como criar, animar e consolidar grupos de voluntariado
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Projeto Escolhe VilarTRANSCRIPT
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INDICE
INTRODUÇÃO
O QUE É UM RECURSO ESCOLHAS?
PORQUE ESCOLHEMOS ESTE RECURSO?
QUAL O OBJETIVO DESTE RECURSO?
ETAPAS, COMO E O QUE FIZEMOS ATÉ CHEGARMOS AO RECURSO.
O QUE É SER VOLUNTÁRIO?
A NOSSA EXPERIÊNCIA, O QUE FAZEMOS E COMO FAZEMOS
COMO É QUE CRIO O GRUPO?
COMO DINAMIZO OS GRUPOS?
COMO VAMOS CONSOLIDAR O GRUPO?
COMO SE MOBILIZA A COMUNIDADE?
COMO SE OBTÊM OS RECURSOS NECESSÁRIOS?
COMO SE MOBILIZAM E DINAMIZAM OS JOVENS AO LONGO DO PROCESSO DE
FORMA A CAPACITAR?
A IMPORTÂNCIA DE UM TÉCNICO MONITOR
INSTRUMENTOS
GUIÃO PARA ENTREVISTAS A UM VOLUNTÁRIO
SELEÇÃO DO VOLUNTÁRIO
GRELHA DE ACOMPANHAMENTO DO VOLUNTÁRIO
A FORMAÇÃO
CONTRATUALIZAR O VOLUNTARIADO, SIM OU NÃO?
NOTAS FINAIS
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DOIS
TRÊS
SEIS
NOVE
ONZE
QUINZE
DEZANOVE
VINTE E QUATRO
TRINTA E TRÊS
TRINTA E SETE
TRINTA E NOVE
QUARENTA E UM
QUARENTA E TRÊS
QUARENTA E CINCO
QUARENTA E SETE
QUARENTA E NOVE
CINQUENTA E UM
CINQUENTA E CINCO
CINQUENTA E SETE
CINQUENTA E NOVE
SESSENTA E UM
SESSENTA E TRÊS
SESSENTA E SEIS
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Introdução
Este manual pretende dar resposta ao desafio do Programa Escolhas em
criar um Recurso, ou um produto, Escolhas, que pudesse ser utilizado por
terceiros.
O objetivo principal é que este seja um manual acessível a todos,
utilizando uma linguagem simples e direta de forma a melhor passar a
informação ao seu uti l izador, disponibi l izado de forma
completamente gratuita e pretende partilhar a nossa experiência
pessoal e profissional na criação de grupos de voluntariado,
como os animar/dinamizar e consolidar. Fomos incitados a
criar um “Recurso”, que seja disponibilizado a outros
Projetos/Instituições para que também eles tenham
acesso ao trabalho desenvolvido e à forma a
como tudo se processa.
Quando nos foi lançado o desafio, coube-nos
escolher um tema a desenvolver e uma vez que o “Grupo
de Voluntariado” como atividade regular do Projeto, é um
grupo de sucesso resolvemos debruçar-nos sobre este
tema.
Escolhemos a área do associativismo e
dinamização comunitária por ser a que melhor se
adequa ao nosso recurso.
Assim o nosso recurso é sobre o Voluntariado, ao longo do
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manual o leitor vai ter acesso a conceitos como, os direitos e deveres do
voluntário, experiências pessoais e guiões de entrevista entre outros.
Entre outras coisas, tentamos demonstrar a importância de um “Técnico/
Monitor”.
Ainda que ao voluntario, não seja exigida uma formação
específica, achamos que é importante apostar na formação
do mesmo, tentamos que o voluntário conheça um pouco da
instituição e do trabalho que poderá desenvolver,
adequar os objetivos esperados às suas
aptidões e disponibilidade, antes de dar início ao seu trabalho
no terreno, pelo que lhe é ministrada uma pequena
formação inicial, esta formação
deve ser sempre realizada ao
longo do processo também, se os
técnicos assim o considerarem.
O objetivo final? Fornecer uma ferramenta
que ilustre o nosso trabalho e vos
possa ser útil, pensando que através do voluntariado se
pode criar uma base para a sustentabilidade destes
projetos.
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O que é um Recurso Escolhas?
Formalmente, um Recurso Escolhas é constituído por
duas componentes principais:
Uma ferramenta / instrumento
e ou um dispositivo ou
me t o d o l o g i a d e
intervenção que configura
uma boa prática e/ou uma
solução inovadora e;
Uma narrativa que explicita o seu
modo de utilização, isto é, um
manual de apoio à utilização que
permite uma apropriação e
u t i l i z ação au tónoma po r
terceiros situados noutros contextos ou
situações de intervenção.
Em termos de conteúdos, o pressuposto base que define
um Recurso Escolhas consiste na existência efectiva de uma
boa prática e/ou solução inovadora de intervenção que
contribui inequivocamente para promover a inclusão social de
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crianças e jovens provenientes de contextos socioeconómicos mais vulneráveis,
tendo em vista a igualdade de oportunidades e o reforço da coesão
social.
Um Recurso Escolhas é a materialização de uma boa
prática e/ou solução inovadora de intervenção, desenvolvida
no contexto de intervenção de um projecto Escolhas, que
confirmou experimentalmente a sua pertinência, utilidade e
mais-valia para a solução de problemas sociais e para a
melhoria das práticas das organizações e dos projetos
relativamente a outras respostas do mesmo tipo,
disponíveis ou em utilização, e viu
devidamente reconhecida e
validada a sua qualidade e
valor acrescentado por parte de
pares provenientes de outros projetos
e o r g a n i z a ç õ e s e d e p e r i t o s
independentes, a cuja análise crítica foi
submetida em diferentes fases do seu
processo de elaboração e desenvolvimento.
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Porque escolhemos
este Recurso?
Foi lançado o desafio pelo Programa Escolhas e
depois de discutido o assunto foi decidido
unanimemente que este seria o nosso
R e c u r s o , u m a v e z q u e
acreditamos que este seja uma
boa prática do nosso projeto e a atividade
que serviu como ponto de partida para o
mesmo, seja uma das que melhor
caraterizam o nosso trabalha e forma de
estar.
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Qual o Objetivo deste
Recurso?
A elaboração deste recurso tem como objetivo responder à necessidade
de promover a participação cívica da comunidade, de auxiliar técnicos no
terreno que muitas vezes necessitam de ajuda para dinamizar as atividades.
Tem a i nda c omo objectivo ajudar jovens, familiares e membros da
c o m u n i d a d e a prevenir comportamentos de risco integrando-se
em atividades em benefício da própria comunidade, assim como
fornecer formação útil a que os membros da
comun idade a judem a cr ia r caminhos para a
sustentabilidade dos projetos.
Responder à necessidade de promover a participação cívica
da comunidade, ajudar as Equipas Técnicas no terreno que
geralmente são pequenas e muitas vezes necessitam de
ajuda para dinamizar as atividades.
Ajudar jovens, familiares e membros da comunidade a
prevenir comportamentos de risco integrando-se em
atividades em benefício próprio e da comunidade.
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Fornecer (in)formação útil, capacitar , envolver e responsabilizar os
membros da comunidade com o objetivo de ajudarem a
criar caminhos para a sustentabilidade dos projetos.
Promover a ocupação de tempos livres de uma forma
pedagógica, prevenindo comportamentos de risco,
solidão, isolamento social, etc…
Ao observar os voluntários, outros indivíduos
começam a envolver-se e querer participar como
voluntários também, vendo os níveis de auto-
e s t ima e au t o - conce i t o a umen t ados pe l a
responsabilização que o “ser voluntário” implica. Vão
progressivamente tomando consciência do poder que
têm como agentes de mudança e da sua importância na
dinamização cívica e comunitária. Vão descobrir a
importância das aprendizagens e (in)formação para a
realização de actividades em benefício da comunidade.
Com o tempo esperamos que se sintam capazes, jovens
empreendedores sociais, quem sabe até, como responsáveis pela forma de
sustentabilidade dos projetos em causa.
Potenciar a capacidade de resiliência;
Fomentar o voluntariado e serviço cívico;
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Fornecer ferramentas de trabalho, ao nível da formação;
Os destinatários e beneficiários do Projeto, vão beneficiar da ajuda dos
voluntários no decorrer da dinamização das
atividades;
Tanto os destinatários como beneficiários usufruem do
acompanhamento dos voluntários com regras específicas e
bem definidas;
Os voluntários vão beneficiar de formação específica para o
desempenho das funções requeridas;
Vão sentir-se úteis, responsabilizados, capacitados e
integrados na sua comunidade e isso vai aumentar-lhes a
auto-estima e auto-conceito.
Promover a interculturalidade e intergeracionalidade,
s e n d o estas, duas das nossas bandeiras, ao desenvolver o seu
trabalho no nosso projeto, o voluntário estará em contacto com várias
culturas e gerações da comunidade em torno de um objectivo comum, que é
o voluntariado e a dinamização comunitária.
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Etapas, como e o
que fizemos até
chegarmos ao recurso.
Depois de decidido pelo consórcio qual seria o
nosso recurso este foi submetido a escrutínio
de forma a ver reconhecido e legitimado o
seu valor e potencial de inovação pelos
consultores, passamos a etapa seguinte que consistiu
na elaboração de um “protótipo” ou “desenho”
daquilo que pretendíamos fazer, no nosso caso a
elaboração de um manual.
Este foi submetido a avaliação dos consultores
de forma a estar devidamente formatado e
sistematizado com o objetivo final de vir a ser
editado e disseminado.
O recurso passou por uma fase de
experimentação, este, foi submetido a avaliação dos nossos
parceiros, foi utilizado por alguns estagiários de Educação Social da ESE do
Porto, (um a fazer o mestrado e 3 a acabar a licenciatura), por um Eng.
Informático que estava interessado em realizar projetos de voluntariado, por
uma professora do ensino especial, e por uma jovem voluntária.
Foi ainda, posto à prova pelos parceiros do Projeto, nomeadamente os
parceiros de consórcio e foi discutido em assembleia de jovens, tivemos de
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todos um feedback bastante positivo, também a nossa
consultora nos deu uma avaliação positiva.
Depois de ter passado pela experimentação, nós
consideramos o nosso recurso inovador, porque
reflete a nossa postura enquanto “dinamizadores de
grupos de voluntariado”. O principal ponto inovador a nosso
ver é a forma informal de transmissão de informação e
na promoção do voluntariado no seio de populações
juvenis em situação de desfavorecimento social, visando o
combate a comportamentos de risco e à promoção de
estilos de vida saudáveis. Temos como objetivo
inclusão social através da capacitação dos nossos
jovens, fomentando o empreendedorismo social.
Ao utilizarmos o voluntariado como um veículo de
prevenção de comportamentos de risco e de exclusão
social, integramos e mobilizamos os jovens e
familiares como estratégia de intervenção de forma a dar resposta a
problemas identificados.
Consideramos que o nosso recurso se adequa aos objetivos da nossa
intervenção enquanto Projeto, aos problemas e necessidades da população e
que é uma mais-valia, porque além de otimizarmos os meios existentes, os
grupos de jovens ao ajudar as equipas técnicas ajudam no bom
funcionamento dos projetos, assim, estamos a atingir os objetivos do projeto
ao capacitarmos os nossos voluntários.
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O recurso criação de Grupos de Voluntariado é uma ferramenta de
intervenção comunitária útil, consideramos que a criação destes grupos é
essencial para o funcionamento dos projetos, pois as equipas técnicas dos
projetos normalmente são muito pequenas. Assim os destinatários
beneficiam duplamente com este recurso, por um lado com a ajuda dos
voluntários, os projetos funcionam melhor e por outro os próprios
destinatários estão a beneficiar, pois estão a ser capitados através da sua
integração nestes grupos e posterior dinamização dos mesmos. Adquirem
competências pessoais e sociais, aumentam os níveis de auto-estima, etc.
O nosso recurso promove o desenvolvimento de competências pessoais e
sociais, capacitamos os nossos jovens e um dos nossos objetivos é promover
a sustentabilidade através deste grupo. A nossa postura e o envolvimento
dos nossos jovens responsabiliza e promove a autonomia dos mesmos.
Estes grupos, como já referimos beneficiam destinatários e beneficiários,
pois ao ajudarem na dinamização das atividades, estas correm melhor e ao
estarem integrados nestes grupos estão simultaneamente a desenvolver
competências, a diminuir fatores de exclusão, promovendo-se assim a sua
integração.
Acreditamos que o nosso recurso responde ao critér io da
transferibilidade, facilmente se transfere e replica a outros projetos.
Pensamos que o manual está elaborado de uma forma bastante simples,
será colocado na nossa página Web onde estão os nossos contatos onde
nos mostramos disponíveis para tirar qualquer tipo de dúvidas.
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O que e ser Voluntario?
Todo o trabalho que tenha caráter isolado e
esporádico ou seja determinado por razões
familiares, de amizade e de boa vizinhança, não são
consideradas trabalho comunitário ainda que sejam
executado de forma desinteressada.
Podemos referir ainda que o voluntário é um indivíduo que
de forma deliberada e desinteressada, se compromete,
de acordo com as suas aptidões e no seu tempo
disponível, a efectuar ações de voluntariado numa
entidade.
Segundo Shin e Kleiner (2003), voluntário é um indivíduo que
oferece o seu serviço a uma determinada organização, sem
esperar uma compensação monetária, serviço que origina
benefícios ao próprio indivíduo e a terceiros. De acordo com a
Organização das Nações Unidas (UN, 2001) a atividade voluntária
não inclui benefícios financeiros, é levada a cabo atendendo à livre e
espontânea vontade de cada um dos indivíduos e traz vantagens a terceiros,
bem como ao próprio voluntário.
De acordo com Parboteeah, Cullenb e Lim (2004), há dois tipos de
voluntariado, um menos formal, que seria aquele voluntariado em que os
vizinhos ajudam em certas alturas, como por exemplo quando a vizinha tem
de ir fazer um recado e pede ao vizinho do lado para tomar conta dos filhos
ou de alguém que está acamado em casa ou um idoso. E, um outro tipo de
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voluntário mais formal que é o voluntariado que se enquadra em actividades
voluntárias realizadas em instituições.
A qualidade de voluntário não pode, de qualquer forma, decorrer de
relação de trabalho subordinado ou autónomo ou de qualquer relação de
conteúdo patrimonial com a organização promotora, sem
prejuízo de regimes especiais constantes da Lei.
Tendo em conta a Lei n.º 71/98, de 3 de Novembro -
Bases do enquadramento jurídico do voluntariado,
vamos indicar os direitos e os deveres dos
Voluntariados:
Direitos:
Acordar com a organização promotora um programa
de voluntariado, que regule os termos e condições do
trabalho que vai realizar;
Ter acesso a programas de formação inicial e
contínua;
Beneficiar do regime específico de Segurança Social e
de outros benefícios e compensações concretas
estabelecidos na lei;
Obter declaração que certifique o trabalho desenvolvido como voluntário;
Desenvolver um trabalho de acordo com os seus conhecimentos,
experiências e motivações;
Receber apoio no desempenho do seu trabalho com acompanhamento e
avaliação técnica;
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Ter ambiente de trabalho favorável e em condições de higiene e
segurança;
Participação das decisões que dizem respeito ao seu trabalho.
Deveres:
Para com os destinatários:
Respeitar a vida privada e a dignidade da pessoa;
Respeitar as convicções ideológicas, religiosas e
culturais;
Guardar sigilo sobre assuntos confidenciais;
Usar de bom senso na resolução de assuntos
imprevistos, informando os respetivos responsáveis;
Atuar de forma gratuita e desinteressada, sem
esperar contrapart idas e compensações
patrimoniais;
Contribuir para o desenvolvimento pessoal e
integral do destinatário.
Para com a organização promotora:
Observar os princípios e normas inerentes à actividade,
em função dos domínios em que se insere;
Conhecer e respeitar estatutos e funcionamento da
organização, bem como as normas dos respetivos
programas e projetos;
Atuar de forma diligente, isenta e solidária;
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Zelar pela boa utilização dos bens e meios postos ao seu dispor;
Participar em programas de formação para um melhor desempenho do
seu trabalho;
Garantir a regularidade do exercício do trabalho voluntário;
Não assumir o papel de representante da organização sem seu
conhecimento ou prévia autorização;
Informar a organização promotora com a maior
antecedência possível sempre que pretenda
interromper ou cessar o trabalho voluntário.
Para com os profissionais:
- Colaborar com os profissionais da organização
promotora, potenciando a sua atuação no âmbito de
partilha de informação e em função das orientações
técnicas;
Para com os outros voluntários:
- Respeitar a dignidade e liberdade dos outros
voluntários, reconhecendo-os como pares e
valorizando o seu trabalho.
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A nossa Experiência,
o que fazemos e
como fazemos
No Escolhe Vilar, desde o princípio e mesmo antes deste, existir como
Projeto do Programa Escolhas, sempre envolvemos as pessoas que dele
fazem parte, na sua concepção e dinamização.
Desta forma, fomos criando uma dinâmica de proximidade que facilitou o
trabalho em equipa e sempre motivou a comunidade para voluntariamente
ajudar o Projeto, pois sempre o sentiram como deles.
Acreditamos que é fundamental para que o trabalho no
terreno tenha sucesso que exista este envolvimento e
entrosamento entre as partes. Devemos fazer com que a
população e todos os intervenientes "sintam o Projeto
como deles", “como?” apostando na
proximidade, trabalhando com eles nunca
apenas para eles, não ficando em gabinetes à espera que
venham ter connosco mas indo ao encontro deles, é mais
fácil trabalhar para o sucesso de algo que "sentimos como
nosso" e com o qual nos identificamos.
Neste caso e devido à relação criada, o Grupo de
Voluntariado foi algo que surgiu naturalmente,
consideramos assim que a relação de proximidade é algo
fundamental para que haja o envolvimento e motivação
necessárias para o sucesso destes grupos.
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Quando as pessoas "estão por dentro" da dinâmica de funcionamento de
um projeto, são conscientes das necessidades e sentem-se motivadas a
ajudar de forma a impulsionar o desenvolvimento das atividades.
Se por um lado esta relação de proximidade é a chave de todo o nosso
trabalho e é o maior facilitador do sucesso dos grupos de voluntariado, esta
relação é também o ponto mais crítico.
As relações humanas, sejam elas de que natureza forem, são complicadas.
E, uma relação de proximidade em contexto profissional pode-o ser
ainda mais. Esta é construída numa linha de fronteira muito
ténue entre a relação de amizade e a relação profissional, nas
relações de amizade não há regras específicas e tudo vai
sendo permitido em nome da amizade e dos afetos. Na
relação profissional não, nem pode permiti-lo. Assim
um dos pontos mais difíceis de gerir é a
relação de proximidade existente, que
consideramos fundamental, num equilíbrio entre as
relações de amizade, emocionais e afetivas criadas sem
nunca deixarmos de ser profissionais e cumprir todas as
regras inerentes a este facto.
Mais difícil ainda é o facto de termos de gerir esta
relação profissional de uma forma muito dinâmica,
cumprindo sempre regras específicas sem nunca
deixarmos de ser tolerantes. Não podemos ser
resistentes à mudança, a capacidade de adaptação contínua é
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fundamental, se optarmos por uma postura rígida e não tolerante a relação
está condenada ao fracasso.
A comunicação é de facto fundamental. Devemos dar muita importância
às formas de comunicação, comunicar de forma assertiva é o caminho para
o sucesso destas relações. Mais uma vez referimos que não é fácil, mas é
fundamental, devem apostar numa comunicação eficiente e eficaz.
O cumprimento de regras pré-estabelecidas facilita o trabalho. Este é um
dos pontos que consideramos como um facilitador do nosso trabalho. A
definição de regras e o seu cumprimento.
A Informação é outro aspeto fundamental, o voluntário que connosco
trabalha, deve ter acesso a informações fundamentais do nosso
trabalho, como a caracterização da instituição, no nosso caso do
Projeto, dos elementos do consórcio, qual o tipo de
papel que cada um assume, informação como o tipo de
a v a l i a ç ão a que e s t amos s u j e i t o s , o s
constrangimentos orçamentais, no caso específico do
Programa Escolhas devem conhecer a candidatura dos
Projetos (ainda que de forma geral) e as regras do
Programa.
Ass im consideramos como fundamenta l sermos
conhecedores dos tipos de relações existentes, os tipos de
comunicação e delinear regras desde o início. A
capacidade de adaptação é um aspeto fundamental para
a implementação eficaz e eficiente dos grupos de
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voluntários segundo a nossa perspetiva.
É fundamental capacitar o voluntário, valorizar o seu trabalho, corrigir os
seus erros, monitorizar constantemente o mesmo. Os nossos voluntários são
monitorizados como os restantes elementos da equipa técnica,
semanalmente realizamos uma reunião de equipa onde são discutidas
questões como por exemplo as atividades realizadas na semana anterior, as
atividades a realizar na semana seguinte, planos de actividades, os
orçamentos para as mesmas, etc. Sempre que o voluntário quiser (não é uma
condição obrigatória) o voluntário está presente nestas reuniões. Esta é mais
uma forma que consideramos importante, além de servir para avaliar o
trabalho do voluntário, serve para que este esteja constantemente a "reciclar"
conhecimentos sobre o seu trabalho, o funcionamento do projeto e
promover que este participe na proposta e dinamização de novas atividades
e iniciativas a realizar.
Uma vez que apostamos muito na capacitação e empreendedorismo de
jovens e os nossos grupos de voluntários são maioritariamente constituídos
por jovens promovemos a participação dos mesmos nas assembleias de
jovens que realizamos no Projeto.
Os Grupos de Voluntariado são fáceis de formar, não devem ser impostos,
é como uma na agricultura, nós técnicos devemos colocar a semente, ir
regando e deixar as coisas fluir naturalmente, depois de despertado o
interesse os próprios grupos começam a crescer quase autonomamente,
devemos apenas auxiliando e orientando o seu crescimento, como o fazer? É
simples, devemos monitorizar os voluntários, formá-los e esclarece-los a
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medida que vão surgindo dúvidas ou entraves. Nunca devemos impôr um
objetivo devemos discuti-los, analisar as diferentes formas de atingir esse
objetivo e adequar a formação a cada momento ou situação.
A responsabilização e o espírito de equipa, trabalharmos todos no sentido
de fazer com que o grupo resulte de forma eficaz e eficiente são essenciais a
que os grupos se tornem dinâmicos e coesos, no nosso caso o nosso Grupo
de Voluntariado, já teve várias iniciativas como a candidatura a subsídios do
DoSomething para a criação de uma sala de convívio de forma a promover
ainda mais a intergeracionalidade. Estas ideias surgem de forma
espontânea em reuniões onde há muita
partilha de informação, os reforços positivos e a
orientação no sentido de encontrar alternativas é
fundamental. Podem pensar que a partilha de
informação é demasiado arriscada, não dizemos o
contrário, mas nós como técnicos temos de ter essa
questão sempre em conta, no nosso caso funcionou
muito bem, não significa que noutros funcione
igualmente, contudo acreditamos que se deve
sempre arriscar. Avaliar constantemente cada passo
que se dá e reajustar a forma de intervenção
conforme os resultados obtidos.
Como já referimos é importante a constante
avaliação de todos os passos dados, a autoavaliação
é fundamental, para isso além da monitorização
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constante dos voluntários devem fazer-se reuniões de forma avaliar o que foi
feito, os resultados positivos, os resultados negativos, o que mudar, o que
continuar a fazer, estas reuniões no nosso caso não são demasiado formais,
não tem uma regularidade definida, são realizadas conforme há necessidade,
pode por exemplo passar um mês sem que haja necessidade de se realizar
ou haver necessidade de realizar duas numa semana, deve-se ajustar as
necessidades que vão surgindo. Embora haja essa flexibilidade,
nós pessoalmente temos o cuidado de realizar uma
semanalmente e convidamos os voluntários a estar
presentes nas reuniões de equipa.
Nunca chamamos a atenção de um voluntário de
algo que corra menos bem em público e
consideramos fundamental que todas as questões sejam
tratadas no grupo e não fora dele para evitar constrangimentos.
A equipa técnica deve fomentar a crítica do seu próprio
trabalho, o feedback dos beneficiários e destinatários do
projeto é muito importante, a dos voluntários por vezes ainda
é mais, ao participarem diretamente na dinamização das
atividades podem ajudar-nos a ver coisas que funcionam
menos bem e que muitas vezes nem nos apercebemos. Uma
boa estratégia de comunicação é essencial para que os grupos
funcionem.
Ao participarmos todos na autoavaliação todos aprendemos, ao
verem os técnicos a fazer o exercício de autoavaliação os
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voluntários sentem-se mais a vontade para o fazer também, com o tempo
reconhecem o benefício desta avaliação e a importância das aprendizagens
que dela retiram, acaba por se tornar um hábito, uma necessidade e não uma
imposição.
É importante estarmos atentos aos sentimentos dos voluntários, muitas
vezes quando as coisas correm menos bem e nos dizem “eu falhei, estraguei
tudo”, devemos trabalhar no sentido de verificar o que correu de fato mal, o
que podia ter sido feito para correr de outra forma e reforçar o trabalho
positivo que dessa experiência se extraiu. Devemos
responsabilizar mas nunca culpabilizar, caso contrário não
funciona.
Embora não tenha sido esse o objetivo da criação dos
grupos de voluntariado, estes podem ter
muitas vezes uma componente de despiste
vocacional/ orientação vocacional, ao participar em
diversas actividades em contexto real de trabalho e
neste caso em trabalho de campo, os voluntários
podem verificar se de facto tem aptidões e/ou
vocação real para aquela área ou se apenas está
“iludido”, este é outro aspecto muito importante a ressaltar.
Um grupo de voluntários pode apenas ser
constituído, como já dissemos, para auxiliar na dinamização
das atividades do projeto, mas este pode e deve crescer, pode
começar a crescer, identificar e criar respostas a questões pertinentes da
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comunidade, como referimos a partir de uma certa altura estes
grupos começam a funcionar com um dinamismo fabuloso, o
nosso grupo já implementou várias ações, como a
identificação de idosos em isolamento social e várias
atividades de apoio aos mesmos.
Se trabalharmos todos no mesmo sentido, se formos
reajustando a nossa intervenção de forma eficaz e
eficiente conforma as situações os grupos não só se
mantêm coesos e dinâmicos como tem tendência a
fazer mais e melhor, no nosso caso o nosso grupo
quer-se tornar numa associação legalmente registada
de voluntariado, sendo esta uma ideia para o nosso
roteiro de sustentabilidade.
Ao reconhecer a essencialidade de algumas
atividades chave e explorar formas destas resultarem
cada vez mais e melhor, retiram muitas aprendizagens
positivas.
Pontos-chave, a capacidade de adaptação e o
reajustamento constante da intervenção.
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Como é que crio um grupo?
Esta questão tem toda a pertinência, mas não há uma fórmula mágica,
como temos vindo a referir, há que reajustar constantemente as situações às
circunstâncias, população, área geográfica de intervenção etc... o que
funciona numa comunidade, pode não funcionar noutra, pelo que sempre
dissemos que isto era apenas um guia dinâmico onde explicamos a nossa
experiência e que esta deve ser um ponto de partida e não um guião a seguir
porque pode não funcionar.
No nosso caso o grupo surgiu através de algumas
atividades do Escolhe Vilar, os grupos de discussão, as
dinâmicas de grupo e as assembleias de jovens. Nestas
atividades sempre foram debatidos diversos assuntos e
questionado o funcionamento do projeto, pois faz parte
da nossa avaliação obter o constante feedback da
nossa população.
Os jovens consideraram que era muito importante
alguém acompanhar os jovens do primeiro ciclo
até ao projeto quando saiam da escola, porque a equipa
técnica tinha de atrasar algumas atividades “roubando-
lhes” tempo para o ir fazer. Decidiram organizar-se em
grupos conforme a disponibilidade de horários para serem
eles a fazer esse acompanhamento. Posteriormente
decidiram que iriam ajudar em atividades como a
elaboração dos trabalhos de casa e em tarefas como
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controlar as saídas e entradas do projeto. Foi a partir de aqui que tudo
começou.
Os jovens ao verem a utilidade do seu trabalho, começaram a sentir-se
mais responsáveis e capazes, a autoestima e o autoconceito aumentaram e
verificamos uma evolução muito positiva dos seus comportamentos.
Ou seja, os voluntários são benéficos para nós equipas, mas também
beneficiam com a sua participação, é uma forma de trabalharmos a
capac i t ação dos nossos j ovens e o empreendedorismo.
“ Eu era vítima de Bullying na escola, na
altura nem lhe chamavam assim, mas agora vejo
que era. Não me sentia bem lá, odiava a escola e
estava sempre e inventar doenças e histórias para
faltar. Tinha um apelido de que não gostava e toda a
gente me chamava assim e gozava comigo, odiava
estar na escola e ter de aturá-los. Como todos
gozavam comecei a portar-me mal, assim gozavam
comigo mas também eram meus amigos porque eu
os fazia rir. Fui suspenso muitas vezes e reprovei
muito. Quando comecei a ajudar no projeto as outras
pessoas começaram a olhar para mim de outra
forma, se os stores do projeto confiavam em mim
era porque eu devia ter alguma coisa de bom. Não
sei explicar, deu-me poder para deixar de ter medo
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porque as pessoas também olhavam para mim com mais
respeito. Agora não tenho medo de ir a escola, já estudo
mais, não reprovei mais e sou muito mais feliz!”
“ Eu estava sempre a ser suspenso, era tudo sempre
minha culpa, enervava-me e fazia asneiras, batia nos
outros, respondia aos stores e ameaçava-os. Depois de
ser voluntário viram que também sei fazer coisas
boas e não sou tão mau como me pintavam.
Confiam mais em mim e há mais respeito. Estar aqui a
ajudar só me ajudou“
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Como dinamizo os grupos?
Através da constante monitorização dos voluntários, das reuniões onde se
analisam as intervenções e se reajustam as mesmas. Muito importante não
ter receio de criticar construtivamente e reforçar positivamente tudo que for
feito. Saber aceitar as críticas, não estamos lá como seres invencíveis só
para criticar e levar palmadinhas nas costas, estamos a trabalhar com eles
numa relação de proximidade, para a obtenção de um objetivo comum.
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Como vamos
consolidar o grupo?
Através do trabalho conjunto e o constante reajuste do mesmo. Sem
receio de arriscar, aproveitar e analisar em conjunto todas as ideias que
surgirem e em conjunto encontrar formas de as por em prática. Incentivar
sempre com novos desafios, que devem partir deles também. Arriscar e
incentivar sem deixar de acompanhar.
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Como se mobiliza a
comunidade?
Não deve ser nada imposto, através dos grupos de pais e atividades
intergeracionais, começamos a mostrar abertamente algumas
necessidades que nos impediam muitas vezes de fazer mais e
melhor, mostramos o que os nossos jovens faziam.
Consideramos que a melhor forma de mobilizar a
comunidade é através da amostragem dos resultados
obtidos e do” marketing” que as crianças fazem, ou seja,
as nossas crianças e jovens ao contarem como existem
voluntários e o que fazem, começam a “vender o produto”
e despertar o interesse da comunidade, envolvendo-
os.
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Como se obtêm os recursos
necessários?
No caso dos projetos Escolhas, os recursos são os do próprio projeto.
Noutras situações, terão de avaliar os recursos disponíveis e os necessários
e ajustar a intervenção aos recursos, ou então procurar financiamento para
esses recursos. Pela nossa experiência pessoal, os recursos mais
importantes são a motivação e a disponibilidade de tempo.
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Como se mobilizam e dinamizam os jovens ao longo do
processo de forma a
capacitar?
Já vimos, que a forma de os mobilizar é relativamente simples, a
participação nas reuniões, a partilha de informação (por exemplo sempre que
há uma avaliação de Programa Escolhas esta é partilhada com eles), a
constante formação e o incentivo a que hajam, sabendo que a equipa
técnica está lá sempre por trás como a rede do trapezista se
caírem, é a nossa forma de os capacitar levando-os cada vez
mais a ser autónomos e responsáveis, o que por sua
vez os motiva mais para encontrar formas de
continuar o trabalho. Há um dia em que querem
saltar sem a rede para “ver” como é… Este é um
momento delicado e de grande ansiedade para
todos, mas que devemos deixar acontecer.
No nosso caso os nossos jovens já se candidatam a subsídios
como os do DoSomething e neste momento andam a estudar
formas de gerar receitas para a constituição de uma
associação. Tem como objetivo continuar o seu trabalho e
numa futura candidatura ao Programa Escolhas, essa
associação fazer já parte do consórcio. O que não querem
é deixar que o seu trabalho na comunidade deixe de ser
feito.
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A importância
de um Técnico Monitor
É muito importante a existência da figura de um “Técnico Monitor”, esta
figura deve ter experiência e formação específica na área.
A importância da existência desta figura a que chamamos de “Técnico
Monitor” reside no fato de ser responsável pelo acompanhamento do
trabalho dos voluntários. No fundo trata-se de um orientador, que é
responsável pela seleção do voluntário e acompanhamento do
mesmo durante todo o seu trabalho como voluntário.
Não tem de ter um perfil específico, deve ter formação ou
experiência na área em que vai intervir de forma a saber lidar
com as diferentes situações e ser conhecedor das técnicas e
conceitos basilares, para poder avaliar e orientar os
voluntários.
No caso dos projetos Escolhas, os técnicos tem a
experiência necessária e a formação de base está
assegurada o que facilita o processo.
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Instrumentos
Nesta secção, encontram-se alguns instrumentos que podem facilitar a
criação e dinamização de grupos de voluntariado.
É importante ter em atenção estes itens porque, para cada trabalho
voluntário que se venha a desempenhar deve corresponder um perfil, perfil
este que é caraterizado por uma série de competências, que podem ir desde
a formação à experiência profissional e de vida e às características
individuais.
Segundo a nossa experiência é fundamental a definição do
“perfil” do voluntário pretendido, do trabalho que este irá
realizar e como de forma assegurar o correto desempenho
da função.
É importante fornecer ao voluntário um
certificado de participação na formação
sobre voluntariado que damos, assim como um documento
que indique o número de horas dedicadas ao
voluntariado no nosso projeto e as funções exercidas.
Não deixamos aqui um modelo dos mesmos pois
consideramos que cada projeto deverá criar um de
acordo com as suas características.
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Guião para entrevistas
a um voluntário
Qual o seu nível de escolaridade e área de especialização?
Dados pessoais (telefone, morada, etc.)
O que o trouxe até à nossa instituição? (É muito importante saber se o
voluntário vem até nós de forma espontânea e motivado ou se pelo contrário
vem fazer voluntariado encaminhado por uma instituição ou programa que
de alguma forma o “obrigue” a ser voluntário. Esta questão não deve de
forma alguma ser motivo de exclusão do voluntário, mas deve ser tida em
conta, pois muitas vezes é necessário trabalhar a motivação do mesmo,
retirando o peso da obrigatoriedade.)
Em que áreas se sente mais à vontade em termos de conhecimentos e de
experiência para desenvolver o seu trabalho?
Que outra formação ou conhecimentos possui (cursos profissionais,
línguas, informática, etc …)?
Tem Experiência Profissional?
Quais as tarefas que já executou quer ao nível profissional ou de
voluntariado, ou dia-a-dia?
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Tem alguma experiência na área social?
Que tipo de trabalho gostaria de realizar especificamente nesta
instituição?
Prefere trabalhar em grupo ou mais individualmente?
Prefere trabalhar em atividades mais de rotina ou iniciar uma
atividade nova, procurando soluções inovadoras
para um problema concreto?
Está disposto a cumprir um específico?
Está disposto a assumir as responsabilidades do trabalho
que lhe será atribuído?
É consciente que ao assumir a responsabilidade por um
horário e tarefa específica o seu incumprimento pode
p ô r e m causa todo o funcionamento da instituição?
Quais são as atividades a que dedica os seus tempos livres?
Porque é que decidiu colaborar com a área social?
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Como é que tomou conhecimento da nossa
instituição?
O que sabe de nós?
Porque é que quer trabalhar connosco?
Quais as suas expectativas?
O que é que procura nesta atividade
voluntária?
Durante quanto tempo espera ser nosso
voluntário?
Quanto tempo tem disponíve l para o
voluntariado?
Acha que poderia fazer este Projecto crescer?
Como?
Podemos contar com o seu empenho/comprometimento para assumir a
responsabilidade de realização das tarefas que lhe serão atribuídas?
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Seleção do Voluntário
Depois de feita a entrevista ao voluntário o técnico responsável deverá
saber se o perfil do voluntário se adequa ou não. Por exemplo, se o
voluntário vem encaminhado de algum lado “obrigado” certamente não está
motivado e não será um bom candidato a voluntário, contudo não se deve
excluir a partida, devemos arriscar sempre.
No caso do técnico considerar que não é bom candidato,
deve-se dar o feedback ao candidato a voluntário de
forma assertiva.
No caso do voluntario ficar a realizar o seu
trabalho no nosso Projeto passa-se a uma fase
de formação, este processo pode ser feito
de uma forma muito informal ou não,
dependendo do julgamento do técnico monitor que
estará a realizar o processo de seleção.
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Grelha de acompanhamento
do voluntario
__/__/____/__/__ __/__/____/__/____/__/___/__/__
Autonomia
Manifesta autonomia na
realização das tarefas.Autonomia É consciente dos serviços
programas comunitários e
estatais e sabe utilizá-los
Responsabilidade
/ Empenho
Participa nas atividades
do Projecto
Responsabilidade
/ Empenho
E s t a b e l e c e
r e l a c i o n a m e n t o
interpessoal
Responsabilidade
/ Empenho
Respeita a opinião dos
outros
Responsabilidade
/ Empenho
Tem espírito crítico
Comunicação
Revela capacidade de
expressão oralComunicaçãoÉ assertivo
Comportamento
É respeitador?
Comportamento
Respeita os técnicos?
Comportamento
Está Motivado?
ComportamentoÉ assíduo?
Comportamento
C u m p r e o t r a b a l h o
estabelecido?
Comportamento
Propões a participação
noutras atividades?
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A formação
Como já fomos referindo a formação é dada no início e sempre que seja
necessário, ou por surgirem dúvidas, ou porque os voluntários demonstram
interesse em conhecimentos mais profundos.
Deixamos-vos aqui um esboço do tipo de formação que se poderá fazer,
mais uma vez referimos que não deve ser um guião, é apenas um ponto de
partida, cada técnico deve analisar as circunstâncias, as caraterísticas dos
voluntários e as atividades que vão desempenhar e desenhar a formação que
melhor se adeqúe a cada caso.
Durante o processo com os voluntários. (Nesta como em todas as outras
etapas, devemos adequar a informação à situação). Deve-se:
Informar sobre o significado do voluntariado;
O que significa ser voluntário;
Direitos do Voluntário;
Deveres do Voluntário;
Caraterização da instituição, Projeto, Programa, Candidatura, ect.;
Caraterização dos trabalhos possíveis de realizar na instituição;
Caraterização do trabalho a realizar;
Abordar os tipos de comunicação e realçar a importância da
assertividade;
Abordar os tipos de relações existente,
Abordar os tipos de liderança,
Partilha de experiências, espaço para questões e sugestões.
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Contratualizar o
voluntariado, sim ou não?
Sim, é fundamental a existência de um documento ou contrato onde os
técnicos especifiquem exatamente o que esperam dos voluntários e vice-
versa, é muito importante ainda que o voluntário se responsabilize pelo
cumprimento daquilo que dele é esperado como voluntário, como a
assiduidade, o comportamento, etc.
No nosso caso, sempre o fizemos de forma informal, no entanto e durante
o s v á r i o s momentos de reflexão que realizamos durante o processo de
elaboração do recurso, consciencializámo-nos que é
mais benéfico a existência de um contrato formal por
escrito, não se trata de não confiar nos nossos
voluntários, mas acreditamos que é mais uma forma de
os responsabilizar, valorizar e capacitar.
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Notas finais
Não acreditamos que o nosso Recurso, que espelha o nosso trabalho na
criação de grupos de voluntariado, seja a receita mágica para a criação
destes nem para a receita para o despertar a motivação para o
voluntariado, apenas expomos a nossa experiência enquanto
Projeto do Programa Escolhas.
Tentamos fazer um manual simples e objetivo de forma
a transmitir a informação de forma clara eficaz e
eficiente. Devemos salientar que as informações por
nós dadas não devem ser interpretadas de
forma rígida, este manual deve ser encarado
como um ponto de partida e nunca como um guião
rígido a seguir, com sucesso garantido.
O nosso objetivo é proporcionar um instrumento de
reflexão dinâmico que pode e deve ser adequado às
circunstâncias de cada Projeto.
Muito haveria a dizer sobre o voluntariado, as
motivações, etc, contudo o nosso objetivo não foi
analisar em profundidade as motivações do
voluntário, os tipos de voluntariado nem os
processos psicológicos e ou sociais que motivam para a
realização do voluntariado, ou que estão na base do voluntariado, desde o
início que o nosso objetivo foi só e apenas transmitir a nossa experiência de
forma simples e concisa de forma a que esta possa ser aproveitada ou não,
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conforme seja considerado relevante ou não, por quem tiver acesso a este
recurso.
Embora nós não o tenhamos conseguido fazer, através de todo o
processo de elaboração deste recurso apercebemo-nos da importância que
todo o processo de formação dos voluntários tem e consideramos que se
deve trabalhar no sentido de a conseguirmos certificar.
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Referências bibliográficas
Deixamos aqui algumas referências bibliográficas para consulta:
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de Massachusetts- Amherstr: Mc Graw Hills
Gleitman, H, 3ª edição (1998), Psicologia, Lisboa: Fundação Calouste
Gulbenkian
Campbell, K.N. & Ellis, S. J., (1998) Guide to Volunteers Management, USA:
Energize
Pierron, H., (1995) Dicionário de Psicologia: Globo
Cabral, A., (2006) Dicionário Técnico de Psicologia, Brasil : Cultrix
Amaro, R.R., Ana, Q., , et. al., (2001), O Voluntariado Nos Projectos De Luta
Contra a Pobreza, Lisboa: CNAIV
Vários, American Psychological Association, (2010), Dicionário de
Psicologia APA, USA: Artmed
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Freixo, M.J.V., (2006), Teorias e Modelos de Comunicação, Instituto Piaget
Lemos, A., (1999), Comunicar com Assertividade, Lisboa: IEFP
Ferreira, M., Proença, Proença, T, João F. (2008) As motivações no
trabalho voluntário: Rev. Portuguesa e Brasileira de Gestão, vol.7, no.3, p.
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http://agil.programaescolhas.pt
Plano de Formação Programa Escolhas - Agosto de 2011 do centro de
documentação da AGIL
http://escolhasemformacao.ning.com/
http://www.voluntariado.pt/
www.Juventude.pt
http://www.sve.pt/
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