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Conflito e insegurana escolar na Zona Leste deSo Paulo
Relatrio Final
Projeto CEPID IV Identificao dos conceitos de justia,direito e punio relacionados com direitos humanos napopulao urbana de So Paulo
Orientadora: Prof.a. Dra. Nancy Cardia
Bolsista: Caren Ruotti
So Paulo, novembro de 2003
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Sumrio
1- Introduo .................................................................................................................................... 3
1.1- Resumo do projeto ......................................................................................................................4
1.2- Plano de atividades .....................................................................................................................6
1.3- Descrio das atividades ............................................................................................................7
1.4- Violncia e escola ......................................................................................................................11
2- Resultados ...................................................................................................................................20
2.1- Perfil das escolas da Zona Leste segundo as fontes oficiais ....................................................20
2.1.1- rgos de Educao ...............................................................................................................21
2.1.2- rgos de Segurana .............................................................................................................32
2.1.3- Perfil da violncia nas escolas atravs da mdia impressa ....................................................38
2.2- Perfil das escolas selecionadas para pesquisa na Zona Leste...................................................41
2.2.1- O perfil das condies fsicas das escolas ..............................................................................42
2.2.2- Os conflitos no espao da escola ............................................................................................68
3- Concluso ...................................................................................................................................107
4- Bibliografia .................................................................................................................................117
Anexo 1 Roteiro Levantamento de infra-estrutura e recursos humanos nas escolas......119
Anexo 2 Roteiro Levantamento dos conflitos escolares ....................................................130
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1) Introduo
A violncia escolar no Brasil, desde a dcada de 90, vem ganhando relevncia no debate
pblico e adquirindo visibilidade na mdia. Como ser explicitada na reviso bibliogrfica, esta
violncia ganhou, no pas, diferentes contornos ao longo dos anos. Assim, de um problema que era
restrito a manifestaes de agentes externos contra o patrimnio pblico, comea a ser relacionado
s condies de violncia social, ou seja, ao aumento da criminalidade nos grandes centros urbanos,
inclusive, nas reas perifricas. Alm deste enfoque, ganha tambm importncia as anlises que se
reportam violncia escolarstricto sensu, ou seja, violncia que surge dentro da instituio escolar
a partir das relaes entre os diferentes atores.
A violncia escolar em suas diferentes manifestaes, como um problema social, acaba por
requerer a ateno do Estado, que intervm de maneiras diferenciadas, dependendo da concepo
que tm sobre esta violncia. Assim, o poder pblico passa a trat-la no pas, em algumas ocasies,
como um problema apenas de segurana, o que evidenciado pelas medidas de policiamento nas
escolas e instalao de equipamentos de segurana. H tambm iniciativas ao longo das gestes,
inclusive, no Estado de So Paulo, mais educativas, evidenciadas pelas propostas de abertura das
escolas nos finais de semana, a fim de propiciar uma maior aproximao entre comunidade e escola.
Diferentes graus e xitos so observados na implementao destas propostas, embora, no haja
avaliaes precisas sobre a eficcia destas diferentes aes.
A mdia, de um modo geral, ocupa-se em noticiar apenas as ocorrncias fatais envolvendo
alunos ou funcionrios das escolas ou os casos que se referem ao consumo e trfico de drogas, o
que ajuda a proliferar um sentimento de insegurana, nem sempre condizente com as reais
condies das escolas. Pois, embora estes tipos de violncia estejam presentes nas escolas,
inclusive, naquelas investigadas nesta pesquisa, no ocorrem de forma generalizada e nem cotidiana
em todas as escolas. Desta forma, relega-se a segundo plano aqueles tipos de violncia cotidiana,
como as discriminaes, que ficam esquecidas do lado de dentro das escolas cercadas por muros e
grades.
As maiores vtimas do aumento da violncia fatal que vem ocorrendo, principalmente, nas
regies perifricas dos grandes centros urbanos, so os jovens do sexo masculino, como mostra a
taxa de homicdios1 entre estes, na faixa etria de 15 a 24 anos, no municpio de So Paulo, que foi
de 269,4% no ano de 2000. O homicdio passou nas ltimas dcadas a ser a principal causa de
mortalidade entre esses jovens.
Como ressalta Cardia, a exposio constante dos jovens violncia nestas reas acaba por
afetar, inclusive, o seu comportamento na escola, tanto no que diz respeito ao desempenho escolar
quanto s atitudes de violncia: a violncia domstica e do meio ambiente aumentam a
probabilidade de fracasso escolar e de delinqncia, a delinqncia aumenta a violncia na escola e
1 Fonte: SIM, DATASUS e IBGE (dados presentes no "Mapa da Violncia III: Os Jovens do Brasil". Braslia: UNESCO,Instituto Airton Senna, Ministrio da Justia/SEDH - 2002).
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as chances do fracasso escolar, e ambas reduzem o vnculo entre os jovens e a escola (1998,
p.147).
Desse modo, a escola, inserida neste contexto de condies desfavorveis de vida e
crescimento da violncia, precisa ser repensada enquanto instituio capaz de diminuir o risco
destes fatores, atuando no sentido de no reforar ainda mais a excluso desses jovens. Torna-se
primordial intervenes que valorizem a atuao desses jovens e auxiliem na construo de relaes
democrticas no ambiente escolar.Esta pesquisa, que visa contribuir para o entendimento da violncia na instituio escolar,
tendo como foco escolas localizadas em regies com altos ndices de criminalidade e que
apresentam vrias carncias quanto ao acesso aos servios pblicos, seja de sade, cultura e lazer2
e, inclusive, educao, procurou no apenas apreender as situaes de violncia consideradas mais
graves e passveis de punio penal. Teve como foco tambm os pequenos atos de violncia
presentes no cotidiano escolar, que embora muitas vezes no recebam a devida considerao,
acabam por marcar negativamente a histria de muitos alunos, que como moradores destes bairros
j so tantas vezes excludos e acabam por ser excludos tambm da escola.
1.1) Resumo do projeto
Este relatrio apresenta os resultados da pesquisa: Conflito e insegurana escolar na Zona
Leste do municpio de So Paulo. O objetivo central desta pesquisa foi o de identificar as situaes
de violncia existentes no cotidiano escolar, tendo como foco de investigao as escolas pblicas de
ensino fundamental e mdio localizadas nos distritos de Cidade Tiradentes, Iguatemi, So Mateus e
So Rafael. Alm disso, por meio desta pesquisa, procurou-se investigar as condies gerais do
ensino pblico nesta rea perifrica do municpio, a fim de fornecer o contexto no qual estas escolas
esto situadas.
Com o intuito de abarcar os diferentes tipos de violncia presente nas instituies de ensino,
a pesquisa abordou tanto os delitos enquadrveis no Cdigo Penal como as pequenas agresses
cotidianas que tambm afetam as relaes entre os atores escolares.
- Perfil do contexto: caracterizao da violncia nas escolas da Zona Leste
Em primeiro momento, foi realizado um levantamento de dados junto s instituies oficiais de
educao e segurana para melhor caracterizar o contexto mais amplo das situaes de violncia
nas escolas da Zona Leste. Os dados das secretarias de educao e das polcias foram
2 A pesquisa intitulada Os locais de cultura e lazer destinados juventude e a violncia da regio metropolitana de SoPaulo constatou que, de modo geral, no municpio de So Paulo, h uma concentrao de espaos culturais (teatros,bibliotecas, museus, centros culturais, etc.) e esportivos (ginsios poliesportivos, campos de futebol, piscinas, parques, etc.)em reas prximas regio central e, em contrapartida, as reas perifricas apresentam uma carncia quanto a estesequipamentos. Desse modo, este estudo pde evidenciar uma sobreposio de excluses nas reas perifricas do municpio,onde h grande concentrao populacional, inclusive, de jovens; alta taxa de chefes de famlia de baixa renda ou sem renda;ausncia do poder pblico quanto ao provimento de cultura e lazer aliados a altos ndices de criminalidade (Relatrio finalda bolsa de pesquisa concedida a Ana Carolina Vila Ramos Santos, sob orientao da Prof. Nancy Cardia ver relatrios,site NEV-USP: www.nev.prp.usp.br).
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complementados atravs de um acompanhamento constante dos casos noticiados pela mdia
impressa sobre educao e violncia escolar.
- A pesquisa nas escolas
Aps tecermos o perfil das escolas na regio, foram selecionadas 30 escolas3, junto as quais
foram coletados dados sobre: recursos fsicos, materiais e humanos, presena de conflitos (agresso
fsica leve, agresso fsica com atendimento mdico, agresso verbal, ofensa moral, ameaa) entreos diferentes atores escolares alunos, professores e demais funcionrios; no cumprimento das
regras escolares - atraso e falta dos alunos e professores; ocorrncia de outros comportamentos
desviantes e delitos como consumo de lcool dentro e no entorno da escola, consumo de drogas,
trfico de drogas, porte de armas, vandalismo, furto /roubo, invaso da escola por pessoas externas
comunidade escolar, alm das medidas disciplinares adotadas pelas escolas e os casos
encaminhados para atendimento policial.
Os dados nas escolas foram obtidos por meio de entrevistas, previamente agendadas, com
os representantes das escolas (funcionrios da direo ou coordenao), observaes do prdio edo entorno escolar e atravs do acesso aos registros de ocorrncias indisciplinares (livros gerais da
escola ou cadernos individuais por turma de alunos).
A anlise dos vrios dados coletados, ao longo da pesquisa, permitiu a identificao de
diferentes representaes sobre a violncia no universo escolar, ou seja, as representaes da mdia
impressa, da polcia e das prprias instituies escolares atravs dos seus dirigentes (diretores e
coordenadores). Especificamente, obteve-se um quadro das condies educacionais (nmero de
escolas na rea mencionada, segundo os diferentes nveis - educao infantil, ensino fundamental e
mdio, educao especial e ensino profissionalizante; nmero de alunos matriculados; taxas deaprovao, repetncia e evaso); das condies fsicas e materiais das escolas; do tipo e nmero de
funcionrios das escolas; dos conflitos entre os atores escolares, das indisciplinas e delitos ocorridos
no interior escolar (nmero de alunos envolvidos em infraes criminais tipo e perfil de ofensas:
contra pessoas, propriedade ou incolumidade pblica; nmero e tipo de atos violentos dentro das
escolas), alm das medidas de controle adotadas pela escola (nmero de alunos transferidos
compulsoriamente e casos encaminhados para atendimento policial).
Neste relatrio esto apresentados e analisados os dados coletados por meio das diferentes
fontes: visitas e observaes realizadas diretamente nas prprias escolas, dados obtidos atravs dasinstituies de segurana pblica (Polcia Militar e Guarda Civil Metropolitana) e as informaes
coletadas a partir do acompanhamento da mdia impressa.
3 Para compor esta amostra de escolas, considerou-se a rede e o nvel de ensino (fundamental e/ou mdio) das escolas e onmero de alunos matriculados por distrito. No foram consideradas nesta amostra as escolas que ofereciam apenas oensino fundamental I (1 a 4 srie).
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1.2) Plano das atividades
O plano de atividades foi o seguinte:
- Sistematizao dos dados coletados e mapeamento das escolas junto Secretaria de
Educao: nmero de escolas (Municipais, Estaduais, Particulares), grupos atendidos
(Fundamental, Mdio, Tcnico, Educao para grupos com necessidades especiais);nmeros de alunos; nmero de professores, nmero de funcionrios, demanda da regio;
porcentagem de evaso escolar;
- Levantamento do nmero e dos tipos de delitos cometidos por alunos no interior das
escolas ou nas imediaes (durante o perodo de aula, na entrada ou sada dos alunos e
no trajeto). Fonte dos dados: Polcia Militar e Guarda Civil Metropolitana. Esse
levantamento permitiu definir as demandas que chegam s polcias e padro dos conflitos
subjacentes s demandas;
- Levantamento de notcias na mdia impressa para traar um perfil dos casos (conflito einsegurana escolar) expressos na imprensa escrita, segundo tipos de ocorrncia e o
padro dos conflitos subjacentes aos casos;
- Elaborao do roteiro de coleta de dados sobre as instalaes, recursos fsicos e
humanos nas escolas da regio selecionada;
- Coleta de dados nas escolas, com o objetivo de traar um perfil de 30 escolas pblicas
das redes municipal e estadual (de ensino fundamental e mdio) localizadas na rea
selecionada para pesquisa. Este primeiro levantamento explorou, de forma detalhada, os
recursos fsicos e humanos;- Elaborao do roteiro de coleta de dados sobre conflitos nas mesmas 30 escolas da
regio selecionada;
- Segunda coleta de dados nas escolas da regio. Neste momento, os dados obtidos
referiam-se s situaes de conflito dentro do espao escolar. O levantamento feito incluiu
os seguintes aspectos: definio de indisciplina utilizada pela escola; como e por quem
so tratadas as questes disciplinares dentro da escola; definio de punio utilizada
pela escola; quem determina os tipos de punio, quais tipos de punio so utilizados
para quais tipos de indisciplina; levantamentos e encaminhamentos de atos criminaisocorridos no ambiente escolar; levantamento dos conflitos envolvendo os vrios atores da
escola (alunos, professores e funcionrios); encaminhamentos dados a tais conflitos;
finalmente a apresentao de uma srie de situaes criminais ou de incivilidades para o
entrevistado para que ele indique o grau de freqncia com que ocorrem no ambiente
escolar;
- Leitura dos textos ligados ao projeto, participao nas reunies do grupo CEPID IV e a
apresentao dos resultados obtidos para o grupo.
- Elaborao do relatrio final.
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1.3) Descrio das atividades
1.3.1) Levantamento de dados primrios
Metodologia
Para a realizao do levantamento de dados junto s escolas, foram realizados pr-testes na
elaborao dos roteiros de pesquisa para a padronizao dos dados a serem coletados. Duasescolas localizadas na rea a ser pesquisada foram utilizadas para o pr-teste. Neste momento,
foram observadas as condies gerais da escola, inclusive, as condies fsicas, os recursos
materiais e humanos e, especialmente, os conflitos existentes no cotidiano escolar.
O primeiro roteiro elaborado privilegiou o levantamento dos recursos fsicos e humanos da
escola. Na definio da amostra foram consideradas as seguintes variveis: nvel de ensino,
localizao da escola, rede a qual pertence (municipal ou estadual).
Os dados fornecidos pela Secretaria Estadual de Ensino permitiram que se identificasse: o
nome da escola, a rede a qual pertencia (estadual ou municipal), o nvel de ensino oferecido, alocalizao e o nmero de alunos matriculados em 2001.
Tendo como referncia estes dados, 30 escolas foram selecionadas para compor a amostra
de escolas para a pesquisa. A fim de se abranger as escolas com diferentes faixas etrias,
considerou-se tambm as diferentes redes e nveis de ensino. Foram selecionadas: 10 escolas
municipais de ensino fundamental, 10 escolas estaduais de ensino fundamental completo e mdio 4 e
10 escolas estaduais de ensino fundamental II e mdio 5.
Para se obter uma distribuio dessas escolas pelos distritos selecionados, utilizou-se como
critrio a distribuio de escolas segundo o total de alunos matriculados por rede e nvel de ensinoem cada distrito.
Quadro 1Nmero e distribuio das escolas visitadas por rede e nvel de ensinoDistritos de Cidade Tiradentes, Iguatemi, So Mateus e So Rafael2001Rede Estadual MunicipalNvel de ensino Fundamental completo
e mdioFundamental II
e mdioFundamental completo
N de alunosmatriculados
N deescolas
N de alunosmatriculados
N deescolas
N de alunosmatriculados
N deescolas
CidadeTiradentes
2.327 2 12.910 3 23.421 3
Iguatemi 3.072 2 9.343 2 10.431 3So Mateus 6.556 3 10.942 3 8.833 2So Rafael 7.316 3 7.021 2 6.582 2Total 19.271 10 40.216 10 49.267 10
Fonte: Secretaria do Estado da Educao e NEV/USP
4 Em princpio havia a inteno de selecionar as escolas estaduais que oferecessem apenas ensino fundamental completo,mas isto foi invivel, pois a maior parte das escolas da rede estadual nos distritos selecionados apresentavam junto comestes nveis tambm o ensino mdio.5 A maior representatividade das escolas estaduais deve-se a maior oferta de matrculas nesta rede, no que diz respeito, aoensino mdio.
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A coleta de dados
As visitas s escolas foram agendadas previamente atravs de contato telefnico com os
dirigentes das escolas (diretores ou coordenadores):
- na primeira visita s 30 escolas foi aplicado o 1 roteiro (anexo 1) que tinha como objetivo
especfico caracterizar as escolas quanto sua estrutura fsica e humana (condies de
conservao e manuteno, disponibilidade de recursos educativos; presena de recursos
de segurana; condies do entorno escolar). Este roteiro continha questes a serem
aplicadas com os dirigentes da escola, alm de questes que subsidiavam a observao
do prdio escolar e do seu entorno.
Para a continuao da coleta dos dados junto s escolas, foi realizada uma segunda visita s
30 escolas anteriormente visitadas. Para tanto, novamente as visitas foram agendadas, de
preferncia, com o mesmo colaborador da primeira visita. Quando isso no foi possvel, devido esse
no estar mais na escola, agendou-se a visita com outro funcionrio da direo ou coordenao que
estivesse ao menos um ano no cargo:
- no retorno s 30 escolas, realizou-se a aplicao do 2 roteiro (anexo 2) que visava
apreender, de forma geral, os conflitos entre os diferentes atores escolares, os atos
criminais ocorridos dentro da escola. (agresses fsicas e verbais, ameaas, furtos e
roubos, trfico e consumo de drogas, entre outros) e as medidas adotadas pelas escolas
na resoluo destes problemas. Este roteiro foi estruturado com questes (abertas e
fechadas) a serem respondidas pelos dirigentes da escola e questes que subsidiavam a
padronizao dos dados a serem coletados a partir do acesso aos registros de
ocorrncias indisciplinares das escolas.
Tratamento dos dados
A maior parte dos dados coletados, inclusive aqueles obtidos atravs das perguntas fechadas
presentes no 1 e 2 roteiro, foram digitados em um banco de dados, no programa Access. Este
procedimento permitiu o posterior cruzamento das diferentes informaes - condies da estrutura
fsica e humana da escola, condies de segurana, condies do entorno escolar e as freqncias
de conflitos e delitos presentes no cotidiano escolar.Os dados obtidos por meio das respostas s perguntas abertas do 2 roteiro foram tabulados
e agrupados segundo categorias. Estes dados referem-se, principalmente, s informaes sobre os
atos criminais perpetrados dentro da escola, s ocorrncias encaminhadas para atendimento policial
e aos registros de ocorrncias indisciplinares das escolas.
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1.3.2) Contextualizao da situao das escolas na Zona Leste: perfil das escolas e da violncia nas
escolas segundo as secretarias de educao, segurana pblica e mdia impressa
A pesquisa teve incio com a coleta de dados junto a vrios rgos oficiais de modo a tecer
um panorama das condies educacionais da rea estudada, bem como, dos atos de violncia
ocorridos nas instituies escolares segundo essas fontes oficiais. Alm disso, realizou-se o
acompanhamento e sistematizao constante das ocorrncias sobre educao e, especificamente,sobre violncia escolar noticiadas pela mdia impressa.
Fontes utilizadas e dados coletados
rgos Oficiais de Educao
- Secretaria de Estado da Educao, dados solicitados: listagem das escolas pblicas por rede e
nvel de ensino localizadas nos distritos selecionados para pesquisa;
- Secretaria Municipal da Educao (Projeto Vida): dados sobre os projetos desenvolvidos por
esta Secretaria nas escolas, identificando as escolas favorecidas na rea de estudo;
- Secretaria Municipal de Planejamento Urbano (SEMPLA), embora este no seja um rgo
oficial de educao, est includo nesta diviso, por ser responsvel por sistematizar os dados
educacionais das secretarias Municipal e Estadual de Educao, desse modo, foram solicitados os
seguintes dados para os distritos, foco da pesquisa, e para o municpio de So Paulo: nmero de
alunos matriculados, demanda por matrculas, taxas de defasagem, aprovao, repetncia e evaso
escolar, desagregados por distrito, rede de ensino, nvel escolar (educao infantil, ensino
fundamental e ensino mdio) e modalidade de ensino (ensino regular, educao especial,
profissionalizante e de jovens e adultos)
rgos Oficiais de Segurana
- Guarda Civil Metropolitana: nmero de ocorrncias policiais registradas no interior das
escolas e no seu entorno para os distritos em estudo e o total para o municpio de So Paulo para os
anos de 2000 a 2002;
- Secretaria de Segurana Pblica (Coordenadoria de Anlise e Planejamento - CAP): nmero
de ocorrncias policiais registradas nas escolas e no seu entorno no municpio de So Paulo e nos
distritos em estudo nesta pesquisa no perodo de 2000 a 2002;
- Departamento da Policia Militar que coordena o Programa Educacional de resistncia s
drogas e violncia (PROERD): informaes gerais sobre o programa, nmero das escolas onde
este vem sendo desenvolvido na rea estudada e identificao destas escolas;
Imprensa Escrita
No decorrer de todo o desenvolvimento da pesquisa, notcias sobre violncia nas escolas
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Para Debarbieux esta definio restrita conteria vrios problemas epistemolgicos. Ao
considerar o cdigo penal como delimitador, deixa-se de lado que este marcado pela
temporalidade e, portanto, ele prprio relativo, pois est diretamente ligado s representaes e
opinies da sociedade em determinado perodo, desse modo, no constituiria uma base segura. E,
principalmente, por que esta definio restrita confina categoria de fantasia muitas prticas
sentidas pelos sujeitos como violncia.
Em suma, para o autor esta definio restrita, ao tratar a violncia escolar apenas em termospenais recusa ouvir o que as vtimas tm a dizer: a histria da violncia na escola, assim como
muitas outras formas de violncia, a histria da descoberta gradual das vtimas, daquelas pessoas
esquecidas pela histria (idem, p.66).
Outro ponto levantado pelo autor, no texto Cientistas, polticos e violncia: rumo a uma
comunidade cientfica europia para lidar com a violncia nas escolas, sobre o conceito de violncia,
que seria um erro (idealista e anti-histrico) acreditar que definir a violncia consista em
aproximar-se o mais possvel de um conceito absoluto de violncia, de uma idia de violncia que
permita um encaixe preciso entre palavra e coisa(Debarbieux, 2002, p.19). Isto porque, segundo oautor, o vocabulrio cientfico no descobre o que verdade; ele construdo e, ao construir-se, ele
constri novos paradigmas (idem, p.19). Assim, realizar pesquisas sobre a violncia escolar deveria
permitir uma multiplicao de indicadores para conferir uma nova visibilidade a esta violncia.
Debarbieux tambm trata do conceito de bulliyng8, que vem subsidiando o desenvolvimento
de vrias pesquisas internacionais na rea de violncia escolar. Para o autor este conceito apresenta
limitaes, isto porque, no d conta da violncia escolar como um todo. Assim, apesar de pesquisas
sob este prisma permitirem uma melhor compreenso da vitimizao entre os pares, os seus efeitos
e riscos, este conceito deixa de considerar outras prticas, como a violncia dos adultos para comos alunos ou a violncia anti-institucional que pode ser observada no aumento da vandalizao dos
prdios ou na agresso (principalmente verbal) contra os professores que representam a escola.
Alm do mais, a intimidao seria um conceito psicologizante que tende a individualizar o problema,
responsabilizando apenas o perpetrador e a vtima (...) esses protagonistas so retirados do
contexto, e nem o contexto socioeconmico nem o contexto da instituio so levados em
considerao(idem, p.26).
O autor coloca em questo tambm o conceito de incivilidade, que surge da preocupao em
dar expresso aos atos de pequena delinqncia presentes no cotidiano escolar, que no sonecessariamente penalizveis. Isto porque, segundo Debardieux, embora levantamentos de
vitimizao demonstrem que h um nmero significativo de aes criminosas que vitimam os atores
escolares, a maioria dos casos observados no passvel de enquadramento no Cdigo Penal.
Alerta, porm, para o fato de que a incivilidade no deve servir para minimizar a delinqncia ou a
8 Segundo Peter K. Smith, no artigo Intimidao por colegas e maneiras de evit-la, a intimidao bulying -geralmente vista como um subconjunto dos comportamentos agressivos, sendo caracterizada por sua natureza repetitivae por desequilbrio de poder (2002, p.187). Podendo ser classificada de acordo com as seguintes tipologias: fsicas: bater,chutar, tomar os objetos pessoais; verbais: implicar, insultar; excluso social: voc no pode brincar comigo; indiretas:espalhar boatos maldosos, dizer a algum para no brincar com um colega (idem, p.189)
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violncia e nem para, ao contrrio, super qualificar a desordem escolar, levando a confundir
ameaas ordem com a desordem intolervel e excessiva que acaba a levar ao crime(idem, p.28).
No entanto, apesar do autor apresentar os benefcios da utilizao do conceito de incivilidade
para a compreenso da violncia escolar, devido conotao negativa que muitas vezes lhe
atribuda, defende a sua substituio pelo termo microviolncia.
No livro Violncias escolares publicado pela UNESCO, h uma reviso das concepes de
diferentes autores sobre a violncia escolar, entre estes Charlot (1997), o qual traz importantescontribuies ao diferenciar o conceito de violncia escolar em trs nveis:
- violncia - golpes, ferimentos, violncia sexual, roubos, crimes, vandalismos;
- incivilidades - humilhaes, palavras grosseiras, falta de respeito;
- violncia simblica ou institucional compreendida como falta de sentido de permanecer
na escola por tantos anos, o ensino como um desprazer, que obriga o jovem a aprender
matrias e contedos alheios aos seus interesses, as imposies da sociedade que no
sabe acolher os seus jovens no mercado de trabalho; a violncia das relaes de poder
entre professores e alunos(2002, p.69).Camacho (2000), citando este mesmo autor francs, coloca em evidencia as dificuldades
apontadas por ele em identificar o grau de violncia na escola. Especialmente, para os fins desta
pesquisa, faz-se pertinente explicitar uma destas dificuldades indicadas, a partir de qual freqncia
de atos de violncia, computado em nmeros, pode-se caracterizar um estabelecimento como
violento ou ameaado de violncia. E a partir de quais atos violentos roubo, presena de armas,
circulao de drogas uma escola pode ser considerada violenta ou perigosa?(p.39). Questo esta
que parece estar sempre presente quando nos deparamos com os diferentes resultados das
pesquisas sobre o tema e quando estamos diante das notcias veiculadas pela mdia que, por vezes,tomam um ato isolado para caracterizar uma escola como violenta relegando a segundo plano outras
variveis.
Para o entendimento do significados da violncia escolar, tm-se ainda as consideraes de
Guimares, que coloca em questo os conceitos de indisciplina e violncia, indicando a ambigidade
destes fenmenos quando referidos instituio escolar. Assim, para a autora a escola no pode ser
vista apenas como uma instituio que reflete os conflitos e a violncia que esto presentes na
sociedade, mas que produz sua prpria violncia e indisciplina, uma vez que percorrida por um
movimento ambguo: de um lado, pelas aes que visam ao cumprimento das leis e das normasdeterminadas pelos rgos centrais, e, de outro, pela dinmica dos seus grupos internos que
estabelecem interaes, rupturas e permitem a troca de idias, palavras e sentimentos numa fuso
provisria e conflitual9.
Desse modo, a escola como um espao permeado de regras estaria projetada para produzir a
homogeneizao atravs de mecanismos disciplinares, mas em contrapartida, esta postura
institucional caracterizada pela no aceitao das diferenas seria recortada por formas de
9 Consultar: http://www.lite.fae.unicamp.br/revista/art02.htm (Nas Redes da Educao Revista Eletrnica)
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resistncia. E nesta perspectiva que autora indica que a indisciplina "no expressa apenas dio,
raiva, vingana, mas tambm uma forma de interromper as pretenses do controle homogeneizador
imposto pela escola" (idem).
A autora destaca, assim, a importncia de entendermos a prpria dinmica escolar como
geradora de violncia, alm de explicaes que remetem a elementos externos: evidente que os
problemas familiares, econmico, polticos, emocionais interferem no desenvolvimento dessa
violncia cotidiana na escola, mas eu tambm acredito na existncia de uma violncia especfica,gerada no interior da prpria escola(1996,p.68).
Nesta mesma linha de entendimento, Camacho (2000) aponta que a indisciplina no ambiente
escolar no pode se restringir indicao de negao ou privao da disciplina ou compreenso
de desordem, de descontrole, de falta de regras. A indisciplina pode, tambm, ser entendida como
resistncia, ousadia e inconformismo(p.41). Assim, destaca, as diferenas que subsistem na anlise
da indisciplina, dependendo dos atores escolares considerados: ao focalizar a indisciplina apenas do
ponto de vista dos adultos tende-se a enquadr-la no rol dos delitos, da m ao, do que requer
punio. Em contrapartida, se nos ativermos apenas ao olhar do aluno, isso pode significar a isenode responsabilidade de seus atos, j que no agem intencionalmente contra o outro mas buscam a
emoo, o divertimento, as sensaes diferentes ou o desvelamento de novos sentimentos (p.42).
De modo geral, as consideraes dos diferentes autores mencionados indicam que a
construo da violncia escolar como objeto de estudo, exige uma reflexo constante sobre os
contornos que os conceitos de violncia e indisciplina adquirem no cotidiano das instituies
escolares.
Violncia escolar no Brasil
No Brasil, de acordo com Sposito, que realizou um balano da produo sobre o tema no
pas, a violncia escolar foi considerada, nos anos 80, como uma ao de indivduos externos contra
o patrimnio escolar, atravs de depredaes, pichaes e invases. A partir dos anos 90, embora a
violncia escolar esteja ainda referida s manifestaes anteriores, a questo ganha complexidade,
sendo intensamente relacionada intensificao dos conflitos interpessoais no seu interior e s
interferncias do trfico: Os anos 90 indicam a continuidade de algumas formas de agresso aos
prdios e equipamentos, muitas delas no mais denunciadas porque foram incorporadas svicissitudes das rotinas escolares. Apontam, tambm, novas prticas violentas, neste momento,
observadas no interior da instituio, durante a semana, nos perodos de aulas, em plena atividade
(1998,p.67).
A autora mostra que o fenmeno da violncia nas escolas torna-se visvel no espao pblico,
a partir dos anos 80, num contexto de disseminao e diversificao da violncia na sociedade civil e
ampla demanda de segurana por parte dos moradores da periferia dos grandes centros urbanos:
Nesse momento, a mdia, sobretudo, a imprensa escrita e a televiso, age como espao possvel de
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ressonncia de denncias que afetavam a vida dos estabelecimentos escolares situados na periferia
de cidades como So Paulo. Em geral, o tom predominante era o de expor as precrias condies
dos prdios, quanto aos equipamentos mnimos de proteo. Eram denunciadas, tambm, as
constantes depredaes dos edifcios e invases, observadas nos perodos ociosos, em especial nos
fins de semana(idem,p.90).
Assim, neste momento a imagem que se constri sobre a violncia escolar de um fenmeno
que se deve a ao de agentes externos comunidade escolar, o que cria a demanda de proteoda escola seja pelo aumento dos muros e colocao de grades, como pela presena de policiamento
e zeladorias.
Sposito indica que embora, neste momento, no estivessem sendo questionadas as formas
de sociabilidade entre os alunos, havia uma crtica das prticas internas da escola como geradoras
de violncia. Isto devido ao processo de democratizao do pas e, portanto, de suas instituies,
inclusive, a escolar, sobre a qual incidia propostas de maior abertura participao.
Mas a discusso sobre a escola e sua abertura democrtica foi aos poucos perdendo fora
durante a dcada de 80 e incio dos anos 90, e o tema da segurana passa a predominar no debatepblico, isto pelo agravamento de um sentimento de insegurana, principalmente, nos bairros
perifricos, devido intensificao da ao do crime organizado e trfico em algumas cidades
brasileiras, que afetou tambm a vida escolar.
A autora observa que nos anos 90 o tratamento sobre o tema da violncia nos
estabelecimentos escolares ficou mais complexo. Notcias e estudos comeam a dar importncia
para a sociabilidade dos alunos, tanto no que diz respeito interao com seus pares quanto com o
mundo adulto.
A autora indica ainda que, nos anos 90, vrios estudos acadmicos voltaram-se ao examedas relaes entre a violncia que ocorre nos bairros perifricos e favelas de alguns centros urbanos,
inclusive dominadas pelo crime e narcotrfico, e a vida escolar: Esses trabalhos trazem questes
importantes para a compreenso das relaes entre a violncia e escola, apontando, principalmente,
a influncia do aumento da criminalidade e da insegurana sobre os alunos e a deteriorao do clima
escolar(2001,p.95).
Mas Sposito ressalta que o incremento da criminalidade e insegurana urbana no so
capazes de dar conta da complexidade do fenmeno da violncia escolar: a ausncia de um
dispositivo institucional democrtico no interior de algumas instituies pblicas como o caso dosaparelhos de segurana, em particular, a polcia, articulada fraca presena estatal na oferta de
servios pblicos de natureza social destinado aos setores pobres um fator a ser considerado na
intensificao das prticas violentas nos bairros e escolas(idem,p.99).
Outros fatores a serem considerados seriam a forma precria com a qual se deu a expanso
do ensino pblico a partir da abertura democrtica, ou seja, sem investimentos suficientes na rede de
escolas e na formao dos professores, a falta de projetos educativos capazes de dar conta da nova
dinmica escolar que absorveu um maior nmero de alunos, as condies do mercado de trabalho
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que afetam a concepo de mobilidade possvel atravs da maior escolarizao, o que instaura uma
crise na eficcia socializadora da escola.
A autora chama ateno para os estudos que identificam um padro de sociabilidade entre
os alunos marcado por prticas violentas fsicas e no fsicas ou incivilidades que se espraiam
para alm das regies e estabelecimentos situados em reas difceis ou precrias, atingindo,
tambm escolas particulares destinadas a elites(idem, p.99). Mas no seria s a relao entre os
alunos e seus pares que estaria marcada por agresses, mas tambm a relao com o mundoadulto, o que estaria afetando o clima nos estabelecimentos escolares, principalmente o
comportamento dos professores, que passam a sentir-se sob ameaa permanente, quer real ou
imaginria(idem, p.100).
Pesquisas acadmicas sobre o tema no pas
Como exemplos de pesquisas sobre violncia escolar realizadas no Brasil, tm-se a o
trabalho de Guimares, que investigou o tema por meio de uma pesquisa de campo realizada noperodo de 1988 a 1990 no municpio de Campinas, os resultados desta pesquisa encontram-se no
livro: A dinmica da violncia escolar Conflito e Ambigidade. A partir do estudo de caso de duas
escolas, uma localizada na periferia e outra na regio central, a autora fez uma anlise comparativa,
baseando-se em observaes e entrevistas com alunos, policiais militares, professores, diretores e
funcionrios, a fim de identificar como estes atores compreendem a violncia na escola e suas
possveis causas, alm da maneira como lidam com este problema e a opinio sobre os rgos
responsveis pela segurana escolar.
Guimares baseada nas informaes coletadas e observaes feitas na escola da periferia,que era tida como a mais depredada por moradores e diretores da regio da pesquisa, estabelece
algumas consideraes sobre a dinmica das relaes nesta instituio, alm de indicar vrias
representaes dos prprios atores sobre a violncia escolar. A autora destaca a tenso sempre
presente, tanto nas salas de aula como no recreio, entre uma efervescncia social representada
pelo comportamento dos alunos e uma tentativa da escola enquanto poder institudo de tentar
imprimir seu controle.
Assim, por exemplo, as gracinhas e piadas observadas nas salas de aula, segundo a autora,
seriam maneiras encontradas pelos alunos de impedirem um controle absoluto, reduzindo a rigidezinstitucional: a ironia, as tiradas, os rumores, os trocadilhos, como elementos estruturantes da
violncia, so mecanismos que impedem a domesticao, abrindo uma brecha, uma falha na lgica
da dominao(Guimares, 1996, p.74)
Os relatos sobre o estudo da escola localizada na regio central de Campinas, de forma
geral, apontam tambm para a existncia de conflitos na escola, como brigas entre alunos, pequenos
furtos, pichaes. Entretanto, a relao estabelecida entre os atores da escola demonstrou um
campo maior de negociao que favorecia a agregao dos alunos.
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Tm-se tambm a pesquisa de Eloisa Guimares e Vera de Paula realizada em algumas
escolas pblicas do municpio do Rio de Janeiro entre 1989 e 1990. Em princpio, esta pesquisa tinha
como objetivo caracterizar os alunos que freqentavam as escolas noturnas, alm de verificar a
relao dos contedos programticos que eram desenvolvidos e a realidade destes estudantes. Mas
durante as visitas a questo da violncia (crimes, uso de drogas, quebra de autoridade) se apresenta
como permeando a realidade escolar, o que fez com que a pesquisa se tornasse mais abrangente.
Assim, a preocupao volta-se em apreender as relaes existentes dentro da escola, a partir dasdiferentes manifestaes da violncia, atravs de um trabalho de campo baseado em relatos de
alunos e entrevistas com professores, diretores e funcionrios, no s nas escolas noturnas
regulares como tambm nas diurnas.
A pesquisa que foi desenvolvida especialmente em duas escolas, uma localizada em uma
regio mais central e outra numa regio de favelas, pde verificar que ambas possuam condies
precrias no que diz respeito estrutura fsica, mas que a violncia se manifestava de forma diversa
nelas.
Na primeira, cuja clientela era na sua maioria de alunos trabalhadores que apresentavamgrande nmero de faltas, a violncia, embora se apresentasse tambm em alguns indcios de drogas
e crimes, era maior no sentido da escola contra os alunos: o que ficava evidente pela depredao do
prdio, pela destruio dos quadros negros, das carteiras e das lmpadas(Guimares e Paula,
1992,p.128), sendo que os alunos demonstravam em suas falas grande desinteresse pela escola,
apresentando queixas dos professores, inclusive no que diz respeito ao excesso de faltas, alm de
queixas sobre o prprio espao fsico degradado.
Na segunda os alunos que trabalhavam eram minoria, e embora freqentassem a escola,
ficavam pouco nas salas de aula, pois reclamavam da falta dos professores, da baguna que eramas aulas, apresentando falta de interesse pelos contedos e empatia apenas por alguns professores.
No que diz respeito violncia, foi observado a ligao dos alunos com os grupos de influncia de
trfico, desse modo, a violncia maior seria a da sociedade em direo escola: Embora no
tenhamos podido quantificar o nmero de alunos envolvidos com a droga, pelos depoimentos
colhidos dentro e fora da escola podemos afirmar que, naquele momento, dentro dessa escola
reproduzia-se a briga das quadrilhas de traficantes de morros vizinhos. As paredes, repletas de
pichaes, representavam a disputa dos diferentes grupos pelo domnio do espao da
escola(idem,p.130). Alm disso, os alunos andariam armados e os professores e a direo j teriamsofrido ameaas por parte dos alunos. Esta interferncia da violncia do trfico no funcionamento da
dinmica escolar tambm foi constatada em outras escolas entrevistadas.
A pesquisa tambm indica alguns discursos contraditrios na fala dos alunos e de suas
famlias sobre o papel da escola e a realidade, isto porque, embora a escola ainda seja considerada
como meio de permitir a obteno de um futuro melhor, tambm estaria reproduzindo o mundo da
violncia, o que coloca em questo o que seria este futuro melhor capaz de ser propiciado pela
escola.
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H tambm o estudo de Camacho sobre as prticas de violncia e indisciplina em duas
escolas (uma pblica e outra particular) do municpio de Vitria, que atendem adolescentes de classe
mdia e alta. A autora procurou atravs desta pesquisa, que ouviu os diferentes atores escolares,
compreender a violncia praticada pelos alunos adolescentes no interior das escolas.
Por meio da aplicao de questionrios e realizao de grupos de discusso, a autora
realizou o levantamento e anlise de um conjunto de atos indisciplinares e violentos que permeiam o
ambiente escolar, como agresses (verbal e fsica) entre os alunos; agresses verbais/desrespeitoentre alunos e professores; discriminaes; depredaes; brincadeiras de mau gosto entre os pares;
baguna e no cumprimento das normas e atividades da escola. Alm disso, sua pesquisa permitiu
um delineamento das punies adotadas pelas escolas nos casos de ocorrncia destes atos
violentos e/ou indisciplinares.
Dentre as suas constataes, tem-se que a violncia praticada pelos alunos, no ambiente
escolar, pode se originar tanto da intolerncia ao diferente como da reao dos diferentes
discriminao sofrida, expressando-se tanto de forma mascarada (quando o emissor procurar
disfarar o seu ato) como de forma explcita.Assim, segundo a autora: a maioria das agresses praticadas nas escolas motivada pela
heterofobia, ou seja, pela estranha recusa da diferena, pela raiva, pela rejeio, enfim, pela no
aceitao daquele que o agressor julga diferente de si(Camacho, 2000, p.203). Inversamente,
porm, aqueles que so alvo desta discriminao, muitas vezes, respondem com agresso queles
que os discriminam.
Neste sentido, a autora indica que algumas situaes de discriminao que foram observadas
no cotidiano destas escolas so mascaradas ou pelos alunos (que no deixam os professores ou
outros funcionrios perceberem) ou mascaradas pelos prprios adultos que fingem no perceberestas atitudes discriminatrias contra determinados alunos, desse modo, acabam por no intervir
para a conteno destas prticas.
De forma geral, os trabalhos mencionados indicam que a escola, por vezes, no est
preparada para lidar com as diferentes manifestaes da violncia escolar, apresentando dificuldade
em criar mecanismos para gerir os conflitos que surgem no seu mbito de uma forma democrtica.
Neste sentido, Camacho indica que a escola ao centrar suas preocupaes apenas na sua
funo pedaggica, acaba por no atuar no ambiente relacional, assim, promove brechas que
permitem aos alunos a construo de experincias escolares, entre elas, a experincia da violncia(idem, p.254).
Guimares mostra como a escola no est preparada para atuar com as diferenas
representadas pelos alunos, acentuando as situaes conflituosas. Neste sentido, a escola acaba,
muitas vezes, por classificar os alunos que so mais indisciplinados ou marcados por alguma
diferena, como os marginais, os bagunceiros, os alunos da favela, considerando-os passveis ou
no de recuperao e que so tidos, por vezes, como indesejveis e, portanto, so transferidos para
outras escolas ou acabam abandonando os estudos.
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Entretanto, com esta atitude de transferir os alunos, a escola acaba por no refletir sobre a
sua funo socializadora no campo relacional e se exime de buscar alternativas de resoluo para os
conflitos que so gestados no seu cotidiano: a crena dos agentes de que a violncia acidental,
passageira, superficial, momentnea e localizada, faz com que lancem mo da soluo do conflito
pela eliminao(Camacho, 2000, p.246).
Pesquisas recentes realizadas por instituies no-governamentais, institutos de pesquisa esindicatos de classe no pas
De uma outra perspectiva, no no mbito acadmico, mas na esfera das instituies no
governamentais, institutos de pesquisa e sindicados de classe, nota-se uma crescente preocupao
com a questo da violncia escolar. Neste sentido, tm-se as pesquisas da UDEMO, CNTE, ILANUD
e tambm vrios trabalhos da UNESCO, os quais fornecem indcios significativos para o
delineamento das diferentes manifestaes da violncia nas instituies de ensino no Brasil
O Instituto Latino Americano das Naes Unidas para Preveno do Delito e Tratamento doDelinqente - ILANUD - realizou uma pesquisa sobre a vitimizao no ambiente escolar, no ano de
2000, em escolas do municpio de So Paulo envolvendo 1.026 alunos. De acordo com os resultados
obtidos, as modalidades de vitimizao mais freqentes entre os alunos foram: furto de objetos de
pequeno valor dentro da escola, ameaa de agresso e pertences danificados. Entre as violaes
auto-assumidas a mais recorrente foi a depredao do prdio escolar. De uma forma geral, esta
pesquisa concluiu que as escolas no municpio no apresentam um quadro generalizado de violncia
e que casos mais graves, como porte de armas, so raros no cotidiano escolar.
O relatrio A realidade sem retoques da educao no Brasil elaborado pela ConfederaoNacional dos Trabalhadores em Educao - CNTE - em 2001, prope-se a retratar a situao da
violncia escolar, no que diz respeito, ao consumo e trfico de drogas nas escolas. Para tanto,
apresenta os dados resultantes de uma coleta nacional realizada pelos sindicatos filiados em 2.351
unidades escolares pblicas e particulares do pas. De um modo geral, esta pesquisa procurou
estabelecer as possveis relaes entre o consumo de drogas e outras ocorrncias, como roubo,
furto, pichao e depredao no cotidiano escolar. Os resultados obtidos constaram a existncia
desta relao, desse modo, escolas onde foi evidenciada a presena de drogas (consumo e trfico)
foi indicada uma maior freqncia de atos de violncia contra pessoas e contra o patrimnio escolar.A UDEMO (Sindicato de Especialistas de Educao do Magistrio Oficial do Estado de So
Paulo) vm realizando desde 1995 pesquisas que tm como objetivo diagnosticar os problemas de
violncia nas escolas, bem como, indicar possveis solues. Na pesquisa realizada ao ano de 2001,
constam os resultados obtidos atravs do estudo de 429 unidades escolares (as quais responderam
a um questionrio enviado para um total de 5.000 escolas) localizadas nas diversas regies do
Estado (Capital, Grande So Paulo, Interior e Litoral). Entre as constataes realizadas tm-se que
328 (76%) destas escolas sofreram algum tipo de violncia durante o ano de 2001, sendo que, em
7% dessas escolas, houve morte violenta de alunos. Ainda, segundo esta pesquisa, o trfico e o
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incorporando no apenas a idia de maus-tratos, uso de fora ou intimidao, mas
tambm as dimenses scio-culturais e simblicas do fenmeno.
- Drogas nas escolas (2002), este livro apresenta os resultados de pesquisa realizada em
escolas pblicas e privadas (de ensino fundamental II e mdio) em 14 capitais do pas.
Analisa as representaes de alunos, corpo tcnico-pedaggico e pais sobre o
envolvimento dos jovens com drogas e suas repercusses no cotidiano escolar, a partir da
constatao da presena, do consumo e do trfico dessas substncias dentro das escolase em suas imediaes.
- Violncia nas escolas e polticas pblicas e Violncia nas escolas: dez abordagens
europias (ambos de 2002) so livros que, de modo geral, expem artigos de autores
estrangeiros que se dedicam a realizao de pesquisas na rea da violncia escolar.
Indicam algumas pesquisas e debates recentes realizados na rea, alm de intervenes
que vem sendo adotadas nos diferentes pases.
H de se destacar tambm o Relatrio de Cidadania II: Os jovens, a Escola e os Direitos
Humanos(2002) publicado pela Rede de Observatrios de Direitos Humanos. Este relatrioapresenta as experincias e representaes de jovens sobre a violncia escolar, por meio de
descries feitas por eles mesmos. Em geral, contm vrios relatos sobre os conflitos vivenciados
por estes jovens e seus pares no cotidiano escolar, e embora no se enquadre em padres
acadmicos, rico em indicar as vrias situaes conflituosas em escolas da periferia de So Paulo.
Em suma, este breve balano mostra a complexidade da pesquisa da violncia escolar, uma
vez que no caso especfico do Brasil preciso dar conta da violncia social que acaba por afetar a
vida escolar, da expanso da escolaridade, da nova conjuntura social marcada pela corroso da
possibilidade de mobilidade via escolarizao, da crise da sociedade assalariada e tambm do
prprio funcionamento da instituio escolar, no que diz respeito incapacidade, muitas vezes,
presente de gerir os inevitveis conflitos.
Assim, levando-se em considerao as diferentes abordagens dos autores, tem-se que a
violncia escolar pode ser investigada atravs de diferentes perspectivas: como uma violncia da
prpria instituio escolar atravs de mecanismos voltados manuteno da ordem e, portanto, de
atitudes e punies que, muitas vezes, atuam como recusa da diversidade representada pelos
alunos; como uma violncia que provm das interaes entre os diferentes atores escolares e,
assim, de formas no pacficas de resoluo dos conflitos; alm de uma violncia que se relaciona
com o aumento da criminalidade na sociedade em geral que acaba por afetar tambm a escola.
Esta reviso bibliogrfica indica a relevncia desta pesquisa de Iniciao Cientfica, que
pretende contribuir para o delineamento das situaes de violncia escolar no municpio de So
Paulo, especialmente, nos distritos da Zona Leste selecionados para investigao. Isto pela anlise
dos diferentes dados primrios obtidos atravs das visitas s escolas e dos dados secundrios,
provindos dos rgos pblicos de educao e segurana, alm das notcias veiculadas pela mdia
impressa.
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Em suma, esta reviso serviu de subsdio para o delineamento das diversas questes a
serem levadas em considerao na investigao das escolas, para as observaes a serem feitas
durante as visitas e tratamento dos resultados obtidos, mostrando a complexidade que envolve o
entendimento das diferentes manifestaes da violncia na instituio escolar.
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2) Resultados
A seguir esto apresentados e analisados os dados obtidos por meio das vrias etapas de
realizao desta pesquisa.
2.1) Perfil das escolas da Zona Leste segundo as fontes oficiais
Procurou-se realizar uma contextualizao da situao das escolas nesta regio do
municpio, por meio dos rgos de educao, no que diz respeito presena do poder pblico no
oferecimento das diferentes modalidades de ensino, ao aproveitamento escolar dos alunos e ao
abandono escolar nos diferentes nveis de ensino. Alm disso, buscou-se delinear o perfil das
escolas quanto violncia, segundo os rgos de segurana pblica.
2.1.1) rgos de Educao
- Secretaria de Estado da Educao
Junto Secretaria de Estado de Educao obteve-se um levantamento do total de escolas
pblicas e particulares existentes nos distritos da Zona Leste de So Paulo foco desta pesquisa e o
total de escolas para o municpio de So Paulo.
Os dados fornecidos foram: nome das escolas, localizao distrital, endereo, telefone, e-
mail, nmero de alunos por escola e nvel de ensino oferecido. Estes dados subsidiaram o trabalho
de seleo das escolas a serem visitadas nos quatro distritos selecionados e auxiliaram no
agendamento das visitas.
Alm disso, estes dados serviram de base para o trabalho NEV-USP de georeferenciamentodas escolas atravs da insero dos dados no programa MapInfo, o qual forneceu a distribuio do
total de escolas (pblicas e particulares) pelos distritos, evidenciando a concentrao de escolas na
regio central do municpio e a menor oferta de vagas nas regies perifricas.
- Secretaria Municipal de Educao - Departamento do Projeto Vida
De forma geral, este departamento vem promovendo os projetos Escola Aberta e Educao
pela Ondas do Rdio EDUCOM nas escolas da rede municipal de ensino. Procurou-se obter o
nmero de escolas onde estes projetos vm sendo desenvolvidos na rea selecionada parapesquisa, mas no foi possvel obter estas informaes, pois apesar do encaminhamento de ofcio
com pedido formal e reiteradas renovaes de solicitao, nenhuma resposta foi obtida. Desse
modo, no possvel localizar, por enquanto, esta atuao do governo municipal nos distritos
selecionados para a pesquisa.
- Secretaria Municipal de Planejamento Urbano - SEMPLA
A SEMPLA forneceu os seguintes dados sobre a educao pblica e particular para todo
municpio de So Paulo e tambm, desagregadamente, por distrito:
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matrculas iniciais e nmero de escolas no ensino infantil, fundamental e mdio em 2001;
demanda, taxa de escolarizao e taxa de defasagem no ensino fundamental e mdio em 2001;
matrculas iniciais e escolas no ensino profissional - Nvel Tcnico em 2001.
taxa de evaso, taxa de aprovao e repetncia escolar no ensino fundamental e mdio em
2000;
matrculas iniciais e escolas em educao especial em alfabetizao e no ensino infantil,
fundamental e mdio em 2000;
matrculas iniciais e escolas em educao especial de jovens e adultos em alfabetizao e no
ensino fundamental, mdio e profissionalizante em 2000.
Estes dados foram organizados segundo os quatro distritos censitrios da Zona Leste do
municpio de So Paulo selecionados para a pesquisa. A anlise destes dados tem como objetivo
geral avaliar a presena do poder pblico na esfera da educao, por meio da relao entre oferta e
demanda de matrculas nos diferentes nveis de ensino. Alm de apreender, especificamente, a
situao de desempenho dos alunos e o quadro de abandono escolar nesta rea, atravs das taxas
de aprovao, repetncia, defasagem idade/srie e evaso. Os dados obtidos esto apresentados aseguir:
1 - Creches
Tabela 1Nmero de matrculas por dependncia administrativaSo Paulo e distritos censitrios2001Local Total
(matrculas
iniciais)
Estadual/Federal(matrculas
iniciais)
Municipal(matrculas
iniciais)
Particular(matrculas
iniciais)So Paulo 100.999 243 78.441 22.315Cidade Tiradentes 950 - 925 25Iguatemi 726 - 711 15So Mateus 1.675 - 1.532 143So Rafael 1.399 - 1.373 26
Fonte: Secretaria de Estado da Educao/SE Centro de Informaes Educacionais/CIE.
2 Pr-Escola
Tabela 2
Nmero de matrculas e de escolas por dependncia administrativaSo Paulo e distritos censitrios2001
Total Estadual Municipal Particular Local Matrc.
iniciaisN de
escolasMatrc.iniciais
N deescolas
Matrc.iniciais
N deescolas
Matrc.iniciais
N deescolas
So Paulo 324.546 2.018 166 2 238.832 424 85.548 1.592Cidade Tiradentes 9.377 20 - - 9.254 16 123 4Iguatemi 4.206 9 - - 3.932 6 274 3So Mateus 5.594 34 - - 4.171 7 1.423 27So Rafael 5.895 14 - - 5.439 8 456 6
Fonte: Secretaria de Estado da Educao/SE Centro de Informaes Educacionais/CIE
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Tabela 3Nmero de matrculas em creches e pr-escolas segundo a faixa de idade, a demanda e a taxade coberturaSo Paulo e distritos censitrios2001Local Matrculas Demanda Taxa de Cobertura
%Idades 0 a 6 anos 0 a 6 anos 0 a 6 anos
So Paulo 382.623 1.223.147 31,3
Cidade Tiradentes 9.370 31.072 30,2Iguatemi 4.408 15.520 28,4So Mateus 6.390 19.256 33,2So Rafael 6.328 19.050 33,2
Fonte:Secretaria de Estado da Educao/SE Centro de Informaes Educacionais/CIE.
3 Ensino Fundamental
Tabela 4Nmero total de matrculas no Ensino Fundamental por dependncia administrativaSo Paulo e distritos censitrios
2001Total Estadual Municipal Particular
LocalMatrc.iniciais
N deescolas
Matrc.iniciais
N deescolas
Matrc.iniciais
N deescolas
Matrc.iniciais
n deescolas
So Paulo 1.630.290 2.470 804.022 1.010 550.954 442 275.314 1.018CidadeTiradentes
35.303 39 11.855 19 23.289 16 159 4
Iguatemi 21.648 25 7.342 11 13.792 12 514 2SoMateus
27.791 43 15.269 15 7.686 5 4.836 23
So Rafael 21.437 23 12.043 13 8.368 6 1.026 4Fonte: Secretaria de Estado da Educao/SE Centro de Informaes Educacionais/CIE
Tabela 5Nmero de matrculas no Ensino Fundamental segundo a faixa de idade, a demanda e a taxade escolarizao10
So Paulo e distritos censitrios2001
7 a 10 anos 11 a 14 anosLocal Matrc. Demanda Taxa de
escolarizao(%)
Matrc. Demanda Taxa deescolarizao
(%)So Paulo 676.153 662.562 102,1 739.427 724.726 102,2Cidade
Tiradentes
15.351 16.546 92,8 14.558 17.786 81,9
Iguatemi 8.882 8.799 100,9 9.550 8.998 106,1So Mateus 11.203 10.659 105,1 12.917 11.626 111,1So Rafael 9.119 9.856 92,5 9.274 10.046 92,3
Fonte: Secretaria de Estado da Educao/SE Centro de Informaes Educacionais/CIE
10 Segundo a Secretaria de Educao, para clculo da taxa de escolarizao consideraram-se apenas as matrculas dapopulao na faixa etr ia apropriada para as sries em questo. Assim, no so consideradas as matrculas de alunosque apresentam defasagem idade-srie.
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Tabela 6Taxa de defasagem Idade-Srie no Ensino FundamentalSo Paulo e distritos censitrios2001
Taxa de Defasagem IdadeSrie (%)Local
Total 1srie 2. srie 3. srie 4. srie 5. srie 6. srie 7. srie 8.srieSo Paulo 17,4 4,4 6,3 9,0 18,3 22,1 23,8 24,9 29,8CidadeTiradentes
20,8 4,1 6,1 11,1 22,9 27,2 29,8 34,3 38,3
Iguatemi 19,4 3,0 4,5 8,6 21,0 23,4 30,5 28,9 36,0SoMateus
16,5 4,0 5,8 7,7 16,3 20,2 21,9 23,3 29,9
So Rafael 19,9 4,2 6,4 9,7 17,8 24,0 29,4 30,4 38,8Fonte:Secretaria de Estado da Educao/SE Centro de Informaes Educacionais/CIE
Tabela 7Taxas de aprovao, reprovao e evaso no Ensino Fundamental por sriesSo Paulo e distritos censitrios2000Local Sries Taxa de
Aprovao (%)Taxa de
Repetncia (%)Taxa de
evaso (%)
De 1. a 4. 94,7 3,3 2,0So Paulo De 5. a 8. 90,3 5,2 4,5De 1. a 4. 93,9 3,2 2,9Cidade TiradentesDe 5. a 8. 87,2 6,3 6,5De 1. a 4. 92,3 4,3 3,4IguatemiDe 5. a 8. 91,3 3,5 5,2De 1. a 4. 94,9 3,6 1,5So MateusDe 5. a 8. 90,3 5,2 4,6De 1. a 4. 93,8 4,4 1,8So RafaelDe 5. a 8. 89,7 6,9 3,4
Fonte:Secretaria de Estado da Educao/SE Centro de Informaes Educacionais/CIE.
4 Ensino Mdio
Tabela 8Total de matrculas, nmero de alunos e rede de escolas do Ensino Mdio:So Paulo e distritos censitrios2001
Total Estadual Municipal Particular
LocalMatrc.Iniciais
N deescolas
Matrc.iniciais
N deescolas
Matrc.iniciais
N deescolas
Matrc.iniciais
n deescolas
So Paulo 578.184 1.128 476.277 583 4.280 8 97.627 537Cidade
Tiradentes
10.227 11 9.657 10 570 1 - -
Iguatemi 4.433 6 4.433 6 - - - -SoMateus
9.506 16 8.326 10 - - 1.180 6
So Rafael 6.145 11 6.090 9 - - 55 2Fonte:Secretaria de Estado da Educao/SE Centro de Informaes Educacionais/CIE.
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Tabela 9Nmero de matrculas no Ensino Mdio segundo a faixa de idade, a demanda e a taxa deescolarizao (de 15 a 17 anos)So Paulo e distritos censitrios2001Local Matrculas Demanda Taxa de
Escolarizao (%)
Idades15 a 17
anos15 a 17
anos15 a 17
anos
So Paulo 333.852 581.370 57,4%Cidade Tiradentes 4.785 13.412 35,7%Iguatemi 2.456 6.980 35,2%So Mateus 5.185 9.171 56,5%So Rafael 3.107 7.676 40,5%
Fonte:Secretaria de Estado da Educao/SE Centro de Informaes Educacionais/CIE.
Tabela 10Taxa de defasagem Idade-Srie no Ensino Mdio por rede de ensino e srieSo Paulo e distritos censitrios2001
Taxa de Defasagem Idade-Srie (%)LocalTotal 1. Srie 2. Srie 3. srie 4. srie
So Paulo 49,6 39,7 70,4 39,1 39,8Cidade Tiradentes 58,4 52,0 72,2 51,2 60,5Iguatemi 52,4 42,1 68,5 46,8 -So Mateus 52,0 41,3 72,0 42,0 -So Rafael 55,8 47,3 72,4 49,0 -
Fonte:Secretaria de Estado da Educao/SE Centro de Informaes Educacionais/CIE.
Tabela 11Taxas de aprovao, repetncia e evaso no Ensino Mdio por rede de ensinoSo Paulo2000
Escolas Taxa de aprovao
(%)
Taxa de
repetncia (%)
Taxa de
evaso (%)Total 88,3 6,5 10,2
EnsinoPblico
77,3 7,0 11,9
Estadual 82,5 7,0 12,0Municipal 82,8 6,4 1,5
So Paulo
Particular 81,3 4,1 1,5Fonte:Secretaria de Estado da Educao/SE Centro de Informaes Educacionais/CIE.
Tabela 12Taxas de aprovao, repetncia e evaso no Ensino Mdio por rede de ensinoDistrito municipal de Cidade Tiradentes
2000 Escolas Taxa de aprovao(%)
Taxa derepetncia (%)
Taxa deevaso (%)
Total 77,3 10,2 12,4EnsinoPblico
77,3 10,2 12,4
Estadual 76,6 10,6 12,8Municipal 92,3 2,8 4,9
CidadeTiradentes
Particular - - -Fonte:Secretaria de Estado da Educao/SE Centro de Informaes Educacionais/CIE.
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Tabela 13Taxas de aprovao, repetncia e evaso no Ensino Mdio por rede de ensinoDistrito municipal de Iguatemi2000
Escolas Taxa de aprovao(%)
Taxa derepetncia (%)
Taxa deEvaso (%)
Total 82,5 7,9 9,6Ensino
Pblico
82,5 7,9 9,6
Estadual 82,5 7,9 9,6Municipal - - -
Iguatemi
Particular - - -Fonte:Secretaria de Estado da Educao/SE Centro de Informaes Educacionais/CIE.
Tabela 14Taxas de aprovao, repetncia e evaso no Ensino Mdio por rede de ensinoDistrito municipal de So Mateus2000
Escolas Taxa de aprovao(%)
Taxa derepetncia (%)
Taxa deEvaso (%)
Total 82,5 6,1 11,1EnsinoPblico
79,8 6,9 13,3
Estadual 79,8 6,9 13,3Municipal - - -
SoMateus
Particular 95,3 2,7 2,0Fonte:Secretaria de Estado da Educao/SE Centro de Informaes Educacionais/CIE.
Tabela 15Taxas de aprovao, repetncia e evaso no Ensino Mdio por rede de ensinoDistrito municipal de So Rafael2000
Escolas Taxa deaprovao (%) Taxa derepetncia (%) Taxa deEvaso (%)Total 81,3 11,4 7,3EnsinoPblico
81,2 11,5 7,3
Estadual 81,2 11,5 7,3Municipal - - -
SoRafael
Particular 100,0 - -Fonte:Secretaria de Estado da Educao/SE Centro de Informaes Educacionais/CIE.
5 Educao de J ovens e Adultos
- Escolas de Alfabetizao de Jovens e Adultos
Oficialmente s h registros de escolas de alfabetizao de adultos no distrito de So Mateus
dentre aqueles que esto sendo pesquisados.
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Tabela 16Total de matrculas, nmero e rede de escolas de alfabetizao de jovens e adultos por redede ensinoMunicpio de So Paulo e So Mateus2000
Total Federal Municipal Particular
LocalMatrc. N de
escolasMatrc. N de
escolasMatrc. N de
escolasMatrc. n de
escolasSo Paulo 3.253 50 33 1 836 7 2.384 42
SoMateus 96 2 - - - - 96 2
Fonte: Secretaria de Estado da Educao/SE Centro de Informaes Educacionais/CIE.
Tabela 17Total de matrculas nas escolas de alfabetizao de jovens e adultos por faixa etriaMunicpio de So Paulo e So Mateus2000
Local Total< 15anos
15 a 17anos
18 a 24anos
25 a 29anos
30 a 34anos
35 a 39anos
>39anos
So Paulo 3.253 27 216 829 532 487 362 800So Mateus 96 1 11 16 10 17 11 30
Fonte: Secretaria de Estado da Educao/SE Centro de Informaes Educacionais/CIE.
- Educao de Jovens e Adultos no Ensino Fundamental
Tabela 18Total de matrculas de jovens e adultos no Ensino Fundamental por rede de ensinoSo Paulo e distritos censitrios2000
Total Estadual Municipal Particular
Local Matrc. N deescolas
Matrc. N deescolas
Matrc. n deescolas
Matrc. N deescolas
So Paulo 163.586 544 18.439 103 131.220 302 13.927 139CidadeTiradentes
1.819 5 - - 1.819 5 - -
Iguatemi 1.829 7 102 1 1.727 6 - -SoMateus
2.412 9 298 2 2.031 5 83 2
So Rafael 1.860 6 - - 1.806 5 51 1Fonte:Secretaria de Estado da Educao/SE Centro de Informaes Educacionais/CIE.
Tabela 19Total de matrculas no Ensino Fundamental para jovens e adultos por faixa etriaSo Paulo e distritos censitrios
2000
Local Total< 15anos
15 a 17anos
18 a 24anos
25 a 29anos
30 a 34anos
35 a39
anos
>39anos
So Paulo 163.586 3.462 22.573 60.360 26.090 18.061 13.164 19.876CidadeTiradentes
1.819 24 404 724 177 167 111 212
Iguatemi 1.829 126 352 609 226 188 161 167So Mateus 2.412 5 458 834 382 248 200 285So Rafael 1.860 14 380 751 224 173 145 173
Fonte:Secretaria de Estado da Educao/SE Centro de Informaes Educacionais/CIE.
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- Educao de Jovens e Adultos no Ensino Mdio
Tabela 20Total de matrculas de jovens e adultos no Ensino Mdio por rede de ensinoSo Paulo e distritos censitrios2000
Total Estadual Municipal Particular
LocalMatrc. N de
escolasMatrc. N de
escolasMatrc. N de
escolasMatrc. N de
escolas
So Paulo 81.750 372 57.199 197 1.220 2 23.331 173CidadeTiradentes 825
2825
2-
--
-
Iguatemi 725 4 725 4 - - - -SoMateus 982
5661
1-
- 321 4
So Rafael 851 3 680 2 - - 171 1
Fonte: Secretaria de Estado da Educao/SE Centro de Informaes Educacionais/CIE.
Tabela 21Total de matrculas e faixa etria no Ensino Mdio para jovens e adultos por faixa etriaSo Paulo e distritos censitrios
2000
Local Total15 a17
anos
18 a 24anos
25 a 29anos
30 a 34anos
35 a 39anos
>39anos
So Paulo 81.750 2.554 30.095 16.941 12.228 8.801 11.131CidadeTiradentes
825 71 133 103 74 44 400
Iguatemi 725 - 170 183 169 119 84So Mateus 982 132 410 183 123 61 73So Rafael 851 1 188 196 158 156 152
Fonte: Secretaria de Estado da Educao/SE Centro de Informaes Educacionais/CIE.
- Escolas de Ensino Profissionalizante para Jovens e Adultos
Tabela 22Total de matrculas e nmero de escolas no Ensino Profissionalizante para jovens e adultospor rede de ensinoSo Paulo e So Mateus2000
Total Estadual Municipal Particular
LocalMatrc. N de
escolasMatrc. n de
escolasMatrc. n de
escolasMatrc. N de
escolasSo Paulo 8.329 37 1.228 6 2.820 2 4.281 29So
Mateus
358 1 - - - - 358 1
Fonte: Secretaria de Estado da Educao/SE Centro de Informaes Educacionais/CIE.
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Tabela 23Total de matrculas por faixa etria no Ensino Profissionalizante para jovens e adultos porfaixa etriaSo Paulo e So Mateus2000
Local Total< 15anos
15 a 17anos
18 a 24anos
25 a29anos
30 a34anos
35 a39anos
>39anos
So Paulo 8.32
9
1.29
2
685 2.544 1.278 1.051 817 662
So Mateus 358 - 1 169 87 57 25 19Fonte: Secretaria de Estado da Educao/SE Centro de Informaes Educacionais/CIE.
6 Escolas de Educao Especial
- Educao Especial em Alfabetizao
No existe registro oficial de escolas de Educao Especial em Alfabetizao nos distritos
censitrios da Zona Leste que estamos considerando.
Tabela 24Total de matrculas e nmero de escolas de Educao Especial em Alfabetizao por rede deensinoSo Paulo2000
Total Estadual Municipal Particular
LocalMatrc. N de
escolasMatrc. N de
escolasMatrc. N de
escolasMatrc. N de
escolasSo Paulo 28 2 28 2 - - - -
Fonte: Secretaria de Estado da Educao/SE Centro de Informaes Educacionais/CIE.
- Educao Especial no Ensino Infantil
No existe registro oficial de escolas de Educao Especial no Ensino Infantil dos distritos
censitrios da Zona Leste que estamos considerando.
Tabela 25Total de matrculas e nmero de escolas de Educao Especial no Ensino Infantil por rede deensinoSo Paulo2000
Total Estadual Municipal Particular
LocalMatrc. N de
escolasMatrc. N de
escolasMatrc. N de
escolasMatrc. N de
escolasSoPaulo
465 21 - - 136 6 329 15
Fonte: Secretaria de Estado da Educao/SE Centro de Informaes Educacionais/CIE.
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- Educao Especial no Ensino Fundamental
Tabela 26Total de matrculas e nmero de escolas de Educao Especial no Ensino Fundamental porrede de ensinoSo Paulo e distritos censitrios2000
Total Estadual Municipal Particular
Local
Matrc. N de
escolas
Matrc. N de
escolas
Matrc. N de
escolas
Matrc. N de
escolasSo Paulo 6.276 200 4.399 179 1.053 7 824 14CidadeTiradentes 11
111
1-
--
-
Iguatemi - - - - - - - -SoMateus 43
243
2-
- - -
SoRafael 29
129
1-
- - -
Fonte: Secretaria de Estado da Educao/SE Centro de Informaes Educacionais/CIE.
- Educao Especial no Ensino Mdio
No existe registro oficial de escolas de Educao Especial no Ensino Mdio dos distritos
censitrios da Zona Leste que estamos considerando.
Tabela 27Total de matrculas e nmero de escolas de Educao Especial no Ensino Mdio por rede deensinoSo Paulo2000
Total Estadual Municipal Particular Local Matrc. N de
escolas
Matrc. N de
escolas
Matrc. N de
escolas
Matrc. n de
escolasSo Paulo 5 1 - - - - 5 1
Fonte: Secretaria de Estado da Educao/SE Centro de Informaes Educacionais/CIE.
7 - Ensino Profissionalizante
Tabela 28Total de matrculas e escolas no Ensino Profissionalizante por rede de ensinoSo Paulo e distritos censitrios2001
Total Estadual Municipal Particular
LocalMatrc. N de
escolasMatrc. N de
escolasMatrc. N de
escolasMatrc. n de
escolasSo Paulo 65. 726 332 27.131 76 149 1 38.446 255CidadeTiradentes -
--
--
--
-
Iguatemi - - - - - - - -SoMateus 233
4-
--
- 233 4
So Rafael - - - - - - -
Fonte: Secretaria de Estado da Educao/SE Centro de Informaes Educacionais/CIE.
A partir destes dados, comparando os distritos de Cidade Tiradentes, Iguatemi, So Mateus e
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7/28/2019 Conflito e insegurana escolar na Zona Leste de So Paulo.pdf
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So Rafael, possvel inferir que:
- A demanda de creches e pr-escolas no Municpio de So Paulo muito maior que a oferta,
apenas 31,3% de crianas nesta faixa etria esto sendo atendidas. Dentre os distritos selecionados
para a pesquisa, Cidade Tiradentes e Iguatemi so os que apresentam a pior taxa de cobertura,
30,2% e 28,4%.
- Os distritos de Cidade Tiradentes e So Rafael apresentam as menores taxas de
escolarizao no ensino fundamental dos quatro distritos: 92,8% e 92,5% no que se refere a idade de
7 a 10 anos, e de 81,9% e 92,3% na faixa de idade de 11 a 14 anos, ndices estes abaixo dos do
municpio de So Paulo que so, respectivamente, 102,1% e 102% 11.
- Cidade Tiradentes tem a maior taxa de defasagem idade-srie no ensino fundamental: 20,8%,
acima da mdia do municpio de So Paulo que de 17,4%. Em segundo lugar, com a maior taxa de
defasagem est o distrito de So Rafael: 19,6%. importante notar que estes dados referem-se a
uma mdia de todas as sries, e que as taxas sofrem um aumento quando h uma progresso nas
sries.
- O distrito de Iguatemi apresenta a menor taxa de escolarizao no Ensino Mdio: 35,2%,
sendo que a taxa no municpio de So Paulo de 57,4%. Cidade Tiradentes tem a segunda menor
taxa de escolarizao: 35,7%.
- A evaso escolar no Ensino Mdio maior no distrito de Cidade Tiradentes: 12,4% contra a
mdia de 10,2% do municpio de So Paulo. A segunda maior taxa de evaso do distrito de So
Mateus: 11,1%.
- No h escolas de Educao Especial para alfabetizao ou ensino mdio nos distritos
selecionados para pesquisa.
- No que diz respeito ao Ensino Profissionalizante h registros de existncia de escolas deste
tipo apenas no distrito de So Mateus, o mesmo ocorre com as escolas de Alfabetizao de Jovens e
Adultos.
- S h registro de escolas de Alfabetizao de Jovens e Adultos no distrito de So Mateus.
De forma geral, pode-se constatar, atravs destes dados, que os distritos selecionados na
pesquisa so heterogneos em termos do acesso educao. Em comum estes distritos tm algum
dficit em relao mdia da cidade, em termos dos indicadores educacionais. Desse modo, nestes
distritos onde vrias excluses se sobrepem, soma-se tambm a excluso educacional.
Esta situao fica evidente quando comparamos as demandas e ofertas de matrculas e as
diferentes taxas de evaso, escolarizao, defasagem e repetncia destes distritos com quelas
representativas de todo o municpio de So Paulo. O distrito de Cidade Tiradentes se destaca entre o
que mais apresenta ndices insatisfatrios.A inexistncia de algumas modalidades de ensino, como ensino profissionalizante e educao
especial, atesta ainda mais a falha do poder pblico em atender as necessidades da populao local.
Tambm grave a situao da educao infantil, onde grande parte das crianas no atendida.
Em Cidade Tiradentes, no ano de 2000, o total de matrculas, na faixa etria de 15 a 17 anos,
Segundo a Secretaria de Educao o clculo da taxa de escolarizao realizado apenas atravs da demanda e
matrcula da populao na faixa etria apropriada para as sries consideradas, ou seja, no considerando-se os alunosque apresentam defasagem idade-srie . Este um dos motivos que faz com que a taxa de escolarizao exceda os100%., o que demonstra a falta de exatido deste dado.
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7/28/2019 Conflito e insegurana escolar na Zona Leste de So Paulo.pdf
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foi de 4.785, enquanto a demanda era por 13.412 vagas. Portanto, verifica-se que grande parte da
populao que faz parte da faixa etria mais vulnervel violncia, no est freqentando o ensino
mdio, seja pela defasagem que faz com estes jovens ainda estejam cursando o ensino fundamental,
ou ainda mais grave, devido evaso escolar. Esta falta de vagas no ensino mdio no exclusiva
deste distrito, mas se repete nos outros 3 distritos selecionados.
Perfil da violncia nas escolas e arredores a partir dos rgos oficiais de segurana
- Os dados da Guarda Civil Metropolitana (GCM)
A Guarda Civil Metropolitana responsvel pela segurana das escolas municipais,
principalmente, de ensino fundamental (EMEF) e de ensino infantil (EMEI). Atravs da visita ao
Comando Geral da Guarda Civil Metropolitana foi possvel obter o total de ocorrncias policiais e
escolares para o municpio de So Paulo e as ocorrncias registradas pelo Comando Operacional
Leste nos anos de 2000 e 2001. A seguir esto relacionados os dados obtidos:
Tabela 30Nmero de ocorrncias policiais e ocorrncias policiais nas escolasSo Paulo e Comando Operacional Leste2000 e 2001
Total de OcorrnciasPoliciais
Ocorrncias Policiais nasEscolas
Local
2000 2001 2000 2001So Paulo 6.726 8.235 542 1.138Comando Operacional Leste 2.332 3.145 235 503
Fonte: Guarda Civil Metropolitana do Municpio de So Paulo.
A partir destes dados possvel verificar que as ocorrncias policiais nas escolas
correspondem a 8% e 13,8% do total das ocorrncias registradas pela GCM no municpio de So
Paulo, respectivamente para os anos de 2000 e 2001. Para a Zona Leste temos nas escolas 10% e
16% do total de ocorrncias registradas pela GCM, respectivamente para 2000 e 2001.
Alm disso, pode-se identificar que o nmero de ocorrncias escolares dobrou entre 2000 e
2001, passando de 542 ocorrncias para 1.138. Segundo a prpria Guarda Civil Metropolitana isto se
deve ao aumento da presena policial nas escolas.
Abaixo esto relacionados o total da populao no Municpio de So Paulo, o total da
populao na Zona Leste e as ocorrncias policiais nas escolas registradas pela Guarda Civil
Metropolitana em 2000:
Tabela 31Total da populao e nmero de ocorrncias policiais nas escolasSo Paulo e Zona Leste2000Local Populao Ocorrncias EscolaresSo Paulo 10.434.252 542Zona Leste 3.795.372 235
Fonte:Guarda Civil Metropolitana do Municpio de So Paulo, IBGE e SEMPLA
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Segundo estes dados, podemos verificar que a populao da Zona Leste de So Paulo
corresponde a 36,4% do total da populao do municpio de So Paulo. Sendo que as ocorrncias
escolares registradas pela Guarda Civil, s na Zona Leste, representam 43,4% do total das
ocorrncias registradas em todo Municpio. Desse modo, constatamos que h uma alta concentrao
de ocorrncias escolares na Zona Leste por habitante.
Este padro elevado tambm evidenciado quando se faz uma comparao com os dados
fornecidos para Zona Sul do Municpio de So Paulo:
Tabela 32Populao e nmero de ocorrncias policiais nas escolasZonas Leste e Sul2000Local Populao Ocorrncias EscolaresZona Leste 3.795.372 235Zona Sul 3.293.274 120
Fonte:Guarda Civil Metropolitana do Municpio de So Paulo, IBGE e SEMPLA.
As ocorrncias escolares da Zona Sul, que tm uma populao de 31,5% do total do
Municpio, representam apenas 22,1% do total das ocorrncias.
A seguir encontra-se o nmero de ocorrncias registradas na Zona Leste durante os anos de
2000 e 2001 por inspetoria regional:
Tabela 33Nmero e tipo de ocorrncias policiais nas escolasInspetorias Regionais Leste e Comando Operacional Leste2000 e 2001
Nmero de ocorrnciasInspetorias Regionais
2000 2001Aricanduva / Vila Formosa 4 20Ermelino Matarazzo 9 1Guaianazes 85 73Itaim Paulista 18 61Itaquera 20 18Moca - 22Penha 25 40So Mateus 27 55So Miguel Paulista 20 66Vila Prudente 22 147COL* 5 -Total 235 503Fonte:Guarda Civil Metropolitana(*) Comando Operacional Leste
Pode-se verificar pela Tabela 33, que no ano de 2000 houve uma concentrao de
ocorrncias escolares atendidas pela GCM na rea da inspetoria regional de Guaianazes, 85
ocorrncias, seguida pela inspetoria de So Mateus com um total de 27 ocorrncias.
Para o ano de 2001, tem-se um grande nmero de ocorrncias registradas na inspetoria de
Vila Prudente, ou seja, 147 ocorrncias. Em segundo h o total de ocorrncias escolares registradas
na inspetoria de Guaianazes, 73 ocorrncias.
Abaixo esto especificadas as ocorrncias registradas pela GCM nas unidades escolares da
Zona Leste do municpio de So Paulo para os anos de 2000 e 2001:
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Tabela 34Nmero e tipo de ocorrncias policiais nas escolasComando Operacional Leste2000 e 2001
Total de ocorrnciasOcorrncias2000 2001
Acidente pessoal 35 91
Agresso 10 26Atentado ao pudor - 3Auto localizado - 8Auxlio pblico 11 24Dano/depredao 20 24Desacato/resistncia 6 32Desordem/desinteligncia 7 16Disparo de arma - 3Embriaguez 3 3Entorpecente 15 33Estupro - 1Furto de auto 1 5Furto de estabelecimento 3 3
Furto qualificado 11 11Furto simples 2 5Homicdio - 4Tentativa de homicdio - 3Incndio 4 3Infrao de trnsito 8 14Irregularidade material ou administrativa 5 -Leso corporal 2 7Menor abandonado 6 4Menor infrator 22 50Nada constatado 15 9Ocorrncia no especificada 25 74
Perturbao do sossego 8 6Porte ilegal de arma 1 4Tentativa de roubo 4 5Roubo de auto - 5Roubo de estabelecimento - 2Roubo 6 8Vigia com qualquer irregularidade - 4Outros* 5 13Total 235 503
Fonte: Guarda Civil Metropolitana do Municpio de So Paulo.(*) inundao, acidente de trnsito, menor abandonado, animal achado, fraude/estelionato, corrupo de menores, objetoachado.
Por meio da Tabela 34, pode-se verificar que o maior nmero de ocorrncias nas escolasatendidas pela GCM, diz respeito s ocorrncias de acidente pessoal - 35 ocorrncias em 2000 e 91
ocorrncias em 2001. Seguem-se as ocorrncias no especificadas, 25 em 2000 e 74 em 2001,
alm das ocorrncias na categoria menor infrator: 22 ocorrncias em 200 e 50 em 2001. A
impreciso destes dados impossibilita a realizao de consideraes.
Outras ocorrncias freqentes so as depredaes, com 20 ocorrncias em 2000 e 24
ocorrncias em 2001. Na categoria entorpecentes, tem-se um total de 15 ocorrncias em 2000 e
um aumento para 33 ocorrncias em 2001. O nmero de agresses, que no ano de 2000 foi de 10
ocorrncias e em 2001 passou para 26 ocorrncias. Alm da ocorrncia de furto qualificado, 11
casos tanto em 2000 quanto em 2001.
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Ocorrncias graves como homicdios e porte de armas aparecem em menor nmero, assim,
no h nenhuma ocorrncia de homicdio registrada em 2000 e 4 casos em 2001; e 1 caso de porte
de arma em 2000 e 4 casos em 2001.
Segundo estes dados, a violncia escolar est se referindo, em maior proporo, violncia
contra o patrimnio, aos problemas de consumo e trfico de drogas (embora os dados no faam
distino), aos furtos, e s agresses (uma dificuldade apresentada por estes dados que no
permitem a identificao da vtima de cada ocorrncia por exemplo, se aluno, professor ou outros
- e tambm do tipo de agresso - se fsica leve ou com ferimento).
De modo geral, estes dados indicam os casos nos quais a escola solicitou atendimento
policial. Os dados revelam qual tem sido a atuao da polcia nas ocorrncias escolares, mas no
fornece indicativos seguros sobre o que realmente ocorre nas instituies escolares.
- Os dados da Polcia Militar (Coordenadoria de Anlise e Planejamento)
Junto Polcia Militar foram obtidos os dados sobre as ocorrncias policiais registradas nas
escolas estaduais dos distritos policiais de So Mateus, So Rafael e Cidade Tiradentes12.
Estes dados baseiam-se nos boletins de ocorrncia que a Coordenadoria de Anlise e
Planejamento da Secretaria de Segurana Pblica analisa. importante ressaltar, contudo, que
estes dados no esto organizados e disponibilizados desagregadamente, sendo que algumas
destas ocorrncias podem no estar relacionadas necessariamente ao ambiente escolar, visto que o
sistema de busca destes BOs utilizado pela Polcia Militar foi feito com o uso de palavras-chave, o
que no d necessariamente preciso aos dados.
importante notar que a Polcia Militar dispe de um policiamento especfico para as escolas
que a Ronda Escolar. A ausncia de dados desagregados sobre violncia dentro das escolas e nos
seus arredores representa uma dificuldade na formulao de estratgias de preveno da violncia -
criminal ou no neste ambiente. Conforme levantamento de notcias de imprensa do Banco de
Dados a escola apresenta condies propcias para a ecloso de conflitos que vo desde pequenas
incivilidades at ocorrncias criminais de maior gravidade, como trfico e homicdio.
A PM no forneceu o total de ocorrncias para o municpio de So Paulo, o que impede
anlises comparativas.
Sero apresentados, a seguir, os dados obtidos em relao ao ano de 2000, 2001 e 1
semestre de 2002.
12 O distrito municipal de Iguatemi no corresponde a nenhum distrito policial especfico, este faz parte dos distritospoliciais de Cidade Tira