contabilidade de instituições financeiras (6)

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Curso Online – Contabilidade de Instituições Financeiras - BACEN Teoria e Exercícios Prof. Jaildo Lima Prof. Jaildo Lima de Oliveira www.pontodosconcursos.com.br 1 AULA 06 – OPERAÇÕES DE ARRENDAMENTO MERCANTIL 1. Introdução Nessa aula continuaremos a estudar o Plano Contábil das Instituições do Sistema Financeiro Nacional (Cosif), detalhando os critérios previstos naquele Plano para as operações de arrendamento mercantil. Vale destacar que descrever as regras contábeis dessas operações, é preciso inicialmente apresentar os conceitos, modalidades, prazos e demais condições previstas na regulamentação sobre tais operações. Vamos lá! 2. Arrendamento Mercantil O arrendamento mercantil é uma transação celebrada entre o proprietário de um determinado bem (arrendador) que concede a um terceiro (arrendatário) o uso deste por um período fixo. As operações de arrendamento mercantil também são conhecidas mundialmente como Leasing. O princípio básico que norteia uma operação de leasing é o de que o lucro na produção de bens e serviços, não se origina no fato de que, quem os produz, tenha a propriedade das máquinas e equipamentos necessários para produzi-los, mas, sim, da forma como elas são utilizadas na sua produção. No contrato de leasing, é facultada ao arrendatário a opção de comprar, devolver o bem arrendado ou prorrogar o contrato, em seu vencimento (chamada de opção de compra), pagando um valor residual, que pode estar garantido no contrato (Valor Residual Garantido - VRG) ou não. O valor da opção de compra é livremente pactuado entre as partes. 2.1. Modalidades de Arrendamento Mercantil (Leasing) O leasing é dividido em duas modalidades: operacional e financeiro.

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AULA 06 – OPERAÇÕES DE ARRENDAMENTO MERCANTIL

1. Introdução

Nessa aula continuaremos a estudar o Plano Contábil das Instituições do

Sistema Financeiro Nacional (Cosif), detalhando os critérios previstos naquele

Plano para as operações de arrendamento mercantil. Vale destacar que

descrever as regras contábeis dessas operações, é preciso inicialmente

apresentar os conceitos, modalidades, prazos e demais condições previstas na

regulamentação sobre tais operações.

Vamos lá!

2. Arrendamento Mercantil

O arrendamento mercantil é uma transação celebrada entre o proprietário de um determinado bem (arrendador) que concede a um terceiro (arrendatário) o uso deste por um período fixo. As operações de arrendamento mercantil também são conhecidas mundialmente como Leasing.

O princípio básico que norteia uma operação de leasing é o de que o lucro na produção de bens e serviços, não se origina no fato de que, quem os produz, tenha a propriedade das máquinas e equipamentos necessários para produzi-los, mas, sim, da forma como elas são utilizadas na sua produção.

No contrato de leasing, é facultada ao arrendatário a opção de comprar, devolver o bem arrendado ou prorrogar o contrato, em seu vencimento (chamada de opção de compra), pagando um valor residual, que pode estar garantido no contrato (Valor Residual Garantido - VRG) ou não. O valor da opção de compra é livremente pactuado entre as partes.

2.1. Modalidades de Arrendamento Mercantil (Leasing)

O leasing é dividido em duas modalidades: operacional e financeiro.

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2.1.2. Operacional

Nesta modalidade, a sociedade arrendadora concede o uso da propriedade a arrendatária, mas assume o compromisso de prestar assistência técnica bem como o risco comercial da obsolescência do bem objeto do leasing, conforme demonstra a figura abaixo:

Principais características do leasing operacional:

• as contraprestações1 são, em geral, mais elevadas que no leasing financeiro;

• o valor residual é relevante;

• pode ser confundido com locação;

• o prazo de vigência contratual é normalmente curto;

• é facultativa a cláusula de opção de compra;

• há a possibilidade de rescisão mediante acordo bilateral;

• não envolve a intermediação; e

• a recuperação do investimento pela arrendadora ocorre por meio do arrendamento do mesmo bem a diversos clientes.

1 Contraprestação é a terminologia utilizada para se referir aos pagamentos de um contrato de leasing.

ARRENDADOR ARRENDATÁRIO

LEASING OPERACIONAL

MÁQUINA

ALUGUEL (R$)

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2.1.2. Financeiro

É uma operação onde o arrendador atua como intermediário, adquirindo o bem e concedendo o uso e a posse ao arrendatário, que se compromete a pagar as contraprestações devidas.

1 – O arrendador adquire a máquina do fabricante.

2 – O arrendador faz o contrato de leasing com o arrendatário.

Na teoria, as principais características do leasing financeiro são:

• o prazo de vigência normalmente longo;

• é obrigatória a cláusula de opção de compra;

• em princípio, o contrato não pode ser rescindido antes do prazo estabelecido;

• a arrendadora não responde pela assistência técnica ou manutenção do bem; e

• a arrendadora não mantém estoque do bem.

Atenção: O leasing financeiro pelas suas características se assemelha a um financiamento, uma vez que o objetivo final do arrendatário é ter a propriedade do bem e utiliza o contrato de leasing para seu pagamento.

2.2. Instituições financeiras autorizadas a realizar operações de arrendamento mercantil

No SFN, 2 tipos de instituição estão autorizados a realizar operações de arrendamento mercantil:

• Bancos múltiplos com carteira de arrendamento mercantil e

ARRENDADOR ARRENDATÁRIO

LEASING FINANCEIRO

MÁQUINA

ALUGUEL (R$)FABRICANTE

(R$)

MÁQUINA

1 2

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• Sociedades de arrendamento mercantil.

2.3. O leasing no SFN

As normas dos SFN também classificam o leasing em Financeiro e Operacional. A regulamentação do CMN2 considera nesses contratos sua essência formal, ou seja, mantém a ideia do leasing como uma operação de locação.

O Leasing Operacional segundo a Res. CMN 2309/96, alterada pela Res. CMN 3465/98 deve ter as seguintes características:

• as contraprestações pagas pela arrendatária não podem ultrapassar 90% ou mais do custo do bem;

• o prazo contratual deve ser inferior a 75% da vida útil econômica do bem;

• não há previsão de pagamento de Valor Residual Garantido (VRG);

• as despesas de manutenção, assistência técnica e serviços vinculados (risco operacional) podem ser do arrendador ou do arrendatário; e;

• o preço da opção de compra é o valor de mercado do bem no vencimento do contrato.

O Leasing Financeiro segundo a Res. 2309/96, deve ter as seguintes características:

• as contraprestações devem ser suficientes para que o arrendador recupere seu investimento e obtenha lucro no prazo contratual;

• as despesas de manutenção, assistência técnica e serviços vinculados (risco operacional) são de responsabilidade do arrendatário; e

• O preço de exercício da compra é livremente pactuado.

O leasing operacional tende a ser mais vantajoso para o arrendatário do que o leasing financeiro uma vez que suas contraprestações não têm por objetivo amortizar o valor do bem.

2.4 O contrato de arrendamento mercantil

A Res. 2.309/96 também específica as condições que devem ser observadas na formalização de um contrato de arrendamento mercantil, conforme detalhado a seguir.

2 Conselho Monetário Nacional.

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Os contratos de arrendamento mercantil devem ser formalizados por instrumento público ou particular, contendo, no mínimo, as especificações abaixo relacionadas:

I - a descrição dos bens que constituem o objeto do contrato, com todas as características que permitam sua perfeita identificação;

II - o prazo de arrendamento;

III - o valor das contraprestações ou a fórmula de cálculo das contraprestações, bem como o critério para seu reajuste;

IV - a forma de pagamento das contraprestações por períodos determinados, não superiores a um semestre, salvo no caso de operações que beneficiem atividades rurais, quando o pagamento pode ser fixado por períodos não superiores a um ano;

V - as condições para o exercício por parte da arrendatária do direito de optar pela renovação do contrato, pela devolução dos bens ou pela aquisição dos bens arrendados;

VI - a concessão à arrendatária de opções de compra dos bens arrendados, devendo ser estabelecido o preço para seu exercício ou critério utilizável na sua fixação;

VII - as despesas e os encargos adicionais, inclusive despesas de assistência técnica, manutenção e serviços inerentes à operacionalidade dos bens arrendados, admitindo-se, ainda, para o arrendamento mercantil financeiro:

a) a previsão de a arrendatária pagar valor residual garantido em qualquer momento durante a vigência do contrato, não caracterizando o pagamento do valor residual garantido o exercício da opção de compra;

b) o reajuste do preço estabelecido para a opção de compra e o valor residual garantido;

VIII - as condições para eventual substituição dos bens arrendados, inclusive na ocorrência de sinistro, por outros da mesma natureza, que melhor atendam às conveniências da arrendatária, devendo a substituição ser formalizada por intermédio de aditivo contratual;

IX - as demais responsabilidades que vierem a ser convencionadas, em decorrência de:

a) uso indevido ou impróprio dos bens arrendados;

b) seguro previsto para cobertura de risco dos bens arrendados;

c) danos causados a terceiros pelo uso dos bens;

d) ônus advindos de vícios dos bens arrendados;

X - a faculdade de a arrendadora vistoriar os bens objeto de arrendamento e de exigir da arrendatária a adoção de providências indispensáveis à preservação da integridade dos referidos bens;

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XI - as obrigações da arrendatária, nas hipóteses de:

a) inadimplemento, limitada a multa de mora a 2% (dois por cento) do valor em atraso;

b) destruição, perecimento ou desaparecimento dos bens arrendados;

XII - a faculdade de a arrendatária transferir a terceiros no País, desde que haja anuência expressa da entidade arrendadora, os seus direitos e obrigações decorrentes do contrato, com ou sem co-responsabilidade solidária.

É facultada a utilização de cláusula de variação cambial nos contratos de arrendamento mercantil de bens cuja aquisição tenha sido efetuada com recursos provenientes de empréstimos contraídos direta ou indiretamente no exterior.

2.5 Prazos mínimos dos contratos de arrendamento mercantil

Os contratos devem estabelecer os seguintes prazos mínimos de arrendamento:

I - para o arrendamento mercantil financeiro:

a) 2 (dois) anos, compreendidos entre a data de entrega dos bens à arrendatária, consubstanciada em termo de aceitação e recebimento dos bens, e a data de vencimento da última contraprestação, quando se tratar de arrendamento de bens com vida útil igual "ou inferior a 5 (cinco) anos;

b) 3 (três) anos, observada a definição do prazo constante da alínea anterior, para o arrendamento de outros bens;

II - para o arrendamento mercantil operacional, 90 (noventa) dias.

A operação de arrendamento mercantil será considerada como de ‘compra e venda a prestação’ se a opção de compra for exercida antes de decorrido os prazos mínimos estabelecidos.

2.6. A contabilização do leasing segundo o Cosif

A forma de contabilização do leasing segundo o Cosif considera os aspectos jurídicos da operação3 – o bem é propriedade formal do arrendador – mesmo que as características do contrato indiquem que o bem será, ao final do prazo contratual, transferido para o arrendatário (como é o caso do leasing financeiro).

3 O contrato de arrendamento mercantil está baseado na Lei 6.099/74, uma legislação de caráter tributário, mas que apresenta conceitos adotados para registro dessas operações.

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Tal prática é bem diferente da contabilização recomendada pelas melhores práticas internacionais e segundo as regras norte-americanas onde prevalece a essência econômica em detrimento da estrutura jurídica da operação.

Portanto, podemos dizer que no registro contábil das operações de arrendamento mercantil segundo o Cosif prevalece a forma (aspecto jurídico) sobre a essência econômica, em especial nos caso do leasing financeiro.

O registro das operações de leasing segundo o Cosif será feito pela arrendatária e pela arrendadora da seguinte forma:

Na arrendadora:

• o bem objeto é contabilizado em seu Ativo Permanente Imobilizado;

• sobre o bem incide a despesa acelerada de depreciação4 (benefício fiscal); e

• as contraprestações são consideradas como receita.

Na arrendatária (em contrapartida aos registros feitos pela arrendadora):

• é realizada como se fosse um aluguel;

• o bem objeto não é contabilizado no seu Ativo Permanente Imobilizado;

• o valor da dívida não é registrado no Passivo; e

• as contraprestações são consideradas como despesas (podendo ser deduzidas para fins fiscais).

Observo que como as instituições financeiras normalmente assumem a posição de arrendadora no contrato de leasing. Assim, as regras de registro contábil dessas operações estão descritas apenas para a instituição financeira arrendadora.

4 Pela depreciação, uma empresa pode deduzir do Imposto de Renda o custo da aquisição de um ativo fixo. Tal dedução geralmente se dá por meio da transferência periódica (mensal ou anual) para o resultado de uma parcela desse custo de aquisição, conforme prazos definidos pelo Fisco dependendo da característica do bem sujeito a depreciação. Veremos maiores detalhes na Aula referente a Ativo Permanente. Vale destacar, no entanto, que no caso do leasing o Fisco permite que essa depreciação ocorra mais rápido do que uma operação normal.

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Exemplo de contabilização do leasing na arrendadora:

A empresa Eixo celebrou em 31.07.01 com o Banco BSD uma operação de arrendamento mercantil, com as seguintes características:

• Custo do bem arrendado: R$ 63.000;

• Prazo: 60 meses;

• Prestações: R$ 2.000 (postecipada);

• VRG: 2% do custo de aquisição do bem, a ser pago no final do contrato.

Outros dados:

• Vida útil do bem: 90 meses

• Taxa Interna de Retorno do Contrato: 2,4378%

• Valor Presente do Contrato em 31/08/01: R$ 62.535,81

Pelas características, essa operação de leasing é classificada como leasing financeiro (observe que o somatório das contraprestações – R$ 120.000 (R$ 2.000 x 60 contraprestações) – é muito maior do que o custo do bem.

Lançamentos na contratação (31/07/01)

Contabilização da aquisição do bem

D - 2.3.2.10 Bens Arrendados (conta de Ativo Permanente) 63.000

C - 1.1.1 Caixa (conta de A. Circulante) 63.000

Contabilização do Contrato de Arrendamento

D - 1.7.1 Arrendamentos a Receber (conta do Ativo Circulante) 120.000

C - 1.7.1.95 Rendas a Aprop. de Arrend. (conta retificadora do A. Circulante) 120.000

Contabilização do VRG

D - 1.7.5.10 Val. Residuais a Realizar (conta do Ativo Circulante) 1.260

C - 1.7.5.95 Val. Residuais a Balancear (conta retificadora do A. Circulante) 1.260

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Lançamentos no vencimento da 1ª prestação (31/08/01)

Contabilização da Receita – Pela norma as contraprestações serão reconhecidas como receita quando se tornarem exigíveis, baixando-se os valores registrados em “Rendas a Apropriar de Arrendamentos” contra “Rendas de Arrendamento”:

D - 1.7.1.95 Rendas a Aprop. de Arrendamentos (conta retificadora de A. Circ.) 2.000

C - 7.1.2. Rendas de Arrend. Financeiros (conta de Receita) 2.000

Contabilização do recebimento da 1a prestação – supondo o pagamento em dia

D - 4.1.1 Depósitos à Vista (conta de Passivo Circulante) 2.000

C - 1.7.1.20 Arrendamentos a Receber (conta de Ativo Circ.) 2.000

Contabilização da depreciação – O bem arrendado pode ser depreciado com redução de 30% de seu prazo de vida útil econômica

D - 8.1.3.10 Desp. de Depreciação (conta de Despesa) 1.000

C - 2.3.2.90 Dep. Acum. Bens de Arrendamento (conta retificadora. A. Permanente) 1.000

Contabilização do ajuste a valor presente – é um procedimento determinado nas normas do SFN visando traduzir o resultado contábil da operação de leasing financeiro como se tal operação tivesse sido contabilizada como um financiamento.

Confronta-se o valor contábil do contrato com o valor presente dos fluxos de pagamento futuros (descontado pela TIR do contrato)

Se VP > VC = Superveniência de Depreciação

Se VP < VC = Insuficiência de Depreciação

No nosso exemplo, a comparação dos dois valores (em 31/08/01) revela que a diferença apurada é positiva, ou seja, o ativo deve ser ajustado para mais:

• Valor Contábil do Contrato de Arrendamento = R$ 62.000,00

• Valor Presente do Contrato de Arrendamento = R$ 62.535,81

Assim, o lançamento de ajuste seria feito da seguinte forma:

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D – 2.3.2.30 – Superveniência de Depreciação (conta do A. Perm. Imobilizado) 535,81

C – 7.1.2 – Rendas de Arrendamento Mercantil (conta de Receita) 535,81

Ao final de cada mês, o contrato de leasing financeiro irá refletir contabilmente a operação como se um financiamento estivesse sendo contabilizado, e não um arrendamento.

Atenção: Vale observar que os direitos decorrentes de operações de arrendamento mercantil registrados pelas instituições financeiras arrendadoras estão sujeitas às mesmas regras de classificação em níveis de risco e provisionamento existentes (ver aula anterior) para as demais operações de crédito.

2.6. Conceitos adicionais envolvendo o leasing

• Adiantamento a Fornecedores – pagamento feito pela arrendadora ao fornecedor para que a mesma elabore o bem nas condições estabelecidas pela arrendatária.

• Comissão de Compromisso – Remuneração cobrada pelo arrendador do arrendatário em função do adiantamento ao fornecedor

• Subarrendamento – Transferência do contrato de leasing de uma arrendatária para outra, envolvendo, necessariamente, um fornecedor externo (de outro país) do bem objeto do contrato. Exemplo: o arrendador contrata um leasing com um fornecedor externo e subarrenda o mesmo com empresa nacional. Portanto, o arrendador no país é arrendatário em relação ao fornecedor no exterior, agindo como intermediário entre esse fornecedor e o arrendatário final que é chamado subarrendatário.

• Lease Back – Contrato de arrendamento mercantil no qual o bem objeto do contrato era inicialmente do arrendatário. Nesse caso, o mais comum é que esse proprietário original do bem precisa de dinheiro e só tem como obtê-lo vendendo esse bem. No entanto, ele também precisa continuar usando esse bem. Assim, o lease back é uma forma de financiamento do proprietário do bem, que o vende a um arrendador (recebendo à vista o dinheiro que precisa), mas que continua utilizando o bem por meio de um contrato de arrendamento.

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Embora não seja o foco do curso, é importante esclarecer que o imposto sobre operações de crédito, câmbio e seguros, ou relativas a títulos ou valores mobiliários (IOF5) não incide sobre operações de arrendamento mercantil, entretanto, o Imposto sobre Serviços (ISS6) será pago na operação.

5 Imposto de competência da União Federal. 6 Imposto de competência dos municípios.

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Resumo da Aula

Vimos nessa aula que:

• O arrendamento mercantil é uma transação celebrada entre o proprietário de um determinado bem (arrendador) que concede a um terceiro (arrendatário) o uso deste por um período fixo.

• O leasing é dividido em duas modalidades: operacional e financeiro.

• No leasing operacional, a sociedade arrendadora concede o uso da propriedade a arrendatária, mas assume o compromisso de prestar assistência técnica bem como o risco comercial da obsolescência do bem.

• É uma operação onde o arrendador atua como intermediário, adquirindo o bem e concedendo o uso e a posse ao arrendatário, que se compromete a pagar as contraprestações devidas.

• Somente sociedades de arrendamento mercantil e bancos múltiplos com carteira de arrendamento mercantil podem realizar operações de leasing.

• O leasing operacional tende a ser mais vantajoso para o arrendatário do que o leasing financeiro uma vez que suas contraprestações não têm por objetivo amortizar o valor do bem.

• O prazo mínimo do leasing financeiro é de 2 anos para bens com vida útil de até 5 anos ou de 3 anos nos demais casos.

• O prazo mínimo do leasing operacional é de 90 dias.

• A superveniência e a insuficiência de depreciação são ajustes feitos na contabilidade do leasing financeiro visando que tais operações sejam refletidas pelo seu valor presente.

• O subarrendamento é a transferência de um contrato de leasing de uma arrendatária para outra, envolvendo um fornecedor externo.

• O lease back é um contrato de leasing no qual o bem objeto do contrato era inicialmente do arrendatário.

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EXERCÍCIOS

Vamos responder as questões abaixo a partir do conteúdo estudado?

No tipo de questão apresentada a seguir, há somente uma resposta correta, no padrão que pode ser utilizado no concurso do Bacen, dependendo da banca promotora. No final, apresentamos o gabarito e comentários para cada questão. Destaco que as questões abaixo foram extraídas de concursos do Banco Central do Brasil, CEF e outros ou quando não indicado, preparado pelo professor.

Observação Importante

Se ao final da série de questões dessa aula, você ainda tiver dúvidas sobre o conteúdo apresentado não desanime! Mantenham contato por meio do Fórum!

01. (BCB – 2002 - ESAF) Quanto às características das operações de arrendamento mercantil financeiro, avalie o acerto das afirmações adiante e marque com V as verdadeiras e com F as falsas, em seguida, marque a opção correta. ( ) As contraprestações e demais pagamentos previstos no contrato, devidos pela arrendatária, são normalmente suficientes para que a arrendadora recupere o custo do bem arrendado durante o prazo contratual da operação e, adicionalmente, obtenha um retorno sobre os recursos investidos. ( ) As despesas de manutenção, assistência técnica e serviços correlatos à operacionalidade do bem arrendado são de responsabilidade da arrendatária. ( ) O preço para o exercício da opção de compra é livremente pactuado, podendo ser, inclusive, o valor de mercado do bem arrendado. a) V, V, F b) V, V, V c) V, F, V d) V, F, F e) F, V, F

02. As operações de arrendamento mercantil (leasing) podem ser classificadas nas modalidades operacional e financeiro. A esse respeito, julgue as assertivas, indicando a incorreta:

a. o contrato de leasing operacional é formalizado entre o produtor dos bens (arrendador) e seus usuários (arrendatários), ficando sempre sobre a responsabilidade do arrendador a manutenção do bem.

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b. no leasing financeiro, via de regra, o prazo de contrato se aproxima do período de vida útil do bem.

c. a operação de leasing apresenta benefícios fiscais tanto para a arrendadora quanto para a arrendatária.

d. pelo COSIF, a contabilização do bem objeto do leasing financeiro é feita no Ativo Permanente da arrendadora.

e. o mecanismo de superveniência/insuficiência da depreciação ajusta o valor contábil do contrato de leasing ao seu valor presente.

03. A forma de contabilização do arrendamento mercantil no Brasil está mais relacionada com os aspectos jurídicos da operação – considera a propriedade formal do bem (arrendador) – em detrimento à essência econômica (financiamento). Ainda em relação ao tema, julgue os itens a seguir, indicando a falsa:

a. As normas contábeis internacionais e americanas relativas ao leasing não são similares à regulamentação contábil brasileira constante do COSIF.

b. A classificação do leasing em operacional ou financeiro orienta os procedimentos de contabilização.

c. No Brasil, as sociedades de arrendamento mercantil e todos os bancos múltiplos podem realizar operações de leasing.

d. O valor residual garantido (VRG) representa o valor do bem ao final do contrato de leasing.

e. O subarrendamento, pela norma brasileira, envolve uma empresa estrangeira. 04. (BCB – 2005 – FCC) O Banco Múltiplo LSG realiza, dentre outras operações de crédito, arrendamento de veículos a terceiros, sob a modalidade de Leasing Financeiro. É correto afirmar que os bens objetos do arrendamento a terceiros deve ser contabilizado na Instituição Financeira: a) no Ativo Realizável a Longo Prazo. b) no Ativo Imobilizado. c) no Ativo Circulante. d) no Ativo Circulante e no Realizável a Longo Prazo, de acordo com os prazos das parcelas que faltam a receber. e) somente em notas explicativas, pois este bem pertence à arrendatária e, portanto, não pertence à arrendadora.

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05. (- Adaptada de vários concursos) O leasing, também denominado arrendamento mercantil, é uma operação em que o proprietário (arrendador, empresa de arrendamento mercantil) de bem móvel ou imóvel cede a terceiro (arrendatário, cliente, comprador) o uso desse bem por prazo determinado, recebendo em troca uma contraprestação.

O leasing financeiro se assemelha a um financiamento que utiliza o bem como garantia e que possa ser amortizado em determinado número de prestações periódicas, cujos valores são acrescidos de um residual garantido e de um valor devido pela opção de compra. A respeito de leasing, julgue os seguintes itens, indicando a assertiva correta.

a. O contrato de leasing tem prazo mínimo definido pelo BACEN, não sendo possível a quitação da operação antes desse prazo. O direito à opção pela compra do bem só é adquirido ao final do prazo de arrendamento. Por isso, em nenhum caso, o cliente pode quitar o bem antecipadamente ou transferir os direitos e obrigações a terceiros.

b. Além do ISS, incidem sobre as operações de leasing o imposto sobre operações de crédito, câmbio e seguros, ou relativas a títulos ou valores mobiliários (IOF). c. No leasing operacional, o prazo mínimo de contrato é de noventa dias.

d. O prazo mínimo de arrendamento financeiro é de três anos para bens com vida útil de até cinco anos e de três anos para os demais.

e. As sociedades de arrendamento mercantil nasceram do reconhecimento de que o lucro de uma atividade produtiva só pode advir da propriedade de um bem e não de sua utilização.

06. (CEF – 2004 – Fundação Carlos Chagas) O princípio básico que norteia uma operação de leasing é o de que o lucro na produção de bens e serviços, não se origina no fato de que, quem os produz, tenha a propriedade das máquinas e equipamentos necessários para produzi-los, mas, sim, da forma como elas são utilizadas na sua produção. Das afirmativas abaixo considera-se verdadeira:

a) A operação de leasing operacional é menos onerosa para o arrendatário porque as prestações não amortizam o bem; caso o arrendatário queira adquirir o bem terá que negociar com a empresa de leasing, e a aquisição, se houver, será feita pelo valor de mercado.

b) O contrato de arrendamento mercantil, que estabelece as condições da operação de leasing e os direitos/obrigações de arrendador e arrendatário é

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simples e sem nenhuma peculiaridade, dispensando até mesmo exigência de garantias.

c) Lease-back é uma operação de arrendamento mercantil praticada no mercado em que a empresa tomadora de recursos é proprietária de, um bem e o arrenda para a sociedade de leasing.

d) Leasing operacional é a operação, regida por contrato, praticada diretamente entre o produtor de bens (arrendatário) e seus usuários (arrendador), podendo o arrendador ficar responsável pela manutenção do bem arrendado ou por qualquer tipo de assistência técnica que seja necessária para seu perfeito funcionamento.

e) Leasing financeiro é uma operação de financiamento sob a forma de locação particular, de médio a longo prazo, com base em um contrato, de bens móveis ou imóveis, onde não há necessidade de intervenção de uma empresa arrendadora.

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Gabarito e Comentários

01. Resposta correta: letra ‘b’.

02. Resposta correta: letra ‘a’. A responsabilidade pela manutenção do bem pode ser do arrendador ou do arrendatário no leasing operacional. O contrato irá especificar sobre quem recairá tal responsabilidade.

03. Resposta correta: letra ‘c’. Somente os bancos múltiplos com carteira de arrendamento mercantil podem realizar operações de leasing.

04. Resposta correta: letra ‘b’. Pelo Cosif, o bem objeto de contrato de arrendamento mercantil, seja financeiro, seja operacional, será sempre registrado pela instituição financeira arrendadora em seus Ativo Permanente Imobilizado.

05. Resposta correta: letra ‘c’. A assertiva ‘a’ é incorreta pois o prazo da operação de leasing é definido pela regulamentação oriunda do Conselho Monetário Nacional – é uma resolução. O Bacen apenas faz a divulgação. Ademais, a regra não define que o direito à opção de compra só pode ser adquirido ao final do prazo de arrendamento. Por fim, é possível a quitação antecipada do bem observado, no entanto, os prazos mínimos. A assertiva ‘b’ é incorreta, haja vista que o IOF não incide sobre as operações de leasing. A assertiva ‘d’ não é verdadeira uma vez que o prazo mínimo do arrendamento financeiro para bens com vida úitl de até cinco anos é de 2 anos. A assertiva ‘e” também não é verdadeira porque as empresas de leasing surgiram em função do fato de que o lucro de uma atividade produtiva pode advir da utilização de um bem sem a necessidade de existência da propriedade legal sobre o mesmo. 06. Resposta correta: letra ‘a’. A assertiva ‘b’ é incorreta pois o contrato de arrendamento mercantil deve observar diversas condições da regulamentação. Portanto, não pode ser simples. A assertiva ‘c’ é incorreta, haja vista que no lease back a empresa proprietária de um bem o vende para uma arrendadora e em seguida faz um leasing desse bem com esta, assumindo a posição de arrendatária. A assertiva ‘d’ não é verdadeira uma vez que no leasing operacional o arrendador é o proprietário do bem, não sendo necessariamente seu produtor. A assertiva ‘e” também não é verdadeira porque as operações de leasing financeiro sempre tem a interveniência de uma empresa arrendadora. .

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Curso Online – Contabilidade de Instituições Financeiras - BACEN Teoria e Exercícios Prof. Jaildo Lima

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REFERÊNCIAS

BACEN. Resolução CMN no 2.309, de 1996. Disponível no site http://www.bcb.gov.br/pre/normativos/res/1996/pdf/res_2309_v4_P.pdf. Acesso em março de 2011.

BACEN. Plano Contábil das Instituições do Sistema Financeiro Nacional - COSIF. Disponível no site http://www4.bcb.gov.br/NXT/gateway.dll?f=templates&fn=default.htm&vid=nmsDenorCosif:idvDenorCosif. Acesso em março de 2011.

NIYAMA , J. K.; GOMES, A. L. O. Contabilidade de Instituições Financeiras. 2a. ed. São Paulo, Atlas, 2002.