comtexto

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PR`XIS TEOLGICA A resiliŒncia na vida cristª P. 11 CENTRAL NEWS ADRA mantØm auxlio s v!- mas no Rio P. 13 PONTO DE VISTA O homem e a busca pelo prazer P. 10 Como superar situaıes traumÆticas V !mas de catÆstrofes podem enfren- tar desde princpios de depressªo, atØ sequelas mais profundas, como o estresse ps-traumÆ !co. Saiba como a fØ aliada a um tratamento psicolgico adequado pode minimizar a dor. P. 14 e 15 D!"#$!%&!’() *$+#&!#+ Elas levam uma vida normal. Cuidam da casa, dos lhos e trabalham em lugares !dos como redutos masculi- nos. Hoje, Ø possvel encontrar tanto mulheres com as mªos sujas de graxa, como a Terezinha Jesus (foto), quanto execu!vas de terninho e saia, que comandam empresas e ditam as regras na pol!ca. P. 8 e 9 coisa de mulher, sim coisa de mulher, sim Uma pitada de sal O sal sempre dÆ aquele gos!nho especial ao alimento. Mas Ø preciso tomar cuidado e nªo abusar dele. Veja o que os mØdicos comentam sobre o assunto. P. 4 e 5 Famlia De+ P. 3 possvel conciliar cristianismo e cultura? Conra a entrevista com o jornalista Allan Novaes. P. 6 e 7 Doya Oliver Foto: Leonardo Siqueira Foto: Leonardo Siqueira Foto: Divulgaªo

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5a edição do jornal Comtexto

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PRÁXIS TEOLÓGICA A resiliência na vida cristã P. 11

CENTRAL NEWS ADRA mantém auxílio às ví! -mas no Rio P. 13

PONTO DE VISTA O homem e a busca pelo prazer P. 10

Como superar situações traumáticas Ví! mas de catástrofes podem enfren-tar desde princípios de depressão, até

sequelas mais profundas, como o estresse pós-traumá! co. Saiba como a fé aliada a

um tratamento psicológico adequado pode minimizar a dor. P. 14 e 15

D!"#$!%&!'() *$+#&!#+

Elas levam uma vida normal. Cuidam da casa, dos Þ lhos e trabalham em lugares ! dos como �redutos masculi-nos�. Hoje, é possível encontrar tanto mulheres com as mãos sujas de graxa, como a Terezinha Jesus (foto), quanto execu! vas de terninho e saia, que comandam empresas e ditam as regras na polí! ca. P. 8 e 9

É coisa de mulher, simÉ coisa de mulher, sim

Uma pitada de sal

O sal sempre dá aquele gos! nho especial ao alimento. Mas é preciso tomar cuidado e não abusar dele. Veja o que os médicos comentam sobre o assunto. P. 4 e 5

Família De+

P. 3

É possível conciliar cristianismo e cultura?

ConÞ ra a entrevista com o jornalista Allan Novaes.

P. 6 e 7

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ção

Não tenho dúvida de que o responsável por dar força ao cansado, ao desesperado e

sem esperança é Deus

L+,$#, L+-.+

C"#$%&$", março de 2011

OPINIÌO02

Direção Geral: Moisés Ma' osDireção execu/ va: Herbert GruberDiretor de Jornalismo: Laerte LanzaEditor-chefe: Márcio Tone( Editor-Associado: Leonardo SiqueiraDiagramação: Andréia MouraInfograÞ a: Andréia MouraQuadrinista: Doya OliverImpressão: Mídia GráÞ ca � Grupo RBSTiragem: 20 mil exemplaresPeriodicidade: bimestralContato: (51)3375-1600e-mail: jornalcomtexto@adven! stas.org.br

Formado em Teologia e Jornalismo. Secretário da Associação Central Sul-

Riograndense

Periódico da Associação Central Sul-Rio-grandense da Igreja Adven! sta

As chuvas de verão castigaram duramente al-guns estados brasileiros, especialmente a região serrana do Rio de Janeiro. As imagens da destrui-ção permanente são indescrítiveis. Aquilo que era, já não é mais. Milhares de pessoas tiveram suas vidas totalmente modi.icadas em segundos e estão tentando recomeçar tudo de novo, do zero.

Fico me perguntando de onde vem tamanha força? Gosto muito da palavra resiliência, cujo signi.icado nos remete à capacidade concreta de recomeçar, de retornar ao estado natural de exce-lência superando uma situação altamente crítica.

Você já ouviu falar na .iloso.ia do Bambu? Ela foi popularizada pelo poeta chinês Bai Juyi (803 dC), reconhecido por muitos como o “precursor” da “.iloso.ia” do bambu chinês. Segundo ele, as qualidades do bambu são um exemplo de com-portamento humano grandioso: diante de uma tempestade, o bambu se curva, mas não se deixa quebrar, retorna à forma anterior depois de uma longa tormenta. Um símbolo de resiliência.

Diante de tantas tragédias naturais, o brasilei-ro está se tornando um campeão da resiliência. Está sempre otimista, não entrega-se com facili-dade. Como diz o dito popular: “Somos brasilei-ros e não desistimos nunca”.

Um dos destaques desta edição é justamente este assunto. Não tenho dúvida de que o respon-sável por dar força ao cansado, ao desesperado e sem esperança - é Deus. Não desistir e recome-çar são ações muito importantes, mas con.iar em Deus é muito melhor. Ele nos dá a força necessá-ria. Com ele a vitória é certa!

Editorial

As chamadas redes sociais estão mudando a maneira como os jovens enxergam o mundo. Por meio de sites de relacionamento como o Orkut e o Facebook, é possível conectar-se a uma in.ini-dade de grupos, conhecer pessoas e compartilhar em rede preferências pessoais. Se você gostou da frase de um amigo, por exemplo, basta “curtir” a mensagem, sinalizando por meio de um ícone (um sinal positivo feito com o polegar) a sua apro-vação. Quanto maior o número de polegares pra cima, mais popular e recomendável é o conteúdo indicado no per.il daquele usuário.

Outra ferramenta popular entre a chamada “geração Z”, que compreende as pessoas nascidas a partir de 1995, é o microblogging Twitter. Nele, o usuário responde, em até 140 caracteres, a per-gunta: “o que você está fazendo”. Quanto maior o número de seguidores (pessoas que lêem as men-sagens que você escreve no site), mais popular é o internauta. A plataforma também é muito utilizada entre outras gerações do plano cartesiano, como a Y, da qual eu faço parte. Se você nasceu após a déca-da de 80, sabe muito bem do que eu estou falando.

Em uma sociedade pós-moderna, cuja principal característica é a falência de metanarrativas (cren-ças de caráter .ilosó.ico ou meta.ísico), ter “amigos”, “fãns” ou “seguidores” virou sinônimo de con.iança e status na rede mundial de computadores. Trata-se da sociedade do contraditório. Macaquiza-se o homem, humaniza-se o macaco, busca-se amor na balada, privacidade em redes sociais, amigos nos bares e felicidade longe de Deus.

Convido-o, caro leitor, a seguir as linhas da his-tória. Certo Galileu chamado Jesus trilhou o cami-nho do desconhecido e veio a este mundo em uma extraordinária missão de resgate ao ser humano. Ele teve muitos fãns, mas apenas 12 pessoas deci-diram trilhar o caminho do mestre. E você, a quem está seguindo?

Quem você está Cultura, comporta-

Manifestações artísticas e culturais hora encan-tam, hora escandalizam. Essasreações polarizadas não deixam de ser percebidas no cenário cristão. Enquanto alguns religiosos tem posições permis-sivas demais quanto ao relacionamento do cristão com a cultura, de modo geral – o que inclui mani-festações artísticas nas suas mais variadas formas -, outros são intolerantes.

Historicamente, no contexto religioso, a cultura sempre esteve relacionada com o profano. Sabe-se que na Idade Média, o acesso da população aos bens culturais foi di.icultado, e que muitos foram penalizados por tentarem contato com o “proibido”, uma forma de limitar o acesso ao conhecimento.

Ainda hoje, para muito cristãos, cultura é si-nônimo de pecado. Deveria o cristão, entretanto, manter um afastamento da cultura de sua época? Deve ser o cristianismo contracultural?

Por estas e outras questões vale a pena conferir nesta edição a entrevista com o pastor e jornalista Allan Novaes, doutorando em Ciências da Religião.

A quinta edição do Comtexto instiga também o leitor a re.letir sobrecomportamento humano. Um desses assuntos em questão é a capacidade de algumas pessoas de suportarem eventos traumá-ticos da vida. Vale a pena conferir histórias como a de Fernanda Lima, que teve de recomeçar a vida depois de um acidente que a deixou paraplégica.

Superação também é a ênfase dada na repor-tagem sobre a ascensão da mulher no mercado de trabalho. Estas e outras abordagens estimulan-tes compõem o novo número do Comtexto, que ganha agora também um novo editor, o jornalis-ta Leonardo Siqueira, que além de ter atuado na área em São Paulo tem experiência no exterior. A produção do conteúdo que você recebe está em boas mãos.

L,)-+$0) S!1&,!$+Formado em Jornalismo. Assessor de Comunicação

da Associação Central Sul-Riograndense

M2$3!) T)-,##!Formado em Jornalismo. Assessor de Comunicação

da União Sul-Brasileira.

seguindo? mento e mudanças sociais

março de 2011, C"#$%&$" 03

QUADRINHOS

Doya

Oliv

er

C"#$%&$", março de 201108

ESPECIAL

Elas estão por toda a parte. No comércio, no mundo executivo, nas uni-versidades e até mesmo na política. Aos poucos, as mulheres ganham espaço no mercado de trabalho e começam a ocupar funções que, há menos de quatro décadas, eram dominadas pelos homens.

Um passeio pelas ruas de Porto Alegre já nos dá uma ideia dessa realidade. Em alguns ônibus públicos da cidade, é possível ver condutoras tomando a fren-te de veículos pesados nas congestionadas avenidas da capital. E nem por isso deixam de dirigir de manei-ra segura. Quem não está acostumado a ver mulheres diante de máquinas deste porte, surpreende-se. “Eu sou natural de Lagoa Verme-lha, no nordeste do Estado, e nunca vi algo parecido por lá. Por isso o ‘espanto’ ao ver pessoas do sexo oposto con-duzindo veículos deste tipo”, justi.ica o auxiliar adminis-trativo Márcio Siqueira.

Na maior cidade do Es-tado é possível encontrar

ra, mais recentemente com a presidente do Brasil, Dilma Rousseff, a primeira mulher a governar o País.

Mas será que a presença feminina nesses ambientes ti-dos como redutos machistas incomoda quem já está acos-tumado a exercer ou se bene-.icia deste tipo de atividade? “Eu acho que não. Sincera-mente, não tenho problemas quanto a isso. Eu até acho curioso ver mulheres traba-lhando em ambientes como este”, justi.ica Antonio Lein-decker. Cliente de uma o.icina de automóveis, o autônomo mostra tranqüilidade ao tra-tar do assunto. A.inal, quem costuma veri.icar a suspen-são, trocar os pneus, surdinas e amortecedores de seu carro é a caxiense Terezinha Jesus. A funcionária, com mais de 20 anos de experiência no ramo, é mãe e ainda cuida dos afazeres domésticos, e nem por isso deixa a desejar quan-do o assunto é mecânica. “Eu faço de tudo aqui na o.icina. Só não mexo com a parte de motor porque esse serviço é a especialidade dos meninos. Fora isso, dou jeito pra tudo”, sorri a gaúcha enquanto lim-

Um toque femininoL,)-+$0) S!1&,!$+

As mulheres brasileiras são as que mais sofrem

com diferen-ças salariais em relação aos ho-

mens. No País, o percentual chega

a 34%, o mais alto no mundo.

pa as mãos sujas de graxa. Os “meninos” a quem Terezinha se refere, são guris de 25, 30 e até 40 anos, que trabalham no local.

Atendendo a uma média de 500 veículos por mês, a empresa que .ica na avenida Grécia, número 901, tem ain-da outra funcionária, Leoni Bender, com quem Terezinha compartilha algumas res-ponsabilidades. A despeito da competência da dupla em questão, Leindecker não tem do que reclamar. “A empresa sempre foi reconhecida por sua qualidade tanto no aten-dimento como na prestação de serviços. Por isso, con.io no trabalho delas”, reitera.

Infelizmente, nem todas as mulheres desfrutam des-se mesmo tipo de con.iança ao ocuparem funções predo-minantemente masculinas. Leindecker reconhece que existe certa discriminação para com as mulheres. “Se eu disser que não há pre-conceito, estarei mentindo. Nossa sociedade é extrema-mente machista e, por vezes, a mulher acaba se tornando uma opção interessante ao empregador, por se tratar de

uma ‘mão de obra’ mais ba-rata”, argumenta.

Segundo uma pesqui-sa divulgada em 2010 pela Confederação Internacional dos Sindicatos (ICFTU, na si-gla em inglês), as mulheres brasileiras são as que mais sofrem com diferenças sala-riais em relação aos homens. No País, o percentual chega a 34%, o mais alto no mundo todo, seguido pela África do Sul (33%), México (29,8%) e Argentina (26,1%). Nos países de primeiro mundo, a margem diminui para 20,8%, como é o caso dos Estados Unidos. Na Dinamarca, por exemplo, o percentual chega a 10,1% e na Índia, a 6,3%, o único país subdesenvolvido no qual essa “brecha” salarial é menos evidente do que no Brasil, por exemplo.

O estudo, baseado em pesquisas com 300 mil mu-lheres de 24 países mostra ainda que, além da brecha salarial, as mulheres sofrem outros tipos de discrimi-nação, como uma menor promoção da carreira pro-.issional, além da carência de políticas que conciliem o trabalho e a vida familiar.

tanto mulheres com as mãos sujas de graxa, trocando pneus e orientando “mar-manjões” sobre a mecânica de um carro, quanto execu-tivas de terninho e saia, que comandam empresas e di-tam as regras na política. Em se tratando de palanques, os exemplos são ainda mais expressivos. Foi assim no Governo do Estado, quan-do Yeda Crusius assumiu o Palácio do Piratini entre os anos de 2007 e 2010 e ago-

Deixando as margens do Rio Guaíba, o jornal Comtexto entrou em con-tato com outras pro.is-sionais que se arriscam

em territórios “masculinos”. E foi em um porto mais ao norte do Brasil, na região sudeste, que a reportagem conheceu o cotidiano da

muita resistência por parte dos homens. Alguns .icam até admirados em ver uma mulher fazendo esse tipo de trabalho, por se tratar de um serviço perigoso”, admite a eletrotécnica.

Na opinião dela, o único empecilho ou desvantagem em relação aos homens, é a sua limitação .ísica. “Eu não posso competir .isicamen-te com um homem. Obvia-mente eles são mais fortes e, em alguns casos, essa ‘vantagem’ pode ser um fa-tor determinante nesse tipo de trabalho. Por outro lado, as mulheres também têm suas qualidades: uma delas é a perícia e o capricho com

que executam ta-refas meticulosas”, analisa.

Diane Rodri-gues, a única ma-nobrista mulher de Ipanema, relata que o preconcei-to muitas vezes parte das próprias mulheres. “Elas olham para mim e entregam a chave

eletrecista Dei-siane Carvalho. Essa carioca de apenas 22 anos passa o dia re-parando defei-tos em redes de alta voltagem em uma com-panhia do Rio de Janeiro. “Até agora não te-nho encontrado

do carro com descon.iança. São elas que pedem para eu ter cuidado ao manobrar o carro delas, e não os ho-mens”, compara.

Aos, 41 anos, Diane é casada e não tem .ilhos. Ela trabalhava emuma coope-

rativa de táxi, mas pre-feriu trocar o conforto do escritório pelas vagas de um estacionamento. “Trabalhar ao ar livre e ter contato com as pes-soas é muito melhor”, co-menta.

De Porto à Porto

�Eu tenho pavor de altura e morro de medo de levar um choque�, confessa a eletrecista Deisiane Carvalho

Diane Rodrigues é a única mano-brista mulher de Ipanema

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março de 2011, C"#$%&$" 09

D!4,$,-'+" 0)" "+52$!)" 0+" 6&57,$," ,6 $,5+'() +) 0)" 7)6,-"Ranking no mundo As menores diferenças

Fonte: ICFTU (Confederação Internacional dos Sindicatos)

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Á0),/* 33% S1./,* 11% D,2*#*)/*10,1%

A)3%2$,2*26,1% Í24,* 6,3%R%,2" 9%

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�A maoria das pessoas acha interessante ter uma mulher trabalhado em uma oÞ cina. E aqui, não tem essa de �sexo grágil�. A relação que eu tenho com os colegas é de �igual para igual��, diz a mecânica Terezinha Jesus.

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C"#$%&$", março de 201104

SAòDE SEMPRE

O sal, também conheci-do em sua fórmula quími-ca como cloreto de sódio (NaCl) tem sido, há muito tempo, considerado um fa-tor importante no desen-volvimento e na intensida-de da hipertensão arterial (HAS). Estudos populaciona-is em cidades brasileiras nos últimos 20 anos mostram uma prevalência de HAS na população acima de 30 anos, constituindo um dos princi-pais fatores de risco para do-enças cardiovasculares.

Nós brasileiros, em geral, apresentamos um padrão alimentar rico em sal, açúcar e gorduras. A relação entre pressão arterial e a quan-tidade de sódio ingerido pode variar de pessoa para pessoa. Em outras palavras, pessoas com pressão arteri-al normal e elevada sensibi-lidade à ingestão de sal têm cinco vezes mais chances de desenvolver HAS, em 15 anos, do que aquelas com baixa sensibilidade. Os fato-res envolvidos com a sensi-bilidade ao sal incluem peso (obesidade), cor (estudos mostram que pessoas ne-gras estão mais suscetíveis a este tipo de doença), ida-de (idosos), pacientes com

sal diminui de maneira signi-.icativa o risco de desenvol-ver complicações cardiovas-culares ao longo da vida, tais como acidente vascular ce-rebral, insu.iciência cardía-ca congestiva, insu.iciência renal crônica e doença vas-cular periférica. A restrição salina pode ainda reduzir a excreção urinária de cál-cio, contribuindo para a prevenção da osteoporose em idosos.

Dessa forma, a restrição de sal na dieta é uma medi-da recomendada não ape-nas para hipertensos, mas para a população de modo geral. Tal orientação deve objetivar ingestão em torno de 100 mEq/dia, cuja fór-mula equivale a 6 g de sal ou uma colher de chá. Do pon-to de vista prático, devemos utilizar o mínimo de sal no preparo dos alimentos, além de evitar o uso do saleiro à mesa durante as refeições. Os hipertensos em casos mais complicados, entre-tanto, precisam limitar seu consumo de sal a 2 g diárias. Para que o efeito hipotensor máximo da restrição salina se manifeste, é necessário um intervalo de pelo menos oito semanas.

O maior componente de sal dos alimentos não

está na quantidade adicio-nada no preparo e sim no sal embutido em produtos processados e industria-lizados. Para atingirmos as quantidades de sal re-comendadas, devemos ter moderação no consumo dos seguintes tipos de pro-dutos: (1) Queijos em ge-ral; (2) Alimentos salgados enlatados ou em vidros; (3) embutidos e compacta-dos, como mortadela, salsi-cha, etc; (4) Adicionar sal durante o preparo dos ali-mentos na quantidade su-.iciente para dar sabor; (5) Não adicionar sal à comida na mesa; (6) Evitar ou mi-nimizar o uso de “refeições rápidas”. Em geral, boa par-te delas é rica em sódio.É importante salientar

que, enquanto os processa-dores de alimentos não re-duzirem gradualmente as grandes quantidades de sal que costumam acrescen-tar, devemos estar atentos para a leitura dos rótulos dos produtos industriali-zados, a .im de observar a presença e a quantidade de sódio, procurando evitar aqueles com mais de 300 mg de sódio por porção.

Segundo a Orga-nização Mundial de Saúde (OMS), a necessidade nu-tricional de sódio para os seres hu-manos é de 500

mg (cerca de 1,2 g de sal) para cada 5 g de cloreto de sódio ou sal de

cozinha (que cor-responde a 2 g)

E"#,4+-!+ I-,. W!##8,*

hipertensão e/ou diabetes e anormalidades genéticas.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a necessidade nutricional de sódio para os seres huma-nos é de 500 mg (cerca de 1,2 g de sal) para cada 5 g de cloreto de sódio ou sal de co-zinha (que corresponde a 2 g de sódio). O consumo médio do brasileiro corresponde ao dobro do recomendado.

Além da redução da pressão arterial, o controle adequado do consumo de

Um Um vilãovilão chamado chamado salsal

Sal de cozinha (NaCl) e tem-peros indus-

trializados

F)-#," 0, 6+!)$ #,)$ 0, "90!)

Adi! vos (glutama-to monossódico) u! lizados em al-guns condimentos e sopas de pacote

Alimentos indus-trializados (ke-tchup, mostarda, shoyu, caldos con-

centrados)

Embu! dos (sal- Conservas

Enlatados (extra-to de tomate, mi-

lho, ervilha)

Carnes se-cas, defu-

mados

Queijos em geral (exceto queijo ! po ricota ou os que trazem escri-to no rótulo a fra-

se �sem sal�)

sicha, mor-tadela, lin-

guiça)

(picles, azei-tona, aspar-go, palmito)

Fonte: Estefania Inez Wi' ke � cardiologista/Clínica Adven! sta de Porto Alegre

*Estefania é cardiologista

março de 2011, C"#$%&$" 05

�Entre Aspas�

Clínico geral

João Kiefer Filho

A Bíblia, que tradicio-nalmente muitos acham ser simplesmente um livro religioso, é também um tratado de saúde. Quan-do lemos, porém, tantas orientações de saúde feitas por Deus a nós por meio das Escrituras, pergunta-mo-nos: por que Ele tem tanta preocupação, nesta área, por nós?

Podemos enumerar al-guns fatores:

1. Felicidade e testemu-nho – Vivendo mais e com qualidade de vida podemos servir melhor ao Criador e ser úteis ao semelhante. Isto consiste numa fonte de feli-cidade. Além disso, um esti-lo de vida saudável, que se traduz em bem estar .ísico e emocional, nos torna teste-munhas de Deus diante das pessoas com as quais convi-vemos.

3. Capacidade de discer-nimento – Quando a nossa saúde não está bem, cor-remos o risco de não saber escolher entre o certo e o errado, conforme sublinhou a escritora norte-americana Ellen G. White na obra Tes-temunhos vol.3 (p. 40): “tudo que diminui a força .ísica, vai enfraquecer a mente e a tor-na menos capaz de escolher entre o bem e o mal”.

Quando ouvimos as esta-tísticas mostrando uma vida

mais longa para quem usa os ensinamentos que Deus propõe .ica-mos tentados a colocá-los em prática porque temos medo de morrer ou sofrer. Isto não é nada mais que uma atitude egoísta. O real propósito de Deus é que o nosso estilo de vida seja uma forma de agradecer, lou-var e reconhecer que Deus nos deu a benção da vida.

Um vilão chamado sal

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: Leo

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C"#$%&$", março de 201106

perguntas à...7ENTREVISTA

Pastor, jornalista, mestre em Co-municação Social pela Umesp e doutorando em Ciências da Reli-gião pela PUC-SP, cujo projeto de tese estuda a relação do cris! anis-mo e do adven! smo com a indús-tria cultural. Atua como professor de Religião para cursos de gradu-ação e pós-graduação do Centro Universitário Adven! sta de São Paulo (Unasp), campus Engenheiro Coelho e das cadeiras de Crí! ca de Mídia e Jornalismo Cultural para o

curso de Jornalismo do Unasp.

Pouco se tem discu/ do como o cristão deve se rela-cionar com a cultura de seu tempo. Nesse contexto, sur-ge uma série de perguntas como: �Apreciar a arte e a cultura é um sinal de secu-larização?�, �É verdade que um cristão sincero só escuta música da igreja?�. Que pos-tura se deveria adotar dian-te destas questões?

Novaes � Um dos primeiros estudos que sistematizaram

Entre dois mundos: �Os centros urbanos ainda representam grandes desaÞ os missionários�

a relação do cristianismo com a cultura no decorrer da história foi o clássico Cristo e cultura, de H. Richard Nie-buhr, publicado nos Estados Unidos em 1951. Simpli.i-cando as ideias de Niebuhr, é possível identi.icar duas principais maneiras com as quais os cristãos se relacio-nam com a cultura: rejei-tando-a ou assimilando-a. Cada uma dessas posturas possui seus pressupostos e apresenta legitimidade em textos e exemplos bíblicos. No entanto, o caminho não é defender uma ou outra dessas posturas de maneira

intransigente. É claro que existem manifestações ou costumes culturais que sig-ni.icam transgressão aos mandamentos de Deus e a princípios claros das Escri-turas. Está mais do que claro que se deve rejeitar a cultura quando ela confronta a lei de Deus. Mas existem pro-duções e produtos culturais com os quais não é possível enxergar claramente qual deve ser a nossa postura – nesse caso, é o contexto histórico em que se vive e a maturidade espiritual de cada cristão que determina a atitude.

Foto

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ulga

ção

março de 2011, C"#$%&$" 07

Allan Novaes

Existem produ-ções e produtos culturais com os

quais não é possí-vel enxergar cla-

ramente qual deve ser a nossa postura � nesse caso, é o

contexto histórico em que se vive e a maturidade espiri-tual de cada cristão

que determina a atitude. 21.�

Cultura é pecado?

Novaes � Se considerarmos cultura como sendo o con-junto de gostos, costumes e hábitos de um povo que se manifestam através das ar-tes, da música, da literatura, do folclore, etc, então sere-mos obrigados a considerar que várias das manifestações culturais são pecaminosas porque diversos costumes e valores do ser humano estão em desarmonia com a von-tade divina. Sabemos que nem todas as manifestações culturais merecem aprecia-ção e aceitação. Na verdade, em termos de quantidade, a cultura nos brinda com mais frequência com produtos e valores passíveis de rejeição do que apreciação. Contudo, nem toda produção e mani-festação cultural é necessa-riamente má – há muita coisa boa que pode ser apreciada no mundo da literatura, das artes e da música na cultura secular. É possível apreciar parte da cultura de seu tem-po sem se contaminar, a.inal de contas, foi Deus quem deu ao homem o poder criativo, o senso estético e a necessi-dade de apreciar a harmonia em um mundo de cores, sons e formas.

Temos exemplos bíbli-cos que mostram o contato amistoso do povo de Deus com manifestações literá-rias e artísticas de seu tem-po. Os livros de Provérbios e Eclesiastes são reconheci-damente obras pertencen-tes ao gênero de sabedoria da época (ou seja, um estilo literário do Antigo Oriente) e para que sejam devida-mente compreendidos, além de oração e fé, precisam ser apreciados como prosa e po-esia de qualidade. Além de textos inspirados, Eclesiastes e Provérbios são exemplos de textos literários extre-mamente ricos e que repro-duzem estilos e estruturas literárias da cultura da época em que foram escritos. Outro exemplo de que na cultura

existem manifestações que agregam e acrescentam à vida do cristão são as refe-rências que Paulo faz a es-critores e artistas da cultura helenista. Em I Coríntios 15:33, o trecho “as más com-panhias corrompem os bons costumes” é uma referência de Paulo a um dos diálogos de uma peça teatral chama-da “Thais”, do dramaturgo e poeta Menandro. E Lucas registra, em Atos 17, as refe-rências de Paulo à literatura grega clássica em seu discur-so em Atenas – no versículo 28, Paulo cita o poeta grego Arato e o poeta cretense Epi-mênedes. Isso mostra que Paulo não somente conhecia as produções culturais se-culares de seu tempo, como também reconhecia que par-te dela poderia ser edi.icante ou boa a ponto de ele utilizá-la em textos de caráter espi-ritual, como suas epístolas.

A falta de cultura secular pode ser nociva no sen/ do de provocar um distancia-mento social e, de certo modo, uma fé exclusivista?

Novaes � De.initivamente sim. Muitas vezes cristãos que rejeitam toda e qualquer manifestação cultural que não seja sacra distanciam-se das necessidades dos não convertidos. Digo isso porque se o afastamento da cultura não é feito de ma-neira equilibrada, os cris-tãos acabam vivendo em um casulo que os impede de reconhecer a mentalidade, a linguagem e os interesses das pessoas que têm uma visão secular. O resultado é a incomunicabilidade entre as partes – cristãos aliena-dos da cultura de seu tempo enfraquecem mais do que podem imaginar sua missão como “sal da terra”. O estereótipo que muitos cristãos e até adventistas se esforçam por combater – o de que os cristãos são pes-soas radicais, alienadas, bito-ladas na cultura sacra e que não dialogam com a cultura secular, estranhas, etc – nem sempre representam a nos-sa .idelidade aos princípios divinos. Ao contrário, esses rótulos podem representar, muitas vezes, nossa incapa-cidade de se misturar, como Jesus fazia, com as pessoas de seu tempo, ministrando-lhes em suas necessidades e conhecendo seus interesses e mentalidade. Vejo que muitos cristãos que defendem com unhas e den-tes uma postura separatista em relação à cultura não o fazem somente por motiva-ções religiosas, mas também para disfarçar sua falta de cultura geral e seu desconhe-cimento da literatura, música e artes de seu tempo. E para outros, combater a cultura de maneira extremista é ape-nas um desdobramento de sua visão perfeccionista da vida cristã – eles creem que quanto mais “santo” um cris-tão se torna, mais alheio às manifestações culturais de sua época ele se encontra. A vida de Enoque, José, Daniel, Paulo e até mesmo o exem-

plo de Jesus demonstram o contrário: os momentos de contato e afastamento com a cultura são equilibrados.

O cris/ anismo pode ser con-tracultural em determina-das circunstâncias?

Novaes � O cristianismo não só pode, como deve ser contracultural. O cristianis-mo e o adventismo nasce-ram como movimentos con-traculturais no sentido de que faziam uma releitura de mundo. E, como consequên-cia de uma leitura diferente da realidade, temos práticas e costumes culturais dife-rentes. O cristianismo do primeiro século foi contra-cultural ao dizer que todos somos iguais perante Deus – ideia que se confrontava frontalmente à lógica escra-vagista da época. E o adven-tismo, entre outras ideias contraculturais, prega a abstinência de trabalho, ne-gócios e interesses pessoais no dia de sábado. Até mes-mo quando o cristão não rejeita uma prática cultural vigente, ele deve ser contra-cultural na maneira como a entende e a pratica. Um exemplo disso é o consumo de .ilmes, por exemplo. Pes-soas não convertidas e cris-tãos podem ter como práti-ca cultural comum o gosto por .ilmes. Mas um cristão que age de maneira contra-cultural irá selecionar os .ilmes que assiste enquanto uma pessoa não converti-da talvez não o faça ou, se o .izer, não terá os mesmos critérios do cristão. Hoje em dia, muitos consomem .ilmes, ou outros produtos culturais como games, seria-dos, livros, etc, sem levar em consideração fatores como tempo gasto, frequência de consumo, qualidade estética e artística e valores e ideo-logias defendidos. O cristão pode (e deve) ser contracul-tural incorporando esse cri-térios em suas práticas de consumo cultural.

A cultura pode ser um pon-to de apoio para a evange-lização?

Novaes � Historicamente, a Igreja Adventista do Sétimo Dia no Brasil tem trabalha-do com campanhas e estra-tégias evangelísticas que atingem majoritariamente as camadas populares. No entanto, os centros urbanos representam grandes de-sa.ios missionários e é im-possível evangelizá-los com uma postura separatista em relação à cultura e manten-do estratégias evangelísticas que não levem em conta a condição socioeconômica, fatores educacionais e a cul-tura geral dos conversos em potencial. Manter-se alie-nado em relação à cultura é minar nossa possibilidade de crescer em um país no qual cada vez mais pessoas tem acesso à educação e às manifestações culturais. Sa-ber falar a linguagem deles e entender sua mentalidade é requisito indispensável para comunicar o evangelho com relevância no século 21.

Saber falar a linguagem [do mundo secular] e entender sua mentalidade é requisito indis-pensável para comunicar o

evangelho com relevância no

século 21.

C"#$%&$", março de 201110

PONTO DE VISTA

Numa época festiva, e por que não desastrosa, como é o carna-val, nunca é de-mais reß etirmos nos exemplos vindos de pes-soas que tive-ram suas vidas transformadas

em sertões áridos quando se afasta-

ram de Deus.

Pastor da Igreja Adven! sta em Caxias do Sul (RS)

Em 1970, o famoso pre-gador batista Billy Graham pregou para milhares de pes-soas no estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro, um sermão cujo título era “O Carnaval da Morte”. Naquela noite, o tex-to bíblico utilizado pelo re-nomado conferencista era o capítulo 5 do livro do profeta Daniel, no Antigo Testamen-to.

Neste capítulo está regis-trada a última noite do impé-rio babilônico, na qual o rei Belsazar resolveu completar sua péssima administração dando uma festa para sua na-ção, um verdadeiro carnaval (Daniel 5:1). Naquela mesma noite, os exércitos de Ciro, o conquistar Medo Persa, apro-veitaram o descuido da guar-da babilônica e conquistaram facilmente a poderosa Babi-lônia, construída pelo avô de Belsazar, Nabucodonosor.

Porém muito mais pro-fundo e antigo que um arte-fato arqueológico vindo de Babilônia, está a constante busca pelo prazer no coração do ser humano. As páginas da história estão repletas de per-sonalidades reais, campone-ses, eruditos e iletrados que se aventuraram por um ca-minho cheio de alegrias, mas com um amargo sentimento no seu .inal. Numa época fes-tiva, e porque não desastro-sa, como é o carnaval, nunca é demais re.letirmos nos exemplos vindos de pessoas que tiveram suas vidas trans-formadas em sertões áridos quando se afastaram de Deus.

tico e um es-

critor com muitas obras

p u b l i c a d a s . Com menos de

trinta anos já havia ganho diversos prê-mios da literatura grega e latina. Anos mais tarde, escreveu diversas obras, mas a sua mente parecia estar em um campo

de batalha entre o amor de Deus e a sensualidade.

Apesar de casado, em 1895 Wilde passou dois anos na prisão por cometer atos imorais com vários rapazes. Ele considerava a homosse-xualidade como a demons-tração mais pura de amor. Seu destino após a prisão foi Paris, na França, onde passou seus últimos anos. Finalmen-te, em novembro de 1900, uma forte meningite tirou a sua vida. Alguns sugerem que a mesma foi agravada pelo álcool e pela sí.ilis. Morreu como qualquer outro, mas não sem, antes, fazer uma úl-tima decisão.

Momentos antes de mor-rer, Oscar solicitou a presen-ça de um sacerdote católico para lhe oferecer perdão, já que o caminho trilhado por ele não era capaz de lhe pro-porcionar paz. Uma conclu-são um tanto óbvia para um gênio, mas que demorou para ser entendida. Seu funeral foi realizado na histórica igreja Saint-German-des-Près, no centro da agitada Paris, se-gundo informações históricas da obra Sense and Sensuality: Jesus talks with Oscar Wilde on the Pursuit of Pleasure, de Ravi Zacharias (Multnomah, 2002).

Certamente Deus não é contra o prazer. O Salmo 16, escrito pelo famoso rei Davi, encerra com as seguintes palavras: “na Tua presença há plenitude de alegria, na Tua destra, delícias (prazer) perpetuamente” (verso 11).

Ao invés dos prazeres ofere-cidos nas ruas de pequenas ou grandes cidades, Ele nos oferece prazeres lícitos, pra-zeres saudáveis, que saciam a sede do nosso coração. Este é um padaroxo que somente Ele pode tornar verdadeiro em nossas vidas.

Luiz Gustavo Assis

U m dos melho-res exemplos para nossa ge-ração é o escritor irlandês Oscar Wilde (1854 – 1900). Tendo sido criado em uma família protestante, Wilde demonstrava ser alguém dotado de várias habilidades intelectuais. Era dra-maturgo, poeta, crí-

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março de 2011, C"#$%&$" 11

PRçXIS TEOLîGICA

Esta é uma palavra que, aos poucos, está sendo in-corporada ao vocabulário das pessoas. O termo é fre-quentemente associado a processos que explicam a “superação” de crises e ad-versidades em indivíduos, grupos e organizações.

Os resilientes são capa-zes de vencer di.iculdades e obstáculos, por mais for-tes e traumáticos que eles sejam. Pode ser um desem-prego inesperado, a morte de um parente querido, a separação dos pais, a re-petência na escola ou mes-

mo uma catástrofe natural como um tsunami e, mais recentemente, as enchen-tes no Rio.

A noção de resiliência vem sendo utilizada há muito tempo pela Física e Engenha-ria. O precursor do conceito, o cientista inglês Thomas Young, descrevia experi-mentos sobre tensão e com-pressão de barras, buscando a relação entre a força que era aplicada num corpo e a deformação que esta força produzia. Dita de outra ma-neira, a resiliência refere-se à capacidade de um material absorver energia sem sofrer deformação plástica ou per-manente. É importante res-saltar que diferentes mate-

riais apresentam diferentes módulos de resiliência.

Passando de materiais para seres humanos pensan-tes, nós temos na Bíblia um exemplo de resiliência ou resistência diante dos pro-blemas. Trata-se de Jó. O pa-triarca soube conviver com sua doença, com o desespe-ro de sua mulher e a morte dos seus .ilhos, além de to-das as perdas materiais.

Sei que esta resistência tem muitos componentes pessoais em sua formação. Assim, vamos desenvol-vendo estes componentes juntamente com a experi-ência que adquirimos na vida. Nesse sentido, pode-se dizer que a fé em Deus

é um destes elementos: ela, a fé .irme, está presen-te em nossa vida e não é retratada, meramente, em coisas criadas pelo próprio homem. O texto bíblico diz que Deus conserva em paz aquele cuja mente está .ir-me Nele (Isaias 26:3). O Deus que tem poder e que conhece a nossa vida em seu passado e prevê nosso futuro. Só ele pode resol-ver nossos problemas e nos dar forças para sermos resilientes diante da dor. E, .inalmente, Ele nos levará para um lugar onde nos-sas dores estarão todas no passado e as lágrimas de nossos olhos serão, en.im, todas enxugadas.

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C"#$%&$", março de 201112

CENTRAL NEWS

O espaço da Escola Adventista de Alvorada (EAA) se transformou neste período de férias. O ruído ca-racterístico e permanente da presença de alunos, professores, monitores e outros funcionários foi substituído pelo som de tratores, caminhões, serras, martelos, e outros instrumentos empregados em obras de melhoria da infra-estrutura da escola.

Entre as inovações está a alteração do sistema de acesso ao pátio. “O portão principal de acesso ao local, está sendo alterado para alguns metros mais abaixo na avenida Maringá (outro lado da quadra esportiva externa), oferecendo mais segu-rança aos usuários de automóveis ao acessar a es-cola. A saída de veículos será alterada para a Rua

Escola Adventista de Alvorada melhora infra-estrutura

[ASN] - A Agência de De-senvolvimento e Recursos As-sistenciais (ADRA) continua a manter auxílio às vítimas dos deslizamentos de terra no Rio de Janeiro por meio da prestação de uma série de serviços, que englobam tanto a distribuição de alimentos às famíias atingidas, como o apoio médico e psicológico.

Conforme informou o di-retor da ADRA Brasil, Paulo Lopes, cerca de 490 mil dó-lares já foram captados pela entidade em auxílio às famí-lias que tiveram perdas com

as chuvas não apenas na região serrana do Rio, mas em outros estados como São Paulo e Minas Gerais. Além dos 200 mil dólares prove-nientes dos Estados Unidos, foram liberados 128 mil dó-lares pela ADRA Sul-Ameri-cana e ADRA Internacional; 100 mil dólares do Governo do Japão e 62 mil dólares por parte de entidades pri-vadas da Espanha.

A ADRA (www.adra.org) está presente em 125 paí-ses e no Brasil, dede 1985, e trabalha em cinco frentes:

Ary Muller, .icando o acesso da Maringá somente para entrada”, informa o diretor da unidade esco-lar, Josemar Garcia.

O pátio interno também está recebendo piso novo de blocos regulares. Na lista de obras constam também a revitalização da pintura de todos os pré-dios e a organização de vagas de estacionamento.

Na recepção, outras melhorias vêm sendo efe-tivadas. O espaço recebe um novo e mais e.iciente bebedouro para o conforto dos usuários e as arqui-bancadas estão sendo recuperadas.

Outro investimento da escola foi em condi-cionadores de ar. Os aparelhos serão disponibili-zados principalmente em salas de aula. “Os con-

segurança alimentar, desen-volvimento econômico, edu-cação básica, saúde primária e preparo e resposta a situ-ações de emergência. Em todo o planeta, seus proje-tos auxiliam mais de 25 mi-lhões de pessoas a cada ano. No Brasil, em 2009, a ADRA executou mais de 120 proje-tos que bene.iciaram mais de 350 mil pessoas com in-vestimento de mais de 11 milhões de dólares.

Com informações de Felipe Lemos.

dicionadores de ar estão aguardando apenas a viabilidade técnica da CEEE [Companhia Estadual de Energia Elétrica]. Não temos energia su.iciente para a demanda a partir da instalação dos novos aparelhos, portanto .izemos a solicitação à com-panhia elétrica e estamos aguardando suporte”, conta Garcia.

Segundo o diretor, nos próximos dias, será ini-ciada ainda a obra da calçada externa lateral ao pátio da escola, pela Avenida Maringá.“Todas estas alterações e investimentos têm a .i-

nalidade de construir um ambiente ainda mais e.i-ciente e acolhedor para recebermos nossos alunos e a comunidade”, resume Josemar.

ADRA mantém auxílio às vítimas no Rio

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março de 2011, C"#$%&$" 13

Porto Alegre - A Igreja Adventista na região central do Rio Grande do Sul (ACSR) promoveu entre os dias 14 e 15 de fevereiro, na capital gaúcha, um encontro para os professores da rede ad-ventista na parte central do Estado. Entre outros temas, o evento, também conhecido como “Jornada Pedagógica”, discutiu métodos de traba-lho para os diferentes níveis da educação básica, os desa-.ios da educação adventista, a preparação para o Enem e serviu como uma o.icina de atualização aos docentes.

Durante as palestras de atualização, parte dos edu-cadores foi dividida em gru-pos, conforme a temática proposta para cada discipli-na ou área do conhecimento. Nessas o.icinas, os pedago-gos receberam treinamento e fomentaram discussões práticas sobre como aplicar

Encontro reúne educadores em Porto Alegreos conhecimentos obtidos durante o encontro na sala de aula.

Entre os palestrantes, nomes como Mateus Pra-do; colunista do portal IG e autor do livro “Guia Prático do Enem”, Maria da Graça Horn; doutora em Educação Infantil pela UFRGS e Emil-son Reis; pastor, professor e doutor em Teologia, foram alguns dos destaques da programação.

O sociólogo Mateus Pra-do, presidente do Instituto Hen.il, uma organização não-governamental voltada à promoção e ao acesso do ensino e da cultura, criticou as ferramentas de análise utilizadas pelo Enem (Exa-me Nacional do Ensino Médio) na hora de avaliar alunos e instituições de en-sino. O pesquisador refor-çou, ainda, o compromisso da educação adventista no

preparo dos alunos para o nível superior. “Meu de-sa.io aqui é mostrar uma série de conhecimentos mínimos do Enem, capa-citando vocês tanto na

preparação especí.ica para a prova, como na educação em um contexto mais am-plo”, orientou.

O articulista do Portal IG pretende escrever um

artigo sobre os adventistas e a importância de um pre-paro adequado (repouso e alimentaçã) antes de ves-tibulares de longa duração como o Enem.

Milhares de jovens e adolescen-tes curtiram as férias de verão em locais como praias, parques aquá-ticos, hotéis de luxo ou casas de ve-raneio. Quarenta e um jovens gaú-chos, entretanto, decidiram abrir mão destes e de outros privilégios, optando por um programa alter-nativo. Escolheram passar 30 dias envolvidos com um projeto deno-minado Calebe. Parte do grupo es-teve na cidade de Cachoeira do Sul. Outros atuaram em Feliz.

A Missão Calebe compreende ações de evangelização e ajuda hu-manitária. Além de suprirem neces-sidades básicas da população, como a coleta e doação de alimentos para famílias carentes, os voluntários vão até as casas e realizam gratui-tamente estudos bíblicos com os moradores interessados, além de promoverem séries de conferências no turno da noite. É um projeto de evangelização em massa que atinge, principalmente, regiões sem a pre-

Jovens voluntários evangelizam cidade durante as férias

Adventistas arrecadam meia tonelada de alimentos em Cachoeira do Sul

sença adventista, como é o caso da cidade de Feliz, que tem pouco mais de 11 mil habitantes.

As di.iculda-des são várias e uma delas é a própria resistên-cia à presença evangélica em al-gumas cidades, o que, infelizmente, ainda é uma reali-dade em algumas regiões gaúchas também.

Cachoeira do Sul - A Secretaria do Trabalho e Ação Social de Cacho-eira do Sul (Stas), na região do Rio Pardo, recebeu meia tonelada de alimentos. A doação, que ganhou destaque no site da prefeitura, foi um projeto realizado pelos “cale-bes” em parceria com a Agência de Desenvolvimento e Recursos Assis-tenciais (ADRA).

Os jovens dedicam parte de suas férias para ensinar a Bíblia em diversas regiões do País e so-

mam quase 50 pessoas só no Rio Grande do Sul. É a segunda vez que a assistência social adventista ga-nha relevância na mídia do Estado em 2011. A primeira delas, foi em Capela de Santana, no vale do Caí, onde a entidade desenvolveu uma série de atividades junto à popula-ção local.

Os mantimentos arrecadados fo-ram distribuídos à instituições de au-xílio humanitário e famílias carentes de Cachoeira do Sul. Fo

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Um passo além da Na madrugada do dia 12

de janeiro deste ano Elizân-gela de Souza, 27 anos, acor-dou com gritos desespera-dos dos vizinhos, insistindo para que todos deixassem o local imediatamente. A pala-vra de ordem era “corre”. A casa na qual ela vivia com o marido e quatro .ilhos .ica-va situada no bairro Maria Tereza, em Nova Friburgo, uma das cidades serranas do Rio de Janeiro afetadas pe-los deslizamentos de terra. Vizinhos e amigos da família foram vitimados pela catás-trofe. Quando a casa em que residiam despencou da mon-tanha, eles estavam no meio da rua em fuga. Enquanto corria exclamava: “Deus, te-nha misericórdia de mim e meus .ilhos”, relembra.

A construção, com toda a mobília, despencou morro abaixo. Apesar de tudo isso, ela teve a sorte de não passar pela maior perda: a humana. Na ocasião, famílias intei-ras morreram. “Perdi minha casa, armários, geladeira, ca-mas, mas a vida é muito mais do que tudo isso”, considera Elizângela.

Passar por momentos traumáticos como este e, ain-da assim, manter a cabeça erguida não é a realidade de todas as pessoas. Embora em contexto e forma completa-mente diferentes, a história do empresário Adolf Mer-ckle, considerado um dos mais ricos da Alemanha, pode ser usada para exempli.icar como as pessoas podem en-carar de maneira totalmente distinta as “rasteiras” que a vida dá. No caso do bilionário, o desespero diante de per-das acumuladas com a crise .inanceira internacional ven-ceu a esperança. Ele decidiu

cometer o suicídio em janeiro de 2009, ainda que com todo o prejuízo lhe restasse um capital avaliado em R$ 21,5 bilhões, o que o mantinha en-tre os 100 homens mais ricos do planeta, segundo ranking da revista Forbes.

O que pode fazer a dife-rença diante de um evento inesperado? O que explica o fato de alguns indivíduos darem a volta por cima e outros sucumbirem diante da adversidade e, em alguns casos, dar um ponto .inal à própria existência? “Assim como nem todo

metal supera fortes pressões, assim é o ser humano. Em situações de pressão, alguns podem resistir mais que outros”, explica a psicóloga Samara de Almeida, do Insti-tuto Adventista Brasil Central (IABC). É por isso que o apoio psicológico é fundamental após eventos de proporções catastró.icas, como as en-chentes e deslizamentos no Rio de Janeiro. Em alguns casos, alguns até conseguem lidar com a perda, mas é ape-nas depois que a realidade do caos vem à tona, quan-do “cai a .icha”, que muitos entram em desespero. Essa condição reforça a impor-tância do apoio clínico, como aconteceu no Rio, a .im de evitar o que os especialistas denominam de estresse pós-traumático. “Nesses casos, a chance de um indivíduo ten-tar o suicídio é ainda maior”, esclarece a psicóloga.

A fé pode ser um com-ponente importante na su-peração dos obstáculos. Na vida de Fernanda Lima foi um ingrediente fundamen-tal. Em 1998, quando vol-tava de um congresso para jovens cristãos em Campos do Jordão (SP), o ônibus em que viajava perdeu o freio. O acidente a deixou paraplé-gica. Fernanda teve, então,

que recomeçar a vida. En-controu suporte para isso na família, nos amigos, no esporte, (integrou a Sele-ção Brasileira Paraolímpica de Natação, participando de competições nacionais e internacionais; nas quais conquistou 20 medalhas de ouro, duas de prata, além de títulos regionais e bra-sileiros), no trabalho (atua como secretária executiva em uma multinacional far-macêutica na cidade de São Paulo) e principalmente na religião. “A religião, no seu sentido mais primário, de

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‘religar a Deus’, essa sim foi fundamental. A retomada da minha vida se deu pri-meiramente pelo redesco-brimento de um relacio-namento pessoal, diário e de qualidade com Deus”, garante Fernanda, autora do livro “Um Passo a Mais”, publicado pela Casa Publi-cadora Brasileira. “A fé é fundamental na

superação dos traumas. A cosmovisão da pessoa é o que vai de.inir a maneira como ela vai agir em deter-minadas circunstâncias. Se ela tem fé naquilo, conse-

gue superar. Isso não quer dizer que quem tem fé é resiliente. Mas a fé ajuda a suplantar a dor”, a.irma a psicóloga.

A dimensão espiritual também está oferecendo sustentáculos para Elizân-gela, vítima da catástrofe no Rio. “Em Deus encontro paz e calma. Deus proverá. Essa é minha oração”, assegura. Essa aproximação da fé lhe traz esperança, um senti-mento decisivo no processo de transformar as tragédias em combustível para pros-seguir.

Da esquerda para a direita: Maxuel (4), Izabela (4), Fá! ma (55), Vinícius (8), Elizangela (27) e Ana (3 meses) perderam tudo durante o desastre

março de 2011, C"#$%&$" 15

dor A religião cumpriu um papel fundamental na sua recuperação, ou seja, na retomada da vida, de forma a encará-la com o/ mismo e dar a volta por cima?

Fernanda � Se dissesse apenas religião, como uma instituição composta de doutrinas e prín-cipios, a resposta seria não. Agora, religião, no seu sentido mais primário, de “religar a Deus”, essa sim, foi fundamental. A retomada da mi-nha vida se deu primeiramente pelo redes-cobrimento de um relacionamento pessoal, diário e de qualidade com Deus - o tal “reli-gar” que a religião se propõe a ser. A partir daí, Deus utilizou pessoas, circunstâncias e opor-tunidades para que eu desse a volta por cima. Como a minha amiga Jacqueline, que me im-pulsionou a enfrentar a vida fora de casa, mes-mo com minhas limitações; como a minha avó Eda que foi usada por Deus para que eu apren-desse a dirigir um carro adaptado, e cursasse a faculdade. Como minha mãe, que me levava à todos os treinos de natação e .isioterapia me ajudando em tudo, e meu pai que me levava à faculdade, às aulas de inglês, às competições e, aonde mais fosse necessário. Não foi um pro-cesso rápido e fácil, como pode aparentar, mas à seu tempo as coisas começaram a mudar, e eu agarrei todas as oportunidades para viver da melhor maneira possível. Deus com sua in.inita bondade foi trabalhando em meu co-ração e tirando dele a dor de não andar mais. Em seu lugar, colocou o senso de que a vida é maior que as circunstâncias. Porque Ele existe, a vida pode ser boa! Independente de quais-quer limites que tenhamos ou dias ruins que possam vir. Pois as circunstâncias, os limites e os dias ruins passam e, um dia, passarão para sempre.

Sem essa dimensão espiritual, você acredita que a sua visão da vida hoje ou a sa/ sfação em relação à ela, poderia ser bem diferente, mesmo que com um bom emprego?

Fernanda � Sem dúvida. Nenhum privilégio, seja ele a saúde, um bom emprego, ou rela-cionamentos felizes têm poder por si só. Eles fazem sentido quando Deus é a base da nossa vida, aquEle que está em primeiro lugar. Se Ele está nesse lugar, “todas as demais coisas vos serão acrescentadas”. Esse é o meu maior desa.io, não perder Deus de vista na alegria, na dor ou na rotina.

Que diferença os amigos e a família podem fazer no contexto de experiências traumá/ -cas como a que você vivenciou?

Fernanda � A família foi meu maior suporte! Todos se mobilizaram, principalmente minha tão amada, salve-salve mamãe. Quando um .i-lho torna-se cadeirante, toda dinâmica da casa, dos hábitos e da própria vida da família muda junto. Principalmente, no começo. Com o tem-po, as coisas vão se adaptando, e esse tempo

pode variar. Tudo depende de quão protetora a família é, e o desejo do cadeirante de ser inde-pendente. Minha família me deu segurança e apoio, mas não encorajou minha independên-cia. O papel das amizades é igualmente neces-sário e poderoso! Tenho muita gratidão por to-dos os amigos queridos que estiveram e estão comigo nos momentos de alegria e tristeza. Com uma menção especial, claro, à Jacqueline, que foi um dos agentes de transformação mais poderosos para mudar a minha vida. A in.lu-ência dela foi tão impulsionadora que, se hoje eu moro sozinha, dirijo, viajo, entro em rios e cachoeiras, pesco piranhas no Pantanal e até seguro jacarés (calma, era .ilhotinho), devo à ela todo o incentivo, apoio, e companheirismo. Eu diria que ambos são maravilhosos, cada um tem o seu papel.

Na sua avaliação, qual o principal fator que pode levar pessoas que experimentaram ex-periências dolorosas semelhantes a tomar a/ tudes tão diferenciadas: ou encarar a vida com o/ mismo, a despeito da situação, ou cair na depressão, tentando, como em muitos ca-sos, pôr um Þ m à própria existência?

Fernanda � Em geral, nós passamos a vida sem sermos muito re.lexivos. A rotina, seja boa ou ruim, nos engole de alguma forma. Mas quando uma tragédia acontece, a pessoa é obrigada a parar tudo e reavaliar a situação. Em momentos como este, vemos o que real-mente nos sustenta, e quem somos. Conhe-cer e con.iar em Deus ou não, pode mudar a história depois de uma tragédia. Meu rela-cionamento com Deus estava em péssimas condições quando a tragédia bateu em minha porta, mas eu O conhecia e, de alguma forma, con.iava nEle. Por isso, sabia por onde come-çar, e aonde ir. Quem não conhece a Deus ou con.ia nEle, baterá em outas portas, obtendo alguma ou muita satisfação, como no caso de portadores de de.iciência que são ateus e são atletas, artistas, políticos, en.im, pro.issionais bem-sucedidos. Mas é como construir um cas-telo sobre a areia... A verdade é que ninguém deseja morrer, as pessoas só querem parar de sofrer. E isso não é possível por enquan-to. Todos temos a nossa cota de dor, limites e frustrações, mas em meio a tudo isso nós podemos crescer e ser felizes porque Deus é maior que a nossa dor. Sendo assim, Ele pode cuidar de tudo, usando os meios que desejar! Ele tanto pode transformar a situação que lhe causa dor, ou pode manter a situação, mudan-do a sua forma de sentí-la e vivê-la. Foi o que aconteceu comigo. Em ambos os casos, existe esperança, porque, de fato, funciona! No .inal, é sempre uma questão de escolha. A vida pode ser muito melhor do que tem sido até hoje, basta escolher aproveitar a chance que Deus nos dá de nos relacionarmos com Ele e com as pessoas. O restante será consequência.

A ex-atleta pa-raolímpica, Fer-nanda Lima, con-ta em entrevista à Márcio Tone( como a fé a aju-dou a superar a

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