conduta da equipe de enfermagem no cuidado do paciente oncológico frente a dor e sua família
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Trabalho de Conclusão de Curso Bacharelado de Enfermagem 2014. Conduta da equipe de enfermagem frente ao paciente oncológico sua dor e a família. Criação de Escala da Dor/ Prognostico. Cartilha Educativa para as âmbito hospitalar e domiciliar.TRANSCRIPT
CONDUTA DA EQUIPE DE ENFERMAGEM NO CUIDADO DO PACIENTE ONCOLÓGICO FRENTE À DOR E SUA FAMÍLIA
Carla Alves Trindade1 [email protected]
Thais Oliveira Almeida¹ [email protected]
Caroline Macedo Gonçalves2 [email protected]
Danielle Alves de Carvalho Mota3 [email protected]
RESUMO
Este é um estudo de revisão bibliográfica que aborda a oncologia, em que
originou-se da seguinte questão: Os pacientes oncológicos/ família estão sendo
bem assistidos pelos profissionais de enfermagem? Os métodos utilizados
foram à revisão bibliográfica e a construção de uma cartilha, onde contêm uma
escala da dor, específica para o paciente oncológico. A análise dos dados
levantados mostrou que a enfermagem não possui parâmetros quanto à
avaliação da dor utilizada na assistência aos pacientes oncológicos, nem estão
preparados para o processo do óbito. Concluímos que o enfermeiro precisa
atuar com mais efetividade na avaliação da dor do paciente oncológico,
visando minimizar o sofrimento e buscando uma melhor resposta ao
tratamento, bem como, prepara-lo para a morte e o morrer.
PALAVRAS-CHAVE: assistência de enfermagem, câncer, escala de dor,
saúde oncológica, tratamento humanizado.
1 Discentes do curso de Bacharelado em Enfermagem da Faculdade de Ciências Humanas de Curvelo.
2 Docente do curso de Bacharelado em Enfermagem da Faculdade de Ciências Humanas de Curvelo.
3 Docente e orientadora do curso de Bacharelado em Enfermagem da Faculdade de Ciências Humanas de Curvelo.
INTRODUÇÃO
Câncer é o nome genérico de um conjunto de mais de duzentas doenças
distintas, com multiplicidade de causas, formas de tratamento e prognósticos
(INCA, 2002). O câncer pode ser considerado uma doença crônica exigindo
tratamento contínuo, mais que uma doença terminal. Consiste em mais de 100
condições diferentes caracterizadas pelo crescimento desordenado de células
anormais e disseminação. Os mecanismos normais de crescimento e
proliferação estão comprometidos e resultam em alterações morfológicas
distintas das células, ou seja, em aberrações dos padrões histológicos
(NETTINA, 2011).
O diagnóstico do câncer é arrasador, pois, em geral, faz com que o
paciente desacredite da vida, bem como, nas formas de tratamento e nos
avanços terapêuticos. Embora as medidas terapêuticas estejam avançadas e
na maioria dos casos de descoberta precoce a cura seja possível, o
paciente/família, após o diagnóstico, se desestruturam (CAMARGO, 2000).
Culturalmente, os portadores desta enfermidade tornam-se sinônimos de
sofrimento, mutilações frequentes a espera da morte, transformando assim as
suas vidas e de seus familiares, numa rotina restrita (CAMARGO, 2000).
Contudo, observa-se que o câncer não é somente um problema biológico, mas
no retratar dos anos tornou-se psicológico, social e sentimental (PIMENTA,
2004).
A assistência implica-se em lidar com os pacientes, bem como, com seus
familiares (RODRIGUES, 2003). Buscam-se profissionais capacitados, que
tenham controle e assiduidade em avaliar as situações vivenciadas desde o
tratamento de cura, paliativo e a preparação para a morte. Sendo assim os
profissionais de enfermagem devem manter-se informados de cada um dos
casos que estão envolvidos, bem como, preparados para os possíveis
desfechos, pois só assim terão capacidade de orientar a família e o próprio
paciente na conduta a ser tomada (SMELTZER et al., 2011).
A assistência de enfermagem em oncologia evoluiu como um assistir que
tem foco no paciente, família e comunidade, visando à educação, promovendo
suporte psicossocial, possibilitando a terapia recomendada, selecionando e
administrando intervenções que diminuam os efeitos colaterais da terapia
proposta, participando da reabilitação e promovendo conforto e cuidado (ADES
et al., 1991).
Atualmente, os pesados investimentos em pesquisa e o volume de
trabalhos publicados em oncologia confirmaram a importância atribuída à
doença (SMELTZER, et al., 2002).
Considerando o contexto atual, este trabalho propõe realizar um
levantamento bibliográfico a partir de artigos científicos recentes sobre os
desafios do enfermeiro na assistência ao paciente oncológico, orientações e
cuidados em geral, buscando um direcionamento na conduta e melhoria na
qualidade do atendimento do paciente/família. Sugere um maior subsidio para
a equipe de enfermagem frente o paciente oncológico com dor e sua família.
METODOLOGIA
Trata-se de uma revisão bibliográfica, onde para a elaboração, foram
selecionados artigos nas bases de dados eletrônicas SCIELO (Scientific
Eletronic Library), LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em
Ciências da Saúde) e INCA (Instituto Nacional do Câncer), através dos
seguintes descritores: saúde oncológica; relação da família na recuperação do
doente; epidemiologia do câncer; estimativa do câncer; assistência de
enfermagem ao paciente oncológico; dor oncológica; escala da dor.
Foram selecionados e utilizados artigos recentes, publicados entre os
anos de 2000 a 2014, dos quais foram excluídos os que não apresentaram
similaridade ou os que não se relacionavam com a temática proposta e que
estavam fora do período estabelecido.
A partir da revisão de literatura elaboramos uma cartilha informativa e
uma escala da dor, com a finalidade de oferecer subsidio para a equipe de
enfermagem frente o paciente oncológico com dor e sua família. A cartilha foi
elaborada a partir de uma escala prática e sucinta, onde observa-se sinais e
sintomas do paciente relacionado ao quadro vivenciado, ligada diretamente ao
paciente, suas queixas e influência da doença. Sugere-se que através dela os
profissionais e familiares possam realizar uma anamnese holística e
integralizada do paciente como um todo a fim de intervirem de forma rápida e
eficaz no tratamento e o alívio da dor.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Câncer: conceito e estimativa
O câncer se refere a uma classe de doenças caracterizadas pelo
crescimento desordenado de células que invadem os tecidos e órgãos,
podendo fazer metástase. Pode matar devido à invasão de órgãos normais por
estas células, por extensão direta ou por disseminação à distância, que ocorre
através do sangue, linfa ou superfície serosa. A célula humana se divide,
necessitando reproduzir seu código genético (DNA) que possui mais de três
bilhões de caracteres, sendo essa divisão ordenada pelo próprio DNA. Quando
ocorre erro neste processo, serão reparados por proteínas, porém se as
proteínas não detiverem as células malignas, que se multiplicam
desordenadamente, surge o câncer. A partir deste momento, inicia-se um
caminho de destruição e morte (ANDRÉ SASSE, 2004).
De acordo com estimativas mundiais do Projeto Globocan (2012), da
Agência Internacional para Pesquisa em Câncer (Iarc, do inglês International
Agency for Research on Cancer), da Organização Mundial da Saúde (OMS,
2007), houve 14,1 milhões de casos novos de câncer e um total de 8,2 milhões
de óbitos por esta enfermidade, em todo o mundo, no ano de 2012. Vale
destacar os principais tipos de câncer que mais acometeram a população
masculina foram de próstata, pulmão, cólon e reto; e mama, cólon, reto e
pulmão entre as mulheres (INCA, 2014).
Estima-se que em 2030, a realidade global será de 21,4 milhões de
novos casos de câncer e 13,2 milhões de mortes, em consequência do
crescimento e do envelhecimento da população, bem como da redução na
mortalidade infantil e nas mortes por doenças infecciosas em países em
desenvolvimento (INCA, 2014).
No Brasil, a estimativa para o ano de 2014 e 2015, aponta para a
ocorrência de aproximadamente 576 mil casos novos de câncer, incluindo os
casos de pele não melanoma, evidenciando a prevalência da doença no país.
O câncer de pele do tipo não melanoma (182 mil casos novos) será o mais
incidente na população brasileira, seguido pelos tumores de próstata (69 mil),
mama feminina (57 mil), cólon e reto (33 mil), pulmão (27 mil), estômago (20
mil) e colo do útero (15 mil) (INCA, 2014).
Segundo o oncologista André Sasse (2004), visando o bem estar do
paciente, existem três passos fundamentais na oncologia que devem ser
seguidos. O primeiro visa à cura do paciente, para que seja reintegrado a
sociedade, sendo regra para todos os tipos de câncer, mesmo quando esta
possibilidade de cura é muito pequena, o que requer uma atitude de esperança
e determinação por parte do paciente para se derrotar dificuldades e perigos,
assim como insucessos que podem ocorrer neste percurso. O segundo ocorre
na impossibilidade de cura, e a partir deste momento, inicia-se um processo de
remissão da doença, que visa deixar o paciente pelo maior tempo possível bem
consigo mesmo, longe dos efeitos da doença e de hospitalizações. Quando a
remissão é remota, então a tentativa esta no sentido de controlar a doença e
seus sintomas pelo uso adequado de terapêutica paliativa. O terceiro objetivo
visa melhorar a qualidade de vida do paciente, o que é diferente de um
prolongamento de vida sofrida. Neste momento, com a ajuda dos profissionais
de saúde, este sujeito vai entender suas fraquezas, os seus limites e manter
sua dignidade frente às dificuldades desta trajetória.
O paciente oncológico/família
O diagnóstico do câncer pode trazer consequências imprevisíveis ao
indivíduo e seus familiares. A revelação do diagnóstico ao paciente permite que
ele e sua família acionem as suas estratégias de enfrentamento para lidar da
melhor forma possível, com os efeitos causados pela doença e seu tratamento
(HEWITT et al., 2006).
Segundo Kubler-Ross (1985) são identificados cinco estágios do
paciente ao receber o diagnóstico de câncer: negação, raiva, barganha,
depressão e aceitação. A negação pode ser uma defesa temporária ou
sustentada até o fim. O paciente desconfia de troca de exames ou da
incompetência da equipe de saúde. A raiva é a fase que surge os sentimentos
de ira, revolta e ressentimento, torna-se mais difícil o lidar com o paciente. Na
barganha, o doente passa a fazer promessas por prolongamento de vida ou
alguns dias sem dor ou males físicos. Geralmente, estas promessas são feitas
com Deus e psicologicamente, podem estar associadas a uma culpa recôndita.
A depressão pode evidenciar seu alheamento ou estoicismo, com um
sentimento de grande perda. As dificuldades do tratamento e a hospitalização
prolongada aumentam a tristeza. Na aceitação, o paciente passa a aceitar a
situação e o seu destino. Não há uma ordem para a ocorrência dessas
manifestações, tão pouco uma cronologia.
Ao saber do diagnóstico, a família passa pelos mesmos estágios que o
paciente. Identificam-se e caracterizam outras fases diferentes pelas quais a
família passa ao ter um ente querido com câncer. Denomina-se de fase aguda,
aquela em que é diagnosticada a doença e, que se verifica um impacto
emocional; fase crônica é aquela em que os comportamentos dos familiares
divergem, pois alguns membros da família podem assumir um papel de
superprotetores enquanto outros acham que o paciente não deve ser tratado
como um incapaz; e a fase de resolução, onde o paciente vem a falecer ou
passa a ser um sobrevivente, melhorando até ser considerado fora de perigo
(JASEN, 2006).
Na contemporaneidade, mesmo em meio a todos os artifícios e
tecnologias empregados na assistência à saúde, o homem ainda precisa lidar
com situações limítrofes da vida, como a dor e o sofrimento provocados por
doenças como o câncer (PESSINI, 2004).
Segundo Jensen (2006), a avaliação da dor é a base fundamental para o
seu tratamento, a fim de esclarecer a etiologia da dor e orientar intervenções
terapêuticas adequadas. Em contrapartida, a avaliação inadequada da dor
pelos profissionais de saúde dificulta a avaliação da efetividade das
intervenções terapêuticas.
Sabe-se que muitos pacientes com câncer avançado sofrem de mais de
um tipo de dor e o tratamento vai depender da identificação de sua origem
(BRASIL, 2002).
Nessa perspectiva, diferentes métodos vêm sendo utilizados para
mensurar a percepção ou a sensação de dor. Alguns avaliam apenas o estado
unidimensional da dor que varia somente em intensidade; outros avaliam
multidimensionalidade, levando em conta não só os fatores físicos, mas
também os fatores afetivos e emocionais que podem estar relacionados à dor
(SOUSA, 2004).
Neste sentido, alguns autores propõem a inclusão da dor do câncer
como uma categoria diferente na classificação das dores, visto às
especificidades desta doença, à medida que a dor oncológica é multicausal,
podendo ser advinda da neoplasia ou ainda estar relacionada aos
procedimentos realizados ou a aspectos físicos e psíquicos como medo,
ausência da família, entre outros (ALAMY, 2005).
Porém, os dados convergem com alguns sinais e sintomas associados à
dor, como o relato verbal, o choro ou gemido, a agitação e os tremores, fadiga
e esgotamento físico, juntamente com as alterações nos sinais vitais, a
depressão, a raiva, o medo e a ansiedade pela doença, a prostração e ainda
sentimentos de falta de esperança e de amparo (TEIXEIRA, 2001).
A dor oncológica deve ser avaliada através das escalas
multidimensionais e também aferida através das escalas unidimensionais, pois
conhecer e registrar apropriadamente as particularidades da dor - como local,
início, fatores associados, duração, fatores de melhora/piora, intensidade, entre
outros - permitem que o avaliador possa melhor entender o quadro de dor e
associá-lo à etiologia ou ao trauma inicial, no intuito de prevenir ou estancar
possíveis complicações e promover o ajuste da terapia quando este mostrar-se
necessário (PIMENTA, 2004).
O tratamento do câncer pode ser realizado mediante várias modalidades
terapêuticas, como quimioterapia, cirurgia, hormonioterapia e imunoterapia,
que podem ser utilizadas combinadas ou não (INCA, 2002).
Indivíduos que se submetem ao tratamento do câncer têm significativos
encargos financeiros caracterizados como diretos e indiretos. A legislação
brasileira assegura aos portadores de neoplasias e outras doenças graves
alguns direitos especiais. Frente à realidade da trajetória do tratamento do
câncer, a atuação dos profissionais de saúde em prover informações sobre os
direitos dos portadores é imprescindível para intervir no contexto social em que
eles estão inseridos, garantindo o acolhimento e a adesão ao tratamento
proposto (VOLPE, 2005).
O paciente fora de possibilidades terapêuticas é rotulado como
“terminal”, onde permanece vivo, mas tem necessidades especiais, ou seja,
necessita de uma abordagem que aprimore a sua qualidade de vida, e de seus
familiares, que enfrentam problemas associados com doenças ameaçadoras
de vida, através da prevenção e alívio do sofrimento por meio da identificação
precoce (MCCOUGLAN, 2003). Segundo a Organização Mundial de Saúde
(2014) os cuidados paliativos são importantes, pois afirmam a vida e encaram a
morte como um processo normal; não apresentam a morte; procuram aliviar a
dor e outros sintomas desconfortáveis; integram os aspectos psicossociais e
espirituais nos cuidados do paciente; oferecendo um sistema de apoio para a
família lidar com a doença e com o processo de luto.
Assistência de enfermagem
O profissional de enfermagem deve estar preparado para dar apoio ao
paciente e sua família durante uma diversidade de crises, sendo assim, o
paciente têm a equipe de saúde e sua família como base para o enfrentamento
da doença. Almejam-se resultados positivo perante o tratamento e as
condições oferecidas ao paciente e familiares de forma esclarecedora e ativa,
pois a enfermagem intervém, simultaneamente, na cura ou no óbito do paciente
oncológico (SMELTZER et al., 2011). Segundo Camargo (2000), a objetividade
das intervenções de enfermagem atua na perspectiva de vida do paciente com
a aceitação do quadro de uma forma mais favorável, resguardando a situação
vivenciada, ficando claro, a necessidade e a prioridade dessas intervenções
frente ao paciente e família.
Segundo Ellis e Hartley (1998), o cuidado do paciente oncológico possui
enormes desafios, pois a doença por si própria traz sentimento de perda e
vulnerabilidades. Embora inclua diversas responsabilidades, os objetivos da
enfermagem do cuidado do câncer são diversos e complexos como qualquer
outra função designada por qualquer outra especialidade de saúde.
Nesta situação, o papel do enfermeiro está voltado para a avaliação
diagnóstica, intervenção e monitorizarão dos resultados do tratamento por meio
do controle da dor (SMELTZER et al., 2011). A base fundamental para o
tratamento é a avaliação da dor, pois esclarece a patologia e orienta as
intervenções terapêuticas adequadas (JENSEN, 2006).
A assistência de enfermagem em oncologia possibilita a intervenções
em diversos níveis: na prevenção primária e na secundária; no tratamento do
câncer; na reabilitação; na doença avançada. Neste sentido, a assistência de
enfermagem em oncologia evolui com um assistir que tem foco no paciente, na
família e na comunidade, visando à educação, provendo suporte psicossocial,
possibilitando a terapia recomendada, selecionando e administrando
intervenções que diminuam os efeitos colaterais da terapia propostas,
participando da reabilitação e promovendo conforto (ADES et al., 1991).
Os profissionais de enfermagem têm como objetivo proporcionar o
aumento da expectativa de vida com qualidade; assistindo o paciente em sua
totalidade. O enfermeiro deve atuar na qualidade direcionada para o ensino do
autocuidado, com o objetivo de resguardar a autonomia do paciente, bem
como, a melhoria de sua qualidade de vida (CAMARGO, 2000).
A necessidade para os cuidados paliativos aumenta quando o individuo
aproxima dos últimos momentos de sua vida, onde sua condição de saúde
torna-se debilitante. O maior desafio desses cuidados paliativos é a integração
aos cuidados curativos. Todos os profissionais de saúde deveriam saber
quanto os cuidados paliativos são necessários. O cuidado de qualidade deve
ser oferecido em uma instituição de saúde ou na residência do individuo
(SILVA, 2006).
Ressalta-se a necessidade de serem realizadas pesquisas de
enfermagem voltadas aos pacientes oncológicos, para que se possam da
melhor forma possível, aumentar a sobrevida desses indivíduos com o máximo
de qualidade (SMELTZER, et al., 2011).
O conhecimento da patologia é de fundamental importância na
assistência ao paciente oncológico, mais do que isso, é necessário saber lidar
com seus próprios sentimentos e emoções, com ou sem a possibilidade de
cura (RODRIGUES, 2003). Entretanto, é relevante o aspecto emocional dos
profissionais de saúde, pois estes criam mecanismos de defesa que os
auxiliam no enfrentamento da morte e do processo de morrer. Por serem
preparados para a manutenção da vida, a morte e o morrer, em seu cotidiano,
suscitam sentimentos de frustação, tristeza, perda, impotência, estresse e
culpa (KOVACS, 1992).
ESCALA DE DOR
O câncer geralmente causa dor, sendo definida segundo a Internacional
Association for the Study of Pain (IASP), como uma experiência sensorial e
emocional desagradável (COSTA, 2012).
A avaliação da dor é uma troca compartilhada. Não se elabora um plano
terapêutico específico, sem a avaliação adequada da informação. É conduta da
equipe de enfermagem avaliar a dor com o quinto sinal vital, ou seja, dor deve
ser tratada e avaliada como os outros sinais vitais. A Escala de dor
Multidimensional (tabela 1), além de verificar a intensidade da dor ela também
sugere a abordagem dos componentes sensorial, afetivo e avaliativo
(PIMENTA, 2004).
Tabela 1: ONCODOR
ESCALA ONCODOR
CATEGORIA DESCRITOR ESCORE
RESPOSTA VERBAL
Nenhuma
Choro incontrolável/irritado
Choro controlável
Sem alterações
Ausente
Com Auxilio
Pouco auxilio
Espontânea
Ausente
Difusa
Localiza a dor
à palpação
Intensa
Moderada
Leve
Ausente
04
03
02
01
04
03
02
01
04
03
02
01
04
03
02
01
RESPOSTA MOTORA
PERCEPÇÃO
SENSORIAL
INTENSIDADE
Legenda: paciente dor grave: maior que 12 / paciente dor moderada: maior
que 06 / paciente dor leve: maior que 04.
As vantagens para a avaliação da dor são:
Paciente: alívio do sofrimento, recuperação mais rápida, alta hospitalar
precoce.
Médico: evolução clínica favorável.
Equipe de Enfermagem: oferecer serviço mais humanizado, otimização
do tempo de assistência qualificada;
Serviço de Saúde: redução dos custos
Família: observação de melhora e piora do paciente, eficiência de
medicamentos e tratamentos.
A elaboração da escala de dor mostrou-se necessária diante das
dificuldades dos profissionais de saúde em caracterizar e avaliar a dor do
paciente. Tal procedimento adequadamente avaliado ocasionará ao paciente
uma melhora do seu quadro de dor.
De acordo com a literatura estuda é fundamental a identificação dos cinco
estágios do paciente ao receber o diagnostico e prognostico de câncer, sendo:
negação, raiva, barganha, depressão e aceitação. Sugere-se ser realizado
diariamente como avaliação do tratamento. A escala de prognóstico deve ser
realizada todos os dias, ou conforme a necessidade para uma boa observação
e anamnese dos aspectos afetivos e emocionais em que os pacientes se
encontram.
Tabela 2: Escala de Prognóstico
ESCALA DE PROGNÓSTICO
ACEITAÇÃO
AUSENTE
PRESENTE
NEGAÇÃO
AUSENTE
PRESENTE
RAIVA
AUSENTE
PRESENTE
BARGANHA
AUSENTE
PRESENTE DEPRESSÃO
AUSENTE
PRESENTE
A CARTILHA
Baseando-se na literatura verificamos a necessidade da criação de
instrumentos aplicáveis no meio profissional e familiar, a fim de orientar quanto
à avaliação da dor do paciente, bem como, a atuação do profissional de
enfermagem e família. Sugere-se a aplicabilidade em meio hospitalar,
domiciliar, ambulatorial e saúde pública (Anexo 01).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir dos estudos realizados, conclui-se que apoiando-se no
referencial de enfermagem fenomenológica os profissionais devem fornecer
aos pacientes oncológicos informações e esclarecer suas percepções, ajudar
na busca de soluções dos problemas relacionados ao tratamento,
instrumentalizar para que tomem decisões sobre o tratamento proposto e levar
ao desempenho de ações de auto-cuidado, dentro de suas possibilidades.
É imprescindível que, diante dos argumentos expostos, haja a
conscientização dos profissionais, principalmente os de enfermagem, de que
reconhecer a avaliação da dor como uma atividade assistencial é fundamental
para adequar o cuidado ao paciente oncológico, bem como, a necessidade da
existência destes instrumentos junto aos prontuários dos pacientes
oncológicos, para efetivar e subsidiar a assistência prestada pelos
profissionais.
REFERÊNCIAS
ADES, T. GREENE. Principles of Oncology nursing. American Cancer Society of Clinical Oncology. Atlanta: American Cancer Society, 587-93p, 1991. ALAMY, S. Psicópio – Revista Virtual de Psicologia Hospitalar e da Saúde, Belo Horizonte, 2005. Disponível em: <http://geocities.yahoo.com.br/revistavirtualpsicopio>. Acesso em 11 nov. 2014. BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional do Câncer INCA. Cuidados Paliativos Oncológicos – Controle da Dor. Brasília, 2001. Disponível em: <http://www.inca.gov.br/publicacoes/manual_dor.pdf>. Acesso em: 05 mar. 2014. BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional do Câncer – INCA. Ações de Enfermagem para o Controle do Câncer. Rio de Janeiro: INCA, 2002. CAMARGO, T.C. O ex-sistir feminino enfrentando a quimioterapia para o câncer de mama: um estudo de enfermagem na ótica de Martin Heidegger. 2000. 100f. Dissertação (Tese em Enfermagem) - Escola de Enfermagem Anna Nery, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2000. COSTA, A. Dor em pacientes oncológicos sob tratamento quimioterápico. Rev. dor . 2012. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/S1806-00132012000100008>. Acessado em 11 nov. 2014. ELLIS, J. R; HARTLEY, C. L. Enfermagem Contemporânea. 5º ed. Porto Alegre: Artmed, 1998. HEWITT, M; GREENFIELD, S; STOVALL, E. From cancer patient to cancer survivor: lost in transition. Washington: National Academies Press, 2006. INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER (INCA). Estimativa 2014. Rio de Janeiro. 1º ed. 2014. Disponível em: <www.inca.gov.br>. Acessado em 05 mar. 2014. JASEN, M. Avaliação e mensuração de dor: Pesquisa, teoria e prática. Ribeirão Preto: FUNPEC, 2006. 500 p.02-12. KUBLER-ROSS E. Sobre a morte e o morrer. São Paulo: Martins Fibtes, 1985. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Os programas e projetos, câncer, dados e estatísticas. Genebra, 2007. Disponível em: <http://www.who.int/cancer/en/>. Acessado em: 08 mar. 2014. NETTINA, SANDRA M. Brunner: Pratica de Enfermagem. Vol 1. Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, 2011.
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O QUE É?
O QUE FAZER?
COMO AGIR?
COMO PREVINIR?
COMO TRATAR?
COMO AVALIAR?
TÍTULO: CARTILHA - Câncer em Foco
AUTORAS: Carla Alves Trindade e Thais Oliveira Almeida
EDIÇÃO: 1
ANO DE EDIÇÃO: 2014
LOCAL DE EDIÇÃO: CURVELO/MG
BONS HÁBITOS DE
VIDA
ALIMENTAÇÃO
SAÚDAVEL
ATIVIDADE FÍSICA
LAZER
AMIGOS
FAMÍLIA
AMOR
SE CUIDAR
NÃO FUME
NÃO BEBA
VISITAR O MÉDICO
REGULARMENTE
O que é?
O câncer é uma doença não contagiosa caracterizada pelo
crescimento desordenado de células que por muitas vezes
podem migrar e invadir tecidos e órgãos em diversas
regiões do corpo, originando tumores em outros locais;
quando isso ocorre dizemos que houve metástase.
A Dor do Paciente Oncológico
O doente é autoridade sobre a sua dor, visto o
caráter individual e subjetivo da experiência dolorosa,
que só pode ser aquilatada a partir do relato de quem a
sente. Foram elaboradas várias escalas para mensurar os
componentes de intensidade da dor, mas poucas aferem
os aspectos sensitivos e afetivos.
A avaliação da dor tem a finalidade de auxiliar no
diagnóstico, ajudar na escolha da terapia e quantificar a
efetividade da terapêutica implementada.
A Escala Oncodor tem como categorias: avaliação da
resposta verbal, avaliação da resposta motora, percepção
sensorial e a intensidade da dor. Pontuadas a partir da
análise dos seguintes descritores:
LEGENDA:
PACIENTE DOR GRAVE: maior que 12.
PACIENTE DOR MODERADA: maior que 06.
PACIENTE DOR LEVE: maior que 04.
ESCALA ONCODOR
CATEGORIA DESCRITOR ESCORE
RESPOSTA VERBAL
Nenhuma 04
Choro
incontrolável/irritado
03
Choro controlável 02
Sem alterações 01
RESPOSTA MOTORA
Ausente 04
Com Auxilio 03
Pouco auxilio 02
Espontânea 01
PERCEPÇÃO
SENSORIAL
Ausente 04
Difusa 03
Localiza a dor 02
à palpação 01
INTENSIDADE
Intensa 04
Moderada 03
Leve 02
Ausente 01
FONTE: MINISTERIO DA SAÚDE
Estágios
São identificados cinco estágios do paciente ao receber o diagnóstico de câncer e continuamente com seu prognóstico:
Negação pode ser uma defesa temporária ou sustentada
até o fim. O paciente desconfia de troca de exames ou da
incompetência da equipe de saúde.
Raiva é a fase que surge os sentimentos de ira, revolta e
ressentimento, torna-se mais difícil o lidar com o paciente.
Barganha, o doente passa a fazer promessas por
prolongamento de vida ou alguns dias sem dor ou males
físicos. Geralmente, estas promessas são feitas com Deus e
psicologicamente.
Depressão pode evidenciar seu alheamento ou
estoicismo, com um sentimento de grande perda. As
dificuldades do tratamento e hospitalização prolongada
aumentam a tristeza.
Aceitação, o paciente passa a aceitar a situação e o seu
destino.
Não há uma ordem para a ocorrência dessas manifestações,
tampouco uma cronologia. É fundamental a identificação dos
cinco estágios do paciente para uma efetiva intervenção e
terapêutica.
FONTE: WWW.G1.GLOBO.COM
ESCALA DE PROGNÓSTICO
NEGAÇÃO
AUSENTE
PRESENTE
RAIVA
AUSENTE
PRESENTE
BARGANHA
AUSENTE
PRESENTE
DEPRESSÃO
AUSENTE
PRESENTE
ACEITAÇÃO
AUSENTE
PRESENTE
As vantagens para a avaliação da dor são:
Paciente: alívio do sofrimento, recuperação mais
rápida, alta hospitalar precoce.
Médico: evolução clínica favorável.
Equipe de Enfermagem: oferecer serviço mais
humanizado, otimização do tempo de assistência
qualificada;
Serviço de Saúde: redução dos custos
Família: observação de melhora e piora do paciente,
eficiência de medicamentos e tratamentos.
FONTE:
WWW.DIARIODEUMCAREQUINHA.COM.BR
CONDUTA FAMILIAR
Conhecer da Patologia;
Promover suporte psicossocial;
Participar da reabilitação;
Lavar sempre as mãos com água e sabão antes e depois que cuidar do
seu paciente;
Dar banhos regulares no paciente;
Mantenha a casa limpa e arejada, principalmente o quarto do paciente;
Mantenha roupas de cama limpas e troque-as regularmente;
Não ofereça muita comida na hora da refeição, hidrate de acordo com
o necessário;
Ofereça alimentação variada, mesmo que seja em pequena quantidade.
A organização dos remédios (com suas doses e horários) deve ser feita
com muita atenção. Esclareça suas dúvidas com os médicos antes de
oferecer os remédios; e
Quando se sentir cansado ou estressado, divida com outro familiar às
tarefas. O trabalho de cuidar é de toda a família.
CONDUTA DE ENFERMAGEM
Avaliação diagnóstica;
Monitorizar os resultados do tratamento por meio do controle da dor;
Utilizar ferramentas disponíveis como a Escala de dor e Prognóstico;
Avaliar a dor como o quinto sinal vital, juntamente com os dados
vitais;
Promover suporte psicossocial;
Resguardar a autonomia do paciente, bem como, a melhoria de sua
qualidade de vida;
Selecionar e administrar intervenções que diminuam os efeitos
colaterais da terapia propostas;
Promover conforto;
Administrar medicamentos conforme prescrição, respeitando os
horários e doses, atenção aos seis certos;
Incentivar o auto-cuidado;
Saber lidar com seus próprios sentimentos e emoções, com ou sem a
possibilidade de cura;
Participar da reabilitação; e
Saber quanto os cuidados paliativos são necessários.
Perceber o paciente com câncer traz significados
diversos, mudanças de valores, crenças e atitudes que
demandam intervenções apropriadas e
individualizadas, para minimizar a ameaça à sua
integridade física e psíquica, o que leva o enfermeiro,
os demais profissionais de sua equipe e a família do
doente, a confrontar-se com sua própria
vulnerabilidade e finitude.
FONTE: WWW.VIVAMELHORONLINE.COM
FOTO: VICTOR BUENO
PACIENTE: SUZANA VIEIRA RODRIGUES, EM TRATAMENTO DE CÂNCER LINFÁTICO.
Não existe nada impossível para Deus,
quando o desejo de vencer vem da nossa
Fé e de uma vontade indomável de viver
e ser feliz!
Margheritta Menezes
Dedicamos a todos os que lutaram e lutam contra o
câncer.
Carla Trindade e Thais Oliveira.
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