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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ VANESSA REGINA GELAK MONOGRAFIA CLUBE DE INVESTIMENTOS PARA MULHERES: A PARTICIPAÇÃO DAS MULHERES NO MERCADO DE CAPITAIS ITAJAÍ 2012

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

VANESSA REGINA GELAK

MONOGRAFIA CLUBE DE INVESTIMENTOS PARA

MULHERES:

A PARTICIPAÇÃO DAS MULHERES NO MERCADO DE CAPITAIS

ITAJAÍ 2012

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VANESSA REGINA GELAK

MONOGRAFIA CLUBE DE INVESTIMENTOS PARA

MULHERES: A PARTICIPAÇÃO DAS MULHERES NO

MERCADO DE CAPITAIS

Trabalho de Iniciação Científica desenvolvido para a disciplina Mercado de Capitais do Curso de Administração do Centro de Ciências Sociais Aplicadas - Gestão da Universidade do Vale do Itajaí.

Orientador: Prof. Dr. Ivanir Schroeder

ITAJAÍ 2012

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“Seu trabalho vai preencher uma parte grande da sua vida, e a única maneira de

ficar realmente satisfeito é fazer o que você acredita ser um ótimo trabalho. E a única maneira de fazer um excelente trabalho é

amar o que você faz." (Steve Jobs).

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Agradeço a todos que compartilharam comigo este

caminho. À Instituição Univali, por fomentar grandiosamente o

ensino, a pesquisa e extensão. Aos mestres, por disseminar a busca incessante pelo

conhecimento. Aos amigos, absolutamente especiais em cada conquista.

A minha querida mãe, pelos ensinamentos princípios e valores.

Sobretudo, aos meus amores Valenthine e Claudio, fonte de motivação do começo ao fim.

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EQUIPE TÉCNICA

a) Nome do estagiário

Vanessa Regina Gelak

b) Área de estágio

Administração Financeira

c) Supervisor de campo

Prof. Ivanir Schroeder

d) Orientador de estágio

Prof. Ivanir Schroeder

f) Professor responsável pelo estágio

Prof. Eduardo Krieger da Silva

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DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DA EMPRESA

a) Razão social

CRA/SC 7265 Ivanir Schroeder

b) Endereço

Av. Joca Brandão nº 111

c) Setor de desenvolvimento do estágio

Mercado de Capitais

d) Duração do estágio

240 horas

e) Nome e cargo do orientador de campo

Prof. Dr.Ivanir Schroeder

f) Carimbo e visto da empresa

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RESUMO

A participação ativa das mulheres no mercado de capitais tem aumentado consideravelmente nos últimos anos, estudos revelam que este público feminino está cada vez mais informado no que tange investimentos. Por ser um canal de captação de recursos o mercado de capitais beneficia a todos que nele interagem, dessa maneira, permite o desenvolvimento das empresas e geração de novos empregos, além, de contribuir para o progresso do país incentivam pessoas físicas e jurídicas, homens e, principalmente, as mulheres a poupar e multiplicar seu patrimônio por meio de investimento. O presente trabalho procurou abordar de forma clara e sucinta os principais investimentos financeiros, com foco nos clubes de investimento para mulheres. Nesse contexto, o trabalho objetivou também descrever a estrutura do mercado de capitais brasileiro; apontar as possibilidades de investimentos financeiros; demonstrar o funcionamento dos clubes de investimento e levantar dados sobre os clubes de investimentos destinados às mulheres. O método de pesquisa foi de caráter qualitativo com elementos quantitativos, porque descreveu a situação por meio de investigação bibliográfica obtido em livros, jornais, periódicos e, sobretudo em sites especializados como a da Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros. (BM&F/BOVESPA). Palavras-chave: Mercado de Capitais. Investimentos. Clube de investimento.

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ABSTRACT

The active participation of women in the capital market has grown considerably in recent years, studies show that female audience is increasingly informed regarding investments. Being a channel for raising funds the capital market benefits everyone in it interact in this way allows the development of businesses and creating new jobs, in addition, contribute to the progress of the country encourage individuals and corporations, men and especially women to save and multiply its assets through investment. The present study sought to address clearly and succinctly the major financial investment, with a focus on investment clubs for women. In this context, the work also aimed to describe the structure of the Brazilian capital market, pointing out the possibilities of investments; demonstrate the operation of investment clubs and gathering data about investment clubs for women. The research method was qualitative with quantitative elements, because the situation described by the research literature obtained from books, newspapers, periodicals and mainly in specialized sites such as the BM&FBovespa. Keywords: Capital Markets. Investments. Investment club for women.

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LISTA DE SIGLAS

ANBIMA - Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de

Capitais.

BACEN - Banco Central

BM&F/BOVESPA - Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros

CEF – Caixa Econômica Federal

CEMEC - Centro de Estudos de Mercado de Capitais

CVM - Comissão de Valores Mobiliários

CMN – Conselho Monetário Nacional

ENEF - Estratégia Nacional de Educação Financeira

IBEMEC - Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

IR – Imposto de Renda

FGC – Fundo Garantidor de Crédito

SFN - Sistema Financeiro Nacional

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LISTAS DE FIGURAS

Figura 1 - Função administrativa............................................................................22

Figura 2 – Estrutura do Sistema Financeiro Nacional............................................... 27

Figura 3 - Remuneração da caderneta de poupança ............................................... 46

Figura 4 - Nova regra da poupança .......................................................................... 47

Figura 5 – Participantes do Clube de investimento - Beardstown Ladies ................. 78

Figura 6 – Participantes do clube “Mulherinvest”. ..................................................... 79

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Previdência Pública .................................................................................40

Gráfico 2 - Aumento do tesouro direto.......................................................................51

Gráfico 3 - Parcela de renda investida ..................................................................... 81

Gráfico 4 - Tipos de investimentos (com caderneta de poupança) ........................... 81

Gráfico 5 - Tipos de investimentos (sem caderneta de poupança). .......................... 82

Gráfico 6 - Motivos para realizar investimentos ........................................................ 82

Gráfico 7 - Percepção em relação a finanças pessoais ............................................ 83

Gráfico 8 - Perfil de investimento do público feminino...............................................84

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Coleta e análise de dados ...................................................................... 18

Quadro 2 - Segmento do mercado financeiro - objetivos e prazos ........................... 25

Quadro 3 - Principais atribuições do BACEN. .......................................................... 32

Quadro 4 - Axiomas de Zurique ............................................................................... 38

Quadro 5 - Opções de títulos Federais .................................................................... 51

Quadro 6 - Principais tipos de investimentos e suas características ........................ 52

Quadro 7 - Distribuição da participação de investidores homens e mulheres ........... 53

Quadro 8 - Investidores por Estado .......................................................................... 54

Quadro 9 - Histórico dos Clubes de investimentos ................................................... 68

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – PGBL x VGBL ........................................................................................ 40

Tabela 2 – Remuneração da caderneta de poupança. ............................................. 47

Tabela 3 – IOF para aplicações financeiras de Renda Fixa.......................................49

Tabela 4 – Participação das mulheres no mercado de capitais. .............................. .76

Tabela 5 – Investidoras perfil faixa etária ............................................................... ..76

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 14 1.1 Objetivo geral ............................................................................................. 15 1.2 Objetivos específicos ................................................................................. 15 1.3 Justificativa ................................................................................................ 16 1.4 Aspectos metodológicos ............................................................................ 17 1.5 Tipo de pesquisa........................................................................................ 17 1.6 Técnicas de coleta e análise dos dados ..................................................... 18

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................................ 19 2.1 Administração ............................................................................................ 19 2.1.1 Funções do Administrador .................................................................... 21 2.1.2 Administração Financeira ..................................................................... 23 2.1.3 Mercado Financeiro ............................................................................... 24 2.1.4 Sistema Financeiro Nacional ................................................................. 26 2.1.5 Conselho Monetário Nacional ............................................................... 28 2.1.6 Comissão de Valores Mobiliários ......................................................... 29 2.1.7 Banco Central do Brasil ......................................................................... 31

3 INVESTIMENTOS FINANCEIROS .................................................................... 34 3.1.1 Investimentos Imobiliários .................................................................... 38 3.1.2 Previdência Privada ............................................................................... 39 3.2 Ativos ......................................................................................................... 41 3.2.1 Ativos Privados de Renda Variável ....................................................... 41 3.2.2 Ativos Privados de Renda Fixa ............................................................. 44 3.2.3 Ativos Públicos de Renda Fixa ............................................................. 50 3.3 Tipo de investidor....................................................................................... 52

4 MERCADO DE CAPITAIS ................................................................................ 55 4.1 Trajetória do Mercado de Capitais ............................................................. 56 4.2 Bolsa de Valores ........................................................................................ 58 4.2.1 Educação e divulgação dos mercados ................................................. 60 4.3 Corretoras de Valores ................................................................................ 64 4.4 Definição de Clube de Investimento ........................................................... 65 4.4.1 Vantagens do Clube de Investimento ................................................... 67 4.4.2 Estatuto do Clube de Investimento ....................................................... 71 4.4.3 Registro do Clube de Investimento ...................................................... 72

5 CLUBE DE INVESTIMENTOS PARA MULHERES .......................................... 75 5.1 As Beardstown Ladies ............................................................................... 77 5.2 Mulherinvest .............................................................................................. 78 5.3 O Perfil da mulher investidora .................................................................... 80

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 87 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 89 ASSINATURA DOS RESPONSÁVEIS .................................................................... 93 ANEXOS .................................................................................................................. 94 (ANEXO A) .............................................................................................................. 95 (ANEXO B) ............................................................................................................ 100 (ANEXO C) ............................................................................................................ 101 (ANEXO D) ............................................................................................................ 102 (ANEXO E) ............................................................................................................ 103

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(ANEXO F) ............................................................................................................ 104 (ANEXO G) ............................................................................................................ 105 (ANEXO H) ............................................................................................................ 106 (ANEXO I) .............................................................................................................. 107

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1 INTRODUÇÃO

Não há crescimento econômico sem crescimento das empresas,

portanto quanto mais desenvolvida se torna uma economia, mais ativo será seu

mercado de capitais, refletindo em oportunidades não somente para as

empresas e instituições, mas, principalmente para as pessoas que estão

inseridas na sociedade. Dessa forma, é condição indispensável que se

abandonem ideias antigas, empíricas e errôneas ou até mesmo desconhecidas

culturalmente sobre o que realmente significa e acrescenta o mercado de

capitais. Compreender e entender definitivamente como esta “troca” funciona e

favorece o crescimento da economia, é uma ótima maneira de não limitar o

próprio conhecimento e, certamente, obter uma visão sobre o que o mercado

acionário pode proporcionar a todos os envolvidos.

Cabe evidenciar que todo investidor busca a otimização de quatro

aspectos básicos em um investimento tais como retorno, prazo, proteção e

liquidez, seja em renda fixa ou variável. Dessa maneira, Assaf Neto (2009)

relata que o mercado acionário é um mercado de risco, por isso, cabe ao

investidor definir o nível de risco que está disposto a correr e descobrir em qual

perfil ele se encaixa (conservador, moderado ou arriscado), na busca de obter

uma maior ou menor lucratividade a curto, médio ou longo prazo.

Nesse sentido, diversos investimentos podem ser realizados no mercado

de capitais, dentre eles estão os Clubes de Investimentos, uma ótima opção

para quem quer investir em ações, mas não possui conhecimento ou tempo

para atuar nessa área, uma alternativa que visa além da prática de

investimentos, estimular a educação financeira, de maneira democrática e

participativa.

Dentre os clubes de investimentos mais segmentados, existem os “Clubes de

Investimentos para Mulheres” destinados a potenciais investidoras que vislumbram a

ideia de participar do mercado de capitais, porém de uma maneira menos tradicional

e mais atrativa. Diante desse cenário, convém enfatizar que, atualmente, o programa

“Mulheres em Ação” tem o propósito de desmistificar o mundo acionário para o

público feminino, disponibilizando conteúdos que orientem, incentivem e

proporcionem conhecimentos sobre finanças e investimentos.

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Observando esses aspectos pode-se constatar a importância da

compreensão desse tema perante uma economia em desenvolvimento,

sobretudo no que se refere ao avanço da participação feminina em um setor

predominantemente masculino, ou seja, o acesso cada vez maior das mulheres

ao mercado de capitais.

1.1 Objetivo geral

Markoni e Lakatos (2007) apresentam o objetivo geral como uma visão

sistêmica do tema, enfatizando que ele está vinculado ao significado da tese

proposta pelo projeto. No que tange objetivo geral, este trabalho visa descrever

os principais investimentos financeiros, com foco nos clubes de investimento

para mulheres e sua participação no mercado de capitais.

1.2 Objetivos específicos

Para que seja plausível a realização do objetivo geral, torna-se

fundamental elaborar os objetivos específicos. Corroborando com essa

afirmação, Roesch (2007) salienta que tais objetivos são os que

operacionalizam e especificam como se pretende atingir o objetivo que é

proposto na pesquisa. Dessa maneira, em consonância com o objetivo geral

deste trabalho foram construídos os objetivos específicos a seguir:

Apontar as possibilidades de investimentos financeiros;

Descrever a estrutura do mercado de capitais brasileiro;

Demonstrar o funcionamento dos clubes de investimento;

Levantar dados sobre os clubes de investimentos destinados às

mulheres.

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1.3 Justificativa

O mercado acionário vem adquirindo uma crescente importância no

cenário financeiro nacional e internacional, e no desenvolvimento econômico

dos países, especialmente porque “proporcionou os meios para prognosticar as

taxas futuras de crescimento do capital, da produtividade e da renda per capita”

(BM&FBOVESPA, 2012).

A oportunidade de estudos em investimentos no mercado de capitais é

atraente para pessoas físicas e jurídicas, homens e mulheres que almejam

ingressar nesse mercado e até mesmo para os profissionais de outras áreas

que desejam atualizar seus conhecimentos, pois se trata de um setor que está

em constante desenvolvimento.

A originalidade do estudo está no fato de que clubes de investimentos

para mulheres, embora pouco explorado, é um tema relevante, atual e com

segmento em expansão. Igualmente, há o intuito que, esta análise possa

incentivar as mulheres a se tornarem futuras investidoras, evoluindo e

conquistando seu espaço na sociedade moderna.

Tem significativa importância para a Universidade o estudo e a pesquisa

na área de mercado de capitais, pois proporcionará aos alunos que venham a

se aprofundar nesse tema, mais um meio de pesquisa e compreensão desse

campo.

Na mesma concepção, para a acadêmica este trabalho proporcionará

melhor aprofundamento sobre o mercado acionário e resultará em uma gama

de conhecimento teórico, que refletirá positivamente em seu crescimento

pessoal e, principalmente, profissional.

Verifica-se nessa perspectiva que, futuramente para a acadêmica, a

viabilidade de implantação de um clube de investimento para mulheres, poderá

também ser aproveitada como uma oportunidade para as corretoras de valores

pertencentes à região, pois se trata de um diferencial no que se refere a Clubes

de Investimentos, ou seja, uma segmentação que pode aumentar

potencialmente a prospecção feminina no portfólio das corretoras.

No que tange ao fator tempo, o período de 12 meses na construção do

trabalho foi suficiente para sua conclusão. Já referente ao fator monetário, os custos

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apenas foram com material didático e impressão, já que o acesso às informações

não tiveram nenhuma despesa.

1.4 Aspectos metodológicos

Como evidencia Roesch (2005, p. 117), “a metodologia descreve como o

trabalho será realizado”, portanto, neste capítulo será abordada a metodologia

da pesquisa utilizada na elaboração do trabalho, enfatizando tipo de pesquisa,

área de abrangência, coleta e tratamento, apresentação e análise dos dados.

Para a realização da pesquisa diagnóstica foi necessário à utilização do

método qualitativo, por meio de consulta bibliográfica e o método quantitativo

por meio de levantamento de dados. Quanto aos fins, pode-se dizer que o nível

da pesquisa é exploratório-descritiva.

Na realização do estudo, as técnicas de coleta de dados são por meio

de levantamento bibliográfico em livros, revistas, jornais, sites e artigos na

internet e também por meio de questionários, entrevistas, relatórios, índices,

entre outros.

1.5 Tipo de pesquisa

Este trabalho é de caráter qualitativo com elementos quantitativos,

porque descreve a situação, no sentido de entender os resultados obtidos.

Os estudos que empregam uma metodologia qualitativa podem

descrever a complexidade de determinado problema, analisar a interação de

certas variáveis, compreender e classificar processos dinâmicos vividos por

grupo e possibilitar, em maior nível de profundidade, o entendimento das

particularidades do comportamento dos indivíduos (RICHARDSON, 1999).

Foi utilizada a pesquisa bibliográfica, que “tem por finalidade conhecer

as diferentes formas de contribuição científicas que se realizaram sobre

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determinado assunto ou fenômeno” (OLIVEIRA, 2000, p.119). Esta pesquisa é

do tipo descritiva, pois envolve técnicas padronizadas de coleta de dados,

assumindo em geral a forma de um levantamento.

O trabalho descritivo procura abranger aspectos gerais e amplos de um contexto social [...] É certamente o tipo de estudo mais adequado quando o pesquisador necessita obter melhor entendimento a respeito do comportamento de vários fatores e elementos que influem sobre determinados fenômenos. (OLIVEIRA, 2000, p. 114-115).

Para a realização do trabalho foram utilizadas fontes secundárias,

informações obtidas por meio de livros, jornais, revistas, periódicos e sites

especializados. No que se refere à apresentação dos dados coletados, foram

utilizados textos explicativos e ilustrações como gráficos e tabelas.

1.6 Técnicas de coleta e análise dos dados

O quadro 1 abaixo descreve as informações referentes às técnicas de

coleta e de análise de dados, como afirmam Marconi e Lakatos (2007), este

procedimento é a aplicação dos instrumentos elaborados e as técnicas

selecionadas para realização da pesquisa.

Objetivos Fontes Participantes Técnicas e Procedimentos de coleta

Técnica de Análise

1,2,3,4 Secundária Pesquisa Bibliográfica

Livros, Revistas, Artigos, Periódicos, Meio eletrônico

Análise de conteúdo

1,3,4 Secundária Dados obtidos do sistema

operacional da ANBIMA

BM&FBOVESPA BACEN, CEMEC, CVM, IBEMEC.

Planilhas Gráficos Tabelas

Análise estatística

Quadro 1 – Coleta e análise de dados

Fonte: elaborado pela acadêmica

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Para alcançar o objetivo proposto, este trabalho foi dividido em cinco

capítulos. No capítulo 1 foi possível identificar a introdução, objetivo geral,

objetivos específicos, justificativa e os aspectos metodológicos. A partir desta

etapa, no capítulo 2, inicia-se a fundamentação teórica e são apresentados os

principais conceitos teóricos científicos para o desenvolvimento deste trabalho.

Na seção 2.1 em um primeiro momento há uma definição de administração

geral, evidenciando as funções do administrador. Posteriormente, na seção

2.1.2 há uma síntese sobre administração financeira, área em que o presente

trabalho está relacionado. Na seção 2.1.3 e 2.1.4 respectivamente são descrito

brevemente a estrutura do mercado financeiro e o Sistema Financeiro Nacional

com seus componentes. Verificam-se nos capítulos 3 e 4 os principais tipos de

investimentos e a estrutura do mercado de capitais. Por fim, corroborando com

o pressuposto deste trabalho no capítulo 5 é feito o levantamento da

participação feminina no mercado de capitais, com foco em clubes de

investimentos segmentados para mulheres.

2.1 Administração

O papel da administração na sociedade moderna torna-se

essencialmente importante devido aos diferentes tipos de organizações sociais

em que as pessoas estão inseridas, e que de certa forma influenciam no dia a

dia de cada indivíduo, seja na administração pessoal, familiar, grupos sociais,

seja em organizações ou sociedade global. A ciência da administração não é

exata, ela é complexa e abrangente, portanto, deve ser flexível e adaptar-se a

várias situações. Para Lacombe e Heilborn (2003), a administração é um

conjunto de princípios e normas, e tem como objetivo planejar, organizar,

dirigir, coordenar e controlar os esforços para se atingir a um objetivo

específico. Tudo isso visa à forma em que as organizações serão

administradas, sendo ou não capazes de utilizar seus recursos para atingir os

seus fins, pois, “administrar é o ato de trabalhar com e por meio de pessoas

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para realizar os objetivos tanto da organização quanto de seus membros”

afirma Lacombe e Heilborn (2003, p.49). Portanto, para administrar é

necessário um amplo conhecimento e a aplicação de princípios técnicos de

maneira correta. Há a necessidade de combinar meios e objetivos com

produtividade, eficiência e eficácia.

Define-se Administração como o processo de planejar, organizar, liderar e controlar esforços realizados pelos membros da organização e o uso de todos os outros recursos organizacionais para alcançar os objetivos estabelecidos. (STONER e FREEMAN, 1995, p. 5).

Destaca Maximiniano (2008, p.6), que “administrar é o processo de tomar

decisões sobre objetivos e utilização de recursos”, planejando, organizando,

liderando, executando e controlando. Na mesma perspectiva Daft (2005, p. 5)

aponta que “administração é o alcance de metas organizacionais de maneira

eficaz e eficiente”, praticado fundamentalmente com pessoas e por meio delas

enfatiza Certo (2003). A realização desses objetivos ou metas, aliados a uma

administração competente contribuem para melhorar a qualidade de vida da

sociedade, fatores predominantes nas organizações e importantes para a

sociedade moderna e contemporânea.

Administração é o sistema estruturado e intuitivo que consolida um conjunto de princípios, processos e funções para alavancar, harmonicamente, o processo de planejamento de situações futuras desejadas e seu posterior controle e avaliação de eficiência, eficácia e efetividade, bem como a organização – estruturação – e a direção dos recursos das organizações para os resultados esperados, com a minimização dos conflitos pessoais. (OLIVEIRA, 2008, p.8).

Verifica-se nesta perspectiva, que a administração está relacionada em

diversos empreendimentos como a família, os negócios e o governo; dessa

forma, requer sempre algum grau de planejamento, organização, comando,

coordenação e controle, portanto, torna-se fundamental saber dominá-las para

aplicá-las da melhor maneira possível. (MAXIMINIANO, 2008).

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21

2.1.1 Funções do Administrador

Ao longo do tempo os administradores têm a função de supervisionar,

gerenciar e dirigir empresas, com ou sem fins lucrativos, e para isso precisam

adquirir habilidades e competências. O desenvolvimento dessas competências

está ligado a uma linguagem comunicativa para o trabalho em grupo de

planejamento, de ação estratégica, de decisão e para execução das atividades

cotidianas, afirma (MASIERO, 2007).

Nessa perspectiva, as funções do administrador são planejar, organizar,

comandar, coordenar e controlar destaca Lacombe e Heilborn (2003), em

alguns casos o administrador terá que executar pessoalmente algumas

atividades. Essas funções têm significados específicos, um conceito próprio

que as torna independentes, apesar, de na prática elas interagirem fortemente,

tornando-se interdependentes. Pode-se dizer então, que nada adianta um

planejamento se o mesmo não é controlado, e que se torna impossível

controlar algo que não se tenha nenhum planejamento.

O administrador tem a função de liderar sua equipe para melhor

organização, e, consequentemente, resultados positivos dentro da

organização, para Lacombe e Heilborn (2003, p.50) “se o trabalho é dividido e

atribuído a mais de uma pessoa (organizar), será preciso coordenar os

esforços para que eles se efetuem de forma ordenada. Não adianta

conseguirmos os melhores recursos humanos se não soubermos conduzi-los

(liderar)”. Portanto, as funções do administrador na prática interagem de forma

significativa, cada uma influenciando as demais.

A figura 1 a seguir, destacada por Maximiniano (2008, p. 72) mostra a

importância e a distinção da função administrativa entre todas as outras, assim

como as funções que o administrador precisa desempenhar.

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Figura 1 – Função administrativa

Fonte: Elaborado a partir de (MAXIMINIANO, 2008, p.72).

Planejamento (previsão): examinar o futuro e traçar um plano de

ação a médio e longo prazo.

Organização: montar uma estrutura humana e material para realizar

o empreendimento.

Comando: manter o pessoal em atividade em toda empresa

Coordenação: reunir, unificar e harmonizar toda a atividade e

esforço.

Controle: cuidar para que tudo se realize de acordo com os planos e

ordem.

Dessa maneira, cabe evidenciar que o administrador do terceiro milênio

salienta Bernardes (2003, p.33) “tem de aprender a influenciar pessoas,

sabendo quando utilizar o poder, negociar trocas de benefícios e a liderar”.

Precisa aprender também quando deve ser liderado, ou seja, saber trabalhar

em equipe em certas ocasiões. Finalmente é imprescindível que tenha

conhecimentos práticos de ciências sociais aplicadas a Administração.

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23

2.1.2 Administração Financeira

No que tange à administração, a área de finanças é ampla e dinâmica

dentro de uma organização, consistindo em uma das mais relevantes.

Observe-se que Gitman (2004, p. 4) define finanças como “a arte e a ciência da

gestão do dinheiro”, pois se preocupa com os processos, as instituições, os

mercados e os instrumentos associados à transferência de dinheiro entre

indivíduos, empresas e órgãos governamentais. Dessa maneira, cabe

evidenciar que para as futuras tomada de decisão, torna-se fundamental que

se compreenda alguns conceitos e técnicas, que afetam a empresa,

especialmente no que se refere à administração financeira, pois a maioria das

decisões é avaliada em termos financeiros, e tem responsabilidade em todas

as áreas desde a contabilidade, recursos humanos, produção, marketing, entre

outras.

A administração financeira preocupa-se com as tarefas do administrador financeiro na empresa - financeiras e não financeiras privadas e públicas grandes e pequenas, com ou sem fins lucrativos. Eles desempenham as mais diversas tarefas financeiras tais como, planejamento, concessão de crédito, a captação de fundos para financiar as operações das empresas. (GITMAN, 2004, p.4).

Na mesma linha Johnson (1973) menciona o planejamento e o controle

financeiro, o levantamento e investimentos de fundos como funções essenciais

que devem ser executadas pelo administrador de finanças na busca de saldar

contas e maximizar o valor atual do lucro dos proprietários, ou seja, atingir os

objetivos da organização. Em perspectiva similar Hoji (2007, p. 2, grifo do

autor), destaca que o “objetivo econômico e financeiro de uma empresa é a

maximização de seu valor de mercado, por meio da geração contínua de lucro

e caixa no longo prazo, executando as atividades inerentes ao seu objetivo

social”. Dessa maneira, cabe ao administrador ou gestor financeiro,

desempenhar papel fundamental em uma organização, planejando e

controlando seus recursos financeiros, assim, Hoji (2004, p.25), destaca que:

Todas as atividades empresariais envolvem recursos e, portanto, devem ser conduzidas para a geração de lucro. As funções típicas do gestor financeiro de uma empresa são: a) Análise, planejamento e controle financeiro;

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b) Tomadas de decisões de investimentos; c) Tomada de decisões de financiamento.

Vale a pena ressaltar que, não há regra fixa no que se refere ao papel a

ser desempenhado pelo administrador ou gestor financeiro, pois varia de

acordo com a política traçada, do tamanho da empresa, da sua capacidade

como administrador, e a de outros funcionários e diretores.

2.1.3 Mercado Financeiro

Por meio do conhecimento da economia e para se obter uma visão mais

ampla do mercado financeiro, Assaf Neto (2009) comenta que, toda sociedade

econômica enfrenta três problemas fundamentais: o que, como e para quem

produzir, determinada pela lei da escassez, entretanto, essa tríade pode ser

respondida de maneiras diferentes, segundo as condições e verdades de cada

sociedade. Desse modo, existem economias com recursos tecnológicos

limitados, menos desenvolvidas e que regulam essas questões com menor

eficiência que outras mais evoluídas, já outras sociedades seguem práticas

religiosas e culturais inerentes, com restrições ao acúmulo de riqueza, porém,

há outras, ainda, que são conduzidas por ideais que vinculam suas decisões

econômicas e um planejamento centralizado e, finalmente, as sociedades

econômicas mais liberais que praticam um sistema de preços e de livre

comércio, ou seja, delegam ao mercado a solução de seus problemas

Atualmente, existem duas formas de organização econômica: a

economia de mercado (capitalista) em que trata o capital como de propriedade

privada e o sistema socialista, que em perspectiva diferente considera a

propriedade como de controle direto do Estado.

A economia estuda a riqueza, as transações de troca que se verificam entre as pessoas. Procura compreender a decisão de utilização de recursos produtivos escassos (terra, trabalho e capital), que carregam um custo de oportunidade, no processo de transformação e produção de diversos bens e serviços, e sua distribuição para consumo. (ASSAF NETO, 2009, p.1, grifo do autor).

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A compreensão da economia permite um melhor entendimento do

funcionamento e das funções dos mercados financeiros, consentindo que se

estabeleçam relações entre seus resultados agregados e o desempenho dos

vários agentes econômicos que a compõe (indivíduos, empresas e governo).

O mercado financeiro destaca Pinheiro (2008) pode ser definido como

“um ambiente no qual é possível à negociação do dinheiro”. Em função das

suas características e das operações realizadas, ele pode ser classificado

como mercado monetário, mercado de crédito, mercado de câmbio ou mercado

de capitais.

Os mercados de crédito e de capitais permitem que as empresas

possam realizar empréstimos para suas necessidades de curto e longo prazo,

respectivamente, como informa o quadro 2, a seguir.

Mercado Objetivo Prazo

Monetário Controla a quantidade de moeda em circulação

Curtíssimo prazo

Crédito Financiamento do consumo e capital de giro

Curto e médio prazo

Cambial Conversão da moeda em outra estrangeira

Á vista

Capitais Investimentos realizados pelas empresas

Longo prazo

Quadro 2 – Segmento do mercado financeiro - objetivos e prazos

Fonte: (GALVÃO, 2008)

Ressalta-se que para Lameira (2003, p.7), essas inúmeras operações

financeiras podem ser “grupadas e subdivididas em diferentes mercados, em

função da natureza da operação, dos seus prazos e dos intermediários que

operam em cada um desses mercados”, de forma a proporcionar aos agentes

econômicos um maior grau de especialização e desenvolvimento.

No ambiente econômico mundial e contemporâneo, a dinâmica dos

mercados financeiros influencia no sucesso de uma organização que precisa

estar sempre atenta ao avaliar as diversas estratégias e decisões de

investimentos, financiamentos e gestão de risco. Verifica-se nessa perspectiva

que o mercado financeiro, como é mostrado didaticamente, engloba quatro

segmentos: mercado monetário, mercado de crédito, mercado cambial e

mercado de capitais, cujo objetivo é maximizar a utilidade que os recursos

financeiros representam para os indivíduos e empresas. (ASSAF NETO, 2009).

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2.1.4 Sistema Financeiro Nacional

Na visão de Brito (2005), o sistema financeiro brasileiro é bastante

sofisticado e diferenciado, significando referência internacional entre países

emergentes e até mesmo em países superiores em desenvolvimento

econômico.

A origem do Sistema Financeiro Brasileiro é sustentada por Pinheiro

(2002), com o surgimento do primeiro banco chamado de Banco do Brasil, no

ano de 1808, sob o alvará do Príncipe Regente D. João VI, e tinha como

funções acumular depósitos, descontos, emissão e produtos comercializados

pela coroa.

Em complemento a essa posição, Fortuna (1992) revela que o modelo

bancário trazido ao Brasil pelo Império foi o europeu, que operava apenas

depósitos e descontos, de maneira que outros serviços praticamente

inexistiam.

A partir de 1959, os bancos comerciais começaram a surgir e suas

operações tornavam-se deficitárias. No ano de 1965 é criado o Banco Central

do Brasil, uma entidade que atua como órgão executivo central do sistema

financeiro, com a responsabilidade de cumprir e fazer cumprir as disposições e

as normas expedidas pelo Conselho Monetário Nacional, desse modo, o

“Estado intervém diretamente no sistema financeiro e, indiretamente, na

economia” (FORTUNA, 1992, p.19).

De forma mais abrangente a BM&FBOVESPA (2012) afirma que o SFN

é composto de instituições responsáveis por:

captação de recursos financeiros, pela distribuição e circulação de valores e pela regulação deste processo. O Conselho Monetário Nacional - CMN, seu organismo maior, presidido pelo ministro da Fazenda, é quem define as diretrizes de atuação do sistema. Diretamente ligados a ele estão o Banco Central do Brasil, que atua como seu órgão executivo, e a Comissão de Valores Mobiliários - CVM, que responde pela regulamentação e fomento do mercado de valores mobiliários (de bolsa e de balcão).

Enfatiza Lameira (2003, p. 13), que “SFN foi a denominação dada à

nova organização que se instituiu, visando centralizar e coordenar a política e

os serviços bancários, monetários e creditícios do País”. Atualmente, o Sistema

Financeiro Nacional é composto por instituições financeiras, públicas e

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privadas para uma eficiente atuação dos quatro segmentos (monetário, crédito,

cambial e de capitais) em que atua o mercado financeiro.

Ressalta-se que para Fortuna (1992), uma conceituação bastante

sintética do sistema financeiro encaixa-se em um conjunto de instituições que

propiciam condições que satisfaçam a manutenção entre poupadores e

tomadores e seu fluxo de recursos.

Verifica-se nessa perspectiva que o Sistema Financeiro é interpretado

como um “conjunto de instituições financeiras e instrumentos financeiros que

visam, em última análise, transferir recursos dos agentes econômicos

(pessoas, empresas, governo) superavitários para os deficitários”. (ASSAF

NETO, 2000, p.12).

Observe-se que o sistema financeiro é um instrumento fundamental para

viabilizar a troca de recursos entre os agentes econômicos. Em toda economia

há pessoas que têm excesso e outras que têm falta de recursos. O mercado

financeiro existe para viabilizar a troca de dinheiro entre esses dois grupos.

Assim, os poupadores entregam seus recursos às empresas por meio do

mercado financeiro. Essa troca se dá pela emissão de valores mobiliários

(ações e debêntures) diretamente ou indiretamente, por meio dos fundos de

investimento. (BM&FBOVESPA, 2012).

A figura 2 abaixo apresenta os componentes do Sistema Financeiro

Nacional e suas subdivisões.

Figura 2 – Estrutura do Sistema Financeiro Nacional

Fonte: Elaborada a partir do (BACEN, 2012).

CONSELHO MONETÁRIO NACIONAL

COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS

CVM

BANCO CENTRAL DO BRASIL BACEN

SUBSISTEMA OPERATIVO

SUBSISTEMA NORMATIVO

INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS, INSTITUIÇÕES BANCÁRIAS E NÃO-BANCÁRIAS E DISTRIBUIDORES DE TÍTULOS E VALORES MOBILIÁRIOS

CONSELHO MONETÁRIO NACIONAL CMN

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Conclui-se a partir daí, que na concepção de Cavalcante Filho (2002, p.

25), o sistema financeiro tem uma grande importância dentro da sociedade

moderna, pois é o “conjunto de instituições que possibilita a transferência de

recursos dos ofertadores finais para os tomadores finais, e cria condições para

que os títulos e valores mobiliários tenham liquidez no mercado”, ou seja,

proporciona sustentação para o crescente aumento de transações comerciais e

sua responsabilidade está em manter o fluxo de recursos financeiros,

dependendo da geração da poupança de alguns e a necessidade de crédito

para consumo ou investimentos de outros, dessa forma, intermediando ambos

os fluxos, assim como prestando serviços às empresas e assessorando

investidores. (LAMEIRA, 2003).

2.1.5 Conselho Monetário Nacional

O Conselho Monetário Nacional - CMN é o órgão máximo do Sistema

Financeiro Nacional (SFN) um órgão eminentemente normativo, não

desempenhando nenhuma atividade executiva ressalta Fortuna (1992), e sua

responsabilidade é fixar diretrizes no que tange à política monetária, de crédito

e câmbio presentes no cenário econômico do Brasil. Para Lameira (2003, p.

14), o CMN é responsável por:

Autorizar as emissões de papel- moeda, estabelecer normas sobre os meios circulantes, aprovar os orçamentos monetários preparados pelo Banco Central, regular a constituição, funcionamento e fiscalização dos que exercem atividades subordinadas à Lei nº 4.595/64, bem como aplicar as penalidades previstas. Cabe-lhe, ainda, limitar, sempre que necessário, as taxas de juros de descontos, comissões e qualquer outra forma de remuneração de operações e serviços bancários ou financeiros, inclusive os prestados pelo BC.

Cabe evidenciar que para Assaf Neto (2009, p.38), a finalidade principal

de sua criação é para a “formulação de toda a política de moeda e do crédito,

objetivando atender aos interesses econômicos e sociais do país”.

Lameira (2003) evidencia que o Conselho Monetário Nacional foi

composto ao longo dos anos por diferentes participantes, devido às exigências

políticas e econômicas de cada época.

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Também foram criadas diversas comissões consultivas como as de Normas e Organização do Sistema Financeiro; Mercado de Valores Mobiliários; Crédito Rural; Industrial; Endividamento Público; Processos Administrativos. Porém, quem se tornou mais conhecido foi o Copom (Comitê de Política Monetária) devido à relevância que ganhou em nosso país, a discussão sobre as taxas de juros praticadas no mercado financeiro. (LAMEIRA, 2003, p. 14).

A medida provisória nº 542 de 30/06/94 e, posteriormente, o decreto nº

1307/94 alteraram a composição do CMN e, atualmente, este órgão é

composto pelo Ministro da Fazenda (presidente), Ministro do Planejamento e

Orçamento e o Presidente do Banco do Central e algumas de suas principais

atribuições consistem em estabelecer e fixar diretrizes e normas, regulamentar,

regular e disciplinar assuntos que lhes forem pertinentes, processando todo o

controle do Sistema Financeiro.

2.1.6 Comissão de Valores Mobiliários

Criada a partir da Lei nº 6.385 de modo a assegurar o exercício de

práticas equitativas e coibir qualquer tipo de irregularidade a Comissão de

Valores Mobiliários é uma autarquia especial, vinculada ao Ministério da

Fazenda, com a responsabilidade de disciplinar, fiscalizar e promover o

mercado de valores mobiliários destaca a BM&FBOVESPA (2012). Ao mesmo

tempo, elabora estudos e pesquisas dos quais obtém elementos necessários à

definição de políticas e iniciativas capazes de promover o desenvolvimento do

mercado. No exercício de suas atribuições, a Comissão de Valores Mobiliários

poderá examinar registros contábeis, livros e documentos de pessoas ou

empresas sujeitas à sua fiscalização, intimá-las a prestar declarações ou

esclarecimentos sob pena de multa; requisitar informações de órgãos públicos,

outras autarquias e empresas públicas; determinar às companhias abertas a

republicação de demonstrações financeiras e dados diversos; apurar infração

mediante inquéritos administrativos e aplicar penalidade.

Na mesma linha Pinheiro (2002) destaca que a CVM tem a

responsabilidade de disciplinar, fiscalizar e promover a expansão,

desenvolvimento e o funcionamento eficiente desse mercado, sob a orientação

do Conselho Monetário Nacional.

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Cabe evidenciar que para Lameira (2003, p. 17), a Comissão de valores

Mobiliários tem por finalidade a:

fiscalização e regulação do mercado de títulos e valores mobiliários, e, por isso, seus atos repercutem junto às instituições de mercado, às companhias abertas e aos investidores. São suas, também, as seguintes responsabilidades definidas na Lei nº 6.385/76: 1. Estimular a formação de poupança e sua aplicação em valores

mobiliários; 2. Promover expansão e o funcionamento eficiente do mercado de

capitais; 3. Assegurar o funcionamento eficiente e regular dos mercados de

bolsa e de balcão; 4. Proteger os titulares de valores mobiliários e os investidores do

mercado de emissões irregulares de títulos ou valores mobiliários, assim como de atos ilegais de administradores e acionistas controladores de companhias abertas ou de administradores de valores mobiliários;

5. Evitar ou coibir fraude ou manipulação destinada a criar condições artificiais de demanda, oferta ou preço dos valores mobiliários negociados no mercado;

6. Assegurar o acesso do público às informações sobre os valores mobiliários negociados e às companhias que os tenham emitido;

7. Assegurar a observância de práticas comerciais equitativas ao mercado de valores mobiliários;

8. Assegurar a observância, no mercado, das condições de utilização de crédito fixadas pelo CMN.

Verifica-se nessa perspectiva, que na visão de Pinheiro (2002 p. 60), o

intuito da Comissão de Valores Mobiliários é “contribuir para a criação de

estrutura jurídica favorável a capitalização das empresas por meio do mercado

de capitais de risco, fortalecimento da empresa privada nacional e defesa

acionista e investidor”.

Dessa maneira, Assaf Neto (2009, p.39) afirma que esta autarquia tem

como finalidade:

a normatização e o controle de mercados de valores mobiliários, representado principalmente por ações, partes beneficiárias e debêntures, comercial papers e outros títulos emitidos pelas sociedades anônimas e autorizados pelo Conselho Monetário Nacional.

Assaf Neto (2009) destaca que a Comissão de Valores Mobiliários atua

em três importantes segmentos no mercado, dentre elas estão às instituições

financeiras do mercado, companhias de capital aberto e investidores,

desempenhando funções que vão desde promover medidas que incentivem a

poupança no mercado acionário, estimulando o funcionamento da bolsa de

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valores, até assegurar proteção aos investidores do mercado nos processos de

compra e venda.

A CVM foi ganhando mais funções ao longo do tempo. Entre as missões da CVM estão: proteger os investidores contra atitudes irregulares e ilegais de donos e administradores das companhias, e garantir o acesso do público às informações sobre ações e empresas de capital aberto. A CVM deve trabalhar para evitar as fraudes e manipulações do mercado de ações, e, se por acaso ocorrerem, punir os envolvidos. Com isso, pode promover uma expansão transparente do mercado de ações. (SMARRITO, 2007, p. 84).

Conclui-se, a partir daí, que seu poder normatizador abrange todas as

matérias referentes ao mercado de valores mobiliários. A CVM tem poderes

para disciplinar, normatizar e fiscalizar a atuação dos diversos integrantes do

mercado.

2.1.7 Banco Central do Brasil

O Banco Central do Brasil (BACEN) é a uma autarquia federal criada

para atuar como órgão executivo central do SFN, cabendo-lhe a

responsabilidade de cumprir e fazer cumprir as disposições que regulam o

funcionamento do sistema e as normas expedidas pela CMN. Ressalta Pinheiro

(2005, p. 60), que o BACEN “pode ser considerado um órgão executivo entre o

CMN e as demais instituições financeiras do país“. É por meio do BACEN que

o Estado intervém diretamente no sistema financeiro e, indiretamente, na

economia.

No Brasil, o Banco Central foi criado pela Lei 4.595, de 31 de dezembro de 1964, durante o governo de Humberto de Alencar Castelo Branco. Antes de sua criação, as funções de banco central eram exercidas conjuntamente pela Superintendência da Moeda e do Crédito (Sumoc), pelo Banco do Brasil e pelo Tesouro Nacional. Porém, os primeiros recibos de depósitos (bilhetes), que deram origem às cédulas atuais, foram emitidos em 1810, pelo Banco do Brasil, o primeiro banco público da América do Sul e o quarto do mundo, criado por D. João VI, em 1808. (BACEN, p. 14, 2002).

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Convém enfatizar que, após a criação do Banco Central, houve um

reordenamento financeiro governamental em 1985 que se entendeu até 1988.

Este processo tinha como intuito reordenar as funções de autoridade

monetária, que foram transferidas progressivamente do Banco do Brasil para o

Banco Central, enquanto as atividades atípicas exercidas por esse último,

como as relacionadas ao fomento e à administração da dívida pública federal,

foram transferidas para o Tesouro Nacional.

Desta maneira a Constituição Federal de 1988 instituiu dispositivos

importantes para o desempenho do Banco Central, dentre os quais se

destacam além da vedação ao Banco Central nas concessões direta ou indireta

de empréstimos ao Tesouro Nacional o “exercício exclusivo da competência da

União para emitir moeda e a exigência de aprovação prévia pelo Senado

Federal”. Desta forma a Constituição de 1988 prevê ainda, em seu artigo 192,

“a elaboração de Lei Complementar do Sistema Financeiro Nacional, que

deverá substituir a Lei 4.595/64 e redefinir as atribuições e estrutura do Banco

Central do Brasil”. (BACEN, 2012, não paginado).

O quadro 3 abaixo apresenta as principais atribuições do Banco Central.

Atribuições Características

Banco dos Bancos - Depósitos compulsórios; - Redesconto de liquidez.

Gestor do SFN - Normas/autorizações; - Fiscalizações/intervenções.

Executor da Política Monetária - Controle dos meios de pagamentos; - Orçamento monetário; - Instrumentos de política.

Banco Emissor - Emissão de meio circulante; - Saneamento do meio.

Banqueiro do Governo - Financiamento do Tesouro Nacional; - Administração da dívida pública; - Gestor e fiel depositário das reservas internacionais; - Representante em instituições financeiras internacionais.

Quadro 3 – Principais atribuições do BACEN.

Fonte: Elaborado a partir de (PINHEIRO, 2005, p.60).

Dentro de algumas de suas atribuições, pode-se destacar ainda

conforme BACEN (2012):

Emitir papel moeda e moeda metálica;

exercer o controle de crédito;

regular a execução de compensação de cheques e outros papéis;

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autorizar o funcionamento de instituições financeiras;

efetuar operações de compra e venda de títulos públicos federais;

vigiar a interferência de outras empresas nos mercados financeiros e

de capitais e controlar o fluxo de capitais estrangeiros no país.

Nesta perspectiva, a missão fundamental do Banco Central do Brasil é

atentar para que esteja em circulação somente a quantidade necessária de

dinheiro que um país precisa para o desenvolvimento da indústria e do

comércio, pois quando há muito dinheiro circulando, podem surgir problemas

na economia que afetam a todos, como a inflação. E, por outro lado, quando há

pouco dinheiro em circulação, podem surgir outros problemas, como o

desemprego e a pobreza. (BACEN, 2002).

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3 INVESTIMENTOS FINANCEIROS

Investir é multiplicar patrimônio ao longo do tempo. De acordo com a

BM&FBOVESPA (2012), os recursos necessários para uma aplicação provêm

da parcela não consumida da renda, à qual se dá o nome de poupança.

Qualquer pessoa que tenha uma poupança ou uma disponibilidade financeira

pode efetuar um dos diversos tipos de investimento, esperando obter:

reserva para qualquer despesa imprevista e uma garantia para o

futuro (segurança);

boa remuneração (rentabilidade);

crescimento do capital empregado (valorização);

defesa contra eventual desvalorização do dinheiro (proteção);

oportunidade de associação com empresas dinâmicas

(desenvolvimento econômico);

rápida disponibilidade do dinheiro aplicado (liquidez).

Pode-se referir a poupança então, como uma parcela não consumida da

renda, o que cria uma disponibilidade financeira. Ressalte-se que para Buffett e

Clark (2010), este poupar é um exercício muitas vezes impraticável, quando se

está inserido em uma sociedade exacerbadamente consumista, pois é notório

que o comércio moderno deixou a muito tempo de vender apenas produtos

para vender o dinheiro que vai financiar a compra desse produto, ou seja,

ganhar em dobro. Dessa maneira, com crédito amplamente facilitado as

pessoas acabam por endividar-se em obrigações e juros elevados, deixando de

poupar e, consequentemente, poder investir. “Talvez em futuro distante,

quando a população brasileira receber educação adequada (inclusive

financeira)”, esta incapacidade de fazer poupança e investir não seja mais um

obstáculo a ser enfrentado. (CERBASI, P. 162, 2004).

Em termos mais simples e práticos, podemos admitir que, sob a ótica do indivíduo, investir é empregar recursos, próprios ou de terceiros, com o objetivo de obter ganhos em um determinado período. No sentido macroeconômico, ou seja, sob o prisma da comunidade como um todo, investimento é toda aplicação de recursos, próprios ou de terceiros que contribua para formação de capital novo, isto é, para aumentar o estoque de bens produtivos (CNBV, 1986, p.21).

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Portanto, para o crescimento econômico são necessários incentivos aos

diversos tipos de investimentos, tornando-os acessíveis. Para Souza (1995, p.

19), “a decisão de investir depende do retorno esperado: quanto maiores forem

os ganhos futuros que podem ser obtidos, tanto mais atraente esse

investimento parecerá”.

Para a maioria das pessoas, o poupar tem o mesmo significado de

economizar ou guardar dinheiro e o investir significa aplicar o dinheiro em algo

lucrativo. Assim sendo, convém enfatizar que “não há investimento bom para

quem está atolado em dívidas” (CERBASI, 2004, p. 78).

É pertinente ressaltar que, quando se fala em investimento há uma visão

oposta ao conceito dado neste trabalho. Dessa forma, no que se refere ao

investimento na economia, seu significado:

vincula-se á criação de riqueza, e não simplesmente a transferência de propriedade de um bem. Adquirir ações na bolsa não pode ser interpretado como investimento dentro do conceito econômico, exceto no mercado primário com o lançamento das ações, admite-se uma criação de riquezas motivada pela canalização direta do capital investido na empresa, já no mercado secundário é apenas a transferência de posse dos valores, não agregando riqueza a economia. “Representa a ampliação de capital em alternativas que promovem o aumento efetivo da capacidade produtiva de um país, determinando maior capacidade futura de gerar riquezas (rendas)” (ASSAF NETO, 2009, p. 6).

Em outra perspectiva os investimentos podem ser divididos em duas

categorias, destaca a BM&FBOVESPA (2012), são eles, renda fixa, que são os

mais conservadores, e renda variável, que são aqueles com maior risco.

A renda fixa é um tipo de investimento em títulos emitidos por governos

ou empresas, títulos públicos, CDB e debêntures, que pagam uma taxa de

juros. As ações são os melhores exemplos de aplicações em renda variável.

Vale ressaltar que o ganho, nesse caso, não ocorre com o pagamento de juros,

mas por meio das empresas que distribuem seus resultados na forma de

dividendos (a participação nos lucros da empresa), além da valorização do

preço da ação. A renda é fixa quando se conhece previamente a forma do

rendimento que será conferida ao título. Nesse caso, o rendimento pode ser

pós ou prefixado, como ocorre, por exemplo, com o certificado de depósito

bancário.

A renda variável será definida de acordo com os resultados obtidos pela

empresa ou instituição emissora do respectivo título, ou seja, renda variável é a

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aplicação cujo rendimento não se conhece com antecedência, que tanto pode

ser positivo quanto negativo, envolvendo oportunidades e riscos.

Há títulos com prazo de emissão variável ou indeterminado, isto é, não

têm data definida para resgate ou vencimento, podendo sua conversão em

dinheiro ser feita a qualquer momento. Já os títulos de prazo fixo apresentam

data estipulada para vencimento ou resgate, quando seu detentor receberá o

valor correspondente à sua aplicação, acrescido da respectiva remuneração.

Os títulos podem ser particulares ou públicos. Particulares, quando

lançados por sociedades anônimas ou instituições financeiras autorizadas pela

CVM ou pelo Banco Central do Brasil, respectivamente; públicos, se emitidos

pelos governos federal, estadual ou municipal. De forma geral, as emissões de

entidades públicas têm o objetivo de propiciar a cobertura de déficits

orçamentários, o financiamento de investimentos públicos e a execução da

política monetária.

Cabe evidenciar que de acordo com BM&FBOVESPA (2012), o

investidor brasileiro é conservador por excelência. Costuma aplicar em renda

variável 25% de seu patrimônio se for um investidor arrojado, 15% se for

moderado e apenas no máximo 5% se for conservador. Em outros países, o

investidor com perfil arrojado investe em média 75% de seu patrimônio em

ações, o moderado, 50% e o conservador, 25%. Um investidor conservador

nesses países investe tanto quanto um investidor arrojado no Brasil.

Ressalta-se que a renda variável é uma forma de investimento que

requer planejamento, paciência, conhecimento e estratégia para que os riscos

sejam menores e os ganhos, maiores. Um dos requisitos básicos para redução

de riscos e aumento da rentabilidade é a diversificação da carteira.

(BM&FBOVESPA, 2012).

O segredo da diversificação é conseguir cuidar de todas as ações

igualmente, uma expressão bastante utilizada pelos investidores é que não se

pode colocar todos os ovos na mesma cesta, em contra partida, também não

se deve colocá-los em cestas demais a ponto de não conseguir cuidar de

todas.

O mercado de ações e valores mobiliários em geral, assim como os mercados futuros e de opções, não oferecem ao investidor rentabilidade garantida. Por não oferecer garantia de retorno, devem ser considerados investimentos de risco. (BM&FBOVESPA, 2012).

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Convém enfatizar que para Gunther (2009), todo investidor pode ser

bem-sucedido nos negócios, desde que siga algumas regras que têm como

pressupostos aumentar os lucros e minimizar os riscos.

Essa filosofia consiste em 12 regras e princípios infalíveis, criados e

utilizados por um grupo de empresários e banqueiros suíços na década de 40,

homens visionários que investiram desde ações a imóveis, commodities a

moedas estrangeiras, transformando o sistema bancário suíço, em um dos

mais misteriosos e ricos do mundo. Os 12 axiomas de Zurique destaca Gunther

(2009, p.11), “não são apenas uma filosofia de especulação: são marcos para

uma vida de sucesso” ensinando a enfrentar os riscos e a descobrir maneiras

de administrá-los.

O quadro 4 abaixo revela de forma sintética alguns destes axiomas, os

12 principais, cabe ressaltar que existem outros 16 axiomas secundários, que

não serão explanados neste quadro, porém, todos eles se aplicam a qualquer

tipo de investimento. (GUNTHER, 2009).

1º axioma do risco Preocupação não é doença, mas sinal de saúde. Se a pessoa não está preocupada, não está arriscando o bastante, ou seja, não tenha medo de arriscar um pouco. Alto risco significa alto retorno.

2º axioma da ganância Alto risco significa alto retorno, ou seja, não teste a sua sorte. Estabeleça uma meta e, ao atingi-la, realize seus lucros.

3º axioma da esperança

Quando o barco começar a afundar, não reze. Abandone-o, ou seja, se suas especulações andam mal, saia e parta para outra. Saber perder é uma das virtudes de um bom especulador.

4º axioma das previsões O comportamento do ser humano não é previsível. Desconfie de quem afirmar que conhece um pedaço qualquer do futuro, ou seja, não baseie suas especulações em previsões e sim no que você vê acontecendo à sua frente.

5º axioma dos padrões

Até começar a parecer ordem, o caos não é perigoso, ou seja, não se deixe levar pela ilusão de ordem, não existe uma fórmula exata que vá lhe proporcionar sempre ganhos.

6º axioma da mobilidade Evite lançar raízes. Elas tolhem seus movimentos, ou seja, não se deixe prender a sentimentos em suas especulações. Se perceber uma oportunidade melhor, corte suas raízes e siga em frente.

7º axioma da intuição

Só se pode confiar num palpite que possa ser explicado, ou seja, só confie em um palpite se você for capaz de identificar algo que consiga explicá-lo.

8º axioma da religião e do ocultismo

É improvável que entre os desígnios de Deus para o Universo se inclua o de fazer você ficar rico, ou seja, mantenha o sobrenatural longe de suas especulações. Confie em você e no seu potencial.

9º axioma do otimismo e do pessimismo

Otimismo significa esperar o melhor, mas confiança significa saber como se lidará com o pior. Jamais faça uma jogada por otimismo apenas, ou seja, um bom especulador possui confiança, não otimismo. A confiança

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nasce do uso construtivo do pessimismo. 10º axioma do consenso Fuja da opinião da maioria. Provavelmente está errada,

ou seja, antes de arriscar seu dinheiro, seguindo a opinião da maioria, pondere e avalie por si mesmo se a decisão é acertada ou não.

11º axioma da teimosia Se não deu certo da primeira vez, esqueça, ou seja, se sua especulação não está dando o retorno desejado, não seja teimoso, desista. Outras boas oportunidades podem passar sem ser notadas.

12º axioma do planejamento Planejamentos em longo prazo geram a perigosa crença de que o futuro está sob controle, ou seja, não planeje investimentos muito longos. O mundo dos negócios se modifica a cada dia. O único plano em longo prazo que um especulador precisa ter é de ficar rico.

Quadro 4 – Axiomas de Zurique

Fonte: Elaborado a partir de (GUNTHER, 2009).

Vale ressaltar que a expressão “Axiomas de Zurique”, não tem autoria,

ou pelo menos, destaca Gunther (2009), não há relatos de quem a tenha

inventado ou criado, mas, foi dessa forma que esses princípios e regras

tornaram-se conhecidos.

Ressalta-se que para o dicionário Aurélio (1986) interpreta-se a palavra

Axioma como uma “proposição que se admite como verdadeira porque dela se

podem deduzir as proposições de uma teoria ou de um sistema lógico ou

matemático”.

Verifica-se nessa perspectiva, que “investir é o caminho da garantia ou

da melhora no futuro daquilo que se construiu até hoje”. (CERBASI, 2004, p.

120). Nesse sentido, investidor inteligente é aquele que sabe onde está

aplicando, que riscos o investimento oferece, que situações geram ganhos e

quais geram perdas e, principalmente, quais são as alternativas mais rentáveis

do mercado para o tipo de investimento escolhido.

3.1.1 Investimentos Imobiliários

Envolvem a aquisição de bens imóveis, como terrenos e habitações.

Para a economia como um todo, entretanto, a compra de um imóvel já

existente não constitui investimento, mas apenas transferência de propriedade.

Os objetivos do investidor em imóveis são geralmente distintos daqueles

almejados pelos que procuram aplicar em valores mobiliários, sobretudo no

que se refere ao fator liquidez de um e de outro investimento. Sua rentabilidade

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é a soma do valor do aluguel e da valorização do preço do imóvel,

considerando sua baixa liquidez (BM&FBOVESPA, 2012).

3.1.2 Previdência Privada

Investir em previdência privada é uma necessidade de todos os

brasileiros. Hoje temos apenas 1,4 contribuintes para cada aposentado da

previdência social do país segundo dados do IPEA.

Questionando esta afirmação (XP, 2012) evidencia que a Previdência

Social não atende as necessidades mínimas de renda para a sua

aposentadoria. Já a Previdência Privada possibilita vantagens fiscais (IR),

diversificação dos investimentos e uma das melhores opções para sucessão

patrimonial. Por isso, planos de complementação da aposentadoria pela

previdência privada são cada vez mais procurados pelos trabalhadores e

incentivados pelo governo.

Na mesma linha, Assaf Neto (2009, p.290) salienta que a “previdência

privada é classificada como um seguro de renda, oferecendo diversos planos

de benefícios de aposentadoria, morte e invalidez”, e relata ainda que a

principal característica da previdência privada é que sua adesão é opcional, ao

contrário da oferecida ao governo. Na Previdência Privada, você pode optar por

receber uma renda mensal vitalícia ou resgatar o valor total da reserva

acumulada no seu plano.

O gráfico 1 a seguir, mostra a projeção de aposentados versus

contribuintes da Previdência Pública (INSS). Em 2032 o país terá mais

aposentados do que contribuintes. Como o déficit da previdência pública só

tende a aumentar, a previdência privada tende a ser a melhor solução para

garantir o futuro. (XP, 2012).

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Gráfico 1 – Previdência Pública

Fonte: (XP, 2012).

Como incentivo à contratação individual de planos de Previdência

Privada, o governo, pela Lei 9.532, de 10 de dezembro de 1997, autorizou que

as contribuições efetuadas aos planos PGBL fossem dedutíveis do Imposto de

Renda, até o limite de 12% da renda tributável.

Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL). Ideal para quem faz

declaração completa de IR, pois se pode deduzir o valor das contribuições da

base de cálculo do Imposto de Renda, com limite de 12% da renda bruta anual.

Assim, poderá reduzir o valor do imposto a pagar.

Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL). Ideal para quem faz declaração

de IR simplificada, para profissionais liberais ou para quem deseja aplicar mais

de 12% de sua renda bruta anual. Isso porque, em um VGBL, a tributação

acontece apenas sobre o rendimento acumulado.

A tabela 1 abaixo mostra como um contribuinte regular do INSS pode ter

dedução fiscal. Nota-se que, a vantagem financeira decorrente da redução do

Imposto de Renda devido.

Tabela 1 – PGBL x VGBL

Sem PGBL (R$) Com PGBL (R$)

Renda bruta anual 150.00,00 150.00,00

Contribuição previdência privada - 18.000,00

Base de cálculo 150.000,00 132.000,00

I.R a pagar 41.250,00 36.300,00

Economia de I.R - 4.950,00

Fonte: Elaborada a partir de (XP, 2012).

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3.2 Ativos

Um ativo financeiro é um instrumento que leva o capital que é poupado

até o investimento. As empresas para financiar, buscam emitir ações ou emitir

títulos de dívida pública.

Poderíamos dizer que um ativo, no sentido amplo, consiste em algo que possuímos e que tem valor de troca. No esquema de unidades superavitárias e deficitárias, os ativos financeiros são títulos emitidos pelas unidades econômicas deficitárias e que constituem um passivo para elas. São como um meio de manter riqueza para quem o possui. (PINHEIRO, 2005, p. 89).

Podem-se classificar os ativos em ativos privados de renda variável,

ativos privados de renda fixa e ativos públicos de renda fixa. Nos ativos de

renda fixa, é possível conhecer previamente os fluxos monetários que se irá

obter, ou seja, sua forma de rendimento. Salienta Pinheiro (2005, p. 93), que

“em sua maioria, esses títulos representam promessas de pagamentos futuros

de valores específicos em datas estipuladas”. A sua aquisição pode ser de

títulos emitidos por empresas, bancos ou pelo governo.

Em consonância com a BM&F/BOVESPA, (2012) são apontadas

algumas possibilidades de investimentos por meio dos principais ativos

disponíveis no mercado financeiro.

3.2.1 Ativos Privados de Renda Variável

São títulos emitidos por empresas, são chamados de títulos privados,

podem ser emitidos por sociedades anônimas ou instituições financeiras

autorizadas pela CVM ou pelo BACEN. Os ativos de renda variável destaca

Pinheiro (2005, p. 97), são “aqueles em que não há um conhecimento prévio

dos rendimentos futuros e o valor do resgate pode assumir valores superiores,

iguais ou inferiores ao valor aplicado”.

A seguir, são apontados pela BM&FBOVESPA (2012) alguns ativos

privados de renda variável, que podem ser utilizados como possibilidade de

investimentos:

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Ações

Títulos de renda variável, emitidos por sociedades anônimas, que

representam a menor fração do capital da empresa emitente. Podem ser

escriturais ou representadas por cautelas ou certificados. O investidor em ações

é um coproprietário da sociedade anônima da qual é acionista, participando dos

seus resultados. As ações são conversíveis em dinheiro, a qualquer tempo, pela

negociação em bolsas de valores ou no mercado de balcão.

Tipos:

I. Ordinárias: proporcionam participação nos resultados da empresa e

conferem ao acionista o direito de voto em assembleias gerais.

II. Preferenciais: garantem ao acionista a prioridade no recebimento de

dividendos (geralmente em percentual mais elevado do que o atribuído

às ações ordinárias) e no reembolso de capital, no caso de dissolução da

sociedade.

Formas:

I. Nominativas: Cautelas ou certificados que apresentam o nome do

acionista, cuja transferência é feita com a entrega da cautela e a

averbação de termo, em livro próprio da sociedade emitente,

identificando novo acionista.

II. Escriturais: Ações que não são representadas por cautelas ou

certificados, funcionando como uma conta corrente, na qual os valores

são lançados a débito ou a crédito dos acionistas, não havendo

movimentação física dos documentos.

Rentabilidade:

É variável. Parte dela, composta de dividendos ou participação nos

resultados e benefícios concedidos pela empresa, advém da posse da ação;

outra parte advém do eventual ganho de capital na venda da ação.

Dividendos:

A participação nos resultados de uma sociedade é feita sob a forma de

distribuição de dividendos em dinheiro, em percentual a ser definido pela

empresa, de acordo com os seus resultados, referentes ao período

correspondente ao direito. Quando uma empresa obtém lucro, em geral é feito

um rateio, que destina parte desse lucro para reinvestimentos, parte para

reservas e parte para pagamento de dividendos.

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Uma empresa emite ações para captar recursos no mercado. Esse dinheiro pode ser utilizado para investimentos, por exemplo, em expansão ou modernização dos negócios. Quando uma empresa emite novas ações e vende diretamente aos investidores, trata-se de uma oferta de ações no mercado primário. Seus recursos ajudam a promover o crescimento econômico, gerando emprego, e o sucesso da empresa pode remunerar as aplicações, tanto pela valorização da ação como pelo recebimento dos dividendos. Quando investidores, acionistas ou não, vão à bolsa de valores para negociar ações, recorrem ao mercado secundário e essa negociação é feita pelas corretoras de valores. (BM&FBOVESPA, 2012).

Clube de Investimento

Instrumento de participação dos pequenos e médios investidores no

mercado de ações, que pode ser administrado por uma sociedade corretora,

distribuidora, banco de investimento ou banco múltiplo com carteira de

investimento. A participação é feita pela aquisição de quotas iguais,

representativas de uma parcela do patrimônio do clube e sua rentabilidade

depende do desempenho dos títulos componentes de sua carteira. Difere-se

dos fundos mútuos pelo limite de participantes — máximo de 50, sendo que é

assegurado a cada membro o direito de aumentar o número de suas quotas, por

novos investimentos, até o limite máximo de 40% das quotas existentes e pela

possibilidade de participação na gestão dos recursos da carteira do clube.

Fundos Mútuos de Investimento

Condomínio aberto ou fechado de investidores, para aplicação de

recursos em uma carteira diversificada de títulos e valores mobiliários, em forma

de quotas. Podem ser administrados por sociedades corretoras, distribuidoras,

bancos múltiplos com carteira de investimento e bancos de investimento, e

devem dispor em seu regulamento sobre os ativos que poderão compor suas

carteiras de aplicações. As quotas do Fundo Mútuo de Investimento

correspondem a frações ideais do seu patrimônio e assumem a forma

nominativa ou escritural.

Fundo de Investimento Financeiro (FIF)

Fundo de investimento constituído sob a forma de condomínio aberto,

cujo patrimônio destina-se à aplicação em carteira diversificada de ativos

financeiros e demais modalidades operacionais disponíveis no âmbito do

mercado financeiro. Para fins de resgate, suas quotas devem ser atualizadas a

intervalos mínimos de 30 dias, contados a partir da data de emissão.

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Fundo Imobiliário

Fundo de investimento constituído sob a forma de condomínio fechado,

cujo patrimônio é destinado a aplicações em empreendimentos imobiliários. As

quotas desses fundos, que não podem ser resgatadas, são registradas na CVM,

podendo ser negociadas em bolsas de valores ou no mercado de balcão.

3.2.2 Ativos Privados de Renda Fixa

É o investimento realizado em títulos e privados de renda fixa. Esse

investimento pode ser direto, pela compra desses títulos, ou indireto, por meio

de fundos de investimento. Quando se compra um título de renda fixa, é como

emprestar dinheiro ao emissor do papel, que pode ser um banco, uma empresa

ou o governo. Em troca, o investidor recebe juros até a data de vencimento

desse título, quando ocorre o resgate. Esses juros são a remuneração recebida

por emprestar o dinheiro.

Na renda fixa é possível escolher o valor a ser investido, em quanto

tempo retirar o montante e qual retorno esperado. Pode-se acordar a

remuneração no momento da aplicação ou acompanhar as oscilações das

taxas de juros e esperar o vencimento do título. A renda fixa é o produto ideal

para investidores que possuem um perfil mais conservador e não gostam de

correr riscos. (XP, 2012).

Abaixo são apontados pela BM&FBOVESPA (2012) alguns tipos de

ativos privados de renda fixa, que podem ser utilizados como investimentos:

Debêntures e Debêntures Conversíveis em Ações:

Títulos emitidos por sociedades anônimas, representativos de parcela de

empréstimo contraído pela emitente com o investidor, a médio e/ou longo

prazos, garantidos pelo ativo da empresa. No caso de debêntures não

conversíveis, o empréstimo é liquidado normalmente no prazo previsto. Quanto

às debêntures conversíveis em ações, o investidor poderá, em prazos

determinados e sob condições previamente definidas, optar pela conversão de

seu valor em ações, incorporando-o ao capital da sociedade emitente. Todas

as condições pertinentes à emissão, prazos, resgates, rendimentos, conversão

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em ações e vencimento de debêntures são obrigatoriamente fixados em

assembleia geral de acionistas.

A XP (2012) destaca ainda que são títulos de crédito emitidos por

empresas de vários ramos, com objetivo de financiar investimentos, rolar

dívidas, fornecer capital de giro, entre outros. Cada uma tem estrutura

específica, podendo apresentar variados fluxos e diversas formas de

remuneração (Inflação + Prêmio, % do CDI ou taxa prefixada). Cada vez mais,

se transformam em instrumento de capitalização das empresas. A frequência

de book buildings (processo de colocação) cresce a cada ano.

Ressalta-se que as debêntures têm como características: liquidez

diária; grande variedade de emissores; possibilidade de compor de várias

maneiras a rentabilidade da carteira de investimentos (inflação, juros e

prefixada).

Commercial Papers

Títulos de emissão de sociedades anônimas abertas, representativos de

dívida de curto prazo (mínimo de 30 e máximo de 360 dias).

Letras de Câmbio:

Emitidas por sociedades de crédito, financiamento e investimento, para

captação de recursos para financiamento da compra de bens de consumo

durável ou do capital de giro das empresas. São lançadas na forma nominativa,

têm renda fixa e prazo certo de vencimento.

Bônus

Título emitido por uma sociedade anônima de capital aberto, dentro do

limite do capital autorizado, que confere a seu titular, nas condições constantes

do certificado, direito de subscrever ações, que será exercido contra

apresentação do bônus à companhia e pagamento do preço de emissão.

Letras Imobiliárias

Títulos emitidos por sociedade de crédito imobiliário, com garantia da

Caixa Econômica Federal, para a captação de poupança destinada ao Sistema

Financeiro da Habitação.

Cadernetas de Poupança

Emitidas nominativamente por sociedade de crédito imobiliário,

associações de poupança e empréstimos e caixas econômicas estaduais e

federal, com o objetivo de captar recursos para o financiamento de construtores

e adquirentes de imóveis. As aplicações são corrigidas a cada período de 30

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dias pela Taxa Referencial (TR) do período, e remuneradas com uma taxa de

juros de 0,5% ao mês. Podem ser resgatadas sem perda da remuneração a

cada “aniversário” de 30 dias, a partir da data da aplicação.

A caderneta de poupança ressalta XP (2012) é considerado o mais

conservador dos investimentos, porém, com menor rentabilidade. Trata-se de

um depósito que é remunerado, hoje, pela taxa de 6% ao ano, mais a variação

da taxa referencial, TR. Essa aplicação é isenta de imposto de renda. Cabe

salientar que esse tipo de investimento é sempre a primeira opção do investidor

por ser o método mais difundido, além disso, é considerado mais seguro

porque tem garantia de ressarcimento dada pelo FGC para investimentos de

até R$ 70.000,00.

A poupança é a parcela da renda economizada pelos agentes econômicos que não foi consumida na aquisição de bens e serviços. É a postergação da capacidade de consumo diante de uma expectativa de maiores dispêndios no futuro. (ASSAF NETO, 2009, p. 8).

Convém enfatizar, que a partir do dia 03 de maio de 2012, o ministro da

fazenda, Guido Mantega, anunciou mudanças na remuneração da Poupança.

Conforme a figura 3 abaixo, nada muda na regra de remuneração, para

os depósitos feitos até a data da modificação (03/05/2012). Para os depósitos a

serem realizados a partir de (04/05/2012), a remuneração da Poupança

também seguirá inalterada, pois a Selic atual é de 9%, mas em caso de

redução da SELIC para 8,5% ou menos, esses valores depositados passam a

ser remunerados pela nova regra, salienta (XP, 2012).

Figura 3 - Remuneração da caderneta de poupança Fonte: (XP, 2012).

As respectivas figuras 3 e 4 assim como a tabela 2 a seguir,

exemplificam resumidamente como será a nova regra, que somente será

alterada quando a taxa básica de juros SELIC ficar igual ou abaixo de 8,5%, ou

seja, a remuneração da Poupança será de 70% da SELIC + Taxa Referencial

(TR).

Remuneração de 0,5% ao mês + TR (ou 6,17% ao ano + TR), conforme Lei nº 8.177, 1991.

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Figura 4 - Nova regra da poupança Fonte: (XP, 2012).

Tabela 2 – Remuneração da caderneta de poupança

Remuneração da poupança com as novas regras

TAXA SELIC RENDIMENTO POUPANÇA (excluindo TR)

Mensal Anual

9% 0,50% 6,17% 8,50% 0,48% 5,95% 8% 0,46% 5,60% 7,50% 0,43% 5,25% 7% 0,40% 4,90% 6,50% 0,37% 4,55% 6% 0,34% 4,20% 5,50% 0,32% 3,85% 5% 0,29% 3,50%

Fonte: Elaborado a partir de (XP, 2012).

Vale a pena ressaltar algumas vantagens que serão mantidas para os

novos depósitos em cadernetas de poupança como:

Liquidez imediata

Rentabilidade Mensal

Isenção de IR

Verifica-se nessa perspectiva, que a regra antiga de rendimento

funcionava como um obstáculo para a queda das taxas de juros salienta XP

(2012), desse modo, com a SELIC em 8,5%, pode ocorrer uma forte migração

de grandes investidores para a poupança, além disso, a redução das taxas de

juros beneficia a todos os brasileiros.

Certificados de Depósito Bancário – CDB

Títulos representativos de depósitos a prazo determinado, emitidos por

bancos de investimentos e comerciais, negociáveis antes de seu vencimento,

por meio de endosso. Segundo a remuneração oferecida, podem ser pós ou

prefixados. Os CDBs prefixados estabelecem a priori a taxa de remuneração

Selic maior que 8,5% ao ano

Selic igual ou menor que 8,5% ao ano

Rendimento da poupança de 0,5% ao mês + TR (ou 6,17% ao ano + TR)

Rendimento da poupança de 70% da Selic + TR

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pelo período do investimento. Os CDBs pós-fixados são remunerados por uma

taxa de juros aplicada sobre o valor do investimento corrigido pela TR ou IGP-

M do período da aplicação. Instrumento de captação dos bancos, com objetivo

de financiar suas atividades, ou seja, a pessoa empresta dinheiro aos bancos

em troca de uma rentabilidade (juros). Geralmente é indexado ao DI e emitido

com prazo em torno de dois anos.

Têm como características: Risco baixo para aplicações de até R$ 70 mil

por CPF e por instituição financeira, por serem garantidas pelo Fundo

Garantidor de Crédito (FGC); retorno esperado: percentual do CDI

preestabelecido no ato da compra do CDB; ampla rede de bancos emissores;

investimento mínimo de R$ 1 mil.

Letra de Crédito Imobiliário - LCI

Instrumento de captação que pode ser emitido por instituições

autorizadas pelo Banco Central, com objetivo de financiar o setor imobiliário.

São títulos de baixo risco para o investidor, por contar com a mesma garantia

que a Caderneta de Poupança, do Fundo Garantidor de Crédito e ainda da

alienação fiduciária do imóvel.

Tem como características: liquidez na data do vencimento, que pode

variar de 3 meses a 2 anos; Risco baixo para aplicações de até R$ 70 mil por

CPF e por instituição financeira, por serem garantidas pelo Fundo Garantidor

de Crédito (FGC); alienação fiduciária do imóvel como garantia da operação;

títulos isentos de Imposto de Renda para pessoa física; retorno esperado:

percentual do CDI preestabelecido no ato de compra do título.

Letra de Crédito do Agronegócio - LCA

Título emitido por instituições financeiras públicas e privadas, vinculado

a direitos creditórios originários de negócios na área rural, sejam

financiamentos, sejam empréstimos para a produção agropecuária. O título

representa promessa futura de pagamento em dinheiro, remunerada por

percentual do CDI. Por ser isento de Imposto de Renda é uma boa alternativa

de investimento. Destinado para investidores qualificados.

Tem como características: liquidez na data do vencimento; isenção de

Imposto de Renda e de IOF para pessoa física. Destinado a investidores

qualificados.

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Certificado de Recebíveis Imobiliários - CRI

Título que concede o direito de receber receitas de um ou vários

imóveis. Só pode ser emitido por companhias securitizadoras, responsáveis por

estruturar os créditos imobiliários e transformá-los em CRIs.

Tem como características: liquidez baixa; baixo Risco; destinado para

investidores qualificados; possibilidade de remuneração atrelada à inflação +

ganho real (prêmio) ou vinculada ao DI ou prefixada; isenção de Imposto de

Renda e IOF para pessoa física.

Ressalta-se que, os CDBs normalmente é o segundo passo na evolução

dos investimentos da população. Por oferecer uma parcela um pouco maior de

risco em relação à poupança (não tem garantia de ressarcimento para valores

acima de 70.000), também oferece um retorno maior para o investidor. O CDB

nada mais é que um título de dívida de um banco. Quando a pessoa compra

um CDB ela está emprestando dinheiro a essa instituição, que em um tempo

preestabelecido vai lhe devolver o dinheiro com o valor reajustado.

Na tabela 3 abaixo é apresentada as alíquotas de IOF, em cima do

rendimento para aplicações financeiras de Renda Fixa.

Tabela 3 – Tabela de IOF para aplicações financeiras de Renda Fixa.

Prazo % Prazo % Prazo % Prazo % Prazo %

1 96 7 76 13 56 19 36 25 16

2 93 8 73 14 53 20 33 26 13

3 93 9 70 15 50 21 30 27 10

4 86 10 66 16 46 22 26 28 6

5

6

83

80

11

12

63

60

17

18

43

40

23

24

23

20

29

30

3

0

Fonte: (CEF, 2012).

Convém enfatizar que uma desvantagem do CDB e dos outros

investimentos de Renda Fixa em relação à poupança, é que os mesmos

quando resgatados em menos de 30 dias têm incidência de Imposto Sobre

Operações Financeiras (IOF). O IOF é um imposto que incide sobre o lucro da

operação, que acaba por inviabilizar esses investimentos para aplicações com

resgate em menos de 30 dias. (XP, 2012).

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3.2.3 Ativos Públicos de Renda Fixa

Destaca a BM&FBOVESPA (2012), que ativos públicos de renda fixa

sãos títulos emitidos pelo governo, por meio do Tesouro Nacional, com a

finalidade de captar recursos para financiamento da dívida pública e para

projetos na área federal como educação, saúde, tecnologia, infraestrutura,

entre outros. O preço unitário, valor pelo qual são negociados, é a soma de

todos os pagamentos futuros trazidos a valor presente pela taxa de desconto

(taxa de negócio). Ou seja, taxa e preço são inversamente proporcionais. Se

um sobe, o outro desce. A única exceção é a LFT, que dia a dia, é corrigida

pela taxa Selic. Os títulos públicos têm como características: liquidez semanal

no Tesouro Direto e liquidez diária nas operações realizadas pela Mesa de

Renda Fixa. Abaixo alguns exemplos de investimentos em títulos do tesouro:

Notas do Tesouro Nacional - (NTN) - São títulos indexados à inflação.

Rendem juros mais a inflação medida pelo IPC, indicador oficial do governo

federal para medição da inflação. Os ganhos do investidor corresponderão aos

juros que superarem o índice da inflação. Indicados em que momentos: ciclo de

medidas expansionistas que irão aumentar o consumo e, consequentemente,

puxar os preços da economia como um todo. Também são indicados para

períodos longos, para garantir ganho real da aplicação. As NTN têm como

objetivo básico alongar o prazo de financiamento da dívida do Tesouro. Séries

especiais de NTN podem ser lançadas dez séries distintas: A, B, C, D, F, H, I,

M, P e R, com finalidades específicas.

Letras do Tesouro Nacional - LTN - São títulos prefixados, ou seja, na

data de aplicação é conhecida a rentabilidade da operação, caso os ativos

sejam levados até o resgate. Indicados em que momentos: fim do ciclo de alta,

manutenção ou início de ciclo de baixa da taxa de juros.

Letras Financeiras do Tesouro - LFT - São títulos pós-fixados

vinculados à taxa Selic. Indicados em que momentos: ciclo de alta das taxas de

juros: momento contracionista da economia: geralmente após um longo período

de alta dos índices de inflação.

O quadro 5 a seguir, aponta as opções de títulos federais, rentabilidade

e suas características:

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TIPOS DE TÍTULOS PÚBLICOS RENTABILIDADE CARACTERÍSTICAS

NTBN-T IPCA + juros Juros semestrais e o principal no

vencimento

NTN-B principal IPCA + juros Juros + principal no vencimento

LFT Selic Juros + principal no vencimento

NTN-F Juros predefinidos Juros semestrais e o principal no

vencimento

LTN Juros predefinidos Juros + principal no vencimento

Quadro 5 – Opções de títulos Federais

Fonte: Elaborada a partir de (XP, 2012).

O gráfico 2 abaixo revela o aumento significativo no tesouro direto. De

dezembro de 2010 a dezembro de 2011.

Gráfico 2 – Aumento do tesouro direto Fonte: (BMF/BOVESPA, 2012).

Como é destacado no gráfico o Tesouro Direto, apresentou um aumento

significativo, tanto em número de investidores quanto em volume custodiado.

Nota-se que de dezembro de 2010 a dezembro de 2011, o número de

investidores passou de 49 mil para 77 mil (alta de 56,7%), enquanto que o

volume custodiado aumentou de R$4,7 bilhões para R$7,5 bilhões (alta de

61,1%). Convém enfatizar que esse crescimento reflete os esforços da

companhia para desenvolver esse produto por meio de incentivos à rede de

distribuição formada pelas corretoras de valores. (BM&FBOVESPA, 2012).

Vale a pena ressaltar ainda que, esses títulos são considerados de risco

zero pelo mercado, porque a pessoa empresta dinheiro ao Governo Federal,

que é o emissor da moeda nacional, “os títulos públicos são os mais seguros

dentre as opções de renda fixa”. (PINHEIRO, 2005, p. 94).

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No quadro 6 abaixo, é possível avaliar cada tipo de investimento no que

tange a rentabilidade, risco e liquidez, já que estes são requisitos básicos que

todo investidor precisa atentar-se na hora de escolher seus investimentos.

Tipo de Investimento Rentabilidade Risco Liquidez

Ações de grandes empresas Média Médio Alto

Ações small caps Alta Alto Média

CDB/RDB Baixa Muito baixo Média

Debêntures Média Baixo Média

Derivativos Muito alta Muito alto Alta

Dólar ou outras moedas Média Alto Muito alta

Fundos de ações Alta Médio Alta

Fundos de private equity Alta Alto Baixa

Fundos de renda fixa Baixa Baixo Média

Fundos multimercado Média Médio Média

Imóveis Média Baixo Muito baixa

Obras de arte e antiguidades Baixa Médio Muito baixa

Ouro Média Médio Alta

Poupança Muito baixa Muito baixo Muito alta

Previdência privada Média Baixo Média

Títulos públicos Baixa Baixo Alta

Quadro 6 – Principais tipos de investimentos e suas características

Fonte: (SALLES, 2008).

3.3 Tipo de investidor

O tipo de investidor destaca a BM&FBOVESPA (2012) é definido de

acordo com o grau de exposição ao risco que se dispõe aceitar, recebendo três

tipos mais comuns de enquadramento como: conservador, moderado e

agressivo. Cada um deles possui características próprias que auxiliam traçar a

composição mais adequada para a escolha da melhor carteira de

investimentos, ou seja, o perfil de um investidor determina quais os riscos e

consequentemente, quais os tipos de investimentos estará disposto a assumir

a fim de conseguir aumentar o potencial de ganho (ou perda) em suas

operações, desta maneira, o investidor irá naturalmente se adequar ao tipo de

perfil que melhor se enquadra.

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O quadro 7 abaixo apresenta a o número total de investidores pessoa

física, e a quantidade de investidores homens e mulheres entre o ano de 2002

e 2011 (*até novembro).

Quadro 7 - Distribuição da participação de investidores homens e mulheres Fonte: (BM&BOVESPA, 2011).

Nota-se neste quadro que o número de investidores pessoa física

aumentou consideravelmente em uma década, ou seja, de 85.249 em 2002

para 585.190 em 2011, embora, esta quantidade de investidores ainda seja

inexpressiva se comparada a outros países, que já possuem seu mercado de

capitais mais consolidado.

Entretanto, este aumento de investidores é também devido ao esforço

da Bovespa e pesquisadores em tornar o mercado de ações mais popular e

acessível para todo o público. Dessa maneira, convém enfatizar ainda, que a

participação feminina tem aumentado a cada ano, conforme revela o quadro

acima.

Já no quadro 8 a seguir, é possível observar em quais Estados estão

distribuídos estes 585.190 investidores pessoa física, comparativamente entre

homens e mulheres.

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Quadro 8 - Investidores por Estado

Fonte: (BM&BOVESPA, 2012).

Nota-se neste quadro, no que tange investidores por Estado, que a

região sudeste possui a maior concentração de investidores, como São Paulo,

Rio de Janeiro e Minas Gerais respectivamente. Ressalte-se que somente o

Estado de São Paulo lidera com o maior número de investidores tanto homens

como mulheres, equivalentes a 254.316 investidores de um total de 585.190

cadastros de pessoa física, ou seja, 43,46%, sendo deste percentual, 11,44% é

a participação do público feminino. Destaca-se também os três Estados

pertencentes à região sul liderado por Rio Grande do Sul, Paraná e Santa

Catarina possuem respectivamente 41.908, 32.335 e 21.001 no total de

investidores, o que representa um somatório de 95.244 investidores. Salienta-

se ainda que, a região norte tem menor expressividade em números de

investidores.

Nesta perspectiva pode-se concluir que as duas primeiras regiões

destacadas neste quadro possuem a maior concentração de investidores do

país com a participação de 502.844 de um total de 585.190 brasileiros

cadastrados, ou seja, Sul e Sudeste representam 85,93%. Desta distribuição

de 502.844 investidores nas regiões que lideram 74,65% e 25,35%

correspondem à participação de homens e mulheres respectivamente.

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4 MERCADO DE CAPITAIS

O mercado de capitais é um canal fundamental na captação de recursos,

é composto por empresas de Sociedade Anônima e capital aberto. Seu

surgimento ocorreu para suprir as necessidades das empresas que buscavam

financiamento para suas atividades de maneira adequada no que tange a

prazos, custos e exigibilidade, pois o mercado de crédito já não supria de

maneira adequada essas necessidades. Pinheiro (2002) aponta essa

contribuição para o desenvolvimento econômico, atuando como um

impulsionador para os investimentos e estimulando a formação de poupança

privada, como um dos princípios fundamentais para o surgimento do mercado

de capitais. Evidencia-se que o mercado de capitais também pode ser

chamado de mercado de valores mobiliários, pois compreende um conjunto de

operações com esses valores, ou seja, ações, debêntures, notas promissórias,

bônus e outros serviços securitizados. (CASAGRANDE NETO, 2000).

Convém enfatizar que para Pinheiro (2008) os participantes do mercado

de capitais podem ser definidos em dois grupos. No primeiro grupo estão

aqueles que normatizam o mercado de capitais, a exemplo da CVM e das

bolsas de valores. Já no segundo grupo estão os investidores do mercado de

ações, que podem ser pessoas físicas individuais ou coletivas representadas

por clubes de investimentos, ou podem ser investidores institucionais.

A BM&FBOVESPA (2012) apresenta o mercado de capitais como:

um sistema de distribuição de valores mobiliários, que tem o propósito de proporcionar liquidez aos títulos de emissão de empresas e viabilizar seu processo de capitalização. É constituído pelas bolsas de valores, sociedades corretoras e outras instituições financeiras autorizadas. No mercado de capitais, os principais títulos negociados são os representativos do capital de empresas — as ações — ou de empréstimos tomados, via mercado, por empresas — debêntures conversíveis em ações, bônus de subscrição e “commercial papers” que permitem a circulação de capital para custear o desenvolvimento econômico. O mercado de capitais abrange, ainda, as negociações com direitos e recibos de subscrição de valores mobiliários, certificados de depósitos de ações e demais derivativos autorizados à negociação.

Observa-se que para Assaf Neto (2009 p. 166), a função básica do

mercado de capitais é “promover a riqueza nacional por meio da participação

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da poupança de cada agente econômico”, e os principais ativos negociados

neste mercado são as ações.

Vale ressaltar que o mercado de capitais representa uma das maiores

fontes de desenvolvimento econômico de um país, dessa forma, o crescimento

e o desenvolvimento de uma economia está diretamente relacionado com o

grau de eficiência do seu mercado de capitais, enfatiza (PINHEIRO, 2002).

A estrutura desse mercado relata Assaf Neto (2009), é voltada para

suprir as necessidades dos agentes econômicos que por meio de

investimentos e suas modalidades podem financiar seu capital de giro e capital

fixo a médio e longo prazo.

Na mesma linha, Pinheiro (2002, p. 87) salienta que o mercado de

capitais pode ser definido como um “conjunto de instituições que negociam

com títulos e valores mobiliários, objetivando a canalização dos recursos dos

agentes compradores para agentes vendedores”. Cabe evidenciar, que na

visão de Lameira (2003, p.8), no mercado de capitais é onde:

se concentram operações de longo prazo, ou de prazo indeterminado, com o objetivo de financiamento de um complexo industrial, da compra de máquinas e equipamentos, ou obtenção de sócios ou parcerias para a capitalização de empresas já existentes no mercado ou que estejam se constituindo.

Nesse sentido, mercado de capitais representa um sistema de

distribuição de valores mobiliários, viabilizando a capitalização das empresas e

dando liquidez aos títulos, assumindo um papel relevante no processo de

desenvolvimento econômico tornando-se o “grande municiador de recursos

permanentes para a economia” (ASSAF NETO, 2009, p. 5).

4.1 Trajetória do Mercado de Capitais

Historicamente, de acordo com o Instituto Brasileiro de Mercado de

Capitais, no ano de 2002 foi criado um Plano Diretor do Mercado de Capitais

perante o âmbito do movimento liderado pela Bovespa que tinha como intuito

desenvolver e fortalecer o Mercado de Capitais Brasileiro, que fora afetado pela

sucessão de crises internacionais como a asiática em 1997, a crise Russa em

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1998, a crise turca e argentina e os decorrentes do ataque terroristas em

2001/2002, seguidos pela crise de credibilidade de empresas americanas

(IBMEC, 2012).

Embora entre os anos de 1991 e 1997 tenham sido vistos como um

período de forte crescimento para o mercado de capitais brasileiro, o impacto

dessas crises junto com ações derivadas da política econômica brasileira,

foram determinantes para o encolhimento do mercado de capitais brasileiro. A

partir dos anos 90, a primeira ação nociva do governo que impactou o mercado

de capitais foi a Lei de Kandir, que retirou direitos dos minoritários; logo em

seguida, vieram à taxação da CPMF nas negociações em bolsa, elevação de

10% para 20% na tributação das aplicações em renda variável, igualando-as às

aplicações em renda fixa e, para finalmente, a tributação de imposto de renda

sobre os fundos de pensão. Nesse contexto, e considerando ainda o alto nível

das taxas de juros que estimulavam a aquisição dos títulos de renda fixa, foi

evidente o grande número de empresas que fecharam capital, mais de 150,

segundo o IBMEC, assim como a redução inevitável dos volumes diários

negociados na bolsa, menos da metade dos observado em 1997.

Devido a esse cenário, em 2001, a BOVESPA com a participação de 45

entidades liderou a “Ação Cívica pelo Fortalecimento do Mercado de Capitais”

e a primeira conquista vinda dessa ação foi à aprovação pelo Congresso para

extinção da CPMF nas negociações em bolsa. Em 2002, aproveitando o âmbito

desse movimento pelo fortalecimento do mercado de capitais, foi elaborado o

Plano Diretor do Mercado de Capitais, sob a coordenação da ABAMEC e do

IBMEC, junto com o apoio e colaboração de 24 entidades, que compreende 12

diretrizes e 50 ações agrupadas em seis temas como:

1-Política Macroeconômica;

2-Ações voltadas para as empresas;

3-Ações voltadas para os investidores;

4-Ações voltadas para os Agentes de Mercado;

5-Ações voltadas para a Regulação e Autorregulação;

6-Ações voltadas para a mobilização, sensibilização e divulgação.

Corroborando com a eficiência do Plano Diretor, vale ressaltar a

importância do seu papel na educação e no desenvolvimento do Mercado de

Capitais Brasileiro, pois além de estimular a certificação dos profissionais das

entidades subscritoras, o “Plano Diretor decidiu apoiar a criação da Escola

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Nacional de Investidores, que busca educar esses investidores, utilizando os

Clubes de Investimentos como veículo de aplicação em ações”, uma excelente

e bem-sucedida ação que foi adaptada de uma experiência americana.

(IBMEC, 2012, não paginado).

4.2 Bolsa de Valores

A Bolsa de Valores é o mercado organizado no qual se negociam as

ações de empresas com capital aberto e outros instrumentos financeiros como

opções e debêntures. É uma instituição administradora de mercado, que

mantém o local ou o sistema de negociação eletrônica adequada à realização

de transações de compra e venda de títulos e valores mobiliários. No caso do

Brasil, a Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros – BM&FBOVESPA - é a

principal bolsa de valores, ela administra mercados de Bolsa e de Balcão

Organizado. Foi criada em 2008 com a fusão da BM&F e da Bovespa,

tornando-se uma das maiores bolsas do mundo e líder na América Latina.

Sediada na cidade de São Paulo, a BM&FBOVESPA possui escritório de

representação nos Estados Unidos (Nova York), no Reino Unido (Londres) e na

China (Xangai) Com atuação em dois grandes mercados: BM&F (derivativos) e

Bovespa (valores mobiliários), a companhia desenvolve, implanta e provê

sistemas para a negociação de ações, títulos de renda fixa, títulos públicos

federais, derivativos financeiros, commodities agropecuárias e moedas a vista,

dentre outros.

Todos os negócios em bolsa são efetuados por meio de Sociedades Corretoras de Títulos e Valores Mobiliários, sendo as comissões praticadas por elas, estabelecidas de forma competitiva e todos os negócios executados em nome do cliente final (PINHEIRO, 2002, p. 130).

Cabe evidenciar que para Assaf Neto (2000), a Bolsa de Valores são

instituições administradoras de mercados e o cerne de sua existência é

proporcionar liquidez aos títulos negociados, atuando por meio de pregões e

com a responsabilidade de fixar um preço justo mediante a oferta e procura.

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Tem atividade de autorregulação, com o intuito de preservar altos

padrões éticos de negociação, e divulgar as operações executadas com

rapidez, amplitude e detalhes.

De forma sintetizada, pode-se definir que a constituição desse mercado

é um trinômio que envolve empresa, intermediário e investidor, afirma a

Comissão Nacional de Bolsa de Valores (1983).

A bolsa de valores é uma associação civil, sem fins lucrativos ou pode se constituir como sociedade anônima. Seu patrimônio é representado por títulos que pertencem às sociedades corretoras membros. Possui autonomia financeira, patrimonial e administrativa, mas está sujeita a supervisão da Comissão de Valores Mobiliários e obedece às diretrizes e políticas emanadas do Conselho Monetário Nacional. (CAVALCANTE FILHO, 2002, p. 70, grifo nosso).

Convém enfatizar, que no conceito anterior, o autor afirma que a bolsa

de valores é uma associação sem fins lucrativos, porém, a partir do ano de

2007, quando abriu capital, a Bolsa de Valores do Brasil, na época ainda

denominada Bovespa, passou então a figurar como uma instituição com fins

lucrativos.

As bolsas de valores são locais que oferecem condições e sistemas necessários para a realização de negociação de compra e venda de títulos e valores mobiliários de forma transparente. Além de seu papel básico de oferecer um mercado para a cotação dos títulos nelas registrados, orientar e fiscalizar os serviços prestados por seus intermediários, facilitar a divulgação constante de informações sobre as empresas e sobre os negócios que se realizam sob seu controle, as bolsas de valores propiciam liquidez às aplicações de médio e longo prazo, por intermédio de um mercado contínuo, representado por seus pregões diários. (BM&FBOVESPA, 2012).

Cavalcante Filho (2002) enfatiza que os principais títulos negociados na

bolsa de valores são as ações que representam o capital das empresas,

porém, a legislação autoriza que outros títulos também podem ser negociados

como:

Debêntures (simples ou conversíveis);

Commercial papers;

Opções de compra e venda de companhias abertas;

Quotas de fundos;

Bônus de subscrição;

Recibos de carteira de ações;

Títulos públicos;

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Certificados de depósitos de ações (BDR).

Para serem negociadas, as ações devem estar previamente registradas

na bolsa de valores e na comissão de valores mobiliários. Para obter esses

registros, as empresas satisfazem pré-requisitos jurídicos e econômicos com o

comprometimento de seguir padrões de comportamento. (OLIVEIRA, 1983).

É por meio das bolsas de valores que se pode viabilizar um importante objetivo de capitalismo moderno: o estímulo à poupança do grande público e ao investimento em empresas em expansão, que, diante deste apoio, poderão assegurar as condições para seu desenvolvimento. (BM&FBOVESPA, 2012).

Em economias mais estáveis, a parcela da população que investe em

ações chega a 50% no Brasil, esse total não passa de 1% e tal disparidade

demonstra claramente o potencial de crescimento do mercado local e justifica a

ousada meta de captar cinco milhões de novos investidores em cinco anos.

Atualmente, de acordo com a BM&FBOVESPA (2012), há

aproximadamente 600.000 (seiscentos mil) brasileiros investindo no mercado

de ações, números considerados ainda pouco expressivos. Dessa forma, como

objetivo de alavancar esses dados a BM&FBOVESPA (2012), afirma que

investirá continuamente em educação, na popularização de seus mercados e

no relacionamento com as empresas, decisões estratégicas que já estão

consolidadas e em pleno processo de implantação, mas que merecem

aperfeiçoamento constante. Vale a pena ressaltar que no “mercado de capitais

e ao seu importante instrumento, a bolsa de valores, está reservado o papel

fundamental para o Brasil voltar a crescer”. (COSTA, 2009, p. 328).

4.2.1 Educação e divulgação dos mercados

Há 10 anos a BM&FBOVESPA vem incentivando e fomentando o

mercado. Por ser uma das maiores bolsas do mundo a projeção do Brasil, no

cenário internacional, é de um país com mais credibilidade e novas

possibilidades, o que resulta em maior segurança para o investidor e

estabilidade para o mercado. Com o desafio de tornar o mercado mais

acessível a todos os brasileiros que querem ser sócios do crescimento do país,

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a BM&FBOVESPA oferece diferentes programas em que educação é a

palavra-chave. O que em princípio se tratava de uma estratégia para aproximar

o mercado de ações da população brasileira – explicando os principais

conceitos e os benefícios do investimento em ações na formação de poupança

de longo prazo – tornou-se um dos maiores programas de educação financeira

do mundo e, certamente, o maior desenvolvido por uma Bolsa.

Vale a pena ressaltar algumas ações da BM&FBOVESPA para fomentar

o conhecimento a todos os públicos no que tange ao mercado de capitais e,

consequentemente, prospectar esses futuros investidores. Abaixo a

explanação de algumas dessas ações de forma sintetizada:

Campanha educativa;

“Quer Ser Sócio”, veiculada em TV aberta para todo o País em 2011,

atingiu mais de 10 milhões de pessoas apenas na TV Globo;

Estratégia Nacional de Educação Financeira.

Entendendo a importância da educação financeira para a tomada de

decisões conscientes em relação ao uso do dinheiro e investimentos, a

BM&FBOVESPA apoia, desde 2007, a Estratégia Nacional de Educação

Financeira, desenvolvida pelo governo brasileiro, tendo sido a responsável pela

formulação do capítulo que traz propostas de ações para inclusão da educação

financeira nas escolas. A avaliação de impacto do programa piloto do Ensino

Médio da Enef, que abrangeu cerca 900 escolas e 26 mil estudantes, realizada

em parceria com o Banco Mundial, tornou-se um case mundial de educação

financeira em 2011.

Congresso Internacional de Mercados Financeiro e de Capitais

Em 2011, a BM&FBOVESPA, por meio do Instituto Educacional, realizou

o 5º congresso Internacional de Mercados Financeiro e de Capitais. O mais

importante evento do gênero na América Latina contou com 800 participantes,

colocando o país em posição de destaque na discussão do cenário econômico

mundial.

BM&FBOVESPA Vai até Você

O programa visita instituições (empresas, escolas, universidades,

associações, sindicatos), praias, cidades do agronegócio e diversas feiras e

eventos, permitindo conhecer as diferentes alternativas de investimento

oferecidas pela Bolsa. Em 2011, foram atendidas, em 61 eventos, 39.511

pessoas e ministradas 10.885 palestras.

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Desafio BM&FBOVESPA

Competição que simula o mercado de capitais, dirigida a estudantes do

Ensino Médio das redes pública e privada de todo o Estado de São Paulo. O

projeto envolveu mais de 11 mil pessoas desde sua criação. Em 2011 foram

399 escolas inscritas, com o total de 1.067 participantes. A versão web teve 17

grupos cadastrados e 93 participações.

Programa Educar

Promove palestras e cursos gratuitos de educação financeira voltados a

diferentes públicos, crianças, jovens e adultos. Em 2011, foram oferecidos 552

cursos, envolvendo 32.178 participantes.

TV Educação Financeira

Veiculado todos os sábados na TV Cultura, com audiência média

individual de mais de 96.594 pessoas. O site do programa finalizou o ano com

139.958 acessos.

TV BVMF e Rádios

No site da Bolsa, há extensa produção audiovisual, que envolve desde a

explicação sobre os principais produtos e serviços até um panorama dos

eventos nacionais e internacionais realizados. Há também programação

musical e conteúdo de qualidade sobre educação financeira. Em 2011, a

audiência das rádios BM&FBOVESPA cresceu. A do Desafio terminou o ano

com 29.631 ouvintes e a do Mulheres em Ação com 35.718. A Rádio Web

contou com 16.984 veiculações sobre educação financeira e 333 sobre

Mulheres em Ação.

Fica Mais

Programa de incentivo em que é possível acumular pontos e trocá-los

por produtos e serviços. Quando o investidor adere ao programa, os pontos

começam a ser creditados. E continua assim, sempre que permanecer com

investimentos em ações, indicar amigos e solicitar cancelamento de

informativos impressos através do Canal Eletrônico do Investidor (CEI). Em

2011, o Fica Mais terminou o ano com 15.695 adesões, 4.558 indicações, 438

indicações aceitas e 75.447 acessos ao site.

iPad, iPhone e Android

A Bolsa disponibiliza gratuitamente para download vários aplicativos que

oferecem aos usuários informações sobre seus mercados, com índices em

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tempo real, cotações de ações, commodities, mercados futuros, gráficos e

notícias. Os aplicativos estão também disponíveis nas redes sociais.

Dinheiro no Bolso

Lançado em 2011, no Canal Futura, o programa é uma competição

sobre educação financeira voltada para o público jovem, realizada pela

emissora em parceria com a BM&FBOVESPA. Visando estimular o consumo

consciente e a responsabilidade de gestão de patrimônio nas novas gerações,

a atração transmite, de forma lúdica e atrativa, conceitos sobre economia,

finanças, investimento, mercado de ações, crédito e empreendedorismo.

Site Quer ser Sócio?

O site da campanha educativa Quer ser Sócio? Contém uma série de

vídeos didáticos sobre o mercado, acesso a cursos presenciais ou on-line,

dicas de como conhecer o perfil de investidor e começar a investir, ajuda para

escolher a corretora mais adequada, esclarecimentos dos riscos do mercado e

Serviço de Atendimento ao Público. Em 2011 teve 1,1 milhão de acessos.

Turma da Bolsa

Portal de educação financeira para crianças, com vídeos também

veiculados no canal Futura, finalizou 2011, com 23.323 acessos e 8.582

crianças cadastradas.

Mulheres em Ação

Programa que estimula a participação feminina nas alternativas de

investimentos que a Bolsa oferece. O portal na internet apresenta planilhas

para controlar os gastos, vídeos educativos e um espaço para fóruns. Em

2011, o site teve 6.969 acessos e 97 artigos publicados.

Simuladores

A Bolsa, em parcerias com várias instituições, criou os simuladores para

os participantes aprenderem a investir no mercado de ações ou de derivativos,

aplicar em títulos públicos, diversificar ou aumentar os investimentos. O usuário

recebe uma quantia virtual em dinheiro e consegue simular, em tempo real,

compra e venda de ações ou de contratos derivativos, montar uma carteira de

investimentos e concorrer a prêmios. O total de usuários em 2011 foi de

1.294.380, destacando-se o número de acessos ao SimulAção: 2.121.906.

Cursos e palestras institucionais

Além do Educar, a Bolsa oferece os cursos on-line de finanças pessoais

e mercado de ações além de palestras institucionais.

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Instituto Educacional BM&FBOVESPA

Com reconhecida experiência, o Instituto Educacional atua na

disseminação de conhecimentos sobre os mercados de capitais e derivativos,

oferecendo cursos com variados graus de profundidade e níveis de

abrangência, além do treinamento específico para operar nos mercados

negociados na Bolsa. O Instituto Educacional busca aproximar os alunos do

que há de mais inovador em conhecimentos do mercado financeiro e de gestão

de negócios, firmando parcerias e cooperações estratégicas com renomadas

instituições nacionais e internacionais, além de contar com corpo docente

especializado, infraestrutura de salas de aula e laboratórios de estudo. Sua

biblioteca dispõe de amplo acervo e acesso informatizado, que facilitam o

desenvolvimento de pesquisas. Em 2011, 5.797 pessoas participaram dos

cursos do Instituto Educacional.

Verifica-se e conclui-se com base nessas informações sustentadas pela

BM&FBOVESPA (2012) que as iniciativas da Bolsa atingem milhões de

pessoas todos os anos, de crianças a profissionais de mercado, passando por

investidores em geral, mulheres e adolescentes. A Bolsa atendeu, nesses dez

anos, 1,9 milhão de pessoas apenas em seus programas presenciais e 1,6

milhão de pessoas nos seus programas on-line, tais como simuladores e sites

de educação financeira. Mais de 70 mil domicílios por semana assistem ao

programa Educação Financeira da TV Cultura. Os vídeos educativos feitos pela

Bolsa foram vistos por 3,2 milhões de pessoas por meio do site no ano de

2011.

4.3 Corretoras de Valores

Na visão de Pinheiro (2008) as Corretoras de valores são instituições

financeiras credenciadas pelo Banco Central do Brasil, pela CVM e pela Bolsa,

habilitadas a negociar valores mobiliários sem pregão. As corretoras podem ser

definidas como intermediárias especializadas na execução de ordens e

operações por conta própria e determinadas por seus clientes, além da

prestação de uma série de serviços a investidores e empresas, tais como:

diretrizes para seleção de investimentos;

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65

intermediação de operações de câmbio;

assessoria a empresas na abertura de capital, emissão de debêntures e

debêntures conversíveis em ações, renovação do registro de capital etc.

4.4 Definição de Clube de Investimento

Um clube de investimento, destaca O’Hara (2004 apud Mineiro, 2007 p.

15), é um grupo em que todos pensam de forma semelhante e têm como

interesse comum investir no mercado de ações. Eles concordam sobre

algumas metas e princípios básicos de investimentos, e cada um deles se

encarrega de uma parte do trabalho de pesquisa do mercado acionário.

Clubes de investimentos, de maneira sintetizada são grupos de pessoas

que se unem para investir. Ganhos e perdas são divididos proporcionalmente

entre os membros de acordo com o quanto investiram. Devido aos recursos

somados e custos divididos deixam o investimento na Bolsa mais acessível,

diversificado e democrático, afirma a BM&FBOVESPA (2012).

Na visão de Assaf Neto (2009, p. 47), um clube de investimento é

“formado por investidores (pessoas físicas) que têm por objetivo constituir uma

carteira diversificada de títulos e valores mobiliários, mediante a aplicação de

recursos financeiros próprios”, e sua constituição é processada mediante

aprovação e assinatura dos membros, por meio de um estatuto social, que irá

conter todas as regras e procedimentos concordados entre os participantes.

Em complemento a esta posição, clube de investimento trata-se de

aplicação financeira criada por um grupo de pessoas que desejam investir seu

dinheiro em ações das empresas, ou seja, tornar-se sócias delas. Juntos os

participantes do clube terão as mesmas condições de comprar ou vender

ações, como fazem os grandes investidores destaca a BM&FBOVESPA (2011).

De forma mais abrangente afirma Lameira (2003), um clube tem como

objetivo aplicar seus recursos em ações, debêntures, CDB ou RDB, e cotas de

fundos de renda fixa, é vedada aos fundos a aplicação direta em títulos de

dívida pública, principalmente se o clube não for administrado por instituição

financeira, convém enfatizar que as cotas de um clube de investimentos,

também, não são valores mobiliários.

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66

Vale a pena ressaltar que na visão de pinheiro (2008), os clubes de

investimentos podem representar uma ótima e democrática maneira para

compra de ações. Na mesma linha, afirma que são associações de pessoas

que possuem alguma afinidade para investimentos e que as decisões cabem

aos participantes e a consultoria de uma corretora de valores.

Clube de investimento é uma modalidade de investimento coletivo, organizado sob a forma de condomínio fechado ou aberto, onde deve haver um estatuto que defina os objetos de investimento, o administrador (podendo ser um agente de investimentos), as formas de entrada e saída, assim como estabelecer o critério de cálculo do valor das cotas. (LAMEIRA, 2003, p. 176).

O objetivo da criação do Clube de Investimento para o Mercado

Financeiro afirma Assaf Neto (2009, p. 47) “é o de dinamizar os investimentos

em ações, ampliando a participação dos investidores em bolsas de valores”.

A BM&FBOVESPA (2012) destaca que essa forma de investimentos, por

meio de clubes, pode ter no mínimo 3 (três) e no máximo 50 (cinquenta)

participantes, porém, no caso de um clube que reúna funcionários, empregados

ou contratados de uma mesma entidade, empresa ou qualquer grupo de

sociedade, o número de membros pode ser maior que este. Entretanto, um

único participante não pode ter mais de 40% do total das cotas e novos

membros podem ser aceitos no clube.

Ressalta-se que um “Clube de Investimento deve ser registrado em

bolsa de valores, mediante arquivamento de seu estatuto, e inscrito no

Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica”. (ANDREZO e LIMA, 2007, p. 156).

O primeiro clube de investimento formado após o programa de popularização foi “Força 1”, criado por trabalhadores da Força Sindical, com 100 cotistas e patrimônio de R$ 120 mil, mas os clubes já existem há muito tempo e o mais antigo em funcionamento é o clube Asa de Investimento, de 1968. Como resultado do trabalho das Corretoras de Valores e da Bolsa para popularizar o mercado de ações, o número de clubes de investimento mais que triplicou. Em dezembro de 2004, o número de clubes de investimento registrados ultrapassou a marca de mil, sendo 575 deles formados após o lançamento do Projeto BOVESPA VAI ATÉ VOCÊ, criado em 2004. (BM&FBOVESPA 2006 apud MINEIRO, 2007 p.14, grifo do autor).

No Brasil, esse tipo de investimento é ainda muito tímido se comparado

aos Estados Unidos. Para Lóis (2009 apud LORENZO, 2009), o brasileiro ainda

não conhece o mercado de capitais. Como o nosso país começou a ter

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67

estabilidade econômica a partir de 1994, ainda não houve tempo para a

população aprender a investir.

4.4.1 Vantagens do Clube de Investimento

É uma das melhores maneiras para começar a investir no mercado de

ações;

Permite fazer poupança a médio e longo prazo, com um valor mensal

que não comprometa, mas que seja constante;

Os clubes de investimento permitem que os envolvidos participem

diretamente de sua gestão, o que, embora demande tempo e exija certa

disciplina, constitui excelente forma de aprender como funciona o mercado;

Aplicando-se em clubes, pode-se criar o hábito de aplicar

mensalmente. Os investidores conseguem fazer com que suas aplicações se

mantenham na média;

Com um volume maior, originado pela soma dos recursos de cada

integrante do clube, é possível diversificar a aplicação. Assim, é possível

investir em ações de diferentes empresas e setores da economia, com custos

de transação proporcionalmente menores;

O clube é isento do Imposto de Renda. O cotista só paga o IR na fonte

no momento do resgate de suas cotas, e somente sobre o valor de resgate,

quando houver ganhos, de 15% sobre a rentabilidade. É diferente do

investimento direto em Bolsa, no qual o investidor deve pagar imposto na fonte

sobre Daytrade.

No quadro 10 a seguir, é possível ver de forma detalhada o histórico dos

Clubes de Investimentos no Brasil, no que tange número de administradores,

clubes em atividade, número de membros e o patrimônio líquido.

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68

CLUBES DE INVESTIMENTOS

Período

Número de Administradores

Número de Clubes em Atividade

Número de membros

Patrimônio Líquido

R$ Mil US$ Mil

Jan - 2000 54 186 41.110 278.518 154.526

Fev 52 179 50.438 306.124 173.098

Mar 51 179 48.898 287.513 164.547

Abr 74 259 121.528 953.770 527.907

Mai 82 291 162.100 1.384.025 757.705

Jun 83 332 149.524 1.403.449 779.694

Jul 84 335 149.073 1.408.532 793.628

Ago 83 338 149.248 1.579.293 866.125

Set 85 348 147.219 1.520.955 824.947

Out 87 361 146.843 1.517.549 794.945

Nov 91 366 171.777 1.531.169 781.368

Dez 93 379 115.087 1.269.132 649.039 Jan - 2001 93 387 150.713 1.811.793 919.179

Fev 88 372 153.629 1.827.429 893.521

Mar 90 408 172.395 1.786.251 826.356

Abr 93 423 157.510 1.701.573 778.859

Mai 93 442 151.658 1.529.833 648.234

Jun 93 438 150.226 1.508.522 654.485

Jul 92 444 272.523 1.423.609 585.534

Ago 92 452 176.101 1.349.635 528.916

Set 92 454 155.052 1.194.284 447.080

Out 93 458 143.237 1.256.044 463.981

Nov 95 460 145.498 1.378.866 545.287

Dez 96 457 140.692 1.413.287 609.070 Jan - 2002 96 465 142.673 1.404.461 580.764

Fev 92 432 142.424 1.475.764 628.479

Mar 88 409 138.275 1.378.241 597.333

Abr 101 469 137.493 1.362.678 576.795

Mai 99 470 121.264 1.359.777 539.166

Jun 99 476 142.111 1.362.926 479.161

Jul 96 471 142.149 1.203.023 350.889

Ago 96 468 125.680 1.247.845 412.879

Set 95 470 139.587 1.168.719 300.064

Out 94 462 139.258 1.278.781 350.832

Nov 94 470 139.372 1.305.813 359.085

Dez 95 473 139.524 1.404.918 397.622 Jan - 2003 101 671 145.028 1.927.171 546.591

Fev 104 683 141.511 1.844.384 517.620

Mar 94 624 141.040 1.906.953 568.714

Abr 94 625 141.224 2.115.306 731.990

Mai 94 638 141.031 2.221.906 749.226

Jun 94 646 140.921 2.285.499 795.787

Jul 95 666 118.079 2.481.672 836.848

Ago 94 677 117.936 2.805.779 945.821

Set 94 691 119.957 2.884.920 986.837

Out 93 722 121.533 3.121.202 1.090.757

Nov 95 735 120.178 3.685.796 1.249.676

Dez 97 755 113.028 3.977.201 1.376.575 Jan - 2004 97 776 107.097 3.977.734 1.352.557

Fev 97 805 106.931 4.003.344 1.373.925

Mar 95 815 110.319 4.177.199 1.436.155

Abr 95 840 111.577 4.228.889 1.436.102

Mai 94 854 111.191 3.874.669 1.238.269

Jun 94 875 110.736 4.191.774 1.348.922

Jul 93 888 104.487 4.601.737 1.520.331

Ago 95 904 103.622 5.052.671 1.722.227

Set 97 918 104.106 5.170.375 1.808.709

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69

Out 96 953 104.897 4.925.894 1.724.451 Nov 97 973 107.306 5.460.895 1.999.815

Dez 96 1.016 107.946 5.726.198 2.181.575 Jan - 2005 100 1.066 109.618 5.690.195 2.167.859

Fev 100 1.088 110.448 6.334.100 2.440.887

Mar 101 1.142 111.214 5.921.948 2.221.119

Abr 99 1.174 111.658 5.310.750 2.098.033

Mai 98 1.198 111.542 5.341.439 2.222.081

Jun 98 1.217 111.011 5.085.225 2.163.557

Jul 99 1.219 110.228 5.324.510 2.227.362

Ago 96 1.232 106.090 5.747.312 2.431.490

Set 96 1.269 107.106 6.462.996 2.908.377

Out 97 1.282 110.608 6.097.357 2.704.767

Nov 100 1.302 111.912 6.462.129 2.928.015

Dez 100 1.323 112.306 6.994.751 2.988.316 Jan - 2006 100 1.354 115.017 8.101.641 3.655.975

Fev 97 1.388 114.748 8.224.981 3.851.548

Mar 98 1.415 121.465 8.321.367 3.830.495

Abr 98 1.430 122.608 8.146.773 3.899.470

Mai 98 1.463 125.286 7.739.051 3.364.073

Jun 101 1.492 125.102 7.767.627 3.588.979

Jul 102 1.517 125.020 7.945.228 3.650.964

Ago 102 1.553 127.342 8.045.108 3.761.505

Set 100 1.563 128.190 7.971.037 3.666.193

Out 100 1.582 130.080 8.452.883 3.944.416

Nov 100 1.604 130.535 9.056.453 4.179.644

Dez 100 1.631 131.969 9.646.499 4.511.926 Jan - 2007 102 1.657 134.143 9.927.887 4.643.539

Fev 102 1.695 134.087 9.771.624 4.613.173

Mar 102 1.739 136.146 10.322.340 5.034.305

Abr 103 1.762 137.942 11.137.280 5.475.825

Mai 103 1.821 140.646 11.877.423 6.157.615

Jun 103 1.872 143.914 12.823.355 6.657.333

Jul 103 1.931 148.835 13.138.167 6.997.319

Ago 104 1.990 149.925 12.919.368 6.584.795

Set 104 2.022 149.886 13.838.236 7.525.279

Out 101 2.052 152.461 14.815.236 8.494.975

Nov 102 2.107 153.997 14.555.022 8.160.017

Dez 102 2.160 154.102 14.782.484 8.345.556 Jan - 2008 103 2.236 154.071 13.283.399 7.546.100

Fev 103 2.289 154.625 14.942.166 8.542.774

Mar 102 2.372 154.780 14.196.443 8.313.779

Abr 102 2.457 153.798 16.197.596 9.600.282

Mai 101 2.525 153.039 18.047.490 11.076.157

Jun 101 2.600 153.434 17.596.269 11.053.627

Jul 102 2.649 152.768 15.884.813 9.978.525

Ago 102 2.680 151.994 14.692.083 8.989.283

Set 103 2.725 150.655 11.653.583 6.087.647

Out 103 2.756 149.301 8.444.033 3.991.884

Nov 103 2.763 149.360 8.273.855 3.546.292

Dez 103 2.776 148.637 8.217.150 3.516.110 Jan - 2009 102 2.778 147.943 8.314.552 3.589.738

Fev 102 2.767 147.493 7.749.879 3.258.442

Mar 103 2.789 146.388 8.047.845 3.476.090

Abr 103 2.801 146.079 9.377.041 4.304.752

Mai 103 2.798 145.755 10.668.123 5.407.057

Jun 103 2.820 145.141 10.507.913 5.384.256

Jul 103 2.820 144.180 11.202.773 5.982.470

Ago 103 2.844 143.264 11.176.427 5.924.738

Set 103 2.865 144.049 12.316.080 6.926.539

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70

Out 103 2.854 139.860 12.757.909 7.315.315 Nov 103 2.891 140.338 13.665.667 7.806.722

Dez 105 2.955 140.037 14.128.721 8.114.359 Jan - 2010 105 2.963 142.737 13.598.517 7.253.316

Fev 104 2.987 138.869 13.809.815 7.625.519

Mar 105 3.034 128.655 14.554.517 8.172.104

Abr 105 3.072 140.131 14.075.236 8.133.154

Mai 106 3.103 138.454 12.919.274 7.111.397

Jun 106 3.119 137.978 12.438.635 6.904.599

Jul 107 3.126 137.322 13.218.658 7.522.569

Ago 106 3.113 136.428 10.712.952 6.100.770

Set 107 3.077 135.347 11.291.957 6.665.067

Out 107 3.086 135.169 11.417.720 6.710.779

Nov 105 3.069 134.994 11.045.648 6.436.483

Dez 105 3.054 131.521 11.394.613 6.838.683 Jan - 2011 105 3.035 131.638 10.996.813 6.571.539

Fev 105 3.008 131.824 10.970.008 6.603.665

Mar 105 3.016 131.243 11.036.571 6.776.307

Abr 103 3.010 130.520 10.922.546 6.942.443

Mai 103 2.969 125.638 10.675.998 6.757.389

Jun 103 2.939 123.914 10.418.786 6.674.003

Jul 105 2.931 122.360 9.415.472 6.049.908

Ago 104 2.826 120.925 9.365.967 5.900.937

Set 102 2.904 119.586 8.797.111 4.743.912

Out 101 2.884 118.074 9.091.807 5.384.547

Nov 100 2.866 117.078 8.978.790 4.958.192

Dez 99 2.852 115.866 9.021.220 4.809.265 Jan - 2012 99 2.832 113.744 9.521.937 5.475.210

Quadro 7– Histórico dos Clubes de Investimentos

Fonte: BMFBOVESPA, (2012). Verifica-se nessa perspectiva, que até o primeiro bimestre de 2012, a

BM&FBOVESPA contabilizava 2.832 clubes de investimentos em atividade no

Brasil. Comparativamente, vale ressaltar que o crescimento e expansão dessa

modalidade de investimento aumentaram significativamente em uma década,

ou seja, o período de 2000 a 2012 registra a evolução de 186 para 2.832

clubes de investimentos ativos no país. Em contrapartida convém observar que

entre o período de 2011 a 2012 houve uma redução no número de clubes

ativos, que começou com 3.035 e terminou com 2.832 clubes ativos, como

demonstra o quadro elaborado pela Bolsa de Valores Mercadoria e Futuro de

São Paulo.

Conclui-se a partir daí que, uma das formas de incentivar o pequeno

investidor a ter acesso ao mercado de capitais é por meio dos clubes de

investimento, que apresentam baixo custo de administração e também não

exigem valores elevados para aplicação. (GONÇALVES 2006 apud MINEIRO,

2007, p.17).

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71

4.4.2 Estatuto do Clube de Investimento

De acordo com o Regulamento do Clube de Investimento, são

determinados os princípios e as regras de funcionamento aos quais todos os

membros (fundadores e futuros integrantes) submetem-se. O Estatuto deverá

conter no mínimo:

Política de investimentos e forma de administração de carteira;

Atribuições e responsabilidades: do administrador, do gestor e do

representante/conselho de representantes;

Regras para aquisição e resgate de cotas e prazo de carência;

Taxas cobradas pelo administrador;

Definições na hipótese de dissolução;

Prazo de duração (indeterminado ou determinado);

Ressalta-se que todos os documentos necessários para a criação de um

clube de investimentos, encontram-se anexo, nesta monografia.

a) Administrador do Clube

Forma de Aplicação - Aplica, no mínimo, 51% em ações negociadas em

Bolsa e 49% em títulos de renda fixa ou cotas de outros fundos;

A Corretora administrará o Clube de acordo com o seu estatuto social,

regulamento e a legislação aplicável;

Termo de Adesão - documento a ser assinado pelo cotista quando do

seu ingresso no Clube de Investimento.

Constituição - providenciará o CNPJ e o registro do Clube na BOVESPA;

b) Gestor da Carteira

Pode ser o administrador ou representante/conselho de representantes

que, em conjunto ou isoladamente, administrarão a carteira do Clube;

Representante é um membro do Clube escolhido pelos demais, cuja

função é representar o Clube de Investimento e os interesses dos cotistas

perante o administrador e terceiros;

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Conselho de representantes é um grupo formado por, no mínimo, três

membros do Clube, escolhidos pelos demais, cuja função é representar o

Clube de Investimento e os interesses dos cotistas perante o administrador e

terceiros.

c) Participante-Membro-Cotista

É a pessoa física que detém as cotas do Clube de Investimento;

Cotas é a fração em que se divide o patrimônio do Clube;

Nenhum participante poderá ter mais de 40% do patrimônio do Clube.

4.4.3 Registro do Clube de Investimento

O Clube de Investimento constituído de acordo com o disposto na

legislação aplicável receberá análise, pela BM&FBOVESPA, do pedido de

registro do Clube de Investimento, sendo que o Administrador do Clube deverá

apresentar os seguintes documentos:

(três) vias do Estatuto Social do Clube de Investimento (anexo A);

(três) vias do Termo de Constituição do Clube de Investimento (anexo

B);

pedido de registro do Clube de Investimento, conforme modelo

estabelecido pela BM&FBOVESPA (anexo C);

ficha cadastral do Clube de Investimento, conforme modelo estabelecido

pela BM&FBOVESPA (anexo D);

cartões de assinaturas do Representante, ou dos membros do Conselho

de Representantes ou de seu diretor representante e dos representantes do

Administrador do Clube e do Gestor da Carteira, contendo o nome destes

(anexo E);

ficha cadastral do Representante do Clube (anexo F);

contrato de gestão de carteira celebrado entre o Administrador do Clube

e o Gestor da Carteira, quando for o caso;

autorização da CVM para o Gestor da Carteira, quando esta atividade for

remunerada;

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73

prospecto de divulgação do Clube de Investimento, se houver;

a cópia do CNPJ do Clube deverá ser entregue à BM&FBOVESPA no

prazo máximo de 30 (trinta) dias após a obtenção do seu registro perante a

Bolsa.

Convém destacar ainda, que foram propostas pela CVM (2010), algumas

mudanças no que se refere a “Clubes de Investimentos”, embasado pela

justificativa de promover melhorias relacionadas ao investidor, resguardando

seus direitos e deixando claras as diferenças entre os tipos de produtos e

alternativas de investimento. Nesse sentido, a CVM propôs as seguintes

mudanças à legislação relacionada aos clubes de investimento:

Mudança no número de cotistas. A proposta é que os clubes passem a

ter no mínimo 3 e no máximo 50 cotistas. Hoje eles podem ter até 150, com

possibilidades de aumento em casos específicos. Tal proposta não deve trazer

grandes impactos, já que cerca de 90% dos atuais clubes têm menos de 50

cotistas;

Realização obrigatória de pelo menos uma assembleia anual de

investidores. A CVM ressalta que este encontro pode ocorrer de forma

eletrônica, quando possível, para que não haja elevação de gastos com a

administração dos clubes. O objetivo é valorizar a discussão e participação dos

cotistas;

Fim da figura obrigatória do representante dos cotistas. O representante

poderá existir, mas sua presença não seria obrigatória para o registro de novos

clubes, deixando que os investidores se comuniquem diretamente com as

corretoras (o que já acontece);

Criação obrigatória de um canal de atendimento ao cotista. Tal serviço

poderá estar ligado ao setor de atendimento ao cliente ou ouvidoria, segundo

exemplos disponíveis na minuta;

Proibição de publicidade dirigida. Serão permitidas somente

propagandas institucionais, não podendo existir qualquer alusão a uma carteira

específica;

Limites de alavancagem para os clubes. Além de dinamizar a

possibilidade de investir em futuros e opções, o objetivo é limitar a exposição

de modo que, em caso de prejuízo, as perdas não sejam superiores ao

patrimônio do clube;

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74

Proibição de gestão do clube por um agente autônomo e de mais de um

clube por cotista. A medida tem como objetivo envolver os participantes e criar

compromisso entre os investidores – representando atenção ao valor investido;

Fim do conflito de interesses com regras de aquisição de ativos e cotas

de outros fundos. Os clubes não poderiam adquirir papéis de emissão do

administrador ou do gestor e estaria vedada a compra de cotas de fundos

administrados ou geridos pela instituição – envios mensais de relatórios

consolidados à CVM fariam parte do processo de verificação.

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75

5 CLUBE DE INVESTIMENTOS PARA MULHERES

Poupar é definido como um consumo não realizado hoje, para ser

realizado no futuro, não, necessariamente aplicado em caderneta de poupança

sustenta Blanco (2004). Com o dinheiro poupado é preciso buscar algumas

alternativas para que se possa multiplicá-lo, ou seja, é necessário investir.

Dessa forma, investimento requer planejamento, e uma ótima maneira de

investir entre várias possibilidades é por meio de clubes de investimentos. Essa

modalidade, que vem ganhando espaço atualmente, tem uma versão feminina,

ou seja, está segmentado apenas para mulheres.

Incentivar as mulheres a ingressar no mercado de capitais não é tão

simples, talvez porque o verdadeiro motivo pelo qual elas não gostam de falar

em dinheiro seja cultural, as “mulheres se acostumaram a acreditar que não

são boas em matemática, que homens sabem mais de finanças, que dinheiro

não traz felicidade, entre outros paradigmas.” (BLANCO, 2008, p. 13).

Vivemos numa sociedade capitalista. Dinheiro é o meio de troca. O capitalismo está novamente em mutação. Surge o capitalismo financeiro, provocando uma revolução global. Durante a revolução industrial, as mulheres não foram trabalhar? Agora é hora delas assumirem a responsabilidade de administrar melhor seus recursos financeiros. (BLANCO, 2008, p. 13).

Nesse contexto, Blanco (2008) enfatiza que um clube de investimentos

feito apenas com mulheres proporciona uma atmosfera descontraída de

discussão acerca de um assunto que parece tão complexo para o sexo

feminino. Blanco (2004, p.20) ressalta ainda que, “investimento é o único

caminho para diminuir a diferença entre o potencial de gerar riqueza do homem

e da mulher”, ou seja, não existe distinção de sexo quando o assunto é

investimento.

As mulheres já mostraram grandes conquistas quanto à paridade salarial nos últimos anos, mas só essas conquistas não garantirão segurança financeira para o futuro. A diferença se dará a partir do momento que elas começarem a investir por si mesmas e a dar maior importância também à aposentadoria complementar. (BLANCO, 2004, p. 20)

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As tabelas 4 e 5 abaixo, ilustram a participação das mulheres no mercado de capitais.

Tabela 4 – Participação das mulheres no mercado de capitais

Distribuição de investidores homens e mulheres

Ano Homens Mulheres Total PF

Qtd % Qtd % Qtd

2002 70.219 82,37% 15.030 17,63% 85.249

2003 69.753 81,60% 15.725 18,40% 85.478

2004 94.434 80,77% 22.480 19,23% 116.914

2005 122.220 78,76% 32.963 21,24% 155.183

2006 171.717 78,18% 47.917 21,82% 219.634

2007 344.171 75,38% 112.386 24,62% 456.557

2008 411.098 76,63% 125.385 23,37% 536.483

2009 416.302 75,37% 136.062 24,63% 552.364

2010 459.644 75,24% 151.271 24,76% 610.915

2011* 439.041 75,03% 146.149 24,97% 585.190

Fonte: BM&FBOVESPA (2012)

Tabela 5 – Investidoras perfil faixa etária

Perfil PF por

Faixa etária

Contas Valor (R$ bilhões) %

HOMENS MULHERES TOTAL HOMENS MULHERES TOTAL

Até 15 anos

1.316 901 2.217 0,24 0,14 0,38 0,38%

De 16 a 25 anos

21.993 5.851 27.844 0,56 0,28 0,84 0,86%

De 26 a 35 anos

112.813 34.260 147.073 4,46 1,23 5,69 5,80%

De 36 a 45 anos

100.051 30.945 130.996 10,71 2,39 13,10 13,36%

De 46 a 55 anos

86.955 30.868 117.823 15,17 3,78 18,95 19,32%

De 56 a 65 anos

66.158 24.539 90.697 18,16 4,81 22,97 23,41%

Maior de 66 anos

49.755 18.785 68.540 27,83 8,33 36,16 36,86%

TOTAL 439.041 146.149 585.190 77,14 20,95 98,09

Fonte: BM&FBOVESPA (2012)

Observa-se na tabela 4 que o aumento da participação da mulher no

mercado de capitais vem aumentando gradativamente desde 2002. Atualmente

já são 146.149 investidoras, representando aproximadamente 25% do total de

participantes pessoa física no mercado de capitais (posição até novembro de

2012).

No que se refere a faixa etária destas investidoras, percebe-se na tabela

5, que há uma distribuição equilibrada, porém o perfil predominante deste

público feminino permanece na faixa etária de 26 a 36 anos, com

aproximadamente 34.260 de um total de 146.149 investidoras.

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5.1 As Beardstown Ladies

Um dos clubes de investimentos mais antigos a Beardstown Ladies

(senhoras de Beardstown), surgiu na pequena cidade de Beardstown, no

Estado de Illinois (EUA) no ano de 1983. Formado por 16 senhoras, com idade

média de 70 anos, o grupo iniciou com cada investidora, fazendo o aporte de

100 dólares iniciais e 25 dólares mensais.

A notoriedade do grupo aconteceu alguns anos depois, quando os

resultados apontaram retorno anual de mais de 15% até 1993. O grupo

delineava sua estratégia com base nas observações do dia a dia de suas

participantes, ficando lendárias as explicações de como faziam a escolha de

empresas para investir, entre elas a Wal-Mart. Segundo uma investidora os

estacionamentos da Wal-Mart estavam sempre lotados, e os da concorrente

KMart’s sempre vazios. Há ainda a empresa de equipamentos médicos

Medtronic, que foi escolhida por observações do uso da marca em hospitais e

em equipamentos utilizados por algumas das investidoras.

O grupo lançou um livro, que tornou conhecido internacionalmente, no

qual comentava sua história e técnicas de investimento "The Beardstown

Ladies", o livro foi objeto de polêmica, pois apresentava uma taxa de retorno

que, depois de auditada, descobriu-se que incluía os valores dos aportes como

retorno. Apesar disso, o sucesso foi inegável e mais de 800 mil cópias foram

vendidas em 4 anos, com tradução para 7 diferentes línguas.

As investidoras fizeram palestras mundo afora incluindo o Brasil, onde

destacavam a importância do conhecimento sobre as empresas em que

investiam, o grupo voltou a chamar a atenção com os resultados eficientes ao

enfrentar a crise de 2001. Resultado que o grupo atribui a sua escolha por

investir apenas em empresas sólidas e que elas pudessem acompanhar as

atividades. O grupo ainda continua ativo.

A figura 5 a seguir, apresenta o grupo de senhoras que compõe o clube

de investimentos, apontado pelo Wall Street Journal (2006) não como o

primeiro, mas, indiscutivelmente o mais famoso “Clube de Investimentos para

Mulheres”. Na ilustração elas encontram-se reunidas na Câmara Municipal no

Estado de Illinois que pertence aos Estados Unidos da América.

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Figura 5 – Participantes do Clube de Investimento - Beardstown Ladies Fonte: (Wall Street Journal, 2008).

Vale a pena ressaltar que no Brasil há inúmeros clubes de investimentos

formados somente por mulheres, entretanto o que mais se destaca é o clube

“MulherInvest” formado em 2004, e administrado por Sandra Blanco, e

atualmente conta com mais de 100 cotistas (INVESTIDOR INFORMADO,

2008).

5.2 Mulherinvest

De acordo com a BM&F/BOVESPA (2012), o clube de investimentos

“mulherinvest” foi criado em 2004, pela especialista em finanças Sandra Blanco,

declaradamente inspirada nas lendárias e polêmicas “Ladies Beardstown“. No

início o Clube de investimentos para mulheres na versão brasileira,

contabilizava menos de 10 cotistas, que tinham como objetivo aumentar o

patrimônio com ganhos sólidos obtidos por meio de muita análise e discussão, e

não apenas seguir a rentabilidade. Vale ressaltar que esse grupo de mulheres

investidoras, tem a mesma característica das senhoras de Beardstown, ou seja,

certa predileção em escolher empresas que façam parte do seu dia a dia

enquanto consumidoras.

A figura 6 a seguir, apresenta algumas das cotistas e no centro a

fundadora do primeiro clube de investimentos para mulheres do Brasil, o

Mulherinvest, (Sandra Blanco).

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Figura 6 – Participantes do clube “Mulherinvest”. Fonte: (BM&F/BOVESPA, 2012).

A revista Você/SA (2012) destaca que a participação ativa das mulheres

na BMF/Bovespa quadruplicou nestes últimos 6 anos e já representa 25% dos

572.000 investidores da bolsa de valores brasileira, embora, sejam ainda bem

conservadoras em relação às americanas, que possuem um perfil mais

agressivo, no que tange a investimentos.

No que tange a clube de investimento na versão feminina o estudo

aponta que:

estes tipos de clubes são uma forma inteligente de ganhar dinheiro com baixo volume individual de aplicação, diversificação dos investimentos, menores taxas de administração e de corretagem e troca de experiências e conhecimento. (VOCÊ/SA, 2012, p.87).

Dessa maneira, cresce o interesse por parte das corretoras de valores

que criam iniciativas com intuito de prospectar essas potenciais investidoras,

algumas corretoras já possuem em seu portfólio uma representação de 10% do

público feminino.

Em fevereiro de 1998, um grupo de 18 educadoras aposentadas se reuniu e montou o Clube de Investimentos entre Amigos, Ciainvest. Amigas de longa data, elas queriam algo que as mantivesse unidas em torno de um mesmo objetivo, que fosse estimulante e que lhes garantisse uma renda. A escolha por investir em conjunto no mercado de ações foi feita depois de pesquisarem várias formas de investimento. Elas procuraram uma corretora para orientá-las. Chegaram à conclusão de que foi uma decisão acertada, pois passaram a investir com tranquilidade e segurança. As educadoras falam com orgulho do seu clube de investimentos, pois sabem que estão contribuindo para o desenvolvimento das empresas brasileiras e para a geração de empregos. (BM&FBOVESPA, 2012).

Para entrar nesse mercado predominantemente masculino, é necessário

se preparar e buscar conhecimentos. Vale ressaltar que este embasamento é

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adquirido por meio de palestras e cursos, especialmente desenvolvidos para

elas, como por exemplo, o projeto Bolsa e Batom em que participam 120

mulheres que debatem, discutem e socializam temas como inteligência

financeira, controle de gastos, aposentadoria, investimentos de riscos e

premissas para se escolher uma ação, além de um suporte educacional que é

dado para quem deseja investir.

5.3 O Perfil da mulher investidora

O Instituto Sophia Mind (2010), empresa voltada para a pesquisa e

inteligência de mercado do grupo de comunicação feminina Bolsa de Mulher,

acredita que este é o século do avanço feminino, pois em todos os campos as

mulheres tem quebrado paradigmas e o aumento contínuo do poder nas mãos

das mulheres é visível em todos os setores, desde o econômico, político,

social, cultural e até mesmo comportamental.

Em complemento a esta posição e com o intuito de destacar o perfil da

mulher investidora, utilizou-se neste trabalho, uma pesquisa realizada por meio

do Instituto Sophia Mind (2010) para levantar alguns hábitos de investimentos

do universo feminino.

A metodologia utilizada foi por meio de entrevistas com usuárias

brasileiras via questionário on-line. Foi considerado para esta pesquisa, uma

amostra de 1.437 mulheres com renda própria e investimento, na faixa etária

de 25 a 50 anos, no período de janeiro de 2010.

Inicialmente a pesquisa relata que as mulheres estão cada vez mais

bem informadas sobre investimentos de alto risco, algumas delas possuem

particularidades que as tornam respeitadas por especialistas, pois são mais

cautelosas, procuram fundamentos e conteúdos mais aprofundados das

empresas em que irão investir, assim, este lado racional e detalhista

predominantes nas mulheres, às tornam mais assertivas do que os homens.

Nesta perspectiva, foram identificados as seguintes características deste

público feminino:

600 mulheres possuem renda própria e investimentos;

28% delas separam um montante fixo todos os meses;

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28% separam os recursos para poupar antes de começar a

gastar. Isso representa uma melhora no planejamento feminino;

67% planejam aumentar o volume de investimentos nos próximos

12 meses.

Nota-se no gráfico 3, no que se refere à parcela de renda investida ou

poupada ao longo de um ano que 52% das mulheres investem parte de sua

renda. Os investimentos concentram-se até 10% da renda anual das

entrevistadas.

Gráfico 3 - Parcela de renda investida Fonte: (SOPHIA MIND, 2010).

No que tange a tipos de investimentos o gráfico 4 abaixo revela que, os

fundos de renda fixa lideram as formas de investimento entre as mulheres e

11% investem diretamente em ações. Vale ressaltar que este grupo de

mulheres possui também investimentos em poupanças.

Gráfico 4 – Tipos de investimentos (com caderneta de poupança) Fonte: (SOPHIA MIND, 2010).

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Já este grupo de mulheres, representadas no gráfico 5 não investe seus

recursos em poupança, nota-se que, 27% investem em fundos de investimento

com renda fixa. Seguido pelos títulos de renda fixa (19%) e CDB (10%). Os

fundos de renda variável são mais usados do que a compra direta de ações.

Gráfico 5 – Tipos de investimentos (sem caderneta de poupança) Fonte: (SOPHIA MIND, 2010).

No gráfico 6 a pesquisa mostra que quando elas fazem seus

investimentos a principal motivação é a compra ou reforma um imóvel (35%).

Fazer uma viagem ou aposentadoria ficam como segundo e terceiro objetivo.

Gráfico 6 – Motivos para realizar investimentos Fonte: (SOPHIA MIND, 2010).

Revela-se no gráfico 7 a seguir que, quando perguntadas: Qual é a sua

sensação quando pensa em finanças pessoais? Nota-se que as mulheres,

ainda, sentem-se muito inseguras sobre seus conhecimentos nesta área, mais

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da metade das entrevistadas assume que sente necessidade de aprender mais

sobre “finanças pessoais”. Entretanto, pouco mais de um quinto das mulheres,

ou seja, 22% mostraram tranquilidade por acreditar que aplica bem seu

dinheiro, dessa forma, vale ressaltar que a atmosfera de um clube de

investimentos para mulheres, é favorável e adequado àquelas que desejam

aprender, de maneira menos complexa e mais atrativa.

Gráfico 7 - Percepção em relação a finanças pessoais Fonte: (SOPHIA MIND, 2010).

Na mesma linha quando se fala em educação, cabe evidenciar que:

A principal razão que leva as pessoas a enfrentar dificuldades financeiras é que passam anos na escola sem aprender nada sobre educação financeira. O resultado são pessoas que precisam trabalhar pelo dinheiro, mas, nunca aprenderam a fazer o dinheiro trabalhar para elas (KIYOSAKI, 2000, p.1).

O Instituto Sophia Mind (2010) observou e concluiu nessa pesquisa que:

Apesar de os investimentos concentrarem-se entre 1% e 10% da

renda anual, as mulheres estão investindo cada vez mais. Comparando com

pesquisa realizada em janeiro de 2010, verifica-se aumento de 13% no número

de mulheres que investem ou poupam parte da renda (passando de 46% para

52%);

A compra ou reforma de um imóvel é o principal motivo para o

investimento das mulheres;

28% das mulheres separam um montante fixo todos os meses e

outras 28% separam os recursos para poupar antes de começar a gastar. Isso

representa uma melhoria no planejamento feminino;

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A estimativa de 67% delas é aumentar o volume de investimentos

nos próximos 12 meses;

As próprias mulheres são as responsáveis pelas decisões do que

fazer com seu dinheiro;

A praticidade e comodidade fazem que elas invistam no banco

onde possuem a conta corrente;

Poupança é a principal modalidade de investimento (76%), sendo

que 44% delas aplicam mais de dois terços de seus investimentos;

75% sentem dificuldade em entender as diversas opções de

investimento, principalmente pela dificuldade em entender os informativos dos

bancos e falta de tempo para buscar informações;

Comparando homens e mulheres, elas acreditam que eles

buscam maior retorno e elas menor risco, o que fica evidenciado no gráfico 8

abaixo, com um perfil conservador de 54% contra 4% do perfil arrojado, das

mulheres pesquisas.

Gráfico 8 – Perfil de investimento do público feminino Fonte: (SOPHIA MIND, 2010).

Além da quantidade de mulheres investidoras ter crescido, a forma com

que elas investem também mudou. Separar um montante fixo ou a cada mês

separar um valor antes de começar a gastar são as melhores formas para

garantir que as despesas do dia a dia não irá ultrapassar o planejado,

planejamento este que é fundamental para as mulheres grandes responsáveis

pelo orçamento familiar.

Apesar dessas importantes conclusões, ainda observa-se grande

dificuldade das mulheres em entender as opções disponíveis pelos bancos e

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corretoras. A falta de comunicação específica para elas e a falta de tempo em

buscar informações são os dois maiores problemas observados.

Em complemento a esta posição, convém enfatizar que, já existe desde

2002, um projeto de popularização do mercado de capitais “Bovespa vai até

você” que consiste em esclarecer as pessoas sobre a importância do

investimento em ações como alternativa de poupança e de financiamento das

empresas brasileiras milhares de pessoas foram atingidas e atendidas

diretamente, e de acordo com dados de 2012 da BM&FBOVESPA, mais de

2.800 clubes de investimento já foram formados.

Nessa revolução em andamento, observou-se que o papel da mulher foi fundamental, uma vez que boa parte desses novos clubes foi formada por iniciativa do público feminino. Por tudo isso, a Bolsa

criou, em 2003, o “Mulheres em Ação”, programa permanente de aproximação entre o mercado de ações e o público feminino, que busca fornecer, entre outros instrumentos, mais informações sobre o mercado de ações. (BM&FBOVESPA, 2012, grifo nosso).

O “Mulheres em Ação” esclarece dúvidas e oferece explicações sobre

como investir, produzindo informação consistente, gerando credibilidade e

acesso, em sintonia com a demanda desse público. Além de realizar diversos

eventos voltados para o segmento feminino, o programa também compreende

um site dedicado às mulheres (www.bovespa.com.br/mulheres), com conteúdo

específico, matérias diversificadas, novidades e artigos semanais redigidos por

uma consultoria especializada; e um fórum para discussão de temas variados,

facilitando o acesso do público feminino ao mercado, transmitindo seus

conceitos e oferecendo um espaço específico aos temas de seu interesse.

A BM&FBOVESPA (2012) salienta ainda que em 2005, o Conselho

“Mulheres em Ação” estabeleceu como prioridade promover a educação

financeira desse público. Ao longo do ano, foram desenvolvidos diversos

projetos que visam levar às mulheres mais conhecimentos não só sobre o

mercado de capitais, mas também sobre os conceitos de finanças, poupança e

economia, entre eles, foi criado um “Guia de Planejamento Financeiro”, com

uma linguagem leve, divertida e didática, o guia aborda os princípios de

planejamento financeiro e administração de recursos, informações sobre,

mercado de capitais e o papel das Sociedades Corretoras, uso do crédito,

controle de finanças, hábitos de poupança, e formas de investimento.

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A dinâmica familiar dos antepassados colocava o homem no papel de provedor da família, de ganha-pão e tomador das decisões financeiras. As mulheres eram condicionadas a pensar que não deveriam ser incomodadas em matéria de dinheiro. Dinheiro na religião católica era considerado uma coisa feia, representante da ganância, um dos sete pecados capitais. Como resultado, muitas mulheres, ainda, se sentem inseguras sobre suas habilidades financeiras ou relutam em se envolver nessas questões, por achar que lhes falta experiência ou que não sabem o suficiente, podendo parecer burras ou ignorantes. (BLANCO, 2004, p. 20-21).

Atualmente, evidencia Blanco (2004), a maioria das mulheres trabalha

ou exerce alguma atividade remunerada, elas apresentam participação mais

ativa nas decisões financeiras, especialmente contribuindo mais para a renda

familiar, e felizmente o futuro parece mais promissor. A mulher moderna

trabalha e sabe da importância do dinheiro, pois se comparado ao passado,

pode-se dizer que muitas investem ativamente.

O futuro é um tema que desperta a atenção de todos. Falar em futuro é falar em planos e transformações. Neste momento em que as transformações estão em todas as esferas da vida – política, econômica, cultural, familiar – as mulheres têm assumido o papel de protagonistas. Ao mesmo tempo responsável e cheia de sentimentos, com desejos de realização profissional e familiar, a mulher brasileira está conduzindo as mudanças da nossa sociedade. (BM&FBOVESPA, 2012).

Afinal, hoje, enfatiza Cerbasi (2004), a mulher não só conquistou uma

posição social e profissional equiparada a do homem como também passou a

discutir e dividir o controle das finanças, do planejamento familiar e agora

também no que se refere a investimentos. É o amadurecimento da

emancipação feminina. Corroborando com todas as afirmações, ressalte-se

ainda que “O século XIX ficou conhecido como o século europeu, o XX como o

americano. O século XXI, será lembrado como o Século das mulheres” (TSVI

BISK, 2008).

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A oportunidade de investimentos no mercado de capitais é conveniente

para todos os públicos, pessoas físicas, jurídicas, homens e mulheres que

vislumbram a ideia de ingressar neste mercado, assim como, para os

profissionais de outras áreas que desejam apenas atualizar seus

conhecimentos, pois se trata de um setor que está em constante

desenvolvimento e que pode beneficiar a todos os envolvidos.

Embora o universo que tange bolsa de valores, investimentos e finanças,

ainda seja dominado pelos homens, cabe evidenciar, por meio desta pesquisa,

que a mulher vem ganhando espaço. O interesse delas pelo mercado de

capitais é destacado pela BM&FBovespa (2012), como uma trajetória de

crescimento. Observe-se que, conforme ilustrado no trabalho, em uma década,

o número de investidoras passou de aproximadamente 15.000 para 146.000

entre os anos de 2002 e 2011, respectivamente.

Pode-se afirmar que neste trabalho todos os objetivos foram alcançados. A

princípio foi demonstrado como funciona o mercado de capitais e a

complexidade do Sistema Financeiro, seu funcionamento e atuação.

Posteriormente, verificou-se algumas das principais maneiras de investimentos

em renda variável e renda fixa, entre eles, ressalta-se os “clubes de

investimentos”, constatado na pesquisa como uma ótima forma de acesso aos

iniciantes no mercado de capitais.

Corroborando com o pressuposto desta monografia e após o

levantamento da participação das mulheres no mercado de capitais, assim

como a segmentação de clubes de investimentos femininos, fica evidente que

as mulheres estão se especializando nesta área e adquirindo novas formas de

conhecimento em temas específicos e predominantemente masculino como

investimentos e finanças.

Convém enfatizar a importância das instituições que fomentam e

incentivam a prospecção de todos os públicos no mercado de capitais. Por estar

em consonância com o objetivo deste trabalho, destaque especial deve ser

dado aos programas voltados especificamente ao público feminino, como o

programa “mulheres em ação” da BM&FBovespa, que contribui fortemente para

a atuação das mulheres no mercado de capitais, assim como os clubes de

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investimentos “Mulherinvest” e “Beardstown Ladies”, que incentivam e,

sobretudo inspiram as futuras investidoras.

Destaca-se que o tema proposto pela acadêmica compreende um

segmento novo ao que se refere clube de investimentos em mercado de

capitais, dessa maneira, o conteúdo para embasamento da monografia foi de

certa maneira limitado. Entretanto, a literatura disponível, assim como os

conhecimentos que alicerçaram este trabalho, serão válidos para que,

futuramente, a acadêmica possa aplicar este estudo na constituição de um

“Clube de Investimentos para Mulheres”.

Sugere-se ainda, que outros trabalhos possam ser elaborados em

referência ou relacionados a este tema, para que se possa fomentar e

disseminar o conhecimento acadêmico em benefício de toda a sociedade.

Corroborando com todas as afirmações, ainda é possível tecer uma

última consideração de maneira holística. A construção deste trabalho só foi

possível por meio de todo o aprendizado adquirido ao longo de quatro anos,

esse embasamento é o resultado norteador do curso de administração que é

“formar profissionais com domínio da ciência da administração, comprometidos

com pressupostos éticos que promovam de forma crítica, reflexiva e

responsável, o desenvolvimento sustentável das organizações e da sociedade

em geral”.

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ASSINATURA DOS RESPONSÁVEIS

Nome do estagiário Vanessa Regina Gelak

Orientador de conteúdo Prof. Ivanir Schroeder

Responsável pelo Estágio Prof. Eduardo Krieger da Silva

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ANEXOS

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(ANEXO A)

MODELO DE ESTATUTO SOCIAL DE CLUBE DE INVESTIMENTO

I - Denominação e Objetivo Artigo 1º - O Clube de Investimento ...................................... constituído por número limitado de membros que têm por objetivo a aplicação de recursos financeiros próprios para a constituição, em comum, de carteira diversificada de ações. II - Dos Membros, das Quotas e sua Integralização. Artigo 2º - O número de membros não poderá exceder 150 (cento e cinquenta) nem ser inferior a 03 (três). Parágrafo Único – Nenhum quotista do Clube poderá deter quantidade superior a 40% das quotas emitidas. Artigo 3º - Os recursos entregues pelos membros, para investimentos, serão representados por quotas escriturais de igual valor. Parágrafo Único – Da conta de depósito das quotas constará, no mínimo, o nome do quotista e o número de quotas possuídas. Artigo 4º - O valor inicial de uma quota é fixado em R$........................................................... Artigo 5º - É facultada a admissão de novos membros após a data de constituição do Clube,

mediante assinatura do Termo de Adesão ao presente Estatuto Social, observado o limite estabelecido no art. 2º. Artigo 6º - Os novos membros do Clube poderão subscrever suas quotas pelo valor patrimonial integralizando-as, em dinheiro, no dia da assinatura do Termo de Adesão. Artigo 7º - O valor patrimonial das quotas do Clube de Investimento será obtido da divisão de seu patrimônio pelo número de quotas existentes. Artigo 8º - É assegurado a qualquer membro o direito de aumentar o número de suas quotas, por novos investimentos, até o limite máximo de 40% (quarenta por cento) das quotas existentes. Parágrafo Único – A transferência de quotas entre membros operar-se-á pelo lançamento no

registro que as represente. Artigo 9º - A cada quota corresponderá um voto nas deliberações da assembleia geral. Artigo 10 - Os membros participantes poderão pedir o resgate total (retirando-se do Clube) ou de parte das quotas que possuírem, a qualquer tempo, desde que comunique essa intenção, por escrito, ao Administrador do Clube. § 1º - O pagamento do resgate será feito no prazo de 04 (quatro) dias úteis, a partir da datado

recebimento da comunicação, pelo Administrador do Clube, salvo motivo de força maior, que justifique a dilatação do prazo, até o máximo de 30 (trinta dias). § 2º - As quotas serão liquidadas ou resgatadas pelo valor patrimonial apurado no dia posterior ao recebimento do pedido de retirada, deduzidas as despesas de praxe, inclusive as relativas a impostos. § 3º - O pagamento do resgate se fará em cheque, dinheiro ou documento de crédito em favor

do membro resgatante. Artigo 11 - Em caso de morte ou incapacitação do membro, o Clube colocará as quotas à

disposição de quem legalmente o representar. III – Das Aplicações Artigo 12 O clube de investimento ............................. fará suas aplicações nos seguintes ativos: I - No mínimo 51% de seus recursos em ações e/ou em bônus de subscrição e/ou debêntures conversíveis em ações de emissão de companhias abertas, adquiridas em Bolsa de Valores ou no mercado de balcão organizado; a) alternativamente, o clube poderá fazer suas aplicações em: -quotas de fundos de investimento que tenham sua carteira constituída exclusivamente com ações representativas de índices de mercado calculados pela bolsa de valores; -quotas de fundos de investimento em ações, desde que as carteiras dos referidos fundos atendam ao percentual de aplicação definido caput deste artigo. II - No máximo 49% de seus recursos em quotas: (1) de fundos de renda fixa, (2) Fundos de Investimento de Direitos Creditórios, (3) Fundos Imobiliários, (4) títulos de renda fixa, (5) ou

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ainda, em outros valores mobiliários adquiridos em Bolsa de Valores ou no mercado de balcão organizado ou durante o período de distribuição pública. III - As ações componentes da carteira do clube poderão ser utilizadas, até o limite da carteira, para a prestação de garantias de operações próprias realizadas em bolsa de valores. IV – As ações componentes da carteira do clube poderão ser utilizadas, até o limite da carteira, para atender operações de empréstimo em que o clube figure na condição de doador, desde que tais operações sejam cursadas através do serviço de empréstimo de valores mobiliários, disponibilizado pela CBLC – Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia. ou Artigo 12 O Clube de Investimento............................fará suas aplicações nos seguintes ativos: I - No mínimo 51% dos recursos em ações e/ou em bônus de subscrição e/ou debêntures conversíveis em ações de emissão de companhias abertas, adquiridas em Bolsa de Valores ou no mercado de balcão organizado; a) alternativamente, o clube poderá fazer suas aplicações em: -quotas de fundos de investimento que tenham sua carteira constituída exclusivamente com ações representativas de índices de mercado calculados pela bolsa de valores; -quotas de fundos de investimento em ações, desde que as carteiras dos referidos fundos atendam ao percentual de aplicação definido no caput deste artigo. b) as ações componentes da carteira do clube poderão ser utilizadas, até o limite da carteira, para a prestação de garantias de operações próprias realizadas em bolsa de valores. c) As ações componentes da carteira do clube poderão ser utilizadas, até o limite da carteira, para atender operações de empréstimo em que o clube figure na condição de doador, desde que tais operações sejam cursadas através do serviço de empréstimo de valores mobiliários, disponibilizado pela CBLC – Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia. d) Mantido o percentual mínimo de 51% dos recursos do clube, aplicados em ações e/ou em bônus de subscrição e/ou debêntures conversíveis em ações de emissão de companhias abertas, adquiridas em Bolsa de Valores ou no mercado de balcão organizado o clube poderá, ainda, tomar títulos emprestados, desde que essas operações sejam cursadas por intermédio do serviço de empréstimo de valores mobiliários, disponibilizado pela CBLC – Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia. II - O Clube poderá, ainda, realizar aplicações no mercado de derivativos, abaixo relacionados, nas seguintes condições, entendendo-se que aplicações nesses mercados podem resultar em perdas patrimoniais e, em casos extremos, levar à ocorrência de patrimônio líquido negativo a ser coberto pelos membros: a) compras a termo e compras de opções; b) operações de estratégias com opções de compra, envolvendo posições titulares e lançadoras sobre os mesmos ativos objeto, desde que as posições titulares tenham vencimento igual ou posterior ao das lançadoras e o preço de exercício das posições titulares seja igual ou inferior ao das posições lançadoras. c) operações de estratégias com opções de venda, envolvendo posições titulares e lançadoras sobre os mesmos ativos objeto, desde que as posições titulares tenham vencimento igual o posterior ao das lançadoras e o preço de exercício das posições titulares seja igual ou superior ao das posições lançadoras. d) operações de vendas a futuro e lançamentos de opções sobre índices de ações somente poderão ser feitas com o objetivo de proteger posições detidas no mercado avista, até o limite de 50% do valor desta; e) a somatória das operações nos mercados de derivativos envolvendo compra a termo, compra de opções, compras no mercado futuro sobre ações, compras de índices de ações, compras de opções de índices de ações e operações com estratégias não poderá exceder a 30 % (trinta por cento) do valor da carteira do clube. f) compras no mercado futuro sobre ações, índices de ações e opções sobre índices de ações não poderão exceder a 15% do valor da carteira; III - Os recursos restantes poderão ser aplicados em: (1) quotas de fundos de renda fixa, (2) Fundos de Investimento de Direitos Creditórios, (3) Fundos Imobiliários, (4) títulos de renda fixa, (5) ou ainda, em outros valores mobiliários adquiridos em Bolsa de Valores ou no mercado de balcão organizado ou durante o período de distribuição pública. § 1º - Os valores mobiliários componentes da carteira do Clube permanecerão,

obrigatoriamente, custodiados em instituição autorizada a prestar este serviço. Artigo 13 - Os recursos financeiros provenientes de lucros obtidos com operações de compra e

venda de títulos serão creditados em nome do Clube de Investimento e reinvestidos conforme política de investimento do clube. § 1º - Os recursos financeiros do Clube de Investimento, provenientes de dividendos ou outros proventos em dinheiro auferidos, serão reinvestidos de acordo com a política de investimento do Clube. ou

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§ 1º - Os recursos financeiros do Clube de Investimento, provenientes de dividendos ou outros proventos em dinheiro auferidos, serão distribuídos aos membros. ou § 1º - Os recursos financeiros do Clube de Investimento, provenientes de dividendos ou outros proventos em dinheiro auferidos, serão creditados aos membros e automaticamente reinvestidos em novas quotas do clube. IV - Da Administração do Clube Artigo 14 - A administração do Clube de Investimento será exercida por............................................, CNPJ nº.........................................., sob a supervisão e responsabilidade do(a) diretor(a) Sr(a).............................................. Ou Artigo 14 - A administração do Clube de Investimento será exercida pela (o).............................., CNPJ nº..................., sob a supervisão e responsabilidade de um de seus diretores, formalmente designado para essa atividade. Parágrafo Único - A instituição administradora do Clube cobrará do Clube de Investimento........................................., mensalmente, pela prestação dos serviços de administração do clube, a taxa de ....% ao ano, calculada sobre o valor do patrimônio do Clube, apurada no último dia útil de cada mês e paga até o ..........dia útil do mês subsequente. V - Gestão dos Recursos do Clube Artigo 15 - A gestão dos ativos do Clube será exercida: a) exclusivamente pela instituição administradora do Clube, ou; b) pela instituição administradora do Clube juntamente com o Representante do Clube Sr (a)........................................., ou; c) pela instituição administradora do Clube juntamente com os membros do Conselho de Representante do Clube, Srs..............................,............................., .............................., ou; d) pela (o)............................................ CNPJ/CPF nº..............................., autorizada (o) a prestar serviços de administração de carteira, pela CVM, em ...../...../....., e que cobrará pela execução desse serviço a taxa de.....%, calculada sobre o valor do patrimônio do Clube apurada no último dia útil de cada mês e paga até º___. dia útil do mês subsequente. Artigo 16 - Nenhuma taxa será devida ao Administrador do Clube pelos seus membros, a título de taxa de ingresso, ou distribuição, restringindo-se a remuneração deste, aos custos: administrativos, de custódia, das taxas de corretagem ajustadas nas operações, e respectivos emolumentos devidos à Bolsa e à entidade prestadora dos serviços de compensação e liquidação das operações realizadas. Artigo 17 - Incluem-se entre as obrigações do Administrador do Clube para com os quotistas. I) elaborar e manter sob sua guarda os registros administrativos, contábeis e operacionais do Clube, bem como providenciar os documentos necessários ao pagamento das obrigações tributárias; II) remeter mensalmente aos membros informações relativas ao desempenho do Clube no mês anterior, a posição patrimonial do Clube e de cada membro em particular; III) remeter, no mínimo anualmente, informações relativas à composição da carteira; IV) prestar aos membros, sempre que solicitado, todas as informações e esclarecimentos sobre as operações feitas pelo Clube; V) entregar aos membros, mediante recibo, cópia deste Estatuto. VI) manter controles eficazes quanto às operações realizadas pelo Clube, à composição da carteira, à custódia de títulos e valores mobiliários e à posição de cada membro do clube. VII) manter em seus arquivos cadastros com as informações básicas sobre cada membro do Clube. Parágrafo Único - Os documentos e informações previstos nos incisos II, III, IV e V deste

artigo poderão, desde que devidamente autorizado, ser transmitidos aos quotistas do clube mediante a utilização do correio eletrônico ou disponibilizado para acesso por outros meios eletrônicos. Artigo 18 - É expressamente vedado ao Administrador do Clube e ao Gestor da Carteira, no

exercício específico de suas funções: I) conceder, usando os recursos do Clube, empréstimos ou adiantamentos ou créditos de qualquer modalidade. II) prometer renda fixa aos membros; e III) fazer promessas de retiradas e de rendimentos com base em desempenho histórico do Clube, de instituições congêneres ou de títulos e índices do Mercado de Capitais, ou qualquer outro indicador. Artigo 19 - O Administrador do Clube deverá, obrigatoriamente, fornecer à BOVESPA, sem

prejuízo de outras que a Bolsa exigir, as seguintes informações: I - Até o dia 10 (dez) do mês subsequente, o informe mensal com base no fechamento do mês, contendo:

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a) número de membros, bem como o de adesões e retiradas ocorridas no mês; b) patrimônio do clube, o valor patrimonial da quota, e o número de quotas emitidas, ao final do mês; c) distribuição das aplicações do Clube em: ações; debêntures conversíveis em ações; mercado futuro; mercado de opções; mercado a termo e outros valores, ao final do mês. II - Até o dia 20 (vinte) do mês subsequente, a relação e respectivas quantidades dos ativos componentes da carteira do Clube no encerramento do mês. III - Qualquer alteração do Estatuto Social, quando houver. Artigo 20 – Ao Gestor da Carteira do Clube compete: a) decidir, de acordo com a política de investimentos do Clube quanto à aplicação dos recursos; b) executar os serviços de gestão dos recursos do Clube; e, c) prestar informações sobre as operações realizadas, quando solicitadas pela CVM ou pela BOVESPA; VI - Das Aplicações Programadas (Optativo) Artigo 21 - Além de sua integralização no ato, os membros farão aplicações programadas,

periódicas e regulares, conforme o seguinte plano de investimentos: a) aplicações mensais e sucessivas, no valor de R$ ...............................ou b) aplicações mensais e sucessivas no valor de R$.................................... Parágrafo Único - As aplicações serão efetuadas diretamente com o Administrador do Clube

até o último dia útil do mês, calculando-se o valor da quota na data da disponibilidade dos recursos na administradora; VII – A Assembleia Geral Artigo 22 - A assembleia geral, convocada e instalada nos termos deste estatuto, terá poderes

para decidir sobre todas as matérias relativas aos interesses do Clube. § 1º - É dispensada a realização de Assembleia Geral Ordinária anual e, para tanto, serão

enviados, anualmente, a cada condômino, mediante recibo, os respectivos relatórios objeto de apreciação, emitidos pelo administrador do clube e pelo gestor da carteira. § 2º - A Assembleia Geral Extraordinária será convocada e realizada de acordo com as disposições estabelecidas no Regulamento de Clube de Investimento, da Bolsa de Valores de São Paulo. § 3º - A convocação da assembleia se fará por carta registrada, enviada a cada quotista, ou em

publicação de circulação interna ou local, ou ainda, em lista de ciência assinada pelos membros do Clube ou seus procuradores regularmente constituídos. §4º-Assembleia Geral Extraordinária poderá ser convocada pelo Representante do clube ou por membros do clube que representem, no mínimo, 30% (trinta por cento) do número de membros e 30% (trinta por cento) do total das quotas, quando o Administrador do Clube não atender, no prazo de 8 (oito) dias, ao pedido de convocação que apresentarem, devidamente fundamentado, com a indicação das matérias a serem tratadas. § 5º - Será dispensada a realização de assembleia geral extraordinária para a alteração do

Estatuto Social do Clube sempre que tal alteração decorrer exclusivamente da necessidade de atendimento a exigência expressa da CVM, de adequação a normas legais ou regulamentares ou ainda, em virtude de atualização de dados cadastrais do administrador, do gestor, tais como alteração na razão social, endereço e telefone. a) As alterações referidas neste parágrafo devem ser comunicadas por escrito ou disponibilizadas aos quotistas no prazo de até 60 dias, contados da data em que foram implementadas. Artigo 23 - A Assembleia Geral será instalada em primeira convocação com a presença de

membros do Clube ou seus procuradores regularmente constituídos, que representem no mínimo, a maioria absoluta de quotas emitidas e, em segunda convocação, com qualquer número. Parágrafo Único - Serão válidas as deliberações da assembleia geral tomadas, em primeira

convocação, pelo critério da maioria absoluta de quotas emitidas e, em segunda convocação, pelo critério da maioria de quotas dos membros presentes. VIII - Da Dissolução do Clube Artigo 24 - A dissolução do Clube se fará: 1) automaticamente, quando o número de membros for inferior a 03 (três), durante um período de 120 (cento e vinte) dias consecutivos; 2) por deliberação de membros que representem a maioria das quotas existentes, em reunião convocada especialmente para essa finalidade. Artigo 25 - Em caso de dissolução, o patrimônio do Clube será liquidado e seu resultado, em dinheiro, distribuído entre os membros, na proporção das quotas possuídas, dentro do prazo de 30 (trinta) dias.

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Artigo 26 - O Clube de Investimento se sujeitará a todas as disposições contidas nas normas baixadas pela CVM - Comissão de Valores Mobiliários e pela Bolsa de Valores de São Paulo, relativas ao disciplinamento dos Clubes de Investimento. NOME DO ADMINISTRADOR DO CLUBE

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(ANEXO B)

TERMO DE CONSTITUIÇÃO DO CLUBE DE INVESTIMENTO

Os membros fundadores do Clube de Investimento.........................subscritores do presente Termo de Constituição decidem: 1º O clube será regido por Estatuto Social próprio, registrado e arquivado na Bolsa de Valores de São Paulo – BOVESPA. 2º Compete; à ................................(Corretora de Valores Mobiliários, Distribuidora de Títulos ou Banco de Investimentos) atuar na qualidade de Administrador do Clube sob a responsabilidade do diretor Sr........................, ao quotista.................. atuar na qualidade de Representante do Clube. Ou aos quotistas ........................., .............................,...............atuarem na qualidade membros do Conselho de Representante do Clube. A gestão dos recursos do clube será exercida: exclusivamente pelo Administrador do Clube; ou pelo Administrador do Clube juntamente com o Representante do Clube; Sr (a)............................, ou pelo Administrador do Clube juntamente com os membros do Conselho de Representante do Clube Srs. ........................,.......................,........................; ou pela (o)................... CPF/CNPJ nº.........................autorizada(o) a prestar serviços de administração de carteira, pela CVM, em ...../...../....., e que cobrará pela execução desse serviço a taxa de.....%, calculada sobre o valor do patrimônio do Clube apurada no último dia útil de cada mês e paga até º___ dia útil do mês subsequente. 3º O investimento inicial do Clube se discrimina a seguir: NOME DO QUOTISTA INVESTIMENTO. INICIAL R$ QTDE. DE QUOTAS 1) .................................. .................................................................... 2) .................................. .................................................................... 3) .................................. .................................................................... Todos os membros declaram ter tomado conhecimento da integra do Regulamento de Clube de Investimento da Bolsa de Valores de São Paulo e do inteiro teor do Estatuto Social deste Clube. E, assim, firmam o presente Termo de Constituição em 3 (três) vias de igual teor e forma........................................................................ Local e Data Assinaturas: 1) ............................................................................................ 2) ............................................................................................ 3) ............................................................................................

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(ANEXO C)

MODELO DE REQUERIMENTO DE REGISTRO DE CLUBE DE

INVESTIMENTO NA BOVESPA

À Bolsa de Valores de São Paulo Ref.: Registro de Clube de Investimento A ............................................................................................., na qualidade de Administrador do Clube de Investimento......................, inscrita no CNPJ sob nº......................, com sede na rua............................n.º.....................,Cidade de .................., Estado de ..........., neste ato representada por seu Diretor, Sr................................, portador da cédula de identidade n.º .........................., inscrito no CPF sob o n.º........................., vem requerer, nos termos do Regulamento de Registro dos Clubes de Investimento, o registro na Bolsa de Valores de São Paulo do Clube de Investimento.............................., juntando, para tanto, a documentação requerida. Termos em que, Pede Deferimento. ........................................................................ Local e data ........................................................................ Assinatura do Diretor

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(ANEXO D)

MODELO DE FICHA CADASTRAL DO CLUBE DE INVESTIMENTO

Dados do Clube de Investimento Denominação do Clube de Investimento: ........................................................................... Endereço completo: ............................................................................................................. Telefone (DDD): .......................Fax (DDD):....................CNPJ: ....................................... Dados do (s) Representante (s) 1. Nome do Representante: ............................................................................................... Endereço: ............................................................................................................................ Número: ................... Complemento: ................................................................................. Bairro: ............................Cidade: ........................Estado: ...........País: ............................... CEP: ......................Telefone (DDD): ................................................................................. Fax (DDD).................E-mail: ............................................................................................. CPF: ............................................................................................................................... 2. Nome do Representante: ............................................................................................... Endereço ............................................................................................................................ Número: ................... Complemento: ................................................................................. Bairro: ............................Cidade: ........................Estado: ...........País: ............................... CEP: ......................Telefone (DDD): ................................................................................. Fax (DDD).................E-mail: ............................................................................................. CPF: ................................................................................................................................... 3. Nome do Representante: ............................................................................................... Endereço: ............................................................................................................................ Número: ................... Complemento: ................................................................................. Bairro: ............................Cidade: ........................Estado: ...........País................................. CEP: ......................Telefone (DDD): ................................................................................. Fax (DDD).................E-mail: ............................................................................................. CPF: ............................................................................................................................... Dados do Administrador do Clube de Investimento Denominação do Administrador do Clube ......................................................................... Endereço: ............................................................................................................................ Número: ................... Complemento: ................................................................................. Bairro: ............................Cidade: ........................Estado: ...........País................................. CEP: ......................Telefone (DDD): ................................................................................. Fax (DDD).................E-mail: ............................................................................................. Dados do Gestor(a) da Carteira, se houver: Nome/Denominação:.. ......................................................................................................... Endereço:...................................................................Nº...........Complemento .................... Bairro: ...................... Cidade: ............................. Estado: ..............CEP: .......................... Diretor responsável (se o gestor for pessoa jurídica) ......................................................... ....................................................................................CPF ................................................. Telefone(DDD):......................Fax(DDD):...........................e-mail: ................................... CNPJ/CPF: ......................................................................................................................... Nome e qualificação do(s) diretor(es) do Administrador do Clube: Nome: ................................................................................................................................ Telefone(DDD):.......................... E-mail:...........................CPF: ....................................... Nome: ................................................................................................................................ Telefone(DDD):.......................... E-mail:...........................CPF: .......................................

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(ANEXO E)

MODELO DE CARTÃO DE ASSINATURA

Clube de Investimento.................................................................... Nome do Representante ou dos membros do Conselho de Representantes: ............................................................................................................................... Assinaturas ............................................................................................................................... ............................................................................................................................... 1. Nome do Diretor do Administrador do Clube: ............................................................................................................................... Assinatura ............................................................................................................................... 2. Nome do Diretor do Administrador do Clube: ............................................................................................................................... Assinatura ............................................................................................................................... 3. Nome do Diretor do Gestor da Carteira do Clube, se houver. ............................................................................................................................... Assinatura ...............................................................................................................................

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(ANEXO F)

IDENTIFICAÇÃO DE REPRESENTANTE DE CLUBE

Nome do Clube................................................................................................................ Administrador (a): ............................................................................................................ Representante: ................................................................................................................ Quantidade de quotas do Representante nesta data: ..................................................... Dados cadastrais do Representante CPF DOCUMENTO DE IDENTIDADE DATA DE EMISSÃO ÓRGÃO EMISSOR ENDEREÇO RESIDENCIAL NÚMERO COMPLEMENTO BAIRRO CEP E-MAIL CIDADE ESTADO TELEFONE (DDD) EMPRESA EM QUE TRABALHA OCUPAÇÃO PROFISSIONAL ENDEREÇO COMERCIAL NÚMERO COMPLEMENTO BAIRRO CEP E-MAIL .../.../... Data ........................................................ Assinatura do Representante Assinatura do Administrador (a) Obs.: Anexar cópia do documento de identidade e de comprovante de residência.

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(ANEXO G)

DECLARAÇÃO DO ADMINISTRADOR DO CLUBE DE INVESTIMENTO

1. Tenho conhecimento do disposto na legislação aplicável aos Clubes de Investimento e do disposto no Regulamento de Registro dos Clubes de Investimento da Bolsa de Valores de São Paulo. 2. São verdadeiras as informações fornecidas para o preenchimento deste cadastro, e me comprometo a informar à BOVESPA, de imediato, quaisquer alterações que vierem a ocorrer nos dados cadastrais acima. .................................................................................................... Local e Data .................................................................................................... Assinatura do Diretor do Administrador do Clube de Investimento

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(ANEXO H)

TERMO DE ADESÃO A CLUBE DE INVESTIMENTO

Eu, abaixo qualificado, declaro ter tomado conhecimento da íntegra do Regulamento e do inteiro teor do Estatuto Social do Clube de Investimento. ....................................................,administrado pela (o)................................................. Declaro, também, que concordo com os termos do citado Estatuto, servindo este instrumento como comprovante de minha adesão ao referido Clube. NOME COMPLETO CPF DOCUMENTO DE IDENTIDADE DATA DE EMISSÃO ÓRGÃO EMISSOR DATA DE NASCIMENTO NACIONALIDADE SEXO ESTADO CIVIL NOME DO CÔNJUGE/COMPANHEIRO (A) ENDEREÇO RESIDENCIAL NÚMERO COMPLEMENTO BAIRRO CEP CIDADE ESTADO TELEFONE (DDD) EMPRESA EM QUE TRABALHA OCUPAÇÃO PROFISSIONAL RENDIMENTO R$ VALOR APROXIMADO DO PATRIMÔNIO PESSOAL R$ ............................................/....../...... Assinatura do Quotista Data Obs.: Anexar cópia do documento de identidade e de comprovante de residência

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(ANEXO I)

INSTRUÇÃO CVM Nº 40, DE 07 DE NOVEMBRO DE 1984.

Dispõe sobre a Constituição de funcionamento de Clubes de Investimento. O Presidente da Comissão de Valores Mobiliários - CVM torna público que o Colegiado, em sessão realizada nesta data, e de acordo com o disposto nos artigos 4º, incisos I e II, 18, inciso II, alínea "a", e 23, parágrafo 2º, da LEI Nº 6.385 de 07 de dezembro de 1.976, resolveu: DEFINIÇÃO Art. 1º - O condomínio constituído por pessoas físicas para aplicação de recursos comuns em títulos e valores mobiliários denominar-se-á Clube de Investimento, sujeitando-se às normas desta Instrução quando vinculado à sociedade corretora, banco de investimento ou sociedade distribuidora. § 1º A carteira do Clube de Investimento a que se refere esta Instrução será constituída por ações e debêntures conversíveis em ações, de emissão de companhias abertas admitindo-se, em caráter excepcional, a aplicação em debêntures simples, de emissão de companhia aberta e em títulos da dívida pública. § 2º A participação do Clube de Investimento em operações nos mercados a termo, futuro e de opções será permitida exclusivamente nas seguintes hipóteses:

1. operações cobertas de venda de ações ou de lançamento de opções;

2. fechamento de posições existentes, em decorrência de operações realizadas nesses mercados, em conformidade com o disposto na alínea anterior.

§ 3º Será necessariamente vinculado à sociedade corretora, banco de investimento ou sociedade distribuidora, o Clube de Investimento:

1. cuja formação haja sido promovida por essas entidades;

2. que seja por elas administrado;

3. cuja carteira seja administrada por essas entidades ou por qualquer administrador remunerado (art. 15, inciso II).

§ 4º Da denominação do condomínio a que se refere este artigo constará, obrigatoriamente, a expressão "Clube de Investimento" . APELO AO PÚBLICO Art. 2º - A captação de recursos junto ao público somente será permitida ao Clube de Investimento sujeito às normas desta Instrução. Parágrafo único. Caracterizam a captação pública:

4. a utilização de folhetos, prospectos ou anúncios destinados ao público;

5. a procura de condôminos, por meio do administrador, de seus empregados, agentes ou corretores;

6. a captação feita em loja, escritório ou estabelecimento aberto ao público, com a utilização dos serviços públicos de comunicação.

REGISTRO EM BOLSA Art. 3º - O Clube de Investimento deverá registrar-se, previamente, em Bolsa de Valores, mediante o arquivamento de seu estatuto, através da instituição a que estiver vinculado. § 1º A Bolsa deverá, para conceder o registro, examinar se o estatuto do Clube de Investimento obedece ao previsto nesta Instrução. § 2º A Bolsa poderá, a qualquer tempo, cancelar o registro do Clube de Investimento que não atenda ao disposto nesta Instrução. ESTATUTOS Art. 4º - O estatuto do Clube de Investimento deverá dispor sobre as seguintes matérias:

I. política de investimento a ser adotada;

II. aquisição e resgate de cotas, inclusive no que concerne à eventual existência de prazo de carência;

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III. taxa de administração, se houver; sua base de cálculo e a forma de remuneração do administrador da carteira, se for o caso;

IV. hipóteses de dissolução do Clube;

V. procedimento a ser adotado na hipótese de morte ou incapacitação dos condôminos;

VI. critério para cálculo da cota;

VII. prazo de duração do Clube;

VIII. forma de convocação e período de realização da Assembleia Geral Ordinária;

IX. quorum para convocação, pelos condôminos, de Assembleia Geral Extraordinária, que não poderá ser superior a 30% (trinta por cento) do número de condôminos e a 30% (trinta por cento) do total de cotas.

COTAS Art. 5º - As cotas do Clube de Investimento corresponderão a frações ideais em que se dividirá o seu patrimônio. Art. 6º - A qualidade de condômino do Clube será comprovada pelos documentos de depósito ou demonstrativos do número de cotas emitidos pelo administrador. Art. 7º - Cada condômino não poderá ser titular de mais de 40% (quarenta por cento) do total das cotas. Art. 8º - A cada cota corresponderá um voto nas deliberações da Assembleia Geral. Parágrafo único. As deliberações serão aprovadas pelo voto da maioria das cotas (Código Civil, art. 637). CONDÔMINOS Art. 9º - O número de condôminos por Clube de Investimento será de, no máximo, 50 (cinquenta) pessoas. Parágrafo único. O Clube de Investimento integrado exclusivamente por empregados ou servidores de uma mesma empresa ou entidade poderá deixar de observar o limite máximo previsto neste artigo. ASSEMBLÉIA Art. 10 - A Assembleia Geral, convocada e instalada de acordo com o estatuto, terá poderes para decidir sobre todas as matérias relativas aos interesses do Clube de Investimento. § 1º Anualmente, realizar-se-á Assembleia Geral Ordinária para apreciar relatório do administrador do Clube e ao administrador da carteira e apreciar as propostas de atuação do Clube para o período seguinte. § 2º Caberá ao administrador do Clube proceder à convocação das Assembleias Gerais. § 3º Na hipótese prevista no inciso IX do art. 4º, se o administrador não convocar a Assembleia Geral Extraordinária no prazo de 8 (oito) dias, contados a partir da data do recebimento do requerimento formulado pelos condôminos, estes poderão convocá-la. Art. 11 - A Assembleia Geral poderá ser convocada através de:

I. publicação de edital, em jornal de grande circulação;

II. carta registrada, com aviso de recebimento;

III. lista de ciência assinada pelos condôminos. § 1º No caso do Clube de Investimento previsto no parágrafo único do art. 9º, ou de outro cujos condôminos pertençam exclusivamente a determinada coletividade, admite-se que a convocação a que se refere o inciso I se faça em publicação de circulação interna ou local. § 2º Admite-se a complementação de uma forma de convocação por outra. § 3º A convocação deverá ser feita com a antecedência mínima de 8 (oito) dias para a realização da Assembleia, devendo especificar a ordem do dia. Art. 12 - Da Assembleia será lavrada ata subscrita pelos condôminos presentes, arquivada na instituição que administre o Clube, cópia da qual será enviada, no prazo de 7 (sete) dias, à Bolsa de Valores em que estiver registrado o Clube de Investimento. Art. 13 - O Clube de Investimento deverá ter:

I. representante;

II. administrador;

III. administrador da carteira. § 1º As funções a que se refere este artigo podem ser exercidas, cumulativamente, pelo administrador do Clube. § 2º O administrador do Clube deverá ser, necessariamente, uma Sociedade Corretora, uma Sociedade Distribuidora ou um Banco de Investimento. Art. 14 - São deveres do administrador do Clube:

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I. elaborar e manter sob sua guarda os registros administrativos contábeis e operacionais do Clube, bem como providenciar os documentos necessários à comprovação das obrigações tributárias;

II. remeter, mensalmente, aos condôminos, informações relativas ao desempenho do Clube, no mês anterior, à composição da carteira, à posição patrimonial do clube e de cada condômino em particular;

III. entregar aos condôminos, mediante recibo, cópia do estatuto do Clube;

IV. empregar na defesa dos interesses dos condôminos a diligência que todo homem ativo e probo costuma empregar na administração de seus próprios negócios.

Art. 15 - A Administração da carteira do Clube de Investimento poderá ser exercida, isoladamente ou em conjunto, por:

I. entidade integrante do sistema de distribuição de títulos e valores mobiliários;

II. pessoas físicas ou jurídicas, contratadas pelo Clube;

III. representante dos condôminos. § 1º Quando o administrador da carteira não for o administrador do Clube, caber-lhe-á decidir quanto à aplicação dos recursos deste, transmitindo suas decisões ao administrador do Clube, a quem competirá implementá-las. § 2º No caso de administração de carteira remunerada, o administrador deverá estar previamente autorizado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para o exercício dessa atividade. § 3º Ao administrador da carteira aplica-se o disposto no inciso IV do artigo 14. Art. 16 - É vedado aos administradores do Clube ou da carteira no exercício de suas funções:

I. conceder, usando os recursos do Clube, empréstimos ou adiantamentos ou abrir créditos sob quaisquer modalidades;

II. prometer renda fixa aos condôminos;

III. fazer promessas de retiradas e de rendimentos com base em desempenho histórico do Clube, de instituições congêneres, ou de títulos e índices do mercado de capitais.

Art. 17 - O Clube de Investimento deverá fornecer à Bolsa de Valores em que seja registrado as seguintes informações, sem prejuízo de outras que a Bolsa exigir:

I. o número de participantes, bem como o de adesões e retiradas ocorridas em cada mês;

II. valor do patrimônio líquido e da cota, ao final de cada mês;

III. tipo de administração da carteira;

IV. distribuição das aplicações - ações, debêntures conversíveis em ações, mercado a futuro, de opções, a termo e outros valores.

Art. 18 - A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) poderá solicitar quaisquer informações sobre os Clubes de Investimento, diretamente ou por intermédio da Bolsa de Valores em que sejam registrados. Art. 19 - Os títulos e valores mobiliários integrantes da carteira do Clube de Investimento deverão ser mantidos em custódia nas instituições autorizadas. REGULAMENTAÇÃO PELAS BOLSAS Art. 20 - A Bolsa de Valores poderá regulamentar, no âmbito de sua competência, o funcionamento do Clube de Investimento. Parágrafo único. Os regulamentos a serem baixados, bem como suas eventuais alterações, deverão ser encaminhados à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). PENALIDADES Art. 21 - O descumprimento das disposições constantes desta Instrução constitui infração grave para os efeitos do artigo 11, § 3º, da LEI Nº 6.385/76. DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS Art. 22 - O Clube de Investimento já em funcionamento, tendo em vista o prazo estabelecido no item 4 da Instrução Normativa nº 111, de 31 de outubro de 1984, da Secretaria da Receita Federal, poderá, por intermédio da instituição administradora a que se vincular (art. 3º c/c, art. 13), requerer seu registro à Bolsa de Valores, devendo se adaptar às normas da presente Instrução até 90 (noventa) dias após sua vigência. § 1º A Bolsa de Valores cancelará o registro do Clube de Investimento que não comprovar sua adaptação às normas desta Instrução no prazo previsto neste artigo. § 2º O Clube de Investimento cujo número de condôminos exceda, à data da entrada em vigor desta Instrução, ao previsto no art. 9º, poderá permanecer nessa situação, vedado o ingresso de novos condôminos até seu enquadramento naquele limite.

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Art. 23 - Esta Instrução entra em vigor na data de sua publicação no Diário Oficial da União. RIO DE JANEIRO, 07 DE NOVEMBRO DE 1984 Original assinado por HERCULANO BORGES DA FONSECA PRESIDENTE