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BEIRA | DIAGNÓSTICO E ANÁLISE G02 CONDIÇÕES BIOFÍSICAS, VALORES E RECURSOS NATURAIS E OUTROS CONDICIONAMENTOS À OCUPAÇÃO URBANA

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Page 1: Compilacao_Condicionantes Biofisicas

B E I R A | D I A G N Ó S T I C O E A N Á L I S E

G02

CONDIÇÕES BIOFÍSICAS, VALORES E RECURSOS NATURAIS E OUTROS CONDICIONAMENTOS À

OCUPAÇÃO URBANA

Page 2: Compilacao_Condicionantes Biofisicas

Universidade Eduardo Mondlane

Faculdade de Arquitectura e Planeamento Físico

Diagnóstico da Situação Actual

Tema: CONDIÇÕES BIOFÍSICAS, VALORES E RECURSOS NATURAIS E OUTROS

CONDICIONAMENTOS À OCUPAÇÃO URBANA

Licenciatura

I Semestre

Tutores: João TIQUE, Ana ANJO (Msc), Albino MAZEMBE, Luís LAGE

Discentes: Grupo II

Gércio CHAIBANDE;

Márcia KHOMÉ;

e Edson PEREIRA

Maputo, Março de 2012

Page 3: Compilacao_Condicionantes Biofisicas

RELATÓRIO

CONDIÇÕES BIOFÍSICAS, VALORES E RECURSOS NATURAIS E OUTROS CONDICIONAMENTOS

À OCUPAÇÃO URBANA

Page 4: Compilacao_Condicionantes Biofisicas

i / iii

SUMÁRIO

RELATÓRIO ......................................................................................................................................................... 2

SUMÁRIO ............................................................................................................................................................. i

Índice de Figuras ................................................................................................................................................. ii

Índice de Tabelas ................................................................................................................................................ ii

Índice de Gráficos ............................................................................................................................................... ii

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................ 1

1.1. Contextualização ...................................................................................................................................... 1

1.2. Objectivos ................................................................................................................................................. 1

Geral ...................................................................................................................................................... 1

Específicos ............................................................................................................................................. 1

1.3. Metodologia ............................................................................................................................................. 2

1.4. Enquadramento Geográfico da Área de Intervenção ............................................................................... 2

2. ESTRUTURA BIÓTICA E ECOLÓGICA .............................................................................................................. 3

2.1. Áreas Protegidas e de Interesse Ecológico ............................................................................................... 3

2.1.1. Dunas ...................................................................................................................................... 3

2.1.2. Mosaico de pântanos, águas doce, caniçais e arrozais .......................................................... 3

2.1.3. Ecossistema dos Mangais e estuarino .................................................................................... 4

2.2. Fauna ........................................................................................................................................................ 5

2.2.1. Fauna terrestre ....................................................................................................................... 5

2.2.2. Fauna Aquática e Estuarina .................................................................................................... 5

3. 5

4. ESTRUTURA ABIÓTICA ................................................................................................................................... 6

4.1. Geologia .................................................................................................................................................... 6

3.1.1. Planícies fluviais e litorais (Quaternário) ................................................................................ 6

3.1.2. O Horst de Inhaminga (Terciário) ........................................................................................... 7

3.1.3. Características Geotécnicas .................................................................................................... 7

3.1.4. Eixo Savane-Nhangau ............................................................................................................. 8

3.1.5. Eixo Beira – Dondo ................................................................................................................. 8

3.1.6. Características Geotécnicas locais .......................................................................................... 8

4.2. Geomorfologia .......................................................................................................................................... 9

4.3. Pedologia ................................................................................................................................................ 11

4.4. Hidrogeologia ......................................................................................................................................... 12

3.4.1. Aquíferos Muito Produtivos ................................................................................................. 13

3.4.2. Aquíferos Produtivos e Moderadamente Produtivos .......................................................... 13

3.4.3. Aquíferos de Baixa Produtividade ........................................................................................ 13

3.4.4. Áreas com Aquíferos Limitados ............................................................................................ 14

4.5. Hidrografia e Recursos Hídricos ............................................................................................................. 15

3.5.1. Bacia do Púngoè ................................................................................................................... 16

3.5.2. Bacia do Búzi ......................................................................................................................... 17

5. DEFINIÇÃO DA DINÂMICA DOS FACTORES CLIMÁTICOS ............................................................................. 19

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ii / iii

5.1. Radiação solar ......................................................................................................................................... 19

5.2. Dinâmica da ventilação........................................................................................................................... 20

5.3. Temperatura ........................................................................................................................................... 22

5.4. Humidade ............................................................................................................................................... 22

5.5. Pluviosidade ............................................................................................................................................ 23

6. DADOS OCEANÓGRAFOS ............................................................................................................................. 24

6.1. Batimetria local ....................................................................................................................................... 24

6.2. Sistema de correntes e marés ................................................................................................................ 25

6.3. Circulação e factores de controlo ........................................................................................................... 26

6.4. Dinâmica de sedimentos ........................................................................................................................ 26

7. CONCLUSÃO ................................................................................................................................................ 28

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................................... 29

Índice de Figuras

Figura 1 Sistema de Dunas Costeiras ................................................................................................................. 3

Figura 2 Zona Pantanosa .................................................................................................................................... 3

Figura 3 Zona de Planície ................................................................................................................................... 4

Figura 4 Ecossistema de Mangais ...................................................................................................................... 4

Figura 5 Mapa de uso e cobertura do solo da Cidade da Beira ......................................................................... 5

Figura 6 Mapa de distribuição Espacial do Mangal ............................................................................................ 5

Figura 7 Carta Geológica da região onde está implantada a Cidade da Beira ................................................... 9

Figura 8 Carta Hidrogeológica da região onde está implantada a Cidade da Beira ......................................... 12

Figura 9 Bacias Hidrográficas dos Rios Púngué e Búzi ..................................................................................... 16

Figura 10 Enquadramento do clima da Beira nos tipos climáticos de Koppen em Moçambique. .................. 19

Figura 11 Mapa de frequência de Ciclones em Moçambique.......................................................................... 21

Figura 12 Mapa Pluviométrico da Beira ........................................................................................................... 23

Figura 13 Mapa de batimetria no estuário do pungoé .................................................................................... 24

Figura 14 Elipses de corrente do ano 2009 e traçado do canal de acesso ao porto da Beira ......................... 26

Figura 15 Dinâmica de sedimentos no estuário de Pungue ............................................................................. 27

Índice de Tabelas

Tabela 1 Características dos principais aquíferos que ocorrem na Cidade da Beira ....................................... 14

Tabela 2 Bacia hidrográfica do rio Pungoè ...................................................................................................... 16

Tabela 3 Bacia hidrográfica do rio Búzi ............................................................................................................ 17

Tabela 4 Comparação dos escoamentos dos rios Búzi e Pungoè .................................................................... 18

Índice de Gráficos

Gráfico 1 Velocidade média do vento mensal 1961-2001 (km/h) ................................................................... 20

Gráfico 2 Direcção e intensidade dos ventos ................................................................................................... 20

Gráfico 3 Temperaturas médias mensais ......................................................................................................... 22

Gráfico 4 Humidade média mensal .................................................................................................................. 22

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iii / iii

Gráfico 5 Chuvas mensais médias 1961-2011 (em mm) .................................................................................. 23

Gráfico 6 Variação das Mares .......................................................................................................................... 25

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1. INTRODUÇÃO

O presente estudo é realizado no âmbito da tese final do curso de Arquitectura e Planeamento Físico 2012 que tendo como tema principal do semestre o Projecto Urbano para a Cidade da Beira (Planos parciais de Urbanização e de Pormenor), mostra-se então necessário realizar o inventário, levantamento e diagnóstico da situação actual da área de estudo, de modo a ter uma ideia geral sobre os diferentes aspectos que influem na qualidade espacial e social da zona. Trata-se portanto de um trabalho académico, resultante de uma pesquisa e compilação de dados relativos a caracterização da estrutura biofísica, dos recursos, dos valores naturais e outros condicionamentos a ocupação urbana da referida zona.

1.1. Contextualização

É chamado ambiente biofísico todo natural de um lugar composto por meios bióticos [com vida própria] e abiótico [Seres não-vivos]; Pode-se também chamar de condição biofísica ao ambiente ou sistema Natural do lugar.

O Meio biótico | Compreende toda a estrutura faunística e da flora de um lugar bem como a estrutura ecológica ou sistema ecossistémico do lugar.

O Meio abiótico | Compreende toda a estrutura física não-viva de um lugar. Água: Hidrologia + Hidrogeologia Solos: Geologia + Pedologia

Clima: Radiação Solar + Ventilação + Temperatura + Humidade + Pluviosidade + Oceanografia

Recursos Naturais |Todo o bem natural susceptível de ser explorado e gerar rendimentos ou contribuir para o crescimento da economia do lugar, regional ou nacional.

1.2. Objectivos

Geral

O objectivo geral do presente trabalho é o de estudar a situação físico-ambiental do território da Cidade da

Beira, para posteriormente analisar estes dados de modo a elaborar um documento de base contendo um

conjunto de informação estruturada que permita obter uma imagem espacio-territorial, real e objectiva da

Cidade da Beira, necessária para estudos no campo do ordenamento, do planeamento e da programação

territorial.

Específicos

Recolher informação relativa às seguintes campos temáticos e os respectivos relatórios:

Características da Flora, fauna actual e da estrutura ecológica (Estrutura Biótica);

Paisagem geológica e geomorfológica (Estrutura abiótica)

Carta Hidrológica e Hidrogeológica;

Carta Geológica e geomorfológica;

Carta Pedológica;

Dinâmicas dos factores climáticos;

Radiação Solar + Dinâmica da ventilação + Temperatura, Humidade e Pluviosidade

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Recursos Naturais

1.3. Metodologia

O estudo cingiu-se na pesquisa de trabalhos realizados sobre a Cidade da Beira, em diferentes fontes

relacionadas com o tema; na pesquisa de informação na internet; em visitas a diferentes instituições (tanto

em Maputo como na Beira) para busca de informação que pudesse sustentar o trabalho e contribuir com o

desenvolvimento do tema (cartografia, publicações, artigos relacionados, etc).

Feito isto, seguiu-se a fase de compilação da informação adquirida, com o intuito de elaborar uma análise e

uma posterior síntese, para composição do trabalho.

1.4. Enquadramento Geográfico da Área de Intervenção

A cidade da Beira é a segunda maior cidade

de Moçambique. Fica situada na entrada da

baia de Sofala, na margem Norte da foz do

Rio Púnguè que desagua no Oceano Índico,

localizada na província do mesmo nome, na

zona central de Moçambique.

Este lugar foi descrito, na fundação da

cidade, como um lamaceiro líquido de

humidade e Pestilência permanentemente

ameaçado pelas marés e temporais. O litoral,

onde se construíram os bairros de Chaimite,

Ponta-Gêa, Chipangara, Palmeiras e Macúti, é

constituído por um cordão baixo e estreito de

dunas. A largura do cordão de dunas faz

geralmente menos de 50m e a altitude das

dunas situa-se entre os 7 e 9 m.

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2. ESTRUTURA BIÓTICA E ECOLÓGICA

De acordo com a definição de Pritchard, um estuário é uma massa de água costeira semi-cercada que tem

uma ligação livre com o mar, deste modo, é fortemente influenciada pela acção das marés, e no seu

interior, a água do mar mistura-se com água doce proveniente da drenagem terrestre. São exemplos, as

fozes de rios, baias costeiras, sapais e massas de água retidas por línguas de areia. Os estuários podem ser

considerados como zonas de transição ou ecotonos entre os habitats de água doce e marinho, embora

muitas das suas mais importantes características físicas e biológicas não sejam de transição, mas sim

específicas.

A estrutura biótica e ecológica do território da cidade da Beira, devido a sua localização no estuário do rio

Pungoé é caracterizada por uma grande biodiversidade, constituída por um ecossistema com grande

dominância de espécies de mangais e de animais aquáticos que suportam grande parte das actividades

económicas da população urbana da Beira e arredores.

2.1. Áreas Protegidas e de Interesse Ecológico

As zonas ao longo das margens do rio Pungoé e da costa Estoril/Savane foram identificadas como zonas

ecológicas para a protecção das espécies de mangais e da vegetação de dunas. Além disso, existe uma

vasta zona de terrenos pantanoso na Chota que se propõe seja mantida como uma zona ecologicamente

protegida. O Rio Chiveve é igualmente uma zona protegida por causa de existência dum cinturão de mangal

ao longo do campo de golfe e constitui um solo muito adequado para a criação dum espaço aberto público

no centro da cidade.

2.1.1. Dunas

Ao longo da orla marítima da cidade da Beira, estende-se uma

cadeia de dunas baixas, que atinge 150-200m de largura em

várias zonas e que se estendem por cerca de 7 km a partir do

porto de pesca. A cadeia de dunas foi o foco inicial da

urbanização da Beira nos princípios do ano 1900 daí que,

actualmente, a maior parte desta cadeia de dunas é

completamente urbanizada com uma estrada costeira que se

estende ao longo da crista da duna. A crista da duna possui

entre 10 e 30 metros de largura. De modo geral, a duna tem

entre 1,5 a 3 metros de altura.

Em muitos locais, a crista da duna está plantada de Casuarinas

(conhecidas localmente como "Macúti") e em baixo há capim e ervas. Onde é estável, a duna frontal está

coberta de vegetação dominada por plantas rasteiras e ervas tais como Canavalia marítima, Cucumis sp.,

Ipoamea pes-capre, Sporobolus virginicus (espécie de erva) e Cyperus spp. Existem poucas Casuarinas na

cadeia de dunas a Este do farol de Macúti. A Casuarina é uma espécie (exótica) que foi introduzida e não

parece existir qualquer regeneração natural desta espécie.

2.1.2. Mosaico de pântanos, águas doce, caniçais e arrozais

Uma grande parte da área localizada por detrás das dunas

costeiras e dos mangais possui um mosaico de pântanos de

Figura 1 Sistema de Dunas Costeiras

Figura 2 Zona Pantanosa

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água (salobra) doce, caniçais e arrozais. O mosaico de água doce e pântanos de água salobra poderá ser

importante para a conservação, uma vez que pode ser um habitat atraente para pássaros, anfíbios, peixes e

plantas. Todavia, muitas habitações precárias invadiram esses pântanos de água doce, criando más

condições de vida para os residentes.

A maior parte do interior da Beira é constituída por planícies

com más condições de drenagem, que são sazonalmente

inundadas principalmente na época chuvosa. A camada de

capim que cobre essas zonas inclui a Setaria sp. e várias

espécies de Paniceae e Andropogoneae. Imensas marras de

muchen são típicas destas planícies e são cobertas de

espécies como Euphorbia sp., Euclea sp., Ximenia americana,

Phoenix reclinata (uma palmeira), etc. Estas planícies podem

igualmente possuir comunidades de Euphorbia sp., Salvadora

persia, Kadaba kirkii, Thylacium africanum, Epaltes alata e

muitas Acanthaceae.

2.1.3. Ecossistema dos Mangais e estuarino

Os mangais desenvolvem-se nas planícies lodosas, nos riachos

e ilhas estuarinas (estas últimas no estuário do rio Pungoé)

com solos possuindo aluviões fluvio-marítimos pesados. Nos

riachos perto de Savana e Nhangau desenvolvem-se mangais

em grande número, e em pequena medida na margem sul do

estuário do Rio Pungoé. Nas margens interiores dos mangais

encontram-se muitas pequenas como extensas planícies

lodosas hipersalinas, desprovidas de vegetação.

Os mangais cobrem uma área relativamente pequena na zona

urbana, com cerca de 8 ha nas enseadas relativas às marés da

Praia Nova, e cerca de 10-20 ha ao longo do rio Chiveve e

canais de drenagem. Antigamente, o Chiveve tinha uma

ligação aberta com o estuário do rio Pungoé, mas a foz do canal de drenagem foi em grande parte invadida

pela construção do porto de pesca.

Em termos gerais, há cerca de cinco espécies de árvores de mangal registados na zona da cidade da Beira

designadamente: Avicennia marina, Sonneratia alba, Hierita littoralis, Rhizophora mucronata e Lumnitzera

racemosa, Existem no entanto outras espécies associadas de mangais misturadas ou aflorando no meio das

especies principais. A espécie de árvore de mangal que é de longe a mais abundante é a Avicenia marina,

que domina a periferia do mangal em direcção a terra. Espécies de árvores tais como o Hibiscus tiliaceus e

o Peltophorum pterocapum são comuns, juntamente com arbustos tais como o Pluchea sp.

Os mangais que existem ao longo do Chiveve e na Praia Nova estão cercados de residências e infra-

estruturas urbanas. As árvores são geralmente de estatura pequena, com uma altura média de 3m.

Figura 3 Zona de Planície

Figura 4 Ecossistema de Mangais

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2.2. Fauna

2.2.1. Fauna terrestre

Devido à caça, as espécies de grandes mamíferos não são comuns nesta área. Dentro do perímetro urbano,

a diversidade de pássaros reduz-se ao Pardal doméstico (Passer motitensis) e ao Corvo Malhado (Corvus

albus). Os numerosos pântanos que circundam a cidade, mangais e as zonas influenciadas pelas marés

proporcionam no entanto um habitat adequado para uma diversidade de pássaros incluindo as aves

pernaltas e as andorinhas do mar. As espécies mais comuns são o Euplectes orix (Red Bishop), a Egretta

garzeta (Little egret) e a Chlidonias hybrida (Whiskered Tern).

2.2.2. Fauna Aquática e Estuarina

Ocorrem na área do projecto várias espécies de peixes ósseos (principalmente pequenos pelágicos da

família Engraulidae, também bagres e corvinas); equinodermes (principalmente o ouriço diadema);

crustáceos (principalmente o camarão branco, o camarão castanho, camarão tigre gigante, o caranguejo de

mangal e o camarão (mundehe) fino; bivalves (amêijoas) e cnidários (alforrecas).

3.

Figura 5 Mapa de uso e cobertura do solo da Cidade da Beira

Figura 6 Mapa de distribuição Espacial do Mangal

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ESCALA: 1/100 000

N

0 1.0 4.0Km2.0

Municipio da BEIRA ESTRUTURA ECOLOGICA (areas de mangais, cultivo, ocupacao urbana, inundacao temporaria)

Universidade Eduardo MondlaneFaculdade de Arquitectura e Planeamento FísicoLicenciatura 2012

DIAGNÓSTICO E ANÁLISE DAS CONDIÇOES BIOFISICAS, VALORES E RECURSOS NATURAIS E OUTROS CONDICIONAMENTOS A OCUPAÇAO URBANA

1. 5Legenda

ELABORACAO. PLANO PARCIAL DE URBANIZAÇAO DA BAIXA DA BEIRA

E01. Ecologia 1:100000

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4. ESTRUTURA ABIÓTICA

4.1. Geologia

A cidade da Beira localiza-se na margem esquerda da foz do Rio Púnguè e estende-se sobre uma planície

costeira, com uma suave inclinação para Sudeste, que se formou por acumulação de material aluvial

durante a Alta Pleistocene (início da era quaternária) quando o nível das águas do mar baixou. Este

fenómeno aconteceu em toda a costa africana oriental, e permitiu que os Rios Púngoè e Búzi depositassem

sedimentos continentais originários do afloramento de rochas terciárias (grés) localizadas a montante. O

estrato (camada) superficial aluvial é principalmente composto de material arenoso, mas geralmente cobre

uma aluvião argiloso que, de facto, provém de um velho solo orgânico que se desenvolveu nas zonas

pantanosas. Este estrato impermeável subjacente explica a baixa capacidade de autodrenagem dos solos.

Durante o período Holocene (médio quaternária), a ocorrência de uma regressão marinha atrasada deu

origem a uma cintura de dunas costeiras que demarcam actualmente o limite ocidental da cidade, o que ao

mesmo tempo promove a fraca capacidade de drenagem (saída para o mar) verificada em grande parte da

cidade e o desenvolvimento de zonas vulneráveis à inundação. Na zona Norte da cidade da Beira

encontram-se ainda afloramentos de grés da idade terciária.

Na referida região afloram, da base para o topo, a (Fm) Formação Mazamba (Pliocénico), a Formação

Dondo e terraços fluviais (Plistocénico), eluviões e aluviões, cordões litorais, dunas e areias de duna

(Holocénico) (Moura et al., 1968).

Nos parágrafos que se seguem, descreve-se de forma sumária as características geológicas principais da

cidade da Beira e áreas de expansão futura, com destaque à caracterização geológica, dos processos

dinâmicos de formação da costa na baía de Sofala, e à dinâmica estuarina dos rios Búzi e Púnguè.

3.1.1. Planícies fluviais e litorais (Quaternário)

O relevo desta região é dominado por uma extensa planície de baixa altitude e praticamente plana na

direcção Sul - Este, e por uma planície aluvionar plana na direcção Sudoeste, formada por aluviões trazidos

pelos rios Búzi e Púngoè. Sondagens efectuadas durante a primeira fase de urbanização da cidade da Beira

mostram uma alternância de depósitos silto-argilosos e arenosos.

A regressão que se verificou no fim do período Pleistocene contribuiu para aumentar a deposição de

aluviões dos rios Búzi e Púngoè e mais tarde para a formação da linha costeira. A última regressão

Holocénica é responsável pela formação das dunas da costa oceânica, que criam condições para a formação

de lagoas ao longo da costa e de extensas planícies de inundação. A cidade e as áreas de expansão

desenvolvem-se entre o graben Urema-Chire e a estrutura morfológica que conferem a orientação Nordes-

Sudoeste à linha costeira ao longo da baía de Sofala.

O desvio da corrente marítima, provocado por ventos dominantes também contribui para os processos de

erosão e sedimentação. Além dos ventos, a corrente marítima sofre o choque das correntes fluviais dos rios

que desaguam na baía. A deposição e o volume dos materiais transportados ficam deste modo acumulados

pelas marés. Os sedimentos arenosos mais pesados depositam-se imediatamente, os mais leves são

transportados ao longo do litoral, depositando-se na praia ou junto ao estuário. Os materiais mais finos

permanecem em suspensão.

A corrente marítima que se desloca paralelamente à costa contribui para a ampliação das áreas de

inundação, tendo em conta o fraco declive da plataforma continental.

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Esta é muitas vezes responsável pela destruição que se verifica nos cordões de dunas constituídos por

dunas móveis de areia branca.

Um outro factor importante na formação da costa é os ventos predominantes do quadrante leste cuja

acção reflecte-se na formação das dunas costeiras (móveis) e das dunas do interior (fixas), espalhadas pela

planície em áreas restritas. A planície costeira é assim constituída por superfícies de planeamento

recobrindo uma ocorrência argilo-arenosa fluvial e parcialmente eólica (QP1) alternando com superfícies de

aplanamento recobrindo uma ocorrência argilosa fluvio-lacustre (QP2). Encontram-se também extensas

áreas de aluviões recentes (QAl) e pequenas manchas de dunas costeiras móveis (QDc).

A areia ao longo da costa marítima da Beira é, no geral, grossa quanto à sua composição. Durante o Estudo

do Porto da Beira (Nedeco, 1982), foram efectuados estudos granulométricos ao longo do litoral à altura da

praça de Independência, do hospital e do farol de Macúti. O diâmetro médio dos grãos (D50), medido ao

longo da praia, apresentava um valor compreendido entre 400 e 500 μm na linha de água atingida em maré

alta, 600 e 800 μm na linha de água média, e 250 e 350 μm na linha de água atingida em maré baixa, com

excepção da praia junto à rotunda, onde o diâmetro é de cerca de 750 μm em média. Junto ao farol de

Macúti também podemos encontrar saibro fino (areia de grão mais grosso) que é transportada por acção

da deslocação sedimentar ao longo da costa, do oriente em direcção ao ocidente.

3.1.2. O Horst de Inhaminga (Terciário)

Na direcção noroeste em direcção à Dondo e Inhaminga, encontram-se as formações terciárias do

Mioceno-Plioceno, que se estendem desde Mopeia, formando uma mancha recortada ao longo da face

oriental do vale de Urema. Existem duas fases distintas de acordo com os geólogos da Gulf Oil Co.,

designadamente:

• grés vermelho (TTs1) : os afloramentos de grés vermelho situam-se no rio Mazamba, cerca de 25 km a SW

de Inhaminga. São constituídos na parte inferior por grés argilosos de grão fino a médio de cor

avermelhada e na parte superior por leitos grosseiros, formados por conglomerados com calhaus de

granito, gneisse e basalto.

• grés de Inhaminga (TTs2): o grés de Inhaminga sobrepõe-se ao grés vermelho e é constituído por grés

acróstico de grão médio a grosso de cor amarelo acastanhada. Intercalados neste grés ocorrem leitos

conglomeráticos irregulares.

3.1.3. Características Geotécnicas

As planícies junto à costa e as planícies dos estuários dos rios Búzi e Púngoè são largamente afectadas pela

flutuação periódica dos níveis da superfície de água, isto é, marés e cheias. Devido ao fraco declive da

planície litoral e da plataforma acompanhadas por grandes inundações, a amplitude da maré chega a

atingir 7,5 metros, e as correntes de maré penetram cerca de 50 km a montante da foz do rio Púngoè. Nas

marés baixas a massa da água dos rios, menos densa, penetra pelo oceano até algumas dezenas de

quilómetros.

São classificadas como terras baixas também identificadas como terras húmidas:

• Argilas marinhas: Nas planícies costeiras que sofrem a influência da maré, depositam-se argilas moles

com humidade natural muito para além dos 50 %, encontrando-se assim habitualmente, acima do seu

limite líquido. Nestas condições, a sua resistência mecânica é praticamente nula e a sua sensibilidade é

totalmente influenciada pela natureza e quantidade de sais contidos na água.

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• Solos fluviais : Os solos das planícies estuarinas são constituídos principalmente por depósitos de areias

médias a finas e por depósitos de siltes e argilas siltosas, depositando-se estas últimas próximo do mar.

Observa-se normalmente a alternância de camadas silto-argilosas com camadas arenosas. Estes depósitos

estão sujeitos a ciclos alternados de humidade e secagem. Os depósitos das planícies aluvionares possuem

melhores características geotécnicas que os depósitos das planícies costeiras.

3.1.4. Eixo Savane-Nhangau

A primeira zona identificada ao longo deste eixo é a zona junto à costa que inclui as dunas costeiras (Qdc) e

o mangal onde não é aconselhável considerar qualquer ocupação urbana ou industrial (áreas non

aedificandi). Logo a seguir e, ao longo da estrada de terra em aterro desenvolvem-se por um e outro lado

da estrada as chamadas terras húmidas. Algumas câmaras de empréstimo abertas durante a construção da

estrada mostram um nível freático compreendido entre 0,0 m e 0,5 m. É fácil imaginar que estas áreas são

inundadas durante a época chuvosa.

À excepção de algumas áreas muito limitadas coincidentes com as dunas interiores (Qd), informações

obtidas no local indicam que as zonas denominadas terras húmidas ficam por vezes inteiramente

submersas na época chuvosa.

A vegetação que cobre esta área é baixa com ocorrência de pequenas florestas com árvores de dimensão

média a alta em áreas restritas. Algumas manchas com vegetação mais verde indicam água na superfície,

ou pequenas lagoas formadas durante as épocas chuvosas húmidas. Tratando-se de terras periodicamente

inundadas elas são usadas para fins agrícolas.

3.1.5. Eixo Beira – Dondo

Os solos ao longo da estrada Beira-Dondo são completamente diferentes. No início, na direcção NO

encontram-se áreas inundadas periodicamente, com solos da mesma natureza daqueles que foram

descritos ao longo da estrada Savane-Nhangau. A partir de determinada altura a estrada começa a

atravessar as formações do Mioceno-Plioceno (horst de Inhaminga). Na direcção SO os terrenos inclinam-se

e são atravessados por uma vasta rede de cursos de água em direcção ao rio Púngoè. Na base do talude é

fácil traçar a linha que separa as terras inundadas periodicamente.

3.1.6. Características Geotécnicas locais

A rede de drenagem da cidade da Beira estende-se por uma grande área, desde a costa oceânica e zona

estuarina do rio Púngoè até aos limites norte dos bairros da Munhava e Chota, abrangendo assim três

zonas com características geotécnicas distintas:

1) as dunas costeiras móveis;

2) a zona estuarina do rio Púngoè,

3) e a zona permanentemente húmida junto à costa oceânica e antes de alcançar as dunas.

Uma análise comparativa da informação disponível mostra uma boa semelhança de características

geotécnicas entre os solos das terras húmidas da costa oceânica e os solos da zona estuarina do rio Púngoè.

Atendendo à esta semelhança e ao conhecimento da geologia geral e génese das formações quaternárias

na baía de Sofala, pode aceitar-se e aplicar-se como legítimo a extrapolação destes resultados aos bairros

Esturro, Matacuane, Macurungoe na zona norte do bairro Munhava.

Assim, a zona estuarina do rio Púngoè e as terras húmidas da costa oceânica caracterizam-se pela

ocorrência de siltes e argilas com traços de areia fina, de compacidade muito baixa, que pode atingir

Page 16: Compilacao_Condicionantes Biofisicas

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profundidades até 3-4 m, seguindo-se areias médias a grossas, de compacidade medianamente densa e

areias médias a grossas por vezes misturadas com cascalho, de compacidade muito densa. Nos casos em

que foi possível obter informação sobre a posição do nível freático, este situa-se entre 1,0 m e 2,5 m abaixo

do nível do terreno.

As dunas costeiras oceânicas são essencialmente constituídas por areias médias a finas na superfície,

seguindo-se areias médias a grossas, e areias grossas com seixos à profundidade máxima atingida, entre 7,0

m e 8,0 m.

Figura 7 Carta Geológica da região onde está implantada a Cidade da Beira

4.2. Geomorfologia

De acordo com a Empresa Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique, a cidade da Beira estende-se sobre

uma planície costeira formada por acumulação aluvionar e a marinha durante o último evento de regressão

marinha, ocorrido no início do Quaternário (Pleistoceno) [Na escala de tempo geológico, é época do

período compreendido entre 1 milhão e 806 mil e 11 mil e 500 anos atrás, aproximadamente.]. Este evento

aconteceu em toda costa africana oriental e permitiu que, na área em estudo, os rios Púnguè e Búzi

depositassem sedimentos continentais originários de afloramentos localizados a montante da cidade da

Beira.

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O geo-relevo da cidade da Beira e seus arredores são dominados por uma extensa planície litoral cujas

altitudes variam entre 6 a 20m. O declive médio desta planície é suave, apresenta uma alternância singular

de depósitos argilosos e arenosos.

Esta última regressão foi também responsável pela formação das dunas na costa oceânica, que por sua vez

criam condições para formação de lagoas ao longo da costa e de extensas planícies de inundação. Pode se

considerar que as condições geomorfológicas da maior parte da Beira associam-se aos processos de erosão

e assoreamentos activos dos ambientes litorais e fluvio-marinhos. Estes sectores são sensíveis aos

processos morfodinâmicos actuais, com destaque para áreas permanentemente inundadas ou sob o

domínio sazonal das marés.

O sistema marinho estende-se ao longo da costa e compreende dunas contínuas, cordões e barras

arenosas, sendo que na maioria das vezes, estas formações estão intercaladas por depressões inundadas

pelas marés.

O sistema estuarino é característico das regiões dos deltas dos rios e compreende as planícies de

manguezal, a região costeira baixa e pantanosa, as regiões influenciadas pelas marés e pelas baías. O

sistema fluvial do estuário da Beira ocorre associado à hidrologia e à rede de drenagem natural da área de

estudo, dominado pelas bacias hidrógráficas dos rios Ucarranga, Búzi, Púngué e Savane. A geodinâmica da

zona litoral do Estuário da Beira é relativamente complexa porque apresenta formações derivadas de

processos de acumulação activa, de enchimento recente (aluviões e coluviões), ao lado de superf'icies de

desnudação e terraços de erosão. Faz parte de um sistema diversificado de terras 'umidas, sendo de

destacar os sistemas marinhos, estuarinos e fluviais.

Há evidências de erosão nas praias e destruição da vegetação das dunas. O talude da praia apresenta-se

íngreme a ocorrência de processos erosivos na costa Noroeste. Ver figuras B1 a B8 no anexo B.

Segundo CHEMANE, MOTTA e ACHIMO. (1997), as mudanças na linha da costa podem ser o resultado de

actividades humanas que tendem a interferir nos processos naturais. A erosão nas dunas costeiras tem

atingido a média de um metro por ano, desde 1982, e está sendo acelerada, principalmente devido ao

movimento da areia ao longo do litoral, à erosão causada pelo vento, às actividades antrópicas

relacionadas com a exploração da areiada praia,á exploração do manguezal pra construção de habitação

eoutros fins, às tempestades e acção das ondas.

em consequênciadesta erosão e deposição, os bancos existentes nesta área alargaram-se neste

período,destacando-se o banco dos Pelicanos, a parte Oeste do canal Portela, a mudança da embocadurea

do rio Búzi, e as mudanças de direcção da linha da costa, a é afecgada pelo fluxo do canal Oeste do rio

Púgué, durante os períodos de cheias e marés de Sizígia, e pelo alargamento doa canal em frente ao rio

Búzi. Contudom, as sondagens de 1981 mostram uma redução considerável de profundidade na parte

profunda (Barra local cuja profundidade está cima de 4m), Franquia (profundidade entre 3 a 4 m) e parte

central em direcção á boca do rio Púngué (NEDECO, 1982).

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ESCALA: 1/100 000

N

0 1.0 4.0Km2.0

Municipio da BEIRA GEOMORFOLOGIA

Universidade Eduardo MondlaneFaculdade de Arquitectura e Planeamento FísicoLicenciatura 2012

DIAGNÓSTICO E ANÁLISE DAS CONDIÇOES BIOFISICAS, VALORES E RECURSOS NATURAIS E OUTROS CONDICIONAMENTOS A OCUPAÇAO URBANA

3. 5Legenda

ELABORACAO. PLANO PARCIAL DE URBANIZAÇAO DA BAIXA DA BEIRA

POSTO ADM. N° 5

POSTO ADM. N° 1

POSTO ADM. N° 2

POSTO ADM. N° 4

POSTO ADM. N° 3

Matadouro

Inhamizua

Mungassa

Chingussura

Nduda

Nhaconjo

Vila massane

Manga Mascarenha

Muave

Chota

Macurungo

Chipangara

Matacuane

Ponta-Gêa

Chaimite

Esturro

Pioneiros Mananga

Maraza

Munhava

Vaz

Alto damanga

Nhangau

Nhangoma Tchondja

Macuti

Page 19: Compilacao_Condicionantes Biofisicas

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4.3. Pedologia

Pela sua posição sub equatorial, pedologicamente pertence a zona dos solos feraliticos. Assim, a maior

parte das áreas citadinas é constituída por um substrato de sedimento alucinares marinhos e fluviais de

idade recente e de grande espessura. Estes sedimentos constituem a base a partir do qual se desenvolvem

os solos. Desta maneira, este desenvolvimento bem como a sua distribuição depende das condições locais,

o relevo, a hidrografia e intervenção humana (MUCHANGOS, 1994).

Pode-se agrupar os solos da Beira em fluvio-marinhos do antigo leito e foz do Púnguè e os solos dos

terrosos aluviais, solos salubres, solos dunares (Idem, p.18) e solos hidromórficos. Assim, os mais

dominantes são os solos de gleizer dos planos fluvio-marinhos que ocupam a maior parte da cidade. Estes,

são solos enriquecidos pelo humus-cinzento escuro demais de 50 cm espessura. Sendo assim, o seu

processo de formação e por excelência a gleização, bem como a elevação da humidade que regista na

Beira.

Na área estuarina protegida por influências directas do oceano, mais inundado temporariamente e

regularmente pelos mares, incluindo o canal, desenvolvem-se solos aluvionares salobros. Estes são solos

argilosos finos lodosos sem qualquer possibilidade da utilização agrícola devido a influência salina e a sua

inconveniência. Mas permite o desenvolvimento de uma rica fauna e flora.

Os solos dunares encontram-se na costa oriental da cidade da Beira ou em ilhas isoladas coma nas baixas

de Matacuane, Macurungo, e Munhava. O seu perfil é indiferenciado e esta sujeito a uma intensa erosão

eólica.

Page 20: Compilacao_Condicionantes Biofisicas

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A existência de dunas nos bairros de Chipangara e Matacuane e vários e outros locais disperso, pode ser

explicado pela acção destrutiva das chuvas, dos sulcos e da intervenção humana durante a construção da

cidade.

4.4. Hidrogeologia

A área onde está implantada a cidade da Beira insere-se na Bacia Sedimentar do Sul do Save, constituída

por rochas sedimentares Fanerozóicas, de idades terciária e quaternárias associadas à Baía de Sofala, às

planícies flúvio-marinhas e às dunas costeiras.

As formações sedimentares de idade terciária são representadas por rochas areníticas conglomeráticas e

quartzosas da Formação de Mazamba, do Plio-Mioceno.

Os sedimentos quaternários recentes são constituídos por superfícies de aplainamento recobrindo

ocorrências argilo-arenosas de origem fluvial e, parcialmente, eólica e ocorrências argilosas de origem

flúvio-lacustre. Encontram-se também extensas áreas de aluviões recentes, depósitos de praia, depósitos

de marés com mangal e pequenas manchas de dunas costeiras.

A cidade da Beira possui uma cobertura aluvionar arenosa, que pode conter água subterrânea a pequena

profundidade, ao longo dos vales principais e na faixa costeira. Numerosos lagos e lagoas temporários

ocupam leitos argilosos locais, o que revela que o lençol freático encontra-se muito próximo da superfície

do terreno.

O lençol freático situa-se entre os extractos aluviais argilosos e arenosos. As condições da recarga natural

são pouco favoráveis e a produtividade dos furos é muito limitada, mesmo quando o nível hidrostático é

superficial (-3 m a -5 m). A proximidade com o mar faz que a água salgada se possa introduzir-se facilmente

no subsolo e como consequência, o lençol freático mais profundo é muitas vezes salobre e impróprio para

uso doméstico ou agrícola.

Figura 8 Carta Hidrogeológica da região onde está implantada a Cidade da Beira

A seguir estão descritas as diferentes unidades aquíferas presentes na área em estudo:

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3.4.1. Aquíferos Muito Produtivos

Esta unidade aquífera é constituída por formações aluvionares que, na maioria dos casos, são muito

produtivas, com caudais típicos na ordem dos 50 m3/h. Esta unidade, representada no mapa hidrogeológico

pelo símbolo Qal, estende-se em forma de leque deltáico ao longo das margens dos rios principais e

associa-se às dunas, às praias arenosas e aos aluviões de mangal (nas margens dos rios Pungoè e Búzi).

De uma forma geral, os resultados dos ensaios de aquífero e caudal realizados em outros aquíferos de

natureza aluvionar (e.g. rio Revúboè, Golder Associates África, 2006) indicam que os valores das

transmissividades hidráulicas são altos (típicamente na ordem dos 5.000 m2/d), o que faz com que os

cursos d’água superficiais estejam hidraulicamente conectados com o sistema de água subterrânea.

Por outro lado, as planícies aluvionares dos rios Búzi e Pungoè são caracterizadas por baixos gradientes

topográficos, o que faz com que as amplitudes das marés na zona costeira sejam altas, chegando a atingir 7

metros durante as marés vivas (INAHINA, 2006). Estes processos interferem no fluxo natural e por vezes a

água do mar é transportada por grandes distâncias para o interior ao longo do curso dos rios, podendo

afectar a qualidade da água dos aquíferos aluvionares.

3.4.2. Aquíferos Produtivos e Moderadamente Produtivos

Do ponto de vista hidrogeológico a maioria das formações aquíferas que ocorrem na cidade da Beira

enquadram-se nesta categoria, ou seja, são moderadamente produtivas. A formação destas unidades

aquíferas resultou de um ciclo de processos de transgressão e regressão marinhas e de movimentos

tectónicos. Uma estrutura de grande interesse do ponto de vista hidrogeológico é o afundimento do vale

do Chire-Urema com uma orientação Norte-Sul e um enchimento aluvionar com espessuras que variam de

40 a 80 metros em direcção ao eixo do rio Pungoè.

Nesta categoria podem-se distinguir quatro províncias hidrogeológicas:

Porção oriental (sul do Planalto de Cheringoma): predominam aquíferos moderadamente

produtivos (caudais típicos inferiores a 5 m3/h) e ocupam a porção leste da Área de Influência,

representados na Figura pelo símbolo Qp;

Porção intermédia entre o Planalto de Cheringoma e o vale do Chire-Urema: a espessura do

enchimento aluvionar, proveniente das montanhas e escarpas, pode atingir 40 m. Predominam

aquíferos produtivos (caudais típicos na ordem de 10-50 m3/h);

Porção ocidental do vale do Chire-Urema: predominam aquíferos argilosos de baixa produtividade

(caudais típicos na ordem de 0 – 5 m3/h ) associado às rochas da Formação de Sena. Apesar desta

unidade geológica não aflorar nas áreas de influência, ela encontra-se sotoposta às formações

aluvionares do Quaternário. Esta unidade é representada na Figura pelo símbolo Qd; e

Ocorrem, ainda nesta unidade hidrogeológica, na porção oeste à área de intervenção, aquíferos

produtivos formados por depósitos arenosos de origem fluvial, na bacia do rio Búzi (Qal Qt), cuja

produtividade varia de 10 a 50 m3/h.

3.4.3. Aquíferos de Baixa Produtividade

A unidade aqüífera de baixa produtividade é constituída por rochas da Formação de Mazamba,

predominantemente composta por rochas areníticas conglomeráticas e quartzosas. São aquíferos de baixa

produtividade, com caudais tipicamente entre 3 e 5 m3/h e com água de boa qualidade. A espessura desta

formação tende a aumentar do interior para a costa, onde foram verificadas espessuras com até

600 m (FERRO e BOUMAN, 1987). Esta unidade está reresentada na Figura pelo símbolo TTs.

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A Formação de Mazamba também ocorre na porção nordeste da bacia do rio Pungoè, no Planalto de

Cheringoma. Em direcção ao litoral, a Formação de Mazamba é gradualmente coberta por uma camada de

aluvião de espessura variada, que apresenta água salobra.

3.4.4. Áreas com Aquíferos Limitados

Estas unidades aquíferas, representadas pelos símbolos associados Qal Qd, ocorrem em parte da bacia do

rio Búzi e parte da bacia do rio Pungoè. É predominantemente composta por sedimentos eluvionares

arenosos e argilosos, em muitos casos contendo água salobra.

De uma forma resumida apresenta-se na Tabela, a seguir, a caracterização litológica das principais unidades

aquíferas existentes na área de estudo.

Tabela 1 Características dos principais aquíferos que ocorrem na Cidade da Beira

UNIDADE AQUÍFERA CARACTERIZAÇÃO LITOLÓGICA E USO DA ÁGUA

Aquíferos Muito Produtivos Esta unidade aquífera (Qal) é considerada produtiva com caudais típicos na

ordem de 50 m3/h. As espessuras desta unidade são variáveis, mas quando as

condições locais forem favoráveis (gradiente hidráulico suave e morfologia do

terreno pouco acidentado) podem atingir cerca de 30 m.

Estes aquíferos ocorrem ao longo das margens dos principais rios e associam-

se às dunas, às praias arenosas e aos aluviões de mangal, podendo, por vezes,

apresentar água salobra.

Estes aquíferos são explorados por furos mecânicos mas em muitos casos as

populações rurais fazem escavações de pequenas profundidades nas margens

dos rios para a captação de água para o consumo doméstico.

Aquíferos Produtivos e

Moderadamente Produtivos

Esta unidade (Qp, Qd e Qal, Qt) ocupa a maior parte das áreas de influência do

estudo. Estende-se numa área compreendida entre o Planalto de Cheringoma

e o litoral e é constituída por areias finas e argilosas de produtividade limitada

(Q<5 m³/h), formando coberturas desenvolvidas sobre rochas sedimentaraes.

Aquíferos de Baixa

Produtividade

As principais unidades aquíferas que ocorrem na Formação de Mazamba (TTs)

são predominantemente constituídas por rochas areníticas conglomeráticas e

quartzosas. Os caudais são limitados e variam de 3 a 5 m3/h (FERRO &

BOUMAN, 1987; DNA, 1995).

A espessura da Formação de Mazamba tende a aumentar do interior para o

litoral, onde já foram verificadas espessuras até 600 m. Em direcção ao litoral,

a Formação de Mazamba é gradualmente coberta por uma camada de aluvião

de espessura variada, que apresenta água salobra.(SWECO & ASSOCIATES,

2004).

Aquíferos de Produtividade

Limitada

Esta unidade (Qal,Qd) ocorre em parte da bacia do rio Búzi e parte da bacia do

rio Pungoè. Predominam areias médias a muito finas e argilas, de

produtividade limitada em muitos casos contendo água salobra. Dependendo

do seu teor de argila, a produtividade desta unidade aquífera pode variar de 0

a 5 m3/h.

Fonte: FERRO & BOUMAN, 1987.

Page 23: Compilacao_Condicionantes Biofisicas

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4.5. Hidrografia e Recursos Hídricos

Na região onde a cidade da Beira está implantada, destacam-se dois rios internacionais que desaguam na

Baía de Sofala: Os rios Púnguè e Búzi. Nascendo em regiões montanhosas de Manica e do Zimbabwe,

atravessam uma planície fluvial de mais de 400 km de extensão. A sua importância reside na sua

contribuição para a dinâmica dos processos que se desenvolvem na baía de Sofala, depositando materiais

de predominância silto-argilosos e arenosos. Existem ainda na margem esquerda do rio Púngoè uma série

de cursos de água com direcção dominante Nordeste-Sudoeste, segundo o declive das formações

terciárias. Dispersos em toda a área administrativa da cidade ocorrem alguns cursos de água

profundamente controlados pela tectónica e que foram na área citadina transformado pela ocupação

humana.

Os cursos de água do litoral oceânico, mais numerosos, orientam-se no sentido dos ventos dominantes

Noroeste-Sudeste. Face ao fraco declive desta planície a maior parte deles não dispõe de capacidade para

atravessar a barreira das dunas costeiras, formando pequenas lagoas nas depressões da planície. Estas

lagoas transformam-se em pântanos na época seca. O perfil longitudinal destes cursos de água é suave e

desenvolve-se inteiramente na planície de inundação.

À excepção do Chiveve, a maior parte da cidade da Beira propriamente dita não é atravessada por

nenhuma linha de água natural, somente o Chiveve constitui um fenómeno hidrológico notável,

representando ao mesmo tempo um elemento paisagístico típico da cidade, pois é circundado pelos

mangais. As condições hidrológicas da cidade foram entretanto modificadas profundamente pela crescente

intervenção humana na cidade. A hidrologia da cidade da Beira e arredores explica-se principalmente pela

sua localização na planície litoral de inundação, onde convergem influências de natureza oceânica e fluvial.

Além das grandes bacias hidrográficas dos rios Púnguè e Búzi cabe também citar na área de estudo, as

bacias hidrográficas dos rios Savane e Ucarranga.

A gestão das bacias hidrográficas em Moçambique é da responsabilidade da Direcção Nacional de Águas

(DNA), que se subdivide em ARA-SUL, CENTRO e NORTE. Subordinado ao Ministério das Obras Públicas e

Habitação (MOPH). Assim, as bacias dos rios Púngué e Búzi estão sob a responsabilidade da DNA ARA-

CENTRO. Esta entidade tem entre outras, a responsabilidade de gerir os recursos hídricos de cada bacia

hidrográfica e sua jurisdição.

Page 24: Compilacao_Condicionantes Biofisicas

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Figura 9 Bacias Hidrográficas dos Rios Púngué e Búzi

3.5.1. Bacia do Púngoè

A bacia do Púngoè situa-se entre a bacia do Rio Zambeze ao Norte e a bacia do Búzi ao Sul, entre as

latitudes de 18°S e 20°S e as longitudes de 33°E e 35°E. A bacia hidrográfica do rio Púngué drena uma área

de 31.151 km², o que torna o Púngoè um dos maiores rios de Moçambique, abrangendo 5% do território do

Zimbabwe e 95% de Moçambique, e desaguando em um estuário que chega a 7 Km de largura. Na zona da

Beira, o rio Púngoè desagua no Estreito de Moçambique (Oceano Índico).

Tabela 2 Bacia hidrográfica do rio Pungoè

Rio Pungoè Moçambique Zimbabwe Total

Área da Bacia Hidrográfica (km2) 29.690 (95,3%) 1.461 (4,7%) 31.151

Fonte: Sweco & Associados, 2004

O rio Pungoè nasce a 2.300m de altitude, nas montanhas do Inyangani no Zimbabwe, possuindo 50 km em

território zimbabweano e 320 km em território moçambicano. A forma da sua bacia é um losango com a

orientação do eixo maior para NW-SE, apresentando vários afluentes, os principais localizados na margem

direita. A precipitação anual média varia entre 1800 mm nas cabeceiras a 1000 mm junto à sua foz.

Este rio tem caudal permanente e apresenta três trechos distintos:

1. Curso superior, com inclinações da ordem dos 33 m/km que se desenvolve quase todo no território do

Zimbabwe;

Page 25: Compilacao_Condicionantes Biofisicas

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2. Curso médio com inclinações da ordem de 3 m/km e que se desenvolve desde o cruzamento do rio com

a estrada Chimoio - Tete até Pavua (a montante de Bué-Maria); e

3. Curso inferior com inclinação da ordem de 0.5 m/km desde Pavua até a foz.

O escoamento anual médio na foz é da ordem de 3.800 milhões de metros cúbicos por ano (m3/ano). Deste

total, 28% têm origem no Zimbabwe onde, apesar de conter apenas 5% da bacia hidrográfica, ocorrem

elevadas precipitações. A grande variação temporal na precipitação na região origina grandes variações

inter-anuais no caudal do rio Pungoè.

Outra informação relevante refere-se ao escoamento médio durante o mês mais seco, Outubro, na zona da

captação de abastecimento de água da cidade da Beira, que é de 46.4 M m3/mês (SWECO & ASSOCIADOS,

2004).

A bacia do rio Púngoè é actualmente objecto dum estudo integrado que assenta sobre uma Estratégia

Conjunta de Gestão Integrada de Recursos Hídricos da Bacia do rio Púngoè, no contexto de um esforço de

cooperação entre os governos do Zimbabwe e Moçambique para criar um quadro de gestão sustentável e

equitativa, desenvolvimento e conservação dos recursos hídricos.

O projecto é financiado pela Agência Sueca para o Desenvolvimento Internacional (ASDI), através de um

acordo com o Zimbabwe e Moçambique. É implementado sob os auspícios do Departamento de

Desenvolvimento da Água (DWD), no Ministério dos Recursos Naturais, Desenvolvimento da Água e

Irrigação (MRRWD&I) do Zimbabwe, e da Direcção Nacional de Águas (DNA), no Ministério das Obras

Publicas e Habitação em Moçambique. As agências de implementação são a Autoridade Nacional da Água

do Zimbabwe (ZINWA) e da Administração Regional da Água da zona centro (ARA-Centro),

respectivamente.

3.5.2. Bacia do Búzi

A bacia do rio Búzi drena uma área total de 29.720 km2, dos quais 13% encontram-se em território

Zimbabweano e 87% em Moçambique.

Tabela 3 Bacia hidrográfica do rio Búzi

Rio Búzi Moçambique Zimbabwe Total

Área da Bacia Hidrográfica (km2) 25.760 (87%) 3.960 (13%) 29.720

Fonte: COBA, 1981

O rio nasce em território zimbabweano, a noroeste do povoado de Chipinga e deságua no Oceano Índico,

na baía de Sofala, junto à cidade da Beira. O seu comprimento total é de 366 km em território

Moçambicano e 31Km no Zimbabwe.

Ao contrário da bacia do Púngué, A bacia tem a forma de um triângulo com a foz num dos vértices, o que

faz com que seja mais propensa a cheias. Entre os seus afluentes destacam-se os rios Lucite e Revué,

ambos na margem esquerda.

Este rio tem caudal permanente e apresenta quatro trechos distintos:

1. Da nascente até a fronteira: tem inclinações da ordem de 18,1 m/km num trecho de 30,9 km;

2. Da fronteira até cerca de 6 km para a jusante da confluência do rio Messurize com o rio Búzi: tem

inclinações da ordem de 6,4 m/km num trecho de 72,2 km;

3. Do ponto anterior até cerca de 2 km a montante da confluência do rio Gombanhe com o rio Búzi: tem

inclinações da ordem de 0,9 m/km num trecho de 137,2 km; e

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4. Do ponto anterior até a foz: tem inclinações da ordem de 0,4 m/km num trecho de 156,4 km.

Na bacia do rio Búzi distinguem-se três sub-bacias principais, nomeadamente Revué, Lucite e o próprio

Búzi, que contribuem respectivamente em 47%, 45% e 7% para o escoamento total da bacia.

A Tabela abaixo apresenta os valores de escoamentos anuais médios dos rios Pungoè e Búzi.

Tabela 4 Comparação dos escoamentos dos rios Búzi e Pungoè

Rios Escoamento anual médio (milhões

m3)

Caudal anual médio perto da foz

(m3/s)

Pungoè 3.800 120

Búzi (E188) 5.760 182

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5. DEFINIÇÃO DA DINÂMICA DOS FACTORES CLIMÁTICOS

O clima da região da Beira pertence a zona intermediária entre as zonas de convergência e de ascendência

do ar e as zonas de divergência e subsistência. Segundo KÖPPEN, é um clima tropical húmido com duas

estações climáticos bem acentuados: a estação chuvosa de Outubro a Março e a estação seca, de Abril a

Setembro. É dominado, geralmente, por massas de ar nevoentas e chuvas convectivas, mas também

ciclónicas.

Figura 10 Enquadramento do clima da Beira nos tipos climáticos de Koppen em Moçambique.

5.1. Radiação solar

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5.2. Dinâmica da ventilação

De acordo com o RIA da dragagem do canal de acesso ao porto da Beira, durante a estação húmida, a África

Central torna-se uma zona de baixa pressão atmosférica; isto provoca uma direcção do vento bastante

constante, soprando para sudoeste. Durante a estação seca, o clima sofre a pressão da Monção vindo de

sudoeste, soprando sobre a Ásia central, o que faz a direcção dos ventos tender mais para Sul-Sueste. O

vento é bastante constante durante todo o ano, tanto no que diz respeito à direcção como à velocidade.

Dada a diferença de temperatura entre o mar e a terra, surgem ao fim do dia ventos marítimos, que avivam

a intensidade do vento. Além de serem constantes, os ventos são também muitos moderados. A média

mensal de velocidade dos ventos varia entre 11 e 16 km/h, enquanto a média mensal para a velocidade

máxima varia entre 30 e 40 km/h. Em ambos casos, os ventos de alta velocidade sopram principalmente na

estação húmida.

Gráfico 1 Velocidade média do vento mensal 1961-2001 (km/h)

Gráfico 2 Direcção e intensidade dos ventos

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Ciclones

Moçambique é frequentemente afectado por ciclones tropicais originados no Canal de Moçambique ou a

leste do canal, dependendo das condições atmosféricas. Em geral, os ciclones tropicais de maior

intensidade são aqueles originados ao sudoeste do Canal de Moçambique. Estes ciclones movimentam-se

para Oeste, atravessam Madagáscar e, ao atravessarem o Canal de Moçambique, são alimentados pelas

águas quentes que os intensifica. Período de ocorrência de ciclones em Moçambique tem início,

geralmente, no mês de Novembro, podendo ocorrer até o mês de Abril. Em média, três a cinco ciclones

formam-se todos os anos no Canal de Moçambique, sendo que as regiões mais atingidas são as áreas

costeiras das regiões Centro e Norte de Moçambique.

A cidade da Beira está situada numa região considerada como zona de alta vulnerabilidade à ocorrência de

ciclones tropicais. Em Março de 1994 esta região foi severamente afectada pelo ciclone Nádia. Este ciclone,

que atingiu velocidade de vento da ordem de 190 km/h desde a sua formação até sua dissipação, e uma

pressão mínima de 925 HPA (INAM, 2005 – não publicado), atravessou o Canal de Moçambique.

Figura 11 Mapa de frequência de Ciclones em Moçambique

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5.3. Temperatura

Ao contrário da pluviosidade, as temperaturas médias mensais apresentam variações moderadas de 20 °C

na estacão fresca (Junho-Julho) até 29 °C na estacão quente (Janeiro-Fevereiro). Uma máxima de 43 °C e

uma mínima de 8 °C foram já registadas entre os anos 1961-2004.

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

Axi

s Ti

tle

Temperatura

T. Max.

T. Méd.

T. Min.

Gráfico 3 Temperaturas médias mensais

5.4. Humidade

Apesar de a pluviosidade média sofrer variações acentuadas na zona, a humidade relativa é mais ou menos

constante e elevada na região estando compreendida entre 67 e 85% ao longo de todo o ano.

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

Humidade 77 78 78 78 78 78 79 78 76 75 75 76

727374757677787980

Axi

s Ti

tle

Humidade

Gráfico 4 Humidade média mensal

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5.5. Pluviosidade

A estação fresca e seca estende-se de Abril a Outubro e a estacão quente e chuvosa de Novembro a Março.

A pluviosidade média anual é de aproximadamente 1 600mm. A pluviosidade média anual é no entanto

bastante variável havendo registo de variações entre 1 027 mm e 2 135 mm durante o período 1961-2003.

Figura 12 Mapa Pluviométrico da Beira

FONTE: A. Dos Anjos (UCM-CIG)

0

50

100

150

200

250

300

350

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

Gráfico 5 Chuvas mensais médias 1961-2011 (em mm)

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ESCALA: 1/100 000

N

0 1.0 4.0Km2.0

Municipio da BEIRA CLIMATOLOGIA

Universidade Eduardo MondlaneFaculdade de Arquitectura e Planeamento FísicoLicenciatura 2012

DIAGNÓSTICO E ANÁLISE DAS CONDIÇOES BIOFISICAS, VALORES E RECURSOS NATURAIS E OUTROS CONDICIONAMENTOS A OCUPAÇAO URBANA

4. 5Legenda

ELABORACAO. PLANO PARCIAL DE URBANIZAÇAO DA BAIXA DA BEIRA

0. Dinamica dos factores Climaticos 1:100000

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6. DADOS OCEANÓGRAFOS

6.1. Batimetria local

A Baía de Sofala esta localizada região central de Moçambique, entre as latitudes 16° S e 21° S na parte sul

do Banco de Sofala, representando a maior plataforma continental da costa leste africana. A distância entre

a costa e a quebra da plataforma é de cerca de 80 milhas náuticas aproximadamente 148Km. A média de

profundidade da plataforma nesta região é de aproximadamente de 20m.

A morfologia da zona costeira no Banco de Sofala é caracterizada por bancos arenosos a maioria interligada

com franjas de mangues pantanosos. Estes ambientes estão associados aos principais rios da região,

podendo ocorrer, em menor quantidade, associados a pequenos canais submetidos à acção das marés.

A Baía de Sofala é um sistema de águas rasas, cuja profundidade média não excede os 10 m. A sua

topografia de fundo é caracterizada por uma activa dinâmica sedimentar (JICA, 1998): uma elevada

descarga de sedimentos provenientes dos rios pungoé e Buzi associada a uma poderosa energia de marés

que cria zonas de intensa Sedimentação ou erosão.

As áreas adjacentes ao Porto da Beira, possuem uma topografia de fundo muito irregular, com frequentes

bancos de areia em contraposição às áreas localizadas mais a norte da Baía (como na zona de Savane-

Nhangau) com fundo ligeiramente inclinado na direcção do mar alto, essa área tem de ser constantemente

dragada para manter em condições o Canal de Acesso do Porto, cujo acumulo sedimentar pode aumentar

de 0,5 para 2 m em cerca de quatro meses (JICA, 1998).

Figura 13 Mapa de batimetria no estuário do pungoé FONTE: Levantamento batimetria do estuário de 1982

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6.2. Sistema de correntes e marés

As correntes na Baía de Sofala, semelhantes às das restantes zonas costeiras pouco profundas existentes ao

longo da costa de Moçambique, são controladas pelas marés sendo também fortemente afectadas por

ventos.

As correntes no interior da Baía, no entanto, mostram estar fortemente condicionadas pela topografia de

fundo, e a corrente principal segue o sentido do Canal de Acesso. Um estudo conduzido com uma bóia

deriva em 1997 (JICA, 1998) demonstrou que, durante a maré enchente, as correntes superficiais têm uma

direcção norte-noroeste e, durante a maré vazante, uma direcção sul-sudoeste. Estas mesmas correntes,

imediatamente depois da saída do estuário para a costa Este, mudam o seu sentido para este na maré

vazante e para oeste na maré enchente.

As marés na costa de Moçambique são do tipo semi-diurnas apresentando uma desigualdade diária em

torno de 10 a 20 cm em Maputo, Inhambane, Chinde, Quelimane e Angoche e em torno de 30 a 40 cm em

Beira, Pebane, Ilha de Moçambique, Nacala, Pemba e Mocimboa da Praia. A amplitude de maré é contudo

variável ao longo da costa registrando o seu máximo na Baía de Sofala, onde atinge cerca de 6,4 m, em

grande parte em resultado da maior extensão atingida pela plataforma continental nesta área (cerca de

120 km de extensão), que assume um efeito amplificador da maré. No resto da plataforma continental

Moçambicana, mesmo no seu limite, a amplitude de maré é de cerca de 3 m.

As medições de marés efectuadas no Porto da Beira (JICA, 1998) vieram confirmar a grande amplitude de

marés ocorrente nesta área, tendo-se determinado os seguintes valores (ENTRIX and AUSTRAL

CONSULTORIA e PROJETOS, Ltda., 1998):

Altura Média mais Alta na Maré Viva: 6,5 m

Altura Média mais Alta na Maré Morta: 4,2 m

Nível Médio do Mar: 3,5 m

Altura Média mais Baixa na Maré Morta: 2,7 m

Altura Média mais Baixa na Maré Viva: 0,9 m

Gráfico 6 Variação das Mares

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6.3. Circulação e factores de controlo

Os principais factores intervenientes, que duma forma geral determinam o processo de circulação oceânica

local são as marés, a batimetria, o regime de ondas e os fluxos dos rios pungoé e Buzi.

Para um sistema costeiro como o estuário de Beira as marés e a batimetria são os factores mais

determinantes, causando uma circulação que dominada pelo fluxo de água na direcção Sul-Sudoeste e Este

durante a maré vazante e um fluxo no sentido Oeste e Norte-Noroeste na maré enchente. Estes fluxos

originam em termos líquidos ou residuais uma circulação líquida anti-horária.

Figura 14 Elipses de corrente do ano 2009 e traçado do canal de acesso ao porto da Beira

6.4. Dinâmica de sedimentos

Estuários são sistemas de complexa hidrodinâmica e movimentação de sedimentos. Processos tais como

fluxos de água, marés, intrusão salina, ondas e correntes desempenham um papel importante na erosão,

transporte e deposição de sedimento ou assoreamento em bacias de corpos de água.

Os sedimentos são trazidos ou perdidos do sistema através de:

Fluxo dos rios, os quais contém sedimentos em suspensão;

Transporte litoral induzido pelas ondas ou marés os quais contém sedimentos das praias,

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Correntes costeiras e do mar aberto

É historicamente considerado que o sedimento arenoso que alimenta as praias de toda a extensão de

costeira a sul do Zambeze é proveniente na sua maioria dos escoamentos do Rio Zambeze, que é

transportado ao longo da costa através das correntes de deriva costeira causadas pela ondas que nesta

região atingem a costa tipicamente do SE. Estas constatações são suportadas pela elevada correlação

existente entre a composição química do sedimento que ocorre ao longo desta secção da costa com o

sedimento do rio Zambeze (JICA 1998).

Estima-se que o volume anual de areia transportada ao longo da costa pela corrente marítima totaliza

80.000 m3. Este volume de areia é sedimentado ao longo da costa, sendo interrompido pelo desaguadouro

nas Palmeiras, situado na cidade da Beira, que retém parte deste volume de areia, que passa a totalizar

45.000 m3.

Figura 15 Dinâmica de sedimentos no estuário de Pungue

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7. CONCLUSÃO

O presente trabalho teve como objectivo geral a caracterização físico-territorial da Beira, portanto depois

de uma leitura e estudo da situação da área, nota-se que devido a sua localização físico-geografica na baia

de Sofala concretamente no estuário do Rio Pungue, uma área considerada de transição ou também

ecotonos entre os habitats da água doce e marinho, conferiu-lhe assim características próprias com rico e

vasto ecossistema marinho da zona central, com grande dominância de espécies de mangais e animais

aquáticos que de alguma forma sustentam as actividades económicas da população urbana da beira e

arredores, as áreas de mangais na cidade da Beira cobrem uma área relativamente pequena na zona

urbana, com cerca de 8 ha nas enseadas relativas às marés da Praia Nova, e cerca de 10-20 ha ao longo

do rio Chiveve e canais de drenagem. Estende-se ainda uma cadeia de dunas baixas, que atinge 150-

200m de largura em várias zonas e que se estendem por cerca de 7 km a partir do porto de pesca esta

foi o foco inicial da urbanização da Beira nos princípios do ano 1900 daí que, actualmente, a maior parte

dela é completamente urbanizada com uma estrada costeira que se estende ao longo da crista da duna .

O território da cidade é quase todo ele plano cujas altitudes variam dos 6m a 20m, pode-se notar dois

grandes acidentes o (1) Chiveve, que é uma depressão natural estreita do terreno quase paralela a costa,

seca ou alagada conforme o nível da maré que serve de desaguadouro natural das chuvas, e rica em

mangais; e o (2) alto da manga, pequena área de terreno situado a 7kms a norte do centro da cidade e cuja

altitude é cerca de 20m.

O lençol freático da área encontra-se entre os estratos aluviais argilosos e arenosos, dai que a recarga

natural é muito fraca e os furos apresentam uma limitada produtividade, a proximidade com o mar faz

que a água salgada se possa introduzir-se facilmente no subsolo e como consequência, o lençol freático

mais profundo é muitas vezes salobre e impróprio para uso doméstico ou agrícola.

O clima da cidade da Beira pertence a zona intermediária entre as zonas de convergência e de ascendência

do ar e as zonas de divergência e subsistência, é um clima tropical húmido com duas estações climáticos

bem acentuados: a estação chuvosa e a estação seca. É dominado, geralmente, por massas de ar nevoentas

e chuvas convectivas, mas também ciclónicas. A sua localização é desvantajosa visto que a torna susceptível

a ciclones.

No que diz respeito as características do canal de acesso ao porto da Beira é de salientar que estas

possuem uma topografia de fundo muito irregular, com frequentes bancos de areia em contraposição às

áreas localizadas mais a norte da Baía (como na zona de Savane-Nhangau) com fundo ligeiramente

inclinado na direcção do mar alto, dai que esta deve ser constantemente dragada de modo a dar acesso ao

porto.

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8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DA SILVA, António Fernandes; Características Hidrográficas do Estuário da Beira; Abril 2011; Rio de

Janeiro.

Bacia do Pungue – Desenvolvimento da estrategia conjunta para GIRH da bacia do Rio Pungue;

Relatorio da Monografia – Estudo sectorial: Recursos hidricos superficiais da bacia do rio Pungue

Novembro de 2006

Bacia do Pungue – Desenvolvimento da estrategia conjunta para GIRH da bacia do Rio Pungue;

Relatorio da Monografia – Estudo sectorial: Infra-estrututras Novembro de 2006

LUÍS, António dos Anjos; Aplicação dos Sistemas de Informação Geográfica e Detecção Remota no

Monitoramento do Mangal; Estudo de Caso: CIDADE DA BEIRA; UCM - Universidade Católica de

Moçambique Junho de 2001

Serviços de Consultoria para Assistência Técnica para Estabelecer e Fortificar a Administração de

Infrastruturas de Água e Saneamento e Entidades Provinciais de Abastecimento de Água e

Saneamento em Pequenas e Médias Cidades de Moçambique – QUADRO DE POLITICAS DE GESTAO

AMBIENTAL E SOCIAL

CFM – Estudo ambiental simplificado para dragagem de acesso ao Porto da Beira; CONSULTEC; Beira,

Janeiro de 2007

MUCHANGOS, Aniceto; Cidade da Beira – Aspectos Geográficos. Editora Escolar; Maputo 1994.