como educar e cuidar ed infantil

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REVISTA DO PROFESSOR, jan./mar. 20035

(73):Porto Alegre, 19 5-10,

Na escola infantil, para reali-zarmos um trabalho onde a edu-cação e o cuidado estejam pre-sentes, devemos definir nossaproposta pedagógica dentro deprincípios éticos, políticos e es-téticos, tais como:¬ Princípios Éticos Õ solidarie-dade (repartir, ajudar o mais novo,etc.), responsabilidade (fechar a tor-neira, apagar a luz, fechar o frascodepois de usar a tinta...), autonomia(colocar um bebê em uma cadeiraadequada e deixá-lo mamando so-zinho, criança amarrar o próprio sa-pato...), respeito (ouvir o outro, nãomexer no que não é seu, cumprir re-gras e combinados, esperar a suavez, preservar a natureza...). Princípios Políticos Õ escolha,através do voto, do nome da turma,da atividade do dia, etc. Para isso,é preciso mostrar que há um mun-do de escolhas e que devemos tera consciência de que, se não ga-nhei dessa vez, poderei ganharoutro dia, porém o mais importan-te foi o fato de eu ter participadoe votado; mostrar sempre que to-dos nós temos direitos e deveres(a professora, a mãe e o pai tam-bém têm o direito de descansar, denão ouvir gritos...).® Princípios Estéticos Õ beleza,prazer, conforto, em decorrência daorganização feita pelo educador epelos alunos da sala, com divisão deespaço adequada e harmônica, con-templando cantinhos de pintura, lei-tura, brinquedos de fácil acesso, deacordo com a idade e os interesses

COMO EDUCAR E CUIDARAspectos cotidianos da prática pedagógica com crianças de 0 a 6 anos• ADRIANA ELIZABETH R. S. SIGNORETTI• KEILA KLINKE MONTEIRO• LOBÉLIA MARIA D. DE OLIVEIRA DIAS• ROSEMARY A. CUNHA DAVÓLIO• SILVANA DE FREITAS LÉSSIO

Professoras Especialistas em EducaçãoInfantil da Rede Municipal de Educação.Campinas/SP.

das crianças. A confecção coletivade cartazes, brinquedos e enfeitesreferentes ao assunto ou tema enri-quece a sala e a escola com elemen-tos da cultura brasileira como fan-toches, bonecos, livros, músicas,entre outras.

Sugestões para a rotinaAo analisarmos a rotina de uma

sala de aula num Centro Munici-pal de Educação Infantil (CEMEI,que atende as crianças em perío-do integral) ou numa Escola Mu-nicipal da Educação Infantil(EMEI, onde as crianças perma-necem durante um turno – manhãou tarde), podemos constatar aimensidade de situações cotidia-nas que influenciam, por meio dasrelações sociais e interpessoais,a formação do cidadão.

Ø AlimentaçãoA questão nutricional, por

exemplo, pode e deve ser umdos focos do trabalho diário,numa classe de educação infan-til. O alimentar-se faz parte darotina e cada refeição (almoço,lanche, etc.) caracteriza-secomo um momento deveras im-

portante e significativo.Um sem número de vezes ob-

servamos que alguns alunos che-gam à escola com hábitos inade-quados de comportamento e ali-mentação. Com o cuidar e o edu-car de todos – monitores, profes-sores, cozinheira, servente, dire-ção, etc. – e até mesmo do cole-guinha, tais hábitos inadequados ede rejeição a algum alimento po-derão ser transformados em bonshábitos, sem grandes frustrações,pois as trocas são feitas de formanatural e coerente.

Nesse momento, a interferên-cia de qualquer pessoa da escolaou do centro, na prática pedagó-gica, faz acontecer o cuidar e oeducar e, assim, incorporar con-ceitos como:• primeiro fazemos a refeição sal-gada, depois comemos a sobre-mesa (fruta ou doce);• para cada alimento utilizamostalheres adequados;• existe uma postura correta quan-do sentamos à mesa;• devemos mastigar bem os ali-mentos;• é preciso fazer higiene antes edepois das refeições.

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As horas de refeições são mo-mentos onde se podem desenvol-ver a socialização, o respeito mú-tuo, as boas maneiras, a coopera-ção, entre outros aspectos. Nes-sas situações, é preciso que ascrianças aprendam a fazer umaação de graças, a organizar o seuespaço, a descontrair-se, a come-morar seu aniversário, confrater-nizando com os colegas, a desco-brir aromas e sabores, a compar-tilhar essa hora especial do dia-a-dia de cada um. Mais importante,ainda, é aprender a importância deter uma boa alimentação.

Ao professor compete respei-tar as características, o ritmo, asnecessidades e possibilidades decada criança, nas diferentes faixasetárias.

Assim acontece com todas assituações, especialmente nas ati-vidades culinárias feitas em sala,onde as áreas do conhecimento etodos os conteúdos acabam sen-do trabalhados de forma lúdica ede acordo com a vivência dascrianças na rotina diária escolar.Isso é educar e não simplesmentecuidar: o cuidado para que tudoaconteça sem que a criança corrariscos de se ferir física e emocio-nalmente, etc... O aluno, por suavez, levará esta formação para afamília que, em muitos casos,acabará interiorizando o aprendi-zado e gerando benefícios a siprópria.

Os profissionais envolvidos naquestão do cuidar e do educar, nes-se momento, estão sempre aten-tos, mostram o lado nutritivo darefeição, a mastigação, entre ou-tros aspectos, e estimulam a crian-ça ao bom hábito. Se, entretanto,em casa, os pais agirem de formacontrária ou tentarem disputar aatenção com a escola, a criançavivenciará momentos de conflitoe não conseguirá reconhecer o cer-to e o errado. Ações como estatornam o trabalho do professor/

educador muito árduo, pois, simul-taneamente ao trabalho com acriança, o professor e a escola te-rão que trabalhar com a família.

Como fazer?Com os grupos B1 e B2 deve-

se:Ê levar os bebês ao refeitório,sempre que possível, em peque-nos grupos, com cadeiras adequa-das para que a atividade de refei-ção possa ser comunitária e maisestimulante. É preciso deixar queos bebês sintam as texturas dosalimentos, denominando doce,salgado, quente, frio, duro, mole,cores, sabores, orientando-os nasboas maneiras com palavras sim-ples e com músicas; olhar nosolhos e sorrir, estimulando a pro-núncia de palavras e sons simples,com alegria; usar termos de cor-dialidade (obrigado, por favor),mesmo com crianças que aindanão falem; alimentar simultanea-mente os bebês, para que não fi-quem esperando e vendo os ou-tros comerem; deixar que manu-seiem alguns alimentos paraestimulação e distração; fazer re-latório simples da alimentaçãofeita no dia pela criança, paraacompanhamento de seu desen-volvimento ou alguma alteraçãoimportante;Ë utilizar, com crianças maiores(3 anos em diante), dinâmicas va-riadas, tais como: cantar músicasrelacionadas à refeição que irãofazer (café, almoço, lanche, jan-tar...), com voz, violão, percussão,palmas; fazer a oração de ação degraças, coletiva e individual; falaro nome do alimento que será sa-boreado, sem som (leitura labial);fazer adivinhações sobre o alimen-to a ser consumido; fazê-los ouvire compreender histórias com fan-toches, escrever o nome do ali-mento do cardápio em fichas oupainéis para leitura posterior eincidental, auto-servir-se da traves-

sa ou do jarro, colocando a quanti-dade que deseja e comprometen-do-se a consumi-la até o fim; or-ganizar as mesas antes e depois dasrefeições; ensiná-los a manter pos-tura ereta na cadeira, pedir licen-ça, brincar de mastigar, engolir,contar, entendendo a necessidadede morder pequenos pedaços, mas-tigando-os bem, aprender o valornutricional de cada alimento ecomo os alimentos colaborampara o desenvolvimento de cadaum, de seus ossos, de sua pele, doscabelos, da força, etc.;Ì promover a atividade CriançaColorida, para ser desenvolvidacom crianças da maternal 3, infan-til e do pré (ver Quadro).

Ø HigieneOutro aspecto a ser abordado

na rotina é a higiene.A higiene também tem papel

fundamental na qualidade de vida,contribuindo para o bem-estar ea elevação da auto-estima. Aquestão não é pura e simplesmen-te a aquisição de hábitos saudá-veis e adequados de higiene, maso entendimento de como esteshábitos podem interferir na saú-de de maneira positiva ou negati-va de acordo com a opção que sefaz. É na Educação Infantil, emespecial nos Centros Municipaisde Educação Infantil, com alunosem período integral, que esseshábitos devem ser adquiridos eassimilados de forma lúdica eprazerosa, utilizando-se de váriasdinâmicas, como jogo simbólicoe brincadeiras, fantoches, teatro,músicas, ajudante do dia, sol-dadinhos da limpeza (ajudantes)...que envolvem momentos de ro-tina: trocar fraldas, escovar osdentes, bochechar com flúor, la-var as mãos e rosto, limpar mesae sala após refeições e tarefas,usar corretamente o banheiro,pentear cabelo, vestir/trocar rou-pas limpas, usar desodorantes

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(quando necessário), sabonete/xampu, colocar e amarrar sapa-tos, controlar os esfíncteres, ba-nhar-se, enxugar-se, cortar unhas,controlar piolhos, etc. Nestes

momentos, muitas estimulaçõese explorações podem ser feitas,partindo do próprio corpo e dosobjetos de higiene e limpeza:odores, texturas, temperaturas,

facilidades/dificuldades, desco-bertas, incômodo ou bem-estar,tudo deve ser denominado, expli-cado e usado como instrumentode trabalho para o educador.

É muito importante que acriança, desde pequena, seja res-peitada em sua privacidade eorientada a exigir este respeito;aprenda que seu corpo lhe perten-ce e que o outro não pode invadirsua intimidade e integridade, nemfazer nada que ela não consinta ouque a prejudique. Deve sentir sem-pre confiança no educador paraque possa contar fatos que a per-turbem, incomodem ou violenteme pedir ajuda.

CRIANÇA COLORIDANa hora do almoço, colocar vasilhas transparentes com os alimentos a serem

consumidos em mesas para o auto-servimento. Ao lado de cada mesa é colocado umbalde/lixo orgânico para que as crianças coloquem os restos que eventualmentesobrem nos seus pratos. Escolhe-se por sorteio uma criança que será a criançacolorida do dia. Nela serão colados cartões referentes ao nome e à cor de cadaalimento que fizer parte do cardápio do dia. As outras crianças irão lendo/adivinhan-do o nome dos alimentos. Após a colocação dos cartões, cantarão, se possível comacompanhamento de violão, a letra adaptada da música Bata palmas, a seguir.

A criança colorida come frango,come frangoA criança colorida come salada,come saladaAlegria de comer para crescer e para brincarA criança colorida limpa o prato,limpa o prato.

Observação: A letra foi adaptada de Bata Palmas, música que faz parte do CD Os Dedinhos,de Eliana – Distribuição de BMG (BMG Ariola Discos Ltda.)

As crianças, então, se dirigem às mesas para se servirem dos alimentos, fazen-do seus pratos coloridos, com o compromissso de comerem até o fim o que nelescolocaram.

Ao terminar a refeição que a criança fez usando o garfo e a faca, ela limpa seuprato colocando os restos no lixo, devolve-o junto com os talheres, no local combi-nado e recebe um incentivo: carimbo/tatuagem no braço, variando a cada dia odesenho do carimbo atóxico. Ela retira, então, sua sobremesa. O uso dos carimbosatendeu às necessidades de estimular e reforçar atitudes corretas de nutrição eainda proporcionar o controle por parte da família, pois o fato de ter ganho carimbosignifica que fez uma refeição completa no almoço e, portanto, é uma criança colo-rida! Esta atividade por nós criada está sendo um sucesso na CEMEI Dna. Júlia epode ser adaptada a qualquer tipo de refeição ou faixa etária.

A cri - an - ça co - lo - ri - da co - me ar - roz A cri-ar - roz

an - ça co - lo - ri - da - co - me fei - jão A - le -fei - jão

gri - a de co - mer pa - ra - cres - cer e pa - ra brin - car A cri -

an ça co - lo - ri - da lim - pa o pra - tolim - pa o pra - to

Muitas vezes, essas informa-ções, hábitos e atitudes precisamextrapolar os limites do ambien-te escolar, quando os pais e res-ponsáveis necessitarem de maio-res orientações quanto aos cuida-dos e carências de seus filhos, am-bos compartilhando para o bem-estar, desenvolvimento harmonio-so e auto-estima da criança.

Quando for possível, devemossolicitar a ajuda de outros profis-sionais que venham legitimar asinformações dadas na escola. Parao controle da cárie dentária, porexemplo, é preciso contar com

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palestras de dentistas do Posto deSaúde do bairro, explicando pro-cedimentos corretos quanto àescovação dos dentes e prevençãoda cárie, alimentação adequada ehábitos saudáveis de higiene bu-cal. Geralmente, todas as criançasganham a escova dental, dão-lhenome e enfeitam uma caixa paraguardá-la. Os pais devem colabo-rar enviando pasta dental de diver-sas marcas, que proporcionammomentos de atividades em sala:lendo e comparando rótulos, sa-bores, cores, etc. Várias músicaspodem ser introduzidas (RatinhoRatimbum escovando o dente) eilustradas pelas crianças, e obochecho com flúor deve ser rea-lizado semanalmente, se possível.Aos poucos, as crianças e familia-res vão sendo conscientizados daimportância de bons hábitos dehigiene.

Ø DescansoO aluno, em especial o de tur-

no integral, merece ser respeita-do quanto ao seu ritmo biológi-co. Há momentos em que de-monstrará cansaço e poderá entãooptar por atividades mais calmase tranqüilas, como dormir ou en-tão repousar, assistir a um dese-nho na TV, desenhar, brincar sozi-nho no colchão ou no berço, lerlivros da classe, ou a opção queatender melhor a sua necessida-de. O professor não pode tentarfazer da hora de descanso a obri-gação de dormir. A criança devepoder, dentro de regras pre-estabelecidas, optar por simples-mente descansar e assim repor asenergias da maneira mais própriae prazerosa, respeitando tambémo direito do outro de ter silênciopara dormir.

Na hora do descanso, algumastécnicas podem induzir ao relaxa-mento que poderá levar ao sono.Por exemplo:- Deixar a criança o mais confor-

tável possível, em ambiente acon-chegante e limpo, com luminosi-dade em penumbra, temperaturaamena, roupa adequada e seca.- Uma música suave, tranqüila,orquestrada, clássica e em baixovolume é indispensável.- Um relaxamento com crianças apartir de 3 anos também poderáser feito antes do sono. As crian-ças sentadas no colchonete mo-vimentam a cabeça para frente epara trás, bem lentamente; movi-mentam-na lateralmente, da ore-lha ao ombro, de cada lado, váriasvezes, devagar; fazem movimen-tos circulares com o maxilar in-ferior (queixo); fazem o sim e onão com a cabeça, alternada-mente. Então a criança deita-secuidadosamente no colchonete,iniciando a respiração abdominal.O professor diz: vamos enchernossa barriguinha com o arcomo se fosse uma bexiga, pu-xar o ar pelo nariz e depois bemlentamente vamos soltando o arpela boca... enquanto isso fe-chem os olhos... estamos entran-do no bosque... cheio de árvores,andamos muito... estamos muitocansados... vamos procurar umaárvore bem bonita... debaixodela vamos deitar... descansar...

dormir... Ouvindo a música, logoa maioria estará tirando proveitode um sono profundo e reparador.- A massagem (xantala) entre oscolegas, o educador e a criança ouem duplas de crianças também fa-vorece o relaxamento e o sono.- Uma história escolhida, bem cal-ma e tranqüila, ou um conto defadas também favorece o descan-so e o relaxamento antes do sono.

Ø PasseiosEm relação aos passeios, po-

demos dizer que toda atividadeextraclasse deve ser escolhida eplanejada antecipadamente deacordo com a faixa etária a que sedestina. Os riscos podem ser evi-tados e deve-se considerar o en-riquecimento que poderá trazerpara o grupo envolvido. Deve-setentar sempre inserir esses pas-seios em temas que estejam sen-do enfocados no momento pelaturma, visando garantir um maiorsignificado para toda a situação deaprendizagem.

As regras de conduta coletivasnessas situações são imprescindí-veis. Elas garantem a segurança dogrupo e do educador, bem comoum melhor aproveitamento porparte de todos na atividade em

Dormir, ou apenas descansar em silêncio, ajuda a repor as energias

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questão. A criança deve ser infor-mada do tipo de comportamentoque se espera dela, lembrada dasregras coletivas da turma e saber,antecipadamente, das sanções quesofrerá caso infrinja os combina-dos, sem fazer ameaças.

A atividade extraclasse deveráser sempre resgatada e comentadaem sala, através de conversa, de-senho, maquete, dramatização, en-trevistas e outras situações. Tam-bém é interessante se pensar queesses passeios poderão ser, mui-tas vezes, as únicas oportunidadesdas crianças descobrirem o mun-do exterior a sua casa e a sua esco-la, uma vez que, geralmente, por fal-ta de tempo ou dinheiro, os res-ponsáveis não conseguem pro-porcionar essas situações. Torna-se importante, então, variar as op-ções e explorá-las ao máximo,pois, certamente, as crianças as le-varão na memória pelo resto desuas vidas, com muito significado.

Ø Parque/PiscinaNas atividades cinestésicas, o

movimento é o protagonista porexcelência. A criança pequenasente uma necessidade enorme deestar em atividade física, correr,pular, vasculhar, subir, escorregar,deitar, rolar, levantar, fazer bura-cos, construir com água e areia.Tudo isso causa imenso prazer edeve sempre ser oferecida a opor-tunidade diária e durante um perío-do longo, para que essa necessi-dade seja satisfeita com eficiên-cia pela criança. Do contrário, te-remos de conviver com a sua frus-tração, que se manifestará em vio-lência, desobediência, bagunça,irritação ou apatia.

Para que essa atividade possa serdesfrutada com toda plenitude, al-guns itens devem ser observados:3 Os equipamentos do parquedevem estar sempre em plenascondições de segurança e utiliza-ção, caso contrário não se poderá

garantir a integridade e a seguran-ça da criança, e isso foge à res-ponsabilidade do educador quetem a criança sob seus cuidados:- regras coletivas devem ser feitascom as crianças para garantir a uni-dade e a segurança do grupo, a horade sair e como sair da sala, comoserá o retorno, o que pode ou nãoser feito, como desculpar-se e cor-rigir atitudes desagradáveis;- cuidado com a própria integrida-de física e a dos colegas, a manei-ra correta de se usar cada brinque-do do parque, noções de anatomiasimples e primeiros socorros;- autonomia para trocar roupas quese sujem, tirar e colocar sapatos,lavar-se, etc.3 Na exploração do ambiente ex-terno, deve-se valorizar o momen-to da aprendizagem, inserindo no-ções de força, altura, volume,mistura, tamanho, equilíbrio, se-res vivos existentes no local, pes-soas que passam pela rua, sonsestranhos, meios de transporte,luz, calor, frio, chuva, tempo (du-

ração), o repartir brinquedos, oceder a vez, o ajudar a recolherbaldes, jogos simbólicos (aniver-sário, churrasco), etc.3 Em dias de chuva ou quando nãofor possível favorecer essa ida aoparque, deve-se proporcionar ativi-dades físicas na sala mesmo, usan-do colchonete para cambalhotas,virar mesa e fazer cabanas, túneis,dança das cadeiras, montar o ôni-bus com cadeiras e simular uma via-gem, montar teatro utilizando-se deroupas-fantasias, dançar em rit-mos variados, etc. Só não vale for-çar a criança a ficar parada esperan-do a hora de outra atividade.

Interação família/escola/crecheA participação da família nos

Centros e Escolas Municipais deEducação Infantil deve superar osmomentos de reunião de Pais eMestres, onde, na maioria das ve-zes, os pais assumem uma posi-ção de ouvintes.

Em vários momentos no de-correr do ano letivo de 2001, es-

Na piscina, crianças se divertem e realizam atividades físicas

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pecialmente na Semana da Crian-ça, realizou-se em nossa creche aOficina dos Pais, quando os mes-mos se vestiram de personagensdo Sítio do Pica-Pau Amarelo(Projeto do Mês) e junto aos edu-cadores planejaram atividadeslúdico-educativas para as crian-ças. Percebemos, nessa ocasião,o interesse em participar e a sa-tisfação de terem feito parte davida escolar de seus filhos. Apósesses momentos, temos sentidoque vem ocorrendo maior valori-zação do trabalho que toda a equi-pe da creche desenvolve junto àscrianças e a necessidade que ospais também têm de estar partici-pando de nossas vivências.

Ainda para exemplificar, relata-mos o projeto desencadeado naEMEI Zuleika H. Novaes, no dis-trito de Sousas, Campinas, São Pau-lo, onde o cuidado com o meioambiente em que vivemos, a preser-vação e a reciclagem, a coleta delatinha e de garrafa pet foi a pro-posta pedagógica da escola. Junta-mente com a APA (Associação deProteção ao Meio Ambiente), par-ticipamos de exposição com traba-lhos no projeto Reviva o rio Ati-

baia (Sousas), vendo a compara-ção do rio limpo com o sujo, o res-gate da origem do lixo e o que cau-sa o desperdício, em linguagemsimples, levantando questões de re-flexão. Foi programada, então, umacaminhada com a família, onde, du-rante o percurso, os participantesforam fazendo a coleta do que en-contravam e do que não combinavacom o local: plástico, garrafa,latinha, entulho. Ao chegar à ca-choeira no rio Atibaia, verificamossuas condições, o lixo recolhidofoi colocado nos latões apropria-dos, de acordo com as cores dareciclagem (amarelo, azul, verme-lho e verde) providenciados peloDLU (Departamento de LimpezaUrbana), que anteriormente já haviapatrocinado para uma turma de préo lixotur ao aterro sanitário Delta 1de Campinas. Ao chegarem na es-cola, os paispuderam registraro pas-seio junto com os filhos, em papelpardo, e participar de lanche feitopela escola com frutas doadas pe-los próprios pais. O lixo orgânicotambém foi utilizado para compos-tagem; anteriormente, em sala, assobras de legumes e cascas das fru-tas foram usadas como carimbos. O

guarda da Unidade de Ensino tam-bém pôde ajudar nas noções de plan-tio, juntamente com os educadorese professores, cuidando da horta, etc.Inserindo a família em todo o pro-cesso, toda a ação do educar e cui-dar de seus filhos fica legitimada,uma vez que da parceria sempre sur-tem os melhores resultados.

O cuidar e o educar caminhamjuntos... lado a lado... Difícil?...Não, é só tentar!

As múltiplas linguagens docuidado e educação passam aexpressar-se pela comunicaçãoverbal e não verbal, pelos usosdo espaço e do tempo e das ati-vidades, objetos e pessoas queinteragem com as crianças. Ocontexto da vida contemporâneaem que o silêncio, o ruído, asmídias, os sons e os movimentosse interpenetram, oferecem ins-tâncias de reflexão para os pro-fessores de crianças pequenas arespeito da importância dessasmúltiplas linguagens na consti-tuição de conhecimentos, valo-res e identidades. Assim nos en-sina Regina de Assis, AssistenteSocial e Pedagoga, Mestre e Dou-tora em Educação e Presidente daFundação Multirio.

Nota:Colaboraram na elaboração deste texto as

professoras Angela C. San Martini Valente,Mônica de Campos Galvão, Valeria VasquesFerreira, Sandra R. S. Lima, Simone C. do Con-to, Sueli de Camargo Palmen e Lúcia Helena C.Meireles da CEMEI Dna. Júlia dos S. Dias.

BIBLIOGRAFIA

BONDIOLI, A.; MANTOVANI, S. (org.).Manual de educação infantil: de 0-3 anos, umaabordagem reflexiva. Porto Alegre: Artmed,1998.

CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. Cam-pinas: EA, 2001.

FARIA; PALHARES (org.). Educação infan-til pós-LDB: rumos e desafios. Campinas: Au-tores Associados, 1999.

ZAGURY, Tânia. Educar sem culpa: a gêneseda ética. Rio de Janeiro: Record, 1993.Pais participam de atividades lúdico-educativas para as crianças

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