constitucional parte iii

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Cibele Fernandes Dias Knoerr ROTEIRO DE DIREITO CONSTITUCIONAL 1 PODER LEGISLATIVO. PROCESSO LEGISLATIVO. FISCALIZAÇÃO. I COMPOSIÇÃO DO PODER: PRINCIPA IS ÓRGÃOS INTERNOS (44, C F) a. BICAMERALISMO DO PODER LEGISLATIVO DA UNIÃO (44 a 46, CF) b. FUNCIONAMENTO PARLAMENTAR: legislatura (44, §único), sessão legislativa (57, CF na redação da Emenda 50/06), sessão conjunta da Câmara dos Deputados e do Senado Federal (57 , §3 º, CF);  Mesas (57, §4º e 5º); convoc ação extraordinária do Congre sso  Nacion al (57, §6º, CF), Comissões permanentes e temporárias (58, CF), Comissões Mistas (62, §9º, 166, §1º, CF) 1. (Juiz Federal 4ª Região 2005)  Durante o recesso parlamentar deve funcionar comissão representativa do Congresso Nacional, eleita por suas Casas. 2. (  Juiz Federa l 4ª Região 2008)  Dadas as assertivas abaixo, assinalar a alternativa correta: 1 Elaborado pela Professora Cibele Fernandes Dias Knoerr. 1

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Cibele Fernandes Dias Knoerr 

ROTEIRO DE DIREITO CONSTITUCIONAL1

PODER LEGISLATIVO. PROCESSO LEGISLATIVO. FISCALIZAÇÃO.

I COMPOSIÇÃO DO PODER: PRINCIPAIS ÓRGÃOS INTERNOS (44, CF)a. BICAMERALISMO DO PODER LEGISLATIVO DA UNIÃO (44 a 46, CF)

b. FUNCIONAMENTO PARLAMENTAR: legislatura (44, §único), sessão legislativa (57,CF na redação da Emenda 50/06), sessão conjunta da Câmara dos Deputados e do SenadoFederal  (57, §3º, CF);  Mesas (57, §4º e 5º); convocação extraordinária do Congresso Nacional  (57, §6º, CF), Comissões permanentes e temporárias (58, CF), Comissões Mistas(62, §9º, 166, §1º, CF)

1. (Juiz Federal 4ª Região 2005)  Durante o recesso parlamentar deve funcionar comissãorepresentativa do Congresso Nacional, eleita por suas Casas.

2. ( Juiz Federal 4ª Região 2008) Dadas as assertivas abaixo, assinalar a alternativa correta:

1 Elaborado pela Professora Cibele Fernandes Dias Knoerr.

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I. O recesso parlamentar de fim de ano vai de 15 de dezembro a 15 de fevereiro e o de meio deano de 30 de junho a 1º de agosto, período em que o Congresso fica inativo, sem funcionamentode qualquer órgão ou comissão.II. A convocação extraordinária do Congresso Nacional em casos de urgência ou interesse

 público relevante pode ocorrer por requerimento da maioria absoluta dos membros de alguma das

Casas Legislativas ou então, independentemente de aprovação parlamentar, por ato do Presidenteda República, do Presidente do Senado Federal ou do Presidente da Câmara dos Deputados.III. A convocação extraordinária do Congresso Nacional autoriza exclusivamente a deliberaçãoda matéria para a qual foi convocado e a apreciação de medidas provisórias, ainda que nãoincluídas na motivação da convocação, vedado o pagamento de parcela indenizatória aos

 parlamentares.IV. A legislatura do Congresso Nacional tem duração de quatro anos coincidentes com omandato dos Deputados Federais, período em que vigoram as composições das comissões

 permanentes e findo o qual extinguem-se as comissões temporárias; a  sessão legislativa temduração de um ano, divide-se em dois  períodos legislativos e suspende-se durante o recesso

 parlamentar.(a) Estão corretas apenas as assertivas I e II.(b) Estão corretas apenas as assertivas I e III.(c) Estão corretas apenas as assertivas III e IV.(d) Estão corretas apenas as assertivas II, III e IV.

II – FUNÇÃO LEGIFERANTE E PROCESSO LEGISLATIVO – (59, CF) –  “princípio da tipicidade dos atos legislativos” 1. leisordinárias

2. leiscomplementares

3. medidasprovisórias

4. leisdelegadas

5. Resoluçõesda Câmara

dosDeputados,do SenadoFederal e doCongressoNacional

6. Decretoslegislativos

do CongressoNacional

a) PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL: relativa e absoluta

3. ( Advocacia da União 2009 CESPE/UNB) (a) Segundo a doutrina, a aplicação do princípio dareserva legal absoluta é constatada quando a CF remete à lei formal apenas a fixação dos parâmetros de atuação para o órgão administrativo, permitindo que este promova acorrespondente complementação por ato infralegal. (b) De acordo com o princípio da legalidade,apenas a lei decorrente da atuação exclusiva do Poder Legislativo pode originar comandosnormativos prevendo comportamentos forçados, não havendo a possibilidade, para tanto, da

 participação normativa do Poder Executivo.

b) IMPORTÂNCIA DA OBSERVÂNCIA DO PROCESSO LEGISLATIVO:

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Espécies de inconstitucionalidade formal1. inconstitucionalidade orgânica: vício nainiciativa legislativa

2. inconstitucionalidade formalpropriamente dita: vício no processolegislativo ou na repartição de competênciaslegislativas

b) FASES DO PROCESSO LEGISLATIVO ORDINÁRIO (61 a 67, CF):  LEIS  ORDINÁRIAS 1. INICIATIVA LEGISLATIVA2. CONSTITUTIVA: a) Deliberação parlamentar: discussão e votação, b) Deliberação

executiva: sanção ou veto.3. INTEGRATIVA DE EFICÁCIA: a) promulgação e b) publicação

INICIATIVA COMUM OUCONCORRENTE:Presidente da República,deputados federais, senadores,Comissão da Câmara dosDeputados, Comissão do SenadoFederal, Comissão do Congresso

 Nacional, cidadãos (iniciativa popular, 61, §2º, CF).(61,caput, CF)

 REGRA

INICIATIVA PRIVATIVA OU EXCLUSIVA:(EXCEÇÃO)a. Presidente da República (61, §1º + 165, CF)a.1. Presidente da República em se tratando da lei ordináriaque fixa normas gerais para a organização do MinistérioPúblico e Defensoria Pública dos Estados, Distrito Federal eTerritórios (61, §1º, d, CF) ( Lei Orgânica Nacional do MP:

 Lei 8625/93)b. Supremo Tribunal Federal (93, caput, CF), TribunaisSuperiores e Tribunais de Justiça (96, II, CF), Tribunal de

Contas da União (73, CF)c. Procurador-Geral da República (127, §2º, CF)

INICIATIVA FACULTADAa. Presidente da República ou Procurador-Geral da Repúblicaem se tratando da lei complementar  que estabelece aorganização, atribuições e o estatuto do Ministério Público daUnião (61, §1º, d + 128, §5º, CF) ( Lei Complementar 75/93)b. Governador de Estado ou Procurador-Geral de Justiça emse tratando da lei complementar  que estabelece a

organização, atribuições e o estatuto do Ministério Públicodos Estados (128, §

 

5º, CF) “A iniciativa reservada, por constituir matéria de direito estrito, não se presume e nemcomporta interpretação ampliativa na medida em que – por implicar limitação ao poder de instauração do processo legislativo – deve, necessariamente, derivar de normaconstitucional explícita e inequívoca.”2

2 Supremo Tribunal Federal. ADin 724-6-RS, Relator Ministro Celso de Mello, DJU 27 abril de 2001.In: MORAES, Alexandre de. Constituição do brasil interpretada: e legislação constitucional. 4. ed.São Paulo: Atlas, 2004. p. 1136.

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4. ( Juiz Federal 4ª Região 2005) Constitui manifestação da soberania popular a iniciativa paraapresentação de projetos de lei, que exige subscrição de, no mínimo, um por cento do eleitoradonacional.

Iniciativa privativa do Presidente da República: 61, §1º + 165, CF (Normas centrais, quedevem ser reproduzidas pelos Estados-Membros, Distrito Federal e Municípios)61, §1º – I – fixem ou modifiquem os efetivos das Forças Armadas; II - disponham sobre: a)criação de cargos, funções ou empregos públicos na administração direta e autárquica ouaumento de sua remuneração; b) organização administrativa e judiciária, matéria tributária eorçamentária, serviços públicos e pessoal da administração dos Territórios; c) servidores

 públicos da União e Territórios, seu regime jurídico, provimento de cargos, estabilidade eaposentadoria; d) organização do Ministério Público e da Defensoria Pública da União, bemcomo normas gerais para a organização do Ministério Público e da Defensoria Pública dos

 Estados, do Distrito Federal e dos Territórios; e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da

administração pública observado o disposto no art. 84, VI; f) militares da forças armadas, seuregime jurídico, provimento de cargos, promoções, estabilidade, remuneração, reforma etransferência para a reserva.165 –  Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: I – o plano plurianual, II – asdiretrizes orçamentárias; III – os orçamentos anuais.

5. ( Procurador Federal 2006 – CESPE) O plano plurianual, as diretrizes orçamentárias e osorçamentos anuais serão estabelecidos por lei de iniciativa do Congresso Nacional.

6. (Procurador do Banco Central 2009 CESPE) A CF atribui ao presidente da República

iniciativa reservada no que concerne a leis sobre matéria tributária.“A regra de iniciativa privativa do Poder Executivo para os projetos de lei referentes àmatéria orçamentária é obrigatória para os Estados e Municípios; porém, em face daausência de previsão do art. 61 da Constituição . (Federal, não se estende à iniciativa

 para os projetos de lei em matéria tributária. [...] O ato de legislar sobre direitotributário, ainda que para conceder benefícios jurídicos de ordem fiscal, não se equipara

 – especialmente para os fins de instauração do respectivo processo legislativo – ao ato delegislar sobre o orçamento do Estado.”3

7. ( Procurador do Distrito Federal 2007 ESAF ) Considere que todas as leis abaixo enumeradassejam distritais, resultantes de projetos de lei de iniciativa de deputado distrital. Assinale aquelaque não apresenta vício de inconstitucionalidade formal:(a) lei que concede, em certas circunstâncias, parcelamento para o pagamento de imposto dacompetência do Distrito Federal,(b) lei que concede direito de creche para servidores do Distrito Federal,(c) lei que permite a conversão em pecúnia de 1/3 de férias de servidores do Distrito Federal,

3 STF, ADin 724-6/RS, in: MORAES, op. cit., p. 1136.

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(d) lei que concede isenção de multas de trânsito,(e) lei que regula o processo de impeachment do Governador no âmbito do Poder Legislativodistrital.

8. ( Procurador da Fazenda Nacional 2006 – ESAF)  Consolidou-se o entendimento de que

matéria que, no âmbito federal, está sujeita à legislação ordinária sob reserva de iniciativa doPresidente da República não pode ser regulada em Constituição Estadual.

“Em face da ausência de previsão específica da Constituição Federal de regra que preveja iniciativa privativa do Chefe do Poder Executivo para matéria tributária, ainiciativa concorrente, por configurar norma geral de processo legislativo, é aplicável aos Estados, Distrito Federal e Municípios, cujos respectivos diplomas devem,obrigatoriamente, consagrar a iniciativa concorrente para matéria tributária.”4

9. ( Juiz Federal 4ª Região 2008) Dadas as assertivas abaixo, assinalar a alternativa correta:

I. A norma legal que verse sobre regime dos servidores públicos, de iniciativa privativa do Poder Executivo, aprovada com emenda parlamentar, mesmo que com afinidade lógica e que nãoacresça despesa ao erário, é formalmente inconstitucional.II. É inconstitucional, por violação à cláusula da separação de poderes, a regra legal que imponhaao Poder Executivo prazo para regulamentação de lei.III. As matérias reguladas por lei ordinária cuja discussão legislativa dependa de iniciativa

 privativa do Governador do Estado podem ser dispostas pelos parlamentos estaduais no exercíciodo Poder Constituinte Derivado.IV. É exclusiva do Procurador-Geral da República a iniciativa de lei de organização doMinistério Público da União, do Distrito Federal e dos Territórios.

(a) Está correta apenas a assertiva II.(b) Está correta apenas a assertiva IV.(c) Estão corretas apenas as assertivas I e III.(d) Estão incorretas todas as assertivas.

a) A INICIATIVA LEGISLATIVA DETERMINA A CASA INICIAL E CASAREVISORA:1. Projeto de lei de iniciativa de deputadofederal, Comissão da Câmara dos Deputados,Presidente da República, Supremo Tribunal

Federal, Tribunais Superiores, Tribunal deContas da União, iniciativa popular eProcurador-Geral da República:

2. Projeto de lei de iniciativa de senador,Comissão do Senado Federal:CASA INICIAL: SENADO FEDERAL

CASA REVISORA: CÂMARA DOSDEPUTADOS

4 MORAES, Constituição..., op. cit., p. 1137.

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CASA INICIAL: CÂMARA DOSDEPUTADOS

CASA REVISORA: SENADO FEDERALb) Quem tem o poder de apresentar emendas a um projeto de lei?5  SOMENTE OSPARLAMENTARES

c) Os parlamentares podem emendar projeto de lei de iniciativa privativa ou reservada?SIM, QUALQUER PROJETO DE LEI PODE SER EMENDADO

4) Limites às emendas parlamentares:(4a) Limite expresso: a emenda parlamentar que não pode causar aumento da despesaprevista (63, I e II, CF): projetos de lei de iniciativa exclusiva do Presidente da República eque verse sobre organização dos serviços administrativos da Câmara dos Deputados, do SenadoFederal, dos Tribunais Federais ou do Ministério Público. Atenção: esta proibição não se aplicaem se tratando de emendas parlamentares à lei do orçamento anual que indicarem a fonte dos

recursos necessários (admitidos apenas os recursos decorrentes de anulação de outras despesas).(166, §§3º e 4º, CF). (4b) Limite: o “vínculo de pertinência temática” ou “adequação temática” entre a emendaparlamentar e o projeto de lei: em se tratando de iniciativa privativa ou exclusiva decorreimediatamente do princípio da separação dos poderes (Adin 1835/SC), na iniciativa comumdecorre exclusivamente do Regimento Interno da Câmara e do Senado Federal.6

10. ( Juiz Substituto TJ Paraná 2007)  No processo legislativo o projeto de lei de iniciativaexclusiva do presidente da república não pode ser emendado na casa revisora. 7 

5

Emenda é a proposição apresentada, com exclusividade, pelos parlamentares, como acessória de outra.Espécies de emendas parlamentares:  supressivas (determinam a erradicação de qualquer parte da proposição inicial); aditivas (acrescentam algo à proposição inicial); modificativas (alteram a proposiçãosem modificar substancialmente); emendas de redação (sanar vício de linguagem, incorreção de técnicalegislativa ou lapso manifesto). (MORAES, Constituição..., op. cit., p. 1177). O poder de emendar é, emregra, exclusivo dos parlamentares. Exceções: projetos de lei de natureza orçamentária, sobre os quais oChefe do Poder Executivo pode propor modificações enquanto não iniciada a votação da parte que sequer alterar, na Comissão mista (art. 166, §1º e 5º, da CF).6 O art. 230, do Regimento Interno do Senado Federal estabelece: “Não se admitirá emenda: a) semrelação com a matéria da disposição que se pretenda emendar; b) em sentido contrário à proposiçãoquando se trate de proposta de emenda à Constituição, projeto de lei ou de resolução.”

Excepcionalmente, a Constituição Federal exige a “adequação temática” no próprio projeto de lei, ouseja, a exigência de que os artigos do projeto de lei versem sobre o mesmo tema, o que acontece nas leisdo orçamento: art. 165, §8º, CF (estabelece que a lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranhoà previsão da receita e à fixação da despesa, ressalvada a possibilidade de autorização para abertura decréditos suplementares e contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de receita).7 “Não havendo aumento de despesa, o Poder Legislativo pode emendar projeto de iniciativa privativa doChefe do Poder Executivo, mas esse poder não é ilimitado, não se estendendo ele a emendas que nãoguardem estreita pertinência com o objeto do projeto encaminhado ao Legislativo pelo Executivo e quedigam respeito a matéria que também é da iniciativa privativa daquela autoridade.” (ADIN 546-DF,Relator Ministro Moreira Alves, j. 11.3.99)

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11. ( Procurador do Distrito Federal – 2004 – CESPE ) Desde que não impliquem aumento dadespesa prevista, as emendas parlamentares a projetos de lei sobre organização dos serviçosadministrativos do Poder Judiciário podem dispor sobre matéria diversa daquela que é objeto da

 proposta inicial.

“É formalmente inconstitucional norma resultante de emenda parlamentar que estende aoutras categorias de servidores públicos vantagem remuneratória que o projeto de leiencaminhado pelo Poder Executivo concedia, de forma restrita, a determinado segmentodo funcionalismo.”8

12. ( Procurador do Banco Central 2009 CESPE ) Segundo posicionamento do STF, não gerainconstitucionalidade formal a emenda parlamentar a projeto de lei de iniciativa de tribunal de

 justiça estadual que importe aumento de despesa, já que apenas em proposta de iniciativa dochefe do Poder Executivo a CF veda a apresentação de emenda parlamentar que impliqueaumento de despesa.

2. FASE CONSTITUTIVA (DELIBERAÇÃO PARLAMENTAR)a. Subfase de instrução: análise da constitucionalidade do projeto de lei pelas Comissõesde Constituição e Justiça e do mérito pelas Comissões Temáticas

1. Aprovado nas Comissões Temáticas, somente será enviado para ser votado peloPlenário (art. 58, §2º, I) – se houver recurso de um décimo dos membros da Casa (delegaçãointerna corporis)9

13. (Procurador da Fazenda Nacional 1998) Nos termos da CF, os projetos de lei deverão ser 

aprovados, necessariamente, pelo plenário da Câmara e do Senado Federal.

c) Quórum de instalação da sessão (maioria absoluta) e quórum de votação (maioriasimples ou relativa) (47, CF)

d) Discussão e votação –bicameralismo – Casa Inicial e Casa Revisora (65, caput , CF):1. Casa Revisora não aprova o projeto de lei: O PROJETO É ARQUIVADO

2. Casa Revisora aprova o projeto de lei sem emendas: O PROJETO SEGUE PARA

8 Supremo Tribunal Federal. ADin 774/RS, Relator: Ministro Sepúlveda Pertence, Julgamento: 10.12.98.Informativo do STF n. 135.9 A matéria está disciplinada no Regimento Interno de cada uma das Casas. Não se admite a delegaçãointerna corporis, ou seja, que o projeto de lei seja votado pela Comissão Temática e não pelo Plenário,quando se trate, por exemplo, de proposta de emenda, projeto de lei complementar, projeto de iniciativa popular ou quando a Casa Iniciadora aprovou a proposta pelo seu Plenário.

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DELIBERAÇÃO EXECUTIVA

3. Casa Revisora aprova o projeto de lei com emendas10:As emendas voltam para a deliberação da Casa Inicial:a) Casa Inicial aprova as emendas da Casa Revisora: O PROJETO COM AS EMENDAS

SEGUE PARA DELIBERAÇÃO EXECUTIVAb) Casa Inicial rejeita as emendas da Casa Revisora: O PROJETO SEM AS EMENDASSEGUE PARA DELIBERAÇÃO EXECUTIVA

14. ( Juiz Substituto TJ Paraná 2007) Lei Complementar de iniciativa de senador rejeitada nacasa revisora será arquivada na Câmara dos Deputados Federais.

15. ( Procurador do Ministério Público TCU 2004) O processo de elaboração de leis no sistema bicameral impõe que o projeto aprovado por uma casa seja submetido à outra tantas vezes

quantas forem as emendas que cada qual introduzir, de modo a garantir iguais poderes ao Senadoe à Câmara dos Deputados.

“Destarte, as Câmaras no processo legislativo brasileiro não estão em pé de igualdade. Avontade da que primeiro apreciou o projeto prevalece, na medida em que se impõe atécontra as emendas feitas pela outra, a revisora. Ora, isso, na prática, repercute umacerta inferiorização do Senado, que é necessariamente a Câmara revisora em todos os

 projetos de iniciativa presidencial, hoje a maioria e os mais importantes.”11

e. Regime de urgência constitucional ou processo legislativo sumário (64, §1º a 3º CF): (1) pedido de urgência do Presidente da República nos projetos de lei por ele apresentados, (2) Prazo

e conseqüência de sua inobservância, (3) Hipóteses em que o regime não se aplica (64, §4º)

16. ( Procurador do Banco Central 2009 CESPE ) Na sessão legislativa extraordinária, oCongresso Nacional delibera, além da matéria para a qual foi convocado e das medidas

 provisórias em vigor na data da convocação, a respeito dos projetos de lei complementar emregime de urgência.

f. Autógrafo: cópia autêntica da aprovação parlamentar do projeto de lei devendo refletiras transformações introduzidas na proposição legislativa

3. FASE CONSTITUTIVA: DELIBERAÇÃO EXECUTIVAa. SANÇÃO (66, CF): TOTAL ou PARCIAL/ EXPRESSA OU TÁCITAb. VETO:

10 É bom lembrar que as emendas da Casa Revisora não podem ser emendadas pela Casa Inicial, ou seja,senão o processo legislativo não teria mais fim, ficaria um zigue-zague eterno. Nesse sentido, o art. 285,do Regimento Interno do Senado Federal: “A emenda da Câmara a projeto do Senado não é suscetível de modificação por meio de subemenda.”11 FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Do processo legislativo. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 1995. p.208.

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1.EXPRESSO

(§1º e 3º, 66)

2.MOTIVADO(§1º, 66, CF)

3. TOTALOUPARCIAL

(§2º, 66,

CF)

4.SUPRESSIVO

5.SUPERÁVELOURELATIVO

(§§4º a 6º, 66)

6.IRRETRATÁVEL

c) Vício de iniciativa e sanção – Revogação da Súmula nº 5, do STF: “A sanção do projetosupre a falta de iniciativa do Poder Executivo” – A sanção não convalida o vício de iniciativaporque se trata de inconstitucionalidade formal

QUESTÃO. ( Juiz de Direito Minas Gerais 2ª Fase 2004) O Presidente da República pode vetar  projeto de lei de sua própria iniciativa? Justifique.

17. ( Procurador da Fazenda Nacional 2006 ESAF) Suponha que o Congresso Nacional aprove

lei, de iniciativa de Deputado Federal, que reduz alíquota do Imposto de Renda de PessoasFísicas. O Presidente da República sanciona o projeto. Mais tarde, percebe que a lei é ruinosa eouve seus conselheiros jurídicos que lhe dizem:1. Houve vício de iniciativa na elaboração da lei.2. O Presidente da República não pode provocar o Supremo Tribunal Federal a exercer o controlede constitucionalidade sobre a lei, porque sancionou o projeto.3. O Presidente da República pode, desde que se atenha ao prazo de veto de que dispõeconstitucionalmente, voltar atrás na sanção e vetar o projeto.4. Tendo o Presidente da República sancionado a lei, toda discussão sobre eventual invasão dasua iniciativa privativa fica prejudicada, já que, qualquer que seja o caso, a sanção supre o vício

de iniciativa.Assinale a opção correta.(a) Todas as afirmações estão corretas.(b) Nenhuma das afirmações está correta.(c) Apenas duas das afirmações estão corretas.(d) Apenas três das afirmações estão corretas.(e) Apenas uma das afirmações está correta.

18. ( Juiz Federal 5ª Região CESPE/UNB 2009) Considere que um projeto de lei de iniciativa parlamentar tenha por objeto autorizar o parcelamento de débitos tributários federais em 60

meses, especificando o seu alcance e requisitos. Nessa situação hipotética, a sanção presidencialelimina a inconstitucionalidade formal do referido projeto de lei, visto que a matéria é decompetência privativa do presidente da República.

4. FASE COMPLEMENTAR (INTEGRATIVA DE EFICÁCIA)1. PROMULGAÇÃO: “promulgar é atestar que a ordem jurídica foi inovada, declarandoque uma lei existe e, portanto, deve ser cumprida”

2. PUBLICAÇÃO: NO DIÁRIO OFICIALDA UNIÃO

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a.1) Quem promulga e publica? (66, §5º e §7º)b) Publicação (art. 1º, LICC – no silêncio da lei, ela começará a vigorar em todo territórionacional quarenta e cinco dias após a sua publicação e nos Estados estrangeiros após trêsmeses a sua publicação e art. 8º, Lei Complementar 95/98 – “A vigência da lei será indicadade forma expressa e de modo a contemplar prazo razoável para que dela se tenha amplo

conhecimento, reservada a cláusula ‘entra em vigor na data de sua publicação’ para as leis de pequena repercussão’ )b.1) Contagem do prazo na vacatio legis – contam-se como dias corridos, sem suspensão ouinterrupção, incluindo-se na contagem o dia da publicação e o último dia do prazo. A lei entra emvigor no dia subseqüente ao da consumação integral do prazo, segundo a Lei Complementar 95/98, na redação da LC n. 107/2001.

IIb. LEIS COMPLEMENTARES (69, CF):Diferenças com as leis ordinárias:1. MATERIAL: A CONSTITUIÇÃO FEDERAL ELENCA EXPRESSAMENTE AS

MATÉRIAS SUJEITAS À RESERVA DE LEI COMPLEMENTAR 2. FORMAL: O QUORUM DE APROVAÇÃO É DE MAIORIA ABSOLUTA

“Não se presume a necessidade de edição de lei complementar, pois esta somente éexigível nos casos expressamente previstos na Constituição.”12

19. ( Procurador Federal 2006 – CESPE) A Constituição Federal estabelece um regime peculiar de tramitação do projeto de lei orçamentária sem, contudo, exigir  quorum qualificado para suaaprovação, portanto, é correto concluir que a natureza da lei orçamentária é de lei ordinária.

20. ( Juiz Federal 4ª Região 2008) Cabe à lei complementar dispor sobre as diretrizes

orçamentárias e o plano plurianual, enquanto que à lei ordinária cabe dispor sobre a vigência, prazos e elaboração do orçamento anual.

21. ( Procurador Federal 2007 CESPE) A Lei Complementar n.º 73/1993 — Lei Orgânica daAGU— tem campo material próprio, fixado pela CF. Entretanto, contém, também, normas quedisciplinam matéria estranha ao campo material constitucionalmente delineado. Ao extravasar,incidentalmente, o seu âmbito material específico, a referida lei versou sobre matéria própria delei ordinária, sendo as normas resultantes desse extravasamento normas ordinárias, passíveis dealteração e revogação pela legislação ordinária.

IIc. RESOLUÇÕES do PODER LEGISLATIVO1. Resolução do Congresso Nacional (68, §3º, CF), Resolução da Câmara dos Deputados(51, CF) ou Resolução do Senado Federal (52, CF): FORMALIZA COMPETÊNCIASEXCLUSIVAS OU PRIVATIVAS DO PODER LEGISLATIVOa) Participação do Presidente da República no processo legislativo, seja apresentando oprojeto de resolução, sancionando ou vetando o projeto, promulgando e publicando aResolução? NÃO

12 Supremo Tribunal Federal. In: MORAES, Constituição..., op. cit., p. 1199.

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b) Promulgação e Publicação: RESOLUÇÃO DA CÂMARA: PRESIDENTE DA MESA DA CÂMARARESOLUÇÃO DO SENADO: PRESIDENTE DA MESA DO SENADORESOLUÇÃO DO CONGRESSO: PRESIDENTE DA MESA DO SENADO (enquantoPresidente da Mesa do Congresso)

22. (Procurador do Banco Central 2009 CESPE) As resoluções constituem atos normativossecundários que dispõem acerca da regulação de determinadas matérias do Congresso Nacionalnão inseridas no âmbito de incidência dos decretos legislativos e da lei.

IId. DECRETOS LEGISLATIVOS1. Decreto Legislativo do Congresso Nacional (49, 62, §§3º, 11, CF): FORMALIZACOMPETÊNCIAS EXCLUSIVAS DO CONGRESSOa) Participação do Presidente da República no processo legislativo, seja apresentando oprojeto de resolução, sancionando ou vetando o projeto, promulgando e publicando a

Resolução? NÃOb) Promulgação e Publicação: PRESIDENTE DA MESA DO SENADO (enquantoPresidente da Mesa do Congresso)

23. (Procurador do Banco Central 2009 CESPE) (a) O decreto legislativo é espécie normativadestinada a dispor acerca de matérias de competência exclusiva do Congresso Nacional e deveser, obrigatoriamente, instruído, discutido e votado em ambas as casas legislativas, no sistema

 bicameral. (b) As matérias de competência privativa do Senado Federal não dependem de sanção presidencial e se materializam por meio de decreto legislativo.

IIe. LEIS DELEGADAS (68, CF) e PRINCÍPIO DA SEPARAÇÃO DE PODERESa. LIMITES MATERIAIS EXPRESSOS OU MATÉRIAS QUE NÃO PODEM SER OBJETO DE LEI DELEGADA (art. 68, §1º, I a III, CF)1. Atos de competência exclusiva do Congresso Nacional, de competência privativa da Câmarados Deputados ou do Senado Federal (§1

 

º, 68)2. Matéria reservada à lei complementar (§1º, 68)3. Legislação sobre organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e agarantia de seus membros (I, 68)4. Nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais (II, 68)5. Planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos (III, 68)

b. Delegação típica (art. 68, §2º, CF): o Presidente da República pede ao Congresso Nacionalque lhe transfira competência legislativa sobre matéria específica. O Congresso Nacionalautoriza, mediante resolução, o Presidente da República a editar lei delegada sobre um assunto. OPresidente elabora a lei delegada.c. Delegação atípica ou imprópria (art. 68, §3º, CF): Quando o Congresso Nacional transfereao Presidente o exercício da competência legislativa, exige, na resolução, que o projeto de leidelegada, depois de elaborado pelo Presidente da República, retorne ao Congresso Nacional paraser discutido e votado. Nessa situação, o Congresso Nacional discutirá e votará o projeto de lei

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delegada, mas não poderá apresentar emendas parlamentares (aliás,  trata-se de única hipótese,num processo legislativo, em que a CF proíbe a apresentação de emendas parlamentares ao

 projeto de lei). Assim, ou o Congresso aprova o projeto de lei delegada que, automaticamente, setransforma em lei delegada, seguindo para promulgação e publicação pelo Presidente daRepública; ou o Congresso rejeita o projeto de lei delegada que será arquivado. Note-se que o

 projeto de lei delegada, justamente porque não pode sofrer emendas parlamentares, não passa pela fase da sanção ou veto.

24. (Ministério Público Estadual Rio Grande do Norte CESPE 2009) A iniciativa das leisdelegadas cabe a qualquer membro ou comissão da Câmara dos Deputados ou do SenadoFederal, na forma e nos casos previstos na CF.

IIf. MEDIDAS PROVISÓRIAS (62, CF)

a. Natureza jurídica e relação com o princípio da separação de poderes

“As medidas provisórias configuram espécies normativas de natureza infraconstitucional,dotadas de força e eficácia legais.” Ministro Celso de Mello, do STF  .13

b. PRESSUPOSTOS AUTORIZADORES da edição de medida provisória - relevância eurgência – e possibilidade de controle jurisdicional de constitucionalidade1. NÃO CABE O CONTROLE JURISDICIONAL (REGRA): QUANDO O EXAME DOSPRESSUPOSTOS DEPENDER DE UM JUÍZO SUBJETIVO, POLÍTICO,DISCRICIONÁRIO DO PRESIDENTE

2. CABE O CONTROLE JURISDICIONAL (EXCEÇÃO): QUANDO O EXAME DOS

PRESSUPOSTOS DEPENDER DE AVALIAÇÃO OBJETIVA

25. (Juiz Federal 4ª Região) Os conceitos de relevância e urgência, como pressupostos para aedição de medidas provisórias, decorrem, em princípio, do juízo discricionário de oportunidade ede valor do Presidente da República, mas admitem o controle judiciário quanto ao excesso do

 poder de legislar.14

(c) LIMITES MATERIAIS ou matérias que não podem ser objeto de medida provisória(acrescentado pela Emenda Constitucional n. 32/2001):

(c.1) Vedações similares àqueles previstos para a edição de lei delegada:1. Matéria relativa à nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direito

13 RTJ 151/331.14 “A mera possibilidade de avaliação arbitrária daqueles pressupostos (relevância e urgência), pelo Chefedo Poder Executivo, constitui razão bastante para justificar o controle jurisdicional. O reconhecimento deimunidade que pré-excluísse de apreciação judicial o exame de tais pressupostos, caso admitido fosse,implicaria consagrar, de modo inaceitável, em favor do Presidente da República, uma ilimitada expansãode seu poder para editar medidas provisórias, sem qualquer possibilidade de controle, o que se revelariaincompatível com o nosso sistema constitucional.” Supremo Tribunal Federal. Ministro Celso de Mello.

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eleitoral (I, a, §1º, 62) – (similar ao II, §1º, 68)2. Organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seusmembros (I, c, §1º, 62) (= I, §1º, 68)3. planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e suplementares,ressalvado o disposto no 167, §3º (similar ao III, §1º, 168) (exceção: para abertura de crédito

extraordinário para atender despesas imprevisíveis e urgentes como as decorrentes de guerra,comoção interna ou calamidade pública)4. reservada à lei complementar (III, §1º, art. 62) (= parte do §1º, 68)5. Faltou vedar medida provisória em matéria de competência exclusiva do Congresso Nacional,

 privativa do Senado ou da Câmara dos Deputados 

(c.2) Vedações previstas exclusivamente para a medida provisória:1. direito penal, processual penal e processual civil (b, I, 62)2. que vise a detenção ou seqüestro de bens, de poupança popular ou de qualquer outro ativofinanceiro (II, 62)

3. já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional e pendente de sanção ouveto do Presidente da República (IV, 62)4. regulamentar a exploração do serviço local de gás canalizado, de competência estadual (25,§2º, CF)5. regulamentação de artigo da Constituição cuja redação tenha sido alterada por emendaconstitucional promulgada entre 1º de janeiro de 1995 até a promulgação da Emenda 32, de 11 desetembro de 2001 (art. 246, acrescentado pela Emenda 6, de 15 de agosto de 1995, com novaredação pela Emenda 32, de 2001)6. regulamentação de matéria prevista nos incisos I a IV e dos §§ 1º e 2º do art. 177 da CF, quedizem respeito a atividades econômicas sujeitas a monopólio da União (Emenda 9, de 9 de

novembro de 1995). 

26. ( Juiz Federal 5ª Região CESPE 2009) Suponha que determinado projeto de lei ordinária sejaencaminhado para sanção presidencial e que, nesse mesmo momento, o presidente da Repúblicaresolva editar uma medida provisória acerca da mesma matéria tratada no referido projeto. Nessasituação hipotética, desde que atendidos os demais preceitos constitucionais, não há impedimento

 para se editar a referida medida provisória.

27. ( Juiz Federal 5ª Região CESPE 2009) Para regulamentar a exploração direta, ou medianteconcessão, dos serviços locais de gás canalizado, pode ser utilizada pelos estados medida

 provisória, desde que prevista a sua edição na respectiva constituição estadual.

(c.3) A questão da medida provisória sobre direito tributário1. O art. 62, §2º admite expressamente a instituição e majoração de impostos, estabelecendolimites constitucionais.2. A Constituição Federal consagra, no art. 150, inc. I o princípio da reserva legal, e veda acobrança de tributo no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que osinstituiu ou aumentou (art. 150, III, “b”, CF - princípio da anterioridade). Ainda assim, o STF

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admitia o uso de medida provisória para exigir ou aumentar tributo. Em se tratando decontribuição social prevista no art. 195 da CF, o STF também admitiu o uso de medida provisóriadesde que respeitado o § 6º, ou seja, possibilidade de exigência da contribuição somente depois de90 dias da data da publicação da lei que as houvesse instituído ou modificado.3. A emenda 32, de 2001 permitiu a edição de medida provisória para instituir ou majorar 

tributos, mas respeitado o princípio da anterioridade com um avanço em relação à orientação doSTF, porque a medida provisória só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele ano em que foi editada (art. 62, § 2º, CF).4. Todavia, excepcionalmente, a medida provisória poderá instituir ou majorar tributos e acobrança poderá ser imediata, em relação aos impostos sobre importação de produtos estrangeiros(II), sobre exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados (IE), sobre

 produtos industrializados (IPI), sobre operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulosou valores mobiliários (IOF), nos termos do art. 153, incisos I, II, IV e V, como também sobreimpostos extraordinários de guerra (IEG), conforme art. 154, II, da CF. A ressalva aos impostosII, IE, IPI, IOF e IEG deve-se ao fato de que estes impostos não estão submetidos ao princípio da

anterioridade, por força do art. 150, § 1º da CF.

28. ( Procurador da Fazenda Nacional 2004 – ESAF ) A emenda constitucional n. 32/2001 proíbe o uso de medida provisória para criar ou majorar impostos, tornando superada a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal que o admitia.

29. ( Procurador Federal 2007 CESPE) Medida provisória pode estabelecer isenção do ISSincidente sobre a exportação de serviços para o exterior.

30. ( Procurador do Distrito Federal 2007 ESAF ) Sabendo-se que a Emenda Constitucional n.

11, de 30.4.96, estabeleceu que “é facultado às universidades admitir professores, técnicos ecientistas estrangeiros, na forma da lei”, é dado afirmar que o Presidente da República não podeexpedir medidas provisórias para regular a admissão desses professores, técnicos e cientistasestrangeiros no quadro das universidades.

d. Procedimento:d.1. DURAÇÃO DA MEDIDA PROVISÓRIA (§3º, 4º, 6º e 7º do art. 62 + §8º, do art. 57,CF)1. Prazo inicial de vigência: 60 DIAS2. Prorrogação automática da vigência: POR MAIS 60 DIAS, ESGOTADO O PRAZO

INICIAL, PELO PRESIDENTE DA MESA DO CONGRESSO NACIONALa) A contagem do prazo é ininterrupta? NÃO, É SUSPENSA DURANTE O RECESSOPARLAMENTAR b) No 45º dia, se não tiver sido concluída a votação da MP: ENTRA EM REGIME DEURGÊNCIA, TRANCANDO A PAUTA DA CASA QUE ESTIVER SOBRE ELADELIBERANDO15

15  ARTIGO: Medida Provisória - Separação de Poderes - Poder de Agenda do Congresso Nacional(Transcrições) MS 27931 MC/DF* RELATOR: MIN. CELSO DE MELLO DECISÃO: Trata-se de mandado de

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31. ( Procurador da Fazenda Nacional 2004 - ESAF ) Uma medida provisória pode ter vigênciasuperior a 120 dias, sem que o Presidente da República a reedite.

32. ( Procurador do Distrito Federal 2007 ESAF) Os prazos de vigência das medidas provisórias

são decadenciais e, durante a sua fluência, não se admite suspensão nem interrupção. 

d.2 Tramitação da medida provisória no Poder Legislativo (§5º, §8º e 9º, do art. 62):

segurança preventivo, com pedido de liminar, impetrado por ilustres membros do Congresso Nacional contradecisão do Senhor Presidente da Câmara dos Deputados que “(...) formalizou, perante o Plenário da Câmara dosDeputados, seu entendimento no sentido de que o sobrestamento das deliberações legislativas – previsto no § 6ºdo art. 62 da Constituição Federal – só se aplicaria, supostamente, aos projetos de lei ordinária” (fls. 03/04 -grifei). A decisão questionada nesta sede mandamental, proferida pelo eminente Senhor Presidente da Câmara

dos Deputados, está assim ementada (fls. 53): “Responde à questão de ordem do Deputado Regis de Oliveiracom uma reformulação e ampliação da interpretação sobre quais são as matérias abrangidas pela expressão‘deliberações legislativas’ para os fins de sobrestamento da pauta por medida provisória nos termos daConstituição; entende que, sendo a medida provisória um instrumento que só pode dispor sobre temas atinentes aleis ordinárias, apenas os projetos de lei ordinária que tenham por objeto matéria passível de edição de medida provisória estariam por ela sobrestados; desta forma, considera não estarem sujeitas às regras de sobrestamento,além das propostas de emenda à Constituição, dos projetos de lei complementar, dos decretos legislativos e dasresoluções - estas objeto inicial da questão de ordem - as matérias elencadas no inciso I do art. 62 daConstituição Federal, as quais tampouco podem ser objeto de medidas provisórias; decide, ainda, que as medidas provisórias continuarão sobrestando as sessões deliberativas ordinárias da Câmara dos Deputados, mas nãotrancarão a pauta das sessões extraordinárias.” (grifei) Busca-se, agora, com o presente mandado de segurança,ordem judicial que determine, “(...) ao Presidente da Câmara dos Deputados, que se abstenha de colocar emdeliberação qualquer espécie de proposição legislativa, até que se ultime a votação de todas as medidas provisórias que, eventualmente, estiverem sobrestando a pauta, nos termos do § 6º do art. 62 da Constituição(...)” (fls. 15 - grifei). O Senhor Presidente da Câmara dos Deputados, ao proferir a decisão em referência, assimfundamentou, em seus aspectos essenciais, o entendimento ora questionado (fls. 46/48): “(...) quero dizer - jáfaço uma síntese preliminar – que, além das resoluções, que podem ser votadas apesar do trancamento da pauta por uma medida provisória, também assim pode ocorrer com as emendas à Constituição, com a leicomplementar, com os decretos legislativos e, naturalmente, com as resoluções. Dou um fundamento para estaminha posição. O primeiro fundamento é de natureza meramente política. Os senhores sabem o quanto esta Casatem sido criticada, porque praticamente paralisamos as votações em face das medidas provisórias. Basta registrar que temos hoje 10 medidas provisórias e uma décima primeira que voltou do Senado Federal, porque lá houveemenda, que trancam a pauta dos nossos trabalhos. Num critério temporal bastante otimista, essa pauta só serádestrancada no meio ou no final de maio, isso se ainda não voltarem para cá outras medidas provisórias doSenado Federal, com eventuais emendas, ou, ainda, outras vierem a ser editadas de modo a trancar a pauta.Portanto, se não encontrarmos uma solução, no caso, interpretativa do texto constitucional que nos permita odestrancamento da pauta, nós vamos passar, Deputadas e Deputados, praticamente esse ano sem conseguir levar adiante as propostas que tramitam por esta Casa que não sejam as medidas provisórias. Aqui, estou me cingindoa colocações de natureza política. Eu quero, portanto, dar uma resposta à sociedade brasileira, dizendo que nósencontramos, aqui, uma solução que vai nos permitir legislar. ...................................................... Fechada aexplicação de natureza política, eu quero dar uma explicação de natureza jurídica que me leva a essedestrancamento. A primeira afirmação que quero fazer, agora sob o foco jurídico, é uma afirmação de naturezagenérica. (...). Uma primeira é que esta Constituição - sabemos todos – inaugurou, política e juridicamente, umestado democrático de direito. Não precisamos ressaltar que nasceu como fruto do combate ao autoritarismo. Não precisamos ressaltar que surgiu para debelar o centralismo. Não precisamos repisar que surgiu para igualar 

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1. COMISSÃO MISTA (62, §9º, CF –  Caberá à Comissão mista de deputados e senadoresexaminar as medidas provisórias e sobre elas emitir parecer, antes de serem apreciadas, emsessão separada, pelo plenário de cada uma das Casas do Congresso Nacional)2. CASA INICIAL: CÂMARA DOS DEPUTADOS3. CASA REVISORA: SENADO FEDERAL

(62, §5º, CF: A deliberação de cada uma das Casas do Congresso Nacional sobre o mérito dasmedidas provisórias dependerá de juízo prévio sobre o atendimento de seus pressupostosconstitucionais)

os poderes e, portanto, para impedir que um dos poderes tivesse uma atuação política e juridicamente superior àde outro poder, o que ocorria no período anterior à Constituinte de l988. ...................................................... E, naseqüência, estabeleceu uma igualdade absoluta entre os poderes do Estado, ou seja, eliminou aquela ordem jurídica anterior que dava prevalência ao Poder Executivo e, no particular, ao Presidente daRepública. ....................................................... Ao distribuir essas funções, a soberania popular, expressada na

Constituinte, estabeleceu funções distintas para órgãos distintos. Para dizer uma obviedade, Executivo executa,Legislativo legisla e Judiciário julga. Portanto, a função primacial, primeira, típica, identificadora de cada umdos poderes é esta: execução, legislação e jurisdição. ....................................................... No caso do Legislativo,essa atividade foi entregue ao órgão do poder chamado Poder Legislativo. Pode haver exceção a esse princípio?Digo eu: pode e há. Tanto que, em matéria legislativa, o Poder Executivo, por meio do Presidente da República, pode editar medidas provisórias com força de lei, na expressão constitucional. É uma exceção ao princípiosegundo o qual ao Legislativo incumbe legislar. ...................................................... Então, volto a dizer: toda vezque há uma exceção, esta interpretação não pode ser ampliativa. Ao contrário. A interpretação é restritiva. Todae qualquer exceção retirante de uma parcela de poder de um dos órgãos de Governo, de um dos órgãos de poder, para outro órgão de Governo, só pode ser interpretada restritivamente. Muito bem. Então, registrado que há umaexceção, nós vamos ao art. 62 e lá verificamos o seguinte: que a medida provisória, se não examinada no prazode 45 dias, sobresta todas as demais deliberações legislativas na Casa em que estiver tramitando a medida provisória. Mas, aí, surge uma pergunta: de que deliberação legislativa está tratando o texto constitucional? E eu,aqui, faço mais uma consideração genérica. A interpretação mais prestante na ordem jurídica do textoconstitucional é a interpretação sistêmica. Quer dizer, eu só consigo desvendar os segredos de um dispositivoconstitucional se eu encaixá-lo no sistema. É o sistema que me permite a interpretação correta do texto. Ainterpretação literal - para usar um vocábulo mais forte - é a mais pedestre das interpretações. Então, se eu ficar na interpretação literal, ‘todas as deliberações legislativas’, eu digo, nenhuma delas pode ser objeto deapreciação. Mas não é isso o que diz o texto. Eu pergunto, e a pergunta é importante: uma medida provisória pode versar sobre matéria de lei complementar? Não pode. Há uma vedação expressa no texto constitucional. Amedida provisória pode modificar a Constituição? Não pode. Só a emenda constitucional pode fazê-lo. A medida provisória pode tratar de uma matéria referente a decreto legislativo, por exemplo, declarar a guerra ou fazer a paz, que é objeto de decreto legislativo? Não pode. A medida provisória pode editar uma resolução sobre oRegimento Interno da Câmara ou do Senado? Não pode. Isto é matéria de decreto legislativo e de resolução.Aliás, aqui faço um parêntese: imaginem os senhores o que significa o trancamento da pauta. Se hoje estourasseum conflito entre o Brasil e um outro país, e o Presidente mandasse uma mensagem para declarar a guerra, nósnão poderíamos expedir o decreto legislativo, porque a pauta está trancada até maio. Então, nós mandaríamosavisar: só a partir do dia 15 ou 20 de maio nós vamos poder apreciar esse decreto legislativo. Não é? Então, emface dessas circunstâncias, a interpretação que se dá a essa expressão ‘todas as deliberações legislativas’ sãotodas as deliberações legislativas ordinárias. Apenas as leis ordinárias é que não podem trancar a pauta. Eademais disso, mesmo no tocante às leis ordinárias, algumas delas estão excepcionadas. O art. 62, no inciso I, aotratar das leis ordinárias que não podem ser objeto de medida provisória, estabelece as leis ordinárias sobrenacionalidade, cidadania e outros tantos temas que estão elencados no art. 62, inciso I. Então, nestas matériastambém, digo eu, não há trancamento da pauta. Esta interpretação, como V. Exas. percebem, é uma interpretaçãodo sistema constitucional. O sistema constitucional nos indica isso, sob pena de termos que dizer o seguinte: (...)

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33. ( Procurador da Fazenda Nacional 2004 – ESAF ) A conversão em lei de medida provisóriatorna insuscetível de discussão qualquer eventual inconstitucionalidade formal de que a medida

 provisória pudesse padecer.

d.3. Quando a medida provisória é aprovada sem emendas parlamentares: é discutida em

Casa do Congresso Nacional (Câmara dos Deputados-Casa Inicial/ Senado Federal: CasaRevisora, será considerada aprovada se obtiver, no mínimo, a maioria simples ou relativados votos dos parlamentares presentes na sessão plenária de cada Casa); não sofre fase de

a Constituinte de 1988 não produziu o Estado Democrático de Direito; a Constituinte de 1988 não produziu aigualdade entre os órgãos do Poder. A Constituinte de 1988 produziu um sistema de separação de Poderes, emque o Poder Executivo é mais relevante, é maior, politicamente, do que o Legislativo, tanto é maior que basta umgesto excepcional de natureza legislativa para paralisar as atividades do Poder Legislativo. Poderíamos atéexagerar e dizer: na verdade o que se quis foi apenar o Poder Legislativo. Ou seja, se o Legislativo não examinou

essa medida provisória, que nasceu do sacrossanto Poder Executivo, o Legislativo paralisa as suas atividades e passa naturalmente a ser chicoteado pela opinião pública. Por isso que, ao dar esta interpretação, o que querosignificar é que as medidas provisórias evidentemente continuarão na pauta das sessões ordinárias, e continuarãotrancando a pauta das sessões ordinárias, não trancarão a pauta das sessões extraordinárias (...).” (grifei) ALEGITIMIDADE ATIVA DOS IMPETRANTES EM FACE DE SUA CONDIÇÃO DE MEMBROS DOCONGRESSO NACIONAL. Sendo esse o contexto, examino, inicialmente, questão pertinente à legitimidadeativa dos ilustres Deputados Federais impetrantes do presente mandado de segurança. E, ao fazê-lo, reconheço,na linha do magistério jurisprudencial desta Suprema Corte (MS 23.334/RJ, Rel. Min. CELSO DE MELLO,v.g.), que os membros do Congresso Nacional dispõem de legitimidade ativa “ad causam” para provocar ainstauração do controle jurisdicional sobre o processo de formação das leis e das emendas à Constituição,assistindo-lhes, sob tal perspectiva, irrecusável direito subjetivo de impedir que a elaboração dos atosnormativos, pelo Poder Legislativo, incida em desvios inconstitucionais. É por essa razão que o SupremoTribunal Federal tem reiteradamente proclamado, em favor dos congressistas – e apenas destes -, oreconhecimento desse direito público subjetivo à correta elaboração das emendas à Constituição, das leis e dasdemais espécies normativas referidas no art. 59 da Constituição: “(...) O processo de formação das leis ou deelaboração de emendas à Constituição revela-se suscetível de controle incidental ou difuso pelo Poder Judiciário,sempre que, havendo possibilidade de lesão à ordem jurídico-constitucional, a impugnação vier a ser suscitada por membro do próprio Congresso Nacional, pois, nesse domínio, somente ao parlamentar - que dispõe dodireito público subjetivo à correta observância das cláusulas que compõem o devido processo legislativo - assistelegitimidade ativa ad causam para provocar a fiscalização jurisdicional. (...).” (MS 23.565/DF, Rel. Min. CELSODE MELLO) Não se pode ignorar que a estrita observância das normas constitucionais condiciona a própriavalidade dos atos normativos editados e/ou examinados pelo Poder Legislativo (CARL SCHMITT, “Teoria deLa Constitución”, p. 166, 1934; PAOLO BISCARETTI DI RUFFIA, “Diritto Costituzionale”, vol. I/433-434,1949; JULIEN LAFERRIÈRE, “Manuel de Droit Constitutionnel”, p. 330, 1947; A. ESMEIN, “Elements deDroit Constitutionnel Français et Comparé”, vol. I/643, 1927; SERIO GALEOTTI, “Contributo alla Teoria delProcedimento Legislativo”, p. 241). Desse modo, torna-se possível, em princípio, a fiscalização jurisdicional do processo de criação e de formação dos atos normativos, desde que - instaurada para viabilizar, “incidenter tantum”, o exame da compatibilidade das proposições com o texto da Constituição da República - venha a ser iniciada por provocação formal de qualquer dos integrantes das Casas legislativas. Bem por isso, o SupremoTribunal Federal, na análise dessa específica questão, consagrou orientação jurisprudencial que reconhece a possibilidade do controle incidental de constitucionalidade das proposições legislativas, desde que instaurado por iniciativa de membros do órgão parlamentar perante o qual se acham em curso os projetos de lei, as propostas deemenda à Constituição ou as medidas provisórias, p. ex.. A possibilidade extraordinária dessa intervenção jurisdicional, ainda que no próprio momento de produção das normas pelo Congresso Nacional, tem por finalidade assegurar, ao parlamentar (e a este, apenas), o direito público subjetivo - que lhe é inerente (RTJ

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deliberação executiva – sanção ou veto; a lei de conversão é promulgada e publicada peloPresidente do Senado Federal.

34. ( Procurador do Distrito Federal ESAF 2007 ) Mesmo que o Congresso Nacional aprove amedida provisória editada pelo Presidente da República sem nenhuma alteração, o ato de

conversão deve ser levado ao Chefe do Executivo para a sanção ou veto.

d.3. Quando são aprovadas emendas ao texto da medida provisória (62, §12.  Aprovado projeto de lei de conversão alterando o texto original da medida provisória, esta manter-se-á

139/783) - de ver elaborados, pelo Legislativo, atos estatais compatíveis com o texto constitucional, garantindo-se, desse modo, àqueles que participam do processo legislativo (mas sempre no âmbito da Casa legislativa a que pertence o congressista impetrante), a certeza de observância da efetiva supremacia da Constituição, respeitados,necessariamente, no que se refere à extensão do controle judicial, os aspectos discricionários concernentes àsquestões políticas e aos atos “interna corporis” (RTJ 102/27 - RTJ 112/598 - RTJ 112/1023). Titulares do poder 

de agir em sede jurisdicional, portanto, tratando-se de controvérsia constitucional instaurada ainda no momentoformativo do projeto de lei (inclusive do projeto de lei de conversão) ou da proposta de emenda à Constituição,hão de ser os próprios membros do Congresso Nacional, a quem se reconhece, como líquido e certo, o direito público subjetivo à correta observância da disciplina jurídica imposta pela Carta Política em sede de elaboraçãodas espécies normativas. O parlamentar, fundado na sua condição de co-partícipe do procedimento de formaçãodas normas estatais, dispõe, por tal razão, da prerrogativa irrecusável de impugnar, em juízo, o eventualdescumprimento, pela Casa legislativa, das cláusulas constitucionais que lhe condicionam, no domínio materialou no plano formal, a atividade de positivação dos atos normativos. POSSIBILIDADE DE CONTROLEJURISDICIONAL DA DELIBERAÇÃO PARLAMENTAR QUESTIONADA, POR OCORRENTESITUAÇÃO CONFIGURADORA DE LITÍGIO CONSTITUCIONAL. Reconhecida, assim, a legitimidade dosora impetrantes para agir na presente sede mandamental, passo a examinar a admissibilidade, no caso, desta açãode mandado de segurança, por entender que a decisão ora impugnada não se qualifica como ato “internacorporis”. Tenho para mim, em juízo de sumária cognição, que a presente causa revela-se suscetível deconhecimento por esta Suprema Corte, em face da existência, na espécie, de litígio constitucional – instauradoentre os ora impetrantes, em sua condição de membros do Congresso Nacional, e o Senhor Presidente da Câmarados Deputados – referente à interpretação do § 6º do art. 62 da Constituição Federal, acrescido pela EC nº32/2001. Esse particular aspecto da controvérsia afasta o caráter “interna corporis” do procedimento em questão,legitimando-se, desse modo, tal como tem sido reconhecido pela jurisprudência do Supremo Tribunal Federal(RTJ 173/805-810, 806 - RTJ 175/253 - RTJ 176/718, v.g.), o exercício, por esta Suprema Corte, da jurisdiçãoque lhe é inerente, em razão da natureza jurídico-constitucional do litígio em causa. Vê-se, portanto, que aexistência de controvérsia jurídica impregnada de relevo constitucional legitima o exercício, por esta SupremaCorte, de sua atividade de controle, que se revela ínsita ao âmbito de competência que a própria Carta Políticalhe outorgou. Isso significa reconhecer, considerados os fundamentos que dão suporte a esta impetração, que a prática do “judicial review” - ao contrário do que muitos erroneamente supõem e afirmam – não pode ser considerada um gesto de indevida interferência jurisdicional na esfera orgânica do Poder Legislativo. É que a jurisdição constitucional qualifica-se como importante fator de contenção de eventuais excessos, abusos ouomissões alegadamente transgressores do texto da Constituição da República, não importando a condiçãoinstitucional que ostente o órgão estatal – por mais elevada que seja sua posição na estrutura institucional doEstado - de que emanem tais condutas. Não custa rememorar, neste ponto, que tal entendimento – plenamentelegitimado pelos princípios que informam o Estado Democrático de Direito e que regem, em nosso sistemainstitucional, as relações entre os Poderes da República – nada mais representa senão um expressivo reflexohistórico da prática jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal (RTJ 142/88-89 - RTJ 167/792-793 - RTJ175/253 - RTJ 176/718, v.g.). Essa visão é também compartilhada pelo magistério da doutrina (PEDRO LESSA,“Do Poder Judiciário”, p. 65/66, 1915, Livraria Francisco Alves; RUI BARBOSA, “Obras Completas de RuiBarbosa”, vol. XLI, tomo III, p. 255/261, Fundação Casa de Rui Barbosa; CASTRO NUNES, “Do Mandado de

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integralmente em vigor até que seja sancionado ou vetado o projeto” ): o projeto de lei deconversão segue o processo legislativo ordinário: é discutido em votado em cada Casa doCongresso Nacional (Câmara- Casa Inicial/ Senado: Casa Revisora) e será consideradoaprovado se obtiver o voto favorável da maioria simples ou relativa em cada Casa; se foraprovado em ambas as Casas vai para a deliberação executiva (sanção ou veto do

Presidente); se for sancionado ou derrubado o veto do Presidente, a lei de conversão serápromulgada e publicada pelo Presidente da República (que se o não fizer em quarenta eoito horas, passa para o Presidente do Senado que, se não o fizer em quarenta e oitohoras, passa para o Vice-Presidente do Senado).

Segurança”, p. 223, item n. 103, 5ª ed., 1956, Forense; PONTES DE MIRANDA, “Comentários à Constituiçãode 1967 com a Emenda n. 1, de 1969”, tomo III/644, 3ª ed., 1987, Forense; JOSÉ ELAERES MARQUESTEIXEIRA, “A Doutrina das Questões Políticas no Supremo Tribunal Federal”, 2005, Fabris Editor; DERLYBARRETO E SILVA FILHO, “Controle dos Atos Parlamentares pelo Poder Judiciário”, 2003, Malheiros;OSCAR VILHENA VIEIRA, “Supremo Tribunal Federal: Jurisprudência Política”, 2ª ed., 2002, Malheiros,

v.g.), cuja orientação, no tema, tem sempre ressaltado, na linha de diversas decisões desta Corte, que “O Poder Judiciário, quando intervém para assegurar as franquias constitucionais e para garantir a integridade e asupremacia da Constituição, desempenha, de maneira plenamente legítima, as atribuições que lhe conferiu a própria Carta da República” (RTJ 173/806, Rel. Min. CELSO DE MELLO). Entendo cognoscível, desse modo,salvo melhor juízo, o presente mandado de segurança, eis que configurada a existência, na espécie, de litígio deíndole constitucional. Superadas as questões prévias que venho de referir, passo a apreciar a postulação cautelar formulada pelos ilustres impetrantes. A COMPETÊNCIA EXTRAORDINÁRIA DE EDITAR MEDIDASPROVISÓRIAS NÃO PODE LEGITIMAR PRÁTICAS DE CESARISMO GOVERNAMENTAL NEM INIBIR O EXERCÍCIO, PELO CONGRESSO NACIONAL, DE SUA FUNÇÃO PRIMÁRIA DE LEGISLAR. Queroregistrar, desde logo, uma vez mais, a minha extrema preocupação – que já externara, em 1990, quando do julgamento da ADI 293-MC/DF, de que fui Relator - com o excesso de medidas provisórias que os sucessivosPresidentes da República têm editado, transformando a prática extraordinária dessa competência normativa primária em exercício ordinário do poder de legislar, com grave comprometimento do postulado constitucionalda separação de poderes. O exame da presente controvérsia mandamental suscita reflexão em torno de matériaimpregnada do mais alto relevo jurídico, pois está em debate, neste processo, para além da definição do alcancede uma regra de caráter procedimental (CF, art. 62, § 6º), a própria integridade do sistema de poderes,notadamente o exercício, pelo Congresso Nacional, da função primária que lhe foi constitucionalmente atribuída:a função de legislar. Ao julgar a ADI 2.213-MC/DF, de que sou Relator, salientei, então, a propósito da anômalasituação institucional que resulta do exercício compulsivo do poder (extraordinário) de editar medidas provisórias, que o postulado da separação de poderes, que impõe o convívio harmonioso entre os órgãos dasoberania nacional, atua, no contexto da organização estatal, como um expressivo meio de contenção dosexcessos, que, praticados por qualquer dos poderes, culminam por submeter os demais à vontade hegemônica deum deles apenas. A decisão ora impugnada nesta sede mandamental, considerados os fundamentos que lhe dãosuporte legitimador, reflete, aparentemente, a justa preocupação da autoridade apontada como coatora – queassocia, à sua condição de político ilustre, o perfil de constitucionalista eminente – com o processo de progressivo (e perigoso) esvaziamento das funções legislativas, que devem residir, primariamente, como típicafunção da instituição parlamentar, no Congresso Nacional (MICHEL TEMER, “Elementos de DireitoConstitucional”, p. 133, item n. 1, 22ª ed./2ª tir., 2008, Malheiros), em ordem a neutralizar ensaios decentralização orgânica capazes de submeter, ilegitimamente, o Parlamento à vontade unipessoal do Presidente daRepública, cuja hegemonia no processo legislativo tende, cada vez mais, a inibir o poder de agenda doLegislativo, degradando-o, enquanto instituição essencial ao regime democrático, à condição de aparelho estatalinteiramente subordinado aos desígnios do Executivo, precisamente em decorrência da prática imoderada do poder de editar medidas provisórias. Na realidade, a deliberação ora questionada busca reequilibrar as relaçõesinstitucionais entre a Presidência da República e o Congresso Nacional, fazendo-o mediante interpretação quedestaca o caráter fundamental que assume, em nossa organização política, o princípio da divisão funcional do

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35. ( Juiz Federal 4ª Região 2005) As medidas provisórias, quando convertidas em lei, com ousem alteração do texto original, são promulgadas imediatamente como lei de conversão,independentemente de sanção.

36. (Procurador do Banco Central 2009 CESPE) A medida provisória aprovada pelo Congresso Nacional com alterações é transformada em projeto de lei de conversão e deve ser promulgada pelo presidente do Senado, independentemente de sanção ou veto do presidente da República.

 poder, cuja essencialidade - ressaltada por ilustres doutrinadores (JOSÉ ANTÔNIO PIMENTA BUENO,“Direito Público Brasileiro e Análise da Constituição do Império”, p. 32/33, item ns. 27/28, 1958, reedição doMinistério da Justiça, Rio de Janeiro; MIGUEL REALE, “Figuras da Inteligência Brasileira”, p. 45/50, 2ª ed.,1994, Siciliano; CÁRMEN LÚCIA ANTUNES ROCHA, “Medidas Provisórias e Princípio da Separação dePoderes”, in “Direito Contemporâneo/Estudos em homenagem a Oscar Dias Corrêa”, p. 44/69, 2001, Forense

Universitária; JOHN LOCKE, “Segundo Tratado sobre o Governo”, p. 89/92, itens ns. 141/144, 1963, Ibrasa;JAMES MADISON, “O Federalista”, p. 394/399 e 401/405, 401, arts. ns. 47 e 48, 1984, Editora UnB, v.g.) – foiexpressamente destacada pelo eminente Senhor Presidente da Câmara dos Deputados, que acentuou asgravíssimas conseqüências que necessariamente derivam da transgressão a esse postulado básico que rege omodelo político-institucional vigente em nosso País (fls. 48): “Esta interpretação (...) é uma interpretação dosistema constitucional. O sistema constitucional nos indica isso, sob pena de termos que dizer o seguinte: (...) aConstituinte de 1988 não produziu o Estado Democrático de Direito; a Constituinte de 1988 não produziu aigualdade entre os órgãos do Poder. A Constituinte de 1988 produziu um sistema de separação de Poderes, emque o Poder Executivo é mais relevante, é maior, politicamente, do que o Legislativo.” (grifei) As razõesexpostas pelo Senhor Presidente da Câmara dos Deputados põem em evidência um fato que não podemosignorar: o de que a crescente apropriação institucional do poder de legislar, por parte dos sucessivos Presidentesda República, tem causado profundas distorções que se projetam no plano das relações políticas entre os PoderesExecutivo e Legislativo. Os dados pertinentes ao número de medidas provisórias editadas e reeditadas pelosvários Presidentes da República, desde 05 de outubro de 1988 até a presente data, evidenciam que o exercíciocompulsivo da competência extraordinária de editar medida provisória culminou por introduzir, no processoinstitucional brasileiro, verdadeiro cesarismo governamental em matéria legislativa, provocando gravesdistorções no modelo político e gerando sérias disfunções comprometedoras da integridade do princípioconstitucional da separação de poderes. Desse modo, e mesmo que o exercício (sempre excepcional) daatividade normativa primária pelo Poder Executivo possa justificar-se em situações absolutamente emergenciais,abrandando, em tais hipóteses, “o monopólio legislativo dos Parlamentos” (RAUL MACHADO HORTA,“Medidas Provisórias”, “in” Revista de Informação Legislativa, vol. 107/5), ainda assim revelar-se-á profundamente inquietante - na perspectiva da experiência institucional brasileira - o progressivo controlehegemônico do aparelho de Estado, decorrente da superposição da vontade unipessoal do Presidente daRepública, em função do exercício imoderado da competência extraordinária que lhe conferiu o art. 62 daConstituição. A FÓRMULA INTERPRETATIVA ADOTADA PELO PRESIDENTE DA CÂMARA DOSDEPUTADOS: UMA REAÇÃO LEGÍTIMA AO CONTROLE HEGEMÔNICO, PELO PRESIDENTE DAREPÚBLICA, DO PODER DE AGENDA DO CONGRESSO NACIONAL? Todas essas circunstâncias efatores – que tão perigosamente minimizam a importância político-institucional do Poder Legislativo - parecemhaver justificado a reação do Senhor Presidente da Câmara dos Deputados consubstanciada na decisão em causa.Parece-me, ao menos em juízo de estrita delibação, considerada a ratio subjacente à decisão ora impugnada, quea solução interpretativa dada pelo Senhor Presidente da Câmara dos Deputados encerraria uma resposta jurídicaqualitativamente superior àquela que busca sustentar – e, mais grave, preservar – virtual interdição das funçõeslegislativas do Congresso Nacional. Se é certo, de um lado, que o diálogo institucional entre o Poder Executivo eo Poder Legislativo há de ser desenvolvido com observância dos marcos regulatórios que a própria Constituiçãoda República define, não é menos exato, de outro, que a Lei Fundamental há de ser interpretada de modo

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3. Rejeição EXPRESSA ou perda de eficácia por decurso de prazo (§11, 62):1. Após 60 dias, o Congresso Nacional, edita o decreto legislativo regulando as situações

 jurídicas constituídas durante a vigência da MP: A medida provisória PERDEEFICÁCIA A PARTIR DE SUA PUBLICAÇÃO (EX TUNC)2. Após 60 dias, o Congresso não edita o decreto legislativo: A medida provisória PERDE

EFICÁCIA A PARTIR DE SUA REJEIÇÃO OU DA DATA EM QUE EXPIROU SEUPRAZO DE VIGÊNCIA (EX NUNC)

compatível com o postulado da separação de poderes, em ordem a evitar exegeses que estabeleçam a preponderância institucional de um dos Poderes do Estado sobre os demais, notadamente se, de tal interpretação, puder resultar o comprometimento (ou, até mesmo, a esterilização) do normal exercício, pelos órgãos dasoberania nacional, das funções típicas que lhes foram outorgadas. Na realidade, a expansão do poder  presidencial, em tema de desempenho da função (anômala) de legislar, além de viabilizar a possibilidade de uma

 preocupante ingerência do Chefe do Poder Executivo da União no tratamento unilateral de questões, que,historicamente, sempre pertenceram à esfera de atuação institucional dos corpos legislativos, introduz fator dedesequilíbrio sistêmico que atinge, afeta e desconsidera a essência da ordem democrática, cujos fundamentos -apoiados em razões de garantia política e de segurança jurídica dos cidadãos - conferem justificação teórica ao princípio da reserva de Parlamento e ao postulado da separação de poderes. Interpretações regalistas daConstituição - que visem a produzir exegeses servilmente ajustadas à visão e à conveniência exclusivas dosgovernantes e de estamentos dominantes no aparelho social - representariam clara subversão da vontade inscritano texto de nossa Lei Fundamental e ensejariam, a partir da temerária aceitação da soberania interpretativamanifestada pelos dirigentes do Estado, a deformação do sistema de discriminação de poderes fixado, de modolegítimo e incontrastável, pela Assembléia Nacional Constituinte. A interpretação dada pelo Senhor Presidenteda Câmara dos Deputados ao § 6º do art. 62 da Constituição da República, ao contrário, apoiada em estritaconstrução de ordem jurídica, cujos fundamentos repousam no postulado da separação de poderes, teria,aparentemente, a virtude de fazer instaurar, no âmbito da Câmara dos Deputados, verdadeira práxis libertadorado desempenho, por essa Casa do Congresso Nacional, da função primária que, histórica e institucionalmente,sempre lhe pertenceu: a função de legislar. É por isso que o exame das razões expostas pelo Senhor Presidenteda Câmara dos Deputados, na decisão em causa, leva-me a ter por descaracterizada, ao menos em juízo desumária cognição, a plausibilidade jurídica da pretensão mandamental ora deduzida nesta sede processual. Adeliberação emanada do Senhor Presidente da Câmara dos Deputados parece representar um sinal muitoexpressivo de reação institucional do Parlamento a uma situação de fato que se vem perpetuando no tempo e queculmina por frustrar o exercício, pelas Casas do Congresso Nacional, da função típica que lhes é inerente, qualseja, a função de legislar. A construção jurídica formulada pelo Senhor Presidente da Câmara dos Deputados,além de propiciar o regular desenvolvimento dos trabalhos legislativos no Congresso Nacional, parecedemonstrar reverência ao texto constitucional, pois - reconhecendo a subsistência do bloqueio da pauta daquelaCasa legislativa quanto às proposições normativas que veiculem matéria passível de regulação por medidas provisórias (não compreendidas, unicamente, aquelas abrangidas pela cláusula de pré-exclusão inscrita no art.62, § 1º, da Constituição, na redação dada pela EC nº 32/2001) – preserva, íntegro, o poder ordinário de legislar atribuído ao Parlamento. Mais do que isso, a decisão em causa teria a virtude de devolver, à Câmara dosDeputados, o poder de agenda, que representa prerrogativa institucional das mais relevantes, capaz de permitir, aessa Casa do Parlamento brasileiro, o poder de selecionar e de apreciar, de modo inteiramente autônomo, asmatérias que considere revestidas de importância política, social, cultural, econômica e jurídica para a vida doPaís, o que ensejará – na visão e na perspectiva do Poder Legislativo (e não nas do Presidente da República) - aformulação e a concretização, pela instância parlamentar, de uma pauta temática própria, sem prejuízo daobservância do bloqueio procedimental a que se refere o § 6º do art. 62 da Constituição, considerada, quanto aessa obstrução ritual, a interpretação que lhe deu o Senhor Presidente da Câmara dos Deputados. Sendo assim,em face das razões expostas, e sem prejuízo de ulterior reexame da controvérsia em questão, indefiro o pedido de

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37. ( Procurador do Distrito Federal 2007 ESAF ) Vencido o prazo de 60 dias sem que oCongresso Nacional tenha apreciado a medida provisória, essa somente continuará a viger se oPresidente da República a reeditar, ficando, então, em vigor por mais 60 dias.

38. ( Advocacia da União 2009 CESPE/UNB) As medidas provisórias não convertidas em lei no

 prazo constitucional perdem a eficácia a partir do ato declaratório de encerramento do prazo desua vigência.

h. REEDIÇÃO DA MEDIDA PROVISÓRIA – (art. 62, §10, CF) –  “É vedada a reedição,na mesma sessão legislativa, de medida provisória que tenha sido rejeitada ou que tenha perdido sua eficácia por decurso de prazo” .

40. (Juiz Federal 4ª Região) O Presidente da República pode enviar mensagem ao Congresso Nacional retirando medida provisória ainda não votada, mas não pode ab-rogá-la por meio denova medida provisória.16 

41. ( Procurador da Fazenda Nacional 2004 - ESAF) O Presidente da República não pode editar medida provisória para revogar outra medida provisória ainda não apreciada pelo Congresso

 Nacional.

42. ( Procurador Federal 2006 – CESPE ) A revogação de uma medida provisória por outrasubtrai, de imediato, ao Congresso Nacional o exame da matéria contida na medida provisóriarevogada, ainda que não tenha ocorrido o transcurso do prazo para apreciação pela casalegislativa.

5. O art. 2º da Emenda 32/2001: “As medidas provisórias editadas em data anterior à da publicação desta emenda continuam em vigor até que medida provisória ulterior as revogueexplicitamente ou até deliberação definitiva do Congresso Nacional”.

43. ( Procurador do Distrito Federal 2007 ESAF) O Congresso Nacional não pode mais rejeitar as medidas provisórias que foram editadas até trinta dias antes da entrada em vigor da EmendaConstitucional n. 32, que regulou o instituto das medidas provisórias.

medida cautelar. 2. Solicitem-se informações ao eminente Senhor Presidente da Câmara dos Deputados,autoridade ora apontada como coatora, encaminhando-se-lhe cópia da presente decisão. Observo que a peça processual produzida a fls. 36/41 pelo Senhor Presidente da Câmara dos Deputados refere-se, unicamente, à sua

explícita oposição ao deferimento da medida cautelar. A ilustre autoridade apontada como coatora deverá, ainda, juntamente com as informações, identificar, discriminando-as, as medidas provisórias, que, ora em tramitação naCâmara dos Deputados, acham-se na situação a que se refere o § 6º do art. 62 da Constituição. Publique-se.Brasília, 27 de março de 2009. Ministro CELSO DE MELLO Relator *decisão publicada no DJE de 1º.4.2009Íntegra do Informativo 540 do STF. 

16 "Suspende-se a eficácia da medida provisória - ainda pendente de apreciação pelo Congresso Nacional -que venha a ser revogada por outra, até que haja pronunciamento do Poder Legislativo sobre a MPrevogadora. Convertida esta em lei, torna-se definitiva a revogação. Não sendo convertida, retomará seusefeitos a MP revogada pelo período que ainda lhe restava para vigorar.” Informativo 94, do STF.

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e1. CONTROLE POLÍTICO DE CONSTITUCIONALIDADE DA MEDIDAPROVISÓRIA:1. Controle pela Comissão Mista de deputados e senadores (62, §9º, CF): parecer sobre aMP

a) pressupostos de edição da MP (controle que pode ser feito em face da possibilidade deexame subjetivo ou objetivo) –  inconstitucionalidade formal ; 2. observância dos limitesmateriais: inconstitucionalidade formal; 3. observâncias das regras de processo legislativo:inconstitucionalidade formal; 4. mérito (ou matéria propriamente dita):inconstitucionalidade material.2. Controle por cada uma das Casas do Congresso Nacional (62, §5º, CF): rejeição da MPa) mesmo âmbito de incidência do controle da Comissão Mista

e2. CONTROLE JURISDICIONAL DE CONSTITUCIONALIDADE DA MEDIDAPROVISÓRIA (sempre repressivo):

1. Pressupostos de edição da MP (relevância e urgência): SIM, em caráter excepcionalquando for possível realizar um exame objetivo. INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL2. Limites materiais expressos: Sim. INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL3. Processo legislativo: Sim. INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL.4. Matéria propriamente dita: Sim. INCONSTITUCIONALIDADE MATERIAL.

44. ( Juiz Substituto TJ Paraná 2005) Em relação aos pressupostos da necessidade e daurgência exigíveis para a edição de Medida Provisória, é correto afirmar que:(a) compete ao Presidente da República, com exclusividade, decidir sobre a presença ou não detais pressupostos, sendo defeso ao Congresso Nacional analisá-los;

(b) é defeso ao Judiciário declarar a inconstitucionalidade de Medida Provisória que não atendaaos referidos pressupostos;(c) deve o Congresso Nacional, antes mesmo da análise do mérito da Medida Provisória, verificar a presença de tais pressupostos;(d) rejeitada Medida Provisória por falta dos referidos pressupostos não pode o Presidente daRepública reeditá-la.

45. ( Advocacia da União 2009) Não há veto ou sanção presidencial na emenda à Constituição,em decretos legislativos e em resoluções, nas leis delegadas, na lei resultante da conversão, semalterações, de medida provisória.

III – FUNÇÃO DE FISCALIZAÇÃO

1. FISCALIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA: AS COMISSÕESPARLAMENTARES DE INQUÉRITO

58, §3º, da Constituição Federal – “As Comissões Parlamentares de Inquérito, que terão poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nosregimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado

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Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço de seusmembros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil oucriminal dos infratores.” 1. Requisitos formais para criação: REQUERIMENTO DE 1/3 DOS MEMBROS DA

CASA17, podendo ser instalada separadamente por cada uma das Casas (Câmara 18 ouSenado) ou em conjunto (CPI Mista)19

2. Prazo certo: DELIMITADO NA SUA EXTENSÃO20, HAVENDO A POSSIBILIDADE

17 "O modelo federal de criação e instauração das comissões parlamentares de inquérito constitui matériaa ser compulsoriamente observada pelas casas legislativas estaduais. A garantia da instalação da CPIindepende de deliberação plenária, seja da Câmara, do Senado ou da Assembléia Legislativa.Precedentes. Não há razão para a submissão do requerimento de constituição de CPI a qualquer órgão daAssembléia Legislativa. Os requisitos indispensáveis à criação das comissões parlamentares de inquérito

estão dispostos, estritamente, no artigo 58 da CB/88.” ADI 3.619, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em1º-8-06, DJ de 20-4-07.18 "A restrição estabelecida no § 4º do artigo 35 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados, quelimita em cinco o número de CPIs em funcionamento simultâneo, está em consonância com os incisos IIIe IV do artigo 51 da Constituição Federal, que conferem a essa Casa Legislativa a prerrogativa deelaborar o seu regimento interno e dispor sobre sua organização. Tais competências são um poder-dever que permite regular o exercício de suas atividades constitucionais." (ADI 1.635, Rel. Min. MaurícioCorrêa, julgamento em 19-10-00, DJ de 5-3-04)19 “O Parlamento recebeu dos cidadãos, não só o poder de representação política e a competência paralegislar, mas, também, o mandato para fiscalizar os órgãos e agentes do Estado, respeitados, nesse processo de fiscalização, os limites materiais e as exigências formais estabelecidas pela Constituição

Federal. - O direito de investigar - que a Constituição da República atribuiu ao Congresso Nacional e àsCasas que o compõem (art. 58, § 3º) - tem, no inquérito parlamentar, o instrumento mais expressivo deconcretização desse relevantíssimo encargo constitucional, que traduz atribuição inerente à própriaessência da instituição parlamentar. - A instauração do inquérito parlamentar, para viabilizar-se noâmbito das Casas legislativas, está vinculada, unicamente, à satisfação de três (03) exigências definidas,de modo taxativo, no texto da Carta Política: (1) subscrição do requerimento de constituição da CPI por,no mínimo, 1/3 dos membros da Casa legislativa, (2) indicação de fato determinado a ser objeto deapuração e (3) temporariedade da comissão parlamentar de inquérito. - Preenchidos os requisitosconstitucionais (CF, art. 58, § 3º), impõe-se a criação da Comissão Parlamentar de Inquérito, que nãodepende, por isso mesmo, da vontade aquiescente da maioria legislativa. Atendidas tais exigências (CF,art. 58, § 3º), cumpre, ao Presidente da Casa legislativa, adotar os procedimentos subseqüentes e

necessários à efetiva instalação da CPI, não lhe cabendo qualquer apreciação de mérito sobre o objeto dainvestigação parlamentar, que se revela possível, dado o seu caráter autônomo (RTJ 177/229 - RTJ180/191-193), ainda que já instaurados, em torno dos mesmos fatos, inquéritos policiais ou processos judiciais. O ESTATUTO CONSTITUCIONAL DAS MINORIAS PARLAMENTARES: APARTICIPAÇÃO ATIVA, NO CONGRESSO NACIONAL, DOS GRUPOS MINORITÁRIOS, AQUEM ASSISTE O DIREITO DE FISCALIZAR O EXERCÍCIO DO PODER. - A prerrogativainstitucional de investigar, deferida ao Parlamento (especialmente aos grupos minoritários que atuam noâmbito dos corpos legislativos), não pode ser comprometida pelo bloco majoritário existente noCongresso Nacional e que, por efeito de sua intencional recusa em indicar membros para determinadacomissão de inquérito parlamentar (ainda que fundada em razões de estrita conveniência político-

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DE PRORROGAÇÃO TAMBÉM POR PRAZO CERTO nos termos do RegimentoInterno, LIMITADA SUA DURAÇÃO À LEGISLATURA EM QUE FOI INSTAURADA(art. 5º, § 2º, da Lei 1.579/52)

3. Amplitude do seu campo de atuação: FATOS DETERMINADOS, (ii) fatos definidos e

relacionados ao Poder Público, o que não impede a apuração de fatos conexos ao principal ou oaditamento do objeto inicial da CPI ao longo da investigação, (iii) o objeto da investigação tem dese relacionar com a competência legislativa ou fiscalizatória do Congresso não podendo adentrar na análise dos negócios privados Quando não estejam ligados com a gestão da coisa pública, (iv)

 partidária), culmine por frustrar e nulificar, de modo inaceitável e arbitrário, o exercício, pelo Legislativo(e pelas minorias que o integram), do poder constitucional de fiscalização e de investigação docomportamento dos órgãos, agentes e instituições do Estado, notadamente daqueles que se estruturam naesfera orgânica do Poder Executivo. - Existe, no sistema político-jurídico brasileiro, um verdadeiroestatuto constitucional das minorias parlamentares, cujas prerrogativas - notadamente aquelas pertinentes

ao direito de investigar - devem ser preservadas pelo Poder Judiciário, a quem incumbe proclamar o altosignificado que assume, para o regime democrático, a essencialidade da proteção jurisdicional a ser dispensada ao direito de oposição, analisado na perspectiva da prática republicana das instituições parlamentares. - A norma inscrita no art. 58, § 3º, da Constituição da República destina-se a ensejar a participação ativa das minorias parlamentares no processo de investigação legislativa, sem que, paratanto, mostre-se necessária a concordância das agremiações que compõem a maioria parlamentar. ACONCEPÇÃO DEMOCRÁTICA DO ESTADO DE DIREITO REFLETE UMA REALIDADE DENSADE SIGNIFICAÇÃO E PLENA DE POTENCIALIDADE CONCRETIZADORA DOS DIREITOS EDAS LIBERDADES PÚBLICAS. - O Estado de Direito, concebido e estruturado em bases democráticas,mais do que simples figura conceitual ou mera proposição doutrinária, reflete, em nosso sistema jurídico,uma realidade constitucional densa de significação e plena de potencialidade concretizadora dos direitos

e das liberdades públicas. - A opção do legislador constituinte pela concepção democrática do Estado deDireito não pode esgotar-se numa simples proclamação retórica. A opção pelo Estado democrático dedireito, por isso mesmo, há de ter conseqüências efetivas no plano de nossa organização política, naesfera das relações institucionais entre os poderes da República e no âmbito da formulação de uma teoriadas liberdades públicas e do próprio regime democrático. Em uma palavra: ninguém se sobrepõe, nemmesmo os grupos majoritários, aos princípios superiores consagrados pela Constituição da República. - Odireito de oposição, especialmente aquele reconhecido às minorias legislativas, para que não setransforme numa promessa constitucional inconseqüente, há de ser aparelhado com instrumentos deatuação que viabilizem a sua prática efetiva e concreta. - A maioria legislativa, mediante deliberadainércia de seus líderes na indicação de membros para compor determinada Comissão Parlamentar deInquérito, não pode frustrar o exercício, pelos grupos minoritários que atuam no Congresso Nacional, do

direito público subjetivo que lhes é assegurado pelo art. 58, § 3º, da Constituição e que lhes confere a prerrogativa de ver efetivamente instaurada a investigação parlamentar em torno de fato determinado e por período certo. O CONTROLE JURISDICIONAL DOS ATOS PARLAMENTARES:POSSIBILIDADE, DESDE QUE HAJA ALEGAÇÃO DE DESRESPEITO A DIREITOS E/OUGARANTIAS DE ÍNDOLE CONSTITUCIONAL. - O Poder Judiciário, quando intervém para assegurar as franquias constitucionais e para garantir a integridade e a supremacia da Constituição, desempenha, demaneira plenamente legítima, as atribuições que lhe conferiu a própria Carta da República, ainda que essaatuação institucional se projete na esfera orgânica do Poder Legislativo. - Não obstante o caráter políticodos atos parlamentares, revela-se legítima a intervenção jurisdicional, sempre que os corpos legislativosultrapassem os limites delineados pela Constituição ou exerçam as suas atribuições institucionais com

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respeito ao princípio federativo e às competências dos Poderes Legislativos locais.

4. Limites de seu poder investigatório: (i) poder de investigação é sinônimo de “poder deinstrução processual penal” respeitando os mesmos limites constitucionais impostos ao Poder Judiciário (necessária fundamentação (exposição dos motivos de fato e de direito) de suas

decisões (93, IX e X, CF), respeito ao sigilo de determinadas informações).

5. PODERES – O QUE A CPI PODE FAZER:(a) (5º, X, CF) QUEBRAR SIGILO BANCÁRIO, FISCAL E TELEFÔNICO

(b) INTIMAR E OUVIR INVESTIGADOS E TESTEMUNHAS21, DETERMINAR 

ofensa a direitos públicos subjetivos impregnados de qualificação constitucional e titularizados, ou não, por membros do Congresso Nacional. Questões políticas. Doutrina. Precedentes. - A ocorrência dedesvios jurídico-constitucionais nos quais incida uma Comissão Parlamentar de Inquérito justifica,

 plenamente, o exercício, pelo Judiciário, da atividade de controle jurisdicional sobre eventuais abusoslegislativos (RTJ 173/805-810, 806), sem que isso caracterize situação de ilegítima interferência na esferaorgânica de outro Poder da República. LEGITIMIDADE PASSIVA "AD CAUSAM" DO PRESIDENTEDO SENADO FEDERAL - AUTORIDADE DOTADA DE PODERES PARA VIABILIZAR ACOMPOSIÇÃO DAS COMISSÕES PARLAMENTARES DE INQUÉRITO. - O mandado de segurançahá de ser impetrado em face de órgão ou agente público investido de competência para praticar o ato cujaimplementação se busca. - Incumbe, em conseqüência, não aos Líderes partidários, mas, sim, aoPresidente da Casa Legislativa (o Senado Federal, no caso), em sua condição de órgão dirigente darespectiva Mesa, o poder de viabilizar a composição e a organização das comissões parlamentares deinquérito. (MS 24831-DF. Relator: Ministro Celso de Mello. Julgamento: 22.6.2005. Tribunal Pleno. DJ4.8.2006. p. 00026).

O Tribunal, por maioria, rejeitou as questões preliminares suscitadas neste processo, inclusive aquela proposta pelo Senhor Ministro Eros Grau. Prosseguindo no julgamento, e também por votaçãomajoritária, o Tribunal concedeu o mandado de segurança, nos termos do voto do relator, para assegurar,à parte impetrante, o direito à efetiva composição da Comissão Parlamentar de Inquérito, de que trata oRequerimento nº 245/2004, devendo, o Senhor Presidente do Senado, mediante aplicação analógica doart. 28, § 1º do Regimento Interno da Câmara dos Deputados, c/c o art. 85, caput, do Regimento Internodo Senado Federal, proceder, ele próprio, à designação dos nomes faltantesdos Senadores que irão compor esse órgão de investigação legislativa, observado, ainda, o disposto no §1º do art. 58 da Constituição da República, vencido o Senhor Ministro Eros Grau. Votou o residente,Ministro Nelson Jobim.20 “O estatuto regimental em questão dispõe, em seu art. 35, § 3º, que ‘A Comissão (...) terá o prazo de

cento e vinte dias, prorrogável por até metade, mediante deliberação do Plenário, para conclusão de seustrabalhos’. Isso significa, portanto, que eventual omissão do requerimento de criação de CPI será suprida,de pleno direito, pelo que prescreve a norma regimental em causa, pois esta — dando concreção àfinalidade da regra inscrita no § 3º do art. 58 da Constituição — estabelece, desde logo, o prazo deduração dos trabalhos da Comissão encarregada da investigação parlamentar.” (MS 26.441-MC, Rel.Min. Celso de Mello, decisão monocrática, julgamento em 29-3-07, DJ de 9-4-07).21 “Comissão Parlamentar de Inquérito: intimação de indígena para prestar depoimento na condição detestemunha, fora do seu habitat : violação às normas constitucionais que conferem proteção específica aos povos indígenas (CF, arts. 215, 216 e 231). A convocação de um índio para prestar depoimento em localdiverso de suas terras constrange a sua liberdade de locomoção, na medida em que é vedada pela

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CONDUÇÃO COERCITIVA, SE NECESSÁRIO, RESPEITADO O DIREITO AOSILÊNCIO (privilégio contra a auto-incriminação) e o SIGILO PROFISSIONAL,SOMENTE SENDO OBRIGADOS A RESPONDER SOBRE FATOS RELACIONADOSCOM A INVESTIGAÇÃO PARLAMENTAR 22

(c) DETERMINAR A PRODUÇÃO DE PROVAS LÍCITAS: PERÍCIAS, REQUISIÇÃODE DOCUMENTOS, entre outras.

(d) BUSCA E APREENSÃO (desde que não seja domiciliar) E BUSCA PESSOAL (sãomedidas cautelares), PRISÃO EM FLAGRANTE 

(e) NÃO ESTÁ SUJEITA À OBSERVÂNCIA DO PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO,DADA A NATUREZA INQUISITÓRIA DA INVESTIGAÇÃO PARLAMENTAR 23

Constituição da República a remoção dos grupos indígenas de suas terras, salvo exceções nela previstas(CF/88, artigo 231, § 5º). A tutela constitucional do grupo indígena, que visa a proteger, além da posse edo usufruto das terras originariamente dos índios, a respectiva identidade cultural, estende-se ao

indivíduo que o compõe, quanto à remoção de suas terras, que é sempre ato de opção, de vontade própria,não podendo se apresentar como imposição, salvo hipóteses excepcionais. Ademais, o depoimento doíndio, que não incorporou ou compreende as práticas e modos de existência comuns ao ‘homem branco’ pode ocasionar o cometimento pelo silvícola de ato ilícito, passível de comprometimento do seu  statuslibertatis. Donde a necessidade de adoção de cautelas tendentes a assegurar que não haja agressão aosseus usos, costumes e tradições.” (HC 80.240, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento em 20- 6-01, DJ de 14-10-05).22 “De tal garantia decorrem, para a pessoa objeto de investigação, e, até, para testemunha, os seguintesdireitos: a) manter silêncio diante de perguntas cuja resposta possa implicar auto-incriminação; b) não ser  presa em flagrante por exercício dessa prerrogativa constitucional, sob pretexto da prática de crime dedesobediência (art. 330 do Código Penal), nem tampouco de falso testemunho (art. 342 do mesmo

Código); e c) não ter o silêncio interpretado em seu desfavor." HC 84.214-MC, Rel. Min. Cezar Peluso,decisão monocrática, julgamento em 23-4-04, DJ de 29-4-04.23 "No que concerne à alegada violação da garantia de contraditório e ampla defesa (fls. 15), não parecerelevante, por ora, a indicação de ter sido negada qualquer possibilidade de defesa à impetrante emcontraposição ao acolhimento de declarações de ‘pessoa de credibilidade duvidosa’. Também consideroque esse fundamento não basta para a concessão da liminar. É que a própria natureza do inquérito parlamentar, semelhante ao inquérito policial, afasta o contraditório como requisito de validade do procedimento (a respeito, cf. HC 73.271, Rel. Min. Celso de Mello, Primeira Turma, julgamento em 19-3-06)." (MS 25.508-MC, Min. Joaquim Barbosa, decisão monocrática, julgamento em 15-9-05, DJ de 23-9-05)

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6. O QUE A CPI NÃO PODE FAZER (a) NÃO tem o PODER GERAL DE CAUTELA. Exemplos: não pode DECRETAR INDISPONIBILIDADE DE BENS, PROIBIÇÃO DE SE AUSENTAR DO PAÍS OU DACOMARCA, ARRESTO, SEQÜESTRO, HIPOTECA JUDICIÁRIA, PRISÃO

PREVENTIVA, entre outras.

(b) IMPEDIR A TESTEMUNHA OU O INVESTIGADO DE SE COMUNICAR COM OSEU ADVOGADO DURANTE O DEPOIMENTO

(c) (5º, LXI, CF) DETERMINAR PRISÃO (SALVO PRISÃO EM FLAGRANTE)

(d) (5º, XI, CF) DETERMINAR MEDIDA QUE IMPLIQUE INVASÃO DOMICILIAR 

(e) (5º, XII, CF) DETERMINAR INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA (QUEBRA DO

SIGILO DA COMUNICAÇÃO TELEFÔNICA)

(f) (2º, CF) INTIMAR OU DETERMINAR CONDUÇÃO COERCITIVA DEMAGISTRADOS PARA PRESTAREM DEPOIMENTO SOBRE ATOSPRATICADOS NO EXERCÍCIO DA FUNÇÃO JURISDICIONAL

(g) (231, §5º, CF) INTIMAR OU DETERMINAR CONDUÇÃO COERCITIVA DEINDÍGENAS PARA PRESTAREM DEPOIMENTO FORA DE SUAS TERRAS

(h) QUEBRAR O SIGILO JUDICIAL

(i) SUBMETER TESTEMUNHAS OU INVESTIGADOS A TRATAMENTODESUMANO OU DEGRADANTE24

(a), (c), (d), (e), (f), (g), (h) : CLÁUSULA DE RESERVA JURISDICIONAL

7. Possibilidade de controle judicial dos atos das CPIs: SIM, INERENTE AOMECANISMO DE FREIOS E CONTRAPESOS.

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“Dessa forma, estará agindo no mínimo autoritariamente quem, participando de uma CPI, negar odireito ao silêncio à pessoa que possa ser responsabilizada ao final da investigação. Em seuinterrogatório, o indiciado terá que ser tratado sem agressividade, truculência ou deboche, por quem ointerroga diante da imprensa e sob holofotes, já que a exorbitância da função de interrogar está coibida pelo art. 5º, III, da Constituição Federal, que prevê que 'ninguém será submetido a tortura nem atratamento desumano ou degradante'. Aquele que, numa CPI, ao ser interrogado, for injustamenteatingido em sua honra ou imagem, poderá pleitear judicialmente indenização por danos morais oumateriais, neste último caso, se tiver sofrido prejuízo financeiro em decorrência de sua exposição pública,tudo com suporte no disposto na Constituição Federal, em seu art. 5º, X.” (MS 25.617-MC, Rel. Min.Celso de Mello, decisão monocrática, julgamento em 24-10-05, DJ de 3-11-05).

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Súmula 397 do Supremo Tribunal Federal: O poder de polícia da Câmara dos Deputados edo Senado Federal, em caso de crime cometido nas suas dependências, compreende, consoante o

 Regimento, a prisão em flagrante do acusado e a realização do inquérito.

46. ( Analista do MPU 2004 ESAF ) Uma Comissão Parlamentar de Inquérito instaurada no plano

federal não pode: (a) quebrar sigilo telefônico do investigado, (b) investigar ato administrativoalgum de integrante do Judiciário, (c) quebrar sigilo bancário de investigado, (d) anular ato doExecutivo praticado de modo comprovadamente contrário à moral e ao direito, (e) convocar integrante do Ministério Público para depor.

47. ( Procurador do Distrito Federal 2007 ESAF) À respeito das Comissões Parlamentares deInquérito, é correto afirmar:(a) os advogados dos chamados a prestar depoimento perante uma CPI podem acompanhar osseus clientes e com eles comunicar-se pessoal e diretamente, antes das respostas às perguntasformuladas, para recomendar que não respondam a questionamento que possa levar a afirmação

auto-incriminadora,(b) as comissões parlamentares de inquérito têm o poder de anular atos do Executivo,(c) não se exige motivação para as decisões de natureza eminentemente política tomadas pelascomissões parlamentares de inquérito, tais como a decretação da quebra do sigilo bancário etelefônico de investigados,(d) as comissões parlamentares de inquérito podem decretar a indisponibilidade de bens deinvestigado, uma vez comprovada a origem espúria desses bens,(e) depoentes e indiciados podem ser chamados a comparecer perante as ComissõesParlamentares de Inquérito de modo informal, como por exemplo, por meio de telefone ou  fac-

 símile (fax).

48. ( Juiz Federal 4ª Região 2005)  (a) Em face de sua natureza política, as ComissõesParlamentares de Inquérito podem decretar imotivadamente a quebra de sigilo bancário etelefônico. (b) Os escritórios e consultórios profissionais estão abrangidos no conceito de “casa”

 para fins da garantia constitucional de inviolabilidade.

49. (Juiz Federal 4ª Região)  Os atos das Comissões Parlamentares de Inquérito, desde que praticados nos limites dos seus poderes investigatórios, não estão sujeitos ao controle jurisdicional, pois a autoridade do Poder Legislativo não pode ficar condicionada à fiscalizaçãodo Poder Judiciário.

50. ( Procurador da República 2008) O enquadramento constitucional das ComissõesParlamentares de Inquérito não autoriza afirmar que:(a) pode haver ampliação de investigações em razão do surgimento de fatos novos, desde quetenham relação com os que constituíam o seu inicial da comissão,(b) as investigações podem incidir sobre fatos objeto de inquéritos policiais ou de processos

 judiciais em curso, se houver entre eles conexão,(c) as comissões parlamentares de inquérito estaduais não podem requisitar a quebra de sigilo dedados bancários,

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(d) não caracteriza, em princípio, violação à imagem do indiciado em comissão parlamentar deinquérito, a transmissão e a gravação de sessão em que se lhe toma o depoimento.

2. FISCALIZAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA: OS TRIBUNAIS DECONTAS (70, CF)

a. Conceito: controle externo – controle das contas públicas sob o aspecto contábil,financeiro, orçamentário, operacional e patrimonial

b. Poder controlador e poderes controlados: Congresso Nacional (controlador) com oauxílio dos Tribunais de Contas, Controlados: Poderes Executivo (toda a AdministraçãoPública direta e indireta) e Judiciário e todos os particulares responsáveis pela gestão dopatrimônio público.c. Princípios constitucionais aplicáveis ao controle externo: legalidade, legitimidade,economicidade, além daqueles previstos no art. 37, caput: impessoalidade, moralidade,publicidade e eficiência

V – ESTATUTO DOS CONGRESSISTAS: IMUNIDADES PARLAMENTARES

51. ( Procurador do Distrito Federal 2007 ESAF ) Um candidato a deputado distrital, durante acampanha eleitoral, fez as seguintes promessas, para quando fosse eleito: II. Para mostrar que nãotem o que temer, iria abrir mão de suas imunidades e prerrogativas penais tão logo assumisse omandato. Dessas promessas quantas são as juridicamente viáveis?

INVIOLABILIDADE OU IMUNIDADE MATERIAL25: (53, caput, CF) – “Os deputados e

 senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras evotos”.

(a) Causa excludente penal e civil da ilicitude do fato:“A inviolabilidade parlamentar elide não apenas a criminalidade ou a imputabilidadecriminal do parlamentar, mas também a sua responsabilidade civil por danos oriundos damanifestação coberta pela imunidade ou pela divulgação dela: é conclusão assente, nadoutrina nacional e estrangeira, por quantos se tem ocupado especificamente do tema.”26 

(b) Palavras, opiniões e votos que guardem pertinência temática com o exercício do

mandato legislativo – ATOS FUNCIONAIS“A garantia constitucional da imunidade parlamentar em sentido material (CF, art. 53,caput), que representa um instrumento vital destinado a viabilizar o exercícioindependente do mandato representativo, somente protege o membro do Congresso

 Nacional, qualquer que seja o âmbito espacial ("locus") em que este exerça a liberdadede opinião - ainda que fora do recinto da própria Casa legislativa -, desde que as suasmanifestações guardem conexão com o desempenho da função legislativa (prática "in

25 Informativo do STF n. 232, Relator: Ministro Celso de Mello, RE 210.917-RJ.26 Informativo do STF n. 118. RE 210.917-RJ. Relator: Ministro Sepúlveda Pertence. DJU 18.6.01.

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officio") ou tenham sido proferidas em razão dela (prática "propter officium") , nãoobstante a superveniente promulgação da EC 35/2001, que não ampliou, em sede penal, aabrangência tutelar da cláusula de inviolabilidade. - A prerrogativa indisponível daimunidade material - que constitui garantia inerente ao desempenho da função

 parlamentar (não traduzindo, por isso mesmo, qualquer privilégio de ordem pessoal) -

não se estende a palavras, nem a manifestações do congressista, que nenhuma relaçãotenham com o exercício do mandato legislativo. - É que a cláusula constitucional dainviolabilidade (CF, art. 53, caput), para legitimamente proteger o parlamentar, supõeque exista o necessário nexo de implicação recíproca entre as declarações moralmenteofensivas, de um lado, e a prática inerente ao ofício congressional, de outro.”27  

(c) Dentro ou fora do recinto parlamentar(d) Alcança a  publicidade pela imprensa do fato acobertado pela imunidade (exemplo:entrevistas concedidas por parlamentares à imprensa a respeito de investigações em cursoem CPI);

“Nesse quadro é indiscutível que a compreensão da publicidade no âmbito da imunidadereal há de acompanhar o alargamento do domínio da inviolabilidade, de modo a proteger não apenas a divulgação de atos do estrito exercício do mandato, quais os discursos

 parlamentares, mas também aos atos que o excedam, mas que se tenham comorelacionados à atividade ou à condição de congressista do agente e, por isso, tambémcobertos pela franquia constitucional.” Informativo do STF n. 118. RE 210.917-RJ.

 Relator: Ministro Sepúlveda Pertence. DJU 18.6.01.

(e) Não afasta a responsabilidade disciplinar pelos excessos – “quebra de decoroparlamentar” (55, II, CF)

(f) eficácia temporal permanente ou absoluta: COMEÇA COM A POSSE E MESMODEPOIS DE EXPIRADO O MANDATO, NÃO PODE SER PROCESSADO POR OPINIÕES, PALAVRAS E VOTOS PROFERIDAS NA FUNÇÃO PARLAMENTAR OU EM RAZÃO DELA

2. IMUNIDADE FORMAL (53, §2º a 5º): (a) imunidade em relação à  prisão, (b)imunidade processual: em relação ao processo penal tratando-se de crimes ocorridos apósa diplomação

a) Imunidade em relação à prisão (53, §2º) – “Desde a expedição do diploma, os membrosdo Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em fragrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, paraque, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão” .

(a.1) Abrangência: prisão penal e prisão civil, (a.2) Termo inicial: desde a diplomação,(a.3) Votação ostensiva e nominal: para deliberação sobre a manutenção ou não daprisão, sempre por maioria absoluta dos membros da Casa27 Informativo do STF n. 275. Inquérito 617-RR. Relator: Ministro Celso de Mello.

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52. (Juiz Federal 4ª Região) A garantia jurídico-institucional da imunidade parlamentar formalobsta a execução de pena privativa de liberdade definitivamente imposta a membro do Congresso

 Nacional.“A garantia jurídico-institucional da imunidade parlamentar formal não obsta,

observado o due process of law, a execução de penas privativas de liberdadedefinitivamente impostas aos membros do Congresso Nacional.” Supremo Tribunal 

 Federal. RTJ 70/607. 

b) Imunidade em relação ao processo penal somente nos crimes ocorridos após adiplomação (53, §3º) –  “Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crimeocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação.” 

(b.1) Termo inicial e final – eficácia temporal limitada – da diplomação até o término domandato (b.2) Requisitos para a sustação:(1) Momento da prática do crime: crime praticado depois da diplomação(2)Termos para sustação do processo exclusivamente criminal: ação penal desde que játenha sido recebida a denúncia e antes da decisão final(3) Pessoa competente para requerer a instauração do processo de sustação: partidopolítico com representação na Casa(4) Quórum qualificado para a sustação: maioria absoluta(5) Prazo para o exercício da competência de sustação: 45 dias, a contar do recebimento

do pedido pela Mesa Diretora, prazo improrrogável

53. ( Procurador do Ministério Público TCU 2004) Somente haverá necessidade de autorizaçãoda casa respectiva para processar parlamentar federal, quando se tratar de crime cometido depoisda diplomação.

QUESTÃO ( Ministério Público Federal 19. Concurso 2002) As imunidades parlamentares permitem processar deputados e senadores?

5. Prerrogativa de foro (53, §1º) –  “Os deputados e senadores, desde a expedição do

diploma, serão submetidos a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal”  

(a) Abrangência: “crimes comuns”: engloba crimes de competência da justiça estadual,federal, eleitoral, militar e contravenções penais.

(b) Prerrogativa de foro e co-réu que não tenha prerrogativa de foro:b.1 em se tratando de crimes que não sejam dolosos contra a vida:  Súmula 704 do Supremo Tribunal Federal: “Não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do

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devido processo legal a atração por continência ou conexão do processo do co-réu ao foro por  prerrogativa de função de um dos denunciados.” – prevalece a competência do STF.b.2 em se tratando de crimes dolosos contra a vida: o cidadão será julgado pelo Tribunaldo Júri.

54. (Juiz Federal 4ª Região)  Os deputados e senadores serão submetidos a julgamento, noscrimes comuns, perante o Supremo Tribunal Federal; nos crimes eleitorais, perante o TribunalSuperior Eleitoral; e perante o Senado Federal, nos crimes de responsabilidade.

6. Parlamentar licenciado (56, I e II) continua no gozo das imunidades? NÃO.

55. (Juiz Federal 4ª Região) O congressista investido no cargo de Ministro de Estado não perdeo mandato, mas não pode invocar a prerrogativa de imunidade parlamentar, material e processual,em face de crime cometido no exercício da nova função.

6a. Parlamentar licenciado continua no gozo da prerrogativa de função? SIM

“Imunidade parlamentar formal e foro por prerrogativa de função: o afastamento do Deputado ou Senador do exercício do mandato, para investir-se nos cargos permitidos pela Constituição (art. 56, I) suspende-lhes a imunidade formal (cf. Inq. 104, 26.08.81, RTJ 99/477, que cancelou a Súmula 4), mas não o foro por prerrogativa de função (Inq.780, 02.09.93, RTJ 153/503).”28

6b. O Suplente goza de imunidade (material e formal) e prerrogativa de foro? NÃO

7. Não podem ser obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas emrazão do mandato (53, §6º, CF)

8. Imunidade em relação à incorporação às Forças Armadas (53, §7º, CF) – a incorporação,mesmo em tempo de paz, e ainda que militares, depende de licença da respectiva Casa  

9. Suspensão das imunidades no estado de sítio: 53, §8º, CF - “As imunidades dosdeputados ou senadores subsistirão durante o estado de sítio, só podendo ser suspensasmediante o voto de dois terços dos membros da Casa respectiva, nos casos de atos praticados fora do recinto do Congresso Nacional, que sejam incompatíveis com a execução da medida.” 

10. INCOMPATIBILIDADES (54, CF)

11. PROCESSO DE PERDA DO MANDATO:(a) EXTINÇÃO: COMPETÊNCIA VINCULADA, ATO DECLARATÓRIO, MESA DACASA pode agir de ofício ou provocada por qualquer de seus membros ou partidopolítico representado no Congresso Nacional, ASSEGURADA A AMPLA DEFESA28 Supremo Tribunal Federal. Inquérito (Questão de Ordem) n. 1070/TO. Relator: Ministro SepúlvedaPertence. Julgamento: 6.9.01. DJU 11.10.01.

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1. Hipóteses de extinção (55, III a V): (que deixar de comparecer, em cada sessão legislativa,à terça parte das sessões ordinárias da Casa a que pertencer, salvo licença ou missão por estaautorizada; que perder ou tiver suspensos os direitos políticos29; quando o decretar a justiçaeleitoral nos casos previstos nesta Constituição) 

56. ( Juiz Federal 4ª Região 2005) O Parlamentar Federal que faltar a pelo menos um terço dassessões ordinárias da respectiva Casa Congressual, salvo autorização, fica sujeito à cassação por decisão da maioria absoluta de seus pares.

(b) CASSAÇÃO: COMPETÊNCIA DISCRICIONÁRIA, POLÍTICA, ATOCONSTITUTIVO, DECISÃO DA CÂMARA OU DO SENADO, VOTO SECRETO,MAIORIA ABSOLUTA, não pode agir de ofício, DEPENDE DE PROVOCAÇÃO daMesa ou de partido político representado no Congresso Nacional, ASSEGURADA AAMPLA DEFESA1. Hipóteses de cassação (55, I, II e VI): (que infringir qualquer das proibições estabelecidas

no artigo anterior, cujo procedimento for declarado incompatível com o decoro parlamentar,que sofrer condenação criminal em sentença transitada em julgado) (Lei Complementar 64/90,art. 1, inc. I, alínea b)

12. HIPÓTESES QUE NÃO CARACTERIZAM PERDA DO MANDATO (56, CF)

57. ( Juiz Federal 4ª Região 2005) (a) O Deputado Federal pode licenciar-se por até cento e vintedias para tratamento de assunto particular, sem prejuízo de seu mandato. (b) Pode o Senador daRepública ser secretário de Prefeitura de Capital, sem prejuízo de seu mandato e podendo optar 

 pela remuneração parlamentar, mas perderá o mandato se for nomeado secretário de Prefeitura de

outro município que não Capital de Estado.

13. DEPUTADOS ESTADUAIS e DISTRITAIS: 27, §1º, CFa) Gozam de imunidade material e formal? SIMb) Prerrogativa de foro (implícita na Constituição Federal decorrente do princípio dasimetria):1. crimes de competência da Justiça Estadual: TRIBUNAL DE JUSTIÇA2. crimes de competência da Justiça Federal: TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL3. crimes eleitorais: TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL(A Súmula 3 do STF – “A imunidade concedida a deputados estaduais é restrita à justiça do

 Estado” - foi cancelada.)14. VEREADORES (29, VIII e IX, CF)a) Gozam de imunidade material? SIM, NOS LIMITES DA CIRCUNSCRIÇÃO DOMUNICÍPIO

29 Hipóteses de perda de direitos políticos (15, I e IV, CF): cancelamento da naturalização por sentençatransitada em julgado e recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nostermos do art. 5º, VIII, da CF. Hipóteses de suspensão de direitos políticos abrangidas pelo art. 55, IV, daCF: incapacidade civil absoluta e improbidade administrativa.

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Cibele Fernandes Dias Knoerr 

b) Gozam de imunidade formal: NÃOc) Gozam de prerrogativa de foro? (Súmula 721 do STF: “A competência constitucional doTribunal do Júri prevalece sobre o foro por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente

 pela Constituição Estadual”) SIM, SE HOUVER EXPRESSA PREVISÃO NACONSTITUIÇÃO ESTADUAL E É RESTRITA AOS CRIMES DE CONTRAVENÇÕES

PENAIS DE COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL.

1. crimes comuns de competência da justiça estadual que não sejam dolosos contra avida? SIM, SE HOUVER PREVISÃO EXPRESSA NA CONSTITUIÇÃO ESTADUAL2. crimes comuns de competência da justiça estadual que sejam dolosos contra a vida?NÃO, SEMPRE SERÃO JULGADOS PELO TRIBUNAL DO JURI1. crimes de competência da justiça federal? NÃO2. crimes eleitorais? NÃO

58. ( Juiz Substituto TJ Paraná 2004)  Não há possibilidade de criação pelas Constituições

Estaduais ou das respectivas Leis Orgânicas dos Municípios de imunidade formais, ou ampliaçãoda imunidade material, em relação aos vereadores.

59. ( Juiz Substituto TJ Paraná 2007 2ª fase) O que se entende por inviolabilidade dosvereadores e qual o limite de sua aplicação?

15. DETENTOR DE MANDATO ELETIVO É SERVIDOR PÚBLICO (art. 38, CF)

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