comparações de preços de gás natural: brasil e países...
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Informe: Mercado Internacional de GNL
ciclo 2017-2026
Rio de Janeiro 26 de julho de 2017
INFORME Comparações de Preços de Gás Natural:
Brasil e Países Selecionados
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GOVERNO FEDERAL
Ministério de Minas e Energia
Ministro Bento Albuquerque
Secretária-Executiva Marisete Fátima Dadald Pereira
Secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis Marcio Felix Carvalho Bezerra
INFORME: Comparações de
Preços de Gás Natural
Empresa pública, vinculada ao Ministério de Minas e Energia, instituída nos termos da Lei n° 10.847, de 15 de março de 2004, a EPE tem por finalidade prestar serviços na área de estudos e pesquisas destinadas a subsidiar o planejamento do setor energético, tais como energia elétrica, petróleo e gás natural e seus derivados, carvão mineral, fontes energéticas renováveis e eficiência energética, dentre outras.
Presidente Thiago Vasconcellos Barral Ferreira
Diretor de Estudos Econômico-Energéticos e Ambientais Thiago Vasconcellos Barral Ferreira
Diretor de Estudos de Energia Elétrica Erik Eduardo Rego
Diretor de Estudos de Petróleo, Gás e Biocombustíveis José Mauro Ferreira Coelho
Diretor de Gestão Corporativa Álvaro Henrique Matias Pereira
Superintendente Giovani Vitória Machado
Superintendente Adjunto
Marcelo Ferreira Alfradique
Consultor Técnico Gabriel de Figueiredo da Costa
Equipe Técnica
Ana Claudia Sant’Anna Pinto Carolina Oliveira de Castro
Claudia Maria Chagas Bonelli Luiz Paulo Barbosa da Silva
URL: http://www.epe.gov.br Sede Esplanada dos Ministérios Bloco U Ministério de Minas e Energia - Sala 744 - 7º andar 70065-900- Brasília – DF Escritório Central Av. Rio Branco, n.º 01 – 11º Andar 20090-003 - Rio de Janeiro – RJ
Rio de Janeiro 18 de abril de 2019
INFORME: Comparações de Preços de Gás Natural
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Ministério de Minas e Energia
Histórico de Revisões
Rev. Data Descrição
0 18/04/2019 Publicação Original
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INFORME: Comparações de Preços de Gás Natural
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Ministério de Minas e Energia
1 INTRODUÇÃO
A formação de preços de gás natural em todo o mundo inclui diversas parcelas que
refletem as etapas de toda a cadeira de valor do gás natural, desde sua exploração e
produção, passando pelo escoamento, processamento, transporte até os pontos de
entrega, distribuição e comercialização, incluindo também tributos, contribuições e
outras obrigações que impactam em seu preço final.
O valor da molécula, que inclui todas as atividades necessárias para que o gás natural
especificado esteja disponível na saída de uma UPGN ou na saída de um terminal de
regaseificação, é geralmente o componente com maior contribuição nos preços finais.
Em países cujo setor de gás natural possui maior maturidade, os preços são
influenciados tanto por contratos de longo, médio e curto prazo, quanto pelo mercado
de futuros e pela dinâmica de preços nos principais hubs daquele país. Porém, as outras
parcelas incluídas nos preços (transporte, margem de distribuição, tributos,
contribuições e outras obrigações), quando somadas, podem chegar a um valor
significativo que as torna de primordial importância para entendimentos dos valores
totais.
Sendo assim, neste informe, são analisadas as parcelas que compõem o custo do gás
natural, realizando-se uma análise comparativa entre os preços da molécula e os
preços finais para consumidores industriais em vários países. Os preços realizados no
mercado brasileiro são analisados frente a cada uma de suas parcelas, buscando-se
avaliar a contribuição de cada uma delas no preço final.
INFORME: Comparações de Preços de Gás Natural
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Ministério de Minas e Energia
2 PREÇOS DE GÁS NATURAL
Neste capítulo, são apresentados os preços de gás natural nos principais hubs de
comercialização do mundo, bem como os preços praticados para grandes consumidores
industriais em diversos países. Também é realizada uma análise comparativa da
composição de preços do gás natural no Brasil e em diversos países.
2.1 Estados Unidos
Observa-se que a média de preços de gás natural para consumidores industriais nos
EUA em 2018 foi de US$ 3,89 /MMBtu (EIA, 2019). Este valor é menor próximo ao Henry
Hub e maior para regiões mais distantes, uma vez que inclui maiores valores de tarifa
de transporte1, conforme Figura 1. Observando apenas o preço da molécula, que pode
ser representado pelo índice Henry Hub (maior hub de gás nos EUA), observa-se um
valor de US$ 3,16 /MMBtu (MME, 2019).
Figura 1. Preços médios de gás natural para consumidores industriais nos EUA
Fonte: adaptado a partir de EIA (2019).
Cabe ressaltar que, apesar dos valores próximos de US$ 3,00 /MMBtu que têm sido
praticados no Henry Hub mediante diversas renegociações de contratos, incluindo
mercado de futuros, os custos de produção nos campos de Gás de Folhelho (Shale Gas)
podem variar drasticamente dependendo das características dos poços e dos projetos.
1 Mesmo quando há oferta em outras regiões, por arbitragem, os preços convergem para o preço
no Henry Hub acrescido dos custos de movimentação.
3,94 3,32
3,91
4,07
4,80
4,42
4,36
5,02
6,15
Preços em US$/MMBtu,
sem impostos
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Ministério de Minas e Energia
Alguns dos fatores mais importantes pra estimativa do break-even, além dos custos de
exploração e produção em si, são o teor de líquidos, seu preço de venda, e a existência
ou não de petróleo associado (o que pode inclusive tornar os valores de break-even
negativos). Na Figura 2, é possível observar a variabilidade de preços de break-even
em diversos plays de Shale nos EUA e em outros países próximos (México e Canadá).
Figura 2. Break-Even indicativo de Shale Gas para diversos plays em 2016
Fonte: adaptado de IEA, 2018.
2.2 Europa
Os preços de gás natural na Europa variam muito entre os países, uma vez que há
diversos hubs e ofertas de gás natural disponíveis de origens distintas (importações da
Rússia, importações de outros países europeus como Holanda e Noruega, produção
interna, importações via GNL). Em 2018, o preço médio de gás natural para
consumidores industriais foi de US$ 8,84 /MMBtu (Reino Unido, 2019). Observando
apenas o preço do molécula, que pode ser representado pelo índice National British
Balancing Point (NBP), observa-se um valor de US$ 7,68 /MMBtu (MME, 2019).
Quando se observam os preços para consumidores industriais em outros países da
Europa (EUROSTAT, 2019), pode ser observado que os valores no primeiro semestre de
2018, sem impostos, ficaram na faixa entre US$ 6,00 e US$ 13,00 /MMBtu, conforme
Figura 3. Os preços da molécula, por sua vez, dependem das fontes das importações,
do percentual de produção nacional de cada país, e dos hubs onde ocorrem
majoritariamente as negociações.
US$/M
MBtu
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Figura 3. Preços médios de gás natural no primeiro semestre de 2018 para
consumidores industriais na Europa, com e sem impostos
Fonte: adaptado de Eurostat (2019).
2.3 Japão
No caso do Japão, o GNL corresponde aos maiores percentuais de oferta de gás natural.
Os preços do GNL importado pelo Japão em 2018 foram, em média, de US$ 9,92
/MMBtu, correspondendo ao preço Delivered Ex Ship (DES) entregue nos portos
japoneses, já incluindo frete (MME, 2019). Na Figura 4, são apresentados os preços do
gás natural aportados no Japão no ano de 2018, junto a duas fórmulas de precificação
que vêm sendo muito utilizadas globalmente em contratos a termo: GNL indexado ao
Henry Hub (“GNL HH”, precificado como 1,15 * HH + 3,5 US$/MMBtu) e GNL indexado
ao Japanese Crude Cocktail (“GNL JCC”, precificado como 0,1485 * JCC + 0,8
US$/MMBtu).
-
5,00
10,00
15,00
20,00
25,00
Fin
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dia
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US$
/MM
Btu
s/ impostos impostos
INFORME: Comparações de Preços de Gás Natural
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Ministério de Minas e Energia
Figura 4. Preços de GNL no Japão e outras referências de precificação
Fonte: MME (2018), MME (2019) e METI (2017).
Cabe ressaltar que estes são os preços do GNL Delivered Ex Ship (DES), ou seja,
referem-se ao gás natural liquefeito recebido nos terminais de regaseificação, e para
que sejam considerados preços de molécula de gás natural ainda seria necessária a
inclusão dos tributos e encargos de internação (custos aduaneiros) e das tarifas de
regaseificação. Para que o gás natural chegue aos consumidores industriais, devem-se
ainda acrescentar a este preço as parcelas referentes ao transporte e à distribuição.
2.4 Brasil
Os preços de gás natural para consumidores industriais no Brasil são compostos por 4
termos: (1) o preço da molécula (preço no ponto de recebimento); (2) a tarifa de
transporte; (3) a margem de distribuição; e (4) os impostos, tributos, contribuições e
outras obrigações. O particionamento médio entre essas 4 parcelas pode ser
esquematizado como mostrado na Figura 5.
0,00
2,00
4,00
6,00
8,00
10,00
12,00
14,00
Pre
ços
de G
NL (
US$/M
MBtu
)
GNL DES Japão GNL JCC GNL HH
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Ministério de Minas e Energia
Figura 5. Composição média do preço ao consumidor final (média 2018)
Fonte: elaboração própria a partir de MME (2019).
Nota: margem de distribuição média Brasil para consumidor na faixa de 50 mil m³/d.
2.4.1 Molécula
No caso do preço da molécula produzida nacionalmente, o preço do gás natural na
boca do poço depende do tipo de campo e das características do projeto, enquanto no
caso das importações via gasodutos (ex: GASBOL) depende dos preços negociados e das
fórmulas de reajuste aplicáveis. Já no caso do GNL, os preços dependem do cenário
internacional, do tipo de contrato (spot ou a termo), além do frete, custos de
internação, tarifa de regaseificação e impostos de importação.
De forma geral, a Petrobras gerencia seu portifólio de fontes de oferta e repassa o gás
natural às CDLs por um preço único “para CDLs” que abarca todos os parâmetros
relevantes à oferta de gás natural nacional e recebido via GNL.
Apenas para fins de comparação entre os custos do gás natural proveniente de
diferentes fontes e seus respectivos volumes disponíveis, a Figura 6 apresenta a curva
de oferta estimada pela EPE para o ano de 2018. Os preços estimados para os diversos
tipos de gás natural seguem a metodologia de “preços de disponibilização” descrita
em EPE (2018) e referem-se aos preços do gás natural na entrada do sistema de
transporte: para o GASBOL, no ponto de recebimento na fronteira entre Bolívia e Brasil;
para o gás natural nacional, na saída da UPGN; e para o GNL, no ponto de conexão do
gasoduto que sai do terminal de regaseificação com a malha gasodutos de transporte.
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Ministério de Minas e Energia
Figura 6. Curva de oferta estimada para o Brasil no ano de 2018
Fonte: elaboração própria EPE.
Nota: para o gás natural nacional, refere-se a médias ponderadas de projetos típicos, e pode haver variações para campos específicos.
2.4.2 Transporte
No caso da tarifa de transporte, os contratos vigentes incluem reajustes trimestrais
utilizando o índice IGP-M, e seus valores em dezembro de 2018 eram de US$ 1,57 e US$
1,95 /MMBtu para as malhas Sudeste e Nordeste, e para o GASBOL, respectivamente.
Observa-se que as tarifas se mantiveram praticamente constantes entre 2017 e 2018,
sendo que a tarifa de transporte nacional é referenciada em reais, e a do GASBOL em
dólares (vide Figura 7).
Figura 7. Tarifas de Transporte no Brasil
Fonte: MME (2018) e MME (2019).
5,40
5,60
5,80
6,00
6,20
6,40
6,60
jan/17
abr/
17
jul/
17
out/
17
jan/18
abr/
18
jul/
18
out/
18
Tari
fa d
e T
ransp
ort
e -
NT
S e
TA
G(R
$/M
MBtu
)
NE (nacional) SE/S/CO (nacional)
1,65
1,70
1,75
1,80
1,85
1,90
1,95
2,00
2,05
2,10
2,15
jan/17
abr/
17
jul/
17
out/
17
jan/18
abr/
18
jul/
18
out/
18
Tari
fa d
e T
ransp
ort
e -
GA
SBO
L(U
S$/M
MBtu
)
SE/CO (importado) S (importado)
Média ponderada = US$ 6,16 /MMBtu
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Ministério de Minas e Energia
2.4.3 Distribuição
Já em relação às margens de distribuição, estas variam entre as CDLs e os tipos de
consumo, e em 2017 ficaram na faixa de US$ 2,7 /MMBtu para consumidores industriais
com um porte de consumo de cerca de 70 mil m³/d, conforme Figura 8.
Figura 8. Comparação das margens brutas de distribuição para o consumidor
industrial na faixa de 70 mil m³/d e participação nos preços finais (média 2017)
Fonte: PRADE (2018).
Cabe ressaltar que as margens de distribuição estimadas para o Brasil se tratam de
valores brutos e não líquidos, devendo ser suficientes para pagar diferentes parcelas
de custo como O&M e custos financeiros, e contendo tributos que podem vir a ser
recuperados posteriormente pelas CDLs na venda do gás natural aos clientes. Esse
ponto ainda precisa ser mais aprofundado para avaliar o detalhamento dos
componentes da margem bruta de distribuição e o potencial de aperfeiçoamento da
competitividade nesse elo da cadeia – aspectos legais e regulatórios (inclusive
concorrenciais), logísticos e tributários. Ressalte-se também que os preços de gás
natural ao cliente final são definidos em reais, e a conversão dos mesmos (e das
margens de distribuição) para dólar apresenta importantes variações com o câmbio.
Além disso, para países como a Argentina, são observadas margens de distribuição
menores, devido à amortização das malhas de distribuição existentes, e ao fato de as
infraestruturas de distribuição terem sido, em alguns casos, adaptadas a partir de
malhas para movimentação de hidrogênio e coque de carvão que já operavam desde o
início do Século XX.
INFORME: Comparações de Preços de Gás Natural
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2.4.4 Tributos, Contribuições e Outras Obrigações
O valor de PIS aplicável sobre o gás natural no Brasil é de 6% e o de COFINS é de 3,25%,
somando 9,25%. No que toca ao ICMS, este varia entre os estados, ficando entre 12% e
25%, conforme Figura 9.
Figura 9. PIS/COFINS e ICMS sobre o gás natural por UF
Fonte: elaboração própria a partir dos sites dos governos estaduais.
9,25 9,25 9,25 9,25 9,25 9,25 9,25 9,25 9,25 9,25 9,25 9,25 9,25 9,25 9,25 9,25
17
25
12
17 17
12 12
17 17
12 12
17
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0
5
10
15
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30
35
40
AL AM BA CE ES MG MS PB PE PR RJ RN RS SC SE SP
Alíq
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(%)
PIS/COFINS ICMS
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3 ANÁLISE COMPARATIVA DE PREÇOS
Durante os anos de 2017 e 2018, os preços do gás natural (molécula) de origem nacional
comercializado no Brasil ficaram entre US$ 6,00 e US$ 8,00 /MMBtu, valores
comparáveis ao NBP europeu, conforme observado na Figura 10.
Quanto aos preços do gás natural importado da Bolívia via GASBOL, estes ficaram entre
US$ 4,00 e US$ 6,00 /MMBtu no mesmo período.
Considerando a composição de ofertas provenientes de diversas fontes que ocorre
tanto no Brasil quanto na Europa, esta seria a comparação mais adequada em termos
de preços de molécula, uma vez que os mercados dos EUA e do Japão têm
especificidades que tornam os preços de molécula consideravelmente diferentes dos
que ocorrem no contexto brasileiro.
Os preços de GNL tiveram valores maiores do que o gás nacional, e ficaram próximos
aos do GNL importado pelo Japão. Ressalte-se, porém, que os preços de GNL
importados pelo Brasil não incluem frete (preços FOB), enquanto os do Japão já
incluem (preços DES). Apenas para fins de comparação, os preços no Henry Hub nos
EUA, por sua vez, ficaram entre US$ 3,00 e US$ 4,00 /MMBtu. Todavia, quando se
consideram os componentes de custos de liquefação e embarque no metaneiro para
envio até o Brasil, as cargas de GNL oriundas dos EUA (base de precificação HH) oscilam
entre US$ 7,00 e US$ 8,00 /MMBtu (FOB). A esses preços de carga de GNL, devem ser
acrescentados, posteriormente, frete, seguro, tarifa de regaseificação e custos de
internação (aduaneiros) para que a comparação com o preço de outras moléculas no
Brasil fiquem em bases equivalentes.
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Figura 10. Preços de gás natural
Fonte: MME (2018), MME (2019) e METI (2017).
Nota: Preços no Henry Hub (HH), NBP e GNL apenas para referência. Para comparação acurada com os preços de outras moléculas no Brasil é preciso acrescentar frete, seguro, tarifa de regaseificação e custos de internação (aduaneiros) para que a comparação com o preço de outras moléculas no Brasil fiquem em bases equivalentes.
A comparação entre os preços de gás natural no Brasil e em outros países do mundo
permite chegar a duas conclusões importantes. Primeiramente, pode ser observado
que os preços da molécula, incluindo todas as fontes de oferta, são comparáveis aos
índices NBP e TTF, relativos aos preços praticados na Inglaterra e na Alemanha, bem
como outros índices de hubs europeus, conforme Figura 11. O Henry Hub, por outro
lado, encontra-se em valores menores do que estes, uma vez que o Shale Gas produzido
em diversos plays nos EUA tem custos mais baixos do que a maior parte dos volumes
de gás natural produzidos em outras regiões do mundo.
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
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12
Pre
ços
de g
ás
natu
ral
e G
NL (
US$/M
MBtu
)
NE (nacional) SE/S/CO (nacional) SE/CO (importado)
S (importado) GNL FOB Brasil GNL DES Japão
HH NBP GNL HH
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Figura 11. Comparação dos preços de gás natural (molécula) em setembro/2018
Fonte: elaboração própria a partir de S&P Global (2018) e EIA (2019).
Já no que toca aos preços do gás natural para consumidores finais do segmento
industrial, observa-se que os preços do gás natural no Brasil, com impostos, são maiores
do que em diversos países no mundo, como observado na Figura 12. As parcelas de
transporte, distribuição e tributos/outras obrigações (estimadas subtraindo-se os
valores para o consumidor final dos valores da molécula) são menores na Europa, o que
pode estar relacionado ao fato de o setor de gás natural ter maior maturidade nestes
países, e suas infraestruturas de transporte e distribuição terem menores custos, além
de estarem em grande parte amortizadas2.
2 Em alguns países europeus, como a França, a infraestrutura de distribuição foi inclusive
adaptada a partir das malhas de dutos para movimentação de gás manufaturado de carvão já
existentes nos países antes da entrada do gás natural no mercado.
-
2,00
4,00
6,00
8,00
10,00
12,00
US$/M
MBtu
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Figura 12. Comparação dos preços de gás natural para o consumidor industrial em
países selecionados – média para o primeiro semestre de 2018.
Fonte: Eurostat (2019), MME (2019).
Ressalte-se que os tributos têm grande influência nos preços finais de gás natural e na
comparação entre os países, uma vez que em alguns países suas alíquotas são próximas
de zero, e em outros podem chegar a 30% dos preços finais.
-
5,00
10,00
15,00
20,00
25,00
Fin
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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo buscou analisar a formação de preços de gás natural para
consumidores industriais no Brasil e em países selecionados, traçando uma comparação
entre os preços da molécula e os preços finais ao consumidor em cada país. A seguir
são resumidos os principais pontos derivados do estudo:
Em comparações internacionais de preços de gás natural, é preciso considerar
preços na mesma base, ponto de referência ou etapa da cadeia de valor, uma
vez que dependendo da fonte de oferta do gás natural pode haver uma dinâmica
diferente de parcelas acrescidas ao preço da molécula até a entrega do gás
natural ao cliente final.
Os preços do gás natural (molécula) no Brasil são comparáveis aos praticados no
Reino Unido e na Ásia. O valor da molécula nos EUA é consideravelmente mais
baixo.
Os preços do gás natural no Brasil para a indústria, incluindo tributos, são mais
altos do que em diversos países na Europa. Isto pode se dever ao fato de a
infraestrutura de transporte e distribuição de gás natural destes países encontrar-
se amortizada e ter menores custos, dada sua maior maturidade no setor.
Os tributos têm grande influência nos preços finais de gás natural, podendo
chegar a 30% dos preços finais em alguns países da Europa, e equivalendo a
cerca de 24% dos preços de gás natural para consumidores industriais no Brasil.
A título de conclusão, ressalte-se que as reformas e o redesenho do mercado de gás
natural, que vêm sendo buscados no Brasil, podem contribuir para o aumento da
eficiência do sistema e da competitividade do gás natural no país.
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5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Empresa de Pesquisa Energética – EPE (2018). Plano Decenal de Expansão de Energia 2027. Disponível em: < http://epe.gov.br/pt/publicacoes-dados-abertos/publicacoes/plano-decenal-de-expansao-de-energia-2027 >. Acesso em março de 2019.
Eurostat (2019). Gas prices for non-household consumers. Disponível em: < http://appsso.eurostat.ec.europa.eu/nui/show.do?dataset=nrg_pc_203&lang=en >. Acesso em março de 2019.
International Energy Agency - IEA (2018). WEO 2017 Excerpt – Outlook for Natural Gas. Disponível em: < https://www.iea.org/publications/freepublications/publication/WEO2017Excerpt_Outlook_for_Natural_Gas.pdf >. Acesso em março de 2019.
Ministry of Economy, Trade and Industry - METI (2017). Trend of the price of spot - LNG. Disponível em: < https://www.meti.go.jp/english/statistics/sho/slng/result/pdf/201706-e.pdf >. Acesso em março de 2019.
Ministério de Minas e Energia - MME (2018). Boletim Mensal de Acompanhamento de Indústria de Gás Natural – dezembro de 2017. Disponível em: < http://www.mme.gov.br/web/guest/secretarias/petroleo-gas-natural-e-combustiveis-renovaveis/publicacoes/boletim-mensal-de-acompanhamento-da-industria-de-gas-natural/2017 >. Acesso em março de 2019.
Ministério de Minas e Energia - MME (2019). Boletim Mensal de Acompanhamento de Indústria de Gás Natural – dezembro de 2018. Disponível em: < http://www.mme.gov.br/web/guest/secretarias/petroleo-gas-natural-e-combustiveis-renovaveis/publicacoes/boletim-mensal-de-acompanhamento-da-industria-de-gas-natural/2018 >. Acesso em março de 2019.
PRADE, Yanna C. (2018). Margens de distribuição do gás natural no Brasil – Uma análise comparativa do caso brasileiro. Disponível em: < https://infopetro.wordpress.com/2018/08/06/margens-de-distribuicao-do-gas-natural-no-brasil-uma-analise-comparativa-do-caso-brasileiro/ >. Acesso em março de 2019.
Reino Unido (2019). Industrial gas prices in the EU for small, medium and large consumers. Disponível em: < https://www.gov.uk/government/statistical-data-sets/international-industrial-energy-prices >. Acesso em março de 2019.
S&P Global (2018). European Gas Daily – August 2018. Disponível em: < https://www.spglobal.com/platts/plattscontent/_assets/_files/en/productsservices/market-reports/european-gas-daily-060818.pdf >. Acesso em março de 2019.
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