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02 CONSTRUINDO O MEU PLANO DE NEGÓCIOS Guia empreendedor PROGRAMA DE EMPREENDEDORISMO MARÍTIMO + information: www.empreamarcv.org www.facebook.com/Empreamar-CV-705363229665367/ 02

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CONSTRUINDO O MEUPLANO DE NEGÓCIOS

G u i a e m p r e e n d e d o r

PROGRAMA DE EMPREENDEDORISMO MARÍTIMO

+ i n f o r m a t i o n : www.empreamarcv.org www.facebook.com/Empreamar-CV-705363229665367/

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PARTE 1

JÁ TEM UMA IDEIA DE NEGÓCIO!

Agora é preciso fazer o plano para o futuro empreendimento, portanto precisa de um PLANO DE NEGÓCIO.

- O que é um plano de negócio e para que serve?

É muito importante antes de iniciar o negócio fazer o plano que irá ajudar a tomar decisões e mesmo que já tenha o negócio iniciado necessita de um plano para que o possa desenvolver. Um Plano de Negócio é um documento onde vai indicar quais são os objetivos que pretende atingir com o seu negócio, como e quando serão alcançados. Nele descreve qual é a oportunidade de negócio, que atividades vai realizar, explicando o modo como vai implementar o negócio e mante-lo viável.

Precisa dele para convencer os bancos, parceiros ou financiadores a investirem, porque nele indica os recursos que precisa, que tipo de desempenho pretende ter e como vai gerir o seu negócio. Serve, portanto, como um guia para se saber os detalhes do seu negócio e como vai ser a sua atuação, é um documento profissional, elaborado de forma clara e transmite confiança e a imagem do que pretende.

Lembre-se que:

O Plano de Negócio tem de ter informações detalhadas sobre o seu empreendimento, ou seja, tem de falar dos produtos ou serviços, dos clientes, fornecedores, concorren-tes, recursos humanos, equipamentos, financiamento, locais de venda, aspetos legais, publicidade.Existem vários modelos para se elaborar um Plano de Negócio, pode ser mais ou menos complicado, prepare-se bem, faça pesquisas, obtenha informações e elabore o seu plano passo a passo. Peça ajuda especializada para os assuntos que não domina.

- Como me preparo para fazer esse plano?

Os passos a seguir exigem de si, dedicação, conhecimento e muita determinação, e claro, pode contar com ajuda de algumas instituições e serviços que em Cabo Verde colaboram com as pessoas que realmente querem empreender. Vai precisar de compreender bem todo o processo para montar o seu negócio, destacando as competências e habilidades funda-mentais para que tenha as condições mínimas para o desenvolvimento do empreendimen-to. No quadro que se segue pode ter uma ideia das competências que irá precisar mobilizar. Pode vir a ser necessário envolver pessoas que a podem ajudar ou fazer alguma pequena formação, mas o importante é ter decidido empreender e avançar com o seu plano!

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Quadro nº 1: Diferenciação de Competências

Competências Concretização

EmpreendedorasIdentificação de novas oportunidades de negócios. Ter visão. Capacidade de criar e desenvolver um negócio em determinada área. Atingir os objetivos fixados.

De gestão

Elaboração de uma estratégia para a empresa/negócio.

Coordenação dos diferentes recursos. Resolução de problemas. Liderança do pessoal.

Saber negociar.

Técnicas

Desenvolver as tarefas/operações.

Assegurar estabilidade financeira. Promover a empresa. Aplicar a legislação

Fonte: Agostinho Inácio Bucha (2009)

O empreendedor ou empreendedora de sucesso tem bom conhecimento de si mesmo/a. Está consciente que não vale a pena desperdiçar esforços em atividades para as quais não tem competências. A sua base de desenvolvimento pessoal e profissional é o conhecimen-to dos seus pontos fortes, dos seus valores e objetivos e das maneiras reais e concretas de alcançar o que deseja.

VAMOS COMEÇAR!

Para começar esta aventura de criar o seu próprio emprego, ou negócio, ser empreende-dor/a, tem de reunir alguns requisitos, por isso deve refletir nas seguintes questões:

• Tem autoconfiança e autodisciplina suficientes para iniciar um negócio?

• As suas competências de relacionamento pessoal e social permitem lidar com varias pessoas e feitios (clientes, fornecedores, etc.)?

• Está preparado para trabalhar muito e sabe que a atividade o vai ocupar a tempo inteiro?

• Consegue identificar as suas competências de planeamento e organização?

• Considera-se bem motivado/a para iniciar a atividade ou o negócio?

• Consegue lidar com a pressão e com a necessidade de ter que tomar decisões em

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pouco tempo e, às vezes com poucas informações?

• Conta com o apoio da sua família?

• Tem as competências técnicas necessárias?

• Tem o financiamento necessário ao arranque e funcionamento do seu negócio?

• Sabe como vai fazer a promoção dos seus produtos ou serviços?

• Conhece as ameaças (preocupações) e oportunidades (vantagens) do exterior?

• Identificou bem as forças e fraquezas do seu negócio?

• Sabe quais são os resultados esperados?

Analise as suas respostas e veja se são todas afirmativas. Se sim então está pronto/a para a fase seguinte, ou seja, começar a planificação do seu negócio.

PARTE 2

VAMOS ELABORAR O PLANO DE NEGÓCIO!

Que partes constituem o plano de negócio?

Vamos apresentar de seguida todos os detalhes que constituem um Plano de Negócio. Pode pedir ajuda para a sua elaboração, ou adaptar este modelo conforme o tipo de ne-gócio, se é mais ou menos complexo, mas normalmente estes são os conteúdos essenciais:

1. Sumário Executivo

O que é?

Resumo ou síntese de toda a informação que consta no Plano de Negócios e deve ser claro e apelativo de forma a levar o leitor a sentir-se atraído.

Que informação deve conter?

• Nome da empresa

• Localização

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• Dados sobre os promotores

• Descrição do negócio (que produtos/serviços vai oferecer, quem serão os principais clientes, como vai vender, qual a inovação que propõe)

• Informação Financeira (previsão de vendas, investimento inicial necessário)

• Indicação das fontes de capital, dos empregos que irá criar e da data prevista para o início da atividade.

Tendo em conta que o Sumário Executivo deve conter as informações mais importantes do PN, deve ser a última parte a ser escrita.Quanto mais convictos os promotores estiverem e quanto mais estruturado estiver o Plano de Negócio mais fácil será explicar e convencer outras pessoas do mérito do seu projeto.

2. Análise de Mercado

Quero definir bem a atividade ou negócio, mas como fazê-lo?

O ponto de partida: entenda o seu negócio no sentido amplo, como algo que vai mais além do produto ou serviço, depois pense e analise segmentos mais específicos. Um mé-todo de segmentação passa por analisar e integrar os três grandes eixos do negócio - Pro-duto, Mercado e Tecnologia:

Produto (O Quê? Qual ou quais as necessidades a satisfazer?) - É necessário avaliar o tipo de negócio que pretende instalar e as necessidades que quer satisfazer, para saber que produtos concretos, exigências e equipamentos vão ser precisos.

Mercado (Onde? Qual o mercado, o canal, o cliente-alvo?) - Os critérios de classificação do “onde” podem também ser vários. Tem de escolher aquele que resulta melhor para o tipo de empresa que está a criar. Pode ser o mercado local, a sua ilha, ou outros lugares, qual o canal de distribuição ou o cliente-alvo.

Tecnologia (Como produzir? Quais as alternativas tecnológicas?) - Existem alternativas tecnológicas muito diferentes e representam vantagens ou inconvenientes muito variados. Há que perceber que opções existem para o sue ramo de negócio e conhecer a tecnologia usada pela concorrência.

A escolha da área de negócio: quais os âmbitos de atuação onde vai empreender? Tem de escolher um “campo de ação”, e perceber as inter-relações:

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Qual a necessidade a satisfazer, e qual o produto/serviço que a satisfaz - quer apontar para a satisfação de alguma necessidade básica, concentrando-se assim num segmento de qualidade mais baixa, ou para necessidades mais complexas e sofisticadas, que exigem produtos/serviços de maior valor acrescentado?

O Mercado (onde/a quem) – que alternativas existem? Vai vender diretamente ao público ou a retalhistas? Há lojas especializadas onde pode vender o sue produto?

Procurar os motivadores de compra / fatores de êxito. Já escolheu algumas variáveis que permitem definir o campo ou segmento do negócio. Agora é o momento de estabele-cer os requisitos que deve cumprir a sua empresa para poder conquistar o mercado identi-ficado. É fundamental colocar-se no lugar do cliente e do mercado, para poder identificar os componentes da qualidade e perceber quais os critérios básicos a cumprir para ter êxito nesse ramo. Uma pequena empresa artesanal poderá responder às exigências de volume e preço de uma grande loja? Tem de conhecer as exigências e os fatores críticos de sucesso (o trio, produto-mercado-tecnologia).

Identificar os concorrentes e localizá-los em cada segmento. Este passo exige esforço de recolha de informação e conhecimentos sobre os concorrentes a enfrentar, já instalados no mercado ou que, previsivelmente, se venham a instalar no curto prazo. Se o fizer bem, saberá quem está onde, e quem vai melhor ou pior no setor. Conhecendo o seu modo de funcionamento, pode avaliar as possibilidades de êxito. Pode descobrir segmentos “deso-cupados” onde pode apresentar uma mais-valia, ou encontrar segmentos saturados onde a rivalidade é enorme. Assim podemos identificar algumas ameaças e oportunidades do nosso negócio, e determinar se a nossa posição competitiva é razoável e se tem possibili-dade de melhorar no futuro.

Escolher o âmbito de atuação em função do grau de atracão e das capacidades do/a empreendedor/a. Neste último passo vai mesmo determinar o seu negócio. Já avaliou os aspetos mais gerais e aprofundou os detalhes de cada segmento. É o momento de escolher o campo de operações, avaliar onde é mais aconselhável desenvolver a sua atividade. Para isso há que ser o mais objetivo possível e, partindo do autoconhecimento, perceber se é possível responder com eficácia às exigências de cada segmento. As nossas próprias capa-cidades são o ponto de partida para a definição do âmbito em que uma nova empresa terá vantagens que lhe permitam sobreviver e triunfar.

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Começar um negócio como uma atividade independente tem sempre riscos e é difícil dizer que tem todas as garantias de sucesso. Contudo, a sua visão como empreende-dor/a, uma boa planificação e organização, persistência e também um bocadinho de sorte contribuem bastante para o sucesso!Elabore o Plano de Negócios, de forma rigorosa e realista, definir uma estratégia clara. E trabalhe, muito, muito…

3. Análise Estratégica

Um passo importante para a elaboração de um plano coerente que mostre claramente a sua ideia de negócio é analisar o que pretende e o ambiente externo para poder tomar decisões com segurança.

No início avaliou o seu perfil e as competências que precisa para empreender. Depois recolheu informações sobre o mercado, os concorrentes, os futuros clientes e todos os aspetos que vão influenciar o seu negócio.

Agora precisa organizar todas as informações de uma maneira fácil de ver, e que ajude a tomar decisões concretas e avaliar como vai implementar e desenvolver o negócio, ou seja, precisa de fazer uma analise estratégica.

- Como posso analisar as vantagens e desvantagens do meu negócio?

É muito comum e eficaz realizar uma análise S.W.O.T. ou F.O.F.A. É uma ferramenta utilizada para fazer análise de cenário (ou análise de ambiente) e serve de base para gestão e planeamento estratégico de uma organização ou empresa. A sigla em inglês S.W.O.T significa: Strenghts; Weaknesses; Oportunities; Threats; que traduzido em português (F.O.F.A) corresponde às iniciais de: Forças; Oportunidades; Fraquezas e Ameaças.

Aspetos Positivos Aspetos Negativos

Inte

rno

Forças (Strenghts) 2 Fraquezas (Weaknesses) 1

Exte

rno

Oportunidades (Oportunities) 3

Ameaças (Threats) 4

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Uma maneira fácil para analisar o seu negócio através da matriz FOFA ou SWOT, é começar por pensar em todos os aspetos positivos, ou seja, as vantagens, depois veja as desvantagens ou aspetos negativos, tanto em relação à própria pessoa, seus sócios, como em relação ao meio envolvente. Veja como são as normas e leis relativas aos negócios similares ao seu, as condições financeiras, que conhecimentos e formação tem na área, disponibilidade de espaço, procura do produto ou serviço, concorrência, incentivos legais, como é o mercado, e outros.

- Quero fazer a análise S.W.O.T. ou F.O.F.A., o que devo fazer?

Para fazer essa análise primeiramente tem de ter em conta dois ambientes diferentes para a sua empresa: interno e externo. A análise do ambiente interno vai ajudar a identificar as suas forças e fraquezas e a do ambiente externo vai permitir a definição das oportunidades e ameaças.

Ambiente Interno – São todos os aspetos que dependem de si, ou seja, aquilo que está diretamente ligado à empresa ou a si (e sócios se os tiver), sobre o qual tem controle e pode intervir. Inclui os recursos humanos, equipamentos e mobiliário que tem, como vai fazer as vendas, que tecnologias vai usar, o sistema de gestão (incluindo algum software que tem), veículos, a carteira de clientes, o modo como gere (cultura organizacional), a capacidade de investimento, etc.

Ao analisar o ambiente interno vai identificar os pontos fortes e fracos da empresa – como vimos acima estes são os fatores que representam vantagem ou desvantagem em relação à concorrência. Exemplo: um negócio de desportos náuticos que está localizado próximo de hotéis e de uma boa praia. Claramente isso é de considerar como força. Agora imagine que é uma pequena unidade de fumagem de peixe que se localiza muito distante da cidade e, portanto, das lojas e supermercados. Isso vai implicar custos de transporte ele-vados, constituindo, portanto, uma fraqueza. A empresa que está ciente das suas fraquezas pode mais facilmente tomar atitudes para contorná-las.

Os pontos fortes devem ser bem aproveitados para que tenha sucesso no negócio, e, os pontos fracos devem ser eliminados ou pelo menos minimizados.

Ambiente Externo – É tudo aquilo que nem você nem a empresa tem controle, como por exemplo, alguma mudança de legislação, as taxas de juros, os efeitos do clima ou de algum desastre natural, as políticas do governo para o setor, crises económicas, eleições, etc.

Neste campo externo vdeve analisar primeiro as oportunidades  – São as vantagens e coisas positivas, mas que não dependem de si, estão no ambiente onde atua. Por exemplo: uma empresa que produz peixe seco encara como uma grande oportunidade de negócio a altura da festa das Cinzas. Enquanto que as ameaças são todos os elementos negativos

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ou a conjuntura que pode gerar um ambiente desfavorável para o seu negócio, e que não dependem de si. Voltando ao exemplo da empresa de desportos náuticos uma ameaça seria um período prolongado de mau tempo.

Com estes elementos pode então ter completa a sua análise estratégica!

A análise FOFA ou SWOT serve para ajudar nas decisões e estratégia da empresa.Deve analisar as áreas específicas relacionadas com o seu negócio e observe bem como o mercado e como a concorrência se comportaFaça a análise usando a matriz indicada acima, de um modo simples e com cuidado.

4. Plano de Marketing

O que é?

É a parte do Plano de Negócios em que se traça o caminho a seguir para que o produto ou serviço seja entregue ao cliente como deseja e serve também para definir e controlar os resultados que quer alcançar. Envolve descobrir quem são os clientes e quais as suas necessidades, para poder satisfazê-los e gerar um lucro para o seu negócio.

Sendo assim, deve ter bem presente para si e para os seus colaboradores/funcionários as ações que têm de ser feitas, quando, como e onde serão feitas, quem ficará responsável pelo controlo e correção, bem como, os custos que essas ações de marketing acarretarão.

Antes de avançar para a construção do plano é importante conhecer e fazer uma descrição para cada um dos 5 elementos estratégicos do Marketing:

• Produto;

• Preço;

• Promoção;

• Comercialização;

• Praça (localização).

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4.1 Produtos ou Serviços

Deve começar sempre por fazer uma pesquisa de mercado. Isso irá permitir conhecer mui-to bem os seus potenciais clientes. Com essa informação pode agora descrever os princi-pais produtos que serão fabricados ou comercializados ou os serviços que serão prestados.

Se for oferecer vários produtos é importante que faça uma breve descrição de cada uma das linhas/gamas/tipos de produto, com detalhes como tamanho, modelo, cor, sabores, embalagem, apresentação, rótulo, marca, etc. Se necessário, fotografe os produtos e co-loque as fotos como anexo do Plano de Negócio ou elabore fichas de produto e coloque em anexo.

Para empresas de serviços, informe quais os serviços que serão prestados, suas caracterís-ticas e as garantias oferecidas.

A qualidade do produto é aquela que o consumidor consegue visualizar;

Quando decidir melhorar um produto ou um serviço, pense sempre do ponto de vista do cliente;

Tenha também em conta as exigências ao nível da legislação, sanitárias, de embalagem, rótulos, de certificação ou licenciamento para o produto ou serviço que pretende ven-der; Na pesquisa de mercado inclua os concorrentes e fornecedores que podem influen-ciar o seu negócio e, em consequência, o produto/serviço a oferecer;

É bom ter também em conta a escolha de materiais recicláveis e amigos do ambiente; Para que a escolha do(s) produto(s)/serviço(s) seja bem sucedida tem de ter em conta a diferenciação em relação à concorrência e a inovação.

4.2 Preço

Preço é o que o consumidor ou cliente está disposto a pagar pelo seu produto/serviço. Antes de definir o preço pode fazer uma consulta de mercado e ouvir as pessoas sobre o preço que estariam dispostos a pagar, bem como, analisar os preços praticados pela con-corrência. Depois tem de fazer contas para ver qual a melhor proposta de preço tendo em conta, também, os custos envolvidos e a margem de lucro que necessita para manter e fazer crescer o negócio (Ver Plano Económico e Financeiro).

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Estas informações serão também utilizadas no plano financeiro do Plano de Negócio, pelo que esta tarefa devera ser feita com calma e rigor;

Por vezes diferenciar-se da concorrência oferecendo preços mais baixos pode parecer uma boa estratégia, mas cuidado! Se estabelecer preços muito baixos pode correr o risco de não conseguir compensar os custos e colocar em causa o sucesso do negócio.

4.3 Promoção (Estratégias promocionais)

Promoção é toda a ação que tem como objetivo apresentar, informar, convencer ou lem-brar os clientes de comprar os seus produtos ou serviços e não os dos concorrentes.

Algumas estratégias que você poderá utilizar:

• publicidade em rádio, jornais, revistas, TV;

• internet (site, blog, paginas do facebook, twiter, instagram; youtube, publicidade em outros sites, blog’s etc);

• amostras grátis;

• envio de e-mails aos clientes, folhetos e cartões de visita;

• catálogos de produtos ou serviços;

• carro de som e faixas;

• brindes e sorteios;

• descontos (de acordo com os volumes comprados);

• degustação em lojas, minimercados, restaurantes, bares e eventos;

• merchandising;

• participação em feiras e eventos;

• parceria com outras empresas.

Determine bem de que maneira irá divulgar os seus produtos/serviços, pois todas as formas de divulgação implicam custos;

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Na escolha de uma estratégia leve em conta o retorno dessa estratégia, seja na imagem do negócio, no aumento do número de clientes ou no aumento das receitas;

Existem diversos tipos de divulgação, use a criatividade para encontrar as melhores maneiras de divulgar seus produtos ou, então, observe o que seus concorrentes fazem; Muitas vezes a melhor estratégia de promoção está ao nosso alcance e não exige grandes esforços financeiros, por isso a pesquisa de mercado é fundamental;

4.4 Estrutura de comercialização

A estrutura de comercialização diz respeito aos canais de distribuição, isto é, como os seus produtos e/ou serviços chegarão até os seus clientes. A empresa pode adotar uma série de canais para isso, como: vendedores internos e externos, representantes, venda online, venda em retalhistas, grossistas, etc.

O importante é que reflita sobre quais serão os meios mais adequados para se alcançar os clientes e para isso, pense no tamanho dos pedidos, na quantidade de compradores e no comportamento do cliente, isto é, se ele tem por hábito comprar pessoalmente, por telefone ou outro meio.

A comercialização dos produtos e/ou serviços pode ser feita pelos proprietários, por vendedores ou por outras empresas. Independente da forma, o importante é que isso seja feito; Uma boa opção é criar uma boa equipa interna de vendas, que conheça bem os produtos ou serviços da empresa e as vantagens sobre a concorrência; Outra alterna-tiva é a contratação de representantes comerciais. Isso é viável quando se explora uma região extensa e desconhecida. Ao trabalhar com representantes, tome cuidado com questões laborais e não se esqueça de elaborar um contrato específico. Consulte um advogado. O telefone é um instrumento de vendas muito utilizado atualmente. Pode ser conjugado com a divulgação dos produtos e serviços da empresa.

4.5 Praça ou Localização do Negócio

Chegou agora a hora de pensar e identificar a melhor localização para a instalação de seu negócio e justificar os motivos da escolha desse local. A definição do local está diretamente relacionada com o ramo de atividades.

Atualmente há uma tendência crescente de se utilizar as vantagens da internet como estratégia de localização, pois permite que os produtos ou serviços estejam acessíveis a um maior número de pessoas ao nível global. Para os micro e pequenos negócios trata-se

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de uma ótima estratégia pois permite reduzir custos que uma sede física acarreta, além de permitir que o dono do negócio trabalhe a partir de casa ou a partir de outro país por exemplo.

Uma boa localização comercial é aquela que gera um volume razoável de vendas e é, por isso, fundamental para o sucesso de seu negócio. Leve em consideração os seguintes aspetos:

• Analise o contrato, as condições de pagamento e o prazo de arrendamento do imó-vel; verifique as condições de segurança da vizinhança;

• Observe a facilidade de acesso, o nível de ruído, as condições de higiene e limpeza e a existência de locais para estacionamento;

• Fique atento para a proximidade dos clientes que compram seus produtos e o fluxo de pessoas na região;

• Tenha em conta a proximidade de concorrentes;

• Avalie a proximidade dos fornecedores, pois isso influencia no prazo de entrega e no custo do frete;

• Visite o local pelo menos três vezes, em horários alternados, para verificar o movi-mento de pessoas e de veículos no local;

A compra de um imóvel para a instalação da empresa é uma opção pouco comum. Agindo assim, você imobiliza a maior parte dos recursos, comprometendo os valores destinados para fundo de maneio; Escolha a localização em função do tipo de empreen-dimento. Por exemplo: pode querer montar um bar num espaço que já tem disponível. Cuidado, pois poderá estar a forçar o negócio num local inapropriado. Se já possui o local, encontre o negócio mais adequado para ele; caso arrende um imóvel, não feche o contrato de locação sem antes verificar se, no local é permitida a atividade desejada. Essa consulta é feita na Câmara Municipal. Consulte também a entidade que licencia a atividade. Por exemplo para indústrias alimentares existem normas que tem de ser cumpridas para a garantia da segurança alimentar.

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Resumindo

Estamos a finalizar o capítulo Plano de Marketing. Para concluir o trabalho e para que possa ter uma melhor visualização, sugerimos que anote numa tabela como a seguinte uma síntese das estratégias de marketing que irá optar por utilizar no seu negócio.

Nicho de mercado

Produto Preço Promoção Comercia-lização

Localização

(tipo de cliente-alvo)

Qual ou quais os produtos ou serviços que serão dispo-nibilizados a este tipo de cliente

Quanto será cobrado pelo serviço ou produto

Como será divulgado (descreva as ações de promoção e orçamento)

Qual a estratégia de comer-cialização e orçamento

Onde! Definição do acesso e orçamento

5. Plano Operacional

5.1 Layout ou Planta

Por meio do layout ou desenho do espaço físico, você irá definir como será a distribuição dos diversos setores da empresa, de alguns recursos (mercadorias, matérias-primas, pro-dutos acabados, estantes, vitrines, prateleiras, equipamentos, móveis, matéria-prima etc.) e das pessoas no espaço disponível. No caso de o seu negócio não necessitar de um espaço físico, mas depender, por exemplo, de um website, deve também ter em atenção o layout da página e a acessibilidade.

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Uma boa organização do espaço físico traz uma série de benefícios, como:

• aumento da produtividade;

• diminuição do desperdício de tempo e recursos;

• maior facilidade na localização dos produtos pelos clientes na área de vendas;

• melhoria na comunicação entre os setores e as pessoas.

O ideal é contratar um profissional qualificado para ajudá-lo nessa tarefa, mas se isso não for possível, faça você mesmo um esquema, distribuindo as áreas da empresa, os equipa-mentos e as pessoas de forma racional e sensata. Veja abaixo dois exemplos.

Exemplo 1 - Pastelaria/confeitaria

Exemplo 2 - fábrica

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Cliente faz o pedido

empresa cosulta disponibilidade e confirma ao

cliente

serviço é preparado

em parceria com outros operadores

serviço é realizado junto do cliente e é

registado nivel de satisfação

empresa emite fatura e processa

pagamento e fecha o processo

Verifique se há exigências específicas quanto ao layout, conforme a legislação vigente para o tipo de negócio;

Veja se é possível adequar o layout da empresa para pessoas portadoras de necessidades especiais, criando por exemplo rampas para cadeiras de rodas.

5.2 Capacidade de produção/comercial/serviços

É importante que na fase de planeamento do negócio se faça uma estimativa da capaci-dade de produção ou do número de clientes ou encomendas que podem ser atendidas, levando em conta a estrutura existente, mão-de-obra, máquinas, equipamentos, stock, etc. Com essa informação é possível ter dados mais fiáveis na hora de projetar o volume de vendas que é um exercício que será realizado no capítulo do Plano Financeiro.

Seja realista e considere na projeção do volume de produção, de vendas ou de serviços: o tipo de produto ou serviço, as suas instalações e máquinas, sua disponibilidade finan-ceira e de recursos humanos, o fornecimento de matérias-primas e ou mercadorias e o tamanho do mercado;

Leve em conta, também, a sazonalidade, isto é, as oscilações do mercado, em função daquilo que irá produzir ou revender.

5.3 Processos operacionais

Nesta etapa o desafio é registrar como a empresa irá funcionar, isto é, como serão feitas as atividades, descrevendo, etapa por etapa, como será a fabricação dos produtos, a venda de mercadorias, a prestação dos serviços e, até mesmo, as rotinas administrativas.

Identifique que trabalhos serão realizados, quem serão os responsáveis, assim como os materiais e equipamentos necessários. Para isso, você mesmo poderá elaborar um roteiro com essas informações. Veja, a seguir, o exemplo de um dos processos de uma empresa que presta serviços de desportos náuticos. Em seguida, faça o mesmo para as diversas atividades da sua empresa.

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6. Plano de Recursos Humanos

- O que é e como fazer?

O planeamento de recursos humanos é o processo de detetar e analisar as necessidades da empresa em relação aos recursos humanos e deve ser desenvolvida ações para satisfazer a essas necessidades, tendo em conta os objetivos da empresa. Ou seja, trata-se de determi-nar o número de pessoas que irá constituir a empresa, e qual será o trabalho de cada um. Independente do tamanho da empresa, seja com duas ou cinquentas pessoas, é necessário planificar, organizar, gerir e controlar as pessoas que trabalharão na empresa. Poderá fazer parte da sua equipa de trabalho, o(s) sócio(s), os familiares (se for o caso) e as pessoas a serem contratadas.

O primeiro que se deve fazer é elaborar um organigrama. É uma representação gráfica dos postos de trabalho que a empresa vai ter, as funções, a hierarquia e dependência. Tra-ta-se de definir com detalhe a área ou departamento que a empresa terá (administrativo, comercial, produção, etc.) suas funções, número de trabalhadores, os perfis, suas respon-sabilidades dentro da empresa.

Uma vez definidos os postos de trabalho que são necessários na empresa, o próximo passo é definir que nível de conhecimento técnico se quer e as capacidades profissionais ou mes-mo a experiência profissional. Para isso terá de seguir os seguintes passos:

1. Descrição do posto de trabalho – cada tarefa tem sua importância embora algumas atividades são de extrema importância pelo que deve priorizá-las. Assim deve esta-belecer a importância de cada uma das tarefas em termos absolutos em comparação com as outras. Isso irá permitir estabelecer um nível de exigência durante o processo de seleção das pessoas, da definição do espaço, do número de pessoas necessárias, etc.

2. Definir o perfil – trata-se de pensar que perfis profissionais que a empresa quer, por exemplo, comerciais, operadores de máquinas, contabilista, etc. No perfil descreve a formação (académica, técnica, de especialização), da experiência, as características pessoais (capacidade relacionar com outros, disponibilidade de viajar ou de traba-lhar finais semana, etc.,) que a empresa necessita. Uma vez definidos os perfis, deve quantificar o número de postos de trabalho que a empresa necessita para começar a atividade e ate quanto tempo.

3. Recrutamento, Seleção e Contratação - uma vez definidos os perfis, passa pela etapa de recrutamento e seleção dos trabalhadores e depois contrata-los. Para processo de recrutamento e seleção a empresa pode faze-la por si própria ou contratar uma outra empresa especializada desde que tenha em atenção os postos e perfis definidos. Existe também o processo de contratação define o tipo de contrato que vinculará a cada

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dos trabalhadores a empresa, as relações laborais e os custos. Assim, o empresário deve refletir sobre o salário a pagar, as horas ou dias de trabalho, tipo de contrato e outros custos inerentes.

- Que tipo de regimes existem para contratar funcionários? Quais as regras e princi-pais restrições?

Como referido anteriormente, o processo de contratação define o tipo de contrato que vincula os trabalhadores à empresa. Trata-se de um contrato de trabalho que se pode de-finir como um acordo entre o trabalhador e o dono da empresa, em que o trabalhador se compromete a prestar determinados serviços em troca de um salário. Numa empresa não é necessário que todos os trabalhadores tenham o mesmo tipo contrato, isso depende do que a empresa necessita, por exemplo pode ser temporário, indefinido, etc. Normalmente os contratos devem ser escritos e oficializados. Existe uma variedade de tipos de contrato que superintendem o vínculo contratual empregador-empregado, sempre em função do modelo de negócio da empresa, a saber:

Tipos Principais:

• Contrato de trabalho a termo certo

• Contrato de trabalho a termo incerto

• Contrato sem termo

Outros:

• Contrato de trabalho de muita curta duração (período mínimo de 1 (uma) semana)

• Contrato de trabalho com trabalhador estrangeiro não comunitário ou apátrida

• Contrato de trabalho a tempo parcial

• Contrato de trabalho com pluralidade de empregadores

• Contrato de trabalho intermitente

• Contrato de trabalho em comissão de serviço

• Contrato promessa de trabalho

• Contrato para prestação subordinada de teletrabalho

• Contrato de pré-forma

• Contrato de cedência ocasional de trabalhadores

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Entretanto convêm que os contratos sejam celebrados por escrito, assinado por ambas as partes e devem conter informações importantes como:

• Dados da empresa

• Dados do trabalhador

• Data de início da atividade e sua duração

• O tipo de contrato que se celebrará.

• Objeto do contrato (funções a desempenhar)

• Condições que se vá prestar serviço e local.

• A remuneração, benefícios sociais, impostos ou outros custos inerentes

6.1 Política salarial

Trata-se de estabelecer os salários para cada categoria de trabalhadores pelo trabalho rea-lizado na empresa. Para isso dever ter em conta o mercado de trabalho, o nível de quali-ficação, a experiencia de cada trabalhador, o posto trabalho, etc. Neste sentido deve esta-belecer uma previsão dos custos com os trabalhadores, não só em termos dos salários, mas também com os custos de segurança social, acidentes de trabalho, formação (se empresa pretender especializar seus trabalhadores) entre outros custos sociais. Os custos com os re-cursos humanos contemplam: remuneração fixa (o valor estabelecido entre o trabalhador e dono da empresa por um tempo determinada, por exemplo mensal), remuneração va-riável (pode ser um complemento salarial que esta associado a um determinado resultado, por exemplo unidade vendidas, captação clientes, etc.)

Verifique a disponibilidade de mão-de-obra qualificada na sua região. Se não for essa a situação, procure investir na formação/capacitação da sua equipa;

Lembre-se de consultar a Direção Geral de Trabalho para se informar da legislação laboral, previdência social, seguros, horários, etc. Para além do código laboral existente em Cabo Verde que regula a matéria laboral, a empresa deve criar um regulamento interno, que abordará os horários de entrada e saída, a carga horária, férias, circuito de informações, distribuição de tarefas, procedimentos disciplinares, etc.

Lembre-se de registar numa planilha os salários e os custos associados pois terão impli-cações no seu mapa de custos no plano económico e financeiro.

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7. Plano Jurídico-legal

O que é e como fazer?

Neste ponto, trata-se de definir qual é a forma jurídica da empresa, tendo em conta o negócio que se quer desenvolver. A escolha de uma forma jurídica é muito importante, porque é a que determina o modelo de funcionamento da empresa. Ou seja, cada forma jurídica implica vantagens e limitações as expectativas de desenvolvimento.

Para tomar uma decisão acertada, primeiro deve conhecer os diferentes tipos de forma jurídicas existentes tendo em atenção as exigências, em especial ao número de sócios, ao valor e representação do capital social, bem como à responsabilidade perante terceiros. De acordo com o Código das Sociedades Comerciais cabo-verdiana as opções jurídicas mais comuns são:

Sociedade anónima – É uma sociedade cujo capital está dividido por ações, em que a responsabilidade de cada acionista esta limitado ao valor das ações por ele subscritas.

Sociedades por quotas – São sociedades de pessoas, em que o capital está dividido em quotas. Todos os sócios são responsáveis solidariamente pelo valor das entradas. Ou seja, as sociedades por quotas podem ser formadas pelo nome, firma de algum ou de todos os sócios, ou ainda pela reunião dos dois, utilizando ou não a sigla. Em qualquer caso con-cluirá pela expressão - Limitada ou pela abreviatura - Lda.

Sociedades unipessoais por quotas – as sociedades unipessoais por quotas podem ser constituídas com um único sócio, desde que este seja uma pessoa singular. Ele não pode constituir mais do que uma sociedade unipessoal. A firma desta sociedade deve ser forma-da pela expressão sociedade unipessoal, pela palavra Limitada ou pela abreviatura - Lda.

Sociedade em nome coletivo - A responsabilidade de cada sócio é ilimitada e subsidiária em relação à sociedade e solidariamente perante os sócios. No contrato de sociedade de-vem constar: a espécie e a caracterização da entrada de cada sócio em indústria ou bens, o valor atribuído aos bens; o valor atribuído à indústria com que os sócios contribuam, para o efeito da repartição de lucros e perdas; a parte social corresponde à entrada com bens de cada sócio. Não podem ser emitidos títulos representativos de partes sociais.

Sociedade em comandita - Cada sócio responde apenas pela sua entrada e os sócios comanditados respondem pelas dívidas da sociedade nos mesmos termos que os sócios da sociedade em nome coletivo.

Sociedade em comandita por ações – é constituída a partir de dois ou mais sócios co-manditários. Os sócios possuem sempre o direito de fiscalização assim como os sócios de

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sociedades em nome coletivo. Não há representação do capital por ações. Na sociedade em comandita por ações só as participações dos sócios comanditários são representadas por ações.

Após um breve resumo das formas jurídicas existentes, a seguir apresenta-se uma tabela com a síntese das características das sociedades comerciais em Cabo Verde.

Forma jurídica Características Capital Social Responsabilidade

Sociedade anónima

No mínimo 2 sócios;

Não são admitidas;

Contribuições em indústrias;

Ações devem ter o mesmo valor nominal

2.500.000$00 Limitada

Sociedade por Quotas

Não são admitidas contribuições em indústrias

10.000$00 por cada socio

Limitada

Sociedade unipessoal por quota

Uma única pessoa, singular, é Titular do capital social;

São admitidas contribuições em outras empresas.

10.000$00 Limitada

Sociedade em nome coletivo

São admitidas contribuições em outras Indústrias

A lei não estabelece o montante

Ilimitada e Subsidiária

Sociedade em Comandita

Não são admitidas contribuições em outras indústrias;

A lei não estabelece o montante

Reúne sócios de Res-ponsabilidade limita-da e sócios de respon-sabilidade Ilimitada

Sociedade em Comandita por ações

Não são admitidas contribuições em outras indústrias;

A lei não estabelece o montante

Reúne sócios de res-ponsabilidade limita-da e sócios de respon-sabilidade Ilimitada

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Para além da classificação jurídica da sua empresa, deve também conhecer, outros instru-mentos legais que deve ter em atenção. Há tipos de atividade económica que exige uma legislação específica. Por exemplo se a sua empresa dedica a comercialização, ou a restau-ração necessita de uma licença de atividade. Terá que buscar informações sobre os locais e os requisitos necessários para obtenção da licença. Inclusive se tiver necessidade de fazer obras ou remodelar o espaço físico da sua empresa terá que solicitar uma licença junto à Camara Municipal da sua localidade.

Lembre-se

• É necessária autorização para o exercício de atividade comercial de importador, ex-portador, grossista (informações pode ser obtidas nas Câmaras de Comércio) e a retalho (Câmara Municipal);

• Obtenção de alvará comercial para estabelecimentos comerciais (Câmara Munici-pal);

• Licenciamento industrial (DRICEN – Direção Regional de Industria, Comercio e Energia do Norte);

• Para outras áreas consultar o Ministério que tutela o setor;

• Lembre-se também que o licenciamento e a formalização têm custos, portanto não se esqueça de registar os custos no plano económico e financeiro que será realizado mais a afrente.

Quais são as obrigações fiscais?

O sistema fiscal cabo-verdiano é formado por um conjunto de impostos que incidem sobre o rendimento, o património e o consumo, dos quais destaca-se:

• Imposto sobre o Rendimento:

• Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas (IRPC)

• Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares (IRPS)

• Imposto Único sobre o Património (IUP)

• Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA)

• Imposto sobre o Consumo Especial (ICE)

• Direitos de Importação (DI)

• Imposto de Selo sobre as transações (IS)

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Passa agora a descrever cada um deles.

Imposto sobre o Rendimento - subdivide-se em duas categorias: O Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares (IRPS) - incide sobre todos os rendimentos obtidos pelas pessoas singulares, residentes ou não residentes, em Cabo Verde. A taxa de IRPS é progressiva, variando entre 15% e 35% para os titulares de rendimentos do trabalhador dependente. O Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas (IRPC)– incide sobre as sociedades comerciais nacionais ou estrangeiras, as empresas públicas e demais pessoas coletivas de direito público ou privado com sede ou direção efetiva em Cabo Verde. As taxas de tributação são de 25% no método de verificação e de 15% no método de estimativa. Os pagamentos por conta verificam-se duas vezes por ano (Fevereiro e Setembro), baseados nos resultados obtidos no ano anterior.

Imposto Único sobre o Património (IUP) – que veio substituir os Impostos sobre Su-cessões e Doações, a Sisa, Contribuição Predial e Imposto Municipal, incide sobre o valor patrimonial dos prédios situados em Cabo Verde, sobre o valor das transmissões gratuitas ou onerosas de imóveis (incluindo as mais-valias) e ainda sobre o valor das operações so-cietárias sujeitas a escritura pública. A taxa única de tributação em sede de IUP é de 3%.

Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) - incide sobre as transmissões de bens, as prestações de serviços efetuadas a título oneroso e as importações de bens, englobando to-das as atividades económicas, de natureza comercial, industrial ou profissional, obedecen-do ao princípio do destino, ou seja, tributando as importações e isentando as exportações. A taxa geral atualmente em vigor é de 15%. As exportações estão isentas de IVA, bem como o consumo de alguns bens e serviços considerados essenciais. Quanto aos serviços, a regra geral é a de que são tributados no país os serviços cujo prestador tenha sede, esta-belecimento ou domicílio em Cabo Verde.

Imposto de Selo - representa um salto qualitativo importante no que respeita à definição das regras e princípios aplicáveis à liquidação, definição das taxas e pagamento do impos-to. O número de situações sujeitas a imposto de selo foi reduzido e a tributação indireta saiu beneficiada em termos de consistência pela introdução de uma regra geral de não su-jeição a imposto de selo de todas as operações já abrangidas pelo IVA. As situações sujeitas a imposto de selo podem ser segregadas em quatro categorias distintas: operações finan-ceiras, operações societárias, transações sobre bens imóveis e atos jurídicos documentados

O Imposto sobre Consumos Especiais é um imposto de natureza indireta, que incide numa única fase, sobre determinados bens produzidos, importados ou introduzidos no ter-ritório nacional, de acordo com as normas reguladas na Lei nº 22/VI/2003 de 14 de Julho.

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Direitos de Importação – faz referência a todos os impostos sobre a tributação indireta que incidem sobre o valor aduaneiro dos bens importados para consumo, cobrados con-forme a pauta aduaneira oficial em vigor. Até esta data é regulada pelo Decreto-Lei nº 23/2014 de 2 de abril de 2014.

Lembre-se

Todo o sistema fiscal em Cabo Verde é regulado pelo Governo, e estão disponíveis nas Câmaras de Comercio, no Ministério Finanças, Casa do Cidadão, entre outros locais.

Como constituir de forma legal a empresa?

Em Cabo Verde pode criar a sua empresa em um dia através do processo acelerado ofereci-do pela Casa do Cidadão, que é mais simples e rápido “Empresa no Dia”. E o demorado, é através dos Registo na Conservatória. Contudo, qualquer deles apresenta vantagens e limitações, assim para na sua escolha ter em atenção os interesses da empresa e da relação a estabelecer entre os sócios ou acionistas.

A seguir se descreve doze passos para criar a empresa:

1º passo escolher o tipo empresa a construir

2º passo escolher nome da empresa

3º passo Obtenção de certificado de admissibilidade da empresa junto da Conservatória

4º passo Elaborar estatutos da sociedade/pacto social/contrato

5º passoAbertura de uma conta bancaria em nome da sociedade e depósito do capital social, junto de qualquer banco comercial a operar em Cabo Verde

6º passo

Marcação da escritura pública de constituição de sociedade instruída com os documentos identificação, documentos da sociedade apenas quando algum dos sócios pretenda subscrever a sua entrada no capital social através de um imóvel, caso contrário é suficiente o contrato social assinado pelos sócios/acionistas

7º passoRegisto Comercial junto da Conservatória do registo comercial e obter uma certidão definitiva

8º passoPublicação dos estatutos da sociedade no Boletim Oficial de Cabo Verde

9º passoEfetuar a declaração prévia de inicio de atividade na Direção Geral de Contribuições e Impostos, obtendo-se o número de contribuintes

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10º passoE no prazo de 6 (seis) meses, dever-se-á efetuar a Declaração de início efetivo da atividade, para efeitos de tributação

11º passoEfetuar a inscrição no Instituto Nacional de Previdência Social, na Direção Geral do Trabalho e na Inspeção-Geral do Trabalho

12º passoEfetuar o registo junto da Direção do Comercio para efeitos de exercício de atividade comercial

8. Plano Económico e Financeiro

O que é e para que serve?

É através do plano económico e financeiro que se consegue saber se o negocio é viavel. Essa informação é importante quer para o empreendedor como para os possiveis investi-dores, por exemplo: bancos, familiares que terão de decidir se nos vão apoiar; entre outros.

Viabilidade – o negócio é viável se permite a geração de um saldo positivo depois de contabilizar os proveitos das vendas e os custos suportados.

Um bom plano económico e financeiro deve ter os seguintes conteúdos/componentes:

I - Previsão de vendas

II - Previsão dos custos (custos fixos e variáveis)

III - Fornecimento e serviços externos

IV - Previsão dos custos com o pessoal ou recursos humanos

V - Fundo de maneio

VI - Plano de investimento

VII - Plano financeiro e impostos

VIII - Depreciação e amortização

IX - Demonstração de resultados previsional

X - Fluxo de caixa

XI - Rácios e indicadores de viabilidade

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De seguida vamos explicar sucintamente cada um dos componentes do plano económico e financeiro. O que se pretende é que entenda o porquê e para que servem cada uma des-sas componentes. Para a elaboração do plano necessitará de preencher planilhas ou mapas para cada componente que podem ser cedidas por um contabilista, consultores, institui-ções de apoio aos negócios ou se quiser pode procurar na internet. Se não tiver habilidades ou conhecimento na área financeira recomendamos que procure apoio junto de amigos ou instituições que oferecem assistência técnica na elaboração de planos de negócios, contudo todo o empreendedor deve ter conhecimentos mínimos do plano económico e financeiro pois é ele quem vai operacionalizar o que esta descrito no documento.

I. Previsão de vendas

Para prever o quanto a empresa irá faturar por mês basta multiplicar a quantidade de produtos/serviços a serem oferecidos pelo seu preço de venda, que deve ser baseado em informações de mercado e tendo em conta a previsão de vendas e política de preços defi-nidas no Plano de Marketing.

Seja cauteloso ao prever as receitas e verifique se há sazonalidade no seu ramo, isto é, se existem épocas em que as vendas aumentam ou diminuem, como no Natal ou férias es-colares. Observe o que se passa com outras empresas semelhantes e verifique, consoante a situação, a necessidade de considerar uma percentagem de aumento ou diminuição. Por exemplo: na altura dos festivais é normal que exista uma maior procura no mercado e por isso as vendas serão superiores. Por outro lado, se trabalhar na área da comercia-lização de mariscos já sabe que na altura de defeso da Lagosta terá de considerar um decréscimo nas vendas (p.ex. 60%).

Empresa X: Previsão Mensal de Vendas

Produto / Serviço Quantidade (a) Preço unitário (b) Total (a*b)

Produto/Serviço 1 XX XX XX

Produto/Serviço 2 XX XX XX

Produto/Serviço 3 XX XX XX

Produto/Serviço 4 XX XX XX

Total mensal das vendas XXXXXX

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II. Previsão dos custos

Custos – corresponde ao montante gasto pela sua empresa para produzir e vender os seus produtos e serviços. Por exemplo, uma revendedora de peixe necessita de ter malas térmi-cas, gelo, instrumentos para trabalhar o peixe e mesmo o seu salário. Tudo isto representa custos para o negócio. E na sua empresa, que custos vai ter?

Qual a importância do cálculo dos custos?

Ajuda a estabelecer os preços. Para garantir que as vendas sejam lucrativas é necessário estabelecer um preço de venda acima do custo de produção. Assim, quando se conhecem bem os custos é mais fácil e mais correta a definição do preço adequado para os produtos/serviços. Além disso, se conhecer bem os seus custos conseguirá perceber em que áreas poderá tornar o negócio mais rentável economicamente, bem como, a tomar decisões sobre que produtos/serviços promover mais para ter maior lucro.

Tipos de Custos

Custos fixos – não variam com a quantidade produzida ou vendida, isto é aqueles que, independentemente da dimensão da empresa, não se modificam consoante a quantidade que se produza ou venda. Ex: renda do espaço, pagamentos de empréstimos; Fornecimen-tos e Serviços Externos.

Custos variáveis – aqueles custos que variam proporcionalmente com o volume de pro-dução ou vendas ou com os serviços prestados. Ex.: gelo para uma revendedora de peixe; farinha para um padeiro – caso típico das matérias-primas, matérias subsidiárias (auxiliam a produção). Os custos variáveis dizem respeito a elementos que entram diretamente nos produtos fabricados, nas mercadorias revendidas ou nos serviços que são prestados – Gas-tos com mercadorias vendidas e matérias consumidas.

Para um custo ser considerado variável é necessário que: varie exatamente na mesma proporção das quantidades produzidas/vendidas; seja fácil de calcular por cada uni-dade produzida; o seu valor seja suficientemente relevante para afetar o total do custo unitário.

Se quiser saber como se calcula os custos fixos e variáveis de um produto ou serviço recomendamos que se inscreva num dos cursos do Centro de Emprego e Formação Profissional da sua localidade ou peça ajuda nas instituições de apoio aos negócios e empreendedores.

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Empresa X: Custos Fixos

Custo Total

Renda XX

Eletricidade XX

Telefone XX

Materiais de Limpeza

Juros do empréstimo XX

Total custos fixos XXXXXX

Empresa X: Custos Variáveis

Custo Total

Matéria-prima 1 XX

Matéria-prima 2 XX

Metéria subsidiária 1 XX

Metéria subsidiária 2 XX

Total custos fixos XXXXXX

III. Fornecimento e serviços externos

FSE - Fornecimento e Serviços Externos, são todas as despesas ocorridas nas empresas em gastos como a eletricidade, agua, combustíveis, material de escritório, entre outros.

IV. Previsão dos custos com o pessoal ou recursos humanos

Uma vez que realizou esta tarefa no capitulo Plano de recursos humanos, terá apenas de rever os dados que inseriu no mapa de recursos humanos e decidir se mantem ou fara uma revisão dos custos.

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Custos com o pessoal engloba todos os custos com salários e encargos dos trabalhado-res/colaboradores da empresa;

Neste âmbito, os custos a considerar serão os salários e ouros encargos (seguros, previ-dência social). Contudo, com o novo Regime Jurídico das Micro e Pequenas Empresas os trabalhadores têm direito à previdência social sem que a empresa tenha de pagar algo além do Tributo Especial Único, que analisaremos mais à frente;

A legislação prevê ainda o pagamento do Seguro Obrigatório de Acidentes de Trabalho. Para trabalhadores expostos a menor risco no local de trabalho (Regime I) o valor é de 2% sobre 9.000$, ou seja, 180$00 mensais por trabalhador e para trabalhadores expos-tos a maior risco o valor é de 6% sobre 9.000$, ou seja, 540$ mensais.

Empresa X: Custos com o Pessoal

CustoTarefas a desempenhar

Salário

Gerente XX XX

Funcionário 1 XX XX

Funcionário 2 XX XX

Total mensal de custos com o pessoal XX

V. Fundo de maneio

Além dos investimentos em instalações e equipamentos deve prever a quantidade de di-nheiro que necessitará para levar a cabo o seu negócio antes de começar a obter algum resultado das vendas, para fazer face a todas as despesas. A esse montante chamamos de fundo de maneio e é necessário para por exemplo, poder produzir uma determinada quantidade de produtos antes de começar a vender; comprar todos os materiais para começar a prestar o serviço; adquirir um stock inicial de mercadorias para abrir a loja; investir numa campanha de publicidade antes de abrir ao público, entre outros.

Então, consoante o tipo de negócio que vai abrir deve avaliar com muito cuidado tudo o que necessita para poder abrir ao público. Por exemplo: quais os materiais (matéria-prima, embalagens, etc.) indispensáveis à fabricação de seus produtos ou que mercadorias tem de comprar antes para revender? Quanto dinheiro necessita ter disponível para cobrir os custos até que as contas a receber de clientes entrem no caixa? Que contratos necessita de efetuar antes para poder abrir a empresa (ex. eletricidade e água; registo e licenciamento do projeto; arrendamento do espaço)?

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Na definição do Fundo de Maneio deve ter em conta o prazo que concederá de crédito aos seus clientes, isto é, se eles não pagarem na hora tem de ter uma reserva para aguen-tar esse período de tempo até receber o valor.

Matérias-primas – todos os materiais e peças que entram no produto que fabrica. No caso de ser uma empresa de produção a correta planificação das matérias-primas que vai necessitar é muito importante de forma a ter a quantidade suficiente para a produção e entregar aos clientes a tempo.

Empresa X: Necessidades de Fundo de Maneio

Designação Valor

Adiantamento renda do espaço XX

Quantidade inicial de matérias-primas XX

Valor do crédito concedido aos clientes XX

Registo e licenciamento do projeto

Total de fundo de maneio necessário XXX

VI. Plano de investimento

Nesta fase deve pensar em todos os equipamentos, instalações, licenças e uma quantidade de dinheiro (fundo de maneio) que necessita para colocar o seu negócio a funcionar. As-sim, conseguirá calcular todo o montante de investimento que precisa fazer para começar a sua atividade. Deve por exemplo analisar se necessita de construir um edifício/fábrica ou adquirir um terreno ou se precisa comprar uma loja ou arrendar um espaço.

No que respeita às instalações e equipamentos deve planear adequadamente de forma a que nem faça um investimento exagerado que inviabiliza o negócio pelos elevados custos associados, nem demasiado baixo que o obrigue a fechar por falta de recursos. Para este planeamento pode pesquisar e visitar empresas com negócios semelhantes e ver as suas instalações/equipamentos, etc.

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Empresa X: Investimentos

Designação Valor

Equipamento 1 XX

Equipamento 2 XX

Cadeiras XX

Caixa registradora XX

Computador e Impressora XX

Licença XX

Campanha publicitária de lançamento XX

Fundo de maneio XX

Total de investimentos XXX

VII. Depreciação e amortização

Sempre que tratamos de investimentos em instalações, equipamentos, licenças, patentes temos de considerar o plano de depreciações e amortizações.

Depreciação – valor correspondente à perda de valor de um bem em consequência da sua utilização ou mesmo da passagem do tempo. Por ex.: uma viatura vai perdendo o seu valor ao longo do tempo, quer consoante a sua quilometragem vai aumentando quer pelo facto de o carro ficar mais velho.

Assim o que contabiliza não é o custo total do equipamento, mas sim a sua depreciação mensal/anual. Apenas se calcula a depreciação para equipamentos com um valor elevado e que duram mais de um ano.

Equipamentos – todas as máquinas, ferramentas, equipamentos de oficina, veículos, computadores, mobiliários, etc., que a sua empresa necessita para poder produzir bens e fornecer serviços.

Como calcular? Se o seu negócio necessita de equipamentos caros e com uma vida útil elevada, deve definir qual o tempo de vida dos mesmos. Para isso pode perguntar aos for-necedores, perguntar a outros empreendedores que utilizem equipamentos semelhantes ou procurar na legislação. Depois deve dividir o valor do equipamento pelos anos de vida.

Amortização - consiste na alocação sistemática do valor amortizável de ativo intangível ao longo da sua vida útil, ou seja, o reconhecimento da perda do valor do ativo ao longo do tempo. E como exemplo de itens que podem ser amortizados, podemos citar: Marcas e Patentes, Softwares, Direitos Autorais e etc. 

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Basicamente a principal diferença entre a amortização e a depreciação é que, à medida que a depreciação incide sobre os bens físicos (tangíveis), a amortização está relacionada com a diminuição de valor dos direitos (intangíveis) com prazo limitado.

Empresa X: Depreciação Equipamento 1

Ano Aquisição 2017

Custo Total 150.000$00

Período vida útil 8 anos

Depreciação anual 18.750$00 = 150.000$00 ÷ 8 = 18.750$00

Depreciação mensal 1.563$00$00 = 18.750$00 ÷ 12 = 1.563$00

VIII. Plano financeiro e impostos

Tendo definido todo o montante de investimento necessário para dar início à sua ativida-de chegou a hora de se perguntar onde irá obter o capital necessário.

- Como vou financiar a minha empresa? Quem a poderá financiar?

O ideal é conseguir-se financiar o negócio com capitais próprios, contudo sabemos que a percentagem de empreendedores que consegue criar uma empresa sem recorrer a finan-ciadores externos é residual. Desta forma, é necessário estar preparado para defender o projeto junto da Banca, de investidores privados ou empresas de capital de risco.

Resumindo, poderá financiar a sua empresa com: capitais próprios ou capitais alheios.

Capital Próprio - Uma das primeiras fontes de financiamento a se ter em conta, por parte dos sócios ou acionistas da empresa, deverão ser os recursos próprios. Estes recursos poderão ser em dinheiro ou em espécie, desde que correspondam ao montante necessário à prossecução do objeto social da empresa.

Capitais Alheios

a) Bancos Comerciais

Os capitais alheios em forma de créditos bancários que são um direito que o Banco ad-quire, através de uma entrega inicial em dinheiro (real ou potencial) a um cliente, e de receber desse cliente o valor em dívida, em datas futuras, uma ou várias prestações em dinheiro, cujo valor total é igual ao da entrega inicial, acrescida do preço fixado para esse serviço que é o conhecido juro de empréstimo.

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b) Micro crédito

O microcrédito é uma modalidade de empréstimo destinada para micro empreendedores, os quais enfrentam muitas dificuldades para conseguir as opções de créditos tradicionais concedidos pelos Bancos. As vantagens dessa modalidade: empréstimo de pequenos mon-tantes, flexibilidade e maior acessibilidade para os negócios que estão ainda na fase de teste dos produtos ou serviços no mercado ou que não dispõe de garantias reais.

Em Cabo Verde, o micro crédito vem ganhando uma crescente importância no contexto das atividades de promoção e de desenvolvimento socioeconómico, resultante de subs-tantivos ganhos conseguidos na cobertura das populações anteriormente não abrangidas no quadro do sistema financeiro formal, ou seja, o segmento da população que não reúne condições para o acesso aos serviços da Banca tradicional.

c) Capital de Risco

É uma modalidade de investimento utilizada para apoiar negócios por meio da compra de uma participação em forma de ações, geralmente minoritária, com o objetivo de ter as ações valorizadas para posterior saída da operação. Este modelo de investimento é feito através de sociedades especializadas neste tipo de negócio, denominadas Sociedades de Capital de Risco. Estas sociedades, além do contributo em capital, ajudam na gestão e aconselhamento. O objetivo de se ter a participação de uma Sociedade de Capital de Risco na nossa empresa também é de se poder apresentar garantias num financiamento junto a Banca.

d) Business Angel

O business angel é um investidor particular que investe diretamente (ou através das suas empresas) o seu próprio dinheiro predominantemente em empresas nascentes, sem que exista uma relação familiar envolvida. O objetivo do business angel é a valorização das startups, adquirindo uma participação no capital social, durante um determinado perío-do, assegurando suporte financeiro à implementação e crescimento do projeto. O fim último do business angel é a venda da sua participação com uma mais-valia, apenas con-seguida se o projeto alcançar o sucesso esperado. Durante o período da sua participação, o business angel assume o risco do projeto nos mesmos termos que os próprios promotores.

e) Crowdfunding

O Crowdfunding é uma forma de financiamento que esta a ganhar força ao nível global e refere-se a uma campanha de financiamento através do patrocínio de vários indiví-duos, cuja soma permite reunir o montante pretendido para operacionalizar o projeto. Os patrocinadores podem receber em troca serviços ou produtos da empresa e há tipos de crowdfunding que possibilita recebimento de recompensas financeiras. Cabo Verde já

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tem a legislação para o Crowdfunding sendo que o BCV-Banco de Cabo Verde e a Pró Empresa tem a responsabilidade de promover este tipo de financiamento em Cabo Verde.

As campanhas para arrecadar fundos são realizadas por uma empresa privada certificada pelas entidades competentes, sendo que as ações são realizadas através de uma plataforma na internet.

f ) Outras fontes de financiamento (familiares, amigos)

Também conhecido como 3 Fs (Family, Friends and Fools) os empréstimos de familia-res e amigos são também um meio de financiamento bastante frequente. Aqueles que o conhecem bem, podem se tornar uma boa fonte de empréstimos ou financiamento para a constituição do negócio. Eles podem, inclusive, proporcionar empréstimos de curto prazo depois que você já estiver com o negócio funcionando. Embora a família e os ami-gos costumem ser mais compreensivos do que os banqueiros, a relação mantida com eles deverá ser de negócio. Mostre-lhes o seu plano empresarial. Como com qualquer outro investidor em potencial, não exagere suas habilidades, seus planos ou as expectativas posi-tivas de seu negócio. Se eles estiverem dispostos a ajudá-lo financeiramente, faça o acordo por escrito. Também não se irrite se eles rejeitarem. Simplesmente aceite essa postura, agradeça-lhes por terem escutado você e passe para outra possível fonte.

Outra potencial fonte de financiamento são os fornecedores, para abrir uma mercearia por exemplo pode negociar com o grossista o fornecimento do primeiro stock a crédito.

g) Incentivos

Subsídios que organizações governamentais e não-governamentais dão para estimular a criação de pequenos negócios. Por vezes, existem programas e linhas de financiamento especiais para empreendedores em áreas de desenvolvimento estratégico do país. Deve-se estar atento e aproveitar as oportunidades.

Custos com Financiamento

ATENÇÃO: No caso de recorrer a Capitais Alheios – Empréstimos tem de ter em men-te que terá de pagar juros e reembolsar o dinheiro por fases (prestações) ou de uma só vez, dependendo do acordo que fizer com a instituição que concede o crédito.

É sempre melhor evitar pedir elevadas quantias de dinheiro, porque quanto mais pedir emprestado e quanto maior for o tempo do empréstimo maior será o valor dos juros, ou seja, maior será o valor a pagar além do que pediu emprestado.Para elaborar o Plano de Financiamento convém que recorra ao apoio de um consultor.

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Capital Inicial Necessário e Fontes de Financiamento

Capital Inicial Necessário

Investimentos (equipamentos, instalações e diversos) (a) XXXXXX

Fundo de Maneio (b) XXXXXX

   

Total do capital inicial necessário (a+b) XXXXXX

Fontes de Financiamento

Comparticipação dos promotores do negócio (a) XXXXXX

Empréstimos (b) XXXXXX

Outras fontes de financiamento (c) XXXXXX

Total do capital inicial necessário (a+b+c) XXXXXX

Condições de obtenção do financiamento e de pagamento

Período de reembolso (nº anos) Taxa de juro do empréstimo

Valor da prestação mensal Valor médio mensal a pagar de juros

Nº Total de prestações Prazo de diferimento

Custos com impostos

Tendo em conta que qualquer empresa tem de prestar contas e pagar impostos ao Estado, e sendo um custo para a empresa terão de ser tidos em conta. Existem dois regimes/sistemas de prestação de contas em Cabo Verde, o de Verificação ou mais conhecido por Conta-bilidade Organizada e o REMPE – Regime Especial para as Micro e Pequenas Empresas.

Para o caso particular das Micro e Pequenas Empresas existe um Regime Jurídico Especial que estabelece condições muito particulares e vantajosas. Este Regime substitui o paga-mento do Imposto sobre o Rendimento Coletivo (IUR) e do IVA (Imposto sobre Valor Acrescentado) por um único imposto – o Tributo Especial Unificado – que é de 4% sobre o valor das vendas.

Considera-se que podem beneficiar deste regime:

• Micro empresa: Empresa com um volume de negócio não superior a 5 mil contos e/ou que emprega até cinco trabalhadores.

• Pequena empresa: Empresa com um volume de negócio entre cinco e 10 mil contos e/ou que emprega entre 6 e 10 trabalhadores

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Para as empresas enquadradas no regime de verificação/contabilidade organizada deverão consultar as taxas em vigor para o IRPS e IRPC ou melhor ainda um contabilista.

Empresa X: Média mensal do imposto a pagar

Média mensal de vendas XX

Tributo Especial Unificado 4%

Média mensal imposto a pagar XX = Valor médio mensal das vendas x 0,04

IX. Demonstração de resultados previsional

Após ter recolhido todas as informações sobre as estimativas das vendas e dos custos as-sociados ao negócio, já pode prever o resultado da empresa, ou seja, determinar se vai ter lucro ou prejuízo – Mapa de Demonstração de Resultados Previsional.

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 Mês 1

Mês 2

Mês 3

Mês 4

Mês 5

Mês 6

Mês 7

Mês 8

Mês 9

Mês 10

Mês 11

Mês 12

Total

a)

VENDAS E PRESTA-ÇÕES DE SERVIÇOS

b)

Gastos com mercadorias vendidas e matérias con-sumidas

c)

RESULTADO OPERACIO-NAL BRUTO = a – b

d)Fornecimentos e Serviços Externos

e)Gastos com o pessoal

f )Depreciações/Amortizações

g)Juros supor-tados

h)

RESULTA-DO ANTES DE IMPOS-TOS (c-g)

 i)

Imposto sobre o ren-dimento do período (TEU em Regime Simplificado)

 

 j)LUCRO LÍQUIDO (h-i)

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Recomenda-se que inicie por fazer um Mapa Mensal para o primeiro ano e depois anual para os anos seguintes e projete para 3 a 5 anos. Neste Mapa estão identificadas as fontes dos ganhos provenientes das vendas ao qual retiramos todos os gastos que a empresa tem. Isso permite-nos verificar se as receitas são maiores (lucro) ou menores (prejuízo) que os gastos. Note, contudo, que é normal que nos primeiros meses ou anos o valor dos lucros seja muito baixo ou que a empresa opere mesmo com prejuízo.

X. Fluxo de caixa

O Mapa de Fluxo de Caixa é um instrumento de gestão financeira em que se colocam as informações sobre entradas e saídas de dinheiro e permite controlar e gerir as finanças empresariais, mas também tomar decisões de extrema importância para a organização, como a identificação da necessidade de cortes, investimentos e até mesmo realocação de recursos.

Elementos fundamentais do fluxo de caixa:

• Saldo inicial de caixa = Valor que estiver em caixa no início do período em análise. Por ex. no cálculo do Mapa de Fluxo de Caixa de Dezembro vou considerar como saldo inicial o que passou de novembro para dezembro

• Entradas de caixa = Entradas efetivas de dinheiro (vendas a dinheiro, cheques, etc.)

• Saídas de caixa = saídas efetivas de dinheiro (pagamento a fornecedores e a funcio-nários, juros de empréstimo, rendas, eletricidade, etc.)

• Saldo do mês = Diferença entre as entradas e saídas de caixa do mês

• Saldo final de caixa = Soma do saldo inicial de caixa com o saldo do mês. É o valor que iniciará o período seguinte

XI. Rácios e indicadores de viabilidade

Além dos Mapas anteriormente explanados, existe a necessidade de apresentar indicadores de viabilidade do negócio, ou seja, que mostrem que o negócio pode ser bem-sucedido. Isto reveste-se de particular importância no caso de necessitar de solicitar financiamento externo. Os potenciais investidores necessitam de ter informação quanto ao sucesso pre-visto do negócio para poder ceder o dinheiro. Entre os indicadores mais utilizados estão o Valor Atualizado Líquido (VAL), a Taxa Interna de Rentabilidade (TIR) e Período de Re-cuperação do Investimento (PRI ou payback period). O seu cálculo pode parecer difícil,

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mas existem formas com recurso a meios informáticos que permitem calcular de forma rápida e simples. É ainda recomendável que peça apoio a alguém especializado.

• VAL – corresponde ao valor presente de um projeto calculado com base nos fluxos de caixa futuros. Trata-se de estimar todo o dinheiro que vamos receber e gastar com o projeto. Implica reportar todos esses valores ao momento presente. Se o valor cal-culado for positivo, o projeto é rentável, ou seja, consegue reembolsar e remunerar o capital investido e ainda gerar um excedente monetário para a empresa. Se for negativo, o projeto não apresenta capacidade de gerar dinheiro suficiente pelo que não terá luz verde para avançar.

• TIR – é um indicador que permite ao investidor saber qual a rentabilidade que vai obter ao investir o seu dinheiro. Isto porque ele só quer investir se for ter um retorno superior a um investimento sem risco (ex. depósito a prazo) ou com um risco menor que o investimento no nosso projeto. Assim, se a TIR for positiva isso indica que a rentabilidade do projeto é superior à de outros investimentos sem risco e que o cenário é favorável para avançar.

• PRI – determina o valor que a empresa tem de vender para não ter perdas e, no mí-nimo, cobrir todos os custos – ponto de equilíbrio. Normalmente o resultado deste cálculo vem em termos temporais. É normal que, nos primeiros anos de existência, os projetos não são rentáveis porque a empresa tem de suportar todos os custos de arranque e não terá um volume de vendas muito significativo. Mas com o tempo, se tudo correr bem, a empresa conseguirá gerar mais receitas, que serão superiores aos custos e abater os custos de arranque. Desta forma, o payback será o momento em que o projeto acumula ganhos que igualam os gastos ocorridos até esse momento. Por ex. se um projeto tem um payback de 2 anos isso significa que a partir do 2ºano os fluxos de caixa positivos igualam os fluxos de caixa negativos e portanto, o inves-tidor mais do que recuperará o dinheiro que gastou até então.

Parte 3 – Resumo e análise da Viabilidade Económica e Financeira

Nesta fase fará um resumo de todo o plano similar ao sumário executivo, mas aqui o obje-tivo principal é fundamentar a viabilidade económica, isto é a existência de mercado para o seu produto ou serviço em qualidade e quantidade suficiente que possibilita receitas que permitem pagar as despesas e gerar lucro, a existência de estratégias para fazer face aos fa-tores críticos de sucesso, entre outros. Deve também analisar e fundamentar a viabilidade financeira tendo por base os indicadores de viabilidade. Alem destes itens é importante levar em conta o impacto da atividade para a localidade ou região ao nível económico, ambiental, social e tecnológico.

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Parte 4 – Nesta fase de criação do plano de Negócios quem me pode apoiar?

Já sabe que você é a pessoa mais importante para o seu negócio, mas precisa ter o apoio de amigos e principalmente da família porque vai exigir sacrifícios e muitas horas de trabalho.

Além de elaborar o Plano de Negócio, que dá trabalho, tem de estar ciente, e toda a família também, que os resultados do negócio não surgem logo no início, vai precisar de paciência e persistência, algumas vezes vai necessitar de reinvestir o que vai ganhando, mas a longo prazo irão todos colher os frutos.

Em Cabo Verde existem vários serviços onde pode procurar apoio para elaborar o Plano e para a fase de arranque do negócio. Há leis gerais, mas conforme o tipo de negócio há regulamentos próprios que deve conhecer, por exemplo as normas de saúde, higiene e segurança, os impostos a pagar, entre outros.

Pode pedir apoio sobre legislação, financiamento, normas nacionais para o seu negócio em diferentes lugares, por exemplo organismos públicos:

Casa do Cidadão

Pró Empresa

Universidade de Cabo Verde – Incubadora na Praia ou em S. Vicente

Câmaras Municipais

Câmaras de Comércio de Sotavento e de Barlavento

Instituto de Emprego e Formação Profissional

Ministério das Finanças / Direção Geral das Contribuições e Impostos

Instituto Nacional da Previdência Social

E algumas entidades privadas como Organizações Não Governamentais, onde se inclui as Associações e Fundações, Universidades Privadas e centros de formação também podem ajudar. Alguns bancos ajudam os micro empresários que precisam de empréstimo, pode contratar uma pequena empresa de serviços que prestam assessoria, e ainda poderá falar com pessoas mais experientes, os amigos que conhecem a área de negócios e consultar a internet onde poderá encontrar valiosas informações.

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Fantástico!

Já elaborou o seu Plano de Negócio, agora reveja tudo e volte a analisar os fatores que influenciam o sucesso.

Boa sorte e bons negócios!

Tenha cuidado com a gestão do tempo porque vai trabalhar muito, e todos conhecemos a expressão “tempo é dinheiro”!E, não perca oportunidades de fazer formações que possam ser importantes para o seu crescimento pessoal e para o negócio.

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CONTACTOS

Universidade de Cabo Verde - Cidade da Praia www.empreamarcv.org 00238 3340 229

Coordenador do Projecto a Nível da Uni-CV - Ailton Moreira: [email protected] do projeto a nivel do INDP – Elisia da Cruz: [email protected]

Coordenadora Geral do Projeto da Universidade de Vigo – Yolanda Molares : [email protected]