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Comissão de Prevenção de Acidentes no Trabalho Portuário (CPATP) A garantia da participação dos trabalhadores avulsos na Comissão de Prevenção de Acidentes no Trabalho Portuário (CPATP) é muito importante para a implantação dos programas de segurança. Sem a participação dos trabalhadores na discussão da política de segurança a ser implantada nos portos, com certeza, os programas de controle de acidentes dificilmente terão sucesso. A representação dos trabalhadores, legitimada através de eleição, deve ser proporcional ao número de participantes por atividade exercida no porto - estiva, conferência, conserto, vigia, trabalho de bloco, capatazia ou arrumadores. Caso alguma função não tenha número suficiente para ser representada por um titular na comissão, esta poderá ser contemplada com uma suplência. Caso alguma dessas funções menos numerosas, ainda assim, permaneça sem representação na comissão durante o treinamento obrigatório, devem-se fazer gestões junto aos membros da CPATP, no sentido de que eles estudem todas as atividades portuárias, dispensando especial atenção às funções que não estão representadas na comissão. Afinal, eles não estão ali somente para representar uma determinada categoria, mas sim todos os trabalhadores portuários, independentemente da função atividade laboral portuária. Objetivos Principais A CPATP tem por objetivo desenvolver atividades que possam prevenir acidentes do trabalho e proteger os trabalhadores de exposições a agentes agressivos à saúde. Para alcançar estes objetivos, os membros da CPATP têm as seguintes atribuições (29.2.2.24): a) Realizar inspeções nos locais de trabalho, a fim de detectar possíveis fatores de riscos; b) Participar das reuniões mensais, onde poderão relatar problemas de segurança, conforto e de saúde, detectadas nos ambientes de trabalho portuário, sugerindo medidas de prevenção ou solicitando que o SESSTP apresente uma solução técnica a ser analisada pela comissão; c) Despertar o interesse dos colegas de trabalho pelas questões relacionadas à segurança e saúde no trabalho; d) Participar das investigações de acidentes do trabalho ocorrida nos portos; e) Participar dos cursos de aperfeiçoamento em segurança e saúde oferecidos pelo OGMO ou pela CPATP.

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Comissão de Prevenção de Acidentes no Trabalho Portuário (CPATP)

A garantia da participação dos trabalhadores avulsos na Comissão de Prevenção de Acidentes no Trabalho Portuário (CPATP) é muito importante para a implantação dos programas de segurança. Sem a participação dos trabalhadores na discussão da política de segurança a ser implantada nos portos, com certeza, os programas de controle de acidentes dificilmente terão sucesso.

A representação dos trabalhadores, legitimada através de eleição, deve ser proporcional ao número de participantes por atividade exercida no porto - estiva, conferência, conserto, vigia, trabalho de bloco, capatazia ou arrumadores. Caso alguma função não tenha número suficiente para ser representada por um titular na comissão, esta poderá ser contemplada com uma suplência. Caso alguma dessas funções menos numerosas, ainda assim, permaneça sem representação na comissão durante o treinamento obrigatório, devem-se fazer gestões junto aos membros da CPATP, no sentido de que eles estudem todas as atividades portuárias, dispensando especial atenção às funções que não estão representadas na comissão. Afinal, eles não estão ali somente para representar uma determinada categoria, mas sim todos os trabalhadores portuários, independentemente da função atividade laboral portuária.

Objetivos Principais

A CPATP tem por objetivo desenvolver atividades que possam prevenir acidentes do trabalho e proteger os trabalhadores de exposições a agentes agressivos à saúde. Para alcançar estes objetivos, os membros da CPATP têm as seguintes atribuições (29.2.2.24):

a) Realizar inspeções nos locais de trabalho, a fim de detectar possíveis fatores de riscos; b) Participar das reuniões mensais, onde poderão relatar problemas de segurança, conforto e de saúde, detectadas nos ambientes de trabalho portuário, sugerindo medidas de prevenção ou solicitando que o SESSTP apresente uma solução técnica a ser analisada pela comissão; c) Despertar o interesse dos colegas de trabalho pelas questões relacionadas à segurança e saúde no trabalho; d) Participar das investigações de acidentes do trabalho ocorrida nos portos; e) Participar dos cursos de aperfeiçoamento em segurança e saúde oferecidos pelo OGMO ou pela CPATP.

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Dimensionamento

Para contabilizarmos o número total de trabalhadores em atividade no porto, temos que calcular a média anual dos empregados por tempo indeterminado e, a seguir, a média anual dos trabalhadores avulsos que são requisitados pelos operadores portuários. Portanto, não é o número de trabalhadores que estão registrados ou cadastrados no OGMO que representam este total, e sim a média dos que conseguem trabalhar ao longo do ano.

O número de trabalhadores avulsos que foram tomados no ano anterior é obtido através da quantidade de trabalhadores avulsos (estivadores, conferentes, vigias, capatazia, consertadores, trabalhadores de bloco) requisitados dia a dia durante o ano. Note bem que necessitamos da quantidade e não da categoria de trabalhadores, pois alguns trabalham mais que outros. O importante é a quantidade de trabalhos requisitados, pois cada trabalho é exercido por um trabalhador.

Uma maneira prática de se obter estes números é a seguinte:

1- Cada trabalhador trabalha, teoricamente, 180 horas por mês ou 180x12= 2.160 horas por ano;

2- Cada trabalho requisitado corresponde a 8 horas de serviço; 3- Multiplicando-se o número de trabalhadores requisitados por 8

(oito), obtêm-se o número de horas trabalhadas durante todo o ano; 4- Dividindo-se este último valor obtido por 2.160 horas, chega-se

ao número teórico de trabalhadores portuários avulsos necessários para o atendimento ao trabalho no ano civil anterior.

Exemplo: Vamos dimensionar uma CPATP e SESSTP de um OGMO

que tenha 1.800 trabalhadores avulsos registrados ou cadastrados e cerca de 200 trabalhadores portuários contratados por tempo indeterminado, a serviço de operadores portuários. No ano anterior foi constatado, pela documentação, que houve 148.770 trabalhadores requisitados. Qual é a média de trabalhadores para que se possam fazer os dimensionamentos?

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Solução:

O número de trabalhadores requisitados multiplicados por 8 horas de trabalho nos dará a quantidade de homens/hora trabalhada durante do ano. Assim, 148.770 x 8 = 1.190.160 Homens/horas trabalhadas.

O número de horas/trabalhadas anualmente dividido pelo número de horas trabalhadas por um único trabalhador, nos apontará o numero médio diário de trabalhadores utilizados:

Assim: 1.190.160/2.160 = 551

Como existem 200 trabalhadores com vínculo empregatício por tempo indeterminado, a solução seria 551+200 = 751.

Este seria o número correto para utilizarmos no Quadro 1 para dimensionamento do SESSTP, o que nos daria a seguinte composição:

1 engenheiro; 5 técnicos de segurança do trabalho; 1 enfermeiro do trabalho e 2 auxiliares de enfermagem do trabalho.

No caso da CPATP (Quadro II) teríamos a seguinte composição: 6 titulares indicados pelos empregadores e 6 titulares indicados por escrutínio secreto dentre os trabalhadores portuários.

Caso nosso porto fictício operasse em um regime de trabalho de 6 horas, o dimensionamento seria:

148.770 x 6 = 892.620 homens/horas trabalhadas. O número de horas por trabalhador no regime de 6 horas seria 1.620 horas, assim: 892.620/1.620 = 551 trabalhadores. O resultado obtido é o mesmo que o calculado para o regime de 8 horas.

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2.3.3 Definição dos Participantes

Quanto à participação dos trabalhadores na CPATP, devem-se priorizar aqueles que estão expostos às piores condições de trabalho, isto é, ao maior número de fatores de riscos com probabilidade de provocarem acidentes com danos graves.

Exemplo: Vamos admitir que entre os trabalhadores registrados e

cadastrados no OGMO, tenhamos o seguinte quadro:

Estivadores= 800 Capatazia ou arrumadores=600 Trabalhadores de Bloco=300 Conferentes=150 Consertadores= 100 Vigias de Portaló=50

Assim, para um total de 2000 trabalhadores e uma média de 751 trabalhadores, podemos calcular o quociente de representação com a seguinte fórmula: número total de trabalhadores dividido pelo número de representantes na CPATP (6 titulares + 6 suplentes= 12). Então, teremos: 2000/12= 166.

No contexto destes números, teríamos a seguinte constituição da CPATP:

2.3.4 Reuniões

A reunião da CPATP é o momento mais importante desse trabalho, pois é ali que são discutidos todos os problemas e feitos os encaminhamentos. Tudo é registrado no livro de atas da CPATP e as soluções dos problemas serão solicitadas ao OGMO, aos operadores portuários ou empregadores, conforme o caso.

A CPATP se reunirá com todos os seus membros pelo menos uma vez por mês, em local apropriado e durante o horário normal de trabalho do porto, obedecendo ao calendário anual.

Uma das questões que têm suscitado dúvida é o pagamento das horas despendidas a serviço da CPATP por parte dos trabalhadores avulsos.

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Os trabalhadores contratados por tempo indeterminado, isto é, que têm carteira assinada, recebem normalmente pelo tempo que dedicam ao desempenho de suas atribuições como membros da comissão, já que o serviço é realizado no horário normal de trabalho. Quanto aos avulsos, a NR-29 não esclarece qual deve ser o procedimento.

Como o Ministério do Trabalho e Emprego é impedido de legislar sobre o pagamento das horas dedicadas pelos trabalhadores avulsos às reuniões da CPATP, este assunto fica para ser resolvido nos acordos coletivos do trabalho negociados pelos sindicatos dos trabalhadores portuários junto aos operadores portuários e o OGMO.

A prática indica que se deve encontrar uma forma de remuneração, próxima da média recebida pela categoria à qual pertence o trabalhador avulso, membro da CPATP, como forma de incentivo à sua participação na comissão.

Apesar do caráter de representação paritária, os membros da comissão devem procurar discutir as questões técnicas relacionadas à segurança, conforto e saúde nos locais de trabalho sempre no consenso, procurando-se encontrar as melhores soluções, evitando-se votar sobre estes assuntos.

Objetivos da Reunião Receber e analisar informações, sugestões referentes à prevenção de acidentes vindas dos membros da CPATP, de trabalhadores, de convidados ou de colaboradores; Elaborar sugestões de modificações no ambiente de trabalho, seja na organização do trabalho ou em procedimentos operacionais no intuito de diminuir ou eliminar fatores de riscos; Fazer estudos sobre técnicas de segurança, higiene industrial e de legislação específica com a prevenção de acidentes; Fazer análise de acidentes de trabalho ocorridos; Discutir resultados de inspeções realizadas.

Condições para uma Reunião Produtiva

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Ter objetivos claros; Ser bem organizada: expedir convites aos membros com antecedência, já com a pauta definida; Obedecer ao horário para o qual foi planejada; Os membros devem ser estimulados a verbalizar com clareza suas idéias ou dúvidas; Os membros devem usar de boa educação na argumentação de suas idéias; Ser avaliada pelos participantes no final.

Inspeções nos Locais de Trabalho

É indispensável que a CPATP realize inspeções nos diversos terminais portuários, procurando visitar todos os locais em que são executados trabalhos portuários. Para que a CPATP não se limite a se reunir apenas uma vez por mês, é importante que esta reunião seja precedida de uma inspeção nos locais de trabalho, tanto em terra quanto a bordo das embarcações. Cria-se, assim, uma oportunidade para os membros da CPATP conhecerem estes locais, conversarem com outros trabalhadores e registrarem suas reclamações ou sugestões para melhoria dos aspectos de segurança.

2.4.1 Tipos de Inspeção

Existem vários tipos de inspeção que podem ser realizados nos locais de trabalho. O importante é que as inspeções sejam planejadas para que não se transformem em apenas uma visita.

1- Inspeção Geral: é uma inspeção mais simples, onde se procura ter um panorama geral dos setores de trabalho. É útil no início das atividades da CPATP, com o intuito de realizar o planejamento dos trabalhos e para que os membros da comissão conheçam os diversos setores e locais de trabalhos portuários.

2- Inspeção Localizada: este tipo de inspeção é realizado quando a CPATP quer esclarecer uma situação de risco que foi denunciada por alguns de seus membros, que teve por origem queixas de trabalhadores ou ainda por ocorrência de acidentes de trabalho.

3- Inspeção de Fatores de Risco: é uma inspeção em que os membros da CPATP procuram detectar situações ou condições que possam causar acidentes ou constituírem fontes de agentes agressivos à saúde dos

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trabalhadores, como por exemplo: operações com produtos perigosos, ausência de proteções coletivas, problemas com sinalização, falta de conforto nos locais de trabalho, entre outras.

Como Fazer uma Inspeção

A inspeção deve ser feita com o acompanhamento, passo a passo, dos serviços realizados no terminal portuário ou em local previamente escolhido. Para facilitar sua realização, o ideal é seguir o fluxo das cargas no embarque ou desembarque e nos serviços realizados nos pátios e armazéns.

Uma vez definido o objetivo da inspeção, pode-se criar um roteiro ou uma ficha de verificação, onde serão anotadas todas as situações em que os trabalhadores possam sofrer algum tipo de dano e quais os controles disponíveis - equipamentos de segurança individual ou coletivo. A inspeção somente estará completa, se os membros da CPATP conversarem com os trabalhadores, procurando obter informações sobre os principais problemas e situações que eles consideram perigosas.

As inspeções realizadas serão debatidas nas reuniões e encaminhadas para o SESSTP para solicitação das providencias necessárias ao OGMO, administração portuária ou aos operadores portuários.

Figura 2: Os acidentes devem ser investigados

Fazendo uma Lista de Verificação

Para facilitar o processo de identificação de perigos no ambiente de trabalho, a norma britânica BS 8800/96 indica uma lista de referência que se origina com perguntas como: Durante as atividades de trabalho, os seguintes perigos podem existir?

a) escorregões ou quedas no piso; b) quedas de pessoas de alturas; c) quedas de ferramentas, materiais, entre outros, de alturas; d) pé direito inadequado; e) perigos associados com o manuseio ou levantamento manual de ferramentas, cargas etc; f) perigos da planta e de máquinas associadas com a montagem, operação, manutenção, modificação, reparo e desmontagem; g) perigos de veículos, cobrindo tanto o transporte no local quanto o de percursos em estradas ou ruas;

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h) incêndio e explosões; i) violência contra o pessoal; j) substâncias que possam ser inaladas; k) substâncias ou agentes que possam causar donos aos olhos; l) substâncias que possam causar danos ao entrar em contato ou serem absorvidas pela pele; m) substâncias que possam causar danos sendo ingeridas; n) energias prejudiciais (eletricidade, radiação, ruído, vibração); o) disfunções dos membros superiores associadas com o trabalho e resultantes de tarefas freqüentemente repetidas; p) ambiente térmico inadequado (quente ou frio); q) níveis de iluminação; r) superfícies de piso escorregadias e não uniformes; s) guarda-corpos ou corrimões inadequados em escadas; t) trabalho em turno noturno; u) ritmo acelerado de trabalho;

A CPATP deve elaborar sua própria lista de verificação, levando em consideração as características do trabalho portuário executado nos portos de sua região.

Investigação das Causas dos Acidentes do Trabalho

Uma das atribuições dos membros da CPATP é investigar, analisar e discutir as causas dos acidentes ocorridos (29.2.2.18 a e 22.2.2.24 c). Em caso de acidentes graves ou fatais, a comissão deverá se reunir no prazo máximo de 48 horas a contar da ocorrência para proceder à análise do acidente. Por mais desagradável que possa ser a investigação dos acidentes, esta se reveste de grande importância para a identificação dos riscos, pois evidencia as falhas do programa de prevenção de acidentes.

Assim, é missão da CPATP procurar encontrar as causas da ocorrênciados acidentes e apontar soluções para que um determinado tipo de acidente não ocorra novamente. A investigação pode ser feita em conjunto com o SESSTP, mas a comissão não deve delegar a este, isoladamente, a missão de realizar as investigações dos acidentes, principalmente os que têm por conseqüências lesões graves ou fatais. Figura 3: Comissão de inspeção colhendo dados em campo

Investigando um Acidente

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A elucidação das causas de um acidente do trabalho nem sempre é simples. Na maioria das vezes, envolve uma série de situações que concorrem, direta ou indiretamente, para sua ocorrência.

Para enfrentar este problema, é imprescindível que todos os envolvidos no acidente sejam ouvidos e seus depoimentos cuidadosamente anotados, entre eles o do trabalhador acidentado. O local onde ocorreu o acidente não deve ser modificado até a realização de uma inspeção detalhada, quando serão registradas todas as situações, simulando o panorama do acidente em movimento.

Como a análise do acidente tem aspecto investigativo, as pessoas temem que se esteja procurando um culpado. Este sentimento é natural, mas os membros da CPATP não devem se perturbar com isso: afinal, o importante é que a verdade seja encontrada e que possa ajudar a prevenir outros acidentes semelhantes.

Muitas vezes, a elucidação de determinados acidentes exige conhecimentos técnicos, que os membros da CPATP não dominam. Quando isso ocorre, deve-se procurar auxílio junto ao SESSTP ou às entidades governamentais que poderão ceder técnicos para aprimorar a investigação.

A regra fundamental na investigação é não deixar o tempo passar, pois quanto mais o tempo passa, mais as pessoas se esquecerão de fatos importantes que poderiam elucidar as causas do acidente.

Ficha para Investigação dos acidentes

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COMISSÃO DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES DO TRABALHO PORTUÁRIO - CPATP

FICHA DE ANALISE DE ACIDENTES DO TRABALHO

Acidente Nº__________

OGMO, EMPRESA ou OPERADOR PORTUÁRIO: _____________________________

Endereço: ________________________________________________________________

Nome do Acidentado: _______________________________________________________

Idade: _______Sexo: ____________________Função/Categoria: ____________________

Local em que Ocorreu o Acidente: ____________________________________________

Data: _____________ Hora: ________ Quantas Horas Após o Início do Trabalho: ______

Descrição do acidente: _____________________________________________________________ Parte do Corpo Atingida: ____________Conseqüências: ___________________________

Conclusões da Comissão: ___________________________________________________ Medidas Propostas para Evitar Novas Ocorrências: ___________________________________

Data: ____________ Assinatura dos Membros da CPATP: _____________________________

Os depoimentos das testemunhas, da vítima (quando for possível), as informações prestadas pelas assessorias técnicas ou levantadas pelos membros da comissão deverão ser anexados ao processo da investigação. As Causas dos Acidentes

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As situações que podem provocar um acidente são as mais variadas possíveis. Em geral, podem contribuir para a ocorrência dos acidentes mais de uma situação ou fator de risco, veja definição em 2.5.3. Daí a necessidade de que a comissão investigadora saiba fazer as perguntas certas para obter as respostas adequadas para as possíveis causas de um acidente.

Geralmente as investigações param em seu início, quando se identifica a causa final de uma falha que causou o acidente. No entanto, esta é uma solução simplista para se detectar as causas dos acidentes, que na verdade se encadeiam numa série de fatores interligados que também devem ser estudados, a fim de eliminar as falhas geradoras do fator de risco.

Como exemplo, podemos imaginar a seguinte situação: um trabalhador estivando uma carga no interior de um porão sofre uma queda e quebra um braço. Quais poderiam ser as causas deste acidente? O trabalhador tropeçou em algo ou escorregou no piso por que havia óleo derramado? Ele estava calçado adequadamente? Estava caminhando normalmente ou corria? Há quantas horas estava trabalhando? Fazia hora extra? O trabalho é fatigante? Qual era o ritmo de trabalho? A produção do terno estava dentro da media normal? Qual foi a última vez que o trabalhador se alimentou? Transportava alguma carga manualmente?

A investigação não pode terminar somente com o levantamento das situações que contribuíram para que o acidente ocorresse. É necessário estudar também por que estas falhas ocorreram. Por que o serviço continuou após o derrame do óleo? Quem é o responsável por providenciar a limpeza? Por que o trabalhador não utilizava o calçado de segurança? Quem faz a escalação ou o programa de horas extras? Sem estas perguntas, as recomendações de segurança não poderão ser feitas com maiores detalhes.

Em vez de somente dizer que o trabalhador deve ter mais cuidado ou uma situação deve ser corrigida, a comissão poderá detectar problemas no gerenciamento do programa de prevenção de acidentes, indicando quais os procedimentos falhos ou ausentes.

Antigamente, era muito comum o uso dos conceitos de Condição Insegura ou Ato Inseguro para definir as causas de acidentes. Estes conceitos estão ultrapassados do ponto de vista técnico e não devem ser mais utilizados. Modernamente, se utiliza o conceito de fator de risco presente no ambiente de trabalho.

Classificação dos Fatores de Riscos

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O conceito de risco (Hazard), segundo Trivelato (1988), é bidimensional, sendo mais um dado estatístico que é estimado, dimensionando-se a probabilidade da ocorrência de acidentes e qual a extensão dos danos provocados. É a forma adequada para avaliar o risco. Segundo Trivelato para se identificar o risco é mais fácil de visualizar as "situações" ou "fator de risco" que estão presentes no ambiente de trabalho.

Assim, ainda segundo Trivelato, "Fator de Risco" é uma condição ou conjunto de circunstâncias que têm a capacidade de causar um dano ou um efeito indesejado, que pode ser: morte, lesões, doenças ou danos à saúde, à propriedade ou ao meio ambiente".

Os fatores de riscos podem ser classificados de varias maneiras, conforme os diversos autores que estudaram este problema. Neste manual iremos adotar as definições da NR-9 - Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), juntando-se a estes riscos os relacionados às condições de trabalho oferecidas aos trabalhadores que podem ser classificadas como riscos ergonômicos e o de acidentes de trabalho, conforme abaixo relacionadas:

a) Riscos Ambientais:

A NR 9, no item 9.1.5, define como riscos ambientais os agentes físicos, químicos e biológicos existentes nos ambientes de trabalho que, em função e sua natureza, concentração ou intensidade e tempo de exposição, são capazes de causar danos à saúde do trabalhador. A seguir damos a definição dos fatores de riscos contidos na NR 9.

Fatores Físicos: Os agentes físicos são às diversas formas de energia a que possam estar expostos os trabalhadores, tais como: ruído, vibrações, radiações ionizantes, radiações não ionizantes, temperaturas extremas (frio ou calor), pressões anormais e umidade;

Fatores Químicos: Os agentes químicos são as diversas substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar o organismo pela via respiratória, ou que, pela natureza da atividade de exposição, possam ter contato ou ser absorvido pelo organismo através da pele ou por ingestão. Estes produtos podem estar na forma de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases, vapores, substância, compostos ou produtos químicos em geral;

Fatores Biológicos: Consideram-se agentes biológicos os vírus, bactérias, protozoários, fungos, parasitas, bacilos, entre outros.

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b) Riscos Ergonômicos:

Os riscos ergonômicos são parâmetros que devem ser estabelecidos para a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente (NR 17, item 17.1).

Fatores ergonômicos: As condições de trabalho que devem ser incluídas na analise são: Levantamento, transporte e descarga individual de materiais; Mobiliário dos postos de trabalho; Equipamento dos postos de trabalho; Condições ambientais do trabalho (soma-se aos riscos ambientais a iluminação); Organização do trabalho (normas de produção, o modo operatório, a exigência de tempo, a determinação do conteúdo de tempo, o ritmo de trabalho e o conteúdo das tarefas).

C) Riscos de Acidentes

Este risco é de mais fácil visualização, pois ele se reside na situação e que se apresenta o ambiente de trabalho, seja das instalações, das condições dos equipamentos utilizados, entre outros. Alguns autores adotam a definição de "Risco Situacional", mas preferimos adotar aqui a definição de situação de "Risco de Acidentes" ou "Fatores Mecânicos".

Fatores Mecânicos (Risco de Acidentes): máquinas e equipamentos sem proteção, uso de ferramentas inadequadas, iluminação inadequada, armazenamento inadequada, falta de limpeza e irregularidades em pisos, eletricidade, probabilidade de explosões e incêndio, falta de sinalizações, animais peçonhentos e outras situações.

Alguns autores citam ainda que a falta de gestão por parte dos empregadores, falta de investimentos no treinamento dos trabalhadores e ausência de procedimentos técnicos de segurança para execução dos serviços, caracterizaria um fator de risco ligado à Administração.

Controle dos Fatores de Risco

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A identificação dos fatores de risco no trabalho é a primeira fase de um conjunto de ações que visam definir quais a ações deverão ser tomadas para o controle dos riscos nos locais de trabalho.

Após esta fase inicial de identificação dos riscos ações de controle devem ser implementadas, seja pela eliminação do fator de risco (atuando na fonte), sua atenuação na trajetória ou atuando no homem com a adoção de equipamento de proteção individual - EPI.

No caso de agentes ambientais é necessária a avaliação quantitativa, como no caso de ruído, presença de gases, poeiras, entre outros. Esta avaliação deve ser acompanhada do monitoramento constante após a implantação das medidas de proteção coletiva como, por exemplo, o uso de oxicatalizadores nos escapamentos das empilhadeiras e o uso de exaustores nos porões de navios.

Em muitos casos de risco de acidentes será necessária a criação de procedimentos operacionais que mudará a forma de executar determinadas fainas, ou até mesmo diminuir o ritmo da produção, pois o ritmo acelerado da produção pode estar associado ao aumento da freqüência de acidentes.

O uso de EPI é importante, mas não é a solução para os problemas de segurança, pois ele não elimina o risco, prometendo somente diminuir a lesão do trabalhador em caso de acidente. A adoção do EPI só deve ser usada apos a verificação de não haver outra solução técnica que possa eliminar o risco do processo de trabalho. Ou então usá-lo como uma medida complementar.