contos e lendas... com histórias

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ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA E GESTÃO DE FELGUEIRAS Recolha de textos tradicionais 2011 CONTOS E LENDAS COM HISTÓRIA

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Textos produzidos pelos formandos na Acção“ O CONTO TRADICIONAL NO JI E NO 1o CICLO” Organização: José Alves Barroco e José Carvalho de Sousa2011 ESTG de Felgueiras

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Page 1: Contos e Lendas... Com Histórias

 

 

 

ESCOLA  SUPERIOR  DE  TECNOLOGIA  E  GESTÃO  DE  FELGUEIRAS  

                                                                                                                                                                               Recolha  de  textos  tradicionais    

2011   CONTOS  E  LENDAS  COM  HISTÓRIA    

Page 2: Contos e Lendas... Com Histórias

 

 

 

                                                                                     COMPOSIÇÃO:    Escola  Superior  de  Tecnologia  e  Gestão  de  Felgueiras  

Casa  do  Curral  

Rua  do  Curral,  Margaride  

4610-­‐156  FELGUEIRAS  

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Com Histórias    

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Recolha de textos tradicionais    

 

 

 

 

Textos  produzidos  pelos  formandos  na  Acção    O  CONTO  TRADICIONAL  NO  JI  E  NO  1º    

Organização:  José  Alves  Barroco  e  José  Carvalho  de  Sousa    

2011  ESTG  de  Felgueiras  

Page 4: Contos e Lendas... Com Histórias

 

 

 

 

 

TÍTULO:  

 

Recolha  de  Contos  Tradicionais  

ORIENTAÇÃO:  

José  Alves  Barroco  e  José  Carvalho  de  Sousa  

TEXTOS:  

 

ILUSTRAÇÕES:  

Alunos  dos  formandos  

SUPERVISÃO:  

Gabinete  de  Formação  Contínua  da  ESTG  de  Felgueiras  

ARRANJO  GRÁFICO:  

Escola  Superior  de  Tecnologia  e  Gestão  de  Felgueiras  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

EDIÇÃO:  

Escola  Superior  de  Tecnologia  e  Gestão  de  Felgueiras  

Casa  do  Curral  

Rua  do  Curral,  Margaride  

4610-­‐156  FELGUEIRAS  

 

Maio  de  2011  

 

Page 5: Contos e Lendas... Com Histórias

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O   mundo   conheceu   nos   últimos   anos   um   desenvolvimento   tecnológico   e  

científico   que   não   encontra   paralelo   noutra   época   da   História.   Grande   parte   desse  

desenvolvimento  assentou  nas  novas   tecnologias  da   informação  e  comunicação  e  na  

sua  massificação,  de  que  se  destaca  a  democratização  da  internet  que  permitiu  que  a  

globalização,  de  forma  impetuosa,  se  impusesse  a  todos.  A  ubiquidade  parece  que  de  

modo   paulatino   vai   deixando   de   ser   uma   característica   do   transcendente   para   se  

converter   numa   competência   humana,   pois   as   TIC   tornam   presente   os   que   estão  

distantes  fisicamente.  

Com  o  proliferar  das  novas  tecnologias  e  do  seu  livre  acesso,  o  homem  sente-­‐se  

o  senhor  do  mundo,  pois  tudo  está  ao  alcance  de  um  simples  clic.  Em  casa,  no  carro,  

na  praia  ou  na  montanha  as  tecnologias  permitem-­‐nos  quase  tudo.  Assim,  neste  ponto  

do   desenvolvimento   humano,   falar   de   contos   tradicionais   parece   no   mínimo  

extemporâneo.   É   algo   em   que   ninguém   acredita,   pois   não   passam   de   histórias.   No  

entanto,   são   histórias   que   fazem   sonhar   e   que   nos   transportam   para   um   tempo  

distante  e  de  magia  em  que  tudo  era  possível.    

À   fada  basta  pronunciar  um  conjunto  de  palavras  e  a   realidade  circundante  do  

herói  ou  da  heroína,  que  crê  nos  poderes  mágicos,  é  transformada.  A  criança  acredita  

nas   fadas,  apesar  de  viver   rodeada  de   tecnologia.  O  adulto  desliga-­‐se  do  mundo  em  

que  vive  para  se  deixar  levar  pela  história  de  príncipes  e  de  princesas  que  são  vítimas  

dos   infortúnios  da  vida  ou  da  malvadez  dos  homens,  mas  que  sabe  de  antemão  que  

triunfarão  com  a  ajuda  de  um  ser  maravilhoso  ou  mesmo  humano.  A  criança  identifica-­‐

se  com  o  herói  e  adulto  compreende  o  valor  das  relações  interpessoais  e  da  amizade.    

Assim,   passados   tantos   anos   desde   que   surgiram   na   memória   dos   homens   e  

através  dela  passando  de  geração  em  geração  até  à   sua   recolha,  o   conto   tradicional  

continua   a   desempenhar   um   papel   importante   na   educação   das   crianças   porque  

permite  incutir-­‐lhes  os  valores  em  que  assenta  a  sociedade  em  que  vivemos.    

Page 6: Contos e Lendas... Com Histórias

 

 

 

Neste  sentido,  não  podíamos  desprezar  o  conto  tradicional  pois  ele  constitui-­‐se  

por   si   mesmo   como   um   recurso   pedagógico   que   permite   diversificar   as   actividades  

desenvolvidas  nas  salas  dos  jardins-­‐de-­‐infância  e  nas  salas  de  aula  do  1º  ciclo  do  ensino  

básico.   Foi   este   conceito   que   esteve   na   génese   da   Acção   de   formação   «O   conto  

tradicional  no  JI  e  no  1º  ciclo».  

Nesta  acção  demos  a  conhecer  aos  formandos  o  mundo  da  literatura  de  tradição  

oral  através  da  abordagem  do  conto  tradicional.  Para  se  conseguir  tal  intento,  durante  

as  sessões   foram  abordadas   temáticas  como  o  mito  e  as  suas   relações   com  o  conto.  

Fez-­‐se  uma  breve   incursão   sobre   as   diferentes   teorias   da   origem  dos   contos,   pois  o  

relevo  foi  dado  aos  diferentes  modelos  de  leitura  e  análise.  A  tradição  portuguesa  não  

foi  esquecida,  pois  foram  valorizadas  as  colectâneas  de  contos  populares  portugueses  

em  detrimento  dos  contos  «clássicos».  

Por  fim,  foi  dada  primazia  às  novas  tecnologias  da  informação  e  comunicação  na  

abordagem   do   conto,   pois   não   são   antagónicos.   As   TIC   são   uma   ferramenta   que  

permitem   actualizar   o   suporte   de   fixação   do   conto   tradicional.   Por   conseguinte,   foi  

pedido  aos  formandos  que  fizessem  uma  recolha  de  textos  da  tradição  oral  da  região  

de  cada  um  e  que,  após  a  sua  transcrição,  construíssem  um  e-­‐book  para  o  utilizarem  

como   ferramenta  de  diversificação   das   suas   actividades   lectivas   e   de   reutilização  do  

conto.    

 

 

 

 

 

 

 

Os  formadores  

José  Alves  Barrôco  

José  Carvalho  de  Sousa  

 

 

 

Page 7: Contos e Lendas... Com Histórias

 

 

 

 

 

 

 

A Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Felgueiras, do Instituto

Politécnico do Porto (ESTGF.IPP), tem por missão proporcionar formação de

nível superior, com especial relevo para o desenvolvimento socioeconómico da

região onde está inserida Vale do Sousa e Baixo Tâmega.

Na prossecução desta missão foi criado o Gabinete de Formação Contínua, no

âmbito do qual foram estabelecidos protocolos e parcerias com diversas

instituições de ensino da região.

Pretende-se com estas parcerias o benefício mútuo das instituições, quer ao

serviço das populações que em conjunto servem, quer dos profissionais que

nelas trabalham. Temos a certeza que assim aconteceu, mais uma vez, com a

O Conto Tradicional no JI e no 1.º Ciclo

de Escolas D. Manuel Faria e Sousa, Felgueiras.

Aos professores e aos formandos do curso endereçamos os nossos parabéns

pelo trabalho realizado, cujo sucesso pode ser aferido pelo prazer da leitura

desta singela publicação.

Luís da Costa Lima (Presidente ESTGF)

 

 

 

Page 8: Contos e Lendas... Com Histórias

 

 

 

O  CONTO  TRADICIONAL  NO  JI  E  NO  1º  CICLO  

Trabalhos  no  Myebook    

 

Nome Nome do Trabalho http://www.myebook.com/index.php?option=ebook

&id=

Alcina da Conceição Rodrigues Tradições - Canções Tradicionais 75004

Ana Maria Oliveira Ribeiro Criação do Mundo 74743

Ana Paula Bessa da Silva Lenda dos Sete Cruzeiros 74611

Ana Raquel Leite Cibrão A Lenda das Andorinhas 74602

Célia Patrícia Carvalho da Costa Dias Lendas e Orações da Minha Avó 74603

Eduarda Assunção Ribeiro Sampaio Lenda - Lenda da Vila da Sertã 74598 Elvira da Glória Costa Moreira Teles Sampaio O Rei à Procura da Felicidade 74616 / 74156

Emília Amélia Gomes Cochat Responso a Santo António 76816

Eugénia Clara Ferreira de Magalhães Lenda de São Gonçalo - S. Gonçalo vai à Feira 74605

Fausto Alberto Pereira Quintas Orações - O Penedo da Moura 74608 / 74745

Francisco José Pereira Gonçalves Uma História do Concelho de Vinhais 73915

Graça Maria Martins Rodrigues A lenda das Amendoeiras em Flor no Algarve 74350

Heliana Alexandra Sousa Silva Joaquina - Música Tradicional 74591 Ilda Maria Marinho Moreira Teles Braga Lenda de São Martinho 77612

Maria Alice Oliveira Lopes Lenda das Pegadas de São Gonçalo de Amarante 74410

Maria Amélia Brochado Marinho da Cruz A Raposa e o Lobo 74713 Maria da Conceição Fernandes Videira A Segada 74606 Maria de Lurdes de Sousa Ferreira Souto Lenda da Senhora da Aparecida 76436

Maria Elisabete Rodrigues Morais Lenda da Porca de Murça 74628

Maria Gil Pavão Gabriel Tradições - Encomendar as Almas 74612

Maria Rosa Maia Pereira de Carvalho Os Cães da Lixa 74150

Mariana Fernandes Brás A Aventura do Espantalho Firmino 77737

Sara Cristina Fernandes Ribeiro Com Fafe Ninguém Fanfe 79892

Susana Maria de Oliveira Sampaio 74599

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Os  Formandos  

 

Alcina  da  Conceição  Rodrigues  

Ana  Maria  Oliveira  Ribeiro  

Ana  Paula  Bessa  da  Silva  

Ana  Raquel  Leite  Cibrão  

Célia  Patrícia  Carvalho  da  Costa  Dias  

Eduarda  Assunção  Ribeiro  Sampaio  

Elvira  da  Glória  Costa  Moreira  Teles  Sampaio  

 Emília  Amélia  Gomes  Cochat  

Eugénia  Clara  Ferreira  de  Magalhães  

Fausto  Alberto  Pereira  Quintas  

Francisco  José  Pereira  Gonçalves  

Graça  Maria  Martins  Rodrigues  

Heliana  Alexandra  Sousa  Silva  

Ilda  Maria  Marinho  Moreira  Teles  Braga  

Maria  Alice  Oliveira  Lopes  

Maria  Amélia  Brochado  Marinho  da  Cruz  

Maria  da  Conceição  Fernandes  Videira  

Maria  de  Lurdes  de  Sousa  Ferreira  Souto  

Maria  Elisabete  Rodrigues  Morais  

Maria  Gil  Pavão  Gabriel  

Maria  Rosa  Maia  Pereira  de  Carvalho  

Mariana  Fernandes  Brás  

Sara  Cristina  Fernandes  Ribeiro  

Susana  Maria  de  Oliveira  Sampaio  

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10  

 

   

 

 

 

O  Conto  

 

O  

Conto  

                   Contou  

                                             E  

                                                   

 

Contou  

                     Na  Humildade  

                     Da  Origem  

                     Em    

                       

 

Encantou  

                       

                     Numa  Folha  Anónima,  Entoada  

                     Narrada  no  Papel  da  Vida.  

 

 

Que  consigo  traz:  

                                                   O  Caminho  

                                                   O  Tempo  

                                                   A  Imaginação  

                                                   A  Transmissão  Oral  

                                                   De  Geração  

                                                                                         Em  GERAÇÃO.  

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A  LENDA  DAS  ANDORINHAS  

Foi  assim  que  nasceram  as  andorinhas  e  a  sua   lenda.  Conta  a   lenda  que,  num  campo  de  Nazaré,  cheio  da  luz  do  sol,  o  Menino  Jesus  brincava  muito  entretido,  amassando  barro,  fazendo  com  ele  passarinhos  de  asas  abertas  que  ia  colocando  no  chão.    

De   repente,   passou   por   ali   um   homem   mau,   que   tentou   esmagar   os  passarinhos  de  barro  com  os  pés.    

                                                                                                                             O  Menino   Jesus,   ficou  muito   aflito   e   batendo  palmas   com  as   suas  mãos  pequeninas   fez  voar  para  muito   longe  aquelas  avezinhas  que,  com  tanto  carinho  moldara.    

Page 12: Contos e Lendas... Com Histórias

 

 

12  

 

   Um  dia,  vieram  poisar  sobre  o  beiral  da  casa  onde  vivia  Jesus,  e,  do  barro  de  que  foram  feitas,  construíram  o  seu  primeiro  ninho.  

                                                                                                                                                                                           Conta   a   lenda   também  que,   quando   Jesus   foi   crucificado,   as   andorinhas  foram   rodeá-­‐lo   e   com   os   seus   pequeninos   bicos   tiraram-­‐lhe   a   coroa   de  espinhos  que  tanto  magoavam  a  Sua  cabeça.    

   Perante   tanto   sofrimento,   as   suas   asas   cobriram-­‐se   de   luto   e   assim  permaneceram  para  sempre.    

 .

Ilustração: Alunos do 4º ano do CEL  

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13  

 O  LOBO  

 

Certo  dia,  três  senhores  caminhavam  numa  estrada  perto  de  um  monte.  A  

certa   altura,   encontraram   um   lobo  morto.   Então,   resolveram   dizer   uma  

frase   a   respeito   daquele   lobo.   Quem   dissesse   a   melhor   frase,   teria   um  

almoço  pago  pelos  outros  dois.  

Um  dos  homens  disse:  

-­‐    andou,  tudo  comeu  e  nada  pagou.  

O  outro  homem  afirmou:  

-­‐

 

Foi  a  vez  do  terceiro  homem  proferir  a  sua  frase:  

-­‐

 

Qual  dos  três  homens  teria  apresentado  a  melhor  frase  sobre  o  lobo?  Não  

sabiam.   Por   isso,   resolveram   procurar   um   advogado,   para   que   este   os  

ajudasse  a  encontrar  uma  solução.  No  entanto,  também  o  advogado  ficou  

aflito,  pois  não  conseguia  encontrar  uma  solução  para  este  problema.  E,  

foi  consultar  os  seus  livros  na  tentativa  de  encontrar  uma  resposta.  

O  advogado  disse  que  estava  difícil  encontrar  uma  solução,  mas,  depois  de  

tanto  procurar,  acabou  por  encontrar  uma  solução  para  o  caso.  

-­‐  De  facto,  -­‐  disse  o  advogado  -­‐  o  almoço  pagam  vocês  os  três  e  comemos  

nós  os  quatro.  

     

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O  BARQUEIRO  

 

 

Há  muitos  anos,  havia  um  homem  que  tinha  um  barco  e  levava  as  pessoas  

de  um  lado  do  rio  para  o  outro.  Era  um  barqueiro.  

Um  dia,  chegaram  perto  desse  barqueiro  dois  intelectuais  que  pediram  ao  

barqueiro  se  lhes  dava  um  passeio  no  mar.  O  barqueiro  lá  os  levou.  

A  dada  altura,  um  deles  pergunta  ao  barqueiro:  

-­‐  

-­‐  Não.  Não  conheço  nada.  Sou  um  pobre  barqueiro.  

-­‐Então,  devo  dizer-­‐lhe  que  perdeu  metade  da  sua  vida.  

Continuaram  a  viagem  e  o  outro  passageiro  interpelou  o  barqueiro:  

-­‐O   senhor,   conhece  alguma  coisa   sobre  a  América?  Sabe  como  é  que  as  

coisas  funcionam  lá?  

-­‐Não.  Não  conheço  nada.  Sou  um  pobre  barqueiro.  

-­‐Então,  o  senhor  perdeu  metade  da  sua  vida.  

A  viagem  prosseguiu  e,  a  dada  altura,  o  mar  começou  a  ficar  muito  forte,  

muito  bravo,   revolto.  O  barco  começou  a  balançar.  O  barqueiro  virou-­‐se  

para  os  dois  intelectuais  e  perguntou-­‐lhes:  

-­‐Os  senhores  sabem  nadar?  

Eles  responderam:  

-­‐Não,  não  sabemos.  

-­‐Então,  perderam  a  vossa  vida  toda.  

     

Page 15: Contos e Lendas... Com Histórias

 

 

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ORAÇÃO  A  SANTA  BÁRBARA    (para  afastar  a  trovoada)      

 

Se  vestiu  e  se  calçou  

E  o  seu  caminho,  caminhou.  

O  Senhor  a  encontrou  

E  lhe  perguntou:  

-­‐Bárbara  onde  vais?  

Ela  respondeu:  

-­‐Senhor  vou  ao  céu  

Abrandar  a  trovoada,  que  anda  muito  brava.  

O  Senhor  disse-­‐lhe:  

-­‐  Vai  Bárbara,  vai  degradar  a  trovoada  

para  o  monte  maninho,  onde  não  haja  pão  nem  vinho,  

 

 

 

 

TALHAR  O  MEDO  DE  ANDAR  DOS  BEBÉS      Ao  meio  dia  dizer  a  oração,  várias  vezes,  com  o  bebé  agarrado  pelas  mãos.  

 

 

Assim  como  o  Santíssimo  meio-­‐dia  está  a  dar,  tire  o  medo  a  este  menino  

e  ponha-­‐o  a  andar  

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16  

 LENDA  DE  SANTA  BÁRBARA  

   

 Conta  a  lenda  que  Bárbara,  filha  de  um  homem  rico,  foi  aprisionada  numa  torre  por  seu  próprio  pai,  que  receava  que  a  extrema  beleza  de  sua  filha  fascinasse  pretendentes   inadequados.   Encerrada,  Bárbara   converteu-­‐se   à  fé   cristã  e  escapou.   Foi,  no  entanto,  detida,   julgada  e   castigada  à  morte.    No  momento  em  que  o  pai,  com  a  espada,  lhe  cortava  a  cabeça,  um  raio  atingiu-­‐o.  Desde  esse  dia,  o   raio  tornou-­‐se  o  elemento  de  devoção  desta  santa.  Santa  Bárbara  é  protetora  daqueles  que  manobram  armas  de  fogo.    EM   DIA   DE   TROVOADA   É   COSTUME   O   POVO   CRENTE   DIRIGIR   A   SANTA  BÁRBARA  O  SEGUINTE  PEDIDO:  

 

Santa  Bárbara  pequenina  Se  vestiu  e  se  calçou,  O  Senhor  lhe  perguntou: -­‐  Onde  vais,  Bárbara?                                                                                             -­‐  Vou  ao  céu Abrandar  a  trovoada Que  anda  muito  abastada.

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17  

-­‐  Vai,  vai  Bárbara. Bota  pró  monte  Maninho, Onde  não  haja  pão  nem  vinho, Nem  bafo  de  menino, Nem  gente  da  Cristandade. Valha-­‐nos  as  três  pessoas Da  Santíssima  Trindade.  

 

LENDA  DE  SANTO  ONOFRE  

 Segundo  o   relato  de  um  seu  aluno,  que  o  encontrou  no  deserto  egípcio,  Onofre  era  monge  num  mosteiro  nas  proximidades  de  Tebas  (uma  cidade  do  Antigo  Egito),  de  onde  ele  saiu  para  viver  uma  vida  de  eremita.  Durante  60   a   70   anos,   Onofre   viveu   sozinho   no   deserto   e   usava   como   vestuário  apenas  o  seu  cabelo,  barbas  e  uma  espécie  de  calça  feita  de  folhas. Santo  Onofre  é  considerado  o  padroeiro  da  fortuna  (sorte).    PARA  PEDIR  QUE  HAJA  SEMPRE  PÃO,  CASA  E  DINHEIRO  PARA  DISTRIBUIR          

 

     Milagroso  Santo  Onofre,   Que  ao  Monte  Tabor  subiste;   De  heras  verdes  te  vestiste,   Da  Santíssima  Trindade  chamaste, Três  desejos  lhe  pediste.

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18  

Jesus  Cristo  te  apareceu: -­‐  Que  queres  meu  filho   e  servo  meu? -­‐  Pão  para  comer,  Casa  para  habitar  E  dinheiro  para  dar  aos  infelizes   Que  de  mim  se  lembrarem.  

 ORAÇÃO  AO  ANJINHO  DA  GUARDA      PARA  PEDIR  PROTEÇÃO  CONTRA  TODOS  OS  MALES  E  INIMIGOS:      Anjinho  da  guarda

Semelhança  do  Senhor

Foste  prá  mim  toda  a  vida

Haveis  de  ser  meu  emparador.

Diz  o  Anjo  Bendito

Por  vós  bem-­‐fazer

Do  laço  do  inimigo

Me  haveis  de  defender.

Meu  Senhor  todo-­‐poderoso

Filho  da  Virgem  Maria

Guardai-­‐me  hoje  nesta  noite  

E  toda  a  minha  vida.

Meu  coração  não  fique  preso,

Minha  alma  não  fique  perdida.

Jesus,  Ave-­‐maria.

  (No  final  desta  oração  reza-­‐se  a  Ave  Maria

Page 19: Contos e Lendas... Com Histórias

 

 

19  

   O  REI  À  PROCURA  DA  FELICIDADE  

 

 

Era  uma  vez  um  rei  que  andava  à  procura  da   felicidade  e  resolveu  

andar  pelo  mundo  à  procura  dela.  Viajou  por  muitas  terras  e  passou  por  

muitos  lavradores.  Perguntou  a  cada  lavrador:  

-­‐  És  feliz?    

Respondiam:    

-­‐  Não!  Não  sou  feliz.    

Todos  respondiam  que  não  eram  felizes.    

 

 

Um  dia,  ouviu  um  lavrador  no  meio  do  campo  a  cavar  e  a  cantar.  O  

rei  dirigiu-­‐se  a  ele  e  perguntou-­‐lhe:  

   És  feliz?    

 

 

E  o  homem  respondeu:  

-­‐  Sim,  sou  feliz.    

Então,  o  rei  diz-­‐lhe:  

-­‐  Dá-­‐me  a  tua  camisa?    

O  homem  respondeu-­‐lhe:  

   Ó  Senhor,  a  minha  camisa?  Foi  coisa  que  nunca  tive,  e  sou  feliz!  

Page 20: Contos e Lendas... Com Histórias

 

 

20  

ORAÇÃO  A  SÃO  SEBASTIÃO  

 

Ó  meu  S.  Sebastião  bendito  

Bendito  seja  o  teu  nome,  

Livrai-­‐nos  da  peste  e  guerra  

Livrai-­‐nos  também  da  fome.  

 

S.  Sebastião  bendito  

S.  Sebastião  sagrado,  

Livrai-­‐nos  da  peste  e  guerra  

Do  que  sois  advogado.  

 

S.  Sebastião  bendito  

Bendito  sempre  sejais,  

No  céu  por  todos  os  anjos  

Na  terra  pelos  mortais  

 

 

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21  

O  REI  E  OS  SEUS  CONSELHEIROS  

 

Era  uma  vez  um  rei  que  andava  a  passear  com  os  seus  conselheiros  e  chegou  a  um  local  onde  encontrou  um  senhor  idoso  e  disse-­‐lhe:    

-­‐  Muita  neve  vai  na  serra!    E  o  lavrador  respondeu-­‐lhe:    -­‐  Já  senhor  é  tempo  dela.    Os   conselheiros   ficaram   admirados   porque   era   Verão   (não   havia  

neve).  Então  o  rei  perguntou-­‐lhe:      Quantas  vezes  te  ardeu  a  casa?    -­‐  Já  senhor  por  duas  vezes.  (lavrador)  -­‐  E  quantas  contas  de  ser  depenado?  (rei)  -­‐  Ainda  me  faltam  três  vezes!  (lavrador)  -­‐  Pois  então,  se  cá  vierem  três  patos  depena-­‐os  tu.  (rei)  Respondeu  o  homem:  -­‐  Depenarei  real  senhor,  já  que  assim  o  manda.  (lavrador)  O  rei  disse  aos  conselheiros:  -­‐   Quero   que   me   expliquem   a   conversa   que   tive   com   o   lavrador,  

senão  mando-­‐vos  matar!  Os   conselheiros   vieram   ter   com   o   lavrador   e   deram-­‐lhe   muito  

dinheiro   para   ele   lhes   explicar   a   conversa   que   teve   com   o   rei.   Então,   o  lavrador  explicou-­‐lhes:    

-­‐  sinal  que  tenho  o  cab

s.  (Quem  casa  -­‐

vocês,  que  me  tinham  de  pagar  quanto  eu  quisesse  para  eu  lhes  explicar  a  conversa,  senão  o  rei  mandaria  matar-­‐vos.  

 

 

 

 

 

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ORAÇÃO  A  SÃO  BARTOLOMEU  

 

S.  Bartolomeu  diz  que  me  deite  eu,  

Que  não  tenha  medo  nem  a  bombas  nem  a  tombas  

Nem  a  coisas  de  más  sombras.  

 

 

Se  o  pesadelo  me  vier  pesar,  

Que  o  mande  contar  as  areias  ao  mar.  

Depois  delas  contadas  que  se  deixe  lá  estar.  

 

 

 

 

 

 

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23  

SÃO  PEDRO,  O  SENHOR  E  A  FERRADURA  

  Era   uma   vez   o   Senhor   que   andava   pelo  mundo   a   passear   com   S.  

Pedro.  Num  certo  dia  chegou  a  uma  povoação  e  o  Senhor  viu  no  chão  uma  

ferradura  de  um  cavalo.  Dirigiu-­‐se  para  S.  Pedro  e  disse-­‐lhe:  

-­‐  Pedro,  olha  aquela  ferradura  e  apanha-­‐a.    

S.  Pedro  virou-­‐se  para  o  Senhor  e  disse-­‐lhe:    

-­‐  Ó  Senhor  vou  tão  cansado,  custa-­‐me  tanto  a  baixar.    

O  Senhor  baixou-­‐se  e  apanhou-­‐a.  Chegou  ao  primeiro   ferreiro  que  

encontrou   e   vendeu-­‐a   por   uns   reais.   Na   primeira   loja   que   encontrou  

c

cair  ao  chão  uma  cereja  de  cada  vez.  

S.  Pedro  apanhava-­‐a  e  dizia:    

-­‐Que  fresquinha!    

O   Senhor   de   vez   em   quando   deixava   as   cair   até   ficar   sem  

nenhuma.  Quando  já  não  tinha  nenhuma  cereja,  o  Senhor  virou-­‐se  para  S.  

Pedro  e  disse-­‐lhe:    

-­‐  Ó  Pedro  não  te  quises-­‐te  baixar  uma  só  vez  por  uma  ferradura  que  

te  mandei  apanhar  e  olha  as  vezes  que  te  baixas-­‐te  pelas  cerejas.  

(Moral   da   história,   nunca   devemos   ter   preguiça   para   fazer   os   trabalhos  

que  nos  mandam).  

 

 

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O  DIABO  E  O  SENHOR  

Era  uma  vez  um  diabo  que  andava  pelo  mundo  e  cortava  as  árvores  

todas   porque   queria   chegar   ao   céu,   para   fazer  mal   ao   Senhor.   Quantas  

árvores  existiam  cortou-­‐as   todas  e  colocou-­‐as  umas  em  cima  das  outras.  

Faltava-­‐lhe  uma  para  chegar  ao  céu  e  então  disse:    

-­‐  Ó  Senhor  falta-­‐me  apenas  uma  árvore  para  chegar  junto  de  vós.  

E  o  Senhor  respondeu-­‐lhe:    

-­‐  Tira-­‐a  do  fundo  e  coloca-­‐a  no  cimo.    

As   árvores   caíram   todas   por   cima   dele   e   o   Senhor   ficou   a   rir-­‐se.  

Queria  aproximar-­‐se  do  Senhor  e  não  conseguiu.  

 

 

 

 

 

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A  VELHA  PREGUIÇOSA  

 

Era   uma   vez   uma   velha   muito   preguiçosa.   Deitava-­‐se   na   cama   e  

morria  de  frio.  Como  sabia  tecer  dizia:  

-­‐    

Vinha  a  manhã  com  um  sol  radioso  e  ela  ficava  ao  sol  e  dizia:    

-­‐  Estende-­‐te  aqui  minha  perna,  nem  qual  manta  nem  qual  nada.    

E,  assim  sucederam-­‐se  dias  e  noites  até  que  a  velha  morreu  de  frio.    

 

Moral   da   história     para   não   trabalhar,   pois   sabia   tecer,   preferiu  

morrer  ao  frio.  A  preguiça  não  ajuda  ninguém.  

 

   

 

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26  

 

  Antigamente   Figueiró   possuía   terras   que   hoje   pertencem   a   outras  

freguesias   nomeadamente   Santa   Cristina,   mas   também   possui  

actualmente  terras  que  outrora  pertenciam  a  outras  freguesias.  

  Existe  até  um  

Conta-­‐se  que  antigamente  se  faziam  procissões  de  Figueiró  a  Santa  

Cristina  e  vice-­‐  versa,  mas  para  que  a  Santa  ao  entrar  na   igreja  de  Santa  

Cristina  tivesse  direito  a  sair  teria  de  entrar  de  traseiras.  Como  o  povo  de  

Figueiró   e   o   de   Santa   Cristina   não   se   entendiam   bem,   aproveitaram   o  

facto  da  Santa  numa  dessas  procissões  ter  entrado  virada  para  a  frente  e  

então   nunca   mais   a   deixaram   sair   de   lá,   ficando   Santa   Cristina   a   ser  

também  uma  freguesia  independente  de  Figueiró  (Santiago).  

(Os  Santos  quando  iam  em  procissão  a  outra  freguesia  tinham  que  

entrar  na  Igreja  de  costas  voltadas  para  o  altar  senão  não  tinham  direito  a  

sair.)  

 

 

 

 

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27  

Responso  a  Santo  António          

Faz-­‐se  o  sinal  da  cruz  e  diz-­‐se:  

 

Quem  milagres  quer  achar  

Contra  os  males  e  o  demónio  

Busque  logo  o  Sto.  António  

Que  aí  os  há-­‐de  encontrar.  

Aplaca  o  frio  do  mar    

Os  doentes  torna  sãos    

O  perdido  faz  achar  

E  sem  respeitar  os  anos  

Socorre  a  qualquer  idade  

Abona  esta  verdade  

Todos  os  cidadãos  Padoanos  

E  todos  os  mais  que  o  experimentam.    

 

Glória  ao  Pai  ao  Filho  e  Espírito  Santo  

Assim  como  era  no  princípio  

Agora  e  para  sempre  amén.  

 

A  primeira   vez  diz-­‐se   tudo   até   ao   fim   da  Glória   e   logo   a   seguir   diz-­‐se   a  

partir  de:  

Aplaca  o  frio  do  mar  até  ao  fim  da  Glória.    

A   segunda   vez  diz-­‐se   tudo   até   ao   fim   da  Glória   e   logo   a   seguir   diz-­‐se   a  

partir  de:  

Aplaca  o  frio  do  mar  até  ao  fim  da  Glória.    

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28  

   

A   terceira   vez   diz-­‐se   tudo   até   ao   fim   da   Glória   e   logo   a   seguir   diz-­‐se   a  

partir  de:  

Aplaca  o  frio  do  mar  até  ao  fim  da  Glória.  

 

Só  no  fim  das  três  vezes  é  que  se  reza  esta  oração:  

 

Oremos  ó  Deus  

que  concedeste  a  graça  

ao  vosso  Glorioso  Santo  

de  interceder  em  tantas  necessidades  

Fazei  Senhor  que:  (apareça..........,  sare............,a  tempestade.......)  

Para  honra  e  glória    

Do  vosso  Glorioso  Santo.  

Glória  ao  Pai  ao  Filho  e  Espírito  Santo  

Assim  como  era  no  princípio  

Agora  e  para  sempre  Amén.  

 

Faz-­‐se  o  Sinal  da  Cruz.  

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Talhar  Esipela  (Erisipela)      

Tem  que  ser  três  dias  seguidos    1º  dia    Tem  que  ser  uma  vez  por  dia,  mas  três  vezes  seguidas.  Temos  que   ter  vinte  e  sete  carochas  de  sempre  verde  em  montinhos  de  três  (nove  para  o  1º  dia;  nove  para  o  2º  dia  e  nove  para  o  terceiro  dia).    Sempre   verde   é   o   sabugueiro-­‐são   rebentos   novos   pequenos   do  sabugueiro   e   segundo   reza   a   tradição   no   dia   em   que   lhe   chamarem  

 Sinal  da  Cruz  Pega-­‐se  na  primeira  carocha  de  um  grupo  de  três  e  fazendo  sempre  o  sinal  da  cruz    com  a  carocha    reza-­‐se:    Sempre  verde  em  cruzado  

Nem  foste  metida  nem  semeado  

Com  o  poder  de  Deus,  da  Virgem  Maria,  

S.  Pedro  e  S.  Paulo  e  S.  Silvestre  

Nosso  Senhor  seja  o  Divino  Mestre  

E  tudo  o  que  eu  fizer  tudo  preste.  

 Reza-­‐se   a   seguir:   um   Pai   Nosso   e   uma   Salvé   Rainha   e   pousa-­‐se   a   1ª  carocha.  Reza-­‐se  tudo  de  novo    e  pousa-­‐se  a  2ª  carocha.    Torna-­‐se  a  rezar  tudo  de  novo    e  pousa-­‐se  a  3ª  carocha.  Aqui   termina  o   1º   grupo  de   carochas   (3).  Deve-­‐se   repetir   a  mesma   reza  com  os  outros  2  grupos  do  1º  dia.    No  2º  e  3º  dia  repete-­‐se  a  mesma  coisa.    No   caso   de   ser   urgente   faz-­‐se   tudo   seguido.     As   vinte   e   sete   vezes  seguidas.  

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30  

No  fim  de  se  fazer  a  1ª,  2ª  e  3ª  vez,  queimam-­‐se  os  raminhos    no  fogão  ou  em  lume  que  queime  e  a  cinza  deita-­‐se  num  pouco  de  água  corredia  (ex:  na  banca  e  vai  pelo  esgoto).  

Talhar  o  Fogo  Lobo  

O  que  é  o  Fogo  Lobo?  

Quando   uma  mulher   estava   grávida   e   via   um   incêndio   em   voz   baixa   ou  -­‐rei  o  fogo  surgissem  os  

problemas  na  pele  ao  filho  ou  filha.  Arranjar  3  molhos  com  três  caninhos  cada  de  leitaria  (total  de  9  caninhos  de  leitaria  que  são  leitugas  que  dão  uma  flor  amarela  e  quando  se  cortam  deitam  um  líquido  branco  da  cor  do  leite).  Depois  tem  que  preparar  numa  tijela  o  seguinte:    um  pouco  de  água  fria,  3  pedrinhas  de  sal  grosso  de  cozinha  e  3  pingas  de  azeite.    

1º  Dia  

Sinal  da  Cruz  

Molha  a  1ª  leitaria  na  água  e  vai  fazendo  o  sinal  da  cruz  sobre  a  pele  que  parece  queimada  enquanto  diz  a  reza.    

Reza-­‐se:  

Elisa  tinha  um  menino  que  no  fogo  ardia.  Pegou  nele  ao  colo  e  foi  para  o  

monte  de  Alvuria.  Perguntou  à  Virgem  Maria  ao  seu  menino  o  que  fazia.  

Vai   para   casa   Elisa   curar   o   teu   menino   com   três   caninhos   de   leitaria  

(leitugas),  um  pouco  de  água  fria,  3  pedrinhas  de  sal,  3  pingas  de  azeite  

que  o  teu  menino  jamais  sofreria.  

Pelo  poder  de  Deus  e  da  Virgem  Maria,  S.  Pedro,  S.  Paulo  e  S.  Silvestre,  

tudo  o  que  eu  fizer,  tudo  te  preste.  

 

Pousa  a  1ª  leitaria  para  o  lado.  

Sinal  da  Cruz  

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31  

 

Faz  a  2ª  reza  e  pousa  2ª  leitaria  para  o  lado.  

Sinal  da  Cruz  

Faz  a  3ª  reza  e  pousa  3ª  leitaria  para  o  lado.    

 

No  fim  de  fazer  isto  três  vezes  diz  uma  Salvé  Rainha  e  faz  o  Sinal  da  Cruz.  

 

Queimam-­‐se  as   três   leiteiras  em   lume  que  queime  e  as  cinzas  deitam-­‐se  na  água  corredia  (ex:  na  banca  da  cozinha).    

2º  Dia  

Repete-­‐se  tudo  o  que  foi  dito  antes.  

 

3º  Dia  

Torna-­‐se  a  repetir  tudo  o  que  foi  dito  antes.  

 

Atenção:  Não  convém  tomar  banho  nos  três  dias  em  que  se  faz  o  talhar.  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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32  

 

A  LENDA  DE  SÃO  GONÇALO  

 Era  uma  vez  um  casal  que  tinha  um  filho  chamado  Gonçalo.

 

Um  dia  o  pai  e  a  mãe  foram  para  a  feira  e  deixaram  o  Gonçalo  a  guardar  o  milho  que  estava  na  eira,  para  que  os  passarinhos  não  o  comessem.

 

Mas  a  certa  altura  o  Gonçalo  disse:  

-­‐  Não!  Também  vou  à  feira.  

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33  

Então  caçou  os  passarinhos  todos,  meteu-­‐os  dentro  do  beiral  e  pôs-­‐lhes  uma  grade  na  frente.  E  lá  foi  para  a  feira,  ao  encontro  dos  pais.    

 

Quando  chegou  à  feira,  os  pais  deram  com  ele  e  perguntaram-­‐lhe:  

-­‐  Ó  Gonçalo,  então  que  vai  ser  do  nosso  milho?  Estás  aqui  na  feira  e  os  passarinhos  na  eira  a  comerem  o  nosso  milho?  

-­‐  Ó  meu  pai,  ó  minha  mãe,  cacei  os  passarinhos  todos  e  meti-­‐os  no  beiral,  depois,  pus  uma  grade  na  frente  e  eles  ficaram  lá  presos.  

-­‐Ó  meu  filho,  deus  me  livre!  Uma  grade?    

-­‐E  para  atravessares  para  aqui  o  que  fizeste?  

 

 

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34  

-­‐Ó  minha  mãe!  Deitei  o  casaco  no  rio,  pus-­‐me  em  cima  dele  e  aqui  estou.    

-­‐Não  pode  ser!  Mas  vamos  já  para  casa.  

Quando  chegaram  a  casa,  o  pai  e  a  mãe,  viram  que  realmente  os  passarinhos  estavam  presos  no  beiral,  com  a  grade  na  frente.

 

A  mãe  que  já  tinha  sentido  que  o  seu  filho  tinha  um  dom  especial,  viu  nesse  dia,  que  realmente  Gonçalo  era  santo.    

Ilustrada  por:  Inês  Pinto  

 

 

 

 

 

 

 

 

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Medicina  doméstica  

 

Laranja  

Sumo  de  laranja  verde  é  usado  para  as  frieiras,  chegando  mesmo  a  cura-­‐

las.  

 

Folha  de  marmeleiro  

O  chá  de  folha  de  marmeleiro  é  usado  para  tratar  da  ureia.    

 

Pinheiro  (caruma)  

Banho  com  água  em  que  se  ferveu  a  caruma  verde  é  bom  para  curar  as  

hemorróides.  

 

Cebola    

A  casca  seca  de  cebola  é  usada  para  fazer  chá  para  o  estômago.  

 

Cereja    

Chá  de  carolos  de  cereja  para  tratar  infecções  urinárias.    

 

 

 

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Cantigas  populares  

 

Tia  padeira  

A  minha  tia  padeira,  

Anda  na  praça  a  vender,  

Vende  pão  e  vende  tudo  

E  tudo  é  de  comer,  

 

A  minha  tia  padeira  

 

Ela  é  uma  grande  feiticeira.  

 

Menina  da  poupa  alta  

Menina  da  poupa  alta  

 Quem  a  há-­‐de  rebaixar  

Ó  menina  erga  a  poupa,  

Erga  a  poupa  lá  p´ro  ar  

 

Menina  da  poupa  alta  

Siga  o  caminho  da  rusga  (bis)  

 

 

Agora  anda  na  moda  

Poupa  alta  e  saia  curta  (bis).  

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O  PENEDO  DA  MOURA  

 

Na   encosta   poente   do   Monte   do   Castelo   junto   da   aldeia,   existe   um  

penedo  muito  especial  designado  por   ,  cuja  história  

se  perde  no  tempo  e  no  espaço.  

 

Desse  penedo  se  conta  a  seguinte  lenda  

 

 

Quando  os  mouros  habitaram  nesta  região,  tinham  o  seu  castelo  no  lugar  

de  Alfala,  no  cimo  do  Monte  do  Castelo  e  eram  comandados  pelo  temível  

chefe  Almadu.  

Senhor   duma   vasta   área   de   terrenos   (A   Moirama   do   Castelo),   que   se  

estendia   desde   a   encosta   norte   do  monte  Almari   até   às  margens   do   rio  

Alvize.  

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38  

 Da  sua  vasta  família  fazia  parte  Aldina,  a  filha  mais  nova  e  o  encanto  dos  

mouriscos.  

Todos   os   dias,   Aldina   saía   da  moirama   acompanhada   pelas   aias   para   se  

banhar  na  margem  esquerda  do  rio.  

Na   margem   direita   ficavam   as   terras   pertencentes   ao   conde   Mendes,  

inimigo   dos   mouros   e   que   nunca   lhe   dava   tréguas   para   os   expulsar   da  

região.  

O   filho   mais   novo   dum   dos   rendeiros   do   condado,   de   nome   Ramiro,  

rapagão  vivaço  e  astuto,  fingia  não  se  aperceber  da  presença  da  filha  do  

chefe  mouro  até  ao  rio,  continuando  o  seu  trabalho  nos  campos,  embora  

sorrateiro  a  fosse  espreitar.  

Aldina  a  quem  o  pai   lhe  chamava   ,  desde   logo  se  apercebeu  da  

sua  presença,  tendo  ficado  encantada  com  ele,  depressa  se  enamorou.  

Um   dia   em   que   o   pai   se   teve   de   ausentar   por   vários   dias,   resolveu  

atravessar   a   nado   o   rio   e   ir   ter   com   ele,   pedindo   às   suas   aias   que   não  

contassem  nada  a  ninguém.  

E   assim  durante  muito   tempo,   sempre  que   se  pai   tinha  que   sair   com  os  

seus  guerreiros,  Ramiro  e  Aldina  se  encontravam,  umas  vezes  na  margem  

esquerda  e  outras  na  margem  direita.  

 

Certo   dia   o   pai   regressou   mais   cedo   e   chegado   ao   castelo   não   a  

encontrando,  foi  ter  com  ela  ao  rio.  Quando  se  aproximava,  uma  das  suas  

aias  apercebendo  -­‐se  da  sua  chegada,  foi  logo  a  correr  avisá-­‐la.  

Page 39: Contos e Lendas... Com Histórias

 

 

39  

Ramiro   nunca   nadou   tão   depressa   na   sua   vida.   Num   abrir   e   fechar   de  

olhos  pôs-­‐se  na  outra  margem.  

Quando   Almadu   chegou,   logo   se   apercebeu   que   algo   de   estranho   se  

estava  a  passar.  

No  regresso  ao  castelo,  proibiu  a  filha  de  ir  com  as  suas  aias  banhar-­‐se  ao  

rio,  enquanto  estivesse  ausente.  

Ela  bem  insistiu  mas  a  resposta  foi  a  mesma.  

-­‐  Enquanto  eu  cá  não  estiver,  não  vais.  

Perante   esta   ordem,   Aldina   bem   tentou   arranjar   argumentos,   mas   a  

resposta  foi  sempre  a  mesma.  

-­‐  Só  podes  ir,  quando  eu  estiver  no  castelo.  

Ramiro  ficou  muito  admirado  com  a  ausência  da  amada,  mas  pensava  que  

se  encontrava  doente.  

Aldina  nos  primeiros  dias  nem  se  quer  saía  do  castelo,  mas  depois  pensou  

que  ao  menos  podia  avistar  do  penedo  o  seu  amado.  

Para   lá  se  dirigiu  acompanhada  das  aias  e  ao  avistá-­‐lo   ficou  banhada  em  

lágrimas.  As  aias  ainda  tentavam  consolá-­‐la  mas  de  nada  valia.  

Numa  das  ausências  do  pai,  arranjou  que  uma  das   suas  aias   fosse  avisar  

Ramiro  do  que  se  estava  a  suceder.  

Conhecedor   bem   do   terreno   onde   se   encontrava   o   penedo,   Ramiro  

conseguiu  passar  as  linhas  defensivas  dos  mouros  e  ir  ter  com  ela.  Aldina  

nem  queria  acreditar  no  que  os  seus  olhos  viam.  

Assim  continuaram  de  novo  os  encontros  secretos.  

Certo   dia,   Ramiro   ouviu   aos   homens   do   conde  Mendes   dizer   que   iriam  

expulsar  os  mouros  de  Alfala.  

Nessa  noite  atravessou  o  rio  e  dirigiu-­‐  se  ao  castelo  tendo  sido  aprisionado  

pelos  mouros.  

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40  

 

Quando   ia   ser   levado   à   presença   do   chefe   Almadu,   Aldina   soube   do  

sucedido,  sentiu  que  o  seu  amado  corria  perigo  de  morte  e  foi  junto  do  pai  

contar  toda  a  verdade  e  pedir  clemência.  

O  pai   ficou  abismado  com  o  que  a   filha   lhe   contara,  mas  não   teve  pena  

dele  e  mandou-­‐o  matar.  

Ainda  a  ordem  estava  a   ser   dada  quando  o   conde  Mendes   com  os   seus  

homens   tomavam   de   assalto   o   castelo   e   a   debandada   era   grande   por  

parte  dos  mouros.  

Ramiro  ainda  tentou  encontrar  a  sua  amada,  mas  não  conseguiu.  

Perante   aquela   situação   de   desvastação   e   pranto,   resolveu   ir   até   ao  

penedo  lamentar  o  sucedido.  

Quando  se  encostou  ao  penedo,  ouviu  do  seu  interior  saírem  murmúrios  

de  dor.  

Numa  primeira  audição  sentiu  medo,  depois  voltou  a  colocar  o  ouvido  e  

escutou  a  voz  da  sua  amada  a  dizer:  

-­‐  Estarei  sempre  aqui  contigo,  nunca  te  abandonarei.  

E  assim  sucedeu  desde  aquele  dia  até  hoje.  

Do  Ramiro  nada  mais  se  sabe.  

 

Page 41: Contos e Lendas... Com Histórias

 

 

41  

 

 

Mas   a  partir   daí   os  novos  habitantes  da   aldeia   começaram  a   chamar   ao  

penedo   .  

Quem  duvidar  pode  ir  até  lá,  colocar  o  ouvido  no  penedo  e  escutar  a  voz  

da  Aldina  

 

 

Desenho:  Filomena  Camoesas  

Fotografias:  Alunos  da  EB  1  do  Seixo,  Penacova,  Felgueiras    

 

 

 

 

 

 

 

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42  

 

Oração  a  Santa  Bárbara  

-­‐  

 

Oração:  

Santa  Bárbara  se  vestiu  e  se  calçou,  por  esse  caminho  andou  e  o  Senhor  

lhe  perguntou:  

-­‐  Bárbara,  onde  vais?  

-­‐  Senhor,  vou  ver  se  abrando  as  trovoadas,  que  no  céu  andam  armadas  e  

levá-­‐las   para   o  monte   de  maninho,   onde   não   haja   pão   nem   vinho,   nem  

bafinho  de  menino,  nem  gente  de  cristandade.    

Valha-­‐nos  Deus  e  a  Santíssima  Trindade.  

 

Reza-­‐se  o  Pai  Nosso,  Avé  Maria  e  Glória  

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43  

Oração  a  Santo  Onofre  

-­‐  

 

Oração:  

Santo  Onofre   se   vestiu   e   se   calçou,   as   suas   santas  mãos   lavou,   por   esse  

caminho  andou  e  o  Senhor  lhe  perguntou:  

-­‐  Onofre,  onde  vais?  

-­‐  Senhor,  vou  ver  se  encontro  casa  para  viver,  pão  para  comer  e  dinheiro  

para  gastar.    

-­‐  Onofre,  torna  atrás,  que  lá  encontrarás,  casa  para  viver,  pão  para  comer,  

dinheiro  para  gastar  e  de  quem  teu  nome  se  lembrar.  

 

Reza-­‐se  o  Pai  Nosso,  Avé  Maria  e  Glória  

Page 44: Contos e Lendas... Com Histórias

 

 

44  

Responso  a  São  Tomás  de  Vila  Nova    

 

 

 

Pedido:  

 

São  Tomás  de  Vila  Nova,   que   foste  bispo  e  arcebispo,   fazei   que  apareça  

(dizer  o  que  se  quer  que  apareça)  pelas  cinco  chagas  de  Cristo.  

 

Repetir  a  oração  três  vezes  

Rezar  o  Pai  Nosso,  Avé  Maria  e  Glória  

 

 

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45  

Lenda  das  amendoeiras  em  flor  do  Algarve  

 

Sei  uma  lenda  do  Algarve,  que  gosto  muito,  uma  lenda  antiga  e  o  porquê  

de  se  plantarem  as  amendoeiras  no  Algarve.  

 

 

 

Era   um   rei  Moiro,  moreno,   alto,   de   olhos   negros,  muito   bonito,   que   se  

enamorou  perdidamente  por  uma  princesa  do  norte,  dos  países  frios.  

 

Gabando-­‐lhe   tanto   as   belezas   do   seu   Algarve,   que   tinha   as   areias   loiras  

como  os  cabelos  dela,  o  céu  era  tão  azul  como  os  seus  olhos,  era  quente  e  

ardente  e  tinha  paisagens  encantadoras,  além  de  um  belo  mar;  disse-­‐lhe  

coisas  maravilhosas,  e  tão  apaixonado  estava,  que  a  princesa  enamorou-­‐

se  também  do  rei  Moiro.    

Page 46: Contos e Lendas... Com Histórias

 

 

46  

 

Casaram  e  vieram  viver  para  o  Algarve.  

 

 

Eram  muito  felizes  até  que  passado  uns  anos,  a  princesa  começou  a  ficar  

triste.   O   rei   não   sabia   porquê  mas   o   seu   amor   era   tão   grande   que   ele  

começou   a   adivinhar   o  motivo   da   tristeza   dela.   A   saudade  da   neve,   dos  

países  do  norte,  onde  ela  tinha  nascido.  

 

 

A   princesa   continuava   cada   vez  mais   triste   até   que   adoeceu.   Ele   já   não  

sabia   o   que   havia   de   fazer,   lembrou-­‐

artimanhas,   as   artes,   as   maravilhas   que   pode   fazer   o   amor,   não   é?!   A  

paixão   que   ele   tinha   pela   princesa   e   o  medo   de   a   perder,   fez   com   que  

mandasse  plantar  os  grandes  amendoais  pelo  Algarve  fora.    

Page 47: Contos e Lendas... Com Histórias

 

 

47  

 

 

Quando  as   amendoeiras   floriram,  pegou  na  princesa,  muito  doente,   nos  

braços  e  trouxe-­‐a  à  varanda  dizendo:  

-­‐  

maravilhada,   que   sorriu   pela   primeira   vez   depois   de   tanto   tempo.   E  

melhorou!  E  então  foi  um  milagre,  um  milagre  de  amor.  É  por  este  motivo  

que  há  os  grandes  amendoais  do  Algarve.  

E      e  esta  é  

uma   delas.   Aquele   grande   amor   fez   transformar   em   neve   um   sítio  

 

 Ilustradores:  Turma  do  JI  de  Vilarinho,  Vila  Caíz,  Amarante  

                                   

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48  

 

 

 

Histórias  do  Avô  

 

Eu  tinha  um  avô  maravilhoso  que  era  lavrador,  ia  de  manhã  cedo  lavrar  a  terra  e  quando  o   sol   rompia  na  Serra  da  estrela,  que  era  uma  paisagem  deslumbrante   do   nosso   quintal,   ele   que   todos   os   dias   a   via,   comovia-­‐se  sempre.  E  em  lágrimas  tirava  o  chapéu  da  cabeça  e  fazia  uma  saudação  ao  sol.  Eu  ficava,  pequenina,  encantada  a  ver  aquilo,  achava  lindo,  ele  era  um  poeta,  um   lavrador  poeta,  um  pouco   ilustrado  porque  ele  gostava  muito  de  ler.  Ainda  me  recordo  das  palavras  que  ele  dizia,  não  de  todas,  quando  nascia   o   sol   na  montanha  

,  depois  continuava  mas  eu   já  não  me  recordo  porque  era  muito  pequenina,  mas  achava   isto   tão   lindo,   ficava   sempre   maravilhada   pois   adorava   aquele  velhinho  santo,  que  era  a  coisa  mais   linda  que  eu   tive  na  minha  vida  de  criança.  Em  sendo  dez  horas  ele  punha  a  semente  à  terra,  achava  que  aquela  era  a  hora   certa   para   o   fazer.   Respeitava   muito   a   Natureza   e   ensinava-­‐me   a  respeitá-­‐la  e  a  amá-­‐la,  a  ver  as  belas  noites  de  luar,  a  amar  as  árvores  em  flor,  as  árvores  com  os  seus  frutos.  Mostrava-­‐me  o  valor  enorme  que  tem  a  Natureza,  eu  habituei-­‐me  com  ele  a  amá-­‐la  profundamente.  As   sementes   também  eram   lançadas   à   terra   consoante  as   luas,   isso  não  me  recordo,  só  sei  que  umas  coisas  eram  semeadas  na   lua  cheia,  outras  no   quarto   crescente,   outras   no   quarto   minguante   e   as   pessoas   davam  muita  atenção  àquilo,  principalmente  o  meu  avô  e  eu  achava  muita  piada  àquilo,   só  que  ele   infelizmente   faltou-­‐me  demasiado   cedo  e  eu  não   tive  tempo  de  aprender  toda  a  sabedoria  que  ele  tinha,  que  era  muito  grande  e  ainda  hoje  amo  esse  velhinho  e  o  venero  como  se  fosse  um  deus.  

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49  

Lenda  de  São  Martinho    (padroeiro  da  freguesia  de  Mancelos)    

 

Há  muitos  séculos  atrás  seguia  estrada  fora  um  mendigo.  Este  homem  era  

muito  pobre  por   isso  estava  quase  nú  apesar  do  frio  e  chuva  que  estava  

nesse  dia.    

 

 

 

De  repente  aparece  um  homem  montado  num  belo  cavalo  pois  tratava-­‐se  

de  um  homem  de  grandes  recursos  e  de  nome  Martinho.    

 

 

Page 50: Contos e Lendas... Com Histórias

 

 

50  

Ao  aproximar-­‐se  do  mendigo  Deus  tocou-­‐lhe  no  coração  e  este  teve  

compaixão  do  mendigo.    

Desce  do  cavalo,  dirigiu-­‐lhe  a  palavra  e  vestiu-­‐o  com  a  própria  capa.    

 

 

A  partir  desse  momento  sol  brilhou  e  a  chuva  parou.    

 

 

Ainda  hoje  se  diz  (durante  o  mês  de  Novembro)  chegou  o  Verão  de  S.  

Martinho,  mas  esta  frase  baseia-­‐se  na  boa  atitude.    

 

Ilustrações:  Crianças  do  JI  de  Felgueiras  (sala  amarela)  

 

 

 

Page 51: Contos e Lendas... Com Histórias

 

 

51  

Lenda  de  Santa  Cristina    

 

 

Conta  a  lenda  de  Santa  Cristina  que:    

Santa   Cristina   e   São  Tiago   são   irmãos,   a   sua  nacionalidade   é   espanhola.  

Vieram  da  Galiza  no  tempo  da  Guerra  e  ficaram  em  Figueiró.    

Por  tradição  emprestavam  o  andor  à  freguesia  vizinha.  O  andor  de  Santa  

Cristina  entrava  de  costas,  reza  a  lenda  para  ela  regressar  a  casa.    

Um  certo  dia  por  engano  ou  manhosice  das  pessoas  entraram  com  a  Santa  

Cristina  de  frente,  que  foi  para  ela  entrar  e  não  mais  sair.    

E   assim   ficou   as   duas   freguesias   vizinhas   divididas.   Figueiró   Santiago   e  

Figueiró   Santa   Cristina   contam   os   antigos   que   as   pessoas   diziam   que   a  

Santa  Cristina  foi  roubada,  até  havia  uma  certa  rivalidade  e  inveja.  

 

 

Page 52: Contos e Lendas... Com Histórias

 

 

52  

 

Encomendar  as  Almas  

               

 

 

 

 

 

 

 

 

                                                                                                                                                                                           

Acorda  ó  pecador  

Desse  sono  em  que  estais  

As  almas  se  estão  queixando  

Que  delas  vos  não  lembrais.  

 

Lembrai-­‐vos  agora  delas    

Com  um  pai-­‐nosso  e  uma  avé  Maria  

A  virgem  nossa  senhora  

Vá  na  nossa  companhia.  

Page 53: Contos e Lendas... Com Histórias

 

 

53  

 

Rezemos  um  padre-­‐nosso    

Ao  biato  Santo  António  

Que  nos  livre  as  nossas  almas  

Da  tentação  do  demónio.    

 

 

À  porta  das  almas  santas  

Bate  deus  a  toda  a  hora  

As  almas  lhe  estão  queixando  

Ó  meu  deus  que  quereis  agora.  

 

Page 54: Contos e Lendas... Com Histórias

 

 

54  

Vós  que  estais  nas  vossas  camas  

Dormindo  e  descansando  

Ficai-­‐vos  com  Jesus  Cristo    

Que  eu  com  Deus  me  vou  andando.  

 

 

 

 

O  porquê  de  Encomendar  as  Almas    

Encomendar  as  Almas  nas  Sextas-­‐feiras  da  Quaresma  é  pelos  sacrifícios  da  

morte  de  Cristo,  em  lugares  estratégicos  (largos,  encruzilhadas  e  pontos  

altos).  

 

 

Trabalho  realizado  na  Freguesia  de  Ligares,  Concelho  de  Freixo  de  

Espada  à  Cinta,  Distrito  de  Bragança.  

 

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55  

OS  CÃES  DA  LIXA  

 

 

Sobre  o  apodo  de  Cães  da  Lixa,  muito  se  tem  falado,  mas  há  duas  versões  para  justificar  tal  facto:  

 

-­‐  A  primeira  é  que  na  Lixa,  dantes  chamada  Serra  Lisa,  apenas  existia,  uma  casa,  cujo  dono  tinha  vários  cães.    

 

Os  viandantes,   idos  de  Guimarães  ou  outras   terras  para  Trás-­‐os-­‐Montes,  ou  vice-­‐versa,  necessariamente  tinham  que  passar  pela  Serra  Lisa.    

 

 

Então,  os  ditos  cães  atacavam-­‐nos,   ladrando  e  mordendo,  se  o  seu  dono  os  não  acalmasse.  Daí  a  repugnância  do  povo,  pelos  cães  da  Lisa!!!  

 

Page 56: Contos e Lendas... Com Histórias

 

 

56  

E   quando   alguém   sabia   que   um   seu   familiar   ou   amigo   vinha   para   estes    

 

 

Porém   com   o   decorrer   do   tempo,   estes   cães   (animais)   foram-­‐se    

 

Como  se  pode  constatar,  os  cães  da  Lixa  são  ordeiros  e  bastante  unidos,  desde  que  não  lhe    

 

 

 

 

 

Adaptado  do  livro:  Cidade  Lixa  de  ontem  e  hoje  2000  

Ilustração:  Crianças  de  5  anos  do  Jardim  de  Infância  de  Felgueiras  (Sala  Azul)  

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Conta  a  minha  avó...  

 Um  dia,  um  pai  resolveu  oferecer  um  presente  a  cada  um  dos  seus  três  filhos.  

A  um  deu  um  anel.    

 

 

A  outro  uns  brincos.    

 

 

A  outro  uns  sapatos.    

 

 

olha  ali  um  bicho  

 

 

O  que  rece eu  não  o  vejo  

 

 

eu  que  o  mato  

 

 

E  cada  um  à  sua  maneira  exibia  a  sua  vaidade.  

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58  

   

 

Ao  encontrar  um  grupo  de  pessoas  que  pouco  faziam,  dizia-­‐se:  

Três  e  um  burro  andam  bem.  

Um  carrega.    

Outro  tem  mão.  

O  outro  olha  se  vai  bem.  

 

Serra-­‐se  a  velha    

E  o  velhão    

E  ao  António  mete-­‐se  o  serrão.  (expressão  para  fazer  troça  de  alguém)  

 

Pico,  pico  já  piquei  

Grãos  de  milhinho  achei  

Deitei-­‐os  a  moer    

Para  os  meus  pitinhos  comer.  (rima)    

 

Milhãos  ao  penedo  e  à  nogueira,  

Pão  e   vinho  à   igreja.   (expressão  utilizada  para   afastar   as   ervas  daninhas  das  searas  e  das  vinhas,  uma  vez  que  era  necessário  proteger  as  vinhas  e  as   searas  pois,  era  com  os  produtos  que  daí  provinham  que  se  pagavam    as  rendas).    

 

Sola,  sapato  da  Rainha  

Foi  ao  mar  buscar  sardinha,  

Para  o  filho  de  Dom  Luís    

Que  está  preso  pelo  nariz.    (rima)      

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Lenda  de  São  Roque  

 

 

adoeceu  e  foi-­‐se  meter  numa  mina  onde  mais  tarde  um  cão  deu  com  ele  e  

começou-­‐lhe  a  lamber  as  feridas.  Depois  foi  a  casa  do  dono  e  todos  os  dias  

lhe   levava   um   pão   para   ele   comer.   Os   donos   davam   falta   do   pão   e  

começaram   a   seguir   o   cão.   Eles   deram   com   o   S.   Roque   numa   mina   e  

levaram-­‐no  para  casa  e  curaram  o  S.  Roque.  Depois  ele  sarou  e  continuou  

a  curar  as  doenças  do  povo  onde  Deus  ficou  muito  contente  com  a  acção  

que  ele  fez  e  tornou-­‐o  Santo.  Onde  agora  se  festeja  a  festa  dele  todos  os  

anos  com  o  cão  ao   lado  dele.  É  um  santo  milagreiro  onde  todos  gostam  

 

 

 

 

 

 

 

 

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60  

 

 

 

Sapo,  sapão  

Cobra  ou  cobrão  

Aranha  ou  aranhão  

Bicho  de  qualquer  nação  

Seco  esmirrado  serás  como  este  carvão.  

 

Depois  de  talhar  mete-­‐  

Page 61: Contos e Lendas... Com Histórias

 

 

61  

 

 

pesada  que  nem   sete   a   levavam.  Encontrou  Santa  Maria  Madalena   com  

um  lencinho  de  cor  na  mão  para  limpar  as  cinco  chagas  ao  nosso  Senhor.  

Nosso  Senhor  lhe  disse:  

-­‐  Trata,  trata  Madalena.  Não  mas  trates  de  limpar.  Isto  são  as  cinco  chagas  

que  por  mim  têm  de  passar.  

Pelo  rio  dá-­‐me  amargura,  pelo  rio  dá-­‐me  tristura.  Quem  disser  esta  oração  

tirará  quatro  almas  do  fogo  em  peno.  Primeiro  será  sua,  segundo  de  seu  

pai,  terceiro  de  sua  mãe,  quarto  de  quem  nosso  Senhor  quiser.  

 

 

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Lenda  de  Santa  Rita  

 

 

ela   pediu   ao   Senhor   que   lhe   arranja-­‐se  um  marido  melhor.   E   depois   ela  

estava  ajoelhada  ao  Senhor  e  disse  ao  Senhor  que  só  queria  saber  as  dores  

que   vós   tiveste   quando   vos   puseram   a   coroa   de   espinhos.   E   o   Senhor  

deixou-­‐lhe  cair  um  (espinho).  (Acentua  a  confirmação  de  que  S.  Rita  possui  

uma   ferida   na   testa,   com   a   senhora,   cunhada,   que   está   a   seu   lado).   E  

depois   ela   queria   ir   comungar   a   Roma  mas   a   ferida   (aponta   para   a   sua  

testa)  cheirava  muito  mal.  

Enquanto  ela  foi  (a  Roma)  sarou  assim  que  veio  voltou  outra  vez  a  abrir  (a  

ferida).  

 Depois   ela   teve   três   filhos   e   ela   disse   a  Deus:   -­‐  

(maus)  que  lhos  leva-­‐ -­‐lhe  um  por  um  e  ela  ficou  sozinha.  E  

depois   foi  quando  ela   foi  para  um  convento.  No   convento   só   lhe  davam  

que  fazer  o  que  as  outras  não  queriam  fazer,  só  lhe  davam  de  comer  o  que  

as  outras  não  queriam  comer.  

(Engana-­‐se  e  volta  a  contar  o  inicio  da  lenda).  

Morreu  que  os  anjos  levaram-­‐  

Page 63: Contos e Lendas... Com Histórias

 

 

63  

Lenda  de  Fafe  

 

 

 

 

 

Contam  as  pessoas  mais  idosas,  que  esta  tradição  surgiu  quando  na  Corte  

do  Reino,  um  Visconde  de  Moreira  de  Rei  se  atrasou  para  uma  sessão  e  ao  

chegar  um  fidalgo  que  assistia  o  insultou,  julgando-­‐o  por  um  vilão.  

No  momento   o   Visconde   ignorou   os   insultos,  mas   no   final   da   sessão,   o  

Fidalgo  continuou  a  censurá-­‐lo,  atirando-­‐lhe  as  luvas  à  cara.  

Então  ajustou-­‐se  um  duelo,  na  qual  o  Visconde  é  que  escolhia  as  armas.  

Marcou-­‐se  a  hora,  o  dia  e  o  local.  

De  acordo  com  o  combinado,  o  Visconde  escolheu  as  armas:  dois  Paus  de  

Marmeleiro.  

 

 

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Visto  que  o  Fidalgo  não  sabia  muito  bem  manejar  o  pau  o  Visconde  deu  a  

primeira  paulada.  

 

 

 

A  população,  vendo  tal  "palhaçada"  pois  o  Fidalgo  limitou-­‐se  a  defender-­‐

se,  o  que  fez  com  que  todos  desatassem  às  gargalhadas,  proclamando:  

 

 

 

 

 

 

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HISTÓRIA  DO  CONCELHO  DE  VINHAIS    

HISTÓRIA DO CONCELHO DE VINHAIS

 

Uma   vez   estava   um   senhor   com   a   machada   a   partir   um   cano   de   um  

castanheiro.  

 

Estava  no  lado  que  o  cano  havia  de  cair.  

 

Passou  outro  senhor  e  diz-­‐lhe  assim:  

-­‐  Então,  não  sabes  que  aí  vais  cair?  Não  podes  estar  desse   lado.  Tens  de  estar  no  outro.  

 

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66  

 

 

O  senhor  caiu  e  ainda  se  feriu  bastante.  

 

Depois  disse:  

-­‐  Ai,  o  senhor  adivinha?  Também  lhe  vou  perguntar  quando  é  que  eu  vou  morrer?  

 

Ele  ia  a  cavalo  de  um  burro  e  disse-­‐    

-­‐lhe:  

-­‐  Meta-­‐lhe  uma  cana,  aí,  no  rabinho  ao  meu  burrinho.  

 

E  ele  meteu-­‐lha.  

 

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67  

Ele  disse  assim:  

-­‐  Quando  o  meu  burro  der  três  estouros  é  quando  o  senhor  vai  morrer.  

 

De  maneira  que  o  burro  deu  um  estouro  e  ele  não  ligou,  deu  outro  e  não  ligou.  

 

Ao  terceiro  foi  a  cana  bateu  na  testa,  tombou-­‐  

Maria  do  Carmo  Pereira    

 

 

 

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A  Lenda  da  Porca  de  Murça  

 

 

Há   muitos   e   muitos   anos   conta   a   lenda   que   no   séc.   VIII   havia   nesta  

povoação  uma  grande  quantidade  de  ursos  e  javalis.  Os  senhores  da  Vila,  

implorados   pelo   povo,   tantas   montarias   fizeram,   que   extinguiram   tão  

daninha  fera,  ou  a  escorraçaram  para  muito  longe.  

         Mas,   entre   esta   multidão   de   quadrúpedes,   havia   uma   porca   (outros  

diziam  ursa)  que  se  tinha  tornado  o  terror  dos  povos,  pela  sua  monstruosa  

corpulência,   pela   sua   ferocidade   que   comia   tudo   o   que   havia   nos  

arredores,  e  por  ser  tão  matreira,  que  nunca  poderia  ter  sido  morta  pelos  

caçadores.    

 

 

 

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69  

 

             Em   775.   o   senhor   de   Murça,   cavaleiro   de   grandes   forças   e   não   de  

menor  coragem,  decidiu  matar  a  dita  porca,  e  tais  manhas  empregou  que  

o  conseguiu;  libertando  a  terra  de  tão  incómodo  hóspede.  

             Em   memória   desta   façanha   construiu-­‐se   tal   um   monumento,  

comprometeram-­‐se,   por   si   e   por   seus   sucessores,   a   darem   ao   senhor   da  

Terra,   em   reconhecimento   de   tão   grande   benefício,   para   ele   e   seus  

herdeiros,   até   ao   fim   do   mundo,   cada   fogo   três   arráteis   de   cera  

anualmente,  sendo  pago  este  foro  mesmo  junto  à  porca.    

 

 

 

 

 

As  pessoas  de  Murça  ainda  hoje  para  elas  é  muito  importante  não  

deixando  sequer  encostar-­‐se  ninguém  a  ela.  

 

 

 

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Joaquina    Música  Popular  

 

 

 

Oh  Joaquininha,    

Oh  Joaquininha    

De  trás  do  mosteiro  

Está  a  pedir  namoro    

Está  a  pedir  namora  a  um  carpinteiro  

 

 

Carpinteiro  não,  carpinteiro  não  

Que  é  tranca  na  porta  

Antes  soldadinho,  antes  soldadinho  

Que  marcha  na  tropa.  

Page 71: Contos e Lendas... Com Histórias

 

 

71  

 

 

Soldadinho  não,  soldadinho  não  

Que  ele  é  mandão  

Antes  padeirinho,  antes  padeirinho    

Que  me  amassa  o  pão.  

 

 

 

Padeirinho  não,  padeirinho  não  

Que  come  o  farelo  

Antes  ferreirinho,  antes  ferreirinho    

Que  bate  o  martelo.  

 

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72  

 

 

Ferreirinho  não  ferreirinho  não  

Queima  muito  o  dedo  

Antes  pedreirinho,  antes  pedreirinho    

Que  racha  o  penedo.  

 

 

 

Pedreirinho  não,  pedreirinho  não  

Que  pica  na  pedra  

Antes  lavrador,  antes  lavrador  

Que  trabalha  a  terra.  

 

 

 

 

 

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73  

Lenda  dos  sete  cruzeiros  

 

           Há  dezenas  de  anos  atrás  havia  uma  tradição,  maldita,  espalhada  por  

Portugal  inteiro.  

 Em  Lustosa  também  acontecia  o  mesmo.  E  era  assim:  

Quando   os   pais   ficavam   velhos,   todos   os   filhos   levavam   o   seu   pai   ao  

monte.   Levando-­‐lhe   uma   manta   e   uma   broa   de   pão.   Eles   ficavam   lá  

abandonados,  no  monte,  até  que  por  fim  acabavam  por  morrer.  

 

 

 

           Ora   um   dia,   um   velho,   decidiu   acabar   com   essa   tradição.   E,   quando  

chegou  a  hora  de  ele  ir  para  o  monte.  O  filho  disse:  

           -­‐  Pai,  tens  aqui  a  tua  manta  e  a  tua  broa  de  pão  e  vamos  para  o  monte.  

               Ele  disse-­‐lhe:    

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74  

           -­‐  Meu   filho,   fica   já   com  metade  da  manta   e  metade  da   broa   de  pão  

porque  os  teus  filhos,  também  te  vão  fazer  igual  a  ti.  

           O  filho,  pensou  duas  vezes  e  não  levou  o  seu  pai  ao  monte  e  tratou-­‐o,  

até  ele  acabar  a  sua  vida.  

 

 

O  pai  como  recompensa  e  porque  tinha  prometido  levantar  sete  cruzeiros.  

E  foi   isso  mesmo  que  fez  (levantou  os  sete  cruzeiros)  que  são,  que  ainda  

hoje  estão  aqui  em  pé,  na  freguesia  de  Lustosa,  concelho  de  Lousada,  que  

são:   lugar   da   Cruz   de   Várzea,   em   S.   Roque,   Pedregal,   Covilhô,   Loureiro,  

Igreja  e  Talhos.  

 

 

 

 

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CANTIGA  A  SANTA  HELENA  

                                                                                                                                   I  

                                                                                             Ó  Helena,  Helena  

                                   Helena  adorada,    

                                   Tu,  na  tua  terra  

                                   Como  eras  chamada?  

                                                                 II  

                                   Eu  na  minha  terra  

                                   era  Helena  fidalga  

                                   e  agora  na  tua  

                                   serei  desgraçada!  

                                                             III  

                                 Pegou  no  alfange  

                                 e  a  mulher  matou    

                                 coberta  de  ramos    

                                 no  monte  a  deixou.  

                                                             IV  

                                 Passado  uns  anos    

                                 ele  por  lá  passou    

                                 coberta  de  rosas    

                                                                                       no  monte  a  encontrou!                    

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76  

 

CANTIGA  DAS  SEGADAS    

                                                                                 O  GAROTO  DA  RUA  

 

                                                                                                                                           I  

                           Vendo  jornais  e  cautelas    

                           Não  tenho  quem  mande  em  mim    

                           Pelas  ruas  e  vielas  

                           Todos  me  encontram  assim.  

                                                               II  

                           Trago  a  farda  esfarrapada    

                           Como  o  rancho  dos  quartéis  

                           E  com  esta  vida  airada    

                           Nunca  me  sujeito  a  leis.  

                                                               III  

                           Sou  um  guarda  atravancado  

                           Nunca  tive  educação    

                           Foi  assim  que  me  criara    

                           Sem  Deus  nem  religião.  

                                                             IV  

                           Não  conheço  pai  nem  mãe  

                           Meu  nome  não  sei  qual  é    

                           Ando  por  toda  a  cidade    

                           Faço  parte  da  ralé.  

 

 

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77  

CANTIGA  DAS  SEGADAS    

                       A  FILHA  DO  RICO  RENDEIRO  

                                                         I  

                         Existe  na  minha  terra    

                     Erguida  no  cimo  da  Serra    

                     Um  moinho  ao  abandono  

                     Foi  por  destino  cruel    

                     O  testemunho  fiel    

                     Do  triste  fim  do  seu  dono.  

 

                                                       II  

                   Seu  dono  amara  outrora    

                   Uma  jovem  encantadora    

                   Filha  de  um  rico  rendeiro    

                   E  o  pai  por  ser  um  cruento    

                   Não  quis  dar  em  casamento  

                   A  filha  ao  pobre  moleiro.  

 

                                                 III  

                   A  jovem  morreu  de  dor  

                   E  o  pobre  louco  de  amor  

                   Ao  ver  morrer  a  donzela  

                   Enforcou-­‐se  no  moinho  

                   Sem  amparo  e  sem  carinho  

                   Beijando  o  retrato  dela.    

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78  

                                                   

                                         

                                           IV  

                   O  moinho  a  cair    

                   De  manhã  se  faz  ouvir    

                   As  aves  em  seus  trinados    

                   E  mesmo  assim  cantando    

                   Parecem  estar  chorando    

                   A  morte  aos  namorados.                                              

 

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79  

CANTIGA  DOS  TOSQUIADORES                                                

                                                         I  

                   Laurindinha  está  na  janela    

                   Na  janela  debruçada    

                   Passa  ali  um  rapaz  novo    

                   Viva  à  minha  namorada    

                                                     II  

                   Viva  à  minha  namorada    

                   Eu  vinha  para  a  namorar    

                   Venho-­‐lhe  pedir  menina    

                   Se  comigo  quer  casar                                            

                                               III  

                   Eu  consigo  não  caso    

                   Que  lhe  não  tenho  amor    

                   Você  é  um  rapaz  novo    

                   Não  sei  o  seu  interior  

 

 IV  

                   Laurindinha  foi  para  o  quintal  

                 O  malvado  foi  atrás  dela    

                 Deito-­‐lhe    as  mãos  à  cintura      

                 E  ao  chão  atirou  com  ela      

                                                       

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80  

                                                   V  

                 Não  me  aperte  a  cintura  

               Que  eu  não  sou  nenhum  anel    

               Não  perde  você  que  é  homem    

               Perco  eu  que  sou  mulher                                      

                                               VI  

                   Dali  foi  para  sua  casa  

                   À  tia  se  foi  gabar    

                   Enganei  a  Laurindinha  

                   Antes  do  galo  cantar.  

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81  

CANTIGA  DA  JUVENTUDE  

(ACÇÃO  CATÓLICA)-­‐1950)  

 

                                                                                                                               I  

                 Foi  cruel  o  meu  destino    

                 Que  eu  fiquei  de  pequenino    

                 Sem  carinho  de  meus  pais    

                 Sou  um  pobre,  um  desgraçado    

                 Que  vivo  abandonado    

                 À  porta  dos  hospitais.    

 

                                                 II        

               Ando  ao  frio  e  ao  vento    

               Passo  noites  ao  relento    

               No  canto  da  rua    

               Até  durmo  ao  orvalho    

               Sem  ter  outro  agasalho    

               A  não  ser  a  luz  da  lua.    

 

                                                 III  

               Como  é  triste  este  mundo    

               A  vida  de  um  vagabundo    

               Que  não  tem  cama  nem  lar    

               Nem  família  nem  abrigo  

               Nem  conforto  de  um  amigo    

               Passando  a  vida  a  chorar    

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82  

 

                                                                                           

                                                                                                         IV  

           Pedi  a  nossa  senhora  

           Que  tem  pena  de  quem  chora    

           Que  tenha  pena  de  mim    

           Sou  um  pobre  um  desgraçado    

           Que  vive  abandonado    

           De  pequeno  sempre  assim  .  

 

 

 

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83  

Dia  de  Reis  em  São  Pedro  dos  Sarracenos    

 

 

Como   passei   alguns   anos   da   minha   infância   em   S.   Pedro,   em   casa   da  

minha  avó  paterna  e  ainda  hoje  a  visito  várias  vezes  pois  tenho  lá  casa  vou  

recordar   alguns   costumes   e   tradições   que   havia   naquela   época   na  

povoação  de  S.  Pedro  de  Sarracenos  nomeadamente  por  ocasião  dos  Reis.  

Naquela  altura  era  hábito  na  terra  pôr  alcunhas  a  todas  as  pessoas  

que   nela   habitassem,   algumas   das   quais   se   transmitem   à   descendência.  

Assim  temos,  o  Jim  Jim,  o  Chouriça,  o  Trinta  Reis,  o  Totinha,  o  Manhanas,  

o  Gordinha,  o  Pão  Mole,  o  Cravinho,  o  Cagato.  

A  festa  dos  reis  era  cheia  de  pitoresco  e  realizava    se  anualmente,  

em  obediência  a  uma  tradição  muito  antiga.  Com  cerca  de  dois  meses  de  

antecedência  

ou  no  seguinte  iam  tirar  a  sorte  ensaiavam  sob  a  orientação  do  Sr.  Manuel  

spectivas  músicas.  

Quando  chegava  o  dia  seis  de  Janeiro  os  pauliteiros  estavam  muito  

bem  ensaiados.  As  raparigas  da  aldeia  enfeitavam-­‐lhes  os  chapéus  de  aba  

larga   que   levavam   no   dia   de   Reis,   durante   as   danças.   Os   chapéus   eram  

enfeitados   com   fitas   de   várias   cores,   cordões   de   ouro   e   ramalhetes   de  

flores.  

Logo   de   manhã   davam   uma   volta   ao   povo   e   à   porta   de   cada  

morador  davam  um  laço.  Dois  homens  vestidos  de  careto  encarregavam-­‐

se  de  tirar  a  esmola  com  que  cada  casa  contribuía  para  a  festa  seguindo  na  

companhia  dos  pauliteiros.  

Page 84: Contos e Lendas... Com Histórias

 

 

84  

É  preciso  dizer  que  os  pauliteiros  no  dia  da  festa  dançavam  ao  som  

de   uma   gaita   de   fole   e   de   um   tambor   tudo   tocado   por   um   homem   o  

tamborileiro  que  vinha  de  uma  aldeia  raiana  espanhola  porque  na  aldeia  

não  havia.  

Ao  mesmo  tempo  outras  pessoas  pediam  castanhas  aos  moradores  

mais  ricos  e  coziam-­‐nas  num  grande  caldeirão  para  depois  serem  comidas  

em  público  e  outras  eram  dadas  às  pessoas  que  não  tinham  podido  estar  

presentes  indo  de  casa  em  casa.  

Ao  meio  dia  celebravam-­‐se  uma  missa  cantada  em  honra  de  Santo  

Estêvão  a  que  ia  muitas  pessoas  e  os  dançantes   iam  cobertos  com  xailes  

de  mulher  e  com  paulitos.  No  fim  da  missa  os  pauliteiros  faziam,  no  cabido  

da   igreja,  um  laço  dedicado  ao  padre  e  por   isso  era  chamado  de   laço  do  

padre.  

Da  música  desta  dança  pouco  me  lembro  mas  consegui  recordar-­‐me  

de  parte  da  letra  que  vou  passar  a  dizer:  

 

Jesus  Cristo  ,  Jesus  mio,  

Criador  Y  Redentor  

De  los  dos  e  de  los  três  

En  nombre  de  Dios  Padre  ámen  

E  de  los  otros  dos  tambien;  

Pesa-­‐me  Señor    

De  todo  el  mu  corazon,  

Adorando  a  Dios  

E  besando  la  tierra,  

Perdonaz-­‐me  Jesus  Cristo  

Daz-­‐me  la  glória  eterna.  

Page 85: Contos e Lendas... Com Histórias

 

 

85  

Depois  o  padre  acompanhado  pelos  membros  da  Junta  de  Freguesia  

e   pelas   pessoas   mais   importantes   da   aldeia   seguiam   acompanhados  

também  pela  massa  do  povo  até  ao  largo  da  povoação  junto  à  capela  de  

S.Caetano.   Aí   sentavam-­‐se   a   uma   mesa   enorme   muitas   pessoas:   à  

cabeceira   o   padre,   à   sua   direita   os   membros   da   Junta   e   à   esquerda   os  

convidados  de  honra  do  povoado.  Era  então  servido  um  almoço  no  fim  do  

qual   o   padre   rezava   umas   orações   para  benzer   a  mesa   e   uns   responsos  

pelas  almas  do  purgatório  e  pelas  obrigações  de  todos  os  presentes.  

Era   nessa   ocasião   que   as   pessoas   zangadas   faziam   as   pazes   e  

ouviam   umas   palavras   dirigidas   aos   desavindos   pelo   senhor   padre.   Esta  

festa   era   muito   conhecida   nas   redondezas   e   era   costume   aparecerem  

pessoas   de   fora   para   assistirem.  Os   pauliteiros   dançavam  no   largo   de   S.  

Caetano  da  parte  de  tarde  e  colocavam  o  chapéu  de  dançantes  na  cabeça  

dos   visitantes   em   sinal   de   respeito.   Este   gesto   costumava   ser   retribuído  

com  uma  quantia  em  dinheiro  que  os  homenageados  pagavam  para  ajuda  

das  despesas.  

 

 

 

 

Page 86: Contos e Lendas... Com Histórias

 

 

86  

  A  Segada    

 

Chamava-­‐se  segada  à  ceifa  dos  cereais.  Tinha  início  nos  começos  de  

Junho  na  parte  sul  do  distrito  de  Bragança  ou  seja  na  região  conhecida  por  

uente 20   de   Junho   em   diante   nas   regiões   do   distrito  

 

Dizi egada  vem  pelo  S.    

Por   este   tempo   os   cereais   encontravam-­‐se   prontos   para   serem  

ceifados.    

A  segada  era  feita  por  segadores,  homens  queimados  pelo  sol  que  

em   grupos   de   dez,   quinze   e   vinte,   chamados   de   camaradas   vinham   das  

ribas  do  Douro  e  de  outros  lugares,  primeiro  para  a  terra  quente  e  depois  

para  o  vale  ou  terra  fria  onde  as  searas  amadurecem  mais  tarde.  O  ceifeiro  

vinha  com  a  intenção  de  amealhar  uns  cobres,  durante  trinta  ou  quarenta  

dias.   A   sua   vestimenta   era   pobre   e   o   físico   mal   cuidado   mas   eram  

exigentes  na  alimentação  e  alguns  patrões  viam-­‐se  em  dificuldades  para  

arranjarem   alimentos   e   bebidas   de   primeira   qualidade.   Cada   um   destes  

homens  ficava  tão  caro  pela  alimentação  como  pelo  salário  em  dinheiro  e  

este  chegava  a  atingir  os  quarenta  escudos.  

O  ceifeiro  era  uma  pessoa  alegre  e  brincalhona.  Cantava,  dançava  e  

espalhava   alegria   a   toda   a   camarada.   A   quem   os   via   de   fora   dava   a  

impressão  que  era  feliz.  

Algumas   vezes   traziam   cantigas   novas   que   a  mocidade   das   terras  

 

Os  segadores  trabalhavam  mais  quando  cantavam  por  essa  razão  os  

patrões  pediam-­‐lhes  para  cantarem  algumas  canções.  

Page 87: Contos e Lendas... Com Histórias

 

 

87  

O  segador  era  um  homem  feliz  que  munido  de  um  saco,  um  bordão,  

de  uma  ceitoura  e  de  um  chapéu  de  palha  andava  de  aldeia  em  aldeia  à  

procura  de  patrão  que  precisasse  de  ceifar  as  searas  amadurecidas.    

E   ia   espalhando   o   seu   pregão  

acrescentava:  Sol  e  vento  que  a  segada  faz-­‐  

E   os   patrões   com  medo   que   viesse   uma   trovoada  o   que   causaria  muito  

prejuízo  para  a  sua  economia  justavam  a  segada.  

O   lavrador   não   podia   suportar   os   encargos   da   segada   desde   que   não  

colhesse   mais   de   cinco   sementes   nas   suas   terras   isto   é   semear   um  

alqueire  e  colher  pelo  menos  seis.  

O  segador  não  queria  saber  de  desgraças:  Estivesse  o  cereal  bom  ou  ruim  

ele  continuava  a  cantar  e  a  andar  de  aldeia  em  aldeia  à  procura  de  patrão  

durante  a  época  das  ceifas.  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Oração  para  talhar  o  coxo  

 

Eu  te  talho  coxo  coxão  

De  aranha  ou  aranhão  

De  sapo  ou  sapão  

De  cobra  ou  cobrão    

De  bicho  de  qualquer  nação    

Eu  te  corto  pela  cabeça  pelo  rabo  e  até  pelo  coração  

Em  louvor  de  São  Ciprião    

Pra  trás  andes  tu    

Pra  diante  não  

Em  louvor  de  São  Silvestre    

Pra  que  tudo  por  mezinha  preste  

 

 

 

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Orações  

 

1.Oração  pronunciada  por  quem  perde  alguma  coisa  e  a  quer  achar.  

 

Responso  a  Santo  António  

Ó   beato   Santo   António,   em   paz   nasceste,   em   Lisboa   vos   criastes,   no  púlpito  onde  o  senhor  pregou,  pregastes  lá,  no  meio  do  caminho  o  vosso  santo  diário,  previstes  o   filho  da  Virgem  Maria,  por  vós  3  vezes  chamou:  António,  António,  António,  volta  atrás  o  perdido  seja  achado,  o  esquecido  seja   lembrado   em   louvor   da   Virgem  Maria   e   de   São   Silvestre   que   esta  oração  me  preste  em   louvor  da  Virgem  Maria,  um  Pai  Nosso  e  uma  Avé    Maria.    

 

2.  Orações  usadas  para  males  de  pele  -­‐  coxos  dos  bichos,  utilizando  uma  faca,  para  fazer  cruzes  no  local  afectado  

 

Oração  do  coxo  de  rata  

Toupa,  toupinha  contigo  me  encontrei  3  porradinhas  te  dei,  arredadeira  te  matei    um  Pai  Nosso  como  Avé  Maria.  

 

Oração  dos  bichos  

 

Eu   te   corto   rata,   ratão,   sapa,   sapão,   cobra,   cobrão,   víbora,   víborão,  salamandra,   salamandrão,   aranha,   aranhão,   alicante,   alicantão,   bicho   de  toda  a  nação,  secos  sejas  como  um  cobrão.  

 

 

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3.  Oração  para  a  dor  de  pernas;  fazem-­‐se  cruzes  com  uma  faca  no  local  da  dor.  

 

Oração  da  ciática  

 

Eu  te  corto  ciática,    

Eu  te  torno  a  recortar.  

Vai-­‐te  pr´as    ondas  do  mar  ,  

Que  este  corpinho  

Te  non  pode  sustentar.  

Em  honra  de  Deus  e  da  Virgem  Maria  

Um  Padre-­‐nosso  e  uma  Ave-­‐maria    

 

 

 

 

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Romance  

 

Em  certa  aldeia  indigente    

Isto  em  tempos  já  passados  

Vivam  muito  santamente  

Dois  velhinhos  bem  casados.  

 

A  mulher  e  o  companheiro  

Diziam  juntos  os  dois:  

-­‐  Se  tu  morreres  primeiro  

Morrerei  logo  depois.  

 

Mas  o  marido  dizia:  

-­‐  Ai  mulher  escuta  bem    

Quando  tu  morreres  um  dia    

No  mesmo  morrerei  eu  também.  

 

Nisto  uma  pancada  forte  

À  porta  se  faz  ouvir.  

 -­‐  Quem  é?  -­‐  perguntam  

-­‐  A  morte,  quero  entrar,  venham  abrir!  

 

-­‐   -­‐  diz  o  marido.  

 -­‐  Como  há-­‐de  isto  agora  ser?  

 -­‐  Tenho  aqui  um  pé  dorido    

Vai  lá  tu  abrir,  mulher.  

 

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Mas  ela  logo  se  queixa    

Valha-­‐me  Nosso  Senhor  

 

Vai  lá  tu  se  faz  favor.  

 

Então  a  morte  enfadada  

Investiu  pelo  postigo  

Entrou  assim  na  pousada  

Levou  os  velhinhos  consigo.  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Poesias  

 

Minha  mãe,  ó  minha  mãe  

Não  se  pode  ser  mulher  

Ser  bonita  agrada  a  todos  

Ser  feia  ninguém  a  quer.  

 

Eu  amar  bem  te  amava  

Sabendo  que  eras  para  mim    

Amar  e  lograr-­‐te  outro  

São  penas  que  não  têm  fim.  

 

O  amor  e  o  dinheiro  

Não  podem  andar  encobertos  

O  dinheiro  é  chocalheiro  

E  o  amor  desinquieto.  

 

O  amor  quando  se  encontra  

 

Sobem  as  coras  ao  rosto  

E  alegra-­‐se  o  coração.  

 

O  amor  quando  se  encontra  

Na  rua  sem  ser  espada  

Sobem  as  coras  ao  rosto  

É  sinal  da  namorada.  

 

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A  RAPOSA  E  O  LOBO  

 

    Era  uma  vez  uma  raposa  que  andava  cheia  de  fome  e  foi  procurar  comida.   Andou,   andou,   andou   e   ao   passar   por   uma   casa   cheirou-­‐lhe   a  arroz  de  frango.  Resolveu  entrar  e  enfiar  a  cabeça  na  panela  onde  comeu  quase  todo  o  arroz.  Ficou  assim  com  a  cabeça  toda  suja.  Quando  apareceu  a   dona   da   casa   deu-­‐lhe   uma   grande   tareia.   A   raposa   fugiu   a   gemer   de  dores.  

O  lobo  perguntou-­‐lhe:  O  que  foi  que  te  aconteceu,  comadre?    

-­‐  Ai  compadre   lobo,  caí  por  uma  borda  abaixo  parti  a  minha  cabecinha  e  até  os  miolos  saíram!  Tenho  tantas  dores  que  nem  posso  andar!    

-­‐  Coitada  de  ti!  Tenho  tanta  pena!      

Põe-­‐te  às  minhas  cavalitas  que  eu  levo-­‐te  a  casa,  disse  o  lobo.    

saltou  para  as  costas  do  lobo.    

Entretanto,  a  raposa  consolada  ia  dizendo:  Ai  que  rico  regalo,  comer  arroz  e  andar  a  cavalo!    

O  lobo  ouvindo  aquilo  perguntou:  Tu  que  dizes  comadre?    

Nada,  nada,  respondeu  ela.  

Tantas   vezes   repetiu   aquilo,   que   o   lobo   zangou-­‐se,   subiu   a   um   grande  penedo  e  atirou  a  raposa  manhosa  por  lá  abaixo.  

 

 

 

 

 

 

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NOVENA  DAS  ALMAS    Quem  quiser  ir  para  o  céu  Venha  comigo  que  eu  vou  Eu  já  tenho  saudades  De  uma  mãe  que  me  criou      Quem  for  devoto  das  almas    não  lhe  perca  a  devoção  Para  que  alcancemos  todos  O  fruto  desta  missão      Avé  Maria,    Maria  José  Salvai  minha  alma  Que  ela  vossa  é      Que  ela  vossa  é  Vossa  há-­‐de  ser  Salvai  minha  alminha  Quando  eu  morrer        Quando  eu  morrer  Quando  eu  faltar  Salvai  a  minha  alminha    para  algum  lugar      Para  bom  lugar  Que  eu  lá  queria  ir  Não  sou  merecedora    de  o  senhor  me  ouvir      nota:  imagem  retirada  de:  

http://umdeusdoimpossivel.blogspot.com/2010/10/almas-­‐do-­‐purgatorio-­‐nossa-­‐missao-­‐as.html    

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SEMANA  SANTA  

 Na   quarta-­‐feira   de  

mãe  não  nos  deixava   fiar,   nem   fiava.  Dizia  que   foi   no  dia   em  que   Judas  fiou   as   cordas   para   prender   nosso   Senhor.   Nessa   noite   tocavam   as  Trindades,  porque  era  quarta-­‐  

Havia   umas   senhoras   velhalto.  Era  no  Forcado,  e   faziam  aí  uma  cruz,   faziam  uma   roda  em   terra  e  metiam-­‐trindades  cantavam:  ó  rezai  rezai,  um  padre-­‐nosso  e  uma  ave-­‐maria  pelas  almas  que  estão  no  fogo  do  purgatório.  Diziam  isto  nove  vezes,  tinham  um  funil  ou  um  corno  para  se  ouvir  na  freguesia,  ouvia-­‐se  no  mosteiro  todo  e  ouvia-­‐se  tudo  por  lá  baixo.  

 Eu   estava   a   servir   na   Covilhã,   no   Senhor   Teles,   novinha   com   12  anos,   e   a   senhora  mandou-­‐me   fechar   o  portão.   Eu  ouvi   uma   voz   e   fugi.  Disse   assim:   minha   senhora   não   fechei   o   portão     porque   é   que   não  fechas-­‐te  o  portão?    porque  eu  ouvi  uma  voz,   -­‐és  palerma,  é  a  senhora  Marquinhas   Lomba   a   botar   as   ave   Marias.     não   sei   o   que   é,   sei   que  parecia  uma  voz  do  outro  mundo  e  fugi.    

 

Nota     imagem   retirada   de:   http://www.google.pt/imgres?imgurl=http://www.equipotimondejovenes.com/wp-­‐content/uploads/2010/03/semanasanta.jpg&imgrefurl=http://www.equipotimondejovenes.com/&usg=__XQ1d8PCDb6bYlSexJV6Q2qjLlCI=&h=350&w=300&sz=16&hl=pt-­‐PT&start=32&zoom=1&tbnid=JzhfVpq0HNH_CM:&tbnh=160&tbnw=174&ei=IHy1TazpDc-­‐Y4AaR-­‐dmMDA&prev=/images%3Fq%3Dsemana%2Bsanta%26hl%3Dpt-­‐PT%26sa%3DG%26biw%3D1245%26bih%3D500%26gbv%3D2%26tbm%3Disch0%2C1050&itbs=1&biw=1245&bih=500&iact=rc&dur=250&page=4&ndsp=10&ved=1t:429,r:2,s:32&tx=136&ty=89  

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O  TRABALHO  DO  LINHO  

   

    emeava  

de  Junho,  mais  ou  menos,  arrancava-­‐

pouco  de  povo  para  arrancar  o  linho.  Arrancava-­‐se  o  linho  e  levava-­‐se  para  

a  eira  aos  molhos,  estava  um  homem  na  eira  com  um  ripão  de  ferro  para  

tirara  a  bagarela,  que  era  a  semente.  Havia  uns  poços  de   linho  onde  s  e  

punha  umas   tábuas   e  o   linho  por   cima  às   camadinhas,  e  por   cima  umas  

pedras  pesadas  e  estava  lá  uma  média  de  9  dias,  mais  ou  menos.    

No   fim   de   nove   dias   tirava-­‐se   e   levava-­‐se   para   o   monte,   numa  

costeira  onde  houvesse  pinheiros.  De  vez  em  quando  ia-­‐se  lá  virar  com  o  

bico   de   uma   foucinha   ou   um  pau   com  duas   ganchas.   Estava   lá   também  

prai   nove  dias,   tinha  de   ser   todo  pernão.  Depois   ia-­‐se   lá,   apanhava-­‐se  o  

linho,  botava-­‐se  no  carro  dos  bois  e  levava-­‐se  para  o  engenho.  Moía-­‐se  aí  

o   linho,   trazia-­‐se   para   casa,   punha-­‐se   ás   panadinhas   em   termos   de   as  

pessoas  o  espaldar.    

A   patroa   rogava   umas   poucas   de  mulheres   ou   de   noite   ou   de   dia  

como  elas  pudessem,  mas  era  quase  sempre  de  noite.  Íamos  fazer  aquela  

espadada  mas   antes   disso   íamos   ao  monte   ver   se   achávamos   Carvalhas  

novas   com   maçãs,   chamávamos-­‐lhe   as   maçãs   do   cuco   ou   escalheiros  

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bravos   que   davam   peras   pequeninas.   Era   para   nós   darmos   aos   rapazes  

que  nos  vinham  pedir  as  peras.    

No   fim  espadavamos  o   linho.  O   lavrador  tinha  um  assafate  de  pão  

partido  aos  bocados  e  uma  travessa  de  sardinhas,  uma  cabaça  de  vidro  ou  

cantara   como  ele  pudesse.  Comíamos  e  no   fim   fazíamos  uma  dança.  No  

fim  da  dança  os  moços  levavam  todos  uma  racha  e  pediam-­‐nos  se  podiam  

ir   com   nós.   Metiam   a   racha   dentro   do   cortiço,   botavam   o   cortiço   ao  

ombro  e  iam  com  nós  até  casa.    

 

Íamos  sempre  a  cantar:    

 

mondadeira  do  meu  linho,  

mondai  o  meu  linho  bem,    

não  olheis  para  o  caminho  

 Que  a  merenda  já  lá  vem.  

 

Eu  hei-­‐de  ir  á  tua  arriga    

Apanhar  a  bagarela  

Depois  de  ela  apanhadinha  

Fazemos  a  cama  nela  

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Eu  hei-­‐de  ir  à    tua  arriga  

Do  teu  linho  temporão  

Hás-­‐de  ser  minha  cunhada  

 Se  casares  com  o  meu  irmão  

 

Nota:  imagem  retirada  de  http://lombadamaia.planetaclix.pt/home.html  

 

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100  

 

REIS  

 

 

Boas  noites,  meus  senhores  

Boas  noites  trago  eu  

Venho  trazer  a  notícia  

Que  o  Deus  menino  nasceu  

 

 

Ele  nasceu  em  Belém  

Em  Jordão  foi  baptizado  

No  monte  calvário  morto  

Ai  numa  cruz  crucificado  

 

 

Quem  diremos  nos  que  viva    

no  casquinho  da  cebola  

Viva  o  senhor  desta  casa    

e  mais  a  sua  senhora  

 

 

Vivam  também  os  filhinhos  

O  senhor  os  fade  bem  

Para  gosto  da  mãezinha  

E  do  paizinho  também  

 

Page 101: Contos e Lendas... Com Histórias

 

 

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Venha  o  pão  e  venha  o  vinho  

Cá  para  a  nossa  rapaziada  

Cenho  o  queijo  da  serra  da  estrela  

E  bocados  de  marmelada  

 

 

Se  não  tiver  que  nos  dar  

Dê-­‐nos  figos  ou  dinheiro  

Ou  castanhas  o  ouriço  

Ou  salpicão  do  fumeiro  

Nota:  imagem  retirada  de  http://jmvalferrarede.blogspot.com/2009/01/cantar-­‐os-­‐reis.html  

 

 

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102  

 

 

 

COSTUMES  

Quando   tinha   os   filhinhos   andava   com  o   lenço   na   cabeça   durante  

um  mês,   não   se   podia   comer   de   tudo.   Fruto   que   tivesse   caroço   não   se  

podia   comer,   figos  principalmente,  que   tinha  grainha,   vinha   tudo  à   tona  

água  fria.    

 

Eu  estive  numa  patroa  que  em  três  semanas  não  meteu  as  mãos  em  

água  fria,  não  lavava  os  pés  nem  a  cabeça.  Eu  como  não  me  podia  guardar  

muito,  no  prazo  de  oito  dias  já  ia  para  o  tanque  com  uma  safatão  de  roupa  

e   as  minhas   filhinhas   a   ajudar,   porque   tive   17   filhinhos.   Eu   estive   numa  

patroa  que  durante  um  mês  comeu  trinta  galinhas  e  no  fim  comeu  o  galo  

para  fechar  o  corpo.    

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A  HISTÓRIA  DO  PISCO  

 

Era   uma   vez   um   piquinho   que   encontrou   perto   da   eira   três  

greirinhos   de  milho   e   voou   com   eles   para   cima   de   um   carvalhinho   que  

havia  ali  perto.  Só  que  ao  pousar  nos  ramos,  os  três  greirinhos  caíram-­‐lhe  

na  toca  do  carvalhinho  já  velho.  Ficou  muito  aflito  porque  não  podia  tira-­‐

los  de  lá  e  foi  ter  com  o  dono  e  pediu-­‐lhe:  -­‐  óh  Homem  corta  o  carvalhinho  

para  eu  tirar  os  três  greirinhos  de  milho  que  me  sabiam  tão  bem.  Mas  o  

homem  que  tinha  um  mau  coração  respondeu:  -­‐  tenho  mais  que  fazer  do  

que  me  incomodar  com  os  três  grãos  de  milho  ou  com  um  pisco  como  tu.  

E  não  cortou  o  carvalhinho.    

Mas   o   pisco   não   desistiu   e   foi   pedir   ajuda   à   justiça.   Óh   justiça,  

prende  o  homem,  que  o  homem  não  cortou  o  carvalhinho,  para  eu  tirar  os  

três  greirinhos  de  milho  que  me  sabiam  tão  bem.  Mas  a  justiça  não  ligou  

ao  pisco,  porque  ele  era  muito  pequenino.    

Mas   ele   continuou   a   tentar   e   lembrou-­‐se   de   um   cão   que   o   podia  

ajudar,   e   pediu-­‐lhe,   óh   cão:   ferra   na   justiça   porque   ela   não   prende   o  

homem,   e   o   homem   não   corta   o   carvalhinho,   para   eu   tirara   os   três  

greirinho  de  milho  que  me  sabiam  tão  bem.  O  cão  estava  a  dormir  a  sesta,  

pôs-­‐se  a  rosnar  e  não  quis  ir.  

 Lá  foi  o  pisquinho,  cada  vez  mais  triste,  mas  sem  desistir.  Encontrou  

um  pau  que  estava  caído  no  caminho,  e  pediu-­‐lhe  quase  a  chorar:  óh  pau,  

bate   no   cão,   porque   o   cão   não   ferra   na   justiça,   a   justiça   não   prende   o  

homem,   e   o   homem   não   corta   o   carvalhinho,   para   eu   tirar   os   três  

greirinhos  de  milho  que  me  sabiam  tão  bem.  O  pau  nem  sequer  se  mexeu,  

e   o   pisquinho   lá   foi   andando   aos   saltinhos   porque   as   forças   já   lhe   iam  

faltando,  quando  viu  uma  fogueirinha.    

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104  

Animou-­‐se  e  foi  pedir  ao   lume  que  queima-­‐se  aquele  pau  tão  seco  

que  não  batia  no  cão,  e  o  cão  não  ferrava  na  justiça,  a  justiça  não  prendia  

o   homem,   e   o   homem   não   cortava   o   carvalhinho,   para   ele   tirar   os   três  

greirinhos  de  milho  que  lhe  sabiam  tão  bem.  O  lume  também  não  estava  

interessado  em  ajudar  o  pisco.    

Lembrou-­‐se   de   pedir   à   água   que   passava   ali   no   ribeirinho   para   a  

apagar  o  lume  que  não  o  queria  ajudar.  Mas  a  água  ia  muito  apressada  e  

não  o  quis  ouvir.    

Andava  ali  uma  vaca  a  pastar  e  o  pisco  foi  ter  com  ela,  pousando-­‐lhe  

perto   das   orelhas   e   pediu-­‐lhe:   óh   vaca   bebe   a   água,   que   não   apaga   o  

lume,  o  lume  não  queima  o  pau,  o  pau  não  bate  no  cão,  o  cão  não  ferra  na  

justiça,   a   justiça   não   prende   o   homem,   e   o   homem   não   corta   o  

carvalhinho,  para  eu  tirar  os  três  greirinhos  que  me  sabiam  tão  bem.      

A  vaca  estava  com  muita  sede  e  disse  que  sim.  Está  bem,  eu  bebo  a  

água.  Mas  a  água  já  quis  apagar  o  lume,  o  lume  já  quis  queimar  o  pau,  o  

pau   já  quis  bater  no   cão,  o   cão   já  quis   ferrar  na   justiça,  a   justiça   já  quis  

prender  o  homem,  o  homem  já  quis  cortar  o  carvalhinho  e  o  pisco  já  pode  

comer  os  três  greirinhos  de  milho  que  lhe  souberam  tão  bem.  

 

 

Nota:  imagens  retiradas  de  

http://www.bigmae.com/passarinhos-­‐animais-­‐de-­‐estimacao/    http://www.fernandorigotti.com/dia-­‐da-­‐arvore/    http://gadinovagabundo.blogspot.com/        

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105  

Criação  do  mundo    

 

Vou  contar  uma  história  

muito  bem  contada.  

Deus  criou  o  mundo  

tirou-­‐o  do  nada.  

 

 

De  principio  nada  havia,  

Nem  mãe,  nem  pai  nem  céus,  

nada  no  mundo  existia  

Mas  já  existia  Deus.  

 

Só  de  não  ter  de  principio,  

nem  tão  pouco  há-­‐de  ter  fim  

criou  o  mundo  em  6  dias  

eu  vou  contar  foi  assim:  

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Logo  ao  começar  no  1º  dia  Deus  

criou  a  Luz  que  é  toda  a  alegria  

 

 

Ao  2º  dia  fez  o  firmamento  

quando  o  céu  n  esta  azul  esta  cinzento  

 

 

Ao  3º  fez  a  terra  e  separou-­‐a  do  mar,  

com  plantas  para  a  cobrir  e  flores  para  enfeitar.  

 

 

Fez  a  erva  e  o  pinheiro,  

a  laranja  e  o  limão  fez  o  trigo  e  rio  

para  o  bem  e  para  o  mal.  

 

 

 

 

 

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107  

História  do  Joãozinho,  do  Toninho  e  da  Maria  

 

Era   uma   vez   uma   mãe   que   tinha   três   filhos,   e   era   muito   pobrezinha   e  

decidiu  mandar  os  filhos  buscar  lenha  para  fazer  de  comer.  O  primeiro  que  

chegou  como  não  tinha  o  que  lhe  dar  de  comer  decidiu  mata-­‐los  para  lhe  

dar  de  comer  aos  outros  irmãos.  Matou-­‐o  chamou  por  ele  e  disse:  

-­‐  O  Toninho  traz-­‐me  aquele  alguidar  e  a  faca  que  é  para  te  lavar  o  cabelo,  

mas  primeiro  vou-­‐te  catar  um  piolho,  e  assenta-­‐te  aqui  no  meu  regaço.  

 E  matou-­‐o  e  escondeu  o  corpo  dele  aos  bocados  de  baixo  da  cama,  atrás  

da  lareira  e  começou  a  fazer  o  jantar,  os  outros  irmãos  quando  chegaram  

perguntaram  pelo   Toninho.   Eles  não   sabiam  dele,  não   sabiam  que  ela  o  

tinha  matado.  A  Maria  chorava  muito,  ia  pelos  campos  a  chorar  à  procura  

do  irmão.  Encontrou  uma  velhinha  que  se  fez  passar  por  velhinha  mas  era  

Nossa  Senhora.  E  perguntou-­‐lhe:  

-­‐  O  que  tens  menina?  

-­‐  Foi  a  minha  mãe  que  matou  o  meu  irmão.  

-­‐  Amanhã  traz  os  ossinhos  todos  que  eu  vou  trazer-­‐te  o  teu  irmão  de  volta.  

A  menina  assim  o  fez,  e  levou  à  velhinha  que  era  Nossa  Senhora.  Quando  

chegou  com  os  ossos  todos  ela  transformou-­‐os  no  irmão.  

Vieram  ao   encontro   da   irmã,   a  mãe  e   o   Joãozinho.  O   Toninho   trazia   no  

regaço  uma  cesta  com  maçãs  de  ouro.  E  então  o  irmão  disse:  

-­‐    ó  Toninho  dá-­‐me  uma  maçã  de  ouro.  

-­‐  Não  dou  porque  me  comeste.  

E  a  mãe  disse:  

-­‐  ó  Toninho  dá-­‐me  uma  maçã  de  ouro.  

-­‐  Não  dou  porque  me  mataste.  

E  a  Maria  disse:  

Page 108: Contos e Lendas... Com Histórias

 

 

108  

-­‐  ó  Toninho  dá-­‐me  uma  maçã  de  ouro.  

-­‐  Dou  que  me  salvaste.  

E   então   descobriram   que   foi   a   mãe   que   o   matou,   o   menino   ficou  

transformado  e  a  história  é  contada.  

 

Provérbios  

O  Janeiro  é  geadeiro.  

O  Fevereiro  é  chuvoso.  

O  Março  frio  e  ventoso.  

 

Maio  pardo.  

São  João  claro.  

Junho  e  Julho  águas  de  Santa  Marinha,  até  na  arca  faz  farinha.  

Agosto  amadurece  e  Setembro  verdimece.    

Outubro  chuvoso,  faz  o  lavrador  venturoso.  

Dos  Santos  ao  Natal,  Inverno  natural.  

Mal  vai  Portugal  se  não  há  duas  cheias  antes  do  Natal.  

 

Ao  Fevereiro  e  ao  rapaz  

Perdoa  tudo  quanto  faz  

Contando  que  o  Fevereiro  não  seja  secalhão  

E  o  rapaz  não  seja  ladrão.                                                          

 

Não  vás  ver  a  vinha  ao  desfolhar,    

pão  ao  encanar    

e  a  mulher  ao  levantar.  

                                                                                                                                                                                                               mandil  -­‐  avental    

Page 109: Contos e Lendas... Com Histórias

 

 

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Lenda  da  Vila  da  Sertã  

 

 

 

   Há   muitos,   muitos   anos,   ainda   nos   tempos   dos   romanos   houve   um  

ataque  ao  castelo,  durante  o  qual  o  seu  chefe  morreu.  

 

     Então,   sua  mulher,   Celinda   ,   ao   saber   da   notícia   e   percebendo   que   o  

inimigo  chegava  às  muralhas  do  seu  castelo,  subiu  as  ameias    do  castelo  

com   uma   enorme   sertã   cheia   de   azeite   a   ferver   lançando-­‐a   à   cara     do  

inimigo,    obrigando-­‐o  a  recuar.  

 

                                                     

 

     Foi  assim  que  o  nome  de  Sertã  foi  dado  a  este  lugar.  

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110  

As  Aventuras  do  Espantalho  Firmino  

 

Firmino,  o  espantalho,  ia  no  bico  dos  seus  amigos  pássaros.  De  lá  de  cima  

via   as   casas   muito   pequeninas,   as   árvores   e   as   pessoas   que   pareciam  

formiguinhas.   Viu   paisagens   que   nunca   tinha   imaginado   existirem,  

montanhas,   vales,   planícies,   rios,   lagos,   praias   e  o   grande   e   imenso  mar  

azul.   Levado   pelos   pássaros,   lá   ia   o   espantalho  muito   sorridente   e   feliz.  

Firmino  estava  tão  feliz  que  não  pensava  em  voltar  para  a  seara  de  onde  

os  pássaros  o  tinham  tirado.  Ao  sabor  do  vento  e  muito  devagarinho  era  o  

espantalho  levado  no  céu.  E  a  aventura  continuava...  

 

De  repente  aconteceu  uma  tragédia....  os  pássaros  já  cansados  e  exaustos  

deixaram  cair  o  Firmino  numa  floresta.  O  espantalho  ficou  tão  assustado  

que   não   percebia   o   que   estava   a   acontecer.   Viu-­‐se   caído   no   meio   das  

árvores  da  floresta,  na  erva  fofa  e  macia,  mas  muito  fria.  

Page 111: Contos e Lendas... Com Histórias

 

 

111  

Levantou-­‐se  num  brusco  movimento  e  começou  a  gritar  pelos  seus  amigos  

pássaros.  Mas  onde  estavam  eles?  Os  pássaros  tinham-­‐se  afastado  e  não  

ouviam  os  gritos  do  Firmino  que  estava  escondido  entre  as  árvores.  Só  e  

perdido,  olhou  em  todas  as  direcções  sem  saber  o  que  fazer.  

 

Começou  a  caminhar  e  ao  longe  viu  uma  sombra  entre  as  árvores.  Correu  

para  ver  o  que  era  aquilo.    

Ao  chegar  viu  que  era  uma  mulher.  Ela  cumprimentou-­‐o  e  perguntou-­‐lhe  o  

que   andava   ele   ali   a   fazer   naquele   lugar.   Firmino   disse-­‐lhe   que   estava  

perdido  e  que  era  a  primeira  vez  que  estava  ali,  mas  sentiu  algum  conforto  

e  já  não  se  sentia  tão  triste,  pois  tinha  alguém  junto  de  si.  

 

Então,   meigamente,   a   mulher   pediu-­‐lhe   que   a   acompanhasse   ao   seu  

castelo.  Mas   Firmino  não   sabia  que  a   senhora  que   lhe   falava   com   tanto  

carinho  era  uma  bruxa  má.  Ela  segurou-­‐lhe  na  mão  e  Firmino  ficou  muito  

contente  e  sentiu-­‐se  seguro  com  aquela  senhora.  

 

Page 112: Contos e Lendas... Com Histórias

 

 

112  

A  bruxa  levou  o  espantalho  para  o  seu  grande  castelo  assombrado...  Será  

que   firmino   sabia   o   que   o   esperava?   Firmino   estava   tão   feliz   por   ter  

encontrado  alguém  no  meio  da  floresta  que  não  pensava  no  medo,  nem  

nos  seus  amigos  pássaros.  

 

Já   no   castelo   e   preso   no   cimo   da   torre,   Firmino   estava   tão   triste   e  

desiludido   com   tudo   o   que   lhe   tinha   acontecido   que   só   desejava   voltar  

para  a  sua  seara  onde  tudo  era  igual,  mas  onde  ele  era  feliz.  Apesar  de  ter  

visto   coisas   tão   maravilhosas   quando   ia   preso   no   bico   dos   pássaros,  

naquele  momento   tudo   era   aterrorizador.   Como   poderia   haver   pessoas  

tão   cruéis!   Ele   não   fazia   mal   a   ninguém,   somente   desejava   conhecer  

outros  lugares  e  ser  amigo  dos  pássaros  que  sempre  tiveram  medo  dele!  A  

bruxa  colocou  o  espantalho  no  cimo  da  torre  do  seu  castelo  para  assustar  

os  pássaros  que  ali  pousavam.      

 

Ele  que  tanto  esforço  fez  para  ser  amigo  dos  pássaros,  agora  voltava  a  ter  

que  os  assustar!      

 

Preso  no   castelo  da  bruxa  má,  o  espantalho   só  desejava   sair  dali  o  mais  

rápido  possível.  Mas  como  poderia  ele  sair  dali?  Só  um  milagre  o  poderia  

salvar.  Eis  que    ele  surge:  ao  longe  um  bando  de  pássaros,  aproximava-­‐se    

dele  sem  receio  e  sem  medo,  Firmino  estava  a  achar  tudo  muito  estranho,  

Page 113: Contos e Lendas... Com Histórias

 

 

113  

não   sabia   por   que   razão   os   passáros   não   tinham   medo   dele.   Será   que  

finalmente   eram   os   seus   verdadeiros   amigos?   Quando   os   pássaros   se  

aproximaram  cada  vez  mais,  Firmino  reconheceu  os  seus  queridos  amigos.  

Mas  como  poderiam  eles  salvá-­‐lo  se  ele  estava  preso  a  umas  correntes  de  

ferro?  

 

Firmino  viu  uns  pozinhos  cintilantes  cairem  nas  correntes  e  de  repente  ele  

sentiu-­‐se   solto.   Foi   então   que   os   pássaros   pegaram   nele   e   o   elevaram  

novamente  no  ar.  

 

A   aventura   do   espantalho   Firmino   continuou   no   bico   dos   seus   grandes  

amigos  pássaros...  

 

 

 

Page 114: Contos e Lendas... Com Histórias

 

 

114  

Lenda  das  Pegadas  de  São  Gonçalo  de  Amarante    

 

 

 

-­‐   Ora,   ele   (S.   Gonçalo)   vivia   em   Vizela   e   estava   a   pensar   fazer   lá   um  

mosteiro,  mas  achou  o  rio  muito  pequeno

aqui  o  meu  mosteiro.  Vou  lançar  a  bengala  e  ver  onde  é  que  ela  vai  cair.  

Lançou  de  lá,  a  bengala    veio  cair  ali  ao  rio  Sousa.  

 

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115  

-­‐  Ele  veio  ver,  a  bengala  caiu  em  cima  de  um  penedo.  Ele  chegou  ali,  subiu  

ao  penedo,  andou  a  ver,  está   lá  tudo  marcadinho,  a  bengala,  as  pegadas  

de  ele  andar  ali,  uma  buraquinha  de  ele  fazer  chichi.    

E  põs-­‐se  a  ver,  subiu  ao  penedo    ah  não!  Também  não  gosto  deste  rio,  é  

muito   pequeno     é   realmente   um   rio   pequeno.   Vou   voltar   lançar   a  

bengala.   Dali   lançou   a   bengala   ,   foi   cair   em   Amarante,   à   beira   do   rio  

Tâmega    

 

 

 

Ele  foi  ver    é  aqui  que  eu  quero  o  meu  mosteiro.  

-­‐  Foi  lá  que  fez  o  mosteiro,  porque  era  um  rio  grande    o  Tâmega  é  um  rio  

grande    então,  fez  lá  o  mosteiro  dele  e  assim  acabou  a  lenda.  

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116  

A  Lenda  da  Senhora  da  Aparecida    

 

 

 

Era   um   pedinte   que   andava   pelas   portas   a   pedir   com   uma   imagem   de  

Nossa  Senhora  e  uma  panela.  

 

 

E   depois   aquele   senhor   que   trazia   aquela   imagem   e   que   adorava   a  

imagem  que  trazia  e  andava  de  porta  em  porta,  de  porta  em  porta,  e   ia  

ficar  numa  mina  (onde  está  hoje  colocada  a  Nossa  Senhora  da  Aparecida,  

na  dita  ermida).  

Chegou  a  uma  altura  o  desapareceu.  As  pessoas  perguntavam  por  ele   e  

 

Passou-­‐se  uns   tempos  e  o  homenzinho  não  aparecia  e   foram  espreitar  à  

mina.    

 

Page 117: Contos e Lendas... Com Histórias

 

 

117  

 

 

 Quando   foram  espreitar   à  mina   viram  a  panela,   quer  dizer   descobriram  

que   a   vida   do   senhor   era   na   mina.   E   viram   a   panela   e   não   viram   o  

homenzinho  o  pedinte  desapareceu.  Começaram  a  coscuvilhar  e  apareceu  

a  Nossa  Senhora.  

Deram  com  a  Nossa  Senhora  Aparecida.  

 

 

 

E   depois,   aí   foi   então   que   fizeram   a   Ermida   e   colocaram   lá   a   Nossa  

Senhora  Aparecida.  

E  é  isto  o  que  eu  sei  da  lenda.  

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Page 119: Contos e Lendas... Com Histórias

 

 

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Índice:  

 

O  Cont ..  

A  Lenda  das  Andorinhas    11  

.  

..  

Oração  a  Santa  Bárbara   .  15  

Talhar  o  Medo  de  Andar  dos  Bebés    

Lenda  de  Santa  Bárbara   .  

 

Oração  ao  Anjinho  da  Guarda   8  

O  Rei  à  Procura  da  Felicidade   .  

 

O  Rei  e  os    21  

Oração  a  São  Bartolomeu   .  22  

São  Pedro,  O  Senhor  e  a  Ferradura    

O  Diabo  e  o   .  24  

A  Velha  Preguiçosa   .  25  

A  Lenda  Alusiva    Fig  

Responso  a  Santo  António   .  

Talhar  Esipela   .. .  

 

Page 120: Contos e Lendas... Com Histórias

 

 

120  

 

Medicina  Doméstica      

 

O  Penedo  da  Moura      

Oração  a  S  

Oração  a  S 43  

 

5  

....      48  

 49  

Len 51  

Encomendar  as  Almas     :  52  

 

 

Lenda  de  São  Roq  

 

.  

.  

.  

 

A  Lenda  da  Porca  de    

Joaquina    Música  Popul  

Lenda  dos  Sete  Cruzeir 73  

Cantiga  a  Santa  Helena   75  

 

Cantiga  das  Segadas  ( .  

Page 121: Contos e Lendas... Com Histórias

 

 

121  

79  

Cantiga  da  Juventude  (Acção  Católica    1950)   81  

 Dia  de  Reis  em  são  Pedro  dos  Sarracenos   83  

 86  

 

Orações      

Romance   91  

 

 

. 95  

 

 

 

02  

 

Criação  do    

História  do  Joãozinho,  do  Toninho  e  da  Maria    

 

109  

As  Aventuras  do  Espantalho  Firmino     . 10  

114  

..  

 

 

 

 

Page 122: Contos e Lendas... Com Histórias

 

 

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