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Outubro 2010 CIV 215
Comboios De Portugal
Como se caracterizam os comboios para a circulação ferroviária de
passageiros em Portugal? Como evoluíram esses veículos ao longo do
tempo?
CIV 215:
António Pinto (ec10040)
Bárbara Silva (ec10141)
José Eduardo Gomes (ec10149)
Rafael Pimenta (ec10050)
Ricardo Santos (ec10121)
Sara Machado (ec10139)
Vítor Hugo (ec10162)
Monitor:
Nuno Craveiro
Supervisor:
Prof. Cecília Vale
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Resumo
Abordando o tema “Os comboios de passageiros em Portugal”, este relatório irá centrar-se no
transporte ferroviário de passageiros, caracterizando-o de uma forma geral e referenciando a
sua evolução.
Inicia-se este relatório com uma referência histórica da circulação ferroviária em Portugal,
desde o primeiro comboio até aos dias de hoje. Acompanhando esta referência da história irão
anexados gráficos de estatísticas, mapas de circulação e ainda serão expostos os diferentes
tipos de comboios, terminando com algumas curiosidades sobre o tema.
Agradecimentos
O grupo CIV 215 agradece ao monitor Nuno Craveiro, todo o auxílio e orientação prestados ao
longo de todo o trabalho e à Prof. Cecília Vale pelos reparos construtivos.
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Índice:
Introdução:
História do comboio… 4
Desenvolvimento:
O transporte ferroviário de passageiros em Portugal (cronologia)
…5
Entidades envolvidas…8
Cronologia…9
Rede Ferroviária…12
Os diferentes tipos de comboios que circulam nas redes
ferroviárias portuguesas…13
Curiosidades:
Alta velocidade em Portugal (perspectiva futura) …15
Impacto ambiental…16
Bitola ibérica…17
Acidente do SUD-express…18
A linha do Tua…18
Conclusão…19
Bibliografia…20
Apêndice…21
Ilustrações:
1- Comboio Regional…13
2- Comboio Inter-cidades…13
3- Comboio Alfa-pendular...13
4- Comboios Urbanos e Suburbanos…13
5- Metro…14
6- Eléctrico…14
7- Rede de alta velocidade…15
8- Mapa dos tipos de Bitola…16 9- Rede ferroviária final do séc. XIX…22 10- Rede ferroviária em 2010…22
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I - Introdução
A História do comboio
Conhecido nas minas inglesas e alemãs desde o século XVI, o transporte sobre carris
empregando a tracção animal tornou-se no final do século XVIII, na Grã-Bretanha, um serviço
público. Beneficiando de vastos progressos técnicos (carris de ferro e invenção da locomotiva),
as vias-férreas depressa começaram a demonstrar possibilidades, que iam sendo
cautelosamente seguidas. Reduzindo os custos em mais de metade, decuplicando a velocidade
e a tonelagem nas comunicações terrestres, determinaram ganhos na produtividade geral da
economia e mais amplas integrações de mercados, que atingiam o universo, tantas vezes
recluso, da ruralidade.
Em Portugal, as coisas não foram formalmente muito diferentes, com o natural atraso
para um país que, de modo cada vez mais nítido, perdia literalmente, o comboio do
desenvolvimento.
Os caminhos-de-ferro foram inaugurados em 28 de Outubro de 1856, com a presença
do rei D. Pedro V, que percorreu de comboio o troço Lisboa - Carregado.
Séculos XIV a XVIII: Comboios puxados por cavalos
1803: O primeiro comboio a vapor
1812-1814: Os comboios das minas de carvão
1825: O primeiro caminho-de-ferro público movido a vapor
1829-1830: A “Rocket” marca uma época
1859-1877: Dispositivos para maior segurança
1863-1911: Modelos destinados às fronteiras dos territórios desbravados
1876-1898: O sistema composto e o sobreaquecimento para maior eficiência
1879-1897: Energia da electricidade
1894-1976: Os motores Diesel
1955-2000s: Electrificação e alta velocidade
(1983. História dos Grandes Inventos. Selecções do Reader´s Digest.)
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II - Desenvolvimento do tema
O transporte ferroviário em Portugal
Surgiu, em meados dos anos 1840, quando já nove países europeus exploravam as
suas linhas, a ideia da introdução do caminho-de-ferro em Portugal.
Nenhuma das treze propostas então apresentadas ao Governo (com predomínio de
promotores estrangeiros) teve, contudo, tradução material; nem mesmo a da Companhia das
Obras Públicas de Portugal, à qual chegou a ser adjudicada a construção de uma linha de
Lisboa a Badajoz.
O carácter especulativo da Companhia, as dificuldades financeiras e o recomeço de
profundas perturbações sociopolíticas adiaram o projecto. Perante a insuficiência do
investimento privado, caberiam ao Estado importantes responsabilidades no seu
financiamento. A escassez de recursos e de conhecimentos técnicos determinou, porém, a
opção de não tomar, pelo menos até aos anos 1870, o encargo da construção directa, mas
apenas de apoiar promotores privados. Em Outubro de 1856 era finalmente aberto, com a
presença do rei, o primeiro troço, de 36 km, de Lisboa ao Carregado (demoraria no entanto,
mais de meio século a achar-se concluída a rede ferroviária nacional). Em 1863 era atingida a
fronteira e no ano seguinte ficava concluída a ligação Lisboa -Gaia (já que o problema da
travessia do Douro só ficou resolvido em 1877, com a edificação, por Eiffel, da Ponte Maria
Pia).
Em meados dos anos 1890, os principais eixos estavam estabelecidos, ainda que a
quilometragem total (2353 km) ficasse muito aquém dos projectos e das expectativas. Que
efeitos teve, então, a implantação desta infra-estrutura ferroviária? Terá, como em outros
países, favorecido decisivamente a industrialização e o progresso agrícola? É muito duvidoso
que assim tenha sido. Para além de certas consequências superficiais, como o aparecimento
de uma povoação – o Entroncamento -, acelerou e confirmou tendências anteriores e agravou
por vezes, até, os problemas que vinham de trás. Em primeiro lugar, o financiamento da infra-
estrutura dos transportes está indissoluvelmente ligado á questão da dívida pública. A
incapacidade de modernizar a estrutura das finanças públicas e a insuficiência dos recursos
causaram crescentes défices orçamentais para que contribuíam as doações para os subsídios e
para o investimento ferroviário, cobertos por empréstimos externos caros e difíceis de obter,
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porque os mercados financeiros internacionais levaram tempo a aceitar a conversão da dívida
de 1851 (consolidação e redução unilateral dos juros a pagar), boicotando, inclusivamente, a
cotação das acções dos operadores ferroviários em Portugal.
O Estado acabou, aliás, por custear a maior parte das despesas de construção,
subvencionando as companhias privadas, titulando a emissões das suas obrigações. As
companhias concessionárias dispunham de reduzidos capitais próprios, contando com as
subvenções e com a emissão de obrigações que, perante os maus resultados da exploração,
ficavam muitas vezes por pagar. Esses resultados eram, em geral, medíocres, uma vez que as
vias atravessavam regiões esparsamente povoadas e escasseavam os ramais e as estradas de
acesso. Além dos aspectos puramente financeiros, outros há que merecem ser salientados. Já
em 1886, em a Província, Oliveira Martins chamava a atenção para a inadequação do traçado.
Era, com efeito, no interior que mais se faziam sentir as dificuldades de comunicação, e os
caminhos-de-ferro vinham implantar-se no litoral, vinham sobrepor-se às poucas estradas
existentes e às vias fluviais. Assim, a rede, irradiando de Lisboa e do Porto, em prejuízo das
cidades de província, veio acentuar a hipertrofia dos dois maiores centros urbanos, que
polarizavam vastas regiões ao seu redor. Por outro lado, longe de terem estimulado a
industrialização, os caminhos-de-ferro bloquearam-na. A sua geografia não teve em conta as
necessidades das regiões industriais do interior: em 1881, a Covilhã estava ainda a 100 km das
ferrovias. O crescimento da dívida pública terá desviado capital que poderia ter sido canalizado
para a indústria e fez subir as taxas de juros. Finalmente, a ânsia com que se procedeu á
construção levou os governos a concederem a isenção de direitos aduaneiros na importação
das máquinas e dos materiais necessários. O caminho-de-ferro não determinou, pois, a
modernização da sociedade portuguesa no século XIX, época em que mais a poderia ter
auxiliado.
As primeiras locomotivas a diesel surgiram apenas em Portugal em 1947 e as eléctricas só dez
anos depois. Em meados dos anos 50 do século XX, com o aparecimento do transporte aéreo,
inaugura-se um serviço “Foguete” entre as duas principais cidades do país, com vista a reduzir
tempos de viagem e conquistar passageiros perdidos para o novo meio de transporte. Estes
serviços, com as naturais remodelações acabariam por se manter até aos nossos dias, hoje já
não com um serviço “Foguete” mas com um serviço “Alfa” feito por comboios de pendulação
activa – as automotoras CPA da série 4000 da CP.
Face aos novos desafios colocados pelas circunstâncias socioeconómicas do país,
iniciou-se nos anos 90 do século XX uma profunda modernização, quer das infra-estruturas,
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quer do próprio material circulante com vista a captar novos clientes e uma fatia de público,
voltada para o transporte ferroviário de novo.
Um claro exemplo desta situação, prende-se com os comboios de alta velocidade, tecnologia
amplamente explorada por países como França, Alemanha e Japão, e importada desde 1992
por Espanha, com a sua rede de Alta Velocidade.
Portugal mais uma vez procura não ficar fora deste contexto, e estão desde já lançadas as
ideias e as bases para discussão dos projectos relacionados com a Alta Velocidade no nosso
país.
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Entidades envolvidas
O Sector ferroviário em Portugal é tutelado pelo Ministério das Obras Públicas, Transportes e
Comunicações (MOPTC), que teve origem no Ministério das Obras Públicas, Comércio e
Indústria, criado em 1852.
O modelo ferroviário português, inspirado na reforma do sector ferroviário preconizada pela
União Europeia, compreende:
O Instituto da Mobilidade e do Transporte Terrestre (IMTT), responsável pela
regulação, supervisão e desenvolvimento do sector ferroviário;
O gestor de infra-estruturas (REFER);
Os operadores de transporte de passageiros e mercadorias (CP, FERTAGUS, CP Carga,
TAKARGO, COMSA).
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Cronologia:
30 de Agosto de 1852 – Criado o Ministério das Obras Públicas - Fontes Pereira de Melo é o primeiro titular
13 de Maio de 1853 – Contrato para a construção de linha até à fronteira
24 de Julho de 1854 – Contrato para construção de linha entre Aldeia Galega e Vendas Novas 26 de Julho de 1855 – Projecto para construção de linha de Lisboa a Sintra
15 de Dezembro de 1855 – Fontes Pereira de Melo rescinde empreitada com a Companhia Central Peninsular
28 de Outubro de 1856 - Inauguração oficial do Caminho-de-Ferro (Lisboa -Carregado)
1857 – Dissolução da Companhia Central Peninsular 1858 – Início do serviço de mercadorias
1859 - Contrato para a construção da Linha do Leste
1860 – Constituição da Companhia Real
1861–Inaugurados troços entre o Barreiro/Vendas Novas e Pinhal Novo/Setúbal
1862 – Aprovada a construção da estação de Santa Apolónia 1863 – Conclusão da Linha do Leste
1864 – Estudo de outras linhas
1864 – Acções da Companhia Real cotadas na Bolsa de Paris
1865 – Inauguração da Estação de Santa Apolónia (Cais dos Soldados)
1866 – Primeira Caixa de Providência dos Ferroviários
1867 – Linhas do Minho e Douro
1868 - Regulamento de Polícia e Exploração de Caminhos de ferro
1869 - Os caminhos-de-ferro ao Sul do Tejo passam para a posse do Estado 1870 - Organização da estatística ferroviária
1871 - Livros de Reclamação
1872 - Engenharia Portuguesa
1873 - Caminho de Ferro Larmanjat
1874 - Plano Geral de Caminhos de Ferro
1875 - Inicio da circulação ferroviária a Norte do Douro
1876 - Concurso para construção do Caminho de Ferro das Beiras e Algarve
1877 - Inauguração da Ponte sobre o Douro
1878 - Ramal de Cáceres .
1879 - Atravessamento do Tejo
1880-Inauguração do Ramal de Cáceres
1881 - Inauguração da Linha de Valência de Alcântara a Madrid
1882 – Inauguração oficial da Linha da Beira Alta
1883 - Caminho de Ferro da Beira Baixa
1884 - Continuação da construção da rede ao sul do Tejo
1885 - Ramal de Coimbra
1886 - 2ª. Ligação Internacional – Valença-Tuy
1887 - Inauguração SUD Express Lisboa/Paris
1888 - Linha do Oeste – Lisboa - Figueira da Foz
1889 - Inauguração do "Ramal" de Cascais
1890 - Inauguração da Estação do Rossio
1891 - Inauguração da Linha da Beira Baixa
1892 - Caminhos de Ferro do Estado
1893 - Ramal de Leixões – Senhora da Hora – Leixões 1894 - Greve nas Oficinas da Companhia Real
1895 - O comboio no Cais do Sodré
1896 - Linha Urbana do Porto
1897 - Contrato de Circulação de comboios – CR e CFE
1898 - Plano de Caminhos de Ferro para o centro e sul
1899 - Ramal de Portimão
1900 - Novos sinais na Companhia Real
1901 - Normalização do material circulante
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1902 - Escola para filhos e empregados dos CF do Sul e Sueste
1903 - Linha da Régua à fronteira
1904 - Ligação ferroviária directa do Norte com o Sul
1905 - Linhas do Alentejo
1906 - Cinquentenário da inauguração do Caminho de Ferro
1907 - A Linha do Vale do Vouga
1908 - Linha de Cascais
1909 - Ramal de Montemor
1910 - Modernização da Sinalética
1911 - Ramal de Aveiro
1912 - Sindicalismo 1913 - Caminho de Ferro de Penafiel à Lixa - Inauguração
1914 - Greve dos Ferroviários
1915 – Administração
1916 - Estação de Porto S. Bento
1917 - Invenções ferroviárias
1918 - Administrador Delegado da CP em Lisboa
1919 - “Vagão – fantasma”
1920 - Administração
1921 - Oficinas
1922 - Associativismo
1923 - Cottinelli Telmo
1924 - Ramal Doca – Viana - inauguração
1925 - Ponte de Alcácer – inauguração
1926 - Tracção Eléctrica na Linha de Cascais
1927 - Caminhos de Ferro do Estado - arrendamento
1928 - Estação do Cais do Sodré – inauguração
1929 - Serviços Sanitários das Empresas Ferroviárias
1930 - Plano Geral da Rede Ferroviária
1931 - Travessia do Tejo – aquisição de material 1932 - Linha do Tâmega - Conclusão 1933 - Automotoras
1934 - Ateneu Ferroviário
1935 - Sindicatos .
1936 - Linha de Sines - Conclusão 1937 - Linha de Portalegre
1938 - Linhas da Póvoa/Guimarães
1939 - Sud-Express
1940 - Flecha de Prata
1941 - Colónia de Férias
1942 - Comboios – Bloco
1943 - Lusitânia – Expresso
1944 - Ramal do Estado Nacional
1945 - Coordenação dos Transportes Terrestres
1946 - Concentração da exploração ferroviária
1947 - A rede ferroviária nacional
1948 - Cantina de Santa Apolónia - Inauguração
1949 - Manutenção diesel-elétrica em Gaia
Conclusão da Linha do Tâmega.
1950 - Cocheiras adaptadas ao material diesel
1951 - Novos estatutos da CP
1952 - Plano da Rede Unificada Portuguesa
1953 - Comboio “Foguete” – viagem inaugural 1954 - Electrificação
1955 - Electrificação - adjudicações 1956 - Comemorações do Centenário do CF
1957 - Prémios de produção
1958 - “semana – inglesa” nas Oficinas
1959 - Material para a travessia do Tejo
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1960 - Estação de Santa Apolónia
1961 - Acordo Colectivo de trabalho
1962 - Linha Férrea Senhora da Hora - Matosinhos
1963 - Novo apeadeiro na Linha do Norte
1964 – Electrificação (Coimbra - Pampilhosa.)
1965 - Santa Apolónia – centenário
1966 - Reorganização da CP
1967 - Serviço Internacional
1968 - Plano de Modernização
1969 - Ramal do Seixal
1970 - O barco “Alentejo”
1971 - Nós Ferroviários 1971 - Estação de Porto S. Bento .
1973 - Novo contrato de Concessão
1974 - Linha de Sintra 1975 - Nacionalização da CP
1976 - Linha de Cascais
1977 - Novos estatutos 1978 - “Cidade – Invicta” e “Sete – Colinas”
1979 - Contabilidade Analítica
1980 - Situação da Companhia
1981 - Oficinas
1982 – Paralisações
1983 - Saneamento Económico
1984 - Travessia Ferroviária na ponte 25 de Abril
1985 - Contrato – Programa
1986 – Sinalização
1987 - Inauguração do Serviço Alfa
1988 - Plano de Modernização dos CF
1989 - Encerramento de Linhas
1990 - Aquisição de Material Circulante
1991 - Ponte S. João – inauguração .
1992 - EMEF
1993 - Transibérico – inauguração
1994 – EMEF
1995 - Lusitânia Comboio Hotel
1996 - Modernização da Linha da Beira Alta .
1997 – REFER
1998 - INTF
1999 - Alfa – Pendular
2000 – UQEs
2001 – Vila Franca Xira/Alcântara Terra ligadas por Doubledeck
2002 - Intercidades
2003 - Ligação Lisboa – Faro
2004 - Modernização da rede ferroviária
2005 - Linha da Beira Baixa - electrificação
2006 - Comemoração dos 150 anos do CF
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A rede ferroviária
A classificação da rede ferroviária segue uma hierarquia determinada por critérios funcionais
que decorrem de aspectos qualitativos associados aos níveis de procura e à lógica de
organização territorial. As vias de caminho-de-ferro são preferencialmente construídas em
ligação às infra-estruturas que, em coexistência com a rede ferroviária, contribuem para uma
perspectiva de intermodalidade no sistema de transportes, como é o caso dos aeroportos,
portos e plataformas logísticas.
Rede Principal
A rede ferroviária principal identifica-se com os eixos de maior procura e com as fundamentais
acessibilidades às plataformas logísticas, portos, aeroportos e fronteiras. Esta rede deve
corresponder, em termos de parâmetros técnicos de infra-estrutura e serviços, aos padrões
superiores da oferta de transporte ferroviário.
Em Portugal, a rede principal desenvolve-se, no sentido longitudinal, em função de um
corredor litoral que percorre o país de norte a sul, cobrindo as áreas dos principais portos,
aeroportos, plataformas logísticas, capitais de distrito do litoral e ainda a ligação à fronteira
espanhola, complementada por corredores transversais à linha norte-sul.
Rede complementar
As principais funções da rede ferroviária complementar são o fecho das malhas e a ligação à
rede principal. Serve, ainda, para cobrir territórios com uma procura menor, garantindo a
ligação à rede principal. Com a entrada em exploração da alta velocidade, a rede
complementar passará a desempenhar, essencialmente, funções de distribuição no território,
assegurando a ligação às localidades que não são servidas pela rede principal.
Rede secundária
A associação que é feita à rede ferroviária secundária é, essencialmente, de uma rede
responsável pelos serviços de transporte de baixa procura, adaptados às características da
respectiva área: densidade populacional, mobilidade e actividades instaladas.
A exploração da rede secundária, dedicada ao serviço de passageiros, é objecto de parcerias
com autarquias ou outras entidades, públicas ou privadas, com interesse em viabilizar este
tipo de transporte.
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Diferentes tipos de comboios que circulam na rede ferroviária
portuguesa
Regionais: comboios que param em quase todas as estações
e apeadeiros. Apenas são mais rápidos que os comboios
urbanos e suburbanos.
Inter-cidades: comboios rápidos, que circulam nas linhas
do Norte e nas linhas da Beira Baixa até á Covilhã, da
Beira Alta até à Guarda, do Sul até a Faro e na Linha do
Alentejo até Évora e Beja. Estes comboios param em
mais estações que o Alfa Pendular, que é mais rápido.
Atingem velocidades que vão desde os 70 e 100 km/h
(em troços difíceis como alguns da Linha da Beira Baixa,
junto ao rio Tejo) até 200 km/h, como por exemplo na
Linha do Norte, sendo a velocidade máxima de 220 km/h em algumas locomotivas mais
recentes. O serviço Inter-cidades está vocacionado para deslocações de lazer, familiares,
turismo ou de negócios. Para tal, dispõe de horários variados que permitem uma melhor
organização do tempo.
Alfa-pendulares: comboios de velocidade elevada da
companhia portuguesa CP. Ligam as cidades de Braga,
Porto, Aveiro, Coimbra, Lisboa, e Faro entre outras
cidades intermédias. Atingem uma velocidade máxima
de 220 km/h. A sua tecnologia pendular permite-lhe
fazer curvas a velocidades mais elevadas do que os
comboios convencionais.
Urbanos e Suburbanos: comboios mais lentos do que os
comboios regionais, pois param em todas as estações e
apeadeiros. Em Portugal existem os Urbanos de Lisboa,
os Urbanos do Porto e o troço suburbano Figueira da Foz-
Ilustração 1- Comboio Regional
Ilustração 2- Comboio Inter-Cidades
Ilustração 3- Comboio Alfa-Pendular
Ilustração 4- Comboios Urbanos e Suburbanos
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Coimbra.
Metro ou metropolitano: tipo de comboio urbano, sendo que
uma de suas principais diferenças é o facto de ser tipicamente
subterrâneo e dedicado ao transporte de passageiros em
redes de malha relativamente apertada e com elevada
integração com outros meios de transporte.
Eléctricos: carro eléctrico tradicional em grandes cidades
como Lisboa, Porto e Sintra. O eléctrico faz um percurso
tipicamente, mas não obrigatoriamente, turístico.
Movimenta-se sobre carris (trilhos), que em geral
encontram-se embutidos nas partes mais antigas das
cidades. Destina-se sobretudo ao transporte de passageiros,
e constitui um meio de transporte rápido, já que geralmente
tem prioridade sobre o restante trânsito.
Ilustração 5- Metro
Ilustração 6- Eléctrico
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Alta velocidade em Portugal
A necessidade de construção de infra-estruturas de forma a criar interoperabilidade de
uma rede de alta velocidade em Portugal com o resto da Europa foi anunciada no Projecto
Nacional de Alta Velocidade, apresentado em 2005. Este projecto é um complemento da Rede
Transeuropeia de Transporte Ferroviário. Nele está prevista a integração do caminho-de-ferro
português na Rede Transeuropeia, a estruturação da Frente Atlântica, de forma a aumentar as
relações com os mercados extra comunitários da América e África, a integração nas modernas
redes de cidades ao nível da Europa, o desenvolvimento regional nas fases de construção e
exploração.
A futura Rede de Alta Velocidade, toda em bitola europeia, irá ligar os principais
centros de mobilidade de pessoas e bens da Península Ibérica. A rede é composta
essencialmente por um Corredor Litoral entre a Galiza e Lisboa que se articula com as
restantes ligações: uma, a Norte, em direcção a Salamanca - Bordéus, e outra a Sul, em
direcção a Évora, Elvas/Badajoz - Madrid - Barcelona - Marselha, tendo ainda prevista a
ligação, a partir de Évora, a Faro/Huelva.
O Comboio de Alta Velocidade constitui uma das mais importantes inovações
tecnológicas nos Transportes. Relativamente aos sistemas convencionais de transporte, o
comboio de Alta Velocidade conseguiu não só um ganho significativo na velocidade como,
simultaneamente, um extraordinário salto qualitativo no serviço ferroviário e no conceito de
mobilidade das sociedades, permitindo reduzir significativamente os tempos de viagem. Em
Portugal, o TGV ainda gera muita
controvérsia.
Ilustração 7- Rede de alta velocidade
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Bitola ibérica
Uma particularidade dos caminhos-de-ferro portugueses é a bitola neles usada. No
século XIX, após as invasões francesas da Península Ibérica, foi decidido pela Espanha, em
1844, por razões defensivas, construir uma rede ferroviária com linhas de bitola (distância
entre carris), diferente da bitola francesa, para que os comboios não pudessem circular entre
ambos os países. A distância entre carris, em Espanha, passou a ser de 1668 mm e a europeia
de 1435 mm. Portugal, por arrasto, teve que adoptar a bitola espanhola. Actualmente esta
diferença entre as bitolas ibéricas e padrão tem sido uma barreira nas comunicações
ferroviárias entre a Península Ibérica e os demais países europeus.
Ilustração 8- mapa dos tipos de Bitola da rede ferroviária Portuguesa com a indicação das linhas de Via Larga (Bitola de 1,668 m) e de Via Estreita (Bitola de 1,000 m).
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Impacto Ambiental
De entre todos os modos de transporte o transporte ferroviário utiliza a energia
da forma mais eficiente, sendo o meio de transporte público mais eficiente e
ecológico.
Estudos mostram que mais de 90% do total de emissões de gases tóxicos
geradas pelo sector dos transportes são devidas ao transporte rodoviário, enquanto o
transporte ferroviário é responsável apenas por 0,6% das emissões, correspondente
aos comboios a diesel, e menos de 2% no total, incluindo as emissões provenientes da
produção de electricidade. Cerca de 85% da energia total gasta pelo sector ferroviário
é utilizada directamente para fazer mover os comboios.
Com o recurso à electricidade, o transporte ferroviário é o único modo de
transporte motorizado que é capaz de mudar do recurso a combustíveis fósseis para a
energia renovável, sem que seja necessário investir em unidades de propulsão,
bastando apenas alterar as fontes de energia na produção da energia eléctrica.
Os comboios oferecem uma elevada capacidade de transporte por área de solo
ocupada, podendo transportar numa só viagem um elevado número de passageiros
(por ex. o Alfa Pendular na ligação Porto – Faro pode transportar até 301 passageiros).
É, igualmente, a forma mais segura de viajar. O modo ferroviário possui
sistemas de segurança com elevado grau de redundância, regras de operação rigorosas
e investe numa manutenção exigente.
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O Acidente do SUD-Express (1985)
A 11 de Setembro de 1985 ocorreu, em Alcafache, o maior acidente ferroviário em
Portugal.
Uma colisão envolvendo o SUD- Express, que transportava do Porto para França cerca
de 300 passageiros, maioritariamente emigrantes, e um comboio regional transportando a
volta de 30 passageiros, resultou na morte de mais de 50 pessoas segundo os jornais da época,
apesar de este número nunca ter sido formalmente confirmado.
A colisão deu-se por volta da 18h37 a uma velocidade de 100 km/h, seguida de um incêndio
em 3 carruagens do SUD- Express e em 2 do Regional.
A linha do Tua
A Linha do Tua tem uma História que remonta a 1878, quando foram apresentados
dois projectos distintos para a construção de uma via-férrea no Vale do Tua, um pela margem
direita (engenheiro João Dias, condutor Bernabé Roxo, sob direcção do engenheiro Sousa
Brandão), e outro pela margem esquerda (engenheiro António Pinheiro). Seria este último o
que viria a ganhar a corrida.
A linha e construída em bitola métrica (via estreita) e prolonga-se ao longo de 133,8
km, apesar de apenas 16km (Cachão – Carvalhais) se encontra activa.
Parte do trajecto da Linha do Tua encontra-se neste momento ameaçada de submersão pela
albufeira prevista para a Barragem do Tua. Se for concretizada a construção, será submersa
parte da linha, deixando-a isolada da restante rede nacional ferroviária.
Movimento Cívico pela Linha do Tua, é um movimento criado em Outubro de 2006
numa reunião em Coimbra. Fruto da alta instabilidade na política ferroviária, na qual todas as
vias estreitas foram apontadas para encerramento, os seus fundadores avançaram com a ideia
de um grupo de acção em prol da divulgação e vivência da Linha do Tua.
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Conclusão
O comboio foi um marco muito importante na história não do só dos transportes mas
do mundo, desempenhou um papel fundamental na revolução industrial, e é ainda hoje um
importante meio de transporte de passageiros e mercadorias.
Os comboios continuam a evoluir em todos os aspectos, comodidade (no caso do de
passageiros), velocidade, capacidade logística e flexibilidade de horários e itinerários.
A invenção do comboio contribuiu para uma aproximação de nações, tornando tudo mais
próximo.
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Bibliografia
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http://www.cp.pt/cp/displayPage.do?vgnextoid=2fdfcef780e5c010
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http://www.rave.pt/tabid/56/Default.aspx
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http://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_publicacoes
&PUBLICACOESpub_boui=372153&PUBLICACOESmodo=2
Shvoong. Fonte de resumos e Revisões. 2010.
http://pt.shvoong.com/humanities/history/2053673-
revolu%C3%A7%C3%A3o-industrial/
Blogspot. Amigos do Comboio.2006.
http://valefumaca.blogspot.com/2006/11/amigos-do-comboio.html
Wikipédia. Linha do Tua. 2010.
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http://pt.wikipedia.org/wiki/Bitola_ib%C3%A9rica
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http://pt.wikipedia.org/wiki/Acidentes_ferrovi%C3%A1rios_em_Por
tugal Sociedade de Geografia de Lisboa. Mudança de Bitola. 2001.
http://socgeografia-lisboa.planetaclix.pt/transportes/BIBITOLA2.pdf
1990.Dicionário Enciclopédico da História de Portugal. Selecções do
Reader´s Digest.
1983. História dos Grandes Inventos. Selecções do Reader´s Digest.
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Apêndice:
Frota actual Automotoras
Frota actual Locomotivas
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Diferenças geométricas entre uma automotora e uma locomotiva.
Exemplo:
Automotora eléctrica
Locomotiva eléctrica
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Contraste da linha ferroviária portuguesa no final do séc. XIX e no ano
2010
Ilustração 8- rede ferroviária portuguesa no final do século XIX
Ilustração 10- rede ferroviária portuguesa em 2010
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Quadro I - Distribuição por tipo de rede e principais infra-estruturas ferroviárias
31-12-2008
Especificação Total Via larga (1,668 m) Via estreita (1,000 m)
Rede Principal (Km) 1 429,1 1 429,1 0,0
Rede Complementar (Km) 1 098,1 1 002,3 95,8
Rede Secundária (Km) 314,5 218,5 96,0
Nº de Pontes 2 118 2 054 64
Extensão (m) 66 382 65 080 1 302
Nº de Túneis 88 79 9
Extensão (m) 27 553 26 792 761
Nº de Estações 657 590 67
Serviço de passageiros e mercadorias 464 464 0
Apenas serviço de passageiros 178 107 71
Apenas serviço de mercadorias 18 18 0
Nº de Passagens de nível 1 229 988 241
Origem: REFER, E. P.
Quadro II - Tráfego nacional de passageiros Intra e Inter-regional, por regiões de embarque e desembarque
2008
Unidade: 103
Região de desembarque
Total Norte Centro Lisboa Alentejo Algarve
Região de embarque
TOTAL 158 007 23 987 7 824 122 780 1 237 2 179
Norte 24 002 22 866 300 794 20 22
Centro 8 077 301 5 981 1 533 250 12
Lisboa 122 589 778 1 338 119 645 545 283
Alentejo 1 166 19 193 531 408 15
Algarve 2 173 23 12 277 14 1 847
Origem: Caminhos de Ferro Portugueses, E.P.
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Nota: estas tabelas reúnem dados referentes ao ano de 2008
Quadro III - Incidentes ferroviários e Vítimas, por natureza do incidente
2008
Unidade: Nº
Incidentes / Vítimas
Incidentes (a)
Vítimas
Total Clientes (b) Estranhos aos C.F. Trabalhadores da empresa
Mortos
Feridos Graves
Mortos Feridos Graves
Mortos Feridos Graves
Mortos Feridos Graves
Natureza do acidente
TOTAL 195 91 64 3 21 87 39 1 4
Colisões 41 9 14 0 0 9 12 0 2
Comboios 1 0 0 0 0 0 0 0 0
Manobras 8 0 2 0 0 0 0 0 2
Passagens de nível 26 9 11 0 0 9 11 0 0
Outras 6 0 1 0 0 0 1 0 0
Descarrilamentos 8 1 4 1 4 0 0 0 0
Comboios 3 1 4 1 4 0 0 0 0
Manobras 5 0 0 0 0 0 0 0 0
Outras causas 146 81 46 2 17 78 27 1 2
Quedas à linha 12 1 9 1 9 0 0 0 0
Colhidos em plena via 83 65 15 0 0 64 15 1 0
Colhidos em estações 13 5 7 0 3 5 4 0 0
Colhidos em passagens de nível 15 9 5 0 0 9 5 0 0
Outros acidentes 23 1 10 1 5 0 3 0 2
Origem: Caminhos de Ferro Portugueses, E.P.
(a) Incidente ferroviário - Facto ocorrido com implicação na prestação do serviço de Transporte Ferroviário; inclui presumíveis suicídios (49) e presumíveis tentativas de suicídio (7).
(b) Cliente - Pessoa detentora de titulo de transporte válido que utilize ou pretenda utilizar um serviço de transporte ferroviário.