como pelo púbico estÁ a · a farta cabeleira íntima acabou, no mesmo sentido em que o buço...
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Como o pelo púbicoESTÁ A DESAPARECER
Ou é apenas mais uma moda passageira?Entre teorias comerciais, sociais e até pornográficas,viajámos pela história da depilação. Por Ijí/s Pedro Nit/ws
Estão
os pelos púbicos em vias de extinção?Será que dentro de uns anos já ninguém deixará
crescer uma penugem sequer naquelas zonasesconsas que a Evolução da Espécie ainda acha
que deve haver? Sim, lá onde na puberdade se
anuncia gloriosa e depois... Depois vai a Gillette ou o cremede depilação e ... desapareçam, ó púbicos!Bom, a resposta é tendenciosa, mas é possível arriscar um sim,a farta cabeleira íntima acabou, no mesmo sentido em queo buço feminino ou o sovaco farfalhudo feminino não foi algo
que "saiu de moda por vimas épocas" e vai voltar daqui a uns anos.
O buço não está extinto, mas invisível. É arqueologia capilar.
OK, até podem aparecer umas mulheres que fazem um stute-
mcnl feminista e deixam crescer a natureza no sovaco, masé mais uma manifestação de emjmcennent feminino do queum ato de gestão de embelezamento. Quer-se dizer: boa sorte
para a vida amorosa! A cabeleira à anos 70 esmagada entre
braços e a ver-se sair umas perninhas de pelo 'já não existe'.
Houve um 'dique' mental que fez com que esse adereço, tal
como o pelo púbico tipo cabeleira afro, deixasse de ser conside-
rado parte do repertório natural da feminilidade e seja visto
como algo "enfim, querida, se puderes dar um jeitinho..."Não era por acaso que as atrizes da série 'Lost', após meses
na ilha continuavam sem pelito na perna ou na face. Essa
é a etapa 'natural' da evolução a que chegámos. As mulheresviam a série de TV e ficavam revoltadas, pois sabem que ser'assim - sem pelo - não é um estado natural, é um esforçoconstante. E seria de esperar que por baixo dos biquinis, emvários estilos, estivesse tudo em conformidade e fuxhiim.E, adianto: o mesmo para os rapazes. Aposto, retiro, não apostonada, deduzo que os homens para além da barba estilosaestivessem aparaditos a sul...
Não são só elasSeria audácia minha dissertar sobre depilação feminina naLuxWoman. Arriscar-me-ia a ser ridículo: é como explicarcomo marcar um penalty a fàs de Cristiano Ronaldo. Pelo que,sendo assim, irei tázê-10. Consta naja longa história da depilaçãototal feminina contemporânea que tudo começou quando, nofinal dos anos 80, as irmãs Padillia (Jocely, Jonicc. Janca, Jo\ cc.
Jussara, Juracy c Judscia) abriram o seu salão de depilaçãoem Manhattan e introduziram o infame Brazilian YVax quecomeçou por ser na linha do biquini e chegou rapidamentea 'nu integral', podendo ser apenas uma pequena 'pista de
aterragem' - a lumlhigHtiip - do agrado de muitos homens.
Depois foi uma série de marcos históricos localizados emsaltos no tempo: umas conversas na série 'O Sexo e a Cidade'em que Carrie (sempre ela. sempre ela), num episódio, se
decide a avançar pelo desnudamento total. E já se sabe... se elao fez... milhões foram atrás.Uns anos depois, já Victoria Keckbam apregoava que a
depilação total lá em baixo devia ser obrigatória depois dos1.7 anos e nesta fa.se Jersev Shore parece que tal já aconteceu...
Hoje as Kardashians acham que uma mulher só deve tercabelo na cabeça. Embora no caso delas às vezes parece queé mesmo só cabelo. Ou basta pensar no primeiro 'Big Bi other"
português c no último 'A Casa dos Segredos'. Do primeiro fica
a gnmhice. E alguma depilação mencionada - nomeadamenteno caso do rapazes. Do último, a grunhice e corpos sem umpelo a bambolearem-se. Já não se discute pelo cm homem.É como polemizar escovar os dentes.As descrições que li sobre o que é uma depilação a cera nessa
zona em particular fazem questionar os limiles do horror dosalãozinho de estética. Mesmo para a capacidade de suportaro sofrimento que uma mulher tem nestas coisas parece ser algodigno de chamar a Amnistia Internacional. É o equivalenteem temperaturas a colocar um bife na chapa: fíO" centígrados.Ora. trata-se da zona mais sensível de uma mulher - uma zonacom mais nervos e reatividade à dor do que qualquer outra,que nunca vè o sol ou os elementos, que está programadapara ter mais sensibilidade e que é 'barrada' com cera a ferver.Que raio de ideia.
Há sempre um racional: a /ingerir é cada vez mais pequena,é mais higiénico, ctc. Segundo um estudo norte-americano,o look careca c essencialmente preferido por mulheres nãomonogâmica.s ativas c que gostam de sono oral. É justo.Mas a verdade é que os homens - e mesmo os homens portu-gueses -começaram há uns anos a desbastar-se e a 'zerar-se'lá por baixo. Pelo menos, que eu tenha reparado. Reparo. Mastambém não estou assim tão atento. Embora me pareça queé coisa de máquina de barbear ou creme de depilação.
Vantagens do totalVamos lá então. Se com as mulheres é possível perceber esta
'evolução' - mesmo em termos de cultura pop -. já com oshomens fica mais complicado tentar arriscar uma cronologia,a não ser que se vá buscai- a colcção de cromos da bola c se tcnleinferir a partir dos bigodes e dos penteados. Há ali um momentoem que a dimensão pilosa dominou o futebolista. Lembroquando a Scleção começou a mandar vir os coiffhirx p essoais
ao hotel. Este é o corte epistemológico. Abel Xavier exigiureceber o seu huintylist no estágio como necessidade primária.Anos antes, Paulo Futre vinha de Madrid ao Montijo de propósi-
to cortar o cabelo ao barbeiro de sempre... São homens diferentes.
Futre não se depilava. Nessa altura, pelo menos.
Um dos locais em que é possível detetar algumas tendências da
intimidade masculina - até porque os homens s/raighl não dis-
cutem isso, que eu saiba - é nos balneários dos ginásios. As mo-das das tataos tribais nas costas, uma nuva moda de bo.rcrs,
"olha, olha, aquele já coloca ereniinho nos cotovelos", "eeeeeh
aquele besunta-se lodo de... hum... quê? Nivea? Óleo para be-
bé??" Bem isto pelo canto do olho e eu pasmai, ninguém está
especado a olhar para o tipo do lado, mas também dá, sim dá,
para ver coisas engraçadas como uns que se 'limpam' integral-mente com secador de cabelo em todas as ranhuras e outros quecolocam a t-ah irt de tbnna meticulosa no cabide com as costuras
milimetricamente alinhadas. Outros são uns bandulhos.
A verdade é que, ainda há uma década, se aparecesse um tipo
quarrntão ou vintào vão ligado ao ícwo ou, vá lá, ao ciclismo,
todo depiladinho, era capaz, de, digamos, fazer furor, no
balneário. Hoje os nu nattinj sâu mais a láixa etária elevada.
Pelo menos, um desbaste - o chamado trimming - leva
sempre. E as justificações nunca são exclusivamente questões
estéticas, mas sim questões higiénicas.
Sejamos francos: o corpinho todo sem pelinho e musculadoé muito, mas muito, estética guy. F. que foi absorvida pelaindústria pornográfica. E de repente, com a web e com porni-
jwtiçiio da sociedade - dado que toda a gente tem hoje acesso
a tudo em segundos em casa -, o que está nos filmes é
'o normal'. O curioso são as justificações que os produtores de
filmes dão: a depilação total permite grandes planos limpi-nhos. É uma boa racionalização. Mas há quem vá por outros
caminhos. A depilação total torna o sexo feminino mais
jovem' no caso da,s mulheres, e no caso dos homens torna-0...maior. Aqui vamos fazer uma pausa porque isto merece ser
explicado. I Tá hoje máquinas de barba que servem igualmen-te para aparar diversas zonas do corpo, nomeadamente - foi
o que começou por parecer -, os pelos do peito de forma a
não criar um ninho de cucos ali na zona do externo. Ora essas
máquinas, nas suas indicações, decidiram explicar pedagogi-camente que podiam seguir mais abaixo e debulhar o resto.
Sim. Mas é melhor ter cuidado. Mesmo com as lâminas pro-tegidas, há que não esquecer que a intimidade masculina tem
zonas, digamos, que têm a aparência e o toque de uma amei-
xa seca, pelo que estar nesta operação ao telemóvcl pode tra-zer alguns sustos.
Ora o 'gancho' de marketing para convencer os homens de
que deviam seguir com a máquina para o hemisfério sul
não tinha a ver com questões estéticas nem com o facto de ser
mais higiénico e ter um menor conglomerado capilar naquelaárea abafada e húmida. Nada disso. A metáfora usada era
a seguinte: se baixar o nível do mato à volta da árvore, ela
irá parecer maior. Ou seja, se aparar o seu cabelo púbico,meu caro, ficará com um zequinha maior. Genial!Ali não? É absurdo? Então é porque não tem noção de quemuitas das cirurgias de "aumento peniano" a que algunshomens se submetem não são mais do que exatamenteretirar gordura na zona da pélvis para permitir um "recuo" do
corpo e assim se criar a "ilusão" de que há mais onde anteshavia algo escondido. Ora imagine um anão atrás de umarbusto. Agora imagine esse anão sem o arbusto e muito
alegre e confiante. Senão maior, pelo menos destaca-se mais.
E assim aconteceu. Um dia, o homem aparou o peito,depois mandou a primeira aparadela e depois não houve
como voltar atrás.
É verdade que há os venturosos que arriscam a depilação.Sim, nos supermercados há mesmo zonas com produtos paradepilação masculina e ouço-os falar nas depilações a laser nas
costas como sendo (e é) algo muito incentivado. E das asneiras de
deixar os cremes tempo a mais e de queimadelas e vergões e
pormenores, mas nunca quis saber grandes detalhes.Parece, no entanto, que colocar creme depílatório nas jóiasda família já trouxe muita história a matulão musculado.
Adeus definitivoMas voltamos ao ponto de partida. E isto uma moda
passageira ou é para ficar? A sensação que fica é a de quehá toda uma geração que nunca teve cabelos no corpo,que sempre foi adepta do estilo clean - e falo de rapazes e de
raparigas - e de que qualquer pilosidade é coisa de Ncandertal.É possível que aqui e ali o peito do homem tenha algumenquadramento capilar comedido - tipo tapete rente. Que as
senhoras, por vezes, surpreendam com algumas formataçõesna aparência dos cortes. Nisto da futurologia dos usos do
corpo é difícil arriscar. Mas é difícil imaginar que os carecas
e as carecas de hoje sejam os matagais de amanhã.
K isto de ser o professor Marcelo do pelo púbico tem uma
margem de erro muito glande. •