competÊncias pessoais e sociais de jovens e o seu bem-estar
TRANSCRIPT
1
AS COMPETÊNCIAS PESSOAIS E SOCIAIS ADQUIRIDAS EM
LAR DE INFÂNCIA E JUVENTUDE E O BEM-ESTAR
PSICOLÓGICO APÓS A SAÍDA DA INSTITUIÇÃO
Ana Gabriela Lourenço1
RESUMO:
Este estudo procura determinar o nível de bem-estar psicológico de jovens que passaram
algum tempo das suas vidas em acolhimento e que frequentaram um programa de
promoção de competências pessoais, sociais e domésticas.
Dotar os jovens de ferramentas e competências que lhes permitam ultrapassar as
dificuldades e prosseguirem um percurso pessoal e social eficaz, deverá ser uma
preocupação de todos os que trabalham com esta faixa etária.
Neste trabalho, quatro jovens expressaram o seu bem-estar através da utilização de um
instrumento desenvolvido para a avaliação do bem-estar psicológico de adolescentes,
abrangendo duas vertentes: bem-estar psicológico como ausência de índices de
dificuldades ou de perturbação e bem-estar psicológico como a presença de factores
positivos ou recursos pessoais.
Os resultados obtidos apontam para a existência de um razoável nível de bem-estar geral,
porém não podemos afirmar que tenham sido apenas as competências pessoais e sociais a
contribuir para esse estado, mas que, de acordo com a literatura, os resultados estão dentro
do que seria espectável, caso se considere ter havido essa influência. .
PALAVRAS-CHAVE: Acolhimento Residencial; Bem-Estar Psicológico; Competências
pessoais e sociais
ABSTRACT:
This study seeks to determine the psychological well-being level of youngsters that spend
some time of their lives in residential care and who attended a promotional program of
personal, social and domestic skills.
To give the youngsters the implements and abilities that allows them to overcome the
difficulties and to follow a personal and social efficient stage, which must be a concern of
everybody that works with this age group.
In this work, four youngsters expressed their well-being with an instrument for the
assessment of adolescent psychological well-being that addresses two domains:
psychological well-being as an absence of disturbance signs and psychological well-being
as the presence of personal resources.
The results point to the existence of a reasonable level of general well-being, but we can’t
claim to have been only the personal and social skills to contribute to this state, but that,
according to the literature, the results are within the It would be expected, if it’s considered
that there was this influence.
KEY-WORDS: Residential care; Psychological well-being; personal and social abilities
1 Pós-Graduanda do Instituto CRIAP - Psicologia e Formação Avançada.
As competências pessoais e sociais adquiridas em Lar de Infância e Juventude e o bem-estar psicológico após a saída da instituição
2 Lourenço, Ana Gabriela julho 2015
INTRODUÇÃO
Para que as pessoas se tornem indivíduos conscientes, autónomos, ativos e responsáveis,
necessitam de ter um desenvolvimento pessoal e social equilibrado, isto é, necessitam de se
conhecerem e de gostarem de si mesmos, de interagirem com os outros e com o meio, e de
compreenderem o contexto cultural em que vivem e que lhes serve de suporte ao seu
aperfeiçoamento intra e interpessoal. Será pois, de capital importância possuírem
competências pessoais e sociais que lhes permitam interpretar os desafios que lhe são
colocados, identificar oportunidades e investir em percursos que lhes possibilitem a sua
realização a nível profissional, familiar e social, e promovam o sentir-se bem, o
contentamento e a satisfação com a vida.
A adolescência é uma fase do desenvolvimento humano crucial para a construção de uma
identidade, de padrões de comportamentos e de desenvolvimento de competências pessoais
e sociais. Trata-se de um período de transição e de mudanças intensas, nomeadamente a
nível físico, cognitivo, emocional e social (Silva, 2004). Essas mudanças vão exigir aos
jovens, aptidões e vários recursos de adaptação (Elliott & Feldman, 1990).
A maioria dos jovens que viveram em instituições de acolhimento, ao saírem e por não
terem famílias que lhes possam dar apoio, contam apenas consigo próprios. É pois
fundamental que, durante o período de permanência nos Lares de Infância e Juventude
(LIJ), consigam adquirir competências que lhes permitam alcançar uma autonomização
com sucesso (Gomes, 2010). Reconhecendo-se o papel central assumido pelas instituições
de acolhimento na vida destes jovens, considera-se que deverá ser esta a linha orientadora
da sua intervenção.
A vida e o bem-estar dos jovens, após a sua saída de Lares de Infância e Juventude onde
permaneceram parte da sua infância e adolescência, são assuntos de bastante interesse e
que motivam o seu estudo e análise.
O termo bem-estar é um conceito abrangente e de delicada definição que tem como
referências a saúde física, a felicidade e o prazer, consoante a perspetiva em que é
abordado.
Jens Asendorpf (2004) indica que o bem-estar desdobra-se numa componente cognitiva,
designada de “satisfação com a vida” e numa componente afetiva chamada “felicidade”.
As competências pessoais e sociais adquiridas em Lar de Infância e Juventude e o bem-estar psicológico após a saída da instituição
3 Lourenço, Ana Gabriela julho 2015
O presente estudo tem como objetivo analisar o bem-estar psicológico de quatro jovens
que saíram de um LIJ há cerca de um ano e que frequentaram um programa de
competências pessoais e sociais.
COMPETÊNCIAS PESSOAIS E SOCIAIS
As competências pessoais são um conjunto integrado e estruturado de saberes, aos quais o
indivíduo recorre e mobiliza para a resolução de diferentes tarefas com que é confrontado
ao longo da sua vida, assumindo uma consciência crítica das suas potencialidades e
recursos, bem como dos constrangimentos psicossociais em que se contextualiza
(Gonçalves, 2000).
O conceito de competências sociais, na opinião de Matos (1997), pode ser visto como
competências de vida e de adaptação aos diversos contextos e ambientes do sujeito, que
nos permitem comunicar, relacionar e conviver com as outras pessoas.
Segundo Carneiro (2005), tendencialmente, as crianças e jovens que viveram em
instituição saem quando atingem a maioridade e saem com fracas competências ao nível da
autonomia e do seu desenvolvimento pessoal para se enquadrarem socialmente. Isto
implica repercussões negativas no seu futuro ao nível pessoal, profissional e familiar, que
muitas vezes estimulam o aparecimento e desenvolvimento de comportamentos
antissociais.
É essencial que todos os jovens que vivem em LIJ frequentem programas de preparação
para uma vida autónoma, para que aquando do momento da saída da instituição se sintam
seguros e confiantes. Estes programas deverão incidir na aquisição de competências ao
nível da assertividade, da capacidade de escuta activa, do relacionamento interpessoal, da
descentração entre outras, através de uma intervenção directa sobre o indivíduo e sobre o
seu envolvimento relacional (Matos, 1997; Biglan, Brennan, Foster, & Holder, 2004).
Barth et al. (2009) reconhecem também a importância do desenvolvimento de programas
de autonomia de vida e de desenvolvimento de competências sociais e pessoais em jovens
institucionalizados. A aprendizagem destas competências prepara as crianças/ jovens para
uma vida saudável em sociedade. Georgiades (2005) destaca ainda que, jovens acolhidos e
que nunca integraram programas de autonomia de vida dependem mais da ajuda financeira
e manifestam mais frequentemente comportamentos disruptivos do que jovens que
As competências pessoais e sociais adquiridas em Lar de Infância e Juventude e o bem-estar psicológico após a saída da instituição
4 Lourenço, Ana Gabriela julho 2015
participaram em programas de autonomia e de desenvolvimento de competências pessoais
e sociais.
O BEM-ESTAR
A análise do conceito de bem-estar tem sido um tema estudado pela civilização ocidental
desde a época dos antigos filósofos gregos e a própria conceção de bem-estar tem sofrido
alguma evolução ao longo do tempo.
Apesar do interesse por este assunto vir de época remota, o estudo do bem-estar no âmbito
psicológico no domínio da investigação científica só ocorreu na década de 1960,
impulsionado pelas grandes transformações que ocorreram nessa altura na sociedade e pela
necessidade de desenvolver indicadores sociais de qualidade de vida (Diener, 1984;
Galinha & Ribeiro, 2005; Keyes, 2006; Ryff, 1989).
Durante esse período, psicólogos sociais e do comportamento perceberam que, até então,
tinham-se explorado questões sobre as doenças mentais e o sofrimento humano, mas sabia-
se muito pouco sobre aspectos como a saúde mental e a felicidade (Diener, 1984; Ryff,
1989). Diversos termos eram empregados nessas pesquisas, tais como: felicidade,
satisfação, estado de espírito, moral, afeto positivo, avaliação subjetiva da qualidade de
vida, entre outros (Diener, 1984).
Bem-Estar Subjetivo
O trabalho de Diener (1984) é um marco na tentativa de sistematização dos estudos na
área, cunhando o termo Bem-Estar Subjetivo como forma de representação do bem-estar.
O Bem-Estar Subjetivo é assim, definido como um conjunto de fenómenos que incluem
respostas emocionais, domínios de satisfação e julgamentos globais de satisfação de vida.
É “a avaliação cognitiva e afectiva das pessoas sobre as suas vidas” (Diener, 2000),
mediante “julgamentos mais abrangentes acerca da sua vida como um todo, bem como
acerca de domínios tais como o casamento e o trabalho.” (Diener, 2000). Compreende as
componentes satisfação com a vida (julgamento global da própria vida), satisfação com
domínios importantes (como por exemplo a satisfação com o trabalho), afecto positivo
(experimentar várias emoções e humor positivos) e baixo nível de afecto negativo. Ou seja,
“é um estado no qual a pessoa sente e acredita que a sua vida está a correr bem” (Diener,
Kesebir & Lucas, 2008), sendo uma forma de avaliar subjectivamente a qualidade de vida
As competências pessoais e sociais adquiridas em Lar de Infância e Juventude e o bem-estar psicológico após a saída da instituição
5 Lourenço, Ana Gabriela julho 2015
pessoal. Este bem-estar subjectivo faz referência às componentes de satisfação com a vida
e felicidade geral (Allen, Carlson & Ham, 2007; Dush & Amato, 2005; Chavez et al.,
2005).
Bem-Estar Psicológico
Depois de se terem realizado muitas pesquisas sobre o Bem-Estar Subjetivo ao longo de
diversos anos e de acordo com as opiniões de Ryff, (1989) e Ryff & Keyes, (1995)
considerou-se que a tarefa essencial de definir a estrutura básica do bem-estar no âmbito
psicológico estava a ser negligenciada. Então para colmatar esta falha, Ryff, no final da
década de 1980, realizou uma extensa revisão da literatura em relação ao funcionamento
ótimo ou positivo do bem-estar no âmbito psicológico e ao mesmo tempo recuperou a
perspetiva da eudaimonia de Aristóteles, que encara o bem-estar proveniente da ação em
direção ao desenvolvimento dos potenciais únicos de cada pessoa (Ryff, 1989; Waterman,
1993).
O modelo de Bem-Estar Psicológico traçado por Ryff, encara o bem-estar como algo mais
do que a satisfação com a vida, afetos positivos e ausência de afetos negativos,
introduzindo um modelo multidimensional baseado em conceções de crescimento
edesenvolvimento pessoal, autorrealização e sentido de vida (Ryan & Deci, 2001; Ryff &
Singer, 1998; Waterman, 1993).
Este modelo integra seis conceitos: autoaceitação que retrata o nível de auto-
conhecimento, funcionamento óptimo e maturidade; autonomia que possui como indicador
o locus interno de avaliação e a independência das aprovações externas; controlo sobre o
meio, ou seja, a capacidade do indivíduo para escolher ou criar ambientes adequados às
suas características e a capacidade de controlo de meios complexos; relações positivas, ou
seja, a capacidade de estabelecer relação de empatia e afeição com os outros, capacidade
de amar e manter amizades; propósito na vida, ou seja, a capacidade de estabelecer
objectivos, atribuindo significado à própria vida; e desenvolvimento pessoal, ou seja, a
necessidade constante de crescimento pessoal, vivência de novas experiências e desafios
(Ryff, 1989 citado por Dush & Amato, 2005).
Ainda assim, há alguns autores que consideram que existem limitações na apresentação das
dimensões associadas ao funcionamento psicológico positivo, devendo integrar também
domínios ligados a índices de sintomatologia (Diener, 1994; Kazdin, 1993; Schlosser,
As competências pessoais e sociais adquiridas em Lar de Infância e Juventude e o bem-estar psicológico após a saída da instituição
6 Lourenço, Ana Gabriela julho 2015
1990; Heady, Holmstrom, & Wearing, 1985; Heady, Kelley, & Wearing, 1993, citado em
Bizarro, 1999).
Modelo Cognitivo-Comportamental-Desenvolvimentista de Bem-Estar Psicológico na
Adolescência
Como forma de integrar as perspectivas actuais de conceptualização de bem-estar, Bizarro
(1999, 2001) considera o modelo cognitivo-comportamental-desenvolvimentista, como o
mais adequado, porque assenta numa conceptualização do funcionamento psicológico que
evidencia a componente cognitiva e a sua relação com o comportamento e a expressão
emocional (Beck, 1976, 1991, citado em Bizarro, 2001) o que vai de encontro à concepção
de bem-estar psicológico como construto que inclui componentes cognitivos e afectivos
(Diener, 1994) e é encarado como desenvolvimentista, no sentido em que considera que os
instrumentos de avaliação deverão ter em conta as características da população a que se
destina (Ryff & Keyes, 1995).
Este modelo serviu de base para a elaboração de um instrumento de avaliação denominado
Escala de Bem-Estar Psicológico na Adolescência (EBEPA) que integra cinco dimensões.
Duas dessas dimensões avaliam índices de dificuldades nos adolescentes, são elas a
dimensão da Ansiedade (ANS) e a Cogntiva-Emocional Negativa (CEN), e as outras três
avaliam a presença de recursos pessoais que se consideram serem positivas para o bem-
estar psicológico dos jovens, são elas a dimensão Cognitiva-Emocional Positiva (CEP), o
Apoio Social (AS) e a Percepção de Competências (PC) (Bizarro, 2001).
A dimensão Ansiedade inclui algumas reacções típicas nos adolescentes, sejam elas
agitação, tensão e tremuras (sintomas fisiológicos), dificuldades em estar parado,
alterações súbitas de comportamento (sintomas comportamentais), dificuldade em
concentrar-se (sintomas cognitivos) (Kendall & Ronan, 1990; Oort, Greaves-Lord,
Verhulst, Ormel, & Huizink, 2009). Esta dimensão considera que estes sintomas são
relativamente comuns na adolescência, podendo ser transitórios neste período (Achenbach
& Howell, 1993; Oort, et al., 2009), no entanto estes poderão tornar-se presistentes,
podendo afectar o bem-estar psicológico do jovem (Clark, Smith, Neighbors, Skerlec, &
Randall, 1994). São vários os autores que estudaram a ansiedade no decorrer da
adolescência e é evidenciado que com o decorrer desta fase de desenvolvimentohumano,
os sintomas de ansiedade aumentam, pois aumentam igualmente as preocupações e a
As competências pessoais e sociais adquiridas em Lar de Infância e Juventude e o bem-estar psicológico após a saída da instituição
7 Lourenço, Ana Gabriela julho 2015
insegurança ao mesmo tempo que vai ampliando a procura de independência, elevando
assim o risco de desenvolver futuras perturbações (Oort, et al., 2009).
A dimensão Cognitiva-Emocional Negativa e dimensão Cognitiva-Emocional Positiva
assenta no facto de considerar as variáveis cognitivo-comportamentais como promotoras
do bem-estar psicológico ou promotoras da incapacidade de adaptação e dificuldades
psicológicas, podendo influenciar os estados emocionais e os comportamentos dos
adolescentes (Kendal, 1991). Estas dimensões incluem autoverbalizações e percepções das
situações de valência mais positiva ou negativa, típicas no período da adolescência
(Ambrose & Rholes, 1993). Vários autores e estudos relatam que as autoverbalizações e as
percepções cognitivas influenciam os estados emocionais (Schwartz & Garamoni, 1989),
assim como têm um papel importante na regulação a nível pessoal e social (Hardy, 2006;
Brinthaupt, Hein & Kramer, 2009).
A nível cognitivo existem vários factores de risco que poderão contribuir para uma
diminuição do bem-estar psicológico na adolescência, nomeadamente as distorções
cognitivas. Estas consistem num modo disfuncional de processar a informação que poderá
levar a uma perturbação emocional com consequências negativas para o sujeito (Kendall,
1991). As cognições descritas através destas dimensões reflectem uma maior
vulnerabilidade cognitiva para um maior ou menor bem-estar psicológico dos adolescentes
(Bizarro, 1999).
A dimensão Apoio Social foi concebida para avaliar a percepção que os adolescentes têm
relativamente ao apoio social disponível, o que se demonstra estar significativamente
associado ao bem-estar psicológico nos adolescentes. Segundo Cohen (2004) o apoio
social é definido como o apoio psicológico e material com a intenção de ajudar os sujeitos
em causa a lidarem eficazmente com o stress.
Vários estudos apontam para uma relação entre um défice no apoio social e a existência de
dificuldade psicológicas nesta faixa etária (Gotlieb, 1991; Kalafat, 1997).
O apoio social inclui o apoio emocional, a partilha de actividades, o companheirismo, a
revelação de pensamentos e emoções, a ajuda instrumental, o que poderá promover a
percepção de valor pessoal, de auto-eficácia, auto-estima e capacidade de resolução de
problemas sendo propício às tarefas desenvolvimentistas e estando correlacionado com o
bem-estar na maioria dos estudos (Sarason, Sarason, & Piece, 1990; Chu, Saucier, &
As competências pessoais e sociais adquiridas em Lar de Infância e Juventude e o bem-estar psicológico após a saída da instituição
8 Lourenço, Ana Gabriela julho 2015
Hafner, 2010). O apoio social pode ser encarado como um factor protector na adolescência,
contribuindo para o funcionamento adaptativo dos jovens (Dryfoos, 1997). São vários os
autores que estabelecem uma relação positiva entre o apoio social e o bem-estar
psicológico, sendo que o jovem que usufruir de uma ajuda nas dificuldades inevitáveis do
seu desenvolvimento desenvolverá a possibilidade de um maior bem-estar (Bizarro, 1999;
Chu, et al., 2010).
A dimensão Percepção de Competências inclui autoperceções de competências em áreas
consideradas importantes para os jovens, tais como fazer amigos, resolver problemas e
sucesso escolar (Hartup, 1992; Quamma & Greenberg, 1994, citado em Bizarro, 2001). A
percepção de competências tem sido considerada como relevante para o bem-estar
psicológico e adaptação dos adolescentes, pois está directamente relacionada com as
reacções afectivas e a orientação motivacional para os desempenhos. A percepção de
capacidade funcional é essencial para que o jovem adquira competências e se desenvolva
(Harter, 1990, 1992; Harter, & Whitesell, 1996). Desta forma para além de ser importante
o sujeito adquirir as competências, também seria importante este se sentir motivado a
desempenha-las nas várias situações por se sentir competente (Bizarro, 1999). Bandura
(1977) vem evidenciar a importância destes mediadores cognitivos, no sentido em que,
quanto maior percepção de competências o sujeito tiver, maior sentido de auto-eficácia
este desenvolverá, o que poderá resultar ter repercussões positivas ao nível dos
comportamentos e recursos que utiliza. Desta forma passa-se a dar maior ênfase ao
significado emocional e motivacional da avaliação e da expectativa que os sujeitos têm
sobre as suas competências. Vários estudos ligados às crianças e adolescentes vêm
evidenciar esta correlação anteriormente descrita (Bandura, 1977; Harter, 1992).
Estas evidências mostram-se extremamente importantes para estudar a influência de vários
factores na existência de maior ou menor bem-estar e na capacidade de adaptação.
PROMOÇÃO DE COMPETÊNCIAS PESSOAIS E SOCIAIS EM JOVENS EM
ACOLHIMENTO E BEM-ESTAR PSICOLÓGICO
A relação entre as competências pessoais e mais especificamente as sociais com o conceito
de bem-estar tem vindo a ser estudadas por diversos autores (Diener & Fujita, 1995; Segrin
& Taylor, 2007).
A promoção de competências para o aperfeiçoamento do relacionamento interpessoal e
ajustamento social dos jovens prenuncia uma tendência favorável na evolução ao nível do
As competências pessoais e sociais adquiridas em Lar de Infância e Juventude e o bem-estar psicológico após a saída da instituição
9 Lourenço, Ana Gabriela julho 2015
comportamento, da flexibilidade cognitiva e adequação do estilo interpessoal (Clavero et
al., 2006; Del Valle & Garcia Quintanal, 2006; Jardim & Pereira, 2006; Negreiros, 2008;
Rijo et al., 2007). Estas melhorias poderão influenciar profundamente a vida dos
participantes destes programas, tanto no momento presente como no futuro e este efeito
pode generalizar-se para todos os contextos da vida dos jovens, incluindo o social, o
escolar, o profissional e o familiar (Alberto, 2003; Barth et al., 2009).
Vários estudos fundamentam a importância da aquisição e desenvolvimento de
competências sociais para a promoção do bem-estar psicológico, porém outras
investigações (Headey, Holsmtrom, & Wearing, 1985, citadas por Bizarro, 1999)
evidenciam que uma falência a este nível poderá levar ao isolamento social, quando os
indivíduos apresentam fracas capacidades para a resolução de conflitos interpessoais e de
relacionamento assertivo. Quando demonstram poucas competências de regulação
emocional, nomeadamente ao nível da ansiedade e da agressividade, assim como quando
tem maiores dificuldades em desenvolver uma rede de amigos e de apoio social, que se
considera imprescindível para um maior bem-estar, estes indivíduos vêem diminuídas as
possibilidades de um bem-estar psicológico.
Tanaka, Aikawa, & Kosugi (2002) alegam que jovens com baixas capacidades de
competências pessoais exibem reacções psicológicas e comportamentais mais intensas e
disfuncionais do que jovens com boas competências sociais, nas interacções do dia-a-dia,
estando mais propícios ao desenvolvimento de problemas psicológicos como depressão
(Segrin et al., 2007).
Na opinião de Matos (1997) são vários os modelos explicativos que estão na base da
aquisição das competências pessoais e sociais, nomeadamente, o modelo comportamental
(aquisição e/ou extinção de comportamentos observáveis), o modelo cognitivo-
comportamental (aquisição e/ou extinção de comportamentos observáveis aliada a uma
reestruturação cognitiva e à redução da ansiedade associada a determinados
comportamentos) e o modelo introduzido por Bandura (1976) de aprendizagem social.
Da revisão de literatura que Matos (1997) fez, concluiu que o desenvolvimento pessoal e
social dos jovens (principalmente os que vivem em acolhimento) poderá ser optimizado
através de uma intervenção directa partindo dos pressupostos teóricos anteriormente
referidos, em que os técnicos ajudam os jovens a reflectir sobre as suas características
pessoais e sociais (tanto ao nível de comportamentos observáveis, ou seja, a comunicação
As competências pessoais e sociais adquiridas em Lar de Infância e Juventude e o bem-estar psicológico após a saída da instituição
10 Lourenço, Ana Gabriela julho 2015
verbal e não verbal, como comportamentos não observáveis, ou seja, estratégias cognitivas
de planeamento e resolução de problemas), ajudam a aumentar o reportório de respostas,
possibilitando assim uma melhoria do estatuto social, quando este não se desenvolveu num
percurso normal, o que acontece frequentemente com jovens em acolhimento (Romer,
2003). Mediante o sucesso neste contexto, o jovem poderá desenvolver um sentido de
autoeficácia, auto-estima e outras competências pessoais e sociais (Bandura, 1976; Segrin
Hanzal, Donnerstein, Taylor, & Domschke, 2007), o que pode contribuir para promover
maior satisfação e bem-estar e evitar a adopção de comportamentos de risco (Dryfoos &
Barkin, 2006) no momento e a nível futuro.
OBJETIVOS E METODOLOGIA
OBJETIVOS
Com este estudo pretende-se conhecer o bem-estar psicológico geral das 4 jovens que
frequentaram um programa de competências pessoais, sociais e domésticas durante a sua
permanência em LIJ, mais ou menos um ano após a sua saída e verificar quais das
seguintes dimensões, Ansiedade, Cognitiva-Emocional Negativa, Apoio Social, Perceção
de Competências e Cognitiva-Emocional Positiva se reconhecem níveis de bem-estar mais
significativos.
PARTICIPANTES
Participaram neste estudo quatro jovens que saíram de um LIJ há cerca de um ano tendo
frequentaram o programa de competências pessoais, sociais e domésticas durante a sua
permanência nesse espaço, que ocorreu em espaços de tempo diferentes, entre três e onze
anos (3; 4; 8; 11).
Estas quatro jovens têm idades compreendidas entre 18 e 21 anos (18; 20; 20; 21).
O programa de competências pessoais, sociais e domésticas
O programa de desenvolvimento das competências pessoais e sociais incide nos seguintes
matérias:
O desenvolvimento pessoal – promoção da autoestima e autocontrolo, saber lidar com
as emoções, gestão da ansiedade e raiva, resistência à frustração, mitos e crenças,
cuidados e higiene pessoal, saber lidar com a intimidade/sexualidade;
As competências pessoais e sociais adquiridas em Lar de Infância e Juventude e o bem-estar psicológico após a saída da instituição
11 Lourenço, Ana Gabriela julho 2015
As relações interpessoais – gestão de conflitos, saber tomar decisões, saber comunicar,
saber negociar, cumprimento de regras e limites;
Gestão de recursos – utilização e serviços da comunidade, gestão do dinheiro.
As sessões são dinamizadas por uma assistente social e uma psicóloga e realizam-se
individualmente ou em grupo.
A dinamização das competências domésticas decorre no dia-a-dia e incidem na realização
das tarefas domésticas da habitação, nomeadamente na confeção das refeições, na
higienização e limpeza da habitação e no tratamento da roupa. As jovens participam de
forma direta, de acordo com uma tabela de tarefas e com a supervisão e ajuda de uma
educadora.
MATERIAL E INSTRUMENTOS
Para este estudo foi utilizada a Escala de Bem-Estar Psicológico para Adolescentes -
EBEPA desenvolvida por Bizarro (1999). Este instrumento é composto por uma escala de
auto-relato, de 28 itens distribuídos por cinco subescalas consideradas componentes do
bem-estar psicológico dos adolescentes: Ansiedade (ANS) que avalia várias queixas
habitualmente associadas a sintomas de ansiedade; Cognitiva-Emocional Negativa (CEN)
que avalia aspectos cognitivos e emocionais do bem-estar psicológico com uma valência
mais negativa; Apoio Social (AP) que avalia a existência no espaço relacional dos jovens
de pessoas que lhes possam asseguram apoio socio-emocional; Perceção de Competências
(PC) que avalia a percepção de competências em geral, no domínio escolar e de resolução
de problemas interpessoais em particular; Cognitiva-Emocional Positiva (CEP) que avalia
aspectos cognitivos e emocionais do bem-estar psicológico com uma valência mais
positiva. Cada subescala é constituída por 6 itens, excetuando a subescala de Perceção de
Competências que tem apenas 4 itens.
Os jovens dão as suas respostas de acordo com uma escala de seis pontos relativa à auto-
avaliação da frequência de ocorrência. Os seis pontos estão ordenados numa escala Likert
(1 - Nunca, 2 - Raras vezes, 3 - Algumas vezes, 4 - Bastantes vezes, 5 - A maior parte das
vezes, 6 - Sempre).
Este instrumento ao avaliar o bem-estar psicológico nas suas duas vertentes: bem-estar
como a ausência de índices de dificuldades (duas primeiras subescalas – ANS e CEN) e
As competências pessoais e sociais adquiridas em Lar de Infância e Juventude e o bem-estar psicológico após a saída da instituição
12 Lourenço, Ana Gabriela julho 2015
bem-estar como a presença de factores positivos ou recursos pessoais (três últimas
subescalas – AP, PC e CEP) vai de encontro com a conceção defendida por Diener (1994).
Com instrumento obtém-se o valor relativo a cada subescala através do cálculo da média
do valor dos itens, sendo que os valores nas subescalas Ansiedade e Cognitiva-Emocional
Negativa os valores mais baixos correspondem a um nível de bem-estar mais elevado e nas
outras três subescalas Apoio Social, Cognitiva – Emocional Positiva e Percepção de
Competências verifica-se o inverso, o valor mais alto é que equivale ao nível mais elevado.
Em relação ao índice de Bem-Estar Total, a pontuação é obtida através da média das
médias encontradas em cada subescala, tendo sido invertidos os valores das subescalas
Ansiedade e Cognitiva-Emocional Negativa, de modo a que todos os itens pontuem na
mesma direção (Bizarro, 1999).
PROCEDIMENTO
A EBEPA foi preenchida pelas quatro jovens que frequentaram o programa de
competências pessoais, sociais e domésticas após mais ou menos um ano da sua saída.
Estas quatro jovens têm o seu projeto de vida individual, não estando a viver com a sua
família de origem. Duas vivem com os seus companheiros e outras duas dividem casa com
amigas.
A aplicação da escala foi realizada presencialmente com duas das jovens e via email com
as outras duas, durante o mês de maio de 2015, altura que perfaz mais ou menos um ano
relativamente à sua saída do LIJ.
RESULTADOS
A análise dos resultados realizou-se através de folha de cálculo do Microsoft Excel, onde
foram calculadas as respetivas médias das subescalas que compõem a EBEPA.
As duas dimensões que avaliam os aspetos negativos apresentam os seguintes resultados:
Tabela 1 - Dimensões que avaliam os aspetos negativos
Subescala Média Itens da Escala Valores
Ansiedade- ANS 2,79
6-Andei irritado(a). 3.00
11-Senti-me nervoso(a), tenso(a). 3.00
14-Senti-me a ponto de explodir. 2.25
17-Tive dores de cabeça. 3.25
20-Senti-me ansioso(a), preocupado(a). 3.00
23-Senti dificuldades em me acalmar. 2.25
As competências pessoais e sociais adquiridas em Lar de Infância e Juventude e o bem-estar psicológico após a saída da instituição
13 Lourenço, Ana Gabriela julho 2015
Cognitiva-Emocional
Negativa – CEN 2,29
4-Senti-me tão triste e desencorajado(a) a ponto de achar que já nada valia a pena. 2.75
8-Achei a minha vida sem qualquer interesse. 2.25
16-Achei que nada aconteceu como eu esperava. 2.75
21-Achei que não tinha nada a esperar do futuro. 2.00
22-Achei que não era capaz de fazer nada bem feito. 2.00
26-Senti-me tão em baixo que nada me conseguiu animar. 2.00
Os valores dos aspetos negativos de bem-estar destacam-se em relação à dimensão
Ansiedade com uma média de 2,79 em que a componente de bem-estar físico se encontra
mais evidente (dores cabeça, irritação, nervosismo, preocupação).
A dimensão Cognitivo-Emocional Negativa, com uma média de 2,29, apresenta valores
que transmitem pouca autoconfiança e alguma insegurança (“4-Senti-me tão triste e
desencorajado(a) a ponto de achar que já nada valia a pena”;“16-Achei que nada
aconteceu como eu esperava”).
Os valores das três dimensões, que avaliam os recursos pessoais positivos e que
contribuem para um maior bem-estar das jovens, estão indicados na presente tabela:
Tabela 2 - Dimensões que avaliam os aspetos positivos
Subescala Média Itens da Escala Valores
Apoio Social - AP 5,16
2-Tive um(a)amigo(a) íntimo(a)que me compreendeu mesmo.
4,75
9-Tive um/a amigo/a a quem pude contar os meus problemas.
5,5
15-Tive colegas ou amigos com quem pude passar os meus tempos livres.
4,75
19-Achei que tinha alguém com quem podia desabafar.
5,75
25-Achei que tinha alguém verdadeiramente meu amigo(a).
5
28-Tive colegas ou amigos(as) com quem gostei de estar. 5,25
Cognitiva-
Emocional
Positiva - CEP
4,04
5-Gostei de mim próprio(a).
4,25
7-Consegui ver o lado positivo das coisas. 3,75
10-Gostei das coisas que fazia. 4,25
12-Senti-me uma pessoa feliz. 4,00
13-Estive empenhado nas coisas que fazia. 3,75
24-Aconteceram coisas na minha vida de que gostei. 4,25
Perceção de
Competências - PC 4,50
1-Achei que era capaz de fazer coisas tão bem como os outros.
4,25
3-Achei que era capaz de ser suficientemente bom/boa no trabalho escolar.
4,00
18-Achei que era capaz de resolver os meus problemas do dia-a-dia.
4,50
27-Achei que era capaz de resolver os problemas que tive com os meus/minhas amigos(as). 5,25
A dimensão de Apoio Social é a que apresenta valores mais altos, o que transmite a
existência de suporte social e emocional na vida destas jovens, designadamente ao
considerarem que têm alguém com quem podem desabafar e partilhar os seus problemas,
sentindo-se acompanhadas no seu percurso de vida.
As competências pessoais e sociais adquiridas em Lar de Infância e Juventude e o bem-estar psicológico após a saída da instituição
14 Lourenço, Ana Gabriela julho 2015
O autoconceito e autoestima expressos na dimensão Cognitiva-Emocional Positiva
reconhecem-se na forma como manifestam as cognições e emoções positivas de si
próprias, das coisas que fazem e do que lhes acontece.
Em relação à dimensão Perceção de Competências, e aqui há a realçar o item “3-Achei que
era capaz de ser suficientemente bom/boa no trabalho escolar”dado que as jovens não
estão a estudar foi considerado a atividade laboral (todas estão integradas no mercado de
trabalho), nos valores encontrados há a salientar a integração das jovens no seu meio, quer
a nível das relações de amizade quer em contexto de trabalho.
O cálculo do valor de Bem-Estar Total é apresentado na tabela 3, apresentada de seguida:
Tabela 3- Índice de Bem-Estar Total
Subescalas Média das Subescalas Bem-Estar Total
Ansiedade- ANS 2,79 (3,21)
4,125
Cognitiva-Emocional
Negativa – CEN 2,29 (3,71)
Apoio Social - AP 5,16
Cognitiva-Emocional
Positiva - CEP 4,04
Perceção de Competências - PC 4,50
A maioria dos autores defende que para existir bem-estar não basta haver ausência de
cognições e emoções negativas, é necessário também estarem presentes os pensamentos
positivos (Kendall, 1991), ambos os pensamentos (positivos e negativos) são importantes e
necessários para um equilíbrio psicológico (Golfried, 1995, citado em Bizarro).
O valor do Bem-Estar Total situa-se ligeiramente acima do ponto médio da escala e
reconhece-se que as dimensões que avaliam os recursos pessoais e a presença de fatores
positivos foram as que mais contribuíram para esse valor, destacando-se o Apoio Social
como já referido anteriormente.
DISCUSSÃO E CONCLUSÃO
Os resultados deste trabalho, relativamente ao período em que ocorreram os inquéritos e de
acordo com o objetivo de conhecer o bem-estar de quatro jovens após a saída de um Lar de
Infância e Juventude, revelam que as jovens participantes apresentam níveis médios
razoáveis de bem-estar psicológico.
As competências pessoais e sociais adquiridas em Lar de Infância e Juventude e o bem-estar psicológico após a saída da instituição
15 Lourenço, Ana Gabriela julho 2015
As relações sociais são um preditivo de níveis elevados de bem-estar (Sheldon et al., 2007,
Sheldon, 2004) e como afirma Bizarro (1999), jovens com uma maior rede de apoio social,
contactos sociais, amigos, são os que reportam níveis mais elevados de bem-estar
desenvolvendo um auto-conceito positivo, maior auto-estima e autoeficácia. Os valores
que estas jovens apresentam relativamente a este item confirmam as afirmações destes
estudiosos.
De acordo com Bizarro (1999) tão importante, ou mais do que as competências
(cognitivas, emocionais, comportamentais e sociais) são as expectativas positivas e as
ideias que a pessoa tem acerca dessas mesmas competências e da sua capacidade de as
implementar e concretizar (Harter, 1990). Desta forma, constata-se que os valores da
percepção de competências positivas que estas jovens fizeram de si próprias são visíveis,
comprovando o que seria esperado.
Uma possível relação entre a promoção de competências pessoais e sociais desenvolvidas
com o programa que estas jovens frequentaram e o seu bem-estar nesta data poderá existir,
dado o que é afirmado pela revisão da literatura e pelos resultados apresentados. Porém, o
facto de apenas se ter usado a EBEPA poderá ter sido insuficiente e limitado a informação
sobre as reais competências pessoais e sociais adquiridas.
Apesar da pequena amostra e de várias limitações poderemos afirmar que este trabalho
promoveu o conhecimento sobre o desenvolvimento de jovens que passaram pelo
acolhimento residencial e de como as boas práticas realizadas nas instituições poderão
contribuir e, de algum modo, ter influenciado a qualidade de vida e bem-estar após a sua
saída.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALBERTO, I. (2003). Como pássaros em gaiolas? Reflexões em torno da
institucionalização de menores em risco. In: Machado, C. e Gonçalves, R. (Coord.).
Violência e Vítimas de Crimes. Coimbra, Quarteto, 223-244.
ALLEN, D. CARLSON, D. & HAM, C. (2007). Well-being: New paradigms of wellness–
inspiring positive health outcomes and renewing hope. American Journal of Health
Promotion, 21 (3), 1-9.
AMBROSE, B. & RHOLES, W. (1993). Automatic cognitions and symptoms of
depression and anxiety in children and adolescents. Cognitive Therapy and Research, 17
(2), 1-20.
As competências pessoais e sociais adquiridas em Lar de Infância e Juventude e o bem-estar psicológico após a saída da instituição
16 Lourenço, Ana Gabriela julho 2015
ASENDORPF, J. (2004). Psychologie der Persönlichkeit. Berlin: Springer.
BANDURA, A. (1977). Self-efficacy: Toward a unifying theory of behavioural change.
Psychological Review, 84 (2), 191-215.
BARTH, R., GREESON, J., ZLOTNIK, S. & CHINTAPALLI, L. (2009). Evidence-based
practice for youth in supervised out-of-home care: a framework for development,
definition, and evaluation, The Journal of Evidence Based Practice in Social Work, 6(2),
147-175.
Disponível em: http://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/15433710802683796,
acedido a 5 de junho 2015.
BIGLAN, A. BRENNAN, P. FOSTER, S. & HOLDER, H. (2004). Helping adolescents at
risk: prevention of multiple problem behaviors. Nova Iorque. The Guilford Press.
BIZARRO, L. (1999). O bem-estar psicológico durante a adolescência. Tese de
doutoramento inédita, Universidade de Lisboa, Departamento de Psicologia Clínica da
Faculdade de Psicologia.
BIZARRO, L. (2001). A avaliação do bem-estar psicológico na adolescência. Revista
Portuguesa de Psicologia, 35, 81-116.
BRINTHAUPT, T., HEIN, M., & KRAMER, T. (2009). The Self-Talk Scale:
Development, Factor Analysis, and Validation. Journal of Personality Assessment, 91 (1),
82–92.
CARNEIRO, R. (2005). Casa Pia de Lisboa. Um Projeto de Esperança: as estratégias de
acolhimento das crianças em risco – relatório final. Cascais, Principia.
CLARK, D. SMITH, M. NEIGHBORS, B. SKERLEC, L. & RANDALL, J. (1994).
Anxiety disorders in adolescence: characteristics, prevalence, and comorbidities. Clinical
Psychological Review, 14 (2), 113-137.
CHAVEZ, A. BACKETT-MILBURN, K. PARRY, O. & PLATT, S. (2005).
Understanding and researching wellbeing: Its usage in different disciplines and potential
for health research and health promotion. Health Education Journal, 64 (1), 70-87.
CHU, P. SAUCIER, D. & HAFNER, E. (2010). Meta-analysis of the relationships between
social support and well-being in children and adolescents. Journal of Social & Clinical
Psychology, 29, (6), 624-645.
COHEN, S. (2004). Social relationships and health. American Psychologist, 59, 676-684.
DEL VALLE, J. & QUINTANAL, J. (2006). Umbrella, habilidades para la vida. Oviedo:
Asaci.
DIENER, E. (1994). Assessing subjective well-heing: progress and opportunities. Social
Indicators Research, 31, 103-157.
As competências pessoais e sociais adquiridas em Lar de Infância e Juventude e o bem-estar psicológico após a saída da instituição
17 Lourenço, Ana Gabriela julho 2015
DIENER, E. (2000). Subjective well-being. The science of happiness and a proposal for a
national index. American Psicologist. 55 , 34-43.
DIENER, E. & FUJITA, F. (1995). Resources, Personal Strivings, and Subjective Weil-
Being: A Nomothetic and Idiographic Approach. Journal of Personality and Social
Psychology, 68, 926-935.
DIENER, E. KESEBIR, P. & LUCAS, R. (2008). Benefits of accounts of well-being—For
societies and for psychological science. Applied Psychology: An International Review, 57,
37- 53.
DRYFOOS, J. (1997). The prevalence of problem behaviors: Implications for programs.
Em R. P. Weissberg, T. P. Gullotta, R. L. Hampton, B. A. Ryan, & G. R. Adams (Ed.),
Enhacing children’s wellness (pp.17 – 46). London: Sage Publications.
DRYFOOS, J. & BARKIN, C. (2006). Adolescence: growing up in America today. Oxford
University Press: New York (pp. 272).
DUSH, C. & AMATO, P. (2005). Consequences of relationships status and quality for
subjective well-being. Journal of Social and Personal relationships, 22, 607-727.
ELLIOTT, G. & FELDMAN, S. (1990). Capturing the adolescent experience. In S. S.
Feldman & G. R. Elliott (Ed.), At the threshold – The developing adolescent (pp. 1-14).
Massachussetts: Harvard University Press.
GALINHA, I. & RIBEIRO, P. (2005) História e evolução do conceito de Bem-estar
Subjectivo. Psicologia, Saúde & Doenças. 6 (2), 203-214.
GEORGIADES, S., (2005). A multi-outcome evaluation of an independent living program.
Child and Adolescent Social Work Journal, 23, 417 – 439.
GONÇALVES, C. (2000) Desenvolvimento vocacional e promoção de competências .
Comunicação apresentada no 2º Encontro Internacional de Formação Norte de
Portugal/Galiza, Porto 12 a 14 de Outubro 2000. Comunicação publicada em
www.psicologia.com.pt/artigos. Acedido a 5 de junho de 2015
GOMES, I. (2010). Acreditar no Futuro. Lisboa. Texto Editores.
GOTLIEB, B. (1991). Social Support in adolescence. Em M. E. Colten & S. Gore (Ed.),
Adolescent stress – Causes and consequences (pp.281-306). New York: Aldine de Gruyer.
HARDY, J. (2006). Speaking clearly: A critical review of the self-talk literature.
Psychology of Sport and Exercise, 7, 81–97.
HARTER, S. (1990). Self and identity development. Em S. S. Feldman & G. R. Elliott
(Ed.), At the threshold – The developing adolescent. (pp. 352 – 387). Massachusetts:
Harvard University Press.
As competências pessoais e sociais adquiridas em Lar de Infância e Juventude e o bem-estar psicológico após a saída da instituição
18 Lourenço, Ana Gabriela julho 2015
HARTER, S. (1992). The relation between perceived competence, affect, and motivational
orientation within the classroom. Processes and patterns of change. Em A.K. Boggiano &
T. S. Pittman (Ed.), Achievement and motivation: A social-development perspective
(pp.77-114). Cambridge (UK): Cambridge University Press.
HARTER, S. & WHITESELL, N. (1996). Multiple pathways to self-reported depression
and psychological adjustment among adolescents. Development and Psychopathology, 8,
761-777.
JARDIM, J. & PEREIRA, A. (2006). Competências pessoais e sociais – guia prático para
a mudança positiva. Porto: Edições Asa.
KALAFAT, J. (1997). Prevention of youth suicide. Em R. P. Weissberg, T. P. Gullota, R.
L. Hampton, B. A. Ryan, & G. R. Adams (Ed.), Enhacing children’s wellness (pp.175-
213). London: Sage Publications.
KEYES, C. (2006). Subjective well-being in mental health and human development
research world wide: an introduction. Social Indicators Research, 77 (1), 1-10
KENDALL, C. (1991). Guiding theory with children and adolescents. Em P. C. Kendal
(Ed.), Child and adolescents therapy – Cognitive-behavioural procedures (pp. 3-24). New
York: The Guilford Press.
KENDALL, C. & RONAN, R. (1990). Assessment of children’s anxieties, fears, and
phobias: cognitive-behavioral models and methods. Em C. R. Reynaolds, & R. W.
Kamphaus (Ed.), Handbook of psychological and educational assessment of children
(pp.223-244). New York: Guilford Press.
NEGREIROS, J. (2008). Delinquências Juvenis – Trajectórias, intervenção e prevenção.
Porto, Livpsic.
MATOS, M. (1997). Comunicação, gestão de conflitos e saúde na escola. Lisboa,
Faculdade de Motricidade Humana.
OORT, F. GREAVES-LORD, K. VERHULST, F. ORMEL, J. & HUIZINK, A. (2009).
The developmental course of anxiety symptoms during adolescence: the trails study.
Journal of Child Psychology and Psychiatry, 50, (10), 1209–1217.
RYAN, R. & DECI, E. (2001). On happiness and human potentials: A review of research
on hedonic and eudaimonic well being. Annual Review of Psychology, 52, 141-166.
RYFF, C. (1989). Happiness is everything, or is it? Explorations on the meaning of
psychological well‐being. Journal of Personality and Social Psychology, 57 (6),
1069‐1081.
RYFF, C. & KEYES, C. (1995). The structure of psychological well-being revisited.
Journal of Personality and Social Psychology, 69 (4), 719-727.
As competências pessoais e sociais adquiridas em Lar de Infância e Juventude e o bem-estar psicológico após a saída da instituição
19 Lourenço, Ana Gabriela julho 2015
RYFF, C. & SINGER, B. (1998). The contours of positive human health. Psychological
Inquiry, 9, 1-28.
RIJO, D., SOUSA, M., LOPES, J., PEREIRA, J., VASCONCELOS, J., MENDONÇA, M.,
SILVA, M., RICARDO, N., MASSA, S. (2007). Gerar Percursos Sociais: Programa de
prevenção e reabilitação para jovens com comportamento social desviante. Ponta
Delgada, Equal
ROMER, D. (2003). Reducing Adolescent risk. California: Sage Publications, Inc.
SARASON, I., SARASON, B., & PIERCE, G. (1990). Social Support: the search for
theory. Journal of Social and Clinical Psychology, 9 (1), 133-147.
SCHWARTZ, R. & GAROMONI, G. (1989). Cognitive balance and psychopathology:
Evaluation of an information processing model of positive and negative states of mind.
Clinical Psychology Review, 9, 271-294.
SEGRIN, C. & TAYLOR, M. (2007). Positive interpersonal relationships mediate the
association between social skills and psychological well-being. Personality and Individual
Differences 43, 637–646.
SEGRIN, C. HANZAL, A. DONNERSTEIN, D. TAYLOR, M. & DOMSCHKE, T.
(2007). Social skills, psychological well-being, and the mediating role of perceived stress.
Anxiety, Stress & Coping, 20 (3), 321-329.
SHELDON, K. (2004). Optimal human being: an integrated multi-level perspective.
Mahwah, NJ, US: Lawrence Erlbaum Associates Publishers.
SHELDON, K. & HOON, T. (2007). The multiple determination of wellbeing:
Independent effects of positive traits, needs, goals, selves, social supports, and cultural
contexts. Journal of Happiness Studies, 8 (4), 565-592.
SILVA, A. (2004). Desenvolvimento de Competências Sociais nos Adolescentes. Climepsi
Editores.
WATERMAN, A. (1993). Two conceptions of happiness: Contrasts of personal
expressiveness (eudaimonia) and hedonic enjoyment. Journal of Personality and Social
Psychology, 64 (4), 678‐691.