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Professor Doutor Gustavo Justino de Oliveira
CONVNIOS, CONTRATO DE REPASSE E TERMO DE COOPERAO.
Sumrio: 1. Consideraes Iniciais Acerca do Convnio; 1.1. Quadro
normativo; 1.2. Autorizao Legislativa para celebrao; 1.3. Licitao para
celebrao; 1.4. Chamamento Pblico; 2. Contrato de Repasse; 3. Vedaes
para a Celebrao de Convnios e Contratos de Repasse; 4. Cadastro Prvio
no Sistema de Gesto de Convnios e Contratos de Repasse; 5. Termo de
Cooperao.
1. Consideraes Iniciais Acerca do Convnio
Nos termos do artigo 1, 1, inciso I, do Decreto n. 6.170/2007,
considera-se convnio o acordo, ajuste ou qualquer outro instrumento que
discipline a transferncia de recursos financeiros de dotaes consignadas nos
Oramentos Fiscal e da Seguridade Social da Unio e tenha como partcipe, de
um lado, rgo ou entidade da administrao pblica federal, direta ou indireta,
e, de outro lado, rgo ou entidade da administrao pblica estadual, distrital
ou municipal, direta ou indireta, ou ainda, entidades privadas sem fins
lucrativos, visando a execuo de programa de governo, envolvendo a
realizao de projeto, atividade, servio, aquisio de bens ou evento de
interesse recproco, em regime de mtua cooperao.Ou seja, o ajuste entre rgo ou entidades do poder pblico ou entre
estes e entidades privadas, visando realizao de projetos ou atividades de
interesse comum, em regime de mtua cooperao.(MEDAUAR, 2010 p. 237)
Conforme Gustavo J ustino de Oliveira, convnio um acordo
administrativo firmado, por um lado, por rgos e entidades da Administrao
Pblica; de outro lado, por rgos e entidades da Administrao Pblica ou
entidades privadas, as quais, atuando de modo associativo e compartilhado,
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visam satisfao de necessidades de interesse pblico, afastada, em todos
os casos, a inteno de auferir lucro. (OLIVEIRA, 2007 p. 244)
J urisprudncia:
- TCU Min. Olavo Drummond, Acrdo 17/1993, da Segunda Cmara
convnio o instrumento legal de que se vale a Administrao Federal
para a execuo descentralizada de programas de carter nitidamente
local. Os rgos federais, por meio de convnios, DELEGAM aos rgos
locais (estados e municpios) a execuo de programas que, embora de
interesses mtuos, so de RESPONSABILIDADE da Administrao
Federal, inclusive, perante esta Casa. Trata-se, pois, ao mesmo tempo,
de meio ou instrumento legal de ao do governo federal e de processo
de delegao de competncia daquele nvel governamental para os
nveis locais, para execuo de programas de interesse comum.
Quanto natureza do convnio, J os dos Santos Carvalho Filho
ressalta que ele no se confunde com o contrato, ainda que em ambos exista
vinculo jurdico fundado na manifestao de vontade dos participantes.
(CARVALHO FILHO, 2009 p. 214)
Maria Sylvia Zanella Di Pietro aponta diversas diferenas entre o
contrato e o convnio (DI PIETRO, 2010 pp. 337-338). J Odete Medauar,
aps apresentar argumentos em oposio a vrias diferenas apresentadas
pela doutrina, assevera que a dificuldade de fixar diferenas entre o contrato,
de um lado, e convnio, de outro, parece levar a concluir que so figuras da
mesma natureza, pertencentes mesma categoria, a contratual. (MEDAUAR,
2010 p. 238)
Importante lembrar que, conforme DI PIETRO, o convnio quando
realizado entre entidades pblicas e entidades particulares no servir como
forma de delegao de servios pblicos, mas como modalidade de fomento.
(DI PIETRO, 2010 p. 339)
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1.1. Quadro normativo
Constituio Federal
- Art. 71, inc. VI
- Art. 199, 1
- Art. 241
DL 200/67
- Art. 10, 1 e 5
- Art. 156, 2
- Art. 160
Lei 8.666/93 - Art. 116
Decreto Federal n. 6.170/07
Decreto n 6.329/2007
Altera o art. 19 do Decreto no 6.170,
de 25 de julho de 2007, que dispe
sobre as normas relativas s
transferncias de recursos da Unio
mediante convnios e contratos de
repasse.
Decreto n 6.428/2008
Altera o Decreto no 6.170, de 25 de
julho de 2007, que dispe sobre as
normas relativas s transferncias de
recursos da Unio mediante
convnios e contratos de repasse.
Decreto n 6.497/2008
Acresce dispositivos ao Decreto no
6.170, de 25 de julho de 2007, que
dispe sobre as normas relativas s
transferncias de recursos da Unio
mediante convnios e contratos de
repasse.
Decreto n 6.619/2008
Dispe sobre as normas relativas s
transferncias de recursos da Unio
mediante convnios e contratos de
repasse, e d outras providncias.
Instruo Normativa 01/97 STN
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Portaria Interministerial MP/MF/MCT
n 127, de 29 de maio de 2008.
Portaria Interministerial n 165, de 20
de junho de 2008
Portaria Interministerial n 342, de 5
de novembro de 2008
Portaria Interministerial n 404, de 23
de dezembro de 2008
Portaria Interministerial n 268, de 25
de agosto de 2009
Portaria Interministerial n 534, de 30
de dezembro de 2009
Portaria Interministerial n 23, de 19
de J aneiro de 2010
1.2. Autorizao Legislativa para celebrao
Ponto controverso na matria refere-se necessidade ou no de
autorizao legislativa prvia para celebrao do convnio.
J os dos Santos Carvalho Filho entende ser desnecessria autorizao
legislativa. O STF j se pronunciou no sentido de ser inconstitucional a
exigncia de autorizao legislativa para a celebrao de cada convnio (cf.
RDA 140, p. 63-69, 1980).
Algumas constituies estaduais e leis orgnicas de Municpio inserem,
entre as atribuies do Legislativo, a autorizao ou aprovao de convnios.
Porm, conforme Odete Medauar, mais adequado que as constituies
estaduais e leis orgnicas municipais tragam preceito genrico autorizando a
celebrao dos convnios, dispensando a apreciao caso a caso.
(MEDAUAR, 2010 p. 239)
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1.3. Licitao para celebrao
J os dos Santos Carvalho Filho aduz que apesar da Lei n 8.666/93 ter
disciplinado o convnio, em seu art. 116, ele, como regra, independer de
licitao prvia. Isto, pois raramente ser possvel a competitividade que
marca o processo licitatrio, porque os pactuantes j esto previamente
ajustados para o fim comum a que se propeme tambm porque no convnio
inexiste a perseguio de lucro, e os recursos financeiros empregados servem
para cobertura dos custos necessrios operacionalizao do acordo.
(CARVALHO FILHO, 2009 p. 215)
No entanto, prev o art. 11 do Decreto n. 6.170/2007, que para o efeito
da norma do dispositivo acima ventilado, a aquisio de produtos e a
contratao de servios com recursos da Unio transferidos a entidades
privadas sem fins lucrativos devero observar os princpios da impessoalidade,
moralidade e economicidade, sendo necessria, no mnimo, a realizao de
cotao prvia de preos no mercado antes da celebrao do contrato.
Maria Sylvia Zanella Di Pietro entende pela no exigncia de licitao
para celebrao de convnios, pois neles no h viabilidade de competio;
esta [exigncia de licitao] no pode existir quando se trata de mtua
colaborao, sob variadas formas, como repasse de verbas, uso de
equipamentos, recursos humanos, imveis. No se cogita de preo ou de
remunerao que admita competio. (DI PIETRO, 2010 p. 340)
Convm ressaltar que, conforme MEDAUAR, se a Administrao
pretender realizar convnio para resultado e finalidade que podero ser
alcanados por muitos, dever ser realizada licitao ou se abrir a possibilidade
de conveniar sem limitao, atendidas as condies fixadas genericamente.
(MEDAUAR, 2010 p. 239)
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1.4. Chamamento Pblico
O chamamento pblico, realizado no SICONV, o meio pelo qual o ente
da Administrao Pblica Federal torna conhecida sua inteno de celebrar
convnio para a execuo de determinado objeto, possibilitando que os
eventuais interessados apresentem suas propostas.
Conforme o artigo 5 da Portaria Interministerial n. 127/08:
Art. 5. Para a celebrao dos instrumentos regulados por esta Portaria, o
rgo ou entidade da Administrao Pblica Federal poder, com vista a
selecionar projetos e rgos ou entidades que tornem mais eficaz a execuo
do objeto, realizar o chamamento pblico no SICONV, que dever conter, no
mnimo:
I a descrio dos programas a serem executados de forma descentralizada; e
II os critrios objetivos para a seleo do convenente ou contratado, com
base nas diretrizes e nos objetivos dos respectivos programas.
1 Dever ser dada publicidade ao chamamento pblico, pelo prazo mnimo
de quinze dias, especialmente por intermdio da divulgao na primeira pgina
do stio oficial do rgo ou entidade concedente, bem como no Portal dos
Convnios.
2 A qualificao tcnica e capacidade operacional da entidade privada sem
fins lucrativos ser auferida segundo critrios tcnicos e objetivos a serem
definidos pelo concedente ou contratante, bem como por meio de indicadores
de eficincia e eficcia estabelecidos a partir do histrico do desempenho na
gesto de convnios ou contratos de repasse celebrados a partir de 1 de julho
de 2008.
Nos termos do que dispe o artigo 4 do Decreto federal n. 6.170/07, o
chamamento pblico pelo ente da Administrao Pblica concedente no
obrigatrio:
Art. 4. A celebrao de convnio com entidades privadas sem fins
lucrativos poder ser precedida de chamamento pblico, a critrio do
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rgo ou entidade concedente, visando seleo de projetos ou
entidades que tornem mais eficaz o objeto do ajuste.
Note-se que, no obstante o uso do vocbulo poder, ao invs de
dever, o que, por si s, j demonstra o carter facultativo do chamamento
pblico, este evidenciado quando o dispositivo afirma a critrio do rgo ou
entidade concedente.
Odete Medauar entende tratar-se de faculdade, no de imposio.
(MEDAUAR, 2010 p. 240)
Contudo, a no obrigao da realizao do chamamento pode ser
contrria a princpios de ndole constitucional, como a publicidade,
impessoalidade e a isonomia (Art. 37, caput).
Embora o chamamento pblico seja ato discricionrio, recente acrdo
do Tribunal de Contas da Unio (Acrdo n. 1331/2008 Plenrio)
recomendou o Ministrio do Planejamento, Oramento e Gesto que avalie a
oportunidade e a convenincia de orientar rgo e entidades da Administrao
Pblica para que editem normativas prprios visando estabelecer a
obrigatoriedade de instituir processo de chamamento e seleo pblicos
previamente celebrao de convnios com entidades privadas sem fins
lucrativos, em todas as situaes em que se apresentar vivel e adequado
natureza dos programas a serem descentralizados.
No mesmo acrdo, recomendao de idntico teor foi dirigida Casa
Civil da Presidncia da Repblica.
2. Contrato de repasse
Nos termos do artigo 1, 1, inciso II, considera-se contrato de repasse
o instrumento administrativo por meio do qual a transferncia dos recursos
financeiros se processa por intermdio de instituio ou agente financeiro
pblico federal, atuando como mandatrio da Unio.
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3. Vedaes para a Celebrao de Convnios e Contratos de Repasse
Nos termos do artigo 2 do Decreto Federal n. 6.170/2007, vedada a
celebrao de convnios e contratos de repasse:
- com rgos e entidades da administrao pblica direta e indireta dos
Estados, Distrito Federal e Municpios cujo valor seja inferior a R$ 100.000,00
(cem mil reais). Para o alcance desse valor permitida a celebrao de
consrcios entre rgos e entidades da administrao pblica direta e indireta
dos Estados, Distrito Federal e Municpios, bem como a abrangncia de vrios
programas e aes federais a serem executados descentralizadamente pelo
objeto do convnio.
- com entidades privadas sem fins lucrativos que tenham como dirigente
agente poltico de Poder ou do Ministrio Pblico, dirigente de rgo ou
entidade da administrao pblica de qualquer esfera governamental, ou
respectivo cnjuge ou companheiro, bem como parente em linha reta, colateral
ou por afinidade, at o segundo grau; e (Redao dada pelo Decreto n 6.619,
de 2008)
- entre rgos e entidades da administrao pblica federal (hiptese
esta em que dever ser celebrado termo de cooperao).
4. Cadastro Prvio no Sistema de Gesto de Convnios e Contratos de
Repasse
O Sistema de Gesto de Convnios e Contratos de Repasse SICONV
o instrumento criado para registrar tudo o que diz respeito aos convnios e
contratos de repasse sua celebrao, a liberao de recursos, o
acompanhamento de sua execuo, prestao de contas e informaes acerca
de tomadas de contas especiais.
O artigo 3 do Decreto Federal n. 6.170/07, impe s entidades privadas
sem fins lucrativos que pretendam celebrar convnio ou contrato de repasse
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com rgos e entidades da administrao pblica federal a realizao de
cadastro prvio no SICONV.
So exigncias mnimas para o cadastramento, nos termos do pargrafo
segundo do mesmo dispositivo:
- cpia do estatuto social atualizado da entidade;
- relao nominal atualizada dos dirigentes da entidade, com CPF;
- declarao do dirigente da entidade acerca da no existncia de dvida
com o Poder Pblico, bem como quanto inscrio em bancos de dados de
proteo ao crdito;
- declarao do dirigente da entidade informando se os mesmos ocupam
cargo ou emprego pblico na administrao federal;
- prova de inscrio da entidade no CNPJ ;
- prova de regularidade fiscal com as Fazenda Federal, Estadual e
Municipal e com o FGTS.
5. Termo de cooperao
Termo de cooperao o instrumento por meio do qual ajustada a
transferncia de crdito de rgo ou entidade da administrao pblica federal
direta, autarquia, fundao pblica ou empresa estatal dependente para outro
rgo ou entidade federal da mesma natureza. (Decreto 6.170/07, art. 1 1,
III; Portaria 127/08, art. 1 1, XVIII).
Sugesto de Leitura:
- Decreto Federal n. 6.170/07
- Instruo Normativa 01/97 STN
- Portaria Interministerial MP/MF/MCT n 127, de 29 de maio de 2008.
- acessar: https://www.convenios.gov.br/portal/
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BIBLIOGRAFIA
CARVALHO FILHO, Jos dos Santos. 2009.Manual de direito administrativo.21. Rio de J aneiro : Lumen J uris, 2009.
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. 2010.Direito administrativo. 23. SoPaulo : Atlas, 2010.
MEDAUAR, Odete. 2010.Direito administrativo moderno. So Paulo : EditoraRevista dos Tribunais, 2010.
OLIVEIRA, Gustavo Justino de (Coord.). 2007.Terceiro Setor, Empresas eEstado: novas fronteiras entre o pblico e o privado. Belo Horizonte : Frum,
2007.
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