• ALEXANDRE LEORATTI

BRASÍLIA

Cédulas de dinheiro. Foto: Marcos

Santos/USP Imagens

Recentes decisões de tribunais

regionais federais afastam a

incidência de contribuições

previdenciárias sobre os planos de

stock option, também conhecidos

como opções de venda de ações,

oferecidos por grandes empresas a

funcionários do alto escalão.

As decisões são contrárias à

jurisprudência do Conselho

Administrativo de Recursos Fiscais

(Carf), principalmente da Câmara

Superior, e representam ganhos de

causa aos contribuintes em um

assunto que, ultimamente, gera

38

pequenas chances de vitória na esfera

administrativa.

Para tributaristas entrevistados

pelo JOTA, as recentes decisões no

Judiciário representam uma

esperança para que grandes

empresas, como as instituições

financeiras, consigam afastar a

incidência de contribuições

previdenciárias sobre o benefício

pago a diretores e executivos.

Entretanto, para advogados, ainda é

cedo para afirmar que já há uma

jurisprudência formada na Justiça.

No entendimento dos especialistas,

ainda será necessário aguardar que o

Superior Tribunal de Justiça (STJ)

analisar o tema.

Natureza Remuneratória ou

Mercantil?

O plano de stock option clássico tem

como objetivo principal melhorar a

relação entre o empregador e o

empregado. Há diversos modelos de

plano. A empresa costuma oferecer ao

funcionário a opção de compra de

ações a um valor pré-determinado.

Após um certo período de tempo

estabelecido na outorga, o funcionário

pode vender suas ações com um preço

mais vantajoso e ter um lucro maior.

As decisões favoráveis aos

contribuintes, majoritariamente

proferidas no Tribunal Regional

Federal da 3ª Região (TRF3),

asseveram que os planos de stock

options não têm natureza

remuneratória, mas sim mercantil.

No Carf, em somente 7% dos casos o

auto de infração é cancelado pela

natureza mercantil do plano. Em 63%

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dos processos o auto de infração é

mantido. Os 30% restantes também

são de cancelamentos de auto de

infração. Entretanto, o motivo é o

erro de apuração da fiscalização, e

não a natureza do plano de stock

option. O levantamento foi feito pelo

escritório Mannrich e Vasconcelos

Advogados.

Na Câmara Superior, última instância

do Carf, as derrotas aos contribuintes

costumam se dar pelo voto de

qualidade, proferido pelo presidente

da turma, representante do Fisco,

como forma de desempate.

No TRF3, as decisões judiciais a favor

dos contribuintes são de 2018 e 2019

e também envolvem pessoas físicas

que participaram dos planos de stock

option. Em uma das decisões, de maio

de 2019, a União perdeu um recurso

no qual solicitava a incidência de

contribuições previdenciárias. O

processo envolve uma investidora que

participou de um programa do

benefício de sua companhia.

Segundo a magistrada responsável

pelo acórdão, a desembargadora

federal Cecilia Maria Piedra

Marcondes, o programa de stock

option praticado pela contribuinte

constitui relação jurídica “distinta da

relação de emprego, cuja adesão

depende da voluntariedade dos

empregados interessados em assumir

o risco do mercado financeiro, não se

traduzindo em espécie de

contraprestação laboral”. O processo

tramita com o número 5003801-

81.2018.4.03.0000.

Diferentemente do que argumenta a

União, a desembargadora assevera em

sua decisão que as condições para a

futura compra de ações são

39

estabelecidas mediante “contratação

firmada em momento anterior ao

exercício da opção, de sorte que

eventual vantagem econômica só

poderá ser verificada no momento da

efetiva opção”.

Também no TRF3, em maio de 2019,

a primeira turma do tribunal, por

maioria de votos, deu provimento ao

agravo de instrumento da empresa

Tonini Distribuidora Ltda e afastou a

incidência de contribuições

previdenciárias sobre o plano de stock

option da empresa. O processo

tramita com o número 0010061-

06.2015.4.03.6100.

Segundo o relator do caso, o

desembargador federal Hélio

Nogueira, as operações e os ganhos ou

perdas decorrentes do plano de

opções de ações da empresa não são

regidas pelo contrato de trabalho e,

consequentemente, não possuem

“natureza de contraprestação laboral,

motivo pelo qual não há o que se falar

em incidência da contribuição

previdenciária”.

No mesmo tribunal, o Itaú Unibanco

S/A ganhou ação contra a União em

decisão da 3ª Turma do TRF3. O

julgamento foi em dezembro de 2018.

O relator do caso, desembargador

federal Antonio Carlos Cedenho,

afastou a natureza trabalhista do

plano de stock options. Para o

magistrado, o desempenho individual

e produtividade de cada trabalhador

não garante necessariamente uma

lucratividade nas vendas de ações.

“Isso porque o acréscimo patrimonial

efetivo depende do comportamento

do mercado de capitais, no qual a

competência e a eficiência do agente

econômico não são fatores

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exclusivos”, afirma o desembargador

federal. O processo tramita com o

número 5000453-55.2018.4.03.0000.

Há pelo menos nove processos com

decisões sobre a incidência de

contribuições previdenciárias sobre

planos de stock options. Também

existem outros processos que

discutem a natureza remuneratória

dos programas de opções de ações,

mas não envolvem diretamente a área

previdenciária.

No Tribunal Regional Federal da 2ª

Região (TRF2), tributaristas

destacaram a decisão de dezembro

de 2018 que também afastou a

incidência das contribuições

previdenciárias sobre planos de opção

de compra de ações. O processo

envolve um ex-executivo da

Qualicorp.

O relator do processo, desembargador

federal Marcus Abraham, afirma que

o plano de stock option não possui o

caráter “contraprestativo de uma

parcela salarial”. Para ele, o objetivo

do plano é atrair e alinhar os

interesses dos beneficiários aos

interesses dos acionistas e da própria

empresa.

“As referidas opções de compra não se

caracterizam como comissões, nem

gratificações, abonos ou prêmios,

tampouco, salário-utilidade, já que o

empregado/administrador ao adquirir

as ações, adquire onerosamente,

podendo, no futuro, lucrar ou não

com elas”, afirma o magistrado.

Futuro das decisões

Apesar das decisões favoráveis aos

contribuintes, a sócia do Lefosse

Advogados Joana Liu diz que ainda é

40

cedo para afirmar que já há uma

jurisprudência formada nos TRFs a

favor dos contribuintes. Para ela, as

decisões ainda são divididas de

acordo com a turma responsável pelo

julgamento.

“Conseguimos ver um grupo de

decisões favoráveis. Outro grupo é

desfavorável, com uma maior

aproximação da jurisprudência do

Carf. O ganho não é certo. É uma

análise do caso a caso”, afirma a

advogada. Para ela, o Judiciário

representa uma esperança aos

contribuintes, entretanto o tema não

será definido até que o STJ julgue

algum dos processos sobre o assunto.

O principal caso que aguarda o

julgamento do STJ é o resp 1.737.555,

da empresa Skansa Brasil Ltda, uma

multinacional de construção. O

processo chegou ao gabinete do

ministro Francisco Falcão, relator do

processo, em abril de 2018, e não há

previsão de inclusão em pauta.

Advogados afirmaram ao JOTA que

há casos considerados abusivos de

Stock Options, com preços de ações

com um valor muito inferior à média

do mercado. Esses casos de abuso,

segundo o tributaristas, colaboraram

para que o Carf seguisse uma

jurisprudência desfavorável aos

contribuintes. Entretanto, os valores

pagos a título da venda de ações não

seriam uma forma de remunerar da

empresa.

Para Breno Vasconcelos, sócio do

Mannrich e Vasconcelos Advogados,

não há remuneração nos planos de

stock options. “Não está associado à

prestação de serviços. A empresa

concede a opção de compra, mas os

acionistas são diluídos, ou seja,

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suportam os efeitos do plano de stock

options. O objetivo é reter talentos e

ter uma convergência de interesses

entre empregados e stakeholders com

a companhia”, explica o advogado.

Julio Cesar Soares, sócio do

Advocacia Dias de Souza, explica que

a discussão no Judiciário e no Carf

tem a mesma premissa: o plano de

stock option não pode ser uma

“remuneração disfarçada”.

Entretanto, na visão do tributarista, o

Carf, em algumas decisões, pode

adotar uma interpretação mais

restritiva dos fatos. “Da mesma

forma, o Carf também tem gerado

boas premissas aos contribuintes. Se

eu fosse o cliente, não pularia a

discussão no Carf para ir direto ao

Judiciário”, diz o advogado.

Na análise de Thaís Veiga Shingai,

também sócia do Mannrich e

Vasconcelos, a atual jurisprudência

desfavorável no Carf gera

consequências negativas aos

funcionários e empresas. “Há um

custo na gestão de pessoas. Os

beneficiários também são

responsabilizados ou sofrem autos de

infração na pessoa física”, afirma.

Ela conclui que no Carf decisões

favoráveis aos contribuintes são

normalmente proferidas por erros da

fiscalização. “Quando analisamos a

natureza jurídica dos planos de stock

options, o entendimento [do Carf] é

preponderantemente desfavorável”,

afirma.

41

ALEXANDRE LEORATTI –

Repórter em Brasília

https://www.jota.info/tributos-e-empresas/tributario/stock-

option-10032020

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Terça-feira, 10 de março de 2020

AGU defende MP que elimina pagamento por música em quarto de hotel e navios

Para órgão, se quarto de hotel é de

uso privado e inviolável, execução de

música em seu interior não é pública

• LUIZ ORLANDO CARNEIRO

Crédito: Pixabay

A necessidade de iniciativas urgentes

do poder público a fim de ver cessada

a espiral negativa em que estão

inseridos o turismo nacional e o setor

hoteleiro em especial é o argumento

central da presidência da República

em defesa da medida provisória (MP

907/2019) que extinguiu o pagamento

de direitos autorais em quartos de

hotéis e cabines de “embarcações

aquaviárias”.

A manifestação da Advocacia-Geral

da União (AGU), enviada ao Supremo

Tribunal Federal (STF) nesta

segunda-feira (9/3), contesta a ação

direta de inconstitucionalidade (ADI

6.295) ajuizada pela Ordem dos

Advogados do Brasil (OAB) contra a

MP de dezembro último, da qual é

relatora a ministra Rosa Weber.

42

A OAB considera que a locação de

quartos de hotéis e de cabines em

navios e barcos envolve a prestação

de serviços sob a forma de pacote.

Assim, a exploração dos conteúdos de

rádio e televisão gera proveito

econômico, no contexto de atividade

comercial, configurando ainda

atividade de retransmissão de

conteúdo. Ou seja, não se poderia

privar os artistas de “remuneração

ligada à exploração de sua

propriedade intelectual”.

Razões do Planalto

Dentre as razões alinhadas pela AGU

em defesa da MP 907, constantes de

pareceres aprovados pelo advogado-

geral André Mendonça, destacam-se

os seguintes:

– “A jurisprudência do colendo STF

entende o quarto de hotel como

extensão da própria casa, isto é, de

uso privado, individual e inviolável,

circunstância em que, no momento da

ocupação de um quarto por um

hóspede, este torna-se um bem de uso

exclusivo e privado, pelo tempo

determinado de sua ocupação. Por

conseguinte, a mera disponibilização

do serviço de TV por assinatura aos

hóspedes, não configura hipóteses de

execução pública, pois a simples

disponibilidade não se confunde com

o fato concreto do uso dos serviços”.

– “Além disso, salienta-se informar

que as próprias operadoras de TV por

assinatura ou de divulgação

assemelhada (streamings) já

recolhem essas mesmas taxas do

ECAD, não sendo possível quantificar

quantos hóspedes assistiram ou não a

uma apresentação artística dentro de

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um quarto de hotel. Isto é, o que se

tem é uma expectativa, e não há como

se tributar expectativa, tratando-se de

cobrança subjetiva.

– “Verifica-se, diante disso, que o

custo incidente desta indiscriminada

cobrança da taxa dos direitos autorais

onera excessivamente todos os

envolvidos na cadeia produtiva,

sendo, por fim, repassado ao

consumidor, o que acarreta

inexoravelmente a exclusão do acesso

a tais bens e serviços às camadas

menos favorecidas da população,

consoante diversos estudos e

levantamentos que antecederam a

edição da Medida Provisória n°

907/2019”.

– “Quanto à alegação de ausência do

requisito da urgência na edição da

medida provisória por já haver

proposição sobre o mesmo tema em

trâmite no Congresso Nacional,

observa-se não se tratar de óbice. Ao

revés, a notória morosidade do

processo legislativo ao tratar de

assunto de tamanho destaque apenas

reforça a premência e a relevância de

se instar os parlamentares à reflexão

e ao debate político sobre a matéria,

sem caracterizar, em absoluto, ofensa

ao primado da independência e

harmonia dos Poderes”.

Leia a manifestação da AGU na

ADI 6.295.

LUIZ ORLANDO CARNEIRO –

Repórter e colunista

https://www.jota.info/stf/do-supremo/agu-defende-mp-que-

elimina-pagamento-por-musica-em-quarto-de-hotel-e-

navios-10032020

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