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Como Reduzir GastosEstratégias de Combate à Crise (Módulo 2) Dia 8 - das 9h às 12h A Redução de Gastos pelos Instrumentos de Controle Dia 8 - das 13h30 às 17h30 A Redução de Gastos por Ações no Setor Financeiro Dia 9 - das 9h às 12h A Redução de Gastos por Estratégias na Contabilidade

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Como Reduzir GastosEstratégias de

Combate à Crise (Módulo 2)

Dia 8 - das 9h às 12h

A Redução de Gastos pelos Instrumentos de Controle

Dia 8 - das 13h30 às 17h30

A Redução de Gastos por Ações no Setor Financeiro

Dia 9 - das 9h às 12h

A Redução de Gastos por Estratégias na Contabilidade

A Unipública

Conceituada Escola de Gestão Municipal do sul do país, especializada em capacitação e treinamento de agentes

públicos atuantes em áreas técnicas e administrativas de prefeituras, câmaras e órgãos da administração indireta, como

fundos, consórcios, institutos, fundações e empresas estatais nos municípios.

Os Cursos

Com diversos formatos de cursos técnicos presenciais e à distância (e-learning/online), a escola investe na

qualidade e seriedade, garantindo aos alunos:

- Temas e assuntos relevantes e atualizados ao poder público

- Professores especializados e atuantes na área (Prática)

- Certificados de Participação digitalizado

- Material complementar de apoio (leis, jurisprudências, etc)

- Tira-dúvidas durante realização do curso

- Controle biométrico de presença (impressão digital)

- Atendimento personalizado e simpático

- Rigor no cumprimento de horários e programações

- Fotografias individuais digitalizadas

- Apostilas e material de apoio

- Coffee Breaks em todos os períodos

-Acesso ao AVA (Ambiente Virtual do Aluno)para impressão de certificado, grade do curso, currículo

completo dos professores, apostila digitalizada, material complementar de apoio de acordo com os temas

propostos nos cursos, chat entre alunos e contato com a escola.

Público Alvo

- Servidores e agentes públicos (secretários, diretores, contadores, advogados, controladores internos,

assessores, atuantes na área de licitação, recursos humanos, tributação, saúde, assistência social e demais

departamentos) .

- Autoridades Públicas, Vereança e Prefeitos (a)

Localização

Nossa sede está localizada em local privilegiado da capital do Paraná, próximo ao Calçadão da XV, na Rua

Clotário Portugal nº 39, com estrutura própria apropriada para realização de vários cursos simultaneamente.

Feedback

Todos os cursos passam por uma avaliação criteriosa pelos próprios alunos, alcançando índice médio de

satisfação 9,3 no ano de 2014, graças ao respeito e responsabilidade empregada ao trabalho.

Transparência

Embora não possua natureza jurídica pública, a Unipública aplica o princípio da transparência de seus atos

mantendo em sua página eletrônica um espaço específico para esse fim, onde disponibiliza além de fotos, depoimentos,

notas de avaliação dos alunos e todas as certidões de caráter fiscal, técnica e jurídica.

Qualidade

Tendo como principal objetivo contribuir com o aperfeiçoamento e avanço dos serviços públicos, a Unipública

investe no preparo de sua equipe de colaboradores e com rigoroso critério, define seu corpo docente.

Missão

Preparar os servidores e agentes, repassando-lhes informações e ensinamentos gerais e específicos sobre suas

respectivas áreas de atuação e contribuir com:

a) a promoção da eficiência e eficácia dos serviços públicos

b) o combate às irregularidades técnicas, evitando prejuízos e responsabilizações tanto para a população quanto

para os agentes públicos

c) o progresso da gestão pública enfatizando o respeito ao cidadão

Visão

Ser a melhor referência do segmento, sempre atuando com credibilidade e seriedade proporcionando satisfação

aos seus alunos, cidadãos e entidades públicas.

Valores

Reputação ilibada

Seriedade na atuação

Respeito aos alunos e à equipe de trabalho

Qualidade de seus produtos

Modernização tecnológica de metodologia de ensino

Garantia de aprendizagem

Ética profissional

SEJA BEM VINDO, BOM CURSO!

Telefone (41) 3323-3131 / Whats (41) 8852-8898

www.unipublicabrasil.com.br

Programação:

Dia 8 - das 9h às 12h

A Redução de Gastos pelos Instrumentos de Controle

1 Controle:

1.1 Corrupção, desvios e fraudes: Conceitos

1.2 Conceito e relevância do controle

1.3 O anseio democrático pelo controle

1.4 Definições quanto à localização do controle

1.5 Definições quanto ao órgão que exerce o controle:

1.6 Definições quanto ao momento em que se efetiva o controle:

1.7 Evolução Legislativa do Controle no Brasil

1.8 Legislação recepcionada pela constituição de 1988

1.9 As Leis Orgânicas Municipais

1.10 Legislação avulsa

1.11 O Controle Interno

1.12 O controle Externo

1.13 Ações recomendadas

2 Transparência Pública:

2.1 História e Conceito

2.2 Canais obrigatórios ao município

2.3 Canais facultativos ao município

2.4 Fundamentos Constitucionais

2.5 Previsão legal

2.6 A exigência do TCE/PR (IN 58)

2.7 A complementação pela legislação local (CF, art. 29, I)

2.8 Ações recomendadas

Dia 8 - das 13h30 às 17h30

A Redução de Gastos por Ações no Setor Financeiro

1 Funções básicas do setor Financeiro

2 O planejamento como ferramenta estratégia

3 O equilíbrio das contas e o controle financeiro

3.1 Classificação e estágios das receitas

3.2 Receita Tributária

3.3 Estágios da receita tributária

3.4 Transferências do Estado e da União

3.5 Composição da receita de fonte livre

3.6 Saldo de fonte livre (governança do gestor)

3.7 Disponibilidade financeira

3.8 Regime de caixa e de competência

3.9 Execução orçamentária e financeira

4 Pagamentos (o que se deve pagar e não pagar)

5 Empenho válido (base fundamental)

6 Liquidações (transição de obrigações)

7 Consignações

Dia 9 - das 9h às 12h

A Redução de Gastos por Estratégias na Contabilidade

1 O Sistema de Custos e a Nova Contabilidade

2 Implantação obrigatória nos Municípios

3 Histórico legal do SIC na Gestão Pública:

a) Lei 4.320/64

b) DL 200/67

c) LC 101/2000 (LRF)

d) Decreto Federal 6.976/2009

e) NBC SP 16.11 (2011)

f) Portaria 828/2011 (STN)

g) Resolução 1.366/2011 (CFC)

4 Abrangência do sistema de custos:

a) informações gerenciais

b) tomada de decisões

c) localização de falhas de gerenciamento

d) controle financeiro efetivo

e) avaliação de custo benefício

f) como e quando gastar

g) apoio ao controle interno

h) suporte para decisões estratégicas

i) comparações

j) transparência real

l) planejamento (PPA-LDO-LOA)

5 A Importância da análise custo x eficácia (estudo de casos):

a) o serviço de vigilância deve ser terceirizado ou deve ser organizado pelo Município?

b) manter a frota de veículos e motoristas ou terceirizar esses serviços?

c) dar manutenção mensal nos bens móveis e imóveis ou consertar quando estiverem necessitando?

d) alugar espaços para o desenvolvimento dos serviços ou construí-los?

e) inscrever servidores em treinamentos abertos ou fazer contratação direta de instrutores?

f) abastecer veículos em postos particulares ou instalar ponto exclusivo para o órgão?

g) manter ou terceirizar serviços de atendimento médico especializado?

h) adquirir equipamentos para exames laboratoriais ou contratá-los de terceiros?

i) comprar softwares disponíveis no mercado e adaptá-los para uso próprio ou desenvolvê-los?

Professores:

Jonias de O. e Silva: Advogado e Consultor - Especialista em Administração Pública e Direito Constitucional.

Milton Mendes Botelho: Consultor, Auditor, Escritor, Palestrante Especialista em Direito Público e Administração

Pública.

Antonio de Oliveira: Diretor do Departamento de Contabilidade da Prefeitura de Curitiba - Graduação em Ciências

Contábeis - Pós-graduação em Administração Pública, Gestão Tributária e Administrativa - Mestrado em Ciências

Contábeis e Controladoria - Professor de graduação e pós-graduação.

Sumário

A REDUÇÃO DOS GASTOS PELOS INSTRUMENTOS DE CONTROLE ...................................... 1

REDUÇÃO DE GASTOS POR AÇÕES NO SETOR FINANCEIRO .................................................. 9

A REDUÇÃO DE GASTOS POR ESTRATÉGIAS NA CONTABILIDADE .................................... 25

1

Curso: Como Reduzir Gastos (Módulo 2) – 8 e 9 de Outubro de 2015 /Curitiba-PR

A REDUÇÃO DOS GASTOS PELOS INSTRUMENTOS

DE CONTROLE

Jonias de O. e Silva

1Controle:

1.1 Corrupção, desvios e fraudes: Conceitos

Corrupção é o ato ou efeito de se corromper, oferecer algo para obter vantagem em negociata onde se favorece

uma pessoa e se prejudica outra.

É tirar vantagem do poder atribuído. "Corrupção" vem do latim corruptus, que significa "quebrado em

pedaços". O verbo "corromper" significa "tornar-se podre".

Desvio, na área pública, significa retirar o caminho normal de alguma coisa. Não alcançar o objetivo por

mudança de rota.

Geralmente, a palavra está ligada às alterações que se promovem na ocupação de cargos ou funções, no uso de

bens, na realização de obras, e até no destino que se dá aos recursos financeiros.

Fraude é um esquema ilícito ou de má fé criado para obter ganhos para si ou para terceiros.

No meio público, as fraudes geralmente são praticadas através de simulações e ajustes, visando o

aproveitamento ilícito de valores, benefícios ou do patrimônio público.

1.2 Conceito e relevância do controle

O controle é a ferramenta mais eficaz para se evitar as irregularidades e ilegalidades na atuação dos poderes

públicos.

Segundo os mais elaborados estudos e pesquisas, a corrupção pode ser maior ou menor dependendo da

proporcionalidade de controle existente.

Onde tem menor controle tem maior corrupção e assim vice e versa.

E o controle se faz por três principais vias: orientação, fiscalização e punição.

No Brasil, o combate à corrupção no meio público vem acontecendo através da implementação de vários tipos

de controle sobre as verbas, recursos e patrimônio público.

Nos últimos anos melhoraram muito os sistemas de Controle Interno e Externo; por iniciativa de cada órgão, ou

por exigência do povo (diretamente ou através das mídias).

O Legislativo, por iniciativa própria ou por pressão popular, tem aprovado inúmeros atos para reforçar a

legislação pátria que afeta a corrupção.

São os exemplos da Lei das Inelegibilidades (LC 64/90, reforçada pela Lei da Ficha Limpa- LC 135/2010), a

Lei de Responsabilidade Fiscal (LC 101/2000), a Lei da Transparência (LC 131/2009), a Lei da Informação

(12.527/2011) e a Lei Anticorrupção (12.846/2013) e tantas outras.

2

Curso: Como Reduzir Gastos (Módulo 2) – 8 e 9 de Outubro de 2015 /Curitiba-PR

O Judiciário, por sua vez, e com o apoio das instituições de apuração a ele ligadas (polícias, ministério público,

etc.), tem punido severamente os corruptos, realizando o seu papel sem distinção de cargo ou poder do apenado.

Segundo informa o órgão denominado de ―Transparência Internacional‖, em matéria divulgada no mês de

dezembro/2014:

“Neste ano, o Brasil obteve a nota 43, em uma escala que vai de 0 (setor público visto como extremamente

corrupto) a 100 (extremamente íntegro), a mesma pontuação obtida em 2012.

No ano passado, o país havia totalizado 42 pontos.

A pontuação do Brasil se situa exatamente na média mundial, de acordo com o estudo, de 43 pontos. Nas

Américas como um todo, a média é 45.

Mais de dois terços dos 175 países que integram o índice obtiveram uma nota inferior a 50.

"O Brasil está na metade. Não é um dos piores nem dos melhores. Mas não é um resultado bom para o país, que

tem feito inúmeros esforços para ser um líder econômico e político", disse Salas à BBC Brasil.

"O Brasil quer ser um líder mundial, então tem que mostrar o exemplo. Ele ainda está muito distante dos países

desenvolvidos nesse índice", ressalta o diretor da Transparência Internacional.

Empatados com o Brasil, com a mesma pontuação e lugar no ranking, estão países como a Itália, a Grécia e a

Bulgária.

Para Salas, o escândalo da Petrobras pode ser positivo para o Brasil se forem tomadas "medidas fortes" de

combate à corrupção.

"Se a presidente Dilma Roussef aproveitar esse momento para fazer mudanças, poderá ser algo positivo", diz ele.

"Se pessoas poderosas e outros culpados nesse escândalo forem presos, o Brasil poderá projetar uma boa

imagem", afirma Salas.

"Se houver também reforma política e melhorias no sistema de compras públicas, pode ser um momento

histórico para o Brasil. Mas se nada mudar, será um exemplo negativo", diz ele.

A Dinamarca é a primeira colocada no ranking, com 92 pontos, um a mais em relação ao estudo anterior, onde

também já havia ficado em primeiro lugar.

A China e a Turquia estão entre os países que mais perderam posições no ranking deste ano.

A China, que adotou nos últimos anos medidas de combate à corrupção, como a proibição de dar presentes de

alto luxo a funcionários públicos, caiu 20 posições no ranking, passando a ocupar o 100° lugar, com 36 pontos.

Entre os países dos BRICS, o Brasil está praticamente empatado com a África do Sul (duas posições acima do

Brasil no ranking) e bem à frente da China, Índia e Rússia.”

In http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/12/141202_ranking_transparencia_internacional_brasil_df_lgb

Assim, vale à pena continuar acreditando na melhora e não cessar a luta pela melhoria dos instrumentos de

controle e combate à corrupção.

1.3 O anseio democrático pelo controle

De há muito tempo que a população anseia por melhoria nos sistemas de controle da coisa pública.

No Brasil, que historicamente conviveu com a corrupção na Administração Pública, a implantação do regime

democrático teve como maior objetivo a participação do povo no poder (nas coisas do Estado), diretamente ou através

de seus legítimos representantes.

Com isso, espera-se que o povo faça parte do governo e que tenha conhecimento do que ocorre com os bens e

valores públicos enquanto estiverem sob a guarda dos administradores da coisa pública.

Mas não basta trocar as pessoas no comando do erário:

É preciso equipar os sistemas de controle, haja vista que não é exatamente a índole pessoal que evita a

corrupção e os desvios no meio público, mas, acima de tudo, o controle que se faz sobre a coisa (a ocasião faz o ladrão).

O controle é exercido de forma irrestrita e ilimitada em todos e por todos os Poderes de Estado, estendendo-se a

toda a Administração e abrangendo todas as suas atividades e agentes, sendo classificadas em variados tipos e formas de

atuação para atingir os seus objetivos.

Essas classificações indicam que:

(I) O controle administrativo ou executivo é aquele exercido pela própria Administração sobre seus atos e agentes.

(II) Controle legislativo ou parlamentar diz respeito ao que o Poder Legislativo imprime sobre atos e agentes do Poder

Executivo.

(III) O controle judiciário é o referente à correção dos atos ilegais de qualquer dos Poderes pelo Judiciário, quando

lesivos de direito individual ou do patrimônio público. Quanto a forma o controle pode ser sintetizado:

• De acordo com seu fundamento, pode ser hierárquico ou finalístico.

• Em razão da localização do órgão que o exercita, pode ser interno ou externo.

• Em virtude do momento em que é exercido, pode ser prévio ou preventivo ou a priori, concomitante ou sucessivo e subsequente ou corretivo ou a posteriore.

• Conforme o aspecto controlado, pode ser de legalidade ou de legitimidade e de mérito.

3

Curso: Como Reduzir Gastos (Módulo 2) – 8 e 9 de Outubro de 2015 /Curitiba-PR

Outra abordagem do Direito Administrativo é apresentada, segundo a qual o controle da Administração Pública

é poder de fiscalização e correção que sobre ela exercem os órgãos dos Poderes Judiciário, Legislativo e Executivo, com

o objetivo de garantir a conformidade de sua atuação com os princípios que lhe são impostos pelo ordenamento jurídico.

Dentre os pontos comuns observados, é importante registrar as visões sobre os chamados controle externo e

controle interno, decorrentes das classificações relativas à localização do órgão que o realiza e quanto à integração do

órgão que o executa e à estrutura do órgão objeto de sua execução.

As atividades do sistema de controle interno são exercidas mediante a utilização de técnicas de fiscalização e

auditoria, as quais consistem no conjunto de processos que viabilizam o alcance dos macro-objetivos do sistema.

Fiscalizar consiste na aplicação de um conjunto de procedimentos pontuais que permitam o exame dos atos da

administração pública, visando avaliar a execução de políticas públicas, atuando sobre os resultados efetivos dos

programas governamentais.

1.4 O Controle Interno nos órgãos municipais

Com previsão desde 1964 (art. 76, da Lei 4.320/64 - Lei da Contabilidade Pública), foi levado à regras

constitucional em 05 de outubro de 1988, na Carta Maior (art. 74), e reforçado pela Lei Complementar 101/2000(LRF,

art. 54 e 59), mas só implementado no Paraná a partir de 2008, com a exigência pelo TCE, que assim se manifestou a

respeito:

“O sistema de controle interno é o agente de orientação e integração dos controles administrativos das entidades

componentes da estrutura organizacional e de apoio ao controle externo.

Tem por objetivos principais a avaliação do cumprimento das metas previstas no Plano Plurianual e a execução dos

programas constantes da LDO e na Lei Orçamentária Anual, assegurar a observância das normas e regulamentos e

assim, a legalidade dos atos, avaliando os resultados no que se refere à eficácia e eficiência da gestão orçamentária,

financeira e patrimonial da administração.

Sua função inclui a diligência no acompanhar dos procedimentos da administração e na orientação do gestor acerca

de eventuais desvios de rota e para evitar riscos iminentes que possam provocar danos ao patrimônio e à gestão.

Juntamente com a contabilidade, o controle interno deve velar pelo atendimento das agendas de obrigações; pela

certeza do cumprimento dos limites legais, seja de pisos de investimentos mínimos, ou tetos para gastos máximos;

pela verdade das informações levadas a público em face da LRF e suas determinações de transparência, da Lei da

Informação e da própria Lei nº 4.320/64.

Os resultados satisfatórios e sem sobressaltos especialmente em processo de transição de mandato acentuam que o

controle interno desempenhou seu papel com efetividade e compromisso com a Entidade.

O principal embaraço que se tem percebido no processo de estruturação do controle interno tem ocorrido na

montagem da equipe de trabalho, especialmente a não disponibilidade de profissionais com preparo técnico.

Existem pequenas prefeituras e câmaras municipais onde se verifica até mesmo a simples falta de pessoal sem

atributos.”Manual de Final de mandato – 2012.

1.5 O controle Externo dos órgãos municipais

O controle externo do Município (Executivo –Prefeitura – e Legislativo - Câmara Municipal) é realizado, direta

e formalmente, pelo Tribunal de Contas, que além de exigir a prestação de contas anual, ainda verifica a lisura e

regularidade dos atos e ações que envolvam a administração dos bens e recursos públicos.

A Lei Orgânica do Tribunal de Contas do Estado do Paraná (LC 113/2005) indica que, no papel de apoiador do

Poder Legislativo Municipal, no controle externo, a Corte Administrativa tem a seguinte competência:

“Art. 1º Ao Tribunal de Contas do Estado, órgão constitucional de controle externo, com sede na Capital do Estado,

compete, nos termos da Constituição Estaduale na forma estabelecida nesta lei:

I -apreciar as contas prestadas anualmente pelo Governador do Estado e pelos Prefeitos Municipais, mediante

parecer prévio, que deverá ser elaborado nos prazos gerais previstos na Constituição Estadual, na Lei de

Responsabilidade Fiscal, e nos prazos específicos previstos nesta lei;

...

II – julgar as contas dos chefes dos órgãos do Poder Legislativo estadual e municipal, do Poder Judiciário, do

Ministério Público e deste Tribunal;”

Todavia, por certo que existem outros órgãos que de forma indireta realizam o controle externo do Legislativo

Municipal, como o Ministério Público e os Observatórios sociais.

2 Transparência Pública:

2.1 Transparência Pública no Brasil

Desde o nascimento de nossa pátria, em 22 de abril de 1500, a população jamais teve acesso ás formas de

utilização dos bens públicos e de administração dos recursos financeiros arrecadados do próprio povo.

4

Curso: Como Reduzir Gastos (Módulo 2) – 8 e 9 de Outubro de 2015 /Curitiba-PR

Tanto a monarquia (até 14 de novembro de 1889), quanto no governo civil que comanda o país de lá pra cá,

praticamente todos os gestores não tinham a obrigação ou o costume de prestar contas de seus atos.

É certo que o faziam, mas de forma genérica, apenas para órgãos de controle.

O povo (contribuinte direta ou indiretamente), não conseguia individualmente saber do que se passava no

âmbito dos Poderes da nação.

No entanto, com o advento da globalização e da evolução rápida e espetacular das tecnologias de comunicação,

houve também um grande avanço nos direitos dos cidadãos.

Aqui no Brasil, após a Constituição Federal de 1988, muito se conquistou desses direitos.

A própria Carta Magna reservou uma lista grande de direitos e garantias individuais e coletivas (em especial,

nos art. 5º, 6º e 7º).

2.2 Publicidade Oficial Obrigatória

Dentre eles, a obrigação ao Estado de promover a divulgação de seus atos e ações, tornando a publicidade um

dos princípios básicos da Administração Pública (art. 37, caput). É que o legislador constituinte entendeu como sendo prioridade a divulgação dos atos e ações dos governantes,

para que o povo (contribuinte-eleitor) acompanhe as atuações dos eleitos, bem como, com a coisa pública.

Embasadas na Carta Maior da República, muitas leis editadas depois de 1988 criaram obrigação de publicar

certos atos, quando se tratar de recursos públicos (financeiros, patrimoniais, funcionais, etc.).

Os Atos Oficiais de publicação obrigatória, devem ser divulgados em um único meio de comunicação,

escolhido por cada ente da federação, conforme previsão na legislação esparsa (licitações-contabilidade-tributação-

orçamentária...).

No caso do Municípios, deverá ser apenas 01 para o Executivo e para o Legislativo, contratado por Licitação,

cuja homologação deverá ocorrer após Autorização Legislativa.

2.3 Publicidade oficial Facultativa

A CF de 1988 também autorizou despesas com a divulgação de caráter educativo e informativo, ou de

orientação social (art. 37, §1º).

No entanto, de lá pra cámuita polêmica foi gerada, discutindo sobre o que poderia se aceitar, referente às

despesas com publicidade.

É que a interpretação anterior impunha uma separação severa na publicidade oficial, entre a obrigatória e a

facultativa.

Entendia-se que a obrigatória era apenas aquela especificada na lei, como a publicação de atos como: leis,

decretos, portarias, resoluções, editais...

Quando se divulgava as ações do poder público, questionava-se se aquela despesa se enquadrava como

educacional, de orientação social, ou de informação exigida (serviços de utilidade pública).

2.4 Publicidade Institucional

Porém, com a evolução do conceito, e com a crescente demanda do povo sobre a atuação do poder público e as

ações governamentais, ampliou-se em muito as possibilidades de realizar despesas para esse fim.

Portanto, além da publicação obrigatória e daquelas enquadradas como ―serviços de utilidade pública‖,passou-

se a entender que o gestor deva divulgar amplamente as atividades de cada órgão público, para manter a população por

dentro dos acontecimentos que envolvem recursos dos contribuintes. De certo modo, essa divulgação não obrigatória, pode ser considerada como publicidade institucional, pois,

além de informar ao povo sobre as ações do órgão, promove este diante da opinião pública, fortalecendo-o

institucionalmente.

E para essa divulgação, o TCE/PR definiu que os poderes municipais (Executivo e Legislativo) poderão

contratar serviços de comunicação tanto diretamente, quanto por intermédio de agências (de comunicação ou de

publicidade).

No caso de contratação de agências, as regras a serem obedecidas deverão ser aquelas da lei federal nº

12.232/2010. (Vide cópia da Lei no material eletrônico)

Resumindo, as regras do TCE/PR, para a comunicação institucional é:

1- Serviços de criação e administração da publicidade, exigem contratação de Agência de Comunicação (ou de

Publicidade), por Licitação no tipo TÉCNICA e PREÇO, por exigência da Lei nº 12.232/2010.

A Comissão de Licitação, se não possuir conhecimentos técnicos da área, deverá nomear SUB-COMISSÃO,

para julgar a melhor técnica.

2- Para contratar os serviços para objeto específico, como por exemplo, para produzir jornal (impresso ou

eletrônico), programa de rádio ou TV, ou outros tipos de comunicação, poderá ser feita a licitação apenas pelo

MELHOR PREÇO.

5

Curso: Como Reduzir Gastos (Módulo 2) – 8 e 9 de Outubro de 2015 /Curitiba-PR

Mas para isso, terá que indicar exatamente o tipo do serviço (por ex: tamanho do jornal, quantas páginas,

periodicidade, etc.).

Insta lembrar, também, que a partir de 2006, o TCE/PR passou a autorizar as Câmaras Municipais a publicar

não apenas seus atos oficiais, mas também, a contratar emissoras de Radiodifusão, de Televisão a cabo ou de sites de

internet, ou outros serviços de publicidade e de propaganda (Acórdão 1139/2006 – Prejulgado 02), para divulgar:

a)- transmissões de sessões

b)- divulgação e transmissão de audiências públicas

c)- mensagens alusivas a eventos, serviços, campanhas, programas e homenagens a personalidades

Porém, instruiu e indicou obediência:

a)- ao planejamento orçamentário e financeiro da entidade

b)- princípios constitucionais do caput do art. 37 da Magna Carta Federal

c)- §1º, art. 37, da Constituição da República

d)- as normas contidas na Lei de Licitações - Lei Federal nº 8666/93

e)- as regras da Lei de Responsabilidade Fiscal

f)- indicações da Lei de Imprensa.

2.5 Transparência Pós-CF/88

De toda forma, criando verdadeiro divisor na história do Brasil, a nossa CF/88 acendeu nos nacionais o desejo

de conhecer de perto e participar da vida do país.

Mais que isto: passou a discutir os seus direitos enquanto membros da nação.

Representados no governo, tanto nas casas legislativas, quanto nos demais poderes (Executivo e Judiciário),

passamos a conquistar espaço e elaborar instrumentos que exigem (forçam) os gestores a dar transparência em sua

atuação.

Dentre esses instrumentos, podemos citar a Lei de Responsabilidade Fiscal, que desde o seu nascimento (em

2000) já previa certas obrigações aos governantes, para levar ao povo o conhecimento de seus atos e ações.

Mas foi exatamente em 2010, pela Lei Complementar nº 131 de 27 de maio de 2009, que houve uma

implementação maior da obrigatoriedade de transparência nos meio público, aplicando-se, inclusive, regras específicas

sobre a divulgação tecnológica via internet.

Com isso, desencadeou no Brasil, em todos os órgãos públicos, a obrigação de publicar mais amplamente as

informações que poderiam ter o interesse público.

Essa é a chamada Transparência Ativa, pois, independentemente de alguém solicitar, o órgão público tem a

obrigação de divulgar.

E diga-se mais:

A divulgação (publicação) deverá ser eficiente e eficaz.

Ou seja:

O canal disponibilizado deverá ser de boa qualidade, permitindo o acesso de forma rápida e fácil, e evitando os

subterfúgios (mesmo que da tecnologia) para esconder dados e informações.

A Lei Complementar Federal nº 101/2000, mais conhecida como Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), exige

que ocorram publicações trimestrais, sobre os seguintes itens:

I - EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA;

II- RECEITA CORRENTE LÍQUIDA;

III- LIMITES:

a)- de Pessoal

b)- da Dívida Consolidada e Mobiliária

c)- de Concessão de Garantias

d)- de Operações de Crédito

IV- AVALIAÇÃO PARCIAL DAS METAS FISCAIS

a)- Resultado Primário

b)- Resultado Nominal

V - OUTRAS INFORMAÇÕES

a)- Investimentos na área da Saúde

b)- Investimentos na área da Educação

Essas informações de publicação obrigatória, possuem base também, na seguinte legislação:

a)-CONSTITUIÇÃO FEDERAL

6

Curso: Como Reduzir Gastos (Módulo 2) – 8 e 9 de Outubro de 2015 /Curitiba-PR

b)- PORTARIA STN Nº 637/12

c)- LEI ORGÂNICA DO MUNICÍPIO

d)- LEI MUNICIPAL DO PPA

e)- LEI MUNICIPAL DA LDO

f)- LEI MUNICIPAL DA LOA

Pois bem!

Após regular a publicação obrigatória, ainda faltava impor regras sobre o direito de informações

complementares, diversas daquelas, de interesse pessoal ou de interesse público (da coletividade).

Por isto, passamos a discutir em todos os âmbitos, o

2.6 Direito à Informação

Esse direito nasceu na Constituição de 1988, que prevê, no artigo 5º, inciso XXXIII:

“todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou

geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja

imprescindível à segurança da sociedade e do Estado”

Em 05 de maio de 2005, houve a primeira regulamentação desse direito, através da Lei Federal nº 11.111.

Por ser bem restrita, mais interessada em definir sobre os documentos sigilosos, essa lei foi revogada pela Lei

Federal nº 12.527, publicada em 18 de novembro de 2011 (vide cópia nos documentos eletrônicos, do canal do aluno).

Com os conceitos desses novos tempos, e ainda mais após o surgimento dessa lei específica (L.A.I), a gestão da

informação passou a ser um dos mais importantes setores da Administração Pública moderna.

Para tanto, o Município deverá regulamentar o acesso à informação, em complemento à Lei Federal nº

12.527/2011(lei da informação), definido o quê e como se poderá (deverá) informar os interessados, sobre atos, ações e

assuntos ligados ao poder público local.

Os procedimentos para fornecer informações, devem prever desde as formas para o interessado requerer, como

os meios para recursos, em caso de indeferimento.

Por necessário, deverá ser nomeada comissão especial para classificação de documentos, se sigilosos ou não.

Documento sigiloso será aquele que conter informações que, se divulgadas, levará riscos à segurança da

sociedade, do Município, ou de autoridades públicas.

A classificação poderá ser no grau ultrassecreto, secreto ou reservado, com prazos diferenciados para o sigilo

(25, 15 e 5 anos respectivamente).

No caso de informações que ponham em risco as autoridades ou seus familiares, serão classificadas no grau

reservado e ficarão sob sigilo até o término do mandato em exercício ou do último mandato, em caso de reeleição.

2.7 Fundamentação e Responsabilizações:

De forma geral, a publicidade oficial obrigatória e a permissão de acesso à informação de interesse pessoal ou

coletivo, encontra guarida nos seguintes instrumentos legais jurídicos:

I - Fundamentos Constitucionais:

a)- art. 5º, XXXIII (direito de informação)

b)- art. 37, caput (princípio da publicidade)

c)- art. 29, I (autonomia municipal)

II - previsão legal:

a)- 8666/1993 (lei das licitações)

b)- 101/2000 (lei de responsabilidade fiscal)

c)- 10.520/2002 (lei do pregão)

d)- LC 131/2009 (lei da transparência)

e)- 12.232/2010 (lei da contratação de agências de comunicação)

f)- 12.527/2011 (lei da informação)

g)- LC/PR 137/2011 (lei dos diários oficiais)

III - específicas sobre o uso da internet:

a)- 9.755/98 (lei da homepage no TCU)

b)- M. P. 2.200-2, de 2001

E mais:

a) Instruções do Tribunal de Contas do Paraná - TCE/PR (IN 89/2013)

b) Recomendações do MP/PR - Ministério Público Estadual (TACs)

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Curso: Como Reduzir Gastos (Módulo 2) – 8 e 9 de Outubro de 2015 /Curitiba-PR

c) Legislação local (CF, art. 29, I)

Contudo, conforme preconiza o art. 29, I, da Constituição Federal/88, o Município poderá (deverá)

regulamentar em complemento à legislação maior (estadual e federal), prevendo peculiaridades locais.

Não promover a transparência pública, nas áreas e itens fixados pela legislação, redundará em responsabilização

dos gestores e demais agentes públicos com o dever de publicar.

As vias de apuração e punição podem ser várias:

a)- administrativa

b)- penal

c)- civil (improbidade, ressarcimento e indenização)

As penas, igualmente, podem ser várias.Por exemplo:

a)- funcionais(advertência, suspensão, demissão)

b)- perda do mandato

c)- inelegibilidades (até 8 anos)

d)- suspensão dos direitos políticos

e)- penas privativas de direitos

f)- penas privativas da liberdade

g)- penas pecuniárias

h)- penas de prestação de serviços

i)- liberdade ou benefícios condicionais

j)- impedimento de contratar com órgãos públicos

k)- impedimento de participar de concurso público

Negar o acesso á informação, poderá resultar na responsabilização dos agentes incumbidos de presta-las, como

assevera o art. 32 da Lei de Acesso à Informação (lei federal nº 12.527/2011).

Vejamos:

“Art. 32. Constituem condutas ilícitas que ensejam responsabilidade do agente público ou militar: I - recusar-se a fornecer informação requerida nos termos desta Lei, retardar deliberadamente o seu

fornecimento ou fornecê-la intencionalmente de forma incorreta, incompleta ou imprecisa; II - utilizar indevidamente, bem como subtrair, destruir, inutilizar, desfigurar, alterar ou ocultar, total ou

parcialmente, informação que se encontre sob sua guarda ou a que tenha acesso ou conhecimento em razão do

exercício das atribuições de cargo, emprego ou função pública; III - agir com dolo ou má-fé na análise das solicitações de acesso à informação; IV - divulgar ou permitir a divulgação ou acessar ou permitir acesso indevido à informação sigilosa ou

informação pessoal; V - impor sigilo à informação para obter proveito pessoal ou de terceiro, ou para fins de ocultação de ato ilegal

cometido por si ou por outrem; VI - ocultar da revisão de autoridade superior competente informação sigilosa para beneficiar a si ou a outrem,

ou em prejuízo de terceiros; e VII - destruir ou subtrair, por qualquer meio, documentos concernentes a possíveis violações de direitos

humanos por parte de agentes do Estado. § 1o Atendido o princípio do contraditório, da ampla defesa e do devido processo legal, as condutas descritas no

caput serão consideradas: I - para fins dos regulamentos disciplinares das Forças Armadas, transgressões militares médias ou graves,

segundo os critérios neles estabelecidos, desde que não tipificadas em lei como crime ou contravenção penal; ou II - para fins do disposto na Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990, e suas alterações, infrações administrativas,

que deverão ser apenadas, no mínimo, com suspensão, segundo os critérios nela estabelecidos.

§ 2o Pelas condutas descritas no caput, poderá o militar ou agente público responder, também, por improbidade

administrativa, conforme o disposto nas Leis nos 1.079, de 10 de abril de 1950, e 8.429, de 2 de junho de 1992.”

Além das publicações nos canais de comunicação oficiais (impresso, rádio, tv, internet), vale registrar que

existem inúmeros outros meios complementares de promoção da transparência pública, como por exemplo:

a)- a capacitação dos servidores sobre a transparência

b)- o equipamento e uso da tecnologia apropriada

c)- a implantação das ouvidorias locais

d)- a disponibilização da legislação local

e)- a realização de conferências municipais

f)- a implantação de conselhos municipais de transparência

g)- a consulta pública (ouvir a opinião antes de realizar)

h)- a promoção de audiências públicas

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Curso: Como Reduzir Gastos (Módulo 2) – 8 e 9 de Outubro de 2015 /Curitiba-PR

i)- a criação do orçamento participativo

j)- a prática de pesquisas de opinião pública (como está?)

k)- o aprimoramento dos processos de apuração de denúncias

2.8 Links recomendados:

Portal do Governo Federal:

http://www.portaltransparencia.gov.br/#

Portal da controladoria Geral da União:

http://www.cgu.gov.br/PrevencaodaCorrupcao/BrasilTransparente/MapaTransparencia/index.asp

Portal do Governo Estadual do Paraná (Executivo):

http://www.portaldatransparencia.pr.gov.br/

Decreto do Governo do Paraná, para Regulamentar a Lei de Acesso à Informação:

http://www.legislacao.pr.gov.br/legislacao/listarAtosAno.do?action=exibir&codAto=93284&codItemAto=626930#6269

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Portal da Transparência da Prefeitura de Curitiba:

http://www.curitiba.pr.gov.br/leiacessoinformacao

Decreto do Executivo de Curitiba, regulamentando a Lei de Acesso à Informação:

http://www.fundacaoculturaldecuritiba.com.br/pub/file/transparencia/decreto-1135_2012.pdf

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REDUÇÃO DE GASTOS POR AÇÕES NO SETOR

FINANCEIRO

Milton Mendes Botelho

A Redução de Gastos por Ações no Setor Financeiro

Dentro da grande complexidade de uma Gestão Pública, o Setor Financeiro se torna um dos mais valiosos

instrumentos de controle, organização e planejamento, todos dos dados necessários para as mais variadas tomadas de

decisões dos administradores, dependerão da exatidão dos trabalhos executados dentro de uma técnica de gestão

financeira.

O Planejamento do fluxo de caixa proporciona a visualização das mudanças de Ativo e Passivo dentro da visão

patrimonialista que apresenta a Contabilidade Aplicada ao Setor Público nesse novo cenário, que trouxe grandes

mudanças de execução na gestão pública, através da padronização das normas internacionais. Todos os procedimentos

devem atender a Lei 4.320/64.

Controlar o gasto público não tem como objetivo cortar programas de governo, o que vai prejudicar a

população, em especial os mais pobres. Geralmente nos Municípios se aponta logo para a maior despesa do ente, que é a

folha de pagamento, sendo assim, os Secretários são os primeiros a serem chamados e é dada a ordem, "reduzem o

quadro de funcionário em 20%". Assim se instala a crise na cidade, pois haverá demissões de pessoas que necessitam

daquele salário para sustentar a sua família, que na maioria das vezes é grande. Ai o gestor é mais lembrado pelo ato de

demitir do que admitir o servidor.

Na verdade, o que ocorre é que os programas de governo nos Municípios são inseridos

no PPA sem a devida avaliação de custos, fonte de recursos, responsáveis pela execução e uma série de outras

regras que um planejamento estratégico exige, achando que o Município é uma árvore que produz dinheiro. Ai quando

não se concretiza as fontes de recursos, frustra todas as expectativas da sociedade em contar com obras que

beneficiariam as pessoas. As criticas aparecem ao passo que os contribuintes acham que pagam muito tributos e com

isso sobram recursos públicos.

A realidade é mais cruel, em especial com os Municípios pequenos, que possuem recursos escassos e problemas

demais. Desde problemas de gerenciamento ao de logística e de arrecadação. Exemplo disso que quando falta dinheiro

na União cria-se uma nova contribuição, os estados alteram alíquotas de ICMS, e os Municípios?

Outra inverdade é que contendo o gasto público estimula o crescimento da economia.É seguramente o

contrário, cortando a folha de pagamento das pequenas prefeituras, diminuirá e muito o fluxo de dinheiro circulando na

cidade, o comercio local sofrerá os efeitos imediatamente. Cortar os gastos na folha provocaria menor desenvolvimento

social local, prejudicando toda a sociedade e não apenas os beneficiários diretos das despesas.

O Pais para melhorar a arrecadação e repassar aos Municípios receitas suficientes para arcar com suas despesas

é preciso que ocorra o aumento da produtividade, a inovação, a concorrência, a flexibilidade do mercado de trabalho e a

competitividade dos exportadores no mercado externo. Para isso é preciso uma moeda forte, industria moderna em

condições de competir, portos modernos para receber e despachar mercadorias, aeroportos eficientes, estradas seguras

que não causam danos aos veículos, linha de financiamentos aceitáveis, redução de tributos sem critérios partidários e é

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Curso: Como Reduzir Gastos (Módulo 2) – 8 e 9 de Outubro de 2015 /Curitiba-PR

claro a extinção da burocracia e da corrupção. Assim podemos sonhar com mais crescimento econômico, mais renda,

menor desigualdade, mais oportunidades de trabalho e uma vida mais longa e recompensadora para sua população.

Nessa linha de entendimento, a população precisa ter consciência que os Municípios estão sem dinheiro e sem

perspectiva de melhoras para os próximos anos. Talvez a ideia de ficar disputando a Prefeitura por vaidade política não

traga a solução, melhor caminho é unir forças em busca de um pacto federativo mais justo com os Municípios e

profissionalizar a gestão pública. Sonhar sempre é possível.

Proposta de Redução de Gastos

Em tempos de crise propor redução de gastos, tais como:

Limitar empenho e movimentação financeira;

Limitar a concessão de vantagem, aumento, reajuste ou adequação de remuneração a qualquer título (ressalvados a revisão geral inciso X art. 37 da CF);

Não criação de cargo, emprego ou função;

Não alteração de estrutura de carreira que implique aumento de despesa;

Não preenchimento de cargo público, admissão ou contratação de pessoal a qualquer título (ressalvada a reposição

decorrente de aposentadoria ou falecimento de servidores das áreas de educação, saúde e segurança); Não contratação de hora extra;

Propor a redução temporária da jornada de trabalho com adequação dos vencimentos à nova carga horária;

Redução do quadro de cargos em comissão e funções gratificadas e servidores contratados sem concurso;

Propor a redução temporariamente dos subsídios mensais do Prefeito e do vice prefeito, mediante assinatura de

termo de concordância;

Propor redução dos valores pagos aos servidores efetivos para desempenho de funções gratificadas;

suspender a concessão de funções gratificadas e outras gratificações legais;

Suspender a concessão de licença para tratar de interesses particulares e licença prêmio, quando estas implicarem em

nomeações ou contratações emergenciais para substituição do servidor afastado, exceto no caso de licença por motivo

de saúde;

Propor redução de valores para realização de diárias;

Suspender a concessão de novos auxílios ajuda de custo e qualquer outro tipo de subvenções sociais;

Vetar o uso da frota de veículos municipais nos finais de semana, feriados e sua utilização após as 18:00 horas,

ressalvados os casos emergenciais e de retorno ao Município;

Determinar a contenção do consumo de energia elétrica em todas as unidades administrativas, utilizando somente a

energia estritamente necessária para a realização das atividades de rotina;

Suspender locação ou contratação de serviços de transporte para realização de viagens de qualquer natureza;

suspensão de auxílio ou a realização de eventos promovidos por quaisquer instituições, exceto aqueles já autorizados

ou previstos;

Promover o controle e racionalização da aquisição e utilização de materiais de expediente, devendo haver supressão

de até 25% (vinte e cinco por cento) sobre os contratos vigentes;

Propor a redução do fornecimento de gêneros alimentícios (café, chá, açúcar, etc.) e material de limpeza em todas as

unidades administrativas;

outras ações que comprovem a eficácia na redução de gastos.

Funções Básicas do Setor Financeiro - Tesouraria

Sabemos que o setor de tesouraria é detentor de informações financeiras de todas as secretarias municipais. Tal

complexidade e abrangência exigem um grau de organização e controle muito grande. Para isso, é necessária a

integração entre Tesouraria – Contabilidade – Arrecadação e Tributação.

Todos os procedimentos de registros devem ser executados diariamente pelos membros da equipe: liquidações,

pagamentos, transferências, aplicações, resgates, contabilização e baixa das tarifas bancárias, conciliação bancária

(razão X extrato bancário), contabilização da conta restituível, acompanhamento das aplicações financeiras,

contabilização das receitas sobre aplicações. Outras atribuições da Área Financeira e Tesouraria:

Conciliação Bancária;

Arquivamento de documentos e esclarecimentos relacionados à convênios e Transferências;

Elaboração do Boletim Diário de Caixa;

Controle do Movimento das Contas Bancárias;

Assinatura de Cheques, ordens de transferências bancárias e recolher as assinaturas;

Depósitos, transferências, investimentos, tendo em atenção a rentabilidade;

Identificação de débitos e créditos;

Conferência e fechamento diário do caixa;

Aplicações financeiras e resgates;

Informações a fornecedores sobre depósitos e pagamentos.

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Curso: Como Reduzir Gastos (Módulo 2) – 8 e 9 de Outubro de 2015 /Curitiba-PR

Basicamente, os servidores envolvidos no setor de Tesouraria irão desenvolver trabalhos de controle de

recebimentos, pagamentos a fornecedores, operações bancárias, disponibilidades financeiras, etc.

Hoje, dentro do setor público, para atender todas as normas legais, o modelo ideal de tesouraria deve adotar

instrumentos de controle de suas rotinas, como um ‗ planejamento de tesouraria‘, o que permite projetar

temporalmente todas as receitas e despesas de todas as fontes de recurso, visualizando e separando por secretaria as

despesas fixas e o vencimento dos contratos a serem cumpridos.

Visualizando a estrutura geral de uma tesouraria temos o seguinte:

Tesouraria

A Tesouraria é a unidade administrativa responsável pelo gerenciamento financeiro do município e observação

aos limites das despesas estabelecidas no cronograma mensal de desembolso e a vinculação da fonte de recursos e os

valores consignados na Lei Orçamentária Anual – LOA. Dentre as atividades e rotinas a serem desenvolvidas na

Tesouraria, estão:

manter escrituração diária do livro de tesouraria eletronicamente com fechamento de saldos;

escriturar os livros de contas correntes eletronicamente;

emitir eletronicamente o boletim diário de caixa;

emitir cheques assinados por, no mínimo, duas pessoas;

realizar a movimentação financeira somente em bancos oficiais, ou em outras instituições devidamente autorizados;

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Curso: Como Reduzir Gastos (Módulo 2) – 8 e 9 de Outubro de 2015 /Curitiba-PR

manter a guarda do token, cartões de assinaturas digitais e talões de cheques em lugar seguro e proteção para senhas

bancárias;

manter o acesso restrito às dependências da Tesouraria;

autorizar pagamentos somente mediante nota de empenho, depois de obedecidas todas as suas fases em sistema

integrado;

não receber nas dependências da Tesouraria valores e dinheiro referentes a impostos, taxas, contribuições, verbas e

depósitos, devendo ser feito estritamente em instituições bancárias;

manter contas específicas para recursos oriundos de convênios, alienação de bens, fundos e outros recursos com

finalidade especifica e fonte de recursos, conforme regulamento do Tribunal de Contas;

aprovar processos de pagamentos, agendar pagamentos programados, manter controle de pagamentos obrigatórios

por força de decisão judicial, precatórios e processos administrativos;

O Planejamento como Ferramenta Estratégia

Utilizar-se de planejamento financeiro, acompanhando e comparando com a execução do orçamento é

fundamental dentro da tesouraria. O responsável, deve repassar a sua equipe a importância de se trabalhar com o PPA, a

LDO e a LOA em mãos, mais precisamente a LOA e o Cronograma de desembolso, que trará todos os valores

orçamentários e financeiros disponível a ser executado dentro do exercício financeiro. Repassando às demais secretarias

o comportamento das receitas, para que seja possível a aplicação correta das despesas fixadas na LOA, observando o

equilíbrio financeiro que a Lei 4.320/64 trata:

Disponibilidades Financeiras - Caixa

Cabe ao Tesoureiro do a execução da gestão das disponibilidades financeiras, onde entrará todo o planejamento

e controle das contas a pagar observando suas fontes de recurso. A gestão do fluxo de caixa está intimamente

relacionada com o modo pelo qual a entidades efetua o gerenciamento de entrada e de saída de seus recursos,

constituindo-se, assim, em um importante instrumento de apoio à tomada de decisões, especialmente em relação à

disponibilidade para pagamentos.

Em termos financeiros, "caixa" são todos os valores monetários e outras fontes imediatamente disponíveis à

administração da entidade para a aquisição de novos ativos e a redução de seus passivos.

É vedada a utilização do saldo de uma fonte de recurso vinculada para efetuar o pagamento de determinada

despesa pertencente a outra fonte. Respeitar a fonte indicada na nota de empenho é regra, não havendo disponibilidade

financeira na fonte indicada, deve-se aguardar a entrada de receita para que se possa efetuar o pagamento.

Diferenças em fontes de recursos, resultantes de má gestão de caixa trás várias conseqüências e complicações

nas posteriores prestações de contas, e atualmente são regras de validação constante no SIM AM – (Sistema de

Informação Municipal – Acompanhamento Mensal). Todas as diferenças entre fontes, deverão ser ajustadas dentro do

próprio mês, não sendo mais possível a sua regularização apenas no final do exercício, pois as validações de fontes sãos

mensais.

O Tribunal de Contas implantou desde o ano de 2014 o PROAR – Programa de Acompanhamento remoto, que

através do envio dos arquivos, será possível em tempo real o acompanhamento e validação das informações

encaminhadas ao TCE através do SIM AM – módulo Tesouraria. Dentro da Gestão de Caixa, se tornar evidente o

registro tempestivo de todas as receitas do município, só assim é possível ter o saldo real de cada fonte vinculada, assim

como também o saldo da fonte livre (000).

É responsabilidade da tesouraria, fazer o estudo do comportamento da receita, verificando as entradas efetuadas

no exercício anterior, como a atual realização. Verificando o comportamento negativo por dois meses seguidos, deve-se

informar o Secretário para que seja efetuada a redução das cotas mensais disponível para as demais secretarias. Esta

situação esta prevista na Lei 4.320/64 em observância com a Lei de Responsabilidade Fiscal.

Observar as aplicações financeiras e o tipo de aplicação executada também é função atribuída ao tesoureiro do

município, todas as contas bancárias podem e devem ter aplicações financeiras, a mais indicada pelo TCE é a poupança,

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Curso: Como Reduzir Gastos (Módulo 2) – 8 e 9 de Outubro de 2015 /Curitiba-PR

que trás um risco mínimo, pois é vedada perdas de valores financeiros em administração pública (item de reprovação de

contas).

Segue em anexo modelo para realização do estudo do comportamento das receitas.

Fontes de Recurso - Finalidade:

Evidenciação das fontes de financiamento das despesas;

Evidenciação de vinculações

Transparência do gasto público.

Lei Complementar 101/2000

Art. 8º.(...).

........... Parágrafo único. Os recursos legalmente vinculados a finalidade específica serão utilizados

exclusivamente para atender ao objeto de sua vinculação, ainda que em exercício diverso daquele em que

ocorrer o ingresso. ...............

Art. 50. Além de obedecer às demais normas de contabilidade pública, a escrituração das contas públicas observará as seguintes:

I – a disponibilidade de caixa constará de registro próprio, de modo que os recursos vinculados a órgão, fundo ou despesa obrigatória fiquem identificados e escriturados de forma individualizada;”

Fluxos de Pagamentos:

Cabe a tesouraria, sendo o filtro final de todos os procedimentos, conhecer todas as fases da receita de despesa,

caso observe falha em algum tramites necessários, deve obrigatoriamente vedar o pagamento até que haja a completa

regularização da despesa.

Cronograma Mensal de Desembolso

Lei Federal nº. 4.320/64

Art. 6º. Todas as receitas e despesas constarão da Lei de Orçamento pelos seus totais, vedadas quaisquer

deduções.

§ 1º. As cotas de receitas que uma entidade pública deva transferir a outra incluir-se-ão, como despesa,

no orçamento da entidade obrigada à transferência e, como receita, no orçamento da que as deva receber.

§ 2º. Para cumprimento do disposto no parágrafo anterior, o cálculo das cotas terá por base os dados apurados no balanço do exercício anterior àquele em que se elaborar a proposta orçamentária do

Governo obrigado à transferência.

Art. 47. Imediatamente após a promulgação da Lei de Orçamento e com base nos limites nela fixados, o poder executivo aprovará um quadro de cotas trimestrais da despesa que cada unidade orçamentária fica

autorizada a utilizar. Art. 48. A fixação das cotas a que se refere o artigo anterior atenderá aos seguintes objetivos:

a) assegurar às unidades orçamentárias, em tempo útil, a soma de recursos necessários e suficientes a

melhor execução do seu programa anual de trabalho; b) manter, durante o exercício, na medida do possível o equilíbrio entre a receita arrecadada e a despesa

realizada, de modo a reduzir ao mínimo eventuais insuficiências de tesouraria.

Lei Complementar Nº. 101/00

Art. 8o. até trinta dias após a publicação dos orçamentos, nos termos em que dispuser a lei de diretrizes

orçamentárias ... o poder executivo estabelecerá a programação financeira e o cronograma de execução mensal de desembolso.

Parágrafo único. os recursos legalmente vinculados a finalidade específica serão utilizados

exclusivamente para atender ao objeto de sua vinculação, ainda que em exercício diverso daquele em que ocorrer o ingresso.

A programação financeira e o cronograma de desembolso são as formas de controle mais eficazes a disposição

dá área financeira. é garantia de equilíbrio financeiro e atendimento às exigências da lei complementar nº. 101/00,

permitindo uma avaliação mensal das cotas definidas e publicadas, conforme determina o art. 8º da citada Lei.

O valor constante do cronograma deverá levar em consideração as despesas fixas (pessoal, combustíveis,

assessoria, energia elétrica, repasse ao Legislativo) e as demais despesas que devem ser realizadas em consequência de

licitações de obras e serviços, obedecendo ao cronograma proposto no orçamento.

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Curso: Como Reduzir Gastos (Módulo 2) – 8 e 9 de Outubro de 2015 /Curitiba-PR

Receita Pública:

São todos os ingressos de caráter não devolutivo auferidas pelo poder público para alocação e cobertura das

despesas públicas. Desta forma todo o ingresso orçamentário constitui uma receita pública, pois tem como finalidade

atender às despesas públicas.

Previsão da Receita Pública:

Lei Federal nº. 4320/64

Artigo 30 - A estimativa da receita terá por base as demonstrações a que se refere o artigo anterior, a

arrecadação dos três últimos exercícios, pelo menos, bem como as circunstâncias de ordem conjuntural e outras que possam afetar a produtividade de cada fonte de receita.

Artigo 31 - As propostas orçamentárias parciais serão revistas e coordenadas na proposta geral, considerando-se a receita estimada e as novas circunstâncias.

Lei 4.320/64 Regulamenta os ingressos em dois grupos

1 - Orçamentária

• Receitas pertencentes ao ente público, arrecadadas para aplicação em programas e ações governamentais

2 - Extra-Orçamentária

• São pertencentes a terceiros arrecadados pelo ente público para fazer face a exigências contratuais pactuadas para

posterior devolução – têm caráter provisório

Como entender a classificação das receitas:

Classificação da Receita Orçamentária por Natureza

O § 1º do art. 8º da Lei nº 4.320/1964 define que os itens da discriminação da receita, mencionados no art. 11

dessa lei, serão identificados por números de código decimal. Convencionou-se denominar este código de natureza de

receita. A fim de possibilitar identificação detalhada dos recursos que ingressam nos cofres públicos, esta classificação é

formada por um código numérico que subdivide-se em seis níveis:

Receitas Correntes

Conforme a lei 4.320/64 Art.11 § 1º Receitas Correntes são Receitas Correntes as receitas tributárias, de

contribuições, patrimonial, agropecuária, industrial, de serviços e outras e, ainda, as provenientes de recursos financeiros

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recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, quando destinadas a atender despesas classificáveis em

Despesas Correntes.

Receita tributária — é a proveniente de impostos, taxas e contribuições de melhorias;

Receita de Contribuições — é a proveniente das seguintes contribuições sociais(previdência social, saúde e

assistência social), de intervenção domínio econômico(tarifas de telecomunicações) e de interesse das categorias

profissionais ou econômicas(órgãos representativos de categorias de profissionais), como instrumentos de intervenção

nas respectivas áreas;

Receita patrimonial — rendas obtidas pelo Estado quando este aplica recursos em inversões financeiras, ou as

rendas provenientes de bens de propriedade do Estado, tais como aluguéis;

Receita agropecuária — é a proveniente da exploração de atividades agropecuárias de origem vegetal ou

animal;

Receita de serviços — é a proveniente de atividades caracterizadas pelas prestações de serviços financeiros,

transporte, saúde, comunicação, portuário, armazenagem, de inspeção e fiscalização, judiciário, processamento de

dados, vendas de mercadorias e produtos inerentes a atividades da entidade entre outros;

Receita industrial — resultante da ação direta do Estado em atividades comerciais, industriais ou agropecuárias;

Transferências correntes — recursos financeiros recebidos de outras entidades públicas ou privadas e que se

destinam a cobrir despesas correntes;

Outras receitas correntes — provenientes de multas, cobrança da dívida ativa, indenizações e outras receitas de

classificação específica.

Estágios ou Etapas da Receita Orçamentária

Publicada a Lei Orçamentária Anual e observadas as normas de execução orçamentária e de programação

financeira do exercício, as unidades orçamentárias estarão em condições de utilizar seus créditos (dotações

orçamentárias), tendo em vista a realização ou a execução da despesa. A despesa pública é executada pelos estágios:

fixação, licitação, empenho, liquidação e pagamento.

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Fixação:

É a programação dos gastos mensais que cada órgão vinculado ao órgão gerenciador da despesa poderá dispor.

Esta programação está intimamente relacionada com as flutuações da arrecadação durante o exercício

financeiro.Subdivide-se em: Cronograma de desencaixes fixos; Projeção do comportamento da receita; Decreto

normativo. Esse estágio consiste na estimativa da despesa e conversão das estimativas em orçamento.

Licitação:

É o procedimento administrativo que tem por objetivo verificar, entre os habilitados, quem oferece condições

mais vantajosas nas propostas apresentadas para a aquisição de bens ou serviços.

Empenho:

Segundo o art. 58 da Lei nº 4.320/1964, é o ato emanado de autoridade competente que cria para o Estado

obrigação de pagamento pendente ou não de implemento de condição. Consiste na reserva de dotação orçamentária para

um fim específico.

Podem ser classificados em:

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Curso: Como Reduzir Gastos (Módulo 2) – 8 e 9 de Outubro de 2015 /Curitiba-PR

Liquidação:

Conforme previsto no art. 63 da Lei Federal nº. 4.320/64, a liquidação consiste na verificação do direito

adquirido pelo credor tendo por base os títulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito e tem como

objetivos: apurar a origem e o objeto do que se deve pagar; a importância exata a pagar; e a quem se deve pagar a

importância, para extinguir a obrigação.

A liquidação das despesas com fornecimento ou com serviços prestados terão por base: o contrato, ajuste ou

acordo respectivo; a nota de empenho; e os comprovantes da entrega de material ou da prestação efetiva do serviço.

Pagamento:

“A ordem de pagamento é o despacho exarado por autoridade competente, determinando que a despesa seja paga”.

(art. 64 da Lei nº 4.320/64)

O pagamento consiste na entrega de numerário ao credor e só pode ser efetuado após a regular liquidação da

despesa.

A Lei Federal nº. 4.320/64 em seu art. 64, define ordem de pagamento como sendo o despacho exarado por

autoridade competente, determinando que a despesa liquidada seja paga.

Considerando a descrição das etapas acima, combinada com o art. 63 da Lei nº 4.320/1964, teremos o

pagamento da despesa somente após a sua liquidação, ou seja, somente após verificada: (i) a origem e o objeto do que se

deve pagar; (ii) a importância exata a pagar;e (iii) a quem se deve pagar a importância, para extinguir a obrigação.

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Consignações e Descontos

As consignações são os descontos mensais realizados sobre os valores percebidos mensalmente pelos

Servidores a título de vencimentos, salários, soldos, proventos e nas pensões.

Considera-Se:

1. Consignatária: a entidade credenciada, destinatária dos créditos resultantes das consignações;

2. Consignante: a Administração Direta e Autárquica, que figura como depositária dos valores consignados;

3. Consignado: o servidor civil militar, ativo, inativo ou reformado e o pensionista, da administração direta e autárquica;

São considerados descontos obrigatórios:

contribuição previdenciária relativa ao Regime Geral de Previdência Social ou Regime Próprio de Previdência;

imposto de renda;

custeio de benefícios e auxílios concedidos pela administração direta e autárquica;

Valores decorrentes de mandado judicial ou por força de lei;

contribuição para previdência complementar conforme o caso;

compromisso originário de convênio firmado com órgão público;

reposição, restituição e indenização ao erário;

Outras retenções legais.

contribuição para plano de seguro em geral e plano de saúde ou odontológico;

despesa hospitalar e aquisição de medicamento, conforme convênio;

contribuição para plano de assistência funeral e plano de previdência privada;

contribuição e/ou mensalidade estatutária de entidade consignatária;

prestação de serviços de assistência jurídica, social e recreativa;

quota parte de sociedade cooperativa de consumo, formada por servidores da administração direta e autárquica;

aquisição de gênero alimentício e mercadoria de primeira necessidade efetuada em cooperativa de consumo;

quota parte de cooperativa de crédito, formada por servidores públicos da administração direta e autárquica;

empréstimo pessoal obtido junto à cooperativa de crédito;

empréstimo e financiamento junto à instituição bancária.

Restos a Pagar:

Art. 36. da Lei 4.320/64, consideram-se Restos a Pagar as despesas empenhadas mas não pagas até o dia 31 de

dezembro, distinguindo-se as processadas das não processadas. Os empenhos que correm à conta de créditos com

vigência plurianual, que não tenham sido liquidados, só serão computados como Restos a Pagar no último ano de

vigência do crédito.

O parágrafo único do mesmo artigo dia que "os empenhos que correm à conta de créditos com vigência

plurianual, que não tenham sido liquidados, só serão computados como Restos a Pagar no último ano de vigência do crédito". O caput do dispositivo encerra as seguintes idéias, a nosso ver, bem claras, quais sejam:

o que sejam Restos a Pagar;

a composição dos Restos a Pagar;

a distinção entre as despesas empenhadas em grupos de processadas e não processadas.

A partir do entendimento destes grupos é que se apropriam as despesas efetivas como consumo de ativos na

prestação de serviços ou produção de bens. Desta forma, somente devem ser reconhecidas no exercício, como consumo

efetivo de ativos, aquelas despesas que retratam a execução plena de um contrato, de um convênio ou de uma lei, cujo

procedimento caracteriza a aplicação do regime de competência no seu reconhecimento pela contabilidade patrimonial.

Note-se, contudo, que, por muito tempo, pensou-se sempre haver duas categorias de Restos a Pagar: aqueles

resultantes da despesa processada, isto é, que já estavam em fase de pagamento quando se esgotou o exercício

financeiro; aqueles oriundos de despesas simplesmente empenhadas, mas cujo processo de pagamento não se tinha

ultimado. Em realidade um grande equívoco de interpretação do dispositivo ora em comento.

A despesa empenhada será diferenciada nos seguintes momentos:

1. naquele em que o empenho é feito sobre a dotação fixada para a despesa e que se revela apenas como uma provisão

orçamentária, conforme o art. 35, II, da Lei 4320/64, para dar início ao cumprimento de um contrato, de um convênio ou

mesmo de uma lei. Neste caso, diz-se que é despesa empenhada não processada ou a processar;

2. naquele em que se verifica que o implemento de condição, resultante da execução do contrato ou do convênio, ou

mesmo da lei, foi ou não cumprido.

Quando a verificação constata o cumprimento do implemento de condição, como expresso no art. 60 da Lei nº

4320/64, diz-se então que a despesa empenhada está liquidada, processada ou pronta para o pagamento. É inscrita pela

Contabilidade como Obrigações a Pagar do Exercício. Neste caso, quando o pagamento não é efetivado durante o

período em que se originou ou até o dia 31/12, neste dia, o credor, terá o seu crédito, líquido e certo, inscrito

efetivamente como Restos a Pagar.

Os Restos a Pagar devem, entretanto, distinguir-se do Serviço da Dívida a Pagar, pois este refere-se a despesas

financeiras com juros e amortizações empenhadas e não pagas, enquanto aqueles referem-se a despesas administrativas

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Curso: Como Reduzir Gastos (Módulo 2) – 8 e 9 de Outubro de 2015 /Curitiba-PR

com pessoal, material de consumo e outras. Deve-se, contudo, esclarecer que a Contabilidade registrará nas chamadas

Contas de Compensação a execução orçamentária da receita e da despesa, a fim de se evitar que no Passivo da entidade,

no que respeita às despesas, sejam registrados os empenhos de contratos e de convênios que não se processaram

efetivamente, ou cujas obrigações não foram reconhecidas efetivamente como tais.

Muitos balanços, como conseqüência de procedimentos errôneos em relação ao mencionado art. 36, têm

apresentado no Passivo a conta Restos a Pagar Não Processados, que indica que os respectivos fatos geradores das

obrigações e, conseqüentemente, das respectivas contrapartidas, não se efetivaram no exercício.

Este procedimento prejudica a informação sobre a situação econômico-financeira da entidade, a qual não é

evidenciada corretamente pela Contabilidade, posto que apresenta dívidas que ainda não foram ratificadas pela

Administração, conquanto elas possam vir a se concretizar. Daí a necessidade do saldo de caixa, que passa para o

período seguinte, ser demonstrado com esta afetação.

Assim, em razão do mencionado procedimento, vários resultados, tais como o financeiro, o primário, o

nominal, o econômico e a situação líquida patrimonial, sofrem conseqüências danosas, o que nos leva a recomendar a

extinção da conta Restos a Pagar Não Processados, porque, em realidade, estes não existem. O que existe são contratos e

convênios, de vigências plurianuais, em franca execução, cujo reconhecimento das obrigações dependerá do

cumprimento de alguma exigência no período seguinte, ao qual, portanto, a despesa efetiva pertencerá.

O art. 57, I e II, da Lei Federal nº 8.666/1993, com as modificações que lhe foram introduzidas, dispõe sobre a

vigência dos contratos, que ficará adstrita à dos créditos orçamentários, exceto quanto aos referentes:

aos projetos cujos produtos estejam contemplados nas metas estabelecidas no plano plurianual, os quais poderão ser

prorrogados se houver interesse da Administração e desde que isso tenha sido previsto no ato convocatório;

à prestação de serviços a serem executados de forma contínua, que poderão ter a sua duração prorrogada por iguais e

sucessivos períodos, desde que não ultrapassem 60 (sessenta) meses, com vistas à obtenção de preços e condições mais

vantajosas para a Administração.

Este artigo deve ser estudado conjuntamente com o parágrafo único do art. 36 da Lei nº 4320/64, que trata da

vigência do crédito plurianual. Em realidade, o que o dispositivo procura esclarecer tem relação com as despesas

contratuais ou conveniadas de execução plurianual, inclusive as resultantes de contratos de adesão.

Assim, os empenhos que correm à conta de créditos de vigência plurianual e que se refiram aos contratos e/ou

convênios de execução plurianual devem ter o mesmo tratamento dos créditos de vigência anual, ou seja, o ato de

empenhar é apenas uma provisão orçamentária e, quando não processado, deve ser inscrito em Despesas

Contratuais/Conveniadas em Execução nas Contas de Compensação.

Uma vez processados, são inscritos em Restos a Pagar como provisão financeira no Passivo para compromissos a

pagar. Parece-nos, entretanto, que a interpretação do inciso II, do art. 35 da Lei 4.320/64, é que tem levado a conclusões

equivocadas com relação ao reconhecimento da despesa na sua efetividade, quando o dispositivo trata de reconhecer

apenas o volume de empenhos feitos no exercício, o que nos leva a concluir que a competência é orçamentária, sem

consequências patrimoniais, conquanto possa existir uma expectativa de tais repercussões em torno dessas operações.

O reconhecimento da despesa pela sua realização, conforme o art. 60 da mencionada lei nº 4320/64, aqui como

contrapartida de obrigações a pagar ou de caixa, é feito pelo seu fato gerador e este pode ocorrer em qualquer período,

inclusive naquele em que o empenho se originou. Neste caso, o processo é denominado de competência financeira, e

tem consequências patrimoniais. por fim, a Lei de Responsabilidade Fiscal, Inciso II do art. 59, menciona a

responsabilidade do Controle Interno em atestar os limites e condições para inscrição em restos a pagar.

Art. 59. (...)

II - limites e condições para realização de operações de crédito e inscrição em restos a pagar

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MODELO DE DECRETO MUNICIPAL N° ____, de __ de _________ de 2015.

DISPÕE SOBRE PROVIDENCIAS PARA A REDUÇÃO DE

GASTOS PARA O ENCERRAMENTO DO EXERCÍCIO

FINANCEIRO DE 2015 E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS.

O Prefeito do Município de ___________________, no exercício da suas atribuição que lhe confere a Lei Orgânica do

Município, considerando a necessidade de assegurar o equilíbrio orçamentário e financeiro na execução da Lei

Orçamentária de 2015 e criar condições indispensáveis para o encerramento do exercício financeiro de 2015, visando a

atender o disposto no art. 9° da Lei Complementar n° 101, de 05 de maio de 200 – Lei de Responsabilidade Fiscal.

Considerando o resultado negativo da crise econômica incidente sobre a receita do Município;

Considerando a necessidade de adequação do Município às previsões das metas fiscais previstas na Lei de Diretrizes

Orçamentárias garantindo o cumprimento do equilíbrio orçamentário-financeiro, definido na Lei Complementar

nº.101/00;

Considerando a necessidade de evitar atraso na folha de pagamento dos servidores municipais e a obrigatoriedade de

manutenção dos serviços básicos prestados pelo ente municipal;

Considerando a queda de receita do Município, decorrente da redução dos repasses do FPM e por fim, a necessidade de

se aplicar com rigor medidas que venham a favorecer o controle de aplicação dos recursos financeiros do Município,

adequando-se aos rigores da Lei de Responsabilidade Fiscal;

DECRETA:

Capítulo I

Programação de Gastos

Art. 1°. Para o encerramento financeiro de 2015, o Poder Executivo Municipal observará as disposições de caráter

financeiro e orçamentário contidas neste decreto.

Art. 2°. Para fins de encerramento do exercício financeiro de 2015 e com vistas à programação do resultado fiscal

esperado fica definida a data de 20 de dezembro de 2015, como limite para o empenho de todas as despesas,

excetuando-se:

I – despesas com pessoal;

II – dívida pública;

III – limites constitucionais;

IV - despesas provenientes de contratação de prestação de serviços continuados de competência do 4° trimestre de 2015,

desde que aprovadas, observando o estabelecido nesse Decreto.

Parágrafo único. Os órgãos e entidades da Administração Pública Municipal deverão encaminhar a Secretaria

Municipal de Finanças, até o dia 26 de setembro de 2015, o levantamento das despesas a que se refere o inciso IV do

caput deste artigo, conforme tabela constante do Anexo I deste Decreto, para a devida liberação de empenho.

Art. 3°. As unidades da Administração direta deverão reavaliar, até o dia 21 de novembro de 2015, todas suas despesas

provenientes de contratação de prestação de serviços continuados objetivando o empenhamento e se é possível assumir

outros compromissos até o encerramento de 2015.

Parágrafo único. Os Secretários Municipais deverão providenciar informações preliminares e Termo de Referência

para solicitação de Licitações indispensáveis para o exercício financeiro de 2016 a partir de 08 de dezembro para

agilizar os serviços da Comissão Permanente de Licitação – CPL.

Art. 4°. As despesas de que trata o inciso IV do art. 2° deste Decreto, deverão ser encaminhadas ao Setor de Compras

até o dia 20 de dezembro de 2015, na forma da programação orçamentária.

Art. 5°. A área de compras, com apoio da Secretaria Municipal de Administração, deverá providenciar a Nota de

Autorização de Empenho via sistema ou providenciar o bloqueio de recursos orçamentários.

Art. 6. A Secretaria de Administração deverá observar a provisão orçamentária do 4° trimestre de 2015, sendo de sua

inteira responsabilidade o bloqueio de recursos orçamentários.

At. 7°. As unidades administrativas do Poder Executivo Municipal deverão, observando o limite da provisão

orçamentária do 4° trimestre de 2015, solicitar a liberação do empenho das despesas relacionadas à Secretaria Municipal

Administração.

§ 1°. A Secretaria Municipal de Administração liberará prioritariamente empenhos de despesas com pessoal, dívida

pública, limites constitucionais, tributos, precatórios, serviço de utilidade pública e com fonte de recursos vinculados e

de receitas próprias das entidades que compõem o orçamento fiscal do Município.

§ 2°. Os empenhos distintos dos mencionados no § 1° deste artigo serão avaliados individualmente pela Secretaria

Municipal de Administração.

Art. 8º. As despesas autorizadas através de créditos adicionais especiais e suplementares poderão ser processadas com

respectiva liberação de empenhos pelo Serviço de Contabilidade.

Art. 9°. As Unidades da Administração Pública Municipal deverão contingenciar as despesas identificadas como

prorrogáveis.

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Curso: Como Reduzir Gastos (Módulo 2) – 8 e 9 de Outubro de 2015 /Curitiba-PR

Art. 10. Cada Secretaria deverá apresentar relatório de cortes de gastos, evidenciando as despesas referentes à prestação

de serviços continuados e despesas de caráter emergencial que não poderão ser reduzidas.

Art. 11. Ficam revogadas todas as autorizações de compras emitidas e não concretizadas até 20 de dezembro de 2015

que não tiverem seus instrumentos jurídicos assinados e publicados.

§ 1º. Excetuam-se a regra estabelecida no caput deste artigo:

I – autorização cujo valor total não ultrapasse o limite de R$ 1.000,00 (um mil reais);

II – autorização exclusiva para abertura de processo licitatório;

III – autorização de nomeação de servidor.

§ 2°. Os pleitos revogados de que trata o caput deste artigo poderão ser reencaminhadas ao Prefeito para que possa

decidir sobre a continuidade do processo de compra.

Art. 12. Para o encerramento do exercício financeiro de 2015, ficam definidas as datas-limite constantes no Anexo II

deste Decreto.

Parágrafo único. A perda dos prazos previstos no Anexo II deste Decreto implicará na responsabilidade do servidor

encarregado da informação, do responsável pelo controle financeiro, ensejando apuração de ordem funcional nos termos

da legislação vigente.

Art. 13. A execução orçamentária da despesa deverá observar o princípio da anualidade do orçamento, o regime de

competência e, no que que couber, o fato gerador da despesa.

Art. 14. Os Restos a Pagar não processados – RNP – de exercícios anteriores até a data de publicação de Decreto

deverão ser analisados pela Controladoria Geral do Município, visando o cancelamento ainda nesse exercício, quando

aplicável.

Parágrafo único. Excetuam-se das disposições contidas no caput deste artigo as despesas de caráter constitucional.

Art. 15. As despesas orçamentárias legalmente contratadas, empenhadas e não pagas ate 31 de dezembro de 2015 serão

inscritas em Restos a Pagar não Processados – RPNP, nos termos do disposto no art. 36 da Lei Federal n°. 4.320, de 17

de março de 1964, mediante parecer da Controladoria Geral do Município nos termos do inciso II do art. 59 da Lei

Complementar nº. 101, de 04 de maio de 2000.

§ 1°. Para fins do disposto no caput deste artigo, consideram-se:

I – Restos a Pagar não Processados – RPNP, as despesas que completaram o estágio da liquidação e que se encontram

prontas para pagamentos;

II - Restos a Pagar não Processados – RPNP, as despesas que concluíram o estágio do empenho e que se encontram, em

31 de dezembro de 2015, pendentes de liquidação e pagamento.

§ 2º. Para fins da inscrição de que trata o caput deste artigo, o Serviço de Contabilidade deverá proceder a certificação

dos saldos a serem inscritos em Restos a Pagar, promovendo o cancelamento dos insubsistentes.

§ 3º. Os saldos de empenhos insubsistentes não liquidados até 31 de dezembro de 2015 deverão ser cancelados pela área

Contábil por ocasião do encerramento do presente exercício financeiro.

Art. 16. Os bens e valores públicos existentes em Tesouraria, no último dia do exercício, serão inventariados por

comissão especialmente designada pelo Prefeito.

Capítulo II

Redução de Despesas

Art. 17. A movimentação e o empenho de dotações orçamentárias do Poder Executivo Municipal, constantes da Lei

Orçamentária Anual, ficam limitados aos percentuais respectivos de 80% (oitenta por cento) sobre os valores

atualizados constantes no orçamento vigente: (esses percentuais são previstos na LDO, portanto, deve ser consultada)

Parágrafo único. Excluem-se do disposto no caput deste artigo as dotações:

i – relativas aos grupos de despesa:

a) pessoal e encargos sociais;

b) juros e encargos da dívida;

c) amortização da dívida;

II – destinadas às despesas constantes da programação orçamentária de caráter continuado e obrigatório, relativas à

execução de serviços permanentes da Administração.

Art. 18. Ficam vedados os empenhos e pagamentos que ultrapassarem o limite estabelecido no presente Decreto.

Art. 19. Os créditos suplementares e especiais que vierem a ser abertos neste exercício terão sua execução condicionada

aos limites fixados à conta das fontes de recursos correspondentes.

Art. 20. O limite imposto pelo art. 17 deste Decreto, somente poderá ser ultrapassado por expressa determinação do

Chefe do Poder Executivo.

Art. 21. Ficam ainda estabelecidas as seguintes medidas administrativas e de restrições orçamentárias para o efetivo

controle da despesa pública:

I – revisão do quadro de cargos em comissão e funções gratificadas e servidores contratados sem concurso;

II – ficam reduzidos temporariamente em 15% (quinze por cento) os subsídios mensais do Prefeito e do vice prefeito,

mediante assinatura de termo de concordância;

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III – ficam reduzidos temporariamente em 15% (quinze por cento) das comissões dos servidores efetivos que recebem

cargos comissionados e 15% (quinze por cento) dos vencimentos dos servidores ocupantes estritamente de cargos

comissionados que recebem acima de R$ 1.300,00 (mil e trezentos reais), e em 12% (doze por cento) os vencimentos

dos servidores que possuem cargos comissionados e recebem entre R$ 900,00 (novecentos reais) e R$ 1.300,00 (mil e

trezentos reais); (acho muito polêmico e deve ser tratado com muito cuidado) IV – ficam reduzidos em 20% (vinte por cento) os valores pagos aos servidores efetivos para desempenho de funções

gratificadas;

V – ficam suspensos em caráter temporário:

a) concessão de funções gratificadas e outras gratificações legais;

b) gratificação de permanência em serviço concedida aos servidores que implementarem o direito à aposentadoria;

c) concessão de licença para tratar de interesses particulares e licença prêmio, quando estas implicarem em nomeações

ou contratações emergenciais para substituição do servidor afastado, exceto no caso de licença por motivo de saúde;

d) nomeação de servidores efetivos e em comissão, contratações ou renovações de contratos temporários, convocações

para regime especial, ressalvadas as situações de realocação de pessoal e de necessidade excepcional prévia e

devidamente justificada;

e) o repasse para cada secretaria de valores para realização de diárias sofrerá redução em 50% (cinquenta por cento) do

valor estabelecido;

f) concessão de novos auxílios ajuda de custo e qualquer outro tipo de subvenções sociais da rede estadual ou municipal;

VI – fica proibida a realização de serviço extraordinário sem autorização prévia do Chefe do Executivo;

IV – vedação de uso da frota de veículos municipais nos finais de semana e dias considerados feriados nacionais ou

municipais, bem como a sua utilização após as 18:00 horas, ressalvados os casos emergenciais e de retorno ao

Município;

VII – racionalização do uso da frota de veículos em todos os setores da Administração Municipal;

VIII – contenção do consumo de energia elétrica em todas as unidades administrativas, utilizando somente a energia

estritamente necessária para a realização das atividades de rotina;

IX – fica vedada a cessão, locação ou contratação de serviços de transporte para realização de viagens de qualquer

natureza, em atividades da municipalidade ou de instituições não governamentais, ressalvados os casos determinados ou

autorizados por Lei ou avençados em Convênio, ressalvados apenas nos casos expressamente autorizados pela Chefe do

Poder Executivo.

X – suspensão de auxílio para realização de eventos promovidos por quaisquer instituições, exceto aqueles já

autorizados ou previstos;

XI – controle e racionalização da aquisição e utilização de materiais de expediente, devendo haver supressão de até 25%

(vinte e cinco por cento) sobre os contratos vigentes;

XII – redução dos contratos de prestação de serviços, àqueles em que há a possibilidade de supressão do objeto, exceto

dos recursos vinculados, até o limite de 25% (vinte e cinco por cento) e, acordo com os contratados para redução

temporária dos valores contratados;

XIII – controle rigoroso do uso de linhas telefônicas, ficando vedada a realização de ligações particulares, exceto em

casos urgentes, autorizados pelos Secretários Municipais;

XIV – redução do fornecimento de gêneros alimentícios (café, chá, açúcar, etc.) e material de limpeza em todas as

unidades administrativas;

Art. 22. Fica expressamente determinado aos Secretários Municipais a estrita observação e cumprimento das

disposições contidas no presente Decreto, ficando a seu cargo a adoção de medidas necessárias à sua implementação.

Parágrafo único. Ficará sob a responsabilidade dos Secretários Municipais a prática ou autorização de ato ou despesa

em desacordo com o estabelecido neste Decreto.

Art. 23. Fica determinado o horário de funcionamento da sede administrativa do Poder Executivo de 8:00 às 12:00.

Art. 24. Cada secretaria ficará responsável pelo acompanhamento e verificação quanto à observância e cumprimento

das medidas estabelecidas neste Decreto.

Art. 25. A Controladoria Geral do Município poderá expedir normas complementares

à fiel execução deste Decreto, decidindo os casos cuja situação peculiar recomende tratamento diferenciado.

Art. 26. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação

Prefeitura Municipal de ___________________ - __, __ de _________ de 2015.

Prefeito

Certidão de Publicação

Certifico para os devidos fins, nos termos facultados pelo art ___, da Lei Orgânica Municipal, que o presente Decreto foi publicado no quadro de aviso da Prefeitura em __ de ___ de 2015.

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ANEXO I

Unidade

Orçamentária

N° Empenho

Provisório Credor Natureza Item Cód. Fonte

Valor (R$

1,00)

Prefeitura Municipal de ___________________ - __, __ de __________ de 2015.

Prefeito

ANEXO II

Limites de Prazo para o Encerramento do Exercício de 2015

1 – A partir de 20 de dezembro de 2015: suspensão das ordens de compras.

2 – 10 de dezembro de 2015: cancelamento dos RPNPs identificados como insubsistentes de exercícios anteriores,

excetuados os utilizados para fins de cumprimento de índices obrigatórios pelo município.

3 – 20 de dezembro de 2015: anulação dos saldos parciais ou totais de empenho à conta do orçamento do corrente

exercício, comprovadamente insubsistentes.

4 – 26 de dezembro de 2015: registro de ordens de pagamento e transferências financeiras por meio do Sistema e

respectiva transmissão às instituições financeiras credenciadas.

5 – 26 de dezembro de 2015: data limite para a aplicação e o recolhimento de saldos não aplicados de adiantamentos

financeiros.

6 – 10 de janeiro de 2016: encaminhamento, pela Câmara Municipal de ___________________, à Contabilidade Geral

do Município, do Balanço e dos Demonstrativos do Exercício de 2015, para fins de consolidação.

Prefeitura Municipal de ___________________ - __, __ de ______________ de 2015.

Prefeito

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A REDUÇÃO DE GASTOS POR ESTRATÉGIAS NA

CONTABILIDADE

Antônio de Oliveira

1 - INTRODUÇÃO

A proposta central das chamadas reforma do Estado tem sido a mudança do padrão burocrático de gestão para

um padrão gerencial proativo. A sociedade anseia por um Estado mais transparente, cujas informações sobre os gastos

públicos e os benefícios correspondentes estejam disponíveis, permitindo a participação dos cidadãos no controle da

gestão do Estado.

Os gestores públicos carecem de um conjunto de informações gerenciais para cumprirem com eficiência,

eficácia e efetividade as políticas públicas. Na atual conjuntura, não se admite mais tomar decisão sem conhecer as

diferentes alternativas de ação, seus custos e seus benefícios.

Diante disso, há a necessidade de utilização de um sistema de informação de custos capaz de auxiliar decisões

típicas, tais como comprar ou alugar, produzir internamente ou terceirizar determinado serviço ou atividade, permitir

comparações entre os custos de atividades ou serviços iguais produzidos por outros órgãos públicos diferentes, que

tenha como objetivo conhecer e estimular a melhoria da performance de seus dirigentes. Além disso, as informações de

custos e benefícios das políticas públicas devem ser a base para a formulação da proposta orçamentária, sendo o

orçamento um instrumento fundamental e preciso visando executar as despesas e prestar os serviços públicos planejados

e gastos controlados.

A Lei no 4.320/64, que estabelece as normas gerais de direito financeiro para a elaboração e controle dos

orçamentos e balanços de todos os entes da Federação, trata especificamente de apuração de custos no art. 85, relativo à

contabilidade, preconizando:

“Art. 85 – Os serviços de contabilidade serão organizados de forma a permitir o acompanhamento da execução

orçamentária, o conhecimento da composição patrimonial, a determinação dos custos dos serviços industriais, (...)”.

Ainda nesta esteira, foi ditada a LC 101/00, conhecida como Lei de Responsabilidade Fiscal - LRF. Portanto, não se

trata mais de se apurar custos para auxiliar na precificação dos serviços públicos, mas determina implantação de um

sistema de custos que permita a avaliação de resultados, de desempenhos e o acompanhamento das gestões

orçamentária, financeira e patrimonial.

O que era uma necessidade dos gestores públicos, com a edição da LRF em 2000, passou a ser uma imposição legal.

Esta lei estabelece que “a Administração Pública manterá sistema de custos que permita a avaliação e o acompanhamento da gestão orçamentária, financeira e patrimonial” (art. 50, § 3º) e também que a Lei de Diretrizes

Orçamentárias - LDO disporá sobre “normas relativas ao controle de custos e à avaliação de resultados dos programas

financiados com recursos dos orçamentos” (art. 4, Inciso I, letra ―e‖)

O sistema de custos pode ser um dos principais indicadores de desempenho pois podem orientar decisões do tipo:

melhoria ou reestruturação de processos de trabalho, terceirização, outorga de concessão, adoção de parcerias, ações de

descentralização e adoção de contratos de gestão, entre outros.

O sistema de custo objetiva fornecer informações alinhadas com a avaliação da eficiência, da eficácia e da efetividade

dos gestores no uso dos recursos públicos.

O ponto de partida para a construção desse sistema é o Orçamento Público, utilizado como fonte de parâmetros físicos e

monetários e como base de comparação entre os custos projetados e os efetivamente incorridos.

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Curso: Como Reduzir Gastos (Módulo 2) – 8 e 9 de Outubro de 2015 /Curitiba-PR

A proposição tem como base três áreas de conhecimento: orçamento público, contabilidade aplicada ao setor público e

gestão de custos, de onde podem ser retirados os elementos constitutivos do sistema integrado de informação de custo

do setor público.

Assim, o sistema origina-se de três pontos: as classificações orçamentárias como base para a definição dos objetos de

custo; o conceito de despesas orçamentárias liquidadas como elo entre o sistema de custos e a contabilidade pública; e a

utilização do método de custeio direto para estabelecer o relacionamento entre os recursos consumidos e os objetos de

custo.

O custo dos serviços prestados pelo setor público, propõe-se ser mensurado pelo método do custeio direto, visto ser mais

apropriado, porque evita que a gestão de uma determinada área seja penalizada por custos em que sua área não incorreu

e sobre os quais não possui controle. Um sistema de gestão por resultados implica critérios de mensuração aptos a

identificar receitas e custos apenas com as áreas e decisões que os originaram, evitando-se todo rateio

Nesse contexto, é proposição explicitar um conjunto de diretrizes para a construção de um sistema de informação de

custo integrado ao orçamento público e à contabilidade pública, que atenda às exigências legais e auxilie na avaliação de

resultados e desempenhos dos gestores do setor público.

Alerte-se que esta proposição tem caráter informativo, visto que não se pretende demonstrar como é o sistema de

informação de custo do setor público, mas como deveria sê-lo.

2- SISTEMA DE INFORMAÇÃO CONTÁBIL

A NBCT 16.2 nos itens 10, 11, 12 e 13, apresenta assim o Sistema Contábil

“10 O sistema contábil representa a estrutura de informações sobre identificação, mensuração, registro, controle,

evidenciação e avaliação dos atos e dos fatos da gestão do patrimônio público, com o objetivo de orientar e suprir o

processo de decisão, a prestação de contas e a instrumentalização do controle social (grifo nosso).

ESTRUTURA DO SISTEMA CONTÁBIL

11 A Contabilidade Aplicada ao Setor Público é organizada na forma de sistema de informações, cujos

subsistemas, conquanto possam oferecer produtos diferentes em razão da respectiva especificidade, convergem

para o produto final, que é a informação sobre o patrimônio público. 12 O sistema contábil está estruturado nos seguintes subsistemas de informações:

(a) Orçamentário – registra, processa e evidencia os atos e os fatos relacionados ao planejamento e à execução

orçamentária;

(b) Financeiro – registra, processa e evidencia os fatos relacionados aos ingressos e aos desembolsos financeiros, bem

como as disponibilidades no início e final do período;(Excluída pela Resolução CFC n.º 1.268/09) (c) Patrimonial – registra, processa e evidencia os fatos não financeiros relacionados com as variações qualitativas e

quantitativas do patrimônio público;

(c) Patrimonial – registra, processa e evidencia os fatos financeiros e não financeiros relacionados com as variações qualitativas e quantitativas do patrimônio público;(Redação dada pela Resolução CFC n.º 1.268/09)

(d) Custos – registra, processa e evidencia os custos dos bens e serviços, produzidos e ofertados à sociedade pela entidade pública;

(d) Custos – registra, processa e evidencia os custos dos bens e serviços, produzidos e ofertados à sociedade pela

entidade pública, consoante a NBC T 16.11; (Redação dada pela Resolução CFC n.º 1.437/13) (e) Compensação – registra, processa e evidencia os atos de gestão cujos efeitos possam produzir modificações no

patrimônio da entidade do setor público, bem como aqueles com funções específicas de controle.

13. Os subsistemas contábeis devem ser integrados entre si e a outros subsistemas de informações de modo a subsidiar a administração pública sobre: (grifo nosso)

(a) desempenho da unidade contábil no cumprimento da sua missão; (b) avaliação dos resultados obtidos na execução dos programas de trabalho com relação à economicidade, à

eficiência, à eficácia e à efetividade;

(b) avaliação dos resultados obtidos na execução das ações do setor público com relação à economicidade, à eficiência, à eficácia e à efetividade; (Redação dada pela Resolução CFC n.º 1.437/13)

(c) avaliação das metas estabelecidas pelo planejamento; (d) avaliação dos riscos e das contingências;

(e) conhecimento da composição e movimentação patrimonial. (Incluída pela Resolução CFC n.º 1.437/13)”

2.1 – O Sistema de Informação

Diante da diversidade, há consenso de que o sistema de informação é composto por subsistemas; no entanto,

não existe padrão ou acordo sobre quais seriam esses subsistemas nem sobre o método de defini-los.

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2.2 – Sistema de Informações Contábeis e o Sistema de Informação de Custo

Para proposição de implantação de sistema de custos no setor público, considera-se que os componentes

subsidiários ao sistema de informações contábeis para o setor público são o subsistema de contabilidade governamental,

o subsistema de orçamento público, o subsistema de processamento de dados e o subsistema de custos em estudo.

Explica-se:

a) o orçamento público e a contabilidade pública são subsistemas já implantados desde o advento da Lei 4.320/64, com

legislação própria, objetivos e limites claramente definidos;

b) o sistema de processamento de dados que opera os recursos de processamento e comunicação de dados já está

implantado nas entidades governamentais e é utilizado de forma integrada, tanto pelo sistema contábil, quanto pelo

sistema orçamentário;

c) o sistema de custos é o que se propõe desenvolver, em atendimento à necessidades gerenciais e legais, incorporando

assim ao sistema de informações contábeis gerenciais.

3 – ORÇAMENTO PÚBLICO E O PROCESSO DECISÓRIO

Nas sociedades democráticas, o modelo de decisão do setor público, em sua intervenção na economia, tem se

materializado nas práticas, conceitos e normas que regem as finanças públicas, destacando-se o orçamento público.

Nesse sentido, o orçamento público é percebido como poderoso instrumento capaz de alcançar três grandes objetivos:

controle político da arrecadação e dos gastos públicos, intervenção econômica e administração ou gestão pública.

Assim, o orçamento público caracteriza-se por ser multifacetado, ou seja, possui características políticas,

jurídicas, contábeis, econômicas e administrativas.

O Orçamento-Programa, adotado no Brasil, objetiva a racionalização do processo de fixação de políticas

públicas por meio da análise custo-benefício das alternativas para se atingir os objetivos propostos, incorporando nesse

processo a mensuração dos produtos para propiciar eficácia no atingimento desses objetivos.

3.1 – O Planejamento e o Orçamento na Constituição Federal de 1988 – CRFB/88.

Visando a integração entre plano e orçamento, a CRFB preconizou um sistema de planejamento e orçamento

composto por três instrumentos: Plano Plurianual – PPA, Lei de Diretrizes Orçamentárias –LDO e a Lei Orçamentária

Anual – LOA, sendo considerado ainda, o Plano Diretor – PD e o Plano de Governo –PG.

O Plano Plurianual tem por objetivo estabelecer, “de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da

administração pública federal para as despesas de capital e outras dela decorrentes e para as relativas aos programas

de duração continuada” (CF, art. 165, § 1º ).

O PPA portanto, deve funcionar como a materialização do plano de governo e representa o balizamento de

todas as atividades relativas à elaboração e execução dos demais planos e orçamentos do setor público.

A LDO tem como objetivo estabelecer as metas e prioridades da administração pública

(federal/estadual/municipal), incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro subseqüente, orientando, dessa

forma, a elaboração da LOA, dispondo também sobre alterações na legislação tributária e estabelecendo a política de

aplicação das agências oficiais de fomento (CF. art. 165. § 2º).

A LDO é o elo entre o PPA e a LOA, e objetiva ordenar o ciclo orçamentário, permitindo ao Poder Legislativo

discutir, inicialmente, as prioridades e metas do próximo exercício orçamentário (por ocasião da discussão da LDO) e,

posteriormente, efetuar a analise da distribuição dos recursos entre os programas, projetos e atividades (na discussão da

LOA).

A LOA, por sua vez, dispõe sobre a alocação dos recursos previstos entre os diversos programas, projetos e

atividades, de acordo com as diretrizes do PPA e com as prioridades definidas na LDO.

Urge revisão do processo orçamentário em razão de deficiências de pelo menos, duas naturezas:

a) a LOA não se tem mostrado um instrumento eficiente na definição das prioridades de gasto e na avaliação dos

resultados obtidos;

b) o processo de execução do orçamento tem resultado na desfiguração da lei orçamentária. Essas deficiências advêm

de problemas existentes na elaboração da proposta orçamentária, na tramitação legislativa e na fase da execução do

orçamento.

3.2 – O Modelo de Planejamento, Execução e Controle na LRF.

A LRF procura orientar o modelo de gestão do setor público, uma vez que fortalece o controle centralizado das

dotações orçamentárias, exigindo o estabelecimento de limites totais de gasto e definindo limites específicos para alguns

tipos de despesas, sincronizando os vínculos entre PPA, LDO e LOA, com a edição de mecanismos para que a fase da

execução não se desvie do planejamento inicial, incluindo instrumentos de avaliação e controle da ação governamental.

Essas orientações podem ser observadas em seus artigos tais como a definição de conteúdo mínimo para a

LDO, que deve dispor sobre:

equilíbrio entre receitas e despesas (art.4º);

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estabelecimento de metas anuais, em valores correntes e constantes, para receitas, despesas, resultado nominal,

resultado primário e montante da dívida pública (art.4º);

critérios e forma de limitação de empenho (art.4º);

normas relativas ao controle de custos e à avaliação dos resultados dos programas financiados com recursos dos

orçamentos;

limites para gastos com pessoal e contratação de terceiros(art. 18);

estabelecimento da programação financeira e cronograma mensal de desembolso, de forma a permitir a limitação

efetiva dos empenhos, quando necessário (arts. 8 e 9);

exigência de que a criação, expansão ou aperfeiçoamento da ação governamental que acarrete despesa, tenham

dotação orçamentária (LOA) e compatibilidade com o PPA e a LDO. Ou seja, a fase da execução orçamentária deve

observar a compatibilidade entre os instrumentos de planejamento público (art. 15 e 16);

Enfatiza o acompanhamento e o controle do cumprimento das metas estabelecidas na LDO (art. 59).

Observe-se também que as normas da LRF, conjugadas com o art. 70 da CRFB, especialmente, o capítulo IX da LRF

que trata da transparência, controle e fiscalização, criaram as condições objetivas para que os órgãos de controle interno

dos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário avaliem a eficácia e a eficiência da gestão orçamentária, financeira e

patrimonial do setor público, definidos no art. 74 da CRFB.

3.3 - Classificação da Despesa Orçamentária.

O orçamento público utiliza um modelo de classificação da despesa orçamentária constituído no formato do

plano de contas contábil, sendo que cada conta pode ser representada por um código no qual a posição de cada dígito

tem um significado específico.

Regulamentada pela Lei nº 4.320/64, pela Portaria nº 42, de 13/4/1999, do Ministério do Orçamento e Gestão, e

pela Portaria Interministerial nº 163, de 4/5/2001, da Secretaria do Tesouro Nacional (STN) e da Secretaria de

Orçamento Federal (SOF), essa classificação permite identificar as despesas orçamentárias por várias perspectivas

diferentes, tais como: institucional, funcional, por programas, por ação, pela natureza e pela fonte de recursos.

3.3.1 - Classificação Institucional

Essa classificação procura identificar a unidade administrativa responsável pela execução da despesa. A Lei nº

4320/64, nos artigos 13 e 14, explicita duas categorias dessa classificação: órgão e unidade orçamentária.

As unidades orçamentárias são responsáveis pelo planejamento e execução de projetos e atividades, bem como

são competentes para autorizar despesa e/ou empenhar, isto é, são consideradas centro parcial de planejamento,

elaboração orçamentária, controle interno e de custos.

3.3.2 - Classificação Funcional

A classificação funcional visa demonstrar, em que áreas de atuação o governo está aplicando os recursos

públicos e que interesses da comunidade estão sendo atendidos. Essa classificação tem sido utilizada pelo Legislativo,

também para definir/fiscalizar patamares mínimos de gastos constitucionais como saúde e educação.

A Portaria nº 42/99, na classificação funcional, estabeleceu duas categorias:

função - “Como função deve entender-se o maior nível de agregação das diversas áreas de despesa que competem

ao setor público”, ex. Função 10 – Saúde (Portaria nº 42/99, art. 1º, § 1º); e,

subfunção – “A subfunção representa uma partição da função, visando agregar determinado subconjunto de

despesa do setor público” ex. subfunção 301 – Atenção Básica (Portaria nº 42/99, art. 1º, § 3º).

3.3.3 - Classificação por Programas.

A já citada Portaria nº 42/99, na classificação por programa, no art. 2º estabeleceu as seguintes categorias:

programa, projeto, atividade e operações especiais, assim conceituando-os.

a) Programa: “instrumento de organização da ação governamental, visando à concretização dos objetivos pretendidos, sendo mensurado por indicadores estabelecidos no plano plurianual”.

b) Projeto: “instrumento de programação para alcançar o objetivo de um programa, envolvendo um conjunto de

operações, limitadas no tempo, das quais resulta um produto que concorre para a expansão ou aperfeiçoamento da ação de governo”.

c) Atividade: “instrumento de programação para alcançar o objetivo de um programa, envolvendo um conjunto de operações que se realizam de modo contínuo e permanente, das quais resulta um produto necessário à manutenção da

ação de governo”.

d) Operações Especiais (*): “despesas que não contribuem para a manutenção das ações de governo, das quais não resulta um produto e não geram contraprestação direta sob a forma de bens ou serviços”.

(*) Considerando que há gastos governamentais que demandam recursos orçamentários e não podem ser associados a

nenhum produto executado no período orçamentário, como por exemplo: serviço da dívida (principal e juros),

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aposentadorias, precatórios, transferências para outros poderes, foi criada a categoria operações especiais para segregar

tais gastos.

3.3.4 - Classificação Segundo a Natureza

A classificação da despesa segundo a natureza, ditada pela Lei 4.320/64, art. 12, está vinculada à ideia de

proporcionar ao gestor público, informações úteis que possam conduzir a decisões sobre políticas públicas, pois tal

classificação demonstra os efeitos que os gastos públicos exercem sobre os agregados econômicos – Consumo e

Investimento.

As despesas são assim segregadas:

Despesas Correntes - destinadas à manutenção dos serviços anteriormente criados, inclusive as destinadas atender a

obras de conservação e adaptação de imóveis; e as Transferências Correntes, destinadas a atender à manutenção de

outras entidades de direito público ou privado. As Despesas Correntes, de certa forma, possibilitam determinar a

participação do setor público no ―consumo‖.

Despesas de Capital – destinadas a contribuir para formação ou aquisição de bem de capital e de produtos para a

revenda; a concessão de empréstimos; e a amortização de dívidas, gastos estes que indicam a participação do setor

público no ―investimento‖.

A classificação segundo a natureza também é estabelecida pela Portaria Interministerial nº 163, de 4/5/2001,

que assim a estrutura:

a) Categorias econômicas, compostas por Despesas Correntes e de Capital.

b) Grupos de despesa, que são partições das categorias econômicas e buscam representar os principais conjuntos de

despesa.

c) Modalidades de aplicação, cuja finalidade é indicar se os recursos são aplicados diretamente por órgãos da mesma

esfera de governo ou por outro ente da federação, têm por objetivo específico, facilitar a consolidação das contas do

setor público – União, Estados e Municípios – , permitindo eliminar a dupla contagem dos recursos transferidos ou

descentralizados.

d) Elementos de despesa, que identificam os tipos de recursos utilizados no processo de produção de bens e serviços do

setor público, tais como pessoal, material de consumo, serviços de terceiros, obras e instalações.

3.3.5 - Classificação por Fonte de Recurso

O conceito de Fontes de Recursos está relacionado à origem ou procedência dos recursos que devem ser gastos

para uma determinada finalidade. São constituídas por agrupamentos de naturezas de receitas, atendendo a uma

determinada regra de destinação legal, servindo para indicar como são financiadas as despesas orçamentárias. A

individualização é necessária para evidenciar sua aplicação, segundo determinação legal (Portaria SOF nº 1, de

19.02.01).

Exemplos:

Relação das Fontes de Recursos

Grupo de Fontes de Recursos

1 - Recursos do Tesouro - Exercício Corrente

2 - Recursos de Outras Fontes - Exercício Corrente

3 - Recursos do Tesouro - Exercícios Anteriores

6 - Recursos de Outras Fontes - Exercícios Anteriores

9 - Recursos Condicionados

CÓDIGO ESPECIFICAÇÃO

00 Recursos Ordinários

01 Transferências do Imposto sobre a Renda e sobre Produtos Industrializados

02 Transferência do Imposto Territorial Rural

03 Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional

04 Retorno do Fundo Social

06 Contribuição para o Fundo de Saúde dos Policiais Militares e Bombeiros Militares do Distrito Federal

(...)

3.4 - Modelo de Decisão Governamental

O modelo de decisão no setor público caracteriza-se pela formalização legal, não se alterando com a

substituição dos gestores por ocasião da eleição.

Os princípios que balizam a decisão dos gestores públicos, segundo CRFB art. 37, são os seguintes: legalidade,

impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.

Destes princípios destacam-se o da legalidade e o da eficiência. O princípio da legalidade significa que o

administrador público somente poderá fazer o que estiver expressamente autorizado em lei e nas demais espécies

normativas, diferentemente da esfera privada, onde é permitida a realização de tudo que a lei não proíba.

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Já o princípio da eficiência, preocupa-se com a melhor utilização possível dos recursos públicos, coibindo

desperdícios, ou seja é a relação existente entre os produtos resultantes da realização de uma ação governamental

programada e os custos incorrridos diretamente em sua execução.

Portanto, sendo o programa o elo entre o plano e o orçamento, pertencem ao plano, as decisões políticas e

estratégicas, informadas pela percepção do ambiente externo, que definem a visão e os objetivos da entidade. A

identificação de problemas, a construção dos programas de médio e longo prazos (PPA) e a alocação centralizada de

recursos, também estão entre as decisões estratégicas. Uma vez definidos os programas no campo do planejamento, eles

próprios são o ponto de partida da construção do orçamento, que se desdobram em ações (projetos e atividades), estas já

no campo das decisões operacionais administrativas.

Sintetizando, a gestão governamental é avaliada em termos de eficiência, eficácia e efetividade. A avaliação da

eficiência requer que se mensure, em termos físicos, os produtos/ações e seus custos. Para avaliar a eficácia, é

necessário medir as metas a produzir e os produtos alcançados de cada um dos projetos e atividades. Por último, a

efetividade apenas se conhece mensurando os objetivos dos programas e os indicadores de seu impacto sobre a realidade

que se quer transformar ou problema que se quer resolver.

4 –CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO – CASP.

A resolução CFC n° 1128/08, que aprova a NBCT 16.1, traz nos seus itens 3-6, a conceituação, o objetivo, o

objeto e a função social da Contabilidade Aplicada ao Setor Público

“3. Contabilidade Aplicada ao Setor Público é o ramo da ciência contábil que aplica, no processo gerador de informações, os Princípios de Contabilidade e as normas contábeis direcionados ao controle patrimonial de entidades

do setor público. (Redação dada pela Resolução CFC nº. 1.437/13)

4. O objetivo da Contabilidade Aplicada ao Setor Público é fornecer aos usuários informações sobre os resultados alcançados e os aspectos de natureza orçamentária, econômica, financeira e física do patrimônio da

entidade do setor público e suas mutações, em apoio ao processo de tomada de decisão; a adequada prestação de contas; e o necessário suporte para a instrumentalização do controle social.

5. O objeto da Contabilidade Aplicada ao Setor Público é o patrimônio público.

6. A função social da Contabilidade Aplicada ao Setor Público deve refletir, sistematicamente, o ciclo da administração pública para evidenciar informações necessárias à tomada de decisões, à prestação de contas e à

instrumentalização do controle social”.

4.1 – A Escrituração da Contabilidade Pública

A contabilidade pública é fundamentada pelas legislações econômica e financeira do setor público. O art.86 da

Lei 4.320/64 determina o uso do método de escrituração das partidas dobradas.

O primeiro ordenamento jurídico da contabilidade pública brasileira, o Alvará de D. João VI, de 28 de junho de

1808, já preconizava a aplicação do método das partidas dobradas, a inalterabilidade dos registros e o princípio da

evidenciação das contas dos devedores e dos exatores da Fazenda Pública.

Tal alvará, instituiu o Erário Régio, estabeleceu regras de escrituração das operações contábeis e financeiras:

“I – Para que o método de escrituração e fórmulas de contabilidade da minha Real Fazenda não fique arbitrário, e sujeito à maneira de pensar de cada um dos contadores gerais, que sou servido criar para o referido Erário: ordeno

que a escrituração seja a mercantil por partidas dobradas, por ser a única seguida pelas nações mais civilizadas, assim

pela sua brevidade para o manejo de grandes somas, como, por ser a mais clara, e a que menos lugar dá a erros subterfúgios, onde se esconde a malícia e a fraude dos prevaricadores”.

4.2 – Similaridade entre os Conceitos da Contabilidade Pública e os da Contabilidade de Custos

Visando o uso das informações da contabilidade pública na construção do sistema de custos, é importante

verificar a possível consonância conceitual entre a contabilidade de custos e a contabilidade pública.

Eliseu MARTINS analisando a terminologia da contabilidade de custos, destaca os seguintes conceitos:

Gasto - “Sacrifício financeiro com que a entidade arca para a obtenção de um produto ou serviço qualquer, sacrifício

esse representado por entrega ou promessa de entrega de ativos”.

Despesa – “Bem ou serviço consumido direta ou indiretamente para obtenção de receitas”. Investimentos – “Gasto ativado em função de sua vida útil ou de benefícios atribuíveis a futuros períodos”.

Desembolso – “Pagamento resultante da aquisição do bem ou serviço”. Custo – “Gasto relativo a bem ou serviço utilizado na produção de outros bens ou serviços” (MARTINS, 1996: p 25).

A contabilidade empresarial, destaca a distinção entre custo e despesa, visando apurar custo para efeito de

avaliação de estoques. Para a contabilidade de custos todos os gastos ocorridos até que o produto fique pronto para a

venda, são custos de produção. A partir desse ponto, os gastos são considerados despesas. Nesse sentido, por exemplo,

os gastos com comercialização são considerados despesas e vão refletir no resultado do período.

Algumas semelhanças ou correspondências entre os conceitos empresarial e público:

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A fase da fixação, em termos genéricos, pode ser compreendida e praticada da mesma forma que o estabelecimento do

custo-padrão, uma vez que o custo-padrão não deixa de ser uma espécie de orçamento.

A fase do empenho não encontra correspondência nos conceitos normalmente utilizados pela contabilidade de custos

(talvez contratos que é anterior à execução).

A fase da liquidação significa que foi analisado o direito de receber do credor, bem como atestado que este cumpriu

sua obrigação contratual. Essa fase equivale ao conceito de Gasto, uma vez que a despesa liquidada representa o

sacrifício financeiro da entidade para obter um produto ou serviço qualquer.

A fase do pagamento, obviamente é idêntica ao conceito de desembolso, observando-se apenas que, na contabilidade

pública, o pagamento deve ser precedido normalmente por todas as fases da despesa pública (Lei 4.320/64, art. 62),

enquanto que na contabilidade empresarial, o desembolso pode ser feito “antes, durante ou após a entrada da utilidade

comprada, portanto, defasada ou não do gasto”(MARTINS, 1996: p. 26).

Assumindo então, que o conceito de ―gastos‖ e ―valores liquidados‖ se equivalem, pode-se tomar a despesa

orçamentária liquidada como ponto de partida para a construção do sistema de informação de custo. As despesas

orçamentárias liquidadas serão custos quando relativas a bens ou serviços utilizados e consumidos no exercício corrente,

e investimento quando beneficiar exercícios futuros. Os investimentos, da mesma forma que no setor privado,

transformam-se posteriormente em custos.

A identificação dos investimentos a partir das despesas liquidadas é simples, posto que a classificação das

despesas orçamentárias por categoria econômica, estabelece a distinção entre as despesas correntes e as despesas de

capital, e os investimentos estão classificados na categoria das despesas de capital.

Por outro lado, a identificação dos custos a partir das despesas liquidadas pode ser trabalhada utilizando-se as

despesas classificadas como custeio. Partindo do pressuposto que o objetivo das entidades do setor público é produzir

bens e serviços para dispor à sociedade e que a análise dos custos pode ser feita dentro de períodos anuais, a

aproximação com a contabilidade governamental leva a afirmar que todos os valores liquidados, ou

―gastos‖classificados como despesas de custeio, são custos de algum bem ou serviço produzido pela entidade

governamental no período.

Porém, para que essa suposição seja confirmada são necessários alguns ajustes como os exemplos a seguir.

Ex. 1: os gastos com obras de conservação e adaptação de bens imóveis podem beneficiar mais de um período

e, portanto, são investimentos, mas como estão classificados como despesa de custeio, é necessário reclassificá-los para

não distorcer os custos dos serviços prestados no período.

Ex. 2: os gastos com pessoal do quadro da entidade, mesmo quando aplicados em investimento, podem estar

classificados no grupo das despesas correntes. É necessário identificá-los e reclassificá-los.

Ex. 3: fornecimentos de materiais de consumo em trânsito. Como a mercadoria ainda não chegou, obviamente

não pode ser consumida. Logo, não é custo do período. Nesse caso, o tratamento mais adequado seria considerar todas

as compras em andamento como sendo materiais para estoque, não refletindo nos custos do período.

Ex.4: Despesas de Exercícios Anteriores. A legislação reconhece a possibilidade de ocorrerem situações em que

despesas relativas a exercícios anteriores possam ser empenhadas, liquidadas e pagas no exercício corrente. Essas

despesas são escrituradas em contas claramente segregadas e devem ser expurgadas, caso o objetivo seja apurar o custo

dos serviços do exercício.

Ex.5: É necessário constatar que existem custos do período que não estão incluídos nos gastos ou ―valores

liquidados‖, classificados como despesas de custeio, já que não fazem parte do sistema orçamentário. São os casos da

depreciação do ativo permanente, provisões de encargos trabalhistas como, por exemplo, as licenças remuneradas. Essas

informações podem ser registradas no sistema patrimonial e posteriormente incorporadas ao custo dos serviços

prestados.

5– SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE CUSTOS DO SETOR PÚBLICO - SICSP

O sistema de custos deve ter a capacidade de integrar os diversos sistemas do ente público (município) em uma

única base de dados, armazenando, reunindo as informações de custos que permitam o apoio à tomada de decisões do

gestor público.

De acordo com a Resolução CFC nº 1.366/11, que aprovou a NBC T 16.11, “o SICSP registra, processa e

evidencia os custos de bens e serviços e outros objetos de custos, produzidos e oferecidos à sociedade pela entidade

pública”.

5.1 - Gestão de Custos

A palavra “gestão” se refere à ideia de administrar algo, tomar conta de algo. Desse modo, “Gestão de Custos no Setor Público” significa administrar, gerenciar, tomar conta dos custos – ou recursos consumidos – por todas as

instituições do setor público (direta e indireta).

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5.2 – Sistema de Custos

Segundo a NBC T 16.11, item 9, um sistema de custo é formado basicamente por três elementos:

a) Sistema de Acumulação de Custos – cuida do processo de acumulação dos custos e o seu desenho está associado ao

sistema de produção da entidade. Os sistemas de produção mais conhecidos são o de produção contínua de onde

derivam os sistemas de acumulação por etapa do processo e por ordem de produção.

Quando a entidade produz de forma contínua, geralmente para estoque ou venda, a exemplo das indústrias de

cimento, petróleo e outros, o custo da produção é acumulado por etapas do processo em contas representativas das

diversas linhas de produção e estas são encerradas ao final de cada período (semana, mês,...) e o custo do produto é

apurado como o custo médio do período.

Quando a entidade trabalha atendendo à pedidos (internos ou externos), o custo da produção é acumulado por

encomenda (ou por ordem). Assim, o sistema coleta os dados de custo para cada unidade física ou lote de produto,

identificando e acumulando o consumo dos fatores de produção durante o processo de transformação. A ordem é

encerrada ao término do processo produtivo, apurando-se o custo respectivo.

Sintetizando, o sistema de acumulação de custos está associado à forma de produzir e aos sistemas de controle

da produção da organização. Dito de outra forma, o fluxo da informação de custos tende a seguir o fluxo do controle da

produção que, por sua vez, deve estar aderente ao fluxo físico e real da produção.

b) Sistema de Custeio – está associado ao modelo de mensuração e depende do tipo de informação que os gestores

necessitam: se informações baseadas em dados reais, atuais, históricos, estimados ou ainda, predeterminados.

c) Método de custeio (ou método de apropriação de custos) – está associado ao processo de identificar e associar o custo

ao objeto que está sendo custeado.

Os principais métodos de custeio são:

Custeio por Absorção;

Custeio Pleno;

Custeio por Atividades;

Custeio Variável;

Custeio Direto.

Custeio por absorção

Sinteticamente, o Custeio por Absorção consiste na apropriação de todos os custos de produção aos produtos e

serviços. Trabalha com a classificação de custos diretos e indiretos, sendo os indiretos atribuídos aos produtos mediante

rateio e atende à legislação tributária e societária do Brasil e em muitos outros países.

Alerte-se que, nesse método, são reconhecidos como custo do produto elaborado apenas os custos de produção,

sendo os demais gastos considerados como despesas, refletindo no resultado do período em que ocorreram.

Custeio pleno (integral ou RKW)

Esse custeio difere do custeio por absorção, porque trabalha com a premissa de que ao custo do produto devem

ser agregados não apenas os custos de produção, mas também todas as demais despesas da organização, inclusive as

financeiras, ou seja, ignora as diferenças entre o custo do produto e as despesas do período.

Custeio por atividades

O custeio por atividades possui alguns componentes do custeio pleno, na medida em que trabalha com todos os

custos, independentemente de estarem associados à fase de produção, distribuição e assistência pós-venda, porém só

apropriando os custos rastreáveis através de direcionadores.

A sua finalidade é trabalhar com a premissa segundo a qual são as atividades desenvolvidas nas empresas que

geram custos, pois consomem os recursos; por sua vez, os produtos, serviços ou outro objeto de custo, consomem as

atividades. O custeio por atividades objetiva estabelecer a relação entre atividades e os objetos de custo através de

indicadores que determinam quanto de cada atividade é consumido por eles.

Custeio variável

Nesse método, são apropriados aos produtos apenas os custos variáveis, ficando os custos fixos separados e

considerados como despesas do período, indo diretamente para o Resultado. Para estoques só vão os custos variáveis.

Custeio direto

Esse método foca exclusivamente o produto como objeto de custeio. Assim, na medida em que surge a

necessidade de apurar custos de novos agentes de acumulação, pode-se entender o custeio direto como sendo aquele que

apropria os custos diretos, quer fixos, quer variáveis, a quaisquer objetos de custo, sejam eles produtos, lotes de

produtos, centros de responsabilidade, centros de resultado, sejam quaisquer outros de interesse do gestor. Ressalte-se

que esse método de apropriação não admite qualquer tipo de rateio.

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5.3 – Sistema de Custos do Setor Público

Após a exposição nos tópicos anteriores, passaremos a fundamentar a escolha dos conceitos que devem nortear

um sistema de custo do setor público.

O objetivo do sistema de custo do setor público, relembrando, deve ser o de prover informações que auxiliem a

tomada de decisão do gestor público, bem como o controle e a avaliação da eficiência, eficácia e da efetividade relativos

aos programas em execução ou já executados.

5.3.1 – Sistema de Acumulação de Custos do Setor Público

O setor público, em especial a administração direta, essencialmente opera prestando serviços à sociedade.

Os serviços típicos do setor público tais como ensino, saúde, limpeza pública, entre outros, são prestados de

forma contínua, requerendo, portanto, um sistema de acumulação de custos por processo, significando que os custos

desses serviços devem ser acumulados durante um determinado período – mês, trimestre (...), sendo o custo unitário

desses serviços apurado pela comparação entre o custo do período e as unidades produzidas nesse mesmo período. Ao

final do período contábil, todas as contas que acumulam custos do período devem ser encerradas.

O setor público também, cria capacidade para prestar serviço quando constrói uma creche, um hospital, um

conjunto habitacional, uma escola. Esse tipo de serviço é caracterizado como encomenda específica, com data inicial e

final de execução. Isto significa, que o sistema de acumulação de custos requerido neste caso é o sistema por ―ordem de

serviço‖. Os custos relativos às obras devem ser acumulados nessa ordem até que a obra termine, quando então será

apurado o custo total da ordem ou custos unitários. Ressalte-se que ao término do período contábil, caso a obra não

tenha sido concluída, não se encerra a ordem; os custos relativos à ordem em andamento devem ser ativados como obras

em andamento ou similar.

Retomando a conceituação de projeto e atividade discutida anteriormente, pode-se concluir que o custo do

projeto deve ser acumulado por ordem, e o custo da atividade, acumulado por processo.

5.3.2 – Sistema de Custeio do Setor Público

O sistema de custeio do setor público está embasado nos custos histórico e orçado (estimado). O custo histórico

é essencial na integração entre o sistema de custos e os sistemas de orçamento e contabilidade pública.

Já o custo orçado baseia-se em estimativas ou pode utilizar a ferramenta do custo-padrão. Seria ideal se

construíssem padrões para todas as atividades e produtos a serem executados pelo setor público.

5.3.3 – Método de Custeio do Setor Público.

No setor público, diferentemente do setor privado, não há limitação legal quanto ao uso dos métodos de custeio.

Como há defensores para quase todos os métodos, qualquer um dos cinco métodos discorridos pode ser adotado.

5.3.3.1 – Proposição do Método de Custeio Direto no setor público

A proposição, é adotar como método de custeio do sistema de custos do setor público, o custeio direto,

relembrando o conceito como sendo o método que aloca todos os custos - fixos e variáveis - diretamente a todos os

objetos de custo sem qualquer tipo de rateio ou apropriação (item 9 da NBC T 16.11).

Justificativas para a adoção do custeio direto:

a) Esse método, por não conter qualquer tipo de rateio, permite analisar o desempenho dos gestores e das políticas

públicas com maior objetividade e sem as intermináveis discussões a respeito dos custos gerais transferidos. Esse é o

objetivo central do sistema integrado de custos.

b) Esse método de certa forma, está incorporado nos sistemas existentes de planejamento, orçamento e contabilização

da execução orçamentária, contribuindo com a implantação do sistema de custos. Isto pode assim ser demonstrado:

A ação do governo (projetos e atividades) - é a categoria utilizada para a programação das despesas orçamentárias.

Os recursos necessários à execução dessas ações, classificados conforme sua natureza econômica, são estimados e

detalhados por projetos e atividades. Dessa forma, os recursos a serem consumidos associam-se diretamente com as

atividades a serem executadas.

A ação de governo se desenvolve em um determinado espaço organizacional perfeitamente identificável sendo,

portanto, possível acumular diretamente as despesas executadas por atividades/projetos, por órgãos, por gestores de

programas ou ordenadores de despesas. Como os projetos/atividades devem cumprir uma função de governo, são

também facilmente identificáveis com a classificação funcional.

O modelo de acumulação direta das despesas orçamentárias pode ser transformado em modelo de acumulação do

custo do período ou da ordem, uma vez feitos os ajustes das despesas orçamentárias liquidadas e dos investimentos

(principalmente consumo dos estoques).

c) A relação custo-benefício da informação, embora difícil de ser quantificada, é claramente favorável ao método do

custeio direto, uma vez que sua implantação pode ser feita muito rapidamente e com baixo custo de treinamento, já que

aos funcionários e gestores esse método soa familiar.

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Sinteticamente, a definição das políticas públicas é o principal determinante dos custos do setor público,

derivando por consequência, os programas e as ações, bem como a identificação dos recursos necessários para executá-

los. Os recursos estimados e consumidos são acumulados diretamente nos projetos ou atividades. A partir dos custos

acumulados por projeto ou atividade, por um processo simples de agregação, é possível encontrar os custos das funções

e dos centros de responsabilidade. Os custos unitários dos produtos ou serviços derivam da relação entre os custos das

atividades e as quantidades físicas executadas.

Questionamentos podem surgir quanto a proposição do custeio direto.

Um deles é que os custos apurados dessa forma podem conter distorções, sendo a mais significativa a falta de

critérios rigorosos na vinculação do pessoal aos projetos e atividades em que realmente atua.

Ressalte-se que a qualidade das informações do sistema de custos depende do rigor com que na fase do

orçamento, são associados os recursos com as atividades/projetos e, na sequência, na fase da execução, depende do

correto lançamento contábil utilizando-se as classificações condizentes para cada transação.

A garantia do aperfeiçoamento do sistema de custos são o cálculo e a divulgação dos custos unitários dos bens e

serviços entregues à população, pois eles forçarão os gestores envolvidos a analisarem as informações buscando corrigir

as distorções de classificação e, tornar mais eficiente o uso dos recursos.

Um segundo questionamento é que as atividades e projetos são excessivamente genéricos ou globais não

permitindo uma associação direta dos recursos consumidos com os seus produtos.

Um terceiro questionamento possível é que o método de custeio direto proposto não incorpora os avanços da

gestão por atividades.

A gestão por atividades preocupa-se, fundamentalmente, com a capacidade não utilizada e com as atividades

que não agregam valor, buscando reduzir os desperdícios e eliminar as atividades desnecessárias.

No entanto, num primeiro momento, não haveria óbices em adotar o custeio por atividades no setor público,

considerando que:

toda ação governamental é decomposta em atividades/projetos. As atividades/projetos são o elemento-chave nos

sistemas de orçamento e de contabilidade;

Alerte-se entretanto, que é necessário considerar que a adoção do método de custeio por atividades ampliaria as

dificuldades para implantação de um sistema integrado - custo, orçamento e contabilidade – pelos seguintes motivos:

a) o processo de implantação exigiria a identificação das atividades relevantes, tempos médios de execução de cada

uma delas e horário de trabalho de cada um dos funcionários, entre outros aspectos;

b) o treinamento deveria ser intensivo para uniformizar os critérios a serem adotados em todos órgãos ou centros de

custo;

c) o período de tempo necessário para que o sistema se estabilizasse e produzisse benefícios seria ampliado

enormemente;

d) o sistema geraria uma quantidade de informações praticamente impossível de ser analisada pelos órgãos gestores

centrais ou de Controle Interno.

Entretanto, uma vez implantado o sistema de custo proposto - custeio direto -, nada obsta, que sem retrabalho,

alguns órgãos pontuais, possam construir um sistema de custeio por atividade, utilizando-se das informações extraídas

do sistema de informação contábil-gerencial.

E em se tratando de gestão por resultados, é importante evidenciar que o sistema integrado de custos utilizando-

se do método de custeio direto, é crucial a melhoria e otimização do sistema de informação contábil gerencial do setor

público.

5.4 –Sistema de Custos do Setor Público e os demais Sistemas de Informação

Observe-se que o sistema de informação de custo absorve os dados do sistema orçamentário e do sistema

contábil. É necessário efetuar ajustes, inclusive contábeis, transformando quando for o caso, a despesa em custo. Além

dos dados absorvidos desses sistemas, o sistema de informação de custo necessita registrar, apenas os dados relativos

aos produtos e às atividades executadas.

Ressalta-se que os objetos de custo, são agregados utilizando-se as mesmas regras de acumulação das despesas

orçamentárias.

Do exposto percebe-se que o processo de construção do sistema de custo para o setor público (Administração

Direta), passa pela articulação dos sistemas de informações já existentes, com algumas reformulações.

Neste sentido, em resumo, é necessário desenvolver algumas ações tais como.

a) Conformar as despesas orçamentárias liquidadas, extraídas do sistema de informação existente, transformando-as em

custos de acordo com os parâmetros de ajuste estabelecidos a partir da correspondência entre os conceitos da

contabilidade pública e os conceitos de custos vistos anteriormente, permitindo acompanhar o custo nas dimensões de

tempo, classificação institucional, funcional, programática e por natureza da despesa. Importante relembrar que os

custos das atividades são acumulados por processo, e o custo dos projetos, por ordem.

b) Revisar/remodelar/incorporar no sistema de informação existente, as informações da Proposta Orçamentária

preenchidas pelos gestores públicos, visto que o sistema de custos requer que seja criado no módulo da Proposta

Orçamentária, caminho para os gestores informarem as quantidades de produtos e serviços realizados, de acordo com

uma periodicidade definida (mensal...).

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Observação: a incorporação e modelagem das informações relativas aos produtos e serviços, unidades de

medidas e quantidades, permitem acrescentar a dimensão custo unitário dos produtos e serviços estimados e realizados.

Dessa forma, esse sistema de custos tornaria possível a análise da eficiência e da eficácia dos gestores, uma vez que nele

estariam disponíveis os objetos de mensuração necessários: custos orçados e realizados dos produtos e ações - para a

eficiência, e metas previstas e realizadas dos produtos – para a eficácia.

c) Revisar/modelar/incorporar ao sistema de informação existente, as informações relativas aos objetivos e indicadores

dos programas, descritas no PPA. Como a análise da efetividade apenas faz sentido em intervalos mais dilatados, basta

incorporar ao sistema as informações estimadas para os quatro anos do PPA e os indicadores realizados anualmente.

d) Modelagem/incorporação das informações relativas aos demais itens de custeio constantes da Proposta Orçamentária

facilitariam desenvolver um processo de elaboração/construção de padrões de consumo de materiais e serviços por

atividades, produtos e unidades gestoras/executoras. Por consequência, as quantidades estimadas ou padrões passariam

constar da Proposta Orçamentária, posto que as quantidades efetivamente consumidas e seus valores, seriam capturados

pelo sistema de informações.

e) Atenção especial deve ser dada às despesas de pessoal e aos encargos. O sistema de folha de pagamento, por meio

magnético, informa ao sistema de informação, as despesas de pessoal e encargos classificadas de acordo com a

hierarquia funcional (Órgão...) e hierarquia do programa de trabalho: função, subfunção, programa e atividade.

Assim, do ponto de vista do sistema de informação, é possível alocar diretamente o custo de pessoal aos

produtos e serviços executados pelas atividades, desde que se faça a apropriada integração da Proposta Orçamentária

ao sistema de informação respectivo. É necessário atenção aos problemas que podem distorcer essas informações:

As despesas de pessoal e encargos, por exigência legal, são classificadas como despesas correntes e, como

conseqüência, podem não integrar os projetos na classificação programática. Na prática, em determinada unidade

executora do orçamento, os salários e encargos dos funcionários alocados para trabalharem em projetos, serão aplicados

aos produtos e serviços executados, superdimensionando seus custos de custeio e subdimensionando o custo dos

investimentos.

Demora no registro da movimentação de pessoal dentro da unidade leva a contabilizar salários e encargos em uma

determinada unidade, quando o funcionário já está trabalhando em outra, e, provavelmente, em outras atividades.

Principalmente, na elaboração do orçamento, tende-se em alocar as despesas de pessoal e encargos em apenas uma

(ou algumas) atividades do órgão, principalmente nas atividades de suporte administrativo, deixando outras atividades

sem nenhuma alocação.

6 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

O subsistema de informação de custo proposto, deve integrar-se ao sistema de informações contábeis gerenciais

do ente público composto de subsistemas de orçamento público, de contabilidade pública, de processamento de dados

entre outros. O sistema de orçamento público abriga as decisões sobre as políticas públicas e é o balizador de sua

execução. Como reflexo, as informações dos valores e quantidades orçadas, classificadas sob o prisma institucional,

funcional e programático, são o ponto de partida do sistema de informação de custo e, por consequência, da avaliação

dos gestores do ponto de vista da eficiência, eficácia e efetividade e demais princípios da CRFB (art.37).

O sistema de contabilidade pública, que representa a estrutura de informações sobre a identificação,

mensuração, avaliação, registro, controle e evidenciação dos atos e dos fatos da gestão do patrimônio público, objetiva

orientar e suprir o processo de decisão, a prestação de contas e a instrumentalização do controle social.

O sistema de contabilidade está estruturado nos seguintes subsistemas: orçamentário, patrimonial, compensação

e de custos (em implantação). Nesse sistema, pode-se constatar que o reconhecimento das receitas e despesas é feito

mediante o Regime de Competência e que elas são registradas conforme as especificações orçamentárias. Essas

constatações permitiram estabelecer a correspondência entre os conceitos da contabilidade pública e os conceitos da

contabilidade empresarial (de custos), que é um dos elementos centrais da construção do sistema de informação de

custo. A principal informação é que as despesas liquidadas orçamentárias equivalem ao conceito de gasto e podem ser

consideradas como custo dos produtos ou serviços prestados no período após as reclassificações e ajustes necessários.

As decisões tomadas na configuração dos programas na Proposta Orçamentária determinarão os custos dos

produtos e serviços prestados pelo setor público, pois o programa é o elo entre o plano de governo e o sistema

orçamentário. O programa também é o principal elemento de atenção quando se trata de avaliar o impacto das ações de

governo. Por essa razão, o programa e seu detalhamento (projeto e atividade) é o principal objeto de análise de custo.

O sistema de acumulação de custos prevê, inicialmente, que os custos dos projetos sejam acumulados por

ordem e que os custos das atividades sejam acumulados por processo. A partir do custo dos projetos e das atividades, a

acumulação se faz de acordo com a hierarquia das contas do sistema contábil-orçamentário.

O sistema de custeio, baseia-se nos custos histórico e orçado.

O método de custeio proposto é o direto, que aloca todos os custos -fixos e variáveis - diretamente aos objetos

de custo sem qualquer tipo de rateio ou apropriação.

Destaque-se o sistema de custo proposto atende aos objetivos da LRF, pois possibilita a avaliação objetiva dos

programas e da gestão e não enfrenta restrição legal.

Algumas recomendações para implantação do Sistema de Informação de Custo.

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Análise do sistema de informação contábil visando verificar a possibilidade de incorporação de novos bancos de

dados, bem como sua flexibilidade, que possibilite a modelagem de novos bancos de dados e novas configurações de

dados preexistentes.

Tarefas principais: a) conformar os custos a partir dos ajustes e reclassificações das despesas orçamentárias liquidadas

extraídas do sistema de informações existente; b) conformar as informações relativas às quantidades de produtos e

serviços previstos e executados, extraídas do sistema orçamentário; c) conformar as informações relativas aos objetivos

e indicadores dos programas extraídos do PPA.

Revisão crítica quanto à elaboração de programa de governo, posto que é o principal objeto de custo do sistema, este

deve ser construído de acordo com os problemas concretos de cada entidade governamental.

Revisão crítica do sistema de informação existente (e seus subsistemas), visando as adequações necessárias posto

que os principais objetivos do sistema de informação de custo são prover informações que permitam avaliar a eficiência

do uso dos recursos, a eficácia dos gestores na obtenção de suas metas e a efetividade das políticas públicas na resolução

dos problemas apresentados pela sociedade.

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