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FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DE SÃO PAULO BRUNA PRANDO DE JESUS LUCAS COMUNICAÇÃO INTERNA AJUDA NO ALCANCE DOS RESULTADOS ORGANIZACIONAIS? QUAL O PAPEL DA LIDERANÇA NESTE PROCESSO? UM ESTUDO EM UMA EMPRESA B2B SÃO PAULO 2016

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Page 1: Comunicação interna ajuda no alcance dos resultados organizacionais? Qual o papel da liderança neste processo? Um estudo em uma empresa B2B

FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS

ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DE SÃO PAULO

BRUNA PRANDO DE JESUS LUCAS

COMUNICAÇÃO INTERNA AJUDA NO ALCANCE DOS RESULTADOS

ORGANIZACIONAIS? QUAL O PAPEL DA LIDERANÇA NESTE PROCESSO?

UM ESTUDO EM UMA EMPRESA B2B

SÃO PAULO

2016

Page 2: Comunicação interna ajuda no alcance dos resultados organizacionais? Qual o papel da liderança neste processo? Um estudo em uma empresa B2B

BRUNA PRANDO DE JESUS LUCAS

MATRÍCULA: 328646

COMUNICAÇÃO INTERNA AJUDA NO ALCANCE DOS RESULTADOS

ORGANIZACIONAIS? QUAL O PAPEL DA LIDERANÇA NESTE PROCESSO?

UM ESTUDO EM UMA EMPRESA B2B

TCC - Apresentado na Escola de Administração de

Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio

Vargas, para obtenção do certificado de conclusão

do CEAG - Curso de Especialização em

Administração para Graduados.

Orientador: Prof. Tadeu Francisco Masano

SÃO PAULO

2016

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BRUNA PRANDO DE JESUS LUCAS

MATRÍCULA: 328646

COMUNICAÇÃO INTERNA AJUDA NO ALCANCE DOS RESULTADOS

ORGANIZACIONAIS? QUAL O PAPEL DA LIDERANÇA NESTE PROCESSO?

UM ESTUDO EM UMA EMPRESA B2B

Professor da disciplina:

Tadeu Francisco Masano

Avaliação:

Satisfatório ( ) Insatisfatório ( )

SÃO PAULO

2016

Page 4: Comunicação interna ajuda no alcance dos resultados organizacionais? Qual o papel da liderança neste processo? Um estudo em uma empresa B2B

Dedicatória

Agradeço a meu marido que foi companheiro neste

desafio de voltar a estudar, a meus pais e irmão

pela parceria de sempre, além da ABB pela

confiança e incentivo aos estudos para o

desenvolvimento de minha carreira.

Page 5: Comunicação interna ajuda no alcance dos resultados organizacionais? Qual o papel da liderança neste processo? Um estudo em uma empresa B2B

Resumo

A comunicação interna sempre existe dentro de uma empresa e acontece

informalmente ou coordenada, independentemente do volume financeiro do negócio

ou do número de funcionários. Por meio de entrevistas com gestores com diferentes

perfis de funcionários, foi possível confirmar o valor de ações bem planejadas e

coordenadas e entender como é possível organizar processos a fim de engajar os

funcionários principalmente por meio da comunicação da liderança.

Palavras-chave: comunicação interna, liderança, estratégia empresarial, funcionários

e engajamento.

Page 6: Comunicação interna ajuda no alcance dos resultados organizacionais? Qual o papel da liderança neste processo? Um estudo em uma empresa B2B

Abstract

Internal communication always exists in a company and happens informally or

coordinated regardless the business size or the number of employees. Through

interviews with managers with different employee’s profiles, it was possible to check

the value of well-planned and coordinated actions and understand how you can

organize processes to engage employees especially

through the lead communication.

Key words: internal communication, leadership, business strategy, employees and

engagement.

Page 7: Comunicação interna ajuda no alcance dos resultados organizacionais? Qual o papel da liderança neste processo? Um estudo em uma empresa B2B

Lista de figuras / gráficos

Figura 1: Gráfico - Perfil dos funcionários ................................................................. 17

Figura 2: Organograma da empresa ......................................................................... 18

Figura 3: Posicionamento hierárquico dos entrevistados .......................................... 25

Page 8: Comunicação interna ajuda no alcance dos resultados organizacionais? Qual o papel da liderança neste processo? Um estudo em uma empresa B2B

Lista de tabelas

Tabela 1: Faixa etária dos funcionários ..................................................................... 17

Tabela 2: Sexo dos funcionários ............................................................................... 17

Tabela 3: Tempo de empresa (anos) ........................................................................ 18

Page 9: Comunicação interna ajuda no alcance dos resultados organizacionais? Qual o papel da liderança neste processo? Um estudo em uma empresa B2B

Sumário

1. Introdução ........................................................................................................... 10

2. Carta de autorização........................................................................................... 11

3. Motivação do estudo ........................................................................................... 12

3.1. Objetivos primários:...................................................................................... 12

3.2. Objetivos secundários: ................................................................................. 13

4. Conhecendo o cenário ........................................................................................ 14

4.1. A empresa .................................................................................................... 14

4.2. Resultados de 2014 ..................................................................................... 15

4.3. Pesquisa e Desenvolvimento ....................................................................... 15

4.4. Unidades ...................................................................................................... 15

4.5. Área de negócios ......................................................................................... 16

4.6. Principais números da empresa ................................................................... 16

4.7. Estrutura da área de Comunicação da ABB ................................................. 18

5. Contexto teórico .................................................................................................. 21

6. Metodologia de trabalho / pesquisa .................................................................... 24

6.1. Perfil dos entrevistados ................................................................................ 24

7. Resultados da pesquisa...................................................................................... 26

8. Conclusão ........................................................................................................... 32

9. Sugestões de ações ........................................................................................... 33

10. Limitações do trabalho e orientações para futuras pesquisas ......................... 34

11. Referências bibliográficas ............................................................................... 35

12. Anexos ............................................................................................................ 36

Anexo A - Questionário aplicado ............................................................................ 36

Anexo B - E-mail convite aos entrevistados. .......................................................... 37

Anexo C - Perfil dos entrevistados ......................................................................... 38

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1. Introdução

Em tempos em que tanto se discute imagem e reputação, em que metas são

definidas e alteradas a todo momento, e que vivemos uma sobrecarga de informações,

como podemos justificar, principalmente para a alta gestão qual o valor agregado da

comunicação interna. E ainda, como a transparência e a criação de uma comunicação

aberta pode ajudar na produtividade e no alcance de resultados organizacionais. As

novas tecnologias e ferramentas de comunicação ajudam a reforçar mensagens, mas

não podemos esquecer que os gestores possuem um papel fundamental neste

processo. A seguir, discutiremos quais os principais GAPs da comunicação, qual o

entendimento dos gestores sobre o tema e qual a forma mais adequada para conduzi-

la dentro da organização.

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2. Carta de autorização

À Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio

Vargas

Referente:

Pesquisa para a conclusão de curso de CEAG na EAESP - Fundação Getúlio

Vargas

Atestamos, para os devidos fins, que o Sra. Bruna Prando de Jesus Lucas,

portadora do RG 43.769.174-3, aluna do curso CEAG (Pós-Graduação em

Administração de Empresas) na EAESP-FGV, está autorizada a desenvolver o seu

projeto de conclusão de curso a partir da entrevista com gestores da empresa, além

do uso de informações internas para análise de resultados.

Ressaltamos que a empresa ABB não autoriza a divulgação de quaisquer

informações de natureza confidencial ou estratégica utilizadas no desenvolvimento do

referido projeto.

Atenciosamente.

Ana Carolina Brioschi

Gerente de Comunicação e Marketing

ABB no Brasil

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3. Motivação do estudo

A comunicação interna permeia todos os sistemas de gestão da empresa e

portanto, pode ser considerada um dos pilares do processo produtivo.

Nota-se que as empresas, em geral, possuem budget de planejamento anual

em comunicação muito mais voltado para seu público externo e apesar da alta gestão

considerar os funcionários como um importante stakeholder, não trabalham com um

planejamento anual estruturado e acabam agindo muito mais de forma corretiva e

aprovando ações e custos conforme surgem os problemas ou obrigações anuais.

Pela ótica humanista, comunicar é integrar, motivar, valorizar, criar sentimento de pertencimento, melhorar a relação entre empregado e empregador, atrair, envolver, promover a inclusão. É fazer com que as pessoas saibam o quanto o seu trabalho faz diferença no processo e para a organização como um todo. Essas percepções não ficam restritas aos funcionários, mas se estendem a toda a rede de relações internas e externas, contribuindo para a formação da reputação empresarial e do reconhecimento público. (ABRACOM, Caderno de Comunicação Organizacional, 2012, p.12)

Outro ponto de atenção é que as ações desenvolvidas e aplicadas com

funcionários muitas vezes não são concluídas ou possuem um fechamento e

compartilhamento de resultados para que os principais envolvidos tenham

conhecimento do seu papel e de quanto sua opinião e envolvimento fazem diferença

na rotina da empresa. Entendo que neste momento, cabe compartilhar uma

experiência particular. Independente da minha função na área de Comunicação da

empresa, em 10 anos de ABB participei de duas pesquisas de clima organizacional e

em nenhuma das vezes houve um compartilhamento de resultados ou qual seria a

plano de ações aplicado com base nos resultados obtidos.

Partindo destas considerações, podemos dividir os objetivos deste trabalho em

dois pontos:

3.1. Objetivos primários:

Identificar o grau de envolvimento da liderança nas questões

estratégicas e de comunicação.

Envolver a liderança no processo de comunicação interna.

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Justificar os investimentos em comunicação interna.

3.2. Objetivos secundários:

Gerenciar o fluxo de informações, evitando o excesso e não

entendimento.

Motivar o funcionário a se envolver na estratégia de negócio.

Permitir a manifestação da opinião do funcionário de forma organizada.

Identificar a retenção de mensagens estratégicas.

Avaliar se a comunicação interna contribui para o negócio.

Mapear oportunidades de melhoria.

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4. Conhecendo o cenário

Foi considerado o atual momento econômico brasileiro (2016) em que há

muitas incertezas em relação a estabilidade da economia e a segurança do emprego.

Também foi analisado o perfil de novas gerações, como a “millenium” e a “Z”, e o

modelo de carreira que estes novos profissionais vem traçando, para que possamos

trabalhar a fim de manter este funcionário por mais tempo na empresa, explorar o

melhor de seu conhecimento e fazer com que respeitando estas novas gerações e o

perfil de trabalho, possamos motivá-lo à “vestir a camisa da empresa”, além de ter

vontade e ambição de construir carreira em um só lugar como acontecia na geração

“X”.

4.1. A empresa

As informações listadas a seguir foram extraídas do site da empresa ABB

(www.abb.com.br) e por meio do conhecimento adquirido em dez anos de trabalho na

empresa.

A ABB, multinacional suíço-sueca, líder no desenvolvimento de soluções e

tecnologias de energia e automação, que proporcionam a melhoria da performance

energética, que permitem aos clientes utilizarem a energia elétrica de forma eficiente,

proporcionando o aumento de sua produtividade industrial e a diminuição do impacto

ambiental. O grupo ABB opera em cerca de 100 países e emprega em torno de 135

mil funcionários. A empresa desenvolve soluções para todos os setores industriais

como automobilístico, papel e celulose, óleo e gás, indústria naval, soluções de

eficiência energética e commodities, além de mineração.

ABB possui longa e sólida história no Brasil, que teve início há mais de um

século com o fornecimento dos equipamentos elétricos para o primeiro bondinho do

Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro, em 1912.

Presente em importantes projetos de infraestrutura, entre eles a implementação

de 50% das turbinas geradoras da Usina Hidrelétrica de Itaipu – além de todos os

equipamentos de transmissão e distribuição de energia que compuseram o sistema

como a linha de transmissão da hidrelétrica de Itaipu, que fornece 20% da eletricidade

do Brasil.

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A primeira fábrica foi instalada em 1954, Asea em Guarulhos – SP, destinada

a produzir dispositivos e sistemas de energia para concessionárias e indústrias. Em

1957, foi instalada a fábrica da Brown Boveri, em Osasco – SP, para a produção de

robôs, sistemas e soluções de automação.

Dentre os principais clientes estão: Petrobras, Vale, Votorantim, Brasken,

Estaleiro Jurong Aracruz, Eletrobras, Chesf, Furnas, Copel, Renova Energia, CEMIG,

Abengoa, Klabin Papel e Celulose, Fibria, Grupo Votorantim, Ford, Renault, Scania,

Volkswagen, Volvo, entre outros.

No final de 2015, a ABB concluiu seu plano de investimento de US$ 200

milhões no país. Esses investimentos foram destinados à expansão das fábricas e da

capacidade tecnológica e produtiva, bem como a implementação da nova unidade em

Sorocaba – SP. A nova unidade, que possui cerca de 125 mil m² inaugurou, em

fevereiro de 2014, a fábrica de motores e geradores para atender a demanda local.

4.2. Resultados financeiros de 2014

Faturamento Grupo 2014 – $ 42 bilhões

Faturamento Brasil 2014 – R$ 2 bilhões

4.3. Pesquisa e Desenvolvimento

A empresa investe anualmente mais de U$1.5 bilhões em pesquisa e

desenvolvimento, possui cerca de 8 mil cientistas e engenheiros e conta com a

colaboração de 70 universidades como MIT (EUA), Tsinghua (China), KTH Royal

Institute of Technology (Suécia), Indian Institute of Science (Bangalore), ETH (Suíça)

e Karlsruhe (Alemanha).

4.4. Unidades

No Brasil, possui quatro plantas industriais, distribuídas em São Paulo

(Guarulhos I e II e Sorocaba) e Santa Catarina (Blumenau), o headquarter em Pirituba

– City América, além de oficinas localizadas em pontos estratégicos da costa

brasileira, que realizam a manutenção e modernização de turboalimentadores em

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plataformas de petróleo, embarcações de apoio marítimo, navios de cabotagem e

longo curso, instalações offshore e em usinas termoelétricas a bordo de navios.

4.5. Área de negócios

A empresa possui 4 divisões de negócios e uma de serviços. Sendo:

Eletrification Products (EP): produtos para eletrificação - produtos de

baixa e média tensão. É a única área de empresa que possui foco B2C

já que trabalham com um linha de produtos residenciais.

Product Grids (PG): produtos para redes – desenvolvem produtos e

sistemas para a área de energia, dentre eles podemos listar

transformadores de potência, produtos de alta tensão, subestações,

entre outros.

Discrete Automation & Motion (DM): dentre os produtos

desenvolvimentos podemos destacar drives, robótica, inversores, além

de motores e geradores.

Proccess Automation (PA): automação de processo – desenvolvem

produtos e sistemas para as áreas de papel & celulose, óleo & gás,

petroquímica, mineração, entre outros. A unidade da ABB no Sorocaba

possui a primeira fábrica de eletrocentros da ABB no mundo.

Service: a área de serviços não é considerada uma divisão de negócios,

mas possui ramificações em todas as divisões de negócios da empresa.

Em seus centros de serviço, oferecem manutenção e suporte a todos os

clientes, realizam retrofit, além de pacotes de serviços completos para

seus clientes.

4.6. Principais números da empresa

No Brasil, emprega cerca de 3 mil funcionários distribuídos pelos complexos

industriais, unidades de serviços, oficinas de reparos e escritórios regionais.

A fim de entender com qual público a empresa lida e como deve ser a

comunicado (linguagem, foco e ferramentas), é importante entender o perfil dos

funcionários.

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Em 30 de março de 2016, a empresa empregava 3218 funcionários, sendo:

White collar: 2464 (funcionários administrativos).

Blue collar: 754 (funcionários operacionais – fábrica, em geral sem

acesso a e-mails ou computadores).

Figura 1: Gráfico - Perfil dos funcionários

Tabela 1: Faixa etária dos funcionários

Faixa etária Número de funcionários Porcentagem - %

De 15 a 20 anos 41 1%

De 20 a 30 anos 708 22%

De 30 a 50 anos 1968 61%

De 50 a 60 anos 379 12%

Acima de 60 anos 122 4%

Tabela 2: Sexo dos funcionários

Sexo Número de funcionários Porcentagem - %

Masculino 2.669 83%

Feminino 549 17%

Blue collar; 23%

White collar; 77%

Blue collar White collar

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Tabela 3: Tempo de empresa (anos)

Tempo (anos) Número de funcionários Porcentagem - %

De 1 a 5 anos 1518 47%

De 5 a 10 anos 803 25%

De 10 a 20 anos 628 20%

De 20 a 30 anos 214 7%

Mais de 30 anos 55 2%

Dentre os principais, prêmios, selos e certificados recebidos, no Brasil, a ABB

possui ISO9001, ISO14001 e OHSAS18001.

4.7. Estrutura da área de Comunicação da ABB

Atualmente a área de Comunicação pertence a uma diretoria (Diretoria de

Desenvolvimento de Novos Negócios, Relações Públicas, Contas Estratégicas e

Comunicação) e tem reporte direto para a presidência.

Figura 2: Organograma da empresa

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A área de Comunicação possui nove funcionários, sendo que quatro pessoas

são exclusivas para o atendimento das divisões de negócios da empresa

(planejamento e execução de feiras, campanhas, anúncios e relacionamento com os

principais públicos de interesse).

Além disso, cinco funcionários dedicados a comunicação corporativa, sendo

um exclusivo para comunicação interna das áreas corporativas (Saúde, segurança e

meio ambiente; Legal & Integrity, Shared Accounting Service; Supply Chain; entre

outros), uma pessoa dedicada as mídias sociais (internas como o Yammer e externas

como Facebook, Twitter, LinkedIn e Youtube), uma pessoa para suporte a

comunicação interna nas divisões de negócios, além de um estagiário e um menor

aprendiz que auxiliam na execução e operacionalização das burocracias do dia a dia.

Conforme já mencionado, também possui um diretor também responsável pelo

gerenciamento de contas estratégicas da empresa. Ele possui reporte direto para a

presidência.

Há um contrato com uma assessoria de imprensa que ajuda com o controle e

monitoramento das demandas de imprensa, preparação dos porta-vozes e definição

da estratégia e discurso com a imprensa.

Não possui um agência de comunicação para atendimento das demais ações.

Esporadicamente contrata autônomos para a criação de peças e desenvolvimento de

artes, sendo que todo o planejamento e estratégia é desenvolvido internamente.

Em benchmarking realizado em fevereiro e março de 2016 com empresas como

Votorantim Cimentos, Accenture Brasil e Johnson’s & Johnson’s notou-se que as

dificuldades e barreiras para o desenvolvimento do trabalho são os mesmas. Por

exemplo: as empresas possuem dificuldade de mostrar o valor do trabalho, no entanto,

até mesmo em função da redução de custos e da dificuldade de aprovação para novos

headcounts, as empresas contam com o suporte de diversos prestadores de serviços.

Desta forma, a equipe interna fica muito mais focada no desenvolvimento de

estratégicas e planejamento. Já as agências cuidam da operacionalização das ações,

determinação de métricas para mensuração das ações e levantamento das

tendências de mercado e novas tecnologias para o aprimoramento do trabalho.

Avaliando este quesito, entendemos que a área da ABB está fora do perfil das outras

empresas, pois mesmo passando pelas mesma dificuldades, ainda tem resistência

para contratação de empresas, seja pelo perfil da gestão ou pela falta de budget.

Vale destacar que hoje a empresa possui grande número de ferramentas de

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comunicação, tema que será debatido adiante. Abaixo é possível conhecer algumas

delas.

Ferramentas de comunicação interna:

Intranet.

ABBTv – canal para vídeo de utilização interna.

Newsletter eletrônica semanal (Jornal eletrônico).

TV corporativas interna (atualizações semanais).

Quadros de avisos (dedicados preferencialmente aos funcionários sem

acesso a e-mails).

E-mail (Como comunicados organizacionais.).

Blog interno.

Yammer (mídia social exclusiva para funcionários da empresa – possui

sistema semelhante ao Facebook em que há comunidades dedicadas a

assuntos específicos).

Ferramentas de comunicação externa:

Internet (website de empresa).

Facebook, Twitter, LinkedIn e Youtube.

Blog externo.

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5. Contexto teórico

Trabalho em uma área de Comunicação Corporativa com foco com

comunicação interna. Vivencio diariamente as dificuldades de engajar os funcionários

e as barreiras impostas pela alta gestão para investir em comunicação interna.

O principal objetivo deste trabalho é comprovar que investir é necessário e que

a comunicação ajuda efetivamente no alcance dos resultados de negócios e ainda,

que as áreas de comunicação auxiliam no processo, mas nada isenta o papel do líder

como comunicador.

Conforme MANSI (2014) menciona em seu livro, a sociedade mudou e hoje

funciona muito mais em função do ser humano do que em função de máquinas. As

empresas precisam ser flexíveis para saber quais são as possibilidades e

oportunidades de inovar, riscos e erros. Além disso, muito se fala em relação ao papel

da comunicação para contribuir com a manutenção do clima que, por sua vez,

favorece o cumprimento de metas da organização.

Durante o CEAG, matérias como Gestão de Operações, Gestão de Projetos e

Processos, Estratégia Empresarial e Competitividade associados aos conhecimentos

adquiridos na parte de administração financeira, além livros e debates com

profissionais da área, puderam me auxiliar no embasamento teórico do projeto de

pesquisa.

Margarida Kunsch, além de defender o modelo de comunicação organizacional

integrada, da qual fazem parte as relações públicas, o marketing e a comunicação

com empregados, entende também que a comunicação organizacional deve “ajudar

as organizações no cumprimento de sua missão, na consecução dos objetivos

globais, na fixação pública dos seus valores, sob a égide dos princípios éticos.”

(KUNSCH, Comunicação Organizacional: conceitos e dimensões dos estudos e das

práticas, 2013, p. 147).

Este ponto também é um gap da área de Comunicação da ABB e em

benchmarking realizado recentemente com outras empresas, conforme mencionada

anteriormente, foi possível notar que as dificuldades das áreas de comunicação

interna de outras empresas também são as mesmas. Fazer com que os funcionários

entendam que comunicação é papel de todos e que a área de Comunicação das

empresas tem a responsabilidade de guiá-los e não de fazer todo o processo é o maior

desafio.

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Como principal referência de pesquisa, foram consultados livros, pesquisas,

artigos e materiais publicados por Viviane Mansi. Ela é formada em Relações Públicas

pela Faculdade Cásper Líbero, pós-graduada em Liderança pela Fundação Dom

Cabral e em negócio pela Fundação Getúlio Vargas, e mestre em Comunicação pela

faculdade Cásper Líbero. Inclusive, o tema de sua dissertação de mestrado foi

“Comunicação, Diálogo e Compreensão nas organizações – narrativas de liderança”.

Segundo Viviane menciona em seu livro, em uma pesquisa realizada pela IABC

Research Foundation and Buck Consultants Employee Engagement Surgey, nos anos

de 2010 e 2011, entre 61% e 65% das empresas desenvolviam programas de

treinamento de liderança em questões relacionadas a comunicação. Muitas empresas

tem dedicado esforços para o que chamamos de comunicação formal e informal, pois

acreditam na sua força e relevância para a movimentação do negócio. (MANSI, 2014,

p. 53).

Todo este envolvimento acontece porque o líder torna-se referência para o

funcionário, indicando o que é ou não permitido pela organização. Os líderes devem

se manter mais atentos aos interesses coletivos do que aos próprios interesses em

busca de um objetivo comum, desta forma ajudando a moldar a cultura organizacional.

Não podemos tornar o espaço que passamos tantas horas do dia, uma fardo.

Além disso, em entrevistas realizadas por MANSI com especialistas e gestores, há

um risco verdadeiro no diálogo, mas a máquina (as ferramentas) não substituem o os

seres humanos.

Outro ponto é que, como é que os funcionários passam mais horas do dia no

trabalho, temos que saber lidar com este tempo a fim de engajá-lo e ainda ajudá-lo a

absorver o grande número de informações que publicamos diariamente. A informação

precisa ser rápida e fluída sem ser superficial.

Também é importante deixar claro o começo e final de cada ação. O número

de ações e iniciativas abandonadas no meio do caminho aumentou muito e se isso é

confuso para quem organiza as ações, imagina para quem está tentando absorver as

informações.

Segundo estudos de KUNSCH (2013): administrar a comunicação

organizacional é saber ouvir, e não refutar as informações e a mensagem recebida é

aquela que o receptor recria (percepção seletiva).

MANSI (2014) também menciona em sua tese de mestrado que diversos

estudos enfatizam a contribuição da comunicação. “Um deles, publicado originalmente

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pela Watson Wyatt Worldwide em 2009/2010, analisou os dados coletados em 328

organizações, que representam 5 milhões de empregados em diversas regiões do

mundo, e traz alguns dados relevantes. A preocupação do estudo foi demostrar qual

a contribuição financeira de um comunicação bem-feita. Os dados são contundentes:

Se você investiu US$100 em 2004 em empresas com programas de comunicação

menos eficazes (os 25% piores), seu investimento valeria hoje US$83. Se você tivesse

investido aqueles mesmos US$100 em empresas com comunicação interna

moderadamente eficaz (os 50% médios), o valor atual seria US$116. Contudo, se você

tivesse investido US$100 nas empresas com comunicação altamente eficaz, o valor

do seu investimento teria subido para US$130. O estudo, como se observa, aponta

que as empresas que mantêm uma boa comunicação com seus empregados são

também as que têm melhor desempenho financeiro. Comunicação eficaz com o

empregado é um indicador chave do desempenho financeiro e um fator que

impulsiona o engajamento do empregado. As empresas que possuem uma

comunicação altamente eficaz tiveram 47% a mais de retorno total para os acionistas

nos últimos 5 anos do que as que se comunicam com menos eficácia.”

Em outra pesquisa realizada pela Melcrum em 2014, “o resultado da

comunicação está cada vez mais atrelado ao resultado dos negócios. Engajamento

de empregados = melhores resultados de negócios. A satisfação do cliente pode

aumentar em 40% e a performance do negócio em 36%.”.

Enfim, é comprovado que uma comunicação organizada e com líderes

preparados para executar o seu papel ajudam no crescimento da empresa, nos

resultados para o negócios e para a motivação de seus funcionários. Resta saber por

meio das entrevistas realizadas, se na prática e realidade da ABB, a situação é a

mesma. Como os líderes enxergam a comunicação? Eles entendem seus papeis?

Como capacitá-los para realizar sua função de também comunicar de forma coerente?

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6. Metodologia de trabalho / pesquisa

Considerando que o principal objetivo é entender o atual cenário da empresa e

promover ações de melhoria, a fim de comprovar a necessidade e eficiência da

comunicação interna, foi realizada uma pesquisa exploratória.

Como o nome indica, o objetivo da pesquisa exploratória é explorar ou fazer uma busca em um problema ou em uma situação para prover critérios e maior compreensão... a pesquisa exploratória se caracteriza por flexibilidade e versatilidade com respeito aos métodos, porque não são empregados protocolos e procedimentos formais de pesquisa. (MALHOTRA, 2004, p. 100).

Ainda segundo Malhotra em Pesquisa de Marketing – Uma orientação aplicada,

dentre as principais características estão que o processo de pesquisa é flexível e não-

estruturado. Além disso, a amostra é simples e não representativa. A análise dos

dados primários é qualitativa e o resultado geralmente é seguido por pesquisas

adicionais ou conclusivas.

6.1. Perfil dos entrevistados

Partindo desta estrutura, e com base na leitura de livros e teses de mestrado

de tema semelhante, foram escolhidos nove executivos para realizar a entrevista /

pesquisa. Foram considerados contatos de trabalho de forma a equilibrá-los de acordo

com o perfil de suas equipes. Exemplo: funcionários que trabalham em escritório

(white collar), funcionários de fábrica sem nenhum acesso a e-mail, computador ou

outros sistemas eletrônicos (blue collar), vendedores externos, funcionários que

trabalham em campo ou projetos de clientes (tem acesso à tecnologia, mas a conexão

com internet é debilitada), entre outros. Todos possuem funções de média gestão,

sendo responsáveis por unidades de negócios ou por uma linha específica de produto.

Nenhum deles possui cargo de direção.

Foram realizadas entrevistas presenciais em 7 casos e duas por telefone em

função de disponibilidade de agenda. Os entrevistados trabalham em unidades no

estado de São Paulo e estão distribuídos entre as unidades City América – Pirituba,

Sorocaba e Guarulhos. Cada entrevista durou em média 40 minutos e foi conduzida

considerando um roteiro previamente determinado. Houve variações de perguntas de

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acordo com o fluxo da conversa. A pergunta-chave era “Qual o papel e importância

da liderança na comunicação?”. Nos anexos é possível conferir os perfis dos

entrevistados, além do e-mail convite, roteiro da entrevista entre outros pontos

considerados relevantes.

Em sua maioria os entrevistados eram homens, entre 30 e 50 anos, formados

em engenharia. Uma mulher, responsável por uma área corporativa também foi

entrevistada. Há gestores com 5 funcionários e um deles possui aproximadamente

600 funcionários distribuídos entre o Brasil e outros países da América do Sul. Em

função das diferenças culturais, tempo para aplicação de pesquisa e

representatividade, foi considerado o Brasil como foco para análise.

Para facilitar o entendimento, estes entrevistados estão nomeados de A a I

conforme descritos nos anexos.

Figura 3: Posicionamento hierárquico dos entrevistados (elaborado pela autora)

Vale destacar que a empresa possui 30 executivos no nível apresentado como

responsáveis locais por unidades de produtos e serviços (considerando áreas

corporativas e de negócios). Foram selecionadas 9 pessoas, ou seja, quase 1/3 como

amostra para este universo.

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7. Resultados da pesquisa

As pessoas precisam de muitas coisas que os líderes podem lhes dar: informação, acesso uma às outras, recursos, confiança e seguimento. Os líderes podem fomentar a experimentação, ajudar a criar conexões dentro da organização, alimentar o sistema com informações e múltiplas fontes e, ao mesmo tempo, fazer com que todos saibam o que concordaram em realizar e o que pretendem ser. (WHEATLEY, 2006).

Para a análise desta pesquisa, foram consideradas as entrevistas realizadas

com os gestores, o benchmarking realizado com outras empresas, o seu setor de

atuação da empresa ABB e o atual cenário político-econômico (2016).

Dentre os nomes entrevistados, foram detectados cenários diferentes. Os

entrevistados A, E e H possuem um número inferior de funcionários (comparado aos

demais entrevistados), em sua maioria estão localizados (trabalham fisicamente) na

mesma unidade de trabalho e todos possuem acesso as tecnologias oferecidas pela

empresa.

Já os entrevistados B, C e D, já com um número maior de funcionários,

possuem funcionários em campo, que sofrem influência direta da cultura

organizacional dos clientes, em muitos casos, uma conexão ruim a internet,

dificultando o acesso as informações e ainda, em muitos casos não se sentem parte

do negócio ou tem dificuldade de ver valor em suas ações. Mais adiante será

mencionada a metodologia de comunicação usada por seus gestores.

Os entrevistados G e I trabalham com Blue Collar (funcionários de fábrica

voltados exclusivamente para produção e quase 100% sem acesso as tecnologias da

empresa). No geral, utilizam muito as conversas e diálogos de segurança para

aproximarem-se de seus funcionários. Buscam uma comunicação direta e possuem

quase 100% de sua equipe trabalhando na mesma unidade que eles.

O entrevistado F vive uma realidade diferente dos demais. Com mais de 600

funcionários, sendo que 358 ficam no Brasil, além de atuar com a diferença de cultura.

Possui técnicas e metodologias adquiridas ao longo de sua vida profissional para

trabalhar com cada um destes públicos. Possui funcionários de todos os perfis e

subordinados que lhe auxiliam a cascatear as informações recebidas e necessárias

nas rotinas das áreas.

Quando questionados sobre a principal forma de comunicação com suas

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equipes, o perfil dos funcionários se coincide com este modelo. Para gestores com

um grande número de funcionários fora de sua unidade de trabalho, o e-mail acaba

sendo o método mais utilizado. Já nos casos de quem possui funcionários em fábrica,

o diálogo é o método mais usado e mais eficiente. Também é possível notar que

quanto maior a equipe e quanto mais sênior é o seu nível de trabalho, maior foco é

dado ao negócios. Este é um ponto preocupante para a área de Comunicação, já que

campanhas corporativas com foco local, ou mesmo global, passam despercebidas e

não são recebidas com o valor esperado/necessário.

Aqui cabe um comentário, já que não só de resultados financeiros sobrevive a

empresa. Criar ações para motivar o funcionário e fazer com que ele entenda e se

considere parte da identidade da empresa é fundamental. A imparcialidade em

determinadas ações pode trazer consequências a longo prazo. Entendo que parte da

cultura e determinações vividas pela geração millenium também se devem a isso. Os

funcionários estão muito mais focados em metas e ao ganho próprio e perdem o gosto

pela companhia, não veem sentido em vestir a camisa e entendem que aquele local

ou empresa é apenas mais um degrau para uma meta determinada para o futuro.

Cabe as áreas de Recursos Humanos e Comunicação determinar estratégias para

modificar isso.

Falando destas áreas, quando os entrevistados foram questionados se o

suporte recebido destas áreas é adequado, fala-se muito em que o processo vem

melhorando. Há mais ações e campanhas, mas questionam a falta de clareza entre o

início e final de uma campanha, a dificuldade de acesso as informações, a dificuldade

de conciliar o trabalho com outras informações divulgadas (em muitos casos não veem

valor naquela informação) e principalmente, e neste caso com muito mais foco a área

de recursos humanos, a demora com que algumas definições organizacionais são

tomadas e comunicadas.

Como exemplo, nas reestruturações de áreas e novos processos como

mudanças de unidades e gestores. É percebido que em alguns casos, não há uma

definição da matriz na Suíça, mas o silêncio dá espaço para ruídos e lideranças

informais, nestes casos, o “boato” vira verdade e prejudica performance das equipes.

Todos os entrevistados falam de ruídos, mas em proporções diferentes, o

entrevistado D está com uma nova equipe há cerca de um ano e percebe que ainda

há grandes diferenças culturais entre unidades. Por meio de visitas à fábrica e foco

no diálogo aberto, tem agendado reuniões periódicas com todos os funcionários e pelo

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menos uma vez por semestre uma conversa individual. Ele acredita no resultado que

isso pode trazer e entende que quem está na rotina do trabalho pode apontar

problemas ou alternativas de melhorias de processos não vistas pelos gestores. Ele

também tem tentado tornar seu ambiente mais familiar, respeitando o perfil de cada

um, sem esquecer no foco no negócio. Em uma das perguntas comentou que o cliente

nem sempre tem razão e cabe ao atendimento saber ouvir o problema e levá-lo a

discussão interna, a fim de oferece uma alternativa, sem trazer prejuízo ao negócio e

fidelizando o cliente.

Quando questionados sobre as ferramentas existentes há pontos de vista

diferentes, muitos comentam sobre o excesso informação, no entanto, em sua maioria

entendem que se bem escritas e divulgadas agregam valor ao negócio.

No geral, especialmente para quem tem contato com clientes, saber o que está

acontecendo nas outras áreas de negócios ajuda em uma conversa e até a estreitar

o relacionamento com o cliente. Para quem trabalha em produção, é importante saber

qual a sua responsabilidade no todo e quais os impactos se seu trabalho não é bem

feito. Para o entrevistado B, única área com foco B2C, informações sobre outras áreas

são irrelevantes.

Também comentaram sobre funcionários que trabalham em projetos de

clientes. Para quem está lá, é muito mais fácil identificar oportunidades e conquistar

novas vendas, além da confiança do cliente. Para isso, a empresa já desenvolveu um

programa chamado PIV – Programa de Incentivo à Venda. O programa reconhece

financeiramente funcionários que não são de vendas e conseguem uma oportunidade

efetiva junto ao cliente.

A newsletter eletrônica semanal ainda é o veículo mais lembrado. Até 2014, a

empresa enviava comunicados individuais por e-mail. Os funcionários recebiam em

média 18 e-mail semanais. Desde janeiro de 2015, definiu-se um e-mail semanal com

todas as informações (newsletter eletrônica). Os funcionários passaram a receber um

e-mail ao invés de 18, exceto sobre informações voltadas a benefícios, sindicato ou

mudanças organizacionais. Com o tempo, os funcionários conseguiram assimilar a

data em que recebem estas informações (segundas-feiras), definir o melhor horário

para lê-las ainda selecionar o que é mais relevante para a leitura.

Uma prova disso, é que em todas as entrevistas questionaram a qualidade dos

resumos publicados logo após os títulos, pois entendem que isso desperta a

curiosidade e interesse pela leitura. Outro ponto, é que após um ano e meio de

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newsletter, uma média de 30 solicitações semanais de divulgação são recebidas (ou

seja, o número de informações publicadas quase que dobrou), o que comprova que

as áreas veem valor na divulgação e acreditam que a aparição motiva equipes.

Uma das propostas comentadas nas entrevistas foi o envio de um roteiro curto,

mas com os principais assuntos organizacionais e corporativos que deveriam ser

abordados pelos gestores. No geral, a ideia agradou e os comentários foram de que

o modelo pode ajudá-los a disseminar as informações mais relevantes e no tempo

adequado.

Dentre outras ferramentas discutidas, nota-se pouca relevância para as TVs

Corporativas que representam um recurso semelhante aos quadros de avisos, mas

dado ao ponto que não é recomendado divulgar informações apenas nelas ou nos

quadros já que a atenção despertada é pequena e o tempo de exposição muito curto.

Apesar deste não ser este seu objetivo principal, os DSs ou Diálogos de

Segurança são espaços utilizados para a divulgação de diversas informações. Foi

constatado pelos gestores que neste momento é possível focar a atenção do

funcionário para uma determinada mensagem e que se bem conduzido serve para

esclarecer dúvidas, eliminar ruídas e conseguir a atenção e envolvimento do

funcionário.

Quando falado sobre os blogs (interno e externo) e sobre mídias sociais

(Facebook, Youtube, Twitter e LinkedIn, além do Yammer que é semelhante ao

Facebook mas para uso interno) questionou-se muito sobre o excesso de ferramentas,

a falta de clareza de quando cada uma delas deve ser utilizada e a dificuldade do

funcionário entender as diferentes mensagens exibidas. O foco destas ferramentas

seria criar um canal de comunicação, no entanto, culturalmente o Yammer é um

exemplo de ferramenta que não “emplacou” no Brasil.

Nota-se os funcionários muito mais engajados em ferramentas como o

Facebook em que pode manifestar publicamente sua opinião e ainda expor seu

orgulho da empresa.

Quando a liderança assume uma postura de diálogo nos espaços de interação que estão à sua disposição, desde os mais formais... até os informais, podemos sugerir que abre-se a porta para essa transformação, em que líderes e liderados possam compartilhar sua visão de mundo e saírem dali afetados por essa comunicação. Para que isso aconteça, é necessário que ambas as partes estejam abertas, disponíveis. (MANSI, 2014, p. 99).

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Como funcionária da área, entendo que muitas ferramentas são impostas pelo

grupo, mas não há uma política clara de utilização e nem tempo e equipe para

desenvolvê-la e explorá-las (culturalmente ainda há impressão de ociosidade quando

se está navegando em recursos como este durante o trabalho). Esta realidade já é

bem diferente na Suíça, quando em muitos casos, é possível esclarecer uma dúvida

ou receber um retorno muito mais rápido do que em um e-mail.

Quando o tema é tecnologia, há opiniões distintas sobre o assunto. O

entrevistado C comentou que a operadora de telefonia escolhida pela empresa não

atende ao estado de Minas Gerais onde seus principais clientes e consequentemente

funcionários estão trabalhando. Isso limita o acesso a informação e em muitos casos

incentiva ou ruído e a desmotivação. Para outros entrevistados, melhorou muito nos

últimos anos e ainda reforçaram um ponto já abordado, os resumos para as notícias

da newsletter. Um déficit da empresa é a restrição de acesso à Intranet fora da rede

da ABB, isso acontece pois os comunicados publicados estão direcionados para

páginas desta intranet, ou seja, fora da rede e com a conexão ruim, o interesse e o

acesso serão praticamente zero. O entrevistado E elogiou recursos como o Skype for

Business que permite reuniões de áudio e vídeo restringindo distâncias.

Infelizmente não é feita a mensuração dos acessos, em função da falta de

recursos para isso. Este já é um ponto fundamental avaliar a efetividade da

ferramenta. É importante considerar que de nada vale a aplicação de uma pesquisa

se seus resultados não forem compartilhados e propostas de melhoria não forem

feitas.

É comum que os gestores com níveis inferiores aos gestores entrevistados não

tenham controle de como as informações são cascateadas nem do nível de

conhecimento e satisfação de seus funcionários.

A empresa realiza apresentações trimestrais para divulgação dos resultados

financeiros. Muito se questiona a respeito da linguagem usada e sobre quanto o

funcionário entende e absorve as informações, mas há outros pontos. Os benefícios

da aproximação do presidente ou diretores com os funcionários tem valor muito

significativo. Como mencionado pelo entrevistado E, o tom da mensagem tem um

significado muito importante já que coloca os funcionários e diferentes níveis com o

mesmo olhar da alta gestão para comemorar um bom resultado ou para entender a

urgência de uma situação ruim em que seja necessária uma mudança rápida de

estratégia e comportamento.

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Para concluir, todos os gestores entrevistados entendem que a Comunicação

interna bem feita engaja e ajuda no desenvolvimento do seu trabalho, mas que a

maioria dos gestores não compreendem/assumem o papel deles como

comunicadores. Ética, integridade, segurança e comunicação são inerentes a todos

independente da função, nível ou atividade.

Segundo o entrevistado E, “É prioridade para o vendedor vender, cada um corre

atrás das suas prioridades, mas a comunicação bem feita otimiza tempo e com ela

você consegue investir em outros pontos. Comunicação interna bem feita vale muito

a pena.”.

A comunicação interna hoje, ao promover o compartilhamento de informações, ideias e interesses, ainda que divergentes, busca construir sentido para ações e decisões das empresas e promover o entendimento. Quando o intercâmbio de experiências substitui o “depósito” de informações, são maiores o sentimento de pertencimento, o envolvimento do empregado e os resultados nos negócios, que podem ser representados pelo alcance dos objetivos organizacionais. (GUEDES, Éllida Neiva, ABRACORP, 2014, p. 1.).

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8. Conclusão

Conforme mencionado por MANSI, a comunicação está entre as áreas que

mais contribuíram para o aumento da satisfação dos empregados, ao lado da

liderança média, avaliação de desempenho, inovação e reconhecimento. (MANSI,

2014, p. 100) e não basta produzir a comunicação do dia a dia, dos veículos, dos

discursos, da matéria, da ordem prática, é preciso ir além.

Considerando todos os pontos pesquisados e entrevistas realizadas, é possível

concluir que a comunicação interna deve ser tratada de diferentes perspectivas. Deve-

se considerar o conteúdo, o que falar, por quais meios e com qual linguagem. Apenas

assim conseguiremos nos colocar no lugar do receptor e partindo de princípios

primários de diálogos teremos mais chance da mensagem chegar ao receptor da

maneira como pretendíamos.

Outro ponto é reduzir o número de ferramentas. De nada adianta dizer que tem

tantos canais, se estes não são usados de forma correta, se nem mesmo a própria

área de Comunicação consegue entendê-los e se eles deixam de cumprir seu principal

objetivo que é comunicar os funcionários.

Não há uma receita de bolo pronta que poderá ser aplicada a todas as

empresas ou a todos os perfis de funcionários. Eles possuem características e culturas

diferentes que precisam ser respeitadas, mas deve haver uma estratégia de

comunicação bem definida e que faça com que o funcionário seja propagador da

informação.

O funcionário de comunicação deve entender o negócio, só assim conseguirá

propor ações reais e que tragam benefícios para a empresa. Estar envolvido em novas

tecnologias e tendências de comportamento também ajudará e tudo isso deverá ser

mensurado, pois só assim conseguiremos provar o valor do trabalho a alta gestão

justificando novos investimentos e gerando credibilidade para a área de comunicação

interna.

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9. Sugestões de ações

Após a realização das entrevistas e análise do cenário da empresa, é possível

notar que há um excesso de ferramentas e que muitas vezes, por falta de tempo,

interesse ou por acreditar em outras prioridades ou não ver valor na informação, os

funcionários escolhem por critérios próprios quais são as ferramentas prioritárias.

A sugestão seria eliminar algumas ferramentas, independente de definições do

matriz da empresa (a prioridade tem que ser informar os funcionários). Para as

ferramentas escolhidas, determinar linguagens e regras claras de utilização e

considerar que há públicos distintos na organização e que todos têm necessidade de

se informar.

A cada dois anos, aplicar uma pesquisa geral para avaliar a estratégia de

comunicação e determinar métricas para mensuração de acessos e absorção de

campanhas e ações internas.

Por fim e mais importante, capacitar os gestores para o papel de

comunicadores. Esta capacitação pode ser feita por meio de treinamentos assim que

assumem a função, e reciclagens periódicas. Além disso, a área de Comunicação

pode fornecer roteiros a fim de auxiliar o gestor na comunicação com suas equipes.

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10. Limitações do trabalho e orientações para futuras pesquisas

A oportunidade de ouvir gestores permite visualizar novos cenários e

possibilidades. A estratégia de pesquisa deste trabalho foi definida em função de

prazos. Mas, em um cenário perfeito, com maior prazo para aplicação de pesquisas e

análises, a recomendação seria além das entrevistas com gestores, aplicar uma

pesquisa a toda a organização, a fim de avaliar o nível de absorção das informações

e qual o entendimento das ferramentas existentes.

Outro ponto seria realizá-la a cada dois anos, já que novas ferramentas e

formas de comunicação surgem todos os dias. Além disso, por tendência das novas

gerações, os profissionais mudam de funções em empresas com muita frequência.

Cabe também a recomendação de considerar gestores com perfis de

funcionários diferentes, como aplicado no projeto em questões, já que há diferentes

necessidades e limitações no dia a dia de cada área.

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11. Referências bibliográficas

ABB. Informações sobre a empresa. Disponível em: <http://www.abb.com.br>. Acesso em: 20 maio de 2016. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL. Pesquisa de Comunicação interna 2007: dados comparativos 2002, 2005 e 2007. São Paulo: Aberje, 2007. A influência da comunicação interna no alcance dos resultados organizacionais: um estudo em uma empresa prestadora de serviços de saúde na cidade de Belém-PA. Disponível em AEDB: <http://www.aedb.br/seget/arquivos/artigos13/26418462.pdf>. Acesso em: 20 mar. 2016. CARRAMENHA, Bruno; CAPPELLANO, Thatiana; MANSI, Viviane. Comunicação com empregados: a comunicação interna sem fronteira. Jundiaí, São Paulo: Editora In House, 2013. Da Comunicação Corporativa à Comunicação Interna: informar é fundamental e comunicar é estratégico. Disponível em ABRACOM: <http://abracom.org.br/arquivos/CCO_final.pdf>. Acesso em: 20; mar. 2016. GUEDES, Éllida Neiva. Já não bastam mídias, campanhas e eventos: a comunicação interna precisa construir sentido. Disponível em <http://www.abrapcorp.org.br/anais2008/gt7_neiva.pdf>. Acesso em 10 mar. De 2016. KUNSCH, Margarida Maria Krohling. Comunicação Organizacional: conceitos e dimensões dos estudos e das práticas. In: MARCHIORI, Marlene (Org.). Comunicação em interface com a cultura. São Caetano do Sul, SP: Difusão Editora; Rio de Janeiro: Editora Senac Rio de Janeiro, 2013, p. 129-151. MALHOTRA. Naresh K. Pesquisa de Marketing – Uma orientação aplicada. 4.ed. São Paulo: Editora Bookman, 2004. MANSI. Viviane Regina. Comunicação, Diálogo e Compreensão nas Organizações. 1.ed. São Paulo: Editora In House, 2014. WHEATLEY, Margareth. Liderança em tempos de incerteza: A descoberta de um novo caminho. 2006.

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12. Anexos

Anexo A - Questionário aplicado

Perfil: sexo, idade, cargo, tempo de empresa, formação, número de

funcionários (diretos e indiretos) e perfil dos funcionários.

Principal forma de comunicação com seus funcionários.

Percepção / avaliação sobre comunicação interna e os canais

comunicação interna.

Alcance e agilidade das informações.

Avaliação da comunicação do gestor. Como você percebe, hoje, o papel

da liderança na comunicação? Esse público se vê no papel de comunicador? A

liderança em geral está preparada para o diálogo?

Grau de satisfação com as informações recebidas.

Melhores formas de comunicação interna.

Impacto da cultura organizacional, a empresa favorece a interação e/ou

diálogo.

Dificuldades desse processo e preocupações com ruído.

Suporte, treinamento ou orientação (RH e Comunicação) recebida para

conversar com seus empregados. Importância desse processo.

Você acredita que uma comunicação interna estruturada gera

engajamento?

Avaliação das ferramentas existente na empresa.

Você acha esse imediatismo acaba impactando o espaço de diálogo?

A empresa oferece as tecnologias adequadas?

Como é o gestor brasileiro? Os problemas de comunicação são culturais

ou não?

Como é se comunicar em um ambiente fabril? Qual a principal diferença

para o escritório?

Liderança informal. Quais as características dessas lideranças informais

e como gerenciá-la?

Você acredita que que uma comunicação interna estruturada gera

resultados financeiros para o negócio?

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Anexo B - E-mail convite aos entrevistados.

Prezado,

Tudo bom? Gostaria de pedir sua ajuda.

Estou finalizando uma pós-graduação na Fundação Getúlio Vargas. O tema

para meu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) será “Comunicação interna ajuda

no alcance dos resultados organizacionais? Qual o papel da liderança neste

processo? Um estudo em uma empresa b2b”.

Enfim, preciso entrevistar 9 executivos (30 a 60 minutos) para conversar sobre

comunicação.

Com o resultado das entrevistas pretendo propor formas para ajudar os

gestores neste processo de comunicação (considerando o momento econômico e a

sobrecarga de trabalho que as equipes têm) e métricas para avaliar se esta

comunicação tem cascateado a todos os níveis e com qualidade.

Você poderia, por favor, me ajudar? Em caso positivo, preciso de uma hora

em sua agenda na próxima semana (pode ser pessoalmente ou por telefone). Posso

ir até você e me adaptar a sua agenda.

Conto com sua ajuda.

Aguardo resposta.

Obrigada

Bruna Prando

Coordenadora de Comunicação interna

ABB no Brasil

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Anexo C - Perfil dos entrevistados

Entrevistado A (M. Hillal)

Homem

40 anos

Cargo: Local Product Group – Process Automation.

Tempo de empresa: 15 anos (já trabalhou em outras empresas).

Formação: engenheiro eletricista.

Número de funcionários: 5 (em 1 ano, em função da crise a equipe foi

reduzida a metade – em 2015 eram 11 funcionários).

Perfil dos funcionários: todos com acesso a computadores e e-mails.

Trabalham na mesma unidade que o gestor.

Principal forma de comunicação: 1 vez a cada 2 meses um roll down

(reunião presencial), comunicação informal e e-mail.

Entrevistado B (M. Serafim)

Homem

34 anos

Cargo: gerente da área de serviços de baixa e média tensão.

Tempo de empresa: 2 anos, mas é sua segunda passagem na empresa.

Formação: engenheiro técnico e eletrotécnico, pós-graduado em

administração industrial e mestrando em administração profissional.

Número de funcionários: 27 pessoas, sendo 3 diretos.

Perfil dos funcionários: funcionários distribuídos em 3 unidades, todas no

estado de São Paulo, sendo as unidades de Cumbica, Sorocaba e City América.

Todos tem acesso a e-mail e celular. Também possui funcionários que trabalham na

rua (técnicos).

Principal forma de comunicação: toda a informação do business é

compartilhada a cada dia 15 seja por conference call ou presencial. Com os

coordenadores (diretos) realiza um conference call de uma hora semanalmente.

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Entrevistado C (C. Brochado)

Homem

37 anos

Cargo: gerente de serviços em Robótica – Brasil.

Tempo de empresa: 2 anos

Formação: engenheiro eletromecânico

Número de funcionários: 30 funcionários sendo 5 diretos como

coordenadores de projeto.

Perfil dos funcionários: 4 vendedores em campo (outros estados do Brasil),

gerentes de projeto acompanham que circulam pelo país de acordo com a demanda

de trabalho e projetos, funcionários das áreas de logística e administração também

em campo e o restante trabalhando direto no cliente. Vale destacar que todos têm

acesso a e-mail, além de tablets, notebooks, celular com 4G, mas possuem níveis

diferentes de comunicação.

Principal forma de comunicação: e-mail que é considerado pelo entrevistado

uma “doença crônica”. Insiste em fazer mais ligações e estreitar o contato.

Entrevistado D (A. Lopes)

Homem

53 anos

Cargo: responsável pela área de serviços de Transformadores no Brasil.

Tempo de empresa: 35 anos.

Formação: engenheiro elétrico.

Número de funcionários: 75 sendo 4 com reporte direto.

Perfil dos funcionários: 47 em campo sendo 30 sem nenhum acesso a e-

mails. Os outros 17 são líderes de equipe e cascateiam as informações. Os líderes

tem acesso a toda a tecnologia da empresa.

Principal forma de comunicação: este ano implementou reuniões trimestrais

(áudio ou Skype) com os 75 funcionários que são divididos em 3 grupos de acordo

com o perfil de trabalho.

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Entrevistado E (E. Amore)

Mulher

41 anos

Cargo: Integrity Officer e gerente do Departamento Jurídico Trabalhista.

Tempo de empresa: 25 anos de carreira sendo 15 na ABB.

Formação: advogada.

Número de funcionários: 6 com reporte direto sendo que 2 não estão

fisicamente na mesma unidade que ela.

Perfil dos funcionários: todos com acesso a e-mail e celular (exceto

estagiários por questões legais).

Principal forma de comunicação: e-mail (infelizmente) e Skype for Business.

Presencial fica por último muitas vezes. Além de reuniões mensais com todo o time,

além de reuniões periódicas individual.

Entrevistado F (F. Oliveira)

Homem

53 anos

Cargo: Business Unit Process Industries - responsável pelas áreas de

Papel, Celulose, Metalurgia, Mineração, Cimento e Alumínio no Brasil e América do

Sul.

Tempo de empresa: 26 anos sendo 20 na ABB.

Formação: engenharia

Número de funcionários: 600 sendo 358 no Brasil e o restante no Chile,

Argentina e Peru. 14 possuem reporte direto.

Perfil dos funcionários: diversos (detalhados no decorrer do trabalho).

Principal forma de comunicação: 14 diretos – roll down a cada 45 dias com

temas gerais divididos por países, vendedores por vídeo conferência, reuniões de

projetos presenciais (muitas das reuniões são setorizadas). A cada 3 meses uma

reunião com todos os funcionários (ele se desloca até as unidades, fazendo em 2 ou

3 etapas). Seus gerentes cascateiam estas informações, mas ele não tem controle de

como isso é feito, principalmente em outros países.

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Entrevistado G (M. Palavani)

Homem

45 anos

Cargo: Gerente geral da área de Drives.

Tempo de empresa: 5 anos.

Formação: engenharia.

Número de funcionários: total 120 funcionários sendo 9 diretos.

Perfil dos funcionários: funcionários administrativos, vendas, marketing,

vendas, gerenciamento de contratos, produção, etc. Há funcionários (vendedores)

regionalizados e ainda os que estão na mesma unidade.

Principal forma de comunicação: comunicação diária com os diretos

(telefone ou pessoalmente). Uma hora no mês pessoalmente para falar sobre os

desafios do mês. E o roll down mensal com os diretos. Evita o e-mail, entende que

deve ser usado para divulgação e não para o diálogo. Não tem controle de como os 9

cascateiam as informações para os demais, mas também tem uma vez por trimestre

uma apresentação geral da área (totalizando 4 ao ano). Para quem está em outros

locais, no geral recebem as informações por telefone, mas entende que estes externos

devem sentir o “clima” da empresa e para isso precisa estar presente em alguns

momentos (exemplos: técnicos de campo).

Entrevistado H (G. Vazzoler)

Homem

37 anos

Cargo: responsável pela unidade de negócios de produtos prediais.

Tempo de empresa: 12 anos (sendo 17 de carreira).

Formação: engenharia.

Número de funcionários: 50 sendo 8 diretos.

Perfil dos funcionários: perfil 1 (unidade de Sorocaba) sendo uma equipe de

engenharia (3 pessoas) e os outros 5 com funções internas e externas (todos os

acesso a e-mail). Os outros 42 trabalham em sua maioria na produção em não tem

acesso a e-mails.

Principal forma de comunicação: com diretos – no dia a dia e com reuniões

presenciais mensais. Há troca diária de informações usando todas as ferramentas (e-

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mail, telefone, WhatsApp – principalmente para dúvidas durante o atendimento ao

cliente). Gosta da dinâmica do WhatsApp.

Entrevistado I (M. Campos)

Homem

45 anos

Cargo: gerente de operações.

Tempo de empresa: 3 anos.

Formação: engenharia de produção mecânica e MBA em gestão

empresarial.

Número de funcionários: 24 sendo 16 diretos.

Perfil dos funcionários: funcionários de fábrica apenas 4 com acesso a

computador, 20 deles não tem.

Principal forma de comunicação: Entende que cada gestor tem seu perfil

(mais de 20 anos de mercado) e respeita a hierarquia. Foca muito no boca a boca.