conservação de Água em máquina de fabricação de papel
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUB
PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA DA ENERGIA
CONSERVAO DE GUA EM MQUINA DE FABRICAO DE PAPEL
O caso da Bahia Sul Papel e Celulose S.A.
DEBORA CRISTINA LEITE NUNES
Itajub, Setembro de 2007
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUB
PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA DA ENERGIA
CONSERVAO DE GUA EM MQUINA DE FABRICAO DE PAPEL
O caso da Bahia Sul Papel e Celulose S.A.
DEBORA CRISTINA LEITE NUNES
Dissertao submetida ao Programa de Ps-Graduao em
Engenharia da Energia como parte dos requisitos para obteno do
Ttulo de Mestre em Cincias em Engenharia da Energia
Setembro de 2007 Itajub
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FOLHA DE APROVAO
DEBORA CRISTINA LEITE NUNES
CONSERVAO DE GUA EM MQUINA DE FABRICAO DE PAPEL- O CASO DA BAHIA SUL PAPEL E CELULOSE
Dissertao defendida e aprovada em 10/09/2007 pela comisso julgadora:
(Prof.Dr. Ivanildo Hespanhol/USP-So Paulo)
(Prof. Dra. Herlane dos Santos Costa/UNIFEI)
(Prof.Dr Roberto Alves de Almeida(Orientador)/UNIFEI)
Dr. Edson da Costa Bortoni
Coordenador da Engenharia da Energia
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Aos meus pais Sandra e Srgio,
ao meu marido Fabrcio e ao meu filho Lucas.
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Agradeo primeiramente a Deus,
pois sem ele nada podemos.
Agradeo ao professor Roberto Alves de Almeida,
meu orientador, pela confiana e amizade.
Agradeo a Indstria Suzano Bahia Sul Papel e Celulose S.A.,
pela oportunidade proporcionada.
Agradeo aos amigos Thomas ber Jr., pela colaborao na coleta de dados
e der, pelo auxlio e pacincia na fase final deste trabalho.
Agradeo minha famlia,
pela colaborao, imprescindvel para a concluso deste trabalho.
A todos da UNIFEI que direta ou indiretamente contriburam para a
finalizao deste trabalho, em especial minhas queridas amigas da ps-
graduao (PPG), muito obrigado de corao!
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SUMRIO LISTA DE FIGURAS .............................................................................................. VIII
LISTA DE TABELAS ................................................................................................. X
LISTA DE ABREVIATURAS E NOMENCLATURAS.............................................. XIII
LISTA DE SMBOLOS............................................................................................XIV
RESUMO.................................................................................................................XV
ABSTRACT ............................................................................................................XVI
1 INTRODUO .....................................................................................................1
1.1 Objetivo ............................................................................................................2 1.1.1 Objetivo geral: ..........................................................................................2 1.1.2 Objetivos especficos: .............................................................................2
1.2 Metodologia .....................................................................................................3
1.3 Relevncia do tema abordado........................................................................3
1.4 Estrutura da dissertao......................................................................................... 4
2 REVISO BIBLIOGRFICA................................................................................6
2.1 Evoluo dos problemas mundiais relacionados ao uso da gua.............6
2.2 Disponibilidade de gua no Brasil e no mundo .........................................12
2.3 Demanda de gua por atividade no Brasil e no mundo.............................18
2.4 Legislao brasileira indutora a conservao do uso da gua ................24
2.5 Principais usos da gua na indstria ..........................................................32 2.5.1 Classificao do sistema hdrico industrial.........................................32 2.5.2 Tipos de uso de gua na indstria .......................................................34
2.6 Conservao do uso da gua na indstria ...................................................... 36
3 USO DA GUA NA INDSTRIA DE PAPEL E CELULOSE ............................46
3.1 Despejos industriais nas vrias etapas de fabricao de papel...............46
3.2 Fabricao de papel ......................................................................................51 3.2.1 Processo de formao da folha ............................................................51
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3.2.2 Sistema de circulao de massa e de gua branca nas mquinas Fourdrinier ..........................................................................................................52 3.2.3 Fechamento do sistema de guas brancas .........................................54 3.2.4 Recuperao de fibras ...........................................................................55
3.3 Funcionamento de uma mquina Fourdrinier convencional..........................55 3.3.1 Sistema de alimentao da caixa de entrada ......................................56 3.3.2 Formao e drenagem na mquina Fourdrinier ..................................57 3.3.3 Prensagem mida da folha de papel ....................................................60 3.3.4 Secagem de papel e papelo.................................................................61 3.3.5 Enrolamento ou corte ............................................................................62
3.4 Conservao de gua na indstria de papel e celulose ............................62 3.4.1 Requisitos gerais para o uso da gua e restries qualitativas...............64
3.4.1.1 gua para diluio.............................................................................65 3.4.1.2 gua utilizada para chuveiros ...........................................................67 3.4.1.3 gua utilizada para selagem .............................................................68 3.4.1.4 gua utilizada para aquecimento e resfriamento ..............................68 3.4.1.5 Usos diversos da gua ......................................................................69 3.4.1.6 Restries gerais...............................................................................69
3.4.2 Reviso sobre a observao de prticas de reuso e de sistemas de qualidade de gua para a mquina de papel ...................................................71
3.4.2.1 A significncia de prticas de lavagem de polpas.............................79 3.4.2.2 Qualidade da gua do estoque de diluio e da caixa de entrada....81 3.4.2.3 Reuso de gua em chuveiros............................................................85 3.4.2.4 Reuso de gua em aplicaes de selagem.......................................88 3.4.2.5 Reuso de gua para transferncia de energia ..................................90 3.4.2.6 Problemas gerais associados com reuso de gua............................91 3.4.2.7 Benefcios gerais associados com reuso de gua ............................93 3.4.2.8 Concluses a respeito da observao de prticas de reuso de gua em plantas de produo de papel ....................................................................94
3.4.3 Situao atual a respeito da aplicao da gua branca reciclada na fbrica de papel ..................................................................................................96
3.4.3.1 gua de selagem, resfriamento, lavagem e vazamento ...................97 3.4.4 Concluso sobre o fechamento de circuitos de gua branca na indstria de papis...........................................................................................100
4 METODOLOGIA PROPOSTA .........................................................................101
4.1 Etapa 1 Definio do processo ...............................................................101 4.1.1 Descrio do processo industrial de interesse .................................101 4.1.2 Definio das variveis de interesse..................................................102
4.2 Etapa 2 Diagnstico hdrico ....................................................................102 4.2.1 Fase 1 Realizao das medies das variveis de interesse .......102 4.2.2 Fase 2 Anlise da consistncia dos dados coletados e medidos na empresa.............................................................................................................103
4.3 Etapa 3 Estudo de conservao de gua...............................................103 4.3.1 Fase 1 Avaliao de perdas e desperdcio .....................................104 4.3.2 Fase 2 Reavaliao do diagnstico hdrico ....................................105
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4.3.3 Fase 3 Proposio do mtodo de avaliao do potencial da reutilizao de efluentes..................................................................................106
5 ESTUDO DE CASO .........................................................................................110
5.1 Etapa 1 Descrio do processo de fabricao de papel ......................111 5.1.1 Mquina de papel .................................................................................111 5.1.2 Identificao dos pontos de coleta de dados ....................................114
5.2 Etapa 2 Diagnstico hdrico ....................................................................115 5.2.1 Fase 1 Medies das variveis selecionadas .................................115 5.2.2 Fase 2 Anlise da consistncia dos dados.....................................117
5.3 Etapa 3 Estudo de conservao de gua...............................................117 5.3.1 Fase 1 Avaliao de perdas e desperdcios ...................................117 5.3.2 Fase 2 Reavaliao do diagnstico hdrico ....................................118 5.3.3 Fase 3 Proposio do mtodo de avaliao do potencial de reutilizao de efluentes........................................................................................... 118
6 RESULTADOS E DISCUSSO.......................................................................123
7 CONCLUSO ..................................................................................................127
ANEXO A ...............................................................................................................129
FIGURAS REFERENTES MQUINA DE PAPEL FOURDRINIER ...................129
ANEXO B ...............................................................................................................131
DESCRITIVO DA PREPARAO DA MASSA REFERENTE MQUINA MB-6...............................................................................................................................131
ANEXO C ...............................................................................................................149
ANLISES QUALITATIVAS REFERENTES MQUINA MB-6 .........................149
8 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS................................................................158
APNDICE 1..........................................................................................................168
DIAGRAMA ESQUEMTICO DO PROCESSO KRAFT ( SULFATO)..................168
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viii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Distribuio das reservas de gua no planeta ...........................................7
Figura 2 Escala para relacionar a tendncia do surgimento de ...............................8
estresse ambiental e gerao de conflitos, em funo da ..........................................8
disponibilidade hdrica e o aumento da populao .....................................................8
Figura 3 Relao entre ICRH e DEA......................................................................11
Figura 4 Distribuio de gua doce superficial no planeta.....................................12
Figura 5 Distribuio de gua doce superficial no continente americano ..............13
Figura 6 Classificao mundial dos continentes em funo do ndice de
comprometimento dos recursos hdricos...................................................................13
Figura 7 Distribuio geogrfica dos recursos hdricos,.........................................17
superfcie e populao por regio .............................................................................17
Figura 8 Consumo de gua mundial por atividade em cada continente ................19
Figura 9 Variao do ndice de comprometimento dos recursos hdricos em funo
da disponibilidade especfica de gua para o Estado de So Paulo.........................22
Figura 10 Fluxo de gua em uma planta industrial ................................................32
Figura 11 Setor de utilidades industrial ..................................................................33
Figura 12 Potencial de reuso da gua..................................................................108
Figura 13 Estudo de conservao de gua..........................................................109
Figura 14 Superposio das quatro linhas da mquina MB-6..............................112
Figura 15 Entradas e sadas de gua da mquina MB-6 .....................................119
Figura 16-Mquina Fourdrinier ................................................................................130
Figura17- Sistema de Circulao de Massa............................................................130
Figura 18 Esquema de um desagregador com rotor do tipo Volkes ....................134
Figura 19 - Princpio de funcionamento dos Separadores Centrfugos...................135
Figura 20 Depuradores (Peneiras pressurizadas)................................................137
Figura 21 . Desagregador de Refugo mido do Couch Pit e eixo transversal com
rotor .........................................................................................................................140
Figura 22 Separador Centrfugo de alta consistncia com coletor de rejeitos .....141
Figura 23 Esquema (esq.) e fotografia (dir.) de um filtro a disco ..........................142
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ix
Figura 24 Sistema de proteo em vrios estgios de limpeza ...........................143
Figura 25 - Refinador de disco duplo da Voith Papel ..............................................145
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x
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Classificao dos problemas associados competio pela gua...........8
Tabela 2 Associao entre as tendncias para o surgimento de estresse ambiental
e gerao de conflitos e os problemas associados competio pelo uso da gua..9
Tabela 3 Relao entre nvel de receitas das naes e DEA ................................11
Tabela 4 Distribuio dos recursos hdricos por continente...................................14
Tabela 5 Classificao de disponibilidade, conforme ONU, (m3/hab.ano) .............15
Tabela 6 Situao Hdrica dos Municpios Brasileiros ...........................................16
Tabela 7 Consumo de gua doce por Continente..................................................19
Tabela 8 Consumo de gua setorial de acordo com o nvel de renda...................20
Tabela 9 Demanda de gua por atividade nos Estados Brasileiros.......................21
Tabela 10 Evoluo na demanda de gua no perodo de 1990 a 2010.................21
Tabela 11 Variao do consumo mdio de gua por habitante no perodo de 1990
a 2010 .......................................................................................................................21
Tabela 12 Categorias de gua de acordo com sua qualidade...............................33
Tabela 13 Exemplo das origens e vazes dos despejos para produzir 350t/dia de
celulose .....................................................................................................................47
Tabela 14 Redues dos despejos no processamento..........................................48
Tabela 15 Fonte dos despejos e setores de sua reutilizao ................................49
Tabela 16 Testes selecionados para caracterizar a qualidade de gua para reuso
..................................................................................................................................66
Tabela 17 Programao para anlises de qualidade de gua, conforme dados do
NCASI (1980). ...........................................................................................................70
Tabela 18 Demanda do potencial das fontes de uso da gua em torno da rea de
fabricao de papel ...................................................................................................70
Tabela 19 Prticas de reuso de gua para as plantas industriais visitadas...........73
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xi
Tabela 20 Fbricas que utilizaram o excesso de gua branca para lavagem final
do licor marrom Qualidade da gua do chuveiro para o estgio de lavagem final.79
Tabela 21 Reuso de gua em aplicaes de selagem...........................................88
Tabela 22 Resumo dos parmetros de qualidade de gua de reuso para selagem
em plantas industrias de produo de papel.............................................................89
Tabela 23 Resumo dos parmetros de qualidade da gua de reuso para
aquecimento e resfriamento em plantas de produo de papel................................91
Tabela 24 Apresentao dos problemas relacionados ao reuso de gua em 18
mquinas de papel ....................................................................................................92
Tabela 25 - Reduo de cargas associadas a prticas de reuso em uma planta
industrial ....................................................................................................................93
Tabela 26 Matrias-primas componentes dos produtos da linha de papis-carto
da Suzano ...............................................................................................................112
Tabela 27 Mtodos de coleta de dados quantitativos ..........................................115
Tabela 28 Consumo de gua industrial da mquina MB-6 ..................................119
Tabela 29 Gerao de efluentes da mquina MB-6.............................................120
Tabela 30 Proposta para reutilizao dos efluentes da mquina de papel carto
MB6 .........................................................................................................................121
Tabela 31 Consumo de gua industrial nos diferentes subsistemas da mquina
MB6 antes e depois da implementao do estudo de conservao de gua .........123
Tabela 32 Gerao de efluente industrial nos diferentes subsistemas da mquina
MB6 antes e depois da implementao do estudo de conservao de gua. ........123
Tabela 33 Resultados obtidos nas anlises realizadas no Laboratrio de controle
ambiental para amostras do canal de vcuo...........................................................150
Tabela 34 Resultados obtidos nas anlises realizadas no Laboratrio Central para
amostras do canal de vcuo ...................................................................................150
Tabela 35 Resultados obtidos nas anlises realizadas no Laboratrio de controle
ambiental para amostras do TQ-14.........................................................................151
Tabela 36 Resultados obtidos nas anlises realizadas no Laboratrio Central para
amostras do TQ-14 .................................................................................................151
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xii
Tabela 37 Resultados obtidos nas anlises realizadas no Laboratrio de controle
ambiental para amostras do TC-4...........................................................................152
Tabela 38 Resultados obtidos nas anlises realizadas no Laboratrio Central para
amostras do TC-4....................................................................................................152
Tabela 39 Resultados obtidos nas anlises realizadas no Laboratrio de controle
ambiental para amostras do TC-3...........................................................................153
Tabela 40 Resultados obtidos nas anlises realizadas no Laboratrio Central para
amostras do TC-3....................................................................................................153
Tabela 41 Resultados obtidos nas anlises realizadas no Laboratrio de controle
ambiental para amostras do TQ-13.........................................................................154
Tabela 42 Resultados obtidos nas anlises realizadas no Laboratrio Central para
amostras do TQ-13 .................................................................................................154
Tabela 43 Resultados obtidos nas anlises realizadas no laboratrio de controle
ambiental para amostras do Tanque Flouclin .........................................................155
Tabela 44 Resultados obtidos nas anlises realizadas no Laboratrio Central para
amostras do Tanque Flouclin ..................................................................................155
Tabela 45 Resultados obtidos nas anlises realizadas no laboratrio de controle
ambiental para amostras do efluente final da mquina MB-6 .................................156
Tabela 46 Resultados obtidos nas anlises realizadas no laboratrio central para
amostras do efluente final da mquina MB-6..........................................................156
Tabela 47 Caractersticas da gua industrial, segundo laudo da Suzano ...........157
Tabela 48 Caractersticas da gua industrial, segundo laudo da Suzano ...........157
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xiii
LISTA DE ABREVIATURAS e NOMENCLATURAS
ANA Agncia Nacional de guas
ANEEL Agncia Nacional de Energia Eltrica
CNRH Conselho Nacional de Recursos Hdricos
CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente
CKT Circuito
DAF Clarificadores de Ar Dissolvido
DBO Demanda Bioqumica de Oxignio
DEA Demanda Especfica de gua
DQO Demanda Qumica de Oxignio
ETA Estao de Tratamento de gua
ETE Estao de Tratamento de Efluentes
FCB Fibra Curta Branqueada
FCNB Fibra Curta No Branqueada
FIESP Federao Nacional das Indstrias
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica
ICRH ndice de Comprometimento de Recursos Hdricos
NCASI National Council of the Paper Industry for Air and Stream
Improvement
OCDE Organizao para Cooperao e Desenvolvimento Econmico
OMS Organizao Mundial da Sade
ONU Organizao das Naes Unidas
OP Ordem de Processo
SDT Slidos Dissolvidos Totais
SST Slidos Suspensos Totais
ST Slidos Totais
SVT Slidos Volteis Totais
UGRH Unidade de Gerenciamento de Recursos Hdricos
UFESP Unidade Fiscal do Estado de So Paulo
UNESCO Unidades de Gerenciamento de Recursos Hdricos
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xiv
LISTA DE SMBOLOS
cRD concentrao de entrada para reuso com diluio (mg/L)
cE1 concentrao do efluente 1 (mg/L)
cE2 concentrao do efluente 2 (mg/L)
cEN concentrao do efluente n (mg/L)
H altura da lmina dgua (m)
mRD vazo de entrada para reuso com diluio (m3/h)
mE1 vazo do efluente 1 (m3/h)
mE2 vazo do efluente 2 (m3/h)
mEn vazo do efluente n (m3/h)
V vazo (m3/h)
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xv
RESUMO
Este trabalho traz, como contribuies principais, o estudo de conservao de
gua e reuso na indstria de papel e celulose, mais especificamente no setor de
produo de papel, bem como o desenvolvimento de uma metodologia de
conservao de gua aplicada uma mquina de papel, que por sua vez pode ser
aplicada em qualquer outro setor da indstria. A metodologia desenvolvida neste
trabalho considerou as principais formas de minimizao do uso de gua, isto , as
mudanas no processo, reuso direto, reciclo e reuso ps-tratamento. A metodologia
composta de trs etapas: a primeira etapa consiste na definio do processo, que
por sua vez, tm por objetivo a realizao do modelo hdrico do processo; a
segunda etapa o diagnstico hdrico, que se refere determinao dos pontos de
medio, na execuo das medies in loco e na anlise de consistncia dos dados
e, finalmente, na ltima etapa efetua-se a realizao do estudo de conservao de
gua, que contempla a avaliao de perdas e desperdcios, bem como a proposio
do mtodo de avaliao do potencial de reutilizao de efluentes. A aplicao desta
metodologia atende o objetivo proposto e possibilitou a reduo de 66% do
consumo de gua e de 54% da gerao de efluentes total da mquina de papel MB6
da Suzano. Os resultados obtidos nesta dissertao confirmaram que indstrias
hidrointensivas, como a do segmento de papel e celulose, possuem um alto
potencial de conservao de gua.
Palavras-chave: conservao de gua; indstria de papel e celulose; mquina de
papel.
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xvi
ABSTRACT
This work brings, as principal contribution, the water conservation analysis in a
pulp and paper company, more specifically in the paper production sector, as well a
water conservation methodology applied to the paper machine was developed,
which can be carried out to any other system in the plant. The methodology
developed in this work toke into consideration the principal ways of water
conservation, which are process change, direct reuse, recycle and reuse after
treatment. The methodology is composed of three steps: the first step consist in the
process definition, what is important to define the hydric process model; the second
step is the hydric diagnostic , which involves the establishment of measurement
points, the execution of this measurement and consistence analysis of the this data.
Finally, the third and last step is the water conservation study that go over loses and
inefficiency in the water usage and proposition of verification methodology to
understand the effluents reuse potential. The application of this methodology made
possible reach the objective and brought as a result a reduction proposal of 66% of
water consume and a reduction of 54% in the paper machine total effluent
generation. The results of this work shows that hydro intensive industries, like paper
industries, have a large potential for water reuse and conservation.
Keywords: water conservation; pulp and paper industries; paper machine.
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1
1 Introduo
A limitao de reservas de gua doce no planeta, o aumento da demanda de
gua, os usos prioritrios dos recursos hdricos disponveis e as restries que so
impostas ao lanamento de efluentes, torna necessria a adoo de estratgias
que visem racionalizar o uso dos recursos hdricos.Alm disso, a disperso da
distribuio dos recursos hdricos e das populaes nas diversas regies do
planeta, e mesmo no Brasil, torna mais difcil o abastecimento de algumas regies,
principalmente as metropolitanas, tendo por conseqncia aumentos gradativos dos
custos de fornecimento de gua. A regio sul/sudeste, por exemplo, possui uma
relativa abundncia de recursos hdricos, porm grande parte destes recursos
encontra-se comprometido pela poluio de origem domstica e industrial.
Tambm, h reas de escassez hdrica, como a regio metropolitana de So Paulo.
Neste contexto, as prticas conservacionistas como o uso eficiente da gua e
o reuso de guas servidas, constituem uma maneira inteligente de poder ampliar o
nmero de usurios de um sistema de abastecimento, sem a necessidade de
grandes investimentos.
Um dos maiores desafios da indstria neste sculo coexistir pacificamente
em tempos de escassez de recursos naturais. A baixa disponibilidade de gua
utilizada como matria prima em processos produtivos e as crescentes exigncias
da humanidade por um ambiente mais saudvel tm impulsionado nas ultimas
dcadas a implantao de programas de conservao e reutilizao de efluentes
lquidos em todo o mundo.
As atividades industriais no Brasil respondem aproximadamente por 20% do
consumo de gua, sendo que desta parcela, metade extrada diretamente de
corpos dgua e grande parte do efluente gerado tratado de forma inadequada ou
nem sequer recebe tratamento.
Devido sistemtica de outorga e cobrana de uso da gua observa-se que a
indstria penalizada tanto no mbito da captao como no lanamento de efluentes,
-
2
por este motivo medidas de racionalizao, o reuso e o reciclo da gua na indstria
passam a se constituir ferramentas de gesto fundamentais para a atividade industrial.
As indstrias hidrointensivas, isto , aquelas que necessitam de grandes
quantidades de gua nos processos industriais, como, por exemplo, as indstrias
de petrleo, txtil, de cerveja e de papel so aquelas nas quais um programa de
conservao e reuso de gua, faz-se extremamente necessrio para sua
sobrevivncia no mercado.
1.1 Objetivo
Este trabalho visa desenvolver uma metodologia para a implantao de
conservao de gua na indstria de papel, com aplicao na Suzano Bahia Sul,
mais especificamente, no setor de produo de papel, em uma de suas mquinas
de produo de papel. Assim, esta dissertao vem contribuir para a obteno de
uma metodologia padro para a reduo do consumo de gua no setor industrial.
1.1.1 Objetivo geral:
Realizar um estudo visando conservao de gua na indstria de papel e
celulose para desenvolver uma metodologia visando conservao de gua em
uma mquina de papel carto.
1.1.2 Objetivos especficos:
Desenvolver uma metodologia para diagnstico hdrico; Dimensionar o potencial de economia de gua industrial no processo de
produo de papel via racionalizao do uso, reuso direto, reuso com diluio,
recirculao e reuso ps-tratamento; e
Dimensionar a reduo da gerao de efluente final;
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3
1.2 Metodologia
A metodologia utilizada na realizao deste trabalho composta basicamente
por trs etapas: definio do processo, diagnstico hdrico e determinao do
potencial de conservao de gua.
A primeira etapa desta metodologia, visa o conhecimento do processo,
realizada atravs da coleta de informaes (mapeamento do processo), tanto em
literatura especfica, como em documentos da indstria. Esta etapa tem como
objetivo gerar um modelo hdrico do processo, sendo que todas as informaes que
caracterizam e restringem o processo devem ser estabelecidas neste momento.
Na etapa subseqente, realiza-se o diagnstico hdrico que consiste no
levantamento de dados em campo e verificao da consistncia destes dados.
A terceira e ltima etapa consta em determinar o potencial de conservao de
gua, que inclui desde medidas para racionalizao do uso da gua, como um
algoritmo para implementao de prticas de reuso. Este algoritmo foi elaborado com
base no conhecimento acumulado de idias j provadas e trata-se, portanto, de uma
metodologia heurstica, onde a seqncia lgica da evoluo do fluxograma segue
regras geradas com experincias prvias, que visa diminuir o consumo de gua e a
gerao de efluentes. Apesar do fluxograma ter sido desenvolvido para aplicao em
uma mquina de papel carto, pode ser aplicado para qualquer setor industrial.
Este trabalho finalizado com a estimativa do potencial de reduo do
consumo de gua industrial da mquina de papel, atravs da aplicao da
metodologia proposta e de sugestes para trabalhos futuros, tendo como premissa
a otimizao do uso da gua no contexto industrial.
1.3 Relevncia do tema abordado
Segundo a Lei 9.433, de 8 de janeiro de 1997, que institui a Poltica Nacional
de Recursos Hdricos, a gua um bem pblico e a gesto dos recursos hdricos
deve ser participativa, alm disso a utilizao dos recursos hdricos deve ser feita
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4
de forma racional assegurando sua disponibilidade atual e s futuras geraes.
Este trabalho vem contribuir para o cumprimento desta Lei pelo setor industrial ao
desenvolver instrumentos que ir possibilitar conservar a gua e reduzir o
lanamento de efluentes, sem elevar seus custos de produo.
O setor industrial o terceiro maior consumidor de gua, perdendo para o
abastecimento pblico e para a agricultura. Entretanto, este setor o que tem maior
capacidade de investimento em conservao de gua e o que mais afetado em
situao de estresse hdrico, a ponto de a escassez de gua ser restritiva
atividade produtiva, quer seja impedindo a expanso da atividade industrial ou
mesmo obrigando o fim das mesmas em uma determinada bacia hidrogrfica.
A escolha da Companhia Suzano Bahia Sul de Papel e Celulose deveu-se ao
fato dela se localizar em uma bacia considerada estressada e ser considerada
hidrointensiva.
Face complexidade da planta industrial e, conseqentemente, de seus
sistemas hdricos, foi consenso que o estudo de conservao e reuso de gua
fosse aplicado na mquina de papel carto MB-6, uma vez que ela possui o maior
consumo de gua industrial dentre as mquinas de papel. Contudo, ressalta-se que
a metodologia utilizada para o estudo de conservao de gua nesta mquina foi
desenvolvido para que possa ser aplicada toda a planta industrial.
1.4 Estrutura da dissertao
Aps este captulo introdutrio, o segundo captulo ser composto por uma
reviso bibliogrfica que abordar a evoluo dos problemas referentes ao uso da
gua e os instrumentos legais indutores conservao de gua. Tambm ser
abordado o uso da gua na indstria e os conceitos bsicos de racionalizao e
reuso de gua. Sero apresentadas as metodologias desenvolvidas para fins de
conservao de gua.
No terceiro captulo ser abordado a indstria de papel e celulose, onde se
tratar sobre o consumo de gua, despejos produzidos e efluentes passveis de
reuso nos processos de fabricao de papel e celulose, alm dos requisitos gerais,
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5
funes e restries para o uso da gua em mquina de papel, bem como as
prticas de implementao de reuso neste segmento industrial.
No quarto captulo, referente metodologia, ser apresentado o algoritmo
elaborado para a execuo do estudo de conservao de gua na indstria de
papel e celulose, descrevendo detalhadamente cada etapa necessria para a
execuo deste processo.
O quinto captulo, que antecede a concluso, enfocar o estudo de caso,
sendo composto pela caracterizao da mquina de papel carto e pela aplicao
da metodologia de diagnstico hdrico, bem como pela determinao do potencial
de conservao de gua na mquina de papel.
No sexto captulo sero apresentados os resultados e discusso e ao final
deste trabalho ser apresentada a concluso do estudo proposto juntamente com
propostas para trabalhos futuros.
-
6
2 Reviso bibliogrfica
2.1 Evoluo dos problemas mundiais relacionados ao uso da gua
Segundo MORAN et al. (1985) e BEECKMAN (1998) apud MIERZWA (2002),
a gua, essencial ao surgimento e a manuteno da vida em nosso planeta,
indispensvel para o desenvolvimento de diversas atividades criadas pelo ser
humano e por esta razo apresenta valor econmico, social e cultural.
Embora trs quartos de nosso planeta seja coberto por gua, apenas uma
pequena parcela, referente gua doce, est disponvel para aproveitamento
direto, isto , sem que seja necessrio grandes investimentos no que diz respeito
coleta e tratamento de gua. A Figura 1, ilustra esta informao,conforme os dados
apresentados por MAYS (1996) e MIERZWA (2002).
A disponibilidade de gua em qualquer local no constante (varia de acordo com
as condies climticas de cada regio e com o perodo do ano) e est susceptvel a
ao das atividades humanas, tanto pela demanda excessiva como por problemas de
poluio provenientes do lanamento de esgotos domsticos e efluentes industriais.
Sempre houve grande dependncia dos recursos hdricos para o
desenvolvimento econmico, fato que pode ser confirmado atravs do processo de
colonizao que se desenvolveu ao longo das margens de cursos dgua.
Inicialmente a gua era utilizada como recurso abundante e o aumento da
populao e o desenvolvimento industrial provocaram um aumento significativo no
consumo de gua mundial. Alm disso, as caractersticas do ciclo hidrolgico no
so homogneas, da a distribuio desigual dos recursos hdricos. Atualmente h
26 pases com escassez de gua e pelo menos quatro pases (Kuwait, Emirados
MIERZWA, J.C. (2002). O uso racional e o reuso como ferramentas para o gerenciamento de gua e efluentes na indstria o caso da Kodak brasileira. So Paulo. 367p. Tese (Doutorado) Escola Politcnica da Universidade de So Paulo.
-
7
rabes Unidos, Ilhas Bahamas, Faixa de Gaza territrio palestino) com extrema
escassez de gua (entre 10 e 66 m3/hab) (TUNDISI, 2003).
Figura 1 Distribuio das reservas de gua no planeta Fonte: MIERZWA (2002)
existncia do
incremento da poluio, alm de um gerenciamento inadequado dos recursos hdricos,
nota-se uma tendncia para o surgimento de conflitos em relao ao uso da gua,
devido reduo da disponibilidade hdrica e ao aumento da demanda de gua.
Atualmente, utilizam-se diferentes indicadores para quantificar a predominncia
de conflitos, de acordo com caractersticas de determinada regio. Observando-se a
escala abaixo (Figura 2), por exemplo, possvel notar a tendncia para surgimento de
conflitos, atravs da relao feita entre as condies climticas de cada regio
(diretamente relacionadas disponibilidade hdrica) e o nmero de habitantes desta
regio (relacionado demanda dos recursos hdricos). Nota-se que com o aumento
A escassez de gua determinada geralmente por dois fatores principais:
aumento da populao principalmente em reas com alta concentrao populacional.
condies climticas desfavorveis baixa disponibilidade hdrica, baixas precipitaes e diferentes tipos de climas.
Considerando-se estas duas causas e levando em considerao a
-
8
populacional, a cia, aumenta a
tendncia para o surgimento d o uso da gua.
disponibilidade hdrica diminui e, por conseqn
e problemas relacionados a
Figu ar a tendde con
e o aumentoonte: MIERZW
ALKENMARK IERZWA (2002) inada
nid e anual de fluxo sua vez, equiv e
istente entre esta unidade,
o nmer
Tabela 1 Classificao dos problemas associados competio pela gua
ra 2 Escala para relacionestresse ambiental e gerao
disponibilidade hdrica
ncia do surgimento de flitos, em funo da
da populao F A (2002)
F (1992) apud M definiu a grandeza denom
u ad que, por ale a um volume de um milho d
metros cbicos de gua por ano e estabeleceu a relao ex
o de consumidores e a tendncia para surgimento de problemas relacionados
ao gerenciamento hdrico. Assim obteve-se uma classificao de acordo com estas
caractersticas. Esta classificao apresentada na Tabela 1.
Cdigo Relao entre nmero de
consumidores por unidade de fluxo (hab/106m3/ano)
Problemas associados ao gerenciamento hdrico
1 2.000 Alm do limite de disponibilidade
Fonte: FALKENMARK (1992) apud MIERZWA (2002)*.
MIERZWA, J.C. (2002). O uso racional e o reuso como ferramentas para o gerenciamento de gua e efluentes na indstria o caso da Kodak brasileira. So Paulo. 367p. Tese (Doutorado) Escola Politcnica da Universidade de So Paulo.
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9
De acordo com a tabela 1, pode-se afirmar que quanto maior o nmero de
consumidores menor a disponibilidade de gua por consumidor, isto , maior o
nmero obtido atravs da relao entre o nmero de consumidores e a unidade de
fluxo e maior a tendncia para a existncia de problemas hdricos nesta regio.
de
problemas referentes pode-se citar a grandeza
D a e
Co to de Recu dricos ui
DEA: relaciona a disponibilidade anua ant metros cbicos por ano, por habitante (m
ICRH: associado tendncia do su otenciais e outros prob as ambien ter a
pode variar de 1 a 5.
A associao entre DEA, ICRH e a
(Tabela 1) resultou na Tabela 2.
Tabela 2 Associao entre as tendncias para o surgimento de estresse ambiental e gerao de conflitos e os problemas associados competio pelo uso da gua
ndice de
Comprometimento
(IC
Disponibilidade Especfic
para o Problemas
ico
Entre os indicadores que atualmente so utilizados para a identificao
escassez de recursos hdricos,
emanda Especfic
rsos H
denominada de
mprometimen
de gua (DEA)
(ICRH), definidos da seg
o ndice de
nte forma:
l de gua por habit e, expressa em3/ano.hab);
rgimento de conflitos p
mina ero lem tais em uma de da regio, nm
classificao proposta por FALKENMARK
dimensional que
de Recursos Hdricos
RH)
(DEA)
(m
a de gua Tendncia
3/ano. habitante)
surgimento de Estresse Ambiental e Gerao de
Conflitos
Associados ao Gerenciamento
Hdr
1 DEA 10.000 N
suficien sfazer
S o possui tendnciapara o surgimento de
estresse hdrico. Quantidade hdrica
te para satias necessidades bsicas
em problemasou problemas
limitados
2 10.000> DEA 2.000 surgime uenos
u p
de gTendncia para
nto de peqconflitos em relao o so da gua e episdios
oluio com efeitosadversos ao meio
ambiente
Problemas gerais erenciamento
-
10
Tabela 2 (contiAssociao entre as tendncias para o surgim biental de
conflitos e os problemas associad da gua
ndice de Comprometimento
de Recursos Hdricos (IC )
Disponibilidade Especfica de gua
(DEA)
(m3/ te)
s Am e
Problemas Associados ao Gerenciamento
nuao) ento de estresse am
os competio pelo uso
Tendncia para o urgimento de Estresse
biental e Gerao d
e gerao
RH ano.habitan Conflitos Hdrico
3 2.000>DEA 1.000 Te o
c
a
relaci o da gua, causados por
problemas de poluio e podendo reduzir ou interromper certas
sobre ursos hdricos
Grande presso os rec
ndncia ao surgimentde estresse ambiental,
devido ao omprometimento da
capacidade natural de autodepurao e contaminao do mbiente aqutico e
surgimento de conflitos onados ao us
atividades humanas 4 1.000> DEA500 Possibilidade da
ocorrncia de graves problemas ambientais,
podendo contribuir para a qualidade
Escassez crnica de gua
de vida da populao e agravar os
gua conflitos pelo uso da
5 DEA
-
11
Figura 3 Relao entre ICRH e DEA
nda muito baixa, salvo
situaes onde existe um alto grau desenvolvimento,que tenha ocorrido tambm
travs da explorao desordenada dos recursos hdricos.
A relao entre o nvel de receitas e a disponibilidade especfica de gua est
Fonte: MIERZWA (2002)
O consumo de gua de uma regio, varia de acordo com o nvel de renda,
geralmente pases ou regies mais ricas tendem a possuir uma maior
disponibilidade de gua que regies com nvel de re
a
explcita na Tabela 3 .
Tabela 3 Relao entre nvel de receitas das naes e DEA
Tipo de Economia DEA ( m3/ ano. Habitante) Economia com baixo nvel de renda 4.119,63 Economias com nvel mdio- baixo de receita 11.452,37 Economias com nvel mdio-alto de receita 22.381,93 Economias com nvel alto de receita 9.354,91 Brasil 30.184,58
Fonte: WORLD RESOURCES INSTITUTE (1998-99) apud MIERZWA (2002).
MIERZWA, J.C. (2002). O uso racional e o reuso como ferramentas para o gerenciamento de gua e efluentes na indstria o caso da Kodak brasileira. So Paulo. 367p. Tese (Doutorado) Escola Politcnica da Universidade de So Paulo.
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12
Observa-se que as naes com maior DEA esto na categoria de Economias
com Nvel Mdio-Alto de Receita, entre elas o Brasil, que apresentam, portanto,
maior potencial para aumento de suas receitas. J as economias com nvel alto de
receita possuem uma disponibilidade especfica de gua no muito alta, devido a
uma maior explorao os recursos hdricos proveniente de seu desenvolvimento.
Conclui-se, ento, que a regies com nvel de receita muito baixo bem como
as naes com alto nvel de receitas esto mais susceptveis a apresentar um alto
ICRH para e
Enfim, com os dados referentes disponibilidade hdrica de uma regio e
om uma projeo do crescimento populacional para a mesma possvel identificar
as possveis reas sujeitas ao surgimento de conflitos associados ao uso da gua e
deste modo, pode-se desenvolver
efeitos adversos aos
stabilizar o seu crescimento.
c
programas que visem minimizar os possveis
seres humanos e ao meio ambiente.
2.2 Disponibilidade de gua no Brasil e no mundo
Segundo dados da Organizao das Naes Unidas para a Educao, Cincia e
Cultura (UNESCO), na Agncia Nacional de guas (ANA), a distribuio da reserva de
gua doce no mundo e no continente americano ocorre da forma apresentada nas
Figuras 4 e 5.
Figura 4 Distribuio de gua doce superficial no planeta Fonte: ANA (2006)
-
13
Figura ricano
m dia es erentes de
a nece alisar, alm d tes u
ricos, a citado an te,
or habitant
da por MAYS (1996) em WORLD RESOURCES
E (1997 e 1998) e extrada de MIERZWA (2002), relaciona em uma
ndice ometimento urs o o
specfica nte.
5 Distribuio de gua doce superficial no continente ameFonte: ANA (2006)
Para u gnstico das regi com problemas ref disponibilida
de gu ssrio an de da os referen distrib io dos
recursos hd como for teriormen os ICRH s de cada uma destas
regies, bem como a DEA p e.
A Figura 6, apresenta
INSTITUT
escala o de compr de rec os hdric s e a disp nibilidade
hdrica e por habita
Figura 6 Classificao mundial dos continentes em funo do ndice de
comprometimento dos recursos hdricos Fonte: MIERZWA (2002)
Os valores encontrados para o ano de 1995 e a previso para o ano de 2005,
no que diz respeito aos valores de disponibilidade hdrica, populacional e DEA so
mostrados na Tabela 4.
-
14
Tabela 4 Distribuio dos recursos hdricos por continente
Populao (milhes de hab)
DEA (m3/ano.hab) Local Disponibilidade Hdrica 1995 2025 1995 2025
frica 3,95e12 728,074 1.495,772 5.425,27 2.640,78Amrica do Norte e Central
6,40e12 454,229 615,546 14.089,81 10.397,22
Amrica do Sul 1,19e13 319,790 462,664 37.211,92 25.720,61sia 1,38e13 3.475,957 4.959,987 3.990,80 2.782,27Austrlia e Oceania
1,47e13 28,549 41,027 51.490,42 35.830,06
Europa 7,03e12 726,999 718,203 9.669,89 9.788,32Brasil 6,95 e12 161,790 230,250 42.956,92 30.184,58Mundo 4,46e13 5.715,598 8.293,202 7.803,21 5.377,90
Fonte: WORD RESOURCES INSTITUTE (1997-1998) apud MIERZWA (2002).
Atravs de uma anlise isolada, isto , apenas da distribuio de gua pelos
continentes, possvel que sejamos induzidos a pensar errneamente, por
exemplo, que o continente asitico (segundo maior continente em reserva de gua
doce) no possui problemas referentes a disponibilidade de gua, porm atravs da
observao do ICRH deste continente e da DEA (Figura 6 e Tabela 4), no somos
induzidos a este erro.
Analisando os dados da Tabela 4 referentes apenas distribuio dos
recurs como
hor disponibilidade de gua doce do planeta,
a inexistncia de problemas de ca
exemplo disto, a regio sileiro.
ma boa dis
Organizao para Cooperao e Desenvolvimento Econmico (OCDE), devido ao
desen ento p d
hdricos j afetados tanto na qualidade quan ue a
frica sia ap reoc
que nesses blocos OSTA &
os hdricos por continente, nota-se que a Amrica Latina apresenta-se
o bloco geo-econmico com mel
pos a quantidade muito superior mdia mundial, porm isso no garante suindo um
rter hdrico nesta regio, pode-se citar como
do nordeste bra
Apesar de apresentarem u ponibilidade per capita, os pases da
volvim rodutivo dos setores in ustrial e agrcola, tm os recursos
to na quantidade. Percebe-se q
e a resentam situaes p upantes, devido grande populao
se concentram (C BARROS JNIOR, 2005).
MIERZWA, J.C. (2002). O uso racional e o reuso como ferramentas para o gerenciamento de gua e efluentes na indstria o caso da Kodak brasileira. So Paulo. 367p. Tese (Doutorado) Escola Politcnica da Universidade de So Paulo.
-
15
O caso do do
lstica de sua disponibilidade de o seguinte: o
vilegiado no que diz respeito a reserva de recursos hdricos,
com cerca de 13% de toda a reserva de gua doce do mundo, que representa 35%
do total de gua doce do continente com maior reserva de gua no mundo
(Americano) e, portanto, dificilmente ter problemas referentes a escassez de gua.
De fato, de acordo com dados da ANA apud MACHADO(2006), a
disponibilidade rno de 33.376 3/hab.ano), valor que indica um pas rico em dispon
mostrado n a Organiza aes Unidas (ONU). Porm,
realizando-se uma anlise das micro-regies brasileiras, ou at mesmo de cada
estado brasileiro, possvel identificar facilmente regies que ou que
tendem a possuir conflitos devido baixa disponibilidade de gu .
T disponibilid conforme ONU )
Disponibilidade de gua
(m3/hab.ano) Classificao Pases
Brasil similar ao cita acima.Considerando-se apenas uma
gua possvel afirmar anlise ho
Brasil um pas pri
mdia de gua por habitante do Brasil est em to
(m ibilidade de gua, como
a Tabela 5 d o das N
j possuem,
a (Tabela 6)
abela 5 Classificao de ade, , 3 o (m /hab.an
100.000 Muito rico em gua iana Francesa Gabo, riname e Sibri
Guu
, Islndia,aS .
10.000 Rico em gua Breasil (33.376), Austrlia, Colmbia, nezuela, Sucia, Rssia, Canad, gentina e Angola
VAr .
2.000 Tm apenas o suficiente manha, Fran o, Reino ido, Japo, It Holanda, panha, Cuba, Ir A.
Ale a, MxicUn
slia, ndia,
E aque e EU1.000 Tm situao regular quisto, Etipia Blgica e
lnia. Pa
o, Ucrnia,
P500 Pobres em gua ito, Qunia e Ca Eg bo Verde.
- Permanente escassez ia, Arbia Sa el (470), rdnia e Cingap
Lb udita, IsraJo ura.
Fonte: ANA (2005).
MACHADO, J. (2006). A ANA e a Agricultura Sustentvel. / Apresentado ao Seminrio Desafios Expanso da Agropecuria Brasileira/. Nov.
-
16
Tabela 6 Situao Hdrica dos Estad
os Brasileiros1
Classificao Estado Disponibilidade Hdrica (m3/hab.ano) Muito rico >100.000 AC
AP AM PA RR RO TO MT
289.976,99 338.785,25 506.921,47 203.776,96 733.085,76 182.401,59 109.903,67 370.338,08
Rico em gua >10.000 MA PI RS SC
12.362,35 10.764,47 19.426,78 14.737,50
,69 ,73
GO 29.76443.694MS
Tm apenas o suficien
PB
5.933,55 2.667,94 2.216,60
te> 2.000 BA CE
RN ES MG SP PR
2.271,67 8.016,34 9.172,50 2.916,11 8.946,61
Tm situao regular>1.000 AL 1.349,96 PE SE RJ DF
1.712,77 1.677,09 1.772,27 1.013,29
Fonte: MACHADO (2006).
Dentre as principais causas da existncia de regies com tendncia a um
cenrio de escassez de gua em um pas rico em disponibilidade de gua como o
Brasi
sos hdricos superficiais a regio norte que
abriga apenas cerca de 7% da populao enquanto regies com menor
l, pode-se citar alm da distribuio heterognea dos recursos hdricos, a
distribuio desigual da populao ao longo do pas.
A ocorrncia da distribuio dos recursos hdricos e da populao em cada
umas das regies do pas mostrada na Figura 7. Logo, observa-se que a regio
com maior disponibilidade de recur
1 Os valores apresentados na tabela so aproximados e podem divergir de outras fontes. MACHADO, J. (2006). A ANA e a Agricultura Sustentvel. / Apresentado ao Seminrio Desafios Expanso da Agropecuria Brasileira/.nov.
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17
porcentagem de recursos hdricos como a regio Sudeste e Sul, tendem a abrigar
uma maior porcentagem da populao, devido migrao de pessoas de outros
estados para estas regies consideradas mais desenvolvidas.
Figura 7 Distribuio geogrfica dos recursos hdricos,
Observa-se que atravs da anlise dos dados da figura7 que existe uma
grand
ida pela regio sudeste.
importante estar atento para o fato de que as razes pelas quais estas duas
regies apresentam a menor disponibilidade especfica de gua so distintas. Na
regio nordeste o fator preponderante refere-se ao prprio potencial hdrico,
principalmente em funo das condies climticas da regio, enquanto na regio
sudeste o principal fator refere-se ao nmero de pessoas que devem ser atendidas,
ou seja, demanda excessiva.
Atualmente, 81,2% da populao do Brasil residem em reas urbanas, sendo
que aproximadamente 40% desta populao concentra-se em 22 regies
metropolitanas (IBGE, 2000), atravs de uma anlise deste panorama, identifica-se
superfcie e populao por regio Fonte: MACHADO (2006)
e variao na disponibilidade especfica de gua entre os diversos Estados
que compem o territrio brasileiro, constatando-se que a regio mais crtica a
regio nordeste, segu
-
18
facilm reas
metro olita rto Alegre
(HESPANHOL & MIERZWA, 2005).
situao evidencia a influncia que a demanda excessiva de gua
exerce sobre a disponibilidade hdrica em vrias regies do pas, deste modo
importante lembr onstante, mas a
populao no, n sp
emanda de gua por atividade no Brasil e no mundo
A gua apresenta diferente ntre os qua ode-se ci o consum
in irriga de energia; transport qicultur
o da fauna e flora; assimilao e transporte de efluentes.
estas atividades difere em
-qumicas de acordo com os requisitos necessrios para cada
po de uso.
gua superficial do mundo
70% utilizado pelas atividades agrcolas, 20% pelas indst
ente reas com problemas relacionados a escassez de gua, como as
p nas de So Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Po
Esta
ar que a quantidade de gua de uma regio c
evidencia do, portanto, que a di onibilidade se reduz medida
que a populao aumenta.
2.3 D
s usos, de is p tar o
humano; uso
preserva
dustrial; o; gerao e; a a;
A qualidade requerida para cada uma d
caractersticas fsico
ti
Para que possa ser realizado um planejamento da gesto de recursos
hdricos, necessrio obter a demanda de gua de acordo com o tipo de atividade.
Geralmente agrupam-se os diferentes usos da gua em trs categorias
distintas: uso domstico, agrcola e industrial.
Segundo REBOUAS (2001), da demanda total de
rias e 10% referentes a
demanda do consumo domstico .
A distribuio do uso da gua pelos diferentes continentes em valores anuais
por metro cbico apresentada na Figura 8, extrada da Revista National
Geoghrafic de 2001.
-
19
Figura 8 Consumo de gua mundial por atividade em cada continente
O uso setorial de gua em cada um destes continentes apresentado na
Tabela 7
la 7 Consu oRetirada
Doce 3
ua est da Ano 00
(m3/hab/ano)
ConsumDomsti
(%)
Consumo Industrial
(%)
sumo rcola (%)
Fonte: National Geoghrafic (2001) apud REBOUAS (2001)
.
Tabe mo de doce pgua
r Con te tinen
Continente gua gpara oTotal de Volume de Retirada de ima
20o
co ConAg
(Km /ano) frica 151,99 7738,00 10 4 86 Amrica do NorteCentr
608,93 6868,00 11 33 56 e al
Amrica do Sul
106,21 6164,00 9 6 85
sia 1495,65 16252,00 11 7 82 Europa 311,87 13757,00 15 52 33 Antiga Unio Sovitica
269,87 19516,00 7 13 80
Oceania 16,93 1374,00 56 6 38 Total 2961,45 71669,00 - - -
Fonte: AN
nd bela onc que o setor ola, , d du
dera ns e u seguido pe r i ial
seto m por em s os continentes possuem o
de g nce n r a . N op ex , o
A (2005).
Analisa o a ta 7, c lui-se agrc isto e pro o de
alimentos li o co umo d gua m ndial, lo seto ndustr e por
ltimo pelo r do stico, m n todo maior
consumo ua co ntrado o seto grcola a Eur a, por emplo maior
REBOUAS, A. C. (2001). gua e desenvolvimento rural. Estud. av., v.15, n. 43, p.327-44, dez.
-
20
consumo refere-se ao setor industrial, seguido pelo setor agrcola, e domstico,
padro caracterstico, de continentes mais desenvolvidos.
s altos e discrepantes no setor
indus
la, que geralmente a base de sua economia.
O consumo domstico, tende a ser maior, entretanto, em continentes como
uropa mrica
do a, s e m
nes o mais ava s devido a me onibilidade de recursos
hdri o caso da A do Norte.
O umo mdio de planeta por ati ifere tambm de acordo
rvado na Tabela 8.
maior renda tendem a ter um maior consumo de gua tanto no setor
domstico
No Brasil, seg C sum de
1 trias, 2 mstico e o da agri a.
la 8 Consu setorial de a vel de re
onsumo Uso Domstico Industrial
grcola (%)
Observa-se claramente que os continentes com maior desenvolvimento
tecnolgico e industrial como Amrica do Norte e Central, Europa e antiga Unio
Sovitica tendem a apresentar consumos considerado
trial quando comparados com continentes com menor nvel de desenvolvimento,
como Oceania, frica e Amrica do Sul, que por sua vez tendem a ter um maior
consumo no setor agrco
E e sia, com maior poder aquisitivo e menor em continentes como A
Sul e Oceani alvo o casos em qus as te nologias parac enor consumo
te setor est nada nor disp
cos, como mrica
cons gua no vidade d
com o nvel de renda de cada pas, este fato pode ser obse
Pases com
como em outros setores.
undo dados da UNES O, a distribuio do con o de gua
9% pelas inds 2% para uso do 60% para irriga cultur
Tabe mo de gua cordo com o n nda
C(%) (%)
Uso Uso A
Mundo 8 22 70 Pases de Elevado Rendimento 11 59 30 Pases de Baixo e Mdio Rendimento
8 10 82
Fonte: UNESCO (2003)
Dados de distribuio das maiores demandas de gua por atividades
brasileiras esto contidos na Tabela 9. Nota-se que grande parte da demanda de
gua do setor agrcola corresponde aos estados de Minas Gerais e Rio Grande do
Sul, enquanto a maior parcela da demanda do setor industrial concentra-se nos
estados de So Paulo e Santa Catarina, e a demanda para consumo humano tende
a ser maior nos grandes centros como So Paulo, Distrito Federal e Cear.
-
21
Tabela 9 Demanda de gua por atividade nos Estados Brasileiros Estados Brasileiros Setores de
Consumo MG SP CE BA RS SC DF Brasil
Domstico 8,9 32,0 31,6 28,8 6,2 19,9 32,9 21,0
Industrial 0,6 26,8 6,7 8,1 10,3 26,7 1,3 18,0
Agrcola 90,5 41,2 60,5 63,1 83,5 53,5 65,8 61,0
Fonte: CRISTOFIDIS (2001) apud ANA (2006).
ada
no Estado de So Paulo, por dados de demanda de gua
por a r detalhamento.
11 extradas de MIERZWA (2002) apresentam dados da
variao do consumo mdio de gua por habitante no perodo compreendido entre
Evoluo na demanda de gua no perodo de 1990 a 2010
Uso da gua Demanda em 1990 Demanda em 2010 (m3/ano.hab)
Variao(%)
A indstria escolhida para estudo de caso, nesta dissertao, est localiz
tanto sero apresentados
tividade deste Estado com maio
As Tabelas 10 e
o ano de 1990 e 2010.
Tabela 10
(m3/ano .hab) Domstico 117,3 149,50 27,45 Industrial 91,80 145,90 58,93 Irrigao 153,50 297,80 94,01
Total 362,60 593,20 63,60
(1997) apud MIERZWA (2002).
Variao do consumo mdio de gua por habitante rodo de 1990 a 2010
Consumo em 1990 )
Consumo em 2010 (m3/ano.hab)
Variao (%)
Fonte: WORLDS INSTITUTE
Tabela 11no pe
Uso da gua (m3/ano.habDomstico 113,43 107,31 -5,40 Industrial 88,77 104,73 17,98 Irrigao 148,44 213,76 44,00
Total 350,65 425,80 21,43
Fonte: WORLDS INSTITUTE (1997) apud MIERSWA (2002).
.br/GestaoRecHidricos/InfoHidrologicas/mapasSIH/1-
Mundo.pdf MIERZWA, J.C. (2002). O uso racional e o reuso como ferramentas para o gerenciamento
ria o caso da Kodak brasileira. So Paulo. 367p. Tese (Do a Universidade de So Paulo.
http://www.ana.gov
AAguaNoBrasilENo
de gua e efluentes na indstutorado) Escola Politcnica d
-
22
Pelos dados apresentados anteriormente possvel constatar que dever
na demanda de gua para consumo industrial e para irrigao nos
prximos anos, enquanto que a demanda para consumo humano dever sofrer uma
cipalmente a uma alta densidade populacional desta regio.
de So Paulo observa-se que muitas reas apresentam uma
disponibilidade hdrica estando associados os dois
fatores que conduzem aos problemas de escassez hdrica, isto , alta densidade
popul
ossvel identificar
reas
haver um aumento
reduo, devido prin
No Estado
situao crtica com relao
acional e degradao dos recursos hdricos.
A relao de reas que fazem parte das Unidades de Gerenciamento de
Recursos Hdricos (UGRH) do Estado de So Paulo, para que seja p
crticas ao surgimento de conflitos pelo uso da gua, apresentada na Figura 9.
Figura 9 Variao do ndice de comprometimento dos recursos hdricos em funo da disponibilidade especfica de gua para o Estado de So Paulo.
Fonte: MIERZWA (2002)
Sendo as seguintes UGRHs:
Rio Paraba do Sul Serra da Mantiqueira Litoral Norte
-
23
Rio Pardo Rios Piracicaba, Capivari e Jundia Alto Tiet
Rio Mogi Guau
Rios Sorocaba e Mdio Tiet
o Pardo / Grande
T
Turvo / Grande
B
ser consideradas
crtica
(DEA = 1232 m3/ano.hab).
Baixada Santista Sapuca Mirim / Grande
Ribeira do Iguape e Litoral Sul Baix
iet / Jacar
Alto Paranapanema Tiet / Batalha Mdio Paranapanema Rio So Jos dos Dourados
aixo Tiet
Rio Aguapei Rio Peixe Pontal do Paranapanema
Nota-se que as UGRHs do Alto Tiet (DEA = 179,3 m3/ano.hab) e dos Rios
Piracicaba, Capivari e Jundia (DEA = 278,9 m3/ano.hab), podem
s com relao ao surgimento de conflitos pelo uso da gua.
Alm destas,existem outras, que j se encontram em uma condio de alerta,
uma vez que a DEA destas regies j est se aproximando do valor crtico, exemplo da
UGRH Turvo / Grande (DEA = 795,2 m3/ano.hab), UGRH da Baixada Santista (DEA =
1102 m3/ano.hab) e UGRH do Rio Mogi Guau
-
24
Pelo exposto anteriormente, nota-se que o Estado de So Paulo atualmente
considerado uma regio crtica com relao ao surgimento de conflitos pelo uso da
gua, devido principalmente ao grande conglomerado urbano que se concentra
neste estado, principalmente em sua regio metropolitana e a grande concentrao
de ind
ignio; na dcada de 60, a
eutro
marcada pela poluio industrial e
pela e
os problemas ambientais urbanos. Algumas regies do pas tm
demo
trata do gerenciamento dos recursos hdricos, bem como dos
instru
strias instaladas nesta regio.
Segundo HESPANHOL & MIERZWA (2005), este cenrio deixa evidente que
o entendimento do recurso natural gua como um bem econmico e finito deve
fazer com que todos a utilizem de forma a maximizar o bem-estar social, seja
produzindo com a mxima eficincia, seja consumindo sem desperdcios.
Ao longo das dcadas, a degradao ambiental ocorreu de diferentes formas.
Na dcada de 50, foi marcante a depleo de ox
fizao; nos anos 70, a poluio por metais pesados; nos 80, o uso excessivo
de micropoluentes orgnicos e pesticidas; nos 90, a contaminao da gua
subterrnea; e a dcada de 2000 est sendo
scassez da gua.
Nesse contexto, a legislao urbana no Brasil tem sido ineficaz, e a ocupao
de reas de fcil degradao ambiental tem sido comum nas cidades, sem falar na
especulao imobiliria. Os planos diretores tm sido desrespeitados, agravando
ainda mais
nstrado acelerado processo de industrializao aliado a uma forte expanso
demogrfica, trazendo, por um lado, o aumento da riqueza e do bem-estar social, e
por outro lado, o agravamento dos problemas ambientais.
A seguir ser apresentado um panorama geral do aspecto legislativo
brasileiro, que
mentos legislativos existentes na situao atual, que visam a conservao e
o uso racional dos recursos hdricos.
2.4 Legislao brasileira indutora a conservao do uso da gua
O estabelecimento de polticas pblicas, com a participao da sociedade
civil, a forma mais eficaz de tratamento dos problemas gerados pelos conflitos do
uso da gua.
-
25
Atravs de um panorama geral, do aspecto legislativo referentes gesto do
uso da gua, possvel observar a evoluo dos mecanismos, ou melhor dos
instrumentos legislativos institudos at a atualidade que visam o gerenciamento
adequado dos recursos hdricos.
As primeiras normas a tratar especificamente da gua eram provenientes do
Decreto n 24.643 de 10 de julho de 1934, nomeado Cdigo de guas. Este
cdigo veio a definir os diversos tipos de gua do territrio nacional,os requisitos
relaci
ras e salinas
e funcionava como instrumento para controle da qualidade da gua, este resoluo
foi su
ao Distrito Federal. Pela Constituio de
1988, deixavam de existir, as guas comuns, municipais e particulares, cuja
exist
trumento atravs do qual o Poder pblico
autoriza o usurio a utilizar as guas de seu domnio por tempo determinado e
Em 8 de janeiro de 1997 foi sancionada a Lei Federal n 9.433, que instituiu a
Poltica Nacional de Recursos Hdricos. At ento o aspecto legislativo enfatizava a
onados com as autorizaes para a derivao, alm de abordar a
contaminao dos corpos dgua.(MANCUSO,2003)
O Cdigo de guas tambm previa a propriedade privada de corpos dgua e
assegurava o uso gratuito de qualquer corrente ou nascente, porm tratava de
conflitos para o uso da gua como questes de mera vizinhana.
O Cdigo Florestal, Lei n 4771 de 15 de setembro de 1965, apesar de no se
tratar de uma legislao desenvolvida especificamente para o uso dos recursos
hdricos, foi consideravelmente modificado para dar mais proteo aos cursos
dgua, atravs da preservao da vegetao das propriedades urbanas em
decorrncia da perenizao de suas guas.
A resoluo do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) n 20 de
1986, tratava especificamente da classificao das guas doces, salob
bstituda em 2005 pela resoluo CONAMA n 357.
Em 1988, a Constituio veio a introduzir o conceito de que a gua era um
bem finito,e assim as guas do territrio brasileiro passaram a ser consideradas
como bens pblicos da Unio ou dos Estados e sua utilizao viria a depender de
manifestao especfica (outorga) do Poder Executivo Federal da Unio,que por
sua vez, poder deleg-lo aos Estados ou
ncia era prevista no Cdigo de guas de 1934.
A outorga de uso da gua um ins
atravs de condies estabelecidas
-
26
racionalizao do uso primrio da gua e tratava de princpios e instrumentos para
a sua utilizao, o reuso de gua pouco ou quase nunca era citado no aspecto
a
gesto de recursos hdricos, vm a estabelecer condies jurdicas e econmicas
m a atuar como ferramenta no
gerenciamento dos recursos hdricos, concomitantemente a racionalizao do uso
deste
os, alm de incentivos a pesquisa
de te
s recursos hdricos como o
enqua
A cobrana, por sua vez, tem como objetivos: arrecadar recursos financeiros
para
titudos para a gesto
nte criou, em 2000, a Lei n 9.984,
ma Nacional de
Recursos Hdricos, que segundo seu artigo 3, possui as seguintes competncias:
mprimento da
imp
Pol de Recursos Hdricos, outorgar, por meio de autorizao, o direito
de uso dos recursos hdricos de domnio da Unio, fiscalizar o uso de recursos
legislativo.
A Poltica Nacional de Recursos Hdricos, ao instituir fundamentos para
para o reuso de gua, que por sua vez v
s ltimos.
O artigo 2 da Poltica de Recursos Hdricos cita como objetivos desta, a
utilizao racional e integrada dos recursos hdric
cnologias orientadas para o uso racional e a proteo dos recursos ambientais
e reafirma em seu artigo 7 que os planos de recursos hdricos devem conter em
seu contedo metas de racionalizao de uso, aumento da quantidade e melhora
da qualidade dos recursos hdricos disponveis.
A Lei n 9433 utiliza mecanismos de gesto do
dramento dos corpos dgua, a outorga de direito de uso e a cobrana pelo
uso dos recursos hdricos, para cumprimento de seus objetivos.
A outorga de uso da gua um instrumento atravs do qual o poder pblico
autoriza o usurio a utilizar as guas de seu domnio, por tempo determinado e
condies estabelecidas, e objetiva assegurar o controle qualitativo e quantitativo
das guas superficiais e subterrneas e o efetivo direito de acesso a gua.
a conservao e recuperao dos corpos hdricos da bacia, e ser vetor indutor
de uso racional dos recursos hdricos.
Para facilitar a implantao dos novos mecanismos ins
dos recursos hdricos, o Ministrio do Meio Ambie
que instituiu a ANA, uma entidade Federal de apoio ao Siste
supervisionar, controlar e avaliar aes e atividades decorrentes do cu
legislao federal pertinente aos recursos hdricos, disciplinar em carter normativo a
lementao, operacionalizao, o controle e a avaliao dos instrumentos da
tica Nacional
-
27
hdricos nos corpos de gua da Unio e elaborar estudos tcnicos para subsidiar a
inio peldef o Conselho Nacional de Recursos Hdricos (CNRH), dos valores a serem
e nos
mecanismos sugeridos no inciso VI, do art. 38, da Lei n 9433, de 1997.
dades multas e at recluso, e que portanto veio a auxiliar de modo
efetivo, na proteo dos recursos hdricos.
de obras ou servios que possam alterar o regime, a quantidade e a
qu
e a obteno da outorga do direito de uso, fato que se encontra
explc
recursos hdricos da prpria ANA.
cobrados pelo uso de recursos hdricos de domnio da Unio, com bas
Outra lei que importante mencionar a Lei de Crimes Ambientais, n 9.625
de 12 de fevereiro de 1998, que trata, em seu captulo VI, seo III, de crimes
contra o meio ambiente e define como crime processos que causem poluio de
qualquer natureza ou possam resultar em danos para a sade humana, ou que
provoquem a mortandade de animais ou a destruio significativa da flora, tendo
como penali
O CNRH aprovou em 8 de maio de 2001 a Resoluo n 16, que trata da
outorga tanto no nvel Federal como Estadual, que diz que a obteno da outorga
imprescindvel nas seguintes condies:
implantao de qualquer empreendimento que possa demandar a utilizao de recursos hdricos superficiais ou subterrneos;
execuo alidade desses mesmos recursos;
execuo de obras para a extrao de guas subterrneas; derivao de gua do seu curso ou depsito, superficial ou subterrneo; lanamento de efluentes nos corpos dgua;
Alm destes casos citados acima, o uso da gua para gerao de energia
tambm exig
ito na Resoluo n 16 de 2001 do CNRH.
A concesso da outorga do uso da gua, como fora dito anteriormente de
competncia da Unio e pode ser delegada aos Estados ou ao Distrito Federal
segundo a Poltica Nacional de Recursos hdricos. A Lei n 9984 de 2000,
responsvel pela criao da ANA, definiu que a responsabilidade pela outorga de
direito de uso dos
A outorga consiste em uma autorizao (quando as obras ou o uso dos recursos
hdricos no forem de utilidade pblica, requerendo vazes superiores s definidas
-
28
como pequenas captaes, possuindo validade de 5 anos), ou concesso (quando
obras ou o uso dos recursos hdricos for de utilidade pblica, possuindo validade de 20
anos) ou ainda uma permisso (quando o uso dos recursos hdricos no for de
utilidade pblica e, ao mesmo tempo, requerer pequenas captaes, possuindo
validade de 3 anos), dada ao usurio, para que ele possa fazer uso da gua.
A outorga de uso da gua apesar de definitiva no imutvel, isto ,
existe
tender situaes de emergncia;
ne
ntidas caractersticas de navegabilidade do corpo
dgua.
das acima, existem outras em que a outorga pode ser
extint
crit fsico-qumicos) e quantitativos e partir do
o de gua,
como para a assimilao e transporte de poluentes simultaneamente. Deste modo,
om a
Hid
m situaes em que esta pode ser suspensa, dentre estas:
no cumprimento pelo outorgado dos termos da outorga; ausncia de uso por trs anos consecutivos; necessidade de gua para a
cessidade de prevenir ou reverter grave degradao ambiental;
necessidade de atender usos prioritrios de interesse coletivo, para os quais no se dispe de fontes alternativas, como por exemplo abastecimento das
populaes;
necessidade de serem ma
no caso de ser institudo o regime de racionamento de recursos hdricos;
Alm das situaes cita
a, como por exemplo, no caso de indeferimento ou cassao da licena
ambiental, quando houver morte do usurio (pessoa fsica), no caso de liquidao
judicial ou extrajudicial do usurio (pessoa jurdica) e at mesmo ao trmino do
prazo de validade de outorga quando no tenha havido tempestivo pedido de
renovao.
Os modelos desenvolvidos para obteno da outorga, devem considerar
rios qualitativos (parmetros
pressuposto que os recursos hdricos so utilizados tanto para extra
possibilita-se a obteno do volume de gua passvel de ser outorgado, c
garantia de que no ir ocorrer a degradao do corpo receptor ao longo da Bacia
rogrfica.
-
29
A cobrana pelo uso da gua, materializando o princpio do usurio-pagador,
objetiva reconhecer a gua como bem- econmico e fornecer ao usurio uma
de seu real valor. A Lei n 9433, em seu artigo 21, diz que a fixao dos
valore
toxicidade
do afl
vou em considerao os volumes de gua captada, consumida
e de
ica e de
toxicidade do afluente e no apenas em sua carga orgnica. A importncia da
considera
NRH regulamentou a
cobrana pelo uso da gua em todo o territrio nacional, que estabeleceu os
critrios ger
aproximadamente R$ 0,13 e o incio da cobrana estava previsto para janeiro de
2001,
indicao
s a serem cobrados pelo uso dos recursos hdricos devem ser estabelecidos
observando o volume retirado e o regime de variao do corpo receptor, nas
extraes derivaes e captaes de gua, alm do volume lanado e seu regime
de variao bem como as caractersticas fsico-qumicas, biolgicas e de
uente.
A bacia do Rio Paraba do Sul foi pioneira no desenvolvimento de um modelo
de cobrana para o uso de recursos hdricos para os setores industrial e de
saneamento, que le
efluentes lanados no corpo receptor,e baseou-se na eficincia do processo
de tratamento para reduo da demanda bioqumica de oxignio.(HESPANHOL &
MIERZWA,2005)
Como pde ser observado, apesar de pioneiro, o modelo desenvolvido ainda
no atende plenamente o artigo citado anteriormente, isto , segundo este artigo, a
utilizao da cobrana de recursos hdricos para a assimilao de poluentes
deveria ser elaborada com base nas caractersticas fsico-qumicas, biolg
o deste aspecto, ocorre principalmente, quando trata-se de efluentes
industriais, que podem conter baixa carga orgnica e alta toxicidade devido aos
demais contaminantes.
Em 21 de maro de 2005, a Resoluo no 48 do C
ais que norteiam a Unio, os Estados, o Distrito Federal e os Comits
de Bacia Hidrogrfica quando da elaborao das respectivas normas para a
cobrana de recursos hdricos.
A cobrana pelo uso da gua no estado de So Paulo foi estabelecida pelo
Projeto de Lei n 676, de 2000, e o valor a ser cobrado pelo uso dos recursos
hdricos teve como limite o valor de 0,001078 Unidade Fiscal do Estado de So
Paulo (UFESP) por metro cbico de gua captada, o que equivale a
mas isto no aconteceu.
-
30
Atravs destes dados observa-se que h a necessidade da implementao e
da execuo dos mecanismos atuais, bem como da criao de novas estratgias
para o gerenciamento de recursos hdricos que garantam a conservao dos
recur
cursos hdricos;
re
uas
di
presentear
os usurios mais eficientes e estabelecer valores que promovam a adoo de
tecnologias hidricamente mais eficientes (ALMEIDA & SANTOS, 2003).
principalmente, devido a diversidade de substncias poluentes que so lanadas no
ser o terceiro em
consumo de gua.
ento e potencial de racionalizao de uso da gua.
O setor industrial em uma situao de estresse hdrico um dos maiores
afetados pelos mecanismos legais indutores da racionalizao (outorga e
sos hdricos.
A outorga e o valor da cobrana pelo direito de uso da gua deveriam ser
fatores indutores de uso eficiente de recursos hdricos. Segundo FERNANDEZ
(1996) em SANTOS (2000), a experincia internacional tem mostrado que a
cobrana pelo uso e poluio da gua, alm de ser utilizada como forma de
racionalizar o uso dos recursos hdricos, atua tambm como mecanismo eficiente de:
gerenciamento da demanda, aumentando a produtividade e a eficincia na utilizao dos re
distribuio dos custos sociais de forma mais eqitativa;
localizao dos usurios, buscando a conservao dos recursos hdricos; promoo do desenvolvimento regional integrado, principalmente nas s
menses social e ambiental;
incentivo melhoria dos nveis de qualidade dos efluentes lanados nos mananciais,
Destaca-se que a cobrana no pode ser entendida como sendo uma
penalizao, mas como um fator educador do uso. Entretanto, h de se
O setor industrial representa o maior potencial poluidor dos corpos dgua,
meio ambiente atravs de seus efluentes, apesar deste ainda
No Brasil, observa-se que o setor industrial, o segundo maior contribuinte
para a formao do fundo de recuperao da bacia,e portanto torna-se o setor com
maior capacidade de investim
-
31
cobrana), uma vez que o uso da gua para abastecimento pblico e
dessedentao de animais preponderante (ALMEIDA & SANTOS, 2003).
A racionalizao do uso de recursos hdricos deve ser, portanto, preocupao
do setor industrial e dos rgos gestores da bacia. Tambm, sendo este setor o que
mais emprega mo de obra e o que mais arrecada impostos, uma reduo dos
nveis de atividade industrial pode acarretar conseqncias scio-econmicas e
aes polticas, inicialmente no mbito da bacia hidrogrfica.
A racional longamento do
tempo de permannci sta sobrevida quali-
promove a reduo dos volumes captado e devolvido ao
corpo dgu
ipo de concesso.
A implantao de um programa de conservao de efluentes industrial
objetiva, portanto, a reduo da captao e do lanamento de efluentes no corpo
hdrico da empresa, e para sua efetivao, deve-se obter um profundo
conhecimento dos processos industriais, no que se refere aos processos e os
parmetros quali-quantitativos requeridos do insumo gua. Uma excelncia
gerencial requerida quando a empresa pretende adotar uma poltica de
racionalizao do uso da gua, eliminando perdas e compatibilizando quantidade e
qualidade ao uso.
O setor industrial deve, portanto, receber ateno especial dos rgos
gestores de recursos h s
com vistas a efetiva e descentralizada,
rincipalmente, neste momento com a difuso do conceito de empresa cidad.
izao do uso dos recursos hdricos consiste no pro
a da gua na planta industrial. E
quantitativa da gua
a. Como exemplo de aes que contribuem para a racionalizao do
uso dos recursos hdricos pode-se citar, a implantao de programas visando a
conservao do uso da gua industrial, que abrangem desde a implantao de
medidas visando o uso racional da gua, como identificao e reduo de perdas e
desperdcio na planta industrial, at o reuso de efluentes internos a planta industrial.
A importncia do reuso de gua para o processo de outorga, por exemplo,
reside no fato de que, a partir da implantao do reuso direto no processo
produtivo, fica o usurio automaticamente dispensado de qualquer autorizao por
parte do poder pblico para o prprio reuso da gua, uma vez que, sua reutilizao
no se enquadra em nenhuma das hipteses legais deste t
dricos no que concerne ao aprofundamento das relae
ao de parcerias, gesto participativ
p
-
32
A Resoluo n 54 de 28 de novembro de 2005, que estabelece critrios
gerais para o reuso de gua potvel, a primeira lei que trata diretamente da
questo do reuso,incentivando, por exemplo, questes referentes a critrios de
cobra
racionalizao devem ser introduzidos na gesto de recursos hdricos
industrial po auxiliares,
como ilustrado na Figura 10.
s setores auxiliares englobam a administrao, almoxarifado, armazns,
expedio, manuteno, combate a incndio, etc. Estes setores consomem,
para o sistema de combate a
cndio. Nas indstrias cuja preocupao com o meio ambiente mais difundida
muito
na diferenciados para usurios que adotem medidas de reuso.Conclui-se,
portanto, que mecanismos mais efetivos de incentivo adoo de medidas de
2.5 Principais usos da gua na indstria
2.5.1 Classificao do sistema hdrico industrial
Segundo ALMEIDA & SANTOS (2003), do ponto de vista hdrico, uma planta
de ser dividida em utilidades, processo industrial e setores
Corpo hdrico
Setor dd
e Utilida es
Processo industrial
Setores auxiliares
Figura 10 Fluxo de gua em uma planta industrial Fonte: ALMEIDA & SANTOS (2003)
O
sobretudo, gua potvel para higiene e gua bruta
in
comum utilizar a gua coletada pela rede pluvial da planta industrial para
complementar a reserva do sistema de combate de incndio.
O setor de utilidades responsvel pela captao e tratamento de gua, pelo
fornecimento dos insumos bsicos de produo, notadamente, vapor, potncia,
-
33
gua quente, gua gelada, gelo, gua bruta e gua tratada e pelo tratamento dos
efluentes industriais, como apresentado na Figura 11.
Figura 11 Setor de utilidades industrial
tamento de gua fornece basicamente trs tipos de gua
res industriais: gua potvel; gua industrial e gua desmineralizada.
veis qualitativos que so definidos pelo
processo produtivo. Neste aspecto o processo industrial representa um dos setores
que m
Tabela 12 Categorias de gua de acordo com sua qualidade Parmetros
FONTE: ALMEIDA & SANTOS (2003)
No processo industrial esto as unidades produtivas, ou seja, aquelas
unidades que convertem os insumos em produtos finais ou semi-acabados. Este
setor executa a atividade produtiva da indstria.
A estao de tra
para os seto
A gua industrial inclui diversos n
ais podem racionalizar o uso de gua, alm disso, a adequao qualitativa da
gua ao seu uso tambm um dos pontos que podem reduzir custos e consumo de
guas mais nobres. De acordo com sua aplicao e do grau de qualidade requerido
para esta, a gua pode ser enquadrada em uma das quatro categorias adaptadas
da classificao (Tabela 12).
Grau de Qualidade SDT DQO SST Dureza
(mg/l) a (mg/l) (mg/l) (mg/l) bTipo I; gua ultra pura
-
34
(b) valores baseados em dados fornecidos pela ANEEL e pela classificao de acordo com a dureza
Fonte: HESPANHOL & MIERZWA (2005)
ireto, a gua empregada para aquecimento, resfriamento,
iluio, limpeza, ou seja, a gua utilizada e depois retorna para sistema hdrico
da indstria ou perdida para o meio ambiente (ALMEIDA & SANTOS, 2003).
No mbito industrial a gua pode ter as seguintes aplicaes, segundo
HESP
o humano
umano de 25/02/2004.
mo humano e, muitas vezes, requer qualidade superior a esta, com o fim de
garan
A classificao da gua para aplicaes industriais segue caractersticas
fsico-qumicas, biolgicas e radioativas e varia de acordo com o tipo de aplicao e
o tipo de atividade industrial.
2.5.2 Tipos de uso de gua na indstria
Quanto ao uso da gua na indstria, faz-se necessrio classificar o uso da
gua em uso direto e indireto. Por uso direto entende-se aquele que a gua est
presente no produto final, como, por exemplo, em indstrias de bebidas e
refrigerantes. No uso ind
d
ANHOL & MIERZWA (2005):
ConsumA gua utilizada para consumo humano na unidade industrial deve atender os
requisitos de potabilidade determinados pela Portaria n 518 Norma de qualidade
de gua para consumo h
Matria-prima A gua incorporada ao produto final, como em indstrias farmacuticas,de
bebidas, e do ramo alimentcio entre outras, pode apresentar um grau de qualidade
variado, sendo que esta no pode ser inferior qualidade estabelecida para
consu
tir no apenas a sade do consumidor , como tambm de preservar a
qualidade do produto.
-
35
U
tersticas do processo que se destina, geralmente quando apresent