competÊncias para a preservaÇÃo e curadoria …para eles não existe o campo chamado psicologia...
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DOI: http://dx.doi.org/10.20396/rdbci.v14i3.8646303 ARTIGO
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JITA: JH. Digital Preservation.
COMPETÊNCIAS PARA A PRESERVAÇÃO E CURADORIA DIGITAIS
COMPETENCIES FOR PRESERVATION AND DIGITAL CURATION
HABILIDADES PARA LA PRESERVACIÓN DIGITAL Y LA PRESERVACIÓN
Sonia Boeres1
Murilo Bastos da Cunha2
RESUMO
A Ciência da Informação, ao longo de sua existência, tem sido um campo multi e interdisciplinar, assim como
tem sofrido alterações constantes, dado seu objeto de estudo: a informação. Uma vez que este elemento não é
estático e está cada vez mais ligado à tecnologia da informação, tem-se visto um desafio surgir: como garantir a
permanência das bibliotecas digitais? De que maneira se pode afiançar que os terabytes gerados com cada vez
mais velocidade, e nos mais variados formatos, estarão disponíveis e plenamente passíveis de uso ao longo do
tempo? Este é um desafio que os profissionais da Ciência da Informação estão sendo provocados a resolver, no
processo das chamadas preservação e curadoria digital. Assim, esse artigo objetiva levantar as competências que
o profissional da informação deverá ter para efetivar o processo de preservação e curadoria digital. O artigo
discute o aparecimento das profissões (sob a ótica da Sociologia), a necessidade do trabalho para a realização do
ser humano (Psicologia) e as proficiências dos que exercem o ofício da Ciência da Informação para garantir a
preservação de informações digitais nas unidades de informações.
PALAVRAS-CHAVE: Ciência da Informação. Competência profissional. Curadoria digital. Preservação digital.
Profissões.
ABSTRACT
Information Science, throughout its existence, has been a multi and interdisciplinary field, and has undergone
constant change because of its object of study: information. Seen that this element is not static and is
increasingly linked to information technology, we have witnessed a challenge arise: how to ensure the
permanence of digital libraries? How to secure the terabytes generated with increasing speed, and in various
formats, will be available and fully capable of use over time? This is a challenge that Information Science
professionals are being challenged to solve in the process of so-called digital preservation and curation. Thus,
this article aims to raise the skills that the information professional must have to carry out the process of
preservation and digital curation. The article discusses the emergence of professions (from the perspective of
Sociology), the need to work for the realization of the human being (Psychology) and proficiencies of exercising
the office of Information Science to ensure the preservation of digital information in information units.
KEYWORDS: Digital Curation. Digital preservation. Information Science. Professional competencies.
Professions.
RESUMEN
La Ciencia de la Información, a lo largo de su existencia, ha sido un campo multi e interdisciplinario, y ha
experimentado un cambio constante desde su objeto de estudio: la información. Una vez que este elemento no es
estático y está cada vez más vinculada a la tecnología de la información, hemos visto surge un reto: ¿cómo
garantizar la permanencia de las bibliotecas digitales? ¿Cómo pueden asegurar los terabytes generados con el
aumento de la velocidad, y en varios formatos, estará disponible y totalmente capaz de usarse con el tiempo?
Este es un reto que los profesionales de ciencias de la información tienen de resolver en el proceso de la llamada
preservación digital y la preservación. Por lo tanto, este artículo tiene como objetivo aumentar las habilidades
1 Doutoranda em Ciência da Informação pela UnB. Mestrado sobre políticas de preservação digital. Brasília,
DF. Email: [email protected]. ORCID: http://orcid.org/0000-0003-2316-385X. 2 Doutor em Biblioteconomia e Ciência da Informação (University of Michigan). Pesquisador Colaborador da
Faculdade de Ciência da Informação (UnB). Brasília, DF. Email: [email protected]. ORCID:
http://orcid.org/0000-0002-5725-9932.
Submetido em: 28/07/2016 - Aceito em: 15/08/2016
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que el profesional de la información debe tener para llevar a cabo el proceso de conservación y la preservación
digital. El artículo aborda el surgimiento de profesiones (desde la perspectiva de la sociología), la necesidad de
trabajar para la realización del ser humano (Psicología) y competencias de ejercer el cargo de la Ciencia de la
Información para garantizar la preservación de la información digital en unidades información.
PALABRAS CLAVE: Ciencias de la Información. Competencia profesional. Curaduría digital. Preservación
digital. Profesiones.
1 INTRODUÇÃO
A Ciência da Informação (CI) envolve diversas áreas e conceitos, e seus profissionais
assumem diferentes papéis em suas rotinas de trabalho, estando, o resultado qualificado,
necessariamente, ligado à competência.
Há conceitos e campos que embasam a aquisição da competência profissional e
pessoal. Nesse trabalho, tem-se as ligadas à CI, às habilidades pessoais (estudadas pela
Psicologia) e à educação e capacitação do profissional da informação (PI), que relacionamos
ao conceito de aprendizado ao longo da vida. Acrescente-se que as questões ligadas à
profissão (aqui estudadas sob a ótica da Sociologia) muito contribuem fundamentando o
conceito da profissão na CI. Abordaremos todos estes temas, objetivando investigar o que
está em torno da competência para o profissional da CI de modo a operacionalizar a
preservação e a curadoria digitais (PD).
2 O TRABALHO E A COMPETÊNCIA NA PSICOLOGIA E NA SOCIOLOGIA
A Psicologia estuda o ser humano nas suas interações, inclusive com o trabalho e as
organizações, na subárea denominada Psicologia Organizacional e do Trabalho ou Psicologia
do Trabalho e das Organizações, expressões assemelhadas, mas não de uso consensual na
área (GONDIM; BORGES-ANDRADE; BASTOS, 2010, p. 84). Na literatura, ora aparece
uma expressão, ora outra, representando o mesmo conceito. Aqui serão utilizadas
indistintamente uma ou outra como sinônimos. A Psicologia organizacional estuda o contexto
do trabalho e como o ser humano age, interage e reage com/ao trabalho, assim como suas
demandas nas organizações.
Primeiramente é necessário refletir sobre a diferença entre emprego e trabalho, sob a
ótica da Psicologia. O trabalho humano existe desde o começo da espécie:
[...] nas comunidades de caçadores e coletores, 8.000 anos a.C., a incipiente
agricultura no Oriente Médio, na China, na Índia e no norte da África, o trabalho
escravo nas civilizações antigas e a relação servil na Idade Média (...) as ideias
sobre o trabalho na Antiguidade, mais referenciadas pela literatura, certamente são
aquelas associadas ao pensamento greco-ateniense e às práticas escravistas no
Império Romano. A literatura tem resgatado o pensamento de Platão e de Aris-
tóteles sobre o trabalho. Tais filósofos clássicos exaltavam a ociosidade
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(ANTHONY, 1977; HOPENHAYN, 2001 apud BORGES; YAMAMOTO, 2014, p.
28).
O conceito de trabalho passou a ocupar um lugar privilegiado no espaço da reflexão
teórica nos dois últimos séculos (BENDASSOLLI; BORGES-ANDRADE; MALVEZZI,
2010). Para os psicólogos Judge e Kammeyer-Mueller (2012, p. 343), como grande parte da
vida é passada no trabalho, o mesmo faz parte da identidade da pessoa.
Em 1964, o termo Psicologia organizacional foi usado pela primeira vez, por Leavitt e
Bass (PORTER; SCHNEIDER, 2014). Em 1990 surge o termo Psicologia Organizacional e
do Trabalho (PO&T). Outros autores utilizam a nomenclatura Psicologia do Trabalho e das
Organizações (PT&O), que podem ser definidas como subáreas de conhecimento e campo de
aplicação de conhecimentos ou de intervenção (BORGES-ANDRADE; PAGOTTO, 2010).
Há, também, o chamado Comportamento Organizacional (CO), que trata de temas relativos a
comprometimento, estresse, aprendizagem, gênero e saúde ligado ao trabalho, questões que
se tornaram dominantes na área a partir de 1998 (NEIVA; CORRADI, 2010). Porter e
Schneider (2014, p. 2) utilizam os termos Psicologia Industrial e Organizacional (IO) e
Comportamento Organizacional (CO) e ensinam que a parte organizacional da Psicologia
surgiu a partir do pós-guerra, em 1950. Para eles não existe o campo chamado Psicologia
Organizacional, e ambos preferem usar os citados termos.
Em nível internacional, Porter e Schneider (2014, p. 12) recentemente levantaram as
dez áreas mais importantes para os membros da Sociedade para Psicologia Industrial e
Organizacional (em inglês, SIOP), que são:
1. teste/avaliação (por exemplo, métodos de seleção, validação, preditores);
2. coaching/desenvolvimento de liderança;
3. empregados (por exemplo, recrutamento, reações de candidatos, projeto do sistema
de seleção, sucessão, planejamento da força de trabalho);
4. liderança;
5. avaliação de desempenho/ feedback / gestão / estabelecimento de metas;
6. desempenho organizacional / alteração de gestão / redução;
7. metodologia de pesquisa (por exemplo, surveys);
8. cultura organizacional / clima;
9. análise de emprego / design de trabalho/ modelagem de competência (grifo nosso);
10. grupos / equipes.
No campo da Sociologia das profissões, Wilensky (1964, p. 138 apud Albernaz,
2011) fez um levantamento histórico sobre seu aparecimento. Segundo ele e Abbott (1988), o
processo que leva ao aparecimento de uma profissão liga-se ao fato de os homens começarem
a fazer o trabalho de período integral. Os mestres dos ofícios viram a necessidade de
treinamento e prática e abriram escolas, isto antes dos cursos em universidades. Daí Wilensky
aponta surgir a questão da competência como fator importante para as profissões.
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Para Goode (1957, p. 194 apud Albernaz, 2011) cada profissão é uma comunidade
sem local físico. Com o tempo, a proteção legal do monopólio das competências aparece, e
um código de ética é adotado.
Abbott (1988) é um autor clássico da área de Sociologia das profissões, segundo
Mueller (2004), Walter (2008), Silva (2009) e Albernaz (2011). Ele divide o trabalho
profissional em três etapas: classificar o problema, refletir e argumentar sobre ele, e agir para
solucioná-lo, ou seja, efetuar o diagnóstico, inferência e tratamento. A condição que distingue
profissão de ocupação é existir o conhecimento abstrato de características acadêmicas,
responsabilidade de pesquisadores e professores.
Mueller (2004, p. 26) e Parson (1939, p. 466 apud ALBERNAZ, 2011, p. 127)
mencionam os seis atributos que caracterizam uma profissão:
1. corpo de conhecimento especializado, abstrato e sistematizado;
2. autonomia no exercício profissional;
3. capacidade de autorregularão;
4. existência de procedimentos de credenciamento;
5. exercício da autoridade sobre clientes;
6. publicação de um código de ética.
3 O PROFISSIONAL DA INFORMAÇÃO, A PRESERVAÇÃO E A CURADORIA
DIGITAIS
Analisando o contexto do profissional da informação (PI) da CI e sua atuação na
preservação digital, o exame da literatura mostrou que o PI é e está cada vez mais
multifacetado e multidisciplinar e, para isto, deve procurar manter-se atualizado, inovador e
criativo. O profissional, por mais que não tenha preferência pela atuação na área tecnológica,
não pode fechar os olhos ou resistir ao aprendizado/letramento digital.
O que define um profissional da informação? De modo resumido, e baseado na
literatura, o mesmo é aquele capaz de atuar em espaços onde o ciclo da informação acontece,
vindo de múltiplas formações, porém com o cerne na pós-graduação em CI. É o profissional
ao mesmo tempo mediador, e facilitador das informações para os usuários, físicos ou virtuais.
Concordamos com a afirmação de Mueller (1989, p. 63), quando alega que a maior
eficiência e relevância do papel social do PI viria de sua associação com outros profissionais
que também visam à satisfação de necessidades individuais de informação. No contexto do
profissional, para trabalhar com preservação e curadoria de informação digital, o que é muito
atual, crê-se que um tipo apenas de profissional não será suficiente e completo para bem
desempenhar suas funções no conjunto da profissão, e do mundo digital, que requer múltiplas
formações e competências, aliadas especialmente às dos profissionais da informática.
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Quais as competências necessárias para equipes de profissionais de informação
fazerem preservação e curadoria digitais? O PI possui uma formação teórica rica, mas ainda
carente de atualização na área tecnológica, especialmente no que tange o digital. Esta área é
das que mais se sobressaem na profissão atualmente, dada a evolução da biblioteca digital, e
a inserção dos documentos virtuais nos acervos das unidades de informação. A literatura tem
mostrado ser imprescindível a capacitação ao longo do tempo (GAMA, 2013). A
competência por meio de estudos continuados, por toda a vida profissional, é que pode ajudar
a garantir que o PI não se defase e se mantenha competente no mercado de trabalho, uma vez
que as tecnologias da informação estão em constante e frenética mudança (BRANDÃO,
2009). Se antes uma máxima da comunicação científica era publish or perish, poderíamos
dizer que agora é update or perish.
Investigando a literatura, notou-se que muitos autores da área se limitavam a dar
respostas demasiado genéricas sobre o “novo” PI e sua atuação na preservação e na curadoria
digitais. Aqui procuramos analisá-lo criticamente, trazendo temas atuais e novas visões de
mundo da profissão.
4 A PRESERVAÇÃO E A CURADORIA DIGITAL
Para Hedstrom (1998, p.189), a preservação digital é efetuar “[...] planejamento,
alocação de recursos e aplicação de métodos e tecnologias para assegurar que a informação
digital de valor contínuo permaneça acessível e utilizável [...]”.
Para Márdero Arellano (2004, p. 43), a PD é um dos grandes desafios do século XXI,
inclusive no tocante à mídia de armazenamento, que aparece no mercado e em seguida
desaparece. Ferreira (2006) define preservação digital como sendo a capacidade de garantir
que a informação digital permaneça acessível e com qualidade de autenticidade para que
possa, no futuro, ser interpretada numa plataforma tecnológica diferente daquela utilizada em
sua criação. A preservação e a gestão de objetos digitais no Brasil deve ser uma prioridade
estratégica nas empresas, inclusive para a qualidade dos seus serviços. É um processo
complexo, envolvendo muitas variáveis que obrigam ter-se planejamento e execução
detalhados.
Na página do sistema Portico (2015) há a definição de PD como uma série de
políticas, e atividades de gestão, necessárias para assegurar a duradoura usabilidade,
autenticidade, descoberta e acessibilidade dos conteúdos em longo prazo.
Segundo Rosenthal et al. (2005) o objetivo do sistema de PD é que a informação que
ele contém permaneça acessível ao usuário por longo do tempo. A propósito, para o OAIS
(CCSDS, 2012, p. 1) longo prazo é um período de tempo longo o suficiente para se ter ideia
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dos impactos das mudanças tecnológicas, incluindo suporte a novas mídias e formatos de
dados da informação que está sendo mantida no modelo OAIS. É um futuro indefinido.
Já em 2008, Márdero Arellano também se referiu aos três pontos básicos de uma PD:
a autenticidade, confiabilidade e integridade. Resumiu como sendo a autenticidade dos dados
a certeza de quem é seu criador (p. 135), a confiabilidade, ligada à certificação, segurança dos
dados digitais (p. 277), e a integridade, a inteireza do conteúdo, a sua não alteração ou
modificação para permitir o acesso continuado.
Os estudos sobre curadoria digital, para Tibbo, Hank e Lee (2008), começaram a
aparecer entre 2007 e 2008, mas muito antes disto o tema já era questionado. Segundo Sayão
e Sales (2012), curadoria digital é a gestão de dados de pesquisa desde o seu planejamento,
assegurando a sua preservação por longo prazo, descoberta, interpretação e reuso. Um
conceito ampliado da preservação digital, pois envolve desde as etapas do planejamento até o
reuso dos dados de pesquisa, mas ainda é novo e com relativamente pouco trabalhos. A PD já
está com um cenário mais definido, ainda há quem misture os dois conceitos.
Para a Clatin et al. (2014), a definição de curadoria digital envolve
(...) o conceito global que inclui todos os aspectos do trabalho sobre os bens
culturais digitais, digitalizados e os nascidos digitais: desde a entrada do
documento, à descrição dos dados, armazenamento, disseminação e preservação a
longo prazo” (tradução nossa).
Note-se que embora preservação e curadoria tenham muitas semelhanças, a curadoria
envolve um processo mais abrangente, pois abarca a preservação desde o momento da criação
dos dados. Isto engloba um amplo processo que altera o uso dos dados de pesquisa como
vinha sendo feito até o momento. Dados originais e inéditos de pesquisadores, e os oriundos
de pesquisas, como as relativas ao e-science, passam a ter outros valores agregados, inclusive
o de permitir que seus dados brutos possam ser reaproveitados por outros pesquisadores.
Quando os pesquisadores, via Dataverse ou outro sistema integrado de dados, oferecem
acesso a eles, estes podem reutilizar, com ética, os dados brutos para fazer diferentes análises
e conclusões. Aparece aqui uma ideia ainda pouco observada: a do reuso “ecológico” dos
dados brutos. Poucos cogitam que o processo de preservação e de curadoria de dados também
reflete o cuidado com o meio ambiente. Versões digitais podem levar a menos descartes e
custos (de papel, de impressão, de deslocamentos para coleta de dados, compartilhamento dos
equipamentos usados para coletar dados, entre outros) e na otimização do uso dos dados
originais (uma coleta geraria várias fontes para análises e resultados). Assim, os custos
envolvidos na coleta dos dados pelo primeiro pesquisador ficam muito diluídos, se
compartilhados com outros pesquisadores, que virão a reutilizá-los daí em diante.
O que a literatura aponta é que, no Brasil, onde os estudos estão mais iniciais, a
nomenclatura que define o amplo processo de tratamento de dados digitais é muito variada, e
ainda não uniformizada nem padronizada, abaixo traremos exemplos. Termos, em português
e inglês, como preservação digital, curadoria digital, gestão de dados digitais, e Science, entre
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outros, assim como os respectivos títulos para tais profissionais, ainda são usados
indistintamente por alguns. Para exemplificar, listamos alguns estudos sobre competências
para profissionais ligados à preservação de dados, onde apresentamos o uso de diferentes
termos para tratar da mesma ideia. A expressão curador digital é usada por Abbott (2008) e
por Kim, Warga, Moen (2013, p. 68, 78), data scientists, por Palmer; Blake; Allard (2012);
digital curator, data curator, data manager, eScience professionals, por Kim, Warga, Moen
(2013, p. 68, 78), o que mostra a ainda “novidade” do fenômeno de resguardar dados digitais
e a falta de unificação dos termos.
5 O QUE É COMPETÊNCIA?
Definiremos competência abordando seus variados aspectos. Gilbert (1978 apud
BRANDÃO, 2009) ressalta que a competência expressa o desempenho ou comportamento da
pessoa no trabalho. Sua proposta sofreu influência do movimento S-R, segundo o qual a
compreensão do comportamento deve estar vinculada à investigação das relações entre
estímulos (S) e respostas (R).
Mais tarde, Durand (2000) veio a levantar os componentes, ou elementos, da
competência: conhecimentos, habilidades e atitudes do indivíduo. Sua proposta parece ter
sido influenciada pelo movimento S-O-R, segundo o qual essas afinidades precisam
considerar o que ocorre no indivíduo (O), que mediaria as relações entre estímulos (S) e
respostas (R). As abordagens cognitivistas, de acordo com Brandão e Borges-Andrade
(2007), se baseiam nesta teoria e pressupõem que a interação da pessoa com o ambiente
resulta em processos cognitivos ou na aquisição de conhecimentos, habilidades e atitudes.
Mais tarde Brandão (2009, p. 11) reafirma o que disse em 2007, chamando de Três
Dimensões da competência: conhecimento, habilidade, atitude.
Para Valentim (2002, p. 122) competências profissionais são o “(...) conjunto das
habilidades, as destrezas, as atitudes e os conhecimentos teórico-práticos necessários para
cumprir uma função especializada, de um modo socialmente reconhecido e aceitável”. Para
ela, no contexto do trabalho de CI, existem dois tipos de competências, as técnico-científicas
e as gerenciais. As técnico-científicas pressupõem:
executar o processamento de documentos em distintos suportes, em
unidades, sistemas e serviços de informação;
armazenar e recuperar informação guardada em qualquer meio para os
usuários de unidades, serviços e sistemas de informação;
utilizar e disseminar fontes, produtos e serviços de informação em
diferentes suportes;
executar procedimentos automatizados;
planejar e construir redes de informação.
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Segundo Freitas e Brandão (2006 apud BRANDÃO, 2009), de acordo com os
enfoques cognitivistas, a competência é a união dos conceitos de conhecimentos, habilidades
e atitudes, divulgados pelo desempenho profissional em um contexto organizacional,
agregando valor a pessoas e organizações.
As competências profissionais mostram-se quando as pessoas agem nas situações com
as quais se deparam nas organizações e, de acordo com Zarifian (1999), unem atributos
individuais e a estratégia traçada pela organização. Elas agregam valor econômico ou social a
indivíduos e organizações, por contribuírem para a execução de objetivos organizacionais,
expressando o reconhecimento social sobre a capacidade de pessoas, equipes e instituições.
6 COMPETÊNCIA E APRENDIZADO AO LONGO DA VIDA
A competência também é fruto do que o psicólogo Dewey (1979) chamou de
pensamento reflexivo e crítico, gerando pessoas interessadas em aprender a aprender, prática
fundamentada em suas experiências e aquisições de conhecimento ao longo de suas vidas.
Segundo ele, é a síntese das experiências de vida que cada profissional carrega, produzindo
um saber fazer consciente.
No mundo físico, a mensagem é enviada do emissor ao receptor, e uma das formas de
se saber que o canal não apresentou ruído, ou seja, que a mensagem foi recebida e entendida,
é quando ela é respondida. Já no mundo virtual a mensagem é enviada e instantaneamente
recebida pelos sujeitos sociais (receptores), que respondem, ou não, e interagem em tempo
real, transformando radicalmente a relação entre os dois mundos, utilizando diferentes
plataformas tecnológicas. A competência tecnológica pode não só ajudar a fazer os
indivíduos mais produtivos economicamente, mas também atender aos que postulam o
desenvolvimento da capacidade analítica e crítica do cidadão.
Com tantos saberes disponíveis em meio virtual, uma questão que não pode ser
esquecida é a preservação de todo este conteúdo disponível no meio digital. Ignorar isto é
colocar em risco de perda este conteúdo, a cada minuto, disponibilizado nas bases de dados
digitais.
O PI que intenciona buscar e aprimorar sua competência profissional no
mundo digital deve procurar uma maneira de dar sentido às novas formas de comunicação,
divulgação e apresentação dos conteúdos digitais. Hoje ele tem que lidar com a informação
em diversos suportes (texto, imagens, sons, filmes, entre outros) no processo de PD, suportes
estes cada vez mais diversificados.
Não basta aprender, ter experiência, buscar se reciclar, é necessário manter-se
atualizado ao longo da vida. Albernaz (2011, p. 83) assegura ser urgente repensar o perfil do
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PI, que tem expandido o escopo de suas atividades e gerado novos significados, bem como vê
seu espaço profissional crescer, absorvendo novas funções. A autora tem mostrado ser
imprescindível a capacitação ao longo do tempo. A habilitação por meio de estudos
continuados, por toda a vida profissional, é que pode ajudar a garantir que o PI não se defase
e se mantenha competente no mercado de trabalho, uma vez que as tecnologias da
informação estão em constante e frenética mudança.
7 COMPETÊNCIAS PARA A PRESERVAÇÃO E CURADORIA DA INFORMAÇÃO
DIGITAL
No contexto da CI, tendo à frente o pensamento de Otlet e La Fontaine, com o ideal
de organização universal do conhecimento, a internet também acrescenta muito ao conceito
de disponibilizar conteúdos universalmente reunidos, classificados e organizados, mas que,
atualmente, podem correr o risco de não permanecerem com o acesso disponível. Na
totalidade dos conteúdos digitais, organizar este tipo de informação e prevenir contra sua
perda e adulteração no conteúdo, são fatores de grande relevância para o estudo da PD.
A PD envolve o garantir que a informação digital permaneça acessível, com
autenticidade, integridade e confiabilidade, para que possa, futuramente, ser completamente
acessada, interpretada e utilizada, inclusive numa plataforma tecnológica diferente daquela
utilizada em sua criação. Para ser sustentável, no sentido de ser efetivada e mantida em
funcionamento, deve ser uma prioridade estratégica nas empresas, envolvendo iniciativas de
boa gestão e acordos entre o responsável pela unidade de informação junto com os gestores
da instituição onde a iniciativa está acontecendo.
Preservar digitalmente é conservar vivos os instrumentos comprobatórios da
instituição, de valor legal e político, inclusive para auditorias. É ter a preocupação e o
cuidado de manter viva a memória coletiva, os documentos que constituem a história dos
lugares, das pessoas, dos processos e o passar do tempo, bem como dos procedimentos da
instituição.
Quanto ao instrumento de política de PD, ele é vital na gestão deste processo, e o de
uma biblioteca digital deve ser mais abrangente e detalhado do que o de um repositório
institucional, por oferecer uma gama maior de serviços que os repositórios.
O que temos hoje em relação à tecnologia para PD provavelmente será considerado
ruim e inadequado no futuro, mas atualmente é algo novo, é o que se conhece, é o que foi
possível idealizar. Os softwares de PD têm uma missão a longo prazo, mas devem ser
plenamente utilizáveis no presente, até porque a tecnologia ainda vai mudar muito. Os
requisitos na escolha dos softwares para PD dependem de cada projeto a ser implantado, do
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tipo de arquivo a ser preservado, do orçamento da instituição e do objetivo da preservação em
si.
É importante lembrar que algumas decisões sobre PD, necessariamente, são tomadas
sob condições de incertezas quanto às mudanças tecnológicas, políticas (de governo e da
instituição), prioridades de investimento no projeto e demandas da sociedade. Tudo isto pode
mudar durante o curso do projeto de PD, mas práticas devem ser desenvolvidas para
antecipar ou resolver algumas destas incertezas, de modo a não colocar em risco a viabilidade
do projeto.
Para Davenport e Prusack (1998 apud FARIA; CASTRO FILHO, 2014) bons
profissionais de informação digital necessitam de habilidades hard (conhecimento
estruturado, qualificações técnicas e experiência profissional) e atributos soft (senso dos
aspectos culturais, políticos e pessoais do conhecimento).
Segundo Vendrell e Miranda (1999 apud FARIA, 2015) as competências necessárias
para o PI são de seis tipos: competência intelectual, prática, interativa, social, ética e estética.
Em dissertação, Faria (2015, p. 49) cita as competências mais importantes demandadas pelo
mercado de trabalho, no âmbito da CI:
a) conhecimento do ambiente de negócios da informação;
b) capacidade de trabalhar em grupo;
c) distinção e localização de informações relevantes e relevância nas informações;
d) o domínio na utilização de equipamentos eletrônicos e na operação de sistemas ou
softwares específicos;
e) conhecimento de bases de dados;
f) familiaridade na administração de info-business;
g) embasamento teórico e prático sobre o funcionamento das organizações virtuais de
informação;
h) domínio da lógica dos sistemas de indexação e webfinders;
i) excelência na comunicação oral e escrita;
j) conhecimento da infraestrutura e serviços de informação;
k) ter flexibilidade e polivalência;
l) atualização profissional constante;
m) capacidade de entender e gerenciar episódios de diferentes naturezas e aplicações;
n) habilidade na identificação de clientes e fornecedores e
o) habilidade na identificação de parceiros.
Valentim (2002) explica que as competências sociais e políticas se ligam às atitudes,
ao querer fazer, à comunicação e à expressão; já as competências gerenciais e técnico-
científicas se relacionam aos procedimentos. Então estas últimas compreendem as
habilidades necessárias para o desempenho profissional. Todas demandam por
conhecimentos, o saber porque fazer. Ela destaca que as habilidades de cada competência não
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se esgotam em si, mas foram desmembradas para melhor entendimento do que seria cada
uma delas.
O ciclo ou fluxo do documento é o controle e monitoramento do registro (documento)
na organização, é o trâmite do documento (BUENO, 2013, p. 17). Ele envolve diversos
procedimentos nas diferentes etapas do ciclo documental (CUNHA, 2009), das quais
destacaremos as que julgamos imprescindíveis para o documento digital e o papel do PI
nelas:
• Seleção e processamento de documentos: o PI deve ter íntima relação com
as normas de tratamento da informação, assim como saber conhecer os padrões, formatos
e protocolos da web, que facilitam o crescimento das redes. Tem que conhecer as regras
para descrição, curadoria e preservação dos objetos digitais, o que inclui a atribuição de
etiquetas (tags). O PI pode aproveitar (com críticas) as tags socialmente atribuídas,
movimento conhecido como etiquetagem coletiva ou folksonomia (DZIEKANIAK;
PACHECO; KERN, 2011 apud FARIA, 2015). Também deve saber como e onde os
conteúdos da sua unidade de informação serão armazenados e recuperados, e como será
feita a intercomunicação entre os sistemas envolvidos com a entrada e recuperação dos
dados da base daquela unidade.
• Desenvolvimento de coleções, seleção e aquisição: no passado o grande
responsável por esta tarefa era o PI, e quase que exclusivamente ele. Atualmente tal
competência tem mudado, e a responsabilidade está cada vez mais dividida entre o PI e o
usuário. Um exemplo é o uso dos e-books nas organizações. Dependendo da licença que o
PI disponibiliza para seu uso, poderá já não caber a formação da coleção ao PI, como era,
mas também ao usuário, que poderá escolher o material a que quer ter acesso, baixando
os livros dos sítios que tais licenças permitem. Assim, o usuário não apenas usa os
serviços oferecidos, mas também interage, sugere e influencia as decisões das unidades de
informação. Isto faz com que o PI questione diariamente seu novo papel no mundo
digital, não por ele não deter a prioridade nesta escolha, mas porque sua responsabilidade
fica aumentada no sentido de que o acervo será composto pelas preferencias do público
que usa, e não apenas pelo que o PI tecnicamente decide adquirir.
• Controle bibliográfico: os procedimentos de catalogação e classificação
passaram a ter cada vez mais pontos de acesso, ainda mais se passarem pelo processo de
etiquetagem coletiva, as buscas nas bases estão disponibilizando mais itens (em termos
numéricos e em profundidade de pesquisas) com a procura cada vez maior dos artifícios
das ontologias. A área da Linguística está se aproximando cada vez mais da CI, de modo
a permitir a recuperação da informação via FRBR, AACR3 e RDA, por exemplo. Com o
FRBR (Functional Requirements for Bibliographic Records) modelo de representação e
abstração da realidade, a informação tem estado mais organizada, agrupada e buscada de
forma diferenciada. O AACR3 (Anglo American Cataloguing Rules 3) virou o RDA
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(Resource Description and Access) devido a tantas mudanças que ocorreram. E o RDA,
código de catalogação que contempla o que apareceu na web, infere-se, será o novo
padrão para descrição e acesso a recursos, projetado para o mundo digital (LIMA, 2015).
Consequentemente, a inserção dos metadados dos documentos está diferenciada,
objetivando a curadoria, gestão, recuperação e preservação do documento digital.
• Referência digital: a atividade busca prover serviços a usuários remotos, por
e-mail ou outros tipos de contato virtual, modificando em muito a interação usuário-
biblioteca. Para Bazin, (In: ACCART, 2012, p. ix, x), a função da referência mescla a
competência intelectual, o conhecimento técnico e a relação com o usuário. O que é o
serviço de referência físico, hoje, pode ser relacionado às redes de conhecimento virtuais,
porém, segundo Bazin, um paradoxo surge: quanto mais os serviços se automatizam, mais
o componente humano ganhará importância no que tem de pessoal. Inferimos que as
competências ligadas à empatia, às habilidades interpessoais, ao saber lidar com pessoas e
conseguir se comunicar se sobressairão mais, para amenizar a impessoalidade da internet.
• Avaliação: a análise dos produtos e serviços oferecidos em meio digital são
cada vez mais globais, ou, como diria Chaim (In: AMARAL, 2007, p. 97), transnacionais.
Para ele, a interatividade, a personalização, interdependência das organizações e postura
globalizada fazem parte do marketing da internet. Tanto a etapa de referência digital
como a de avaliação devem estar envolvidas com o processo de marketing da informação.
Certamente um produto informacional que sofreu muita propaganda terá testes, usos e
avaliações diferentes de um que ficou disponível de modo mais discreto. Nem tudo o que
as unidades de informações oferecem interessa a todos os usuários e nem chega ao
conhecimento deles. Mostrar e avaliar o interesse é competência importante dos PI.
Tem-se ainda o trabalho de Allard, Mack e Feltner-Reichert (2005), que focaram suas
atenções nos papéis dos bibliotecários de Repositórios Institucionais (RI), que necessitam de
PD de seu conteúdo. Eles coletam, preservam e distribuem materiais digitais neles
produzidos. Por meio da análise da literatura, os autores levantaram seis áreas de
conhecimentos e habilidades:
1. entender de software;
2. saber fazer planejamento e gestão de projetos;
3. definir de coleção;
4. elaborar guia de metadados (Metadata guidance);
5. revisar as submissão (dos repositórios institucionais);
6. dar treinamento aos autores.
O North American Serials Interest Group (NORTH AMERICAN, 2013) definiu as
competências para profissionais de recursos eletrônicos. O NASIG Core Competencies Task
Force (NCCTF) sugere que elas sejam usadas junto com o direcionamento da American
Library Association’s Core Competences of Librarianship. O documento separa em blocos
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diversas competências do PI eletrônico, elas envolveriam: o ciclo de vida de recursos
eletrônicos (NORTH AMERICAN, 2013, p. 1), tecnologia (p. 2), pesquisa e acesso (p. 4),
comunicação efetiva (p. 5), supervisão e gestão (p. 6), tendências e desenvolvimento pessoal
e qualidades pessoais (p. 7).
Um resumo de tais competências seria:
a) ter experiência. Trabalhar em bibliotecas digitais não contempla, em princípio,
profissionais iniciantes, recém-formados, e os empregadores tendem a associar anos de
experiência com competências que se identificam em anúncios de emprego;
b) saber gerir o orçamento de recursos eletrônicos, inclusive para obter termos de
licenciamento menos restritivos durante as negociações de licença, entre o editor e o
fornecedor, afinal, fazer curadoria e preservação digital é caro;
c) capacidade de aplicar os princípios da organização, representação do
conhecimento e da informação registrada e, especialmente, conhecer sobre metadados de
preservação;
d) possuir conhecimentos e habilidades tecnológicas, conhecimentos teóricos e
práticos das estruturas de hardware e software subjacentes à prestação de acesso aos recursos
eletrônicos e sua inter-relação;
e) ter conhecimento conceitual e prático do hardware computacional e dos
dispositivos móveis usados para acessar informação eletrônica, e seus sistemas operacionais;
f) saber sobre tecnologias de redes (com ou sem fio), normas, protocolos e
estruturas como o Z39.50, o Open Archives Initiative – Protocol for Metadata Harvesting
(OAI-PMH), as técnicas emergentes de preservação digital e tecnologia, computação em
rede, uso de tecnologias e de suas ferramentas de preservação digital nos produtos e serviços
informacionais;
g) ter conhecimento de arquiteturas de sistemas, capacidade, opções de suporte,
entre outros, para sistemas de bibliotecas envolvidos no acesso e preservação dos recursos
eletrônicos.
Fraser-Arnott (2013, p. 6) também fez um estudo de análise de conteúdo de 110
anúncios de emprego, coletando 1.336 competências para profissionais de Biblioteconomia e
Ciência da Informação (em inglês, Library and Information Science, LIS professionals). Dois
grupos de anúncios foram usados para este artigo: o Quadros de emprego da LIS (LIS-
targeted job boards) e os anúncios de emprego internos ao governo ao Canadá (Government
of Canada internal job postings). O resultado mostrou que:
quanto ao empregador: a maioria das vagas era para bibliotecas acadêmicas
(30%, ou 33 postagens) ou públicas (21%, ou 31 postagens);
requisitos educacionais: 50% pedia mestrado em biblioteconomia ou CI ou
grau equivalente, o segundo lugar era para quem tivesse doutorado (16%), as ofertas
seguintes eram para técnicos (12%), graduação (11%) e outros (11%);
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os grupos de competências formados foram: as relativas a conhecimento e
experiência, trabalho específico de biblioteca, competências de tecnologia da informação e
habilidades transferíveis.
A partir destas informações anteriores infere-se que, entre as bibliotecas, as que mais
necessitam de PI especializados em informação digital são as bibliotecas universitárias, o que
é coerente. É de lá que sai boa parte das pesquisas do país, o que demanda pesquisadores de
ponta com estudos também assim.
A formação de tais profissionais requer que sejam especializados e que tenham
buscado cursos específicos para isto (mestrado, doutorado). Conhecimento, experiência,
instrução própria em bibliotecas e habilidades tecnológicas são vitais para os PI.
Tabela 1. Competências totais requeridas, da Library job board advertisements
Grupo de competência Referência
(n=1336)
Percentagem do total
das competências
1. Conhecimento e experiência 194 14.5%
2. Comunicação 164 12.3%
3. Qualidades pessoais 156 11.7%
4. Tecnologia da informação 147 11%
5. Gestão e supervisão 120 9%
6. Trabalho em equipe e habilidades
interpessoais
114 8.5%
7. Habilidades organizacionais 82 6.1%
8. Ensino, treinamento e instrução 63 4.7%
9. Catalogação e Metadados 60 4.5%
10. Pesquisa e referência 59 4.4%
11. Resolução de problema e solução 52 3.9%
12. Serviço ao usuário 46 3.4%
13. Entrega de programa e gestão 30 0.2%
14. Gestão de coleção/Gestão 27 2%
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15. Desenvolvimento profissional 17 0.13%
16. Marketing e promoção de
biblioteca
5 0.04%
Fonte: Fraser-Arnott (2013, p. 6)
Observe-se na tabela 1, que destas 16 competências levantadas, os dados levam a crer
que o que o mercado americano quer é PI com habilidades pessoais (grupo 1,2,3,6,11,),
tecnológicas (4, 13,), atualização e treinamento (8, 15), com domínio técnico (9, 10,12, 14,
16).
Tabela 2. Competências totais requeridas, Government of Canada Job Advertisements
Grupo de competência Referência
(n=1522)
Percentagem do total
das competências
1. Conhecimento e experiência 244 16%
2. Comunicações 178 11.7%
3. Tecnologia da Informação / Gestão
da Informação / Gestão de registros
172 11.3%
4. Trabalho em equipe e habilidades
interpessoais
141 9.3%
5. Qualidades pessoais 131 8.6%
6. Pesquisa, análise e resolução de
problema
866111 7.3%
7. Gestão e supervisão 84 5.5%
8. Gestão financeira e de recursos 79 5.2%
9. Políticas e procedimentos 65 4.3%
10. Implantação de programa,
coordenação e administração
65 4.3%
11. Aconselhamento e recomendações 64 4.2%
12. Recursos humanos e gestão 46 3.0%
13. Planejamento de negócio e relatório 40 2.6%
Fonte: Fraser-Arnott (2013, p. 7)
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A pesquisa canadense, constante da tabela 2, comparada à americana, também levanta
competências pessoais (grupo 1,2,4, 5), tecnológicas (3, 10); não lista especificamente
competências ligadas à atualização, treinamento e domínio técnico; e acrescenta habilidades
específicas de ordem financeira (8), organizacional (9, 13) e gestão de RH (12).
Note-se que ambas as pesquisas levantam competências de cunho pessoal,
justificando nosso estudo via Psicologia das organizações. Também elenca competências
genéricas e menos ainda diretamente ligadas aos profissionais digitais, corroborando
afirmarmos que o levantamento almejado na literatura é vagamente explorado, daí porque
este artigo ser inovador e importante para a CI.
Duas habilidades de tecnologia da informação foram incluídas nos anúncios entre as
dez competências mais solicitadas (FRASER-ARNOTT, 2013, p.9): "Tecnologias
Inovadoras, Aplicações e Media Social" e "Softwares de Negócios” (Microsoft Office). A
conexão entre a gestão da informação e a tecnologia da informação era forte nos anúncios do
Governo do Canadá: a maioria dos postos de trabalho, nesta lista, que pediram background
educacional ligado à gestão da informação incluía principalmente requisitos de competência
em tecnologia da informação.
Embora as habilidades de tecnologia da informação fossem um grupo de competência
significativo para a lista do Governo do Canadá, nenhuma competência, específica,
relacionada à tecnologia em si, apareceu entre as dez competências mais solicitadas para esta
amostra (FRASER-ARNOTT, 2013, p. 9).
No mesmo ano, Kim, Warga, Moen (2013) também realizaram uma pesquisa e
identificaram as competências para o curador digital. Para eles, a curadoria digital tem tido
um papel cada vez mais urgente e importante no ambiente de informação. Assim, há uma
necessidade de identificar um conjunto de competências para os profissionais desta área em
crescimento. Como parte de um projeto de desenvolvimento de currículo, financiado pelo
U.S. Institute of Museum and Library Services, eles coletaram, de diversas fontes, um total
de 173 anúncios de emprego, publicados entre outubro de 2011 e abril de 2012, para levantar
os diversos tipos de competências profissionais desejáveis no campo da curadoria digital, em
toda a América do Norte. Foram examinados e analisados: titulação, posição, tipos de
instituição e localização, formação educacional, experiência, conhecimentos, competências e
deveres. Os resultados da pesquisa mostraram que tais profissionais são caracterizados por
uma complexa e rica interação de várias habilidades e conhecimentos, e que há exigências
emergentes por uma mão de obra qualificada no campo da curadoria digital.
Lefurgy (2013) e Kim, Warga, Moen (2012, p. 3-4; 2013, p. 77, 78), que também
pesquisaram sobre competências para profissionais na área digital em anúncios de jornais
especializados, destacam os principais achados:
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58 % dos anúncios queria candidatos preparados para trabalhar em um ambiente de
tecnologia de informação intensiva (information technology intensive environment) e
não específico. A pesquisa levantou como possíveis locais de trabalho bibliotecas,
museus e hospitais, entre outros;
66 % pediam candidatos com experiência de trabalho em bibliotecas ou arquivos.
Destes, 18 anúncios preferiam pessoas com experiência em aquisição, curadoria,
preservação e gestão de conteúdo digital; 9 pediam experiência no trabalho com dados
de pesquisa; 6 requeriam experiência em repositório institucional e 3 almejavam
pessoas com experiência em padrões e técnicas ligados à tecnologia de biblioteca
digital;
58% especificavam o tempo de experiência profissional desejado: 13%, ao menos um
ano; 27%, mínimo de 2 anos; 20%, mínimo de 3 anos; 2 posições administrativas
pediam ao menos 8 anos de experiência relevante; o número médio foi de 2.7 anos de
experiência;
55 % requeriam conhecimento sobre padrões como Dublin Core, METS (Metadata
Encoding & Transmission Standard) e MODS (Metadata Object Description
Standard) dos candidatos aos cargos;
45% dos anúncios pediam habilidades para gestão de projetos (project management
skills);
85% das postagens pedia candidatos com grau de mestre credenciamento pela ALA;
28% pedia mestrado em outras áreas que não a CI;
Genericamente se solicitava ter tanto habilidades práticas (experiência), como
técnicas.
Sem dúvida, a competência dos PI para trabalharem com PD passa pela análise
constante da competência gerencial do gestor e das habilidades da equipe, que cada vez mais
deverá contar com pessoal especializado. Um tema pouco abordado nas pesquisas, porém
vital, são os aspectos jurídicos envolvidos na curadoria e na preservação da informação
digital que é o direito autoral. Questões legais ligadas, por exemplo, a compras na web, já
estão com suas normas definidas, mas no que se refere a PD, não. No Brasil contamos com
uma legislação defasada e muito restritiva. Também é necessário avaliar as implicações
econômicas dos projetos de preservação e curadoria digitais, que são caros, portanto, devem
ter uma avaliação técnica afiada sobre a sustentabilidade (manutenção) do projeto, ou ele
falhará. A elaboração de política de PD, baseada na missão da organização é um documento
importante como norte a ser seguido.
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8 CONCLUSÕES
Este artigo teve como objetivos identificar as competências profissionais nos serviços
de informação dos que trabalham na área de curadoria e preservação digital; e identificar as
competências tecnológicas dos profissionais para trabalhar com estas. Pelos dados colhidos e
comentados cremos tê-los atingido como veremos a seguir.
Tema de grande importância é o estudo de competência profissional e tecnológica
para profissionais que fazem preservação e curadoria dos dados virtuais. O assunto deve ser
inserido nos estudos desenvolvidos no âmbito das bibliotecas digitais, entidade responsável
pela proteção e garantia da manutenção da informação ali depositada em meio digital.
Apesar do tema PD já estar bem explorado na literatura nacional e internacional, a
curadoria de dados ainda é assunto relativamente novo no Brasil. Além disso, algumas
instituições ainda carecem de direcionamentos práticos sobre como operacionalizar políticas
e rotinas direcionadas para se preservar digitalmente itens, algumas vezes ficando a cargo do
backup a “iniciativa” para preservação. Baseado na literatura, infere-se que as bibliotecas
digitais e a área de CI como um todo devem capacitar melhor seus profissionais para esta
finalidade específica.
Pode-se dizer que competência se relaciona a funcionalidade, é colocar em prática
uma base solida de conhecimentos factuais. É entender os fatos e ideias no contexto da
estrutura conceitual e organizar o conhecimento para facilitar sua recuperação e aplicação.
Definir as competências do profissional da informação digital não é tão fácil ou simples, pois,
como mostra a literatura, desde, aproximadamente, o ano de 2008, ou seja, há menos de sete
anos, têm surgido trabalhos sobre o assunto, o que se tinha até então era conteúdo extraído da
área mais geral, Administração, que tradicionalmente estuda o assunto sob seu ponto de vista,
não especificando para o contexto digital.
Quanto ao primeiro objetivo, identificar as competências profissionais nos serviços de
informação dos que trabalham na área de preservação e curadoria digitais, a literatura citada
mostrou que para ser competente é importante ter experiência profissional. Uma pesquisa de
mercado sobre anúncios de emprego constatou que 66% pediam experiência. Nesta mesma
linha de raciocínio, o North American Serials Interest Group ressaltou a importância da
experiência, uma vez que o trabalho em bibliotecas digitais muitas vezes não é feito por
profissionais iniciantes, e os empregadores tendem a associar anos de experiência com as
competências que se identificam em editais de emprego. Ressalte-se a importância da
competência “experiência” com o pensamento, nesta linha, do psicólogo John Dewey e o
quesito aprendizado longo vida.
O artigo também levantou que o mercado pede PI com competências pessoais,
tecnológicas, que buscam atualização e fazem treinamentos, e desenvolvem habilidades
financeiras, para observar e gerir a organizacional e gestão de recursos humanos.
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Duas perguntas que acompanharam o artigo foram: como garantir a permanência das
bibliotecas digitais? De que maneira se pode afiançar que o grande volume de informação
digital gerado, nos mais variados formatos, estará disponível e plenamente passível de uso ao
longo do tempo? Para responder lembramos que o Brasil ainda carece de cursos sobre
práticas de PD. Tais estudos que provêm capacitação digital devem não apenas abranger a
área da tecnologia, visando ajudar a operacionalizar a guarda e recuperação da informação
em formato digital, mas também treinar outros profissionais, como os da informação, em
princípio mais habilitados a fazer a análise técnica da informação e, assim, alimentar as bases
de dados documentais com metadados.
É certo que os PI devem ter competências digitais que venham a ajudá-los a
desempenhar melhor sua atividade profissional, mas também é apropriado lembrar que tais
capacidades são melhor alcançadas e mantidas com a chamada aprendizagem ao longo da
vida, busca e produção intermitente dos novos conhecimentos.
Vivemos um período de transição, alguns autores, há tempos, informam que o trabalho do
PI está mudando, e que ele deve buscar e assumir novas competências. No entanto, em nível
nacional, estes mesmos autores ainda não explicitaram quais seriam estas competências. Em
estudos internacionais a temática já está mais amadurecida, como mostramos, e começam a
elencar algumas destas competências para o profissional do mundo digital.
A literatura ainda mostra variadas formas de nomear o PI digital como data librarian,
data curator, data manager, eScience professionals, cientista de dados, gestor de dados, entre
muitos outros títulos. Falta também a definição sobre quem estará adiante das unidades de
informação digitais, gerindo-as, se bibliotecários, se o pessoal de TI (computação), se
arquivistas, enfim, muitos são os habilitados. Quem sabe o futuro virá, como sugere o
National Science (2009), com a colaboração entre as organizações, entidades e pessoas para
levar adiante a gestão e responsabilidade pela preservação e curadoria de dados digitais.
Embora o núcleo da profissão da informação continue a ser o mesmo, os métodos e
ferramentas para a entrega de informação precisam mudar e se expandir. Apesar de manter
seu usuário e sua abordagem centrados no conteúdo, os profissionais demandam cada vez
mais conhecimento avançado de tecnologia da informação para implantar seu pleno
potencial. Continuamente devem buscar oportunidades para impulsioná-los, preparando os PI
para sua recuperação mais avançada, interpretação, síntese, desenvolvimento de produtos e
serviços virtuais em uma escala global. Os profissionais da informação que trabalham com
tecnologia têm as suas raízes no passado, mas precisam vislumbrar o futuro. As competências
levantadas aqui são a base para o crescimento na era da informação. Os PI devem reconhecer
e abraçar a natureza em expansão do campo tecnológico e os desafios que enfrentam.
Importante não esquecer que o sucesso estará ao lado da escolha que trouxer uma vida
profissional feliz.
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