cogitando sobre as autarquias provinciais em três perspectivas
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7/24/2019 Cogitando Sobre as Autarquias Provinciais Em Trs Perspectivas
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COGITANDO SOBRE AS AUTARQUIAS PROVINCIAIS EM TRS
PERSPECTIVAS1
O artigo procura abordar o assunto em epgrafe em trs perspectivas por
forma a encontrar possveis explicaes sobre as implicaes que poder
ter a proposta ora submetida pela Renamo Assembleia da Repblica
para o debate !egundo o pro"ecto de lei s#o Autarquias Provinciais
pessoas colectivas de direito pblico de popula#o e territ$rio% dotadas de
$rg#os representativos e executivos% que visem% de modo aut$nomo%
prosseguir interesses pr$prios das correspondentes comunidades
1! D"sc"ntra#i$a%&o
&o que di' a essa perspectiva% (an)anga *+,,-. ,/0 refere que as bases
legais que assentam sobre o processo da descentrali'a#o aliceram1se
num con"unto de reformas iniciadas atrav2s da (onstitui#o de 3//, que
consagraram o 4stado de 5ireito% introdu#o de princpios de 6gualdade%
7egalidade% (ontrole de (onstitucionalidade e de8ni#o de passos para
um novo reordenamento da rela#o 4stado1!ociedade (om as reformas
introdu'idas no ordenamento "urdico do 4stado% iniciou1se um Programa
e Reforma dos rgos Locais*9RO70% lanado em 3//3 e 8nanciado
pelo :anco ;undial A lei n< =>/? criou assim as primeiras bases legais
para o processo da descentrali'a#o em ;oambique e um novo quadro
institucional para a reforma dos $rg#os locais foi aprovado pela emenda
constitucional em 3//@ *7ei n< />/@% de ++ de &ovembro de 3//@0
As premissas acima nos mostram que a quest#o da AutarquiasProvinciaisdeve ser analisada numa perspectiva onde o pas encontra1
se ainda em processo de descentrali'a#o% onde devemos nos questionar
ate que ponto essa proposta inui sobre este processo iniciado em 3//?
4ssa descentrali'a#o baseia1se num gradualismo% onde o cresciemnto
populacional% a cria#o de condies infra1estruturais e de capacidade de
colecta 8nanceira s#o fundamentais para o sucesso do processo
3O artigo fruto do projecto de lei submetido pela Renamo cujo debate est agendado para o dia 31 de Maro
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!egundo o pro"ecto de lei da Renamo% as autarquias de nvel provincial
ir#o operar uma mudana profunda no m2todo de organi'a#o da
Administra#o 9blica% de modo a responder aos princpios preconi'ados
pelo artigo +D, da (onstitui#o% nomeadamente a descentrali'a#o%
moderni'a#o% e8cincia% simpli8ca#o e aproxima#o dos servios s
comunidades e aos cidad#os em particular
Assim% n#o temos )ip$tese de cogitar sobre as autarquias provinciais sem
ol)ar para a descentrali'a#o actualmente me vigor em ;oambique%
tendo em conta que 2 uma forma linear a transferncia de poder do nvel
macro para o local% uma ve' que o pr$prio pro"ecto de lei refere no seu
artigo -3 que constituem normas subsidirias as 7eis n< +>/-% de 3E de
Fevereiro e n< 3>+,,E% de 3@ de Ganeiro% atinentes ao processo de
descentrali'a#o no pas
(ontudo% ) um perigo quando o pro"ecto de lei prope1se a revogar
outras leis que di'em respeito ao processo de descentrali'a#o em;oambique% sem no entanto analisar1se a sua implicHncia a situa#o
actual
'! P"rs("ctiva Econ)*ica
Aqui% podemos procurar associar a proposta da Renamo como uma
ameaa ao poderio econ$mico para o partido Frelimo 4sse elemento pode
encontrar explica#o no artigo intitulado ''A economia do politicalsettlement em Moambique: contexto e implicaes da
descentrali!aoII de :ern)ard Jeimer% Gos2 Gaime ;acuane e 7ars :uur
publicado em +,3+% onde se refere que um dos aspectos mais
interessantes da organi'a#o do poder em ;oambique 2 o facto de ser o
mesmo partido e% mais ou menos% o mesmo grupo de lderes s2nior do
9artido Frelimo a governarem desde a independncia &a sua maioria% eles
tm sido capa'es de manter1se unidos ao longo das mudanas ideol$gicasdos meados dos anos E,% a dispensa#o multipartidria da d2cada de /, e
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a primeira parte do novo mil2nio% apesar de diferenas substantivas%
conitos e tenses no seio da coliga#o
O factor crucial do sucesso da organi'a#o do poder dentro e volta do9artido Frelimo 2 o controlo exercido pelo partido sobre o 4stado
(onforme defendido por !umic)% Ko 4stado tem permanecido a fonte
primria ou garantia do poder da classe da elite da FrelimoL *!umic)%
+,,E. 33?0% garantindo a capacidade do partido de liderar o governo e de
gerir a economia Assim% o poder do partido e a garantia da coes#o
su8ciente interpartidria tm estado intrinsecamente ligados ao controlo
sobre o 4stado feito pelo partido 6sto implica a mitiga#o contnua do
potencial de competi#o e conito no seio e fora da Frelimo O resultado
tem sido a reali'a#o de a"ustamentos estrutura do poder em resposta
s crises econ$micas e polticas% atrav2s de arran"os polticos% ou se"a% de
political settlements% s ve'es conituosos% entre fraces e segmentos
do partido *como organi'a#o0% alin)ados s elites constituintes do partido
no poder
A forma particular como opolitical settlement moambicano 2 organi'ado
M volta do 9artido Frelimo e do controlo sobre o 4stado e a economia%
bem como as formas de governa#o institucional fraca com prticas
legalmente questionveis *por exemplo% o conito de interesse e
incompatibilidades institucionais no seio de detentores de cargos
pblicos0 M tm provveis implicaes no processo da descentrali'a#o do
poder e dos recursos
Ora% o pro"ecto das Autarquias 9rovinciais na perspectiva em apreo%
prev no artigo DE% nmero D como receitas pr$prias% o percentual de
impostos cobrados pelo 4stado na ordem de D,N das receitas geradas na
extrac#o mineira na autarquia local onde se locali'am os respectivos
pro"ectos mineiros e D,N das receitas geradas na actividade petrolfera
na autarquia local onde se locali'am os respectivos pro"ectos petrolferos
5iante dos factos acima% podemos concluir que a cria#o das autarquiasprovinciais *ao se concreti'ar0 pe a nu uma das fontes de poder ou de
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sobrevivncia da Frelimo% porque o 4stado continua sendo essa fonte de
poder% e algumas provncias que se prev autonomi'arP s#o detentoras
de grandes reservas de recursos naturais ;as% temos aqui um perigo no
pensamento da Renamo% uma ve' que um dos princpios da oramenta#o2 da n&o consi+na%&o ,as r"c"itas% e essa proposta viola esse
princpio% sem contar que os recursos colectados numa determinada rea
n#o s#o de forma obrigat$ria usados somente naquela rea ou provncia
*compensa#o 8nanceira0
-! D"rrota (o#.tica ,a /r"#i*o
9oliticamente% a proposta da Renamo sugere que a governa#o se"a feita
nas provncias onde este partido saiu vencedor nas ltimas eleies% o
que equivale di'er que as provncias de !ofala% ;anica% Bete% Camb2'ia%
&ula e &iassa *(abo15elgado e &iassa0 ir#o ser governadas pelo
partido de Afonso 5)laQama conforme se apresenta no artigo @D do
pro"ecto de lei 4sta con8gura#o traria para a Frelimo uma pesada
derrota poltica% uma ve' que tendo " se provado que a Renamo e o seu
candidato foram vencedores nessas provncias viria agudi'ar ainda mais
uma possvel recupera#o dessas provncias por parte da Frelimo
A ser aprovada a proposta da Renamo% teremos um contraste em rela#o
a o que foi registo nos ltimos pleitos eleitorais% ou se"a% com as vit$riasde Armando uebu'a em +,,? e +,,/% respectivamente% viu1se um
ascender da Frelimo em provncias como &ula e n#o s$% ou se"a% a
Frelimo tin)a feito IIum grande trabal)o de casaII que l)e tin)a
possibilitado gan)ar um espao em rela#o a Renamo no mnimo em
provncias onde a Renamo )o"e reclama a sua autonomia
O exemplo evidente 2 tra'ido por 9ereira e &)anale *+,3?. -0 em um
estudo intitulado As eleies gerais de "#$% em Moambique:
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An&lise de questes fundamentaisP onde 2 ilustrado um quadro
comparativo do partido dominante por 5istrito em !ofala em que em
3//?% 3/// e +,,? a Renamo dominou todos *3=0 distritos de !ofala% mas%
em +,,/% a Renamo dominou apenas dois distritos% o ;5; um distrito e aFrelimo 3, distritos% facto tamb2m constatado no nmero de assentos
para a Assembleia da Repblica como ilustram as tabelas a seguir tendo
como exemplo a 9rovncia de !ofala pelo facto desta ser o centro das
atenes e tenses polticas em todas eleies% sem contar que 2 o
basti#o do partido Renamo e do ;5;
Ta0"#a 1 9artido dominante por distrito em !ofala
Distrito 1223 1222 '443 '442 '413'B"ira R4&A;O R4&A;O R4&A;O ;5; R4&A;OBu$i R4&A;O R4&A;O R4&A;O FR476;O R4&A;OCaia R4&A;O R4&A;O R4&A;O R4&A;O R4&A;OC5"*0a R4&A;O R4&A;O R4&A;O FR476;O R4&A;OC5"rin+o*a
R4&A;O R4&A;O R4&A;O FR476;O
C5i0a0ava
R4&A;O R4&A;O R4&A;O R4&A;O R4&A;O
Don,o R4&A;O R4&A;O R4&A;O FR476;O
Goron+osa
R4&A;O R4&A;O R4&A;O FR476;O R4&A;O
Mac5an+a
R4&A;O R4&A;O R4&A;O FR476;O
Marin+u" R4&A;O R4&A;O R4&A;O FR476;OMarro*"u
R4&A;O R4&A;O R4&A;O FR476;O R4&A;O
Muan$a R4&A;O R4&A;O R4&A;O FR476;ON5a*atan,a
R4&A;O R4&A;O R4&A;O FR476;O R4&A;O
/ont"Bollenaere *+,3=. ,+0
Ta0"#a ' Resultados das eleies gerais e presidenciais de 3//?1+,,/
Parti,osN6 ," ass"ntos (ar#a*"ntar"s "* ca,a ano
1223 1222 '443 '442 '413-
/RE7IMO 3+/ 3== 3@, 3/3 3??
+
+,3? 1 9reenc)ido pelo autor
=+,3? 1 9reenc)ido pelo autor
52rcio B!A&5CA&A 1 ;aro +,3D D
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RENAMO 33+ 33- @, @, E/MDM3 / , , E 3-/ont" &uvunga e !ali) *+,3=. 3?0
Escrito por
Drcio Tsandzana
Activista cidado rep(rter ) bloguista
Maro, 2015
?O ;5; s$ competiu em cinco crculos eleitorais nas eleies de +,,/% depois de as suas
listas de candidatos para os outros grupos terem sido re"eitadas% alegadamente porque
n#o tin)a cumprido os requisitos legais a forma#o das listas 5epois das eleies% o
;5; surgiu com oito deputados% que era menos do que o mnimo necessrio *330 para a
forma#o de um grupo parlamentar Beve que contar com a a"uda da comunidadeinternacional em ;oambique para mudar as regras para que pudesse formar o terceiro
grupo parlamentar com os seus oito deputados
52rcio B!A&5CA&A 1 ;aro +,3D @