contrato entre instituto portuguÊs do mar e da … · entre o ipma, i.p. e a cml para...
TRANSCRIPT
Instituto Português do Mar e da Atmosfera, I.P. Rua C - Aeroporto de Lisboa 1749-077 Lisboa, Portugal 1|47
www.ipma.pt [email protected]
Tel: (+351) 21 844 70 00 Fax: (+351) 21 840 23 70
CONTRATO
entre
INSTITUTO PORTUGUÊS DO MAR E DA ATMOSFERA, I.P. e CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA
para
MONITORIZAÇÃO BIOLÓGICA DAS ZONAS CORRESPONDENTES ÀS DESCARGAS DAS BACIAS
DE DRENAGEM DE ALCÂNTARA, BEIROLAS, CHELAS, E TERREIRO DO PAÇO
RELATÓRIO
(2016)
INVERTEBRADOS BENTÓNICOS: Maria José Gaudêncio; Miriam Tuaty Guerra; Marta Costa e
Silva; António Manuel Pereira.
ICTIOFAUNA: Maria Rogélia Martins; Miguel Carneiro.
Setembro, 2017
Instituto Português do Mar e da Atmosfera, I.P. Rua C – Aeroporto de Lisboa 1749-077 Lisboa – Portugal
Tel: (+351) 21 844 7000 Fax: (+351) 21 840 2370 url: www.ipma.pt email: [email protected]
Instituto Português do Mar e da Atmosfera, I.P. Rua C - Aeroporto de Lisboa 1749-077 Lisboa, Portugal 2|47
www.ipma.pt [email protected]
Tel: (+351) 21 844 70 00 Fax: (+351) 21 840 23 70
ÍNDICE
Introdução ………………………………………………………………………………………………………………….. 3
1. Macroinvertebrados bentónicos e caracterização físico-química dos sedimentos … 3
1.1. Métodos e equipamentos de recolha de dados ……………………………………………………. 3
1.2. Métodos analíticos ………………………………………………………………………………………………. 5
1.2.1. Granulometria …………………………………………………………………………………………………… 5
1.2.2. Teor em matéria orgânica total …………………………………………………………………………. 7
1.2.3. Macroinvertebrados bentónicos ……………………………………………………………………….. 7
1.3. Resultados ……………………………………………………………………………………………………………. 8
1.3.1. Beirolas ……………………………………………………………………………………………………………… 8
1.3.1.1. Granulometria ………………………………………………………………………………………………… 8
1.3.1.2. Teor em matéria orgânica total ………………………………………………………………………. 10
1.3.1.3. Macroinvertebrados bentónicos …………………………………………………………………….. 11
1.3.1.4. Qualidade ecológica ……………………………………………………………………………………….. 13
1.3.2. Chelas ……………………………………………………………………………………………………………….. 14
1.3.2.1. Granulometria ………………………………………………………………………………………………… 14
1.3.2.2. Teor em matéria orgânica total ………………………………………………………………………. 16
1.3.2.3. Macroinvertebrados bentónicos …………………………………………………………………….. 17
1.3.2.4. Qualidade ecológica ……………………………………………………………………………………….. 20
1.3.3. Terreiro do Paço ………………………………………………………………………………………………… 21
1.3.3.1. Granulometria ………………………………………………………………………………………………… 21
1.3.3.2. Matéria orgânica total ……………………………………………………………………………………. 23
1.3.3.3. Macroinvertebrados bentónicos …………………………………………………………………….. 24
1.3.3.4. Qualidade ecológica ……………………………………………………………………………………….. 28
1.3.4. Alcântara …………………………………………………………………………………………………………… 29
1.3.4.1. Granulometria ………………………………………………………………………………………………… 29
1.3.4.2. Teor em matéria orgânica total ………………………………………………………………………. 31
1.3.4.3. Macroinvertebrados bentónicos …………………………………………………………………….. 31
1.3.4.4. Qualidade ecológica ……………………………………………………………………………………….. 35
2. Megainvertebrados bentónicos ……………………………………………………………………………… 36
2.1. Métodos e equipamentos de recolha de dados ……………………………………………………. 36
2.2. Resultados ……………………………………………………………………………………………………………. 36
3. Ictiofauna ………………………………………………………………………………………………………………… 39
3.1. Métodos e equipamentos de recolha de dados ……………………………………………………. 39
3.2. Resultados ……………………………………………………………………………………………………………. 42
4. Considerações finais ……………………………………………………………………………………………….. 44
5. Referências ……………………………………………………………………………………………………………... 47
Instituto Português do Mar e da Atmosfera, I.P. Rua C - Aeroporto de Lisboa 1749-077 Lisboa, Portugal 3|47
www.ipma.pt [email protected]
Tel: (+351) 21 844 70 00 Fax: (+351) 21 840 23 70
Introdução
O presente relatório apresenta os resultados das campanhas de amostragem de sedimentos, de
invertebrados bentónicos e de ictiofauna, realizadas durante o segundo ano do contrato estabelecido
entre o IPMA, I.P. e a CML para monitorização biológica dos fundos do estuário do Tejo sob influência
das descargas das ETAR de Alcântara, Chelas e Beirolas e da área que até 2011 recebia as águas
residuais afluentes à bacia do Terreiro do Paço.
1. Macroinvertebrados bentónicos e caracterização físico-química dos sedimentos
1.1. Métodos e equipamentos de recolha de dados
As figuras 1 a 4 apresentam a localização das estações de amostragem para estudo de
macroinvertebrados bentónicos e de caracterização físico-química dos sedimentos superficiais. A
amostragem foi efetuada de 10 a 14 de outubro de 2016 a bordo de uma embarcação do IPMA, o N.I.
"Diplodus", equipada com GPS, sonda e guincho hidráulico. A colheita dos sedimentos foi efetuada
com uma draga Smith-McIntyre de 0,1 m2 de área de ataque em Beirolas (B), Chelas (C), Terreiro do
Paço (T) e Alcântara (A). Em cada área foram colhidas amostras num conjunto de estações distribuídas,
sempre que possível, sobre radiais traçadas a partir dos pontos de descarga dos emissários e
distanciadas cerca de 30, 90 e 150 m dos mesmos. Foram também colhidas amostras em duas estações
de controlo, distanciadas cerca de 500 m para norte (CN) e para sul (CS) das zonas de influência das
descargas. A caracterização destas estações é apresentada na tabela 1.
Em cada estação foram colhidas cinco amostras de sedimento. De uma das amostras foi retirada uma
sub-amostra para caracterização granulométrica e determinação do teor de matéria orgânica total dos
sedimentos, fatores que, a par da salinidade, são determinantes na distribuição e dinâmica das
comunidades bentónicas do estuário (Gaudêncio & Cabral, 2007). As sub-amostras foram conservadas
a 4°C até ao processamento laboratorial. As amostras de sedimento para análise biológica foram
colocadas em sacos de plástico (uma amostra por saco), fixadas em formol neutralizado a 4% e
devidamente etiquetadas com data, estação de colheita e número da amostra.
Instituto Português do Mar e da Atmosfera, I.P. Rua C - Aeroporto de Lisboa 1749-077 Lisboa, Portugal 4|47
www.ipma.pt [email protected]
Tel: (+351) 21 844 70 00 Fax: (+351) 21 840 23 70
Figura 4 – Localização das estações de amostragem na área de descarga da ETAR de Beirolas.
Figura 3 – Localização das estações de amostragem na área de descarga da ETAR de Chelas.
Figura 2 – Localização das estações de amostragem na bacia do Terreiro do Paço.
Instituto Português do Mar e da Atmosfera, I.P. Rua C - Aeroporto de Lisboa 1749-077 Lisboa, Portugal 5|47
www.ipma.pt [email protected]
Tel: (+351) 21 844 70 00 Fax: (+351) 21 840 23 70
Figura 1 – Localização das estações de amostragem na área de descarga da ETAR de Alcântara.
1.2 Métodos Analíticos
1.2.1. Granulometria
As amostras de sedimento seco, com cerca de 100 g cada, foram processadas de acordo com o
procedimento descrito por Gaudêncio et al. (1991), o qual se resume seguidamente: (i) lavagem
através de um peneiro de 38 μm de malha quadrada para separação da fração mais fina; (ii) secagem
do resíduo de sedimento em estufa a 100⁰C; (iii) peneiração por agitação num agitador mecânico da
marca RETSCH através de uma coluna de 17 peneiros de malha quadrada da série ASTM (38 - 16000
μm), para separação das partículas mais grosseiras; (iv) pesagem das frações sedimentares retidas em
cada peneiro. Foram, então, traçadas as curvas cumulativas dos pesos dos resíduos de sedimento em
cada peneiro. A partir das curvas cumulativas foram calculadas as medianas, i.e, o diâmetro das
partículas de 50% da amostra e os dois quartis (Q1=25% e Q3=75%), necessários ao cálculo do
coeficiente de triagem de Trask (Trask, 1930) (So= 1/3 QQ ), o qual fornece uma medida do grau de
dispersão das partículas de sedimento. Os tipos sedimentares foram classificados de acordo com: (i) a
classificação textural de Folk, a qual se baseia nas proporções das frações sedimentares componentes
da amostra (Folk, 1954) e (ii) e na escala geométrica de classificação das partículas sedimentares de
Udden/Wentworth que pondera o calibre e as proporções das frações sedimentares componentes da
amostra (Wentworth, 1922 in Bale & Kenny, 2005).
Instituto Português do Mar e da Atmosfera, I.P. Rua C - Aeroporto de Lisboa 1749-077 Lisboa, Portugal 6|47
www.ipma.pt [email protected]
Tel: (+351) 21 844 70 00 Fax: (+351) 21 840 23 70
Tabela 1 – Estações de amostragem de sedimentos e macroinvertebrados bentónicos: coordenadas geográficas (WGS84), profundidade e hora de colheita.
Local de amostragem
Estação Latitude (N) Longitude (W) Prof. (m) Hora
BCN 38⁰ 47,526’ 9⁰ 05,280' 6,5 13:35 BCS 38⁰ 46,990’ 9⁰ 05,349' 8,5 10:22 B1 38⁰ 47,124’ 9⁰ 05,359' 2,0 10:32 B2 38⁰ 47,192’ 9⁰ 05,355' 2,8 11:18 B3 38⁰47,260’ 9⁰ 05,349' 2,5 11:01 B4 38⁰ 47,325’ 9⁰ 05,338' 2,8 14:47 B5 38⁰ 47,395’ 9⁰ 05,326' 3,0 14:04 B6 38⁰47,187’ 9⁰ 05,336' 4,2 11:50 B7 38⁰ 47,258’ 9⁰ 05,329' 5,4 16:48 B8 38⁰ 47,322’ 9⁰ 05,318' 5,9 14:25 B9 38⁰ 47,111’ 9⁰ 05,262' 6,0 16:57
B10 38⁰ 47,178’ 9⁰ 05,254' 7,5 16:31 B11 38⁰ 47,245' 9⁰ 05,244' 6,7 15:27 B12 38⁰ 47,312’ 9⁰ 05,228' 7,5 15:04 B13 38⁰ 47,378' 9⁰ 05,212' 6,3 13:47
CCN 38⁰ 43,622' 9⁰ 05,922' 12,7 13:15 CCS 38⁰ 43,260' 9⁰ 06,428' 14,2 10:03 C1 38⁰ 43,432' 9⁰ 06,190' 14,2 15:14 C2 38⁰ 43,427' 9⁰ 06,176' 13,8 15:41 C3 38⁰ 43,429' 9⁰ 06,161' 13,3 16:28 C4 38⁰ 43,441' 9⁰ 06,154' 14,0 14:43 C5 38⁰ 43,453' 9⁰ 06,160' 14,0 14:59 C6 38⁰ 43,395' 9⁰ 06,180' 13,2 16:56 C7 38⁰43,405' 9⁰ 06,133' 14,7 11:16 C8 38⁰ 43,440' 9⁰ 06,114' 14,3 14:25 C9 38⁰ 43,390' 9⁰ 06,251' 14,6 10:14
C10 38⁰43,362' 9⁰ 06,182' 14,5 10:31 C11 38⁰ 43,381' 9⁰ 06,107' 14,6 10:51 C12 38⁰ 43,436' 9⁰ 06,072' 14,6 13:50 C13 38⁰ 43,495' 9⁰ 06,100' 14,6 13:25 TCN 38⁰ 42,389' 9⁰07,626' 17,2 12:15
TCS 38⁰ 42,181' 9⁰ 08,262' 17,1 9:55
T1 38⁰ 42,267' 9⁰ 07,955' 16,8 17:06
T2 38⁰ 42,256' 9⁰ 07,944' 16,5 17:20
T3 38⁰ 42,255' 9⁰ 07,929' 17,4 17:32
T4 38⁰ 42,263' 9⁰ 07,920' 17,6 10:06
T5 38⁰ 42,277' 9⁰ 07,916' 16,8 16:43
T6 38⁰ 42,277' 9⁰ 07,962' 19,8 15:56
T7 38⁰ 42,224' 9⁰ 07,915' 20,8 14:09
T8 38⁰ 42,227' 9⁰ 07,880' 20,5 14:29
T9 38⁰ 42,245' 9⁰ 08,034' 17,0 16:15
T10 38⁰ 42,196' 9⁰ 07,981' 19,2 14:55
T11 38⁰ 42,196' 9⁰ 07,903' 21,4 13:57
T12 38⁰ 42,232' 9⁰ 07,844' 20,6 13:45
T13 38⁰ 42,305' 9⁰ 07,844' 17,8 13:37
ACN 38⁰ 41,852' 9⁰ 09,931' 22,5 10:34
ACS 38⁰ 41,739' 9⁰ 10,610' 21,0 15:44
A1 38⁰ 41,789' 9⁰ 10,289' 23,5 14:35
A2 38⁰ 41,780' 9⁰ 10,285' 22,6 14:44
A3 38⁰ 41,780' 9⁰ 10,272' 22,5 15:00
A4 38⁰ 41,780' 9⁰ 10,253' 20,3 15:08
A5 38⁰ 41,796' 9⁰ 10,251' 20,0 15:29
A6 38⁰ 41,755' 9⁰ 10,306' 22,6 13:48
A7 38⁰ 41,747' 9⁰ 10,272' 21,8 14:06
A8 38⁰ 41,773' 9⁰ 10,231' 22,0 14:23 A9 38⁰ 41,776' 9⁰ 10,372' 23,4 13:40
A10 38⁰ 41,729' 9⁰ 10,336' 23,4 12:14
A11 38⁰ 41,703' 9⁰ 10,271' 22,9 11:42
A12 38⁰ 41,729' 9⁰ 10,171' 27,1 11:12 A13 38⁰ 41,797' 9⁰ 10,167' 21,6 10:43
Instituto Português do Mar e da Atmosfera, I.P. Rua C - Aeroporto de Lisboa 1749-077 Lisboa, Portugal 7|47
www.ipma.pt [email protected]
Tel: (+351) 21 844 70 00 Fax: (+351) 21 840 23 70
1.2.2. Teor em matéria orgânica total
O teor em matéria orgânica total dos sedimentos foi determinado pela diferença entre o peso das
amostras com cerca de 200 mg cada, previamente secas em estufa a 100°C e o peso das mesmas
amostras depois de incineradas em mufla a 450°C até peso constante, de acordo com Bale & Kenny
(2005). As determinações foram efetuadas em duplicado para cada estação de colheita e o resultado
final corresponde à média dos valores das duas réplicas.
1.2.3. Macroinvertebrados bentónicos
Em laboratório as amostras foram processadas e determinados os seguintes parâmetros e índices
considerados adequados para a avaliação da qualidade ecológica das águas de transição no âmbito da
aplicação da Diretiva-Quadro da Água (DQA) (Bettencourt et al., 2003), a saber: composição
taxonómica, densidade numérica, riqueza específica e índice multimétrico de qualidade ecológica M-
AMBI (Muxika et al., 2007). Este índice foi especialmente concebido para responder às necessidades
de implementação da DQA e estabelece cinco classes de qualidade ecológica, combinando o índice
biótico AMBI (Borja et al., 2000) com o número de taxa e o índice de diversidade de Shannon-Wiener
(Shannon & Weaver, 1953), e entrando em linha de conta com as condições de salinidade, para a
determinação do rácio de qualidade ecológica (RQE). Os valores de referência do RQE para cada classe
de qualidade ecológica (Tabela 2) foram definidos a partir do exercício de intercalibração Europeia
para implementação da DQA (Borja et al., 2007; 2009).
Tabela 2 – Valores limite do rácio de qualidade ecológica para a definição das classes de qualidade estabelecidas para aplicação do M-AMBI.
Classe de qualidade Limites da classe
Excelente 0,77 ≤ M-AMBI ≤1,00 Bom 0,53 ≤ M-AMBI <0,77
Moderado 0,39 ≤ M-AMBI <0,53 Pobre 0,20 ≤ M-AMBI <0,39 Mau 0,00 ≤ M-AMBI <0,20
O índice biótico AMBI classifica as espécies em cinco grupos ecológicos de tolerância progressivamente
maior à perturbação antropogénica, nomeadamente ao enriquecimento orgânico dos sedimentos
(Hily, 1984; Grall & Glémarec, 1997), a saber: espécies sensíveis, presentes em condições de ausência
de perturbação (Grupo I); espécies indiferentes ao enriquecimento orgânico, pouco abundantes e
normalmente com baixa variabilidade temporal (Grupo II); espécies tolerantes ao aumento do
enriquecimento orgânico, que ocorrem tanto em condições normais como em condições de aumento
Instituto Português do Mar e da Atmosfera, I.P. Rua C - Aeroporto de Lisboa 1749-077 Lisboa, Portugal 8|47
www.ipma.pt [email protected]
Tel: (+351) 21 844 70 00 Fax: (+351) 21 840 23 70
de perturbação, o qual estimula a proliferação da população (Grupo III); espécies oportunistas de
segunda-ordem, que proliferam em condições de desequilíbrio ligeiro a acentuado (Grupo IV); e
oportunistas de primeira-ordem, que proliferam em condições de grande desequilíbrio, isto é, em
condições de oxi-redução (Grupo V). O cálculo do AMBI é feito a partir da abundância relativa dos
grupos ecológicos através da seguinte fórmula:
( ) ( ) ( ) ( ) ( )100
%6%5.4%3%5.1%0 GVGIVGIIIGIIGIAMBI
×+×+×+×+×=
Para o cálculo dos índices AMBI e M-AMBI foi utilizado o software AMBI 4.1, disponibilizado em
www.azti.es.
1.3. Resultados
1.3.1. Beirolas
1.3.1.1. Granulometria
A caracterização dos sedimentos superficiais expressa pelos valores percentuais das frações
granulométricas e pelos valores da mediana e do coeficiente de triagem, é apresentada na tabela 3.
As curvas granulométricas das amostras de sedimento são apresentadas nas figuras 5, 6 e 7.
Nas amostras de sedimento recolhidas, as partículas mais finas, isto é, silte e argila, predominam.
Foram observados cinco tipos sedimentares: lodo, lodo arenoso, lodo arenoso ligeiramente
cascalhento, areia fina lodosa e areia média, ambas ligeiramente cascalhentas.
O sedimento da estação B11 é areia média ligeiramente cascalhenta com 0,02% de partículas finas e
4,1% de cascalho; é bem calibrada (So=1,3) e tem uma mediana de 294 µm.
Os sedimentos das estações B7 e B12, são areia fina lodosa ligeiramente cascalhenta, com um
conteúdo de cascalho até 2,1% e de partículas finas entre 45% e 47%. A mediana varia entre 78 e 104
μm.
Os sedimentos das estações BCS, B1, B2, B3, B4, B5, B8, B9 e B13 são lodo, cujo conteúdo de finos varia
entre 89,5% e 96,6%.
O sedimento das estações BCN e B6 é lodo arenoso cujo conteúdo de finos oscila entre 73,3% e 75,5%.
O sedimento da estação B10 é lodo arenoso ligeiramente cascalhento, cujo conteúdo de cascalho e de
finos é de 3,6% e de 86,2%, respetivamente.
Instituto Português do Mar e da Atmosfera, I.P. Rua C - Aeroporto de Lisboa 1749-077 Lisboa, Portugal 9|47
www.ipma.pt [email protected]
Tel: (+351) 21 844 70 00 Fax: (+351) 21 840 23 70
Tabela 3 – Valores percentuais das frações granulométricas (μm), mediana (μm), coeficiente de triagem (So) e classificação do tipo sedimentar das amostras de sedimentos superficiais colhidas na área de descarga da ETAR de Beirolas.
Estação Seixos 4000-8000
Cascalho 2000-4000
Areia muito grossa
1000-2000
Areia grossa
500-1000
Areia média
250-500
Areia fina
125-250
Areia muito fina
63-125
Silte 38-63
Argila < 38
Mediana So Tipo sedimentar
BCN 0 0 0,61 2,62 1,6 13,76 5,95 1,62 73,84 - - Lodo arenoso
BCS 0 0 0,59 1,05 1,03 1,56 1,92 1,41 92,44 - - Lodo B1 0 0 0,38 0,77 0,54 0,42 1,99 2,39 93,51 - - Lodo
B2 0 0 0,00 0,52 0,61 0,89 2,27 2,54 93,17 - - Lodo B3 0 0 0,00 1,08 0,9 0,83 2,88 3,76 90,55 - - Lodo
B4 0 0 0,00 0,34 0,27 0,9 1,85 1,69 94,95 - - Lodo B5 0 0 0,06 0,61 0,65 0,66 4,52 3,07 90,43 - - Lodo
B6 0 0 1,67 5 12,42 5,06 1,71 1,33 72,81 - - Lodo arenoso
B7 0 2,14 1,51 3,29 11,27 16,13 18,6 1,23 45,83 78 - Areia fina lodosa ligeiramente cascalhenta
B8 0 0 0,35 1,18 0,89 0,83 5,3 3 88,45 - - Lodo
B9 0 0 0,40 0,26 0,67 2,08 0,85 0,79 94,95 - - Lodo
B10 2,12 1,48 0,87 1,33 1,69 3,38 2,92 1,37 84,84 - - Lodo arenoso ligeiramente cascalhento
B11 0 4,14 4,70 11,56 59,85 18,76 0,97 0,02 0 294 1,3 Areia média ligeiramente cascalhenta
B12 0,6 1,36 1,16 1,31 5,47 30,86 14,33 1,28 43,63 104 - Areia fina lodosa ligeiramente cascalhenta
B13 0 0 0 0,24 0,42 1,36 1,35 0,45 96,18 - - Lodo
Figura 5 – Famílias de curvas acumulativas das frequências das diferentes classes granulométricas nas amostras de areia fina lodosa ligeiramente cascalhenta (esquerda) e areia média ligeiramente-cascalhenta (direita), colhidas na área de descarga da ETAR de Beirolas.
Figura 6 – Famílias de curvas acumulativas das frequências das diferentes classes granulométricas nas amostras de lodo arenoso (esquerda) e lodo arenoso ligeiramente cascalhento (direita), colhidas na área de descarga da ETAR de Beirolas.
Instituto Português do Mar e da Atmosfera, I.P. Rua C - Aeroporto de Lisboa 1749-077 Lisboa, Portugal 10|47
www.ipma.pt [email protected]
Tel: (+351) 21 844 70 00 Fax: (+351) 21 840 23 70
Figura 7 – Famílias de curvas acumulativas das frequências das diferentes classes granulométricas nas amostras de lodo, colhidas na área de descarga da ETAR de Beirolas.
1.3.1.2. Teor em matéria orgânica total
O teor médio de matéria orgânica total dos sedimentos superficiais oscilou entre 3,2% e 7,5% (Tabela
4), sendo que 67% dos teores determinados foram superiores a 5%. Os valores mais elevados
corresponderam a sedimentos mais finos e os mais baixos a sedimentos com maior percentagem de
partículas mais grosseiras. Foi observada uma correlação direta entre os teores de matéria orgânica
total e a percentagem de partículas finas dos sedimentos (R=0,84, n=15).
Tabela 4 – Teores de Matéria Orgânica Total (%) determinados nos sedimentos superficiais colhidos na área de descarga da ETAR de Beirolas.
Estação MOT
BCN 5,8
BCS 6,6
B1 6,1
B2 6,7
B3 5,8
B4 7,5
B5 5,9
B6 4,9
B7 4,6
B8 6,0
B9 5,8
B10 7,3
B11 3,2
B12 3,6
B13 5,5
Instituto Português do Mar e da Atmosfera, I.P. Rua C - Aeroporto de Lisboa 1749-077 Lisboa, Portugal 11|47
www.ipma.pt [email protected]
Tel: (+351) 21 844 70 00 Fax: (+351) 21 840 23 70
1.3.1.3. Macroinvertebrados bentónicos
A lista dos taxa provenientes da amostragem e respetivas densidades numéricas é apresentada na
Tabela 5. Os espécimes colhidos pertencem a cinco grandes grupos taxonómicos que são por ordem
decrescente de abundância: Annelida, Mollusca, Arthropoda, Echinodermata e Platyhelminthes
(Figura 8).
Figura 8 – Representatividade (% da abundância total) dos grandes grupos taxonómicos recolhidos na zona da ETAR de Beirolas.
Os Annelida compostos exclusivamente por Polychaeta, estão representados em todas as estações.
Destacam-se três espécies que ocorreram com maior abundância e/ou com maior frequência: Lanice
conchilega (presente em 73% das estações, representando 61% do número total de poliquetas),
Hediste diversicolor e Nephtys hombergii, os quais embora menos abundantes ocorreram com grande
frequência (80 e 60%, respetivamente).
Os Mollusca são compostos apenas por Bivalvia destacando-se, quer pela abundância (67% da
abundância dos moluscos) quer pela frequência de ocorrência (47%), a espécie não-indígena invasora
Ruditapes philippinarum (amêijoa-japonesa), de grande capacidade competitiva relativamente a
outras espécies locais, como por exemplo a amêijoa-boa e o berbigão (Gaspar, 2010).
Os Arthropoda são compostos por crustáceos das ordens Amphipoda, Isopoda e Decapoda. A espécie
mais abundante (38% do número total de crustáceos) e com maior frequência de ocorrência (em 40%
das estações) é o anfípode Corophium orientale. O isópode Cyathura carinata e o decápode Carcinus
maenas (caranguejo-verde), menos abundantes (respetivamente 15 e 14% do número total de
crustáceos) destacam-se também pela frequência de ocorrência (em 33% das estações).
Os Echinodermata são representados apenas pelo pequeno Ophiuroidea Amphipholis squamata.
Dos Platyhelminthes foi recolhido um único exemplar não identificado.
Instituto Português do Mar e da Atmosfera, I.P. Rua C - Aeroporto de Lisboa 1749-077 Lisboa, Portugal 12|47
www.ipma.pt [email protected]
Tel: (+351) 21 844 70 00 Fax: (+351) 21 840 23 70
Tabela 5 – Densidade (0,3 m2) dos taxa identificados nas estações de amostragem na zona da ETAR de Beirolas.
Taxa BCN BCS B1 B2 B3 B4 B5 B6 B7 B8 B9 B10 B11 B12 B13
Filo Annelida Classe Polychaeta Ordem Eunicida Família Eunicidae Marphysa sanguinea (Montagu, 1813) 1 1 1 Ordem Phyllodocida Família Glyceridae Glycera tridactyla Schmarda, 1861 1 1 Glycera unicornis Lamarck, 1818 1 2 1 1 1 Família Nephtyidae Nephtys hombergii Savigny in Lamarck, 1818 1 15 25 12 20 7 18 3 10 3 1 11 Família Nereididae Eunereis longissima (Johnston, 1840) 1 Hediste diversicolor (O.F. Müller, 1776) 22 66 160 109 12 25 2 1 4 Websterinereis glauca (Claparède, 1870) 1 Família Polynoidae Harmothoe sp. 1 Ordem Terebellida Família Terebellidae Lanice conchilega (Pallas, 1776) 7 175 1 4 23 412 1 38 39 180 11 Melinna palmata Grube, 1870 2 Filo Mollusca Classe Bivalvia Ordem Cardiida Família Cardiidae Cerastoderma edule (Linnaeus, 1758) 1 1 7 3 Parvicardium pinnulatum (Conrad, 1831) 3 Família Semelidae Scrobicularia plana (da Costa, 1778) 5 1 2 2 Ordem Myida Família Corbulidae Corbula gibba (Olivi, 1792) 1 Família Pholadidae Barnea candida (Linnaeus, 1758) 7 12 Ordem Mytilida Família Mytilidae Gibbomodiola adriatica (Lamarck, 1819) 1 Ordem Nuculida Família Nuculidae Nucula nucleus Linnaeus, 1758 2 Ordem Venerida Família Veneridae Ruditapes philippinarum (Adams & Reeve, 1850)
16 3 8 53 12 6
Filo Arthropoda Classe Malacostraca Ordem Amphipoda Família Corophiidae Corophium orientale Schellenberg, 1928 2 5 1 12 1 4 Família Ischyroceridae Ericthonius punctatus (Spence Bate, 1857) 1 Família Melitidae Abludomelita obtusata (Montagu, 1813) 4 Melita palmata (Montagu, 1804) 1 2 1 5 Ordem Decapoda Família Callianassidae Pestarella tyrrhena (Petagna, 1792) 1 1 Família Carcinidae Carcinus maenas (Linnaeus, 1758) 2 3 2 2 Família Crangonidae
Instituto Português do Mar e da Atmosfera, I.P. Rua C - Aeroporto de Lisboa 1749-077 Lisboa, Portugal 13|47
www.ipma.pt [email protected]
Tel: (+351) 21 844 70 00 Fax: (+351) 21 840 23 70
Crangon crangon (Linnaeus, 1758) 1 Família Inachidae Macropodia rostrata (Linnaeus, 1761) 1 Família Pilumnidae Pilumnus spinifer H. Milne Edwards, 1834 1 Família Pinnotheridae Pinnotheres pisum (Linnaeus, 1767) 1 Família Processidae Processa edulis crassipes Nouvel & Holthuis, 1957
1
Ordem Isopoda Família Anthuridae Cyathura carinata (Krøyer, 1847) 1 4 1 4 1 Filo Echinodermata Classe Ophiuroidea Ordem Ophiurida Família Amphiuridae Amphipholis squamata (Delle Chiaje, 1828) 4 1 1 1 1
1.3.1.4. Qualidade ecológica
Os valores do índice M-AMBI (Figura 9) mostram que o estado de qualidade ecológica das comunidades
de macroinvertebrados bentónicos variou entre pobre e bom, com 73% das estações em bom estado
de qualidade ecológica, 20% com qualidade moderada e apenas 7% (1 estação) com qualidade pobre,
ainda assim com um valor próximo da fronteira com o estado de qualidade moderada. As estações
mais próximas do local de descarga, onde predominam as espécies tolerantes ao aumento do
enriquecimento orgânico dos sedimentos (Figura 10) são as que evidenciam pior estado de qualidade
ecológica. Estas espécies são substituídas por espécies indiferentes à medida que aumenta a distância
ao ponto de descarga e, também, por algumas espécies sensíveis (Figura 10) estas tendencialmente
mais numerosas nas estações com maior distância ao ponto de descarga.
Figura 9 – Valores do índice de qualidade ecológica M-AMBI obtidos para as comunidades de macroinvertebrados bentónicos da área da ETAR de Beirolas.
Instituto Português do Mar e da Atmosfera, I.P. Rua C - Aeroporto de Lisboa 1749-077 Lisboa, Portugal 14|47
www.ipma.pt [email protected]
Tel: (+351) 21 844 70 00 Fax: (+351) 21 840 23 70
Figura 10 – Abundância relativa dos grupos ecológicos na área da ETAR de Beirolas. I: sensíveis; II: indiferentes; III: tolerantes; IV: oportunistas de 2ª ordem; V: oportunistas de 1ª ordem.
1.3.2. Chelas
1.3.2.1. Granulometria
A caracterização dos sedimentos superficiais expressa pelos valores percentuais das frações
granulométricas e pelos valores da mediana e do coeficiente de triagem, é apresentada na tabela 6.
As curvas granulométricas das amostras de sedimento são apresentadas nas figuras 11, 12 e 13.
Os sedimentos são predominantemente lodosos, sendo que a percentagem de partículas finas (< 63
mm) varia entre 38% e 98%. Assim, foram observados os seguintes tipos sedimentares: lodo, lodo
arenoso, lodo arenoso ligeiramente cascalhento, lodo arenoso cascalhento, areia fina lodosa
ligeiramente cascalhenta e areia fina cascalhenta.
Os sedimentos das estações C5, C10 e C11 são lodo, cujo conteúdo de finos varia entre 95 e de 98%.
Os sedimentos das estações, C1, C2, C3, C7, C8 e C13 são lodo arenoso, cujo teor de finos oscila entre
58 e 86%
O sedimento da estação CCN, com um conteúdo de cascalho e de partículas finas de 6,1 e de 64%,
respetivamente, é lodo arenoso cascalhento.
Os sedimentos das estações CCS, C4 e C9 com um conteúdo de cascalho até 3%, e de finos entre 61 e
67%, são lodo arenoso ligeiramente cascalhento.
O sedimento da estação C12, com um conteúdo de finos de 38%, com 1% de cascalho e com uma
mediana de 144 μm é areia fina lodosa ligeiramente cascalhenta.
O sedimento da estação C6 é areia fina cascalhenta mal calibrada (So=2,7), com um conteúdo de
cascalho de 11,8% e uma mediana de 166 μm.
Instituto Português do Mar e da Atmosfera, I.P. Rua C - Aeroporto de Lisboa 1749-077 Lisboa, Portugal 15|47
www.ipma.pt [email protected]
Tel: (+351) 21 844 70 00 Fax: (+351) 21 840 23 70
Figura 11 – Famílias de curvas acumulativas das frequências das diferentes classes granulométricas nas amostras de lodo (esquerda) e lodo arenoso (direita), colhidas na área de descarga da ETAR de Chelas.
Figura 12 – Famílias de curvas acumulativas das frequências das diferentes classes granulométricas nas amostras de lodo arenoso ligeiramente cascalhento (esquerda) e lodo arenoso cascalhento (direita), colhidas na área de
descarga da ETAR de Chelas.
Figura 13 – Famílias de curvas acumulativas das frequências das diferentes classes granulométricas nas amostras de areia fina lodosa ligeiramente cascalhenta (esquerda) e areia fina cascalhenta (direita), colhidas na área de
descarga da ETAR de Chelas.
Instituto Português do Mar e da Atmosfera, I.P. Rua C - Aeroporto de Lisboa 1749-077 Lisboa, Portugal 16|47
www.ipma.pt [email protected]
Tel: (+351) 21 844 70 00 Fax: (+351) 21 840 23 70
Tabela 6 – Valores percentuais das frações granulométricas (μm), mediana (μm), coeficiente de triagem (So) e classificação do tipo sedimentar das amostras de sedimentos superficiais colhidas na área de descarga da ETAR de Chelas.
Estação Seixos 4000-8000
Cascalho 2000-4000
Areia muito grossa
1000-2000
Areia grossa
500-1000
Areia média
250-500
Areia fina 125-250
Areia muito fina
63-125
Silte 38-63
Argila < 38
Mediana So Tipo sedimentar
CCN 5,12 0,93 1,19 1,59 6,24 14,25 7,02 3,55 60,11 - - Lodo arenoso cascalhento
CCS 2,65 0,37 0,56 0,98 4,68 19,69 3,94 1,16 65,97 - - Lodo arenoso ligeiramente cascalhento
C1 0 0 0,23 0,36 1,48 4,35 7,6 5,92 80,06 - - Lodo arenoso C2 0 0 0,36 0,52 2,24 16,34 11,46 2,36 66,72 - - Lodo arenoso
C3 0 0 0,65 0,94 5,67 23,67 11,41 5,54 52,12 - - Lodo arenoso
C4 0,3 0,76 0,82 1,66 6,85 21,49 6,72 2,26 59,14 - - Lodo arenoso ligeiramente cascalhento
C5 0 0 0,28 0,25 0,5 1,72 2,39 3,15 91,71 - - Lodo
C6 4,68 7,08 11,35 8,6 6,24 41,45 20,59 0,01 0 166 2,7 Areia fina cascalhenta
C7 0 0 0,14 0,6 2,54 17,31 3,72 0,82 74,87 - - Lodo arenoso C8 0 0 0,33 0,36 1,2 33,64 5,77 1,34 57,36 - - Lodo arenoso
C9 1,41 0,47 0,58 1,05 6,76 22,9 6,02 4,41 56,4 - - Lodo arenoso ligeiramente cascalhento
C10 0 0 0 0,08 0,38 1,27 0,76 0,82 96,69 - - Lodo C11 0 0 0,03 0,13 0,66 2,84 0,84 0,57 94,93 - - Lodo
C12 0 0,86 0,72 0,91 7,42 45,7 6,41 0,75 37,23 144 - Areia fina lodosa ligeiramente cascalhenta
C13 0 0 0,14 0,27 1,34 5,05 14,6 3,32 75,28 - - Lodo arenoso
1.3.2.2. Teor em matéria orgânica total
Os teores de matéria orgânica total dos sedimentos superficiais variaram entre 3,1 e 5,7%. (Tabela 7). A correlação entre aqueles valores e a percentagem de partículas finas dos sedimentos foi elevada (R=0,71, n=15).
Tabela 7 – Teores de Matéria Orgânica Total (%) determinados nos sedimentos superficiais colhidos na área de descarga da ETAR de Chelas.
Estação MOT
CCN 3,1
CCS 3,9
C1 5,7
C2 3,6
C3 3,0
C4 4,9
C5 5,6
C6 3,2
C7 5,5
C8 4,4
C9 4,5
C10 5,1
C11 5,0
C12 3,5
C13 5,2
Instituto Português do Mar e da Atmosfera, I.P. Rua C - Aeroporto de Lisboa 1749-077 Lisboa, Portugal 17|47
www.ipma.pt [email protected]
Tel: (+351) 21 844 70 00 Fax: (+351) 21 840 23 70
1.3.2.3. Macroinvertebrados bentónicos
A lista dos taxa provenientes da amostragem e respetivas densidades numéricas é apresentada na
Tabela 8. Os espécimes colhidos pertencem a seis grandes grupos taxonómicos que são por ordem
decrescente de abundância: Mollusca, Arthropoda, Annelida, Echinodermata, Nemertea e Nematoda
(Figura 14).
Figura 14 – Representatividade (% da abundância total) dos grandes grupos taxonómicos recolhidos na zona da ETAR de Beirolas.
Os Mollusca, compostos por Bivalvia, Gastropoda e Polyplacophora, estão representados em todas as
estações. Os Bivalvia são os mais abundantes e diversos constituindo 99,5% da abundância dos
Mollusca, sendo que se destaca a espécie Barnea candida, representante quase exclusiva (90% do
número total) do grupo. Os Gastropoda estão representados apenas por duas espécies e os
Polyplacophora por uma espécie. Os dois grupos conjuntamente representam menos de 1% da
abundância total dos Mollusca.
Os Arthropoda são compostos por crustáceos das ordens Amphipoda, Cumacea, Decapoda, Isopoda e
Mysida. Os Amphipoda são os mais representativos (90% do número total de artrópodes e presentes
em 93% das estações de amostragem), com destaque para Monocorophium acherusicum e
Abludomelita obtusata que representam respetivamente 44 e 31% do total de crustáceos. Os
Decapoda representam apenas 8% da abundância dos Artrópodes, sendo a espécie mais abundante
(46%) o pequeno caranguejo Pinnotheres pisum; os Cumacea, Isopoda e Mysida em conjunto
constituem 1,5% do número total de crustáceos.
Os Annelida são representados por Polychaeta com 100% de frequência de ocorrência. Destacam-se
algumas espécies representadas por mais de 10 indivíduos cada uma, que em conjunto constituem
67% da abundância dos poliquetas em Chelas, a saber: Notomastus latericeus (24%), Nephtys
hombergii (12%), Aonides oxycephala (9%), Melinna palmata (9%), Eunereis longíssima (9%) e Glycera
unicornis (5%).
Instituto Português do Mar e da Atmosfera, I.P. Rua C - Aeroporto de Lisboa 1749-077 Lisboa, Portugal 18|47
www.ipma.pt [email protected]
Tel: (+351) 21 844 70 00 Fax: (+351) 21 840 23 70
Os Echinodermata são representados apenas pelo pequeno Ophiuroidea Amphipholis squamata com
uma frequência de ocorrência de 73%.
Os Nemertea e os Nematoda estão representados por alguns fragmentos de espécimes não
identificados.
Tabela 8 – Densidade (0,3 m2) dos taxa identificados nas estações de amostragem na zona da ETAR de Chelas.
Taxa CCN CCS C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8 C9 C10 C11 C12 C13
Filo Nemertea Nemertea sp. 1 2 1 Filo Nematoda Nematoda sp. 1 Filo Annelida Classe Polychaeta Ordem Eunicida Família Eunicidae Marphysa sanguinea (Montagu, 1813) 1 1 1 2 1 1 Família Lumbrineridae Lumbrineris latreilli Audouin & Milne Edwards, 1834 1 1 Lumbrineridae sp. 2 Ordem não atribuída Família Capitellidae Capitellidae sp. 2 1 Heteromastus filiformis (Claparède, 1864) 1 1 3 2 Mediomastus fragilis Rasmussen, 1973 2 1 1 1 1 Notomastus latericeus Sars, 1851 9 1 8 17 1 9 2 Família Orbiniidae Orbiniidae sp. 1 Ordem Phyllodocida Família Glyceridae Glycera tridactyla Schmarda, 1861 1 1 1 Glycera unicornis Lamarck, 1818 1 1 1 2 2 1 1 1 1 Família Nephtyidae Nephtys hombergii Savigny in Lamarck, 1818 2 1 1 2 4 2 1 3 2 4 1 1 3 1 Família Nereididae Eunereis longissima (Johnston, 1840) 2 1 1 2 2 5 2 1 3 1 1 Neanthes nubila (Savigny, 1822) 1 Família Phyllodocidae Phyllodoce laminosa Savigny in Lamarck, 1818 1 Família Polynoidae Harmothoe antilopes McIntosh, 1876 2 1 ?Harmothoe clavigera M. Sars, 1863 1 Harmothoe sp. 1 Harmothoe sp1 (M. Sars, 1861) 1 Malmgrenia lunulata (Delle Chiaje, 1830) 1 Malmgrenia mcintoshi (Tebble & Chambers, 1982) 1 Malmgrenia polypapillata (Barnich & Fiege, 2001) 1 2 Malmgrenia sp. 1 Ordem Spionida Família Spionidae Aonides oxycephala (Sars, 1862) 8 1 1 1 1 1 5 4 1 Spionidae sp. 1 Ordem Terebellida Família Ampharetidae Melinna palmata Grube, 1810 4 1 7 3 1 3 1 1 1 Família Cirratulidae Cirratulidae sp. 1 1 1 1 1 Família Pectinariidae Lagis koreni Malmgren, 1866 1 1 2
Instituto Português do Mar e da Atmosfera, I.P. Rua C - Aeroporto de Lisboa 1749-077 Lisboa, Portugal 19|47
www.ipma.pt [email protected]
Tel: (+351) 21 844 70 00 Fax: (+351) 21 840 23 70
Família Terebellidae Lanice conchilega (Pallas, 1776) 1 1 Terebellidae sp. 1 1 Filo Mollusca Classe Polyplacophora Ordem Chitonida Família Chaetopleuridae Chaetopleura angulata (Spengler, 1797) 1 Classe Gastropoda Ordem Littorinimorpha Família Calyptraeidae Calyptraea chinensis (Linnaeus, 1758) 1 Ordem Neogastropoda Família Nassariidae Nassarius reticulatus (Linnaeus, 1758) 1 1 1 1 Classe Bivalvia Ordem Adapedonta Família Pharidae Ensis siliqua (Linnaeus, 1758) 1 1 1 2 5 1 Ordem Cardiida Família Semelidae Abra alba (W. Wood, 1802) 4 2 3 2 2 1 3 12 2 4 3 1 Scrobicularia plana (da Costa, 1778) 2 1 Ordem Myida Família Corbulidae Corbula gibba (Olivi, 1792) 2 1 1 1 1 4 2 5 6 12 4 Família Pholadidae Barnea candida (Linnaeus, 1758) 90 26 27 72 39 243 57 323 19 5 137 63 16 294
Ordem n.a. Família Mactridae Eastonia rugosa (Helbling, 1779) 1 Spisula subtruncata (da Costa, 1778) 1 Família Montacutidae Tellimya ferruginosa (Montagu, 1808) 1 1 1 1 Família Thraciidae Thracia phaseolina (Lamarck, 1818) 2 1 1 Ordem Nuculida Família Nuculidae Nucula nucleus Linnaeus, 1758 1 3 1 2 6 2 2 4 12 2 Ordem Venerida Família Veneridae Ruditapes philippinarum (Adams & Reeve, 1850) 1 1 1 1 1 1 1 Timoclea ovata (Pennant, 1777) 1 1 1 1 Venerupis corrugata (Gmelin, 1791) 2 1 1 1 Filo Arthropoda Classe Malacostraca Ordem Amphipoda Família Ampeliscidae Ampelisca diadema (Costa, 1853) 2 2 2 Ampelisca tenuicornis Lilljeborg, 1855 2 1 3 1 1 3 Família Atylidae Nototropis swammerdamei (Milne Edwards, 1830) 2 1 Família Corophiidae Medicorophium aculeatum (Chevreux, 1908) 1 1 Monocorophium acherusicum (Costa, 1853) 134 9 2 3 1 1 4 2 Monocorophium sextonae (Crawford, 1937) 17 2 Família Ischyroceridae Ericthonius punctatus (Bate, 1857) 17 2 1 8 13 1 2 7 1 Família Melitidae Abludomelita obtusata (Montagu, 1813) 5 5 5 16 19 15 7 2 8 14 6 2 2 4 Ordem Cumacea Família Bodotriidae Bodotria scorpioides (Montagu, 1804) 1 1 1
Instituto Português do Mar e da Atmosfera, I.P. Rua C - Aeroporto de Lisboa 1749-077 Lisboa, Portugal 20|47
www.ipma.pt [email protected]
Tel: (+351) 21 844 70 00 Fax: (+351) 21 840 23 70
Ordem Decapoda Família Inachidae Inachus dorsettensis (Pennant, 1777) 1 Inachus phalangium (Fabricius, 1775) 1 Macropodia rostrata (Linnaeus, 1761) 1 1 Família Pinnotheridae Pinnotheres pisum (Linnaeus, 1767) 1 18 1 Família Polybiidae Liocarcinus pusillus (Leach, 1816) 2 Liocarcinus vernalis (Risso, 1816) 2 Família Processidae Processa edulis crassipes Nouvel & Holthuis, 1957 1 1 Família Upogebiidae Upogebia deltaura (Leach, 1815) 2 Ordem Isopoda Família Anthuridae Cyathura carinata (Krøyer, 1847) 1 Ordem Mysida Família Mysidae
Gastrosaccus spinifer (Goës, 1864) 1 1 Filo Echinodermata Classe Ophiuroidea Ordem Ophiurida Família Amphiuridae Amphipholis squamata (Delle Chiaje, 1828) 13 19 1 2 8 1 7 6 11 3
1.3.2.4. Qualidade ecológica
O estado de qualidade ecológica das comunidades de macroinvertebrados bentónicos, expresso pelos
valores do índice multimétrico M-AMBI, variou entre bom e excelente (Figura 15). A maioria das
estações (13, i.e, 87%) apresentaram estado ecológico bom e duas estações (13%), nomeadamente a
estação de controlo Norte (CCN) e a estação C3 situada a pouca distância da zona de descarga,
apresentaram um estado excelente. Como se pode observar na figura 16, a maioria das comunidades
de macroinvertebrados bentónicos da área de Chelas é claramente dominada por espécies sensíveis
ao aumento do teor de matéria orgânica dos sedimentos. Apenas na estação C4 há uma dominância
clara de espécies tolerantes ao aumento da matéria orgânica.
Figura 15 – Valores do índice de qualidade ecológica M-AMBI obtidos para as comunidades de macrofauna bentónica da área da ETAR de Chelas.
Instituto Português do Mar e da Atmosfera, I.P. Rua C - Aeroporto de Lisboa 1749-077 Lisboa, Portugal 21|47
www.ipma.pt [email protected]
Tel: (+351) 21 844 70 00 Fax: (+351) 21 840 23 70
Figura 16 - Abundância relativa dos grupos ecológicos na área da ETAR de Chelas. I: sensíveis; II: indiferentes; III: tolerantes; IV: oportunistas de 2ª ordem; V: oportunistas de 1ª ordem.
1.3.3. Terreiro do Paço
1.3.3.1. Granulometria
A caracterização dos sedimentos superficiais expressa pelos valores percentuais das frações
granulométricas e pelos valores da mediana e do coeficiente de triagem, é apresentada na tabela 9.
As curvas granulométricas das amostras de sedimento são apresentadas nas figuras 17, 18 e 19.
Foram identificados os seguintes tipos sedimentares:
1. Areia média cascalhenta nas estações TCN, T5, T9, T10 e T11, bem a medianamente calibrada
(1,3<So<2,0), com um conteúdo de cascalho entre 5,1 e 17,2% e um teor de partículas finas
até 0,2%. A mediana varia entre 287 e 330 μm.
2. Areia média ligeiramente cascalhenta na estação T8, bem calibrada (So=1,3), com conteúdos
de cascalho e de partículas finas de 3,2 e de 0,03%, respetivamente e com uma mediana de
298 µm.
3. Areia média lodosa cascalhenta nas estações T2, T3 e T7, medianamente calibrada
(1,6<So<2,3), com um conteúdo de cascalho oscilando entre 6 e 15% e um teor de partículas
finas entre 10 e 16%. A mediana varia entre 258 e 282 μm.
4. Areia fina lodosa cascalhenta na estação T1, medianamente calibrada (So=1,6), com conteúdos
de cascalho e de partículas finas de 7,2 e de 14,1% respetivamente e com uma mediana de 237
µm.
5. Lodo arenoso nas estações TCS, T4, T12 e T13, cujo teor de finos oscila entre 75,6 e 87,9%.
Estes sedimentos podem ser ligeiramente cascalhentos, com um conteúdo de cascalho até
1,8% (caso das estações TCS e T4).
6. Lodo com 96,4% de finos, na estação T6.
Instituto Português do Mar e da Atmosfera, I.P. Rua C - Aeroporto de Lisboa 1749-077 Lisboa, Portugal 22|47
www.ipma.pt [email protected]
Tel: (+351) 21 844 70 00 Fax: (+351) 21 840 23 70
Figura 17 – Famílias de curvas acumulativas das frequências das diferentes classes granulométricas nas amostras de areia média: ligeiramente cascalhenta (esquerda) e cascalhenta (direita), colhidas na área do Terreiro do Paço.
Figura 18 – Famílias de curvas acumulativas das frequências das diferentes classes granulométricas nas amostras de areia lodosa cascalhenta: fina (esquerda) e média (direita), colhidas na área do Terreiro do Paço.
Figura 19 – Famílias de curvas acumulativas das frequências das diferentes classes granulométricas nas amostras de lodo arenoso (esquerda) e lodo (direita), colhidas na área do Terreiro do Paço.
Instituto Português do Mar e da Atmosfera, I.P. Rua C - Aeroporto de Lisboa 1749-077 Lisboa, Portugal 23|47
www.ipma.pt [email protected]
Tel: (+351) 21 844 70 00 Fax: (+351) 21 840 23 70
Tabela 9 – Valores percentuais das frações granulométricas (μm), mediana (μm), coeficiente de triagem (So) e classificação do tipo sedimentar das amostras de sedimentos superficiais colhidas na área do Terreiro do Paço.
Estação Seixos 4000-8000
Cascalho 2000-4000
Areia muito grossa
1000-2000
Areia grossa
500-1000
Areia média
250-500
Areia fina
125-250
Areia muito fina
63-125
Silte 38-63
Argila < 38
Mediana So Tipo sedimentar
TCN 1,64 3,43 4,45 11,87 55,48 22,67 0,46 0 0 299 1,3 Areia média cascalhenta
TCS 1,35 0,49 0,08 0,24 2,75 17,3 2,2 1,24 74,35 - - Lodo arenoso ligeiramente cascalhento
T1 1,88 5,3 4,52 7,98 27,14 32,85 6,23 0,73 13,37 237 1,6 Areia fina lodo-cascalhenta
T2 2,73 3,42 4,34 10,44 32,22 23,24 7,67 0,38 15,56 259 1,8 Areia média lodo-cascalhenta
T3 4,95 4,44 4,14 9,34 39,82 22,02 4,86 0,64 9,79 282 1,6 Areia média lodo-cascalhenta
T4 0,36 0,32 0,23 0,92 1,79 4,34 9,47 2,43 80,14 - - Lodo arenoso ligeiramente cascalhento
T5 1,56 8,62 7,48 12,87 30,62 35 3,8 0,05 0 287 2,0 Areia média cascalhenta
T6 0 0 0,14 0,32 1,08 1,18 0,87 0,56 95,85 - - Lodo
T7 8,69 6,21 4,92 7,37 25,31 28,88 6,37 0,44 11,81 258 2,3 Areia média lodo-cascalhenta
T8 0,31 2,9 4,66 10,73 60,53 18,3 2,54 0,03 0 298 1,3 Areia média ligeiramente cascalhenta
T9 6,09 11,06 9,37 14,9 28,85 25 4,56 0,17 0 358 2,2 Areia média cascalhenta
T10 1,24 8,96 8,76 13,5 32,14 28,92 6,33 0,15 0 293 2,0 Areia média cascalhenta
T11 6,08 5,37 7,98 15,64 41,78 19,21 3,84 0,1 0 330 1,9 Areia média cascalhenta
T12 0 0 0 0,51 1,86 3,16 6,58 1,46 86,43 - - Lodo arenoso
T13 0 0 0,88 1,54 4,22 8,89 3,41 2 79,06 - - Lodo arenoso
1.3.3.2. Teor em matéria orgânica total
O teor médio de matéria orgânica total dos sedimentos superficiais oscilou entre 1,2 e 5,8% (Tabela
10), sendo que os valores mais elevados corresponderam a sedimentos mais finos e os mais baixos a
sedimentos com maior percentagem de partículas mais grosseiras. A maioria (80%) dos teores
determinados foi inferior a 5%. Foi observada uma correlação direta entre os teores de matéria
orgânica total e a percentagem de partículas finas dos sedimentos (R=0,98, n=15).
Tabela 10 – Teores de Matéria Orgânica Total (%) determinados nos sedimentos superficiais colhidos na área do Terreiro do Paço.
Estação MOT
TCN 1,4
TCS 4,5
T1 1,9
T2 2,3
T3 2,1
T4 4,8
T5 1,7
T6 5,6
Instituto Português do Mar e da Atmosfera, I.P. Rua C - Aeroporto de Lisboa 1749-077 Lisboa, Portugal 24|47
www.ipma.pt [email protected]
Tel: (+351) 21 844 70 00 Fax: (+351) 21 840 23 70
T7 2,2
T8 1,2
T9 2,2
T10 1,8
T11 2,0
T12 5,1
T13 5,7
1.3.3.3. Macroinvertebrados bentónicos
A lista dos taxa provenientes da amostragem e respetivas densidades numéricas é apresentada na
Tabela 11. Os espécimes colhidos pertencem a sete grandes grupos taxonómicos que são por ordem
decrescente de abundância: Mollusca, Annelida, Arthropoda, Echinodermata, Cnidaria, Nemertea e
Sipuncula (Figura 20).
Figura 20 – Representatividade (% da abundância total) dos grandes grupos taxonómicos recolhidos na área do Terreiro do Paço.
Os Mollusca são compostos por Bivalvia e Gastropoda. Os Bivalvia são os mais abundantes (97% do
número total de moluscos) e ocorreram em todas as estações. Barnea candida e Nucula nucleus
destacam-se como espécies mais abundantes representando respetivamente 58 e 22% do número
total de bivalves colhidos. Os Gastropoda constituem os restantes 3% da abundância de moluscos e
têm uma frequência de ocorrência de 47%.
Os Annelida, compostos por Polychaeta, ocorreram em todas as estações. Destacam-se quatro
espécies que constituíram 10% ou mais da abundância total de poliquetas, nomeadamente: Aonides
oxycephala, Mediomastus fragilis, Notomastus latericeus e Sabellaria spinulosa.
Os Arthropoda são representados por Amphipoda, Decapoda e Mysida. Os Amphipoda são os mais
abundantes (70,8% do total de Arthropoda) e ocorrem com frequência elevada (presentes em 80% das
estações de amostragem). Abludomelita obtusata destaca-se como o anfípode mais abundante,
representando 49% do número total de anfípodes; foi também o que ocorreu mais vezes (em 67% das
Instituto Português do Mar e da Atmosfera, I.P. Rua C - Aeroporto de Lisboa 1749-077 Lisboa, Portugal 25|47
www.ipma.pt [email protected]
Tel: (+351) 21 844 70 00 Fax: (+351) 21 840 23 70
estações). Os Decapoda representam apenas 24,5% da abundância dos Arthropoda mas ocorrem com
a mesma frequência que os Amphipoda; o seu principal representante é o pequeno caranguejo-
eremita Diogenes pugilator, constituindo 62% do número de decápodes recolhidos e presente em 60%
das estações de amostragem. Os Mysida, representados por Gastrosacus spinifer e Neomysis integer
representam apenas 4,7% do total de artrópodes recolhidos tendo ocorrido em três (20%) das quinze
estações amostradas.
Os Echinodermata são representados por dois ofiurídeos, Amphipholis squamata e Amphiura chiajei.
A. squamata representa 97% da abundância do grupo e é o maior contribuinte para a elevada
frequência de ocorrência dos Echinodermata.
Os Cnidaria estão representados apenas pelo actiniário Sagartia troglodytes, espécie comum no
estuário.
Os Nemertea estão representados por dois fragmentos e os Sipuncula por um exemplar apenas.
Tabela 11 – Densidade (0,3 m2) dos taxa identificados nas estações de amostragem na área do Terreiro do Paço.
Taxa TCN TCS T1 T2 T3 T4 T5 T6 T7 T8 T9 T10 T11 T12 T13
Filo Cnidaria Classe Anthozoa Ordem Actiniaria Família Sagartiidae Sagartia troglodytes (Price in Johnston, 1847) 1 4 1 1 Filo Nemertea Nemertea sp. 1 1 Filo Annelida Classe Polychaeta Ordem Eunicidae Família Eunicidae Marphysa sanguinea (Montagu, 1813) 2 2 1 1 5 3 1 2 Família Lumbrineridae Lumbrineris latreilli Audouin & Milne Edwards, 1834 1 1 3 4 1 1 Lumbrineris sp 1 Família Oenonidae Arabella iricolor Montagu, 1804 1 Ordem não atribuída Família Capitellidae Heteromastus filiformis (Claparède, 1864) 1 1 Mediomastus fragilis Rasmussen, 1973 3 6 7 11 4 2 3 7 10 1 6 Notomastus latericeus Sars, 1851 2 1 7 4 1 2 7 5 1 8 9 3 1 Família Cossuridae Cossura coasta Kitamori, 1960 1 Família Orbiniidae Orbinia sertulata (Savigny, 1822) 2 1 1 2 1 1 1 Ordem Phyllodocida Família Glyceridae Glycera alba (O.F. Müller, 1776) 1 1 Glycera tridactyla Schmarda, 1861 1 1 3 Glycera unicornis Lamarck, 1818 1 1 1 1 1 Glycera sp. 1 1 1 Família Hesionidae Psamathe sp. 1 Família Nephtyidae Nephtys hombergii Savigny in Lamarck, 1818 1 3 1 3 1 1 2 1 1 2 Família Nereididae
Instituto Português do Mar e da Atmosfera, I.P. Rua C - Aeroporto de Lisboa 1749-077 Lisboa, Portugal 26|47
www.ipma.pt [email protected]
Tel: (+351) 21 844 70 00 Fax: (+351) 21 840 23 70
Eunereis longissima (Johnston, 1840) 1 1 Família Pilargidae Pilargidae sp. 1 Família Polynoidae ?Harmothoe clavigera M. Sars, 1863 1 Harmothoe sp. 1 Malmgrenia castanea McIntosh, 1876 1 Malmgrenia darbouxi (Pettibone, 1993) 1 Malmgrenia polypapillata (Barnich & Fiege, 2001) 1 Família Syllidae Syllidae sp. 1 Ordem Sabellida Família Sabellariidae Sabellaria spinulosa (Leuckart, 1849) 7 7 8 10 1 Ordem Spionida Família Spionidae Aonides oxycephala (Sars, 1862) 1 4 2 3 11 8 1 9 10 10 4 Polydora sp. 5 Spionidae sp. 1 1 1 3 1 Ordem Terebellida Família Ampharetidae Melinna palmata Grube, 1810 1 Família Cirratulidae Cirriformia tentaculata (Montagu, 1808) 1 Cirratulidae sp. 2 Família Pectinariidae Lagis koreni Malmgren, 1866 2 1 Família Terebellidae Lanice conchilega (Pallas, 1776) 2 1 Polycirrus sp. 1 Terebellidae sp. 2 1 1 2 Filo Mollusca Classe Gastropoda Ordem Littorinimorpha Família Calyptraeidae Calyptraea chinensis (Linnaeus, 1758) 1 3 1 Ordem Neogastropoda Família Nassariidae Nassarius reticulatus (Linnaeus, 1758) 1 1 2 2 2 Classe Bivalvia Ordem Adapedonta Família Hiatellidae Hiatella arctica (Linnaeus, 1767) 1 Família Pharidae Ensis siliqua (Linnaeus, 1758) 1 Ordem Cardiida Família Semelidae Abra alba (W. Wood, 1802) 2 2 1 1 1 1 2 1 Ervilia castanea (Montagu, 1803) 2 Ordem Myida Família Corbulidae Corbula gibba (Olivi, 1792) 1 2 1 2 2 1 1 2 Família Pholadidae Barnea candida (Linnaeus, 1758) 16 41 24 125 21 Ordem Mytilida Família Mytilidae Gibbomodiola adriatica (Lamarck, 1819) 1 Ordem n.a. Família Mactridae Spisula subtruncata (da Costa, 1778) 4 1 1 2 1 1 1 1 1 Família Montacutidae Kurtiella bidentata (Montagu, 1803) 2 1 1 Família Ungulinidae
Instituto Português do Mar e da Atmosfera, I.P. Rua C - Aeroporto de Lisboa 1749-077 Lisboa, Portugal 27|47
www.ipma.pt [email protected]
Tel: (+351) 21 844 70 00 Fax: (+351) 21 840 23 70
Diplodonta rotundata (Montagu, 1803) 1 Ordem Nuculida Família Nuculidae Nucula nucleus Linnaeus, 1758 10 2 6 66 2 Ordem Ostreida Família Ostreidae 1 Crassostrea angulata (Lamarck, 1819) Ordem Pectinida Família Anomiidae Anomia ephippium Linnaeus, 1758 1 Família Pectinidae Flexopecten flexuosus (Poli, 1795) 1 Ordem Venerida Família Veneridae Timoclea ovata (Pennant, 1777) 1 1 1 Venerupis corrugata (Gmelin, 1791) 2 2 1 1 1 2 1 1 Venus verrucosa Linnaeus, 1758 1 Filo Arthropoda Classe Malacostraca Ordem Amphipoda Família Atylidae Nototropis swammerdamei (Milne Edwards, 1830) 2 Família Corophiidae Medicorophium aculeatum (Chevreux, 1908) 2 19 Monocorophium acherusicum (Costa, 1853) 1 3 3 Família Ischyroceridae Ericthonius punctatus (Bate, 1857) 6 2 2 4 7 7 1 Família Liljeborgiidae Idunella picta (Norman, 1889) 2 2 2 2 1 Família Melitidae Abludomelita obtusata (Montagu, 1813) 8 11 13 21 12 1 1 4 2 1 Família Unciolidae Unciola crenatipalma (Bate, 1862) 2 1 1 4 2 Ordem Decapoda Família Atelecyclidae Atelecyclus undecimdentatus (Herbst, 1783) 1 Família Crangonidae Crangon crangon (Linnaeus, 1758) 1 1 1 1 Família Diogenidae Diogenes pugilator (Roux, 1829) 6 2 3 1 1 5 1 12 1 Família Inachidae Macropodia rostrata (Linnaeus, 1761) 1 1 1 Família Paguridae Anapagurus laevis (Bell, 1846) 3 2 Família Pilumnidae Pilumnus hirtellus (Linnaeus, 1761) 1 Família Porcellanidae Pisidia longirostris (Linnaeus, 1767) 1 1 3 Família Processidae Processa canaliculata Leach, 1815 [in Leach, 1815-1875]
1
Ordem Mysida Família Mysidae Gastrosaccus spinifer (Goës, 1864) 1 2 4 Neomysis integer (Leach, 1814) 1 2 Filo Sipuncula Sipuncula sp. 1 Filo Echinodermata Classe Ophiuroidea Ordem Ophiurida Família Amphiuridae Amphiura chiajei Forbes, 1843 1 1 Amphipholis squamata (Delle Chiaje, 1828) 4 17 1 2 12 4 7 5 6 3 2 3
Instituto Português do Mar e da Atmosfera, I.P. Rua C - Aeroporto de Lisboa 1749-077 Lisboa, Portugal 28|47
www.ipma.pt [email protected]
Tel: (+351) 21 844 70 00 Fax: (+351) 21 840 23 70
1.3.3.4. Qualidade ecológica
O estado de qualidade ecológica das comunidades de macroinvertebrados bentónicos, expresso pelos
valores do índice multimétrico M-AMBI, variou entre moderado e excelente (Figura 21). Os estados
ecológicos bom e excelente predominaram, o primeiro presente em 47% e o segundo em 40% das
estações de amostragem. A distribuição dos grupos ecológicos nas estações de amostragem (Figura
22), mostra uma dominância dos grupos de menor tolerância ao aumento de matéria orgânica (I e II)
em quase todas as estações.
Figura 21 - Valores do índice de qualidade ecológica M-AMBI obtidos para as comunidades de macrofauna bentónica da área do Terreiro do Paço.
Figura 22 - Abundância relativa dos grupos ecológicos na área do Terreiro do Paço. I: sensíveis; II: indiferentes; III: tolerantes; IV: oportunistas de 2ª ordem; V: oportunistas de 1ª ordem.
Instituto Português do Mar e da Atmosfera, I.P. Rua C - Aeroporto de Lisboa 1749-077 Lisboa, Portugal 29|47
www.ipma.pt [email protected]
Tel: (+351) 21 844 70 00 Fax: (+351) 21 840 23 70
1.3.4. Alcântara
1.3.4.1. Granulometria
A caracterização dos sedimentos superficiais expressa pelos valores percentuais das frações
granulométricas e pelos valores da mediana e do coeficiente de triagem, é apresentada na tabela 12. As
curvas granulométricas das amostras de sedimento são apresentadas nas figuras 23, 24 e 25. A estação A7
foi anulada por se encontrar localizada num fundo com cobertura densa de calhaus, o que impossibilitou
as operações de dragagem.
As amostras de sedimento recolhidas na área de descarga da ETAR de Alcântara incluem elementos
grosseiros, tais como seixos e cascalho biogénico (principalmente fragmentos de conchas de moluscos),
areias e partículas mais finas, tendo sido observados os seguintes tipos sedimentares:
1. Cascalho arenoso nas estações A2 e A3, mal calibrado (3,5<So<4,9), com conteúdo de
cascalho entre 33 e 46% e de partículas finas de 8%. A mediana varia entre 890 µm e 1384
µm.
2. Areia lodo-cascalhenta nas estações A1, A6, A8, A9, A10, A11 e A13, mal calibrada (3,1
<So<7,9), com um conteúdo de cascalho oscilando entre 7 e 26% e um teor de partículas finas
entre 14 e 38%. A mediana varia entre 99 e 415 μm.
3. Lodo arenoso ligeiramente cascalhento na estação A5, com conteúdos de cascalho e de
partículas finas de 3% e de 80%, respetivamente.
4. Lodo cascalhento na estação A4, com conteúdos de cascalho e de partículas finas de 15% e
de 57%, respetivamente.
5. Lodo nas estações ACN, ACS e A12, cujo conteúdo de finos varia entre 90 e 92%. Na estação
de controlo Norte (ACN) o lodo é ligeiramente cascalhento, com um conteúdo de cascalho de
1,6%.
Figura 23 – Famílias de curvas acumulativas das frequências das diferentes classes granulométricas nas amostras de cascalho arenoso (esquerda) e areia lodo-cascalhenta (direita), colhidas na área de descarga da ETAR de Alcântara.
Instituto Português do Mar e da Atmosfera, I.P. Rua C - Aeroporto de Lisboa 1749-077 Lisboa, Portugal 30|47
www.ipma.pt [email protected]
Tel: (+351) 21 844 70 00 Fax: (+351) 21 840 23 70
Figura 24 – Curva acumulativa das frequências das diferentes classes granulométricas nas amostras de lodo arenoso ligeiramente cascalhento, colhidas na área de descarga da ETAR de Alcântara.
Figura 25 – Famílias de curvas acumulativas das frequências das diferentes classes granulométricas nas amostras de lodo (esquerda) e lodo cascalhento (direita), colhidas na área de descarga da ETAR de Alcântara.
Tabela 12 – Valores percentuais das frações granulométricas (μm), mediana (μm), coeficiente de triagem (So) e classificação do tipo sedimentar das amostras de sedimentos superficiais colhidas na área de descarga da ETAR de Alcântara.
Estação Seixos 4000-8000
Cascalho 2000-4000
Areia muito grossa
1000-2000
Areia grossa
500-1000
Areia média
250-500
Areia fina
125-250
Areia muito fina
63-125
Silte 38-63
Argila < 38
Mediana So Tipo sedimentar
ACN 0 1,6 0,47 0,81 1,2 1,79 4,46 2,05 87,62 - - Lodo ACS 0 0 1,47 0,55 0,8 1,68 3,39 2,41 89,7 - - Lodo
A1 18,18 7,65 6,24 8,54 6,44 6,81 8,91 1,63 35,6 163 - Areia lodosa cascalhenta
A2 22,07 10,82 10,26 17,44 14,91 7,99 8,56 0,95 7 890 3,5 Cascalho arenoso
A3 38,66 7,76 6,74 10,58 9,98 9,13 9,16 0,94 7,05 1384 4,9 Cascalho arenoso
A4 9,7 4,96 3,27 4,2 4,54 5,03 10,94 3,55 53,81 - - Lodo cascalhento
A5 1,78 0,96 1 1,19 1,88 2,53 11,05 3,9 75,71 - -
Lodo arenoso ligeiramente cascalhento
A6 16,25 5,9 2,48 5,43 9,92 15,64 20,06 2,46 21,86 147 4,4 Areia lodosa cascalhenta
A7 0 0 0 0 0 0 0 0 0 - - Pedra
A8 6,17 6,41 4,63 10,04 19,38 15,6 16,6 2,33 18,84 198 3,1 Areia lodosa cascalhenta
A9 7,98 10,98 9,93 17,78 15,56 11,97 12,04 1,1 12,66 415 3,3 Areia lodosa cascalhenta
A10 19,24 5,84 3,28 4,49 7,14 12,12 20,41 2,7 24,78 134 7,9 Areia lodosa cascalhenta
A11 3,64 2,88 1,47 4,79 5,87 20,63 22,78 1,76 36,18 99 - Areia lodosa cascalhenta
A12 0 0 0,71 0,64 0,86 2,1 5,74 2,03 87,92 - - Lodo
A13 10,35 5,52 5 7,02 10,06 12,22 12,29 2,02 35,52 126 - Areia lodosa cascalhenta
Instituto Português do Mar e da Atmosfera, I.P. Rua C - Aeroporto de Lisboa 1749-077 Lisboa, Portugal 31|47
www.ipma.pt [email protected]
Tel: (+351) 21 844 70 00 Fax: (+351) 21 840 23 70
1.3.4.2. Teor em matéria orgânica total
O teor médio de matéria orgânica total dos sedimentos superficiais oscilou entre 2,4 e 5,9% (Tabela
13), sendo que a maioria (71%) foi inferior a 5%. Os valores mais elevados corresponderam a
sedimentos mais finos e os mais baixos a sedimentos com maior percentagem de partículas mais
grosseiras. Foi observada uma correlação direta entre os teores de matéria orgânica total e a
percentagem de partículas finas dos sedimentos (R=0,83, n=14).
Tabela 13 – Teores de Matéria Orgânica Total (%) determinados nos sedimentos superficiais colhidos na área de descarga da ETAR de Alcântara.
Estação MOT
ACN 5,9
ACS 5,1
A1 4,4
A2 2,4
A3 3,4
A4 4,5
A5 4,5
A6 4,1
A8 3,3
A9 3,0
A10 4,5
A11 5,3
A12 5,7
A13 4,3
1.3.4.3. Macroinvertebrados bentónicos
A lista dos taxa provenientes da amostragem e respetivas densidades numéricas é apresentada na
Tabela 14. Os espécimes colhidos pertencem a sete grandes grupos taxonómicos que são por ordem
decrescente de abundância: Mollusca, Arthropoda, Annelida, Echinodermata, Cnidaria, Nemertea e
Sipuncula (Figura 26).
Instituto Português do Mar e da Atmosfera, I.P. Rua C - Aeroporto de Lisboa 1749-077 Lisboa, Portugal 32|47
www.ipma.pt [email protected]
Tel: (+351) 21 844 70 00 Fax: (+351) 21 840 23 70
Figura 26 – Representatividade (% da abundância total) dos grandes grupos taxonómicos recolhidos na zona da ETAR de Alcântara.
Os Mollusca são compostos por Bivalvia, Gastropoda e Polyplacophora. Os Bivalvia ocorreram em
todas as estações e são os mais abundantes, representando 96% do total de moluscos recolhidos.
Como espécies mais abundantes destacam-se Barnea candida e Nucula nucleus que constituem
respetivamente 52 e 28% do número total de moluscos. Os Gastropoda e os Polyplacophora
constituem cada um 2% da abundância de moluscos e têm uma frequência de ocorrência de 57 e 50%
respetivamente.
Os Arthropoda são compostos por Amphipoda, Decapoda, Cumacea, Tanaidacea e Mysida. Os
Amphipoda são os mais representativos (90% do número total de artrópodes; ocorrem em 93% das
estações de amostragem). Erichtonius punctatus destaca-se, quer pela abundância (58% do total de
artrópodes), quer pela frequência de ocorrência (presente em 79% das estações). Os Decapoda,
representados por um conjunto de pequenos caranguejos e camarões, constituem 6% da abundância
dos artrópodes e ocorrem em 79% das estações. Os restantes grupos têm uma frequência de
ocorrência inferior a 50%, sendo que os Tanaidacea, representados por uma espécie apenas, são os
mais abundantes (3% do total de artrópodes). Os Cumacea e os Mysida em conjunto constituem menos
de 1% do total de artrópodes recolhidos.
Tabela 14 – Densidade (0,3 m2) dos taxa identificados nas estações de amostragem da zona da ETAR de Alcântara.
Taxa ACN ACS A1 A2 A3 A4 A5 A6 A8 A9 A10 A11 A12 A13
Filo Cnidaria Classe Anthozoa Ordem Actiniaria Família Actiniidae Actinia equina (Linnaeus, 1758) 1 Família Sagartiidae Sagartia troglodytes (Price in Johnston, 1847) 3 5 4 3 7 4 2 3 4 8 Filo Nemertea Nemertea sp. 5
Instituto Português do Mar e da Atmosfera, I.P. Rua C - Aeroporto de Lisboa 1749-077 Lisboa, Portugal 33|47
www.ipma.pt [email protected]
Tel: (+351) 21 844 70 00 Fax: (+351) 21 840 23 70
Filo Annelida Classe Polychaeta Ordem Eunicidae Família Eunicidae Marphysa sanguinea (Montagu, 1813) 1 3 1 2 1 2 2 3 3 Eunicidae sp. 1 Família Lumbrineridae Lumbrineris latreilli Audouin & Milne Edwards, 1834 2 1 3 2 1 1 2 1 Família Oenonidae Arabella iricolor Montagu, 1804 1 Ordem não atribuída Família Capitellidae Notomastus latericeus Sars, 1851 1 2 2 Família Sabellariidae Sabellaria spinulosa (Leuckart, 1849) 17 Ordem Phyllodocida Família Glyceridae Glycera tridactyla Schmarda, 1861 1 Glycera unicornis Lamarck, 1818 1 1 1 Família Nephtyidae Nephtys hombergii Savigny in Lamarck, 1818 1 Família Nereididae Eunereis longissima (Johnston, 1840) 1 1 2 2 Família Polynoidae Harmothoe antilopes McIntosh, 1876 1 Harmothoe aspera (Hansen, 1878) 1 Harmothoe bellani Barnich & Fiege, 2000 1 ?Harmothoe clavigera M. Sars, 1863 1 2 2 2 Harmothoe impar (Johnston, 1839) 1 Malmgrenia castanea McIntosh, 1876 1 Família Sigalionidae Fimbriosthenelais zetlandica (McIntosh, 1876) 1 Ordem Sabellida Família Serpulidae Spirobranchus lamarcki (Quatrefages, 1866) 2 Ordem Spionida Família Spionidae Aonides oxycephala (Sars, 1862) 1 Ordem Terebellida Família Ampharetidae Melinna palmata Grube, 1810 2 1 2 Família Pectinariidae Lagis koreni Malmgren, 1866 2 Família Terebellidae Lanice conchilega (Pallas, 1776) 1 1 Filo Mollusca Classe Polyplacophora Ordem Chitonida Família Chaetopleuridae Chaetopleura angulata (Spengler, 1797) 1 1 4 2 2 4 1 Classe Gastropoda Ordem [unassigned] Caenogastropoda Família Cerithiidae Bittium reticulatum (da Costa, 1778) 1 Ordem não atribuída Família Trochidae Gibbula umbilicalis (da Costa, 1778) 1 1 1 2 2 Ordem Neogastropoda Família Nassariidae Nassarius reticulatus (Linnaeus, 1758) 1 2 1 2 3 2 1 Família Trochidae Tritia incrassata (Strøm, 1768) 1 Classe Bivalvia
Instituto Português do Mar e da Atmosfera, I.P. Rua C - Aeroporto de Lisboa 1749-077 Lisboa, Portugal 34|47
www.ipma.pt [email protected]
Tel: (+351) 21 844 70 00 Fax: (+351) 21 840 23 70
Ordem Adapedonta Família Hiatellidae Hiatella arctica (Linnaeus, 1767) 1 3 1 Ordem Cardiida Família Semelidae Abra alba (W. Wood, 1802) 1 1 1 1 10 3 Família Tellinidaea Tellina sp. 1 Ordem Myida Família Corbulidae Corbula gibba (Olivi, 1792) 2 2 2 1 Família Pholadidae Barnea candida (Linnaeus, 1758) 306 78 16 41 55 Ordem Mytilida Família Mytilidae Modiolus barbatus (Linnaeus, 1758) 38 14 16 Musculus discors (Linnaeus, 1767) 2 Ordem n.a. Família Mactridae Spisula subtruncata (da Costa, 1778) 1 Família Montacutidae Kurtiella bidentata (Montagu, 1803) 1 1 Tellimya ferruginosa (Montagu, 1808) 1 Ordem Nuculida Família Nuculidae Nucula nucleus Linnaeus, 1758 1 12 8 39 34 13 35 48 50 6 4 20 Ordem Pectinida Família Anomiidae Anomia ephippium Linnaeus, 1758 1 Família Pectinidae Mimachlamys varia (Linnaeus, 1758) 2 Ordem Venerida Família Veneridae Timoclea ovata (Pennant, 1777) 1 Venerupis corrugata (Gmelin, 1791) 1 2 1 5 1 30 1 1 Filo Arthropoda Classe Malacostraca Ordem Amphipoda Família Ampeliscidae Ampelisca diadema (Costa, 1853) 2 1 Ampelisca tenuicornis Lilljeborg, 1855 2 1 Família Amphilochidae Amphilochus spencebatei (Stebbing, 1876) 1 Família Atylidae Nototropis swammerdamei (Milne Edwards, 1830) 2 Família Corophiidae Monocorophium acherusicum (Costa, 1853) 1 88 5 3 6 Monocorophium sextonae (Crawford, 1937) 1 Família Ischyroceridae Ericthonius punctatus (Bate, 1857) 5 1 2 1 5 10 1 213 39 79 2 Família Liljeborgiidae Idunella picta (Norman, 1889) 1 Família Melitidae Abludomelita obtusata (Montagu, 1813) 1 2 13 6 7 28 3 2 10 Melita palmata (Montagu, 1804) 13 Família Phoxocephalidae Harpinia antennaria Meinert, 1890 1 Família Unciolidae Unciola crenatipalma (Bate, 1862) 1 1 2 Ordem Cumacea Família Bodotriidae Bodotria scorpioides (Montagu, 1804) 1 1 Ordem Decapoda
Instituto Português do Mar e da Atmosfera, I.P. Rua C - Aeroporto de Lisboa 1749-077 Lisboa, Portugal 35|47
www.ipma.pt [email protected]
Tel: (+351) 21 844 70 00 Fax: (+351) 21 840 23 70
Família Crangonidae Crangon crangon (Linnaeus, 1758) 1 Família Galatheidae Galathea dispersa Bate, 1859 1 Família Hippolytidae Eualus cranchii (Leach, 1817 [in Leach, 1815-1875]) 1 1 2 Família Inachidae Inachus phalangium (Fabricius, 1775) 1 1 1 Macropodia rostrata (Linnaeus, 1761) 2 1 Família Paguridae Anapagurus laevis (Bell, 1846) 3 Família Palaemonidae Palaemon longirostris H. Milne Edwards, 1837 [in H. Milne Edwards, 1834-1840]
1 1
Família Pilumnidae Pilumnus hirtellus (Linnaeus, 1761) 4 Família Pinnotheridae Pinnotheres pisum (Linnaeus, 1767) 2 Família Polybiidae Liocarcinus pusillus (Leach, 1816) 1 Família Porcellanidae Pisidia longirostris (Linnaeus, 1767) 1 3 Família Processidae Processa edulis crassipes Nouvel & Holthuis, 1957 1 Processa elegantula Nouvel & Holthuis, 1957 1 Ordem Mysida Família Mysidae 2 1 1 Gastrosaccus spinifer (Goës, 1864) Ordem Tanaidacea Família Apseudidae Apseudes talpa (Montagu, 1813) 1 1 10 1 3 5 Filo Sipuncula Sipuncula sp. 1 Filo Echinodermata Classe Ophiuroidea Ordem Ophiurida Família Amphiuridae Amphiura chiajei Forbes, 1843 2 Amphipholis squamata (Delle Chiaje, 1828) 14 16 1 3 27 20 2 Família Ophiotrichidae Ophiothrix fragilis (Abildgaard in O.F. Müller, 1789) 2
1.3.4.4. Qualidade ecológica
O estado de qualidade ecológica das comunidades de macroinvertebrados bentónicos, expresso pelos
valores do índice multimétrico M-AMBI, variou entre moderado e excelente (Figura 27), sendo que o
estado ecológico predominante foi o Bom (64% das estações de amostragem). Apenas três estações
apresentaram estado moderado. A distribuição dos grupos ecológicos nas estações de amostragem
(Figura 27), mostra uma dominância das espécies sensíveis ao aumento de matéria orgânica em todas
as estações com exceção da estação A9 em que aquele grupo é substituído pelo grupo de espécies
tolerantes ao enriquecimento orgânico dos sedimentos.
Instituto Português do Mar e da Atmosfera, I.P. Rua C - Aeroporto de Lisboa 1749-077 Lisboa, Portugal 36|47
www.ipma.pt [email protected]
Tel: (+351) 21 844 70 00 Fax: (+351) 21 840 23 70
Figura 27 – Valores do índice de qualidade ecológica M-AMBI obtidos para as comunidades de macrofauna bentónica na área da ETAR de Alcântara.
Figura 28 – Abundância relativa dos grupos ecológicos na área da ETAR de Alcântara. I: sensíveis; II: indiferentes; III: tolerantes; IV: oportunistas de 2ª ordem; V: oportunistas de 1ª ordem.
2. Megainvertebrados bentónicos
2.1. Métodos e equipamentos de colheita
Os megainvertebrados bentónicos foram recolhidos nos arrastos efetuados para captura de ictiofauna
e foram identificados até ao nível específico, quantificados e determinada a biomassa (em gramas de
peso húmido) por espécie e por arrasto. A localização dos arrastos é apresentada nas figuras 29 a 32.
2.2. Resultados
Na tabela 15 é apresentada a lista das espécies identificadas e respetivas abundância e biomassa (em
gramas de peso húmido).
Instituto Português do Mar e da Atmosfera, I.P. Rua C - Aeroporto de Lisboa 1749-077 Lisboa, Portugal 37|47
www.ipma.pt [email protected]
Tel: (+351) 21 844 70 00 Fax: (+351) 21 840 23 70
Tabela 15 – Megainvertebrados bentónicos colhidos nos arrastos de primavera (a azul) e de outono (a preto), com indicação da abundância e peso (em gramas).
Taxa Beirolas Chelas Terreiro do Paço Alcântara
Arrasto 1_1 Arrasto 1_2 Arrasto 2_1 Arrasto 2_2 Arrasto 3_1 Arrasto 3_2 Arrasto 4_1 Arrasto 4_2
Nº Peso Nº Peso Nº Peso Nº Peso Nº Peso Nº Peso Nº Peso Nº Peso
Filo Cnidaria
Classe Antozoa
Ordem Actiniaria
Família Sagartiidae
Sagartia troglodytes (Price in Johnston, 1847)
1 0,6
Filo Mollusca
Classe Gastropoda
Ordem não atribuída
Família Calliostomatidae
Calliostoma zizyphinum (Linnaeus, 1758) 2 1,5
Família Trochidae
Jujubinus striatus (Linnaeus, 1758) 3 1,9
Ordem Neogastropoda
Família Muricidae
Ocenebra erinaceus (Linnaeus, 1758) 1 0,5
1 0,6
Família Nassariidae
Nassarius reticulatus (Linnaeus, 1758) 7 15,6 2 4,3 1 0,5
2 5,1 1 2,1 1 0,9
Classe Polyplacophora
Ordem Chitonida
Família Chaetopleuridae
Chaetopleura angulata (Spengler, 1797) 2 10,8
1 3,8
Classe Bivalvia
Ordem Mytiloida
Família Mytilidae
Gibbomodiola adriatica (Lamarck, 1819) 1 0,9
Ordem Ostreioda
Família Ostreidae
Crassostrea angulata (Lamarck, 1819) 2 2,4 4 8,4
Ostrea edulis Linnaeus, 1758 1 1,9 3 3,8 5 6,2
Ordem Pectinida
Família Anomiidae
Anomia ephippium Linnaeus, 1758 10 4,9
Família Pectinidae
Mimachlamys varia (Linnaeus, 1758) 2 1,6
Ordem Venerida
Família Veneridae
Ruditapes philippinarum (Adams & Reeve, 1850)
1 8,1
Filo Arthropoda
Classe Malacostraca
Ordem Amphipoda
Família Unciolidae
Unciola crenatipalma (Bate, 1862) 1 0,001
Ordem Isopoda
Família Cymothoidae
Anilocra physodes (Linnaeus, 1758) 1 0,2
Família Holognathidae
Cleantis prismatica (Risso, 1826) 1 0,14
1 0,2
Ordem Mysida
Família Mysidae
Neomysis integer (Leach, 1814) 12 0,35 29 0,99 9 0,49
Instituto Português do Mar e da Atmosfera, I.P. Rua C - Aeroporto de Lisboa 1749-077 Lisboa, Portugal 38|47
www.ipma.pt [email protected]
Tel: (+351) 21 844 70 00 Fax: (+351) 21 840 23 70
31 1,1 3 0,24
Ordem Decapoda
Família Carcinidae
Carcinus maenas (Linnaeus, 1758) 11 205 42 794 3 44,5
Família Crangonidae
Crangon crangon (Linnaeus, 1758) 435 153,9 446 137,7 592 99,38 457 181,38 28 9,41 4 2,6 329 59,58 1524 251,8
146 34,8 1119 279 4 0,37 2 2,1 4 2,6 1 0,09 4 2,1
Família Diogenidae
Diogenes pugilator (Roux, 1829) 12 5,4 1 0,9
1 1,1
Família Inachidae
Inachus phalangium (Fabricius, 1775) 2 2,73 1 1,84
1 0,2 9 11,8
Macropodia rostrata (Linnaeus, 1761) 1 0,37 1 0,53 2 0,92 2 0,46 6 4,46
1 0,12 4 0,65 1 0.53 1 0,57
Família Paguridae
Anapagurus laevis (Bell, 1814) 1 0,1
Família Palaemonidae
Palaemon longirostris H. Milne Edwards, 1837 [in H. Milne Edwards, 1834-1840]
14 8,49 5 1,62 7 2,79 5 1,89 3 1,4 3 1,14 1 1,61
45 17,49 40 24,55 2 4,55 3 2,7 3 1,85 1 0,97
Palemon serratus (Pennant, 1777) 1 1,1 7 8,18 1 2,31 1 1,61
3 5,57 51 96,21 17 40.68 2 4,45 17 36,8 2 3,81 78 134,6
Família Processidae
Processa edulis crassipes Nouvel & Holthuis, 1957
1 0,22
1 0,5 1 0,8 12 8,14
Família Pilumnidae
Pilumnus hirtellus (Linnaeus, 1761) 2 10,14
1 5,23 3 4,74
Família Polybiidae
Liocarcinus vernalis (Risso, 1816) 1 0,11 1 1,44 1 0,45 2 1,72 3 2,01 2 1,78
9 33,72 1 1,82 1 0,63 2 1,85 3 4,25 1 1,89
Família Upogebiidae
Upogebia deltaura (Leach, 1815) 1 4,78
1 3,4
Família Xanthidae
Xantho pilipes A. Milne-Edwards, 1867 1 5,18
Filo Echinodermata
Classe Ophiuroidea Ordem Ophiurida
Família Amphiuridae
Amphipholis squamata (Delle Chiaje, 1828)
7 0,06
Na tabela 16 é apresentada a composição em abundância, biomassa e riqueza específica dos grandes
grupos faunísticos presentes nas capturas de arrasto na primavera e no outono. De um modo geral
registam-se valores mais elevados de abundância e biomassa no outono.
Nas áreas das ETAR localizadas mais a montante (Beirolas e Chelas) os megainvertebrados são
constituídos quase exclusivamente por artrópodes (decápodes, isópodes e misidáceos), sendo que os
decápodes (camarões e caranguejos) são dominantes. Em Beirolas houve um grande aumento da
abundância e da biomassa da primavera para o outono devido, principalmente, ao aumento do
camarão-mouro Crangon crangon, nas capturas. Em Chelas destacam-se três espécies com maior
Instituto Português do Mar e da Atmosfera, I.P. Rua C - Aeroporto de Lisboa 1749-077 Lisboa, Portugal 39|47
www.ipma.pt [email protected]
Tel: (+351) 21 844 70 00 Fax: (+351) 21 840 23 70
abundância e/ou biomassa: os camarões Palaemon longirostris (primavera) e P. serratus (primavera e
outono), e os caranguejos Liocarcinus vernalis e Carcinus maenas (outono).
As áreas do Terrreiro do Paço e de Alcântara apresentam maior diversidade, sendo a megafauna
constituída não só por artrópodes, mas também por equinodermes e moluscos. No Terreiro do Paço
destacam-se, na primavera, o poliplacóforo Chaetopleura angulata e o gastrópode Nassarius
reticulatus, duas espécies muito comuns no estuário do Tejo. No outono a espécie mais importante
em biomassa e em abundância é o camarão P. serratus. Aparecem também em número elevado nas
capturas exemplares do misidáceo Neomysis integer. Em Alcântara o pequeno decápode Macropodia
rostrata é o maior contribuinte para a abundância e a biomassa na primavera. No outono o camarão-
branco-legítimo P. serratus é destacadamente dominante em número e em biomassa.
Tabela 16 – Megainvertebrados bentónicos: abundância (nº de indivíduos), biomassa (peso húmido em gramas) e riqueza específica (nº de espécies) dos grandes grupos faunísticos colhidos nos arrastos de primavera (a azul) e de outono (a preto).
Grupos
Beirolas Chelas Terreiro do Paço Alcântara
A B S A B S A B S A B S
P O P O P O P O P O P O P O P O P O P O P O P O
Arthropoda 52 1466 36 1467 7 9 40 42 19 132 8 8 54 59 14 47 6 6 32 123 20 173 7 12
Decapoda 51 1465 36 1467 6 8 28 42 18 132 7 8 25 30 13 46 5 5 23 118 19 173 6 9
Isopoda 1 1 0,1 0,01 1 1 1 0,2 1
Mysida 12 0 1 29 29 1 1 1 1 9 3 0 0,2 1 1
Cnidaria 1 0,6 1
Echinodermata 7 0,1 1
Mollusca 11 2 31 4 2 1 2 27 1 17 2 7
Bivalvia 21 17 4
Gastropoda 2 2 20 4 1 1 2 6 1 3 2 3
Polyplacophora 1 4 1 2 11 1
3. Ictiofauna
3.1. Métodos e equipamentos de recolha de dados
A informação de base referente aos arrastos realizados é apresentada na Tabela 16. A localização dos
arrastos é apresentada nas Figuras 29 a 32.
A arte de pesca utilizada para a captura das amostras foi um arrasto de vara, de 20 mm de malhagem
no saco e 3,86 m de vara, no período da vazante e durante a noite.
As capturas foram trazidas para laboratório para, posteriormente, serem identificadas até ao nível de
espécie e medir e pesar todos os exemplares capturados.
Instituto Português do Mar e da Atmosfera, I.P. Rua C - Aeroporto de Lisboa 1749-077 Lisboa, Portugal 40|47
www.ipma.pt [email protected]
Tel: (+351) 21 844 70 00 Fax: (+351) 21 840 23 70
Tabela 16 – Estações de Pesca: coordenadas geográficas (WGS84), profundidade e hora de colheita.
Local Lance Data Latitude N Longitude W Hora Profundidade (m) Início
Fim Início Fim
Início Fim Início Fim
B1 24-05-2016 38⁰ 47,861’ 38⁰ 47,471’
09⁰ 05,178’ 09⁰ 05,255’
20:45 20:55 8,0 9,0
B2 24-05-2016 38⁰ 47,351’ 38⁰ 46,969’
09⁰05,256’ 09⁰05,309’
21:13 21:23 9,5 7,5
B1 14-11-2016 38⁰ 47.613’ 38⁰ 47.045’
09⁰ 05.090’ 09⁰05.128’
19:47 19:57 4,5 3,9
B2 14-11-2016 38⁰ 47.687’ 38⁰ 47.209’
09⁰ 05.216’ 09⁰ 05.257’
20:09 20:19 5,2 6,2
C1 24-05-2016 38⁰ 44,763’ 38⁰ 44,366’
09⁰ 05,510‘ 09⁰ 05,762‘
21:50 22:00 10,0 12,0
C2 24-05-2016 38⁰ 44,584’ 38⁰ 43,954’
09⁰ 05,617’ 09⁰ 05,971’
22:14 22:24 12,0 17,0
C1 14-11-2016 38⁰43.629’ 38⁰ 44.384’
09⁰06.221’ 09⁰ 05.646’
20:38 20:48 6,9 9,0
C2 14-11-2016 38⁰ 44.447’
38⁰ 44.239’ 09⁰ 05.785’ 09⁰05.930’
21:23 21:33 8,0 7,6
T1 23-05-2016 38⁰ 42,421’ 38⁰ 42,315’
09⁰ 07,612’ 09⁰ 07,887’
22:43 22:53 18,0 19,0
38⁰ 42,271’ 09⁰ 08,034’
38⁰ 42,261’ 09⁰ 08,256’
T1 28-11-2016 38⁰42,566’
38⁰ 42,483’ 09⁰ 07,252’
09⁰ 07,448’ 20:25 20:35 15 15,3
T2 28-11-2016 38⁰ 42,249’ 38⁰ 42,252’
09⁰ 07,964' 09⁰ 08,171’
20:48 20:58 18,0 16,3
A1 23-05-2016 38⁰ 41,814’ 38⁰ 41,798’
09⁰ 10,686’ 09⁰ 11,072’
21:45 21:55 17,0 8,0
A2 23-05-2016 38⁰ 41,748’ 38⁰ 41,717’
09⁰ 11,181’ 09⁰ 11,542’
22:05 22:15 12,0 8,0
A1 28-11-2016 38⁰ 41,782‘
38⁰ 41,856‘
09⁰ 10,210’ 09⁰ 09,859’
21:28 21:38 21,3 24,9
A2 28-11-2016 38⁰ 41,745’
38⁰ 41,770’
09⁰ 10,563‘
09⁰ 10,274‘
21:08 21:18 17,2 23,5
Instituto Português do Mar e da Atmosfera, I.P. Rua C - Aeroporto de Lisboa 1749-077 Lisboa, Portugal 41|47
www.ipma.pt [email protected]
Tel: (+351) 21 844 70 00 Fax: (+351) 21 840 23 70
Figura 29 – Localização dos arrastos na área de descarga da ETAR de Beirolas.
Figura 30 – Localização dos arrastos na área de descarga da ETAR de Chelas.
Instituto Português do Mar e da Atmosfera, I.P. Rua C - Aeroporto de Lisboa 1749-077 Lisboa, Portugal 42|47
www.ipma.pt [email protected]
Tel: (+351) 21 844 70 00 Fax: (+351) 21 840 23 70
Figura 31 – Localização dos arrastos na área do Terreiro do Paço.
Figura 32 – Localização dos arrastos na área de descarga da ETAR de Alcântara.
3.2. Resultados
O elenco das espécies colhidas nos arrastos de primavera e de outono é apresentado na Tabela 17. O
número de espécies capturadas totalizou 20, sendo que 18 são peixes e 2 são capturas acessórias de
cefalópodes.
Instituto Português do Mar e da Atmosfera, I.P. Rua C - Aeroporto de Lisboa 1749-077 Lisboa, Portugal 43|47
www.ipma.pt [email protected]
Tel: (+351) 21 844 70 00 Fax: (+351) 21 840 23 70
Do total de espécies, 4 foram capturadas na primavera e no outono, 10 foram capturadas apenas na
primavera e 5 apenas no outono. O Terreiro do Paço foi a área mais pobre em número de espécies (2
espécies na primavera e nenhuma no outono). Beirolas com 8 espécies na primavera e Chelas com 7
espécies no outono foram as áreas com maior número de espécies capturadas.
As maiores biomassas registaram-se na primavera, com exceção da área de Alcântara onde se registou
maior biomassa no outono. Beirolas foi a área que apresentou biomassa mais elevada e o Terreiro do
Paço a que apresentou biomassa inferior (nula no outono).
A abundância foi superior no outono (164 indivíduos) e inferior na primavera (97 indivíduos). A área
com maior número de exemplares foi Beirolas, enquanto que no Terreiro do Paço se registou o menor
número de exemplares capturados (10).
As espécies que ocorreram com maior frequência foram o caboz-da-areia (Pomatochistus minutus) e
o charroco (Halobatrachus didactylus).
As espécies que apresentaram maior biomassa foram o robalo-legítimo (Dicentrarchus labrax), o
charroco (Halobatrachus didactylus) e a raia-curva (Raja undulata), todas com capturas semelhantes
em termos de peso (cerca de 4 kg).
Como espécie mais abundante destaca-se claramente o caboz-da-areia com 197 exemplares
capturados.
Tabela 17 – Espécies ícticas colhidas nos arrastos de primavera (a azul) e de outono (a preto) com indicação da abundância e peso (em gramas).
Taxa
Beirolas Chelas Terreiro do Paço Alcântara
Arrasto B1 Arrasto B2 Arrasto C1 Arrasto C2 Arrasto T1 Arrasto T2 Arrasto A1 Arrasto A2 Nº Peso Nº Peso Nº Peso Nº Peso Nº Peso Nº Peso Nº Peso Nº Peso
Filo Chordata
Classe Actinopteri
Ordem Anguilliformes
Família Congridae
Conger conger (Linnaeus, 1758) 3 140,2
Ordem Atheriniformes
Família Atherinidae
Atherina sp. 2 1,03 9 4,35
1 0,78
Ordem Batrachoidiformes
Família Batrachoididae
Halobatrachus didactylus (Bloch &
Schneider, 1801)
2 971,4 2 647,5 2 1167
1 267,0 2 1094
Ordem Clupeiformes
Família Engraulidae
Engraulis encrasicolus (Linnaeus, 1758) 3 37,08
Ordem Perciformes
Família Gobiidae
Aphia minuta (Risso, 1810) 1 0,2 2 0,64
Gobius niger Linnaeus, 1758 1 7,42 1 4,34 2 9,73
Pomatoschistus minutus (Pallas, 1770) 30 16,62 11 5,43 1 1,05 1 653,9 6 3,4 6 4,09
17 9,97 115 52,27 7 4,03 3 5,68
Família Moronidae
Dicentrarchus labrax (Linnaeus, 1758) 1 653,9 4 3519
Instituto Português do Mar e da Atmosfera, I.P. Rua C - Aeroporto de Lisboa 1749-077 Lisboa, Portugal 44|47
www.ipma.pt [email protected]
Tel: (+351) 21 844 70 00 Fax: (+351) 21 840 23 70
1 41,82
Família Sciaenidae
Argyrosomus regius (Asso, 1801) 2 247,6 1 56,86
Família Sparidae
Diplodus annularis (Linnaeus, 1758) 1 15,3
Ordem Pleuronectiformes
Família Soleidae
Dicologlossa cuneata (Moreau, 1881) 1 7,61 1 0,1
Pegusa lascaris (Risso, 1810) 2 0,86
Solea senegalensis Kaup, 1858 1 257,5
Solea solea (Linnaeus, 1758) 4 543,0 1 8,67
Solea spp. 2 0,84
Ordem Syngnathiformes
Família Syngnathidae
Syngnathus sp. 1 0,5
Classe Elasmobranchii
Ordem Rajiformes
Família Rajidae
Raja clavata Linnaeus, 1758 2 40,93
Raja undulata Lacepède, 1802 1 4064
Filo Mollusca
Classe Cephalopoda
Ordem Sepiida
Família Sepiidae
Sepia officinalis Linnaeus, 1758 1 349,4
Sepiolidae sp. 1 0,9 1 0,93 1 0,29
4. Considerações finais
Os tipos sedimentares observados nas áreas das ETAR situadas mais a montante, isto é, Beirolas e
Chelas, são predominantemente lodosos com teores de matéria orgânica total (MOT), de um modo
geral elevados como é usual em sedimentos lodosos. Relativamente à amostragem de 2015 ambas as
áreas apresentaram ligeiras variações no teor de partículas finas dos sedimentos, à exceção da estação
C6 em Chelas, cujo tipo sedimentar mudou de lodo para areia cascalhenta. Relativamente ao teor de
matéria orgânica total dos sedimentos, registou-se uma diminuição global dos valores registados em
2015. Assim, em Beirolas o valor mais elevado registado não ultrapassou 7,5% e a percentagem de
sedimentos com MOT>5% diminuiu de 75% para 67%. Em Chelas o valor mais elevado de MOT
decresceu de 8,6% para 5,7% e 60% das amostras apresentaram teores de MOT inferiores a 5%.
Nas áreas do Terreiro do Paço e da ETAR de Alcântara, os tipos sedimentares apresentaram-se mais
diversos, havendo uma diminuição da percentagem de partículas finas e um aumento da percentagem
de partículas mais grosseiras, isto é, o cascalho quer de natureza telúrica quer biogénica, em especial
na área da ETAR de Alcântara. Relativamente à amostragem de 2015 ambas as áreas apresentaram
também ligeiras variações no teor de partículas finas dos sedimentos e, no caso de Alcântara, também
da percentagem de cascalho. Também nestas áreas se registou uma diminuição do teor de MOT dos
sedimentos relativamente a 2015. Assim, tanto no Terreiro do Paço como em Alcântara os valores mais
elevados de MOT diminuíram 2 pontos percentuais (respetivamente de 7,8 para 5,8% e de 7,9 para
Instituto Português do Mar e da Atmosfera, I.P. Rua C - Aeroporto de Lisboa 1749-077 Lisboa, Portugal 45|47
www.ipma.pt [email protected]
Tel: (+351) 21 844 70 00 Fax: (+351) 21 840 23 70
5,9%). Valores de MOT>5% registaram-se apenas em 29% das estações de amostragem em Alcântara
e em 20% no Terreiro do Paço.
Os povoamentos de invertebrados bentónicos mantiveram-se abundantes e diversos. Registaram-se
ligeiras diferenças no número de grupos taxonómicos superiores identificados (Tabela 18)
relativamente a 2015, tendo o seu número aumentado em Alcântara e em Chelas e diminuído no
Terreiro do Paço e em Beirolas.
Tabela 18 – Taxa identificados e respetivas presenças nas áreas amostradas.
Taxa Beirolas Chelas Terreiro do
Paço Alcântara
Phylum Cnidaria Classe Anthozoa ♦ ♦ Phylum Nematoda ♦ Phylum Nemertea ♦ ♦ ♦ Phylum Annelida Classe Polychaeta ♦ ♦ ♦ ♦ Phylum Mollusca Classe Bivalvia ♦ ♦ ♦ ♦ Classe Gastropoda ♦ ♦ ♦ Classe Polyplacophora ♦ ♦ Phylum Arthropoda Classe Malacostraca Ordem Amphipoda ♦ ♦ ♦ ♦ Ordem Cumacea ♦ ♦ Ordem Decapoda ♦ ♦ ♦ ♦ Ordem Isopoda ♦ ♦ ♦ Ordem Mysida ♦ ♦ ♦ Ordem Tanaidacea ♦ Phylum Sipuncula ♦ ♦ Phylum Echinodermata Classe Ophiuroidea ♦ ♦ ♦ ♦
Tal como em 2015 não se registaram diferenças na composição dos povoamentos entre estações de
tratamento e estações de controlo, mas observaram-se diferenças entre locais, para as quais
certamente contribuem as diferentes afinidades das espécies para os tipos sedimentares e níveis de
salinidade das áreas amostradas. Assim, de montante para jusante os povoamentos foram dominados
em termos de abundância e/ ou frequência de ocorrência por um conjunto de taxa diferentes de local
para local, mantendo-se a maioria dos taxa dominantes, relativamente à amostragem de 2015.
A área de Beirolas é caracterizada por povoamentos dominados pelos anelídeos poliquetas Lanice
conchilega, Hediste diversicolor e Nephtys hombergii, pelo molusco bivalve Ruditapes philippinarum
amêijoa-japonesa), por pequenos crustáceos, dos quais o mais abundante é o anfípode Corophium
orientale, pelos camarões Crangon crangon (camarão-mouro) e Palaemon longirostris, pelo
Instituto Português do Mar e da Atmosfera, I.P. Rua C - Aeroporto de Lisboa 1749-077 Lisboa, Portugal 46|47
www.ipma.pt [email protected]
Tel: (+351) 21 844 70 00 Fax: (+351) 21 840 23 70
caranguejo-verde Carcinus maenas, pelo caboz-da-areia Pomatoschistus minutus, pelo charroco
Halobatrachus didactylus e pelo robalo-legítimo Dicentrarchus labrax.
A área de Chelas apresenta povoamentos bentónicos caracterizados pelos moluscos bivalves Barnea
candida e Abra alba, pelos anfípodes Monocorophium acherusicum e Abludomelita obtusata, pelos
camarões Palaemon longirostris e P. serratus, pelos caranguejos Liocarcinus vernalis e Carcinus
maenas, por poliquetas carnívoros ou omnívoros tais como, Marphysa sanguinea, Nephtys hombergii,
Eunereis longissima e Glycera unicornis e depositívoros tais como, Notomastus latericeus, Melinna
palmata e Aonides oxycephala, pelo pequeno ofiurídeo Amphipholis squamata e pelos peixes
Pomatoschistus minutus e Halobatrachus didactylus.
No Terreiro do Paço os povoamentos são dominados pelos bivalves Barnea candida e Nucula nucleus,
pelo poliplacóforo Chaetopleura angulata, pelo gastrópode Nassarius reticulatus, pelos poliquetas
depositívoros Aonides oxycephala, Mediomastus fragilis e Notomastus latericeus e pelo filtrador
Sabellaria spinulosa cujas agregações podem constituir habitat para outras espécies, pelo anfípode
Abludomelita obtusata, pelo caranguejo casa-alugada Diogenes pugilator, pelo camarão Palaemon
serratus, pelo misidáceo Neomysis integer e pelo pequeno ofiurídeo Amphipholis squamata. Como
peixes mais representativos surgem Pomatoschistus minutus e o biqueirão (Engraulis encrasicolus).
Os povoamentos bentónicos da área de Alcântara são dominados pelos bivalves Barnea candida,
Nucula nucleus e Spisula subtruncata, pelos anfípodes Erichtonius punctatus e Abludomelita obtusata,
pelo decápode Macropodia rostrata, pelo camarão branco-legítimo Palaemon serratus e pelos peixes
Pomatoschistus minutus, Raja undulata e Dicologoglossa cuneata.
Em relação à qualidade ecológica dos povoamentos bentónicos verificaram-se algumas variações
relativamente a 2015 (Tabela 19), salientando-se a prevalência global do bom estado de qualidade
ecológica em todas as áreas amostradas.
Tabela 19 – Resumo do estado de qualidade ecológica dos povoamentos bentónicos: situação atual (2016) e em 2015. I – zonas sob influência, atual ou passada, dos efluentes; C – zonas de controlo.
Local 2016 2015 2016 2015 I I C C
Beirolas Pobre (8%) - Bom (92%) Moderado (15%) - Excelente (31%) Bom Moderado
Chelas Bom Moderado (31%) - Excelente (23%) Bom - Excelente Moderado - Excelente
Terreiro do Paço Moderado (15%) - Excelente (46%) Bom Bom Bom - Excelente
Alcântara Moderado (15%) - Excelente (15%) Bom (31%) - Excelente (69%) Moderado – Bom Bom - Excelente
Instituto Português do Mar e da Atmosfera, I.P. Rua C - Aeroporto de Lisboa 1749-077 Lisboa, Portugal 47|47
www.ipma.pt [email protected]
Tel: (+351) 21 844 70 00 Fax: (+351) 21 840 23 70
5. Referências
Bale, A. J., Kenny, A. J., 2005. Sediment analysis and seabed classification. In: Methods for the Study of
Marine Benthos. A. McIntyre & A. Eleftheriou (Eds.). Blackwell Science ltd. (3rd Edition), pp. 43-86.
Bettencourt, A.M., Bricker, S.B., Ferreira, J.G., Franco, A., Marques, J.C., Melo, J.J., Nobre, A., Ramos,
L., Reis, C.S., Salas, F., Silva, M.C., Simas, T., Wolff, W.J., 2003. Typology and reference conditions
for Portuguese transitional and coastal waters. Development of Guidelines for the Application of
the European Union Water Framework Directive. INAG; IMAR (Eds), 98 pp..
Borja, A., Franco, J. & Pérez, V., 2000. A Marine biotic index to establish the ecological quality of soft-
bottom benthos within European estuarine and coastal environments. Marine Pollution Bulletin,
40 (12), 1100-1114.
Borja, A., Miles, A., Occhipinti-Ambrogi, A., Berg, T., 2009. Current status of macroinvertebrate
methods used for assessing the quality of European marine waters: implementing the Water
Framework Directive. Hydrobiologia, 633: 181-196.
Folk, R.L., 1954. The distinction between grain size and mineral composition in sedimentary rock
nomenclature. Journal of Geology 62 (4), 344-359
Gaspar, M.B., 2010. Distribuição, abundância e estrutura demográfica da amêijoa-japonesa (Ruditapes
philippinarum) no Rio Tejo. Relatório do IPIMAR, 6 pp.
Gaudêncio, M.J., Cabral, H.N., 2007. Trophic structure of macrobenthos in the Tagus estuary and
adjecent coastal shelf. Hydrobiologia, 587, 241-251.
Gaudêncio, M.J., Guerra, M.T., Glémarec, M., 1991. Recherches biosédimentaires sur la zone maritime
de l'estuaire du Tage, Portugal: données préliminaire, In: Elliott, M., Ducrotoy, JP. (Eds), Estuaries
and coasts: spatial and temporal inter-comparisons. ECSA 19 Symposium, Caen 1989, pp. 11-16.
Grall, J., Glémarec, M., 1997. Using biotic indexes to estimate microbenthic community perturbations
in the Bay of Brest. Est. Coast. Shelf Sci., 44: 43-53.
Hily, C., 1984. Variabilité de la macrofaune benthique dans les milieux hyper-trophiques de la rade de
Brest. PhD Thesis, University of La Bretagne Occidentale, France, 696 p.
Muxika, I., Borja, A., Bald, J., 2007. Using historical data, expert judgement and multivariate analysis in
assessing reference conditions and benthic ecological status, according to the European Water
Framework Directive. Marine Pollution Bulletin, 55, 16-29.
Shannon, C.E., Weaver, W., 1963. The mathematical theory of communication. Urbana and Chicago
University of Illinois Press (Ed.), 1-125.