cluster da Água - ppa.pt · ficha tÉcnica título croácia cluster da Água uma estratégia...
TRANSCRIPT
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CROCIA
CLUSTER DA GUA UMA ESTRATGIA COLETIVA
MANUAL DE BOAS PRTICAS
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FICHA TCNICA
Ttulo
Crocia
Cluster da gua
Uma Estratgia Coletiva
Manual de Boas Prticas
Projeto
guaGlobal Internacionalizao do Setor Portugus da gua
Entidade Promotora
AEP- Associao Empresarial de Portugal
Equipa
Alexandra Mendona
Ana Catita
Tiragem
100 exemplares
ISBN
978-972-8702-91-5
Depsito Legal
273008/14
Junho 2014
Nota: Os autores escrevem segundo o anterior acordo ortogrfico
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4 // Cluster da gua na Crocia Uma Estratgia Coletiva Manual de Boas Prticas
ndice Geral
I. CARACTERIZAO DO PAS ......................................................... 10
1. Dados Gerais ..................................................................................................................... 10
2. Enquadramento Demogrfico e Macroeconmico ............................................... 12
2.1 Enquadramento Demogrfico ...................................................................................... 12
2.2 Enquadramento Macroeconmico ............................................................................. 15
3. Clima, Geografia, Pluviosidade e Recursos Hdricos ................................................ 18
3.1 Clima, Geografia e Pluviosidade .................................................................................. 18
3.2 Recursos Hdricos e Ecossistemas .................................................................................. 21
3.2.1 Recursos Hdricos .............................................................................................................. 21
3.2.2 Ecossistemas ...................................................................................................................... 26
4. Ordenamento e Gesto Costeira ................................................................................ 26
5. Consumo e Uso da gua ............................................................................................... 28
5.1 Captao, Distribuio e Consumo de gua ........................................................... 28
5.2 Sistemas de Saneamento ............................................................................................... 31
6. Condies de Acesso ao Mercado ............................................................................. 35
6.1 Condies Gerais ............................................................................................................. 35
6.1.1 Iniciar um Negcio ........................................................................................................... 37
6.1.2 Obter Licenas de Construo ..................................................................................... 39
6.1.3 Obter Electricidade ......................................................................................................... 39
6.1.4 Registar uma Propriedade ............................................................................................. 39
6.1.5 Obter Crdito .................................................................................................................... 40
6.1.6 Proteco dos Investidores ............................................................................................ 40
6.1.7 Pagamento de Impostos ................................................................................................ 41
6.1.8 Transaces com o Exterior ........................................................................................... 43
6.1.9 Execuo de Contratos .................................................................................................. 45
6.1.10 Resoluo de Insolvncias ............................................................................................. 45
6.2 Sistema Laboral ................................................................................................................ 45
6.3 Instrumentos de Apoio ao Investimento e Incentivos ao IDE .................................. 48
II. CLUSTER DA GUA .................................................................... 50
1. Organizao Institucional do Sector ............................................................................ 50
2. Estratgia Governamental para o Sector ................................................................... 62
3. Papel das Instituies Financeiras Multilaterais (e principais cooperaes bilaterais) ............................................................................................................................ 65
3.1 Papel das Instituies Financeiras.................................................................................. 65
3.2 Cooperaes Bilaterais .................................................................................................... 68
4. Participao do Sector Privado, incluindo Regime Aplicvel a Parcerias Pblico-Privadas ................................................................................................................ 69
5. Quadro Legal e Regulatrio Especfico do Sector .................................................... 70
III. PRINCIPAIS MERCADOS DO CLUSTER DA GUA ............................. 72
1. Estrutura do Sector ............................................................................................................ 72
2. Principais Players ............................................................................................................... 74
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guaGlobal Internacionalizao do Setor Portugus da gua // 5
2.1 Autoridades Municipais e Servios de guas ............................................................. 74
2.2 Principais Consumidores No Urbanos ......................................................................... 75
2.3 Perfil das Principais Entidades Adjudicantes e dos Processos de Deciso
Adoptados ......................................................................................................................... 79
3. Estimativa da Procura Anual .......................................................................................... 80
4. Principais Projectos em Curso e Previstos ..................................................................... 86
5. Fontes de Financiamento................................................................................................ 96
IV. ABORDAGEM AO MERCADO ..................................................... 98
1. Poltica de Compras e Cadeia de Fornecimento ...................................................... 98
2. Principais Eventos do Sector ........................................................................................... 98
3. Identificao e Caracterizao de Empresas Locais, Potenciais Parceiras ........ 99
4. Identificao e Caracterizao das Actividades de Empresas Portuguesas j Presentes no Mercado (no Sector da gua) ............................................................ 100
5. Etiqueta de Negcios .................................................................................................... 103
6. Anlise SWOT Oportunidades e Riscos para as Empresas Portuguesas ............ 104
7. Proposta de Aces ....................................................................................................... 106
V. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS .................................................. 109
VI. ANEXOS ............................................................................... 112
A.1 Caractersticas dos Principais Rios da Crocia ......................................................... 112
A.2 Caractersticas dos Principais Lagos da Crocia ...................................................... 113
A.3 Sistemas de Captao e Abastecimento de gua ................................................ 114
A.4 Sistemas de Saneamento .............................................................................................. 116
A.5 Procedimentos relativos Tramitao de Candidaturas a Sistemas de
Incentivos .......................................................................................................................... 118
A.6 Investimentos Previstos, por Zonas de Abastecimento de gua Captao e
Distribuio de gua ..................................................................................................... 119
A.7 Investimentos Previstos, por Zonas de Abastecimento de gua Recolha e
Tratamento de guas Residuais .................................................................................. 123
A.8 Contactos teis ................................................................................................................ 131
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6 // Cluster da gua na Crocia Uma Estratgia Coletiva Manual de Boas Prticas
ndice de Quadros
Quadro I.1 Principais Indicadores Socioeconmicos ........................................................................................ 11
Quadro I.2 Indicadores Demogrficos, Crocia e UE 28 ................................................................................. 12
Quadro I.3 Indicadores sobre a Distribuio Espacial da Populao na Crocia ..................................... 13
Quadro I.4 rea, Populao, Densidade, Cidades e Municpios, por Unidades Regionais ...................... 14
Quadro I.5 Disponibilidade de Recursos Hdricos Renovveis (valores mdios, a longo prazo) .............. 22
Quadro I.6 gua Captada, por Tipologia das Origens, 2011 .......................................................................... 28
Quadro I.7 gua Captada, por Bacias Hidrogrficas, 2011 ............................................................................ 29
Quadro I.8 Evoluo da gua Captada e Distribuda, no Perodo 2002-2011 (valores em mil m3) ........ 29
Quadro I.9 Distribuio da gua por Tipologia dos Usos, 2011 (dados Croatian Bureau of Statistics) .... 30
Quadro I.10 Outros Indicadores Respeitantes ao Abastecimento de gua................................................ 31
Quadro I.11 guas Residuais por Bacias Hidrogrficas, 2011 .......................................................................... 32
Quadro I.12 Cobertura da Populao por Sistemas de Saneamento, 2009 ................................................ 33
Quadro I.13 Outros Indicadores Respeitantes Recolha e Tratamento de guas Residuais .................. 34
Quadro I.14 Doing Business Pontuaes por reas Temticas, na Crocia e em Portugal, 2013 ......... 37
Quadro I.15 Principais Formas Societrias na Crocia ..................................................................................... 37
Quadro I.16 Procedimentos para Constituir uma Empresa, 2013 ................................................................... 38
Quadro I.17 Doing Business na Crocia Criar uma Empresa, 2013 .............................................................. 38
Quadro I.18 Doing Business na Crocia Obter Licenas de Construo, 2013 ........................................ 39
Quadro I.19 Doing Business na Crocia Obter Electricidade, 2013 ............................................................. 39
Quadro I.20 Doing Business na Crocia Registar uma Propriedade, 2013 ................................................. 40
Quadro I.21 Doing Business na Crocia Obter Crdito, 2013 ....................................................................... 40
Quadro I.22 Doing Business na Crocia Proteco dos Investidores, 2013 ............................................... 41
Quadro I.23 Doing Business na Crocia Pagamento de Impostos, 2013 ................................................... 42
Quadro I.24 Tipologia dos Impostos e Outras Contribuies e Correspondentes Encargos, 2013 ........... 43
Quadro I.25 Doing Business na Crocia Transaces com o Exterior, 2013 ............................................... 44
Quadro I.26 Procedimentos para Exportar e Importar, 2013 ........................................................................... 44
Quadro I.27 Documentos Necessrios para realizar Exportaes e Importaes, 2013............................ 44
Quadro I.28 Doing Business na Crocia Execuo de Contratos, 2013 ..................................................... 45
Quadro I.29 Doing Business na Crocia Resoluo de Insolvncias, 2013 ................................................ 45
Quadro I.30 Condies de Contratao Indicadores Seleccionados, 2013 ............................................ 46
Quadro I.31 Despedimento de Trabalhadores Excedentrios Indicadores Seleccionados, 2013 ........ 47
Quadro I.32 Horrios de Trabalho e Frias Indicadores Seleccionados, 2013 ........................................... 47
Quadro I.33 Sntese dos Sistemas de Incentivos ao Investimento na Crocia, 2013 .................................. 49
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guaGlobal Internacionalizao do Setor Portugus da gua // 7
Quadro II.1 Entidades Responsveis pela Gesto do Programa Operacional para a Proteco do
Ambiente ...................................................................................................................................................................... 55
Quadro II.2 Operadores Seleccionados de Servios de Captao e Distribuio de gua ................... 55
Quadro II.3 Instituies do Ensino Superior e Cursos de Engenharia Civil Oficialmente Reconhecidos . 59
Quadro II.4 Operao BOT (Built-Operation-Transfer) da ETAR da Cidade de Zagreb ............................. 70
Quadro III.1 Empresas de Distribuio de gua, por Unidades Territoriais ................................................... 72
Quadro III.2 Principais Centrais Hidroelctricas, na Crocia ........................................................................... 79
Quadro III.3 Estimativa da Procura de Equipamentos, por Categorias, 2013 e 2018 ................................. 84
Quadro III.4 Projectos do Sector da gua Co-financiados pelo Programa Operacional para a
Proteco do Ambiente (POPA) ............................................................................................................................. 86
Quadro III.5 Projectos em Preparao pelas guas da Crocia .................................................................. 94
Quadro III.6 Projectos Prontos para Submisso de Candidaturas a Fundos Comunitrios ....................... 95
Quadro IV.1 Empresas de Engenharia e de Construo Civil, relacionadas com o Sector da gua .... 99
Quadro IV.2 Empresas de Construo de Redes de Transporte de guas, de Esgotos e de Outros
Fluidos, com mais de 50 Trabalhadores ................................................................................................................ 100
Quadro IV.3 Importncia da Crocia nos Fluxos Comerciais de Portugal ................................................. 101
Quadro IV.4 Balana Comercial Bilateral Portugal-Crocia ......................................................................... 101
Quadro IV.5 Principais Fornecedores da Crocia, em 2011 .......................................................................... 101
Quadro IV.6 Expedies de Portugal para a Crocia, por Grupos de Produtos ...................................... 102
Quadro IV.7 Oportunidades e Ameaas, Pontos Fortes e Fracos ................................................................ 105
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8 // Cluster da gua na Crocia Uma Estratgia Coletiva Manual de Boas Prticas
ndice de Figuras
Figura I.1 Crocia e Pases Vizinhos ...................................................................................................................... 10
Figura I.2 Evoluo do Saldo Natural no Perodo 1978-2012 ........................................................................... 12
Figura I.3 Pirmide Etria, 2011 .............................................................................................................................. 13
Figura I.4 Densidade Populacional, por Unidades Regionais .......................................................................... 14
Figura I.5 Taxas de Variao Real do PIB (*) ....................................................................................................... 15
Figura I.6 Fluxos de IDE (Investimento Directo Estrangeiro), em Percentagem do PIB................................ 16
Figura I.7 Precipitao Mdia Anual .................................................................................................................... 19
Figura I.8 Indicadores Mdios sobre a Precipitao, em Diversas Regies da Crocia............................ 20
Figura I.9 Estrutura Hidrolgica .............................................................................................................................. 21
Figura I.10 Bacias Hidrogrficas ............................................................................................................................. 21
Figura I.11 Reservas Estratgicas de guas Subterrneas ............................................................................... 23
Figura I.12 Situao Ecolgica das guas de Superfcie ................................................................................. 24
Figura I.13 Avaliao de Riscos Poluentes Orgnicos e Nutrientes ............................................................. 24
Figura I.14 Avaliao de Riscos Hidromorfologia............................................................................................ 25
Figura I.15 Avaliao de Riscos Substncias Perigosas ................................................................................. 25
Figura I.16 Perdas de gua nos Sistemas de Distribuio, 2002-2011 ............................................................ 30
Figura I.17 Distribuio da gua por Tipologia dos Usos, 2011 (dados GWI/FAO) ...................................... 31
Figura I.18 Tratamento de guas Residuais, 2011 .............................................................................................. 32
Figura I.19 Distribuio Espacial das ETARs e Cobertura da Populao por Sistemas de Saneamento 34
Figura I.20 Doing Business A Crocia no Contexto Regional ........................................................................ 36
Figura I.21 Doing Business Pontuaes da Crocia por reas Temticas, 2013 ....................................... 36
Figura II.1 Organizao Institucional do Sector da gua ................................................................................ 50
Figura II.2 Organizao Funcional das guas da Crocia Servios Centrais ........................................... 52
Figura II.3 Organizao Funcional das guas da Crocia Divises Regionais ......................................... 53
Figura II.4 reas de Interveno das Divises Regionais das guas da Crocia ....................................... 53
Figura II.5 Delegaes Sub-Regionais das guas da Crocia ....................................................................... 54
Figura II.6 Distribuio dos Investimentos Associados Estratgia, por Natureza das Intervenes ...... 64
Figura II.7 Emprstimos do BEI na Crocia, por Sectores, no Perodo 2008-2013......................................... 66
Figura II.8 Portfolio do BERD na Crocia, por Sectores, em 31/12/2012 ........................................................ 67
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guaGlobal Internacionalizao do Setor Portugus da gua // 9
Figura III.1 Distribuio Regional das Empresas de Captao e Distribuio de gua, 2008 .................. 73
Figura III.2 Distribuio das reas Irrigadas, Segundo o Modo de Rega, 2010 ............................................ 75
Figura III.3 Evoluo das reas Irrigadas e da gua Utilizada para Irrigao, 2002-2010 ......................... 76
Figura III.4 Distribuio do Volume de Negcios, por Natureza das Actividades Industriais, 2011 .......... 77
Figura III.5 Distribuio do Volume de Negcios da Indstria Transformadora, por Sectores, 2011 ........ 78
Figura III.6 Distribuio do Volume de Negcios da Indstria Transformadora, por Unidades
Territoriais, 2011 ............................................................................................................................................................ 78
Figura III.7 Estimativa da Evoluo da Procura do Sector da gua, por Segmentos, 2011-2018 ............ 81
Figura III.8 Estimativa da Distribuio da Procura no Segmento de Captao e Distribuio de gua,
por Natureza das Intervenes, em 2013 e 2018 .................................................................................................. 82
Figura III.9 Estimativa da Distribuio da Procura no Segmento de Recolha e Tratamento de guas
Residuais, por Natureza das Intervenes, em 2013 e 2018 ............................................................................... 82
Figura III.10 Estimativa da Evoluo da Procura do Sector da gua, por Tipologia dos Investimentos,
2011-2018 ...................................................................................................................................................................... 83
Figura III.11 Estimativa da Estrutura da Procura do Mercado da gua, em 2013 e 2018 .......................... 83
Figura III.12 Estimativa dos Custos de Operao e Manuteno, no Perodo 2011-2018 ......................... 85
Figura IV.1 Grau de Intensidade Tecnolgica das Expedies de Portugal para a Crocia e das
Entradas da Crocia em Portugal, em 2012 ....................................................................................................... 103
file:///C:/Users/Ana%20Carlos/Dropbox/PPA%202011-2014/5.%20Projeto%20guaGlobal/Acompanhamento%20&%20Execuo/Atividade%2011%20-%20Material%20de%20Apoio/Verses%20para%20impresso/estudos%20revistos/AGlobal%20Estudo%20Mercado_Croacia_%20reviso%20AFC%2020140421.docx%23_Toc396828976
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10 // Cluster da gua na Crocia Uma Estratgia Coletiva Manual de Boas Prticas
I. CARACTERIZAO DO PAS
1. Dados Gerais
A Repblica da Crocia (Republika Hrvatska, em
croata) um pas do Centro-Leste da Europa,
estabelecido aps a desintegrao da antiga
Jugoslvia, em 1991. O territrio, com uma
extenso de cerca de 56.590 Km2, constitudo
por uma parte continental, que se desenvolve
de Zagreb para Leste, e por uma faixa litoral,
que se estende ao longo do mar Adritico.
O pas limita a norte com a Eslovnia e Hungria,
a nordeste com a Srvia, a leste com a Bsnia e
Herzegovina e ao sul com o Montenegro.
banhado a oeste pelo Mar Adritico e possui
uma fronteira martima com a Itlia, no golfo
de Trieste.
A capital Zagreb, onde se concentram 18,5%
dos cerca de 4,3 milhes de habitantes do pas.
Alm da capital, existem mais 20 unidades
administrativas regionais (zupanija) que se
dividem em 127 cidades e 429 municpios,
constituindo o mbito administrativo local.
A Crocia tornou-se, em Julho de 2013, o 28 estado membro da Unio Europeia e integra outras
organizaes internacionais, nomeadamente, as Naes Unidas, a NATO, a Organizao Mundial do
Comrcio (WTO) e o Conselho da Europa.
A riqueza dos recursos naturais e uma significativa tradio empresarial permitiram Crocia recuperar
rapidamente dos quatro anos da guerra que se seguiu independncia. Desde ento registou um
crescimento anual do PIB na ordem de 4% a 5%, at 2008, ano em que se iniciou a crise econmico-
financeira global.
O sector do turismo, o potencial agrcola e industrial constituem vectores estratgicos de desenvolvimento
econmico, favorecidos pela posio geoestratgica do pas e por uma populao qualificada e com bom
nvel educacional.
Nos ltimos cinco anos (2009-2013), o pas tem atravessado, no entanto, um ciclo recessivo, que conduziu
a uma contraco acumulada do produto da ordem de 12% e ao declnio do consumo interno, das
exportaes e do investimento. Neste contexto de recesso, os principais desafios que a Crocia enfrenta
residem na forte dependncia em relao ao sector do turismo, na subida das taxas de desemprego, no
crescente deficit da balana comercial e no aumento da dvida externa.
Embora se observem sinais de alguma recuperao em 2013, as perspectivas de evoluo futura apontam
para ritmos de crescimento modestos do produto interno bruto, devido ao lento progresso das reformas
estruturais e estreita correlao da evoluo da Crocia com os ciclos econmicos da Unio Europeia
(UE). No quadro seguinte sintetizam-se os principais indicadores socioeconmicos do pas.
Figura I.1 Crocia e Pases Vizinhos
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guaGlobal Internacionalizao do Setor Portugus da gua // 11
Quadro I.1 Principais Indicadores Socioeconmicos
Indicadores Socioeconmicos
Repblica da Crocia (Republika Hrvatska)
Governo: Repblica parlamentar (uma cmara)
Populao: 4.284.889 habitantes (Censo 2011)
Extenso territorial: 56.594 km2
Lngua oficial: croata (hrvatski)
ndice de Desenvolvimento Humano (IDH) 2012: 0,805 (posio 47, em 187 pases analisados)
ndice de Competitividade Global (ICG) 2013: 4,13 (posio 75, em 148 pases analisados)
PIB (valores nominais, milhes de euros) 2012: 45.006
2013: 46.693 (projeco)
PIB per capita (valores nominais, euros) 2012: 10.559
PIB per capita, em % da mdia da EU28 2012: 61%
Taxas de evoluo real do PIB (%)
2011: 0,0 %
2012: -2,0%
2013: -0,2 % (projeco)
Distribuio do PIB, por sectores de actividade (%)
2011: Agricultura: 5.5%
Indstria: 24.4%
Servios: 70.1%
Variao anual do ndice de preos no consumidor (%)
2012: 3,4%
2013: 3,2% (projeco)
Salrio mdio mensal, bruto (euros) 2011: 1.035
Salrio mdio mensal, lquido (euros) 2011: 723
Taxa de Desemprego (%) 2013 (Agosto): 16,9%
Exportaes per capita (euros) 2012: 2.356
Importaes per capita (euros) 2012: 3.841
Taxa de cobertura das importaes (%) 2012: 61,3%
Dvida Externa (milhes de euros) 2012: 45.712
2013: 46.153 (projeco)
Dvida Externa (em % do PIB) 2012: 101,6%
2013: 98.8% (projeco)
Principais parceiros comerciais Itlia, Bsnia e Herzegovina, Alemanha, Eslovnia e ustria
Moeda Kuna (HRK); 1 kuna subdivide-se em 100 lipa
Taxas de Cmbio
Mdia Nov. 2012 a Out. 2013: 1 Euro = 7,5625 HRK
Mdia Mai. 2013 a Out. 2013: 1 US Dlar = 5,6877 HRK
Fontes: FMI, World Economic Outlook, Abril 2013; FMI, Country Report No.12/302, Novembro 2012; Eurostat (http://epp.eurostat.ec.europa.eu/); Croatian Bureau of Statistics, Hrvatska U Brojkama 2013 (Croatia in Figures, 2013); United Nations Development Programme, Human Development Report 2013; World Economic Forum, The Global Competitiveness Report 2013 2014; Banco Central Europeu (www.ecb.europa.eu)
http://epp.eurostat.ec.europa.eu/http://www.ecb.europa.eu/
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12 // Cluster da gua na Crocia Uma Estratgia Coletiva Manual de Boas Prticas
2. Enquadramento Demogrfico e Macroeconmico
2.1 Enquadramento Demogrfico
A populao total da Crocia, de acordo com o recenseamento de 2001, cifrava-se em 4.437 milhares de
habitantes, enquanto os dados do Censo de 2011 apontam para 4.285 milhares de habitantes. Esta
contraco explicvel, sobretudo, pela evoluo desfavorvel do saldo natural, ao longo dos ltimos 15
anos, e em particular, a partir do ano 2001, conforme visvel na Figura I.2.
Fonte: Dravni zavod za statistiku (Croatian Bureau of Statistics), Hrvatska U Brojkama, Croatia in Figures, 2013
Figura I.2 Evoluo do Saldo Natural no Perodo 1978-2012
A taxa de fertilidade na Crocia (1,40 nados vivos por mulher) inferior mdia da Unio Europeia (1,57),
j de si baixa, verificando-se tambm que, na generalidade dos indicadores demogrficos apresentados no
quadro abaixo, a Crocia tende a revelar situaes ligeiramente mais desfavorveis do que as observadas
no conjunto dos pases da UE, nomeadamente quanto esperana de vida nascena e quanto
proporo de jovens com menos de 15 anos, no total da populao.
Quadro I.2 Indicadores Demogrficos, Crocia e UE 28
Indicadores Ano Crocia UE 28
Esperana de vida nascena, homens (anos) 2011 73,9 77,4
Esperana de vida nascena, mulheres (anos) 2011 80,4 83,2
Proporo da populao com menos de 15 anos (%) 2012 14,9 15,6
Proporo da populao com mais de 65 anos (%) 2012 17,3 17,8
Taxa de fertilidade (nados vivos por mulher) 2011 1,40 1,57 (*)
Mortalidade infantil (por 1000 nados vivos) 2011 4,7 3,9 (*)
(*) UE 27
Fonte: Eurostat, News Release n 100/2013, 25 Junho 2013
A evoluo demogrfica desfavorvel, com uma taxa de crescimento natural negativa (variaes anuais
oscilando entre -2,4% e -1,8%, ao longo do perodo 2007/2012), tem conduzido ao progressivo
envelhecimento da populao, conforme se ilustra na pirmide etria resultante do Censo de 2011. Por
outro lado, as projeces quanto evoluo futura, tomando como base os nveis de fertilidade e os
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guaGlobal Internacionalizao do Setor Portugus da gua // 13
movimentos migratrios, indicam que, em 2050, a populao total da Crocia ser da ordem de
3,68 milhes, dos quais 80% habitando em aglomerados urbanos.
A Estratgia para o Desenvolvimento
Sustentvel da Repblica da Crocia estabelece
como objectivo estratgico global contrariar o
declnio natural da populao e as tendncias
migratrias negativas, mantendo a populao
total acima de 4 milhes de habitantes, em
2050, com base no aumento da taxa de
fertilidade para 1,88.
Do ponto de vista da distribuio espacial da
populao, cerca de 28% concentra-se nas
quatro principais cidades Zagreb, Split, Rijeka
e Osijek e reas envolventes, enquanto 18%
habita 5.491 aglomerados populacionais, com
menos de 500 habitantes.
Quadro I.3 Indicadores sobre a Distribuio Espacial da Populao na Crocia
Indicadores Valores
Densidade populacional 75,7 habitantes/km2 (versus 116,3 habitantes/km
2 na UE 28)
N de aglomerados populacionais
6.755
Dimenso mdia dos aglomerados populacionais
657 habitantes
Aglomerados com menos de 500 habitantes
5.491 (81% do total), acolhendo 18% da populao
Principais centros regionais
Zagreb 790.017 habitantes Split 178.102 habitantes Rijeka 128.624 habitantes Osijek 108.048 habitantes
Fonte: Dravni zavod za statistiku (Croatian Bureau of Statistics), Census 2011 e Hrvatska U Brojkama, Croatia in Figures, 2013
Em termos administrativos, a Crocia est organizada em 3 NUTS de Nvel 2 (Crocia Noroeste, Crocia
Central e Leste, Crocia Adritica), que se subdividem em 21 unidades territoriais de menor dimenso
(Zupanija), apresentando-se no quadro e figura da pgina seguinte a repartio dos residentes por estas
unidades regionais. As migraes ocorridas durante a guerra e, mais recentemente, o crescente abandono
pelas populaes mais jovens das reas rurais, tem-se traduzido em distores na distribuio espacial da
populao, sendo visveis densidades populacionais mais elevadas nos territrios que acolhem os quatro
maiores centros urbanos, com destaque para Zagreb, onde se concentra mais de 18% da populao do
pas.
Devido s taxas negativas de crescimento natural e distribuio assimtrica da populao, a maior parte
das unidades territoriais apresentam processos de evoluo demogrfica desfavorvel, revelando
estruturas etrias que evidenciam o envelhecimento da populao, em particular nas reas rurais.
No que diz respeito estrutura tnica da populao, 90,4% so croatas, 4,4% srvios e 0,7% bsnios,
correspondendo os restantes 4,5% a outras minorias tnicas, ou a origens no declaradas, de acordo com
o Censo de 2011. Segundo a mesma fonte, do ponto de vista das convices religiosas, 86% da populao
catlica, 4,4% ortodoxa e 1,5% muulmana.
Figura I.3 Pirmide Etria, 2011
Fonte: Dravni zavod za statistiku, Census 2011
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14 // Cluster da gua na Crocia Uma Estratgia Coletiva Manual de Boas Prticas
Quadro I.4 rea, Populao, Densidade, Cidades e Municpios, por Unidades Regionais
Unidades Regionais rea (Km
2)
Populao (N)
Peso na Popul.
Total (%)
Densidade (Hab/Km
2)
Cidades (N)
Municpios (N)
I. Zagreba 3.060 317.606 7,4% 103,79 9 25
II. Krapinsko-Zagorska 1.229 132.892 3,1% 108,13 7 25
III. Sisako-Moslavaka 4.468 172.439 4,0% 38,59 6 13
IV. Karlovaka 3.626 128.899 3,0% 35,55 5 17
V. Varadinska 1.262 175.951 4,1% 139,42 6 22
VI. Koprivniko-Krievaka 1.748 115.584 2,7% 66,12 3 22
VII. Bjelovarsko-Bilogorska 2.640 119.764 2,8% 45,37 5 18
VIII. Primorsko-Goranska 3.588 296.195 6,9% 82,55 14 22
IX. Liko-Senjska 5.353 50.927 1,2% 9,51 4 8
X. Virovitiko-Podravska 2.024 84.836 2,0% 41,92 3 13
XI. Poeko-Slavonska 1.823 78.034 1,8% 42,81 5 5
XII. Brodsko-Posavska 2.030 158.575 3,7% 78,12 2 26
XIII. Zadarska 3.646 170.017 4,0% 46,63 6 28
XIV. Osjeko-Baranjska 4.155 305.032 7,1% 73,41 7 35
XV. ibensko-Kninska 2.984 109.375 2,6% 36,65 5 15
XVI. Vukovarsko-Srijemska 2.454 179.521 4,2% 73,15 5 26
XVII. Splitsko-Dalmatinska 4.540 454.798 10,6% 100,18 16 39
XVIII. Istarska 2.813 208.055 4,9% 73,96 10 31
XIX. Dubrovako-Neretvanska 1.781 122.568 2,9% 68,82 5 17
XX. Meimurska 729 113.804 2,7% 156,11 3 22
ZG. Grad Zagreb 641 790.017 18,4% 1.232,48 1 -
Total 56.594 4.284.889 100,0% 75,7 127 429
Fonte: Dravni zavod za statistiku (Croatian Bureau of Statistics), Census 2011
Figura I.4 Densidade Populacional, por Unidades Regionais
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guaGlobal Internacionalizao do Setor Portugus da gua // 15
2.2 Enquadramento Macroeconmico
A Crocia atravessa actualmente o seu quinto ano de recesso, com reflexos muito desfavorveis em
termos de contraco do PIB, do consumo interno, das exportaes e do investimento, em paralelo com o
crescimento das taxas de desemprego, que atingiam nveis de 16,9%, em Agosto de 2013 (51% no que diz
respeito ao desemprego juvenil), sendo as mais elevadas entre os novos membros da UE, com perda de
empregos sobretudo na indstria transformadora, construo e comrcio.
O produto registou uma quebra de cerca de 12% desde 2009 e embora se observem alguns sinais de
retoma em 2013, as perspectivas de evoluo futura apontam para ritmos de crescimento anuais
modestos, da ordem de 1,5% em 2014, podendo atingir 2,5% em 2018, segundo projeces do Fundo
Monetrio Internacional (World Economic Outlook, Abril 2013).
(*) Projeces 2013 a 2018
Fonte: FMI, World Economic Outlook, Abril 2013
Figura I.5 Taxas de Variao Real do PIB (*)
O Banco Mundial apresenta como principais causas para esta evoluo desfavorvel o lento progresso das
reformas estruturais e a dependncia dos ciclos econmicos da Unio Europeia, recomendando a
intensificao dos esforos de consolidao fiscal e a reduo da despesa (a dvida publica representava
70% do PIB e a dvida externa cerca de 102% do PIB, em 2012), de modo a atenuar as vulnerabilidades
macroeconmicas do pas.
O Governo diminuiu o deficit pblico de 6,9% do PIB em 2011, para 3,8% em 2012, atravs do aumento das
receitas fiscais e da conteno dos investimentos pblicos. No obstante, no incio de 2013, a Standard &
Poors e a Moodys reduziram o rating de crdito do pas (respectivamente para BB+ e Ba1,
correspondendo ambas as notaes a speculative grades), o que conduziu a uma reviso do oramento,
em Fevereiro de 2013, implicando cortes de 3% nos salrios dos funcionrios pblicos e outras redues
adicionais da despesa pblica, com o objectivo de alcanar uma maior contraco do deficit. Contudo,
previses mais recentes do Governo, na apresentao de uma nova reviso do oramento, em Novembro
de 2013, indicam que o deficit pblico se situar no final do ano em 5,5% do PIB, consideravelmente acima
do tecto comunitrio de 3%. Esta evoluo desfavorvel ir implicar provavelmente a abertura, pela
Comisso Europeia, de um procedimento por deficit excessivo.
Taxas de Variao real do PIB (%)
5,1
2,1
-6,9
-2,3
0,0
-2,0
2,5
1,5
4,34,9
4,2
-0,2
-8
-6
-4
-2
0
2
4
6
1995
/200
420
05
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
-
16 // Cluster da gua na Crocia Uma Estratgia Coletiva Manual de Boas Prticas
De um modo geral, as instituies internacionais tendem a considerar que o modelo econmico da
Crocia, nos anos anteriores crise assentou, basicamente, no crescimento do consumo interno e no
desenvolvimento de sectores de bens no transaccionveis (designadamente da construo civil),
suportados por crdito externo.
Aps cerca de cinco anos de recesso, o pas enfrenta dificuldades no relanamento da economia e no
incremento das exportaes, por razes que se prendem, sobretudo, com: i) investimentos produtivos
reduzidos em sectores de bens e servios transaccionveis, no perodo pr-crise; ii) ambiente empresarial
menos atractivo de que o de outros pases da mesma sub-regio (evidenciado, por exemplo, atravs dos
indicadores Doing Business do Banco Mundial); iii) sector pblico sobredimensionado e carecendo de
modernizao; iv) situao demogrfica desfavorvel, baixa taxa de actividade e mercado laboral pouco
flexvel.
Fonte: FMI, Republic of Croacia, Selected Issues, Country Report No. 12/303, Novembro 2012
Figura I.6 Fluxos de IDE (Investimento Directo Estrangeiro), em Percentagem do PIB
Um relatrio do Fundo Monetrio Internacional (IMF Country Report No. 12/303), de Novembro de 2012,
analisa as razes que tm limitado o desenvolvimento da Crocia e aponta prioridades quanto s reformas
a adoptar para incentivar o crescimento. A anlise conduzida com base em trs abordagens
metodolgicas (Spence Commission Growth Report, Growth Diagnostics Approach e Washington
Consensus), que convergem no sentido de confirmar as diversas condicionantes acima identificadas, que
conduziram a que, durante os ltimos cinco anos de crise, a Crocia tenha registado ganhos de
produtividade e de crescimento das exportaes inferiores aos dos pases que lhe so comparveis.
As prioridades estabelecidas esto em linha com as orientaes habitualmente preconizadas pelo FMI,
assentando nos seguintes vectores, para estimular o crescimento a mdio prazo:
(i) Aumentar a taxa de actividade e melhorar a flexibilidade do mercado de trabalho, contribuindo
para que a economia recupere competitividade;
(ii) Melhorar o contexto empresarial, atravs de simplificao da regulamentao e do
enquadramento legal e de uma administrao pblica mais eficiente, promovendo a competio
Negociveis No Negociveis
-
guaGlobal Internacionalizao do Setor Portugus da gua // 17
atravs da acelerao das privatizaes e da reestruturao do tecido econmico, de modo a
atrair capital, em particular IDE, para os sectores transaccionveis, o que contribuir para
aumentar a produtividade e suportar o crescimento das exportaes;
(iii) Prosseguir os esforos de consolidao oramental a mdio prazo, para reduzir os riscos
macroeconmicos e melhorar as condies de acesso ao capital e reduzir os custos de
financiamento.
expectvel que o impacto destas reformas possa incrementar o crescimento anual do PIB, embora a
ritmos relativamente modestos, entre 2% a 2,5%, a mdio prazo, conforme ilustrado na Figura I.5.
O relatrio mais recente do Banco Mundial sobre a Crocia (Country Program Snapshot), de Outubro de
2013, tambm prudente quanto s perspectivas de crescimento do pas, a partir de 2014, assinalando
que a populao em risco de pobreza (aps transferncias sociais) representa cerca de 17% da populao
total (21% segundo dados do Eurostat) e a taxa de desemprego juvenil das mais elevadas da Europa
(51%, conforme anteriormente referido). O Banco Mundial considera, no entanto, que as reformas
estruturais que tm vindo a ser implementadas pelo Governo (e que devero ser prosseguidas) podero
contribuir para estimular a criao de emprego, a produtividade e a coeso social, sendo, alis, de salientar
que a Crocia registou uma evoluo positiva no ndice de Competitividade Global, passando da posio 81
para a 75, em 2013.
Os esforos para atrair investimento estrangeiro (cerca de 80 projectos privados nos sectores do turismo,
indstria e energia esto previstos, ou em curso), a privatizao de algumas grandes empresas pblicas
(e.g. uma companhia de seguros, um banco postal), bem como a disponibilidade de fundos comunitrios
(que em 2013 representaram 1,4% do PIB, em termos lquidos) suportam algum optimismo quanto
evoluo futura do pas.
O processo de adeso da Crocia UE constituiu um importante incentivo para a adopo de reformas e
para a harmonizao da legislao nacional com o acquis comunitrio. Atravs do Instrumento de Pr-
Adeso (IPA), o pas recebeu da Unio Europeia, para apoio preparao da entrada na UE, em mdia,
cerca de 150 milhes por ano, no perodo 2007-2013, que contriburam tambm para a criao de
capacidades e para a organizao de competncias para a absoro dos fundos comunitrios, que estaro
disponveis no prximo perodo de programao.
Com efeito, alm de assegurar a estabilidade macroeconmica e de promover o reforo da
competitividade do pas, o Governo enfrenta tambm, na sequncia da adeso da Crocia UE, em Julho
de 2013, o desafio estratgico de maximizar a utilizao dos fundos estruturais e de coeso da Unio
Europeia, estimando-se que o afluxo lquido de fundos e de recursos, no perodo 2014-2020, representar,
em mdia, cerca de 2% do PIB, por ano.
A entrada na Unio Europeia traduz-se em excelentes oportunidades para a Crocia, pois permite o acesso
a um mercado de mais de 500 milhes de consumidores, facilita a captao de capital e a transferncia de
conhecimento e de tecnologia. Os fluxos de fundos estruturais comunitrios (em montantes muito
superiores aos obtidos no perodo de pr-adeso) constituiro um importante instrumento para acelerar a
inovao e a modernizao produtiva, bem como para resolver as necessidades do pas nos sectores dos
transportes e do ambiente.
A economia croata menos competitiva do que a dos seus parceiros europeus e a participao do sector
privado no PIB manteve-se na ordem de 70%, no perodo 2007-2011, estando sensivelmente abaixo da
mdia comunitria. Para alcanar um crescimento sustentvel do sector privado e acelerar a convergncia
com a UE sero necessrias aces de restruturao empresarial, que favoream a emergncia de novas
actividades e negcios, que permitam a reorientao para uma economia baseada no conhecimento e na
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18 // Cluster da gua na Crocia Uma Estratgia Coletiva Manual de Boas Prticas
inovao, bem como o desenvolvimento de servios relacionados com os transportes, de modo a tirar
partido da localizao geoestratgica do pas e das suas potencialidades como plataforma de transportes.
Por outro lado, a condio de membro da UE implica desafios, quer em termos de alinhamento com as
estratgias e polticas comunitrias, quer quanto capacidade para absorver e gerir os fundos disponveis,
como j assinalado. A Crocia dever contribuir anualmente com cerca de 520 milhes para o oramento
comunitrio, sendo essencial garantir fundos pblicos nacionais no oramento de estado, para absorver os
fundos estruturais e de coeso da UE, nos prximos anos, de modo a assegurar que o pas no seja um
contribuidor lquido para a Unio Europeia.
As polticas adoptadas nos ltimos anos, tm vindo a conduzir a um progressivo alinhamento com as
estratgias comunitrias em matria de energia, ambiente e alteraes climticas, subsistindo, no
obstante, importantes desafios. As entidades responsveis pelas questes ambientais revelam nveis
elevados de fragmentao, atravs da disperso em numerosas instituies, o que dificulta os processos
de tomada de deciso. O pas enfrenta tambm dificuldades na implementao de algumas directivas da
UE em particular no que diz respeito gesto de resduos slidos e de guas residuais urbanas que
implicam a construo de um nmero considervel de aterros sanitrios e de estaes de tratamento de
guas residuais. Refira-se a este propsito que a Estratgia Nacional para a Gesto de Resduos preconiza a
construo de pelo menos 15 centros regionais de gesto de resduos slidos e de mais de 100 ETARs.
Segundo estimativas do Banco Mundial, apenas para o sector da gua, os investimentos previstos para
harmonizar a legislao da Crocia com os requisitos da Directiva Quadro da gua (DQA) sero de cerca de
12,6 mil milhes. Embora os fundos estruturais e de coeso assegurem o grosso destes investimentos, o
gap de financiamento a mobilizar atravs de fundos nacionais ir resultar em presses adicionais no
oramento de estado, num perodo em que as prioridades estruturais apontam no sentido do reforo da
consolidao oramental.
3. Clima, Geografia, Pluviosidade e Recursos Hdricos
3.1 Clima, Geografia e Pluviosidade
Do ponto de vista orogrfico, climtico e das caractersticas da vegetao, o territrio croata
habitualmente diferenciado em trs unidades geomorfolgicas:
Plancie Pannia, a Norte e Nordeste, constituda por plancies, lagos e colinas 31.000 km2
(54,8% do territrio);
Montanhas de Lika e Gorski Kotar, que integram os Alpes Dinricos 7.540 km2 (13,3% do
territrio);
Zona do Adritico, faixa litoral rochosa constituda pela pennsula de stria, o Litoral Setentrional e
a Dalmcia, integra ainda 1.180 ilhas 18.000 km2 (31,9% do territrio).
O pico mais alto da Crocia o Dinara (1.831 m). O sistema crstico cobre cerca de 54% do territrio do
pas, desenvolvendo-se sobretudo em formaes calcrias das regies montanhosas e costeiras, mas
ocorrendo tambm, pontualmente, nas bacias dos rios Sava e Danbio.
As reas agrcolas utilizadas representam cerca de 21% do territrio, enquanto as reas florestais cobrem
47,5% da parte continental do pas (i.e., excluindo as ilhas).
A Crocia apresenta um clima muito variado: continental no norte e no leste, mediterrneo ao longo do
litoral e de altitude na regio centro-sul.
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guaGlobal Internacionalizao do Setor Portugus da gua // 19
As temperaturas mdias anuais do ar, nas terras baixas do norte da Crocia, so da ordem de 10 a 12 C.
Nas zonas acima de 400 m de altitude situam-se abaixo de 10 C, sendo de cerca de 3 C a 4 C nas regies
montanhosas. Nas zonas costeiras as temperaturas mdias anuais variam entre 12 C e 17 C.
O ms mais frio Janeiro, com temperaturas mdias na regio Pannica oscilando entre 0 C e -2 C. Ao
longo da costa Adritica os invernos so mais suaves, com temperaturas mdias em Janeiro da ordem de
4 C a 6 C. No norte e leste da Crocia as temperaturas mdias do ar em Julho situam-se em 20 C a 22 C
enquanto na costa Adritica variam entre 23 C e 26 C.
A precipitao anual elevada (mdia de 1.113 mm/ano), podendo registar variaes entre 300 mm e
3.500 mm consoante a regio, de acordo com o Atlas do Clima da Crocia, que disponibiliza valores mdios
com base em registos que cobrem um perodo de 30 anos (1971-2000). O volume mdio anual total de
precipitao da ordem de 63 km3, o que equivale a cerca de 13.000 m
3 per capita.
O runoff total ronda 42 km3, que resulta num caudal mdio especfico de cerca de 23 litros por segundo,
por km2.
Nas figuras seguintes apresentam-se dados ilustrativos sobre a pluviosidade em diversas regies da Crocia
e o mapa da precipitao mdia anual no pas.
Fonte: Meteorological and Hydrological Service of Croacia, Klimatski Atlas Hrvatske, Climate Atlas of Croacia
Figura I.7 Precipitao Mdia Anual
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20 // Cluster da gua na Crocia Uma Estratgia Coletiva Manual de Boas Prticas
Variaes da Mdia Anual (R), Precipitao Mnima (Rmin), Precipitao Mxima (Rmax), valores mensais de precipitao
e precipitaes mximas dirias (Rdmax)
Fonte: Meteorological and Hydrological Service of Croacia, Klimatski Atlas Hrvatske, Climate Atlas of Croacia
Figura I.8 Indicadores Mdios sobre a Precipitao, em Diversas Regies da Crocia
mm
m
m
mm
m
m
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guaGlobal Internacionalizao do Setor Portugus da gua // 21
3.2 Recursos Hdricos e Ecossistemas
3.2.1 Recursos Hdricos
A distribuio espacial das guas superficiais
(rios, lagos, guas de transio e costeiras) e
subterrneas na Crocia , naturalmente,
determinada pelas caractersticas
morfolgicas e hidrogeolgicas do territrio,
distinguindo-se duas grandes Bacias
Hidrogrficas: Bacia Hidrogrfica do Danbio
(ou do Mar Negro) e Bacia Hidrogrfica do
Adritico.
A bacia do Danbio apresenta rios de maior
dimenso, como o Sava, Drava e Danbio,
integrando um grande nmero de sub-bacias
menores. Na Bacia do Adritico a importncia
das guas superficiais consideravelmente
menor, mas existem extenses significativas
de guas subterrneas nos sistemas
crsticos. O comprimento total de todos os
cursos de gua naturais e artificiais em
territrio croata estimado em cerca de
21.000 km.
Os rios Sava, Drava, Kupa e Mura na Bacia do
Danbio merecem referncia pela extenso
das suas reas de captao (em regra
superiores a 10 mil km2, na seco
respeitante a territrio croata). Na Bacia do
Adritico, destacam-se os rios Cetina, Krka e
Zrmanja, com bacias superiores a 1.000 km2.
No Anexo A.1 apresentam-se informaes
adicionais sobre as principais caractersticas
dos rios da Crocia.
O pas tem tambm diversos lagos naturais
(ver Anexo A.2), frequentemente de grande
beleza, sendo os mais conhecidos os 16 lagos
(interligados por cascatas) de Plitvice, na
nascente do rio Korana.
De acordo com a Estratgia para a Gesto da
gua (JO 91/08), para efeitos de gesto dos
recursos hdricos, a Crocia est dividida em
quatro bacias hidrogrficas:
Bacia hidrogrfica do rio Sava (sede
administrativa em Zagreb): 24.283 km2;
Bacia hidrogrfica dos rios Drava e Danbio (sede administrativa em Osijek): 9.657 km2;
Fonte: Estratgia de Gesto da gua, 2009-2038
Figura I.9 Estrutura Hidrolgica
Fonte: Estratgia de Gesto da gua, 2009-2038
Figura I.10 Bacias Hidrogrficas
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22 // Cluster da gua na Crocia Uma Estratgia Coletiva Manual de Boas Prticas
Bacia hidrogrfica da stria e Litoral (sede administrativa em Rijeka): 9.840 km2;
Bacia hidrogrfica da Dalmcia (sede administrativa em Split): 12.548 km2.
A Crocia tem recursos hdricos abundantes, ocupando a quinta posio na Europa e a 42 a nvel mundial,
em termos de disponibilidade de recursos. No quadro seguinte apresentam-se os recursos hdricos do pas
(com origem interna e externa), de acordo com estimativas da FAO, permitindo concluir que a
disponibilidade mdia anual de 105,5 km3
de gua por ano, sendo a taxa de dependncia externa da
ordem de 64%.
Quadro I.5 Disponibilidade de Recursos Hdricos Renovveis (valores mdios, a longo prazo)
Recursos Hdricos Internos Valor
Precipitao mdia anual (mm/ano) 1.113
rea do pas (1.000 hectares) 5.659
Precipitao mdia (por km3/ano) 62,98
guas de superfcie geradas internamente (km3/ano) 27,2
guas subterrneas geradas internamente (km3/ano) 11,0
Sobreposio entre guas de superfcie e guas subterrneas (km3/ano) 0,5
Total dos recursos hdricos gerados internamente (km3/ano) 37,7
Recursos Hdricos Externos Valor
guas de superfcie que entram/saem do pas, balano lquido (km3/ano) 67,8
guas subterrneas que entram/saem do pas, balano lquido (km3/ano) 0,0
Total dos recursos hdricos com origem externa (km3/ano) 67,8
Recursos Hdricos Totais Valor
guas de superfcie (km3/ano) 95,0
guas subterrneas (km3/ano) 11,0
Sobreposio entre guas de superfcie e guas subterrneas (km3/ano) 0,5
Total dos recursos hdricos renovveis (km3/ano) 105,5
Taxa de dependncia de recursos hdricos externos (%) 64,27
Fonte: FAO, Food and Agriculture Organization of the United Nations, AQUASTAT, 2012
A Estratgia de Gesto da gua prev a definio de reas de proteco especial da gua, incluindo:
reas classificadas para a captao de gua destinada a consumo humano;
reas classificadas para a proteco de espcies aquticas com importncia econmica;
Massas de gua classificadas para fins recreativos, incluindo guas balneares;
reas classificadas como vulnerveis e sensveis;
reas classificadas para a proteco de habitats ou espcies (Natura 2000);
Reservas estratgicas de guas subterrneas.
-
guaGlobal Internacionalizao do Setor Portugus da gua // 23
A extenso das reas de proteco especial das guas significativa, abrangendo cerca de 47% do
territrio continental da Crocia, pelo que a adequada proteco destas reas requer investimentos
significativos.
A Estratgia de Gesto da gua classifica as
reservas estratgicas de guas
subterrneas, em quatro tipos, consoante a
qualidade das guas, nveis de utilizao,
vulnerabilidade a presses e prioridades de
proteco, embora a Lei da gua no
estabelea orientaes quanto
implementao das medidas de proteco
requeridas.
No mbito da preparao dos planos de
gesto das quatro bacias hidrogrficas, que
decorreu em 2008 e 2009, tomando como
referncia as prescries da DQA (Directiva
Quadro da gua; Directiva 2000/60/CE), os
estudos de diagnstico e as anlises
realizadas permitiram caracterizar as
condies ecolgicas de partida das massas
de gua, avaliar as principais presses e
impactos a que estas esto sujeitas e
estabelecer relaes entre as presses e a
qualidade das guas.
As figuras seguintes ilustram a condio ecolgica das guas de superfcie na Crocia, bem como a
avaliao de risco no que diz respeito a condies hidromorfolgicas, poluentes orgnicos e nutrientes e
substncias perigosas. Embora os dados disponveis digam respeito a 2008, tendo entretanto sido
realizados diversos investimentos e intervenes, que tero contribudo para melhorar a qualidade das
guas, a situao de referncia identificada traduz-se no seguinte perfil:
27% das guas de superfcie revelavam estado mau e 13% tinham uma avaliao de medocre;
34% das massas de gua estavam sujeitas a riscos de poluio orgnica e por nutrientes,
enquanto 29% podero vir a correr riscos de poluio por estes agentes;
11% das massas de gua esto em risco e 19% podero vir a estar em risco, do ponto de vista das
condies hidromorfolgicas.
No que diz respeito poluio orgnica, as fontes de poluio esto sobretudo associadas a usos
domsticos (82% a 84%) e a actividades industriais (16% a 18%). Quanto poluio por nutrientes, as
principais origens da poluio so as actividades agrcolas (57% no caso do nitrognio e 40% no caso do
fsforo), correspondendo as restantes fontes poluentes a usos domsticos (40% para o nitrognio e 58%
para o fsforo), sendo o contributo das actividades industriais pouco significativo (1% a 3%).
Figura I.11 Reservas Estratgicas de guas Subterrneas
Fonte: Estratgia de Gesto da gua, 2009-2038
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24 // Cluster da gua na Crocia Uma Estratgia Coletiva Manual de Boas Prticas
Fonte: Hrvatske Vode, guas da Crocia, Outlining RBMP of Croatia and the respective costs
Figura I.12 Situao Ecolgica das guas de Superfcie
Fonte: Hrvatske Vode, guas da Crocia, Outlining RBMP of Croatia and the respective costs
Figura I.13 Avaliao de Riscos Poluentes Orgnicos e Nutrientes
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guaGlobal Internacionalizao do Setor Portugus da gua // 25
Fonte: Hrvatske Vode, guas da Crocia, Outlining RBMP of Croatia and the respective costs
Figura I.14 Avaliao de Riscos Hidromorfologia
Fonte: Hrvatske Vode, guas da Crocia, Outlining RBMP of Croatia and the respective costs
Figura I.15 Avaliao de Riscos Substncias Perigosas
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26 // Cluster da gua na Crocia Uma Estratgia Coletiva Manual de Boas Prticas
3.2.2 Ecossistemas
Os ecossistemas das zonas hmidas tm nveis muito elevados de biodiversidade e encontram-se um
pouco por toda a Crocia. As principais localizaes na Bacia do Danbio so a foz do rio Drava, as seces
centrais dos rios Sava e Kupa, na zona da floresta de Spacva, e as reas crsticas nas zonas de fronteira
com a Bacia do Adritico. Na Bacia do Adritico as principais zonas hmidas localizam-se no rio Neretva e
tambm nas reas crsticas.
Quatro das zonas hmidas da Crocia esto listadas como patrimnio mundial, de acordo com a
Conveno de Ramsar. Trs dos stios Ramsar localizam-se na Bacia do Danbio Kopacki rit na foz do
Drava, a lagoa de Crna Mlaka e Lonjsko polje na bacia do rio Sava situando-se o quarto stio na Bacia do
Adritico, em parte do delta do rio Neretva.
Refira-se, ainda, que as plancies aluviais dos rios Danbio, Sava e Kupa so de grande importncia para a
regularizao dos caudais dos referidos rios, sendo visvel atravs dos registos hidrolgicos que estas
plancies tm uma funo essencial na proteco das terras baixas das cheias.
4. Ordenamento e Gesto Costeira
Os recursos naturais constituem o principal capital econmico e social da Crocia, pelo que, desde a sua
constituio, o estado croata tem produzido legislao e adoptado estratgias e planos, visando a
introduo de medidas de proteco e conservao ambiental e a gesto eficiente dos recursos.
Os bons ritmos de crescimento econmico registados na Crocia, no perodo pr-crise, conduziram ao
aumento dos consumos de gua e energia e construo de infraestruturas associadas expanso dos
sistemas de transporte e do turismo. Designadamente na regio costeira do Adritico observam-se
fenmenos de construo pouco ordenada, dificuldades na gesto de guas residuais e resduos slidos e
fluxos significativos de turistas, resultando em presses no que diz respeito conservao da
biodiversidade e qualidade das guas costeiras.
Esta evoluo implicou necessidades adicionais em termos da capacidade de resposta das estruturas e
servios ambientais, nomeadamente quanto ao abastecimento de gua e recolha e tratamento de guas
residuais, gesto de resduos slidos, manuteno da qualidade do ar, preservao dos ecossistemas
costeiros e dos habitats naturais, em geral.
Ao longo dos ltimos anos, os sistemas de proteco ambiental na Crocia tm vindo a ser melhorados,
subsistindo, no entanto, a necessidade de realizar investimentos significativos, de modo a assegurar uma
maior eficincia e qualidade das infraestruturas e servios ambientais, garantindo a harmonizao plena
com as directivas e normas comunitrias.
Por outro lado, a Crocia subscreveu a Conveno sobre Alteraes Climticas das Naes Unidas e um
dos pases signatrios do Anexo B do Protocolo de Kyoto, pelo que assumiu tambm o cumprimento de
metas quanto reduo de emisses de GEE.
Os conceitos respeitantes gesto eficiente e sustentvel dos recursos naturais esto subjacentes
legislao ambiental da Crocia e foram desenvolvidos atravs de estratgias de enquadramento geral e
de estratgias transversais e sectoriais especficas.
O principal instrumento de enquadramento geral a Estratgia para o Desenvolvimento Sustentvel da
Repblica da Crocia, aprovada pelo parlamento croata, em Fevereiro de 2009; estabelece os princpios
bsicos e critrios para a definio de metas e prioridades, de modo a assegurar o desenvolvimento
sustentvel do pas. A estratgia define como reas fundamentais de interveno: i) ambiente e recursos
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guaGlobal Internacionalizao do Setor Portugus da gua // 27
naturais; ii) produo e consumo sustentveis; iii) independncia energtica e reforo da eficincia
energtica;
Exemplos de objectivos gerais preconizados pela estratgia, mais directamente relacionados com a gesto
das guas, incluem:
Proteco da natureza, implicando a conservao biolgica, a diversidade paisagstica e a
preservao dos valores e recursos naturais;
Gesto sustentvel do mar Adritico, da costa Adritica (com uma extenso total de 5.790 km e
integrando 1.180 ilhas) e conservao dos ecossistemas marinhos.
Os objectivos estabelecidos na estratgia so (ou sero) implementados atravs de diversos Planos de
Aco transversais, merecendo particular referncia, neste contexto, o Plano de Aco para o Mar, Costa e
Ilhas Adriticas, em preparao, que aborda o mar e a costa Adritica como recursos de importncia
estratgica para o desenvolvimento sustentvel do pas.
Do ponto de vista das estratgias e planos sectoriais especficos destaca-se, naturalmente, a Estratgia de
Gesto da gua (2009-2038), documento programtico que perspectiva a gesto da gua na Crocia, a
longo prazo e que tem vindo a ser citado nas seces precedentes. Estabelece polticas para a gesto e
coordenao integrada dos sistemas da gua, assegurando a sua melhoria e a articulao com os
compromissos internacionais do pas, designadamente no quadro da UE. Define objectivos estratgicos,
estabelece as necessidades actuais e futuras e prescreve orientaes sobre a forma como essas
necessidades devero ser resolvidas atravs dos planos de gesto das quatro bacias hidrogrficas do pas.
Conjugando os objectivos operacionais e as metas estabelecidas na Estratgia para o Desenvolvimento
Sustentvel da Repblica da Crocia e na Estratgia de Gesto da gua, destacam-se, a ttulo ilustrativo, os
seguintes exemplos:
Reduzir ao mnimo as emisses prejudiciais ao ambiente, assegurando, em particular, a proteco
contra a poluio das guas subterrneas (Estratgia para o Desenvolvimento Sustentvel);
Assegurar a disponibilidade de gua potvel de boa qualidade, em quantidade suficiente para
abastecimento s polues (Estratgia de Gesto da gua);
Reforar a proteco dos sistemas aquticos sensveis, bem como dos ecossistemas costeiros e
martimos (Estratgia para o Desenvolvimento Sustentvel);
Assegurar e manter o bom estado de qualidade da gua, protegendo os ecossistemas aquticos e
os ecossistemas terrestres deles dependentes (Estratgia de Gesto da gua).
Preservar a qualidade da gua e prevenir a sua poluio, melhorar a cobertura nacional da rede
pblica de abastecimento de gua s populaes (aumento da taxa de cobertura para 85% a
90%), melhorar os nveis de tratamento e aumentar o grau de cobertura da rede de recolha e
tratamento de guas residuais, melhorar a qualidade dos sistemas de proteco contra cheias
(Estratgia para o Desenvolvimento Sustentvel).
Outros documentos relevantes de poltica sectorial, com implicaes directas ou indirectas na gesto da
gua, incluem, designadamente:
Estratgia Nacional de Gesto de Resduos, em implementao atravs do Plano Nacional de
Gesto de Resduos;
Estratgia e Plano de Aco para a Proteco da Biodiversidade e da Paisagem;
Estratgia para a Agricultura e Pescas;
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28 // Cluster da gua na Crocia Uma Estratgia Coletiva Manual de Boas Prticas
Poltica e Estratgia Nacional para as Florestas;
Plano Nacional para a Proteco e Melhoria da Qualidade do Ar;
Estratgia e Plano de Aco para a Energia.
Assinale-se, finalmente, que a Crocia assinou e ratificou diversas convenes e acordos internacionais,
respeitantes ao planeamento e gesto integrada dos recursos hdricos, com evidente influncia na gesto
sustentvel da gua no pas. Merecem referncia, em particular, os seguintes instrumentos, respeitantes
proteco e utilizao da gua, subscritos pela Crocia:
Conveno para a proteco e o uso de cursos de gua transfronteirios e lagos internacionais
(Conveno de Helsnquia, 1994) e o Protocolo associado, sobre gua e Sade;
Conveno para a proteco do Mar Mediterrneo contra a Poluio (Conveno de Barcelona,
1993), visando a gesto integrada das zonas costeiras, bem como o Protocolo associado, relativo
proteco do Mar Mediterrneo contra a poluio com origem em fontes terrestres;
Conveno para a proteco e uso sustentvel do rio Danbio (Conveno para a proteco do
Danbio, 1996);
Acordo-quadro para a Bacia Hidrogrfica do rio Sava e o Protocolo associado, respeitante ao
regime de navegao no rio.
5. Consumo e Uso da gua
5.1 Captao, Distribuio e Consumo de gua
O volume de gua captado em 2011 foi de cerca de 577 milhes de metros cbicos, de acordo com dados
do Croatian Bureau of Statistics.
Quadro I.6 gua Captada, por Tipologia das Origens, 2011
Origens Mil m3
guas subterrneas 280.290 Nascentes 180.344 Cursos de gua 49.893 Reservatrios 849 Lagos 10.947 Outras origens 54.662 Total 576.985
Total, excluindo "Outras origens" 522.323
Fonte: Dravni zavod za statistiku (Croatian Bureau of Statistics), Statistical Yearbook, 2012
As guas subterrneas evidenciam peso muito significativo (280 milhes de metros cbicos), tendo
contribudo com perto de 49% para o total das captaes, seguindo-se as nascentes, com cerca de 31% e, a
uma distncia considervel, os cursos de gua, com uma incidncia da ordem de 9%.
48,6%
31,3%
8,6%
0,1%
1,9% 9,5% guas
subterrneasNascentes
Cursos de gua
Reservatorios
Lagos
Outras origens
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guaGlobal Internacionalizao do Setor Portugus da gua // 29
As captaes distriburam-se na proporo de 56% para a Bacia do Danbio / Mar Negro (292 milhes de
m3) e de 44% para a Bacia do Adritico (230 milhes de m
3). Destaca-se em particular a sub-bacia
hidrogrfica do rio Sava, na Bacia do Danbio, com um peso de 39% nas captaes nacionais, incluindo
guas de superfcie e subterrneas.
Quadro I.7 gua Captada, por Bacias Hidrogrficas, 2011
Bacias Hidrogrficas Mil m3 %
Bacia do Danbio / Mar Negro 292.134 55,9%
Danbio 6.978 1,3%
Drava 41.760 8,0%
Mura 7.043 1,3%
Sava 202.607 38,8%
Kupa 19.799 3,8%
Una 1.542 0,3%
Lonja 3.980 0,8%
Bosut 8.425 1,6%
Bacia do Adritico 230.189 44,1%
Mirna 16.031 3,1%
Krka 21.111 4,0%
Cetina 17.591 3,4%
Neretva 11.031 2,1%
Outros cursos de gua 28.322 5,4%
reas costeiras 125.673 24,1%
Ilhas 10.430 2,0%
Total 522.323 100,0%
Fonte: Dravni zavod za statistiku (Croatian Bureau of Statistics), Statistical Yearbook, 2012
O volume de gua captado ao longo do perodo 2002-2011 revela tendncia crescente (em mdia +1,6% ao
ano), verificando-se que o valor registado em 2011 corresponde a um aumento global de 14,3%, face aos
volumes observados em 2002.
Quadro I.8 Evoluo da gua Captada e Distribuda, no Perodo 2002-2011 (valores em mil m3)
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
gua captada
504.832 531.825 513.352 511.058 518.992 525.868 527.594 555.072 570.942 576.985
gua distribuda
309.131 326.642 311.616 305.819 318.180 323.453 354.434 355.016 365.281 349.692
Perdas de gua
195.701 205.183 201.736 205.239 200.812 202.415 173.160 200.056 205.661 227.293
Fonte: Dravni zavod za statistiku (Croatian Bureau of Statistics), Statistical Yearbook, 2012
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30 // Cluster da gua na Crocia Uma Estratgia Coletiva Manual de Boas Prticas
O volume de gua distribudo acompanhou, naturalmente, a evoluo das captaes, tendo atingido perto
de 350 milhes de metros cbicos em 2011 (versus 309 milhes em 2002), o que corresponde a um ritmo
mdio de crescimento anual de 1,5% e a um acrscimo global de 13,1%, no perodo 2002-2011.
As perdas de gua so muito significativas, tendo oscilado entre 32,8% (mnimo observado em 2008) e
40,2% (mximo registado em 2005), o que evidencia ineficincias significativas no sistema, no se
observando, alis, uma tendncia de evoluo favorvel, j que as perdas contabilizadas em 2011 se
cifraram em 39,4%, correspondendo a 227,3 milhes de metros cbicos.
Fonte: Dravni zavod za statistiku (Croatian Bureau of Statistics), Statistical Yearbook, 2012
Figura I.16 Perdas de gua nos Sistemas de Distribuio, 2002-2011
No que diz respeito distribuio de gua por tipologia dos usos, os dados mais recentes (2011)
disponibilizados pelo Croatian Bureau of Statistics indicam que 52% da gua distribuda se destina a usos
domsticos, enquanto perto de 31% consumida por actividades econmicas, observando-se tambm que
7,5% da gua fornecida gratuitamente e 9,4% se destina a outros sistemas no especificados. A mesma
fonte indica ainda que a gua utilizada para irrigao, em 2010 (ltimo ano disponvel), ascendia a 8,65
milhes de metros cbicos, o que corresponderia, nesse ano, a cerca de 2,4% do total de gua distribuda.
Quadro I.9 Distribuio da gua por Tipologia dos Usos, 2011 (dados Croatian Bureau of Statistics)
Tipologia dos Usos Mil m3 %
Usos domsticos 182.646 52,2%
Actividades econmicas 107.762 30,8%
gua distribuda gratuitamente 26.347 7,5%
Outros sistemas de abastecimento 32.937 9,4%
Total 349.692 100,0%
Fonte: Dravni zavod za statistiku (Croatian Bureau of Statistics), Statistical Yearbook, 2012
Os dados da GWI, Global Water Intelligence (Global Water Market, 2014), extrados da base de dados
Aquastat da FAO, que dizem respeito aos volumes de guas captados em 2011, apontam para valores
diferentes, apresentando a repartio identificada na figura seguinte, com um peso de usos
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
61,2%
61,4%
60,7%
59,8%
61,3%
61,5%
67,2%
64,0%
64,0%
60,6%
38,8%
38,6%
39,3%
40,2%
38,7%
38,5%
32,8%
36,0%
36,0%
39,4%
gua distribuda (%)
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guaGlobal Internacionalizao do Setor Portugus da gua // 31
domsticos/municipais da ordem de 85%, consideravelmente superior ao reportado nas estatsticas
nacionais, enquanto os valores relativos s actividades econmicas se situam em 15%, correspondendo
1,7% a usos agrcolas e 13,6% a usos industriais.
Fonte: GWI, Global Water Intelligence, Global Water Market, 2014
Figura I.17 Distribuio da gua por Tipologia dos Usos, 2011 (dados GWI/FAO)
Agregando os usos domsticos e as categorias gua distribuda gratuitamente e outros sistemas de
abastecimento, reportados nas estatsticas do Croatian Bureau of Statistics, os valores obtidos rondam
69%, subsistindo, portanto, um gap de 15%, face aos valores indicados pela GWI/FAO, quanto aos usos
domsticos/municipais. Ou seja, os usos domsticos/municipais podero oscilar entre 69% e 85%,
enquanto os consumos das actividades econmicas podero variar entre 15% e 30%, de acordo com as
duas fontes disponveis.
O quadro seguinte sintetiza alguns indicadores adicionais sobre o abastecimento de gua, designadamente
quanto taxa de cobertura das populaes pelas redes de distribuio pblica, que se situava em 74%, em
2009, inscrevendo-se nos objectivos estratgicos para o sector o aumento dos nveis de cobertura para
valores da ordem de 85% a 90%. O nmero de ligaes rede cresceu 32,5% no perodo 2002-2011
(passando de 919.103 em 2002, para 1.217.490 em 2011), o que indica uma evoluo positiva da taxa de
cobertura da populao, que se estima ter evoludo, em 2011, para cerca de 79% a 80% (admitindo que a
relao entre o nmero de ligaes rede e a populao servida se manteve idntica observada em
2009).
Quadro I.10 Outros Indicadores Respeitantes ao Abastecimento de gua
Indicadores Valores Ano
Populao ligada a sistemas de distribuio de gua (N) 3.282.220 2009 Populao ligada a sistemas de distribuio de gua (%) 74% 2009 Ligaes rede (N) 1.217.490 2011 Extenso das redes de distribuio de gua (km) 36.130 2011
Fontes: Dravni zavod za statistiku (Croatian Bureau of Statistics), Statistical Yearbook, 2012;
GWI, Global Water Intelligence, Global Water Market, 2014
5.2 Sistemas de Saneamento
O volume de guas residuais recolhido nos sistemas pblicos, em 2011, cifrou-se em cerca de 343 milhes
de metros cbicos, das quais 69,5% correspondiam a emisses provenientes de usos domsticos,
enquanto 30,5% tiveram como origem actividades econmicas, segundo dados do Croatian Bureau of
Statistics, em linha com os valores respeitantes ao abastecimento de gua.
1,7% 13,6%
84,7%
Agricultura
Indstria
Usosdomsticos/municipais
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32 // Cluster da gua na Crocia Uma Estratgia Coletiva Manual de Boas Prticas
Do volume total de guas residuais, 61% foi sujeito a tratamento, enquanto 39% foi descarregado sem
qualquer tratamento. Globalmente, apenas 45% das guas residuais geradas foram submetidas a
tratamento secundrio, enquanto o tratamento tercirio ainda residual, representando menos de 1% do
total.
Fonte: Dravni zavod za statistiku (Croatian Bureau of Statistics), Statistical Yearbook, 2012
Figura I.18 Tratamento de guas Residuais, 2011
Quadro I.11 guas Residuais por Bacias Hidrogrficas, 2011
Bacias Hidrogrficas
No tratadas Tratadas Total
Mil m3
% (Horiz.)
Mil m3
% (Horiz.)
Mil m3
% (Vertical)
Bacia do Danbio 118.689 43,5% 154.048 56,5% 272.737 79,6%
Danbio 1.828 67,4% 885 32,6% 2.713 0,8%
Drava 17.387 53,4% 15.150 46,6% 32.537 9,5%
Mura 592 23,9% 1.882 76,1% 2.474 0,7%
Sava 89.328 41,8% 124.228 58,2% 213.556 62,3%
Kupa 5.095 92,9% 389 7,1% 5.484 1,6%
Una 49 100,0% 0 0,0% 49 0,0%
Lonja 2.510 28,0% 6.451 72,0% 8.961 2,6%
Bosut 1.900 27,3% 5.063 72,7% 6.963 2,0%
Bacia do Adritico 14.961 21,4% 55.102 78,6% 70.063 20,4%
Mirna 0 0,0% 237 100,0% 237 0,1%
Krka 707 17,0% 3.457 83,0% 4.164 1,2%
Cetina 1.568 92,2% 132 7,8% 1.700 0,5%
Neretva 1.646 43,8% 2.115 56,2% 3.761 1,1%
Outros cursos de gua 9.719 18,1% 43.848 81,9% 53.567 15,6%
Ilhas 1.321 19,9% 5.313 80,1% 6.634 1,9%
Total 133.650 39,0% 209.150 61,0% 342.800 100,0%
Fonte: Dravni zavod za statistiku (Croatian Bureau of Statistics), Statistical, Yearbook, 2012
14,9%
45,4%
0,7%
39,0%
Tratamentoprimrio
Tratamentosecundrio
Tratamentotercirio
Sem tratamento
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guaGlobal Internacionalizao do Setor Portugus da gua // 33
A situao por bacias hidrogrficas revela que, como expectvel, o maior volume recolhido na Bacia do
Danbio / Mar Negro cerca de 80% do total, versus 20% na Bacia do Adritico.
No Adritico, cerca de 79% das guas so sujeitas a alguma forma de tratamento, contra 56,5%, no caso do
Danbio.
No obstante, dados mais detalhados permitem concluir que as solues de tratamento prevalecentes na
Bacia do Adritico dizem sobretudo respeito a pr-tratamento e tratamento primrio, enquanto na Bacia
do Danbio / Mar Negro se observa maior peso de tratamento secundrio.
Em termos de populao coberta pelos sistemas de saneamento, a situao registada em 2009, no mbito
dos estudos preparatrios para harmonizao com a DQA e a Directiva relativa ao tratamento de guas
residuais urbanas, permite concluir que 43% da populao estava ligada a redes de recolha de guas
residuais, enquanto 28% estava coberta por sistemas de tratamento de guas residuais, mas apenas 18%
por sistemas de tratamento secundrio e tercirio.
Quadro I.12 Cobertura da Populao por Sistemas de Saneamento, 2009
Bacias Hidrogrficas Bacia do Danbio
Bacia do Adritico
Crocia
Populao ligada a redes de recolha de guas residuais
N 1.266.000 657.000 1.923.000
% 42% 47% 43%
Populao ligada a
estaes de tratamento
Pr-tratamento N 0 330.000 330.000
% 0 24% 7%
Primrio N 91.000 149.000 240.000
% 3% 11% 5%
Secundrio N 629.000 34.000 663.000
% 21% 2% 15%
Tercirio N 12.500 0 12.500
% 4% 0,0% 3%
Total N 732.500 513.000 1.245.500
% 24,0% 37,0% 28,0%
Fonte: Hrvatske Vode, guas da Crocia, Implementation of the Water Framework Directive and Urban Waste Water Treatment
Directive in the Republic of Croatia
De acordo com dados do Ministrio do Desenvolvimento Regional, Florestas e Gesto da gua, estavam
instaladas, em 2009, 109 estaes de tratamento de guas residuais, que se distribuam pelas seguintes
categorias:
38 estaes de pr-tratamento;
24 estaes de tratamento primrio;
46 estaes de tratamento secundrio;
1 estao de tratamento tercirio.
A figura seguinte mostra a distribuio espacial das estaes de tratamento e o grau de cobertura da
populao por sistemas de saneamento, por unidades territoriais.
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34 // Cluster da gua na Crocia Uma Estratgia Coletiva Manual de Boas Prticas
Fonte: Hrvatske Vode, guas da Crocia, Implementation of the Water Framework Directive and Urban Waste Water Treatment
Directive in the Republic of Croatia
Figura I.19 Distribuio Espacial das ETARs e Cobertura da Populao por Sistemas de Saneamento
A extenso das redes de recolha de guas residuais era de 8.557 km em 2011 e o nmero de ligaes
rede de saneamento, no mesmo ano, ascendia a 478.596, correspondendo a um crescimento de 43,5%,
face aos valores observados em 2002 e a um incremento de 10% face ao nmero de ligaes em 2009. Este
andamento evidencia o esforo colocado pelas autoridades croatas na implementao das directivas
comunitrias em matria de tratamento de guas residuais urbanas, admitindo-se que a situao tenha
evoludo favoravelmente, face ao perfil observado em 2009, atrs sintetizado.
Quadro I.13 Outros Indicadores Respeitantes Recolha e Tratamento de guas Residuais
Indicadores Valores Ano
Populao ligada a sistemas de recolha de guas residuais (N) 1.923.000 2009
Populao ligada a sistemas de recolha de guas residuais (%) 43% 2009
Ligaes rede (N) 478.596 2011
Extenso das redes de recolha de guas residuais (km) 8.557 2011
Estaes de tratamento de guas residuais (N) 109 2009
Fontes: Dravni zavod za statistiku (Croatian Bureau of Statistics), Statistical Yearbook, 2012; Hrvatske Vode, guas da Crocia
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6. Condies de Acesso ao Mercado
As principais instituies de apoio ao investimento e s actividades econmicas na Crocia so as
seguintes:
AIK Agencija za Investicije e Konkurentnost, Agncia para o Investimento e a Competitividade
(www.aik-invest.hr);
HAMAG INVEST Hrvatska Agencija za Malo Gospodarstvo i Investicije, Agncia Croata para as
PMEs e o Investimento (www.investcroatia.hr);
HGK Hrvatska Gospodarska Komora, Cmara de Economia Croata, Centro de Promoo do
Investimento (www.hgk.hr);
HOK - Hrvatska Obrtnicka Komora, Cmara de Comrcio Croata (www.hok.hr).
Os dados constantes nesta seco foram compilados com base nas informaes disponibilizadas on-line
por estas entidades, tendo sido tambm consultados diversos guias de investimento, merecendo especial
referncia Made in Croatia. Investors Guide to Manufacturing and Logistics, 2013, uma publicao
conjunta da Jones Lang LaSalle, AIK, KPMG e Antal International e Catalogue of Investment Opportunities,
Republic of Croatia, editado pelo governo croata.
A publicao do Banco Mundial Doing Business foi adoptada como referncia para o enquadramento geral
estabelecido em termos de condies gerais de acesso ao mercado, uma vez que permite posicionar a
Crocia no contexto internacional e regional e comparar o ambiente empresarial no pas com o de outras
economias, designadamente com a portuguesa, proporcionando um melhor entendimento quanto s
condies locais e facilidade de realizar negcios na Crocia.
6.1 Condies Gerais
A edio de 2013 do Doing Business classifica a Crocia na posio 84, no conjunto das 185 economias
analisadas. Singapura, Hong Kong e a Nova Zelndia ocupam os 3 lugares cimeiros do ranking, enquanto
Portugal se situa na 30 posio. O ranking relativo ao ambiente empresarial em cada pas analisado
atravs duma bateria de indicadores, estruturados com base em 10 reas temticas, que cobrem os
principais aspectos que influenciam a maior ou menor facilidade na realizao de negcios e no
desenvolvimento de actividades empresariais. As 10 reas temticas abrangem os seguintes aspectos:
Iniciar um negcio;
Obter licenas de construo;
Obter electricidade;
Registar uma propriedade;
Obter crdito;
Proteco aos investidores;
Pagamento de Impostos;
Transaces com o exterior;
Execuo de contratos;
Resoluo de insolvncias.
http://www.aik-invest.hr/http://www.investcroatia.hr/http://www.hgk.hr/http://www.hok.hr/
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36 // Cluster da gua na Crocia Uma Estratgia Coletiva Manual de Boas Prticas
No contexto da Europa de Leste e sia Central, a Crocia situa-se abaixo da mdia regional, revelando pior
desempenho do que outros estados membros da UE, mas apresentando pontuao ligeiramente mais
favorvel do que alguns pases vizinhos, como a Albnia e a Srvia.
Fonte: World Bank, Doing Business 2013: Smarter Regulations for Small and Medium-Size Enterprises
Figura I.20 Doing Business A Crocia no Contexto Regional
No conjunto dos indicadores analisados, que contribuem para a definio da pontuao global, a Crocia
revela melhor desempenho quanto obteno de crdito (posio 40) e ao pagamento de impostos
(posio 42), enquanto a obteno de licenas de construo (143) e a proteco dos investidores (139),
so as reas com o comportamento mais desfavorvel.
Fonte: World Bank, Doing Business 2013: Smarter Regulations for Small and Medium-Size Enterprises
Figura I.21 Doing Business Pontuaes da Crocia por reas Temticas, 2013
35
46
54
65
73
73
84
85
86
126
5 55 105 155
Eslovnia
Eslovquia
Hungria
Repblica Checa
Mdia regional (Europa de Leste e sia Central)
Itlia
Crocia
Albnia
Srvia
Bsnia e Herzegovina
80
143
56
104 40
139
42 105
52
97
0
185Iniciar um negcio
Obter licenas deconstruo
Obter Electricidade
Registar umapropriedade
Obter crdito
Proteco aosinvestidores
Pagamento deImpostos
Transaces com oexterior
Execuo decontratos
Resoluo deinsolvncias
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Quadro I.15 Principais Formas Societrias na Crocia
O quadro abaixo confronta as pontuaes atribudas Crocia e a Portugal, por reas temticas,
resultando da anlise comparativa que a Crocia revela condies mais desfavorveis em quase todos os
indicadores, como seria expectvel, excepto no que diz respeito obteno de crdito e ao pagamento de
impostos, em que o ranking de Portugal evidencia uma situao mais adversa.
Quadro I.14 Doing Business Pontuaes por reas Temticas, na Crocia e em Portugal, 2013
Indicadores Crocia Portugal Melhor Desempenho
Doing Business (Ranking Global) 84 30