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Consumo de proteínas na gestação e retenção de peso no pós-parto Protein intake during pregnancy and weight retention during postpartum Maria Manuela Lobato Guimarães Ferreira Cabral Orientação: Dr.ª Sílvia Pinhão Co-orientação: Prof. Doutora Maria Beatriz T. Castro Trabalho de Investigação Porto, 2010

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Consumo de proteínas na gestação e retenção de

peso no pós-parto

Protein intake during pregnancy and weight

retention during postpartum

Maria Manuela Lobato Guimarães Ferreira Cabral

Orientação: Dr.ª Sílvia Pinhão

Co-orientação: Prof. Doutora Maria Beatriz T. Castro

Trabalho de Investigação

Porto, 2010

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Agradecimentos

À Dr.ª Sílvia Pinhão e à Prof. Doutora Maria Beatriz T. Castro, pela sua

disponibilidade, paciência e transmissão de conhecimentos,

A todas as pessoas que me apoiaram na elaboração deste trabalho,

nomeadamente, à minha família e à Camilla,

Muito Obrigada.

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Consumo de proteínas na gestação e retenção de peso no pós-parto

ii

Índice

Agradecimentos ................................................................................................... i

Lista de Abreviaturas .......................................................................................... iii

Resumo ………………………………………………………………………………..iv

Abstract ............................................................................................................. vi

Introdução ........................................................................................................... 1

Objectivos ........................................................................................................... 8

Material e Métodos ............................................................................................. 8

Resultados ........................................................................................................ 12

Discussão ......................................................................................................... 17

Conclusões ....................................................................................................... 22

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Consumo de proteínas na gestação e retenção de peso no pós-parto

iii

Lista de Abreviaturas

DRI – Dietary Reference Intake

EAR - Estimated Average Requirement

ETA – Efeito Térmico dos Alimentos

HMLMB – Hospital Municipal Leonel de Moura Brizola

IMC – Índice de Massa Corporal

IMC PG – Índice de Massa Corporal Pré-Gestacional

IOM – Institute of Medicine

PPG – Peso Pré-Gestacional

QFCA – Questionário de Frequência de Consumo Alimentar

SAS - Statistical Analysis System

UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro

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Consumo de proteínas na gestação e retenção de peso no pós-parto

iv

Resumo

O peso retido após a gestação é um factor determinante da obesidade que tem

vindo a aumentar nas mulheres em idade fértil. Dietas com maior teor proteico

têm sido associadas à redução de peso. Objectivo: Avaliar a associação entre o

consumo de proteínas na gestação e a retenção de peso no pós-parto. Métodos:

Neste estudo descritivo transversal, participaram 265 puérperas com idades

compreendidas entre os 18 e os 45 anos. Foi realizado um questionário para

recolha de dados antropométricos, sócio-demográficos e sobre o estilo de vida.

Para avaliar o consumo alimentar foi aplicado um questionário semi-quantitativo

de frequência alimentar constituído por 81 itens. A análise estatística foi realizada

utilizando o Statistical Analysis System, SAS® versão 9.1 Resultados: A amostra,

na sua maioria, mulata, apresentou baixo estatuto sócio-económico. O Índice de

Massa Corporal (IMC) pré-gestacional era normoponderal, alterando-se para

sobrepeso após o parto. O ganho de peso médio foi adequado durante a

gestação, no entanto, houve uma retenção de peso pós-parto de 8,5Kg. O

consumo de proteínas, glícidos e lípidos, representou, respectivamente 14,1%,

46,9% e 39,8% do consumo energético total. Utilizando como ponto corte a média

de proteína ingerida por Kg de peso (1,97 g/Kg/dia), verificou-se que as mulheres

que consumiram maior quantidade de proteína apresentaram menor IMC, menor

ganho de peso durante a gestação, menor percentagem de gordura corporal e

menor retenção de peso. A ingestão elevada de proteínas teve uma associação

positiva na diminuição da retenção de peso, mas sem significado estatístico.

Conclusões: A avaliação nutricional no pós-parto imediato, é essencial para

identificar mulheres em risco de retenção de peso excessivo. Este estudo

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Consumo de proteínas na gestação e retenção de peso no pós-parto

v

descreveu uma relação positiva entre o consumo de uma dieta com maior teor

proteico e a retenção de peso no pós-parto imediato.

Palavras-Chave: Obesidade; retenção de peso; pós-parto; proteínas.

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Consumo de proteínas na gestação e retenção de peso no pós-parto

vii

Abstract

The weight retained after gestation is an acknowledged factor of obesity which is

increasing in women in childbearing age. Furthermore, diets with higher protein

content have been associated with weight reduction. Objective: To evaluate the

association between protein intake during pregnancy and weight retention in

postpartum. Methods: In this cross-sectional study, 265 mothers between the

ages of 18 to 45 participated. A questionnaire was conducted in order to collect

anthropometric, socio-demographic data and life style considerations. To assess

food intake, a semi-quantitative food frequency survey, consisting of 81 items was

applied. Statistical analysis was performed using the Statistical Analysis System,

SAS® version 9.1. Results: The sample, mostly mullato, had low socioeconomic

status. The Body Mass Index (BMI) before pregnancy was normal-weight,

changing to overweight after delivery. In fact, although the average weight gain

was adequate during pregnancy, there was a retention postpartum weight of 8.5

kg. The consumption of proteins, carbohydrates and fat, represented respectively

14.1%, 46.9% and 39.8% of total energy consumption. Using as a cutoff point the

average protein intake per kg (1.97 g / kg / day), it was found that women who

consumed the most proteins had lower BMI, lower weight gain during pregnancy,

lower percentage of body fat and inferior weight retention. Proteins had a positive

effect on the reduction of weight retention, without however, any statistical

significance. Conclusions: Nutritional assessment in the immediate postpartum

period is essential for identifying women at risk for excessive weight retention. This

study described a positive relation between a diet with higher protein content and

weight retention in the immediate postpartum.

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Consumo de proteínas na gestação e retenção de peso no pós-parto

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Keywords: Obesity; weight retention; postpartum; proteins.

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Consumo de proteínas na gestação e retenção de peso no pós-parto

1

Introdução

A obesidade é um dos problemas de Saúde Pública com maior relevância na

actualidade(1), com sérias repercussões económicas e sociais (2) e um importante

factor de risco para a ocorrência de doenças crónicas (3,4).

Nos anos 60 a 90, o Brasil assistiu a uma importante transição nutricional que se

repercutiu no cenário epidemiológico na primeira década do século XXI (5). A

passagem de um mercado de trabalho essencialmente do sector primário para o

secundário e terciário da economia, foram essenciais para um aumento de poder

económico, para mudança de estilos de vida, e especificamente, modificações

nutricionais (5). As regiões do Norte e Nordeste foram as que menos beneficiaram

destas mudanças, o que resultou numa diferença comparativamente com as

regiões Centro e Sul do país, cuja prevalência de desnutrição era já

significativamente menor. A transição nutricional foi marcada por factores sócio-

demográficos: maior redução da prevalência da desnutrição entre indivíduos com

maior poder económico e inicialmente aumento do excesso de peso e obesidade

em todas as faixas etárias (6).

Um estudo recente, mostrou um aumento da obesidade no sexo masculino com

idades até 54 anos e no sexo feminino até 64 anos. Evidenciou também, uma

associação negativa entre obesidade e escolaridade nas mulheres enquanto nos

homens o número de obesos era maior nos tinham um nível de escolaridade

superior (7).

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Consumo de proteínas na gestação e retenção de peso no pós-parto

2

Em números absolutos, a prevalência de obesidade é maior no sexo feminino,

estando o risco aumentado para mulheres em idade reprodutiva e com um baixo

estatuto sócio-económico (8,9).

O aumento ponderal excessivo na gestação, assim como o não retorno ao peso

pré-gestacional (PPG) podem ser determinantes do incremento da prevalência da

obesidade (9,10,11). Apesar da maioria das mulheres regressar ao seu peso habitual

anterior à gestação, muitas retêm muito peso após o parto.

As recomendações de ganho de peso na gravidez são baseadas no estado

nutricional pré-gestacional. Para tal, é utilizado como método de avaliação da

composição corporal o Índice de Massa Corporal (IMC). O ganho de peso

recomendado para mulheres de baixo peso é de 12,5 a 18,0 Kg, para mulheres

em eutrofia é de 11,5 a 16 Kg, para as que têm excesso de peso é 7 a 11,5Kg e

para mulheres obesas 5 a 9 Kg (12).

Inúmeras consequências podem decorrer de um aumento excessivo de peso na

gestação. Relativamente ao recém-nascido, o excesso de peso pode conduzir ao

nascimento prematuro, deficiências congénitas, macrossomia e obesidade infantil.

Quanto à mãe, pode originar hipertensão arterial, diabetes gestacional, pré-

eclampsia, complicações durante o parto e maior retenção de peso no pós-parto,

o que a predispõe para risco de obesidade a longo prazo (13-16).

O Institute of Medicine (IOM) recomenda que, para gestantes e lactantes, a

estimativa de energia considere não só factores como idade, sexo, peso, estatura

e nível de actividade física, como também, as necessidades do metabolismo para

deposição de gordura e secreção de leite (17).

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Consumo de proteínas na gestação e retenção de peso no pós-parto

3

Estas recomendações têm como objectivo um crescimento fetal e desfecho de

gestação adequados, de forma a prevenir uma maior retenção de gordura na

gravidez, evitando futuras consequências na vida da mulher (18).

A etnia, o número de partos, a idade materna, o baixo rendimento económico e a

baixa escolaridade são factores sócio-demográficos associados ao ganho de peso

excessivo na gestação e no pós-parto (19).

Estudos indicam que as mulheres de etnia negra ganham mais peso durante a

gravidez e apresentam maior índice de retenção de peso no pós-parto do que as

mulheres de raça branca (20,21). Um estudo transversal realizado no Brasil,

mostrou que mulheres mais velhas e com um maior número de gestações

apresentaram um IMC e percentual de gordura corporal superiores, bem como,

mulheres primíparas e multíparas apresentaram relação cintura/anca maior do

que as nulíparas (22).

Sheryl et al. mostraram que mulheres mais novas e com menor grau de

escolaridade tinham mais filhos e que mulheres com IMC gestacional mais alto

tinham uma qualidade alimentar mais pobre durante a gravidez (23).

No seu estudo, Nuss et al. concluíram que o conhecimento materno sobre

alimentação e seus efeitos na saúde, no pós-parto imediato, pode ajudar

nutricionistas e profissionais de saúde a identificar mulheres em risco de retenção

de peso excessivo. Verificaram que a amamentação teve uma associação positiva

com esse conhecimento e uma menor retenção de peso, devendo ser encorajada

por esses mesmos profissionais (24).

Entre os factores que determinam a retenção de peso no pós-parto, o ganho de

peso gestacional é considerado o mais importante (25). Neste sentido, o primeiro

trimestre de gravidez pode representar a altura ideal para a mulher melhorar a

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Consumo de proteínas na gestação e retenção de peso no pós-parto

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sua alimentação, consultando um nutricionista, pois é um período propício a uma

mudança para hábitos alimentares mais saudáveis. Assim, se as alterações na

dieta forem continuadas após a gravidez, podem produzir benefícios na saúde da

mulher a longo prazo (26).

A alimentação durante a gestação e pós-parto é fundamental para o bom estado

nutricional em cada etapa do período reprodutivo, sendo que, o consumo

alimentar é considerado um dos principais determinantes para o aumento da

prevalência de obesidade (27).

Em geral, as gestantes e lactantes são orientadas a aumentar o aporte energético

da dieta e a consumir uma alimentação variada (28) para prevenir deficiências

nutricionais, como sejam: vitaminas do complexo B, vitamina A, vitamina C,

vitamina D, ácido fólico, iodo, cálcio e ferro (29). A dieta deve ser fraccionada em

seis refeições diárias e a ingestão de líquidos deve ser aumentada (28). A restrição

dietética não é aconselhada para gestantes obesas e, no pós-parto, só deve

ocorrer quando o aleitamento estiver estabilizado (12).

As necessidades nutricionais nos tecidos e líquidos disponíveis para a sua

manutenção estão modificados por alterações fisiológicas (expansão do volume

sanguíneo, alterações cardiovasculares, distúrbios gastrointestinais e variação da

função renal) e por alterações químicas (modificações nas proteínas totais, lípidos

plasmáticos, ferro sérico e componentes do metabolismo do cálcio) (30).

O gasto energético no período reprodutivo pode ser alterado pelo estilo de vida,

actividade física, bem como a duração e intensidade do aleitamento materno.

Esse acréscimo de energia pode ser adquirido aumentando a ingestão energética,

reduzindo as actividades de lazer e, metabolicamente, pela mobilização do

armazenamento de gordura (31,32).

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Consumo de proteínas na gestação e retenção de peso no pós-parto

5

As necessidades energéticas estão aumentadas devido ao crescimento fetal, da

placenta, dos tecidos maternos, bem como pelo próprio consumo da gestante. No

primeiro trimestre a Dietary Reference Intake (DRI) referente a energia para

grávidas e não grávidas é idêntica, aumentando no segundo trimestre 340 a

360Kcal/dia e outras 112Kcal/dia no terceiro trimestre perfazendo cerca de 452

Kcal/dia. (12)

Quanto a Hidratos de Carbono, a EAR (Estimated Average Requirement) é de

175g/dia, quantidade recomendada para fornecer calorias suficientes na dieta, de

forma a prevenir cetose e manter a concentração apropriada de glicose

sanguínea. Relativamente aos Lípidos, não há uma DRI recomendada para a

gestação, sendo que, a quantidade de gordura na dieta deve depender da

necessidade energética para um ganho de peso adequado. No entanto, a

ingestão adequada para a quantidade de ácidos gordos poliinsaturados n-6 (ácido

linoleico) é de 13 g/dia e para n-3 (ácido α-linolénico) é de 1,4 g/dia.(12)

A proteína é essencial para a mulher grávida manter a síntese dos tecidos

maternos e fetais, como tal, há uma necessidade adicional neste período. Assim,

enquanto a recomendação para o consumo de proteína nas mulheres não

grávidas é de 0,8 g/Kg/dia, na gestação aumentam para 1,1g/Kg/dia e durante a

lactação para 1,3g/Kg/dia (17).

Geralmente, dietas hiperproteicas estão associadas a alimentos ricos em gordura

saturada, carne vermelha, alimentos processados e refinados, assim como, baixo

consumo de frutas e vegetais (33). Como tal, existe uma associação com um maior

risco de doenças cardiovasculares (34,35) e cancro (36,37), o que torna essas dietas

motivo de preocupação. No entanto, estudos sugerem que diferentes fontes de

proteínas têm efeitos distintos nas doenças cardiovasculares. Os efeitos de

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Consumo de proteínas na gestação e retenção de peso no pós-parto

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carnes magras como frango e peixe diferem da carne vermelha e de porco,

parecendo as últimas aumentar o risco de ocorrência de tais doenças. Contudo,

quando a substituição realizada na dieta se faz pela redução de hidratos de

carbono refinados e aumento de fontes de proteína pobres em gordura saturada,

podem-se produzir efeitos benéficos no organismo, melhorando, inclusivamente, o

perfil lipídico (38).

Estudos actuais indicam que dietas com maior teor proteico promovem maior

perda de peso, maior redução de gordura corporal e diminuem a perda de massa

magra durante o emagrecimento, quando comparadas a dietas com menor

quantidade de proteínas e valor energético idêntico (39,40). Existem, no entanto,

poucas conclusões sobre os seus possíveis efeitos colaterais em indivíduos

saudáveis, sendo necessário ter em atenção a função renal e excreção urinária

de cálcio (41).

Uma das hipóteses para a qual uma dieta com maior teor em proteínas aumenta a

redução do peso relativamente à dieta convencional, está relacionada com o

maior efeito das proteínas na saciedade, quando comparada aos hidratos de

carbono (42)

Outro aspecto importante, está relacionado com o maior efeito desta dieta na

termogénese, mais propriamente no efeito térmico dos alimentos (ETA) (41). Este

consiste no aumento do gasto energético após a ingestão de uma refeição. Esse

aumento no gasto energético pós-prandial é essencial para a realização de

processos de digestão, absorção e metabolismo de nutrientes ingeridos, podendo

representar, aproximadamente, 5 a 10% do gasto energético de um indivíduo (43).

O efeito térmico dos alimentos produzido pela proteína pode ser de 20 a 35% do

conteúdo energético ingerido, enquanto o dos hidratos de carbono fica entre 5 e

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Consumo de proteínas na gestação e retenção de peso no pós-parto

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15% e o da gordura entre 0 e 5% (44). A maior influência das proteínas no ETA

deve-se ao facto de que este macronutriente não pode ser armazenado pelo

organismo, contrariamente aos hidratos de carbono e lípidos, necessitando de ser

metabolizado imediatamente após a sua ingestão. Durante o metabolismo das

proteínas, a energia pode ser utilizada principalmente, nas reacções de síntese

proteica, síntese de ureia e neoglicogénese (44). Contudo, acredita-se que o maior

ETA provocado pela dieta com maior proporção de proteínas seja responsável por

apenas um terço do excedente de peso corporal perdido por indivíduos que

consomem essa dieta. Ou seja, dos 2,5Kg de peso corporal perdidos a mais por

esses indivíduos, após um período de 12 meses, apenas 0,8 Kg são atribuídos ao

maior ETA desta dieta (45).

Outras hipóteses propostas foram a manutenção das concentrações das

hormonas da tiróide durante a redução do peso, a menor resposta insulínica

ocasionada pela menor quantidade de glícidos na dieta (perfil endócrino

associado ao estimulo à lipólise) e preservação das proteínas corporais durante o

emagrecimento. Assim, o conjunto destes efeitos, resultariam no aumento da

oxidação de gordura e na preservação da massa magra durante a redução de

peso corporal (39,46).

No seu estudo Layman et al. verificaram que uma dieta com um consumo mais

elevado de proteínas e menor de hidratos de carbono, melhorou o perfil lipídico

dos indivíduos assim como, provocou um aumento na saciedade, levando a uma

menor retenção de peso (39).

No seu estudo, Castro et al. evidenciaram uma perda moderada de peso em

mulheres no pós-parto, após consumirem uma dieta hiperproteica (47).

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Consumo de proteínas na gestação e retenção de peso no pós-parto

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Dada a escassez de estudos sobre a relação do consumo de proteína na

gestação e a retenção de peso no pós-parto, torna-se importante verificar se o

efeito do consumo proteico no peso retido após o parto.

Objectivos

Avaliar a associação entre o consumo de proteínas na gestação e a

retenção de peso no pós-parto.

Descrever as características antropométricas, sócio-demográficas, estilo de

vida e de consumo alimentar (energia, hidratos de carbono, lípidos e

proteína) das mulheres no pós-parto imediato.

Analisar a distribuição das variáveis antropométricas e sócio-demográficas

segundo o consumo de proteína por Kg de peso (> ao consumo médio e ≤

ao consumo médio).

Avaliar a relação entre o consumo de proteína por Kg de peso e a

retenção de peso no pós-parto imediato.

Material e Métodos

1. Selecção da amostra

Foram convidadas a entrar na pesquisa as mulheres que deram a luz na

maternidade do Hospital Municipal Leonel de Moura Brizola (HMLMB), entre os

meses de Fevereiro de 2009 a Fevereiro de 2010. Destas, foram seleccionadas

para participar na pesquisa apenas as mulheres que correspondiam aos

seguintes critérios de inclusão, no momento de recolha de dados: idade entre 18

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Consumo de proteínas na gestação e retenção de peso no pós-parto

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e 45 anos, sem gestação gemelar e sem doenças crónicas pré-existentes.

Das 265 participantes no estudo, 15 foram excluídas por apresentarem uma

ingestão energética superior a 6.000 Kcal. Embora o protocolo excluísse mulheres

com consumo inferior a 600 Kcal, não houve exclusões por esse motivo. Na

literatura não há um ponto de corte de referência para subestimação e sobre

estimação do consumo. Os valores usados habitualmente são de 500 e 5.000Kcal

(48), no entanto, como o estudo aborda lactantes, foi usado o intervalo de 600 e

6.000Kcal. Desta forma, foram incluídas 250 mulheres para análise.

2. Recolha de informação

O presente trabalho constitui um estudo descritivo transversal integrado num

estudo prospectivo cujo tema é “Efeito da dieta hiperproteica na variação de peso

e da composição corporal no pós-parto: ensaio clínico randomizado”, a decorrer

no Instituto de Medicina Social, pertencente à Universidade do Estado do Rio de

Janeiro (UERJ), sob a coordenação da Prof. Doutora Maria Beatriz Trindade de

Castro.

Na recolha de dados foi aplicado um questionário estruturado através do qual

foram recolhidos dados antropométricos, sócio-demográficos e sobre o estilo de

vida. As entrevistas foram realizadas no período de pós-parto imediato (primeira

semana após o parto). Os entrevistadores foram treinados e a recolha de dados

foi padronizada para aplicação dos questionários e recolha dos dados

antropométricos, utilizando-se o protocolo de Lohman (49).

A pesquisa foi aprovada pelo Comité de Ética do Instituto de Medicina Social da

UERJ e a participação no estudo foi voluntária. A cada participante foi explicado o

contexto, procedimentos e objectivo do trabalho e distribuída uma declaração de

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Consumo de proteínas na gestação e retenção de peso no pós-parto

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Consentimento Livre e Esclarecido para integrar o estudo.

2.1 - Avaliação antropométrica

Neste estudo foram utilizados métodos antropométricos indirectos: a

bioimpedância eléctrica, para avaliar a composição de gordura corporal e

métodos antropométricos directos: medição da altura e peso, através das quais se

calculou o IMC. Para as medições antropométricas, as participantes usaram

roupas leves e retiraram os sapatos. Foi utilizada uma balança digital (PL 150

Model, Filizzola Ltda., Brasil) com capacidade para 150 Kg e precisão de 0,1 Kg

para pesar as participantes, o estadiómetro Alturaexata para medir a estatura e a

Tanita Inner Scan para avaliar a composição de gordura corporal.

O peso pré-gestacional (PPG) foi recolhido do cartão da grávida ou informado

pela participante. O IMC foi obtido pela divisão do peso em quilogramas pela

estatura em metros ao quadrado e classificado como: baixo peso (IMC <18,5

Kg/m2), eutrofia (IMC de 18,5 a 24,9Kg/m2), excesso de peso (IMC de 25,0 a 29,9

Kg/m2) e obesidade (IMC ≥30Kg/m2) (1). A mesma fórmula e a mesma

classificação foi usada para estimar o IMC pré-gestacional (IMCPG).

A retenção de peso no pós-parto foi considerada como variável dependente do

estudo e foi calculada pela subtracção do peso avaliado no momento da

entrevista (em média uma semana após o parto) e o peso pré-gestacional

informado.

2.2 - Consumo alimentar

Para a medição dos componentes do consumo alimentar (energia, proteína,

glícidos e lipídos) aplicou-se o Questionário de Frequência de Consumo Alimentar

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Consumo de proteínas na gestação e retenção de peso no pós-parto

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(QFCA) previamente validado (50) numa amostra de adultos da Universidade do

Estado do Rio de Janeiro que engloba uma lista com 81 itens. A entrevistada

indicava o número de porções que costumava consumir e com que frequência:

mais de três vezes por dia, de 2 a 3 vezes por dia, 1 vez por dia, 5 a 6 vezes por

semana, 2 a 4 vezes por semana, 1 vez por semana, 2 a 3 vezes por mês, 1 vez

por mês, nunca ou quase nunca. A ingestão energética total e a composição da

dieta foram calculadas por meio de um programa (48) desenvolvido no pacote

estatístico Statistical Analysis System, SAS® versão 9.1 (SAS Institute, Cary,

Estados Unidos). A exposição principal investigada neste estudo foi o consumo de

proteínas por Kg de peso.

2.3 - Co-variáveis

Foram consideradas como co-variáveis para a retenção de peso os factores

sócio-demográficos, económicos e de estilo de vida a seguir ínumerados: idade

(anos), escolaridade (anos), etnia (branca, mulata, negra), estado civil

(casada/união ou solteira), paridade (número de filhos), orçamento familiar

(número de salários mínimos), hábitos tabágicos (sim ou não) e consumo de

bebidas alcoólicas (sim ou não) na gravidez.

Análise estatística

A base de dados foi elaborada com o auxílio do programa estatístico Epi Info®

versão 6.04. Para conduzir a análise estatística foi utilizado o programa SAS®

versão 9.1. Inicialmente foi testada a normalidade de todas as variáveis contínuas

através do teste Kolmogorov-Smirnov. Verificou-se que as variáveis seguem uma

distribuição normal.

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Foram realizadas análises descritivas das variáveis segundo procedimentos

clássicos. Utilizaram-se médias e desvio padrão para as variáveis contínuas e

frequência, quando as variáveis eram categóricas (Tabela 1). Testou-se pelo

método estatístico t-student a distribuição das co-variáveis contínuas pelas

categorias de consumo de proteínas por Kg de peso (acima e abaixo do consumo

médio) (Tabela 2). Para a realização da regressão linear multivariada (Tabela 3)

foram seleccionadas as variáveis do modelo univariado com valor de p ≤ 0,20.

Foram considerados como factores de confusão as seguintes variáveis: estatura

(p = 0,20), estado civil (p= 0,11), consumo de álcool (p= 0,18), IMC (p <0,01) e

IMCPG (p< 0,01). Na regressão multivariada, para estimar a associação entre a

retenção de peso e as co-variáveis, considerou-se como nível de significância

crítico para rejeição da hipótese nula, um valor de p inferior a 0,05.

Resultados

De entre as 265 mulheres que participaram na maternidade, 15 puérperas foram

excluídas das análises porque apresentaram um consumo superior a 6000 Kcal.

Não houve diferença significativa nos dados antropométricos e sócio-

demográficos entre as 15 mulheres excluídas e as 250 que permaneceram no

estudo: peso (p=0,31), estatura (p=0,43), gordura corporal (p=0,50), IMC actual

(p=0,15), IMC pré gestacional (p=0,24), retenção de peso (p=0,63), peso pré

gestacional (p=0,42), ganho de peso (p=0,44), idade (p=0,21), número de partos

(p=0,59), escolaridade materna (p=0,33).

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Consumo de proteínas na gestação e retenção de peso no pós-parto

13

A Tabela 1 apresenta as características gerais da amostra deste estudo. As

mulheres investigadas tinham idades compreendidas entre os 18 e os 45 anos,

apresentando em média uma idade jovem (24,9 anos) e um nível de escolaridade

relativamente baixo.

No que respeita aos dados antropométricos, em média, as puérperas

apresentaram uma baixa estatura e um peso médio de 69,4Kg.

Anteriormente à gestação, as mulheres apresentavam, em média, um IMC que as

classificava como normoponderais, alterando-se para excesso de peso no final da

gestação. Verificou-se também um ganho de peso médio adequado, no entanto,

uma retenção de peso pós-parto de 8,5Kg.

O consumo de proteínas, glícidos e lípidos, representou, respectivamente 14,1%,

46,9% e 39,8% do consumo energético total, revelando-se muito elevado.

A amostra apresentou um baixo estatuto sócio-económico, sendo o orçamento

familiar total médio de 1 a 2 salários mínimos por mês e quanto ao seu estado

civil, grande parte das mulheres vivem casadas ou em união de facto.

A maioria das mulheres apresentava cor de pele mulata, sendo as restantes de

etnia negra e de etnia branca.

Quanto ao número de filhos, a maioria das puérperas tinham dois ou mais filhos.

A maioria das participantes do estudo não apresentou o hábito de fumar, assim

como, não consumiu bebidas alcoólicas no último mês de gestação.

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Consumo de proteínas na gestação e retenção de peso no pós-parto

14

Variável Média Desvio-Padrão

Sócio-Demográficas:

Idade 24,9 5,7

Escolaridade (anos) 9,2 2,6 Antropometria:

Peso (kg) 69,4 13,9

Estatura (cm) 160,7 6,4

Gordura Corporal (%) 27,5 8,0

IMC PG* (kg/m2) 23,5 4,6

IMC actual 26,8 4,8

Retenção de Peso (Kg) 8,5 7,0

Ganho de Peso (kg) 12,6 6,1

Consumo Alimentar:

Energia (Kcal) 3.734,6 1.117,7

Proteína (g) 132,1 43,38

Glícidos (g) 438,0 149,1

Lípidos (g) 165,1 56,69

Variável Nº Frequência (%)

Sócio-Demográficas Orçamento familiar total** (número de salários mínimos): <1 41 16,8 1-2 144 59,0

3-4 47 19,3

>5 12 4,9

Casada/União: Sim 198 79,5 Não 51 20,5

Etnia: Branca 48 19,4 Negra 66 26,7

Mulata 133 53,9

Nº de filhos: ≤ 1 84 35,0 ≥ 2 156 65,0

Estilo de Vida:

Tabagismo (actual): Sim 24 9,6 Não 226 90,4

Consumo de bebidas alcoólicas (último mês):

Sim 60 24,1

Não 189 75,9

*IMC PG – Índice de Massa Corporal Pré-Gestacional **Valor do salário mínimo (fevereiro/ 2009): 465 reais

Tabela 1. Características antropométricas, sócio-demográficas e estilo de vida de 250

puérperas atendidas na maternidade do Hospital Municipal Leonel de Moura Brizola.

Mesquita, Rio de Janeiro, Fev 2009 a Fev 2010.

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Consumo de proteínas na gestação e retenção de peso no pós-parto

15

Na Tabela 2 são apresentadas as características antropométricas e sócio-

demográficas da amostra consoante o consumo médio de proteína por Kg de

peso (1,97g/Kg de peso/dia).

É possível verificar que mais de metade das mulheres consumiram um valor de

proteínas abaixo da média de ingestão.

As mulheres que consumiram um valor superior a 1,97 g/Kg de peso/dia de

proteínas apresentaram-se em média mais novas, mais magras e mais baixas.

A percentagem de gordura corporal mostrou ser significativamente menor nas

participantes que consumiram um valor de proteínas por Kg de peso superior à

média de ingestão.

Em ambos os grupos, as mulheres apresentaram excesso de peso na altura de

recolha de dados, e um IMC pré-gestacional normoponderal. Verificou-se um IMC

menor, tanto actual como anterior à gestação, nas mulheres que consumiram

mais proteína. Contudo, é necessário verificar que anteriormente à gestação o

peso era inferior nas mulheres que consumiram um valor de proteínas mais

elevado.

O ganho de peso na gestação revelou-se menor nas mulheres que consumiram ≥

1,97g/Kg/dia.

O número de filhos foi semelhante nos dois grupos, mas em média menor no

grupo que consumiu mais proteínas.

Apenas o nível de escolaridade se apresentou igual em ambos os grupos.

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Consumo de proteínas na gestação e retenção de peso no pós-parto

16

Variável Consumo de proteínas valor de p

≥ 1,97 (n=123) <1,97 (n=127)

Média DP Média DP

Idade (anos) 23,4 5,1 26,4 5,9 <0,0001

Peso (Kg) 64,2 10,53 74,53 14,9 <0,0001

Estatura (cm) 159,8 6,4 161,5 6,3 0,0345

Gordura Corporal (%) 25,7 7,6 29,3 8,0 0,0004

IMC actual (Kg/m2) 25,1 3,6 28,5 5,2 <0,0001

IMC PG (Kg/m2) 22,1 3,7 24,8 4,9 <0,0001

Retenção de peso (Kg) 7,7 6,2 9,4 7,7 0,0492

PPG (Kg) 56,7 10,6 64,7 13,8 <0,0001

Ganho de peso (Kg) 12,5 5,5 12,8 6,7 0,7426

Nº de filhos 2,1 1,29 2,4 1,55 0,0633

Escolaridade (anos) 9,2 2,5 9,2 2,8 0,9158

Tabela 2. Características antropométricas e sócio-demográficas consoante o consumo

médio de proteína por Kg de peso por dia (1,97g/Kg de peso/dia) de 250 puérperas

atendidas no Hospital Leonel de Moura Brizola. Mesquita, Rio de Janeiro, Fev 2009 a Fev

2010.

A Tabela 3 representa o efeito das co-variáveis na retenção de peso. É possível

observar que a estatura, o consumo de álcool, o consumo energético e o estado

civil (casado) não tiveram efeito estatisticamente significativo sobre o peso retido

pós-parto.

Verificou-se uma associação negativa entre a retenção de peso e o consumo de

proteína, no entanto, sem significado estatístico (β= -0,01; IC 95%= -0,04/0,02; p

valor =0,623).

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Consumo de proteínas na gestação e retenção de peso no pós-parto

17

O IMC pré-gestacional, apresentou um efeito de aumento de risco relativamente à

retenção de peso (IC 95%=-0,374/-0,366; p valor <0,0001), já o IMC avaliado no

momento da recolha de dados, mostrou uma relação de protecção na retenção de

peso (IC 95% =0,365/0,374; p valor <0,0001).

Variável β IC 95% p valor

Estatura 1,524 1,358/1,689 <0,0001

Proteína por Kg -0,01 -0,04/0,02 0,623

Energia 0,0000054 -0,00001/0,00002 0,526

IMC PG -0,37 -0,374/-0,366 <0,0001

IMC actual 0,37 0,365/0,374 <0,0001

Consumo de álcool -0,0028 -0,027//0,021 0,816

Casada 0,0037 -0,022/0,029 0,773

Tabela 3. Modelo final de regressão linear multivariada entre a retenção de peso (variável

dependente) e as co-variáveis seleccionadas de 250 puérperas atendidas no Hospital

Leonel de Moura Brizola. Mesquita, Rio de Janeiro, Fev 2009 a Fev 2010.

Discussão

As participantes deste estudo retiveram em média 8,5Kg de peso no pós-parto

imediato. No estudo de Butte & Hopkinson (51) foi demonstrado que mulheres

retiveram entre 1,5 e 3,0Kg no primeiro ano após o parto e no estudo de Kac (52)

foi observado que 19,2% das mães retiveram ≥7,5Kg 9 meses após o parto.

Considerando o tempo de pós-parto (primeira semana após o parto), o valor

obtido neste estudo é considerado demasiado elevado.

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Consumo de proteínas na gestação e retenção de peso no pós-parto

18

Anteriormente à gestação, em média, as mulheres investigadas apresentavam-se

normoponderais. Este dado foi obtido através do peso pré-gestacional relatado

pelas participantes no momento da entrevista. Poder-se-ia pensar que este dado

pudesse estar sub ou sobre estimado, uma vez que foi relatado, mas segundo o

estudo realizado por Fonseca et al. existe uma boa validade e concordância nas

informações relatadas de peso e estatura (53). O ganho de peso gestacional

encontrou-se dentro dos padrões de ganho de peso na gravidez, uma vez que vai

de encontro às recomendações do IOM para mulheres eutróficas (12). O IMC na

altura de recolha de dados era de 26,8Kg/m2, ou seja, as mulheres, em média,

passaram de um peso considerado normal para excesso de peso no final da

gestação (1). No seu estudo, Scholl et al. avaliaram mulheres com 6 meses de

pós-parto, que durante a sua gravidez ganharam peso em excesso, pesando 12%

(7,9Kg) a mais do que o peso que apresentavam anteriormente à gravidez e que

retiveram cerca de 40% do peso ganho durante a gestação (11).

A maioria das participantes apresentou uma idade jovem e dois ou mais filhos. A

idade e o número de filhos são alguns dos factores que podem determinar um

aumento de excesso de peso no pós-parto (19). No seu estudo, Rodrigues et al.,

verificaram que mulheres mais velhas e com um maior número de gestações

apresentaram um IMC maior, assim como um percentual de gordura superior.

Relataram, também, que mulheres com um ou mais filhos apresentaram uma

relação cintura/anca superior relativamente às que nunca tiveram filhos (22). É

importante ter em consideração que vários estudos mostram que as gestantes

tendem a ganhar mais peso na primeira gravidez (11,54) e que mulheres com mais

de 30 anos têm maior probabilidade de ganhar peso abaixo das recomendações

do IOM (55).

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Consumo de proteínas na gestação e retenção de peso no pós-parto

19

A maioria das mulheres era casada ou vivia em união e a média de escolaridade

era relativamente baixa, o que pode ser indicativo de um menor conhecimento

sobre alimentação e seus efeitos na saúde. Alguns estudos mostram uma boa

associação entre educação e uma melhor qualidade alimentar (23, 24).

A amostra apresentou um baixo orçamento familiar, verificando-se, na sua

maioria, 1 ou 2 salários mínimos por família. Numa perspectiva de Saúde Pública,

é necessário salientar que estas características sócio-demográficas podem

traduzir um acesso desigual aos Serviços de Saúde, e que, muitas vezes, um

estatuto sócio-económico mais baixo significa uma menor assistência no pré-natal

e puerpério, e consequentemente, uma falta de orientação adequada

relativamente a recomendações dietéticas e de ganho de peso (56).

Quanto à etnia, a maioria das puérperas era mulata, existindo mais mulheres

negras que brancas, indicando, alguns estudos, que mulheres de etnia negra

apresentam maior retenção de peso no pós-parto do que as mulheres de raça

branca (20,21). Efectivamente, a obesidade é mais frequente em mulheres de raça

negra do que em mulheres brancas (57). Assim, o peso médio retido pode ter sido

superior ao que seria se a amostra fosse constituída principalmente por mulheres

caucasianas.

Relativamente ao estilo de vida, a maioria das mulheres não fumava nem tinha o

hábito de consumir bebidas alcoólicas. O estudo de Schauberger et al. mostrou

que mulheres não fumadoras são mais propensas a ganhar peso na gestação e

também no pós-parto (58). Outro estudo demonstrou que mulheres que paravam

de fumar no início da gravidez, retinham mais peso no pós-parto do que mulheres

que continuavam a fumar ou que não eram fumadoras (59).

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Consumo de proteínas na gestação e retenção de peso no pós-parto

20

O presente estudo, revelou uma série de inadequações nutricionais durante a

gestação. O consumo energético excessivo pode acarretar maior ganho de peso

na gravidez e, consequentemente, maiores taxas de retenção de ganho de peso

pós-parto (25,60). O consumo de hidratos de carbono também foi muito elevado,

estando coerente com o elevado consumo energético observado nessas

mulheres. Relativamente aos lípidos, o seu consumo médio foi, também, maior do

que as recomendações de 30% do valor energético da dieta (61), assim como as

proteínas também foram consumidas em excesso. A razão pela qual os valores

se apresentam demasiado elevados, pode dever-se ao facto de ter sido usado o

questionário de frequência alimentar para estimar o consumo alimentar. O QFCA

é um método válido e com boa reprodutibilidade para avaliar o consumo alimentar

usual (62) no entanto, pode sobrestimar ou subestimar o consumo dos alimentos

em função dos itens acrescentados na lista de frequência (63), além de que se

refere a uma ingestão durante um longo período de tempo, podendo dificultar a

resposta dos inquiridos.

As mulheres investigadas neste estudo consumiram, em média, uma dieta

hiperproteica, apresentando um valor médio de proteínas de 1,97g/Kg/dia. A partir

desse valor foi possível verificar se as mulheres que consumiram valores mais

altos ou baixos de proteína, apresentavam diferenças significativas na retenção

de peso.

Estudos indicam que uma dieta com elevado teor proteico promove uma

diminuição de peso, uma redução da gordura corporal e diminui a perda de massa

magra durante o emagrecimento (39,40). De facto, no presente estudo observou-se

que as mulheres que consumiram mais proteínas apresentaram valores mais

baixos de percentagem de gordura corporal, IMC pré-gestacional e IMC actual.

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Consumo de proteínas na gestação e retenção de peso no pós-parto

21

Este achado corrobora com o estudo de Westman et al., no qual se demonstrou

um decréscimo de peso em 41 de 51 voluntários obesos ou com excesso de peso

que completaram um programa com 6 meses de seguimento, com uma dieta

pobre em hidratos de carbono (64).

Relativamente à retenção de peso, verificou-se igualmente, uma diminuição nas

puérperas que consumiram maiores valores de proteína (≥ 1,97g/Kg/dia), facto

que está de acordo com o estudo de Castro et al., no qual concluíram que um

maior aporte proteico está relacionado com uma perda de peso moderada no pós-

parto, logo numa menor retenção de peso (47).

Observou-se também, que as mulheres que consumiram valores de proteína

iguais ou superiores a 1,97g/Kg/dia apresentavam uma idade e um número de

filhos menor, o que corresponde ao grupo de mulheres que apresentou um menor

IMC e uma menor retenção de peso, dado que está de acordo com o estudo de

Rodrigues et al., já mencionado (22).

Foi possível observar também uma relação entre a retenção de peso no pós-parto

imediato e as co-variáveis seleccionadas. Verificou-se que a estatura, o consumo

de bebidas alcoólicas, o consumo energético e estar casada não tiveram efeito

estatisticamente significativo na retenção de peso pós-parto. Uma vez que o

consumo energético foi muito elevado, seria de esperar um efeito no aumento de

retenção de peso, no entanto esse efeito não se revelou estatisticamente

significativo, provavelmente pelo método utilizado para recolha de dados sobre

ingestão alimentar (QFCA).

Vários estudos mostram evidências sobre um efeito de diminuição de peso e

gordura corporal consumindo uma dieta rica em proteínas (39,40). Apesar de não se

encontrarem estudos feitos no período da gestação, Castro et al., no seu estudo

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Consumo de proteínas na gestação e retenção de peso no pós-parto

22

realizado em mulheres no período pós-parto, verificou uma perda de peso

moderada, após estas consumirem uma dieta hiperproteica (47). No presente

estudo, apesar do consumo de proteínas ter tido um efeito positivo na diminuição

da retenção de peso no pós-parto, o valor não foi estaticamente significativo.

O IMC pré-gestacional apresentou uma associação relação de aumento de risco

na retenção de peso no pós-parto imediato. Tal não seria de esperar, uma vez

que este se revelou normoponderal, sendo um adequado peso pré-gestacional

um dos factores mais importantes associados ao adequado ganho de peso

durante a gravidez (65). No seu estudo, Gunderson et al. observaram que as

mulheres com excesso de peso anterior à gravidez ganharam mais peso do que

as mulheres com IMC anterior normal (66).

Neste estudo, observou-se que o IMC actual teve uma associação positiva na

retenção de peso. Uma vez que a média de mulheres passou de um estado de

eutrofia pré-gestacional para um estado de excesso de peso pós-gestação, estes

resultados não seriam esperados, não estando de acordo com vários estudos que

indicam que o aumento ponderal excessivo durante a gravidez ou o não retorno

ao PPG, podem ter uma associação positiva no aumento da retenção de peso no

pós-parto e, consequentemente, serem considerados factores preditivos do

aumento da prevalência de obesidade (9,10,11).

Considerações Finais

São vários os factores que intervêm na variação de peso no pós-parto e que

devem ser considerados na elaboração de estratégias nutricionais, de forma a

englobar todo o período reprodutivo, desde o pré-natal ao planeamento de acções

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Consumo de proteínas na gestação e retenção de peso no pós-parto

23

de monitorização no pós-parto. Neste sentido, é importante adoptar medidas pré-

natais específicas, que enfatizem o controlo de peso durante a gravidez, com

vigilância sistemática durante todo o período da gestação, que forneçam

aconselhamento nutricional, incluindo dietas adequadas ao período da gravidez,

que fomentem o aleitamento materno exclusivo e que destaquem a importância

da actividade física adequada, encorajando um estilo de vida activo. O cálculo de

ganho de peso adequado para o estado nutricional materno, a programação da

perda de peso retido durante o pós-parto e o aconselhamento nutricional

direccionado para as necessidades maternas em cada uma das etapas do ciclo

reprodutivo, são medidas que devem ser implementadas em Hospitais e Centros

de Saúde, de forma a prevenir possíveis complicações na saúde da mulher.

A avaliação nutricional no pós-parto imediato, pode ajudar o nutricionista e

profissionais de saúde a identificar mulheres que possam estar em risco de reter

excesso de peso. Uma vez que os mecanismos fisiológicos da mãe estão

voltados para o aumento do consumo alimentar e do apetite, uma orientação

nutricional adequada no pós-parto é fundamental para assegurar o retorno ao

peso pré-gestacional, atendendo tanto às necessidades maternas como ao

crescimento e desenvolvimento do bebé.

Este estudo descreveu uma relação positiva entre o consumo de uma dieta com

maior teor proteico e a retenção de peso no pós-parto imediato. Dada a escassez

de estudos sobre o tema e dada a importância para a diminuição da obesidade

materna, mais investigações deverão ser feitas nesta área.

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Consumo de proteínas na gestação e retenção de peso no pós-parto

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Anexo 1

Questionário Sócio-demográfico .

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Anexo 2

Questionário de Consumo de Frequência Alimentar.