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COPPE/UFRJ COPPE/UFRJ CONVENÇÕES INTERNACIONAIS SOBRE POLUIÇÃO DO MAR POR NAVIOS E A POSIÇÃO DO ESTADO BRASILEIRO. Luiz José dos Santos Cabral Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Oceânica, COPPE, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Engenharia Oceânica. Orientador: Floriano Carlos Martins Pires Junior Rio de Janeiro Setembro de 2010

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COPPE/UFRJCOPPE/UFRJ

CONVENÇÕES INTERNACIONAIS SOBRE POLUIÇÃO DO MAR POR NAVIOS

E A POSIÇÃO DO ESTADO BRASILEIRO.

Luiz José dos Santos Cabral

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa

de Pós-Graduação em Engenharia Oceânica,

COPPE, da Universidade Federal do Rio de

Janeiro, como parte dos requisitos necessários à

obtenção do título de Mestre em Engenharia

Oceânica.

Orientador: Floriano Carlos Martins Pires Junior

Rio de Janeiro

Setembro de 2010

CONVENÇÕES INTERNACIONAIS SOBRE POLUIÇÃO DO MAR POR

NAVIOS E A POSIÇÃO DO ESTADO BRASILEIRO

Luiz José dos Santos Cabral

DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO INSTITUTO ALBERTO

LUIZ COIMBRA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA DE ENGENHARIA

(COPPE) DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE

DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE

EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA OCEÂNICA.

Examinada por:

.

________________________________________________ Prof. Floriano Carlos Martins Pires Junior, D.Sc

________________________________________________ Prof. Claudio Luiz Baraúna Vieira, Ph.D.

________________________________________________ Prof. Marcio Teixeira de Sequeira Santos, Ph.D.

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

SETEMBRO DE 2010

iii

Cabral, Luiz José dos Santos

Convenções Internacionais sobre Poluição do Mar por

Navios e a Posição do Estado Brasileiro / Luiz José dos

Santos Cabral – Rio de Janeiro: UFRJ/ COPPE, 2010.

XIV, 131 p.: il.; 29,7 cm.

Orientador: Floriano Carlos Martins Pires Junior

Dissertação (mestrado) – UFRJ/COPPE/Programa de

Engenharia Oceânica, 2010.

Referências Bibliográficas: p.96-98.

1. Convenções Internacionais 2. Poluição do Mar por

Navios 3. CLC 92 I. Pires Junior, Floriano Carlos Martins. II.

Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE, Programa

de Engenharia Oceânica. III. Título.

iv

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a meus saudosos pais Gustavo e Marilda por terem sempre trilhado

o caminho do bem, apesar de todas às dificuldades inerentes a criação e formação de

seis filhos, ressaltando e nos mostrando a importância da educação na evolução pessoal

e profissional.

Dedico também este trabalho a meus filhos Aline e Rafael pela oportunidade que tenho

de demonstrar de forma prática, através do exemplo, um dos maiores bens que os pais

podem transmitir a seus filhos: a crença de que a educação pode transformar ambientes

e vidas.

Finalmente dedico este trabalho a Reni, esposa e mãe dedicada, que é a base de nossa

família.

v

AGRADECIMENTOS

Agradeço ao Professor Floriano Carlos Martins Pires Junior pelo incentivo, orientação e

oportunidade concedida para desenvolvimento e conclusão desse trabalho.

Agradeço também aos Professores Claudio Luiz Baraúna, Luiz Felipe Assis e Raad

Yahya Qassim pelos ensinamentos ministrados durante esse período de aprendizado.

Agradeço a Dra. ChaoWu por ter sido sempre generosa em suas explanações sobre os

temas relacionados a legislação internacional de poluição por óleo.

Agradeço ao Sr. Lance Hebert e ao Sr. Carlos Augusto pela troca de informações e

ensinamentos sobre o seguro P&I ao longo de nossa convivência profissional.

Agradeço as Sras. Glace Farias e Maria Elza pelo carinho e apoio administrativo

dispensados durante todo o curso.

Agradeço a ITOPF pela disponibilização de dados sobre ocorrências de poluição por

óleo no Brasil.

Agradeço a Transpetro e a Petrobras pelas oportunidades concedidas para crescimento

profissional.

Agradeço a Deus por tudo o que permite realizar em minha vida.

vi

Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos

necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)

CONVENÇÕES INTERNACIONAIS SOBRE POLUIÇÃO DO MAR POR NAVIOS

E A POSIÇÃO DO ESTADO BRASILEIRO

Luiz José dos Santos Cabral

Setembro/2010

Orientador: Floriano Carlos Martins Pires Junior

Programa: Engenharia Oceânica

Este estudo analisa as condições das convenções internacionais sobre

responsabilidade civil em danos causados por poluição por óleo de 1969- CRC 69(CLC

69) e de 1992 – CRC 92(CLC 92), suas características, principais coberturas e limites

de responsabilidade. Fazemos a comparação de dados de vazamentos de petróleo por

navios, ocorridos no Mundo e no Brasil entre 1970 e 2009, e apresentamos a simulação

de um acidente de navio petroleiro com vazamento de petróleo próximo da costa

Brasileira, aplicando as regras das duas convenções ao acidente, estabelecendo as

vantagens e desvantagens para o estado brasileiro em caso de ratificação da convenção

de 1992.

vii

Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)

INTERNATIONAL CONVENTIONS ON THE SEA POLLUTION FROM VESSELS

AND POSITION OF THE BRAZILIAN STATE

Luiz José dos Santos Cabral

September/2010

Advisor: Floriano Carlos Martins Pires Junior

Department: Ocean Engineering

This study analyses the conditions of the International Conventions on Civil

Liability for Oil Pollution Damage 1969 - CLC 69 and 1992 - CLC 92, their

characteristics, main coverage and limits of liability. We make the comparison of data

from oil spills from vessels which have occurred on a worldwide basis, and in Brazil,

between 1970 and 2009, simulate an accident involving an oil spill from a tanker near

the Brazilian coast, applying the rules of the two conventions to the accident and

establishing the advantages and disadvantages for the Brazilian State in the event of

ratification of the 1992 Convention.

viii

Índice

1. Introdução................................................................................................................................ 1

2. Entidades, Organizações, Agências e Associações do Transporte Marítimo Nacional e

Internacional. .......................................................................................................................... 4

2.1. Agência Nacional de Transportes Aquaviários .................................................................... 4

2.2. Autoridade Marítima Brasileira- Marinha do Brasil .............................................................. 4

2.3 Organização Marítima Internacional – OMI (IMO)............................................................... 7

2.3.1. Participação Brasileira na OMI (IMO): RPB – OMI (IMO) e CCA-OMI (IMO) ............ 12

2.4 Seguro de Responsabilidade Civil - P&I – Protection and Indemnity Clubs – Clubes de

Proteção e Indenização ........................................................................................................... 15

2.4.1. Estrutura de um Clube de Proteção e Indenização ........................................................... 18

2.4.2. Principais coberturas oferecidas pelos Clubes de Proteção e Indenização....................... 20

2.4.3. Principais Clubes de Proteção e Indenização - P&I ......................................................... 22

3. Regulamentações Internacionais de Poluição por Óleo e a Convenção Internacional

sobre Responsabilidade Civil por Danos Causados por Poluição por Óleo de 1969-CRC

69(CLC 69). ........................................................................................................................... 25

3.1. O Acidente do Navio Torrey Canyon e suas conseqüências............................................... 25

3.2. Regulamentação Internacional da Poluição do Mar por Navios .......................................... 29

3.3. Legislação Internacional prévia a entrada das Convenções Internacionais sobre

Responsabilidade Civil por Danos Causados por Poluição por Óleo de 1969-CRC 69(CLC

69) e 1992-CRC 92(CLC-92) ................................................................................................. 31

3.4. Regime Voluntário para Compensação de Poluição por Óleo e a Convenção Internacional

sobre Responsabilidade Civil por Danos Causados por Poluição por Óleo 1969-CRC 69(CLC

69 ............................................................................................................................................ 34

3.5. Principais Características da Convenção Internacional sobre Responsabilidade Civil por

Danos Causados por Poluição por Óleo 1969-CRC 69(CLC 69). .......................................... 46

3.6. Estados Membros da Convenção Internacional sobre Responsabilidade Civil por Danos

Causados por Poluição por Óleo 1969-CRC 69(CLC 69) ...................................................... 47

3.7. Limite de Responsabilidade do proprietário da embarcação perante a Convenção

Internacional sobre Responsabilidade Civil por Danos Causados por Poluição por Óleo 1969-

CRC 69(CLC 69) .................................................................................................................... 48

ix

3.8. Seguro Compulsório............................................................................................................. 49

4. Os acidentes de poluição por óleo que motivaram a proposição de uma nova Convenção

Internacional sobre Responsabilidade Civil por danos causados por Poluição por Óleo e

a Convenção Internacional sobre Responsabilidade Civil por Danos Causados por

Poluição por Óleo 1992 – CRC 92 (CLC 92). ..................................................................... 50

4.1. Principais Características da Convenção Internacional sobre Responsabilidade Civil por

Danos Causados por Poluição por Óleo 1992-CRC 92(CLC 92) ........................................... 58

4.2. Estados Membros da Convenção Internacional sobre Responsabilidade Civil por Danos

Causados por Poluição por Óleo 1992-CRC 92(CLC 92) ...................................................... 63

4.3. Limite de Responsabilidade do proprietário da embarcação perante a Convenção

Internacional sobre Responsabilidade Civil por Danos Causados por Poluição por Óleo 1992-

CRC 92(CLC 92). ................................................................................................................... 64

4.4. Seguro Compulsório............................................................................................................. 70

5. Comparação de Vazamentos de petróleo ocorridos no Mundo e no Brasil entre 1970 e

2009. ....................................................................................................................................... 71

5.1. Ocorrências médias (vazamentos entre 7 e 700 Tm de petróleo, de acordo com padrão da

ITOPF) .................................................................................................................................... 72

5.2. Grandes Ocorrências (vazamentos acima de 700 Tm, de acordo com padrão da ITOPF)... 74

5.3. Entrada em vigor de Convenções e Regulamentos Internacionais e a média decenal de

vazamentos de petróleo no Mundo e no Brasil ....................................................................... 76

5.4. Simulação de um acidente de navio petroleiro com vazamento de petróleo na costa

brasileira e a comparação da aplicação das duas convenções internacionais sobre

responsabilidade civil por danos causados por poluição por óleo: CRC 1969 e CRC 1992... 81

5.4.1. Análise do acidente, sua localização e qual das Convenções governará o limite de

responsabilidade do proprietário da embarcação .................................................................... 83

5.4.2. Limite de Responsabilidade do Proprietário da Embarcação perante as duas Convenções:

CRC 69 e CRC 92................................................................................................................... 84

6. Posição do Estado Brasileiro ................................................................................................ 86

6.1. Posição do Estado Brasileiro perante a Convenção Internacional sobre Responsabilidade

Civil por Danos Causados por Poluição por Óleo 1969- CRC 69(CLC 69)........................... 89

6.2. Posição do Estado Brasileiro perante a Convenção Internacional sobre Responsabilidade

Civil por Danos Causados por Poluição por Óleo 1992- CRC 92(CLC 92)........................... 91

x

6.3. Vantagens para o Estado Brasileiro em caso de ratificação da Convenção Internacional

sobre Responsabilidade Civil por Danos Causados por Poluição por Óleo 1992-CRC 92(CLC

92) ........................................................................................................................................... 94

6.4. Desvantagens para o Estado Brasileiro em caso de ratificação da Convenção Internacional

sobre Responsabilidade Civil por Danos Causados por Poluição por Óleo 1992-CRC 92(CLC

92) ........................................................................................................................................... 95

7. Conclusão e Recomendações ............................................................................................... 96

8. Referências Bibliográficas .................................................................................................... 99

ANEXOS................................................................................................................................... 102

xi

Índice de Figuras

FIGURA 1. ESTRUTURA DOS CLUBES DE P&I, APRESENTAÇÃO DE LUIZ JOSÉ DOS SANTOS CABRAL SOBRE CLUBES DE P&I ..............................................................................................................18

FIGURA 2. COBERTURA DOS CLUBES DE P&I DO GRUPO INTERNACIONAL NO ANO APÓLICE DE 2010. ............................................................................................................................................20

FIGURA 3. FOTO DO ACORDO ORIGINAL ASSINADO EM 1899 PELO UK P&I CLUB, BRITANNIA, STANDARD CLUB, LONDON CLUB, NEWCASTLE CLUB E SUNDERLAND.....................................................................................................................................................................................21

FIGURA 4. FOTO DO NAVIO TORREY CANYON ENCALHADO. ...........................................................25

FIGURA 5. ADOÇÃO E ENTRADA EM VIGOR DA CONVENÇÃO MARPOL E SEUS ANEXOS. .29

FIGURA 6. RELAÇÃO DE ESTADOS MEMBROS DA CONVENÇÃO INTERNACIONAL SOBRE RESPONSABILIDADE CIVIL POR DANOS CAUSADOS POR POLUIÇÃO POR ÓLEO 1969- CRC 69 (CLC 69), INCLUINDO OS QUE JÁ RATIFICARAM A CLC 92 E ESTÃO EM PROCESSO DE RENÚNCIA DA CRC 69(CLC 69) . ................................................................................46

FIGURA 7. FOTO DO NAVIO OLYMPIC BRAVERY ENCALHADO .........................................................49

FIGURA 8. FOTO DO CASCO SOÇOBRADO DO NAVIO OLYMPIC BRAVERY.................................50

FIGURA 9. DERIVA DO NAVIO AMOCO CADIZ .............................................................................................50

FIGURA 10. FOTO DO CASCO SOÇOBRADO DO NAVIO AMOCO CADIZ ..........................................51

FIGURA 11. FOTO DA SEÇÃO DE RÉ DO NAVIO TANIO............................................................................51

FIGURA 12 .CRONOLOGIA DOS ACIDENTES DE POLUIÇÃO POR ÓLEO QUE ACELERARAM A ADOÇÃO DE UMA NOVA CONVENÇÃO DE RESPONSABILIDADE CIVIL E A SUA ENTRADA EM VIGOR. .....................................................................................................................................52

FIGURA 13. FOTO DO NAVIO EXXON VALDEZ ENCALHADO NA BAÍA DE PRINCE WILLIAM SOUND. FONTE: REVISTA GARD NEWS Nº 192 ..................................................................................53

FIGURA 14. RESUMO DOS DANOS CAUSADOS PELO ACIDENTE DO NAVIO EXXON VALDEZ, AO COMPLETAR 10 ANOS DO ACIDENTE EM MARÇO DE 1999. FONTE: EDIÇÃO DO JORNAL ESPECIALIZADO EM TRANSPORTE MARÍTIMO LLOYD’S LIST, DE 24 DE MARÇO DE 1999. .........................................................................................................................54

FIGURA 15. RELAÇÃO DE ALGUNS ESTADOS MEMBROS DA CONVENÇÃO INTERNACIONAL SOBRE RESPONSABILIDADE CIVIL POR DANOS CAUSADOS POR POLUIÇÃO POR ÓLEO 1992- CRC 92 (CLC 92), CURSO DE GESTÃO DE RISCO EM SEGUROS MARÍTIMOS DA TRANSPETRO ............................................................................................62

FIGURA 16. FOTO DO NAUFRÁGIO DO NAVIO ERIKA ..............................................................................64

FIGURA 17- CRONOLOGIA DOS EVENTOS QUE RESULTARAM NO ACIDENTE DO NAVIO PRESTIGE. SITIO DA SIC, ...............................................................................................................................66

FIGURA 18. CRONOLOGIA DA ENTRADA EM VIGOR DE CONVENÇÕES E REGULAMENTOS INTERNACIONAIS.............................................................................................................................................76

xii

Índice de Gráficos

GRÁFICO 1. NÚMERO DE OCORRÊNCIAS DE VAZAMENTO(ENTRE 7 E 700 TONELADAS MÉTRICAS) DE ÓLEO DE NAVIOS PETROLEIROS NO MUNDO, DE 1970 A 2009, DA ITOPF (PUBLICAÇÃO OIL TAN...................................................................................................70

GRÁFICO 2 - NÚMERO DE OCORRÊNCIAS DE VAZAMENTO (ENTRE 7 E 700 TONELADAS MÉTRICAS) DE ÓLEO DE NAVIOS PETROLEIROS NO BRASIL, DE 1970 A 2009, TABULADOS A PARTIR DE DADOS DA ITOPF, CEDRE, CENTER FOR TANKSHIP EXCELLENCE E CETESB .............................................................................................................70

GRÁFICO 3. NÚMERO DE VAZAMENTOS ENTRE 7 E 700 TM NO MUNDO E NO BRASIL......71

GRÁFICO 4 - NÚMERO DE OCORRÊNCIAS DE VAZAMENTO(ACIMA DE 700 TONELADAS MÉTRICAS) DE ÓLEO DE NAVIOS PETROLEIROS NO MUNDO, DE 1970 A 2009, TABULADOS A PARTIR DE DADOS DA ITOPF (PUBLICAÇÃO “OIL TANKER SPILL STATISTICS 2009 ...........................................................................................................................72

GRÁFICO 5. - NÚMERO DE OCORRÊNCIAS DE VAZAMENTO( ACIMA DE 700 TONELADAS MÉTRICAS) DE ÓLEO DE NAVIOS PETROLEIROS NO BRASIL, DE 1970 A 2009, TABULADOS A PARTIR DE DADOS DA ITOPF, CEDRE, CENTER FOR TANKSHIP EXCELLENCE, CETESB................................................................................................................72

GRÁFICO 6. NÚMERO DE VAZAMENTOS ACIMA DE 700 TM NO MUNDO E NO BRASIL .....73

GRÁFICO 7 - RELAÇÃO ENTRE A ENTRADA EM VIGOR DE CONVENÇÕES E REGULAMENTOS INTERNACIONAIS E A MÉDIA DECENAL DO NÚMERO DE OCORRÊNCIAS DE VAZAMENTO DE ÓLEO DE NAVIOS PETROLEIROS (ENTRE 7 E 700 TONELADAS MÉTRICAS E ACIMA DE 700 TONELADAS MÉTRICAS) NO MUNDO, DE 1970 A 2009,COM DADOS DE VAZAMENTOS DE PETRÓLEO TABULADOS A PARTIR DE INFORMAÇÕES DA ITOPF (PUBLICAÇÃO “OIL TANKER SPILL STATISTICS 2009) ........74

GRÁFICO 8. RELAÇÃO ENTRE A ENTRADA EM VIGOR DE CONVENÇÕES E REGULAMENTOS INTERNACIONAIS E A MÉDIA DECENAL DO NÚMERO DE OCORRÊNCIAS DE VAZAMENTO(ENTRE 7 E 700 TONELADAS MÉTRICAS E ACIMA DE 700 TONELADAS MÉTRICAS) DE ÓLEO DE NAVIOS PETROLEIROS NO BRASIL, DE 1970 A 2009, TABULADOS A PARTIR DE DADOS DE VAZAMENTOS DE PETRÓLEO DA ITOPF, CEDRE, CENTER FOR TANKSHIP EXCELLENCE E CETESB....................................75

xiii

LISTAS DE SIGLAS

ANTAQ - Agência Nacional de Transportes Aquaviários

CCA - Comissão de Coordenação de Assuntos para a Organização Marítima

Internacional

CEDRE - Centre de Documentation, de Recherche et d’ experimentations sur les

Pollutions accidentelles de des aux

CETESB - Companhia Ambiental do Estado de São Paulo

CLC 69 - The 1969 International Convention on Civil Liability for oil Pollution

Damage

CLC 92 - The International Convention on Civil Liability for oil Pollution Damage,

Protocol 1992

CMI - Comitê Marítimo Internacional

CRC 69 - Convenção Internacional Sobre Responsabilidade Civil por Danos Causados

por Poluição de Óleo de 1969

CRC 92 - Convenção Internacional Sobre Responsabilidade Civil por Danos Causados

por Poluição de Óleo de 1992

DOC - Document of Compliance

DPC - Diretoria de Portos e Costas

DS ES - Direitos Especiais de Saque

EBN - Empresa Brasileira de Navegação

EMA - Estado Maior da Armada

FUND 71 - International Convention on the Establishment of an International Fund for

Compensation for Oil Pollution Damage, 1971

GRT - Gross Register Tonnage

IGA - International Group Agreement

IMO - International Maritime Organization

IMCO - InterGovernamental Maritime Consultative Organization

ISM - International Safety Management Code

ITOPF - International Tankers Owners Pollution Federation

LOF - Lloyd’s Open Form

MARPOL - International Convention for the Prevention of Pollution from Ships.

MEPC - The Marine Environment Protection Committee

xiv

MSC - Maritime Safety Committee

MSC - Mensagem do Congresso Nacional

NORMAM - Norma da Autoridade Marítima

OECD - Organisation for Economic Co-operation and Development

OMI - Organização Marítima Internacional

OPA 90 - Oil Pollution Act 1990

OPRC - International Convention on Oil Pollution Preparedness, Response and Co-

operation, 1990.

P&I - Protection and Indemnity

RAF - Royal Air Force

RPB - Representação Brasileira Junto a Organização Marítima Internacional

SDR - Special Drawing Rights

SMC - Safety Management Certificate

SOLAS - Safety of Life at Sea

TOVALOP - Tankers Owners’ Voluntary Agreement Concerning Liability for Oil

Pollution

UNCITRAL - United Nations Commission on International Trade Law

1

1. Introdução

O transporte marítimo apresenta grande participação no comércio mundial de

mercadorias e por sua vez, os navios que transportam petróleo cru e seus derivados,

denominados petroleiros apresentam capacidade crescente em relação à quantidade de

produto transportada. Um dos maiores problemas relativos ao transporte marítimo do

petróleo para a sociedade hodierna é a poluição marinha causada por descargas

acidentais. Nesse contexto, a OMI (IMO)1, Organização Marítima Internacional, que

desde a sua concepção inicial, preocupa-se com a segurança das pessoas e embarcações,

tem a clara noção de que o transporte marítimo de mercadorias apresenta um risco

ambiental inerente a sua atividade. Uma forma de gerenciamento de risco dessa

atividade é a formulação de tratados e convenções internacionais que possam balizar e

ordenar o papel das nações marítimas nessa importante atividade do comércio mundial.

No capitulo dois retratamos as principais entidades e organizações do transporte

marítimo nacional e internacional nas questões relativas a poluição por óleo.

Discorremos sobre a importante participação da Organização Marítima Internacional e

seus comitês. Ressaltamos a participação Brasileira naquela organização, além da

representação brasileira junto a OMI- (RPB-IMO). Adicionalmente analisamos o seguro

de responsabilidade civil dos proprietários de embarcações conhecido como proteção e

indenização (P&I), a estrutura dessas associações e suas principais coberturas.

Após a 2ª Guerra mundial a capacidade de transporte de navios mercantes aumentou e

dessa forma, os navios petroleiros também aumentaram seu porte e junto com a

racionalização de custos em função de uma quantidade maior de carga transportada, o

aumento das embarcações trouxe em seu bojo uma possibilidade indesejável: os grandes

desastres ambientais causados por derrames acidentais de petróleo.

Em 1954 foi disponibilizada para adoção a primeira Convenção Internacional para a

Prevenção da Poluição no Mar por Óleo2, que entrou em vigor a partir de 1958. Essa

convenção proibia a descarga de óleo ou mistura oleosa em áreas especiais consideradas

1International Maritime Organization 2The 1954 International Convention on the Prevention of Pollution of the Sea by Oil.

2

como zonas proibidas (Mar Mediterrâneo, costa da Austrália) estendendo-se a pelo

menos 50 milhas do ponto mais próximo de terra. Estabelecia ainda a proibição de

descargas oleosas contendo mais de 100 partes de óleo por 1 milhão de partes de água,

OMI (2009).

No Capítulo três abordamos os regulamentos internacionais de poluição por óleo

existentes e a Convenção Internacional sobre Responsabilidade Civil de Poluição por

Óleo de 1969 (CRC-69). São analisados o acidente do navio Torrey Canyon e suas

conseqüências para o meio ambiente, além dos questionamentos que foram suscitados

em função das características especiais desse acidente. Revisitamos o acordo voluntário

(TOVALOP3) mantido por proprietários de embarcações petroleiras, que foi delineado

para ressarcir os danos causados por poluição por óleo enquanto não houvesse um

instrumento internacional para tal finalidade.

Em função do acidente do navio Torrey Canyon e percebendo a lacuna existente na

legislação internacional, a Organização Marítima Internacional (IMO) propôs a adoção

de um instrumento que canalizasse a responsabilidade para o proprietário da

embarcação. Dessa forma em 1969 houve a proposição para a adoção da Convenção

Internacional Sobre Responsabilidade Civil em Danos Causados por Poluição por Óleo

de 1969- CRC 69 (CLC 694). Analisaremos os trâmites percorridos e as decisões das

delegações dos países na elaboração do texto final dessa Convenção, ressaltando as

suas principais características, seus Estados Membros, o limite de responsabilidade do

proprietário da embarcação e o estabelecimento de um seguro compulsório.

Posteriormente novos acidentes com navios petroleiros aconteceram e demonstraram

que o nível de proteção existente encontrava-se no mínimo em um patamar inadequado,

para fazer frente aos valores reclamados e danos ambientais causados aos Estados

participantes da convenção internacional sobre responsabilidade civil em danos

causados por poluição por óleo de 1969- CRC 69 (CLC 69). No capitulo quatro

analisamos de forma cronológica esses acidentes e suas conseqüências, que culminaram

com a proposição pela Organização Marítima Internacional, da adoção do protocolo à

Convenção Internacional Sobre Responsabilidade Civil em Danos Causados por 3TOVALOP – Anacrônimo de Tanker Owners’ Voluntary Agreement Concerning Liability for Oil Pollution. 4The 1969 International Convention on Civil Liability for oil Pollution Damage.

3

Poluição por Óleo de 1969, conhecido como a convenção internacional sobre

responsabilidade civil em danos causados por poluição por óleo de 1992- CRC 92 (CLC

925). Comparamos as condições dessas duas convenções internacionais sobre

responsabilidade civil em danos causados por poluição por óleo e os benefícios que

podem advir ao Estado Brasileiro em caso de ratificação da convenção de 1992.

No Capítulo cinco fazemos uma comparação entre os vazamentos de petróleo oriundos

de embarcações ocorridos no Brasil e no Mundo entre os anos de 1970 e 2009.

Adicionalmente fazemos uma cronologia da entrada em vigor de Códigos, Convenções

Internacionais e realizamos comparações com vazamentos registrados por períodos de

10 anos, confirmando a importância da entrada em vigor dessas legislações na redução

da poluição marítima advinda de embarcações. Finalizamos o capitulo apresentando um

exercício: a simulação de um acidente de um navio de bandeira estrangeira na costa

brasileira, com o conseqüente vazamento de petróleo, estabelecendo-se assim um

cenário para comparação das duas convenções internacionais sobre responsabilidade

civil por danos causados por poluição por óleo, CRC 1969 e CRC 1992, e as vantagens

e desvantagens de cada convenção para o estado brasileiro.

No sexto Capítulo analisamos a posição do Estado Brasileiro em relação às Convenções

Internacionais, CRC-69 e CRC-92, confrontando as eventuais vantagens e desvantagens

para o Brasil, em caso de ratificação da Convenção Internacional de 1992, CRC-92

(CLC 92).

No último Capítulo apresentamos nossa conclusão e recomendações sobre a proteção do

Estado Brasileiro.

O trabalho apresenta fundamentalmente, além das ocorrências de vazamento de petróleo

provenientes de navios no Brasil e no Mundo, uma comparação técnica das duas

convenções internacionais e a confrontação de suas principais coberturas, limites de

responsabilidade, tendo como objetivo principal o aprofundamento da discussão sobre

a adequação do atual regime internacional de cobertura de poluição por óleo de navios,

ratificado pelo Estado Brasileiro.

5The 1992 Protocol to The International Conventional on Civil Liability for oil Pollution Damage.

4

2. Entidades, Organizações, Agências e Associações do Transporte Marítimo

Nacional e Internacional.

2.1. Agência Nacional de Transportes Aquaviários

A Agência Nacional de Transportes Aquaviários- ANTAQ, criada pela lei nº

10.233/2001 atua no âmbito dos portos organizados, dos terminais portuários, no

transporte de cargas especiais e perigosas, além das modalidades de navegação fluvial,

lacustre, de apoio portuário, cabotagem e longo curso.

Em relação à segurança da navegação aquaviária e a salvaguarda da vida humana no

mar, a ANTAQ deverá observar as normas estabelecidas pela Marinha do Brasil.

2.2 Autoridade Marítima Brasileira- Marinha do Brasil

De acordo com a lei nº 9.537/1997, que trata da segurança do tráfego aquaviário em

águas sob jurisdição brasileira, cabe somente à autoridade marítima brasileira programar

as normas da salvaguarda da vida humana no mar, segurança da navegação e prevenção

da poluição ambiental de embarcações, plataformas ou suas instalações de apoio.

Ressaltamos alguns itens sob a responsabilidade da Autoridade Marítima Brasileira:

1- Inscrição de embarcações e controle do seu registro de propriedade.

2- Controle do Tráfego e permanência de embarcações nas águas sob jurisdição

nacional.

3- Ordenamento do espaço aquaviário visando o controle da segurança da

navegação.

4- Determinação do cartão de segurança das embarcações, estipulando o número

mínimo de tripulantes para operação da embarcação.

A Diretoria de Portos e Costas, DPC, é a responsável pela emissão das Normas da

Autoridade Marítima, conhecidas pelo acrônimo de NORMAM.

5

Atualmente foram publicadas 26 Normas da Autoridade Marítima, que versam sobre:

1- Embarcações empregadas na navegação em mar aberto

2- Embarcações empregadas na navegação Interior

3- Amadores, embarcações de esporte e ou recreio para cadastramento e

funcionamento das marinas, clubes e entidades desportivas náuticas.

4- Operação de embarcações estrangeiras em águas jurisdicionais brasileiras

5- Homologação de Material.

6- Reconhecimento de Sociedades Classificadoras para atuarem em nome do

governo Brasileiro.

7- Atividades de Inspeção Naval

8- Tráfego e permanência de embarcações em águas jurisdicionais brasileiras

9- Inquéritos administrativos

10- Pesquisa, exploração, remoção e demolição de coisas e bens afundados,

submersos, encalhados e perdidos.

11- Obras, dragagem, pesquisa e lavra de minerais sob, sobre e às margens das

águas sob jurisdição brasileira.

12- Serviço de praticagem.

13- Aquaviários

14- Cadastramento de empresas de navegação, peritos e sociedades classificadoras.

15- Atividades subaquáticas

16- Estabelecer condições e requesitos para concessão e delegação das atividades de

assistência e salvamento da embarcação, coisa ou bem em perigo no mar, nos

portos e vias navegáveis interiores.

17- Auxílios a navegação (DHN).

18- Operação do sistema de controle de arrecadação da autoridade marítima.

19- Atividades de meteorologia (DHN).

20- Gerenciamento de água de lastro de navios.

21- Uso de uniformes da Marinha Mercante Nacional.

22- Cerimonial da Marinha Mercante Nacional.

23- Controle de sistemas antiincrustantes danosos em embarcações.

24- Credenciamento de instituições para ministrar cursos para profissionais não-

tripulantes e tripulantes não-aquaviários.

25- Procedimentos e modelo de relatório de levantamentos hidrográficos (DHN).

26- Serviço de tráfego de embarcações (DHN)

6

mbarcaçes Empregadas na Navegação Int 2.3 Organização Marítima Internacional – OMI (IMO6)

A Organização Marítima Internacional- OMI (IMO) foi criada em 1948 na Convenção

de Genebra, por intermédio da adoção de uma Convenção para o estabelecimento de

uma Organização Marítima Internacional. Essa Organização efetivamente entrou em

vigor em 1958 e em 1959 aconteceu a sua primeira reunião. A OMI (IMO) é uma

agência especializada da Organização das Nações Unidas (ONU) e conta com 169

Estados Membros e três membros Associados. OMI.

A OMI (IMO) é amplamente associada, no imaginário de acadêmicos e ambientalistas,

ao ordenamento das questões relacionadas e advindas do transporte de mercadorias pela

via marítima e um dos seus principais temores: a poluição marinha. A maior fonte de

poluição marinha não é aquela a respeito da qual a OMI (IMO) apresenta convenções e

normas no sentido de ordenar o regramento do transporte marítimo de mercadorias, uma

vez que substâncias derramadas de navios para o mar representam menos de 25% das

fontes de poluição do meio marinho. MENSAH (2007), p.42.

O regime desenvolvido pela OMI (IMO) compreende tanto regulamentos quanto

padrões internacionais, práticas recomendadas e procedimentos aplicáveis a todos os

tipos de navios. Esses regulamentos estão inseridos em acordos Internacionais, tais

como Protocolos e Convenções.

A primeira tarefa realizada pela organização foi à adoção de uma nova versão da

Convenção Internacional para Salvaguarda da Vida Humana no Mar (SOLAS7

CONVENTION), que permanece como o mais importante instrumento internacional da

segurança da navegação no mundo marítimo. A primeira versão da Convenção SOLAS,

adotada e alterada pela OMI (IMO) foi a Convenção de 1960. Uma versão mais ampla e

revisada foi adotada em 1974. Nesse período inicial de atuação da nova organização,

um novo problema relacionado ao transporte marítimo começou a despertar a atenção

6 International Maritime Organization 7 Acrônimo de Safety of Life at Sea, que é a Convenção Internacional para Salvaguarda da Vida Humana no Mar.

7

da comunidade marítima internacional: o volume crescente de poluição por óleo

decorrente da operação de navios.

O acidente do navio Torrey Canyon em 1967, que abordaremos detalhadamente no

capítulo 3, teve participação ativa da organização marítima internacional no

delineamento de uma nova legislação. Por solicitação do governo do Reino Unido, uma

sessão extraordinária do Conselho da Organização Marítima Internacional (IMO) foi

realizada para considerar o papel da organização e da comunidade internacional perante

questões que vieram à tona por ocasião do acidente desse navio. O conselho da OMI

(IMO) aprovou um plano de ação para desenvolvimento e adoção de medidas legais e

técnicas para superar esses acidentes. A parte principal desse plano de ação incluía o

desenvolvimento e consolidação de uma conferência internacional para o

estabelecimento de um acordo internacional que restringisse a contaminação do ar, terra

e mar por navios, MENSAH (2007), p. 44, p. 45.

A conferência diplomática para adoção da Convenção Internacional para a Prevenção da

Poluição de Navios foi realizada em 02 de novembro de 1973 (MARPOL8, 1973). A

Convenção de 1973 sofreu posteriormente alterações pelas emendas de 1978. A Marpol

1973/1978 contém regulamentos para a prevenção, redução, controle de poluições

acidentais e operacionais de petróleo ao mar, assim como outras substâncias a bordo dos

navios, incluindo produtos químicos, lixo e esgoto sanitário.

Dentre as contribuições feitas por essa organização no ordenamento jurídico e no

controle da prevenção de poluição dos mares e oceanos, encontram-se várias

convenções internacionais que regulam desde a principal convenção internacional sobre

a prevenção da poluição no ambiente marinho causada por navios que é a MARPOL,

até o nível de gerenciamento das empresas e navios com a implantação do Código

Internacional de Gerenciamento de Segurança - ISM9 Code, que foi estabelecido para

ser o Código Internacional de Gerenciamento para a Operação Segura de Navios e para

a Prevenção da Poluição. Podemos fazer referência ainda à Convenção Internacional

8Convenção Internacional para a Prevenção de Poluição de Navios- International Convention for the Prevention of Pollution from Ships. 9International Safety Management Code.

8

sobre o Preparo, Resposta e Cooperação em caso de poluição por óleo – OPRC 9010

como uma preocupação da Organização Marítima Internacional na preparação de seus

Estados Membros para os eventos indesejáveis de poluição por óleo.

Às principais áreas em que houve grande contribuição dessa organização e

conseqüentemente avanço nos objetivos almejados para o controle e prevenção da

poluição marinha foram o desenvolvimento de regulamentos internacionais, padrões e

procedimentos, o estabelecimento e operação de mecanismos institucionais para

desenvolvimento e revisão de regras internacionais e regulamentos, bem como a

elaboração e difusão de princípios legais e normas, MENSAH (2007), p. 47.

A maior parte do trabalho desenvolvido pela OMI (IMO) para a prevenção da poluição

marinha consiste na adoção e revisão de regulamentos, padrões e procedimentos para a

prevenção de descarga acidental ou ainda escape de substâncias potencialmente

poluidoras. Esses padrões e procedimentos estão principalmente na Marpol 1973/1978 e

incluem aqueles relativos ao projeto ou construção de navios petroleiros. A

disponibilidade de tanques de lastro segregados permitiu aos navios manter a água do

lastro das embarcações efetivamente separada dos tanques utilizados para o transporte

de cargas. Outro aspecto importante no projeto e construção dos regulamentos da

Marpol é a exigência de que navios petroleiros apresentem casco-duplo ou duplo-fundo,

cuja implantação diminuiu a possibilidade do derrame acidental de carga em um

eventual encalhe ou abalroamento. Adicionalmente foram feitas exigências para os

navios, que os obrigam a manter a bordo equipamentos especiais para fazer frente a

emergências.

Os Estados Membros da IMO reconhecem que apesar de todas às medidas preventivas

adotadas para evitar acidentes a bordo de navios, bem como melhorar o treinamento das

tripulações para se assegurar do bom gerenciamento das substâncias nele transportadas,

não é razoável nem tampouco realístico esperar que se atinja 100% de sucesso na

tentativa de evitar a poluição do meio marinho. Dessa forma, se aceita o fato de que

alguns acidentes acontecerão e a melhor forma de enfrentá-los é ter seus Estados

10International Convention on Oil Pollution Preparedness, Response and Co-operation, 1990.

9

Membros preparados e bem equipados para obter desempenhos satisfatórios frente a tais

situações.

A IMO possui vários comitês e subcomitês que tratam de assuntos relacionados ao

transporte marítimo, navios e suas cargas. Destacaremos três comitês que formam a

espinha dorsal dessa organização. 1) O Comitê Marítimo de Segurança (MSC)11 foi o

primeiro comitê técnico da organização. Trabalha no desenvolvimento de regras,

regulamentos, padrões e procedimentos relativos à segurança marítima e a eficiência da

navegação. 2) O Comitê Marítimo de Proteção ao Meio Ambiente (MEPC)12 foi

estabelecido em 1973 para coordenar o trabalho da OMI (IMO) na prevenção e controle

da poluição marinha de navios.

3) O Comitê Legal é um dos principais comitês da OMI (IMO). Foi inicialmente

estabelecido em 1967 para tratar especificamente das pendências legais decorrentes do

acidente do navio Torrey Canyon. Posteriormente foi institucionalizado como um dos

órgãos da Organização Marítima Internacional pelas emendas de 1975.

O Comitê Legal foi o responsável pelo desenvolvimento de vários tratados que lidaram

com assuntos relacionados à poluição por óleo de navios, incluindo e em particular a

Convenção Internacional sobre Responsabilidade Civil por Poluição por Óleo de 1969 e

de seu protocolo de 1992, além de outras convenções como a Convenção Internacional

de Salvamento de 198913 e a Convenção Internacional sobre responsabilidade e

compensação por danos relativos ao transporte de substâncias tóxicas e nocivas pelo

mar, de 1996.14

O Comitê Legal realiza papel e função importante no desenvolvimento de algumas

dessas convenções. Como exemplo, citamos a preparação e alteração da redação na

revisão dos limites de compensação de poluição por óleo que são pagos às vitimas de

danos garantidos pelo regime de compensação da Convenção Internacional sobre

11MSC - Maritime Safety Committee 12MEPC - The Marine Environment Protection Committee 13International Convention Salvage, 1989 14International Convention on Liability and Compensation for Damage in connection with the Carriage of Hazardous and Noxious Substances by Sea(HNS), 1996.

10

Responsabilidade Civil de Poluição por Óleo de 1992 e do seu Fundo Internacional de

Compensação de Poluição por Óleo de 1992.

11

2.3.1 Participação Brasileira na OMI (IMO): RPB15 – OMI (IMO) e CCA16-OMI

(IMO)

A representação permanente do Brasil junto a Organização Marítima Internacional foi

criada em 04 de abril de 2000 e tem sua base em Londres. Essa representação é chefiada

por um Almirante de Esquadra.

A participação brasileira em fóruns internacionais é primordial para a defesa das

posições de nosso Estado. O Brasil apresenta uma comissão coordenadora para os

assuntos da Organização Marítima Internacional (IMO), conhecida como CCA-IMO,

que participa no acompanhamento e eventual elaboração da legislação emergente,

sempre alinhada aos princípios fundamentais estabelecidos em nossa constituição

federal, nas relações exteriores, na ordenação marítima nacional, nas políticas nacionais

setoriais e nos atos e convenções internacionais dos quais o Brasil tenha ratificado.

A CCA- IMO foi criada em dezembro de 1998 por iniciativa do Estado- Maior da

Armada (EMA). Ela é coordenada pelo Chefe do Estado-Maior da Armada.

A Comissão de Coordenação de Assuntos da Organização Marítima Internacional

(CCA-IMO) tem como finalidade precípua a análise, estudo e tratamento dos assuntos

das reuniões da Organização Marítima Internacional, consolidando as posições a serem

adotadas pelas delegações Brasileiras naqueles fóruns. Além disso, propõe diretrizes e

recomenda medidas de internalização no País, de compromissos assumidos pelo Brasil

naquela Organização.

A CCA-IMO é composta por um grupo interministerial, uma secretaria executiva e um

fórum consultivo. O grupo interministerial é constituído pela Marinha do Brasil e pelos

Ministérios: da Justiça; das Relações Exteriores; dos Transportes; de Minas e Energia;

do Planejamento, Orçamento e Gestão; das Comunicações; e do Meio Ambiente. O

fórum consultivo, assessora a CCA-IMO e reúne representantes da comunidade

15 Representação Permanente do Brasil junto a Organização Marítima Internacional. 16 Comissão Coordenadora de Assuntos da Organização Marítima Internacional.

12

marítima, de entidades científicas e setoriais, de organizações governamentais e não-

governamentais e pessoas de notório saber.

Uma das principais tarefas da Comissão é a formulação das posições brasileiras naquele

fórum. Uma vez que uma proposição de ato, código ou convenção é feita pela

organização marítima internacional, essa proposição é encaminhada para análise da

secretaria executiva da CCA-IMO e que posteriormente submete seu entendimento ao

Fórum Consultivo, que é um colegiado composto por representantes de todos os

segmentos da comunidade marítima, organizações governamentais e não-

governamentais, entidades de classe e científicas. Após esse amplo debate onde às

posições brasileiras são consubstanciadas, as propostas de posição são consolidadas pela

Secretaria-Executiva e encaminhadas para análise política e aprovação final do grupo

Interministerial no Estado-Maior da Armada. A última etapa consiste no recebimento

da proposição final pelo RPB- IMO para a apresentação e negociação junto ao plenário

da Organização Marítima Internacional.

Por todas essas atividades e iniciativas da Organização Marítima Internacional,

concluímos afirmando que a OMI (IMO) apresenta uma parcela de contribuição

significativa para o desenvolvimento de esforços internacionais na proteção e

preservação do ambiente marinho, particularmente da poluição advinda da operação de

navios. Garantiu um fórum permanente para a devida consideração, discussão e adoção

de padrões técnicos, legais e regulamentações administrativas para a prevenção e

controle da poluição marinha por navios. Utilizando mecanismos oferecidos por seus

vários órgãos e departamentos, a organização marítima Internacional-OMI (IMO)

promoveu o desenvolvimento de medidas práticas que poderão ser adotadas por

Governos, entidades publicas e privadas, engajadas na indústria marítima para a

prevenção de acidentes no mar e com isso assegurar o manuseio e gerenciamento seguro

de cargas que possam causar poluição. Além disso, ajuda-os a se preparar visando à

tomada de medidas apropriadas e necessárias para a prevenção, mitigação e

minimização de uma poluição quando se defrontarem com os acidentes.

13

Na Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do mar17, teve papel decisivo na

apresentação das provisões e regulamentos, tendo contribuído de várias formas para

elucidação e desenvolvimento de uma legislação internacional eficaz na proteção e

preservação do ambiente marinho, MENSAH (2007), p. 60, p. 61.

17Convenção adotada em Montego Bay, Jamaica, em 30 de abril de 1982. Estabelece, dentre outras, definições sobre o Mar Territorial, Zona Contígua, Zona Econômica Exclusiva. www. buscalegis.ufsc.br, Convenção das Nações Unidas sobre Direito do Mar, Mateus da Fonseca Sória, acesso em 04.04.2010

14

2.4 Seguro de Responsabilidade Civil - P&I – Protection and Indemnity Clubs –

Clubes de Proteção e Indenização

Os clubes de Proteção e Indenização-P&I (Protection and Indemnity) originaram-se a

partir dos pequenos seguradores de casco e máquinas18 que foram formados por

proprietários de embarcações inglesas no século XVIII. Os Clubes de Proteção e

Indenização, conhecidos como P&I Clubs, são associações de armadores e/ou

proprietários de embarcações que utilizam a prática da mutualidade securitária entre

seus membros, sendo essa a base de sustentação de suas organizações.

Embora praticamente desconhecidos de qualquer pessoa que não lide com a operação de

navios, e muitas vezes até mesmo pelo pessoal que atua na área de navegação, os clubes

de P&I formam uma vasta rede operacional que auxilia e facilita a administração dos

diversos aspectos que influem diretamente nesta atividade.

Essas Associações oferecem uma cobertura de responsabilidade civil perante terceiros,

que confere aos armadores e/ou proprietários de embarcações uma gama de coberturas

tão necessárias na realização de operações cotidianas do transporte marítimo, quanto à

agilidade e eficácia no tratamento das reclamações usualmente apresentadas ao

transportador.

A qualidade e o notório saber dos profissionais contratados pelos Clubes de P&I quer

sejam advogados, vistoriadores ou peritos, para a defesa dos interesses de seus

membros, agilizam o processo de resolução de pendências e dessa forma não alteram,

na maioria das vezes, o cronograma de viagem estabelecido por seu associado.

Exemplificando o seu tipo de atuação e enfatizando a importância da existência destas

organizações, podemos afirmar com segurança que nenhum navio-tanque (petroleiro),

por mais moderno e bem equipado que possa ser, estará habilitado a exercer suas

atividades comerciais sem pertencer a um clube de P&I. A certificação que é exigida

pelas autoridades marítimas portuárias para permitir a entrada, saída e operação dos

18 O seguro de casco e máquinas é o seguro que garante a cobertura sobre o casco, maquinários e todos os seus aparelhos, instalações, equipamentos, peças, provisões, suprimentos e demais pertences de uma embarcação.

15

navios em cada porto, por intermédio da apresentação de um documento conhecido

como certificado CLC, que atesta a concordância do segurador de responsabilidade civil

do proprietário do navio com os termos e condições da Convenção Internacional Sobre

Responsabilidade Civil por Danos Causados por Poluição por Óleo, somente é

fornecida pelo órgão fiscalizador governamental, no caso brasileiro a Diretoria de

Portos e Costas, mediante a apresentação de uma declaração de seu clube de P&I,

estabelecendo que o referido navio está sob sua cobertura, assumindo assim os riscos de

sua operação. O documento apresentado pelos clubes de P&I é conhecido como “Blue

Card” 19.

Quando alegam que um navio é responsável por um acidente que atinja a propriedade de

terceiros, seja outra embarcação ou uma instalação portuária, o prejudicado pode

conseguir judicialmente o arresto20 da embarcação, que ficaria assim impedida de operar

e de deixar o porto. Com uma simples comunicação do fato ao seu clube de P&I, o

armador ou operador do navio pode solicitar a emissão de uma carta de garantia

bancária no valor da reclamação, que substituirá o navio como objeto do arresto,

liberando o mesmo para que possa prosseguir viagem, sem que devido ao problema este

fique impossibilitado de cumprir o restante de sua viagem.

Se ocorrer um acidente de poluição, com vazamento de óleo para o meio-ambiente,

requerendo a utilização de sofisticados equipamentos de combate a poluição, emprego

de pessoal técnico especializado, realização de perícias e testes químicos, além do

pagamento de vultosas somas indenizadoras e custas judiciais, nada resultará em

prejuízo para o armador, uma vez que toda despesa de qualquer natureza decorrente de

um acidente de poluição estará coberta e será indenizada pelo seu clube de P&I, com

respaldo em uma decisão conjunta do Grupo Internacional de Clubes de P&I, que

estabeleceu o valor de franquia igual a zero para este tipo de ocorrência. O valor atual

19O “Blue Card” é um documento emitido pelos Clubes de P&I, direcionado às autoridades marítimas, atestando que determinado navio está sob as coberturas do Clube emissor da documentação . É conhecido dessa forma, pois no passado às declarações dos clubes de P&I eram emitidas em papel azul. Atualmente às declarações são emitidas em papel branco e enviadas por meio eletrônico, cabendo aos associados a impressão em seus escritórios. Mesmo assim ficou a identificação desse documento na comunidade marítima internacional como “Blue Card”. 20O arresto é medida que visa a assegurar o futuro pagamento de um crédito de direito marítimo, mediante a apreensão judicial da embarcação e sua retirada de tráfego.

16

da cobertura de poluição por óleo dos clubes de P&I que fazem parte desse grupo é de

US$ 1 Bilhão de dólares norte americanos.

17

2.4.1. Estrutura de um Clube de Proteção e Indenização

Um Clube de P&I apresenta uma estrutura profissional para atendimento das demandas

cada vez mais complexas da atividade de transporte marítimo.

A Diretoria dessas Associações é formada pelos próprios membros associados, que

detenham a maior representatividade junto àqueles Clubes (Figura 1). Para auxiliar as

tomadas de decisão dessas Diretorias, alguns Clubes contratam profissionais de

mercado para gerenciarem determinadas áreas, tais como a gestão de investimentos,

gestão da informação tecnológica, gestão de planejamento, legislação, além de interagir

junto a Comunidade Marítima Internacional. Os quadros de empregados próprios dessas

Associações são representados por profissionais experientes nas diversas áreas de

reclamações: poluição, colisão, abalroamento, clandestinos, acidentes pessoais, doenças,

reclamações de carga, jurídica.

Por apresentarem suas sedes operacionais em países como Inglaterra, Noruega, Japão,

Estados Unidos, os Clubes de P&I necessitam de profissionais que estejam onde seus

associados atuem. Dessa forma, houve a necessidade de abertura de escritórios regionais

para atendimento tempestivo às necessidades de seus associados. Além da instalação de

escritórios regionais, essas associações estabeleceram um atendimento e cobertura

globais com a instalação de correspondentes dos clubes de proteção e indenização em

cerca de 450 portos. Não basta somente estar presente. Mais do que antes, o tempo para

resolução de problemas é cada vez menor e em contrapartida, necessita-se de

profissionais altamente qualificados para a minimização de possíveis perdas.

Esses escritórios são dirigidos por profissionais experientes, na maioria das vezes

comandantes de navios mercantes com larga experiência ou advogados com a

especialização notória em transporte marítimo, que têm ampla condição de ajudar os

navios dos associados na resolução do problema.

Os Clubes de P&I não se restringem simplesmente à possibilidade de um atendimento

rápido a uma necessidade de um associado, eles vão além e apresentam ainda, dentre

outras, a facilidade de contratação de profissionais de notório saber nas diversas áreas

18

(jurídica, ambiental, naval) para ajudar na defesa de, por exemplo, uma poluição por

óleo causada por navio de um associado.

A decisão da instalação de correspondentes estrategicamente localizados, junto aos

principais portos do mundo, permitiu uma melhor interface desses atores junto a seu

público alvo. Os correspondentes locais dos clubes de P&I são de extrema valia, pois

possuem profissionais experientes para dar todo o suporte para os associados desses

clubes, uma vez que conhecem os entraves burocráticos e o modus operandi das

autoridades, no local em que efetivamente ocorreu um acidente ou sinistro envolvendo

um associado do clube. Por estarem próximos à necessidade de seus clientes e

convivendo na mesma realidade que eles enfrentam, tem ampla chance de solucionar

positivamente os problemas apresentados, o que possivelmente resultará na

minimização de prejuízos e possibilitará dessa forma a satisfação de seus associados.

DIRETORIADIRETORIA

GERENTESGERENTES

CORRESPONDENTES LOCAISCORRESPONDENTES LOCAIS

Especialistas em:

• Underwriting

• Investimentos e Finanças

• Condução das reclamações

Especialistas em:

• Underwriting

• Investimentos e Finanças

• Condução das reclamações

Responsáveis por:

• Escolher os Gerentes,

delegando a administração do

Clube de P&I.

• Política do Clube.

• Revisão do planejamento

estratégico

Responsáveis por:

• Escolher os Gerentes,

delegando a administração do

Clube de P&I.

• Política do Clube.

• Revisão do planejamento

estratégico

cerca de 450

Correspondentes nos diversos portos do

mundo

Sempre que ocorrer um evento coberto pelo Clube de

P&I, o navio deve entrar em contato com o Correspondente local que deverá tomar as providências

que o caso requer.

Ex.: Surveyor, Advogados, Etc.

P&I CLUBP&I CLUB

Representantes dos armadores eleitos pelos mesmos.Reunem-se 2/3/4 vezes por ano para decidir sobre:

• Finanças do Clube de P&I

• Performance dos Gerentes

• Posição do Clube no mercado internacional

• Alteração das regras e estatutos

Representantes dos armadores eleitos pelos mesmos.Reunem-se 2/3/4 vezes por ano para decidir sobre:

• Finanças do Clube de P&I

• Performance dos Gerentes

• Posição do Clube no mercado internacional

• Alteração das regras e estatutos

Figura 1. Estrutura dos Clubes de P&I, apresentação de Luiz José dos Santos Cabral sobre Clubes de P&I

19

2.4.2. Principais coberturas oferecidas pelos Clubes de Proteção e Indenização

Um armador e/ou proprietário ingressa nos clubes de P&I para segurar a sua

responsabilidade civil diante de terceiros, no que se inclui a sua exposição às

reclamações por danos ou compensação a respeito dos seguintes eventos 21·:

• Acidentes pessoais, doenças e morte de tripulantes

• Acidentes pessoais e morte de estivadores e pessoal de apoio operacional

• Acidentes pessoais, doenças e morte de passageiros e outros

• Perda de bagagem

• Despesas decorrentes de desvio de rota

• Salvamento de vida humana

• 1/4 ou 4/4 da responsabilidade civil por abalroamento e colisão

• Excedente da cobertura de colisão da apólice casco

• Responsabilidade pela carga transportada

• Perdas ou danos a outros bens

• Poluição

• Responsabilidade em contrato de reboque

• Responsabilidade em contrato e garantias fornecidas

• Responsabilidade por remoção de destroços

• Participação da carga em salvamento

• Multas

• Custas legais

Os clubes de P&I fornecem a cada ano uma relação atualizada de seus correspondentes

em todo o mundo, e também uma listagem de todos os navios sob sua cobertura e de

seus membros, além de um livro de regras atualizado contendo as condições de

cobertura, que adicionalmente incluem as modificações aprovadas pela diretoria

executiva daquelas associações no ano anterior.

21Coberturas retiradas dos livros de regras de diversas associações P&I como UK P&I Club, Gard P&I Club, London P&I Club, SteamShip Mutual Club.

20

Os Clubes de P&I que fazem parte do Grupo Internacional apresentam uma cobertura

geral por evento de US$ 4,5 bilhões de dólares, excetuando-se a cobertura de poluição

por óleo que é limitada a US$ 1 Bilhão de dólares.

Figura 2. Cobertura dos Clubes de P&I do Grupo Internacional no ano apólice de 2010. Fonte: Curso de Gestão de Risco em Seguros Marítimos da Transpetro

21

2.4.3. Principais Clubes de Proteção e Indenização - P&I

1. UNITED KINGDOM – UK CLUB

2. GARD CLUB

3. BRITANNIA

4. LONDON CLUB

5. STEAMSHIP MUTUAL

6. NORTH OF ENGLAND

7. SKULD

8. SWEDISH CLUB

9. AMERICAN CLUB

10. JAPAN CLUB

11. WEST OF ENGLAND

12. STANDARD CLUB

13. SHIPOWNERS CLUB

Esses treze clubes formam o Grupo Internacional dos Clubes de P&I ou International

Group Agreement (IGA) e o acordo original data de 1899.

Acordo do Grupo Internacional ou International Group Agreement (IGA)

Figura 3. Foto do acordo original assinado em 1899 pelo UK P&I Club, Britannia, Standard Club, London Club, Newcastle Club e Sunderland.

Fonte: Sitio do UK P&I Club, www.ukpandi.com acesso em 07.09.2009.

22

Esta entidade que congrega as treze maiores associações de cobertura P&I no mundo

apresenta um papel fundamental para a boa convivência entre os diferentes clubes, já

que é nas reuniões do Grupo Internacional que os clubes resolvem suas divergências,

estabelecem critérios comuns e determinam a política mundial da cobertura do seguro

de responsabilidade civil marítimo, além de representá-los conjuntamente na colocação

do contrato de resseguro no mercado internacional.

O Grupo Internacional possui várias atribuições, GRUPO INTERNACIONAL DE

CLUBES DE P&I (2009), dentre as quais se pode destacar:

• Padronização das regras dos Clubes de P&I integrantes daquela associação.

• Defesa dos interesses de seus associados mediante participação nos principais

fóruns da indústria marítima mundial.

• Desenvolvimento de estratégias de crescimento.

• Desenvolvimento e padronização das inspeções realizadas pelos Clubes de P&I

em navios.

• Participação efetiva no acompanhamento e desenvolvimento de legislação

regulatória emergente da indústria marítima, permitindo assim a prévia

adequação de seus associados às possíveis alterações do setor.

• Compra e gerenciamento do maior contrato de resseguro da indústria mundial:

cobertura adicional de US$ 2 Bilhões de dólares, UK P&I CLUB (2009).

Os Clubes de P&I do Grupo Internacional são responsáveis pela cobertura de cerca de

90 % da tonelagem mundial de navios, UK P&I CLUB (2009). Essa representatividade

facilita principalmente nos momentos de negociação da compra da cobertura de

resseguro22 para os seus associados. O valor que é destinado para a concretização desse

negócio é bem inferior aos valores que seriam despendidos individualmente por cada

Clube de P&I para a aquisição do mesmo valor de cobertura.

Outra vantagem competitiva proporcionada por essa reunião dos maiores Clubes de P&I

é o posicionamento e representatividade nos Fóruns em que se decidem às proposições

22Denomina-se resseguro à operação pela qual o segurador, transfere a outrem, total ou parcialmente, um risco assumido através da emissão de uma apólice ou um conjunto delas. Nessa operação, o segurador objetiva diminuir suas responsabilidades na aceitação de um risco considerado excessivo ou perigoso, e cede a outro uma parte da responsabilidade e do prêmio recebido. De forma simplista, o resseguro é visto como um seguro do seguro.

23

das novas legislações que irão alterar o setor de transporte marítimo mundial. Existe

uma participação ativa em grupos de trabalho GRUPO INTERNACIONAL DOS

CLUBES DE P&I (2009), na OMI (IMO), UNCITRAL23 e OECD24.

23 UNCITRAL – Comissão das Nações Unidas para o Direito Comercial Internacional 24 OECD- Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico.

24

3. Regulamentações Internacionais de Poluição por Óleo e a Convenção

Internacional sobre Responsabilidade Civil por Danos Causados por Poluição por

Óleo de 1969-CRC 69(CLC 69).

3.1. O Acidente do Navio Torrey Canyon e suas conseqüências

Em 1967 houve o acidente do navio Torrey Canyon junto à costa da Inglaterra. O navio

apresentava cerca de 120.000 toneladas métricas de petróleo a bordo e após o seu

encalhe, houve como conseqüência a perda total da embarcação e o inevitável

vazamento de sua carga de petróleo para o meio ambiente. O proprietário da

embarcação ao verificar a gravidade e extensão dos danos causados simplesmente a

abandonou, uma vez que na época não havia nenhum instrumento internacional que o

responsabilizasse pelas conseqüências advindas daquele desastre.

O acidente do navio Torrey Canyon, a poluição por óleo resultante e seus danos

ambientais, foram decisivos para o debate da comunidade marítima internacional e os

Estados costeiros, visando ao estabelecimento de uma legislação internacional que

contemplasse a responsabilidade de proprietários de embarcações em decorrência de

poluição por óleo de navios. Podemos afirmar que esse acidente representou um marco

no avanço da legislação marítima internacional.

À época do acidente o navio era considerado, por sua capacidade de transporte de carga,

um superpetroleiro e efetivamente em sua derradeira viagem transportava cerca de

120.000 toneladas métricas de petróleo. A empresa Barracuda Tanker Corporation,

situada em Bermuda era a proprietária da embarcação, sendo uma empresa subsidiária

de sua empresa matriz, a Union Oil Company da Califórnia, sediada nos Estados

Unidos. O navio no momento do acidente estava afretado a British Petroleum e possuía

tripulação italiana, WIKIPEDIA (2009).

O navio que havia carregado 120.000 toneladas métricas de óleo cru no porto de Mina

Al-Ahmadi no Kuwait, destinados ao porto de Milford Haven no Reino Unido,

encalhou em 18.03.1967 no recife “seven stones”.

25

Figura 4. Foto do Navio Torrey Canyon encalhado.

Fonte : livro “ Mutuality, The Story of the UK P&I Club

Houve tentativas de salvamento da embarcação para minimizar os possíveis danos que

seriam causados em função do vazamento de óleo. A empresa Wijsmuller especializada

em salvamento de embarcações participou dessas tentativas, mas infelizmente não

obteve êxito. Em determinado momento da operação de salvamento, houve uma

explosão na praça de máquinas da embarcação e o Salvage Master25 da empresa

Wijsmuller faleceu no local. A empresa Wijsmuller decidiu abandonar a operação de

salvamento e a força aérea britânica (RAF)26 em uma tentativa desesperada de

transformar a poluição marítima em uma poluição atmosférica, já que cerca de 60% da

carga já havia se espalhado pelo mar, bombardeou o navio com bombas de napalm.

Após algumas tentativas e com a baixa temperatura da água do mar, não houve sucesso

na operação e os 40% restantes das 120.000 toneladas métricas de óleo que ainda

estavam a bordo da embarcação vazaram para o mar. LOUGHBOROUGH

UNIVERSITY –LONDON (2009).

O acidente do navio Torrey Canyon, seu custo de limpeza de 3 milhões de libras

esterlinas, PETER Y. (1995), p. 67, e suas conseqüências estimularam a opinião pública

a refletir sobre a extensão dos danos causados pela poluição que poderia advir em razão

do transporte de petróleo pelo mar. Somente no Reino Unido, as reclamações por 25Salvage Master – Comandante da operação de Salvamento. Deve apresentar conhecimento em arquitetura naval, gerenciamento de projetos e larga experiência no mar. A experiência no comando de navios é essencial. 26Royal Air Force

26

indenização alcançaram a cifra de seis milhões de libras esterlinas e na França chegaram

a quarenta milhões de francos franceses. EDGAR G, (2006), p. 119. Outra contribuição

importante desse acidente foi a de ressaltar aos legisladores a importância do tema e que

os mesmos tivessem ciência da lacuna e disparidades existentes nas diversas legislações

nacionais, principalmente da falta de uma legislação a nível internacional, que

direcionasse e estabelecesse claramente a responsabilidade em eventos dessa natureza.

Esse acidente desnudou uma situação que necessitava de inclusão e atenção na

legislação internacional: a compensação por danos causados por poluição por óleo

transportado como carga em navios. As dificuldades inerentes a qualquer reclamação

de poluição por óleo naquele período estavam presentes neste acidente, uma vez que os

contratos da embarcação refletiam como a indústria de transporte marítimo estava

estruturada. O navio era registrado na bandeira liberiana e tinha como proprietário de

registro uma corporação de Bermuda, que era subsidiária de uma empresa americana.

O navio foi afretado a casco nu27 para a Union Oil, que por sua vez o afretou por

viagem28 a Bristish Petroleum, a então estatal de petróleo do Reino Unido. Nessas

circunstâncias, havia incerteza em relação a qual jurisdição ou que legislação iria

governar as reclamações. Outra questão importante envolvida em dúvidas foi a quem

seriam endereçadas essas reclamações. A empresa proprietária da embarcação possuía

somente o navio como o único ativo de sua corporação e um seguro bem limitado em

relação à sua responsabilidade civil. Esse seguro seria insuficiente para cobrir os valores

de reclamações apresentados na França e no Reino Unido, em função da poluição por

óleo. Em relação à empresa americana Union Oil, verificou-se que era uma corporação

cuja personalidade jurídica era completamente distinta da sua subsidiaria, inviabilizando

assim qualquer ação de reclamação. Não havia também na época qualquer exigência

para seguro compulsório TAN, A.K. J. (2006), p. 288.

Imediatamente após o acidente, tanto o governo Britânico quanto o governo Francês

levantaram a questão das lacunas existentes na legislação internacional para a

27Afretamento a casco nu – contrato em virtude do qual o afretador tem a posse, o uso e o controle da embarcação por tempo determinado, incluindo o direito de designar o comandante e a tripulação. Lei nº 9432/97. 28Afretamento por viagem – contrato em virtude do qual o fretador se obriga a colocar o todo ou parte de uma embarcação, com tripulação, à disposição do afretador para efetuar o transporte em uma ou mais viagens. Lei nº 9432/97.

27

responsabilização em acidentes como o do navio Torrey Canyon, junto a então

Organização Marítima Consultiva Intergovernamental (IMCO)29 posteriormente

conhecida como Organização Marítima Internacional (OMI (IMO))30, que após análise

de seu comitê legal, criou o atual sistema internacional de responsabilização e

compensação de poluição por óleo, WU, C. (1996), p. 37.

29IMCO- Inter-Governamental Maritime Consultative Organization nome inicial da atual International Maritime Organization (IMO). 30IMO- International Maritime Organization.

28

3.2. Regulamentação Internacional da Poluição do Mar por Navios

Em 1954, o Reino Unido organizou uma conferência sobre poluição por óleo que

resultou na adoção da Convenção Internacional para a Prevenção da Poluição do Mar

por Óleo(1954). Essa convenção tentou minimizar o problema da poluição do mar por

mistura oleosa de navios(de óleo cru, diesel pesado, óleo combustível e lubrificante), de

duas formas:

1- Estabelecendo zonas proibidas, que se estendiam a pelo menos 50 milhas do

ponto mais próximo de terra. Nessas áreas eram proibidas a descarga de misturas

oleosas que contivessem mais de 100 partes de óleo por milhão de água e;

2- Requereu aos Estados que fizessem parte da Convenção, que promovessem

esforços na construção de reservatórios destinados ao recebimento de mistuar

oleosa dos navios.

Posteriormente na década de 70 foi concebida a Convenção MARPOL, que é a principal

convenção internacional garantindo a prevenção da poluição do meio ambiente marinho

em função de descargas acidentais ou operacionais de navios. A convenção

Internacional para a Prevenção da Poluição por Navios foi adotada em 02/11/1973 pela

Organização Marítima Internacional, cobrindo a poluição por óleo, de produtos

químicos, susbstâncias perigosas, resíduos oleosos e lixo. Em 1978 houve a proposição

de um protocolo relacionado a convenção MARPOL 73 . Como a MARPOL 73 não

havia entrado em vigor, o protocolo 1978 absorveu a convenção de 1973.

A combinação dos dois instrumentos Internacionais resultou na criação da MARPOL

73/78, que entrou em vigor em 02 de Outubro de 1983.

A convenção apresenta atualmente seis anexos técnicos, que incluem regras visando à

prevenção e minimização da poluição por navios:

29

1. Anexo I – Regras para a Prevenção da Poluição por Óleo.

2. Anexo II – Regras para o Controle da Poluição por Substâncias Liquidas

Nocivas à Granel.

3. Anexo III – Regras para a Prevenção da Poluição causada por Substâncias

Danosas Transportadas por Mar sob a Forma de Embalagens.

4. Anexo IV – Regras para a Prevenção da Poluição Causada por Esgoto de

Navios.

5. Anexo V – Regras para a Prevenção da Poluição Causada pelo Lixo dos Navios.

6. Anexo VI – Regras para a Prevenção da Poluição do Ar Causada por Navios.

A Figura abaixo descreve a situação Internacional da Convenção MARPOL:

Figura 5. Adoção e Entrada em Vigor da Convenção Marpol e seus anexos.

Fonte : Sitio da CCA-IMO, www.ccaimo.mar.mil.br, acesso em 13.08.2010.

30

3.3. Legislação Internacional prévia a entrada das Convenções Internacionais sobre

Responsabilidade Civil por Danos Causados por Poluição por Óleo de 1969-CRC

69(CLC 69) e 1992-CRC 92(CLC-92)

Existiam várias leis em regime doméstico de diversos países versando sobre a

responsabilidade do proprietário de embarcações marítimas. No âmbito internacional,

havia duas Convenções de limitação de responsabilidade, WU. C. (1996), p.32, p.33,

delineadas a seguir:

A) Convenção Internacional para a Unificação de Certas Regras relativas à Limitação

de Responsabilidade dos Proprietários de Embarcações Marítimas.31 Convenção de

1924.

A necessidade de unificação da legislação marítima era sentida em função do aumento

do transporte marítimo internacional e a conseqüente elevação de disputas comerciais.

A Convenção de 1924 que limitava a responsabilidade do proprietário de embarcações

era uma evidência dessa necessidade.

Relacionava-se a reclamação de terceiros contra o proprietário da embarcação, tendo o

valor de sua embarcação mais o valor de frete como sendo o limite máximo

determinado para a responsabilidade decorrente de danos causados pelo comandante,

tripulação, prático, e outras pessoas a serviço do navio, LAGONI, N. (2007), p.265.

Essa Convenção entrou em vigor em 1931 e teve pouca adesão, razão pela qual

apresentou pequena influência no regime de limitação de responsabilidade. Os Estados

signatários foram:

Alemanha, Argentina, Bélgica, Brasil, Chile, Cuba, Dinamarca, Espanha, Estados

Unidos, Finlândia, França, Hungria, Holanda, Índia, Itália, Japão, Letônia, México,

Noruega, Peru, Polônia, Portugal, Reino Unido, Romênia, Suécia, Servia, Croácia e

Eslovênia, e Uruguai.

31Convention Internationale pour Iunification de certaines règles concernant la limitation de la responsabilité des proprietaires de navires de mer, signée à Bruxelles, lè 25 août 1924.

31

O Brasil ratificou a Convenção em 28 de abril de 1931 e ela entrou em vigor no Estado

Brasileiro em 01º de outubro de 1935, por intermédio do decreto nº 350.

B) Convenção Internacional para a Limitação de Responsabilidade dos Proprietários de

Embarcações32 Convenção de 1957.

A Convenção de 1924, concebida pela França, não foi adotada pelas maiores nações

marítimas. Já a Convenção de 1957, concebida pelo Reino Unido teve maior aceitação.

Os seguintes Estados ratificaram a Convenção de 1957.

Argélia, Bahamas, Barbados, Belize, Congo, Cingapura, Dinamarca, Emirados Árabes

Unidos, Espanha, Holanda, Ilhas Fiji, Finlândia, França, Gana, Granada, Índia, Irã,

Israel, Madagascar, Noruega, Portugal, Reino Unido, República Dominicana, Suécia,

Suíça.

O Brasil não ratificou a Convenção de 1957.

A Convenção de Bruxelas de 1957 objetivou harmonizar às limitações de

responsabilidade do proprietário e do navio, aumentando o nível de compensação,

LAGONI, N(2007), p.265.

A Convenção de 1957, assim como a de 1924, não se preocupava com um regime de

responsabilização, mas somente com sua limitação, sendo a responsabilidade sujeita às

legislações nacionais, WU. C. (1996), p. 33.

Uma novidade apresentada por essa Convenção é que o direito a limitação de

responsabilidade, que antes era unicamente exercido pelo proprietário do navio (Art.1.1)

foi estendido para os afretadores, gerentes e operadores da embarcação (Art. 6.2). Com

o propósito de garantir a limitação para todos os possíveis agentes no gerenciamento da

embarcação.

A Convenção de 1957 apresentava cobertura para dois tipos de danos: danos a

propriedade e acidentes pessoais. A poluição por óleo se enquadrava na categoria de 32International Convention relating to the Limitation of the Liability of Owners of Sea-Going Ships, and Protocol of Signature.

32

reclamações por danos a propriedade e apresentava um limite de responsabilidade de

1.000 francos franceses por unidade de tonelagem de arqueação bruta de registro

(GRT)33 A convenção somente entrou em vigor em 31 de maio de 1968, portanto não

se aplicou ao acidente com o navio petroleiro Torrey Canyon que ocorreu em março de

1967. De qualquer forma, os limites de compensação (US$ 4, 608 milhões de dólares

americanos) da convenção de 1957 teriam sido insuficientes para fazer frente à

compensação (US$ 16 milhões de dólares americanos) do derrame de petróleo do navio

Torrey Canyon, WU, C.(1996), p. 34.

Restou comprovado que o incidente do navio Torrey Canyon serviu para ressaltar a

necessidade de criação de um sistema internacional que fosse capaz de resolver os

problemas de jurisdição, responsabilidade e compensação decorrentes de acidentes que

causassem poluição por óleo.

33GRT – Gross Register Tonnage – medida de volume . 1 unidade de tonelagem de arqueação bruta equivale a 100 pés cúbicos ou 2,83 metros cúbicos.

33

3.4. Regime Voluntário para Compensação de Poluição por Óleo e a Convenção

Internacional sobre Responsabilidade Civil por Danos Causados por Poluição por Óleo

1969-CRC 69(CLC 69

A maioria dos estados membros da então IMCO34 davam apoio a idéia de criação de

uma convenção que interviesse nas áreas em alto mar e resguardasse o direito dos

estados costeiros em intervir em navios que apresentassem risco para poluição dos

oceanos, além de definir responsabilidades e principalmente compensação nesses casos.

Contudo não havia consenso entre os Estados marítimos, pois a possibilidade de

conflito entre as legislações nacionais e a legislação internacional a ser proposta pela

IMCO, em questões como responsabilidade civil e compensação, era iminente. Para tais

Estados dissonantes, esses itens eram compreendidos como sendo de questões

estritamente de significância comercial e deveriam como tal ser tratados por

especialistas como os do Comitê Marítimo Internacional (CMI) 35.

Após grande debate entre as Nações e tendo recebido forte apoio dos Estados costeiros,

o ponto de vista da IMCO prevaleceu e definiu sua competência para legislar sobre as

questões de responsabilidade civil e compensação de poluição por óleo. Para conseguir

o apoio de estados costeiros como Inglaterra, Noruega, França, Alemanha, Dinamarca, a

IMCO teve que limitar o escopo da nova proposta de Convenção estritamente ao

derrame de óleo.

Com o delineamento do novo ordenamento legal sendo atribuído a IMCO, o Comitê

Marítimo Internacional foi extremamente ágil e hábil e, por ter associados privados com

notório saber nas questões do transporte marítimo, passou a influenciar as futuras

reuniões e conseqüentemente às suas decisões. O Comitê Marítimo Internacional

adquiriu então o status de consultor dos assuntos ligados ao transporte marítimo junto à

IMCO. Enquanto a nova convenção não era disponibilizada para adoção, a indústria

34IMCO- Inter-Governamental Maritime Consultative Organization nome anterior da atual International Maritime Organization(IMO). 35CMI é uma organização privada não governamental cujos membros são cerca de 50 Associações Marítimas de Direito de Países desenvolvidos e em desenvolvimento. É baseada na Bélgica e apresenta como objetivos o desenvolvimento e a unificação dos aspectos privados da legislação de transporte marítimo.

34

petrolífera trabalhava de forma bastante contundente para influenciar os rumos das

reuniões. Por iniciativa das sete irmãs36, um acordo voluntário de compensação de

reclamações de poluição por óleo foi estabelecido, sendo conhecido como TOVALOP37,

que seria o acordo voluntário dos proprietários de navios petroleiros em relação às

responsabilidades advindas de derrames de óleo. Esse esquema garantiria um regime

provisório de compensação para os que sofressem danos de poluição por óleo oriundo

de navios, antes da adoção e da entrada em vigor da CRC 69 - CLC 69. O TOVALOP

era um esquema voluntário com a participação de proprietários de navios petroleiros e

afretadores a casco nu, garantindo ressarcimento a terceiros, dentre os quais os estados

costeiros que sofressem a poluição. As medidas preventivas e de combate a poluição

tomadas pelos Governos seriam passíveis de ressarcimento. Após a aprovação desse

acordo voluntário, era necessária a criação de uma entidade que administrasse o referido

acordo. Dessa forma, foi criada a ITOPF38, Federação Internacional dos Proprietários de

Navios Petroleiros no combate à Poluição.

O objetivo das sete irmãs na proposição e criação de um acordo voluntário para

compensação de danos de poluição por óleo, além de melhorar sua imagem pública, foi

o de dividir os custos de responsabilidade entre todos os proprietários de navios

petroleiros, incluindo também os independentes que eram proprietários da maior parcela

da frota mundial. TAN, A. K. J. (2006), p. 290, p. 291.

O receio do setor de navios petroleiros da indústria de transporte marítimo era de que a

entrada em vigor do acordo voluntário antes da Convenção de 1969 fosse inviabilizar

especificamente essa convenção, ficando somente o acordo como suporte às futuras

despesas de combate à poluição. Esse acordo foi delineado para incentivar os

proprietários de navios petroleiros a providenciar a limpeza em caso de poluição por

óleo, independentemente de haver ou não culpa. O acordo também contemplava o

ressarcimento das despesas de combate à poluição feita pelos Estados que sofreram os

danos ocasionados pelo vazamento de óleo. Por sua vez, os custos dessas despesas

36Sete Irmãs – Exxon, Shell, BP, Móbil, Texaco, Chevron, Gulf Oil . Atualmente são cinco empresas: Exxon Móbil, Shell, BP, Texaco e Chevron. www.pt.wikepedia.org, acesso em 20.09.2009. 37TOVALOP – Acrônimo de Tanker Owners’ Voluntary Agreement Concerning Liability for Oil Pollution. 38ITOPF – Acrônimo de International Tanker Owners Pollution Federation .

35

seriam ressarcidos por um seguro de responsabilidade civil dos proprietários de

embarcações, denominado P&I39. O fato do acordo TOVALOP ser um esquema

voluntário de ressarcimento de despesas e ter sido posto em prática rapidamente pela

indústria marítima mundial ressalta a alta visibilidade das questões ambientais e a

pressão recebida pela indústria marítima naquele período. A indústria marítima

percebeu que estava sendo alçada ao patamar de vilã na batalha ambiental, quando na

realidade o transporte marítimo contribuía com somente cerca de 10 a 12 % dos agentes

poluidores de oceanos e mares naquela época, EDGAR, G. (2006), p. 123.

O acordo foi assinado em 07 de janeiro de 1967 pelas sete companhias de petróleo

proprietárias de navios: British Petroleum, Gulf Oil, Móbil Oil, Shell International

Marine, Standard Oil da Califórnia, Afiliados Marítimos da Standard Oil e Texaco,

tendo entrado em vigor em 06 de outubro de 1969 e apresentando naquele momento a

adesão de 50% da frota mundial de navios petroleiros, WU, C. (1996), p. 102.

A versão inicial do TOVALOP apresentava a cobertura tanto para o proprietário da

embarcação quanto para o afretador a casco nu, além de garantir a cobertura dos

derrames ocasionados por navios carregados com petróleo ou ainda em lastro. O acordo

se aplicava não somente à descarga de petróleo em si, mas também ao risco de uma

possível descarga de petróleo, contemplando assim ressarcimento de medidas

preventivas.

O acordo fora desenvolvido para completar a lacuna existente no regime internacional

de compensação de poluição por óleo enquanto não entrasse em vigor a Convenção

Internacional sobre Responsabilidade Civil por Danos Causados por Poluição por Óleo

1969-CRC 69(CLC 69). Garantia-se em caso de poluição por óleo, que o proprietário do

navio ou seu afretador a casco nu seria o responsável pela limpeza ou ainda ressarciria

os Estados nas despesas razoavelmente incorridas no combate à poluição. Em caso de

litígio em relação aos custos e razoabilidade de medidas empregadas pelos Estados, este

seria resolvido por intermédio de arbitragem. A responsabilidade do proprietário ou

afretador a casco nu estava sujeita aos limites de US$ 160 dólares americanos por

39P&I – Abreviatura de Protection and Indemnity ou Proteção e Indenização.

36

unidade de tonelagem de arqueação bruta40, sujeita ao limite máximo de US$ 16,8

milhões de dólares americanos para cada navio petroleiro envolvido em um acidente.

CUSINE, D. J. and GRANT, J.P. (1980), p. 163.

A Convenção Internacional sobre Responsabilidade Civil por Danos Causados por

Poluição por Óleo 1969 – CRC 69 (CLC 69) estabeleceu a “Strict Liability” ou a

responsabilidade objetiva41 para o proprietário de navios petroleiros, além da

necessidade de apresentação de uma cobertura para a responsabilidade civil do

proprietário da embarcação, tal qual um seguro obrigatório.

Em relação à responsabilidade objetiva, os proprietários seriam considerados

responsáveis sempre que houvesse um derrame de óleo. A introdução desse sistema de

responsabilidade na Convenção de 1969 não foi uma tarefa fácil, pois vários países com

expressivas frotas de navios petroleiros eram inicialmente contrários ao estabelecimento

do regime de responsabilidade objetiva, mas ao final a redação proposta pela IMCO foi

aprovada. Ressalte-se que a introdução de um limite de responsabilidade ajudou nessa

tarefa.

O proprietário de um navio petroleiro carregando mais de 2.000 toneladas métricas de

petróleo foi obrigado a possuir um seguro para cobrir sua responsabilidade civil perante

a Convenção Internacional. FAURE, M. G. and HU, J. (2006), p. 319.

Os clubes de proteção e indenização-P&I contemplaram a exigência da convenção

internacional com a apresentação de uma carta de garantia, conhecida como “Blue

Card”, emitida para cada navio pertencente a uma associação de clubes de P&I.

HARWOOD, S. (2006), p. 518.

O principal objetivo da Convenção de 1969 foi o de apresentar termos gerais que

pudessem ser aplicados de uma forma global, dessa forma houve um detalhamento e

40 A tonelagem de arqueação bruta é uma medida de volume, equivalente a 100 pés cúbicos ou 2,83 m3. Arte Naval – Maurílio da Fonseca. 41 Responsabilidade objetiva no Direito Civil é a responsabilidade sem culpa. Caso em que há a obrigação de indenizar sem que tenha havido culpa do agente.

37

precisão em relação à abrangência da Convenção. Para entendermos o real escopo da

Convenção, é necessário um estudo dos termos empregados e seu campo de aplicação:

a) Cobertura somente de poluição por óleo ou inclusão de todas as substâncias

perigosas.

Houve vários questionamentos, tais como se a Convenção deveria abranger todas as

substâncias perigosas ou somente o petróleo ou ainda se haveria distinção entre óleo

persistente e óleo não persistente.42 Questionava-se também se o óleo transportado

como carga teria o mesmo tratamento do óleo utilizado como combustível da

embarcação.

A decisão de restringir a cobertura da convenção ao petróleo, ao invés de expandir sua

abrangência para as substâncias perigosas foi fácil, pois poucos países aderiram à

proposta de expansão. Efetivamente o óleo difere fundamentalmente de substâncias

perigosas e a sua inclusão em um esboço de convenção conjunta, inviabilizaria a adoção

da Convenção Internacional de 1969. Por tentarem fazer uma convenção efetiva e

simples, os Estados acordaram na limitação do escopo do tratado para a cobertura

somente de poluição por óleo. A cobertura relativa a substâncias perigosas e sua

proposta para a realização e adoção de uma nova Convenção, deveriam ser feitos pela

então IMCO em um estágio posterior, WU, C. (1996) p. 38, p. 39.

Por ser extremamente importante no entendimento da Convenção de 1969,

delinearemos a seguir algumas definições feitas na Convenção em seu artigo 1º. O

artigo 1º, § 1º da Convenção apresenta a seguinte definição para navio:” navio significa

toda embarcação marítima ou engenho marítimo flutuante, qualquer que seja o tipo, que

transporte efetivamente óleo a granel como carga. “Essa definição aponta claramente

para a cobertura de navios petroleiros, mas não tão somente a esse tipo de embarcação.

As barcaças e outras embarcações que não possuam propulsão própria, também estarão

cobertas pela convenção, desde que transportem mais de 2.000 toneladas de óleo a

42Em geral, os óleos são classificados como: a) não persistentes: tendem a desaparecer rapidamente da superfície do mar (gasolina, nafta, querosene, óleos leves); b) persistentes: dissipam mais vagarosamente (óleos crus).A persistência depende de sua gravidade específica, que é a sua densidade em relação à água pura. Fonte : sitio da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo - CETESB - www.cetesb.sp.gov.br, acessado em 04.10.2009

38

granel. A exclusão de cobertura da convenção se aplica aos navios de guerra e navios de

propriedades de governos que não sejam utilizados de forma comercial. No entanto o

artigo 11º, § 2 º da Convenção estabelece que: “No que concerne aos navios

pertencentes a um Estado contratante e utilizados para fins comerciais, cada Estado será

passível de sofrer demandas face às jurisdições apontadas no artigo 9º e deverá

renunciar a quaisquer defesas de que se poderia prevalecer em sua qualidade de Estado

soberano.”

A definição de proprietário da embarcação é apresentada no artigo 1º § 3º: ”Proprietário

significa a pessoa ou pessoas registradas como proprietário do navio, ou em falta de

matricula, a pessoa que tem o navio por propriedade. Todavia, nos casos de um navio de

propriedade de um estado e operado por uma companhia que, nesse estado, é registrada

como operadora do navio, o termo proprietário designa essa companhia”.

A definição de óleo na Convenção apresenta a seguinte caracterização: “Óleo significa

qualquer óleo persistente, tais como petróleo bruto, óleo combustível, óleo diesel

pesado, óleo lubrificante e óleo de baleia, quer transportado a bordo de um navio como

carga ou nos tanques de um navio, quer nos tanques de combustível desse navio.” 43

A definição de dano por poluição é apresentada no art. 1º, § 6º : “significa perda ou

dano, causados fora do navio transportador de óleo do navio onde quer que possa

ocorrer esse derrame ou descarga, e inclui o custo das despesas ou medidas preventivas

e outras perdas ou danos causados por essas medidas preventivas”. Por sua vez a

definição de medidas preventivas está contida no art.1º, § 7º e significa quaisquer

medidas, razoáveis, tomadas por qualquer pessoa após ter sofrido um incidente, visando

prevenir ou minimizar o dano causado pela poluição. Já a definição de incidente é

apresentada no art. 1º, § 8º e significa todo fato ou conjunto de fatos que têm a mesma

origem e que resultem em danos por poluição.

Uma das primeiras discussões levantadas na elaboração da Convenção foi à questão do

escopo geográfico de aplicação da Convenção. Houve um questionamento se a

convenção deveria ter a sua abrangência de cobertura em relação ao mar territorial ou 43Artigo 1º § 5º da Convenção Internacional sobre Responsabilidade Civil por Danos Causados por Poluição por Óleo 1969.

39

ter sua aplicação estendida para cobertura em águas internacionais. Alguns Estados

como a Índia, solicitaram que a convenção tivesse a abrangência de cobertura em

relação a águas internacionais. A justificativa dessas nações se baseava na análise de

que quando ocorre uma poluição em mar aberto, os direitos dos Estados costeiros às

áreas de pesca adjacentes as suas águas territoriais, fica comprometido. Essa proposta

não foi aceita, pois seria conflitante com determinados ordenamentos jurídicos do

transporte marítimo internacional. O parecer do grupo de trabalho que estudou a questão

demonstrou que o dano de poluição causado em mar aberto não tinha como ser

comparado em termos de gravidade com o dano causado em poluição próximo a costa e

que seria possível finalizar as reclamações por compensação de danos, de forma

satisfatória com o ordenamento legal já existente, WU, C. (1996) p. 44.

O entendimento do limite de mar territorial ficava a cargo dos Estados, pois a

Convenção sobre o mar e zona contígua de 1958, não definia o limite do mar territorial.

Alguns Estados estabeleciam 12 milhas náuticas e outros aplicavam 200 milhas de mar

territorial. Somente em 1982 na Convenção de Montego Bay 44, ficou decidido que o

mar territorial seria equivalente a 12 milhas marítimas. Essa convenção expressou o

desejo da comunidade internacional em estabelecer e disciplinar a utilização racional

para a exploração do mar territorial, ficando ainda definidos a zona contígua45, a zona

econômica exclusiva46 e a plataforma continental.47

44Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar 45Zona Contígua - A Convenção estabelece que este espaço marítimo estende-se a até 12 milhas além do limite exterior do Mar Territorial, tendo o Estado Costeiro o direito de adotar medidas de fiscalização. Texto extraído do portal Jus Navigandi, http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=6021, de autoria de Mateus da Fonseca Sória, acesso em 17.10.2009 46 Zona Econômica Exclusiva (ZEE)- Este conceito foi estabelecido pela Convenção como um meio de conciliação entre interesses dos países em desenvolvimento, que advogam maiores larguras para o Mar Territorial, e as pretensões dos países desenvolvidos em proteger a liberdade dos mares. Assim, esse novo conceito do Direito do Mar foi definido como sendo uma zona situada além do Mar Territorial e a ele adjacente, que se estende a até 200 milhas marítimas da linha da costa a partir da qual se mede a largura do Mar Territorial. Nessa área qualquer Estado goza do direito de navegação e sobrevôo, cabendo-lhe ainda, a liberdade de instalação de cabos e dutos submarinos, os Estados costeiros têm o direito de exercer sua soberania para fins de exploração e aproveitamento dos recursos biológicos e minerais existentes no leito e subsolo do mar e nas suas águas sobrejacentes, devendo a pesca ser praticada dentro dos limites de captura exigidos para a preservação das espécies. Caberá, ainda, ao Estado costeiro, na ZEE, o direito de exploração dos minerais encontrados no solo e subsolo marinhos. Esse direito estender-se-á à produção de energia derivada da água, das correntes e dos ventos, além de abranger jurisdição para o estabelecimento e a utilização de ilhas artificiais, instalações e estruturas, para a investigação científica marinha e para a proteção e preservação do meio ambiente marinho. Texto extraído do portal Jus Navigandi, http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=6021, de autoria de Mateus da Fonseca Sória, acesso em 17.10.2009

40

O escopo de aplicação da convenção não fica condicionado simplesmente onde o

incidente aconteceu, mas sim aonde o dano de poluição efetivamente ocorreu como

estipula o artigo 2º da Convenção. Caso haja uma poluição em alto mar e o dano do

derrame se apresente no mar territorial de um Estado contratante, haverá a aplicação da

Convenção Internacional sobre Responsabilidade Civil por Danos Causados por

Poluição por Óleo de 1969 e a conseqüente cobertura dos danos causados aos

reclamantes daquele Estado. O acidente do navio Torrey Canyon foi exemplar para a

elaboração desse artigo, pois houve o incidente e derrame de óleo em alto mar, mas o

dano da poluição ocorreu em águas territoriais e na região costeira de dois Estados

(Inglaterra e França).

Em relação às medidas preventivas, de que trata o mesmo artigo, existe o entendimento

de que se a ameaça de dano acontece dentro das águas territoriais, as medidas

preventivas e de remediação de possíveis danos de poluição por óleo não

necessariamente tenham que ser confinadas às águas territoriais ou ainda a zona

contígua. Os custos envolvidos na tomada de medidas preventivas adotadas fora do mar

territorial também estão no escopo de aplicação da Convenção de 1969. Em casos de

poluição por óleo fora das águas territoriais, é comum os Estados costeiros mais

próximos adotarem medidas preventivas no sentido de evitar ou ainda minimizar os

possíveis impactos daquela poluição junto a seus Estados. Nada mais justo e razoável

que os custos dessas medidas estejam no escopo de cobertura da convenção e dessa

forma sejam passíveis de ressarcimento.

Em relação à cobertura dos danos causados, a Convenção é clara no estabelecimento de

que o dano de poluição por óleo tem que ter sido resultado de uma contaminação. Nesse

aspecto, a definição do termo contaminação é extremamente importante para nortear o

escopo de cobertura da Convenção. A cobertura da Convenção limita-se ao dano 47 Plataforma Continental - A Convenção estabelece que a Plataforma Continental de um Estado Costeiro abrange o leito e o subsolo das zonas marinhas que se estendem além do seu Mar Territorial, por todo o seu prolongamento natural até o limite externo da margem continental ou até a distância de 200 milhas marítimas, medidas a partir das linhas de base utilizadas para medir o Mar Territorial, sempre que o limite externo da margem continental for inferior a essa distância. Portanto, a delimitação da Plataforma Continental pelo Estado Costeiro exigirá, como requisito preliminar, que o mesmo determine o limite externo de sua margem continental, segundo critérios específicos. Esses critérios são referenciados ao chamado "pé do talude continental", ponto mais próximo ao fim da inclinação da crosta terrestre, quando a mesma passa de continental a oceânica. Texto extraído do portal Jus Navigandi, http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=6021, de autoria de Mateus da Fonseca Sória, acesso em 17.10.2009.

41

resultante de uma contaminação e não garante a cobertura aos danos advindos, por

exemplo, de uma explosão ou incêndio em seqüência a uma descarga de óleo, dessa

forma resta claro que o dano tem que resultar de uma contaminação, WU, C. (1996), p.

47.

A definição da convenção sobre danos de poluição contempla o ressarcimento com os

custos despendidos em medidas preventivas: “medidas preventivas significa quaisquer

medidas, razoáveis, tomadas por qualquer pessoa após ter ocorrido um incidente,

visando prevenir ou minimizar o dano causado pela poluição”.48 Já a definição de

incidente estabelece:” Incidente significa todo fato ou conjunto de fatos que têm a

mesma origem e que resultem em danos por poluição”.49

Cabe ressaltar que as medidas preventivas podem ser tomadas por qualquer pessoa, mas

tem que ser obrigatoriamente razoáveis. Além disso, tem que ter o objetivo precípuo de

prevenir ou minimizar a poluição e não simplesmente salvar o navio ou sua carga. Para

haver cobertura da Convenção, as condições acima delineadas têm que ser cumpridas.

Tem que haver um constante questionamento entre eventuais ações tomadas para

minimizar um dano decorrente da poluição por óleo e o respectivo custo benefício de

tais medidas ou ainda a efetividade de tais ações. Imaginemos que um derrame de óleo

atinja uma área de manguezais. Qual será a melhor solução para minimização do dano

causado: a contratação e utilização de equipamentos e pessoas para a limpeza da área

atingida ou deixar o próprio ambiente restaurar as condições do meio antes de ser

atingido pelo derrame de óleo, evitando assim o pisoteio de pessoas na área já atingida

pelo vazamento e o conseqüente agravamento de danos? Todos esses pontos têm que ser

bem avaliados antes de se tomar decisões, que resultem em ações efetivas, cujas

despesas sejam passíveis de serem apresentadas para avaliação e posterior ressarcimento

pelo proprietário da embarcação que causou o acidente ou ainda por seu segurador de

responsabilidade civil.

48Artigo 1º § 7º da Convenção Internacional sobre Responsabilidade Civil por Danos Causados por Poluição por Óleo 1969. 49Artigo 1º § 8º da Convenção Internacional sobre Responsabilidade Civil por Danos Causados por Poluição por Óleo 1969

42

No caso de medidas preventivas adotadas resultarem em danos, haverá a inequívoca

cobertura por parte da Convenção de 1969. Como exemplo, citamos a utilização de

dispersantes em determinadas áreas contaminadas por óleo, que porventura possam

causar malefício maior ao meio ambiente, que os benefícios esperados da aplicação de

tais produtos. Caso essa situação de danos causados ao meio ambiente se confirme, não

haverá empecilho para o ressarcimento de despesas visando à restauração da área

atingida.

Outra questão de grande relevância foi a relativa ao direcionamento de

responsabilidades no escopo da convenção. As discussões sobre quem seria o

responsável perante a convenção para fazer o ressarcimento dos danos causados

apresentaram grandes debates entre os países participantes. Inicialmente o foco para

possível responsabilização ficou entre o operador e o proprietário de registro da

embarcação. Posteriormente, foram questionados os papéis dos embarcadores e dos

proprietários da carga. Alguns países como a Holanda e Irlanda defendiam a posição de

que era a carga transportada que causava o tipo de poluição que seria coberto perante a

convenção de 1969 e que dessa forma a poluição por óleo estava ligada diretamente a

carga e não ao navio. Além disso, o proprietário da carga representava a parte que mais

lucrava na cadeia comercial e logística estabelecida para o transporte marítimo e venda

de seu produto, sendo que as grandes empresas de petróleo não teriam dificuldade em

criar um fundo conjunto para compensação de poluição óleo, sendo dessa forma o

proprietário da carga o mais apto a pagar pelos possíveis danos causados em uma

poluição por óleo.

Essa proposta não foi adotada, pois não apresentava praticidade na sua execução.

Imaginem os reclamantes de um vazamento de petróleo cru tentando identificar o

proprietário da carga, que pode mudar várias vezes de dono no simples decorrer de uma

viagem. Outra dificuldade relacionava-se a identificação da fonte de poluição de um

acidente: a carga transportada pelo navio ou o combustível da própria embarcação. A

lógica da legislação Francesa, que estabelecia que “a parte que possuía a custódia das

mercadorias durante o transporte deveria ser considerada como responsável” trouxe

novos desafios ao debate, WU, C. (1996), p. 51.

43

Em relação à discussão sobre a responsabilidade do operador do navio, questionou-se

muito durante os estudos para a formulação da Convenção de 1969, de quem deteria

efetivamente a custódia do navio: o operador ou o proprietário da embarcação. Alguns

Estados defendiam a posição de que o operador do navio detinha total responsabilidade

sobre o desempenho operacional da embarcação e dessa forma deveria ser

responsabilizado em caso de eventuais anormalidades operacionais, como uma poluição

por óleo. Essa responsabilidade derivava de que o operador era quem efetivamente

utilizava a embarcação e que definia sua política de manutenção e gerenciamento. O

exemplo clássico utilizado pelos estados defensores de tal proposta era o de um navio

afretado a casco nu, onde o proprietário da embarcação não apresenta nenhuma relação

com a operação comercial e nem tampouco com a operação técnica do navio. “O

proprietário da embarcação transfere o controle total do navio para o afretador a casco

nu. O navio todo está submetido ao controle do operador, que freqüentemente é

identificado como uma companhia de petróleo”, WOOD, L. (1975), p. 40.

Outros Estados contra argumentaram que a responsabilidade não deveria ser atribuída

ao operador sendo que a França liderou o processo e enfatizou que além do termo

operador ser vago no transporte marítimo de petróleo, somente com exceção do contrato

de afretamento a casco nu, o proprietário da embarcação era o responsável pelas

operações técnicas dos navios nos demais contratos de emprego de suas unidades,

permanecendo assim como o seu “operador”. Para os Estados Unidos, caso a

responsabilidade fosse imputada ao operador, haveria um aumento do custo

administrativo aos Estados para a emissão e renovação de certificados. Um dos fatores

que mais pesaram para a escolha do proprietário da embarcação como o principal

responsável pelos danos causados em eventuais poluições por óleo de seus navios foi a

facilidade de identificação para as vitimas decorrentes de tais poluições, que poderiam

acionar o responsável para a obtenção de reparação, WU, C. (1996), p. 54.

Durante os debates que se seguiram na Conferência Diplomática que propôs a

Convenção de 1969, novas idéias surgiram como a da divisão de responsabilidades, que

estabeleceria uma primeira camada de responsabilidade do operador da embarcação e

outra camada que seria de responsabilidade do proprietário da embarcação. Outra

44

proposta também surgiu, que se aprovada estabeleceria uma responsabilidade conjunta

entre o proprietário da embarcação e o embarcador da carga, IMCO (1969).

Ao final dos debates ficou acordado que o proprietário da embarcação seria o

responsável perante a convenção de 1969, pelos danos causados em virtude de

vazamento de óleo de sua embarcação. Essa decisão foi tomada mediante um

compromisso: a parcela de responsabilidade assumida pelos proprietários de

embarcações petroleiras no transporte marítimo de petróleo seria complementada por

um fundo internacional de compensação de poluição por óleo, financiado pelas

indústrias petrolíferas, IMCO (1969).

45

3.5. Principais Características da Convenção Internacional sobre Responsabilidade Civil

por Danos Causados por Poluição por Óleo 1969-CRC 69(CLC 69).

A Convenção canaliza a responsabilidade para o proprietário da embarcação,

completando assim uma importante lacuna existente no regime internacional em relação

a uma poluição por óleo advinda de navios petroleiros. Em relação aos produtos que

foram contemplados com a cobertura da convenção em caso de derrames das

embarcações petroleiras, temos o óleo cru, óleo diesel pesado, óleo de baleia, óleo

combustível e óleo lubrificante.

Toda convenção internacional possui excludentes em seu regramento e a Convenção

Internacional sobre Responsabilidade Civil por danos causados por Poluição por Óleo -

CRC 69(CLC 69) não difere das demais, isentando-se a responsabilidade de

indenização do proprietário da embarcação quando os danos forem causados por atos de

guerra, guerra civil, sabotagem e negligência de autoridade responsável. Poderemos

citar como um bom exemplo de negligência de autoridade responsável, um acidente que

seja causado em função de um balizamento incorreto de um canal ou via de acesso a um

porto. Nesses casos, em condições normais, o proprietário da embarcação será isento de

responsabilidade em função da negligência explicitada pela falha ocorrida no

balizamento do canal e dessa forma caracteriza-se uma das excludentes da convenção de

1969.

O limite de cobertura geográfica da convenção de 1969 é o de 12 milhas marítimas50,

equivalentes ao limite do mar territorial.

50 A milha marítima equivale a 1.852 metros.

46

3.6. Estados Membros da Convenção Internacional sobre Responsabilidade Civil por

Danos Causados por Poluição por Óleo 1969-CRC 69(CLC 69)

Em 31.03.2010, 38 Estados,OMI (2010), faziam parte da Convenção Internacional de

1969.

Figura 6. Relação de Estados membros da Convenção Internacional sobre Responsabilidade Civil por Danos Causados por Poluição por Óleo 1969- CRC 69 (CLC 69), incluindo os que já ratificaram a CLC 92 e estão em processo de renúncia da CRC 69(CLC 69) . Fonte : Sitio da OMI (IMO) e Curso de Gestão de Risco em Seguros Marítimos da Petrobras Transporte SA – Transpetro

47

3.7. Limite de Responsabilidade do proprietário da embarcação perante a Convenção

Internacional sobre Responsabilidade Civil por Danos Causados por Poluição por Óleo

1969- CRC 69(CLC 69)

Quando foi promulgada, a convenção estabelecia um limite máximo de indenização de

210 milhões de franco-ouro51, que equivalia ao limite de responsabilidade máxima de

um proprietário cuja embarcação apresentasse cerca de 105.000 unidades de tonelagem

de arqueação bruta.

O artigo 5º da Convenção define que os valores de indenização devem ser convertidos

para a moeda local do Estado em que o dano ocorreu.

Posteriormente a unidade monetária franco-ouro foi substituída pela unidade monetária

denominada direitos especiais de saque52, criada pelo Fundo Monetário Internacional.

O limite de responsabilidade do proprietário da embarcação passou a ser de 14 milhões

de direitos especiais de saque- Ds ES (SDR), que correspondem a cerca de US$ 20,5

milhões de dólares.53

51O franco ouro é uma unidade constituída por sessenta e cinco miligramas e meio de ouro ao título de novecentos milésimos de pureza e está definido no art. 5º § 9º da Convenção CLC 69. A moeda foi utilizada de 1930 a 01° de abril de 2003. 52SDR- Special Drawing Rights – Direitos Especiais de Saque (Ds ES) unidade monetária criada pelo Fundo Monetário Internacional e exprime uma cesta da cotação das moedas fortes e estáveis: Euro, Dólar Americano, Ien e Libra Esterlina . Sitio do Fundo Monetário Internacional, www.imf.org acesso em 03.06.2010 53Cotação da SDR em 03.06.2010 : 1 USD = SDR 0.682467 ou 1 SDR = US$ 1,46527 . Sitio do Fundo Monetário Internacional, www.imf.org acesso em 03.06.2010

48

3.8. Seguro Compulsório

Em seu artigo 7º, § 1º a Convenção Internacional sobre Responsabilidade Civil por

Danos Causados por Poluição por Óleo 1969- CRC 69(CLC 69) determina a

obrigatoriedade do proprietário da embarcação apresentar um seguro em relação a

cobertura de sua responsabilidade:

“O proprietário de um navio registrado em um Estado Contratante, e que transporte

mais de 2.000 toneladas de óleo a granel como carga deverá fazer um seguro ou outra

garantia financeira, tal como caução bancária ou certificado emitido por um fundo

internacional de indenização, num montante fixado pela aplicação dos limites de

responsabilidade previstos no artigo 5º, § 1º, com o fim de cobrir sua responsabilidade

por danos por poluição, conforme as disposições da presente Convenção.”

Uma das vantagens do proprietário da embarcação ser associado a um clube de proteção

e indenização é que essas associações emitem um documento denominado “Blue Card”,

que especifica que determinado navio é entrado em um clube de P&I e que sua

responsabilidade perante a Convenção de 1969, em acordo ao artigo 7º, é garantida por

tal Associação de Proteção e Indenização. O documento “Blue Card” é emitido

anualmente após a confirmação da renovação do seguro de responsabilidade civil junto

a uma associação de proteção e indenização. Esse documento é aceito pelas diversas

autoridades marítimas do mundo, que são às responsáveis pela emissão dos certificados

de seguro ou outra garantia financeira sobre responsabilidade civil por danos causados

por poluição por óleo54, cuja apresentação é indispensável para a operação da

embarcação em países que tenham ratificado a CRC 69(CLC 69). Os navios petroleiros

devem manter a bordo um certificado atestando a cobertura de seguro.

Caso o proprietário da embarcação não faça parte de uma associação de proteção e

indenização, poderá comprar a garantia bancária equivalente a sua responsabilidade

perante a Convenção de 1969, mas apresentará um custo maior na sua obtenção e ainda

não terá os benefícios traduzidos pela rede de cobertura dos clubes de proteção e

indenização.

54Certificate of Insurance or Other Financial Security In Respect of Civil Liability For Oil Pollution damage.

49

4. Os acidentes de poluição por óleo que motivaram a proposição de uma nova

Convenção Internacional sobre Responsabilidade Civil por danos causados por

Poluição por Óleo e a Convenção Internacional sobre Responsabilidade Civil por

Danos Causados por Poluição por Óleo 1992 – CRC 92 (CLC 92).

Em 24 de Janeiro de 1976 o navio OLYMPIC BRAVERY, de bandeira liberiana,

construído em 1975, estando na condição de lastro (sem carga a bordo), com 1.600

toneladas métricas de combustível (“bunker”) para consumo da embarcação, navegava

do porto de Brest na França para o porto de Foresund na Noruega onde ficaria

aguardando novas oportunidades para a contratação da embarcação, quando apresentou

vários problemas com sua máquina principal. O navio ficou a deriva, aproximando-se

da ilha Ushant e resolveu fundear para tentar resolver seus problemas de máquinas,

ficando dessa forma ancorado. A amarra do ferro55 se partiu e o navio ficou a deriva,

ficando desta vez a embarcação encalhada. Em 13 de março do mesmo ano, o mau

tempo resultou na divisão do casco da embarcação em duas partes e teve como

conseqüência o derrame de 1.200 toneladas métricas de óleo combustível e a poluição

de 4 quilômetros do litoral de Ushant. Quatro membros da Força Aérea Francesa

perderam suas vidas em um acidente de helicóptero durante a operação de

acompanhamento da poluição por óleo. CEDRE (2010).

Figura 7. Foto do navio OLYMPIC BRAVERY encalhado

(Fonte: Sitio www.marine-marchande.net/Jourlejour/1001-1099/1085-Olympic%20Bravery%202.jpg) acesso em 05.06.2010

55 Âncora do navio.

50

Figura 8. Foto do casco soçobrado do navio OLYMPIC BRAVERY (Fonte: Sitio http://www.wrecksite.eu/img/wrecks/olympic_bravery__mvjpg) acesso em 05.06.2010.

Em 16 de março de 1978 o petroleiro AMOCO CADIZ, de bandeira liberiana,

construído em 1974, encalhou nos rochedos de Portsall, cerca de 3 milhas da costa da

Bretanha devido a problemas na sua máquina do leme. O navio realizava a viagem do

Golfo Arábico para o porto de Le Havre na França quando enfrentou problemas

mecânicos que, aliados ao forte mau tempo, contribuíram para o infeliz desfecho do

acidente. O navio foi perdido e toda a carga de óleo cru a bordo vazou para o mar,

resultando em uma poluição marítima de 223.000 toneladas métricas de petróleo e tendo

como resultado uma mancha de 80 milhas marítimas de comprimento por 16 milhas

marítimas de largura. Praias de 76 comunidades da Bretanha foram atingidas. SITIO

DA EMERGENCY RESPONSE DIVISION (2010).

Figura 9. Deriva do navio AMOCO CADIZ

(Fonte: sitio do Cedre, www.cedre.fr acesso em 05.06.2010

51

Figura 10. Foto do casco soçobrado do navio AMOCO CADIZ (Fonte: Sitio da Cedre, foto de J. Le Freve) http://www.cedre.fr/en/spill/amoco/amoco.php, acesso em 05.06.2010

Em 07 de março de 1980 aconteceu um novo acidente na Bretanha, dessa vez com o

navio TANIO, de bandeira panamenha, construído em 1958, que transportava 26.000

toneladas métricas de óleo combustível como carga e 900 toneladas métricas de óleo

combustível (bunker) para seu consumo. Após enfrentar mau tempo, uma forte

tempestade partiu o casco da embarcação em duas partes e como resultado, cerca de

13.500 toneladas métricas de óleo combustível foram derramadas para o mar. A seção

de ré do navio, que continha cerca de 7.500 toneladas métricas de óleo combustível,

permaneceu flutuando e foi rebocada para o porto de Le Havre. Cerca de 200 km de

litoral foram atingidos pelo óleo derramado. ITOPF (2010).

Figura 11. Foto da seção de ré do navio TANIO

(Fonte: Marinha Francesa). Sitio do Cedre, http://www.cedre.fr/en/spill/tanio/tanio.php, acesso em 05.06.2010.

Esses acidentes e principalmente os valores despendidos no combate a poluição das

ocorrências, aliados aos danos causados e a conseqüente interposição de reclamações de

reparação no sistema judiciário dos países envolvidos nos incidentes, desnudaram a

inadequação do limite de responsabilidade dos proprietários de embarcações

52

estabelecido pela convenção internacional sobre responsabilidade civil de poluição por

óleo de 1969, CRC-69(CLC 69), frente aos novos acidentes de poluição e suas

conseqüências.

Os países europeus pressionaram a Organização Marítima Internacional a adotar novas

medidas por intermédio de uma nova convenção que fizesse frente às despesas

crescentes em casos de acidentes de poluição por óleo.

Em 25 de março de 1984, a Organização Marítima Internacional (IMO) apresentou

oficialmente para adoção um novo protocolo56, que iria alterar a convenção

internacional sobre responsabilidade civil de poluição por óleo de 1969, CRC-69(CLC

69) e satisfazer as necessidades e desejos dos países europeus. O protocolo de 1984

elevava os limites de responsabilidade dos proprietários de embarcações e entraria em

vigor 12 meses após a ratificação de no mínimo 10 Estados, sendo que seis deles

deveriam possuir em seus Estados frotas de navios petroleiros com no mínimo 1 milhão

de unidades de tonelagem de arqueação bruta.

A relutância dos Estados Unidos, um dos maiores importadores de petróleo, em ratificar

esse documento foi fator fundamental para o protocolo proposto pela Organização

Marítima Internacional (IMO) não ter entrado em vigor na ocasião.

Figura 12 .Cronologia dos acidentes de poluição por óleo que aceleraram a adoção de uma nova convenção de responsabilidade civil e a sua entrada em vigor. 56 Protocol of 1984 to amend the International Convention on Civil Liability for

Oil Pollution Damage, 1969 (CLC PROT 1984)

53

Em 24 de março de 1989 o petroleiro Exxon Valdez encalhou na baía de Prince William

Sound no estado americano do Alaska e derramou cerca de 37.000 toneladas métricas

de óleo (11 milhões de galões americanos). REVISTA DO CLUBE DE P&I GARD.

Figura 13. Foto do navio Exxon Valdez encalhado na baía de Prince William Sound. Fonte: Revista Gard News nº 192

Na ocasião, foram estimados e registrados a perda dos seguintes animais:

350.000 pássaros, 3.500 lontras marinhas, 200 focas; 250 águias, 350 patos selvagens e

14 baleias.

Os Estados Unidos eram favoráveis a um sistema que não limitasse a responsabilidade

do proprietário da embarcação e em função do acidente do navio Exxon Valdez foi

promulgado o Ato de Poluição por Óleo de 1990(Oil Pollution Act 1990-OPA 90).

54

Figura 14. Resumo dos danos causados pelo acidente do navio Exxon Valdez, ao completar 10 anos do acidente em março de 1999. Fonte: Edição do jornal especializado em transporte marítimo Lloyd’s List, de 24 de Março de 1999.

O governo dos Estados Unidos promulgou nos últimos 50 anos uma série de leis e

regulamentos direcionados a proteção do meio ambiente, de modo a minimizar os

riscos e a controlar a poluição do ar, solo, águas e reservas naturais. Em particular,

vários estatutos foram direcionados especificamente para diminuição dos riscos de

poluição das águas e de derrames de óleo, além de outras substâncias perigosas.

A promulgação do Ato de Poluição por Óleo - OPA 90, foi a forma legislativa que os

Estados Unidos conseguiram para unificação de várias leis estaduais e federais,

exigindo uma limpeza adequada das áreas atingidas e o devido ressarcimento de danos

em casos de poluição por óleo.

A implantação do OPA 90 teve como reflexo uma série de implicações, principalmente

no que diz respeito aos custos adicionais agregados ao transporte marítimo de petróleo

em portos norte americanos .

A questão mais polêmica ficou por conta da responsabilidade ilimitada, que em sua

definição legal deixou uma série de dúvidas principalmente em suas várias formas de

interpretação. O recente caso do acidente e da poluição por óleo da Plataforma

Deepwater Horizon em águas americanas e a conseqüente exigência do governo dos

Estados Unidos para a abertura de um fundo de indenização às vitimas do acidente, no

valor de US$ 20 Bilhões de dólares, por parte da British Petroleum comprovam a

pertinência da questão levantada à época da promulgação do ato de poluição por óleo.

No caso específico da British Petroleum, sua responsabilidade perante ao OPA 90 é de

cobrir todos os custos de remoção e limpeza das regiões afetadas mais as indenizações

por danos causados, até o limite de US$ 75 milhões. Ocorre que caso seja comprovado

que a parte responsável, ou seus agentes e ou empregados tenham agido com

negligência, má fé ou ainda tenham violado regulamentos federais de segurança,

construção e operação, perderá o direito a limitação do valor de indenização.

Aos armadores e ou proprietários de embarcações que operem nos Estados Unidos,

foram feitas exigências operacionais adicionais , a saber:

55

Elaboração de um Plano de Resposta da Embarcação , que viesse de encontro aos

anseios da sociedade americana no que diz respeito às ações necessárias em caso de um

acidente com poluição por óleo. Esse plano é denominado VRP (Vessel Response

Plan). O Plano de Resposta deve conter vários aspectos de emergência e

recomendações para casos de poluição, bem como apresentar nominalmente pessoas ou

empresas envolvidas direta ou indiretamente com o cumprimento de seus requisitos:

1. Qualified Individual(QI) – Indivíduo Qualificado - Pode ser uma

empresa ou firma contratada pelo armador ou proprietário da

embarcação, que fica disponível 24 horas por dia nos Estados Unidos e

está autorizada, em seu nome, a responder de imediato as necessidades

de providências em caso de vazamento de petróleo. Para isto ele tem

conhecimento suficiente do Plano de Resposta do Navio, agindo dentro

do requerido pela Guarda Costeira Americana no acionamento do

plano. Ele pode também ser responsabilizado criminalmente no caso de

problemas decorrentes de um vazamento e do seu combate. A firma que

oferecer esse serviço deverá ter uma estrutura capaz de atender ao navio

em todos os portos em que este for operar. Algumas sociedades

classificadoras prestam o serviço.

2. Oil Spill Response Organization(OSRO) – Organização de Resposta a

Poluição por Óleo. Essa empresa deverá prover condições de limpeza

em caso de derrame de óleo no mar.

3. Salvage, Firefighting e Lightering – Empresas de Salvamento, Combate

a Incêndio e Transferência de carga. São empresas que deverão figurar

no plano de prestação de serviços, em suas respectivas especialidades.

4. Damage Stability- Estabilidade em Avaria – Empresas especializadas

no cálculo de estabilidade de navios. A empresa contratada deverá

56

possuir todos os dados da embarcação, além das quantidades de carga a

serem movimentadas a bordo nas operações de carga e descarga em

portos americanos. Aplica às informações em um programa de cálculo

de esforços, podendo obter cálculos de estabilidade do navio que serão

cruciais em situações de emergência que necessitem do apoio de terra

para salvamento da embarcação, seus tripulantes e de sua carga, visando

diminuir o risco de poluição. O serviço deverá estar disponível 24

horas por dia.

57

4.1. Principais Características da Convenção Internacional sobre Responsabilidade Civil

por Danos Causados por Poluição por Óleo 1992-CRC 92(CLC 92)

A Convenção sobre responsabilidade civil por danos causados por poluição por óleo de

1992 aplica-se a danos de poluição resultantes de derrames de óleos persistentes de

navios petroleiros. Assim como a Convenção CRC 1969, o protocolo 1992 a Convenção

de 1969, conhecido como CRC 92(CLC 92) também direciona a responsabilidade para

o proprietário da embarcação. A convenção estabelece em seu artigo 4º, parágrafo 4º,

uma lista de exclusão de responsabilidade de compensação de danos de poluição por

óleo, que inclui os empregados do proprietário da embarcação; membros da tripulação;

prático; afretadores por tempo, por viagem e a casco nu; operador do navio; qualquer

profissional que realize operações de salvamento; qualquer pessoa que realize medidas

preventivas;

Em relação aos produtos que foram contemplados com a cobertura da convenção em

caso de derrame de óleo das embarcações, apresentam-se o óleo cru, óleo diesel pesado,

óleo combustível e óleo lubrificante, ou seja, os mesmos tipos de óleo previstos pela

convenção de 1969, com a única exceção que foi a exclusão da cobertura para o

derrame do óleo de baleia. A convenção de 1992 cobre os derrames de carga e ou

combustível de petroleiros em carga. Os danos causados por óleos considerados não

persistentes, tais como gasolina, diesel leve e querosene não apresentam cobertura.

A cobertura dos custos relativos a medidas preventivas, além de danos ou perdas

adicionais causadas pela realização dessas medidas, é uma vantagem da convenção

CRC 92(CLC92) frente à convenção CRC 69(CLC 69). Como exemplo típico e claro da

importância e aplicação dessa cobertura, avaliamos a situação de um navio carregado

que esteja encalhado. Enquanto a CRC 69(CLC 69) efetivamente ressarcirá os danos

causados somente a partir do derrame do óleo no meio ambiente, a CRC 92(CLC92)

poderá ressarcir medidas tomadas antes de o óleo ser efetivamente derramado. O navio

está carregado e encalhado e o proprietário da embarcação contratou rebocadores para

tentar deixar o navio em uma posição que não agrave a sua condição de estabilidade. O

Governo local cercou o navio com barreiras de contenção para minimizar e facilitar a

58

recuperação de óleo em um possível vazamento. Todas essas medidas preventivas são

passíveis de ressarcimento na convenção CRC 92(CLC 92).

No caso do navio estar em uma situação em que seja necessária a contratação de uma

empresa de salvamento, utilizando o contrato padrão de salvamento marítimo

denominado LOF57, poderá haver certa confusão quanto ao que sejam caracterizadas

como despesas de operações de salvamento e medidas preventivas.

A distinção entre medidas preventivas e operações de salvamento não foram abordadas

na preparação inicial da convenção de 1969, onde se encontra uma definição ampla para

medidas preventivas. O salvamento foi regido inicialmente pela Convenção

Internacional de Salvamento de 1910 e posteriormente pela Convenção Internacional de

Salvamento de 1989. As medidas preventivas são regidas pelas convenções

internacionais sobre responsabilidade civil por danos causados por poluição por óleo de

1969 e 1992. As operações de salvamento são pagas pelos seguradores de casco e

máquinas, enquanto às despesas de medidas preventivas contra poluição por óleo são

garantidas pelos seguradores de responsabilidade civil, que são os clubes de proteção e

indenização, WU, C. (1996), p. 281.

Uma boa distinção entre medidas preventivas e salvamento foi dada pela corte de 1ª

instância de Messina na Itália, em função do abalroamento do navio grego Patmos com

um navio petroleiro em lastro, que causou o derrame de 700 toneladas métricas de óleo

no estreito de Messina58 no ano de 1985:

“ Salvamento e resposta anti-poluição são duas operações distintas. A fim de distingui-

las, é necessário primeiro identificar o objetivo principal dessas operações. Tem que ser

determinado se esse objetivo foi o de salvar o navio e sua carga para obtenção de

compensação proporcional ao valor do bem salvado, ou se, de forma contrária, foi o de

prevenir a poluição com o único intuito de ressarcimento de custos ... ” WU, C. (1996),

p. 282.

57 Lloyd’s Open Form. Formulário padrão de salvamento de embarcações. 58 O Estreito de Messina é um estreito no mar Mediterrâneo, que separa a península italiana da ilha da Sicília e que liga o mar Jônico ao mar Tirreno.

59

O documento contratual padrão de salvamento marítimo conhecido pelo acrônimo de

LOF, apresenta várias versões e até 1980, os salvadores ofereciam os serviços de

salvamento adotando o princípio de “no cure, no pay”, que é a prática de oferecer os

serviços de salvamento e receber o pagamento combinado previamente se e somente se

o evento e medidas empreendidas para salvamento da embarcação apresentar sucesso.

O acidente e as circunstâncias em que aconteceu o derrame de óleo do navio Amoco

Cádiz ilustraram a importância de se motivar os salvadores a reagirem rapidamente em

caso de acidentes com navios petroleiros. A comunidade marítima internacional

reconheceu a necessidade de expandir a área de atuação do contrato padrão de

salvamento marítimo LOF. Na revisão de 1980, o LOF introduziu um novo item para

segurança dos salvadores, que permitia a reclamação de despesas mais um incremento

de 15%, sob certas condições em que a remuneração convencional relativa ao prêmio de

salvamento não pudesse ser concretizada. Ressalte-se que as alterações do LOF 80

ficaram restritas aos navios petroleiros.

As revisões do LOF de 1990, 1995 e 2000 expandiram a concepção da intenção de dar

maior segurança às empresas que realizassem salvamento marítimo, incorporando a

Convenção Internacional de Salvamento de 1989, ampliando sua aplicação para todos

os tipos de navios. O artigo 14 dessa convenção, incorporado ao LOF a partir de 1990,

estabelece que as empresas de salvamento marítimo possam recuperar suas despesas por

intermédio de uma compensação especial, em circunstâncias nas quais o navio ou sua

carga causem ou ameacem causar danos ao meio ambiente e que a recompensa

convencional pelo salvamento sob o artigo 13 da Convenção Internacional de

Salvamento 1989 não possa ser aplicada.

O artigo 14 em seu parágrafo segundo aumenta a compensação especial, definindo que

os valores pagos em relação às despesas incorridas pelos salvadores terão um acréscimo

de pelo menos 30%, podendo em ocasiões especiais chegar a 100% das despesas

incorridas pelos salvadores.

Os seguradores tradicionais de casco e máquinas, proprietários da carga e o grupo

internacional dos clubes de P&I com o intuito de evitar dificuldades no delineamento

das operações de salvamento, diferenciando às ações de salvamento das ações

60

relacionadas às medidas preventivas, chegaram a um compromisso que estabeleceu: os

seguradores de casco e máquinas e proprietários da carga arcariam com o pagamento da

recompensa sob o artigo 13 e os clubes de proteção e indenização-P&I arcariam com o

pagamento da compensação especial sob o artigo 14. De acordo com o compromisso

firmado, a remuneração da empresa de salvamento sob o artigo 14 não depende do

objetivo das medidas tomadas, mas da questão crucial se o valor da propriedade salva é

suficiente para garantir uma compensação adequada sob o artigo 13. Poderá haver casos

em que o principal objetivo da empresa de salvamento tenha sido salvar a propriedade, e

mesmo que ela não obtenha sucesso, poderá ser remunerada inteiramente pela

compensação especial. De modo inverso, poderá haver casos em que o valor salvado

seja tão grande que a empresa de salvamento seja remunerada inteiramente pela

compensação sob o artigo 13, mesmo que a empresa de salvamento tenha pretendido e

conseguido prevenir e minimizar poluição, WU, C. (1996), p. 286.

A Convenção de 1992 estabelece que as compensações de medidas preventivas se

iniciem a partir do momento em que exista um risco iminente e grave de poluição por

óleo59.

A responsabilidade do proprietário da embarcação perante o regime da Convenção de

1992 é o da responsabilidade objetiva.60

As excludentes da CRC 92(CLC 92) são idênticas as excludentes da convenção CRC

69(CLC69), apresentando a isenção de responsabilidade de indenização quando os

danos forem causados por atos de guerra, atos de guerra civil, atos de sabotagem e

negligência de autoridade responsável.

59 Artigo 2º, parágrafo 4º da Convenção Internacional sobre Responsabilidade Civil e Danos Cusados por Poluição por Óleo de 1992. 60 Responsabilidade objetiva - “Concepção que dispensa o elemento subjetivo como essencial à infração penal. Considera-se o fato objetivamente, sem levar em conta o elemento moral. Daí dizer também responsabilidade sem culpa, ou seja, para sofrer as conseqüências penais da conduta, não é necessário caracterizar-se a culpabilidade. Hoje, a responsabilidade objetiva está sendo afastada das legislações, predominando o chamado direito penal da culpa. . A Escola Positiva aceitou a responsabilidade objetiva, dispensando, pois, o dolo ou a culpa na estrutura do delito. O mesmo que responsabilidade sem culpa.” Sitio do JUS BRASIL, http://www.jusbrasil.com.br/topicos/297714/responsabilidade-objetiva ; acesso em 03/07/2010.

61

O limite de cobertura geográfica da convenção de 1992 é o de 200 milhas marítimas,

equivalentes ao limite do mar territorial(12 milhas marítimas) mais a zona econômica

exclusiva(188 milhas marítimas). A maior abrangência de cobertura da CRC 92

(CLC92) ressalta o diferencial entre as duas convenções.

62

4.2. Estados Membros da Convenção Internacional sobre Responsabilidade Civil por

Danos Causados por Poluição por Óleo 1992-CRC 92(CLC 92)

Em 31.05.2010, 123 Estados, OMI (2010), faziam parte da Convenção Internacional de

1992- CRC 92(CLC 92)

Figura 15. Relação de alguns Estados membros da Convenção Internacional sobre Responsabilidade Civil por Danos Causados por Poluição por Óleo 1992- CRC 92 (CLC 92), Curso de Gestão de Risco em Seguros Marítimos da Transpetro

63

4.3. Limite de Responsabilidade do proprietário da embarcação perante a Convenção

Internacional sobre Responsabilidade Civil por Danos Causados por Poluição por Óleo

1992- CRC 92(CLC 92).

A Convenção Internacional sobre Responsabilidade Civil por danos causados por

poluição por óleo de 1992 entrou em vigor a partir de 30 de maio de 1996 e estabelecia

os seguintes valores de responsabilidade para os proprietários de embarcações:

1- Navios que não excedessem 5.000 unidades de tonelagem de arqueação bruta: a

responsabilidade era limitada a 3 milhões de Direitos Especiais de Saque –Ds

ES(SDR)61 ou cerca de US$ 4,4 milhões . 62

2- Navios que apresentassem sua tonelagem entre 5.000 e 140.000 unidades de

tonelagem de arqueação bruta(grt)63: a responsabilidade era limitada a 3 milhões de

Direitos Especiais de Saque-Ds ES(SDR) mais um adicional de 420 Direitos

Especiais de Saque-Ds ES(SDR) ou cerca de US$ 61564 por unidade adicional de

tonelagem de arqueação bruta.

3- Navios acima de 140.000 unidades de tonelagem de arqueação bruta apresentam a

responsabilidade limitada a 59,7 milhões de Direitos Especiais de Saque-Ds

ES(SDR) ou cerca de US$ 87,48 milhões.

Novos acidentes marítimos aconteceram e o derrame de petróleo de dois casos

específicos, navio ERIKA e navio PRESTIGE, reacenderam o debate entre os países da

comunidade européia acerca do então limite de responsabilidade dos proprietários de

navios petroleiros perante a convenção de 1992.

61SDR- Special Drawing Rights – Direito Especiais de Saque (DES) unidade monetária criada pelo Fundo Monetário Internacional e exprime uma cesta da cotação das moedas fortes e estáveis: Euro, Dólar Americano, Ien e Libra Esterlina . Sitio do Fundo Monetário Internacional, www.imf.org acesso em 03.06.2010. 62Cotação da SDR em 03.06.2010 : 1 USD = SDR 0.682467 ou 1 SDR = US$ 1,46527 . Sitio do Fundo Monetário Internacional, www.imf.org acesso em 03.06.2010 63GRT – Gross Register Tonnage – medida de volume . 1 unidade de tonelagem de arqueação bruta equivale a 100 pés cúbicos ou 2,83 metros cúbicos. 64 Cotação da SDR em 03.06.2010 : 1 USD = SDR 0.682467 ou 1 SDR = US$ 1,46527 . Sitio do Fundo Monetário Internacional, www.imf.org acesso em 03.06.2010

64

Em 12 de Dezembro de 1999, o navio petroleiro ERIKA carregado com 30.000

toneladas métricas de óleo combustível pesado se partiu em dois na costa da França e

ocasionou o derrame de cerca de 19.800 toneladas métricas. A limpeza do derrame de

óleo alcançou cerca de 400 Km de praias na costa francesa e 250.000 toneladas métricas

de resíduos foram coletadas durante essa limpeza. SITIO DO FUNDO

INTERNACIONAL DE COMPENSAÇÃO DE POLUIÇÃO POR ÓLEO (2010).

Figura 16. Foto do naufrágio do navio ERIKA (Fonte: Marinha Francesa). Sitio do Cedre, http://www.cedre.fr/en/spill/erika/erika.php, acesso em 03.07.2010.

O limite de responsabilidade do proprietário da embarcação e conseqüentemente a

limitação para ressarcimento de valores junto a seu Clube de Proteção e Indenização,

The SteamShip P&I Club, era de aproximadamente € 12,8 milhões(US$16,08 milhões 65) e os valores das reclamações apresentadas nesse caso, em função da poluição por

óleo eram de € 388,90 milhões (US$ 488,73 milhões).FUNDO INTERNACIONAL DE

COMPENSAÇÃO DE POLUIÇÃO POR ÓLEO (2010).

Em 13 de novembro de 2002 o navio petroleiro PRESTIGE, de bandeira de Bahamas,

carregado com 76.972 toneladas métricas de óleo combustível, começou a adernar e

vazar óleo acerca de 30 quilômetros do cabo Finisterre (Espanha). O navio foi rebocado

para alto mar e em 19 de novembro se partiu em dois, derramando cerca de 63.000

toneladas métricas de óleo combustível, que atingiram três países: Portugal, França e

Espanha. Aproximadamente 1.900 quilômetros de costa foram atingidos na França e

Espanha, gerando cerca de 141.000 toneladas métricas de resíduos oleosos neste e 65Cotação do Euro para o dólar americano em 02.07.2010 . 1 Euro = US$ 1,2567. Sitio da Ágora Invest, https://www.agorainvest.com.br/home0.asp, acesso em 03.07.2010.

65

18.300 toneladas métricas de resíduos oleosos naquele País. A seguir encontra-se a

cronologia dos fatos que resultaram no acidente do navio petroleiro Prestige.

66

Figura 17- Cronologia dos eventos que resultaram no acidente do navio PRESTIGE. Sitio da SIC, acesso em 03/07/2010 http://sic.sapo.pt/online/noticias/mundo/multimedia/Acidente+Petroleiro+Prestige.htm

Na Espanha às reclamações desse acidente totalizaram €1,018 bilhão(US$ 1,279

bilhão). Na França às reclamações apresentadas alcançaram o valor de €109,7 milhões

(US$ 137 milhões) e em Portugal chegaram ao valor de € 4,3 milhões (US$ 5,4

milhões). O limite de responsabilidade do proprietário da embarcação e de seu Clube

de Proteção e Indenização, The London P&I Club, era de aproximadamente € 22,8

milhões FUNDO INTERNACIONAL DE COMPENSAÇÃO DE POLUIÇÃO POR

ÓLEO (2010). (US$ 28,65 milhões).66

Os países da comunidade européia pressionaram a Organização Marítima Internacional-

OMI(IMO) a adotar um novo patamar no limite de responsabilidade de proprietários de

navios petroleiros, elevando-o na convenção sobre responsabilidade civil de poluição

por óleo de 1992 . Dessa forma, a OMI (IMO) agiu rapidamente, de forma a não

66Cotação do Euro para o dólar americano em 02.07.2010 . 1 Euro = US$ 1,2567. Sitio da Ágora Invest, https://www.agorainvest.com.br/home0.asp, acesso em 03.07.2010.

67

proporcionar um real motivo para que os países europeus não mais fizessem parte do

regime de convenções da OMI (IMO) e a exemplo dos Estados Unidos, partissem para a

criação de um regime próprio de limitação e compensação de poluição por óleo.

Em 01 de novembro de 2003, passaram a vigorar os novos limites de responsabilização

dos proprietários de embarcações sob o regime da Convenção Internacional sobre

Responsabilidade Civil de Poluição por Óleo de 1992. Esses novos limites foram

reajustados em 50,37 % e se aplicariam a acidentes ocorridos após a data em que o novo

ordenamento entrou em vigor.

Os novos limites de responsabilidade dos proprietários de embarcações determinados

naquela época e que ainda vigoram atualmente são:

1- Navios que não excedessem 5.000 unidades de tonelagem de arqueação bruta: a

responsabilidade era limitada a 4,51 milhões de Direitos Especiais de Saque –Ds

ES (SDR)67 ou cerca de US$ 6,61milhões . 68

2- Navios que a apresentassem sua tonelagem entre 5.000 e 140.000 unidades de

tonelagem de arqueação bruta (grt)69: a responsabilidade era limitada a 4,51

milhões de Direitos Especiais de Saque-DsES (SDR) ou cerca de US$ 6,61

milhões mais um adicional de 631 Direitos Especiais de Saque-DsES (SDR) ou

cerca de US$ 92470 por unidade adicional de tonelagem de arqueação bruta.

3- Navios com tonelagem acima de 140.000 unidades de tonelagem de arqueação

bruta apresentam a responsabilidade limitada a 89,77 milhões de Direitos

Especiais de Saque-Ds ES(SDR) ou cerca de US$ 131,54 milhões.

67SDR- Special Drawing Rights – Direito Especiais de Saque (DES) unidade monetária criada pelo Fundo Monetário Internacional e exprime uma cesta da cotação das moedas fortes e estáveis: Euro, Dólar Americano, Ien e Libra Esterlina . Sitio do Fundo Monetário Internacional, www.imf.org acesso em 03.06.2010. 68Cotação da SDR em 03.06.2010: 1 USD = SDR 0.682467 ou 1 SDR = US$ 1,46527 . Sitio do Fundo Monetário Internacional, www.imf.org acesso em 03.06.2010 69GRT – Gross Register Tonnage – medida de volume. 1 unidade de tonelagem de arqueação bruta equivale a 100 pés cúbicos ou 2,83 metros cúbicos. 70Cotação da SDR em 03.06.2010 : 1 USD = SDR 0.682467 ou 1 SDR = US$ 1,46527 . Sitio o Fundo Monetário Internacional, www.imf.org acesso em 03.06.2010

68

4.4. Seguro Compulsório

A Convenção Internacional sobre Responsabilidade Civil por Danos Causados por

Poluição por Óleo 1992 - CRC 92 (CLC 92), em seu artigo 7º, assim como o mesmo

artigo da Convenção CRC 69 (CLC 69), determina a necessidade de apresentação por

parte do proprietário da embarcação de um seguro ou garantia financeira em relação a

cobertura de sua responsabilidade.

O proprietário de um navio petroleiro que transporte mais de 2.000 toneladas métricas

de óleo persistente71 como carga, é obrigado a manter um seguro para cobrir suas

responsabilidades perante a Convenção CRC-92(CLC 92).

Os navios petroleiros devem manter a bordo o original do certificado que ateste a

cobertura de seguro. Quando entrar ou sair de um porto ou terminal de um Estado que

faça parte da Convenção Internacional sobre Responsabilidade Civil por Danos de

Poluição por Óleo, o proprietário da embarcação deverá apresentar a autoridade

marítima local o certificado internacional, sem o qual, não poderá realizar operações

naquele País. Esse certificado é exigido também para navios que tenham bandeira

vinculada a um Estado que não seja parte da Convenção CRC-92(CLC 92).

71 Em geral, os óleos são classificados como: a)não persistentes: tendem a desaparecer rapidamente da superfície do mar (gasolina, nafta, querosene, óleos leves); b) persistentes: dissipam mais vagarosamente (óleos crus). A persistência depende de sua gravidade específica, que é a sua densidade em relação à água pura. Fonte: sitio da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo - CETESB - www.cetesb.sp.gov.br, acessado em 04.10.2009

69

5. Comparação de Vazamentos de petróleo ocorridos no Mundo e no Brasil entre

1970 e 2009.

Nesse capítulo faremos comparações e utilizaremos apresentações de gráficos e

informações estatísticas sobre vazamentos de embarcações ocorridos no Brasil e no

Mundo. Os dados relativos aos vazamentos de petróleo provenientes de embarcações

ocorridos no mundo são oriundos de estatísticas da Federação Internacional dos

Proprietários de Navios Petroleiros no combate a Poluição (ITOPF). Os dados relativos

aos vazamentos ocorridos no Brasil são oriundos da Federação Internacional dos

Proprietários de Navios Petroleiros no combate a Poluição (ITOPF), do Centro Francês

de Documentação, Pesquisa e Experimentos sobre a poluição acidental das águas –

CEDRE, do banco de dados do Centro Americano para excelência de navios

petroleiros- Center for Tankship Excellence72 e da companhia ambiental do estado de

São Paulo-CETESB.

Ao final do capítulo faremos um exercício de comparação de um vazamento de petróleo

no Brasil, com a aplicação das regras das duas convenções internacionais sobre

responsabilidade civil por danos causados por poluição por óleo: CRC 1969 e CRC

1992.

Ressaltamos que os dados de poluição no Brasil nos anos 70 são escassos e de difícil

obtenção, podendo dessa forma os dados coletados não representar efetivamente o

número real de ocorrências de vazamentos ocorridos naquele período.

72Center for Tankship Excellence, http: www.c4tx.org.

70

5.1. Ocorrências médias (vazamentos entre 7 e 700 Tm de petróleo, de acordo com

padrão da ITOPF)73

Número de ocorrências de vazamentos entre 7 e 700 TM no Mundo entre 1970 e

2009 . Fonte : ITOPF

0

20

40

60

80

100

120

Ano 1974 1979 1984 1989 1994 1999 2004 2009

mero

de V

azam

en

tos

Gráfico 1. Número de ocorrências de vazamento(entre 7 e 700 toneladas métricas) de óleo de navios petroleiros no mundo, de 1970 a 2009, da ITOPF (publicação Oil Tan

Número de ocorrências de vazamentos entre 7 e 700 TM no Brasil entre 1970 e

2009

0

5

10

15

20

25

30

Ano

1971

1973

1975

1977

1979

1981

1983

1985

1987

1989

1991

1993

1995

1997

1999

2001

2003

2005

2007

2009

mero

de V

azam

en

tos

Gráfico 2 - Número de ocorrências de vazamento (entre 7 e 700 toneladas métricas) de óleo de navios petroleiros no Brasil, de 1970 a 2009, tabulados a partir de dados da ITOPF, CEDRE74, Center for Tankship Excellence75 e CETESB Analisando-se os gráficos verifica-se que no período de 1970 a 1979 houve uma média

de 54 derrames de poluição por óleo no Mundo e uma média de 0,9 derrame de poluição

por óleo no Brasil.

73 A ITOPF adota a premissa e considera que vazamentos médios são os que apresentam quantidade entre 7 e 700 toneladas métricas. 74 Centre de documentation, de recherch et d”experimentations sur lês pollutions accidentales dês eaux. http: www.cedre.fr 75 Center for Tankship Excellence, http: www.c4tx.org.

71

No período de 1980 a 1989 houve uma média de 35,9 derrames de poluição por óleo no

Mundo, apresentando uma redução de 33,52% em relação ao decênio anterior. No

Brasil houve uma média de 4,4 derrames de poluição por óleo, apresentando uma

elevação acentuada em relação ao período anterior. Cabe ressaltar a dificuldade na

obtenção de dados sobre vazamento de petróleo na década de 70, cujos dados

levantados podem não refletir o número real de vazamentos.

No período de 1990 a 1999 houve uma média de 28,2 derrames de poluição por óleo no

Mundo, apresentando mais uma vez redução (21,45%) em relação ao decênio anterior e

uma média de 2,5 derrames de poluição por óleo no Brasil, que em comparação ao

decênio anterior apresentou uma redução significativa de 43,18%.

No período de 2000 a 2009 houve uma média de 14 derrames de poluição por óleo no

Mundo e uma média de 0,8 derrame de poluição por óleo no Brasil, com redução na

média decenal dos dois indicadores, sendo 50,35% nos derrames mundiais e 68% nos

derrames no Brasil

.

Gráfico 3. Número de Vazamentos entre 7 e 700 Tm no Mundo e no Brasil

72

5.2. Grandes Ocorrências (vazamentos acima de 700 Tm, de acordo com padrão da

ITOPF)76

Gráfico 4 - Número de ocorrências de vazamento(acima de 700 toneladas métricas) de óleo de navios petroleiros no Mundo, de 1970 a 2009, tabulados a partir de dados da ITOPF (publicação “Oil Tanker Spill Statistics 2009

Número de ocorrências de vazamentos acima de 700 TM no Brasil entre 1970 e

2009

0

1

2

3

4

5

Ano 1974 1979 1984 1989 1994 1999 2004 2009

mero

de v

azam

en

tos

Gráfico 5. - Número de ocorrências de vazamento( acima de 700 toneladas métricas) de óleo de navios petroleiros no Brasil, de 1970 a 2009, tabulados a partir de dados da ITOPF, CEDRE, Center for Tankship Excellence, CETESB Analisando-se os gráficos verifica-se que no período de 1970 a 1979 houve uma média

de 25,4 derrames de poluição por óleo no Mundo e uma média de 0,5 derrame de

poluição por óleo no Brasil, com quantidades derramadas acima de 700 toneladas

métricas. 76 A ITOPF adota a premissa e considera que grandes vazamentos são os que apresentam quantidade superior a 700 toneladas métricas.

73

No período de 1980 a 1989 houve uma média de 9,3 derrames de poluição por óleo no

Mundo e uma média de 0,2 derrame de poluição por óleo no Brasil. Houve redução na

média decenal de ambos indicadores em comparação ao período anterior , sendo

63,39% no Mundo e 60% no Brasil.

No período de 1990 a 1999 houve uma média de 7,9 derrames de poluição por óleo no

Mundo e uma média de 0,3 derrames de poluição por óleo no Brasil, apresentando novo

decréscimo (15,05%) na média decenal de derrames de petróleo acima de 700 toneladas

métricas no Mundo e um acréscimo (50%) na média decenal de derrames de petróleo no

Brasil.

No período de 2000 a 2009 houve uma média de 3,3 derrames de poluição por óleo no

Mundo e uma média de 0,2 derrames de poluição por óleo no Brasil. Houve nova

redução (58,22%) na média decenal de derrames no Mundo em relação ao período

anterior. No Brasil houve uma redução de 33,34 % .

Gráfico 6. Número de Vazamentos Acima de 700 Tm no Mundo e no Brasil

74

5.3. Entrada em vigor de Convenções e Regulamentos Internacionais e a média decenal

de vazamentos de petróleo no Mundo e no Brasil

Gráfico 7 - Relação entre a entrada em vigor de Convenções e Regulamentos Internacionais e a média decenal do número de ocorrências de vazamento de óleo de navios petroleiros (entre 7 e 700 toneladas métricas e acima de 700 toneladas métricas) no mundo, de 1970 a 2009,com dados de vazamentos de petróleo tabulados a partir de informações da ITOPF (publicação “Oil Tanker Spill Statistics 2009)

Quantidade média de vazamentos de petróleo entre 7 e 700 Tm no Mundo

1970-1979 = 54,0

1980-1989 = 35,9

1990-1999 = 28,2

2000-2009 = 14,0

Quantidade média de vazamentos de petróleo acima de 700 Tm no Mundo

1970-1979 = 25,4

1980-1989 = 9,3

1990-1999 = 7,9

2000-2009 = 3,3

75

Gráfico 8. Relação entre a entrada em vigor de Convenções e Regulamentos Internacionais e a média decenal do número de ocorrências de vazamento(entre 7 e 700 toneladas métricas e acima de 700 toneladas métricas) de óleo de navios petroleiros no Brasil, de 1970 a 2009, tabulados a partir de dados de vazamentos de petróleo da ITOPF, CEDRE, Center for Tankship Excellence e CETESB

Quantidade média de vazamentos de petróleo entre 7 e 700 Tm no Brasil

1970-1979 = 0,9

1980-1989 = 4,4

1990-1999 = 2,5

2000-2009 = 0,8

Quantidade média de vazamentos de petróleo acima de 700 Tm no Brasil

1970-1979 = 0,5

1980-1989 = 0,2

1990-1999 = 0,3

2000-2009 = 0,2

Analisando-se a quantidade média dos vazamentos entre 7 e 700 toneladas métricas de

petróleo do Mundo e do Brasil, percebemos uma redução na média decenal entre os dois

gráficos. No Brasil a partir de 1990, essa tendência se acentua e se consolida. Os

números consolidados dos vazamentos ocorridos no mundo apresentam redução de

74,07% se confrontarmos a média de vazamentos no decênio 1970-1979 com a média

76

do decênio 2000-2009. No Brasil a mesma comparação realizada com a média de

vazamentos dos decênios 1970-1979 e 2000-2009 apresenta uma redução de 11,12%. .

Nos vazamentos acima de 700 toneladas métricas de petróleo no Mundo e no Brasil, é

de se ressaltar a redução constante da quantidade média do número de vazamentos no

Mundo. No Brasil os números consolidados apresentam flutuações entre os decênios

estudados, mas a média do número de vazamentos apresentada no último decênio

estudado reflete uma redução de 60% em relação à média do número de vazamentos do

decênio 1970-1979.

Figura 18. Cronologia da Entrada em Vigor de Convenções e Regulamentos Internacionais.

A introdução de Convenções Internacionais e regulamentos para a regulamentação do

transporte marítimo de mercadorias, construção de navios e equipamentos, é uma das

razões que motivaram e propiciaram a redução acentuada da poluição marítima por

navios nas últimas décadas. Na década de 70(em 1975) tivemos a entrada em vigor da

Convenção Internacional de Responsabilidade Civil por danos causados por Poluição

por Óleo 1969-CRC 69 . Na década de 80(em 1983) entrou em vigor a Convenção

Internacional para a Prevenção da Poluição causada por Navios(Marpol 73/78) e o Ato

de Poluição por Óleo dos Estados Unidos(OPA 90). Na década de 90 entrou em vigor a

Convenção Internacional sobre Responsabilidade Civil por Danos Causados por

77

Poluição por Óleo 1992-CRC 92(1996) e o Código Internacional de Gerenciamento de

Segurança – ISM Code(1998).

O Código ISM teve origem em função das lições aprendidas em um acidente do navio

Scandinavian Star, que em 07 de abril de 1990 em viagem da Noruega para a

Dinamarca pegou fogo e teve 159 vítimas fatais. As investigações do acidente

apontaram várias causas como sendo responsáveis pelo evento, sendo que a maior parte

das falhas referia-se ao gerenciamento da embarcação e da falta de manutenção dos

equipamentos de incêndio. A IMO por intermédio da resolução A.741(18) adotou em

04 de novembro de 1993 o código ISM, que em maio de 1994 passou a ser mandatório,

com entrada em vigor para as empresas de navios petroleiros a partir de 30 de Junho de

1998. O código visa verificar o gerenciamento da segurança e da prevenção de poluição

não somente nos navios, mas também e principalmente nos escritórios das empresas de

navegação. Os principais objetivos do código são garantir a segurança no mar, previnir

acidentes e perda de vidas humanas, além de evitar danos ao meio ambiente e as

propriedades.

O Código ISM exige que a empresa a ser certificada apresente uma política de

segurança e proteção ambiental, descrevendo como seus objetivos serão alcançados por

intermédio de um sistema de gerenciamento. Estabelece a indicação de pessoas

designadas, que atuarão como elo entre a administração de terra e os profissionais

marítimos a bordo, tendo estes acesso direto ao mais alto nível de gerência da empresa.

As pessoas designadas têm a responsabilidade de monitorar as operações de forma

segura, garantindo recursos e apoio da administração de terra às solicitações e

necessidades das tripulações.

A empresa de navegação deve assegurar que o Comandante da embarcação seja

qualificado e familiarizado com o seu sistema de gerenciamento. As empresas de

navegação para obter a certificação do código ISM passam por auditorias realizadas

por organizações, entidades ou empresas reconhecidas pelo Governo do País e caso

atendam aos requisitos do código ISM, recebem um documento de conformidade, DOC,

como evidência do cumprimento dos requisitos do código. O DOC apresenta validade

de cinco anos, sujeito a verificação anual. Cada navio de uma empresa certificada pelo

código ISM passa por auditorias e recebe um certificado de gerenciamento de segurança

78

denominado SMC, cuja validade é também de 5 anos sujeito a verificação entre o 2º. e o

3º ano.

No Brasil as sociedades classificadoras realizam a auditoria para certificação do código

ISM.

As convenções internacionais sobre responsabilidade civil de danos causados por

poluição por óleo (CRC 69 e CRC 92) e o ato de poluição por óleo dos Estados

Unidos(OPA 90) podem ser caracterizados como verdadeiros instrumentos de comando

e controle em relação a questão econômica ambiental, uma vez que estabeleceram a

responsabilização do proprietário da embarcação e sua conseqüente participação na

indenização das vitimas de poluição por óleo. Aliados ao Código Internacional de

Gerenciamento de Segurança - ISM Code77 e a convenção Marpol78, que dentre outros

regulamentos instituiu a exigência do livro de registro de óleo da embarcação, que

registra o movimento de carga de petróleo e seus resíduos, tanque por tanque, desde o

porto de carga até o porto de descarga; a exigência de tanques de lastro segregado para

novas embarcações com capacidade de carga acima de 20.000 toneladas métricas foram

mecanismos extremante importantes na conscientização, melhoria de rotinas e

equipamentos, responsabilização em termos de indenização e por fim a conseqüente

redução da poluição por óleo de navios em mares e oceanos nas ultimas décadas.

Novamente o papel da Organização Marítima Internacional deverá ser destacado para a

concretização da redução de poluição em mares e oceanos.

77 International Safety Management Code 78 International Convention for the Prevention of Pollution from Ships

79

5.4. Simulação de um acidente de navio petroleiro com vazamento de petróleo na costa

brasileira e a comparação da aplicação das duas convenções internacionais sobre

responsabilidade civil por danos causados por poluição por óleo: CRC 1969 e CRC

1992.

Desenvolveremos um exercício simples sobre a aplicação das Convenções, relativos a

um acidente envolvendo um navio de bandeira estrangeira na costa brasileira:

O navio petroleiro “Sirius Alnilan Alnitak Mintaka”, de bandeira de Bahamas, GRT

126.760, carregado com 270.000 toneladas métricas de óleo cru chinês, procedente do

porto de Tsingtao na China e destinado ao porto de Angra dos Reis no Estado do Rio de

Janeiro, encalhou nas proximidades da Baía da Ilha Grande. O navio classificado como

VLCC79, finalizava sua aproximação a entrada do porto de Angra dos Reis, quando um

problema em sua máquina do leme alterou sua rota na direção de um baixio80,

caracterizado por baixa profundidade e fundo de pedras. O navio encalhou e não

apresentava inicialmente ruptura de seus tanques de carga.

A autoridade marítima brasileira em face da inércia do proprietário da embarcação, que

passado 48 horas do acidente somente havia contratado uma empresa de combate a

poluição para cercar o navio com bóias de sinalização e barreiras de contenção,

autorizou a contratação de rebocadores para melhor posicionamento do navio na

situação emergencial de estabilidade em avarias, visto que uma forte ressaca se

aproximava da região. Nesse intervalo de tempo, o esforço do casco da embarcação

chegou a seu extremo junto com a entrada da ressaca no litoral do estado do Rio de

Janeiro. O navio se partiu ao meio e as 270.000 toneladas métricas de carga se

espalharam pelo mar do litoral do Estado do Rio de Janeiro- Rio de Janeiro e Angra dos

Reis, do litoral do Estado de São Paulo- Ubatuba, Caraguatatuba, São Sebastião e Ilha

Bela.

O proprietário da embarcação, por intermédio de seu clube de proteção e indenização,

segurador de responsabilidade civil, declarou que assumiria sua responsabilidade pela

79 VLCC – Anacrônimo de Very Large Crude Carrier 80 Baixio - Banco de areia ou rochedo, que fica submerso nos mares e rios, constituindo perigo para a navegação

80

indenização das vitimas de poluição por óleo, em acordo ao instrumento internacional

ratificado pelo Estado Brasileiro em relação à convenção de responsabilidade civil sobre

danos causados por poluição por óleo de 1969-CRC 69. Por sua vez as autoridades

locais dos estados atingidos pela poluição, arguiram que, sendo o navio de um porto de

registro da bandeira de Bahamas, um estado que ratificou a convenção internacional de

responsabilidade civil sobre danos causados por poluição por óleo de 1992-CRC 92, seu

proprietário deveria seguir a convenção ratificada por aquele Estado e dessa forma o

valor do limite de indenização do proprietário da embarcação seria bem maior que do

valor determinado pela Convenção de 1969- CRC 69, ratificada pelo Estado Brasileiro.

81

5.4.1. Análise do acidente, sua localização e qual das Convenções governará o limite de

responsabilidade do proprietário da embarcação

O navio “Sirius Alnilan Alnitak Mintaka” arvorava a bandeira de Bahamas, cujo Estado

ratificou a convenção de 1992- CRC 92. O acidente com derrame de petróleo aconteceu

no litoral do Estado do Rio de Janeiro, tendo em conseqüência atingido dois Estados da

nossa Federação. O Brasil ratificou a convenção de 1969-CRC 69. As convenções

preconizam que o instrumento que governará o sistema de indenizações será o local

onde efetivamente foram causados os danos em decorrência da poluição. Dessa forma,

apesar de o navio estrangeiro ter a bandeira de um Estado que ratificou a Convenção de

1992-CRC 92, o acidente no litoral Brasileiro e suas conseqüências serão governados

pela Convenção de 1969-CRC 69.

Os navios brasileiros quando operam em portos estrangeiros, em Estados que tenham

ratificado a Convenção de 1992-CRC 92, necessitam apresentar um documento

conhecido como certificado CLC 92 para poderem operar naqueles Estados. Com esse

certificado, fica explícito que o proprietário da embarcação estará sujeito aos limites de

indenização estabelecidos pela Convenção de 1992-CRC 92. Caso haja algum acidente

com poluição por óleo, fica claro que o limite de indenização a governar a questão será

o do instrumento internacional do Estado onde efetivamente ocorreu a poluição(CRC

92) e não do instrumento internacional do Estado da bandeira de registro do navio

Brasileiro(CRC 69).

82

5.4.2. Limite de Responsabilidade do Proprietário da Embarcação perante as duas

Convenções: CRC 69 e CRC 92.

a) CRC 69 - A convenção de 1969 estabelece que o limite máximo de responsabilidade

para proprietários de embarcações é de 14 milhões de direitos especiais de saque-

Ds ES(SDR), que correspondem a cerca de US$ 20,5 milhões de dólares.81

Dessa forma o proprietário da embarcação estará sujeito ao limite máximo de

indenização pelos danos causados pela poluição por óleo no valor de US$ 20,5

milhões de dólares.

As despesas com contratação de rebocadores para posicionar o navio e evitar o derrame

de petróleo, não têm cobertura na Convenção CRC 69. A Convenção CRC 69 ressarce

medidas de prevenção somente quando o óleo tiver sido efetivamente derramado.

b) CRC 92 – A Convenção de 1992 estabelece os seguintes limites de responsabilidade

dos proprietários de embarcações :

1. Navios que não excedessem 5.000 unidades de tonelagem de arqueação bruta: a

responsabilidade era limitada a 4,51 milhões de Direitos Especiais de Saque –Ds

ES(SDR)82 ou cerca de US$ 6,61milhões . 83

2. Navios que a apresentassem sua tonelagem entre 5.000 e 140.000 unidades de

tonelagem de arqueação bruta(grt)84: a responsabilidade era limitada a 4,51

milhões de Direitos Especiais de Saque-Ds ES(SDR) ou cerca de US$ 6,61

81Cotação da SDR em 03.06.2010 : 1 USD = SDR 0.682467 ou 1 SDR = US$ 1,46527 . Sitio do Fundo Monetário Internacional, www.imf.org acesso em 03.06.2010 82SDR- Special Drawing Rights – Direito Especiais de Saque (DES) unidade monetária criada pelo Fundo Monetário Internacional e exprime uma cesta da cotação das moedas fortes e estáveis: Euro, Dólar Americano, Ien e Libra Esterlina . Sitio do Fundo Monetário Internacional, www.imf.org acesso em 03.06.2010. 83Cotação da SDR em 03.06.2010 : 1 USD = SDR 0.682467 ou 1 SDR = US$ 1,46527 . Sitio do Fundo Monetário Internacional, www.imf.org acesso em 03.06.2010 84GRT – Gross Register Tonnage – medida de volume . 1 unidade de tonelagem de arqueação bruta equivale a 100 pés cúbicos ou 2,83 metros cúbicos.

83

milhões mais um adicional de 631 Direitos Especiais de Saque-Ds ES(SDR) ou

cerca de US$ 92485 por unidade adicional de tonelagem de arqueação bruta.

3. Navios com tonelagem acima de 140.000 unidades de tonelagem de arqueação

bruta apresentam a responsabilidade limitada a 89,77 milhões de Direitos

Especiais de Saque-Ds ES(SDR) ou cerca de US$ 131,54 milhões.

O navio “Sirius Alnilan Alnitak Mintaka” com a tonelagem de arqueação bruta de

registro(GRT) de 126.760, se enquadraria no item dois, em termos de responsabilidade

do proprietário da embarcação. Sendo assim o seu limite de responsabilidade seria

calculado da seguinte forma:

5.000 grt – 4,1 milhões de Ds ES(SDR) � US$ 6.610.000,00 milhões.

121.760 grt - 631 Ds ES(SDR) ou cerca de US$ 924 por unidade adicional de

tonelagem de arqueação bruta(grt) � US$ 112.506.000,00 milhões.

Total disponível para indenização das vitimas da poluição pelo proprietário da

embarcação, caso o Estado Brasileiro houvesse ratificado a Convenção de 1992-CRC

92:

US$ 119.116.000,00(cento e dezenove milhões cento de dezesseis mil dólares

americanos)

Ressaltamos ainda que as despesas referentes à contratação de rebocadores para evitar o

derrame de petróleo, são passíveis de ressarcimento perante a Convenção de 1992-CRC

92, uma vez que essa convenção contempla o ressarcimento de medidas preventivas.

85 Cotação da SDR em 03.06.2010 : 1 USD = SDR 0.682467 ou 1 SDR = US$ 1,46527 . Sitio do Fundo Monetário Internacional, www.imf.org acesso em 03.06.2010

84

6. Posição do Estado Brasileiro

Em função dos acidentes de navios petroleiros nas décadas de 80 e 90, os Estados

costeiros atingidos pelos derrames de óleo começaram a alterar suas legislações. Um

dos mais graves acidentes foi o do navio Exxon Valdez, que encalhou na costa do

Alasca em 1989, derramando óleo e provocando um desastre ambiental de grande

magnitude. Isso motivou o governo americano a adotar em 1990, uma legislação

interna(OPA 90) mais severa que a MARPOL 73/78, prevendo a exigência de casco

duplo para os navios construídos a partir de então e estabelecendo prazos limites para a

operação de navios de casco simples, de acordo com a capacidade do navio e sua idade.

Seguindo o exemplo dos Estados Unidos, em 1992, a IMO introduziu importantes

emendas na MARPOL, especificamente relacionadas com requisitos de casco duplo: as

Regras 13F e 13G do anexo I daquela Convenção, que tratam da construção de navios

petroleiros de casco duplo e de medidas para acelerar a desativação de petroleiros de

casco simples.

A Regra 13F requereu que novos navios-tanque (aqueles cuja construção tivesse sido

iniciada após janeiro de 1994 ou concluída após julho de 1996) de 5.000 toneladas e

superiores, fossem equipados com casco duplo, separados por um espaço de até 2

metros (nos navios de até 5.000 toneladas, o espaço deve ser pelo menos de 0,76 m).

Como alternativa, os navios-tanque puderam incorporar o conceito pelo qual a pressão

no tanque não excede a pressão hidrostática externa. Outros tipos de desenho também

foram aceitos, desde que assegurassem o mesmo nível de proteção contra a poluição em

eventos de colisão ou encalhe.

Já a Regra 13G aplicou-se aos navios-tanque existentes, de 20.000 toneladas e maiores,

destinados a transportar petróleo bruto, e de 30.000 toneladas e superiores, para o

transporte de outros derivados de petróleo. Tais navios-tanque, que tivessem 25 anos de

idade e que não tivessem sido construídos de acordo com os requisitos estabelecidos no

Protocolo de 1978, deveriam ser ajustados, de forma a disporem de tanques laterais ou

fundo duplo, não utilizados para o transporte de carga, em localização de proteção, ou,

ainda, que só operassem com carga hidrostaticamente equilibrada. Os navios-tanque

construídos de acordo com os padrões do referido Protocolo estariam isentos dessa

85

obrigação até a idade de 30 anos. A Regra 13G entrou em vigor em julho de 1995. Ou

seja, na prática, os navios de casco simples sem tanques de lastro protetores, deixariam,

a nível internacional, de poder operar a partir de 2007, ou 2012 em alguns casos. Para os

navios de casco simples, mas com tanques de lastro protetores, a desativação deveria

estar concluída em 2026.

Já sob a vigência das Regras 13F e 13G, novo acidente de grandes proporções, em

1999, agora no litoral da França, com o petroleiro Erika, alterou o rumo e o ritmo das

negociações na Organização Marítima Internacional.

Pressionada pela opinião pública, a Comissão das Comunidades Européias apresentou

ao parlamento Europeu uma proposta de política de segurança marítima,

compreendendo a organização, no âmbito do continente, de uma aplicação mais estrita

das convenções internacionais e a adoção de disposições especificamente comunitárias

nos casos em que as normas da OMI fossem inexistentes ou insuficientes. Figurava, na

proposta, um cronograma de desativação de navios de casco simples com prazos

inferiores aos que haviam sido estabelecidos pela MARPOL em 1992, para evitar que

navios banidos das águas americanas passassem a operar nas águas européias.

Em resumo, como haviam procedidoos Estados Unidos em 1990, também a

Comunidade Européia buscava soluções próprias, e rápidas, para o problema,

independentemente de acertos no plano internacional, por intermédio da OMI.

Todavia, a movimentação dos países europeus e a possibilidade de nova cisão nas regras

internacionais levaram a Organização Marítima Internacional a rever alguns dos

regulamentos referentes à MARPOL, elevando os patamares de exigência para o

transporte de petróleo e seus derivados. Em abril de 2001, na 46ª sessão do Comitê de

Proteção ao Ambiente Marinho da IMO foi acordada e aprovada emenda à Regra 13G

do Anexo I da MARPOL. Segundo as novas determinações: (i) reduziram-se os prazos

para a desativação dos petroleiros de casco simples; (ii) incluíram-se no cronograma de

desativação os petroleiros de óleo cru com capacidade inferior a 20 mil toneladas e as

embarcações empregadas no transporte de derivados de petróleo com capacidade

inferior a 30 mil toneladas, antes não abrangidas pela Regra 13G; (iii) obrigou-se a

realização de inspeções estruturais mais completas e rigorosas, para que petroleiros de

86

maior capacidade, que não tenham sido construídos com duplo casco, continuem a

operar .

A tabela de desativação enquadrava 3 categorias de petroleiros, conforme a quantidade

e o tipo de carga transportados. Conforme o ano de entrega da embarcação, havia um

cronograma de saída de tráfego das embarcações, de acordo com a data de aniversário

da entrega do navio. As datas de saída do cronograma variavam entre os anos de 2003 a

2015.

Surge, em face desse contexto, em 14.03.2001 projeto de lei nº 4296 do deputado

federal Fernando Gabeira. O projeto tenta estabelecer preceitos tão rígidos como os que

pleiteavam os países da Comunidade Européia, a fim de que as águas brasileiras não se

tornassem refúgio para embarcações expulsas dos tráfegos norte-americanos e europeus.

Esse projeto inicialmente modificava a Lei 9.966/00, que trata da prevenção, do

controle e da fiscalização da poluição causada por lançamento de óleo e outras

substâncias nocivas ou perigosas em águas sob jurisdição nacional, para estabelecer a

desativação gradual da frota de navios de casco simples no transporte de petróleo ou

seus derivados.

Posteriormente foi apresentada uma proposta de substitutivo ao projeto de lei nº 4296,

alterando o texto proposto e a incorporação às leis brasileiras das regras 13 F e 13 G do

anexo I da Marpol. Em 26 de novembro de 2009 foi feita a ultima movimentação do

processo, com a comissão de viação e transportes designando o deputado Lucio Vale

como relator do processo.

Em 04 de Dezembro de 2003 houve adoção na OMI para alteração no cronograma da

data limite para saída(phase-out) dos navios do tráfego marítimo, sendo que os navios

da categoria 1(petroleiros pré-Marpol) tiveram sua saída antecipada do ano de 2007

para o ano de 2005 e os navios das categorias 2 e 3(petroleiros e pequenos petroleiros

pós Marpol ) tiveram o prazo antecipado de 2015 para o ano de 2010.

Com as alterações aprovadas pela OMI em relação ao cronograma de saída do tráfego

marítimo de navios de casco simples e a demora na apreciação da matéria, o projeto de

lei nº 4296 perdeu a sua tempestividade e sentido.

87

6.1. Posição do Estado Brasileiro perante a Convenção Internacional sobre

Responsabilidade Civil por Danos Causados por Poluição por Óleo 1969- CRC 69(CLC

69)

A Convenção Internacional sobre Responsabilidade Civil por danos causados por

poluição por óleo de 1969 foi colocada para adoção pela OMI (IMO) em 29.11.1969 e

entrou em vigor em 19.06.1975. O Estado Brasileiro ratificou a Convenção em 17 de

Dezembro de 1976 e a Convenção entrou em vigor em 17 de Março de 1977, OMI

(2010). A entronização dessa Convenção em nossa legislação, se deu por intermédio do

decreto número 79.437, de 28.03.1977 e sua regulamentação pelo decreto número

83.540, de 04.06.1979 86 .

Aprovação: 30/09/76 pelo Decreto Legislativo 74.

Ratificação:17/03/1977

Promulgação: 28/03/1977 pelo Decreto N° 79.437.

A Convenção Internacional sobre Responsabilidade Civil por danos causados por

poluição por óleo de 1969 entrou em vigor no Estado Brasileiro menos de dois anos

após a entrada em vigor desse instrumento a nível internacional, demonstrando assim o

perfeito entendimento do Congresso Nacional, pela celeridade em sua análise e

aprovação, na avaliação da importância de um instrumento de proteção ao Estado

Brasileiro e a conseqüente internalização das normas da Convenção Internacional em

nossa Legislação.

Ao analisarmos os acidentes de derrame de petróleo na década de 70 no Brasil,

verificamos o acidente do navio Iraquiano Tarik Ibn Ziyad na Baia de Guanabara em 26

de março de 1975, com o derrame de 12.000 toneladas métricas de óleo cru, que pode

ter ajudado o nosso poder legislativo a melhor compreender a necessidade do Estado

Brasileiro apresentar uma cobertura sobre danos causados por poluição por óleo,

compatível com os riscos inerentes ao transporte marítimo de petróleo.

86Pré Sal, Segurança Marítima e Desenvolvimento Sustentável, Eliane Maria Octaviano Martins. Jus Navegandi : http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=14655, acesso em 21.04.2010.

88

6.2. Posição do Estado Brasileiro perante a Convenção Internacional sobre

Responsabilidade Civil por Danos Causados por Poluição por Óleo 1992- CRC 92(CLC

92).

O Estado Brasileiro não ratificou o protocolo de 1992 à Convenção Internacional sobre

Responsabilidade Civil por Danos Causados por Poluição por Óleo de 1969, conhecida

como CRC 92(CLC 92).

Em 24 de Julho de 1997 foi submetido à consideração do Congresso Nacional o texto da

Convenção Internacional para Estabelecimento de um Fundo Internacional de

Compensação de Danos por Poluição por Óleo, de 1971(Fund 71), de seu protocolo

1992 e do protocolo de 1992 à Convenção Internacional sobre Responsabilidade Civil

em danos causados por Poluição por Óleo de 1969, por intermédio da mensagem MSC

849/1997.

Em 13/08/1997 a mesa Diretora da Câmara dos Deputados determinou a constituição de

comissão especial para apreciar o texto da Convenção. Em 16/10/2003 foi criada a

Comissão Especial destinada a proferir parecer à Mensagem do Poder Executivo nº 849

de 1997. Em 31/01/2007 a mesa Diretora da Câmara dos Deputados, em função do

término da legislatura, determinou que a proposição voltasse a aguardar a criação de

nova Comissão Especial. Em 17/05/2007 apresentação do requerimento 1007/2007 que

solicitava urgência para apreciação da Mensagem nº 849 de 1997. O requerimento foi

aprovado no mesmo dia e foi alterado o regime de tramitação da Mensagem nº

849/1997. Em 10/03/2008 foi criada a Comissão Especial destinada a proferir parecer à

Mensagem do Poder Executivo nº 849 de 1997.

A conferência diplomática realizada em setembro de 2000 pelo Fundo Internacional de

Compensação de Poluição por Óleo de 1971 determinou novo regramento em relação às

condições necessárias para o encerramento daquele Fundo. Essas condições foram

alcançadas em 24.05.2001 e dessa forma a Convenção Internacional para o

Estabelecimento de um Fundo Internacional de Compensação de Poluição por Óleo de

1971 deixou de existir em 24.05.2002, um ano após o número de países membros do

Fundo 1971 ficar abaixo do patamar mínimo de 25 participantes, requerido pela

organização. A proposição contida na mensagem MSC 849/1997 tornou-se então

89

tecnicamente inviável, uma vez que havia a proposição para a ratificação de um

instrumento que deixara de existir.

A Comissão de Coordenação de Assuntos da Organização Marítima Internacional

(CCA-IMO) apresentou ofício ao Ministério das Relações Exteriores propondo

mensagem ao Congresso Nacional a fim de retirar a MSC 849/1997, visando a

reapresentação posterior de uma nova mensagem contendo somente o texto relacionado

à CRC (CLC) 1969, consolidada com o seu protocolo 1992, atualizada até a sua última

emenda. CCA-IMO (2010).

Em 08.06.2010 foi feita pela Casa Civil apresentação ao Congresso Nacional da

mensagem de retirada de proposição, MSC nº 290/10, que: “ Solicita a retirada de

tramitação da mensagem nº 849, de 24 de julho de 1997, referente ao texto da

Convenção Internacional para Estabelecimento de um Fundo Internacional de

Compensação de Danos de Poluição por Óleo, de 1971(Fund-71), de seu Protocolo

1992 e do Protocolo de 1992 à Convenção Internacional sobre Responsabilidade Civil

em Danos Causados por Poluição de Óleo, de 1969. ”87

A Mensagem MSC-849/1997 foi retirada de tramitação em 14.06.2010 pela mesa

Diretora da Cãmara dos Deputados - “Despacho aposto à MSC 290/10: “ Defiro a

retirada de tramitação da MSC 849/97, nos termos do Art. 104, do RICD”.88

Ao analisarmos o histórico da tramitação da proposição contida na MSC 849/1997 no

Congresso Nacional, disponibilizado pela internet pela Câmara Federal, verificamos que

a referida proposição foi apresentada para apreciação pelo Poder Executivo em 25 de

Julho de 1997, sendo retirada pela Mesa Diretora da Câmara dos Deputados em

08/06/2010 , quase treze anos após a sua apresentação inicial , sem sequer ter sido o

seu conteúdo apreciado. Vários motivos para a não apreciação da MSC 8849/1997

podem ser verificados ao longo do processo, tais como : “Matéria não apreciada em

face do encerramento da sessão”, “ Matéria não apreciada por falta de quórum”,

87Boletim de Acompanhamento de Proposições do Congresso Nacional, mensagem recebida de [email protected] em 10.06.2010. 88Boletim de Acompanhamento de Proposições do Congresso Nacional, mensagem recebida de [email protected] em 17.06.2010.

90

“Matéria não apreciada em face da apreciação da Medida Provisória nº......” , “Matéria

não apreciada por acordo dos Srs. Líderes” , “Matéria não apreciada em face da não

conclusão da apreciação da Medida Provisória nº .....”, “Término da Legislatura.

Proposição volta a a aguardar a criação de nova Comissão Especial” . Verificamos

também que em 17/05/2007 foi solicitado urgência na apreciação da matéria : “ requer

nos termos do art. 155 do Regimento Interno, urgência para apreciação da Mensagem nº

849 de 1997 ” . Esse requerimento foi aprovado na mesma data.

Diferentemente do processo de análise e aprovação da Convenção de 1969, CRC-69,

por parte da Câmara Federal, a Convenção de 1992, CRC-92, não obteve a mesma

celeridade nem a correta compreensão de sua importância e melhor cobertura a ser

proporcionada ao Estado Brasileiro e a seus cidadãos.

91

6.3. Vantagens para o Estado Brasileiro em caso de ratificação da Convenção

Internacional sobre Responsabilidade Civil por Danos Causados por Poluição por Óleo

1992-CRC 92(CLC 92)

Caso o Brasil ratifique a Convenção de 1992, o Estado Brasileiro passará a contar com

uma convenção atualizada, que além de garantir uma proteção maior em termos

geográficos, possibilita aos seus cidadãos, órgãos e empresas, que venham a sofrer

danos causados por poluição de navios petroleiros, o acesso a um nível mais elevado em

termos de indenização.

Os danos de poluição por óleo inerentes a um grande acidente apresentam um custo

cada vez mais elevado para sua minimização e consequentemente a possibilidade de um

maior valor de cobertura para indenizações, representa uma vantagem significativa que

não deve ser ignorada.

92

6.4. Desvantagens para o Estado Brasileiro em caso de ratificação da Convenção

Internacional sobre Responsabilidade Civil por Danos Causados por Poluição por Óleo

1992-CRC 92(CLC 92)

Uma eventual desvantagem para os armadores de navios petroleiros brasileiros em caso

de ratificação da convenção de 1992 seria a elevação de sua responsabilidade em termos

de indenização de poluição por óleo, visto que o limite de responsabilidade em alguns

casos passaria de US$ 20,5 milhões de dólares para US$ 131,54 milhões de dólares, o

que poderia inicialmente impactar seus prêmios de seguro junto a seguradores de

responsabilidade civil. Em termos de cobertura securitária essa desvantagem não se

confirma, uma vez que o seguro de responsabilidade civil dessas embarcações,

contratado a clubes de proteção e indenização (P&I) atualmente já prevê um limite de

cobertura para poluição por óleo de US$ 1 Bilhão de dólares. Esse valor é maior que o

limite máximo de indenização previsto na Convenção Internacional de

Responsabilidade Civil por Danos Causados por Poluição por Óleo 1992-CRC 92(CLC

92), que é de US$ 131,54 milhões. O proprietário da embarcação ao pagar a sua

contribuição (prêmio) para a associação P&I que esteja vinculado, agrega a sua

cobertura geral a cobertura de poluição por óleo com um limite de ressarcimento de

valores bem maior que a sua responsabilidade perante a Convenção de 1992. Não

haverá acréscimo dessa contribuição em função da ratificação da Convenção de 1992.

Não encontramos desvantagens para o Estado Brasileiro em caso de ratificação da

Convenção de 1992.

93

7. Conclusão e Recomendações

A Convenção Internacional sobre Responsabilidade Civil por danos causados por

poluição por óleo de 1969- CRC 69, que o Brasil ratificou em 1977, apresenta um limite

geográfico de cobertura de 12 milhas marítimas (mar territorial) adequado a época da

entrada em vigor da norma internacional, que ocorreu no ano de 1975. A Convenção de

1992 – CRC 92 apresenta um limite geográfico de cobertura de 200 milhas marítimas, o

que poderá favorecer a cobertura de um acidente de poluição por óleo ao Estado

Brasileiro, na abrangência de suas operações de transporte marítimo. Os próximos anos

serão de intensa atividade nessa área, uma vez que a descoberta dos campos de petróleo

na área do pré-sal demandará novas plataformas de produção de petróleo e os

equipamentos necessários a ampliação da produção, bem como o escoamento do

petróleo produzido será realizado por intermédio do transporte marítimo de

embarcações.

De acordo com o plano de renovação de barcos de apoio PETROBRAS (2010), offshore

lançado pela PETROBRAS em maio de 2008, existe uma previsão de construção de 146

novas embarcações de apoio marítimo. Em relação a navios petroleiros, a PETROBRAS

lançou um programa denominado Empresa Brasileira de Navegação (EBN), onde

empresas de navegação brasileiras constroem navios petroleiros em estaleiros nacionais,

com o registro da embarcação na bandeira brasileira e com a garantia que essas

embarcações serão contratadas para utilização pela Petrobras por contrato de

afretamento, pelo prazo mínimo de 15 anos. Esse programa propiciará a construção de

39 navios petroleiros em estaleiros nacionais. PETROBRAS (2010).

A TRANSPETRO, subsidiária integral da PETROBRAS, maior armadora da América

Latina e principal empresa de logística e transporte de combustível do Brasil, tem um

programa denominado Promef, que é o programa de modernização e expansão de sua

frota própria de navios petroleiros. Esse programa prevê a construção de 49 navios

petroleiros em estaleiros nacionais até 2015. TRANSPETRO (2010). A frota de navios

petroleiros operada pela TRANSPETRO apresentará um crescimento de 100 % nos

próximos cinco anos.

94

Somando-se somente esses dois últimos programas da maior empresa brasileira,

teremos pelo menos mais 88 navios petroleiros em nosso tráfego marítimo nos

próximos anos. Existem ainda empresas estrangeiras (BP Group, Galp Energia,

Chevron) sócias da Petrobras na exploração de campos de petróleo e gás na bacia de

campos e bacia de santos, que poderão utilizar outros navios que não os próprios e

afretados pela Petrobras, além de outras empresas não sócias da estatal, como a OGX,

aumentado assim consideravelmente o volume de tráfego de navios e embarcações de

apoio offshore na costa brasileira.

Em relação aos valores indenitários, a diferença entre os valores máximos de cobertura

das duas convenções é de cerca de US$ 111 milhões de dólares, o que representa uma

vantagem adicional para a convenção de 1992 que estabelece um maior valor no limite

de responsabilidade do proprietário da embarcação. Na simulação que fizemos de um

acidente com navio petroleiro na costa brasileira, a diferença de limites de

responsabilidade com a aplicação das duas convenções chegou a US$ 98,616 milhões.

As conseqüências dos acidentes de poluição por óleo tem se sido cada vez mais

onerosas para a sociedade e dessa forma um instrumento internacional que apresente a

possibilidade de ressarcimento de valores, para os que sofreram danos de poluição por

óleo, com cerca de 540% de reajuste sobre o limite máximo de indenização

estabelecido pela convenção de 1969, atual instrumento de proteção ao Estado

Brasileiro, não deve ser ignorado.

Outro dado importante que devemos ressaltar configura-se na participação da frota

mundial de navios petroleiros nas duas convenções. O número de Países que fazem

parte da Convenção de 1969, que apresenta atualmente 37 Estados membros e uma

tonelagem representativa de 2,95% da frota petroleira mundial, contrasta com o número

de países e tonelagem mundial que fazem parte da convenção de 1992: 123 Estados

representando 96,7% da tonelagem mundial. IMO (2010). A convenção de 1992 é

largamente aceita dentre os países que apresentam tradição marítima.

A evolução de ocorrências de grandes vazamentos de petróleo no Brasil (considerados

aqui como os eventos acima de 700 toneladas métricas) derivados de acidentes em

navios apresenta um quadro com somente 11 vazamentos de petróleo entre 1970 e 2009.

95

Apesar dos números confirmarem a tendência de redução da média do número de

ocorrências desses eventos, se levarmos em consideração o crescente custo de limpeza e

restauração do meio ambiente que é atingido por uma poluição, bem como do

ressarcimento de danos causados às vitimas de poluição por óleo, urge que o Estado

Brasileiro apresente uma melhor proteção para os possíveis danos no caso de um evento

de poluição catastrófico. Para citar somente dois casos recentes de poluição por óleo,

cujos custos e reclamações de indenização alcançaram valores excessivos no cenário

mundial, mencionamos os exemplos dos acidentes dos navios petroleiros Erika na

França em 1999 e do navio Prestige na Espanha em 2002. No caso do navio Erika às

reclamações, FUNDO INTERNACIONAL DE COMPENSAÇÃO DE POLUIÇÃO

POR ÓLEO, chegaram ao valor de € 388,90 milhões (US$ 488,73 milhões). No caso do

navio Prestige, cujo vazamento atingiu tres países, às reclamações, FUNDO

INTERNACIONAL DE COMPENSAÇÃO DE POLUIÇÃO POR ÓLEO, alcançaram

€1,132 bilhão(US$1,422 bilhão).

Após análise das regras e condições das duas convenções, resta claro que o protocolo

1992 a convenção internacional sobre responsabilidade civil por danos causados por

poluição por óleo de 1969, conhecido como a convenção de 1992 – CRC 92 é a melhor

opção para a cobertura do Estado Brasileiro. Dessa forma espera-se que o Estado

Brasileiro efetivamente não necessite de um grande acidente de poluição por óleo em

nosso litoral, para poder perceber, dimensionar e avaliar a importãncia dos avanços

contidos na legislação da Convenção de 1992. Recomendamos assim, a ratificação da

Convenção Internacional sobre Responsabilidade Civil por Danos Causados por

Poluição por Óleo de 1992 – CRC 92 (CLC 92) pelo Estado Brasileiro.

96

8. Referências Bibliográficas

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97

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YOUNG, P., Mutuality - The Story of UK P&I Club, Editora Granta Editions.1995.

99

ANEXOS

100

ANEXO I

CONVENÇÃO INTERNACIONAL SOBRE RESPONSABILIDADE CIVIL EM

DANOS CAUSADOS POR POLUIÇÃO POR ÓLEO, 1969

Os Estados Partes da presente Convenção,

Conscientes dos riscos de poluição criados pelo transporte MarítOMI(IMO)

Internacional de óleo a granel, Convencidos da necessidade de garantir uma indenização

adequada às pessoas que venham a sofrer danos causados por poluição resultante de

fugas ou descargas de óleo proveniente de navios,

Desejosos de adotar regras e procedimentos uniformes num plano internacional para

definir as questões de responsabilidade e garantir, em tais ocasiões, uma reparação

eqüitativa,

Concordam no que se segue:

Art. 1º - Para os fins da presente Convenção:

1 - "Navio" significa toda embarcação marítima ou engenho marítOMI(IMO) flutuante,

qualquer que seja o tipo, que transporte efetivamente óleo a granel como carga.

2 - "Pessoa" significa toda pessoa física ou jurídica de direito público ou de direito

privado incluindo um Estado e suas subdivisões políticas constitucionais.

3 - "Proprietário" significa a pessoa ou pessoas registradas como proprietário do navio,

ou em falta de matrícula, a pessoa ou pessoas que têm o navio por propriedade. Todavia,

nos casos de um navio de propriedade de um Estado e operado por uma companhia que,

nesse Estado, é registrada como operadora do navio, o termo "proprietário" designa essa

companhia.

4 - "Estado de registro de navio" significa, em relação aos navios registrados, o Estado

no qual o navio tiver sido registrado e, com relação aos navios não registrados, o Estado

cuja bandeira o navio arvora.

5 - "Óleo" significa qualquer óleo persistente, tais como petróleo bruto, óleo

combustível, óleo diesel pesado, óleo lubrificante e óleo de baleia, quer transportado a

bordo de um navio como carga ou nos tanques de um navio, quer nos tanques de

combustível desse navio.

6 - "Dano por Poluição" significa perda ou dano, causados fora do navio transportador

de óleo, por contaminação resultante de um derrame ou descarga de óleo do navio onde

101

quer que possa ocorrer esse derrame ou descarga, e inclui o custo das despesas com

medidas preventivas e outras perdas ou danos causados por essas medidas preventivas.

7 - "Medidas Preventivas" significa quaisquer medidas, razoáveis, tomadas por qualquer

pessoa após ter ocorrido um incidente, visando prevenir ou minimizar o dano causado

pela poluição.

8 - "Incidente" significa todo fato ou conjunto de fatos que têm a mesma origem e que

resultem em danos por poluição.

9 - "Organização" significa a Organização Marítima Consultiva Intergovernamental.

Art. 2º - A presente Convenção será aplicada, exclusivamente, aos danos causados no

território, incluindo o mar territorial de um Estado Contratante e às medidas preventivas

tomadas para evitar ou minimizar tais danos.

Art. 3º § 1º - Salvo o disposto nos § 2º e 3º deste Artigo o proprietário do navio no

momento do incidente, ou se o incidente consiste numa sucessão de fatos, no momento

do primeiro fato, será responsável por qualquer dano por poluição causado por óleo que

tenha sido derramado ou descarregado de seu navio como resultado do incidente.

§ 2º - O proprietário não será o responsável por dano de poluição se provar que o

dano:a) resultou de um ato de guerra, de hostilidade, de uma guerra civil, de uma

insurreição ou de um fenômeno natural de caráter excepcional, inevitável e irresistível,

ou b) resultou totalmente de um ato ou omissão praticado por um terceiro com intenção

de produzir nos, ou c) resultou integralmente de negligência ou de ato prejudicial de um

Governo ou de outra autoridade responsável pela manutenção de faróis ou de outros

auxílios à navegação, no exercício dessa função.

§ 3º - Se o proprietário provar que o dano por poluição em sua totalidade ou em parte,

seja de um ato ou omissão feito com intenção de causar danos, pela pessoa que sofreu

esses danos ou de negligência dessa pessoa, o proprietário pode ser desobrigado em

todo ou em parte de sua responsabilidade para com a citada pessoa

§ 4º - Nenhum pedido de indenização por danos por poluição poderá ser formalizado

contra o proprietário de outro modo que não seja baseado na presente Convenção.

Nenhum pedido de indenização, que não seja fundamentada na presente Convenção,

poderá ser feito contra Prepostos ou Agentes do proprietário.

102

§ 5º - Nenhuma disposição da presente Convenção deverá prejudicar o direito de

regresso do proprietário contra terceiros.

Art. 4º - Quando os derrames ou descargas de óleo se dão em mais de um navio e daí

resultam danos por poluição, os proprietários de todos os navios envolvidos serão, a não

ser que exonerados de acordo com o Artigo 3º, solidariamente, responsáveis pela

totalidade dos danos que não possam ser razoavelmente divisíveis.

Art. 5º

§ 1º - O proprietário de um navio tem o direito de limitar sua responsabilidade, nos

termos da presente Convenção em relação a um acidente, a um montante de 2.000

francos por tonelada da tonelagem do navio. Todavia esse montante total em nenhum

caso poderá exceder a 210 milhões de francos.

§ 2º - Se o incidente tiver sido produzido por uma falta pessoal do proprietário, esse não

poderá se beneficiar da limitação prevista no § 1º do presente artigo

§ 3º - Para aproveitar o beneficio da limitação estipulada no parágrafo 1º deste artigo o

proprietário deverá constituir um fundo, cuja soma total represente o limite de sua

responsabilidade, junto ao Tribunal ou qualquer outra autoridade competente de

qualquer um dos Estados Contratantes, no qual a ação judicial foi iniciada com

fundamento do artigo 9º. O fundo pode ser constituído quer por depósito da soma ou por

apresentação de uma garantia bancária ou ainda por qualquer outra garantia que seja

aceitável pela Legislação do Estado Contratante em que for constituído e que seja

considerado adequado pelo Tribunal ou por qualquer outra autoridade competente.

§ 4º - O fundo será distribuído entre os reclamantes proporcionalmente aos montantes

das reivindicações estabelecidas.

§ 5º - Se, antes da distribuição do fundo, o proprietário ou qualquer de seus prepostos ou

seus Agentes ou qualquer outra pessoa que tenha fornecido o seguro ou outra garantia

financeira tiver, como resultado de um incidente pago uma indenização por danos por

poluição, deverá, com relação à quantia que tiver pago, adquirir por sub-rogação os

direitos que a pessoa assim compensada poderia ter gozado de acordo com esta

Convenção.

§ 6º - O direito de sub-rogação estabelecido no § 5º do presente artigo pode também ser

exercido por outra pessoa que não as ali mencionadas, no que concerne a qualquer

103

quantia da compensação por danos de poluição que poderia ter pago, com a ressalva de

que tal sub-rogação é permitida pela Legislação Nacional aplicável.

§ 7º - Quando o proprietário ou qualquer outra pessoa estabelece que poderá ser

compelido a pagar, posteriormente, no todo ou em parte, uma quantia de compensação

para a qual tal pessoa poderia ter gozado um direito de sub-rogação em virtude dos § 5º

ou 6º do presente artigo, se a indenização tivesse sido paga antes da distribuição do

fundo, o Tribunal ou outra autoridade competente do Estado onde o fundo for

constituído, pode ordenar que uma quantia suficiente seja provisoriamente reservada

para permitir ao interessado fazer valer, posteriormente, sua reclamação contra o fundo.

§ 8º - As reclamações relativas às despesas razoavelmente realizadas ou os sacrifícios

feitos voluntariamente pelo proprietário com o fim de evitar ou minimizar os danos de

poluição figurarão em igualdade com outras reclamações contra o fundo.

§ 9º - O franco mencionado neste artigo é uma unidade constituída por sessenta e cinco

miligramas e meio de ouro ao título de novecentos milésimos de pureza. O montante

mencionado no § 1º do presente artigo será convertido na moeda nacional do Estado no

qual o fundo deve ser constituído; a conversão será efetuada de acordo com o valor

oficial dessa moeda em relação à unidade acima definida, na data da constituição do

fundo.

§ 10 - Para os fins do presente artigo entende-se por tonelagem do navio a tonelagem

líquida de arqueação acrescida do volume que, em virtude os espaços ocupados pela

praça de máquinas, tenha sido deduzido da tonelagem bruta de arqueação para

determinar a tonelagem líquida de arqueação. No caso de um navio cuja tonelagem não

possa ser medida pelas regras normais, deverá ela ser considerada como sendo 40% do

peso em toneladas de 2.240 libras de óleo que o navio for capaz de transportar.

§ 11 - O Segurador ou outra pessoa que provê a garantia financeira será autorizada a

constituir um fundo de acordo com o presente artigo nas mesmas condições e com os

mesmos efeitos como se o mesmo fosse constituído pelo proprietário. Tal fundo pode

ser constituído mesmo no caso de falta pessoal do proprietário mas, a constituição do

mesmo não prejudicará os direitos dos reclamantes contra o proprietário do navio.

Art. 6º

§ 1º - Quando, após o incidente, o proprietário, de acordo com o artigo 5º constituiu um

fundo e está habilitado a limitar sua responsabilidade:

104

a) nenhum direito à indenização por danos por poluição resultante do incidente poderá

ser exercido sobre outros bens do proprietário; b) O tribunal ou outra autoridade

competente de qualquer Estado Contratante deverá ordenar a liberação do navio ou

qualquer outro bem pertencente ao proprietário que tenha sido arrestado em seguida à

ação de reparação por danos por poluição causados pelo mesmo incidente e, do mesmo

modo, deverá liberar qualquer caução ou outra garantia depositada para evitar tal

penhora.

§ 2º - As disposições precedentes só se aplicam, todavia, se o autor da demanda tiver

acesso ao Tribunal que controla o fundo e se o fundo puder ser efetivamente utilizado

para cobrir a demanda.

Art. 7º

§ 1º - O proprietário de um navio registrado em um Estado Contratante, e que transporte

mais de 2.000 toneladas de óleo a granel como carga deverá fazer um seguro ou outra

garantia financeira, tal como caução bancária ou certificado emitido por um fundo

internacional de indenização, num montante fixado pela aplicação dos limites de

responsabilidade previstos no artigo 5º, § 1º, com o fim de cobrir sua responsabilidade

por danos por poluição, conforme as disposições da presente Convenção.

§ 2º - Deverá ser emitido para cada navio um certificado que ateste que um seguro ou

garantia é válido de acordo com as disposições da presente Convenção. Será emitido ou

visado pela autoridade competente do Estado de registro o qual deve se assegurar de que

o navio satisfaz as disposições do parágrafo do presente artigo. O certificado deverá ser

feito de acordo com o modelo anexo e conter as seguintes informações:

a) nome do navio e porto de registro;

b) nome e local do principal estabelecimento do proprietário;

c) tipo de garantia;

d) nome e local do principal estabelecimento do Segurador ou de outra pessoa que dê a

garantia e, se a ocasião se apresentar, o local do estabelecimento em que foi subscrito o

Seguro ou a Garantia;

e) o período de validade do certificado, o qual não poderá exceder o do Seguro ou da

Garantia.

105

§ 3º - O certificado deverá ser emitido na língua ou línguas oficiais do Estado que o

emite. Se a língua utilizada não for o inglês ou francês, o texto deverá conter uma

tradução numa dessas línguas.

§ 4º - O certificado deverá se achar a bordo do navio e uma cópia deverá ser depositada

junto à autoridade que possui o registro de matrícula do navio.

§ 5º - Um seguro ou outra garantia financeira não satisfará as disposições do presente

artigo se seus efeitos cessarem por razões outras que não seja o término do período de

validade indicado no certificado na aplicação do § 2º do presente artigo, antes de expirar

o prazo de 3 (três) meses a contar da data em que um aviso prévio tenha sido dado à

autoridade citada no § 4º do presente artigo, a menos que o certificado não tenha sido

restituído a essa autoridade ou que um novo certificado válido não tenha sido emitido

antes do fim desse prazo. As disposições precedentes se aplicam do mesmo modo a

qualquer modificação do seguro ou garantia financeira que não mais satisfaçam às

disposições do presente artigo.

§ 6º - O Estado de registro deverá, sob ressalva das disposições do presente artigo,

determinar as condições de emissão e validade do certificado.

§ 7º - Os certificados emitidos ou visados sob a responsabilidade de um Estado

Contratante serão reconhecidos pelos outros Estados Contratantes para todos fins da

presente Convenção, e serão considerados como tendo o mesmo valor dos certificados

por eles mesmos emitidos ou visados. Um Estado Contratante poderá, a qualquer

momento, consultar um Estado de registro para troca de pontos de vista quanto a

opinião dele a respeito de ser o Segurador ou Garantidor constante do Certificado,

financeiramente incapaz de fazer face às obrigações impostas pela Convenção.

§ 8º - Qualquer pedido de indenização por danos oriundos de poluição pode ser

formalizado diretamente contra o Segurador ou a pessoa de onde emana a garantia

financeira que cobre a responsabilidade do proprietário para com os danos por poluição.

Em tal caso o demandado pode, tendo ocorrido ou não culpa pessoal do proprietário,

beneficiar-se dos limites de responsabilidade prescritos no § 1º do artigo V. O

demandado pode, por outro lado, se prevalecer dos meios de defesa de que se valeria o

proprietário. Além disso, o demandado pode se prevalecer do fato de serem os danos

por poluição resultantes de uma falta intencional do próprio proprietário, mas não

poderá se prevalecer de nenhum dos outros meios de defesa que pudessem ser

106

invocados numa ação intentada pelo proprietário contra ele. O demandado poderá, em

todos os casos, obrigar o proprietário a ser chamado ao processo.

§ 9º - Todo fundo constituído por um seguro ou outra garantia financeira de acordo com

§ 1º do presente artigo será disponível exclusivamente para cobrir as indenizações

devidas em virtude da presente Convenção.

§ 10 - Um Estado Contratante não deve permitir que um navio que arvore a sua

bandeira, ao qual se aplique este artigo, opere comercialmente sem possuir um

certificado emitido de acordo com o § 2º ou § 12 deste artigo.

§ 11 - Sob ressalva das disposições do presente artigo cada Estado Contratante deverá

assegurar, de acordo com sua legislação nacional, que o seguro ou outra garantia

financeira correspondente as exigências do § 1º do presente artigo, cubra qualquer navio

seja qual for o seu local de registro, que entre ou saia de seus portos ou que chegue ou

deixe terminal oceânico localizado em seu mar territorial, caso transporte efetivamente

mais de 2.000 toneladas de óleo a granel como carga.

§ 12 - Se um navio que for propriedade do Estado, não estiver coberto por um seguro ou

outra garantia financeira as disposições pertinentes do presente artigo a ele não se

aplicam. Esse navio, todavia, deve possuir um certificado emitido pelas autoridades

competentes do Estado de matrícula, atestando que ele é propriedade desse Estado e que

sua responsabilidade está coberta dentro dos limites previstos no § 1º do artigo V. Esse

certificado deverá seguir, tanto quanto possível, o modelo prescrito no § 2º deste artigo.

Art. 8º - Os direitos à indenização previstos pela presente Convenção prescreverão

dentre de três anos após a data em que ocorrer o dano. Contudo, em nenhum caso uma

ação poderá ser proposta após seis anos a partir da data do incidente que ocasionou o

dano. Quando o incidente consistir de uma série de ocorrências, o período de seis anos

deverá ser contado a partir da data da primeira das ocorrências.

Art. 9º

§ 1º - Quando um incidente tiver causado dano por poluição num território, incluindo o

mar territorial de um ou mais Estados Contratantes, ou quando em tal território,

incluindo o mar territorial, foram tomadas medidas preventivas para evitar ou minimizar

o dano pela poluição, as ações para indenização somente poderão ser impetradas nos

Tribunais desse ou desses Estados Contratantes. A existência de tais ações deverá ser

comunicada, dentro de um prazo razoável, ao demandado.

107

§ 2º - Cada Estado Contratante deverá se assegurar de que seus Tribunais são

competentes para conhecer tais ações de indenização. § 3º - Após a constituição do

fundo de acordo com as disposições do artigo V, os Tribunais do Estado onde o fundo

for constituído serão os únicos competentes para doutrinar sobre todas as questões de

partilha e de distribuição do fundo. Art. 10

§ 1º - Todo julgamento de um Tribunal competente, em virtude do artigo 9º, que é

executável no Estado de origem onde não possa mais ser objeto de um recurso

ordinário, será reconhecido em qualquer outro Estado Contratante, exceto:

a) se o julgamento tiver sido obtido fraudulentamente;

b) se o demandado não tiver sido advertido em tempo razoável e não tiver tido plena

oportunidade de apresentar sua defesa.

§ 2º - Todo julgamento que for reconhecido em virtude do § 1º do presente artigo, será

executável em cada Estado Contratante desde que as formalidades exigidas no citado

Estado tenham sido satisfeitas. Essas formalidades não permitirão, quanto ao mérito, a

reabertura do caso.

Art. 11

§ 1º - As disposições da presente Convenção não se aplicam aos navios de guerra ou a

outros navios pertencentes a um Estado ou explorados por ele e utilizados, na época

considerada, somente em serviço não comercial do Estado.

§ 2º - No que concerne aos navios pertencentes a um Estado Contratante e utilizados

para fins comerciais, cada Estado será passível de sofrer demandas face às jurisdições

apontadas no artigo 9º e deverá renunciar a quaisquer defesas de que poderia se

prevalecer em sua qualidade de Estado soberano.

Art. 12 - A presente Convenção substitui as Convenções Internacionais que, na data em

que for aberta a assinatura estejam em vigor ou abertas à assinatura, à ratificação ou à

adesão, mas somente na medida em que essas Convenções estejam em conflito com

esta, contudo, nada neste artigo afeta as obrigações dos Estados Contratantes para com

os não Contratantes face a tais Convenções Internacionais.

Art. 13

§ 1º - A presente Convenção permanecerá aberta à assinatura até 31 de dezembro de

1970 e, em seguida, permanecerá aberta à adesão.

108

§ 2º - Os Estados membros da Organização das Nações Unidas, de qualquer de suas

Agências Especializadas, da Agência Internacional de Energia Atômica ou que sejam

partes do Estatuto da Corte Internacional de Justiça podem tornar-se Partes da presente

Convenção por:

a) assinatura sem ressalva quanto à ratificação, adesão ou aprovação;

b) assinatura sob ressalva de ratificação, aceitação ou aprovação seguida de ratificação,

aceitação ou aprovação; ou

c) adesão.

Art. 14

§ 1º - A ratificação, aceitação, aprovação ou adesão se efetua pelo depósito de um

instrumento, em boa e devida forma, junto ao Secretário-Geral da Organização.

§ 2º - Todo instrumento de ratificação, aceitação, aprovação ou adesão depositado após

a entrada em vigor de uma emenda à presente Convenção com relação a todos os

Estados já Partes da Convenção, ou após o cumprimento de todas as medidas para a

entrada em vigor das emendas com relação aos citados Estados, é considerado como se

aplicado à Convenção modificada pela emenda.

Art. 15

§ 1º - A presente Convenção entra em vigor noventa dias após a data em que os

Governos de oito Estados, cinco dos quais representem Estados tendo cada um pelo

menos um milhão de toneladas brutas de arqueação em navio-tanque e tenham assinado

sem reservas quanto à ratificação, aceitação ou aprovação ou tenham depositado

instrumentos de ratificação, aceitação, aprovação ou adesão junto ao Secretário-Geral da

Organização.

§ 2º - Para cada Estado que ratifique, aceite, aprove ou adira posteriormente à

Convenção, ela entrará em vigor noventa dias após o depósito por esse Estado do

instrumento apropriado.

Art. 16

§ 1º - A presente Convenção pode ser denunciada por qualquer um dos Estados

Contratantes a partir da data em que entre em vigor para ele.

109

§ 2º - A denúncia será efetuada mediante o depósito do instrumento respectivo junto ao

Secretário-Geral da Organização.

§ 3º - A denúncia passará a ter efeito um ano após a data em que for depositado o

respectivo instrumento junto ao Secretário-Geral da Organização ou ao se expirar um

prazo mais longo que poderá ser especificado nesse instrumento.

Art. 17

§ 1º - A Organização das Nações Unidas quando assume a responsabilidade de

Administração de um território ou qualquer Estado Contratante encarregado de

assegurar as relações internacionais de um território deverá consultar, o mais cedo

possível, as autoridades competentes desse território ou tomar qualquer outra medida

apropriada para lhe estender a aplicação da presente Convenção e poderá, a qualquer

momento, por notificação escrita endereçada ao Secretário-Geral da Organização, dar

conhecimento de que essa extensão teve lugar.

§ 2º - A aplicação da presente Convenção será estendida ao território designado na

notificação, a partir da data do recebimento da mesma ou de outra data que será

indicada.

§ 3º - A Organização das Nações Unidas ou qualquer outro Estado Contratante que

tenha feito uma declaração, baseada no § 1º deste artigo, poderá, a qualquer momento,

após a data em que a aplicação da Convenção tenha sido estendida a um território, dar a

conhecer por meio de notificação escrita, endereçada ao Secretário-Geral da

Organização, que a presente Convenção deixa de se aplicar ao território designado na

notificação.

§ 4º - Cessa a aplicação da presente Convenção ao território designado na notificação,

um ano após a data de recebimento dessa notificação pelo Secretário-Geral da

Organização ou após expirar um outro período mais longo que tenha sido especificado

na notificação.

Art. 18

§ 1º - A Organização pode convocar uma Conferência tendo por objetivo rever ou

emendar a presente Convenção.

110

§ 2º - A Organização convocará uma Conferência dos Estados Contratantes tendo por

objetivo rever ou emendar a presente Convenção por solicitação de pelo menos um

terço dos Estados Contratantes.

Art. 19

§ 1º - A presente Convenção será depositada junto ao Secretário-Geral da Organização.

§ 2º - O Secretário-Geral da Organização deverá:

a) informar a todos os Estados que tenham assinado ou aderido à Convenção sobre:

1) cada nova assinatura ou depósito de instrumento novo e a data em que tal fato se

verificou;

2) o depósito de qualquer instrumento denunciado à presente Convenção e a data em

que se verificou;

3) a extensão da presente Convenção a qualquer território em virtude do § 1º do artigo

17 e a cessação dessa extensão em virtude do § 4º do mesmo artigo, indicando em cada

caso quando a extensão da presente Convenção teve início ou terá fim; e

b) transmitir cópias autenticadas da presente Convenção a todos os Estados signatários

ou aos que a ela tenham aderido.

Art. 20 - Tão logo a presente Convenção entre em vigor, o Secretário-Geral da

Organização deverá transmitir o texto ao Secretariado das Nações Unidas para registro e

publicação, de acordo com o artigo 102 da Carta das Nações Unidas.

Art. 21 - A presente Convenção é estabelecida num único exemplar, nas línguas inglesa

e francesa, sendo ambos os textos igualmente autênticos.

Serão feitas traduções oficiais nas línguas russa e espanhola e depositadas junto ao

original assinado.

Em fé do que os abaixo assinados, devidamente autorizados para esse fim por seus

Governos, assinam a presente Convenção.

Feito em Bruxelas, em 29 de novembro de 1969.

111

ANEXO II

DECRETO No- 83.540, de 04 de junho de 1979

Regulamenta a aplicação da Convenção Internacional sobre Responsabilidade Civil em

Danos Causados por Poluição por Óleo, de 1969, e dá outras providencias

O Presidente da Republica,

Usando da atribuição que lhe confere o Artigo 81, item III, da Constituição, decreta:

Art. 1o - São adotadas, para os fins do presente Decreto, as definições do Artigo I, da

Convenção Internacional sobre Responsabilidade Civil em Danos Causados por

Poluição por Óleo, de 1969, promulgada pelo Decreto no 79.437, de 28 de março de

1977.

Art. 2o - O proprietário de um navio, que transporte óleo a granel como carga, é

civilmente responsável pelos danos causados por óleo no Território Nacional, incluído o

mar territorial, salvo nas hipóteses previstas no §2o, do Artigo III, da Convenção ora

regulamentada.

Art. 3o - Em garantia da responsabilidade a que se refere o artigo anterior, todo navio

registrado em Estado contratante, e que transporte mais de 2.000 (duas mil) toneladas de

óleo a granel como carga, deverá ter, a bordo, Certificado de Garantia previsto no §2o,

do Artigo VII, da Convenção ora regulamentada, para que possa trafegar ou permanecer

em águas territoriais, portos ou terminais brasileiros.

Parágrafo único - Todo navio registrado em um. Estado não contratante está obrigado à

apresentação de uma garantia financeira que represente, no mínOMI(IMO), o total

previsto no §1o, do artigo V, da Convenção Internacional.

Art. 4o - A Diretoria de Portos e Costas (DPC), do Ministério da Marinha, exigirá a

apresentação do Certificado ou da garantia financeira equivalente, referidos no Artigo

3o, bem como emitirá o Certificado para os navios de Bandeira Brasileira.

Art. 5o - A Secretaria Especial do Meio Ambiente (SEMA) estabelecerá as normas e os

padrões de controle da poluição por óleo, com o objetivo de prevenir ou reduzir seus

efeitos.

Art. 6o - Os órgãos estaduais de controle do meio ambiente, que tenham jurisdição na

área onde ocorrer o incidente, executarão em articulação com a SEMA, as medidas

112

preventivas e corretivas necessárias à redução dos danos causados por poluição por

óleo, bem como supervisionarão as medidas adotadas pelo proprietário do navio

concernentes a essa redução dos danos.

Parágrafo único - A autoridade, designada pelo órgão estadual de controle do meio

ambiente da área atingida, poderá intervir, substituindo o proprietário do navio na

execução das medidas que, a este, competem para redução dos danos causados por

poluição por óleo, sempre que, a critério do referido órgão estadual, essas medidas não

sejam corretamente adotadas.

Art. 7o - SEMA e, se for o caso, o órgão estadual de controle do meio ambiente, poderão

solicitar a colaboração de qualquer órgão público ou privado, para que sejam atingidos

os objetivos previstos no artigo anterior.

Art. 8o - A ação preventiva ou corretiva iniciar-se-á imediatamente após o conhecimento

do incidente.

§1o - Qualquer incidente deverá ser comunicado imediatamente a Capitania dos Portos

da área, ou órgão a ela subordinado, por quem tomar conhecimento de fato que possa

resultar ou tenha resultado em poluição por óleo.

§2o - A Capitania dos Portos, recebida a comunicação de que trata o parágrafo anterior,

deverá participar o incidente, com urgência, a SEMA e aos órgãos estaduais de controle

do meio-ambiente da área atingida.

§3o - A DPC apurará os fatos relativos ao incidente, coligará as provas necessárias, e

encaminhará à SEMA, a documentação resultante da investigação efetuada.

Art. 9o - A ação de responsabilidade civil será proposta pelo Ministério Público da

União, ao qual a SEMA encaminhará os documentos necessários ou, como litisconsorte,

por quem quer que tenha sofrido danos decorrentes da poluição por óleo.

§1o - A ação de responsabilidade civil deverá ser proposta contra o proprietário do navio

ou seu segurador, e, igualmente, quando for o caso, contra a entidade ou pessoa

prestadora da garantia financeira.

§2o - O proprietário do navio ou seu segurador, bem como a entidade ou pessoa

prestadora da garantia financeira poderão responder a ação, solidária ou isoladamente.

Art. 10 - O ressarcimento poderá ser feito através de composição amigável, arbitragem

ou juízo arbitral, nos termos da legislação brasileira, desde que haja acordo entre as

113

partes.

Art. 11 - As pessoas físicas ou jurídicas, que sofrerem perdas ou danos decorrentes do

incidente, poderão solicitar o ressarcimento amigável através da SEMA, ou ingressar,

como litisconsortes, na ação a que se refere o artigo 9o.

Art. 12 - A SEMA e os órgãos estaduais de controle do meio ambiente serão

responsáveis pelo levantamento dos custos e despesas efetuadas no combate e controle

da poluição por óleo e pelo levantamento dos danos materiais.

Art. 13 - Caso o total das indenizações devidas ultrapasse o limite de responsabilidade

estabelecida na Convenção ora regulamentada, haverá rateio da importância entre

aqueles que sofreram perdas ou decorrentes da poluição por óleo.

Art. 14 - A Diretoria de Portos e Costas, a Secretaria Especial do Meio Ambiente e os

órgãos estaduais de controle do meio ambiente, nas áreas das respectivas competências,

poderão expedir portaria e normas internas visando a correta aplicação deste Decreto.

Art. 15 - As disposições deste Decreto não se aplicam aos navios de propriedade de um

Estado, ou por este operados, e usados, por ocasião do incidente, somente em serviço

governamental não comercial.

Art. 16 - Este Decreto entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as

disposições em contrário.

114

Anexo III

Protocol Of 1992 to Amend The International Convention on Civil Liability for Oil

Pollution Damage 1969

THE PARTIES TO THE PRESENT PROTOCOL,

HAVING CONSIDERED the International Convention of Civil Liability for Oil

Pollution Damage, 1969, and the 1984 Protocol thereto,

HAVING NOTED that the 1984 Protocol to that Convention, which provides for

improved scope and enhanced compensation, has not entered into force,

AFFIRMING the importance of maintaining the viability of the international oil

pollution liability and compensation system,

AWARE OF the need to ensure the entry into force of the content of the 1984 Protocol

as soon as possible,

RECOGNIZING that special provisions are necessary in connection with the

introduction of corresponding amendments to the International Convention on the

Establishment of an International Fund for Compensation for Oil Pollution Damage,

1971,

HAVE AGREED as follows:

Article 1

The Convention which the provisions of this Protocol amend is the International

Convention on Civil Liability for Oil Pollution Damage, 1969, hereinafter referred to as

the "1969 Liability Convention". For States Parties to the Protocol of 1976 to the 1969

Liability Convention, such reference shall be deemed to include the 1969 Liability

Convention as amended by that Protocol.

Article 2

Article I of the 1969 Liability Convention is amended as follows:

1. Paragraph 1 is replaced by the following text:

115

1. "Ship" means any sea-going vessel and seaborne craft of any type whatsoever

constructed or adapted for the carriage of oil in bulk as cargo, provided that a ship

capable of carrying oil and other cargoes shall be regarded as a ship only when it is

actually carrying oil in bulk as cargo and during any voyage following such carriage

unless it is proved that it has no residues of such carriage of oil in bulk aboard.

2. Paragraph 5 is replaced by the following text:

5. "Oil" means any persistent hydrocarbon mineral oil such as crude oil, fuel oil, heavy

diesel oil and lubricating oil, whether carried on board a ship as cargo or in the bunkers

of such a ship.

3. Paragraph 6 is replaced by the following text:

6. "Pollution damage" means:

(a) loss or damage caused outside the ship by contamination resulting from the escape

or discharge of oil from the ship, wherever such escape or discharge may occur,

provided that compensation for impairment of the environment other than loss of profit

from such impairment shall be limited to costs of reasonable measures of reinstatement

actually undertaken or to be undertaken;

(b) the costs of preventive measures and further loss or damage caused by preventive

measures.

4. Paragraph 8 is replaced by the following text:

8. "Incident" means any occurrence, or series of occurrences having the same origin,

which causes pollution damage or creates a grave and imminent threat of causing such

damage.

5. Paragraph 9 is replaced by the following text:

9. "Organization" means the International Maritime Organization.

6. After paragraph 9 a new paragraph is inserted reading as follows:

10. "1969 Liability Convention" means the International Convention of Civil Liability

for Oil Pollution Damage, 1969. For States Parties to the Protocol of 1976 to that

Convention, the term shall be deemed to include the 1969 Liability Convention as

amended by that Protocol.

116

Article 3

Article II of the 1969 Liability Convention is replaced by the following text: 28

This Convention shall apply exclusively:

(a) to pollution damage caused:

(i) in the territory, including the territorial sea, of a Contracting State, and

(ii) in the exclusive economic zone of a Contracting State, established in accordance

with international law, or, if a Contracting State has not established such a zone, in an

area beyond and adjacent to the territorial sea of that State determined by that State in

accordance with international law and extending not more than 200 nautical miles from

the baselines from which the breadth of its territorial sea is measured;

(b) to preventive measures, wherever taken, to prevent or minimize such damage.

Article 4

Article III of the 1969 Liability Convention is amended as follows:

1. Paragraph 1 is replaced by the following text:

1. Except as provided in paragraphs 2 and 3 of this Article, the owner of a ship at the

time of an incident, or, where the incident consists of a series of occurrences, at the time

of the first such occurrence, shall be liable for any pollution damage caused by the ship

as a result of the incident.

2 Paragraph 4 is replaced by the following text:

4. No claim for compensation for pollution damage may be made against the owner

otherwise than in accordance with this Convention. Subject to paragraph 5 of this

Article, no claim for compensation for pollution damage under this Convention or

otherwise may be made against:

(a) the servants or agents of the owner or the members of the crew;

(b) the pilot or any other person who, without being a member of the crew, performs

services for the ship;

(c) any charterer (howsoever described, including a bareboat charterer), manager or

operator of the ship;

117

(d) any person performing salvage operations with the consent of the owner or on the

instructions of a competent public authority;

(e) any person taking preventive measures;

(f) all servants or agents of persons mentioned in subparagraphs (c), (d) and (e);

unless the damage resulted from their personal act or omission, committed with the

intent to cause such damage, or recklessly and with knowledge that such damage would

probably result.

Article 5

Article IV of the 1969 Liability Convention is replaced by the following text:

When an incident involving two or more ships occurs and pollution damage results

therefrom, the owners of all the ships concerned, unless exonerated under Article III,

shall be jointly and severally liable for all such damage which is not reasonably

separable.

Article 6

Article V of the 1969 Liability Convention is amended as follows:

1. Paragraph 1 is replaced by the following text:

1. The owner of a ship shall be entitled to limit his liability under this Convention in

respect of any one incident to an aggregate amount calculated as follows:

(a) 3 million units of account for a ship not exceeding 5,000 units of tonnage;

(b) for a ship with a tonnage in excess thereof, for each additional unit of tonnage, 420

units of account in addition to the amount mentioned in subparagraph (a);

provided, however, that this aggregate amount shall not in any event exceed 59.7

million units of account.

2. Paragraph 2 is replaced by the following text:

2. The owner shall not be entitled to limit his liability under this Convention if it is

proved that the pollution damage resulted from his personal act or omission, committed

with the intent to cause such damage, or recklessly and with knowledge that such

damage would probably result.

3. Paragraph 3 is replaced by the following text:

118

3. For the purpose of availing himself of the benefit of limitation provided for in

paragraph 1 of this Article the owner shall constitute a fund for the total sum

representing the limit of his liability with the Court or other competent authority of any

one of the Contracting States in which action is brought under Article IX or, if no action

is brought, with any Court or other competent authority in any one of the Contracting

States in which an action can be brought under Article IX. The fund can be constituted

either by depositing the sum or by producing a bank guarantee or other guarantee,

acceptable under the legislation of the Contracting State where the fund is constituted,

and considered to be adequate by the Court or other competent authority.

4. Paragraph 9 is replaced by the following text:

9 (a). The "unit of account" referred to in paragraph 1 of this Article is the Special

Drawing Right as defined by the International Monetary Fund. The amounts mentioned

in paragraph 1 shall be converted into national currency on the basis of the value of that

currency by reference to the Special Drawing Right on the date of the constitution of the

fund referred to in paragraph 3. The value of the national currency, in terms of the

Special Drawing Right, of a Contracting State which is a member of the International

Monetary Fund shall be calculated in accordance with the method of valuation applied

by the International Monetary Fund in effect on the date in question for its operations

and transactions. The value of the national currency, in terms of the Special Drawing

Right, of a Contracting State which is not a member of the International Monetary Fund

shall be calculated in a manner determined by that State.

9 (b). Nevertheless, a Contracting State which is not a member of the International

Monetary Fund and whose law does not permit the application of the provisions of

paragraph 9 (a) may, at the time of ratification, acceptance, approval of or accession to

this Convention or at any time thereafter, declare that the unit of account referred to in

paragraph 9 (a) shall be equal to 15 gold francs. The gold franc referred to in this

paragraph corresponds to sixty-five and a half milligrammes of gold of millesimal

fineness nine hundred. The conversion of the gold franc into the national currency shall

be made according to the law of the State concerned.

9 (c). The calculation mentioned in the last sentence of paragraph 9 (a) and the

conversion mentioned in paragraph 9 (b) shall be made in such manner as to express in

119

the national currency of the Contracting State as far as possible the same real value for

the amounts in paragraph 1 as would result from the application of the first three

sentences of paragraph 9 (a). Contracting States shall communicate to the depositary the

manner of calculation pursuant to paragraph 9 (a), or the result of the conversion in

paragraph 9 (b) as the case may be, when depositing an instrument of ratification,

acceptance, approval of or accession to this Convention and whenever there is a change

in either.

5. Paragraph 10 is replaced by the following text:

10. For the purpose of this Article the ships tonnage shall be the gross tonnage

calculated in accordance with the tonnage measurement regulations contained in Annex

I of the International Convention on Tonnage Measurement of Ships, 1969.

6. The second sentence of paragraph 11 is replaced by the following text:

Such a fund may be constituted even if, under the provisions of paragraph 2, the owner

is not entitled to limit his liability, but its constitution shall in that case not prejudice the

rights of any claimant against the owner.

Article 7

Article VII of the 1969 Liability Convention is amended as follows:

1. The first two sentences of paragraph 2 are replaced by the following text:

A certificate attesting that insurance or other financial security is in force in accordance

with the provisions of this Convention shall be issued to each ship after the appropriate

authority of a Contracting State has determined that the requirements of paragraph 1

have been complied with. With respect to a ship registered in a Contracting State such

certificate shall be issued or certified by the appropriate authority of the State of the

ship's registry; with respect to at ship not registered in a Contracting State it may be

issued or certified by the appropriate authority of any Contracting State.

2. Paragraph 4 is replaced by the following text:

4. The certificate shall be carried on board the ship and a copy shall be deposited with

the authorities who keep the record of the ship's registry or, if the ship is not registered

in a Contracting State, with the authorities of the State issuing or certifying the

certificate.

120

3. The first sentence of paragraph 7 is replaced by the following text:

Certificates issued or certified under the authority of a Contracting State in accordance

with paragraph 2 shall be accepted by other Contracting States for the purposes of this

Convention and shall be regarded by other Contracting States as having the same force

as certificates issued or certified by them even if issued or certified in respect of a ship

not registered in a Contracting State.

4. In the second sentence of paragraph 7 the words "with the State of a ship's registry"

are replaced by the words "with the issuing or certifying State".

5. The second sentence of paragraph 8 is replaced by the following text:

In such case the defendant may, even if the owner is not entitled to limit his liability

according to Article V, paragraph 2, avail himself of the limits of liability prescribed in

Article V, paragraph 1.

Article 8

Article IX of the 1969 Liability Convention is amended as follows:

Paragraph 1 is replaced by the following text:

1. Where an incident has caused pollution damage in the territory, including the

territorial sea or an area referred to in Article II, of one or more Contracting States or

preventive measures have been taken to prevent or minimize pollution damage in such

territory including the territorial sea or area, actions for compensation may only be

brought in the Courts of any such Contracting State or States. Reasonable notice of any

such action shall be given to the defendant.

Article 9

After Article XII of the 1969 Liability Convention two new Articles are inserted as

follows:

Article XII bis

Transitional provisions

The following transitional provisions shall apply in the case of a State which at the time

of an incident is a Party both to this Convention and to the 1969 Liability Convention:

121

(a) where an incident has caused pollution damage within the scope of this

Convention, liability under this Convention shall be deemed to be discharged if, and to

the extent that, it also arises under the 1969 Liability Convention;

(b) where an incident has caused pollution damage within the scope of this

Convention, and the State is a Party both to this Convention and to the International

Convention on the Establishment of an International Fund for Compensation for Oil

Pollution Damage, 1971, liability remaining to be discharged after the application of

subparagraph (a) of this Article shall arise under this Convention only to the extent that

pollution damage remains uncompensated after application of the said 1971

Convention;

(c) in the application of Article III, Paragraph 4, of this Convention the

expression "this Convention" shall be interpreted as referring to this Convention or the

1969 Liability Convention, as appropriate;

(d) in the application of Article V, paragraph 3, of this Convention the total sum

of the fund to be consituted shall be reduced by the amount by which liability has been

deemed to be discharged in accordance with subparagraph (a) of this Article.

Article XII ter

Final clauses

The final clauses of this Convention shall be Articles 12 to 18 of the Protocol of 1992

to amend the 1969 Liability Convention. References in this Convention to Contracting

States shall be taken to mean references to the Contracting States of that Protocol.

Article 10

The model of a certificate annexed to the 1969 Liability Convention is replaced by the

model annexed to this Protocol.

Article 11

1. The 1969 Libility Convention and this Protocol shall, as between the Parties to this

Protocol, be read and interpreted together as one single instrument.

122

2. Articles I to XII ter, including the model certificate, of the 1969 Liability Convention

as amended by this Protocol shall be known as the International Convention on Civil

Liability for Oil Pollution Damage, 1992 (1992 Liability Convention).

FINAL CLAUSES

Article 12

Signature, ratification, acceptance, approval and accession

1. This Protocol shall be open for signature at London from 15 January 1993 to 14

January 1994 by all States.

2. Subject to paragraph 4, any State may become a Party to this Protocol by:

(a) signature subject to ratification, acceptance or approval followed by ratification,

acceptance or approval; or

(b) accession.

3. Ratification, acceptance, approval or accession shall be effected by the deposit of a

formal instrument to that effect with the Secretary-General of the Organization.

4. Any Contracting State to the International Convention on the Establishment of an

International Fund for Compensation for Oil Pollution Damage, 1971, hereinafter

referred to as the 1971 Fund Convention, may ratify, accept, approve or accede to this

Protocol only if it ratifies, accepts, approves or accedes to the Protocol of 1992 to

amend that Convention at the same time, unless it denounces the 1971 Fund Convention

to take effect on the date when this Protocol enters into force for that State.

5. A State which is a Party to this protocol but not a Party to the 1969 Liability

Convention shall be bound by the provisions of the 1969 Liability Convention as

amended by this Protocol in relation to other States Parties hereto, but shall not be

bound by the provisions of the 1969 Liability Convention in relation to States Parties

thereto.

6. Any instrument of ratification, acceptance, approval or accession deposited after the

entry into force of an amendment to the 1969 Liability Convention as amended by this

Protocol shall be deemed to apply to the Convention so amended, as modified by such

amendment.

123

Article 13

Entry into force

1. This Protocol shall enter into force twelve months following the date on which ten

States including four States each with not less than one million units of gross tanker

tonnage have deposited instruments of ratification, acceptance, approval or accession

with the Secretary-General of the Organization.

2. However, any Contracting State to the 1971 Fund Convention may, at the time of the

deposit of its instrument of ratification, acceptance, approval or accession in respect of

this Protocol, declare that such instrument shall be deemed not to be effective for the

purposes of this Article until the end of the six-month period in Article 31 of the

Protocol of 1992 to amend the 1971 Fund Convention. A State which is not a

Contracting State to the 1971 Fund Convention but which deposits an instrument of

ratification, acceptance, approval or accession in respect of the Protocol of 1992 to

amend the 1971 Fund Convention may also make a declaration in accordance with this

paragraph at the same time.

3. Any State which has made a declaration in accordance with the preceding paragraph

may withdraw it at any time by means of a notification addressed to the Secretary-

General of the Organization. Any such withdrawal shall take effect on the date the

notification is received, provided that such State shall be deemed to have deposited its

instrument of ratification, acceptance, approval or accession in respect of this Protocol

on that date.

4. For any State which ratifies, accepts, approves or accedes to it after the conditions in

paragraph 1 for entry into force have been met, this Protocol shall enter into force

twelve months following the date of deposit by such State of the appropriate instrument.

Article 14

Revision and amendment

1. A Conference for the purpose of revising or amending the 1992 Liability Convention

may be convened by the Organization.

124

2. The Organization shall convene a Conference of Contracting States for the purpose of

revising or amending the 1992 Liability Convention at the request of not less than one

third of the Contracting States.

Article 15

Amendments of limitation amounts

1. Upon the request of at least one quarter of the Contracting States any proposal to

amend the limits of liability laid down in Article V, paragraph 1, of the 1969 Liability

Convention as amended by this Protocol shall be circulated by the Secretary-General to

all Members of the Organization and to all Contracting States.

2. Any amendment proposed and circulated as above shall be submitted to the Legal

Committee of the Organization for consideration at a date at least six months after the

date of its circulation.

3. All Contracting States to the 1969 Liability Convention as amended by this Protocol,

whether or not Members of the Organization, shall be entitled to participate in the

proceeding of the Legal Committee for the consideration and adoption of amendments.

4. Amendments shall be adopted by a two-thirds majority of the Contracting States

present and voting in the Legal Committee, expanded as provided for in paragraph 3, on

condition that at least one half of the Contracting States shall be present at the time of

voting.

5. When acting on a proposal to amend the limits, the Legal Committee shall take into

account the experience of incidents and in particular the amount of damage resulting

therefrom, changes in the monetary values and the effect of the proposed amendment on

the cost of insurance. It shall also take into account the relationship between the limits

in Article V, paragraph 1, of the 1969 Liability Convention as amended by this Protocol

and those in Article 4, paragraph 4, of the International Convention on the

Establishment of an International Fund for Compensation for Oil Pollution Damage,

1992.

6 (a) No amendment of the limits of liability under this Article may be considered

before 15 January 1998 nor less than five years from the date of entry into force of a

previous amendment under this Article. No amendment under this Article shall be

considered before this Protocol has entered into force.

125

(b) No limit may be increased so as to exeed an amount which corresponds to the limit

laid down in the 1969 Liability Convention as amended by this Protocol increased by 6

per cent per year calculated on a compound basis from 15 January 1993.

(c) No limit may be increased so as to exeed an amount which corresponds to the limit

laid down in the 1969 Liability Convention as amended by this Protocol multiplied by

3.

7. Any amendment adopted in accordance with paragraph 4 shall be notified by the

Organization to all Contracting States. The amendment shall be deemed to have been

accepted at the end of a period of eighteen months after the date of notification, unless

within that period not less than one quarter of the States that were Contracting States at

the time of the adoption of the amendment by the Legal Committee have communicated

to the Organization that they do not accept the amendment in which case the

amendment is rejected and shall have no effect.

8. An amendment deemed to have been accepted in accordance with paragraph 7 shall

enter into force eighteen months after its acceptance.

9. All Contracting States shall be bound by the amendment, unless they denounce this

Protocol in accordance with Article 16, paragraphs 1 and 2, at least six months before

the amendment enters into force. Such denunciation shall take effect when the

amendment enters into force.

10. When an amendment has been adopted by the Legal Committee but the eighteen-

month period for its acceptance has not yet expired, a State which becomes a

Contracting State during that period shall be bound by the amendment if it enters into

force. A State which becomes a Contracting State after that period shall be bound by an

amendment which has been accepted in accordance with paragraph 7. In the case

referred to in this paragraph, a State becomes bound by an amendment when that

amendment enters into force, or when this Protocol enters into force for that State, if

later.

126

Article 16

Denunciation

1. This Protocol may be denounced by any Party at any time after the date on which it

enters into force for that Party.

2. Denunciation shall be effected by the deposit of an instrument with the Secretary-

General of the Organization.

3. A denunciation shall take effect twelve months, or such longer period as may be

specified in the instrument of denunciation, after its deposit with the Secretary-General

of the Organization.

4. As between the Parties to this Protocol, denunciation by any of them of the 1969

Liability Convention in accordance with Article XVI thereof shall not be construed in

any way as a denunciation of the 1969 Liability Convention as amended by this

Protocol.

5. Denunciation of the Protocol of 1992 to amend the 1971 Fund Convention by a State

which remains a Party to the 1971 Fund Convention shall be deemed to be a

denunciation of this Protocol. Such denunciation shall take effect on the date on which

denunciation of the Protocol of 1992 to amend the 1971 Fund Convention takes effect

according to Article 34 of that Protocol.

Article 17

Depositary

1. This Protocol and any amendments accepted under Article 15 shall be deposited with

the Secretary-General of the Organization.

2. The Secretary-General of the Organization shall:

(a) inform all States which have signed or acceded to this protocoll of:

(i) each new signature or deposit of an instrument together with the date thereof;

(ii) each declaration and notification under Article 13 and each declaration and

communication under Article 13 and each declaration and communication under Article

V, paragraph 9, of the 1992 Liability Convention;

127

(iii) the date of entry into force of this Protocol;

(iv) any proposal to amend limits of liability which has been made in accordance with

Article 15, paragraph 1;

(v) any amendment which has been adopted in accordance with Article 15, paragraph

4;

(vi) any amendment deemed to have been accepted under Article 15, paragraph 7,

together with the date on which that amendment shall enter into force in accordance

with paragraphs 8 and 9 of that Article;

(vii) the deposit of any instrument of denunciation of this Protocol together with the

date of the deposit and the date on which it takes effect;

(viii) any denunciation deemed to have been made under Article 16, paragraph 5;

(ix) any communication called for by any Article of this Protocol;

(b) transmit certified true copies of this Protocol to all Signatory States and to all States

which accede to this Protocol.

3. As soon as this Protocol enters into force, the text shall be transmitted by the

Secretary-General of the Organization to the Secretariat of the United Nations for

registration and publication in accordance with Article 102 of the Charter of the United

Nations.

Article 18

Languages

This Protocol is established in a single original in the Arabic, Chinese, English, French,

Russian and Spanich languages, each text being equally authentic.

DONE AT LONDON, this twenty-seventh day of November one thousand nine

hundred and ninety-two.

IN WITNESS WHEREOF the undersigned, being duly authorized by their respective

Governments for that purpose, have signed this Protocol.

128

ANNEX

CERTIFICATE OF INSURANCE OR OTHER FINANCIAL SECURITY IN

RESPECT OF CIVIL LIABILITY FOR OIL POLLUTION DAMAGE

Issued in accordance with the provisions of Article VII of the International Convention

on Civil Liability for Oil Pollution Damage, 1992.

Name of ship:

Distinctive number of letters:

Port of registry:

Name and adress of owner:

This is to certify that there is in force in respect of the above-named ship a policy of insurance

or other financial security satisfying the requirements of Article VII of the International

Convention on Civil Liability for Oil Pollution Damage, 1992.

Type of Security ___________________________________________________________

Duration of Security ________________________________________________________

Name and Adress of the Insurer(s) and/or Guarantor(s)

Name ____________________________________________________________________

Adress ___________________________________________________________________

This certificate is valid until __________________________________________________

Issued or certified by the Government of ________________________________________

_________________________________________________________________________

(Full designation of the State)

At _________________________________ On __________________________________

(Place ) (Date)

________________________________________

Signature and Title of issuing or certifying official

129

ANNEX 2

RESOLUTION LEG.1(82)

(Adopted on 18 October 2000)

ADOPTION OF AMENDMENTS OF THE LIMITATION AMOUNTS IN THE

PROTOCOL OF 1992 TO AMEND THE INTERNATIONAL CONVENTION

ON CIVIL LIABILITY FOR OIL POLLUTION DAMAGE, 1969

THE LEGAL COMMITTEE at its eighty-second session:

RECALLING Article 33(b) of the Convention on the International Maritime

Organization

(hereinafter referred to as the "IMO Convention") concerning the functions of the

Committee,

MINDFUL of Article 36 of the IMO Convention concerning rules governing the

procedures to be

followed when exercising the functions conferred on it by or under any international

convention

or instrument,

RECALLING FURTHER article 15 of the Protocol of 1992 to amend the International

Convention on Civil Liability for Oil Pollution Damage, 1969 (hereinafter referred to as

the

“1992 CLC Protocol”) concerning the procedures for amending the limitation amounts

set out in

article 6(1) of the 1992 CLC Protocol,

HAVING CONSIDERED amendments to the limitation amounts proposed and

circulated in

accordance with the provisions of article 15(1) and (2) of the 1992 CLC Protocol,

1. ADOPTS, in accordance with article 15(4) of the 1992 CLC Protocol, amendments to

the

130

limitation amounts set out in article 6(1) of the 1992 CLC Protocol, as set out in the

Annex to this

resolution;

2. DETERMINES, in accordance with article 15(7) of the 1992 CLC Protocol, that

these

amendments shall be deemed to have been accepted on 1 May 2002 unless, prior to that

date, not

less than one quarter of the States that were Contracting States on the date of the

adoption of

these amendments (being 18 October 2000) have communicated to the Organization

that they do

not accept these amendments;

3. FURTHER DETERMINES that, in accordance with article 15(8) of the 1992 CLC

Protocol, these amendments, deemed to have been accepted in accordance with

paragraph 2

above, shall enter into force on 1 November 2003;

4. REQUESTS the Secretary-General, in accordance with articles 15(7) and 17(2)(v) of

the

1992 CLC Protocol, to transmit certified copies of the present resolution and the

amendments

contained in the Annex thereto to all States which have signed or acceded to the 1992

CLC

Protocol; and

5. FURTHER REQUESTS the Secretary-General to transmit copies of the present

resolution and its Annex to the Members of the Organization which have not signed or

acceded

to the 1992 CLC Protocol.

131

ANNEX

AMENDMENTS OF THE LIMITATION AMOUNTS IN THE PROTOCOL OF 1992

TO

AMEND THE INTERNATIONAL CONVENTION ON CIVIL LIABILITY FOR OIL

POLLUTION DAMAGE, 1969

Article 6(1) of the 1992 CLC Protocol is amended as follows:

the reference to "3 million units of account" shall read "4,510,000 units of account";

the reference to "420 units of account" shall read "631 units of account"; and

the reference to "59.7 million units of account" shall read "89,770,000 units of account".

***