consumidor leonardo de medeiros garcia 2011

340
DIREITO DO CONSUMIDOR LEI N° 8.078/1990 Dicas para realização de provas de concursos artigo por artigo

Upload: fernanda-miler

Post on 25-Nov-2015

174 views

Category:

Documents


4 download

TRANSCRIPT

  • DIREITO DO CONSUMIDOR

    LEI N 8.078/1990 Dicas para realizao de provas de concursos artigo por artigo

  • LEONARDO DE MEDEIROS GARCIA Procurador do Estado do Esprito Santo; Ex-Procurador Federal com exerccio no

    Gabinete do Advogado-Geral da Unio (AGU) com atuao especfi ca perante o STF; Especialista em "Economia y Derecho dei Consumo" pela Universidad de Castilla la Mancha/Espanha; Advogado e scio do Escritrio Garcia & Chagas Advogados;

    Professor da Escola da Magistratura do Estado do Esprito Santo - EMES; Professor da Escola Superior do Ministrio Pblico do Estado do Esprito Santo - ESMP; Professor do Curso Praetorium (Rede Sat e Presencial); Professor do Curso AlcanceIRJ;

    Professor e palestrante da Escola Superior da OAB/ES; Graduado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); Autor do Livro Direito do Consumidor-

    Cdigo Comentado e Jurispmdncia. Ed. Impetus; Autor do Livro Direito Ambiental, Ed. JusPodivm; Co-autor do Livro Leituras Complementares de Direito

    do Consumidor, Ed. JusPodivm;

    Site: www.leonardogarcia.com.br E-mail: [email protected]@leonardogarcia.com.br

    DIREITO DO CONSUMIDOR

    LEI N 8.078/1990 Dicas para realizao de provas de concursos artigo por artigo

    Si! edio revista, ampliada e atualizada

    2011

    EDITORA fosPODIVM

    www.editorajuspodivm.com.br

  • Capa: Carlos Rio Branco Batalha Diagramao: Araori Coelho

    [email protected]

    Conselho Editorial Antnio Gidi Dirley da Cunha Jr. Leonardo de Medeiros Garcia Fredie Didier Jr. Gamil Fppel El Hireche Jos Henrique Mouta Jos Marcelo Vigliar

    Nestor Tvora Pablo Stolze Gagliano Robrio Nunes Filho Roberval Rocha Ferreira Filho Rodolfo Pamplona Filho Rodrigo Reis Mazzei Rogrio Sanches Cunha

    Todos os direitos reservados s Edies JusPODIVM.

    Copyright: Edies JusPODIVM

    terminantemente proibida a reproduo total ou parcial desta obra, por qualquer meio ou processo, sem a expressa autorizao do autor e da Edies JusPODIVM. A violao dos direitos autorais caracteriza crime descrito na legislao em vigor, sem prejuzo das sanes civis cabveis.

    EDITORA fosPODIVM

    Rua Mato Grosso, 175 - Pituba, CEP: 41830-151 - Salvador - Bahia

    Tel: (71) 3363-8617 / Fax: (71) 3363-5050 E-mail: [email protected]

    Site: www.editorajuspodivm.com.br

  • Agradecimentos A Deus, razo da minha existncia, por mais esta conquista.

    Aos meus pais e irmos, pelo apoio e amor incondicional. minha esposa Germana, pelo amor, dedicao e incentivo.

    Aos amigos Gustavo Lus Teixeira das Chagas e Rodrigo Mazzei, profissionais de destaque.

  • SUMRIO

    Proposta da Coleo - Leis Especiais para Concursos............ 11

    Cdigo de Defesa do Consumidor - Lei n 8.078 de 11.09.1990 .............................................................................. 13

    Ttulo I - Dos Direitos do Consumidor .................................... 13 Captulo I - Disposies Gerais .................................................. 13 Captulo 11 - Da Poltica Nacional de Relaes de Consumo ...... 39 Captulo 111 - Dos Direitos Bsicos do Consumidor .................. 47 Captulo IV - Da Qualidade de Produtos e Servios, da Preveno e da Reparao dos Danos............ ..................... ... 70

    Seo I - Da Proteo Sade e Segurana..... ...................... 70 Seo 11 - Da Responsabilidade pelo Fato do Produto e do Servio............................................................................ 76 Seo 111 - Da Responsabilidade por Vcio do Produto e do Servio............................................................................ 108 Seo IV - Da Decadncia e da Prescrio............. ............... 132 Seo V - Da Desconsiderao da Personalidade Jurdica..... 141

    Captulo V - Das Prticas Comerciais. ................. ....................... 150 Seo I - Das Disposies Gerais.. ................ ........................ 150 Seo II - Da Oferta............................................................... 150 Seo 111 - Da Publicidade .................................................... 162 Seo IV - Das Prticas Abusivas.......................................... 176 Seo V - Da Cobrana de Dvidas........................................ 186 Seo VI - Dos Bancos de Dados e Cadastros de Consumidores .................... ............ .................................... 191

    Captulo VI - Da Proteo Contratual......... ............................... 205 Seo I - Disposies Gerais....... .................................. ........ 205 Seo 11 - Das Clusulas Abusivas ........................................ 213 Seo 111 - Dos Contratos de Adeso............ ............ ............. 243

    Captulo VII - Das Sanes Administrativas .............................. 247

    Ttulo II - Das Infraes Penais ............................................... 257

    7

  • LEONARDO DE MEDEIROS GARCIA

    Ttulo III - Da Defesa do Consumidor em Juzo..................... 264 Captulo I - Disposies Gerais.................................................. 266 Captulo II - Das Aes Coletivas para a Defesa de Interesses Individuais Homogneos ..... .... .......... ............ ..................... ......... 288 Captulo III - Das Aes de Responsabilidade do Fornecedor de Produtos e Servios................................................................ 299 Captulo IV - Da Coisa Julgada................................................. 302

    Ttulo IV - Do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor.. 313

    Ttulo V - Da Conveno Coletiva de Consumo .... 315

    Ttulo VI - Disposies Finais .................................................. 316

    Anexo I - Decreto n 2.181, de 20 de maro de 1997 ....... 319

    Anexo II - Decreto nO 2.181, de 20 de Maro de 1997 .. 321 Captulo I - Do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor ..... 321 Captulo II - Da Competncia dos rgos Integrantes do SNDC .......................................................................................... 321 Captulo 11I - Da Fiscalizao, das Prticas Infrativas e das Penalidades Administrativas....................................................... 324

    Seo I - Da Fiscalizao.. ........................ ............................. 324 Seo II - Das Prticas Infrativas ............. ............................. 324 Seo 11I - Das Penalidades Administrativas......................... 328

    Captulo IV - Da Destinao da Multa e da Administrao dos Recursos.......................... ........................................... ........... 333 Captulo V - Do Processo Administrativo .................................. 333

    8

    Seo I - Das Disposies Gerais........ .... .............................. 333 Seo II - Da Reclamao ........................................... ........... 334 Seo III - Dos Autos de Infrao, de Apreenso e do Termo de Depsito .......................................................... 334 Seo IV - Da Instaurao do Processo Administrativo por Ato de Autoridade Competente .............. ..................... ..... 335 Seo V - Da Notificao....................................................... 336 Seo VI - Da Impugnao e do Julgamento do Processo Administrativo ....................................................................... 336

  • SUMRIO

    Seo VII - Das Nulidades .................................................... 337 Seo VIII - Dos Recursos Administrativos .......................... 337 Seo IX - Da Inscrio na Dvida Ativa............... ...... .......... 338

    Captulo VI - Do Elenco de Clusulas Abusivas e do Cadastro de Fornecedores ........................................................................... 338

    Seo I - Do Elenco de Clusulas Abusivas ........................... 338 Seo 11 - Do Cadastro de Fornecedores.................. .............. 338

    Captulo VII - Das Disposies Gerais....................................... 339

    Anexo III - Medida Provisria n 518, de 30 de Dezembro de 2010 ....................................................... 341

    9

  • PROPOSTA DA COLEO LEIS ESPECIAIS PARA CONCURSOS

    A coleo Leis Especiais para Concursos tem como objetivo prepa-rar os candidatos para os principais certames do pas.

    Pela experincia adquirida ao longo dos anos, dando aulas nos prin-cipais cursos preparatrios do pas, percebi que a grande maioria dos candidatos apenas lem as leis especiais, deixando os manuais para as matrias mais cobradas, como constitucional, administrativo, processo civil, civil, etc .. Isso ocorre pela falta de tempo do candidato ou porque falta no mercado livros especficos (para concursos) em relao a tais leis.

    Nesse sentido, a Coleo Leis Especiais para Concursos tem a in-teno de suprir uma lacuna no mercado, preparando os candidatos para questes relacionadas s leis especficas, que vm sendo cada vez mais contempladas nos editais.

    Em vez de somente ler a lei seca, o candidato ter dicas especficas de concursos em cada artigo (ou captulo ou ttulo da lei), questes de concursos mostrando o que os examinadores esto exigindo sobre cada tema e, sobretudo, os posicionamentos do STF, STJ e TST (principal-mente aqueles publicados nos informativos de jurisprudncia). As ins-tituies que organizam os principais concursos, como o CESPE, uti-lizam os informativos e notcias (publicados na pgina virtual de cada tribunal) para elaborar as questes de concursos. Por isso, a necessidade de se conhecer (e bem!) a jurisprudncia dos tribunais superiores.

    Assim, o que se pretende com a presente coleo preparar o leitor, de modo rpido, prtico e objetivo, para enfrentar as questes de prova envolvendo as leis especficas.

    Boa sorte! Leonardo de Medeiros Garcia

    (Coordenador da coleo) /eonardo@/eonardogarcia.com.br

    /[email protected] www./eonardogarcia.com.br

    11

  • CDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR LEI N 8.078 DE 11.09.1990

    TiTULO 1 Dos Direitos do Consumidor

    Captulo I Disposies Gcrn is

    Ar t. 1 O presente cdigo estabelece normas de proteo e defesa do consumidor, de ordem I)blica e interesse social, nos termos dos arts. 5, inciso XXXII, 170, inciso V, da Const ituio Federal e art. 48 de suas Disposies Transitrias.

    1. Saber principalmente que as normas do COC so d e ordem pblica e interesse social, preva lece ndo sobre a vontade das partes.

    ~ APLICAO PElO STJ "CDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. NORMA DE ORDEM PBLI-CA. DERROGAO DA LIBERDADE CONTRATUAl. O carter de norma pblica atribudo ao Cdigo de Defesa do Consumidor derroga a liber-dade contratual para ajust-la aos parmetros da lei ( ... )." (STJ, REsp 292942 /MG, ReI. Min. Slvio de Figueiredo Teixeira, DJ 07.05.2001) "As normas de proteo e defesa do consumidor tm ndole de "or-dem pblica e interesse social". So, portanto, ind isponveis e ina ~ fastveis, pois resguardam va lores bsicos e fundamentais da ordem jurdica do Estado Social, da a impossibi lidade de o consumidor delas abrir mo ex ante e no atacado." (STJ, REsp 586316/ MG, ReI. Min. Herman Benjamin, DJe 19/03/2009)

    2. O juiz poder, nas re laes de consumo, aprecia r qualquer matria de ofcio. Ex: poder inverter o nus da prova de ofcio (art. 6, VIII); descon -siderar a personalidade ju r dica de ofcio (art. 28); declara r a nu l idade de cl usu la abusiva de ofcio (a r t . 51). -7 Aplicao em concurso

    MP/Se -2000 "As matrias tratadas no Cdigo de Defesa do Consumidor so de ordem pblica, de sorte que ao magistrado dado reconhecer esta incidncia de ofcio." Gabarito: A afirmativa foi considerada correta.

    13

  • 14

    LEONARDO DE MEDEIROS GARCIA

    ~ Importante: O STJ no vem aceitando a decretao de ofcio das clusulas abusivas nos contratos bancrios, sob o argumento de ofen-sa ao princpio "tantum devolutum quantum appelattum", privilegiando assim o direito processual em detrimento do direito material.

    "RECURSO ESPECIAl. AO REVISIONAl. CONTRATO DE ARREN-DAMENTO MERCANTIl. DESCARACTERIZAO. EXAME DE OFrCIO. JUROS REMUNERATRIOS. CAPITALIZAO MENSAl. - Descarac-terizao do contrato. Incidncia do verbete n 293 da Smula/STJ. - Exame de ofcio de clusulas contratuais pelo Tribunal de origem. Impossibilidade, por ofensa ao art. 515 do CPC. Princpio "tantum devolutum quantum appelattumll Precedentes. - No estando as instituies financeiras sujeitas limitao da Lei de Usura, a abu-sividade da pactuao dos juros remuneratrios deve ser cabalmen-te demonstrada em cada caso, com a comprovao do desequilbrio contratual ou de lucros excessivos, sendo insuficiente o s fato de a estipulao ultrapassar 12% ao ano ou de haver estabilidade infla-cionria no perodo (REsp's nos 271.214/RS, 407.097/RS e 420.111/ RS). - Capitalizao mensal. Inadmissibilidade na hiptese. - Recurso parcialmente conhecido e, nessa extenso, provido." (REsp 541153/ RS; Min. ReI. Csar Asfor Rocha, Segunda Seo, DJ 14.09.2005)

    Recentemente o STJ manteve esse posicionamento, fazendo meno inclusive aos juzes de primeiro grau. Isso ocorreu na orientao 5 no Recurso Repetitivo REsp 1061530 / RS, ReI. Min. Nancy Andrighi, 2i! Se-o, DJe 10/03/2009:

    "ORIENTAO 5 - DISPOSiES DE OFrCIO. vedado aos juizes de primeiro e segundo graus de jurisdio julgar, com fundamento no art. 51 do CDC, sem pedido expresso, a abusividade de clusulas nos contratos bancrios. Vencidos quanto a esta matria a Min. Relatora e o Min. Luis Felipe Salomo."

    ~ Este entendimento foi sumulado em abril de 2009 pelo STJ: Smula 381 do STJ: "Nos contratos bancrios, vedado ao julgador conhecer, de ofcio, da abusividade das clusulas".

    ~ Importante: as questes de concurso, aps a Smula 381 do STJ, esto cobrando o entendimento no sentido do magistrado NO poder atuar de ofcio na decretao das clusulas abusivas.

    ~ Aplicao em concurso TJMG - Juiz - 2009

    "Nas aes referentes a contratos bancrios, CORRETA a afirmao:

  • CDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR LEI ~ 8.078 DE 11.09.1990

    a) O Juiz pode e deve, por se tratar de matria de ordem pblica, apreciar, de ofcio, toda a matria referente regularidade do contrato.

    b) vedado ao julgador conhecer, de ofcio, da abusividade das clusulas. c) O Juiz s est autorizado a examinar, de ofcio, questes relativas s con-

    dies da ao. d) O Juiz deve aplicar, analogicamente, as disposies pertinentes s rela-

    es de consumo." Gabarito: Letra B.

    3. Direito do Consumidor na Constituio Federal

    3.1. Art. 59, XXXII. A "defesa do consumidor" como direito e garantia fundamental.

    Aplicao pelo STJ do princpio da dignidade da pessoa humana nas re-laes de consumo:

    il HC 12547, ReI. Min. ReI. Ruy Rosado de Aguiar, OJ 12.02.2001: O STJ, neste caso, aplicou o princpio da dignidade da pessoa humana nas re-laes privadas para evitar que o consumidor viesse a ser preso em ra-zo do descumprimento do contrato de alienao fiduciria. Restou de-monstrado no processo que, ao ficar inadimplente, o consumidor teve a dvida elevada em mais de quatro vezes no perodo inferior a dois anos. Com isso, o STJ, em consonncia com a nova interpretao do direito privado, entendeu que, caso o consumidor fosse compelido ao pagamento da dvida abusiva, passaria o resto da vida preso ao dbito, o que feriria, sobretudo, a liberdade e, consequentemente, a dignidade da pessoa humana. A ementa ficou assim:

    "Princpio constitucional da dignidade da pessoa humana. Direi-tos fundamentais de igualdade e liberdade. Clusula geral dos bons costumes e regra de interpretao da lei segundo seus fins sociais. Decreto de priso civil da devedora que deixou de pagar drvida ban-cria assumida com a compra de um automvel-txi, que se elevou, em menos de 24 meses, de R$ 18.700,00 para R$ 86.858,24, a exigir que o total da remunerao da devedora, pelo resto do tempo pro-vvel de vida, seja consumido com o pagamento dos juros. Ofensa ao princpio constitucional da dignidade da pessoa humana, aos direitos de liberdade de locomoo e de igualdade contratual e aos disposi-tivos da LICC sobre o fim social da aplicao da lei e obedincia aos bons costumes." (5TJ, HC 12547, ReI. Min. Ruy Rosado de Aguiar, DJ 12.02.2001)

    15

  • 16

    LEONARDO DE MEDEIROS GARCIA

    [!1 REsp 466.667, Min. ReI. Aldir Passarinho Jnior, OJ 17.12.2007: o STJ proferiu deciso no sentido de que o prazo de carncia do plano mdico hospitalar ficar suspenso, caso a pessoa tenha que fazer uma cirurgia de emergncia devido ao surgimento de doena grave. No caso em co-mento, a associada contratou plano de sade, cujo prazo de carncia para a realizao de cirurgias era de trs anos. Faltando, porm, apenas alguns meses para a expirao do prazo, a contratante descobriu que era portadora de tumor medular e foi obrigada a arcar com todas as despesas mdico-hospitalares. Oe acordo com STJ, a clusula de carn-cia do plano de sade no pode ser aplicada de forma abusiva, e nem se contrapor ao fim maior de um contrato de assistncia mdica, que o de amparar a vida e a sade. A ementa ficou assim:

    "Udima a clusula de carncia estabelecida em contrato voluntaria-mente aceito por aquele que ingressa em plano de sade, merecendo temperamento, todavia, a sua aplicao quando se revela circunstn-cia excepcional, constituda por necessidade de tratamento de urgn-cia decorrente de doena grave que, se no combatida a tempo, tor-nar incuo o fim maior do pacto celebrado, qual seja, o de assegurar eficiente amparo sade e vida." (STJ, REsp 466.667, Min. ReI. Aldir Passarinho Jnior, OJ 17.12.2007)

    [!J STF restringiu a priso civil por divida a inadimplente de penso ali-mentcia:

    O Plenrio do STF estendeu a proibio de priso civil por dvida, previs-ta no artigo 52, inciso LXVII, da Constituio Federal (CF), hiptese de infidelidade no depsito de bens e, por analogia, tambm alienao fiduciria.

    Revogou a Smula 619 do STF, segundo a qual "a priso do depositrio judicial pode ser decretada no prprio processo em que se constituiu o encargo, independentemente da propositura de ao de depsito". O STF editou a Smula Vinculante n9 25: " ilcita a priso civil de depo-sitrio infiel, qualquer que seja a modalidade do depsito". No mesmo sentido, SMULA 419 do STJ: "Descabe a priso civil do de-positrio judicial infiel." 3.2. Art. 170, V. A "defesa do consumidor" como princpio da atividade econmica. O COC procura compatibilizar a defesa do consumidor com a livre iniciativa. Ex: posso elaborar um contrato de adeso desde que no contenha clusulas abusivas ou posso vender um produto no mer-cado desde que no cause riscos sade do consumidor.

  • CDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR LEI N" 8.078 DE 11.09.1990

    3.3. Art. 48 ADCT. Previso constitucional para elaborao do CDC. "O Congresso Nacional, dentro de cento e vinte dias da promulgao da Constituio, elaborar cdigo de defesa do consumidor."

    Vale lembrar que a nossa Constituio Federal foi promulgada em 5 de outubro de 1988 e o Cdigo de Defesa do Consumidor somente foi pro-mulgado em 11 de setembro de 1990, prazo muito superior ao estabe-lecido pela Carta Magna.

    -+ Aplicao em concurso Procurador do Tribunal de Contas/DF - 2002.

    liA defesa do consumidor tratada, na Constituio da Repblica de 1988, de duas formas: como direito fundamental e como princfpio da ordem econmica." Gabarito: A afirmativa est correta.

    4. O Direito do Consumidor est inserido na 3! "gerao" ou "dimenso" dos direitos fundamentais.

    -+ Aplicao em concurso Magistratura/P/- CESPE - 2007

    liA defesa do consumidor no um principio da ordem econmica, mas, sim, um direito fundamental de terceira gerao." Gabarito: A questo est errada uma vez que a defesa do consumidor um princpio da ordem econmica.

    5. O CDC um microssistema jurdico. O CDC constitui um microssistema jurdico multidisciplinar na medida em que possui normas que regulam todos os aspectos da proteo do consumidor, coordenadas entre si, permitindo a viso de conjunto das relaes de consumo. Por fora do carter interdisciplinar, o Cdigo de Defesa do Consumidor outorgou tutelas especficas ao consumidor nos campos civil (arts. 82 a 54), admi-nistrativo (arts. 55 a 60 e 105/106), penal (arts. 61 a 80) e jurisdicional (arts. 81 a 104). -+ Aplicao em concurso

    Magistratura/SP - 2000. "O COC um microssistema, que regula a relao de consumo, dentro do macrossistema que o CC." Gabarito: A afirmativa est correta.

    17

  • LEONARDO DE MEDEIROS GARCIA

    MP/ES -CESPE -2010 110 COC, denominado pela doutrina de microcdigo ou microssistema, formalmente uma lei ordinria, de funo social, voltada ao segmento vul-nervel da relao consumerista, razo pela qual seu contedo constitu-do, em sua integralidade, por normas de direito pblico." Obs.: A afirmativa est errada. O COC no /armado em sua integralidade por normas de direito pblico.

    6. STF e STJ: no incidem os dispositivos do COC nos contratos celebrados

    18

    antes de sua vigncia. IISendo constitucional o principiO de que a lei no pode prejudicar o ato jurdico perfeito, ele se aplica tambm s leis de ordem pblica. De outra parte, se a clusula relativa resciso com a perda de todas as quantias j pagas constava do contrato celebrado anteriormente ao Cdigo de Defesa do Consumidor, ainda quando a resciso tenha ocorrido aps a entrada em vigor deste, a aplicao dele para se de-clarar nula a resciso feita de acordo com aquela clusula fere, sem dvida alguma, o ato jurdico perfeito, porquanto a modificao dos efeitos futuros de ato jurdiCO perfeito caracteriza a hiptese de re-troatividade mnima que tambm alcanada pelo disposto no art. 52, XXXVI, da Carta Magna." (STF, RE 205.999-4-SP, ReI. Min. Moreira Alves, DJ 03.03.2000) "Conquanto o CDC seja norma de ordem pblica, no pode retroa-gir para alcanar o contrato que foi celebrado e produziu seus efei-tos na vigncia da lei anterior, sob pena de afronta ao ato jurdico perfeito."(STJ, REsp 248155/SP, Rei. Min. Slvio de Figueiredo Teixei-ra, DJ 23.05.2000) ~ Importante: Nos contratos de execuo diferida e prazo indetermi-nado, celebrados anteriormente vigncia do COC, vem sendo admitida a incidncia da norma consumerista pelo 5TJ, uma vez que o contrato renovado a cada pagamento efetuado. Ou seja, nos contratos de pra-zo indeterminado (v.g., previdncia privada, plano de sade), o consu-midor poder discutir a validade das clusulas ou requerer sua reviso durante o perodo de vigncia do COC; mesmo para os contratos cele-brados anteriormente ao COCo

    ~ STJ "0 contrato de previdncia privada, de fato, de trato sucessivo, de execuo continuada, sendo que, com relao primeira r ( ... ) o con-trato prosseguiu sob a gide do Cdigo de Defesa do Consumidor,

  • C[)IGO [)E D EFESA DO C ONSU/l. ll [)OR L EI N 8.078 [)E 11.09. 1990

    renovando-se o contrato a cada pagamento efetuado, no havendo razo pa ra descartar a aplicao do referido Cdigo se o contrato de execuo continuada prosseguiu j durante a sua vigncia, conside-rando que se trata de contrato de prazo indeterminado, como da natureza mesma dos contratos de previdncia privada. Parece-me, portanto, que no possvel descartar no que concerne primeira r a incidncia do Cdigo de Defesa do Consumidor" (5TJ, Resp 331.860/ RJ, ReI. Min.Carlos Alberto Menezes Direito, DJ 05.08.2002)

    7 Aplicao em concurso Juiz Federal-TRF 59 Regio (CESPE) 2009 "Considerando a natureza de trato sucessivo do contrato de seguro-sa-de, o coe rege as renovaes que se derem sob sua vigncia, no se po-dendo falar em retroao da lei nova, na hiptese de contrato firmado antes do inicio da vigncia desse cdigo." Gabarito: A afirmativa est correta. A alternativa foi retirada da ementa do REsp 1011331 / RJ, Rei. Min. Noncy Andrighi, DJe 30/04/2008.

    Art. 2 Consumidor toda pessoa fsica ou jurdica que adquire ou utiliza produto ou servio como destinatrio fina l. Pargraro nico. Equ ipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indeterminveis, que haja intervindo nas relaes de con-sumo.

    1. Prestar ateno nos elementos constantes nas definies.

    ~ Exemplos:

    Que consumidor pessoa fsica OU JURDICA: no sistema brasileiro, a pessoa jurdica pode ser considerada consumidora. Que a co le~vidade de pessoas, AIN DA QUE IN DETERM INVEIS, que haja intervindo nas relaes de consumo, equipara-se a co nsumidor. Que "adquire produtos ou se rvios COMO DESTINATRIO FINAL"

    -7 Aplicao em concurso. Observe como os concursos exigem o co-nhecimento dos elementos contidos no conceito do art. 2":

    Juiz Federal- TRF 1 Regio - CESPE - 2009 "Para que seja equiparado a consumidor, um grupo de pessoas deve ser determinvel." Gabarito: A afirmativa est errada.

    19

  • LEONARDO DE MEDEIROS GARCIA

    MP/RN (CESPE) 2009 "Pessoa jurdica no pode ser considerada consumidor." Gabarito: A afirmativa est errada.

    MP/RN (CESPE) 2009 "Coletividade de pessoas, ainda que indeterminveis, que haja intervindo nas relaes de consumo equipara-se a consumidor." Gabarito: A alternativa est correta. Praticamente igual ao pargrafo ni-co do art. 2.

    Defensor Pblico/MA - 2003. a) consumidor toda pessoa fsica ou jurdica que adquire ou utiliza produto

    ou servio, como intermedirio ou destinatrio final. b} a coletividade de pessoas que haja intervindo nas relaes de consumo, se

    indeterminveis, no se enquadra no conceito de consumidor. Gabarito: Ambas as alternativas esto erradas.

    Magistratura/SC - 2003. "Para fins de aplicao do Cdigo, considera-se consumidor apenas a pes-soa fsica que adqUire produto ou servio como destinatrio final." Gabarito: A afirmativa est errada.

    Juiz Federal- TRF 19 Regio - CESPE - 2009 "Toda venda de produto implica a prestao de servio, bem como toda prestao de servio implica a venda de produto." Gabarito: A afirmativa est errada. O art. 2, caput, descreve que poder ser "produto" ou "servio" (ou ambos).

    2. Na doutrina, duas correntes se formaram a respeito do conceito de consumidor para explicarem o que seja "destinatrio final". So deno-minadas de finalistas e maximalistas.

    20

    2.1. Finalista: A doutrina finalista (ou subjetiva), partindo do conceito econmico de consumidor, prope que a interpretao da expresso destinatrio final seja restrita, fundamentando-se no fato de que so-mente o consumidor, parte mais vulnervel na relao contratual, me-rece a especial tutela. Assim, consumidor seria o no profissional, ou seja, aquele que adquire ou utiliza um produto para uso prprio ou de sua famlia. Em outras palavras, o destinatrio final o que retira o bem do mercado ao adquirir ou simplesmente utiliz-lo (destinatrio final ftico), aquele que coloca um fim na cadeia de produo (destinat-

  • CDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR LEI N 8.078 DE 11.09.1990

    rio final econmico), e no aquele que utiliza o bem para continuar a produzir, pois ele no o consumidor final, j que est transformando e utilizando o bem para oferec-lo, por sua vez, ao cliente, consumidor do produto ou servio. Veja deciso do Superior Tribunal de Justia se-guindo a corrente finalista:

    "Tratando-se de financiamento obtido por empresrio, destinado precipuamente a incrementar a sua atividade negociai, no se po-dendo qualific-lo, portanto, como destinatrio final, inexistente a pretendida relao de consumo. Inaplicao no caso do Cdigo de Defesa do Consumidor." (5TJ, REsp 218S0S/MG, DJ 14.02.2000, ReI. Min. Barros Monteiro, J. 16.09.1999)

    7 Aplicao em concurso Juiz Federal- TRF/2 Regio - CESPE - 2009

    "Segundo a doutrina finalista, a interpretao da expresso destinatrio final deve ser restrita e somente o consumidor, parte mais vulnervel na relao contratual, merece especial tutela jurdica." Gabarito: A afirmativa est correta.

    2.2. Maximallsta: Para teoria maximalista, com base no conceito jur-dico de consumidor, o destinatrio final seria somente o destinatrio ftico, pouco importando a destinao econmica que lhe deva sofrer o bem. Assim, para os maximalistas, a definio de consumidor pura-mente objetiva, no importando a finalidade da aquisio ou do uso do produto ou servio, podendo at mesmo haver inteno de lucro. Veja deciso do STJ seguindo a corrente maximalista:

    "A expresso 'destinatrio final', constante da parte final do art. 22 do Cdigo de Defesa do Consumidor, alcana o produtor agrcola que compra adubo para o preparo do plantio, medida que o bem adqui-rido foi utilizado pelo profissional, encerrando-se a cadeia produtiva respectiva, no sendo objeto de transformao ou beneficiamento." (5TJ, REsp 208793/MT, DJ 01.08.2000, ReI. Min. Carlos Alberto Mene-zes Direito)

    7 Aplicao em concurso Juiz Federal- TRF/2 Regio - CESPE - 2009

    "Para a corrente maximalista, ou subjetiva, o consumidor apenas o no profissional, aquele que adquire ou utiliza um produto para uso prprio ou de sua famlia." Gabarito: A afirmativa est errada. A descrio o da corrente finalista.

    21

  • LEONARDO DE MEDEIROS GARCIA

    2.3. Concluindo sobre as duas teorias temos:

    FNl!STA ' M:AXIM~t!$j.~ - - ,

    Conceito econmico de consumidor. Conceito jurdico de consumidor. Conceito subjetivo. Conceito objetivo. Destinatrio ftico e econmico. Destinatrio ftico.

    3. O STJ superou a discusso acerca do alcance da expresso "destinatrio final" constante do art. 2 do COC, consolidando a teoria finalista como aquela que indica a melhor diretriz para a interpretao do conceito de consumidor.

    22

    -+ Aplicao em concurso Juiz Federal- TRF/2 Regio - CESPE - 2009

    liA jurisprudncia do STJ superou a discusso acerca do alcance da expres-so destinatrio final e consolidou a teoria maximalista como aquela que indica a melhor interpretao do conceito de consumidor." Gabarito: A afirmativa est errada. O correto seria teoria finalista.

    O STJ admite, entretanto, certo abrandamento (mitigao) dessa teoria quando se verificar uma vulnerabilidade no caso concreto: anlise da vulnerabilidade tcnica, jurdica ou econmica. Em relao s principais vulnerabilidades adotadas pelo STJ (com base na doutrina da Prot. Cludia Lima Marques), temos:

    .. - .. --

    Seria aquela na qual o comprador no possui conheci-Vul"er~biO~ild,e mentos espedficos sobre o produto ou o servio, poden-

    tec'ni,ca do, portanto, ser mais facilmente iludido no momento da contratao.

    Vulnerabilidade Seria a prpria falta de conhecimentos jurdicos, ou de jurrdlca ou outros pertinentes relao, como contabilidade, mate-clentffica mtica financeira e economia.

    Vulnerabilidade real diante do parceiro contratual, seja 1Vulnerabillc;lade em decorrncia do grande poderio econmico deste l-,eC.Qnm1:,llQU timo, seja pela sua posio de monoplio, ou em razo

    ftica da essencialidade do servio que presta, impondo, numa relao contratual, uma posio de superioridade.

  • CDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR LEI N 8.078 DE 11.09.1990

    -+ Ap/ica60 em concurso

    Juiz Federal- TRF/2 Regio - CESPE - 2009 "A vulnerabilidade ftica aquela em que o comprador no possui conhe-cimentos especficos acerca do objeto que adquire e pode ser facilmente ludibriado no momento da contratao."

    Gabarito: A afirmativa est errada. O correto seria vulnerabilidade tcnica.

    ~ Chamamos esta aplicao (anlise da vulnerabilidade do caso con-creto) de teoria finalista mitigada ou teoria finalista aprofundada, uma vez que conforme o prprio nome indica, h um abrandamento da teoria finalista para admitir algum que pela teoria, a princpio, no seria consumidor, mas que pela vulnerabilidade encontrada, se torna consumidor.

    o acrdo a seguir do STJ foi fundamental para esta concluso: "Para se caracterizar o consumidor, portanto, no basta ser, o adquirente ou utente, destinatrio final ftico do bem ou servio: deve ser tambm o seu destinatrio final econmico, isto , a utilizao deve romper a ati-vidade econmica para o atendimento de necessidade privada, pessoal, no podendo ser reutilizado, o bem ou servio, no processo produtivo, ainda que de forma indireta. Nesse prisma, a expresso "destinatrio final' no compreenderia a pessoa jurdica empresria. Por outro lado, a jurisprudncia deste STJ, ao mesmo tempo que consagra o conceito fi-nalista, reconhece a necessidade de mitigao do critrio para atender situaes em que a vulnerabilidade se encontra demonstrada no caso concreto. Isso ocorre, todavia, porque a relao jurdica qualificada por ser "de consumo" no se caracteriza pela presena de pessoa fsica ou jurdica em seus plos, mas pela presena de uma parte vulnervel de um lado (consumidor), e de um fornecedor, de outro. Porque essn-cia do Cdigo o reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado, princpio-motor da politica nacional das relaes de consu-mo (art. 42, I). Em relao a esse componente informador do subsiste-ma das relaes de consumo, inclusive, no se pode olvidar que a vulne-rabilidade no se define to-somente pela capacidade econmica, nvel de informao /cultura ou valor do contrato em exame. Todos esses ele-mentos podem estar presentes e o comprador ainda ser vulnervel pela dependncia do produto; pela natureza adesiva do contrato imposto; pelo monoplio da produo do bem ou sua qualidade insupervel; pela extremada necessidade do bem ou servio; pelas eXigncias da moder-nidade atinentes atividade, dentre outros fatores. Por isso mesmo, ao consagrar o critrio finalista para interpretao do conceito de consumi-dor, a jurisprudncia deste STJ tambm reconhece a necessidade de, em

    23

  • LEONARDO DE MEDEIROS GARCIA

    situaes especficas, abrandar o rigor do critrio subjetivo do conceito de consumidor, para admitir a aplicabilidade do CDC nas relaes en-tre fornecedores e consumidores-empresrios em que fique evidencia-da a relao de consumo, isto , a relao formada entre fornecedor e consumidor vulnervel, presumidamente ou no. Cite-se, a respeito, recente precedente da 4i! Turma, pioneira na adoo do critrio finalis-ta: o Resp. 661.145, de relatoria do Min. Jorge Scartezzini, julgado em 22.02.2005, do qual transcrevo o seguinte excerto, porque ilustrativo: 'Com vistas, porm, ao esgotamento da questo, cumpre consignar a existncia de certo abrandamento na interpretao finalista, na me-dida em que se admite, excepcionalmente e desde que demonstrada in concreto a wlnerabilidade tcnica, jurrdica ou econmica, a aplica-o das normas do Cdigo de Defesa do Consumidor a determinados consumidores profissionais, como pequenas empresas e profisSionais liberais. Quer dizer, no se deixa de perquirir acerca do uso, profissional ou no, do bem ou servio; apenas, como exceo, e vista da hipos-suficincia concreta de determinado adquirente ou utente, no obs-tante seja um profissional, passa-se a consider-lo consumidor.' " (STJ, Resp 476428/SC, ReI. Min. Nancy Andrighi, publicado dia 09.05.2005) ~ A vulnerabilidade do consumidor pessoa fsica presumida pela lei, enquanto que a da pessoa jurdica deve ser demonstrada no caso con-creto.

    ~ Aplicaao em concurso Juiz Federal- TRF/2 Regio - CESPE - 2009

    "No sistema do CDC, a vulnerabilidade cientfica do consumidor, pessoa fsica ou jurfdica, sempre presumida." Gabarito: A afirmativa est errada. A da pessoa jurldica no presumida. Tem que ser provada.

    4. No Brasil, as pessoas jurdicas de direito pblico podem ser consumido-ras. Desde que vulnerveis na relao jurdica, pode-se perfeitamente considerar um deteminado municpio, estado ou at mesmo a Unio como consumidora. O STJ j analisou a vulnerabilidade de um municpio para concluir pela aplicabilidade ou no do CDC.

    24

    "ENERGIA ELTRICA. AO REVISIONAL AJUIZADA POR MUNICfplO PERANTE COMARCA QUE O JURISDICIONA. RElAO DE CONSUMO NO-CARACTERIZADA. EXCEO DE INCOMPET~NCIA. ART. 100, IV, DO CPC. REJEiO. 1. Para se enquadrar o Munidpio no art. 22 do CDC, deve-se mitigar o conceito finalista de consumidor nos casos de vulnerabilidade, tal como ocorre com as pessoas jurCdicas de direito privado. 2. Pretende-se revisar o critrio de quantificao da energia

  • CDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR LEI NO 8.078 DE 11.09.1990

    fornecida a ttulo de iluminao pblica cidade. Aqui, o Municpio no , propriamente, o destinatrio final do servio, bem como no se extrai do acrdo recorrido uma situao de vulnerabilidade por parte do ente pblico. 3. A ao revisional deve, portanto, ser ajuiza-da no foro do domiclio da ru (art. 100, IV, "a", do CPC)." (STJ, REsp 913711/ SP, ReI. Min. Mauro Campell Marques, DJe 16/09/2008)

    5. Muito importante a leitura dos informativos do STJ na preparao dos concursos.

    Veja esta questo da prova aberta de direito civil da Magistratura/MG - 2007:

    "Hotis Tutakamon Ltda. ajuza ao de indenizao contra Quickgs S/A, com o objetivo de se ressarcir de prejuzos decorrentes da impossi-bilidade de usufruir as sobras de gs remanescentes em recipientes de gs GLP, vendidos pela distribuidora r. Informou que as sobras de gs so devolvidas fornecedora, ante a inviabilidade de utilizao do pro-duto at o final, diante de circunstncias fsicas especficas ao produto e da sua forma de acondicionamento, fato que geraria um dano contnuo e sistemtico. Pede reparao do dano com apoio nos artigos. 2, 4, 18 e 19 do Cdigo de Defesa do Consumidor. A r defende-se alegando inocorrncia de vkio do produto e sustenta que a autora no se enqua-dra no conceito de consumidor final. Decidir a questo com enfoque no alcance da expresso "destinatrio final", luz de teorias aplicveis."

    Observao: a questo foi retirada de um julgado do 5TJ! O 5TJ analisou justamente o requisito da vulnerabilidade para decidir pela aplicao ou no do coe nessa relao.

    ~ Informativo 243 do STJ: "0 recorrido (empresa hoteleira) ajuizou ao de indenizao contra a recorrente (empresa fornecedora de gs) com o fim de se ressarcir de prejuzos decorrentes da impossibilidade de usufruir sobras de gs remanescentes em recipientes de gs GLP vendidos pela distribuidora. Tais sobras de gs so devolvidas fornecedora ante a inviabilidade de utilizao do produto at o final. Neste Superior Tribunal, a jurispru-dncia tem avanado no sentido de reconhecer a necessidade de mi-tigar o rigor excessivo do critrio subjetivo do conceito de consumidor e permitir, por exceo, a equiparao e a aplicabilidade do CDC nas relaes entre fornecedores e consumidores-empresrios. No caso, a fornecedora no se preocupou em atender s exigncias da sua ati-vidade comercial, porque, em violao do art. 31 do CDC, a oferta do produto no se operou de maneira correta, clara e precisa - no que se

    25

  • LEONARDO DE MEDEIROS GARCIA

    refere caracterstica do produto, quantidade e composio. Alm de no respeitar o sistema ressarcitivo estipulado pela Portaria n2 23/1993 do Departamento Nacional de Combustveis, que prev a ponderao das sobras de gs na determinao do preo (desconto do valor da sobra aferida), fato que, se no revela uma conduta dolosa da fornecedora (por omisso), certamente determina a sua culpa (negligncia). Sendo assim, o CDC aplica-se hiptese, ainda que por fundamentos diver-sos daqueles esposados no acrdo recorrido, e o prazo decadencial do CDC conta-se somente do momento da confirmao da suspeio da existncia de sobras nos vasilhames pela percia (art. 26, 32)." (STJ, REsp 476.428-SC, ReI. Min. Nancy Andrighi, julgado em 19.04.2005)

    Recentemente esse julgado foi aproveitado tambm pelo CESPE no concurso do MP/RORAIMA em 2008. Veja o enunciado da questo, de onde foram extradas vrias afirmativas:

    "Considere que o STJ, ao julgar um recurso especial, verificou que uma sociedade limitada prestadora de servios de hotelaria ajuizou ao de indenizao contra a empresa fornecedora de gs, ora recor-rente, com o escopo de ser ressarcida de prejuzos decorrentes da impossibilidade de usufruir as sobras de gs remanescentes em reci-pientes de gs GlP usados pelo hotel, vendidos por aquela distribui-dora. A autora informou que as sobras de gs, apesar de terem sido pagas pelo adquirente, so devolvidas fornecedora, ante a inviabi-lidade de utilizao do produto at o final, diante de circunstncias fsicas especficas do produto e da sua forma de acondicionamento, fato que geraria dano contnuo e sistemtico. Diante dessa situao, julgue os prximos itens."

    6. Em relao ao consumidor, temos:

    Cobsumfdor strlcto Consumidor toda pessoa fsica ou jurdica que adquire ou utiliza produto ou servio como destinatrio final (art. -sensu U standard 22, caput)

    A coletividade de pessoas, ainda que indeterminveis, que haja intervindo nas relaes de consumo (art. 22 pargra-fo nico)

    Consumldbr Todas as vtimas de danos ocasionados pelo fornecimento quipardo de produto ou servio defeituoso (art. 17) - chamados de

    bystanders.

    Todas as pessoas determinveis ou no, expostas s prti-cas comerciais ou contratuais abusivas (art. 29)

    26

  • 7. 5TJ

    CDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR LEI N 8.078 DE 11.09.1990

    INFORMATIVO 383. ( ) O recorrente pessoa natural que presta ser-vios de transporte e, para tanto, usa o nico caminho, diga-se, ar-rendado com opo de compra, encontrando-se vinculado ao contrato de arrendamento (meio usual disponvel para pessoas que no podem adquirir um caminho vista), mas litiga contra uma pessoa jurdica que produz e vende caminhes. Desse modo, a disparidade econmi-ca evidente, havendo, portanto, nexo de sujeio e, em consequn-cia, vulnerabilidade. H dependncia, ainda, frente fornecedora, na medida em que o recorrente entende do transporte de coisas, no da mecnica de caminho. A causa do vcio do bem no lhe interessa, se-no que o veculo mova-se, porque pagou por ele e conta com o seu perfeito funcionamento. Assim, constatado o vcio do produto e a vul-nerabilidade do recorrente, h de concluir-se que este consumidor e, caracterizada a sua hlpossuficincia, pode ser beneficiado pela inverso do nus da prova. Precedentes citados: REsp 915.599-SP, DJ 5/9/2008. REsp 1.080.719-MG, ReI. Min. Nancy Andrighi, julgado em 10/2/2009. ~ O STJ tem considerado o consumidor-muturio do Sistema Financei-ro da Habitao (SFH) como vulnervel faticamente frente ao agente financeiro:

    "Nos contratos regidos pelo Sistema Financeiro da Habitao h de se reconhecer a sua vinculao, de modo espeCial, alm dos gerais, aos seguintes princpiOS especficos: a) o da transparncia, segundo o qual a informao clara e correta e a lealdade sobre as clusulas con-tratuais ajustadas, deve imperar na formao do negcio jurdico; b) o de que as regras impostas pelo SFH para a formao dos contratos, alm de serem obrigatrias, devem ser interpretadas com o objetivo expresso de atendimento s necessidades do muturio, garantindo--lhe o seu direito de habitao, sem afetar a sua segurana jurdica, sade e dignidade; c) o de que h de ser considerada a vulnerabili-dade do muturio, no s decorrente da sua fragibilidade financeira, mas, tambm, pela nsia e necessidade de adquirir a casa prpria e se submeter ao imprio da parte financiadora, econmica e financei-ramente muitas vezes mais forte; d) o de que os princpios da boa-f e da eqidade devem prevalecer na formao do contrato." (STJ, REsp 8S.S21/PR, ReI. Min. Jos Delgado, DJ 03/06/1996)

    ? Aplicao em concurso Prova subjetiva MPMG XLIX Concurso aplicada em 2010.

    "Dissertao (Mximo 30 linhas): Conceito de consumidor e sua proble-mtica jurdica."

    27

  • LEONARDO DE MEDEIROS G ARCIA

    Art. 3 Fornecedor toda I)cssoa fsica ou jurdica, pblica ou pri-vada , nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonaliza-dos, que desenvolvem atividade de produo, montagem, criao, construo, transformao, importao, exportao, distribuio ou comercial izao de produtos ou prestao de servios. l Produto qualquer bem, mvel ou imvel , material ou imaterial. 2 Servio qualquer atividade rornecida no mercado de consumo, mediante remunerao, inclusive as de natureza bancria, financeira, de crdito e securitria , sa lvo as decorrentes das re laes de carter traba lhista.

    1. FORNECEDOR. O vocbulo fornecedor delimitado como gnero, das quais so espcies: o produtor, montador, criador, fabricante, constru -tor, transformador, importador, exportador, distribuidor, comerciante e o prestador de servios.

    2. O interessante notar que quando o coe quer que to dos sejam obriga-dos e/ou responsa bilizados, usa o termo " fornecedor" (gnero). Ago ra, quando quer designar algum fornecedor especfico, utiliza -se de termo particul ar (espcie). Ex: "fabricante, produtor, construtor e importador" (a rt . 12); "comercian te" (a rt . 13); "profissionais liberais" (art. 14, 42 ); 'fabricante e importador de peas" (ar!. 32), etc. Nesse se ntido, importante ficar atento para os seguintes artigos:

    ARTIGOS QUE TRATAM SOBRE AS ESPCIES DE FORNECEDOR Art. 8,

    pargrafo Fabricante ~ prestar informaes em produto industri al nico

    Art. 12 Responsabilidade do fabricante, produtor. construtor e impor-tador

    Art. 13 Responsabil idade do comerciante

    Art . 14, 42 Responsabil idade dos profissionais liberais Art. 18, 52 Fornecedor imediato = comerciante -7 produtos in natura

    Art. 19, 22 Fornecedor imediato = comerciante -? pesagem de produtos e balana no aferida segundos os pad res oficiais

    28

  • CDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR LEI N 8.078 DE 11.09.1990

    ARTIGOS QUE TRATAM SOBRE AS ESpttlE5 [,E FdRNici~h~ . ~ ". ..::........ ._.::.~.~_ . : .. '4'~'~_'''':- __ ~'~

    Fabricante, construtor e importador e quem realizou a incorpo-Art. 25, 22 rao -7 dano em funo de pea ou componente incorporado

    ao produto

    Art. 32 Fabricantes e importadores -7 peas de reposio

    Art. 33 Fabricante -7 nome na embalagem na oferta ou venda por te-lefone

    ~ Exemplo: No caput do art. 8 ~ responsabilidade do "fornecedor" informar sobre os riscos dos produtos e servios. Pargrafo nico do art. 8 ~ A responsabilidade do "fabricante" e no do "fornecedor", uma vez que se trata especificamente de pro-duto industrial.

    -+ Aplicao em concurso

    MP/Piau - 2002. "Em se tratando de produto Industrial, ao fornecedor cabe prestar as in-formaes relativas sade e segurana nas relaes de consumo, atra-vs de impressos que devam acompanhar o produto." Obs.: A alternativa est errada. A responsabilidade somente do fabrican-te, pois se trata de produto industrial.

    Proc. Munic.Ssa - 2006. "As informaes aos consumidores a respeito dos riscos normais e previ-sveis, em decorrncia da natureza e fruio de produto industrial, so de responsabilidade do fabricante e do comerciante;" Obs.: A alternativa est errada. A responsabilidade somente do fabri-cante.

    3. Do mesmo modo que no art. 2, prestar ateno nos elementos cons-tantes nas definies.

    ~ Exemplos: Fornecedor toda pessoa fsica ou JURrOICA. Produto qualquer bem, mvel ou imvel, material ou imaterial. Servio somente enquadrado numa relao de consumo quando prestado mediante REMUNERAO.

    29

  • 30

    LEONARDO DE MEDEIROS GARCIA

    -+ Aplicao em concurso Juiz Federal- TRF 29 Regio - CESPE - 2009

    "Bens imateriais no so objeto de proteo das normas consumeristas." Gabarito: A afirmativa est errada.

    "O conceito de fornecedor de bens e servios de consumo abrange os en-tes despersonalizados." Gabarito: A afirmativa est correta.

    "Servio qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, seja re-munerada ou no." Gabarito: A afirmativa est errada.

    MP/RN (CESPE) 2009 "Bem imaterial no pode ser considerado produto." Obs.: A afirmativa est errada. Bem imaterial pode ser produto.

    "Servio qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, inde-pendentemente de remunerao, com exceo da atividade de natureza securitria, salvo se for decorrente de relao de carter trabalhista." Obs.: A afirmativa est errada. Precisa ser remunerado o servio e a ativi-dade de natureza securitria abrangida pelo CDC, pois consta expressa-mente do pargrafo 29 do art. 3.

    MP/AMAP (CESPE) 2006. "Considera-se servio, para fins do Cdigo de Defesa do Consumidor, toda atividade fornecida no mercado de consumo, independentemente de re-munerao, salvo as decorrentes da relao trabalhista." Obs.: A afirmativa est errada. O servio precisa ser remunerado para ser tratado pelo CDC.

    Defensor Pblico/MA - 2003. "No sistema do Cdigo de Defesa do Consumidor correto afirmar que: ( ... )

    c) produto qualquer bem, mvel ou imvel, desde que material. d) servio qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, median-

    te remunerao ou no, inclusive as de natureza bancria, financeira, de crdito ou trabalhista.

    e) fornecedor a pessoa, fsica ou jurdica, ou ente despersonalizado, que desenvolvem, habitual e profissionalmente, atividades econmicas no mercado de consumo, dentre outras as de produo, montagem, distri-buio ou de comercializao de produtos ou prestao de servios." Gabarito: letra E.

  • CDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR LEI N 8.078 DE 11.09.1990

    4. A chave para se encontrar a figura do fornecedor est na expresso "de-senvolvem atividade". Ou seja, somente ser fornecedor o agente que pratica determinada atividade com habitualidade. Como exemplo, o STJ j decidiu que agncia de viagem, quando vende veculo prprio, no atua como fornecedor, j que compra e venda de veculos no faz parte da atividade comercial da empresa.

    "As normas do Cdigo de Defesa do Consumidor no se aplicam s relaes de compra e venda de objeto totalmente diferente daquele que no se reveste da natureza do comrcio exercido pelo vendedor. No caso, uma agncia de viagem. Assim, quem vendeu o veculo no pode ser considerado fornecedor luz do CDC."(STJ, AGA 150829/DF, ReI. Min. Waldemar Zveiter, DJ 11/05/1998)

    -+ Aplicao em concurso Juiz Federal-TRF 59 Regio (CESPE) 2009

    liA habitualidade insere-se tanto no conceito de fornecedor de servios quanto no de produtos, para fins de incidncia do CDC." Gabarito: A afirmativa est correta.

    (FGV - Sefaz/RJ/Fiscal/2009) O Cdigo de Defesa do Consumidor no se aplica s relaes entre:

    a) a entidade de previdncia privada e seus participantes. b) a instituio financeira e seus clientes. c) o comprador e o vendedor proprietrio de um nico imvel, que lhe serve

    de residncia. d) o comprador de veculo e a concessionria. e) a instituio de ensino e o estudante.

    Gabarito: Letra C.

    s. PRODUTO. O artigo delimita para fins de definio tanto de consumidor, como de fornecedor, o que produto e servio. Produto definido de modo bem amplo pela lei, sendo qualquer bem, mvel ou imvel, mate-rial ou imaterial ( 1). No foi objetivo do legislador limitar o que seria "produto". Pelo contr-rio, contemplou as diversas formas possveis, inserindo tanto os mveis (carros, objetos em geral etc.), como os imveis (apartamentos etc.). No bastasse, ainda contemplou, ao lado dos materiais, os imateriais, como os programas de computador, por exemplo. Ou seja, no h no Cdigo um limitador para se identificar o que produto.

    31

  • LEONARDO DE MEDEIROS GARCIA

    -+ Aplicao em concurso Juiz Federal-TRF 59 Regio (CESPE) 2009

    "0 produto recebido gratuitamente, como brinde, em decorrncia da ce-lebrao de contrato de consumo, no abrangido pelo CDC." Gabarito: A afirmativa est errada. No h critrio que limite o termo pro-duto.

    6. SERViO. Servio qualquer atividade fornecida no mercado de consu-mo, mediante remunerao ( 20). Segundo o artigo, estariam excludas da tutela consumerista aquelas atividades desempenhadas a ttulo gra-tuito, como as feitas de favores ou por parentesco (servio puramente gratuito). Mas preciso ter cuidado para verificar se o fornecedor no est tendo uma remunerao indireta na relao (servio aparente-mente gratuito). Assim, alguns servios, embora sejam gratuitos, esto abrangidos pelo COC, uma vez que o fornecedor est de alguma forma sendo remunerado pelo servio.

    32

    O STJ j se pronunciou nesse sentido: "Inexiste violao ao art. 30, 20, do Cdigo de Defesa do Consumi-dor, porquanto, para a caracterizao da relao de consumo, o servi-o pode ser prestado pelo fornecedor mediante remunerao obtida de forma indireta." (STJ, REsp 566468/ RJ, ReI. Min. Jorge Scartezzini, DJ 17/12/2004)

    -+ Aplicao em concurso DEFENSORIA/BA -CESPE -2010

    "Entende-se por servio qualquer atividade fornecida no mercado de con-sumo, desde que disponibilizada mediante remunerao direta, incluin-do-se as de natureza bancria, financeira, de crdito e securitria, com exceo das decorrentes das relaes de carter trabalhista." Obs.: A afirmativa est errada. A questo foi elaborada com base na juris-prudncia acima.

    6.1. Vem prevalecendo no mbito do STJ o entendimento de que no h a incidncia das normas do COC prestao do servio pblico de sade, uma vez que no h nenhuma espcie de remunerao.

    "PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. EXCEO DE COMPET~NCIA. AO INDENIZATRIA. PRESTAO DE SERViO PBLICO. AUS~NCIA DE REMUNERAO. RELAO DE CONSUMO NO-CONFIGURADA. DESPROVIMENTO DO RECURSO ESPECIAL. 1. Hiptese de discusso do

  • CDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR LEI N 8.078 DE 11.09.1990

    foro competente para processar e julgar ao indenizatria proposta contra o Estado, em face de morte causada por prestao de servios mdicos em hospital pblico, sob a alegao de existncia de relao de consumo. 2. O conceito de "servio" previsto na legislao consu-merista exige para a sua configurao, necessariamente, que a ativi-dade seja prestada mediante remunerao (art. 32, 22, do CDC}. 3. Portanto, no caso dos autos, no se pode falar em prestao de servio subordinada s regras previstas no Cdigo de Defesa do Consumidor, pois inexistente qualquer forma de remunerao direta referente ao servio de sade prestado pelo hospital pblico, o qual pode ser clas-sificado como uma atividade geral exercida pelo Estado coletividade em cumprimento de garantia fundamental (art. 196 da CF). 4. Referido servio, em face das prprias caracterfsticas, normalmente presta-do pelo Estado de maneira universal, o que impede a sua individuali-zao, bem como a mensurao de remunerao especfica, afastan-do a possibilidade da incidncia das regras de competncia contidas na legislao especfica. (STJ, REsp. n2. 493.181/SP, ReI. Min. Denise Arruda, DJU 01.02.2006)

    7. Os Bancos e as instituies financeiras se sujeitam ao Cdigo de Defesa do Consumidor.

    ~ STF: ADI 2591 "ART. 32, 22, CDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR - ART. 52, XXXII, DA CB/88 - ART. 170, V, DA CB/88 - AO DIRETA JULGADA IMPRO-CEDENTE 1. As instituies financeiras esto, todas elas, alcanadas pela incidncia das normas veiculadas pelo Cdigo de Defesa do Con-sumidor. 2. "Consumidor", para os efeitos do Cdigo de Defesa do Consumidor, toda pessoa fsica ou jurdica que utiliza, como desti-natrio final, atividade bancria, financeira e de crdito. 3. O preceito veiculado pelo art. 32, 22, do Cdigo de Defesa do Consumidor deve ser interpretado em coerncia com a Constituio." (STF, Adin 2591, ReI. Min. Carlos Velloso, DJ 29.09.2006, com ementa modificada em Emb. Decl. julgados dia 14.12.2006) ~ STJ: Smula 297. "O Cdigo de Defesa do Consumidor aplicvel s instituies financeiras." 7 Aplicao em concurso

    Procurador da Repblica -19 Concurso. "Conforme o entendimento do Superior Tribunal de Justia, sobre os con-tratos bancrios:

    a) aplica-se o Cdigo de Defesa do Consumidor;

    33

  • LEONARDO DE MEDEIROS GARCIA

    b) no incide o Cdigo de Defesa do Consumidor, salvo se se revestirem de natureza de leasing;

    c) a aplicao do Cdigo de Defesa do Consumidor, no caso, subsidiria; d) incide o Cdigo de Defesa do Consumidor no tocante limitao das taxas

    de juros praticadas por instituies pblicas ou privadas que integram o sistema financeiro nacional." Gabarito: letra A.

    Juiz Federal-TRF 59 Regio (CESPE) 2009 "A abertura de conta poupana, por caracterizar-se como operao tipica-mente bancria, no est abrangida pela legislao consumerista." Gabarito: A afirmativa est errada.

    Juiz Federal- TRF 19 Regio - CESPE - 2009 "Segundo o entendimento do STF, nas operaes de natureza securitria, no se aplica o Cdigo de Defesa do Consumidor." Gabarito: A afirmativa est errada.

    8. Os "entes despersonalizados" esto abrangidos pelo artigo de forma a evitar que a falta de personalidade jurdica venha a ser empecilho na hora de tutelar os consumidores, evitando prejuzos a estes. A famlia, por exemplo, praticando atividades tpicas de fornecimento de produ-tos e servios, segundo o enunciado do art. 3, seria considerada forne-cedora para os efeitos legais.

    ~ Aplicao em concurso Magistratura/BA - 2004.

    "Um ente sem personalidade jurdica pode ser fornecedor de bens e (ou) servios de consumo." Gabarito: A afirmativa est correta.

    MP/RN (CESPE) 2009 "A Fornecedor toda pessoa fsica ou jurdica, pblica ou privada, nacio-nal ou estrangeira, com exceo dos entes despersonalizados, que desen-volva atividades de comercializao de produtos." Obs.: A afirmativa est errada. Os entes despersonalizados tambm pode-ro ser fornecedores.

    9. As relaes havidas entre patro (empresa ou no) e empregado esto, por fora de lei, excludos da apreciao do Cdigo, havendo legislao especfica (CLT) para este caso.

    34

  • CDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR LEI N 8.078 DE 11.09.1990

    ~ Aplicao em concurso Defensor Pblico/MA - 2003.

    "Servio qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, median-te remunerao ou no, inclusive as de natureza bancria, financeira, de crdito ou trabalhista." Gabarito: A afirmativa est errada, pois os servios trabalhistas esto ex-cludos do Coe.

    10. Aplicao do CDC pelo STJ ~ APLICAO DO CDC I. Relao jurdica existente entre entidade de previdncia privada e

    seus participantes (Smula 321 do 5TJ); 11. Operadora de servios de assistncia sade que presta servios

    remunerados populao (Resp. 267530/SP); 111. Ao contrato de financiamento celebrado entre a CEF e o taxista

    para aquisio de veculo (Resp. 231.208/PE); IV. O relacionamento entre o canal de televiso e seu pblico (REsp

    436135/SP); V. Responsabilidade civil do transportador areo internacional pelo

    extravio de carga (Resp. 171.506/SP); VI. Relao entre o agente financeiro do SFH, que concede emprstimo

    para aquisio de casa prpria, e o muturio (Resp. 436.815/DF). VII. Sociedades e associaes sem fins lucrativos quando fornecem

    produtos ou prestam servios remunerados (Resp 436815/DF e REsp 519.310/SP)

    VIII. Relao entre condomnio e concessionria de servio pblico (REsp 650.791/RJ).

    INFORMATIVO 280 do STJ: "Turma conheceu do recurso e deu-lhe provimento ao argumento de que inaplicvel o Cdigo de Defesa do Consumidor s relaes entre os condminos e o condomnio quanto s despesas de manuteno desse. Existe relao de consumo entre o condomnio de quem cobrada indevidamente taxa de esgoto e a concessionria de servio pblico."

    ~ Aplicao em concurso TJ/AC - 2007 (CESPE)

    "Inexiste relao de consumo entre o Condomnio Vila Bela e a conces-sionria de servios pblicos que cobra indevidamente taxa de esgoto". Gabarito: A afirmativa est errada.

    35

  • 36

    LEONARDO DE MEDEIROS GARCIA

    Juiz Federal -TRF 59 Regio (CESPE) 2009 " inaplicvel o coe s relaes entre os condminos e o condomnio quanto s despesas de manuteno deste, bem como entre o condomnio de que tenha sido cobrada indevidamente taxa de esgoto e a concessio-nria desse servio pblico." Gabarito: A afirmativa est errada. A primeira parte dA afirmativa est certa mas a segunda parte est errada, tornando a questo como um todo errada.

    IX. Doao de sangue pode estabelecer relao de consumo. INFORMATIVO n2 407( ... ) Para o Min. Relator, o servio traduz-se, exatamente, na retirada do sangue da doadora e, inegavelmente, ela toma o servio como destinatria final no que se refere rela-o exclusiva entre essas duas partes, relao que tambm integra uma outra entre o banco de sangue e aquele que ir utiliz-lo. um caso atpico, mas, nem por isso, pode ser apartado da proteo consumerista. So dois os servios prestados e relaes de consumo, sendo que a primeira uma em si mesma, a captao de sangue pelo banco, mas faz parte de uma segunda, o fornecimento de sangue pelo banco ao recebedor. A primeira tem um custeio, sim, mas indireto, visto que pela segunda o banco remunerado de uma forma ou de outra. Dessa maneira, pode, efetivamente, considerar-se a doadora como partcipe de uma relao de consumo em que ela, cedendo seu sangue, usa os servios da empresa r, uma sociedade limitada, que, no prprio dizer do Tribunal recorrido, como receptora do sangue, vende ou doa. Na espcie, a captao de sangue atividade cont-nua e permanente do hemocentro. sua matria-prima o sangue e seus derivados. No se cuida de um servio que foi prestado casual e esporadicamente, porm, na verdade, constante e indispensvel ao comrcio praticado pelo ru com a venda do sangue a hospitais e terceiros, gerando recursos e remunerando aquela coleta de sangue da autora que se fez, ainda que indiretamente. ( ... ) REsp 540.922-PR, ReI. Min. Aldir Passarinho Junior, julgado em 15/9/2009.

    X. Smula 469 do STJ: ''Aplica-se o Cdigo de Defesa do Consumidor aos contratos de plano de sade."

    XI. " consumidor a microempresa que celebra contrato de seguro com escopo de proteo do patrimnio prprio contra roubo e furto, ocupando, assim, posio jurdica de destinatria final do servio oferecido pelo fornecedor." (STJ, REsp 814060/RJ, DJe 13/04/2010)

    XII. liA cooperativa de crdito integra o sistema financeiro nacional, es-tando sujeita s normas do CDC." (STJ, AgRg no Ag 1224838 / DF, DJe 15/03/2010)

  • CDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR LEI N 8.078 DE 11.09.1990

    ~ NO APLICAO DO CDC I. Crdito educativo, por no ser servio bancrio, mas sim programa

    governamental custeado pela Unio (Resp. 479.863/RS); 11. Contrato de prestao de servio firmado, aps procedimento lici-

    tatrio, com a ECT para construo de duas agncias dos Correios, pois trata-se de relao de Direito Administrativo (Resp. 527.137/PR);

    111. Relaes decorrentes de condomnio (condmino x condomnio) (REsp 187502/SP);

    IV. Relaes decorrentes de contratos de locao predial urbana (REsp 280577/SP);

    -+ Aplicao em concurso Juiz Federal -TRF 59 Regio (CESPE) 2009

    "A relao jurdica locatcia regida pelo COC no que no contrariar a lei especfica. Dessa forma, as clusulas consideradas inquas e abusivas constantes do contrato de locao podem ser revistas com base na legis-lao consumerista." Gabarito: A afirmativa est errada.

    Juiz Federal- TRF 29 Regio - CESPE - 2009 "Os contratos de locao sujeitam-se s disposies do CDC." Gabarito: A afirmativa est errada.

    V. Atividade notarial (cartrios) no regida pelo CDC (REsp 625144/SP); (!1 Observao: Este entendimento j foi cobrado na prova de Notrios do Acre organizado pelo CESPE em 2007. Seguindo a orientao do STJ, foi considerada ERRADA a seguinte afirmativa: liA responsabilidade civil por ato ilcito praticado por notrio ou oficial registrador, no exerccio de atos prprios da serventia, do Estado, do cartrio e de seu titular, ainda que este no ocupasse o cargo poca da prtica do ato lesivo aos inte-resses da vtima. Trata-se de litisconsrcio passivo necessrio e de respon-sabilidade solidria e objetiva, por se caracterizar relao de consumo. # VI. Contrato de franquia - relao entre franqueador e franqueado

    (REsp 687.322/RJ); VII. Execuo Fiscal (REsp 641541/RS) VIII. Beneficirios da Previdncia Social no so enquadrados como

    consumidores (REsp 143.092/PE) IX. No se considera relao de consumo, mas atividade de consumo

    intermediria, a aquisio de bens ou a utilizao de servios por

    37

  • 38

    LEONARDO DE MEDEIROS GARCIA

    pessoa fsica ou jurdica para implemento ou incremento de sua atividade comercial. (REsp. 1.014.960-RS, ReI. Min. Aldir Passari-nho Junior, 2/9/2008. Informativo 366.) No mesmo sentido, envolvendo insumo agrcola:

    INFORMATIVO 422. INSUMOS. ATIVIDADE AGRfCOlA. COe. A Turma reiterou o entendimento de que no configura relao de consumo a aquisio de bens ou a utilizao de servio por pessoa fsica ou jur-dica com a finalidade de implementar ou incrementar sua atividade negociaI. Para que haja relao de consumo, necessrio que aquele que contrata servio ou adquire bens o faa como destinatrio final, com o fito de atender a uma necessidade prpria. Na espcie, o recor-rente buscou, junto recorrida, a obteno de insumos para investir em sua atividade comercial, logo no se aplica o CDC. Assim, a Turma no conheceu do recurso. REsp 1.016.458-RS, ReI. Min. Aldir Passari-nho Junior, julgado em 9/2/2010.

    -+ Aplicao em concurso. Defensoria Pb/icajAL - CESPE - 2009

    "No considerada relao de consumo, mas atividade de consumo in-termediria, a aquisio de bens ou a utilizao de servios por pessoa jurdica para implemento ou incremento de sua atividade empresarial." Gabarito: A afirmativa est correta.

    juiz Federal- TRF 19 Regio - CESPE - 2009 "H relao de consumo quando uma montadora de automveis adquire peas para montar um veculo." Gabarito: A afirmativa est errada.

    X. Relao entre o contador e o condmino. INFORMATIVO 297 ( ... ) Por simples anlise do caso, conclui-se inexistir relao de consumo entre o cond6mino e o contador, h entre o con-domnio e seu contratado, o contador. Apenas o condomnio, nesta condio, pode ser caracterizado como consumidor, pois a prestao do servio de contadoria fora destinada quele como um fim em si mesmo, e no, individualmente, a cada um dos condminos. No h, portanto, como se vislumbrar qualquer relao de consumo entre o contador e o condmino, ou qualquer responsabilidade do contador em relao direta ao condmino, pela publicidade do seu nome no rol dos inadimplentes, publicao que, segundo se afirma, sequer chegou a acontecer. REsp. 441.873-DF, ReI. Min. Castro Filho, j. 19/9/2006.

  • CDIGO DE D EFESA DO CONSUMIDOR LEI N" 8.078 DE 11.09. 1990

    XI. Relao tributria.

    -7 Aplicao em concurso Juiz Federal -TRF 5g Regio (CESPE) 2009 "O pagamento de contribuio de melhoria, por estar adstrito realizao de obra pblica, insere-se no mbito das relaes de consumo." Gabarito: A afirmativa est errada.

    XII. "A relao jurdica que se estabelece entre o representante comer-ciai autnomo e a soc iedade representada regulada por disciplina jurd ica prpria, no se apli cand o as regras protetivas do Cdigo de Defesa do Consumidor." (5TJ, REsp 761557/ R5, DJe 03/12/2009) ~ APLICAO DIVERGENTE H dive rgncia jurisprudencia l no 5TJ quanto apl icao do CDC aos servios advocatcios. A 3 Turma entende que se aplica o coe aos ser-vios advocatcios. J a 4 Turma, diferentemente, vem decidindo que as relaes contratuais estabelecidas entre o advogado e o cliente so regidas pe lo Estatuto da OAB .

    CA PiTULO 11 Da Poltica Nacional

    de Relaes de Consumo Art. 4" A Poltica Nacional das Relaes de Consumo tem por objeti-vo o atendimento das necessidades dos consum idores, O respeito fi sua dign idade, sade e segu rana, a proteo de seus interesses econm i-cos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparncia e harmonia das relaes de consu mo. atendidos os seguintes princ pios : (Redao dada pela Lei n" 9.008. de 21.03. 1995) I - reconheci mcnto da vulncrabilidade do consumidor no mercado de consumo; 11 - ao governamental no sentido de proteger efet ivamente o consu-midor: a) por iniciativa direta ; b) por incentivos criao e desenvolvimento de associaes represen-ta tivas; c) pe la presena do Estado no mercado de consumo; d) pela garantia dos produtos c servios com padres adequados de qua-lidade, segurana, durabilidade e desempenho.

    39

  • L EON/\RDO DE M EDEIROS G /\RCli\

    III - harmonizao dos interesses dos part ic ipantes das relaes de con-SUI110 e compatibili zauo da proteo do consumidor com a necess idade de desenvolv imento econmico e tecnol6gico, de modo a viabi li zar os pri ncipios nos quais se funda a ordem econmica (art. 170. da COl1 sti -lUio Federal), sempre com base na boa-f e equilbrio nas relaes entre consumidores e fornecedores; IV - educao e informao de fornecedores e consumidores. quanto aos seus direitos e deveres, com vistas melhoria do mercado de con-sumo;

    V - incentivo criao pelos fornecedores de meios efici entes de con-trole de qualidade e segurana de produtos e se rvios, assi m C0l110 de mecan ismos alternat ivos de soluo de confl itos de consumo; VI - coibio e represso eficientes de todos os abusos praticados no mercado de consumo. inclusive a concorrncia desleal e ut ilizao inde-vida de inventos e criaes industriais das marcas e nomes comerciais c sig nos distintivos, que possam causar prejuizos aos consumidores; V II - racionali zao e melhoria dos serv ios pbl icos; VI I I - estudo COl1stllnte das modificaes do mercado de consumo.

    1. Reconhecimento da VULNERABILIDADE do consumidor no mercado de consumo.

    40

    ~ STl

    "O ponto de partida do coe a afirmao do Princpio da Vulnerabi -lidade do Consumidor, mecanismo que visa a garantir igualdade for-mai-material aos sujeitos da relao jurdica de consumo, o que no quer dizer compactuar com exageros que, sem utilidade real, obstem o progresso tecnolgico, a circulao dos bens de consumo e a pr-pria lucratividade dos negcios." (STJ, REsp 586316 I MG, ReI. Min . Herman Benjamin, Dl. 19/03/2009) ~ Aplicao em concurso

    ADV-ARCEj200Z "A Poltica Nacional das Relaes de Consumo tem por objetivo o atendi-mento das necessidades dos consumidores, o respeito sua dignidade, sade e segurana, a proteo de seus interesses econmicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparncia e harmonia das rela -es de consumo."(Cdigo de Defesa do Consumidor, art. 40). O princpio fundamental embasador de toda essa gama de direitos o da

  • CDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR LEI N 8.078 DE 11.09.1990

    a) vulnerabilidade dos consumidores. b) livre iniciativa. c) valorizao social do trabalho. d) livre concorrncia. e) soberania nacional.

    Gabarito: A.

    TJ/BA. Concurso/2004. liA poltica nacional das relaes de consumo tem como princpiO o pres-suposto de que o consumidor a parte mais vulnervel na relao de con-sumo."

    Obs.: A afirmativa est correta.

    1.1. Importante destacar a diferena efetuada pela doutrina no tocante aos termos "vulnerabilidade" e "hipossuficincia", sendo a primeira um fenmeno de direito material com presuno absoluta - jure et de juris (art. 4, I - o consumidor reconhecido pela lei como um ente "vulner-vel"), enquanto a segunda, um fenmeno de ndole processual que deve-r ser analisado casuisticamente (art. 6, VIII - a hipossuficincia dever ser averiguada pelo juiz segundo as regras ordinrias de experincia).

    ~ Aplicao em concurso MP/MG - XLIV Concurso Pblico Gabarito: A afirmativa '~ doutrina consumerista faz distino entre vulne-rabilidade e hipossuficincia" foi considerada correta.

    1.2. Lembrar que o 5TJ tem se valido da anlise da vulnerabilidade no caso concreto (tcnica, jurdica e econmica) para delimitar a figura do consumidor (Teoria Finalista Mitigada). Ver comentrios ao art. 2.

    2. Atentar para o fato que de neste artigo est expresso a presena do princpio da boa-f objetiva e o princfpio do equiUbrio nas relaes de consumo.

    ~ 5TJ "0 direito informao, abrigado expressamente pelo art. 5, XIV, da Constituio Federal, uma das formas de expresso concreta do Princpio da Transparncia, sendo tambm corolrio do Princ-pio da Boa-f Objetiva e do PrincpiO da Confiana, todos abraados pelo CDC." (STJ, REsp 586316/ MG, ReI. Min. Herman Benjamin, DJe 19/03/2009)

    41

  • LEONARDO DE MEDEIROS GARCIA

    -7 Aplicao em concurso MP/GO - 2004. "O Cdigo de Defesa do Consumidor expressamente prev a boa~f e o equilbrio das relaes de consumo como princpios bsicos das relaes de consumo." Gabarito: A alternativa es ta correta.

    MP/DF - 25 Concurso Pblico. "O Cdigo de Defesa do Consumidor tem, entre seus princpios, o da boa~f objetiva." Gabarito: A alternativa est correta.

    3. Boa-f objetiva: A boa-f objetiva estabelece um dever de conduta en-tre fornecedores e consumidores no sentido de agirem com lealdade (treu) e co nfiana (glauben) na busca do fim comum, que o adimple-mento do contrato, protegendo, assim, as expectativas de ambas as partes. Em outras palavras, a boa f objetiva constitui um co njunto de padres ticos de comportamento, aferveis objetivamente, que devem ser seguidos pelas partes contratantes em todas as fases da existnci a da relao contratual, desde a sua criao, durante o perodo de cum-primento e, at mesmo, aps a sua extino.

    Dois pilares que sustentam a Boa-f Objetiva BOA-F OBJETIVA

    Lealdade Confiana (treu) (glauben)

    4. Com a entrada do Novo Cdigo Civil, em que a boa-f objetiva tambm agora est presente, os concursos comeam a cobrar as funes da boa-f l . -7 Aplicao em concurso

    Magistratura/MG - 2002/2003. "Como voc anal isa o princpio da boa ~f nos contratos, tendo em vista o disposto no Cdigo de Defe sa do Consumidor e no Cdigo Civil/02? Fun-damentar."

    1. Sobre o tema, tivemos a oportunidade de trata rmos do assunto em Cdigo de Defeso do Consumidor Comen tado, Editora Impetus.

    42

  • CDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR LEI N 8.078 DE 11.09.1990

    FUNES,DA BOA-F~ O~JETIVA TELEOLGICA OU INTERPRETATIVA (art. 113 CC). A funo interpretativa da boa-f, a mais utilizada pela juris-prudncia, serve de orientao para o juiz, devendo este sempre prestigiar, diante de convenes e contratos, a teoria da confiana, segundo a qual as partes agem com lealdade na busca do adimplemento contratual.

    CONTROLE OU LIMITADORA DE DIREITOS (art. 187 CC). A funo de controle da boa-f visa evitar o abuso do direito subjetivo, limitando condu-tas e prticas comerciais abusivas, re-duzindo, de certa forma, a autonomia dos contratantes.

    INTEGRATIVA OU CRIADORA DE DEVERES LATERAIS (anexos) (art. 422 CC). A funo integrativa insere novos deveres para as partes diante das relaes de consumo, pois alm da verificao da obrigao principal, surgem novas condutas a serem tam-bm observadas. So os assim deno-minados "deveres anexos" ou "deveres laterais" pela doutrina e jurisprudn-cia. A violao a qualquer dos deveres anexos implica em inadimplemento contratual. Exemplos de deveres ane-xos: proteo, informao, coopera-o, cuidado, etc. -

    Exemplo na jurisprudncia: "As ex-presses assistncia integral e cober-tura total, so manifestaes que tm significado unvoco na compreenso comum e, no podem ser referidas num contrato de seguro de sade, es-vaziadas de seu contedo prprio, sem que isso afronte o princpio da boa-f na avena" (TAPR, Agravo de Instru-mento no 0174580-2, ReI. Juiz Lauro Augusto Fabricio de Melo, 09/11/01). Exemplo na jurisprudncia: "Inde-pendentemente de expressa previso legal, posterior ao contrato, a clusula que nega cobertura ao segurado em caso de prorrogao da internao, fora do seu controle, abusiva, pois no pode a estipulao contratual ofender o princpio da razoabilidade, anotando-se que a regra protetiva do COC veda a contratao de obrigaes incompatveis com a boa-f e a equi-dade" (Apelao Cvel n. 0320314-1, 3a Cmara Cvel do TAMG, ReI. Juiz Wander Marotta, j. 14/11/00). Exemplo na jurisprudncia: "O dever de informao e, por conseguinte, o de exibir a documentao que a con-tenha, obrigao decorrente de lei, de integrao contratual compulsria. No pode ser objeto de recusa nem de condicionantes, em face do princpio da boa-f objetiva" (REsp. 330261/SC, 3a Turma do STJ, Rela. Mina. Nancy Andrighi, j. 08/04/02).

    43

  • 44

    LEONARDO DE MEDEIROS GARCIA

    ~ Aplicao em concurso Juiz Federal- TRF/2 Regio - CESPE - 2009

    liA boa-f objetiva impe deveres laterais aos negcios jurdicos, ainda que no haja previso expressa das partes." Gabarito: A afirmativa est correta.

    Defensoria Pblica/ES - CESPE - 2009 "0 coe assegura a todos os consumidores um direito de proteo, fruto do princpio da confiana." Gabarito: A afirmativa est correta.

    4.1. Dever anexo de informao: com base no princpio da informao, verifica-se na seara mdica o princpio do consentimento esclarecido. Tendo em vista esse princpio, dever haver dilogo entre paciente e mdico, em que ambas as partes trocam perguntas e informaes, cul-minando com o acordo expresso do paciente (em documento firmado) para uma interveno cirrgica ou para um determinado tratamento. Por fora do Cdigo de tica Mdica e do Cdigo do Consumidor, deve o paciente ser clara e ostensivamente informado de todos os proce-dimentos que ir suportar e as possveis consequncias. Portanto, ao bem informar seu paciente, o mdico estar agindo de maneira tica e juridicamente correta. Para o STJ, "age com cautela e conforme os dita-mes da boa-f objetiva, o mdico que colhe a assinatura do paciente em "termo de consentimento informado", de maneira a alert-lo acerca de eventuais problemas que possam surgir durante o ps-operatrio." (STJ, REsp 1180815 / MG, ReI. Min. Nancy Andrighi, DJe 26/08/2010) 4.2. A violao desses deveres anexos ou laterais chamada pela dou-trina de "violao positiva do contrato" ou tambm de "adimplemento ruim".

    ~ Aplicao em concurso MPRJ - promotor - 2009 - Prova escrita preliminar

    "Em que consiste a violao positiva do contrato?"

    4.3. Teoria do duty to mitigate the loss 7Ao versar sobre o dever anexo de cooperao e lealdade, a doutrina moderna, inspirada no dogma da eticidade que deve reinar nas relaes jurdicas, acentua a existncia do dever anexo de o credor mitigar as prprias perdas em virtude do inadimplemento do devedor. o chamado duty to mitigate the 1055 em

  • CDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR LEI N 8.078 DE 11.09.1990

    matria contratual. Foi disposto no Enunciado 169 da 111 Jornada de Di-reito Civil: "0 princpio da boa-f objetiva deve levar o credor a evitar o agravamento do prprio prejuzo". O STJ reconheceu recentemente a aplicao do duty to mitigate the loss:

    "DIREITO CIVIL. CONTRATOS. BOA-F OBJETIVA. STANDARD TICO--JURDICO. OBSERVNCIA PELAS PARTES CONTRATANTES. DEVERES ANEXOS. DUTY TO MITIGATE THE LOSS. DEVER DE MITIGAR O PR-PRIO PREJUfzo. INRCIA DO CREDOR. AGRAVAMENTO DO DANO. INADIMPLEMENTO CONTRATUAL. RECURSO IMPROVIDO. 1. Boa-f objetiva. Standard tico-jurdico. Observncia pelos contratantes em todas as fases. Condutas pautadas pela probidade, cooperao e le-aldade. 2. Relaes obrigacionais. Atuao das partes. Preservao dos direitos dos contratantes na consecuo dos fins. Impossibilidade de violao aos preceitos ticos insertos no ordenamento jurdico. 3. Preceito decorrente da boa-f objetiva. Duty to mitigate the loss: o dever de mitigar o prprio prejuzo. Os contratantes devem tomar as medidas necessrias e possveis para que o dano no seja agravado. A parte a que a perda aproveita no pode permanecer deliberada-mente inerte diante do dano. Agravamento do prejuzo, em razo da inrcia do credor. Infringncia aos deveres de cooperao e lealdade. 4. lio da doutrinadora Vra Maria Jacob de Fradera. Descuido com o dever de mitigar o prejuzo sofrido. O fato de ter deixado o devedor na posse do imvel por quase 7 (sete) anos, sem que este cumpris-se com o seu dever contratual (pagamento das prestaes relativas ao contrato de compra e venda), evidencia a ausncia de zelo com o patrimnio do credor, com o consequente agravamento significativo das perdas, uma vez que a realizao mais clere dos atos de defesa possessria diminuiriam a extenso do dano. S. Violao ao princpio da boa-f objetiva. Caracterizao de inadimplemento contratual a justificar a penalidade imposta pela Corte originria, (excluso de um ano de ressarcimento)." (STJ, REsp 7S8518 / PR, ReI. Min. Vasco Della Giustina, DJe 28/06/2010)

    5. Inciso IV: educao e informao de fornecedores e consumidores, quanto aos seus direitos e deveres, com vistas melhoria do mercado de consumo -? neste esprito, vale ressaltar a Lei 12.291/2010 que tornou obrigatria a manuteno de exemplar do Cdigo de Defesa do Consu-midor nos estabelecimentos comerciais e de prestao de servio. Com isso, o consumidor poder exigir o CDC nos estabelecimentos comer-ciais, podendo verificar os seus direitos antes de realizar as transaes comerciais, evitando possveis abusos praticados pelos fornecedores.

    4S

  • L EONARDO DE MWEIROS G /\RCIA

    Art. 5 Para a execuo da Poltica Nacional das Relaes de Con-sumo, contar O poder pblico com os seguintes inst rumentos, entre outros:

    1- manuteno de assistncia ju.-dicn, integral e gratuita para o con-sumidor carente;

    11 - instituio de Promotorias de Justia de Defesa do Consumidor, no mbito do Ministrio Pblico;

    111 - criao de delegacias de policia especializadas no atendimento de consumidores vitimas de infraes penais de consumo;

    IV - criao de Juizados Especiais de Pequenas Causas e Varas Espe-cializadas para a soluo de litgios de consumo;

    V - concesso de estmulos cr iao e desenvolvimento das Assochl-es de Defesa do Consumidor. 1 (Vetado). 2' (Vetado).

    1. Atentar para os instrumentos da Poltica Nacional das Relaes de Con-sumo (incisos I a V)

    46

    -7 Aplicao em concurso MP/TO - 2004. "A institu io de promotorias de justia de defesa do consumidor insere--se no contexto da Poltica Nacional das Relaes de Consumo." Gabarito: A afirmativa est correto.

    Procurador Federal (AGU) - CESPE - 2002. "O Ministrio Pblico, por meio das promotorias de justia de defesa do consumidor, um instrumento do poder pblico para executar a Poltica Nacional das Relaes de Consumo." Gabarito: A afirmativa est correta.

    MP/MA " viabilizao da Poltica Nacional de Relaes de Consumo so previstos, como instrumentos, dentre outros, a criao de Promotorias de Justia de Defesa do Consumidor, assim como a criao de Juizados Especiais para a soluo dos conflitos de consumo." Gabarito: A afirmativo est correta.

  • CDIGO DE D EFES/\ DO CONSUMIDOR L EI N 8.078 DE 11.09.1990

    CA PiTULO 111 Dos Direitos Bsicos do Consumidor

    Art. 6 So direitos bs icos do consumidor: 1 - a proteo da vida, sade e segurana contra os riscos provocados por prticas no fornecimento de produtos e servios considerados peri-gosos ou nocivos;

    11 - a educao e divulgao sobre o consumo adequado dos produtos e servios, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas con-trataes; 111 - a informao adequada e clara sobre os diferentes produtos e ser-vios, com especificao correta de quantidade, caractersticas, com-posio, qualidade e preo. bem como sobre os ri scos que apresentem; IV - a proteo contra a publ icidade enganosa e abus iva, mtodos co-merciais coercitivos ou des leais, bem como contra prticas e clusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serv ios; V - a modificai1o dns clusulas contratultis que estabeleam prestn-es desproporcionais ou sua reviso em razo de flltos supervenien-tes que as tornem excessivnmente onerosns; VI - a efetivll preveno e reparao de dllllOS patrimoninis c mo-rais, individuais, colet ivos e difusos; VII - o acesso aos rgos judicirios e adm inist rativos com vistas preveno ou reparao de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteo Ju rd ica, admi nistrativa e tcnica aos necessitados; VIr! - a facilitao da defesa de seus direi tos, inclusive com a inverso do nus da prova, a seu favor, no processo civil , quando, a critrio do juiz, for verossm il a alegao ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordi nr ias de experincias; IX - (Vetado); X - a adequada e efi caz prestao dos servios pblicos em geral.

    1. A enumerao do artigo numerus apertus. Exist em outros direitos do consumidor disseminados pelo sistema.

    2. Inciso V.

    2.1. LESO. "A modificao das clusulos contratuais que estabeleam prestaes desproporcionais ... "

    47

  • 48

    LEONARDO DE MEDEIROS GARCIA

    ~ A leso gera a "modificao". ~ A leso verificada em decorrncia da quebra do sinalagma gentico da relao contratual, pois se afere um desequilbrio desde a formao do contrato.

    ~ Para se aplicar tal instituto, basta provar a quebra da comutativida-de, no sendo necessria demonstrao da necessidade ou inexperi-ncia do consumidor (porque o consumidor j vulnervel). Isto porque o instituto da leso foi tambm contemplado no Cdigo Civil em seu art. 157, segundo o qual "ocorre a leso, quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperincia, se obriga a prestao manifestamen-te desproporcional ao valor da prestao oposta". 2.2. ONEROSIDADE EXCESSIVA. "Sua reviso em razo de fatos superve-nientes que as tornem excessivamente onerosas. I' A onerosidade excessiva gera a "reviso".

    ~ Teoria adotada: Teoria do Rompimento da Base Objetiva do Ne-gcio Jurdico. No necessrio que o evento seja imprevisvel. No adotou a teoria da impreviso.

    Na teoria da base objetiva do negcio jurdico no interessa se o fato posterior era imprevisvel, o que realmente interessa se o fato super-veniente alterou objetivamente as bases pelas quais as partes contra-taram, alterando o ambiente econmico inicialmente presente. Isto , para essa teoria, no interessa se o evento era previsvel ou imprevis-vel, no se prendendo, ento, a aspectos subjetivos.

    ~ STJ. No exige a imprevisibilidade. "O preceito insculpido no inciso V do art. 62 do coe dispensa a prova do carter imprevisfvel do fato superveniente, bastando a demons-trao objetiva da excessiva onerosidade advinda para o consumi-dor." (STJ, REsp 370598/RS, OJ 01.04.2002, ReI. Min. Nancy Andrighi)

    Ateno: a onerosidade excessiva no CDC no exige a imprevisibilidade. Muito cobrado em concursos!

    7 Aplicao em concurso Defensoria Pblica/AL - CESPE - 2009

    "O preceito do coe de que constitui direito bsico do consumidor a modi-ficao das clusulas contratuais que estabeleam prestaes despropor-cionais ou sua reviso em razo de fatos supervenientes que as tornem

  • CDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR LEI N 8.078 DE 11.09.1990

    excessivamente onerosas dispensa a prova do carter imprevisvel do fato superveniente, bastando a demonstrao objetiva da excessiva onerosi-dade advinda para o consumidor." Gabarito: A afirmativa est correta. Est praticamente igual ao julgado acima do ST1.

    ~ J o Cdigo Civil, sobre o ttulo da "Seo IV - Da resoluo por onerosidade excessiva" em seu art. 478, adotou claramente a teoria da impreviso. Prescreve o mesmo que "nos contratos de execuo conti-nuada ou diferida, se a prestao de uma das partes se tornar excessi-vamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinrios e imprevisveis, poder o devedor pedir a resoluo do contrato".

    Teoria da Impreviso (CC) Teoria da Base Objetiva do Negcio Juridico (CDC) ..

    Exige a imprevisibilidade e a extraordi- No exige nariedade do fato superveniente

    Exige a extrema vantagem para o credor No exige

    Implica em resoluo (a reviso somen- Implica em reviso (resoluo somente te com a voluntariedade do credor) quando no houver possibilidade de

    reviso - aplicao do Princpio da Con-servao dos Contratos)

    -+ Aplicaao em concurso MP/ES -CESPE -2010

    "No que se refere legislao na rea do direito do consumidor, assinale a opo correta. A teoria da onerosidade excessiva, tambm conhecida como teoria da impreviso, permite a reviso contratual, desde que, em virtude de acontecimentos extraordinrios, supervenientes e imprevis-veis, haja o desequilbrio entre as partes contratantes, gerando extrema vantagem para uma das partes e onerosidade excessiva para a outra." Obs.: A afirmativa est errada.

    DEfENSORIA/BA -CESPE -2010 "Acerca dos princpios bsicos que regem o direito do consumidor, da teoria da impreviso e da responsabilidade de fato sobre o produto e o servio, julgue os itens a seguir. De acordo com a teoria da onerosida-de excessiva, tambm conhecida como teoria da impreviso, possvel a

    49

  • 50

    LEONARDO DE MEDEIROS GARCIA

    reviso contratual, desde que, em virtude de acontecimentos extraordi-nrios, supervenientes e imprevisveis, fique configurado o desequilbrio entre as partes contratantes, com extrema vantagem para uma das partes e onerosidade excessiva para a outra." Obs.: A afirmativa est errada. A questo idntica a que foi cobrada no prova do MP/ES. (acima).

    Defensoria Pblica/ES - eESPE - 2009 "Com referncia a contratos de consumo e considerando que, em um con-trato dessa natureza, a clusula de preo, que era equitativa quando do fechamento do contrato, tenha-se tornado excessivamente onerosa para o consumidor, em razo de fatos supervenientes, julgue os itens seguintes. O CDC exige, para promover-se a reviso judicial do contrato em apreo, que o fato superveniente seja imprevisvel ou irresistvel. Gabarito: A afirmativa est errada.

    A reviso judicial do contrato limita-se apenas s clusulas referentes prestao do consumidor, no tendo o mesmo direito o fornecedor. Gabarito: A afirmativa est correta.

    - O CDC exige, para promover-se a reviso judicial do contrato, que haja extrema vantagem para uma das partes que celebrou a avena." Gabarito: A afirmativa est errada. O requisito da "extrema vantagem" est previsto no CC.

    Magistratura/Se - 2002. "Nos contratos de consumo o direito do consumidor reviso de clusulas contratuais autorizada quando:

    b) quando a prestao se tornar excessivamente onerosa para o consumidor em razo de fato superveniente, embora previsvel;".